Pela renovação de nossa mente.

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Pela renovação de nossa mente.
Pensar
Pela renovação de nossa mente.
número 9•agosto/2014
2
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Adore
até o fim!
Adorar até o fim de meus dias. Adorar até o fim da humanidade sob este céu
e nesta terra. Adorar por todos os tempos sob novos céus e sobre nova terra.
Graça de Deus em minha vida. Possibilidade disponibilizada por Deus a todos
os homens até a consumação dos séculos. Privilégio eterno concedido a todos os eleitos de Deus.
Aguardamos o tempo em que nossa adoração será em plenitude, face a face
com o Pai, na comunhão com todos os santos de todos os lugares e de todos
os tempos; a parousia, a segunda vinda de Cristo, nos habilitará a esta adoração. E enquanto aguardamos, o que fazer? Russell Shedd, em seu livro Escatologia do Novo Testamento, nos ajuda: “Nossa prioridade, enquanto esperamos
o dia em que ele virá, deve ser de servir, não de recolher-nos isoladamente,
afastando-nos de atividades normais da vida como um monge medieval. Viver
servindo como Cristo serviu, dentro do mundo como sal e luz, é a vontade
de Deus revelada na Bíblia (At 10.38). Aguardar a vinda implica na santificação
da igreja de Cristo. Por isso o ministério da Palavra apresenta o que deve ser
contrariado e afastado dos filhos de Deus (Tito 2.12)” (p. 45).
Organizada em 25 de dezembro de 1918.
Horários:
Domingos:
EBD - 8h, 9h15
Cultos - 9h15, 11h e 19h
Terças:
Cultos de Oração 6h30 e 14h
Quartas:
Quartas de Vida Plena, 19h30
MISSÃO
Chamados para Transformar Vidas
VISÃO
Ser uma família que celebra a vida com
Cristo, que compartilha o amor de Deus
e vive para fazer diferença no mundo
em que está.
VALORES
Alegria, Amor, Comunhão, Discipulado,
Fé, Hospitalidade, Humildade,
Integridade, Maturidade, Palavra,
Serviço
Ouvimos o chamado ao serviço, à ação, e convidamos os leitores a caminharmos juntos. Convidamos você ao refletir que mobiliza para a ação em suas
múltiplas possibilidades. Adorar até o fim em santidade pessoal, os desafios e
as ferramentas para viver o processo de santificação sem a qual ninguém verá
o Senhor. Adorar até o fim na proclamação da Palavra até os confins da terra,
ação que abrevia a vinda de Cristo. Adorar até o fim no cuidado dos santos,
para que não haja necessitado algum na igreja de Cristo. Adorar até o fim
na ação social, mostrando misericórdia aos de fora. Adorar até o fim como
discípulo, tendo clareza quanto ao custo do discipulado. Adorar até o fim em
fidelidade, na plena convicção de que tudo que temos pertence ao Senhor.
Adorar até o fim em justiça, sendo a voz profética em nosso tempo. Adorar até
o fim como testemunha, tornando público as obras de Deus em nossas vidas
ao que convivem conosco. Adorar até o fim em família, vivendo a fidelidade
conjugal e saudáveis relações parentais. Adorar até o fim enquanto na juventude. Adorar até o fim na velhice, ver a vida como um processo de frutificação.
Adorar até o fim no sofrimento, as adversidades vistas como possibilidades de
crescimento. Adorar até o fim em comunhão, enfrentar e vencer os conflitos
da vida em comunidade eclesiástica. Adorar até o fim em amor, expressão
maior da vida cristã.
O Adore 2014 remete-nos ao estudo escatológico; que a cada encontro estejamos conscientes das palavras de Russell Shedd: “a escatologia não tem
a missão principal de responder às perguntas suscitadas pela nossa curiosidade, mas sim de incentivar nossa responsabilidade para ouvir os imperativos e ‘guardar as palavras da profecia’. Cristo vem sem demora (Ap 22.7-12).
Não cabe aos homens saber quando, mas apenas agir como bons servos que
aguardam a chegada do seu mestre” (p. 88).
_ Certamente, venho sem demora.
_ Amém! Vem, Senhor Jesus!
Pedro Jorge de Souza Farias
Ministro de Ensino e Discipulado
3
Adore até o fim, mesmo na velhice
A palavra adoração aparece 278 vezes no AT, sendo
a palavra shachah (pronuncia-se xarrá) a mais usada.
Adorar (shachah) significa: curvar-se em adoração,
inclinar-se para baixo, fazer homenagem, ajoelhar-se
em reverência a, deitar-se, prostrar-se, adorar etc.
Abraão foi o primeiro a citar adoração na Bíblia. “...
Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós.”
(Gn 22,5). Decidido a obedecer à ordem recebida do
Senhor, ele levou o seu próprio filho para ser sacrificado. Abraão reconhecia a autoridade e a soberania
do Senhor sobre qualquer pessoa ou circunstância;
por isso, apesar de a ordem ser “oferece-o ali em
holocausto” (Gn 22,2), Abraão declara “... iremos ... e
havendo adorado, tornaremos ...”. Ele não disse “e havendo sacrificado, tornaremos”, mas, sim, “havendo
adorado”. O sacrifício, em si, não era a adoração, mas
fazia parte dela.
A confiança de Abraão no Senhor era tanta que ele
foi capaz de afirmar “tornaremos”, no plural. “Pela fé
ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim,
aquele que recebera as promessas ofereceu o seu
unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a
tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar;” (Hebreus
11,17-18). Segundo essa carta, Abraão: 1) confiava na
promessa que lhe fora feita pelo Senhor; 2) sabia que
Deus tinha poder até mesmo sobre a morte, por isso,
não havia dúvida em seu coração quanto a oferecer
a vida de seu filho em sacrifício a alguém tão justo e
poderoso.
Das 100 palavras traduzidas como adoração no Novo
Testamento, mais de 60% delas têm a sua origem em
proskuneó (pronuncia-se proscuneo), cujo significado é: beijar o chão, prostrar-se diante de um superior,
adoração, pronto “para cair / prostrar-se a adorar de
joelhos”, fazer uma reverência, metaforicamente “o
beija-terra”. Adorar (proskuneó) sugere a vontade de
fazer todos os gestos físicos necessários de reverência.
