162 - Sociedade da Mesa
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162 - Sociedade da Mesa
c l u b e d e v i n h o s sociedade da mesa do livre exercício dos prazeres Setembro/2016 R$ 16,00 162 Seleção Mensal: Le Petit Chat Malin 2015 França Seleção grandes vinhos: Coloma Selección 2014 Merlot Espanha café: A disseminação pela Europa drinks: O arsenal do barman 1 Sociedade da mesa apresenta: Promoção U m e A u migo q i d n I Nossa, que taça linda, onde você comprou? Não comprei, eu ganhei da Sociedade da Mesa quando indiquei a Renata para o clube! E ela ganhou também. Sabe aquela promoção “Indique um amigo”? Não, como funciona? Vale o ano inteiro, eles dizem que não é promoção, é regra do clube! Você indica um amigo e se ele se associar ao clube, você ganha um par de taças de cristal e ele também. É super simples. Ah é? Vou dar uma olhada no site. Tenho vários amigos que gostam de vinho. Eles vão gostar do clube e eu das taças! Nossa, como você é moderninho! Eu indiquei pelo telefone mesmo... Ainda não me rendi ao mundo digital! fim Como indicar: Acesse www.sociedadedamesa.com.br/indique ou Seu amigo pode se cadastrar diretamente: www.sociedadedamesa.com.br/amigo Basta que ele preencha o campo “Quem me indicou foi” com seu nome completo! ou Ligue para nós no 0800 774 0303 ou Envie um e-mail com nome, telefone ou e-mail do seu amigo para [email protected] e Nós entraremos em contato com ele. Promoção válida para amigos indicados que se associarem ao clube. 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br Siga a Sociedade da Mesa nas redes sociais: Facebook sociedadedamesa I nstagram @sociedadedamesa B l og do Dar io tudoconformeeumesmo.com R e vist a Socie dade da Me sa revista.sociedadedamesa.com.br DIREÇÃO GERAL Dario Taibo c l u b e d e v i n h o s sociedade da mesa [email protected] do livre exercício dos prazeres Setembro/2016 R$ 16,00 162 DIREÇÃO TÉCNICA Dario Taibo [email protected] Seleção Mensal: Le Petit Chat Malin 2015 França Seleção grandes vinhos: Coloma Selección 2014 Merlot Espanha café: A disseminação pela Europa drinks: O arsenal do barman DIREÇÃO DA REVISTA Paula Taibo Morales [email protected] PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO set.16 Agência Criadoria [email protected] REDAÇÃO Joan Miró, Estrela da Manhã, 1940 bra-prima. m. [email protected] ATENDIMENTO AO CLIENTE [email protected] REVISÃO Paulo Samá PUBLICIDADE Rua Branco de Moraes, 248/11 Chácara Santo Antônio - São Paulo - SP - Brasil - CEP 04718-010 tel.: 55 11 5180 6000 • 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br [email protected] IMPRESSÃO 15.000 exemplares Comércio, importação e exportação Ltda www.racevix.com.br Responsabilidade Social: www.criancaracevix.com.br 4 162 e d i t o r i a l Não lembro ao certo, mas acho que faz já uns dez anos que provei, pela primeira vez, o Coloma Merlot Colheita Tardia. Naquela vez fiquei encantado e já sabia que, cedo ou tarde, o poria entre nossas seleções. Nestes dez anos, tropiquei com o estande da Coloma umas vinte vezes, seja na feira de Londres, seja na de Dusseldorf, ou na feira espanhola de Ciudad Real. A Helena Coloma me vê chegando de longe e já me serve uma taça do Merlot Colheita Tardia. O Merlot Colheita Tardia faz parte das quimeras, das originalidades, das valentias da Amelia Coloma, enóloga da bodega, irmã da Helena. Somente a vi uma vez numa feira, quando fiz uma crítica a um de seu vinhos e ganhei um inimigo para sempre. Os enólogos são assim, insistem para você dar sua opinião sobre os vinhos, insistem em que são capazes de ouvir uma crítica até que você a faz, e fecham a cara imediatamente, e para sempre. Enfim, considero Amelia um gênio, poucas vezes disse isso de um enólogo. Este Merlot é uma manifestação dessa genialidade. Um Merlot, espanhol, de colheita tardia, seco. Parece uma D a r i o T a i b o s ó c i o - d i r e t o r sequência impossível de palavras. Um vinho único, uma seleção histórica. í n d i c e ín di ce 162 6 8 Seleção Mensal: Le Petit Chat Malin 2015 Branco e Tinto, Espanha 14 Seleção Grandes Vinhos: Coloma Selección Merlot 2014, Espanha 18 Artigo Técnico: Aromas Varietais 20 Na Ponta da Língua: Palavras em Inglês 22 Ingredientes: Mostarda 24 Química dos Alimentos: Pinhão 26 Agenda 27 Números na Mesa: As 7 Maravilhas 28 Comer é o Negócio: Destemperados 28 Gostinho de Curiosidade: Bauru 29 Comida é Arte: Paleta de Sabores 29 Alimento Surpresa: Durian 30 Na Cozinha Tem História: Escorredor de Arroz 32 Almanaque: As Aparências Enganam 34 Viagens com Café: O Café na Europa 35 Dica de Quem Sabe: Bechamel 36 Entrevista: Sylvia Rodrigues 42 Objeto de Desejo: Máquina de Pipoca 43 Receita 1, 2, 3: Cuscuz de Bacalhau 44 Drinks: O Arsenal do Barman 46 Um Prato no Tempo: Einstein 48 Programa Saca-Rolha 52 Saca Só: Salmão ao Molho de Romã com Batatas Hasselback 53 Toque Tech: Mixologia Molecular 53 Coisa Nossa: Quibebe 54 Nosso Estoque 56 Além da Garrafa 58 Meu Momento 60 Nem Mais Nem Menos: Salada de Pão à Toscana 61 Próxima Seleção Mensal: Príncipe de Viana Syrah 2015 e Crianza Vendimia Seleccionada 2012, Espanha Conheça as qualidades e segredos do “Pequeno 14 Gato Astuto” em nossa Seleção Mensal O escorredor de arroz foi inventado por uma dentista. Confira em Na Cozinha Tem História 8 Na Seleção Grandes Vinhos, uma joia enológica da 30 44 Bodegas Coloma Drinks: que ferramentas o barman esconde no Arsenal atrás do balcão? 7 s e l e ç ã o T e x t o : m e n s a l A l b e r t o P e d r a j o Le Petit Chat Malin 2015 branco Languedoc frança Le Petit Chat Malin 2015 tinto Languedoc frança O Vinho na França Superfície de vinhedo: 793.000 hectares Ranking mundial de superfície de vinhedo: 2º Volume de vinho produzido: 42.000.000 hl Ranking mundial por produção de vinho: 3º Dados OIV 2015 8 Ah, la belle France! Os vinhos franceses Os vinhos franceses continuam sendo uma referência para o resto do mundo. Quando se faz uma classificação, a França sempre ocupa o primeiro lugar no reconhecimento enológico e, portanto, também é uma referência para nossas seleções. Esta Seleção Mensal nos traz uma grata surpresa: uma simpática etiqueta é sua carta de apresentação, mas o verdadeiro fascínio está no interior dela. Dois vinhos do sul da França cheios de personalidade e com um nome curioso - Le Petit Chat Malin, que se traduz como “o pequeno gato astuto”. Uma declaração de intenções por parte da bodega, que com esse nome simpático, procura a cumplicidade do consumidor com uma relação de qualidade e preço como carta de apresentação. E como logo começará a primavera, isso nos lembra sol e praia, portanto, nada melhor para dar as boas vindas à nova estação, do que nos aproximarmos do sul da França para selecionar um branco refrescante e um tinto sedoso, pleno de fruta. França e vinhos são sinônimos de diversidade, tanto climática como edafológica, e isso, junto com a tradição milenar na elaboração de vinhos, a transforma em um dos países com maior riqueza enológica, permitindo que se elabore vinhos brancos deliciosos, delicados, sofisticados e até sutis, e vinhos tintos elegantes e potentes. Da França são originárias variedades de uva que hoje em dia estão presentes em todo o mundo, 9 como a Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Syrah, Os vinhos dessa variedade podem chegar a ter Pinot Noir, Sauvignon Blanc, Malbec etc., além de uma cor amarela-dourada, são de acidez baixa e muitas técnicas de vinificação que, atualmente, são sensíveis à oxidação. São vinhos de grande corpo praticadas em todas as regiões vitivinícolas. e muito álcool, que desprendem aromas florais Lá se respira vinho do norte ao sul e do oeste para o leste, com um universo enológico que divide 13 grandes regiões produtoras de vinho: Alsace, Beaujolais, Bourgogne, Bordeaux, Corse, Champagne, Jura, Languedoc-Roussillon, e frutados, caracterizando-se por suas notas de ervas, feno e mato, sendo mais interessante em coupages com outras variedades, porque lhes aporta estrutura e álcool. É pouco habitual como monovarietal. Loire, Provence, Savoie, Sud-Ouest e Vallèe du Rhöne. Todas elas reconhecidas e de prestígio internacional, autênticos tesouros enológicos, onde a diversidade vitivinícola tem uma estreita relação com a gastronomia local, permitindo que seus vinhos possam ser desfrutados muito além das taças. A França nos hipnotiza com seus vinhos, sua gastronomia, sua história e suas paisagens. Marsanne Esta variedade de uva branca tem sua origem na localidade de Marsanne, na zona mais setentrional do vale do Rhöne, ao sudeste da França. É uma variedade de fácil cultivo, resistente, vigorosa e de boa produção, mas deve ser protegida de temperaturas extremas, tanto no excesso de frio As uvas Garnacha Blanca, Marsanne e Roussanne. Garnacha Branca como no excesso de calor, e também de estresse híbrido. Por isso, convém cultivá-la em regiões frescas, com possibilidade de irrigação. Tem o cacho compacto e se deve ter um cuidado especial na época de vindima, quando o excesso de umidade ou de precipitações possibilitam que apodreça. Procede de uma mutação da Garnacha Tinta e, por isso, compartilha em grande medida suas Os vinhos com a variedade Marsanne são de um características ampelógrafas, vitícolas e enológicas, tom amarelo-palha, e chegam a ter reflexos verdes. salvo na cor do cacho. Mesmo que sua origem esteja Têm uma boa intensidade aromática. Quando no noroeste da Espanha, esta varietal adapta-se comparada com a Roussanne, é menos aromática bem a climas cálidos e secos, sendo esta a razão e mais tosca, porém é mais estável na oxidação. de estar presente em toda a área mediterrânea da Seus vinhos desprendem aromas de violeta, Espanha e da França. Os cachos são de tamanho toques minerais, aromas de frutas exóticas e sua médio a pequeno e um pouco compactos, sendo passagem pela boca costuma ser gordurosa e muito sensíveis ao excesso de umidade. As baias são agradável. Conforme envelhece, amadurece e esféricas e um pouco alongadas, de tamanho médio evolui, oferecendo intensos aromas de madressilva, a pequeno e de cor amarelada âmbar, com a pele mel de acácia e marmelo. Não é normalmente fina. O mosto tem um elevado conteúdo de açúcar e utilizada como monovarietal, mas sim junto com é de mediana a baixa acidez. outras variedades, como a Roussanne, a Viognier e a Garnacha Branca. 10 Roussanne Boutinot Esta variedade de uva branca é original da região Boutinot evoluiu de um pequeno importador de francesa do Vale do Rhöne, onde também é vinho nos anos 1980 para uma empresa mundial conhecida como Barbin, Bergeron, Martin Cot, produtora de vinho, estabelecida em quatro Fromental, Rebolot, Babellot, Ramoulette, Greffou, continentes e com seus próprios vinhedos e bodegas Picotin Blanc e Courtoisie. Tem cachos médios e na França e na África do Sul. Desde sua origem, Paul bastante compactos, com pequenas bagas redondas Boutinot, o fundador, baseou seu sucesso das últimas de cor âmbar, que quando amadurecem tornam-se três décadas no conhecimento profundo das regiões rosáceas, justificando aí o seu nome. A Roussane vitivinícolas mais interessantes e diversas da França. destaca-se pelo aroma único e acidez fresca, Ele é o pioneiro no descobrimento e na projeção de com a qual se elaboram vinhos sutis e com boa regiões como Languedoc. tanicidade. Seus aromas lembram damasco, com matizes florais, herbáceos e notas de mel. Pouco habitual como monovarietal, costuma ser parte de coupages junto às variedades Marsanne e Viognier, a grande trilogia branca das variedades de Rhöne, e inclusive com a Chardonnay, que suaviza sua intensidade tânica. A Roussanne está presente em algumas das mais famosas regiões vitivinícolas da França, como Hermitage, Châteauneuf du Pape e Corbières. Também podemos encontrá-la em Não satisfeito em simplesmente comprar vinhos engarrafados de grandes produtores selecionados pelo mundo todo, Boutinot sempre quis participar da elaboração dos vinhos. Ser agente exclusivo de mais de 150 dos melhores e mais premiados produtores do mundo do vinho permitiu a ele não somente ter critério e uma visão única, como também apostar em seus projetos pessoais, como o que estamos apresentando nesta seleção. outras regiões vitivinícolas do mundo, como Itália, Boutinot procura nos vinhos que elabora a Austrália e Califórnia. verdadeira expressão do “terroir”, em equilíbrio com Mesmo que seus vinhos tenham certa tendência para a oxidação, quando a Roussanne está bem elaborada, geralmente tem uma magnífica evolução na garrafa, o que permite que conserve todas as suas propriedades com o tempo. o que eles definem como parte do DNA de todos os seus vinhos: a fruta. Trabalhando em diversas regiões da França com suas inúmeras variedades de uva e um mosaico de “terroirs” excepcionais, seus enólogos, sem dúvida, têm um número sem fim de oportunidades para mostrar ao mundo a generosa variedade dos vinhos franceses. 