Tecnologia na web

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Tecnologia na web
Som na caixa: como utilizar recursos sonoros em um site
Ao longo do tempo, os novos recursos que vêm sendo
transferência. “Você não pode carregar seu site com arqui-
disponibilizados para o uso da internet, tanto na forma
vos enormes, se não tiver uma banda para que o processo se
como a acessamos (banda larga, internet móvel etc.), como
torne rápido. Não funciona. O usuário quer praticidade. Ele
na maneira que criamos e desenvolvemos projetos na área
só vai optar em ouvir áudio pelo seu site se isto ocorrer de
(ActionScript, AJAX, DHTML etc.), têm provocado profun-
uma maneira simples e intuitiva, em um processo tão simples
das transformações na maneira como os usuários vão usu-
e rápido como ligar o botão de um rádio”, orienta.
fruir o período de navegação dentro de um site.
Ou seja, a idéia é proporcionar uma experiência mais
Um dos favorecidos nesta caminhada foram os recursos
rica e interativa, para que o usuário tenha o prazer de uti-
sonoros, considerados uma ferramenta eficaz para enriquecer
lizar uma mídia interativa completa. “No entanto, devemos
a experiência em ambientes digitais. “Antes do ano 2000, os
tomar cuidado com as desvantagens. Se o sound design for
sites geralmente usavam apenas um loop curto, realmente ir-
mal feito, torna a interação com o site menos prazerosa, ou
ritante, sempre com músicas muito fortes, o que levava muita
até mesmo ridícula se não for feito com o devido cuidado”,
gente a desligar o som quando acessavam um site. No entan-
alerta Marcelo.
to, o desenvolvimento de softwares e a expansão da banda
Etapas para incluir áudio em um site
larga possibilitaram uma integração de sons em websites de
Convencido das vantagens sobre o uso de recursos so-
uma forma muito mais viável”, afirma Marcelo Baldin, diretor
noros, na etapa seguinte será necessário analisar o espaço
de arte e sound designer (www.combustion.ws).
e capacidade disponíveis. “Depois da capacidade de taxa
Segundo o especialista, essa evolução começou a
de transferência, é preciso fazer a compressão de áudio e
tomar corpo no ano de 2001. “Nessa época, já existiam
utilizar alguns recursos da linguagem XML. O profissional
sites que se preocupavam com o sound design, usando
pode também se valer de links a outros sites que tenham es-
muita interação sonora de forma adequada. Hoje, há sites
trutura de acomodar seus arquivos. É como deixar um vídeo
onde você mesmo pode fazer sua própria música, utilizan-
em seu blog que esteja hospedado no YouTube, o que é algo
do aplicações feitas em Flash (www.looplabs.com). Além
relativamente muito simples de fazer”, relata Roberto.
desses tipos de interação, a música ambiente também tem
Assim, a recomendação é que os recursos sonoros
um papel fundamental junto com a integração com víde-
sejam deixados como a última coisa a ser inserida no site.
os. O simples loop está morrendo, pois existem diversos
“Isso porque toda a funcionalidade tem que estar pronta,
caminhos pelos quais um sound designer pode explorar a
para depois os sons serem inseridos. Depois de uma aná-
interatividade. Sites como o Pandora (www.pandora.com)
lise detalhada do que é preciso para o site e sobre o que é
e o Last FM (www.last.fm) exploram o áudio na web de
viável, são feitos os efeitos sonoros e/ou a(s) música(s). O
uma maneira muito boa. O foco é conhecer novos artistas.
Flash faz com que isso seja muito fácil de ser feito. Qualquer
Para tal, eles usam de recursos com integração de base de
um, com o mínimo de conhecimento em Flash, sabe como
dados e Flash de uma maneira eficaz”.
inseri-los. O maior trabalho é feito pelo sound designer com
Devemos usar som conforme o perfil do site?
Para Roberto Maia, diretor de criação da Agência
programas de áudio”, explica Marcelo.
A febre dos podcasts
Pode! (www.agenciapode.com.br), esta questão vai se re-
Atualmente, quando falamos do tema “áudio na web”,
sumir, principalmente, em relação à velocidade e à taxa de
é impossível não relacioná-lo com a expansão dos podcasts,
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nível avançado
nível médio
nível básico
“Ouvir áudio por um site deve ser um processo tão simples e
rápido como ligar o botão de um rádio” (Roberto Maia)
que parece ter impulsionado o uso desse recurso em ambientes digitais.
Assim, quando devemos recomendar a criação de podcasts em um site?
“A utilização de podcasts pode ser tanto como um formato de áudio
blog comum, como também um programa de rádio onde podem ser apresentados os mais diversos assuntos. Aconselho a utilização de podcasts
para sites no qual o cotidiano, notícias e novidades são o principal foco.
Sites relacionados à música podem se aproveitar dos podcasts para divulgar novos artistas, bootlegs etc. O podcast realmente só é útil se você
tem com o que preenchê-lo. Exatamente como um RSS deve ser utilizado. Eu, por exemplo, escuto podcasts da XLR8R (www.xlr8r.com), revista
americana sobre cultura e música, para conhecer novos artistas fora do
mainstream”, diz Marcelo.