Nas palavras de Jesus, segundo o Evangelho de João,
“Deus é Espírito, e importa que os seus adoradores o
adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4,24). Jesus
está explicando à mulher samaritana que a adoração
a Deus não está ligada a um local porque Deus não
se faz presente em lugares ou construções feitas por
mãos humanas, seja no monte, em Samaria, ou no
templo, em Jerusalém. “... nem neste monte nem em
Jerusalém adorareis o Pai.” (João 4,21).
Para Jesus, a adoração também não está na liturgia
ou nos ritos dos cultos. “Mas a hora vem, e agora é,
em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que
assim o adorem.” (Jo 4,23) A expressão “verdadeiros
adoradores” sugere haver adoradores não verdadeiros. Isto é, o servo se curva (em adoração) diante do
seu Senhor, mas o curvar-se, símbolo de submissão,
é consequência de um coração submisso daquele
que adora.
Ora, Deus é espírito, portando a verdadeira adoração
vem do espírito, ou da alma, do adorador. (Jo 4,25).
“A verdadeira adoração deve ser espiritual” (Charles J.
Ellicott), porque a “espiritualidade da natureza divina
está fundamentada à necessidade da espiritualidade
do culto ... a adoração ... deve participar de sua natureza: como sua natureza é espiritual, sua adoração,
para ser aceitável, deve ser também espiritual”. (Joseph Benson). Ou, nas palavras de Matthew Henry:
“O espírito ou a alma do homem, influenciada pelo
Espírito Santo, deve adorar a Deus e ter comunhão
com ele”.
Seja no Antigo ou no Novo Testamento, o ato de
adorar vai muito além da manifestação externa de
prostrar-se e de colocar o rosto no pó. O ato é, na
realidade, uma reação natural de quem reconhece
a autoridade do Senhor e submete-se a ela. O cair
de joelhos revela o desejo, do servo, de humilhar-se
diante daquele que tem todo poder sobre si, o seu
Senhor.
Resumindo: adoração envolve três elementos. 1) O
adorado; 2) O adorador; 3) A forma de adorar. Desses
três elementos, o terceiro é o menos relevante. Deus
deve ser adorado pelo que ele é. O adorador deve
adorá-lo porque reconhece e se submete àquele a
quem adora. O cair de joelhos é consequência do
primeiro (Deus) sobre o segundo (o homem). Se, por
outro lado, este não se submete àquele ou não o reconhece como soberano não há adoração genuína.
Abrão adorou porque confiou no poder de Deus.
Moisés adorou porque não podia contemplar a glória do Senhor (Êx 3,6). Simeão adorou porque viu a
promessa de Deus se cumprir na pessoa do menino
Jesus (Lc 2,29-30). Tomé foi o primeiro a reconhecer
ser Jesus, Deus. “E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor* meu, e Deus meu!” (João 20,28). Finalmente,
segundo a revelação dada a João, no dia do reencontro com o Senhor Jesus “os vinte e quatro anciãos, e
os quatro animais, prostraram-se e adoraram a Deus”.
(Ap 19,4).
Conclusão: A adoração cristã, dos verdadeiros adoradores, faz parte da nova vida em Cristo. Começa no
dia em que o redimido encontra com seu Redentor,
Jesus, permanece durante toda a vida terrena e prossegue por toda eternidade.
Leonardo Gonçalves Martins
* Κúrios(pronuncia-se Kírios): aquele a quem uma
pessoa ou coisa pertence, sobre o qual ele tem o poder de decisão.
** As palavras presentes no texto original foram
transliteradas.
4
Adore até o fim, e até os
confins da terra
Adorar já é em si mesmo uma questão muito controversa. Que diremos de: fazê-lo “até o fim”. E, para aumentar a crise, “proclamando até os confins da terra”!
Creio que, antes de qualquer comentário, precisamos
esclarecer mais o assunto adorar. E não podemos dissecar tal assunto sem primeiro, se quisermos ser bíblicos, procurar o entendimento nos textos sagrados
dela, a Bíblia! E em suas bases nas línguas de origem.
Quando observamos tal significado no Velho Testamento, vemos o seguinte em relação ao conceito de
adorar e suas designações: no texto de Gn 22:5 o verbo adorar escreve-se – shachah (hebraico transliterado) – e quer dizer: 1) inclinar-se, 1a) inclinar-se, 1b)
deprimir (fig.), 1c) - 1c1) inclinar-se, prostrar-se; 1c1a)
diante de superior em deferência; 1c1b) diante de
Deus em adoração. Vemos muitos textos e em todos
só existem dois significados, que são similares. Por
este motivo, trouxemos dois exemplos. O primeiro já
vimos e o segundo, escolhemos no livro de Dn 3:12 cagid (aramaico transliterado) - 1) prostrar-se, prestar
homenagem, adorar; 1a) (Peal) prestar homenagem.
No Novo Testamento o significado é um pouco mais
completo, amplo e de uma profundidade ainda maior.
Mt 15:9 - σεβομαι - sebomai - 1) reverenciar, adorar.
E, em João 4:24 (Deus é Espírito, e por isso os que o
adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade), o
significado explode de conceitos e responsabilidades.
É aqui que tal chamado se torna ainda mais latente. O
chamado ao estado servil. Tanto em João como em
Ap 11:1 o significado é mesmo - προσκυνεω - proskuneo - (significando beijar, como um cachorro que
lambe a mão de seu mestre); 1) beijar a mão de alguém, em sinal de reverência, 2) entre os orientais,
esp. persas, cair de joelhos e tocar o chão com a testa
como uma expressão de profunda reverência, 3) no
NT, pelo ajoelhar-se ou prostrar-se, prestar homenagem ou reverência a alguém, seja para expressar
respeito ou para suplicar; 3a) usado para reverência
a pessoas e seres de posição superior. No dicionário
bíblico da editora Vida Nova, o mesmo tom dá a direção, de que o estado de adoração é um estado servil.
