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Revista de Iniciação Científica da Libertas - ISSN 2238-782X
A Revista de Iniciação Científica da Libertas-Faculdades Integradas é um espaço de
publicação e divulgação de pesquisas realizadas em áreas correlatas aos cursos de
graduação mantidos pela Instituição. Tem o propósito de demonstrar à comunidade
acadêmica resultados e contribuições em âmbito de iniciação científica, proporcionando a
interação entre corpo docente e discente. O corpo editorial é composto por professores da
Libertas.
Periodicidade: Semestral
Cursos de graduação da Libertas - Faculdades Integradas
Mantenedora: Fundação Educacional Comunitária de São Sebastião do Paraíso (FECOM)
Endereço Postal:
Departamento de Pesquisa e Extensão
Libertas - Faculdades Integradas
Av. Wenceslau Bráz, 1018/1038 - Lagoinha
São Sebastião do Paraíso - MG CEP: 37.950-000
e-mail: [email protected]
Conselho Editorial:
Prof. Me. Alysson Alexander Naves Silva
Prof. Me. André de Paiva Bonillo Fernandes
Prof. Dr. Darlan Einstein do Livramento
Prof. Me. Olney Bruno da Silveira Junior
Profa. Esp. Stefânia Aparecida Belute Queiroz
Profa. Ma. Stephanie Duarte Esteban
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APRESENTAÇÃO
É com muita satisfação que lançamos o primeiro número do quinto volume da Revista
de Iniciação Científica da Libertas. Este volume conta com publicações dos Trabalhos de
Curso dos alunos concluintes da Libertas – Faculdades Integradas que se destacaram dentro
de cada curso.
A Revista de Iniciação Científica da Libertas é um espaço de publicação e divulgação
de pesquisas realizadas nos cursos de graduação da instituição. Tendo um conselho editorial
formado por professores Libertas, a Revista prima por pesquisas diferenciadas e profundas,
aptas a contribuir para a formação dos acadêmicos nos cursos de graduação, assim como dos
egressos e demais profissionais da área.
O presente volume conta com publicações relevantes dentro da área de conhecimento
dos cursos de graduação, e se espera contribuir através dele para o debate acadêmico.
São Sebastião do Paraíso, 24 de maio de 2016.
Conselho editorial.
SUMÁRIO
A importância do associativismo na organização de produtores rurais
Bianca Mumic, Karoline Aparecida Pimenta Aguiar e Darlan Einsten do Livramento
5
Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma
empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso
23
Priscila Aparecida Santos de Souza e Stefânia Aparecida Belute Queiroz
Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo
no Brasil e em outros países
41
Brenner Augusto Alves do Prado, Alex Aparecido Rodarte e Marisse Dizaró Bonfim
Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho
econômico das empresas do IBOVESPA
Oscar de Souza Pento Junior, Pedro Henrique da Silva Vieira e Julio Henrique
63
Machado
Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias
Murilo Augusto Amorim e Ely Fernando do Prado
Sistema para ensino de informática aos idosos
Rafael Pedro Souza de Freitas e Gilberto Pereira Salgado Junior
81
98
A importância do associativismo na organização de produtores rurais
MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015)
A IMPORTÂNCIA DO ASSOCIATIVISMO NA ORGANIZAÇÃO DE PRODUTORES
RURAIS
Bianca Mumic
Bacharel em Administração – Libertas - Faculdades Integradas
Karoline Aparecida Pimenta Aguiar
Bacharel em Administração – Libertas - Faculdades Integradas
Darlan Einsten do Livramento1
Doutor em Agronomia
RESUMO
O artigo teve como objetivo estudar a importância do associativismo para pequenos produtores rurais,
com ênfase no retorno obtido por estes associados, e avaliar a importância dessa estrutura para o
desenvolvimento local e familiar, juntamente com seus impactos agrícolas. O objeto de estudo desse
trabalho foi a Associação de Famílias de Produtores Rurais da Queimada Velha na zona rural de São
Sebastião do Paraíso. Por meio da pesquisa foram coletados dados a respeito da opinião dos produtores
inseridos na associação, identificando assim as formas adotadas para colocá-la em funcionamento e
como os associados se beneficiam da mesma. Esse trabalho buscou também enfatizar a importância das
associações e os benefícios que as mesmas geram para os produtores rurais no dia a dia de suas
comercializações.
Palavras-chave: associativismo. produtores rurais. agricultura familiar.
1. INTRODUÇÃO
No cenário nacional, a agricultura vem ocupando uma posição de destaque. Com o
aumento populacional contínuo, a busca por alimentos é cada vez maior e a agricultura
familiar no formato associativista não só atende grande parte da população com habilidade e
tradição na lida do campo, como também é a solução para o problema do crescimento
populacional desenfreado.
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ISSN 2238-782X.
São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015
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A importância do associativismo na organização de produtores rurais
MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015)
Com o êxodo rural, algumas comunidades mais ligadas às suas raízes e sem
prospecção ao crescimento foram direcionadas a agregar seus valores às alternativas locais, o
que permitiu um desenvolvimento social sustentável.
A difusão do associativismo no Brasil se acentuou no ano de 1980. No determinado
período, o associativismo foi incentivado pela legislação, que aclamou a liberdade de
associação com o artigo 174, § 2 da Constituição Federal Brasileira que expõe:
a lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo”.
Determinou-se no artigo 5º, inciso XVIII, que “a criação de associações e, na forma
da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
estatal em seu funcionamento.
O trabalho tem como problemática responder a seguinte pergunta: quais os benefícios
e deveres que os produtores rurais adquirem por meio da Associação de Famílias e Produtores
Rurais da Queimada Velha?
Dessa maneira, o objetivo do trabalho foi mostrar a importância do associativismo
para pequenos produtores rurais com ênfase no retorno obtido pelos mesmos através da
associação e avaliar a importância desta para o desenvolvimento local e familiar, juntamente
com seus impactos agrícolas, enfatizando os benefícios gerados para os produtores rurais no
dia a dia de suas comercializações.
Por intermédio da pesquisa qualitativa, serão coletados dados à respeito da opinião dos
produtores inseridos na associação, identificando assim os métodos adotados para colocá-la
em funcionamento e como os associados se beneficiam da mesma.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.
Associativismo e Associação
De acordo com a Cartilha do Associativismo e Cooperativismo, o associativismo é
uma forma de organização que tem como finalidade conseguir benefícios comuns para seus
associados por meio de ações coletivas e de formas democráticas.
Uma associação pode ser formada por um grupo de duas ou mais pessoas que se
organizam para defender seus interesses comuns, sem fins lucrativos e com personalidade
jurídica. (Instituto Ecológica,2007 apud Cartilha do Associativismo e Cooperativismo).
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O termo associação engloba vários modelos de organizações (associações, institutos,
clubes, etc) que tem objetivos e finalidades distintas entre si, mas que recebem esse nome por
terem características comuns e semelhantes, como a reunião de duas ou mais pessoas para a
realização de objetivos coletivos. A atual legislação não determina a quantidade exata para a
criação de uma associação; o patrimônio é formado pela contribuição dos associados, por
doações, etc; os fins podem ser alterados pelos associados; os associados podem opinar
livremente e as associações são entidade de direito privado e não público. (CARDOSO, 2014
p. 18 a 20)
O associativismo se constitui em alternativas necessárias que viabilizem as atividades
econômicas, possibilitando aos trabalhadores e pequenos proprietários um caminho para
participar do mercado em melhores condições de concorrência (Cartilha do Associativismo e
Cooperativismo).
De acordo com Cardoso (2014), esse tipo de organização não tem como objetivo
principal a atividade econômica, e sim a defesa dos interesses de um grupo de pessoas que
descobriu na união de esforços uma solução mais prospera para determinados problemas.
Por intermédio das associações, produtores que habitualmente apresentam as mesmas
dificuldades para obter um bom desempenho econômico, se juntam para tentar um melhor
desempenho no competitivo mercado. Com essa união, o acesso dos produtores a insumos e
maquinários agrícolas se torna mais fácil, não só pela divisão financeira dos dividendos, como
também pelos prazos maiores e condições mais facilitadoras de pagamento.
Dessa maneira, podemos destacar os princípios do associativismo:
1.
Princípio da Adesão Voluntária e Livre: As associações são organizações
voluntárias, abertas a todas as pessoas dispostas a aceitar as
responsabilidades de sócios sem discriminação social, racial, religiosa,
política e de gênero
2.
Princípio da Gestão Democrática pelos sócios: As associações são
democráticas, controladas por seus sócios, que participam ativamente no
estabelecimento de suas políticas e na tomada de decisão, sendo os gestores
eleitos pela maioria para atender a necessidade de todos.
3.
Princípio da Participação Econômica dos Sócios: Os sócios contribuem de
forma justa e controlam democraticamente as suas associações através da
deliberação em assembleia geral.
4.
Princípio da Autonomia e Interdependência: As associações podem entrar
em acordo operacional com outras entidades, inclusive governamentais, ou
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recebimento do capital de origem externa, devem fazê-lo de forma a
preservar seu controle democrático pelos sócios e manter sua autonomia.
5.
Princípio da Educação, Formação e Informação: As associações devem
proporcionar educação e formação. Os dirigentes eleitos devem contribuir
efetivamente para o desenvolvimento da comunidade. Eles deverão
informar o público em geral, particularmente os jovens e os lideres
formadores de opinião, sobre a natureza e os benefícios da cooperação.
6.
Princípio da Interação: As associações atendem a seus sócios mais
efetivamente e fortalecem o movimento associativista trabalhando juntas,
através de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.
7.
Interesse
pela
comunidade:
As
associações
trabalham
pelo
desenvolvimento sustentável de suas comunidades, municípios, regiões,
estados e país através de políticas aprovadas por seus membros (Cartilha de
Associativismo e Cooperativismo -
Ufersa).
Assim que se tornam claros quais os princípios de uma associação, os interessados em
criar uma precisam saber o que é preciso para montá-la. Os passos a serem seguidos, segundo
a cartilha Associativismo e Cooperativismo - Ufersa, são:
1- Identificar o interesse de organização do local ou da sociedade.
2- Comunicar a todos os moradores a intenção de formar uma associação.
3- Na primeira reunião, apresentar os objetivos da associação, problemas
enfrentados e possíveis soluções, minuta de um estatuto para a associação ou
indicação de pessoas que elaborem a eleição da diretoria e do conselho fiscal,
tendo a seguinte estrutura:
Diretoria Executiva
a) Presidente
Conselho Fiscal
O conselho fiscal é formado
b) Vice – Presidente
por seis pessoas, sendo três titulares
c) Primeiro Secretário
e três suplente.
d) Segundo Secretário
e) Primeiro Tesoureiro
f) Segundo Tesoureiro
Tabela 1: Estrutura da Associação
Fonte: Cartilha do Associativismo e Cooperativismo (s.d.) - Ufersa
4- Concluída a reunião, é lavrada a ata, em livro próprio, relatando todos os fatos
ocorridos. Em seu final ela é assinada por todos os presentes.
