um catecismo batista

Transcrição

um catecismo batista
UM CATECISMO BATISTA
COM COMENTÁRIO
Um Estudo Introdutório da Doutrina Bíblica
Em Forma de Catecismo
Com Comentário
W. R. Downing
PUBLICAÇÕES P.I.R.S.
Um Ministério da Igreja Batista da Graça Soberana
Avenida West Edmundson, 271
Morgan Hill - Califórnia - 95037 www.sgbcsv.org
2
Direitos Autorais © 2008 de W. R. Downing
Um Catecismo Batista com Comentário por W. R. Downing
Versão 1.7
Publicado por Publicações P.I.R.S.
Publicações Impressas nos Estados Unidos da América
ISBN 978-1-60725-963-3
As Citações Escriturárias são da Versão Almeida Corrigida Fiel da Sagrada Escritura ou de uma tradução
livre pelo autor.
Desenho da Capa: Paul S. Nelson. Pintura da Capa: Paulo diante do Areópago por Rafael: Domínio
Público.
Todos os direitos reservados somente ao autor. Nenhuma parte deste livro deve ser reproduzida em
qualquer forma que seja sem a prévia permissão do autor.
Edição em Português:
Tradução para português: Hiriate Luiz Fontouro
Revisão: Paul Cahoon, Benjamin Gardner, Albano Dalla Pria e Erci Nascimento
Editor: Calvin G Gardner
Outras Publicações deste Autor…
Como Estudar a Bíblia
O Crente e Seus Livros
Hermenêutica Bíblica
Historiografia e História da Igreja Primitiva até 313 a.C.
A Bíblia e o Problema do Conhecimento
Manual de Exegética para Estudos Bíblicos
Lições Introdutórias ao Novo Testamento Grego
Um Programa para um Estudo Introdutório ao Hebreu Bíblico
Uma Cronologia Bíblica e Eclesiástica
A Igreja Neotestamentária
Palestras sobre Renovação Religiosa
Palestras sobre Calvinismo e Arminianismo
Um Manual de Membresia da Igreja
3
PREFÁCIO
Este Catecismo é um estudo introdutório da Doutrina Bíblica. Ele se apresenta sob a
forma de um catecismo para a facilidade do estudo, da organização dos assuntos e da
memorização. Ele é destinado para o uso em nossa própria congregação. Nós
acreditamos que ele é proveitoso para os pais usarem no culto familiar, para Aulas
Bíblicas, aulas de educação no lar, para o uso de crianças maiores, e para o uso de todos
aqueles que desejarem obter uma compreensão básica da Doutrina Bíblica.
Este é um Catecismo Batista. É destinado para o nosso povo Batista. Enquanto que nós
temos muito em comum com outros Cristãos, nós também temos nossos próprios
distintivos que sustentamos ser escriturísticos. Estes são enfatizados e detalhados
quando necessário.
Este é um catecismo com Comentário. As questões básicas e salientes sob cada título
são brevemente explicadas e discutidas de forma ordenada. Como tal, torna-se um
manual introdutório para o estudo doutrinário.
É nossa intenção, se a Providência Divina fornecer o tempo e a facilidade, ampliar esta
obra introdutória em uma obra muito maior que fará uso de notas, estudos e citações de
vários autores exegéticos, históricos e teológicos.
Que esta obra elementar possa provar, na bondosa providência de Deus, ser aceitável e
útil entre nosso povo Batista.
W. R. Downing
4
CONTEÚDO
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................11
As Escrituras .................................................................................................................. 11
O Termo “Catequizar” ................................................................................................... 11
C. H. Spurgeon sobre Catequizar ....................................................................................12
O Uso Prático de um Catecismo .................................................................................... 12
Algumas Objeções Contra o Catecismo Respondidas ....................................................13
Perguntas e Respostas acerca do Uso de um Catecismo.................................................13
PARTE I: O CRENTE E SEU DEUS .......................................................................... .21
Questão 1: Qual é a única verdade inspirada, infalível e inerrante para o homem? ....... 21
Questão 2: Qual é a principal finalidade do homem? ................................................... 23
Questão 3: Qual é o único grande Objeto de nosso conhecimento, adoração e gozo? ... 24
Questão 4: Como Nós podemos conhecer Deus? .......................................................... 26
Questão 5: Quais são os dois tipos de revelação Divina que Deus nos deu para
que possamos conhecê-lo?...........................................................................27
Questão 6: Qual é a importância das Escrituras?............................................................28
PARTE II: AS ESCRITURAS COMO A PALAVRA DE DEUS ...............................3 O
Questão 7: O que é a Bíblia? ......................................................................................... 30
Questão 8: Quais são os termos importantes acerca da Bíblia como A Palavra
escrita de Deus? ...................................................................................31
Questão 9: O que se entende por “inspiração” da Escritura?.....................................31
Questão 10: O que se entende por “autoridade” da Escritura? ..................................... 33
Questão 11: O que se entende por “infalibilidade” da Escritura?................................. 35
Questão 12: O que se entende por “inerrância” da Escritura?...................................... 36
Questão 13: O que se entende por “suficiência” da Escritura? .................................... 36
Questão 14: O que se entende por “canonicidade” da Escritura? ................................. 37
Questão 15: O que se entende por “iluminação”? . ....................................................... 39
Questão 16: Em qual forma Deus nos deu sua Palavra? ...............................................40
Questão 17: Qual é a mensagem central da Bíblia? ...................................................... 41
Questão 18: Por que o estudo das Escrituras é vital para cada crente? ........................ 43
Questão 19: O que Deus exige de cada crente em sua Palavra ...................................... 44
PARTE III: A NATUREZA, O PROPÓSITO E O CARÁTER DE DEUS ..................46
Questão 20: O que nós podemos conhecer acerca de Deus a partir de sua Palavra? ....... 46
5
Questão 21: Quais são os nomes de Deus?.............................................................. ...... 48
Questão 22: Quais são os atributos de Deus? ................................................................. 49
Questão 23: O que as Escrituras ensinam a respeito da natureza da Divindade? ........... 49
Questão 24: Quem é Deus o Pai? .................................................................................... 53
Questão 25: Quem é o Senhor Jesus Cristo? .......................................................................53
Questão 26: Quem é o Espírito Santo? ............................................................................57
Questão 27: O que as Escrituras ensinam a respeito do propósito de Deus? ................... 58
Questão 28: O que as Escrituras ensinam a respeito do caráter moral de Deus? ............. 61
Questão 29: O que as Escrituras ensinam a respeito da bondade amorosa de Deus? ...... 62
PARTE IV: AS OBRAS DA CRIAÇÃO E DA PROVIDÊNCIA DE DEUS ................. 63
Questão 30: O que vem a ser a obra da criação? .............................................................. 63
Questão 31: Como Deus criou o homem? ...................................................................... 67
Questão 32: De acordo com as Escrituras, por que Deus criou o homem? ...................... 68
Questão 33: As Escrituras ensinam que Deus criou o homem em um estado de
inocência ou de justiça original?................................................................69
Questão 34: O que as Escrituras ensinam a respeito da relação de Adão e o resto
da raça humana? .........................................................................................70
Questão 35: Quais são as obras da Providência de Deus? ..............................................71
PARTE V: O PECADO E A LEI ............................................................................. .. 72
Questão 36: De acordo com as Escrituras, o que vem a ser o pecado?...........................73
Questão 37: Qual foi o pecado de Adão? ....................................................................... 75
Questão 38: Quais foram os resultados do pecado de Adão?..........................................76
Questão 39: Qualquer ser humano, por seus próprios esforços, pode merecer ou
ganhar aceitação diante de Deus?...............................................................77
Questão 40: O que Deus tem dado ao homem para dissuadi-lo de tentar salvar a si
mesmo por seus próprios esforços e obras?.....................................................................78
Questão 41: A Lei foi ab-rogada pela obra redentora do Senhor Jesus Cristo? .............80
Questão 42: Qual é a relação entre a Lei e o Evangelho? ................................................84
Questão 43: Qual é a essência dos Dez Mandamentos?...................................................85
Questão 44: Qual é o Primeiro Mandamento? ................................................................86
Questão 45: Qual é o significado do Primeiro Mandamento? ..........................................86
Questão 46: Qual é o Segundo Mandamento? .................................................................88
Questão 47: Qual é o significado do Segundo Mandamento? ..........................................88
Questão 48: Qual é o Terceiro Mandamento? .................................................................90
6
Questão 49: Qual é o significado do Terceiro Mandamento? ..........................................90
Questão 50: Qual é o Quarto Mandamento?....................................................................92
Questão 51: Qual é o significado do Quarto Mandamento? . ........................................... 92
Questão 52: Qual é o Quinto Mandamento? ................................................................. 95
Questão 53: Qual é o significado do Quinto Mandamento? ........................................... 95
Questão 54: Qual é o Sexto Mandamento? .................................................................... 97
Questão 55: Qual é o significado do Sexto Mandamento? ............................................. 97
Questão 56: Qual é o Sétimo Mandamento? .................................................................100
Questão 57: Qual é o significado do Sétimo Mandamento? ..........................................100
Questão 58: Qual é o Oitavo Mandamento? ..................................................................102
Questão 59: Qual é o significado do Oitavo Mandamento? ...........................................102
Questão 60: Qual é o Nono Mandamento?.....................................................................105
Questão 61: Qual é o significado do Nono Mandamento? ............................................105
Questão 62: Qual é o Décimo Mandamento? ................................................................107
Questão 63: Qual é o significado do Décimo Mandamento? .........................................107
PARTE VI: O PROPÓSITO REDENTOR E REMIDOR ............................................109
Questão 64: Deus deixou toda a humanidade perecer debaixo de condenação
em um estado de pecado e miséria? .........................................................109
Questão 65: O que é a redenção? ...................................................................................111
Questão 66: O que vem a ser o “Pacto da Graça”?........................................................113
Questão 67: Quem são as Pessoas Divinas envolvidas no Pacto da Graça, e quais
são as respectivas obras delas?...............................................................115
Questão 68: O que vem a ser a Divina eleição?.............................................................116
Questão 69: O que vem a ser a predestinação Divina no contexto da redenção?......119
Questão 70: Quem é o Redentor dos eleitos de Deus? ..................................................120
Questão 71: Como o Senhor Jesus Cristo tornou-se o Redentor dos eleitos de
Deus?...............................................................................................................122
Questão 72: Quais os ofícios o Senhor Jesus Cristo executa como nosso Redentor?....124
Questão 73: Como o Senhor Jesus Cristo executa o ofício de um profeta? .................125
Questão 74: Como o Senhor Jesus Cristo executa o ofício de um sacerdote? .............127
Questão 75: Como o Senhor Jesus Cristo executa o ofício de um rei ..........................128
Questão 76: Como nós somos feitos participantes da redenção realizada
pelo Senhor Jesus Cristo? .........................................................................130
Questão 77: Como o Espírito Santo aplica sobre nós a Redenção comprada
por Cristo?................................................................................................................132
7
PARTE VII: SALVAÇÃO E EXPERIÊNCIA CRISTÃ …................……................136
Questão 78: O que vem a ser o ministério da graça Divina na salvação e
experiência do crente? ............................................................................................................................137
Questão 79: Por que é vital considerar tanto os aspectos objetivos ou eternos, como
os subjetivos ou temporais e os experimentais da salvação? ....................140
Questão 80: Qual é a confiança, segurança e encorajamento do crente nesta vida
presente em sua experiência pessoal?............................................................................142
Questão 81: O que vem a ser o chamado eficaz? ...........................................................144
Questão 82: De quais benefícios aqueles que são chamados eficazmente participam
nesta vida?..............................................................................................................................................147
Questão 83: A regeneração o que é?..............................................................................149
Questão 84: Qual é o exato ministério do Espírito Santo no pecador antes da
conversão, na mesma pessoa no ato da conversão, e como crente
depois da conversão?.................................................................................153
Questão 85: O que vem a ser convicção salvadora do pecado? .....................................159
Questão 86: O que é conversão? ...................................................................................161
Questão 87: Qual é a relação necessária entre a regeneração e a conversão? ................163
Questão 88: Qual é a diferença entre a conversão Bíblica e o moderno
“decisionismo”?....................................................................................................164
Questão 89: O que vem a ser fé salvífica ou evangélica? ..............................................167
Questão 90: O que vem a ser arrependimento salvífico ou evangélico para a vida? ......170
Questão 91: Qual é a relação lógica e cronológica entre a fé e o arrependimento? .......172
Questão 92: O que é justificação?................................................................................. 172
Questão 93: O que é adoção?........................................................................................ 177
Questão 94: O que é santificação? ............................................................................... 179
Questão 95: Quais são os três aspectos necessários da santificação? ...........................183
Questão 96: Quais são os dois aspectos da santificação progressiva ou prática? ..........187
Questão 97: O que é oração?......................................................................................... 193
Questão 98: Qual é o significado da oração na vida e experiência do crente? ...............197
Questão 99: Qual regra Deus nos tem dado para nossa direção na oração? ...................199
Questão 100: O que o prefácio da Oração Modelo nos ensina? ....................................201
Questão 101: O que a primeira petição da Oração Modelo nos ensina? .......................202
Questão 102: O que a segunda petição da Oração Modelo nos ensina? ........................203
Questão 103: O que a terceira petição da Oração Modelo nos ensina? .........................204
Questão 104: O que a quarta petição da Oração Modelo nos ensina? ...........................206
8
Questão 105: O que a quinta petição da Oração Modelo nos ensina? ...........................207
Questão 106: O que a sexta petição da Oração Modelo nos ensina?..............................208
Questão 107: O que a conclusão e a doxologia da Oração Modelo nos ensina?............209
Questão 108: Existem falsos Cristãos assim como verdadeiros Cristãos? ..................210
Questão 109: Como alguém conhece a diferença entre o “Cristão meramente
professo” e o verdadeiro Cristão? ......................................................... 211
Questão 110: Qual é a segurança da fé? ........................................................................213
Questão 111: Existe uma segurança defeituosa incompleta da fé assim como uma
segurança da fé verdadeira e escriturística? ........................................... 214
Questão 112: Quais são os aspectos bíblicos da segurança da fé? .................................215
Questão 113: Do que o crente é salvo ou entregue? ......................................................220
Questão 114:Qual é a relação do crente com o pecado? ...............................................221
Questão 115: Se o crente é eficazmente trazido a uma união com Cristo, com tudo
que tal união implica, por que e como ele ainda peca? ...........................223
Questão 116: O crente pode obter a vitória sobre qualquer pecado conhecido? ..........226
Questão 117: Como o crente deve lidar com o pecado em sua vida? .......................... 227
Questão 118: O que se entende por “liberdade Cristã”?.................................................228
Questão 119: Os crentes verdadeiros, devido às suas imperfeições, tentações e
pecados que os atingem, podem cair do estado da graça? .......................229
Questão 120: O que vem a ser uma cosmovisão? ..............................................................231
Questão 121: O que vem a ser uma cosmovisão Bíblica ou Teísta Cristã ? ..................233
Questão 122: Como a cosmovisão do crente difere daquela do não crente? ...............234
Questão 123: Por que uma cosmovisão bíblica é necessária para uma
cristandade consistente? ......................................................................... 235
Questão 124: Qual é o padrão moral para a vida do crente? ..........................................236
Questão 125: O que Deus tem infalivelmente ordenado como o objetivo espiritual
comum para todos os crentes sem exceção?...........................................239
Questão 126: Quais são os meios privados da graça que Deus tem ordenado para o
bem-estar espiritual, crescimento e maturidade dos crentes? .................. 241
Questão 127: Quais são os meios públicos da graça que Deus tem ordenado para o
bem-estar spiritual, crescimento, e maturidade dos crentes?....................243
Questão 128: O crente, como filho de Deus e cidadão de seu reino celeste,
está isento dos problemas e males comuns ao homem? ........................244
Questão 129: O crente, ainda sujeito aos males, problemas e tristezas comuns
ao homem, pode, contudo esperar por encontrar contentamento,
cumprimento, e gozo nesta vida presente? ............................................247
Questão 130: Quem são os principais inimigos do crente nesta vida? .........................249
9
Questão 131: Quem é o grande adversário do crente?....................................................251
Questão 132: Qual é o conforto do crente durante toda a vida, em seu leito de
morte, e na sua hora da morte? .............................................................. 252
Questão 133: Todos os crentes morrem com segurança total, conforto e
gloriosa expectação da glória? ............................................................. 254
VIII: EVANGELISMO E O MINISTÉRIO DO EVANGELHO ................................255
Questão 134: O que é o Evangelho? ............................................................................. 255
Questão 135: O que é Evangelismo?..............................................................................262
Questão 136: O que vem a ser Apologética................................................................... 263
Questão 137: Quais são as responsabilidades evangelísticas e apologéticas
incumbidas a todo crente?............................................................................................... 266
Questão 138: O que vem a ser a pregação?....................................................................267
Questão 139: O que se entende por “livre oferta do evangelho”? ................................269
Questão 140: Qual é a relação do chamado eficaz e a regeneração para com
a pregação do evangelho? ......................................................................270
Questão 141: Todo crente é chamado para o serviço Cristão? .....................................272
Questão 142: Quem deve se dedicar ao ministério público da Palavra? ........................273
Questão 143: O que é um reavivamento ou tornar despertado espiritualmente? ...........275
Questão 144: Os reavivamentos religiosos devem ser esperados nesta era
moderna da história da igreja?.................................................................279
Questão 145: Quais são os dois precursores bíblicos e históricos do reavivamento
espiritual e de um estado despertado?................................................. 284
IX: A IGREJA E AS ORDENANÇAS ……….............................................................285
Questão 146: O que significa a palavra “igreja”? ..........................................................286
Questão 147: O que vem a ser uma igreja Neotestamentária ou uma
igreja evangélica? ..................................................................................287
Questão 148: Qual é a distinção entre a igreja e o reino? ..............................................289
Questão 149: As igrejas Neotestamentárias sempre existiram desde o ministério
terreno de nosso Senhor até o presente dia? .........................................291
Questão 150: Quem é o fundamento da igreja Neotestamentária? ................................293
Questão 151: Qual é o propósito de uma igreja Neotestamentária? ..............................294
Questão 152: Qual é o poder de uma igreja Neotestamentária? ................................... 295
Questão 153: Qual forma de governo eclesiástico é achada como sendo o mais
próximo dos ensinamentos do Novo Testamento? ............................... 297
Questão 154: Quais são os ofícios em uma igreja Neotestamentária? ..........................298
Questão 155: Quais são as duas ordenanças de uma igreja Neotestamentária? .............299
10
Questão 156: O que vem a ser o batismo?.....................................................................300
Questão 157: Qual é o modo escriturístico e quem são os sujeitos apropriados
para o batismo? ......................................................................................301
Questão 158: Os filhos dos crentes professos devem ser batizados? ...........................304
Questão 159: O que vem a ser a Ceia do Senhor?..........................................................305
Questão 160: Quais são os elementos apropriados para serem usados na
observância da Ceia do Senhor? ........................................................... 306
Questão 161: Todos os Cristãos devem comungar juntos na Ceia do Senhor? ............308
Questão 162: Quem deve participar da Ceia do Senhor? ..............................................310
Questão 163: O que é disciplina da igreja? ...................................................................311
Questão 164: Qual deve ser a principal marca distintiva dos verdadeiros
Cristãos em sua relação com os outros? ..........................................................315
X: AS ÚLTIMAS COISAS .......................................................................................316
Questão 165: Quais são as várias “mortes” descritas na Escritura? .............................317
Questão 166: O que é a morte física?.............................................................................319
Questão 167: Por que os crentes morrem?.....................................................................320
Questão 168: O que vem a ser o estado intermediário?..................................................322
Questão 169: O que vem a ser a ressurreição dos justos? ..............................................324
Questão 170: Quais são as três maiores visões acerca do milênio? ..............................326
Questão 171: O que vem a ser a ressurreição para julgamento? ....................................329
Questão 172: O que a Escritura ensina acerca do estado eterno? ...................................331
11
INTRODUÇÃO
As Escrituras
“Tão-somente guarda-te a ti mesmo, e guarda bem a tua alma, que não te esqueças
daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e não se apartem do teu coração todos os
dias da tua vida; e farás saber a teus filhos, e aos filhos de teus filhos…quando o
SENHOR me disse…os farei ouvir as minhas palavras, e aprendê-las-ão, para me
temerem todos os dias que na terra viverem, e as ensinarão a seus filhos.” Deuteronômio
4:9–10.
“E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos
e delas falarás assentados em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e
levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os
teus olhos. E escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” Deuteronômio
6:4–9.
“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justice; para que o homem de Deus seja perfeito, e
perfeitamente instruído para toda boa obra.” 2 Timóteo 3:16–17.
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade.” 2 Timóteo 2:15
“…Pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação
do Senhor.” Efésios 6:4.
O Termo "Catequizar"
A palavra Portuguesa "catecismo" é derivada do verbo Grego katēchēo, "entoar em voz
alta, ensinar oralmente, instruir pela boca." Este termo tinha originalmente a ideia de
"falar para baixo ou por cima," ou seja, de atores num palco elevado. É um composto da
preposição kata, "para baixo, por toda parte, completamente" e do verbo ēchēo, "soar,"
a fonte da nossa palavra em Português, "eco." Parece haver nesta etimologia a ideia de
uma resposta responsiva. Catequese tem a conotação de instrução oral completa ou
repetida, e é apenas um dos vários termos relacionados para instrução ou ensino
encontrado nas Escrituras. O termo em si ocorre oito vezes no Novo Testamento (duas
vezes como "informado" em Atos 21:21,24, referindo-se à informação boca-a-boca):
“Para que conheças a certeza das coisas de que já estás catequizado.” Lucas 1:4.
“Este era constantemente catequizado no caminho do Senhor, e fervoroso de espírito,
falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor…” Atos 18:25.
12
“E sabes a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo constantemente
catequizado por lei...” Romanos 2:18.
“Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para
que possa catequizar os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.” 1
Coríntios 14:19.
“E o que é catequizado na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o
instrui.” Gálatas 6.6.
C. H. Spurgeon sobre Catequizar
(Da introdução de seu próprio Catecismo Batista)
Em matéria de doutrina você encontrará congregações ortodoxas habitualmente
mudadas para heterodoxia no decorrer de trinta ou quarenta anos, e isto acontece
porque, frequentemente, não tem havido a catequese das crianças nas doutrinas
essenciais do Evangelho. Da minha parte, estou cada vez mais convencido que o estudo
de um bom catecismo escriturístico é de valor infinito para os nossos filhos... Mesmo
que os jovens não entendam todas as perguntas e respostas... contudo, permanecendo
em suas memórias, elas serão de infinito valor quando o tempo do entendimento chegar,
por ter conhecido estas mui excelentes, sábias e judiciosas definições das coisas de
Deus... Vai ser uma bênção para eles — a maior de todas as bênçãos... uma bênção na
vida e na morte, no tempo e na eternidade, a melhor das bênçãos que Deus pode dar...
estou convencido que o uso de um bom catecismo em todas as nossas famílias será uma
grande proteção contra os crescentes erros dos tempos e, portanto, eu compilei este
pequeno manual... para o uso de minha própria igreja e congregação. Aqueles que o
usam em suas famílias ou classes devem trabalhar para explicar o sentido para os
menores; mas as palavras devem ser cuidadosamente aprendidas de coração, pois elas
serão entendidas melhor quando a criança avançar em idade.
O Uso Prático de um Catecismo
O uso prático deste catecismo pode ser sumarizado nas seguintes considerações:
1. A Catequese é uma prática escriturística. É ensinada tanto no Velho como
no Novo Testamento tanto por preceito como por exemplo .
2. Muitos podem ter um conhecimento geral da Bíblia, porém uma grande falta na
capacidade de raciocinar a partir das Escrituras de uma forma doutrinariamente
consistente. Nós devemos conhecer a Bíblia doutrinariamente e devemos conhecer
nossa doutrina bíblicamente. A menos que cheguemos a um conhecimento
doutrinário consistente das Escrituras, o nosso conhecimento da Palavra de Deus é
tanto deficiente quanto defeituoso. O uso de um catecismo leva alguém a pensar
tanto biblicamente como doutrinariamente. É uma introdução muito básica e
necessária para a doutrina Bíblica e para a teologia elementar.
3. Este é um catecismo com comentário. Tal trabalho se destina a educar toda a
família. Os comentários são destinados para os pais e alunos mais velhos como um
13
meio de educarem a si mesmos na doutrina básica da Bíblia. As notas são destinadas
a servir de base para a instrução da família e discussão da verdade bíblica.
4. As perguntas e respostas são seguidas por um ou mais textos-prova, e devem ser
memorizados com a pergunta e sua resposta.
5. Quanto à metodologia, é sugerido que os pais instruam seus filhos nas perguntas,
respostas e textos-prova e, então discuta os assuntos envolvidos. Os filhos menores
podem ser capazes apenas de memorizar as perguntas e respostas, enquanto os filhos
mais velhos serão capazes de memorizar uma ou mais referências escriturísticas.
Aqueles que são mais velhos também podem começar a assimilar os assuntos
envolvidos.
Algumas Objeções Contra o Catecismo Respondidas
PRIMEIRA OBJEÇÃO: Por que, como Batistas, usar um catecismo? Os catecismos
não pertencem apenas aos Romanistas, Luteranos ou Cristãos Reformados? Nós temos
apenas um credo: a Bíblia! Nós não colocaremos e não podemos colocar qualquer
literatura no mesmo patamar com as Escrituras, ou adicionar à Palavra de Deus de
forma alguma.
RESPOSTA:
1. A Catequese ou a instrução oral repetitiva é escriturística. Ela foi dada por
ordem divina no Velho Testamento e é ratificada no Novo Testamento pelo
exemplo inspirado Apostólico.
2. Esta não é uma questão de acrescentar algo às Escrituras, mas sim o uso de
uma ajuda necessária para uma compreensão abrangente do seu ensino
doutrinário. Deus nos criou racionais, seres moralmente responsáveis, criados à
sua imagem e semelhança. Fomos criados tanto com capacidade como com
necessidade de organizar. Uma abordagem ordenada ou sistemática à verdade
divina é uma necessidade, como pode ser visto na existência necessária de
doutrina e teologia. Infelizmente, muitos que se opõem ao uso de um catecismo
se voltam para o uso muito questionável de outros materiais de ensino religioso
que são doutrinariamente superficiais ou doentios.
3. A catequese é uma abordagem elementar organizada para a verdade da Palavra
de Deus. É uma introdução primária ao ensino doutrinário das Escrituras.
4. Há uma grande necessidade que todos os crentes têm pelo menos de dois
tipos de conhecimento sobre a verdade de Deus: Primeiro, cada jovem deve
ter pelo menos um conhecimento geral das Escrituras. O que muitos chamam de
"Histórias Bíblicas" dá à criança mais jovem um conhecimento geral da Bíblia,
seu formato histórico, os princípios básicos da história redentora e algum
conhecimento sobre os vários livros da Bíblia e seus personagens principais.
Segundo, todo jovem deve ser ensinado a compreender, pensar e raciocinar
doutrinariamente a partir das Escrituras. Durante séculos, este tem sido o
propósito de um catecismo doutrinariamente sadio. A catequese cessou entre
14
nossos antepassados Batistas quando eles não mais enfatizaram seus distintivos
doutrinários e Confissões de Fé. Nas escolas dominicais os catecismos foram
substituídos pelas revistas "trimestrais" que tem provado, acreditamos nós, ser
vastamente inferior.
5. Os Batistas usaram catecismos extensivamente e com muito proveito
espiritual até o século passado. Esta objeção por si mesma demonstra o
triste desvio de alguns Batistas de seus próprios distintivos e práticas
doutrinários, e a ignorância de alguns Batistas modernos sobre a sua própria
história e herança espiritual. A seguir estão alguns dos catecismos mais
conhecidos, escritos e usados pelos Batistas:
o Henry Jessey, Batista Particular, Um Catecismo para Crianças, ou para
os Pequeninos, 1652.
o Hercules Collins, Batista Particular, O Catecismo Ortodoxo (adaptado
do Catecismo Heidelberg), 1680.
o Thomas Grantham, Batista Geral, Catecismo do São Paulo (baseado
nos seis princípios dos Hebreus 6), 1687.
o Benjamin Keach e William Collins, O Catecismo Batista, 1693.
o A Associação Batista Filadélfia de Batistas Particulares publicou um
catecismo anexo à sua Confissão de Fé Filadélfia, 1742.
o William Gadsby, Evangelho Padrão Batista, publicou um catecismo
intitulado As Coisas Certamente Mais Cridas Entre Nós, 1809.
o C. H. Spurgeon pu bl i co u Um Catecismo Batista (compilado a partir
do Breve Catecismo de Westminster e Catecismo Batista de Keach),
1855.
o A Diretoria da Escola Dominical da Convenção
B a t i s t a d o S u l publicou dois catecismos: o primeiro de J. P.
Boyce, Um Breve Catecismo da Doutrina Bíblica (1864) e o segundo de
John A. Broadus (1892). A última obra foi publicada em conjunto por
ambas as Convenções Batista do Sul e a Sociedade de Publicação Batista
Americana.
SEGUNDA OBJEÇÃO: Os catecismos não introduzem o erro no pensamento de
muitos?
RESPOSTA:
1. Isto pode ser verdade, mas a culpa não está no uso de um catecismo, por si só,
mas em pressuposições não escriturísticas e às tradições religiosas, que foram
sobrepostas sobre a Palavra de Deus.
2. Um catecismo é verdadeiro e útil apenas quando ele comunicar com precisão a
verdade das Escrituras.
3. Idealmente, evangelismo através de catequese leva a uma profissão de fé
confiável.
4. Um catecismo deve ser um conservante da verdade e não uma introdução ao
erro. Um catecismo é dado apenas como bom, verdadeiro ou preciso quanto às
15
pressuposições doutrinárias e teológicas de seu (s) autor (es). Como a própria
Palavra de Deus em si deve ser abordada com pressuposições consistentes,
como toda literatura religiosa, inclusive um catecismo.
TERCEIRA OBJEÇÃO: Há um grande perigo em se desviar da linguagem bíblica,
tanto na redação quanto na forma.
RESPOSTA:
1. Há sempre um perigo em desviar-se das Escrituras, tanto da doutrina e da
prática. Isto é verdade em qualquer tipo de pregação ou ensino.
2. A melhor prevenção contra tal desvio tem sido o uso conciso, declarações
compreensivas que afirmam precisa e consistentemente a verdade dos Credos,
Confissões e Catecismos Escriturários - se eles forem doutrinariamente sadios
e refletirem com precisão o ensinamento das Escrituras.
3. Há uma necessidade de proposições e resumos concisos e consistentes
doutrinários ou teológicos. A palavra "modelo" em 2 Timóteo 1:13 refere-se a
um esboço distinto ou resumo da verdade Divina. Uma dada proposição ou
declaração teológica é necessariamente mais concisa do que qualquer versículo
da Bíblia porque, se verdadeira ou fiel e coerente com a Palavra de Deus, é
baseada na analogia da fé [o ensino total, auto-consistente da Palavra de Deus,
uma vez que incide sobre qualquer aspecto dado da verdade Divina], e não
sobre um ou mesmo vários textos-prova.
QUARTA OBJEÇÃO É muito perigoso ensinar jovens e crianças não convertidos a
dar respostas bíblicas ou corretas á questões doutrinárias.
RESPOSTA:
1. Esta objeção é baseada numa preocupação grande e legítima pelas almas das
crianças que podem tornar-se Cristãos meramente professos pela simples
memorização e recitação da verdade sem uma operação interior da graça
salvadora.
2. Esta objeção pode ser igualmente trazida contra os jovens, crianças não
convertidas tendo lido ou memorizado a Escritura, aprendido a orar ou
assentado num ministério educacional de pregação consistente.
3. Cada avenida legítima para a comunicação da verdade Divina deve ser
usada para convicção, conversão, edificação e maturidade espiritual de
nós mesmos e nossas famílias. Isto inclui todos os meios da graça, tanto
públicos como privados — leitura e oração pessoal e familiar, adoração
coletiva, o ministério público da Palavra, comunhão santificada com o povo de
Deus e a leitura de literaturas religiosas sadias.
4. O instrumento primário depois das Escrituras deveria ser o uso de um
catecismo sadio. Isto é para manter os princípios de instrução Divinamente
ordenados na Escritura. Um catecismo é destinado a suplementar e reforçar, e
não para substituir a primazia da Palavra de Deus.
QUINTA OBJEÇÃO: O uso de um catecismo promove a prática perigosa de
desenvolver mentalmente um “texto-prova”, isto é, o perigo de basear um sistema
doutrinário em algumas passagens comparativamente selecionadas da Escritura, um
16
método usado por várias seitas? e outros que sempre produz tanto um mau
entendimento como uma má interpretação da Escritura.
RESPOSTA:
1. Esta objeção é baseada em parte na falácia que a Palavra de Deus deve declarar
uma dada doutrina repetidamente como sendo verdade. Uma vez é suficiente,
embora nenhuma verdade bíblica esteja apenas num texto isolado. A
necessidade de repetição de qualquer aspecto dado da verdade Divina para
estabelecer sua validade revela uma visão muito deficiente tanto de Deus
como da Escritura. Cada declaração da Escritura é verdadeira e verdade .
2. A verdade da Escritura existe como um todo compreensivo, consistente,
unificado. Enquanto que o catecismo pode dar apenas uma declaração ou duas para
verificar o ensino doutrinário da Escritura, se estas declarações forem claras e
consistentes com a “analogia da fé”, elas formam uma base escriturística para a
fé de alguém. Muitas vezes no testemunho evangelístico ou no rigoroso
exercício de apologética evangelística, uma clara declaração sadia da
Escritura pode ser o único firme ou possível fundamento para discussão.
3. É quase impossível que qualquer catecismo possa ou deva existir sem uma
determinada quantidade de explicação ou a necessidade de um estudo mais
aprofundado. As perguntas, respostas e textos-prova do catecismo fornecem uma
introdução ao ensino doutrinário da Escritura, não a palavra final e exaustiva. As
perguntas e respostas despertam necessariamente a curiosidade da criança ou do
novo convertido e pedem por explicação adicional e discussão.
Perguntas e Respostas
Acerca do Uso de um Catecismo
As seguintes perguntas e respostas servirão para analisar e resumir os assuntos
envolvidos, e impor a grande necessidade para o uso consistente de um catecismo sadio.
1ª PERGUNTA – Por que usar um Catecismo?
RESPOSTA - Existem várias razões pelas quais as igrejas, famílias e indivíduos devem
fazer um bom uso de um catecismo adequado:
1. O uso de um catecismo é escriturístico em princípio e é baseado no
mandamento Divino para a instrução bíblica no Velho Testamento e também o
exemplo inspirado do Novo Testamento (Deuteronômio 4:9-10; 6:4-9; Lucas
1:4; Gálatas 6:6, Efésios 6:1-4). O formato de perguntas e respostas dos
catecismos modernos é incidental ao princípio escriturístico que permeia a
catequese, que evidentemente consistia de instrução oral repetitiva,
compromisso com a memória e uma resposta oral.
2. Toda pessoa precisa de dois tipos de conhecimento bíblico: primeiro, toda
pessoa deveria ter pelo menos um conhecimento geral da Bíblia, seu
formato histórico, os princípios básicos da história redentora e algum
conhecimento acerca dos vários livros da Bíblia, as circunstâncias históricas
da escrita deles e seus principais personagens. Segundo, toda pessoa deveria ser
ensinada a compreender, pensar e raciocinar doutrinariamente a partir das
Escrituras. Desde os tempos Bíblicos, este tem sido o propósito de um
17
catecismo doutrinariamente sadio. Estes dois tipos de conhecimento, bíblico e
doutrinário, necessariamente se complementam. A verdade doutrinária é a
mensagem da Bíblia, a verdadeira "alma" da Escritura.
3. O uso de um catecismo é o método mais conciso e melhor para incutir a
verdade Divina na mente e no coração e imprimi-la na memória.
4. Os catecismos podem ser escritos (e têm sido escritos), de tal forma a serem
adequados e apropriados para qualquer idade ou nível de desenvolvimento
espiritual.
o As criancinhas podem pelo menos aprender as perguntas e respostas de
um catecismo muito simples, e muitas vezes começam a memorizar pelo
menos um versículo da Escritura em cada conjunto. Muito deve ser feito
quando a mente é jovem, propensa a aprender e absorver, e em grande
parte desocupada das questões da vida.
o As crianças mais velhas e os novos convertidos podem lucrar muito com
os catecismos, que, necessariamente, e, naturalmente, exigem explicação
e discussão.
o O processo real de catequese pressupõe que aqueles que catequizam os
outros tenham um fundamento suficiente e maturidade na verdade para
explicar a partir das Escrituras as verdades declaradas no catecismo.
2ª PERGUNTA – Quais são os requerimentos necessários para um catecismo?
RESPOSTA – Os requerimentos necessários ou essenciais para um catecismo sadio
são pelo menos quatro em número:
1. O catecismo deve ser completamente escriturístico na formulação de suas
respostas.
2. Os textos-prova devem ensinar claramente a verdade referente à pergunta e a
resposta dada. As pressuposições doutrinárias do catecismo devem ser sadias.
3. As perguntas e respostas devem ser adequadas, ou seja, de tal natureza que elas
não estejam nem muito envolvidas nem sejam complexas para serem
memorizadas nem simples demais para serem úteis àqueles que são mais
velhos.
4. Alguns catecismos são mais adequados para crianças pequenas, outros são
mais adequados para crianças mais velhas e adultos. Algumas perguntas
exigem respostas estendidas para transmitir adequadamente a verdade.
Algumas das respostas neste catecismo são necessariamente longas.
3ª PERGUNTA – Qual é o propósito de um catecismo?
RESPOSTA – O propósito para o uso de um catecismo é pelo menos nônuplo:
1. Instruir no essencial da fé Cristã. O assunto é a verdade, a verdade Divina!
Nós devemos fazer tudo o que pudermos para imprimir esta verdade na
mente e no coração tanto dos salvos quanto dos não salvos, e especialmente
dos nossos filhos. Existem duas questões: primeiro, toda criança e todo novo
convertido deve ser instruído nos fundamentos ou essências da fé Cristã, tanto
quanto possível (3 João 4). Segundo, todo Cristão deve procurar tornar-se
18
2.
3.
4.
5.
6.
7.
tanto um estudante da Bíblia como um teólogo (2 Timóteo 3.16-17; Hebreus
5:11-14; 2 Pedro 3:18).
Para imprimir a verdade Divina no coração e na mente. A concisão do
catecismo como uma série de declarações doutrinais claras derivadas da
Escritura, é calculada para incutir a verdade no processo de pensamento e
imprimi-la na mente e no coração. A menos que a verdade doutrinária seja
cuidadosa e escrituristicamente contemplada, ela nunca será verdadeira e
plenamente compreendida, devidamente abraçada ou ter a prática
implementada na vida (Salmos 119:11).
Para evangelizar os não convertidos. Os pais Cristãos catequizando os seus
filhos é o melhor meio de evangelizá-los verdadeiramente de uma forma
consistente e equilibrada. As mentes deles têm que lidar com a verdade e as
consciências deles podem ser sondadas no contexto de todo o conselho de
Deus. Nos anos posteriores a verdade pode ser aplicada à consciência através
da lembrança de tal instrução (Efésios 6:1-4; 2 Timóteo 3:15).
Para preparar para o ministério público da Palavra. A p r e g a ç ã o
pública da Palavra de Deus deve abordar uma série de
a s s u n t o s : a v e r d a d e d o E v a n g e l h o , uma cosmovisão Cristã,
toda a gama de doutrina Cristã e sua aplicação à vida da igreja e do indivíduo,
a família cristã, a relação do Cristão com a sociedade não regenerada em que
vive e as variedades da experiência cristã. Catequizar necessariamente prepara
os pais, as crianças e jovens convertidos para o ministério da Palavra por
incutir neles uma consciência de Deus, permitindo-lhes começar a pensar de
forma consistente a partir das Escrituras, dando-lhes uma compreensão básica
das verdades escriturísticas e doutrinárias, e familiarizando-os com
terminologia doutrinária e teológica (2 Timóteo 1:13; 2:2)
Para atuar como uma prevenção do erro e da heresia. A melhor prevenção
contra o erro e a heresia é a Palavra de Deus certamente [correta ou
consistentemente] compreendida. O catecismo é uma declaração concisa e
exata da Palavra de Deus em sua expressão doutrinária (Efésios 4:11-16; 2
Timóteo 4:1-5; 2 Pedro 3:16-18).
Para atuar como uma prevenção da decadência espiritual. O verdadeiro
conhecimento das Escrituras é, necessariamente, um conhecimento
consistente [e, portanto, não contraditória] do seu ensino doutrinário. O uso
de um catecismo como uma abordagem concisa, lógica, sistemática à verdade
divina deve refrescar a mente e o coração e acelerar o zelo de alguém. Há uma
relação necessária e imediata entre a verdade e a consciência e entre a verdade
e o zelo, se o Espírito e a graça de Deus estão presentes (Hebreus 5:10-14; 2
Pedro 3:16-18).
Para edificar os crentes de todas as idades e níveis de maturidade espiritual.
Todos sem exceção vão se beneficiar com o uso de um catecismo. As
criancinhas e os novos convertidos serão instruídos consistentemente na fé,
crentes maduros devem ser atualizados e vivificados pela reiteração da verdade
e os crentes idosos devem ser sustentados e animados pela verdade imutável
estabelecida pelas Escrituras.
19
8. Para rever a essência da doutrina Cristã. O âmbito do seu ensino e da
concisão de suas respostas fazem de um catecismo uma fonte primária para
uma revisão de qualquer aspecto da verdade doutrinária, declarada de forma
simples, concisa e escrituística.
9. Para proporcionar uma grande e necessária ajuda em defesa da fé. A concisão
do catecismo em expressar a verdade doutrinária, e a memorização dos textosprova, fornecem os elementos essenciais necessários para defender a fé ou
explicá-la aos outros de forma clara e escriturística (2 Coríntios 10:3-5; 1
Pedro 3:15; Judas 3).
4ª PERGUNTA – Quanto tempo e esforço devem ser dados ao uso de um catecismo?
RESPOSTA - O tempo e o esforço gastos na utilização de um catecismo devem ser
tanto quanto ou mais do que o tempo e esforço gasto em qualquer outra disciplina.
Muito tempo pode ser dado a eventos esportivos para o desenvolvimento motor e
habilidades sociais necessárias, mas qual é o bem que estes fazem para a alma? A
catequese é tanto para o tempo presente quanto para a eternidade. Como o estudo da
matemática, história, o uso básico de ferramentas manuais ou mecânicas, e a aquisição
geral de habilidades são consideradas necessárias para a educação da criança, assim o
tempo e o esforço devem ser despendidos para instruir a mente e o coração e, assim,
alcançar a alma. Que instrução é mais importante do que a verdade Divina? Que
habilidade é mais importante e duradoura do que a de compreender o ensino doutrinário
das Escrituras?
5ª PERGUNTA – Quem deve se beneficiar do uso de um catecismo?
RESPOSTA – Qualquer pessoa deveria se beneficiar grandemente do uso de um
catecismo:
1. As criancinhas, que precisam ser instruídas nos ensinos básicos da Escritura,
para o bem de suas próprias almas e sua salvação, e prepará-las para se
sentarem sob a pregação do Evangelho de forma inteligente.
2. As crianças mais velhas e jovens adultos, que precisam conhecer a verdade da
Palavra de Deus e do caminho da salvação.
3. Os novos convertidos, que necessitam de serem confirmados na fé através da
instrução básica na verdade doutrinária.
4. Os cristãos maduros, que necessitam ter um conhecimento abrangente da
verdade a fim de viver de forma consistente e inteligente na fé e também para
instruir os outros nas coisas Divinas.
5. Os anciãos, ministros e professores, que não só devem ser firmemente
radicados na fé, mas devem ensinar e ministrar para os outros também em seus
respectivos níveis. Uma revisão de um catecismo em pontos doutrinários
essenciais deve ser uma parte essencial da preparação do sermão.
20
6. Os não convertidos de qualquer e todas as idades. No catecismo eles
encontrarão a verdade escrituristicamente, de forma simples e consistentemente
explicada. Isto certamente trabalhará para a sua compreensão da pregação, e
pode trabalhar para a sua convicção de pecado e de forma inteligente fechando
com Cristo na fé salvadora.
6ª PERGUNTA - Quais são os valores de um catecismo?
RESPOSTA – Existem dois grandes valores no uso de um catecismo:
1. Um valor imediato ou primário. Isto consiste em inculcar a verdade Divina na
mente ou no coração, e através disto, na consciência e na vida. Para os
descrentes, ele fornece uma base escriturística para a verdade do Evangelho e
para a esperança de salvação. Para o salvo, ele constrói uma base escriturística
e doutrinária sólida para toda a vida.
2. Um valor final ou secundário. O catecismo a um determinado grau marcará a
pessoa para a vida, sendo salva ou não salva. A verdade uma vez comissionada
à memória encontrará a sua marca em incutir uma consciência de Deus,
despertando a consciência e proporcionando um sentido escriturístico do certo
e do errado.
Que situação diferente existiria hoje em nossas famílias e na sociedade em geral, se a
maioria tivesse sido instruída com um catecismo sadio! Um clima moral diferente
prevaleceria, um abençoado ponto de contato com a verdade do Evangelho já teria sido
implantado na mente e no coração. Hoje nós vivemos em uma sociedade abertamente
secularizada onde muitos homens e mulheres não têm nenhuma crença em Deus ou em
um conceito de verdade qualquer que seja. Nada existe em seus corações ou mentes
para evitar a sua queda em mergulho para a impiedade e imoralidade. Ao mesmo tempo
as barreiras espirituais e morais necessárias foram erguidas e executadas com o uso de
um catecismo sadio em grande parte da sociedade.
O que dizer da atual falta, ou até mesmo, do desprezo pela verdade doutrinária entre os
professos Cristãos? Um verdadeiro e completo conhecimento das Escrituras é um
conhecimento doutrinário. A menos que nós cheguemos a um conhecimento doutrinário
da Escritura, o nosso conhecimento necessariamente permanecerá num determinado
tamanho parcial, inadequado e muitas vezes bastante inconsistente. Nós devemos
conhecer a Bíblia doutrinariamente e devemos conhecer a nossa doutrina bíblicamente.
Este é o objetivo da catequese.
E o que dizer de nossas igrejas? A tendência atual em direção à mera tradição, ao
mundanismo, ao subjetivismo e o irracionalismo é em grande parte o resultado da
terrível ausência da verdade, verdade acreditada e inculcada através da pregação e do
uso de um catecismo sadio. Que diferença seria vista em nossas igrejas hoje se nossos
pais tivessem sido fiéis em catequizar esta presente geração! Numa época que questiona
toda a autoridade, desafia a veracidade da Escritura e em grande parte se recusa a ouvir
a pregação bíblica com autoridade do púlpito, um fundamento escriturístico e
doutrinário sólido é extremamente necessário. Que diferença será vista se nós mesmos
revertêssemos este triste desvio da prática escriturística e começássemos sistemática,
21
amorosa e pacientemente a instruir e doutrinar esta geração! Não seria isto por si mesmo
um verdadeiro avivamento?
PARTE I
O CRENTE E O SEU DEUS
O estudo das coisas Divinas em geral é chamado de "Teologia", do Gr. Theos , "Deus", e
logos ou logia, "palavra, estudo ou doutrina." A doutrina do homem é chamada de
"Antropologia," do Gr. anthropos. Literalmente, tudo é determinado por uma doutrina de
Deus revelada através da Escritura. É de extrema importância que seja tanto escriturística
como piedosa em tal estudo.
1ª Pergunta – Qual é a única verdade inspirada, infalível e inerrante para o homem?
Resposta - A única verdade inspirada, infalível e inerrante para o homem é a Palavra
escrita de Deus, a Bíblia.
2 Timóteo 3:16-17. 16 “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para
ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17Para que o homem de
Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”
Mateus 4:4. ... “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra
que sai da boca de Deus.”
Veja também: Gênesis 2:17-19 ; 3:1-12; Deuteronômio 8:3; Hebreus 1:1-3; 2
Pedro 1:20-21; 3:15-16.
COMENTÁRIO
Alguns catecismos e obras sobre teologia começam com Deus e daí a razão para as
Escrituras ser como uma revelação necessária e de Deus. Esta é uma abordagem filosófica.
Nós devemos começar com as Escrituras. Somente a Bíblia é a verdade objetiva e escrita
(2 Timóteo 3:16-17). Isto deve garantir que o nosso pensamento permanecerá
escriturístico em vez de filosófico, tanto em consistência quanto em nossa abordagem das
realidades Divinas.
A Bíblia é a nossa única regra de fé [crença, doutrina] e prática [vida]. A Escritura é a
nossa única fonte objetiva de verdade e de conhecimento, e nosso padrão para uma vida
adequada, porque é a real Palavra de Deus escrita. Veja as perguntas 7, 9 e 10. É através
das Escrituras que nós temos um verdadeiro conhecimento de Deus, de nós mesmos e do
universo ao nosso redor. Nós podemos saber muito sobre Deus através de sua criação
(Romanos 1:18-20) e do nosso próprio processo de pensamento instintivo, como fomos
criados à imagem e semelhança [revelação natural] de Deus. Mas a auto-consistência
moral de Deus [seu caráter absolutamente justo], seu amor redentor, sua graça e
misericórdia, e outras características morais necessárias só podem ser conhecidas através
22
da história redentora escrita em sua Palavra [revelação especial]. Veja a Pergunta 5. É
apenas nas Escrituras que encontramos a salvação do pecado, a esperança de libertação na
obediência ativa e passiva do Senhor Jesus Cristo; a verdadeira e objetiva reconciliação
com Deus, e a certeza da esperança para o futuro. A natureza pode nos alegrar com as suas
belezas e maravilhas; nós podemos ter pensamentos elevados e sublimes em nossas
imaginações, mas somente nas Escrituras é que vamos encontrar o coração de Deus
revelado e descobrir a glória e a doçura do evangelho.
Além disso, nós devemos entender que a Queda afetou os processos de pensamento do
homem, e sua percepção das realidades espirituais é muito limitada ou distorcida pelo
pecado [os efeitos noéticos do pecado, do Gr. noeō, "perceber, entender." O processo de
pensamento moral, intelectual e julgamento do homem caído ficou aleijado pela queda.
Conferir em Romanos 1:21-25; 1 Coríntios 2:14; Efésios 4:17-19]. Veja as perguntas 37 e
38. Assim, a revelação natural [Deus revelado através de sua criação] torna-se distorcida
através de uma perspectiva caída e pecaminosa. Finalmente, a verdade que o homem
conhece através da revelação natural em qualquer medida [suficiente para mantê-lo
indesculpável], ele procura suprimir, uma vez que agrava a sua mente, convence sua
consciência e define-se contra suas pressuposições naturais e pecaminosas (Romanos 1:1820). Veja a pergunta 10. A Escritura não revela tudo (Deuteronômio 29:29), mas revela
suficientemente o que nós necessitamos saber: que nós somos pecadores diante de Deus,
como ter o perdão dos pecados, como se reconciliar com Deus através do Senhor Jesus
Cristo, como viver de modo aceitável perante ele nesta vida e nos preparar para a
eternidade. É apenas através das Escrituras que nós temos uma cosmovisão Teísta Cristã
consistente, uma experiência Cristã válida e uma fé transcendente, contudo prática. Veja a
Pergunta 121.
Acreditando que a Bíblia é a real Palavra de Deus escrita não algo é meramente teórico ou
abstrato. É a substância de uma fé viva que repousa na verdade da Palavra de Deus,
independentemente das circunstâncias. Tal crença não é mero fideísmo [uma fé irracional
nua]. Nossa fé é fundamentada na Palavra racional de um Deus auto-revelado e inteligente.
O testemunho do Espírito Santo autentica esta Palavra para a mente, para o coração e para a
alma do crente. Seus mandamentos, profecias, advertências e promessas são total e
infalivelmente verdadeiros. As Escrituras são, portanto, para formar a verdadeira estrutura
de nossas vidas. Veja a Pergunta 10.
Muitos podem negar o Cristianismo porque não conseguem acreditar em milagres, ou
presumir que existam inconsistências no sistema Cristão. Estes se opõem à Divindade do
Senhor Jesus Cristo, ao Nascimento Virginal, à natureza vicária da morte de nosso Senhor
ou à ressurreição, etc.. Estes são pensados como sendo irracionais, ou seja, contrários à
razão. Tais realidades nunca são a questão real. A questão primária é que Deus falou
claramente e com autoridade absoluta para o homem (Hebreus 1:1-2), e este registro foi
escrito. Esta revelação Divina em forma escrita continua com plena autoridade [o
significado de "está escrito" (Gr. gegraptai, tempo perfeito) é "Ela permanece escrita com
autoridade inalterada"]. A verdadeira questão é sempre a veracidade de Deus na e através da
Bíblia. As Escrituras são a sua Palavra, e nós somos obedientes ou desobedientes a ele e à
elas. Veja a Parte II.
23
Será que as Escrituras têm seu devido lugar em nossas vidas? As nossas vidas refletem a
sua orientação e poder transformador? Será que nós amamos e obedecemos a Deus,
conforme revelado em sua Palavra?
2ª Pergunta - Qual é a principal finalidade do homem?
Resposta - A principal finalidade do homem é glorificar a Deus e desfrutar dele para
sempre.
1 Coríntios 10:31. “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer
coisa, fazei tudo para a glória de Deus.”
Apocalipse 4:11. “ Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque
tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.”
Veja também: 1Crônicas 29:10-14; Eclesiastes 7:29; 12:13-14 .
COMENTÁRIO
Este universo e todas as coisas e todos que estão nele existem para o bom prazer e
glória de Deus. O homem é o portador da imagem de Deus, criado como ele e para ele
(Gênesis 1:26-28). O homem foi criado originalmente justo para encontrar significado
e satisfação em servir a Deus e desfrutar de sua comunhão (Eclesiastes 7:29). Veja a
Pergunta 33. O primeiro homem, Adão, foi criado para "pensar os pensamentos de
Deus depois dele," isto é, para dar o mesmo significado a tudo o que Deus tinha dado a
ele em virtude de seu ato criativo. Veja a Pergunta 31. No contexto da criação
primitiva, não caída, nada mais poderia ser acrescentado à alegria e satisfação do
primeiro par. No entanto, em Adão a raça humana caiu da sua retidão original e tornouse intelectualmente incapacitada, moralmente depravada e pecaminosamente empírica
(Gênesis 3:1-8; Romanos 1:18-25; 5:12; 1 Coríntios 2:14; Efésios 4:13-17). Veja as
perguntas 34, 37 e 38. A salvação no tempo e na história humana é a redenção da
imagem Divina no homem (Romanos 8:29). Isto exigiu a encarnação, humilhação e
exaltação do Senhor Jesus Cristo (Filipenses 2:5-11), e a união dos crentes com e em
Cristo (Romanos 6:1-14; 8:28-39; Colossenses 3:1-4). Veja a Pergunta 125.
Finalmente, todos os atributos Divinos serão glorificados, seja no julgamento ou
redenção do homem e do universo (2 Pedro 3:7-13).
A natureza e o caráter de Deus revelados nas Escrituras formam a base de toda a
verdade, conhecimento, esperança e confiança para o crente. Nós confiamos em Deus e
descansamos nEle pela fé, não por causa do que ele fez, faz, ou pode fazer por nós,
para nós ou através de nós, mas sim, por causa de quem e do que ele é, ou seja, a fé
repousa na Pessoa de Deus, não meramente em suas ações. Nós só encontramos sentido
e plenitude quando o fazemos no contexto do verdadeiro prazer e glória de Deus.
Você já descobriu a principal finalidade do homem? Você está percebendo porque
Deus criou você e situou você neste ponto do tempo na história? A glória de Deus é seu
24
constante e maior objetivo? Você encontra prazer em seu relacionamento com o
Altíssimo?
3ª Pergunta - Quem é o único grande Objeto de nosso conhecimento, adoração e
prazer?
Resposta - O único grande Objeto de nosso conhecimento, adoração e prazer é o
triuno, o autorrevelado Deus da Escritura.
Salmos 29:2. “Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai o SENHOR na
beleza da santidade.”
Salmos 73:25-26. 25“Quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu
deseje além de ti. 26ª minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a
fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre.”
Salmos 96:9. “Adorai o Senhor na beleza da santidade; tremei diante dele toda a
terra.”
Provérbios 1:7. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos
desprezam a sabedoria e a instrução.”
Provérbios 9:10. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o
conhecimento do Santo é o entendimento.”
João 17:3. “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”
1 Coríntios 10:31. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer
coisa, fazei tudo para a glória de Deus.”
Veja também: Romanos 1:18-32; 11:33-36; Atos 17:27; Efésios 4:17-19.
COMENTÁRIO
Existem várias abordagens para a crença ou descrença em Deus. Nenhuma crença, ou
sistema é simplesmente neutro; cada um traz com ela implicações teológicas, morais e
éticas necessárias. Estas implicações foram e são vistas ao longo da história da
humanidade e em suas várias culturas e sociedades. Cada religião, portanto, tem uma
visão de mundo e da vida correspondente.
O teísmo é a crença em um Deus ou deuses. O ateísmo é a descrença em Deus ou
deuses. O ateísmo, como sustentado pelo homem moderno, secularizado, pressupõe a
evolução, o acaso e o destino. O deísmo é a ideia racionalista de que Deus é um ser
pessoal absoluto e criador do universo, mas que ele nem se revelou nem está envolvido
nos eventos da natureza, história ou no drama humano. Assim, o homem não precisa
temer a Deus ou a retribuição. O politeísmo é a crença em vários deuses. O politeísmo
não pode trazer todas as características Divinas em um só ser. O ceticismo, negando a
25
revelação Divina, acredita que a razão não pode provar a existência de Deus. O
panteísmo sustenta que Deus é semelhante à criação. É a negação da personalidade de
Deus, e, portanto, de qualquer responsabilidade para com Deus. O Panenteísmo
fornece uma base filosófica para o teísmo aberto ou Processo Teológico. Deus é
identificado com o universo, mas ele é mais do que o universo. Ele é a mente eterna da
qual o universo é o corpo, por assim dizer. Tanto Deus quanto o universo estão em
processo de expansão; o futuro é desconhecido. O Pluralismo Religioso, característica
da filosofia pós-moderna, é a ideia de que todas as religiões têm algo de bom, e os
homens podem ter um relacionamento significativo com Deus através de vários
caminhos religiosos. Todas estas várias visões têm falta uma fonte revelada definitiva,
uma revelação Divina autoatestada, e, portanto, uma base epistemológica suficiente
[fonte da verdade e do conhecimento].
O Cristianismo Bíblico não é meramente teísta, ou seja, não se limita a acreditar na
existência de um Deus. O Cristianismo Bíblico sustenta o Teísmo Cristão, o que
necessariamente significa que o triuno, o Deus autodescoberto? se revelou na criação,
providência, história, sua Palavra escrita e no Senhor Jesus Cristo. Apenas o Teísmo
Cristão possui a base suficiente, como religião revelada, para fornecer um sistema
coerente de verdade para a teologia, criação, história, moral e ética - uma cosmovisão
inclusiva. Veja Perguntas 120-123. O Teísmo Cristão como um sistema de crenças que
sustenta que o Deus triuno revelou a si mesmo, que ele é o único Grande Objetivo do
conhecimento, e que ter um relacionamento correto com ele através da Pessoa e obra de
seu Filho leva ao mais alto significado e satisfação.
O triuno, o autorrevelador Deus da Escritura é a fonte de todo o conhecimento
verdadeiro. O homem como um ser criado deve encontrar a fonte da verdade e do
conhecimento fora de si mesmo. Assim, o homem é por necessidade uma criatura de fé.
Embora o homem moderno de bom grado se considere científico e empírico em sua
epistemologia [ciência do conhecimento e reivindicações da verdade], ele é
necessariamente levado a um princípio de fé, e, portanto, a uma postura pressuposicional
para aquilo que ele considera ser verdadeiro e verdade. Como o portador da imagem de
Deus, o homem deve encontrar o sentido - a verdade e o conhecimento - em seu Criador.
Veja as Perguntas 31, 120 e 121. Para o homem conhecer a si mesmo, ele deve, como o
portador da imagem de Deus, começar com Deus.
Deus é o Criador, Sustentador e Governador do universo criado, e suas leis reinam em
todas as esferas - espiritual, moral e física (Romanos 11:36). Conhecer a Deus é possuir
o verdadeiro conhecimento; suprimir o conhecimento de Deus é negar a possibilidade da
verdade, do conhecimento e da realidade. Ter um relacionamento correto com Deus no
contexto de sua Lei - Palavra, ou seja, ser reconciliado com Deus por meio de Jesus
Cristo pela fé é realmente conhecê-lo e, assim, possuir a única base correta e consistente
para verdadeiramente entender algumas coisas ou a totalidade das coisas. Ter um
relacionamento correto com Deus, através da Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo é
encontrar o perdão, a reconciliação, a paz e a comunhão, e, portanto, a comunhão com
alegria em Deus (Romanos 3:21-26; 5:1-2; 1João 1:3-7).
26
Para os crentes, a Palavra escrita de Deus constitui a nossa única regra de fé e prática.
Sob o senhorio soberano de Jesus Cristo (Mateus 28:18, Atos 2:36), esta Palavra é para
governar todas as esferas da vida – os reinos espiritual, religioso, moral, ético, social,
político e espiritual. Jesus Cristo é o Senhor soberano do universo e sua palavra é a lei do
crente. As reivindicações totalitárias de Cristo Jesus como Senhor soberano devem ser
acreditadas, amadas e obedecidas alegremente, declaradas e defendidas em todas as
esferas da existência humana.
Como o Senhor DEUS é o Criador, Possuidor e Governante Soberano do céu e da terra,
como todo fato é um fato criado e como nós devemos fazer tudo para a glória de Deus,
não há nada que seja secular; tudo é enfim sagrado. Assim, tudo em nosso pensamento,
fala e atos são enfim uma forma de adoração - ou deveria ser. A adoração formal, seja
pública ou privada, deve refletir o caráter de Deus; deve ser santa, justa, reverente, alegre
e honrosa a Deus, ou seja, a adoração deve ser teocêntrica [centrada em Deus] e não
antropocêntrica [centrada no homem]. A verdadeira adoração deve ser regulada pela
Palavra de Deus, e não pela inovação do homem. Adoração e entretenimento são
mutuamente exclusivos. Muito do "culto" contemporâneo nem é digno desse nome, nem
glorifica ao Deus da Escritura. Ver Perguntas 144 e 151.
A verdadeira espiritualidade é essencialmente intelectual, como alguém deve apreender e
entrar em acordo com a verdade de Deus escrita a fim de cumprir com o evangelho e
consistentemente aplicar esta verdade à vida e experiência. Não existe lugar para uma
religião irracional. Uma fé inteligente, que é baseada na Bíblia, dá a base adequada e
suficiente para o sentimento. A verdade e as emoções estão inerentemente relacionadas.
A primeira deve servir de base para a última ou a religião seria irracional e inconsistente.
Veja a Pergunta 7. Você conhece a Deus? Você se alegra nele do modo como ele tem se
revelado a você em sua Palavra? O seu culto honra a Deus? Ele reflete Seu caráter santo
e justo?
4ª Pergunta - Como nós podemos conhecer a Deus?
Resposta – Nós podemos conhecer a Deus apenas como ele tem tido o prazer de revelarse a nós.
Jó 11:7.” Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do
Todo-Poderoso?”
Salmos 19:1-3. 1”Os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento anuncia a
obra das suas mãos. 2Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra
sabedoria a outra noite. 3Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz.”
Atos 17:27-28. 2”7Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o
pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós; 28Porque nele
vivemos, e nos movemos, e existimos ...”
Veja também: Gênesis 1:1; João 1:9,18; Romanos 1:18-25; 2:14-16; Colossenses
2:9; 1 Timóteo 3:16; Hebreus 1:1-3.
27
COMENTÁRIO
Deus é o nosso Criador; nós somos suas criaturas. As Escrituras devem cuidadosamente
manter esta distinção e relação Criador-criatura. Portanto, nós só podemos conhecê-lo
como ele tem o prazer de revelar-se a nós. Ele é infinito; nós somos finitos. Ele é
absoluto [autoexistente e sem quaisquer limitações externas]; nós somos relativos
[dependentes de Deus e das circunstâncias externas para a nossa existência e
significado]. Nós não somos apenas limitados por nossa condição de criaturas, mas
também pelas consequências intelectuais [efeitos noéticos] do pecado (Romanos 1:1825; 1 Coríntios 2:14).
Deus se revelou a nós de várias maneiras. Estes caminhos são de natureza progressiva e
histórica: primeiro Deus revelou-se a nós através da luz da natureza. O homem é o
portador da imagem de Deus e possui um instinto para o Divino. Os efeitos noéticos do
pecado têm entorpecido e distorcido isto. O homem por natureza é incuravelmente
religioso, mas falta tanto a capacidade como a motivação para buscar a Deus
corretamente (Atos 17:22-31). Ele é "epistemologicamente falido, ou seja,
pecaminosamente fútil em seu raciocínio incapacitado e suprime o que ele sabe da
verdade, como seu ser interior está "às escuras" (Romanos 1:18-25; Efésios 4:17-19).
Segundo, Deus revelou-se em e através de sua criação na medida em que o homem caído
é inescusável, embora ele suprima este testemunho (Romanos 1:18-20). Veja a Pergunta
10. Terceiro, Deus revelou-se através de suas relações providenciais na história, mas o
homem interpreta supersticiosamente como de suas próprias pressuposições em termos
de acaso, destino ou sorte, não dando glória a Deus (Romanos 1:21-25; 2 Pedro 3:3-6).
Veja a Pergunta 35. Quarto, Deus revelou-se através da sua Palavra. Esta revelação foi
escrita e preservada (João 17:17; 1 Timóteo 3:16; 2 Pedro 1:20-21). Permanece em todo
tempo como testemunha da natureza, do caráter, do propósito e da veracidade de Deus.
Somente nas Escrituras está a mensagem da salvação e reconciliação. Finalmente, Deus
revelou-se em e através do Senhor Jesus Cristo, seu Filho eterno e o único Redentor
(João 1:14,18; Filipenses 2:5-11; 1 Timóteo 3:16; Hebreus 1:01-4). Veja as perguntas 25,
70-75.
É através das Escrituras que nós podemos conhecer a Deus, a nós mesmos, compreender
o mundo à nossa volta, e ter uma revelação definitiva e com autoridade acerca da salvação
do pecado, de uma vida justa, da história humana e de nosso próprio destino. Você O
conhece? Você O conhece e a si mesmo como revelado em sua Palavra? Você O conhece
salvíficamente no Senhor Jesus?
5ª Pergunta - Quais são os dois tipos de revelação divina que Deus nos deu para que
possamos conhecê-lo?
Resposta - Deus nos tem dado tanto a revelação geral quanto a revelação especial.
Mateus 4: “4. Ele [Jesus], porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de
pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.”
28
Gênesis 2:16-17. 16“E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda
árvore do jardim comerás livremente, 17Mas da árvore do conhecimento do bem e
do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente
morrerás.”
Veja também: Gênesis 1:28-29; Salmos 19:1-14; Romanos 1:18-20; Hebreus
1:1-3.
COMENTÁRIO
A revelação geral inclui a luz da natureza, a criação e as obras da providência. A
revelação especial é falada diretamente de Deus para que nós entendamos. O homem
não foi destinado a viver separado nem nunca esteve sem uma Palavra direta e
compreensível da parte de Deus. Mesmo antes da queda Adão no Jardim do Éden tinha
uma palavra direta de Deus para governar sua vida e suas ações (Gênesis 2:15-17).
Ninguém pode entender simples e completamente a verdade de Deus a partir da
natureza (Romanos 1:18-20) ou a partir de seu próprio pensamento ou sentimentos. A
revelação natural é insuficiente por si só, embora seja suficiente deixar o homem
inescusável quanto à realidade e o poder de Deus. A filosofia começa com o homem e
sua busca pelo definitivo; a Escritura é uma revelação direta de Deus.
A consciência sozinha não é um guia seguro ou infalível, já que o homem é um
pecador, um ser caído (Atos 26:9; Romanos 1:18-32). A consciência deve estar sujeita
à Palavra e ao Espírito de Deus (Romanos 9:1). Veja a Pergunta 10.
O homem foi criado "para pensar os pensamentos de Deus após ele," isto é, para dar o
mesmo significado a tudo o que Deus tinha dado a ele. Isto foi necessário porque o
homem era uma criatura e foi colocado em um mundo que já havia sido criado e
definido por Deus. O homem foi criado e continua como uma criatura de fé porque a
fonte da verdade e do conhecimento permanece externa a si mesmo. Mesmo aqueles
que não reconhecem a Deus ou a sua Palavra são criaturas de fé, isto é inevitável. O
homem por natureza tem que acreditar. Ele deve acreditar em alguém ou em algo. Na
verdadeira raiz de seu ser, cada pessoa é uma criatura de fé, e pressupõe ou presume
isto quando procura interpretar qualquer fato ou raciocinar sobre qualquer assunto.
Atrás do racionalismo, do empirismo [o moderno método científico] ou intuição, o
homem ainda postula sua abordagem pela fé em algo ou em alguém. Ele continua a ser,
por natureza, um pressuposicionalista.
A Palavra que Deus deu ao homem é inteligente, compreensível e perpétua. Deus deu
sua Palavra para ser compreendida e obedecida. Sua Palavra permanece para sempre –
ela nunca diminui em sua autoridade. Embora Deus desse sua Palavra a milhares de
anos atrás, ela é tão completa e cheia de autoridade como se ele tivesse acabado de
falá-la. Note as palavras: "Está escrito," quando o Novo Testamento refere-se às
Escrituras do Velho Testamento. A Palavra de Deus escrita permanece para sempre
com plena autoridade. Você conhece Deus através de ambas as revelações, natural e
especial?
6ª Pergunta - Qual é a importância das Escrituras?
29
Resposta - As Escrituras são necessárias para conhecer, servir, gozar e glorificar
verdadeiramente a Deus.
2 Timóteo 3:16-17. 16”Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa
para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17Para que o
homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”
Mateus 4:4. “Ele [Jesus], porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de
pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”
Veja também: Salmos 1:1-3; 19.7-14; 1 Coríntios 10:31; 2 Timóteo 3:15-17;
1João 5:13.
COMENTÁRIO
Longe das Escrituras, o nosso conhecimento de Deus, nós mesmos e do mundo ao
nosso redor seria seriamente, mesmo fatalmente, imperfeito. A intuição natural, a
especulação e a razão provam ser tanto insuficientes quanto enganosas por causa dos
efeitos noéticos do pecado e da aversão natural contra Deus (Romanos 1:18-32; 8:7; 1
Coríntios 2:14; Efésios 4:17-19). Não importa quão fervorosa ou emocional a
experiência religiosa seja sem uma base de estabilização necessária na revelação
Divina. Nós igualmente necessitamos ter uma palavra direta, inteligente e suficiente de
Deus.
A afirmação de abertura da Escritura, "No princípio criou Deus o céu e a terra"
(Gênesis 1:1), está determinando a todos que seguem completamente a revelação
Divina escrita. Esta afirmação é pressuposicional acerca da existência de Deus, sua
soberania absoluta, a eterna relação e distinção Criador-criatura, e a verdade que cada
fato é um fato criado, ou seja, não existem quaisquer fatos "brutos" [indefinidos ou não
criados] no universo. Veja a Pergunta 30.
Porque o homem é feito à imagem e semelhança de Deus, ele só pode realmente
conhecer a si mesmo começando com um estudo de Deus. Deus só pode ser conhecido
verdadeiramente e adequadamente ao passo que ele tenha prazer em revelar-se em sua
Palavra escrita. Assim, as Escrituras nos revelam quem Deus é, quem somos, o que
ocorreu na Queda, como devemos ser reconciliados com ele, viver para ele e antegozar
estar para sempre com Ele. As Escrituras revelam tudo o que é necessário a nós para
vivermos piedosamente nesta vida e nos prepararmos para a eternidade. Assim, a
Escritura deve ser nossa única regra de fé [o que acreditamos] e prática [como devemos
viver]. Da Palavra de Deus nós devemos encontrar e implementar uma cosmovisão
Cristã Teística ou filosofia bíblica e abrangente de vida, que seja piedosa e consistente.
Ver as Perguntas 120-123. Você reconciliou-se com o Deus que se revelou em sua
Palavra? Você busca alinhar a sua vida à verdade dEle?
PARTE II
30
AS ESCRITURAS SÃO A PALAVRA DE DEUS
O estudo doutrinário das Escrituras é denominado de "Bibliologia," do Gr. biblos,
"livro," que é a primeira palavra do Novo Testamento em Grego. Nesta era, quando as
Escrituras são atacadas quanto à sua inspiração e autoridade Divina, deve ser entendido
que a Bíblia é a nossa única verdade objetiva; todo o resto é subjetivo e sujeito a malentendidos ou mudança.
7ª Pergunta – O que é a Bíblia?
Resposta – A B í b l i a é a r e v e l a ç ã o e s p e c i a l d e D e u s p a r a o h o m e m e m
forma escrita.
16
2 Timóteo 3:16–17.
”Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa
17
para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justice; Para que o
homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”
Veja Também: Êxodo 17:14; 24:12; 31:18; Lucas 24:25–27,45–47; João 5:45–
47; Hebreus 1:1–3; 2 Pedro 1:20–21; 3:15–16.
COMENTÁRIO
A palavra "Bíblia" deriva da palavra Grega "livro." Ela ocorre como a primeira palavra
do Novo Testamento em Grego: "O livro [biblos] da geração de Jesus Cristo..."
(Mateus 1:1). É a partir desta ocorrência que temos a nossa palavra Portuguesa
"Bíblia," que agora se refere a toda a Palavra de Deus escrita. A Bíblia é tanto um livro
quanto uma biblioteca de sessenta e seis livros que compõem o cânon da Escritura. As
Escrituras formam um todo não contraditório [coerente], unificado, como a própria
Palavra do Deus vivo escrita [preservada em forma escrita].
A Bíblia também é conhecida como "Escritura," ou "As Escrituras." A palavra significa
"escritos" [Gr. graphai] e refere-se especialmente à Palavra de Deus em forma escrita a Palavra de Deus escrita e preservada para nós. A fórmula encontrada setenta e uma
vezes no Novo Testamento: "Está escrito," significa que ela está escrita com plena e
inalterada autoridade.
A vida cristã é composta de dois aspectos, o objetivo e o subjetivo. O objetivo é
revelado na verdade das Escrituras como o padrão de crença e conduta; o aspecto
subjetivo é a nossa experiência pessoal, que deve derivar e refletir o aspecto objetivo.
Separados da Escritura, nós seríamos deixados inteiramente com o aspecto subjetivo.
Todos se tornariam necessariamente relativistas (sem fim, palavra de autoridade, com
exceção da força da experiência individual), empíricos (todo julgamento seria baseado na
experiência apenas), existenciais (completamente subjetiva e tendendo para o irracionalismo
ou emocionalismo) e pragmáticos (aquilo que parecia operar melhor seria direito). Assim, o
mais emocional ou místico seria o mais espiritual, e as personalidades mais fortes ou
mais persistentes determinariam a direção do Cristianismo. A única salvaguarda para
tais desvios é a Palavra de Deus escrita devidamente compreendida e corretamente
31
interpretada (Salmos 119:105; Isaías 8:20; João 17:17; 2 Timóteo 2:15).
A finalidade de todo estudo da Bíblia é a verdade doutrinária. Alguém simplesmente
não conhece as Escrituras até que ele cheque consistentemente ao seu ensino
doutrinário, e reciprocamente, ninguém conhece a Doutrina Cristã como deveria, a não
ser que ele a entenda biblicamente. É o ensino doutrinário da Escritura que deve
governar nosso pensamento, guiar nossas vidas e reger sobre nossas emoções.
Alguns poderiam contestar um Cristianismo "intelectual," preferindo uma abordagem
mais simplista ou "devocional," não percebendo que o devocional - se legítimo em tudo deve derivar do doutrinário, e o doutrinário da hermenêutica, e a hermenêutica da exegese
[exata leitura do texto]. Muitos parecem querer uma religião "coração" e não uma religião
"cabeça," que muitas vezes se torna um zelo mal colocado sem o conhecimento adequado.
Irracionalidade não é espiritualidade, nem o sentimento é a base adequada para a fé ou
prática. Nós devemos entender que a ignorância da verdade Divina, o irracionalismo
religioso, e uma aversão à doutrina, a um estudo e aprendizagem sérios, não são virtudes
Cristãs nem características que devam ser imitadas.
Como Deus fez o homem com um coração e um cérebro, e o fez vertical com o cérebro
acima de seu coração, nós preferimos um equilíbrio necessário como reflexo da concepção
Divina. As emoções devem ser responsivas à verdade Divina, nunca causativas. O Apóstolo
Paulo não escreveu a uma de suas mais queridas igrejas: "E peço isto: que o vosso amor
cresça mais e mais em ciência e em todo o discernimento, para que aproveis as coisas
excelentes..." (Filipenses 1:9-10) E para outra assembleia: "Eu .... não cesso de dar graças a
Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor
Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de
revelação " (Efésios 1:15-17). E o Apóstolo Pedro não fechou sua última epístola com as
palavras: "Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus
Cristo..." (2 Pedro 3:18)?
Por que estudar a Bíblia? A seguir estão as principais razões corretas: glorificar a Deus,
estar em comunhão com Cristo, para conhecer a vontade de Deus, ser obediente a Deus,
crescer em direção à maturidade espiritual, promover a nossa santificação, preparar para
o ministério da Palavra, compreender o propósito e manter a pureza da igreja, edificar os
outros, evangelizar os não convertidos, inteligentemente defender a fé e se preparar para
a eternidade. Você é um amante e estudioso da Bíblia?
8ª Pergunta - Quais são os termos importantes acerca da Bíblia como a Palavra
escrita de Deus?
Resposta - Os termos importantes acerca da Bíblia como a Palavra de Deus escrita são:
"inspiração", "autoridade", "infalibilidade", "inerrância", "suficiência", "canonicidade"
e "iluminação".
COMENTÁRIO
Se a Bíblia é a própria Palavra de Deus preservada em forma escrita - e ela é - então há
certas coisas que são necessariamente verdadeiras: A Bíblia é a Palavra inspirada de
32
Deus, e não apenas a obra ou as palavras dos homens. Porque a Bíblia é a própria Palavra
de Deus, ela é plena em autoridade, a autoridade mais alta. Como a própria Palavra de
Deus escrita, é infalível - incapaz de errar e sem engano. Como a Palavra de Deus escrita,
inspirada, plena em autoridade e infalível, é necessariamente inerrante ou sem erro e
totalmente verdadeira em todos os aspectos. Porque a Bíblia é a própria Palavra de Deus e
totalmente confiável em todos os aspectos, ela é suficiente como nossa única regra de fé
[aquilo em que devemos acreditar] e prática [como devemos viver]. Deus achou por bem
autenticar e preservar certos livros e não outros. Juntos eles formam o cânon ou corpo da
verdade Divina que nós chamamos de "a Bíblia" ou "as Escrituras." O processo pelo qual
apenas estes certos livros foram devidamente reconhecidos é chamado de canonização da
Escritura.
A verdadeira natureza da inspiração Divina, autoridade, infalibilidade e inerrância
necessariamente determina a preservação das Escrituras ao longo dos tempos nos
idiomas originais como a própria Palavra de Deus.
Há mais três, termos importantes com os quais alguém deve estar familiarizado:
exegese, hermenêutica e aplicação. Exegese [mostrar o significado do texto
(significado da palavra, gramática e sintaxe) na língua original] refere-se à leitura do
texto, ou seja, ela responde à pergunta: "O que o texto diz?" Hermenêutica é a ciência
de interpretação. Ela responde à pergunta: "O que o texto quer dizer?" (Lucas 10:26).
Aplicação refere-se ao texto da Escritura, uma vez que ele pode ser aplicado a uma
determinada situação: "Como esta passagem é ou pode ser legitimamente aplicada a
nossa moderna era e situação?" A aplicação deriva da interpretação. Uma distinção
necessária deve ser feita entre a interpretação e a aplicação. Se estas estão confusas,
então alguém pode acreditar que a aplicação é a interpretação, e, assim, ser removido
de entender verdadeiramente uma determinada passagem. Algumas pregações violam
este princípio e conduzem a mal-entendidos e confusões.
9ª Pergunta - O que se entende por "inspiração" das Escrituras?
Resposta - "Inspiração" é o trabalho de Deus sobre os corações, mentes e mãos dos
homens para nos dar a própria Palavra de Deus em forma escrita.”
2 Timóteo 3:16. “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para
ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça.
2 Pedro 1:20-21. 20”Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da
Escritura é de particular interpretação. 21Porque a profecia nunca foi produzida
por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados
pelo Espírito Santo.”
Veja também: Isaías 8:20; 1 Coríntios 2:9-14; Hebreus 1:1-3.
COMENTÁRIO
O termo inspiração deriva do Latim inspiro, "respirar para dentro," referindo-se aos
autores humanos. A questão real, no entanto, é que as próprias Escrituras são
33
"inspiradas por Deus", ou seja, soprada por Deus [theopneustos] (2 Timóteo 3:16).
A grande verdade da revelação Divina é que Deus falou aos homens (Hebreus 1:1-3).
Ele não só falou aos homens, mas falou em termos compreensíveis. A grande verdade
da inspiração é que esta revelação é preservada e protegida como a própria Palavra de
Deus escrita. A inspiração é a influência sobrenatural exercida sobre os escritores
sagrados pelo Espírito de Deus, em virtude da qual os seus escritos são a própria
Palavra de Deus. Assim, a inspiração Divina se estende aos próprios escritos. Qualquer
visão de inspiração Divina, que não se refira ao verdadeiro texto como inspirado, é
tanto inadequada quanto defeituosa. A inspiração é desta forma tanto verbal [estendese às verdadeiras palavras, e, portanto, às nuances de gramática e sintaxe nas línguas
originais] e plenária [completa ou igual em todo].
Há uma nítida diferença entre uma tradução e uma versão. O excesso de versões
modernas torna esta discussão necessária. A tradução estrita começa com a língua
original e, ao passo que, expressando-se em outro idioma, mantém-se o mais próximo
possível do texto no idioma original com suas complexidades gramaticais, de sintaxe e
expressões idiomáticas - mesmo ao sacrifício de estilo. Uma versão difere de uma
tradução na medida em que ela é uma versão de uma tradução anterior, em uma
segunda língua, ela usa a gramática, sintaxe e expressões dessa segunda língua e torna
muito maiores as concessões para a suavidade da leitura e da expressão do pensamento.
Em suma, uma tradução se detém mais perto da linguagem original, enquanto que uma
versão se detém mais de perto da segunda língua. Na medida em que uma determinada
tradução ou versão expressa o pensamento e a verdade da língua original, tal tradução
ou versão é a autoridade da Palavra de Deus. Isto leva necessariamente à consideração
das expressões idiomáticas de uma língua, a incapacidade de alguns idiomas
secundários em expressar a plenitude do original, e uma determinada fidelidade à
gramática, sintaxe, contexto e teologia do texto.
Muitas "versões" modernas são totalmente inadequadas, uma vez que elas não se baseiam
em qualquer texto dado, mas são, na realidade, paráfrases, e algumas realmente mudam o
sentido do texto e por isso alteraram o seu ensinamento doutrinário. Não há substituto
para um conhecimento e um estudo das línguas originais.
A inspiração divina da Escritura é a pressuposição primária do Cristianismo. Ela é a
religião Divinamente revelada e, portanto, permanece única entre as religiões do
mundo. As Escrituras são então o pou sto [Lit: "um lugar onde eu possa ficar"] ou
ponto de referência para o Cristão. O Cristianismo Bíblico é o Teísmo Cristão, ou seja,
a verdade do triuno, o Deus auto-divulgado das Escrituras. Toda fé posterior [aquilo
que deve ser crido] e prática [como nós devemos viver] derivam desta verdade. As
Escrituras são, portanto, a nossa única regra de fé e prática. Que importância vital é
então, tanto conhecê-la e como interpretá-la corretamente. A Escritura é sua regra de fé
e prática?
10ª Pergunta - O que se entende pela "autoridade" da Escritura?
Resposta - A "autoridade" da Escritura é a regra ou governo que a Bíblia deve ter
totalmente sobre nossas vidas como a própria Palavra de Deus.
34
Mateus 4:4. “Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá
o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”
2 Timóteo 3:16-17. 16”Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa
para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17Para que o
homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”
Veja também: 2 Coríntios 10:4-5; Hebreus 1:1-2; 1 Pedro 3:15; 2 Pedro 1:2021.
COMENTÁRIO
O termo "autoridade" deriva do Latim autor, "originador" ou "autor." A autoridade da
Escritura deriva do auto-divulgado ou auto-revelado Deus triuno da Escritura. A Bíblia
é a Palavra com plena autoridade de Deus porque é exatamente isso - a própria Palavra
de Deus escrita. O homem como o portador da imagem de Deus é Divinamente e
instintivamente pré-condicionado a receber a revelação de plena autoridade Divina
tanto na criação [revelação natural] quanto na Palavra de Deus [revelação especial]
(Salmos 19:1-6; João 14:6; Romanos 1:18-20; Colossenses 2.3; 1 Tessalonicenses
2:13; 2 Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 1:20-21). Ambas são suficientes para mantê-lo
inescusável (Romanos 1:18-20; 2:11-16; 2 Pedro 3:3-5). As Escrituras são autoautenticadas ou auto-certificadas, ou seja, elas testemunham a si mesmas em virtude
de sua coerência [natureza não contraditória], o testemunho do Senhor Jesus Cristo, o
testemunho e poder do Espírito Santo e o poder delas de transformar vidas. Veja
perguntas 14 e 136.
A autoridade da Escritura é necessária. O homem precisa de uma revelação especial [a
palavra direta e plena de autoridade de Deus] para guiá-lo a conhecer verdadeira e
justamente a Deus, reconciliá-lo com ele e a viver no contexto de sua vontade revelada.
A autoridade das Escrituras é abrangente. Ela engloba a totalidade da vida e da
realidade. A autoridade das Escrituras é executiva. A Palavra de Deus vem a nós como
mandato ou comando - sua "Lei-Palavra" - não apenas sugestão ou informações - nós
devemos ler, estudar, nos submeter e nos conformar a ela como tal. A autoridade das
Escrituras é legislativa. Ela deve ser nossa regra de fé e prática. A autoridade da
Escritura é judicial. É o padrão supremo e absoluto do que é certo ou errado, revelando
a auto-consistência moral de Deus. A autoridade das Escrituras é perpétua. Nunca é
"antiquado" crer e obedecer a Bíblia. "Está escrito" significa "está escrito com plena
autoridade e inalterada." Veja Pergunta 1. A autoridade das Escrituras é irrevogável.
Porque as Escrituras derivam do próprio Deus, não há outro critério ou autoridade à
qual elas possam estar sujeitas ou pela qual elas possam ser julgadas. Assim, usando os
fatos da história, ciência ou vários argumentos para credenciar a Escritura é
inerentemente dar a tais provas mais autoridade do que a própria Escritura. Veja a
Pergunta 136.
Existe uma questão essencial e primária que deve ser abordada sobre a autoridade
bíblica. Em uma troca significativa [uma conversação inteligente no nível
pressuposicional, ou seja, uma conversa em que se fala de suas suposições básicas,
35
expressando sua fé e cosmovisão. Veja as Perguntas 120 e 136] quando o crente é
questionado por um incrédulo por que ele acredita e sustenta que a Bíblia é a própria
Palavra de Deus, ele responde: "Porque a própria Bíblia declara ser a Palavra de Deus,
e esta afirmação é evidenciada pelo testemunho da Escritura a si mesma." A isto, o seu
entrevistado pode retrucar: "Isto é ‘raciocínio circular, ’ e logo, é inválido! Raciocínio
circular é uma falácia lógica. Não está entendendo a pergunta!" [petitio principii. Isto
ocorre quando alguém assume em suas premissas o que ele está tentando provar em sua
conclusão]. Mas quando falando ou discutindo no contexto das últimas questões, todo
o raciocínio humano é amplamente circular ou pressuposicional, e é necessariamente
baseado na fé.
Em outras palavras, todos os fatos são interpretados pelas pressuposições de alguém. Isto
vale para o Cristão que reconhece suas pressuposições baseadas na fé, e também para o
não crente que pode negar isto, e reivindica descansar na suposta "neutralidade de fatos
científicos." Todos os fatos são fatos criados. Não existem fatos "brutos" ou "neutros", e o
próprio incrédulo necessariamente, embora inadmitidamente ou inconscientemente,
assume princípios e leis Teísticos Cristãos ou ele não pode argumentar "cientificamente"!
De fato, a menos que alguém assuma um universo ordenado estabelecido por
determinadas leis, coerência alguma é possível sobre a qual se possa fundamentar
qualquer ciência. As leis pressupostas pela ciência são as leis de Deus. A questão é: os
argumentos de alguém são consistentes com o seu sistema professado? A este respeito, o
crente é consistente [não contraditório ou coerente] e o não crente prova ser inconsistente.
Veja a Pergunta 136. A Palavra de Deus tem plena autoridade em sua vida?
11ª Pergunta - Qual é o significado da "infalibilidade" das Escrituras?
Resposta - A "infalibilidade" da Escritura significa que a Escritura como a própria
Palavra de Deus é incapaz de erro e, portanto, totalmente confiável e livre de engano.
João 17:17. “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.”
Lucas 24:44. “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda
convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na
lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos.”
Veja também: Tito 1:2; Hebreus 6:13-18.
COMENTÁRIO
Infalibilidade significa incapaz de erro e livre de engano. Porque a Escritura é a própria
Palavra de Deus é necessariamente infalível. A Infalibilidade resulta necessariamente da
inspiração Divina. A Palavra de Deus reflete os atributos de seu Divino Autor quanto à
sua veracidade ou confiabilidade.
O termo "infalibilidade" também significa "infalível" ou "certo." A Palavra de Deus é
infalível, no sentido de que toda coisa revelada ou predita nas Escrituras, certamente,
acontecerá no eterno propósito de Deus (Isaías 46:9-11; Efésios 1:3-11; Filipenses 2:911; 2 Pedro 3:7-13). Além disso, a Palavra de Deus enviada não voltará vazia de
36
resultado, mas cumprirá o propósito Divino (Isaías 55:10-11). A infalibilidade da
Escritura é fundamental para todas as promessas e profecias que Deus deu.
A Igreja Ortodoxa Oriental ou Grega sustenta que a infalibilidade repousa nos
Concílios da Igreja. A Igreja Católica Romana ensina que a infalibilidade repousa no
Papa [infalibilidade papal em matéria de fé]. O Cristianismo Bíblico sustenta que a
infalibilidade repousa somente nas Escrituras [sola scriptura]. Alguém pode facilmente
ver quão perto a autoridade e a infalibilidade das Escrituras estão relacionadas. Nós
sustentamos a infalibilidade das Escrituras em um sentido prático? Nós confiamos nas
promessas de Deus? Nós prestamos atenção às suas advertências?
12ª Pergunta - O que significa a "inerrância" das Escrituras?
Resposta - A "inerrância" das Escrituras significa que as Escrituras são isentas de erro e
totalmente verdadeiras em todos os aspectos.
João 17:17. “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.”
Veja Também: 2 Timóteo 3:16; 2 Pedro 1:20–21.
COMENTÁRIO
Porque a Bíblia é a Palavra inspirada e autorizada de Deus, é infalível e inerrante. O
termo "inerrância" [sem e incapaz de erro] remonta ao século XIX, quando a
confiabilidade das Escrituras em assuntos históricos e científicos foi questionada. Este
termo foi adicionado ao termo "infalibilidade" como um novo teste de ortodoxia.
Alguns têm tentado satisfazer as acusações do criticismo racionalista bíblico e da ciência
moderna e ao mesmo tempo parecer ortodoxo pela tentativa de sustentar-se a uma
inerrância "salvífica" [que as Escrituras só são verdadeiras e confiáveis quando elas se
referem à verdade da salvação, enquanto alegam que elas contêm erros históricos e
científicos]. Este ponto de vista nada mais é do que uma visão relativista da Escritura - a
acomodação sutil à incredulidade - e é em si uma negação inerente da inerrância. Se as
Escrituras contivessem qualquer erro, tal seria uma reflexão sobre a veracidade de Deus.
Ele não poderia ou não nos daria a Sua Palavra sem erro.
13ª Pergunta - Qual é o significado da "suficiência" das Escrituras?
Resposta - A "suficiência" das Escrituras significa que somente a Bíblia é suficiente
para governar ou regular nossas vidas e nos ensinar a respeito de Deus e de nossa
relação com ele.
Mateus 4:4. “... Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a
palavra que sai da boca de Deus.”
Veja também: João 17:17; Colossenses 3.16, 2 Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 3:18.
COMENTÁRIO
37
O homem, como o portador da imagem de Deus foi criado como uma criatura de fé
porque, primeiro, cada fato é um fato criado, e segundo, porque a fonte da verdade e do
conhecimento era externa a si mesmo, ou seja, sua fé devia ser colocada na Palavra de
Deus. Só o homem caído procura encontrar a fonte da verdade dentro de si mesmo,
independente de Deus, ou seja, o homem caído e pecador considera que ele mesmo seja
autônomo [uma lei em si mesmo, ou seja, autodeterminado e completamente
independente de Deus] (Gênesis 3:1-7).
Os Cristãos devem ter uma "epistemologia de revelação" [Epistemologia é a ciência do
conhecimento e das reivindicações da verdade], ou seja, as Escrituras devem formar a
nossa fonte de autoridade não contraditória para a verdade e o conhecimento. Isto vale
para a nossa vida, adoração, moralidade, vida corporativa da igreja, evangelismo e defesa
da fé.
Embora as Escrituras não revelem todas as coisas (Deuteronômio 29:29 ), a revelação dela é
suficiente para o nosso conhecimento, obediência e expectativa. Ir além das Escrituras em
questões não reveladas a nós é especulação. Argumentar a partir das Escrituras e tirar "boas e
necessárias consequências" é legítimo, como é por este meio que nós podemos aplicar as
Escrituras de forma consistente às nossas vidas, permanecer consistentes com a pregação
sobre os aspectos da verdade doutrinária ou a situações que podem nos confrontar - mas
apenas se tais consequências ou raciocínio forem bons e necessários. Nós nunca devemos
basear qualquer doutrina em tal raciocínio. As consequências boas e necessárias estão
preocupadas com a aplicação, e não com a interpretação. Nosso Senhor usou esta forma de
raciocínio a partir da natureza espiritual de Deus para a verdadeira adoração espiritual (João
4:23-24). Ele argumentou com base nas Escrituras para justificar a cura, fazer o bem no dia
de sábado, e argumentou que o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o
Sábado (Mateus 12:10-12; Marcos 2:23-28; 3:1-5). Ele também argumentou sobre o cuidado
de Deus para com a criação, seu conforto e provisão (Mateus 6:28-32; 10:28-31; Lucas
12:22-31).
Historicamente, na igreja organizada ou igreja estatal [Católica Romana], a autoridade e a
suficiência derivavam da Escritura, da tradição [escritos dos Padres da Igreja, as tradições
eclesiásticas, etc.] e do édito Papal. Na Reforma Protestante, o brado se tornou, sola
scriptura [pela Escritura somente], sola fide [pela fé somente], sola gratia [pela graça
somente] e solo Christo [por Cristo somente], em oposição à Cúria Romana, com suas
tradições, decretos Papais, orações à Maria e aos santos, e sua doutrina sacerdotal e
sacramental da salvação. Os reformadores Protestantes sustentavam que somente a
Escritura era suficiente e plena em autoridade para guiar tanto a igreja e quanto a vida
individual.
Os Batistas, como verdadeiros Cristãos Neotestamentários e herdeiros do Cristianismo
primitivo sempre defenderam a suficiência das Escrituras como o nosso principal
distintivo ou característica. Todos os outros distintivos derivam deste. Veja a Pergunta
156. Aproximamos-nos das Escrituras de forma consistente e prática?
14ª Pergunta - O que significa a "canonicidade" das Escrituras?
38
Resposta - A "canonicidade" das Escrituras faz referência aos vários livros que, juntos,
compõem a Bíblia [o cânon escriturário] e o processo pelo qual somente eles são
reconhecidos como Escritura [canonização].
2 Pedro 3:15-16. 15”E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como
também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi
dada; 16Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos
difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras
Escrituras, para sua própria perdição.
Veja também: 2 Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 1:20-21.
COMENTÁRIO
Todas as Sagradas Escrituras juntas formam um livro - a Bíblia. Mas a própria Bíblia é
composta por sessenta e seis livros. É uma biblioteca Divina de vários livros - trinta e nove
no Velho Testamento [Genesis à Malaquias em nossa Bíblia Portuguesa] e vinte e sete no
Novo Testamento [Mateus à Apocalipse em nossa Bíblia Portuguesa] - que juntos formam o
cânon das Escrituras.
A palavra cânon é derivada do Grego canōn, e originalmente significava um bastão de
medição ou haste reta. Era provavelmente um derivado do hebraico kaneh, ou cana, um
termo do Velho Testamento para uma vara de medir [uma cana utilizada como um
instrumento de medição]. Na época de Atanásio (c. 350), o termo "cânon" era aplicado
à Bíblia, tanto como regra de fé e prática, e como o corpo de verdade inspirada e plena
de autoridade.
A existência e a validade de um cânon escriturístico [um certo número de livros ou
escritos que são verdadeiramente oriundos de Deus e são exclusivos nesse sentido]
necessariamente pressupõe o Teísmo Cristão [a crença no triuno, o auto-divulgado
Deus do Cristianismo revelado nas Escrituras]. Apenas se for pressuposto que o triuno,
o auto-revelado Deus das Escrituras falou, e que esta revelação foi escriturada [escrita]
sob superintendência Divina [inspiração], a questão da canonicidade [quais livros são
realmente dados por Deus] pode ser resolvida de uma maneira positiva. Veja a
Pergunta 9.
O Cristianismo primitivo não canonizou as Escrituras por sua própria [da igreja]
autoridade, ou seja, selecionou quais escritos deviam ser incluídos, mas ao contrário
reconheceu aqueles escritos que eram e são canônicos. As diferenças entre os escritos
canônicos e os não canônicos eram e são imediatamente perceptíveis. Como os primeiros
Cristãos reconheceram certos livros como Escritura e rejeitaram outros? A resposta está
na aplicação de vários princípios recolhidos a partir dos escritos dos primeiros Cristãos
que detalharam o processo utilizado por eles e igrejas: primeiro, o livro é pleno em
autoridade? Será que possui autoridade Divina? Segundo, o livro é autêntico, ou seja, ele
foi escrito por um dos Apóstolos ou ditado pelo autor? Terceiro, ele concorda com o resto
da revelação Divina e com a regra ou "analogia da fé?" [Isto se refere à natureza
inclusiva, não contraditórias, mas coerente da Escritura como a própria Palavra de Deus
escrita. Isto também se refere ao ensino auto-consistente da Escritura como ele toca em
39
qualquer ponto determinado]. Quarto, é o livro dinâmico, ou seja, ele possui o poder de
Deus para evangelizar e edificar? Isso se refere ao testemunho do Espírito no poder de sua
Palavra. Quinto, o livro é reconhecido pelos primeiros Pais da Igreja? Sexto, o livro é
recebido pelo povo de Deus? Assim, as Escrituras formaram as igrejas, e não o inverso. A
Escritura está sobre a autoridade Divina e não sobre qualquer autoridade eclesiástica. As
Escrituras, então, são auto- atestadas ou auto-autenticadas. O Espírito Santo dá
testemunho quanto à veracidade das Escrituras para o crente. Veja a Pergunta 10.
Alguns negam a conclusão do cânon das Escrituras, sustentando uma inspiração contínua,
ou seja, que Deus ainda fala diretamente para e através dos homens por meio de visões,
"línguas" [eloquência extática] ou "profecias" inspiradas. Tais pessoas deixam a Palavra de
Deus em um estado incompleto e finalmente sem autoridade. Veja a Pergunta 84. Será que
nós reverenciamos as Escrituras e amamos seu Autor como deveríamos?
15ª Pergunta - O que se entende por "iluminação"?
Resposta - Iluminação é o discernimento espiritual das Escrituras dada ao crente pela
graça do Espírito Santo.
1João 2:20,27. 20”E vós tendes a unção do Santo, e sabeis todas as coisas... 27E a
unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que
alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é
verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis.”
1 Coríntios 2:9-10. 9”Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o
ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou
para os que o amam. 10Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o
Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.”
Veja também: Mateus 4:4; Lucas 24:13-32,44-47; João 17:17; 1 Coríntios 2:916; Efésios 1:15-21; Colossenses 3.16; 2 Timóteo 3:16-17; Hebreus 5:10-14; 2
Pedro 3:18.
COMENTÁRIO
O Espírito de Deus, que especialmente habita em cada crente verdadeiro, dá uma visão
espiritual das Escrituras, e através das Escrituras, da verdade espiritual ou doutrinária.
A iluminação, portanto, não diz respeito apenas à mente; ela também inclui a vida em
um sentido duplo: primeiro, a finalidade de todo estudo Bíblico é a chegada até a
verdade proposicional ou doutrinária. Neste sentido cada Cristão deve ser um teólogo.
Segundo, a verdade doutrinária deve ter um profundo efeito sobre a vida do crente, ou
seja, "a teologia determina a moralidade de alguém," ou, "tudo na vida é finalmente
disciplinado pela teologia de alguém." Existe uma relação necessária entre a Escritura
corretamente aprendida e sustentada e o caráter pessoal, ou seja, a vida de uma pessoa
é necessariamente o reflexo de sua teologia.
Essa unção ou iluminação é diferente, pois é uma marca da graça e absolutamente
necessária para a experiência e o crescimento do Cristão (Romanos 1:18-22; 1
40
Coríntios 2:9-16; Efésios 4:17-19). Esse discernimento ou percepção espiritual
capacita os verdadeiros Cristãos ao estudo das Escrituras, a alimentar-se da Bíblia
como seu alimento espiritual, a receber instrução, a tornar-se doutrinariamente
consistente e astuto, a estar totalmente equipado para a sua vida espiritual e a crescer
em direção à maturidade espiritual.
Embora não haja graus de inspiração, existem graus de iluminação, dependendo da fé, da
piedade, do estudo das Escrituras e da maturidade espiritual de alguém (1 Coríntios 2:9-13;
Efésios 1:15-19; 2 Pedro 3:18).
Deve-se cuidadosamente notar que a iluminação espiritual não é estática, mas ela poderá
diminuir devido ao pecado não confessado, ao entristecer do Espírito da Verdade, à
incredulidade, à preguiça espiritual, ou ainda, poderá diminuir por desviar-se pelo medo
ou descrença de qualquer aspecto da verdade Divina (Efésios 4:30; Hebreus 5:10-14).
Alguém que consiga chegar a um acordo com qualquer aspecto da verdade escriturária e
depois rejeitá-la por qualquer motivo, apresentará necessariamente o mesmo grau de
incapacidade de discernir a verdade do erro. Nós oramos pela compreensão e iluminação
(Salmos 119:18)? Será que procuramos seriamente viver de acordo com o padrão da
verdade que conhecemos?
16ª Pergunta - De que forma Deus nos deu a Sua Palavra?
Resposta - Deus nos deu sua Palavra na forma de história redentora [a história ou
registro da salvação].
Gálatas 4:4-5. 4”Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, 5Para remir os que estavam debaixo da lei, a
fim de recebermos a adoção de filhos.
Lucas 24:44-47. 44”E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando
ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito
na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. 45Então abriu-lhes o entendimento
para compreenderem as Escrituras. 46E disse-lhes: Assim está escrito, e assim
convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos,
47
E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em
todas as nações, começando por Jerusalém.”
Veja também: Gênesis 3:15; Lucas 24:25-27; 1 Timóteo 3:16; Hebreus 1:1-3.
COMENTÁRIO
A auto revelação do Deus triuno ao homem foi escrita. Essa revelação é denominada
"As Sagradas Escrituras" ou "A Bíblia." Essa revelação Divina é de natureza
progressiva. Deus não comunicou sua verdade completamente em Gênesis [tanto a
criação (Romanos 1:18-20) quanto a redenção (João 3:14-16; Gálatas 4:4-5) são
revelações de Deus e a partir de Deus], no Pentateuco, nos Profetas, nos Salmos e até
mesmo nos Evangelhos. Há um princípio progressivo que se estende ao longo de toda a
revelação Divina - Deus começou sua auto revelação em Gênesis, depois continuou
41
essa revelação através da história patriarcal, depois através da lei, depois pela história
de Israel como uma nação separada para esta finalidade. Após isso, pela história da
encarnação de nosso Senhor e de seu ministério terreno, e finalmente, através dos
Apóstolos inspirados que trouxeram essa revelação a um fim. Em outras palavras, as
Escrituras não vêm de Deus como uma Teologia Sistemática, mas como uma revelação
redentora em um formato histórico, isto é, na forma da história redentora, que é
progressivamente revelada e desenvolvida a partir da criação (Gênesis 1) até a
consumação (2 Pedro 3; Apocalipse 19-22). A doutrina não está completa e finalizada
na Escritura logo de início, mas é primeiro revelada em germe ou essência, então
progressivamente revelada em sua plenitude e finalidade. O princípio orientador da
revelação Divina é, desta forma, progressivamente histórico, pessoal, cronológico e
doutrinário.
As Escrituras contêm historicamente dois Testamentos. O primeiro, ou o Velho
Testamento [que contém a Antiga Aliança], é preparatório e antecipatório. O segundo,
ou Novo Testamento [que contém a Nova ou a Aliança do Evangelho], é caracterizado
pela finalidade e pelo cumprimento. Marque as seguintes linhas:
O Novo está contido no Velho, O Velho é explicado pelo Novo.
O Velho Testamento é em grande parte pessoal (história patriarcal - Abraão, Isaque,
Jacó, José), depois nacional (a legislação Mosaica, a história da nação de Israel sob o
Reino Unido, Reino Dividido e Reino Isolado) e profético. O Novo Testamento é em
grande parte pessoal, eclesiástico, universal (a vida terrena e ministério de nosso
Senhor, as várias epístolas às igrejas e o evangelho à humanidade pecaminosa, sem
distinção racial, nacional ou cultural) e profético.
Toda a verdade redentora orgânica e doutrinária culmina na pessoa e obra do Senhor
Jesus Cristo (Confira João 14:6; Efésios 1:10; Colossenses 1:12-17; Hebreus 1:1-3).
Culmina, assim, praticamente em uma vida piedosa pareada com a graça de Deus
(Conferir a união do crente com Cristo tanto em sua morte quanto em sua ressurreição vida e seus resultados necessários e práticos na experiência, Romanos 6:1-14; Efésios
1:3-14; 4:1; Conferir 4:22-6:9, e a ética Cristã prática que deve ser demonstrada na
vida. Conferir também Tito 2:11-14). Veja a Pergunta 77. Esta união culminará,
escatologicamente, na futura ressurreição para a glória e para a nova criação (Isaías
65:17; 66:22; Romanos 8:11-23; Efésios 1:10; 2 Pedro 3; Apocalipse 19-22). Veja a
Parte X.
17ª Pergunta - Qual é a mensagem central da Bíblia?
Resposta - A mensagem central da Bíblia é a redenção dos pecadores através da
Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo para a glória de Deus.
2 Coríntios 5:21. “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para
que nele fôssemos feitos justiça de Deus.”
Gálatas 3:13. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por
nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.”
42
Veja também: Gênesis 3:15; Isaías 9:6; Mateus 1:21-23; Lucas 24:25-27,44-47;
Romanos 3:21-26; 8:28-39; 1 Coríntios 15:20-26; Gálatas 4:4-5; Efésios 1:3-14;
1 Timóteo 1:15; 3:16; Hebreus 1:1-4; 7:23-25; 9:12; 10:10-14; 1 Pedro 3:18;
1João 2:1, Apocalipse 4:11.
COMENTÁRIO
A Bíblia não é um livro sobre história, embora ela venha até nós em um formato
histórico. A Bíblia não é um livro sobre ética ou moralidade, embora a autoconsistência moral [justiça] de Deus seja predominante e a ética Cristã seja um
elemento necessário. A Bíblia não é um livro sobre ciência, ainda que ela fale sobre a
criação, o universo, a terra, o céu, as plantas, os animais, o homem e os seres
espirituais. A Bíblia não é um livro sobre filosofia, embora ela trate da (1)
epistemologia [a ciência do conhecimento e do significado], (2) da metafísica
[perguntas finais a respeito de Deus, a realidade, ou seja, vida, morte, etc.] e nos traz
(3) uma distinta visão de mundo e vida além de falar da (4) Ética [um padrão de
conduta e julgamento moral]. Ela também fala sobre várias questões diversas como o
governo civil, o meio-ambiente, a inflação monetária, o saneamento e o bem-estar
público dando princípios operativos para essas questões. A Bíblia é essencialmente
sobre a salvação - a história do propósito eterno redentor do Deus triuno para salvar os
pecadores da maldição, do poder reinante do pecado e de suas consequências finais.
A doutrina da salvação, ou redenção nas Escrituras, é uma salvação verdadeira e
completa, não meramente algo potencial ou teórico aguardando a capacidade do
pecador para poder torná-la eficaz. A doutrina, ou mensagem da salvação escriturária,
deve ser inteiramente de livre e soberana graça por causa do estado pecaminoso e da
terrível condição espiritual do homem. Se a salvação deriva de Deus, então ela
necessariamente chega de forma completa ao homem pela graça [favor imerecido e
totalmente imerecido].
A mensagem escrita da salvação deve advir totalmente do pecado e de seus efeitos e
consequências - a culpa, a pena, a poluição, o poder e a real presença do pecado. A
salvação é do pecado, com todos os seus efeitos, consequências e potencial. Porque a
salvação revelada na Escritura deriva de Deus em conteúdo e eficácia então ela é uma
salvação completa e eficaz. Veja a Pergunta 36.
A doutrina da salvação na Escritura deve necessariamente resgatar o pecador do poder
reinante do pecado e verdadeiramente reconciliá-lo com Deus, restaurá-lo a uma
posição correta [Justiça imputada e transmitida], e transformar a sua alma, mente e
corpo. Veja as perguntas 92 e 94. A verdade das escrituras da salvação não é
fragmentada, mas sim é um todo unificado e totalmente completo.
Deus não pode arbitrariamente por de lado o pecado dos pecadores (Conferir Romanos
3:21-26). Sua auto consistência moral [justiça absoluta e perfeita] o proíbe disso. O
pecado deve ser tratado, em plenitude, na pessoa do pecador ou na pessoa de um
substituto inocente. Toda a Escritura aponta para o Senhor Jesus Cristo: o Velho
Testamento por tipo e profecia; o Novo Testamento por realização e cumprimento. Em
43
Sua pessoa e em sua obra o Senhor Jesus atende a todos os requisitos como Mediador,
Redentor, Senhor e Advogado [Sumo Sacerdote]. Vejas as Perguntas 72 e 92 .
Esta mensagem de salvação - a redenção e o perdão dos pecados por meio do Senhor
Jesus Cristo e reconciliação com Deus - deve ser declarada em todo o mundo. O meio
ordenado por Deus é através da pregação do evangelho. Ver as Perguntas 138-139.
Esta mensagem de salvação do poder reinante e das consequências finais do pecado
tornou-se a sua esperança e alegria?
18ª Pergunta - Por que é vital para cada crente estudar as Escrituras?
Resposta - As Escrituras são as únicas e suficientes regras de fé e prática. O Espírito
Santo nunca guia o crente a apartar-se ou ao antagônico desta Palavra escrita.
Mateus 4:4. “...Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a
palavra que sai da boca de Deus.”
2 Timóteo 2:15. “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não
tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”
2 Timóteo 3:16-17. 16”Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa
para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17Para que o
homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”
Veja também: Salmos 11:03; 19.7-14; 119; 138:2; Amós 8:11; Mateus 5:17-18;
1João 2:3-5.
COMENTÁRIO
As Escrituras são a própria Palavra de Deus escrita. A importância vital de possuir a
própria Palavra de Deus escrita de forma exata não pode ser superestimada. Isto é ao
mesmo tempo uma grande bênção, um grande privilégio e uma grande
responsabilidade. Ela é a única regra objetiva e o único guia do crente. Todo o resto é
relativo e sujeito a alterações. Experiências religiosas subjetivas podem facilmente ser
mal entendidas e mal interpretadas. Sentimentos ou impressões religiosos são capazes
de enganar. Fervor religioso, zelo ou experiência subjetiva jamais podem se tornar um
substituto para uma obediência inteligente e humilde à Palavra de Deus.
Os crentes precisam estudar a Palavra de Deus para manter a sua saúde espiritual, a
pureza doutrinária e a consistência da prática. A vida das igrejas como o pilar da
verdade exige uma grande fidelidade bíblica. O Evangelismo e a defesa da fé
pressupõe conteúdo baseados na Bíblia.
Em um dia que ocorrer: o desinteresse doutrinário; o relaxamento tanto na crença como
no modo de viver; ênfase nas experiências subjetivas; e uma falta de estudo Bíblico
cuidadoso. Podem abalar os fundamentos do Cristianismo. Quase toda a doutrina
bíblica têm sido modificada ou está sob ataque. O Trino santo Deus da Escritura é
largamente desconhecido. Multidões de Cristãos professos são totalmente ignorantes
44
de seus atributos Divinos. A salvação de pecadores, biblicamente um trabalho
espiritual de Deus, é muitas vezes reduzida somente ao nível psicológico. O serviço
fiel e piedoso que Deus requer em sua Palavra muitas vezes é posto de lado por uma
abordagem pragmática e inovadora que não é bíblica nem piedosa. O princípio
regulador do culto, que procura ser totalmente glorificante a Deus, é frequentemente
posto de lado por expressões contemporâneas que são caracterizadas pelo
entretenimento e tornam-se centradas no homem.
Ainda é possível verificar, mesmo dentro das comunidades do Cristianismo evangélico,
a autoridade das Escrituras ficam, muitas vezes, pouco valorizada. Muitos já não olham
para inovações religiosas modernas a partir da perspectiva da Escritura, mas tendem a
ver pragmaticamente a Escritura a partir da perspectiva de tais inovações modernas! As
Escrituras são, então, torcidas para se conformarem com este moderno pragmatismo
religioso. A única prevenção contra esta miríade atual dos males é retornar fielmente a
adoração e serviço de Deus através do conhecimento da sua Palavra, para assim
conduzir todos à bênção do avivamento! Tanto a Escritura como a história
testemunham isso. Veja as Perguntas 143-145.
Devemos notar, cuidadosamente, que Deus honra a sua Palavra acima de tudo, e assim
devemos fazer o mesmo (Salmos 138:2; Mateus 5:17-18). Além disso, é incontestável
que o Espírito Santo nunca conduz o crente ao oposto ou o deixa fora da Palavra de
Deus escrita. Se devemos conhecer a vontade revelada de Deus e andar obedientemente
diante dele, então precisamos ter um conhecimento profundo dela, o que nem sempre é
uma tarefa fácil. É preciso tornar-se um estudante espiritual sério das Escrituras,
voltado à oração pela orientação e compreensão, tornando-se assim familiarizado com
os princípios apropriados de interpretação, fazendo a necessária distinção entre a
interpretação e a aplicação chegando a um acordo com a doutrina bíblica. Todo esse
estudo deve, então, ser aplicado consistentemente na prática. Pode o verdadeiro Cristão
ter que ficar sozinho em suas convicções bíblicas. Bem-aventurado é o crente que
encontra a comunhão daqueles que compartilham a mesma mentalidade na sua
reverência e obediência à Palavra de Deus! Você vive, diariamente, sob a autoridade
prática da Palavra de Deus?
19ª Pergunta - O que Deus exige em sua Palavra de todo crente?
Resposta - Deus em sua Palavra exige que cada crente viva em obediência amorosa e
em humilde submissão à sua vontade revelada.
1João 2:3-5. 3”E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus
mandamentos. 4Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus
mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. 5Mas qualquer que guarda
a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto
conhecemos que estamos nele.”
2 Timóteo 3:16-17. 16”Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa
para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17Para que o
homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”
45
Veja também: Romanos 12:1-2; 15:18; 2 Coríntios 2:9; 7:15; Filipenses 2:8;
Filemon 21; Hebreus 12:2-13; 1 Pedro 1:13–16; 2 Pedro 3:18; 1João 1:8–10;
2:1.
COMENTÁRIO
Há um princípio de humilde obediência e submissão a Deus e a sua Palavra que
caracteriza os verdadeiros crentes. No contexto da verdade e da vontade revelada de
Deus, os seres humanos estão divididos naqueles que são descritos como os incrédulos,
ou "filhos da desobediência", e crentes, ou "filhos obedientes" (Efésios 2:2; 1 Pedro
1:14). Mas os crentes ainda pecam e agem fora do caráter de Cristãos quando eles
negligenciam ou desobedecem a vontade revelada de Deus. Há uma correlação direta
entre a fé e a obediência de alguém para com a Palavra de Deus. A obediência amorosa
e intencional prenuncia uma fé relativamente saudável; a desobediência revela uma
determinada quantidade de incredulidade. O grau de amor, de obediência e de
submissão intencional para com a Palavra de Deus na vida de alguém está
correlacionado diretamente com a maturidade espiritual (Hebreus 5:10-14). A falta de
obediência e submissão significa castigo Divino, que, embora feito com amor é
corretivo e pode ser muito grave (Hebreus 12:1-14).
O propósito final de Deus na vida e na experiência do crente é conformá-lo à imagem
de seu Filho (Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17,18; 1João 3:1-3). Isso é encontrar o
caminho da obediência e da vontade revelada da Palavra de Deus. A desobediência, ou
o agir fora do caráter de um crente, necessariamente suscita o castigo Divino e várias
provações e ainda muitas adversidades, que são concebidas para trazer de volta esse
alguém para o caminho da obediência, o caminho da bênção e o caminho da
maturidade. Veja a Pergunta 125.
Por que os Cristãos - os próprios redimidos de Cristo Jesus - desobedecem a Palavra de
Deus? As razões podem variar. O pecado é uma triste realidade, uma falha, uma
terrível contradição na experiência de cada crente. Infelizmente, quase todos os crentes,
por vezes, simplesmente negligenciam as Escrituras, e assim pensam ou agem contrário
à verdade de Deus, porque não está tão fixo ou atualizado em sua mente como deveria
estar. Assim, ele pensa ou age sem a santa contenção da verdade de Deus. Todos
podemos estar cegos para alguns de nossos pecados através de nossa ignorância ou
através de negligência sobre Palavra de Deus, isso por causa de nossa intrínseca
vontade de autojustiça, ou o suposto direito de alguma causa, ou alguma controvérsia
ou alguma disputa. Muitas vezes pode ser fácil defender-nos em detrimento da verdade
Divina. Cada um de nós devemos lidar com a realidade do pecado interior e da
corrupção remanescente, dos quais todo pecado é uma lamentável manifestação
(Romanos 7:13-25).
A incredulidade disfarça-se por trás de cada pecado e é inerente à nossa natureza. Às
vezes, o orgulho espiritual a autojustiça podem aborrecer nossas mentes e enganar
nossos corações. Podemos até mesmo desculpar os próprios pecados que cometemos e
que mesmo assim condenamos nos outros, porque nossas consciências não são
condenadas pelas Escrituras nem exercitadas regularmente na oração. A negligência de
oração entristece o Espírito de Deus que usa a Palavra para convencer-nos do pecado.
46
Estas são algumas das razões mais comuns pelas quais os Cristãos desobedecem a
Palavra de Deus. A única cura esperançosa, além da severa disciplina de castigo
Divino, é fazer com que o estudo das Escrituras juntamente com a oração pessoal
sejam nosso principal exercício espiritual de cada dia. Você ora? Você obedece?
PARTE III
A NATUREZA, O PROPÓSITO E O CARÁTER DE DEUS
O estudo geral da Pessoa de Deus é denominado de "teologia" do Gr . theos , "Deus," e
logos ou logia , "palavra ou estudo ." O estudo doutrinário específico de Deus é
denominado de "Teologia Próprio." Um verdadeiro e inspirado conhecimento de Deus é
essencial para um conhecimento de todas as coisas e de todos. O homem é o portador da
imagem de Deus. Apenas quando ele vem conhecer Deus pelas Escrituras é que o homem
pode realmente se conhecer, assim conhecer a criação acerca dele, entender a própria
história, situar-se neste grande contexto Divinamente ordenado e ver o futuro com a
certeza da fé.
20ª Pergunta - O que podemos conhecer acerca de Deus a partir de sua Palavra?
Resposta – Podemos conhecer tudo o que precisarmos saber acerca de Deus para
reconciliarmos com ele, para adorá-lo apropriadamente e vivermos em obediência a sua
vontade revelada.
Deuteronômio 6:4-5. 4”Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
5
Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de
todas as tuas forças.”
Mateus 22:37-39. 37”E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. 38Este é o primeiro e
grande mandamento. 39E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo
como a ti mesmo.”
João 4:23-24. 23”Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o
adorem. 24Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em
verdade.”
Veja também: Gênesis 1:1; Êxodo 20:1-17; 1Samuel 15:22-23; Isaías 57:15 ; 64:6;
Atos 4:12; 16:30-32; Romanos 3:19-26; 5:1-3; 8:7-8; Efésios 2:4-5; 8-10; 1 Timóteo
6:15-16; Apocalipse 4:11.
COMENTÁRIO
Deus é incognoscível, exceto quando ele teve o prazer de revelar-se, e se revelou tanto na
criação [revelação natural] como em sua Palavra [revelação especial]. Ele é o nosso
Criador; nós somos suas criaturas. Ele é infinito; nós somos finitos. Ele é eterno, é
47
supratemporal; nós somos temporais. Ele é espírito; nós somos corporais. Ele é
onipresente; nós estamos fisicamente localizados. Ele é imutável; nós somos mutáveis. Ele
é onipotente e onisciente; nós somos relativamente impotentes e ignorantes. Ele é infalível;
nós somos falíveis. Ele é absolutamente soberano em todas as esferas; nós somos
totalmente dependentes dele para a vida, para a respiração e para todas as coisas (Atos
17:24-25, 28). Quando deixamos analisar pelo reino metafísico e vamos para o reino
moral, o contraste permanece: Deus é absolutamente santo; nós somos ímpios. Ele é
absolutamente justo; nós somos injustos. Ele é sem pecado ou impecável; nós somos
pecadores e depravados.
Os atributos morais, porém, coincidem com o nosso estado caído e pecaminoso no
contexto do propósito do redentor eterno: Deus é gracioso e demonstra sua graça na
redenção dos absolutamente indignos. Ele é misericordioso e estende sua misericórdia
àqueles que sofrem com as devastações do pecado. Ele é justo e imputa a justiça a nós
através da fé em Jesus Cristo. Ele é amor. E os crentes são os objetos deste amor. Ele
se revela redentoramente como nosso "Pai Celestial," e nós pela graça e fé nos
tornamos seus "filhos" ou "crianças." (Mateus 6:9; Romanos 8:14-18; Gálatas 4:5-7;
1João 3:1-3). Na realidade da graça redentora, os crentes, embora imperfeitamente,
refletem os atributos morais de Deus a um elevado grau (Mateus 5:7; Lucas 6:36; João
13:34-35; 15:12; Romanos 5:21; 8:4; 13:8; Gálatas 5:22-23;Colossenses 3:12-14; 1
Pedro 1:15-16; 1João 2:29; 3:7,10). Veja a Pergunta 94.
A revelação natural nos aponta para a grandeza, o poder e a majestade de Deus, mas a
revelação especial também nos aponta para os seus atributos morais para a redenção e
julgamento. A revelação natural é tão poderosa e inclusiva que o seu testemunho deixa
o homem inescusável quanto ao poder e a natureza divina de Deus (Romanos 1:18-20).
A revelação especial satisfaz a mente e o coração quando revela a plenitude de Deus
em seu propósito redentor e sua obra da salvação.
Deus é absolutamente santo [absolutamente puro e separado de toda a sua criação], e
não pode ser abordado por alguém ímpio ou pecaminoso. Ele também é moralmente
auto consistente e absolutamente justo [correto e incapaz de erro, incapaz de
inconsistência]. Ele exige, como é seu direito soberano, que os seres humanos, feitos à
sua imagem e semelhança, também sejam santos e justos (1 Pedro 1:15-16). No
esquema da redenção, o amor, a graça e a misericórdia de Deus surge para responder às
exigências de sua auto-consistência moral sem qualquer contradição ou inconsistência,
proporcionando libertação e reconciliação através da Pessoa e obra do Senhor Jesus
(João 3:16; Romanos 3:21-26).
`
Mesmo sendo criado originalmente justo, o homem apostatou de Deus em uma
tentativa empírica de se tornar autônomo de Deus e da sua Lei-Palavra (Gênesis 3:119). Em Adão, que era o Homem Representante [cabeça federal da raça humana], o
homem se tornou um pecador por imputação, pela natureza, pela tendência e pela
transgressão pessoal (Gênesis 5:3; Romanos 3:23; 5:12-19). Por isto, ele se tornou
totalmente alienado de Deus e colocou-se sob a condenação Divina.
