Uma eleição no tempo dos cisnes negros

Transcrição

Uma eleição no tempo dos cisnes negros
ANÁLISE
IMF
JULHO 2016
Uma eleição no tempo dos cisnes negros
ÍNDICE
Análise – Tema Global ....................................................................................................................................... 3
Uma eleição em tempos de cisnes negros ................................................................................................................... 3
1. Processo eleitoral .............................................................................................................................................. 3
2. Sondagens e apostas ......................................................................................................................................... 5
3. Propostas e Perspetivas..................................................................................................................................... 5
4. Cenários pós-eleitorais ...................................................................................................................................... 8
Mercado Monetário .......................................................................................................................................... 9
Mercado de Obrigações e de Taxa Fixa ........................................................................................................... 10
Ciclo Económico ............................................................................................................................................... 11
Dados para Orçamentação .............................................................................................................................. 14
Commodities .................................................................................................................................................... 16
Energia ................................................................................................................................................................ 16
Metais ................................................................................................................................................................. 17
Agrícolas .............................................................................................................................................................. 20
Análise de Mercados........................................................................................................................................ 23
A IMF ................................................................................................................................................................ 30
IMF – Informação de Mercados Financeiros, SA
www.imf.pt
m.imf.pt (cotações para smartphone – gratuito)
“Este documento destina-se a uso privado e a sua reprodução total ou parcial carece de autorização prévia da IMF. Este documento foi produzido com base em
informações de fontes credíveis, mas a IMF não garante que essas informações estejam completas nem que sejam totalmente exatas. As opiniões expressas
neste documento podem ser alteradas sem aviso e não pretendem constituir nenhum aconselhamento.”
2|julho de 2016
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Análise – Tema Global
Uma eleição em tempos de cisnes negros
O senso comum parece dizer que Donald Trump não terá hipóteses de vencer Hillary Clinton nas eleições
do próximo dia 8 de novembro. Clinton representa o status quo e, seguindo essa linha de raciocínio, isso
deverá ser suficiente para ganhar numa América que normalmente vota de forma pragmática. Mas o resultado do referendo no Reino Unido mostrou que as surpresas acontecem e que há um voto de protesto contra o sistema. O “cisne negro” britânico pode repetir-se nos EUA? Não é o cenário central, mas também
não é tão improvável que possa ser ignorado. A eventual eleição de Trump traria implicações relevantes,
de vária ordem. Ponto prévio: Não é 100% certo que Trump seja o candidato nomeado pelo Partido Republicano, mas é mesmo muito provável (95%, segundo as casas de apostas).
1.Processo eleitoral
O processo eleitoral para a presidência dos EUA tem
várias etapas, iniciando com a escolha por parte de
cada Partido (Democrata e Republicano) do seu candidato presidencial. Nesta fase, que decorre durante
vários meses (entre fevereiro e junho), os cidadãos
norte-americanos votam para dizer aos delegados de
cada partido qual candidato à presidência dos EUA
devem apoiar na Convenção Nacional, que acontece
durante o verão – os republicanos realizarão a sua
convenção a 18 de julho e os democratas uma semana
mais tarde. O objetivo é acumular o maior número de
delegados, sendo que este varia entre cada Estado
(com base em fatores como a população), assim como
o processo de designação, existindo duas formas de
escolha: caucus (convenções partidárias) e primárias.
Os caucus são assembleias de cidadãos onde se debate quem é o melhor candidato, tendo os participantes
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
de ser filiados ao Partido correspondente e podendo
tentar convencer outros votantes. Já nas primárias o
voto é secreto e podem ser abertas (os participantes
podem votar independentemente do partido a que
estejam filiados) ou fechadas (exige filiação ao Partido). Em qualquer dos casos os votantes só podem
participar nas primárias de um dos Partidos, não em
ambas.
No caso do Partido Democrata, a escolha dos delegados é proporcional, ou seja, a percentagem de delegados atribuídos a cada candidato corresponde aos
votos recebidos em cada Estado. No Partido Republicano cada Estado decide como são designados os delegados: pelo sistema proporcional ou por um sistema
que concede todos os delegados ao candidato com
mais votos (é o caso da Flórida, Ohio ou Illinois que
adquirem assim maior importância).
julho de 2016| 3
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Os delegados marcam presença na Convenção Nacional do Partido, votando de acordo com o que foi decidido pelos eleitores de cada Estado. A estes juntam-se
também os “superdelegados” – membros do Comité
Nacional do Partido, da Câmara dos Representantes
ou Senadores – que não têm o seu voto vinculado a
um candidato. No Partido Democrata há 4762 delegados e 718 “superdelegados”, enquanto que no Partido
Republicano existem 2472 delegados e 150 “superdelegados”.
Habitualmente, cada Partido chega à sua Convenção
Nacional já com um candidato vencedor à partida, por
ter atingido o número de delegados necessários.
Quando tal não acontece, há lugar à chamada “brokered convention”, que significa a realização de uma
nova votação onde os delegados deixam de estar vinculados aos resultados eleitorais. A votação inclui
todos os delegados, abrangendo os que representam
candidatos que já desistiram. Nas Convenções Nacionais fica definido formalmente o candidato presidencial de cada Partido, dando início às “eleições gerais”.
Nesta fase, os candidatos de cada Partido dispõem já
de enormes recursos financeiros para a campanha,
enfrentando-se em três debates televisivos entre setembro e outubro, que têm audiências enormes.
4|julho de 2016
O dia das eleições está fixado por lei para a terça-feira
após a primeira segunda-feira de novembro, que este
ano será a 8 de novembro.
O Presidente dos EUA não é eleito por voto direto,
mas por um Colégio Eleitoral – os americanos votam
num candidato, mas na realidade escolhem um “eleitor” que votará por eles no Colégio. Este é constituído
por 538 eleitores, distribuídos pelos Estados conforme
a sua população e representação no Congresso. Em 48
dos 50 Estados, o vencedor fica com todos os eleitores
em disputa (e não em proporção aos votos), sendo
que um candidato precisa de 270 votos para chegar à
Casa Branca. O sucessor de Barack Obama assumirá
funções a 20 de janeiro de 2017. Poderá haver candidatos independentes, mas que tudo deverá ser decidido entre Hillary Clinton e Donald Trump.
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
2.Sondagens e apostas
A fiabilidade das sondagens relativas a processos eleitorais tem deixado muito a desejar nos últimos anos.
Por esse motivo, o acompanhamento do referendo
“Brexit” foi também muito feito através da análise das
casas de apostas. Só que no caso britânico, as apostas
também falharam! As sondagens realmente davam a
vitória ao “Brexit”, mas isso apenas aconteceu nas
últimas semanas e estamos ainda a meses das eleições nos EUA. Portanto, talvez valha a pena usar os
dois métodos.
Há uma diferença importante nestas eleições face a
um referendo e que já foi explicada atrás – a contabilidade faz-se Estado a Estado e não pela globalidade
dos votos. Um candidato pode ter mais votos nos EUA
e não vencer. Por isso, importa compreender o que
acontece em cada Estado. Globalmente, as sondagens
globais dão clara vantagem a Clinton, mas ainda bem
abaixo dos 50%. Importa referir que ambos os candidatos têm uma apreciação líquida negativa, com
Trump a ser mais rejeitado. Os analistas consideram
que Mitt Romney perdeu a eleição de 2012 devido à
falta de apoio das chamadas “minorias” e Trump parece ter ainda mais problemas nesse domínio até porque acentuou a hostilidade em relação aos hispânicos
e tem uma forte rejeição entre as mulheres. Mas,
como referimos, o que interessa é a votação Estado a
Estado e aí a vantagem de Hillary é ainda mais evidente. Portanto, tudo parece indicar que Hillary Clinton
irá vencer, mas Trump tem algumas chances: é mais
hábil a mudar as perceções da opinião pública, representa o “antissistema”, pode aglutinar muito voto
masculino e poderá beneficiar de uma forte desaceleração económica ou de um evento de choque como
um atentado terrorista. Trump poderá também conquistar os Republicanos que nele não confiam se conseguir apresentar um potencial vice-presidente que
agrade ao Partido.
No caso das apostas – que pode acompanhar aqui - a
leitura é muito clara: Hillary Clinton tem uma probabilidade de mais de 70% de vencer. Costuma ser suficiente. Mas, pelo sim pelo não, convém haver preparação para um “cisne negro”.
3.Propostas e Perspetivas
Há que reconhecer: o motto de Trump “Make America
great again” é forte e acerta em cheio no orgulho
americano, para além de acompanhar tendências que
tão bem se refletiram no referendo “Brexit”. As duas
últimas eleições nos EUA foram dominadas por temas
económicos e, em princípio, agora não será diferente
porque os eleitores americanos definem consistentemente a economia como a sua preocupação principal.
O desemprego tem vindo a descer desde que Obama