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5- Depois de fundada a associação, é preciso registrar a associação
2.2.
Associativismo e Cooperativismo
De acordo com o Manual de capacitação tecnológica social, associativismo é uma
ferramenta imprescindível para que uma comunidade saia do anonimato e adquira maior
alcance social, político, financeiro e econômico. Quando as pessoas se unem em busca de
melhores condições de vida para a comunidade, surge o associativismo, já a associação:
é a pessoa jurídica, registrada em cartório e constituída livremente pela união de
pessoas que, tem um objetivo comum, ou seja, querem a mesma coisa (Cartilha do
Agricultor Familiar – Associativismo e Cooperativismo Solidário).
A cooperativa é uma associação de pessoas que se unem voluntariamente para
alcançar um objetivo em comum, por meio de uma organização administrada
democraticamente, onde todos os cooperados contribuem com o mesmo valor, tem os mesmo
direitos e deveres e assumem os ônus e os bônus do negócio.
De acordo com o site do SEBRAE (Cardoso, 2014), o cooperativismo tem algumas
heranças do associativismo, tais como os mecanismos de mobilização das pessoas em volta da
organização cooperativa; o modelo de governo cooperativo, que se estabelece a partir da
eleição de dirigentes; a realização de assembleias para aprovação das contas do exercício
anual anterior e renovação de dois terços do conselho fiscal; no prazo máximo de quatro anos
ocorrem eleições para o conselho de administração e para o julgamento dos dirigentes pela
comunidade envolvida; o duplo papel dos associados, sendo o de proprietário e de
beneficiário da cooperativa. Dessa maneira, as pessoas que chefiam as cooperativas são
escolhidas entre os associados.
Voltando um pouco no tempo, em 1884 uma cidadezinha na Inglaterra, chamada
Rochdale, um pequeno número de trabalhadores industriais fundou uma cooperativa de
consumo e a batizaram “A Sociedade dos Pioneiros Equitativos”. A sociedade começou com
um capital de 28 libras financiado por um empresário do sindicato dos tecelões. Um ano mais
tarde, o quadro de funcionários tinha aumentado de 28 para 74. Durante alguns anos o
crescimento foi pequeno, fato que foi mudado drasticamente, quando em 1849 o
RochdaleSavings Bank faliu, e seus ex – cooperados se associaram aos Pioneiros. Assim, o
número de sócios subiu de 140 em 1848, para 390 no ano seguinte (Singer, 1998 apud
Manual de capacitação tecnológica social, 2009).
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No Brasil, o primeiro registro de uma cooperativa foi em 1889. O fato se deu em
Minas Gerais, com o nome de “Cooperativa Econômica dos Funcionário Públicos de Ouro
Preto”. Em 1902, é datado o registro da colônia alemã em Nova Petrópolis, Rio Grande do
Sul, que tinha como finalidade a ajuda mútua. Os colonos contribuíam e poderiam obter um
empréstimo para os subsídios da safra e outros privilégios, como o seguro saúde. Esse
empreendimento cooperativo e solidário, era voltado à inclusão dos tradicionalmente
excluídos pela economia dominante, e poderiam ser trabalhadores, jovens, mulheres,
afrodescendentes, agricultores e seus respectivos familiares.
(Manual de capacitação
tecnológica social, 2009).
Muitas pessoas pensam que associativismo e cooperativismo são a mesma coisa, mas
possuem diferenças consideráveis. A Cartilha do Agricultor Familiar - PAIS enfatiza essas
diferenças. A associação é uma sociedade sem fins lucrativos, que tem como objetivo a
implementação e defesa dos interesses dos seus associados, bem como, incentivar a melhoria
técnica, profissional e cultural dos seus integrantes. Já a cooperativa, é uma sociedade
civil/comercial sem fins lucrativos, que viabiliza e desenvolve as atividades produtivas dos
seus associados, armazena e comercializa, além de dar assistência técnica e educacional aos
seus associados.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (2008) a
cooperativa pode ser formada por no mínimo 20 pessoas, enquanto a associação é formada
por no mínimo duas pessoas. O patrimônio da associação é constituído por taxas pagas pelos
associados, doações, fundos e reservas, não possuindo capital social, enquanto a cooperativa
possui capital social formado por quotas-partes ou pode ser substituído por doações,
empréstimos e processos de capitalização.
Outra diferenciação ocorre na distribuição de resultados financeiros que nas
associações não são distribuídos entre os associados sendo aplicadas na própria associação,
contudo na cooperativa após assembleia geral as sobras podem ser divididas de acordo com o
volume de negócios de cada cooperado com a cooperativa. Por fim, para que aconteça a
dissolução de uma associação deve ser de estabelecida em assembleia geral ou por meio de
intervenção judicial do Ministério Público e para que ocorra a extinção de uma cooperativa
também deverá ser definida em assembleia geral ou mediante processo judicial.
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2.3.
Agricultura Familiar
Na última década, a agricultura familiar passou a ser vista pelo Governo brasileiro
como um segmento imprescindível para o combate à fome e para garantir a segurança
alimentar e nutricional.
Segundo a lei 11.326/2006 (Secretaria do agricultor familiar), o agricultor familiar é
aquele que produz em até quatro módulos fiscais – tem variação entre 5 e 110 hectares,
mudando de acordo com a região – utilizando predominantemente mão de obra da própria
família, e tendo como principal fonte de renda as atividades rurais familiares. A legislação
também é vigente para silvicultores (cuidam do desenvolvimento florestal), aquicultores
(criadores de plantas ou animais aquáticos), quilombolas, extrativistas e pescadores.
Estima-se que 70% da alimentação da população brasileira seja oriunda da agricultura
familiar. Assim sendo, o Governo, procurando atender as peculiaridades da agricultura
familiar, aprovou linhas de crédito específicas para os mesmos, sendo que esses programas
auxiliariam os produtores no cultivo, manutenção de maquinário e produtos, e colheita dos
hortifrutigranjeiros. (Silva, Röder, 2013)
Com esses programas do Governo, os associados puderam desfrutar de maior
tranquilidade na hora de plantar e manter suas lavouras, como também aumentar os
investimentos nos produtos e maquinários utilizados. Conseguir crédito a uma taxa de juros
diferenciada, é um enorme auxílio para aqueles que muito dependem de capital para manter
seus negócios e os fazer prosperar.
Os estudos voltados para a gestão da agricultura familiar sustentam-se na premissa de
que as técnicas gerenciais apropriadas para esse segmento contribuem para promover a
sustentabilidade econômica dos empreendimentos. A gestão torna-se um importante processo
na medida em que a agricultura familiar é um segmento que assume papel socioeconômico de
grande importância no agronegócio brasileiro, além de contribuir para a inclusão social, razão
pela qual o desenvolvimento desses empreendimentos é entendido como uma forma de tornar
a sociedade justa social e economicamente. (SILVA, Röder, 2013)
A possibilidade de a agricultura familiar absorver progresso tecnológico oriunda das
peculiaridades naturais do setor agrícola, os quais dirigem sua evolução técnica. O camponês
observou de perto o aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho evoluírem, sem que o
processo sofresse mudanças. O trator veio e substituiu o cavalo, os fertilizantes químicos, a
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matéria orgânica; as ferramentas e os equipamentos se modernizaram, mas sempre vão
precisar da habilidade do produtor para sua boa utilização. (Guanziroli et.al.,2001,p.20-21)
A agricultura familiar foi e continua sendo, não só o sustento de muitas famílias, mas
representa grande parte do PIB do país. Segundo a Secretaria da Agricultura Familiar, com o
constante crescimento desse segmento, a busca pelo conhecimento em gerenciar seu próprio
negócio também aumentou, sendo assim, surgiram vários cursos com ênfase em
empreendedorismo rural, administração de latifúndios, como contabilizar os gastos de
insumos e controlar a verba destinada à compra dos mesmos. Assim, podemos observar que
hoje em dia, todos prezam e anseiam pelo conhecimento.
Segundo Guanziroli (et.al.2001,p.17), a noção equivocada de que o progresso técnico
na agricultura evolui de forma análoga à indústria, e que eficiência e escala andam juntas, é
utilizada para justificar o acolhimento de estratégias de modernização baseadas na grande
produção em relação a uma não competitiva agricultura familiar, ou seja, com as técnicas
modernas existentes atualmente, o agricultor familiar é capaz de gerar uma renda líquida
superior ao custo de oportunidade de seu trabalho.
De acordo com a Secretaria da Agricultura Familiar (30/04/2014), a agricultura
familiar emprega mais de 3 bilhões de trabalhadores em todo mundo; mais de 4,3 milhões de
estabelecimentos rurais nos territórios nacionais; ocupa mais de 80 mil hectares no Brasil;
responde por 33% do PIB da agropecuária brasileira; ocupa 74% da mão de obra empregada
no campo brasileiro. Além disso, as produções que se destacam são: mandioca (88,3%), feijão
(68,7%), leite (56,4%), suínos (51%) e milho (47%).
2.4.
Agronegócio
No Brasil, com o êxodo rural, a taxa de residentes no meio urbano ultrapassou os
31,3% em 1940 para 84,36% em 2010 (Araújo, 2012).
No âmbito mundial, estima-se que a população duplicou nos últimos cinquenta anos,
indo de 3.000 milhões de pessoas em 1954, para 7,1 bilhões em 2013 (WORDOMETERS
apud Araújo 2012).
Com o crescimento desenfreado da população, os produtores rurais passaram a ter que
produzir cada vez mais, em decorrência disso, ficaram mais dependentes de maquinários e
insumos agrícolas, para que esses possam suprir com maior rapidez as necessidades de
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consumo da população. Assim sendo, a “agricultura” perdeu seu sentido, porque deixou de ser
uma atividade totalmente natural ou agrícola e exclusivamente primária, e passou a ser um
complexo de bens ou, serviços e infraestrutura que envolve agentes diversos e
interdependentes.
Segundo MICELI (2008) o agronegócio é o conjunto das atividades que envolvem a
produção agrícola desde a comercialização dos insumos, a produção agropecuária, o processo
de industrialização e distribuição até chegar ao consumidor final. E considera que o setor
convive continuamente com a possibilidade dos preços oscilarem de maneira contrária a seus
interesses.
John Davis e Ray Goldberg (1957),definemAgribusiness ou Agronegócio, como
sendo:
a soma de operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das
operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e
distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles.
Em 2009, o agronegócio movimentou no Brasil, do campo ao consumidor final,
R$764.494 milhões, correspondendo à 25,44% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional
(LEPEA-ESALQ/USP, 2010) e um terço dos empregos no país. De acordo com Daher (2010),
a agropecuária movimenta 38,5% das exportações e emprega aproximadamente 40 milhões de
pessoas. Esta informação, mostra como o setor é importante para a economia nacional.
