Uma eleição no tempo dos cisnes negros
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Uma eleição no tempo dos cisnes negros
ANÁLISE IMF JULHO 2016 Uma eleição no tempo dos cisnes negros ÍNDICE Análise – Tema Global ....................................................................................................................................... 3 Uma eleição em tempos de cisnes negros ................................................................................................................... 3 1. Processo eleitoral .............................................................................................................................................. 3 2. Sondagens e apostas ......................................................................................................................................... 5 3. Propostas e Perspetivas..................................................................................................................................... 5 4. Cenários pós-eleitorais ...................................................................................................................................... 8 Mercado Monetário .......................................................................................................................................... 9 Mercado de Obrigações e de Taxa Fixa ........................................................................................................... 10 Ciclo Económico ............................................................................................................................................... 11 Dados para Orçamentação .............................................................................................................................. 14 Commodities .................................................................................................................................................... 16 Energia ................................................................................................................................................................ 16 Metais ................................................................................................................................................................. 17 Agrícolas .............................................................................................................................................................. 20 Análise de Mercados........................................................................................................................................ 23 A IMF ................................................................................................................................................................ 30 IMF – Informação de Mercados Financeiros, SA www.imf.pt m.imf.pt (cotações para smartphone – gratuito) “Este documento destina-se a uso privado e a sua reprodução total ou parcial carece de autorização prévia da IMF. Este documento foi produzido com base em informações de fontes credíveis, mas a IMF não garante que essas informações estejam completas nem que sejam totalmente exatas. As opiniões expressas neste documento podem ser alteradas sem aviso e não pretendem constituir nenhum aconselhamento.” 2|julho de 2016 IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Análise – Tema Global Uma eleição em tempos de cisnes negros O senso comum parece dizer que Donald Trump não terá hipóteses de vencer Hillary Clinton nas eleições do próximo dia 8 de novembro. Clinton representa o status quo e, seguindo essa linha de raciocínio, isso deverá ser suficiente para ganhar numa América que normalmente vota de forma pragmática. Mas o resultado do referendo no Reino Unido mostrou que as surpresas acontecem e que há um voto de protesto contra o sistema. O “cisne negro” britânico pode repetir-se nos EUA? Não é o cenário central, mas também não é tão improvável que possa ser ignorado. A eventual eleição de Trump traria implicações relevantes, de vária ordem. Ponto prévio: Não é 100% certo que Trump seja o candidato nomeado pelo Partido Republicano, mas é mesmo muito provável (95%, segundo as casas de apostas). 1.Processo eleitoral O processo eleitoral para a presidência dos EUA tem várias etapas, iniciando com a escolha por parte de cada Partido (Democrata e Republicano) do seu candidato presidencial. Nesta fase, que decorre durante vários meses (entre fevereiro e junho), os cidadãos norte-americanos votam para dizer aos delegados de cada partido qual candidato à presidência dos EUA devem apoiar na Convenção Nacional, que acontece durante o verão – os republicanos realizarão a sua convenção a 18 de julho e os democratas uma semana mais tarde. O objetivo é acumular o maior número de delegados, sendo que este varia entre cada Estado (com base em fatores como a população), assim como o processo de designação, existindo duas formas de escolha: caucus (convenções partidárias) e primárias. Os caucus são assembleias de cidadãos onde se debate quem é o melhor candidato, tendo os participantes IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS de ser filiados ao Partido correspondente e podendo tentar convencer outros votantes. Já nas primárias o voto é secreto e podem ser abertas (os participantes podem votar independentemente do partido a que estejam filiados) ou fechadas (exige filiação ao Partido). Em qualquer dos casos os votantes só podem participar nas primárias de um dos Partidos, não em ambas. No caso do Partido Democrata, a escolha dos delegados é proporcional, ou seja, a percentagem de delegados atribuídos a cada candidato corresponde aos votos recebidos em cada Estado. No Partido Republicano cada Estado decide como são designados os delegados: pelo sistema proporcional ou por um sistema que concede todos os delegados ao candidato com mais votos (é o caso da Flórida, Ohio ou Illinois que adquirem assim maior importância). julho de 2016| 3 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Os delegados marcam presença na Convenção Nacional do Partido, votando de acordo com o que foi decidido pelos eleitores de cada Estado. A estes juntam-se também os “superdelegados” – membros do Comité Nacional do Partido, da Câmara dos Representantes ou Senadores – que não têm o seu voto vinculado a um candidato. No Partido Democrata há 4762 delegados e 718 “superdelegados”, enquanto que no Partido Republicano existem 2472 delegados e 150 “superdelegados”. Habitualmente, cada Partido chega à sua Convenção Nacional já com um candidato vencedor à partida, por ter atingido o número de delegados necessários. Quando tal não acontece, há lugar à chamada “brokered convention”, que significa a realização de uma nova votação onde os delegados deixam de estar vinculados aos resultados eleitorais. A votação inclui todos os delegados, abrangendo os que representam candidatos que já desistiram. Nas Convenções Nacionais fica definido formalmente o candidato presidencial de cada Partido, dando início às “eleições gerais”. Nesta fase, os candidatos de cada Partido dispõem já de enormes recursos financeiros para a campanha, enfrentando-se em três debates televisivos entre setembro e outubro, que têm audiências enormes. 4|julho de 2016 O dia das eleições está fixado por lei para a terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro, que este ano será a 8 de novembro. O Presidente dos EUA não é eleito por voto direto, mas por um Colégio Eleitoral – os americanos votam num candidato, mas na realidade escolhem um “eleitor” que votará por eles no Colégio. Este é constituído por 538 eleitores, distribuídos pelos Estados conforme a sua população e representação no Congresso. Em 48 dos 50 Estados, o vencedor fica com todos os eleitores em disputa (e não em proporção aos votos), sendo que um candidato precisa de 270 votos para chegar à Casa Branca. O sucessor de Barack Obama assumirá funções a 20 de janeiro de 2017. Poderá haver candidatos independentes, mas que tudo deverá ser decidido entre Hillary Clinton e Donald Trump. IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF 2.Sondagens e apostas A fiabilidade das sondagens relativas a processos eleitorais tem deixado muito a desejar nos últimos anos. Por esse motivo, o acompanhamento do referendo “Brexit” foi também muito feito através da análise das casas de apostas. Só que no caso britânico, as apostas também falharam! As sondagens realmente davam a vitória ao “Brexit”, mas isso apenas aconteceu nas últimas semanas e estamos ainda a meses das eleições nos EUA. Portanto, talvez valha a pena usar os dois métodos. Há uma diferença importante nestas eleições face a um referendo e que já foi explicada atrás – a contabilidade faz-se Estado a Estado e não pela globalidade dos votos. Um candidato pode ter mais votos nos EUA e não vencer. Por isso, importa compreender o que acontece em cada Estado. Globalmente, as sondagens globais dão clara vantagem a Clinton, mas ainda bem abaixo dos 50%. Importa referir que ambos os candidatos têm uma apreciação líquida negativa, com Trump a ser mais rejeitado. Os analistas consideram que Mitt Romney perdeu a eleição de 2012 devido à falta de apoio das chamadas “minorias” e Trump parece ter ainda mais problemas nesse domínio até porque acentuou a hostilidade em relação aos hispânicos e tem uma forte rejeição entre as mulheres. Mas, como referimos, o que interessa é a votação Estado a Estado e aí a vantagem de Hillary é ainda mais evidente. Portanto, tudo parece indicar que Hillary Clinton irá vencer, mas Trump tem algumas chances: é mais hábil a mudar as perceções da opinião pública, representa o “antissistema”, pode aglutinar muito voto masculino e poderá beneficiar de uma forte desaceleração económica ou de um evento de choque como um atentado terrorista. Trump poderá também conquistar os Republicanos que nele não confiam se conseguir apresentar um potencial vice-presidente que agrade ao Partido. No caso das apostas – que pode acompanhar aqui - a leitura é muito clara: Hillary Clinton tem uma probabilidade de mais de 70% de vencer. Costuma ser suficiente. Mas, pelo sim pelo não, convém haver preparação para um “cisne negro”. 