Os Touros estão de volta à elite

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Os Touros estão de volta à elite
GAZETA DO POVO
Esportes
Sábado, 15 de julho de 2006
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RÚGBI ❚ TIRANDO DINHEIRO DO PRÓPRIO BOLSO E JOGANDO EM CAMPO EMPRESTADO, CLUBE SOBREVIVEU APENAS PELO AMOR AO ESPORTE
Os Touros estão de volta à elite
ESPORTE BRETÃO
Rótulo do esporte engana
É muito comum o rúgbi ser tachado de um esporte violento. Engano
de quem não conhece qual é a realidade do jogo. O “rude esporte
bretão” (trazido ao Brasil por Charles Miller, o mesmo que apresentou o futebol aos brasileiros) é um
esporte de contato, sim, mas de
regras rigorosas e muito respeito
entre os participantes.
Respeito que é cultivado e já
mudou uma vida dentro do Curitiba
Rugby Clube. É o caso de Alexandre Maistrovicz, 22 anos, o popular Pikachu. Na adolescência,
Alexandre era aquele tipo de garoto que rumava para a vida “errada”. “Eu era complicado, não sei o
“É muito bom, temos a
sensação de que
estamos construindo
alguma coisa legal. E
quando a bola rola,
esquecemos de tudo e
aquele momento passa
a ser o melhor de
nossas vidas”
Aloísio Dutra,
42 anos, comerciante,
no CRC desde 1987.
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APÓS NOVE ANOS FREQÜENTANDO O SEGUNDO ESCALÃO
DO RÚGBI BRASILEIRO, a cidade de Curitiba terá novamente
um representante entre a elite.
Hoje, às 16 horas, a equipe do
Curitiba Rugby Clube faz sua
partida de estréia no retorno à
Primeira Divisão do esporte, enfrentando o São José-SP pela rodada inaugural do Campeonato
Brasileiro de Super 8. O jogo está
marcado para o Centro de Capacitação Esportiva do Paraná
(CCE), no bairro do Tarumã. A
entrada é franca.
Mais do que um compromisso
esportivo importante, a data é o
marco da vitória pessoal de quem
joga rúgbi por amor. Pouco difundida no Brasil, a modalidade sobrevive graças à boa vontade de
seus praticantes, mesmo em se
tratando de equipes que disputam a principal competição nacional. Não seria diferente na
capital paranaense.
O campo de futebol onde será
realizado o jogo dos Touros (como
é conhecido o CRC) é apenas um
exemplo dos muitos que podem
ser citados para demonstrar como funcionam as coisas. O espaço foi cedido pela Paraná Esportes (autarquia do governo estadual), numa parceria que já dura
um ano e tem a manutenção do
gramado, a recuperação da iluminação (utilizada para os treinamentos à noite durante a semana) e todas as demarcações sob
responsabilidade dos membros do
clube. Sem contar, naturalmente,
os utensílios para os jogos e preparação (bolas, uniformes etc).
Até um contêiner para servir de
almoxarifado eles arrumaram.
“O governo nos cede a luz, o
que já é uma grande ajuda, pois
não teríamos condições de bancar esse gasto”, revela Mauro
Callegari, 48 anos, administrador, um dos fundadores, tesoureiro e jogador do CRC. Com 24
anos de idade (criado em fevereiro de 1982), o grupo conta atualmente com 65 filiados, divididos
nas categorias juvenil, feminino,
Infografia: Gazeta do Povo
veterano e adulto. Para participar, basta comparecer aos treinamentos todas as terças e quintas-feiras, às 20 horas, no CCE, e
pagar uma mensalidade de R$ 60
reais (quem não tiver condições
financeiras, pode ficar isento).