De acordo com o IC Agro (Índice de Confiança do Agronegócio, 2014), os produtores
agropecuários estão divididos em relação ao seu porte, sendo que 23,3% representam os de
grande porte, 40,9% os de médio e 35,8% os pequenos. Já em relação a cultura cultivada, a
soja se destaca com 28,1%, seguida pela cana com 19,1%, milho 14,6%, café 9,3%, algodão
5,9%, arroz 3,3%, laranja 3,3% e trigo 1,2 %. De todos esses produtores, 64,2% são filiados à
uma cooperativa ou associação, e 35,8% não. Desses afiliados, 93,5% são do gênero
masculino. Quando o assunto em questão é o tempo da família na atividade, 60,4% dos
agricultores atuam no ramo há mais de trinta anos e apenas 34,3% dos pecuaristas estão na
atividade pelo mesmo período de tempo.
Geralmente 90% da renda desses produtores é oriunda das atividades no campo, e uma
pequena parte dos agricultores tem seus filhos trabalhando na lida e participando do dia a dia
da propriedade.
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Em relação à produção comercializada via cooperativa e/ou associação, o produtor
agrícola cooperado/associado utiliza esse canal em 43,8% das suas transações, e o produtor
agrícola cooperado/associado do Rio Grande do Sul em 73,4%
A partir dessas informações, percebe-se o quão importante é o agronegócio para o
cenário nacional e mundial. Movimenta não só grande parte das negociações, como também
gera emprego e renda para muitas famílias no Brasil.
3. METODOLOGIA
Os métodos de pesquisa utilizadas neste artigo, com o objetivo de obter os dados de
campo, se dará através de pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e entrevista.
Segundo Lakatos (2010) a pesquisa bibliográfica tem como finalidade colocar o
pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito e publicado sobre o assunto
pesquisado. Por meio deste método foi realizada pesquisa em livros e artigos já publicados
sobre associativismo em um contexto geral como também o associativismo rural e
cooperativismo. A pesquisa de campo vai além da coleta de dados, ela contribuiu no
entendimento da problemática de pesquisa bem como as referências já existentes sobre o
assunto e auxiliou na decisão dos métodos e técnicas utilizadas para coleta dos dados e sua
análise.
No presente artigo a pesquisa foi feita por meio de estudo de caso na Associação de
Famílias de Produtores Rurais da Queimada Velha na zona rural de São Sebastião do Paraíso.
Por fim aconteceu uma entrevista utilizando um formulário semiestruturado com a
presidente da Associação e também com nove de seus associados. Ocorreu através de uma
conversa face a face com o entrevistado registrando com fidelidade as informações e opiniões
por ele apresentadas. Obtendo desta forma uma maior fonte de dados não encontrados em
fontes documentais e que são de grande importância.
4. RESULTADOS
4.1.
Estudo de Caso
A Associação de Famílias de Produtores Rurais da Queimada Velhasurgiu há
aproximadamente treze anos, fundada por Henrique Matheus tinha como objetivo a união das
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famílias que moravam na comunidade rural. Na época, contou com a ajuda da Prefeitura
Municipal que cedeu um trator e maquinários agrícolas para uso e benefício dos associados.
Havia também uma contribuição anual de R$50,00. Atualmente não existe mais esta
contribuição.
Henrique Matheus presidiu a associação por cinco anos (2002 à2007), tendo
aproximadamente sessenta associados, na sua gestão. No início as reuniões aconteciam
mensalmente e os temas constantemente abordados estavam relacionados às reivindicações de
melhoria nas estradas, na água, energia elétrica e melhorias na escola municipal rural
presente no bairro.
Embora a ideia de construir uma associação fosse extremamente benéfica para as
famílias, segundo Henrique, a maior dificuldade encontrada foi convencer as pessoas de que a
mesma traria benefícios para seus associados, pois os produtores tinham receio em utilizar os
equipamentos e maquinários e ocorrer algum tipo de incidente. Aos poucos toda a
comunidade se mobilizou para colocar em prática a associação e usufruir dos benefícios por
ela oferecidos.
Muitas e burocráticas são as etapas para se iniciar uma associação, dentre as quais
Henrique destaca a documentação como sendo a mais difícil. No período de fundaçãocontou
somente com o apoio da Prefeitura Municipal juntamente com a Emater - MG para orientação
e organização dos documentos necessários.
Os implementos que a associação dispunha no princípio eram: trator, grade aradoura,
colheitadeira de milho, lâmina niveladora e broca adquirida por meio de doações. A pá
carregadeira foi adquirida com recursos próprios. Como uma forma de "manter" os bens era
cobrada uma taxa de R$75,00 / hora para custear o combustível e mão de obra do motorista na
utilização do trator.
Atualmentedireção da Associação de Famílias e Produtores Rurais da Queimada Velha
é realizada por Aparecida Reis Nunes de Sá, casada, agricultora, residente na cidade de São
Sebastião do Paraíso. Era tesoureira na associação e se candidatou à presidência após o
afastamento do antigo presidente, assumindo a presidência no ano de 2011.
A associação não possui sede própria diante disso as reuniões acontecem nas
instalações Secretaria da Agricultura da Prefeitura Municipal de São Sebastião do Paraíso,
com uma frequência de três vezes ao ano, onde aproximadamente 60% dos associados
participam.
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A importância do associativismo na organização de produtores rurais
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As culturas praticadas pelos agricultores são: verduras e legumes em geral, figo,
banana, pêssego, morango e mandioca. Alguns produtores enviam legumes, verduras e frutas
para as escolas municipais e estaduais através do programa PNAE – Programa Nacional de
Alimentação Escolar, outros comercializam para a rede Walmart de Passos, Ribeirão Preto e
Franca, e diversos encaminham para rede de supermercados.
Os produtores vendem seus produtos para a associação que por sua vez vende para as
escolas e/ou rede de supermercados. Em determinado dia do mês os compradores pagam
diretamente para a associação que repassa os valores para cada produtor. O pagamento é
realizado somente por meio de cheque e é entregue pelo escritório de contabilidade
responsável por todo controle e emissão das Notas Fiscais Eletrônicas. Sobre a venda destes
produtos a associação recebe 5% do valor de cada nota fiscal emitida.
O Estatuto da Associação é registrado em cartório e está depositado também no
escritório de contabilidade. A diretoria e associados tem acesso controlado ao mesmo, tendo
que assinar um termo quando fazem a retirada do mesmo para consulta.
4.2.
Análise dos Resultados
Com o objetivo de entender mais sobre a dinâmica da associação e também corroborar
para o alcance dos objetivos do trabalho foram entrevistados nove associados, dentre eles
Henrique Matheus (fundador da associação) e Aparecida Reis Nunes de Sá (atual presidente).
A análise dos resultados apresentou que dentre os entrevistados, 77,7% não residem na zona
rural e moram no município de São Sebastião do Paraíso, e apenas 22,23% residem na
comunidade, mais precisamente no bairro rural. Dos sete produtores entrevistados,
71,42%mantêm vínculo com a associação desde que a mesma foi criada, 14,28% soube
através do irmão e 14,28% por meio de indicação de produtores mencionando os benefícios
do Projeto PNAE.
O Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, implantado em 1955, ajuda os
associados a colocarem seus produtos no mercado e contribui para o crescimento, o
desenvolvimento, a aprendizagem, o rendimento escolar dos estudantes e a formação de
hábitos alimentares saudáveis oriundos da oferta de alimentação escolar. O FNDE (Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação) transmite recursos, em até dez parcelas mensais,
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para as prefeituras municipais, secretarias de educação dos Estados e do Distrito Federal,
creches, pré-escolas e escolas federais. Os proventos recebidos apenas podem ser utilizados
na compra de gêneros alimentícios para a merenda escolar. Sendo assim, o Governo Federal
(por meio do FNDE) transmite a verba da merenda, e as entidade executoras, como prefeitura,
por exemplo, recebem o dinheiro, compram os itens da merenda e prestam contas ao
Conselho de Alimentação Escolar – CAE. (Cartilha para conselheiros do Programa Nacional
da Alimentação Escolar, 2010, p.6-7).
Segundo os entrevistados, os benefícios adquiridos através da associação são muitos,
dentre eles a utilização de maquinários e implementos agrícolas, emissão de notas fiscais por
intermédio da associação e venda das culturas produzidas para o projeto PNAE.
Quando questionados a respeito da maneira que obtinham lucros e melhores condições
mediante a associação, responderam que os serviços prestados, os maquinários e implementos
concedidos auxiliam de sobremaneira, bem como a emissão de notas fiscais, mas ressaltam a
falta de união entre os produtores.
Em relação às melhorias a serem feitas, os associados sugerem a compra de novos
implementos para atender as diversas culturas praticadas na região, união da comunidade para
que juntos possam reivindicar melhorias, assistência de um agrônomo que auxilie os
produtores, uma colheitadeira de café e propõeo reembolso das despesas que os dirigentes têm
ao desempenhar seus cargos.
Muitas das melhorias almejadas pelos produtores são citadas no aspecto da não
concordância em determinados fatos, como por exemplo a falta de comunicação entre os
produtores, a não prestação de contas, a pouca quantidade de reuniões anuais, como também a
falha de comunicação e falta de assistência técnica especializada, o que é sentida pela maioria
dos produtores entrevistados.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a construção do presente artigo tornou-se possível conhecer como é o
funcionamento na prática da Associação de Famílias e Produtores Rurais da Queimada Velha.
Observou-seque grande parte dos pequenos produtores rurais encontram dificuldades
na comercialização de seus produtos no meio urbano e encontram nos incentivos e meios que
a associação lhes oferecem, oportunidades para se desenvolverem e competirem no mercado.
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O governo disponibiliza programas, como o PNAE, por exemplo para que produtores,
por intermédio da Associação consigam inserir-se no mercado de alimentos e possam fornecer
uma alimentação saudável para crianças, adolescente e adultos que frequentam creches, préescolas, escolas e escolas federais.
A partir da união de produtores em prol de um único ideal percebe-se uma
alavancagem na produção individual de cada agricultor e maiores conquistas para a própria
comunidade.
A Associação atua como mediadora na organização destes produtores rurais,
auxiliando para que tenham mais força ao reivindicar ações junto ao poder público.
Apesar da organização dos produtores, há ainda conflitos e necessidades que não
foram plenamente atendidas.
Foram constatadas algumas medidas para o melhor funcionamento da Associação de
Famílias e Produtores Rurais da Queimada Velha, e as mais evidentes foram o desejo demaior
frequência no número dereuniões feitas entre diretores e associados e o desejo de uma maior
prestação de contas, para que se possa acompanhar melhor as receitas e os dividendos da
Associação.
Sucedeu-se pesquisas em diversas literaturas para o melhor entendimento do
andamento da associação, sendo necessário a inserção em alguns outros temas diretamente
relacionados, como o Cooperativismo, Agricultura Familiar, Associação e Agronegócio.
Com o término da pesquisa, surgiram inquietações acerca do vínculo entre Associação
– Walmart. Por esta ser uma grande empresa multinacional, a curiosidade se sobressaiu
quando a questão abordada é em relação a uma pequena Associação de produtores se inserir
em um cenário de grande porte e de grande participação no mercado como é o caso dessa
grande loja de departamentos. Sendo assim, o desejo de saber como funciona essa relação,
como são escolhidos os produtores da Associação que irão fornecer os hortifrutigranjeiros e
como as partes são beneficiadas por esse vínculo é intrigante.