11 Le Petit Chat Malin 2015 Branco e Tinto Sejam astutos como nosso pequeno gato e desfrutem desta fantástica Seleção Mensal, ideal para começar a primavera. Le Petit Chat Malin 2015 Branco| IGP Pays DOC | Languedoc | França País: França Região: Languedoc Indicação Geográfica: IGP Pays DOC Uvas: 60 % Garnacha Branca, 20 % Marsanne e 20 % Roussanne Crianza: sem crianza em barril Álcool: 12,5% vol. Produtor: Boutinot France Le Petit Chat Malin 2015 é deliciosamente vinho com um excelente centro de boca, gorduroso aromático, elaborado com as variedades e de longo gosto posterior. tradicionais de Languedoc, Garnacha Branca, Marsanne e Roussanne, que mostram seu potencial logo ao abrir a garrafa, vindo à tona uma vez que damos o primeiro gole. Harmonização: perfeito para desfrutar de um simples peixe azul na chapa, como sardinhas. Este branco com bom centro de boca pode ser degustado também com queijos como o Brie e o Camembert, O vinho: as três varietais são vindimadas ricos, suaves e cremosos, que ficam perfeitos com separadamente em diferentes datas, quando cada uma fatia de pão torrado com uma gota de geleia, uma alcança a maturidade. Uma vez na bodega, para acompanhar nosso Le Petit Chat Malin. os cachos são desengaçados e prensados, e logo o mosto é transferido para depósitos de aço inoxidável a baixas temperaturas, com o fim de preservar ao máximo os aromas. Então, o enólogo procede com o “assemblage” na procura do equilíbrio, frescura e volume característicos deste vinho de Garnacha Branca, Marsanne e Roussanne. Cata: amarelo-palha. No nariz é pura pera madura com notas cítricas, um toque de damasco e especiarias sutis. Na boca é contundente, mas sua acidez o faz refrescante e de passagem fácil. É um 12 Serviço: deve ser consumido a uma temperatura perto dos 9 ou 10ºC - e preferivelmente não superar os 12ºC. Não é necessário decantá-lo nem abrir antes do momento de consumo, pelo menos não nos próximos meses. Guarda: para ser consumido já, mesmo que seja esperado um desenvolvimento positivo na garrafa pelos próximos meses. Estima-se um consumo ótimo dentro dos próximos três anos (2016 – 2019). selecionado p o r Le Petit Chat Malin 2015 tinto| IGP Pays DOC | Languedoc | França D a r i o T a i b o País: França Região: Languedoc Indicação Geográfica: IGP Pays DOC Uvas: 65% Garnacha, 30 % Syrah e 5% Carignan Crianza: sem crianza em barril Álcool: 13% vol. Produtor: Boutinot France Este tinto elaborado com uvas procedentes de tanino suave que acompanha as notas de fruta e velhos vinhedos dos varietais tradicionais da região, especiarias descritas no nariz. com Garnacha, Syrah e Carignan, é pura expressão de frutas, com um suave toque aveludado no paladar, que nos faz desfrutar desde o primeiro gole. Harmonização: podemos desfrutar, junto com o branco, da tábua de queijos e até dos ilustres patês franceses. Seus toques de fruta doce e especiarias O vinho: vindimado à mão, cada varietal foi podem combinar muito bem com costelas na brasa fermentada separadamente em depósitos de ou com almôndegas no molho. aço inoxidável. A fermentação foi feita com temperaturas controladas em aproximadamente 25ºC, procurando manter viva toda a expressão aromática característica de variedades como a Garnacha e a Syrah. Finalizada a fermentação Serviço: sua temperatura de consumo deve encontrar-se entre os 14 e os 16ºC. Não é necessária sua decantação nem a abertura com antecedência ao momento de consumo pelos próximos meses. alcoólica, o vinho é prensado para logo realizar a Guarda: para consumir já, porém é esperado um fermentação malolática antes de sua clarificação, desenvolvimento positivo na garrafa nos próximos filtragem e posterior engarrafamento. meses. Estima-se um consumo ótimo dentro dos Cata: vermelho-cereja de média intensidade. próximos dois anos (2016 – 2018). Envolvente aroma frutado, combinação de fruta vermelha madura, morangos, geleia de groselha e notas de pólen, que se funde com especiarias sutis. Na boca é suculento e redondo, com um 13 s e l e ç ã o T e x t o : g r a n d e s A l b e r t o v i n h o s P e d r a j o Coloma Selección 2014 Merlot Vinho da Terra de Extremadura espanha O Vinho na Espanha Superfície de vinhedo: 1.037.000 hectares Ranking mundial de superfície de vinhedo: 1º Volume de vinho produzido: 45.300.000 hl Ranking mundial por produção de vinho: 2º Dados OIV 2015 14 Coloma Selección Merlot, a história por trás do vinho. Mas se uma coisa chamou a atenção da sua mente Há alguns meses apresentamos uma seleção de varietais da região, e a extrema delicadeza, a qual vinhos da Bodegas Coloma. Naquela ocasião, ele percebeu que complementaria, de forma ideal, falamos da originalidade dos vinhos deste produtor, o conjunto de seus vinhedos, como variedade que têm personalidade marcante e se originam integradora. de vinhedos próprios da família, e da imaginação Em 1981 não era possível encontrar viveiros de da enóloga Amelia Coloma. Com a certeza de que plantas na Espanha com a Merlot certificada. No desfrutaram da seleção anterior dos vinhos desta entanto, José Félix estava totalmente convencido bodega, agora apresentamos uma raridade. Um das vantagens desta variedade e decidiu importar vinho singular, que nos cativou desde a primeira as plantas diretamente da França. Naquela época, vez que o catamos: Coloma Selección Merlot. a Espanha ainda não fazia parte da Comunidade Este vinho é procedente do vinhedo mais antigo de Europeia, por isso, ele teve de vencer muitas Merlot em Extremadura, também provavelmente exigências burocráticas, até conseguir uma um dos mais antigos de toda a Espanha. E por trás permissão especial para importar os primeiros desta Seleção Grandes Vinhos há uma história enxertos de Merlot para Extremadura. interessante e bonita para contar. O vinhedo de Durante 17 anos, o Merlot formou parte do coupage onde ela procede uniu duas gerações de viticultores dos seus vinhos mais representativos. Em 1999, da família Coloma: José Félix e sua filha Amelia. quando o vinhedo acabava de fazer 18 anos e Como pioneiro na produção de vinhos de qualidade Amelia estava à frente de sua segunda vindima, em Extremadura, José Félix Coloma procurou a colheita foi particularmente cálida. Ela tentou, a inspiração para iniciar seu projeto fora de seu apoiando-se no clima seco de Extremadura, deixar entorno. Suas viagens contínuas na década de 1970 que as uvas de Merlot amadurecessem ao máximo, para outras regiões vitivinícolas, e em especial para com a finalidade de concentrar sabor e aromas, e Bordeaux, deram-lhe informações sobre os últimos obter um vinho mais intenso e concentrado. inquieta durante as viagens, foi a variedade da uva Merlot, a capacidade de assemblar com diferentes avanços na elaboração do vinho e na viticultura. 15 O resultado daquela colheita a deixou preciso surpreender o consumidor e os críticos a desconcertada, pois ia por um caminho diferente de partir da opulência. muitas regras que aprendera com seu pai. Eles não conseguiam entender o que deixava aquele vinho tão distinto. Sua experiência ditava que vinhos jovens tinham taninos secantes, que necessitavam ser polidos, mas este dava a impressão de que já havia passado por barril. O tanino doce e polido trazia uma sensação sedosa à boca, junto com uma fruta intensa. Portanto, era difícil acreditar que a colheita tinha ocorrido há poucas semanas. Mas nem todos os vinhos supermaduros correspondem a esse perfil, e nem todos os enólogos procuram no superamadurecimento um artifício para demonstrar a virilidade de um vinho. Em alguns casos, a supermaturação corresponde às condições em que alguns vinhedos se desenvolvem e adquirem a maturidade de maneira natural. Falamos de vinhedos em regiões cálidas e de certas variedades em localidades específicas, como Estas diferenças fizeram com que compartilhassem ocasionalmente acontece com a Carmenère em o vinho com outros enólogos, que também ficaram certas regiões do Chile; com a Syrah em alguns surpresos com a experiência. Tudo isso deixou vales da Austrália, a Tempranillo na Meseta claro que, naquela colheita de 1999, havia nascido a Espanhola ou a Monastrell no Levante Espanhol. estrela da bodega, o Coloma Selección Merlot. Quem imaginaria que a Merlot conseguiria este A singularidade do vinhedo e as condições superamadurecimento de maneira equilibrada climáticas de cada ano fazem com que este vinho em Extremadura? Esta é a chave: chegar à icônico não possa ser elaborado em todas as supermaturação sem desequilíbrio e sem vindimas, por isso, desfrutem deste sensacional sensações alcoólicas e volumosas, que são mais Coloma Selección Merlot 2014. fruto de decisão enológica do que do verdadeiro Vinhos de uvas superamadurecidas amadurecimento da uva. Não costuma ser habitual degustar um monovarietal de Merlot, já que normalmente é Durante anos foi uma tendência do mercado mais utilizado para coupages, mas é ainda menos oferecer vinhos supermaduros e superestruturados, habitual provar um vinho como este. Extremadura, autênticos xaropes enológicos, que enchiam e na região sul-ocidental da Espanha, fronteira com envolviam nosso paladar de maneira contundente. Portugal, é uma das poucas regiões do mundo onde Um processo que, longe da singularidade de um o clima se combina de maneira magistral com a vinhedo ou de um vinho, tinha como objetivo geografia, permitindo que variedades como a Merlot adquiram uma supermaturação fenólica sem risco de que o álcool aumente descontroladamente e seja o protagonista. O resultado é precisamente esse, uma verdadeira exaltação de frutas, um vinho perfumado, corpulento com uns taninos doces que o fazem muito harmonioso e elegante. Preparem-se para degustar um Merlot excelente, que pessoalmente acredito que seja único em sua categoria. 16 selecionado p o r Coloma Selección 2014 Merlot D a r i o T a i b o País: Espanha Região: Extremadura Indicação Geográfica: Vinho da Terra de Extremadura Uva: 100% Merlot Crianza: seis meses em barris de carvalho americano Álcool: 14,5% vol. Produtor: Coloma Viñedos y Bodegas Mais uma vez apresentamos a nossos associados um Harmonização: este Coloma Selección Merlot encaixa vinho original e diferente. Um verdadeiro prazer para perfeitamente com um filé mignon suíno preparado na nossos sentidos, com uma arrojada personalidade. brasa, sobre um fundo de purê de batatas e maçã assada. O vinho: vindima manual das melhores cepas de Merlot Sua opulência é ideal para pratos contundentes, mas um da propriedade, no limite máximo da supermaturação, bom queijo de ovelha curado ou um Roquefort podem no final do mês de agosto. Após chegar à bodega, a acompanhá-lo antes do prato principal. Atenção, seu gosto uva fermentou em depósitos de aço inoxidável, onde a adocicado e seu tanino redondo permitem acompanhar as enóloga modulou a fermentação, buscando que os aromas sobremesas – um bolo de chocolate ou um brownie serão de fruta madura se sobressaíssem. Após a fermentação perfeitos para terminar com a garrafa. alcóolica e a malolática, houve a crianza de seis meses em Serviço: recomendamos que este tipo de vinho, com barris de carvalho americano, procurando a integração volume, corpo e estrutura, seja consumido a uma e o afinamento deste vinho volumoso e robusto, temperatura bem baixa, compreendida entre os 15 e que necessita ser domado antes do engarrafamento, os 17ºC. Não é necessária sua decantação, e pode ser permanecendo alguns meses na garrafa para o aberto no momento de consumo, mas vocês poderão afinamento, antes da sua comercialização. observar como ele cresce na taça após alguns minutos de Cata: vermelho-cereja intenso com lágrimas que se oxigenação. destacam. Nariz interessante, onde a fruta madura é Guarda: pronto para ser desfrutado, mas com a certeza de a protagonista. Geleia de cerejas, ameixas passas e um que sua passagem pela garrafa permitirá continuar seu delicioso fundo de chocolate amargo, que se funde com afinamento pelos próximos anos, esperando que as notas as especiarias aportadas pelo barril. Boca envolvente, de fruta madura e geleia evoluam progressivamente para com retorno dos sabores de especiarias e de fruta madura um perfil mais animal e de especiarias. Estima-se um encontrados no nariz. Longo, com taninos maduros muito consumo ótimo dentro dos próximos cinco anos (2016 – redondos e fundo licoroso, mas equilibrado. 2021). 17 a r t i g o A l b e r t o t é c n i c o P e d r a j o Aromas varietais fruto da uva, da fermentação do vinho ou de sua O que são os precursores aromáticos? crianza, e são classificados em três categorias: Bebemos vinho por puro hedonismo, com o são procedentes sempre da uva e determinados pela principal objetivo de despertar nossos sentidos variedade e pela origem do vinhedo. Geralmente são e desfrutar ao máximo do prazer sensorial que notados na taça parada e são os primeiros a chegar ele nos aporta. E quando falamos de vinho e de ao nosso olfato. sentidos, o olfato é que nos traz as primeiras Os aromas secundários: originam- impressões antes da degustação, onde conferimos o sabor. É ele que nos faz desfrutar do vinho. Após observarmos a cor de um vinho servido na taça, nosso nariz fica encarregado de explorar e Os aromas primários ou varietais: se no processo de fermentação e, durante a cata, aparecem quando agitamos a taça e também pela via retronasal, ao degustarmos. procurar as lembranças, que se convertem em Os aromas terciários: assim como os sensações através dos aromas que o vinho nos secundários, são obtidos após oxigenar o vinho na apresenta. Esses primeiros aromas detectados taça e também por via retronasal. São produzidos no nariz são os que procuramos, de maneira pela maturação e crianza do vinho em barril ou em inconsciente, mais tarde na boca, ao beber o vinho. garrafa. E, portanto, condicionam a própria degustação. Como vemos, as origens dos aromas do vinho são Assim, vamos nos concentrar no olfato e na origem diversas e têm certa complexidade. Sem dúvida, os dos aromas do vinho, já que ele nos dará muitas principais aromas procedem da variedade da uva, pistas para entender e identificar seus aspectos. mas o vinhedo, o clima e o trabalho do enólogo Reconhecer os aromas que se encontram dentro farão com que essa varietal se expresse de maneiras de uma taça de vinho somente com o olfato não é diferentes, dependendo da região geográfica onde uma tarefa fácil e, inclusive, pode fazer até mesmo se encontra e das técnicas com as quais a uva será os profissionais ficarem em dúvida. Devemos vinificada. Isso nos dá a oportunidade de obter perfis treinar progressivamente nossos sentidos na diferentes, sem perder as qualidades inerentes à procura de delicados aromas: recordações de frutas, tipicidade da variedade, que normalmente deverá ser especiarias, madeiras e notas de cacau, que são a principal responsável pelo aroma do vinho. 18 Os precursores aromáticos As substâncias odorantes de natureza volátil que encontramos em um vinho procedem, principalmente, da variedade da uva. Mesmo que pareça uma contradição, a maior parte dos compostos que interferem no potencial aromático estão na todo o potencial aromático da uva de origem, após a fermentação alcóolica. forma não volátil, e não estão livres dentro do vinho, Entre os percursores, podemos diferenciar aqueles portanto, não somos capazes de perceber os aromas que são específicos do aroma e aqueles que não o se não os liberarmos e, assim, darmos lugar aos são. Destes últimos, destacam-se os aminoácidos compostos voláteis responsáveis pelo aroma varietal presentes em todos os varietais. Através deles, dos vinhos. durante a fermentação alcóolica, as leveduras O aroma de uva está constituído, principalmente, por duas coisas: primeiro os aromas livres, que são as substâncias voláteis responsáveis pela tipicidade da uva. São odorantes e, portanto, capazes de ter aroma por si mesmos. Depois, vêm os precursores aromáticos que se encontram na uva. Não são voláteis nem odorantes e, dependendo de diferentes fatores durante a elaboração do vinho, podem passar sua forma livre e incrementar o caráter varietal da uva. É por esta razão que o enólogo trata de aumentar sua presença no mosto, principalmente mediante a maceração das peles da uva, que é onde encarregam-se de gerar compostos voláteis, mas que não são exclusivos da variedade e podem aparecer em todos os tipos de vinhos. Portanto, o que outorga tipicidade varietal ao aroma dos vinhos são os precursores específicos de aroma, que são os compostos onde a molécula volátil está retida na estrutura, mas necessita ser liberada para que o aroma possa ser notado. Isso acontece graças à ação da levedura ou das enzimas, que durante a fermentação, encarregam-se de liberar esses aromas e aumentar o caráter varietal do vinho e sua intensidade aromática. se encontram, para posteriormente ser liberados. Como dissemos, parece uma contradição que a parte Cada variedade tem seu perfil próprio de precursores responsável pelo aroma dos vinhos esteja, em sua aromáticos, concentração e, portanto, diferentes maioria, oculta e deva ser extraída e liberada da fruta, níveis de intensidade. Esses precursores serão para que possamos desfrutar dela em nossa taça. Mas responsáveis, em grande parte, pela expressão de é assim que as coisas realmente acontecem. 