diarréia e disenteria
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diarréia e disenteria
DIARRÉIA E DISENTERIA MILHÕES DE MORTES TODO ANO CRIANÇAS Prof. Dario S. Zamboni. FMRP/USP Fotos Sebastião Salgado POBREZA SINTOMAS MAIS GRAVES EM SUBNUTRIDOS Fotos Sebastião Salgado ROTA ORAL-FECAL CONDIÇÕES BÁSICAS DE SANEAMENTO Fotos Sebastião Salgado CRIANÇAS Fotos Sebastião Salgado PPRINCIPAIS BACTÉRIAS QUE CAUSAM DIARREIA E/OU DISENTERIA GRAM (-) Fam. Enterobacteriaceae E. coli Shigella sp Salmonella sp Yersinia sp Vibrio cholerae Campylobacter sp Pseudomonas sp (oportunista) GRAM (+) Clostridium difficile (oportunista) Clostridium perfringens Clostridium botulinum Staphylococcus aureus • Diarréia secretora e aquosa: – Fezes líquidas abundantes, sem sangue e pus; – Invasão de tecido ausente, normalmente intestino delgado; – Ex: Vibrio cholerae, ETEC. • Disenteria: – Pequeno volume fezes, presença de sangue, muco e pus; – Invasão tecido (intestino grosso); – Shigella, Entamoeba histolytica • Colite hemorrágica: – Fezes abundantes, semelhante a sangue líquido, sem leucócito – Invasão de tecido ausente (intestino grosso); – Ex: EHEC • Diarréia aquosa sanguinolenta: – Fezes abundantes, líquidas, sanguinolentas ou tingidas com sangue, pus algumas vezes; – Invasão tecido (íleo e cólon) – Ex: Salmonella, Campylobacter jejuni, Yersinia enterocolitica. MECANISMOS: ADESÃO E TOXINA TOXINA Sais Água Muco BACTÉRIA MECANISMOS: ADESÃO ÍNTIMA BACTÉRIA MECANISMOS: INVASÃO MECANISMOS MOLECULARES: Tipo III de secreção de proteínas MECANISMOS MOLECULARES: Tipo III de secreção de proteínas Família Enterobacteriaceae > 40 gêneros e mais de 150 espécies • • • • • • • • • • • • • • Escherichia Shigella Salmonella Citrobacter Klebsiella Enterobacter Serratia Proteus Morganella Yersinia Kluyvera Cedecea Hafnia Erwinia • • • • • • • • • • • • • Providencia Obesumbacterium Xenorhabdus Rahnella Tatumella Trabulsiella Ewingella Leclercia Leminorella Moellerella Pantoea Yokenella Edwardsiella ~20 espécies responsáveis por 95% das infecções Família Enterobacteriaceae • Organismos ubiqüitários: - Solo, água, vegetação, flora intestinal. • Alguns são comensais Escherichia, Klebsiella, Proteus • Alguns são sempre associados a doenças S. typhi, Shigella, Y. pestis Família Enterobacteriaceae • Bastonetes Gram-negativos • Podem crescer rapidamente de maneira aeróbia ou anaeróbia (em meios seletivos ou não). • Necessidades nutricionais simples: fermentam glicose; reduzem nitrato; catalase positiva; oxidase negativa – (ver aula prática) Família Enterobacteriaceae > 40 gêneros e mais de 150 espécies • • • • • • • • • • • • • • Escherichia Shigella Salmonella Citrobacter Klebsiella Enterobacter Serratia Proteus Morganella Yersinia Kluyvera Cedecea Hafnia Erwinia • • • • • • • • • • • • • Providencia Obesumbacterium Xenorhabdus Rahnella Tatumella Trabulsiella Ewingella Leclercia Leminorella Moellerella Pantoea Yokenella Edwardsiella ~20 espécies responsáveis por 95% das infecções Família Enterobacteriaceae ciclo de vida geral Escherichia coli E. coli O157:H7 adhering to intestinal cells E.coli ENTEROPATOGÊNICAS • Escherichia coli Enterotoxigênica (ETEC) Intestino Delgado • Escherichia coli Enteropatoxigênica Clássica (EPEC) Intestino Delgado • Escherichia coli Enteroinvasiva (EIEC) Intestino Grosso • Escherichia coli Enterohemorrágica (EHEC) Intestino Grosso • Escherichia coli Enteroagregativa (EAEC) Intestino Delgado • Escherichia coli Aderência Difusa (DAEC) Intestino Delgado Escherichia coli Enteropatogênica (EPEC) • Infecção ocorre pela via oral-fecal. Dose infectante para adultos é alta (108). Para crianças e recém-nascidos é baixa. Carreadores humanos; • Doença pediátrica (0 meses a 1 ano). Infecção nosocomial; • Tempo de Incubação: 1 a 2 dias; • Diarréia não absortiva que pode persistir por vários dias. Intolerância alimentar; • Sintomas: Diarréia aquosa, cólica, náusea, vômito e febre baixa. Ocasionalmente são encontrados leucócitos nas fezes; • Incidência alta principalmente em regiões de higiene precária. • Tratamento: Reposição de fluidos e sais. Terapia com Antibióticos. EPEC: FATORES DE PATOGENICIDADE LESÃO “AE” • “Attaching and Effacing”; • Locus cromossômico “LEE”. Mobilização proteínas do citoesqueleto celular (FAS+); • LEE (35kb) - Sistema secreção Tipo III, proteínas EspABD, adesina (Intimina: eaeA). EPEC: FATORES DE PATOGENICIDADE Sistema secreção TipoIII. Proteínas: EspABD, adesina (Intimina: eaeA). Colonização por EPEC EPEC no pedestal EPEC Escherichia coli Enterotoxigênica (ETEC) • Infecção ocorre por ingestão de água ou alimentos contaminados; • Maior incidência durante o verão; Dose infectante alta; • Tempo de Incubação: 1 a 2 dias; • Diarréia Secretória que persiste por 3 a 4 dias; • Sintomas: Cólica abdominal, náusea, vômito, diarréia; • Incidência moderada no Brasil; • Ocorre geralmente em crianças. Diarréia do viajante em adultos; • Tratamento: Reposição de fluidos e sais. Fluoroquinolonas. ETEC: FATORES DE PATOGENICIDADE • • • • FÍMBRIAS Reconhecem receptores na superfície de células da mucosa intestinal; Responsáveis pela adesão bacteriana e colonização do tecido; Vários tipos antigênicos; Conferem especificidade de hospedeiro. ETEC: FATORES DE PATOGENICIDADE Toxinas • Toxina Termo-estável (ST) • Toxina Termo-lábil (LT) ETEC: FATORES DE PATOGENICIDADE • Toxina Termo-estável (ST) -Pequenos peptídeos secretados pelas ETECs que são tóxicos. -Mantém a estrutura 3D quando aquecidos a mais de 100oC. -Diferentes STs são secretados e reconhecem receptores distintos na superfície celular. -Atuam em vias de sinalização celular. -Muitos deles ativam geralmente guanilato ciclase aumentando os niveis de GMP cíclico que levam a perda de eletrólitos e H2O. ETEC: FATORES DE PATOGENICIDADE Toxinas Termo-estável (ST) • Tipos STI (STp e STh) e STII; • Ativa a guanilato ciclase. Guanilina e Uroguanilina Agonistas dos receptores de guanilato ciclase. Uma vez ativados participam da regulação do equilibrio de eletrólitos e H2O no epitélio intestinal e renal ETEC: FATORES DE PATOGENICIDADE Toxina Termo-lábil (LT). • Tipos LTI (LTh e LTp) e LTII; • L i g a - s e a r e c e p t o r e s presentes na superfície dos enterócitos (GM1); • Subunidade A (catalítica) penetra na célula e induz secreção de fluidos. TOXINAS DE ETEC: EFLUXO DE Cl- Escherichia coli Enterohemorragica (EHEC) • Patógeno emergente de ocorrência no mundo todo; • Transmissão pessoa a pessoa ou por ingestão de alimentos contaminados (mal cozidos), leite não