REFERÊNCIAS
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da
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Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. Associativismo/
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília: 2ª Edição, 2008.
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Alimentação Escolar (PNAE). Brasília: 5ª Edição, TCU, 2010.
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A importância do associativismo na organização de produtores rurais
MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015)
APÊNDICE -A
ENTREVISTA COM PRESIDENTE ASSOCIAÇÃO
Nome:
Gênero:
Idade:
Estado Civil:
Ramo de atividade em que atua:
Escolaridade:
1. Reside na Queimada Velha? Se sim, há quanto tempo? Com quantas pessoas reside?
2. Com qual frequência vai à Associação?
3. Como se tornou presidente da Associação?
4. De quanto em quanto tempo são realizadas as reuniões?
5. Todos os associados participam das reuniões?
6. Há quanto tempo está à frente da Associação?
7. Como e quais são as contribuições que a Associação recebe?
8. O CNPJ da Associação pode ser utilizado por todos os associados?
9. Como funciona a emissão de Notas Fiscais em nome da Associação?
10. Quais maquinários a associação possui? Somente os associados podem utilizá-los?
11. Como estes maquinários são adquiridos?
12. Qual o destino dos produtos comercializados através da Associação?
APÊNDICE -B
ENTREVISTA COM HENRIQUE MATHEUS (FUNDADOR ASSOCIÇÃO)
Nome:
Gênero:
Idade:
Estado Civil:
Ramo de atividade em que atua:
Escolaridade:
1) Quando fundou a Associação? Porque/ Qual motivo levou para montar a Associação?
2) Quais as dificuldades encontradas?
3) Qual foi a etapa mais difícil para iniciar a Associação?
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A importância do associativismo na organização de produtores rurais
MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015)
4)
5)
6)
7)
8)
9)
Quanto tempo ficou à frente da Associação?
Qual a origem dos recursos para compra dos implementos?
Alguém o auxiliou?
Quantos associados tinham no início?
Qual frequência de reuniões eram feitas? Se recorda o tema constantemente abordado?
Atualmente usufrui da Associação? Se sim, quais benefícios lhe oferece?
APÊNDICE - C
ENTREVISTA ASSOCIADOS
Nome:
Gênero:
Idade:
Estado Civil:
Ramo de atividade em que atua:
Escolaridade:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Reside na Queimada Velha? Se sim, há quanto tempo? Com quantas pessoas reside?
Como teve contato/descobriu a Associação?
Quais os benefícios que a Associação lhe oferece?
Exerce alguma outra atividade além da atividade agrícola?
Utiliza os maquinários da Associação? Quais?
Em sua opinião, a Associação funciona e proporciona lucro e melhores condições para
os associados? De que maneira?
7. Existe alguma contribuição mensal?
8. Participa das reuniões? Com que frequência?
9. Como seria sua atividade sem a Associação?
10. O que pode ser melhorado?
11. Em sua opinião o que não está de acordo?
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Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte
fabricante de lingerie: estudo de caso
SOUZA, QUEIROZ (2015)
UM OLHAR PARA A QUALIDADE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE
PRODUTOS DE UMA EMPRESA DE MÉDIO PORTE FABRICANTE DE LINGERIE:
ESTUDO DE CASO
Priscila Aparecida Santos de Souza
Bacharel em Administração
Stefânia Aparecida Belute Queiroz1
Especialista em Gestão de Empresa com Ênfase em Qualidade
RESUMO
Hoje a competitividade, na maioria das vezes, é acirrada e é por isso que as empresas estão se
preocupando cada vez mais com o setor de Desenvolvimento de Produto e a qualidade. O problema de
pesquisa do presente estudo é: Como a qualidade é abordada no processo de desenvolvimento de
produto em uma empresa fabricante de lingerie? Para responder o problema de pesquisa o objetivo geral
deste trabalho é: Analisar como a qualidade é abordada no processo de desenvolvimento de produto de
uma empresa fabricante de lingerie. Para alcançar o objetivo geral foram definidos os seguintes objetivos
específicos: Fazer uma revisão bibliográfica sobre o tema; verificar quais são as etapas realizadas desde
as pesquisas de mercado até o produto já aprovado para a produção; identificar como é abordada a
qualidade no desenvolvimento de produto. Sendo assim, a justificativa encontrada para a realização deste
estudo é a importância desse tema para analisar cada etapa de um projeto de desenvolvimento de produto
em uma empresa. Para realização deste trabalho foi feita uma pesquisa de abordagem qualitativa de
caráter descritivo, o método utilizado foi o estudo de caso, a técnica utilizada para a coleta de dados foi a
entrevista semi estruturada. Na empresa estudada todas as etapas de desenvolvimento de produto são
obrigatoriamente respeitadas, pois segundo a estilista interfere diretamente na qualidade do produto
desenvolvido.
Palavras-chave: Desenvolvimento. Produto. Qualidade. Projeto. Lingerie.
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Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte
fabricante de lingerie: estudo de caso
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1. INTRODUÇÃO
A dificuldade de desenvolver um produto nas organizações provém da interferência
interna (investimento financeiro, maquinário, mão de obra capacitada e tempo) e externa
(aceitação do público quanto à estética, preço, qualidade e utilização). O produto pode ser
desenvolvido de acordo com a demanda do mercado ou pela necessidade de novas
tecnologias, entre outros fatores. Estudos estão sendo realizados para melhorias na execução
da gestão de processo de desenvolvimento de produtos, por meio do desenvolvimento de
novas estratégias, ferramentas, metodologias e novas tecnologias que buscam diminuir os
custos, o tempo de produção e o aumento da qualidade e lucro das organizações. No projeto
de desenvolvimento de produto, os profissionais buscam a melhoria de produtos existentes ou
o lançamento de novos produtos para que suas empresas tenham vantagem competitiva,
fidelidade de seus clientes e conquista dos novos.
Com base nesse contexto, o presente artigo tem como problema de pesquisa: como a
qualidade é abordada no processo de desenvolvimento de produto em uma empresa fabricante
de lingerie? Para responder o problema de pesquisa tem-se como objetivo geral analisar como
a qualidade é abordada no processo de desenvolvimento de produto de uma empresa
fabricante de lingerie. Os objetivos específicos são: fazer uma revisão bibliográfica sobre o
tema; levantar quais as técnicas foram utilizadas para desenvolvimento de produto; verificar
quais são as etapas realizadas desde as pesquisas de mercado até o produto já aprovado para a
produção; identificar como é abordada a qualidade no desenvolvimento de produto; verificar
como são feitas as pesquisas de mercado, chegando assim ao protótipo e ao produto já
aprovado para a produção.
Este trabalho justifica-se devido a importância da qualidade no desenvolvimento das
organizações e em cada etapa de um projeto de desenvolvimento de produto. É preciso
compreender como é o desenvolvimento, a criação de novos produtos e as formas de
melhoramento dos mesmos, antes de serem colocados no mercado, criando valor para a marca
aumentando a competitividade e consequentemente o sucesso das organizações.
Após essa introdução, o artigo encontra-se subdividido em referencial teórico,
procedimentos metodológicos, estudo de caso, conclusão, referências bibliográficas, anexo e
agradecimento.
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Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte
fabricante de lingerie: estudo de caso
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.
Desenvolvimento de produtos
Desenvolver ou criar novos produtos e/ou melhorá-los para colocá-los no mercado
com maior tecnologia, aumentando assim a competitividade e o sucesso das empresas exige
esforço e dinamismo do setor de desenvolvimento das organizações. A importância de um
bom desenvolvimento de produto é passar por todos os processos se esforçando para que eles
sejam bem feitos e não necessitem de retrabalho em sua construção, resultando assim em um
produto de qualidade que obtenha sucesso no mercado.
Um bom projeto satisfaz aos consumidores, comunica o propósito do produto ou
serviço a seu mercado e traz recompensas financeiras à empresa. O objetivo de um
bom projeto, independentemente de ser produto ou serviço, é satisfazer os
consumidores ao atender a suas necessidades e expectativas atuais e/ou futuras. Isto
por sua vez, melhora, a competitividade da organização. (SLACK, et al., 2009, p.
118)
Para Moreira (2002) nas empresas uma das forças fundamentais reside na contínua
revisão e introdução de novos produtos. Daí a importância de não se perder de vista novos
investimentos.
O processo de desenvolvimento de produto para algumas empresas é fundamental
para sua sobrevivência. Esse processo consiste em atividades que vão desde o
planejamento estratégico do produto até a descontinuidade do produto já
desenvolvido no mercado. (ROZENFELD et al, 2006 apud Toledo, 2013, p 11)
Durante o desenvolvimento de produto são projetadas todas as etapas e processos
técnicos de um produto ou serviço ou de melhorias para que a empresa tenha sucesso na hora
de apresentá-lo ao mercado e obter competitividade. Afirmando esse conceito:
Um produto ou serviço é qualquer coisa que possa ser oferecida aos consumidores
para satisfazer suas necessidades e expectativas. Pode-se considerar que todos os
produtos e serviços têm três aspectos. Conceito: que é um conjunto de benefícios
esperados que o consumidor está comprando. Pacote: de produtos e serviços
“componentes” que proporcionam os benefícios definidos no conceito. E o processo:
pelo qual a operação produz o pacote de produtos e serviços “componentes”.
(SLACK, et al, 1996, p. 146)
Quando um cliente compra um produto ou um serviço ele não compra somente um
objeto ou um serviço e sim os benefícios, as expectativas, a realização de um desejo
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Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte
fabricante de lingerie: estudo de caso
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intrínseco, enfim ele adquire um conceito. Algumas ideias de novos produtos e serviços
podem vir de fontes externas à organização, como pessoal de vendas e da linha de frente ou
departamento de pesquisa e de desenvolvimento. Porém, há outras etapas a serem realizadas
para que se desenvolva um produto.
2.2.
Etapas de desenvolvimento de produto
É necessário fazer uma triagem do conceito, pois nem todas as ideias irão se tornar um
produto. Essa avaliação tem que ser bem feita para não haver preocupações no projeto. Temse que avaliar a viabilidade (a qualidade dos recursos, a quantidade de recursos, inclusive os
recursos financeiros), a aceitabilidade do projeto (se o cliente irá querer o produto, se o
projeto trará lucro satisfatório), a vulnerabilidade (que riscos estarão dispostos a correr, as
consequências que esse projeto trará, o que pode dar errado). Feita essa triagem, segue-se ao
projeto preliminar que consiste em fazer uma definição e especificação de processos para o
produto, (sua estrutura e seus componentes) em seguida faz-se a avaliação e melhoria do
projeto, essa etapa analisa, verifica os erros e propõe melhorias antes que o produto chegue ao
mercado. Nesta última etapa pode-se usar três tipos de técnicas: desdobramento da função
qualidade (QFD), engenharia de valor (VE) e métodos de Taguchi.