3.Propostas e Perspetivas Há que reconhecer: o motto de Trump “Make America great again” é forte e acerta em cheio no orgulho americano, para além de acompanhar tendências que tão bem se refletiram no referendo “Brexit”. As duas últimas eleições nos EUA foram dominadas por temas económicos e, em princípio, agora não será diferente porque os eleitores americanos definem consistentemente a economia como a sua preocupação principal. O desemprego tem vindo a descer desde que Obama se tornou presidente em 2009, mas a performance da economia está longe de agradar a todos. Alguns setores criticam Wall Street e a desigualdade de rendimentos, outros opõe-se ao aumento de impostos e IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS crescimento do Estado. Mas quais as posições de cada candidato, sabendo-se que Hillary Clinton apresentou muito mais medidas em concreto que Donald Trump? LINHAS GERAIS Clinton considera que a reconstrução da classe média requere a ajuda do governo, nomeadamente na educação e formação profissional. Pretende que as empresas partilhem lucros e aumentem salários. Trump defende que a classe média está esmagada por acordos negociais, globalização, mercados manipulados e a “vergonha” de as maiores empresas se deslocalizarem para fora dos EUA. julho de 2016| 5 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF IMPOSTOS INFRAESTRUTURA Com a sombra de Bernie Sanders e o legado de Obama a pesarem, Clinton defende um substancial aumento de impostos para os mais ricos: criação de um imposto especial de 4% para rendimentos acima de 5 milhões de dólares, criando um novo escalão de 43.6%. Rendimentos acima de um milhão pagarão no mínimo 30% de imposto. O imposto sobre a propriedade imobiliária será aumentado. Clinton pretende gastar $275 mil milhões na construção e reparação de pontes e estradas, expandindo os transportes públicos e a rede de internet de alta velocidade. Desse montante, $250 mil milhões serão gastos nos próximos 5 anos e o restante servirá para apoiar projetos independentes do governo. Trump propõe cortes generalizados de impostos. Pretende substituir as sete taxas de imposto sobre o rendimento por apenas três e a mais alta passaria de 39.6% para 25%. Os impostos sobre dividendos e mais-valias desceriam para 20% e pretende eliminar o imposto sobre os grandes patrimónios imobiliários. Todos os solteiros que ganhem até $25 000 ou casais até $50 000 ficarão isentos de imposto. Os críticos dizem que será impossível aplicar estes cortes sem aumentar, muito, a dívida pública. SALÁRIO MÍNIMO Clinton pretende aumentar o salário mínimo para $12/hora a nível federal, tentando que os Estados aumentem para $15/hora. Trump não tem uma posição clara: nas primárias defendeu manter o salário mínimo em $7.25/hora, mas em maio disse que poderia ser mais alto, admitindo dar mais liberdade aos Estados nesta matéria. COMÉRCIO INTERNACIONAL Clinton opõe-se à Parceria Transpacífico (TPP) assinada entre os EUA e 11 países do Pacific Rim, mas enquanto Secretária de Estado apoiou o acordo. Pretende criar leis que impeçam a entrada de importações a preços muito baixos. Trump também se opõe ao TPP e ameaçou impor uma tarifa de 45% às importações provenientes da China, respondendo ao que considera ser manipulação cambial por parte de Pequim. Prevê criar uma tarifa de 35% às importações do México para desencorajar as deslocalizações. Tem sido uma das mensagens fortes da sua campanha até agora. 6|julho de 2016 Trump não apresentou nenhum plano específico, mas disse que, se for eleito, “construiremos a maior infraestrutura do planeta Terra” – supõe-se que seja, portanto, uma aposta forte mesmo que não esteja ainda estudada ou, no mínimo, anunciada. SAÚDE O aumento do custo dos cuidados de saúde e medicamentos é uma preocupação crescente dos norteamericanos. É um tema onde as diferenças entre os candidatos são muito evidentes. Naturalmente, Clinton defende o “Obamacare” e propõe alterações que tornem os cuidados de saúde mais acessíveis, incluindo um limite de máximo de custos com medicamentos a serem suportados pelas famílias. Trump tem uma visão radicalmente oposta e pretende eliminar o “Affordable Care Act” para criar um mercado que promova a competição entre os provedores de seguros de saúde e, com isso, baixa dos preços. Rejeita a ideia de obrigar os americanos a comprar um seguro de saúde e diz que as empresas de medicamentos estão a lucrar indevidamente. JUSTIÇA E IMIGRAÇÃO Clinton deseja terminar com o que chama de “uma era de encarceramento em massa”, considerando que há presos a mais. Pretende que os polícias tenham câmaras individuais para que a sua atuação dê origem a responsabilização. Clinton também quer limitar a posse e comercialização de armas. Trump defende que o direito constitucional de posse de arma (2ª Emenda) é essencial para cumprir o objetivo “making America great again” e não pretende alterar a legislação atual. Acerca das acusações de brutalidade policial, Trump disse que deve ser dado mais poder à polícia. Este é um assunto de importância crescente e pode ser decisivo nas eleições. IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Estão a ganhar importância grupos de “quase guerrilha urbana”, anti-forças policiais que podem fazer mexer a opinião pública. Clinton tem mais a perder, caso não adote um discurso claro. Durante as “primárias”, Trump demorava apenas horas entre atacar, até pessoalmente, os seus adversários para os elogiar mal anunciavam que estavam fora da corrida. Na imigração quase apenas se fala de Trump e das suas intenções de construir um muro na fronteira com o México, de deportar os imigrantes ilegais e dificultar as remessas de ilegais para fora do país. Não nos parece que seja este o espaço mais indicado para esclarecer os factos sobre Trump ou elaborar sobre a sua personalidade, mas poderá encontrar informações sobre o tema neste artigo da Fortune “Business the Trump way” e neste artigo de Jon Greenberg “Fact-checking Hillary Clinton's economic speech about Donald Trump”. AMBIENTE O tema das emissões de carbono separa claramente os Democratas dos Republicanos. Clinton propõe transformar os EUA numa “superpotência de energia limpa do século XXI”. Trump considera que o aquecimento global é uma mentira criada no interesse de alguns grupos e que afeta negativamente a economia. Paralelamente, já deu a entender que pretende reativar e incentivar a exploração das minas de carvão e de energia nuclear. DÍVIDA E TAXAS DE JURO Também neste domínio, Clinton representa a posição vigente. Poderá manter Janet Yellen na FED e, sobretudo a trajetória e estratégias atuais em termos de dívida e orçamento. As opiniões de Trump têm sido muito contraditórias neste domínio, mas já deu a entender que afastará Yellen logo que possível. Quanto à dívida, nume primeira fase disse que é necessário libertar os EUA desse fardo e até pareceu defender algum tipo de incumprimento. Mais tarde, disse que as taxas de juro são tão baixas que é uma oportunidade a aproveitar, o que leva a creditar na emissão de mais dívida. Quanto ao défice, tem insistido na ideia de ter um orçamento equilibrado, mas os críticos perguntam como isso seria possível dados os cortes de impostos propostos e os planos de novas infraestruturas a implementar. AS CRÍTICAS A TRUMP O tom agressivo e populista de Trump tem levado a muitas críticas e a tentativas de desmascarar incoerência e apontar omissões. Há muitas dúvidas, inclusivamente, sobre quanto realmente vale a sua fortuna e isso é importante porque 73% dos republicanos consideram que Trump “sabe fazer as coisas bem”. O provável candidato pelo Partido Republicano é acusado de não ter opinião sólida sobre nenhum assunto e de mudar de posição de acordo com o momento. IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS julho de 2016| 7 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF 4.Cenários pós-eleitorais Em 8 de novembro, haverá também eleições para o Congresso (Senado e Casa dos Representantes). Portanto, na construção de cenários não será possível olhar apenas para a presidência. O Presidente dos Estados Unidos será, provavelmente, a pessoa mais poderosa do planeta, mas está muito longe se ser omnipotente. A Constituição dá ao Presidente mais latitude na política externa do que nos assuntos domésticos e mesmo nos negócios estrangeiros há uma série de obstáculos que o Congresso poderá colocar. Há três cenários principais a considerar: Não é certo o impacto nos T-Bonds: tanto poderiam continuar a funcionar como refúgio como o mercado internacional poderia castigar a incerteza que este cenário traria. Notar que, neste cenário, a inflação subiria e a FED poderia ter outra orientação. Mesmo com os Republicanos a dominarem os órgãos de poder, não é certo que estendessem a passadeira vermelha a Trump. Por exemplo, a reforma fiscal poderia não ser aprovada. É, de todos, o cenário mais arriscado, mas depois do “Brexit” há que estar preparado para surpresas. 1. Hillary Clinton na Casa Branca, com o Congresso dividido – Senado Democrata e Casa dos Representantes Republicana. 