pasteurizado, etc; • Responsável por vários surtos diarréicos e epidemias. Comum em meses quentes e em crianças menores que 5 anos; • Dose infectante baixa: 100 bacilos. Tempo de incubação é geralmente de 3 a 4 dias; • Diarréia sem gravidade à colite hemorrágica com dor abdominal, presença de sangue nas fezes (4 a 10 dias). Febre baixa ou ausente; • Terapia de suporte. Terapia com antibióticos questionável. EHEC: FATORES DE PATOGENICIDADE TOXINA Stx (Shiga) Subunidade B Subunidade A (vermelho) Diversas bactérias diferentes codificam toxinas similares a Shiga Cólera ETEC Shiga EHEC: FATORES DE PATOGENICIDADE TOXINA Stx (Shiga) • Pertence ao grupo de toxinas AB; • Responsáveis pela maioria dos sintomas; • Grupos não relacionados imunologicamente: Stx1 e Stx2. Genes presentes no genoma de fagos lisogênicos • Pentâmero B liga-se ao glicolipídio Gb3 ou Gb4 (Stx2e); • Subunidade A é clivada e se liga a rRNA • Subunidade A1 (N-glicosidase). Inibe a síntese protéica por inativação 28S rRNA. EHEC: FATORES DE PATOGENICIDADE • Toxinas: - EAST1 (termo-estável, homóloga a STI) - Enterohemolisina (homóloga à hemolisina de UPEC) * Gene ehxA presente em plasmídio 60MD. • Intimina: adesão e lesões “AE”; • Outras adesinas (?); • Sistema para captação de ferro. Escherichia coli Enteroinvasiva (EIEC) • Transmissão de pessoa a pessoa ou por ingestão de água ou alimentos contaminados; • Geralmente associada com surtos e epidemias; • Invasiva: processo inflamatório; • Diarréia aquosa. Uma minoria dos pacientes apresentam disenteria (sangue, muco e leucócitos nas fezes); • Teste “Sereny”, sondas, PCR, ELISA. Escherichia coli O104H4 bacterial outbreak (Maio-Junho 2011) Escherichia coli O104H4 bacterial outbreak (Maio a Junho 2011) Bactérias produtoras de Shiga Tox (EAEC, não EHEC). Autoridades alemãs indicaram inicialmente que pepinos importados da Espanha seriam as fontes de contaminação (prejuízo de 200M/semana). 3.950 pessoas afetadas, 53 mortes Escherichia coli O104H4: Genoma publicado em 20/07/2011* EAEC produtoras de Shiga Tox (não EHEC). Shiga toxin stx2 positive (duas cópias do prófago), provavelmente adquirido via transferencia horizontal. Não contem genes tem genes de eae (aderência intima) * Prospective Genomic Characterization of the German Enterohemorrhagic Escherichia coli O104:H4 Outbreak by Rapid Next Generation Sequencing Technology Mellmann A, Harmsen D, Cummings CA, Zentz EB, Leopold SR, et al. (2011) Prospective Genomic Characterization of the German Enterohemorrhagic Escherichia coli O104:H4 Outbreak by Rapid Next Generation Sequencing Technology. PLoS ONE 6(7): e22751. doi:10.1371/journal.pone.0022751 FIM =Shigella Escherichia coli Enteroinvasiva (EIEC) • Diarréia e/ou disenteria; • Mecanismo de Patogenicidade semelhante à Shigella: genes pInv; • I n v a s ã o c é l u l a s d a m u c o s a intestinal; lise dos vacúolos endocíticos. Multiplica-se no interior da célula hospedeira; • Movimenta-se infectando células vizinhas. Família Enterobacteriaceae > 40 gêneros e mais de 150 espécies • • • • • • • • • • • • • • Escherichia Shigella Salmonella Citrobacter Klebsiella Enterobacter Serratia Proteus Morganella Yersinia Kluyvera Cedecea Hafnia Erwinia • • • • • • • • • • • • • Providencia Obesumbacterium Xenorhabdus Rahnella