Ultimamente a realidade e a necessidade de redenção descansa na auto consistência
moral, santa e justa de Deus. Um Deus reto, justo e santo não pode arbitrariamente
48
retirar o pecado sem se tornar moralmente inconsistente e autocontraditório (Romanos
3:21-31). É por isto que o eterno Filho de Deus entrou na raça humana através da
encarnação (Mateus 1:21; Romanos 8:2-3; Filipenses 2:5-9; 1 Timóteo 3:16). O Senhor
Jesus Cristo era e é Deus em carne, o Deus-homem, o "Segundo Homem," o "Último
Adão," o Redentor para salvar os pecadores, o Mediador para reconciliar Deus e os
homens (1 Timóteo 2:5). Em seu infinito e eterno amor redentor, Deus enviou seu
Filho para ser a grande propiciação [aquele através do qual as exigências de justiça
absoluta de Deus podem ser satisfeitas. Através de sua obediência ativa ele conheceu
as exigências da Lei Divina e, através de sua obediência passiva, ele pagou sua pena
terrível]. Então, crendo, os pecadores poderão reconciliar com ele (João 3:16; Romanos
3:24-26). Somente desta maneira – através da fé no Senhor Jesus - Deus poderá ser
"justo e justificador daquele que crê em Jesus" (Romanos 3:26).
Como somos pecadores por imputação, bem como por natureza e por transgressões
pessoais, tudo o que pensamos, dizemos ou fazemos é manchado, inerentemente, com
o pecado. Não podemos fugir disso. A justiça é própria de nós é uma autojustiça (Isaías
64:6). É por isto que a salvação não pode ser pelas obras ou esforço-próprio. Esta é a
razão pela qual Deus não pode aceitar os nossos esforços para agradá-lo. Se nós
queremos ser salvos do pecado, deve ser pela graça [favor imerecido - total e
absolutamente imerecido - no lugar ou a serviço da ira merecida] apenas. Não pode
haver uma mistura de graça e obras. Qualquer adição de obras [capacidade humana]
destruiria o princípio e a realidade da graça Divina (Romanos 11:5-6). A livre graça e a
livre vontade são totalmente opostos um ao outro.
Como podemos ser salvos de nossos pecados? Como podemos ser reconciliados com
Deus? Como podemos receber a graça de Deus? Pela fé. Fé é crença, é confiança, é
compromisso e essa confiança é em alguém ou alguma coisa ["fé" é o substantivo;
"acreditar" é o verbo]. A Fé salvífica confia, crê e depende de Deus, da sua Palavra, e
especificamente do seu Filho como Senhor e Salvador. A fé salvífica se apodera da
perfeita justiça do Senhor Jesus Cristo em total compromisso e se apropria dela. Isso é
o que significa "crer no Senhor Jesus Cristo" e ser salvo (Atos 16:31). Veja a Pergunta
89. Você está salvo de acordo com a verdade de Deus?
21ª Pergunta - Quais são os nomes de Deus?
Resposta - Os nomes de Deus são aqueles títulos ou designações pelos quais Deus se
revelou ao homem.
Êxodo 20:7. “ Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor
não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.”
Mateus 6:9. “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus,
santificado seja o teu nome.”
Veja também: Gênesis 22:14; 32:27; Êxodo 3:13-15; 6:3; 9:16; 15:3; 17:15;
34:14; 2Samuel 6:18; Salmos 20:1; 83:18; Isaías 9:6; 57:15; João 10:25;
Filipenses 2:5-11.
49
COMENTÁRIO
Na sociedade moderna ocidental os nomes podem significar muito pouco, mas Deus
revelou-se em outra época, em outras línguas, e numa cultura em que os nomes tinham
uma grande significância. É neste contexto muito importante que os nomes de Deus
devem ser entendidos. Um nome não era apenas para identificação pessoal, mas também
para uma revelação pessoal.
Os nomes de Deus são muito significativos como parte essencial de sua auto revelação
aos homens para que eles, apesar de sua finitude, possam compreender suficientemente o
Deus incompreensível e infinito. Estes são os principais meios de sua identificação
quanto de sua auto revelação como uma pessoa distinta (Gênesis 17:1; Êxodo 6:3). Eles
revelam vários aspectos e características de seu caráter Divino, por exemplo: autoexistência (Êxodo 3:14-15), majestade (Gênesis 14:18; 21:33; 24:3), poder, força ou
poderio (Gênesis 17:1; Apocalipse 4:8), onisciência (Gênesis 16:13; Atos 1:24),
suficiência (Gênesis 17:1), provisão (Gênesis 22), santidade (Isaías 57:15), justiça
(Jeremias 23:6), ciúme (Êxodo 34:14), um Deus que deve ser temido (Gênesis 31:42,53),
etc. Os nomes de Deus revelam sua fidelidade em promessas, em poder, em julgamento,
na relação de aliança e na redenção (Gênesis 24:12; Êxodo 6:3).
Os nomes de Deus no Velho Testamento podem ser classificados como aqueles que são
geralmente usados por ele e aqueles que denotam mais especificamente algum aspecto de
seu caráter. Os nomes gerais são: "Deus" [El, Elohim, "forte, poderoso, potente"],
"SENHOR" [Yahweh, "Jeová," o auto existente, o Deus que guarda o concerto"] e
"Senhor" [Adonai, "Soberano Mestre"]. Os títulos mais específicos denotam algum
aspecto ou atributo do caráter Divino, como "O Nome" (Levítico 24:11), "A Rocha"
(Deuteronômio 32:4), "Deus Todo-Poderoso " (Gênesis 17:1), "O Altíssimo" (Gênesis
14:19), "Senhor dos Exércitos" (Isaías 1:9), "O Santo" (Isaías 40:25), "Zeloso" (Êxodo
34:14), etc.
Também podemos classificar os nomes de Deus no Novo Testamento como gerais e
mais específicos. Os títulos gerais são: "Deus" [Theos, equivalente ao "El" do Velho
Testamento e "Elohim"] e "Senhor" [Kurios], usado para Jeová, para o Senhor Jesus
Cristo e também em um mero contexto humano para "Senhor" (Atos 9:5; João 4:11).
Despotēs para Adonai, ["Soberano Mestre"]. Os títulos mais específicos incluem: "O
Todo-Poderoso" [Ho Pantokratōr, ou "Todo-Poderoso"], "O Abençoado" [Aquele que
receber louvor e honra] e "Pai" (Mateus 6:9-13; Romanos 8:14-16; 1 Coríntios 1:3; 8:56; 2 Coríntios 1:2-3; 6:17-18; Gálatas 4:6; Efésios 1:3 e seguintes).
Os títulos de Divindade que são usados para nosso Senhor Jesus Cristo no Velho
Testamento têm grande importância (Isaías 9:6; Malaquias 3:1). No Novo: "Deus" (1
Timóteo 3:16; Tito 2:13), "Senhor" (João 20:28; Atos 9:5-6; 22:6-10; Hebreus 1:10;
Judas 4; Apocalipse 19:16), "A Palavra" (João 1:1) e "Filho" implicam uma igualdade e
uma relação única de intimidade com Deus, o Pai (João 1:18; Colossenses 2:9; Hebreus
1:8). O termo "Filho do Homem" pode não se referir meramente à sua humanidade; é um
título messiânico, decorrente do Velho Testamento (Daniel 7:13-14).
22ª Pergunta - Quais são os atributos de Deus?
50
Resposta - Os atributos de Deus são aquelas perfeições inerentes à natureza Divina que
a Bíblia revela a respeito de Deus.
Êxodo 3:14. “E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim
dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.”
Romanos 11:36. “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória,
pois, a ele eternamente. Amém.”
Veja também: Levítico 11:43-45; 1Reis 8:27; 1Crônicas 29:11-12; Salmos 31:5;
90:2; 139:1-17; 145:3,17; 147:5; Isaías 6:1-3; 57:15; Jeremias 23:24; Malaquias
3:6; 1 Coríntios 8:6; 1João 4:16.
COMENTÁRIO
A palavra "atributos" refere-se àquelas características e qualidades que são inerentes à
essência divina e, portanto, atribuídos a [revelado sobre, atribuído ou descritivo de]
Deus pelas Escrituras. Nós conhecemos ou compreendemos Deus em nossa finitude
através desses atributos e dessas características. Todos esses atributos são perfeições,
ou seja, Deus é necessariamente perfeito em cada uma dessas qualidades e
características.
Os atributos Divinos são coerentes em Deus. O termo "coerência," quando utilizado
logicamente, filosoficamente ou teologicamente, denota consistência, ou seja, sem
contradição e nenhum conflito. Se um sistema tiver quaisquer inconsistências ou
quaisquer contradições, considera-se ser "incoerente." Quando aplicado aos atributos
Divinos e às perfeições, significa que essas características Divinas não se contradizem
nem entram em conflito umas com as outras. Não há incoerência dentro da
personalidade Divina.
Só podemos conhecer a Deus quando ele tiver o prazer de se revelar para nós. Contudo
podemos procurar compreender a Deus nas Escrituras e fazer o nosso conhecimento de
forma ordenada e sistemática. Podemos tentar categorizar ou organizar as perfeições
Divinas para nos ajudar a pensar apropriadamente sobre Deus "como espírito, infinito e
perfeito, a fonte, o suporte e a finalidade de todas as coisas" (Romanos 11:36). Embora
o nosso conhecimento de Deus seja apenas parcial e inadequado devido à nossa
finitude, devido ao nosso estado caído e devido aos efeitos noéticos do pecado, tornase um verdadeiro conhecimento através da nossa capacidade dada por Deus como os
portadores da imagem de Dele, no contexto da revelação Divina e na obra iluminadora
do Espírito Santo.
Foram feitas várias tentativas para classificar os atributos Divinos. A maioria
classificou esses atributos Divinos como: os Atributos Comunicáveis e
Incomunicáveis, ou seja, aqueles que pertencem a Deus (por exemplo, onipresença,
onipotência, imensidão, eternidade, etc.) e aqueles que de certa forma são
comunicáveis às suas criaturas morais (por exemplo, amor, misericórdia, sabedoria,
etc.) Outros os classificaram como Absolutos (os que pertencem somente a Deus) e
51
Relativos (aqueles expressos em certa medida no homem). Alguns tentaram classificálos como Atributos Imanentes ou Intransitivos e Eminentes ou Transitivos. Todas essas
tentativas provam-se insuficientes, pois Deus é simplesmente transcendente em todas
as suas perfeições.
Deus Considerado como Espírito, Infinito e Perfeito
Deus é espírito, ou seja, Deus não é visível nem material; ele é incorpóreo (João 4:24).
Ele pode ser percebido através do universo criado (Salmos 19:1-6; Romanos 1:19-20),
no Senhor Jesus Cristo (João 1:18; Colossenses 2:9), e também pessoalmente e
espiritualmente pela fé (Hebreus 11:6,27). Porque Deus é espírito, não podemos vê-lo
com os nossos olhos físicos. Nós o "vemos" através do "olho" da fé, isto é, pela fé ou
através dela (Hebreus 11:6).
Quando a Bíblia fala de Deus como tendo "olhos," "mãos," "pés," "orelhas," etc., ele está
usando termos humanos [antropomorfismos] para nos ajudar a entender que Deus vê,
trabalha, movimenta, ouve, etc. Seres espirituais puros como anjos ou demônios são
muito superiores aos seres físicos, e Deus é absolutamente superior e supremo - não há
ninguém ou coisa alguma acima ou além dele. Ele é supremo e infinito, o Criador, o
Governador e o Sustentador de todas as coisas.
Como Espírito, Deus tem vida em si mesmo e dá vida a todas as coisas (Atos 17:25,28;
Hebreus 1:3; 10:31). Ele é uma personalidade, e não apenas uma influência (Gênesis 1:1;
Êxodo 3:14; Romanos 11:33-36).
Deus é absolutamente perfeito em todas as coisas e em todos os sentidos. Se houvesse
qualquer imperfeição em Deus, ele não seria e não poderia ser o Deus das Escrituras. Ele
é a verdade perfeita. Porque Deus é tanto verdadeiro como é a verdade, ele é confiável acreditado sem falhar (Deuteronômio 32:4; Salmos 146:5-6; Tito 1:2; 1João 5:10). Ele
também é perfeito amor. O amor de Deus não pode ser separado de suas outras
perfeições. Seu amor é santo, justo, gracioso, misericordioso e compassivo (João 3:16;
1João 4:8-10,16). Ele é de um modo perfeito: santo (Salmos 145:17; Isaías 57:15; 1
Pedro 1:15-16), justo (Gênesis 18:25; 2 Crônicas 12:6; Salmos 11:7) e sábio (Romanos
11:33-36; 1 Timóteo 1:17).
Deus Considerado como a Fonte, Sustento e Fim de Todas as Coisas
Isso significa que Deus é o Criador, o Originador e o Definidor de todas as coisas, aquele
que sustenta todas as coisas no universo, e que todas as coisas existem e estão sendo
trazidas à consumação final [seu fim ordenado final ou conclusão] nele (Atos 17:24-28;
Romanos 11:33-36; Colossenses 1:17; Hebreus 1:1-3).
Em relação ao tempo e espaço, Deus é transcendente, isto é, ele excede em muito todas
as limitações do universo que ele criou. Ele está acima e além de todo tempo e espaço.
Não há nada que existe acima ou além Deus. Não existe lei alguma, pessoa ou coisa às
quais ele deve responder; ele é absoluto, e toda realidade criada é relativa a ele. Ele é
movido apenas a partir de si mesmo e de sua própria auto-consistência moral (Salmos
52
90:4; 113:5-6). Deus também é eterno e supratemporal, isto é, ele existe acima e além do
tempo (Gênesis 1:1; 1 Timóteo 1:17). Ele é imenso e iminente, ou seja, pleno e
pessoalmente presente em todo o universo (1Reis 8:27; Hebreus 4:12-13).
Em relação à criação, Deus é onipresente (Salmos 139:7-10), onisciente (Salmos 139:15; Jeremias 17:9-10; 23:24; Atos 1:24; 15:8) e onipotente (Gênesis 1:1,3; Salmos 115:3;
Isaías 46:9-11).
Em relação aos seres morais, Deus é fiel, verdadeiro (Deuteronômio 7:9-10; João 17:17;
1 Coríntios 1:9; 10:13; Tito 1:2; Hebreus 6:13-18; 1João 5:10), gracioso,
misericordioso, bondoso (Salmos 103:1-2,8-14,17; Romanos 2:4; 8:28-39), carinhoso,
gentil (João 3:16; Romanos 5:5, Efésios 2:4-10; 1João 4:8,16), reto, justo e santo
(Salmos 145:17; Isaías 6:1-4; Oséias 1:1-11; Romanos 3:21-26; 11:33-36).
23ª Pergunta - O que as Escrituras ensinam sobre a natureza da Divindade?
Resposta - As Escrituras ensinam que há um único Deus que existe eternamente em Três
Pessoas.
Deuteronômio 6:4. “Ouve, Israel, O Senhor nosso Deus é o único Senhor.”
Mateus 28:19. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”
Veja também: Gênesis 1:1-3,26-28; Isaías 44:6-8, 1 Coríntios 8:4-6; Colossenses 2:9;
1 Timóteo 3:16.
COMENTÁRIO
O termo "Trindade" deriva do Latim trinitas, de tres, três, e uno, um. A trindade ou triunidade de Deus é um grande mistério. É uma verdade Divinamente revelada porque
ela só é revelada nas Escrituras e é recebida pela fé. Não existe qualquer analogia
[verdade ou ilustração correspondente] encontrada na criação. Qualquer tentativa de
ilustrar a trindade ou tri-unidade de Deus a partir da criação necessariamente falhará.
A verdade da Trindade pode ser vista como é apresentada a partir das Escrituras em
quatro afirmações: Deus, o Pai é Deus (Mateus 11:25). Deus o Filho [o Senhor Jesus
Cristo] é Deus (Isaías 9:6; João 1:1-3,14,18; Colossenses 2:9). Deus o Espírito Santo é
Deus (Gênesis 1:1-2; Atos 5:3-4; 2 Coríntios 3:17). Há um único Deus (Deuteronômio
6:4; Isaías 44:6-8; 1 Coríntios 8:4-6).
Existem dois termos teológicos com os quais devemos estar familiarizados - a Trindade
Ontológica e a Econômica. Essas são duas únicas maneiras de ver a Trindade por causa
da nossa compreensão finita. A palavra "ontológico" significa "ser" [Gr. ontos, "ser"], e
refere-se às Pessoas da Divindade em suas essências e a relação de uma para com a
outra. A palavra "econômica" [Gr. oikonomia, "economia"] significa "gestão" ou
"administração," e refere-se às Pessoas da triuna Divindade em sua cooperação
unificada nas obras da criação, da redenção e da providência. A terminologia "Trindade
53
Ontológica" significa que Deus tem existido eternamente em Três Pessoas. Alguns
sustentam erroneamente que Deus é trinitário apenas em relação ao universo criado.
Tal visão nega, de forma intrínseca, a Trindade Ontológica negando assim a filiação
eterna do Senhor Jesus Cristo e a personalidade do Espírito Santo. Veja perguntas 25 e
26.
24ª Pergunta - Quem é Deus o Pai?
Resposta - O Pai é o Deus eterno, co-igual e co-eterno com o Deus Filho e o Deus
Espírito Santo.
Mateus 6:9. “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus,
santificado seja o teu nome.”
Veja também: Mateus 11:27; Romanos 8:14-16; Efésios 1:3.
COMENTÁRIO
Para uma introdução a essa pergunta e resposta, veja as Perguntas 20-23. Deus o Pai
revelou-se como "o Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo," o "Pai" para a nação de Israel
como um povo de aliança coletiva (Isaías 64:8; Malaquias 1:6; João 8:41), e como
"Pai" para o Cristão individualmente e coletivamente (Mateus 6:9; Romanos 8:14-16).
Essa distinção é eterna e ontológica, e não meramente relacionada com a Trindade
Econômica (isto é, Deus não é uma trindade apenas em relação à criação e a redenção,
mas as distinções dentro da Divindade são eternas - o Pai sempre foi o "Pai" em
relação ao Filho e ao Espírito). Veja a Pergunta 23. Essa auto revelação de Deus como
o "Pai" nas Escrituras é para a nossa compreensão, o nosso conforto, a nossa confiança
e a nossa esperança.
A revelação de Deus como nosso "Pai" nos permite – como criaturas finitas e seus
filhos espirituais – entendê-lo, conhecer o seu amor, amá-lo e em troca se alegrar em
um relacionamento filial. Essa revelação capacita o crente a conhecer a Deus como
Aquele que o ama, o recebe, o protege, o provê, o castiga, ouve suas orações, conhece
suas provações e que um dia o receberá para si mesmo na glória. Lutero afirmou essa
bendita verdade quando disse que se pudesse chamar Deus de "Pai," ele podia orar - e
nós também podemos! Veja as Perguntas 99-102.
25ª Pergunta - Quem é o Senhor Jesus Cristo?
Resposta - O Senhor Jesus Cristo é o Filho eterno de Deus, co-igual e co-eterno com o
Pai e o Espírito Santo.
João 1:1. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus.”
Colossenses 2:9. “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da
divindade.”
54
1 Timóteo 3:16. “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se
manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos
gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.”
Tito 2:13. “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória
do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo.”
Veja também: Isaías 7:14; João 1:14,18; 14:6-11; Filipenses 2:5-11; Tito 2:13;
Hebreus 1:8.
COMENTÁRIO
Deus é Espírito e, assim, invisível, isto é, incorpóreo [sem partes corporais] (João 4:24;
1 Timóteo 6:15-16). O Senhor Jesus Cristo em sua encarnação é a revelação plena e
final e a representação do Deus eterno (João 1:1-3; 14:6-11; Colossenses 2:9; 1
Timóteo 3:16) - a própria "exegese" de Deus (João 1:18). É no Senhor Jesus Cristo que
o desejo natural do homem de "ver" Deus é cumprido (João 14:9). É em sua
personalidade e através dela e das ações do Senhor Jesus durante o seu ministério
terreno que vemos a revelação do poder e dos atributos morais de Deus. Em sua
transfiguração, vemos um vislumbre de sua glória eterna como o próprio Deus (Mateus
17:1-8; Marcos 9:1-8; Lucas 9:27-36; João 17:4-5; 2 Pedro 1:16-18).
O eterno Filho de Deus encarnou-se [tomou para si uma verdadeira e completa
natureza humana, uma alma e um corpo] para a redenção dos pecadores (Lucas 1:35;
Gálatas 4:4). Ele não se tornou encarnado como um mero indivíduo, mas como um
Homem Representante, "o segundo homem," "O último Adão" (Romanos 5:12-18; 1
Coríntios 15:45-47). É nesta capacidade que nós devemos ver e entender sua
humanidade, sua perfeita obediência à Lei, sua tentação no deserto, sua vida terrena e
ministério, seu sofrimento e morte, sua gloriosa ressurreição e sua ascensão ao céu para
governar como o Deus-Homem no trono da sua glória (Mateus 28:18; 1 Coríntios
15:20-26; Filipenses 2:9-11; Hebreus 1:3).
Ele era e permanece sendo o perfeito e o imaculado Filho de Deus em virtude do
nascimento virginal, e assim apenas ele estava qualificado para ser o nosso Redentor e
Salvador (Gálatas 4:4-5; Lucas 1:26-35; Romanos 5:12-19). O Senhor Jesus Cristo não
poderia ser um mero ser humano e viver uma vida perfeita sob a lei para depois sofrer e
morrer pelos pecadores - nem sua vida, nem o sofrimento e a sua morte realizaria
qualquer coisa. Ele apenas teria morrido como um mártir - e por seus próprios pecados.
A eficácia [efetividade] de sua obra dependia de sua Pessoa – da sua natureza Divina e
da sua natureza humana impecável.
Através da encarnação e na/da encarnação, o eterno Filho de Deus entrou no reino do
tempo. O Senhor Jesus Cristo é, portanto, o "Deus-Homem," não o "Homem-Deus."
Com isto nós queremos dizer que ela era Deus o Filho, a segunda Pessoa da trina
Divindade, que tomou para si uma natureza humana plena e completa através do
milagre do Nascimento Virginal, incluindo uma alma e um corpo, e não um homem
que foi ou está em processo de se tornar Deus. As duas naturezas dentro de nosso
Senhor (isto é, a união hipostática de suas naturezas humana e Divina) não estão
55
misturadas ou confusas, mas separadas e distintas, ou seja, ele não é metade Deus e
metade homem. A encarnação foi necessária para o Senhor Jesus Cristo fosse o
Mediador perfeito e eficaz entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5), e portanto, nosso
Redentor, Salvador e Intercessor (Romanos 3:21-26; 2 Coríntios 5:21; 1 Pedro 3:18;
1João 2:1). Por causa de sua única Pessoa e sua obra redentora realizada, ele sozinho se
qualifica como o Salvador dos pecadores (Atos 4:12).
Os primeiros Pais da Igreja, visando salvaguardar do erro e da heresia as distinções
eternas dentro da Divindade, e usando a terminologia da escritura, referiram-se à
distinção eterna entre o Espírito Santo e o Pai e o Filho como a "geração eterna" do
Filho pelo Pai, para salvaguardar a Filiação eterna do Senhor Jesus Cristo. Eles
também se referem à distinção eterna entre o Espírito Santo, o Pai e o Filho como a
"procissão eterna" do Espírito Santo, como a Escritura declara que ele procede do Pai e
do Filho (João 14:16-17,26; 16:7; Atos 2:32-33). Essa tentativa na linguagem da
escritura foi usada para preservar as distinções dentro da Divindade e não foi para
implicar qualquer subordinação, sucessão ou emanação. Além da linguagem da
Escritura, nós não ousamos ir. A encarnação do Filho eterno de Deus permanece como
o mais profundo mistério de todos os tempos. Negar a filiação eterna de Cristo Jesus é
negar a Trindade Ontológica e manter apenas a Trindade econômica e, portanto, negar
implicitamente a imutabilidade da natureza da Divindade. Veja a Pergunta 23.
Através do Nascimento Virginal (Mateus 1:18-25; Lucas 1:26-35), através de sua vida
completamente sem pecado e vivida sob a Lei (João 8:46; Gálatas 4:4-5; 1 Pedro 2:2122), e depois pela sua morte sacrificial (Lucas 19:10; Filipenses 2:5-8; 1 Timóteo
1:15; Hebreus 9:12,27-28) e pela sua ressurreição (Mateus 28:5-6; Atos 2:22-33;
Romanos 1:3-4) o nosso Senhor se tornou o Deus-Homem, santo, impecável e único
Redentor qualificado dos pecadores (Atos 4:12), tornou-se o nosso Grande Sumo
Sacerdote (Hebreus 4:14-16; 5:5-10; 7:11-28; 1 João 2:1) e também o Juiz final de
todos os homens (Atos 17:30-31; 2 Coríntios 5:10; Filipenses 2:9-11; Apocalipse
20:11-15). O nome "Jesus" [Gr. Iēsus, "Yahweh é salvação"] refere-se à sua
humanidade, "Cristo" [Gr. Christos, "O Ungido"] refere-se ao seu ofício e missão
como o Messias prometido (Jo]ao 1:41; 4:25) e "Senhor" [Gr. Kurios, "Yahweh"]
refere-se à sua Divindade e posição de exaltação (Mateus 28:18; Atos 2:36; Filipenses
2:9-11; Hebreus 1:1-13). Seu nome completo e título apropriado é "O Senhor Jesus
Cristo."
A natureza Divina do nosso Senhor formou a base para sua personalidade e manteve
sua natureza humana como o Deus-Homem na união hipostática [a união das duas
naturezas em uma Pessoa]. Assim, ele foi totalmente impecável, ou seja, ele não pecou
e não podia pecar. As duas frases Latinas são posse non peccar, capaz de não pecar
[pecável], e non peccar posse, incapaz de pecar [impecável]. A impecabilidade do
nosso Senhor era necessária para sua obra redentora.
Embora a ênfase moderna esteja sobre a obra redentora de Cristo, ao invés de estar
sobre sua Pessoa, a maioria das controvérsias, historicamente analisando, têm sido
centrada sobre a última. A grande questão discutida é a Divindade do Senhor Jesus
Cristo e a relação de suas duas naturezas em uma só Pessoa. As heresias doutrinárias
acerca da Pessoa do Senhor Jesus Cristo foram: Gnosticismo Valentiniano, que negou a
56
verdadeira Divindade de Cristo por sustentar que o "elemento Cristo" veio sobre ele no
seu batismo e o deixou no jardim da agonia antes de sua crucificação. Assim, ele
morreu como um mero homem (João 1:14,18). Gnosticismo Docético, onde diziam que
toda a matéria era inerentemente má, negou a verdadeira humanidade de Cristo,
sustentando-o como sendo um espectro (1João 1:1; 4:2-3). Monarquianismo Dinâmico,
uma heresia antitrinitária do segundo século que negava a Divindade de Cristo e
ensinava que ele era um mero homem e recebeu uma unção no batismo por isso estava
em processo de se tornar Divino. Os representantes modernos, a princípio, incluíam os
Socinianos, Cristadelfianos, Unitárianos, Teosofistas e Mórmons. Monarquianismo
Modalistico, uma heresia antitrinitária que sustentavam uma Pessoa em três
manifestações, ao invés de Pessoas distintas na Divindade. Também chamada de
Sabelianismo, Patripassianismo, etc. Pentecostais Unidos ["Só Jesus"] ou a "Igreja
Apostólica" é a representante moderna dessa antiga heresia. Arianismo, uma heresia
antitrinitária que negava a Divindade absoluta de Cristo. Os representantes modernos
são os Socinianos e Russelitas [“Testemunhas de Jeová”] (1 Timóteo 3:16).
Apolonarianismo, uma heresia antitrinitária que negava a verdadeira humanidade de
Cristo. Euticianismo, que ensinava a fusão das duas naturezas em Cristo.
Nestorianismo, que parecia indevidamente separar a união hipostática das duas
naturezas de Cristo em duas pessoas. Monofisistismo, que ensinava que Cristo tinha
uma natureza composta, em vez de duas naturezas distintas. Monotelitismo, que
sustentava que Cristo tinha apenas uma vontade e, assim, humilhava sua verdadeira
humanidade. Havia dois pontos de vista: a vontade humana foi fundida com a vontade
Divina de modo que apenas a vontade Divina agia, ou as duas vontades foram fundidas
em uma só. A mais moderna Teoria Kenosis, decorrentes de Filipenses 2:7, a forma
extrema desta teoria sustenta que Cristo se esvaziou de sua Deidade, ou de sua natureza
Divina, tornando-se um mero homem. Formas modificadas desta teoria suscitam que
de alguma forma ele se esvaziou de alguns dos atributos Divinos e assim era inferior na
Deidade.
As controvérsias a respeito da obra redentora de nosso Senhor são centradas sobre a
natureza e a extensão da expiação. Alguns sustentam que ele sofreu e morreu por todos
os homens sem exceção e assim todos serão salvos [universalismo consistente], Outros
afirmam que ele morreu para tornar a salvação possível e assim todos os homens
poderão buscar a salvação se eles adicionarem a capacidade deles à sua obra
[universalismo inconsistente]. Alguns consistentemente sustentam que nosso Senhor
sofreu e morreu por um povo específico, e que cada um desses será infalivelmente
redimido [particularismo consistente].
O Senhor Jesus Cristo é ao mesmo tempo o único Mediador entre Deus e os homens (1
Timóteo 2:5), o único Redentor e Salvador dos pecadores (Romanos 3:24-26; Efésios
1:5-7) e o nosso Grande Sumo Sacerdote (Hebreus 4:12-16; 7:19-28; 8:1-2; 9:1114,24; 1João 2:1). Ele será o Juiz de todos os homens que virá (Jo 5:22). Ele também é
o nosso exemplo e sendo assim é a nossa meta. O Senhor Deus está no processo do
resgate da sua imagem nos crentes e nós, constantemente, sendo conformados à
imagem de seu Filho pela obra do Espírito Santo, em nossa adoção, em nossa
santificação, em nossa correção e em nosso teste. Essa conformidade será completa na
ressurreição para a glória (Romanos 8:23,29; 2 Coríntios 3:17-18; Filipenses 3:20-21).
57
Para uma descrição completa do Senhor Jesus Cristo, veja as Perguntas 70-76. Você
tem uma relação de salvação para com o Senhor Jesus através da fé?
26ª Pergunta - Quem é o Espírito Santo?
Resposta - O Espírito Santo é o Espírito eterno de Deus, co-igual e co-eterno com o
Pai e o Filho.
2 Coríntios 3:17. “Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor,
aí há liberdade.”
Mateus 28:19. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”
Efésios 4:30. “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados
para o dia da redenção.”
Veja também: Gênesis 1:2; Marcos 3:28-30; Atos 5:3-4,9; 13:2-4; 16:6; 20:28; 1
Timóteo 4:1.
COMENTÁRIO
Deus e o Espírito Santo são pessoas distintas dentro da Divindade. Como a questão
com o Senhor Jesus Cristo tem sido a sua Deidade, de modo que a grande questão a
respeito do Espírito Santo tem sido a sua personalidade distinta. Ele não é uma mera
influência, uma força impessoal ou uma emanação de Deus (Atos 13:2,4), Mas Ele
possui peculiaridades, possui um poder e tem prerrogativas de uma personalidade
distinta: ele fala (Atos 13:2; 1 Timóteo 4:1), cria (Gênesis 1:2), comanda (Atos 13:2-4),
possui julgamento inteligente, possui prerrogativa (Atos 15:28; 20:28), proíbe (Atos
16:6), pode ser tentado, pode ser mentido (Atos 5:3-4,9), pode ser entristecido (Efésios
4:30) e se pode pecar contra ele (Marcos 3:28-30). [Nosso Senhor por vezes usou a
forma masculina em vez do neutro no Grego para se referir ao Espírito Santo, quando a
palavra "espírito" em si é neutra, enfatizando, assim, a sua personalidade (João
14:16,26; 15:26; 16:8,13-14)]. Ele estava envolvido com as outras pessoas da
Divindade triuna na criação (Gênesis 1:1-3) e na eterna Aliança da Redenção e da
Graça [o propósito redentor eterno]. Veja Perguntas 67, 77 e 84.
Os Pais da Igreja, visando salvaguardar do erro e da heresia as distinções eternas
dentro da Divindade, e usando a terminologia da escritura, referiram-se à distinção
eterna entre o Espírito Santo e o Pai e o Filho como a "procissão eterna" do Espírito
Santo, como as Escrituras declaram que ele procede do Pai e do Filho (João 14:1617,26; 16:7, Atos 2:32-33). Essa linguagem foi usada para preservar as distinções
dentro da Divindade, e não foi para implicar qualquer subordinação inerente, sucessão
ou emanação. Negar a personalidade eterna do Espírito Santo é negar implicitamente a
Trindade Ontológica e a imutabilidade da Divindade. Veja as Perguntas 23 e 25.
É o ofício peculiar do Espírito Santo aplicar a obra consumada da redenção ou da
satisfação de nosso Senhor [a obra consumada de Cristo] para a vida e a experiência
58
individual do Cristão - em especial: a regeneração, o arrependimento, a fé, a adoção e a
santificação - e para a Igreja coletivamente (Gálatas 5:22-23; Efésios 1:15-20; 13-14;
4:11-16,30; 2 Tessalonicenses 2:13; 1 Pedro 1:2). Veja a Pergunta 84. Assim, ele torna
a nossa experiência Cristã possível e prática.
A obra do Espírito Santo dentro da personalidade do crente é de uma graça
capacitadora, transformadora e santificadora. Os crentes são ordenados a andar no
Espírito e assim não cumprir os desejos da carne. O Espírito de Deus lhes contém de
viver como eles viviam antes (Gálatas 5:16-18). O "fruto do Espírito”, isto é, aquelas
graças que o Espírito Santo manifesta na vida, estão entre as marcas essenciais da
graça (Gálatas 5:22-23). Veja a Pergunta 112. Será que nós carregamos as marcas da
graça e do Espírito de Deus em nossas vidas e experiências?
27ª Pergunta - O que as Escrituras ensinam a respeito do propósito de Deus?
Resposta - As Escrituras ensinam que Deus propôs eternamente todas as coisas sem
exceção para a sua própria glória e para o bem maior.
Efésios 1:11.” Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido
predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o
conselho da sua vontade.”
Romanos 8:28-30. 28”E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para
o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito. 29Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos. 30E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que
chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também
glorificou.”
Veja também: Salmos 115:3; Isaías 46:9-11; Romanos 11:33-36; Efésios 1:3-14;
2:1-10; Apocalipse 4:11.
COMENTÁRIO
Deus como uma pessoa com personalidade distinta é um ser com propósito e
determinação. Como o próprio Deus é infinito, iminente e eterno, o seu propósito em
relação a sua criação é necessariamente um propósito todo-inclusivo e eterno. Como
uma personalidade infinitamente sábia e inteligente, seu propósito deve ser o mesmo.
As Escrituras revelam que Deus "faz todas as coisas, segundo o conselho da sua
vontade," isto é, que ele propôs ou predeterminou todas as coisas. Isso é conhecido
como pré-ordenação ou predestinação. Por definição "predestinação" significa
"determinar o destino de antemão." O termo tem um uso triplo na Escritura referindose: primeiro ao propósito abrangente e eterno de Deus (Efésios 1:11); segundo ao seu
propósito soteriológico [pertencente a salvação] (Romanos 8:28-31; 9:1-24; Efésios
1:3-14); e terceiro ao propósito escatológico realizado na glorificação do crente e
conformidade final para com a imagem de Cristo (Romanos 8:29).
59
O uso abrangente do termo pode ser descrito como o eterno (Isaías 46:9-10; Atos
15:18; 1 Pedro 1:20; Apocalipse 4:11) , o imutável (Isaías 14:24; 46:11; Provérbios
19:21), o todo-inclusivo (Atos 17:25,28; Efésios 1:11; Apocalipse 4:11), o onisciente
(Jr 51:15; Romanos 11:33-35;16:27; Efésios 3:10-11; 1 Timóteo 1:17; Judas 25), o
justo (Isaías 45:21; Sofonias 3:5; Romanos 9:14), o santo (Êxodo 15:11; Isaías 57:15) e
o amoroso (Romanos 8:38-39; Efésios 1:3-5) decreto ou propósito de Deus (Isaías
14:24; Daniel 4:17,24; Efésios 1:11), por meio do qual, desde a eternidade, de dentro
de si mesmo (Salmos 115:3; Daniel 4:35; Romanos 11:33-36; Efésios 1:5,9) e para a
sua própria glória (1Crônicas 29:11-13; Efésios 1:3-6,12-14; Apocalipse 4:11), ele
determinou tudo o que acontece (Romanos 11:33-36; Colossenses 1:17; Hebreus 1:3;
Neemias 9:6).
Embora os termos "predestinar," "predestinação" e "pré-ordenado" ocorram raramente
nas Escrituras, há uma grande variedade de termos nas línguas originais [trinta e dois
em Hebraico e Grego] que conotam o propósito Divino, a determinação, a vontade, a
soberania e a predestinação. Eliminar a ideia da predestinação Divina das Escrituras
iria mudar completamente a natureza e o caráter de Deus, e assim tornar as suas
promessas e profecias relativas, nulas e vazias, destruindo a própria essência e o feitio
das Escrituras. Seria, com efeito, o abandono completo do Cristianismo bíblico para
um "Teísmo Aberto" ou "Processo Teológico" no qual o próprio Deus estaria
crescendo e se expandindo com o universo, e o futuro permaneceria desconhecido, até
mesmo para ele. Dizer "Deus" é dizer "propósito," e dizer "propósito," no contexto de
Deus como revelado nas Escrituras, é dizer "predestinação."
A doutrina bíblica da predestinação é uma verdade mais gloriosa, mais misteriosa e
contudo intensamente prática. Como parte da revelação Divina, a predestinação deve
ser conhecida, estudada e acreditada (Atos 20:20,26-27). Ela preserva a relação
Criador-criatura que permeia as Escrituras. A Predestinação é a fonte de toda a graça,
dando à livre e soberana graça sua natureza gloriosa e caráter distinto (Romanos 11:56; Efésios 1:3-11; 2:1-10). É a expressão do soberano, eterno e imutável amor de Deus
para com os seus, e é o próprio fundamento da confiança do crente e certeza da
salvação (Deuteronômio 7:6-8; Romanos 8:28-39; Efésios 1:13-14; 1 Pedro 1:3-5,1820; 1João 4:9-10,19). A predestinação é a fonte bíblica de toda a ousadia,
encorajamento e conforto na aflição (Romanos 8:28-39; 1 Coríntios 15:58; Gálatas
6:7-9; Efésios 2:8-10). Corretamente entendida, é um incentivo adequado para a
santidade bíblica e ação responsável (Efésios 1:4; 2:8-10; Filipenses 1:29; 2:12-13; 2
Tessalonicenses 2:13; 1 Pedro 1:1-2; 1João 2:28-3:3). Devemos lembrar sempre que,
nas escrituras, Deus ordenou os meios, bem como ordenou também o fim. Veja as
Perguntas 67 e 68.
O suposto "Problema do Mal" deve ser considerado. Isso pode ser estabelecido nos
seguintes termos: "Como pode o mal existir em um universo criado e governado por
um Deus todo-poderoso e benevolente [inerentemente e completamente bom]?" Este
"problema" é mais psicológico do que lógico, teológico ou filosófico. O homem
preferiria envolver Deus e suas ações na questão do que se submeter a Deus em
completa confiança, mesmo sendo esse a um Deus benevolente no contexto de sua
onipotência e justiça (Romanos 9:11-24). Essa questão é largamente um assunto de
60
incredulidade diante do testemunho Escriturário para com o propósito e paciência de
Deus, no cumprimento de seu eterno propósito. Mas continua a ser uma questão
frequentemente lembrada como uma refutação aos crentes em geral, e para aqueles que
sustentam a soberania Divina bíblica em particular.
As respostas possíveis, de acordo com o raciocínio humano, são: primeiro, se o mal
existe [e ele existe como uma realidade triste e horrível], então não existe onipotente
[todo-poderoso], benevolente Deus - o argumento do ateu.
Segundo, o mal existe e, portanto, se Deus existe, ele deve ser limitado em seu poder
ou arbitrário em seu caráter moral - o argumento daqueles que apostam em um
conceito não bíblico [pagão] de Deus.
Terceiro, o mal existe, portanto existe mais do que um Deus ou existem forças
dualistas iguais [o bem e do mal] em conflito. Esse é o argumento não bíblico [pagão]
daqueles que postulariam um dualismo (um "deus bom" e "deus mau" ou opondo
forças ou princípios bons e maus) em conflito pelo controle do universo.
Quarto, o mal não existe, exceto como uma ilusão em nosso pensamento humano. Essa
é a visão não bíblica de alguns cultos ocidentais e religiões Orientais (ex.: Ciência
Cristã, Budismo). Isso faria com que qualquer distinção final entre o bem e o mal
arbitrários, e, portanto negam a auto-consistência moral do caráter Divino.
Quinto, o mal existe como um mistério, independente de Deus, que permanece em um
determinado [limitado] grau poderoso e benevolente, necessariamente operando em um
sentido utilitário. Esse é o argumento inconsistente de alguns (incluindo os Plagiados e
os Arminianos) que tentam acusar Deus pela autoria do "autor do pecado" e, assim, não
limitar não pelas escrituras o seu poder a fim de manter a sua bondade.
Finalmente, o mal existe no universo de um Deus benevolente e onipotente, que é
completamente soberano sobre ele e o usa para a sua própria glória e o bem maior – o
argumento do Cristão bíblico [calvinista consistente].
Esta afirmação final é a única visão que pode ser consistentemente alinhada com o
ensino das Escrituras (por exemplo: Gênesis 50:20; Juízes 2:15; 9:23; 1Samuel 16:14;
2Reis 22:16; Salmos 76:10; Isaías 10:5-15; 45:7; Amós 3:6; Atos 4:27-28; Romanos
8:28; 9:11-21). Qualquer outra visão, decorrente de raciocínio humanista pecaminoso,
e, assim, questionador de Deus e de suas ações (Romanos 9:19-21), procura apontar
uma incoerência [inconsistência] nas Escrituras e no sistema Cristão. Essas visões
negam a Deus e o seu poder sobre o mal ou limitam Deus e procuram trazê-lo até o
nível finito (Romanos 1:21-25) e destruir sua soberania e auto-consistência moral – e
assim qualquer fundamento suficiente ou consistente para coerência Divina.
Não é incoerente, a existência do mal em um universo criado e governado por um Deus
Todo-poderoso e Benevolente se Deus tem uma razão moralmente bastante para este
mal existir. Tal visão não tira todo o mistério para fora do problema do mal. Deus é
infinito, e assim é Sua sabedoria, poder e propósito. Nós somos finitos, e simplesmente
61
não podemos compreender tudo o que está implícito neste profundo assunto. Por que
Deus, o Altíssimo, que é de forma absoluta auto-consistente moralmente, deveria
ordenar o mal, deve em um determinado grau permanecer um mistério para os seres
finitos.
Além disso, ao considerar o problema do mal, alguém deve levar em conta a realidade
do tempo. O que poderia ser considerado como o mal no contexto da realidade passada
ou presente pode mais tarde vir a ser grande bênção ou resultar em tal (Gênesis 42:36;
50:20; Atos 4:27-28; Romanos 8:28-31). Finalmente, apenas se Deus está no controle
absoluto do mal que ele pode ordená-lo para o bem, e nós podemos confiar no
propósito, profecias e promessas de Sua Palavra. Confiamos no propósito de Deus,
embora não possamos entendê-lo? Reclamamos contra sua providência? Pela fé
podemos compreender a verdade de Romanos 8:28?
28ª Pergunta - O que as Escrituras ensinam sobre o caráter moral de Deus?
Resposta - As Escrituras ensinam que Deus é Santíssimo e Meritíssimo, isto é,
completamente justo e reto, ou moralmente auto-consistente.
1 Pedro 1:15-16. 15”Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também
santos em toda a vossa maneira de viver; 16Porquanto está escrito: Sede santos,
porque eu sou santo.”
Salmos 145:17. “Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas
as suas obras.”
Veja também: Isaías 6:1-3; 57:15; Romanos 3:21-26.
COMENTÁRIO
Deus é moralmente auto-consistente, ou seja, Ele é ,Santíssimo e justo e, portanto não
pode ser inconsistente em seu caráter moral. Ele é ao mesmo tempo reto e justo, nunca
errado ou injusto e por ser absolutamente justo, tudo o que Ele faz ou ordena é correto
(Gênesis 18:25). Porque o Magnífico e Excelentíssimo Deus é absoluto e
transcendente, não existe lei moral alguma ou princípio maior do que o caráter moral
Dele. O homem é inteiramente responsável perante Deus, mas Ele não é de forma
alguma responsável perante o homem - ou qualquer outra pessoa. Embora Deus não
seja responsável perante o homem,.Contudo, os crentes são desafiados a discutir Suas
promessas e perseverar em sincera oração (Lucas 11:1-13; 18:1-8; Tiago 5:16-18).
Absoluto é Deus, nunca arbitrário, como Ele próprio é tanto a fonte, suporte e fim de
todas as coisas, quanto é de forma moral auto-consistente (absolutamente justo), por
isso, Ele não pode arbitrariamente retirar o pecado - Ele deve ser propiciado. Sua autoconsistência moral exige que o pecador seja punido, ou um substituto inocente e
adequado tome o lugar do pecador (expiação vicária ou substitutiva). O propósito
eterno e redentor de Deus é redimir um povo da aliança, torná-los conformáveis à sua
auto-consistência moral e conformá-los à imagem de seu Filho (Romanos 8:29; 2
Coríntios 3:17-18; Efésios 1:3-7; 1 Pedro 1:15-16; 2:9). Este propósito redentor
62
necessariamente liberta da culpa, da pena (justificação), da poluição, do poder
(santificação) e da presença (glorificação) do pecado (Romanos 8:29-30). Você já foi
reconciliado com este Deus através do Senhor Jesus Cristo?
29ª Pergunta - O que as Escrituras ensinam sobre a bondade amorosa de Deus?
Resposta - As Escrituras ensinam que Deus é consistente em seu amor, graça e
misericórdia.
João 3:16. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna”.
1João 4:8,16. 8”Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor...
16
E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor, e quem
está em amor está em Deus, e Deus nele”.
Veja também: Êxodo 34:6-7; Salmos 23:6; 103:8-14; 136:1-26; Romanos
8:35,38-39; Gálatas 2:20; Efésios 1:6; 2:4-5.
COMENTÁRIO
Deus tem uma benevolência geral para com toda a sua criação. Isto faz com que Ele se
importe providencialmente com Sua criação, incluindo a terra (Levítico 26:34-35; 2
Crônicas 36:21), as plantas (Mateus 6:28-30), os animais (Deuteronômio 25:4; Salmos
147:9; Mateus 10:29; 12:11-12) e a humanidade (Mateus 10:28-31; Romanos 8:28-39).
Esta benevolência geral, no entanto, não deve ser confundida com o Seu amor redentor.
Este amor deve possuir um caráter ou qualidade moral definitiva. O amor redentor está
em perfeita harmonia com os outros atributos de Deus. É um amor santo, justo,
infinito, inteligente, gracioso e perfeito. Tal amor deve ter objetos definidos; por
necessidade tal amor não poderia ser por tempo indeterminado ou de natureza
nebulosa. Os objetos deste Divino e redentor amor são os eleitos de Deus dentre os
judeus e os gentios (João 3:16; Efésios 1:3-7). Os cristãos devem refletir este amor em
suas próprias vidas e relacionamentos (Mateus 22:36-40; João 13:34-35; Romanos
13:8-10; 1 João 3:10-18).
A graça é um favor imerecido na posição ou lugar da ira merecida. A graça Divina vê
os pecadores inteira ou totalmente como indignos de amor e bondade. Contudo, movese em direção a eles para abençoar ao contrário da ira e do julgamento que eles tão
justamente merecem. Existem dois aspectos da graça Divina para com os homens
pecadores: a graça comum ou a bondade de Deus para com os homens em geral, e
graça salvífica, ou o propósito redentor de Deus exercido pessoal e efetivamente em
direção aos objetos da salvação tanto na eternidade quanto no tempo. Veja a Pergunta
78.
Como a graça vê indignos os pecadores, a misericórdia os vê sofrendo sob as
devastações e limitações do pecado, e tem piedade deles (Salmos 103:13-17). As
Escrituras enfatizam que a "misericórdia de Deus dura para sempre" (Salmos 136), ou
63
seja, que Ele é longânime e mostra a Sua amorosa bondade e compaixão para com
aqueles que não merecem. Você já encontrou esta graça e misericórdia?
PARTE IV
AS OBRAS DA CRIAÇÃO E DA PROVIDÊNCIA DE DEUS
As obras de Deus são tradicionalmente consideradas de uma forma tripla: criação,
providência e redenção. Esta seção considera as duas primeiras obras. Como os portadores
da imagem de Deus, nós temos que encontrar sentido e significado apenas no contexto de
Deus e Seu propósito criador e redentor, isto é, devemos conhecer a Deus como Ele se
revelou a nós antes que pudéssemos conhecer-nos a nós mesmos.
O propósito de Deus é progressivamente revelado pela Providência Divina, esse
processo através do qual Ele faz acontecer o Seu decreto eterno no tempo e na história.
Nós deveríamos estar admirados com o poder e o propósito de Deus revelado através de
sua criação e da providência!
30ª Pergunta - Qual é a obra da criação?
Resposta - A obra da criação é Deus fazendo todas as coisas do nada, pela palavra do Seu
poder, por si mesmo, no espaço de seis dias, e tudo muito bom.
Gênesis 1:1. “No princípio criou Deus o céu e a terra”.
Hebreus 11:3. “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram
criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.”
Isaías 45:18. “Porque assim diz o SENHOR que tem criado os céus, o Deus que
formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que
fosse habitada: ‘Eu sou o SENHOR e não há outro.’
Veja também: Gênesis 1:1-31; Salmos 148:1-5; Provérbios 16:4; Isaías 40:26; 42:5;
45:12; 65:17; Atos 17:24-25; Romanos 11:33-36; Efésios 3:9; Colossenses 1:15-17;
2 Pedro 3:4-13; Apocalipse 4:11.
COMENTÁRIO
O Deus triuno criou o universo ex nihilo (do nada) (Gênesis 1:1-3; João 1:1-3;
Colossenses 1:15-17). A trindade da Divindade é ontológica, ou seja, Deus é
essencialmente uma triunidade em si mesmo, fora da criação. Veja a Pergunta 23.
(Pressupõe-se que neste nada ou vazio, Ele criou este universo). Também deve ser
evidente que se Deus criou todas as coisas, então cada fato é criado e a criação foi um ato
definitivo. Assim, cada fato deve ser interpretado ou entendido no contexto de Deus e seu
significado pretendido e significância. Isto tem grandes implicações doutrinárias,
científicas e morais.
64
As palavras de abertura da Escritura, Gênesis 1:1, são mais profundas e colocam
em ordem o restante da revelação Divina. Esta declaração de abertura é mais do que uma
declaração histórica sobre a origem do universo ou de um texto-prova contra a evolução. É
uma declaração determinante para tudo o que se segue nas Escrituras. A Bíblia é
inspirada? É infalível? Ela é inerrante? È coerente? Se assim for, então, como a própria
Palavra de Deus é necessária e completamente a autoridade final, auto-consistente e nãocontraditória. Veja a Parte II. O que encontramos no discurso de abertura deve provar
consistente até a própria conclusão das Escrituras - de Gênesis a Apocalipse.
Primeiro, existe um princípio pressuposicional. As Escrituras começam com uma
postura pressuposicional. A Bíblia nunca busca "provar" a existência de Deus; isto é
pressuposto desde o próprio início. Este princípio é fundamental. O homem foi criado à
imagem de Deus como uma criatura de fé, com a fonte da verdade e do conhecimento fora
de si mesmo, e, portanto foi criado como um pressuposicionalista. Ele foi colocado em um
mundo já criado e definido por Deus, ele foi, em outras palavras, criado para "pensar os
pensamentos de Deus depois os dele," isto é, para dar o mesmo significado a tudo o que
Deus tinha lhe dado. Fazer o contrário seria pecado. Este princípio pressuposicional é
absolutamente determinante para a humanidade. As nossas pressuposições, tomadas em
conjunto formando a nossa visão de mundo e vida, determinam necessariamente nossos
pensamentos, motivos, palavras e ações. Ver as Perguntas 120-123. De fato, todos os fatos
são interpretados por nossas pressuposições. Isto é absolutamente inevitável. Em última
análise, portanto, todas as coisas derivam de um princípio de fé – sistema de crença de
alguém - se alguém é crente ou incrédulo. Veja as Perguntas 31, 120 e 136;
Segundo, a Bíblia necessariamente começa com uma afirmação declarativa ou
reveladora sobre o poder e a obra de Deus. Este princípio também caracteriza as Escrituras
de maneira completa. O homem por natureza começa com as suas necessidades; Deus
começa com uma declaração em sua autorrevelação, seja criativa ou redentora (por
exemplo: Gênesis 1:1-3; 17:1; 28:10-17; 35:11; Êxodo 3:1-6,19-20; 5:2; 6:1; 20:1-2; Atos
7:2; 9:3-6; 22:14; Romanos 9:17). A criação em si é parte desta revelação Divina. Ela
reflete o seu poder e Divindade, e existe para revelar sua glória. Esta revelação natural é
tão difundida que faz o homem indesculpável com o seu testemunho (Romanos 1:18-20;
Salmos 19:1-3; Apocalipse 4:11);
Terceiro, nós encontramos a autoexistência e natureza infinitas de Deus, ou Sua
absoluta independência da Sua criação. Dizer "... Deus criou..." é sustentar que Ele não é
parte da Sua criação. Ele está acima e além dela, antecedente a ela, separado dela; e assim
não depende de forma alguma dela. O homem não pode acrescentar coisa alguma a Deus,
nem pode tirar nada Dele, exceto em sua própria imaginação depravada – a qual não tem
qualquer efeito sobre a realidade objetiva de qualquer natureza (Romanos 1:18-32 ). Este
princípio separa a verdadeira da falsa religião;
Quarto: somos confrontados com a soberania absoluta de Deus sobre a Sua criação.
Veja a Pergunta 22. Isto, as Escrituras consistentemente mantêm. Deus é infinito,
onipotente, imanente e transcendente. O homem é finito e cercado com as limitações de
criatura. O homem nunca, jamais deve difamar Deus nem um jota, atribuir-lhe atributos
finitos ou limitações humanas, ou difamar sua glória. Suas perfeições são necessariamente
65
imutáveis. Qualquer limitação ou inconsistência percebida na natureza divina é apenas
subjetiva e irracional, e deriva de um princípio inato de incredulidade e hostilidade
pecaminoso.
Quinto, nós devemos marcar que cada fato é um fato criado. Isto necessariamente significa
que não há fatos "brutos", ou seja, não interpretadas ou fatos "neutros" no universo porque
cada fato é criado, todo o terreno, literal e figurativamente, pertence a Deus. Assim, não
existem fatos "neutros" aos quais os incrédulos ou a ciência secular possam recorrer. Não
existe um "terreno neutro," no qual o crente e o não crente possam se encontrar para uma
troca significativa. Existe um terreno comum ou um ponto de contato, mas este está no
contexto do homem, sendo o portador da imagem de Deus, tendo a lei de Deus
indelevelmente inscrita em seu coração, e existindo no contexto dos fatos criados que ele
inconscientemente pressupõe (Gênesis 1:26; Romanos 2:14-15; 1:18-20). Esta verdade é
determinante para a adoração, para a pregação do Evangelho, para a defesa da fé, para a
vida cristã, para a ciência e para a filosofia cristã da educação. Deve ser lembrado que
todos os fatos são necessariamente interpretados pelas pressuposições de alguém. Veja a
Pergunta 136.
Finalmente, nós temos uma revelação da distinção e relacionamento Criadorcriatura. Deus é o Criador, o homem é a Sua criatura. O homem não está no processo de se
tornar Deus, e não deve humanizar Deus, o Todo-poderoso. Da declaração de abertura até
a de encerramento, a Bíblia mantém esta distinção Criador-criatura. O homem é agora, e
para sempre será, totalmente dependente de Deus para a sua própria existência e tudo o que
pertence a ela. Não há, nem pode haver nunca, qualquer autonomia humana real - qualquer
independência real ou percebida de Deus - nem no tempo, nem na história, nem em um
estado de pecado, nem em um estado de graça, nem na terra, nem no céu e muito menos no
inferno.
São fundamentais para toda adoração, apologética e para todos os aspectos da vida
cristã, estas realidades reveladas Como cristãos, nós somos sempre desafiados no ponto de
nossa fé, e nossa fé é sempre desafiada em seu ponto de contato com a Palavra de Deus.
Esta era a verdade de Adão e Eva (Gênesis 3:1-12). Eles foram tentados no ponto que a fé
deles foi fundamentada na Palavra de Deus. Cada desafio ou ataque e toda tentação vem
aos crentes neste mesmo ponto crucial como o foi com nossos primeiros pais - e pela
mesma razão - separar-nos da Palavra de Deus e seduzir-nos a agir de forma autônoma.
Nossa fé, se ela for bíblica, não é irracional; é necessariamente inteligente e
consistente, como é dada por Deus e distinta da mera confiança humana (Atos 18:27;
Efésios 2:8-10). Esta fé engendrada por Deus nos capacita primariamente a acreditar que a
Bíblia é a própria Palavra de Deus escrita. Todo o resto flui a partir desta realidade vital - a
pressuposição básica e essencial - nossa crença na criação, em oposição à evolução, nossa
compreensão e resposta ao Evangelho, nossa compreensão da doutrina bíblica, nosso
crescimento na graça e maturidade espiritual, e nosso serviço para o Senhor Jesus Cristo.
Esta é a conexão vital entre as Escrituras e a fé. Veja a Pergunta 9. A Bíblia é o
fundamento da nossa "epistemologia com revelações," nossa única regra de fé e prática - e,
qualquer que seja o desafio ou ataque, este é o terreno que deve ser sustentado a todo
custo. Veja a Pergunta 13. Amar reverentemente seu Autor, estudá-la minuciosamente,
viver com humildade em obediência a seus mandamentos e manter sua autoridade absoluta
66
e veracidade diante de um mundo descrente, é o chamado primário e tarefa de todo cristão.
É neste contexto abrangente das Escrituras que nós devemos considerar a criação Divina
do universo, do mundo e do homem.
A ideia de evolução não é nem benigna ou neutra, nem ainda meramente
acadêmica. Na ciência secular moderna e no moderno sistema de educação secular estatal,
a necessidade de evolução é a questão predominante na filosofia do ateísmo. A crença na
evolução capacita os homens a excluir completamente Deus do mundo deles (um
"universo fechado," sem lugar para o sobrenatural). Ela alegadamente responde à questão
dos assuntos finais (metafísica) origens, moralidade e significado. O homem é deixado
como o seu próprio "deus," autônomo, e assim determinando por si mesmo o que é certo
ou errado (Gênesis 3:1-7; Romanos 1:18-32; Efésios 4:17-19).
Se a evolução fosse verdade, seria necessariamente verdadeira apenas em
princípios ateístas. Não haveria nenhuma base consistente para o reino espiritual, para a
moralidade, para a ética, para a ordem social, ou esperança para o futuro. Toda a existência
seria finalmente sem sentido. Qualquer tentativa de lidar de maneira consistente com estas
realidades necessárias seria completamente arbitrária e baseada na tentativa relativa de um
consenso humano. O Darwinismo Social (os princípios da evolução aplicados à sociedade)
têm trazido apenas materialismo, relativismo, doença, morte, destruição, socialismo e
totalitarismo forçado. Não é sem razão que as filosofias modernas tendem a ser
materialistas, relativistas, pluralistas, existencialistas e niilistas1. Veja a Pergunta 120.
A crença na criação ou na evolução é uma questão de fé - fé em Deus e na sua
Palavra infalível ou fé na percepção humana caída dos pressupostos “fatos” "brutos" ou
neutros (Hebreus 11:6). Cada fato é interpretado pela pressuposição de alguém. Assim,
nenhuma quantidade de evidência pode ser de forma completa convincente. Uma
abordagem científica verdadeiramente consistente com a ideia da evolução falha quando
alinhada com o método moderno, científico (empírico ou baseado na experiência). É,
essencialmente, uma suposição baseada na fé. A crença na criação Divina repousa em uma
fé inteligente dada por Deus na Sua Palavra inspirada e infalível .
O Deus triuno criou o universo e este mundo para si mesmo como o palco no qual
ele iria demonstrar a glória múltipla de seus atributos para e através da criação (Salmos
19:1-3; Romanos 11:33-36; Apocalipse 4:11). Aprouve a Deus levar seis dias literais para
o processo criativo. A ideia de idades geológicas na referência a "tarde e manhã" é
intrusiva e ilógica no contexto do registro bíblico (Gênesis 1:5,8,13,19,23,31). Tudo na
criação original era "muito bom," e isto inclui o homem primordial, Adão. Os defeitos,
sofrimentos e horrores observados no mundo atual são o resultado do pecado do homem
(Gênesis 3:1-19 ; Romanos 5:12; 8:19-23). O propósito redentor inclui necessariamente a
restauração completa do universo ao seu estado primitivo e sem pecado (Isaías 65:17;
66:22; 2 Pedro 3:7-13; Apocalipse 21:1).
1
Niilismo: Atitude de negação dos valores intelectuais e comuns a um grupo social; niilista; os adeptos
desta atitude
67
Uma visão cristã da criação é aquela inclusivamente escriturística, abrangendo
questões como a teologia, a criação ou o Mandamento Cultural (este mandamento para se
multiplicar, encher e dominar a terra foi dado ao homem na criação, Gênesis 1:26-28 , mas
era para ser cumprido no contexto de uma determinada cultura, portanto, podia ser
denominado o Mandamento Cultural, a ciência natural, a redenção, uma ética de trabalho,
meio ambiente e a escatologia. Nós devemos "pensar os pensamentos de Deus”, segui-lo
em todas as áreas e aspectos da criação. Devemos?
31ª Pergunta - Como Deus criou o homem?
Resposta - Deus criou o homem macho e fêmea, segundo sua própria imagem, em
conhecimento, justiça e santidade, com domínio sobre as criaturas.
Gênesis 1:26. E disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o
gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.”
Gênesis 2:7. “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em
suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”.
Gênesis 5:1-2. 1”Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o
homem, à semelhança de Deus o fez. 2Homem e mulher os criou; e os abençoou e
chamou o seu nome Adão, no dia em que foram criados”.
Veja também: Gênesis 1:1,26-28; 2:18-25; 3:19; Salmos 8:6-8; Eclesiastes 7:29;
12:7; Atos 17:23-29; Romanos 2:14-15; 5:12; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10;
Tiago 3:8-9.
COMENTÁRIO
As Escrituras declaram que Deus criou o universo e tudo o que nele há, inclusive o
homem (Gênesis 1:1; Atos 17:24; Romanos 1:19-20). As Escrituras são muito cuidadosas
em manter esta relação Criador-criatura e distinção ao longo de Gênesis até Apocalipse.
Veja a Pergunta 30.
A criação Divina foi um ato definitivo, isto é, Deus não criou todas as coisas a
partir do nada [ex nihilo] apenas. Ele definiu todas as coisas nesta criação - deu-lhe o seu
significado. Cada fato no universo é, portanto, um fato criado com o seu próprio sentido e
significado distinto dado por Deus. Não existem fatos arbitrários ou "brutos", que existem
ou têm significado à parte de Deus. Para uma pessoa verdadeiramente conhecer a Deus, a
realidade e a verdade, ela deve dar o mesmo significado a todas as coisas que Deus deu a
elas. Ela deve "pensar os pensamentos de Deus , segui-lo " - interpretar tudo nos termos da
Lei-Palavra de Deus. Isto tem sido chamado de "epistemologia com revelações," ou seja,
sustentando a revelação Divina, a Escritura, como a nossa fonte de verdade e
conhecimento. (Epistemologia, do Gr. epistamai é a ciência do conhecimento e das
reivindicações da verdade). porque a fonte da verdade e do conhecimento era e é externa
ao homem, ele é necessariamente uma criatura de fé. Ele é também um
pressuposicionalista por necessidade, ou seja, como o portador da imagem de Deus o
68
homem natural e axiomaticamente interpreta todos os fatos por suas pressuposições ou
suposições (axiomas, primeiros princípios). Veja a Pergunta 30.
O homem foi criado à imagem de Deus. Assim, a imagem de Deus é a definição
essencial e primária do homem. Esta imagem de Deus é ontológica, ou seja, ela expressa a
essência do ser humano. É pelo fato de ser portador da imagem de Deus que o homem é
um ser racional, moralmente responsável , um autodeterminado. Quando o homem pecou e
caiu, a imagem de Deus não foi destruída; ele não se tornou um animal. A imagem de
Deus foi distorcida, mas não apagada. Sua natureza intelectual, espiritual e moral,
devastada na queda, é restaurada em princípio na regeneração (João 3:3; Efésios 4:22-24;
Colossenses 3:9-10). Ver as Perguntas 83, 94 e 95. O próprio fato de que o homem é agora
um pecador,e precisa de redenção, é um testemunho à retenção da imagem de Deus
(Gênesis 9:6; Atos 17:28-29; Tiago 3:9). Além disso, porque a redenção se estende apenas
para o homem, e não às bestas brutas nem aos anjos caídos, é evidente que Deus foca o
propósito redentor de redimir sua imagem no homem através de Jesus Cristo (Romanos
8:29; 2 Coríntios 3:17-18; 1 Jo 3:1-3).
Porque o homem é portador da imagem de Deus, Deus incutiu nele os princípios da
lei, a moralidade, a lógica, a matemática e a capacidade de expressão ou de comunicação
tanto nos planos vertical (Divino-humano) e horizontal (humanos – humano). Os tais são
necessários para o homem como um ser racional no universo ordenado de Deus e também
para o cumprimento do Mandamento Cultural (Gênesis 1:26-28).
Deus criou o ser humano como homem e mulher. Assim, o indivíduo, seja homem
ou mulher, é incompleto em si mesmo. A sociedade se torna fragmentada quando o seu
elemento básico, o indivíduo, é contrário ao matrimônio e à família. O casamento é o
estado natural e normal para a humanidade. Casamento e família são necessidades para o
cumprimento do mandamento cultural. É primariamente no contexto da família que a
verdade de Deus deve ser tanto mantida quanto promulgada para as gerações futuras. Veja
a Pergunta 52.
O homem não pode ser considerado como o portador da imagem Divina à parte de
seu chamado para se multiplicar e dominar a terra - o Mandamento Cultural (Gênesis 1:2628; Salmo 8). A responsabilidade espiritual, uma visão bíblica de mundo e de vida, uma
ética de trabalho piedosa, e a instituição ordenada por Deus do casamento e da família, de
forma necessária, caracterizam o homem verdadeiramente piedoso.
Porque o homem foi criado e continua a ser em essência o portador da imagem de
Deus, a atitude do crente para com os outros deve ser aquela de compreensão e compaixão,
vendo suas quedas, seres humanos, companheiros pecaminosos como objetos de
evangelismo. Nós já chegamos a um acordo com o nosso ser criado à imagem de Deus e
suas implicações?
32ª Pergunta - De acordo com as Escrituras, por que Deus criou o homem?
Resposta - Deus criou o homem porque Ele quis fazê-lo, para sua própria satisfação, para
glorificar a si mesmo e dominar a terra em obediência ao seu mandamento.
69
1 Coríntios 10:31. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer
coisa, fazei tudo para glória de Deus”.
Apocalipse 4:11. “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu
criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”.
Romanos 11:33-36. 33”Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da
ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus
caminhos! 34Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu
conselheiro? 35Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?
36
Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente.
Amém”.
Veja também: Gênesis 1:26-28; 2:15-24; Salmos 8:1,3-9; Eclesiastes 7:29; Efésios
1:3-11.
COMENTÁRIO
Deus criou o universo e todas as coisas Nele para Sua própria satisfação de acordo
com a Sua vontade soberana (Apocalipse 4:11). Ele foi motivado exclusiva e integralmente
a partir do Seu próprio interior e de sua própria auto-consistência. Ele positivamente
ordenou tudo o que acontece a partir de si mesmo e não meramente previu pessoas e
eventos em uma moda fatalista (relativista). Por que ele ordenou que o mal deveria entrar
neste universo e que o homem deveria cair? Por que ele propôs, mesmo antes da criação
deste universo, salvar um número de seres humanos e resgatá-los para si mesmo (Efésios
1:3-5)? A partir da revelação divina, pode-se afirmar que Deus criou o universo e tudo que
nele há, ordenou a existência do mal e a subsequente queda e redenção do homem para
manifestar a esta criação a plenitude de seus atributos ou perfeições Divinas para o louvor
de sua própria glória. Isto será feito em glória consumada ou julgamento. Veja a Pergunta
27 e "O Problema do Mal."
Deus criou o homem para a sua própria glória. Tudo o que diz respeito à criação e à
subsequente redenção, da eleição para a glorificação, encontrará a sua realização e
cumprimento final na glória de Deus (Romanos 8.28-39; 11:33-36; Efésios 1:3-14). Os
Cristãos, entendendo isto das Escrituras, devem procurar viver para Deus e fazer tudo para
a Sua glória agora (1 Coríntios 10:31). "[...] Não sois de vós mesmos[...] Porque fostes
comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os
quais pertencem a Deus” (1 Coríntios 6:19-20).
33ª Pergunta - As Escrituras ensinam que Deus criou o homem em um estado de
inocência ou de justiça original?
Resposta - Deus criou o homem em um estado de justiça original.
Eclesiastes 7:29. “Eis aqui, o que tão somente achei: que Deus fez ao homem reto,
porém eles buscaram muitas astúcias”.
Veja também: Gênesis 1:31; Efésios 4:24.
70
COMENTÁRIO
Como portador da imagem de Deus, o homem foi criado num estado de justiça
original., refletindo o caráter moral Divino, e portanto, sendo inevitavelmente moral a si
mesmo, o homem não poderia ter sido criado apenas inocente, isto é, moralmente neutro.
Nenhuma neutralidade moral humana verdadeira poderia ou pode existir em um universo
criado e governado por um Deus moralmente auto-consistente (absolutamente justo). Os
Romanistas, Pelagiados e Arminianos sustentam que Adão foi criado em um estado de
inocência original, porque eles mantêm a ideia de "livre arbítrio" (o poder de escolha
contrária – que o homem pode consistentemente escolher o contrário à sua natureza) tanto
para a humanidade não caída quanto caída, Adão era "inocente" apenas em que, antes de
sua queda, ainda não tinha experimentado pessoalmente o pecado. Esta justiça original não
era a perfeição moral, e era evidentemente frágil. Na tentação, o diabo só tinha como tentar
Adão e Eva de acordo com suas tendências naturais (e ainda como não caídos) (Gênesis
3:1-14).
34ª Pergunta - O que as Escrituras ensinam sobre a relação de Adão para com o resto da
raça humana?
Resposta - Adão era o cabeça da aliança ou representante de toda a raça humana.
Romanos 5:12. “Portanto, como por um homem [Adão] entrou o pecado no mundo,
e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens [a raça
humana] por isso que todos pecaram”.
Veja também: Gênesis 3:1-7; 5:3; Romanos 5:12-21; 1 Coríntios 15:45-47.
COMENTÁRIO
Adão não foi criado apenas como um ser humano individual, ele foi criado como
um Homem Representativo, ou seja, a raça humana estava em Adão como seu cabeça
federal [Latim, foedus, uma liga ou compacto] ou cabeça de aliança. Quando Adão agiu,
ele não só agiu com referência a si mesmo, mas para todos aqueles que ele representava.
Quando Adão pecou e apostatou de Deus, toda a raça humana caiu com ele. Como o
cabeça da aliança da raça humana nesta ação representativa, Adão era um tipo [figura] de
Cristo (Romanos 5:12-14,17-18).
Em virtude da liderança de Adão e de seu caráter representativo, a queda deixou a
humanidade posterior com a imputação do pecado de Adão (pecado original ou imputação
imediata), a herança de sua natureza pecaminosa (imputação indireta), e as próprias
transgressões pessoais dele. Mesmo que a humanidade pudesse perfeitamente guardar os
mandamentos de Deus (o que é impossível devido às naturezas pecaminosas dela), ela
nunca poderia reparar ou expiar a imputação do pecado original. Tanto o perfeccionismo
em todas as suas formas quanto uma obra de retidão (legalismo) são absolutamente
condenados.
71
Como Adão era o cabeça da raça humana em sua queda e apostasia, assim o
Senhor Jesus Cristo é a aliança ou o Cabeça federal da raça redimida em sua obra de
salvação (obediência ativa e passiva) o protótipo, isto é, o primeiro exemplo da
humanidade redimida. O Senhor Jesus Cristo é o "Segundo [representante] Homem," o
"Último Adão," em contraste com o primeiro homem, Adão (Romanos 5:11-18; 1
Coríntios 15:21-22,45-47). Assim, o Senhor Jesus não se tornou encarnado, viveu, morreu
e ressurgiu dos mortos simplesmente como uma pessoa individual, mas como um Homem
Representativo. Aqueles identificados com ele redentoramente (estão em união com
Cristo) participam de Sua perfeita justiça. Veja a Pergunta 77. Você ainda está em união
com Adão decaído, ou pela graça está em união com Jesus Cristo?
35ª Pergunta - Quais são as obras da providência de Deus?
Resposta - As obras da providência de Deus são sua santíssima e poderosa sabedoria para
preservar e governar todas as suas criaturas e todas as ações delas.
Salmos 145:17. Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas as
suas obras.
Neemias 9:6. “Só tu és SENHOR; tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu
exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há, e tu os
guardas com vida a todos; e o exército dos céus te adora.”
Atos 4:27-28. 27”Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu
ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os
povos de Israel; 28Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham
anteriormente determinado que se havia de fazer.”
Veja também: Gênesis 9:21-22; Êxodo 34:24; Deuteronômio 29:5; 45:5-8; Juízes
9:23; 2Samuel 17:14; 24:1; 1Reis 12:15; 1Crônicas 21:1; Jó 1:6-22; 2:1-10; Salmos.
103:1-6; 104:24; Jonas 1:4,15,17; 2:10; 4:6-7; Mateus 10:29-31; Atos 2:23; 14:1517; 17:23-28; Romanos 11:33-36; Efésios 1:11.
COMENTÁRIO
A providência Divina é aquele processo no tempo, na história e na experiência no
qual Deus executa o seu decreto eterno (Isaías 14:24-27; 46:9-11; Romanos 8:28-31;
Efésios 1:3-11).
O tempo está contido dentro de Deus. Biblicamente, o tempo passa do futuro para o
presente e do presente para o passado. Isto por si só é fiel à predestinação Divina, e forma a
base para todas as profecias e cada promessa Divina. É desta perspectiva que nós devemos
considerar a vontade de Deus e sua infalibilidade.
O reino eterno governa o reino temporal; o mundo espiritual governa o mundo
físico. Deus não criou apenas o mundo, ele também o preserva e governa nos mínimos
detalhes e leva-o à sua consumação Divinamente predeterminada. Não há lugar para o
acaso, o destino ou a sorte na ordem criada. As leis da natureza são as leis de Deus, e a
72
palavra de seu poder rege soberanamente nos reinos espirituais, físicos, morais e sociais.
Não há força alguma, poder ou princípio que existam ou funcionem sem a sua permissão
ou à parte de seu propósito. Para os crentes, este é um propósito gracioso e amoroso no
contexto de Romanos 8:28-39.
A evolução, como a ideia predominante do ateísmo, nega a concepção e o
propósito na ordem criada, postulando a oportunidade universal e aleatoriedade. O deísmo
nega o atual governo de Deus sobre o Seu universo. O panteísmo nega que Deus está
separado de Sua criação e é assim soberano sobre ela. O panteísmo vê Deus expandindo
com o seu universo. O politeísmo nega a existência de uma Deidade toda poderosa e
absolutamente soberana. Todos negam um propósito abrangente ou inclusivo e uma ordem
Divinamente determinada constante. Em contraste, a Escritura declara que o Senhor Jesus
Cristo, o Filho eterno de Deus, sustenta todas as coisas pelo seu fiat decreto [Latim: "Façase "], e na esfera de sua prerrogativa , o universo adere (Mateus 28:18; Hebreus 1:1-3;
Colossenses 1:13-17).
Mesmo os atos pecaminosos dos homens sendo ordenados e rejeitados por Deus
(Salmo 76:10; Atos 2:23; 4:27-28), a fé verdadeira não questiona Deus ou Seus negócios,
pois conhecer a Deus por meio das Escrituras significa necessariamente que nós
conhecemos sua natureza e caráter, e, por isso, não devemos duvidar que tudo está de
acordo com a sua vontade e operará para a sua glória e nosso bem mais elevado - mesmo
que não O compreendemos de todo (Romanos 8:28; 9:19-21). Que o triuno, o
autodescoberto Deus das Escrituras é absolutamente soberano, mesmo sobre os atos
perversos e pecaminosos da humanidade caída, é um grande mistério que pode testar a fé
mesmo do maior dos crentes. A incredulidade, dúvida e medo de tudo surgem da
enfermidade da carne, do nosso conhecimento limitado ou total ignorância do propósito
geral de Deus e seu fim e da nossa própria inerente falta de fé (Deuteronômio 29:29;
Romanos 8:28). Veja a Pergunta 27 e "O Problema do Mal." Nós confiamos em Deus por
Ele ser Quem é, mesmo que não entendamos o que Ele faz? Se apenas confiarmos Nele
pelo que Ele faz, ou pelo que percebemos, então vamos duvidar Dele por quem Ele é!
PARTE V
O PECADO E A LEI
A doutrina do pecado é denominada "Hamartiologia," do Gr. hamartia, o termo Grego
geral para "pecado." O estudo doutrinário da Lei de Deus é denominado "Deontologia," de
dei e deontos, o termo Grego para "dever" ou " necessário," referindo-se à obrigação que o
homem tem para com a justiça absoluta da lei moral de Deus. O pecado deve ser definido
pela lei. Aparte da Lei de Deus, o pecado torna-se relativo e a doutrina da salvação pode
ser correspondentemente alterada. O legalismo, justiça própria, antinomianismo, isto é, a
oposição entre o princípio da lei e o da fé, perfeccionismo, a negação da depravação
humana inata e o alegado poder de escolha contrária (capacidade humana, livre arbítrio)
73
todos derivam de uma falta de influência adequada do padrão divino da lei moral e uma
consciência de seu poder de convencimento.
36º Pergunta - De acordo com as Escrituras, o que é pecado?
Resposta - O pecado é qualquer transgressão ou falta de conformidade com a lei moral de
Deus em disposição, em pensamento, ato ou estado de ser.
1 João 3:4. “Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; porque o
pecado é iniquidade.”
Veja também: Gênesis 39:9; Êxodo 20:1-17; Levítico 4:13; 1 Reis 15:30; Salmos
19:7-14; 39:1; 51:4; 109:7; Provérbios 14:9; 21:4; Isaías 53:10-12; Romanos 3:1920,23; 6:1-14,17-18,23; 7:7-9; 1 Coríntios 6:18; 2 Coríntios 5:21; Efésios 4:26;
Tiago 1:15; 2:9; 1João 1:8-10; 2:1; 3:3-10.
COMENTÁRIO
O pecado não se originou com a queda (apostasia) do homem. O pecado se originou dentro
do mundo espírito ou do angelical. Lúcifer (Satanás, o diabo) apostatou de Deus por
orgulho e vontade própria, e levou consigo uma série de seres angelicais (Isaías 14:12-15;
Lucas 10:18). Ele estava na forma da serpente que tentou Adão e Eva e através desta
provocou a queda e apostasia da humanidade (Gênesis 3:1-19).
A entrada do pecado na raça humana veio através da desobediência voluntária de Adão ao
mandamento explícito de Deus (Gênesis 2:16-17; 3:1-7; Romanos 5:12). A raça humana
apostatou de Deus em Adão como sua cabeça federal ou representante (a imputação da
transgressão de Adão ou pecado original). Toda a humanidade caída ficou, assim, sob o
poder reinante do pecado (Romanos 6:1-23) e sob a sentença de morte (Romanos 5:12).
O pecado é uma violação ou qualquer coisa contrária à lei moral de Deus. A lei moral é a
expressão eterna da auto-consistência moral de Deus, a transcrição de seu justo caráter.
Como este universo criado no contexto do caráter moral de Deus, tudo o que é em violação
ou contrário a isto é pecado. O pecado assim pressupõe Deus em sua absoluta perfeição
moral. O epítome, ou seja, o resumo da lei moral de Deus em sua forma positiva está
contido em Deuteronômio 6:4-5 e sua versão do Novo Testamento, em Mateus 22:36-40.
O epítome desta lei, em sua forma amplamente negativa, é encontrada nos Dez
Mandamentos (Êxodo 20:1-17). O pecado pode existir como uma imputação, uma
concepção, uma inclinação, uma disposição, um pensamento, um ato ou um estado do ser.
Como o pecado pressupõe Deus e sua auto-consistência moral, então todo e qualquer
pecado é contra Deus (Salmos 51:4): O pecado é rebelião contra a lei de Deus (1João
3:4); é um desafio à autoridade de Deus; é a recusa obstinada de submeter-se à Sua
vontade revelada (Gênesis 3:9-13; 4:3-14; Romanos 9:14-21); é uma ignorância
deliberada da imanência de Deus (Jeremias 23:23-24); é um desafio à vontade revelada
de Deus (Mateus 6:10); é uma negação da justiça de Deus que considera levemente o
precioso sangue de Cristo, que nos redimiu, e despreza os sofrimentos infinitos de nosso
amoroso Salvador (Hebreus 10:26-31; 1 Pedro 18-20); é uma recusa da justiça de Deus
(Romanos 3:21-26; Tito 3:5); é um abuso da bondade de Deus (Romanos 2:4). O pecado
74
é um repúdio da graça de Deus (Efésios 2:5, 8-10); é uma rejeição da misericórdia de
Deus (Salmos 103:8-18; Salmos 136; Efésios 2:4); é uma traição do amor de Deus (João
3:16; Tiago 4:4; 1 Pedro 1:18-20; 1João 4:9-10); é presunção sobre a providência de
Deus (Salmos 19:13); é uma difamação da santidade de Deus (Levítico 10:1-3;
Romanos 6:15-22; 1 Pedro 1:15-16 ); é um poluente da pureza moral de Deus (Êxodo
20:14; Habacuque 1:13; Hebreus 7:25; 1João 2:1); é um desprezo da sabedoria de Deus
(Romanos 11:33-36); é engano e hipocrisia diante de Deus (Gênesis 4:5-10; Atos 5:3-4;
Romanos 6:16-18); é uma perversão da ordem de Deus quanto ao tempo (Êxodo 20:811; 2 Coríntios 6:2; Efésios 5:14-15); é um desrespeito à autoridade ordenada por
Deus (Êxodo 20:12; Efésios 6:1-4); é uma presunção sobre a justiça e o caráter de Deus
(Salmos 19:13; Romanos 6:1-6; Efésios 5:3-4; Apocalipse 20:11-15); é um insulto à
inteligência de Deus (Hebreus 12:3-15); é uma provocação da ira de Deus (Hebreus
10:31; 12:3-15).
O Pecado possui cinco realidades: culpa, pena, poluição, poder e presença. A doutrina
bíblica da salvação lida com cada aspecto: a justificação trata da culpa e da pena do
pecado, a santificação da poluição e poder do pecado, e glorificação da própria presença do
pecado. Qualquer doutrina da salvação que não corrigir completamente estas realidades
não é bíblica.
O pecado não é natural para a ordem das coisas, ele é antinatural. É uma intrusão em um
universo de outro modo criado e estabelecido por Deus para ser "muito bom" (Gênesis
1:31). O pecado fraturou o universo e permeou o mundo. Ele trouxe desunião e
desarmonia espiritual, religiosa, mental, moral, ética, social e física. Em um mundo
amaldiçoado pelo pecado nada é como deveria ser. Em um mundo afetado tão
grandemente pelo pecado, é normal que as coisas deem errado e, às vezes que tudo dê
errado.
A consequência final do pecado é a morte - morte espiritual, física e eterna (ou seja, a
separação eterna de Deus sob julgamento). Veja a Pergunta 165. Quando Adão pecou por
sua desobediência e apostasia de Deus, ele morreu espiritualmente - a imagem de Deus
dentro dele foi desfigurada. Ele mais tarde morreu fisicamente. Veja a Pergunta 167.
Haverá uma ressurreição para o julgamento de todos os que fisicamente morrem apartados
da fé salvadora em Jesus Cristo, ou seja, os que estão espiritualmente "mortos"). Este
julgamento será eterno. Veja a Pergunta 171.
A salvação é do pecado, não só do juízo eterno. Existe uma libertação presente e necessária
do poder reinante do pecado bem como uma libertação futura da pena final do pecado
(Romanos 6:11-14,17-18; 8:29; 2 Coríntios 3:17-18). Sustentar o contrário é negar o
caráter essencial de Deus (1 Pedro 1:15-16) e as realidades bíblicas necessárias de
regeneração, conversão, justificação, adoção e santificação. As consequências imediatas do
pecado, no entanto, devem ser frequentemente suportadas. Não devemos interpretar mal
isto. Deus pode não, e geralmente não liberta das consequências imediatas de pecado. A
conversão pode não restaurar um casamento fracassado. A saúde do bêbado pode não ser
restaurada. Os frutos da imoralidade podem ter que ser suportados nesta vida. Os crimes
cometidos antes da conversão não são anulados ou perdoados automaticamente pelo
sistema judicial. Tais questões devem ser suportadas e santificadas na experiência do
75
crente; a libertação final do pecado é a nossa esperança gloriosa, sem libertação de suas
consequências imediatas.
O pecado tem fraturado e permeado tanto este universo, que a sua completa erradicação
deve ser a destruição do velho e a recriação do novo, ou seja, "novos céus e uma nova terra
onde habita a justiça ." (Isaías 65:17; 66:22; 2 Pedro 3:7-13). O poder reinante do pecado
foi quebrado em sua vida?
37ª Pergunta - Qual foi o pecado de Adão?
Resposta - O pecado de Adão foi uma rebelião intencional contra o conhecido
mandamento de Deus.
Gênesis 2:16-17. 16”E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore
do jardim comerás livremente, 17Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal,
dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”
Gênesis 3:1-7. 1”Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que
o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não
comereis de toda a árvore do jardim? 2E disse a mulher à serpente: Do fruto das
árvores do jardim comeremos, 3Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim,
disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. 4Então a
serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. 5Porque Deus sabe que no dia
em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o
bem e o mal. 6E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável
aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e
deu também a seu marido, e ele comeu com ela. 7Então foram abertos os olhos de
ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para
si aventais.”
Veja também: Romanos 5:12-14; 1 Timóteo 2:12-14.
COMENTÁRIO
A tentação centrou-se sobre a veracidade da Palavra de Deus - no próprio ponto de fé na
verdade de Deus. Satanás retratou Deus como sendo muito restritivo e irracional, e de
negar algo bom para Adão e Eva, ou seja, de ser mentiroso. Eva tornou-se a primeira
"porta-voz" de si mesma e de seu marido. Ele falhou em agir sobre e sustentar sua chefia.
Ambos, como criaturas de fé, falharam no ponto da fé deles que devia coincidir com e
descansar na Palavra de Deus.
A oferta de Satanás em seu engano e sedução era uma suposta autonomia ou
independência de Deus. O homem podia ser o seu próprio "deus" e determinar por si
mesmo o que era certo ou errado. Ele já não teria de "pensar os pensamentos de Deus e
segui-los," ou definiria ele próprio ou qualquer outra coisa em termos da Palavra de Deus.
Ele seria como o próprio Deus - os mesmos pecados que causaram a queda de Lúcifer orgulho e egocentrismo. Nesta tentação, tudo que o diabo fez foi jogar sobre as tendências
naturais – e ainda não pecaminosas – que ele percebeu na natureza humana de Adão e Eva.
76
Eles eram justos, mas evidentemente muito vulneráveis. A tentativa empírica de Adão e
Eva em ganhar e possuir conhecimentos apartados de Deus resultou em um conhecimento
e experiência pecaminosos. Isso é tudo que o homem pode esperar quando pensa ou age à
parte da ou contrário à Palavra revelada de Deus.
Eva foi seduzida pela astúcia da serpente, mas Adão, falhando em agir de forma
responsável como o cabeça da relação, agiu deliberadamente e como chefe responsável
abaixo de Deus, foi considerado primariamente como responsável por Deus (Gênesis 3:119; 1 Timóteo 2:12-14). A raça humana caiu em Adão, seu cabeça constituído ou federal,
não Eva. Veja a Pergunta 34.
Qual é a nossa atitude diante do pecado? Nós entendemos que a tentação vem a nós da
mesma forma que veio aos nossos primeiros pais - no mesmo ponto que nossa fé deve ser
fundamentada na Palavra de Deus?
38ª Pergunta - Quais foram os resultados do pecado de Adão?
Resposta - Adão morreu espiritualmente. Seu ato de pecado foi imputado a toda a sua
posteridade. Todo o ser humano também herdou sua natureza pecaminosa, a qual se
expressa constantemente sob o poder reinante do pecado.
Romanos 3:23. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.
Veja também: Gênesis 5:3; Romanos 5:12,18-19; 1 Coríntios 15:21-22.
COMENTÁRIO
Adão teve morte espiritual imediatamente após seu ato de desobediência, ou seja, sua
relação com Deus, sua personalidade e sua natureza sofreram uma mudança substancial de
relacionamento. Sua personalidade estava originalmente sob o controle de uma inteligência
justa, mas ficou sob a influência da natureza física e os seus apetites. Esta mudança
pecaminosa na personalidade só pode começar a ser posta de lado pela graça salvadora
(João 3:3,5; Romanos 6:6; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:1-3; 9-10). Veja a Pergunta 164.
Adão ficou como o Homem Representante, e, portanto, quando ele pecou em apostatar de
Deus, toda a raça humana caiu nele como seu cabeça federal. Isso é chamado de "pecado
original," ou imputação imediata. Mesmo se uma pessoa pudesse começar de qualquer
ponto de sua vida e viver perfeitamente sem pecado - mesmo que isso fosse possível - ele
ou ela ainda estariam totalmente condenados por causa do pecado original (a imputação da
transgressão de Adão). A condenação e culpa do pecado são, portanto, inevitáveis. Veja a
Pergunta 66.
Quando Adão e Eva, como pecadores, tiveram filhos, eles também foram pecadores
(Gênesis 5:3). A desfiguração da imagem Divina no homem foi passada para toda a
posteridade de Adão tanto pela imputação quanto pela herança. Assim, todos os seres
humanos não têm apenas o pecado original, mas também uma natureza pecaminosa e, por
isso, são propensos ao pecado pessoal. A herança da natureza pecaminosa de Adão e à
77
propensão à transgressão é chamada de "imputação ‘indireta" (Romanos 3:9-18). Tanto a
imputação imediata quanto à indireta do pecado são realidades terríveis.
Todo ser humano subsequente, de modo consequente, evidencia o seu estado pecaminoso
através dos pecados pessoais na disposição, inclinação, motivação, pensamento, palavra e
ação, estando sob seu poder reinante porque todos os seres humanos são pecadores, todos
necessitam de salvação tanto do poder reinante do pecado quanto de suas consequências
imediatas e finais.
Não é digno apenas de nota, mas absolutamente vital compreender que, mesmo com a
maldição, veio a promessa de um redentor (Gênesis 3:15) [o protevangelium, ou primeira
promessa do Evangelho]. Esta revelação Divina para a serpente como um desafio e para o
homem como uma promessa demonstra constantemente que Deus é um Deus de propósito,
que se deleita na misericórdia e se glória na graça (Isaías 45:22; João 3:16-18)!
39ª Pergunta - Qualquer ser humano por seu próprio esforço ou mérito pode ganhar
aceitação diante de Deus?
Resposta - Não. Por qualquer tentativa de justificação pelas boas obras ou esforço próprio
o homem apenas se estabelece contra a graça de Deus em sua própria justiça
inevitavelmente pecaminoso.
Isaías 64:6. “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças
como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas
iniquidades como um vento nos arrebatam”.
Tito 3:5. “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua
misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito
Santo”.
Veja também: Lucas 18:9-14; Romanos 1:16-17; 3:9-18; 5:1; 10:1-4; Efésios 1:6-7;
2:8-10; Tito 3:5.
COMENTÁRIO
A grande questão a respeito de nossa relação com Deus como seres humanos pecadores é:
"Como um homem pode ser correto diante de Deus?" (Jó 9:2). Ser "correto" significa ser
"justo," isto é, justificado (declarado justo) diante de Deus. Deus enviou seu Filho eterno, o
Senhor Jesus Cristo, para viver e morrer pelos pecadores para responder a Suas
reivindicações de justiça (as justas exigências de Sua santa lei) contra eles. Pela obediência
ativa de Cristo (Sua vida perfeita vivida sob a lei), Ele cumpriu suas exigências. Por sua
obediência passiva (sofrimento e morte), Ele pagou a pena exigida por aquela lei quebrada.
Assim, por Sua vida e morte Ele satisfez todas as exigências da lei Divina. Tanto a vida
impecável do Senhor Jesus quanto Seu sofrimento sacrificial e morte eram necessários, e
ambos são imputados aos crentes. A mensagem do Evangelho é uma mensagem de
justificação, perdão dos pecados e reconciliação através da imputação da justiça de Cristo
(Romanos 1:16-17; 1 Coríntios 15:1-4). Apenas pela fé, o cristão está diante de Deus
justificado pela justiça imputada de Jesus Cristo.
78
O que é justiça própria? É tudo o que podemos fazer em nossa própria força e por nossos
próprios esforços para fazer de nós mesmos supostamente aceitáveis a Deus (nossas ações
mais fervorosas, santas e religiosas). É uma justiça que tenta deixar de lado ou ignorar a
pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo como Mediador, Redentor e Fiador. Porque nós
somos pecadores por imputação (pecado original), por disposição (a natureza pecaminosa),
por dominação (poder reinante do pecado) e por comissão (pecado pessoal), não podemos
fazer absolutamente nada para merecer (merecer, ganhar) a aceitação de Deus ou atingir o
padrão de suas justas absolutas exigências. Qualquer afastamento da graça em princípio ou
desempenho é justiça própria (Romanos 11:5-6). A justiça própria (justiça pelas obras, a
esforço próprio, autodeterminação ou habilidade humana) pode ser muito sutil. Por
exemplo, se a fé e o arrependimento são considerados de alguma forma como merecimento
de nossa aceitação diante de Deus, eles, também, são apenas a manifestação de uma
mentalidade de obras, um estado enganoso de justiça própria e sem graça.
A graça salvadora é a obra redentora de Deus na salvação dos pecadores através da Pessoa
e obra do Senhor Jesus Cristo. Dizer que "a salvação é pela graça," é dizer que a graça
salvadora de Deus é livre e soberana, isto é, não há nada que os homens possam fazer para
merecê-la (ganhar) (ou não seria mais graça mas obras, capacidade humana, mera
autodeterminação)- é livre graça. É da mesma maneira que a graça soberana, ou seja, Deus
soberanamente concede esta graça sobre quem Ele quiser. Se houvesse alguma dose de
habilidade humana – obras, mera autodeterminação – seja o que for, então a salvação não
seria pela graça apenas (Romanos 11:5-6; Efésios 1:3-14; 2:1-10). Você conhece a graça
como uma realidade em sua vida?
40ª Pergunta - De acordo com as Escrituras, o que Deus deu para evitar que o homem
tente salvar a si mesmo por seu próprio esforço ou obras?
Resposta - Deus deu sua lei moral para revelar Seu caráter justo, revelar o Seu padrão para
o homem, expor o pecado e levar os pecadores a Cristo para a salvação.
Deuteronômio 6:4-5. 4”Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
5
Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de
todas as tuas forças.”
Gálatas 3:24. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo,
para que pela fé fôssemos justificados.
Veja também: Êxodo 20:1-17; Mateus 22:36-40; Romanos 7:7-14; 1 Timóteo 1:511.
COMENTÁRIO
O termo "lei" é usado nas Escrituras de várias maneiras diferentes. Devem-se tomar
cuidados para fazer as distinções adequadas dentro do contexto. Marque os seguintes usos
nas Escrituras: a integridade da Palavra de Deus (1 João 2:3-4; 3:4.). Todo o Velho
Testamento (Mateus 5:17-18; Romanos 2:17-20; Hebreus 10:1). Os Cinco Livros de
Moisés ou Pentateuco (Lucas 24:44; Romanos 3:21). Toda a legislação Mosaica. A lei
79
humana ou personalizada (Romanos 7:1-3). Vários princípios ou poderes de atuação que
existem na ordem espiritual ou moral criada de coisas (Romanos 3:27; 7:21-23; 8:1-3). Os
Dez Mandamentos (Êxodo 20:1-17).
A lei moral é sintetizada no Decálogo ou Dez Mandamentos, e responde à lei
ontologicamente embutida na natureza do homem na criação como o portador da imagem
de Deus (Romanos 2:11-16). A lei moral não foi formulada nem instituída no Sinai, ao
contrário, foi codificada e sintetizada no Sinai no Decálogo. A lei moral expressa a autoconsistência moral ou o caráter justo e absoluto do Deus triuno. A lei moral foi codificada
como parte do propósito redentor progressivamente revelado (Romanos 5:20-21). [Toda
revelação Divina pós-queda é essencialmente redentora em natureza]. A lei moral foi
revelada a Moisés e dada a Israel em uma forma codificada e sintetizada ou sumarizada.
Israel, como o povo da aliança de Deus, formava o repositório da lei moral Divinamente
revelada e codificada até que o evangelho levasse todas as nações da terra a conhecer de
fato a Deus e a sua auto-consistência moral.
Qual é o propósito da lei para o incrédulo?
Primeiro, é reveladora. A lei dá o reconhecimento adequado de Deus. É primariamente
uma revelação da natureza e do caráter Divino. É particularmente uma transcrição da
perfeita justiça ou auto-consistência moral de Deus e o que Deus requer do homem (Êxodo
20:1-17; Eclesiastes 12:13-14; Mateus 22:35-40);
Segundo, a lei foi feita para trazer uma restrição sobre o pecado (Romanos 2:14-16; 7:7);
Terceiro, a lei também agrava a mente ou o coração não regenerado e faz com que ele
tanto se rebele contra os mandamentos de Deus quanto cobice o que é proibido (Romanos
7:7-13);
Quarto, é o meio de convicção do pecado ordenado por Deus (Romanos 3:19-20; 5:20;
7:7-13; 1 Coríntios 15:56; Gálatas 3:24; 1 Timóteo 1:8-11).
Finalmente, ela é concebida para levar o pecador a Cristo (Gálatas 3:23-24). Note que o
tempo perfeito do Grego em Gálatas 3:24 deveria ser traduzido "A lei nos serviu e
continua a servir de aio, para nos conduzir a Cristo [..."].
Qual é o propósito da lei para o crente? Primeiro, é a sua regra de vida, e não
legalisticamente, mas como o padrão objetivo que é cumprido no contexto da graça
(Mateus 22:34-40; Romanos 6:14). Deve ser notado, em Romanos 6:14 que o artigo
definido ["a"] não ocorre antes da palavra "lei" no Grego. Assim, refere-se a um princípio
de lei, ou seja, um princípio de mero comando exterior, como contrastado com o princípio
interior de graça;
segundo, é a essência da ética Cristã no contexto do amor (Romanos 13:8-10). Como o
amor cumpre a lei, por isso, ele é definido por ela; Veja a Pergunta 163. Terceiro, a lei é
para a humildade do crente (Romanos 7:14-8:4).
Finalmente, a lei faz o crente olhar constantemente para e glorificar a Pessoa e a obra de
Cristo no contexto da graça soberana, como Aquele que o libertou de sua condenação
(Gálatas 3:13; 4:4-5; 6:14; 16; Filipenses 3:7-9).
Um conceito bíblico consistente da lei moral deve incluir ambas as suas formas negativas e
positivas, como claramente ilustrado no ministério e ensino de nosso Senhor Jesus Cristo.
O Seu ensino e o dos Apóstolos inspirados não anularam a lei moral, mas sim a reforçou
(Mateus 5:17-18; 22:36-40; Romanos 3:19-20, 27-31; 7:7-13; 13:8-10; 1 Timóteo 1:5-11).
80
É absolutamente incompreensível que alguém deva estabelecer a doutrina de nosso Senhor
e dos Apóstolos inspirados contra a verdade e a realidade da lei moral como dada no Velho
Testamento. Além disso, a lei moral em sua expressão mais completa deve incluir os
comandos morais de nosso Senhor mesmo e de seus Apóstolos inspirados. É, portanto,
inclusivo de todos os mandamentos morais da Palavra de Deus. O Decálogo e os "Dois
Grandes Mandamentos" são apenas o epítome, isto é, resumo da lei moral, e o melhor
comentário sobre a lei moral é o restante das Escrituras.
A terminologia "Palavra-Lei" de Deus é usada ao longo desta seção. Por isto se entende a
Palavra de Deus que está na natureza do comando ou lei para o homem. Por este uso, nós
procuramos manter a natureza e autoridade da Palavra de Deus. No contexto da
Palavra de Deus, estamos em obediência ou desobediência.
41ª Pergunta - Será que a lei foi destruída pela obra redentora do Senhor Jesus Cristo?
Resposta - A Lei de Deus não foi destruída pela obra redentora do Senhor Jesus Cristo.
Em vez disso, o seu conteúdo foi modificado e sua administração foi alterada.
Êxodo 20:1-3. 1”Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: 2Eu sou o Senhor
teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. 3Não terás outros deuses
diante de mim.”
Romanos 7:12. “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”.
Mateus 5:17-19. 17”Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir. 18Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra
passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido.
19
Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim
ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os
cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.”
Romanos 8:4. “Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos
segundo a carne, mas segundo o Espírito.”
Romanos 10:4. “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”.
Veja também: Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 5:1-22; Mateus 22:36-40; Romanos
7:7-14; 8:1-9; 1 Timóteo 1:5-11.
COMENTÁRIO
Os Antinomianos [Gr. anti, "contra," e nomos, "lei"] afirmam que a lei moral foi
destruída por meio da obra redentora do Senhor Jesus Cristo. Assim, ela supostamente não
tem lugar na vida do crente.
Alguns antinomianos sustentam que "a lei" foi substituída pela "graça," e que desde a
morte sacrificial de nosso Senhor, a lei é irrelevante. Assim, ela não tem qualquer relação
81
com incrédulos ou crentes. Veja a Pergunta 134. Qual dos Dez Mandamentos, como o
epítome, isto é, resumo da lei moral, com a possível exceção do Quarto, foi destruído
Nenhum. Cada Mandamento ainda está em vigor e sua violação é considerada pecado. A
questão do sábado, corretamente entendida, também precisa encontrar a sua expressão
moderna tanto na devida observância quanto na antecipação da glória eterna. Veja as
Perguntas 50-51. A questão não é a destruição dos Dez Mandamentos, mas uma
abordagem escriturística à sua perpétua relevância, como todos eles são claramente
reiterados no Novo Testamento, com exceção da observância do sábado, que presume um
contexto da Nova Aliança.
A lei como uma aliança não foi destruída. Ao invés disso, o seu conteúdo e
administração foram modificados: Primeiro, seu conteúdo foi alterado. A lei Cerimonial o sistema de sacerdócio,e sacrificial e os rituais – foi cumprida na Pessoa e na obra
redentora de nosso Senhor. A lei Civil com suas restrições sociais e suas leis dietéticas
eram em grande parte nacionais e históricas. As distinções do Velho Testamento sobre o
povo da aliança de Deus (Israel nacional) eram essencialmente físicas, dietéticas e
cerimoniais; os distintivos do povo (crentes) da aliança de Deus do Novo Testamento são
espirituais
Neste contexto, a ideia de "lei" na Epístola aos Gálatas, deve ser considerada. O
Apóstolo Paulo está se referindo à "lei" em um sentido inclusivo, não à lei moral, como ele
define "lei" e "graça" em justaposição. Ele inclui festivais e circuncisão judaicos nesta
ideia de "lei," e assim está se opondo à instituição geral mosaica como representante de
uma obra-religião em oposição ao evangelho da graça. A questão é a justificação, não
santificação; funciona em oposição ao evangelho da graça. A lei moral permanece como a
revelação e o epítome do caráter Santo e Justo de Deus.
Segundo, sua administração foi alterada. (Ezequiel 36:25-27; Jeremias 31:31-34;
Hebreus 8:1-13; Romanos 2:11-16; 6:14; 8:1-9; 2 Coríntios 3:1-3,6). A Lei de Deus não
está mais apenas escrita em tábuas de pedra, mas no coração (ser interior) do crente
individual em regeneração. A lei foi interiorizada pelo Espírito de Deus no contexto de sua
graça capacitadora. Assim, o crente, pela dinâmica da graça Divina por meio do Espírito, é
necessária e efetivamente posto em conformidade com a lei moral de Deus, que existe
desde o princípio.
A fraqueza da Antiga Aliança era que o coração mantinha-se inalterado e a religião era
meramente externa, exceto por um remanescente eleito de verdadeiros crentes. Sob a Nova
Aliança ou Aliança do Evangelho, o coração ou o ser interior é transformado através da
graça regeneradora para agir conforme, em princípio, com a lei moral. Veja a Pergunta 83.
Qualquer negação desta realidade é uma negação da graça Divina na regeneração,
conversão e santificação - e isto atinge no próprio coração do prático antinomianismo (da
negação da lei). A união do crente com Cristo é necessariamente uma transformação da
vida espiritual, moral, intelectual e ética. Veja a Pergunta 77.
Se a lei não foi destruída, então qual é a sua relevância? A relevância e a perpetuidade
da lei moral podem ser entendidas pelas seguintes considerações:
Primeiro: O prólogo do Decálogo estabelece o contexto histórico, redentor e da aliança
com a lei: “Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que
82
te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.” (Êxodo 20:1-2). Deus revela-se como Deus e
Redentor da aliança de Israel. Assim, a lei foi dada a um povo redimido da aliança para que
eles pudessem refletir o caráter moral do Senhor seu Deus, e não como um meio de
salvação, ou simplesmente como um documento legalista para Israel. A redenção requer
revelação, e a revelação contém a legislação, tanto na Antiga quanto na Nova Aliança
(Romanos 3:19-20; 1 Timóteo 1:8-10; 1João 2:3-5). Esta doação histórica da lei nesta
maneira codificada deve ser entendida no maior contexto da aliança Abraâmica (Gênesis
12:1-3; Êxodo 2:24; Deuteronômio 29:12-13). Os crentes na economia do Evangelho
devem também refletir o caráter moral de Deus como seu povo da aliança redimido em
Jesus Cristo (Hebreus 12:14; 1 Pedro 1:14-16; 2:9), que é a verdadeira "Semente de
Abraão" e o cumprimento dessa promessa de aliança (Gálatas 3:6-26). A lei amplia o
Senhor Jesus que com Sua obra redentora cumpriu as exigências da lei quanto a nossa
justificação. Nós devemos refletir a justiça da lei como a nossa santificação em obediência a
Ele, pela graça e pelo Espírito de Deus (Romanos 8:1-4 ; 1João 2:3-5).
Segundo, a natureza, o caráter e a autorrevelação de Deus deve determinar a relevância
da lei- não os nossos próprios pensamentos ou sentimentos. Deus é imutável. A lei moral é
a transcrição de Sua auto-consistência moral ou caráter corretíssimo. É por esta razão que a
lei moral e seus princípios permanentes reaparecem no Novo Testamento e têm
necessariamente uma afinidade mais próxima com o Evangelho (Mateus 22:37-39;
Romanos 7:12,14; 8:1-4; Gálatas 3:24; 1 Timóteo 1:5-11; 6:14-16; Tiago 2:8; 1 Pedro
1:15-16).
Terceiro, deve haver uma lei moral para os seres morais na ordem e no governo moral
criados por Deus. A lei moral é para seres racionais, moralmente responsáveis, que um dia
estarão diante de Deus para serem julgados (Romanos 3:19-20). Seria impensável para um
Deus Santo e Justo ter um povo ímpio e injusto como o resultado glorioso de sua concessão
da graça, ou que o padrão Divino para o povo de Deus deve ser deixado para a experiência
subjetiva ou especulação (Romanos 2:14-16; Tito 2:11-14; Hebreus 12:14; 1 Timóteo 1:511; 1 Pedro 1:13-16; 2:9).
Quarto, a santificação é a conformidade em princípio, com o caráter moral de Deus - a
santidade, que reflete a lei de Deus. A Santificação do Evangelho não é legalismo, mas uma
conformidade graciosa e intencional à Palavra de Deus pela graça capacitadora do Espírito
Santo (Romanos 8:1-4; 2 Coríntios 3:6,17-18; 1João 2:3-5; 3:22).
Quinto, não há "graça antinomiana." A graça leva o crente a um princípio de
conformidade com a lei de Deus (Romanos 8:1-4; 1João 2:3-5). Embora a própria lei não
possui o poder de santificar (o fracasso dos homens em cumprir a Antiga Aliança Romanos
6:14; 8:3-4), é o nosso padrão para a santificação como ela expressa a auto-consistência
moral ou perfeita justiça de Deus (Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; Romanos 8:3-4;
Efésios 2:5,8-10; Hebreus 8:1-13).
Sexto, o pecado, a justiça e o amor devem ser definidos e compreendidos nos termos da
lei (Romanos 8:3-4; 13:8-10; 1João 3:4). O "Amor" não é o cumprimento da lei no sentido
temporal, mas em um sentido interpretativo. Apartado da lei, o amor permanece indefinido
biblicamente e despojado de seu caráter moral necessário. A ausência ou a destruição da lei
não é liberdade, mas ilegalidade (Romanos 13:8-10; Gálatas 5:22-23; 1 Timóteo 1:5).
83
Finalmente, a lei moral de Deus não é apenas reiterada - é fortalecida no Novo
Testamento, que revela sua verdadeira natureza espiritual (Mateus 5:17-19, 27-29; 4344,48; Romanos 7:12; 1 Timóteo 1:5-11; 1João 3:15).
A fé não torna a lei de Deus vazia, mas sim a estabelece (Romanos 3:21-31). Como
crentes, nós "morremos para a lei" como um instrumento de condenação. Em virtude de
nossa união com Cristo e fé nele, a lei é estabelecida, não destruída (Romanos 3:21-31; 7:4;
Gálatas 2:16-21). Este "estabelecimento da lei" pela fé é mostrado de duas maneiras:
primeiro, em sua obediência ativa (sua vida santa, sem culpa) e passiva (seu sofrimento e
morte), nosso Senhor vicariamente tanto guardou a lei por nós como então pagou sua
penalidade. Assim, as reivindicações da lei contra nós foram totalmente respondidas em
virtude de nossa união com Cristo;
Segundo, com base na obra redentora de nosso Senhor, o Espírito Santo nos capacita a
estar em conformidade com os princípios da lei,. Isto não é justificar o comportamento, mas
a obra santificadora do Espírito da graça que nos refaz completamente, dando-nos um novo
coração, uma nova mente (Ezequiel 36:25-27; Romanos 6:14; 8:1-4; 2 Coríntios 3:1-6;
Gálatas 5:22 -23; Hebreus 8:1-13).
A lei é boa, se alguém dela usa legitimamente, ou seja, a maneira como Deus destinou
que ela fosse usada (Romanos 7:10,12,14, 1 Timóteo 1:8), e não como um assunto de
debate, contenda e tradição religiosa legalista. A lei é espiritual na medida em que deriva de
Deus e trata não só com a vida exterior, mas o coração ou ser interior do homem. (Romanos
7:12,14). Ela não só proíbe o ato externo, mas qualquer coisa que leva a tal (Mateus 5:1718; Gálatas 3:19-24; Romanos 3:19-20; 5:20; 7:12-14a; 1 Timóteo 1:8-11; 1João 3:15).
Nenhuma mera conformidade externa com estes preceitos é a verdadeira obediência que
Deus exige, mas uma conformidade de coração através da graça capacitadora.
A lei Divina é absoluta e original; a lei humana é relativa e derivada. A lei humana deve
refletir a lei de Deus. Apartada da lei Divina, a lei humana é necessariamente baseada em
costumes sociais ou consenso humano, e assim torna-se estatística, positiva ou inclusiva de
uma forma totalitária (a lei negativa é necessariamente limitada específica, a lei positiva é
ilimitada e inclusiva), moralmente relativista, e de modo arbitrário, e muitas vezes
contraditória e injusta’.
A administração da Lei de Deus está nas mãos de Seu ressurreto, glorificado e assunto
Filho, o Senhor Jesus Cristo, que agora se senta com todo o poder e autoridade como "Rei
dos reis" e "Senhor dos senhores" sobre o universo criado e como o juiz final de todos os
homens (Salmos 2:1-12; Mateus 5:18; 28:18; João 5:22; Atos 2:36; 1 Coríntios 15:25-26;
Filipenses 2:9-11; Colossenses 1:13-17; Hebreus 1:1-3; Apocalipse 11:15; 19:11-16).
Assim, o Senhorio de Jesus Cristo se estende a todas as esferas da vida - individual, civil,
familiar, espiritual, eclesiástica, moral, ética, social, política e educacional; científico,
econômico e ambiental. A neutralidade é um mito. Não pode haver qualquer autonomia
para o homem, nenhuma área de realidade onde Jesus Cristo não é o Senhor. A autonomia
humana leva à anarquia política e moral ou ao totalitarismo e à escravidão. Submissão ao
Senhorio de Cristo significa a verdadeira liberdade sob a palavra de Deus. Nós amamos a
Lei de Deus?
84
42ª Pergunta - Qual é a relação entre a lei e o Evangelho?
Resposta - A lei e o evangelho não são contraditórios, mas complementares. A lei deve
ser pregada evangelicamente e o Evangelho não deve ser pregado legalisticamente.
Romanos 3:20. “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras
da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.”
Gálatas 3:23-24. 23”Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da
lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. 24De maneira que a lei nos
serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.”
1 Timóteo 1:8. “Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa
legitimamente”.
COMENTÁRIO
O legalismo e o antinomianismo representam os dois extremos a respeito da lei. O
legalismo em sua forma mais extrema é simplesmente a salvação pelas obras. Em sua forma
mais comum, é uma abordagem legalista para questões espirituais. O legalismo não é a
verdadeira espiritualidade. É antes, um sistema "faça" e " não faça" feito pelo homem que
substitui os comandos escriturísticos. O Antinomianismo é um tipo de ilegalidade, como a
ausência da lei não é liberdade, mas anarquia. O Antinomianismo, no entanto, geralmente
leva ao legalismo, porque o homem, supostamente libertando-se da lei de Deus,
inevitavelmente substitui uma "lei" (sistema legalista) de si mesmo - inevitavelmente um
sistema sem graça.
A pregação da lei não é necessariamente uma "pregação legalista." Como existe uma
forma legalista de pregar o Evangelho, assim existe uma forma evangélica de pregar a lei. O
Evangelho é pregado de forma legalista quando é pervertido em um sistema de obras ou
habilidade natural para a salvação. Se alguém olhar para o seu próprio arrependimento ou fé
para a salvação, em vez de Cristo, ele é um legalista inconsciente. O Evangelho também é
pregado de uma forma legalista quando é expresso em termos de regras e regulamentos que
não sejam escriturísticos, mas sim pelo homem.
A lei é pregada de uma forma evangélica quando está em sua devida conexão com o
Evangelho. A lei é pregada evangelicamente quando não contradiz o Evangelho, nem se
opõe a ele, nem fica como um substituto para o Evangelho. Nem ainda, a lei deve ser
pregada à parte do Evangelho, ou deve se tornar mera pregação legalista. Biblicamente,
lógica, e evangelisticamente, a lei prepara o pecador para o Evangelho expondo o pecado
por aquilo que ele é no contexto de Deus e Sua Justiça (Gálatas 3:24; Romanos 3:19-20;
5:20; 7:7-13).
A menos que alguém note tanto o uso explícito quanto o implícito da lei, ele poderia
bem não compreender o lugar dela no ministério evangelístico de nosso Senhor e dos
Apóstolos inspirados: primeiro, o uso explícito da lei é bastante evidente na pregação do
nosso Senhor, como foi notado nos casos do "jovem rico" (Mateus 19:16-26; Marcos 10:1727; Lucas 18:18-27), e o "advogado" (Lucas 10:25 - 37 ). Este uso explícito da lei também
85
parece ser evidente no ministério de Estêvão e a consequente conversão do Apóstolo Paulo
(Atos 6:8-15; 7:58-60; Atos 9:1-8; Romanos 7:7-13; Filipenses 3:1-9);
Segundo, existem muito mais exemplos do uso implícito da lei tanto na pregação de
nosso Senhor e dos Apóstolos. Em nossos exemplos do ministério do Senhor pode ser
tirado de sua entrevista com a mulher samaritana no poço (João 4:1-29), e a mulher achada
em adultério (João 8:1-11). Ambos estão preocupados com o Sétimo Mandamento. Uma
nota deve-se tomar da pregação inspirada de Pedro (Atos 2:23-24; 3:13-15; 4:10; 5:26-33),
Estêvão (Atos 7:51-54) e Paulo (Atos 13:26-30), acusando os judeus de assassinato do
Filho de Deus - uma violação clara do Sexto Mandamento. A pregação implícita da lei
também é evidente na defesa do Apóstolo Paulo diante do Areópago de Atenas [Atos
17:22-31, e a declaração contra a idolatria e do juízo futuro em justiça) e em seu discurso
com Felix e Drusila, quando "ele tratou da justiça, da temperança e do juízo vindouro"
(Atos 24:24-25).
43ª Pergunta - Qual é a soma dos Dez Mandamentos?
Resposta - A soma dos Dez Mandamentos é amar a Deus com a totalidade de nossos
seres e amar o nosso próximo como a nós mesmos.
Deuteronômio 6:4-5. 4”Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único
SENHOR. 5Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todas as tuas forças.”
Mateus 22:37-39. 37”E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. 38Este é o primeiro e
grande mandamento. 39E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo
como a ti mesmo. 40 Desses dois mandamentos dependem toda a lei os profetas”.
Tiago 2:10. “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto,
tornou-se culpado de todos.”
Veja também - Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 6:4-5; 1 Timóteo 1:5-11; Tiago
2:10-11.
COMENTÁRIO
Uma introdução geral à lei moral, Decálogo ou Dez Mandamentos é necessária antes de
uma exposição de cada Mandamento separado a fim de obter uma compreensão adequada
da natureza e do caráter da lei de Deus.
O Decálogo pode parecer extremamente simples, já que cada mandamento é dado em
termos muito específicos, ou seja, como um exemplo de jurisprudência. A jurisprudência é
representante de princípios muito amplos e inclusivos - como demonstrado por outros
exemplos de jurisprudência em todo o restante das Escrituras. Estes princípios derivam da
auto-consistência moral de Deus, e assim cada Mandamento necessariamente condena
qualquer e todos os pensamentos e inclinações que levam a qualquer ato evidente de
transgressão, e do mesmo modo recomenda a consciência para todos os pensamentos e
86
inclinações para obediência. Por exemplo, aquele que olha para uma mulher com desejo já
cometeu adultério em seu coração diante de Deus (Mateus 5:27-28). Aquele que odeia a
seu irmão é assassino (1João 3:15). Isto significa que a lei moral de Deus codificada no
Decálogo é capaz de expansão infinita e inclusiva.
Em cada Mandamento, o negativo implica o positivo, e o positivo implica o negativo. A
lei em sua declaração positiva exige obediência total e inabalável, fidelidade e devoção
(amor) à Deus; e o devido respeito às relações equitativas com e um amor por todos os
homens (Deuteronômio 6:4-5; Mateus 22:36-40 ). A lei negativa é necessariamente
específica e restrita; a lei positiva é necessariamente totalitária e assim a lei positiva é o
domínio de Deus apenas.
A lei de Deus é uma unidade. Quebrar um dos mandamentos de Deus é quebrar todos
eles (Romanos 3:19-20 ; Gálatas 3:10; Tiago 2:10). Veja a Pergunta 63. Todo pecado é
contra Deus. Todo pecador é um fraudulento, infrator, transgressor da lei, um "fora da lei",
um adúltero diante de Deus – independente se um ou todos os mandamentos são quebrados
- e uma punição para a quebra de um ou de todos os mandamentos é a morte – morte eterna
- porque todo e cada pecado é contra o próprio Deus - um Deus Infinito, Eterno, Santo e
Justo. Deus legislou a moralidade no Decálogo. Estes Mandamentos não podem ser
melhorados, e, em princípio, estão sujeitos à base social, religiosa, moral, filosófica e legal
de todas as tentativas históricas na lei humana equitativa e consistente.. Nós simplesmente
não devemos casualmente por de lado ou ignorar a lei moral de Deus!
O melhor comentário sobre a lei moral são as próprias Escrituras. O princípio
vastamente conhecido como a "analogia da fé," tanto a clareza das “Escrituras” ou
“Escrituras” são autointerpretativas " demonstram o verdadeiro significado e implicações da
lei moral. O Novo Testamento é o grande inspirado comentário evangélico sobre a natureza
relevante e inclusiva da lei moral.
No Decálogo, oito Mandamentos estão enquadrados na negativa, cada um definitiva e
fortemente aplica uma proibição perpétua no hebraico. Dois estão enquadrados na positiva,
e também são muito rigorosos na força deles, usando o mais forte construção gramatical
possível.
44ª Pergunta - Qual é o Primeiro Mandamento?
Resposta - O Primeiro Mandamento é: "Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da
terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim." (Êxodo 20:1-3)
45ª Pergunta - Qual é o significado do Primeiro Mandamento?
Resposta - O Primeiro Mandamento exige que o homem conheça e adore a Deus, e o
reconheça como o único Deus verdadeiro em todas as esferas da vida.
Veja também: Gênesis 1:1-3; 39:8-9; Deuteronômio 4:28; 5:6-7; 6:4-5; 26:1718; 32:15-21; Josué 24:14-15; 2Samuel 22:32; 1Reis 18:21; 2Reis 19:15; 1Crônicas
28:9; Salmos 14:1; 66:18; 81:8-16; 96:4-10; 139; Isaías 40:15-31; Mateus 4:10; 6:24;
87
Romanos 1:18-22; 11:33-36; 1 Coríntios 8:4-6; Filipenses 2:9-11; Hebreus 1:2-12;
Apocalipse 1:10-18; 4:8-11.
COMENTÁRIO
O Primeiro Mandamento faz uma introdução ao restante do Decálogo através da
autorrevelação de Deus, e está dividido em três partes: uma revelação do Senhor Deus, uma
declaração de libertação com poder e uma proibição perpétua contra todo e quaisquer falsos
"deuses."
Deus é absoluto e, assim os Seus direitos sobre o homem em Sua Palavra são absolutos.
Porque Deus é absoluto, e cada fato é criado e definido por Ele, todo o reino da realidade e
da humanidade criada é sagrado, ou seja, não pode ser dividido em "secular" e "sagrado."
Todas as coisas sem exceção existem por e para Deus, e existem para glorificá-Lo. Ele deve
ser absolutamente Soberano sobre todas as esferas da vida e atividade. Assim, o
reconhecimento, a submissão e obediência a Deus em todas as esferas da vida é a própria
essência da adoração.
Este mandamento proíbe qualquer desvio ou perversão da autorrevelação do Senhor
Deus das Escrituras, incluindo: o ateísmo (sem Deus), politeísmo (muitos deuses), dualismo
(princípios bons e maus iguais disputando o controle do universo), panteísmo (Deus
sinônimo inseparável da criação), panenteísmo (uma mistura de teísmo e panteísmo
sustentando que Deus é o universo e ainda mais do que o universo, um ser complexo que
está por si mesmo em processo de mudança), idolatria, e também a ignorância religiosa,
neutralidade e hipocrisia. Tudo o que está em primeiro na vida de alguém é o seu "deus,"
exigindo seu tempo, seus pensamentos, seus recursos e as suas energias. Nem todos os
ídolos são feitos de madeira ou pedras, ou de ouro ou prata. Alguns são mentais ou
constituídos num coração-idólatra. Qualquer pessoa ou coisa que se torna um fim em si
mesma torna-se um ídolo (1 Coríntios 10:31; Colossenses 3:5). Deus legitimamente exige
que ele seja a nossa única grande prioridade.
