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SUMÁRIO
Lista de ilustrações ............................................................ xi
Prefácio por W.Y. Evans-Wentz ......................................... xv
Introdução .......................................................................... xvii
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Meus Pais e Minha Infância ........................................ 3
A Morte de Minha Mãe e o Amuleto Místico ............ 18
O Santo de Dois Corpos .............................................. 27
Minha Fuga Interrompida Rumo ao Himalaia............ 35
Um “Santo dos Perfumes” Exibe Seus Prodígios ...... 52
O Swami Tigre ............................................................. 62
O Santo Que Levita...................................................... 73
Jagadis Chandra Bose, Grande Cientista da Índia ...... 81
O Devoto Bem-Aventurado e Seu Romance
Cósmico ........................................................................ 92
10. Encontro Meu Mestre, Sri Yukteswar ......................... 103
11. Dois Jovens Sem Dinheiro em Brindaban .................. 119
12. Anos no Eremitério de Meu Mestre ............................ 131
13. O Santo Que Não Dorme............................................. 168
14. Uma Experiência em Consciência Cósmica ............... 177
15. O Roubo da Couve-Flor............................................... 187
16. Mais Esperto Que os Astros ........................................ 200
17. Sasi e as Três Safiras .................................................... 214
18. Um Muçulmano Autor de Prodígios ........................... 223
19. Meu Mestre, em Calcutá, Aparece em Serampore ..... 230
20. Não Visitamos a Caxemira .......................................... 234
21. Visitamos a Caxemira .................................................. 241
22. O Coração de uma Imagem de Pedra ......................... 255
23. Recebo o Diploma Universitário ................................. 262
24. Eu Me Torno Monge da Ordem dos Swamis.............. 271
25. Meu Irmão Ananta e Minha Irmã Nalini .................... 282
ix
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x
Autobiografia de um Iogue
26. A Ciência da Kriya Yoga ............................................. 290
27. Fundação de uma Escola de Yoga em Ranchi ............ 303
28. Renascimento e Descoberta de Kashi ......................... 314
29. Rabindranath Tagore e Eu Comparamos Sistemas
de Educação.................................................................. 320
30. A Lei dos Milagres....................................................... 326
31. Uma Entrevista com a Mãe Sagrada ........................... 340
32. Rama é Ressuscitado.................................................... 352
33. Babaji, o Cristo-Iogue da Índia Moderna ................... 363
34. Materialização de um Palácio no Himalaia ................ 374
35. A Vida Crística de Lahiri Mahasaya ........................... 390
36. Interesse de Babaji pelo Ocidente ............................... 406
37. Vou à América .............................................................. 418
38. Luther Burbank – um Santo entre as Rosas................ 435
39. Teresa Neumann, a Estigmatizada Católica ................ 443
40. Volto para a Índia ......................................................... 454
41. Idílio na Índia Meridional ............................................ 470
42. Últimos Dias com Meu Guru ...................................... 487
43. A Ressurreição de Sri Yukteswar ................................ 508
44. Com Mahatma Gandhi em Wardha............................. 531
45. A “Mãe Impregnada de Alegria” de Bengala ............. 554
46. A Mulher Iogue Que Nunca Se Alimenta .................. 562
47. Volto para o Ocidente................................................... 576
48. Em Encinitas, na Califórnia ......................................... 582
49. O Período de 1940 a 1951 ........................................... 589
Paramahansa Yogananda: um iogue na vida e na morte .. 613
Selo comemorativo emitido pelo governo indiano em
honra de Paramahansa Yogananda .............................. 614
A Linhagem de Gurus ....................................................... 621
Objetivos e Ideais da Self-Realization Fellowship............ 622
Índice Remissivo ................................................................ 623
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CAPÍTULO 1
Meus Pais e Minha Infância
OS TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DA CULTURA INDIANA têm sido,
desde sempre, a busca das verdades últimas e a concomitante
relação entre guru1 e discípulo.
Meu próprio caminho conduziu-me a um sábio semelhante
a Cristo; sua bela vida foi modelada para o benefício de todas
as épocas. Foi ele um dos grandes mestres que constituem
a mais autêntica riqueza da Índia e que, surgindo em todas
as gerações, ergueram as fortificações que evitaram para sua
terra o destino que sofreram o antigo Egito e a Babilônia.
Minhas recordações mais antigas abrangem traços anacrônicos de uma encarnação anterior. Lembro-me claramente de
uma existência longínqua em que eu era um iogue2 entre as
neves do Himalaia. Esses lampejos do passado, por alguma
ligação não dimensionável, permitiram-me também vislumbres do futuro.
Ainda me lembro das indefesas humilhações da infância.