3. Hillary Clinton na Casa Branca e Republicanos dominam todo o Congresso. É o cenário mais provável (55% segundo a Pionner) e será neutral a positivo para os mercados e para a economia como um todo. Clinton não é um personagem assente em ideologia e deverá ter o pragmatismo para fazer passar as leis mais importantes e evitar conflitos. No entanto, será difícil aprovar a reforma fiscal, do sistema financeiro e da energia. A economia deverá beneficiar do investimento em infraestruturas, assim como a defesa. É um cenário de status quo. 2. Donald Trump na Casa Branca e Republicanos dominam todo o Congresso – 30% de probabilidade de acontecer. Apesar de este cenário apenas poder acontecer se Trump se posicionar mais ao centro, é o que aparentemente coloca mais riscos de curto prazo para os mercados financeiros e para a economia, dos EUA e Global. Apesar de as posições de Trump não se encontrarem fixas sobre todos os assuntos, há dois pontos em que tem sido consistente: erguer uma barreira física em relação ao México e mudar a política de barreiras alfandegárias. Uma guerra comercial prejudicaria o crescimento dos EUA e mundial. Os mercados financeiros iriam ressentirse, nomeadamente arrastados pelas multinacionais. O prémio de risco sobre a economia subiria e Trump já deu a entender que atuaria para desvalorizar o dólar. 8|julho de 2016 É, segundo a Pioneer, o cenário menos provável (15%) e seria relativamente neutral para a economia com um todo, mas negativa para alguns setores e sobretudo para os mercados financeiros. A economia poderia beneficiar pelo aumento de gastos em infraestrutura, aumentando os gastos do governo e investimento público, mas a reforma fiscal iria prejudicar o investimento privado. O crescimento da economia poderia obrigar a FED a subir juros, prejudicando os T-Bonds, mas valorizando o dólar. Setores como a biotecnologia, farmacêutica, bancos, energia, restaurantes e retalho seriam os mais prejudicados com as infraestruturas e energias alternativas a beneficiar. Nota: para seguir as sondagens mais recentes e as apostas sobre as eleições, utilizar estas ligações: Sondagem Clinton vs Trump (Global) - http://goo.gl/vZgZ44 Sondagens Estado a Estado (%) - http://goo.gl/WWf635 Composição do Colégio Eleitoral - http://goo.gl/klqjWK Apostas sobre as eleições - https://goo.gl/HOA0qj (IMF com Thomson Reuters, Fortune, The Associated Press, El Pais, Exame, Bloomberg, New York Times, Legal & General, Capital Group, Pioneer, politico.com, politifact.com, entrepreneur.com, electionbettingodds.com.) IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Mercado Monetário Após a subida da taxa de referência por parte da FED (Reserva Federal dos EUA), em dezembro do ano passado, poder-se-ia pensar que se estava a entrar num novo ciclo e que mais tarde ou mais cedo os próximos movimentos seriam de subida. Nada disto se verificou neste primeiro semestre de 2016 e as perspetivas quer para o que falta deste ano quer para os próximos 2 ou 3 anos não são propriamente animadoras. Em março, o BCE voltou a baixar as suas taxas de referência, colocando em 0% a taxa central e em -0.40% a taxa de depósito. Ao mesmo tempo, nos EUA, as expectativas de quatro subidas de taxas para este ano, foram sucessivamente sendo baixadas para três, duas e agora apenas uma para o final do ano, não estando nada descartada a hipótese de não ocorrer mesmo nenhuma. Mantemo-nos assim num clima em que os Bancos Centrais tentam a todo o custo estimular o crescimento através de um maior e mais barato acesso ao crédito, tentando induzir alguma inflação. Até agora o sucesso tem sido limitado. Os dados de maio mostram que o agregado monetário M3 se está a expandir a 4.9%, depois de ter atingido um pico nos 5.4% em abril de 2015. Os empréstimos a empresas subiram 1.4% em termos anuais e o crédito aos consumidores subiu 1.6%, valores que ficam certamente abaixo do desejado. A incerteza provocada pelo resultado do referendo nos EUA e palavras recentes de Mário Draghi, sugerem que não está posta de parte a hipótese de mais um corte nas taxas de referência. IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Olhando para os FRAs percebe-se que muitos operadores estão a descontar um corte adicional de 0.10% em setembro, com a Eonia para esse mês a negociar nos -0.44%. Já começa a ser pouco o que o BCE pode fazer para tentar estimular a economia. Ainda neste último mês de junho voltou a “oferecer” dinheiro a longo prazo aos bancos a taxa zero, mas estes mostraram-se pouco interessados, basicamente mantendo os montantes que haviam pedido emprestado há dois anos atrás. Depois de enveredar pela compra de dívida de empresas, começam-se a esgotar os caminhos de intervenção pela via da política monetária. Nos EUA, os operadores têm vindo a rever em baixa, de uma forma gradual, a expectativa de aumentos este ano. Intervenções por parte de membros da Reserva Federal em maio, deram a entender que se estava a preparar alguma ação para antes do verão. Dados menos positivos do emprego em junho, a incapacidade de subida dos mercados acionistas, a aproximação das eleições presidenciais nos EUA, são alguns dos fatores que nos levam a crer que dificilmente se assistirá a uma subida de taxas antes de dezembro. O mundo continua dessa forma num ambiente de taxas de juro muito baixas ou negativas, sentindo-se por parte dos Bancos Centrais grandes dificuldades de parar ou reverter a situação. (IMF) julho de 2016| 9 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Mercado de Obrigações e de Taxa Fixa Depois do que sucedeu em maio do ano passado, com os yields dos títulos alemães a 10 anos a dispararem dos 0.10% para mais de 1.0% levando a perdas consideráveis em muitos investidores, havia quem temesse que este ano se passasse o mesmo. Tal não sucedeu e uma das razões está no programa de compra de ativos do BCE que nessa altura ia apenas no segundo mês e agora já vai em no décimo quinto. Para além de meses consecutivos onde as compras do Banco Central têm ajudado a “secar” o mercado secundário, o próprio volume mensal a adquirir foi, entretanto, subindo. está perto de atingir o limite daquilo que pode comprar, atendendo às regras que estabelecem um máximo na relação entre o volume de emissões ativas e o peso no balanço do Banco Central. Até que ponto se assistirá ao longo dos próximos meses ao relaxamento ou abandono de algumas destas regras que foram definidas à partida, é uma das questões que se colocam para o que ainda falta no programa de compras regulares de títulos. Em mais uma tentativa de estimular o crédito à economia real, o BCE passou a incorporar nas suas compras regulares, títulos de dívida emitida por empresas com risco aceitável para o seu balanço. Terminamos o semestre com cada vez mais títulos, quer de dívida pública, quer privada com rendimentos negativos. Cada vez mais títulos alemães deixaram de ser elegíveis para as compras regulares do BCE, uma vez que o rendimento é inferior a -0.40%, barreira definida como limite pelas autoridades monetárias por ser a taxa oficial de depósitos no Banco Central. Daqui para a frente ou se mudam as regras ou será cada vez mais complicado prosseguir com o programa tal como o mesmo foi desenhado, situação que ajuda a que os preços dos títulos não caiam. Se para os países de menor risco a situação tem resultado em custos de financiamento cada vez mais baixos, tal não sucede com a dívida portuguesa. O país continua a pagar mais de 3.25% para emitir a 10 anos, fruto quer da pouca confiança que Portugal vai inspirando lá fora, quer porque, também neste caso, o BCE 10| julho de 2016 Nos EUA, os sucessivos adiamentos da subida de taxas de referência no país, a relativa atratividade dos rendimentos face a alternativas como a alemã e a japonesa e a maior procura de ativos de refúgio perante a incerteza criada pelo resultado do referendo no Reino Unido, resultaram numa queda dos rendimentos dos títulos a 10 anos para níveis abaixo de 1.50%, algo a que já não se assistia desde o segundo semestre de 2012. Continuamos então perante um cenário global de ausência de rendimento em títulos de risco aceitável, forçando investidores mais ou menos conservadores a enveredar por aplicações de maior risco, quer pela entrada em crédito de menor qualidade quer pela opção por maturidades muito mais longas. Trata-se de uma situação sem precedentes que acarreta riscos muito elevados, não se sabendo até onde este movimento pode ir e quais as implicações de uma situação no futuro que leve à subida dos rendimentos para níveis mais normais, implicando consideráveis baixas nos preços dos títulos. (IMF) IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Ciclo Económico PMIs Indústria Pa ís /Regi ã o Mercados Desenvolvidos Áustria Canadá Zona Euro França Alemanha Grécia Irlanda Itália Japão Holanda Coreia do Sul Espanha Taiwan Reino Unido Estados Unidos Mercados Emergentes Brasil China República Checa Índia Indonésia México Polónia Rússia Turquia Mundo jun-15 jul -15 a go-15 s et-15 out-15 nov-15 dez-15 ja n-16 fev-16 ma r-16 a br-16 ma i -16 jun-16 51.2 51.3 52.5 50.7 51.9 46.9 54.6 54.1 50.1 56.2 46.1 54.5 46.3 51.5 53.1 52.4 50.8 52.4 49.6 51.8 30.2 56.7 55.3 51.2 56 47.6 53.6 47.1 52 51.9 50.5 49.4 52.3 48.3 53.3 39.1 53.6 53.8 51.7 53.9 47.9 53.2 46.1 51.8 51 52.5 48.6 52 50.6 52.3 43.3 53.8 52.7 51 53 49.2 51.7 46.9 51.7 50 53 48 52.3 50.6 52.1 47.3 53.6 54.1 52.4 53.7 49.1 51.3 47.8 55.2 49.4 51.4 48.6 52.8 50.6 52.9 48.1 53.3 54.9 52.6 53.4 49.1 53.1 49.5 52.4 48.4 50.5 47.5 53.2 51.4 53.2 50.2 54.2 55.6 52.6 53.5 50.7 53 51.7 51.8 48 51.2 49.2 52.3 50 52.3 50 54.3 53.2 52.3 52.4 49.5 55.4 50.6 53 48.2 51.9 49.4 51.2 50.2 50.5 48.4 52.9 52.2 50.1 51.7 48.7 54.1 49.4 50.8 49.5 52.8 51.5 51.6 49.6 50.7 49 54.9 53.5 49.1 53.6 49.5 53.4 51.1 50.9 51.8 52 52.2 51.7 48 51.8 49.7 52.6 53.9 48.2 52.6 50 53.5 49.7 49.6 50.8 52 52.1 51.5 48.4 52.1 48.4 51.5 52.4 47.7 52.7 50.1 51.8 48.5 50.4 51.3 54.5 51.8 52.8 48.3 54.5 50.4 53 53.5 48.1 52 50.5 52.2 50.5 52.1 53.2 46.5 49.4 56.9 51.3 47.8 52 54.3 48.7 49 47.2 47.8 57.5 52.7 47.3 52.9 54.5 48.3 50.1 45.8 47.3 56.6 52.3 48.4 