Embora este mandamento esteja enquadrado no negativo, ele ordena certos deveres
positivos: primeiro, Deus deve ter prioridade absoluta nos pensamentos, ações e adoração
de todos os homens em todas as esferas da vida e da atividade. Esse é o seu direito soberano
como Criador e Regente do universo (Romanos 11:36; 1 Coríntios 10:31);
Segundo: o homem deve conhecer a Deus. Como Ele é infinito e o homem é finito, ele
só pode conhecer a Deus ao passo que Este tenha o prazer de revelar-se tanto na natureza
quanto nas Escrituras (Romanos 1:18-25; 2 Timóteo 3:16-17);
Terceiro: o homem deve temer a Deus e conhecê-Lo corretamente por meio de sua
auto- revelação. Este medo é um temor reverencial que é consistente com um amor
reverente e admiração. Temê-Lo, leva o homem a adorá-Lo (Êxodo 20:20; Deuteronômio
6:2; 4-5; 13:4; Salmos 86:11; Eclesiastes 12:13-14; Mateus 22:36-40). Os israelitas foram
ensinados a temer a Deus por Ele ter julgado os "deuses" do Egito nas pragas e os livrou
com mão forte (Êxodo 3:19-20; 6:6; 9:13-14; 11:9; 12:12; Romanos 9:17). Os crentes são
ensinados a temer a Deus lendo Sua Palavra, percebendo Seu poder, Seu ódio ao pecado,
Sua absoluta Santidade e Justiça, e experimentando Sua Mão Corretora (Hebreus 12:3-12);
88
Quarto: O Único e Verdadeiro Deus deve ser o Único e Verdadeiro objeto de adoração
do homem. Isto exige necessariamente adoração de coração e não mera religião exterior,
como a verdadeira adoração começa no coração e na mente (Deuteronômio 4:29; 10:16;
6:4-5; Salmos 19:8,14; 37:13; Mateus 22:37; Romanos 2:28-29);
Quinto: para adorar a Deus escrituristicamente o homem caído e pecador deve
aproximar-se Dele por meio do Senhor Jesus Cristo como Mediador, Redentor, Salvador,
Penhor e Grande Sumo Sacerdote. A verdade do Evangelho é uma parte essencial da
Palavra-Lei de Deus (João 14:6; Atos 4:12; 1 Timóteo 2:5);
Sexto: Adoração implica serviço. Nosso Senhor sabia disso na Tentação do Deserto
(Mateus 4:8-10). A verdadeira adoração não pode permanecer teórica, abstrata ou separada
do restante da vida, mas deve ser expressa na totalidade da vida (Êxodo 20:5;
Deuteronômio 11:13; Romanos 12:1-2). Será que Deus tem a prioridade em nossas vidas?
Nossa adoração é teórica ou expressa em serviço?
46ª Pergunta - Qual é o segundo mandamento?
Resposta - O segundo mandamento é: "Não farás para ti imagem de escultura, nem
alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas
debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus,
sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração
daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que
guardam os meus mandamentos." (Êxodo 20:4-6).
47ª Pergunta - Qual é o significado do segundo mandamento?
Resposta - O Segundo Mandamento exige que o homem receba, observe e mantenha
puro e inteiro todas essas adorações religiosas e ordenanças como Deus designou em sua
Palavra.
Veja também: Gênesis 4:1-8 (1João 3:11-12); Êxodo 20:25-26; 32:1-8; 34:1217,23; Levítico 10:1-3; 19:4; 26:1; Deuteronômio 4:15-20; 11:16-17; 12:28-32;
16:21-22; 27:15; Juízes 17:1-13; 1Reis 11:1-11; 12:28; Salmos 106:34-39; Isaías
40:18-20; 42:8; 44:8-20; Jeremias 10:14-15; Ezequiel 8:1-18; 36:25-27; Habacuque
2:18-20; João 1:1,14,18; 4:24; Atos 17:16,22-31; Romanos 1:21-25; 1 Coríntios.
10:7; Efésios 5:5; Colossenses 2:18, 3:5; 2 Timóteo 3:5; Apocalipse 2:14; 21:8.
COMENTÁRIO
O Segundo Mandamento pode ser resumido em quatro partes: a proibição perpétua
contra fazer qualquer objeto ou representação com a intenção de usá-lo em adoração
idólatra, uma revelação do caráter de Jeová Deus, a retribuição contra os pecadores e os
descendentes deles até a quarta geração e uma expectativa de misericórdia estendida para
aqueles que são obedientes.
89
Ambos, o Catolicismo e o Luteranismo mesclam este Segundo Mandamento com o
Primeiro, então dividem o último Mandamento em dois para preservar o número total. Isto
foi feito em ambos os casos para evitar o problema do uso de imagens e figuras na
adoração, ou seja, com o mesmo recurso chegamos à conclusão de que não se dever adorar
imagens em hipótese alguma, justamente ao contrário do que eles acreditam.
O homem como o portador da imagem de Deus possui um instinto religioso, e assim
não precisa de ordem para adoração; ele ao contrário precisa ser orientado sobre como deve
ser sua adoração por causa de sua natureza pecaminosa decaída. O Primeiro Mandamento
revela o Objeto de nossa adoração que se revela como Único e Verdadeiro Deus, o
Segundo: O modo de nossa adoração. Deus revela Sua natureza e como Ele deve ser
adorado. e aponta-nos para a única religião verdadeira. O Primeiro se opõe a todos os falsos
deuses; o Segundo se opõe a toda a adoração obstinada e idólatra.
Deus é espiritual e deve ser adorado em espírito e em verdade (João 4:24; 1 Timóteo
6:15-16). Qualquer tipo de idolatria, representação material ou física perverte e limita o
conceito de alguém acerca de Deus. Nem toda idolatria, no entanto, é física ou material. Há
uma idolatria mental não escriturística que limita a concepção alguém acerca de Deus. A
idolatria mental distorce a verdade de Deus no pensamento de alguém em tais realidades
como a sua natureza, caráter (Êxodo 5:2; Salmos 50:21-22; Isaías 29:15; 36:2-20), autoconsistência moral (Salmo 73:9-11; Sofonias 1:12) ou poder (Gênesis 20:9-11; 1 Reis
20:23,28-29; 2Reis 5:1s). Assim, alguém - mesmo sem um ídolo material - ainda pode
adorar o "deus" de sua própria imaginação.
Deus determina como, quando e com o que Ele deve ser adorado. Não há lugar para a
vontade própria humana na adoração Divina (Colossenses 2:23). Este foi o pecado de Caim.
Ele estava determinado que Deus deveria aceitá-lo e sua "oferta" em seus termos, não da
maneira que Deus tinha revelado (Gênesis 4:1-12; 1João 3:11-12). Deus é gracioso em suas
exigências, e não aceitará os enfeites ou adições da inovação humana (Êxodo 20:25-26),
uma abordagem pragmática (1Samuel 15:17-24), ou adoração que Ele não ordenou
(Levítico 10:1-3).
A verdadeira adoração a Deus é simplesmente a adoração que Ele mesmo ordena - sem
quaisquer adições (Levítico 10:1-3) ou exclusões (Mateus 28:20). Isto é conhecido como "o
princípio regulador." Adoração deve ser escriturística, e aquilo que não é escriturístico
(contrário ao ensino explícito ou implícito das Escrituras, inovador, pragmático ou
meramente tradicional ou "contemporâneo") deve ser evitado.
O desejo inerente do homem em ver ou visualizar o Deus invisível encontra sua
resposta no Senhor Jesus Cristo, que é Deus manifestado em carne (Isaías 9:6; João 13,14,18; João 17:1-5; Colossenses 1:12-19 ; 2:9; 1 Timóteo 3:16; Hebreus 1:3). Adorar o
Senhor Jesus não é idolatria, mas é adoração verdadeira e bíblica. Nós já renunciamos e
derrubamos todos os nossos ídolos? Existe alguma coisa em nossas vidas que seja um fim
em si mesma e não um meio pelo qual devamos glorificar a Deus (1 Coríntios 10:31;
Colossenses 3:5)?
90
48ª Pergunta - Qual é o Terceiro Mandamento?
Resposta - O Terceiro Mandamento é: "Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus
em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão."
(Êxodo 20:7).
49ª Pergunta - Qual é o significado do Terceiro Mandamento?
Resposta - O Terceiro Mandamento exige o uso Santo e Reverente dos nomes,
títulos, atributos, palavra, obras e instituições de Deus, e proíbe a profanação Deles de
qualquer forma.
Veja também: Levítico 19:12; 24:10-14; Deuteronômio 6:13; 23:21; 28:58;
Salmos 8:1; 20:1; 29:2; 68:4; 109:17-18; 138:2; Provérbios 30:8-9; Eclesiastes
5:1-6; Isaías 48:1-2; 65:16; Jeremias 23:10-11; Ezequiel 36:23; Mateus 5:37; 6:9;
7:21-23; 12:36-37;
Lucas 6:46; João 17:6; Atos 1:8; 4:12; 9:15-16; Romanos 2:24; 3:13-14; 2
Coríntios 5:20; Filipenses 2:9-11; Colossenses 3:17; 2 Timóteo 2:19; Tito 2:5;
Apocalipse 13:5-6; 15:4.
COMENTÁRIO
Este Mandamento é duplo em sua análise: primeiro, uma proibição perpétua
declarada. O nome de Deus não deve ser tomado de forma alguma inferior do que
apropriada e reverentemente reflita sua verdadeira natureza, valor, honra, glória e
majestade. Segundo, um aviso emitido: o julgamento ou castigo Divino é uma certeza
para o profanador.
O Primeiro Mandamento revela o Objeto de nossa adoração - o Único Verdadeiro
Deus, o Segundo, o modo de nossa adoração - espiritualidade verdadeira; o Terceiro,
nossa atitude interior diante de Deus em adoração - reverência verdadeira, ou um molde
apropriado de espírito.
Existem muitas maneiras pelas quais o nome de Deus pode ser tomado em vão: em
pensamento, palavra ou ação. Blasfêmia, profanação, juramentos, e maldições são os
quatro principais meios explícitos de violação deste Mandamento. Futilidade ou
frivolidade a respeito do nome de Deus também é proibido, como é a hipocrisia na
profissão religiosa.
Rebaixar a Palavra de Deus também está necessariamente incluído nesta proibição,
como está invocar o Seu nome em oração quando a oração é de vontade própria ou de
forma incompatível com a Sua natureza e caráter (Mateus 6:9). Veja a Pergunta 101.
91
Existem várias maneiras comuns nas quais o nome de Deus é tomado em vão:
primeiro, quando a blasfêmia, maledicência ou injúria é intencional, discurso injurioso
contra a majestade de Deus (Mateus 12:24-32; Romanos 2:21-24).
Segundo, profanação, que pressupõe o nome de Deus. Profanação se refere
especificamente ao uso irreverente do nome de Deus ou objetos religiosos. O termo
deriva de pro, "antes," e fanum," templo, relicário, santuário," e assim diante do (ou
fora) templo (morada de "deus") e, portanto, "comum, secular, fora do reino de Deus."
Deus, porém, é o Deus de toda a realidade criada, Onipresente, Imenso e Imanente. Não
existe nada além Dele, nada secular, comum ou profano. Assim, profanar qualquer coisa
associada com Deus é tomar o Seu nome em vão (Mateus 5:33-37).
Terceiro, proferindo um juramento. Juramento pode se referir à linguagem vulgar
em geral, mas refere-se especificamente a um juramento que invoca ou se refere ao
nome de Deus ou algum objeto religioso como um meio de impor a veracidade ou
determinação de alguém. Proferir um juramento pode ser justo e legítimo ou
pecaminoso, ou seja, tomar o nome de Deus em vão (1Samuel 14:44; 1Reis 17:1;
Mateus 5:33-37). Um cristão deve ser tomado por sua palavra, e, portanto, não deve
jurar por algo ou alguém (Mateus 5:33-37).
Quarto, amaldiçoar, que pode se referir à linguagem vulgar em geral, mas
tecnicamente se refere a chamar a ira ou o julgamento de Deus sobre um inimigo ou
malfeitor. Amaldiçoar pode ser legítimo ou pecaminoso (Levítico 24:11; Números 23:8;
Deuteronômio 27:15-25; Josué 6:26; 1Samuel 17:43; 2Reis 2:23-24; 2 Timóteo 4:14).
Amaldiçoar é o mais inútil e sem sentido dos pecados. Ao contrário da idolatria, é
transparentemente irreligioso e imediatamente revela o hipócrita, Ao contrário do
assassinato, não existe nem mesmo a possível satisfação momentânea de vingança. Ao
contrário da mentira ou do roubo, não traz nem mesmo vantagem temporária. Ao
contrário de imoralidade, não traz qualquer prazer momentâneo que seja, nem satisfaz
qualquer desejo. Ao contrário da cobiça, que é necessariamente previdente, é irracional
e impensado. Por que, então, a maldição é tão predominante? A humanidade, criada à
imagem de Deus, tem o dom da palavra para louvar a Deus e comunicar uns com os
outros. Blasfêmia, maldição ou juramento são terríveis expressões de pecadores
depravados que são espiritualmente impotentes para criar, e só podem articular a
frustração de seu pervertido "complexo de deus" por vocalizar seu ódio e desprezo tanto
por Deus quanto pelo homem em termos perversos e destrutivos. As palavras se tornam
armas, os juramentos se tornam encantamentos frustrados e a maldição se torna uma
teologia pervertida de autodestruição. O próprio dom da palavra, dado com o propósito
de declarar a verdade de Deus e tornar a sociedade coerente, ao invés disto, profana o
nome de Deus, perverte a verdade e fragmenta a sociedade (Romanos 3:13-14).
Um juramento civil ou religioso é um reconhecimento de que Deus é o Todoenvolvente, Realidade Viva, que Ele é moralmente auto-consistente, Imanente e
infalivelmente trará os homens ao juízo. Tal juramento reconhece ainda Seu Senhorio e
Domínio sobre todo o governo humano e religioso, e a validade e prioridade de Sua lei.
Assim, juramentos devem ser levados a sério e perjúrio é uma ofensa grave para ambos
Deus e homem. Um juramento civil sem a lei-ordem de Deus é, no entanto, sem sentido,
como testemunhado diariamente nos tribunais civis modernos.
92
É lícito fazer um juramento civil ou religioso? Alguns sustentam que todos os
juramentos - um juramento de escritório político, testemunhando sob juramento em
assuntos jurídicos, juramentos religiosos ou votos - são proibidos por nosso Senhor
(Mateus 5:33-37). Os juramentos proibidos pelo Senhor eram juramentos pessoais
desnecessários ou distorcidos. Algo religioso foi chamado para dar-lhes força. O crente,
nosso Senhor ensinou, deve ser tomado por sua palavra ["Sim" ou "Não"] sem tais
juramentos. Além disso, deve-se notar que a Escritura registra juramentos apropriados
em uma forma positiva. Um voto ou juramento é um assunto sério e não deve ser
tomado de ânimo leve (Eclesiastes 5:1- 6). Deus abençoa a pessoa que faz um
juramento e se mantém fiel à sua palavra, apesar da perda pessoal (Salmos 15:4). Muitas
personalidades bíblicas fizeram seus juramentos em circunstâncias adequadas: por
exemplo: Abraão e Eliezer (Gênesis 24:2-9), Jacó (Gênesis 28:18-22; 31:44-55) e Rute
(Rute 1:17). Paulo clamou a Deus para ser sua testemunha (Romanos 1:9; 9:1; 2
Coríntios 1:23; Gálatas 1:20; Filipenses 1:8), um anjo faz um juramento (Apocalipse
10:5-6), nosso Senhor mesmo testemunhou sob juramento (Mateus 26:59-64) e o
próprio Deus fez o Seu juramento para fortalecer sua promessa (Isaías 45:22-23;
Hebreus 6:13-18). Você toma o nome de Deus em vão em seus lábios ou em sua vida?
50ª Pergunta - Qual é o quarto mandamento?
Resposta - O quarto mandamento é: "Lembra-te do dia do sábado, para santificá-lo.
Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu
Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo,
nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas
portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há,
e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o
santificou." (Êxodo 20:8-11).
51ª Pergunta - Qual é o significado do Quarto Mandamento?
Resposta - O Quarto Mandamento revela que Deus é Soberano ao longo do tempo,
e requer que o homem se mantenha santo para Deus nesses momentos que Ele destinou
em Sua Palavra.
Veja também - Gênesis 2:2-3; Êxodo 16:25-30; 23:10-12; 31:13-17; Levítico
19:30; 23:3; 26:2; Números 15:32-36; Deuteronômio 5:12-15; 2Reis 4:22-23;
Neemias 13:15-22; Isaías 58:13-14; Ezequiel 23:38; Amós 8:4-5; Mateus 12:1-13;
28:1; Marcos 2:23-28; Lucas 4:16; 23:56; 24:1; João 7:22-23; 20:1,19; Atos
13:14-41; 17:3; 20:7; Romanos 14:5-6; 1 Coríntios 16:2; Gálatas 4:10-11;
Colossenses 2:16-17; 2 Tessalonicenses 3:10-12; Hebreus 4:1-11; 10:25;
Apocalipse 1:10; 10:5-6.
COMENTÁRIO
93
O Quarto Mandamento revela a soberania absoluta de Deus sobre o homem no que
diz respeito ao uso de seu tempo de trabalho, descanso, adoração e recreação. O
Sábado, refletindo o descanso de Deus ao terminar a obra da criação, vem ao homem
como uma bênção divina e dom, não uma restrição ou carga (Isaías 58:13-14). A
divisão deste Mandamento é em quatro partes: primeiro, a admoestação mais forte tanto
para lembrar o sábado quanto para o santificar (separar). Segundo, o reconhecimento do
trabalho, Terceiro, descanso do trabalho. Quarto, a razão para o sábado. Ele reflete o
descanso Divino após a obra da criação, um descanso de prazer e satisfação.
O Primeiro Mandamento revela a soberania absoluta de Deus sobre nossa adoração;
o Segundo, a espiritualidade de nossa adoração; e Terceiro, a nossa atitude interior na
adoração. O Quarto Mandamento revela a soberania absoluta de Deus sobre o nosso
tempo de trabalho e de descanso, adoração e vocação, ocupação e recreação.
Alguém deve trabalhar antes de poder descansar. Seis dias são os dados por Deus
para o trabalho. Note que seis dias de trabalho não estão necessariamente ordenados,
mas sim que todo o trabalho do homem deve ser feito em seis dias para que ele pudesse
descansar no sétimo: As palavras de abertura "Seis dias, trabalharás,..." não devem ser
arbitrariamente separadas do restante da declaração: "...e farás toda a tua obra,"
implicando um prazo de seis dias para o trabalho para que o sábado pudesse permanecer
separado como um dia de descanso.
O sábado semanal não foi o único "sábado" que Deus ordenou a Israel para
observar. Haviam semanais (Êxodo 20:8-11; Deuteronômio 5:12-15), mensais
(Números 28:11-15; Romanos 14:5-6) e sábados anuais (Êxodo 12:1-20,43-50; Levítico
23:15-44; Números 28:16-25; 29:1-40), um observado a cada sete anos (Êxodo 23:1011; Levítico 25:1-7,18-22; 2 Crônicas 36:20-21) e um observado a cada cinquenta anos
(Levítico 25:8-18). Alguns eram puramente dias de descanso, alguns eram dias de festa
e alguns eram dias de adoração coletiva. Para entender corretamente o significado
completo do sábado semanal, alguém deve entender todo o princípio do sábado
ordenado por Deus. O seguinte é um breve estudo sobre os vários "sábados":
O princípio do sábado de Israel era o de repouso para o homem, os animais e a terra,
instituído por Deus. Este princípio olhou para trás, para a criação e libertação de Israel
do Egito, olhou para Deus em um relacionamento de aliança e olhou para frente
profeticamente para a redenção de toda a criação. Este princípio também foi um
princípio de celebração. Ambos tipicamente anteciparam a redenção-repouso no Senhor
Jesus Cristo e na glória futura (Deuteronômio 5:12-15; Romanos 8:18-23; Hebreus 4:111; 2 Pedro 3:7-18).
94
Para ser bíblico e consistente, alguém deve fazer uma distinção entre o provisório
(cerimonial, civil) e o perpétuo: O princípio do sábado (descanso e adoração) é
perpétuo, como está refletido em ambos, na criação e repouso de Deus (Gênesis 2:2-3;
Êxodo 20:11) e na necessidade do homem descansar, ou seja, "o sábado foi feito para o
homem, não o homem para o sábado" (Marcos 2:27). O princípio do sábado aponta para
frente para o descanso redentor no Senhor Jesus Cristo (Deuteronômio 5:12-15;
Hebreus 4:1-11. Note que em Hebreus 4:9 se lê literalmente "um repouso sabático" no
grego), e por isso tem um significado típico que encontrará cumprimento completa na
redenção final do homem e da terra, quando o descanso sabático de Deus e do homem
encontrará sua realização final (Romanos 8:18-23; 2 Pedro 3:13).
Qual, então, em essência, é o significado perpétuo e final do sábado? O sábado é
descrito como "o sábado do Senhor Deus," isto é, Seu sábado e é rastreado até Seu
descanso primitivo de celebração, realização, satisfação ["tudo era muito bom"] e
antecipação (Gênesis 2:1-3). O significado nacional ou aliança de Israel era tanto
temporária quanto tipológica (Êxodo 16:25-30; 23:10-12; 31:13-17; Deuteronômio
5:12-15), aguardando a sua verdadeira e plena significação entre os crentes dentro da
Nova ou Aliança do Evangelho (Hebreus 4:1-11).
Os crentes agora são trazidos em união com Cristo e assim se alegram em sua obra
redentora acabada e espiritualmente "descansam" pela fé nele. Celebramos nossa
gloriosa salvação. Note a antecipação desse "repouso (sabático) que resta para o povo
de Deus" (Hebreus 4:9). Aguardamos a nossa futura glorificação (Romanos 8:14-23) e a
restauração de toda a criação que, mais uma vez, tornará todas as coisas puras e muito
boas" na criação de "novos céus e uma nova terra em que habita a justiça" (2 Pedro 3:713). Com a criação final e infalivelmente restaurada, e os eleitos de Deus final e
completamente redimidos, o descanso completa e final de Deus será cumprido. O
sábado, então, deveria ser uma celebração da nossa redenção, um deleite, um descanso,
tanto físico como espiritual e uma antecipação daquela glória que está por vir. Tais
pensamentos devem santificar e tornar o Dia do Senhor um deleite.
Embora seja verdade que nem no Velho ou no Novo Testamento Deus
explicitamente mudou-se o sábado semanal do sétimo para o primeiro dia, desde a
ressurreição de nosso Senhor, os cristãos se reuniram no primeiro dia da semana
(Mateus 28:1; Atos 2:1ss; 20:7; 1 Coríntios 16:2; Apocalipse 1:10). Foi no dia da
ressurreição de nosso Senhor, o dia de Pentecostes, que marcou a igreja do Novo
Testamento como instituição ordenada por Deus para esta economia do Evangelho pelo
poder do Espírito; e antecipa a restauração total e definitiva de todas as coisas, das quais
a sua ressurreição foi apenas a primeira declaração. O primeiro dia (tradicionalmente
"Domingo") distingue, assim, o culto cristão do culto judaico. Esta foi a prática
apostólica inspirada em todo o Novo Testamento. Assim, observar o primeiro dia da
semana como o dia do Senhor não é meramente tradicional, é implícita e explicitamente
bíblica (Atos 20:7; 1 Coríntios 16.2).
Você já encontrou essa promessa de repouso no Senhor Jesus? Você encontra prazer
no Dia do Senhor? Você tira algum tempo para antecipar e se alegrar com a vinda do
sábado da criação?
95
Pergunta 52ª: Qual é o quinto mandamento?
Resposta: O Quinto Mandamento é: "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se
prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá." (Êxodo 20:12).
53ª Pergunta - Qual é o significado do Quinto Mandamento?
Resposta - O Quinto Mandamento requer que o homem preserve a honra, e execute
os deveres que pertencem a todos em suas posições e relações como legítimos
superiores, inferiores ou iguais.
Veja também: Levítico 19:32; Deuteronômio 5:16; 6:6-15; 21:18-21; 1Reis 2:19;
Provérbios 6:20-24; 22:6,15; 13:24; 23:13,22; 30:17; Jeremias 35:18-19; Mateus 10:3738; 15:3-6; Marcos 7:9-13; Lucas 2:51; 9:59-60; 10:16; 14:26; João 19:26-27; Romanos
12:10; 13:1-7; Gálatas 6:6; 1 Coríntios 4:15; Efésios 5:21-24; 6:1-9; Filipenses 2:3;
Colossenses 3:18-4:1; 1 Timóteo 5:4,16-17; 2 Timóteo 3:15; Tito 2:2-3,9-10; Hebreus
12:11; 13:7,17; 1 Pedro 2:13-18.
COMENTÁRIO
O Quinto Mandamento, pois representa a extensão e a representação da autoridade
Divina nos relacionamentos humanos, forma uma ligação entre os quatro primeiros (a
"Primeira Tábua da Lei," ou a responsabilidade do homem para com Deus) e os últimos
seis Mandamentos (a "Segunda Tábua da Lei," ou a responsabilidade do homem para
com o homem). A divisão é dupla: primeiro, o Divino mandamento intensivo para
honrar pai e mãe, segundo, a promessa Divina de longevidade na terra. O Apóstolo
Paulo estende esta expressão para envolver todas as famílias com os pais crentes e
longevidade na terra (Efésios 6:1-3).
Os filhos devem honrar seus pais. O termo "honra" tem o sentido de "honra,
reverência, respeito, dando muito peso aos" seus pais e mães. Os pais estão no lugar de
Deus para os seus filhos, como uma parte inerente da ordem ordenada por Deus (1
Coríntios 11:3; Efésios 3:14-15; 5:22-25; 6:1-4; Colossenses 3:18-22; 1 Pedro 3:1,57), e nunca deve ser tomada de ânimo leve em seus comandos. É a posição ordenada por
Deus dos pais sobre a criança que deve ser honrada, independentemente do determinado
caráter moral da pessoa que ocupa essa posição. As crianças e os adultos não devem
desonrar seus pais por causa de imperfeições ou falhas percebidas. Os pais da mesma
forma carregam uma grande responsabilidade para com os seus filhos sob Deus, como
seus representantes. Na ordem moral ordenada por Deus, não há lugar para desonra,
arbitrariedade ou irresponsabilidade.
96
O termo "pai" é de aplicação muito ampla, referindo-se a toda a autoridade legítima,
como a família é a principal instituição social ordenada por Deus. Para a mentalidade
hebraica, "pai" se refere a qualquer um o qual era devido respeito e honra como estando
em um lugar de superioridade, autoridade, influência ou liderança. É biblicamente usado
para se referir aos pais literais, físicos (Gênesis 15:15; 27:19; Hebreus 12:9), aos
patriarcas ou antepassados célebres (Êxodo 3:6; João 8:39; Tiago 2:21), a alguém ou
coisa como progenitora ou fonte (Jó 38:28), a Deus como um Pai espiritual (Salmos
89:26; Isaías 63:16; Malaquias 1:6; 2:10; Mateus 6:9; João 8:41; Romanos 8:13-16;
Efésios 3:15,19; Filipenses 1:2), a um ídolo (Jeremias 2:27), aos reis ou governantes
(1Samuel 24:11; Isaías 22:21; 38:5; 49:23), aos superiores (Atos 22:1), aos
conselheiros, assessores ou profetas (Gênesis 45:8; 2Reis 2:12; 6:21; 13:14) , aos líderes
espirituais ( 2Reis 13.14; 1 Coríntios 4:15-17; 1 Timóteo 1:2,18; 2 Timóteo 1:2; 2:1; 1
Pedro 5:13), àqueles que instruem a outros (2 Reis 2:12; Provérbios 1:8,10,15), àqueles
em um relacionamento próximo (2 Samuel 7:14; 2 Reis 2:12; Jó 31:18; Hebreus 1:5),
àqueles que provêm ou protegem outros (Jó 29:16; Salmos 68:5; Jeremias 31:9), àqueles
cujo caráter é rivalizado (Ezequiel 16:3,45; João 8:28-49; Romanos 4:12,16-17) e,
geralmente, como um título do maior respeito.
O universo criado existe no contexto da lei Divina – que é espiritual, moral, social
e física. Porque a lei Divina governa em todas as esferas, a ordem Divina foi
estabelecida e deve ser mantida e quando ela é mantida em qualquer esfera, há bênção,
quando ela é desobedecida e desconsiderada, há contradição, confusão, irracionalidade,
anarquia, dissolução e fracasso. Socialmente, a ordem Divina se estende para baixo para
e por meio da raça humana de Deus, o Pai, para o Senhor Jesus Cristo [como o DeusHomem, Mediador e Salvador], para o homem, para a mulher e depois, para os filhos
(Gênesis 1:26-28; 2:18-24; 3:16; Efésios 3:14-15; 5:22-24; 1 Coríntios 11:3,7-9,12;
Colossenses 3:18-20; 1 Pedro 3:1-7). A família é, portanto, o microcosmo da raça
humana ordenado por Deus.
A família é ordenada por Deus como a principal unidade social, ou entidade, não o
indivíduo. Quando o indivíduo se torna a unidade social primária, há fragmentação,
contradição, confusão e anarquia - porque a ordem Divina é desobedecida, e cada um
faz o que é reto aos seus próprios olhos (Juízes 17:6; 21:25). Não resta nenhum veículo
ou contexto social para a preservação e transmissão da verdade Divina, moralidade,
autoridade ou responsabilidade (Gênesis 1:26-28; Provérbios 30:11-14,17; Romanos
1:18-32; 2 Timóteo 3:1-7). Tal desordem social fragmentada se espalha como veneno
através de uma sociedade em desintegração. Embora, o governo humano deva começar
com autonomia individual por intermédio da graça regeneradora, a família é a entidade
social primária. É a primeira "igreja,", "sociedade,", "escola" e "emprego" para as
crianças, pela qual elas aprendem a agir e a viver responsavelmente, no contexto de
obedecer, compartilhar e cuidar por meio do trabalho e da cooperação. Quando a
instituição da família ordenada por Deus é ameaçada, a sociedade está em perigo;
quando a família é fortalecida, a sociedade está salvaguardada.
97
Deus ordenou a família, a igreja e o Estado. O estado ou o governo civil foi
concebido para ter uma esfera limitada dentro do reino da humanidade. Quando o
estado revoga a si mesmo jurisdição total – se torna totalitário - na formação e
transmissão da cultura, necessariamente usurpa o lugar tanto de Deus quanto dos Pais.
Em outras palavras, ele domina a família e a religião institucionalizada ou procura
torná-los irrelevantes. Ao abandonar a realidade da lei e do propósito Divino
(predestinação Divina), ele simplesmente substitui com o seu próprio (por exemplo: o
Darwinismo Social). Numa sociedade secularizada, que existe sem referência à PalavraLei de Deus, o Estado tende a perceber-se tanto como "deus" exercendo domínio
imanente, estabelecendo moralidade (ou amoralidade) e "equidade" "econômica e
justiça social" por consenso humano quanto "pais" (substituindo a família e os pais). O
sistema educacional estatal torna-se o veículo para a transmissão de uma cultura secular
sem Deus. Os cristãos sempre tiveram de lidar com um conceito deificado do Estado ou
de seus líderes. É vital manter uma família piedosa, como sua dissolução significa,
necessariamente, a desintegração da sociedade. Nós honramos nosso Pai Celestial nesta
área vital?
54ª Pergunta - Qual é o Sexto Mandamento?
Resposta - O Sexto Mandamento é: "Não matarás." (Êxodo 20:13).
55ª Pergunta - Qual é o significado do Sexto Mandamento?
Resposta - O Sexto Mandamento declara a soberania de Deus sobre vida e morte, e
proíbe a tirar ilegalmente a vida humana, ou tudo quanto tende a isso.
Veja também: Gênesis 1:26; 4:2-15; 9:3-6; 37:18-20; 49:6; Êxodo 21:29;
22:2-3; Números 35:29-34; Deuteronômio 5:17; 19:21; 21:1-9; 22:08; 2Samuel
12:9; Salmos 8:3-8; 82:3-4; Provérbios 12:10; 22: 3; 23:1-3; Habacuque 2:9-12;
Mateus 5:21-22,38-48; 15:18-20; Marcos 7:21-23; João 8:44; Romanos 13:4;
12:19-21; 1 Coríntios 6:19-20; Gálatas 5:19-21; Efésios 5:28-29; 1 Timóteo 4:16; Tiago 3:9; 2 Pedro 1:5-6 ; 1João 3:10-19.
COMENTÁRIO
O Sexto Mandamento declara a soberania de Deus sobre a vida e a morte. Há neste
Mandamento: primeiro, uma proibição perpétua contra tirar ilegalmente a vida humana;
segundo, uma implicação positiva. A antítese é que Deus nos ordena amá-Lo suprema e
completamente, e neste contexto, devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos
(Deuteronômio 6:4-5; Mateus 22:36-40). O termo "próximo" é inclusivo de qualquer
um e todos os seres humanos, sem exceção, incluindo não apenas os amigos, colegas,
conterrâneos, ou aqueles da mesma fé, mas "estranhos" (estrangeiros) e até mesmo os
inimigos (Êxodo 22:21; 23:9; Deuteronômio 10:12-19; Mateus 5:43-48; Lucas 10:2537, Romanos 12:19-21).
98
O Quinto Mandamento forma uma conexão entre os quatro primeiros (amor a Deus)
e os cinco últimos (amor ao próximo), uma vez que protege e perpetua toda autoridade
apropriada que Deus ordena. O Sexto protege a vida humana, o Sétimo protege a
instituição do casamento ordenada por Deus, e assim, a família; o Oitavo protege a
propriedade privada, o Nono protege a reputação, e o Décimo protege tudo o que
pertence ao próximo pela obrigatoriedade da atitude interior adequada para com os
outros e para com aquilo que pertence a eles.
Deus é a fonte de toda a vida - vegetal, animal, humana e angelical. Como o
Criador, Sustentador e Governador moral da criação, Deus é absolutamente Soberano
sobre a vida e a morte (Deuteronômio 32:39; João 18:10-11; Romanos 11:33-36;
Apocalipse 1:18). Ele tanto dá quanto tira a vida como Sua prerrogativa soberana e
delega a responsabilidade para o homem, seu portador da imagem e vice-regente, tanto
para preservar quanto para tirar a vida nos termos de Sua Palavra-Lei (Gênesis 9:6;
Números 35:31-33; Deuteronômio 19:11-13). Assim, o governo civil tem a
responsabilidade de manter a pena capital.
O Sexto Mandamento proíbe tirar ilicitamente a vida humana. Este mandamento é
muito amplo, e se aplica ao homicídio premeditado (Gênesis 4:6-8; 35:16-18 Números
20-21, 29-34; Deuteronômio 19:11-13; Marcos 7:21-23; Gálatas 5:19-21; 1 Timóteo
1:9), homicídio involuntário (crime passional) (Números 35:22-28), homicídio culposo
por negligência, falta de cuidado, ou "acidente" (Êxodo 21:28-29; Números 35:10-15;
Deuteronômio 19:1-10; 22:8) e ser cúmplice de assassinato (2 Samuel 11:1-27; 12:9).
O Sexto Mandamento não só proíbe o ato evidente de tirar ilegalmente a vida
humana, como da mesma forma proíbe todos os pensamentos, motivação, inclinação e
ação que tende para esse ato. Assim, este Mandamento, como jurisprudência, condena
toda raiva, vingança, inveja, ciúme, cobiça, ódio, injustiças, etc. Todo pecado,
incluindo tirar ilegalmente a vida humana, começa no coração. Isto é absolutamente
claro pelo ensino de nosso Senhor (Mateus 5:21-22,27-28; Marcos 7:21-23). A tradição
judaica ensina que somente o ato evidente era pecado; nosso Senhor revelou que tudo o
que levou até aquele ato era, em si, também pecado! A isto todas as Escrituras
concordam (Gênesis 4.6-8; Mateus 27:18; Marcos 15:10; Romanos 1:28-32; Gálatas
5:19-21; Efésios 4:17-19; 1 João 3:11-15).
As Escrituras revelam que Deus cuida de todas as coisas vivas - plantas, animais e
homem (Gênesis 1:1-31; 2:15-24; Levítico 36:33-35,43; 2 Crônicas 36:20-21; Salmos
104:1-31; Mateus 6:28-30; 10:29-31; Atos 17:25; Romanos 8:19-23; Colossenses 1:17).
Na ordem criada, há diferentes níveis de vida. A vida vegetal sustenta o homem e o
animal. Os animais fornecem alimentos e roupas para o homem (Gênesis 3:21; 9:3).
Deus deu ao homem domínio sobre a criação menor e permite tirar a vida animal
(Gênesis 1:29; 9:1-5; Salmos 8:3-8; Mateus 6:28-30; Romanos 14:2,6,14-23; 1 Timóteo
4:1-6). Assim, nem toda a vida é igual. A vida humana é distinta e única porque o
homem foi criado à imagem de Deus (Gênesis 1:26,9:6; Lucas 3:38; Atos 17:28-29;
Efésios 4:24; Colossenses 3:10; Tiago 3:9). A vida humana possui, portanto, um valor
derivado estabelecido por Deus, e não um valor inerente (Gênesis 9:5-6).
99
De acordo com a Palavra-Lei de Deus, o aborto necessariamente é assassinato, tirar
ilegalmente uma vida humana (Êxodo 21:22-23; Jó 10:8-12; Salmos 139:13-17; Lucas
1:41-44). Tudo o que é vida humana tem sido sempre exclusivamente vida humana,
mesmo no início e em sua forma mais elementar (Salmo 139:13-16). A linguagem
inspirada deste Salmo é exatamente descritiva de um feto - um ser humano ainda por
nascer. Não há evolução no útero, nenhum ponto onde a vida das células, tecidos ou
animal evolui para a vida humana. É antiescriturístico, anticientífico e irracional até
mesmo sugerir que um zigoto [um óvulo fertilizado ou embrião humano] ou feto [bebê
por nascer] é simplesmente uma parte do próprio corpo de uma mulher. É evidente que
é uma entidade própria, a combinação do esperma de um homem e o óvulo de uma
mulher, o resultado é a concepção e o início de uma vida diferente e única. O
Humanismo Moderno Secular, sendo ateu, anticristão, imoral, materialista e
evolucionista, nega a existência da alma humana, do pecado e da responsabilidade
moral. Mas a perversão da verdade não altera nem a verdade, nem suas consequências
necessárias. O assassinato com qualquer outro nome não muda nada.
A eutanásia é o equivalente ao aborto. É a morte de idosos, enfermos, loucos e senis,
pois estes se tornam um fardo psicológico, emocional, físico ou econômico para a
sociedade. É muitas vezes chamado de "golpe de misericórdia" porque termina com o
sofrimento, tirando estes do mero sofrimento físico para aquele da alma em tormentos?.
Em nossa era moderna e tecnológica, a "morte por causas naturais" deve ser redefinida e
grandes questões morais existem.
Nós devemos diferenciar entre tais realidades como o suicídio assistido de paciente,
a eutanásia sem o consentimento ("golpe de misericordiosa"), a eutanásia passiva e
suspensão do tratamento.
Devemos reconhecer que só Deus tem a prerrogativa de dar e tirar a vida. Mesmo
sob circunstâncias aparentemente simples, as questões morais sempre permanecerão,
porque a tecnologia em muitos casos tem feito "mortes por causas naturais" quase
anormais. Lembre-se, a morte é o resultado do pecado; ela não é "natural," ela é
antinatural (Gênesis 2:16-17). A declaração em João 12:24, frequentemente serve para
descrever a morte humana como se fosse natural , refere-se à nosso Senhor, e não à
qualquer outra pessoa. A morte física não é natural e é o "último inimigo," que será
destruído (Gênesis 2:16-17; 1 Coríntios 15:21-26).
Defesa pessoal não é apenas ensinada nas Escrituras, está implícito no Sexto
Mandamento. Ao defender-se a si mesmo ou outros que alguém deve proteger, a pessoa
está buscando impedir uma culatra deste Mandamento (Efésios 5:25-29). Um ladrão
poderia ser morto quando estivesse arrombando durante a noite, porque as
circunstâncias envolvidas na escuridão, a possibilidade de armas ou cúmplices ocultos,
e os meios e motivação para ferir gravemente ou matar os habitantes da casa, etc.,
(Êxodo 22:2-3). Esta era necessariamente uma forma de defesa pessoal.
100
O ensino de nosso Senhor é muito importante, uma vez que tenha sido mal usado
para ensinar um pacifismo não escriturístico (conferir Mateus 5:38-48; Lucas 6:28-36).
A reação quando se é ferido na face direita para virar a outra (esquerda) não tem a ver
com a legítima defesa, mas o sofrimento como um Cristão. Como a maioria dos homens
é destro, este – e o contexto parece apoiar esta interpretação - necessariamente refere-se
a um tapa dado de desprezo. Nós temos o direito à uma legítima defesa pessoal à luz do
Sexto Mandamento, mas podemos ser chamados a sofrer perseguição pessoalmente
como Cristãos, e tal pode ser suportada pela graça de Deus (Mateus 5:9-12; João 15:1825; Romanos 12:19-21; 1 Pedro 2:12-25; 4:1,12-19).
Corporativa e nacionalmente, os Cristãos podem tomar a espada como cidadãos
responsáveis em defender sua nação ou para reconstituir um governo justo. Em defesa
própria, alguém não pode usar um grau maior de força sem assumir o papel de um
agressor. Pode haver uma linha muito fina entre a legítima defesa e o ataque
pecaminoso; só Deus conhece o coração e é o Juiz final. Nós somos culpados mesmo de
coração assassino (1João 3:15)?
56ª Pergunta - Qual é o Sétimo Mandamento?
Resposta - O Sétimo Mandamento é: "Não adulterarás." (Êxodo 20:14).
57ª Pergunta - Qual é o significado do sétimo mandamento?
Resposta - O Sétimo Mandamento proíbe todos os pensamentos impuros, intenções,
palavras e ações.
Veja também: Gênesis 2:18-25; 39:9; Levítico 18:1-30; 19:29; 20:10-23; 21:9;
Deuteronômio 5:18; 22:13-24; 2Samuel 11:1-12:14; Jó 31:1,9-11; Salmos 51:1-4;
Provérbios 2:16-19; 5:3-23; 6:24-35; 7:1-27; 9:13-18; 23:27-28; Eclesiastes 9.9;
Cantares de Salomão; Jeremias 5:7-9; 29:23; Ezequiel 16:15-17; Livro de Oséias;
Malaquias 3:5; Mateus 5:27-32; 19:3-9; Marcos 7:18-23; 10:2-12; João 4:16-18; 8:1-11;
Romanos 1:24-27; 12:1-2; 1 Coríntios 5:1-13; 6:9-20; 7:1-40; 10:7-8; Gálatas 5:19-21;
Efésios 5:3-6, 21-33; Colossenses 3:5-6; 1 Tessalonicenses 4:3-7; Hebreus 13:4; Tiago
4:4; 2 Pedro 2:14; Apocalipse 22:14-15.
COMENTÁRIO
Tal como acontece com o Sexto e Oitavo Mandamentos, há necessariamente uma
declaração negativa: uma proibição perpétua contra toda a imoralidade, e uma dupla
implicação positiva: primeiro, nós devemos santificar constantemente nossos
pensamentos, intenções, palavras e ações, esforçando-nos pela graça de Deus para
mantê-los puros. Segundo, como o casamento é o estado natural ordenado ao homem
por Deus, nós devemos nos manter fiéis à nossa própria esposa ou marido, cumprindo e
sendo cumpridores nesse relacionamento íntimo de amor que Deus ordenou (Gênesis
2:18,24-25; Provérbios 5:15-19; 1 Coríntios 7:2-6,9; Efésios 5:25; Colossenses 3:19;
Tito 2:4; Hebreus 13:4; 1 Pedro 3:7).
101
Como o Quinto Mandamento protege a autoridade necessária para a manutenção e
perpetuação da família e subsequentemente todo o governo humano, o Sexto
Mandamento dá a importância que se deve à vida humana (o homem como o portador
da imagem de Deus), o qual é necessário para a família e o seu mandamento ordenado
por Deus e subsequentemente para a própria sociedade. O Sétimo Mandamento protege
a instituição ordenada por Deus do casamento, o qual é essencial para a família e para
toda a moralidade subsequente. Todos estes separam os homens da criação bruta e são
fundamentais para a preservação da sociedade humana.
O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, e, portanto, possui uma
qualidade moral e caráter responsáveis e inescapáveis (Gênesis 1:26). O homem
também foi criado como um ser sexual (Deus os criou homem e mulher, Gênesis 1:27).
Assim, a sexualidade humana em si, não é inerente ou moralmente errada (tudo o que
Deus criou era "muito bom," Gênesis 1.31), mas dada por Deus para o propósito do
homem (o cumprimento da Criação e Mandamento Cultural), a procriação (para
propagar a raça humana e prazer, para ser a expressão mais íntima do amor humano).
Veja Cantares de Salomão. Deus ordenou o casamento como o contexto apropriado,
exclusivo, puro, responsável e gratificante para a relação sexual. No casamento, o
homem e a mulher se tornam um diante de Deus e dos homens. Qualquer atividade
sexual fora da relação do casamento é imoral e uma perversão da ordem determinada
por Deus.
O conceito contemporâneo de e obsessão por sexo é pervertido. O sexo tem sido
divorciado da Lei de Deus, e, portanto, divorciado do verdadeiro amor, que encontra o
seu cumprimento legítimo no casamento, responsabilidade, compromisso e moralidade.
O sexo é desta forma comercializado, a concupiscência legitimada e a perversão
normalizada. Esta geração vê as drogas e o sexo meramente como amoral, recreativo,
escapista, ou a última experiência quase religiosa.
Tal como o restante do Decálogo, este Mandamento inclui todo e qualquer pecado
da mente, coração e ato preliminar que leva ao ato evidente do pecado sexual. Considere
Mateus 5:27-28. Por que nosso Senhor enquadrou a questão de uma forma tradicional ?
"Ouvistes que foi dito aos antigos" (v.27) - quando as palavras vieram diretamente
de Deus no Sétimo Mandamento?” Ele não estava revogando a Escritura, mas
corrigindo a tradição judaica, que ensinava que somente o ato manifesto era pecado. Ele
afirmou que aqueles que concebem o pecado no coração, no olhar lascivo e no
pensamento já cometeram adultério de coração diante de Deus (v. 28). Nessa sociedade,
a mulher, casada ou solteira, estaria vestida condizente com seu estado civil. O próprio
homem seria casado ou solteiro. Portanto, o primeiro olhar seria moralmente
determinante. Aqui, como em outros casos, a lei aplica-se aos pensamentos, inclinações
e motivações, bem como à atividade pecaminosa evidente. A lei literalmente atinge o
verdadeiro coração da questão. Além disso, a admoestação extrema que segue
imediatamente nos versos 29 e 30 para "cortar a mão direita" e "arrancar o olho direito"
deve ser tomada no sentido figurado e não literal. O significado solene é que alguém
deve tomar as medidas mais imediatas, radicais e drásticas contra até mesmo todas as
formas iniciais de pecado para o bem da sua alma à luz do eterno juízo eterno!
102
A ideia de evolução, com sua subsequente aprovação legislativa em redefinir a
sexualidade, teve um efeito devastador sobre a sexualidade humana, da ideia de amor e
da instituição do casamento. Ela divorciou a sexualidade humana de toda a moralidade,
responsabilidade, verdadeira masculinidade e verdadeira feminilidade. Ela tem
redefinido a sexualidade nos termos de "amor livre" (sexo desprovido de barreiras
morais ou compromisso), "amor próprio" (autoerotismo), uni-sexualidade,
bissexualidade, voyeurismo, travestismo, prostituição, feminismo, homossexualidade,
lesbianismo, incesto, pornografia, pedofilia e até mesmo a bestialidade. Ela tem
necessariamente reduzido a sexualidade humana a um nível mais baixo do que o bruto.
Qualquer redefinição de qualquer parte das leis de Deus é inerentemente pecaminosa e
causa estragos espirituais, morais, sociais e físicos (Romanos 1:18-32). As ideias têm
consequências, e "teorias" aceitas ou costumes sociais não absolvem os pecadores de
seus pecados. A imoralidade traz sobre qualquer povo o juízo de Deus (Romanos 1:2432). Nossas mentes, corações e corpos estão puros para o Senhor?
Uma palavra deve ser dada a respeito do adultério espiritual e seu paralelo ao
adultério físico. Escrituristicamente, há um paralelo distinto entre o adultério físico e o
espiritual.
Nos tempos antigos, a prostituição masculina e a feminina estavam intimamente
ligada à adoração pagã. Os cananeus deveriam ter sido exterminados por causa de suas
religiões, formas brutais de perversão sexual. Mil prostitutas serviam o santuário do
Akro-Korinthus acima da antiga cidade de Corinto nos dias de Paulo. A questão é mais
do que o mero ato físico de relação sexual. Há uma quebra de um juramento e um
vínculo da aliança, e a maior traição de confiança e compromisso. Deus frequentemente
ilustra sua relação com seu próprio povo tanto no Velho como no Novo Testamento
pelo relacionamento do casamento – a mais profunda e íntima relação humana possível
- para retratar o pecado horrível de desviar dele para os ídolos (por exemplo: Êxodo
34:15-16; Levítico 17:7; 20:5-6; Números 14:33; 1 Crônicas 5:25; Ezequiel 16:17,23;
Oséias 1:2 ss) ou para os próprios desejos egoístas, mundanos, pecaminosos (1
Coríntios 6:15-17; Tiago 4:1-4).
Nós temos sido infiéis à nossa aliança com o nosso Deus pelo adultério espiritual,
ou seja, estabelecendo ídolos em nossos corações? Qualquer coisa ou qualquer pessoa
que se torna um fim em si mesmo é idolatria (1 Coríntios 10:31; Colossenses 3:5)!
58ª Pergunta - Qual é o Oitavo Mandamento?
Resposta - O Oitavo Mandamento é: "Não furtarás." (Êxodo 20:15).
59ª Pergunta - Qual é o significado do Oitavo Mandamento?
Resposta - O Oitavo Mandamento proíbe qualquer coisa que dificulte ou possa
dificultar ou prejudicar nossa própria riqueza, ou de outra pessoa, dentro ou fora da
propriedade.
103
Veja também: Êxodo 12:35-36; 21:33-34; 22:21-30; 23:4-11; Levítico
19:11,13,15,3536; 25:13-17; Deuteronômio 5:19; 8:6-18; 22:1-4; 23:24-25; 27:17; Josué
7:20-21; 2 Samuel 12:1-6; Salmos 37:21; 50:18; Provérbios 3:27; 6:6-11,30-35;
10:15; 11:15-16,26; 18:9; 20:10,14,23; 21:4-7; 22:7,9,13,20-21,23; 27:23-27;
28:15-17,19-22; 30:8-9; Isaías 1:21-26; Jeremias 17:11; 22:13; Ezequiel 45:9-12;
46:18; Oséias 12:7; Amós 8:4-8; Malaquias 3:8-10; Mateus 7:12; 10:9-10; 17:2427; 22:15-22; 25:19-30; Marcos 7:21-23; 10:19; Lucas 11:39-42; João 12:4-8;
Atos 2:44-45; 5:1-4; Romanos 13:8-10; 12:17; 1 Coríntios. 5:10-13; 6:1-11; 7:23;
2Coríntios 8:21; Efésios 4:28; 6:5-8; Colossenses 4:1; 1 Tessalonicenses 4:6; 2
Tessalonicenses 3:10-12; 1 Timóteo 5:8,16-18; 6:9-10,17-19; Tito 2:9-10;
Filemom 18-19; Hebreus 13:5; Tiago 4:1-4,13-17; 5:1-6.
COMENTÁRIO
Tal como o Sexto e o Sétimo Mandamentos, há tanto uma declaração negativa
perpétua proibindo o roubo quanto uma implicação positiva que todo homem deve ser
diligente quanto à sua própria propriedade, e também estar praticamente preocupado
com a pessoa e a propriedade dos outros.
Há três pensamentos necessariamente relativos a este Mandamento no contexto da
lei moral. Primeiro, cada Mandamento tem uma relação direta com o prólogo em Êxodo
20:1-2, "Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: “Eu sou o SENHOR teu Deus,
que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão." Deus possuiu a nação de Israel como
seu Redentor e Libertador. Assim, ele tinha autoridade absoluta sobre eles por meio de
sua lei. Segundo, como Jeová livrou-os da casa da servidão, eles deveriam compreender
tanto da escravidão quanto da liberdade (O Oitavo Mandamento proíbe o sequestro,
inclusive o sequestro para fins de escravatura, especialmente no contexto dos
Mandamentos Sexto-Oitavo). Terceiro, há uma relação imediata entre o sexto, o oitavo
e o nono Mandamentos, como aquele que rouba uma pessoa ou sua propriedade está
presumivelmente também pronto tanto para matar quanto para mentir.
É natural e comumente pensado que quando qualquer indivíduo ganha, recebe,
encontra ou herda uma propriedade que é sua por direito. Ele pode fazer aquilo que ele
considere oportuno como único proprietário e possuidor. A posse da propriedade
privada é um direito? Qual é a fonte de tal direito? A propriedade privada é uma
necessidade? Qual era o propósito original para a propriedade privada? Como o homem
deve usar o que ele ganhou que lhe foi dado ou herdado? O que exatamente é a
propriedade privada?
104
Finalmente, o homem não possuiu e não possui nada. Ele é uma criatura de Deus
que Dele depende para todas as coisas (Atos 17:24-25), incluindo cada respiração
(Gênesis 2:7; Salmos 104:29; Isaías 2.22; Daniel 5:23; Atos 17:25) e o sustento diário
(Mateus 6:11,19-33). A totalidade da realidade criada pertence - é de propriedade do Todo-Poderoso Deus. "...O Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra..." (Gênesis
14:19, 22). "Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele
habitam." (Salmos 24:1; 50:10). "...Toda a terra é minha." (Êxodo 19:5). O Domínio
Iminente pertence somente a Deus, e não ao Estado. O homem é desta forma
simplesmente um mordomo das habilidades, do tempo, da reputação, das realizações,
das vantagens, da saúde, da riqueza ou de outros bens que lhe fora dado por Deus. Ele
não possui nada que ele possa finalmente chamar ou tratar como seu. Tudo o que ele é e
possui deve ser considerado como delegado a ele por Deus para o uso responsável e
sábio de acordo com a sua Palavra-Lei.
O Mandamento Cultural é " e domine sobre... toda a terra... e multiplicai-vos, e
enchei a terra, e sujeitai-a" (Gênesis 1:26-28). Este é a "Carta Magna" da humanidade,
sua Carta Primitiva, Comissão Original ou Constituição Divinamente obtida. O homem
foi criado para trabalhar e para exercitar piedosamente, o domínio responsável perante
Deus, e encontrar significado, satisfação, prazer e bênção nos frutos do seu trabalho
(Gênesis 2:7-8,15; 39:5; Levítico 25:18-23; Deuteronômio 28:1-13; Provérbios 10:22;
Malaquias 3:10-12).
O homem é o fiel depositário da terra sob Deus. O Mandamento Cultural é assim a
base escriturística e moral para a propriedade privada, como a acumulação de riqueza
(propriedade privada) é necessária para o seu cumprimento. Assim, a propriedade
privada é um direito inalienável, dado por Deus. O Homem neste contexto tem o direito
à posse (mordomia) da propriedade, se ele a ganhou legitimamente, se lhe foi dado, ou
herdou. É uma confiança sagrada dada por Deus. Portanto, toda propriedade, sem
exceção deve ser responsavelmente mantida e utilizada de acordo com a vontade
revelada e a Palavra de Deus. Sobre esta ordenança de Deus é fundado o Mandamento
penetrante, "Não furtarás."
O homem foi criado e chamado para exercer o domínio piedoso sobre a terra sob
Deus (Gênesis 1:26-28). Como ele foi criado para este propósito, domínio inteligente e
responsável era mais do que a sua vocação, era também uma parte inevitável de sua
natureza. Era e é a natureza inerente do homem exercer domínio. É no contexto do
homem como o portador da imagem de Deus e do Mandamento Cultural que nós
devemos ver a ética bíblica do trabalho. O homem foi destinado para trabalhar como
servo de Deus, ou seja, exercer uma mordomia piedosa, responsável, e consistente.
Cada tarefa deve ser abordada, realizada e completa "como para o Senhor" (Eclesiastes
9:10; Efésios 6:5-8; Colossenses 3:22-24; 1 Pedro 4:11). Isto é para se manter fiel, em
especial para o crente, apesar da maldição e seu efeito subsequente sobre o trabalho
como exaustivo e, às vezes, a frustrante labuta (Gênesis 3:17-19; Eclesiastes 2:1011,17-24). A ética bíblica do trabalho encontra a sua mais plena e mais alta expressão
no contexto de um estilo de vida convertido. O domínio começa com o governo próprio
e o governo próprio começa com a regeneração (João 3:3,5; Efésios 4:22-24; Tiago
1:18; 1 Pedro 1:23).
105
A apostasia humana de Deus na pessoa e no pecado de Adão foi centrada em sua
busca para ser o seu próprio "deus" e determinar por si mesmo o que era certo e errado
(Gênesis 3:1-6), ou seja, buscando autonomia em relação à sua natureza, posição e
vocação. Veja as Perguntas 37-38. Não é a existência da propriedade que é pecaminosa
ou errada, nem o desejo por ela; e sim a grande transição espiritual e moral do
Mandamento Cultural sob Deus para tentativa de autonomia do homem caído e pecador
em seu "complexo de deus." Sua natureza tornou-se pervertida, mas o desejo de
dominar permaneceu divorciado do efeito equitativo, santificante e dirigente da
Palavra-Lei de Deus. Deste desejo egoísta e profano de dominar autonomamente a terra
e todas as pessoas e coisas nela, deriva toda inveja, ciúme e orgulho; cada ato de
contenda pessoal, conjugal e social; estupro, furto, roubo, pilhagem e assassinato;
opressão pessoal, corporativa e nacional; toda forma de governo que nega a seus súditos
a propriedade privada - Monarquia absoluta, Comunismo e socialismo [Darwinismo
Social], e toda tentativa de dominação eclesiástica, perseguição política religiosa. O
homem Caído e pecaminoso, tanto individual quanto coletivamente é um ladrão, intruso
e vândalo na terra de Deus. Assim, destaca-se a necessidade da Palavra-Lei de Deus,
"Não furtarás." Nós roubamos?
60ª Pergunta - Qual é o Nono Mandamento?
Resposta - O Nono Mandamento é: "Não dirás falso testemunho contra o teu
próximo." (Êxodo 20:16).
61ª Pergunta - Qual é o significado do Nono Mandamento?
Resposta - O Nono Mandamento exige tanto a manutenção quanto a promoção da
verdade entre os seres humanos, e de nós mesmos e do bom nome de nosso vizinho,
especialmente em testemunho.
Veja também: Gênesis 12:11-13,19; 20:1-14; 30:31-33; Êxodo 1:15-21; 22:10-12;
23:1; Levítico 5:1,19:11,15-16; Números 35:30; Deuteronômio 1:15-17; 13:1-18; 17:612; 8:20-22; 19:15-21; 22:13-21; Josué 2:2-21; 1Samuel 16:1-5; 19:1-5; 2Samuel
17:15-22; 1Reis 21:1-13; 22:6-28; 2Reis 5:5-27; 6:8-20; Jó 5:21; 27:3-6; Salmos 5:6;
12:1-5; 15:1-4; 27:12; 31:6; 35:11,16,20-21; 50:16-20; 55:21; 58:3; 116:11; 139:4,2324; Provérbios 6:16-19; 9:7-8; 10:18-21; 11:12-13; 12:6,13,18,22; 14:5,7,9; 14:15,25;
18:8,21; 19:5; 25:9-10,18; 26:18-28; Eclesiastes 5:1-8; Isaías 5:23; 59:13-15; 63:8;
Jeremias 18:18; 20:10; Oséias 4:2; Zacarias 8:17; Mateus 5:33-37,48; 7:1-6; 10:17-20;
11:16-19; 12:34-37; 26:59-62; João 8:44; 14:06; Atos 5:1-10; 24:5-6; Romanos 1:25;
3:8,13-14; 1 Coríntios 4:3-5; 2 Coríntios 2:17; Efésios 4:25,29-31; Colossenses 3:8-9;
4:6; Tito 1:2; Hebreus 6:13-18; 10:28-29; Tiago 1:26; 3:5-13; 1 Pedro 3:16; 1João
2:21-23; Apocalipse 21:8,27; 22:15.
COMENTÁRIO
106
Tal como acontece com os três Mandamentos precedentes, a análise é dupla:
primeiro, uma declaração negativa perpétua proibindo a falsidade, e segundo, uma
implicação positiva, "Amarás o teu próximo como a ti mesmo," ou seja, manter e
promover a veracidade e equidade a todos aqueles com quem entramos em contato ou
temos qualquer relação - dentro dos limites das Escrituras.
O Terceiro Mandamento proíbe perjúrio contra Deus, o Nono proíbe perjúrio contra
os nossos semelhantes. O Quinto protege os direitos de autoridade, o Sexto protege os
direitos da pessoa e da vida, o Sétimo protege os direitos do casamento e da família, e,
portanto, da sociedade; o Oitavo protege os direitos de propriedade, O Nono protege os
direitos tanto de nome quanto de reputação, e assim, necessariamente, protege o sistema
de justiça que é absolutamente essencial para a própria sociedade (Salmos 11:1-4; Isaías
1:17,23,26).
O propósito deste mandamento é garantir a verdade entre os homens, a qual é
absolutamente essencial para preservar a vida individual, a reputação, a justiça e a
sociedade. Quando a verdade é considerada relativa, ou seja, existencial ou separada dos
absolutos ordenados por Deus, o próprio fundamento da sociedade é potencialmente
destruído, pois a sociedade humana é baseada na pressuposição de que os homens estão
falando a verdade um ao outro.
A natureza de falsidade deriva do diabo. Ele proferiu a primeira mentira (Gênesis
3:1-6), e é chamado o pai da mentira (João 8:44). satanás ou o diabo é descrito nas
Escrituras como destruidor (Apocalipse 9:11), adversário (1 Pedro 5:8), enganador
(Efésios 6.10; Apocalipse 20:10) e caluniador ou acusador (1 Timóteo 3:6-7; 1João 3:8;
Apocalipse 12:10). Sua intenção é destruir a lei-ordem de Deus pela oposição, engano e
acusação. Cada mentira reflete este princípio diabólico. Assim, todo mentiroso está
ligado com o diabo e é contra a lei-ordem de Deus.
O homem caído se afastou de Deus e assim de qualquer possibilidade da verdade ou
realidade absoluta e objetiva. O homem caído e pecador tem, propositadamente
"mudado a verdade de Deus ‘em mentira,'" e assim todo o reino da humanidade é
baseado em um princípio universal de falsidade com seus resultados depravados
(Salmos 58:3; Romanos 1:18-32). Este princípio de falsidade pode ser relativamente
moderado na forma de lisonjas ou cortesia social; ou maligno na forma de perjúrio e
outros mentiras maliciosas - contudo permanece como a única característica
generalizada da humanidade caída.
Para garantir a verdade, o homem deve voltar-se para o objetivo, a Palavra de Deus
plena de autoridade, aos absolutos Divinamente ordenados, ou seja, para uma
"epistemologia com revelações," ou seja, uma teoria prática do conhecimento e da
verdade com base na revelação Divina. Veja a Pergunta 13. A única abordagem à
verdade e ao conhecimento é por intermédio e na da Palavra de Deus (João 17:17;
Romanos 1,18-25). Deus não é apenas verdadeiro, ele é a fonte de toda a realidade,
verdade e significado. Separado Dele, não existe qualquer verdade - somente
especulação empírica no melhor e no pior, absoluta irracionalidade (espiritual e moral).
107
O silêncio pode ser pecado. É preciso exercer um discernimento piedoso como
quando falar e quando não falar. Às vezes, é pecaminoso não falar, e em outras vezes,
pecaminoso falar. Sob certas circunstâncias, deve-se falar a verdade ou cometer pecado
(Êxodo 23:1-2; 1Samuel 19:4-5; Salmos 50:18; Provérbios 12:22), e em outras,
permanecer em silêncio para proteger-se a si mesmo ou daqueles que não têm o direito
de conhecer certas informações (Provérbios 11:9-13). Em outros momentos, devemos
discernir quando a verdade deve ser revelada ou oculta (1Samuel 16:1-5). Nós devemos
procurar manter a consciência limpa diante de Deus de acordo com a sua Palavra (Atos
23:1).
Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, como um ser racional,
moralmente responsável para exercer o domínio piedoso sobre a criação. Para cumprir
este mandamento, o homem foi criado com a faculdade da fala para ter comunhão com
Deus e se comunicar com seus semelhantes. O pecado terrivelmente perverteu o uso da
língua. O próprio instrumento criado para louvar a Deus se volta para amaldiçoá-lo - e
amaldiçoar os semelhantes do homem. A língua revela a plenitude do coração ou o ser
interior e expressa sua natureza depravada (Mateus 12:34; Marcos 7:21-23; Romanos
3:13-14; Tiago 2:2-12).
A fala é "a exalação da alma." O crente é ordenado a exercer o domínio sobre o seu
coração e sua língua (Provérbios 4:23; Romanos 6:14-18; Gálatas 5:23; Efésios 4:2225,29-31; Tiago 1:26; 2:2-12). Todo o governo começa necessariamente com
autonomia, e autonomia começa necessariamente com a regeneração. Um coração
transformado é necessário para uma língua transformada, e uma personalidade
santificada é essencial para mortificar os pecados da língua (Romanos 6:12-13; 8:13;
Colossenses 3:5, 9-10). Nós mentimos?
62ª Pergunta - Qual é o Décimo Mandamento?
Resposta - O Décimo Mandamento é: "Não cobiçarás a casa do teu próximo, não
cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi,
nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.” (Êxodo 20:17).
63ª Pergunta - Qual é o significado do Décimo Mandamento?
Resposta - O Décimo Mandamento proíbe todo o descontentamento para com o
nosso próprio patrimônio, toda inveja do, ou entristecer-se com o bem dos outros, e
todas as emoções ou afeições desordenadas à qualquer coisa ou à qualquer pessoa que é
deles.
Veja também: Gênesis 6:5; 13:10-11; 30:1; 31:1-2; 39:6-12; Êxodo 18:21-22;
34:23-24; Deuteronômio 5:21; Josué 7:1,21; 1Samuel 8:1-3; 12:3-5; 16:7; 25:138; 2Samuel 11:1-4; 1Reis 21:1-16; 2Reis 5:5,16,19-27; Neemias 5:1-13; Salmos
10:2-8; 16:5-6; 51:1-17;
66:18; Provérbios 3:5-10; 4:23; 6:6-11,24-26; 10:4; 23:5-8; 26:24-26; 28:16;
30:8-9,15;
Eclesiastes 5:10; Jeremias 17:9; 45:5; Miquéias 2:1-2 ; Habacuque 2:9;
Mateus 5:27-30;
108
6:19-34; 13:7,22; 15:1-9,19; 19:17-26; 25:14-30; Marcos 4:18-19; 7:21-23;
Lucas 2:1332; 16:14; João 12:4-6; Atos 5:1-4; 20:32-36; 24:24-26; Romanos 1:29-32;
7:7-13; 13:8-10; 1 Coríntios 5:10-13; 6:9-11; 10:1-13,24,31; 12:31; Gálatas 5:1314,19-26; Efésios 4:17-20; 5:3-5; Filipenses 2:1-5; 3:11-14; Colossenses 3:1-6; 1
Tessalonicenses 2:14-16; 1 Timóteo 3:3; 5:8; 6:6-11,17-19; Hebreus 4:12-13; 13:
5; Tiago 1:13-16; 3:14-16; 4:1-4; 5:4-5; 1 Pedro 2:1-2; 2 Pedro 2:15; 3:11-14;
1João 2:15-17.
COMENTÁRIO
Uma análise e exposição do Décimo Mandamento inclui necessariamente duas
considerações: primeiro, a proibição perpétua contra a cobiça; segundo, a pressuposição
que todo pecado começa no coração ou na mente e depois se manifesta em ação
evidente. A cobiça está na raiz de todos os pecados e é pressuposta em todos os
mandamentos negativos.
O Décimo Mandamento ataca a raiz de todo e qualquer pecado. Todo pecado
começa no coração ou na mente (Provérbios 4:23; Mateus 12:34-35; Marcos 7:21-23;
Romanos 7:7; Tiago 1:13-16). O Décimo Mandamento, portanto, tem uma relação
imediata com todos os outros Mandamentos. Positivamente, esta relação pode ser
estabelecida assim: Deus é soberano sobre a nossa adoração (Primeiro e Segundo
Mandamentos), nossas palavras e ações (Terceiro Mandamento), nosso tempo (Quarto
Mandamento), toda autoridade (Quinto Mandamento), nossas vidas e corpos (Sexto
Mandamento), nossos corpos e moralidade (Sétimo Mandamento), nossa propriedade
(Oitavo Mandamento), toda a verdade (Nono Mandamento) e nossas mentes ou
corações (Décimo Mandamento). Não há absolutamente nenhuma esfera de nossas
vidas onde nós devemos ser ou podemos ser independentes de Deus - não há lugar para
a autonomia ou ilegalidade - mesmo no mais profundo recesso de nossos corações e
mentes. Deus reivindica o coração, a mente e a consciência, assim como o corpo, a alma
e a vida.
O desejo de adquirir não é errado. A propriedade privada, a acumulação de riqueza,
a conquista de uma esposa, são essenciais para cumprir da Mandamento Cultural
(Gênesis 1:28). O Décimo Mandamento proíbe desejar ou colocar o coração sobre
aquilo que já pertence a outro, e assim pensar e agir de forma injusta para adquiri-lo.
109
As ideias que envolvem a cobiça, a concupiscência, a inveja e o ciúme estão interrelacionados e representados nas Escrituras por uma variedade de condições. A cobiça
coloca o coração de alguém sobre aquilo que pertence a outro, de ansiar com inveja. A
concupiscência é um desejo desenfreado ou intenso de satisfazer os sentidos e assim
tornar-se cobiça como encontra o seu objeto ou cumprimento em quem ou o que
pertence a outro. A inveja é um sentimento de descontentamento e desagrado por causa
das vantagens ou bens de outra pessoa e por isso é um aspecto da cobiça. O ciúme é um
guarda vigilante de si mesmo ou de uma suspeita ressentida de outra pessoa ou daquilo
que o outro tem e por isso é um aspecto da cobiça. O cobiçoso coloca seu coração em
(cobiça, anseio, luxúria, ou estende-se avidamente e agarra) mais e mais, é invejoso do
que os outros possuem, procura obtê-lo injustamente (por meio de fraude , roubo,
assalto, sedução), e é ciumento (egoísta) acerca daquilo que já possui. Ele peca em
pensamento, inclinação, motivação e implementação.
A cobiça é o pecado mais antigo. Foi o pecado de satanás, que disse que iria subir e
"ser semelhante ao Altíssimo" (Isaías 14:12-15). Foi o pecado de Adão, como ele
desejou ser o seu próprio "deus" e determinar por si mesmo o que estava certo ou errado
(Gênesis 3:1-6). A raiz deste pecado cresce no solo do descontentamento e o desejo de
mais, para o que propriamente pertence a outras - pessoas, propriedade, posição,
prestígio, prazer ou poder.
Nós desejamos aquilo que os outros têm? Nós estamos insatisfeitos com a
providência Divina?
PARTE VI
O PROPÓSITO REDENTOR E O REDENTOR
O estudo doutrinário da Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, nosso Redentor, é
denominado de "Cristologia," do Grego Christos: "Cristo," "Messias, "ou seja, "O
Ungido." O estudo da redenção está contido dentro do contexto maior da salvação, que
é doutrinariamente denominada "Soteriologia," do Grego soteria, ou "salvação,
libertação, restauração, saúde." O termo "redenção" significa uma compra, a libertação
ou livramento mediante o pagamento de um resgate.
Deus é um Deus de propósito e determinação. O núcleo central de toda a história é o
propósito redentor de Deus que está centrado na pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo a redenção dos pecadores por meio do sangue da cruz para a glória de Deus. A redenção
encontrará sua máxima expressão em uma humanidade dos eleitos redimidos e em um
universo restaurado (Isaías 65:17; 2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:5).
64ª Pergunta - Deus deixou toda a humanidade perecer sob a condenação no estado
de pecado e miséria?
Resposta - Deus tendo, da sua boa vontade desde a eternidade, eleito alguns para a
vida eterna, entrou em uma Aliança de Graça para livrá-los do estado de pecado e
miséria, e trazê-los a um estado de salvação por intermédio de um Redentor.
110
Romanos 3:24-26. 24”Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela
redenção que há em Cristo Jesus, 25ao qual Deus propôs para propiciação pela fé
no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes
cometidos, sob a paciência de Deus; 26Para demonstração da sua justiça neste
tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em
Jesus”.
2 Tessalonicenses 2:13-14. 13”Mas devemos sempre dar graças a Deus por
vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a
salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; 14Para o que pelo nosso
evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.
Efésios 1:3-7. 3Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;
4
Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos
santos e irrepreensíveis diante dele em amor; 5e nos predestinou para filhos de
adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,
6
para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado,
7
Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as
riquezas da sua graça.”
Veja também: João 17:1-10; Atos 4:12; Romanos 3:19-25; 5:11-21; 8:1123,28-39; 9:6-24; 11:5-6; Efésios 2:11-19; Colossenses 2:9-14; 1 Tessalonicenses
1:4-5; 5:9; 1 Pedro 1:1-2,18-20.
COMENTÁRIO
Como os pecadores podem ser declarados justos aos olhos de Deus e ter os seus
pecados perdoados? Como nós podemos ser reconciliados com Deus? Como podemos
ser libertos da culpa, da pena, da poluição e do poder reinante do pecado? Como
podemos escapar do julgamento necessário, certo e terrível de Deus (Mateus 3:7; 2
Tessalonicenses 1:7-9; Hebreus 10:26-31)? Como podemos obter o perdão de nossos
pecados? Estas perguntas são respondidas com a gloriosa verdade bíblica que Deus na
graça livre e soberana, de acordo com o seu eterno propósito, escolheu alguns em Cristo
- uma multidão que ninguém pode contar - para serem resgatados dentre a humanidade
caída (Romanos 8:28-39; Efésios 1:3-14; Apocalipse 7:9). Ele realiza esta redenção perdoa, justifica e reconcilia os pecadores consigo mesmo, adota e santifica-os, e ainda
continua Santo, Justo e Imutável - pela mediação do Senhor Jesus Cristo, o DeusHomem, o Mediador e Único Redentor (Romanos 3: 21-26).
A salvação, ou redenção dos pecadores, deriva de Deus, não do homem. Não é o
miserável estado pecaminoso do homem por natureza que é a fonte ou causa da
salvação; mas sim a auto-consistência moral (justiça Absoluta) de Deus. A gloriosa
mensagem do evangelho é que há libertação do ego, do poder reinante do pecado, da ira
e da condenação de Deus, por intermédio da Pessoa e obra de nosso Senhor Jesus
Cristo. Este evangelho veio de Deus em sua amorosa bondade, não do homem em seu
estado intencional de miséria pecaminosa e rebelião. A obra redentora de nosso Senhor -
111
sua obediência ativa e passiva - respondeu as justas reivindicações de Deus contra os
pecadores por quem ele morreu, permitindo que Deus seja moralmente auto-consistente,
contudo amoroso, gracioso e clemente (Romanos 3:25-26).
O propósito de Deus para redimir os pecadores não foi um adendo; não começou
quando ou depois que o homem caiu e apostatou em Adão. O propósito redentor de
Deus é eterno. Tudo começou antes do início do tempo no eterno conselho do Deus
triuno. Veja as Perguntas 69-70. Foi manifesto no tempo, na história e na redenção
realizada por nosso Senhor Jesus Cristo em sua vida terrena, sofrimento, morte e
ressurreição. Está sendo evidenciado no tempo e na experiência de Deus chamar,
regenerar, converter, justificar e santificar o seu povo. Será consumado na glória futura
em total e definitiva redenção dos eleitos de Deus na glorificação deles (Romanos 8:1723; 1João 3:1-3).
Deus não pode arbitrariamente pôr de lado ou cancelar o pecado. Esta não é alguma
incapacidade ou limitação inerente da parte de Deus, mas sim uma questão de sua autoconsistência moral [Absoluta Santidade e Retidão ou Justiça]. Se ele pudesse pôr de
lado o pecado sem sua pena ser paga, sua culpa ser suspensa, sua poluição ser purgada,
ou sua natureza reinante ser derrotada, ele seria necessariamente incompatível consigo
mesmo. Ele não seria – não poderia ser - o Deus das Escrituras, pois a Escritura revela
que a salvação ou redenção é do pecado em todos os seus aspectos, com todas as suas
obrigações e de todas as suas penalidades. Um Deus Santo e Justo determinou fazer seu
povo santo e justo. Este é o propósito Divino de eternidade a eternidade (Romanos 8:2930; Efésios 1:3-14; 1 Pedro 1:15-16; 2:9).
Mas quem poderia se qualificar como um redentor? Não um mero homem, pois ele
próprio é uma criatura pecadora, incapaz de salvar a si mesmo, muito menos um outro
ser humano. Nem um anjo, pois embora não pecaminoso, nenhum anjo possui as
propriedades necessárias para ser um redentor - uma pessoa tanto com a natureza divina
quanto humana. Além disso, tem havido uma queda ou apostasia em ambos os planos
angelicais e humanos. Tomaria necessariamente aquele que fosse ao mesmo tempo
Deus e homem para se tornar Mediador, Penhor e Redentor, a fim de redimir os
pecadores, satisfazer as exigências da lei de Deus, e reconciliar Deus com os homens e
os homens com Deus (Isaías 53:4-11; Romanos 3:24-26 ; 1 Timóteo 2:5). Você se
alegra no propósito Divino da graça? Você já lançou mão de suas promessas?
65ª Pergunta - O que é a redenção?
Resposta - Biblicamente, a redenção significa a real e completa aquisição para si
mesmo mediante o pagamento de um preço de resgate.
Romanos 3:24. “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela
redenção que há em Cristo Jesus.”
Marcos 10:45. “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.”
112
Atos 20:28. “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito
Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou
com seu próprio sangue.”
1 Coríntios 6:20. “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a
Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.”
Gálatas 3:13. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição
por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.”
Colossenses 1:14. “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a
remissão dos pecados;”
Hebreus 9:12. “Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio
sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.”
Veja também: Isaías 53:4-12; Mateus 1:21; 20:28; João 10:11-18; 11:50-53;
17:1-2; Romanos 5:8-11,18-19; Gálatas 1:3-4; 4:4-5; 2 Coríntios 5:18-21; Efésios
2:11-22; 1 Tessalonicenses 1:10; Tito 2:11-14; Hebreus 10:1-14; 1 Pedro 1:1820; 2:9, 24; 3:18; Apocalipse 1:5; 5:9.
COMENTÁRIO
A salvação é realizada através do Redentor, nosso Senhor Jesus Cristo. Esta
redenção encontra sua necessidade primária na auto-consistência moral de um Deus
Santo, Justo e Imutável que não pode arbitrariamente pôr o pecado de lado (Romanos
3:21-26). Além disso, o Redentor deve ser ao mesmo tempo Deus e Homem para
qualificar-se totalmente como um substituto vicário sem pecado (impecável), para pagar
o preço de aquisição exigido pela justiça Divina e para elevar os homens até o nível
Divino em amor redentor e graça (Romanos 6:1-10; Gálatas 2:20; Efésios 1:3-7; 2:4-7).
Que santidade e justiça Divina exigiu amor Divino provido. Esta é a Glória e Infinita
Perfeição da auto-consistência moral de Deus. Apenas secundariamente a expiação se
torna necessária devido à pecaminosidade humana.
A salvação é por meio da redenção. O Senhor Jesus Cristo não é o Salvador por
causa de sua encarnação, seu amor, seu exemplo, seus milagres, sua moralidade, ou seu
ensinamento. Ele é o único e suficiente Salvador por meio de sua obra redentora – sua
encarnação, vida (obediência ativa), sofrimento, morte (obediência passiva) e
ressurreição (Romanos 3:24-26; 4:25). O pecado deve ser expiado para ser perdoado. O
homem como um pecador deve ser justificado (declarado justo) diante de um Deus
absolutamente Justo. Ele só pode ser reconciliado com Deus mediante a obra de um
redentor.
Biblicamente, há nove termos em nossa Bíblia Portuguesa que revelam a essência da
doutrina da redenção: "redenção," "redimir," "redentor," "resgate," "propiciação,"
"justificação," "expiação," "reconciliação" e "satisfação."
113
Os quatro primeiros termos estão diretamente relacionados com a redenção. Estes
têm a ver com a aquisição de si mesmo mediante o pagamento de um preço. Eles
ensinam claramente que o Senhor Jesus Cristo, em sua obra redentora - vida perfeita,
sofrimento vicário e substitutivo, morte e ressurreição – redenção verdadeiramente
realizada (Hebreus 9:12). Os cinco termos finais estão indiretamente relacionados com a
redenção. Biblicamente, "propiciação" significa apaziguar a ira de um Deus ofendido
(Romanos 3:24). Esta propiciação (não meramente expiação) foi realizada pela
mediação da morte sacrificial do Filho de Deus. A "justificação" significa ser declarado
reto ou justo diante de Deus como Justo Juiz de todos os homens perante as exigências
da Lei Divina. Deus pode declarar o crente pecador justo ou reto aos seus olhos somente
por meio da justiça imputada de Jesus Cristo (Isaías 53:4-12; Romanos 3:25-26; 4:1-8).
Esta justiça está tanto na vida sem pecado [obediência ativa] quanto na morte
substitutiva (obediência passiva) de nosso Senhor e é apropriada pela fé apenas
(Romanos 5:1). "Expiação" e "Reconciliação" são as traduções ou interpretações do
mesmo termo. Eles querem dizer "cobrir, pacificar, reconciliar, troca" e assim mudar de
atitude e relacionamento (Êxodo 29:37; Romanos 5:10-11; 2 Coríntios 5:18-20; Efésios
2:16). Um termo histórico e teológico adicional," Satisfação," é utilizado para denotar a
obra redentora do Senhor Jesus que total e completamente satisfez as reivindicações da
natureza Divina e da lei (Para a ideia de satisfação, ver Números 35:31-32; Isaías
53:11).
De acordo com o registro escriturístico da terminologia utilizada, o Senhor Jesus
Cristo não morreu apenas para tornar os homens salváveis ou tornar a salvação possível,
mas morreu uma morte vicária substitutiva. Isto significa, necessariamente, que ele
morreu por pecadores e pecados específicos, e que aqueles por quem ele morreu deve
infalivelmente ser redimidos. Seu sofrimento e morte são, portanto, eficazes e
particulares, isto é, os pecados do povo de Deus foram-lhe imputados e Ele realmente se
aborrece com eles, tornando-se seu substituto. Nada pode ou deve ser adicionado à obra
redentora de nosso Senhor; ela é, portanto, a obra consumada de Cristo. Assim, há um
doce conforto e uma segurança na morte vicária e substitutiva do Filho de Deus. Você
possui tal conforto e segurança?
66ª Pergunta - O que é a Aliança da Graça?
Resposta - A Aliança da Graça é o eterno propósito redentor do Deus triuno para
salvar totalmente e finalmente os pecadores.
1 Timóteo 2:5. “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os
homens, Jesus Cristo homem”.
João 17:1-2. 1Jesus falou assim e, “levantando seus olhos ao céu, e disse: Pai,
é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a
ti; 2Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a
todos quantos lhe deste”.
Hebreus 12:24. “E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da
aspersão, que fala melhor do que o de Abel.”
114
Romanos 8:29-31. 29”Porque os que dantes conheceu também os predestinou
para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos. 30E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que
chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.
31
Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
Veja também: referências escriturísticas após a Pergunta 65; Jeremias 31:3134; Ezequiel 36:25-27; Romanos 3:21-25; 5:21; 8:28-39; 9:6-24; Efésios 1:3-7; 1
Tessalonicenses 1:4-5; 5:9; 2 Tessalonicenses 2:13-14; 2 Timóteo 1:9; Hebreus
2:9-18; 8:1-13; 9:1-26; 10:1-18; 1 Pedro 1:1-2,18-20; 2:9.
COMENTÁRIO
A palavra portuguesa "aliança" significa um acordo vinculativo e solene. A fonte do
termo hebraico "aliança" é incerto, e pode denotar "cortar" ou "acorrentar ou ligar." O
termo grego "aliança" ou "testamento" foi usado tanto no Velho quanto no Novo
Testamento para o termo hebraico berith. Uma aliança era um acordo vinculativo entre
as partes envolvidas. Foi por vezes selada com uma cerimônia solene – um juramento,
um sacrifício, uma refeição, um símbolo ou um memorial solene. As alianças entre
Deus e os homens eram unilaterais (isto é, "incondicionais" ou dependentes apenas de
Deus) (exemplos: Gênesis 12.1-3; 15:7-21) ou bilaterais (isto é, "condicionais" ou
parcialmente dependentes sobre a fidelidade dos homens) (por exemplo: Êxodo 19:3-6;
Levítico 26:1-46). A Aliança da Graça em sua revelação progressiva, reiteração e
expansão na Escritura, sempre foi unilateral ou incondicional como uma aliança de
fidelidade de Deus na livre e soberana graça.
Deus sempre tratou com o homem dentro de uma relação de aliança – de um
princípio de representação e de imputação - e não meramente a título pessoal. Esta foi e
é a prerrogativa Divina por direito tanto de criação quanto de redenção. Os seres
humanos não têm voz nesta matéria ou direito de reclamar contra ela como meras
criaturas de Deus - e criaturas pecaminosas ainda por cima (Romanos 9:19-24). O
homem foi criado para viver em uma relação de aliança com Deus (Gênesis 1:27-28;
2:16-17; João 17:1-2; Romanos 8:28-31; Efésios 1:3-14). Houve duas alianças que
determinam o estado do homem diante de Deus - comumente chamadas de Aliança das
Obras (Gênesis 1:26-28; 2:16-17) e a Aliança da Graça.
As Alianças da Redenção e da Graça referem-se ao eterno propósito redentor do
Deus triuno para salvar os pecadores. A natureza incondicional desta aliança é revelada
nos seguintes termos, que se estendem desde a eternidade passada à eternidade futura:
Eleição (Atos 13:48; Efésios 1:3-4; 1 Tessalonicenses 1:3-5; 2 Tessalonicenses 2:13).
Predestinação (Romanos 8:29-39; Efésios 1:5-11.) Redenção (Mateus 1:21; Marcos
10,45; Romanos 3:24-25; 1 Coríntios 1:30; 2 Coríntios 5:14-17; Efésios 1:6-7;
Hebreus 9:12). Chamado Eficaz (João 6:37,44; Atos 18:27; Romanos 8:28; 1 Coríntios
1:24). Regeneração (Ezequiel 11:19-20 ; 36:25-27; João 3:3; Romanos 8:7-8; 2
Coríntios 4:3-4; Efésios 2:4-5,22-24; Colossenses 3:9-10). Conversão (Efésios 2:8-10).
Adoção (Romanos 8:17-23; Gálatas 4:5; Efésios 1:5). Justificação (Romanos 3:21-28;
4:1-5; 5:1-2). Santificação (Romanos 5:12-6:23; 8:1-16; Gálatas 5:16-17,22-23;
Hebreus 12:14). E Glorificação (Romanos 8:17-23,29-39; 1João 3:1-4 ).
115
Esta aliança é incondicional porque ela descansa no eterno decreto de Deus e não
depende da habilidade do homem ou de fidelidade para a sua iniciação, manutenção ou
conclusão. Ela é denominada de Aliança da Redenção porque é redentora por natureza.
Ela é denominada de Aliança da Graça, porque nesta aliança o homem é considerado
como um pecador e deve ser salvo somente pela graça. Caso qualquer capacidade
humana entre nesta aliança, ela seriam necessariamente uma Aliança de Obras
(Romanos 11:5-6).
A Aliança da Graça refere-se ao eterno propósito redentor do Deus trino para salvar
os pecadores. A fim de redimi-los, o Deus Filho se encarnou, não meramente como
Salvador e Redentor, mas também necessária e incisivamente como Homem
Representante. A Aliança da Graça foi feito especialmente com o Senhor Jesus Cristo o "Segundo Homem" (em contraste com o "Primeiro Homem," Adão) e "Último Adão"
(em contraste com o "Primeiro Adão") (Romanos 5:12-21; 1 Coríntios 15:21-22,4547). Pela obediência ativa de nosso Senhor (sua vida perfeita vivida em conformidade
com a Lei e seu cumprimento)e obediência passiva (seu sofrimento vicário e morte, que
pagou a pena da lei, removeu sua maldição, e respondeu à justiça de Deus, Romanos
1:16-17; 3:24-26; 2 Coríntios 5:21; Gálatas 3:13], aqueles a quem ele representa estão
libertos da maldição da lei (Gálatas 4:4-5; 3:13), justificados e reconciliados com Deus
(Atos 13:38-39; Romanos 5:1-11; Hebreus 9:12), os predestinou para serem conformes
à imagem do Filho de Deus (Romanos 8:29; Efésios 1:5), e infalivelmente, plenamente
e finalmente redimidos (Romanos 8:23,29-39). Você está incluído nesta aliança?
67ª Pergunta - Quem são as Pessoas Divinas envolvidas na Aliança da Graça, e
quais são as suas respectivas obras?
Resposta - As Pessoas Divinas envolvidas na Aliança da Graça são o Pai, que
elege, predestina, eficazmente chama, justifica e adota os eleitos; o Filho, que é o
Mediador, Penhor, Redentor e Grande Sumo Sacerdote deles; e o Espírito Santo, que
aplica aos eleitos a redenção adquirida por Cristo.
Gálatas 4:4-6. 4Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, 5Para remir os que estavam debaixo da lei, a
fim de recebermos a adoção de filhos. 6E, porque sois filhos, Deus enviou aos
vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.
Romanos 8:33-34. 33”Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?
É Deus quem os justifica. 34Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou
antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também
intercede por nós”.
Gálatas 4:6. “E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o
Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.”
116
Veja também: as referências escriturísticas nas Perguntas 64-66; João 16:714; Romanos 8:1-17; 1 Coríntios 2:9-14; 12:4-13; 2 Coríntios 3:3-6,17-18;
Gálatas 5:16-18,22-23; Efésios 1:13-20; 4:30-32.
COMENTÁRIO
Tem sido tradicional sustentar que o Pacto da Graça foi feita entre Deus, o Pai
(João 6:37,44; 17:1-4; Romanos 8:28-32; Efésios 1:3-14) e Deus o Filho (João 14:6;
17:1-4; Romanos 3:21-26; 5:1-21; Romanos 6:1-14; 1 Coríntios 15:20-22, 4-47;
Efésios 1:6-7; 1 Timóteo 2:5; Hebreus 10:1-18; 1João 2:1-2), que agiu em nome dos
eleitos como Mediador, Penhor e Representante deles, ou seja, que este pacto envolveu
essencialmente duas Pessoas da Divindade triuna. No entanto, todas as três Pessoas da
Divindade estão inerentemente e necessariamente envolvidas neste eterno propósito
redentor. O Espírito Santo deve, necessariamente, ser incluído como a Pessoa que
aplica a obra redentora do Senhor Jesus Cristo aos eleitos no tempo e experiência (João
16:7-14; Romanos 5:5; 6:4-5; 8:1-17,26-27; 2 Coríntios 1:22; 3:17-18; Gálatas 4:5-7;
5:16-18,22-23; Efésios 1:12-14). O Espírito Santo, em outras palavras, faz da salvação
e da experiência Cristã realidades necessárias.
A obra redentora da eleição, da predestinação, do chamado eficaz, da adoção e da
justificação é atribuída, em especial, a Deus, o Pai. Veja as Perguntas 68-69, 81, 92-93.
A obra redentora do Senhor Jesus Cristo é essa de Mediador, Penhor, Redentor,
Salvador e Grande Sumo Sacerdote. Veja as Perguntas 70-76.
O Espírito Santo é o agente ativo em nosso chamado e regeneração (Ezequiel
36:25-27; João 3:3-8; 2 Tessalonicenses 2:13), é ativo em nossa própria consciência de
que somos filhos de Deus (Romanos 8:13-16; 1 Coríntios 1:22; Efésios 1:12-14; 1João
3:24), é o agente ativo na concessão de iluminação espiritual, ou seja, no abrir das
Escrituras para o nosso entendimento e nos dando essa percepção espiritual que é
exclusiva dos crentes (1 Coríntios 2:9-15; 1João 2:20,27). Ele é ativo em nossa
santificação – guiando-nos e convencendo-nos do pecado, capacitando-nos para
mortificá-lo, influenciando o nosso pensamento, capacitando-nos a orar corretamente e
edificando-nos sob o ministério público da Palavra (João 16:13; Romanos 8:11-13,2627; 1 Coríntios 6:11; Gálatas 4:6; Efésios 2:18; 4:30-32; 5:9; 6:18; Hebreus 10:29).
Ele é ativo em dar força espiritual, coragem e poder aos crentes (Efésios 1:15-20; 3:16;
6:10-20), e em dar e manter a esperança do crente da salvação final e da glória futura
(Romanos 5:1-5; 8:23-25; Efésios 1:13-14). Além disso, ele é ativo em levar os dons
dados pelo Cristo assunto e doá-los efetivamente aos chamados servos de Deus para
evangelizar os não convertidos e para a edificação das igrejas (Atos 13:2-4; 1
Coríntios 12:1-11; Efésios 4:3-16; Filipenses 1:19; 1 Tessalonicenses 5:19). Ele opera
nos crentes, individual, e coletivamente no contexto mais amplo da igreja local,
trazendo unidade e harmonia escriturística e espiritual entre os crentes (1 Coríntios
12:1-13; Efésios 4:3-16; 5:18-21; Filipenses 2:1-4). Veja as Perguntas 77, 83, 94-96.
68ª Pergunta - O que é a eleição Divina?
Resposta - A eleição Divina é a livre, soberana e graciosa obra de Deus pela qual
alguns têm sido eternamente escolhidos para obter a salvação.
117
Efésios 1:3-4. 3”Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual
nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;
4
Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos
santos e irrepreensíveis diante dele em amor”.
Romanos 8:33. “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É
Deus quem os justifica.”
Romanos 11:5-6. 5”Assim, pois, também agora neste tempo ficou um
remanescente, segundo a eleição da graça. 6Mas se é por graça, já não é pelas
obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é
mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.”
1 Tessalonicenses 1:4-5. 4”Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de
Deus; 5Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas
também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis
quais fomos entre vós, por amor de vós”.
2 Tessalonicenses 2:13. “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós,
irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a
salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade”.
Veja também: Deuteronômio 4:37; 7:6-7; 10:14-15; Salmos 33:12; Mateus
22:14; 24:22-31; Lucas 18:7; Atos 13:48; Romanos 9:11-13,16; 11:4-7,28; 1
Coríntios 1:27-31; Efésios 1:11; Colossenses 3:12-14; 1 Tessalonicenses 5:9; 2
Timóteo 2:10; Tito 1:1;
1 Pedro 1:1-2; 2:8-9; 2 Pedro 1:4-11; Apocalipse 17:8,14.
COMENTÁRIO
Existem vários tipos de eleição de pessoas reveladas na Escritura: nacional,
messiânica, ministerial e salvífica: primeiro, há a escolha Divina de Israel para ser o
povo escolhido de Deus em um sentido nacional, embora apenas um pequeno
remanescente dessa nação fosse verdadeiramente o povo espiritual de Deus (Conferir
Deuteronômio 4:37; 7:6-7; 10:14-15; Salmos 135:4; Isaías 41:8-9; 44:1; 45:4;
Romanos 4:11-17; 9:6-9,23-24; 11:1-6). Israel em sua eleição nacional era os eleitos de
Deus espiritualmente escolhidos sob a Nova Aliança ou Aliança do Evangelho;
Segundo, há a eleição do Senhor Jesus Cristo como o "Eleito" de Deus e a
verdadeira "Semente de Abraão." Na escolha de Abraão, Deus escolheu uma nação, e
nela, Ele escolheu um indivíduo - o Messias - e nesse indivíduo, Ele escolheu um povo
de aliança verdadeira - crentes (Isaías 42:1-7; Jeremias 31:31-34; Lucas 23:35; Gálatas
3:15-16; Efésios 1:4-5; Hebreus 8:8-13; 1 Pedro 2:4-9);
Terceiro, há também uma eleição para o serviço, como revelado na escolha de
Moisés, os Levitas, vários reis, etc. (Deuteronômio 21:5; 2Samuel 6:21; 1Crônicas
118
28:5; Salmos 78:67-68; 105:26; 106:23). Este princípio é retido no Novo Testamento
com a chamada Divina para o ministério do evangelho (Atos 9:10-16; 13:2-4);
Finalmente, existe uma eleição pessoal eterna para a santificação, que inclui a
totalidade da salvação e deriva da Aliança eterna da Redenção e da Graça, ou união
eterna do crente com Cristo (Romanos 8:29-31; 11:5-6; Atos 13:48; Efésios 1:4-5,11; 1
Pedro 1:1-2; 2 Pedro 1:10). Veja as Perguntas 66 e 69.
Há duas possíveis bases ou fundações para a eleição Divina: a fé prevista baseada
em uma mera previsão (presciência), ou uma aliança de amor fundamentada na
prerrogativa Divina e expressa na livre e soberana graça. As Escrituras revelam que a
causa final da eleição Divina repousa nas profundezas do amor e da prerrogativa
Divina. Deus nunca é movido ou motivado externamente de si mesmo. Ele é sempre
motivado de dentro de sua própria auto-consistência. Se fosse possível Ele ser mutável
devido a causas externas, ele cessaria de ser Deus, e seria relativo à sua criação e
sujeito a alguma força absoluta externa e nebulosa, como acaso ou algum princípio
fatalista impessoal. As Escrituras revelam que a escolha Divina dos pecadores para a
salvação repousa em Deus. Isto é para a garantia e encorajamento do crente em sua
experiência presente - que ele podia ter certeza de natureza certa e infalível de sua
salvação, especialmente no contexto dos julgamentos presentes e oposição
(Deuteronômio 4:37; 7:6-7; 10:14-15; Efésios 1:4-5; Romanos 8:28-39; 9:13-14;
11:33-36).
E a respeito da presciência? A eleição Divina, baseada na fé prevista seria eleição
por mera presciência (presciência). O uso bíblico deve determinar o significado exato
do termo. Qual é o ensino bíblico a respeito da presciência de Deus? A presciência não
é sinônimo de onisciência. Ela não está preocupada com contingência, mas com certeza
(Atos 2:23; 15:18; Romanos 8:29-30), e assim implica em um conhecimento daquilo
que foi tornado certo. Atos 2:23 faria a presciência dependente do "conselho
determinado" de Deus pela construção gramatical que combina ambos juntos como um
pensamento com "presciência", referindo-se e fazendo cumprir o termo anterior. A
presciência está relacionada com o termo do Velho Testamento "conhecer," implicando
um conhecimento íntimo de relação ao seu objeto (Conferir Gênesis 4:1; Amós 3:2).
Todas as passagens do Novo Testamento (Romanos 8:29; 11:2; 1 Pedro 1:2) falam de
pessoas que são conhecidas de antemão, implicando muito mais do que mera
presciência ou onisciência - um relacionamento que é absolutamente certo, pessoal e
íntimo. O único exemplo de coisas, sendo conhecidas de antemão está claramente
baseado na determinação Divina (Atos 15:18).
Já que a eleição Divina ou predestinação para a vida eterna é fundamentada no
Caráter Imutável de Deus, ela é infalível. Se fosse baseada em fé prevista, a mera
presciência, ou capacidade humana, permaneceria falível e mutável. Devido ao seu
caráter infalível e imutável, a eleição Divina ou predestinação para a vida eterna é a
fonte do maior conforto, encorajamento e perseverança para o crente. Esta é
exatamente a forma na qual e o motivo pelo qual esta verdade é revelada na Escritura!
Note em especial a grande e gloriosa declaração do Apóstolo em Romanos 8:28-39.
Sob inspiração, ele coloca esta verdade no contexto da presente promessa (v. 28), o
eterno propósito redentor (v. 29-34), o pior que os crentes podem experimentar (v. 35-
119
36), a aliança de amor redentora do Senhor Jesus Cristo (v. 37) e da infalibilidade da
Aliança da Graça (v. 38-39).
Deus ordenou a pregação do evangelho como o meio para trazer os eleitos à fé em
Cristo no tempo e na experiência (Romanos 10:14-15,17; 1 Tessalonicenses 1:4-10;
2:13). Ele ordenou os meios, bem como o fim. Regozijar-se no final sem cumprir os
meios seria inconsistente e pecaminoso por desobediência. Veja as Perguntas 139-140.
Você pode dizer que está incluído neste número pela graça Divina?
69ª Pergunta - O que é a predestinação Divina no contexto da redenção?
Resposta - A predestinação Divina no contexto da redenção é a determinação
infalível para conformar os eleitos à imagem do Senhor Jesus Cristo e garantir a
salvação final deles.
Romanos 8:28-31. 28”E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente
para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o
seu propósito. 29Porque os que dantes conheceu também os predestinou para
serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos. 30E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que
chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.
31
Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
Efésios 1:5-6,11-12. 5”E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus
Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6Para louvor da
glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, 11Nele, digo, em
quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o
propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade;
12
Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos
em Cristo.”
Atos 13:48. “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a
palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida
eterna.”
1 Tessalonicenses 5:9. “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a
aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo,”
2 Timóteo 1:8-9. 8”Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso
Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do
evangelho segundo o poder de Deus, 9Que nos salvou, e chamou com uma santa
vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e
graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos”;
Veja também: Neemias 9:6; Daniel 4:17,24,35; Isaías 46:9-10; Atos 13:48;
15:18; Romanos 9:6-24; 11:33-36; 2 Pedro 3:18; Apocalipse 4:11.
COMENTÁRIO
120
A predestinação Divina, no que se refere à salvação pessoal, é uma verdade repleta
de gloriosa bênção, insondável amor e grande encorajamento. A predestinação é a
fonte de toda a graça, dando à livre e soberana graça sua natureza gloriosa e caráter
distinto, como coloca a salvação nas mãos Amorosas, Propositais, e Onipotentes de um
Deus Soberano (Romanos 11:5-6; Efésios 1:3-11; 2:1-10). É a expressão do Amor
Soberano, Eterno, Imutável de Deus Consigo mesmo e é no próprio fundamento da
confiança, coragem, zelo e certeza de salvação do crente (Deuteronômio 7:6-8;
Romanos 8:28-39; Efésios 1:13-14; 1 Pedro 1:3-5,18-20; 1João 4:9-10,19). Que
esperança ou certeza assistiria a salvação se deixada finalmente à disposição mutável e
falível de homens pecadores? A predestinação é a fonte bíblica de toda a ousadia,
encorajamento e conforto na provação. Tudo está finalmente nas mãos de nosso
amoroso Pai celestial, que ordenou todas as coisas para o nosso bem. (Romanos 8:2839; 1 Coríntios 15:58; Gálatas 6:7-9; Efésios 2:8-10; Filipenses 1:29). Deus concede
graça suficiente para aquilo que ele propôs. A predestinação, corretamente entendida, é
um incentivo bíblico adequado para a santidade e ação responsável. Nenhum esforço é
inútil, nenhum testemunho passa despercebido ou não abençoado e nenhum serviço fiel
fica sem recompensa (1 Coríntios 15:58; Efésios 1:4; 2:8-10; Filipenses 1:29; 2:12-13;
2 Tessalonicenses 2:13; 1 Pedro 1:1-2; 1João 2:28-3:3).
Tudo que acontece aos crentes nesta vida está no contexto do propósito glorioso
amoroso de Deus para nos conformar à imagem de seu Filho (Romanos 8:28-31;
Efésios 2:8-10; Filipenses 2:12-16; 2 Coríntios 3:17-18). Tudo que pensamos, fazemos
ou dizemos nos aproxima deste objetivo ou necessariamente nos coloca no caminho da
correção, castigo e disciplina Divina (Hebreus 12:4-8). Quanto tempo foi perdido,
energia gasta, e provações sofridas desnecessariamente, simplesmente porque alguns
ignorantemente pensavam que a salvação fosse conversão ⎯ simplesmente um evento,
uma experiência, a obra de um momento ⎯ ou que Deus ignoraria o pecado em suas
próprias vidas ou que a vida cristã fosse uma das opções. A verdade do propósito de
Deus deve governar nosso pensamento, transformar nossas vidas, santificar nossos
motivos, mitigar nosso sofrimento, determinar todas as relações humanas, e acelerar
nossos débeis esforços para viver obediente e fielmente como cristãos ⎯ como aqueles
que estão infalivelmente ser conformes à imagem de Cristo. A sua experiência religiosa
manifesta o propósito amoroso da graça de Deus?
70ª Pergunta - Quem é o Redentor dos eleitos de Deus?
Resposta - O único Redentor dos eleitos de Deus é o Senhor Jesus Cristo, que sendo
o eterno Filho de Deus, se fez homem, e assim foi e continua a ser Deus e homem, em
duas naturezas distintas e uma Pessoa para sempre.
1 Timóteo 2:5. “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os
homens, Jesus Cristo homem”.
Atos 4:12. “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu
nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.”
121
1 Timóteo 3:16. “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus
se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos
gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.”
Veja também: Isaías 7:14; 9:6; Miquéias 5:2; Mateus 1:18-23; Lucas 1:3035; João 1:14,18,29; 3:16-18; 17:1-5; 20:28; Romanos 9:5; Gálatas 3:13; 4:4-5;
Efésios 1:3-7; Colossenses 1:12-17; 2:9; 1 Timóteo 3:16; Tito 2:13; Hebreus 1:14,10; 2:9-15; 4:14-16; 7:11-28; 1João 2:1-2; Judas 4.
COMENTÁRIO
A palavra "Único" é extremamente importante na resposta a esta pergunta. Ela
realça que há redenção em e por meio do Senhor Jesus Cristo - e somente nele.. Esta
pequena palavra implica que o Senhor Jesus Cristo é único, o próprio Filho de Deus na
carne, assim tanto Divino quanto humano, e que ele tem operado a redenção necessária
e completa para o seu povo. Implica também que não há salvação ou redenção fora ou
separado dele (João 14:6; Atos 4:12; Romanos 3:24-26; Hebreus 9:12; 10:18). Este
termo implica ainda que o Cristianismo bíblico é a única religião verdadeira e todas as
outras religiões e "salvadores" são falsos e sem esperança.
O nome completo e os títulos de nosso Senhor e Redentor são o "Senhor Jesus
Cristo," e deve ser usado reverente e inteligentemente. "Senhor" é o título Divino, quem
ele é concernente a sua Deidade e Filiação Eterna, e sua posição como Rei, Senhor e
Mestre sobre toda a criação, o Cabeça sobre sua igreja e Senhor de todo verdadeiro
crente. O Senhorio de Jesus Cristo foi estabelecido pelo próprio Deus na ressurreição e
ascensão de nosso Senhor ao céu. Portanto, não é uma questão para a negação ou debate
(Mateus 28:18; Atos 2:36; Romanos 1:3-4; 9:5; 10:09; 2 Coríntios 4:5; Efésios 1:1723; Filipenses 2:9-11; Colossenses 1:12-17; Apocalipse 19:16). "Jesus" é o seu nome
humano e enfatiza tanto sua natureza humana quanto que somente ele é o nosso
Salvador (Mateus 1:21).
“Cristo” ou “Messias” significa “O Ungido” e é um título que se refere ao seu
cumprir de profecias do Velho Testamento como o Prometido cheio do Espírito Santo, o
Servo ungido de Jeová, que veio para revelar Deus, cumprir Sua vontade e redimir Seu
povo (Mateus 3:16; Lucas 4:32-37; João 3:34; Atos 1:22; 10:38).
A Eterna Filiação do Senhor Jesus Cristo refere-se ao seu ser eternamente como o
Filho em relação a ambos o Pai e o Espírito. Veja a Pergunta 25. Assim, referências
bíblicas de seu ser “gerado” pelo Pai referem-se, não à sua encarnação, mas à sua
ascensão ao trono de sua glória à mão direita de Deus, o Pai como Senhor (Conferir
Salmos 2; Atos 1:9-10; 2:30-33; Filipenses 2:9-11; Hebreus 1). O termo “unigênito”
também significa a singularidade e a relação cativante entre o Pai e o Filho (Gênesis
22:2; Hebreus 11:17-19; João 1:14,18; 3:16,18; 1João 4:9).
122
O Filho eterno de Deus “Se fez homem,” isto é, tornou-se encarnado. O pré-existente
Filho de Deus tomou para si uma verdadeira e completa natureza humana, alma e corpo.
Ele entrou no reino do tempo. Isto foi realizado pelo Espírito Santo por intermédio do
milagre do Nascimento Virginal (Isaías 7:14; Lucas 1:26-35; João 1:1-3,14; Romanos
8:2-4). A Encarnação não alterou nem diluiu sua Deidade, mas sua natureza humana e
corpo subiram para um estado glorificado em sua ressurreição, e Ele permaneceu para
sempre o Deus-Homem, exaltado à mão direita do Pai como o presente Grande Sumo
Sacerdote do crente e o Juiz vindouro de todos os homens (Salmos 2:6-12; 96:13; João
5:22; Romanos 1:3-4; 1 Coríntios 15:20-28; Filipenses 2:9-11; 3:20-21; 2
Tessalonicenses 1:6-10; 2 Timóteo 4:1; Hebreus 1:1-4; Apocalipse 20:11-15). A
Encarnação permanece como o maior e mais profundo mistério, não só na história da
redenção, mas na história do universo. Embora muitos tropecem no Nascimento
Virginal, os milagres e a ressurreição de nosso Senhor, estes são totalmente credíveis de fato, eles são necessários - uma vez que nos concede sua encarnação (João 20:27-29;
Colossenses 2:9; 1 Timóteo 3:16).
Jesus Cristo é a revelação do Pai [João 1:18, “declarou,” iluminado: exegeted, isto é,
uma revelação e manifestação ou expressão do original]. Na pessoa e obra de nosso
Senhor durante sua vida terrena e ministério e por meio de sua humanidade, nós
podemos ver o caráter do Pai manifesto em amor, bondade e compaixão para com e
entre os homens (Mateus 9:36-38; 11:28-30; 14:14; 15:32; 20:34; 23:37; Lucas 13:34;
João 3:16-18; 4:23; 5:36; 10:25,32,37; 14:9-10). Cada emoção e traço humano
santificado foram achados nele e erguido à sua máxima expressão: retidão, justiça,
santidade (Mateus 23:13-39); sofrimento e zelo justo (Hebreus 4:14-16; 5:1-10; João
2:13-17). Tudo o que ele disse era verdade absoluta; tudo o que ele fez, fez com
sinceridade e foi motivado a partir do interior de sua alma; coração e mente sem pecado
(João 8:46; 17:1-5).
As doutrinas da Trindade e da Encarnação estão intimamente relacionadas. A
doutrina da Trindade declara que Jesus, o homem era e é verdadeiramente Divino ou
Deus na carne; a Encarnação declara que o Divino Jesus foi e continua sendo
verdadeiramente humano (1 Timóteo 3:16; Filipenses 2:9-11). Você tem este
relacionamento salvífico com o Senhor Jesus?
71ª Pergunta - Como o Senhor Jesus Cristo se tornou o Redentor dos eleitos de
Deus?
Resposta - O Senhor Jesus Cristo tornou-se o Redentor dos eleitos de Deus por
meio de sua humilhação e exaltação, como o Deus-Homem.
Gálatas 4:4-5. 4”Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, 5para remir os que estavam debaixo da lei, a fim
de recebermos a adoção de filhos.”
123
João 1:14,18. 14”E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória,
como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. 18Deus nunca foi
visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.”
1 Timóteo 3:16. “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se
manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios,
crido no mundo, recebido acima na glória.”
Veja também: Isaías 7:14; 9:6; Mateus 1:22; João 1:14,18; Atos 1:8-11; 2:2236; 1 Coríntios 15:1-4, 20-28,45-47,51-58; 2 Coríntios 5:14-17; Filipenses 2:5-11; 1
Timóteo 3:16.
COMENTÁRIO
Teologicamente, costuma-se dividir a existência de nosso Senhor em três estados
distintos:
Primeiro: o seu estado pré-existente de glória e comunhão que ele tinha com o
Pai antes de sua encarnação (João 1:1-3; 17:1-5; Filipenses 2:5-6);
Segundo: o seu estado de humilhação, que começou com sua encarnação e
terminou com sua morte e sepultamento (Gálatas 4:4-5; Filipenses 2:7-8;
Hebreus 2:9ss);
E terceiro: o seu estado de exaltação ou glória como o ressurreto e assunto DeusHomem, que iniciou em sua ressurreição e ascensão ao céu e durará para sempre
(Mateus 28:18; Atos 2:31-33,36; Romanos 1:3-4; Filipenses 2:9-11; 1 Timóteo
3:16; Hebreus 1:1-3; Apocalipse 1:10-18).
É necessário compreender a humilhação e exaltação do Senhor Jesus Cristo em um
contexto de redenção, pois isto dá o verdadeiro e completo contexto bíblico para o
cumprimento da redenção ou a “obra acabada” de Cristo. A discussão a seguir é
principalmente um resumo das perguntas e respostas anteriores. A segurança da fé de
alguém repousa em grande parte em uma compreensão bíblica do propósito redentor
eterno de Deus e na verdade da união do crente com Cristo.
Como o Deus-Homem, nosso Senhor cresceu de uma criança para a idade adulta sob
a disciplina de seus pais terrenos (Lucas 2:49-52). Como o Deus-Homem, ele estava
sujeito a todas as emoções sem pecado (Isaías 53:2-4; Mateus 26:36-38; João 11:35;
Hebreus 5:7-9) e enfermidades, tais como tentação, fome, fadiga, e a necessidade de
descanso e sono (Mateus 4:2; 8:23-25; João 4:6; Hebreus 2:18; 4:14-16). Como o DeusHomem que viveu debaixo da lei, e manteve a Lei de Deus perfeita e indiretamente para
o seu próprio povo (Gálatas 4:4-5). É vital compreender que a obediência ativa ou
manutenção da Lei de Cristo é tão importante quanto a sua obediência passiva.
Mediante a sua obediência ativa, ele totalmente manteve e cumpriu as exigências justas
e absolutamente perfeitas da Lei de Deus.
124
A obediência passiva de Cristo, comumente chamada e resumida em sua “paixão,”
refere-se a todo o seu sofrimento terreno e finalmente à sua morte. Isto começou com o
seu nascimento, circuncisão e continuou com os escárnios e provações ilegais; a
flagelação cruel e tortura, e então, sua crucificação pública; morte e sepultamento. O
verdadeiro significado Divino e redentor é que Deus, por meio de mãos involuntárias,
mas dispostas de homens maus, entregou seu Filho à morte para responder as
reivindicações da justiça divina (para pagar completamente a pena devida à Lei de
Deus), para morrer por seus eleitos, e assim para prover uma justiça perfeita para ser
imputada (colocada na conta de) aos que creem nele para a salvação (Isaías 53:1-12;
Marcos 10:45; João 3:16; Atos 2:23; 16:31; 20:28; Romanos 1:16-17; 3:19-26; 5:811,18-21; 1 Coríntios 2:6-8; 2 Coríntios 5:21; Gálatas 1:3-4; 3:13; Efésios 1:5-7;
Colossenses 1:14; 2:10-15; 1 Pedro 1:18-20; 2:24; 3:18). É de extrema importância
compreender biblicamente que tanto a obediência ativa quanto a passiva de Cristo são
imputadas ao seu povo redimido para a própria justificação deste.
Somente neste contexto, nós podemos falar da “obra consumada,” ou da
“satisfação” de Cristo. Veja a Pergunta 92.
O glorioso estado de exaltação começou com a ressurreição de nosso Senhor dos
mortos, com a revivificação e glorificação de seu corpo (Mateus 28:1-10; João 20:1920, 26-29) e sua ascensão ao céu para a Mão direita do Pai sobre o trono da Sua glória
(Atos 1:9-11; 2:30-33,36; Filipenses 2:9-11; Colossenses 1:13-17; 1 Timóteo 3:16;
Hebreus 1:1-3). Ele agora intercede como o Grande Sumo Sacerdote do crente (Hebreus
4:14-16; 5:1-10:18 ; 1João 2:1), e retornará em glória e poder para julgar o mundo e
tomar o seu próprio povo para si mesmo (1 Tessalonicenses 4:13-18; 2 Tessalonicenses
1:7-10; Tito 2:13; Judas 14-15). Você se curvará agora na fé e arrependimento ou no
Dia do Juízo na condenação silenciosa (Romanos 3:19-20; Filipenses 2:9-11;
Apocalipse 20:11-15).
72ª Pergunta - Quais os ofícios que o Senhor Jesus Cristo executa como nosso
Redentor?
Resposta - Como nosso Redentor, O Senhor Jesus Cristo, executa os ofícios de
Profeta, Sacerdote e Rei, tanto em seu estado de humilhação quanto de exaltação.
Atos 3:22. Porque Moisés disse aos pais: “O Senhor vosso Deus levantará de
entre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos
disser.”
Hebreus 5:6. “Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente,
Segundo a ordem de Melquisedeque.”
Salmos 2:6. “Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião.”
Atos 2:36. “Saiba pois com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a
quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.”
125
Veja também: Deuteronômio 18:18-19; Isaías 9:6-7; Mateus 4:23; 21:5; 28:1820; Lucas 4:18,21; João 1:9; 17:1-26; Atos 17:5-7; 1 Coríntios 1:30; Filipenses 2:511; Colossenses 1:12-13; 2:3; Hebreus 2:5-18; 4:14-16; 5:5-10; 7:11-25; 8:1; 9:1114,24-28; 10:1-18; Apocalipse 19:11-16.
COMENTÁRIO
O que se entende por “executar”? Este termo significa cumprir os deveres de um
determinado ofício. O que se entende por “ofício”? Refere-se a uma posição designada
de dever ou serviço feito com referência aos outros. Nosso Senhor como Redentor
cumpre ambos os requisitos e as atribuições de Profeta, Sacerdote e Rei que diz respeito
à criação, humanidade, profecia bíblica, sua igreja e seu povo. Ele é o Rei sobre toda a
criação, o Senhor sobre sua igreja e seu povo, e o Grande Sumo Sacerdote, intercedendo
pelos redimidos por ele.
Quando um pecador crê no Senhor Jesus Cristo para a salvação, ele deve crer neste
como ele é - como Deus em sua Palavra o revelou - não como alguém possa querer,
sentir ou pensar que ele seja, isto é, Jesus Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei, e não o
“Jesus” da imaginação de alguém. Assim, quando o pecador arrependido crê
salvificamente e se aproxima de Cristo pela fé, ele o faz com Jesus Cristo como Rei ou
Senhor de sua vida. Ele vem sob o reinado de Jesus (o Senhorio de Cristo, Atos 2:36).
Ele também vem a Jesus Cristo como Profeta. Ele é liberto de sua ignorância
pecaminosa sendo ensinado pela Palavra e pelo Espírito de Cristo e é levado em
submissão à vontade revelada de Deus (Atos 20:32; Hebreus 8:1-13; 1João 2:20,27).
Por intermédio do sangue do Senhor Jesus Cristo, como o único Grande Sumo
Sacerdote , que vive sempre para interceder por ele, finalmente, ele é liberto da culpa,
da pena e do poder poluente dos seus pecados (Hebreus 4:14-16; 7:25; 1João 2:1). Em
suma, o pecador é salvo pela graça eficaz de Deus - redimido e convertido somente e
por meio do Senhor Jesus Cristo como Profeta (At. 3:22), Sacerdote (Hebreus 9:12) e
Rei (Mateus 28:18).
73ª Pergunta - Como o Senhor Jesus Cristo executa as funções de um profeta?
Resposta - O Senhor Jesus Cristo executa o ofício de profeta em revelar a nós, por
sua Palavra e Espírito, a vontade de Deus para a nossa salvação e nossas vidas.
Atos 3:22. Porque Moisés disse aos pais: “O Senhor vosso Deus levantará de
entre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos
disser.”
João 1:18. “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio
do Pai, esse o revelou.”
João 14:26. “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em
meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos
tenho dito.”
126
Veja também: Deuteronômio 18:18-19; Isaías 9:6; Mateus 11:25-27; Lucas
7:16; 10:16; 24:45; João 1:1-4; 6:45; 14:6; 15:15; 20:31; Atos 20:32; Romanos 12:12; 1 Coríntios 2:9-12; 2 Coríntios 4:3-7; Efésios 2:21; 4:11-13; 5:8; Colossenses
3:9-10,16; 1 Tessalonicenses 4:7; 2 Timóteo 3:15-17; Hebreus 1:1-3; 12:14; Tiago
1:5-8; 1 Pedro 1:10-12; 2 Pedro 1:20-21; 1João 2:20,27.
COMENTÁRIO
A ideia bíblica de “profeta” é de alguém que declara a Palavra ou a vontade de
Deus, bem como a prediz. Os profetas eram pregadores ou porta-vozes de Deus. Os
nomes básicos para os profetas no Velho Testamento designavam as pessoas que eram
recipientes da verdade Divina por intermédio de visões, sonhos, transes, ou uma palavra
direta e audível de Deus. O Novo Testamento segue o exemplo. Tais comunicações
Divinas foram então declaradas aos homens em nome de Deus pela unção do Espírito
Santo (1Reis 18:1; 22:5-28; Ezequiel 1:3; Hebreus 1:1; Hebreus 1:1-3). No Novo
Testamento, havia alguns que tinha um dom de revelação profética temporário e
transitório, até à conclusão do cânon escriturístico e do estabelecimento ou maturidade
do cristianismo (Atos 11:27-28; 13:1-2; 20:22-23; 21:4,10-14; 1 Coríntios 12:10; 13:810).
O Senhor Jesus Cristo é primariamente tanto a revelação quanto a representação de
Deus aos homens como o eterno Filho de Deus encarnado (Colossenses 2:9; 1 Timóteo
3:16). Ele foi e é a única “exegese” de Deus (João 1:18). Veja a Pergunta 71. O ofício
profético do Velho Testamento encontrou seu cumprimento em nosso Senhor, ou seja,
todos os profetas eram os tipos do grande Antítipo (Deuteronômio 18:18; Atos 3:22;
Efésios 2:21). Durante sua vida terrena e ministério, nosso Senhor foi quem revelou e
ensinou sobre Deus e a verdade divina aos homens (Mateus 11:25-27; Lucas 7:16, João
1:14,17; 3:2). Quando ele ensinou, o fez com uma autoridade única e inconfundível,
porque ele estava expondo Sua Própria Palavra (Mateus 7:28-29).
A Palavra de Deus é a Palavra de Cristo, e o Espírito de Deus é o Espírito de Cristo
(Romanos 10:14,17; Colossenses 3:16; 1 Pedro 1:10-12.). Estes não são mutuamente
exclusivos nem eles se contradizem. A Palavra é insuficiente por si só e frequentemente
permanece ineficaz a menos que o Espírito autorize-a (Romanos 1:16; 1 Coríntios 2:14;
2 Coríntios 2:14-17 ; 4:3-4; Efésios 2:1-5). O Espírito trabalha sempre com a Palavra e
nunca separado Dela (1 Coríntios 2:9-16; 1João 2:20,27). Enfatizar a Palavra separada
do Espírito tende para um intelectualismo vazio e frio; enfatizar o Espírito separado da
palavra tende para o irracionalismo (emocionalismo) e o misticismo.
Dizer que o nosso Senhor Jesus Cristo como Profeta revela a vontade de Deus para a
nossa salvação e/ ou nossa vida, é simplesmente dizer que sua Palavra deve ser nossa
única regra tanto de fé (aquilo que nós devemos crer) quanto de prática (como nós
devemos viver). As Escrituras revelam o Senhor Jesus Cristo como O Caminho, A
Verdade e A Vida - O Único caminho para Deus (João 14:6; Atos 4:12). A salvação é
pela fé somente nele (Atos 4:12; Romanos 3:21-31; 10:9-10,17; Efésios 2:8-9). Os
127
crentes devem viver vidas santas e piedosas por alinhamento à sua Palavra (João 7:17;
Atos 20:32; Romanos 6:17-18; 12:1-2; Hebreus 12:14; 1 Pedro 1:15-16). O Senhor
Jesus é o seu Profeta?
74ª Pergunta - Como o Senhor Jesus Cristo executa o oficio de um Sacerdote?
Resposta - O Senhor Jesus Cristo executa o ofício de sacerdote por seu único
oferecer-se a si mesmo como um sacrifício para satisfazer a justiça Divina,
reconciliando-nos com Deus, e fazendo contínua intercessão por nós.
Hebreus 2:17. “Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos,
para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os
pecados do povo.”
Hebreus 4:14-16. 14”Visto que temos um grande Sumo Sacerdote, Jesus, Filho de
Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. 15Porque
não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas;
porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. 16Cheguemos, pois,
com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar
graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.”
Hebreus 7:25. “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se
chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.”
Hebreus 9:28. “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os
pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para
salvação.”
1 João 2:1. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se
alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo.”
Veja também: Êxodo 40:1-35; Levítico 16:1-34; João 17:1-26; Romanos 3:2426; 8:34; Efésios 13:17; Colossenses 1:21-22; 2:10-15; Hebreus 4:14-5:10; 7:110:18,21-22; 1 Pedro 1:18-20; 2:24.