19 n a p o n t a T e x t o : F á b i o d a l í n g u a A n g e l i n i What? Antes de apresentar quitutes tupiniquins ao gringo, você, conscienciosamente, resolve explicar do que se trata. De aperitivo, caipirinha. “Caipirina?” Não, amigo, boca. Sobrando espaço no final, sirva um “brazilian “caipirinha” mesmo. Diga a ele que é semelhante a chocolate truffle”. Brigadeiro. um mojito, só que sem a menta e com aguardente nacional. De entrada, “brazilian meat pies”. Pasteizinhos. The little ones. Deixe claro que não são empanadas, cuja massa é mais grossa e é assada. Prato único e principal: feijoada. A probabilidade dele reconhecer o nome é grande. Caso contrário, nem entre nos detalhes dos miúdos, mencione apenas “black bean stew” ou “black bean slowcooker”. No máximo, acrescente “collard greens” (couve refogada). O resto se resolve na 20 A culinária é um pouco (ou muito) como os idiomas: uma expressão cultural que nos coloca em contato com novas referências e distingue os povos. É esta diferença que torna as nossas vivências e viagens mais prazerosas. Expressões desconhecidas que ecoam nas panelas, sabores inéditos acompanhados de palavras exclusivas, tradições e hábitos que atiçam a fome de conhecimento e experimentação. Na conversa à mesa do café com o garçon, na tentativa de explicar a um americano o que é uma batata-quente. Ou mandioca. Desconcertam tradutores e cozinheiros do país. Na maioria das regiões, “mandioca” refere-se à espécie venenosa da raiz, onde se usa “aipim” e “macaxeira”. No Sudeste, porém, o vocábulo define também o tipo comestível. O que acontece lá fora? Uma salada parecida. Na língua inglesa, “cassava”, “manioc” e “yuca” designam a mandioca-doce, não venenosa. Porém, somente “cassava” e “manioc” são utilizados designar a farinha de mandioca. Manioc flour, cassava flour. Nos restaurantes hispano-americanos, mandioca frita é “yuca croquettes”. A qualidade, segundo relatam nossos conterrâneos, não é a que estamos acostumados, não é lá essas coisas. Muitas mais iguarias que amamos são pra inglês ver, falar e comer: “fish stew” (moqueca de peixe); “tapioca pudding” (pudim de tapioca); Brazil nut (castanha-do-pará); “cheese bread” (pão de queijo); “chicken fritters” (coxinha). Outras, revelam diferenças de sabor sutis, mas importantes na forma de consumo. O “jerked beef” (carne seca) é bastante popular nos Estados Unidos, apreciado como appetizer e vendido em saquinhos que nem batata frita. “Jerky” é uma corruptela da palavra quíchua “ch’arki”. Só que o nosso charque (que nasceu no Sul) tem mais tempo de preparo, carrega picanha grelhada. mais sal e dura mais que a carne-seca. Não é que certos termos não admitam tradução, Veja só como é difícil a vida de linguista. Tão difícil por serem específicos da cozinha brasileira. Eles quanto, pode ser a vida do turista. Como aquele nem sempre casam com a realidade do uso da que veio à última Copa do Mundo e queimou os língua inglesa nas receitas. A situação da “cachaça” neurônios, tentando decifrar as versões surreais é clássica. Ela é frequentemente traduzida como que leu nos cardápios. Pão com frios virou “bread “spirit” e “liquor”, equivalentes genéricos, ou with cold”. Nada saudável, um pãozinho gripado. como “rum”, por apresentar o mesmo ingrediente “Termite the orange sauce”, nosso cupim ao principal, a cana-de-açúcar. Conforme diz a molho de laranja, pro mundo inteiro pensar que pesquisadora Rozane Rodrigues Rebecchi, essas curtimos insetos no prato, como os chineses. Essa adaptações que descaracterizam as referências aqui é de matar: na lista de bebidas, o mate (chá) culturais ocorrem pela ausência de materiais de aparecia como “kill”. E o contra-filé à campanha foi auxílio à tradução, e pela falta de naturalidade. transformado em “against the filet campaign. Todos Convenhamos, há exemplos que são uma verdadeira contra o filé. Parece grito de guerra de vegano. 21 i n g r e d i e n t e s T e x t o : F á b i o A n g e l i n i Amarelo com marrom Verdura, grão, pó ou pasta, a mostarda pretence à moíam as suas sementes e juntavam ao vinho, família do repolho e do brócolis. Como condimento adicionando a carnes, peixes e pães. Durante a é venerado pelos chefs, e reina tranquilo na alta expansão do império chegam à Gália, atual França, gastronomia há tempos. Versatilidade e variedade a toda prova, o sabor marcante, ardidinho, rústico e aromático realçando as refeições. E pensar que bem antes de desembarcar na cozinha, não passava de planta medicinal, usada por Pitágoras para picadas onde as sementes foram plantadas ao lado de vinhedos. Durante a Idade Média, o processo de maceração dos grãos com o mosto da uva desenvolveu-se entre os monges franceses. Como a especiaria era menos dispendiosa que as importadas do Oriente, ganhou de escorpião, e por Hipócrates para popularidade na Europa – tratar dor de dente. Não que o principalmente a partir do século elemento semente de mostarda XIV, quando se inicia a produção tenha nascido entre os gregos: comercial em Dijon, privilegiada há indícios de que já era conhecida na Índia, na China pelos sítios vinícolas da Borgonha. Origem da fina, aromática e célebre e no Egito. Acontece que ela “Moutarde de Dijon”, utilizada na transitou das mãos dos helenos finalização de molhos clássicos, para as mesas da Antiga Roma, e em couverts, canapés, saladas, aí a história mudou de figura. assados e ensopados. Do latim “mustum ardens”, A fórmula-base é a mesma: ou mosto ardente, nasceu a palavra “mostarda”. Os romanos, nada bobos, grãos esmagados com vinho ou vinagre, água e sal. Mas com a mostarda, a imaginação é o limite. Temos viram que esse mosto não hoje categorias com laranja, framboesa e só temperava, conservava manjericão, uísque, wasabi, anchovas, azeitona os alimentos. Então, 22 preta, mais ralos ou cremosos, mais claros ou escuros. O sucesso deve-se às múltiplas combinações que aceita, da Heinz, que emprega vinagre branco destilado, óleo de soja e especiarias. Famosa às nuances de paladar, na Itália, a mostarda de à personalidade que Cremona leva frutas cada tipo de prato em calda e vai bem adquire. A diversidade com queijos fortes de sementes ajuda: são e carnes. Bacana cerca de 40 tipos que é que todas elas diferem no paladar e na valorizam a cor, gerando tonalidades culinária. Se você distintas e receitas de gostos peculiares. A mostarda amarela que os brasileiros conhecem, mais líquida e ácida (também a preferida dos americanos) é feita com sementes da espécie Brassica alba, responsável pela maior parte do estoque mundial. É ainda chamada de amarela por causa da adição de cúrcuma. Entre os alemães, deseja um tipo mais forte, procure as escuras com grãos. A picância e a comichão no nariz são garantidas pelos glicosídeos sinigrina e sinalbina, presentes em qualquer variante. Quando os franceses estão com raiva, apelam à expressão “la moutarde me monte au nez” (“a mostarda está subindo no meu nariz”). Dizem, aliás, que ela ajuda a desentupir o nariz. prevalece a pasta forte e mais adocicada das E mais: as sementes contêm minerais (cálcio, sementes amarelas e escuras moídas com a casca, ferro, fósforo, magnésio, zinco), ômega 3, fibras, para acompanhar chucrutes, salsichas, preparados triptofano e vitamina B3. Aceleram o metabolismo, suínos e bolos de carne. A mostarda preta (Brassica favorecendo a queima de gorduras; ajudam a nigra) é a mais pungente, os indianos adoram para regular a tireoide e o funcionamento intestinal; têm temperar seus pratos de lentilha. Por vezes, uma ação antiinflamatória; e aumentam o volume de fração dela é somada à marrom (Brassica juncea) na saliva, melhorando a digestão. fabricação da picante e pastosa Dijon. A mostarda inglesa, mais suave, geralmente entra em receitas de picles e cozidos de vegetais. As misturas e condimentos resultantes são infinitos, e novas versões surgem com o acréscimo de raiz forte, mel, noz-moscada, canela, gengibre, licores, flores, curry, baunilha e outros itens. Para aprontar sua própria mostarda em casa, você só precisa de sementes trituradas, vinagre de vinho branco, sal, limão ou outro ácido cítrico que faça os grãos se abrirem. Mas se deseja algo mais elaborado, experimente a Austrália. O cachorro-quente mais caro do mundo percorre a terra dos cangurus dentro de um food truck. Uma invenção gourmet Há marcas reconhecidas como sinônimos do regada a molho de mostarda trufado, por cerca de produto. Nascida em 1904, a americana French’s 300 reais. O suficiente para encher o tanque da tem açafrão, páprica e alho. É amarela, a exemplo caminhonete. Com troco. 23 Nesta coluna você encontrará fatos e curiosidades sobre a química e composição de alimentos, além de algumas de suas contribuições para o organismo, sempre de forma leve e gostosa, no espírito de enaltecer o viver bem, com prazer e alegria. q u í m i c a T e x t o : F á b i o d o s a l i m e n t o s A n g e l i n i Pinhão O SABOR DO FRIO DO SUL O pinhão (semente da Araucaria angustifolia) é cebola e cenoura) é comida típica de Santa Catarina. um tanto esquecido, mas não deveria ser. Esta Infelizmente, a espécie foi reduzida a uma fração, árvore conífera brasileira, aqui há mais de 200 está em risco de extinção. Claro que ainda temos o milhões de anos, já matou a fome de muita gente, pinhão como base de várias comidas. Sopas, pratos desde o Paleolítico. Os índios consumiam-no em com frango, carne vermelha ou arroz, suflês, forma de paçoca, socado no pilão; os imigrantes rocamboles, pudins, broas, tortas, bolos e biscoitos. eslavos assavam-no na própria folha do pinheiro; No sul do país, o alimento é bastante tradicional e os colonos italianos transformaram-no em e enseja a realização de animados festivais. Nas farinha para pães e massas. Já os paranaenses, festas juninas, ele também bate o ponto. Realmente, transformaram-no em símbolo. “Curitiba” vem é melhor consumir o pinhão entre o outono e do tupi-guarani “curi”, que significa “muito o inverno, quando está mais fresco, nutritivo e pinhão”. Existem outras cidades no Estado que barato. Cozido na panela de pressão ou sob novos o homenageiam: Pinhão, Araucária, Pinhais. O métodos de preparo. Pelas suas propriedades entrevero (pinhões com frango, linguiça, pimentão, funcionais e versatilidade, vale um lugar à mesa. 24 ENTRE OS MAIS RICOS E PODEROSOS. Pinhão é a designação genérica de numerosos • POTÁSSIO: ação diurética que auxilia na tipos de araucariaceaes e pinaceaes. Os pinoli redução da pressão arterial e no controle da mediterrâneos (do Pinus pinea) pertencem à frequência cardíaca. elite gastronômica (ah, o inesquecível pesto genovês), com valor proteico comparável ao de um bife. Mas a semente do pinheiro do paraná • FÓSFORO: ajuda a preservar a saúde dos ossos, a regenerar os tecidos e regular o pH sanguíneo. tem o seu encanto e sabor característicos. A • MAGNÉSIO: contribui para a formação óssea, polpa substancial com um pouco de sal, que o alívio da fadiga e da tensão muscular. vira aperitivo ou lanche. Acompanhando • CÁLCIO: essencial na formação, manutenção batatas, farofas, saladas, chocolate ou dos ossos e prevenção da osteoporose. camarão. Assado ou em cubos, • FIBRAS: favorecem o protagonista da receita bom funcionamento ou não. E na forma de intestinal e a sensação farinha, que substitui de saciedade. a de trigo. • VITAMINA C: tem Hoje em dia, estão desenvolvendo até snacks, chips e barras de cereais com pinhão, motivados pelas propriedades antioxidantes, imunológicas e aumenta a absorção de ferro. suas qualidades nutricionais, que não são poucas. As restrições de consumo limitam-se às crianças Zero de glúten, baixo índice glicêmico, alto teor menores de dois anos e pessoas com algum tipo de fibras, proteínas e energia. Mesmo sendo rico de alergia ou intolerância ao produto. Anote aí: em gorduras, possui o ácido linoleico, um eficiente em 100g de pinhão (cerca de 10 unidades) há 174 agente de supressão do apetite. Neste sentido, o calorias, energia geralmente suficiente para as pinhão é estratégico para combater os assaltos atividades diárias rotineiras. Recomenda-se não noturnos à geladeira. Outro destaque é a presença ingerir mais do que isso. Pode ser cozido e servido do antioxidante luteína, que reduz o risco de de maneira isolada, em um cordeiro ao molho de doenças oculares, entre elas a catarata. Sem pinhão, assado na fogueira (sapecada de pinhão), mencionar as vitaminas e minerais que entram na ou vindo de outra receita doce ou salgada que composição da semente. salte aos seus olhos. 