Para Moreira (2002) algumas etapas dessas fases podem ser puladas, e mesmo assim
podendo ter sucesso no projeto final, ele afirma esses processos de desenvolvimento
apresentados no quadro abaixo figura 1:
Geração e filtragem de
ideias
Projeto inicial do
Análise
econômica
produto
Teste do protótipo
Projeto final
Figura 1: Etapas de Desenvolvimento de Produto
Fonte: MOREIRA, 2002, p.228
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fabricante de lingerie: estudo de caso
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Segundo Corrêa e Corrêa (2007, p. 321) “antigamente o desenvolvimento, o projeto do
produto e do processo eram tratados de forma independente, atualmente os projetos do
produto e do processo são vistos cada vez mais como atividades inter-relacionadas e que
devem ser tratadas paralelamente”.
Hoje no mercado busca-se a melhor maneira de desenvolver e colocar a venda um
produto que não corra risco de venda baixa e que fidelize os clientes. Para aperfeiçoar esses
processos Slack et al. (2009), Moreira (2002) destacam uma sequência para o processo de
Desenvolvimento de Produto (PDP).
Para Slack et al. (2009) o processo de PDP tem-se a sequência, conforme mostrada na
figura 2:
Geração
do
conceito
Triagem
do
conceito
Projeto preliminar
Avaliação
e
melhoramento
Projeto
final
e
Prototipagem
Figura 2: Etapas de Desenvolvimento de Produto
Fonte: SLACK et al., 2009, p.122.
De acordo com a Figura 2, geração de conceito; podem-se buscar ideias em duas
fontes distintas, fontes internas e fontes externas à organização. As fontes internas são (equipe
de vendas, equipe de desenvolvimento e marketing) e fontes externas são (consumidores,
concorrentes, pesquisa de mercado, entre outros).
De acordo com Slack et al. (2009) durante a triagem do conceito é selecionada a
melhor ideia para que o projetista trabalhe até o estágio seguinte. Nessa avaliação inicial
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Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte
fabricante de lingerie: estudo de caso
SOUZA, QUEIROZ (2015)
verifica se cada critério: viabilidade (temos habilidade, capacidade produtiva, recursos
financeiros), aceitabilidade (os objetivos do projeto que podem ser alcançados, haverá
interesse dos nossos consumidores nesse produto, trará retorno financeiro) e vulnerabilidade
(se houver riscos, sabemos todas as consequências dessa ideia e analisar as possibilidades de
dar tudo errado, qual atitude tomar). Tem-se também que balancear a avaliação e criatividade,
pois em um projeto eficaz é vital a criatividade do seu projetista.
É nessa etapa que acontece o funil do projeto (figura 3) onde várias ideias são
discutidas e são retiradas aquelas que não são interessantes para a empresa.
Figura 3: Especificação do funil do projeto
Fonte: SLACK, et al, 2009, p. 125
Passadas essas etapas de conceito de produto, aceitabilidade, viabilidade e
vulnerabilidade, segue-se para o projeto preliminar, onde é realizada a criação de uma
primeira versão em relação às especificações e definição dos processos. Na especificação são
colocados todos os detalhes dos componentes de cada parte do projeto. No projeto preliminar
os projetistas buscam simplificar as etapas para reduzir a complexidade. Nessa fase é
essencial diminuir a complexidade, para diminuir os custos e os processos, facilitando sua
produção. A simplificação pode ser alcançada seguindo três itens: padronização,
comunalidade e modularização. (SLACK et al., 2009).
Versa Slack et al. (2009) que a padronização busca reduzir os processos produtivos, a
variedade de tamanhos e características, para que os produtos tenham as mesmas
características, definição de qualidade e facilidades produtivas. A comunalidade é quando se
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Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte
fabricante de lingerie: estudo de caso
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usam elementos comuns no produto, simplificando a complexidade do projeto. Modularização
é a separação de parte do projeto do produto para facilitar a sua produção.
Ainda segundo Slack et al. (2009) a próxima etapa é de avaliação e melhoria do
projeto. O objetivo dessa etapa é verificar se há possibilidade de melhoramento do produto ou
serviço antes de testa-lo no mercado. Para fazer essa verificação a empresa pode usar alguns
métodos melhoramento da função qualidade para certificar que nas etapas anteriores foram
verificados os processos de revisão de qualidade. A empresa antes de lançar no mercado
qualquer produto precisa assegurar que o projeto final do produto atende todas as
necessidades do cliente. A verificação pode ser feita por gráficos, quadros, acompanhando
cada etapa para que mantenham a qualidade proposta pela empresa e previna qualquer custo
desnecessário.
2.3.
Qualidade no processo de desenvolvimento de produto
Muitas empresas atualmente se destacam no mercado pela qualidade. Pode se
conceituar qualidade como a singularidade de um produto em relação aos outros. Às vezes
essa particularidade pode ou não ser observada de início. Segundo Carpinetti (2012, p. 119),
“qualidade pode estar associada a três atributos: 1- os atributos intrínsecos de um bem como
desempenho técnico e durabilidade, 2- a satisfação do cliente e, 3- o atendimento às
especificações do produto”. Por isso a importância dessa etapa. A empresa tem, como auxílio
às decisões, gráficos e quadros que, alimentados corretamente, podem fazer a diferença entre
um produto qualquer e um produto de qualidade. A ferramenta Desdobramento da Função
Qualidade (QFD) pode ser utilizada quando a empresa necessita de informações entre os quês
e o como. Os “quês”, ou requisitos do consumidor, são os fatores decisivos (relevantes) para o
consumidor na hora da compra. E o “como”, ou características do projeto, seria
operacionalizar os requisitos do consumidor. Essas informações recebem notas que vão
compor os quadros e ajudar na hora de montar um padrão de qualidade.
De acordo com Slack et al (2009, p. 131), “a matriz QFD é a articulação formal de
como a empresa vê o relacionamento entre os requisitos do consumidor (o que) e as
características de projeto do novo produto (como)”.
Para Slack et al (2009, p. 132) “nessa fase também podemos usar a engenharia de
valor que é tentar reduzir os custos desnecessários antes de produzir o produto ou serviço”.
Geralmente essa análise é feita por uma equipe composta por projetistas, especialistas de
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Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte
fabricante de lingerie: estudo de caso
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compras, gerentes de produção e analistas financeiros. Essa equipe tem como missão analisar
os custos de produção, verificar se há no mercado produtos similares que façam a mesma
função, simplificar processos, diminuir todo e qualquer fator que faça esse produto ficar mais
caro ou com má qualidade.
E como fim da análise de qualidade, pode-se usar o método de Taguchi, de acordo
com Slack et al (2009, p. 133) “é testar a robustez do projeto. É verificar se em condições
diversas esse produto consegue manter seu desempenho e garantir que nada prejudicará a
produção e elaboração desse produto, tais como: falhas de funcionários, equipamentos,
doenças, acidentes etc.”. Para o sucesso de um bom produto, todos esses requisitos devem ser
respeitados.
A última etapa é a prototipagem e projeto final, onde se transforma o projeto
melhorado em um protótipo para ser testado. Na fabricação de um protótipo podem ter
modelos de argila até simulações em gesso em 3D ou em computadores, esse momento é para
fazer mais ajustes e verificar se há falhas. Muitas empresas fazem também projetos pilotos e
disponibilizam em programas para que seus consumidores testem. A empresa ainda pode se
auxiliar com computadores, como, por exemplo, o CAD (Computer Aided Desing). Ele pode
modificar ou criar desenhos de produtos, pode acrescentar pontos, linhas, círculos, marcações
e texto em moldes e fazer a graduação e consumo de todos os tamanhos, por exemplo, em
peças do vestuário. Ele possui também uma ferramenta de zoom para conferir se há diferenças
de níveis e tamanhos. Todas essas informações podem ser armazenadas para serem usadas no
corte desses produtos e também para alimentar um banco de dados: (SLACK, 2009).
A avaliação e melhoria do projeto de produto leva em consideração o que pode ser
melhorado antes que o produto ou serviço seja testado no mercado e considera três
técnicas especialmente úteis: Desdobramento da Função Qualidade (QFD),
Engenharia de Valor (VE) e método Taguhi. (SLACK et al., 2009, p. 131).
A técnica QFD tem como objetivo principal:
A inversão no processo de desenvolvimento de produtos, fazendo-o ser “puxado”
pelas necessidades reais do consumidor, tentando aproximar ao máximo os atributos
do produto às exigências dos clientes. Logo, deduz-se que o objetivo principal do
QFD é assegurar que o projeto de um produto ou serviço realmente atenda às
necessidades de seu cliente. (MARSHALL JÚNIOR et al., 2006 apud ABOUT;
OLIVEIRA, 2006)
De acordo com Slack (2009) o objetivo principal da VE é colocar à disposição dos
profissionais de diversas áreas da empresa instrumentos para a utilização correta dos seus
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recursos. Cada recurso indicado para a produção de bens e serviços, deverá receber um estudo
criterioso, para a garantia das metas planejadas e o objetivo principal do método Taguhi é
melhorar as características do processo ou de um produto, por meio da identificação e ajuste
dos seus fatores controláveis, que irão minimizar a variação do produto final, em relação ao
seu objetivo.
O planejamento da qualidade consiste em definir as características do
produto, com base na análise das necessidades. A qualidade planejada abrange dois
tipos de características de especificações funcionais e as especificações técnicas.
Essas especificações estabelecem o escopo do produto, ou desempenho desejado do
produto. Ao final do projeto, o produto será comparado com as especificações para
verificar se o escopo foi atendido. Qualidade de aceitação ou de conformidade é a
medida da coincidência entre a qualidade planejada e a qualidade que o produto de
fato apresenta. A falta de qualidade, de planejamento ou aceitação, sempre é
problemática. (MAXIMINIANO, 1997, p. 68)
Ainda segundo Maximiniano (1997) garantia da qualidade confere a certeza de que as
características ou atributos planejados estarão presentes no produto. Tem como objetivo
diminuir erros e defeitos, enquanto o controle da qualidade seleciona os resultados errados
dos certos. Para que se garanta a qualidade, é necessário estruturar um sistema da qualidade
que compreenda os seguintes elementos.
Procedimentos padronizados para a utilização das ferramentas da qualidade. Por
exemplo, o sistema da qualidade pode conter um modelo de projeto que deve possuir um
estudo dos requisitos da qualidade do produto. Especificações de qualidade de produtos,
serviços e processos. A garantia da qualidade tem início com os padrões representados das
especificações de qualidade. A qualidade planejada não existe sem padrões e nenhuma forma
de avaliação é possível.
Segundo (FEIGENBAUM apud Maximiano 2012, p.158), “no final das contas, tudo
depende de um par de mãos. Não se pode esperar que a qualidade dependa apenas das
especificações ou de procedimentos. Sem pessoas qualificadas e apropriadamente
recompensadas, é impossível obter qualidade”.