Era com ressentimento que eu tinha consciência de ser incapaz de me locomover e de me expressar livremente. Sucessivas ondas de oração erguiam-se dentro de mim ao reconhecer
essa impotência física. Minha forte vida emocional exprimiu-se mentalmente em palavras de muitas línguas. Entre a
confusão interna de idiomas, habituei-me, pouco a pouco, a
ouvir as sílabas bengalis do meu povo. Como se enganam os
adultos ao avaliar o alcance da mente infantil considerando-a
limitada aos brinquedos e aos dedinhos dos pés!
A efervescência psicológica e meu corpo desobediente levaram-me a muitas e obstinadas crises de choro. Recordo-me
1 Mestre espiritual. O Guru Gita (verso 17) descreve de modo adequado
o guru como “o que dissipa as trevas” (do sânscrito gu, “trevas” e ru, “o
que dissipa”).
2 Praticante de yoga, “união”, antiga ciência de meditação em Deus. (Ver
capítulo 26: “A ciência da Kriya Yoga”.)
3
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4
Autobiografia de um Iogue
da desorientação e do assombro que meu desespero provocava em toda a família. Lembranças mais felizes também se
acumulam: os carinhos de minha mãe, as primeiras tentativas
que fiz para balbuciar frases e dar os primeiros passos. Esses
triunfos infantis, normalmente logo esquecidos, nos dão entretanto um alicerce natural de autoconfiança.
O grande alcance de minha memória não é caso único.
Sabe-se de muitos iogues que conservaram ininterruptamente
a consciência de si mesmos durante a dramática transição
da “vida” para a “morte” e de uma vida para outra. Se o
homem é apenas um corpo, a perda desse corpo realmente
seria para ele o fim de sua identidade. Se, porém, no decurso
de milênios os profetas falaram a verdade, o homem é essencialmente uma alma, incorpórea e onipresente.
Apesar de insólitas, recordações nítidas da primeira infância não são extremamente raras. Durante minhas viagens
por numerosos países, ouvi, de lábios de homens e mulheres
verazes, o testemunho de recordações que remontam à mais
tenra idade.
Nasci em 5 de janeiro de 1893, em Gorakhpur, no nordeste
da Índia, perto das montanhas do Himalaia. Ali passei meus
primeiros oito anos. Éramos oito irmãos: quatro meninos e
quatro meninas. Eu, Mukunda Lal Ghosh,3 fui o quarto a
nascer e o segundo varão.
Meu pai e minha mãe eram bengalis, da casta xátria.4 Ambos foram abençoados com uma natureza santa. O mútuo
amor que os uniu, tranquilo e digno, nunca se expressou com
frivolidade. Sua harmonia conjugal perfeita era o foco de
serenidade em torno do qual girava o tumulto de oito filhos
pequenos.
Meu pai, Bhagabati Charan Ghosh, era bondoso, sério,
às vezes rigoroso. Embora lhe tivéssemos muito amor, nós
3 Meu nome de família foi substituído pelo de Yogananda em 1915, quando
ingressei na antiga ordem monástica dos Swamis. Em 1935, meu guru
conferiu-me um título religioso mais elevado, o de Paramahansa. (Ver
páginas 273 e 489.)
4 A segunda casta, tradicionalmente de governantes e guerreiros.
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Meus Pais e Minha Infância
5
crianças mantínhamos para com ele certa distância que beirava a reverência. Excepcional em matemática e lógica, ele
guiava-se principalmente por seu intelecto. Minha mãe, porém, era uma rainha de corações e nos educou inteiramente
pelo amor. Depois que ela morreu, papai externou mais sua
afeição interior; notei que seu olhar muitas vezes parecia metamorfosear-se no olhar de minha mãe.
Foi em presença de mamãe que travamos os primeiros contatos agridoces com as Escrituras. Ela recorria ao Mahabharata e ao Ramayana5 para dali retirar histórias adequadas às
exigências disciplinares. Nessas ocasiões, instrução e castigo
caminhavam de mãos dadas.
Em sinal de respeito por meu pai, mamãe nos vestia
cuidadosamente, todas as tardes, para recebê-lo ao regressar
do escritório. O cargo por ele ocupado era equiparável ao de
vice-presidente, em uma das maiores companhias ferroviárias
da Índia: a de Bengala-Nagpur. Seu trabalho implicava fazer
viagens; nossa família viveu em diversas cidades durante minha meninice.
Mamãe tinha mão aberta para os necessitados. Papai também era caridoso, mas seu respeito à lei e à ordem se estendia ao orçamento doméstico. Certa quinzena, mamãe gastou,
alimentando os pobres, mais do que a renda mensal de papai.
– Por favor, tudo o que peço é que seja caridosa dentro
de limites razoáveis. – Mesmo uma repreensão suave de seu
esposo era de suma gravidade para minha mãe. Sem revelar
aos filhos seu desacordo com papai, ela fez vir uma carruagem de aluguel.
– Adeus, vou-me embora para a casa de minha mãe. – Antiquíssimo ultimato!