COMENTÁRIO
Por que é necessário um sacerdócio? O homem caído e pecaminoso não pode estar
diante de um Deus Santo, Justo e Reto sem lidar com a realidade do pecado. Seu pecado
separa-o para sempre de Deus como uma instransponível barreira espiritual e moral.
Deus estabeleceu o princípio de sacrifício de sangue para tratar do pecado (Gênesis
3:21; Hebreus 9:22). Deus exige que deva haver uma pessoa adequada para ser um
mediador e representante para o pecador, que necessariamente funcione por meio de um
princípio de sacrifício de expiação de sangue (apaziguamento, propiciação), e interceda
por ele. Esta pessoa é um Sacerdote.
Os grandes ministérios espirituais do Velho Testamento eram os cargos de sacerdote
e profeta. Os profetas eram porta-vozes de Deus. Eles apresentavam Deus ao povo. A
128
ascensão e ministério de um profeta sinalizava um tempo de declínio espiritual. Deus
levantaria (chamado, dom e comissão) um porta-voz para declarar a sua verdade ao
povo (Jeremias 1:1-10; Ezequiel 1:1-3). Os sacerdotes, porém, representavam o povo
diante de Deus. Eles oficiavam por meio do chamado de Deus, de um sistema de
sacrifícios e da intercessão (Números 16:44-48). As únicas pessoas adequadas eram
aquelas a quem Deus ordenava (Êxodo 28:1-4; 40:12-13). O único sacrifício adequado
era O que Deus ordenava (Levítico 10:1-3) e a única intercessão eficaz era A que Deus
ordenava (Êxodo 28:30). O sacerdócio encontrou seu cumprimento e culminação no
Sumo Ministério Sacerdotal de nosso Senhor Jesus Cristo. (Mateus 27:50-51; Marcos
15:37-38; Lucas 23:45-46; João 19:30; Hebreus 2:10-18; 5:1-10; 7:1-28; 1João 2:1).
O Senhor Jesus era ao mesmo tempo Sacerdote e Sacrifício. Ele ofereceu a sua
própria vida ao Pai - sangue (Hebreus 9:11-14, 26; 10:10). Em virtude de sua perfeita
Pessoa e do infinito valor de seu sacrifício, ele fez uma completa e plena expiação
(reconciliação) pelos pecados de cada crente. Ele “efetuou uma eterna redenção por
nós” (Hebreus 9:12).porque ele, uma vez ressurreto e assunto à destra do Pai, vive para
sempre, seu sacerdócio é perpétuo e não terá fim (Hebreus 1:1-3; 5:10-10:10). Ele é o
único mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5). Tal é a plenitude de sua alta
obra sacerdotal e sua identificação com os crentes, que temos a maior confiança e
segurança para nos aproximar de Deus por meio dele. Nós temos acesso contínuo neste
estado de graça mediante a fé para encontrar o trono de Deus para ser um trono de graça
ao qual podemos livremente vir no tempo de necessidade (Romanos 5:1-2; Hebreus
4:14-16).
A Escritura declara ainda que os crentes têm sido feitos “reis e sacerdotes para
Deus” pelo Senhor Jesus Cristo (Efésios 2:13-22; Apocalipse 1:6; 20:6). Esta verdade é
conhecida como “o sacerdócio do crente,” isto é, nenhum cristão precisa de um
sacerdote terreno, mas pela fé pode ir diretamente a Deus como seu Pai espiritual pela
mediação e intercessão do Senhor Jesus Cristo. Esta é a realidade gloriosa da obra
redentora consumada de nosso Senhor e de seu Alto ministério Sacerdotal eficaz. O
Senhor Jesus Cristo é o seu Grande Sumo Sacerdote?
75ª Pergunta - Como o Senhor Jesus Cristo executa as funções de um Rei?
Resposta - O Senhor Jesus Cristo executa o ofício de Rei sujeitando-nos a ele
mesmo, ao governar e defender-nos e ao restringir e conquistar todos os seus e os
nossos inimigos.
Atos 2:36. “Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem
vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.”
Mateus 28:18. E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: “É-me dado todo o
poder no céu e na terra.”
1 Coríntios 15:25. “Porque convém que reine até que haja posto a todos os
inimigos debaixo de seus pés.”
129
2 Coríntios 4:5. “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o
Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.”
Veja também: Salmos 2:6-9; 8:3-8; 24:8; 110:3; Isaías 9:6-7; 32:1-2; 33:22;
Jeremias 23:5-6; Daniel 2:44; 7:13-14; Miquéias 5:2; Zacarias 9.9; Mateus 2:2-6;
4:17; 16:19; 21:4-5; 27:37; Lucas 1:32-33,69-71; 17:20-21; 19:38; João 1:49;
5:22,26-27; 18:36; 19:19; Atos 2:22-36; 4:25; 15:14-16; 17:5-7; 1 Coríntios 15:2526; Efésios 1:22; Filipenses 2:9-11; Colossenses 1:13,18; Hebreus 1:8-13;
Apocalipse 1:5; 5:5-14; 19:16.
COMENTÁRIO
É claro ensinamento das Escrituras que o Senhor Jesus Cristo é um Rei, e que, como
Tal, ele tem um Reino sobre o qual ele reina. Um estudo das Escrituras tanto das
profecias e das promessas do Velho Testamento quanto o cumprimento do Novo
Testamento, leva à conclusão de que o Senhor Jesus Cristo é o Rei em um sentido
duplo: primeiro, como o eterno Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Triuna Divindade, e
por isso, o próprio Deus. Ele governa sobre um reino absoluto e universal (João 17:1-5;
Hebreus 1:1-3). Como Divindade, Criador e Senhor soberano sobre toda a criação ele
governa sobre toda a realidade criada - o universo, a terra, os anjos, os homens e todos
os animais e plantas (Gênesis 1:1-3; João 1:1-3; Hebreus 1:8-12; Colossenses 1:15-17).
Este reino é dele por direito de Divindade, criação e uma soberania absoluta que é
intrínseca, não derivada e inalienável. Segundo, como o Deus-Homem, o “Segundo
Homem,” o “Último Adão” (1 Coríntios 15:21-26,45-47), o ressurreto e assunto Senhor
da glória, o cabeça da igreja, o Senhor de todo crente, e o “Rei dos reis e Senhor dos
senhores” (Apocalipse 19:11-16), ele governa sobre um reino mediador e universal de
poder, graça e glória (Jeremias 23:5-6; Daniel 2:44; 7:13-14; Mateus 28:18; Efésios
1:22-23; Filipenses 2:9-11; Colossenses 1:12-17; Hebreus 1:1-14). Este reino é seu por
direito derivado de seu sofrimento, morte, ressurreição e ascensão à mão direita de Deus
como o único Mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5), Homem
Representante, o cabeça da humanidade redimida ( Atos 2:22-36; 1 Coríntios 15:20-28;
Filipenses 2:5-11).
Um aspecto central do reino mediador de nosso Senhor é sua liderança sobre sua
igreja (Efésios 1:22-23). Ele reina como cabeça funcional de sua igreja externamente
por meio de sua providência e seus oficiais nomeados, protegendo seu povo e
subjugando seus inimigos. Ele reina internamente pelo seu Espírito e sua Palavra. Por
estes meios, ele edifica sua igreja pelo chamado eficaz, regenerando e convertendo os
pecadores por intermédio da proclamação do evangelho. Estes são santificados e
disciplinados por meio do ministério da Palavra (Efésios 4:11-16).
O Senhor Jesus Cristo não é apenas o cabeça de sua igreja em um sentido ideal e
corporativo, mas ele é o Senhor ou Rei sobre o crente em um sentido individual. Em sua
ressurreição e ascensão, Jesus Cristo foi constituído como Senhor (Atos 2:36; Romanos
10:9; 2 Coríntios 4:5; Filipenses 2:9-11). Ele é pregado como Senhor (2 Coríntios 4:5).
130
O pecador que se torna crente, salvificamente, se aproxima de Jesus Cristo como Senhor
de sua vida (Romanos 10:9-10). Isto significa que todo verdadeiro crente deve
submeter-se à sua Palavra; viver em obediência à sua Palavra-Lei e reconhecer suas
régias reivindicações (Senhorio) em todas as esferas da vida.
Como o Senhor soberano absoluto e Rei, ele assentar-se-á em julgamento final sobre
os destinos dos homens (João 5:22; Mateus 28:18; Apocalipse 20:11-15). Ele é seu
Senhor e Rei?
76ª Pergunta - Como somos feitos participantes da redenção realizada pelo Senhor
Jesus Cristo?
Resposta - Nós somos feitos participantes da redenção realizada pelo Senhor Jesus
Cristo mediante a obra do Espírito Santo, que aplica esta redenção efetivamente para
nós.
João 1:12-13. 12”Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem
feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; 13Os quais não nasceram do
sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”
João 3:3,5-6,8. 3Jesus respondeu, e disse-lhe: “Na verdade, na verdade te digo
que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus. 5Jesus respondeu:
Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não
pode entrar no Reino de Deus. 6O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido
do Espírito é espírito. 8O vento assopra aonde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes
de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.”
João 6:37,44. 37”Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de
maneira nenhuma o lançarei fora. 44Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou
o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.”
2 Tessalonicenses 2:13-14. 13”Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós,
irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a
salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; 14para o que pelo nosso
evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.”
Tito 3:5-6. 5”Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a
sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito
Santo, 6que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso
Salvador.”
Veja também: Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; João 1:12-13; 3:3-8; Atos
20:28; Romanos 3:9-12; 5:5; 8:1-16; 29-30; 1 Coríntios 3:6-7; 6:11,20; Efésios 1:314; 2:1-5; Hebreus 8:1-13; 1 Tessalonicenses 1:4-6; 1 Pedro 1:1-2.
COMENTÁRIO
131
Esta pergunta e resposta marcam a transição da redenção adquirida por nosso
Senhor para a aplicação dela pelo Espírito Santo. Como esta é a questão transicional do
cumprimento da redenção para a sua aplicação, existem três questões a considerar: a
relação entre o cumprimento e a aplicação da redenção, a Trindade e a salvação, e uma
introdução à doutrina bíblica da graça.
O Senhor Jesus Cristo não sofreu e morreu simplesmente para tornar os homens
salváveis ou para fornecer uma ambígua (indefinida), expiação geral. Sua obediência
ativa cumpriu as exigências da lei moral. Sua obediência passiva foi uma satisfação da
justiça Divina. Ele realizou uma redenção total e completa por seu povo eleito, de
acordo com o propósito Divino (Isaías 53:10-11; Lucas 19:10; 1 Timoteo 1:15; Hebreus
9:12). Sua obra redentora (obediência ativa e passiva) é assim uma obra acabada de
valor infinito. Esta redenção realizada se aplica eficazmente em tempo e na experiência
em cada um dos eleitos de Deus pelo Espírito Santo, de acordo com o propósito
redentor infalível e eterno. Os meios ordenados para esta aplicação é a pregação do
evangelho. Veja as Perguntas 135, 138-139. A satisfação de Cristo forma a base da
aliança e redentora para a conversão do crente e a subsequente experiência cristã.
A doutrina da Trindade é fundamental para o entendimento da doutrina da salvação.
Deus, o Pai deu um povo eleito para o Seu Filho (João 17:2-4; Romanos 8:29-39;
Efésios 1:3-7). Ele também deu o Seu Filho para ser o único Redentor do Seu povo
eleito. Seu Filho realizou uma redenção completa e final por este povo eleito (Hebreus
7:28; 9:12; 1 Pedro 2:24; 3:18). O Espírito Santo eficazmente aplica esta redenção aos
eleitos em tempo e na experiência (João 3:3,5-6,8; 1 Coríntios 6:11; 2 Tessalonicenses
2:13). Qualquer sistema que reivindica ser “Cristão” pode ser julgado de acordo com a
sua fidelidade ou infidelidade a esta verdade revelada.
A verdade que o Espírito Santo aplica a redenção de Cristo efetivamente aos
pecadores nos leva ao estudo da natureza bíblica da graça Divina. Uma introdução à
natureza da graça Divina já foi dada em detalhe. Veja as Perguntas 20, 29, 39, 66 e 78.
Resta apenas definir a graça Divina em princípio e rever e resumir Sua natureza. A
graça Divina, em princípio, é um favor imerecido (totalmente imerecido) em vez (no
lugar) da ira merecida (totalmente merecida). Isto significa que não há absolutamente
nenhuma coisa boa vista ou prevista tanto na humanidade pecaminosa como um todo ou
de qualquer pecador individualmente. Até mesmo, a própria fé salvadora é um dom
de Deus soberanamente concedido. Se a fé salvadora e o arrependimento fossem natos
no homem, por natureza, então eles se tornariam obras, como seria qualquer capacidade
humana (Atos 11:18; 18:27; 3:9-12 Romanos 23-24; 9:11-17; 11:5-6; Efésios 2:1-10).
A graça salvadora é muito mais que um mero princípio passivo ou neutro. É um
princípio de operação, totalmente imerecido (Romanos 11:5-6; Efésios 2:9). Qualquer
distinção dentro do pecador que fizesse a graça de Deus ser aplicada, destruiria o
próprio princípio da graça. É também uma personificação, ou seja, toda a graça é
mediada pela Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo (João 1:16; 1 Timóteo 2:5). Ele é a
132
própria personificação da graça Divina. Cada aspecto da salvação e da experiência cristã
existe em virtude da redenção adquirida por Cristo e a união subsequente do crente com
ele. Além disso, é uma prerrogativa, ou seja, Deus concede graça a quem Ele quer, de
acordo com Seu eterno e infalível propósito redentor (Efésios 1:3-11; 2:10; Atos 11:18).
Finalmente, é um poder aplicado por e de Deus e para tanto salvar o pecador (João 1:1213; Romanos 1:16; Efésios 2:8-10; Atos 11:18; 18:27) quanto habilitar o crente a viver
piedosamente em Jesus Cristo (Romanos 5:21; 6:14; 1 Coríntios 15:10; Efésios 1:1520; Filipenses 1:29). Você conhece a presença e o poder do Espírito?
77ª Pergunta - Como o Espírito Santo aplica a nós a redenção adquirida por Cristo?
Resposta - O Espírito Santo aplica a redenção adquirida por Cristo operando a fé
em nós, e assim unindo-nos a Cristo em nosso chamado eficaz.
João 6:37,44. 37”Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de
maneira nenhuma o lançarei fora. 44Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou
o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.”
Romanos 8:30. “E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que
chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.”
Gálatas 2:20. “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo
vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o
qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.”
Efésios 2:5,8-10. 5”Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou
juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), 8Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. 9Não vem das obras, para que
ninguém se glorie; 10Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas
obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.”
2 Tessalonicenses 2:13. “Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós,
irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a
salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade.”
2 Timóteo 1:8-9. 8”Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor,
nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho
segundo o poder de Deus, 9que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não
segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi
dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos.”
Veja também: Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; João 1:12-13; 3:3-5,8;
6:37,44,63; 14:20; Atos 18:27; 26:18; Romanos 5:10,17; 6:1-14; 8:2,9-11,29-30; 1
Coríntios 1:9,22-24,26-31; 6:17; 15:22; 2 Coríntios 5:14-17; 13:5; Gálatas 2:20;
3:27; 6:14; Efésios 1:3-14; 2:4-7; Filipenses 2:13; Colossenses 1:12-13,26-27; 2:913; 3:1-3; 1 Tessalonicenses 1:3-5; 2:13; 2 Timóteo 2:11-12; 1 Pedro 5:10,14; 1João
3:24 .
133
COMENTÁRIO
A verdade do chamado do crente para a salvação é considerada na pergunta 81: “O
que é o chamado eficaz?” Neste ponto nós precisamos considerar as realidades
escriturísticas da união do crente com Cristo, que são algumas das verdades mais
profundas e gloriosas em todo o ensino escriturístico. As Escrituras ensinam claramente
que todo cristão verdadeiro, sem exceção, foi trazido para uma união espiritual com
Cristo, e que esta relação vital encontra seu fundamento no eterno propósito redentor de
Deus (Efésios 1:3-11), é analogicamente entendido pela união ou a identificação de toda
a humanidade em Adão (Romanos 5:12-21; 1 Coríntios 15:22), encontra sua realidade
na encarnação e na obra redentora (morte e ressurreição) de Cristo (Romanos 5:10,1821; 6:1-10; Gálatas 2:20; Colossenses 3:1-3), encontra expressão na experiência bíblica
cristã (Romanos 6:1-14; Gálatas 2:20; Colossenses 3:1-5ss) e serão integralmente
realizados na glória futura (Efésios 2:6-7). Esta verdade forma a base eterna e objetiva
para a experiência; confiança e esperança do crente. A sua união com Cristo é assim a
realidade bíblica que forma “a verdade central de toda a teologia e toda a religião.” Aqui
está a única base escriturística para uma verdadeira garantia de salvação.
O ensino do Novo Testamento acerca da união do crente com Cristo consiste de
uma abordagem dupla: declarações doutrinárias que são explícitas, e analogias que são
ilustrativas:
As declarações doutrinárias a respeito da união espiritual e indissolúvel do crente
com Cristo podem ser organizadas em quatro categorias:
Primeira: afirmações que descrevem a posição do crente “em Cristo” ou “para
Cristo” (Romanos 6:3; Gálatas 3:27; Romanos 6:11; 8:1; 1 Coríntios 1:2,30; 15:22;
Efésios 1:1,3,4,6,7,11; 2:6-7,10; 1 Pedro 5:14);
Segunda: afirmações declarando que os crentes são identificados “com Cristo,”
especialmente com referência à sua morte, ressurreição e ascensão ao céu (Romanos
6:4,6,8; Gálatas 2:20; Efésios 2:4-7; Colossenses 2:10-15; 3:1-3; 2Timóteo 2:11-12).
Terceira: afirmações que descrevem o relacionamento do crente em pé diante de Deus
“por” e “através de” Cristo (Romanos 5:1-2,21; 6:8; Gálatas 6:14). Finalmente,
afirmações revelando que Cristo está “no” crente (João 14:20,23; Romanos 8:9-10;
Gálatas 2:20; Efésios 3:17; Colossenses 1:27).
Existem várias analogias escriturísticas usadas para ilustrar esta vital união do
crente com Cristo:
Primeira: a da videira e dos ramos (João 15:1-7). O ramo deve estar em vital união
com a videira tanto para estar vivo quanto para produzir frutos;
Segunda: o marido e a esposa ou o relacionamento matrimonial (Romanos 7:1-4;
Efésios 5:23-33), os dois se tornam “uma só carne” diante de Deus, ou seja, uma única
entidade;
134
Terceira: o corpo e seus membros ou partes (1 Coríntios 6:15,19; 12:13; Efésios
1:22-23; 4:11-16). Embora cada membro possua certas distinções, cada um deles é um
membro orgânico ou vital de um conjunto maior;
Quarta: o edifício e sua fundação (Efésios 2:20-22; Colossenses 2:6-7; 1 Pedro 2:45);
Quinta: a identificação natural de todos os homens com Adão, que encontra sua
contrapartida espiritual ou antítipo em união do crente com Cristo (Romanos 5:12-19; 1
Coríntios 15:22,45-47).
Sexta: o rito do batismo escriturístico, que é por imersão para os crentes,
simbolizando assim a identificação do crente ou união com Cristo. De fato, a figura do
“batismo” (identificação) é usada para a realidade espiritual (Romanos 6:3-5; Gálatas
3:27; Colossenses 2:12).
Devemos estar familiarizados com os aspectos negativos e positivos de nossa união
com Cristo. Negativamente, a união com Cristo não é: uma mera união natural - o erro
racionalista ou panteísta. Isto supõe que a união com Cristo é apenas parte da imanência
de Deus como Criador em relação à sua criação e, por isto, Deus habita em cada
indivíduo. Não é meramente uma união moral - o erro Sociniano e Arminiano de uma
união de mero amor e simpatia. Não é uma união de essência - o erro místico. Alguns
místicos medievais e cultos modernos ensinam que os crentes participam da essência
Divina e tornam-se parte de Deus. Não é uma união sacramental - o erro
sacramentariano, que afirma que alguém participa fisicamente de Cristo mediante os
sacramentos.
Positivamente, o que a união com Cristo é: É uma união orgânica. Os crentes se
tornam membros de Cristo, como membros de um organismo, se bem que este
organismo é espiritual. Esta união espiritual deve encontrar expressão na assembleia
local (1 Coríntios 12:27; Efésios 4:11-16; Filipenses 1:27). É uma união vital. A vida
de Cristo torna-se o princípio dominante e energizante no crente por meio do Espírito
Santo (Gálatas 2:20; Romanos 5:10; 6:11-14; 8:5-14; 2 Coríntios 13:5.). É uma união
espiritual. Isto não é apenas união espiritual na natureza, ela é mediada e sustentada
pelo ministério do Espírito Santo (Romanos 5:5; 8:9-16; Efésios 3:16-19). É uma união
pessoal. Cada crente está pessoal ou individualmente unido a Cristo diretamente com
sua vida espiritual (2 Coríntios 5:17; Gálatas 2,20). É uma união legal ou federal.
Como o crente foi uma vez identificado em união com Adão, por isso, ele está agora em
união com Cristo (Romanos 5:12-21; Gálatas 2:20; 6:14). Todas as obrigações legais ou
de aliança do crente repousa em ou são atendidas em Cristo, e todos os méritos legais ou
de aliança do Senhor Jesus revertem para o crente. É esta união com Cristo que está na
base da justificação do crente pela fé e pela imputação da justiça de Cristo.
Ela é, além disso, uma união recíproca. Isto leva em conta tanto os aspectos
objetivos e subjetivos. A ação inicial é da parte de Cristo, a quem o crente na fé reage,
135
interage, ou retribui. Isto não é apenas união, mas necessariamente, a comunhão com a
Divindade triuna por meio de Cristo (João 14:6,9,16-17,20; Romanos 8:9-16; Efésios
3:16-19). É uma união transformadora. Os crentes são mudados à imagem de Cristo,
segundo a natureza humana dele. Isto começou na regeneração, quando a imagem de
Deus foi restaurada, em princípio na justiça, na santidade da verdade e no conhecimento
(Efésios 4:22-24; Colossenses 1:28-29; 3:9-10) e continua durante toda a experiência
cristã como os crentes são “conformados à imagem de seu Filho” na maturidade,
sofrimentos, etc., pela obra do Espírito Santo (Romanos 6:6,14; 8:9-10,14-17,29; 2
Coríntios 3:17-18; Efésios 2:10).
Ela é, finalmente, uma união inescrutável e indissolúvel: Por inescrutável, os
teólogos antigos davam a entender a “união mística” entre Cristo e si mesmo, ou seja,
esta união é misteriosa, no sentido de ser incompreensível e incapaz de compreensão
inteligente em nosso estado finito. É também uma união indissolúvel. Esta relação,
identificação ou união entre Cristo e o crente jamais pode ser dissolvida. Note que, no
ensino bíblico, justificação pela fé tem uma relação imediata com a garantia de fé (por
exemplo: Romanos 5:1-3). O crente está em união com Cristo e até agora é feito para
assentar-se junto a ele nos lugares celestiais (Efésios 2:4-7)! Toda e qualquer bênção
espiritual está ligada a nosso Senhor, inseparável e indissolúvel. Isto se encontra no
próprio coração do crente com a sua garantia objetiva de salvação.
Esta identificação com, posição em, ou união vital com Cristo, deve ser considerada
em ambos os seus aspectos, objetivos e subjetivos. Objetivamente, a união com Cristo é
o centro, ou o coração e a alma da aplicação da redenção. Os crentes têm sido
eternamente identificados com ou em união com Cristo na eterna Aliança da Redenção
e da Graça, iniciando na eleição, continuando através da predestinação, chamado,
regeneração, conversão (fé e arrependimento), justificação, adoção, santificação e
glorificação (Efésios 1:3-7; Romanos 8:29-30). Este é o fundamento ou fonte de toda a
segurança, confiança e certeza para o crente.
Subjetivamente, as Escrituras ensinam uma relação vital entre os aspectos objetivos
e subjetivos da união do crente com Cristo. A Bíblia não separa a justificação da
santificação, mas revela claramente que quem é justificado também deve ser
santificado.
A
Justiça
imputada
nunca
está
separada
da
justiça
transmitida/compartilhada. Além disso, todos assim justificados e santificados,
inevitavelmente, serão glorificados.
Este é o argumento do apóstolo Paulo em Romanos 3:21-8:39. Depois de
estabelecer a condenação absoluta dos pecadores de várias abordagens (Romanos 1:183:20), ele doutrinaria e historicamente demonstra a realidade da justificação pela fé
(Romanos 3:21-4:25). Então ele mostra que tal justificativa livre dá extrema segurança e
acesso ilimitado a Deus, não pode ser abalada pelos rigores da experiência cristã, é
feito relevante ao nosso coração pelo amor engendrado pelo Espírito de Deus, pode ser
raciocinado do amor de Deus pela entrega de Cristo (Romanos 5.1-11) e encontra sua
136
fonte em nossa união com Ele (Romanos 5:12-21). De nossa união com Cristo, ele
explora a santificação, e adverte contra o antinomianismo (Romanos 6:1-23), o
legalismo e a presunção (Romanos 7:1-8:16), e então demonstra que aqueles que foram
justificados (3:21-5:21) e estão sendo santificados (6:1-8:16), devem infalivelmente ser
glorificados (Romanos 8:17-39). No centro destas verdades gloriosas, está a nossa união
com Cristo como a realidade essencial. Você tem em sua experiência e esperança uma
afinidade com capítulos 1-8 de Romanos?
PARTE VII
SALVAÇÃO E EXPERIÊNCIA CRISTÃ
O estudo doutrinário da salvação é chamado de “Soteriologia,” do Grego soteria,”
libertação, restauração, saúde e salvação.” A doutrina bíblica não é apenas de uma
“libertação” ou salvação vazia, mas também uma “restauração” para saúde espiritual, ou
seja, uma condição espiritual que é consoante com o ensino bíblico sobre a salvação.
Tradicional, histórica e culturalmente, o termo “Cristão “ pode ser utilizado muito
livre ou geralmente. Um verdadeiro cristão é quem é ao mesmo tempo o objeto do amor
Divino no eterno propósito redentor de Deus e quem está experimentalmente
descansando em Cristo pela fé para a salvação. As Escrituras apresentam o Cristão a
partir de dois aspectos, objetivo e eterno, e subjetivo e temporal.
Escrituristicamente, a palavra “Cristão” significa aquele que é identificado com
Cristo, imita, reflete, ou é como Cristo. Ele é um “crente” (aquele que entrou em uma
vida de crença ou fé), um “discípulo” (aprendiz e seguidor), aquele que professa ao
mundo que ele é salvo, isto é, renunciou a uma vida de egocentrismo próprio e pecado e
tomou a sua cruz (identificou-se sem ressalvas com a causa) em uma base diária e é um
seguidor de nosso Senhor (Lucas 9:23). A “cruz” do Cristão é tudo o que lhe custa para
ser total e completamente identificado com Cristo (Mateus 16:24; Marcos 8:34; 2
Coríntios 5:14-15).
A salvação é tanto do poder reinante quanto das últimas consequências do pecado
(Mateus 1:21; Romanos 5:9; 6:1-23; Gálatas 1:4-5). Pensa-se e ensina-se, geralmente,
que a salvação é principalmente do inferno ou da condenação eterna e do castigo. Tal
ideia é equivocada. Embora seja verdade que a salvação seja das últimas consequências
do pecado, as Escrituras esclarecem muito bem que a salvação é primariamente do
pecado - de sua culpa, pena, poluição e poder reinando ou controlando a vida (Romanos
6:1-23; Gálatas 1:4; Tito 2:11-12). Esta presente libertação é encontrada na regeneração,
conversão, justificação, adoção e santificação. A salvação é também das últimas
consequências do pecado – castigo eterno, mas não necessariamente com as
consequências imediatas do pecado – problemas de saúde pela dissipação, abuso de
drogas, doenças sexualmente transmissíveis; doenças terminais devido ao pecado, um
casamento arruinado ou lar destruído, a desaprovação da família e dos amigos, perda de
emprego, processo criminal ou até mesmo a morte, etc. Em suma, embora Deus salve o
137
crente do poder reinante do pecado e das últimas consequências dele, ele não
necessariamente liberta-o das consequências imediatas da pecado, nem erradica esse
princípio de pecado, habitando e permanecendo a corrupção dentro do crente até a
morte física (Romanos 7:13-8:4). Veja Perguntas 165-167.
78ª Pergunta - Qual é o ministério da graça Divina na salvação e na experiência do
crente?
Resposta - O ministério da graça Divina na salvação e na experiência do crente é
abrangente: eleição, redenção, chamado, renovação, capacitação, justificação, adoção,
santificação, ressurreição e glorificação do crente.
Efésios 2:8-10. 8”Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de
vós, é dom de Deus. 9Não vem das obras, para que ninguém se glorie; 10Porque
somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus
preparou para que andássemos nelas.”
2 Coríntios 12:9. E disse-me: “A minha graça te basta, porque o meu poder se
aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas,
para que em mim habite o poder de Cristo.”
2 Pedro 3:18. “Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e
Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da
eternidade. Amém!”
Veja também: Gênesis 6:8; João 1:16; Romanos 11:5-6; 1 Coríntios 15:10;
Gálatas 1:6-7; Tito 2:11-15; Hebreus 4:14-16; 1 Pedro 5:5.
COMENTÁRIO
A graça pode ser resumida da seguinte forma:
Primeiro: é um princípio de favor imerecido que é estendido aos homens como
pecadores. Literalmente, tudo vem aos homens pecaminosos - crentes e descrentes como uma questão de graça – o homem como pecador não merece nada além da
condenação (Efésios 2:8-10);
Segundo: é uma personificação, ou seja, a graça é mediada pelo Senhor Jesus
Cristo. Ele é a própria personificação da graça de Deus;
Terceiro: é um poder ou capacitação Divina na salvação e na experiência do crente.
A graça capacita os crentes a acreditar, perseverar, sofrer e servir (Romanos 6:14; 1
Coríntios 15:10; 2 Coríntios 12:9; Filipenses 1:29). Finalmente, é uma prerrogativa,
ou seja, a graça Divina é tanto livre quanto soberana – Deus concede tal graça a quem
Ele quer.
“A salvação pela graça” significa que a salvação ou a libertação do pecado é
completamente a obra de Deus e, portanto, totalmente imerecida pelo recipiente. Veja a
Pergunta 20. É monergística (a obra de um Deus apenas) em sua iniciação, e não
138
humanista (a obra do homem , ou seja , a salvação pelas obras), nem sinérgica (a
cooperação de Deus e do homem), ou seja, uma mistura de graça e obras. Além disso,
esta salvação é mediante a Pessoa e Obra do Senhor Jesus, “o qual para nós foi feito por
Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Coríntios 1:30-31). Veja as
Perguntas 70-71.
Em um contexto criativo-cultural, isto é, no que diz respeito ao homem como a
realização do Mandamento Cultural e, apesar de ser um pecador, como uma criatura
viva em um mundo criado e governado por Deus, a graça Divina é dada à humanidade
caída. Ela é denominada “graça comum,” ou seja, a graça Divina comum a todos os
homens separados da salvação. Tal graça é necessária para a preservação e manutenção
da humanidade caída e pecaminosa, a restrição geral do mal e para a realização do
Mandamento Cultural para subjugar e dominar a Terra.
Em um contexto redentor, ou seja, no que se refere à salvação de alguém do
pecado, a graça é um favor imerecido (imérito, inapropriada) no lugar (posição) da ira
merecida (apropriada). Esta graça salvadora existe e opera no contexto mais amplo da
graça comum, como Deus, de acordo com o Seu eterno propósito redentor salva a Si
próprio da humanidade caída. Enquanto a graça comum preserva e estabiliza a
humanidade em geral, dentro deste contexto, frequentemente de pessoas e famílias não
convertidas, os eleitos de Deus nascem, crescem, são evangelizados, convertidos, vivem
a sua respectiva experiência cristã para a glória de Deus e eventualmente morrem na
esperança da ressurreição.
A graça de Deus que traz a salvação está fundamentada no eterno decreto Divino ou
o propósito de Deus. Ela tem uma base objetiva eterna. A primeira nota positiva do
princípio da graça é encontrada na eleição Divina e eterna união do crente com Cristo
(Efésios 1:3-7). Este princípio da graça salvadora permeia todos os aspectos da salvação
como experiência - convicção de salvação do pecado, regeneração, conversão e
santificação - e atinge o seu triunfo final na ressurreição e glória eterna do crente
(Romanos 8:18-23). A graça salvadora de Deus é, portanto, eficaz e infalível - não pode
ser anulada (Romanos 8:28-39).
As passagens do Novo Testamento que colocam a graça e a lei em justaposição são
destinadas a contrastar o princípio da salvação pela graça com um princípio de lei-obras
ou uma justiça-própria legalista - uma perversão do propósito da Lei. Qual é a relação
entre a graça e a lei? A graça nos liberta do poder reinante do pecado (Romanos 6:14) e
da maldição da Lei (Gálatas 3:13) - mas ela não nos liberta da Lei de Deus por si
mesma. A ausência de lei não é graça, mas ilegalidade. É por isto que a graça sem lei
tende para o antinomianismo - e não há graça antinomiana. A Graça por sua própria
natureza nos coloca em conformidade com a Lei-Palavra de Deus (Romanos 8:3-4). O
fracasso dos homens em cumprir a Antiga Aliança era que ela era meramente externa escrita em tábuas de pedra. A Nova Aliança é interna – a Lei está escrita efetivamente
sobre o coração (ser interior), e assim eficaz, pela graça do Espírito Santo, e não apenas
139
em tábuas de pedra (Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; Romanos 6:14; 8:1-4; 2
Coríntios 3:3). Veja as Perguntas 40-43.
A graça livre e soberana de Deus na salvação começa com a eleição eterna (Atos
13:48; Romanos 8:29-31; 9:11-14; 11:5-6; 1 Coríntios 1:27-31; Efésios 1:3-4; 1
Tessalonicenses 1:4-5; 2 Tessalonicenses 2:13; 1 Pedro 1:1-2 ). A escolha Divina dos
pecadores totalmente indignos de serem resgatados pelo Senhor Jesus Cristo e salvos
dos seus pecados no contexto do tempo, e ordenados para a glória eterna, começou na
prerrogativa Divina antes dos tempos começarem. Veja a Pergunta 68.
O Senhor Jesus, na eternidade, livremente se entregou para tornar-se o redentor do
povo de Deus - os objetos de seu gracioso amor (João 17:1-5; Gálatas 4:4-5; Filipenses
2:5-11; 1 Timóteo 2:5; 1 Pedro 1:18). Esta graça imutável do Filho eterno de Deus para
consigo mesmo continua quando ele intercede como nosso Grande Sumo Sacerdote
(Hebreus 4:14-16; 9:11-12,24). Veja as Perguntas 71, 74 e 76.
No tempo e na história, a graça salvadora é feita ativa e eficaz na experiência
pessoal de cada um dos objetos de amor e do propósito redentor de Deus. Os pecadores
eleitos são vivificados para a vida espiritual (João 3:3,5-8; Efésios 2:1,4-5), e
eficazmente chamados ou atraídos para o Senhor Jesus Cristo em fé para perdão dos
pecados e a reconciliação com Deus (João 6:44,47; Atos 13:48; Romanos 8:29-31;
Efésios 1:3-14; 2 Tessalonicenses 2:13). Embora o chamado geral por meio da pregação
possa ser e muitas vezes resistido, este chamado eficaz não é. Trata-se, na realidade de
uma doação de vida, uma obra capacitante do Espírito de Deus trazendo um
despertamento espiritual necessário, a convicção do pecado, um desejo por libertação do
poder reinante do pecado, e uma compreensão do Evangelho. Deus ordenou os meios,
bem como o fim. A mensagem do evangelho deve ser pregada completamente e sem
restrições a todos os homens. Não há esperança, nem realidade para qualquer um que
não se aproxime de Cristo pela fé por intermédio do evangelho. Veja as Perguntas 134135, 138-140.
A graça renovadora descreve o amor livre e soberano e a graça de Deus na obra
efetivamente na regeneração ou “novo nascimento.” É a vivificação do pecador para a
vida espiritual, a transmissão da vida divina, a obra transformadora da graça de Deus
dentro da personalidade espiritual, moral e intelectualmente (João 3:3,5-8; 1 Coríntios
2:9-14; Efésios 2:5; 4:22-24; Colossenses 3:9-10; 1João 3:9). A regeneração ocorre no
contexto da pregação do evangelho. Veja a Pergunta 83.
A graça capacitadora de Deus é eficaz e transformadora evidenciada na conversão.
Tanto a fé salvadora quanto o arrependimento salvador são os dons de Deus concedidos
na graça regeneradora. Estes não são meramente obras ou esforços do pecador sozinho.
Esta obra da graça Divina dá um caráter salvador tanto para a fé quanto para o
arrependimento, distinguindo a fé da mera confiança humana e o arrependimento da
mera reforma humana ou um de indivíduo querendo voltar-se, pela sua própria força, ao
legalismo de pecados considerados mais graves por ele, uma conversão superficial e
140
aparente (Efésios 2:8-10; Atos 11: 18). Uma consciência ferida e a convicção podem ser
muito fortes, contudo não levam à salvação (João 8:9). Veja as Perguntas 83-84, 87, 9091.
Nossa justificação – sermos pronunciados justos diante de Deus por meio da fé
apenas, aquela fé dada por Deus, repousando na justiça imputada de nosso Senhor Jesus
Cristo - é imputada aos pecadores que creem (Romanos 3:21-26; Tito 3:4-7). Veja a
Pergunta 92.
É dito que cada crente é “adotado” na família de Deus, isto é, torna-se filho de Deus,
ou “filho” na conversão (João 1:12-13; Romanos 8:12-14; Gálatas 4:4-5; Efésios 1:5).
Esta é uma obra da graça Divina na qual Deus toma os pecadores para Si Mesmo como
Seus filhos, dá-lhes o Espírito de adoção, uma prova antecipada da adoção final deles na
glória da ressurreição (Romanos 8:23). Veja a Pergunta 93.
A santificação, em seu sentido mais inclusivo, é a doutrina mais abrangente nas
Escrituras. É um processo tanto de separação quanto de purificação, e assim, inicia-se
com a eleição Divina e termina com a glorificação. Como a salvação é pela graça, assim
a santificação, ou a santidade é pela graça. Na experiência prática, a obra da graça de
Deus pelo Espírito Santo e da Palavra é a dinâmica para a santificação (João 17:17;
Romanos 8:11-14; 1 Tessalonisenses 4:3; Hebreus 12:14). Ninguém pode viver a vida
cristã em sua própria força, por sua própria determinação, ou separado do Espírito e das
Escrituras. Veja as Perguntas 94-96.
A salvação é inteiramente da graça, incluindo a futura ressurreição do crentes.
Aqueles sobre os quais Deus colocou o Seu amor, são ultimamente destinados à
ressurreição para a glória eterna (Romanos 8:18-23,28-31). Todo aquele que é
justificado (Romanos 3:21-5:21) deve inevitavelmente ser santificado (Romanos 5:128:16 ), e todo aquele que é santificado deve, de forma inevitável, ser glorificado
(Romanos 8:17-39). A graça livre e soberana de Deus consumada na glorificação do
crente. A adoção deste será plenamente realizada (Romanos 8:18-23), sua conformidade
à imagem do Filho de Deus será levada à consumação (Romanos 8:29; 2 Coríntios
3:17-18), e sua redenção será completa (Filipenses 3:20-21; Tito 2:11-15; 1João 3:1-4).
Sua experiência coincidirá então com sua posição (Efésios 2:4-7). Veja as Perguntas
165, 167 e 169. Você pode pela fé, experiência e esperança ter a mão lançada, isto é, ser
alcançado(a) destas abençoadas verdades?
79ª Pergunta - Por que é vital considerar tanto os aspectos objetivos ou eternos,
quanto os subjetivos ou temporais e experienciais da salvação?
Resposta - A salvação deve ser vista tanto nos aspectos objetivos ou eternos quanto
nos aspectos subjetivos ou temporais e experienciais para entender corretamente a
verdade bíblica da salvação, a fim de evitar erros e heresias, e de possuir uma garantia
bíblica da fé.
141
Romanos 8:28-31. 28”E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para
o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito. 29Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos
irmãos. 30E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes
também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. 31Que diremos,
pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
Efésios 1:3-7. 3”Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; 4como
também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor”;
5
E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo,
segundo o beneplácito de sua vontade, 6para louvor da glória de sua graça, pela qual
nos fez agradáveis a si no Amado, 7Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a
remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça,”
1 Tessalonicenses 1:4-5. 4”Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de
Deus; 5Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também
em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos
entre vós, por amor de vós.”
1 Tessalonicenses 2:13. “Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus,
pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como
palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual
também opera em vós, os que crestes.”
2 Timóteo 2:19. “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O
Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se
da iniquidade.”
Hebreus 12:14. Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém
verá o Senhor;
Veja também: Romanos 6:1-23; 8:5-13; 12:1-21; Gálatas 5:16-26; Efésios 4:2532; Colossenses 3:1-10,12-17; 1 Tessalonicenses 1:4-10; 4:3-4; Tito 2:11-15;
Hebreus 12:1-8; 1João 3:4-18.
COMENTÁRIO
As Escrituras veem o cristão de dois aspectos, objetivo e eterno, subjetivo e
temporal. Nós devemos ver o verdadeiro cristão em ambos os aspectos? Sim, porque as
Escrituras tratam de ambos por uma boa razão. Sem estes dois aspectos muito
necessários, nossa visão da realidade de nossos seres cristãos, nossa relação com Deus,
nossa experiência seria muito desequilibrada na melhor das hipóteses ou na pior destas,
absolutamente incompreensível. O propósito eterno e redentor de Deus dá-nos como
142
crentes uma garantia objetiva e escriturística de nossa posição diante de Deus e
esperança da glória. O aspecto experimental também é essencial, pois a fé salvadora é a
identificação primária do verdadeiro cristão, seguida pelas marcas da graça ou pelas
características bíblicas essenciais em sua experiência subsequente. Veja as Perguntas
110-112.
Sem o propósito eterno e o poder de Deus, podemos tender a desesperar-nos e
procurar viver a vida cristã em nossa própria força, inerentemente negar a graça de
Deus, entender mal Seu propósito, amor e vida,. e ficar vivendo em constante medo do
fracasso Sem o aspecto subjetivo e temporal, nós poderíamos tender a uma atitude
passiva e à indolência. O evangelismo e a piedade tenderiam a diminuir ou se tornarem
separados do rigoroso exercício necessário deles. Ao longo da história do cristianismo,
alguns têm ido para os dois extremos por causa do seu desequilíbrio doutrinário destes
aspectos. Enquanto sustentando tenazmente um aspecto da verdade Divina, é bem
possível negar ou falhar em perceber o outro.
Uma perspectiva equilibrada do ensino bíblico sobre a salvação necessariamente
inclui tanto o seu objetivo quanto os seus aspectos eternos, bem como os seus aspectos
temporais e subjetivos. Uma desordenada ênfase no primeiro tem por vezes levado a um
antinomianismo doutrinal e prático, ou até mesmo uma espécie de fatalismo pensamento que a experiência cristã é ou não essencial ou arbitrária e irrelevante para o
estado de graça de alguém. Uma ênfase incorreta sobre o último levou à ideia de que a
salvação está essencialmente na prerrogativa e nas mãos do homem. Isso muitas vezes
resultou em ênfases doutrinárias que têm ensinado que os crentes poderiam apostatar e
se perderem, ou que a natureza humana é aperfeiçoável através do esforço humano, ou
com as metodologias evangelísticas que se degeneraram à mera manipulação
psicológica. Nós devemos procurar ser tão equilibrados quanto as próprias Escrituras,
deixando as coisas secretas de Deus para Ele (Deuteronômio 29:29), e sermos o mais
fiéis e zelosos como Deus ordena naquelas áreas que Ele revelou (Mateus 28:18-20; 2
Coríntios 2:14-17; 7:1; Filipenses 2:12-13). Sua esperança tem uma base objetiva na
Palavra de Deus?
80ª Pergunta – Qual é a confiança, a garantia e o incentivo, isto é, o incentivo do
crente nesta vida e em sua experiência pessoal?
Resposta: A confiança, garantia e incentivo do crente nesta vida e em sua
experiência pessoal, repousa na infalibilidade do propósito redentor eterno revelado na
Palavra de Deus, o sempre presente cuidado providencial de seu amoroso Pai celestial, o
ministério constante da graça Divina em virtude de sua união com Cristo e o poder do
Espírito Santo.
Romanos 8:28-31. 28”E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para
o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito. 29Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos
143
irmãos. 30E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes
também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. 31Que diremos,
pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
2 Coríntios 1:3-4. 3”Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o
Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; 4que nos consola em toda a
nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma
tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.”
1 Tessalonicenses 1:4. “Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de
Deus.”
Veja também: Atos 17:23-28; Romanos 6:1-6; 8:18-39; Efésios 1:3-14; 1
Tessalonicenses 2:13; 4:13-18; Romanos 6:1-23; Colossenses 3:1-5ss.
COMENTÁRIO
A Bíblia não é apenas um livro de história, princípios, advertências e ordens, é
também um livro de gloriosas promessas, grande incentivo e abençoado conforto. A
questão decisiva é a relação de alguém com Deus por intermédio da obra redentora do
Senhor Jesus Cristo. As promessas Divinas, incentivos, e garantias, todos pertencem
àqueles cujos pecados são perdoados e que são vitalmente reconciliados com Deus pela
fé salvadora em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. É um equívoco fatal na
interpretação das Escrituras assumir que alguém possa tomar promessas, incentivos e
garantias das Escrituras de forma arbitrária ou mística sem causa apropriada. Usar as
Escrituras de qualquer forma para a qual elas não foram destinadas - como uma coleção
de máximas filosóficas ou morais - deve do mesmo modo ser condenado. A Bíblia dá
advertências de certos julgamentos e um mandamento para a fé e arrependimento para o
incrédulo, mas nenhum conforto. As bênçãos de conforto, incentivo e garantias são para
aqueles que vivem pela fé pessoal no Senhor Jesus, de acordo com a Palavra de Deus.
É uma tragédia que muitos cristãos professos modernos têm sido ensinados a
desprezar ou negar as verdades gloriosas da livre graça como Divinamente revelada na
eleição, predestinação e no abençoado princípio do particularismo escriturístico.
Inevitavelmente, o conforto, incentivo e garantia têm que tirar de outros recursos necessariamente, de uma falsa exposição de Deus ou de uma experiência subjetiva de
alguém. Isto levou à religião existencial moderna à uma distorção da verdade bíblica. A
infalibilidade do propósito redentor de Deus é tanto revelada quanto reiterada nas
Escrituras para o conforto, garantia e incentivo do crente – e deve ser reiterada em
nossas próprias mentes e corações, como Deus tem em Sua Palavra.
A Divina providência é aquele processo pelo qual Deus, no tempo e na história, faz
acontecer o seu eterno propósito. O tempo, de acordo com uma filosofia bíblica
consistente do tempo e da história, regride do futuro para o presente e então do presente
para o passado. Deus predestinou todas as coisas desde o princípio (Isaías 42:9; Atos
4:27-28; 15:18; Efésios 1:11). A Divina providência por sua própria natureza é tanto
144
abrangente quanto íntima, governando todas as coisas, tanto grandes quanto
aparentemente pequenas, da ascensão e queda de civilizações sucessivas (Atos 17:2627), para a derrota ou sucesso das campanhas militares (Isaías 10:5-15), para a vida ou
morte de um único soldado (1Reis 22:30,34) para os incidentes e circunstâncias
menores (Salmos 139:1-18). Enquanto a revelação Divina escrita deve ser nosso guia
racional, nós somos deixados para o funcionamento da providência Divina nos assuntos
da vida sobre a qual não temos controle ou direção definida. Isto também significa que
tudo deveria e deve ser feito como um assunto para a oração (Romanos 8:26-28; Efésios
6:18s; 1 Tessalonicenses 5:16-17).
Todo crente verdadeiro foi levado a uma união indissolúvel com Jesus Cristo. Veja
a Pergunta 77. Esta união vital e espiritual inclui, entre outras realidades, a união na
morte de Cristo, o que significa que o poder reinante do pecado foi quebrado. A união
em sua ressurreição para vida significa necessariamente, que o mesmo poder que
ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos habita agora e capacita o crente - o
ministério constante da obra graciosa do Espírito Santo (Romanos 6:1-14; Colossenses
3:1-4; Efésios 1:15-23; Romanos 8:1-14; 1 Coríntios 2:9-13; 2 Coríntios 12:9-10;
Gálatas 5:16-26). Como é impossível viver uma vida convertida privada da capacitação
e sustento constante do ministério da graça Divina, assim é impossível viver uma vida
não convertida dentro do contexto da graça Divina (Romanos 6:15-18,20,22). Nós
nunca devemos esquecer que Deus ordenou os meios, bem como a finalidade, seja ela a
proclamação do evangelho ou nossa responsabilidade de viver piedosamente em Jesus
Cristo em obediência alegre à Palavra de Deus. Veja as Perguntas 134-140. No que e
em quem sua esperança descansa?
81ª Pergunta - O que é o chamado eficaz?
Resposta - O chamado eficaz é a obra do Espírito de Deus, por meio do qual,
convencendo o pecador de seu pecado e miséria, iluminando sua mente no
conhecimento de Cristo, e renovando sua vontade, Deus persuade e habilita-o a abraçar
Jesus Cristo oferecido gratuitamente a ele no evangelho.
João 6:44. “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu
o ressuscitarei no último Dia.
Romanos 8:30. “E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que
chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.”
Atos 13:48. “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra
do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.”
2 Timóteo 1:8-9. 8”... [Deus]... 9Que nos salvou, e chamou com uma santa
vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça
que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos,”
145
1 Pedro 1:14-16. 14”Como filhos obedientes, não vos conformando com as
concupiscências que antes havia em vossa ignorância; 15mas, como é santo aquele
que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver;
“16porquanto está escrito: ‘Sede santos, porque eu sou Santo.’
Veja também: Ezequiel 36:25-27; Mateus 20:16; João 1:12-13; Atos 2:37; 7:5153; 18:27; Romanos 1:6; 9:11,23-24;1 Coríntios 1:22-31; 2 Coríntios 4:3-6; Gálatas
1:6; Efésios 1:18; 2:1-10; 4:4; Filipenses 1:29; Colossenses 1:12-13; 1
Tessalonicenses 2:13; 2 Tessalonicenses 2:13-14; Hebreus 3:1; 1 Pedro 2:9; 2 Pedro
1:10; Judas 1.
COMENTÁRIO
A obra da redenção foi completa e finalmente realizada na e por intermédio da
pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo. É apropriado falar da “obra consumada de
Cristo.” Mediante a obediência ativa (sua vida perfeita vivida sob a Lei para cumprir
suas exigências) e passiva (sua obra de sofrimento, morte e ressurreição) de nosso
Senhor, a redenção foi comprada, concluída, terminada. A justiça Divina foi
completamente satisfeita. É assim totalmente eficaz sem qualquer obra adicional ou
esforço por parte do homem para fazê-la assim. É o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da
Divina trindade, que predominantemente aplica a obra consumada de Cristo ao pecador
individual no tempo, na história e na experiência. A aplicação desta redenção começa
com o chamado eficaz, prossegue para a regeneração, para a conversão (fé e
arrependimento), para a adoção, para a justificação e para a santificação nesta vida, e
para a nossa gloriosa ressurreição na vida por vir.
Se fosse necessário perguntar por que, no esquema da graça salvadora, alguém é
chamado e outro não, ou por que um é regenerado e outro não, ou por que um é
convertido e outro não, a resposta estaria no propósito inescrutável de Deus e da
aplicação de uma redenção realizada. A aplicação da redenção é parte integrante da
Aliança eterna da Redenção e da Graça. Veja a Pergunta 66. É sobre o valor infinito e
sobre a base particularista da expiação - o sangue derramado de Cristo - que todos os
aspectos da aplicação da redenção são fundados.
As Escrituras distinguem entre uma chamada exterior ou externa, geral para a
salvação que deve ser feita por meio da oferta gratuita do evangelho a todos os homens,
sem discriminação ou distinção, e a chamada pessoal, interna e eficaz para a salvação.
Esta distinção é feita pelo contexto e pela implicação, ou seja, o contexto doutrinário em
que ocorre o termo (por exemplo: João 6:44-45; Romanos 8:28-30; 1 Timóteo 1:9; 1
Pedro 2:9), as implicações do contexto (por exemplo: Romanos 9:23-24; Efésios 4:1;
Hebreus 9:15), ou o contraste com o chamado geral (por exemplo: Mateus 22:14)
servem para fazer a distinção necessária. Este chamado individual, interno ou eficaz
para a salvação foi por diversas vezes chamado de “o chamado eficaz,” “chamada
eficaz,” “graça irresistível,” “graça infalível,” ou “graça eficaz” para distingui-lo do
chamado externo e geral por intermédio do evangelho.
146
O evangelho deve ser pregado a todos os homens, sem distinção ou discriminação
(Mateus 28:18-20; Marcos 16,15; Lucas 24:47; Atos 1:8; 17:30-31). Esta proclamação
do evangelho - a “oferta gratuita” dele - declara que Deus é absolutamente Justo e
Santo, e que Ele está jurado para punir o pecado, que o homem por natureza é caído,
pecador, e está sob a ira e sob a condenação divina, e que a redenção foi realizada pelo
Senhor Jesus Cristo para os pecadores pela sua obediência ativa e passiva. Os pecadores
são instados a se converterem dos seus pecados em arrependimento e em olhar para
Jesus Cristo na fé como Senhor e Salvador, e assim terem os seus pecados perdoados
por Deus e serem reconciliados com Ele por meio da justiça imputada de Jesus Cristo.
Os pecadores devem crer (Atos 16:31) e arrepender-se (Marcos 1:15; Atos 17:31;
26:18-20). Se os pecadores vêm a Cristo pela fé salvadora e arrependimento, eles serão
salvos, - libertos, perdoados de seus pecados e reconciliados à um Reto, Justo e Santo
Deus (João 6:37; Romanos 3:23-26). Veja a Pergunta 34.
Este chamado exterior ou geral vai adiante da e pela mensagem do evangelho - um
chamado ao arrependimento e à fé (Atos 17:30-31). Frequentemente, o chamado é
rejeitado ou as reivindicações do evangelho são deturpadas ou mal interpretadas
(Mateus 7:21-23; 13:5-6,20-21; Atos 8:13; 1 Coríntios 15:2; Hebreus 6:1-6). Ele é
rejeitado ou desviado, porque vem somente em palavras e não também no poder
salvador do Espírito Santo (João 3:3,5,7-8; 6:44-45; 1 Coríntios 2:4-5; 1
Tessalonicenses 1:4-5; 2:13). É rejeitado por causa da condição do pecador como um
ser caído e pecaminoso por natureza (1 Coríntios 2:14); por causa da natureza do
pecado e de um poder maligno superior, que impede efetivamente os pecadores de
compreender a verdade do evangelho (2 Coríntios 4:3-6). Além disso, ele pode ser
recebido de uma forma defeituosa e temporária por meio da má-compreensão, um medo
de julgamento, ou por uma reação psicológica ou emocional (Mateus 13:20-22; Marcos
4:16-19; Lucas 8:13-14).
A glória da graça de Deus na salvação é que Ele proclama vida ao pecador, que é,
em seu ser, um cadáver espiritual (João 3:3,5; Efésios 2:4-5), recria novamente a
imagem de Deus nele, espiritual, moral e intelectualmente (Efésios 4:22-24;
Colossenses 3:9-10), quebra o poder reinante do pecado (Romanos 6:14,17-18), remove
o ódio inato contra si mesmo e Sua Lei (Romanos 8:6-8) , e remove o poder para cegar
de satanás (2 Coríntios 4:3-6), de modo que o pecador pode abraçar livremente e de
bom grado a Cristo como pregado no evangelho. Este chamado eficaz vem no contexto
da declaração do evangelho e não separado dele. Qualquer ensinamento que denigre a
pregação do evangelho ou o evangelismo bíblico, ou busca outros caminhos para mover
os corações dos homens é decididamente antiescriturstico.
Deve-se notar que as evidências do chamado eficaz e convicção do pecado podem
variar grandemente. Saulo de Tarso era com evidência grandemente perturbado e
condenado por um período de tempo, lutando contra o cristianismo com todas as suas
forças (Atos 9:1-6). O carcereiro de Filipos foi grandemente afetado (Atos 16:23-34).
147
Lídia, no entanto, foi simplesmente movida para acreditar, sua convicção do pecado
sendo mais interna com pouca, ou nenhuma, evidência externa (Atos 16:14). O único
denominador comum é que estes foram todos convertidos e suas vidas transformadas.
A relação da graça eficaz com a oferta gratuita do evangelho é um aspecto da
relação entre a soberania Divina e a responsabilidade humana. Nós - seres humanos,
cristãos, pregadores, evangelistas - não sabemos quem são os eleitos, ou quem serão
eficazmente chamados para a salvação. Estas são algumas das “coisas secretas” que
pertencem apenas a Deus (Deuteronômio 29:29), e são reveladas em tempo após o fato.
Certamente Deus tem chamado e convertido o mais improvável, como testemunhado na
conversão de Saulo de Tarso, e perseguidores marcantes, opositores, membros do culto
e as pessoas geralmente más da história, cujas vidas subsequentes demonstraram a
devoção deles à Cristo (1 Coríntios 1:26-3). Nossa preocupação deve ser a fidelidade
ao que Deus revelou no reino da responsabilidade humana – pregando o evangelho a
todos os homens sem restrição ou reserva (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas
24:47; Atos 1 :7-8; 20:26-27; 1 Timóteo 2:1-6). O fardo do ministério do evangelho é,
portanto, duplo: primeiro, que o evangelho seja pregado a todos, sem restrição, e,
segundo, que o evangelho é pregado em sua plenitude, ou seja, sem qualquer
truncamento de seu conteúdo doutrinário ou implicações práticas. Nossas vidas
evidenciam que temos sido “chamados das trevas para sua maravilhosa luz?” (1 Pedro
2:9).
82ª Pergunta – Aqueles que são efetivamente chamados participam de quais
benefícios nesta vida?
Resposta - Aqueles que são eficazmente chamados são feitos nesta vida
participantes da regeneração, conversão, justificação, adoção, santificação, e dos vários
benefícios que nesta vida acompanham ou fluem deles.
Romanos 8:28-31. 28”E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para
o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito. 29Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos
irmãos. 30E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes
também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. 31Que diremos,
pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
Romanos 5:1-5. 1”Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus,
por nosso Senhor Jesus Cristo; 2pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça,
na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. 3E não
somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação
produz a paciência, 4e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. 5E a
esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”
148
Efésios 1:3-6. 3”Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; 4como
também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor; 5e nos predestinou para filhos de adoção por
Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6para louvor da
glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado.”
Veja também: Romanos 5:2; 1 Coríntios 1:26-31; Efésios 5:18-20; Colossenses
3:15-17; Filipenses 3:1; 4:4; 1 Tessalonicenses 4:16; 1 Pedro 1:6,8.
COMENTÁRIO
A Aliança da Graça refere-se ao eterno propósito redentor como ela se dirige aos
pecadores. Veja a Pergunta 66. É unilateral e, portanto, infalível, imutável e irrevogável.
Da eleição divina para a glorificação, o número e a identidade pessoal dos eleitos de
Deus - os objetos de seu amor eterno, soberano, graça e misericórdia - permanecem os
mesmos. Assim, aqueles que são eficazmente chamados como a primeira evidência
experimental desta relação de aliança, receberão cada um e todos os benefícios desta
relação, apesar das circunstâncias variadas da peregrinação terrena e experiência deles
(Romanos 8:28-39). Este é e deve ser o maior conforto e incentivo para todos os
crentes.
Os benefícios ou bênçãos que vêm para aqueles que são eficazmente chamados
necessariamente transcende esta vida terrena e são apenas totalmente cumpridos e
experimentados na glória da eternidade (Romanos 8:18-23,28-39 ; 2 Coríntios 4:14-18;
2 Pedro 3:13). Existem muitos incentivos e confortos dirigidos àqueles que
experimentam sofrimentos presentes, perseguições e oposição que apontam para a
eternidade e glória futura, a partir da qual os crentes estão certos que “as recompensas
deles estão no céu” e “que eles descansarão das suas obras e elas os seguirão” (por
exemplo: Mateus 5:11-12; Romanos 8:35-39; Apocalipse 14:13).
Esta pergunta e resposta, no entanto, concentram-se na atual experiência do crente.
Há grandes e presentes benefícios e bênçãos nesta vida terrena, para que cada crente
tenha o dever de ser constante e humildemente grato e também deva alegrar-se sem
cessar . Ser ou fazer de outra forma seria simplesmente incredulidade, prioridades
erradas, ou um egocentrismo pecaminoso que falharia em elevar-se ao nível da fé
bíblica. Os crentes são regenerados (João 3:33,5-8), convertidos (João 1:12-13);
experimentalmente levados à união com Cristo (Romanos 5:12-6:23; Gálatas 2:20;
Colossenses 3:1-4), adotados (Romanos 8:14-17 ; Efésios 1:3-7), justificados (Romanos
5:1-11) e santificados (Romanos 6:1-8:14).
Os benefícios e bênçãos que fluem a partir destas realidades espirituais são
inumeráveis. Incluídos nestes inúmeros benefícios estão:
149
A quebra do poder reinante do pecado ao longo da vida (Romanos 6:14,17-18), uma
entrada abençoada e gloriosa em uma vida de graça, fé e esperança (Romanos 5:1-2);
uma transformação espiritual e moral (Efésios 2:8-10; 4:22-24);
Uma nova mentalidade (Colossenses 3:9-10), todos os pecados perdoados (Atos
13:38-39), reconciliação com Deus (Romanos 3:23-26; 2 Coríntios 5:18-21);
Uma verdadeira percepção que todas as coisas são Divinamente ordenadas para o
nosso bem (Romanos 8:28), nosso conforto divino nas provações (2 Coríntios 1:3-4);
Um Grande Sumo Sacerdote para interceder constantemente, e assim um acesso
constante ao Deus da glória (Romanos 5:1-2; Hebreus 4:14-16; 9:11-14,24; 1João 2:1);
e, em todas estas bênçãos uma conformidade progressiva à imagem do Filho de Deus
(Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17-18). Menção especial deve também ser feita e uma
grande atenção dada à nova, necessária e eficaz dinâmica na vida – a presente habitação
do Espírito Santo (Romanos 6:4-6,14; 8:13-27; Gálatas 4:4-7; Efésios 1:18-20). Embora
o crente tenha uma relação imediata e íntima com a Divindade triuna (João
14:6,16,20,23), é o Espírito Santo especificamente que é dito habitar no crente. Nós
temos este testemunho? (Romanos 8:11-16).
83ª Pergunta - O que é regeneração?
Resposta - A regeneração é o ato soberano de Deus, realizada abaixo do nível da
consciência, no qual ele comunica a vida Divina ao pecador, dando uma santa
disposição à mente, e é tal que garante uma certa, imediata e voluntária obediência ao
Evangelho.
João 1:12-13. 12”Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem
feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; 13Os quais não nasceram do
sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”
João 3:3. Jesus respondeu, e disse-lhe: “Na verdade, na verdade te digo que
aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.”
Tito 3:5. “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua
misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito
Santo.”
Tiago 1:18. “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para
que fôssemos como primícias das suas criaturas.”
1 Pedro 1:23. “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da
incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.”
Veja também: Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; João 3:3-8; Colossenses
1:12-13; Mateus 19:28.
COMENTÁRIO
150
Muitos equívocos rodeiam a verdade da regeneração ou do “novo nascimento.”
Considerado negativamente ou o que a regeneração não é: primeiro, a regeneração não é
um ritual, ou seja, um sacramento. Muitos acreditam que a regeneração é o resultado de
uma função sacerdotal ou eclesiástica, como a regeneração batismal. Necessariamente,
incluídos nesta visão estão os que sustentam que o batismo é essencial para a salvação.
Ainda inclui aqueles que igualam o movimento físico com a salvação, por exemplo,
responder a um “apelo” como sinônimo da própria salvação. As Escrituras ensinam que
a regeneração, ou o “novo nascimento” é um ato de Deus separado das ordenanças e
rituais humanos (Confira João 1:12-13; 3:3; Efésios 2:1-5). (Os versos-chave para a
regeneração batismal são João 3:5; Atos 2:38; 22:16; Tito 3:5; 1 Pedro 3:21).
O ensino da regeneração batismal ou da salvação por ritual é baseado em um
equívoco sobre a natureza da regeneração e uma confusão do símbolo ou figura com a
realidade. João 3:5, “ nascer da água e do Espírito” refere-se a Ezequiel 11:19-20;
36:25-27 e a promessa da Nova Aliança, que Nicodemos deveria ter claramente
entendido (João 3:5-10). Note Atos 2:38: “... Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados...” A ordem, apesar
de um verbo composto em Português, é desigual em Grego, dando ênfase ao
arrependimento, com visão à remissão dos pecados. A ordem para ser batizado é uma
ordem muito menor. Marque o contexto e a declaração de Atos 22:16, “... Levanta-te, e
batiza-te, e lava os teus pecados...” Saulo estava convertido quando esta ordem foi dada,
e por isso deve ser interpretada figurativamente ou simbolicamente. Note Tito 3:5 e “
lavagem da regeneração.” A afirmação é autoexplicativa. O rito do batismo encontra-se
dentro da esfera das ações humanas. Finalmente, note 1 Pedro 3:21. O batismo é a
resposta de uma boa consciência; ele não tira fora a imundícia da carne, isto é, não
regenera ou purifica o individuo;
Segundo: a regeneração não é uma experiência emocional ou irracional. Alguns
confundem a regeneração com a conversão, e a conversão com irracionalismo. Outros
fazem da regeneração a resposta Divina para a fé do homem. A relação entre a
regeneração e a conversão é uma de causa e efeito. Veja a Pergunta 87. É uma
vivificação Divina para a vida espiritual, um “nascimento espiritual,” que é
necessariamente evidenciada tanto intelectual quanto emocionalmente no
arrependimento e na fé.
A seguinte resposta é geral e resumida para que sua natureza penetrante possa ser
percebida. A regeneração é “nascer de cima” ou “nascer de novo” (João 1:12-13; 3:3,5).
Há seis realidades espirituais essenciais que compõem a regeneração, ou o “novo
nascimento.” Se qualquer uma destas realidades não for verdadeira ou real dentro da
personalidade, o indivíduo é ainda não regenerado: primeiro, a transmissão da vida
Divina (João 3:3,5; Efésios 2:1,4-5). A não ser que o indivíduo receba tal princípio de
vida espiritual, ele não pode nem mesmo “ver” o Reino de Deus, muito menos entrar
nele. Ele pode perceber, conhecer ou entender muito, até mesmo de modo a ficar sem
151
desculpa, mas sua vontade é dobrada em relação ao pecado e ao mal e seu interior é
escurecido (Romanos 1:18-25; 1 Coríntios 2:14).;
Segundo: a quebra do poder reinante do pecado (Romanos 6:3-14,17-18,20,22).
Todo ser humano, por natureza, é um escravo disposto ao pecado. Este poder é
quebrado por Deus em um ato definitivo da graça, e uma separação radical é feita com o
poder reinante do pecado na vida; Veja as Perguntas 94-95.
Terceiro: a remoção da inimizade natural do coração (Romanos 8:7-8; 1 Coríntios
2:14). O homem por natureza tem uma aversão inata de Deus e de Sua verdade. Esta
animosidade é removida por um ato soberano de Deus, permitindo o pecador voltar
salvificamente para Deus no contexto de Sua verdade;
Quarto: a recriação da imagem de Deus em princípio (Efésios 4:22-24; Colossenses
3:1-10). Ambas as passagens se referem a um ato passado, não uma súplica. O homem
foi criado como o portador da imagem de Deus. Na queda, esta imagem foi devastada
espiritual, moral e intelectualmente; o processo de pensamento tornou-se fragmentado e
dado à futilidade. O corpo físico, com seus apetites e desejos, assumiu uma influência
controladora sobre o indivíduo (Romanos 6:6,11-14; Efésios 4:17-19). Na graça
regeneradora, Deus recria a Sua imagem em princípio, na justiça, na santidade da
verdade e no conhecimento - uma transformação espiritual, moral e intelectual. Com a
mente assim liberta, e uma santa disposição dado à personalidade, o pecador é
habilitado a retornar livremente a Cristo na fé tal como apresentada na mensagem do
evangelho;
Quinto: a remoção da cegueira satânica (2 Coríntios 4:3-6). Acima e além de todos
os assuntos da vontade ou do coração, aparece (como que de um nevoeiro) o terrível
poder, o poder maligno de satanás, que cega especificamente os pecadores para a
verdade do evangelho, procura ainda remover qualquer influência do evangelho de
qualquer maneira que puder (Mateus 13:3-4,18-19; Marcos 4:4,15; Lucas 8:5,12). Esta
influência ofuscante é removida por um ato da graça de Deus;
Sexto: o dom da fé salvadora (Efésios 2:4-10). A conversão, ou o arrependimento do
pecado e a fé no Senhor Jesus Cristo, é inseparável da regeneração. A conversão é a
consequência infalível e imediata da obra do Espírito Santo sobre e dentro da
personalidade (Atos 16:14). As Escrituras geralmente consideram a regeneração e a
conversão inclusivamente como uma só. A conversão, especificamente a fé pessoal no
Senhor Jesus e o arrependimento do pecado, que necessária e infalivelmente expressa a
obra de Deus dentro da personalidade (Atos 13:12,48; 14:1; 16:14,27-34; 17:4,1112,34; 18:8,27; 19:18; Romanos 10:9-10,13,17; 1 Coríntios 2:4-5; Efésios 2:4-10).
Veja as Perguntas 86-88.
A necessidade de regeneração ou do novo nascimento é encontrada na impotência
espiritual absoluta do homem; no poder de cegueira do diabo; no propósito redentor
eterno,;e no reto caráter e na onipotência de Deus. Em qualquer ser humano depois de
152
salvo ou liberto do poder reinante do pecado, da sua própria animosidade inata para com
Deus, do poder de cegueira de Satanás e finalmente do inferno eterno, Deus deve iniciar
a obra da salvação (Isaías 64:6; Mateus 13:3-4,18-19; Atos 16:14; Romanos 1:18-25;
3:11,27-21; 8:5-8; 1 Coríntios 2:14; 2 Coríntios 4:3-6; Efésios 2:1-10; 4:17-19; Tito
3:5; 1João 5:19). Dizer tudo isso é declarar que a salvação é pela graça.
Por causa do mistério desta operação Divina, a inabilidade de nossas mentes finitas
para compreendê-la totalmente, e a grande possibilidade de equivocar a Sua natureza,
Deus teve o prazer de representar a regeneração em termos humanos, usando figuras ou
metáforas para ajudar a nossa compreensão. A regeneração é descrita como um
“nascimento espiritual.” Esta é a designação mais comum. Conferir João 1:12-13; 3:3,58; Tiago 1:18; 1 Pedro 1:23; 1João 3:9. Como um “nascimento,” é misteriosa e
milagrosa e assim expressa em termos figurativos. A regeneração é descrita como uma
“vivificação” para a vida espiritual, como um “transplante de coração.” A linguagem do
Velho Testamento de Jeremias 31:31-34; Ezequiel 11:19-20; 36:25-27, como cumprida
em 2 Coríntios 3 e Hebreus 8, embora expressa em termos simbólicos do Velho
Testamento, antecipa a Nova Aliança ou Aliança do Evangelho.
A regeneração é descrita como um “translado” de um reino para outro. Os crentes
foram transladados para fora do reino das trevas (do mal) para o Reino do Filho do
amor de Deus (Colossenses 1:12-13). Ela é descrita como uma “lavagem.” (Tito 3:5),
que não pode se referir ao batismo, pois este é um ritual dentro do reino e ao alcance da
atividade e do poder humano. Além disso, o batismo não pode vivificar ou limpar
espiritualmente (1 Pedro 3:18-21). Isto deve ser entendido simbolicamente e de acordo
com a analogia da fé ( Ezequiel 36:25-27).
A regeneração é ainda descrita como um “renovo do Espírito Santo.” Esta
linguagem é inerente à da regeneração (Tito 3:5). Refere-se à restauração da imagem de
Deus no homem (Colossenses 3:9-10; Efésios 4:22-24), o “coração de carne” (Ezequiel
36:25-27), o “novo homem,” ou a personalidade regenerada (Romanos 6:6). A
regeneração é descrita como uma “mudança de natureza” ou “de caráter” (2 Pedro 1:4;
Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10). Estas passagens referem-se à transformação
moral da personalidade ou a restauração da imagem de Deus, em princípio, no homem.
A regeneração é descrita como uma “nova criatura” (Efésios 2:4-10; 2 Coríntios 5:17;
4:3-6). A nova vida, nova natureza ou nova entidade transmitida por Deus é a criação do
“novo homem” que corresponde em princípio ao caráter moral de Deus.
Finalmente, a regeneração é descrita como uma “circuncisão” espiritual. Confira
Deuteronômio 10:16; 30:6; Jeremias 4:4; 9:26; Atos 7:51-53 com Romanos 2:28-29;
Filipenses 3:1-3; Colossenses 2:10-13. O antítipo da circuncisão é a regeneração. Os
que eram na Antiga Aliança circuncidados, agora na Nova Aliança são regenerados. A
regeneração é assim o sinal ou o selo da Aliança do Evangelho ou da Nova Aliança. A
regeneração, como o antítipo da circuncisão, é uma operação de coração realizada
somente por Deus (”uma circuncisão feita sem mãos”) em tirar a preeminência da carne,
153
ou seja, quebrando o poder reinante do pecado. Conferir Romanos 6:1-14. Veja a
Pergunta 157.
Quem ou o que é a causa eficiente da regeneração? As duas áreas de tensão
teológica são:
Primeiro: que a pessoa deve ser vivificada espiritualmente, a mente e o coração
devem ser libertos da cegueira satânica, a mentalidade deve ser restaurada, a inimizade
natural removida, e o poder reinante do pecado deve ser quebrado antes que o pecador
possa realmente entender, acreditar e salvificamente responder ao evangelho;
Segundo: as Escrituras implicam que a Palavra pregada é fundamental para a obra
da regeneração e especificamente quanto à fé salvadora. Nós nunca devemos confundir
a ordem lógica com uma ordem cronológica. O que pode ser consistente e seguramente
indicado é que a regeneração ocorre no contexto da audição e compreensão da verdade
de Deus, e não fora Dela (Mateus 28:18-20; Marcos 16,15; Lucas 24:44; Romanos
10:13-15,17; 1 Coríntios 2,1-5; Efésios 1:3-14; 1 Tessalonicenses 1:4-5; 2:13; 2
Tessalonicenses 2:13-14). Como Deus ordenou o fim - a salvação dos pecadores - assim
Ele ordenou os meios para este fim que se trata da vivificação dos pecadores (uma
convicção salvífica do pecado), renovação (regeneração) e conversão (arrependimento e
fé) pela pregação do evangelho. Você é uma pessoa regenerada? Você exemplifica as
marcas da graça conversora?
84ª Pergunta – Qual é o exato ministério do Espírito Santo no pecador antes da
conversão, na mesma pessoa na conversão, e como um crente após a conversão?
Resposta - O Espírito Santo é a Pessoa da Divindade triuna que aplica a redenção
adquirida por Cristo. Antes da conversão, ele eficazmente chama, regenera, desperta; e
convence o pecador. Na conversão, ele graciosamente capacita o pecador a crer e se
arrepender. Após a conversão, ele ministra toda graça necessária para a experiência do
crente.
João 16:8. “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do
juízo.”
João 3:5. “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.”
Romanos 5:5. “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”
Romanos 8:26-27. 26”E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas
fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo
Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. 27E aquele que examina os
corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos
santos”.
154
Gálatas 5:22-23. 22”Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. 23Contra estas coisas não há lei.”
Efésios 5:18. “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas
enchei-vos do Espírito.”
Veja também: Ezequiel 36:27; João 4:24; 7:39; 14:16-17; 15:26; 16:8-11,13;
Atos 10:19; 11:12; 13:2; 16:7; Romanos 8:1-5,11-16; 1 Coríntios 2:4.9-14; 3:16;
6:11; 12:1-7,11; 12:13; 2 Coríntios 1:22; 3:3,17-18; 5:5; Gálatas 3:2,4; 4:6; 5:1618,22-23,25; 6:8; Efésios 1:13,17-18; 2:18,22; 3:16; 4:3,30; 5:9,18-20; 6:17-18;
Filipenses 1:19; 2:1; 3:3; Colossenses 1:8; 1 Tessalonicenses 4:8; 5:19; 2
Tessalonicenses 2:13; 1 Pedro 1:2,22; 1João 3:24; 4:13; Apocalipse 22:17.
COMENTÁRIO
Dentro da Divindade triuna e no contexto da eterna Aliança da Redenção e da
Graça, é o Espírito Santo que aplica a redenção comprada pelo Senhor Jesus Cristo.
Veja as Perguntas 64 e 77. Assim, Ele não está apenas intimamente envolvido em toda a
nossa redenção, mas está especialmente proeminente em sua aplicação ao longo de
nossa experiência cristã: do nosso chamado para a salvação para o nosso estado final de
glória. Ao longo da obra do Espírito Santo na salvação, admite-se que Ele age sempre
em sintonia com a Palavra de Deus e nunca separado dela.
Antes da conversão, o Espírito Santo providencialmente supervisiona a vida e as
circunstâncias do indivíduo eleito, mas ainda incrédulo. Ele é de maneira providencial
preservado e protegido e é trazido em contato com a verdade salvadora. O Espírito
Santo chama, desperta, convence e regenera o pecador. Ele opera a convicção salvadora
na mente e no coração do pecador e revela-lhe Cristo, Tal como apresentado no
evangelho.
Na conversão, é o Espírito Santo que abre os ouvidos, os olhos, a mente e o coração
do pecador para a verdade do evangelho (1 Coríntios 2:14-16). O Espírito Santo
graciosamente habilita o pecador a crer e se arrepender (Atos 11:18; 18:27; Efésios 2:410). Essa fé salvadora que é o dom de Deus é dada pela mediação do Espírito no
contexto da audição da verdade do evangelho. É o Espírito Santo quem opera essa
convicção que resulta em arrependimento na mente, no coração e na vida. É o Espírito
que remove a cegueira espiritual imposta por satanás na mente e no coração do pecador
(2 Coríntios 4:3-6).
Após a conversão, o Espírito Santo, como a principal Pessoa da Divindade triuna
habita no, e ministra toda a graça necessária para a experiência do crente. Ele é
geralmente chamado de “O Consolador,” ou Parakletos [ Gr. para, “ao lado” e kletos,
“chamados,” portanto, “ajudante,” “advogado”], aquele que substituiu a presença
pessoal e visível de nosso Senhor durante o seu ministério celestial até o segundo
retorno (João 14:12,16,26; 15:26; 16:7; Atos 2:32-33). Ele autorizou a igreja do Novo
155
Testamento como a instituição ordenada por Deus para esta economia do evangelho no
dia de Pentecostes (Atos 1:8; 2:1ss). Ele inicia o envio de ministros do evangelho, e é
Aquele que encarrega e chama os homens para tal ministério (Atos 13:2-4; Efésios 4:712). Ele dota os homens para o ministério e distribui variados dons para suas igrejas (1
Coríntios 12:1-7ss; Efésios 4:11-12).
Em um nível individual, Ele santifica o crente em conexão com a Palavra de Deus
(João 17:17; Romanos 6:1-23; 8:11-14; 1 Coríntios 1:30-31; 2 Tessalonicenses 2:13) e
lhe dá um senso de aceitação pelo Espírito de adoção (Romanos 8:14-17). Ele ilumina
todo crente a compreender as Escrituras (1João 2:20,27). Ele revela aos crentes as
“coisas profundas de Deus” (1 Co 2:9-13). Ele enche os crentes com um sentido do
amor de Deus e do amor de Cristo (Romanos 5:5; Efésios 3:14-20). Ele dá aos crentes
tanto uma restrição (Gálatas 5:16-18) quanto uma capacitação ou autoridade que é real e
eficaz em suas vidas (Romanos 6:14; Efésios 1:15-20). Ele capacita os crentes a
mortificar as manifestações do pecado interior e corrupção remanescente (Romanos
8:11-13; Colossenses 3:1-5ss). Ele intercede como um segundo, Paracleto interna em
nossas orações (Romanos 8:26-27).
É por meio do ministério da graça pelo Espírito que os crentes estão sendo
conformados à imagem do Filho de Deus (Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17-18). O
Espírito de Deus também media todo o nosso conforto, graça e incentivo, bem como
qualquer convicção de pecado ou liderança providencial. O fruto do Espírito são aquelas
graciosas virtudes que são as marcas essenciais da graça na personalidade (Gálatas 5:2223). Os crentes são assim ordenados a serem cheios com Espírito como a grande
realidade determinante das vidas deles e autoridade para todo o serviço deles (Lucas
11:11-14; Atos 2:4; 4:8,31; 6:3; 7:55; 9:17; 11:24; Efésios 5:18-20). Finalmente, é o
Espírito Santo que, como o penhor da redenção final, fala de paz à mente e ao coração
do crente a respeito de sua certeza de fé e de salvação (Romanos 8:14-16; 1 Coríntios
1:22; 2 Coríntios 5:5; Efésios 1:13-14).
Por causa deste variado e necessário ministério da graça, o Espírito de Deus não
deve ser entristecido (Efésios 4:30), nem o Seu variado ministério em nossas vidas
apagado ou escondido pelo pecado flagrante (1 Tessalonicenses 5:19). Os crentes são
convidados a “andar no Espírito,” de modo que eles “não cumprirão os desejos da
carne.” O Espírito de Deus ministra a graça na vida dos crentes de modo que estes não
podem viver como antes (Romanos 6:14; 2 Coríntios 3:17-18; Gálatas 5:16-18).
E os dons espirituais? O assunto Senhor Jesus Cristo pelo Espírito Santo dá vários
dons para o exercício no contexto da assembleia local e o seu ministério (Efésios 4:1116). Estes dons são para a edificação do povo de Deus e para a promoção da sua obra.
Se as listas dos vários dons espirituais forem intimamente estudadas, será notado que
muitos deles eram temporários e para a “infância” (estado imaturo) da igreja, ou seja,
eles foram dados até que o cristianismo fosse firmemente estabelecido e tivesse atingido
o seu lugar maduro no mundo (1 Coríntios 12:1-11,28-31; 13:8-13; 14:1-19). Os dos
156
restantes são principalmente aqueles de ensino, pregação e ministração, e, portanto,
devem ser exercidos pela liderança masculina da assembleia.
Muitos hoje procuram “descobrir os seus dons espirituais.” Seja qual for o dom que
alguém possa ter, ele só é dado pelo Espírito Santo, de acordo com as Escrituras, e dado
para o exercício, para a edificação da assembleia por causa de uma determinada
necessidade. Ele é, ainda, um dom somente se tal habilidade é realmente necessária e
dada por Deus, e não apenas uma característica humana que é louvável. Qualquer
competição, discórdia ou confusão no exercício de um suposto dom simplesmente
revela que o crente está provavelmente equivocado sobre o seu “dom”! Deus não é o
autor da confusão (1 Coríntios 14:26-37).
O Pentecostalismo à antiga e o Movimento Carismático mais moderno fazem muito
mais do que o “batismo no Espírito.” Marque o seguinte: primeiro, considere a razão
para este fenômeno. Estes movimentos religiosos derivados do Perfeccionismo
Metodista (Wesleyano) e do Perfeccionismo Oberliniano, que ensinam que a conversão
está totalmente dentro da capacidade da pessoa (livre arbítrio), e também uma “segunda
obra de graça,” ou seja, que uma pessoa deve ser tanto “salva” (convertida, receber
Jesus como Salvador) quanto posteriormente “santificada” (isto é, receber o Espírito
Santo em uma obra separada da graça distinta de receber a Cristo na conversão). Veja a
Pergunta 115. Assim separando completamente a justificação da santificação. Portanto,
se alguém fosse perder sua santificação (isto é, cometer pecado), ele se tornaria
injustificado e perderia sua salvação. Isto inverte a ordem bíblica e baseia a justificação
de alguém sobre a própria santificação! A posse do Espírito Santo, então, é uma
evidência da santificação de alguém - e uma garantia de salvação. Portanto, é dada
muita atenção para o “batismo no, com ou do Espírito.” Pode ser facilmente notado que
uma abordagem antiescriturística a respeito da capacidade humana, o Espírito Santo,
justificação e santificação pode construir um sistema totalmente falso de doutrina,
prática e experiência. Veja as Perguntas 92 e 94.
Segundo, no pentecostalismo e no Movimento Carismático, a evidência deste
“batismo” é “falar em línguas.” É através de tal experiência que o indivíduo tem a
certeza da salvação e é “santificado.” Se os padrões escriturísticos fossem mantidos, o
moderno movimento de línguas seria visto totalmente como antiescriturístico:
 As diversas línguas faladas no dia de Pentecostes não precisavam de
intérprete, como cada um os ouvia na sua própria língua (Atos 2:1-11). Este foi
definitivamente um evento miraculoso.
 As línguas em Pentecostes e na casa de Cornélio foram sinais para os
judeus, e não sinais para o povo deles mesmos (Atos 2:1-11; 10:44-48; 11:1-18).
 As línguas de Corinto, se eram línguas definitivas ou expressões de
êxtase, precisavam de interpretação de alguém distinto do orador, um outro que
tinha o dom de interpretação correspondente.
157
 As línguas eram um dom temporário para a infância do cristianismo, e
cessariam quando atingisse seu lugar de maturidade no mundo e o cânon
estivesse fechado (1 Coríntios 13:8-12). Veja a Pergunta 14.
 As línguas nunca foram promovidas como uma forma de garantia.
 O dom de línguas era um dos menores dons (1 Coríntios 12:7-11),
apenas para ser usado sob completo domínio próprio (1 Coríntios 14:29-32;
Gálatas 5:23), para nunca mais ser exercida sem um intérprete e nunca exercida
na assembleia por uma mulher (1 Coríntios 14:26-35).
 Assim esses dons deviam ser exercidos através dos homens da
assembleia apenas.
Terceiro, embora muitos afirmem que “cada crente é batizado no corpo (místico) de
Cristo (a igreja universal invisível) na conversão,” as Escrituras ensinam de forma
diferente. Há seis passagens no Novo Testamento que definitiva e expressamente
ensinam o batismo com o Espírito Santo: Mateus 3:11; Marcos 1:8; Lucas 3:16; João
1:33; Atos 1:5; 11:15-17. Estas declarações, então, deve formar a substância para a
doutrina em questão. Uma investigação completa revela o seguinte: primeiro, o próprio
Senhor Jesus Cristo é o administrador, ou aquele que faz o “batismo,” “Ele (o Senhor
Jesus Cristo) vos batizará com (no) o Espírito Santo...” (Mateus 3:11; Marcos 1:8;
Lucas 3:16). “... Esse é o que batiza com ([no) o Espírito Santo.” (João 1:33). Segundo,
o Espírito Santo é o único em Quem ou com Quem eles foram batizados ou
identificados. Isto é expressamente declarado por cada passagem. Terceiro: os
incidentes que ocorreram no dia de Pentecostes (Atos 1:5; 2:1) e na casa de Cornélio
(Atos 10:44-47; 11:15-17) são os únicos casos identificados pela inspiração com o
batismo do Espírito Santo.
Há quatro passagens no Novo Testamento que são assumidas para ensinar o batismo
com o Espírito Santo: Romanos 6:3; Gálatas 3:27-28; Efésios 4:5; Colossenses 2:11-13.
Apesar de algumas destas passagens serem questionáveis quanto à sua relevância, elas
são, no entanto, tão usadas e assim incluídas. Um cuidadoso estudo trará a seguintes
conclusões: primeiro: não há absolutamente nenhuma menção de qualquer
administrador ou pessoa que realiza o batismo. Não há a menor menção do Espírito
Santo. Segundo, o Senhor Jesus Cristo é Aquele em quem eles são batizados. Terceiro,
pode ser inferido do contexto nestas declarações que todos os crentes estão incluídos.
Estas passagens referentes ao ser “batizados em Cristo” referem-se à união do crente
com Cristo. Veja as Perguntas 77 e 95.
Para explicar a aparente contradição, alguns usam 1 Coríntios 12:13 para ensinar
que o Espírito Santo batiza todos os crentes em “um só corpo,” que eles interpretam
como o “Corpo de Cristo,” ou a “igreja universal invisível.” Isto, certamente, não
explica o ensino primário dado na primeira lista (que deve ser o próprio fundamento da
158
doutrina), nem o considera absolutamente. A segunda lista é utilizada como base para a
doutrina com base na suposição.
1 Coríntios 12:13 é vital para a compreensão da doutrina e merece uma exame
detalhado. Uma exegese deste versículo justamente o traz em harmonia com as
passagens que definitivamente ensinam o batismo do Espírito Santo. Marque o seguinte:
primeiro, a interpretação “por um Espírito” é literalmente “em um Espírito.” Isto traria a
primeira parte desta declaração em harmonia com o ensino básico e fundamental. A
frase “...todos nós somos batizados formando um corpo...” se lê: “...todos nós fomos
batizados formando um corpo...” O verbo é aoristo (um evento), referindo-se ao evento
de Pentecostes, e deve ser gramaticalmente traduzido como “fomos” ao contrário de
“somos.” Além disso, Paulo inclui-se no “nós.” Isto ainda está contra o argumento de
que este versículo se refere ao batismo com água na assembleia local de Corinto. Se este
versículo for tomado sob a luz daquelas declarações, elas definitivamente ensinam o
batismo do Espírito Santo, então logicamente se refere ao batismo do Espírito Santo no
dia de Pentecostes sobre a igreja do Novo Testamento como uma instituição - um
evento único.
Finalmente, qual é o significado de Pentecostes e do batismo no Espírito?” Há duas
considerações: primeira, era o antítipo ou o cumprimento final da “Festa das Primícias”
anualmente observada naquele momento. (Êxodo 23:16,19; 34:22; Levítico 23:10-12;
Números 28:26). Neste Pentecostes, a Igreja Neotestamentária autorizada pelo Espírito
(Atos 1:4-5,8) fez uma colheita das “Primícias,” cerca de três mil almas, o protótipo,
isto é, o exemplo do Espírito enviado e do Espírito capacitando - avivamento e o seu
estado de ser despertado;.
Segundo, este Pentecostes foi o credenciamento e a capacitação da igreja
Neotestamentária já existente como instituição ordenada por Deus para esta economia.
Isto é visto claramente quando a consideração é dada às antigas instituições. A
instituição ordenada por Deus para os Israelitas em suas viagens foi o Tabernáculo, ou
Tenda. (Veja Êxodo 25:1-9). Quando este Tabernáculo foi completamente construído e
funcional, os sacerdotes ordenados e as primeiras ofertas completadas, então Deus na
Shekinah visível desceu sobre o Tabernáculo “e a glória do Senhor encheu” ele (Êxodo
40:33-35). Tornou-se então a instituição ordenada por Deus para essa economia.
Quando o Templo de Salomão foi concluído, o povo e os sacerdotes santificados e
as primeiras ofertas completas, em seguida a Shekinah, ou a glória visível da presença
de Deus, desceu sobre e encheu o Templo (1Reis 7:51-8:11). O templo foi então
marcado como a instituição ordenada por Deus para a época. O mesmo se refere á igreja
Neotestamentária, neste Pentecostes. O grande e último antítipo ou cumprimento tanto
do Tabernáculo quanto do Templo foi visível e inequivocadamente separado, ou
credenciado como a única instituição ordenada por Deus para esta economia do
Evangelho.
159
Este é o significado do batismo do Espírito Santo, que ocorreu no dia de Pentecostes
(Atos 1:4-5,8; 2:1-21,32-33). Veja a Pergunta 147. Nós possuímos o Espírito de Deus?
Ele é muitas vezes entristecido por nossos pensamentos e ações? Nós entendemos a sua
obra na vida dos crentes e da Igreja?
85ª Pergunta - O que é a convicção salvífica do pecado?
Resposta – A convicção salvífica do pecado é uma convicção operada pelo Espírito,
não apenas de determinados pecados, mas do pecado como o princípio reinante e
controlador da vida. É uma convicção que persevera até a fé salvífica e o
arrependimento, e continua ao longo da experiência do crente.
Salmos 90:8. “Diante de ti puseste as nossas iniquidades, os nossos pecados
ocultos, à luz do teu rosto.”
João 16:8-11. 8”E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e
do juízo. 9do pecado, porque não creem em mim; 10da justiça, porque vou para meu
Pai, e não me vereis mais; 11e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está
julgado.”
Atos 2:36-37. 36”Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a
quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. 37E, ouvindo eles isto,
compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que
faremos, homens irmãos?”
Atos 24:25. “E, tratando ele da justiça, e da temperança, e do juízo vindouro,
Félix, espavorido, respondeu: Por agora vai-te, e em tendo oportunidade te
chamarei.”
Veja também: Mateus 27:3-5; João 8:9; Atos 9:1-6; 16:27-34; 26:9; Romanos
3:19-20; 7:7-13.
COMENTÁRIO
A terminologia evangélica “convicção do pecado” não ocorre na Bíblia, embora a
verdade e o sentido dessa terminologia está definitivamente presente. O termo
Neotestamentário comum [Gr. elencho] ocorre dezoito vezes, e é variadamente
traduzido como “repreensão,” “evidência,” “convencer,” “contar a culpa de alguém” e
“reprovar.” Este é um termo legal ou forense, que denota uma decisão ou veredito com
base em uma análise completa e cuidadosa das evidências. Num sentido espiritual, a
consciência ou o “coração” (ser interior) é alcançado através da mente pela recepção da
Verdade Divina, que produz um sentido pessoal consciente de culpa (João 8:9; Atos
2:37; 24:24-25).
Em essência, uma convicção do pecado ocorre quando a mensagem do evangelho,
enfatizando as verdades do caráter Justo de Deus, da terrível realidade do pecado e da
condenação eterna dos pecadores apresentadas para a mente, produz um intenso
sentimento de culpa consciente e pessoal (Atos 2:37). A consciência é a entidade dentro
160
da personalidade humana, que é agitada, repreendida, reprovada ou condenada e
convencida da culpa. É uma consciência do pecado, junto com a sua pena e culpa que
leva o pecador a Cristo. A consciência é alcançada por intermédio da mente, ou seja, por
uma compreensão inteligente e recepção da verdade Divina, e não pela vontade ou das
emoções (afeições). Deveria haver substância suficiente na mensagem pregada para
despertar a consciência e produzir uma verdadeira convicção do pecado. É na
consciência, ou no “coração” (ser interior) que a Lei de Deus está escrita em virtude de
o homem ser o portador da imagem de Deus (Romanos 2:11-16). É este padrão absoluto
da justiça Divina, que, uma vez que a consciência é despertada e iluminada, produz uma
convicção salvífica do pecado pela graça do Espírito Santo (Romanos 3:19-20; 7:7-13).
Embora a lei moral seja o meio ordenado por Deus para a convicção do pecado, os
pecadores não devem ser expostos aos terrores da lei separados da pregação do
evangelho. Veja a Pergunta 38. Isto é mera pregação legalista sem esperança no
evangelho. A lei e o evangelho não são inimigos, e um não deve ser pregado em
detrimento do outro. Veja as Perguntas 41-42.
Desde que o homem é um ser caído e pecaminoso, a imagem de Deus nele foi
pervertida, e nem mesmo a consciência por si só é um guia seguro (Atos 26:9). Veja a
Pergunta 5. A consciência pode ser despertada e agitada por outros fatores que não seja
a obra do Espírito de Deus (João 8:3-9), mas ela apenas deve ser despertada, iluminada
e ativada pelo Espírito de Deus, trazendo uma consciência do poder condenatório do
pecado de uma forma mais poderosa. Os Antigos Teólogos chamam isto de “convicção
do Espírito Santo” ou convicção salvífica do pecado. Tal convicção deve infalível e
finalmente guiar o pecador à Cristo para a remissão, perdão e reconciliação.
Nem toda a convicção do pecado é salvífica. A convicção de consciência pode ser
muito grande. Contudo, ser apenas psicológica ou religiosa (João 8:9). Algumas
convicções de fazer o errado podem expressar-se em grande remorso, até mesmo
chegando ao extremo de se perder a esperança da vida completamente, ou até mesmo ao
suicídio, mas tal não é necessariamente uma convicção salvífica do pecado (Êxodo
9:27; 10:16; Números 22:34; Josué 7:20; 1Samuel 15:24,30; 26:21; Mateus 27:3-5). A
personalidade pode ser grandemente afetada por uma série de fatores que se
evidenciarão em algum tipo de comportamento ou compromisso religioso. Contudo, o
Espírito de Deus não está efetivamente operando em uma convicção evangélica de
pecado, por exemplo: o medo da morte e do inferno, o medo de ser pego por algum
crime ou ofensa moral, a consciência perturbada por motivo de uma educação religiosa
rigorosa, certos pecados ou crimes que podem muito bem afligir a consciência e evocar
a lei escrita no coração (Atos 24:24-26; Romanos 2:14-16), porém, se tal convicção não
leva o pecador a Cristo pela fé e pelo o arrependimento, ela é meramente religiosa ou
psicológica, não uma convicção espiritual ou salvífica.
Ao considerar o tema da convicção, deve-se fazer uma distinção necessária entre
“pecados” e “pecado.” Uma pessoa pode ser grandemente convencida em razão de
161
certos pecados particulares que cometeu, e que podem atormentar sua consciência,
quando o agente produtivo não é o Espírito de Deus (Mateus 27:3-5; João 8:9). Ela pode
demonstrar grande medo (Atos 24:24-26) e remorso por tais pecados, e pode até mesmo
tornar-se religiosa ou reformar seu comportamento, sem experimentar uma verdadeira
mudança de coração (1Reis 21:27-29).
Como pode ser isto? A diferença está entre ser convencido e arrepender-se de
pecados particulares em oposição a ser convencido do pecado como o princípio
dominante e governante da vida e de vir a Cristo em fé com um coração arrependido. É
o pecado como a entidade dominante, reinante, controladora da vida que deve ser
tratado, pois este princípio perverso dominante está por trás dos pecados individuais e
particulares que podem tornar-se proeminentes à consciência. A menos que nós sejamos
dirigidos a Cristo para a salvação de todo e qualquer pecado, nossa consciência é
enganosa e nossa convicção defeituosa. Ser convencido de, e deixar de fora alguns
pecados, contudo retendo uma afeição de coração por outros, é simplesmente um
engano próprio fatal (Romanos 6:14). No entanto, é possível que a convicção salvífica
do pecado possa começar com a convicção sobre certos pecados específicos. A
pregação de Pedro no dia de Pentecostes e posteriormente no Templo acusou o povo de
Israel de assassinar o Príncipe da vida, um exemplo de ressaltar um pecado - a pregação
implícita do Sexto Mandamento (Conferir Atos 2:23,36-37; 3:13-15). Veja a Pergunta
42. Os seus pecados, e o pecado como o poder reinante em sua vida têm conduzido você
ao Senhor Jesus para remissão e reconciliação com Deus?
86ª Pergunta - O que é conversão?
Resposta - A conversão é o efeito necessário e imediato da graça regeneradora, o
retorno da vida de pecado para a justiça e piedade pela fé salvadora e do
arrependimento.
Mateus 18:3. e disse: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não
vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no Reino dos céus.”
Atos 3:19. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os
vossos pecados, e venham’ assim’ os tempos do refrigério pela presença do Senhor.”
João 12:40. “Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não
vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure.”
Atos 16:14. “E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da
cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para
que estivesse atenta ao que Paulo dizia.”
Veja também: Salmos 19:7; Isaías 6.10; Mateus 13:15; Marcos 4:12; Lucas
22:32; Atos 11:18; 15:03; 18:27; 28:27; 1 Tessalonicenses 1:4-9.
COMENTÁRIO
162
O termo “conversão” é usado para significar virar-se para o Senhor Jesus Cristo em
fé, em arrependimento dando as costas ao pecado. Embora raramente mencionado por
este termo, é um conceito salvífico fundamental nas Escrituras para uma mudança ou
reversão de vida. No Novo Testamento, é tanto um evento quanto um estado ou
processo, ou seja, é tanto uma entrada para a experiência da vida cristã pela fé e
arrependimento iniciados pela graça de Deus como também o estilo de vida do crente
sustentado pela graça de Deus. As principais palavras tanto do Velho quanto do Novo
Testamento têm o sentido de “retornar,” ou “ (voltar) novamente.” Enquanto estes
termos se referem à obra inicial de graça na conversão, há também palavras do Novo
Testamento utilizadas para a mudança no estilo de vida que, em determinadas
passagens, demonstram o estado convertido. Estas são geralmente traduzidas como
“conversação” [anastrophe, “virar o lado de cima para baixo,” tropos, “modo de vida”]
(2 Coríntios 1:12; Gálatas 1:13; 1 Timóteo 4:12; Hebreus 13:5) ou “caminhar”
[peripateō, “caminhar por, estilo de vida”] (Romanos 6:4; 8:1; 13:13; 1 Coríntios 7:17).
(Em Filipenses 1:27 e 3:20 “conversão” é a tradução de politeuma, “o comportamento
de um cidadão”).
A conversão é o resultado inevitável e imediato da regeneração. A relação é de
causa e efeito (João 3:3-8; 1João 3:9). Os dois são inseparáveis. Embora a ordem lógica
possa parecer distinta, nós devemos tomar cuidado em confundir isto com qualquer
ordem cronológica. Estes ocorrem simultaneamente; regeneração é a causa, a conversão
é o efeito imediato. Veja as Perguntas 83 e 87.
Os elementos constitutivos da conversão são a fé e o arrependimento. Estes são “as
graças gêmeas” da conversão, a evidência ou manifestação da graça regeneradora.
Como eles são considerados em perguntas e respostas seguintes, apenas um resumo
precisa ser dado neste momento: primeiro tanto a fé quanto o arrependimento são as
expressões experimentais ou manifestações de graça regeneradora. A fé salvadora é um
dom de Deus, concedido na graça livre e soberana (Atos 18:27; Efésios 2:8-10;
Filipenses 1:29). Como tal, está em contraste gritante com a mera confiança humana ou
crença, que é nativa da natureza religiosa do homem, mas pode ser meramente
psicológica ou presumível. Este é um ponto mais crítico e equivocado, aqui significa
uma entrada para um outro sistema de crença; outro evangelho; outra mensagem; outra
metodologia; e outra experiência religiosa – tudo antiescriturístico;
Segundo: arrependimento salvífico ou evangélico é do mesmo modo um dom de
Deus (Atos 11:18). Isto distingue o arrependimento verdadeiro e evangélico de uma
experiência legalista autoimposta ou autoconjurada de remorso e tentativa de
autorreformação;
Terceiro: tanto a fé quanto o arrependimento são essenciais para a conversão. Como
deve haver um retorno para Deus em fé, também deve haver um virar do pecado para a
justiça (Mateus 3:7-8; Marcos 1:14-15; Atos 17:30-31; 26:19-20).
163
Embora a fé e o arrependimento sejam ambos os dons Divinos e graciosos, o
pecador apropria-se deles e acredita, confia e depende do Senhor Jesus Cristo para a
remissão e perdão dos pecados, para , ser visto como justo diante de, e reconciliado com
Deus com um coração crendo voluntariamente, ele se arrepende por conta própria sem
ser convencido pelo Espírito Santo, e retorna de seu pecado para Deus. Mas o seu
próprio arrependimento e fé podem tornar-se enganosamente os elementos de uma
tentativa de salvação pelas obras.
Como pode ser isto? A salvação pela graça e a salvação pelas obras são sempre
distintas e opostas uma à outra (Romanos 11:5-6). A salvação pela graça não permite
qualquer mérito humano qualquer que seja. Até mesmo o dom da fé salvadora, quando
se torna a possessão do indivíduo, é não meritório, ou seja, a salvação é pela graça “por
meio da fé,” nunca “por causa da fé.” A fé é sempre instrumental, nunca causativa. Veja
as Perguntas 87-89. Tentar obrigar Deus a salvar porque alguém creu ou se arrependeu é
dar a estes os graciosos dons e mérito salvador. Este é um caminho sutil para a salvação
pelas obras. Nunca devemos transformar a graça de Deus em um sistema de obras. Esta
é a causa pela qual nós devemos estar absolutamente claros que a fé e o arrependimento
são concedidos graciosamente e não apenas os produtos da natureza humana, ou seja, a
mera confiança humana e a mera autorreformação. Nós estamos arrependidos?
87ª Pergunta - Qual é a relação necessária entre a regeneração e a conversão?
Resposta - A relação necessária da regeneração para a conversão é uma de causa e
efeito. A fé e o arrependimento são os efeitos graciosos imediatos da regeneração,
derivando a realidade deles da graça regeneradora.
João 1:12-13. 12”Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem
feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome; 13Os quais não nasceram do
sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”
João 3:3. Jesus respondeu, e disse-lhe: “Na verdade, na verdade te digo que
aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.”
João 3:7-8. 7”Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
8
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem
para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.”
1 João 3:9. Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua
semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.
Veja também: Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; João 6:44; Atos 11:18;
16:14; Efésios 2:1-10; Colossenses 2:13; 1 Tessalonicenses 1:4-10; Tiago 1:18; 1
Pedro 1:23; 1João 3:4-10; 5:1.
COMENTÁRIO
A relação da regeneração com a conversão é uma de causa e efeito imediato (João
1:12-13; 3:3-8; 1João 3:9). A regeneração é monergista; a conversão é sinérgica, ou
164
seja, na regeneração o indivíduo é passivo, na conversão o indivíduo é
responsavelmente ativo, exercendo fé e arrependimento pela graça de Deus (Tiago 1:18;
1 Pedro 1:23; Atos 11:18; 16:31; 18:27). A regeneração é interna; a conversão é a
manifestação externa ou discernível da graça regeneradora. A regeneração é assim
invisível, enquanto que a conversão é visível em sua maioria (João 3:7-8). A
regeneração significa um novo coração; a conversão significa uma nova vida. A
regeneração é a transmissão da vida espiritual, a conversão é a imediata e contínua
expressão ou manifestação dessa vida espiritual. A regeneração é um nascimento
espiritual; a conversão é a vida espiritual resultante. Tal como acontece com a sua
contraparte natural, é uma vida que cresce e atinge um grau de maturidade (Romanos
8:29; 2 Pedro 3:18). A regeneração é causativa; a conversão é responsiva. Deve ser
lembrado que na experiência de alguém, é a conversão e não regeneração que é
percebida. A regeneração e a conversão ocorrem inseparavelmente e simultaneamente.
A ordem lógica não deve se tornar cronológica nem considerada separada do contexto
do evangelho. Nós manifestamos a realidade da graça regeneradora?
88ª Pergunta - Qual é a diferença entre a conversão bíblica e o “decisiãoismo”
moderno?
Resposta - A conversão bíblica é o retorno necessário do pecado para a justiça e
piedade por meio da fé e do arrependimento pela graça de Deus. O “decisãoismo” é um
substituto moderno para a conversão, e é escrituristicamente deficiente e inadequado
como uma experiência de salvação.
Atos 16:31. E eles disseram: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua
casa.”
Atos 17:31. “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar
o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos,
ressuscitando-o dentre os mortos.”
Atos 26:19-20. 19”Por isso, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial.
20
Antes, anunciei primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por
toda a terra da Judeia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus,
fazendo obras dignas de arrependimento.”
Hebreus 12:14-15. 14”Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual
ninguém verá o Senhor; 15Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus,
e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se
contaminem.”
Veja também: Lucas 9:23; Gálatas 1:6-9; Filipenses 3:17-19; Tito 1:15-16.
COMENTÁRIO
A discussão a seguir é necessariamente expressa em termos contrastantes. Embora
possa haver diferentes graus de “decisisãoismo” ou “crendice fácil,” o sistema em si não
165
tem uma base bíblica suficiente e frequentemente contradiz a doutrina do evangelho. É
relativamente uma nova inovação na história religiosa. A conversão e o “decisisãoismo”
são definidos pelo contexto bíblico doutrinário e histórico deles. A conversão é bíblica;
o “decisisãoismo” é biblicamente defeituoso. Doutrinariamente, a conversão é
necessária em virtude da terrível realidade e dos resultados devastadores do pecado; o
“decisisãoismo” frequentemente falha em compreender e lidar de forma adequada com
essa terrível realidade e devastação. A conversão é uma transformação profunda da
personalidade; o “decisisãoismo” é um mero redirecionamento da vontade. Conversão é
espiritual; o “decisisãoismo” como geralmente praticado, é psicológico. A conversão é o
início de uma vida transformada, o “decisisãoismo” como um sistema está isolado da
dinâmica do Espírito Santo e da necessidade da piedade.
A conversão é a prova infalível e evidência imediata da graça regeneradora. Ela é
composta pela fé e por meio do arrependimento, sendo que ambos são graciosamente
dados por Deus (Atos 11:18; 18:27; Efésios 28-10), capacitando o pecador a cumprir
salvificamente o mandamento do evangelho para se arrepender e crer. O
“decisisãoismo” refere-se à ideia moderna de que o que é necessário para a salvação não
é uma mudança radical da natureza (regeneração), evidenciada por uma mudança
radical de vida (conversão), mas simplesmente uma reorientação da vontade. Assim, o
“decisisãoismo” inverte a ordem escriturística e lógica, fazendo da regeneração a
resposta Divina para a decisão religiosa de alguém, implicando que a vontade do
homem se manteve inalterada pela queda e que ele possui plena (completa) capacidade
ou poder da escolha contrária - a habilidade consistente de escolher contrário à sua
natureza governante. Veja as Perguntas 83, 86-87.
A conversão, em seu contexto bíblico, mantém e glorifica a graça de Deus; o
“decisisãoismo” é antropocêntrico por natureza, e permanece isolado de um contexto
bíblico e doutrinário necessário. Onde está o contexto bíblico e doutrinário necessário
da graça regeneradora; da união do crente com Cristo; da justificação e da santificação?
Veja as Perguntas 83, 86-87.
A conversão é composta de tanto da fé no Senhor Jesus Cristo quanto do
arrependimento do pecado. Uma “decisão” religiosa é um ato da vontade, geralmente no
contexto do “sistema de convite” (”caminhando pelo corredor,” “vindo para a frente”
durante o “apelo”) que é equiparado a “receber Jesus como Salvador pessoal de
alguém.” O movimento físico e a realidade espiritual são considerados como sendo um
e o mesmo. No entanto, alguém pode fazer o movimento físico, sem renovação
espiritual, sendo simplesmente emocionalmente agitado em direção a uma decisão
psicológica ou emocional. O arrependimento é geralmente uma não entidade, como
alguém que tem a opção de viver como um “Cristão Carnal,” ou em algum momento
posterior “fazer Jesus ‘Senhor’ da vida de alguém” - uma contradição direta da
Escritura. Veja as Perguntas 70, 72, 75, 112 e 123
166
O que motiva o pecador à conversão é o terrível fardo do pecado que ele carrega
consigo. Esse fardo o leva a Cristo para a libertação. A motivação para uma "decisão"
religiosa pode ser a salvação e a libertação de vários tipos de abusos ou vícios,
salvando o casamento ou a família de alguém, ou encontrando sentido para a realização
na vida. A conversão é necessariamente precedida por uma convicção salvífica do
pecado, uma "decisão" religiosa pode ser irracional (emocional, subjetiva , existencial)
ou pura e simplesmente intelectual.
As gloriosas realidades da regeneração, da conversão e de um estilo subsequente
de vida convertida (santificação) são muitas vezes reduzidas a uma mera "decisão"
religiosa intelectual ou emocional que deriva sua legitimidade do tempo e do lugar ou
do contexto de sua ocorrência. Qualquer metodologia evangelística que seja baseada no
pragmatismo religioso (sistema filosófico de regras e rituais para se obter salvação),
deve ser imediatamente suspeita. É certamente inadequado, o evangelismo que culmina
em uma decisão religiosa, em vez dos requisitos escriturísticos de uma vida
convertida,. Veja as Perguntas 86, 94-96, 109-112. A conversão é apenas o começo da
experiência cristã de alguém, não o culminar dela. O foco deve estar em proclamar
biblicamente a mensagem da salvação e ganhar conversos, não apenas obter decisões
religiosas. A vida subsequente é que vai testemunhar a realidade ou a não realidade da
graça de Deus em uma vida transformada, não uma mera, isto é, simples decisão
religiosa ou uma experiência de conversão verdadeira,
É totalmente antiescriturístico, o ensinamento que alguém pode simplesmente
receber Jesus como seu "Salvador" e depois fazê-lo "Senhor" de sua vida - uma forma
de ensino perfeccionista modificado que se trata da ideia de que a natureza humana
caída é perfectível). Isto traduz em qualquer pessoa um perfeccionismo sem pecado
nesta vida ou alguma forma modificada na qual a pessoa experimenta uma "segunda
obra da graça" ou progride do "carnal" para o "espiritual" por qualquer experiência ou
algum ritual de "rededicação". Veja as Perguntas 108-110. Deus fez de Jesus Cristo
"Senhor" em sua ressurreição e ascensão à glória (Atos 2:36). "Recebê-lo" como
menos é receber o "Jesus" da própria imaginação e não o Senhor Jesus Cristo da Bíblia
(Atos 2:36; Romanos 10:9-10; 1 Coríntios 12:3; 2 Coríntios 4:5). Qualquer
metodologia evangelística que iguale o movimento físico ["caminhando pelo corredor,"
"vindo para a frente" a convite] com o vir a Cristo salvificamente é na verdade
sacramental, ritualista e psicológica - não espiritual. O "convite," o exortar dos
pecadores a Cristo, é escriturístico; o "sistema de convite," como é geralmente
praticado, não é. Os pecadores devem ser instados a Cristo, exortados a escapar para
Cristo e apontados para Cristo para a salvação na pregação, durante o sermão e depois
do sermão (Atos 2:40; 17:30-31), e em conversa evangelística de forma pessoal.
Adicionar uma outra parte ao serviço religioso a fim de tornar a mensagem
evangelística eficaz é altamente questionável. Não é uma admissão tácita ou
subentendida que a mensagem em si é incompleta ou inadequada ou que deva ter
alguma metodologia psicológica adicionada a ela para torná-la eficaz?
Qual garantia de salvação é dada no sistema “decisisãonista”? A garantia está
geralmente ligada a um tempo, a um lugar e a uma decisão religiosa, ao invés de
derivada da verdade doutrinária das Escrituras. A garantia bíblica da fé repousa
objetivamente nas realidades doutrinárias do eterno propósito redentor de Deus e suas
167
promessas. Subjetivamente, a garantia repousa na própria santificação, que testemunha
a realidade de sua justificação (Romanos 5:1-6:23; 1João 2:3-5), ou seja, as marcas da
graça se manifestam na vida - num estilo de vida convertido (2 Pedro 1:4-11).
Finalmente, a garantia reside no testemunho do Espírito Santo e sua obra peculiar no
verdadeiro crente (Romanos 5:5; 8:11-16). Veja as Perguntas 110-112. Nós somos
convertidos ou tivemos apenas uma experiência religiosa momentânea?
89ª Pergunta - O que é a fé evangélica ou salvífica?
Resposta - A fé evangélica ou salvífica é um dom de Deus, a consequência da
graça regeneradora, que, sem reservas, se apodera de Jesus Cristo como Senhor e
Salvador para a salvação.
Atos 16:30-31. 30”E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário
que eu faça para me salvar? 31E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás
salvo, tu e a tua casa.
Romanos 10:9-10. 9”A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor
Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. 10Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz
confissão para a salvação.”
Efésios 2:8-10. 8”Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não
vem de vós, é dom de Deus. 9Não vem das obras, para que ninguém se glorie;
10
Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais
Deus preparou para que andássemos nelas.”
Veja também: os seguintes são exemplos de fé como pessoal, crença
salvadora: Mateus 18:6; Marcos 1:15; João 1:12-13; 9:35-38; 11:27; 12:39-41;
20:31; Atos 4:4; 8:36-37; 13:39,48; 14:1; 18:27; Romanos 3:21-23,27-31;
4:11,24; 10:13-14,17; 1 Coríntios 1:21; 2:1-5; Filipenses 1:29; 1 Tessalonicenses
2:13; 2 Tessalonicenses 1:10; 1 Timóteo 1:16; 4:3,10; Hebreus 4:3; 10:38-39;
11:1-40; Tiago 1:2-4; 1 Pedro 1:5,7; 2:7; 1João 2:23; 5:5,13.
Os seguintes são exemplos da "fé" como se estivesse conotando o conteúdo
doutrinário ou o ensino substancial do cristianismo, o conteúdo da revelação Divina que
os fiéis devem acreditar: Atos 6:7; 13:8; 14:22; 16:5; Romanos 1:5; 10:8; 14:1; 1
Coríntios 16:13; 2 Coríntios 13:5; Gálatas 1:23; Efésios 4:5,13; Colossenses 1:23; 2:5;
1 Timóteo 6:21; 2 Timóteo 4:7; Tito 1:4,13; Judas 3.
Os seguintes são exemplos de uma "fé" defeituosa ou "crença" temporária, que é
distinta da verdadeira fé salvífica: Lucas 8:13; João 2:23-25; 8:30-59; 12:42; Atos 8:1324; 26:27-28; Hebreus 6:1-9; 10:38-39; Tiago 2:14-26.
COMENTÁRIO
Existem poucas palavras e entidades nas Escrituras ou na religião cristã que são
mais importantes e significativas do que a "fé." A fé permanece como o epítome, ou
168
seja, resumo da salvação pela graça. O próprio termo é utilizado para designar o
conteúdo doutrinário ou substancial do cristianismo. Além disso, a fé é sinônimo da
relação de alguém com Deus e é descritiva da experiência cristã como um todo. Tal
assunto exige assim um exame minucioso. Qualquer desvio aqui pode bem se revelar
fatal para a relação de alguém com Deus e Sua verdade, e para a esperança de salvação
eterna de alguém.
Os termos bíblicos são tanto nominais, "fé," quanto verbais, "crer." Crer é ter fé, e
ter fé é crer. A fé, a menos que seja totalmente irracional precisa de uma natureza
distinta, uma base ou garantia, uma função, um objeto e uma confiança ou segurança.
A natureza da fé salvífica pode ser encontrada nas seguintes indicações: a fé
consiste de uma crença, uma aprovação da verdade e suas implicações, um
compromisso correspondente – uma confiança ou dependência extrema no seu
Objeto. É o dom de Deus, graciosamente transmitido na regeneração. Isto torna a fé
salvífica única e dá a ela seu caráter distinto e objetivo. Embora ela seja um dom de
Deus, a fé é exercida pelo indivíduo como sua. A mera confiança humana, no entanto, é
inteiramente subjetiva, e possivelmente sem qualquer caráter objetivo, e assim
necessariamente variaria de uma pessoa para outra. Como o dom de Deus, a fé salvífica
reflete essa única fé descrita na Escritura e permanece idêntica em caráter para cada
convertido verdadeiro. A fé necessita de um tipo correspondente de vida ou expressão
consistente, ou seja, a fidelidade cristã. A pessoa entra em uma vida de fé e confiança.
Ao considerar a natureza da fé salvífica, devemos cuidadosamente observar que
nem toda fé é salvífica. Sobre isso, as Escrituras são muito claras (Mateus 13:5-6,20-21;
Lucas 8:14; João 2:23-25). A atitude de muitos dentro do moderno Cristianismo
evangélico é que toda a fé é salvífica, e que a profissão de fé de uma pessoa deve ser
tomada pelo valor nominal e nunca questionada. Além disso, presume-se que a fé
salvífica é sinônimo de mera confiança humana, e que tal fé é, de fato, o produto de
nossas próprias personalidades. Presume-se que cada pessoa tem a fé para crer em
Cristo, o único problema é para onde ela dirige tal fé. Veja a Pergunta 88.
Existem vários tipos de "fé" descritas nas Escrituras, e estas precisam
cuidadosamente ser identificadas. Estar defeituosa, neste ponto crucial é estar
fatalmente enganado:
Primeiro, há uma fé doutrinária (Atos 6:7; 13:8; 14:22; 16:5; 24:24; Romanos 1:5;
10:8; 2 Timóteo 4:7; Judas 3). Falar de uma fé doutrinária é legítimo. O Novo
Testamento usa o termo "fé" para denotar tanto o conteúdo doutrinal do Cristianismo
quanto o Cristianismo em geral. É bem possível, no entanto, ter uma fé meramente
doutrinária sem a graça salvífica. Existem aqueles cuja fé está contida dentro de credos
ou confissões, mas ela não é vital e nem transformadora de vida;
Segundo: há uma fé meramente intelectual (1 Coríntios 15:1-2; Tiago 2:19). É
possível ter uma fé vazia, contudo "crer em vão" (sem propósito). Esta é uma fé que está
isolada das Escrituras e uma experiência de conversão com a sua vida subsequente. Isto
pode descrever muitos que têm apenas uma experiência religiosa momentânea ou
isolada. Este parece ser o caso daqueles "semeados entre os espinhos" que, embora
retendo a profissão deles "não dão fruto com perfeição" (Lucas 8:14). Isto pode bem
descrever muitos cristãos professos nominais;
169
Terceiro: há uma fé temporária (Mateus 13:20-21; João 2:23-25), que pode ser
meramente intelectual ou emocional, baseada em alguma coisa vista ou sentida, mas não
solidamente fundamentada nas Escrituras. Foi assim com as pessoas em João 2:23-25,
que se espantaram com as visões, mas os corações delas se mantiveram inalterados. O
mesmo foi verdade dos ouvintes do solo pedregoso que permanecem na profissão deles
apenas por um curto período de tempo (Mateus 13:5-6,20-21);
Quarto: há uma fé meramente teórica, que existe apenas em princípio, por uma
questão de conveniência ou de vantagem pessoal (João 12:42-43; Atos 26:27-28). Esta
caracterizava alguns líderes judeus secretos e comprometidos, e também o Rei Agripa II
que, apesar de um Idumeu [descendente de Esaú], tornou-se um devoto do Judaísmo;
Finalmente, há uma fé seletiva, que escolhe crer em algumas coisas na Escritura,
mas não em outras. Por exemplo, esta pode ser uma fé que pode crer no céu, mas não no
inferno; ou pode ser uma fé que não chega a um acordo escriturístico com o Senhorio de
Jesus Cristo (Mateus 28:18; Atos 2:36; Romanos 10:9-10 ; 2 Coríntios 4:5). Nós não
podemos aceitar ou receber o Senhor Jesus Cristo como ninguém menos do que ele é.
Deus o fez "Senhor," e nós devemos recebê-lo como tal. "Aceitá-lo" como ninguém
menos não é a fé salvífica no Senhor Jesus Cristo das Escrituras.
A fé salvífica possui três elementos:
primeiro, um elemento intelectual ou conhecimento. Esta é a base cognitiva para a
fé, ou seja, sua base ou garantia em Deus e Sua Palavra (Romanos 10:17). Segundo, um
elemento emocional ou uma confirmação de acordo com a cognição, passa para a
convicção que Cristo é o Único e Suficiente Salvador (Atos 4:12; Romanos 10:9-10;
Efésios 2:8-10). Terceiro: um elemento volitivo, ou a confiança ativa, alegre e
autoabandonada em Cristo para a libertação, perdão, remissão e reconciliação (Romanos
1:17; Efésios 1:13; Filipenses 1:29; 1 Pedro 1:3-5). A fé salvífica é total, um
compromisso sem reservas com Jesus Cristo como Senhor e Salvador (João 3:16; Atos
16:31; Filipenses 1:29). As construções gramaticais do Novo Testamento são as
seguintes: Nós temos "fé em Cristo" (Gálatas 3:26), "crer em (sobre) Cristo" (João 3:16;
Filipenses 1:29), ou "crer em Cristo" (Atos 16:31) para a salvação. Estas eram
expressões técnicas na cultura e na língua daquele dia, não havia dúvida alguma quanto
ao compromisso de fé, aonde quer que o evangelho fosse pregado– ela não significava
nada menos do que compromisso absoluto e sem reservas a Jesus Cristo como Senhor.
A Base ou Garantia da fé. A fé envolve uma crença correta acerca de Deus e Sua
Palavra. A fé bíblica em geral, e fé salvífica em particular, tem sua base ou fundamento
no triuno e autorrevelado Deus das Escrituras. Sua Palavra escrita é a verdade absoluta
(João 17:17), e como a própria Palavra de Deus, ela é autoautenticada. A fé recebe as
Escrituras como a própria Palavra de Deus. A fé bíblica tem assim como sua garantia ou
razão para crer, a veracidade ou a confiabilidade de Deus por intermédio de Sua
Palavra. Veja as Perguntas 7-19. Na questão da salvação, a fé repousa na verdade de
Deus em geral, e nas promessas do evangelho em particular. O pecador tem garantia
suficiente porque ele é um pecador e é convidado, sim, insistido e ordenado a se
arrepender e crer. O ponto de foco da fé salvífica é a justiça imputada de Jesus Cristo.