Ainda segundo Maximiniano (2012) é necessário um departamento responsável pela
coordenação da política da qualidade que possua uma pessoa responsável, exclusivamente,
pela administração do sistema de qualidade que cuide para que as demais partes do sistema
existam e funcionem adequadamente. O procedimento de avaliação de projetos em estágios
sucessivos, nos sistemas comuns o controle é feito no final dos processos e descobre-se
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somente os erros, no sistema de garantia da qualidade a intenção é evitar que ocorram os
erros.
Os manuais de Administração de Qualidade definem os elementos que o sistema
precisa. Nesse manual pode se encontrar as referências, especificações e orientações que
ajudam administrar a qualidade. O sistema da garantia da qualidade pode ser sofisticado ou
simples, o que vale é sua eficácia.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para realização deste trabalho foi feita uma pesquisa de abordagem qualitativa.
Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a
complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis,
compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupo sociais. Ressalta
também que podem “contribuir no processo de mudança de determinado grupo e
possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do
comportamento dos indivíduos.” Na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais
profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado. A abordagem
qualitativa visa destacar características não observadas por meio de um estudo
qualitativo, haja vista a superficialidade deste último. (BEUREN, 2006 apud
RICHARDSON, 1999, p. 80)
A pesquisa é de caráter descritivo:
tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou
fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis. Uma das suas
características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de
coletas de dados. (GIL, 1999 apud BEUREN, 2006, p. 81)
“A pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los,
classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles. Assim, os fenômenos do
mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador”.
(ANDRADE, 2002 apud BEUREN, 2006, p.81).
O método utilizado foi o estudo de caso, pois caracteriza principalmente pelo estudo
concentrado de um único caso. “Esse estudo é preferido pelos pesquisadores que desejam
aprofundar seus conhecimentos a respeito de determinado caso específico.” (BEUREN et al
2006 p. 84)
O estudo de caso justifica sua importância por reunir informações numerosas e
detalhadas com vista em apreender a totalidade de uma situação. A riqueza das
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informações detalhadas auxilia num maior conhecimento e numa possível resolução
de problemas relacionados ao assunto estudado. (BRUYNE, Herman e Schoutheete
apud BEUREN, 1997 p. 84)
Para Gil (2010, p. 37) “o estudo de caso consiste no estudo profundo e exaustivo de
um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa
praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados”.
“O estudo de caso é a pesquisa sobre determinado indivíduo, família, grupo ou
comunidade que seja representativo de seu universo, para examinar aspectos variados de sua
vida”. (CERVO et al. 2007, p. 62).
Foi realizado o estudo na empresa Duzani, fabricante de lingerie, situada na cidade de
São Sebastião do Paraíso. A empresa distribui seus produtos para nove estados do Brasil.
A técnica utilizada para a coleta de dados foi a entrevista semi estruturada. Para
Marconi e Lakatos 2009 a entrevista é
Um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a
respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza
profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para coleta de
dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social
(MARCONI; LAKATOS, 2010, p.178)
Cervo et al. (2013) complementam ainda que:
A entrevista não é uma simples conversa. É uma conversa orientada para um
objetivo definido: recolher, por meio do interrogatório do informante, dados para a
pesquisa. Eles recorrem à entrevista sempre que têm necessidade de obter dados que
não podem ser encontrados em registros e fontes documentais e que podem ser
fornecidos por certas pessoas (CERVO et al., 2013, p. 51)
BEUREN (2006, p. 132) a entrevista semi estruturada permite maior interação e
conhecimento das realidades dos informantes. Para alguns tipos de pesquisas qualitativas, a
entrevista semi estruturada parece ser um dos principais instrumentos de coleta de dados de
que o pesquisador dispõe.
A entrevista semi estruturada, composta por 34 questões elaboradas a partir do
referencial teórico construído, foi realizada com a estilista Carla Venturini responsável pelo
desenvolvimento de produto da empresa.
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4. ESTUDO DE CASO
A empresa estudada foi a Duarte e Zani Ltda fundada em 1998 e que atualmente
possui 600 funcionários e está situada em São Sebastião do Paraíso.
Seus produtos são distribuídos para nove estados brasileiros. A empresa possui 90
distribuidores com média de 100 consultoras cada. A empresa é composta pela diretoria, por
um gerente geral, gerentes setoriais (marketing, desenvolvimento, PPCP, compras, Rh, fiscal,
financeiro, líderes de setor, costureiras e auxiliares). A Duzani possui um setor de
desenvolvimento de produtos do grupo Duzani, com uma equipe de 9 pessoas, onde são
criadas peças para 7 marcas do grupo e projetos para lançar mais 2 marcas. Quando
questionada sobre a importância do setor de desenvolvimento de produto a responsável disse
que para ela na empresa é um setor muito importante, pois é onde as ideias se tornam
realidade, onde é possível traçar estratégias que envolvam todo o contexto da empresa, como
metas, produção, ações de marketing, etc.
A empresa possui dois canais de venda, o consignado e o catálogo. Hoje já são
consolidados no mercado e tem uma boa aceitação. A marca é reconhecida e isso facilita todo
o processo de venda. São seis marcas: Duzani, Lageli, Vigathi, Dulotti, a Duzani Beachwear e
o Duzani Plus Size. As marcas abrangem uma boa parcela de mercado e isso é benéfico para
que as consumidoras não procurem na concorrência outros produtos semelhantes.
Quando questionada sobre a qualidade no processo de desenvolvimento de produto a
responsável informou que a empresa possui um setor de SAC (Serviço de atendimento ao
Cliente) onde os consumidores são ouvidos em relação a qualidade. Outras formas de ouvir os
consumidores são por meio de pesquisa de mercado, entrevista com as consultoras, pesquisas
nas redes sociais e sistema interno.
As ideias que a estilista pesquisou são levantadas através de pesquisa em sites
especializados, revistas, pesquisa de rua, engenharia reversa e também no processo produtivo.
Uma outra forma de pesquisa é em relação a modelagem, se condiz com produto a ser
desenvolvido e também abordada no processo de análise de viabilidade, principalmente na
escolha dos produtos (matéria prima) e na prototipagem se a empresa possui habilidade,
capacidade produtiva (verificando os processos), recursos financeiros necessário para o
desenvolvimento do produto. Já na verificação de aceitabilidade, a qualidade é verificada
através de pesquisa com suas consultoras e cliente final por meio do site e entrevista com suas
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consultoras durante eventos realizados pela empresa. Durante a entrevista e pelo site é
verificado o quanto a qualidade é importante para elas.
A vulnerabilidade é verificada nos produtos que não deram certo, para que não se
desenvolvam produtos com o mesmo perfil. E sempre tem um plano caso o produto não seja
aceito como esperado, o plano é retirá-lo de linha de produção quando a vulnerabilidade é
verificada.
Seguindo a responsável a criatividade é a peça principal na hora de desenvolver um
produto. A estilista tem que ser livre na hora de desenvolver, por isso na empresa é importante
ter a estilista sempre conectada com a responsável pelo setor para que haja um equilíbrio entre
desenvolver um produto de qualidade, viável e que atenda a demanda do mercado.
Quando questionada sobre as ferramentas utilizadas na realização de melhorias a
responsável informou que na empresa há uma preocupação do que o consumidor final deseja
e como pode se satisfazer essa necessidade. No caso da engenharia de valor é analisado a
possibilidade de realização de melhoria. Por exemplo, a empresa projeta um catálogo mensal
e antes desse catálogo ser produzido acontece uma reunião de briefing com os principais
setores da empresa (setor de Desenvolvimento, setor de Processos, setor de PPCP, Produção,
Gerência de Venda e, Diretoria) para tomar decisões importantes como: melhoria do processo
para redução de custos, quantidades produzidas, lançamentos, melhoria de produtos entre
outros, a empresa busca sanar os requisitos: faltas de funcionários, defeitos de maquinários e
acidentes com ações preventivas como: palestras motivacionais e prevenção de acidentes,
reuniões da CIPA e manutenção diária de seus equipamentos. Na empresa o processo de
pesquisa para decisão de lançar um novo produto no mercado é feita por meio de uma
pesquisa de tendências tanto de moda quanto de mercado. Após essa etapa é realizada uma
reunião para tomada de decisões e verificação de todos os dados pesquisados.
Quando a responsável foi questionada sobre a realização do projeto, ela informa que
complexidade do projeto é reduzida através padronização, comunabilidade e modularização.
Na empresa busca se a padronização dos produtos, por exemplo, os tamanhos das cinturas das
calcinhas, o número de pontos por centímetro em determinada máquina. Sempre se
preocupam em buscar novas tecnologias para que ao comprar vários produtos não tenha
problema com tamanho e qualidade. Na análise de processos verifica se a comunabilidade e a
modularização, se pode trocar algum aviamento ou processo para facilitar sua produção. É
nessa fase que é definido o processo padrão. É realizada a prototipagem ou teste piloto para
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que todo o processo seja testado, medido, experimentado e melhorado para satisfazer o
consumidor final. Na empresa o processo de desenvolvimento de produtos é realizado
conforme figura 4.
Figura 4: Etapas de Desenvolvimento de produto da empresa estudada
Fonte: Elaborado pelo autor
O desenvolvimento de produto da empresa estudada é realizado da seguinte forma,
primeiramente é feita a pesquisa de mercado, de tendência e de interesse da empresa em
lançar novos produtos ou melhorar algum produto já lançado. Em seguida é criado um croqui
com a melhor ideia, passa se então a escolha da matéria prima para o produto referente a
ideia, levando em conta o preço e a qualidade de cada fornecedor. Segundo a responsável essa
etapa influencia diretamente no produto final, é considerada uma etapa importante do
processo de criação, pois se escolherem uma matéria prima de má qualidade pode acarretar
em problemas futuros.
Seguindo a sequência tem-se para a fabricação de um protótipo, onde usa se as
informações colocadas no croqui e produz um produto piloto. Nessa fase a responsável pelo
processo produtivo analisa a peça, os processos necessários para a fabricação e nesta fase são
melhorados e retirados os processos desnecessários. É nessa etapa que verifica se a
viabilidade do produto. Seguindo para a aprovação, esse produto é aprovado por uma pessoa
responsável pelas especificações da empresa para verificar a beleza do produto, se ele veste
bem, se está adequado ao uso e se possui as características que a empresa busca .Após a
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aprovação do protótipo tem-se a reunião de briefing, com os setores participantes do processo
do lançamento do produto (setor de desenvolvimento, setor de compras, setor de processos,
PPCP, produção, gerência de venda, diretoria) para que eles possam avaliar o produto, a
qualidade, lançamento, o processo, a beleza e a viabilidade. Todos analisam, fazem as
mudanças necessárias e em comum acordo encaminham o produto para o setor seguinte.
Finalmente, com o projeto aprovado o setor de PPCP irá planejar e acompanhar o produto
desde a compra da matéria prima até a entrega para os distribuidores.