se tornou presidente em 2009, mas a performance da
economia está longe de agradar a todos. Alguns setores criticam Wall Street e a desigualdade de rendimentos, outros opõe-se ao aumento de impostos e
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
crescimento do Estado. Mas quais as posições de cada
candidato, sabendo-se que Hillary Clinton apresentou
muito mais medidas em concreto que Donald Trump?
LINHAS GERAIS
Clinton considera que a reconstrução da classe média
requere a ajuda do governo, nomeadamente na educação e formação profissional. Pretende que as empresas partilhem lucros e aumentem salários. Trump
defende que a classe média está esmagada por acordos negociais, globalização, mercados manipulados e
a “vergonha” de as maiores empresas se deslocalizarem para fora dos EUA.
julho de 2016| 5
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
IMPOSTOS
INFRAESTRUTURA
Com a sombra de Bernie Sanders e o legado de Obama a pesarem, Clinton defende um substancial aumento de impostos para os mais ricos: criação de um
imposto especial de 4% para rendimentos acima de 5
milhões de dólares, criando um novo escalão de
43.6%. Rendimentos acima de um milhão pagarão no
mínimo 30% de imposto. O imposto sobre a propriedade imobiliária será aumentado.
Clinton pretende gastar $275 mil milhões na construção e reparação de pontes e estradas, expandindo os
transportes públicos e a rede de internet de alta velocidade. Desse montante, $250 mil milhões serão gastos nos próximos 5 anos e o restante servirá para
apoiar projetos independentes do governo.
Trump propõe cortes generalizados de impostos. Pretende substituir as sete taxas de imposto sobre o rendimento por apenas três e a mais alta passaria de
39.6% para 25%. Os impostos sobre dividendos e
mais-valias desceriam para 20% e pretende eliminar o
imposto sobre os grandes patrimónios imobiliários.
Todos os solteiros que ganhem até $25 000 ou casais
até $50 000 ficarão isentos de imposto. Os críticos
dizem que será impossível aplicar estes cortes sem
aumentar, muito, a dívida pública.
SALÁRIO MÍNIMO
Clinton pretende aumentar o salário mínimo para
$12/hora a nível federal, tentando que os Estados
aumentem para $15/hora.
Trump não tem uma posição clara: nas primárias defendeu manter o salário mínimo em $7.25/hora, mas
em maio disse que poderia ser mais alto, admitindo
dar mais liberdade aos Estados nesta matéria.
COMÉRCIO INTERNACIONAL
Clinton opõe-se à Parceria Transpacífico (TPP) assinada entre os EUA e 11 países do Pacific Rim, mas enquanto Secretária de Estado apoiou o acordo. Pretende criar leis que impeçam a entrada de importações a
preços muito baixos.
Trump também se opõe ao TPP e ameaçou impor uma
tarifa de 45% às importações provenientes da China,
respondendo ao que considera ser manipulação cambial por parte de Pequim. Prevê criar uma tarifa de
35% às importações do México para desencorajar as
deslocalizações. Tem sido uma das mensagens fortes
da sua campanha até agora.
6|julho de 2016
Trump não apresentou nenhum plano específico, mas
disse que, se for eleito, “construiremos a maior infraestrutura do planeta Terra” – supõe-se que seja, portanto, uma aposta forte mesmo que não esteja ainda
estudada ou, no mínimo, anunciada.
SAÚDE
O aumento do custo dos cuidados de saúde e medicamentos é uma preocupação crescente dos norteamericanos. É um tema onde as diferenças entre os
candidatos são muito evidentes. Naturalmente, Clinton defende o “Obamacare” e propõe alterações que
tornem os cuidados de saúde mais acessíveis, incluindo um limite de máximo de custos com medicamentos
a serem suportados pelas famílias.
Trump tem uma visão radicalmente oposta e pretende
eliminar o “Affordable Care Act” para criar um mercado que promova a competição entre os provedores de
seguros de saúde e, com isso, baixa dos preços. Rejeita a ideia de obrigar os americanos a comprar um
seguro de saúde e diz que as empresas de medicamentos estão a lucrar indevidamente.
JUSTIÇA E IMIGRAÇÃO
Clinton deseja terminar com o que chama de “uma
era de encarceramento em massa”, considerando que
há presos a mais. Pretende que os polícias tenham
câmaras individuais para que a sua atuação dê origem
a responsabilização. Clinton também quer limitar a
posse e comercialização de armas.
Trump defende que o direito constitucional de posse
de arma (2ª Emenda) é essencial para cumprir o objetivo “making America great again” e não pretende
alterar a legislação atual. Acerca das acusações de
brutalidade policial, Trump disse que deve ser dado
mais poder à polícia. Este é um assunto de importância crescente e pode ser decisivo nas eleições.
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Estão a ganhar importância grupos de “quase guerrilha urbana”, anti-forças policiais que podem fazer
mexer a opinião pública. Clinton tem mais a perder,
caso não adote um discurso claro.
Durante as “primárias”, Trump demorava apenas horas entre atacar, até pessoalmente, os seus adversários para os elogiar mal anunciavam que estavam fora
da corrida.
Na imigração quase apenas se fala de Trump e das
suas intenções de construir um muro na fronteira com
o México, de deportar os imigrantes ilegais e dificultar
as remessas de ilegais para fora do país.
Não nos parece que seja este o espaço mais indicado
para esclarecer os factos sobre Trump ou elaborar
sobre a sua personalidade, mas poderá encontrar
informações sobre o tema neste artigo da Fortune
“Business the Trump way” e neste artigo de Jon Greenberg “Fact-checking Hillary Clinton's economic speech about Donald Trump”.
AMBIENTE
O tema das emissões de carbono separa claramente
os Democratas dos Republicanos. Clinton propõe
transformar os EUA numa “superpotência de energia
limpa do século XXI”.
Trump considera que o aquecimento global é uma
mentira criada no interesse de alguns grupos e que
afeta negativamente a economia. Paralelamente, já
deu a entender que pretende reativar e incentivar a
exploração das minas de carvão e de energia nuclear.
DÍVIDA E TAXAS DE JURO
Também neste domínio, Clinton representa a posição
vigente. Poderá manter Janet Yellen na FED e, sobretudo a trajetória e estratégias atuais em termos de
dívida e orçamento.
As opiniões de Trump têm sido muito contraditórias
neste domínio, mas já deu a entender que afastará
Yellen logo que possível. Quanto à dívida, nume primeira fase disse que é necessário libertar os EUA desse fardo e até pareceu defender algum tipo de incumprimento. Mais tarde, disse que as taxas de juro são
tão baixas que é uma oportunidade a aproveitar, o
que leva a creditar na emissão de mais dívida. Quanto
ao défice, tem insistido na ideia de ter um orçamento
equilibrado, mas os críticos perguntam como isso seria possível dados os cortes de impostos propostos e
os planos de novas infraestruturas a implementar.
AS CRÍTICAS A TRUMP
O tom agressivo e populista de Trump tem levado a
muitas críticas e a tentativas de desmascarar incoerência e apontar omissões. Há muitas dúvidas, inclusivamente, sobre quanto realmente vale a sua fortuna e
isso é importante porque 73% dos republicanos consideram que Trump “sabe fazer as coisas bem”. O provável candidato pelo Partido Republicano é acusado
de não ter opinião sólida sobre nenhum assunto e de
mudar de posição de acordo com o momento.
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
julho de 2016| 7
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
4.Cenários pós-eleitorais
Em 8 de novembro, haverá também eleições para o
Congresso (Senado e Casa dos Representantes). Portanto, na construção de cenários não será possível
olhar apenas para a presidência. O Presidente dos
Estados Unidos será, provavelmente, a pessoa mais
poderosa do planeta, mas está muito longe se ser
omnipotente. A Constituição dá ao Presidente mais
latitude na política externa do que nos assuntos domésticos e mesmo nos negócios estrangeiros há uma
série de obstáculos que o Congresso poderá colocar.
Há três cenários principais a considerar:
Não é certo o impacto nos T-Bonds: tanto poderiam continuar a funcionar como refúgio como o
mercado internacional poderia castigar a incerteza
que este cenário traria. Notar que, neste cenário, a
inflação subiria e a FED poderia ter outra orientação. Mesmo com os Republicanos a dominarem os
órgãos de poder, não é certo que estendessem a
passadeira vermelha a Trump. Por exemplo, a reforma fiscal poderia não ser aprovada. É, de todos,
o cenário mais arriscado, mas depois do “Brexit” há
que estar preparado para surpresas.
1. Hillary Clinton na Casa Branca, com o Congresso dividido – Senado Democrata e Casa dos
Representantes Republicana.
3. Hillary Clinton na Casa Branca e Republicanos
dominam todo o Congresso.
É o cenário mais provável (55% segundo a Pionner)
e será neutral a positivo para os mercados e para a
economia como um todo. Clinton não é um personagem assente em ideologia e deverá ter o pragmatismo para fazer passar as leis mais importantes
e evitar conflitos. No entanto, será difícil aprovar a
reforma fiscal, do sistema financeiro e da energia.
A economia deverá beneficiar do investimento em
infraestruturas, assim como a defesa. É um cenário
de status quo.
2. Donald Trump na Casa Branca e Republicanos
dominam todo o Congresso – 30% de probabilidade de acontecer.
Apesar de este cenário apenas poder acontecer se
Trump se posicionar mais ao centro, é o que aparentemente coloca mais riscos de curto prazo para
os mercados financeiros e para a economia, dos
EUA e Global. Apesar de as posições de Trump não
se encontrarem fixas sobre todos os assuntos, há
dois pontos em que tem sido consistente: erguer
uma barreira física em relação ao México e mudar
a política de barreiras alfandegárias. Uma guerra
comercial prejudicaria o crescimento dos EUA e
mundial. Os mercados financeiros iriam ressentirse, nomeadamente arrastados pelas multinacionais. O prémio de risco sobre a economia subiria e
Trump já deu a entender que atuaria para desvalorizar o dólar.
8|julho de 2016
É, segundo a Pioneer, o cenário menos provável
(15%) e seria relativamente neutral para a economia com um todo, mas negativa para alguns setores e sobretudo para os mercados financeiros. A
economia poderia beneficiar pelo aumento de
gastos em infraestrutura, aumentando os gastos
do governo e investimento público, mas a reforma
fiscal iria prejudicar o investimento privado. O
crescimento da economia poderia obrigar a FED a
subir juros, prejudicando os T-Bonds, mas valorizando o dólar. Setores como a biotecnologia, farmacêutica, bancos, energia, restaurantes e retalho
seriam os mais prejudicados com as infraestruturas e energias alternativas a beneficiar.