Rompemos em lamentos, estupefatos. Nosso tio materno
chegou no momento oportuno; segredou a meu pai algum
sábio conselho, certamente provindo de priscas eras. Depois
de papai ter pronunciado algumas palavras de conciliação,
5 Esses antigos poemas épicos são um tesouro da história, mitologia e filosofia da Índia.
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6
Autobiografia de um Iogue
mamãe alegremente dispensou a carruagem. Assim terminou
a única divergência de que tive conhecimento entre meus
pais. Mas recordo-me de uma discussão característica:
– Por favor, preciso de dez rupias para dar a uma pobre
mulher que veio bater à nossa porta. – O sorriso de mamãe
era persuasivo.
– Por que dez rupias? Uma é o bastante. – Papai acrescentou uma justificação: – Quando meu pai e meus avós faleceram subitamente, eu soube pela primeira vez o que era a
pobreza. De manhã, comia unicamente uma pequena banana,
antes de caminhar vários quilômetros até a escola. Mais tarde,
na universidade, sofri tantas privações que me vi forçado a
pedir a um abastado juiz o auxílio de uma rupia por mês. Ele
recusou, declarando que mesmo uma rupia era importante.
– Com que amargura você se lembra da recusa dessa rupia!
– O coração de minha mãe teve uma lógica instantânea. –
Você quer que essa mulher também se lembre dolorosamente
da recusa das dez rupias que ela necessita com urgência?
– Você ganhou! – Com o gesto imemorial dos maridos
derrotados, meu pai abriu a carteira. – Aqui está uma nota
de dez rupias. Entregue-a com os meus votos de felicidade.
Papai tinha a tendência de primeiro dizer “não” a qualquer
proposta nova. Sua atitude perante aquela desconhecida, que
tão depressa conquistara a compaixão de minha mãe, era um
exemplo de sua cautela habitual. Na verdade, a aversão à
aceitação imediata é apenas uma homenagem ao princípio
da “reflexão necessária”. Sempre achei meu pai justo e equilibrado em seus julgamentos. Se eu pudesse reforçar meus
numerosos pedidos com um ou dois bons argumentos, ele
invariavelmente poria ao meu alcance o objetivo ambicionado – fosse uma viagem de férias ou uma nova motocicleta.
Meu pai foi um austero disciplinador de seus filhos quando
pequenos. Mas sua atitude para consigo mesmo era verdadeiramente espartana. Por exemplo, nunca frequentou o teatro,
mas buscava recreação em várias práticas espirituais e na
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Meus Pais e Minha Infância
7
leitura do Bhagavad Gita.6 Repudiando qualquer luxo, usava
um mesmo par de sapatos velhos até que se tornassem imprestáveis. Seus filhos compraram automóveis depois que seu
uso se tornou popular, mas papai contentava-se com o bonde
para ir diariamente ao escritório.
Ele não tinha interesse em acumular dinheiro por amor ao
poder. Certa ocasião, depois de organizar o Banco Urbano
de Calcutá, recusou beneficiar-se disso e não guardou para
si nenhuma das ações do banco. Desejara apenas cumprir um
dever cívico nas horas de folga.
Vários anos depois de meu pai ter-se aposentado, um contador veio da Inglaterra para a Índia a fim de examinar os livros da Estrada de Ferro Bengala-Nagpur. Surpreso, o auditor
descobriu que papai jamais havia requerido suas bonificações
vencidas.
– Ele fez sozinho o trabalho de três homens! – o contador informou à companhia. – Tem em haver 125.000 rupias
(41.250 dólares) de remunerações atrasadas. – O tesoureiro
enviou a papai um cheque com esse valor. Meu pai deu tão
pouca importância ao assunto que se esqueceu de mencioná-lo à família. Muito tempo depois, meu pai foi interrogado por Bishnu, meu irmão mais moço, que havia notado a
grande quantia depositada ao ver um extrato do banco.
– Por que me exaltar com lucro material? – papai respondeu. –
Quem procura alcançar a serenidade mental não se rejubila
com o lucro nem se desespera com a perda; sabe que o homem chega sem dinheiro a este mundo e dele parte sem levar
uma única rupia!
Pouco depois de seu casamento, meus pais tornaram-se
discípulos do grande mestre Lahiri Mahasaya, de Benares.
Esta associação fortaleceu o temperamento naturalmente ascético de meu pai. Certa ocasião, mamãe fez uma confidência
notável à minha irmã mais velha, Roma: “Seu pai e eu nos
6 Este nobre poema sânscrito, que faz parte do épico Mahabharata, é a
Bíblia hindu. Mahatma Gandhi escreveu: “Aqueles que meditarem no
Gita retirarão dele novas alegrias e novos significados todos os dias. Não
há nenhum emaranhado espiritual que o Gita não possa desembaraçar.”

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