52.4 51.1 47.9 49.3 47 47.2 55.5 51.2 47.4 52.1 50.9 49.1 48.8 44.1 48.3 54 50.7 47.8 53 52.2 50.2 49.5 43.8 48.6 54.2 50.3 46.9 53 52.1 50.1 50.9 45.6 48.2 55.6 49.1 47.8 52.4 52.1 48.7 52.2 47.4 48.4 56.9 51.1 48.9 52.2 50.9 49.8 50.9 44.5 48 55.5 51.1 48.7 53.1 52.8 49.3 50.3 46 49.7 54.3 52.4 50.6 53.2 53.8 48.3 49.2 42.6 49.4 53.6 50.5 50.9 52.4 51 48 48.9 41.6 49.2 53.3 50.7 50.6 53.6 52.1 49.6 49.4 43.2 48.6 51.8 51.7 51.9 51.1 51.8 51.5 47.4 50.9 50.8 50.4 50.4 51.1 51 50.7 50.9 50 50.5 50.1 50 50.4 Fonte: Markit, Haitong Composite Leading Indicators Rá ci o de tendênci a (Médi a l ongo pra zo = 100) Va ri a çã o fa ce a o úl timo mês (pontos ) 2016 Va ri a çã o yea r-on-yea r (pontos ) Outlook pa ra o ci cl o económi co 2016 Janeiro Fevereiro Março Abril Janeiro Fevereiro Março Abril Último mês OCDE 99.7 99.7 99.6 99.6 -0.04 -0.03 -0.02 -0.01 -0.70 Crescimento estável Zona Euro 5 Maiores economias 100.5 100.5 100.4 100.4 -0.02 -0.04 -0.04 -0.04 -0.07 Crescimento estável 99.1 99.1 99.2 99.2 0.00 0.02 0.05 0.07 -0.35 Crescimento estável 99.5 99.4 99.4 99.4 -0.07 -0.05 -0.02 0.00 -0.91 Crescimento estável da Ásia1 G7 Canadá 99.3 99.3 99.4 99.5 -0.03 0.01 0.06 0.08 -0.39 Crescimento estável França 100.8 100.8 100.7 100.7 0.04 0.01 -0.02 -0.01 0.63 Crescimento estável Japão 99.6 99.6 99.6 99.6 -0.06 -0.03 -0.02 -0.01 -0.67 Crescimento estável Alemanha 99.8 99.8 99.8 99.8 -0.06 -0.04 -0.01 0.02 -0.33 Crescimento estável Itália 100.8 100.7 100.6 100.5 -0.05 -0.09 -0.10 -0.10 0.66 Desaceleração do crescimento Reino Unido 99.3 99.2 99.2 99.1 -0.10 -0.08 -0.05 -0.04 -1.57 Desaceleração do crescimento EUA 99.0 98.9 98.9 98.9 -0.09 -0.06 -0.01 0.02 -1.38 Sinais de Estabilização Brasil 97.7 98.0 98.3 98.8 0.13 0.26 0.38 0.45 1.28 Tentativa de retoma de crescimento China 98.4 98.4 98.4 98.4 -0.06 -0.03 0.01 0.03 -0.98 Crescimento estável Índia 100.1 100.2 100.3 100.4 0.11 0.11 0.12 0.13 1.20 Crescimento firme Rússia 98.2 98.3 98.6 99.2 -0.05 0.13 0.30 0.56 -0.49 Tentativa de retoma de crescimento Fo nte: OCDE, 8-Jun-2016 (A OCDE suspendeu tempo rariamente a publicação do s CLIs po r co nsiderar que o resultado do referendo britânico po derá to rnar o s dado s enganado res o u po uco preciso s) 1. China, Índia, Indo nésia, Japão e Co reia IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS julho de 2016| 11 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF PIB (Variação % face ao ano anterior) Projeções Alemanha Austrália Áustria Bélgica Brasil Canadá Chile Estónia China Coreia Dinamarca Eslovénia Espanha Finlândia França Grécia Países Baixos Hungria Irlanda Islândia Itália Japão Luxemburgo México Noruega Nova Zelândia Polónia Portugal Reino Unido Rep. Checa Rep. Eslovaca Rússia Suécia Suíça Turquia 2010 3.9 2.4 1.8 2.7 7.5 3.1 5.7 1.8 10.6 6.5 1.6 1.2 0.0 3.0 2.0 -5.5 1.3 0.7 0.4 -3.6 1.7 4.7 5.7 5.1 0.6 2.0 3.7 1.9 1.5 2.1 5.1 4.5 5.7 2.9 9.2 2011 3.7 2.6 3.0 1.8 3.9 3.1 5.8 7.5 9.5 3.7 1.2 0.6 -1.0 2.6 2.1 -9.2 1.7 1.8 2.6 2.0 0.7 -0.5 2.6 4.0 1.0 1.9 5.0 -1.8 2.0 2.0 2.8 4.3 2.7 1.9 8.8 2012 0.6 3.6 0.7 0.2 1.9 1.7 5.5 5.1 7.7 2.3 -0.1 -2.7 -2.6 -1.4 0.2 -7.3 -1.1 -1.7 0.1 1.2 -2.9 1.7 -0.8 3.8 2.7 2.8 1.6 -4.0 1.2 -0.8 1.5 3.5 0.1 1.1 2.1 2013 0.4 2.0 0.3 0.0 3.0 2.2 4.0 1.7 7.7 2.9 -0.2 -1.1 -1.7 -0.8 0.6 -3.1 -0.4 2.0 1.4 4.4 -1.8 1.4 4.4 1.6 1.0 1.7 1.3 -1.1 2.2 -0.5 1.4 1.3 1.2 1.8 4.2 2014 1.6 2.6 0.5 1.3 0.1 2.5 1.8 2.9 7.3 3.3 1.3 3.0 1.4 -0.7 0.6 0.7 1.0 3.6 5.2 2.0 -0.3 0.0 4.1 2.3 2.2 3.0 3.3 0.9 2.9 1.9 2.5 0.7 2.4 1.9 3.0 2015 1.4 2.5 0.8 1.4 -3.9 1.2 2.1 1.2 6.9 2.6 1.2 2.9 3.2 0.5 1.2 -0.3 2.0 3.0 7.8 4.0 0.6 0.6 4.9 2.5 1.6 3.4 3.6 1.5 2.3 4.3 3.6 -3.7 3.8 0.9 4.0 2016 1.6 2.6 1.3 1.2 -4.3 1.7 1.5 1.8 6.5 2.7 1.0 1.5 2.8 1.0 1.4 -0.2 1.7 1.6 5.0 4.4 1.0 0.7 3.7 2.6 0.6 3.0 3.0 1.2 1.7 2.4 3.1 -1.7 3.4 1.2 3.9 2017 1.7 2.9 1.6 1.5 -1.7 2.2 2.5 3.0 6.2 3.0 1.8 2.3 2.3 1.2 1.5 1.9 2.1 3.1 3.4 3.5 1.4 0.4 3.8 3.0 1.3 2.7 3.5 1.3 2.0 2.6 3.2 0.5 2.8 1.7 3.7 EUA Zona Euro OCDE 2.5 2.0 3.0 1.6 1.6 1.9 2.2 -0.9 1.3 1.5 -0.3 1.2 2.4 1.0 1.9 2.4 1.6 2.1 1.8 1.6 1.8 2.2 1.7 2.1 Fo nte: OCDE, Junho 2016 12| julho de 2016 IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Inflação (Variação % face ao ano anterior) Projeção Alemanha Austrália Áustria Bélgica Brasil Canadá Chile Estónia China Coreia Dinamarca Eslovénia Espanha Finlândia França Grécia Países Baixos Hungria Irlanda Islândia Itália Índia Japão Luxemburgo México Noruega Nova Zelândia Polónia Portugal Reino Unido Rep. Checa Rep. Eslovaca Rússia Suécia Suíça Turquia 2010 1.1 2.9 1.7 2.3 5.0 1.8 1.5 2.7 3.2 2.9 2.3 2.1 2.0 1.7 1.7 4.7 0.9 4.9 -1.6 5.4 1.6 9.5 -0.7 2.8 4.2 2.4 2.3 2.6 1.4 3.3 1.5 0.7 6.8 1.2 0.7 8.6 211 2.5 3.3 3.6 3.4 6.6 2.9 3.3 5.1 5.5 4.0 2.8 2.1 3.0 3.3 2.3 3.1 2.5 3.9 1.2 4.0 2.9 9.5 -0.3 3.7 3.4 1.3 4.0 4.2 3.6 4.5 1.9 4.1 8.4 3.0 0.2 6.5 2012 2.1 1.7 2.6 2.6 5.4 1.5 3.0 4.2 2.6 2.2 2.4 2.8 2.4 3.2 2.2 1.0 2.8 5.7 1.9 5.2 3.3 10.2 0.0 2.9 4.1 0.7 1.1 3.6 2.8 2.8 3.3 3.7 5.1 0.9 -0.7 8.9 2013 1.6 2.5 2.1 1.2 6.2 0.9 1.8 3.2 2.6 1.3 0.8 1.9 1.5 2.2 1.0 -0.9 2.6 1.7 0.5 3.9 1.2 9.5 0.3 1.7 3.8 2.1 1.1 1.0 0.4 2.6 1.4 1.5 6.8 0.0 -0.2 7.5 2014 0.8 2.5 1.5 0.5 6.3 1.9 4.7 0.5 2.1 1.3 0.6 0.4 -0.2 1.2 0.6 -1.4 0.3 -0.2 0.3 2.0 0.2 6.4 2.7 0.7 4.0 2.0 1.2 0.1 -0.2 1.5 0.4 -0.1 7.8 -0.2 0.0 8.9 2015 0.1 1.5 0.8 0.6 9.0 1.1 4.3 0.1 1.5 0.7 0.5 -0.8 -0.6 -0.2 0.1 -1.1 0.2 -0.1 0.0 1.6 0.1 4.9 0.8 0.1 2.7 2.2 0.3 -0.9 0.5 0.1 0.3 -0.3 15.5 0.0 -1.1 7.7 2016 0.3 1.4 1.0 1.6 9.2 1.7 4.0 0.4 2.6 1.0 0.4 -0.5 -0.5 0.1 0.1 -0.5 0.1 0.1 0.3 2.4 0.2 5.0 0.1 -0.1 2.8 2.9 0.6 -0.5 0.3 0.4 0.5 -0.3 7.3 1.2 -0.4 7.9 2017 1.5 2.1 2.0 1.7 5.7 2.1 3.1 1.8 3.0 1.7 1.5 0.7 1.0 0.8 0.8 0.0 1.2 1.7 2.2 4.1 0.9 4.6 2.1 1.5 3.2 2.2 1.4 1.1 0.8 1.6 1.8 0.9 5.3 1.7 0.2 7.3 EUA Zona Euro 1.6 1.6 3.1 2.7 2.1 2.5 1.5 1.3 1.6 0.4 0.1 0.0 1.1 0.2 2.0 1.2 Fo nte: OCDE, Junho 2016 IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS julho de 2016| 13 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Dados para Orçamentação Portugal PIB Inflação FMI O CDE Comissão Europeia Banc o de P ortugal PE 2015 2016 2017 2018 1.50% 1.50% 1.50% 1.50% 1.50% 1.00% 1.20% 1.50% 1.30% 1.80% 1.10% 1.30% 1.70% 1.60% 1.80% 1.30% 1.50% 1.90% FMI O CDE Banc o de P ortugal Comissão Europeia PE 2015 2016 2017 2018 0.50% 0.50% 0.50% 0.50% 0.50% 0.70% 0.30% 0.70% 0.70% 1.20% 1.10% 0.80% 1.20% 1.40% 1.60% 1.60% 1.50% 1.70% Fonte: FMI - World Economic Outlook, abril 2016; OCDE – Economic Outlook, junho 2016; Banco de Portugal – Projeções para a Economia Portuguesa, junho 2016; Comissão Europeia - European Economic Forecast Spring 2016, maio 2016; PE – Programa de Estabilidade, abril 2016 Outras Economias 2017 Espanha Alemanha Reino Unido EUA China 1.40% 1.60% 2.90% 2.40% 7.30% 3.20% 1.40% 2.30% 2.40% 6.90% 2.80% 1.60% 1.70% 1.80% 6.50% 2.30% 1.70% 2.00% 2.20% 6.20% 2014 2015 2016 2017 Espanha Alemanha Reino Unido EUA China 1.40% 1.60% 2.90% 2.40% 7.30% 3.20% 1.50% 2.20% 2.40% 6.90% 2.60% 1.50% 1.90% 2.40% 6.50% 2.30% 1.60% 2.20% 2.50% 6.20% 2014 2015 2016 2017 O CDE 2016 Espanha Alemanha Reino Unido EUA China -0.20% 0.80% 1.50% 1.60% 2.10% -0.60% 0.10% 0.10% 0.10% 1.50% -0.50% 0.30% 0.40% 1.10% 2.60% 1.00% 1.50% 1.60% 2.00% 3.00% 2014 2015 2016 2017 FMI 2015 O CDE Inflação 2014 FMI PIB Espanha Alemanha Reino Unido EUA China -0.10% 0.80% 1.50% 1.60% 2.00% -0.50% 0.10% 0.10% 0.10% 1.40% -0.40% 0.50% 0.80% 0.80% 1.80% 1.00% 1.40% 1.90% 1.50% 2.00% Fonte: FMI - World Economic Outlook, abril 2016, OCDE – Economic Outlook, junho 2016 Taxas de Juro Projeções de Mercado para indexantes (via FRA) Euri bor 3M Li bor U SD 3M Li bor G BP 3M Li bor J PY 3M W i bor PLN 3M Li bor CAD 3M Cete MXN ( 28d) Indexante em 12-jul-2016 1 -out-1 6 1 -jan-1 7 1 -abr-1 7 1 -jul-1 7 -0.30% -0.33% -0.36% -0.38% -0.40% 0.67% 0.71% 0.77% 0.81% 0.85% 0.49% 0.30% 0.29% 0.29% 0.31% -0.03% 0.00% -0.05% -0.09% -0.11% 1.51% 1.69% 1.58% 1.55% 1.50% 0.87% 0.86% 0.83% 0.81% 0.81% 4.77% 4.91% 5.09% 5.23% 5.34% Média -0.37% 0.79% 0.30% -0.06% 1.58% 0.83% 5.14% Previsões IMF para taxas de juro - Bancos Centrais Taxas Atuais 3 º Trim. 2 0 1 6 4 º Trim. 2 0 1 6 1 º Trim. 2 0 1 7 2 º Trim. 2 0 1 7 14| julho de 2016 BCE F ED BoE BoJ 0.00% 0.00% 0.00% 0.00% 0.00% 0.50% 0.50% 0.50% 0.75% 0.75% 0.50% 0.50% 0.50% 0.50% 0.50% 0.10% 0.10% 0.10% 0.10% 0.10% IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Previsões Cambiais Reuters Previsões Câmbios vs Euro Spot (**) USD GBP* JPY* CHF CAD* AUD* BRL* PLN NOK SEK 1,1092 0,8423 115,97 1,0904 1,4446 1,4522 3,6271 4,4120 9,3404 9,432 Previsões Câmbios vs Dólar 1 Mês 3 Meses 6 Meses 1 Ano 1,1000 0,8385 113,08 1,0800 1,4300 1,5068 3,6905 4,4150 9,350 9,350 1,0800 0,8409 111,72 1,0800 1,4256 1,5000 3,7260 4,4000 9,300 9,250 1,0800 0,8486 112,35 1,0900 1,4094 1,5105 3,8880 4,3500 9,200 9,200 1,0700 0,8353 115,50 1,1000 1,3910 1,5286 4,0125 4,2950 9,000 9,000 * Previsões cruzadas entre EUR/USD e USD com respetiva moeda Spot (**) CNY GBP JPY CHF CAD AUD BRL CLP MXN PEN 6,6858 1,3163 104,54 0,9829 1,3023 0,7633 3,2700 656,00 18,31 3,2798 1 Mês 3 Meses 6 Meses 1 Ano 6,6500 1,3134 102,17 0,9823 1,3000 0,7300 3,3550 671,17 18,50 3,3300 6,7000 1,2800 103,00 1,0000 1,3200 0,7200 3,4500 690,00 18,65 3,3700 6,7500 1,2650 105,00 1,0100 1,3050 0,7150 3,6000 690,00 18,50 3,4300 6,8000 1,2900 108,00 1,0200 1,3000 0,7000 3,7500 690,00 18,23 3,4500 ** Câmbios spot em 12 de julho de 2016 Previsões Commodities Reuters Energia Brent Crude Emissões CO2 3ºT 2016 2016 2017 Da ta Previ s ã o 48.80 48.50 44.99 43.90 55.30 54.50 jun-16 jun-16 LME Cobre Alumínio Zinc o Niquel Estanho Chumbo EUA's 2016 2017 Da ta Previ s ã o 6.02 7.10 jun-16 Metais Preciosos 2016 Da ta Previ s ã o 4835.0 1539.0 1790.0 9100.5 16215.0 1770.0 abr-16 abr-16 abr-16 abr-16 abr-16 abr-16 O uro P rata P latina P aladium 2016 Da ta Previ s ã o 1209.00 