25 a g e n d a T e x t o : A m a n d a I v a n o v 1 A 29 DE OUTUBRO agenda 14 A 22 DE OUTUBRO MONTEFALCO NEL BICCHIERE 2016 OLD FASHIONED WEEK REGIÃO PRODUTORA DE VINHOS DOC NA ITÁLIA APRESENTA SUAS RELÍQUIAS HOLOFOTES SE VOLTAM AO DRINK EM DIVERSOS BARES DA EUROPA Os apreciadores de vinho têm até o último sábado A Old Fashioned Week é uma semana dedicada a de outubro para desfrutar do “Montefalco nel um dos drinks mais populares nos bares do mundo. Bicchiere”, ciclo de degustações que acontece na Disponível em estabelecimentos da Europa que Itália. No encontro, será possível provar quatro apreciam a cultura de coquetéis de qualidade, vinhos de excelência, como o DOC Montefalco a semana envolve degustações e workshops, Rosso e o Montefalco Sagrantino DOCG. Na região, mostrando o talento de diversos bartenders na arte que é conhecida pela boa produção de vinhos de preparar o coquetel que leva uísque bourbon, brancos, o Montefalco Bianco DOC não falta na lista bitter, torrão de açúcar, água com gás e uma fatia de degustação. de laranja, criado nos Estados Unidos há quase 140 O ambiente mágico de uma das cidades mais belas anos. da Itália proporciona uma experiência incrível para A ideia de promover a semana surgiu por iniciativa se degustar bons vinhos em meio ao silêncio da do Maria Loca, um dos mais famosos bares de natureza local. drinks de Paris. A segunda edição do evento O evento é parte do projeto para promover os vinhos de Montefalco e a descoberta de aromas pretende deixar os limites da França e se expandir para bares de toda a Europa. e sabores dos vinhos, que possuem taninos e Além de evidenciar o famoso coquetel, o evento estruturas características do terroir italiano da também tem ação solidária: parte da renda cidade, que fica na região da Umbria. arrecadada com a venda das bebidas será doada à Sommeliers profissionais contarão as histórias dos quatro vinhos oferecidos, falando sobre a tradição, a natureza específica do território onde as uvas nascem e as curiosidades que caracterizam os vinhos, tornando-se uma oportunidade de mais aprendizado no universo da bebida. Serviço: Montefalco nel Bicchiere 2016 Quando: de 1 a 29 de outubro Local: Piazza del Comune, 16, Montefalco (PG) Mais informações: www.consorziomontefalco.it 26 ONG Isla Foundation, uma instituição da Nicarágua que assiste e luta por melhores condições dos coletores de cana. Para saber sobre os bares participantes, basta acessar o site oficial do evento. Serviço: Old Fashioned Week Mais informações: www.old-fashioned-week.com n ú m e r o s T e x t o : 19 DE OUTUBRO WINE & FOOD TOUR TO CROATIA AND SLOVENIA PASSEIO GASTRONÔMICO NO LESTE EUROPEU Quem não abre mão de boa comida no melhor estilo “slow food” e gosta de vinho, pode aproveitar para conhecer os sabores da Eslovênia e Croácia em viagens pelas regiões dos países do Leste Europeu, que oferecem quitutes da gastronomia regional, passeando por vinícolas, casas dos produtores, restaurantes e lojas. n a F á b i o m e s a A n g e l i n i AS 7 MARAVILHAS Possivelmente, você já ouviu falar dos Jardins Suspensos da Babilônia, uma das 7 Maravilhas do Mundo Antigo. Provavelmente, já leu que entre as 7 Maravilhas do Mundo Contemporâneo, está o Cristo Redentor. E talvez saiba que as Cataratas do Iguaçu são consideradas uma das 7 Maravilhas Naturais. E quanto às 7 Maravilhas Gastronômicas do Mundo, arrisca um palpite? A Revista Forbes arriscou. Não é A ideia do encontro surgiu da paixão pela tradição uma reunião das comidas mais ricas do planeta, enológica e da culinária dos países onde não faltam e sim um elenco de pratos típicos que levou boa gastronomia e vinhos. O passeio também inclui em conta a simplicidade, o despojamento e as degustações de azeite, mel, queijos, compotas, particularidades culturais. Um tipo de culinária frutas e trufas sazonais. Relaxar em belos locais como passaporte para viajantes. O resultado apreciando as colinas das cidades costeiras, parece bem gostoso. degustando saborosas refeições e vinhos ao lado de novas amizades é um dos grandes prazeres da vida, e pode ser desfrutado nesse encontro. Serviço: Wine & Food Tour pela Croácia e Eslovênia Mais informações: www.savortheexperiencetours.com Frango caipira jamaicano, de acento apimentado; Fatuche, uma salada libanesa com alface, tomates, ervas crocantes e croutons de pão pita; Ceviche de Lima, a deliciosa contribuição peruana à mesa internacional; Trofie, a massa da Liguria italiana que absorve todos os sabores do pesto; Batatas Bravas de Madri, bem picantes e acompanhadas de molho de páprica; Café gelado vietnamita, que mistura o amargo do café robusto ao doce do leite condensado; e o Pastel de nata, não o de Lisboa, o de Paris, onde são icônicos e generosamente recheados de creme. Já o inesquecível Pastel de Belém figura entre as 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa, mas aí já é outra lista. 27 c o m e r T e x t o : é F á b i o o n e g ó c i o A n g e l i n i Destemperados? Nem tanto A International Newsmedia Marketing Association concedeu ao brasileiro “Destemperados” o prêmio de Melhor Ideia para Aumentar as Vendas de Publicidade, em 2016. Tudo começou há nove anos, quando Diego Fabris, Diogo Carvalho e Lela Zaniol criaram um blog e um perfil na rede social, fazendo resenhas de restaurantes e gastronomia a partir de suas viagens e experiências. Os acessos on-line surpreenderam. Logo, o trio lançou pocket guides e resolveu abrir as portas para colaboradores, os seus food hunters. Essa forma de usar o próprio público como propagador e de tratar a culinária de um jeito mais real e informal, aproximou a plataforma dos consumidores e impulsionou o negócio. A paixão pela comida transformouse numa multiplataforma de conteúdo gastronômico, que além do site, dos guias impressos e digitais, conta também com a curadoria do Caderno Gastrô do Zero Hora, Instafood, food truck, app, talk radio semanal e cursos. Hoje, a maior fonte de receita vem dos patrocínios da Casa Destemperados, um espaço e hub de cultura gastronômica dedicado a food experience, cursos, workshops e eventos. De destemperada, a empresa não tem nada. g o s t i n h o d e c u r i o s i d a d e T e x t o : P a u l o S a m á De onde vem o nome Bauru? Talvez você nunca tenha ouvido falar no Casimiro Pinto Neto. Mas provavelmente já mandou um Bauru pra dentro, não? Pois bem, Bauru era o apelido do Casimiro quando estudava Direito em São Paulo, em 1934, por conta de sua cidade de origem. Frequentador do tradicional Ponto Chic do Largo do Paiçandu, ele criou o Bauru original, e sequer imaginava que seu sanduíche faria tanto sucesso, que a receita seria oficializada, com lei e tudo, sob o nº 4314, de 24 de junho de 1998, aprovada pela Câmara dos Vereadores de Bauru. 28 C o m i d a T e x t o : F á b i o é A r t e A n g e l i n i PALETA DE SABORES À época em que o homem caçava o que quer que fosse mastigável, a cor, como forma de expressão, já pintava as Decorar um prato é arte nas mãos do chef, e o prato- cavernas. Passados milhares de anos, hoje sabemos porque objeto pode ser mais do que simples moldura, pode um prato de arroz branco é triste e inerte quando sozinho, ser o complemento que realça ou arruína o momento. e porque um prato de arroz branco ao redor de um bobó Impossível permanecer neutro perante os vermelhos, de camarão mexe com a gente. Cores têm influências verdes e amarelos dispostos harmoniosamente, as frutas, psicológicas na vida como um todo, mas na comida criam os molhos e vegetais transmitindo frescor, qualidade e um caldeirão sensorial, juntam-se ao olfato e ao paladar vigor. Mais colorido, mais bonito, mais saudável, é o que para compor outros significados. Instintivos, nutricionais parece. Mas se o olhar não encontra correspondência e estéticos. O uso de contrastes e tons monocromáticos, no paladar, se a bacalhoada dessalgou demais ou o as cores quentes e frias, lado a lado, ocupando filé Wellington passou do ponto, nem o Picasso da equilibradamente os espaços. gastronomia poderá salvar a obra. A l i m e n t o T e x t o : F á b i o s u r p r e s a A n g e l i n i DURIAN A FRUTA ANTISSOCIAL O Aurélio diz que o durião (durian, em inglês) é um fruto oblongo, esverdeado e espinescente, com polpa alva e macia, mas de odor nauseabundo. Parece não restar dúvida quanto a isso. Seu cheiro já foi descrito como putrefato, mistura de chulé com suor, aguarrás e cebolas, ovo podre com esgoto, meio azedo, meio carniça. Nos próprios países de origem (do sudeste asiático), é proibido portá-lo em ônibus, hotéis, shoppings e outros locais públicos, já que o aroma insuportável atravessa paredes como visão de raio X – principalmente se foi colhido há pouco. Paradoxalmente, muitos acreditam que as emanações horríveis servem para despistar o gosto complexo e delicioso da sua carne macia e suculenta, similar a um caramelo. Na Malásia, é o “rei das frutas”. Em Singapura, é a fruta nacional. Nas Filipinas, é apreciado imerso em vinagre de arroz. Além do consumo in natura, também está em pães, doces, sucos, sorvetes e geleias. Este parente da jaca e da graviola possui propriedades semelhantes às da banana e do abacate: é rico em energia, vitaminas e minerais. Isento de gorduras saturadas, excelente fonte de fibras, vitamina C, potássio e triptofano. Aliás, boa parte do sucesso do durian, a fruta-gambá, ou fruta-budum, é atribuída aos poderes medicinais e supostamente afrodisíacos. E agora, sabor inigualável ou repulsivo? Uma nova experiência, sem dúvida. Diante da polêmica, cada um que tire suas próprias conclusões, tampando o nariz e provando. Lembre-se, banco de praça ou gramado de parque não vale. 29 n a c o z i n h a T e x t o : F á b i o t e m h i s t ó r i a A n g e l i n i LAVAR OU NÃO, EIS A QUESTÃO Digite no buscador do Google “escorredor de arroz”, e depois clique na opção “imagens” do menu. Irão aparecer modelos de plástico coloridos e de silicone, sem alça ou com duas alças, de inox, alumínio, retráteis. Escorredores de massa também, e outros transformados em vasos, luminárias e diversos objetos decorativos. Não é que o escorredor de arroz com a função de escorredor esteja extinto. Ainda não. Mas quase. processo de cozimento e deixar o arroz até mais soltinho. Correntes de naturalistas e cientistas afirmam que essa mesma terra passa para o alimento quantidades potencialmente perigosas do cancerígeno arsênico, que é comumente empregado na esterilização do solo e na composição de certos inseticidas. De fato, várias frutas e leguminosas Logo ele, que fez e faz par com o segundo cereal carregam um tanto do ácido, só que o arroz é o mais importante da Terra, cultivado em todos os campeão da absorção. Deve-se, então, lavar. No continentes, à exceção da Antártida: o arroz. Um entanto, outros grupos de estudiosos preconizam utensílio utilizado bilhões, trilhões de vezes para o contrário, porque na limpeza perde-se junto uma lavar impurezas e, concluiu-se depois, acelerar o grande parcela de nutrientes essenciais. 30 São Paulo, as donas de casa faziam fila para adquirir o revolucionário acessório. Em 1964, já era item obrigatório nos lares brasileiros e fez a diferença pra muita gente na cozinha. A Dra. Therezinha recebeu royalties do seu invento até 1978, quando, A própria Organização para Alimentação e Agricultura, da ONU, ainda não saiu de cima do muro quanto ao assunto. Em relatório recente, afirma a necessidade de pesquisas mais profundas. E aconselha, por ora, a continuidade do processo de lavagem. A FDA americana tem igual opinião. Bem, talvez seja melhor seguir as recomendações, ainda que em praticamente todas as embalagens dos supermercados, esteja escrito “não precisa escolher nem lavar”. Com toda certeza, tal polêmica não povoava a mente inquieta e criativa da cirurgiã-dentista Therezinha Beatriz Alves de Andrade Zorowich. Quando longe do consultório, essa paulista de pelas leis nacionais, expirou a patente. Nem por isso ela deixou de clinicar. Além de ter publicado 5 livros sobre saúde, trabalha ainda hoje na capital, aos 85 anos. Mas não abandonou o costume de bolar soluções para deixar a rotina doméstica mais fácil e a sua mente aguçada. Facachave de fenda. Escova de dentes com cerdas diagonais. Abridor de garrafa PET que preserva o gás do refrigerante. Rodo com lixa integrada. De vitalidade e engenhosidade incansáveis essa mulher, a quarta inventora do Brasil e a sétima do mundo. Livre, leve, solta, e tão versátil quanto o arroz. Batatais assumia o papel de inventora nas horas vagas. Em um desses momentos de 1959, pensava na empregada que, de novo, deixara o ralo da pia entupir com grãos de arroz fugitivos. Parecia que não adiantava ficar repetindo “lava na bacia, escorre na peneira”. Isso não podia continuar. Daí veio a ideia. “E se tivesse alguns furos na lateral da bacia para escoar a água? E se juntar os dois, bacia e peneira?” Então, ela e o marido, um engenheiro, fecharam-se no quartinho de ferramentas da casa e fizeram um protótipo, usando papel-alumínio furado com prego e grampeado. Dois recipientes acoplados, um com furos, outro sem. De madrugada, estavam lavando arroz. E estava criado o escorredor de arroz. A criação foi apresentada a algumas empresas e depois exposta na Feira de Utilidades Domésticas de 1962. O sucesso foi imediato. As primeiras e milhares de peças foram confeccionadas em plástico e vendidas no Brasil e no exterior, especialmente na América do Sul. Nos magazines do Centro de 31 a l m a n a q u e T e x t o : P a u l o S a m á QUANDO AS APARÊNCIAS REALMENTE ENGANAM Em 2014, um canal holandês do Youtube, o Life Hunters, foi a uma feira de alimentos anual do país e ofereceu a alguns críticos “uma nova alternativa orgânica ao fast food”. O que os críticos não sabiam, no entanto, era que as novas possibilidades gastronômicas apresentadas eram canapés feitos com alimentos do cardápio do McDonald’s. Alguns dos comentários dos eminentes profissionais foram, no mínimo, surpreendentes: “É delicioso”; “Fresquinho”; “Muito saboroso”, e até um “Ele rola na língua muito bem, se fosse vinho diria que é um vinho fino”, entre outras. NÃO LEVE PIRARUCU POR LEBRE O caso do Life Hunters foi uma experiência, mas não é raro a gente achar que está degustando uma coisa que, na verdade, é outra. Alguns sucos em pó têm apenas 1% ou menos da polpa da fruta em sua composição, e outros de caixinha têm muito mais água do que qualquer outra coisa. Há também chocolates com pouquíssimo teor de cacau; pães integrais feitos com farinha comum; cerejas em calda que são na verdade feitas de chuchu; pipocas de cinema que da manteiga só tem o cheirinho (óleo vegetal com aroma de manteiga)... e um interessante exemplo marítimo Imagem é tudo, dizem os publicitários. Isso vale do que é levar gato por lebre: na hora de comprar tanto para uma comida deliciosa que vem numa bacalhau, lembre-se de ler a embalagem com atenção, embalagem horrorosa, como para um prato bonito pra que aquela tão planejada bacalhoada em família e caro que pode terminar em susto. A aparência não termine em pirarucuzada. Zarbo, ling ou saithe em si é suficiente para que se crie uma espécie de também entram no bolo da substituição. Saborosos, bloqueio contra isso ou aquilo. Principalmente é verdade, mas não são bacalhau. Olho vivo! Se for quando falamos de comida. muito barato, desconfie. 