170
Esta perfeita justiça, adquirida pela obediência ativa e passiva do Senhor Jesus, é
apropriada somente pela fé. Veja as perguntas 70-71 e 89;
A Função da Fé Salvífica. A fé é instrumental, não causativa, em nossa salvação.
Em outras palavras, nós não estamos salvos "por causa da fé," mas sim "mediante a" ou
"por meio da" fé (Efésios 2:8-10). Esta é uma questão crítica. Este é, de fato, o divisor
de águas entre a salvação pela graça e a salvação pelas obras (capacidade humana
inata). Ser salvo por causa da fé significaria necessariamente que tal fé seria mera
confiança humana, que se oporia ao próprio princípio e à realidade da graça Divina.
O Objeto da Fé Salvífica: A eficácia da fé salvífica repousa em seu Objeto, o
Senhor Jesus Cristo, na plenitude de sua Pessoa e obra, como revelado nas Escrituras.
Não é a fé em si que salva, mas a fé no Senhor Jesus Cristo que salva. A fé sem um
objeto é totalmente irracional.
A Garantia da Fé Salvífica: A fé e a garantia estão inerentemente relacionadas.
Reivindicar ou expressar a fé religiosa, a confiança ou dependência, alguém também
necessariamente reivindica algum tipo de persuasão, confiança ou segurança. Uma fé
sem confiança ou garantia seria um absurdo, como a fé em si é a crença subjetiva,
confiança ou dependência em Cristo para todas as coisas pertinentes à salvação. Se a fé
é verdadeira, genuína e salvífica, então a garantia é válida; se a fé é defeituosa ou falsa,
então assim é a garantia. Veja as Perguntas 91, 110-112. Nossa fé pessoal reflete a
verdade das Escrituras?
90ª Pergunta - O que é o arrependimento evangélico ou salvífico para a vida?
Resposta - O arrependimento evangélico ou salvífico para a vida é um dom de
Deus, a consequência imediata da graça regeneradora, e é evidenciado ao retornar do
pecado para Deus.
Marcos 1:15. E dizendo: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está
próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho.”
Lucas 24:47. “E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão
dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém.”
Atos 11:18. “E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a
Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a
vida.”
Atos 17:30-31. 30”Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância,
anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;
31
Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo,
por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o
dentre os mortos.”
Veja também: Gênesis 6:6; Êxodo 32:7-14; 1Samuel 15:28-29; Jó 42:6; 2
Crônicas 7:14; Jeremias 31:19; Jonas 3:4-10; 4:2; Mateus 3:2,7-8; 11:21; 12:41;
171
Marcos 2:17; Lucas 11:29-32; 13:1-5; 15:7; 16:30; 17:3; Atos 2:38; 3:19; 5:31;
8:22; 20:21; 26:20; Romanos 2:4; 11:29; 2 Coríntios 7:9-10; 2 Timóteo 2:25;
Hebreus 6:5-6; 12:17; 2 Pedro 3:9; Apocalipse 2:5,16,21-22; 3:3,19.
COMENTÁRIO
Tal como acontece com a fé salvífica, uma compreensão do arrependimento
evangélico ou salvífico é vital para a compreensão do Cristianismo bíblico. No
Cristianismo evangélico moderno, o arrependimento tem predominantemente se tornado
uma doutrina perdida. Ou está em desacordo com as Escrituras por ser feito necessário
para a salvação por estar ligado ao batismo, feito sinônimo da fé, sendo mesclado com a
fé, ou ainda relegado basicamente aos judeus, até que ele simplesmente não seja mais
relevante.
O termo "arrependimento" significa uma mudança de mente. Soteriologicamente,
é uma mudança de mente ou coração por causa do pecado que resulta em revoltar-se
contra o pecado e voltar-se para Deus, assistido por uma subsequente mudança do estilo
de vida (Mateus 3:7-8; Marcos 1:14-15; Atos 17:30-31; 20:21; 26:19-20).
O arrependimento aplica-se tanto aos não convertidos quanto aos convertidos, ou
seja, quando alguém é convertido, ele se arrepende de seus pecados e pecado (Lucas
24:47; Atos 17:30-31). Após a conversão, por ser um crente, e por ele ainda ter que lidar
com as manifestações do pecado interior e da corrupção remanescente, ele continua
arrependido ao longo de sua experiência Cristã (1 João 1:7-10; 2:1; Apocalipse 3:1-3).
O uso do termo "arrependimento" na Bíblia portuguesa pode resultar em alguma
confusão porque há dois termos gregos diferentes traduzidos como tal. Por exemplo, em
Mateus 27:3-5, Judas é dito ter-se "arrependido" (estava cheio de remorso ou desgosto)
então depois, "foi-se enforcar." Judas não se arrependeu no sentido de mudar sua mente
ou retornar sua vida do seu pecado para Deus no contexto de seu ato perverso, mas
estava sim apenas cheio de remorso ou desgosto (metamelomai). É verdade que o
arrependimento salvífico terá a sua quota de remorso, desgosto, tristeza ou pesar, mas
também será uma mudança de mente (metanoia) acerca do pecado, uma confissão dele,
e em seguida uma saída dele pela graça capacitadora de Deus.
Existem três elementos necessários que pertencem ao verdadeiro arrependimento
evangélico. Note que há uma imagem tirada das Escrituras para nós no arrependimento
de Nínive (Note a relação entre Lucas 11:29-32 e Jonas 3:1-8);
Primeiro: o elemento intelectual: o pecado admitido, ou convicção. Segundo, o
elemento emocional: o pecado abominado, ou contrição;
Terceiro: o elemento volitivo: o pecado abandonado, ou conversão. O
arrependimento é do pecado diante de Deus, uma mudança da mente e vontade. É um
ato da vontade, capacitado pela graça, a abandonar e retornar do pecado. É verdade que
o arrependimento salvífico culmina na conversão. Você já retornou dos seus pecados todos os pecados e pecado como o princípio governante de sua vida - para o Senhor
Jesus?
172
91ª Pergunta - Qual é a relação lógica e cronológica entre a fé e o
arrependimento?
Resposta - Lógica e cronologicamente, os graciosos efeitos da regeneração são a
fé e o arrependimento. Embora o arrependimento seja geralmente dado prioritariamente
no comando e na experiência, tanto a fé quanto o arrependimento ocorrem
simultaneamente.
Marcos 1:14-15. 14E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para
a Galiléia, pregando o evangelho do reino de Deus, 15E dizendo: “O tempo está
cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no
evangelho”.
Veja também: Atos 3:19; 20:21.
COMENTÁRIO
Em resumo, a fé e o arrependimento são dons Divinos da livre e soberana graça
(Atos 11:18; Efésios 2:4-10), concedidos na regeneração (João 3:3,5-8), e
imediatamente evidenciados na vida e na experiência. Veja as Perguntas 83, 86-87. Na
conversão, alguém não só acredita e se arrepende, mas entra em um estado de crença e
em um estado de arrependimento que se estende ao longo de sua experiência cristã. É
importante notar que o arrependimento surge de um coração e de uma mente crente.
É vital entender que o arrependimento e a fé não são obras pelas quais nós
ganhamos ou merecemos nossa salvação. Apesar de livre e espontaneamente nos
arrependermos e crermos, estamos graciosamente habilitados a fazê-lo. O primeiro
passo para pensar que o arrependimento ou a fé pode merecer a posição de alguém
diante de Deus é tomado quando se pensa que a salvação em geral e justificação em
particular é "por causa da fé" ao invés de "por meio ou por intermédio da fé." Este é o
divisor de águas entre a salvação pela graça e a salvação pelas obras (compra com
obras). Você está repousando em Cristo ou naquilo que você tem feito? A salvação é
pela graça, não pelo desempenho.
92ª Pergunta – O que é a justificação?
Resposta - A justificação é um ato forense e gracioso de Deus, em que ele perdoa
todos os pecados do crente, declara que ele é justo diante de Seus olhos, em virtude da
justiça de Cristo imputada ao crente, este é recebido e reconciliado com Deus pela fé
apenas.
Romanos 3:24. “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela
redenção que há em Cristo Jesus.”
Gálatas 2:16. “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei,
mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos
justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da
lei nenhuma carne será justificada.”
173
Romanos 5:1-2. 1”Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com
Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; 2pelo qual também temos entrada pela fé a
esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de
Deus.”
Filipenses 3:9. E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei,
mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;
Romanos 4:5-8. 5”Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que
justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. 6Assim também Davi
declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras,
dizendo: 7Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos
pecados são cobertos. 8Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o
pecado.”
Veja também: Gênesis 15:6; Deuteronômio 25:1; Jó 9:2; 25:4; Eclesiastes
7:20; Isaias 5:23; 53:11; Habacuque 2:4; Mateus 5:6; 12:37; Lucas 18:14; Atos
13:39; Romanos 1:17; 3:19-20; 3:21-5:21; 8:1,29-34; 1 Coríntios 1:30-31; 6:11; 2
Coríntios 5:13-21; Gálatas 2:15-5:1; Efésios 1:7; Filipenses 3:4-14; Hebreus
10:38; Tiago 2:14-26; 1 Pedro
3:18; 1João 1:9.
COMENTÁRIO
A questão essencial da justificação é a mais fundamental e básica de todas as
religiões: "Como se justificaria o homem para com Deus?" (Jó 9:2). Na realidade, esta
questão pressupõe a queda, a apostasia e a alienação do homem pecador, a terrível
realidade e natureza do pecado, e da justiça absoluta e terrível ira de um Deus três vezes
Santo. Somente através da imputação de uma justiça que atende tanto aos requisitos
quanto à penalidade da lei moral de Deus. O ímpio pode ser justificado e reconciliado
com o Deus das Escrituras.
A justificação pela fé é assim o próprio coração do Evangelho. Já que esta
doutrina bíblica é o núcleo da verdade objetiva, é vital compreendê-la completamente.
A justificação pela fé, ou seja, uma justificação gratuita ou graciosa, determina o
verdadeiro caráter do Cristianismo como uma religião de graça e de fé. Ela define a
vida, o sofrimento e a morte de nosso Senhor como uma plena satisfação no contexto da
Lei e da Justiça Divina. Ela define tanto na perspectiva adequada quanto no alívio
corajoso da justiça Divina, misericórdia e graça na punição do pecado e no perdão dos
pecadores em relação à Pessoa e à obra do Senhor Jesus Cristo. Ela esclarece tanto a fé
quanto a moralidade Cristã, e forma a base da confiança, garantia e esperança Cristã
(Romanos 5:1-2). A justificação pela fé torna o Cristianismo a única religião verdadeira
para toda a humanidade. Qualquer outro suposto refúgio para o homem é falso
(Romanos 3:21-26).
Os termos em língua portuguesa "justificar" e "justificação" derivam do Latim
justificare e justificatio (de justum e facere), e podem significar tanto "declarar justo ou
174
reto" ou "tornar justo ou reto." Esta ambiguidade resultou no falso ensino de que a
justificação é uma justiça infundida (justitia infusa), isto é, transmitida em vez de uma
justiça imputada (justitia imputata), a qual Deus perdoa e assume a responsabilidade
pelos pecados dos pecadores. Por causa desta ambiguidade, o significado de justificação
deve derivar da utilização dos próprios termos bíblicos, e não simplesmente da
etimologia deles. Uma justiça infundida (transmitida) confundiria a justificação com a
santificação, e inevitavelmente resultaria em salvação pelas obras, ou seja, a justificação
dependeria da santificação de alguém (santidade de vida) - o erro tanto do Catolicismo
quanto do perfeccionismo. Veja as perguntas 34, 84, 88 e parágrafo introdutório à Parte
V.
Separada em suas partes constituintes, a verdade da justificação pela fé é explicada
nas declarações seguintes. Esta análise serve como um resumo e uma introdução para o
restante deste estudo sobre a justificação:
Primeiro, a justificação é uma verdade revelada sem analogia na esfera natural de
revelação geral ou Teologia Natural, ou até mesmo no sistema jurídico humano, que
procura justificar os inocentes e condenar os culpados. É apenas uma questão de
revelação redentora e especial Divina;
Segundo: a justificação é um ato objetivo, declarativo e constitutivo de livre graça
da parte de Deus, não é nem merecida, nem é um processo (Romanos 3:24). Não é uma
experiência subjetiva, ou seja, não deve ser combinada ou confundida com a
santificação. Deus declara o pecador crente reto ou justo; ele não faz dele justo. A
primeira é a justificação; a segunda é a santificação). Veja a Pergunta 94.
Terceiro, a justificação é forense e constitutiva, ou seja, é um pronunciamento
legal que declara o pecador justo diante do tribunal Divino. Ela responde total e
completamente tanto às demandas quanto à penalidade da lei moral de Deus (Atos
13:38-39; Romanos 3:19-31);
Quarto: a justificação é a imputação da justiça, e não a transmissão da justiça
(santificação), ou seja, é a própria justiça de Cristo imputada ao pecador crente, não
uma justiça transmitida ou infundida. A justificação muda a posição ou o estado de
alguém diante das demandas e das penas da lei como o padrão de justiça Divina, ela não
muda o caráter ou a natureza da pessoa. Em suma, o pecador é declarado justo, não feito
justo. Deus justifica o ímpio (Romanos 4:5-8);
Quinto: a justiça mediadora do Senhor Jesus Cristo, adquirida por sua obediência
ativa à lei durante sua vida terrena, na qual ele cumpriu completamente suas exigências,
e sua obediência passiva, incluindo seu sofrimento e morte, na qual ele promoveu a
plena satisfação para pena da lei, são ambas imputadas ao pecador crente que, até o
momento da justificação, é ainda ímpio (Romanos 4:5; 2 Coríntios 5:21);
Sexto: os pecados do crente são todos imputados a Cristo e sua justiça é imputada
ao crente (Romanos 5:12-19; 2 Coríntios 5:21). Assim, há o perdão, a misericórdia e a
remissão dos pecados, a imputação de uma justiça positiva e reconciliação com Deus;
175
Sétimo: a imputação da justiça de Cristo é por meio da fé tão somente (Romanos
5:1). Como um ato declarativo ou constitutivo gracioso, ela não pode ser "por causa da
fé," nem pode a fé do pecador ficar no lugar de tal justiça Divina sem a destruição da
natureza da justificação graciosa e da realidade da imputação Divina.
Oitavo: a justificação é um ato declarativo e absoluto. Todos os pecados são
perdoados ou remidos - passado, presente e futuro. O crente nunca entrará debaixo da
condenação Divina por seus pecados (Romanos 8:1). Ele está em um estado justificado
diante de Deus. Ele pode perder a consciência de sua comunhão com seu Pai Celestial
(Efésios 4:30; 2 Pedro 1:4-10), e ser castigado (Hebreus 12:4-14), mas nunca
condenado. Uma pessoa não pode perder sua justificação, isto é, tornar-se "
injustificada," e assim tornar-se perdido e estar sob condenação novamente.
Nono, como um ato da livre e soberana graça de Deus, a justificação não varia de
um crente para outro, ou seja, não há graus de justificação. Tanto o pecador mais
perverso quanto o hipócrita mais moralista podem ser igualmente justificados por meio
da fé. O mesmo é verdadeiro dos crentes mais fracos e dos crentes mais fortes. Todos
estão igualmente justificados pela justiça imputada de Jesus Cristo e têm igual acesso ao
Pai (Romanos 3:21-31; 5:1-2; Efésios 2:13-22);
Décimo: a justificação é inseparável da regeneração, da adoção e da santificação.
Aqueles a quem Deus vivifica e a quem imputa a justiça, Ele também faz infalivelmente
justos. Embora ele justifique o ímpio (Romanos 4:5), eles não permanecem assim, mas
são declarados tanto justos (justificação) quanto, em seguida, feito justos (santificação)
(1 Coríntios 1:30-31; 6:11);
Décimo primeiro: a justificação resulta em um estado de paz entre o pecador
crente e um Deus absolutamente Justo (Romanos 5:1). Não só existe perdão ou
remissão de todos os pecados, mas também uma restauração ao favor Divino, com todas
as comodidades e privilégios de filiação (João 1:12-13; Romanos 5:1-10; 8:14-34;
Gálatas 3:6-7, 24-26; 4:4-7);
Décimo segundo: embora não uma experiência, tal como a conversão ou a
santificação, a realidade da justificação forma a base para a paciência, alegria, confiança
e esperança da experiência cristã (Romanos 5:1-11);
Décimo terceiro, a fé salvífica é justificadora, e o único objeto de tal fé é a Pessoa
e obra do Senhor Jesus Cristo. A fé agarra o Senhor Jesus Cristo no momento de sua
justiça. A Escritura gráfica e sucintamente declara que nós somos "...justificados
gratuitamente pela sua graça pela redenção que há em Cristo Jesus...pela fé no seu
sangue..." (Conferir João 3:16,36; Atos 10:43; 16:31; Romanos 3:22,25; 10:9-10;
Gálatas 2:16; Filipenses 3:9).
Décimo terceiro: as Confissões Protestante e Batistas adicionam a palavra "só" à
afirmação bíblica da justificação pela fé, ou seja, "... só pela fé," porque a Igreja de
Roma e outras ensinam uma mistura de fé e obras. Fé e obras (capacidade humana)
estão em justaposição. Elas são opostas. A fé salvífica é um dom de Deus, e, portanto, a
justificação é um ato gracioso. Nós somos justificados pela fé, mas por uma fé que não
176
está sozinha, ou seja, a justificação não deve ser dissociada da santificação. A fé
justificadora, posteriormente, produz boas obras (Efésios 2:8-10; Tiago 2:14-26). Veja a
seguinte comparação e contraste de Paulo e Tiago sobre a justificação;
Foi alegado que, enquanto Paulo ensina a justificação pela fé somente, sem obras
(Romanos 3:24-31; 4:1-8; Gálatas 2:16), Tiago ensina a justificação pela fé e obras
(Tiago 2:14-26). Uma alegada contradição foi percebida que levou a vários erros a
respeito da natureza da justificação, mesmo à confusão da justificação e da santificação.
Isto resultou na crença em uma justiça infundida em vez de uma justiça imputada.
Deve ser lembrado que a Bíblia como a Palavra de Deus escrita é necessariamente
coerente (não contém quaisquer contradições inerentes). Quaisquer aparentes
contradições são o resultado da incompreensão humana e preconceito doutrinário. Os
seguintes contrastes e comparações revelam as respectivas ênfases de Tiago e Paulo, e
compatibilidade deles:
Primeiro: Tiago escreveu aos cristãos judeus, alguns cujas profissões de fé eram
contrariada por sua conduta. Paulo escreveu aos crentes gentios que tinham caído
vítimas dos judaizantes que ensinavam que alguém deve se tornar um judeu, ao invés de
se tornar um cristão, ou seja, procuravam trazê-los sob a escravidão da lei (por exemplo:
Atos 15:1). Tiago estava lidando principalmente com a fé; Paulo principalmente com
justificação. Assim, os assuntos, as situações religiosa-culturais, as razões para a escrita
e os leitores eram diversas;
Segundo: Tiago denuncia uma fé morta; Paulo escreve sobre a necessidade de uma
fé viva. Tiago descreve o que uma fé viva é evidenciada na vida e na experiência, Paulo
escreve sobre a fé como o meio instrumental na justificação;
Terceiro: Tiago escreve contra o antinomianismo, que, enquanto professa a fé,
falta o seu fruto necessário e adequado. Paulo escreve contra o legalismo, que procurou
justificação por uma obra própria de justiça (manutenção da lei), ou uma combinação de
ambas fé e obras;
Quarto: a preocupação de Tiago era com a fé e sua manifestação por intermédio de
boas obras (os frutos do espírito). A preocupação de Paulo era com os meios
instrumentais de justificação, que é por meio da fé somente. As boas obras são as
evidências de nossa fé e da justificação, mas nunca a sua causa.
Quinto: a ênfase de Tiago é que somos salvos pela fé somente, mas por uma fé
que não está sozinha. A ênfase de Paulo é que somos justificados pela fé. Em outros
lugares, Paulo afirma que esta fé não está sozinha, mas "opera pelo amor," isto é,
evidencia-se como uma fé viva (Gálatas 5:6). Tanto Tiago quanto Paulo condenam uma
fé "morta," e sustentam que a verdadeira fé deve evidenciar-se em boas obras (Tiago
2:14,18,26; Tito 3:8). Tiago fala de justificar a nossa fé diante dos homens. Paulo fala
de nossa justificação diante de Deus pela fé.
Sexto: Tiago e Paulo apontam à Abraão como o grande exemplo de justificação
pela fé, e por uma fé que se evidencia em boas obras (Tiago 2:21-24; Romanos 4:1-3, 922). A questão é a justaposição de dois incidentes na vida de Abraão. Paulo aponta para
177
Gênesis 15:6, que incide sobre a fé de Abraão separada de quaisquer e todas as suas
obras posteriores. Tiago aponta para o ato de fé no oferecimento de Isaque, que ocorreu
cerca de vinte e cinco anos mais tarde (Gênesis 22). Assim Paulo, usando Abraão como
exemplo, enfatiza a justificação pela fé somente, e Tiago, usando Abraão como
exemplo, enfatiza que a fé justificadora evidencia-se em atos de fé, ou seja, as boas
obras;
Qualquer sistema que nega a necessidade da obediência ativa de nosso Senhor, ou
nega a imputação da justiça de Cristo, é um grave desvio do evangelho bíblico, pois
toda a verdade do evangelho é intrinsecamente interligado e coerente. As posições
heréticas defendidas pela Igreja de Roma, esquemas Perfeccionistas e
semiperfeccionistas, a "Nova Perspectiva sobre Paulo" e a Teologia da "Visão Federal"
são exemplos, não só de negar estas verdades, mas de centrar a salvação no batismo e
"aliança de fidelidade" ao invés da justificação pela fé somente no evangelho da graça
de Deus.
Você está correto com Deus? Você pode responder à velha questão: "Como um
homem pode ser justo para com Deus?" na afirmativa? Você descansa na justiça
imputada do Senhor Jesus Cristo?
93ª Pergunta - O que é adoção?
Resposta - A adoção é um ato da livre graça de Deus, por meio do qual o crente é
recebido no número, e tem direito a todos os privilégios dos filhos de Deus, incluindo
receber o Espírito Santo. A realização total e definitiva da adoção aguarda a ressurreição
do corpo para a glória.
João 1:12-13. 12”Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; 13Os quais não nasceram
do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”
Romanos 8:14-16. 14”Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus
esses são filhos de Deus. 15porque não recebestes o espírito de escravidão, para
outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo
qual clamamos: Aba, Pai. 16O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que
somos filhos de Deus.”
Romanos 8:22-23. 22”Porque sabemos que toda a criação geme e está
juntamente com dores de parto até agora. 23E não só ela, mas nós mesmos, que
temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a
adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.”
Gálatas 4:4-7. 4”Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, 5para remir os que estavam debaixo da lei, a
fim de recebermos a adoção de filhos. 6E, porque sois filhos, Deus enviou aos
vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. 7Assim que já não
és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.”
178
Efésios 1:3-6. 3Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual
nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;
4
como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos
santos e irrepreensíveis diante dele em amor; 5e nos predestinou para filhos de
adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,
6
para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado.
1 João 3:1-3. 1”Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que
fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque
não o conhece a ele. 2Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é
manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar,
seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. 3E qualquer que nele
tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.”
Veja também: Romanos 8:17-23; Filipenses 3:20-21; 1João 3:1-3 .
COMENTÁRIO
A Paternidade de Deus é revelada nas Escrituras em vários relacionamentos filiais
diferentes, nenhum dos quais deve ser confundido com os outros:
Primeiro: uma relação filial trinitária ou ontológica escrituristicamente designada
em termos de “Filiação.” O Senhor Jesus Cristo é Deus, o Filho, uma Filiação
ontológica, eterna ou geracional, a qual é única. Veja as Perguntas 23 e 25. Esta
designação distingue a segunda Pessoa da Divindade triuno da primeira e terceira
pessoa;
Segundo: a filiação criacional, que inclui os seres angelicais e os seres humanos
criados por Deus como seres racionais, morais e autodeterminantes. Apesar de todos os
homens serem filhos ["prole"] de Deus em um sentido criacional, portando a imagem
Divina (Gênesis 1:26; Atos 17:28; Efésios 3:14-15; Tiago 3:9), isto não implica a
"Paternidade universal de Deus" e a "fraternidade universal de todos os homens." Tal
negaria a queda, suas consequências, a realidade do pecado e a necessidade de
redenção;
Terceiro: a filiação nacional, que designou Israel sob a Antiga Aliança (Êxodo
4:22-23; Romanos 9:4,6-8);
Quarto: uma filiação ou relação filial redentora. Este relacionamento é
fundamentado no amor soberano de Deus o Pai (Efésios 1:3-5), pela obra de mediação
do Filho (Gálatas 4:4-6; Efésios 1:5-7), e evidenciado pelo ministério e testemunho do
Espírito Santo (Romanos 5:5; 8:14-17; Gálatas 4:4-6). É inseparável da regeneração e
da justificação, e, contudo, redentivamente único. É a esta última filiação que a doutrina
bíblica da adoção se refere.
O termo Português "adoção" deriva do Latim adoptio (de ad, "a" e opto,
"escolha"). O termo ocorre cinco vezes nas Escrituras, todos no Novo Testamento, e
todos nos escritos de Paulo: Romanos 8:15,23; 9:4; Gálatas 4:5; Efésios 1:5. O termo
Grego é huiothesia, de huios, "filho," e thesis, "uma colocação," e significa literalmente
"colocar como um filho," um processo e cerimônia sobre a maioridade de uma pessoa,
que se refere aos filhos naturais no seio da família, bem como para filhos adotados de
179
fora da família. As pessoas devem tomar cuidado para não ler nas Escrituras a
etimologia Latina despida, a legal, ou a ideia moderna de adotar alguém na família
como uma criança. A terminologia bíblica e seu uso designam isto, mas também muito
mais.
A adoção, então, é um ato distinto, forense, separado e gracioso de Deus que nos
leva a esse relacionamento filial e de intimidade como seus filhos amados e crianças. É
por meio da adoção que nós recebemos o Espírito Santo e a condição de filiação
(Romanos 8:14-17; Gálatas 4:4-7).
Este ato forense e gracioso de Deus - separado e distinto da regeneração e da
justificação - está na fundação de nossa relação filial com Deus como nosso Pai
Celestial, e inclusive de toda a nossa experiência cristã. Está no contexto de nossa
adoção que devemos considerar a misericórdia e a graça de nosso Pai (Efésios 1:3-7;
2:18; 3:14-19), nossa relação com Ele como "Pai" (Gálatas 4:5-7) , nossas orações e
comunhão com Ele (Mateus 6:9,14-15; Lucas 11:02), Sua amorosa bondade, correção e
cuidado providencial (Romanos 8:14-17,23,28; Hebreus 12:5-14), e que a gloriosa
presença, testemunha, selo e penhor do Espírito Santo, que torna a nossa experiência
cristã uma realidade, retenha nossa gloriosa herança e nos preserve para o Seu Reino
Celestial (Romanos 5:5; 8:15-16; Gálatas 4:4-7; Efésios 1:13-14; 4:30; 2 Timóteo 4:18;
1 Pedro 1:4).
A adoção possui um aspecto escatológico vital. O Novo Testamento associa nossa
adoção final (colocando como um filho) com a nossa ressurreição para a glória. Nossos
corpos ressurretos e glorificados sinalizarão o nosso estado completo e final como os
filhos de Deus manifestos diante de toda a criação (Romanos 8:17-23; Filipenses 3:2021; 1João 3:1-3). Você tem o Espírito de adoção? (Romanos 8:11-16).
94ª Pergunta - O que é santificação?
Resposta - A santificação é a obra da Palavra e do Espírito de Deus, pela qual o
crente é renovado no homem inteiro segundo a imagem de Deus, morreu para o poder
reinante do pecado, e está habilitado a viver mais e mais para a justiça, e mortificar as
manifestações do pecado interior e corrupção remanescente.
1 Coríntios 1:1-2. 1”Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade
de Deus), e o irmão Sóstenes, 2à igreja de Deus que está em Corinto, aos
santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar
invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.”
1 Coríntios 1:30-31. 30”Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós
foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; 31Para que,
como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor.”
Efésios 4:22-24. 22”Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho
homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; 23E vos renoveis no
espírito da vossa mente; 24E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é
criado em verdadeira justiça e santidade.”
180
1 Tessalonicenses 4:3-4,7. 3”Porque esta é a vontade de Deus, a vossa
santificação; que vos abstenhais da fornicação; 4Que cada um de vós saiba possuir
o seu vaso em santificação e honra; 7Porque não nos chamou Deus para a
imundícia, mas para a santificação.”
Hebreus 12:14. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual
ninguém verá o Senhor”;
1 Pedro 1:15-16. 15”Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós
também santos em toda a vossa maneira de viver; 16Porquanto está escrito: Sede
santos, porque eu sou Santo.”
2 Pedro 2:9. “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e
reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados”;
João 17:17. “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.”
2 Coríntios 7:1. “Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemonos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no
temor de Deus”.
1 Tessalonicenses 5:23. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e
todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados
irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”
Veja também no Velho Testamento: Gênesis 2:3; Êxodo 13:2; 19:14;
20:08; 28:36,41; 29:43; Levítico 10:3; 20:7; 21:08; Números 27:14;
Deuteronômio 5:12; Esdras 9:2; Salmos 24:3-4; 29:2; Jeremias 1:5; Ezequiel
22:26; Joel 2:16.
Veja também no Novo Testamento: Mateus 1:21; Atos 26:18; Romanos
6:1-23; 7:12; 8:29; 1 Coríntios 6:9-11; 7:14; Efésios 1:4; 5:26; Filipenses 2:1213; Colossenses 3:1-10; 1 Timóteo 2:8; 4:1-5; 2 Timóteo 1:9,14; 2:19-22; 3:15;
Hebreus 7:26; 1 Pedro 3:5,15; 2 Pedro 1:20-21; 3:11; Judas 1.
COMENTÁRIO
A essência da santificação é essa de separação e purificação. Embora estes dois
princípios caracterizem todo o eterno propósito redentor, eles são preeminente na
verdade e na realidade bíblica da santificação ou santidade de vida do crente. A
santificação significa praticamente uma vida vivida refletindo o caráter moral de Deus
como revelado em Sua Palavra escrita - uma vida vivida em obediência voluntária aos
Seus mandamentos. O processo de santificação é inclusivo de toda a experiência do
crente, e o objetivo da santificação é a conformidade final para com a imagem do
Senhor Jesus Cristo (Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17-18; 2 Pedro 3:18). Veja a
Pergunta 125.
181
Os termos essenciais relacionadas com a santificação na Bíblia Portuguesa são:
"santificação," "santificar," "santo," "santuário," "santo" e "santidade." As primeiras
derivam do Latim sanctus e sanctificatio, que carregam a conotação de "consagrado,
estabelecido como inviolável, sagrado, divino, puro, santo," e "santificação ou feito
santo, consagrado." A palavra "santo" é mantida ou considerada como inviolável de uso
normal e separado para uso religioso, consagrado, dedicado, e sagrado. Os termos do
Velho Testamento são qadash, "cortar ou separar," e chasiyd "gentil, misericordioso." O
termo principal do Novo Testamento é hagios, uma forma nominal do verbo hagiazō,
"cortar ou separar" Outros termos são: hosios, "devoto, piedoso, puro;" eusebeia,
"piedade, reverência, piedoso ou devoto;" katharizein, "limpar, purificar," e hieroprepes
, "reverência."
O duplo princípio da santificação - separação e purificação - é o da separação
daquilo que é comum ou imundo e separação ou dedicação a Deus, com as realidades
cognatas de pureza, limpeza e devoção a Deus. A ênfase do Velho Testamento está
sobre as pessoas, sacrifícios, objetos, lugares, momentos e coisas separadas do comum
ou profano para Deus e assim dedicadas ou consagrados a Ele. A ênfase do Novo
Testamento está sobre a separação da poluição do mundo e do pecado, e a subsequente
piedade pessoal, a piedade ou santidade de vida. Em outras palavras, o Velho
Testamento tende a enfatizar o ritual ou cerimônia externa de separação e purificação,
enquanto o Novo enfatiza pureza moral pessoal e uma obediente conformidade ao
caráter e à Palavra de Deus (1 Pedro 1:14-16; 2 Coríntios 3:1-18; João 17:17; 1João
2:3-5; 3:22-24; 5:2-4).
A necessidade e o caráter da santificação derivam de seis verdades bíblicas:
Primeira: o Caráter Moral e Glória de Deus (1 Coríntios 10:31; 1 Pedro 1:15-16;
2:9; 1 Coríntios 10:31; 2 Coríntios 3:17-18);
Segunda: a natureza do pecado como um poder poluente e reinante na vida
(Romanos 6:14; 2 Coríntios 7:1);
Terceira: a natureza e o objetivo do propósito redentor (Efésios 1:4; 1
Tessalonicenses 5:23; 1 Pedro 1:15-16; 2:9);
Quarta: a restauração da imagem de Deus em princípio no crente (Romanos 8:29;
2 Coríntios 3:17-18; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9);
Quinta, a salvação final de toda a pessoa, ou seja, a glorificação ou a redenção do
corpo (Romanos 8:23; Filipenses 3:20-21; 1 Tessalonicenses 5:23; 1João 3:1-4).
Finalmente, a santificação corporativa da igreja. Os crentes não são apenas santificados
como indivíduos, mas no contexto de seus irmãos e irmãs em Cristo dentro do contexto
da assembleia local (João 13:34-35; 1 Coríntios 12:13-27; Efésios 4:25-32;
Colossenses 3:9-23).
O pecado na Bíblia é caracterizado por cinco realidades: de culpa, pena, poluição,
poder e presença. A realidade bíblica da salvação necessariamente lida com todos os
aspectos do pecado. A culpa e o castigo do pecado, e a alienação resultante de Deus são
tratados na Justificação e Adoção. A poluição e o poder do pecado são tratados na
regeneração e santificação. A presença do pecado, assim como todos os outros aspectos,
são completa e finalmente resolvidos com a glorificação. A santificação é, portanto,
uma necessidade bíblica. Qualquer ponto de vista da salvação que não trata adequada e
eficazmente com a natureza poluente e o poder reinante do pecado é biblicamente
182
defeituoso. A santificação mantém e perpetua a realidade da regeneração em seus
aspectos posicionais (união com Cristo), definitivos (uma rachadura radical com o
poder reinante do pecado) e progressivos (prática).
O que é a própria essência da experiência cristã? A realidade da verdade salvífica
não é concedida graciosamente para a vida? Nossa justificação é evidenciada pela nossa
santificação. Sem santificação discernível, não há realidade para qualquer reivindicação
da justificação. A justiça imputada nunca está isolada da justiça transmitida. O
argumento abrangente do Apóstolo Paulo nos primeiros oito capítulos de Romanos,
depois de explorar a condenação de todos os homens sob o pecado (1:18-3:20) é que
todo aquele que é justificado (3:21-5:21) é necessariamente da mesma forma santificado
(5:11-8:16). Todo aquele que é justificado e santificado deve infalivelmente ser
glorificado (Romanos 8:17-8:39).
A fé bíblica é histórica repousa exclusivamente sobre a Palavra de Deus escrita
como seu ponto de referência. A santificação prova ser sem exceção. A total suficiência
das Escrituras tanto para a fé quanto para a prática aplica-se integralmente à santificação
do crente. É a Escritura que é usada pelo Espírito de Deus em nossa santificação (João
17:17; 1 Coríntios 2:6-16; 2 Coríntios 3:1-18; 2 Timóteo 3:16-17; Tiago 1:19-25;
1João 2:20,27). O Espírito Santo usa a Palavra e ilumina nossas mentes para a Palavra a
fim de nos ensinar, edificar, repreender, corrigir, condenar e santificar.
A lei moral ou Lei de Cristo, como uma parte essencial da Palavra de Deus, é o
único padrão de santificação para os crentes. Embora ela esteja sintetizada no Decálogo
(Êxodo 20:1-17), amplamente em sua forma negativa, é positiva em sua essência
(Mateus 22:36-40; Romanos 13:8-10). Este é o único padrão de certo e errado, que foi
dado como uma ordenança da criação, e ontologicamente implantado dentro do peito do
homem, e ainda mantido depois da queda (Romanos 2:14-16). Todos os outros padrões
sugeridos, como "a lei do amor," são necessariamente relativos a esta lei. Veja as
Perguntas 40-43. A lei moral sozinha se destaca como a revelação ou manifestação da
autoconsistência moral Divina. A obediência à lei moral nunca pode santificar, e pode
em si provar ser mero legalismo, mas a lei moral continua sendo o padrão Divino. É
pela graça que os crentes amam e se conformam a ela em princípio no contexto da graça
da Nova Aliança ou Aliança do Evangelho (Romanos 6:14; 8:1-4).
A santificação Evangélica, ou seja, a santificação do crente no contexto do Novo
Testamento é ao mesmo tempo uma posição ou relacionamento, um ato definitivo e
também um estado prático e progressivo. Os defeitos, erros doutrinários e heresias
resultaram da não compreensão da completa realidade da santificação evangélica, e
enfatizando assim um aspecto em detrimento dos outros. Cuidadosamente marcam o
seguinte:
Primeiro: a santificação é uma posição espiritual ou estado, uma relação que é
descrita como a união do crente com Cristo. O crente é considerado diante de Deus
justificado e santificado "em Cristo" e até mesmo, por assim dizer, já no céu, como a
sua posição, embora ele prove ser imperfeitamente santificado na atual experiência (1
Coríntios 1:2,30; 6:11; Gálatas 2:20; Efésios 2:4-7) . Veja a Pergunta 77;
183
Segundo, a santificação é um ato definitivo que ocorre simultaneamente com e a
regeneração. Ela consiste na quebra do poder reinante do pecado, na recriação da
imagem de Deus em princípio, na remoção da cegueira satânica (2 Coríntios 4:3-6), a
transmissão do Espírito Santo em virtude da união do crente com Cristo em sua morte e
ressurreição para vida, e adoção como filho (Romanos 6:1-14,17-18; 8:9-16; Gálatas
4:6; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:1-10). Veja a Pergunta 83;
Terceiro: a santificação é o estado prático e progressivo descritivo da experiência
e peregrinação espiritual do crente. Este estado deve ser visto no contexto do ministério
vivificante do Espírito, da mortificação do pecado, do castigo Divino, e de uma
conformidade cada vez maior à imagem do Filho de Deus (Gálatas 5:16-18; Romanos
8:1-4,11-16,29; Hebreus 12:4-11; 2 Coríntios 3:17-18). Veja a Pergunta 95. Você
exemplifica essa "santidade sem a qual ninguém pode ver o Senhor" (Hebreus 12:14)?
95ª Pergunta - Quais são os três aspectos necessários da santificação?
Resposta - A santificação é ao mesmo tempo uma posição ou estado espiritual,
um ato definitivo e um estado experimental e progressivo. Estas três realidades são
todas necessariamente verdadeiras para todos e cada crente.
1 Coríntios 1:30-31. 30”Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós
foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; 31Para que,
como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor.”
1 Coríntios 6:9-11. 9”Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino
de Deus? 10Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem
os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os
bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. 11E é
o que alguns foram; mas foram lavados, mas foram santificados, mas foram
justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus.”
2 Tessalonicenses 2:13. “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós,
irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a
salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade.”
1 Pedro 1:15-16. 15Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós
também santos em toda a vossa maneira de viver; 16Porquanto está escrito: Sede
santos, porque eu sou Santo.
2 Coríntios 7:1. “Ora, amados, pois que temos tais promessas,
purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a
santificação no temor de Deus.”
1 Tessalonicenses 5:23. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e
todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados
irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”
184
Veja também: Romanos 5:12-8:16, o que é uma exposição longa e
detalhada da santificação no contexto da justificação, da a união com Cristo e da
glorificação. Confira também Romanos 12:1-2; 1 Coríntios 1:1-2 ; 2 Coríntios
7:1; Gálatas 5:16-18; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:1-10.
COMENTÁRIO
Quando todas as afirmações bíblicas concernentes à santificação são reunidas, a
exegese devidamente interpretada, sistematizada e harmonizada, fica-se com a
santificação necessariamente revelada em três aspectos, que se sobrepõem com outras
verdades doutrinárias, mas que podem ser extraídas e estudadas separadamente.
A santificação posicional se refere à posição espiritual ou estado que resulta da
união do crente com Cristo. Veja a Pergunta 77. Esta união é indissolúvel e inalterável
que eleva o crente à maior identificação possível e à posição mais alta possível "em
Cristo" (Efésios 2:4-7). Toda sorte de bênçãos espirituais e privilégio que está "em
Cristo" assim revertem para o crente, que é "santificado em Cristo Jesus."
As passagens bíblicas intimamente mais associadas com a santificação posicional
são:
Primeiro: aquelas declarações nas quais os crentes já são considerados como
santificados, ou seja, a santificação, não como um processo, mas como um ato
concluído. Tal ato se refere à união do crente com e a identificação em Cristo, e não à
sua experiência (Atos 20:32; 26:18; 1 Coríntios 1:2; 1:30; 6:9-11; 2 Tessalonicenses
2:13; Hebreus 10:10,14; Judas 1).
Segundo: as declarações referentes a todos os crentes, independentemente da
experiência cristã individual deles, como "santos" ou "os sagrados (santificados)" (por
exemplo: Atos 9:13; 26:10; Romanos 1:7,15:26; 1 Coríntios 1:2; 6:1; 14:33; 2
Coríntios 1:1; 8:4; 9:1; Efésios 1:1; 2:19; 4:12; 5:3; Filipenses 1:1; 4:22; Colossenses
1:2; Judas 3).
Terceiro: declarações que descrevem a posição do crente como "em Cristo"
(Romanos 6:3; Gálatas 3:27; Romanos 6:11; 8:1; 1 Coríntios 1:2,30; 15:22; Efésios
1:1,3,4,6,7,11; 2:6-7,10; 1 Pedro 5:14). Tais declarações ocorrem pelo menos vinte e
oito vezes no Novo Testamento;
Quarto: as declarações revelando que Cristo está "no" crente (João 14:20,23;
Romanos 8:9-10; Gálatas 2:20; Efésios 3:17; Colossenses 1:27).
Finalmente, as metáforas que são descritivas da união do crente com Cristo e
assim de seu estado e posição: a videira e os ramos (João 15:1-8), a cabeça e o corpo (1
Coríntios 12:12-27; Efésios 1:22-23; 4:12-16), o marido e a esposa (Efésios 5:22-33),
um edifício do qual o Senhor é o fundamento (1 Coríntios 3:9-11) ou pedra angular
(Efésios 2:20-22; 1 Pedro 2:4-8), o batismo, que simboliza esta união em sua morte,
sepultamento e ressurreição (Romanos 6:1-6) e, por comparação e contraste, a
identificação tanto com Adão quanto com Cristo (Romanos 5:12-21).
185
O crente é assim considerado diante de Deus como santificado "em Cristo" e até
mesmo, por assim dizer, já no céu, quanto à sua posição inalterável, embora ele prove
ser imperfeitamente santificado na atual experiência (1 Coríntios 1:2,30; 6:11; Gálatas
2:20; Efésios 2:4-7). Isto tem uma relação imediata com a garantia da fé do crente
como um objetivo, a verdade imutável e a realidade.
A santificação definitiva é o aspecto do propósito e do processo redentor, no qual
uma brecha definitiva ou clivagem, isto é, separação radical é feita com o poder
reinante do pecado na vida começando na regeneração. Este aspecto da santificação
deriva de forma necessária da posição de alguém "em Cristo" (santificação posicional)
e é em si necessariamente evidenciada em uma vida convertida (santificação
progressiva). A santificação definitiva é, portanto, distinta, mas inseparável da união
do crente com Cristo e da graça de Deus na regeneração.
A união do crente com Cristo é determinante para a sua experiência cristã. Ela
como uma verdade revelada nas Escrituras, é necessariamente uma união tanto na
morte do nosso Senhor quanto em sua ressurreição. Ambos os aspectos são essenciais
para a realidade da experiência cristã do crente. (Conforme Romanos 6:1-14). Qual é o
significado exato de ser trazido em união com a morte de nosso Senhor? A resposta é
dada em detalhes em Romanos 6:1-10,14; Colossenses 2:20; 3:1-5ss; 1 Pedro 2:24;
4:1-2. Marque cuidadosamente os verbos gregos em Romanos 6:2-10. Eles estão todos
no tempo aoristo e devem ser traduzidos como um evento passado ("morremos" em vez
de "mortos" ou "estamos mortos") a ser contado como um estado objetivo, realidade
presente, não um estado meramente possível que deve ser buscado como uma
experiência religiosa subjetiva, ou seja, "sermos capacitados a sofrer uma morte lenta
para o pecado, pouco a pouco até que o pecado deixe de reinar em nós. Se ainda
estamos mortos ou morrendo para o pecado como podemos dizer que somos novas
criaturas e nascemos de novo e temos os frutos do Espírito? Está escrito, o Espírito
vivifica. Pode alguém estar morto e vivo ao mesmo tempo? A semente só brota depois
de enterrada." A conclusão inevitável é que a união na morte de Cristo significa
necessariamente que o poder reinante do pecado foi quebrado na vida do crente – de
cada crente. As Escrituras não ensinam uma salvação ou santificação em dois estágios,
nem elas contrastam um cristão "carnal" e "espiritual" como normais para a vida cristã.
Alguns dos Coríntios eram chamados de "carnais," porque eles olhavam para os
homens como o ideal deles em vez de nosso Senhor (1 Coríntios 3:1-4). Em Romanos,
o contraste é entre os convertidos e os não convertidos (Romanos 8:1-11) .
Mas o crente ainda peca? Sim, mas ele já não vive sob o poder reinante do
pecado. O pecado não mais "terá domínio sobre ele" (Romanos 6:14). Embora ele
cometa atos de pecado, ele já não vive mais em pecado como seu elemento nativo ou
sob seu poder dominador como seu mestre (Romanos 6:14,17-18; 1João 2:1; 3:9). Os
verbos traduzidos "pecar" em 1 João 2:1 estão no aoristo, referindo-se a atos de
pecado. O poder reinante do pecado foi quebrado, como testemunhado pela própria
linguagem usada em Romanos 6:11-14. "Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo
mortal, para lhe obedecerdes (o corpo) em suas concupiscências." A prerrogativa cabe
ao crente, ou seja, ele não é mais visto como quem está sob o domínio do pecado
reinante. Além disso, a ordem para parar de ceder às solicitações do pecado e render-se
a Deus sem reservas significa necessariamente que o poder dominante do pecado sobre
186
o crente foi quebrado. A salvação neste aspecto é a mudança de mestres (Romanos
6:17-18). Veja as Perguntas 113-117.
Romanos 6:6 descreve a crucificação do velho homem. "O nosso velho homem
foi com ele crucificado, para que o corpo, dominado pelo pecado, pudesse ser roubado
de sua proeminência e poder, de modo que deste ponto em diante nós já não devemos
servir como escravos dispostos ao pecado." Quem ou o que é o "velho homem"?
Confira Romanos 6:6; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10. Note que Efésios 4:22-24
e Colossenses 3:9-10 não são mandamentos a serem implementados, mas realidades
presentes baseadas sobre um fato passado. O contraste entre o "velho homem" e o
"novo homem" não é um contraste entre uma "velha natureza" e uma "nova natureza,"
nem é o crente um esquizofrênico espiritual composto de duas pessoas que vivem
dentro dele. O "velho homem" era o antigo eu, não regenerado, que foi crucificado com
Cristo. Os crentes são agora o "novo homem," ou o eu regenerado, recriado à imagem
de Deus em justiça, em santidade da verdade e do conhecimento - uma transformação
espiritual, moral e intelectual necessária. A fonte do pecado do crente não está em uma
"velha natureza" ou "velho homem," mas um princípio de pecado interior e corrupção
remanescente que será posta de lado no momento da morte (Romanos 7:7-8:4,23). Veja
a Pergunta 114.
A união com Cristo não significa apenas que todo crente tem sido identificado
com a morte de Cristo, mas também identificado necessariamente com sua ressurreição
para a vida (Romanos 6:4-5; Colossenses 3:1-4). Como esta união na ressurreição para
a vida de Cristo se traduz na experiência cristã? O mesmo poder que levantou o Senhor
dos mortos - a presença e o poder do Espírito Santo (Romanos 1:3-4) - agora habita em
cada e em todo crente e formam a dinâmica espiritual de sua vida.
Assim, a união com Cristo, a regeneração, a adoção e a santificação do crente
estão todas inerentemente inter-relacionadas (Romanos 1:3-4; 6:4-5; 8:11-16; Efésios
1:13-14,17-20; Colossenses 3:1-4). Houve uma transferência dinâmica de poder
envolvente ou operatório naquele unido a Cristo e assim identificado em sua morte e
ressurreição de vida. Uma vez que ele foi desligado do princípio da justiça, ou seja,
embora a justiça tivesse uma reivindicação sobre ele, não tinha poder de motivação
para levá-lo a viver em retidão (Romanos 6:20). Agora, ele é envolvido pela justiça e
tirado do poder reinante do pecado (Romanos 6:22). Assim, a união com Cristo
significa necessariamente a união tanto em sua morte quanto em sua ressurreição de
vida, e ambas se traduzem como realidades presentes na experiência do crente em
santificação definitiva.
A santificação progressiva ou prática é a manifestação tanto da santificação
posicional quanto da santificação definitiva na vida, na experiência e na peregrinação
espiritual do crente. Em outras palavras, a santificação prática ou progressiva é
coextensiva com a experiência cristã. Este processo deve ser visto no contexto da
realidade da conversão e em ambos na continuidade e no progresso da graça na vida (2
Pedro 3:18).
Marque o seguinte:
187
Primeiro: o propósito redentor e a graça de Deus são infalíveis. A santificação
posicional deve necessariamente expressar-se em santidade pessoal (Hebreus 12:14);
Segundo: a Escritura contém exortações para o crente se conformar com a
autoconsistência moral de Deus (2 Coríntios 7:1; Hebreus 12:14; 1 Pedro 1:14-16;
2:9), para viver uma vida consagrada no corpo e na alma (Romanos 12:1-2), e ter uma
mentalidade regenerada por causa da recriação da imagem de Deus dentro dela
(Colossenses 3:9-10). Tais exortações não são abandonadas à força ou determinação
natural, mas em todos os lugares pressupõem a graça capacitadora de Deus (Efésios
4:22-32; Colossenses 3:1-10);
Terceiro: a experiência Cristã, embora possa às vezes ser caracterizada por
castigo Divino (Hebreus 12:4-14) e batalha espiritual (Efésios 6:10-18), é
essencialmente uma progressão espiritual (Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17-18; Efésios
4:13-16; Colossenses 2:6-7; 1 Pedro 2:2; 2 Pedro 3:18);
Quarto: o conflito interno de um filho de Deus não é que ele é ao mesmo tempo
um "velho homem" e um "novo homem," ou tem tanto uma "velha natureza" quanto
uma "nova natureza." Pelo contrário, porque a natureza física permanece relativamente
inalterada e ainda aguarda a sua redenção (Romanos 8:23; Filipenses 3:20-21), um
princípio de pecado interior e corrupção remanescente responde por meio dos membros
do corpo às solicitações do pecado (Romanos 6:11-13; 7:13-8:9). O crente deve tomar
uma atitude agressiva em direção a quaisquer manifestações de pecado interior e
corrupção remanescente pela mortificação destes (Romanos 8:11-13; Gálatas 5:16-17;
Colossenses 3:5ss).
A falha em relacionar a santificação posicional tanto com a santificação definitiva
quanto com a progressiva, ou negar estes outros aspectos, tem levado muitos ao erro.
Em outras palavras, derivando da união do crente com Cristo, e assim, sua santificação
posicional, é sua santificação definitiva. Sua santificação posicional e definitiva torna
possível e necessária sua santificação prática (progressiva). A santificação posicional é
de uma vez por todas, realidade objetiva imutável. A santificação prática, por outro
lado, é necessariamente incompleta nesta vida. Na morte do crente, e certamente em
sua ressurreição para a glória, a santificação posicional e a santificação prática tornarse-ão uma e a mesma coisa. A graça divina é eficaz e infalível em conformar-nos à
imagem do Filho de Deus, e assim todos os três aspectos são necessários. Nossa
experiência cristã eleva-se para aquilo que está descrito na Palavra de Deus?
96ª Pergunta - Quais são os dois aspectos da santificação progressiva ou prática?
Resposta - Os dois aspectos da santificação progressiva ou prática são o positivo,
ou a vivificação, e o negativo, ou a mortificação do homem para o pecado.
Romanos 6:11-14. 11”Assim também vós considerai-vos certamente mortos
para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. 12Não reine,
portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas
concupiscências; 13nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por
instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre
mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. 14Porque o
188
pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo
da graça.”
Romanos 8:12-14. 12”De maneira que, irmãos, somos devedores, não à
carne para viver segundo a carne. 13porque, se viverdes segundo a carne,
morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.
14
Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de
Deus.”
Colossenses 3:5. “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a
terra: a fornicação, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a
avareza, que é idolatria.”
Veja também: Romanos 7:13-8:16; 12:1-2; 1 Coríntios 9:27; 2 Coríntios
7:1; Gálatas 5:16-18,24; Efésios 4:22-32; Filipenses 2:1-16; 3:10-21;
Colossenses 3:1-14; Hebreus 12:14-15; 2 Pedro 1:4-11.
COMENTÁRIO
A "santificação," no sentido restrito da santificação prática ou progressiva, como
contrastada com a mortificação do homem para o pecado, pode ser nomeada de
"vivificação," isto é, a vivificação positiva de graças cristãs, pelo poder do Espírito
Santo e pelos meios constituídos da graça subjacente, isto é, da graça na qual o crente
está sob, uma vida de humilde obediência à Palavra de Deus.
Vivificação. Há cinco elementos que devem ser seriamente considerados em tal
santificação ou vivificação:
Primeiro: o pecado foi destronado em cada indivíduo que tenha sido chamado
eficazmente, regenerado e convertido, e assim, em todos sem exceção que foram e
estão sendo santificados. Os crentes não estão mais sob o poder dominante do pecado,
mas cometem atos de pecado que devem ser tratados (Romanos 6:11-14; 1João 2:1;
3:9). Veja as Perguntas 114-115. As realidades da união com Cristo, o chamado eficaz,
a regeneração e a santificação definitiva devem encontrar expressão adequada na
santificação prática ou progressiva (Romanos 6:14; 2 Coríntios 5:14-17; 1João 3:9;
1João 5:4,18).
Segundo: os crentes professos, isto é, declarados publicamente são o assunto da
graça redentora e transformadora de Deus. Se não for assim é porque eles estão sem
graça. Não há meio termo ou lugar para um verdadeiro cristão continuar a viver em
pecado (Mateus 7:21-23; Atos 8:18-24; 2 Coríntios 13:5; 2 Timóteo 4:10; Hebreus
3:12-13; 12:7-8,14-15).
Terceiro: o agente ou o poder operante em tal santificação é o Espírito Santo. Os
crentes não se santificam na própria força deles, embora eles sejam necessariamente
exortados a vidas piedosas (2 Coríntios 7:1; 1 Tessalonicenses 4:7; 1 Pedro 2:9). Há
uma dinâmica graciosa e operativa que opera para conformar os crentes à imagem do
Filho de Deus em princípio no contexto do eterno propósito redentor (Romanos 6:14; 2
Coríntios 3:17-18; Filipenses 2:12-13);
189
Quarto: a meta da santificação progressiva é a conformidade com o caráter moral
de Deus; especificamente, a conformidade com a imagem do Filho de Deus (Romanos
8:29; 2 Coríntios 3:17-18 ; 1 Pedro 1:15-16 ; 1João 3:1-4);
Quinto: há um princípio inegável de progressão na santificação prática que as
Escrituras revelam claramente. Esta natureza progressiva é devido ao trabalho eficaz
do Espírito Santo. Assim, a santificação prática é bem mais descrita como santificação
progressiva (Mateus 5:48; Romanos 12:2; 2 Coríntios 7:1; Efésios 1:17-20; 3:14-19;
4:12-16; Filipenses 1:9-11; 2:12-13;Colossenses 1:9-12; 2:6-7; 1 Pedro 1:15-16; 2:2;
2Pedro 3:18; 1João 3:3).
A vivificação às vezes pode ser débil, estática, e por vezes parece mesmo estar
retrocedendo, contudo no estado de graça, tal é uma realidade em curso. A santificação
pode ser ilustrada pelo fluxo de um rio. Um rio que às vezes flui para o oeste, o leste e
o norte conforme anda em seu caminho, mas sua tendência é o sul, e que finalmente
flui para o sul entrando em um golfo. A correção Divina está presente na forma de
convicção de pecado e do castigo Divino (Hebreus 12:4-13).
A mortificação do pecado. Este é o aspecto que para o crente pode parecer
negativo da santificação prática. A "mortificação" deriva do Latim mortifico, e
significa “colocar à morte.” A palavra "mortificar" ocorre duas vezes nas Escrituras:
Romanos 8:13 (thanatoute, pres. imp., "constantemente colocado à morte") e
Colossenses 3:5 (nekrōsate, aor. imp., "com um senso de urgência e determinação
amortecida, privar de poder"). Ambas as passagens tratam de como o crente deve lidar
com o pecado em sua vida e experiência.
Marque as quatro seguintes considerações:
Primeira: a doutrina da mortificação do pecado não é questionável nem de pouca
importância, porque o termo só ocorre duas vezes nas Escrituras. Deus tem a declarar
uma dada realidade apenas uma vez nas Escrituras para que seja verdadeiro e
significativo;
Segunda: a omissão da doutrina da mortificação deixaria um vazio enorme na
doutrina da própria santificação, bem como os aspectos práticos da união do crente
com Cristo, da regeneração e do papel do Espírito Santo na experiência do crente. Tais
omissões abririam a porta a várias formas de ensino antinomiano e perfeccionista
errôneo;
Terceira: o contexto de cada afirmação é digno de nota. Romanos 8:13 está
situado no contexto da necessidade, da realidade, do poder e da orientação do Espírito
Santo. Colossenses 3:5 está no contexto da união do crente com Cristo em sua morte e
ressurreição de vida, e da recriação da imagem de Deus intelectualmente dentro dele.
Em ambas as passagens, a mortificação é vista como uma marca absolutamente
necessária da graça de Deus;
Quarta: ambas as afirmações lidam com o pecado interior e a corrupção
remanescente, e não diretamente com o corpo, ou seja, a mortificação está relacionada,
190
não com o corpo, mas com "as ações do corpo" (Romanos 8:13). Os "membros que
estão sobre a terra" não são membros do corpo, mas os pecados que são expressos por
meio do corpo (Colossenses 3:5-6). A mortificação bíblica não é legalismo nem
ascetismo.
Tal como acontece com todos os aspectos da verdade bíblica, existem muitos
pontos de vista errôneos. Isto é especialmente verdadeiro em matéria de santificação.
Por quê? Porque cada indivíduo religioso sincero dentro da cristandade está ciente de
que o pecado (ou pecado percebido) é estranho ao teor do Cristianismo e uma violação
das Escrituras, da tradição e de uma consciência religiosa. É uma contradição inerente.
Isto é especialmente verdade para o crente genuíno cuja consciência está sujeita à
instigação do Espírito Santo e da verdade objetiva das Escrituras. (Veja a Pergunta 112
e a declaração sobre a consciência renovada sob "Garantia Evidente"). As
inconsistências, transgressões, e fraquezas para com certos pecados, as ofensas
repetidas e fragilidades humanas afligem a pessoa religiosa, despertam a consciência e
muitas vezes dão origem a um desejo intenso de romper com o pecado por completo cessar e desistir - e viver em comunhão ininterrupta com Deus. Mas é este mesmo
desejo que torna sinceramente as pessoas religiosas, salvos ou não salvos, vulneráveis
ao erro. Esta é a fonte provável para tais erros como o perfeccionismo (a ideia que a
natureza humana caída é perfectível). Isto se traduz ou um perfeccionismo sem pecado
nesta vida ou em alguma forma modificada na qual alguém progride de "carnal" para
"espiritual" por qualquer experiência ou algum ritual de "rededicação", uma "segunda
obra da graça," em que alguém é ambos "salvo e santificado." O perfeccionismo
modificado assola a maioria das formas do Cristianismo professo.
As grandes questões acerca da mortificação devem ser: "Como nós realmente
mortificamos o pecado?" "Como tratamos com o pecado bíblica e eficazmente em
nossa vida e experiência?" O seguinte deve ser cuidadosamente observado como
cristãos:
• Nós temos uma natureza humana corrupta e pecaminosa herdada de
Adão (imputação indireta), que tem uma propensão para o pecado em geral, e
para alguns pecados em particular (Gênesis 5:3; Hebreus 12:1);
• Nós retemos nesta natureza corrupta e em nossos corpos ainda a serem
redimidos, uma tendência natural a utilizar os nossos membros a serviço do
pecado (Romanos 6:11-13);
• Todo pecado é uma manifestação desta natureza corrupta, que ainda
retém a realidade do pecado interior e da corrupção remanescente (Romanos
7:13-25);
• Devido a este princípio do pecado interior e a corrupção remanescente,
cada um de nós ainda temos um determinado nível de rebelião em nossos
corações contra o próprio Deus de nossa salvação e da justiça de sua santa lei,
resultando em contradição e aflição;
• Deus recriou sua imagem dentro de nós em princípio e em justiça, em
santidade da verdade e do conhecimento - uma transformação espiritual, moral
e intelectual (Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10);
• Deus nos deu a presença interior e o poder do seu Espírito para nos
capacitar a viver vidas convertidas em princípio (Romanos 6:1-6; 8:1-4,10-16;
2 Coríntios 3:17-18; Gálatas 4:5-7; 5:16-17);
191
• O poder reinante do pecado foi destituído, por isso nós estamos
tratando com um inimigo ferido e destronado (Romanos 6:1-14);
• Nós ainda mantemos uma determinada medida de uma "mentalidade
escrava" e força do hábito que têm uma tendência a ceder às solicitações do
pecado (Romanos 6:11-14);
• Nós somos exortados a substituir os maus hábitos por hábitos
consistentes da verdadeira piedade (Efésios 4:25-32);
• Nosso adversário, o diabo, procura nos enganar, dominar e derrotar
(Efésios 6:11; 1 Pedro 5:8-9).
Assim, nós estamos envolvidos numa guerra espiritual constante (Mateus 6:13;
Efésios 6:10-18; 1 Pedro 5:8-9). Deve ser notado, então, que apesar de sermos um
povo redimido - crente, os eleitos e amados de Deus – ainda somos vulneráveis e
devemos atender aos meios da graça que Deus ordenou para o nosso bem-estar
espiritual.
Os meios para a mortificação do pecado incluem o seguinte:
Primeiro: a mortificação do pecado é uma impossibilidade absoluta separada do
poder do Espírito. A mortificação é necessariamente "pelo Espírito" (Romanos 8:14,11-13), porque é de forma necessária um trabalho espiritual. Qualquer tentativa
,separada do Espírito, de lidar eficazmente com o pecado na vida está condenada ao
legalismo, farisaísmo, ascetismo e mera autodeterminação. Enfim, ao fracasso.
Segundo: a fé é descritiva e determinante de tudo que é de graça e de poder na
experiência do crente (por exemplo: Atos 6:5,8; 11:24; Romanos 5:1-2; 12:3; 14:23; 2
Coríntios 4:13; 5:7; Efésios 6:16; Hebreus 11:1-39; 1João 5:4). A fé se apropria da
verdade de Deus e atua sobre ela. Assim, cada ato verdadeiramente cristão é um ato de
fé, seja oração, perseverando sobre a tentação ou tragédia, pregando, dando
testemunho, estudando as Escrituras, perseverando na piedade, etc. A fé antecipa ainda
mais a graça de Deus, ou seja, a fé tanto apropria quanto antecipa a graça e o poder de
Deus para mortificar o pecado. Em suma, quando buscamos mortificar o pecado pela
graça de Deus, fazemos isto pela fé;
Terceiro: a oração é a fé articulada, ou seja, a própria oração é um ato e expressão
de fé e tão intrinsecamente relacionada a ela. A oração é a fé alcançando tanto o louvor
quanto a petição. Nós temos um dever geral e constante de orar, e buscar a comunhão
com Deus, ou seja, partilhar dos mesmos pensamentos e sentimentos de Deus, para o
bem de nossas almas e a consistência de nossa caminhada. A oração, por assim dizer,
deve ser o teor de nossas vidas (1 Tessalonicenses 5:17; Filipenses 4:6-7). Nós também
temos garantia escriturística de orar pelo livramento da tentação e do diabo (Mateus
6:13; Lucas 22:40). A oração e a mortificação assim vão de mãos dadas. Veja as
Perguntas 97-107;
Quarto: temos o dever geral de acreditar, ler, estudar, alimentar-nos e agir de
acordo com a Palavra de Deus escrita (Salmos 1:1-2; 19.7-14; João 17:17; 2 Pedro
3:18). A Palavra de Deus é o único grande arsenal e arma ofensiva para o cristão
(Mateus 4:4; Efésios 6:17; 2 Timóteo 3:16-17). O Espírito de Deus dá poder à Palavra.
O locus classicus para a relação entre as Escrituras e a tentação. Na tentação de nosso
192
Senhor no deserto. Ele começou cada resposta à tentação de satanás com: "Está
escrito..." (Mateus 4:1-11). É por meio das Escrituras que nós expomos o pecado por
aquilo que ele é. Nós o definimos, desmascaramos e confessamos como tal por
intermédio do princípio definitivo e espiritual da verdade Divina - e depois o
abandonamos pela graça de Deus;
Quinto: Deus tem prazer às vezes em revelar-nos providencialmente a corrupção
natural de nossos corações e a nossa propensão ao pecado para despertar-nos para um
sentido renovado de urgência na mortificação (Provérbios 30:8-9). Deus também tem
prazer às vezes de nos convencer e de nos corrigir acerca de nossos pecados de coração
antes que se tornem ações visíveis. Um coração e consciência feridos que nos livra do
pecado sem rodeios e do envolvimento de outras pessoas é uma providência doce! Nós
somos ensinados repetidamente a mortificar a primeira quebra consciente do pecado
interior e corrupção remanescente (Provérbios 4:23; Marcos 7:21-23). Deus pode
permitir-nos cair em alguns pecados e castigar-nos a fim de guardar-nos de outros e
maiores pecados (Hebreus 12:4-13). Um espírito ferido e arrependido por causa do
pecado pode se tornar um grande preventivo! Ele pode até mesmo ferir-nos com algum
grande desconforto a fim de guardar-nos do pecado (Gênesis 20:6). Esta foi a própria
experiência do Apóstolo Paulo que, na providência Divina, contraiu uma doença
crônica e devastadora para mantê-lo humilde, e manter o seu ministério em uma
perspectiva correta (2 Coríntios 12:7-10);
Sexto: nós podemos ser providencialmente alertados da necessidade de mortificar
o pecado pelo exemplo terrível de outros. Os horríveis pecados de Davi com relação à
Bate-Seba e Urias, e o julgamento subsequente sobre sua família deve servir como um
aviso severo para não deixar o pecado habitar no coração (2Samuel 11ss). O episódio
de Ananias e Safira está preservado para nós nas Escrituras para servir como um alerta
contra a hipocrisia (Atos 4:32-5:11), como é o triste fim de Demas (2 Timóteo 4:10).
Por causa do pecado na igreja de Corinto e da falha em administrar a disciplina da
igreja, Deus interveio e julgou a igreja, administrando devastação espiritual, doenças e
até a morte (1 Coríntios 11:30-32)!
Sétimo: por natureza, nós não odiamos o pecado, o amamos (Salmos 66:18 ;
Jeremias 17:9-10). Mesmo como crentes, temos o pecado interior e a corrupção
remanescente que têm uma grande afinidade pela manifestação por meio de nossos
membros (Romanos 6:11-13; 7:13-25; Colossenses 3:5). Mas devemos odiar o pecado,
confessá-lo, lutar contra ele e abandoná-lo. A menos que façamos, nunca o
mortificaremos (1João 1:9; Hebreus 12:4; Provérbios 28:13).
Oitavo: a abnegação é um dos princípios básicos do Cristianismo (Lucas 9:23;
Mateus 5:27-30; Romanos 15:1-3; 2 Coríntios 7:1; Tito 2:12; 1 Pedro 2:11). É
evidenciado pela primeira vez na fé salvífica e no arrependimento, nos quais o pecador
se volta de uma vida de pecado e de autoindulgência para uma de arrependimento,
humilde obediência a Deus e à sua verdade. Jesus Cristo torna-se o seu Senhor e
Salvador (Atos 2:36; Romanos 10:9-10; 2 Coríntios 4:5). O Senhorio ou Realeza de
Jesus Cristo com suas reivindicações totalitárias durante a vida inteira é assim uma
realidade prática para o crente. Abnegação significa abster-se de qualquer coisa
contrária à Palavra do Soberano a quem nós juramos lealdade eterna. A abnegação
193
deve incluir tudo o que é pecaminoso, que poderia guiar-nos ao pecado ou corromper
nossas almas.
Nono, a vida cristã em geral e a mortificação do pecado em particular requer uma
atitude santificada e agressiva tanto para com a vivificação quanto para a mortificação
do pecado, pela graça do Espírito Santo (Provérbios 4:23; Romanos 6:11-14,17-18; 1
Coríntios 9:24-27; 2 Coríntios 3:17-18; Filipenses 4:8; 1 Timóteo 4:7; Hebreus 12:14,14). Nós temos que parar de ceder ao pecado, Devemos recusar a submeter-nos às
tentações do pecado. Devemos quebrar hábitos e tendências ao pecado. Devemos estar
em guarda contra o pecado. Devemos substituir velhos hábitos e tendências
pecaminosos com novos hábitos e tendências piedosas (Efésios 4:25-32). Nós
manifestamos as realidades da graça e o poder para mortificar o pecado em nossas
vidas?
97ª Pergunta - O que é a oração?
Resposta - A oração é um discurso a Deus em nome de Cristo como Mediador,
sob a influência e com a assistência do Espírito de Deus, em fé, para as coisas que nós
estamos necessitando, as quais são consistentes com a vontade de Deus, e são para a
sua glória conceder, e, portanto, para ser feita com humilde submissão.
Salmos 62:8. “Confiai nele, ó povo, em todos os tempos; derramai perante
ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio. “(Selá.)
Mateus 6:7-8. 7”E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios,
que pensam que por muito falarem serão ouvidos. 8Não vos assemelheis, pois, a
eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.”
Marcos 11:24. “Por isso vos digo que todas as coisas que pedirdes, orando,
crede receber, e tê-las-eis.”
Tiago 4:2-3. 2”Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada
podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. 3Pedis, e
não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.”
Hebreus 11:6. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário
que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos
que o buscam.”
1 João 5:14-15. 14”E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos
alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. 15E, se sabemos que nos
ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe
fizemos.”
Veja também: Salmos 66:18; Mateus 6:5-15; Lucas 11:1-13; 18:1-8; Atos
9:11; Efésios 1:15-20 ; 3:14-19; Filipenses 1:9-11; Colossenses 1:9-13; 1
Tessalonicenses 5:17,25.
194
COMENTÁRIO
A descrição da oração na resposta acima exige comentário adicional. "A oração é
um discurso a Deus..." Ela é um discurso, portanto, nós estamos entrando na presença
consciente de Deus e falando com Ele da maneira mais articulada que pudermos,
buscando ser compreendidos, e plenamente consciente com Quem nós estamos a
discursar. Ele é Deus, o Todo-Poderoso, o Criador Soberano e Governante de toda a
criação; Ele também é nosso Pai Celestial que nos ama, cuida de nós e está
intimamente preocupado com todas as coisas em nossas vidas (Gênesis 1:1; Salmos
62:8; 139:1-18; Mateus 10:30; 1 Pedro 5:7);
“ ...em nome de Cristo como Mediador..." Nós não temos outra base sobre a qual
para nos aproximar de Deus. "Nome" significa autoridade. Nós estamos na justiça
imputada de nosso Senhor, temos acesso somente por meio dele, e devemos ser
conscientes do seu ministério de intercessão (Romanos 5:1-2; Hebreus 4:14-16; 7:25);
"...sob a influência e com a assistência do Espírito de Deus..." O trabalho do
Espírito Santo é crucial para as nossas orações. Se Ele deve guiar-nos, nós não
devemos extinguir nem entristecer Suas influências em nossos corações, mentes e
vidas (Romanos 8:26-27; Efésios 4:30; 1 Tessalonicenses 5:19);
"...na fé..." Nós não podemos legitimamente orar em incredulidade. A oração é a
fé articulada - fé expressa (Hebreus 11:6). Nossa fé deve repousar no próprio Deus Quem e o Que Ele é - e não meramente no que Ele faz, como o que nós discernimos
em nossa experiência presente pode muitas vezes ser mal interpretado (2 Coríntios.
12:7-10);
"...para as coisas que nós estamos necessitando..." O próprio ato de oração
expressa nossa extremidade. Como nosso Pai Celestial, Deus está preocupado com as
nossas necessidades, e nos convida a colocá-las diante Dele (Mateus 6:7-8,11-13;
Lucas 11:1-13);
"...as quais são consistentes com a vontade de Deus..." Devemos sempre ir a
Deus em submissão, como Ele sabe muito melhor do que nós o que precisamos. É a
vontade de Deus, NÃO nossa, que deve sempre ser o fator determinante na oração
(Mateus 6.10; Lucas 22:41-42; 1 Jo 5:14-15);
"...são para a sua glória para conceder..." O fim de todas as coisas é a glória de
Deus; assim a oração deve buscar isto e não simplesmente a nossa própria vontade,
modo ou ordem do dia (1 Coríntios 10:31);
"...e, portanto, ser feita com humilde submissão." A verdadeira oração resigna-se
a Deus como Aquele cuja vontade deve reinar suprema em todas as coisas. Respostas à
oração derivam do Seu Poder, Seu Propósito e Sua Vontade, NÃO nossa. A oração está
colocando assim de lado o nosso próprio inerente "complexo de deus" e tomando o
nosso legítimo lugar diante Dele como suas criaturas, súditos, servos dispostos e filhos
espirituais. Tal não impede ou desencoraja o fervor e a perseverança na oração, mas
195
sim nos alinha com a vontade de Deus e a sua glória (Lucas 18:1-8; 22:42; Atos 21:1014; Tiago 5:16-18).
A oração é o supremo ato de fé na experiência presente do crente, o grande ponto
de foco da doutrina, da experiência e da esperança. É o sopro de vida da alma
renovada. É a fé articulada. Quando o Senhor revelou a Ananias que Saulo de Tarso
tinha sido convertido, Ele o fez com as palavras: "...eis que ele está orando" (Atos
9:11). Um "cristão sem oração" seria uma contradição em termos.
Os seres humanos não são apenas criaturas, mas criaturas pecadoras, e por isso
necessitam de uma posição correta diante de Deus a fim de orar corretamente. Toda
verdadeira oração é mediada pela obra de intercessão do Senhor Jesus Cristo tanto
como nosso Mediador quanto nosso Sumo Sacerdote (1 Timóteo 2:5; Hebreus 4:14-16;
7:25; 9:24; 1João 2:1). Se alguém não estiver justificado em um relacionamento correto
com o Pai, ele não tem uma posição correta da qual possa orar (Romanos 5:1-2; 8:33).
As criaturas podem orar? As Escrituras retrata as feras clamando a Deus pela
alimentação delas (Jó 38:41; Salmos 147:9). As criaturas pecadoras podem orar? Elas
podem clamar a Deus como criaturas pecadoras, e rogar a Deus para mostrar-lhes Sua
misericórdia. Deus ouve a oração do pecador por libertação do pecado e pelo perdão
(Lucas 18:13-14). Nenhum pecador jamais porá seu coração para buscar ao Senhor em
vão (Oséias 10:12; João 6:37; 2 Coríntios 6:2).
Além disso, a verdadeira oração é autorizada pela obra intercessora do Espírito
Santo (Romanos 8:26-27). Não é significativo que na realidade e no ato de oração,
mais do que em qualquer outra atividade espiritual, nós devemos ter dois intercessores
dentro da Divindade, um dentro, o Espírito Santo, e um no céu, até mesmo nosso
Senhor Jesus Cristo (Romanos 8:26-27; Hebreus 7:25; 9:24; 1João 2:1)? Isto também
pressupõe que não estamos entristecendo o Espírito de Deus com nossos pecados e que
Ele está operando em nossos corações e mentes para nos carregar e levar a orar
corretamente (Salmo 66:18; Efésios 4:30; 1João 5:14 -15).
A oração é, na verdade, um exercício trinitário, como é dirigida a Deus, o Pai
(Mateus 6:9); é na e pela mediação e intercessão do Senhor Jesus Cristo (1 Timóteo
2:5; Hebreus 4:14- 16; 7:25; 1João 2:1); e é pela graça capacitadora, orientação e
intercessão do Espírito Santo (Romanos 8:26-27).
A oração é inclusiva da experiência e do relacionamento do crente com Deus. Ela
inclui, necessariamente louvor, ação de graças, confissão de pecados, petição, súplica,
intercessão, e comunhão com Deus. A oração pode ser alegre ou triste (Salmos 103:15; 51:1-12), cheia de elogios ou de petições ardentes (Filipenses 4:6-7). Pode ser
chorosa e agonizante (1Samuel 1:10) ou ser preenchida com ações de graças (1 Sam
2:1-10), ou proferida por vezes com gemidos (Salmos 6:6; 32:3), ou em uma luta com
uma mistura de fé e incredulidade (Marcos 9:24). O crente em oração, pela sua variada
experiência e peregrinação espiritual, pode, eventualmente, viajar todo o alcance de
profundidades e alturas espirituais, mentais e emocionais. A oração tem sido descrita
simplesmente como "falar com Deus," "derramar o coração a Deus," ou como
"realização de negócios sérios com o céu." Deve ser notado que em toda verdadeira
oração do Novo Testamento as petições são enquadrados no aoristo imperativo, uma
196
abordagem fervorosa, apaixonada preenchida com um senso de urgência e
determinação. Não existem orações casuais verdadeiras! A própria natureza da oração
suscita um sentimento de fervor (Salmos 62:8; Tiago 5:16-18). A questão que permeia
da oração é, Deus sabe; Ele ama; Ele entende; Ele responde às orações - e se não, sua
vontade permanece o bem supremo.
As Escrituras descrevem a verdadeira oração como aquilo que é escriturístico,
piedoso, fervoroso, persistente e eficaz (Marcos 11:24; Lucas 11:1-13; 18:1-8; Tiago
5:16-18). Os grandes inimigos da oração são a incredulidade e a impaciência. A
incredulidade sufoca a oração. A impaciência nos leva a abandonar a oração antes que
uma resposta seja dada. O problema com a maioria dos cristãos professos é que eles
oram, mas com uma mistura de fé e incredulidade, com presunção, arrogância ou por
tradição, e assim querem simplesmente "tentar orar" ou não persistir na oração até que
recebam uma resposta. Nós oramos com fé ou podemos tentar orar com incredulidade.
A primeira é a verdadeira oração, a segunda é um ato de presunção ou frustração.
É bem possível que muitos cristãos professos nunca compreenderam
adequadamente o significado escriturístico da verdadeira oração. A maioria se contenta
em simplesmente tentar orar sem procurar entender o seu grande e incrível significado.
Outros só procuram orar quando alguma crise surge. Alguns simplesmente recitam as
palavras e frases que eles foram ensinados ou aprenderam dos outros e "dizem suas
orações;" outros experimentam dificuldade na tentativa de orar por causa de uma
consciência de pecado ou uma incerteza de sua posição diante de Deus. Alguns tentam
orar na simplicidade da fé deles, contudo em erro porque eles são ignorantes das
Escrituras ou do poder e do propósito de Deus. Outros ainda buscam orar
escrituristicamente e tentam enquadrar as suas orações na verdade e nos princípios
bíblicos. Apenas se a realidade da oração é entendida a partir das Escrituras, ela
começa a assumir o seu devido lugar e perspectiva na vida e na experiência do crente.
É extremamente útil considerar os pressupostos da oração, ou seja, aquelas
suposições escriturísticas que fundamentam a verdadeira oração. Considere o seguinte:
Deus existe. Ele responde a nossa fé. Nós não oramos para um Ser não existente
(Hebreus 11:6). Ele é uma Pessoa distinta, com Quem devemos ter um relacionamento
íntimo pela mediação do Senhor Jesus (Mateus 6:5-13; Romanos 5:1-2; 1 Coríntios
8:6). Ele é um Deus que ouve e responde às orações (2 Crônicas 7:14; Jeremias 33:3).
Ele é absolutamente soberano sobre todas as coisas, incluindo as esferas físicas (1Reis
18:21-39; Mateus 6:11), sociais (Êxodo 3:19-22; 12:35-36; 34:23-24), políticas (Juízes
9:22-23; Provérbios 21:1; Isaías 10:5-15; 1 Timóteo 2:1-3), morais (Gênesis 20:06;
Salmos 76:10; Mateus 6:12-15) e espirituais (João 3:3,5-8; 6:44). Assim, as orações
relativas a qualquer uma destas esferas podem ser orações respondidas para o perdão,
para a proteção, para as condições sociais, por mudanças no governo ou para a
conversão dos pecadores. Além disso, Deus como uma personalidade distintamente
moral tem um propósito ou vontade definidos, e Ele responde a essas orações que são
agradáveis a Ele (Efésios 1:3-14; Romanos 8:26-27; 1João 5:14-15). É dever do crente
e privilégio submeter-se à vontade Divina, que é o bem maior, se esta é imediatamente
compreendida ou não (Gênesis 18:25; Mateus 26:39,42; Lucas 22:41-44; Atos 21:14;
Romanos 8:26-27). Novamente, Deus tem um caráter moral distinto. Nenhuma
resposta à oração pode ser arbitrária ou contrária à sua Santa e Justa vontade (Gênesis
197
18:25; Salmos 145:17-20). Veja a Pergunta 98 para uma discussão sobre a oração e a
predestinação. A oração não pode derivar de nosso próprio preconceito, egocentrismo,
justificação própria ou concupiscências (Tiago 4:2-4). Não podemos verdadeiramente
orar com uma atitude implacável (Mateus 6:12, 14-15). Finalmente, Deus está
intimamente envolvido em Sua criação. Assim, nada é tão grande ou pequeno para ser
uma questão de oração (Salmos 147:7-9; Mateus 6:11,24-34; 10:29-31; Filipenses 4:67; 1 Pedro 5:7). Nós oramos ou simplesmente "dizemos nossas orações?"
98ª Pergunta - Qual é o significado da oração na vida e experiência do crente?
Resposta - A oração é a marca principal da graça, a comunhão vital com Deus
que expressa a fé do crente, alinha a vida com a natureza e a vontade de Deus, vivifica
todas as outras graças, adquire todas as bênçãos e santifica todo o serviço obediente.
Hebreus 11:6. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário
que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e que é galardoador dos
que O buscam.”
1 Tessalonicenses 5:17. “Orai sem cessar.”
Tiago 5:16. “...A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.”
Veja também: Salmos 66:18; Mateus 6:5-15; Lucas 18:1-8,9-14; Atos
9:11; Efésios 1:15-20; 3:14-19; Filipenses 1:9-11; Colossenses 1:9-13; 1
Tessalonicenses 5:17,25; 2 Tessalonicenses 3:1-2; Tiago 4:2-3; 5:13-18; 1João
5:14-15.
COMENTÁRIO
Como observado na pergunta e resposta anterior, a oração é a marca principal da
graça. Veja a Pergunta 112. É a marca universal e inevitável de um crente sincero.
Embora satanás possa falsificar algumas marcas da graça, ele nunca leva o simples
cristão professo a procurar sinceramente a face de Deus em oração. A oração reflete a
própria essência da fé do crente, que é, talvez, a principal razão pela qual muitos
crentes acham a oração sincera, piedosa, e persistente o exercício mais difícil.
Por quem e pelo quê devemos orar? A Escritura revela o seguinte: nós devemos
orar para a Glória de Deus, para a Extensão de Seu Reino e para Sua vontade ser
feita sem oposição ou reclamação (Mateus 6:9-10), por nós mesmos (Mateus 6:1113), por nossas necessidades diárias (Mateus 6:11), para perdão dos pecados
(Mateus 6:12), por outros crentes (Efésios 1:15-20; 3:14-19; 6:18; Filipenses 1:9-11;
Colossenses 1:3,9-12), pela causa de Cristo (Efésios 6:19-20; Colossenses 4:3; 2
Tessalonicenses 3:1), pela salvação dos não convertidos (Romanos 10:1; 1 Timóteo
2:1-4), por tempos de avivamento e despertamento espiritual por meio do Espírito
Santo (Mateus 7:9-11; Lucas 11:9-13; Atos 3:19; 4:29-31), para o sucesso do
evangelho e da libertação dos ímpios (2 Tessalonicenses 3:1-2), por funcionários
públicos, governantes e magistrados (1 Timóteo 2:1-3) e até mesmo por nossos
inimigos (Mateus 5:44-48; Romanos 12:14).
198
Como devemos orar? Com fé (Marcos 11:24; Hebreus 11:6; Tiago 1:6), com
fervor e gratidão (Filipenses 4:6-7; Tiago 5:16-18), com uma visão para a
Majestade e Glória de Deus, e nossa própria indignidade (Gênesis 18:27;
Eclesiastes 5:2; 1 Coríntios 10:31), com fervor e persistência (Lucas 11:5-13; 18:1-8;
Tiago 4:2; 5:16-18) e com uma humilde submissão à Sua vontade (Mateus 6:9;
Lucas 22,42; 1João 5:14-15).
A oração é o grande santificador. Qualquer obra tentada pela causa de Cristo,
qualquer serviço Cristão que não é santificado pela oração, necessariamente carece
dessa qualidade espiritual e caráter que recebe a plenitude da bênção Divina. Muita
energia pode ser gasta e tempo consumido sem a bênção pretendida porque a vontade e
a face de Deus não foram cuidadosa e humildemente procuradas pela oração e
obediência piedosas à vontade revelada de Deus.
É digno de nota que o nosso Senhor mesmo orou constantemente durante sua
jornada terrena (Mateus 14:23; 26:36-44; Lucas 5:16; 11:1; 22:31-32; João 11:41-42).
Suas orações registradas são fervorosas e íntimas, embora reverentes (João 17). Ele
passou noites inteiras em oração (Lucas 6:12). Se nosso Senhor, o Filho de Deus sem
pecado, o Deus-Homem, o último Adão, aquele que sempre fez a vontade do Pai e lhe
agradou - tanto precisava quanto desejava passar horas sozinho com seu Pai Celestial
em oração, quanto mais nós que somos fracos, criaturas pecadoras, necessitando de
graça constante, misericórdia e perdão, proteção Divina, liderança e o ministério
sustentador do seu Espírito!
A oração muda as coisas? Se virmos respostas à oração apenas do nosso próprio
ponto de vista humano, então, sim; mas se da perspectiva Divina, pode-se afirmar que a
oração é o meio ordenado por Deus de cumprir a Sua vontade (1João 5:14-15). É
também a maneira na qual Deus muitas vezes muda a pessoa que ora para ser conforme
à Sua vontade. O crescimento na graça e na realização espiritual estão sempre
relacionados a uma vida de oração. A oração vivifica, santifica e fortalece todas as
outras graças. Assim, as provações e adversidades que cada crente deve enfrentar e
superar são santificadas para sua experiência em grande parte por meio da oração
piedosa e perseverante. Como Deus é absolutamente perfeito e qualquer mudança seria
uma imperfeição, é errôneo pensar que podemos mudar o propósito de Deus por meio
da oração.
Pode ser perguntado: "Por que orar se tudo está predestinado? "Veja as perguntas
27 e 69. Frequentemente é contestado se Deus predestinou todas as coisas, a oração
seria sem significado. Marque o seguinte:
Primeiro: esta não é uma objeção válida contra a predestinação como tal, pois
poderia ser argumentada da mesma forma com base em mera presciência (uma
presciência vazia) que se Deus previu o que iria receber em oração, tal oração seria
igualmente desnecessária (Mateus 6:7-8);
Segundo: tal protesto ignora os mandamentos bíblicos para orar e com urgência
com perseverança (Mateus 7:7-11; Marcos 11:24; Lucas 18:1-8; 1 Timóteo 2:1-8;
Tiago 5:16-18). Os crentes são ordenados, instados e ensinados a orar por preceito,
199
princípios e pelos exemplos de orações da Bíblia, que cobrem em princípio cada
condição e situação humana concebível;
Terceiro: tal pensamento surge de um equívoco sobre o uso bíblico dos meios e
da própria natureza da oração. Deus ordenou a oração como um meio de cumprir Sua
vontade assim como Ele ordenou pregar para converter os pecadores e ordenou
fidelidade à Sua vontade revelada nas Escrituras para obter Sua bênção. Concluir que a
oração muda Deus é não compreender a natureza de Deus e interpretar mal o
significado da oração;
Quarto: a própria essência da oração inclui necessariamente o reconhecimento de
uma submissão à vontade de Deus (Mateus 6:9-10; 26:39,42; Romanos 8:26-27; 1João
5:14-15). A oração é um ato de adoração no sentido mais elevado, nunca uma tentativa
de forçar nossa vontade sobre Deus.
Nossas preocupações, no contexto da vontade secreta de Deus (Deuteronômio
29:29), devem ser as seguintes:
Primeira: não devemos viver ou pensar de modo a entristecer o Espírito Santo e
assim impedir Sua direção e impressões em nossas vidas e orações (Romanos 8:26-27;
Efésios 4:30).
Segunda: nós devemos orar inteligentemente de acordo com Sua vontade
revelada, ou seja, as Escrituras.
Terceira: devemos buscar pela oração e das Escrituras discernir a Sua vontade;
Quarta: devemos chegar por nós mesmos em tal estado diante de Deus que
estejamos abertos para conhecer a Sua vontade, independentemente de qual seja Ela.
Impressões, relacionamentos humanos, providências mal interpretadas e nossos
próprios preconceitos e desejos podem impedir o discernimento correto de Sua
vontade. Finalmente, devemos orar fervorosamente e com perseverança até que nossas
orações sejam respondidas ou a vontade de Deus seja de outro modo
providencialmente conhecida. Isto explica por que muitas, mesmo a maioria de nossas
orações não podem ser respondidas, respondidas de maneira que nós nunca
pretendemos ou após atrasos aparentemente longos.
Nós somos pessoas que oram? Buscamos seriamente a vontade de Deus em cada
situação dada pelo estudo da Palavra e oração perseverante? Nós vivemos de tal modo
diante de Deus que o Seu Espírito não seja entristecido nem extinguido? Estamos
prontos para conhecer e nos submeter à vontade de Deus, independentemente do que
Ela é ou quais são Suas consequências?
99ª Pergunta – Qual foi a regra que Deus deu para a nossa direção na oração?
Resposta - A inteira Palavra de Deus é útil para nos dirigir em oração, mas a
direção específica é dada pelo Senhor na Oração Modelo.
Mateus 6:9-13. 9”Portanto, vós orareis assim: “Pai nosso, que estás nos
céus, santificado seja o teu nome; 10Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade,
assim na terra como no céu; 11O pão nosso de cada dia nos dá hoje; 12E perdoanos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; 13E não
200
nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e
a glória, para sempre. Amém”.
Veja também: Lucas 11:1-4; Romanos 8:26-27; 12:12; Efésios 6:17-18; 1
Tessalonicenses 5:17; Tiago 1:5-8; 4:2-3; 5:16-18.
COMENTÁRIO
Precisamos de direção na oração (Lucas 11:1-13; Romanos 8:26-27). Nós muitas
vezes oramos errado por várias razões, e podemos encontrar algumas das nossas
orações mais sinceras e ardentes sem resposta ou respondidas de uma forma bastante
diferente de como oramos ou esperamos (2 Coríntios 12:8-9; Tiago 4:2-3; 1 Jo 5:1415). É digno de nota que nosso Senhor deu essa direção para a oração em duas ocasiões
diferentes (Mateus 6:5-15; Lucas 11:1-13).
Esta oração é comumente chamada "A Oração do Senhor," mas esta ele não a fez
e não podia orar como o Filho impecável e eterno de Deus, pois ela contém uma
confissão de pecado e também pede a libertação tanto da tentação quanto do mal. Esta
é ao contrário a Oração Modelo que nosso Senhor ensinou aos seus discípulos como
um modelo para a oração pessoal, privada e pública, "Portanto, vós orareis assim"
(Mateus 6:5-8). Esta oração tem um prefácio, seis petições e uma conclusão ou
doxologia.
Esta Oração Modelo não deve ser relegada a uma época passada, como se ela
pertencesse mais ao Velho Testamento e à lei do que ao Novo Testamento e à graça,
ou, contudo, à algum tempo futuro. De fato, a graça caracteriza ambos os Testamentos.
Ela é em princípio e em substância o modelo ensinado por nosso Senhor e é
inteiramente adequada para cada crente. Duas outras objeções têm sido levantadas
contra ela:
Primeira, esta oração não termina em nome de Jesus. O ensinamento de Nosso
Senhor sobre a oração em seu nome foi dado mais tarde para os mesmos discípulos que
ele preparou para a sua paixão (João 14:13-14; 15:16; 16:23-24,26). Ela foi a lição
final de nosso Senhor em oração antes de sua paixão;
Segunda, o nosso próprio perdão é baseado em nosso perdão aos outros, em vez
da justiça de Cristo e confissão do pecado. A verdade que permanece é que ninguém
pode simplesmente orar estaticamente com uma atitude implacável e ter qualquer
expectativa que o Senhor responderá tal oração. A presunção é o oposto da atitude
humilde necessária para a oração (Isaías 57:15; Mateus 6:14-15). Os presunçosos têm
uma atitude imperdoável porque eles não sentiram a desesperada necessidade de serem
perdoados ou a alegria de serem perdoados. Uma atitude imperdoável estaria
completamente fora de funcionamento com todo o teor não só desta oração, mas da
oração em si. Orações sem graça não são de autoria do Espírito nem respondidas por
um Deus gracioso (Lucas 18:9-14).
O contexto desta Oração Modelo (Mateus 6:5-8) deve ser considerado, pois ele
contém algumas advertências necessárias e orientações valiosas:
Primeiro: as instruções para esta Oração Modelo preocupam-se com a oração
pessoal, assim o que o nosso Senhor aqui nos ensina é principalmente para a oração
201
pessoal; não está diretamente relacionada com a oração pública. A repetição mecânica
desta oração no culto público, em vista do ensino de nosso Senhor, é no mínimo
questionável. NÃO devemos orar a fim de fazer uma cena ou buscar produzir um
efeito;
Segundo: a oração é um assunto privado entre o indivíduo e Deus. Tal oração, se
possível, deve ser a mais privada possível para que não haja distrações ou ouvintes
humanos. Isto pode implicar que alguém pode dar lugar a toda variedade de palavras e
emoções sem qualquer audiência humana. Quando alguém está a sós com Deus em
comunhão com Ele, não deve haver quaisquer restrições ou inibições;
Terceiro: nosso Senhor proíbe rigorosamente frases sem sentido e expressões
vazias que não denotam o verdadeiro espírito de oração, e refletem negativamente
sobre a concepção de alguém acerca de Deus. Nós devemos orar como cristãos, não
como pagãos! O crente deve orar com um conhecimento bíblico de Deus e não com
equívocos e mal-entendidos.
Quarto: nossa oração deve refletir o caráter de Deus. Ele sabe as coisas das quais
temos necessidade, antes de pedir a Ele. Isto implica que o nosso conhecimento de
Deus, Sua natureza e caráter, devem ser refletidos em nossas orações. Ele é um
verdadeiro teólogo que pode orar corretamente!
Finalmente, nosso Senhor promete uma recompensa aberta em resposta à oração
privada. Nós somos um povo verdadeiramente de oração? Você é uma pessoa que ora?
(Atos 9:11).
100ª Pergunta - O que o prefácio da Oração Modelo nos ensina?
Resposta - O prefácio ensina que Deus é nosso Pai, que está exaltado em
soberano poder e glória, e que a nossa aproximação deve ser sempre com a devida
reverência e humildade.
Mateus 6:9. “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus...”
Veja também: Lucas 11:13; Romanos 8:15; Efésios 2:18; 1João 3:1-2 ,10.
COMENTÁRIO
Esta Oração Modelo é um modelo para as nossas orações pessoais, privadas e
públicas quanto ao seu conteúdo e características (Mateus 6:5-15; Lucas 11:1-4). Ela
não é uma oração para ser repetida de forma mecânica ou de forma ritualística, pouco
inteligente, embora ela possa servir para dar ao coração e à mente uma estrutura
adequada.
Embora o contexto marque claramente esta como oração privada (v. 5-9),
contudo Deus deve ser tratado como "Pai Nosso." Como nosso Senhor estava
ensinando os seus discípulos, o uso do plural seria de se esperar, mas não existe um
senso de comunidade, uma consciência de outros, especialmente outros crentes, mesmo
202
na oração particular? Esta pluralidade caracteriza toda a oração em ambos os exemplos.
O crente não é considerado nas Escrituras, nem deve considerar-se, como uma entidade
isolada. Não há lugar para o egoísmo no crente, nem mesmo na oração privada.
Somente aqueles que podem reivindicar corretamente Deus como Seu Pai de
acordo com o testemunho das Escrituras podem orar verdadeiramente. A oração
verdadeira e bíblica pressupõe um relacionamento correto com Deus, uma base correta
de abordagem por meio do Senhor Jesus Cristo tanto como Mediador quanto como
Sumo Sacerdote (Romanos 5:1-2; 1 Timóteo 2:5; Hebreus 4:14-16; 7:25; 9:11-14;
1João 2:1), com o auxílio do Espírito Santo (Romanos 8:14-17,26-27; Gálatas 4:6-7), e
uma atitude correta de abordagem (Filipenses 4:6; Lucas 24:42). As orações de
Cornélio foram notadas por Deus, que o estava preparando para a conversão (Atos
10:1-6,22,34-35; 11:13-14).
O prefácio ensina que embora Deus seja nosso Pai (Romanos 8:14-15), Ele não
deve ser abordado com familiaridade indevida, mas com reverência, humildade e uma
consciência de Seu poder, Glória e Majestade. Esta consciência Divina e do progresso
de humildade correspondente ao longo desta oração. Nós vivemos com uma verdadeira
consciência Divina?
101ª Pergunta - O que a primeira petição da Oração Modelo nos ensina?
Resposta - A primeira petição nos ensina que o nome de Deus deve ser
magnificado e que nós devemos glorificá-lo em todas as coisas.
Mateus 6:9. “...Santificado seja o teu nome”.
Veja também: Salmos 5:11; 86:11; 111:9; 145:1; Isaías 42:12; Mateus
5:16; 1 Coríntios 10:31; 1 Pedro 4:11.
COMENTÁRIO
Esta petição nasce tanto de um desejo quanto de um senso de dever. Esta oração
começa com uma verdadeira consciência Divina que permeia sua totalidade. Nós
devemos desejar que o Nome de Deus seja tratado e considerado como sagrado em
todas as coisas. Isto pressupõe uma aversão ao pecado em nós mesmos, uma submissão
voluntária à providência Divina e um esforço para trazer os nossos poderes de suportar
dentro de nossa esfera de influência para a glória e honra de Deus. Isto deve ser
primário e estar em primeiro lugar em nossas vidas e pensamentos. Deve cancelar
imediatamente qualquer egocentrismo, presunção ou agenda pessoal. Nós também
precisamos da Palavra de Deus para direção, e sua graça e Espírito para a
capacitação de glorificá-lo corretamente.
Esta primeira petição deve ser uma que transforma a vida, uma vez que afeta toda
a vida e a realidade. Orar para que o nome de Deus seja santificado significa
literalmente que todas as coisas na esfera da realidade devem ser trazidas em
subserviência para esta grande e gloriosa verdade - nosso trabalho, energias, prazeres,
relacionamentos, propósitos, serviço, desejos e esperanças. Quão rapidamente nós
203
esquecemos isto a menos que seja constantemente impressionado em nossas mentes e
corações!
102ª Pergunta - O que a segunda petição da Oração Modelo nos ensina?
Resposta - A segunda petição nos ensina que o reino de satanás será destruído e o
Reino da graça de Cristo será aumentado e o Reino da glória será acelerado.
Mateus 6:10. “Venha o teu Reino...”
Veja também: Daniel 7:27; Mateus 3:2; 6:33; 7:21; 11:12; Marcos 10:15;
Lucas 1:33; 17:21; Romanos 8:28; 14:17; 16:20; 1 Coríntios 4:20; 15:24-28;
Efésios 2:2-3; Colossenses 1:12-13; 1 Tessalonicenses 2:12; 2 Timóteo 4:1,18; 2
Pedro 1:11; 3:13; 1 João 3:8; Apocalipse 12:12; 20:1-10; 22:20.
COMENTÁRIO
Como a primeira petição está relacionada com a santidade ou a glória e honra do
Nome de Deus, a segunda está relacionada com o aumento do Seu Reino. Não é
significativo que o aumento do Reino de Deus deve ser um dos principais interesses de
todos os crentes? Deve ser mais um interesse primário do que as nossas próprias
necessidades diárias.
Nosso Senhor veio para desfazer as obras, ou o reino, de satanás (1João 3:8). Isto
começou com sua tentação no deserto (Mateus 4:1-11) e terminou com sua paixão,
ressurreição e ascensão ao céu (Hebreus 1:1-3; 2:9-15). O reino de satanás é mantido
pelo seu poder (2 Coríntios 4:3-6; Efésios 2:2-3; Apocalipse 12:12), mas Deus está
destruindo-o e acabará por destruí-lo para sempre (1 Coríntios 15:24 -25; Efésios 2:410; Colossenses 1:12-13; Apocalipse 20:1-6,10).
Nesta petição, nós oramos para que o reino de satanás seja destruído e que o reino
de Cristo aumente Isto implica:
Primeiro, a vitória final do evangelho por todo o mundo, ou seja, que o evangelho
será pregado a todas as nações, a conversão dos judeus (Romanos 11), e que nossa fé
deve elevar-se acima e além das presentes provações, da guerra e da oposição espiritual,
para descansar em si mesma no propósito final e infalível de Deus;
Segundo: esta petição implica que os crentes devem ser evangelísticos
domesticamente e pelas missões estrangeiras. O reino de Deus é o domínio espiritual
Dele, e isto começa sobre uma base individual na regeneração e na conversão. A
proclamação do evangelho foi concedida aos crentes individualmente e às igrejas
corporativamente (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas 24:46-47; Atos 1:8);
Terceiro: esta petição implica que nós devemos orar por tempos de avivamento e
despertamento espiritual, os prometidos "tempos de refrigério (que devem vir) pela
presença do Senhor" (Atos 3:19). Orar verdadeiramente esta oração é estar disposto a
fazer o que pudermos para estender o Reino de Deus entre os homens. O aumento do
Reino de Deus é uma prioridade em nosso pensar e em nosso agir?
204
103ª Pergunta - O que a terceira petição da Oração Modelo nos ensina?
Resposta - A terceira petição nos ensina que devemos orar para que Deus em Sua
graça nos torne capazes e dispostos a conhecer, obedecer e submeter-nos à Sua vontade
em todas as coisas, sem dúvida ou reclamação, como é feito no céu.
Mateus 6:10. “...Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.”
Veja também: Salmos 119:4-5; Daniel 4:35; Atos 21:14; Romanos 8:7-9;
12:1-2; 1 Coríntios 2:14; Colossenses 1:11; Hebreus 12:5; Tiago 1:2-4; 4:1-3,1315.
COMENTÁRIO
As três primeiras petições estão todas ocupadas com os pensamentos de Deus,
sua santidade, glória, reino, vontade e propósito. Estas são as grandes prioridades
para nossas mentes, corações e vontades. Estas devem ser mantidas como as maiores
prioridades, antes mesmo de nossas próprias necessidades pessoais e diárias.
Esta petição refere-se tanto à vontade secreta de Deus (Deuteronômio 29:29)
quanto à Sua vontade revelada, ou seja, a Sua verdade escrita. Enquanto devemos nos
submeter a esta última em obediência, podemos ser provados intensamente pela
primeira quando ela ocorrer sob a forma de providências sombrias, provação inesperada
ou tragédia, tudo muito contrário à nossa vontade ou expectativa. Murmurar ou afligirse contra a vontade secreta de Deus quando ela é dada a conhecer de forma contrária
deriva tanto de uma falta de santificação quanto de um elemento inerente da
incredulidade. Tal fato, por vezes, pode importunar até mesmo os mais piedosos entre
os crentes até que o coração e a mente sejam subjugados (2 Coríntios 12:7-10).
Por natureza, esta petição vai contra nossas mentes, corações e vontades. Nós
queremos naturalmente nosso próprio conforto e caminho como uma grande prioridade.
Na esfera da graça, no entanto, nós seremos chamados a sofrer adversidades e
injustamente sofrer perseguição por causa do Reino de Deus (Atos 14:22; Romanos
8:35-37; 2 Timóteo 3:12; 1 Pedro 4:1-2). É somente pela fé que podemos
verdadeiramente submeter-nos à vontade de Deus, sem dúvida e reclamação, e sem
ansiedade ou receio (Romanos 8:28-31; Filipenses 4:6-7; 1 Pedro 2:19-23; 5:6-7).
Ao considerar a questão da vontade de Deus, e a humilde submissão do crente a
Ela, o assunto da oração sem resposta deve ser discutido. Poucas coisas são mais
difíceis, mesmo agonizantes para o crente que as suas orações permanecerem sem
resposta. Se tais fervorosas orações são manifestamente para a causa de Cristo e para a
glória de Deus, e NÃO de próprio interesse ou de conforto, por que tais pedidos
fervorosos não são sempre respondidos? Não é verdade que "a oração feita por um justo
pode muito"? Que "os homens devem orar sempre e nunca desfalecer"? Que nós
devemos "chegar com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar
misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno"? Que nós
estamos a persistir sem inibições até que tenhamos uma resposta? (Lucas 11:5-8; 18:18; Tiago 5:16-18; Hebreus 4:16).
205
As razões para orações não respondidas são variadas:
Primeira: simplesmente pode não ser a vontade de Deus responder a uma
determinada oração. A vontade de Deus é o último fator decisivo não nossa urgência,
fervor ou importunação,.Ele glorifica-se a si mesmo no bem maior, e isso muitas
vezes é uma questão de Sua vontade secreta, que permanece desconhecida para nós
(1João 5:14-15). Podemos ser muito fervorosos ou emocionais, mas não temos a
liderança do Espírito para tais petições (Romanos 8:26-27). Esta é uma palavra pesada,
mas está de acordo com o ensinamento das Escrituras. Confiamos que tais encargos na
oração derivam do Espírito, portanto, as emoções e anseios do coração podem
facilmente se tornarem substitutos para o impulso do Espírito. Muitas vezes, o tempo
deve revelar por que Deus não respondeu a algumas das nossas orações. Poderíamos ter
decidido por algo muito abaixo daquilo que nosso Senhor foi mais tarde conceder.
Teríamos cometido grandes erros aos quais nós estávamos cegos no momento. Deus
nunca é cruel quando Ele não responde às nossas orações como queremos (Romanos
8:28). Não há dureza em Sua atitude em relação a nós (Efésios 2:7). Um grande cristão
disse uma vez que ele tinha vivido o suficiente para agradecer a Deus porque Ele não
tinha respondido muitas das suas orações! Outro escreveu: "Tenho certeza de que
receberei o que eu peço ou o que deveria pedir.";
Segundo: nós devemos ter a certeza de que nossas orações estão de acordo com a
vontade revelada de Deus, ou seja, sua Palavra escrita. As orações que vão contra a
vontade revelada de Deus são perguntadas erradas, assim como as orações que são
simplesmente egoístas (Tiago 4:1-4). A pessoa que ora melhor deve ser a que está
saturada com as Escrituras corretamente entendida;
Terceiro: o pecado não confessado impede nossa comunhão com Deus e impede a
verdadeira oração (Salmos 66:18). Pensar que podemos orar com um conhecimento
consciente de pecado não confessado é uma afronta à santidade e à autoconsistência
moral de Deus;
Quarto: a oração é um ato de fé. Na verdade, ela é o supremo ato de fé para o
crente nesta vida. Todas as pressuposições da oração necessitam a fé. Veja a Pergunta
97. Se nós orarmos em incredulidade, não podemos esperar que nossas orações sejam
respondidas. Devemos lembrar, no entanto, os grandes exemplos de oração descrente
que Deus, contudo, respondeu: o murmúrio do povo de Israel em Cades-Barnéia
(Números 14:1-30), e a oração pela libertação de Pedro da prisão (Atos 12:1-17). No
primeiro exemplo, Deus ouviu as murmurações e queixas deles, e deu-lhes a sua
resposta horrível, que eles nunca esperavam. No segundo, a igreja manteve-se em
oração, embora eles equivocadamente pensassem que se Deus tivesse respondido a
oração deles, Ele teria feito isso antes. Ele literalmente esperou até o último momento.
Assim, nós aprendemos que deveríamos levar nossas orações e queixas diante de Deus
seriamente e deveríamos perseverar na oração com fé apesar de quaisquer dúvidas,
medos ou incredulidade que possam surgir;
Quinto: poderia não ser o tempo de Deus. Ou nós não poderíamos estar preparados
para receber tais respostas como tão ardentemente desejávamos, ou as variadas
circunstâncias não poderiam,contudo, estar alinhadas no propósito Divino. Os atrasos de
206
Deus não são necessariamente Suas negações. Se nossa causa é justa, devemos
perseverar até que haja provas claras de que não é a vontade de Deus (2 Coríntios 12:79);
Finalmente, Deus pode não responder por um tempo prolongado até que sejamos
trazidos ao fim de nós mesmos e totalmente quebrados. Essa agonia da oração sem
resposta torna-se então uma grande provação para fortalecer a nossa fé, para nos
conduzir à confissão de pecados que não podíamos usualmente tratar ou querer tratar, e
para nos ensinar a paciência (Lucas 11:5-8; 18:1-18; Tiago 1:2-8). As maiores bênçãos
de Deus nunca são obtidas facilmente. Se todas as nossas orações fossem respondidas
de imediato, onde estaria a nossa fé, paciência e perseverança? Não causaria uma certa
quantidade de presunção e impaciência ?
Nós devemos, portanto, procurar ser tão corretos o quanto pudermos de tal modo
que nossas orações procedam por motivos puros, que honrem e glorifiquem a Deus, que
elas sejam escriturísticas em princípio, que nosso fardo seja do Senhor e não meramente
de fervor emocional ou idealismo religioso, que nós peçamos na fé e não na
incredulidade, e que nós oremos com uma resignação à vontade de Deus. Nós podemos
e nos submeteremos à vontade do Pai sem objeção ou reclamação?
104ª Pergunta - O que a quarta petição da Oração Modelo no ensina?
Resposta - A quarta petição nos ensina que nossas necessidades diárias para com
os cuidados desta vida são da preocupação de Deus e são legítimos para serem assuntos
para a oração.
Mateus 6:11. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.”
Veja também: Gênesis 2:17; 3:17-19; Deuteronômio 8:7-18; 28:15-18;
Salmos 103:1-5; 128:2; Provérbios 6:6-8; 30:8-9; Mateus 4:4; 6:25-34; Marcos
7:18-23; Lucas 24:30; Romanos 8:35-37; Efésios 4:28; Filipenses 4:6-7,19; 1
Timóteo 4:1-5; 6:17; Tiago 4:2-3; 1 Pedro 5:6-7.
COMENTÁRIO
Quando o homem caiu em Adão e apostatou de Deus, ele perdeu o direito à
abundância da terra e tornou-se sujeito a várias privações, trabalho exaustivo e
resultados diminuídos (Gênesis 2:16-17; 3:17-19). Contudo, Deus cuida de todas as
Suas criaturas, mesmo os pecadores, e especialmente de Seus próprios filhos espirituais.
O essencial da vida e até mesmo seus prazeres mundanos são assuntos de interesse para
Ele (Atos 14:15-17; Filipenses 4:6-7,19; 1 Timóteo 4:1-5; 6:17; 1 Pedro 5:6-7).
Nesta petição somos lembrados de nossa fragilidade e limitações como criaturas e
da nossa dependência total de Deus como nosso Pai celestial amoroso e carinhoso. Para
os crentes, todos os dias de nossa existência terrena com suas necessidades e cuidados é
um teste de fé.
207
Somos ensinados nesta petição que devemos confiar em Deus em uma base diária
para as necessidades e legítimas alegrias da vida. Como o homem não deve viver só de
pão, esta petição pode ser considerada como se estendendo também às nossas
necessidades espirituais diárias (Mateus 4:4). Também estamos proibidos de nos
preocupar com o futuro, como se o nosso Deus ignorasse nossas necessidades ou
falhasse em sustentar-nos (Mateus 6:24-34). Ainda somos ensinados que devemos
aprender a contentar-nos com o que Deus providencialmente tem fornecido (Filipenses
4:11-13,19). Finalmente, somos ensinados que nosso Pai Celestial é um Deus que está
próximo e não distante de nós (Salmos 103:1-6,13-14; 139:1-18; Mateus 10:29-31; Atos
17:25-28; Hebreus 4:13). Nós levamos todas as coisas a Deus em oração?
105ª Pergunta - O que a quinta petição da Oração Modelo nos ensina?
Resposta - A quinta petição nos ensina que todos nós somos culpados do pecado,
e que esta consciência deve proibir um espírito implacável e nos levar a perdoar os
outros.
Mateus 6:12. “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos
aos nossos devedores.”
Lucas 11:4. “E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos
a qualquer que nos deve.”
Veja também: Salmos 68:11; Mateus 5:43-44; 6:14-15; Lucas 18:9-14;
Romanos 12:14; Tiago 4:2-3.
COMENTÁRIO
O pecado, aqui denominado de dívida, possui cinco terríveis realidades: é real ou
verdadeiro, e não meramente a invenção da imaginação de alguém. Ele carrega tanto a
culpa quanto a pena; também polui e existe como um poder usurpador que pretende
dominar a vida. Veja a Pergunta 36. Todo ser humano é um pecador por imputação, por
natureza e por pensamentos pessoais, palavras e ações. Cada e todo pecado é contra
Deus (Salmos 51:4). Uma consciência de Deus e uma consciência do pecado devem ser
inseparáveis para criaturas pecadoras (Gênesis 18:27; Jó 40:4; 42:5-6). Isto significa
que quando alguém busca verdadeiramente a face de Deus em oração, ele é
necessariamente assediado por sua própria pecaminosidade inerente. Sua única base de
aceitação e abordagem é a justiça imputada de Jesus Cristo e Sua obra de intercessão
(Romanos 5:1-2; Hebreus 7:25; 9:11-14; 1 Jo 2:1). Veja a Pergunta 74. Esta petição
contradiz toda pretensa de superioridade e presunção por parte de qualquer crente.
Tanto a glória da cruz quanto da realidade da oração são destinadas a humilhar e a
endireitar cada um de nós. Deve ser notado que esta petição é a única para a qual nosso
Senhor acrescenta mais um comentário após o seu ensinamento sobre a oração (Mateus
6:14-15).
Esta petição nos ensina que não podemos nos aproximar de Deus em oração com
uma atitude implacável. Tal seria totalmente estranha e impediria qualquer possibilidade
de verdadeira oração. Tal atitude implacável deriva de uma presunção e egocentrismo
208
pecaminosos e uma falta de compreensão adequada de nosso próprio estado perdoado
diante de Deus. Quando nos aproximamos de nosso Pai Celestial, que está entronizado
em glória, com uma verdadeira consciência de Deus e uma consciência própria,
aproximamo-nos Dele como um verdadeiro ato de adoração, somos grandemente
humilhados, e preenchidos com um senso de nosso próprio perdão, aceitação e
reconciliação por meio de Jesus Cristo. Uma consciência própria pecaminosa pode
produzir grande humildade, mas a consciência da graça Divina traz tanto grande
humildade quanto grande alegria. Nós temos uma atitude de perdão? (Marcos 11:25-26;
Lucas 11:04; 17:3-4; Efésios 4:32).
106ª Pergunta - O que a sexta petição da Oração Modelo nos ensina?
Resposta - A sexta petição nos ensina que, mesmo como crentes, somos
suscetíveis à tentação e ao mal, e necessitados de constante apoio Divino e libertação.
Mateus 6:13. “E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal;...”
Veja também: Gênesis 3:1-7; 22:1; 39:7-9; Deuteronômio 13:3; Juízes
2:21-22; 1 Reis 22:19-23; 2Crônicas 32:31; Jó 1:12; 2:6; Salmos 119:113; 141:4;
Mateus 16:21-23; 26:41; Lucas 9:53-56; 22:31-32; João 13:2; 1 Coríntios 10:13;
2 Coríntios 2:11; 11:3; Efésios 6:10-17; 1 Timóteo 2:12-14; Hebreus 11:37;
Tiago 1:2-4; 13-16; 1 Pedro 5:8-9.
COMENTÁRIO
Neste ponto, podemos notar a escala descendente nesta Oração Modelo. Tem sido
dito que nós começamos como uma criança a seu Pai, então como uma criatura a seu
Deus, como um súdito a seu Rei, como um servo ao seu Mestre, como um mendigo ao
seu Benfeitor, como um devedor ao seu Credor, como um escravo ao seu Libertador, e
finalmente, subimos como um cidadão ao seu Soberano.
Esta petição introduz o chamado "Problema do Mal" no pensamento de alguns que
são desprovidos de uma fé escriturística. Isto é discutido na pergunta 27.
A linguagem desta petição pode ser entendida em um sentido diferente do Grego:
"Não comece a conduzir-nos em tentação," isto é, mantenha-nos longe da tentação ou
provação, como a mesma palavra pode ser "tentação" ou "teste." Torna-se então o grito
de coração do crente, consciente de sua suscetibilidade para com a tentação e o pecado,
para ser mantido longe de qualquer um. A segunda parte pode ser traduzida, "mas livrainos do maligno," referindo-se ao diabo pessoalmente em vez de apenas do mal em
geral. Constantemente necessitamos de libertação de ambos.
Devido ao pecado interior e à corrupção remanescente (Romanos 7:13-8:4), às
astutas ciladas do diabo e aos seus ataques ferozes (Efésios 6:11; 1 Pedro 5:8-9), e à
sedução do mundo (1 João 2:15-17), os crentes ainda estão muito suscetíveis à tentação
e ao pecado nesta vida (Eclesiastes 7:20; Tiago 1:13-16; 1 João 1:8-10; 2:1). Isto revela
a necessidade de vigilância, de mortificação e do ministério constante da graça Divina
209
em nossas vidas (João 1:16). A graça nos santifica, sustenta-nos e mantém-nos (Efésios
2:8), nos encoraja a orar (Romanos 5:1-2; Hebreus 4:14-16), nos capacita a servir na
causa de Cristo fielmente (1 Coríntios 15:8-10), nos capacita a perseverar fielmente e a
sofrer adversidade (2 Coríntios 12:7-10; Filipenses 1:29).
Quantos cristãos diária e seriamente oram por livramento do maligno? satanás
pode ter um tremendo poder sob a permissão soberana de Deus (2 Tessalonicenses 2:89). Ele pode influenciar as decisões (1Crônicas 21:01ss), influenciar saqueadores e
exércitos (2 Reis 6:15-17; Jó 1:6-17), enviar catástrofes naturais (Jó 1:18-19), ferir com
a doença (Jó 2:4-7; Lucas 13:16; 2 Coríntios 12:7) e foi descaradamente ousado o
suficiente para tentar o próprio Filho de Deus (Mateus 4:1-11)! O diabo está ativamente
empenhado em enganar os crentes (Mateus 16:21-23; Lucas 22:31; 2 Coríntios 2:1011; Efésios 6:10-18), interromper os seus trabalhos evangelísticos e ministeriais
(Mateus 13:19; Marcos 4:15; Atos 26:18; 2 Coríntios 4:3-6; 1 Tessalonicenses 2:18) e
torná-los ineficazes nas vidas deles (1 Pedro 5:8-9). Ele é o nosso arqui-inimigo e nós
necessitamos de libertação constante e diariamente, de acordo com os ensinamentos de
nosso Senhor sobre oração. A terrível referência a Ananias e Safira serve como uma
severa advertência quanto ao poder e influência do diabo nos crentes professos (Atos
5:1-10). A família e a igreja fornecem solo fértil para as obras do diabo (1 Coríntios
5:1-5; 7:5; 2 Coríntios 11:13-15; 1 Timóteo 5:14-15). Nós levamos esta petição a sério?
107ª Pergunta - O que a conclusão e a doxologia da Oração Modelo nos ensinam?
Resposta - A conclusão e a doxologia nos ensinam a aplicar nossos argumentos
na oração com um apelo a Deus em Sua soberania, poder e glória. O testemunho de
nosso desejo e segurança é afirmado no "Amém."
Mateus 6:13. “...Porque Teu é o Reino, e o Poder, e a Glória, para sempre.
Amém!”
Veja também: 1 Crônicas 29:11-13; 2 Crônicas 20:6; Salmos 21:9; 96:10;
Isaías 6:1-3; Daniel 4:35; 7:27; 9:18; Romanos 15:30; 2 Coríntios 10:17; Efésios
3:21; Filipenses 4:6-7.
COMENTÁRIO
Embora alguns textos antigos e o outro registro do evangelho (Lucas 11:2-4) não
contenham a conclusão e a doxologia, os elementos são ensinados em outros lugares nas
Escritura e estão de pleno acordo com a analogia da fé ou o ensino geral e coerente da
Escritura (1Crônicas 29:11). A conclusão e a doxologia são apropriadas para a
verdadeira oração. A afirmação é uma conclusão condizente com toda a oração e
também tem uma estreita ligação com a petição imediata. Nós oramos para sermos
libertos do maligno, pois o Reino e o poder e a glória pertencem a Deus, não ao
maligno! Em tempos de grande provação, tentação e oposição espiritual, e no contexto
deste mundo mal, este é um lembrete abençoado.
A Escritura nos ensina a usar argumentações ou razões quando submetemos
nossas súplicas a Deus em oração (Isaías 41:21). Nossa própria fidelidade ou obras não
210
devem servir de argumentação e/ou barganha, mas a nossa a argumentação deve ser
baseada na regra, fidelidade, promessas, propósito e glória de Deus. Como aqui,
devemos unir nossas petições com louvores (Salmos 103:1-5; Filipenses 4:6). Esta
conclusão nos ensina, ainda, que toda nossa força, poder e a esperança estão no Senhor
Jesus Cristo, separado de Quem NADA podemos fazer (João 15:5).
A palavra "Amém" deriva do verbo Hebraico "crer, confirmar." "Abraão creu no
Senhor," isto é, literalmente, disse: "Amém" à promessa de Deus ou confirmou-a em e
para si mesmo (Gênesis 15.6). Quando nós oramos no nome de Jesus, buscamos orar
apropriadamente sob sua autoridade, confiando única e corajosamente em sua justiça e
em submissão à sua vontade. Quando terminamos nossa oração com um "amém,"
estamos dizendo pela fé, "Que assim seja," ou "eu creio" (Números 5:22; Deuteronômio
27:15-26; 1 Reis 1:36; 1 Crônicas 16:36; Neemias 5:13; 8:6; Salmos 41:13; Romanos
1:25; 11:36; 1 Coríntios 14:16). Nossas orações são verdadeiros atos de adoração?
108ª Pergunta - Existem falsos cristãos bem como verdadeiros cristãos?
Resposta - Sim. Existem "Cristãos meramente professos,", isto é, que apenas
alegam ser cristãos sem ter uma prática cristã, por isso, não são verdadeiros crentes, e
existem Cristãos verdadeiramente bíblicos, isto é, que vivem em conformidade com a
Bíblia.
2 Coríntios 13:5. “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé;
provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo
está em vós? Se não é que já estais reprovados.”
1 Coríntios 15:1-2. 1”Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos
tenho anunciado; o qual também recebestes e no qual também permaneceis; 2pelo
qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é
que crestes em vão.”
Mateus 7:21-23. 21”Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no
reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
22
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu
nome? E em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos
muitas maravilhas? 23E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartaivos de mim, vós que praticais a iniquidade.”
Veja também: Mateus 7:21-29; 13:20-22; João 2:23-25; 12:42-43; Atos
8:5-23; Gálatas 2:4; 2 Timóteo 4:10; Hebreus 6:1-10; 10:38-39; 12:14-15; Tiago
2:14-26.
COMENTÁRIO
A Palavra de Deus revela que nem todos os que exteriormente professam a fé em
Jesus Cristo são verdadeiros Cristãos. De acordo com a Escritura, é perfeitamente
possível ter uma mera profissão de fé cristã tradicional ou vazia de fé, sem um
verdadeiro relacionamento salvífico com Deus por intermédio do Senhor Jesus Cristo.