Nota: para seguir as sondagens mais recentes e as
apostas sobre as eleições, utilizar estas ligações:
Sondagem Clinton vs Trump (Global) - http://goo.gl/vZgZ44
Sondagens Estado a Estado (%) - http://goo.gl/WWf635
Composição do Colégio Eleitoral - http://goo.gl/klqjWK
Apostas sobre as eleições - https://goo.gl/HOA0qj
(IMF com Thomson Reuters, Fortune, The Associated Press,
El Pais, Exame, Bloomberg, New York Times, Legal & General, Capital Group, Pioneer, politico.com, politifact.com,
entrepreneur.com, electionbettingodds.com.)
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Mercado Monetário
Após a subida da taxa de referência por parte da FED
(Reserva Federal dos EUA), em dezembro do ano passado, poder-se-ia pensar que se estava a entrar num
novo ciclo e que mais tarde ou mais cedo os próximos
movimentos seriam de subida. Nada disto se verificou
neste primeiro semestre de 2016 e as perspetivas
quer para o que falta deste ano quer para os próximos
2 ou 3 anos não são propriamente animadoras.
Em março, o BCE voltou a baixar as suas taxas de referência, colocando em 0% a taxa central e em -0.40% a
taxa de depósito. Ao mesmo tempo, nos EUA, as expectativas de quatro subidas de taxas para este ano,
foram sucessivamente sendo baixadas para três, duas
e agora apenas uma para o final do ano, não estando
nada descartada a hipótese de não ocorrer mesmo
nenhuma. Mantemo-nos assim num clima em que os
Bancos Centrais tentam a todo o custo estimular o
crescimento através de um maior e mais barato acesso ao crédito, tentando induzir alguma inflação. Até
agora o sucesso tem sido limitado. Os dados de maio
mostram que o agregado monetário M3 se está a
expandir a 4.9%, depois de ter atingido um pico nos
5.4% em abril de 2015. Os empréstimos a empresas
subiram 1.4% em termos anuais e o crédito aos consumidores subiu 1.6%, valores que ficam certamente
abaixo do desejado.
A incerteza provocada pelo resultado do referendo
nos EUA e palavras recentes de Mário Draghi, sugerem que não está posta de parte a hipótese de mais
um corte nas taxas de referência.
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Olhando para os FRAs percebe-se que muitos operadores estão a descontar um corte adicional de 0.10%
em setembro, com a Eonia para esse mês a negociar
nos -0.44%.
Já começa a ser pouco o que o BCE pode fazer para
tentar estimular a economia. Ainda neste último mês
de junho voltou a “oferecer” dinheiro a longo prazo
aos bancos a taxa zero, mas estes mostraram-se pouco interessados, basicamente mantendo os montantes
que haviam pedido emprestado há dois anos atrás.
Depois de enveredar pela compra de dívida de empresas, começam-se a esgotar os caminhos de intervenção pela via da política monetária.
Nos EUA, os operadores têm vindo a rever em baixa,
de uma forma gradual, a expectativa de aumentos
este ano. Intervenções por parte de membros da Reserva Federal em maio, deram a entender que se estava a preparar alguma ação para antes do verão.
Dados menos positivos do emprego em junho, a incapacidade de subida dos mercados acionistas, a aproximação das eleições presidenciais nos EUA, são alguns dos fatores que nos levam a crer que dificilmente
se assistirá a uma subida de taxas antes de dezembro.
O mundo continua dessa forma num ambiente de
taxas de juro muito baixas ou negativas, sentindo-se
por parte dos Bancos Centrais grandes dificuldades de
parar ou reverter a situação. (IMF)
julho de 2016| 9
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Mercado de Obrigações e de Taxa Fixa
Depois do que sucedeu em maio do ano passado, com
os yields dos títulos alemães a 10 anos a dispararem
dos 0.10% para mais de 1.0% levando a perdas consideráveis em muitos investidores, havia quem temesse
que este ano se passasse o mesmo. Tal não sucedeu e
uma das razões está no programa de compra de ativos
do BCE que nessa altura ia apenas no segundo mês e
agora já vai em no décimo quinto. Para além de meses
consecutivos onde as compras do Banco Central têm
ajudado a “secar” o mercado secundário, o próprio
volume mensal a adquirir foi, entretanto, subindo.
está perto de atingir o limite daquilo que pode comprar, atendendo às regras que estabelecem um máximo na relação entre o volume de emissões ativas e o
peso no balanço do Banco Central.
Até que ponto se assistirá ao longo dos próximos meses ao relaxamento ou abandono de algumas destas
regras que foram definidas à partida, é uma das questões que se colocam para o que ainda falta no programa de compras regulares de títulos.
Em mais uma tentativa de estimular o crédito à economia real, o BCE passou a incorporar nas suas compras regulares, títulos de dívida emitida por empresas
com risco aceitável para o seu balanço. Terminamos o
semestre com cada vez mais títulos, quer de dívida
pública, quer privada com rendimentos negativos.
Cada vez mais títulos alemães deixaram de ser elegíveis para as compras regulares do BCE, uma vez que o
rendimento é inferior a -0.40%, barreira definida como limite pelas autoridades monetárias por ser a taxa
oficial de depósitos no Banco Central. Daqui para a
frente ou se mudam as regras ou será cada vez mais
complicado prosseguir com o programa tal como o
mesmo foi desenhado, situação que ajuda a que os
preços dos títulos não caiam.
Se para os países de menor risco a situação tem resultado em custos de financiamento cada vez mais baixos, tal não sucede com a dívida portuguesa. O país
continua a pagar mais de 3.25% para emitir a 10 anos,
fruto quer da pouca confiança que Portugal vai inspirando lá fora, quer porque, também neste caso, o BCE
10| julho de 2016
Nos EUA, os sucessivos adiamentos da subida de taxas
de referência no país, a relativa atratividade dos rendimentos face a alternativas como a alemã e a japonesa e a maior procura de ativos de refúgio perante a
incerteza criada pelo resultado do referendo no Reino
Unido, resultaram numa queda dos rendimentos dos
títulos a 10 anos para níveis abaixo de 1.50%, algo a
que já não se assistia desde o segundo semestre de
2012.
Continuamos então perante um cenário global de
ausência de rendimento em títulos de risco aceitável,
forçando investidores mais ou menos conservadores a
enveredar por aplicações de maior risco, quer pela
entrada em crédito de menor qualidade quer pela
opção por maturidades muito mais longas. Trata-se de
uma situação sem precedentes que acarreta riscos
muito elevados, não se sabendo até onde este movimento pode ir e quais as implicações de uma situação
no futuro que leve à subida dos rendimentos para
níveis mais normais, implicando consideráveis baixas
nos preços dos títulos. (IMF)
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Ciclo Económico
PMIs Indústria
Pa ís /Regi ã o
Mercados Desenvolvidos
Áustria
Canadá
Zona Euro
França
Alemanha
Grécia
Irlanda
Itália
Japão
Holanda
Coreia do Sul
Espanha
Taiwan
Reino Unido
Estados Unidos
Mercados Emergentes
Brasil
China
República Checa
Índia
Indonésia
México
Polónia
Rússia
Turquia
Mundo
jun-15
jul -15
a go-15
s et-15
out-15
nov-15
dez-15
ja n-16
fev-16
ma r-16
a br-16
ma i -16
jun-16
51.2
51.3
52.5
50.7
51.9
46.9
54.6
54.1
50.1
56.2
46.1
54.5
46.3
51.5
53.1
52.4
50.8
52.4
49.6
51.8
30.2
56.7
55.3
51.2
56
47.6
53.6
47.1
52
51.9
50.5
49.4
52.3
48.3
53.3
39.1
53.6
53.8
51.7
53.9
47.9
53.2
46.1
51.8
51
52.5
48.6
52
50.6
52.3
43.3
53.8
52.7
51
53
49.2
51.7
46.9
51.7
50
53
48
52.3
50.6
52.1
47.3
53.6
54.1
52.4
53.7
49.1
51.3
47.8
55.2
49.4
51.4
48.6
52.8
50.6
52.9
48.1
53.3
54.9
52.6
53.4
49.1
53.1
49.5
52.4
48.4
50.5
47.5
53.2
51.4
53.2
50.2
54.2
55.6
52.6
53.5
50.7
53
51.7
51.8
48
51.2
49.2
52.3
50
52.3
50
54.3
53.2
52.3
52.4
49.5
55.4
50.6
53
48.2
51.9
49.4
51.2
50.2
50.5
48.4
52.9
52.2
50.1
51.7
48.7
54.1
49.4
50.8
49.5
52.8
51.5
51.6
49.6
50.7
49
54.9
53.5
49.1
53.6
49.5
53.4
51.1
50.9
51.8
52
52.2
51.7
48
51.8
49.7
52.6
53.9
48.2
52.6
50
53.5
49.7
49.6
50.8
52
52.1
51.5
48.4
52.1
48.4
51.5
52.4
47.7
52.7
50.1
51.8
48.5
50.4
51.3
54.5
51.8
52.8
48.3
54.5
50.4
53
53.5
48.1
52
50.5
52.2
50.5
52.1
53.2
46.5
49.4
56.9
51.3
47.8
52
54.3
48.7
49
47.2
47.8
57.5
52.7
47.3
52.9
54.5
48.3
50.1
45.8
47.3
56.6
52.3
48.4
52.4
51.1
47.9
49.3
47
47.2
55.5
51.2
47.4
52.1
50.9
49.1
48.8
44.1
48.3
54
50.7
47.8
53
52.2
50.2
49.5
43.8
48.6
54.2
50.3
46.9
53
52.1
50.1
50.9
45.6
48.2
55.6
49.1
47.8
52.4
52.1
48.7
52.2
47.4
48.4
56.9
51.1
48.9
52.2
50.9
49.8
50.9
44.5
48
55.5
51.1
48.7
53.1
52.8
49.3
50.3
46
49.7
54.3
52.4
50.6
53.2
53.8
48.3
49.2
42.6
49.4
53.6
50.5
50.9
52.4
51
48
48.9
41.6
49.2
53.3
50.7
50.6
53.6
52.1
49.6
49.4
43.2
48.6
51.8
51.7
51.9
51.1
51.8
51.5
47.4
50.9
50.8
50.4
50.4
51.1
51
50.7
50.9
50
50.5
50.1
50
50.4
Fonte: Markit, Haitong
Composite Leading Indicators
Rá ci o de tendênci a
(Médi a l ongo pra zo = 100)
Va ri a çã o fa ce a o úl timo mês (pontos )
2016
Va ri a çã o
yea r-on-yea r
(pontos )
Outlook pa ra o ci cl o económi co
2016
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Último mês
OCDE
99.7
99.7
99.6
99.6
-0.04
-0.03
-0.02
-0.01
-0.70
Crescimento estável
Zona Euro
5 Maiores economias
100.5
100.5
100.4
100.4
-0.02
-0.04
-0.04
-0.04
-0.07
Crescimento estável
99.1
99.1
99.2
99.2
0.00
0.02
0.05
0.07
-0.35
Crescimento estável
99.5
99.4
99.4
99.4
-0.07
-0.05
-0.02
0.00
-0.91
Crescimento estável
da Ásia1
G7
Canadá
99.3
99.3
99.4
99.5
-0.03
0.01
0.06
0.08
-0.39
Crescimento estável
França
100.8
100.8
100.7
100.7
0.04
0.01
-0.02
-0.01
0.63
Crescimento estável
Japão
99.6
99.6
99.6
99.6
-0.06
-0.03
-0.02
-0.01
-0.67
Crescimento estável
Alemanha
99.8
99.8
99.8
99.8
-0.06
-0.04
-0.01
0.02
-0.33
Crescimento estável
Itália
100.8
100.7
100.6
100.5
-0.05
-0.09
-0.10
-0.10
0.66
Desaceleração do crescimento
Reino Unido
99.3
99.2
99.2
99.1
-0.10
-0.08
-0.05
-0.04
-1.57
Desaceleração do crescimento
EUA
99.0
98.9
98.9
98.9
-0.09
-0.06
-0.01
0.02
-1.38
Sinais de Estabilização
Brasil
97.7
98.0
98.3
98.8
0.13
0.26
0.38
0.45
1.28
Tentativa de retoma de crescimento
China
98.4
98.4
98.4
98.4
-0.06
-0.03
0.01
0.03
-0.98
Crescimento estável
Índia
100.1
100.2
100.3
100.4
0.11
0.11
0.12
0.13
1.20
Crescimento firme
Rússia
98.2
98.3
98.6
99.2
-0.05
0.13
0.30
0.56
-0.49
Tentativa de retoma de crescimento
Fo nte: OCDE, 8-Jun-2016 (A OCDE suspendeu tempo rariamente a publicação do s CLIs po r co nsiderar que o resultado do referendo britânico po derá to rnar o s dado s enganado res o u po uco preciso s)
1. China, Índia, Indo nésia, Japão e Co reia
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
julho de 2016| 11
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
PIB
(Variação % face ao ano anterior)
Projeções
Alemanha
Austrália
Áustria
Bélgica
Brasil
Canadá
Chile
Estónia
China
Coreia
Dinamarca
Eslovénia
Espanha
Finlândia