Uma condição assumida de servo.
Agora, partindo deste pressuposto de servo e de atitude servil, podemos dizer, como disse Paulo em Gl
2:20: – “Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é
quem vive em mim. E esta vida que vivo agora, eu a
vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se deu
a si mesmo por mim”.
Ora, vejamos, como cristãos, todos somos convencidos do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8). Ou seja,
todos os que nos autoproclamamos cristãos temos
vívido em nós o Espirito Santo de Deus. Conquanto, tal presença que nos invade faz de nós servos de
Cristo Jesus. Como poderíamos então não viver em
adoração servil, e não fazer aquilo pelo qual ou para
o qual fomos revestidos de seu Espírito? Poderíamos
nos negar ao chamado para o qual fomos chamados,
o chamado a TESTEMUNHAR!?!? Claro que não! Pois,
se assim o for, e ficarmos fora deste estado de serviço, estaremos fora da condição sine qua non para o
qual Deus nos chamou, sermos servos de Deus pai e
do próximo, como nós gostaríamos que fossem de
nós! Aqueles que levam, em um mundo desesperançado, a esperança! A um mudo desafeto, carinho
e atenção. Um ombro para se chorar e um ouvido
para ouvir. Boca para falar: “há alguém que te ama”! E
eu também te amo! Não é este o legado que nos foi
imposto em At 1:8, “Porém, quando o Espírito Santo
descer sobre vocês, vocês receberão poder e serão
minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até nos lugares mais distantes da
terra”. Sim, não foi este o legado que nos foi outorgado?
O Espirito já desceu sobre nós, ao nos convencer do
pecado e da justiça. Ele já nos deu vida. E vida abundante para testemunharmos até o fim. Pois é sob este
aspecto que somos mais que vencedores (Rm 8:3139), o de servos e suas testemunhas até o fim! O de
adorarmos até o fim! O de servirmos até o fim. Sim!
Isto é que é ser um adorador.
Mas que isto, se vivermos uma adoração testemunhada, e um testemunho adorador, seremos os adoradores que Deus procura. Os adoradores em espirito
e em verdade. Com nossas vidas, com os nossos atos,
com nossas palavras e com o nosso silêncio! Quer
andando, quer parados! Quer aqui ou acolá! Quer
orando ou quer cantando! Não importa, a adoração
fará parte da essência de nossas vidas! Do fôlego que
há em nós! Do ar que respiramos!
Assim, adoremos ao Senhor! Por onde quer que andemos, adoremos ao Senhor! O que quer que vivamos, adoremos ao Senhor! Sim! Sempre! A tempo e a
fora de tempo, adoremos ao Senhor!
Pr. Fernando Leiros
5
Antes do fim, o hiato!
Hiato se refere ao encontro de duas vogais que pertencem a sílabas diferentes (veja: sa-ú-de). Temos assim um intervalo entre as vogais; isso nos possibilita
usarmos a palavra ‘hiato’ para identificar um intervalo
de tempo entre eventos: as Olimpíadas acontecem
com um hiato de quatro anos. Estamos nos preparando para o Adore 2014; nosso tema: Adore até o
fim. O tema pressupõe o nosso começo, o desenrolar
de nossa história e o fim. Nosso começo se apresenta
em Deus Criador; fomos criados para o louvor de Sua
glória, para um relacionamento de amor, intimidade,
entrega. Nossa história pessoal e comunitária é marcada pelo pecado, pela rejeição ao plano de Deus,
pela obra salvífica em Cristo Jesus. Nosso fim anuncia-se em duas chegadas: céu ou inferno, salvação
ou condenação, presença ou ausência do Deus Trino.
Eu e você estamos no intervalo entre o começo e o
fim da história humana, e somos convocados a um
estilo de vida de adoração até o fim. Seja em nossa
história pessoal, seja em nossa história como igreja
de Cristo – adorar até o fim. Nossas classes de EBD
exploram o tema do fim, não por curiosidade do
que irá acontecer, antes sob a perspectiva de como
devemos nos portar até lá, até o fim. Como leitura
adicional, indico a obra de Eugene Peterson, Trovão
inverso: o livro do apocalipse e a oração imaginativa,
da qual segue a citação:
“Gente que vive pela fé tem a sensação aguda de viver num hiato. Cremos que Deus é o início de tudo
e que estará no final de toda vida – segundo o conhecido epigrama de João, ele é ‘o Alfa e o Ômega’
(Apocalipse 1.8). Costumamos assumir que o início
foi bom (‘E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo
havia ficado muito bom’ – Gênesis 1.31). Também há
concordância quanto a um final bom (‘Vi novos céus
e nova terra’ – Apocalipse 21.1). Isso deveria garantir que tudo que está no meio será bom, mas não
é assim. Pelos menos não da forma como gostaríamos. Sempre nos surpreendemos, pois esperamos
bondade ininterrupta, mas temos rejeição pelos pais,
perseguição pelo governo, divórcio, discriminação
por parte da sociedade, mágoa causada por desinteresse alheio. Tudo isso acontece em uma vida que
foi criada muito boa e que terminará segundo o plano de Deus. Entre o começo que cremos, mas não
lembramos, e o final que esperamos, mas que não
conseguimos imaginar, existem decepções, contradições, absurdos sem explicações, paradoxos – numa
inversão de expectativas em cada um deles” (p. 31).
Sim, aqui estamos. Chamados à adoração enquanto
causadores e vítimas de decepções, frustrações, mágoas, contradições – seja em nossa história pessoal,
nossa história enquanto igreja local, nossa história
enquanto igreja geral. Inversão de expectativas, inversão de valores. As coisas que acontecem no hiato
não são boas, o mundo jaz no maligno; tantas vezes
nos parece que os atos de bondade e misericórdia
da Igreja de Cristo são como gotas de água, saciadoras e refrescantes num oceano de carências afetivas,
sociais, físicas, espirituais. Tempo, nosso tempo, de
meditação, oração e ação: nossa lecto divina. Alguns
instrumentos estão à disposição: nossas classes, revistas, nosso boletim, nosso PENSAR, nosso site, os
cultos que prestamos, o livro indicado, o Adore até
o fim! Instrumentos não são o fim, são meios para
lá chegarmos a contento; que sejamos sábios para
chegarmos ao fim como adoradores em Espírito e
em verdade!