32 “NÃO GOSTO DISSO! MAS NUNCA EXPERIMENTEI!” A frase soa absurda, mas é absolutamente corriqueira, e não apenas entre crianças. É possível que você mesmo já tenha se flagrado soltando uma dessas... Vamos fingir que ninguém está vendo e pensar juntos: reflexos da infância sempre acompanham nossa vida de gente grande. Quem nunca viu alguém que não pode nem ouvir falar em queijo ralado, pois detesta o cheiro, mas inexplicavelmente não dispensa um bom gratinado? Ou aqueles que nunca comeram cebola na vida, mas odeiam... Outras pessoas têm tanta fobia de salada, que quase chegam a nos convencer que existem alfaces devoradoras de gente... Fígado e dobradinha boa peça. Da mesma forma, muita gente já provou (o popular “bucho”) são vítimas de radicalismos coelho sem saber, e até perguntou o segredo do parecidos. Nos casos mais extremos, algumas preparo daquele “frango” delicioso. pessoas simplesmente admitem que nunca tiveram, nem têm o costume de comer nada além de pão. Ou pizza. Ou batata frita. Ou outra coisa qualquer (pobres organismos). Alguns, inclusive, são capazes de atravessar uma vida inteira sem se desafiar a experimentar um alimento diferente, acredite. Há também os casos onde o cheiro pode ter culpa no cartório. Sabemos que a memória olfativa do ser humano é fortíssima. Algumas coisas simplesmente “não descem” para alguns, por conta do cheiro. Queijos deliciosos como gorgonzola e roquefort são bons exemplos: apesar de serem quase Sim, aparências, aromas e lembranças podem fazer unanimidades, não têm aromas muito convidativos um baita imbroglio aí dentro da sua psique. Muita ou encorajadores, concorda? gente diz, por exemplo, que não gosta de carne de coelho, sem jamais ter provado. Neste caso, talvez E QUANDO NÃO HÁ APARÊNCIAS... seja a imagem do coelho fofinho de olhos vermelhos Imagine locais onde as aparências não têm como e pelo branquinho que fica martelando na cabeça enganar pois, em princípio, não há aparências. da pessoa, em ritmo de musiquinha infantil. É como Alguns restaurantes ao redor do mundo propõem se o cérebro, unido ao coração, nos pregasse uma uma brincadeira interessante: os comensais, imbuídos de curiosidade, são convidados a “sentir” os pratos através do olfato e do paladar, de olhos vendados. O Ateliê no Escuro, empresa de São Paulo que promove jantares sensoriais, foi fundado por duas psicólogas que ficaram maravilhadas com um restaurante parisiense nos mesmos moldes. A experiência é levada tão a sério, que só se permite que os clientes tirem suas vendas ao final da refeição, para descobrir se acertaram o que degustavam. Além disso, o cardápio está sempre mudando e os garçons são deficientes visuais. Some-se a isso o ambiente escuro e vedado, e o experimento fica mais do que completo. 33 V i a g e n s T e x t o : c o m E m e r s o n C a f é C a s t r o Quando os cafés tomaram conta da Europa O século XVII pode ser considerado o ponto ponto de encontro para personagens como Rosseau, de partida para a disseminação do café e das Diderot, Voltaire, La Fontaine e até Napoleão. cafeterias por toda Europa. Se em Constantinopla, O Le Procope faliu em 1874 e foi retomado em atual Istambul, os turcos foram os primeiros a 1987, sendo finalmente tombado em 1992 como tomar café desde 1554, foi em Veneza, Itália, monumento histórico de Paris. aproximadamente em 1600, que a bebida de fato começou a ser apresentada ao continente. Os primeiros carregamentos chegaram para serem adotados por vendedores de rua que serviam café em meio a outras bebidas, como limonadas e chocolate. Embora Livorno tenha o registro de uma cafeteria mais antiga, a Caffé Florian, na praça de São Marcos, em Veneza, é a cafeteria considerada mais famosa da Europa, desde 1720 (a primeira, inclusive, a permitir mulheres). Na França, os habitantes de Marselha foram os primeiros a experimentar o café, trazido por mercadores que adquiriram o hábito no Oriente. Isso aconteceu já em 1644. Mas foi o embaixador turco Suleiman Aga que fez o gosto pela bebida cair nas graças da corte de Luis XIV. Promoveu grandes festas luxuosas regadas a café feito em mochas e servido em porcelanas casca de ovo, com pires de ouro e prata. Na sequência (1686), o primeiro café - e até hoje espaço famoso em Paris -, o Café Em Viena, mais uma vez foi um embaixador turco que disseminou o café entre os vienenses, também por volta de 1640, servindo-lhes a bebida quente em suas recepções. Mas a história mais saborosa por lá deu-se em 1663, quando os turcos cercaram Viena e um cidadão polonês, Franz Kolschiltsky, disfarçouse e ultrapassou as linhas inimigas que cercavam a cidade. Graças a ele, informações puderam ser trocadas com o exército austríaco, que pouco depois forçou a retirada dos turcos. O curioso é que, ao tomar contato com o inimigo, Franz experimentou o café e gostou, naturalmente. Com a debandada do exército turco derrotado, várias sacas de café ficaram abandonadas e ele solicitou o direito de ficar com elas. O que segue dessa história é uma loja de bebidas e a criação do café vienense – mistura de café com mel e creme de leite. Hoje há uma estátua para ele nas esquinas da Kolschitzkygasse com a Favoritengasse, na capital austríaca. Le Procope, foi fundado pelo italiano Francesco Holanda, Escandinávia e Alemanha serão algumas Procopio dei Coltelli. No início, nem chamava Café de nossas próximas paradas para aquele velho e e vendia mais conhaque, mas depois chegou a ser muito bom cafezinho. 34 d i c a d e T e x t o : Bechamel sem erro Saiba como fazer o molho em casa e sem empelotar q u e m s a b e A m a n d a I v a n o v Da união da manteiga, leite e farinha de trigo obtém-se o molho bechamel, de origem francesa, utilizado em diversas receitas, não só de seu país, mas em outras gastronomias, em especial, a italiana. Simples e saboroso, para a receita sair da forma certinha é necessário ter alguns cuidados na hora de prepará-lo, já que a farinha de trigo é o truque para deixá-lo encorpado, mas pode fazer a receita desandar, pois se não for bem misturada deixa o molho empelotado. Para contar mais sobre os truques de como fazer o bechamel em casa e sem erro, listamos algumas recomendações do chef Marcelo Tanus, à frente da Bráz Trattoria, localizada em São Paulo. O chef ensina que os ingredientes ideais para fazer o molho são leite integral, cebola, manteiga, farinha e noz-moscada, que o deixa com gostinho especial. Para o molho não empelotar, o chef revela que o importante é fazer o roux, que é uma técnica de derreter a manteiga na farinha de trigo e usar um fouet para misturar bem os ingredientes com o leite. Tanus também ressalta que a temperatura do leite não interfere no resultado final do molho, mas sim, a qualidade do líquido, o roux e o tempo em que é levado ao fogo. Cerca de 10 a 12 minutos é o tempo necessário para que o bechamel fique pronto. E para que não empelote, é recomendável mexer até que o molho fique homogêneo. Outra dica do chef é utilizar um ingrediente especial na receita, para dar um sabor autêntico ao molho. “Cravo pode ser uma boa escolha”, finaliza. 35 e n t r e v i s t a T e x t o : P a u l o S a m á Em janeiro, iniciamos uma série em nossa coluna Almanaque, contando a história do chá no mundo. Durante quatro meses alternados, fomos atrás de tudo que se referia à Camellia sinensis e aprendemos muito com as pesquisas. Para fechar com chave de ouro, entrevistamos Sylvia Rodrigues, proprietária da Teakettle, charmosa casa de chá do bairro de Santo Amaro, SP. Esta simpática senhora é SYLVIA uma verdadeira enciclopédia do assunto. Espirituosa e bemhumorada, brindou-nos com muitos bules de conhecimento. E de chá também, confessamos, pois foi impossível resistir à quantidade de delícias que ela gentilmente nos ofereceu na gostosa manhã que passamos juntos. Entre xícaras e xícaras de Oolong, Puer (ou Pu-Erh) e Lapsang Souchon, tivemos uma gostosa conversa, cujos pontos altos agora dividimos com você. Delicie-se tranquilamente, gole a gole, como se estivesse numa casa de chá. 36 Chá tem momento e ocasião? A Camellia é uma única planta com recursos terapêuticos e prazerosos, com vários sabores e ideias pra você trabalhar. Vai bem a qualquer hora. De manhã, à tarde, acompanhando um lanche à noite... Festa, chá de bebê, chá de cozinha, Welcome Tea. É acolhedor, faz se sentir em casa. Traz consciência, calma, tranquilidade, bem-estar, interiorização e muitas outras coisas. O que é chá e o que é infusão? O chá é uma infusão, pois tudo que vai com água é uma infusão. Mas para ser chá, tem que ter alguma Eu gostava muito de plantas medicinais e queria das espécies de Camellia sinensis na mistura. Tem a estudar isso. Fiz Biologia, Agricultura Orgânica, Camellia que vem da China; a assâmica, que vem da depois Agricultura Biodinâmica, onde você trata o Índia (Assam) e a do Camboja. São basicamente três solo pra plantar o que quer, sem insumos químicos espécies. Quando não tem Camellia, é só infusão. nem agrotóxicos. Cultiva plantas que ajudam a Ou seja, todo chá é infusão, mas nem toda infusão trazer o nitrogênio para o solo, pra só depois plantar é chá. E se torna blend quando você pega várias o que quer... frutas, flores ou outras folhas de chá e mistura. Enquanto isso, acabei indo para Farmácia, porque Chá é verde, branco, amarelo, azul, com processos um dos professores da agricultura era farmacêutico de secagem e de fermentação diferentes, que dão e tinha uma empresa de medicamentos cores e sabores pra eles. O amarelo, por exemplo, é antroposóficos (obtidos da natureza). Depois fui o chamado Mountain Monkey, por um fato muito pra França fazer cursos sobre chá. Quando minha curioso: era colhido por macacos ensinados. Já o filha do meio se formou eu disse a ela: “vamos chá vermelho é o Aspalathus linearis ou rooibos. fazer chá?”. Ela topou, pedi demissão da farmácia e Ele não é chá, não é Camellia sinensis, é infusão. abrimos a primeira casa de chá, bem pequena. Também tem o dark, que é o chá mais escuro de todos. Aí surgiu a Teakettle... Agora, infusão... tem de maçã, mexerica, camomila, Sim. Surgiu numa salinha, onde ficamos por quatro erva-doce... Quando você fala em chá de camomila anos. Quando mudamos pra cá (o endereço atual) está errado. Mas se você oferecer uma infusão de começamos tudo diferente, servindo as comidinhas camomila pra uma pessoa, é capaz dela dizer: “não próprias do chá, passamos a servir o almoço... Mas vou tomar, não... Mas chá de camomila eu tomo...” com muita sutileza pra não mudar a proposta. Uma (risos). Ficou chá pra tudo porque é mais fácil, mais casa de chá não pode perder o foco. genérico. É que nem Danone, que serve pra todo Por que o nome Teakettle? iogurte, e Bom-bril, que é qualquer palha de aço... Ah, foi tão difícil... Eu perguntei pra uma amiga, A senhora tem formação em Biologia, Farmácia e é dizendo: “vou abrir uma casa de chá... Me dá uma especialista em diversas plantas. Como começou o ideia. Ela: “Teakettle”. “Ótimo, obrigado.”, eu disse. E seu contato com o mundo do chá? pronto (risos). Teakettle é aquela chaleira que serve a água pra você fazer o chá. 37 Quais são as estrelas da casa, os chás de maior que vem naquelas kettles de dois andares, onde saída? embaixo fica um bule com água quente, e em cima O chá relaxante, que, como eu já disse, não é chá, um bule com o concentrado do chá, e por aí vai... é infusão: melissa, lavanda e verbena. Os homens O ponto tem que ser sempre umami (quinto gosto são os que mais gostam de infusões. Adoram uma reconhecido pelo paladar humano, além dos quatro infusão de boldo, gostam das plantas amargas. básicos - doce, salgado, azedo e amargo). E tem a Gostam dos pretos e dos mais encorpados, como o parte estética também: tem que servir na xícara, café. Eu tenho um, inclusive, o lapsang souchong, fininha, delicada. Não inventa de servir chá num que é completamente defumado. Parece que você copo de plástico, né? está mastigando um pedaço de bacon, porque ele é seco sobre fogo de madeira. Já mulher gosta mais das docinhas, das coloridas, suaves... Uma infusão vermelha, cor de rosa... E as crianças também tomam muito. Em escolas mais naturalistas eles servem chá na hora do lanche. E existe alguma regra, uma etiqueta, tanto pra tomar quanto pra servir? Tem uma história bacana que ilustra isso. Quando estávamos na nossa primeira sala, uma senhorinha inglesa foi nos visitar. Ela era minha cliente na farmácia e me disse que no dia seguinte traria Existe uma técnica para servir “o” verdadeiro a esposa do reverendo - aqui no bairro (Santo chá, aquele que torna uma visita à Teakettle Amaro/SP) tem muitos ingleses, muitas igrejas inesquecível? presbiterianas, anglicanas... - e completou: “você A água tem que ser alcalina pra potencializar o não me faça feio!”. Horas antes do combinado, ela sabor do chá. E não pode ser muito quente. Se for, trouxe uma cestinha com rendas e três bolinhos que você quebra as cadeias e óleos essenciais que estão eu não tinha noção nenhuma do que eram. “Isso são presentes no chá. Já pra exposição da folha na scones”, ela disse. “Sirva isso na hora. E por favor, água, cada um tem um tempo. De acordo com as eu quero uma mesa autêntica inglesa”. Bom, peguei passagens, os sabores mudam. As culturas também todas as coisas que eu tinha da minha mãe, arrumei mudam em relação a como servir. Os brasileiros uma mesa e coloquei a tal da cestinha. No final, gostam um pouco mais suave; os estrangeiros ela virou pra esposa do reverendo e falou assim: tomam chás mais fortes; o coreano toma um chá “você viu como ela sabe fazer bem os scones?”. A 38 mulher me elogiou, parabenizou e perguntou onde que se tome menores quantidades, mais vezes ao eu aprendi a fazer. E eu nem sabia que gosto aquilo dia. Não vá pegar uma xícara, colocar 15 folhas tinha (risos). e fazer uma tintura... Se o médico manda tomar Agora, pra tomar o chá, você nunca pode soltar omeprazol e a sua mãe manda tomar espinheira- o pires, tem que segurar com uma mão e a xícara santa, é bom saber que os dois são a mesma coisa, só com a outra. Tenha ou não uma mesa embaixo. E que um é sintético e outro natural. O remédio trata quando tem, só se coloca o pires sobre a mesa depois os sintomas, enquanto a planta trata os sintomas de acabar. Também jamais se coloca o dedo dentro e trata você. Só que o médico te dá uma dosagem da asa da xícara. Se tiver scones, você deve parti-los certa. Além disso, você precisa saber a procedência com a mão. Nada de faca. da folha, se ela tem agrotóxicos, se foi bem tratada... E como fica aquela história de que chá é remédio? Tem chás ótimos pra um monte de coisas, mas as pessoas estão começando a tomar chá por prazer, e não com aquela conotação de “Ah, estou com dor de barriga, então vou tomar chá”. Tem quem pergunta se chá emagrece. Claro que não! Com o que você come junto... Como é que vai emagrecer? E tomar só chá também está errado. O certo são pequenas quantidades. Pela manhã você toma o seu café com leite, que é necessário. As 10 da manhã é o momento perfeito pra primeira xícara de chá. Porque repõe energia pro seu metabolismo trabalhar melhor. O chá tem cafeína, teína, teobromina, que são substâncias que aceleram o organismo de uma maneira diferente do café. A cafeína do café é rápida, ela te acorda de uma vez e depois cai. A do refrigerante também. A do chá, no entanto, é mais estável, segura mais tempo. Consegue nos dar uma pequena lista de chás com Por isso os médicos são contra a troca. Muitas vezes a alopatia é melhor que a fitoterapia, porque a gente não sabe se a fitoterapia foi bem feita. Também temos que falar do Rooibos, da África, que é usado na cosmética, na alimentação, na medicina... é uma planta coringa. Infelizmente, no Brasil ele chegou como um chá que emagrece. Essa conotação trouxe complicações com a ANVISA: tem que tomar com restrição e por isso ele não consegue entrar no Brasil com esse nome. Entra como chá vermelho, mas é errado. Ele é rooibos e, consequentemente, é infusão. Quanto aos outros tipos, vamos lá: pra muita dor, folha de morango silvestre e folha de uva; pra TPM, amora... Mas sempre com cuidado na dosagem, na procedência e no preparo. As dosagens variam para cada tipo de planta, é bom lembrar... E na dúvida, nada mais do que 3 xícaras por dia. De manhã, de tarde e de noite. Aí você não corre o risco de fazer besteiras. efeitos medicinais e para que podem ser usados? Na fitoterapia e entre os farmacêuticos que trabalham com plantas existe uma cartilha que diz o que pode ou não. Por exemplo, você não pode tomar confrei o dia inteiro. Boldo também não. Nem anis estrelado. Mas pode tomar, por exemplo, erva-doce, melissa. Se você tem um problema renal, folha de abacate é bom, mas ninguém vai tomar um balde. Para um problema estomacal, erva-doce, pra úlcera espinheira-santa... Mas pra todos, é importante 39 Alguma indicação de chá bom para o hang-over essas experiências: “Quer tomar um chá diferente? (a popular ressaca)? O pessoal gosta muito dessa brincadeira... (Risos) Qualquer chá amargo é bom para o hangover: boldo, carqueja, folha de uva e de morango, às vezes um pouquinho de melissa. É bom fazer um blend mesmo, porque ressaca não é só dor de cabeça. Vem com estômago ruim, intestino bagunçado... Com o blend você cuida de tudo ao mesmo tempo. Existe algum tipo de público específico que frequenta as casas de chá? Aqui, pelo menos, vem de tudo. Eu já fiz festa infantil, aniversários com chá, casamentos... Teve um que eu pensei, “ai meu Deus, isso não vai dar certo...”