França
Grécia
Países Baixos
Hungria
Irlanda
Islândia
Itália
Japão
Luxemburgo
México
Noruega
Nova Zelândia
Polónia
Portugal
Reino Unido
Rep. Checa
Rep. Eslovaca
Rússia
Suécia
Suíça
Turquia
2010
3.9
2.4
1.8
2.7
7.5
3.1
5.7
1.8
10.6
6.5
1.6
1.2
0.0
3.0
2.0
-5.5
1.3
0.7
0.4
-3.6
1.7
4.7
5.7
5.1
0.6
2.0
3.7
1.9
1.5
2.1
5.1
4.5
5.7
2.9
9.2
2011
3.7
2.6
3.0
1.8
3.9
3.1
5.8
7.5
9.5
3.7
1.2
0.6
-1.0
2.6
2.1
-9.2
1.7
1.8
2.6
2.0
0.7
-0.5
2.6
4.0
1.0
1.9
5.0
-1.8
2.0
2.0
2.8
4.3
2.7
1.9
8.8
2012
0.6
3.6
0.7
0.2
1.9
1.7
5.5
5.1
7.7
2.3
-0.1
-2.7
-2.6
-1.4
0.2
-7.3
-1.1
-1.7
0.1
1.2
-2.9
1.7
-0.8
3.8
2.7
2.8
1.6
-4.0
1.2
-0.8
1.5
3.5
0.1
1.1
2.1
2013
0.4
2.0
0.3
0.0
3.0
2.2
4.0
1.7
7.7
2.9
-0.2
-1.1
-1.7
-0.8
0.6
-3.1
-0.4
2.0
1.4
4.4
-1.8
1.4
4.4
1.6
1.0
1.7
1.3
-1.1
2.2
-0.5
1.4
1.3
1.2
1.8
4.2
2014
1.6
2.6
0.5
1.3
0.1
2.5
1.8
2.9
7.3
3.3
1.3
3.0
1.4
-0.7
0.6
0.7
1.0
3.6
5.2
2.0
-0.3
0.0
4.1
2.3
2.2
3.0
3.3
0.9
2.9
1.9
2.5
0.7
2.4
1.9
3.0
2015
1.4
2.5
0.8
1.4
-3.9
1.2
2.1
1.2
6.9
2.6
1.2
2.9
3.2
0.5
1.2
-0.3
2.0
3.0
7.8
4.0
0.6
0.6
4.9
2.5
1.6
3.4
3.6
1.5
2.3
4.3
3.6
-3.7
3.8
0.9
4.0
2016
1.6
2.6
1.3
1.2
-4.3
1.7
1.5
1.8
6.5
2.7
1.0
1.5
2.8
1.0
1.4
-0.2
1.7
1.6
5.0
4.4
1.0
0.7
3.7
2.6
0.6
3.0
3.0
1.2
1.7
2.4
3.1
-1.7
3.4
1.2
3.9
2017
1.7
2.9
1.6
1.5
-1.7
2.2
2.5
3.0
6.2
3.0
1.8
2.3
2.3
1.2
1.5
1.9
2.1
3.1
3.4
3.5
1.4
0.4
3.8
3.0
1.3
2.7
3.5
1.3
2.0
2.6
3.2
0.5
2.8
1.7
3.7
EUA
Zona Euro
OCDE
2.5
2.0
3.0
1.6
1.6
1.9
2.2
-0.9
1.3
1.5
-0.3
1.2
2.4
1.0
1.9
2.4
1.6
2.1
1.8
1.6
1.8
2.2
1.7
2.1
Fo nte: OCDE, Junho 2016
12| julho de 2016
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Inflação
(Variação % face ao ano anterior)
Projeção
Alemanha
Austrália
Áustria
Bélgica
Brasil
Canadá
Chile
Estónia
China
Coreia
Dinamarca
Eslovénia
Espanha
Finlândia
França
Grécia
Países Baixos
Hungria
Irlanda
Islândia
Itália
Índia
Japão
Luxemburgo
México
Noruega
Nova Zelândia
Polónia
Portugal
Reino Unido
Rep. Checa
Rep. Eslovaca
Rússia
Suécia
Suíça
Turquia
2010
1.1
2.9
1.7
2.3
5.0
1.8
1.5
2.7
3.2
2.9
2.3
2.1
2.0
1.7
1.7
4.7
0.9
4.9
-1.6
5.4
1.6
9.5
-0.7
2.8
4.2
2.4
2.3
2.6
1.4
3.3
1.5
0.7
6.8
1.2
0.7
8.6
211
2.5
3.3
3.6
3.4
6.6
2.9
3.3
5.1
5.5
4.0
2.8
2.1
3.0
3.3
2.3
3.1
2.5
3.9
1.2
4.0
2.9
9.5
-0.3
3.7
3.4
1.3
4.0
4.2
3.6
4.5
1.9
4.1
8.4
3.0
0.2
6.5
2012
2.1
1.7
2.6
2.6
5.4
1.5
3.0
4.2
2.6
2.2
2.4
2.8
2.4
3.2
2.2
1.0
2.8
5.7
1.9
5.2
3.3
10.2
0.0
2.9
4.1
0.7
1.1
3.6
2.8
2.8
3.3
3.7
5.1
0.9
-0.7
8.9
2013
1.6
2.5
2.1
1.2
6.2
0.9
1.8
3.2
2.6
1.3
0.8
1.9
1.5
2.2
1.0
-0.9
2.6
1.7
0.5
3.9
1.2
9.5
0.3
1.7
3.8
2.1
1.1
1.0
0.4
2.6
1.4
1.5
6.8
0.0
-0.2
7.5
2014
0.8
2.5
1.5
0.5
6.3
1.9
4.7
0.5
2.1
1.3
0.6
0.4
-0.2
1.2
0.6
-1.4
0.3
-0.2
0.3
2.0
0.2
6.4
2.7
0.7
4.0
2.0
1.2
0.1
-0.2
1.5
0.4
-0.1
7.8
-0.2
0.0
8.9
2015
0.1
1.5
0.8
0.6
9.0
1.1
4.3
0.1
1.5
0.7
0.5
-0.8
-0.6
-0.2
0.1
-1.1
0.2
-0.1
0.0
1.6
0.1
4.9
0.8
0.1
2.7
2.2
0.3
-0.9
0.5
0.1
0.3
-0.3
15.5
0.0
-1.1
7.7
2016
0.3
1.4
1.0
1.6
9.2
1.7
4.0
0.4
2.6
1.0
0.4
-0.5
-0.5
0.1
0.1
-0.5
0.1
0.1
0.3
2.4
0.2
5.0
0.1
-0.1
2.8
2.9
0.6
-0.5
0.3
0.4
0.5
-0.3
7.3
1.2
-0.4
7.9
2017
1.5
2.1
2.0
1.7
5.7
2.1
3.1
1.8
3.0
1.7
1.5
0.7
1.0
0.8
0.8
0.0
1.2
1.7
2.2
4.1
0.9
4.6
2.1
1.5
3.2
2.2
1.4
1.1
0.8
1.6
1.8
0.9
5.3
1.7
0.2
7.3
EUA
Zona Euro
1.6
1.6
3.1
2.7
2.1
2.5
1.5
1.3
1.6
0.4
0.1
0.0
1.1
0.2
2.0
1.2
Fo nte: OCDE, Junho 2016
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
julho de 2016| 13
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Dados para Orçamentação
Portugal
PIB
Inflação
FMI
O CDE
Comissão Europeia
Banc o de P ortugal
PE
2015
2016
2017
2018
1.50%
1.50%
1.50%
1.50%
1.50%
1.00%
1.20%
1.50%
1.30%
1.80%
1.10%
1.30%
1.70%
1.60%
1.80%
1.30%
1.50%
1.90%
FMI
O CDE
Banc o de P ortugal
Comissão Europeia
PE
2015
2016
2017
2018
0.50%
0.50%
0.50%
0.50%
0.50%
0.70%
0.30%
0.70%
0.70%
1.20%
1.10%
0.80%
1.20%
1.40%
1.60%
1.60%
1.50%
1.70%
Fonte: FMI - World Economic Outlook, abril 2016; OCDE – Economic Outlook, junho 2016; Banco de Portugal – Projeções para a Economia Portuguesa, junho
2016; Comissão Europeia - European Economic Forecast Spring 2016, maio 2016; PE – Programa de Estabilidade, abril 2016
Outras Economias
2017
Espanha
Alemanha
Reino Unido
EUA
China
1.40%
1.60%
2.90%
2.40%
7.30%
3.20%
1.40%
2.30%
2.40%
6.90%
2.80%
1.60%
1.70%
1.80%
6.50%
2.30%
1.70%
2.00%
2.20%
6.20%
2014
2015
2016
2017
Espanha
Alemanha
Reino Unido
EUA
China
1.40%
1.60%
2.90%
2.40%
7.30%
3.20%
1.50%
2.20%
2.40%
6.90%
2.60%
1.50%
1.90%
2.40%
6.50%
2.30%
1.60%
2.20%
2.50%
6.20%
2014
2015
2016
2017
O CDE
2016
Espanha
Alemanha
Reino Unido
EUA
China
-0.20%
0.80%
1.50%
1.60%
2.10%
-0.60%
0.10%
0.10%
0.10%
1.50%
-0.50%
0.30%
0.40%
1.10%
2.60%
1.00%
1.50%
1.60%
2.00%
3.00%
2014
2015
2016
2017
FMI
2015
O CDE
Inflação
2014
FMI
PIB
Espanha
Alemanha
Reino Unido
EUA
China
-0.10%
0.80%
1.50%
1.60%
2.00%
-0.50%
0.10%
0.10%
0.10%
1.40%
-0.40%
0.50%
0.80%
0.80%
1.80%
1.00%
1.40%
1.90%
1.50%
2.00%
Fonte: FMI - World Economic Outlook, abril 2016, OCDE – Economic Outlook, junho 2016
Taxas de Juro
Projeções de Mercado para indexantes (via FRA)
Euri bor 3M
Li bor U SD 3M
Li bor G BP 3M
Li bor J PY 3M
W i bor PLN 3M
Li bor CAD 3M Cete MXN ( 28d)
Indexante em 12-jul-2016
1 -out-1 6
1 -jan-1 7
1 -abr-1 7
1 -jul-1 7
-0.30%
-0.33%
-0.36%
-0.38%
-0.40%
0.67%
0.71%
0.77%
0.81%
0.85%
0.49%
0.30%
0.29%
0.29%
0.31%
-0.03%
0.00%
-0.05%
-0.09%
-0.11%
1.51%
1.69%
1.58%
1.55%
1.50%
0.87%
0.86%
0.83%
0.81%
0.81%
4.77%
4.91%
5.09%
5.23%
5.34%
Média
-0.37%
0.79%
0.30%
-0.06%
1.58%
0.83%
5.14%
Previsões IMF para taxas de juro - Bancos Centrais
Taxas Atuais
3 º Trim. 2 0 1 6
4 º Trim. 2 0 1 6
1 º Trim. 2 0 1 7
2 º Trim. 2 0 1 7
14| julho de 2016
BCE
F ED
BoE
BoJ
0.00%
0.00%
0.00%
0.00%
0.00%
0.50%
0.50%
0.50%
0.75%
0.75%
0.50%
0.50%
0.50%
0.50%
0.50%
0.10%
0.10%
0.10%
0.10%
0.10%
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Previsões Cambiais Reuters
Previsões Câmbios vs Euro
Spot (**)
USD
GBP*
JPY*
CHF
CAD*
AUD*
BRL*
PLN
NOK
SEK
1,1092
0,8423
115,97
1,0904
1,4446
1,4522
3,6271
4,4120
9,3404
9,432
Previsões Câmbios vs Dólar
1 Mês
3 Meses
6 Meses
1 Ano
1,1000
0,8385
113,08
1,0800
1,4300
1,5068
3,6905
4,4150
9,350
9,350
1,0800
0,8409
111,72
1,0800
1,4256
1,5000
3,7260
4,4000
9,300
9,250
1,0800
0,8486
112,35
1,0900
1,4094
1,5105
3,8880
4,3500
9,200
9,200
1,0700
0,8353
115,50
1,1000
1,3910
1,5286
4,0125
4,2950
9,000
9,000
* Previsões cruzadas entre EUR/USD e USD com respetiva moeda
Spot (**)
CNY
GBP
JPY
CHF
CAD
AUD
BRL
CLP
MXN
PEN
6,6858
1,3163
104,54
0,9829
1,3023
0,7633
3,2700
656,00
18,31
3,2798
1 Mês
3 Meses
6 Meses
1 Ano
6,6500
1,3134
102,17
0,9823
1,3000
0,7300
3,3550
671,17
18,50
3,3300
6,7000
1,2800
103,00
1,0000
1,3200
0,7200
3,4500
690,00
18,65
3,3700
6,7500
1,2650
105,00
1,0100
1,3050
0,7150
3,6000
690,00
18,50
3,4300
6,8000
1,2900
108,00
1,0200
1,3000
0,7000
3,7500
690,00
18,23
3,4500
** Câmbios spot em 12 de julho de 2016
Previsões Commodities Reuters
Energia
Brent
Crude
Emissões CO2
3ºT 2016
2016
2017
Da ta Previ s ã o
48.80
48.50
44.99
43.90
55.30
54.50
jun-16
jun-16
LME
Cobre
Alumínio
Zinc o
Niquel
Estanho
Chumbo
EUA's
2016
2017
Da ta Previ s ã o
6.02
7.10
jun-16
Metais Preciosos
2016
Da ta Previ s ã o
4835.0
1539.0
1790.0
9100.5
16215.0
1770.0
abr-16
abr-16
abr-16
abr-16
abr-16
abr-16
O uro
P rata
P latina
P aladium
2016
Da ta Previ s ã o
1209.00
15.50
945.00
581.00
abr-16
abr-16
abr-16
abr-16
Eventos em 2016
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
julho de 2016| 15
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Commodities
Energia
PETRÓLEO
A queda verificada nos mercados de
petróleo até ao final do ano, estendeu-se até meados de fevereiro, altura em que o brent tocou num mínimo
pouco acima dos $27/barril. A baixa
de preços resultou numa gradual
redução da produção dos EUA, mas
não foi suficiente para inverter a forte subida de produção por parte dos países da OPEP, nomeadamente
o Irão e o Iraque. Ficou bem expressa numa reunião
envolvendo estes produtores e a Rússia, de que a
vontade de conquistar ou manter a quota de mercado
é superior à de conseguir preços mais elevados. A
situação começou a mudar com a entrada de fundos
de investimento e as cotações foram subindo gradualmente, passando por alguns dias os $50/barril. A
ajudar esta subida estiveram os incêndios no Canadá e
os fortes problemas com ataques a infraestruturas na
Nigéria, que resultaram em perdas de curto prazo
superiores a 3.0 mbd. Esta situação levou a um maior
equilíbrio de curto prazo num mercado que se estimava estar com um excedente na ordem dos 2.0 mbd.
Para o que falta de 2016 e para 2017 há duas grandes
questões que se colocam relativamente à oferta. A
primeira é saber quanto tempo é que levará a produção do Canadá, e principalmente da Nigéria, a regressar ao normal. A segunda é perceber até que ponto
esta recuperação do preço do petróleo limitará os
cortes de produção nos EUA, pois a estes níveis mais
empresas conseguirão sobreviver ao contrário do que
sucedia com as cotações próximas dos $30/barril.
No capítulo da procura há que ver qual o comportamento dos mercados da China e EUA. Esperamos para
já uma fase de consolidação com alguma volatilidade
entre os $45/$55, até que comece a haver respostas
para as questões acima colocadas.
GÁS NATURAL
Nesta primeira metade do ano, os
meses de inverno revelaram-se
atípicos, com os principais mercados a ser afetados por um clima
relativamente moderado. Verificouse, portanto, uma procura reduzida,
levando os preços a prolongarem o
movimento de baixa do ano passado, com o gás natural nos EUA a cair de níveis acima dos $2.00 MMBtu,
registados no início do ano, para um mínimo perto
dos $1,60 MMBtu (há um ano atrás negociava perto
dos $3,00 MMBtu). Nos principais mercados de gás da
Europa verificam-se negociações nos 11-12€/MWh,
também com a fraqueza dos preços do petróleo a
pressionar este mercado. O ouro negro atingiu mínimos de 13 anos, sendo que desde então recuperou e
estabilizou em torno da linha dos $50.
16| julho de 2016
Desta forma assiste-se também a uma recuperação
dos preços do gás, com a chegada dos meses mais
quentes a impulsionar o consumo da matéria-prima,
devido à utilização de ares-condicionados. Neste final
de semestre o gás nos EUA negoceia nos $2,90
MMBtu, saltando para máximos de 10 meses, devido
às previsões da continuação de níveis de consumo em
níveis recorde, dada uma forte utilização de arescondicionados, com um início do verão mais quente
que o habitual, sendo que este clima quente deverá
manter-se até meados de julho. Na Europa, o movimento também é de subida, com os preços acima dos
15 €/MWh, reagindo ao clima de verão. Neste contexto, é expectável que se continue a verificar uma subida dos futuros à medida que as temperaturas aumentam nos próximos meses de verão. Foco também para