Pedro Jorge, Pr
6
Adorar até o fim em fidelidade
Ser fiel sempre foi um dos maiores desafios do ser
humano em todos os tempos, lugares e culturas.
Herdamos dos nossos antepassados que viviam no
Éden o hábito de não obedecer. Se Adão e Eva tivessem sido fiéis, tudo seria diferente e o mundo seria
outro. Todavia, o Criador não abandonou os infiéis e
gradativamente se revelava mostrando que é possível
caminhar em fidelidade apesar dos nossos pecados.
Encontramos nas Sagradas Escrituras exemplos de
homens e mulheres que foram obedientes e cumpriram a vontade de Deus abençoando o mundo à
sua volta.
Porém, quando pensamos profundamente sobre fidelidade, só me vem um nome à mente: JESUS CRISTO.
O Filho de Deus, o Verbo Encarnado, o Messias, o Salvador, o Libertador. Enfim, O FIEL. Esse, sem dúvida,
poderia ser mais um dos nomes do Emanuel - o Deus
Conosco. A Palavra de Deus nos diz que Ele foi fiel até
a morte e morte de cruz. Se não fosse por isso jamais
encontraríamos Deus na Eternidade. Quando lemos
os Evangelhos somos desafiados a viver segundo os
padrões do Reino criado para os fiéis. Homens e mulheres de todos os lugares, raças e culturas, que ao
serem lavados e remidos pelo sangue precioso de
Jesus caminhariam em fidelidade e amor.
Mas, como a fidelidade primeiro vem do Céu, Jesus
mandou o Espírito Santo para habitar em nós, ensinando-nos o caminho da verdade e produzindo
frutos que honram a Deus, nos santificam e abençoam o próximo. Fidelidade é um adjetivo, uma característica, uma qualidade daquele que tem fé. Ter fé
também significa transferir para outro aquilo que não
temos competência para fazer. Por isso, procuramos
um médico quando estamos doentes; um advogado
quando queremos justiça, um professor quando precisamos aprender. Confiamos em Jesus, pois só Ele
tem competência para salvar o pecador levando-o
para o Céu em fidelidade.
Vivemos os últimos dias aguardando a volta de Cristo, crendo que o fim está próximo e tudo acabará.
Entretanto, temos a promessa Daquele que é Fiel, e
tudo se renovará. O mundo à nossa volta está cada
vez mais tenebroso, evidenciando a volta do Messias.
Infelizmente, um falso evangelho tem sido pregado e
muitos “crentes” estão mais terrenos, esquecendo que
somos estrangeiros e peregrinos. Temos uma dupla
cidadania, porém a celestial é a mais importante porque é Eterna. Num mundo cada vez mais hedonista
e relativista, é possível ser fiel? SIM - podemos. Como
homens e mulheres renascidos da Água e do Espírito
vivermos em contínua ADORAÇÃO, sendo maridos e
esposas fiéis aos nossos cônjuges; como pais e filhos
fiéis aos nossos parentes; como profissionais fieis à
vocação; como cidadãos fiéis à comunidade, e acima
de tudo como ELEITOS do DEUS VIVO. O evangelista
João, no capítulo 2, verso 10 do Apocalipse, registra
as palavras de Jesus quando diz:” Sê fiel até a morte,
e dar-te-ei a coroa da vida”. Todo aquele que é fiel é
um adorador. Então, ADORE!
Pr. Marcos Coelho
Ministério de Evangelização e Missões
7
Até o fim no
conhecimento da Palavra
O apóstolo Paulo percebe que seu tempo de vida neste mundo se aproxima do fim: “Está próximo o tempo
da minha partida” (2 Tm 4.6). Nada de lamento, nada
de tristeza, nada de arrependimentos; o testemunho
de uma vida bem empregada a serviço do Reino de
Deus: “Combati o bom combate, terminei a corrida,
guardei a fé” (vs 7). Testemunha sua certeza de que o
fim que se aproxima é tão somente o fim do que é visível, fim do que é temporário; ele já vislumbra o eterno: “Agora me está reservada a coroa da justiça, que o
Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia” (vs 8). Paulo
está em cadeias, acorrentado a um soldado romano
e à morte; a consciência está serena quanto ao fato
de ter cumprido sua missão – pregar o evangelho
aos gentios! Poderia aguardar a morte chegar com
serenidade e passividade, nada mais a fazer, nenhum
compromisso a dar conta, nenhuma atividade a ser
realizada. A história de vida do apóstolo fora singular
demais para terminar assim, dinâmica demais para
terminar de forma passiva e improdutiva, rica demais
para terminar de forma pobre. A carta ao seu filho na
fé Timóteo está chegando ao fim, vem o pedido: “Procure vir logo ao meu encontro... traga os meus livros,
especialmente os pergaminhos” (vs 9 e 13)
Não sabemos o conteúdo dos livros e pergaminhos
solicitados por Paulo à Timóteo, mas com certeza
eram muito importantes para o apóstolo dos gentios.
Talvez partes ou comentários do Antigo Testamento; alguns conjecturam que seriam relatos sobre a
vida e ministério de Jesus, outros defendem a ideia
de que seriam cartas que o apóstolo teria recebido,
quem sabe documentos para a sua defesa. Não há
como precisar o conteúdo, eram importantes para
que o apóstolo solicitasse a Timóteo que se desviasse de seu caminho para Roma por cerca de 200 quilômetros para pegá-los. Paulo gostava de estudar;
seus conhecimentos o destacavam em sua geração:
“E no judaísmo eu ultrapassava a muitos da minha
idade entre meu povo, sendo extremamente zeloso
das tradições de meus antepassados” (Gl 1.14); entre
os discípulos: “Considerai como salvação a paciência
de nosso Senhor, assim como o nosso amado irmão
Paulo também vos escreveu, segundo a sabedoria
que lhe foi concedida, a exemplo do que faz em todas as suas cartas, falando acerca dessas coisas, nas
quais há pontos difíceis de entender, que os ignorantes e inconstantes distorcem” (2 Pe 3.15-16); e diante
de seus perseguidores: “Enquanto Paulo fazia deste modo a sua defesa, Festo disse em alta voz: Estás
louco, Paulo! As muitas letras te levaram à loucura!”