15.50 945.00 581.00 abr-16 abr-16 abr-16 abr-16 Eventos em 2016 IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS julho de 2016| 15 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Commodities Energia PETRÓLEO A queda verificada nos mercados de petróleo até ao final do ano, estendeu-se até meados de fevereiro, altura em que o brent tocou num mínimo pouco acima dos $27/barril. A baixa de preços resultou numa gradual redução da produção dos EUA, mas não foi suficiente para inverter a forte subida de produção por parte dos países da OPEP, nomeadamente o Irão e o Iraque. Ficou bem expressa numa reunião envolvendo estes produtores e a Rússia, de que a vontade de conquistar ou manter a quota de mercado é superior à de conseguir preços mais elevados. A situação começou a mudar com a entrada de fundos de investimento e as cotações foram subindo gradualmente, passando por alguns dias os $50/barril. A ajudar esta subida estiveram os incêndios no Canadá e os fortes problemas com ataques a infraestruturas na Nigéria, que resultaram em perdas de curto prazo superiores a 3.0 mbd. Esta situação levou a um maior equilíbrio de curto prazo num mercado que se estimava estar com um excedente na ordem dos 2.0 mbd. Para o que falta de 2016 e para 2017 há duas grandes questões que se colocam relativamente à oferta. A primeira é saber quanto tempo é que levará a produção do Canadá, e principalmente da Nigéria, a regressar ao normal. A segunda é perceber até que ponto esta recuperação do preço do petróleo limitará os cortes de produção nos EUA, pois a estes níveis mais empresas conseguirão sobreviver ao contrário do que sucedia com as cotações próximas dos $30/barril. No capítulo da procura há que ver qual o comportamento dos mercados da China e EUA. Esperamos para já uma fase de consolidação com alguma volatilidade entre os $45/$55, até que comece a haver respostas para as questões acima colocadas. GÁS NATURAL Nesta primeira metade do ano, os meses de inverno revelaram-se atípicos, com os principais mercados a ser afetados por um clima relativamente moderado. Verificouse, portanto, uma procura reduzida, levando os preços a prolongarem o movimento de baixa do ano passado, com o gás natural nos EUA a cair de níveis acima dos $2.00 MMBtu, registados no início do ano, para um mínimo perto dos $1,60 MMBtu (há um ano atrás negociava perto dos $3,00 MMBtu). Nos principais mercados de gás da Europa verificam-se negociações nos 11-12€/MWh, também com a fraqueza dos preços do petróleo a pressionar este mercado. O ouro negro atingiu mínimos de 13 anos, sendo que desde então recuperou e estabilizou em torno da linha dos $50. 16| julho de 2016 Desta forma assiste-se também a uma recuperação dos preços do gás, com a chegada dos meses mais quentes a impulsionar o consumo da matéria-prima, devido à utilização de ares-condicionados. Neste final de semestre o gás nos EUA negoceia nos $2,90 MMBtu, saltando para máximos de 10 meses, devido às previsões da continuação de níveis de consumo em níveis recorde, dada uma forte utilização de arescondicionados, com um início do verão mais quente que o habitual, sendo que este clima quente deverá manter-se até meados de julho. Na Europa, o movimento também é de subida, com os preços acima dos 15 €/MWh, reagindo ao clima de verão. Neste contexto, é expectável que se continue a verificar uma subida dos futuros à medida que as temperaturas aumentam nos próximos meses de verão. Foco também para a evolução dos preços do petróleo, que deverão conduzir também o movimento dos preços do gás. IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF ELETRICIDADE As temperaturas mais elevadas do que habitual nos meses de inverno conduziram a uma quebra no consumo de eletricidade, tendo a descida na distribuição de eletricidade em Portugal sido significativamente abaixo das expectativas dos analistas. Ainda assim, foi compensada pelo bom desempenho das energias renováveis. As chuvas intensas que se verificaram, encheram as barragens nacionais, impulsionando, portanto, a produção de energia hidráulica e, consequentemente, pressionado os preços da eletricidade. Menores níveis da procura associados a um aumento da oferta, resultaram, portanto, numa queda dos preços em direção aos 20 €/MWh, tendose registado negociações abaixo desta linha. Adicionalmente, um mercado do petróleo sem mostrar fortes indícios de recuperação, manteve o complexo da energia vulnerável a novas perdas, sendo que só em finais de maio se assistiu a uma estabilização do petróleo em torno da linha dos $50/barril. Com preços de petróleo mais firmes e a chegada de temperaturas mais elevadas, os preços da eletricidade mostram sinais de recuperação, negociando acima dos 30 €/MHw, mas com o mercado consideravelmente abaixo dos valores verificados há um ano atrás, quando negociava perto dos 50€/MWh. Este ano tem-se apresentado uma elevada produção através de fontes renováveis, resultando num saldo exportador, que deverá manter os preços pressionados durante os meses de verão, mas com as temperaturas mais elevadas a aumentarem os níveis de consumo. Metais Depois de uma entrada muito fraca em 2016, a maioria dos metais industriais tem mostrado alguma vontade de subir, se bem que a partir de certo ponto se observe dificuldade em levar os preços mais para cima. O zinco e o cobre têm sido os que melhor comportamento têm revelado, suportados pelos efeitos dos cortes de produção anunciados em 2015. Sucessivas revisões em baixa do crescimento global e a continuação de dados fracos da indústria chinesa, limitam os ganhos. COBRE O primeiro semestre de 2016 registou grande volatilidade no mercado de cobre, mas sem direção definida. Os preços oscilaram entre os $4300 e os $5100, terminando o semestre a meio deste intervalo, tendo testado várias vezes os limites do mesmo. Também a evolução dos stocks no LME foi atípica, algo que por várias vezes influenciou a trajetória dos preços. Depois de uma queda das 235.000 tons para 140.000 tons, em poucos dias entraram mais de 60.000 tons nos armazéns do LME, com o volume a regressar para perto de200.000 tons. IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Mais que indicação de procura, estas oscilações de stocks resultam em arbitragem entre armazéns chineses e os do LME. Para o que falta de 2016 não se esperam grandes diferenças face ao panorama dos últimos meses. Os cortes de produção anunciados no ano passado resultaram num maior equilíbrio entre oferta e procura, algo que deverá impedir que os mínimos de janeiro voltem a ser testados. Por outro lado, continua a haver sinas de fraca procura por parte da China, crucial para que uma subida sustentada para cima do nível psicológico dos $5000 seja bem-sucedida. julho de 2016| 17 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF NÍQUEL Os preços do níquel não conseguiram este ano retomar valores acima dos $10.000, tendo caído no início do ano até um mínimo nos $7.500. Desde então nota-se um ligeiro défice da produção, refletindo-se na evolução dos stocks do LME que ao longo dos últimos meses caíram das 450.000 tons para 380.000 tons. A forte, mas efémera, subida dos preços do aço permitiu uma recuperação até aos $9.700, mas continua a haver evidência de fraca procura no mercado de aço inox. As proibições de exportação da Indonésia e as recentes restrições de exportação de substitutos do níquel das Filipinas, não têm resultado numa queda da produção chinesa. Também neste metal se nota um crescente equilíbrio, o qual poderá desaparecer na eventualidade de uma subida de preços rápida sem fundamentais favoráveis do lado da procura. Por duas vezes nos últimos três meses o valor de $8.250 revelou-se como um importante suporte. No caso de subida, há um claro objetivo de se regressar a valores acima dos $10.000. ALUMÍNIO Depois de um fraco arranque em janeiro, os preços do alumínio têm vindo a recuperar gradualmente, dando a entender que os piores momentos terão ficado para trás. As cotações que arrancaram perto dos mínimos, a $1450, subiram até um máximo de $1675, tendo recentemente consolidado para perto dos $1600. Uma maior disciplina de produção por parte da China tem trazido progressivamente o mercado para um maior equilíbrio. As enormes filas para levantamento de metal nos armazéns do LME praticamente terminaram, e cada vez mais material circula fora do circuito de bolsa. Assim se explica a brutal queda de 500.000 tons nos stocks de bolsa nos últimos seis meses, para uns ainda elevados 2.4 milhões de toneladas. Os piores dias do alumínio terão ficado para trás e recentes projeções de subida global de consumo de 3.6% suportam um gradual avanço das cotações. Os operadores sabem que uma subida demasiado acentuada irá levar à reativação de produção chinesa, algo que se observou no mercado de aço. Desta forma e dependendo da evolução do consumo mundial, não é provável que uma subida se estenda por muito tempo acima dos $1750, enquanto que no caso de uma queda, o intervalo entre os $1500-$1550 deverá ser uma forte zona de suporte. ZINCO O zinco tem sido o metal preferido dos investidores, beneficiando dos anúncios de fecho de produção por parte da Glencore e de outras importantes empresas mineiras. O mercado está claramente mais equilibrado que no passado, o que permitiu uma subida superior a 25% nos últimos meses, passando de um mínimo de $1500 para um máximo muito perto dos $2100. Em poucos meses os stocks do LME registaram uma queda de 500.000 tons para 380.000 tons, mas nas últimas semanas de junho 18| julho de 2016 os mesmos regressaram a 430.000 tons. A recente evolução dos stocks mostra que a subida de preços do zinco poderá estar a alterar a perceção de alguns produtores, pelo que o recente equilíbrio entretanto alcançado poderá desaparecer caso alguma produção regresse por motivos