a evolução dos preços do petróleo, que deverão conduzir também o movimento dos preços do gás.
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
ELETRICIDADE
As temperaturas mais elevadas do
que habitual nos meses de inverno
conduziram a uma quebra no consumo de eletricidade, tendo a descida na distribuição de eletricidade
em Portugal sido significativamente
abaixo das expectativas dos analistas. Ainda assim, foi compensada pelo bom desempenho das energias renováveis. As chuvas intensas que
se verificaram, encheram as barragens nacionais, impulsionando, portanto, a produção de energia hidráulica e, consequentemente, pressionado os preços da
eletricidade. Menores níveis da procura associados a
um aumento da oferta, resultaram, portanto, numa
queda dos preços em direção aos 20 €/MWh, tendose registado negociações abaixo desta linha.
Adicionalmente, um mercado do petróleo sem mostrar fortes indícios de recuperação, manteve o complexo da energia vulnerável a novas perdas, sendo que
só em finais de maio se assistiu a uma estabilização do
petróleo em torno da linha dos $50/barril. Com preços
de petróleo mais firmes e a chegada de temperaturas
mais elevadas, os preços da eletricidade mostram
sinais de recuperação, negociando acima dos 30
€/MHw, mas com o mercado consideravelmente abaixo dos valores verificados há um ano atrás, quando
negociava perto dos 50€/MWh. Este ano tem-se apresentado uma elevada produção através de fontes
renováveis, resultando num saldo exportador, que
deverá manter os preços pressionados durante os
meses de verão, mas com as temperaturas mais elevadas a aumentarem os níveis de consumo.
Metais
Depois de uma entrada muito fraca em 2016, a maioria dos metais industriais tem mostrado alguma vontade de subir, se bem que a partir de certo ponto se observe dificuldade em levar os preços mais para cima. O zinco e o cobre têm sido os que melhor comportamento têm revelado, suportados pelos efeitos dos
cortes de produção anunciados em 2015. Sucessivas revisões em baixa do crescimento global e a continuação de dados fracos da indústria chinesa, limitam os ganhos.
COBRE
O primeiro semestre de 2016 registou grande volatilidade no mercado
de cobre, mas sem direção definida.
Os preços oscilaram entre os $4300
e os $5100, terminando o semestre
a meio deste intervalo, tendo testado várias vezes os limites do
mesmo. Também a evolução dos
stocks no LME foi atípica, algo que por várias vezes
influenciou a trajetória dos preços.
Depois de uma queda das 235.000 tons para 140.000
tons, em poucos dias entraram mais de 60.000 tons
nos armazéns do LME, com o volume a regressar para
perto de200.000 tons.
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Mais que indicação de procura, estas oscilações de
stocks resultam em arbitragem entre armazéns chineses e os do LME.
Para o que falta de 2016 não se esperam grandes diferenças face ao panorama dos últimos meses. Os cortes de produção anunciados no ano passado resultaram num maior equilíbrio entre oferta e procura, algo
que deverá impedir que os mínimos de janeiro voltem
a ser testados.
Por outro lado, continua a haver sinas de fraca procura por parte da China, crucial para que uma subida
sustentada para cima do nível psicológico dos $5000
seja bem-sucedida.
julho de 2016| 17
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
NÍQUEL
Os preços do níquel não conseguiram este ano retomar valores acima
dos $10.000, tendo caído no início
do ano até um mínimo nos $7.500.
Desde então nota-se um ligeiro
défice da produção, refletindo-se na
evolução dos stocks do LME que ao
longo dos últimos meses caíram das 450.000 tons para
380.000 tons. A forte, mas efémera, subida dos preços
do aço permitiu uma recuperação até aos $9.700, mas
continua a haver evidência de fraca procura no mercado de aço inox.
As proibições de exportação da Indonésia e as recentes restrições de exportação de substitutos do níquel
das Filipinas, não têm resultado numa queda da produção chinesa.
Também neste metal se nota um crescente equilíbrio,
o qual poderá desaparecer na eventualidade de uma
subida de preços rápida sem fundamentais favoráveis
do lado da procura. Por duas vezes nos últimos três
meses o valor de $8.250 revelou-se como um importante suporte. No caso de subida, há um claro objetivo
de se regressar a valores acima dos $10.000.
ALUMÍNIO
Depois de um fraco arranque em
janeiro, os preços do alumínio têm
vindo a recuperar gradualmente,
dando a entender que os piores
momentos terão ficado para trás.
As cotações que arrancaram perto
dos mínimos, a $1450, subiram até
um máximo de $1675, tendo recentemente consolidado para perto dos $1600. Uma
maior disciplina de produção por parte da China tem
trazido progressivamente o mercado para um maior
equilíbrio. As enormes filas para levantamento de
metal nos armazéns do LME praticamente terminaram, e cada vez mais material circula fora do circuito
de
bolsa. Assim se explica a brutal queda de
500.000 tons nos stocks de bolsa nos últimos seis
meses, para uns ainda elevados 2.4 milhões de toneladas.
Os piores dias do alumínio terão ficado para trás e
recentes projeções de subida global de consumo de
3.6% suportam um gradual avanço das cotações. Os
operadores sabem que uma subida demasiado acentuada irá levar à reativação de produção chinesa, algo
que se observou no mercado de aço. Desta forma e
dependendo da evolução do consumo mundial, não é
provável que uma subida se estenda por muito tempo
acima dos $1750, enquanto que no caso de uma queda, o intervalo entre os $1500-$1550 deverá ser uma
forte zona de suporte.
ZINCO
O zinco tem sido o metal preferido
dos investidores, beneficiando dos
anúncios de fecho de produção por
parte da Glencore e de outras importantes empresas mineiras. O
mercado está claramente mais
equilibrado que no passado, o que
permitiu uma subida superior a 25% nos últimos meses, passando de um mínimo de $1500 para um máximo muito perto dos $2100. Em poucos meses os
stocks do LME registaram uma queda de 500.000 tons
para 380.000 tons, mas nas últimas semanas de junho
18| julho de 2016
os mesmos regressaram a 430.000 tons. A recente
evolução dos stocks mostra que a subida de preços do
zinco poderá estar a alterar a perceção de alguns produtores, pelo que o recente equilíbrio entretanto alcançado poderá desaparecer caso alguma produção
regresse por motivos económicos. Sabendo-se que a
maioria das minas de zinco são rentáveis com preços
acima dos $2000/ton, é difícil conseguir levar os preços muito mais para cima sem a evidência de um aumento sustentado do consumo. Para o que falta de
2016 esperamos então uma consolidação dos atuais
valores, com suporte a $1750 e resistência a $2100.
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
AÇO
A indústria do aço continua a enfrentar o problema de excesso de
capacidade de produção, principal
causador da descida dos preços
nos últimos anos, com o produto
proveniente da China a inundar os
mercados internacionais. O gigante
asiático planeia cortar entre 100 a 150 milhões de
toneladas de produção de aço em bruto, nos próximos
3 a 5 anos, perspetivando-se o despedimento de cerca
de 1,8 milhões de trabalhadores como consequência.
Outras medidas estão a ser tomadas, incluindo a
transferência de 10 milhões de toneladas de capacidade para o Brasil.
A União Europeia (UE28) referiu que iria começar a
controlar e monitorizar de perto as importações de
aço que dão entrada nos mercados europeus, com o
intuito de suportar o sector doméstico do aço, fortemente penalizado pelos mais baratos produtos chineses. Os dados económicos globais continuam a desapontar, sendo difícil projetar um crescimento significativo do consumo. O ajuste do excedente de mercado terá que continuar a dar-se pela via da contração
da produção, sendo então provável um recuo dos
preços.
Na Europa e nos EUA os preços não deverão regressar
aos mínimos de dezembro, devido ao efeito das tarifas
alfandegárias entretanto introduzidas. Desta forma,
mantêm-se as incertezas quanto ao panorama futuro
da economia do gigante asiático, sendo que se continua a assistir a um contínuo aumento da produção de
aço aliado a um enfraquecimento dos níveis da procura, pressionando, portanto, o mercado de futuros
tanto do minério de ferro como do aço.
OURO
Os receios que na sequência de três
anos de queda os preços do ouro
quebrassem o nível psicológico dos
$1000 acabaram por ser infundados.
Cedo em 2016 os preços deste metal
precioso começaram a subir, passando rapidamente a barreira dos $1200
que desde fevereiro tem servido de
relevante suporte. Na base desta subida está a queda
do dólar, os desempenhos negativos na maioria dos
mercados acionistas, a continuação das políticas de
estimulo monetário por parte dos mais importantes
Bancos Centrais, realçando-se neste caso a redução
significativa da probabilidade de os EUA voltarem a
subir as taxas este ano, quando em dezembro se
projetavam 4 subidas. Com o surpreendente resultado
do referendo que ditou a saída do Reino Unido da UE,
os preços dispararam até um máximo de dois anos,
num contexto de aumento de incerteza.
O contexto continua favorável ao ouro e não seria de
admirar que até ao fim do ano os preços subissem acima dos $1400. O ambiente é de taxas de juro muito
baixas, ausência de inflação e falta de performance
noutros ativos financeiros. O interesse investidor através de produtos financeiros atingiu recentemente o
volume mais elevado desde junho de 2013. Não se
perspetiva para os próximos meses nada que altere
radicalmente a atual situação, pelo que é difícil perspetivar uma queda acentuada de preços.
PRATA
A prata continua acima de tudo a
acompanhar os movimentos do ouro,
conseguindo ao longo deste semestre
recuperar uma pequena parte da relação entre os dois metais preciosos,
que nos últimos anos vinha favorecendo o ouro. Beneficiando também de um contexto de baixas taxas de
juro, dólar baixo, incerteza política e fraco desempenho
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
dos mercados de ações, a prata tem sido cada vez mais
procurada no contexto industrial. O sector de produção
de energia solar tem sido o principal fator de crescimento da procura deste metal, possibilitando uma subida acima dos $18 pela primeira vez desde janeiro de
2015. Os baixos preços dos últimos anos têm levado ao
fraco investimento em novas minas e ao fecho de outras, trazendo este mercado para uma situação de défijulho de 2016| 19
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
ce de produção. Nada se alterando no atual contexto e
acreditando que a tendência do ouro continuará a ser