(At 26.24). Um homem culto, profundo conhecedor
das Escrituras, ao fim da vida e preso, deseja aprender
mais. Quão assustador é encontrarmos, hoje, cristãos
que afirmam que não participam de encontros de estudo bíblico por não terem mais nada a aprender na
companhia de seus irmãos em Cristo Jesus!
Um dos primeiros tradutores da Bíblia para o inglês
passou por experiência semelhante à do apóstolo
Paulo. William Tyandale (1492-1536), quando preso
em Vilvoorde por causa de sua fé, escreve: “Rogo a
V. As., e isso pelo Senhor Jesus, que se eu tiver de
permanecer aqui no inverno, que peça ao comissário
que seja tão bondoso comigo que me envie, entre
outras coisas que ele tem, uma capa mais quente...
sinto dolorosamente o frio em minha cabeça...pois
aquela que tenho é muito fina... ele tem uma camisa
de lã que me pertence, e se quiser, pode mandá-la.
Mas, acima de tudo... minha Bíblia em hebraico, a
gramática e o vocabulário, para que eu passe meu
tempo nessa atividade”1. Estudar, aprender e ensinar,
mesmo em situações adversas.
Essas experiências levam-me ao convite do sábio:
“Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel...
Que os ouçam também o sábio, para que aumente
seu conhecimento, e o que entende, para que adquira habilidade para compreender provérbios e parábolas, as palavras dos sábios e seus enigmas” (Pv 1.1,5).
O sábio hebreu anseia por conhecer cada vez mais,
até porque o conhecimento para ele é relacional. Conhecer a Deus não é conhecimento sobre Deus, é
relacionar-se com Yaweh. Conhecer o Outro não é
conhecimento sobre o Outro, é relacionar-se com o
Outro. Aqui repousa nosso maior pecado na questão
do conhecimento: conhecemos muito sobre coisas,
natureza, pessoas, Bíblia e Deus, e pouco nos relacionamos.
Seja a nossa canção até o fim: “Como amo a tua lei!
Ela é minha meditação o dia todo. (Sl 119.97).
Pedro Jorge, Pr.
1.Citado por CHAMPLIN, R. N. - O Novo Testamento Interpretado. São Paulo: Milenium,
1980, vol. 5, p. 406.
8
Adore até o fim, a responsabilidade
social da Igreja de Cristo
“Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive
sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e
vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês
me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de
mim; estive preso, e vocês me visitaram.”
Mateus 25:35-36
A Bíblia nos assegura que o Senhor Jesus sempre deu
especial atenção aos pobres, rejeitados, desprivilegiados, excluídos, oprimidos... Jesus, visivelmente, se
opôs à injustiça social.
A igreja do primeiro século demonstrara profunda
solidariedade aos necessitados, como registrado em
Atos 2: 44-47: "E todos os que criam estavam juntos,
e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada
um havia de mister. E, perseverando unânimes todos
os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam
juntos com alegria e singeleza de coração, Louvando
a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os
dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se
haviam de salvar."
Nesse contexto, um novo padrão surgira: o cuidado
com o irmão em Cristo. O REPARTIR, o SUPRIR se tornaram um imperativo que fluía com toda naturalidade, sinceridade e singeleza de coração. O SENHOR
Deus incumbiu seu povo de auxiliar os necessitados,
sobretudo alcançando os domésticos da fé.
A generosidade é um princípio que deve preencher
o coração alcançado pela graça de Deus; tal fundamento tem sua base em DAR e não em RETER recursos que poderão abençoar aquele que está necessitado."Porque, se há prontidão de vontade, será aceita
segundo o que qualquer tem, e não segundo o que
não tem. Mas, não digo isto para que os outros tenham alívio, e vós opressão, Mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta
dos outros, para que também a sua abundância supra
a vossa falta, e haja igualdade; Como está escrito: O
que muito colheu não teve demais; e o que pouco,
não teve de menos." 2 Coríntios 8:12-15
A igreja é um agente transformador. Comissionada
pelo SENHOR Deus, não deve comprometer sua vocação e mensagem - "viver o que prega" -; isto confere credibilidade e confiabilidade aos fiéis.
O SENHOR Jesus deseja alcançar todos os homens
(João 3:16) e o homem no seu todo; sendo assim,
não há como priorizar apenas um aspecto da totalidade do ser humano.
A igreja de Cristo é um organismo dinâmico, sempre objetivando alcançar suas metas. É bem verdade
que construímos a caminhada em parceria com o
SENHOR Deus; sendo assim, não podemos nos distanciar nem nos tornarmos indiferentes às carências
do próximo, sobretudo, acolhendo amorosamente os
domésticos da fé.
Cremos que a estratégia mais eficaz para o crescimento da igreja seja o amor efetivamente em ação.
A fé cristã está fundamentada em dois princípios do
grande mandamento:
"Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro
mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento
maior do que estes." Marcos 12:30-31
Na verdade, como podemos afirmar que amamos ao
nosso próximo, se desconsideramos as suas necessidades? A saber:
• Se, muitas vezes evitamos o contato com nosso irmão para não nos comprometermos com suas necessidades;
• Se, ignoramos os sentimentos e aflições do nosso
próximo?
Assim, muitas vezes vivemos a superficialidade da
vida cristã, ao passo que Deus nos convoca para um
mergulho na essência e profundidade do Seu amor. É
preciso disposição e desprendimento que nos remetam ao Serviço do Mestre.
A toalha e a bacia não são uma alegoria, vide João
13:4-5:
"assim, levantou-se da mesa, tirou sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura.
Depois disso, derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos seus discípulos, enxugando-os
com a toalha que estava em sua cintura."