Apesar da falta de recursos –
ou melhor, da necessidade de
tirar a grana do próprio bolso –,
a sensação ao entrar em campo
hoje à tarde será de satisfação
absoluta. Caçar campos pela ci-
que poderia acontecer, quem sabe
até pudesse acabar me envolvendo
com drogas e álcool”, lembra o
“pokémon” (personagem de um
desenho animado japonês) do
CRC, apelido recebido por conta de
ser “pequeno, braço curto e difícil
de derrubar”. Até que numa seletiva realizada no Colégio Estadual do
Paraná, em 1999, o rúgbi apareceu
na vida de Alexandre e o direcionou
para o caminho do bem. “Fui conhecendo o esporte, a filosofia e
minha vida mudou radicalmente.
Até emprego eu arranjei por conta
dos amigos do clube. É um ambiente saudável e que eu prezo
muito”, contou o jogador. (AP)
dade, pregar panfletos nos postes
procurando jogadores, desenhar
e produzir as próprias camisas,
sem dúvida vale à pena. “É muito
bom, temos a sensação de que
estamos construindo alguma coisa legal. E quando a bola rola,
esquecemos de tudo e aquele momento passa a ser o melhor de
nossas vidas”, afirma Aloísio Dutra, 42 anos, comerciante, no
CRC desde 1987.
Sobre as chances na competição, os representantes do Paraná (fora da capital existem
equipes de rúgbi apenas em
Guarapuava e Londrina) são
modestos. “Queremos ficar entre
os quatro na primeira fase, para
chegar à fase final. Mas não
será fácil”, aponta Callegari. E
as dificuldades começam já no
primeiro oponente. “Nos últimos
quatro anos, eles (São José) perderam apenas um jogo. Vai ser
uma pedreira. Mas nós vamos
pra cima deles e eles que se virem”, disse Dutra.
❧ ANDRÉ
PUGLIESI
➜ Informações: www.curitibarugby.
com.br
O B S E R VAT Ó R I O
VÔLEI
Pressão assusta Brasil na estréia
A seleção brasileira masculina de vôlei
estréia hoje, às 18 horas, na Liga Mundial, contra a Argentina, os donos da
casa, em San Juan. Portugal e Finlândia completam o grupo B. “O começo é sempre assim, enrolado. Essa é
uma das nossas preocupações, saber
controlar a pressão, a ansiedade... A
maior lição que a seleção de futebol
deixou foi que não podemos pular etapas. Temos de dividir o campeonato em
fatias, de pizza, de torta, do que for, e
comer uma de cada vez, ou você engasga”, afirmou o levantador Ricardinho.
5 finais
Os irmãos Diego e Daniele Hypólito avançaram à final em cinco aparelhos na etapa de Xangai da Copa do Mundo de Ginástica Artística. As finais serão hoje e amanhã. Dono de três medalhas neste ano na Copa,
Diego classificou-se no solo, no salto e nas paralelas. “Estou muito feliz
por ter garantido vaga nas finais, principalmente das paralelas”, disse
Diego. Daniele obteve classificação no solo e nas assimétricas.
FÓRMULA-1
VOLTA DA FRANÇA
Schumy exige
privilégios
Popovych
na briga
Michael Schumacher jogou na mesa da
Ferrari duas exigências para continuar
na escuderia por mais uma temporada
ao lado de Kimi Raikkonen. O heptacampeão mundial faz questão de ter o
carro reserva durante todo o campeonato, independentemente da posição
na classificação. E quer, ainda, prioridade no uso de novos componentes
desenvolvidos em Maranello ao longo
do Mundial. Hoje, às 9 horas, no circuito de Magny-Cours, será realizado o
treino oficial para o GP da França.
O ucraniano Yaroslav Popovych
venceu ontem a 12.ª etapa da Volta
de ciclismo da França, entre Luchon
e Carcassome, e ainda se mantém
vivo na briga pelo título da competição. Com o resultado, ele assumiu a
10.ª colocação. O americano Floyd
Landis segue na liderança. A 13.ª
etapa será disputada hoje, entre as
cidades de Béziers e Montélimar.
Com 230 km, é a mais longa do Tour
2006. O percurso, porém, é plano, o
que facilitará a vida dos ciclistas.