a istambul do sultão

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a istambul do sultão
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A ISTAMBUL DO SULTÃO
POR CINCO KURUS POR DIA
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CHARLES FITZROY
A ISTAMBUL DO SULTÃO
POR CINCO KURUS POR DIA
Tradução de
Maria Carvalho
EDITORIAL BIZÂNCIO
Lisboa, 2016
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Título original: The Sultan’s Istanbul — On Five Kurush a Day
© 2013, Thames and Hudson Ltd., London
1.º edição portuguesa: Setembro de 2016
Tradução: Maria Carvalho
Revisão: Sandra Pereira
Capa: Armando Lopes
Paginação: Ana Ribeiro
Impressão e acabamento: Cafilesa — Soluções Gráficas, Lda
Depósito legal n.º 412 428/16
ISBN: 978-972-53-0578-2
Todos os direitos para a publicação desta obra em Portugal
reservados por Editorial Bizâncio, Lda.
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URL: www.editorial-bizancio.pt
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ÍNDICE
I
INTRODUÇÃO
8
II
DESCRIÇÃO DA CIDADE 15
Gálata e Pera • As Sete Colinas e o Corno de Ouro • Uskudar
• O Bósforo • Desastres Naturais • Incêndios
III
HABITANTES E COSTUMES 30
Vestuário • O Fascínio das Mulheres Turcas • Vida Dentro de Casa
• Principais Cerimónias • As Delícias da Comida Turca • Banhos
Turcos • Medicina • Sexo e Escravatura
IV
MERCADOS, CAFÉS E CASAS DE ÓPIO 50
Mercados e Bazares • Comércio • Cafés, Tabernas e Casas de Ópio
• Guildas • Sistema Monetário Otomano • Preços e Impostos
V
SULTÕES, GRÃO-VIZIRES, EMBAIXADORES
E JANÍZAROS 66
O Sultão • O Grão-Vizir • A Rainha-Mãe • Embaixadores • Janízaros
• Exército e Rebelião • Lei e Ordem
VI
LUGARES A NÃO PERDER 88
Santa Sofia (Hagia Sophia) • Mesquita Azul • Hipódromo • Mesquita
Kucuk Ayasofya • Muralhas • Mesquita Kariye • Mesquita Rustem
Pasha • Banhos Cagaloglu • Suleymaniye • Torre Gálata
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VII
PALÁCIO TOPKAPI 109
Primeiro Pátio • Segundo Pátio • Terceiro Pátio • Harém
• Gostos Exóticos no Harém • A Prole do Sultão • Diferentes
dos Outros Homens
VIII
MUÇULMANOS, CRISTÃOS E JUDEUS 130
O Sultão em Prece • Mesquitas • Muftis e Imãs • Instituições
de Caridade • Escolas e Bibliotecas • Morte e Funerais • Eyup
e Lugares de Peregrinação • Ramadão e Outras Festas Religiosas
• Dervixes e Homens Santos • Relíquias e Superstições • Outras
Religiões
IX
FESTIVAIS, FOGOS-DE-ARTIFÍCIO E VIAGENS PELO
BÓSFORO 152
O Sultão Faz-se ao Mar • Lugares de Prazer • Festivais
• A Circuncisão de um Príncipe
Mapa
Citações
Ilustrações
162
164
166
Índice Remissivo
168
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NOTA DO AUTOR
O cenário deste livro é Istambul em 1750, à época do sultão Mahmud I.
Embora algumas citações de viajantes que fizeram o Grand Tour sejam
um pouco mais tardias, tentei tornar tudo consistente com essa data.
Estou particularmente grato a Philip Mansel, Norman Stone e Alexander
de Groot pelos seus conselhos, a Ben Plumridge pelo seu excelente trabalho de edição, e à Thames & Hudson pelo seu apoio. Dedico este livro
aos meus filhos Nico e George, que fizeram os possíveis por continuar
a dormir depois do apelo matinal à prece e se esforçaram, debalde, por
suplantar a algazarra dos pregoeiros do Grande Bazar.
SOBRE O AUTOR
Charles FitzRoy é autor de Renaissance Florence on Five Florians a
Day, bem como de inúmeros livros sobre história e viagens, incluindo
Italy: A Grand Tour for the Modern Traveller e Italy Revealed. Gere a
agência Fine Art Travel, que organiza viagens por toda a Europa, incluindo Istambul.
