Diapositivo 1

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Diapositivo 1
CICLO DA PAIXÃO
DUCCIO, MAIESTÁ (1308-1311)
Duccio di Buoninsegna (ativo a partir de 1278-faleceu em 1318),
trabalhou em Siena, merecendo um lugar de relevo na história
da pintura ocidental, ao introduzir a espacialidade, o volume e o
naturalismo nas suas obras, não obstante a sua filiação numa
dominante estética bizantina.
A sua obra principal é o retábulo pintado para a Catedral de
Siena, entre 1308 e 1311, conhecido como Maiestá por nele se
representar, no painel central, a Virgem entronizada com o
Menino.
A conclusão da Maiestá em 1311 e a sua instalação no Duomo
ocasionou uma grande celebração na cidade, vindo o retábulo
em procissão desde a oficina de Duccio até à Catedral.
DUCCIO, MAIESTÁ (1308-1311)
O retábulo permaneceu no altar até 1505, quando foi transferido
para um dos altares laterais da Catedral. Em 1777, foi desmontado e
desmembrado; alguns dos painéis foram depois vendidos.
Atualmente os painéis da Maiestá encontram-se distribuídos por
vários museus: Museo dell’Opera del Duomo (Siena), National
Gallery (Londres), National Gallery of Art (Washington), Frick
Collection (Nova Iorque), Museo Thyssen-Bornemisza (Madrid),
Kimbell Art Museum (Fort Worth, Texas).
A divisão do retábulo tornou difícil determinar o lugar original de
cada painel, havendo-se perdido aparentemente três painéis.
DUCCIO, MAIESTÁ (1308-1311)
A Maiestá é um retábulo pintado nos dois lados,
apresentando uma organização estrutural complexa:
O painel central, no lado frontal, mostra a Virgem
entronizada com o Menino, ladeada por uma corte de anjos e
santos (Maiestá = “Virgem em Majestade”).
Na predela encontram-se episódios com cenas da Infância de
Cristo, alternando com Profetas.
Em cima, painéis representando episódios dos últimos dias
da Virgem, e pináculos com representações de anjos.
DUCCIO, MAIESTÁ (1308-1311)
No reverso do retábulo, foram pintados, em 26 compartimentos,
histórias do ciclo da Paixão de Cristo.
Na predela encontramos alguns episódios da Vida Pública de
Cristo.
Em cima, painéis com o ciclo da Ressurreição ou Glória de Cristo,
e anjos nos pináculos.
ENTRADA EM JERUSALÉM
Mateus 21,1-11
Marcos 11,1-10
Lucas 19,29-40
João 12,12-19
Duccio, 1308-11. Siena, Museo dell’Opera del
Duomo
LAVA-PÉS
João 13,1-20
Duccio, 1308-11.
Siena, Museo dell’Opera
del Duomo
ÚLTIMA CEIA – INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA
Fontes Literárias: Mateus 26,17-26; Marcos 14,12-22; Lucas
22,7-14; João 23,21-20
Na representação deste episódio os artistas colocaram o acento ou
no Anúncio da Traição de Judas ou na Comunhão dos Apóstolos.
Este último tema teve uma grande repercussão sobretudo depois
do Concílio de Trento, quase substituindo o precedente. A
Comunhão dos Apóstolos converteu-se em meio de defesa da
Eucaristia face ao movimento protestante.
Duccio, 1308-11. Última Ceia. Siena, Museo dell’Opera del Duomo
Luca Signorelli, 1502,
Museu Diocesano, Cortona (Itália)
Evangeliário, Alemanha, séc. XII.
Londres, British Library,
MS Egerton 809
Barocci, Comunhão dos
Apóstolos, 1608.
Basilica di Santa Maria sopra
Minerva, Roma
Duccio, 1308-11. Judas recebe o pagamento para entregar Jesus. Siena, Museo
dell’Opera del Duomo
Duccio, 1308-11. Agonia de Jesus no Monte das Oliveiras . Siena, Museo dell’Opera
Goya, 1819.
Escuelas Pías de San Antón, Madrid
Duccio, 1308-11. Prisão de Jesus. Siena, Museo dell’Opera del Duomo
O PROCESSO RELIGIOSO
Há dois processos contra Jesus, o judaico e o romano, ou seja, o
processo religioso e o processo político.
Jesus comparece sucessivamente ante estas duas jurisdições: a do
sumo-sacerdote Caifás e a do procurador romano Pôncio Pilatos.
O Sinédrio condena-o como blasfemo, por ter dito que era o
Messias, Filho de Deus.
Conduzido ao pretório, é acusado de ser agitador do povo e de se
autoproclamar Rei dos Judeus.
Cristo perante Anás;
Negação de Pedro
Duccio, 1308-11.
Siena, Museo dell’Opera del
Duomo
Cristo perante Anás;
Negação de Pedro
Duccio, 1308-11. Cristo perante Caifás. Siena, Museo dell’Opera del Duomo
Duccio, 1308-11. Escarnecimento de Jesus. Siena, Museo dell’Opera del Duomo
O PROCESSO POLÍTICO
Depois de ter sido condenado pelas autoridades religiosas judaicas –
Anás, Caifás e o Sinédrio –, Jesus é apresentado ao tribunal civil
dos romanos, presidido pelo procurador da Judeia, Pôncio Pilatos.
Pouco desejoso de tomar partido nestes acontecimentos, Pilatos
enviará Jesus, que era galileu, a Herodes Agripa, tetrarca da
Galileia.
Pilatos tentará libertar Jesus, fazendo que o povo o escolha em
detrimento de um malfeitor, Barrabás. O povo prefere Barrabás e
Jesus é condenado à morte.