Tatumella Trabulsiella Ewingella Leclercia Leminorella Moellerella Pantoea Yokenella Edwardsiella ~20 espécies responsáveis por 95% das infecções Shigella sp • Bacilos gram (-), anaeróbio facultativos, lisina descarboxialse negativos; • Invade células da mucosa intestinal (“M”); • Disenteria bacilar. Fezes escassas com sangue, muco e pús; • 4 “espécies”: S.dysenteriae, S.flexnery, S.boydii e S.sonnei (+ de 45 sorotipos); • Filogenéticamente muito próxima a E. coli. FATORES DE PATOGENICIDADE Shigella sp • Invasão células da mucosa (preferência para células M). Mobilização de proteínas do citoesqueleto; • Genes para invasão localizados em plasmídio de alto peso molecular. Sistema secreção tipo III: proteínas Ipa); • Genes ativados por condições encontradas nos intestinos: sais biliares, alta osmoralidade, temperatura corpórea (37°C). Shigella: Tipo III de transporte de proteínas Shigella: Tipo III de transporte de proteínas O encontro de uma célula do sistema imune e um micróbio (não patógeno) Micróbio (não patógeno) Fusão com lisossomas Morte do Micróbio Patógenos que escapam para o citoplasma celular Patógeno Escape do vacúolo Shigella Shigella IcsA Bactéria em divisão Cauda Zona A Zona B Shigella: Invasão e multiplicação intracelular E. coli e Shigella: Epidemiologia • Habitante da flora normal de mamíferos; • i n f e c ç ã o o c o r r e p o r ingestão de alimentos ou água contaminados ou ainda por contato; • Predominante em áreas subdesenvolvidas. Shigella EPIDEMIOLOGIA • Transmissão pela via oral-fecal (higiene precária). Transmissão por ingestão água ou alimentos menos freqüente; • Endêmica em áreas subdesenvolvidas. Dose infectante baixa (10 a 100 bacilos); • Maior incidência em crianças entre 1 e 10 anos; • Em adultos a infecção é geralmente limitada; Shigella sp: Síndromes • Diarréia: associada à vômito e desidratação. Agente etiológico mais freqüente: S.sonnei; • Disenteria: presença de sangue, PMN e muco nas fezes. Associada a dores abdominais. Grande perda de proteínas do soro (200-300ml/dia); • Ulcerações, inflamação e destruição de células da mucosa (cólon); • Sintomas aparecem dentro de 24 a 48 horas. Em adultos não tratados persistem aproximadamente 7 dias; Shigella sp: Complicações • • • • Bacteremia: recém-nascidos (S.dysenteriae sorotipo 1); Convulsões: 25% crianças abaixo 4 anos; Artrite: antígeno de histocompatibilidade HLA-B27; Síndrome Urêmica Hemolítica: S.dysenteriae sorotipo 1. Associada à expressão Stx e provavelmente ao LPS. Destruição de vasos sangüineos. TRATAMENTO, PREVENÇÃO E CONTROLE • Reposição oral de fluidos (desidratação não seja freqüente); • Quadros mais graves: reposição fluidos por via intravenosa; • Terapia com antibióticos. Depende do paciente e da virulência bacteriana. • Educação. Condições básicas de saneamento e higiene. Shigella navegando na actina celular... Bactérias intestinais • • • • Saneamento básico; Diminuição da pobreza; Informação e educação; Terapia com antimicrobianos; • Vacinas. VACINAS • Bacterina; • Toxóides • Vacinas de subunidades: - fímbrias - subunidade B de LT (LTb) - mutantes de LT • Linhagens vivas, atenuadas - Salmonella, Shigella, Vibrio. PREVENÇÃO E CONTROLE • Saneamento básico; • Diminuição da pobreza; • Informação e educação;