211
Veja a pergunta 89. É possível experimentar impressões religiosas muito fortes, mas
temporárias, e, contudo, estar perdido e sem Cristo (Por exemplo: Mateus 13:5-6,20-21;
João 2:23-25; João 8:30-44; Atos 8:9-13,18-24; 2 Timóteo 4:10). É possível ter uma fé
vazia que é desprovida das obras que são as necessárias manifestações de fé verdadeira
(Por exemplo: Tiago 2:14-26). Tal fé é meramente conversa, além da falta de caráter e
da atividade da fé salvífica. Os demônios "creem," e estão aterrorizados por sua crença
em Deus. Alguém pode ter fé salvífica e permanecer desmotivado, sem medo e inativo,
e desprovido de obras condizentes com tal fé? Também é possível ter uma fé meramente
intelectual ou irracional (Mateus 7:21-23), ou uma fé meramente teórica? (Atos 26:27).
Alguns crentes professos nas igrejas do Novo Testamento não eram convertidos e
operavam desordem (1 Coríntios 5:10-13; 2 Pedro 2:1-22 ; 1 Joâo 2:9,18-19; Judas 34,8,10-16).
É possível até mesmo pregar e operar poderosos sinais maravilhosos em nome de
Cristo e, contudo, ser infiel e condenado, perdido e totalmente arruinado (Mateus 7:2123). Considere Judas, que foi completamente ignorado pelos outros discípulos, mesmo
depois de três anos de ministério. Com os outros, ele operava milagres, expulsava
demônios, e até mesmo ressuscitava os mortos? Evidentemente que sim. Ninguém, além
de nosso Senhor sabia ou suspeitava de seu verdadeiro estado espiritual (Mateus 10:1-8;
Lucas 10:17-20).
Nós devemos lembrar que a Escritura nos dá o nosso único guia e medida objetiva
e infalível. Tudo o mais é subjetivo, empírico e relativo. Mas a nossa garantia é de
forma necessária parcialmente subjetiva e inseparável de nossa experiência. Se a nossa
fé reflete ou responde para o que está delineado na Escritura, temos algum grau de
certeza de que ela é verdadeira, a fé salvífica. A Escritura declara que podemos e
devemos examinar a nós mesmos quanto ao nosso estado espiritual (2 Coríntios 13:5).
Para apurar qualquer grau de garantia subjetiva, devemos colocar de lado todo o pecado,
especialmente os nossos pecados que nos assediam, e somente olhar para Cristo
(Hebreus 12:1-4). Além disso, é nossa responsabilidade adicionar as graças da
verdadeira salvação à nossa fé. Em outras palavras, devemos preparar-nos
espiritualmente e perseverar de modo a considerar o nosso estado espiritual, que
não é algo a ser considerado levemente ou dado pelo Espírito Santo aos que são
indulgentes quanto ao pecado ou estão espiritualmente despreparados. É verdade, a fé
salvífica nunca existe ou está sozinha, deve existir em uma mistura harmoniosa de
graças a qual testemunha do estado espiritual de alguém e é expresso na vida por meio
da responsabilidade humana e do crescimento na graça (Gálatas 5:22-23; 2 Pedro 1:411; 3:18). Você é um verdadeiro Cristão, ou apenas um professo?
A garantia bíblica da fé é tripla, ou seja, é inferencial, probatória e interna ou
imediata. Veja as perguntas 109-112.
109ª Pergunta - Como é possível saber a diferença entre o "Cristão meramente
professo" e o Cristão verdadeiro?
Resposta – Alguém pode saber, com um determinado grau, a diferença entre o
"Cristão meramente professo" e o Cristão verdadeiramente bíblico pela evidência da
212
graça deste, da fé escriturística, do amor da verdade, da prática consistente e da
perseverança continuada, de acordo com a Escritura.
2 Coríntios 13:5. “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé;
provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo
está em vós? Se não é que já estais reprovados.”
Veja também: Mateus 7:21-23; João 2:23-25; 8:30-44; 12:42-43; Atos 8:523; 1 Coríntios 15:1-2; Hebreus 6:1-10; 10:38-39; 12:14-15; Tiago 2:14-26; 2
Pedro 1:4-11.
COMENTÁRIO
Só Deus conhece infalivelmente o verdadeiro Cristão, como Ele conhece tudo e
todos, e em Sua graça livre e soberana eternamente propôs a redenção infalível dos seus
eleitos (Romanos 8:29-39; Efésios 1:3-14). Nenhum cristão conhece completamente a si
mesmo (Salmo 139:23-24; Jeremias 17:9-10; 2 Pedro 1:9-10), e, como uma mera
criatura e ainda atormentado pelos efeitos noéticos do pecado, pode sinceramente
acreditar em si mesmo como sendo um verdadeiro crente e contudo estar enganado, ou
ser um verdadeiro crente e às vezes ter sérias dúvidas. Nenhum crente está sem pecado,
e todo crente é por vezes assediado por ele (1João 1:8-10), tentações satânicas e
problemas (Efésios 6:10-18; 1 Pedro 5:8-9). Há, no entanto, um conhecimento
escriturístico e relativo para o crente a respeito de seu próprio estado espiritual e dos
outros.
Em nossa resposta a esta pergunta, cinco características Cristãs são dadas. Cada
uma é agora considerada brevemente:
Primeira: A evidência da graça do indivíduo. A graça de Deus é uma realidade
gerada pelo Espírito Santo na vida e na experiência? Nós estamos em um estado de
graça ou em um estado sem graça. A graça Divina está necessariamente nos
transformando pela presença interior e poder do Espírito Santo (Atos 18:27; Romanos
6:14; Gálatas 5:22-23; 2 Coríntios 5:17; Efésios 2:1-10). A verdadeira graça pode
existir quando pouco dela pode ser evidenciado. Um crente fraco e trêmulo ainda é um
crente. Um santo pecando, embora julgado e castigado, ainda é um santo (Hebreus 12:413). Veja a Pergunta 78;
Segunda: A fé do indivíduo. Nossa fé é escriturística ou meramente tradicional,
teórica ou presumida? Nossa fé corresponde à fé que é revelada e descrita na Escritura
(Romanos 4:13-22; Efésios 2:8-10; Tiago 2:14-26)? Veja a Pergunta 89;
Terceira: O amor do indivíduo pela verdade bíblica. Este é meramente exterior ou
ele é operado pela graça de Deus (Mateus 7:21; 1 Tessalonicenses 1:3-10; 2:13; 2
Tessalonicenses 2:10; 1João 2:3-4)? Um amor genuíno da verdade necessariamente nos
leva à obediência dela a um grau perceptível;
Quarta: A prática consistente do indivíduo. Nossas experiências correspondem
com a Escritura em algum grau? Mesmo os mais piedosos dos crentes têm
213
inconsistências, e são atacados pelo pecado interior e a corrupção remanescente (Mateus
7:21; Rom 7:14-8:4; Gálatas 5:16-18,22-23; 1 João 3:4-10);
Quinta: A perseverança contínua do indivíduo. Apesar do pecado interior e da
corrupção remanescente (Romanos 7:13-8:4) e da realidade da guerra espiritual (Efésios
6:10-18), há algum crescimento discernível na graça (2 Pedro 3:18)? Nós perseveramos
na fé (2 Timóteo 4:7) e em nossa experiência Cristã (Romanos 8:11-16; Efésios 4:2032; Colossenses 3:1-10; Filipenses 3:8-17), evidenciando que já passamos da morte para
a vida (João 5:24; 17:3)? Quando todas estas características são tomadas em conjunto,
dão certo grau de certeza que alguém está em um estado de graça. Veja as perguntas
111 e 112. O que a sua vida manifesta?
110ª Pergunta - Qual é a garantia da fé?
Resposta - A garantia da fé é a esperança escriturística, persuasão e confiança que
o crente está verdadeiramente descansando no Senhor Jesus Cristo pela fé.
2 Coríntios 13:5. “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé;
provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo
está em vós? Se não é que já estais reprovados.”
2 Pedro 1:8-11. 8”Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não
vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
9
Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendose esquecido da purificação dos seus antigos pecados. 10Portanto, irmãos, procurai
fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca
jamais tropeçareis. 11Porque assim vos será amplamente concedida à entrada no
Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.”
Veja também: 2 Coríntios 5:17; 1João 2:3-4; 3:4-10, 14-15; 5:10-13.
COMENTÁRIO
"A garantia de fé," "a garantia de salvação" e "a garantia de esperança" são
geralmente sustentadas como termos sinônimos (Romanos 5:1-2; 1 Tessalonicenses 1:5;
Hebreus 6:11; 10:22; 1João 3:14-19). Há uma grande diferença, porém, entre "a eterna
segurança do crente" e "a perseverança dos santos." A primeira pode ser presumida,
enquanto que a última é necessariamente exortativa. A vida subsequente pode desmentir
a profissão no primeiro caso, mas não no último. A ênfase bíblica está sobre a
perseverança de alguém, não pressupondo um estado espiritual (Mateus 10:22; João
8:30-32; Hebreus 3:14), juntamente com várias advertências contra a possibilidade
terrível de apostatar da sua profissão de fé exterior (Hebreus 2:1; 3:7-19; 6:1-6; 10:2439; 12:14-17).
A partir do testemunho do Novo Testamento, nós podemos afirmar que um grau
de garantia é normalmente o ponto culminante da experiência de conversão. O pecador
que se torna crente no contexto da fé e do arrependimento dados por Deus (Efésios 2:410; Filipenses 1:29; Atos 11:18; 18:27), por meio da compreensão da verdade Divina
214
(João 17:17; 1João 2:20,27), o testemunho do Espírito de Deus (Romanos 5:5; 8:11-16),
e a realização da dinâmica da graça Divina na vida (Romanos 6:1-14,17-18), possui
uma certeza razoável de que ele é uma nova criatura em Cristo Jesus e se alegra neste (2
Coríntios 5:17; Romanos 5:1-2). Ele está ciente do amor incondicional de Deus, que é
concedido a ele pelo Espírito (Romanos 5:5). Esta garantia elementar é doutrinária,
inferencial e experiencial. Veja a Pergunta 112. As profundas realidades da regeneração
e conversão são transformadoras de vida - não pela determinação humana, mas pela
dinâmica da graça Divina.
A questão da segurança da fé não parece ser o problema no Cristianismo do Novo
Testamento que está em nossos dias. Paulo, por exemplo, teve que exortar os Coríntios
a se examinarem quanto à salvação e o próprio estado espiritual (2 Coríntios 13:5); ela
era de maneira evidente simplesmente assumida. A era do Novo Testamento foi uma
época de avivamento para os primeiros vinte anos após o Pentecostes, e também um
tempo de oposição social e perseguição religiosa e estatal. Tais obstáculos e oposições,
por sua própria natureza, reforçou a profissão Cristã.
Além disso, deve ser notado que no Cristianismo Apostólico, não havia falta de
pregação doutrinária e ensino sadios, nenhuma "crença fácil," e nenhum erro "Carnal
Cristão." Veja a pergunta 88. Que a fé e o arrependimento eram dons Divinos não foi
questionado (Atos 11:18; Efésios 2:8-10). A fé e o arrependimento nunca eram
separados - ambos eram exigidos, o que significava uma conversão radical, não uma
“decisão” religiosa. A santidade de vida e obediência aos mandamentos de Cristo eram
assumidos (Hebreus 12:14; 1 João 2:3-6). A lei moral era idêntica a Lei de Cristo. Não
havia dicotomia entre ter Jesus como Salvador e tê-lo como Senhor. A fé salvífica em
Jesus Cristo significava possuí-lo como Senhor e Rei da vida (Atos 2:36; Romanos
10:9-10; 2 Coríntios 4:5). A salvação era tanto doutrinária quanto praticamente uma
troca de mestres (Romanos 6:17-18). A justificação de alguém era evidenciada por sua
santificação (Romanos 5:1-8:16; Hebreus 12:14). O sistema de doutrina bíblica
promulgado pelos Apóstolos culminou na glória de Deus e na glorificação do crente
(Romanos 8:28-31; 11:33-36; 2 Timóteo 1:13). Esperava-se que os convertidos do
Novo Testamento conduzissem vidas transformadas - e evidentemente em grande parte
o fizeram pela graça de Deus.
111ª Pergunta - Existe uma defeituosa segurança de fé bem como uma garantia
verdadeira e escriturística da fé?
Resposta - Sim. Uma verdadeira garantia da fé repousa sobre uma base
escriturística, enquanto que uma garantia defeituosa repousa sobre princípios não
escriturísticos.
Mateus 7:21-23. 21”Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no
Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
22
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu
nome? E, em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome não fizemos
muitas maravilhas? 23E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartaivos de mim, vós que praticais a iniquidade.”
215
Veja também: João 6:37,44; Filipenses 1:6; 3:17-19; 2 Pedro 1:5-11; 2:122; Judas 3-19.
COMENTÁRIO
A moderna negação ou ausência de vários aspectos da verdade bíblica, como
delineado na pergunta, resposta e comentário anterior, teve como resultado uma
denigração correspondente da segurança bíblica. Correspondendo a uma doutrina
defeituosa da salvação ("crença fácil" ou "decisionismo") em muitos lugares em nossos
dias surgiu uma doutrina defeituosa de garantia. Está fundamentada em um lugar
específico, em um tempo específico e em uma ação, experiência ou decisão religiosa
subjetiva específica, em vez de em critério e exemplo bíblico.
A garantia ou confiança do crente, compreensivamente considerada, é ao mesmo
tempo objetiva e subjetiva. Objetivamente, ela repousa no propósito eterno redentor e
imutável da Divindade triuna (Romanos 8:28-39; Efésios 1:3-14; 2:4-10; Filipenses
1:6); subjetivamente, ela repousa no seguinte: nas promessas da Palavra de Deus (João
5:24; 6:37,44; 10:27-30; Romanos 10:9-10; Filipenses 1:6; 1 Pedro 1:3-5); nas várias
características comuns aos crentes (Lucas 9:23; Atos 09:11; Romanos 6:1-14; 7:13-8:4;
8:11-13; Colossenses 3:5-10; 1 Tessalonicenses 4:3,7; Hebreus 12:4-14; 2 Pedro 1:411; 1João 2:3-6; 2:15-17; 3:1-19); e no testemunho do Espírito Santo (Romanos 5:5;
8:16; 9:1). Tomados em conjunto, estes dão uma garantia de fé bíblica geral e inclusiva.
A sua garantia de fé é escriturística?
112ª Pergunta - Quais são os aspectos bíblicos da garantia da fé?
Resposta - Biblicamente, a garantia/segurança da fé é tripla: inferencial,
probatória, e interna.
João 5:24. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha
palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entrará em
condenação, mas passou da morte para a vida.”
1 João 3:14. “Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque
amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte.”
Romanos 8:16. “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos
filhos de Deus.”
Veja também: João 6:37,44; 10:27-30; Lucas 9:23; Romanos 6:1-14;
Filipenses 1:6; 2 Pedro 1:4-11; 1João 2:1-4.
COMENTÁRIO
Apenas Deus conhece infalivelmente o verdadeiro Cristão. Há, no entanto, um
conhecimento relativo, escriturístico e subjetivo para o crente a respeito de seu próprio
estado espiritual e dos outros. Os três aspectos de uma garantia subjetiva da fé são: (1)
inferencial, (2) probatório, e (3) interno ou imediato. Cuidados devem ser tomados para
216
notar que cada um destes é apenas um aspecto ou faceta do todo e é necessariamente
inadequado em e de si mesmo fornecer uma doutrina da garantia escrituristicamente
completa. Estes três aspectos estão necessariamente inter-relacionados. O aspecto
inferencial por si mesmo pode conduzir à presunção, o evidencial por si mesmo poderia
ser mero legalismo, e o interno ou imediato, por si mesmo pode tender para o
misticismo - mas quando tomados em conjunto estes três aspectos dão uma garantia de
fé escriturística inclusiva ou abrangente.
Garantia inferencial. Esta se refere às declarações explícitas da Escritura a partir
das quais o crente pode inferir que ele tem uma reivindicação válida para a salvação
(João 5:24; 6:37; Atos 16:31; Romanos 10:9-10,13). Se ele acredita, então ele é salvo,
passou da morte com sua condenação para a vida espiritual com suas realidades
graciosas e é o objeto do amor de Deus e da graça salvadora. O Apóstolo assim
argumenta da justificativa para certa expectativa da glória futura (Romanos 5:1-2). É
comum limitar a garantia de salvação de alguém para tais declarações inferenciais, sem
lidar com a necessidade de uma vida convertida subsequentemente, que exibe as marcas
da graça, ou as realidades da presença interior e do poder do Espírito Santo. A garantia
inferencial só pode coincidir com o "decisionismo" religioso em vez de uma conversão
escriturística e assim, por si mesma pode deixar de dar uma garantia escriturística
adequada.
Garantia Evidencial. Esta se refere ao alinhamento da vida e da experiência com a
Escritura. A justificação de alguém é evidenciada por sua santificação, ou seja, a justiça
imputada é manifesta pela justiça transmitida. Veja Romanos 3:21-8:39. O argumento
inspirado do Apóstolo se estende ao longo dos primeiros oito capítulos de Romanos.
Depois de estabelecer a condenação absoluta de todos os homens (Romanos 1:18-3:20),
ele demonstra que todo aquele que é justificado (Romanos 3:21-5:21) deve
inevitavelmente ser santificado (Romanos 6:1-8:16) e todos assim justificados e
santificados serão infalivelmente glorificados (Romanos 8:17-39).
O crente professo possui algumas "marcas da graça, ou seja, algumas das
"características distintivas" do verdadeiro caráter Cristão? Estas marcas ou
características são variadas e cobrem toda a variedade de experiência Cristã. Estas são
discerníveis na vida, apesar do princípio de pecado interior e da corrupção
remanescente, e as enfermidades espirituais que afligem a todos e a cada crente nesta
vida de guerra, luta e imperfeição espiritual:
• A essência da graça conversora se manifesta na vida? Existe alguma
evidência da graça regeneradora ou do poder reinante do pecado tendo sido
quebrado (Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; Romanos 6:1-14; Gálatas
5:16-18; 1 João 3:4-10)? Veja as perguntas 78, 95, 114 e 115.
• Os princípios e frutos do verdadeiro arrependimento salvífico são
evidenciados na vida? O arrependimento salvífico não é meramente um ato
único, mas um princípio constante em operação na experiência do crente
quando ele confessa continuamente e volta do pecado em sua vida (Mateus
3:7-8; Atos 11:18; 17:30-31; 1 João 1:8-10). Veja a Pergunta 90.
217
• A realidade da fé salvífica em qualquer medida é manifesta na vida? A
fé salvífica nada mais é do que um compromisso absoluto sem reservas a Jesus
Cristo como Senhor e Salvador. Ela é a resposta do homem inteiro para Cristo.
A fé salvífica é dada por Deus e assim uma entidade distinta que evidencia um
determinado caráter, incluindo uma aceitação de toda a Palavra de Deus na
Escritura (Atos 2:36; 8:36-37; Romanos 10:9-10). Alguém é liberto do poder
reinante do pecado em sua experiência presente? Veja a Pergunta 89.
• Existe uma boa consciência diante de Deus no contexto de Sua verdade
escrita? Uma consciência renovada deve ser governada pelo Espírito e pela
Palavra de Deus. Muita ênfase deve ser colocada sobre uma consciência
renovada, que responde ao Espírito de Deus e deve ser conduzida pela Palavra
de Deus. Isto é, distinta o bastante de uma consciência meramente religiosa ou
legalista (João 8:9; Atos 26:9), que, embora possa ser muito poderosa, é
facilmente distorcida. Esta obra de consciência é parte integrante da obra do
Espírito na experiência do crente (Romanos 5:5; 8:11-16; 9:1; 2 Coríntios
3:17-18; 1 Timóteo 1:5,19; Hebreus 9:12-14; 10:22);
• Existe um princípio de obediência de coração para com o Senhor e Seus
mandamentos? Alguém pode não ter uma reivindicação válida para um
relacionamento correto com Deus e, contudo, viver em desobediência
constante e intencional à Palavra de Deus (Romanos 6:16; 1 Tessalonicenses
2:13; 1 Pedro 1:2; 1João 2:3-5);
• Existe uma piedade experimental e conformidade com a Palavra de
Deus na vida, que pode ser caracterizada com alguma medida dada como “a
prática de justiça?” O Cristianismo é tanto doutrinário quanto prático; é um
sistema da verdade Divina e também uma vida a ser consistentemente vivida
no contexto dessa verdade (1 João 3:3-10);
• Existe alguma evidência de um coração que ora ou dá assistência aos
meios particulares da graça? Os meios particulares da graça são principalmente
a oração e a comunhão com Deus e com a leitura e estudo da Escritura. Um
coração que ora é um indicador primário da graça salvífica (Atos 9:11).
(Conferir Salmos 1:2; Mateus 26:41; 1 Tessalonicenses 5:17; 2 Timóteo 2:15;
3:16-17). Veja as Perguntas 96 e 126.
• O poder reinante do pecado tem sido quebrado na vida? Não existe
qualquer pecado que possa anular ou cancelar a união do crente com Cristo e
suas consequências necessárias. De acordo com o claro e inequívoco ensino da
Escritura, no entanto, não existe pecado que possa dominar continuamente o
crente. O crente pode cometer atos de pecado, mas ele não pode habitualmente
viver em pecado e sob seu poder reinante, contrariando a obra eficaz da graça
do Espírito de Deus (Romanos 6:1-14,17-18,20,22; Efésios 2:1-5; 1João 2:1;
3:9). Veja as Perguntas 95 e 115.
• Existe uma consciência dolorosa do pecado interior e corrupção
remanescente? Deve haver uma consciência crescente do pecado quando o
crente cresce na maturidade espiritual. Esta consciência do pecado pode ser
mal interpretada por um novo convertido, e intensificada por uma introspecção
mórbida, mas o exame de consciência é muitas vezes uma necessidade
(Romanos 7:13-8:9; 2 Coríntios 13:5). A cura para a realidade e agonia de
218
todo e qualquer pecado é o sangue do Senhor Jesus Cristo (Romanos 3:24-26;
1João 1:8-10). Veja a Pergunta 115.
• Existe alguma evidência do princípio e do poder da graça para
mortificar o pecado? O pecado deve ser tratado escriturística e agressivamente
pelo crente pelo poder do Espírito Santo (Romanos 8:11-13; Gálatas 5:16-18;
Colossenses 3:5-10). Ninguém está sem pecado. O verdadeiro crente, no
entanto, não pode permanecer muito tempo no pecado uma vez que lhe é dado
a conhecê-lo. As consequências serão o arrependimento ou o castigo Divino
(Hebreus 12:4-14; 1 João 1:8-10). Veja as Perguntas 96 e 117.
• Existe alguma realidade para oposição espiritual na vida e na
experiência? O crente, como um cidadão e súdito do Reino de Deus, agora vive
em um mundo estrangeiro. Ele está necessariamente envolvido na guerra e em
uma luta espiritual com "o mundo, a carne e o diabo," e muitas vezes com sua
própria falta de fé. Ele experimentará a oposição satânica de várias formas
(Mateus 6:13; Lucas 11:4; João 17:15; Gálatas 5:16-17; Efésios 4:27; 6:10-18;
Filipenses 1:27; 1 Timóteo 3:6-7; 2 Timóteo 2:26; Tiago 4:7; 1 Pedro 5:7-8).
Ver as Perguntas 130-131.
• Existe um princípio ou uma prática de abnegação escriturística? A vida
Cristã não é uma vida de autoindulgência ou autoperdão, mas principalmente
uma vida de abnegação (renúncia) e mortificação do pecado, caracterizada
pelas prioridades espirituais e submissão em tudo para o Senhorio de Jesus
Cristo (Lucas 9:23; 14:25-33; 1João 2:15-17). Veja a Pergunta 96.
• Existe alguma experiência do castigo Divino? Tal disciplina ou correção
é uma realidade na vida de cada crente verdadeiro. Se uma pessoa nunca é
corrigida e restaurada de pecar, é uma marca horrível de ser espiritualmente
ilegítimo (Hebreus 12:4-17). A persistência no comportamento pecaminoso
pode até resultar em ser levado desta vida prematuramente (1 Coríntios 11:3032; 1João 5:16-17).
• O teor da vida foi transformado do amor e da sedução do mundo? O
"Cristão carnal" é, simplesmente, um "mundano," e não um Cristão. O
chamado "Cristão carnal" no sentido moderno de um crente professo
habitualmente vivendo uma vida não convertida não existe. Ele é simplesmente
carnal. Os Coríntios eram chamados de "carnais," porque eles olhavam para os
homens e não para o Senhor Jesus, não porque eles viviam vidas não
convertidas. Romanos 8:1-11 é um contraste entre os convertidos e não
convertidos. Tal "Cristianismo de duas fases" não pode ser derivado da
Escritura (por exemplo: Romanos 6:1-23). Os verdadeiros crentes não podem
continuar no pecado sem experimentar as mais graves consequências
(Romanos 6:1-23; 8:1-9; 1 Coríntios 3:1-4; 11:29-32; 1João 2:15-17; 5:16-17).
Veja a Pergunta 88.
• Existe alguma evidência do fruto do Espírito na vida e na experiência?
Tal "fruto" não é o que pode ser operado ou produzido pelo esforço humano,
mas sim o que o Espírito Santo dá na vida como graças ou virtudes (Romanos
8:11-17,26-27; Gálatas 5:22-23). A obra do Espírito, que capacita, sustenta e
restringe está absolutamente em evidência (1 Coríntios 15:10; 2 Coríntios
12:9; Gálatas 5:16-18)? Veja as Perguntas 26, 77 e 84;
219
• Existe um desejo pela e evidência da verdadeira santidade Evangélica
na vida? A Santidade Evangélica é a única grande exigência para o céu. Não
existe quaisquer substitutos (2 Coríntios 7:1; Efésios 1:3-5; 4:1; Hebreus
12:14; 1 Pedro 1:14-15; 2:9). Veja a Pergunta 94;
• Existe alguma progressão experiencial em conformidade à imagem do
Filho de Deus? A realidade abrangente e gloriosa da experiência Cristã pela
obra do Espírito é conformar os crentes à imagem de Cristo e refletir o caráter
moral de Deus na vida. Cada aspecto da aplicação da redenção aponta para
isto. Isto explica todo o crescimento espiritual, individual e coletivamente, toda
unidade e maturidade espiritual, todo castigo Divino e relações providenciais
(Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17-18; 1 Pedro 1:15-16; 2:9). Veja a Pergunta
125;
• Existe uma compreensão crescente ou progressiva da verdade como ela
é no Senhor Jesus Cristo? Ao contrário de algumas crianças nascidas no reino
humano, que estão cercadas com os piores males e enfermidades mentais da
humanidade pecaminosa, Deus não tem idiotas, débeis mentais ou pessoas
retardadas espirituais como Suas filhas. Nenhum crente verdadeiro permanece
uma criança espiritual. O Espírito Santo na regeneração não aborta nem falha
em reproduzir progressivamente a imagem de Cristo em seus próprios filhos
espirituais (João 17:3; Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17-18; Efésios 2:10; 4:1316; Colossenses 2:1-7; 2 Timóteo 3:15-17; 2 Pedro 3:18). Esta imagem será
aperfeiçoada na ressurreição para a glória (Romanos 8:17-23; 1 Jo 3:1-4). Veja
a pergunta 115;
• Existe um desejo pela e uma prática de assistência dos meios públicos
da graça? Como o Cristão professo pode esperar outra coisa senão castigo e
declínio espiritual se ele optar por ausentar-se em desobediência? Como pode
ser que ele não anseie pelo ministério do Evangelho nem pela adoração e
comunhão do povo de Deus? (Hebreus 10:25; 1 João 3:14)? Veja as Perguntas
96 e 127.
• Existe alguma afinidade com o povo de Deus? Este não é um amor
cheio de emoções e irracional ou um sentimento desprovido de caráter moral,
mas um amor verdadeiro e escriturístico que reflete o caráter moral de Deus e é
expresso no desejo e comportamento responsável (1 João 3:10-19; 4:7-11). Nós
não queremos estar entre o povo de Deus na adoração e comunhão públicas
(João 13:34-35; Hebreus 10:23-31)? O nosso amor Cristão é expresso em
abnegação e praticidade (2 Coríntios 12:15; 1 João 3:10-19)? Veja a pergunta
164;
• Existe alguma manifestação de uma atitude de perdão que reflete a
união do crente com Cristo? Se alguém foi perdoado total, completa e
finalmente, como ele pode, possivelmente, continuar a exibir um espírito de
ódio ou implacável (Mateus 6:14-15; Lucas 17:3-4; Efésios 4:32; Colossenses
3:12-14)? Os presunçosos são imperdoáveis porque eles nunca sentiram a
necessidade ou experimentaram a alegria do perdão em si mesmos. Veja a
Pergunta 105.
220
Garantia Interna ou Imediata. Esta se refere ao testemunho interno e imediato ou
direto do Espírito Santo que foi dado a nós como o "Espírito de adoção." Ele tirou a
atitude servil de medo e capacitou-nos com confiança para clamar a Deus, "Abba, Pai,"
- a confiança instintiva de uma criança espiritual, um verdadeiro membro da família
(Romanos 8:9,14-16). O Espírito Santo constantemente testifica com o nosso espírito ou
com a nossa mais profunda autoconsciência regenerada, que somos verdadeiramente
filhos de Deus e nos torna conscientes do Seu amor (Romanos 5:5; 8:11-17, 26-27; 2
Coríntios 1:21-22; 5:5; 3:17-18; Gálatas 5:16-17, 22-25; Efésios 4:30; 1João 4:13) e de
nossa união com Cristo.
Ele abre nossas mentes e corações para serem preenchidos com a consciência do
Senhor Jesus e a plenitude de nossa vida nele. Veja a Pergunta 77. O Espírito Santo
nunca nos guiará contrário à Escritura e Seu testemunho será sempre de acordo com a
Escritura.
Este testemunho parece ser direto e imediato, e, portanto, distinto da presença e
poder do ministério interior do Espírito revelado em tais realidades,. permitindo-nos a
entender a Escritura (1 Coríntios 2:11-13; 1 Jo. 2:20, 27), convencendo-nos do pecado,
incitando-nos à ação piedosa ou a chamada divina para e orientação em um determinado
trabalho. Veja a Questão 85.
Uma autoexaminação (2 Coríntios 13:5) que é inclusive de tal ampla abordagem bíblica,
deve trazer um crente a uma garantia plena de fé à medida que é possível nesta vida.
Você, pessoalmente, desfruta de tal segurança?
113ª Pergunta – Do que o crente é salvo ou liberto?
Resposta - O crente é salvo do presente poder reinante do pecado e das últimas
consequências do pecado, embora ele não possa ser presentemente salvo de todas as
consequências imediatas do pecado.
João 5:24. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha
palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em
condenação, mas passou da morte para a vida.”
Romanos 6:14. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não
estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.”
Romanos 8:1. ”Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão
em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.”
Veja também: 2 Samuel 12:5-13; Romanos 3:21-8:23; Hebreus 12:14; 1
João 1:8-10; 2:1; 3:3-10.
COMENTÁRIO
A salvação denota tanto a libertação quanto a restauração. Veja a introdução a
esta seção. A salvação, conforme revelada na Escritura, é necessariamente tanto
221
presente quanto também futura. Pensar que a salvação é meramente da condenação
futura ou do juízo eterno é ler mal a Escritura e entender mal a própria natureza da
libertação do pecado. Lembre-se, o pecado possui as realidades da culpa, da pena, da
poluição, do poder e da presença - e a salvação deve necessariamente lidar com todos
estes aspectos. Veja a pergunta 36. Começando com a regeneração e terminando em
nossa experiência atual com a santificação, a salvação é do poder reinante e poluente
do pecado na vida (Romanos 6:1-23). Se o poder reinante do pecado não foi quebrado,
então nós não estamos em um estado de graça, mas sim em um estado sem graça. A
liberdade do poder reinante do pecado significa uma justiça positiva evidenciada na
vida pela graça de Deus (Romanos 6:17-18; 1 João 3:3-10). As verdades e realidades
escriturísticas da conversão, nossa união com Cristo, a justificação, adoção,
santificação e glorificação futura não podem ser fragmentadas ou desassociadas
(Romanos 3:21-8:23). Todo aquele que é justificado também está sendo santificado e
somente aqueles que têm sido justificados e estão sendo santificados, por fim serão
glorificados. Este é o raciocínio total do apóstolo em Romanos capítulos 1-8.
Quais as consequências imediatas do pecado? Embora o crente seja liberto do
pecado como o princípio e poder reinante ou dominante em sua vida, ele pode ainda
sofrer as consequências imediatas de seus pecados. O que isto que dizer? Deus
geralmente deixa os crentes sofrer os efeitos de seus pecados cometidos anteriormente
e, às vezes cometidos após a conversão. Isto pode ser explicado pelo exemplo: O
bêbado, após sua conversão, não ganha um fígado novo e pode não ganhar uma nova
reputação. O prisioneiro que é convertido não tem sua pena comutada
automaticamente. A conversão pode não reverter um divórcio pecaminoso ou restaurar
uma família dividida. O assassino, embora perdoado por Deus, não é liberado pelo
Estado. Processos não são descartados porque uma pessoa se torna um Cristão. Embora
a imoralidade possa e será perdoada, doenças sexualmente transmissíveis não serão
curadas pela conversão. Quando os Cristãos pecam, alguns dos efeitos imediatos
podem permanecer com eles ao longo de suas vidas. Às vezes, Deus não intervém em
sua providência onisciente e abençoada para anular algumas das consequências
imediatas do pecado. Normalmente, porém, tais coisas devem tornar-se parte da
experiência Cristã de alguém por sua humildade e instrução na graça.
114ª Pergunta - Qual é a relação do crente com o pecado?
Resposta - O poder reinante do pecado foi quebrado para todo crente em virtude
de sua união com Cristo em sua morte e ressurreição de vida.
Romanos 6:14. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não
estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.”
Romanos 6:17-18. 17”Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado,
obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. 18E, libertados
do pecado, fostes feitos servos da justiça.”
Veja também: Jeremias 17:9; João 8:31-36; Romanos 6:1-23; 7:13-8:4;
Efésios 4:22-24,25-32; 5:1-12; Colossenses 3:1-10; Hebreus 12:14 ; 1 Pedro 2:9;
1João 1:8-10; 2:1; 3:3-10; 5:16-17.
222
COMENTÁRIO
Há uma diferença entre estar em um estado de graça e estar em um estado sem
graça. Todo ser humano peca. Se alguém diz que não tem nenhum pecado (como uma
realidade constante em sua vida), apenas engana a si mesmo (1 João 1:8). Os crentes
bem como os incrédulos pecam. Qual, então, é a diferença entre o pecado no incrédulo
e o pecado no crente? Enquanto o incrédulo, de acordo com seu caráter, vive sob o
constante poder reinante do pecado (Romanos 1:18-32; 6:20; Efésios 2:1-3; 4:17-19); o
crente, ao contrário do seu caráter, comete atos de pecado (1 João 2:1). (O Grego usa o
aoristo, referindo-se aos atos em vez do tempo presente, o que se referia a uma ação ou
prática constante).
O incrédulo não é regenerado, nem convertido, está assim sem graça e vive desta
forma sob o poder reinante ou dominante do pecado. O pecado é o princípio
governante de sua vida. Ele é o servo disposto do pecado, que é o seu mestre (Jeremias
17:9; Romanos 3:9-12; 6:17). Tudo o que ele pensa, diz ou faz é contaminado ou
permeado com o pecado; isto é inevitável separado da graça salvífica. O pecado atinge
os próprios motivos, inclinações e manifestações de seu coração e mente, e é,
inevitavelmente expresso em sua vida. Além disso, ele não tem qualquer interesse
verdadeiro permanente na verdade de Deus, mas se opõe a ela e acha-a insípida
(Romanos 1:18-20; 8:5-9; 1 Coríntios 2:14). Isto não significa que um descrente não
possa ser muito religioso, moral ou ético, ou ser socialmente íntegro e filantrópico com
o seu camarada. Significa que tais ações não emergem de motivos e inclinações
corretas, ou seja, de um coração regenerado e mentalidade renovada, e são, portanto,
pecaminosas. Além disso, um incrédulo pode ser física, moral e até mesmo
religiosamente ativo, mas ele permanece espiritualmente morto (Efésios 2:1-3).
O crente, por contraste, foi libertado da dominação ou do poder reinante do
pecado (Romanos 6:11-14,17-18). Ele não é mais um escravo disposto a pecar; o
pecado não é mais seu mestre. Depois de ter sido liberto do poder reinante do pecado,
ele é agora em princípio o escravo voluntário de justiça (Romanos 6:17-18,20,22). A
salvação é, em essência, uma mudança de mestres. A fonte dessa transformação é um
princípio da graça que deriva da união do crente com Cristo, a qual é uma união tanto
em sua morte quanto em sua ressurreição de vida (Romanos 6:1-23; Efésios 4:22-24;
Colossenses 3:1-10). A união na morte de Cristo significa, necessariamente, que o
poder reinante do pecado foi quebrado na vida. A união em sua ressurreição de vida
significa, necessariamente, que a graça capacitadora de Deus pelo Espírito Santo é a
dinâmica atribuição de poder na vida e na experiência de cada crente. Veja a Pergunta
77.
É vital compreender Romanos 6:6 nesta conexão: "Sabendo isto, que o nosso
homem velho... (foi, aoristo) crucificado com Cristo (de modo) que o corpo do pecado
seja desfeito, (de modo) para não servirmos mais (como escravos dispostos) ao
pecado." O "velho homem" era o eu não regenerado, que foi crucificado com Cristo, ou
seja, morreu com Cristo em sua morte. A razão é que o corpo com seus apetites já não
pode mais dominar a personalidade, e que o crente não viverá mais como ele uma vez
vivia - um escravo disposto a pecar. O crente é o "novo (regenerado) homem" em
223
Cristo. A "crucificação do velho homem" não é, portanto, uma experiência subjetiva de
ser procurada, mas uma realidade a ser considerada na experiência, como observado
em Romanos 6:11-14 e 1 Pedro 2:24. Veja a Pergunta 95.
Contrário a alguns ensinamentos tradicionais, o crente não é composto de um
"velho” e um “novo homem;" ele é o "novo homem" em união com Cristo. O "velho
homem," ou o eu não regenerado, foi crucificado com Cristo. Se ele fosse composto
por dois diferentes "homens" ou "naturezas" dentro de si mesmo, então ele sempre
seria frustrado e impedido de qualquer tentativa em direção à santidade e a vitória
sobre o pecado. Ele seria uma espécie de "esquizofrênico espiritual," não a descrição
bíblica da pessoa em quem o poder reinante do pecado foi quebrado. A piedade
permaneceria para sempre uma meia possibilidade aleijada, dependente de sua própria
autodeterminação ou uma opção, ou seja, ele poderia ou permaneceria um "Cristão
Carnal" ou procuraria tornar-se um crente "espiritual." Ele poderia constantemente
culpar o "velho homem" ou a "velha natureza" por suas dificuldades e nunca assumir
total responsabilidade por seu pecado. Sua união com Cristo poderia ser em grande
parte anulada. Mas a Escritura declara que cada crente é um "novo homem" em união
com Cristo (2 Coríntios 5:17). Esta é a realidade do aspecto definitivo da santificação.
Veja as perguntas 94-95.
Qual, então, é a fonte da luta do crente com o pecado em sua vida? Não é o
"velho homem" ou a "velha natureza," mas sim um princípio de pecado interior e
corrupção remanescente que se expressa em atos de pecado. Foi tradicional da parte de
muitos se referir a esta realidade de pecado interior e corrupção remanescente como a
"velha natureza."
Marque cuidadosamente Romanos 6:15-8:15 e note de perto as seguintes
realidades: Primeiro: A declaração de Romanos capítulo sete termina, não em 7:25,
mas em 8:16. A ideia, portanto, de "sair de Romanos, Capítulo Sete e entrar em
Romanos, Capítulo Oito" é baseada em um mal-entendido desta passagem;
Segundo: Capítulos e divisões de versículos não são inspirados. A passagem
termina com uma nota de vitória por meio da graça capacitadora do Espírito, não em
derrota; Terceiro: o Apóstolo esperou até o capítulo oito para discutir a realidade e o
poder do Espírito Santo na vida do crente. A seção inteira, que revela a relação do
crente com a lei, se estende 6:15-8:9; Quarto: Romanos 7:14-25 é, nós acreditamos, a
declaração de um crente maduro que é terrivelmente consciente de todo e qualquer
pecado interior e corrupção remanescente. Quando realizado antes do padrão absoluto
da lei, ele é o epítome de fraqueza e inconsistência, ou "carnal" [lit : "feito de carne"].
Quinto: ele faz uma distinção muito clara entre o "eu" ou si mesmo e o "pecado
que habita em mim," não o "velho homem" ou a "velha natureza." Finalmente, sua
força e esperança de vitória reside na graça ou no poder do Espírito Santo, que o
capacita a conformar em princípio com as justas exigências da lei moral (Romanos 8:116). O poder reinante do pecado foi quebrado em sua vida?
115ª Pergunta - Se o crente é efetivamente trazido em união com Cristo, com
toda essa união implícita, por que e como ele ainda peca?
224
Resposta - O crente, embora não mais sob o poder reinante contínuo do pecado,
ainda comete atos de pecado devido a um princípio de pecado interior e corrupção
remanescente.
Romanos 6:15. “Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei,
mas debaixo da graça? De modo nenhum!”
Romanos 6:17-18. 17”Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado,
obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. 18E, libertados
do pecado, fostes feitos servos da justiça.”
Romanos 6:17-21. 17”Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado,
obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. 18E, libertados
do pecado, fostes feitos servos da justiça. 19Falo como homem, pela fraqueza da
vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para
servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os
vossos membros para servirem à justiça para santificação. 20Porque, quando éreis
servos do pecado, estáveis livres da justiça. 21E que fruto tínheis então das coisas
de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.”
1 João 2:1. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não
pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o
Justo.”
Veja também: Romanos 6:1-23; 7:13-8:16; Efésios 4:22-24; Colossenses
3:1-10; 1 Tessalonicenses 5:24; 1João 1:8-10.
COMENTÁRIO
Veja as perguntas 95, 113 e 114. É o claro ensino das Escritura que o poder
reinante do pecado foi quebrado na vida de cada crente verdadeiro em virtude de sua
união com Cristo. Isto não depende da força, determinação e dedicação pessoal do
crente, mas de sua união objetiva com o Senhor Jesus Cristo e entrada em um estado de
graça. Embora o crente não esteja mais sob a dominação ou poder reinante do pecado,
ele ainda comete atos de pecado, ou seja, ele "morreu" para o poder reinante do
pecado, mas ele não está "morto" para a sua realidade em sua experiência (Romanos
6:11-14; 7:13-8:4). A grande e determinante diferença entre o crente e o descrente, ou
o mero Cristão professo, é que o incrédulo vive em um estado de pecado e sob o seu
poder reinante, enquanto o crente, porque ele está em um estado de graça, age fora do
caráter e comete atos de pecado.
Cinco realidades devem ser observadas:
Primeira: A Escritura não ensina "perfeição sem pecado" ou um "perfeccionismo
Cristão" modificado (1 João 1:8-10). Veja a Pergunta 88. Tais ensinamentos falham em
levar em conta a hediondez do pecado em sua verdadeira natureza, o princípio do
pecado remanescente e da corrupção interior no crente, a realidade da guerra espiritual
e a sutileza do diabo (Efésios 6:10-18), e o uso dos termos "perfeito" e "perfeição" no
Novo Testamento (por exemplo: 1 Coríntios 2:6; 2 Coríntios 13:11; Filipenses 3:12-
225
15; Colossenses 1:28). Estes termos são usados no sentido de "maduro" ou sendo feito
"completo," "trazido à conclusão," ou "inteiro." Inevitavelmente, qualquer ideia de
perfeccionismo deve ser modificada para acomodar a realidade do pecado
remanescente e da corrupção ou colocar a lei moral de Deus em uma escala móvel para
fazê-lo relativo à habilidade de alguém - ou alguém deve se manter na ideia que um
verdadeiro crente pode finalmente apostatar;
Segunda: o crente nesta vida presente, embora salvo na alma e na mente, está
ainda no mesmo corpo que possui um princípio de pecado interior e corrupção
remanescente (não uma "velha natureza" ou "o velho homem") (Romanos 7:13-8:4).
Isto vai atormentar cada crente até a sua morte e ressurreição em glória (Romanos
8:17-23; Filipenses 3:20-21). O pecado não é mais seu mestre, e ele não está sob a
obrigação constrangedora de suas solicitações, mas abrange sua "enfermidade" ou
fraqueza para o pecado (Romanos 6:11-14,17-19; 8:26);
Terceira: Antes da regeneração e da fé, ele estava "livre" (desembaraçado) do
princípio da justiça, mas agora, como um crente, ele está "livre" (desembaraçado) do
princípio reinante do pecado (Romanos 6:20,22);
Quarta: Embora o poder reinante do pecado tenha sido quebrado, um princípio do
pecado interior e da corrupção remanescente manifesta-se em vários atos de pecado,
nos quais o crente age fora do caráter como um Cristão. Note que a linguagem de
Romanos 6:15 e 1 João 2:1 (aoristo) refere-se a atos de pecado, ou seja, "...pecaremos
(levemente cometeremos atos de pecado)?" "...estas coisas vos escrevo, para que não
pequeis (cometam um ato de pecado), e se alguém (cometer um ato de pecado)
pecar..." Nesta vida cada crente retém um princípio de pecado interior e corrupção
remanescente que assombra e zomba dele, e às vezes o seduz ao pecado. Tais
manifestações devem ser mortificadas pelo Espírito e pela graça de Deus (Romanos
8:13; Colossenses 3:5);
Quinta: Não há desculpa para o pecado na vida do crente. Que nós pecamos é
uma triste realidade; mortificar todas as manifestações conhecidas do pecado interior e
da corrupção remanescente é o nosso dever; arrepender-nos de todo pecado cometido é
imperativo; que somos repreendidos por Deus em sua bondade é uma necessidade; que
Deus perdoa-nos é uma bênção insondável e indizível. Que ele faz isso por meio do
Senhor Jesus é a glória da graça.
Um crente, embora ainda peque, nunca apostatará total ou finalmente de Deus ou
retornará a uma vida evidente de pecado. Ele pode pecar por um tempo, até que
condenado ou confrontado com a culpa dele, mas, quando assim confrontado pela
Palavra, pelo Espírito ou pela pregação, ou confrontação pessoal, ele será levado ao
arrependimento. Os grandes preventivos contra a apostasia são a infalibilidade do
propósito redentor Divino, sua união com Cristo, a realidade do castigo Divino e as
relações providenciais tanto de Deus quanto dos irmãos crentes por intermédio do
Espírito e da Palavra. Se um crente continuar a entristecer o Espírito de Deus por pecar
evidentemente constante, é possível que Deus possa tirar sua vida para preservar a sua
alma (1 Coríntios 5:1-5; 11:30-32; 1João 5:16-17). Nós cometemos até mesmo leves
226
atos de pecado? Somos rápidos em mortificar as manifestações do pecado interior e da
corrupção remanescente?
116ª Pergunta - O crente pode ganhar a vitória sobre qualquer pecado?
Resposta - Não há nenhum pecado que deva continuar dominando o crente.
Romanos 6:14. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não
estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.”
Romanos 6:15. “Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei,
mas debaixo da graça? De modo nenhum!”
1 João 2:1. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não
pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o
Justo.”
Veja também: Romanos 3:9; 6:1-23; 7:13-8:16; Gálatas 5:16-17; Efésios
4:22-24; Colossenses 3:1-10; 1João 1:8-9; 2:1; 1João 3:4-10.
COMENTÁRIO
Em virtude da união do crente com Cristo, o poder reinante do pecado foi
quebrado, embora o crente agora cometa atos de pecado. Ele deve, portanto, lidar com
estes atos como manifestações do princípio do pecado interior e da corrupção
remanescente. Veja as Perguntas 95 e 115.
As próprias palavras da Escritura revelam que ele não está mais sob o domínio do
pecado, e, por isso, nenhum pecado apresenta uma impossibilidade insuperável ou
pode anular a graça capacitadora de Deus. Nota em Romanos 6:11-14 que o crente
deve ser totalmente indiferente à solicitação do pecado, seu antigo mestre. As próprias
palavras "considerai" e "Não..." pressupõem que o poder reinante do pecado foi
quebrado pela graça de Deus. Romanos 6:14 liquida o assunto. O crente não está mais
sob um mero princípio de comando externo, mas sob a dinâmica da graça interior. Não
há pecado que não possa ser superado pela graça de Deus, a menos que a pessoa esteja
ela mesma em um estado sem graça.
Uma outra explicação pode ser necessária acerca das palavras de Romanos 6:14,
"pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça." O artigo definido antes de "lei"
deve ser omitido, uma vez que não está no idioma original. Este não é um contraste
entre as dispensações, como se os indivíduos já estivessem "sob a lei," mas agora estão
"sob graça." O que é denotado é um princípio da lei, ou seja, o mero mandamento
exterior. O contraste é entre um princípio de mero comando exterior o qual só poderia
dirigir, mas não transmitir nenhuma habilidade para cumprir, e um princípio interior de
graça que fornece a dinâmica do cumprimento. Isto explica por que nenhum pecado
pode continuar a dominar o verdadeiro crente.
227
O Senhor Jesus Cristo não ganhou crentes numa vitória oca sobre o pecado, mas
uma vitória real que é realizada pela graça capacitadora do Espírito Santo. Ele faz
nossa união com Cristo e a mortificação do pecado eficaz em nossa experiência
(Romanos 8:13; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:1-10). Nossa relação com o pecado
não deve ser pensada em termos de derrota ou vitória, que está no contexto da obra
redentora de nosso Senhor, mas sim em termos de obediência ou desobediência. Ele
ganhou a vitória; nós estamos vivendo em obediência. Precisamos de mais graça para
mortificar o pecado? Oremos por ela!
117ª Pergunta - Como o crente deve tratar com o pecado em sua vida?
Resposta - O crente deve lidar com o pecado em sua vida, confessando-o,
arrependendo-se dele, abandonando-o e mortificando-o de acordo com a Escritura.
1 João 1:9. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.”
Isaías 55:7. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus
pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o
nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.”
Romanos 8:13. “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se
pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.”
Colossenses 3:5. “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a
terra...”
Veja também: Romanos 6:1-23; 8:1-16; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:111; 1João 1:8-10 .
COMENTÁRIO
Embora o seguinte possa ser parecido com uma afirmação perigosa, contudo, é
verdade, se nós devemos ser escriturísticos. Antes de nós podermos escrituristicamente
tratar com o pecado, devemos chamar de "pecado" o que a Bíblia chama de pecado, e
devemos também parar de chamar "pecado" o que a Bíblia não chama pecado. Caso
não tentemos ser consistentes com a Escritura, podemos permitir alguns pecados por
causa da tradição, cultura, orgulho pessoal ou preconceito, ou sofrer com uma
consciência muito sensível e inclinar-se para uma mentalidade legalista, chamando de
"pecado" as coisas que a Escritura não chama.
O pecado deve ser confessado, arrependido e abandonado a fim de ter o perdão (1
João 1:8-10). Confessar o pecado é tomar partido com Deus contra o nosso pecado. A
palavra "confessar" significa "dizer a mesma coisa." A menos que confessemos as
nossas faltas e transgressões a Deus como pecado, nunca tomaremos uma ação justa e
agressiva contra eles. Nós devemos nos arrepender. Estar arrependido acerca do pecado
é uma atitude constante que devemos ter quando conhecemos os nossos pecados.
Abandonar o pecado é a ação culminante de uma mente e coração arrependidos.
228
Como o crente deve tratar com o pecado em sua vida? Alguns ensinam que ele
tem a opção de viver em um estado de pecado como um "Crente Carnal." Outros
ensinam que ele deve "dedicar sua vida" a Deus. Outros ainda ensinam que ele pode
continuar a desculpar-se como sendo o pecado do "velho homem" ou a "velha
natureza," e que o "novo homem" ou a "nova natureza" não peca. Nenhum destes, no
entanto, se enquadra com a Escritura, que declara expressamente como o crente deve
lidar com o pecado em sua vida. Ele deve tomar medidas positivas contra ele e
mortificá-lo. Veja as perguntas 95 e 96. Observe atentamente que tal mortificação é
uma dívida e um dever a Deus em virtude de nossa união com Cristo (Romanos 6:1-14;
8:11-14; Colossenses 3:1-10), e que esta união é a base para a mortificação do pecado.
Note ainda, que não é o corpo, mas sim as ações do corpo que devem ser mortificadas
(Romanos 8:13; Colossenses 3:5-11). A mortificação não é ascetismo nem legalismo.
Finalmente, note cuidadosamente que a mortificação só é possível pelo poder do
Espírito Santo (Romanos 8:11-14; Gálatas 5:16-18). Nós praticamos uma mortificação
constante pela graça e pelo Espírito de Deus?
118ª Pergunta - O que se entende por "liberdade Cristã?"
Resposta – A liberdade Cristã pertence à indulgência do crente em matéria de
dieta, bebida e outras coisas, atividades e observâncias, que são escrituristicamente
neutras, mas pode fazer um irmão mais fraco tropeçar.
Romanos 14:13. “Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes
seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão.”
1 Coríntios 10:31-32. 31”Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra
qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. 32Portai-vos de modo que não deis
escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.”
Veja também: Romanos 14:1-23; 1 Coríntios 6:12-13; 10:12-33; Gálatas
5:13-14,22-3; 6:14; 1 Pedro 1:13-16,22; 2:9-17; 2 Pedro 3:13-14.
COMENTÁRIO
A liberdade Cristã não está relacionada com as questões que são claramente
delineadas na Escritura como certas ou erradas, justas ou injustas, piedosas ou
pecaminosas. Está ao contrário relacionada com questões que são de natureza neutra, e
geralmente que dizem respeito àquelas questões que incluem práticas religiosas,
comida e bebida, e as associações ou assuntos que podem variar de cultura para
cultura.
A questão da liberdade Cristã ou da liberdade de consciência em assuntos neutros
deve ser regida por vários princípios:
Primeiro: o padrão objetivo para todo o comportamento é a Palavra de Deus
escrita. Nenhum crente tem a opção ou a liberdade de ser antiescriturístico. Questões
ou assuntos surgem quando os homens, por várias razões, procuram fazer a Escritura
mais ampla ou mais estreita para incluir e decidir em assuntos neutros. Embora nós
229
devamos chamar "pecado" o que a Bíblia chama de pecado, e não chamar de "pecado"
o que ela não chama, várias interpretações, diferenças e preconceitos continuam a
existir entre os crentes sinceros;
Segundo: Só Deus é o Senhor da consciência. A natureza humana religiosa tem a
tendência inata para forçar a si mesma na consciência dos outros, seja certo ou errado.
Isto pode violar a consciência de alguém como sendo ou não sendo submissa a Deus e
à sua Palavra;
Terceiro: O motivo supremo para todas as coisas é a glória de Deus - e isto é
inclusivo de todas as ações (1 Coríntios 10:31). Aquelas ações que não podem ser
feitas para a glória de Deus tornam-se pecaminosas. Finalmente, a consciência do
irmão mais fraco deve ser sempre considerada e não violada. Sua consciência mais
fraca deve orientar e governar as ações do irmão mais forte (Romanos 14:1-23; 1
Coríntios 10:14-33).
Quem é o "irmão mais fraco" e o "irmão mais forte?" Alguns pensam que o irmão
mais fraco é o que se sacia em certas ações ou práticas, frequentemente equiparando as
tais com a vida dissoluta ou uma falta de espiritualidade. Pensa-se, em contraste,
muitas vezes, que o irmão mais forte, é a pessoa muito rigorosa em suas limitações.
Escrituristicamente, o inverso se aproxima da verdade. O irmão mais fraco é aquele
cuja consciência é excessivamente sensitiva em assuntos neutros. O irmão mais forte é
aquele cuja consciência não é tão sensitiva em tais assuntos. Isto, no entanto, pressupõe
que os assuntos em causa sejam neutros, e que ambos acreditem que cada um esteja
sendo bíblico em sua fé, atitudes e ações.
Que tendências devem ser evitadas no assunto da liberdade Cristã? Qualquer
tendência ao legalismo, antinomianismo, hipocrisia, ou ostentação da alegada liberdade
Cristã de alguém é inconsistente com a Escritura. Então, é uma consciência mais
sensitiva que pode ser constantemente utilizada para promover tendências legalistas ou
dominar as consciências e ações dos outros.
Consideração deve ser dada aos termos "ofensa," "ofender" e "tropeçar." As
palavras "ofensa" ou "ofender" não significam ferir os sentimentos de alguém, mas sim
para fazer outra pessoa tropeçar. "Tropeçar" é ser conduzido a uma situação ou ação
por outra pessoa, de modo a violar a consciência de alguém. Um irmão mais fraco é
ofendido ou escandalizado quando ele é levado a agir em uma determinada questão
contra a sua consciência por um outro que é supostamente mais forte na fé. "Ferir
sentimentos" ou transgressões pessoais não têm nada a ver com uma ofensa bíblica.
Nós entendemos a liberdade cristã? Manifestamos uma compaixão amorosa e
compreensão para com aqueles que acreditamos serem nossos irmãos mais fracos?
119ª Pergunta – Podem os verdadeiros crentes, em razão das suas imperfeições,
das tentações e dos pecados que os atinjam, cair do estado de graça?
Resposta - Os verdadeiros crentes, em razão do amor imutável e do eterno
propósito redentor de Deus, em virtude da união inseparável deles com Cristo e da
presença interior e do poder do Espírito Santo, não pode total nem finalmente cair do
estado de graça.
230
João 10:27-29. 27”As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as,
e elas me seguem; 28E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém
as arrebatará da minha mão. 29Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e
ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.”
Filipenses 1:6. “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós
começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo.”
1 Pedro 1:5. “Que mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para
a salvação, já prestes para se revelar no último tempo.”
Veja também: Jeremias 31:3; Lucas 22:32; João 14:16-17; 17:24;
Romanos 5:5; 6:1-14; 8:1-4,28-39; 1 Coríntios 1:8-9; Efésios 1:3-14; 2:4-10;
4:22-24; Colossenses 3:1-10; 2 Timóteo 2:19; Hebreus 7:25; 9:11-12; 1 Pedro
1:3-5; 1João 3:1-3,9.
COMENTÁRIO
A classe de pessoas a quem esta questão é endereçada são os crentes verdadeiros.
Não estão inclusos os "Cristãos meramente professos" cuja religião consiste apenas em
cerimônias exteriores, meros sentimentos irracionais ou uma única experiência
religiosa subjetiva. Para os crentes verdadeiros finalmente perecer teriam que anular a
imutabilidade do amor e do propósito Divino (Veja as perguntas 64, 66, 68, 69 e 78), a
união deles com Cristo (Veja a Questão 77), sua obra intercessora por eles e obra do
Espírito Santo neles (Veja as perguntas 84, 94-96). Seriam anuladas ainda todas as
promessas da Palavra de Deus para eles. Assim, os crentes não poderiam confiar na
Palavra de Deus e seriam deixados sem qualquer conforto objetivo ou esperança em
Deus ou Sua Palavra. Veja a pergunta 9.
Mesmo os mais santos e mais piedosos dos crentes, se deixados a si mesmos,
separados da graça capacitadora e sustentadora de Deus, cairiam pela força da tentação,
o pecado interior e corrupção remanescente. Os verdadeiros crentes são guardados pelo
poder de Deus de modo que eles não caiam total nem finalmente do estado da graça
(João 10:27-29; Filipenses 1:6; 1 Pedro 1:3-5), embora eles possam cair em tentação,
cometer atos de pecado, experimentar a mão castigadora de Deus, e possam mesmo por
um tempo perder uma sensação da garantia deles. A graça Divina infalivelmente nos
salva e também necessariamente nos mantém. "Porque pela graça sois salvos (foram
salvos e são mantidos nesse estado, tempo perfeito) por meio da fé..." (Efésios 2:8).
Como crentes em nossa presente experiência, somos produtos brutos da graça
salvífica, ainda longe da obra completa que Deus ordenou (Romanos 8:29; 2 Coríntios
3:17-18; Efésios 2:8-10; 1João 3:1-3). Nós somos, por assim dizer, levados a Cristo
como minério bruto, colocado no forno da tentação e da aflição, o cadinho do
julgamento e do castigo, e o pote de fundição da guerra espiritual até que a escória da
presunção, da autoconfiança, do orgulho e da vaidade seja queimada. Por meio de tais
adversidades somos levados a uma compreensão mais completa do propósito e do amor
Divino. Mais e mais graça é misturada em nossas vidas como o coque é adicionado ao
ferro no cadinho para fazer aço. Mais e mais esvaziado do eu, nós submetemos nossos
231
primeiros passos no processo de sermos conformados à imagem do Filho de Deus.
Aprendemos da graça., aprendemos a orar, a confiar e a viver cada vez mais como
crentes consistentes. Somos aquecidos, forjados, temperados e depois tirados para que
pela graça de Deus, possamos dobrar mas não quebrar. O final deste processo gracioso
no propósito de Deus é que seremos semelhantes ao Senhor Jesus (João 3:30; Romanos
8:29; 2 Coríntios 3:17-18; 1João 3:1-3).
Mas e acerca de certas declarações na Escritura que parecem ensinar que os
verdadeiros crentes podem desviar-se, cair da graça ou apostatar? E acerca do desvio?
Embora seja comum para muitos falar do "Cristão desviado," deve-se notar o seguinte:
Primeiro: os termos "apóstata," "desviado" e "rebeldias" ocorrem dezessete vezes
na Escritura, e todos em três livros do Antigo Testamento (Provérbios, Jeremias e
Oséias). É, portanto, uma designação peculiar ao Antigo Testamento;
Segundo: dezesseis destas referências são para Israel;
Terceiro: existem quatro diferentes termos Hebraicos utilizados, e todos estes são
sinônimo de rebelião aberta, jogando fora o jugo de Deus, ou apostasia. A ideia de
"deslizando ou deslizar de volta" para um estado de pecado é estranho ao significado
dos termos Hebraicos utilizados nos vários textos. O ensino tradicional e a
terminologia a respeito da "rebeldia," se importado para o Novo Testamento, só
poderia descrever apostasia.
E acerca de "cair da graça"? Esta terminologia é tomada de Gálatas 5:4. Ela não
tem referência à perda da salvação de alguém, mas sim retornar à escravidão da lei para
justificação, incluindo a circuncisão, e voltando atrás a partir do princípio da graça e da
fé (Gálatas 5.1-5).
E acerca da possibilidade de apostasia? Muitos podem voltar de uma profissão
defeituosa e temporária da fé (Mateus 13:5-6; 20-21; João 6:66). Existem severas
advertências contra apostatar da profissão de fé de alguém por meio de voltar para a
legislação Mosaica e o Judaísmo, com medo da perseguição. Este foi o caso dos
professos Judeus convertidos na Epístola aos Hebreus. Marque as fortes advertências
contra a apostasia: "Não desviem!" (Hebreus 2:1-4). "Não Descreia! (Hebreus 3:6 b4:13). "Não degenerem!"(Hebreus 5:11-6:20). "Não desprezem!"(Hebreus 10:26-31) e
"Não Profanem!"(Hebreus 12:12-17). Embora um verdadeiro crente não apostate por
razões anteriormente expostas, aquele que tem meramente uma profissão exterior de
religião pode fazê-lo. Essas tristes realidades impõem a necessidade de clareza na
proclamação do Evangelho e para doutrina Bíblica forte e consistente e solidez na fé
(Atos 20:26-27; 2 Coríntios 13:5; 2 Timóteo 1:13).
120ª Pergunta - O que é uma visão de mundo e de vida?
Resposta - A visão de mundo e de vida é uma filosofia de vida, a soma total das
pressuposições de alguém ou o que ele presume ser verdadeiro e, portanto, acredita
sem questionar, e, portanto, o que ultimamente determina como ele pensa e age.
Gênesis 1:1. “No princípio criou Deus o céu e a terra.”
232
Mateus 4:4. “...Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a
palavra que sai da boca de Deus.”
2 Timóteo 3:16-17. 16”Toda a Escritura é divinamente inspirada, e
proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
17
Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a
boa obra.”
Apocalipse 4:11. “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder;
porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.”
Veja também: Atos 14:8-18; 17:22-31; Romanos 1:18-25; 8:28-31; 11:3336; 1 Coríntios 8:4-6.
COMENTÁRIO
É errôneo pensar que o Cristianismo pode ser truncado em algumas doutrinas
fundamentais que caracterizam a ortodoxia, ou seja, doutrina tradicional e formam a
base para a experiência e vida Cristã. O Cristianismo bíblico abraça toda a Escritura
para toda a vida . Quando interpretada apropriada e consistentemente, a Escritura fala
com autoridade absoluta para toda situação de vida possível e circunstância. Devemos
entender o Cristianismo bíblico em termos de uma visão de mundo e de vida.
Todo mundo, conscientemente ou não, tem uma filosofia de vida, um quadro ou
conjunto de pressuposições das quais ele pensa e age - uma visão de mundo e de vida.
É uma percepção de realidade do indivíduo e como ele se relaciona com ela, suas
convicções e pressuposições (suposições inquestionadas, axiomas, primeiros
princípios) que representa sua perspectiva total na vida, o mundo acerca dele e a
realidade final. A nossa visão de mundo e de vida determina literalmente tudo em
nossa percepção e relacionamento com a realidade.
O contraste seguinte em visões de mundo e de vida demonstra a importância
delas: o ateu, se consistente, deve pressupor que não há Deus, nada transcendente ou
sobrenatural, um processo evolutivo aleatório, sem absolutos; sem certeza exceto o
fatalismo, sem esperança exceto no acaso, no destino ou na sorte; nenhuma base para a
moralidade exceto por consenso humano; sem sentido último exceto aquilo que o
homem dá às coisas, e nenhum futuro além da vida presente. Assim, o ateu, se for
consistente, deve encarar a falta de sentido último e a futilidade - uma perspectiva
necessariamente niilista.
O Cristão, se consistente com a Escritura, pressupõe que o Deus da Escritura é o
todo-abrangente, Realidade viva, que Ele soberanamente governa este universo e tudo
que nele há, e está infalivelmente trazendo Seu propósito eterno de conclusão para a
Sua própria glória e bem dos seus eleitos. Ele pressupõe que Deus criou todas as coisas
e lhes deu o significado, que a obediência a Deus começa por dar o mesmo significado
a tudo o que Deus deu a ele. Assim, ele acredita que o homem foi criado à imagem de
Deus para viver pela Palavra de Deus e para "pensar os pensamentos de Deus ,
seguindo-o," e que o caráter moral de Deus determina a moralidade humana. O Cristão
233
olha mais para o futuro com esperança e alegria porque sua fé é fundada sobre a
Palavra do Deus eterno e imutável, que revelou seu propósito redentor, esclareceu isto
pela profecia e encoraja por meio das promessas de Sua Palavra infalível. Você tem
pensado seriamente sobre a sua própria visão de mundo e de vida pessoal? Você a tem
alinhado consistentemente com a Escritura?
121ª Pergunta - O que é uma Visão de Mundo e de Vida Bíblica ou Teísta
Cristã?
Resposta – Uma Visão de Mundo e de Vida Bíblica ou Teísta Cristã é uma
filosofia de vida dada por Deus que deriva da interpretação coerente, inclusiva e da
aplicação da verdade bíblica.
Mateus 4:4. “...Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a
palavra que sai da boca de Deus.”
2 Timóteo 3:16-17. 16”Toda a Escritura é divinamente inspirada, e
proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
17
Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a
boa obra.”
Veja também: Salmos 19:1-6; 139:1-18; Atos 17:22-31; Romanos 8:28-39;
11:33-36; 1 Coríntios 8:6; 10:31; 2 Pedro 3:1-18.
COMENTÁRIO
Toda religião por sua própria natureza possui uma "metanarrativa" ou visão de
mundo, uma ideia de significado, propósito e destino mais abrangente. É neste dado
contexto que o indivíduo encontra significado em uma divindade ou divindades, para si
e para o mundo acerca dele. É a partir deste ponto de referência que ele vê o passado, o
presente e o futuro. Veja a pergunta 35. A visão de mundo bíblica é chamada de Visão
de Mundo e de Vida Cristã Teísta porque expressa a verdade e a realidade do triuno
Deus autorrevelado da Escritura e Seu propósito eterno, que está sendo operado em e
por meio da Sua criação. Este conceito de Deus e da realidade é derivado da revelação
especial (a Escritura) e é testemunhado em revelação natural (criação, o tempo e a
história). Tal conceito é teocêntrico (centrado em Deus) e focado na redenção não só da
humanidade caída (João 3:16; Apocalipse 5:9), mas finalmente de toda a criação. Será
realizado na redenção final do povo amado de Deus, a consumação final da história no
Senhor Jesus Cristo e os "novos céus e nova terra, onde habita a justiça" (1 Coríntios
15:21-28; Efésios 1:3-11; 2 Pedro 3:7-14). Veja a Pergunta 172.
A Visão de Mundo e de Vida Cristã Teísta dá o significado apropriado para a
criação em geral e a do homem como o portador da imagem de Deus em particular. Ela
define a queda do homem, o caráter providencial da história humana; a encarnação, a
obediência ativa e passiva, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus Cristo, e a presente
economia do evangelho tudo em sua devida importância. Ela dá significado ao
indivíduo e ao seu lugar no tempo e na história. Em seu âmbito mais amplo, a Visão de
Mundo e de Vida Cristã Teísta envolve praticamente tudo sem exceção, não deixando
234
lugar para o destino, para a sorte, para o acaso ou fortuna. Deus não é apenas o
Soberano do universo, Ele também é o Deus do minuto e do íntimo que rege a partir
das estrelas, galáxias e planetas aos elementos de cada átomo individual. Nada é
escondido Dele, nada está fora de Seu controle, e tudo está se movendo em direção a
Sua gloriosa culminação de acordo com o Seu decreto. A verdade abençoada de
Romanos 8:28 deve necessariamente ser vista neste contexto (Romanos 8:17-39).
O discurso do Apóstolo Paulo ao conselho filosófico em Atenas (Atos 17:16-34),
o primeiro confronto intelectual registrado entre o Cristianismo bíblico e a filosofia
Grega, era uma apologética (defesa da fé) em termos de uma Visão de Mundo e de
Vida Cristã Teísta. Veja a pergunta 136. É o locus classicus da apologética na Escritura
(Conforme Romanos 1:18-25; 1 Coríntios 10:3-5; Filipenses 1:7,17; 1 Pedro 3:15;
Judas 3). Suas palavras foram as mais profundas jamais proferidas naquele antigo
centro de filosofia pagã. Para compreender adequadamente esta declaração, deve-se
notar que este discurso foi a culminação de várias semanas pregando Cristo
diariamente na Ágora, que explica o fundo de doutrina necessária de sua defesa final, e
por que ele não necessita especificamente nomear nosso Senhor (Atos 17 :16-18).
Seu tema era a natureza e o caráter de Deus (Atos 17:22-24), Sua íntima relação
com o Seu governo soberano sobre toda a criação (Atos 17:24-25), a unidade da raça
humana (Atos 17:26), a ascensão e queda das civilizações sucessivas (Atos 17:26), a
natureza do homem como portador da imagem de Deus (Atos 17:26-28), sua condição
caída (Atos 17:27,30), a ignorância deliberada e culpabilidade da idolatria (Atos
17:28), e julgamento iminente baseado na ressurreição do Senhor Jesus Cristo (Atos
17:30-31). Embora ele não tenha citado qualquer Escritura, cada afirmação foi uma
declaração que estava firmemente fundamentada na revelação Divina. A apologética do
Apóstolo foi completamente pressuposicional.
122ª Pergunta - Como a visão de mundo e de vida do crente difere da do
incrédulo?
Resposta – A visão de mundo e de vida do crente é dada por Deus, é
escriturística, e, portanto, autoconsistente e transcendente, em contraste com a do
incrédulo, que é autoapropriada, antiescriturística e, portanto. inconsistente e
inadequada.
Provérbios 14:12. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o
fim dele são os caminhos da morte.”
Mateus 4:4.” Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão
viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”
2 Timóteo 3:16-17. 16”Toda a Escritura é divinamente inspirada, e
proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
17
Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a
boa obra.”
235
Veja também: Gênesis 1:1; Salmos 139:1-18; Provérbios 16:25; Atos
17:22-31; Romanos 11:33-36; Apocalipse 4:11.
COMENTÁRIO
Normalmente, os indivíduos desenvolvem ou escolhem as suas próprias filosofias
de vida ou visão de mundo. Pode ser pelo ensino religioso, da educação filosófica
especulativa, ou empiricamente por intermédio do processo de ciências ou experiências
de vida. Muitos são bem ignorantes de suas visões de mundo e suas implicações até
que sejam forçados a chegarem a um acordo tanto com elas quanto consigo mesmos. A
maioria das abordagens da vida e o significado em nossos dias são existenciais
(totalmente subjetivas) ou pós-moderna (relativista, pluralista e sem sentido na
comunicação objetiva), e assim são fragmentadas (falta de uma unidade coerente), e,
portanto, inadequadas ou contraditórias e muitas vezes totalmente subjetivas e
irracionais. Isto resulta da falta de qualquer base metafísica, de fundação religiosa
absoluta ou adequada para a moralidade e ética. Tais pessoas estão à deriva em um mar
de contingência e incerteza. Estas aprendem pouco ou nada do passado, vivem apenas
para o presente, e têm no máximo uma esperança irracional do futuro.
Ao crente, por contraste, é dada sua visão de mundo e de vida de Deus na
Escritura. A Bíblia deve formar sua pou sto [lit: "[um lugar] onde eu possa ficar"] ou
ponto de referência. As Escritura são para ele, pela obra do Espírito Santo na
regeneração (João 3:3,5), a conversão (1 Tessalonicenses 2:13) e iluminação (1João
2:20,27), a própria Palavra de Deus. Em virtude de seu novo estado espiritual de graça,
a ele é dado um novo ponto de referência, e assim um conjunto de absolutos
escriturísticos, uma nova moralidade, ética, significado e propósito para o presente e
esperança para o futuro (Mateus 4:4; 2 Timóteo 3:16-17). Sua visão de mundo e da
vida é então inclusiva e harmoniosa é tanto autoconsistente quanto transcendente
(profeticamente alcança o futuro) (1 Tessalonicenses 4:13-18; 2 Pedro 3:7-14; 1João
3:1-3). Este é o ideal. Sua experiência Cristã está equipada para trazê-lo cada vez mais
em conformidade com ela. A chave, então, para tal conformidade e consistência é a fé fé no triuno, o autorrevelado Deus da Escritura, e assim, fé em Sua Palavra infalível. É
toda a Escritura (consistentemente interpretada) para toda a vida.
123ª Pergunta - Por que uma Visão de Mundo e de Vida Bíblica é necessária
para um Cristianismo consistente?
Resposta - O Cristianismo bíblico é de forma necessária consistente e
abrangente, como a Escritura fala com autoridade para toda a vida, trazendo todos os
aspectos sob a autoridade da Palavra de Deus, e, portanto, sob o senhorio de Jesus
Cristo.
Mateus 4:4. “Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão
viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”
Romanos 11:36. “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas;
glória, pois, a ele eternamente. Amém.”
236
2 Timóteo 3:16-17. 16”Toda a Escritura é divinamente inspirada, e
proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
17
para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a
boa obra.”
Veja também: Mateus 28:18; Atos 2:36; Romanos 10:9-10; 1 Coríntios
8:6; 10:31; 2 Coríntios 4:5; Filipenses 2:9-11; Colossenses 1:12-17; Hebreus
1:1-4; Apocalipse 4:11.
COMENTÁRIO
Muito do Cristianismo moderno tende a ser truncado em algumas doutrinas
principais, ou inclina-se para experiência subjetiva e assim tende a refletir a
fragmentação da abordagem do mundo incrédulo para a vida e para a realidade. Muitos
cristãos professos separam a religião deles de certas questões morais, de vários
problemas éticos e econômicos, e muitas vezes de questões sociais, políticas e
ambientais, como se estas estivessem fora da esfera da religião e preocupação Cristã.
Quando o Cristianismo é abordado biblicamente, no entanto, a pessoa começa a ver
todas suas completas implicações. Não existe qualquer área da vida e da realidade onde
a Palavra de Deus não fale com a autoridade final ou dê a direção positiva. Se a
Escritura é estudada de forma consistente e inclusivamente, será descoberto que cada
área da vida é tocada. Por preceito, princípio e exemplo, a orientação pode ser
inteligente e consistentemente obtida para cada questão pelo uso de boas e necessárias
consequências. É o fardo do crente, trazer todas as áreas e aspectos da vida e da
realidade sob o domínio do senhorio de Jesus Cristo, segundo a Escritura.
Qual é a relação entre a Bíblia e as questões práticas da vida? A Bíblia é a própria
Palavra de Deus escrita. Ela é total e finalmente autorizada porque é a própria Palavra
de Deus. Deus nos deu Sua Palavra tanto para ser compreendida quanto para ser
obedecida. Ela vem a nós como mandamento Divino, e não meramente para
informação ou debate. A finalidade do estudo da Bíblia é chegar à verdade doutrinária.
É esta verdade doutrinária que é então aplicada à vida.
Primeiro: Deve haver um estudo diligente e piedoso, depois um entendimento do
que o texto diz, do que ele significa, e então a aplicação legítima e consistente. A
regeneração, a conversão, a iluminação espiritual e a obediência estão assim
intrinsecamente relacionadas. Veja as Perguntas 7-19. Nossa fé e nossa perspectiva são
inclusivas de toda a vida?
124ª Pergunta - Qual é o padrão moral para a vida do crente?
Resposta - A lei moral de Deus é o padrão moral para a vida do crente.
Salmos 119:97. “Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o
dia.”
Romanos 7:12. “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.”
237
Romanos 8:4. “Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não
andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.”
Veja também: Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 6:4-5; Mateus 5:17-18;
22:37-40; João 13:34-35; Gálatas 3:24; 1 Timóteo 1:5-11; Hebreus 4:9; 1 João
2:3-5; 5:1-3.
COMENTÁRIO
A natureza e relevância da lei moral são apresentadas nas perguntas 39-42. Uma
exposição da lei moral como sintetizado no Decálogo é apresentada nas perguntas 4363. Em resumo, várias questões podem ser notadas:
Primeira: O prólogo do Decálogo revela que a lei foi dada, não como um meio de
salvação, mas sim para um povo de aliança resgatado poder refletir o caráter moral do
seu Deus e Redentor. A legislação sempre acompanha a redenção. Isto permanece
verdadeiro, tanto na Velha quanto na Nova ou Aliança do Evangelho (Mateus 22:3640; Romanos 7:12; 8:1-4; 13:8-10; 1 Timóteo 1:8-11; 1João 2:3-5);
Segunda: A lei moral não se limita ao Decálogo ou Dez Mandamentos, mas é
inclusiva de todos os mandamentos morais da Escritura. Isto é exemplificado na
natureza coerente ou não contraditória da Escritura em si. Os vários sumários da lei
moral (Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 6:5; Mateus 22:36-40; Romanos 13:8-10; 1
Timóteo 1:5-11) resumem o que está expandido em sua plenitude tanto no Velho
quanto no Novo Testamento. De fato, a lei moral é desdobrada ou amplificada e
interpretada explicita e implicitamente no e pelo Novo Testamento;
Terceira: O Decálogo como o epítome, isto é, resumo da lei moral é uma série de
julgamentos que podem ser expandidos coerentemente para cobrir cada questão moral
(por exemplo: Mateus 5:27-28; 1João 3:15). No Decálogo, como o epítome da lei
moral, Deus legislou a moralidade. Ele não mudou nestes preceitos. A lei moral de
Deus é a Lei de Cristo;
Quarta: O pecado deve ser visto nos termos da lei de Deus. Todo e qualquer
pecado é abominável aos olhos de Deus. É uma transgressão da Sua lei ou ilegalidade
(1 João 3:4). Veja a Pergunta 36. A lei moral nos impede de deturpar e mal interpretar
o pecado ou desculpá-lo. Lembre-se, a ausência ou oposto da lei não é graça; é
ilegalidade;
Quinta: Existe necessariamente uma lei moral para as criaturas morais de Deus. A
lei está interiorizada ou escrita no coração do crente nas operações da graça Divina,
respondendo à lei ontologicamente incorporada no coração do homem na criação como
o portador da imagem de Deus, e agora está renovada com uma mentalidade
regenerada (Romanos 8:1-9; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10). A graça de Deus
mediante a obra do Espírito leva a um amor e desejo de se conformar com o caráter
moral e os mandamentos de Deus (Salmos 1:1-3; 119:159; Romanos 6:14; 8:1-9; 1João
2:3-5);
238
Sexta: A própria obra de salvação, especialmente a santificação, deve produzir
um povo santo. Esta santidade reflete do próprio caráter moral de Deus (Tiago 1:18; 1
Pedro 1:15-16; 2:9). A graça de Deus produz "um povo Seu especial, zeloso de boas
obras" (Tito 2:14). Não é o propósito de Deus que Seu povo seja profano ou injusto.
Qualquer padrão subjetivo ou indefinido estaria fora de manter a simplicidade objetiva
da lei moral e caráter de Deus, como seria a ausência de qualquer padrão moral!
Sétima: a fraqueza do homem na Antiga Aliança foi que o seu coração mantevese inalterado e a religião era meramente externa, exceto por um remanescente eleito de
verdadeiros crentes. Sob a Nova Aliança ou Aliança do Evangelho, o coração ou o ser
interior é transformado pela regeneração (a transmissão da vida Divina, a recriação da
imagem de Deus em justiça, santidade da verdade e do conhecimento, a quebra do
poder reinante do pecado e a remoção do coração natural - inimizade para a Lei de
Deus) para ser conforme em princípio com a lei moral. A graça nos deixa conforme em
princípio para amar e obedecer aos preceitos de Deus. Assim, a lei não é meramente
externa, mas também interna quanto ao seu conteúdo e motivação (Jeremias 31:31-34;
Ezequiel 11:19-20; 36:25-27; Romanos 2:11-16; 6:14; 2 Coríntios 3:3,17-18; Efésios
4:22-24; Colossenses 3:1-10; Hebreus 8:8-11);
Deve-se notar em Romanos 6:14 que a contração preposicional com o artigo
definido ["da"] não ocorre antes da palavra "lei" no Grego. Assim, refere-se a um
princípio da lei, ou seja, um princípio de mero comando exterior, como contrastado
com o princípio interior e dinâmico da graça. O legalismo não é espiritualidade; é
externo. É das obras (habilidade humana), não da graça. A graça divina santifica
interiormente; ela reflete o caráter justo de Deus. Qualquer negação desta realidade é
uma negação da graça Divina na regeneração, na conversão e na santificação - e isto
atinge o próprio coração do antinomianismo. Embora a lei moral não possa justificar
nem santificar, ela permanece o padrão Divino;
Oitava: A maioria dos erros no Cristianismo pode ser atribuída a uma negligência
ou negação da relevância da lei moral– perfeccionismo Wesleyano, misticismo
[Quakerismo], justiça própria (mero legalismo), a visão defeituosa da depravação
inerente no Socinianismo e Arminianismo, antinomianismo e os erros modernos da
heresia do "Cristão carnal" e "decisionismo." O Dispensacionalismo extremo é
inerentemente antinomiano, como ele erroneamente substitui a lei com a graça e falha
em ver a graça da lei;
Nona: Como a lei é cumprida no amor, assim é o amor definido pela lei
(Romanos 13:8-10). Se não tirarmos ilegalmente a vida de nosso próximo, roubá-lo,
agir imoralmente diante dele, diminuí-lo de qualquer maneira ou procurar o seu dano
em pensamento, palavra ou ação, ou mentir acerca dele ou para ele e não cobiçar o que
ele tem, e ao buscamos o seu bem - então estamos biblicamente amando o nosso
próximo. Apenas no contexto da lei bíblica e do amor - um amor objetivo, obediente e
inteligente - podemos consistentemente amar os outros, até mesmo nossos inimigos;
Veja a Pergunta 164.
Décima: A fé não torna a Lei de Deus vazia, mas sim a estabelece (Romanos
3:21-31). Como crentes, nós "morremos para a lei" como um instrumento de
239
condenação. Em virtude de nossa união com Cristo e da fé nele a lei é estabelecida, não
ab-rogada (Romanos 3:21-31; 7:4; Gálatas 2:16-21). Veja a Pergunta 41.
Finalmente, existem três usos da lei: uma vara, uma regra, e uma bengala:
Primeiro: É o meio ordenado por Deus para a convicção do pecado, como a
transcrição do caráter Divino - uma "vara" para nos levar a Cristo, por assim dizer
(Gálatas 3:24). Cuidado deveria ser tomado para observar o tempo Grego usado nesta
afirmação: "A lei foi (gegonen, tempo perfeito, "foi e continua a ser") o nosso mestre
escolar, para nos conduzir a Cristo, para que fôssemos justificados pela fé." Nosso
Senhor usou a lei moral para revelar o coração do rico, jovem príncipe (Mateus 19:1622). Os primeiros pregadores usaram a lei implicitamente na pregação deles,
especialmente a do Sexto Mandamento sobre assassinato (por exemplo: Atos 2:22-23;
3:15; 7:51-52).
O Apóstolo Paulo, embora repentina e dramaticamente convertido na estrada para
Damasco, dá uma visão sobre as "picadas" (aguilhões) que ele experimentou antes de
sua conversão, como uma operação da lei em sua consciência, privando-o de sua
justiça própria e trazendo sobre ele uma sensação de condenação absoluta (Filipenses
3:4-6; Atos 9:5; Romanos 7:7-14). Paulo evidentemente fez uso da lei quando tratava
com o Governador romano Félix (Atos 24:24-25). Ele fala da lei moral estando em
pleno vigor e incluindo toda a raça humana dentro de sua jurisdição como ela forçosa e
estritamente define o pecado (Romanos 3:19-20). No moderno Cristianismo
evangélico, no entanto, o amor substituiu a justiça - o amor despojado de seu caráter
moral necessário. Assim, a visão defeituosa da conversão e da santificação no moderno
Cristianismo evangélico;
Segundo: Ela é a "regra" ou a transcrição do caráter moral de Deus, que deve ser
refletida na vida do crente de um princípio de obediência amorosa e no contexto da
graça capacitadora pelo poder do Espírito (Romanos 6:14,20,22; 8:3-4; 1 Pedro 1:1516; 2:9);
Terceiro: a lei é, por assim dizer, uma "bengala" para nos auxiliar em nossa
caminhada. "E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom" Romanos 7:12).
Enquanto a própria lei não pode justificar, nem santificar, ela, contudo, revela o padrão
da absoluta justiça - e o pecado como Deus o vê - para o crente. A lei liberta de todo
relativismo religioso, e obediência aos seus preceitos deve ser de um coração cheio de
amor pela graça capacitadora de Deus, nunca de um mero princípio formal, externo ou
legalista.
A graça de Deus trouxe você a uma conformidade amorosa com a Lei de Deus?
Você pode dizer como Davi? "Oh! quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo
o dia" (Salmos 119:97)? O padrão absoluto de justiça na lei leva você a magnificar a
graça de Deus como dela em Jesus Cristo, que libertou você do poder condenatório da
lei?
125ª Pergunta - O que Deus infalivelmente ordenou como o objetivo espiritual
comum para todo e cada crente?
240
Resposta - Deus ordenou que todo e cada crente deve ser levado em direção à
maturidade espiritual pelo crescimento na graça, no conhecimento, e finalmente,
conformado à imagem de Cristo.
Romanos 8:29. “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou
para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos.”
2 Coríntios 3:17-18. 17”Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do
Senhor, aí há liberdade. 18Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como
um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na
mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.”
Veja também: Romanos 8:3-4; 18-23; Gálatas 5:16-17,22-25; Efésios
3:14-19; 4:22-24; Filipenses 1:6; 2:12-13; 3:10-17; Colossenses 3:1-10; 1
Tessalonicenses 4:13-18; 2 Pedro 3:18.
COMENTÁRIO
O estado de graça ao qual cada crente é levado não é estático. Deve existir
crescimento em direção à maturidade espiritual dentro deste estado (Romanos 8:29; 2
Pedro 3:18). A salvação não começa e termina com uma "decisão" religiosa ou uma
simples experiência subjetiva. Tudo na experiência do Cristão tende para a maturidade
espiritual e conformidade com o Senhor Jesus, ou torna-se o inverso dela (Hebreus
5:11-14). O objetivo final da redenção em geral e da santificação em particular é a
nossa conformidade com o Senhor Jesus Cristo. Este processo infalível, embora
começado nesta vida, será aperfeiçoado apenas na eternidade com a ressurreição para a
glória. Veja a Pergunta 94. Ele não é apenas o nosso exemplo, ele também é o grande e
glorioso protótipo da humanidade redimida como o "Último Adão" e o "Segundo
Homem" (Romanos 5:12-18; 1 Coríntios 15:22,45-49).
Este é o propósito Divino para a nossa salvação - a redenção e a restauração da
imagem de Deus no homem. O Deus triuno da Escritura propôs restaurar toda a sua
criação (Isaías 65:17; 66:22; 1 Coríntios 15:23-28; 2 Pedro 3:7-13; Apocalipse 21:1).
Quanto à nossa redenção pessoal, começou no conselho eterno com a eleição Divina
(Efésios 1:3-11). Veja a pergunta 68. Este princípio da graça soberana flui para baixo
por meio do tempo, da história e da experiência pessoal, sendo expressa por intermédio
de todos os aspectos da graça salvadora de nosso chamado e regeneração para a nossa
santificação. Veja as perguntas 66 e 78. Este processo será levado à consumação final
em nossa ressurreição para a glória (Romanos 8:18-23). Veja a Pergunta 169.
O crescimento na graça e qualquer grau de conformidade à imagem do Filho de
Deus é realizado em nossa experiência Cristã pelo ministério da Palavra (1
Tessalonicenses 2:13; 2 Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 3:18) e o Espírito Santo. O Espírito
de Deus graciosamente opera tal graça para nós, dentro de nós e por nós (Romanos
6:14; 2 Coríntios 3:17-18). Ele revela as verdades profundas de Deus para nós (1
Coríntios 2:9-13), capacita-nos a orar espiritualmente (Efésios 6:18), intercede por nós
de acordo com a vontade de Deus em nossas orações (Romanos 8:26-27), revela as
241
verdades e glórias do Senhor Jesus para nós (Efésios 1:15-20; 3:14-19), capacita-nos a
mortificar o pecado (Romanos 8:11-13), testifica com o nosso espírito que somos
filhos de Deus (Romanos 8:14-16) e capacita-nos em nossa caminhada Cristã
(Romanos 6:14; Efésios 1:17-18; Gálatas 5:16-18).
O "fruto do Espírito" (Gálatas 5:22-23) é a manifestação ou evidência do poder
transformador, da capacitação e da presença interior do Espírito. Esta é uma obra
espiritual para conformar-nos à imagem do Filho de Deus quanto ao nosso caráter,
atitude e caminhada espiritual (Gálatas 5:16-18).
É neste contexto que devemos entender a nossa união com Cristo, e também
todas as provações, testes, oposição espiritual e tempo de castigo Divino (1 Coríntios
3:21-23; Hebreus 12:4-13; Tiago 1:2-4). Veja a Pergunta 77. Tudo o que Deus faz, Ele
faz no contexto de Seu eterno propósito. Nada está fora de Seu controle ou é contrário
ao Seu conselho. Embora muitas coisas, situações e circunstâncias possam parecer
totalmente contrárias aos nossos desejos, expectativas e até mesmo às nossas orações, o
propósito Divino está infalivelmente fazendo acontecer. É exatamente por isso ser
verdade que podemos e devemos pela fé descansar na providência e no amor de Deus
(Hebreus 3:17-19; Romanos 5:1-5; 8:28-39; Efésios 3:14-19). Veja as perguntas 35 e
69. Isto inclui até mesmo o pior que possamos experimentar (Romanos 8:35-39).
Assim, tudo na experiência Cristã torna-se um teste de fé - uma fé que se mantém
infalível na Palavra do Deus VIVO. Você vê toda sua vida e experiência Cristã nos
termos para ser conforme à imagem do Filho de Deus?
126ª Pergunta - Quais são os meios particulares da graça que Deus ordenou para
o bem-estar espiritual, crescimento e maturidade dos crentes?
Resposta - Os meios particulares da graça são o estudo diligente da Escritura e a
oração.
João 17:17. “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.”
2 Timóteo 2:15. “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que
não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”
1 Tessalonicenses 5:17. Orai sem cessar.
Veja também: Mateus 6:5-15; Marcos 14:38; Efésios 1:15-20; 3:14-19;
6:18-20; Filipenses 1:9-11; Colossenses 1:3; 9-12; 2 Timóteo 1:13; 2 Pedro 1:511.
COMENTÁRIO
Cada crente, embora no estado de graça, deve atender aos meios dela, o que
deveria ser as marcas da graça. Veja as perguntas 78 e 112. Tais meios tornam-se
eficazes por intermédio da presença e poder do Espírito Santo. Uma pessoa sem graça
pode ser religiosa, mas ela não é uma Cristã. Pouca ou nenhuma graça é evidenciada
por uma atitude presunçosa e orgulhosa. Graça suficiente é evidenciada por um espírito
242
humilde e contrito, que é facilmente tratável. No verdadeiro crente, a graça tempera a
personalidade, e a fé surge para descansar em Deus em face a assaltos e oposições. Um
espírito vingativo é um espírito sem graça, como o é um espírito orgulhoso, cruel ou
com raiva. Um espírito irracional não é um espírito gracioso, mas um que é sem graça,
pois o fruto do Espírito é: "temperança" (autocontrole) (Gálatas 5:23). A graça comum,
essa graça que Deus dá para preservar e beneficiar a humanidade em geral, não é a
graça salvífica. A graça comum pode ser temperada pela religião e pela cultura
refinada, mas não pode ser equiparada à verdadeira graça salvadora.
A graça divina na vida não é estática. Embora todo crente esteja no estado de
graça, o grau dado de graça dentro do crente pode relativamente ser grande ou
pequeno, e pode aumentar ou diminuir (Hebreus 5:11-14; 2 Pedro 3:18). Nós, como
Cristãos, temos pouca graça? Se sim, então vamos a Deus e humildemente imploremos
por mais. A graça é tudo. Ela nos leva e nos mantém em Cristo; tempera a
personalidade, atenua os impulsos naturais, dá coragem, nos capacita a orar, a servir e a
sofrer e fixa a mente nas realidades eternas. Seja qual for o problema, a situação ou a
circunstância, estamos a agir fielmente em relação à nossa medida de graça Divina - e
esta graça, Deus declarou, é sempre suficiente (Romanos 12:3; 2 Coríntios 12:9).
O crente deve desenvolver as graças Cristãs dentro de sua própria personalidade
por meio do seu crescimento na graça. Sua fé não é para ficar sozinha, mas deve ser
associada a um conjunto de outras graças que surgem para um coro de plena segurança
em sua profissão de fé e caráter Cristão (2 Pedro 1:4-11). (A palavra "acrescentar" no
versículo 5 é a fonte da nossa palavra "Coreografia." A fé não é para cantar um solo)!
Porque a graça Divina não é estática na experiência do crente, Deus ordenou
certos meios da graça, tanto particulares quanto públicos, para o sustento, edificação e
amadurecimento de seu povo. Os principais meios particulares da graça são a oração e
o estudo da Escritura.
A oração é a ligação espiritual vital entre o crente e o Deus de sua salvação. O
"Cristão sem oração" seria uma contradição em termos. Veja a pergunta 112. A oração
é o primeiro sinal de vida espiritual, análogo (referente) ao choro de um recém-nascido
(Atos 9:11). É natural a um estado de graça. A oração é o único fio entrelaçado que
funciona durante todo o panorama da experiência Cristã. É a expressão absoluta da
alma redimida em todas as suas variadas circunstâncias que alcança um soberano,
contudo amoroso e gracioso Pai Celestial (Mateus 6:9-13; Lucas 11:2-4,11-13). Por
intermédio da oração, adoramos a Deus na fé e somos levados em comunhão viva com
Ele por meio da intercessão do Senhor Jesus (Hebreus 4:14-16; 7:25; 1João 2:1) e o
Espírito Santo (Romanos 8:26-27). É na oração que oferecemos o nosso louvor e
petições, e mantemos a intimidade de verdadeira comunhão espiritual. Veja as
perguntas 98-107.
A Palavra de Deus escrita fornece o segundo meio particular da graça. Pela
leitura, estudo e meditação sobre a Escritura, discernimos a vontade de Deus e somos
graciosamente levados em conformidade com ele, pelo menos em princípio, levados a
confessar e arrepender-nos de nossos pecados, e somos renovados no espírito de nossa
mente (Romanos 12:1-2; 2 Timóteo 3:16-17; 1João 1:8-9). É por meio da Escritura
243
que somos edificados e levados a um crescimento perceptível na graça e no
conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo (Tiago 1:21-25; 2 Pedro 3:18).
Como a graça não é irracional, então seus meios são inteligentes. Tanto a oração
quanto o estudo da Palavra são inteligentes exercícios que surgem da comunhão com
Deus. A verdadeira espiritualidade não é irracional, mas primariamente intelectual, ou
seja, as emoções surgem de uma correta compreensão da verdade divina e da aplicação
dessa verdade tanto à vida prática quanto à oração. Como o puritano John Flavel
escreveu em verso há vários séculos atrás:
Sentimentos vêm e sentimentos vão,
E sentimento é enganoso,
Nossa garantia é a Palavra de Deus,
Nada mais é digno de crédito.
Negligenciar estes meios da graça significa certo declínio espiritual. Você faz uso
diariamente destes meios da graça?
127ª Pergunta - Quais são os meios públicos da graça que Deus ordenou para o
bem-estar espiritual, crescimento e maturidade dos crentes?
Resposta - Os meios públicos da graça incluem a adoração coletiva, o ministério
da Palavra, as ordenanças, a oração coletiva e a comunhão santificada de outros crentes.
Hebreus 10:25. “Não deixando a nossa congregação, como é costume de
alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se
vai aproximando aquele Dia.”
Atos 2:42. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no
partir do pão, e nas orações.”
Atos 4:31. “E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e
todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de
Deus.”
Romanos 1:12. “Isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado
pela fé mútua, assim vossa como minha.”
Colossenses 4:6. “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com
sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.”
Veja também: Salmos 42:1-5,11; João 13:34-35; Atos 4:23-31; Romanos
12:3-13; 14:19; Efésios 4:11-16, 29; 5:29-32; 6:17-18; Colossenses 3:12-17; 1
Tessalonicenses 5:11; 2 Timóteo 1:13; 2:2; Hebreus 13:7,17; Tiago 1:19-27; 2:15; 3:1-18; 1 Pedro 1:22; 3:8-9; 5:1-11; 1João 3:13-19.
COMENTÁRIO
244
Os meios públicos primários da graça incluem, mas não estão necessariamente
limitados à adoração coletiva do povo de Deus, o ministério da Palavra, a observância
das ordenanças, a oração coletiva e a comunhão edificante do povo de Deus. Cada um
destes meios tem um ministério peculiar na experiência do crente.
A adoração coletiva nos leva para esse ministério do Espírito que santifica a
assembleia local em conjunto como um corpo coletivo (Efésios 4:11-16; Filipenses
1:27). Tal deve incluir o canto dos "salmos, hinos e cânticos espirituais," e também a
oração pública e da exposição da Escritura (Efésios 5:16-21). Os verdadeiros crentes
têm uma afinidade pelo povo de Deus (1 Jo 3:14).
É neste contexto coletivo da verdadeira adoração que o ministério da Palavra é
exercitado em poder na atmosfera prescrita (Romanos 10:14-15; 16:25; 1 Coríntios 2:45; 14:24-25; Efésios 6:18-20). A pregação é a ordenança principal que nosso Senhor
tem ordenado para a edificação de Seu povo, bem como para a evangelização dos não
convertidos. As ordenanças do batismo e da Ceia do Senhor, ambas as quais significam
a união do crente ou identificação com o Senhor Jesus Cristo, são para edificar pelos
meios das verdades simbolizadas.
As reuniões de oração coletiva edificam como vários crentes articulam os seus
louvores e anseios de coração. Quão frequentemente nós ampliamos ou intensificamos
os nossos próprios corações, mentes, petições e louvor orando com os outros! A reunião
de oração coletiva antes do Pentecostes foi histórica e espiritualmente transformadora
(Atos 1:14). As reuniões de oração coletiva são frequentemente notadas na Escritura
(Josué 7:6-9; Esdras 8:21; Salmos 62:8; Atos 1:24-26; 2:42; 4:23-31; 6:6; 13:2-3; 14:23;
16:25; 20:36; 21:5-6; Tiago 5:14-16).
A comunhão piedosa e a conversação procuram explícita e implicitamente edificar
os outros (Efésios 4:15,29-32; 5:1-4,19-21; Filipenses 1:27; Colossenses 3:8-10,12-17;
4:6; Tito 2:7-8). A comunhão piedosa e conversação de crentes maduros e experientes
devem constituir um dos principais meios de graça para os outros, especialmente os
crentes mais jovens ou os que estão enfrentando grandes provações pessoais. Quão
pouco nós parecemos que temos deste último meio coletivo da graça em nossos dias!
Quantas vezes falhamos em subir para o nível da comunhão e conversação piedosa! Não
é porque existe uma negligência dos meios particulares da graça que devem constituir a
base dos meios públicos? Quantas vezes fofoca e indelicadeza ou presunção
caracterizam as conversas entre Cristãos professos (Efésios 4:29-32; 5:1-4)! E alguém é
completamente inocente disso? Quando os pecados predominantes dos crentes estão
listados no Novo Testamento, eles sempre enfatizam os pecados de atitude e discurso.
Que possamos buscar ser bíblicos e graciosos em nossa conversação tanto nas intenções
quanto no conteúdo! Você ama e é fiel na adoração pública? Você tem uma afinidade
verdadeira com o povo de Deus?
128ª Pergunta - O crente, como filho de Deus, um cidadão do Seu Reino celestial,
está isento dos problemas e males comuns ao homem?
Resposta - Não. O crente, embora um filho de Deus e um cidadão do Seu Reino
celestial, está ainda sujeito aos problemas e males comuns ao homem.
245
João 16:33. “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo
tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”
Romanos 8:35-36. 35”Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação,
ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
36
Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos
reputados como ovelhas para o matadouro.”
Filipenses 1:27. “Somente deveis portar-vos dignamente conforme o
evangelho de Cristo...”
Filipenses 1:29-30. 29”Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo,
não somente crer nele, como também padecer por ele, 30tendo o mesmo combate
que já em mim tendes visto e agora ouvis estar em mim.”
2 Timóteo 3:12. “E também todos os que piamente querem viver em Cristo
Jesus padecerão perseguições.”
Veja também: Salmos 103:1-5; Mateus 5:10-13,43-48; 13:21; Marcos
10:30; João 3:3,5; 15:20; Atos 8:1-4; 14:22; Romanos 5:3-5; 14:17; 2 Coríntios
12:10; Efésios 3:13; 6:10-18; Filipenses 3:20-21; 2 Tessalonicenses 1:4; 1
Timóteo 1:18-19; 2 Timóteo 3:11.
COMENTÁRIO
Como Cristãos, sofremos, experimentamos grandes provações e podemos muitas
vezes tropeçar ou falhar em nossa peregrinação espiritual. Como criaturas que vivem
em um mundo caído, amaldiçoado pelo pecado, estamos sujeitos a todos os males
comuns e sofrimentos da humanidade. Nós fomos ordenados por Deus a experimentar
adversidade em nossa peregrinação espiritual, tanto como membros de uma raça caída
quanto também como Cristãos.
Há pelo menos seis questões pertencentes ao sofrimento do Cristão que devem ser
discutidas:
Primeira: Os crentes não estão isentos dos males comuns que acontecem com
outros membros de nossa raça humana caída. Sofreremos perdas, reveses, isto é,
contratempos, decepções, enfermidades, doenças e morte como crentes. Veja a pergunta
167. Às vezes, os casamentos e as famílias serão disfuncionais e tornar-se-ão divididos
(Mateus 10:34-36; 1 Coríntios 7:1-6,10-16). As igrejas sofrerão deserções e divisões de
ambas as causas legítimas e ilegítimas (1 Coríntios 11:18-19; 1João 2:19). Pastores e
outros obreiros na obra de Deus serão mal interpretados, caluniados e maltratados (2
Coríntios 12:15; 1 Tessalonicenses 2:2,14-16.). Alguns Cristãos professos
escandalizarão a fé (Mateus 13:20-21; 1 Coríntios 5:1-13; 1 João 2:19). Nós teremos,
inevitavelmente, nossos inimigos (Mateus 5:10-13,44; Rom 12:14,17-21). Os justos
geralmente sofrem junto aos ímpios, em tempos de guerra, tumultos, pragas e desastres
naturais ou calamidades nacionais. Isto é amplamente ilustrado, tanto no Velho quanto
no Novo Testamento (por exemplo: 1 Reis 17:1-16; Lamentações 1:1-5:22; Atos 11:27-
246
30). Em todas essas circunstâncias contrárias, somos chamados a viver pela fé e sofrer
os males mais comuns de todos os homens. Devemos confiar na providência Divina e
olhar adiante para a glória eterna, e não devemos esperar encontrar satisfação duradoura
em nossas vidas presentes (Romanos 8:17-23,38-39; 2 Coríntios 4:8-18; 1João 3:1-3);
Segunda: Os crentes sofrerão injustamente por causa de mal-entendidos,
preconceitos ou ódio absoluto, simplesmente porque eles são Cristãos (Lucas 21:16-17;
João 15:18-21; Romanos 8:35-36; 1 Tessalonicenses 2:2,14-16; 1 Pedro 2:11-12,1920). A história do Cristianismo verdadeiro e fiel é uma história escrita em sofrimento e
sangue. Nós não estamos apenas sujeitos aos mesmos males que são comuns aos
incrédulos, devemos também sofrer por amor de Cristo, seu evangelho e seu Reino
(Mateus 5:10-13; João 15:18-20; Romanos 12:14,17-21; Filipenses 1:29-30; 2 Timóteo
2:8-10; 3:12). É ordenado por Deus que muitos do povo de Deus devem sofrer por Ele e
por Sua causa no mundo. Alguns sofrerão perseguição do governo; outros sofrerão nas
mãos da sociedade das maneiras mais sutis, alguns das instituições religiosas, e alguns
até mesmo nas mãos de companheiros que professam ser Cristãos (Filipenses 1:14-18).
Haverá falsos Cristãos que são na realidade os inimigos da cruz de Cristo (Efésios 4:2932; Filipenses 3:17-21). Tais maus tratos não devem chegar sobre nós como totalmente
inesperados, mas em consonância com a nossa identificação com nosso Senhor e
fidelidade à sua verdade:
Terceira: Os crentes devem necessária e inevitavelmente envolver-se na guerra
espiritual (Efésios 6:10-18; 1 Timóteo 6:11-12; 2 Timóteo 2:3; 4:7; 1 Pedro 5:8-9).
Assim como nosso Senhor foi tentado (Mateus 4:1-13), também somos neste mundo
(Mateus 6:13; 1 Coríntios 10:1-13; Tiago 1:13-16; 1João 4:17). Toda realidade
espiritual e suporte a Deus e Sua verdade devem ser desafiadas pelo maligno,
diretamente ou por meio de seus emissários (Lucas 22:31-32). Nós devemos entender
que nossos inimigos reais são: "...não temos que lutar contra a carne e o sangue..."
Nossos inimigos não devem ser os outros seres humanos, seja Cristão ou não Cristão.
Isto seria mero sectarismo ou simples animosidade. Devemos ver qual é a nossa guerra
espiritual. Nossos inimigos são um grande mal ou poderes espirituais perversos - o
diabo e seus demônios - nunca aqueles companheiros humanos que poderiam ser
involuntariamente usados como tais (Mateus 5:44; 16:21-23; Lucas 9:55; Romanos
12:18- 21; Efésios 6:10-18);
Quarta: Deus ordenou que a nossa fé seja provada. Nem todo sofrimento ou
adversidade é em razão do pecado. Algumas provações são para o nosso aumento da fé;
outras são para o nosso testemunho aos outros (1Samuel 30:6; Salmos 73; Habacuque
2:4; 3:17-19). Uma fé não testada é apenas teórica no mínimo e fraca no máximo. Uma
fé testada é uma fé forte, e quanto mais forte a fé, maior será o testemunho da graça de
Deus (1 Pedro 1:6-9; 4:12-13). Veja a pergunta 89;
Quinta: prosperidades material, monetária e física se não forem verdadeiramente
santificadas e realizadas em seu devido lugar, devem tornar-se prejudiciais para o crente
(1 Timóteo 6:6-10; 3 João 2). O moderno mal entendido e má aplicação da chamada
"Saúde e Riqueza do Evangelho" ("Deus quer você próspero e saudável. Qualquer
doença, falta ou sofrimento não é de Deus, mas deriva de uma falta de fé") tem
enganado alguns (Josué 1:7-9; Mateus 13:7,22; Marcos 4:7,18-19; Lucas 8:7,14).
247
Muitos dos mais eminentes servos de Deus sofreram enfermidades, doenças,
adversidades e pobreza, prisão, tortura e morte (Romanos 8:35-37; 2 Coríntios 4:7-18;
11:22-33; 12:7-10; Filipenses 4:11-13; Hebreus 11:35-40);
Sexta: Devemos considerar a realidade do castigo Divino (1 Coríntios 11:32; 2
Coríntios 6:9; Hebreus 12:4-13; Apocalipse 3:19). Não existe um crente que não seja
castigado pelo Senhor. Alguns sofrimentos, provações, amarguras, reveses e
adversidades derivam da mão graciosa de Deus em corrigir seus filhos amados.
Devemos saber discernir a razão do sofrimento, se sofremos porque somos meramente
seres humanos, sofremos como crentes ou sofremos por causa do nosso pecado como
crentes. Deus não nos castiga sem causa nem Ele esconde o motivo por muito tempo.
Quando caímos em circunstâncias graves, devemos primeiro perguntar sobre a sua
origem pela Escritura e pela oração. Se for por causa do pecado, devemos arrependernos; se não, então, temos uma consciência clara para orar por libertação e por
perseverança pela graça de Deus. Nós devemos lembrar que tudo o que nosso Pai
Celestial faz, Ele faz com amor e para o nosso bem, embora a experiência possa ser
muito grave. O objetivo comum de todos os crentes é a nossa conformidade à imagem
do Filho de Deus. Veja a Pergunta 125.
Nós somos chamados a uma vida de fé, santidade, obediência e humilde
submissão a Deus e à sua vontade soberana. Nossa recompensa está no céu, não na terra
(Mateus 5:11-12). Se a nossa sorte é sofrer fisicamente, espiritual e mentalmente, aí está
o nosso testemunho e a nossa fidelidade. Sejam aqueles males comuns a todos, ou
sofrendo por causa de Cristo, devemos permanecer fiéis (Apocalipse 2:10). Nosso Pai
Celestial será misericordioso e sua graça será suficiente (Salmos 136; 2 Coríntios 12:710). Ele conhece nossas fraquezas e enfermidades, e nunca nos testará acima ou além de
sua graciosa capacitação (Salmos 103:1-5,13-14; 1 Coríntios 10:1-13). Nós confiamos
primeiramente em Deus pelo que Ele faz ou por quem Ele é? As providências negras
nos levam a desconfiar Dele?
129ª Pergunta - O crente, ainda sujeito aos males, problemas e tristezas comuns
ao homem, pode, contudo, esperar encontrar contentamento, satisfação e alegria na vida
presente?
Resposta - O crente, embora atormentado por males comuns, problemas e
tristezas características da vida presente, deve encontrar contentamento, satisfação e
alegria em Deus.
Romanos 5:3-5. 3”E não somente isto, mas também nos gloriamos nas
tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, 4e a paciência, a
experiência, e a experiência a esperança. 5E a esperança não traz confusão,
porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo
que nos foi dado.”
Romanos 14:17. “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.”
248
Gálatas 5:22-23. 22”Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. 23Contra estas
coisas não há lei.”
1 Timóteo 6:17. “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem
ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente
nos dá todas as coisas para delas gozarmos.”
Veja também: Salmos 103:1-5; Eclesiastes 9:7-10; Habacuque 3:17-19;
Mateus 5:10-13,43-48; 13:21; Marcos 10:30; João 3:3,5; 15:20; Atos 8:1-4; 14:22;
Romanos 5:3-5; 14:17; 2 Coríntios 4:17-18; 12:10; Efésios 3:13; 6:10-18;
Filipenses 3:20-21; 2 Tessalonicenses 1:4; 1 Timóteo 1:18-19; 2:1-2; 2 Timóteo
3:11-12.
COMENTÁRIO
Devem ser encontradas em Deus somente, a nossa única satisfação verdadeira e
alegria duradoura (Salmos 73:23-26). Quatro questões precisam ser consideradas:
Primeira: Os crentes, juntamente com os incrédulos, experimentam muito da graça
comum de Deus com suas bênçãos subordinadas nos confortos legítimos, alegrias e
prazeres desta vida terrena (Salmos 103:1-5; Atos 14:15-17). Estas podem ser
apreciadas, desde que elas não se tornem um fim em si (que é idolatria. Veja a Pergunta
45 e 1 Coríntios 10:31; Colossenses 3:5) como elas fazem com os incrédulos, ou
seduzem-nos a abandonar Cristo (3 João 2). Vantagens mundanas, abundância e
cuidados têm uma tendência para seduzir o coração e a mente para longe da fidelidade e
devoção ao Senhor Jesus (Mateus 13:22; 19:21-24; Lucas 12:15; Colossenses 3:5; 1
Timóteo 6:6-10; Hebreus 13:5; 1João 2:15-17). Assim, algumas vantagens mundanas,
riqueza, abundância ou progresso podem ser negados a alguns do povo de Deus;
Segunda: Os crentes devem entender que tais vantagens terrenas e confortos nunca
são um fim em si mesmas, mas simplesmente coisas a serem apreciadas no respectivo
lugar delas, e como um meio pelo qual elas devem trazer glória à Deus, e assim a serem
recebidas na fé com ações de graças (1 Coríntios 10:31; 1 Timóteo 4:1-5; 6:17). Todas
as coisas dadas ao crente pela providência Divina torna-se uma questão de mordomia
fiel a ser santificada pela causa de Cristo e da glória de Deus. Isto inclui a saúde,
riqueza, habilidades, energia e o tempo de alguém (Deuteronômio 8:18; 1 Coríntios
4:7; 6:20);
Terceiro: Os crentes precisam aprender com as Escritura que a verdadeira
satisfação, contentamento e alegria são realidades espirituais, que podem até existir na
experiência de alguém independentemente das circunstâncias externas (Habacuque
3:17-19). A pessoa verdadeiramente piedosa deve encontrar seu grande prazer na
Palavra do Seu Deus (Salmos 1:2). O contentamento pode ser um estado de mente ou
coração que é fixado em Deus, em Sua providência e Seu propósito (Filipenses 4:67,11-13). Alegria no Senhor não é necessariamente a felicidade. Deus pode dar alegria
mesmo em tempo de grande aflição (Jó 35:10; Atos 5:40-41; 16:23-25):
249
Quarta: Os crentes devem entender pela Escritura que a vida cristã deve ser uma
de fé, não de felicidade. Esta fé deve muitas vezes ser testada, amadurecida e purificada
pela provação, da oposição e do sofrimento (2 Timóteo 3:10-12; 1 Pedro 1:3-9). Esta
perspectiva deve tornar-se uma de aceitação e resignação, e até mesmo de alegria e
antecipação do que é eterno (Romanos 8:17-23; 2 Coríntios 4:17-18; Gálatas 6:7-10; 2
Pedro 3:9-14). Não há comparação entre a felicidade passageira do mundo e a
verdadeira alegria do Cristão. Ó Senhor, aumenta a nossa fé! Nós encontramos nossa
satisfação ou alegria em Deus e suas bênçãos ou precisamos do mundo para encontrar a
nossa satisfação? (Salmos 1:1-3).
130ª Pergunta - Quais são os principais inimigos do crente nesta vida?
Resposta - Os principais inimigos do crente nesta vida são o mundo, a carne e o
diabo.
1 João 2:15-16. 15”Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se
alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. 16Porque tudo o que há no
mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da
vida, não é do Pai, mas do mundo. 17E o mundo passa, e a sua concupiscência;
mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.”
Gálatas 6:7-8. 7”Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o
que o homem semear, isso também ceifará. 8Porque o que semeia na sua carne,
da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a
vida eterna.”
1 Pedro 5:8-9. “8Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário,
anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; 9ao qual
resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos
irmãos no mundo.”
Veja também: Gênesis 3:1-19; Jó 1:6-12; 2:1-7; Mateus 16:18, 21-23;
Lucas 9:51-56; Efésios 6:10-18; Filipenses 1:27; 3:20-21; 1 Pedro 2:11-12;
1João 4:4.
COMENTÁRIO
Embora os Cristãos possam legitimamente desfrutar das coisas positivas da vida
(Salmos 103:1-5; 3 João 2), eles são verdadeiramente "estrangeiros e peregrinos sobre
a terra" (Hebreus 11:13). Existe em cada estágio perceptível uma diferença entre o
verdadeiro filho de Deus e os não convertidos. O verdadeiro crente não deve e não
pode estar completamente em casa neste mundo - entre os filhos caídos e pecaminosos
da raça de Adão. Caso isto aconteça, então a providência e o castigo Divinos se movem
para afastar tal da sedução e dos confortos temporários ou falsos que o mundo oferece
(Romanos 12:1-2; Hebreus 12:4-13). O destino do crente é ser conformado à imagem
do Filho de Deus (Romanos 8:28-31; 2 Coríntios 3:17-18; 1 João 3:1-3). Portanto, ele
deve permanecer separado do mundo em sua visão de mundo e de vida, sua motivação
e inclinação, suas atividades e seus objetivos finais (1 João 2:15-17; 1 Coríntios 10:31;
250
Romanos 12:11-13). Aqueles que se acomodam com o mundo e nele encontram
satisfação são no mínimo questionáveis e possivelmente estão em um estado sem
graça. Se crentes, estes estão sujeitos à correção Divina (Mateus 13:22; Marcos 4:1819; Lucas 8:14; Hebreus 12:14-17; 1 João 2:15-17).
Os grandes inimigos do verdadeiro crente são:
Primeiro: O mundo, com suas esperanças vazias, sonhos e promessas, que
procura o seduzir de Cristo, de seu senhorio e seus comandos. Um barco é feito para
estar na água, o problema começa quando a água entra nele. Assim é com o Cristão e o
mundo. Nós fomos feitos para estar no mundo, mas não devemos ser parte dele, nem
ele deve entrar em nós (Mateus 5:13-16). Existe um princípio de animosidade entre o
crente e o mundo em virtude de pertencer e estar identificado com o Senhor Jesus
Cristo (João 15:18-22). O mundo procura conquistar o Cristão por seduzi-lo para longe
de sua fidelidade ao Senhor ou neutralizá-lo (1 João 2:15-17). Isto é vividamente
descrito como adultério espiritual (Tiago 4:1-6). A estratégia contra este inimigo é
parar de amar o mundo e fugir de suas armadilhas (1 Coríntios 10:14; 1 Timóteo 6:22);
Segundo: A carne, esse princípio pecaminoso do pecado interior e da corrupção
remanescente dentro do crente que se expressa por meio do corpo e seus apetites,
desejos e fraquezas (Romanos 6:12-13; Tiago 1:13-17). Nós, por assim dizer, temos
um traidor em nosso meio. Não é o corpo, mas um princípio do pecado que se expressa
através do corpo e suas particularidades. É por isto que a mortificação do pecado em
grande parte trata de pecados que utilizam o corpo com as suas fraquezas e funções
(Romanos 8:11-13; Colossenses 3:5-10). A mente deve ser constantemente renovada,
realinhada para a verdade de Deus, mas está sujeita a pensamentos pecaminosos
(Romanos 12:1-2; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10). A língua, dada a louvar a
Deus e declarar a Sua verdade, pode ser usada para fofocas, enganos e propósitos
destrutivos (Êxodo 20:16; Efésios 4:25; Tiago 3:2-13). Os ouvidos ouvem o que não
convém. Os olhos olham para as coisas que se tornam pecaminosas em percepção
mental (Mateus 5:27-30; 2 Pedro 2:14). Os pés transportam o corpo para lugares onde
não deveriam (Romanos 3:12,15; Hebreus 12:12-13). A virilha é governada mais pelo
apetite natural do que pela verdade de Deus com os seus limites morais (Êxodo 20:14;
1 Tessalonicenses 4:3-5). A estratégia contra este inimigo é mortificação ou fuga
(Romanos 8:12-13; 1 Coríntios 6:18; Colossenses 3:1-10; 2 Timóteo 2:22):
Terceiro: O diabo, que é o arquienganador, o adversário, aquele que está por trás
de todo o mal neste mundo e é o inimigo declarado de toda a justiça (João 8:44). Ele
persegue os crentes, procurando completamente desfazer e devastá-los (1 Pedro 5:8-9).
A estratégia contra este inimigo não é apenas buscar a libertação, mas também resistir
ou lutar (Mateus 6:13; Efésios 6:10-17; Tiago 4:7; 1 Pedro 5:8-9). Veja a pergunta
131;
Poderíamos acrescentar um quarto inimigo: nossa própria incredulidade nativa. A
incredulidade é dita ser mãe do pecado, como base de todos os outros, e se disfarça
com mil faces. A incredulidade afrouxa o nosso uso dos meios constituídos da graça.
Veja as perguntas 126 e 127. Ela enfraquece as nossas orações, mina a nossa
fidelidade, amortece o nosso zelo, paralisa nossos esforços para evangelizar e anula
qualquer ousadia ou coragem que nós teríamos pela causa de Cristo (Lucas 24:25). A
251
estratégia contra este inimigo é pedir mais fé (Marcos 9:23-24; Lucas 17:5; 22:32;
Romanos 12:3; 2 Coríntios 4:13). A incredulidade e impaciência desfazem a força e a
persistência de nossas orações. Que Deus nos capacite a acreditar, ser paciente e
perseverar! Nós não levamos tais inimigos a sério ou temos nos tornado amigos dessas
terríveis realidades que nos seduzem?
131ª Pergunta - Quem é o grande adversário do crente?
Resposta - O grande adversário do crente é o diabo, que se opõe ao evangelho, e
trabalha como um enganador espiritual para desencorajar, derrotar e dominá-lo.
Efésios 6:10-11. 10”No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na
força do seu poder. 11Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais
estar firmes contra as astutas ciladas do diabo;”
1 Pedro 5:8-9. 8”Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário,
anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; 9Ao qual
resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos
irmãos no mundo.”
Veja também: Juízes 9:23; 1 Reis 22:19-23; 2 Reis 6:13-16; Jó 1:6-12;
2:1-7; Daniel 10:12-14; Mateus 4:1-11; 13:49,18-19; 16:18,21-23; Marcos 5:213; Lucas 9:51-56; 22:31-32; Lucas 11:18-23; João 12:31; 14:30; 16:11; 2
Coríntios 4:3-4; 12:7; Efésios 2:2-3; 6:10-18; Hebreus 2:14-15; 1 Pedro 5:7-9 ;
1 João 5:18-19; Judas 9; Apocalipse 2:10; 9:11; 12:3-9; 20:7-12.
COMENTÁRIO
As Escrituras revelam que existe um mundo espiritual, a morada dos seres
espirituais, que afeta grandemente o mundo material no sentido em que vivemos (Por
exemplo: Jó 1:6-12; 2:1-7; Efésios 2:2-3; 1 João 5:19). Neste mundo espiritual existem
os anjos e os demônios, e existe uma cena de conflito que alcança o nosso mundo
(Mateus 4:1-11; 6:13; 16:22-23; Lucas 22:31-32; Efésios 6:10-16; 1 Timóteo 3:6-7;
Judas 9; Apocalipse 12:7-10). Dentro deste mundo espiritual existe um reino de trevas
governado pelo diabo e seus demônios (Colossenses 1:12-13), uma hierarquia de
espíritos malignos que fazem o que podem para se opor a justiça, o povo de Deus, a
causa de Cristo neste mundo (2 Reis 6:13-16; Daniel 10:12-14; 2 Coríntios 4:3-4;
Efésios 6:12) e cegar o incrédulo para a verdade do Evangelho (Mateus 13:19; Marcos
4:15; Lucas 8:12; 2 Coríntios 4:3-6).
Deus é Espírito (João 4:24). Veja a pergunta 22. Ele é infinito, onipresente e
iminente. Ele governa sobre ambos os reinos sensuais e espirituais em soberania
absoluta, infalivelmente regendo todas as coisas no processo do tempo para a sua
consumação em seu infalível propósito redentor (Efésios 1:3-11). O diabo por outro
lado é um ser espiritual maligno finito, uma criatura com poder delegado sob
permissão Divina (Jó 1:6-19; 2:1-7; Lucas 4:5-6; 2 Coríntios 12:7; Hebreus 2:14), que
busca interromper, derrotar e destruir a obra de Deus, que é realizada por meio dos
crentes neste mundo (Efésios 6:10-18; 1 Pedro 5:8-9).