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I • INTRODUÇÃO
Afigura-se-me que, embora outras
cidades possam ser mortais, esta
permanecerá enquanto houver homens na Terra.
PETRUS GYLLIUS,
THE ANTIQUITIES OF
CONSTANTINOPLE, 1561
N
MEDIterrâneo usufrui de melhor
localização do que a bela Istambul. Cercada de água por todos
os lados e com vista sobre o poderoso Bósforo, que separa os
continentes da Europa e da Ásia,
a cidade goza de uma posição
sem igual.
ENHUMA CIDADE DO
Venerada desde a Antiguidade,
quando Bizas lá fundou uma colónia a conselho do oráculo de
Delfos, no século IV d. C., a cidade de Bizâncio foi escolhida
pelo imperador Constantino como sua nova capital. Os sucessores construíram magníficos palácios e igrejas, nomeadamente a
majestosa basílica de Santa Sofia
(Hagia Sophia), que motivou a
inveja de toda a Europa. Protegidos pelas enormes fortificações
da cidade, os imperadores bizantinos reinaram sobre um império
que durou mil anos. Os sultões
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INTRODUÇÃO
otomanos, que governaram a cidade desde que Mehmed a conquistou em 1453 e lhe chamou
Istambul, continuaram a embelezar a capital imperial, ornamentando o Topkapi, o seu palácio
preferido, com uma série de pavilhões onde usufruem dos prazeres do seu harém, e erigindo
esplêndidas mesquitas, escolas e
balneários por toda a cidade.
Chegar a Istambul implica uma
longa viagem, passando pelos
Balcãs ou atravessando o mar
Egeu. A viagem marítima é de
longe mais agradável, embora a
tripulação possa gostar de arrepiar os viajantes com as suas descrições de como, antigamente,
surgiam piratas dos seus esconderijos no Norte de África, apoderando-se de barcos cristãos e
escravizando os infortunados cativos. Estas histórias servirão para
estimular a sua imaginação, de-
certo já inundada de histórias sobre a vida nas ruas de Istambul:
como pode comprar tudo o que
desejar nos bazares a fervilhar de
gente, desde um diamante capaz
de resgatar um rei até uma bela
escrava negra da Abissínia, e como os homens mais poderosos da
cidade são eunucos que guardam
as concubinas do sultão. Ao longo
deste livro, o leitor irá descobrir
que muitas destas histórias são
verdadeiras, pelo menos em parte, aprenderá a regatear nas lojas
e mercados, ficará a conhecer os
segredos das zonas proibidas do
harém, saberá onde observar os
dervixes rodopiantes que entram
A esplendorosa linha do horizonte
de Istambul. As grandes mesquitas
da cidade ficam do outro lado do
Corno de Ouro enquanto as zonas
europeias de Gálata e de Pera se situam no primeiro plano.
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A ISTAMBUL DO SULTÃO
• POR CINCO KURUS POR DIA
em transe e como participar no
estranho costume dos banhos turcos.
Com estas imagens a encherem-lhe a cabeça, o barco onde
viaja contornará um promontório
e, à sua frente, desdobrar-se-á a
inesquecível série de cúpulas e
minaretes que debruam a linha
do horizonte da cidade. Este ano
do Senhor de 1750 é uma época
maravilhosa para visitar Istambul. O sultão Mahmud I é um diligente construtor, e tem feito
muito para tornar a sua capital
mais esplendorosa, erigindo uma
série de mesquitas, escolas, bibliotecas e encantadoras fontes.
Não admira que Lady Mary Wortley Montagu, mulher do embaixador britânico, se tenha emocionado a ponto de declarar, há uma
geração, que a vista da sua casa
abrangia «o porto, a cidade, o palácio e as colinas distantes da
Ásia; porventura, no seu conjunto, a mais bela perspectiva do
mundo.»