económicos. Sabendo-se que a maioria das minas de zinco são rentáveis com preços acima dos $2000/ton, é difícil conseguir levar os preços muito mais para cima sem a evidência de um aumento sustentado do consumo. Para o que falta de 2016 esperamos então uma consolidação dos atuais valores, com suporte a $1750 e resistência a $2100. IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF AÇO A indústria do aço continua a enfrentar o problema de excesso de capacidade de produção, principal causador da descida dos preços nos últimos anos, com o produto proveniente da China a inundar os mercados internacionais. O gigante asiático planeia cortar entre 100 a 150 milhões de toneladas de produção de aço em bruto, nos próximos 3 a 5 anos, perspetivando-se o despedimento de cerca de 1,8 milhões de trabalhadores como consequência. Outras medidas estão a ser tomadas, incluindo a transferência de 10 milhões de toneladas de capacidade para o Brasil. A União Europeia (UE28) referiu que iria começar a controlar e monitorizar de perto as importações de aço que dão entrada nos mercados europeus, com o intuito de suportar o sector doméstico do aço, fortemente penalizado pelos mais baratos produtos chineses. Os dados económicos globais continuam a desapontar, sendo difícil projetar um crescimento significativo do consumo. O ajuste do excedente de mercado terá que continuar a dar-se pela via da contração da produção, sendo então provável um recuo dos preços. Na Europa e nos EUA os preços não deverão regressar aos mínimos de dezembro, devido ao efeito das tarifas alfandegárias entretanto introduzidas. Desta forma, mantêm-se as incertezas quanto ao panorama futuro da economia do gigante asiático, sendo que se continua a assistir a um contínuo aumento da produção de aço aliado a um enfraquecimento dos níveis da procura, pressionando, portanto, o mercado de futuros tanto do minério de ferro como do aço. OURO Os receios que na sequência de três anos de queda os preços do ouro quebrassem o nível psicológico dos $1000 acabaram por ser infundados. Cedo em 2016 os preços deste metal precioso começaram a subir, passando rapidamente a barreira dos $1200 que desde fevereiro tem servido de relevante suporte. Na base desta subida está a queda do dólar, os desempenhos negativos na maioria dos mercados acionistas, a continuação das políticas de estimulo monetário por parte dos mais importantes Bancos Centrais, realçando-se neste caso a redução significativa da probabilidade de os EUA voltarem a subir as taxas este ano, quando em dezembro se projetavam 4 subidas. Com o surpreendente resultado do referendo que ditou a saída do Reino Unido da UE, os preços dispararam até um máximo de dois anos, num contexto de aumento de incerteza. O contexto continua favorável ao ouro e não seria de admirar que até ao fim do ano os preços subissem acima dos $1400. O ambiente é de taxas de juro muito baixas, ausência de inflação e falta de performance noutros ativos financeiros. O interesse investidor através de produtos financeiros atingiu recentemente o volume mais elevado desde junho de 2013. Não se perspetiva para os próximos meses nada que altere radicalmente a atual situação, pelo que é difícil perspetivar uma queda acentuada de preços. PRATA A prata continua acima de tudo a acompanhar os movimentos do ouro, conseguindo ao longo deste semestre recuperar uma pequena parte da relação entre os dois metais preciosos, que nos últimos anos vinha favorecendo o ouro. Beneficiando também de um contexto de baixas taxas de juro, dólar baixo, incerteza política e fraco desempenho IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS dos mercados de ações, a prata tem sido cada vez mais procurada no contexto industrial. O sector de produção de energia solar tem sido o principal fator de crescimento da procura deste metal, possibilitando uma subida acima dos $18 pela primeira vez desde janeiro de 2015. Os baixos preços dos últimos anos têm levado ao fraco investimento em novas minas e ao fecho de outras, trazendo este mercado para uma situação de défijulho de 2016| 19 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF ce de produção. Nada se alterando no atual contexto e acreditando que a tendência do ouro continuará a ser de alta, a prata tem todas as hipóteses de testar valores acima dos $20. Cada vez mais operadores defendem os fundamentais da prata são mais sólidos que no ouro, pelo que a relação entre os dois metais, agora nos 72, poderá continuar a contrair, após 5 anos durante os quais a mesma passou de 31 para 82. Agrícolas Depois de dois anos sem qualquer problema de maior a nível agrícola, com a maioria dos preços globais a caírem para perto de mínimos, eis que surgiram nestes últimos meses as primeiras indicações de que o ano de 2016 poderá ser diferente. Depois de o El Niño ter provocado estragos consideráveis nas produções de cereais e açúcar da América do Sul e Ásia, surgem nesta fase receios de potenciais problemas de falta de chuva e demasiado calor nas culturas recentemente cultivadas no Hemisfério Norte, em especial nos EUA. Neste contexto assistiu-se a uma forte entrada do interesse especulativo comprador em muitos dos principais mercados de futuros. SOJA Tudo parecia correr sem problemas nos primeiros dois meses do ano. Após mais uma produção recorde nos EUA, tudo apontava para a repetição de mais um volume significativo de oferta proveniente da América do Sul. Os baixos preços do milho no mercado internacional levaram a que as intenções dos agricultores dos EUA fossem de aumentar a área de soja, razão pela qual os preços do grão atingiram um mínimo de $8.50/bushel, enquanto a farinha caiu até perto dos $250/ton. Em poucas semanas tudo se alterou. Problemas de seca no Brasil reduziram alguma produção nas últimas semanas de colheita, mas os maiores problemas estiveram na Argentina, onde chuvas intensas e inundações nos campos em abril, resultaram em perdas avultadas e atrasos na produção deste país. De repente os EUA ficam de novo numa boa posição para exportação e as vendas começaram a subir. Com a entrada do interesse especulador, em poucas semanas os preços do grão dispararam até aos $12/bushel, algo não registado desde agosto de 2014, enquanto a farinha beneficiou do facto de o óleo não ter conseguido subir, atingindo um máximo de $430 no início de junho. Depois de uma ligeira consolidação as atenções estãose agora a voltar para a campanha dos EUA. Até ao momento a elevada área e o tempo favorável na fase das sementeiras e nos primeiros estágios de evolução das plantas não apontam para um ano problemático. No entanto, os meteorologistas projetam um verão com mais calor que o normal, pelo que tendo em conta as perdas observadas na América do Sul, é natural que os preços se mantenham relativamente altos até que a incerteza desapareça. Na eventualidade de problemas sérios na produção dos EUA, poderemos voltar a assistir a ganhos consideráveis neste produto e ter mais uma vez cotações de grão perto dos $15/bushel e de farinha por volta dos $500/ton. ÓLEOS VEGETAIS De agosto do ano passado até finais de abril, assistiu-se a um movimento de recuperação de quase 40%, de perto dos 25 cents/lb até para cima dos 35 cents/lb. Este movimento mostrouse essencialmente técnico, estando associado a uma recuperação dos preços do petróleo, 20| julho de 2016 assim como também com problemas relativos à colheita da Argentina, dado que chuvas interromperam os trabalhos de colheita de soja e levantarem dúvidas sobre a quantidade e qualidade final da produção. Desta forma assistiu-se a um estreitamento da disponibilidade de óleo de soja, assim como um salto na procura no mercado de exportações dos EUA. Adicionalmente, o USDA IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF apontou para uma menor disponibilidade de soja nos próximos 2 anos. Porém desde o pico de abril, acima dos 35 cents/lb (o valor mais elevado desde inícios de junho do ano passado) o mercado assistiu a um declínio de mais de 10% para próximo da linha dos 30 cents/lb. A Argentina poderá exportar até 25% menos soja que no ano passado, segundo afirmam analistas, após os danos e inundações causados por chuvas severas, prejudicando a qualidade das oleaginosas e a consequentemente disponibilidade do óleo. Noutro ponto do globo, é expectável que a produção do óleo de palma no sudeste asiático registe uma quebra em 2016, devido a piores condições meteorológicas resultantes do fenómeno El Niño. A Indonésia deverá assistir a uma queda de 2 milhões de toneladas, enquanto a produção da Malásia deverá sofrer uma quebra de 1,2 milhões de toneladas, devido a condições climáticas mais secas. Um ringgit malaio mais forte e consequentes sinais negativos no mercado de exportações deverão, por outro lado, continuar a pressionar os preços do óleo tropical. MILHO No primeiro trimestre deste ano assistiu-se a preços do milho na Europa perto de mínimos de vários anos, oscilando em torno dos €150/ton. Desde então os preços têm recuperado e há poucas semanas atingiram um pico nos €190/ton, consolidando depois pelos €175/ton. A subida foi numa primeira fase suportada pelos ganhos em Chicago, refletindo uma mudança drástica no mercado mundial após problemas de seca no Brasil terem resultado em perdas de 8 MMT na produção deste país. Os EUA ficaram com muito menos concorrência no mercado internacional e com isso os preços em Chicago dispararam, arrastando as cotações noutras praças. Também em França a campanha deste ano não começou da melhor ma- neira, devido a fortes chuvas, mas ainda assim a Strategie Grains estima um aumento anual de 9% na produção europeia de milho para as 62.2 MMT. Para o que resta deste ano há muita incerteza no mercado e o que se passou no Brasil mantém os operadores cautelosos. Até ao momento o tempo nos EUA tem