252
Quais são os poderes delegados que o diabo e seus demônios possuem? Às
vezes, e sob permissão Divina, estes espíritos malignos têm os seguintes poderes:
poder sobre os governos humanos (Mateus 4:8-9; Lucas 4:5-6); para infligir doença
física e morte (Jó 2:1-7; Marcos 5:2-13; Lucas 13:11-16; 1 Coríntios 5:5; 2 Coríntios
12:7; Hebreus 2:14), para possuir os incrédulos e oprimir os crentes (Marcos 5:1ss;
Lucas 22:31-32; Atos 5:3), para motivar, enganar e influenciar saqueadores, líderes,
exércitos, nações e governos (1 Reis 22:19-23; 2 Reis 6:13-17; 1 Crônicas 21:1-14; Jó
1:6-17; Lucas 4:5-6; Apocalipse 2:10; 13:7; 20:2-3), para causar calamidades naturais
(Jó 1:18-19), para realizar milagres enganosos (Mateus 7:21-23; 2 Tessalonicenses 2:810; Apocalipse 13:13-15), para enganar e devorar os crentes (Efésios 6:10-11; 1 Pedro
5:8-9); e ,para cegar os incrédulos para a verdade do evangelho e anular os esforços do
evangelho (Mateus 13:19 ; Marcos 4:15; Lucas 8:12; 2 Coríntios 4:3-6).
Como crentes buscando sempre identificar-nos com Deus, testemunhando de sua
verdade e graça, e ganhando uma audiência para o evangelho, devemos esperar por
oposição, sedução e engano satânicos (Efésios 6:10-18). Isto pode ser muito sutil e
muito poderoso (1 Pedro 5:8-9). Nós podemos até ser atacados por intermédio dos
nossos maiores motivos, maiores preocupações ou presumida força de fé (Mateus
16:21-23; Lucas 9:53-56; 22:31-32)!
Existem duas realidades que são da maior importância e maior conforto para o
crente:
A primeira: satanás [Hebraico "adversário"] ou o diabo [Grego "caluniador"] é
um ser criado. Ele não é onipresente e possui apenas um poder delegado. Ele está sob o
controle de Deus e, por toda a sua raiva, ele não pode derrotar o propósito Divino;
Segunda: O Senhor Jesus Cristo com a sua tentação do deserto, a sua obra na
cruz, sua ressurreição e ascensão à glória, começou a destruir [lit: desmantelar] as
obras do diabo e destruirá finalmente todo o reino das trevas com todos os seus poderes
(Gênesis 3:15; Mateus 4:1-11; 16:18; Lucas 11:18-23; João 12:27-31; 1 Coríntios
15:20-26; Colossenses 2:14-15; Hebreus 1:1-4; 1 João 3:8). Apesar "do ofício e do
poder do demônio ser grandes, e dele estar armado com ódio cruel e não haver na terra
igual a ele," contudo "maior é Aquele que está em vós do que aquele que está no
mundo" (1 João 4:4. Conferir Mateus 28:18; Colossenses 1:12-17; Hebreus 1:3). Nossa
força está "no Senhor e na força do Seu poder," não em nós mesmos. Permita-nos
então, crer, confiar, orar, amar nosso Senhor e servi-Lo com fidelidade, sendo armados
com a panóplia ou armadura de Deus (Efésios 6:10-18).
132ª Pergunta - Qual é o conforto do crente ao longo da vida, em seu leito de
morte, e na hora da morte?
Resposta – O conforto do crente ao longo de sua vida, sobre seu leito de morte e
em sua hora da morte está na graça livre e soberana e na aliança do amor de Deus
manifestado em seu eterno, infalível propósito redentor mediante o Senhor Jesus
Cristo. Isto dá certo adiantamento da ressurreição para a glória.
253
Romanos 8:28-31. 28”E sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito. 29Porque os que dantes conheceu também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos. 30E aos que predestinou a estes também
chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes
também glorificou. 31Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem
será contra nós?”
Veja também: João 5:24; 6:37,44; Romanos 8:18-23,28-39; 2 Coríntios
1:9-10; 4:17-18; 5:1-8; Efésios 1:3-14; Filipenses 1:6; 1 Tessalonicenses 4:13-18;
5:23-24; 2 Timóteo 2:19; 4:18; 1 João 3:1-3; Judas 23-25.
COMENTÁRIO
O verdadeiro e duradouro conforto do crente não deve finalmente repousar em
sua experiência religiosa subjetiva, mas na verdade objetiva da revelação Divina.
Demência, ferimentos graves, doenças e enfermidades mentais podem roubar o crente
de sua experiência ou trabalho religioso passado e de sua segurança subjetiva. As
promessas de Deus permanecem certas, apesar das adversidades que o crente possa
experimentar. A esperança e conforto final do filho de Deus é a graça livre e soberana
e a aliança do amor do Deus Todo-Poderoso para Consigo mesmo. A eterna Aliança da
Redenção e da Graça é tão imutável quanto o Seu gracioso e amoroso Autor, e é tão
infalível quanto o restante de Sua Santa Palavra. Veja a pergunta 66. Nossa união com
Cristo é indissolúvel. Veja a pergunta 77. Sua plenitude e finalidade será nossa
ressurreição para a glória. O poder do pecado reinante quebrado em nossa experiência
atual dará lugar à eterna bem-aventurança e a liberdade de todo e qualquer pecado, e
até mesmo a sua própria presença. Veja a pergunta 169. A aliança de amor do Senhor
Jesus, que agora nos sustenta, será consumada na plenitude da glória.
Isto não quer dizer que Deus às vezes não entregue à morte, crentes com uma
plenitude extraordinária de fé, uma antecipação do céu, uma premonição abençoada e
expectativa da glória vindoura e estar com Cristo, que é "muito melhor" (Filipenses 1:
23). Mas até mesmo experiências de êxtase podem ser enganosas se não existir o
prolongamento de uma vida piedosa e santa (Salmos 73:3-4; Mateus 7:21-23).
A realidade completa da salvação pela livre graça sozinha nunca se tornará tão
plenamente evidente ou gloriosa como quando nós estivermos diante de nosso Deus, e
o estado de graça der lugar ao estado de glória (Romanos 8:18-23; 2 Coríntios 5:1-2,8;
1 João 3:1-3).
Nós estamos destinados à eterna glória, mas ao mesmo tempo, devemos suportar
as aflições, provações e adversidades em nossa atual experiência - e continuamos
ignorantes a respeito de como devemos orar nestas circunstâncias. Mas Deus, em
Romanos, capítulo oito, deu-nos um fundamento ou base sétuplo, isto é, sete vezes
maior, para nossa fé, para nosso ânimo presente em tais aflições e provações:
Primeiro: A presença e o poder do Espírito Santo como a dinâmica de nossas
vidas (8:1-11); Segundo: O poder e o testemunho do Espírito Santo na mortificação do
254
pecado, acesso ao Pai e um conhecimento de nossa identidade espiritual (vs. 12-17);
Terceiro: A verdade que nossa glória futura será desproporcional às nossas aflições
presentes (vs. 18-25):
Quarto: A realidade da ajuda do Espírito Santo na oração para superar a
ignorância das nossas circunstâncias atuais (vs. 26-27);
Quinto: A confiança de que Deus está operando todas as coisas para o nosso bem
(vs. 28-30);
Sexto: O Deus triuno não muda em Sua aliança de amor e obra (vs. 31-34);
Sétimo: O pior que pode acontecer-nos nesta vida, mesmo nas mãos dos homens,
não pode separar-nos do amor de Deus em Cristo Jesus (vs. 35-39);A fé salvífica se
apodera de tal verdade e sustenta-nos por meio das provações e adversidades de nossa
presente experiência.
A glória da graça soberana deve nos humilhar excessivamente e encher nossos
corações e almas com amor contínuo e gratidão (Romanos 5:5; 1 João 4:19). Aconteça
o que for a nossa atual experiência. Tal acontecimento nunca, jamais pode anular a
infalibilidade do amor Divino. Os crentes podem contrair doenças debilitantes, perder a
razão e memórias por intermédio de percalços, acidentes vasculares cerebrais ou
demência ou,nas mãos dos homens, sofrer muito por causa de sua fé diante de Deus
que pode chamá-los para casa, para Si mesmo. Contudo, Suas promessas estão sempre
certas, o seu gracioso propósito é inalterável e seu amor é imutável (Romanos 8:2839). Que nossa fé sirva-se de tal verdade!
133ª Pergunta - Todos os crentes morrem com plena segurança, conforto e
expectativa gloriosa da glória?
Resposta - Alguns podem morrer de repente e sem preparação imediata, outros
podem ter tempo suficiente para se preparar. Alguns podem morrer em fraqueza de fé
ou mentalmente incapacitados, outros podem morrer com grande fé e esperança da
glória. Mas todos morrem descansando pela fé no Senhor Jesus Cristo.
Independentemente da experiência de morte deles, estão destinados para a glória
eterna.
Salmos 73:24. “Guiar-me-ás com o teu conselho, e depois me receberás na
glória.”
Salmos 90:12. “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que
alcancemos corações sábios.”
Romanos 8:29-30. 29”Porque os que dantes conheceu também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos. 30E aos que predestinou a estes também
chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes
também glorificou.”
Veja também: Jó 19:23-27; 2 Coríntios 4:17-18; 13:5; 1 Tessalonicenses
4:13-18; 2 Timóteo 1:7-10; 4:6-8; Hebreus 2:9-15; 1 Pedro 1:3-9; 2 Pedro 3:1014.
255
COMENTÁRIO
Nós simplesmente não conhecemos o futuro imediato. Mas pela fé, por meio da
Palavra de Deus, conhecemos o futuro final, e sabemos que nosso Pai Celestial tem o
nosso destino em Suas Mãos. Não sabemos o dia, nem a hora ou as circunstâncias de
nossa morte, mas sabemos que todas as coisas, incluindo este último inimigo, estão sob
o controle soberano do Senhor Jesus (Apocalipse 1:10-18). Alguns crentes nunca
morrerão (1 Tessalonicenses 4:13-18). Em nossa atual experiência, estamos a viver
pela fé (Romanos 1:17; Gálatas 2,20), servindo a Deus de acordo com Sua Palavra e
confiando Nele de acordo com as Suas promessas (Romanos 8:28). Isto significa ter fé
e sob todas as circunstâncias, confiando-nos a Deus, ao Seu amoroso propósito e ao
Seu cuidado providencial.
Nós devemos ser regidos e guiados pela fé, não por nossos medos. No entanto
todos, até mesmo os mais piedosos, às vezes tornam-se temerosos, e a fé nem sempre é
uma constante na nossa experiência (Atos 18:9-10; 2 Coríntios 4:8-18; 7:5). A
incredulidade é nativa dos nossos corações e se expressa com todos os tipos de
sutilezas. A cura para a incredulidade é sempre a mesma: orar pedindo fé e descansar
nas promessas da Santa Palavra de Deus. A verdadeira fé salvífica é a Cristã, e esta fé é
o dom da graça de Deus (Atos 18:27; Efésios 2:4-10). Esta fé se alimenta da Palavra de
Deus (Romanos 10:17).
Os Patriarcas, embora "mortos" para este mundo, estão vivos na presença de
Deus (Mateus 22:23-32). O crente experimentará morrer, mas nunca, a morte. A morte
em toda a sua realidade e finalidade é a separação definitiva de Deus, e esta já passou
para o verdadeiro crente em Jesus (João 5:24; 2 Timóteo 1:8-9). Nosso Senhor morreu
e saiu vitorioso da sepultura. Assim nós seremos porque fomos trazidos em uma vital e
viva união com ele. Veja a pergunta 165. Alegremo-nos na graça livre e soberana de
Deus!
VIII
EVANGELISMO E O MINISTÉRIO DO EVANGELHO
Estes assuntos são geralmente tratados na esfera da Teologia Prática sob o título
de "Evangelísticos" [Gr. euaggelion, "Evangelho"]. O Cristianismo Bíblico é por
necessidade e mandamento uma religião missionária. É assim evangelístico por sua
própria natureza. Biblicamente, o evangelismo assume duas formas básicas: a pregação
pública e o testemunho pessoal. Pregar o evangelho e evangelizar onde vivemos pode
ser chamado de missões caseiras (nacionais); evangelismo externo é denominado
missões estrangeiras. Cada crente é chamado para ser uma testemunha fiel da verdade
do evangelho pelo lábio e vida. A Apologética, ou uma defesa inteligente da fé, é parte
integrante do evangelismo.
134ª Pergunta - O que é o evangelho?
256
Resposta - O evangelho é a boa notícia da libertação do eu, do pecado e da ira
Divina e da condenação por meio da fé na pessoa e na obra redentora do Senhor Jesus
Cristo.
Romanos 1:16-17. 16”Porque não me envergonho do evangelho de Cristo,
pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e
também do grego. 17Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como
está escrito: Mas o justo viverá pela fé.”
2 Coríntios 4:3-4. 3”Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para
os que se perdem está encoberto. 4nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho
da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.”
Gálatas 1:6-7. 6”Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que
vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; 7o qual não é outro, mas há
alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.”
1 Tessalonicenses 1:4-5. 4”Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é
de Deus; 5porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas
também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis
quais fomos entre vós, por amor de vós.”
Veja também: Mateus 4:23; 9:35; 24:14; Marcos 1:14-15; 16:15; Atos
20:24; Romanos 1:1-4; 2:11-16 ; 1 Coríntios 1:17-18; 9:12-18; 1 Coríntios
15:1-4; 2 Coríntios 4:3-6; Gálatas 1:6-9; 3:8; Efésios 1:13-14; Filipenses
1:7,12,16-17,27; Colossenses 1:19-23; 1 Tessalonicenses 2:1-4; 2
Tessalonicenses 1:7-8; 2:13-14; 1 Timóteo 1:1-11; 1 Pedro 1:12,23-25; 4:17-18.
COMENTÁRIO
Da mesma forma que a palavra Inglesa "gospel" é derivada da palavra anglosaxônica "god- spell," isto é, "história de Deus," ou seja, a história a respeito de Deus, a
palavra Portuguesa “evangelho,” do Latim significa “boas novas.” O termo Grego do
Novo Testamento é euaggelion, ou "a boa notícia." Esta realização das boas novas de
salvação foi bem colocada por William Tyndale, o Reformador e mártir Inglês, quem
primeiro traduziu o Novo Testamento do Grego para o Inglês. Na introdução desta
grande obra, Tyndale escreveu que o evangelho significa "notícia boa, alegre, feliz,
jubilosa, que faz um coração feliz, e o faz cantar, dançar, e buscar alegria! "A palavra
"evangelho" ocorre 114 vezes na Bíblia ACF, todas no Novo Testamento. Existem
vários termos para a pregação do evangelho, um dos quais é “euaggelizo”, a forma
verbal, seguindo disto, "evangelizar" (pregar o evangelho) "evangelismo" (o ato de
pregar o evangelho) e "evangelista" (aquele que prega o evangelho).
Escrituristicamente, o "evangelho" é o registro da vida do Senhor Jesus Cristo, a
totalidade de seus ensinamentos acerca da salvação, de seus milagres credenciando Sua
Pessoa e mensagem, do significado salvífico de sua Pessoa e obra redentora
(encarnação, vida, sofrimento, morte, ressurreição e ascensão ao céu), e da mensagem
257
resultante proclamada pelos Apóstolos a respeito do perdão dos pecados e da
reconciliação com Deus por meio dEle. Toda esta verdade, reunida como a verdade
salvífica compreende a mensagem do evangelho. A ênfase da mensagem do evangelho
no Novo Testamento está sobre a vida e morte vicária (obediência ativa e passiva) e da
ressurreição e ascensão de Cristo como prova final de Sua Pessoa e mensagem. É a
mensagem de reconciliação com Deus por meio da fé no Senhor Jesus Cristo.
O Novo Testamento contém referências ao evangelho com várias designações: "o
evangelho do Reino de Deus" (Mateus 4:23; 9:35; 24:14; Marcos 1:14), "o evangelho
da graça de Deus" (Atos 20:24), "o evangelho da glória do Deus bendito" (1 Timóteo
1:11), "o evangelho de Deus" (Romanos 1:1; 15:16; 2 Coríntios 11:7, etc.), "o
evangelho de seu filho" (Romanos 1:9), "o evangelho de Cristo" (Romanos 1:16;
15:19,29; 1 Coríntios 9:12, etc.), "o evangelho da paz" (Romanos 10:15; Efésios 6:15),
"o evangelho de Cristo" (2 Coríntios 2:12), "o evangelho da glória de Cristo" (2
Coríntios 4:4), "o evangelho da vossa salvação" (Efésios 1:13), "o evangelho de nosso
Senhor Jesus Cristo" (2 Tessalonicenses 1:8) e "o evangelho eterno" (Apocalipse 14:6).
Estes todos se referem ao único e mesmo evangelho. Existe ainda "um outro
evangelho" (Gálatas 1:6), "o evangelho da circuncisão...e o evangelho da
incircuncisão" (Gálatas 2:7).
Existe, então, mais do que um evangelho? O "evangelho da circuncisão" e
"incircuncisão" é linguagem figurada referindo-se aos respectivos ministérios do
evangelho de Pedro aos judeus, e de Paulo aos gentios. Seus ministérios diferentes;
porém com a mesma mensagem . A referência a "um outro evangelho (de um tipo
diferente) que não é outro (do mesmo tipo)" é a perversão do evangelho pelos
judaizantes que haviam seduzido os Cristãos da Galácia em uma forma de judaísmo
que substituía a graça por obras, especialmente a circuncisão (Gálatas 1:6-9; Atos
15:1). Sempre houve "um outro evangelho," que quer omitir ou perverter a verdade de
Deus e seduz os pecadores por uma falsa segurança seja por negar a graça de Deus, ou
misturá-la com obras.
O evangelho, em seu completo sentido teológico, é a boa notícia de libertação do
ego, do poder reinante do pecado, e da ira e da condenação Divina pela fé na Pessoa e
obra redentora do Senhor Jesus Cristo. Em outras palavras, o evangelho, quando
considerado em seu contexto bíblico e teológico completo, é inclusivo de todas as
doutrinas associadas a salvação e necessariamente estabelecido no contexto da
autoconsistência moral de Deus (a lei moral), imutabilidade e soberania Divina; o
estado caído e pecaminoso da humanidade, a destruição iminente da condenação e do
castigo eterno, a essência e a natureza da graça Divina, e a centralidade da Pessoa e
obra do Senhor Jesus Cristo.
A necessidade pelo evangelho surge de três grandes realidades: da
autoconsistência moral do Deus triuno (que é absoluta e perfeitamente Reto, Justo e
Santo); da natureza caída e depravada do homem pecador, e da imutabilidade do
propósito redentor eterno.
Para o pecador ser reconciliado com Deus, ou seja, ter seus pecados perdoados, e
ser justificado (declarado justo diante de Deus) por intermédio da imputação da justiça
258
de Cristo. Isso deve ser por meio de um princípio de graça (favor imerecido no lugar da
ira merecida). Veja a pergunta 92. Essa graça deve ser tanto livre (sem uma causa
encontrada no pecador) e soberana (Deus concede a graça a quem Ele quer). Deve ser
livre graça, por causa do estado espiritual, moral e intelectual do pecador. A livre graça
vem ao pecador como um princípio de poder espiritual, vivificando, iluminando,
habilitando e libertando-o para fugir livre e espontaneamente para Cristo pela fé (João
5:40; 6:37,44; Romanos 9:16). A livre graça salva os pecadores que não podem e não
salvarão a si mesmos. A graça soberana salva indivíduos específicos, que são os
objetos do infinito e eterno amor de Deus (Efésios 1:3-5). Veja as perguntas 66 e 78. A
graça soberana nunca falha, é eficaz. Veja a pergunta 78. No contexto do evangelho,
pela Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, Deus pode consistentemente ser Justo
(Reto) e Justificador (aquele que declara a retidão) de quem acredita em Jesus
(Romanos 3:21-26).
Nem o princípio e nem o conteúdo do evangelho se originou na mente ou no
coração de uma humanidade caída e pecadora. Quando entregue a si mesmo, sendo
inescapável e incuravelmente religioso como o portador da imagem de Deus, o homem
por natureza evoca sua própria religião. O Paganismo sempre foi inerentemente e
muitas vezes religioso de forma intensa. Apenas na moderna sociedade secularizada
que o homem tem procurado disfarçar a religião formando-a em uma educação
materialista, estatal e psicológica ou uma forma ambientalista. O Paganismo era
politeísta e abertamente idólatra (Romanos 1:23); o secularismo moderno adora o
homem, o materialismo, a educação, a ciência, o estado e o meio ambiente. Homo
mensura ("homem a medida (de todas as coisas)") como manifesto pelo moderno
Humanismo Secular, é idolatria tão certo como se curvar a esculturas de pau, pedra e
metais.
Em princípio, a religião antrópica (originada pelo homem) tem sido
historicamente uma religião de justiça própria e habilidade humana, e manifesta em
obras de mentalidade legalista. A história revela que o princípio da graça é estranho ao
homem pecador. Até mesmo a verdadeira religião derivada da revelação Divina foi
pervertida pelos judeus no sistema religioso do Judaísmo da justiça própria e das obras
(Atos 15:1; Romanos 9:32-10:3). Mero Cristianismo tradicional, embora o ponto
culminante da religião revelada (crença teísta Cristã) sofreu o mesmo, degenerando
rapidamente em um mero sistema religioso sacerdotal exterior de ritos, rituais e
cerimônias que são idólatras. O Cristianismo moderno tende em grande parte tanto para
o cerimonial ou o irracional. Nem parece compreender a graça de Deus em princípio ou
em prática.
Deus levou milhares de anos para preparar o mundo para a plenitude e a
finalidade do evangelho (Gálatas 4:4-5). Ele primeiro prometeu no Protevangelium de
Gênesis 3:15; que a semente da mulher esmagaria a cabeça da serpente. O princípio de
sangue para sacrifício e expiação vicária foi estabelecido pelo próprio Deus nas peles
de animais que ele providenciou para os nossos primeiros pais (Gênesis 3:21). Abel
ofereceu as primícias do rebanho, o primeiro cordeiro sacrificial, que culminaria no
"Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Gênesis 4:4; João 1:29). Em Caim
encontramos a primeira instância da autodeterminação (livre arbítrio) na religião. Ele
descaradamente ofereceu a Deus o que ele mesmo tinha produzido por seus próprios
259
esforços (Gênesis 4:3-7; 1 João 3:11-12). O livre arbítrio se opõe à livre graça (João
1:12-13; 6:44; Tito 3:5).
Deus de modo soberano escolheu e se revelou salvificamente a Abraão (Atos 7:23), e, em Abraão, à nação Hebraica, a "semente física de Abraão," e naquela nação Sua
verdadeira "Semente de Abraão" ("Semente" singular), O Messias - e no Messias, ele
escolheu uma "semente" espiritual, todos os verdadeiros crentes. Ele prometeu a
Abraão que nele todas as famílias da terra seriam abençoadas, uma promessa do
evangelho centrada no Senhor Jesus, a verdadeira "Semente de Abraão" (Gênesis 12:13; Gálatas 3:6-9).
Sob Moisés a nação foi liberta do Egito pelo sangue (o cordeiro da Páscoa) e
poder (as pragas, a divisão do Mar Vermelho e o afogamento do exército de Faraó)
(Êxodo 20:1-2). O Livro de Levítico detalha o sistema Levítico de oferendas e
sacrifícios ordenados por Deus. Cada um deles antecipa, ou é um tipo da Pessoa e obra
do Senhor Jesus Cristo. Mais tarde, Israel exigiu um rei, e depois de Saul, a dinastia
Davídica foi estabelecida. Assim, por meio da promessa, aliança, governo e do sistema
religioso de Israel, Deus estabeleceu os princípios para os ofícios sacerdotais,
proféticos e reais (Senhorio) do Senhor Jesus Cristo. Veja as perguntas 72-75. A nação
de Israel foi, então, uma incubadora para a preparação do evangelho. De Moisés a
Malaquias, a Palavra de Deus foi dada e escrita. Israel continuaria sendo o repositório
para a Palavra de Deus escrita até a plenitude dos tempos (Gálatas 4:4-5). Mediante a
Encarnação, do Nascimento Virginal, da vida perfeita e sem pecado, do sofrimento e
morte vicários, e da gloriosa ressurreição e ascensão do Senhor Jesus Cristo, os fatos
históricos do evangelho foram unidos como verdade salvífica (1 Coríntios 15:1-4). Em
Pentecostes, a igreja, já formada e comissionada como a instituição ordenada por Deus
para esta economia do evangelho, foi autorizada pelo Espírito Santo a publicar o
evangelho até os confins da terra (Atos 1:8; 2:1ss).
Os elementos essenciais do evangelho foram todos antecipados ou explicados nas
seções anteriores. Se fossem colocados juntos em um sumário, eles poderiam ser
considerados como uma entidade compacta, um todo unificado e inter-relacionado para
a nossa compreensão. Estes podem ser resumidos em seis afirmações sobre Deus, o
pecado, o homem, a graça, o Senhor Jesus Cristo, e a mensagem e metodologia do
evangelho:
Primeiro: A natureza e o caráter de Deus ou o elemento Divino. O triuno, a
autorrevelado Deus da Escritura é Absoluta e Infinitamente Perfeito e NÃO
contraditório em todos os Seus atributos Divinos. Por causa disto, Sua amorosa
bondade, graça e misericórdia não podem contradizer Sua Santidade, Retidão e Justiça.
Porque Ele é imutável e moralmente autoconsistente, Ele não pode de forma arbitrária
pôr o pecado de lado. O pecado fraturou o universo, poluiu a criação, devastou a raça
humana e torceu a imagem de Deus no homem. A criação, assolada no tempo e na
história, deve ser restaurada. A imagem de Deus no homem deve ser redimida. Cada
atributo Divino clama por exoneração: A justiça deve ser satisfeita, a retidão vindicada,
e a santidade preservada. O amor, a graça e a misericórdia Divinos devem surgir para
responder a estas demandas na autoconsistência dos atributos Divinos. Para revelar
exonerar totalmente o amor, a graça e a misericórdia de Deus, e redimir a imagem de
260
Dele no homem, alguns homens devem ser redimidos. Para vindicar a justiça Divina,
alguns devem ser sentenciados a uma condenação eterna e ao inferno por seus pecados.
A criação em si deve ser destruída e recriada, e haverá "novos céus e uma nova terra,
onde habita a justiça" (Isaías 65:12; 66:22; 2 Pedro 3:7-13). Assim, o evangelho
encontra as suas mais profundas raízes - sua motivação final, causa e essência - na
autoconsistência moral do triuno e a autorrevelado Deus da Escritura;
Segundo: A natureza e o caráter do pecado, ou o elemento destrutivo. Veja a
pergunta 36. O pecado é um princípio regente e reinante do mal que se estabelece
contra o Altíssimo. Ele está arraigado no coração do homem e capacitado por satanás.
Cada um e todo pecado é contra Deus. O pecado corrompeu toda a criação e governa
sobre cada ser humano. Toda a criação deve ser destruída e recriada - tal é o mal, a
poluição permeando e a impiedade do pecado. E o homem caído e pecador? Alguns
serão condenados pelos seus pecados. Outros devem ser libertos pela livre graça de
Deus. Qualquer obra está sobre a mais enorme escala por causa da natureza horrenda e
efeitos consequentes do pecado. O salvo deve ter, totalmente transformada, a sua
mente, alma e corpo. Em suma, estes devem ser necessariamente transformados como
os novos céus e a nova terra para o pecado ser erradicado da criação de Deus;
Terceiro: A natureza e o caráter do homem caído, ou o elemento humano. O
homem caído desfigurou a imagem de Deus. O intelecto pressuposicional que
governou a personalidade do homem em seu estado primitivo e originalmente justo
tornou-se horrivelmente mutilado pelos efeitos noéticos do pecado - ele está
epistologicamente falido (Romanos 1:18-32; Efésios 4:17-19). Veja as perguntas 4, 13
e 31. As afeições e volição, isto é, manifestação da vontade, tornaram-se terrivelmente
corruptas. O corpo, uma vez que subserviente ao intelecto, surgiu, com seus apetites e
desejos pecaminosos, para dominar a personalidade (Romanos 6:6,12,17-18). Veja a
pergunta 95. Doença, infecção, morte física e eterna pairam sobre cada membro da raça
humana caída. Veja a pergunta 165. Todo ser humano é pecador por imputação, por
herança e por transgressão pessoal. Veja a pergunta 38. A transgressão de Adão é nossa
por imputação – o pecado original. Nós herdamos sua natureza depravada. A isto,
devem ser acrescentadas as inúmeras transgressões pessoais de cada indivíduo. Veja a
pergunta 36. O homem, caído e pecador, está em um estado tão depravado que sua
condição é irreparável se for entregue a si mesmo. Ele não pode salvar os outros; não
pode libertar-se. Ele é mais um súdito disposto e obediente do reino ímpio de satanás.
Veja a pergunta 131. A Lei de Deus clama por sua condenação absoluta. Veja as
perguntas 39 e 40. Contudo, ele é chamado para crer no Senhor Jesus Cristo em fé
salvífica, comprometer-se -absolutamente sem reservas -com Ele -, arrepender-se do
próprio pecado, e descansar sobre a justiça imputada do Filho de Deus. Veja as
perguntas 89 e 90. O perdão do pecado, a imputação da justiça e da reconciliação com
Deus são encontrados apenas em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Veja a
pergunta 92. O que o homem não podia fazer e não faria, Deus o fez. Veja a pergunta
66;
Quarto: A natureza e o caráter da graça Divina, ou o elemento eficaz. O pecado é
indescritivelmente horrendo - uma injustiça, poluição, maldade, um poder e mal
aparentemente infinitos, o qual se estabeleceu contra Deus, Sua criação e Seu
propósito. Deus deve punir o pecado. A graça divina reina da eleição até a glorificação.
261
Veja a pergunta 78. Sua natureza e poder gloriosos supervisionam a redenção dos
pecadores e a retirada deles do reino das trevas para o Reino do Filho do amor de Deus
(Colossenses 1:12-13), o chamado deles das trevas para a luz; a transformação
completa da personalidade deles em justiça; santidade da verdade e do conhecimento
(Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10); a obra graciosa da regeneração, conversão,
justificação, adoção e santificação. Veja as perguntas 83, 86 , 92, 93 e 94. Esta obra
gloriosa, graciosa e soberana de Deus não terminará até todos os pecadores redimidos
estiverem diante de Deus glorificados no corpo, completamente redimidos em todos os
sentidos. Veja a pergunta 169. A salvação da pena, culpa, poluição, poder e até mesmo
da presença do pecado então estará completa;
Quinto: A importância do Senhor Jesus Cristo, ou o elemento redentor. Não
existe salvação ou reconciliação com Deus fora dele (João 14:6; Atos 4:12; 1 Timóteo
2:5). A Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo estão no centro do eterno propósito
redentor. Ele é em si mesmo a própria personificação da graça. Toda graça é mediada
por ele. Veja a pergunta 78. Em sua encarnação, obediência ativa e passiva, e gloriosa
ressurreição, ele realizou uma redenção completa e final para todos por quem ele viveu,
sofreu e morreu. Esta redenção gloriosa, completa e final é aplicada no tempo, na
história e na experiência dos pecadores individuais por intermédio da obra eficaz do
Espírito Santo, de acordo com o eterno propósito redentor. Veja a pergunta 81;
Sexto: A mensagem e metodologia do evangelho, ou o elemento instrumental.
Deus ordena que a mensagem da salvação seja declarada por meio da pregação. Veja as
perguntas 135 e 138. Ela deve ser considerada como a mensagem e a sua metodologia.
A mensagem da "boa nova" do Evangelho é declarada contra o pano de fundo escuro
do horror do pecado e de suas consequências. Somente os pecadores em desesperada
necessidade de libertação precisam ou querem “as boas novas.” Apenas aqueles a quem
Deus desperta, vivífica e capacita respondem a esta mensagem de salvação, todos os
outros ou rejeitam-na completamente, ou são seduzidos por uma falsa mensagem, ou
na melhor das hipóteses, tornam-se companheiros de caminhada por um tempo, ainda
não regenerados e contentes com uma mera religião exterior (Mateus 13:18-22). Veja a
pergunta 108.
Esta mensagem do evangelho deve conter várias características necessárias:
Primeira: Os pecadores devem ser despertados para a necessidade deles. A
natureza e o caráter de Deus devem ser declarados. Os homens devem ser confrontados
com a própria incapacidade total de estarem diante do Santo e Justo Deus das
Escrituras. As exigências da lei moral devem frequentemente ser exercidas para
convencer os homens da sua própria culpa e absoluta condenação.diante de Deus. A lei
descreve o pecado nos termos de Deus, não do homem. Veja a pergunta 40.
Segunda: A salvação deve ser oferecida gratuitamente a todos sem exceção ou
distinção. O Senhor Jesus Cristo é a única esperança de salvação deles. Os pecadores
devem estar confinados com Cristo somente e com a fé somente. Veja a pergunta 139;
Terceira: A necessidade de fé no Senhor Jesus Cristo e arrependimento do
pecado devem ser proclamados fielmente. A fé repousa na justiça imputada operada
por nosso Senhor em sua obediência ativa e passiva. Tanto a fé quanto o
262
arrependimento são necessidades absolutas. O arrependimento não é simplesmente de
certos pecados, mas do pecado como a entidade dominante da vida. Veja a pergunta 90.
É de um coração e de uma mente crente que o arrependimento salvífico surge. A fé
sem arrependimento é engano; arrependimento sem fé é meramente remorso;
A metodologia ordenada por Deus para espalhar o evangelho é por meio da
pregação e do testemunho pessoal (Atos 1:8; 8:1,4; Romanos 10:14-17; 1
Tessalonicenses 2:13). Deus chama e presenteia os homens para levar esta "boa
notícia" para os outros. Este chamado e presente da pregação são aparentemente muito
fracos e precários para o homem sozinho realizar, mas Deus o capacita, ordenando
glorificar o poder da sua graça.
O ponto focal do evangelho é a justiça de Deus (Romanos 1:16-17). Essa justiça
que Ele exige em Sua autoconsistência moral é provida na obra redentora do Senhor
Jesus Cristo. Este é o cerne (parte essencial) da mensagem do evangelho no contexto
do perdão dos pecados e da reconciliação com Deus. A fé salvífica se apodera e se
apropria da própria justiça de Cristo. Este é o coração do Evangelho, "a justificação
pela fé." Veja a pergunta 92 ;
A mensagem do evangelho não traz consigo nenhum poder intrínseco ou
inerente. A mera pregação do evangelho não garante por si só conversões. O poder do
evangelho é externo a si mesmo. Seu poder é encontrado na graça salvadora de Deus (1
Coríntios 2:2-5). É o "poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Romanos
1:16). O evangelho em poder é a única esperança para este mundo amaldiçoado pelo
pecado, confuso, devastado pela guerra e alienado no qual vivemos. Ele é o único
poder que pode transformar a natureza humana no contexto da graça Divina. Veja a
pergunta 140.
Você tem sido alcançado pela salvação pela fé no Senhor Jesus Cristo como
apresentada no evangelho para seu direito de estar diante de Deus? Somente nele está o
perdão do pecado, a imputação da justiça e a reconciliação com Deus!
135ª Pergunta - O que é evangelismo?
Resposta - Evangelismo é declarar a mensagem do evangelho.
1 Coríntios 2:2. “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus
Cristo e este crucificado.”
Atos 8:4. “Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando
a palavra.”
Veja também: Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas 24:45-47; Atos
8:25; 13:2-5; 14:1,4-7; 15:7; 16:10,17-18,21; 17:1-3; Romanos 10:9-15; 15:1820; 1 Coríntios 1:17-31; Efésios 6:18-20; Filipenses 1:7; 1 Tessalonicenses 1:35; 2:2; 1 Timóteo 1:9-11; 1 Pedro 1:25; 4:17; Apocalipse 14:6.
263
COMENTÁRIO
Biblicamente, evangelismo é simplesmente pregar ou proclamar a verdade do
evangelho. Ele é inerente ao Cristianismo. Qualquer conceito de Cristianismo que não
é evangelístico é antibíblico. O evangelismo pode assumir muitas formas, tais como: o
testemunho pessoal da verdade do evangelho na conversação, na pregação pública, na
distribuição de Bíblias, folhetos e literatura religiosa, e missões tanto caseiras
(nacionais) quanto estrangeiras. Embora Deus especifique e pessoalmente chame
alguns homens para o ministério evangélico para servir em sua terra natal ou em um
campo estrangeiro, cada crente é chamado para ser testemunha da verdade do
evangelho, tanto de lábio quanto pela vida;
Há três assuntos de importância vital acerca do evangelismo:
Primeiro: O testemunho do crente é o de toda a vida (Atos 1:8). A vida que ele
vive e a doutrina professada não devem ser contraditórias caso alguém deva possuir
credibilidade diante dos homens e experimente a bênção de Deus (2 Timóteo 2:19-21;
1 Pedro 1:15-16; 2:9-12);
Segundo: Deve haver uma gratidão fervorosa nascida da grandeza e glória da
graça salvífica e da realidade da própria experiência de alguém da graça e do amor de
Deus (Atos 9:1-31; Romanos 5,5; 1 Timóteo 1:15-16). Sem tal devoção e convicção,
uma tendência natural tanto para complacência, ou seja, o desejo de agradar os outros,
quanto para indolência (indiferença) pode estabelecer-se;
Terceira: É Deus quem salva os pecadores (João 1:12-13; 6:37,44; 1 Timóteo
1:15). Assim, nós precisamos de Suas bênçãos e do poder do Seu Espírito sobre o
nosso testemunho (João 15:5; Atos 1:8; 1 Coríntios 2:2-5; Efésios 2:4-10; 1
Tessalonicenses 2:13).
Enquanto as Escrituras enfatizam a proclamação da doutrina do evangelho; o
evangelismo moderno dá ênfase à metodologia. O Novo Testamento dá a primazia à
pregação pública e testemunho pessoal; o Cristianismo moderno tende a estar
embaraçado em várias metodologias engrenadas para fazer o evangelismo eficaz. Por
que esta mudança da mensagem para a metodologia? As causas parecem ser em
número de três:
Primeira: Uma mudança na teologia da graça de Deus para o livre arbítrio do
homem. Se o pecador possui o poder de escolha contrária, então a distinção entre a
livre agência moral e o livre arbítrio torna-se obscurecida, e toda a abordagem ao
evangelismo é alterada;
Segunda: A ideia do evangelismo centrado no homem tende a rebaixar a
metodologia evangelística do espiritual até o mero nível psicológico ou emocional;
Terceira: Ao invés de ver o evangelismo como uma testemunha fiel à mensagem
do evangelho, a ênfase tende a ser sobre a obtenção de uma "decisão" do pecador. A
mensagem torna-se assim secundária à metodologia empregada. O pragmatismo então
se torna a regra para o evangelismo eficaz, e o sucesso é medido pelo número de
"decisões" religiosas em vez de fidelidade à mensagem bíblica e de conversões
bíblicas. Veja a Pergunta 88. Nós somos evangelísticos?
136ª Pergunta - O que é Apologética?
264
Resposta - Apologética é uma defesa inteligente da fé.
1 Pedro 3:15. “Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e
estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que
vos pedir a razão da esperança que há em vós.”
2 Coríntios 10:3-5. 3”Porque, andando na carne, não militamos segundo a
carne. 4Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em
Deus para destruição das fortalezas; 5destruindo os conselhos, e toda a altivez
que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o
entendimento à obediência de Cristo.”
Judas 3. “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência
acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a
batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.”
Veja também: Filipenses 1:7,17.
COMENTÁRIO
Existem tentativas racionais e irracionais na defesa da fé de alguém. As tentativas
irracionais, subjetivas ou emocionais são geralmente focadas nos sentimentos
religiosos, experiência ou crenças pessoais. Existem momentos nos quais ensaiar a
experiência de conversão de alguém pode ser proveitosa para outros (Atos 22:1-21;
26:1-18). Declarar a verdade objetiva da salvação, no entanto, é própria e tecnicamente
evangelismo.
Uma defesa inteligente ou racional está preocupada com o conteúdo objetivo ou
doutrinário da fé. A Apologética é o termo técnico para este objetivo, a defesa racional
e inteligente da fé Cristã. Este termo deriva do termo Gr. apo, "de," e legō ou logia,
"falar uma palavra," e assim falar de uma determinada posição a fim de defendê-la. O
evangelismo e apologética são inseparáveis. O apóstolo compreendeu isto quando ele
afirmou que estava pronto para "a defesa e confirmação do evangelho" (Filipenses
1:7,17). O evangelista e o testemunho pessoal são chamados para defender a fé quando
as objeções são feitas à Escritura com sua mensagem de salvação. O apologista deve
também ser evangelístico. Apologética sem evangelismo reduz isso ao mero debate
intelectual ou religioso, o que é estranho à Escritura. A questão não é ganhar os
argumentos, mas as almas (Provérbios 11:30; Atos 26:26), ou seja, de forma
inteligente, de forma clara e convincente apresentar a verdade da salvação, e, no
processo, para responder de forma inteligente tais objeções que podem ser levantadas.
Quais são as questões essenciais na defesa da fé?
Primeira: Todo Cristão deve ser capaz de defender não só a validade de sua
experiência de conversão pessoal, mas também o conteúdo doutrinário da religião
Cristã (1 Pedro 3:15; Judas 3);
Segunda: Ele deve ser capaz pela graça e pelo Espírito de Deus de desmontar os
argumentos lógicos de seus opositores pela Palavra de Deus por meio do Espírito. (Em
265
2 Coríntios 10:3-5 as palavras "Destruindo os conselhos" são literalmente
"desmantelando argumentos lógicos");
Terceira: A questão de decidir em nossa abordagem à apologética é esta:
Devemos argumentar a partir de ou até a Escritura? Em outras palavras, devemos
começar de fora da revelação Divina com vários fatos científicos, históricos,
arqueológicos ou argumentos filosóficos e persuasão psicológica a fim de credenciar as
Escrituras como uma base para defender a fé; ou devemos pressupor a autoridade
Divina e a autocertificada natureza da Escritura e a razão dela como nosso ponto de
referência? Veja a pergunta 10. A primeira abordagem é denominada Apologética
Clássica ou Evidencialista, esta última é denominada Apologética Pressuposicionalista.
A primeira pode ser resumida como "Eu entendo, e, portanto, acredito," a segunda
pode ser resumida como "eu acredito e entendo." A primeira dá prioridade à
compreensão, esta última dá a prioridade à fé. Às vezes, é contestado que o
Pressuposicionalismo recorre ao raciocínio circular. Todas as questões finais recorrem
a um raciocínio circular. Veja a pergunta 10;
As questões decisivas são as seguintes:
Primeira: Qual abordagem é encontrada no ensino doutrinário das Escrituras e em
seus exemplos evangelísticos e apologéticos?
Segunda: Qual metodologia é coerente com a natureza caída do homem? O
Evidencialismo falha perante a Escritura. Nenhum milagre testemunhado por Israel
nacional por meio de sua longa história trouxe a eles a verdadeira e duradoura fé. A
mera repetição de milagres, até mesmo em uma base diária, em grande parte, se
mostrou ineficaz para conter a incredulidade deles. Os milagres de Nosso Senhor,
realizados em uma base constante, e dados para credenciar sua identidade e mensagem,
falharam em convencer ou converter os líderes religiosos de seus dias. Até mesmo seus
próprios discípulos ficaram em dúvida até a fé de eles ser avivada quando viram o
Senhor ressuscitado (Lucas 24:1-11,13-26; João 20:24-25). O que os homens precisam
na salvação não é mais evidência ou conhecimento, ou mesmo milagres [Eles
suprimem o que a evidência faz conhecer e ver (Romanos 1:18-20)], mas a graça
salvífica em poder Divino – uma mudança de coração e mente. A ordem Divina é "Pela
fé entendemos..." (Hebreus 11:3). As palavras de Abraão devem também apontar, que
se os homens não ouvem a Palavra de Deus ("Moisés e os profetas"), eles não serão
persuadidos pelo maior dos milagres ou evidências (Lucas 16:29-31).
A clássica passagem é o discurso do apóstolo Paulo em Atenas (Atos 17,22-34).
Veja a pergunta 121. Este discurso foi precedido por várias semanas de pregação diária
do evangelho no mercado, o que explica sua forma abreviada e por que ele não
mencionou diretamente nosso Senhor. Este discurso foi a conclusão e o resumo deste
longo ministério evangelístico (Atos 17:16-18). Ele estava simplesmente colocando
"Jesus e a ressurreição" no contexto histórico remidor com eles. Embora ele não tenha
citado a Escritura, cada declaração pressupôs a verdade e autoridade Dela. Em cada
ponto ele e seus ouvintes basicamente discordaram, contudo, ele declarou a verdade da
natureza, do caráter, da soberania e da iminência de Deus; do homem sendo o portador
da imagem de Deus, de sua inabilidade pecaminosa de buscar salvificamente a Deus,
da futilidade e da culpabilidade da idolatria, e finalmente do Dia do Juízo destinado em
virtude da ressurreição do Senhor Jesus dos mortos.
266
Estes e outros exemplos são claramente pressuposicionais. Na verdade, a própria
Bíblia, como claramente revelada em Gênesis 1:1, começa com uma declaração
pressuposicional. A declaração de abertura das Escrituras pressupõe a existência de
Deus, a distinção Criador-criatura, e a realidade que cada fato é um fato criado - e não
procura provar nenhum destes. As evidências podem ser importantes para ilustrar a
verdade Divinamente revelada (Atos 14:8-18), mas elas nunca podem credenciá-la. O
maior não pode ser credenciado pelo menor, ou seja, qualquer evidência que pode ser
usada para credenciar a Bíblia deve ter maior credibilidade do que a Bíblia. A
Apologética Cristã deve lidar com a verdade absoluta, e não apenas com a
plausibilidade ou possibilidade de uma abordagem empírica. Deus dá a maior
autoridade para sua própria Palavra. O testemunho do Espírito Santo confirma a
autocertificação da Escritura. Veja a pergunta 10.
Se os pecadores devem ser inteligentes, com autoridade, sincera e amorosamente
confrontados com a verdade doutrinária da fé, ao invés de meros fatos científicos e
históricos, existem algum fundamento comum? Se cada fato é um fato criado (Gênesis
1:1), e todos os fatos são interpretados pelas pressuposições de alguém, então não
existe um fundamento comum viável ou acordo entre o crente e o não crente fora do
triuno e a autorrevelado Deus das Escrituras e Sua Palavra. Então que base existe por
uma troca significativa entre o crente e o não crente, se a graça regeneradora é a
necessidade primária?
Existe um ponto de contato, que é triplo:
Primeiro: O homem é o portador da imagem de Deus que o torna um ser racional
e moralmente responsável. Ele possui um senso inato de Deus, do qual ele não pode
escapar (Gênesis 1:26; Atos 17:28-29; Tiago 3:9). Ele também é Divinamente précondicionado a reconhecer o testemunho de Deus, tanto na criação quanto na Escritura.
Veja a pergunta 10;
Segundo: A lei de Deus está indelevelmente inscrita sobre seu ser interior
(Romanos 2:11-16). Estes testemunhos e realidades, ele constantemente procura
suprimir ao passo que ele vê a criação (evidência) que o rodeia. Esta evidência é
suficiente para torná-lo indesculpável (Romanos 1:18-20).
Terceiro: Embora ele professe ser autônomo em seu pensamento, ainda
inconscientemente age sobre certas pressuposições que ele toma como concedidas
enquanto suprime a verdade. Em outras palavras, ele deve assumir os fatos e leis
criados por Deus que lhe permitam ser consistente, lógico e científico. Estas três áreas
fornecem um ponto de contato para uma apologética evangelística. Nós estamos
dispostos e somos capazes de defender a fé?
137ª Pergunta - Quais são as responsabilidades evangelísticas e apologéticas
incumbidas para cada crente?
Resposta - Cada crente é uma testemunha da verdade do Cristianismo por seu
estilo de vida e conversação. Este testemunho inclui a propagação e a defesa da fé.
Atos 1:8. “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre
vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e
Samaria, e até aos confins da terra.”
267
Filipenses 1:7. “Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos
retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça...”
Veja também: Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas 24:46-47; Atos
2:36-42; 8:4; 13:1-4; 14:8-18; 17:2-3,16-18,22-31; 20:26-27; 1 Timóteo 1:11-12;
2:7.
COMENTÁRIO
Cada crente é chamado para ser testemunha fiel à verdade do evangelho e também
para defender às suas reivindicações. Portanto, cada crente deve se preparar tornando-se
um Cristão consistente e um estudante sério e piedoso das Escrituras, buscando entender
completamente a doutrina do evangelho e aprender a responder às objeções mais
comuns levantadas contra ela.
Um cristão consistente é aquele que ordena a sua vida de acordo com a Palavra de
Deus (Salmos 1:1-3; 19:7-13; 2 Timóteo 2:15; 1 João 2:3-5). É de tal vida que alguém
pode esperar a bênção de Deus sobre o seu testemunho. Uma vida profana ou
inconsistente desacreditará o testemunho da pessoa diante dos homens e impedirá a
bênção de Deus. A força do testemunho de alguém é pela graça e poder do Espírito
Santo (1 Coríntios 2:3-5). Tornar-se um estudante sério das Escrituras necessariamente
inclui tanto uma visão espiritual para as verdades da Escritura como também uma firme
compreensão do ensino doutrinário dela. Ser um apologista da fé significa ser capaz de
responder biblicamente objeções levantadas contra a verdade das Escrituras em geral e
do evangelho em particular. O testemunho de alguém não deve ser apenas preparado
com estudo, mas também com oração sincera e fervorosa. Todo esforço feito no serviço
Cristão deve ser santificado pela oração para ser eficaz e receber a bênção Divina. Veja
a pergunta 98.
Nós não devemos apenas testemunhar (um verbo) pela verdade como ela é em
Jesus, mas devemos ser testemunhas (um substantivo) da verdade (Atos 1:8). Isto não
implica só uma atividade, mas uma vida!
138ª Pergunta - O que é a pregação?
Resposta - A pregação é a entrega autorizada de uma mensagem dada por Deus,
inteligentemente impressa sobre as mentes e os corações dos ouvintes com paixão e a
unção do Espírito Santo.
Atos 14:1. “E aconteceu que em Icônio entraram juntos na sinagoga dos
judeus, e falaram de tal modo que creu uma grande multidão, não só de judeus,
mas também de gregos.”
1 Coríntios 2:3-5. 3”E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em
grande tremor. 4E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em
palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de
poder; 5para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no
poder de Deus.”
268
1 Tessalonicenses 2:13. “Por isso também damos, sem cessar, graças a
Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes,
não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de
Deus, a qual também opera em vós, os que crestes.”
Veja também: Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas 24:45-47; Atos
17:1-4,11-12; 15-34; 18:4-11; 1 Coríntios 2:1-5; 2 Coríntios 2:14-17;
Colossenses 1:28-29; 1 Tessalonicenses 1:3-10; 2:2-4; 1 Timóteo 1:8-16.
COMENTÁRIO
A pregação do evangelho é a primeira ordem do Cristianismo (Mateus 28.19;
Marcos 16:15; Romanos 10:9-15). O Novo Testamento dá o primeiro lugar para a
pregação do evangelho. Por quê? A resposta repousa na natureza da verdadeira
pregação: O que é a verdadeira pregação? É a proclamação autorizada de uma
mensagem dada por Deus para uma ocasião especial, uma mensagem que é
inteligentemente entregue com paixão humana, e também com a unção do Espírito
Santo. Esta mensagem é impressa sobre as mentes e os corações dos ouvintes com
convicção e poder. A verdadeira pregação pressupõe que Deus deu ao pregador uma
mensagem distinta e específica, e que o Espírito Santo capacita-o para entregá-la.
A natureza única da pregação é observada no seguinte:
Primeiro: É bíblica. Deus ordenou a pregação como o principal meio para
converter os não salvos (Romanos 10:17). A era do Novo Testamento foi caracterizada
por uma grande e eficaz pregação do evangelho. A era Apostólica de Pentecostes até a
primeira perseguição do governo sob Nero foi uma era de constante avivamento [c. 3368 AD]. O Cristianismo espalhou-se pelo Império Romano de Jerusalém para
Antioquia, e da Babilônia no Oriente até as Ilhas Britânicas no Ocidente - e se espalhou
pela pregação. A pregação evangelística e missionária geralmente precede o testemunho
pessoal, que é o trabalho daqueles convertidos sob a pregação;
Segundo: A pregação é autorizada. O testemunho pessoal geralmente não é
autorizado, mas conversacional; a verdadeira pregação carrega uma nota autêntica e
autorizada de que ela é única e inconfundível. A verdadeira pregação não só atrai a
atenção, ela exige a atenção;
Terceiro: A verdadeira pregação se expressa na unção do Espírito Santo. Existe
frequentemente uma consciência por parte tanto do pregador quanto dos ouvintes que
um poder maior do que o próprio pregador está presente e em operação. Isto não é e não
pode ser um mero falar em público. A verdadeira pregação é uma elocução profética,
uma palavra dada com autoridade e unção Divina. O testemunho pessoal por contraste
geralmente ocorre dentro do contexto de uma troca mútua.
Finalmente, a pregação do evangelho habilita o pregador a entregar uma
mensagem completa que faz uma impressão definitiva sobre a mente e o coração. O
testemunho pessoal é muitas vezes incompleto ou inadequado por causa do contexto
conversacional dado.
269
Estas gloriosas realidades da pregação têm infelizmente declinado em nossos dias.
Por quê? As razões são variadas:
Primeira: A mudança na teologia, o pós-modernismo e o crescimento da igreja ou
o sucesso moderno, com sua abordagem "amigável para o usuário" criaram uma
tendência afastada de qualquer autoridade bíblica no púlpito;
Segundo: O foco é mais sobre os programas ou psicologia do que sobre a
doutrina; mais na mera persuasão humana do que no poder Divino. O espiritual em
grande parte deu lugar ao psicológico, social ou emocional;
Terceiro: A pregação doutrinária, que Deus ordenou, é vista como desnecessária
ou muito intelectual, muito impopular ou muito autoritária para o pluralismo moderno.
Finalmente, o mero emocionalismo tende a substituir a unção do Espírito Santo.
Não parece estranho que Deus ordenou a propagação do evangelho por um meio
aparentemente tão débil ou variável como a pregação - comunicação oral por meio de
homens falíveis? Mas é assim. Por quê? A pregação é usada por Deus para trazer glória
para si mesmo (Isaías 54:17; Jeremias 1:4-10,17-18; 1 Coríntios 2:1-5; 15:8-11; 2
Coríntios 4:1-7; Efésios 6:18-20).
A pregação detém uma posição única e primária no propósito Divino. Nós
precisamos orar acerca do pregar e para que Deus levante pregadores (Mateus 9:37-38;
Romanos 10:14-15). Além disso, precisamos encontrar e sentar sob a verdadeira
pregação, nós mesmos - o melhor na pregação bíblica - e incitar outros a fazerem o
mesmo. Ore para que possamos sempre ter a verdadeira pregação!
139ª Pergunta - O que se entende pela "livre oferta do evangelho"?
Resposta - "A livre oferta do evangelho" significa que a verdade do evangelho
deve ser oferecida a todos os homens sem discriminação ou distinção.
Marcos 16:15. “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a
toda criatura.”
1 Timóteo 2:1-4. 1”Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam
deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; 2Pelos
reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e
sossegada, em toda a piedade e honestidade; 3Porque isto é bom e agradável
diante de Deus nosso Salvador, 4que quer que todos os homens se salvem, e
venham ao conhecimento da verdade.”
Veja também: Mateus 7:6; 28:18-20; Lucas 24:45-47; Apocalipse 5:9;
14:6.
COMENTÁRIO
As Escrituras são claras que quaisquer restrições não devem ser colocadas sobre o
convite do evangelho para se arrepender e crer no Senhor Jesus Cristo para perdão dos
pecados e a reconciliação com Deus. De fato, o convite do evangelho é na realidade um
270
mandamento Divino que atinge a todos os homens sem exceção: "... Deus... anuncia
agora a todos os homens, e em todo o lugar que se arrependam...!" (Atos 17:30).
Existem várias questões vitais sobre a livre oferta do evangelho:
Primeira: A mensagem do evangelho é a única mensagem de salvação e esperança
para este mundo perdido. Separados da pregação da pessoa e da obra redentora de
Nosso Senhor, não existe absolutamente nenhum livramento para os pecadores (João
14:6; Atos 4:12);
Segunda: Toda geração precisa ser regenerada. Todo ser humano nasce pecador, e
assim sob o seu poder reinante, sob a ira e a condenação Divina (João 3:18-21,36). A
oferta universal do evangelho encontra a necessidade universal da humanidade perdida
e condenada (Atos 4:12);
Terceira: Existe uma nota inata de urgência dentro da mensagem do evangelho.
Os pecadores são instados a arrependerem-se e crerem imediatamente, e não
demorarem. As súplicas do evangelho são sempre fortes e imperativamente urgentes
(Marcos 1:14-15; Atos 16:31; Romanos 10:9-10,13; 1 Coríntios 6:1-2).
Existem duas visões que precisam de menção:
Primeira: Dos esquemas universalistas que ensinam que todos os homens
eventualmente serão salvos, ou que os pagãos que nunca ouviram o evangelho serão
salvos sem ele. O primeiro é baseado na ideia de uma expiação universal, o segundo
deriva da ideia de que os homens podem alcançar a "perfeição sem pecado" por seus
próprios esforços legais numa escala em que eles serão aceitos por Deus quando fizerem
o seu melhor de acordo com a própria capacidade individual. Ambas as visões são
antibíblicas e cortam o nervo da urgência do evangelismo e do evangelho;
Segunda: Alguns sustentam que o eleito de Deus será regenerado separado do
evangelho e assim será redimido, embora não convertido nesta vida ("salvação
Condicional no tempo"). Veja as perguntas 83-84 e 87. Ambas as visões são contrárias
às Escrituras. O que é sustentado como teoria eventualmente se manifesta em
praticidade. A natureza humana tende para a indolência (indiferença). A graça dá um
fardo para as almas dos homens e uma urgência para escutar o evangelho. Nada deve ser
admitido para pôr de lado o claro ensino da Escritura e o mandamento para evangelizar
todos os homens (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas 24:46-47). Nós possuímos
este impulso e fardo para evangelizar?
140ª Pergunta - Qual é a relação do chamado eficaz e a regeneração para a
pregação do evangelho?
Resposta – O chamado eficaz e a regeneração limpam, habilitam e renovam as
faculdades do pecador, quebram o poder dominante do pecado, renovam a imagem de
Deus em princípio, e mediante a concessão da fé e do arrependimento, motivam e
habilitam o pecador a responder salvificamente ao evangelho.
João 1:12-13. 12”Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; 13Os quais não nasceram
do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”
271
João 6:44. “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer;
e eu o ressuscitarei no último Dia.”
Atos 13:48. “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a
palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.”
2 Tessalonicenses 2:13-14. 13”Mas devemos sempre dar graças a Deus por
vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a
salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; 14Para o que pelo nosso
evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.”
Veja também: Jeremias 31:31-34; Ezequiel 11:19-20; 36:25-27; Mateus
19:28; 28:18-20; João 3:3-8; Efésios 4:22-24; Colossenses 1:12-13; 3:9-10; 1
Timóteo 1:9; Tito 3:5.
COMENTÁRIO
Veja as perguntas 81, 83, 84 e 87. O estado do pecador por natureza é tal que ele é
absolutamente incapaz de salvar a si mesmo. Sua incapacidade é espiritual, moral,
intelectual e satânica. Ele está espiritualmente "morto," ou seja, um "cadáver" em um
estado de morte espiritual (Efésios 2:1-4; Colossenses 2:13) – total e, absolutamente
incapaz e sem vontade de responder de forma salvífica à oferta gratuita do evangelho.
Além disso, ele é moralmente incapaz, estando sob o poder reinante do pecado como o
princípio controlador e motivador de sua existência (Romanos 6:17-18,20). Seu estado
moral pecaminoso é enfatizado em sua animosidade inata contra Deus e a Sua verdade
(Romanos 8:5-8). Ele também é intelectualmente aleijado de tal forma que não pode
discernir a verdade do evangelho de modo a compreendê-la salvificamente. A verdade
do evangelho que ele conhece, ele suprime (Romanos 1:18-25; 3:11; 1 Coríntios 2:14;
Efésios 4:17-19). A imagem de Deus foi devastada dentro dele. Finalmente, ele está sob
o controle do diabo que o cegou para a verdade do evangelho para que ele não venha a
crer, e que ainda tira qualquer verdade que possa ser impressa em seu coração (2
Coríntios 4:3-6; Mateus 13:4,19; 2 Coríntios 4:3-6).
O pecador também não está disposto a responder à livre oferta do evangelho. Sua
vontade, como um livre agente moral, é a expressão irrestrita de sua natureza caída e
pecaminosa (João 5:40). Portanto, se este indivíduo deve ser salvo do poder reinante do
pecado, convertido e reconciliado com Deus, a salvação deve vir de fora, de cima, de
uma fonte espiritual superior e com uma força espiritual superior - externa e
sobrenaturalmente. Isto nada mais é do que a livre e soberana graça de Deus na
realização da salvação. É a salvação pela graça, no sentido mais completo do termo!
Assim, a fé e o arrependimento são os dons de Deus gratuitamente concedidos (Efésios
2:8-10; Atos 11:18), as consequências imediatas da graça regeneradora, e a resposta
salvífica à oferta gratuita do evangelho.
A livre e soberana graça de Deus ao efetuar a salvação do pecador não é aquela de
coerção, ou seja, aquela que externa e forçosamente faz alguém crer, por assim dizer,
contra a sua vontade. Pelo contrário, é uma obra de atração, recriação, livramento,
libertação, capacitação e remoção da inclinação natural do coração e da mente humana
272
(Cf. Jeremias 31,31-34; Ezequiel 36:25-27; João 1:12-13; 6:37,44; Romanos 6:1-14,1718,22; 2 Coríntios 4:3-6; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10). Por intermédio da
operação gloriosa do chamado eficaz e da regeneração, o pecador é habilitado a fugir de
livre e espontânea vontade para Cristo por libertação e encontrar o perdão dos pecados,
por uma justiça imputada e uma reconciliação com Deus. Veja as perguntas 81, 83 e 92.
Ele é desperto de seu estado perdido, convencido do pecado, acredita, compreende, se
arrepende e voluntariamente abraça o Senhor Jesus Cristo como tudo o que está na
oferta gratuita do evangelho. Sua experiência subjetiva é aquela de grande convicção de
pecado, de vir a Cristo em fé, arrependendo-se, recebendo o perdão, de reconciliação
com Deus e encontrando a paz pela fé em seu Filho. Veja a pergunta 79.
Nós não devemos confundir a ordem lógica de salvação com uma ordem
cronológica. Na experiência, algumas destas realidades espirituais ocorrem
simultaneamente. Deve-se lembrar e enfatizar que o chamado e novo nascimento do
pecador ocorrem no contexto da pregação do evangelho. A Palavra de Deus declarada,
pregada, lida ou inculcada pelo ensino é a instrumentalidade por meio da qual o
chamado, a regeneração e a conversão são efetuados e o contexto no qual ocorrem.
Qualquer ensinamento doutrinário que diminui o fervor evangelístico ou causa
indolência em buscar a salvação dos pecadores é uma visão desequilibrada e
desobediente de evangelismo bíblico. Ver as perguntas 135 e 139.
141ª Pergunta – Todo crente é chamado para o serviço Cristão?
Resposta - Todo crente é chamado para servir ao Senhor Jesus Cristo sem
reservas.
Gálatas 2:20. “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas
Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de
Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.”
1 Coríntios 10:31. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra
qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.”
Veja também: Mateus 22:36-40; Romanos 1:1; 6:11-14,17-18; 1 Coríntios
9:24-27; Efésios 4:1; 2 Timóteo 2:24-26; 2 Pedro 3:18.
COMENTÁRIO
Existe frequentemente uma dicotomia entre "o serviço Cristão em tempo integral"
e o chamado do crente nominal. Esta dicotomia é antiescriturística. Todos os crentes são
chamados a serem Cristãos em tempo integral, para serem "escravos dispostos" do
Senhor Jesus Cristo e da justiça (Romanos 6:17-18) e serem fiéis até a morte
(Apocalipse 2:10)! Nós somos aqueles a quem o Senhor comprou com o seu próprio
sofrimento e sangue de vida, resgatou-nos de entre a humanidade condenada, e ele nos
fez seus próprios filhos queridos. Quem nós somos, o que somos e o que temos tudo
pertence a ele (Romanos 6:17-18). Cada pensamento, palavra e ação devem ser feitos
subservientes ao seu serviço e glória (1 Coríntios 10:31).
273
Enquanto alguns são chamados por Deus para o ministério evangélico ou serviço
missionário estrangeiro, cada crente é chamado por Deus para ser testemunha da
verdade do evangelho de lábio e de vida (Atos 1:8). Veja a pergunta 142. Nós também
somos chamados para sermos fiéis ao ministério de uma igreja local. Os Cristãos do
Novo Testamento nunca são considerados como entidades isoladas, separadas do
ministério, da disciplina e do companheirismo de uma assembleia local; supõe-se que
eles estejam em comunhão, servindo, doando, crescendo e confraternizando, todas essas
ações implicam participação em uma igreja local (Mateus 28:18-20; 1 Coríntios 12:27;
Filemom 2; Hebreus 10:25).
O que o Cristão nominal e individual pode fazer?
Primeiro: Ele deve entregar-se ao Senhor; em reservas, e , assim, ser um Cristão
bíblico em tudo que fizer, aonde quer que vá e em tudo o que disser (Romanos 1:1;
6:17-18; 12:1-2). Esta é a verdadeira base para um testemunho evangélico consistente.
Segundo: Ele deve procurar crescer na graça e conhecer o Seu Senhor e Salvador
cada vez mais (2 Pedro 3:18). Assim, deve atender fielmente aos meios públicos e
privados da graça. Veja as perguntas 126 e 127.
Terceiro: Ele deve encontrar um lugar de serviço dentro da irmandade e do
ministério de sua igreja local;
Quarto: Ele deve procurar evangelizar pelo testemunho pessoal e reunir esforços
para difundir o Evangelho. Muitos pregadores e missionários descobriram a vocação
Divina deles enquanto envolvidos em tal serviço prático dedicado. O que estamos
fazendo para o bem do evangelho?
142ª Pergunta - Quem deve se dar ao ministério público da Palavra?
Resposta - Aqueles que devem se dar ao ministério público da Palavra são
homens fiéis e qualificados a quem Deus chamou e dotou para tal trabalho.
Atos 20:28. “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito
Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou
com seu próprio sangue.”
1 Timóteo 1:12. “E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus
Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério,”
Veja também: Romanos 10:14-15; Gálatas 1:15-16; 1 Coríntios 1:17; 2
Coríntios 4:1-2; Efésios 4:11-12; Colossenses 1:28-29; 1 Timóteo 3:1-7, 5:1,1720; 2 Timóteo 1:6-8,11,15; 2:24-26; 4:1-8; Tito 1:4-9.
COMENTÁRIO
Deus chama os homens para o ministério evangélico. Alguns estão empenhados
na obra evangelística; outros pregam no contexto do pastorado, ou pregam na arena da
obra missionária seja doméstica ou estrangeira.
274
Embora qualquer homem possa ficar de pé e falar em nome de Cristo em público,
a verdadeira pregação é a esfera da obra deixada para Os que foram Divinamente
chamados e dotados para esse trabalho. Este reconhecimento ou foco é essencial por
causa da natureza da pregação em si, e por causa dos rigores e provações do ministério
evangélico. Veja a pergunta 138.
O chamado Divino para o ministério evangélico normalmente vem por meio de
um relacionamento de uma igreja que está intimamente familiarizada com o homem,
conhece seu caráter moral, seus pontos fortes e fracos e reconhece seus dons dados por
Deus. O discernimento espiritual da igreja fica, assim, atrás do homem em apartá-lo
para o ministério do evangelho, acreditando que ele tem o discernimento corporativo
necessário (1 Timóteo 3:1-7; Tito 1:5-9), e conhece a vontade do Espírito Santo (Atos
13:2-4; 20:28; Romanos 10:15).
Deve ser um verdadeiro homem de Deus, o homem verdadeiramente chamado por
Deus. Ele deve ser um homem de convicções fortes, de honestidade e de uma grande
coragem moral, contudo, também suave, gentil, paciente e razoável. O ministério do
evangelho não é lugar para um homem mal-humorado ou pugilista (2 Coríntios 4:1-2;
Gálatas 5:22-23; 1 Timóteo 3:1-7; 2 Timóteo 2.24-26; Tito 1:4-9). Deve ser marcado
que a ênfase sobre as qualificações para o ministério do evangelho e do pastorado são
mais dadas ao caráter pessoal e moral e às relações familiares do homem do que à
pregação ou dons ministeriais. O ministério do evangelho pode e provavelmente custará
tudo ao homem tudo - se ele é fiel – até mesmo, talvez, dos seus amigos e família.
Ambos os profetas do Antigo Testamento e pregadores do Novo Testamento tiveram
que enfrentar grande oposição e suportar grandes provações e perseguição de seus
inimigos e muitas vezes de seu próprio povo. As vidas e os ministérios de Moisés,
Samuel, Elias, ou do próprio Senhor Jesus, Estevão, do apóstolo Paulo e de muitos
outros todos testificam que um homem chamado por Deus deve suportar muito. O
ministério deve ser a sua própria vida, e esta deve estar comprometida com ele sem
reservas (2 Timóteo 4:1-5). Ele deve estar preparado para enfrentar a oposição,
adversidade e perseguição tanto de dentro quanto de fora da igreja, deve doar-se a si
mesmo sem reservas, independentemente das consequências (2 Coríntios 12:15; 2
Timóteo 4:2). Sua pregação deve carregar as marcas da autoridade Divina e deve ser
caracterizada pelo poder Divino (1 Coríntios 2:3-5; 15:10). Caso ele não seja
Divinamente chamado, ele acabará por falhar, perder o ânimo e falhar ou tender a
comprometer a verdade.
Embora a ênfase nas qualificações esteja sobre caráter moral e pessoal de um
homem, ele deve ser dotado e dado a estudar de forma adequada e espiritualmente
progredir por si mesmo, e também se alimentar e levar sua congregação a um
determinado grau de maturidade espiritual (João 21: 15-17; Colossenses 1:28-29; 1
Timóteo 3:2; 4:6,11-16; 2 Timóteo 1:13; 2:2,15; 3:16-17; Tito 1:9-11).
Nenhuma língua sem inspiração tem retratado tão gloriosa e idealisticamente o
ministro do evangelho como as palavras de John Bunyan em O Peregrino, quando ele
descreve a cena na Casa do Intérprete e o retrato de um ministro do evangelho:
275
...Cristão viu o retrato de uma pessoa muito séria pendurado na parede; e esta
era a forma dele. Tinha seus olhos levantados para o céu, o melhor dos livros em sua
mão, a lei da verdade estava escrita em seus lábios, o mundo estava atrás dele. Ficava
como se pleiteasse com os homens, e uma coroa de ouro pairava sobre a sua cabeça.
Qual é a nossa responsabilidade primária? "Grande é, em verdade, a seara, mas os
obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua
seara." (Lucas 10:2). Caso a chamada venha a nós, devemos responder!
143ª Pergunta - O que é um avivamento ou despertamento espiritual?
Resposta - Um avivamento ou despertamento espiritual é uma obra extraordinária
do Espírito de Deus sobre o povo Deste, trazendo-o para uma vida espiritual renovada e
também resultando em um despertar espiritual entre os não convertidos.
Atos 2:41-42. 41”De sorte que foram batizados os que de bom grado
receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, 42E
perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas
orações.”
Atos 3:19. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados
os vossos pecados, e venham assim, os tempos do refrigério pela presença do
Senhor.”
Atos 4:31. “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam
reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a
palavra de Deus.”
Veja também: Atos 2:47; 4:4,31; 6:7; 8:5-6; 9:35,42; 10:44; 11:21; 13:24,44; 14:1; 17:4,11-12; 18:8-11; 19:10,20; Filipenses 1:13-14.
COMENTÁRIO
"Avivamento" é um termo geral para uma obra extraordinária do Espírito de Deus
avivando uma igreja, um grupo de igrejas ou crentes em uma determinada área
geográfica, e também para um despertamento espiritual entre os que não são
convertidos. Existem vários termos inter-relacionados: "reforma," "avivamento,"
"despertamento espiritual" e "revivalismo."
Reforma. (Latim: reformare, uma correção, uma remoção de falhas e defeitos). Os
Cristãos individuais e igrejas devem estar em um constante estado de reforma ou em um
aumento da conformidade e alinhamento com as Escrituras. Escriturística, lógica e
historicamente, existe uma correspondência direta entre reforma e avivamento. A
reforma pode trazer avivamento; o avivamento trará reforma. Lógica e historicamente,
um retorno e conformidade com as Escrituras, coincide com o avivamento do povo de
Deus.
276
Avivamento. (Latim: revivere, voltar a um estado vigoroso depois de um declínio)
é tecnicamente um termo que aponta para uma revitalização individual ou coletiva da
espiritualidade ou da religião experimental. O avivamento pressupõe um estado de
declínio e letargia ou desânimo espiritual em um determinado indivíduo, igreja ou
igrejas, ou geralmente entre o povo de Deus, o avivamento é um derramamento do
Espírito de Deus trazendo um grau elevado de vida espiritual, uma seriedade nas coisas
espirituais e uma pureza renovada na vida e na adoração. Tal revitalização e urgência
evangélica fomentadas pelo Espírito de Deus, geralmente se estendem aos não
convertidos dentro e fora da igreja em um despertar espiritual. O termo "avivamento,"
no entanto, é usado frequentemente em um sentido muito geral para descrever reforma ,
avivamento, despertamento espiritual e revivalismo.
O avivamento pode ser geralmente dividido em dois tipos:
Os avivamentos que são mais orientados para a experiência e os que são
fundamentados na pregação e doutrina bíblica. Enquanto os primeiros são verdadeiros
avivamentos, geralmente de curta duração e a influência deles diminui rapidamente. Os
últimos são mais substanciais e os seus efeitos podem durar uma geração ou mais. A
maioria dos avivamentos no século XX foram mais orientados para a experiência.
Existe uma grande diferença entre um avivamento e uma cruzada religiosa. Os
avivamentos verdadeiros sejam de que tipo for tendem a mudar a sociedade. Além de
uma comunidade Cristã avivada e uma infinidade de conversões, existe uma força moral
elevada na operação da transformação da sociedade em geral. Os registros históricos
testemunham menos crime, uma elevação do padrão moral e menor necessidade de
aplicação da lei e dos tribunais! A depravação do homem na população em geral parece
ser mantida à distância por um tempo prolongado.
Os avivamentos do Velho Testamento eram essencialmente tempos de reforma. O
maior ocorreu durante o reinado de Ezequias, que afetou tanto o reino do norte quanto o
reino do sul (2 Crônicas 29:1-31:21). Houve um grande avivamento em Nínive pela
pregação de Jonas (Jonas 1:1-2; 3:1-2,4,-10). O Avivamento caracterizou as primeiras
décadas do Cristianismo Apostólico. O avivamento que começou no Dia de Pentecostes
durou até a Perseguição sob Nero (c. 33-64 AD).
Infelizmente, mesmo entre aqueles que podiam acreditar nos princípios do
verdadeiro avivamento enviado dos céus, há muitos que se referem a encontros
especiais como "reuniões de avivamento." Isto além do mais desassocia o avivamento
de seu necessário significado verdadeiro e espiritual e de suas raízes como uma obra
inconfundível e soberana de Deus. Tempos de bênçãos espirituais incomuns são muitas
vezes chamadas de "visitações Divinas," porém, poucas chegam ao nível do que é
bíblica e historicamente conhecido como avivamento.
O verdadeiro avivamento vem do céu! É enviado por Deus, é uma obra soberana
do Espírito de Deus, é pedido para descer, não operado. Ele vem, não com meios
engendrados pelo homem, mas por meios ordenados por Deus: a oração perseverante e a
pregação bíblica. Veja a pergunta 145.
277
Despertado Espiritualmente. Este termo se refere a um derramamento do Espírito
de Deus sobre a pregação que resulta em um número incomum de conversões (Atos
2:36-42; 4:1-4; 14:1). Como o avivamento tecnicamente se refere a um grau elevado ou
uma renovação da vida espiritual entre o povo de Deus. Ele inevitavelmente não fica
reduzido apenas ao povo de Deus, mas também se espalha para os não convertidos ou
inconversos e àqueles que sem o Cristianismo institucionalizado são convencidos,
convertidos e trazidos para a membresia e comunhão do povo de Deus. Estas realidades
são geralmente associadas como avivamento historicamente - vida renovada para os
espiritualmente letárgicos e vida espiritual para os mortos espiritualmente.
Revivalismo. Este termo se refere à aplicação e ao uso de certos métodos ou
medidas para produzir excitação religiosa e promover decisões religiosas. Veja a
pergunta 88. O revivalismo entrou em voga no início de 1800 durante os
"Reavivamentos da Fronteira do Kentucky" americana, no leste do Estado de Nova
York e no Vale de Ohio. As "Novas Medidas" de Charles G. Finney (1792-1875)
provou ser o ponto de retorno no evangelismo americano do avivamento para
revivalismo. Por volta de 1840 e no final do "Segundo Grande Despertamento" (c.
1793-1840), o revivalismo veio a ser estabelecido e aceito no Cristianismo evangélico
americano.
O Revivalismo continua a dominar o pensamento de muitos Evangélicos, que
confundem avivamento com cruzadas evangelísticas e excitação religiosa. O verdadeiro
avivamento e revivalismo, no entanto, nunca devem ser confundidos. Enquanto o
verdadeiro avivamento deriva do poder soberano e da prerrogativa de Deus, o
revivalismo é simplesmente o trabalho e metodologia do homem. Avivamento e
revivalismo podem ser misturados ou podem ocorrer separadamente, como em cruzadas
ou reuniões religiosas programadas, ou seja, o avivamento pode ocorrer sem
revivalismo, pode haver uma mistura de avivamento e revivalismo, ou o revivalismo
pode existir sem avivamento. Um estudo da história do avivamento, tanto bíblica como
pós-bíblica, revela que o avivamento por sua própria natureza é um trabalho misto.
A Era do Novo Testamento começou com o grande avivamento e despertamento
espiritual no dia de Pentecostes e durou várias décadas, espalhando o Cristianismo sobre
o Império Romano e além. Este avivamento era, em princípio, o grande protótipo,
exemplo, de todos os avivamentos verdadeiros que ocorreram na história. Marque as
seguintes características do verdadeiro avivamento:
Primeira: Avivamento não ocorre em um vácuo. Há sempre um trabalho de
preparação ou outros eventos necessários – geralmente tempos de declínio religioso e
espiritual dando origem a momentos de intensa oração de intercessão a Deus para olhar
por Sua obra com favor e bênção. O pentecostes foi precedido por uma intensa e
perseverante reunião de oração por um derramamento do Espírito Santo (Atos 1:1-8,1314);
Segunda: Há sempre um derramamento do Espírito de Deus sobre o seu povo em
resposta à oração de intercessão. Esta é uma obra soberana do “Espírito de Deus,"
estabelecer tempos de refrigério (avivamento) da presença do “Senhor" sobre ambos os
convertidos e não convertidos. A igreja de Jerusalém orou constantemente até que a
bênção antecipada veio (Atos 2:1-42,47; 3:11-4:5). Também houve sucessivos
278
momentos de poder renovado e bênção espirituais (Atos 4:21-31; 9:32-42; 14:1; 17:14,10-12; 19:11-20);
Terceira: Há sempre um retorno marcado para os princípios da religião bíblica.
Isto aponta para a necessária relação entre a reforma e o avivamento. Os avivamentos
não são a regra geral - eles são a exceção, o inusitado. O estado normal da religião tende
para o declínio espiritual. O avivamento é um retorno à verdade e ao poder espiritual de
tal forma que transforma a vida do indivíduo, da igreja, e muitas vezes da própria
sociedade. A vida espiritual veio no dia de Pentecostes. O Judaísmo deu lugar ao
Cristianismo sob o ministério do evangelho de nosso Senhor e seus Apóstolos;
Quarta: Há sempre um retorno à pregação bíblica. Deus não envia um verdadeiro
avivamento separado da pregação da verdade. A pregação do erro pode aumentar a
excitação religiosa, mas qualquer avivamento será prejudicado e sua pureza estragada.
A Pregação apostólica estava em contraste com a tradição Judaica. Marque a pregação
de Pedro no dia de Pentecostes e a pregação subsequente dos Apóstolos (Cf. Atos 2:1442; 3:1-26; 6:8-10; 14:1; 17:1-5);
Quinta: Sempre existem obstáculos ao avivamento. Estes vêm de dentro das
fileiras dos que professam o Cristianismo na forma de falsos convertidos, motivos
errados, desvio doutrinário, da prática doutrinária e mundanismo. De fato, o avivamento
em si é sempre uma obra mista. Se o diabo não pode parar o avivamento, ele imita e
corrompe-o com falsos convertidos, doutrinas errôneas, práticas e extremos. Os adeptos
do avivamento são considerados entusiastas e perturbadores da tradição religiosa. O
primeiro avivamento evangélico que começou em Pentecostes e seguiu, experimentou
tudo isto: por exemplo, problemas na Igreja de Jerusalém, devido à parcialidade e
negligência de certos membros (Atos 6:1-7), o pecado e a morte de Ananias e Safira
(Atos 5:1-11), a falsa conversão de Simão, o Mago (Atos 8:9-13,18-24) e a heresia dos
Judaizantes (Atos 15:1ss);
Sexta: Sempre existe oposição ao avivamento. Toda obra verdadeira de Deus,
necessariamente, enfrentou oposição espiritual, religiosa, social e muitas vezes política.
Os primeiros cristãos experimentaram a oposição da sociedade (Atos 2:13; 13:44-50;
14:4-5,19-20), dos líderes religiosos (Atos 4:1-22; 5:17-33; 9:1ss) e do governo (Atos
12:1);
Sétima: Existem consequências necessárias e incomum para o avivamento. Tais
consequências podem ser positivas, negativas ou incomuns. Situações ocorreram em
tempos de avivamento que não ocorrem em tempos normais, tais como experiências
espirituais incomuns (Atos 8:26ss; 9:1-11; 10:1-20) ou a conversão dos libertinos
notórios e mesmo os principais inimigos do evangelho. Saulo de Tarso foi o grande
troféu da graça no primeiro avivamento, que, por sua vez, como o Apóstolo Paulo,
tornou-se a principal força do Cristianismo do Novo Testamento (Atos 9:1-18). Durante
os tempos de avivamento há uma ênfase missionária renovada e um grande número de
pessoas que são chamadas para o ministério Cristão.
Embora se deva tomar cuidado com argumentos históricos que podem suplantar
ou ignorar a Escritura, um estudo sobre a história dos avivamentos revela grandes
279
movimentos do Espírito de Deus nos primeiros séculos do Cristianismo, a Idade
medieval, a Era da Reforma, dos séculos XVIII e XIX e para o século XX. Muitos
avivamentos testemunham a verdade dos princípios bíblicos primeiro evidenciados no
grande protótipo, exemplo, de avivamento que começou no dia de Pentecostes. Veja a
pergunta 144. Se o avivamento é uma obra soberana de Deus, então ele deve ser pedido
para descer dos céus! Nós estamos orando por avivamento? Por qual tipo de avivamento
deveríamos orar?
144ª Pergunta - Os avivamentos religiosos devem ser esperados nesta era
moderna da história da igreja?
Resposta - Como as realidades do poder Divino, o pecado, a oração, o evangelho
e a salvação permanecem os mesmos, assim os avivamentos religiosos podem ser
esperados como aprouver a Deus conceder os tais.
Atos 3:19. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados
os vossos pecados, e venham assim,os tempos do refrigério pela presença do
Senhor.”
Veja também: Atos 2:47; 4:4,31; 6:7; 8:5-6; 9:35,42; 10:44; 11:21; 13:24,44; 14:1; 17:4,11-12; 18:8-11; 19:10,20.
COMENTÁRIO
A história do Cristianismo tem ecoado a Era Apostólica com épocas de grandes
avivamentos e despertamentos espirituais. A promessa do Espírito mediante a pregação
de Pedro em Atos 3:19 antecipou esses tempos de avivamento: "Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos para que sejam os vossos pecados apagados, e venham assim os tempos
(tempos ou épocas determinados) de refrigério (avivamento) pela presença do Senhor."
Por que nenhum avivamento em nossos dias? As razões podem incluir:
Primeiro: A grande maioria dos Cristãos, professos hoje, não oram pelo
verdadeiro avivamento. Eles parecem ter medo de colocar as suas orações e vidas na
linha em completa submissão e suplicar a Deus para uma efusão de seu Espírito sobre o
ministério da Palavra, sobre as igrejas e por um despertar entre os inconversos. Por quê?
Como se limitam às orações "seguras," ou têm medo de que Deus possa perturbar a
conveniência relativa deles, talvez nunca tenham apanhado a verdade e a visão do
avivamento bíblico e histórico - um Cristianismo verdadeiramente bíblico, santo e
agressivo –
Segundo: estes não esperam o verdadeiro avivamento. Alguns sustentam que
houve uma "era de avivamentos" que durou do XVIII até o início do século XX, e que
esta "era de avivamentos" já terminou. Os tempos, dizem-nos, são muito pecaminosos,
muito secularizados em nossa sociedade "pós-Cristã" por avivamento. Eles falham em
levar em conta o estado horrível das coisas antes dos tempos históricos de avivamento e
despertamento espirituais. Isso foi particularmente verdadeiro nos primeiros séculos do
Cristianismo sob a severa perseguição do estado e também no tempo degenerado antes
do primeiro "Grande Despertar" do século XVIII:
280
Terceiro: Estes não acreditam no verdadeiro avivamento. Eles foram seduzidos
pelo moderno "revivalismo," e veem o alegado progresso em termos de atividades e
programas promocionais da igreja. A ideia deles de "avivamento" é uma reunião
evangelística programada. Nós frequentemente somos informados de que estamos
vivendo a fase final da apostasia antes do Segundo Advento e, portanto, não podemos
esperar avivamento.
Finalmente, muitos destes não querem o verdadeiro avivamento. Ele
transformaria suas vidas e igrejas, sobrecarregar-lhes-ia com um Cristianismo rigoroso,
santo e bíblico. Também pode haver um grande número de crentes temporários. Um
maior número de falsos professores e escândalos parece ocorrer em épocas de
avivamento. A religião poderia sair de controle, a posição de poder ou de influência
deles em suas igrejas poderiam ser ameaçadas. A pregação poderia levá-los a um estado
de terrível convicção sobre o pecado e as práticas antibíblicas. Muitos querem a
"segurança" do status quo - um Cristianismo nominal. Historicamente, na maioria dos
avivamentos, a salvação veio em grande parte para os membros da igreja não
convertidos, e os novos convertidos foram os mais usados na obra.
A verdade é que Deus envia avivamento e o despertamento espiritual por um
derramamento de Seu Espírito em resposta à oração importuna e a pregação fiel da
verdade. Os avivamentos ocorreram nos piores momentos da história - tempos de
horrível declínio espiritual e moral e desintegração social, em tempos de peste, de fome
e de apostasia. Deus não mudou, os pecadores não mudaram, o evangelho não mudou,
as necessidades espirituais do Cristianismo não mudaram, a oração não mudou e a
pregação fiel e bíblica permanece como os meios ordenados por Deus para converter os
pecadores.
O que mudou? O Cristianismo institucionalizado mudou. A tendência das últimas
décadas tem sido um desvio gradual do Cristianismo tanto bíblico quanto histórico. O
espiritual e doutrinário, em grande parte degenerou para o psicológico. A adoração
reverente em muitas igrejas tem sido deslocada pelo entretenimento. O aconselhamento
substituiu a pregação autorizada e a disciplina piedosa. A verdadeira conversão em
grande parte degenerou em um mero "decisionismo" no pensamento e metodologia de
muitos. Uma pessoa pode continuar a ser uma "crente carnal," vivendo em pecado, e,
contudo, ser considerada como uma verdadeira crente. O revivalismo substituiu o
avivamento. O Emocionalismo (irracionalismo) substituiu a verdadeira espiritualidade
no professo Cristianismo moderno. Igrejas e ministros olham para o mundo com seus
princípios comerciais de sucesso e abordagens pragmáticas ou inovadoras e
condicionam seus ministérios de acordo. Por que buscar a face de Deus em oração por
aquilo que pode ser produzido pelo homem em sua própria força e inovação? Veja as
perguntas 3 e 151.
A pós-modernidade caracteriza tanto a sociedade quanto a religião. O
existencialismo (subjetivismo extremo), o relativismo (a negação da autoridade e dos
absolutos bíblicos), o pluralismo (a negação da exclusividade absoluta do Cristianismo
bíblico) e a desconstrução da linguagem (O texto bíblico não tem um significado
objetivo, e, portanto, nenhuma autoridade. O significado é encontrado somente na
281
interpretação do ouvinte) e o questionamento de toda a autoridade tem destripado a
moderna religião evangélica.
Um estudo cuidadoso da história dos avivamentos, no entanto, revela que "as
estações de avivamento da presença do Senhor" (Atos 3:19) ocorreram ao longo da
história do Cristianismo, mesmo durante os seus momentos mais sombrios. Um breve
esboço de alguns avivamentos históricos e despertamentos espirituais deve provar ser
tanto esclarecedor quanto encorajador:
Na Era Apostólica, os avivamentos irromperam em Jerusalém (Atos 2:1ss, 3:1ss;
4:22-31; 6:7), em Samaria (Atos 8:1-6), em Lida e Sarona (Atos 9:32-35), em Antioquia
da Síria (Atos 11:39-24), em Antioquia da Pisídia e em Icônio (Atos 13:13-49; 14:1),
em Tessalônica, Berea e Corinto (Atos 17:1-4,10-12; 18:1-10) e em Éfeso (At 19:1-20).
Apesar da intensa perseguição do Império Romano e, mais tarde, de Roma
eclesiástica, o Cristianismo se espalhou por todo o mundo romano e além. Pelo final do
século II, Tertuliano (c. 160-215) poderia escrever:
Nós somos de ontem, e, contudo, temos preenchido todos os lugares que vos
pertencem - metrópoles, ilhas, castelos, cidades, assembleias, o vosso próprio campo,
vossas tribos, empresas, palácio, senado, fórum. Nós vos deixamos apenas com os
vossos templos. Nós podemos contar os vossos exércitos; nossos números em uma
única província serão maiores.
Ele ainda declarou em sua defesa do Cristianismo o agora famoso ditado, que o
sangue dos Cristãos é a semente da igreja:
Excelentes governadores, vós podeis atormentar, afligir, e maltratar-nos; vossa
maldade coloca a nossa fraqueza em teste, mas vossa crueldade é de nenhum proveito. É
apenas um convite mais forte para levar os outros à nossa persuasão. Quanto mais
formos ceifados, mais brotaremos novamente. O sangue dos Cristãos é semente.
Foi durante esta época que Patrick (c. 387-460) evangelizou a Irlanda e ganhou
milhares de convertidos. Seu ministério foi caracterizado por princípios do Novo
Testamento. Ele viveu, ministrou e morreu a mais de um século antes que o primeiro
missionário Romano (Austin) fosse enviado para os Bretões pelo Papa Gregório, o
Grande (c. 590).
As "Idades Escuras" testemunharam grandes movimentos do Cristianismo
evangélico em oposição à igreja estatal. Embora registros específicos sejam falhos em
algumas áreas, os registros da Igreja de Roma e os fatos conhecidos da história são que
milhões de "hereges" ou separatistas existiam até a época da Reforma Protestante. Entre
os grupos que existiram separados de Roma e mantiveram o essencial do evangelho,
frequentemente sob o nome genérico de "Anabatista," foram os Donatistas, Paulicianos,
Valdenses, Paterinos, os Albigenses do sul da França [o Papa Inocêncio III massacrou
mais de dois milhões], Berengarianos, Bogomili ["Amigos de Deus." A maioria da
nação na Península dos Balcãs foi convertida por volta do século IX], Cátaros
["Puritanos"], Gezaris, Arnoldistas, Petrobrusianos, Os Homens Pobres de Lyons
282
[Leonistas], Henricianos, Waldenses [que existiram como um grupo religioso separado
do terceiro para o século XVI], Lollardos, Wycliffites, Os Irmãos Bohemios, Hussitas,
etc. Estes grupos foram considerados heréticos pelos romanistas e foram tanto
caluniados quanto rigorosamente perseguidos. Foi contra os tais que a "Santa
Inquisição" Romanista foi estabelecida pela primeira vez e muitas cruzadas Romanistas
Europeias foram levantadas. Os nomes deles variavam, mas as suas doutrinas eram
geralmente as mesmas e frequentemente existiam entre eles durante toda esta longa era
escura um tratado espiritual e uma proteção mútua. Alguns Waldenses juntaram-se com
Calvino na Reforma e se tornaram os perseguidos Huguenotes da França. A Reforma
Protestante do século XVI, apesar de suas ações políticas e militares, foi também uma
época de avivamento e despertamento espiritual. Uma série de desperta mentos
espirituais, especialmente pela obra dos reformadores Batistas e Mennonitas, ocorreu na
Holanda, no século XVI. Milhares de pessoas foram convertidas e muitas martirizadas.
O avivamento na Irlanda do Norte em 1625 foi descrito como "um dos
derramamentos registrado mais notáveis do Espírito.", ajudou a tornar a Irlanda do
Norte, uma fortaleza protestante arrancada da Igreja de Roma. Pregadores vieram da
Escócia para pregar o evangelho e evangelizar. A sociedade inteira foi transformada
pelos efeitos do evangelho. Este despertamento espiritual foi declarado por um
contemporâneo de "ter sido uma das maiores manifestações do Espírito, e um dos
momentos mais solenes de derramamento já foi visto quase que desde os dias dos
Apóstolos."
Um avivamento Escocês, pejorativamente chamado de a "Doença de Stewarton,"
continuou por vários anos, durante os tempos de perseguição sob o reinado de Carlos I.
O avivamento Kirk O'Shotts na Escócia em 1630 contou com mais de quinhentos
convertidos em um único sermão pregado por John Livingston.
O avivamento Kidderminster estendeu cerca de 1641 a 1660, unindo o tempo da
Reforma ao fim da era dominada pelos Puritanos. Este avivamento ocorreu sob o
ministério pastoral de Richard Baxter. Os registros são escassos, mas uma obra evidente
de Deus teve lugar entre algumas tribos nativas americanas durante a época de John
Eliot (c. 1674), um ministro e missionário da Nova Inglaterra, e também no Vinhedo de
Martha sob os ministérios dos Mayhews.
1662-1688 viu o início do movimento Pietista na Alemanha sob Jacob Spener e
August Herman Francke entre os alunos na Universidade de Halle. Este avivamento se
espalhou por toda a Europa, e deu ímpeto aos Morávios posteriores. Estes avivamentos
foram caracterizados por uma grande ênfase sobre o Cristianismo prático e viver
piedoso.
A "Grande Expulsão" de 1662 deixou a maioria das igrejas inglesas desprovidas
de ministros piedosos e fiéis. No ano de 1665, Londres e arredores foram devastados
com uma grande praga. Muitos fugiram da cidade, incluindo o clero conformista.
Muitos pastores não conformistas e pregadores reentraram em Londres apesar da
proibição e ministraram aos doentes e moribundos e pregaram às multidões. Um
avivamento espiritual geral ocorreu naquele ano de extremidade quando multidões
estavam atingidas e morrendo, milhares foram convertidos.
283
O avivamento da Morávia no Distrito von Zinzindorf (c. 1724) levou a um
despertamento espiritual que se espalhou por toda a Alemanha até as Ilhas Britânicas e
eventualmente para as Américas.
Antes do Primeiro "Grande Avivamento," sob a pregação de Edwards e
Whitefield, ocorreu uma série de despertamentos ou avivamento na Nova Inglaterra
como precursores dessa grande obra que viria a seguir. Esse avivamento ocorreu em
1705 por meio da oração e do jejum de várias sociedades religiosas. Jonathan Edwards
menciona os primeiros avivamentos em 1712, 1718 e 1721, tanto em Massachusetts
quanto em Nova Jersey. Outro avivamento ocorreu cerca 1727. A maior série de
avivamentos ou despertamentos espirituais ocorreram sob o ministério de Theodore
Freylinghuysen, um pastor Holandês Reformado e evangelista, na área de Nova Jersey
na década de 1720.
Este "Grande Despertamento" começou primeiro com a pregação de Jonathan
Edwards em Northhampton, Massachusetts, em 1734. Embora apenas alguns trezentos
fossem convertidos no primeiro ano, todo o teor moral e religioso da cidade foi
transformado. Juntamente a pregação de George Whitefield, que viajou por todas as
colônias, e homens como William e Gilbert Tennent, todas as Colônias testemunharam
momentos de avivamento e despertamento espiritual. Houve um despertar espiritual
entre os nativos americanos sob o ministério seráfico de David Brainerd nos anos 17431747. Avivamento também estava ocorrendo na Grã-Bretanha sob a pregação de
Whitefield (c. 1738), Howell Harris, John Cennick, os Wesleys e uma série de outros
homens. O próprio clima e o caráter do mundo de fala Inglesa foram alterados e a
sociedade elevados espiritual, moral e socialmente, como resultado desta grande revolta
espiritual. Um grande avivamento eclodiu antes de Whitefield ter chegado à Escócia,
em Cambuslang, sob a pregação de William M'Culloch e outros, que tinham sido
estimulados pelas contas do avivamento na América escrito por Jonathan Edwards. Os
batistas estavam grandemente envolvidos no Grande Despertamento, e em muitos
avivamentos desta época.
O segundo "Grande Despertamento" (c. 1793-1840) ocorreu na Nova Inglaterra
por uma variedade de ministros e evangelistas enviados por Deus, tal como Asael
Nettleton. Por volta de 1832, a América quase pôde ser realmente chamada de a "Nação
Cristã," devido ao vasto número de convertidos e igrejas.
Nos anos de 1854 a 1855 C. H. Spurgeon, um Batista Calvinista, e sua
congregação em New Street Park em Londres testemunhou um poderoso derramamento
do Espírito, que continuou mais ou menos em todo o seu ministério inteiro de trinta
anos.
1857-1858 O Avivamento da Rua Fulton, conhecido como "O Grande
Avivamento de Oração," que começou na Metrópole de Nova York, se espalhou pelos
Estados Unidos, em questão de meses. Este despertamento espiritual mais tarde se
espalhou pela Irlanda do Norte e, em seguida, em toda a Escócia e para baixo na
Inglaterra e País de Gales como o "Grande Avivamento Evangélico de 1859." Houve
uma série de grandes avivamentos durante a guerra entre os Estados (1861-1865),
284
especialmente entre os dos Exércitos do Sul. De fato, durante o século XIX,
avivamentos e despertamentos espirituais ocorreram na maioria dos países do mundo.
Alguns avivamentos, como o Avivamento Welsh (Gales) de 1904, circundou o mundo
dentro de uma década, afetando o continente africano e, posteriormente, parte da Ásia.
A década de 1920 testemunhou o Avivamento Fisher Folk e o Avivamento
Anglian do Leste na Escócia e Inglaterra do Norte. De 1949 a 1952 uma série de
avivamentos veio até a Ilha de Lewis na costa Escocesa. Avivamentos localizados têm
ocorrido em vários países até nossos dias atuais. Existem alguns registros de
avivamentos em: Madagascar (c. 1927-1936), na Hungria, nos Países Bálticos e
Escandinávia (1930). Avivamentos ocorreram no Canadá, Estados Unidos, Nova
Zelândia, Austrália e África do Sul (1930), na China (1935), em Madagascar (1946), na
Coréia (1949), no Congo (1950), em várias universidades americanas (1949, 1970,
1995), na Índia (1951). Um despertamento no Brasil (1952).
Este é apenas um breve e muito incompleto esboço daquilo que o Senhor tem tido
o prazer de fazer em enviar tais estações do avivamento. É a incredulidade, uma
abordagem em revivalismo centrada no homem, a falta de oração fervorosa e
perseverante e de um retorno à pregação bíblica, fervente e fiel do evangelho (Atos
14:1; 1 Coríntios 2:4-5; 1 Tessalonicenses 2:13), que são o cerne do problema. Se nós
acreditarmos que o "avivamento vem dos céus," e buscarmos a Deus em oração até que
Ele envie o Seu Espírito para animar e converter, então temos razão para esperar
avivamento. De fato, esta era do Evangelho não finalizará em um momento de
despertamento espiritual com a conversão dos Judeus? (Romanos 11). Oremos até que
Deus responda em poder e bênção!
145ª Pergunta - Quais são os dois precursores bíblicos e históricos para o
avivamento e o despertamento espiritual?
Resposta - Os dois precursores bíblicos e históricos para o avivamento e
despertamento espiritual são a oração fervorosa e importuna e a pregação bíblica fiel.
Atos 1:14. “Todos estes perseveravam unanimemente em oração e
súplicas...”
Atos 2:41-42. 41”De sorte que foram batizados os que de bom grado
receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, 42E
perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas
orações.”
Atos 4:31. “E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e
todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de
Deus.”
1 Coríntios 2:4-5. 4”E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram
em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e
de poder; 5para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no
poder de Deus.”
285
Veja também: Lucas 11:1-13; Atos 1:4-5,8; 3:19; 9:31-35; 13:42-49; 14:1;
17:1-4,10-12; 18:8-11; 19:8-20; 1 Tessalonicenses 5:17; Hebreus 4:14-16; Tiago
5:16-18.
COMENTÁRIO
Escriturística e historicamente, Deus usou duas coisas no avivamento: a oração
importuna e a pregação bíblica (Atos 1-2). Cada avivamento registrado foi precedido
por oração sincera, fervorosa, perseverante, pregação fiel e bíblica.
Tal oração revela uma dependência total de Deus, e Ele é glorificado em
responder tal oração. Nós devemos orar por tempos de avivamento e estações espirituais
de refrigério pela presença do Senhor (Atos 3:19). Precisamos orar para que Deus
capacite a pregação do evangelho (1 Coríntios. 2:4-5). A grande necessidade de nosso
dia não é mais dinheiro, programas, abordagens pragmáticas e inovadoras para a obra de
Deus, que usam os métodos do mundo e buscam aclamação dele. Precisamos de um
derramamento do Espírito de Deus que habilite a pregação, santifique o povo de Deus, e
uma dependência total de Deus para a Sua intervenção. Isto rende glória a Ele. Que o
Senhor possa impressionar o Seu povo a orar fervorosamente até que a bênção desejada
seja concedida. E o testemunho da Escritura e o eco da história eclesiástica ao longo dos
tempos carreguem amplo testemunho desses "tempos de refrigério pela presença do
Senhor."
Em nossos dias modernos, o homem se vê como capaz, autônomo e de posse das
habilidades necessárias para produzir os efeitos religiosos e o sucesso sem estar de todo
comprometido com Deus e Sua Palavra ou piedosamente em estilo de vida. A própria
ideia da oração por uma obra soberana de Deus em um derramamento de Seu Espírito é
estranho para a moderna mente religiosa. Que o Senhor de todo o poder e toda a graça
possa enviar sobre nós o espírito de oração e um desejo insaciável por essa bênção do
avivamento que só Ele pode dar!
A pregação bíblica, intransigente, autorizada e compassiva, tem aparentemente
caído sobre dias maus. A tendência é de programas, entretenimento, psicologia e música
contemporânea, em vez de hinos de adoração que honram a Deus. A pregação ideal e
verdadeira precisa de uma atmosfera reverente e a congregação precisa estar inclinada
com um sentido consciente da presença de Deus ou elevada no verdadeiro louvor. No
entanto, quando Deus envia um derramamento de seu Espírito, Ele levantará homens
que são chamados por Deus, que honram a Deus, homens que proclamarão a Palavra de
Deus sem compromisso (Marcos 9:37-38; Lucas 10:2). Este será um momento de
avivamento e despertamento espiritual! Você está aflito por avivamento? Ore para que
Deus derrame Seu Espírito sobre Seu povo e Suas igrejas!
IX
A IGREJA E AS ORDENANÇAS
286
A doutrina da Igreja é chamada Eclesiologia, a forma latinizada do termo Gr.
ekklēsia, que significa uma assembleia reunida. Esta área da verdade inclui a natureza, o
governo e os distintivos da igreja e suas ordenanças. Infelizmente, muitos consideram
que a doutrina da igreja é nebulosa, e tem se tornado muito pragmática e inovadora com
relação à igreja, sua identidade, natureza e função. Esta área da doutrina nunca deve ser
considerada como menos importante do que outros aspectos da verdade bíblica. O
padrão inspirado conforme estabelecido no Novo Testamento deve ser obrigatório para
todos os crentes. Tal como as demais áreas da verdade bíblica, nós somos obedientes ou
desobedientes às Escrituras. Existe uma grande variedade de visões, mesmo entre os
Cristãos supostamente bíblicos, sobre todos os aspectos deste assunto. Assim, cabe ao
crente ser escrituristicamente cauteloso nesta doutrina.
146ª Pergunta - O que significa a palavra "igreja"?
Resposta - A palavra "igreja" significa uma assembleia reunida.
Atos 11:26. “E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e
ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez,
chamados cristãos.”
Efésios 3:21. “A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as
gerações, para todo o sempre. Amém.”
Veja também: Mateus 18:15-17; Atos 7:38; Atos 19:32,37,39,41; 1
Coríntios 1:2; 11:18-20; Colossenses 4.15; Filemom 2.
O termo Gr. ekklēsia ocorre 114-115 vezes no Novo Testamento e é traduzido
como "igreja" ou "assembleia." Em Atos 7:38, refere-se à congregação de Israel no
deserto, e em Atos 19:37, a palavra adequada é "sacrílegos" [hierosulous] não "igrejas."
Ekklēsia denota uma assembleia, uma congregação de gente. Nunca indica um edifício.
Na Septuaginta [Antigo Testamento Grego, c. 246 aC], a palavra é a tradução do
Hebraico qahal, que também denota uma congregação ou assembleia. Este conceito de
uma assembleia é refletido em tais termos como o Espanhol Iglesia e o Francês l'Eglise.
A palavra Inglesa "igreja" (church) foi derivado de um termo Gr. [kuriakou ou
kuriakon] que denotava um edifício "de ou pertencente ao Senhor [Kurios]," usado
quando as primeiras casas de reuniões Cristãs existiram no final do século III AD. Este
uso posterior é reconhecível no Escocês Kirk e o Alemão Kirche. Assim, existe uma
certa confusão sobre o termo Inglês "igreja," (church) que tradicional e variadamente
significava uma congregação, um edifício, uma denominação, um sistema eclesiástico, o
agregado de todos os verdadeiros crentes em união mística com Cristo ou a totalidade
do Cristianismo em toda a história.
Alguns sustentam o conceito de uma "igreja universal invisível" composta de
todos os eleitos de todas as idades, ou pelo menos de todos os crentes vivos em todo o
mundo em qualquer dado momento. Esse conceito da igreja se confunde com o Reino
de Deus. Tal entidade, é claro, nunca reunida, não é propriamente uma assembleia, não
possui nenhum dos atributos de uma igreja, e, portanto, não pode realmente ser
chamado de uma "igreja" [ekklēsia, ou assembleia reunida]. É antes, um conceito
287
espiritual e abrangente da mística (espiritual) união de todos os verdadeiros crentes com
o Senhor Jesus Cristo, e não encontra eclesiasticamente qualquer expressão concreta,
exceto em uma assembleia local ou reunida (1 Coríntios 12:27. O artigo definido "o"
antes da palavra "corpo" deve ser omitido). A ideia de uma "igreja universal invisível,"
no entanto, é difundida no pensamento Cristão, e é evidente tanto para o pensamento
Reformado quanto Dispensacional. Os reformadores do século XVI, reagindo contra a
ideia Romanista de uma "igreja universal visível," estabelecendo suas próprias igrejas
estatais com um padrão semelhante, e entendimento de que nem todos os que professam
Cristo foram verdadeiramente convertidos, desenvolveram a ideia de uma igreja tanto
"visível" quanto "invisível." A primeira era composta por crentes e não crentes; esta
última apenas por verdadeiros crentes. Alguns sustentam que esta teoria deriva da
filosofia Gnóstica Neoplatônica que viu o mundo visível como o reflexo imperfeito do
perfeito mundo invisível, ou seja, o mundo das “ideias” de Platão.
Mas e àquelas passagens onde "a igreja" é referida em um sentido abstrato (por
exemplo: 1 Coríntios 10:32; Efésios 3:10-21; Colossenses 1:18)? Isto não se refere ao
conjunto de todos os crentes verdadeiros que estão em união com Cristo como seu
"corpo místico"? "A Única Igreja Verdadeira"? Nós preferimos uma outra interpretação,
que é consoante com todos os usos do termo "igreja" no Novo Testamento:
Primeiro: O uso local ou concreto de "igreja," referindo-se a qualquer assembleia
de crentes biblicamente batizados;
Segundo: O uso abstrato, genérico ou institucional do termo. Uma ilustração
comum é o de "o júri," referindo-se não a qualquer júri particular, mas à instituição
desta entidade legal no sistema judicial. Quando tal utilização encontra a expressão
concreta, é um júri local, visível. Este mesmo princípio se manteria verdadeiro para
aquelas declarações que são usadas frequentemente para se referir à "igreja universal
invisível." Nós preferimos classificar estas como o uso "institucional" da palavra
"igreja," que encontra expressão concreta na assembleia local;
Terceiro: O uso escatológico do termo "igreja," referindo-se "a assembleia geral
[panēguris, o ajuntamento festivo de todo um grupo, nação ou país] e a igreja (ekklēsia)
dos primogênitos," que está em processo de ser reunida no céu. Quando todos os eleitos
forem reunidos de todas as idades, eles compreenderão a igreja [panēguris] na glória,
totalmente reunida pela primeira vez (Efésios 5:27; Hebreus 12:22-23; Apocalipse
21:2). Este uso triplo responde de forma coerente a cada uso do termo "igreja" no Novo
Testamento sem violar a gramática ou a doutrina - ou o significado e uso bíblico de
qahal do Velho Testamento e de ekklēsia do Novo Testamento.
O significado e a história da igreja não são autointerpretados. O Novo Testamento
é o padrão e, portanto, o significado e a história da igreja devem ser interpretados à luz
do Novo Testamento.
147ª Pergunta - O que é uma igreja Neotestamentária ou igreja evangélica?
Resposta - Uma igreja Neotestamentária ou igreja evangélica é uma igreja
caracterizada pelos distintivos do Novo Testamento e do Evangelho.
Atos 2:41-42,47. 41”De sorte que foram batizados os que de bom grado
receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, 42E
288
perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas
orações. 47Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias
acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.”
Veja também: Mateus 28.18-20; Atos 2:36-47; 13:1; 20:17; 1 Coríntios
1:2; Efésios 3:3-10; Colossenses 4.15; 1 Tessalonicenses 1:1; 1 Timóteo 3:15;
Filemom 2; Apocalipse 2:1.
COMENTÁRIO
A igreja é uma instituição Neotestamentária. Foi um "mistério" oculto no
propósito redentor de Deus até a economia do evangelho e a inclusão dos gentios
(Efésios 2:11-22; 3:1-10). As igrejas do Novo Testamento eram igrejas evangélicas, ou
seja, elas estavam reunidas, ligadas e caracterizadas pelo evangelho, e assim compostas
de crentes batizados (Mateus 28:18-20). Apesar de algumas igrejas terem excessos,
inconsistências ou divergências da verdade, se estes não se tornassem desfigurações
permanentes ou desvios, estas igrejas permaneceriam igrejas Neotestamentárias em
doutrina e prática. O princípio regente deve ser: na medida em que a igreja mantém a
verdade do Novo Testamento - nessa medida, é uma igreja Neotestamentária.
Reciprocamente, na medida em que a igreja se desvia da verdade do Novo Testamento nessa medida, ela deixa de ser uma igreja Neotestamentária. Em outras palavras, cada
igreja Neotestamentária tem uma relação imediata com o Novo Testamento quanto à
doutrina e prática.
Existem várias opiniões sobre a identidade e natureza da igreja. O Catolicismo
Romano ensina que a igreja é composta de seus fiéis seguidores em todo o mundo desde
o início até o fim dos tempos. Esta "igreja universal visível" encontra expressão
concreta pela sua hierarquia eclesiástica dos papas, cardeais, bispos e padres. Seu
sacerdotalismo [função sacerdotal] é expressa por meio dos sete sacramentos - Batismo,
Crisma, Eucaristia, Penitência, Extrema Unção, Santa Ordem e Matrimônio.
Muitos outros sustentam que a igreja deve ser vista em um sentido
denominacional ou nacional. Estes geralmente possuem a dicotomia de uma igreja
"visível" e "invisível" por necessidade. Estes e outros costumam considerar que a igreja
existia no Velho Testamento. Isto eles denominam "a Igreja Judaica." A única
referência relevante é Atos 7:38, que se refere a Israel como uma assembleia
(congregação) reunida durante a peregrinação no deserto. A ideia de uma "Igreja do
Velho Testamento" é essencial para aqueles que padronizariam a igreja do Novo
Testamento segundo a do o Velho Testamento, e veriam a Igreja do Novo Testamento
como uma continuação da "Igreja do Antigo Testamento." Isto seria fundamental para o
argumento de que a Aliança Abraâmica é idêntica à Aliança da Graça, que o batismo
substituiu a circuncisão, e a Ceia do Senhor substituiu a Páscoa.
Outros sustentam que a igreja foi formada no Dia de Pentecostes, e denominam
"O Nascimento da Igreja." Um estudo minucioso do Novo Testamento revela que a
igreja como instituição, que teve a sua expressão concreta na assembleia de Jerusalém,
existiu como uma entidade distinta antes de Pentecostes (Atos 1) durante o ministério
terreno de nosso Senhor. Nosso Senhor e os seus discípulos possuíam todos os
289
elementos essenciais de uma igreja anterior ao Pentecostes: Eles tinham o Evangelho
(Marcos 16:15; Mateus 28:18-20), eram convertidos (João 6,67-69). foram batizados
(Mateus 3:6; Atos 1:22). (Tem sido contestado com base em Atos 19:1-7 que o batismo
de João não era o batismo Cristão. Deve-se notar que João batizou somente para o
arrependido de (e neste contexto de sua missão, converteu) indivíduos. Seu batismo foi
o único batismo que o Senhor ou seus discípulos já receberam. Com referência a Atos
19:1-7 deve ser lembrado que cada mensagem registrada de João enfatizava o ministério
do Espírito Santo. (Veja Mateus 3:1-3,7-12; Marcos 1:1-8; Lucas 3:2-18; João 1:32-33).
Além disso, o ministério de João foi a entrada marcada para o Novo Testamento, ou
dispensação do evangelho (Atos 1:21-22). Se estes homens em Éfeso tivessem estado
sob o ministério de João o tempo suficiente para ter ouvido sua mensagem e se tornado
seus convertidos, eles teriam sido ensinados a respeito do Espírito Santo. É uma
conclusão válida que João não os batizou). Eles eram funcionais (Atos 1:12-26).
Além disso, eles tinham o Senhor Jesus Cristo como seu cabeça (Mateus 23:8),
tinham a disciplina da igreja (Mateus 18:15-17), foram ordenados (Mateus 10:1-5; João
15:16), tiveram a própria comissão (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15), eram
suficientemente organizados para as suas necessidades. Cristo foi o Cabeça e Professor
deles. Eles tinham um tesoureiro (João 12:4-6; 13:27-29), eram missionários na
comissão e no caráter (Mateus 10:1-5; 28:18-20; Marcos 16,15; Lucas 24:46-47),
tinham um ministério de ensino (Mateus 28:18-20; João 21:15-17), tinham autoridade
Divina (Mateus 28:18-20; João 20:21-22), possuíam as essências da vida na igreja
(Mateus 28:19-20), tinham pastores qualificados (João 15:16; João 21:15-17),
observavam a Ceia do Senhor (Mateus 26:26-28), possuíam o Espírito Santo (João
20:22), mantinham reuniões de oração (Atos 1:12-14), tinham uma membresia da igreja
definida (Atos 1:15) (O texto implica um rol de membros definido, uma membresia da
igreja organizada). Eles realizavam uma reunião de negócios (Atos 1:15-26), que era a
vontade de Deus, como as declarações posteriores revelam, ou seja, o Espírito ordenou
que Matias fosse contado com os Doze originais (Atos 2:14; 6:2).
Qual era, então, o significado de Pentecostes? No dia de Pentecostes, o Espírito
Santo de forma visível e audível credenciou a igreja já existente como a instituição
ordenada por Deus para esta economia do evangelho (Atos 2:1-21), assim como o
Tabernáculo (Êxodo 40) e o Templo de Salomão (2 Reis 8) tinha sido credenciados por
suas respectivas eras pela Shekinah ou presença visível e poder de Deus. Com este
credenciamento e capacitação, a igreja como uma instituição estava equipada e pronta
para evangelizar o mundo (Atos 1:4-5,8; 4:8,31; 7:55; 9:17; 10:44-45; 11:24; 13:2-4).
Veja a pergunta 84 para uma discussão aprofundada tanto do batismo do Espírito quanto
do Pentecostes.
Nós somos fiéis ao conceito bíblico da assembleia reunida? Estamos em
comunhão com e fiel a Deus por meio de uma igreja local?
148ª Pergunta - Qual é a distinção entre a igreja e o Reino?
Resposta - A igreja e o Reino não são sinônimos nem coextensivos. A igreja é
uma instituição dentro da maior entidade do Reino.
290
João 3:3. “Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que
aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.”
1 Coríntios 12:27. “Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em
particular.”
Nota: Mateus usa o termo "Reino dos céus" dezenove vezes. Estas referências
ocorrem todas também em passagens paralelas aos outros registros do evangelho. Em
cada caso, o termo é alterado nestas passagens paralelas ao "Reino de Deus," o que faz
destes dois sinônimos.
COMENTÁRIO
Ambas as teologias Romana e Protestante confundem "a Igreja," sejam visíveis ou
invisíveis, com o "Reino de Deus" ou "Reino dos céus" e "Reino de Cristo." Um estudo
minucioso revelará que estes três últimos são termos sinônimos, em última instância. O
Romanismo erra em ver a igreja como uma entidade universal visível, coextensiva com
o Estado e sua contraparte espiritual. Se "a igreja" e "o reino" são sinônimos e
coextensivos, então se alguém não está na "igreja verdadeira," ele está excluído do
Reino e, portanto, não salvo.
O Protestantismo erra em acreditar que a igreja seja composta de salvos e não
salvos em seu aspecto "visível," assim, identificando-a com as parábolas do Reino (que
enfatizam a natureza mista do Reino para o bom e o mau), ou recuando para a "igreja
universal invisível" sinônimo de um Reino espiritual composto apenas dos
verdadeiramente regenerados. A essência de todo esse erro é encontrada em um desvio
radical do uso do termo "igreja" [ekklēsia] do Novo Testamento. Veja a pergunta 146.
A igreja Neotestamentária e o Reino de Deus estão intimamente relacionados,
contudo, são distintos. Um estudo aprofundado revelará que o Reino de Deus é um
termo abrangente para o governo soberano de Deus e a esfera sobre a qual este governo
se estende. Escrituristicamente, o Reino tem aspectos passados (proféticos), presentes
(históricos) e futuros (escatológicos). Assim, o Reino de Deus é universal e inclui todos
os crentes. Também inclui uma esfera na qual o poder do governo Divino é
experimentado. Estas qualidades levaram alguns a confundir o Reino com a igreja.
As distinções entre o Reino de Deus e a igreja Neotestamentária podem ser vistas
por contraste. Os homens "veem" e "entram no" Reino de Deus pela regeneração. Isto
está totalmente separado de qualquer conexão direta com uma igreja, mas está
relacionado com a graça soberana e poder de Deus em sua realização (João 3:3,5). A
entrada em uma igreja Neotestamentária está sobre os pré-requisitos escriturísticos da
conversão, do batismo e do voto da igreja (Atos 2:41). O Reino é universal; a igreja é
necessariamente local, [isto é, um corpo, uma assembleia, uma congregação. Essa
linguagem seria totalmente estranha em referência ao Reino de Deus]. O reino é uma
monarquia; a igreja é uma democracia sob a liderança de Jesus Cristo e do governo de
sua Palavra. Existe um evangelho do Reino (Mateus 9:35), mas nunca um evangelho da
igreja. O Reino é uma entidade não observável indistinta (Lucas 17:20-21), a igreja é
291
observável e totalmente distinta em todas as suas características (por exemplo:
membresia, liderança, ordenanças, ministérios, etc.) Veja a pergunta 147.
O Reino de Deus é a obra inclusiva, abrangente, soberana e redentora de Deus no
mundo; a igreja é um organismo dentro deste Reino, proclamando a Sua mensagem e
promovendo o Seu avanço, assim como ela foi comissionada (Mateus 16:18-19; Atos
19:8; 20:24-25; 28:23,31; Colossenses 4:11; 1 Tessalonicenses 2:12; 2 Tessalonicenses
1:4-5). O Reino de Deus será progressivamente manifesto até que seja totalmente
abrangente em Seu âmbito revelado ou experimental, encontrando Sua conclusão final
em encher o mundo e nos "novos céus e terra" (Daniel 7:13-14; 1 Coríntios 15:24-28; 2
Pedro 3:13; Apocalipse 11:15; 19:6; 21:1). A igreja Neotestamentária como uma
instituição vai acabar com esta economia, encontrando o seu cumprimento na igreja
gloriosa (Efésios 3:20-21; Hebreus 12:22-23). Assim, a igreja está contida dentro do
Reino, mas o Reino não está contido dentro da igreja nem é equivalente a ela. Tal
contraste distingue manifestamente entre o Reino e a igreja, e não oferece qualquer
fundamento adequado para uma teoria da "igreja universal invisível."
Deve ser notado na história da igreja que quando ela e o Reino são considerados
sinônimos, existem implicações políticas, sociais e militares inevitáveis. Ambos o
Catolicismo e o Protestantismo, historicamente recorreram ao poder político e até
mesmo à espada para fazer valer os seus ditames e defender a suas causas (Cf. 2
Coríntios 10:3-5).
149ª Pergunta - Sempre existiram igrejas Neotestamentárias desde o ministério
terreno de nosso Senhor até os dias de hoje?
Resposta - A promessa de nosso Senhor e do testemunho da história é que as
igrejas Neotestamentárias já tiveram uma existência contínua desde o ministério terreno
de nosso Senhor até os dias atuais.
Mateus 16:18. “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
Mateus 28:20. ...”e eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos. Amém.”
Efésios 3:21. “A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as
gerações, para todo o sempre. Amém!”
COMENTÁRIO
Deve-se tomar cuidado em dar muito peso aos argumentos históricos sozinhos. O
único padrão de autoridade é a Palavra de Deus. A história, no entanto, pode adicionar
seu testemunho da verdade das Escrituras. Pode-se argumentar de tais afirmações como
Mateus 16:18; 28:20 e Efésios 3:21 que são escriturísticas, ou seja, as igrejas
Neotestamentárias têm existido continuamente desde os dias dos Apóstolos até o
presente momento. Além disso, pode-se historicamente demonstrar que ao longo da
292
história do Cristianismo têm existido igrejas evangélicas que acreditavam e continuam e
acreditando nos dois fundamentos básicos da salvação pela graça e, consequentemente,
no batismo do crente. Alguns grupos pré-reforma mantiveram muitos distintivos do
Novo Testamento. A ideia de que a Igreja de Roma era a "Igreja Mãe," e que até a
Reforma Protestante do século XVI outras igrejas não começaram a ser estabelecidas,
simplesmente não é a verdade dos fatos da história.
Considere o seguinte:
Primeiro, todas as igrejas da era do Novo Testamento eram verdadeiras igrejas
Neotestamentárias ou evangélicas, apesar de seus erros. Durante os primeiros séculos,
uma divisão geral tornou-se evidente entre o partido Katholikos, que foi negligente em
sua disciplina de readmitir aqueles que haviam negado a fé sob a perseguição
[traditores] e aqueles que exigiam rigorosa disciplina na igreja. O partido Católico
eventualmente tornou-se a Igreja do Estado sob Constantino e Imperadores
subsequentes (c. terceiro para o sexto século). As igrejas que mantiveram os distintivos
do Novo Testamento foram consideradas cismáticas e foram perseguidas. Estas igrejas
perseguidas foram localizadas do Oriente Médio através da Península dos Balcãs, por
toda a Europa, até os vales do Piemontês, até as montanhas dos Pireneus entre a França
e Espanha, e na Grã-Bretanha;
Segundo: Do segundo século em diante, os grupos evangélicos como os Valdenses
("dos vales") tiveram uma existência continuada nos vales do Piemontês, a noroeste da
Itália e além. Estes continuaram no tempo da Reforma do século XVI. Na Armênia, os
Paulicianos existiram por muitos séculos. Crentes Neotestamentários continuaram a
existir, separados e contrários à Igreja Romanista ao longo desta época inteira. Estes
crentes eram numerados em muitas centenas de milhares de pessoas, tiveram relações
sociais e religiosas comuns, possuíam doutrina e catecismos semelhantes, e seus
pregadores com frequência viajavam livremente entre os vários grupos. Estes foram
variadamente conhecidos como Montanistas, Novacianos, Donatistas, Paulicianos,
Valdois, Paterinos, Albigenses, Berengarianos, Bogomili, Cátaros, Gezari, Arnoldistas,
Petrobrusianos, Os Pobres Homens de Lyons (Leonistas); Henricianos, Valdenses,
Lollardos, Wycliffites, Irmãos Bohemios, Hussitas, etc. O nome genérico mais comum
para muitos deles foi o termo pejorativo "Anabatista," como se pensava que eles
"rebatizavam" seus adeptos, negando a eficácia do batismo da Igreja Romanista Estatal.