Duccio, 1308-11. Cristo é acusado pelos fariseus. Siena, Museo dell’Opera del Duomo
Duccio, 1308-11. Cristo perante Pilatos (1ª interrogatório). Siena, Museo dell’Opera
Duccio, 1308-11. Cristo perante Herodes. Siena, Museo dell’Opera del Duomo
Duccio, 1308-11. Cristo perante Pilatos (2ª interrogatório). Siena, Museo dell’Opera
Duccio, 1308-11. Flagelação. Siena, Museo dell’Opera del Duomo.
Anónimo, que segue um modelo de François
Duquesnoy
(Bruxelas , 1594 – Livorno 1643), finais do séc. XVII
Nova Iorque: Metropolitan Museum
Duccio, 1308-11. Coroação de Espinhos. Siena, Museo dell’Opera del Duomo.
ECCE HOMO – EIS O
HOMEM
O tema foi desconhecido para a arte
paleocristã e bizantina. Os artistas
italianos do Trecento, Duccio e Giotto,
também o ignoram.
O tema difundiu-se a partir do séc.
XV.
Estêvão Gonçalves Neto, Ecce Homo, 1604. Lisboa, MNAA
Oficina lisboeta de Nuno Gonçalves (?) (cópia). c. 1570. Lisboa, MNAA
Duccio, 1308-11. Pilatos lava as mãos. Siena, Museo dell’Opera del Duomo.
A CAMINHO DO CALVÁRIO
Duccio, 1308-11. A caminho do Calvário. Siena, Museo dell’Opera del Duomo.
Biagio d’Antonio, séc. XVI (1ª met.), Florença. Paris, Museu do Louvre
CALVÁRIO
Fontes Literárias: Mateus 27,32-56; Marcos 15,22-41; Lucas
23,33-49; João 19,17-37.
Os Evangelhos apócrifos trazem também alguns aspetos
narrativos que serão representados na arte: o Evangelho de
Nicodemos (séc. IV-V) indica pela primeira vez os nomes dos dois
ladrões (o mau ladrão, Gestas; o bom ladrão, Dimas) e do soldado
que feriu o Lado de Jesus (Longinos).
As prefigurações de Cristo na Cruz no AT são Abel, a serpente de
bronze, a fonte de água viva que brotou da rocha golpeada por
Moisés, o sacrifício de Isaac.
Durante os primeiros séculos cristãos, a Crucifixão/Calvário foi
eludida ou evocada indiretamente mediante símbolos (ex. o
Cordeiro). Cristo aparece na cruz só no séc. VI.
CALVÁRIO
Até ao século XI, Cristo na cruz está representado vivo, com os
olhos abertos. A partir de então, o Crucificado mostra-se morto,
com os olhos fechados, a cabeça caída para a direita.
A partir do séc. XIII, a forma de suspender Cristo na cruz será
por meio de três cravos, um em cada mão e outro nos pés.
Jesus veste ou uma túnica – o colobium – ou um pano cingido – o
perizonium. A sua túnica foi sorteada pelos soldados romanos. A
partir do séc. XII apresenta na cabeça a coroa de espinhos.
Nos pés da cruz encontra-se habitualmente uma caveira, que se
identifica com Adão, o qual, segundo uma antiga lenda, teria sido
sepultado no Gólgota (em aramaico significa “caveira”), no
mesmo lugar onde foi cravada a Cruz.
CALVÁRIO
Desde o séc. VI dispõem-se em ambos os lados da cruz as
representações do sol e da lua.
Em todos os Calvários até finais do séc. XIII, a Virgem e o
Apóstolo João encontram-se ao lado da Cruz, à direita e à
esquerda respetivamente. No séc. XIV introduziu-se o costume de
agrupar ambos do mesmo lado. No entanto, as duas versões vão
coexistir.
A este grupo pode juntar-se Maria Madalena e outras mulheres,
os soldados romanos, Longinos com a lança e Estefanus com a
esponja embebida em vinagre, os dois ladrões, diferenciados pelas
suas fisionomias e atitudes, ou ainda as representações da Igreja e
da Sinagoga.
Igreja de Santa Maria
Antiqua,
Roma, 741-752
Duccio, 1308-11. Calvário.
Siena, Museo dell’Opera del Duomo.
Mathias Grünewald, Retábulo Issenheim, c. 1515. Colmar (França), Museu d'Unterlinden.
Hendrick ter Brugghen, c. 1624.
Nova Iorque, Metropolitan
Museum
Duccio, 1308-11. Descida da Cruz. Siena, Museo dell’Opera del Duomo.
Fernando Gallego, c. 1470. Madrid, Museu do Prado
A Virgem da
Piedade, ou Pietá,
surgiu nos começos
do séc. XIV, a partir
da célebre loa dos
sofrimentos de
Maria, escrita pelo
franciscano
Jacopone de Todi
(1236-1306), com o
título Stabat Mater.
Nasceu à sombra dos
conventos
cistercienses,
franciscanos e
dominicanos no vale
do Reno e daqui
estendeu-se para o
resto da Europa.
Colijn de Coter, Compaixão do Pai,
1510-1515.
Paris, Museu do Louvre
Duccio, 1308-11. Deposição no Túmulo. Siena, Museo dell’Opera del Duomo.
Depois do Concílio de
Trento surge uma outra
iconografia do
Sepultamento de Cristo,
que substitui as
personagens habituais
por anjos.
Édouard Manet,
O Enterramento Angélico, 1864
Nova Iorque, Metropolitan
Museum

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