estado benéfico para as culturas de milho, mas previsões de longo prazo que apontam para temperaturas acima do normal no Midwest, ajudam a manter os preços elevados. O IGC no seu último relatório projetou uma produção mundial pouco acima dos 1000 milhões de tons (MMT) face às 971 MMT do ano passado, pelo que se nada de muito problemático se passar nos próximos meses, poderemos voltar a ter os preços perto dos valores de início do ano. TRIGO O ano começou com os preços relativamente altos na Europa, a rondar os €175. Nessa altura colocavam-se muitas questões sobre as produções dos países do Mar Negro, os quais têm vindo a dominar o mercado exportador. A evolução favorável das culturas de inverno do Hemisfério Norte e a recuperação das colheitas da Rússia e Ucrânia, arrastaram as cotações na Europa para perto dos €140. Com as cotações nos EUA perto de mínimos históricos, os preços na Europa voltaram a subir suportados por alguns problemas nas culturas europeias, mas a falta de competitividade externa e alguma melhoria das condições, impediram IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS uma subida acima dos €175 e forçaram a um recuo para perto dos €160. A Strategie Grains apontou recentemente para uma produção de 146.7 MMT, apenas 3% abaixo do recorde de 151 MMT de 2015, numa altura em que já há muito pouco a definir. Ao contrário de outros produtos, a grande maioria da produção de trigo de 2016 está definida, com o IGC a projetar uma colheita global de 722 MMT face ao recorde de 736 MMT do ano passado. A maior atratividade do trigo face ao milho na indústria de rações poderá resultar em preços mais elevados no caso de uma forte subida do milho. Caso contrário, não vemos condições para que na Europa os preços se aproximem dos €200, sendo mais provável que estabilizem dentro do intervalo €150-€170. julho de 2016| 21 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF AÇÚCAR O ano iniciou-se com uma descida dos preços de açúcar para mínimos do ano, abaixo dos 13 cents/lb, em Nova Iorque e perto dos $400/ton em Londres. Um avançar do processo de colheita no Brasil, que levou a um excesso de disponibilidade de açúcar, dada uma ampla colheita, diminuiu a expectativa quanto a um défice global. Adicionalmente, menores preços de etanol levaram a uma maior alocação de cana-de-açúcar para a produção de açúcar, ajudando, portanto, à pressão dos preços. Contudo, várias projeções de um défice global têm vindo a ser revistas em alta, nos últimos meses, acionando-se assim um movimento de subida dos preços para perto de máximos de 2012, movimento este que atualmente é também ajudado por uma apreciação do real brasileiro face ao dólar para máximos de 11 meses, que desencoraja a venda por parte dos produtores brasileiros de açúcar negociado em dólares. Na praça de Nova Iorque o açúcar não refinado aproxima-se da linha dos 20 cents/lb, enquanto o contrato londrino caminha para os $550/ton. Para o panorama futuro, a expectativa de que se venha a verificar um défice do mercado global do açúcar, com as projeções a serem revistas em alta, resultaram num volume recorde de posições-longas. Ainda que os fundamentos de mercado possam continuar a suportar uma alta dos preços, existem receios de que a liquidação das posições-longas levem os preços a declinarem significativamente. ALGODÃO O ano iniciou-se com o algodão a negociar em torno dos 64 cents/lb (contrato de primeiro-mês), mas a registar-se um movimento de baixa ao longo dos primeiros três meses do ano, de quase 13%, culminando nos 55,65 cents/lb, o valor mais reduzido desde finais de 2009. Foi noticiado que a China iria começar a escoar as suas amplas reservas de fibra, aumentando, portanto, a oferta global e fazendo concorrência ao produto norte-americano. Adicionalmente, o movimento mostrou-se também fortemente especulativo, baseado em incertezas em torno do ritmo de crescimento económico do gigante asiático, colocando em causa os níveis de procura por matérias-primas, incluindo o algodão. A acentuada descida dos preços do petróleo alimentou também este movimento de baixa, situação verificada em praticamente todo a linha do complexo das commodities, dado que o ouro negro negociou em mínimos de mais de uma década. 22| julho de 2016 Depois do mínimo de março, o mercado recuperou quase 20% para um máximo desde finais de agosto do ano passado, nos 66,50 cents/lb. Este movimento teve novamente uma conotação fortemente especulativa, acreditando-se que o mercado teria entrado em terreno demasiado vendido. Adicionalmente, a expectativa de que a FED iria subir as taxas de juro transmitiu um sentimento de maior confiança, levando a uma maior procura por ativos de maior risco. O foco no futuro deverá manter-se na evolução do petróleo, mas também na questão de subida das taxas de juro nos EUA e na performance da economia da China, que contribui largamente para o consumo de fibra. (IMF) IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Análise de Mercados Variação 2016 Euro/Dólar - (Eur/Usd) Expetativa 6 meses +2.3% = Variação 2016 Expetativa 6 meses -13.8% Variação 2016 Expetativa 6 meses -11.7% O Eur/Usd segue praticamente inalterado face ao fecho de 2015. Por um lado, a FED não acompanhou as expectativas de subidas de taxas de juro este ano, havendo agora dúvidas de que avance com novas subidas até final de 2016. Por outro lado, o BCE reforçou estímulos monetários em março e não há perspetivas de que possa inverter as suas políticas num futuro próximo, sendo que o referendo no Reino Unido veio também penalizar o euro. O cenário técnico de médio prazo segue inalterado, sendo que um sinal de formação de uma nova tendência surge apenas com uma eventual quebra do intervalo entre $1.05 e $1.15 que prevalece desde inícios de 2015. Dólar/Iene - (Usd/Jpy) O iene apresenta a melhor performance entre as principais moedas em 2016. A moeda japonesa beneficiou do clima de aversão ao risco que predominou nos mercados este ano. O Banco do Japão contrariou também as expectativas quanto a um reforço dos estímulos monetários, ainda que a pressão se acentue cada vez mais. O Usd/Jpy neutralizou a tendência de alta no longo prazo, quebrando a trendline que vigorava desde 2012. No curto prazo o par tenta arrancar com base nos 100.00 ienes, com um sinal de correção a surgir acima dos 105.50 ienes. Uma eventual quebra em baixa dos 100.00 ameaçaria este cenário e abriria espaço até 95.00 ienes. Euro/Iene - (Eur/Jpy) O Eur/Jpy teve um comportamento semelhante ao Usd/Jpy, sendo que em ambos os casos se registaram quedas até mínimos desde 2013. Aversão ao risco e ausência de novos estímulos monetários no Japão estiveram na base da valorização do iene. Tecnicamente, a tendência principal ainda é de baixa, mas o Eur/Jpy tenta nesta altura a formação de uma “base” a partir de 109.50 ienes. Um tom mais “neutral” seria atingido acima dos 122.00 ienes. IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS julho de 2016| 23 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Variação 2016 Euro/Libra - (Eur/Gbp) Expetativa 6 meses +14.5% Variação 2016 Expetativa 6 meses O Eur/Gbp valorizou cerca de 15% até ao momento, em 2016, o que se deveu desde logo à convocação do referendo no Reino Unido para a permanência na UE. A libra foi recuando à medida que a campanha pelo “Brexit” ia recebendo maior apoio, tendo agravado perdas com a confirmação da vitória da “saída”. A incerteza económica e política no Reino Unido tem penalizado a libra. O Eur/Gbp assume uma tendência de alta no curto prazo, que apenas voltaria a sofrer um sinal de correção importante abaixo das £0.8050. No longo prazo, a tendência de valorização da libra está agora neutralizada, situando-se a próxima resistência em torno das £0.88. Euro/Real - (Eur/Brl) -14.5% = Variação 2016 Expetativa 6 meses O real regista um dos melhores desempenhos em 2016. Apesar do contexto negativo para as moedas emergentes, a moeda brasileira beneficiou da saída de Dilma do governo, algo que o mercado considerava importante para restabelecer a confiança na economia brasileira. Houve também mudanças no banco central, com a nova liderança a mostrar-se mais tolerante à força do real. O Eur/Brl deu um sinal de fragilidade com a quebra do suporte dos 3.90 reais. Enquanto abaixo deste nível o viés de baixa mantém-se, ainda que a queda tenha sido travada nos 3.60 reais (apenas momentaneamente ultrapassados), havendo espaço para uma consolidação. Em caso de quebra, suporte seguinte nos 3.40 reais. Dólar/Kwanza - (Usd/Aoa) +22.7% Logo no início do ano, o banco central de Angola desvalorizou o kwanza em 15%, tentando diminuir a diferença entre a taxa oficial e a do mercado “paralelo”. A moeda angolana continuou a perder terreno até abril, mantendo-se a quebra na entrada de divisas no país, o que levou o governo a solicitar um programa de assistência ao FMI (voltando atrás no pedido, mais recentemente). A taxa oficial estabilizou em torno dos 165 kwanzas por dólar, mas no mercado paralelo vai já próxima dos 600 kwanzas. Assim, e mantendo-se a situação de debilidade na economia angolana, não se espera para já uma inversão da tendência de desvalorização do kwanza. 