Veja a pergunta 144;
Terceiro: Os registros históricos e testemunhos existem, e tanto autores
Romanistas quanto Protestantes, ambos confiáveis, atestam a existência continuada de
um grande número destes grupos e a sua influência contínua desde a antiguidade até o
tempo da Reforma Protestante e além. Foi contra os tais que A Inquisição Romanista foi
estabelecida, e muitas cruzadas foram levantadas contra eles, resultando no massacre de
literalmente milhões durante a Idade Média. Eles foram difamados e acusados de vários
crimes e heresias, mas os fatos da história têm exonerado muitos deles. Embora alguns
destes grupos possam ter sido de perto ou mais remotamente Neotestamentários, em
princípio e na prática, entre eles estavam evidentemente Cristãos e igrejas
Neotestamentários. Existem evidências suficientes ao longo da história para
testemunhar a promessa de Nosso Senhor que a instituição da igreja do Novo
Testamento não seria um fracasso e sua perpetuidade e testemunho seriam mantidos.
293
Pelo menos, nunca houve um momento no qual uma igreja Neotestamentária não tenha
fielmente existido. Você está em comunhão com o Senhor e fiel a ele por meio de uma
igreja Neotestamentária escriturística?
150ª Pergunta - Quem é o fundador e fundamento da igreja Neotestamentária?
Resposta - O fundador e fundamento da igreja Neotestamentária é o próprio
Senhor Jesus Cristo.
Mateus 16:18. “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
1 Coríntios 3:11. “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que
já está posto, o qual é Jesus Cristo.”
Veja também: Mateus 16:15-23; 1 Coríntios 3:5-15; Efésios 2:19-22.
COMENTÁRIO
O ensino e a tradição Romanista afirmam que a igreja está edificada sobre Pedro,
o "primeiro papa," e seus sucessores pela "Sucessão Apostólica." Os fatos das Escrituras
e o testemunho da história desacreditam totalmente tal visão. Não existe absolutamente
qualquer fundamento para qualquer "Sucessão Apostólica" por meio de uma linha de
bispos Romanistas e a comunicação do Espírito Santo. Isto segue a tradição Romanista
de que Pedro recebeu as chaves do Reino e poder de ligar e desligar as coisas no céu e
na terra (Mateus 16:19). Esta declaração, com duas construções perifrásticas passivas
perfeitas, deve ser lida: "E eu te darei as chaves do Reino dos céus, e tudo o que ligares
na terra já foram ligados nos céus, e tudo o que tu desligares na terra já terá sido
desligados nos céus." Esta é obediência, e não prerrogativa papal. Nosso Senhor depois
repreende Pedro por sua admoestação e tentativa de correção, afirmando que ele estava
sob a influência imediata de satanás (Mateus 16:21-23). Veja a pergunta 131. Pedro
supostamente se mudou para Roma após a reunião de Jerusalém (Atos 15) para se tornar
Bispo lá por vinte e cinco anos antes de seu martírio. Estranhamente, Paulo nunca o
menciona em sua Epístola Romana (Romanos 16). Pedro estava, em sua vida posterior,
ministrando em "Babilônia" (1 Pedro 5:13), a não ser que o local era figurado para
Roma - uma admissão insustentável para a doutrina e tradição Romanista (Apocalipse
17:1-7).
Outros sustentam que a Igreja está edificada sobre a confissão de fé de Pedro.
Mateus 16:18 deve ser cuidadosamente observado: "Pois eu também te digo que tu és
Pedro [petros, um seixo, uma rocha ou uma pedra], e sobre esta pedra [petra, um estrato
de rocha sólida, alicerce] edificarei a minha igreja..." Nós sustentamos que a referência
é a o nosso próprio Senhor (1 Coríntios 3:11).
Por o Senhor Jesus Cristo ser o Cabeça e o fundamento da sua igreja, "as portas do
inferno não prevalecerão contra ela." Esta declaração significa que a igreja deve ser
agressiva em sua missão e habilitada pela autoridade Divina. Uma cidade não leva as
294
suas portas para a guerra. O reino de satanás deve ser assaltado pelo mandato
missionário agressivo dado à igreja (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Atos 1:8).
151ª Pergunta - Qual é o propósito de uma igreja Neotestamentária?
Resposta - O propósito de uma igreja Neotestamentário é glorificar a Deus.
1 Coríntios 10:31. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra
qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.”
Efésios 3:21. “A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as
gerações, para todo o sempre. Amém.”
Veja também: Romanos 11:33-36; Filipenses 1:27; 1 Pedro 4:11;
Apocalipse 4:11.
COMENTÁRIO
A igreja não existe para o bem, interesse ou conveniência de qualquer dos seus
membros ou da sociedade em geral. Pelo contrário sua existência é para a glória de
Deus em todas as coisas. Deus criou todas as coisas para a sua própria glória, incluindo
sua igreja. Assim, a igreja corporativamente deve buscar a glória de Deus em sua
adoração, obediência, evangelismo, comunhão, ministério, disciplina e amor à verdade.
A igreja deve glorificar a Deus, manifestando sua sabedoria. É por intermédio da
igreja Neotestamentária que Deus designou revelar sua infinita sabedoria aos poderes do
universo (Efésios 3:8-11; 1 Pedro 1:10-12). Neste mundo da humanidade caída,
pecaminosa, rebelde e cega, Apenas na igreja Neotestamentária, a ordem ordenada de
Deus foi mantida (1 Coríntios 11:1-16, esp. v. 2-10; Efésios 3:8-11). O eterno propósito
redentor de Deus que se centra na Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, é revelado por
meio da instituição e da mensagem de sua igreja.
A igreja deve glorificar a Deus pela reverência em sua adoração. Ela deve ampliar
o Seu nome e regular Sua adoração e vida pública de acordo com a Sua Palavra. O
princípio regulador do culto é que tal adoração é escriturística e reverente em princípio,
conteúdo e expressão. Deve-se adorar O Senhor "na beleza da santidade" (1 Crônicas
16:29-30; Salmos 29:2; 96:9). Aquilo que não é escriturístico em princípio, ou não
reflete o caráter Santo e Susto de Deus, NÃO é adoração que honre a Deus. Muito no
Cristianismo contemporâneo é contrário aos comandos e ao espírito do Cristianismo
bíblico e é simplesmente entretenimento ou cúmplice da carne. Na adoração coletiva, a
pregação deve ter o lugar central (Atos 2:42; Romanos 10:5-15; 1 Coríntios 1:17-18; 2
Timóteo 4:1-5). Veja as Perguntas 3 e 144.
A igreja deve glorificar a Deus defendendo a Sua verdade. A igreja do Novo
Testamento existe como "a coluna e a firmeza da verdade" (1 Timóteo 3:15). Assim, ela
deve ser fiel à doutrina que lhe foi concedida por seu Senhor e por isso deve "batalhar
pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Judas 3). A igreja NÃO tem a liberdade de
alterar, modificar, negligenciar, substituir, retirar-se desta ou negar esta verdade, mas
295
PRECISA defendê-la. Com base em um falso amor sentimental, em contraste com um
amor escriturístico que reflete o caráter moral de Deus, alguns desdenham e evitam a
controvérsia doutrinária (Romanos 13:8-10; 1 João 4:1; Judas 3). Mas Deus não é
glorificado em um Cristianismo passivo ou em uma falsa paz; Ele é glorificado na
verdade. O Espírito de Deus que habita na igreja e capacita-a é o Espírito da verdade
(João 14:16-17; 15:26; 16:13; 1 João 4:6; 5:6). A Palavra de Deus que é a substância e
única autoridade para a igreja é a Palavra da verdade (João 17:17; Efésios 1:13; Tiago
1:18). O próprio Cabeça e Senhor da Igreja, Jesus Cristo, é a própria verdade (João
14:6). A mensagem do Evangelho é a mensagem da verdade (Gálatas 2:55; Efésios
1:13; 1 Tessalonicenses 2:13). A adoração aceitável a Deus é aquela que é em verdade
(João 4:24). Mesmo a atitude de amor Cristão que os crentes devem imitar e manifestar
NÃO é um amor sentimental, mas um amor caracterizado pela VERDADE (1 Coríntios
13:6; Filipenses 1:9-11; 2 Tessalonicenses 2:10; 2 João 1; 3 João 1,4).
A igreja deve reverenciar, em sua adoração, a VERDADE de Deus, declarar a
VERDADE em Seu ministério, defender a VERDADE em Seu testemunho, ilustrar a
VERDADE em Suas ordenanças, refletir a VERDADE em sua vida e reivindicar a
VERDADE em Sua disciplina. A igreja não pode glorificar a Deus se ela não o fizer
em, por meio e por causa da VERDADE (João 17:17; Efésios 4:11-16; 1 Timóteo 3:15).
A igreja deve glorificar a Deus no evangelismo. É um princípio bíblico de que a
igreja glorifica a Deus pela obediência à Sua Palavra; desobediência traz desonra (1
Coríntios 10:31). O Senhor Jesus Cristo comissionou sua igreja para ser evangelística
por natureza (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Atos 1:4-8). Assim, qualquer igreja
desonra o Senhor quando ela modifica, negligencia ou repudia esta comissão. Deus não
pretendia que Sua igreja fosse uma das muitas agências sociais, mas uma entidade
espiritual vitalizante na sociedade para a conversão dos homens e mulheres. A igreja
Neotestamentária como instituição na sociedade pode ter ministérios sociais, mas eles
estão inerentemente dentro e nunca divorciados da essência do evangelho. Alguns
desonram a Deus repudiando esta comissão, considerando-a fora de validade, inútil ou
desnecessária na sociedade moderna (por exemplo: o "modernismo" com o seu
evangelho social). Quando a igreja perde seus distintivos espirituais, ela deixa de ser
uma igreja Neotestamentária. O evangelismo com o motivo apropriado - a glória de
Deus - deve expressar-se em todos os aspectos da vida da igreja.
A igreja deve glorificar a Deus na edificação. A palavra "edificar" significa
instruir, melhorar ou construir espiritualmente. O Novo Testamento ensina que Deus é
glorificado quando Sua Palavra é obedecida na edificação da igreja. (Mateus 28:18-20;
Atos 2:42, 46-47; 1 Coríntios 10:31; 12:12-17; Efésios 4:7-16). O ministério da
pregação e ensino da igreja é para edificação, e assim é a comunhão dentro da
assembleia. A base da comunhão da igreja não é meramente social, mas espiritual e
doutrinária. Deve ser a Palavra de Deus e o Espírito de Deus que juntos ligam a
assembleia. A verdadeira comunhão, portanto, deve ser edificante e trazer glória a Deus.
Nós estamos buscando glorificar a Deus nestas questões?
152ª Pergunta - Qual é o poder de uma igreja Neotestamentária?
296
Resposta - O poder de uma igreja Neotestamentária é espiritual, moral, ético e
social, e não político, civil ou militar.
Atos 1:8. Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre
vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e
Samaria, e até aos confins da terra.
2 Coríntios 10:3-5. 3Porque, andando na carne, não militamos segundo a
carne. 4Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em
Deus para destruição das fortalezas; 5Destruindo os conselhos, e toda a altivez que
se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à
obediência de Cristo,
Veja também: Mateus 28:18-20; Marcos 12:13-17; João 18:36; Romanos
12:17-21; 1 Coríntios 2:1-5; 1 Timóteo 2:1-2; 1 Pedro 2:9-20.
COMENTÁRIO
A igreja Neotestamentária possui poder ou autoridade derivada do Senhor Jesus
Cristo por meio da sua Palavra e comunicada pelo Espírito Santo (Mateus 16:18-19;
28:18-20; Atos 1:4-8; 2:1-4; 4:29-33; 5:12-16; Romanos 1:16-17; 1 Coríntios 5:1-5;
6:1-8). Tal poder ou autoridade é espiritual, moral, ético e social; nunca civil, político
ou militar. A igreja como uma instituição, por intermédio da pregação do evangelho, do
poder do Espírito, da autoridade das Escrituras, pela conversão dos pecadores, e as vidas
de seus membros, está habilitada para transformar a vida dos outros e também trazer um
forte princípio ético e moral para a sociedade como o "sal da terra" e "luz do mundo"
(Mateus 5:13-14; 1 Coríntios 2:4-5; 6:9-11).
O princípio Neotestamentário de uma assembleia regenerada em uma sociedade
composta, isto é, uma sociedade composta de vários elementos religiosos e sociais tão
distintos de uma sociedade monolítica ou sacra mantidos juntos por uma lealdade
religiosa comum que exige conformidade total, tem sido historicamente rejeitado ou
resistido pelo Romanismo e pelo Protestantismo tradicional. A principal razão para o
uso do estado, da força magistrada civil ou militar para fins religiosos foi a identificação
da Igreja com o Reino, e a manifestação daquele Reino entre os homens. Veja a
pergunta 148. Sempre foi muito fácil substituir o poder civil ou militar pelo poder
espiritual. O zelo religioso facilmente se torna coercivo quando a oportunidade é
apresentada e as salvaguardas das Escrituras são ignoradas.
A igreja pode envolver-se em assuntos sociais? Sim, mas somente se ela fizer isso
com uma ênfase evangélica. Deus não chamou a igreja para limpar a sociedade não
regenerada, mas para manter-se distinta dela. Ela existe como uma subcultura espiritual
dentro de uma dada sociedade. O poder espiritual, moral e ético da igreja é o que dá a
ela o direito e influência adequada na sociedade (1 Timóteo 2:1-4). Em tempos de
avivamento, o clima moral da sociedade foi bastante melhorado e aumentado, e as
instituições sociais têm sido geradas pelos esforços de pessoas piedosas. Veja a
pergunta 144.
297
Deve ser necessariamente feita uma distinção entre a igreja e o Cristão individual.
As funções do crente individual não são apenas como um Cristão, mas também como
cidadão de um determinado país e um membro dentro de uma determinada sociedade.
Um Cristão pode estar envolvido em questões civis, governamentais ou militares como
uma pessoa correta e cidadão - se ele pode manter seu Cristianismo pessoal e está
habilitado a adquirir uma esfera de influência espiritual, moral e eticamente. Os Cristãos
individuais não incluem "a igreja" em questões nas quais o termo secular força "a
separação entre a igreja e o estado," um termo usado frequentemente para sufocar a
influência Cristã e a moralidade na sociedade. Nos Estados Unidos a Constituição e os
Pais Fundadores daquele país estavam preocupados com a Igreja Estatal (que tinha sido
uma perseguidora dos Batistas e outros), não com o envolvimento político e social dos
Cristãos individual ou coletivamente. De fato, foi a forte influência e esforços dos
Batistas em todas as Colônias que finalmente trouxe a aceitação da Constituição dos
Estados Unidos com A Declaração de Direitos, incluindo o texto da Primeira Emenda
que "o Congresso não fará nenhuma lei com relação a estabelecer religião, ou proibição
do livre exercício de tal..."
153ª Pergunta - Qual forma encontrada de governo da igreja é a mais próxima do
ensino do Novo Testamento?
Resposta - A forma encontrada de governo da igreja como a forma mais próxima
do Novo Testamento é um governo congregacional sob a liderança do Senhor Jesus
Cristo e obediência à Sua Palavra.
Mateus 18:17. “E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não
escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.”
Atos 6:2-3. 2”E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram:
Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
3
Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do
Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante
negócio.”
Veja também: Mateus 18:15-17; Romanos 10:14-15; 1 Coríntios 5:1-5;
Efésios 1:17-23.
COMENTÁRIO
Todas as três formas de governo eclesiástico reivindicam ser derivadas do Novo
Testamento: Episcopal, ou governo por bispos; Presbiteriano, ou governo por um
presbitério; e governo congregacional. O Romanismo e o Anglicanismo são formas de
governo Episcopal ou governo por bispos. Isto implica tanto uma "Sucessão Apostólica"
de bispos pela comunicação do Espírito Santo de um bispo para outro, como também
uma hierarquia eclesiástica de padres, bispos e arcebispos, e, no caso de Roma, cardeais
e papas. Os Apóstolos do Novo Testamento não tinham sucessores. Este ofício foi único
para essa era e infância da igreja. A próxima geração não tinha Apóstolos, e nenhuma
hierarquia eclesiástica.
298
O Presbiterianismo e a maioria dos grupos Reformados sustentam a ideia tanto de
anciãos ou pastores que ensinem, como de anciãos que governem. Uma sessão de
anciãos dirigentes governa a igreja local e, além disso, existem presbitérios compostos
de anciãos que ensinem de várias igrejas. O governo final é de uma assembleia ou
sínodo nacional. A maioria das denominações, assim, têm "tribunais de igreja" mais
elevados que podem julgar os membros uma determinada igreja ou igrejas, e um corpo
nacional que toma as decisões finais ou julgamentos sobre decisões religiosas. Os
Batistas, por contraste, não fizeram nenhuma distinção entre um ancião que ensina e um
ancião que governa (1 Timóteo 5:17), e enfatizaram a autonomia da igreja local sob
Cristo.
O governo Congregacional pode assumir diversas formas. O elemento essencial é
que a própria congregação é autônoma sob o senhorio de Jesus Cristo e em obediência à
sua Palavra. Na maioria das assembleias congregacionalmente governadas, pastores e
diáconos tomam as posições de liderança, mas o julgamento final é deixado para a
congregação como um todo. O que define os pastores separados dos outros na
congregação e os coloca na liderança deve ser o reconhecimento do caráter necessário e
dons que revelam o chamado de Deus. Veja a pergunta 142. No Novo Testamento a
última instância de recurso e o julgamento final eram evidentemente deixados para a
congregação decidir como um todo. Isto era verdade em matéria de enviar pregadores,
de escolher os diáconos, e no exercício de disciplina, etc. (Mateus 18:15-17; Atos 6:2-3;
Romanos 10:14-15; 1 Coríntios 5: 4-5).
O Novo Testamento, separado do único ofício e poder dos Apóstolos, não ensinou
qualquer hierarquia eclesiástica, e não existia nenhuma autoridade sobre e acima de
cada assembleia local sob o senhorio imediato de Jesus Cristo. Atualmente, muitas
congregações locais independentes, incluindo muitos Batistas, identificam-se com
entidades religiosas maiores, como "irmandades," "associações" e "convenções," e
alguns desistiram de uma medida de seu governo próprio ao fazê-lo, mas tal não é
escriturístico. Parece haver uma tendência inerente, mesmo entre os Batistas, em direção
ao coletivismo.
154ª Pergunta - Quais são os ofícios em uma igreja Neotestamentária?
Resposta - Os ofícios em uma igreja Neotestamentária são os de pastores e
diáconos.
Filipenses 1:1. “Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos
em Cristo Jesus, que estão em Filipos, com os bispos e diáconos:”
Consulte também : Atos 20:28-31; 1 Timóteo 3:1-13; 5:17; 2 Timóteo
2:24-26; Tito 1:5-11; 1 Pedro 5:1-6.
COMENTÁRIO
O governo de uma igreja Neotestamentária é muito simples e os seus ofícios são
apenas dois: pastores e diáconos.
299
Existem várias considerações:
Primeira, os vários termos "pastor," "ancião," "bispo," "servo," "ministro" e
"assistente" todos se referem ao mesmo ofício, não a qualquer tipo de hierarquia
eclesiástica (1 Pedro 5:1-5). "Pastor" [poimēn] significa "pastor de ovelhas," ou seja,
aquele que acompanha, cuida e alimenta o rebanho de Deus (Atos 20:28; Efésios 4:11).
Um "bispo" [episkopos] é um supervisor, ou aquele que supervisiona a obra de Deus (1
Timóteo 3:1). "Ancião" [presbuteros] enfatiza a dignidade do ofício pastoral (1 Timóteo
5:17). "Servo" e "ministro" referem-se ao pastor como servo de Deus. O termo usual é
diakonos, que é mais frequentemente usado de pastores como servos de Deus no Novo
Testamento do que os diáconos como servos da igreja. "Mordomo" [oikonomos] denota
um gerente, ou seja, aquele que é fiel no gerenciamento da igreja em um sentido
espiritual (Tito 1:7);
Segunda: O termo "governo" [prohistēmi, hegeomai], quando usado de pastores
no Novo Testamento, não conota a ideia de poder ou dominância eclesiástica [arkōn],
mas é um termo para presidir, conduzir, guiar e cuidar de (1 Timóteo 5:17; Hebreus
13:7,17; 1 Pedro 5:1-5);
Terceira: Por causa do grande esforço, labuta e responsabilidades do pastorado,
elevadas exigências feitas a eles (Colossenses 1:28-29; 1 Timóteo 3:1-7; 2 Timóteo
2:24-26), e a tendência deles sofrerem acusações e abusos, várias testemunhas são
necessárias para intentar acusação contra um pastor (1 Timóteo 5:17-21);
Quarta: os diáconos são os servos da igreja, e servem para tirar cargas
desnecessárias dos pastores (Atos 6:1-7; 1 Timóteo 3:8-13). Os diáconos normalmente
servem nas áreas de finanças, propriedades e ministrando àqueles dentro da assembleia
que necessitam de coisas temporais. Qual desses oficia como secretário ou tesoureiro da
igreja? Estes são ofícios que estão incluídos dentro da obra do diaconato, mas podem
ser delegados a outros que são mais especializados e qualificados em tais assuntos, e os
conduziria sob a administração do diaconato. A ideia moderna de que os diáconos
formam um "conselho," ou agem como um corpo para governar a igreja e
contrabalançar o pastor não é escriturística. Eles são servos da igreja, e não seus
senhores; eles devem ajudar o pastor, não procurar controlar ou contrabalançá-lo.
Finalmente, é digno de nota para ambos os pastores e diáconos que as
qualificações focam na irrepreensibilidade pessoal, pureza moral, maturidade espiritual,
caráter piedoso, retidão, fidelidade e adequação conjugal e familiar; não meramente em
dons ou habilidades (1 Timóteo 3:1-13; Tito 1:5-11). Como necessitamos orar por
nossas igrejas e pela liderança delas!
155ª Pergunta - Quais são as duas ordenanças da igreja Neotestamentária?
Resposta - As duas ordenanças da igreja Neotestamentária são o Batismo e a Ceia
do Senhor.
Mateus 28:19. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizandoos em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”
300
1 Coríntios 10:16. “Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a
comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão
do corpo de Cristo?”
COMENTÁRIO
A Igreja de Roma tem sete sacramentos - Batismo, Crisma, Eucaristia, Penitência,
Extrema Unção, Santa Ordem e Matrimônio. O Protestantismo mantém dois, o batismo
e a Ceia do Senhor. Estes dois, Batistas e alguns Evangélicos chamam de "ordenanças,"
como estas têm sido comandadas por nosso Senhor (Lat. “ordinare" colocar em ordem).
Um sacramento (Gr. musterion, "mistério;" Lat. sacramentum, "secreto," e sacer,
"sagrado") é um ritual físico que postula algo misterioso e além dos elementos físicos na
comunicação da graça. Histórica e teologicamente, portanto, o termo "ordenança"
distingue o batismo e a Ceia do Senhor como sendo apenas simbólico e representativo
em natureza, e os considera como meios da graça somente na medida em que trazem a
mente e o coração para serem focados nas realidades espirituais assim simbolizadas. O
termo não pressupõe qualquer significado místico como meio da graça.
156ª Pergunta - O que é batismo?
Resposta - O batismo é uma ordenança do Novo Testamento, instituída pelo
Senhor Jesus Cristo, para servir à pessoa batizada como um símbolo e testemunho da
sua união com o seu Senhor em sua morte, sepultamento e ressurreição de vida.
Mateus 28:19. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizandoos em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;”
Veja também: Mateus 3:7-17; 28:18-20; Marcos 1:4; 16:16; Atos 1:21-22;
2:36-41; 19:1-4; Romanos 6:2-6; 1 Coríntios 1:13-17; 1 Pedro 3:20-21.
COMENTÁRIO
O primeiro e determinante distintivo dos Batistas não é que nós imergimos aqueles
que demonstram uma profissão de fé credível no Senhor Jesus Cristo. É, antes, que nós
consistentemente sustentamos as Escrituras, tanto na doutrina quanto na prática e,
portanto, batizamos somente os crentes, e isso por imersão após o ensino e exemplo
bíblico. Sola scriptura é, de fato, o principal distintivo Batista do qual todos os outros
distintivos escriturística e logicamente seguem. Veja a pergunta 13.
O Batismo, se realizado escrituristicamente e sobre um sujeito escriturístico, é ao
mesmo tempo um ato de obediência, identificação e submissão. Ele é o primeiro ato de
obediência, o primeiro testemunho externo do novo crente correspondendo à palavra de
nosso Senhor: "Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será
condenado" (Marcos 16:16). Esta afirmação revela que aquele que está verdadeiramente
convertido desejará estar exteriormente identificado com e em obediência à palavra de
seu Senhor e Salvador (Atos 2:36-42; 8:36-38; 9:17-19). Ela também refuta a ideia de
que o batismo é essencial para a salvação;
301
Segundo: É um ato de identificação. Os termos Gr. baptizein e baptisma derivam
da raiz baph, que significa "profundidade." Estes termos denotam literalmente
"mergulhar ou lavar por imersão." Há também um uso figurado da palavra "batizar,"
significando identificar ou uma mudança de identidade. João, o Batista, era João o
"Identificador," ou seja, ele não apenas imergia seus convertidos, mas era o único cujo
ministério era preparar um povo para o Senhor e identificá-lo para Israel (Mateus 3:1317; João 1:29-33). Nosso Senhor mesmo, em sua tristeza e sofrimento, usou este termo
em sentido figurado de sua própria identificação com os nossos pecados (Mateus 20:2223; Marcos 10:38-39; Lucas 12:50). Nenhum sentido de identificação, no entanto, deve
substituir a verdade do batismo por imersão.
Com o que ou com quem os crentes são então identificados? O ato de ser
"enterrado" na água do batismo e então levantado da água é o símbolo da união do
crente com Cristo (Romanos 6:3-5). Esta união espiritual, que o batismo nas águas
simboliza, é uma união tanto em sua morte quanto em sua ressurreição. Veja a pergunta
77. A união na morte de Cristo significa necessariamente que o poder reinante do
pecado foi quebrado. O verdadeiro crente comete atos de pecado (1 João 2:1), mas ele já
não vive em pecado como um princípio reinante de sua vida (Romanos 6:6,14; 1 João
3:9). A união em sua ressurreição de vida significa, necessariamente, que o mesmo
Espírito que ressuscitou o Senhor dos mortos agora habita e torna-se a graciosa
dinâmica da vida do crente. Assim Paulo pôde categoricamente declarar: "O pecado não
terá domínio sobre vós" (Cf. Romanos 6:1-14). Os crentes não estão mais sob um mero
princípio externo de comando, mas um princípio interno de graça capacitadora. Veja a
pergunta 95. Nós sustentamos que Romanos 6:3-5 refere-se a nossa união com Cristo, e
o termo "batizado" é usado no sentido figurado. Se esta passagem se referia ao batismo
com água literal, então um forte argumento poderia ser feito pela regeneração batismal.
Tomar a terminologia figuradamente tanto refuta a ideia da regeneração batismal,
quanto também se estabelece a importância e necessidade de ambos o modo e o sujeito
do batismo, ou seja, o batismo do crente por imersão;
Terceiro: O batismo é um ato de submissão. Algumas passagens afirmam que os
ouvintes foram batizados em Nome do Senhor Jesus (por exemplo: Atos 2:38; 8:16;
19:5). Isto não contradiz Mateus 28:18-20, que ensina claramente o batismo em nome
da Divindade triuna. Estas passagens ao contrário enfatizam que os crentes publica e
voluntariamente estão sob o senhorio de Jesus Cristo - sob a autoridade de seu Nome
(Atos 2:36; Romanos 10:9; 2 Coríntios 4:5). Isto teve grande significado para os Judeus
e prosélitos que foram convertidos do Judaísmo, e outros de origens pagãs, que
tomaram o Nome do Senhor Jesus publicamente no batismo. Ele significava uma
ruptura definitiva com a antiga vida e religião deles, e frequentemente com famílias e
todos os relacionamentos passados. Ele ainda deve transmitir o mesmo. Você foi
escrituristicamente batizado? Você identificou-se publicamente com o Senhor Jesus
Cristo e seu povo?
157ª Pergunta - Qual é o modo escriturístico e quem são os sujeitos adequados
para o batismo?
302
Resposta - O modo escriturístico é por imersão e os únicos sujeitos apropriados
são os crentes.
Atos 8:35-38. 35Então Filipe, abrindo a boca, e começando nesta Escritura,
lhe anunciou a Jesus. 36E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água,
e disse o eunuco: ‘Eis aqui água; que impede que eu seja batizado?’ 37E disse
Filipe: “É lícito, se crês de todo o coração.” E, respondendo ele, disse: ‘Creio que
Jesus Cristo é o Filho de Deus.’ 38E mandou parar o carro, e desceram ambos à
água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou.
Veja também: Mateus 3:5-9; Marcos 1:5,8; Marcos 16:16; Lucas 3:7-8;
Atos 2:38-39,41; 8:12; 9:17-18; 10:44-48; 16:14-15; 1 Coríntios 1:13-16.
COMENTÁRIO
E quanto ao modo de batismo? O termo Gr. rhantizein denota "polvilhar;" a
palavra proschusis denota "derramar" ou "aspersão;" e a palavra louō denota "lavagem"
ou "banho." Estes são os termos do Novo Testamento, e poderiam ter facilmente sido
usados para "batismo" [baptizein, baptisma] se estes designassem o modo. No entanto,
tanto o modo quanto os sujeitos podem ser argumentados a partir dos termos
decorrentes do termo raiz baph [profundidade], o simbolismo do batismo nas águas, e
sua relação bíblica com a união do crente com Cristo. Se, como Romanos 6:1-14;
Gálatas 3:27; Colossenses 2:12 ensina claramente, que a união do crente com Cristo é
descrita sob a figura do batismo, então tanto o modo quanto os sujeitos estão
estabelecidos. Veja a pergunta 156.
Primeiro: Apenas a submersão e a imersão seriam apropriadamente transmitidas
pela terminologia utilizada,
Segundo: Somente estas poderiam simbolizar adequadamente a união na morte e
ressurreição de nosso Senhor;
Terceiro: Somente os crentes têm o direito e o privilégio de identificar-se
simbolicamente com nosso Senhor nesta união espiritual. Historicamente, a imersão era
o modo habitual e normal do batismo, mesmo na Igreja de Roma, até pelo menos o
século XII.
Por que, então, os argumentos pela aspersão infantil?
Primeiro: Estes derivam de uma mentalidade sacramentariana que no início da
história da igreja substituiu o símbolo pela realidade e resultou no erro da regeneração
batismal (c. 150 AD). O Pedobatismo tornou-se arraigado por decreto imperial até o
quinto século sob os Imperadores Justino e Justiniano. Os reformadores do século XVI
mantiveram este conceito sacramentariano em uma forma modificada. A partir do
terceiro século em diante, o "batismo clínico" por derramamento ou aspersão foi
praticado pela Igreja Estatal em casos de doença ou morte iminente. A grande transição
de imersão para aspersão, no entanto, não prevaleceu, mesmo no protestantismo, até o
século XVI.
Em segundo está a ideia de que o batismo é supostamente esse de lavagem ou
limpeza, em vez de mergulho, e o significado triplo que o Novo Testamento dá a
entender. Vários argumentos têm sido avançados pela aspersão ou derramamento como
303
um modo adequado para o batismo. Tais argumentos baseiam-se em passagens que
falam figuradamente sobre ser lavado no sangue de Cristo, a lavagem da regeneração ou
o lavagem dos pecados (Atos 22:16; Tito 3:5; 1 Pedro 20-21). Quanto ao termo
baptisma, é usado da "lavagem de 'mesas,'" que, alegado, seria e não poderia ser imerso
(Marcos 7:4). O termo "mesa" [klinōn] no entanto, refere-se a uma cama de doente,
almofada ou colchão, que pode ser imerso. Do Velho Testamento Grego [A
Septuaginta], duas passagens foram utilizadas no argumento pela aspersão: a primeira é
Isaías 52:15: "Assim borrifará muitas nações..." A palavra traduzida como "borrifar"
[thaumazein] corretamente significa "assustar", e isso por si só se encaixa de forma
coerente no contexto da v. 13-15 . O segundo texto é Dan 4:33 , em que o termo ebaphē
deve ser tomado como uma hipérbole, " batizado", ou seja , "encharcado com o orvalho
do céu." Nenhum destes deixa de lado o modo bíblico de imersão, a único que está de
acordo com a terminologia e uso bíblico. O ensino claro do Novo Testamento da
imersão dos crentes não podem simplesmente ser anulados por um outro sujeito e outro
modo, sem alterar todo o significado do batismo. Tal seria uma contradição absoluta da
verdade revelada;
Em terceiro lugar: A maioria dos protestantes tendem a se posicionar, por assim dizer,
no Antigo Testamento, e ver o Novo Testamento pelos olhos do Velho; Batistas se
posicionam no Novo Testamento, e veem o Velho Testamento pelos olhos do Novo , ou
seja, os protestantes, nunca tendo totalmente saído da sombra de Roma, tem uma
perspectiva predominantemente dominada pelo Antigo Testamento, enquanto os batistas
têm uma perspectiva decididamente Neo-Testamentária. Assim, tanto o Romanismo e
muito do protestantismo têm uma tendência a exercer uma "mentalidade do Antigo
Testamento ", que vê o Novo Testamento como uma mera continuação do Velho,
negando, em essência, o princípio completo da revelação progressiva nas Escrituras do
Antigo Testamento da "sombra" (contorno escuro, tipo) (Heb 10:1) para a realidade
(cumprimento, antítipo) do Novo Testamento cumprida em realidades do Evangelho.
Afirma-se que os ritos e cerimônias do Velho Testamento foram meramente
substituídos por novos ritos e cerimônias do Novo em vez de verdades plenas e finais do
evangelho, ou seja, que o batismo substituiu a circuncisão como um sinal da aliança e a
Ceia do Senhor substituiu a Páscoa. Esta é a fonte de ideias, tais como o sacerdócio
romano com os seus alegados poderes místicos, paramentos e rituais, e a ideia de que o
batismo substituiu a circuncisão. O argumento que o batismo substituiu a circuncisão
como o sinal ou selo da aliança foi usado pela primeira vez por Ulreich Zwingli e
Heinrich Bullinger em suas disputas com os Anabatistas no início do século XVI, e tem
sido trazido até o presente como o argumento essencial para o pedobatismo protestante.
Deve-se notar que em Rom. 4:9-11, um dos principais textos-prova para este
argumento, que Abraão foi circuncidado como um crente, e que a circuncisão foi para
ele pessoalmente um selo de sua fé, a fé que ele tinha antes de sua circuncisão! O antetipo do evangelho do Novo Testamento na circuncisão é a regeneração, a " circuncisão
espiritual ", e não o batismo—é uma operação espiritual realizada apenas por Deus em
cortar a carne para o que esta não tenha a preeminência (Rom 2:28-29; Rom 6:1-14; Col
2:11-13 ). Se o batismo é "o sinal ou selo da (Nova ou Evangélica) aliança, então se
refere necessariamente apenas aos crentes, ou seja, aqueles que são regenerados.
Aqueles da Antiga Aliança eram circuncidados, os do Novo ou Evangelho Pacto passam
304
por uma " circuncisão espiritual", isto é, regeneração. Assim, de forma consistente e
inevitavelmente somos traziodos ao batismo daqueles que creem. Veja a questão 83.
(Nota: O tipo nunca é igual totalmente ao ante-tipo ou realização. Levamos em conta
que o tipo, o sinal do Antigo Testamento ou "sombra" era meramente preparatório. Nem
todos os circuncidados foram incluídos na aliança, por exemplo, Ismael e muitos
israelitas eram apenas nominalmente o povo da aliança. A regeneração, o ante-tipo ou
realização, dá a plenitude e a finalidade da verdade. Todos os regenerados estão
incluídos na Nova ou Aliança Evangélica).
Além disso, a Páscoa não foi substituída pela Ceia do Senhor, mas foi cumprida em
Cristo mesmo (1 Coríntios. 5:7). Você já foi biblicamente batizado em obediência à, em
identificação com, e em submissão ao nosso Senhor ?
158ª Pergunta - Os filhos de crentes professos devem ser batizados?
Resposta - Os filhos dos crentes professos não devem ser batizados, porque não
há mandamento nem exemplo nas Escrituras para o batismo deles.
Atos 2:38-39. 38”E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom
do Espírito Santo; 39Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a
todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.”
Atos 16:32-34. 32”E lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que
estavam em sua casa. 33E, tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite,
lavou-lhes os vergões; e logo foi batizado, ele e todos os seus. 34E, levando-os à
sua casa, lhes pôs a mesa; e, na sua crença em Deus, alegrou-se com toda a sua
casa.”
Veja também: Marcos 16:16; Atos 2:41; 8:35-39; 18:8; 22:13-16.
COMENTÁRIO
É indiscutível que o Novo Testamento ensina claramente o batismo do crente, e
que o modo simboliza a união dele com Cristo, ou seja, um enterro e uma ressurreição
espirituais. Veja a pergunta 77. Sustentar de outra maneira seria necessariamente mudar
o sentido, o modo e os sujeitos do batismo.
Os argumentos para batismo infantil ou pedobatismo, em oposição ao batismo do
crente são:
Primeiro, que o batismo substituiu a circuncisão, e, por isso, as crianças de crentes
professos devem ser batizadas. Já foi demonstrado que apenas para Abraão,
pessoalmente, a circuncisão foi como um selo da justiça da fé que ele já possuía, ou
seja, Abraão foi circuncidado como um crente (Romanos 4:9-11). Veja a pergunta 157.
O Novo Testamento não tem qualquer exemplo da prática de pedobatismo. O
argumento que a transição da circuncisão para o batismo foi tão grande e penetrante que
ele não precisa ser mencionado é um argumento de silêncio que contradiz os fatos e
práticas conhecidos;
305
Segundo: Que os batismos domésticos no Novo Testamento devem ter incluído as
crianças também é contrário aos fatos conhecidos, como em cada exemplo está
registrado que toda a família ouviu o evangelho e creu;
Terceiro: Um dos principais textos-prova, Atos 2:39, estende a promessa de "a
vós e a vossos filhos," mas também estende a promessa do evangelho "a todos os que
estão longe, a tantos quantos o Senhor nosso Deus chamar." Omitindo a última parte do
versículo não fortalece o argumento pelo pedobatismo.
Existe um perigo inerente em considerar os infantes, isto é, os bebês e as crianças
pequenas como "filhos da aliança" ou "dentro dos limites da igreja," e de alguma forma
no contexto da graça salvadora embora distante do evangelho e da fé pessoal. A
regeneração presuntiva pode provar em muitos casos ser um obstáculo ao evangelho e
evangelismo, pois ao tornarem-se adultas, as crianças podem tornar-se confiantes de sua
salvação sem a necessidade de crer e de arrependerem-se de seus pecados. Onde está a
sua confiança e a sua esperança de salvação? Está colocada no Senhor Jesus Cristo pela
fé? Em qualquer lugar ou qualquer outra pessoa que nunca salvará você?
159ª Pergunta - O que é a Ceia do Senhor?
Resposta – A Ceia do Senhor é uma ordenança do Novo Testamento instituída
por nosso Senhor Jesus Cristo, um rito memorial no qual a igreja se reúne para
participar de uma maneira digna do pão e do vinho não levedados , que simbolizam o
corpo partido e o sangue derramado do Senhor Jesus Cristo, um rito que comemora
tanto a sua morte quanto antecipa o seu retorno.
1 Coríntios 10:16. “Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a
comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão
do corpo de Cristo?”
1 Coríntios 11:23-26. 23”Porque eu recebi do Senhor o que também vos
ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; 24E, tendo
dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por
vós; fazei isto em memória de mim. 25Semelhantemente também, depois de cear,
tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei
isto, todas as vezes que beberdes, em MEMÓRIA de mim. 26Porque todas as
vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor,
até que venha.”
Veja também: Mateus 26:26-30; 28:18-20; Marcos 14:17-29; Lucas 22:822; João 13-17; 1 Coríntios 10:16-17; 11:17-34.
COMENTÁRIO
Esta observância é simbólica e memorial, e de forma alguma é um sacramento ou
"meios visíveis da graça" de tal forma que a igreja participa de Cristo literalmente como
no Romanismo, ou misticamente como no Luteranismo e tradição Reformada. Este rito
é um "meio da graça" em seu simbolismo como fixa a mente e o coração sobre a Pessoa
e obra do Senhor Jesus Cristo e assim traz os pensamentos de alguém para a verdade e
306
para a realidade do Evangelho. Como o termo "sacramento" etimológica, histórica e
teologicamente sugere algo misterioso e sacerdotal, é uma terminologia totalmente
inadequada para uma igreja Neotestamentária. Veja a pergunta 155. Esta é uma razão
para o uso do termo "Ceia do Senhor" em vez de "comunhão." Este último termo é
igualmente mal interpretado e associado a uma relação mística entre o indivíduo e o
Senhor, geralmente por mediação sacerdotal (isto é, por meio de um sacerdote ou
igreja), embora seja verdade que a assembleia local como um corpo esteja em
comunhão com o Senhor corporativa e simbolicamente na observância.
A Igreja de Roma sustenta a transubstanciação, ou seja, que os elementos são
manipulados sacerdotalmente para se tornar no corpo e no sangue literal do Senhor, e os
comungantes real e literalmente participam de Cristo desta maneira. O Luteranismo
sustenta a consubstanciação, ou seja, que os elementos são um e ao mesmo tempo tanto
misticamente e literalmente o corpo e o sangue de Cristo, apreendidos pela fé. Tal
ensino exige a doutrina da "Ubiquidade do Corpo de Cristo," isto é, que ele pode estar
fisicamente em vários lugares ao mesmo tempo. A tradição Reformada sustenta que os
elementos conferem a graça onde a verdadeira fé está ativa na participação. Os Batistas
e outros sustentam que a participação torna-se um meio da graça pela contemplação das
realidades espirituais simbolizadas nos elementos; a Ceia é simplesmente simbólica e
memorial.
A Ceia do Senhor é tanto uma ordenança do evangelho quanto da igreja, como é o
batismo. Ambos simbolizam as realidades do Evangelho como eles centram na Pessoa e
obra do Senhor Jesus Cristo, e ambos ocorrem dentro do contexto da igreja local; o
primeiro sob sua autoridade, e a segundo sob sua disciplina.
Existem três aspectos da consciência dos participantes na observância deste rito:
Primeiro: Deve haver um "olhar para trás" ("Fazei isto em MEMÓRIA de mim").
A igreja celebra a morte do seu Senhor com todo o seu significado redentor.
Segundo: Um "olhar interior" ("examine-se, pois, o homem a si mesmo"). Isso
implica, neste contexto, uma séria preparação antes da participação, uma preparação que
não centra necessariamente na introspecção, mas em Cristo (Cf. 1 Coríntios 11:27-32).
Finalmente, deve haver um "olhar para a frente" ("até que [Ele] venha"). Uma gloriosa
expectativa deve repousar sobre as mentes e corações dos membros da igreja.
160ª Pergunta - Quais são os elementos apropriados para serem utilizados na
observância da Ceia do Senhor?
Resposta - Os elementos apropriados para serem utilizados na observância da
Ceia do Senhor são o pão não levedado e o vinho.
1 Coríntios 11:26. “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes
este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.”
Veja também: Mateus 26:26-30; Marcos 14:17-29; Lucas 22:8-22; João 1317; 1 Coríntios 10:16-17; 11:17-34.
COMENTÁRIO
307
Os elementos da Ceia do Senhor são dois:
O pão não levedado e o vinho. Estes o Senhor usou na finalização da refeição da
Páscoa para os símbolos de sua pessoa e obra para instituir esta ordenança evangélica. O
pão não levedado (ázimo) não foi utilizado apenas para sua conveniência naquela
refeição da Páscoa quando o Senhor instituiu a Ceia, mas ele possuía um significado
simbólico também. O fermento (levedura) é o símbolo comum do mal nas Escrituras.
[Note que os sacrifícios do Velho Testamento não deviam ser oferecidos com fermento,
veja 1 Coríntios 5:6-8]. O simbolismo final no pão não levedado (ázimo) é a
impecabilidade da humanidade do Senhor. Isto tem uma relação direta e vital sobre a
significância de sua obra redentora. Assim, o pão não levedado é o único símbolo
apropriado e escriturístico que se deve usar.
O Senhor instituiu a Ceia dos restos da ceia da Páscoa. Ele tomou a taça final de
vinho tinto para simbolizar Seu sangue que devia ser derramado em aliança e redenção
por seu povo. Fortemente contesta-se que "vinho fermentado" (uma redundância) não
deve ser usado para a Ceia do Senhor. Tais objeções são baseadas em uma má
interpretação da Escritura, uma tradição, um mal-entendido de conversão da graça e
uma atitude legalista derivada em última análise da influência gnóstica (veja
Colossenses 3:16,21; 1Tm 4:1-5).
O vinho é o elemento apropriado e deve ser usado. Considere o seguinte:
Primeiro: O vinho foi usado na Ceia do Senhor no Novo Testamento. É digno de
nota que Paulo não repreendeu a igreja em Corinto pelo uso do vinho, mas sim por
embriaguez (l Coríntios 11:21). O vinho foi usado até o final do século XIX, quando o
processo de pasteurização foi inventado.
Segundo: O consumo de vinho per se não é condenado nas Escrituras, mas o seu
abuso é. As várias advertências associadas ao consumo de vinho em todos os exemplos
implicam os pecados de embriaguez e aquelas coisas associadas com a embriaguez (por
exemplo: Gênesis 9:20-27; Gênesis 19:30-38; Provérbios 20:1; 23:29-35; 31:1-5;
Habacuque 2:15). A temperança era necessariamente um princípio para a consideração
dos reis, juízes ou aqueles em autoridade para que eles não pervertessem o julgamento.
A abstinência total foi exigida para os sacerdotes apenas quando eles estavam oficiando
(Levíticos 10:5-10). Os Recabitas foram abençoados por Deus e estabelecidos como
exemplos, não porque eram abstêmios totais per se, mas sim porque tinham obedecido
ao mandamento do pai deles (Jeremias 35:10-19). Nas Escrituras, o vinho é um símbolo
de alegria e de bênção Divina (Veja Deuteronômio 14:22-29; Salmos 104:14-15;
Provérbios 3:10; Eclesiastes 9:7-9; Atos 2:13-16). O Nazireu devia abster-se não só do
vinho, mas de tudo o que derivava da videira porque ele estava carregando uma
reprovação por Deus durante o tempo de seu voto (Números 6:1-20). O vinho era
utilizado como medicamento, tanto externo quanto interno (veja Lucas 10:34; 1
Timóteo 5:23). Também foi usado para aliviar o sofrimento e depressão (Salmos
104:14-15; Provérbios 31:6-7). O vinho foi incluído nas libações feitas ao Senhor
(Êxodo 29:40). Assim, a única proibição nas Escrituras é contra o abuso do vinho ou
embriaguez;
308
Terceiro: O próprio Senhor Jesus Cristo tanto bebeu quanto fez vinho (Mateus
11:19; Lucas 7:34; João 2:1-11). Se ele tivesse sido um abstêmio total, a acusação teria
sido sem sentido, pois ele era evidentemente um homem que se alimentava bem e bebia
de forma equilibrada. Aqueles que ensinam que a abstinência total é absolutamente
essencial e uma exigência para a piedade lançam uma sombra tanto sobre ética quanto a
moral do Senhor. Além disso, o vinho que ele fez na festa de casamento não foi apenas
fermentado, mas envelhecido à perfeição, tal como foi reconhecido pelo governador da
festa;
Quarto: Todas as modernas objeções contra o uso do vinho na Mesa do Senhor
pressupõem que o vinho é inerentemente mau ou imoral; no entanto, a questão de beber
vinho é ética, não moral. A moralidade está relacionada com absolutos, coisas que são
certas ou erradas inerentemente como refletindo ou se opondo ao caráter moral de Deus.
A ética está relacionada também com o assunto da liberdade Cristã. Beber vinho em si
não é certo nem errado, mas uma questão de liberdade Cristã. Os princípios desta
liberdade prevalecem na medida em que é o "irmão mais fraco" que deve abster-se por
causa de sua consciência sensível. É o "irmão mais forte," que pode desfrutar de sua
liberdade - desde que ele não ofenda seu irmão mais fraco. A carga está sobre o irmão
mais forte de se abster de qualquer coisa que possa ofender o mais fraco. Veja a
pergunta 118;
Quinto: Os usos sociais e cerimoniais do vinho devem ser distintos. O último não
está dentro da esfera da liberdade cristã, mas deve ser governado pelo exemplo do Novo
Testamento.
Finalmente, o simbolismo é perdido em grande parte se suco de uva é usado. O
"fruto da vide" é uma terminologia cerimonial e não necessariamente defende o uso de
suco de uva. Esta terminologia tradicional Judaica era usada na ação de graças pelo
vinho nas refeições. Além disso, existe um fermento natural do suco que é consumido
no processo de fermentação. Se for necessário o uso de pão não levedado, pode ser
argumentado que é igualmente necessário o uso de vinho.
161ª Pergunta - Todos os Cristãos devem comungar juntos na Ceia do Senhor?
Resposta - A observância da Ceia do Senhor é para os membros da assembleia
local como um corpo coletivo.
1 Coríntios 11:20-22. 20”De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é
para comer a ceia do Senhor. 21Porque, comendo, cada um toma antecipadamente
a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se. 22Não tendes
porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e
envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos
louvo.”
Veja também: Mateus 26:26-30; Marcos 14:17-29; Lucas 22:8-22; João 1317; Atos 20:11; 1 Coríntios 10:16-17; 11:17-34.
COMENTÁRIO
309
Em nossos dias é comum para os grupos religiosos celebrar a "comunhão" como
uma demonstração de unidade ecumênica, e assim ter "comunhão," como parte de uma
cerimônia de casamento, ou levar os elementos para os doentes ou confinados que não
podem comparecer aos serviços religiosos corporativos. Nenhum destes tem um
precedente escriturístico. Os Apóstolos não tinham "comunhão" no alegado "Primeiro
Concílio da Igreja," em Atos 15, ou na conturbada reunião em Antioquia (Gálatas
2:11ss) para afirmar a unidade deles. "Comunhão" em uma cerimônia de casamento
ecoa o Sacramento do Matrimônio na Igreja de Roma. O padrão do Novo Testamento
era observância quando a assembleia local se reunia, e só então (1 Coríntios 11:17ss).
Quem deve participar da Ceia do Senhor? Algumas igrejas abrem a Mesa do
Senhor a qualquer um, sem exceção, ou seja, são servidos os elementos a qualquer
pessoa que passa a estar presente no momento da observância (isto é, comunhão
"aberta" ou "irrestrita"). Outros restringem a participação. Alguns sustentam que o rito é
apenas para os crentes (comunhão "restrita"); outros, que ele é para todos os crentes da
mesma fé e prática que são membros em boa posição de igrejas irmãs e têm sido
"escrituristicamente batizados" (isto é, comunhão "fechada"). Outros ainda admitem
apenas aqueles em boa posição que são membros dessa assembleia local (isto é,
comunhão "estreita"). Este ponto de vista final é simplesmente o praticado no Novo
Testamento. A única exceção possível é a do apóstolo Paulo, que "partiu o pão" com os
crentes em Trôade (Atos 20:6-11). Isto provavelmente se referiu a uma refeição comum,
e não a Ceia do Senhor. Mas, se fosse, Paulo, como apóstolo, teria tido uma autoridade
apostólica sobre todas as igrejas. Este único, questionável exemplo não põe de lado a
prática universal de uma comunhão estreita.
Considere os quatro princípios bíblicos seguintes:
Primeiro: A Ceia do Senhor é uma ordenança da igreja, dada à esta como uma
instituição na Grande Comissão (Mateus 28:18-20). O Novo Testamento revela que ela
só era observada na assembleia (l Coríntios 11:17). Assim, qualquer outra instituição
(isto é, organização paraeclesiástica, família ou irmandade informal de crentes) está
impedida de administrar esta ordenança;
Segundo: Esta ordenança é para a igreja congregada ou para a igreja reunida, ou
seja, somente para os crentes que pertencem à igreja local e que puderem comparecer no
dia da cerimônia,isto é, os membros que estiverem doentes e acamados e aqueles que
são parentes dos membros da igreja, mas não são convertidos não podem participar e
nem a ceia pode ser levada até eles; veja 1 Coríntios 11:17-34);
Terceiro: Este rito está sob a disciplina da assembleia local. Nenhuma pessoa,
portanto, deve ser admitida que não seja um membro em boa posição com a igreja (Veja
Mateus 18:15-17; Romanos 16:17; 1 Coríntios 5:1-13; 10:16; 2 Tessalonicenses 3:6,1415; Tito 3:10-11). Fazer de outra maneira seria ignorar e desobedecer a Palavra de Deus.
Sem disciplina escriturística eclesiástica, a devida observância desta ordenança é
impossível;
Quarto: De acordo com o mandamento do Senhor e o padrão das igrejas
apostólicas, a Ceia do Senhor era observada no contexto da assembleia local (Mateus
28:18-20; Atos 2:41-42);
310
Alguns pensam e ensinam que Judas participou da "Última Ceia," e, portanto,
Cristãos professos, pecaminosos ou até mesmo os incrédulos não devem ser barrados.
Considere, no entanto, o seguinte:
Primeiro: Judas e sua situação permanecem únicos. Nosso Senhor escolheu Judas
como discípulo "para que a Escritura se cumprisse" no propósito inescrutável de Deus,
sabendo que ele não era apenas um não regenerado, mas um instrumento de satanás
(João 6:64; 6:70-71; 17:12). Ninguém além de nosso Senhor conhecia a mente e o
coração de Judas, e exteriormente, este estava evidentemente acima de qualquer
suspeita contado como um deles e tesoureiro. Ninguém suspeitava de ele ser um ladrão
ou o traidor (João 12:6; Mateus 26:22). Agora é possível que alguém possa ser admitido
à Mesa do Senhor e seja um pecador secreto, não regenerado ou mesmo um criminoso se ninguém souber de seu estado e ele for contado exteriormente com o povo de Deus e
incluído dentro desse grupo local como foi Judas - mas essa não pode ser a prática
consciente de uma igreja! Nosso Senhor somente conhecia e tinha que manter Judas até
o tempo determinado "para que se cumpra a Escritura," então o removeu imediatamente
(João 13:21-31);
Segundo: Como a situação de Judas permanece como a única, ele não pode ser
usado intencionalmente como exemplo de admissão de um pecador não regenerado ou
deliberado à Mesa do Senhor. Nosso Senhor não só escolheu este homem e chamou-o
como seu discípulo ("para que se cumprisse a Escritura"), mas capacitou-o para pregar o
Evangelho, curar os doentes e expulsar demônios (Mateus 10:1-4; Lucas 9:1-2). Agora,
se for argumentado que nós devemos admitir qualquer um ou todo mundo sem exceção
porque Judas supostamente estava na Ceia com o Senhor e os discípulos então também
devemos permitir um ministério não regenerado e tolerar aqueles que supostamente
possuem certos "dons" sem qualquer relação com a doutrina, ética ou estado e condição
espiritual deles - como Judas demonstrou; estes também demonstram!
Terceiro: Judas não estava presente na instituição da Ceia do Senhor. É evidente
que ele já havia deixado o aposento superior antes de sua observância (Mateus 26:2030; Marcos 14:17-26; Lucas 22:14-24; João 13:1-30; 18:1). O seguinte deve ser
observado para o necessário esclarecimento:
Primeiro: Mateus, Marcos e João, todos colocam o anúncio da traição no início ou
durante a refeição da Páscoa, que precedeu a instituição da Ceia do Senhor.
Segundo: Em cada caso a instituição da Ceia do Senhor começa um novo
parágrafo, denotando uma mudança de assunto e de tempo. É absolutamente possível
que Lucas se refira ao primeiro copo de vinho tinto durante a refeição da Páscoa, ao
invés da taça final com a qual nosso Senhor provavelmente instituiu a ordenança (Lucas
22:14-23);
Terceiro: João afirma que Judas saiu durante a ceia Pascal imediatamente depois
de receber o bocado (Nota: João 13:1-2 deve ler, "a ceia tendo começado," "durante a
ceia" ou "começando a ceia," e não "acabada a ceia." Cf . vv. 4, 12, 26). Assim, o
testemunho da Escritura é que Judas não estava presente na instituição desta ordenança.
Você está em comunhão com a assembleia reunida a qual escrituristicamente participa
da Ceia do Senhor?
162ª Pergunta - Quem deve participar da Ceia do Senhor?
311
Resposta: Devem participar da Ceia do Senhor, somente os crentes que foram
batizados e, são membros dessa assembleia local e mantêm uma caminhada ordenada.
Atos 2:41-42. 41”De sorte que foram batizados os que de bom grado
receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, 42E
perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas
orações.”
1 Coríntios 5:11. “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele
que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou
beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.”
Veja também: 1 Coríntios 11:17-34.
COMENTÁRIO
Existem quatro pré-requisitos para participação da ordenança:
Primeiro: conversão. Como este rito é uma ordenança do evangelho, não tem
qualquer significado para uma pessoa não salva. O Novo Testamento ensina a salvação
antes da Ceia do Senhor. Assim, membresia infantil da igreja, relações familiares ou
simples participação nos cultos não qualificam ninguém a participar.
Segundo: o batismo. Esta ordenança é sempre antecedente à Ceia do Senhor. É
antiescriturístico admitir à Mesa do Senhor alguém que não foi escrituristicamente
imerso como um crente. Isto exclui com base na Escritura quaisquer que tenham sido
batizados ou aspergidos na infância antes de terem se convertido, ou batizados para
qualquer outro propósito que não se1a de um crente em obediência à Palavra de Deus.
Terceiro: membresia da igreja. Como a ceia deve ser observada no contexto da
assembleia local, é dentro de sua comunhão e sob a sua disciplina. Admitir aqueles de
outras assembleias seria fazer uma exceção desconhecida no Novo Testamento.
Quarto: um andar ordenado. A Mesa do Senhor é coextensiva com a disciplina da
igreja. É impossível observar apropriada e escrituristicamente a Ceia do Senhor na
assembleia se não houver disciplina escriturística. (Veja Mateus 18:15-17; Romanos
16:17; 1 Coríntios 5:1-13; 10:16; 2 Tessalonicenses 3:6,14-15; Tito 3:10-11). A
assembleia local deve ser unificada na verdade ou ela não pode observar corretamente o
rito. Se existem divisões ou cismas, a verdadeira participação é impedida. (1 Coríntios
10:16-18; 11:17-20). Assim, um andar ordenado é um pré-requisito necessário. Você
está escrituristicamente preparado para observar esta ordenança tanto no coração quanto
na mente?
163ª Pergunta - Qual é a disciplina da igreja?
Resposta - A disciplina da Igreja é a ação amorosa, mas necessária da Igreja para
qualquer um entre os seus membros que abertamente pecar e trazer opróbrio, isto é,
sobre o nome de Cristo e sua igreja.
1 Coríntios 5:11-13. 11”Mas agora vos escrevi que não vos associeis com
aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou
312
maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. 12Porque, que
tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão
dentro? 13Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai pois dentre vós a esse
iníquo.”
1 Coríntios 11:30-32. 30”Por causa disto há entre vós muitos fracos e
doentes, e muitos que dormem. 31Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos,
não seríamos julgados. 32Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo
Senhor, para não sermos condenados com o mundo.”
Tito 3:10-11. 10”Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação,
evita-o, 11Sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo
condenado.”
Veja também: Mateus 18:15-17; Romanos 16:17; 1 Coríntios 5:113,10:16; 2 Tessalonicenses 3:6,14-15.
COMENTÁRIO
A igreja Neotestamentária deve apoiar ou sustentar a verdade como concedida a
ela por seu Senhor (1 Timóteo 3:15). Um elemento essencial é reivindicar essa verdade
na disciplina da igreja. O princípio da disciplina é essencial para a organização da
igreja, para o crescimento ou a maturidade dos membros e para o progresso do
evangelho. Também é necessário manter a pureza da assembleia e seu testemunho de
acordo com o ensino claro das Escrituras. Assim, a disciplina da igreja é tanto formativa
quanto corretiva.
A palavra "disciplina" é derivada do Latim, disco, "eu aprender" - daí os termos
"discípulo" ou "aprendiz," e "disciplina" ou "ensino, formação, submissão." O Novo
Testamento vê a igreja como um corpo disciplinado. Os vários membros devem crescer
em direção à maturidade espiritual, individual e coletivamente. Deve existir um
princípio crescente de unidade permeando a congregação que é o resultado de tal
disciplina formativa. (1 Coríntios 12:1-28; Efésios 2:21-22; 4:1-3,11-16; 5:1-2,21;
6:10-18; Filipenses 1:9-11,27; 2:1-5,12-16; 4:1-9; Colossenses 1:28-29; 2:6-7; 3:1-8; 2
Pedro 1:4-8; 3:18). Este elemento formativo deve manifestar-se naquilo que poderia ser
chamado de "Ética Cristã" ou "santificação corporativa" governando a relação dos
crentes uns com os outros e de todos dentro da assembleia. (Veja Efésios 5:1-17; 6:5-9;
Colossenses 3:22-25; Romanos 12:17-21). Veja a pergunta 94. Tal disciplina formativa
pressupõe uma igreja na qual o Espírito Santo esteja ativamente operando e pelo
ministério apropriado da Palavra, e uma igreja na qual haja também a prática da
disciplina corretiva.
Como a disciplina da igreja possui um elemento formativo ou positivo
impregnado, por isso tem um aspecto corretivo ou negativo. Normalmente é este
aspecto que chama a atenção. A disciplina corretiva está preocupada com membros
errando e pecando que devem ser tratados de acordo com o ensinamento do Novo
Testamento. Existem sete considerações acerca deste aspecto corretivo.
313
Primeira: Existe uma base escriturística definitiva para a disciplina no Novo
Testamento. A disciplina da igreja, portanto, não deve repousar sobre a tradição,
qualquer padrão legalista ou influência denominacional, mas sobre o claro ensino da
Palavra de Deus. Existe um tipo de disciplina ou confrontação mais pessoal ou privada,
tanto positiva como negativa, que em si não se aproxima da disciplina da igreja.
(Mateus 5:22-24; 18:21-22; Lucas 17:3-4; Efésios 4:32; Colossenses 3:12-13; Hebreus
3:12-13; 10:23-25). Estas declarações ensinam que é fundamental buscar a
reconciliação com os irmãos ou irmãs em Cristo que foram ofendidos. Além disso, é
semelhante à disciplina de Cristo perdoar em questões pessoais menores. Existe também
um princípio de exortação ou encorajamento que seria corretivo, contudo, pessoal.
Entretanto, as questões que não podem ser perdoadas ou dispensadas numa base pessoal
ou se tornam de conhecimento público, estão sujeitas à disciplina da igreja. Estas
questões podem ser majoritariamente pessoais, embora situações irreconciliáveis
(Mateus 18:15-17); imoralidade, ganância ou extorsão manifesta ou característica (1
Coríntios 5:1-13); pecados conhecidos ou públicos (Gálatas 6:1); 2 Tessalonicenses
3:14-15; comportamento desordenado (1 Tessalonicenses 5:14; 2 Tessalonicenses 3:6;
Tito 3:10-11), ou diferenças de ruptura na doutrina (Romanos 16:17; 2 Tessalonicenses
3:14-15; Tito 3:10-11);
Segunda: É o dever da assembleia local diante do Senhor Jesus Cristo, o Cabeça
da Igreja, exercer a disciplina escriturística que NÃO é opcional. Abster-se de
disciplinar um membro de acordo com o comando da Palavra de Deus é em si um
pecado corporativo para toda a igreja. Veja este princípio e forte admoestação em 1
Coríntios 5:1-13; 11:30-32;
Terceira: Existe um propósito múltiplo para a disciplina da igreja. Ele deve ser
feito com o motivo de glorificar a Deus pela obediência à Sua Santa Palavra. Não
exercer a disciplina quando as Escrituras exigem-na desonra a Deus por desobediência
(1 Coríntios 5:1-8,12-13; 10:31). Deus nunca é glorificado na desobediência. Um amor
sentimental (isto é, um amor que deriva das emoções, em vez de refletir o caráter Justo e
Santo de Deus nas Escrituras) é pecaminoso se faz com que uma igreja se abstenha da
disciplina adequada. A disciplina da Igreja é para a manutenção da própria pureza dela
na doutrina e na prática (por exemplo: Romanos 16:17; Tito 3:10-11; 2 Tessalonicenses
3:6) e é absolutamente necessária quando apropriada e exigida pelas circunstâncias e
pela Palavra de Deus em qualquer ofensa ou extinção do ministério do Espírito Santo
dentro da assembleia (Efésios 4:30; 1 Tessalonicenses 5:19). A disciplina é ainda
necessária para manter um testemunho escriturístico piedoso na comunidade para a
glória de Deus. Qualquer escândalo ou situação pecaminosa que torna-se conhecida
perante a sociedade traz opróbrio, isto é, vergonha sobre o nome e a causa de Cristo (1
Timóteo 3:7). Finalmente, o propósito é restaurar ou remover o membro ofensor. Se
houver arrependimento genuíno, isto é, um arrependimento evidenciado por "frutos"
adequados, Mateus 3:8; Lucas 17:3, então pode haver restauração, mas sem
arrependimento, deve haver remoção (Mateus 18:17; 1 Coríntios 5:13; Tito 3:10-11);
Quarta: A atitude expressa pela igreja na disciplina corretiva deve ser de amor,
interesse, brandura e fidelidade a Cristo (João 13:34-35; Romanos 12:19-21; Gálatas
6:1). A igreja deve lembrar-se coletivamente de suas próprias responsabilidades para
com a tentação e o pecado e não agir de uma maneira vingativa, egoísta ou arrogante. Se
314
o amor da membresia é justo, santo, humilde amor (reflexo do caráter moral de Deus,
como em Romanos 13:8-10) e não sentimental, haverá simples fidelidade ao Senhor
Jesus e à Sua Palavra. Quando um membro errado é excluído, os membros da
assembleia devem evitar o contato desnecessário com esse indivíduo, considerando-o
apenas como um possível objeto de evangelismo até que ele seja restaurado em
verdadeiro arrependimento (Mateus 18:15-17; Romanos 16:17; 2 Tessalonicenses
3:6,14);
Quinta: A autoridade final em questões disciplinares cabe à assembleia como um
todo: "...dize-o à igreja..." (Mateus 18:17). A assembleia local é a última instância de
recurso e só ela possui a autoridade para disciplinar qualquer um dos seus membros. A
disciplina corretiva é uma questão da igreja local e deve incluir toda a membresia da
igreja (ou seja, a igreja agindo como um corpo, e não meramente por meio de seus
representantes ou liderança espiritual);
Sexta: O alcance da disciplina da igreja é a retirada do companheirismo ou a
exclusão dos membros (termos sinônimos). (Veja Mateus 18:17; 1 Coríntios 5:12-13; 2
Tessalonicenses 3:6). A natureza e o alcance da disciplina são determinados pela
natureza da igreja e da ofensa;
Sétima: Quais ofensas devem ser disciplinadas pela igreja? Esta questão vital deve
ser investigada tanto positiva quanto negativamente. Negativamente, a Igreja deve
permanecer no ensinamento claro e nos princípios permanentes do Novo Testamento. A
igreja não pode disciplinar apropriadamente alguém por uma ofensa que não seja pelo
menos tratada em princípio na Escritura. Preconceitos ou práticas tradicionais, costumes
culturais ou sociais e áreas dentro de liberdade Cristã legítima não podem ser usados
como fundamentos adequados para a disciplina da igreja. O Novo Testamento revela
uma grande latitude para as preferências e diferenças individuais que são em si mesmas
legítimas se observadas dentro da ética Cristã apropriada. [Veja, por exemplo: Romanos
12:1-2,16; 14:1-23; 15:1-7; 1 Coríntios 8:1-13; 9:4, Colossenses 2:16,20-23]. As
Escrituras devem sempre ser a única e toda suficiente regra de fé e prática da igreja.
Positivamente, existem vários tipos ofensa que estão dentro da área de disciplina da
igreja:
Primeiro: Ofensas de natureza pessoal que não possam ser resolvidas pessoal e
reservadamente, que se tornem públicas e de tal natureza que a igreja deva agir (Mateus
18:15-17).
Segundo: Existem pecados de natureza claramente moral, por exemplo:
embriaguez, cobiça, calúnia, roubo e prostituição, veja 1 Coríntios 5:1-13; Efésios 5:3.
Terceiro: Existem ofensas gerais de má conduta de tal natureza que a unidade e o
testemunho da igreja são ameaçados (2 Tessalonicenses 3:6,11,14-15). Finalmente,
existem casos em que graves erros doutrinários ou discordância ameaçam a verdade e a
unidade doutrinária da igreja (Romanos 16:17; Gálatas 1:6-9; Tito 3:10-11). Os tais
devem ser tratados por causa da pureza doutrinária da assembleia.
A disciplina da Igreja em si pode ser disruptiva, mas "nós devemos obedecer a
Deus do que aos homens." (Atos 5:29). É a igreja do Senhor; infidelidade para Ele
significa mais do que a ofensa daqueles que não permanecerão por Sua Palavra.
315
164ª Pergunta - Qual deve ser a principal marca distintiva dos verdadeiros
Cristãos em sua relação com os outro?
Resposta - A principal marca distintiva dos verdadeiros Cristãos na relação
entre si, deve ser um amor semelhante ao de Cristo.
João 13:34-35. 34”Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos
outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. 35Nisto
todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”
Romanos 12:9-10. 9”O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos
ao bem. 10Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindovos em honra uns aos outros.”
1 João 3:14,16. 14”Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque
amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte.
16
Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a
vida pelos irmãos.”
Veja também: Mateus 5:43-48; João 3:16; Romanos 5:8; 13:8-10; 1
Coríntios 13:1-13; Efésios 4:13-16; Filipenses 2:1-16; Colossenses 3:12-14; 1
Pedro 2:7; 4:8; 1João 3:10-19; 4:7-21; 5:1-3.
COMENTÁRIO
O assunto do amor Cristão é considerado aqui, no contexto da Igreja e suas
ordenanças, como ele pressupõe o contexto imediato de uma assembleia Cristã, onde o
amor deve ser expresso em sua verdadeira natureza pessoal, íntima e prática.
O Novo Testamento repetidamente aponta para um único amor Cristão verdadeiro
consistente como a marca distintiva do povo de Deus. Infelizmente, isto de modo
frequente não é o caso. A própria história do Cristianismo em geral está mergulhada em
sangue por causa do ódio humano, do sectarismo religioso, do poder eclesiástico, do
conflito político e religioso, da agenda pessoal, da falta de graça e de um desejo de
controle. As Diferenças denominacionais, as disputas doutrinárias e os preconceitos
pessoais, mesmo no cristianismo moderno, fazem com que o Nome de Cristo seja
desprezado. A proibição de "armas carnais" não deve ser limitada ao armamento militar,
à coerção política ou tortura religiosa, mas também deve incluir qualquer coisa que não
seja espiritual, isto é, o uso da psicologia, da filosofia humanista ou dos métodos
mundanos (2 Coríntios 10:3-5). O amor bíblico verdadeiro para todos e cada crente, é
uma marca distinta da graça (1 João 3:10-19). Veja a pergunta 112.
Alguns sustentariam que o amor está condicionado ao arrependimento por algum
pecado ou erro contra o próximo. O perdão pode estar condicionado ao arrependimento
(Mateus 6:12,14; 18:21-35; Marcos 11:25-26; Lucas 17:3-4), mas não o amor Cristão. O
amor Cristão bíblico é incondicional. Devemos amar a Deus e nosso próximo, que é
todo inclusivo (Mateus 22:36-39; Lucas 10:25-37), e até mesmo os nossos inimigos - e
tal amor deve ser demonstrado pelo comportamento prático (Mateus 5:43-48; Romanos
316
12:14,17,19-21; 1 João 10-19)! O amor verdadeiro como o de Cristo não é meramente
uma emoção nem é irracional, é prático e demonstrável. Como a lei é cumprida em
amor, então o amor é definido pela lei (Romanos 13:8-10). Se nós não tirarmos
ilegalmente a vida de nosso próximo, não o roubarmos, agir imoralmente para com ele,
diminuir sua reputação de qualquer forma, procurar seu mal em pensamento, palavra ou
ação, não mentir acerca dele ou para ele e não cobiçar o que ele tem, e quando nós
buscamos o seu bem - então nós estamos amando biblicamente o nosso próximo.
Apenas no contexto da lei bíblica e do amor bíblico - um amor objetivo, obediente,
inteligente – nós podemos consistentemente amar os outros, até mesmo nossos
inimigos.
A verdade une, mas a verdade também divide. Um amor da verdade como
demonstrado em Jesus deve reunir os verdadeiros crentes. Há um amor múltiplo que
deve se manifestar no verdadeiro Cristianismo bíblico:
Primeiro: Um amor para companheiros de fé no contexto imediato da igreja local.
Esta é a nossa igreja "família" de irmãos e irmãs próximos em Cristo. Se o verdadeiro
amor Cristão não reinar nesta proximidade, é triste mesmo! O amor Cristão definha
onde há um espírito amargo ou excessivamente crítico, uma atitude egoísta, um orgulho
espiritual ou espírito partido ou a feiura da inveja e do ciúme;
Segundo: O amor Cristão deve ser evidenciado em relação a todos os que
carregam o Nome de nosso Senhor, a despeito de várias diferenças doutrinárias
pessoais, denominacionais ou falta de resposta (2 Coríntios 12:15; Gálatas 6.10;
Colossenses 3:12-14). Embora tais diferenças sejam importantes, nós devemos ser
capazes de diferenciar entre as questões e aqueles que possam sustentá-las. O amor é
vinculado pela verdade e ama melhor no contexto da verdade;
Terceiro: O amor Cristão tem sua expressão evangelística quando estende a mão,
embora seja não desejado, frequentemente inesperado e odiado por um mundo
pecaminoso. Deve-se esperar que os Cristãos sofram, sejam perseguidos e até mortos
pela causa de Cristo caso eles possuam e sejam motivados pelo amor do Senhor Jesus
Cristo pelos pecadores. Nosso amor deve refletir Seu Amor.
O amor Cristão é um amor inteligente, o qual decorre da natureza racional. É um
amor que pode ser e é comandado (João 13:34-35; Efésios 5:25,28; Colossenses 3:19; 1
Tessalonicenses 4:9; Tito 2:4; 1 João 3:9; 4:7-8, 11, 20-21; 5:1). É um amor que tem um
caráter moral distinto e é capaz de cumprimento espiritual, moral e prático. Não é
meramente emocional, nem é irracional; é moral, piedoso e consistente (1 Coríntios
13:1-8). Apenas o verdadeiro amor Cristão pode mover os corações, agitar mentes e
constantemente glorificar a Deus. O que manifestamos uns aos outros e ao mundo?
X
AS ÚLTIMAS COISAS
A doutrina das últimas coisas é chamada de "escatologia," da palavra Gr. eschatos,
denotando "último" ou "final." Esta área doutrinária inclui tais realidades como
profecias sobre o futuro, a imortalidade, a morte, o estado intermediário, a ressurreição,
o milênio, o juízo e o estado final de condenação ou glória. A escatologia geral está
frequentemente preocupada com as várias visões milenaristas. A escatologia pessoal
317
está mais preocupada com aquelas realidades que pessoalmente dizem respeito ao
indivíduo com a morte, o estado intermediário, a ressurreição, céu, inferno e com o
estado eterno de alguém. Uma questão é dada ao milênio; o resto àquelas realidades que
são de natureza mais pessoal.
Biblicamente, o tempo regride do futuro para o presente e do presente para o
passado, como tudo foi predestinado por Deus (Efésios 1:3-11). Veja perguntas 35, 79 e
80. Assim, no contexto das profecias e promessas Divinas, a vida de alguém deve ser
vivida no contexto de certa expectativa futura (Romanos 8:9-23; 2 Coríntios 4:17-18;
5:1-11; 1 Tessalonienses 4:18; 1 Pedro 1:3-9; 2 Pedro 3:11-14). Que os crentes possam
ser levados a "se alegrar com gozo inefável e glorioso."
165ª Pergunta - Quais são as várias "mortes" descritas nas Escrituras?
Resposta - A Bíblia descreve a morte espiritual, a do poder reinante do pecado, a
física e a segunda morte.
Gênesis 2:17. “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não
comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”
Romanos 5:12. “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo,
e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso
que todos pecaram.”
Romanos 6:11. “Assim também vós considerai-vos certamente mortos para
o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo, Jesus nosso Senhor.”
Apocalipse 20:14. “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo.
Esta é a segunda morte.”
Veja também: a morte espiritual: Mateus 8:21-22; Efésios 2:1-3; a morte
física: Gênesis 23:1-4; 25:7-10; 2 Samuel 14:14; Ezequiel 18:4,20; João 8:21-24;
Romanos 5:12-14,17-18; 6:23; Hebreus 9:27-28; a morte para o poder reinante do
pecado: Romanos 6:2-14; 2 Coríntios 5:14-15; Gálatas 2:20; Colossenses 3:1-4; a
segunda morte: Mateus 10:28; Apocalipse 2:11; 20:6,11-15; 21:8.
COMENTÁRIO
A morte como um conceito bíblico denota separação. A separação que ocorreu
com a morte espiritual no caso de Adão e sua posteridade deve ser primeiro
considerada:
No mesmo dia em que Adão comeu do fruto proibido - um ato intencional de
desobediência e rebelião contra o governo Justo e Benevolente de Deus - ele morreu
espiritualmente (Gênesis 2:16-17; 3:1-21), ou seja, tornou-se separado de sua relação
original com Deus e com aquelas realidades em sua personalidade as quais mantinham
esse relacionamento. A imagem de Deus dentro dele tornou-se distorcida; ele se tornou
depravado [de, completamente, pravus, torto], ou seja, os efeitos do pecado permeou
sua natureza e personalidade (Romanos 1:18-32; 3:9-18). A parte espiritual de sua
318
natureza, a qual mantinha sua justiça original morreu, e sua personalidade, uma vez
governada por uma mentalidade justa, tornou-se sujeita aos desejos de sua natureza
física (Veja Romanos 6:6,11). Ele tinha uma inimizade contra Deus e Seu governo
(Romanos 8:6-8). Sua mente se tornou espiritualmente incapacitada (os efeitos noéticos
do pecado) (Romanos 1:21-22; 1 Coríntios 2:14; Efésios 4:17-19). Ele ficou sob o
poder dominante do pecado. A verdade que ele conhecia, tentou suprimir (Romanos
1:18-20). O pecado de Adão foi imputado a toda a sua posteridade; ela também herdou
sua natureza caída ou depravada e sua mentalidade torcida (Gênesis 5:3; Romanos
3:23). Veja as perguntas 31-34;
Segundo: A morte para o poder reinante do pecado está inclusa no assunto mais
amplo da salvação. A salvação é a reversão da sentença e dos efeitos da morte espiritual
pela união do crente com Cristo, que é a união tanto em sua morte quanto em sua
ressurreição de vida. Veja a pergunta 77. A regeneração é a transmissão dessa vida
espiritual ou natureza que morreu com a queda (João 3:3-8; Efésios 2:4-5). A imagem
de Deus é recriada em princípio, em uma transformação de espírito moral e intelectual
(Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10). O poder reinante do pecado é destruído
(Romanos 6.1-14), a inimizade natural do coração é removida (Romanos 8:6-11) e a
cegueira satânica que obscurecia o Evangelho é tirada (2 Coríntios 4:3-6). Veja a
pergunta 83. Na conversão, simultaneamente com a regeneração, a fé salvífica e o
arrependimento são concedidos (Atos 11:18; 18:27; Efésios 2:8-10). Veja as perguntas
86-87, 90-91. A justificação, a imputação da justiça de Cristo, trata da pena e da culpa
do pecado (Romanos 3:21-26). Veja a pergunta 92. A adoção, de forma simultânea com
a regeneração, renova o Espírito Santo dentro da personalidade (Gálatas 4:4-7). Veja a
pergunta 93. Por meio da santificação, ou da transmissão de justiça, o indivíduo é
posicional, definitiva e progressivamente (pela obra positiva da Palavra e do Espírito, e
negativamente por tentações e castigo) santificado no estilo de vida e posto em
conformidade essencial com a imagem do Filho de Deus (Romanos 8:29; 2 Coríntios
3:17-18; Hebreus 12:3-14). Veja as perguntas 94-96. A glorificação na ressurreição
completa o processo de salvação com a redenção do corpo, que permanece inalterado na
atual experiência - embora o seu papel dominante tenha sido quebrado pela união com
Cristo (Romanos 6:6,11-13; 08:11-23; 1 Coríntios 15:49,51-57; 2 Coríntios 4:16-5:8).
Veja a Pergunta 169;
Terceiro: A morte física ou a separação da alma e do corpo. Adão acabou por
sofrer a morte física,e passou esta sentença para toda a raça humana por meio de seu
pecado (Gênesis 5:5; Romanos 5:12-14,17; 1 Coríntios 15:21-22; Hebreus 9:27). A
morte física, então, a separação do corpo e da alma, não é natural, mas antinatural; é
penal, o juízo de Deus sobre o pecado. A Escritura descreve a morte física como um
inimigo – o inimigo final a ser destruído (1 Coríntios 15:26). O Senhor Jesus tornou-se
encarnado, não meramente como um indivíduo, mas como o "Segundo Homem," o
"Último Adão" para desfazer o que o "Primeiro Adão" fez, para desmantelar as obras do
diabo e por meio da morte conquistar a morte (Romanos 5:17; 1 Coríntios 15:21-26,4549; Hebreus 2:5-15; 1João 3:8). Veja a pergunta 66;
Quarto: A "segunda morte," descreve, não a aniquilação ou a cessação do ser ou
da existência, mas um estado eterno de separação de Deus. Este é o destino dos ímpios
ou injustos após o julgamento final quando para sempre se instalará o seu grau de
319
tormento e sofrimento eterno (Apocalipse 2:11; 20:6,11-15; 21:8). Veja a pergunta 171.
Você foi liberto da morte espiritual? Você escapará da segunda morte?
166ª Pergunta - O que é a morte física?
Resposta - A morte física é a interrupção desta presente vida terrena pela
separação da alma do corpo.
Filipenses 1:21. “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.”
Hebreus 9:27. “...está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o
juízo,...”
Apocalipse 14:13. “...Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem
no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas
obras os seguem.”
Veja também: Gênesis 2:7,17-19; 3:19; Levítico 24:17; Números 23:10;
35:16-19; Salmos 23:4; 55:4; 104:29; 116:15; Provérbios 8:36; 14:12 e 18:21;
Eclesiastes 7:1-4; 12:5-7; Ezequiel 18:32; Atos 25:11; Romanos 5:12-14,21; 6:23;
8:35-39; 1 Coríntios 3:21-23; 15:26,54-58; Filipenses 1:20-21; Colossenses 1:2022; 2 Timóteo 1:8-10; Hebreus 2:9-15; 9.13-28; 1João 5:16-17; Apocalipse
12:11; 21:4.
COMENTÁRIO
A morte física é a cessação desta presente vida terrena, a separação da alma do
corpo. A alma, no momento da morte, deixa o corpo e continua sua existência seja
consciente na presença de Deus ou em um estado consciente de tormento e sofrimento
até a ressurreição e o julgamento final. O corpo se decompõe e eventualmente volta aos
seus elementos químicos naturais - em termos bíblicos, ele retorna ao pó de onde foi
tirado (Gênesis 2:7; 3:19; Jó 10:9; 34:15; Salmos 103:14; Eclesiastes 3:19-21).
A Bíblia descreve a morte física em uma variedade de termos: Um retorno ao pó
(Eclesiastes 12:7). A ida pelo caminho de toda a terra, (Josué 23:14). Sendo congregado
aos seus pais, ou recolhido ao seu povo (Juízes 2:10; Deuteronômio 32:50). Dormir, ou
adormecer com seus pais (1 Reis 11:21; 22:50; 2 Crônicas 26:23). Dormir, ou
adormecer em Jesus (João 11:11; 1 Coríntios 11:30; 1 Tessalonicenses 4:13-15). A
morte (Lucas 9:31 , 2 Pet . 1:15). A partida, ou uma partida para estar com Cristo
(Filipenses 1:23; 2 Timóteo 4:6). Render o espírito (Gênesis 25:8; Mateus 27:50; Atos
5:5). Sendo oferecido ou derramado como libação (2 Timóteo 4:6). Deixar este
tabernáculo (2 Pedro 1:14). Desfazer a casa terrestre deste tabernáculo (2 Coríntios
5:1). Deixar este corpo, para habitar com o Senhor (2 Coríntios 5:8).
A realidade da morte física é um lembrete de que a humanidade caída e pecadora
ainda está em um sentido muito real, sob essa aliança de obras que Deus fez com Adão
(Gênesis 2:15-17). Adão quebrou essa aliança pela sua desobediência como Homem
Representante, e a humanidade tem tido a sentença universal da morte por causa do
320
pecado original de Adão (Romanos 5:12-14; 1 Coríntios 15:21-22) e também por causa
de suas próprias transgressões individuais adicionadas (Ezequiel 18:4; Romanos 3:912,23; 6:23). A morte, então, tem uma relação imediata e necessária com o pecado
(Romanos 5:12; Tiago 1:15). El é, portanto, antinatural; e não fazia parte da ordem
criada, mas é o resultado do pecado. A Escritura chama a morte de inimigo (1 Coríntios
15:26). Porque a morte é o inimigo final a ser conquistado, ela continuará como uma
realidade até a ressurreição de crentes e não crentes (João 5:29).
Houve apenas duas exceções à morte física: Enoque (Gênesis 5:23-24) e Elias
(2Reis 2:1,11). Os que estão vivos e permanecerem quando o Senhor voltar serão
igualmente glorificados sem a experiência da morte (1 Tessalonicenses 4:15-18).
O crente, estando em união com Cristo, tem removido o medo da morte em seu
significado final por meio da ressurreição do Senhor Jesus e da revelação do evangelho
(Romanos 6:1-11; 2 Coríntios 4:8-5:8; Filipenses 1:21; 2 Timóteo 1:8-10; Hebreus 2:915; 1 Pedro 1:3-5).
167ª Pergunta - Por que os crentes morrem?
Resposta - A morte é o resultado final de viver em um mundo caído. Ela não é
penal para o crente, mas completa o processo de santificação do crente. É o último
inimigo, que permanecerá até a ressurreição final para a vida.
Romanos 8:1. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão
em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.”
1 Coríntios 15:26. “Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a
morte.”
Veja também: Lucas 23:39-43; Atos 7:54-60; 1 Coríntios 11:30; 15:2028,51-58; 2 Coríntios 4:17-5:8; Filipenses 1:19-23; 3:10; 2 Timóteo 4:6-8;
Hebreus 9:27-28; 12:1-13; 2 Pedro 1:13-15; 1 João 5:16-17; Apocalipse 14:13.
COMENTÁRIO
Por que os crentes morrem? Se todos os nossos pecados foram lançados sobre o
Senhor Jesus, e nenhuma condenação há sobre qualquer crente em virtude da imputação
da justiça de Cristo a ele e da imputação de seus pecados à Cristo, então a morte do
crente não pode ser penal (Romanos 5:1-2,8-11; 8:1). Veja as perguntas 77 e 92. O
ladrão arrependido crucificado com nosso Senhor, sem qualquer experiência Cristã além
de algumas palavras e horas finais, estava certo de que ele naquele dia estaria com nosso
Senhor no paraíso (Lucas 23:39-43).
Pode-se perguntar, como nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho eterno de Deus, o
impecável Deus-Homem, o único não contaminado pelo pecado de Adão, poderia
morrer? Sua morte é um testemunho da realidade, não apenas de sua verdadeira
humanidade, mas da imputação de nossos pecados a ele. Ele poderia morrer, tinha que
morrer e morreu por aqueles cujos pecados lhe foram imputados no propósito de Deus
321
(Romanos 3:24-26; 2 Coríntios 5:21; 1 Pedro 3:18), e por sua morte aniquilou aquele
que tinha o império da morte, o diabo (Hebreus 2:14; 1 João 3:4-5,8).
Se a morte física para os crentes não é penal, então a que finalidade ela serve?
Primeiro: A morte é uma parte necessária e essencial da vida em um mundo caído.
Como os crentes não estão isentos de pesares, tristezas, sofrimentos, fraquezas,
oposição e violência deste mundo caído, ou as realidades da enfermidade, da doença e
da velhice, então eles também não estão isentos da experiência de morrer e da morte. A
morte permanecerá sendo uma realidade até a ressurreição e julgamento final; quando
será destruída como último inimigo. .(1 Coríntios 15:26). Até lá, é uma realidade
sempre presente para ambos os descrentes e crentes.
Segundo:,A morte traz à consumação do processo e nossa experiência terrena de
santificação, que começou na regeneração e na conversão. Nós devemos ser fiéis até a
morte (Apocalipse 2:10). Na separação do corpo e da alma, o corpo, como a sede e
instrumento de pecado interior e da corrupção remanescente, será finalmente posto de
lado (Romanos 6:6-14; 7:13-8:4; Filipenses 3:20-21; 2 Pedro 2:14). A Bíblia nunca
considera o corpo como sendo inerentemente mal (Gnosticismo), mas é o instrumento
pelo qual um princípio de pecado se expressa. A expectativa do crente não é de escapar
do corpo, mas de experimentar a sua glorificação (Romanos 8:22-23,29-30; 1 Coríntios
15:49-58; 2 Coríntios 5:1-4; Filipenses 3:20-21; 1 João 3:1-3);
Terceiro: A morte completa nossa união experimental com Cristo. Veja a pergunta
77. As adversidades e sofrimentos de nossa experiência Cristã, culminando na morte,
enquadram-nos completamente em nossa conformidade com a imagem de nosso Senhor
(Romanos 8:11-18,29-30; 2 Coríntios 3:17-18). Como ele foi aperfeiçoado, e
exemplificou uma perfeita obediência por intermédio de seus sofrimentos terrenos e
morte, então Deus ordenou que em nossa experiência terrena, devêssemos igualmente
experimentar o sofrimento e possivelmente a morte por causa dele (Hebreus 5:5-10;
Romanos 8:17; Filipenses 3:10; Colossenses 1:24, 1 Tessalonicenses 4:13-18; 1 Pedro
4:1). Nós devemos notar de maneira cuidadosa que absolutamente nada, nem mesmo a
morte com todo o seu possível sofrimento e de várias formas, pode separar-nos do amor
de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor (Romanos 8:35-39);
Quarto: A morte física é o meio normal pelo qual os crentes são levados à
presença consciente do Senhor Jesus Cristo para estar com ele, onde ele está para que
eles vejam a sua glória (João 17:24; Atos 2:30-33; 7:55-56; 2 Coríntios 5:6-8;
Filipenses 1:23; Hebreus 1:2-3). Isto é em resposta ao desejo de sua Oração Sacerdotal,
e, portanto, a morte de cada crente está dentro dos limites de sua vontade soberana e
amorosa (Apocalipse 1:17-18);
Quinto: Em alguns casos, a doença, o sofrimento ou a morte de um crente pode ser
disciplinar, embora nunca penal. É possível para um crente cometer um pecado ou
crime pelo qual ele deva sofrer as consequências como um criminoso perante um
tribunal terreno ou como uma criança desobediente diante de seu Pai Celestial. O
castigo Divino pode resultar na doença ou mesmo na morte de tal crente (1 Coríntios
5:1-5; 11:30; Hebreus 12:1-13; 1 João 5:16-17). Só Deus conhece infalivelmente o
coração, a mente e o motivo de qualquer crente, e ninguém deve pronunciar condenação
322
sobre qualquer crente insinuando que a enfermidade, a doença ou a morte é de forma
alguma penal ou até mesmo de alguma forma disciplinar. Tais questões devem ser
deixadas com nosso Pai Celestial, que sempre atua em amor para consigo mesmo,
sempre em castigo e disciplina.
Qual deveria ser a atitude do crente diante da morte? O Novo Testamento não foca
o aspecto físico e o sofrimento que pode caracterizar a experiência de morrer, mas
enfatiza a antecipação de estar ausente do corpo e estar presente com o Senhor (2
Coríntios 5:1-8), um estado que é "ainda muito melhor" (Gr. de Filipenses 1:23).
Assim, se o viver é Cristo, então morrer é lucro (Filipenses 1:21). Para nosso Senhor
Jesus, a morte foi um "êxodo," ou a saída de seu sofrimento e vergonha após a
consumação de sua obra redentora (Lucas 9:31, a palavra "morte" é a Gr. "êxodo"). O
apóstolo Pedro usa a mesma terminologia de sua própria morte (2 Pedro 1:15). O
Apóstolo Paulo usa o termo "soltar," que poderia ser parafraseado "soltar as estacas," ou
tomar tenda (Filipenses 1:23; 2 Timóteo 4:6). Esta vida deve ser vista como temporária;
a vida após a morte com o Senhor Jesus é vista como eterna (Romanos 8:17-23; 2
Coríntios 4:17-18; 5:1ss; 1 Tessalonicenses 4:17; Hebreus 12:1-2).
Os crentes sofrem com a morte por causa do rompimento dos laços terrestres e de
uma sensação de perda pessoal de companheiros de fé a quem eles conhecem e
amam.,Tal sofrimento é natural; mas ele é mitigado pela esperança de um futuro
reencontro com os remidos na glória (1 Tessalonicensses 4:13-18). Os incrédulos por
contraste "não têm esperança," e, portanto, nada para diminuir seu sofrimento. Que
possamos nós viver e morrer na expectativa gloriosa de estarmos "para sempre com o
Senhor"!
168ª Pergunta - Qual é o estado intermediário?
Resposta - O estado intermediário ou desencarnado refere-se àquele estado de
existência consciente da alma entre a morte física e a ressurreição.
Lucas 23:42-43. 42E disse a Jesus: “Senhor, lembra-te de mim, quando
entrares no teu Reino.” 43’E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no Paraíso.’
2 Coríntios 5:2-4. 2”E por isso também gememos, desejando ser revestidos
da nossa habitação, que é do céu; 3se, todavia, estando vestidos, não formos
achados nus. 4Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos
carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal
seja absorvido pela vida.”
Filipenses 1:22. “Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não
sei então o que deva escolher.”
Veja também: Êxodo 3:6; Jó 19:26-27; Mateus 22:31-32; Lucas 16:22-25;
Atos 7:59-60; Romanos 2:7; 2 Timóteo 1:8-10; Hebreus 12:22-23; Judas 6-7.
323
COMENTÁRIO
O estado intermediário é o desencarnado consciente entre a morte e a ressurreição
(Lucas 16:22-28; 2 Coríntios 5:1-8). É um estado temporário que terminará com a
ressurreição dos justos e a ressurreição dos injustos (1 Coríntios 15:51-55; Apocalipse
20:12-13). Para os crentes, é um estado de bem-aventurança no gozo consciente de estar
com Cristo (2 Coríntios 5:5,8; Filipenses 1:23). Quando nosso Senhor declarou que
Deus era "o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó, Deus não é Deus dos
mortos, mas dos vivos," Ele implicou que estes patriarcas estavam apenas "mortos" para
o mundo dos homens, mas estavam conscientemente vivos na presença de Deus
(Mateus 22:31-32), assim como Moisés e Elias (Luas 9:29-33), todos à espera da
ressurreição dos justos. Veja a pergunta 169. Para os ímpios, o estado intermediário é
um de sofrimento e tormento antes da ressurreição e do julgamento final (Lucas 16:2228; Apocalipse 20:11-15; 21:8). Veja a pergunta 171.
O estado intermediário entre a morte e a ressurreição também envolve várias
outras questões: a imortalidade, o purgatório, o limbo, a aniquilação, a provação e o
sono da alma.
As Escrituras declaram que somente Deus é inerentemente imortal. Ele tem a vida
em si mesmo e é a fonte de toda a vida (Atos 17:24-25,28; 1 Timóteo 6:16). Os seres
humanos têm uma imortalidade derivada como os portadores de imagem de Deus
(Gênesis 1:26-28; 2:7; Eclesiastes 12:7). A doutrina bíblica não é simplesmente essa da
imortalidade da alma (um conceito grego pagão), mas da pessoa toda na ressurreição
para a glória (Daniel 12:2; 1 Coríntios 15:51-57) ou na ressurreição para o juízo (Dan.
12:2; Apocalipse 20:5,11-15). Assim, a morte não finaliza a existência humana, mas
guia ao estado intermediário ou desencarnado até a ressurreição de todos os homens. O
Velho Testamento antecipou a revelação completa da imortalidade na futura
ressurreição dos mortos (Jó 19:26-27; Salmos 16:9-11; 17:15; 73:24; Daniel 12:2). A
realidade completa da ressurreição para a vida e para glória é revelada na ressurreição
de nosso Senhor e no Evangelho (Mateus 8:11; Lucas 24:36-43; João 20:19-20, 26-28;
Atos 17:18; Romanos 8:17-23; 2 Timóteo 1:8-10; 1 Pedro 1:3-9).
A doutrina Romanista do Purgatório, um lugar onde as pessoas supostamente
permanecem por um tempo determinado após a morte para expiar seus pecados, é uma
negação da obra consumada de Cristo. A doutrina da justificação tem grandes
implicações escatológicas bem como as implicações salvíficas imediatas (Jo 5:24;
Romanos 3:21-31; 5:1-2). Veja as perguntas 82 e 92. Além disso, este ensino é baseado
em textos apócrifos não canônicos. Limbo [limbus patrum], o alegado lugar das almas
que partiram antes da ressurreição de nosso Senhor e ascensão ao céu [e limbus
infantum no dogma Romanista o alegado lugar para crianças não batizadas], é outra
doutrina Romanista que não é substanciada pelas Escrituras (Eclesiastes 12:7; Isaías
8:20).
A aniquilação é a ideia que na morte tanto o corpo quanto a alma deixam de
existir; ou que a alma deixa de existir após o julgamento final (a negação do castigo
eterno, a ideia da imortalidade condicional). A Escritura afirma a existência continuada
da alma após a morte e também a realidade da ressurreição dos mortos - tanto justos
324
quanto injustos (2 Samuel 12:13-23; Jó 19:26-27; Dan 12:02; Mateus 22:31-32; Lucas
9:29-33; 16:22-25; Romanos 8:11-23,29-31; 1 Coríntios 15:51-57; 2 Coríntios 5:1-8;
Filipenses 1:23; Apocalipse 20:1-7,11-15). A palavra Hebraica Sheol (Deuteronômio
32:22) e a Grega Hades (Mateus 16:23), referindo-se ao mundo invisível dos mortos ou
dos espíritos, são frequentemente traduzidas como "inferno" ou "sepultura" como um
lugar de descanso para o corpo, têm sido erroneamente usadas para ensinar a
aniquilação, como se tudo chegasse ao fim na sepultura (1 Samuel 28:7-19; Oséias
13:14; Amós 9:2). Os termos Tophet e Gehenna denotam um lugar literal de fogo no
vale de Hinom, fora de Jerusalém, que a Escritura figuradamente retrata como um lugar
de fogo infernal e tormento sem fim (Isaías 30:33; Mateus 5:22; 18:9; Marcos 9:43-49).
Os anjos caídos, como seres espirituais, foram lançados no Tártarus, o equivalente a
Gehenna (2 Pedro 2:4). A coerência da Escritura está contra a ideia de aniquilação.
Alguns sustentam que o estado intermediário é um tempo de provação e uma
"segunda chance" para aqueles que morrem separados do evangelho e sem
arrependimento, uma interpretação errônea de 1 Pedro 3:19. As Escrituras afirmam que
a morte sela o estado do indivíduo para sempre, as ações de sua vida terrena e o estado
espiritual determinam o destino de alguém (Lucas 13 4-5; 16:22-26; João 8:21; Hebreus
9:27-28; Apocalipse 22:11).
O sono da alma é a ideia de que ela é inconsciente entre a morte física e a
ressurreição. Enquanto a morte do crente é frequentemente eufemizada como "sono" (1
Coríntios 11:30; 1 Tessalonicenses 4:13-17), as Escrituras dão testemunho abundante
para a consciência dos crentes e descrentes no estado intermediário (Mateus 22:31-32;
Lucas 16:22-25; 1 Coríntios 15:51-57; 2 Coríntios 5:1-8; Filipenses 1:23).
169ª Pergunta – O que é a ressurreição dos justos?
Resposta - A ressurreição dos justos é a primeira ressurreição, ou a ressurreição
para a vida, no segundo advento de nosso Senhor, no qual os redimidos serão
ressuscitados incorruptíveis com seus corpos glorificados.
Lucas 14:14. “...recompensado te será na ressurreição dos justos.”
João 5:29. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida.
Romanos 8:23. “...nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também
gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso
corpo.”
Romanos 8:30. “E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que
chamou a esses também justificou; e aos que justificou a esses também
glorificou.”
Tito 2:13. “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da
glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo.”
325
Apocalipse 20:6. “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira
ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de
Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos.”
Veja também: Daniel 12:2; Mateus 22:23-30; 27:50-53; Lucas 20:34-38;
João 5:28-29; 6:39,44; Atos 2:24,32; 13:33-34; 23:6; 24:15; Romanos 1:1-4;
8:11,22-23,29-30; 1 Coríntios 15:12-26,35-58; Filipenses 3:20-21; 1
Tessalonicenses 4:13-18; Hebreus 6:2; 1João 3.2; Apocalipse 20:5-6.
COMENTÁRIO
A ressurreição dos retos ou justos é chamada a "primeira ressurreição," e "a
ressurreição para a vida." Esta ressurreição ocorrerá no Segundo Advento de nosso
Senhor (Tito 2:13). Os corpos físicos de todos os crentes serão então glorificados, e
feitos como o de nosso Senhor (Daniel 12:2-3; Mateus 13:43; Romanos 8:11,17-23; 1
Coríntios 15:35-58; 2 Coríntios 5:1-8; Filipenses 3:20-21; 1 Tessalonicenses 4:13-18;
1 João 3:2). As limitações físicas, com o pecado interior e a corrupção remanescente,
tendo cessado na morte, terão ido para sempre. Os corpos serão reconhecíveis mas
"glorificados," isto é, não limitados, mas elevados a seu mais alto potencial participando
da glória de Cristo (Veja as Escrituras anteriores, e também: Romanos 8:30; 1
Tessalonicenses 2:12; Hebreus 2:10-11; 1 Pedro 5:1,4). A conformidade com a imagem
de Nosso Senhor estará então completa (Romanos 8:29).
Os crentes enfrentarão o julgamento? A Escritura declara que o estado regenerado
e justificado do crente foi estabelecido para sempre. Nenhum crente será condenado ou
perderá sua posição justificada diante de Deus (João 5:24; Romanos 5:1-2; 8:1). No
Tribunal de Cristo, ele evidentemente terá que responder pelos pecados cometidos como
um crente e receber ou perder suas recompensas por sua fidelidade ou infidelidade
(Romanos 14:10-12; 1 Coríntios 3:10-15; 4:5; 2 Coríntios 5:9-10; Colossenses 3:23-25
), mas o gozo da presença do Senhor e do estado glorificado na eternidade não será
mitigado.
Se tomada literalmente, esta primeira ressurreição ocorrerá antes do Reino milenar
de nosso Senhor (Apocalipse 20:1-6). Veja a pergunta 170. No final do milênio, haverá
uma segunda ressurreição, a dos ímpios, e então o seu julgamento final (Apocalipse
20:11-15; 21:8). Veja a pergunta 171. O Velho Testamento antecipou a ressurreição de
todos os homens, mas não distinguiu as duas ressurreições quanto ao tempo (Daniel
12:2). Muito do Novo Testamento, mencionando as ressurreições juntas não distingue
qualquer distinção temporal (por exemplo: João 5:28-29; Atos 24:15). Apocalipse 20:17, porém, distingue duas ressurreições quanto a ambos os participantes e tempo. Esta é
certamente definitiva se a "ressurreição dos mortos" [Gr. ek nekrōn] deve ser traduzida
como "de entre [os] mortos" (Atos 4:2, etc.)
Esta, então, é a antecipação gloriosa dos verdadeiros crentes! Nós seremos
totalmente transformado em corpo e alma, e nossa redenção será completa, "e assim
estaremos sempre com o Senhor. “Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas
palavras" (1 Tessalonicenses 4:17-18). Você estará na ressurreição para a vida?
326
170ª Pergunta - Quais são os três principais pontos de vista sobre o milênio?
Resposta - Os três principais pontos de vista sobre o milênio são: o Prémilenarismo, Pós-milenarismo e Amilenarismo.
Apocalipse 20:1-3. 1”E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do
abismo, e uma grande cadeia na sua mão. 2Ele prendeu o dragão, a antiga
serpente, que é o diabo e satanás, e amarrou-o por mil anos. 3E lançou-o no
abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações,
até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de
tempo.”
Veja também: 1 Coríntios 15:20-28; 1 Tessalonicenses 4:13-5:4;
Apocalipse 20:1-15.
COMENTÁRIO
O termo "milênio" é o Latim para o Grego Chilia, que significa "mil," e refere-se
aos mil anos nos quais satanás deve ser preso e os santos deverão reinar sobre a terra,
após o qual satanás deve ser solto por um curto período de tempo antes do julgamento
final (Apocalipse 20:1-15).
Os pontos de vista diferentes do milênio estão preocupados com a parousia ["a
vinda," Mateus 24:27,37,39], epiphaneia ["aparecimento," 2 Timóteo 4:1,8; Tito 2:13],
ou retorno visível (Segundo Advento) de nosso Senhor em relação aos mil anos, e
também com a natureza do próprio milênio. Pré-milenarismo: nosso Senhor voltará
antes do milênio; Pós-milenarismo: nosso Senhor voltará após o milênio; Amilenismo:
o milênio deve ser interpretado no sentido figurado, simbólica ou espiritualmente como
um período indefinido de tempo atualmente sendo cumprido.
Estes vários pontos de vistas dependem da exegese (leitura do texto) e da
hermenêutica (método de interpretação ou o sentido do texto) de cada um, e
especificamente, a interpretação da profecia. Isto é especialmente determinante da
compreensão que cada tem um dos livros de Isaías, Daniel, Ezequiel e Apocalipse como
sendo, em suas passagens apocalípticas, histórico, profético ou simbólico. A grande
questão na interpretação é, o Novo Testamento seria trazido em conformidade com a
literalidade do Velho Testamento, ou o Velho seria interpretado e entendido à luz do
Novo? A teologia dispensacionalista torna o Velho Testamento determinante na
interpretação e a teologia não dispensacionalista torna o Novo Testamento determinante
e explicativo do Velho. Além disso, a teologia não dispensacionalista sustenta que Jesus
Cristo está atualmente reinando sobre o universo como Senhor; a teologia
dispensacionalista ensina que ele não reinará como Senhor e Rei Messiânico até o reino
milenar (Salmos 110:1ss; Atos 2:24-36; 1 Coríntios 15:24-28; Filipenses 2:5-11;
Colossenses 1:13-17; Hebreus 1:1-4; Apocalipse 3:21).
Cada ponto de vista milenar sustenta um tipo bem diferente de milênio. O prémilenarismo dispensacionalista sustenta uma série de eventos cataclísmicos que
inauguram um milênio terreno. (um tempo de crescente apostasia, o Arrebatamento; a
327
primeira ressurreição; o Tribunal de Cristo; a Grande Tribulação; o Segundo Advento; a
vinda visível de Cristo em glória). O Pós-milenarismo tem tradicionalmente
vislumbrado o sucesso gradual do evangelho ou um Último Dia de Glória - um tempo
de avivamento sem precedentes pouco antes do fim desta era do evangelho. O
Amilenarismo sustenta que o milênio é espiritual e se refere ao presente Reino de Cristo
ordenando todos os eventos até a ressurreição geral e o juízo final.
O Pré-milenarismo ensina que o calendário e os eventos de Apocalipse 20:1-7
devem ser interpretados literalmente, e sustenta que o Senhor Jesus Cristo voltará à terra
e pessoalmente reinará por mil anos, após os quais a derrota final de satanás e o
julgamento final ocorrerá. Tem havido três diferentes pontos de vista dentro da posição
pré-milenarista:
Primeiro, Chiliasmismo, uma forma primitiva de pré-milenarismo, que dividiu a
história em sete períodos de mil anos cada, os últimos mil anos (o milênio) sendo o
"Sábado" da história mundial. Este ponto de vista foi amplamente difundido no
Cristianismo primitivo;
Segundo: O pré-milenarismo histórico, que sustenta que o segundo advento
contará com a presença da primeira ressurreição e inaugurará o Reino milenar de nosso
Senhor. O pré-milenarismo histórico ensina ainda que continua a haver uma distinção
entre Israel nacional e os Cristãos, mas que todo o verdadeiro povo de Deus, seja Judeu
ou Gentio compreendem o verdadeiro Israel espiritual;
Terceiro: Pré-milenarismo Dispensacional. (Deve-se cuidadosamente notar que
Dispensacionalismo é uma hermenêutica inclusiva e não apenas um ponto de vista
escatológico. É uma abordagem hermenêutica da Escritura, a qual é relativamente
recente. É este último ponto de vista que atualmente é difundido no Cristianismo
Fundamentalista e Evangélico. Sua hermenêutica é essencialmente um estrito
literalismo do Velho Testamento ao qual o Novo Testamento é feito para ser conforme.
Pensa-se na "Igreja" como um parêntese no relacionamento de Deus com a nação de
Israel, e os dois são considerados distintos e separados ao longo da história redentora. O
milênio, embora sendo o Reino pessoal de nosso Senhor, será caracterizado por um
Reino terreno centrado em Jerusalém, um retorno a um tipo de Velho Testamento,
incluindo o sacrifício de animais e um templo Judaico. Entre pré-milenaristas
Dispensacionais há mais discordância referente a um Arrebatamento pré-Tribulacional,
meso-Tribulacional ou pós-Tribulacional, ou as várias "fases" do Segundo Advento de
nosso Senhor.
O pós-milenarismo geralmente sustenta que o Segundo Advento de nosso Senhor
ocorrerá após o milênio. Mil anos literal é muitas vezes relegado a um cumprimento
mais indefinido de tempo. Novamente, existem vários pontos de vista divergentes
dentro do conceito pós-milenarista. Alguns têm sustentado que este é um avanço geral,
universal do Reino de Deus entre os homens em todo o mundo, culminando com a
vitória final do evangelho na presente economia. Outros têm vislumbrado um era do
Espírito, quando Deus operará poderosamente antes do fim do tempo. Alguns sustentam
uma "Glória dos Últimos Dias," ou um momento ímpar de avivamento e despertamento
espiritual, geralmente coincidindo com a conversão da nação de Israel (Romanos 11), a
qual eles mantêm geralmente distinta dos Cristãos que compõem o "Israel espiritual."
Um ponto de vista recente é o do Pós-milenarismo Reconstrucional, que antecipa a
reconstrução de uma sociedade Cristianizada após a Tribulação. Um ponto de vista
328
final, estranhamente associado com o pós-milenarismo, é aquele do Humanismo
Secular, que postula o avanço evolutivo da humanidade pela ciência e da transformação
- a filosofia do Darwinismo Social e do "Evangelho Social."
O aminelarismo afirma que o Livro do Apocalipse é essencialmente simbólico e,
portanto, um livro de linguagem e símbolos figurados. . Em geral, este ponto de vista
ensina que o milênio que se refere à Apocalipse 20 é um número simbólico, e, portanto,
espiritual e não literal, referindo-se a "A Era da Igreja" ou ao presente reinado do
Senhor Jesus Cristo sobre este mundo (1 Coríntios 15:20-28; Colossenses 1:12-20).
satanás é visto como tendo sido sujeito à cruz, e o subsequente sucesso do evangelho é
visto como uma manifestação que ele já não engana as nações. A primeira ressurreição
é pensada como sendo espiritual, em vez de literal. O Segundo Advento inaugurará a
ressurreição geral, o juízo final e o estado eterno. Em contraste com o Pré-milenarismo
Dispensational, o Amilenarismo sustenta que "a Igreja" é agora o "Israel espiritual." As
promessas da aliança e as profecias referentes ao Israel nacional agora são cumpridas
espiritualmente na "Igreja," que é composta tanto de um remanescente judeu convertido
quanto de crentes gentios.
Grandes e piedosos homens, mesmo os maiores estudiosos bíblicos conservadores
e ortodoxos, têm defendido cada uma destas posições escatológicas e até as
divergências dentro destas posições, e nem todas podem estar corretas, seja no geral ou
quanto às especificidades. Nenhum ser humano, ao que parece, tem toda a verdade. Há
mais divergência na escatologia do que em qualquer outra área da doutrina bíblica.
O que se deve aprender a partir da discussão anterior?
Primeiro: Nós devemos ser completa e consistentemente bíblicos em nosso
pensamento. Nossa leitura do texto deve ser cuidadosa e nossa interpretação do texto
deve ser consistente de forma bíblica com os princípios autoconsistentes de
interpretação. Confira a "analogia da fé" (o ensino autoconsistente total da Palavra de
Deus como ele pesa sobre qualquer aspecto dado da verdade Divina; a clareza da
Escritura, ou "Escritura interpreta a Escritura". Veja a pergunta 14. De acordo com o
princípio da revelação que Deus revela progressivamente mais de si mesmo e de seu
propósito redentor como Escritura progride, especialmente do Velho Testamento para o
Novo), o Velho Testamento deve ser interpretado à luz e da mais completa revelação do
Novo (Confira Hebreus 10:1);
Segundo: Devemos interpretar as Escrituras literalmente ("literal" pode ter ampla
aplicação) a menos que haja uma necessidade de tomar as coisas figurada ou
simbolicamente. As Escrituras devem ter o seu lugar primordial em nosso estudo e
pensamento, e não as obras dos homens. Devemos buscar ardentemente um
conhecimento geral e abrangente das Escrituras como uma base sobre a qual lidar com
detalhes, e procurar a mente do Espírito, pela oração para a compreensão (1João
2:20,27);
Terceiro: Devemos estar sempre prontos e dispostos a aprender e modificar nossos
pontos de vista, se necessário. Como a maturidade espiritual não é alcançada de uma só
vez, assim é com o nosso conhecimento das Escrituras e o ensino doutrinário delas (2
Pedro 3:18);
329
Quarto: Devemos viver no contexto imediato de nossas pressuposições
escatológicas e antecipação. O Senhor pode voltar a qualquer momento - e nosso
pensamento escatológico pode ser inútil. Como criaturas do tempo nas incertezas desta
atual vida terrena, nós temos apenas o hoje. Nenhum ponto de vista escatológico deve
levar à indolência ou à procrastinação, isto é, nos levar a adiar a decisão de viver
conforme o evangelho. Devemos ser zelosos nas coisas de Deus e viver em obediência à
Sua Palavra.
Finalmente, devemos tomar cuidado para não sermos excessivamente
influenciados por questões externas e temporais. Cada ponto de vista escatológico tem
diminuído ou florescido em relação à situação natural, teológica, histórica, política,
social ou religiosa. Tempos de grandes desastres naturais, convulsões políticas e guerras
ou tempos de grande paz, disputas teológicas e grandes eras de avivamentos ou
momentos de grande declínio espiritual e apostasia, todos tiveram a sua forte influência
sobre o ponto de vista de muitos - mas os tais já ocorreram, seja para o desapontamento
ou para o alívio de seus prognosticadores, isto é videntes. (O autor, de acordo com os
princípios anteriores mencionados, mantém a posição pré-milenarista histórica).
171ª Pergunta - O que é a ressurreição para o juízo?
Resposta - A ressurreição para o juízo é a ressurreição dos ímpios para o
julgamento final de acordo com as suas obras e punição eterna pelos seus pecados.
Daniel 12:2. “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns
para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.”
João 5:28-29. 28”Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que
todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. 29E os que fizeram o bem
sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da
condenação.”
Romanos 2:5-6. 5”Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente,
entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus; 6O qual
recompensará cada um segundo as suas obras.”
Apocalipse 20:12. “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante
de Deus, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os
mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as
suas obras.”
Veja também: Salmos 9:16–17; Isaías 45:23; Mateus 5:22; 8:12; 12:36–37;
13:36–42,49–50; 18:9; 22:13; 24:51; 25:31–46,46; Lucas 12:4–5; João 12:48;
Atos 17:30–31; 24:24–25; Romanos 2:3, 8–9; Filipenses 2:9–11; 1
Tessalonicenses 1:2–3; 2 Tessalonicenses 1:7–9; Hebreus 6:2; 12:25–29; 2 Pedro
2:9; Judas7,13; Apocalipse 14:9–11; 20:11–15; 21:8.
330
COMENTÁRIO
A morte não acaba com tudo. Os tormentos conscientes do inferno seguem
imediatamente à morte do ímpio tão certo como a consciente, abençoada presença do
Senhor segue à morte do crente (Mateus 22:31-32; Lucas 16:22-25; 2 Coríntios 5:6-8).
A "ressurreição da condenação" e o julgamento final seguem necessariamente (João
5:28-29; Hebreus 9:27). O injusto ou não convertido deve ser ressuscitado dentre os
mortos para estar diante do eterno Filho de Deus para ser final e totalmente julgado.
A justiça de Deus e Seu Reto caráter exigem um Dia do Juízo Final para os ímpios
e impenitentes (Gênesis 18:25; Hebreus 9:28). A natureza do homem como um ser
moralmente responsável inteligente, criado à imagem de Deus, assim o exige
(Eclesiastes 3:16-17). O mal nem sempre é punido nem é o bom sempre recompensado
nesta vida, e, portanto, há um sentimento de injustiça sobre esta realidade inerente entre
os homens - embora a maioria deles não pensem em termos de um Dia do Juízo Final, e
de bom grado se julgam isentos! A própria ideia de que o mundo está carregado de
injustiça e desigualdade, e que tal condição agrava mais a humanidade, deve fazer com
que todos considerarem a terrível realidade do Dia do Juízo Final!
Este julgamento será de acordo com a justiça absoluta de Deus; não haverá graça
ou misericórdia aqui - só justiça Divina dada a cada pessoa não convertida de acordo
com suas obras e apenas o que cada um tem direito (Romanos 6:23; Apocalipse 20:1213). Este será um julgamento de busca pelo Filho onisciente de Deus, alcançando a
análise de todos os motivos ou a inclinações que se expressaram em cada palavra jamais
falada (Salmos 139:1-4; Provérbios 4:23; Eclesiastes 12:13-14; Mateus 12:36-37; 1
João 3:15). Nada deve ser deixado de lado. Este será um julgamento forense, ou
absolutamente justo de acordo com a lei - a vontade revelada de Deus - o padrão
absoluto de Sua justiça, que deve condenar como culpado segundo as suas obras, cada
ser humano não convertido (Romanos 2:11-16; 3:20-21; Apocalipse 20:12-13). O juiz
será o Senhor Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus, a quem foi dado todo o poder
(Mateus 25:31-32; 28:18; João 5:22,25-27; Atos 10:42; 17:31; Filipenses 2:9-11; 2
Timóteo 4:1). Ele se assentará como o Mediador, o Senhor soberano absoluto e Rei
deste universo. É neste ofício que ele será o juiz final dos homens. Veja a pergunta 75.
Haverá graus de punição para os incrédulos, uma vez que haverá graus de recompensa
para os crentes (Mateus 11:21-26; Romanos 2:11-16). Veja a pergunta 169. Este será o
julgamento final. Não haverá "Corte de Apelação." Após este julgamento, "a morte e o
inferno serão lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte" (Apocalipse 20:14-15;
21:8).
Tal cena deve preencher cada pessoa não convertida com um sentido terrível de
pavor. A face do Soberano Juiz, o glorificado Senhor Jesus Cristo, a quem todo o
julgamento foi comissionado, será tão terrível que "a terra e o céu fugiram; e não se
achou lugar para eles" (Apocalipse 20:11). "Os mortos, grandes e pequenos," aqueles
que permaneceram impenitentes e rebeldes em suas vidas terrenas, devem todos ser
total e eternamente condenados. Pilatos, diante de quem nosso Senhor uma vez esteve,
estará diante dele condenado, como estarão os sacerdotes e os líderes que o entregou
para ser crucificado. Os criminosos de todos os tipos estarão lá. Os transgressores e
profanos também Políticos, presidentes, reis, conquistadores, generais, ditadores,
331
filósofos, cientistas, médicos, educadores, filantropos - os grandes homens da terra estarão lá, ressuscitados dentre os mortos e das tormentas do inferno, para estar no juízo
final e ser totalmente condenados para sempre por seus pecados pessoais e de acordo
com a posição deles em suas vidas terrenas. Papas, padres, pastores e ministros não
convertidos e muitos líderes religiosos estarão diante do Filho de Deus condenados
(Mateus 7:21-23). Então ficarão diante da terrível face do Senhor Soberano e Juiz dos
pequenos povos da terra, dos insignificantes, dos pobres, dos pagãos, dos desterrados todos condenados por suas próprias obras e desprovidos da justiça imputada do Senhor
Jesus recebida por fé. Tal realidade deve levar os crentes a um intenso sentimento de
gratidão renovado pela graça livre e soberana de Deus que os salva de si mesmos e dos
seus próprios pecado, para uma renovada determinação de viver em obediência à
Palavra escrita de Deus, e à uma consciência renovada da urgência da promulgação do
evangelho (1 Timóteo 1:15). Por que você acredita que não estará neste terrível juízo
para condenação?
172ª Pergunta - O que as Escrituras ensinam sobre o estado eterno?
Resposta - O estado eterno dos ímpios será um de eterna punição. O estado eterno
dos justos será um de alegria eterna, para sempre com o Senhor nos novos céus e na
nova terra.
Apocalipse 20:14-15. 14”E a morte e o inferno foram lançados no lago de
fogo. Esta é a segunda morte. 15E aquele que não foi achado escrito no livro da
vida foi lançado no lago de fogo.”
2 Pedro 3:13. “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e
nova terra, em que habita a justiça.”
Veja também: Salmos 102:25–27; Isaías 65:17; 66:22; Daniel 12:2–3;
Mateus 3:12; 5:5; 8:11–12; 13:41–43, 49–50; 18:8–9; 19:27–30; 25:46; Marcos
9:42–49; Lucas 3:17; Atos 3:21; Romanos 8:19–21; 2 Tessalonicenses 1:7–10;
Hebreus 1:8–12; 12:26–28; Apocalipse 14:9–11; 20:11–5; 21:1–5,8.
COMENTÁRIO
Algumas verdades reveladas são agradáveis; outras são extremamente solenes. A
verdade sobre o estado eterno é tanto agradável quanto solene. A incapacidade de
nossas mentes finitas para compreender o estado eterno, de julgamento ou de felicidade,
nunca deve levar-nos a abster-nos de sua contemplação. É uma parte essencial das
Escrituras em geral e da profecia em particular.
O estado eterno dos não salvos é uma realidade horrível. Nós devemos estremecer
ao ler a verdade escriturística, ou sequer pensar no o castigo eterno! O pecado contra um
Ser infinito exige uma penalidade infinita. Nisto reside a terrível realidade de um
inferno eterno. É o lugar da exclusão de tudo o que é santo, justo, bom, abençoado,
tranquilo e alegre. É um lugar de tormento absoluto e eterno sofrimento. Neste local
estarão o diabo, os anjos caídos e todos os incrédulos que morrerem em seus pecados. A
realidade da felicidade eterna, pela revelação Divina e por contraste, é
332
indescritivelmente gloriosa! Mesmo a antecipação de tal realidade deve preencher a
mente e a alma de glória inexprimível. "Em que vós grandemente vos alegrais ...
alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas" (1 Pedro 1:6,9).
O estado eterno da criação renovada "em que habita a justiça" (2 Pedro 3:13) será
a completa restauração do universo da maldição, dos efeitos e da própria presença do
pecado . Os justos serão final e totalmente conformados à imagem do Filho de Deus; a
redenção deles estará completa. A própria criação será liberada da carga colocada sobre
ela por causa da realidade e dos efeitos da queda. A humanidade redimida será
glorificada para sempre (Romanos 8:18-23). Os ímpios estarão excluídos no tormento
eterno, e os justos habitarão a nova criação (Apocalipse 21-22). "Depois virá o fim,
quando Cristo tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo
o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a
todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é
a morte" (1 Coríntios 15:24-26). Qual é a sua expectativa? Você tem confiança pela
Palavra de Deus que a sua esperança de salvação eterna repousa no Senhor Jesus Cristo?