. Eram todos de 4 a 11 anos, meninos e meninas. Nós tínhamos mesinhas pequenas e eles De que países a senhora tem chá aqui na casa? vieram com os brinquedos. As meninas vieram Tenho chás de todo o mundo. Os melhores da com as mesmas roupas das bonecas e os meninos Índia, Assam, Nigiri, Darjeeling etc., que são trouxeram carrinhos. Nenhuma mãe presente! bem diferentes entre si. O Assam é de planície, o Algumas ficaram do outro lado da casa, e outras Darjeeling é de montanha e o Nigiri é mais popular. só trouxeram e voltaram pra buscar. As bonecas É um blend, feito em várias regiões. Do Marrocos “sentaram” nas mesas baixinhas, e as “senhoras tem a infusão da romã com frutas vermelhas... e os senhores” nas mesas normais. Eu disse pra Também tenho chá do Camboja, do Vietnã e da mim mesma: “eles vão quebrar tudo” (risos). Mas Rússia, que é o doshka, um chá preto muito doce. Do ninguém quebrou nada. Eles tomaram chá em Japão, chás deliciosos como o Genmaicha, que leva xícaras de porcelana e se comportaram como arroz e milho de pipoca na composição; da China eu príncipes e princesinhas... tenho Puer, que é chá prensado. Pode ser preto ou Um outro foi um aniversário tematizado dos anos verde, e vem da região de mesmo nome, próxima de 1800. Deixamos chapéus, roupas e luvas na porta Yunnan. Ele é prensado, secam-se as folhas entre para as pessoas encarnarem mesmo o espírito da duas madeiras, depois é embrulhado em papel de época. arroz e dura anos assim. É um chá muito saboroso e também está dentro da farmacopeia, porque é muito digestivo, indicado pra quando você come coisas pesadas. É um chá que você pode passar 4, 5 vezes com a mesma folha, e quanto mais você passa, mais você vai sentindo sabores frutados e florais. Também tenho chás brasileiros, claro. Enfim, eu vou ganhando, trazendo e oferecendo 40 Existem drinks que são feitos com chá, como o O’Connors Cream (com whisky) e o Waikiki Beach, que é servido com champanhe. Existe um olhar purista da sua parte ou a senhora é a favor disso? Sem purismos. O Black Mojito, por exemplo: chá verde com menta e frutas. Você faz o chá mais concentrado, coloca os gelinhos, um pedacinho de limão siciliano, laranja, um pouco de rum, e leva pra geladeira. Também se coloca os cubinhos de gelo com chá na bebida. É maravilhoso. Frutas vermelhas e rosas com um pouquinho de champanhe... É bacana porque a pessoa toma a bebida alcóolica e hidrata o corpo ao mesmo tempo... Não passa mal. Tem chás da Sylvia Rodrigues em vários lugares. Como funciona isso? Estou apresentando os chás brasileiros também, pra que as pessoas percebam que são tão bons quanto os outros. Tenho feito muitos blends ultimamente com chás brasileiros, que eu ofereço para os hotéis e restaurantes. No Zena Caffé tem chá meu, no Le Manjue, no Caesar, no Hyatt... Eu faço meus blends com o Amaya e com o Shimada. O Amaya é um pouco mais industrial, o Shimada todinho artesanal. Já estive na fazenda da família Shimada, inclusive, e fiquei maravilhada. Existe uma história sua com o canal GNT. Como foi PING-PONG Chá preferido Oolong isso? Nós emprestamos a casa para gravarem um Um país? programa Decora, do GNT, e eles acabaram França refazendo o meu laboratório lá em cima. Foi perto da Páscoa. Todos os anos a gente faz um brunch Um hobby? nessa data, mas no ano anterior não tinha vindo Perfumes com chás muita gente. Bom, a gente achou que ia ser a mesma coisa, né? Dispensamos o pessoal na Páscoa. Uma referência em chá Só que a gente esqueceu a televisão. O programa foi Uma casa de chá da França, a Dammann ao ar no domingo. A casa bombou... E eu não tinha Frères comida, só chá. No fim, eu tive de chamar até amigo pra ajudar naquele dia. Fazendo um resumo da sua vida, o que o chá te trouxe de bom? Pessoas queridas, histórias muito bonitas... Dei aulas, conheci pessoas no Brasil todo, que têm uma ligação muito grande com o chá, e que também me ensinaram muito. Foi um caminho de conhecimento, de amizade, de paciência e serenidade. Tomar um chá é... Prazeroso Um vinho combina com... Uma uva Tannat combina muito bem com um chá preto. Um desejo? Que as pessoas tomem mais chá e aprendam as virtudes dele. 41 Utensílios modernos e inusitados, gadgets interessantes, um vinho raro, ingredientes exóticos... Sim, existem objetos de desejo também na cozinha, dos mais simples aos mais sofisticados, capazes de fazer gastrônomos, chefs, simpatizantes e até curiosos da arte de cozinhar sonharem acordados. Aqui nesta coluna, nossos associados terão a oportunidade de conhecer alguns objetos assim todos os meses. Bem-vindo à wish list da Sociedade da Mesa. o b j e t o T e x t o : d e d e s e j o A m a n d a I v a n o v Cheiro de no ar Pipoca é uma das comidinhas mais apreciadas por pessoas de diversas idades em âmbito mundial. A comida democrática feita à base de milho é prato principal no cinema e ótima opção de quitute em casa, na rua, nas festas, nos passeios, e em diversas ocasiões, sempre encantando os apreciadores com seu aroma e por sua consistência crocante. Pra quem quer preparar uma pipoca de forma high tech em um utensílio moderno, chega ao mercado a Pipoqueira Cuisinart EasyPop, que pode estourar até 10 xícaras de milho em menos de cinco minutos e com apenas um clique. O aparelho feito em aço inox escovado, tem as cores vermelha, vinho e preta, e é fácil de ser higienizado. Outro destaque é a tigela que vem com o utensílio, para servir a pipoca quentinha. A pipoqueira também é acompanhada por um livro de receitas que ensina a fazer pipocas criativas como de wasabi, ao pesto, com queijo, com caramelo e nozes e pipoca com chocolate, entre outras opções. 42 Preço sugerido: R$ 599 Atenção: a Sociedade da Mesa e sua revista não têm acordos comerciais com as marcas apresentadas nesta coluna. O valor exposto é a média de mercado. Caso se interesse, recomendamos que faça uma busca na internet a fim de encontrar o melhor custo-benefício. r e c e i t a T e x t o : 1 , J o ã o 2 , 3 B e l e z i a CUSCUZ DE BACALHAU Rendimento: 12 unidades PREPARO: Grau de dificuldade: médio Em uma panela com azeite aquecido, doure o alho, a cebola e em seguida a pimenta picada por 3 INGREDIENTES: minutos. 100g de bacalhau já dessalgado Adicione o bacalhau e refogue por mais 3 minutos. 30g de cebola picada Coloque os pimentões e o tomate e mexa bem. 1 dente de alho picado Coloque o leite de coco e as ervilhas e cozinhe em 30g de ervilha fresca fogo baixo por 2 minutos. Desligue o fogo e reserve. 100ml de leite de coco Aqueça o caldo de peixe e coloque sobre a farinha Pimenta dedo-de-moça picada a gosto numa tigela. Esfregue com as mãos para hidratar e 30g de pimentão vermelho picado incorporar este caldo à farinha. 30g de pimentão amarelo picado Coloque aos poucos esta farinha sobre o refogado, 80g de farinha de milho tempere com sal e mexa bem, até obter uma mistura 1 tomate sem semente picado cremosa e firme. 300ml de caldo de peixe Molde em forminhas pequenas e vire sobre uma Sal e azeite extra virgem travessa, decorando cada um com folhinhas de Manjericão ou salsa fresca para decorar manjericão ou salsa fresca. 43 d r i n k s T e x t o : P a u l o S a m á O ARSENAL DO BARMAN Todo barman vive de olho em suas bailarinas. E ai guardam frutas e especiarias meticulosamente daquele que puser as mãos nelas. Não, não se trata cortadas e preparadas para coquetéis. de fetiche ou afinidade entre profissões. Muito Além destes, os magos que fazem a felicidade dos menos do tão desejado “match” dos aplicativos e aficionados em drinks e coquetéis contam com outros sites de namoro e relacionamentos. gadgets no arsenal. Afora os tradicionais, como saca- A bailarina, no jargão dos alquimistas de balcão rolhas, coadores, espremedores, liquidificadores e dos bares, é a chamada “colher de bar”. O nome outros “ores”, vamos visitar o lado de lá do balcão e (suposição nossa sem pretensão alguma), talvez conhecer os mais interessantes e curiosos. venha de seu cabo, que apresenta um trecho Coqueteleira: a alma dos domínios do barman, curvilíneo e sinuoso, o qual lembra, de alguma pode-se dizer. Usada principalmente para misturas forma, o movimento das graciosas dançarinas mais difíceis, como coquetéis que levam leite, sal, girando sobre o próprio eixo. A bailarina serve para açúcar e ingredientes de consistência mais firme. mexer coquetéis no mixing glass, para separar as É feita de inox e existe na versão tradicional, que camadas de algumas obras-primas dos barmen e obriga o barman a manter o ritmo como se tocasse também para medir ingredientes: uma colher de bar um chocalho de escola de samba, e na modalidade de açúcar, por exemplo. É o mesmo raciocínio que elétrica, que poupa músculos e mistura tudo num usamos em outras colheres e medidas: uma colher simples apertar de botão. de sopa disso, uma de chá daquilo ou uma colher de sobremesa de não-sei-o-quê. Os utensílios de barman, embora em muitos casos sejam parecidos com aqueles que temos em casa (alguns são inclusive os mesmos), têm sua cota de glamour. Uma “aura” diferente, charmosa. Afinal, preparar bebidas com capricho e criatividade não é para qualquer um. A profissão exige habilidades manuais, estudo e conhecimento de bebidas e suas combinações. Assim, encontramos uma boa Mini tin: acessório acoplado à coqueteleira, para facilitar a agitação do líquido. É igual à coqueteleira, porém menor. Juice Container: outro container? Yes! Este serve para o barman organizar, de forma fácil e intuitiva, os sucos que serão utilizados nos coquetéis. É feito de plástico e tem várias cores para identificar com rapidez o tipo de suco de cada um. Uma mão na roda (ou no copo) na hora do rush do balcão. variedade de equipamentos, dos mais comuns aos Mini-ralador: responsável por aquelas charmosas mais específicos, como os condiment containers, raspas fininhas de frutas ou especiarias que trazem estojos feitos em plástico e cheios de divisórias, delicados traços de aroma e sabores a algumas bebidas. onde os guardiões das ciências coqueteleiras 44 Picador de gelo: teve seus 15 minutos de fama com Mixing Glass: o nome já diz tudo. É o copo de mistura Sharon Stone no clássico Instinto Selvagem, que do barman. Importante ser transparente, pra que ele lotou os cinemas em 1992, e segue atrás do balcão. enxergue o que está aprontando lá dentro. Forma um time refrescante e útil com o pegador e o balde de gelo. Nas mãos certas é inofensivo. Pegador e pá de gelo: a diferença entre um e outro é a quantidade. Nem precisamos dizer qual deles pega mais gelo, certo? Balde de gelo: tem dois tipos. O da Linha Mesa é aquele que vem na mesa, repleto de gelo e garrafas de cerveja. Já o da chamada Linha Bar é aquele que só o bartender põe a mão. Retangular e com furinhos na parte inferior, encaixa na cuba e escoa a água quando o gelo derrete. Cuba: não é a da pia da sua cozinha, mas também não é exclusividade do bar. É aquele recipiente Strainer: acessório encaixado ao mixing glass ou à coqueteleira. Serve para coar bebidas sem o gelo. Tábua: utilizada para cortar as frutas. Feita em acrílico é melhor, mais higiênica e fácil de lavar. Service mat: uma engenhoca ingênua e higiênica, em forma de um pequeno tapete de borracha com cavidades, onde são preparados drinks e coquetéis. Também é econômica, pois ajuda o barman a controlar melhor seus estoques, porque as cavidades evitam o desperdício dos líquidos. Shaker mat: ainda menor que o anterior, serve de suporte para a coqueteleira e a mini tin. transparente que a gente coloca nas festas, para que Speed opener: apesar do nome bonitão, é um abridor, cada um pegue sua cerveja ou refrigerante. No bar, mas um pouco diferente daquele que está na gaveta recomenda-se bater o saco de gelo antes de colocar da sua cozinha. A peça permite que o barman abra na cuba, para que as pedras fiquem mais soltas, garrafas enquanto faz os famosos Flair e Working facilitando o preparo dos coquetéis. Flair - malabarismos, trocando em miúdos. Dosador: o medidor do bar, geralmente de 50ml. Speed rail: outro nome moderrrno. Designa uma Clientes mais desconfiados ficam atentos a ele, espécie de “trilho”, onde são guardadas as garrafas. com receio de que algum barman de má fé “roube Facilita a organização e agiliza a elaboração dos no jogo”. Os mais atirados estão sempre atrás do coquetéis. tradicional “chorinho”. And last, but not the least... Sua excelência, Dosador americano: mede os líquidos em onças (oz). o socador. Sem ele a caipirinha nossa de cada happy Uma onça mede precisamente 29,5735295625ml. hour não seria a mesma. Preferencialmente os O dosador tem dois lados que se complementam barmen usam os de acrílico para esmagar as frutas formando uma medida de oz, como por exemplo, e outros ingredientes. 1/3 de oz e 2/3 de oz. Gostou da brincadeira? Acha que tem talento pra Bar Caddy: um nome pomposo para o suporte coisa? Monte um bar em casa e use a criatividade organizador de canudos, guardanapos, mexedores para fazer laboratório com os amigos. Só não vá etc. usar o socador de alho na caipirinha. Cheers! 