Estes são recursos disponibilizados para "os chamados a servir" com humildade e compromisso. Diante das reais e inúmeras necessidades que envolvem
muitos irmãos, há poucas ações concretas de assistência. Falta-nos, muitas vezes, constância no propósito de atender às demandas dos irmãos.
Muitas vezes, em nossa zona de conforto (comodismo), nos tornamos pouco ousados no exercício da
misericórdia. É urgente que a igreja se mobilize para
que o discurso religioso e piedoso (eloquência verbal) se torne realidade e habite entre nós; assim se
cumprirá a palavra do SENHOR de Mateus 5:16:
"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens,
para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a
vosso Pai, que está nos céus."
Gilza Andrade
Ministério Diaconal
9
Até o fim mesmo em sofrimento
Sofrer, dura experiência humana. Situação que procuramos evitar ou minimizar a todo custo. Se o sofrimento é algo que podemos prever, estabelecemos
estratégias e caminhos para fugir da situação. Se o
sofrimento se instala sem pedir licença, queremos
amenizar com o que estiver ao nosso alcance: medicamentos, negação, companhia, afeto; em situações
extremas, alguns preferem a própria morte. Sofrer
tende a ser conjugado em seus aspectos negativos.
Mas pode ser visto com outros olhos. O sofrimento
é experiência universal, em algum momento de nossa vida a vivenciaremos. Sofreremos com a perda de
alguém querido. Sofreremos com o ganho de uma
enfermidade. Sofreremos com a frustração causada
por alguém. Sofreremos com nossas más escolhas.
Sofreremos com as más escolhas de nossos governantes. Enfim, sofremos. A questão, creio ser o que
faremos com o sofrimento. Compartilho com você
a fala de Mark Baker, em seu livro Como Deus cura a
dor: “Não é o fato de sofrer que nos torna uma pessoa melhor ou pior, mas aquilo que fazemos com o
sofrimento. Ele é apenas uma força que nos impele
– pode nos impelir de modo brusco ou chegar lentamente e permanecer durante um longo período de
tempo. Não podemos escolher o tipo de sofrimento
que vamos enfrentar na vida, mas podemos escolher
a direção que decidimos seguir” (p. 11).
Em sofrimento podemos decidir pelo caminho da
desesperança, entregar os pontos, desistir. Deus havia feito crescer uma aboboreira por cima de Jonas,
a sombra livrou-o do enfado e o relutante profeta se
alegra. No dia seguinte, Deus envia um bicho que
destrói a aboboreira, o sol bate forte sobre a cabeça de Jonas a ponto de ele desmaiar. O profeta se
desespera e fala: “Melhor me é morrer do que viver”.
Confrontado por Deus quanto à razoabilidade de sua
decisão, confrontado quanto à razão de sua fúria por
causa da morte da planta e perda do conforto, ele insiste: “Sim, tenho (razão)! E estou furioso ao ponto de
querer morrer” (Jn 4.3-9). O relato bíblico se encerra
com a resposta de Deus e não sabemos se o profeta
Jonas conseguiu adorar até o fim!
Em sofrimento, podemos decidir pelo caminho da
revolta, da reclamação, da insatisfação; o caminho
de Asafe. “Certamente foi-me inútil manter puro o
coração e lavar as mãos na inocência, pois o dia inteiro sou afligido, e todas as manhãs sou castigado”
(Sl 73.13-14). Imagine-se acordar todas as manhãs
em sofrimento e sabedor de que essa situação se estenderá por todo o seu dia. Você procura uma ‘razão
espiritual’ para o sofrimento e não encontra: dentro das limitações humanas, você se considera uma
boa pessoa, mesmo um bom cristão; não obstante,
o sofrimento teima em permanecer em sua vida. A
insatisfação é proclamada: inútil isso de ser boa pessoa, ser um bom cristão. Asafe também procurou
razões: “Quando tentei tudo isso, achei muito difícil
para mim” (Sl 73.16). Deus ouve a reclamação, acompanha a procura, revela o necessário, aguarda nova
resposta. Asafe muda sua atitude depois que ‘entra no
santuário de Deus’ (vs 17), aí então ele passa ‘a compreender’. Confessa sua amargura, inveja, insensatez
e ignorância (vs 21-22). O sofrimento pode continuar,
mas a atitude agora é outra: “O meu corpo e o meu
coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do
meu coração e a minha herança para sempre” (vs 26).
Adoração até o fim!
Em sofrimento, podemos escolher o caminho da
queixa. A nação de Judá sob a liderança de um rei
ambicioso, cruel e corrupto: reina a corrupção social
e apostasia. O povo será castigado pelos babilônios,
uma nação ainda mais iníqua que Judá. Habacuque
não entende o método de Yaweh e declara: “Ficarei
no meu posto de sentinela e tomarei posição sobre
a muralha, aguardarei para ver o que o Senhor me
dirá e que resposta terei à minha queixa” (Hc 2.1).
Como pode um ímpio causar sofrimento ao povo de
Deus e não acontecer nada com ele? Como pode a
igreja ser perseguida por um governo ateu, corrupto, iníquo? E como pode um país com esse governo
prosperar a cada dia? A igreja estaria sendo castigada? Mas, a igreja mereceria tal castigo? E mesmo que
merecesse, por que usar uma nação má e incrédula?
Não me parece justo eu sofrer pela ação de um incrédulo. Deus ouve a queixa de Habacuque, ouve a
minha queixa e ouve a sua queixa. Deus responde a
Habacuque, Deus me responde e Deus te responde.
O profeta ouve e decide: “Mesmo não florescendo
a figueira, e não havendo uvas nas videiras, mesmo
falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral,
nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no
Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação”
(Hc 3.17-18). O sofrimento pode permanecer, mas a
atitude é outra: adoração até o fim!
Temos um jeito singular de reagirmos ao sofrimento: um negará a situação, outro a supervalorizará; um
entregará os pontos, outro lutará com todas as suas
forças; um se queixará, outro aceitará sem questionamentos; um procurará razões, outro ficará confuso;
um se afastará do convívio social, outro se entregará
a excessivos relacionamentos. Respostas humanas,
simplesmente humanas. Haverá um fim! Serão trazidos novos céus e uma nova terra! Os crentes em
Cristo Jesus receberão um novo corpo e um novo
nome! Aquele que encerrará uma história e inaugurará uma nova proclama: “Eis que venho em breve!”