Na empresa estudada todas as etapas de desenvolvimento de produto são
obrigatoriamente respeitadas, pois segundo a estilista interfere diretamente na qualidade do
produto desenvolvido. O processo de desenvolvimento de produtos na empresa é feito seis
meses antes da entrega para o distribuidor. Todos os meses são lançados produtos novos, com
uma variedade de até 25 modelos por linha. A empresa conhece seus concorrentes e mantêm
uma constante pesquisa de avaliação, realiza engenharia reversa para verificar a qualidade e a
tecnologia usada pelos concorrentes. Alguns dos concorrentes lançam coleções semestrais ou
por estação. Porém o foco da empresa estudada é a qualidade, caimento e beleza do produto.
Durante a entrevista a estilista relatou que já houve alguns produtos que não foram
aceitos pelos clientes, citando como exemplo uma coleção com cor preta e roxa. Para mudar a
visão dos clientes foram feitas ações de marketing para não ocorrer erro novamente.
Segundo a responsável, a empresa obteve grandes sucessos em seu histórico, um
exemplo foi uma coleção com estampa de zebra, devido a qualidade e bom gosto na
combinação de cores, a empresa teve que repetir sua produção duas vezes. Uma atividade
incomum devido a rapidez das coleções. Esse produto contribuiu gerando visibilidade para a
empresa.
5. CONCLUSÃO
A importância de um bom desenvolvimento de produto é passar por todos os
processos se esforçando para que eles sejam bem feitos e não necessitem de retrabalho em sua
construção, resultando assim um produto de qualidade que obtenha sucesso no mercado.
Visto a importância do desenvolvimento de produto para a empresa, foi possível
observar no caso estudado que a empresa Duzani segue o modelo de desenvolvimento de
produto diferente em algumas etapas dos modelos encontrados na teoria. A empresa verifica
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em cada etapa a importância da qualidade. Ela busca os melhores aviamentos, tecidos, o
maquinário e profissionais. Para garantir competitividade no mercado e um diferencial no seu
segmento.
Na realização dessas etapas é feita a verificação da qualidade, pois caso não seja
verificado o produto pode ser lançado com algum defeito ou falha e isso que a empresa
procura prevenir.
Contudo, o objetivo geral deste trabalho foi alcançado uma vez que foi verificado que
a empresa estudada aborda nas etapas de desenvolvimento de produto; a qualidade, sendo
assim foi possível responder ao problema de pesquisa.
A limitação desse estudo se dá na generalização, pois a pesquisa foi realizada em uma
única empresa.
Sugere-se para pesquisas futuras o estudo de como é abordada a qualidade no processo
de desenvolvimento de produto em empresas de outros setores, como por exemplo o setor
alimentício que terá um amplo campo para pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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prática. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.
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Científica. 6. ed. São Paulo, SP: Pearson Prentice Hall, 2007.
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manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.
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MARSHALL JUNIOR, Isnard et al. Gestão da Qualidade. 8ª ed. Rio de Janeiro: Editora
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MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia
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MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da administração: da revolução urbana
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Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros
países
PRADO, RODARTE, BONFIM (2015)
RELAÇÃO DO PREÇO DO PETRÓLEO COM O PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS: UM
ESTUDO COMPARATIVO NO BRASIL E EM OUTROS PAÍSES
Brenner Augusto Alves do Prado
Bacharel em Ciências Contábeis
Alex Aparecido Rodarte
Bacharel em Ciências Contábeis
Marisse Dizaró Bonfim1
Mestre em Controladoria e Contabilidade
RESUMO
O setor de petróleo é um dos principais impulsores do PIB nacional que aliado ao de
combustíveis tornou-se os mais influentes e úteis ao governo no controle da inflação. Neste
contexto buscou-se analisar a relação entre o preço do barril de petróleo e o preço dos
combustíveis praticados nas bombas. Com os últimos reajustes dos preços aplicados aos
combustíveis, ocorridos em 2014 e 2015, e a inconstância do valor do barril de petróleo, o
tema voltou à tona, sendo necessário analisar se essas variáveis têm influência sobre os preços
dos combustíveis para identificar se há relação entre a oscilação. Este estudo teve como
objetivo quantificar a variação do preço dos combustíveis frente ao do petróleo, por meio de
um estudo documental, abrangendo os dados do Brasil, da Alemanha, dos Estados Unidos, do
Reino Unido, do Japão e da França, sendo utilizadas ferramentas estatísticas para as análises,
que permitiram observar que há relação entre os reajustes nos preços dos combustíveis e a
variação do preço do barril do petróleo no Brasil, porém, a mesma não foi de grande
proporção. Constatou-se ainda que na Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Japão e
França, esta correlação apresenta maior estabilidade, impactando diretamente no preço dos
combustíveis.
Palavras-chave: Petróleo. Combustíveis. Preços.Correlação.
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Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros
países
PRADO, RODARTE, BONFIM (2015)
1. INTRODUÇÃO
Durante muitos anos, o governo controlou os preços dos combustíveis, a produção e a
comercialização de petróleo e seus derivados por meio da Petrobrás. A partir da Lei nº
9.478/97 foi instituída a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP), responsável pela fiscalização e regulamentação da produção, distribuição e
comercialização de petróleo e seus derivados.
Em 2002, através da Lei 9.990/01, quando toda transição entre a quebra do monopólio
do governo e a Lei 9.478/97 ficou completa, o Brasil se tornou um país de livre
comercialização, porém, o monopólio não foi completamente quebrado, sendo o governo
ainda responsável pela autorização de reajuste dos preços dos combustíveis ao consumidor
final como uma das válvulas de escape para o controle da inflação. Neste mesmo período, o
preço do barril do petróleo sofreu grandes variações, atingindo recordes de preços em
determinada época.
Surge então a seguinte pergunta de pesquisa: Há relação entre a oscilação do preço do
barril do petróleo com o preço do litro dos combustíveis no Brasil?
Se levar em conta apenas o período analisado neste estudo, pode-se observar a
oscilação do preço do petróleo frente às crises mundiais e demais fatores que impulsionaram
sua variação, fazendo com que o preço do barril saísse de US$28,84 em 2003, passando por
US$139,83 em 2008,atingindo US$111,58 em 2012 e chegando aaproximadamente US$60,00
o barril em 2014.Segundo a Petrobrás, a participação do petróleo e seus derivados no PIB
nacional saltaram de 3% no de 2000 para 13% em 2012 (ANP, 2013). O objetivo desse estudo
é verificar se há relação entre a oscilação do preço do petróleo e o preço dos combustíveis no
Brasil.
Marjotta-Maistro e Barros (2002) estudaram como eram formados os preços dos
combustíveis e como seriam após a lei 9.990/01, de que maneira essas mudanças afetariam o
consumidor final e quais os principais fatores que impulsionariam o aumento da demanda
pelos mesmos. Assim, os resultados foram que o preço da Gasolina A nas refinarias reduziu
25%, chegando ao consumidor final com uma redução de 11,88%. Essa redução no varejo
proporcionou um aumento na demanda de 2%.
Araújo (2006) analisou os efeitos da volatilidade de preços do petróleo na economia
brasileira no período de 2002 a 2006, concluindo que o aumento do preço dos combustíveis,
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Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros
países
PRADO, RODARTE, BONFIM (2015)
no país, não acompanhava a alta volatilidade do preço do petróleo no mercado internacional,
no entanto, o governo utilizava da politica monetária para que não houvesse desvalorização
do real.
Este estudofaz-se necessário para complementaras lacunas deixadas nos trabalhosde
Marjotta-Maistro e Barros (2002), e Araújo (2006), visando analisara variação dos preços dos
combustíveis relacionando-os com os do petróleo no período de 2002 a 2014e
tambémverificar se há relação na alteração dos preços dos combustíveis nos demais países em
decorrência da mudança no valor do barril do petróleo, com o intuito de identificar se os
preços dos combustíveis são reajustados de acordo com a variação do petróleo.
2. PETRÓLEO - SUA HISTÓRIA NO MUNDO
Existem registros sobre o afloramento de petróleo naturalmente a cerca de 3.000 a.c.,
na Mesopotâmia. Na época, era chamado de betume e sua principal utilização era em
construções como argamassas, na área de saúde para estancar ferimentos, curar feridas, dor de
dentes, curar cataratas, aliviar o reumatismo, baixar a febre e como principal fonte de energia
para iluminação (YERGIN, 1992).
Em 1853, George Bissel com uma escumadeira e trapos, coletou uma pequena
porcentagem de petróleo quando passava pela Pensilvânia (EUA). Acreditando possuir um
grande poder energético com capacidade de gerar grandes riquezas, Bissel fundou a primeira
empresa de petróleo do mundo, a Pennsylvania Rock OilCompany. Para dar continuidade e
confirmar sua teoria, de que o petróleo era um líquido de grande poder energético e de grande
capacidade de gerar riqueza, contratou o professor Benjamin Sillimans, cientista respeitado
por todos no século XIX. Assim, em 1855, o mesmo finaliza sua pesquisa e entrega a Bissel
um estudo que conclui que aquele óleo era de altíssima qualidade como lubrificante e
iluminante (TUGENDHAT e HAMILTON, 1975, apud ARAGÃO, 2005).
Necessitando aumentar a capacidade de extração do óleo em grandes proporções sem
que os custos fossem superiores aos dos óleos iluminantes comercializados na época, Bissel
teve a ideia de utilizar as técnicas de sondagem e perfuração de poços de sal substituindo as
escavações por perfurações (YERGIN, 1992). Em 1859, o Cel. Drake perfurou um poço com
apenas 21 metros de profundidade produzindo 2 m³/dia de óleo, dando início a exploração
comercial naquele país. Além disso, descobriu-se que, destilando aquele óleo obter-se-iam,
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com uma grande lucratividade, um produto capaz de substituir a querosene do carvão e o óleo
da baleia, até então únicas fontes de energia utilizadas para iluminação. Desta forma, iniciouse a era do petróleo (THOMAS, 2001).
Simultaneamente ao desenvolvimento da indústria petrolífera nos Estados Unidos, em
1871 começaram as perfurações de poços na Europa atingindo em escala comercial a
distribuição de petróleo e seus derivados, em especial na região de Baku, na Rússia
(YERGIN, 1992). Assim, a exploração de petróleo começou a tomar proporções mundiais,
ultrapassando as fronteiras e chegando a outros países.
2.1.
Petróleo e o Brasil – contexto histórico
A tentativa de se encontrar petróleo no Brasil iniciou em 1864, porém, somente em
1897 o líquido negro saiu do subsolo brasileiro pela primeira vez, na região de Bofete, estado
de São Paulo, sendo extraídos dois barris de petróleo. Em 1907, foi criado o Serviço
Geológico e Mineralógico Brasileiro (SGMB), órgão fundado na tentativa de profissionalizar,
organizar e especializar os órgãos públicos responsáveis pela captação de petróleo, seguido
pelo Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), órgão constituído em 1933 pelo
Ministério da Agricultura (WEBER, 2005).
Os empresários interessados no segmento de refino de petróleo nos anos 40,
agilizaram as instalações de suas refinarias privadas naquele período, uma vez que, já existia
uma discussão avançada de que o governo interviria neste setor, impossibilitando que novas
refinarias privadas fossem construídas no país, quando em 1953 através do decreto 2.004 foi
criada a Petróleo Brasileiro S/A – Petrobrás (ARAGÃO, 2005).