45 u m p r a t o T e x t o : F á b i o n o t e m p o A n g e l i n i Albert Vegetariano? É relativo Por que refeição cozida no micro-ondas esfria mais Embora apreciasse pão, espaguete e pastel de rápido do que a cozida no forno convencional? Como fígado de spätzle (massa alemã), ele tinha outro se descafeína o café? Qual é a melhor maneira de tipo de massa em mente, a massa inercial. Aquela descongelar alimentos? Estas e outras questões que entrou como ingrediente na mais famosa culinárias são exploradas de forma bem humorada equação científica do século XX: E = mc2. Energia pelo professor de química Robert L. Wolke, no livro é igual à massa vezes a velocidade da luz, ao “O que Einstein disse a seu cozinheiro”. quadrado. Estabelece a equivalência quantitativa Tal abordagem, em forma de perguntas e respostas, tem paralelo com a personalidade do cientista mais popular de todos os tempos. A não-conformidade e a curiosidade do físico alemão (depois suíço naturalizado e cidadão americano) marcaram a sua trajetória desde que ele indagou-se, aos 5 anos de idade, que fenômeno era aquele que impelia a agulha da bússola sempre na mesma direção. Persistente, estudioso e disciplinado, seria também de finos tratos gastronômicos o ícone da genialidade? De fato, não. Mesmo tendo lá suas idiossincrasias – gostava de fumar, ser fotografado e manter os cabelos desgrenhados, tocava violino e jamais usava meias –, Albert Einstein foi essencialmente um homem de costumes simples, apaixonado pela mesa de trabalho, não pela mesa da cozinha. 46 da transformação da matéria em energia, e viceversa. O conceito base para o desenvolvimento da energia atômica e para a explicação do Big Bang. No entanto, o que lhe rendeu o Nobel de Física em 1921 foi a descoberta do efeito fotoelétrico, o mesmo que permite a abertura de portas automáticas com a aproximação de uma pessoa. Como judeu, Einstein chegou a adotar a comida kosher, ao contrário da família não dogmática. Mas conforme mergulhou nos estudos e livros, foi largando a fé judaica, ainda na adolescência. O que não impediria que ele fosse convidado, décadas depois e famoso, para ser o segundo presidente de Israel. Como universitário, tinha jantares frugais. Ovos, salsicha, queijo gruyère, frutas e chá. Chegou a ser apresentado pelos companheiros ao caviar, e disse Receita de Sopa Alemã de Lentilhas Rendimento: 6 porções ou 11 xícaras. MODO DE PREPARO Em uma panela com capacidade para 5 litros, frite o bacon até que fique ligeiramente dourado, em fogo INGREDIENTES médio, e puxe-o em um lado da panela. Adicione • 4 fatias de bacon as cenouras, as cebolas e o salsão, e cozinhe até • 2 cebolas médias, cortadas em fatias que fiquem macios em fogo médio, por cerca de • 2 cenouras médias, cortadas em fatias 5 minutos. Junte o osso de paleta ou pernil, as • 1 xícara (chá) de salsão, cortado em fatias lentilhas, sal e pimenta a gosto, o tomilho, o louro • 1 osso de paleta defumada ou pernil e a água. Tampe e cozinhe em fogo brando por • ½ kg de lentilhas cerca de 1 hora, ou até que as lentilhas estejam • Sal e pimenta-do-reino a gosto macias. Elimine as duas folhas de louro. Retire o • ½ colher (chá) de tomilho seco osso, coloque-o em uma tábua e corte toda a carne • 2 folhas de louro que estiver grudada nele, em pedacinhos. Coloque • 8 xícaras (chá) de água quente a carne de volta na panela, junte o suco de limão, • 2 colheres (sopa) de suco de limão verifique o sal e sirva. que não saberia valorizar devidamente a iguaria por causa da sua origem camponesa. Mais tarde, casou-se. Duas vezes. Teve períodos de ermitão e alimentação irregular. Perdeu peso, adoeceu. carnes. Na Alemanha, é bastante comum o “Lisen, Spätzle & Saitenwürstle” – a sopa de massinha com lentilhas agridoces e salsichas de Frankfurt. Sim, Einstein comia carne, apesar de simpatizar com a filosofia vegetariana. Só entregou-se a ela no fim da Tudo parece que melhorou a partir da união com vida, para tentar aliviar os problemas estomacais a prima Elsa Lowenthal, a segunda cônjuge, que que o afligiam desde a década de 1920. “Então, eu cuidava dele como mãe. Em dada ocasião, Einstein estou vivendo, sem gorduras, sem carne, sem peixe, falou: “Vivo tão mergulhado no trabalho que às mas estou me sentindo muito bem desta maneira. vezes me esqueço de almoçar”. Bem, Elsa não Sempre me pareceu que o homem não nasceu para esquecia. Evitava importuná-lo enquanto ele estava ser um carnívoro”. entre cálculos e papéis; contudo, não deixava de tentar agradá-lo preparando seu prato predileto: sopa de lentilhas e salsichas. Muito provável que o gênio com cara de louco, e QI 160, curtisse a receita porque poderia convertê-la em energia rapidamente, no estúdio mesmo, para logo devorar limites, derivadas e integrais de sobremesa. A 18 de abril de 1955, virou poeira cósmica, falecendo em Princeton. Um ser de inteligência extraordinária, que também saboreava morangos e visitou o Brasil em 1925. Elogiou a goiaba que experimentou no café da manhã do Hotel Glória. Apesar das advertências, dizem que não mediu a mão com o tempero de pimenta ao comer vatapá. A sopa de lentilhas, típica da culinária do Oriente Queimou a língua, começou a suar, e engoliu uma Médio, admite infinitas variações em infinitos refrescante salada de folhas o mais próximo que recantos do planeta. Muitas vezes leva vegetais ou conseguiu da velocidade da luz. 47 nteiro Química Instagram Aqui nesta coluna, publicamos bares e restaurantes onde você, associado da Sociedade da Mesa, poderá desfrutar de bons ambientes e boa gastronomia, com a liberdade de levar seu próprio vinho sem pagar a rolha! * Saca só - Saca Rolha Entrevista s a c a - r o l h a Saca só - Saca Rolha olha Dica Ingredientes Canteiro saca rolha Sociedade da Mesa é muito bem-vinda e não paga rolha São Paulo Capital BÁRBARO São Paulo Rua Dr. Sodré, 241A, Vila Olímpia (11) 3845-7743 CHE BÁRBARO ESTAÇÃO LEOPOLDINA SBC Avenida Imperatriz Leopoldina, 420 (11) 2564-7445 CONTEMPORÂNEA 011 GASTRONOMIA São Paulo Rua Artur de Azevedo, 613, Pinheiros (11) 3459-4282 CASUAL MIL São Paulo Rua Hungria, 1.000, Jardim Europa (11) 2579-1029 CENA SBC SBC Rua Doutor Fláquer, 571, Centro (11) 4123-2799 48 ITALIANA CALÀ DEL GRAU ANTONIETTA São Paulo Rua Joaquim Távora, 1.266, Vila Mariana (11) 5549-3210 MARIPILI São Paulo Rua Alexandre Dumas, 1.152, Chácara Sto Antônio (11) 5181-4422 MUSEO VERONICA São Paulo Rua Tuim, 370, Moema (11) 5051-2654 PAELLAS PEPE São Paulo Rua Bom Pastor, 1.660, Ipiranga (11) 3798-7616 TORERO VALESE São Paulo Rua Horácio Lafer, 638, Itaim Bibi (11) 3168-7917 FRANCESA FREDDY São Paulo Rua Pedroso Alvarenga, 1.170, Itaim Bibi (11) 3167-0977 L’ENTRECÔTE DE PARIS São Paulo Av. Magalhães de Castro, 12.000, 3° andar - Shopping Cidade Jardim (11) 3198-9465 São Paulo Rua Mato Grosso, 402, Higienópolis (11) 3214-0079 BOTTEGA PARADISI São Paulo Rua Pirapora, 218, Paraíso (11) 3052-1473 BRÁZ TRATTORIA São Paulo Av. Magalhães de Castro, 12.000, Shop. Cidade Jardim (11) 3198-9435 COSI São Paulo Rua Barão de Tatuí, 302, Santa Cecília (11) 3826-5088 GRAZIE A DIO! São Paulo Rua Girassol, 67, Vila Madalena (11) 3031-6568 GENOVA São Paulo Rua Lisboa, 346, Pinheiros (11) 3064-3438 LA GRASSA São Paulo Av. Juriti, 32, Moema (11) 3053-9303 Química São Paulo Rua Melo Alves, 216, Jardins (11) 3796-0090 ESPANHOLA Entrevista TÊTE À TÊTE São Paulo Rua Manuel Guedes, 545, Jardim Europa (11) 2533-7710 Dica São Paulo Rua Harmonia, 277, Vila Madalena (11) 2691-7628 LIMONN São Paulo Rua Martinico Prado, 341, Higienópolis (11) 3662-2999 Saca só - Saca Rolha ARGENTINA VIA CASTELLI BRASILEIRA ca só - Saca Rolha São Paulo Interior e Litoral VILLA GOURMET Campos do Jordão Av. Macedo Soares, 203, Capivari (12) 3663-1323 BROTAS ZEN BISTRÔ São Paulo Rua Costa Aguiar, 1.586, Ipiranga (11) 2068-3000 Brotas Rodovia Brotas-Patrimônio, Km 15 (14) 99121-8040 ITALIANA SPADACCINO COMPOTTA COMIDA CASUAL São Paulo Rua Mourato Coelho, 1267, Vila Madalena (11) 3032-8605 Ribeirão Preto Rua Paschoal Bardaro, 2.266 (16) 3965-4515 Limeira Rua Paschoal Marmo, 908 (19) 3443-2276 ZEFFIRO São Paulo Rua Frei Caneca, 669, Consolação (11) 3259-0932 JAPONESA KAPPA SUSHIBAR São Paulo Rua Leopoldo Couto de Magalhães Jr., 524, Itaim Bibi (11) 2691-8003 CHURRASCO CONTEMPORÂNEA CEDRO Sto. Ant. do Pinhal Estrada do Pico Agudo, km 5 (12) 3666-1713 CHOPP TIME BACALHAU & VINHO VERDE Ribeirão Preto Av. Independência, 2.579, Jd. Sumaré (16) 3911-7898 URUGUAIA EL TRANVIA São Paulo Rua Conselheiro Brotero, 903, Santa Cecília (11) 3664-8313 ESPAÇO W Ubatuba Av. Marginal, 2.244, Praia Grande (12) 3835-1374 LION Santos Rua Dr. Tolentino Flgueiras, 16, Gonzaga (13) 3284-1895 L.U.C.A. - CULINÁRIA DE ORIGEM VARIADA Ribeirão Preto R. do Professor, 321, esq. c/ R. Dr. Francisco Augusto Cesar, Jd. Irajá (16) 3441-0470 PRAÇA SÃO LOURENÇO GATO GORDO São Paulo Rua Casa do Ator, 608, Vila Olímpia (11) 3053-9300 São Paulo Rua Rio Grande, 304, Vila Mariana (11) 4304-0300 Ilhabela Av. Pedro Paula de Morais, 703 (12) 3896-5241 Campos do Jordão Rua Glicinias, 70, Descansópolis (12) 3663-2973 INTERNACIONAL LE PALMIER RESTAURANTE E BAR S.J. dos Campos Av. Heitor Villa Lobos, 821, Mezanino, Vila Ema (12) 3911-2778 PORTUGUESA CASSIANO S. J. dos Campos Av. Major Naked, 144 Hotel Golden Tulip - Colinas Shopping (12) 3131-4141 VILA DON PATO São Roque Estrada do Vinho, km 2,5 (11) 4711-3001 TRADICIONAL DE FAZENDA AREIA QUE CANTA Brotas Rod. Eng. Paulo Nilo Romano (SP 225), Km 124,5 - Dentro do Hotel Fazenda & Ecoturismo Areia que Canta (14) 3653-1382 URUGUAIA RONCO DO BUGIO EL TRANVIA Piedade Estrada PDD, 128, Bairro dos Pires (11) 98259-7788 Campinas 3º piso do Shopping Iguatemi (19) 3294-1345 SAFÁRI RESTAURANTE E BAR EL TRANVIA Campos do Jordão Rua Djalma Forjaz, 139 (12) 3663-4936 Ingredientes SACRA ROLHA PASTA DEL CAPITANO Entrevista PORTUGUESA SBC Rua Padre Lustosa, 388, Centro (11) 4123-5651 MAVERICK THEMATIC MUSIC BAR CENÁRIO CHURRASCARIA Campinas Rua Coronel Quirino, 1.682, Cambuí (19) 3252-5333 Saca só - Saca Rolha NICO Sorocaba Ala Sul do Shopping Iguatemi Esplanada (15) 3243- 9221 49 Receita ca só - Saca Rolha Canteiro ORIGENS Outros Estados ALEMÃ Curitiba/PR Av. Sete de Setembro, 5290, Batel (41) 3351-2222 ITALIANA TRIO GASTRONOMIA 68 LA PIZZERIA Brasília/DF CLS 213, Bloco A, Loja 27, Asa Sul (61) 3346-2845 FRANCESA BRASILEIRA CASA COUPÊ TOUJOURS BISTROT ARTUSI RISTORANTE Florianópolis/SC Rua Bocaiúva, 2.090, Centro (48) 3037-2228 CAMPANIA RISTORANTE Endereço: Alameda Prudente de Moraes, 1265, Centro, Curitiba/PR Telefone: (41) 3013-2009 Paraty/RJ Praça Monsenhor Hélio Pires, 6, Centro Histórico (24) 3371-6008 Brasília/DF CLS, Quadra 405 sul, Bloco D, Lojas 16-18, Asa Sul (61) 3242-7067 DEGLI ANGELI DIVINA GULA OUI RESTAURANTE DOMENICO Dica Saca só - Saca Rolha Blumenau/SC Alameda Rio Branco, 165, Jardim Blumenau L’ENTRECÔTE DE PARIS (47) 3222-0005 Belo Horizonte/MG Rua Marília de Dirceu, 189, Bairro de Lourdes (31) 3327-4959 Prato do Famoso SENAC RESTAURANTE-ESCOLA Endereço: Rua Felipe dos Santos, 68, Bairro de Lourdes, Belo Horizonte/MG Telefone: (31) 3291-7466 / (31) 3292-0208 / (31) 99277-1061 Salvador/BA Rua Dom Marcos Teixeira, 25, Barra (71) 3321-4765 CHURRASCO FRANCO-ITALIANA CONTEMPORÂNEA FRUTOS DO MAR ESPAÇO CARMELA REI DO CAMARÃO Porto Alegre/RS Rua Pe. Chagas, 293, Moinhos de Vento (51) 3389-2731 LA TAMBOUILLE Rua Doutor Claudino dos Santos, 72, São Francisco, Curitiba/PR Tel: (41) 3779-3979 Curitiba/PR Rua Lívio Moreira, 215, São Lourenço (41) 3252-9051 ROSSO RESTÔ CATANZARO RISTORANTE Curitiba/PR Av. Sete de Setembro, 4.211, Batel (41) 3340-4000 Florianópolis/SC Rodovia Gilson da Costa Xavier, 201, Centro (48) 3206-7665 VILA RICA Na Cozinha Tem História Brasília/DF Park Shopping, Espaço Gourmet, SAI/SO, área 6.580, CCCV, loja 249 K1, Guará DUO CUISINE RESTAURANTE MOURÃO (61) 3047-5925 Curitiba/PR Goiânia/GO Rua Desembargador Costa Carvalho, 151, Av. C-231, Qd. 501, Lt. 01, nº 10, PANTUCCI TRATTORIA Batel Jardim América Curitiba/PR (41) 3244-2574 (62) 3285-2288 Rua Barão de Guaraúna, 553, Juvevê (41) 3205-3883 Química Entrevista Maceió/AL Av. Eng. Paulo Brandão Nogueira, 85 (82) 3235-1016 Belo Horizonte/MG Rua Francisco Deslandes, 156, Anchieta (31) 3281-7965 Belo Horizonte/MG Av. Fleming, 900, Pampulha (31) 3646-9946 JAPONESA YOKOHAMA Curitiba/PR Av. Sete de Setembro, 4.838, Batel (41) 3042-8228 DEL BARBIERE Porto Alegre/RS Rua Jerônimo Coelho, 188, Centro (51) 3019-4202 DIVINO INTERNACIONAL CAFÉ COM LETRAS LIBERDADE CAFÉ COM LETRAS SAVASSI Paraty/RJ Praça Macedo Soares, 1.829, Centro Histórico (24) 3371-2441 50 Belo Horizonte/MG Rua Antônio de Albuquerque, 781 - Bairro Funcionários (31) 3225-9973 DON RALF Goiânia/GO Alameda Couto Magalhães, 685, Setor Pedro Ludovico (62) 3255-6185 TAYPÁ Almanaque MARGARIDA CAFÉ Instagram Ingredientes Nova Lima/MG Quinta Avenida, 144 - Loja 6, Vale do Sol (31) 3541-4272 Belo Horizonte/MG Praça da Liberdade, 450 - Bairro Funcionários (dentro do CCBB-BH) (31) 3267-9929 PERUANA Brasília/DF QI 17, Comercial, Bloco G - Fashion Park, Lago Sul (61) 3248-0403 Saca só - Saca Rolha Drinks Notícias Por aí Agenda Canteiro Saca só - Saca Rolha Canteiro saca rolha Dica Químic Saca só - Saca Rolha Entrevista s a c a - r o l h a Novidades no Programa Saca-Rolha Penedo – Rio de Janeiro Koskenkorva Tipo de culinária: finlandesa com um toque brasileiro Goiânia Endereço: Av. das Três Cachoeiras, 3955, Penedo/RJ Tipo de culinária: portuguesa Telefone: (24) 3351-1094 Endereço: Av. Contorno Sul, Q 26, Lote 6A, Goiânia/GO Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 12 às Sabores de Lisboa das 12 às 18h. Telefone: (62) 3086-1061 / (62) 98328-1771 Capacidade: 100 pessoas Horário de funcionamento: terça a sexta, das 17 à Site: não 0h; sábados e feriados, das 12 às 16h e das 18h30 à Instagram: não 0h, e domingos, das 12 às 18h. Facebook: restaurante-koskenkorva Capacidade: 48 Pessoas Wi-fi: sim Site: www.saboresdelisboa.com.br Vallet: não Instagram: @saboresdelisboa Estacionamento: sim Facebook: saboresdelisboa Wi-fi: Sim Dica Saca só - Saca Rolha 16h e das 19 às 23h. Sábado, das 12 às 23h e domingo, Vallet: Não São Caetano do Sul Ribeirão Preto Tipo de culinária: Franco-italiana Trattoria Zio Totó Tipo de culinária: italiana Endereço: Rua Antônio Diederichsen, 728, Jd. América, Ribeirão Preto/SP Telefone: (16) 3623-0419 Horário de funcionamento: terça a domingo, das 11h30 às 14h30 e das 18h30 à 0h. Capacidade: 100 lugares Site: www.ziototo.com.br Instagram: não Facebook: ziotrattoria Wi-fi: Sim Bistrô Bonne Journée Endereço: Rua Martin Francisco, 295 - Bairro Santa Paula, São Caetano do Sul/SP Telefone: (11) 98569-9982 Horário de funcionamento: terça a sexta, das 12 às 14h30 e das 19 à 0h; sábado, das 19 à 0h, e domingo, das 12 às 15h. Capacidade: 14 pessoas Site: www.bonnejournee.com.br Instagram: Não Facebook: facebook.com/bistrobonnejournee Wi-fi: Sim Vallet: não Vallet: Não Quím Entrev 51 Neste espaço colocaremos receitas especiais de restaurantes que participam do nosso Programa Saca-Rolha. Seja muito bem vindo e bom apetite. s a c a - s ó C a tanz aro Rist ora nt e Salmão ao molho de Romã com batatas Hasselback INGREDIENTES 200g de salmão Azeite de oliva Sal e pimenta Molho 2 romãs Batata Hasselback INGREDIENTES 1 batata pequena 30g de manteiga 4 colheres de sopa de parmesão ralado Sal e pimenta a gosto Óleo para untar PREPARO 3 colheres de sopa de açúcar 1. Pré-aqueça o forno a 200º C. Unte com óleo uma 2 colheres de vinho tinto assadeira e reserve. PREPARO DO SALMÃO Cubra uma forma com papel-alumínio, coloque o salmão na forma, tempere com sal e pimenta e acrescente um fio de azeite em cima. Leve ao forno pré-aquecido por 12 minutos ou até que fique dourado. 