(Ap 22.7); ao que o apóstolo, em meio a sofrimento,
responde: “Amém. Vem, Senhor Jesus!” (vs 20).
Enquanto cristãos, adoremos até o nosso fim!
Enquanto Corpo de Cristo, adoremos até o fim!
Pedro Jorge, Pr.
10
Adorar até o fim
em Santidade pessoal
“O cristianismo que não for inteira e totalmente escatologia, não tem absolutamente nada que ver com
Cristo” (K.Barth)
Karl Barth parece ter sido iluminado quando teve
essa percepção! A escatologia (éschaton) é parte integrante e fundamental da Bíblia Sagrada, embora se
preste maior atenção a ela no livro de Apocalipse
(Revelação). Apocalipse é um livro que pega “carona”
no livro de Daniel – um dos livros mais fascinantes
e o mais mal compreendido da Bíblia - e, tem como
principal propósito ser um livro de denúncia profética
com vista a levar o povo à resistência. A sua espinha
dorsal encontra-se em
Revelação de Jesus Cristo: Deus lha concedeu para
que mostrasse aos seus servos as coisas que devem
acontecer muito em breve. Ele a manifestou com
sinais por meio de seu Anjo, enviado ao seu servo
João, o qual atesta tudo quanto viu como sendo a
palavra de Deus e o Testemunho de Jesus Cristo. Feliz o leitor e os ouvintes das palavras desta profecia,
se observarem o que está escrito, pois o Tempo está
próximo (Ap.1:1-3).
A realidade retratada pelo autor fica bastante evidente quando Jesus Cristo, na abertura dos 4 (quatro)
primeiros selos, demonstra que a história do povo de
Israel é marcada pela ganância, violência e exploração que levam à morte. Uma realidade que, com
algumas ressalvas, difere muito pouco da nossa realidade atual.
Para melhor entendimento faz-se necessária uma
pequena abordagem sobre o livro de Daniel.
Com o livro de Daniel irrompe de vez um novo gênero literário, o apocalíptico. Contudo, é Ezequiel,
o profeta do exílio, que firma as bases de um novo
modo de escrever. Daniel, Ezequiel e Apocalipse são
escritos de tempos difíceis. Eles surgem quando o
povo se encontra sob a exploração econômica, a
opressão política e a vigilância ideológica, esta última com influência direta sobre a cultura e a religião.
O gênero apocalíptico possui duas fontes básicas: a
profecia e a sabedoria. Entre os recursos empregados
pelo autor, os principais são a pseudonimia, a pre-datação, os sonhos, as visões, as imagens, as alegorias
e os números simbólicos. As alegorias são a principal
herança que os apocalipses receberam de Ezequiel.
Segundo alguns autores, o nome Daniel é um pseudônimo inspirado no lendário Danel citado por Ezequiel 14:14,20, ao lado de Noé e Jó. Danel significa
“Deus julga”, e Daniel quer dizer “Deus é meu juiz”.
Voltando o foco para o livro de Apocalipse, ele não é
um livro que só demonstra conflitos entre a profecia
e a sociedade injusta (cap.11); ele é um livro, também,
de celebração! Sim, ele celebra a grande vitória de
Cristo. A expressão “Aleluia”, que aparece quatro ve-
zes no texto compreendido no capítulo 19:1,3,4,6, é
um apelo insistente para celebrar duas coisas: a destruição da grande prostituta (19:1-5) e o surgimento
da esposa do Cordeiro (19:6-8). “O céu e a terra estão
unidos no mesmo louvor”.
A ênfase, então, irrompe: “é preciso resistir”! Porém,
fica muito claro que a resistência só é possível quando buscamos forças em Cristo Jesus, através da fé
que suscita a esperança. É preciso adorá-lo em santidade porque “Deus procura os que o adoram em espírito e em verdade” (Jo 4:24). Fomos criados para a
sua adoração! E hoje é o tempo de se adorar a Deus.
Por sua Santidade, por sua Majestade e pelo Amor
que demonstrou por nós no Calvário. Seria isso uma
espécie de obrigação moral? Sim, pois pertencemos
a Ele de uma maneira integral, ou seja, pela criação,
pela redenção e, pela habitação (Gênesis 1:27; I Pedro
1:18,19; I Coríntios 6:19).
Como podemos adorar a Deus? Que tipo de sacrifício podemos fazer para adorá-lo? Nenhum sacrifício
seria suficiente o bastante. Para adorá-lo basta que
tenhamos em mente o sentimento de gratidão. Não
só por Ele ter morrido em nosso lugar, mas por sua
Graça em nós! A Graça que se traduz no relacionamento de Deus com o seu povo, evidenciada desde
o jardim do Éden, passando pela libertação do povo
no Egito até a chegada à terra prometida.
Quando estamos adorando os nossos olhos estão
voltados para o alto, nossos pensamentos estão centrados na Cruz, o nosso espírito encontra-se em êxtase. Nada existe ao nosso redor, a nossa memória
está apagada para o mundo. A isto alguns chamam
de fé contemplativa.
É preciso fazer uso da kenosis (Fp 2:5-7), ou seja, assim como Ele, esvaziarmo-nos e deixar que o seu Espírito preencha o nosso interior e que a sua Luz possa nos guiar para Ele. ADORAI “...aquele que fez o céu,
a terra, o mar e as fontes das águas. Sim, “vinde, adoremos e prostremo-nos, ajoelhados diante do Senhor
que nos criou, pois ele é o nosso Deus...” (Ap.14:7b; Sl
95:6,7). Adoremos até o fim em santidade!
Até breve, quando estaremos juntos para estudarmos
os livros de Ezequiel e de Daniel em nossa Escola Bíblica.
Edson de Azevedo Ferreira
Professor na EBD
11
Adore até o fim em família
Você sabe o verdadeiro significado da ADORAÇÃO?