de alta, a prata tem todas as hipóteses de testar valores
acima dos $20. Cada vez mais operadores defendem os
fundamentais da prata são mais sólidos que no ouro,
pelo que a relação entre os dois metais, agora nos 72,
poderá continuar a contrair, após 5 anos durante os
quais a mesma passou de 31 para 82.
Agrícolas
Depois de dois anos sem qualquer problema de maior a nível agrícola, com a maioria dos preços globais a
caírem para perto de mínimos, eis que surgiram nestes últimos meses as primeiras indicações de que o ano
de 2016 poderá ser diferente. Depois de o El Niño ter provocado estragos consideráveis nas produções de
cereais e açúcar da América do Sul e Ásia, surgem nesta fase receios de potenciais problemas de falta de
chuva e demasiado calor nas culturas recentemente cultivadas no Hemisfério Norte, em especial nos EUA.
Neste contexto assistiu-se a uma forte entrada do interesse especulativo comprador em muitos dos principais mercados de futuros.
SOJA
Tudo parecia correr sem problemas
nos primeiros dois meses do ano.
Após mais uma produção recorde
nos EUA, tudo apontava para a repetição de mais um volume significativo de oferta proveniente da América
do Sul. Os baixos preços do milho no
mercado internacional levaram a que as intenções dos
agricultores dos EUA fossem de aumentar a área de
soja, razão pela qual os preços do grão atingiram um
mínimo de $8.50/bushel, enquanto a farinha caiu até
perto dos $250/ton. Em poucas semanas tudo se alterou. Problemas de seca no Brasil reduziram alguma
produção nas últimas semanas de colheita, mas os
maiores problemas estiveram na Argentina, onde
chuvas intensas e inundações nos campos em abril,
resultaram em perdas avultadas e atrasos na produção deste país. De repente os EUA ficam de novo numa boa posição para exportação e as vendas começaram a subir. Com a entrada do interesse especulador,
em poucas semanas os preços do grão dispararam até
aos $12/bushel, algo não registado desde agosto de
2014, enquanto a farinha beneficiou do facto de o
óleo não ter conseguido subir, atingindo um máximo
de $430 no início de junho.
Depois de uma ligeira consolidação as atenções estãose agora a voltar para a campanha dos EUA. Até ao
momento a elevada área e o tempo favorável na fase
das sementeiras e nos primeiros estágios de evolução
das plantas não apontam para um ano problemático.
No entanto, os meteorologistas projetam um verão
com mais calor que o normal, pelo que tendo em conta as perdas observadas na América do Sul, é natural
que os preços se mantenham relativamente altos até
que a incerteza desapareça. Na eventualidade de problemas sérios na produção dos EUA, poderemos voltar
a assistir a ganhos consideráveis neste produto e ter
mais uma vez cotações de grão perto dos $15/bushel
e de farinha por volta dos $500/ton.
ÓLEOS VEGETAIS
De agosto do ano passado até
finais de abril, assistiu-se a um
movimento de recuperação de
quase 40%, de perto dos 25
cents/lb até para cima dos 35
cents/lb. Este movimento mostrouse essencialmente técnico, estando
associado a uma recuperação dos preços do petróleo,
20| julho de 2016
assim como também com problemas relativos à
colheita da Argentina, dado que chuvas
interromperam os trabalhos de colheita de soja e
levantarem dúvidas sobre a quantidade e qualidade
final da produção. Desta forma assistiu-se a um
estreitamento da disponibilidade de óleo de soja,
assim como um salto na procura no mercado de
exportações dos EUA. Adicionalmente, o USDA
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
apontou para uma menor disponibilidade de soja nos
próximos 2 anos. Porém desde o pico de abril, acima
dos 35 cents/lb (o valor mais elevado desde inícios de
junho do ano passado) o mercado assistiu a um
declínio de mais de 10% para próximo da linha dos 30
cents/lb.
A Argentina poderá exportar até 25% menos soja que
no ano passado, segundo afirmam analistas, após os
danos e inundações causados por chuvas severas,
prejudicando a qualidade das oleaginosas e a
consequentemente disponibilidade do óleo.
Noutro ponto do globo, é expectável que a produção
do óleo de palma no sudeste asiático registe uma
quebra em 2016, devido a piores condições
meteorológicas resultantes do fenómeno El Niño. A
Indonésia deverá assistir a uma queda de 2 milhões de
toneladas, enquanto a produção da Malásia deverá
sofrer uma quebra de 1,2 milhões de toneladas,
devido a condições climáticas mais secas. Um ringgit
malaio mais forte e consequentes sinais negativos no
mercado de exportações deverão, por outro lado,
continuar a pressionar os preços do óleo tropical.
MILHO
No primeiro trimestre deste ano
assistiu-se a preços do milho na
Europa perto de mínimos de vários
anos, oscilando em torno dos
€150/ton. Desde então os preços
têm recuperado e há poucas semanas atingiram um pico nos
€190/ton, consolidando depois
pelos €175/ton. A subida foi numa primeira fase suportada pelos ganhos em Chicago, refletindo uma
mudança drástica no mercado mundial após problemas de seca no Brasil terem resultado em perdas de 8
MMT na produção deste país. Os EUA ficaram com
muito menos concorrência no mercado internacional
e com isso os preços em Chicago dispararam, arrastando as cotações noutras praças. Também em França
a campanha deste ano não começou da melhor ma-
neira, devido a fortes chuvas, mas ainda assim a Strategie Grains estima um aumento anual de 9% na produção europeia de milho para as 62.2 MMT.
Para o que resta deste ano há muita incerteza no mercado e o que se passou no Brasil mantém os operadores cautelosos. Até ao momento o tempo nos EUA
tem estado benéfico para as culturas de milho, mas
previsões de longo prazo que apontam para temperaturas acima do normal no Midwest, ajudam a manter
os preços elevados. O IGC no seu último relatório projetou uma produção mundial pouco acima dos 1000
milhões de tons (MMT) face às 971 MMT do ano passado, pelo que se nada de muito problemático se passar nos próximos meses, poderemos voltar a ter os
preços perto dos valores de início do ano.
TRIGO
O ano começou com os preços
relativamente altos na Europa, a
rondar os €175. Nessa altura colocavam-se muitas questões sobre
as produções dos países do Mar
Negro, os quais têm vindo a dominar o mercado exportador. A evolução favorável das culturas de
inverno do Hemisfério Norte e a recuperação das colheitas da Rússia e Ucrânia, arrastaram as cotações na
Europa para perto dos €140. Com as cotações nos EUA
perto de mínimos históricos, os preços na Europa voltaram a subir suportados por alguns problemas nas
culturas europeias, mas a falta de competitividade
externa e alguma melhoria das condições, impediram
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
uma subida acima dos €175 e forçaram a um recuo
para perto dos €160. A Strategie Grains apontou recentemente para uma produção de 146.7 MMT, apenas 3% abaixo do recorde de 151 MMT de 2015, numa
altura em que já há muito pouco a definir.
Ao contrário de outros produtos, a grande maioria da
produção de trigo de 2016 está definida, com o IGC a
projetar uma colheita global de 722 MMT face ao
recorde de 736 MMT do ano passado. A maior atratividade do trigo face ao milho na indústria de rações
poderá resultar em preços mais elevados no caso de
uma forte subida do milho. Caso contrário, não vemos
condições para que na Europa os preços se aproximem dos €200, sendo mais provável que estabilizem
dentro do intervalo €150-€170.
julho de 2016| 21
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
AÇÚCAR
O ano iniciou-se com uma descida
dos preços de açúcar para mínimos do ano, abaixo dos 13
cents/lb, em Nova Iorque e perto
dos $400/ton em Londres. Um
avançar do processo de colheita
no Brasil, que levou a um excesso
de disponibilidade de açúcar, dada uma ampla colheita, diminuiu a expectativa quanto a um défice global.
Adicionalmente, menores preços de etanol levaram a
uma maior alocação de cana-de-açúcar para a produção de açúcar, ajudando, portanto, à pressão dos preços. Contudo, várias projeções de um défice global
têm vindo a ser revistas em alta, nos últimos meses,
acionando-se assim um movimento de subida dos
preços para perto de máximos de 2012, movimento
este que atualmente é também ajudado por uma
apreciação do real brasileiro face ao dólar para máximos de 11 meses, que desencoraja a venda por parte
dos produtores brasileiros de açúcar negociado em
dólares. Na praça de Nova Iorque o açúcar não refinado aproxima-se da linha dos 20 cents/lb, enquanto o
contrato londrino caminha para os $550/ton. Para o
panorama futuro, a expectativa de que se venha a
verificar um défice do mercado global do açúcar, com
as projeções a serem revistas em alta, resultaram num
volume recorde de posições-longas. Ainda que os
fundamentos de mercado possam continuar a suportar uma alta dos preços, existem receios de que a
liquidação das posições-longas levem os preços a declinarem significativamente.
ALGODÃO
O ano iniciou-se com o algodão a
negociar em torno dos 64 cents/lb
(contrato de primeiro-mês), mas a
registar-se um movimento de baixa ao longo dos primeiros três
meses do ano, de quase 13%, culminando nos 55,65 cents/lb, o valor mais reduzido
desde finais de 2009.
Foi noticiado que a China iria começar a escoar as suas
amplas reservas de fibra, aumentando, portanto, a
oferta global e fazendo concorrência ao produto norte-americano. Adicionalmente, o movimento mostrou-se também fortemente especulativo, baseado
em incertezas em torno do ritmo de crescimento económico do gigante asiático, colocando em causa os
níveis de procura por matérias-primas, incluindo o
algodão. A acentuada descida dos preços do petróleo
alimentou também este movimento de baixa, situação
verificada em praticamente todo a linha do complexo
das commodities, dado que o ouro negro negociou em
mínimos de mais de uma década.
22| julho de 2016
Depois do mínimo de março, o mercado recuperou
quase 20% para um máximo desde finais de agosto do
ano passado, nos 66,50 cents/lb. Este movimento teve
novamente uma conotação fortemente especulativa,
acreditando-se que o mercado teria entrado em terreno demasiado vendido.
Adicionalmente, a expectativa de que a FED iria subir
as taxas de juro transmitiu um sentimento de maior
confiança, levando a uma maior procura por ativos de
maior risco.
O foco no futuro deverá manter-se na evolução do
petróleo, mas também na questão de subida das taxas
de juro nos EUA e na performance da economia da
China, que contribui largamente para o consumo de
fibra. (IMF)
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Análise de Mercados
Variação 2016
Euro/Dólar - (Eur/Usd)
Expetativa 6 meses
+2.3%
=
Variação 2016
Expetativa 6 meses
-13.8%