À medida que o barco se aproxima da margem e os passageiros
se preparam para desembarcar, o
leitor talvez se interrogue acerca
da recepção que irá ter. O viajante mais prevenido poderá ir
munido de uma carta do embaixador do seu país, mas é pouco
provável que o leitor tenha qualquer problema com as autoridades, sobretudo porque já terá passado as fronteiras do Império
Otomano alguns dias ou semanas
antes (o império estende-se do
Danúbio até à Pérsia e da Crimeia a Argel). Quer esteja envolvido no comércio ou na diplomacia, quer seja um aventureiro, o
leitor deve dirigir-se a Gálata e
Pera, na parte norte do Corno de
Ouro, onde residem todos os europeus.
Logo que descobrir um alojamento adequado, garanta o apoio
de um bom dragomano, ou intérprete. Deve começar por fazer escala na embaixada do seu país,
onde o pessoal o aconselhará na
escolha de um que lhe sirva, talvez um grego fanariota (do subúrbio de Fanar). Um bom dragomano será a chave para o êxito
da sua visita. Será um homem
multifacetado, que o ajudará a
lidar com a língua, que nada terá
a ver com as que ouviu falar na
Europa, e que lhe explicará o
valor das moedas turcas e o hábito de dar gorjetas, essencial no
dia-a-dia da cidade. Por intermédio dele, o leitor será capaz de
conversar com os habitantes, ficando a saber como se vive ali:
como se come sem talheres,
[10]
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INTRODUÇÃO
como se vestem as mulheres dentro de casa, quais os festivais
mais agradáveis e qual o assunto
preferido de conversa nos cafés.
Um bom dragomano também
o ajudará a evitar sarilhos, informando-o, por exemplo, de como
se deve comportar quando visita
uma mesquita. Também lhe mostrará como evitar os janízaros, famosos pela arrogância com que
se pavoneiam pelas ruas da cidade. O comportamento deles
poderá recordar-lhe que, há bem
pouco tempo, lideravam as hor-
DINHEIRO TURCO
E BAKSHISH
Trata-se de um assunto
complexo mas é crucial
que o compreenda.
A moeda mais importante
é o kurus, uma moeda de
prata que será aceite em
toda a parte – o seu valor,
que já se aproximou do
ecu francês, é agora
consideravelmente menor.
Divide-se em 40 paras,
valendo cada um 3 akche
(não se preocupe com
estes últimos pois
pouco valem).
Precisará de paras para
as pequenas transacções e
de kurus para as maiores.
Lembre-se de que, onde
quer que vá, uma «oferta»
em dinheiro, a que os
habitantes de Istambul
chamam bakshish (gorjeta),
deve resolver o problema –
não a dar significará que
pouco farão por si.
Tenha cuidado com moedas
falsificadas, muito
frequentes em Istambul
(ver Capítulo 4).
O embaixador francês, esplendidamente trajado, na companhia do seu
dragomano.
[11]
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A ISTAMBUL DO SULTÃO
• POR CINCO KURUS POR DIA
das turcas junto às portas de A grande mesquita de Santa Sofia foi
Viena. Também ficará a saber construída originalmente como igreja
como é essencial não enfurecer pelos imperadores bizantinos.
as autoridades: na geração passada, um embaixador veneziano, mente, a jogar às cartas e a diverfigura imensamente importante, tirem-se de outras maneiras.»
foi preso por capricho do sultão. Mas não se preocupe: encontrará
Nem todos têm tido sorte com o muitos conselhos úteis sobre este
dragomano que escolheram, assunto dos dragomanos noutras
como decerto ouvirá dizer. Não partes deste livro.
há muito tempo, Sir James Porter,
Existem muitas outras inforpor exemplo, mandou seguir o mações úteis. Encontra-se num
seu intérprete, porestado muçulmano e
Criada
pela
natureza
que tinha receio de
terá de ter sempre
para
ser
capital
do
que se extraviasse a
presente que os crismundo.
mensagem urgente
tãos são cidadãos de
OGIER
GHISELIN
DE
que ele levava, tensegunda classe ou
BUSBECQ, EMBAIXADOR
do acabado por desainda menos. Como
DO SACRO IMPÉRIO ROMANO, DÉCADA DE 1550
cobrir que o homem
o seu dragomano
se encontrara com
lhe explicará, a daoutro dragomano numa casa «onde tação turca baseia-se na fuga do
passaram o dia muito agradavel- profeta Maomé de Meca para
[12]

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