Dessa forma, a idéia é que o podcast seja usado como uma ferramenta para agregar valor a um site. “E desde que não tire o foco principal ou
não carregue este site. Já ouvi podcast de mais de uma hora, com péssima
qualidade, de uma pessoa falando como se estivesse no telefone jogando
conversa fora. Isso não interessa a ninguém, é totalmente não funcional, se
torna um desserviço. Procure entender estas questões de funcionalidade, de
convergência e outros aspectos da comunicação moderna. Não usar a tecnologia pela tecnologia, nem a novidade pela novidade. Isso me faz lembrar
um desafio, quando foi criado o conceito: ‘a forma segue a função’ e logo em
seguida foi questionado que ‘forma segue o fiasco”, alerta Roberto.
Recursos e conhecimentos necessários
Para quem pretende se aprofundar na parte de recursos sonoros, a
dica dos especialistas é buscar especialização em programas de edição
de áudio e no Flash. “Para a criação de sons, conhecimentos básicos em
simples programas como Acid (http://tinyurl.com/mjvj6) ou Sound Forge
(http://tinyurl.com/87buq). Com eles já se pode ter uma noção de formatos, freqüências, compressões etc. Para a inserção de áudio em um site
e também para entender o que pode ser feito, conhecimentos na parte
de som do Flash são essenciais”, indica Marcelo. “Conhecer o básico de
HTML, ter um editor sonoro (que pode ser gratuito como o Audacity http://tinyurl.com/7xp2v) e ter um editor de RSS para criar os feeds, ou seja,
os links para os agregadores sonoros (tipo i-Tunes). Basta dar uma busca
com estes itens. Encontram-se dezenas de dicas e programas gratuitos. É a
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“Interprete sites como um ambiente rico em interação e explore novas idéias ou aperfeiçoe
idéias já feitas” (Marcelo Baldin)
realidade da chamada Web 2.0”, complementa Roberto.
Em termos de bibliografia que ajude na caminhada
O que é e como surgiu o podcast?
pelo conhecimento, é possível encontrar muito material
Forma de transmissão de arquivos de áudio
dentro da própria internet. “Não é preciso gastar dinheiro
pela web, uma espécie de programa de rádio perso-
com livros, não que não sejam necessários, mas podem vir
nalizado, que qualquer um pode fazer e todo mundo
em uma segunda etapa. No começo, basta dar uma busca
pode ouvir. O termo (união de iPod com broadcast)
e ler muito na própria web, pois é preciso separar a boa da
surgiu no artigo “Audible revolution” (http://tinyurl.
má informação. Ler sobre a história do podcast, ver o que
com/yfobq3), escrito por Ben Hammersley em feve-
existe de bom e ruim (lembrar que como qualquer produto
reiro de 2004, no jornal britânico The Guardian. O
cultural deve ter uma finalidade de conteúdo e uma função
mais interessante no podcast é que ele permite a
estética). Se informar sobre conceitos da linguagem XML,
distribuição de conteúdo multimídia para qualquer
programas de edição de áudio e ler sobre os conceitos da
aparelho (computadores, celulares, PDAs), sem a ne-
Web 2.0. Tudo isto lhe dá condição para um bom começo”,
cessidade de servidores específicos, usando apenas
orienta Roberto.
a linguagem padrão da web.
Isso porque o grande problema está na escassez de
Fonte: S2 Comunicação (http://tinyurl.com/yc8feu)
material impresso que faça uma abordagem completa sobre o assunto. “O que pode ser mais facilmente encontra-
Áudio como guia on-line
do são artigos dentro de livros sobre Flash e em revistas
Um bom exemplo de uso de recursos sonoros
sobre webdesign. No ‘New Masters of Flash Volume 3’,
na web está presente no site oficial de turismo da
por exemplo, Danny Franzreb (www.taobot.com) escreveu
cidade de Buenos Aires, na Argentina. Eles criaram
um capítulo sobre utilização de diversos layers de som no
uma seção chamada “Áudio Guia Móvel” (http://
Flash e a interação entre eles. Outro livro, um pouco mais
tinyurl.com/yym9d2), no qual disponibilizam uma
antigo, é o ‘Rich Media Lab (Paperback/2001)’, que fala
série de arquivos de áudio para que o usuário possa
especificamente sobre utilização de vídeo e som na web.
conhecer um pouco da história da cidade.
Sobre áudio especificamente, é melhor ler revistas como
Future Music”, diz Marcelo.
Formatos de áudio na web
Além disso, o especialista acrescenta em nossa lista a
Segundo Marcelo Baldin, os formatos “.MP3”,
navegação por diferentes sites que podem abrir o leque de
“.AIFF” e “.WAV” são os mais utilizados. “O melhor
opções quando falamos sobre áudio na web. “Geralmen-
é utilizar AIFF ou WAV e comprimi-los com o Flash,
te, sites que oferecem tutoriais de Flash sempre contam
para o desenvolvedor escolher o que melhor se en-
com recursos relacionados a áudio (www.ultrashock.com).
caixa no quesito peso/qualidade do site. Quanto
Interprete sites como um ambiente rico em interação e ex-
mais sons em um site, maior a compressão é feita
plore novas idéias ou aperfeiçoe idéias já feitas. Navegar e
para diminuir o peso total do site. Uma excelente
conhecer bons sites ajuda na criatividade. Um site que vi-
alternativa para não perder a qualidade é fazer um
sito bastante para ver o que há de bom sendo feito no
loader constante no background, para sons que ain-
mundo é o The FWA (www.thefwa.com), onde os premiados
da serão utilizados. Assim, não precisa carregar to-
sempre sabem utilizar os recursos de áudio”.
dos de uma vez”, argumenta.
“Procure não usar a tecnologia pela tecnologia, nem
a novidade pela novidade” (Roberto Maia)

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