Variação 2016
Expetativa 6 meses
-11.7%

O Eur/Usd segue praticamente inalterado face ao fecho
de 2015. Por um lado, a FED não acompanhou as expectativas de subidas de taxas de juro este ano, havendo
agora dúvidas de que avance com novas subidas até final
de 2016. Por outro lado, o BCE reforçou estímulos monetários em março e não há perspetivas de que possa inverter as suas políticas num futuro próximo, sendo que o
referendo no Reino Unido veio também penalizar o euro.
O cenário técnico de médio prazo segue inalterado, sendo que um sinal de formação de uma nova tendência
surge apenas com uma eventual quebra do intervalo
entre $1.05 e $1.15 que prevalece desde inícios de 2015.
Dólar/Iene - (Usd/Jpy)
O iene apresenta a melhor performance entre as principais moedas em 2016. A moeda japonesa beneficiou do
clima de aversão ao risco que predominou nos mercados
este ano. O Banco do Japão contrariou também as expectativas quanto a um reforço dos estímulos monetários, ainda que a pressão se acentue cada vez mais.
O Usd/Jpy neutralizou a tendência de alta no longo prazo, quebrando a trendline que vigorava desde 2012. No
curto prazo o par tenta arrancar com base nos 100.00
ienes, com um sinal de correção a surgir acima dos
105.50 ienes. Uma eventual quebra em baixa dos 100.00
ameaçaria este cenário e abriria espaço até 95.00 ienes.
Euro/Iene - (Eur/Jpy)
O Eur/Jpy teve um comportamento semelhante ao
Usd/Jpy, sendo que em ambos os casos se registaram
quedas até mínimos desde 2013. Aversão ao risco e ausência de novos estímulos monetários no Japão estiveram na base da valorização do iene.
Tecnicamente, a tendência principal ainda é de baixa,
mas o Eur/Jpy tenta nesta altura a formação de uma
“base” a partir de 109.50 ienes. Um tom mais “neutral”
seria atingido acima dos 122.00 ienes.
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
julho de 2016| 23
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Variação 2016
Euro/Libra - (Eur/Gbp)
Expetativa 6 meses
+14.5%

Variação 2016
Expetativa 6 meses
O Eur/Gbp valorizou cerca de 15% até ao momento, em
2016, o que se deveu desde logo à convocação do referendo no Reino Unido para a permanência na UE. A libra
foi recuando à medida que a campanha pelo “Brexit” ia
recebendo maior apoio, tendo agravado perdas com a
confirmação da vitória da “saída”. A incerteza económica
e política no Reino Unido tem penalizado a libra.
O Eur/Gbp assume uma tendência de alta no curto prazo,
que apenas voltaria a sofrer um sinal de correção importante abaixo das £0.8050. No longo prazo, a tendência de
valorização da libra está agora neutralizada, situando-se
a próxima resistência em torno das £0.88.
Euro/Real - (Eur/Brl)
-14.5%
=
Variação 2016
Expetativa 6 meses
O real regista um dos melhores desempenhos em 2016.
Apesar do contexto negativo para as moedas emergentes, a moeda brasileira beneficiou da saída de Dilma do
governo, algo que o mercado considerava importante
para restabelecer a confiança na economia brasileira.
Houve também mudanças no banco central, com a nova
liderança a mostrar-se mais tolerante à força do real.
O Eur/Brl deu um sinal de fragilidade com a quebra do
suporte dos 3.90 reais. Enquanto abaixo deste nível o
viés de baixa mantém-se, ainda que a queda tenha sido
travada nos 3.60 reais (apenas momentaneamente ultrapassados), havendo espaço para uma consolidação.
Em caso de quebra, suporte seguinte nos 3.40 reais.
Dólar/Kwanza - (Usd/Aoa)
+22.7%

Logo no início do ano, o banco central de Angola desvalorizou o kwanza em 15%, tentando diminuir a diferença
entre a taxa oficial e a do mercado “paralelo”. A moeda
angolana continuou a perder terreno até abril, mantendo-se a quebra na entrada de divisas no país, o que levou
o governo a solicitar um programa de assistência ao FMI
(voltando atrás no pedido, mais recentemente).
A taxa oficial estabilizou em torno dos 165 kwanzas por
dólar, mas no mercado paralelo vai já próxima dos 600
kwanzas. Assim, e mantendo-se a situação de debilidade
na economia angolana, não se espera para já uma inversão da tendência de desvalorização do kwanza.
24| julho de 2016
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Variação 2016
Euro/Franco Suíço - (Eur/Chf)
Expetativa 6 meses
+0.1%
=
Variação 2016
Expetativa 6 meses
O Eur/Chf evoluiu sem qualquer tendência definida no
primeiro semestre, lateralizando a maior parte do tempo
entre 1.07 e 1.10 francos. Apesar de ter sido um semestre marcado por uma maior aversão ao risco, o banco
central foi intervindo no mercado e impediu sempre uma
valorização da sua moeda.
Continua a ser expectável um cenário de estabilidade
para os próximos meses, devendo manter-se em vigor
esta banda entre 1.06/1.07 e 1.11/1.12 francos. Caso o
banco central dê uma margem maior de valorização ao
franco, os 1.02 formam o suporte seguinte no Eur/Chf.
Euro/Coroa Norueguesa - (Eur/Nok)
-2.4%
=
Variação 2016
Expetativa 6 meses
A coroa norueguesa avançou ligeiramente face ao euro,
acompanhando a recuperação dos preços do petróleo, e
beneficiando também de um crescimento da economia
norueguesa acima do esperado no 1º trimestre. Os ganhos vão sendo limitados pelo banco central, percebendo-se a intenção de travar a força da moeda com vários
avisos de que poderão cortar taxas de juro.
No longo prazo o movimento de alta no Eur/Nok segue
intacto, prevalecendo ainda a trendline ascendente. Num
prazo mais curto, vigora uma toada mais “neutral” com
suporte nas 9.10/20 coroas, e resistências nas 9.60 e
9.90 coroas.
Euro/Coroa Sueca - (Eur/Sek)
+3.2%
=
Apesar de se manter entre os níveis observados em
2015, o Eur/Sek avançou neste primeiro semestre. Para
tal tem contribuído a atuação do banco central, que apesar de uma recuperação da inflação para níveis positivos,
manteve sempre um tom “dovish”: no início do ano cortou taxas de juro e em várias ocasiões prometeu intervir
caso se verificasse uma valorização da coroa que comprometesse a subida da inflação.
No curto prazo o Eur/Sek apresenta-se construtivo em
alta, com objetivo nas 9.60 coroas, surgindo um sinal de
“alerta” apenas abaixo das 9.38. Em termos de médio/longo prazo a tendência de lateralização é clara entre 9.05 e 9.70 coroas.
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
julho de 2016| 25
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Variação 2016
Euro/Zloty - (Eur/Pln)
Expetativa 6 meses
+3.8%