24| julho de 2016 IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Variação 2016 Euro/Franco Suíço - (Eur/Chf) Expetativa 6 meses +0.1% = Variação 2016 Expetativa 6 meses O Eur/Chf evoluiu sem qualquer tendência definida no primeiro semestre, lateralizando a maior parte do tempo entre 1.07 e 1.10 francos. Apesar de ter sido um semestre marcado por uma maior aversão ao risco, o banco central foi intervindo no mercado e impediu sempre uma valorização da sua moeda. Continua a ser expectável um cenário de estabilidade para os próximos meses, devendo manter-se em vigor esta banda entre 1.06/1.07 e 1.11/1.12 francos. Caso o banco central dê uma margem maior de valorização ao franco, os 1.02 formam o suporte seguinte no Eur/Chf. Euro/Coroa Norueguesa - (Eur/Nok) -2.4% = Variação 2016 Expetativa 6 meses A coroa norueguesa avançou ligeiramente face ao euro, acompanhando a recuperação dos preços do petróleo, e beneficiando também de um crescimento da economia norueguesa acima do esperado no 1º trimestre. Os ganhos vão sendo limitados pelo banco central, percebendo-se a intenção de travar a força da moeda com vários avisos de que poderão cortar taxas de juro. No longo prazo o movimento de alta no Eur/Nok segue intacto, prevalecendo ainda a trendline ascendente. Num prazo mais curto, vigora uma toada mais “neutral” com suporte nas 9.10/20 coroas, e resistências nas 9.60 e 9.90 coroas. Euro/Coroa Sueca - (Eur/Sek) +3.2% = Apesar de se manter entre os níveis observados em 2015, o Eur/Sek avançou neste primeiro semestre. Para tal tem contribuído a atuação do banco central, que apesar de uma recuperação da inflação para níveis positivos, manteve sempre um tom “dovish”: no início do ano cortou taxas de juro e em várias ocasiões prometeu intervir caso se verificasse uma valorização da coroa que comprometesse a subida da inflação. No curto prazo o Eur/Sek apresenta-se construtivo em alta, com objetivo nas 9.60 coroas, surgindo um sinal de “alerta” apenas abaixo das 9.38. Em termos de médio/longo prazo a tendência de lateralização é clara entre 9.05 e 9.70 coroas. IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS julho de 2016| 25 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Variação 2016 Euro/Zloty - (Eur/Pln) Expetativa 6 meses +3.8% Variação 2016 Expetativa 6 meses O Eur/Pln apresentou-se volátil no primeiro semestre, mas segue nesta altura próximo de máximos desde 2011. Até abril, o zloty beneficiou do facto de o banco central não confirmar as expectativas do mercado quanto a um corte de taxas de juro, assim como de um “alívio” no risco político da Polónia. Contudo, a maioria das moedas emergentes foi penalizada pelo referendo no RU, e o zloty em particular devido à exposição da Polónia ao RU. O Eur/Pln “rompeu” importantes resistências e assume, no médio prazo, uma toada de alta. O objetivo do movimento situa-se nos 4.55/4.60 zlotys, sendo que a tendência ficaria neutralizada abaixo dos 4.30 zlotys. Euro/Dólar Canadiano - (Eur/Cad) -3.6% Variação 2016 Expetativa 6 meses O Eur/Cad atingiu em janeiro máximos desde 2009, mas tem vindo desde aí a perder terreno. A evolução do dólar canadiano esteve muito ligada à dos preços do petróleo, que abriram o ano em forte queda, mas têm recuperado gradualmente. A economia canadiana surpreendeu também pela positiva no 1º trimestre, ainda que se espere que sofra agora o impacto do incêndio em Alberta. A quebra em alta da zona dos C$1.55 não teve continuidade e o Eur/Cad rapidamente corrigiu, mantendo assim no médio/longo prazo a toada de lateralização. Num prazo mais curto o par está pressionado em baixa, mas há possibilidade de novo ressalto na zona dos C$1.40 – em caso de quebra, suporte seguinte nos C$1.35. Crude Oil ($) +23.3% O mercado passou grande parte do mês a rondar o nível psicológico dos $50 sem o conseguir passar de forma definitiva, pelo que tecnicamente ficou a ideia de que se está a formar um topo. Restrições de oferta nalguns países continuaram a sustentar os preços, mas a incerteza causada pelo Brexit e sinais de redução de consumo de gasolina a nível global, colocam pressão de baixa. Depois de várias tentativas falhadas de superar os $50, o grande suporte encontra-se agora no nível psicológico dos $40. Quebrado este valor poder-se-á assistir à liquidação significativa de posições compradoras e um teste aos mínimos de fevereiro. 26| julho de 2016 IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Variação 2016 Ouro ($) Expetativa 6 meses +27.6% Variação 2016 Expetativa 6 meses O adiamento de uma possível subida de taxas nos EUA e a forte incerteza lançada pelo Brexit resultaram numa subida dos preços do ouro para valores não vistos desde início de 2014 Depois de três anos de trajetória claramente decrescente, o ouro evitou um perigoso teste aos $1000 e mantém nesta altura uma clara tendência altista, com as principais resistências a surgirem nos $1390 de máximo de 2014 e nos $1435 já não vistos desde o último trimestre de 2013. PSI 20 -13.3% Variação 2016 Expetativa 6 meses A queda do petróleo e os receios em torno da economia chinesa, no início do ano, despoletaram uma onda vendedora nos mercados acionistas e o PSI 20 acompanhou a tendência. Entre março e junho verificou-se um período de consolidação, mas os receios em torno do referendo no Reino Unido (e o seu resultado) voltaram a penalizar significativamente as bolsas nas últimas semanas. O PSI 20 caiu para mínimos desde 1996, nos 4175 pontos, a partir dos quais tenta nesta altura formar uma “base”. Contudo, a tendência descendente está em curso e uma toada de maior neutralidade é alcançada apenas acima dos 5200 pontos. DAX 30 -3.0% = O DAX sofreu uma queda semelhante à do PSI 20 no início do ano, mas iniciou a recuperação mais cedo, não tendo também sofrido perdas tão significativas devido ao referendo no RU. O crescimento do PIB acima do esperado no 1º trimestre, na zona euro e na Alemanha, contribuiu para uma maior resiliência do índice de Frankfurt. A figura de alta no longo prazo não está ainda totalmente anulada, mas o viés é agora de maior neutralidade. Já numa perspetiva de curto e médio prazo a toada é de baixa, sendo visível nos máximos relativos cada vez mais baixos. Um sinal de força seria dado acima dos 10500 pontos, enquanto que uma quebra em baixa dos 8500 agravaria o cenário em todos os prazos. IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS julho de 2016| 27 Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Variação 2016 Dow Jones Expetativa 6 meses +4.6% Variação 2016 Expetativa 6 meses O Dow Jones também iniciou mal o ano, mas com o ajustamento do mercado quanto à subida de taxas de juro da FED (no sentido de um adiamento), mais do que recuperou as perdas, tendo já registado máximos históricos. O referendo no Reino Unido teve também um impacto menor nas bolsas do outro lado do Atlântico. Caso confirme agora a quebra dos 18350 pontos (cenário provável), o Dow Jones dará continuidade ao “bull market” que vigora desde 2009. Este apenas ficará comprometido com uma eventual quebra do suporte dos 15500 pontos, que já este ano reforçou a sua importância. Grão de Soja +24.7% Variação 2016 Expetativa 6 meses Problemas com a produção na América do Sul, em especial na Argentina, levaram a uma subida considerável dos preços da soja até aos $12. Um início favorável da campanha dos EUA levou a uma correção, mas a produção apenas ficará definida em finais de setembro, havendo muito espaço para problemas. Tecnicamente, um recuo até aos $10.25, corrigindo 50% da subida, mantém o mercado numa tendência de alta. A quebra da linha de resistência descendente, testada sem sucesso neste mês, abre espaço para ganhos mais significativos até aos $15. Algodão +7.3% = Manteve-se a tendência lateral neste mercado, com os fundamentais a não justificarem nem subidas acima dos 70 nem quedas prolongadas abaixo dos 57. Entramos na fase crítica da produção do hemisfério norte, numa altura em que os stocks de produto de campanhas passadas fora da China se encontram em níveis baixos. Tecnicamente tudo aponta para já que o mercado continua a evoluir dentro de um canal. Apenas quebras sustentadas do suporte a 57 ou da resistência a 70 poderão levar este mercado a tomar direção. 28| julho de 2016 IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF Variação 2016 Trigo Expetativa 6 meses -11.2% Variação 2016 Expetativa 6 meses Está a terminar mais uma campanha perto de níveis recorde de produção no hemisfério norte. Esta situação e a força do dólar resultaram em preços no mínimo de 10 anos nos EUA. Estes preços poderão levar à redução de área semeada para 2016/17 tornando o mercado mais suscetível a problemas meteorológicos. O mercado segue limitado por uma linha de resistência que tem unido os máximos cada vez mais baixos registados desde 2012. Caso o suporte dos 400 se aguente, há boas hipóteses de um teste a essa linha que atravessa agora valores perto dos 500. Milho -4.2% Variação 2016 Expetativa 6 meses Forte volatilidade neste último mês. Os problemas na colheita do Brasil levaram o mercado a um teste aos 435 de máximo de 2015 para, em poucas semanas, e com o bom arranque da campanha de 2016/17, o mercado virar por completo e ficar perto de testar os mínimos de 2014. Nesta fase temos forte suporte nos 320 já não testados desde 2014, sabendo-se que há pela frente três meses de incerteza relativamente à produção no hemisfério norte. A principal resistência no caso de subida volta a surgir nos 435. Açúcar +34.9% Forte subida dos preços do açúcar suportados por um lado por problemas na produção mundial que vão levar a um considerável défice em 2016 e por outro pelo forte interesse comprador dos fundos de investimento. A tendência segue de alta com um primeiro nível de suporte nos $21.80, seguindo-se os $24, ambos valores já não vistos desde 2012. O aproveitamento destes preços por parte dos produtores poderá levar a um movimento de liquidação, sendo de esperar bom suporte numa correção a 50%, pouco acima dos $15. (IMF) IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS julho de 2016| 29 A IMF Sobre a IMF A IMF é uma empresa independente de prestação de serviços de assessoria a empresas, especializada em mercados e produtos financeiros. Há 20 anos que oferecemos um serviço especializado, dinâmico e personalizado, vocacionado para ser um auxiliar precioso do gestor ou do diretor financeiro. 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