Adorar é preencher todo o nosso coração e mente
com o que Deus quer para nós. É poder cantar de coração, e cantar sentindo que tudo o que é bom, puro
e relevante para o nosso crescimento intelectual, físico e espiritual está em consonância com a vontade de Deus para nossas vidas, e consequentemente,
para a vida de toda a nossa família.
A palavra hebraica “Shachah”, muito usada no
Antigo testamento, significa adorar profundamente,
curvar-se, inclinar-se, fazer reverência, prostrar-se
(Levítico 9:24). Já no Novo Testamento, a palavra
“Proskuneo”, significa beijar a mão em reverência,
ajoelhar-se. Daí, o ADORAR para nós, cristãos, tem
um significado espiritual importantíssimo.
Encontramos em diversas passagens o carinho com
que o povo de Deus O adora, mas no Salmo 50 temos
uma das mais puras e verdadeiras explicações do que
significa a Adoração. Adorar é ter a fé inabalada nas
escrituras, é saber que Ele tudo criou e em tudo está
presente. É louvar com a convicção de que Ele está
conosco a todo instante, e que virá buscar a nós, o
seu povo. É sabermos que precisamos Dele, e apesar
de nos amar muito, Ele não precisa de nada nosso,
como lemos no mesmo Salmo, nos versículos 9 a 13.
Saber que Ele nos orienta, e que a nossa ADORAÇÃO
é o nosso sacrifício de gratidão, o reconhecimento, e
a certeza de que Ele é o nosso socorro bem presente,
conforme está escrito nos versículos 14 e 15.
É, amado(ª), eu que também lido com o louvor, tenho ouvido louvores tão profundos..., com letras tão
fortes. Todos nós observamos igrejas espalhadas pelo
mundo todo cantando em uma só voz, ADORANDO
a Deus, mas, reflitamos, será que tem sido da boca
para fora? Quando cantamos que “daríamos a nossa
vida...”, “daríamos tudo o que temos...”, ou, “usa-nos
conforme o teu querer, Senhor...”, deixamos isso realmente ser uma verdade em nós?
Existe uma diferença muito grande entre o cantar
e o adorar. Se entendemos o que significa “Adorar”,
podemos entender que muitas das vezes, na música
secular, estamos adorando ao inimigo de nossas almas, ou simplesmente o convocando para entrar em
nossas vidas, não é mesmo?
Certa vez, no trânsito, emparelhei o meu carro ao
lado de outro ocupado por uma família inteira, composta inclusive por crianças. Para minha tristeza, todos cantavam um funk pesado, de letra baixa e horrível. Perdoem-me, mas não gosto de funk. Todos
cantavam com tanta força, sorrisos, gestos fortes e
disposição que pude perceber que a letra entoada era
normal no seio daquela família. Fazia parte da cultura
deles, e bem sabemos que o inimigo veio para matar,
roubar e destruir (João 10:10), logo, estava fazendo o
seu trabalho naquelas vidas.
Vamos refletir sobre uma coisa? Da mesma forma que adoramos a Deus, o qual servimos, existem
pessoas que, com esclarecimento ou não, adoram
a satanás com toda a lascívia, erotização, influência
maligna para atos errados, e muito mais. Até para
cantarmos algumas músicas que achamos bonitinhas no mercado secular precisamos estar atentos
ao tipo de apologia oculta que ela carrega. Sejamos
adoradores de verdade. Que influenciemos a todos
com a verdadeira adoração.
“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade;
porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus
é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem
em espírito e em verdade.” João 4:23-24
Conduzamos a nossa família para a verdadeira ADORAÇÃO, fiquem na Paz...
Wagner Mansur.
12
ADORE até o fim com
expressões de louvor
“Que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro,
que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças”.
Apocalipse 5:12
Utilizar as artes como expressão de adoração ao Senhor tem sido uma realidade nas igrejas. Cremos que
Deus nos deu dons e esses devem ser usados no seu
Reino para edificação e crescimento. O livro “O compromisso do Cairo”, fruto das reflexões do Congresso
de Lausanne sobre Evangelização Mundial, no ano de
2010, afirma que a arte é “parte integral do que fazemos como humanos e pode refletir algo da beleza
de Deus”. E essa é a nossa visão, glorificar o nome do
Senhor e refletir a beleza e grandeza do seu nome
através da arte, seja o canto, a dança, o teatro.
Existem diferentes formas de adoração a Deus e todas elas devem vir do coração, pois sabemos que o
Senhor busca verdadeiros adoradores, que O adorem
em Espírito e em verdade. Fomos criados pelo Senhor e somos dEle, como obra de suas mãos fomos
moldados segundo Sua soberana vontade, como filhos dEle somos guiados pelo seu querer; por isso,
quando Ele planta sonhos em nossos corações, Ele
mesmo nos direciona no cumprimento de cada um.
Quando Ele nos inspira e coloca o desejo de adorá-lO
com expressões de arte, creio que venha do coração
dEle, pois a Bíblia é clara ao dizer que até o desejo de
adorar vem dEle.
Adoração é para Deus, “porque dEle, por Ele e para
Ele são TODAS as coisas” (Rm 11.36). Se a adoração
é para Deus e somos inspirados por Ele para isso,
logo, as expressões de adoração podem ser diferentes, saindo do coração de cada filho. Algumas de suas
formas de adoração podem ser o canto, as palmas, o
tocar de um instrumento musical, a pintura, a dança,
o silêncio. Ações que brotam e jorram dos corações
de filhos dispostos a usar tudo que o seu Pai deu para
adorá-lo, fazendo convergir para Ele TODAS as coisas. Ao homem não cabe julgar a forma de adoração,
cabe glorificar a Deus na intimidade de seu relacionamento com Ele, porque ao Pai cabe o sondar do
coração.
O Senhor olha o coração e, se o nosso coração está
com o Senhor, sabendo da grandeza de sua existência, reconhecendo a magnitude da soberania e majestade, vislumbrando o dia em que O veremos face a
face e cantaremos com o coral de anjos, então adore
ao Senhor. Adore com o coração, adore de coração!
Adore até o fim com o dom que o Senhor Teu Deus
te deu!
Lívia Farias
Professora na EBD

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