Variação 2016
Expetativa 6 meses
O Eur/Pln apresentou-se volátil no primeiro semestre,
mas segue nesta altura próximo de máximos desde 2011.
Até abril, o zloty beneficiou do facto de o banco central
não confirmar as expectativas do mercado quanto a um
corte de taxas de juro, assim como de um “alívio” no
risco político da Polónia. Contudo, a maioria das moedas
emergentes foi penalizada pelo referendo no RU, e o
zloty em particular devido à exposição da Polónia ao RU.
O Eur/Pln “rompeu” importantes resistências e assume,
no médio prazo, uma toada de alta. O objetivo do movimento situa-se nos 4.55/4.60 zlotys, sendo que a tendência ficaria neutralizada abaixo dos 4.30 zlotys.
Euro/Dólar Canadiano - (Eur/Cad)
-3.6%

Variação 2016
Expetativa 6 meses
O Eur/Cad atingiu em janeiro máximos desde 2009, mas
tem vindo desde aí a perder terreno. A evolução do dólar
canadiano esteve muito ligada à dos preços do petróleo,
que abriram o ano em forte queda, mas têm recuperado
gradualmente. A economia canadiana surpreendeu também pela positiva no 1º trimestre, ainda que se espere
que sofra agora o impacto do incêndio em Alberta.
A quebra em alta da zona dos C$1.55 não teve continuidade e o Eur/Cad rapidamente corrigiu, mantendo assim
no médio/longo prazo a toada de lateralização. Num
prazo mais curto o par está pressionado em baixa, mas
há possibilidade de novo ressalto na zona dos C$1.40 –
em caso de quebra, suporte seguinte nos C$1.35.
Crude Oil ($)
+23.3%

O mercado passou grande parte do mês a rondar o nível
psicológico dos $50 sem o conseguir passar de forma
definitiva, pelo que tecnicamente ficou a ideia de que se
está a formar um topo. Restrições de oferta nalguns países continuaram a sustentar os preços, mas a incerteza
causada pelo Brexit e sinais de redução de consumo de
gasolina a nível global, colocam pressão de baixa.
Depois de várias tentativas falhadas de superar os $50, o
grande suporte encontra-se agora no nível psicológico
dos $40. Quebrado este valor poder-se-á assistir à liquidação significativa de posições compradoras e um teste
aos mínimos de fevereiro.
26| julho de 2016
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Variação 2016
Ouro ($)
Expetativa 6 meses
+27.6%

Variação 2016
Expetativa 6 meses
O adiamento de uma possível subida de taxas nos EUA e
a forte incerteza lançada pelo Brexit resultaram numa
subida dos preços do ouro para valores não vistos desde
início de 2014
Depois de três anos de trajetória claramente decrescente, o ouro evitou um perigoso teste aos $1000 e mantém
nesta altura uma clara tendência altista, com as principais resistências a surgirem nos $1390 de máximo de
2014 e nos $1435 já não vistos desde o último trimestre
de 2013.
PSI 20
-13.3%

Variação 2016
Expetativa 6 meses
A queda do petróleo e os receios em torno da economia
chinesa, no início do ano, despoletaram uma onda vendedora nos mercados acionistas e o PSI 20 acompanhou
a tendência. Entre março e junho verificou-se um período de consolidação, mas os receios em torno do referendo no Reino Unido (e o seu resultado) voltaram a penalizar significativamente as bolsas nas últimas semanas.
O PSI 20 caiu para mínimos desde 1996, nos 4175 pontos, a partir dos quais tenta nesta altura formar uma
“base”. Contudo, a tendência descendente está em curso
e uma toada de maior neutralidade é alcançada apenas
acima dos 5200 pontos.
DAX 30
-3.0%
=
O DAX sofreu uma queda semelhante à do PSI 20 no
início do ano, mas iniciou a recuperação mais cedo, não
tendo também sofrido perdas tão significativas devido ao
referendo no RU. O crescimento do PIB acima do esperado no 1º trimestre, na zona euro e na Alemanha, contribuiu para uma maior resiliência do índice de Frankfurt.
A figura de alta no longo prazo não está ainda totalmente anulada, mas o viés é agora de maior neutralidade. Já
numa perspetiva de curto e médio prazo a toada é de
baixa, sendo visível nos máximos relativos cada vez mais
baixos. Um sinal de força seria dado acima dos 10500
pontos, enquanto que uma quebra em baixa dos 8500
agravaria o cenário em todos os prazos.
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
julho de 2016| 27
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Variação 2016
Dow Jones
Expetativa 6 meses
+4.6%

Variação 2016
Expetativa 6 meses
O Dow Jones também iniciou mal o ano, mas com o ajustamento do mercado quanto à subida de taxas de juro da
FED (no sentido de um adiamento), mais do que recuperou as perdas, tendo já registado máximos históricos. O
referendo no Reino Unido teve também um impacto
menor nas bolsas do outro lado do Atlântico.
Caso confirme agora a quebra dos 18350 pontos (cenário
provável), o Dow Jones dará continuidade ao “bull market” que vigora desde 2009. Este apenas ficará comprometido com uma eventual quebra do suporte dos 15500
pontos, que já este ano reforçou a sua importância.
Grão de Soja
+24.7%

Variação 2016
Expetativa 6 meses
Problemas com a produção na América do Sul, em especial na Argentina, levaram a uma subida considerável dos
preços da soja até aos $12. Um início favorável da campanha dos EUA levou a uma correção, mas a produção
apenas ficará definida em finais de setembro, havendo
muito espaço para problemas.
Tecnicamente, um recuo até aos $10.25, corrigindo 50%
da subida, mantém o mercado numa tendência de alta. A
quebra da linha de resistência descendente, testada sem
sucesso neste mês, abre espaço para ganhos mais significativos até aos $15.
Algodão
+7.3%
=
Manteve-se a tendência lateral neste mercado, com os
fundamentais a não justificarem nem subidas acima dos
70 nem quedas prolongadas abaixo dos 57. Entramos na
fase crítica da produção do hemisfério norte, numa altura em que os stocks de produto de campanhas passadas
fora da China se encontram em níveis baixos.
Tecnicamente tudo aponta para já que o mercado continua a evoluir dentro de um canal. Apenas quebras sustentadas do suporte a 57 ou da resistência a 70 poderão
levar este mercado a tomar direção.
28| julho de 2016
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
Uma eleição no tempo dos cisnes negros – Análise IMF
Variação 2016
Trigo
Expetativa 6 meses
-11.2%

Variação 2016
Expetativa 6 meses
Está a terminar mais uma campanha perto de níveis recorde de produção no hemisfério norte. Esta situação e a
força do dólar resultaram em preços no mínimo de 10
anos nos EUA. Estes preços poderão levar à redução de
área semeada para 2016/17 tornando o mercado mais
suscetível a problemas meteorológicos.
O mercado segue limitado por uma linha de resistência
que tem unido os máximos cada vez mais baixos registados desde 2012. Caso o suporte dos 400 se aguente, há
boas hipóteses de um teste a essa linha que atravessa
agora valores perto dos 500.
Milho
-4.2%

Variação 2016
Expetativa 6 meses
Forte volatilidade neste último mês. Os problemas na
colheita do Brasil levaram o mercado a um teste aos 435
de máximo de 2015 para, em poucas semanas, e com o
bom arranque da campanha de 2016/17, o mercado virar
por completo e ficar perto de testar os mínimos de 2014.
Nesta fase temos forte suporte nos 320 já não testados
desde 2014, sabendo-se que há pela frente três meses
de incerteza relativamente à produção no hemisfério
norte. A principal resistência no caso de subida volta a
surgir nos 435.
Açúcar
+34.9%

Forte subida dos preços do açúcar suportados por um
lado por problemas na produção mundial que vão levar a
um considerável défice em 2016 e por outro pelo forte
interesse comprador dos fundos de investimento.
A tendência segue de alta com um primeiro nível de suporte nos $21.80, seguindo-se os $24, ambos valores já
não vistos desde 2012. O aproveitamento destes preços
por parte dos produtores poderá levar a um movimento
de liquidação, sendo de esperar bom suporte numa correção a 50%, pouco acima dos $15. (IMF)
IMF – INFORMAÇÃO DE MERCADOS FINANCEIROS
julho de 2016| 29
A IMF
Sobre a IMF
A IMF é uma empresa independente de prestação de serviços de assessoria a empresas, especializada em mercados
e produtos financeiros. Há 20 anos que oferecemos um serviço especializado, dinâmico e personalizado, vocacionado
para ser um auxiliar precioso do gestor ou do diretor financeiro. A equipa de consultores da IMF tem uma larga experiência de mercado e formação internacional adequada nas várias vertentes de especialização.
Se tem a ver com mercados ou economia, vale a pena falar connosco!
MERCADOS IMF
Cambial
Spot, Forward, Opções, Swaps.
Cobertura do Risco de Taxa de Câmbio.
Energia
Petróleo, Gás Natural, LPG, Nafta, Álcool, Gasolina, Gasóleos,
CO2, Eletricidade.
Apoio à Auditoria
Valorimetria de Derivados e Testes de Eficácia.
Químicos
Plásticos (LLDPE e PP), Pasta de Papel (Kraft e NBSK).
Taxas de Juro e Monetário
FRA, IRS, Cap, Floor, Papel Comercial.
Metais
Cobre, Alumínio, Níquel, Zinco, Aço, Estanho, Chumbo.
Economia
Estudos Macroeconómicos
Agrícolas
Apoio na Gestão de Compras e Stocks
Apoio em mercados financeiros de países emergentes: Brasil, México e restante América Latina, Europa
de Leste (Polónia, Hungria, Roménia), África (Angola,
Gana, Moçambique).
Algodão, Soja, Óleos Vegetais, Trigo forrageiro e panificável,
Milho, Açúcar, Cevada, Corn Glúten, Farinha de colza, Palmiste, Polpa de Citrinos, Farinha de Girassol, Farinha de peixe,
Cacau.
IMF – Informação de Mercados Financeiros, SA
Edifício Mota Galiza, Rua Júlio Dinis 247 – 6º Sala E9
www.twitter.com/imfsa
4150-324 Porto
www.facebook.com/imfmercados
Tlf: +351 22 609 58 88
Fax: +351 22 609 59 33
Skype: imfporto
[email protected]
Av. da Liberdade, 190 – 6º B
www.imf.pt
1250 - 147 Lisboa
Tlf: +351 21 324 12 04
[email protected]
Fax: +351 21 355 80 76
m.imf.pt