2. Lave a batata, acerte os contornos para que não fique muito bruta e faça uma base cortando uma lasca da batata, para que ela não role. 3. Corte em fatias bem finas, cuidando para que elas não se separem. 4. Disponha a batata na assadeira com a parte plana voltada pra baixo, polvilhe com sal e pimenta PREPARO DO MOLHO a gosto, e coloque um pedacinho de manteiga em Tire as sementes de dentro das romãs, reserve cima. algumas inteiras e o restante bata no liquidificador 5. Leve ao forno por 30 minutos. até desmanchar. Em seguida, passe na peneira. 6. Retire do forno e regue bem com a manteiga Coloque o líquido dentro de uma panela e derretida acumulada no fundo do recipiente. acrescente o açúcar e o vinho. Leve ao fogo por 40 7. Polvilhe com o queijo e o pão ralado, e leve minutos ou até reduzir pela metade. Coloque as novamente ao forno por 15 minutos. sementes inteiras e mexa bem. Deixe esfriar e sirva. 8. Retire do forno e verifique se está cozida. Sirva Se quiser, pode colocar nozes (opcional). em seguida. 52 t o q u e T e x t o : F á b i o t e c h A n g e l i n i Futuro Inebriante Martini de gelatina e Bloody Mary de espuma. Perfeitos cubos de gelo de baunilha, que alternam o sabor da bebida à medida em que derretem. Variedades de formas, sabores, texturas e cores impossíveis de se obter anos atrás. Obra da mixologia molecular, processo que cria drinks explorando o conceito de desconstrução dos componentes originais, juntando-os depois em versões completamente diferentes. Só a graduação alcoólica é preservada. A técnica, inspirada na gastronomia molecular, utiliza métodos de associação de ingredientes, segregação de açúcares e várias transformações químicas: emulsificação, esferificação, gelificação e congelamento. Para proporcionar experiências sensoriais únicas – mesmo com um mero coquetel –, o mixologista de carteirinha usa uma série de instrumentos químicos industriais. Desde um simples maçarico até tanques de osmose reversa, alambiques e cafeteiras a vácuo. Também ativos com nitrogênio líquido, alginato, lecitina e gomas. Muitas cachaças, cervejas e outros líquidos já ganharam edições especiais contendo flocos de ouro comestível. Os novos alquimistas de bar, no entanto, ainda não chegaram ao drink filosofal. c o i s a n o s s a T e x t o : A m a n d a I v a n o v Quibebe, purê de abóbora famoso de Norte a Sul A abóbora é um ingrediente que aparece em receitas doces e salgadas, apreciada em diversos pratos da culinária brasileira, como doces,compotas e risotos, entre uma infinidade de criações. Entre elas, há uma receita popular nas regiões Sul e Nordeste do país, conhecida como quibebe. A comida é um purê de abóbora feito com especiarias, entre as quais alho, cebola, cheiro-verde e carnes. É servida com carne de porco ou carne de sol e em algumas regiões aparece como acompanhamento do arroz carreteiro ou de peixes. Seu preparo é bem semelhante ao purê de batata e pode ser engrossado com farinha de mandioca. O quibebe também é conhecido como pirão de jerimum, nome dado à abóbora no nordeste do país. No Piauí, a comida é muito apreciada na Região Sul e recebe os nomes de picadinho piauiense e quibebo. A simplicidade e o sabor são os chamarizes para que a receita seja reproduzida em vários estados do Brasil. 53 e s t o q u e nosso estoque Faça suas compras por telefone (0800 774 0303) ou site até o último dia do mês, e receba juntamente com sua próxima caixa de vinhos. Pedidos sujeitos à confirmação no estoque. Seleção Mensal CASAS DE HERÊNCIA 2014 EDUARDO BERMEJO 2014 LA VALONA 2009 ESPANHA ESPANHA Uvas: 50% Tempranillo e 50% Monastrell Álcool: 13% Uva: 100% Tempranillo Álcool: 13% Uvas: 60% Tempranillo, 20% Syrah, 10% Merlot e 10% Malbec Álcool: 14,5% R$ 61,70 R$ 61,30 ESPANHA R$ 60,00 Magnesia 2013 Öküzgözü Turquia Uva: 100% Öküzgözü Álcool: 13,5% R$ 62,48 Three French Hens 2014 Las Perdices Signature Cabernet Sauvignon 2015 Las Perdices Signature Petit Verdot 2015 Magnesia 2013 Kalecik Karasi Uva: 100% Cabernet Sauvignon Álcool: 14,5% Uva: 100% Petit Verdot Álcool: 14,5% Uva: 100% Kalecik Karasi Álcool: 14% R$ 59,00 R$ 61,16 COLOMA ROSADO 2015 COLOMA SELECCIÓN 2014 Principe del Sole 2013 ESPANHA ESPANHA Itália Uvas: 100% Pinot Noir Álcool: 12,5% Uvas: 100% Garnacha Tintorera Álcool: 14,5% Uvas: 50% Sangiovese e 50% Merlot Álcool: 13% R$ 73,80 R$ 63,69 R$ 57,90 WEST LANE WINERY 2012 CA DI’ PONTI NERO D’AVOLA 2014 Taste 2014 Chenin Blanc E.U.A. ITÁLIA África do Sul DE GRAS GRAN RESERVA CARMENÈRE 2015 Uva: 100% Carignane Álcool: 14,5% Uva: 100% Nero D’Avola Álcool: 14% R$ 57,81 Turquia FRANÇA Uvas: 60% Merlot e 40% Mourvédre (Monastrell) Álcool: 13,5% R$ 67,50 R$ 59,00 R$ 59,80 R$ 59,00 R$ 66,00 54 54 Uva: 100% Chenin Blanc Álcool: 12,6% Taste 2013 Shiraz / Cabernet Sauvignon África do Sul Uvas: 60% Shiraz e 40% Cabernet Sauvignon Álcool: 13,6% chile Uvas: 100% Carmenère Álcool: 13,5% R$ 61,50 Atenção: Todos os vinhos do nosso estoque estão harmonizados. Confira na revista on-line e saboreie o melhor da culinária com eles. Seleção Obras Primas chile ESTANCIA LOS CARDONES TIGERSTONE 2012 Uvas: 70% Cabernet Sauvignon, 15% Garnacha e 15% Syrah Álcool: 13% ARGENTINA Uva: 100% Malbec Álcool: 14% R$ 61,55 R$ 249,00 DE GRAS GRAN RESERVA CABERNET SAUVIGNON 2015 LA BOGLIONA 2009 ITÁLIA Uva: 100% Barbera Álcool: 14,5% R$ 263,00 Seleção Grandes Vinhos LAS PERDICES CABERNET FRANC Partal de Autor 2005 argentina Uvas: 60% Monastrell, 20% Syrah, 10% Tempranillo, 7% Cabernet Sauvignon e 3% Merlot Álcool: 14,5% Uvas: 100% Cabernet Franc Álcool: 14,5% R$ 134,00 Espanha R$ 102,30 Lidio Carraro Tannat Grande Vindima 2011 BRASIL Uvas: 100% Tannat Álcool: 16% R$ 186,00 Seleção Especial LAS PERDICES ANCELLOTTA 2013 argentina Uvas: 100% Ancellotta Álcool: 14,5% R$ 134,50 Château Lalande D’Auvion 2012 FRANÇA Nit Del Foc (Espumante) Espanha Uvas: 50% Merlot e 50% Cabernet Sauvignon Álcool: 13% Uvas: 90% Macabeo e 10% Chardonnay Álcool: 13% R$ 145,00 R$ 61,60 Vinhos em consignação Se você vai fazer um evento, festa ou jantar, e precisa de vinhos, consulte-nos. Consignamos o vinho para você. Assim, não sobrará nem faltará. Sem contar que será um prazer ajudá-lo a escolher o vinho mais adequado para a ocasião. Pedido mínimo de 10 garrafas. 55 além da garrafa SEM FRETE Linha Vacu Vin ADICION AL o até o eu pedid s o a ç a F eba ês e rec m o d ia último d com sua a junto r p m o c sua vinhos* aixa de c a im x pró Conhecida mundialmente após lançar a inédita bomba a vácuo para vinhos, a marca Vacu Vin é presença obrigatória no mundo do vinho e gastronomia. TERMÔMETRO DE ENCAIXE SILICONE SACA-ROLHA TWISTER PRETO BLISTER CORTADOR DE LACRE VACU VIN Preço para associado: Jogo de 2 tampas Esponja de Limpeza Chef’n Preço para associado: Preço para associado: R$ 39,00 Preço para associado: Clean Genuity Jogo de dois bicos dosadores R$ 55,00 R$ 60,00 R$ 21,00 Preço para associado: Preço para associado: R$ 58,00 R$ 30,00 JOGO 12 MARCADORES TAÇAS FESTA VACU VIN Preço para associado: Bomba a vácuo com 2 tampas. R$ 37,00 Preço para associado: Bico Dosador Saca-rolha Modelo Sommelier BICO DOSADOR BICO DOSADOR ABS/TPR p/ vinho para espumante Preço para associado: Preço para associado: Preço para associado: R$ 28,00 R$ 19,00 R$ 51,00 R$ 52,00 56 *Pedidos sujeitos à confirmação no estoque. Linha Cristal TAÇA PORTO TAÇA BORDEAUX Par de taças de cristal 228 ml Par de taças de cristal 180 ml Par de taças de cristal 660 ml Preço para associado: Preço para associado: Preço para associado: R$ 52,00 (o par) R$ 63,00 (o par) R$ 50,00 (o par) TAÇA BORGONHA TAÇA DEGUSTAÇÃO DECANTER BOHEMIA Par de taças de cristal 500 ml Par de taças de cristal 255 ml 1500 ml Preço para associado: Preço para associado: Preço para associado: R$ 50,00 (o par) R$ 58,00 (o par) R$ 65,00 Linha bolsas TAÇA DE ESPUMANTE Novidade Bolsa “SEIS” De lona, modelo engradado, para até 6 garrafas. Porta-vinho duas garrafas, forrado, com suporte para saca-rolhas e alça em couro Preço para associado: Preço para associado: R$ 84,00 R$ 70,00 Faça suas compras por telefone ou site até o último dia do mês e receba juntamente com sua próxima caixa de vinhos. 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br sociedade da mesa c l u b e d e v i n h o s 57 m o m e n t o s #meumomento sociedadedamesa Bons vinhos, bons pratos e boas companhias proporcionam momentos especiais. Compartilhe conosco. Seu momento pode ser selecionado e publicado nesta coluna. @_lmoura #meumomentosociedadedamesa #redwine #winelover #winetime #wines #wineaddict #wineoclock #winestagram 58 @fernandagheller Missão: Completar o quadro! #sociedadedamesa #meumomentosociedadedamesa @taisabandrade Vinícolas by bike #meumomentosociedadedamesa #sociedadedamesa @danibertachini Compartilhe seu Momento Sociedade da Mesa Conosco. Poste no Instagram suas fotos que traduzem melhor este momento com a #meumomentosociedadedamesa e marque nosso perfil #sociedadedamesa. As fotos escolhidas por nossa equipe serão publicadas aqui na revista. Working, reading, drinking... Tudo ao mesmo tempo! #ameiarevista @sociedadedamesa #meumomentosociedadedamesa #sociedadedamesa 59 É melhor sobrar do que faltar? Claro que não. Menos é mais? Nada feito. Bom mesmo é não sobrar nem faltar. O chef Eugenio Lorainev tem as medidas certas para você, que ama cozinhar, receber e servir os amigos e a família, mas não aceita desperdícios. Delicie-se! n e m T e x t o : m a i s P a u l o n e m m e n o s S a m á Salada de pão à Toscana para singles By chef Eugenio Lorainev A gente bem sabe a preguiça que solteiros e solteiras muitas vezes têm de cozinhar ou cometer extravagâncias gastronômicas. Principalmente depois de um dia cansativo e cheio de trabalho. Pensando nisso o chef Eugenio Lorainev preparou mais uma receita/dica saborosa para quem se identifica com esta situação. Uma refeição fácil e simples, com pão, ervas e atum, excelente para harmonizar com a acidez natural de um bom Sauvignon Blanc. Prepare, experimente e decida se você é um solteiro convicto, um prático convicto ou ambos. Ingredientes: 50g de pão de ciabata, 150g de atum em conserva, 60g de tomate cereja, 20g de cebola roxa, 30g de pepino, 10ml de vinagre de vinho tinto, 20ml de azeite de oliva extra virgem, 15g de salsa (ou o quanto bastar), 15g de manjericão (ou o quanto bastar), 3g de sal do Himalaia (ou o quanto bastar), e 2g (ou o quanto bastar) de pimenta-do-reino branca. PREPARO: Pique o pão em vários pedaços. Misture com o tomate, a cebola, o atum escorrido e o pepino em uma tigela pequena. Regue com azeite, vinagre, sal do himalaia e pimenta. Misture bem e reserve por 40 minutos, voltando a mexer a salada uma ou duas vezes para garantir que os pedaços de pão absorvam os sucos e o molho. Antes de se servir, acrescente o manjericão e a salsa. 60 outubro próxima seleção mensal selecionado p o r Príncipe de Viana 100% Syrah 2015 D.O. Navarra Espanha Região: Navarra Indicação Geográfica: D.O. Navarra Uva: 100% Syrah Crianza: três meses de crianza em barris de carvalho 70% americano e 30% francês. Álcool: 13,5% vol. Produtor: Bodegas Príncipe de Viana Valor para associado: R$ 55,00 Valor aproximado de mercado: R$ 75,00 Príncipe de Viana Crianza Vendimia Seleccionada 2012 D.O. Navarra Espanha Região: Navarra Indicação Geográfica: D.O. Navarra Uvas: 40% Tempranillo, 30% Merlot e 30% Cabernet Sauvignon Crianza: 12 meses de crianza em barricas de carvalho 80% americano e 20% francês Álcool: 13,5% vol. Produtor: Bodegas Príncipe de Viana Valor para associado: R$ 59,00 Valor aproximado de mercado: R$ 80,00 D a r i o T a i b o Esta Seleção Mensal nos traz dois supervinhos. Mais uma vez o clube foi à procura de tesouros enológicos para você, associado, e conseguiu estes dois excelentes vinhos: Príncipe de Viana 100% Syrah, um monovarietal de uma das variedades que melhor se adaptou ao clima desta região e o Príncipe de Viana Crianza Vendimia Seleccionada, um excelente exemplo do potencial dos vinhos de Navarra. A Bodegas Príncipe de Viana está situada ao sul da região. Tem 30 anos de história e se converteu em referência da Denominação de Origem Navarra. Seus vinhedos estão encravados em uma região onde domina o Clima Mediterrâneo com forte influência do Atlântico, um clima excelente para a qualidade das uvas. Mas talvez o que mais surpreenda nesta bodega seja, muito além da qualidade das uvas, a obsessão no passo a passo para alcançar o único objetivo, que é expressar o maior potencial de seus vinhedos. Em Príncipe de Viana cuida-se da elaboração, da crianza e do engarrafamento dos vinhos, controlando cada um dos processos e adaptando cada vinificação para manter a personalidade de cada variedade e vinhedo. Bodegas Príncipe de Viana tomou o seu nome da história de Navarra: Carlos III, o nobre rei de Navarra, outorgou a seu neto, Carlos de Evreux, o Principado de Viana. Desde então, o título foi ostentado invariavelmente pelos herdeiros do trono de Navarra e, mais tarde, da Espanha. Até hoje corresponde à Sua Alteza Real, Doña Leonor de Borbón. São dois fantásticos tintos, de uma Denominação de Origem histórica, assinados por um dos grupos bodegueiros espanhóis mais potentes da atualidade, e por um valor difícil de repetir. Lembre-se de nos comunicar quaisquer alterações no envio do mês de outubro, tais como alteração de quantidades, pedidos adicionais ou suspensão até o último dia deste mês de setembro. Pedidos sujeitos à confirmação no estoque. 61 DESCUBRA OS GRANDES VINHOS Seleção Grandes Vinhos: uma seleção trimestral que apresenta origens e cortes com valores fora do alcance da seleção mensal. s e l e ç ã o g r a n d e s v i n h o s Explore www.sociedadedamesa.com.br/selecaograndesvinhos 62 ph 7,35 63 64 compre online www.gregory.com.br