Em 1971, com intuito de aumentar a competição na distribuição de petróleo e seus
derivados foi criada a Petrobrás Distribuidora S.A. Um ano depois, foi constituída a
BRASPETRO, empresa responsável pela realização, no exterior, de trabalhos em pesquisas,
exploração, refino, transporte e comercialização de petróleo e seus derivados, já que se
instaurava no mundo uma crise gigantesca de petróleo. Já naquele período, a Petrobrás
continuava a descobrir novos poços de exploração tanto na terra quanto no mar (WEBER,
2005).
Em 1995, houve a quebra do monopólio doGoverno, que utilizava os combustíveis
para controlar a inflação,por meio da Emenda Constitucional nº 09/1995, devido à falta de
competitividade na comercialização, má qualidade dos serviços prestados e escassez de
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investimentos para modernização dos mesmos. Em 1997, entrou em vigor a Lei do Petróleo
(Lei nº 9.478/1997) que reiterou o monopólio do Governo Federal sobre os recursos
petrolíferos criando a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis(ANP),
responsável pela regulação, contratação e fiscalização de todos os direitos de produção,
exploração, distribuição e econômicos do petróleo e seus derivados, gás natural e
biocombustíveis (WEBER, 2005).
Em janeiro de 2002, terminou todo o transcurso da inclusão do Brasil nos moldes
internacionais com a permissão dos preços e importações de petróleo e seus derivados no
mercado nacional (ARAÚJO, 2006). A partir daí a comercialização de combustíveis no Brasil
passou a ser totalmente liberado, o que possibilitou que outras empresas nacionais e
internacionais agissem no mercador nacional, desde que cumpridasàs regras estabelecidas nas
portarias publicadas pela ANP em 27 de dezembro de 2001 e suas alterações. Como
consequência, o monopólio da Petrobrás para importação deixou de existir, surgiram novos
negociadores, acelerando a competitividade com as atuais refinarias produtoras (ANP, 2004,
apud ARAGÃO, 2005). Desta forma, o preço da gasolina A (pura) nas produtoras deixou de
ser controlado pelo governo, tornando a importação de derivados livre.
Em julho de 2005, a Petrobrás comunicou à ANP que possuía sinais de petróleo no
primeiro poço, sendo perfurado na Bacia de Santos a uma profundidade de 7.628 metros com
início em 01 de janeiro de 2005 e término em 27 de outubro de 2006. Durante este tempo, o
desafio tecnológico foi grande, pois, nunca havia existido uma tecnologia capaz de perfurar e
extrair petróleo nessa profundidade (PAPATERRA, 2010).
A partir do pré-sal o país entrou no moderno mundo tecnológico com novas
descobertas e avanços, por meio de novas pesquisas e desenvolvimento de equipamentos e
máquinasnão existentes para exploração em grandes profundidades marítimas. Esse progresso
foi possível devido a altos investimentos feitos no setor petroleiro, transformando o Brasil em
um país desenvolvido no setor petrolífero.
2.2.
Combustíveis automotivos derivados de petróleo – contexto mundial
Nas pesquisas com petróleo foi possível descobrir diversos derivados, principalmente
combustíveis, entre eles o óleo diesel e a gasolina. O óleo diesel surgiu a partir da necessidade
que o engenheiro mecânico Rudolf Christian Karl Diesel, em 1858, tinha de utilizar o petróleo
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como combustão em um de seus motores, porém, o petróleo líquido demorava muito para
queimar e deixava grande quantidade de cinzas. A partir daí, ele começou a monitorar a
reação química que ocorria durante o processo, desenvolvendo técnicas de controle de
oxigênio e de quantidade de combustível utilizado. Assim, Rudolf criou vários inventos como
bombas e bicos injetores, e o óleo adquirido a partir do refino de petróleo foi batizado de
Diesel, em homenagem à Rudolf (ANDRADE, 2009).
A utilização da gasolina em veículos automotores iniciou-se em 1883 com Karl Benz e
alguns investidores quando fundaram a Benz &Co. A empresa fabricava veículos com
motores quatro tempos movidos à gasolina (Mercedes-Benz, 2015). Desta forma, a gasolina
tornou-se um dos principais combustíveis consumidos no mundo.
2.1.1. Desenvolvimento Brasileiro
A primeira importação de produtos derivados de petróleo pelo Brasil ocorreu em 1901,
quando foi adquirido 64.160m³ de querosene. Em 1907 iniciou-se a importação de gasolina,
que surgiu para abastecer os primeiros veículos automotores que circulavam no país. A
entrada do óleo combustível começou em 1913, passando a concorrer com o carvão mineral.
(IBGE, 1990; SMITH, 1978).
Durante muitos anos o país não se esforçou nas pesquisas de exploração e de refino de
petróleo e os lucros se concentravam nas multinacionais que aqui estavam instaladas, não
mostrando interesse de expandir seus negócios.
A regulamentação dos combustíveis começou em 1938, com a criação do Conselho
Nacional do Petróleo (CNP). Mesmo com a produção e consumo de combustíveis no país, o
governo instaurou o Decreto nº 737 com intuito de reduzir as importações. A partir desse
decreto começou a ser adicionado na gasolina o álcool anidro, sendo a primeira intervenção
do governo na gasolina comercializada no país (SOARES, 2002).
Durante o ano de 1955, surgiu a primeira regulamentação, em forma de lei, referente
às especificações da gasolina, a Norma CNP-01, anexa à Resolução nº 2, distinguindo a
gasolina em dois tipos: a A (comum) e a B (especial), que eram visualizadas nas cores laranja
e azul respectivamente (SOARES, 2002).
Com a escassez e os embargos na década de 70, e devido à crise internacional do
petróleo, alguns países começaram buscar alternativas para suprir o consumo interno de
combustíveis. Com isso, o Brasil regulamentou com a Resolução nº 22 de 19 de dezembro de
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1978, a já existente adição do etanol anidro à gasolina A, reduziu o consumo da gasolina no
país e consequentemente a importação da mesma (SOARES, 2002). Como pioneiro na
utilização do etanol puro (ou etanol hidratado) como combustível em grandes quantidades, em
1975, o Brasil criou o Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL e seguiu o mesmo
caminho, em 1980, os Estados Unidos também começou a utilizar o etanol como combustível
(OLIVEIRA, 2009).
Em 1990, criou-se o Departamento Nacional de Combustíveis (DNC), órgão que
substituiu o CNP. Uma das suas primeiras medidas foi aumentar a adição do etanol anidro na
gasolina para 22% pela Portaria DNC nº 22 de 23 de setembro de 1992. O motivo para o
aumento foi o excesso de álcool no mercado e à pressão dos usineiros para comercializar seus
produtos. Os próximos anos do DNC foram marcados por portarias publicadas focando a
redução de poluentes nos combustíveis, até que em 1997, quando oGoverno abdicou-se do
controle da importação de alguns produtos (como os solventes), surgiram aberturas para as
adulterações dos combustíveis. Além disso, a sonegação fiscal começou a ser um problema
para o governo (SOARES, 2002).
Durante os anos 2000, o consumo de gasolina e óleo diesel continuou subindo
mantendo-se como os principais derivados comercializados no país, conforme apresentado
nográfico1.
Gráfico 1 – Consumo de combustíveis de 2000 a 2011.
Fonte: ANP, 2013.
O gráfico apresentou um consumo praticamente estável até 2006. A partir daí, o
aumento do consumo da gasolina e do óleo diesel manteve emconstante crescimento, exceto
em 2009, quando o diesel sofreu uma pequena queda, recuperando-se no ano seguinte.
Já a produção nacional desses combustíveis não cresceu no decorrer dos anos, e não
conseguiu acompanhar o crescimento do consumo, isto fez com que o país reduzisse a quase
zero o número de exportação de gasolina e começou a importar a partir de 2010. O óleo diesel
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por sua vez, sofreu uma oscilação nesse período, o que reduziu as importações e aumentou as
exportações nos anos de 2003 a 2009, porem o país voltou a importar mais o combustível nos
últimos anos (ANP, 2013).
2.3.
Históricos de preços - petróleo
No século XIX, ainda no início da exploração de petróleo nos EUA, a quantidade
produzida era superior à necessidade do mercado, fazendo com que o preço do barril sofresse
grandes oscilações. A gráfico2 apresenta toda a variação dos preços do barril do petróleo
desde 1861 até 2013, apresentando os valores do ano e corrigindo-os aos do último ano.
Gráfico2 – Preço histórico do petróleo de 1861 – 2013
Fonte: British Petroleum (BP), 2014.
Nos anos 2000, o preço do barril do petróleo sofreu o maior aumento da história, cujo
preço passou deUS$25,51 em Janeiro de 2000 para US$125,45 em Março de 2012, atingindo
o máximo de US$132,72 em Julho de 2008. Os fatores que proporcionaram o aumento foram:
o forte crescimento do consumo mundial de petróleo; a fraca expansão da produção mundial
de petróleo; a redução da capacidade ociosa tornando o mercado mais sensível às tensões
geopolíticas e os eventos climáticos negativos; e o forte incremento de posições em petróleo
no portfólio de investimentos de fundos financeiros (BP, 2014; EIA, 2015). Em Dezembro de
2008 ocorreu uma queda e o barril chegou a ser negociado à US$39,95, essa queda foi
ocasionada pela crise financeira internacional, conforme demonstrado no gráfico 3.
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115
95
75
55
35
15
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Brent US$
Gráfico3 – Preço histórico do petróleo de 2000 – 2014
Fonte: Elaborado pelos autores, baseado emU. S. Energy InformationAdministration (EIA), 2015.
No ano de 2014, os preços do barril de petróleo despencaram fechando o ano em
US$57,56, o motivo desta queda foi muito discutido, porém, uma das principais causas
apontadas é a alta da produção mundial, que superou novamente o consumo, deixando os
reservatórios cheios. Outros motivos destacados é a exploração do xisto no EUA e Canadá,
que acrescentou quatro milhões de barris no mercado e a queda da procura pela Europa
(BOWLER; FELDSTEIN; DICHTCHEKENIAN, 2014).
Durante a década de 60, o Brasil era dependente das importações. Uma competição
pelo controle mundial dos preços de petróleo estava se propagando e os países árabes, como
maiores produtores, instituíram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo(OPEP),
pois, os preços do barril do petróleo eram o centro da economia na época, sendo que, quem os
controlasse seria declarado o “senhor da economia”. Durante os anos 70, a Majors (as sete
maiores empresas do setor – Esso, Shell, Mobil, Anglo Persian, Socal, Texaco e GulfOil)
representava 80% das exportações mundiais, competindo pelo controle dos preços e
negociando diretamente com os países, desencadeando, assim, a nacionalização das reservas
de petróleo no Oriente Médio. Devido a esses negócios os preços começam a subir originando
o primeiro choque do petróleo (YERGIN, 1992; CECCHI, 2000).
Na década de 70 com a Guerra do Yom-Kippur1 e com a Revolução Iraniana
ocorreram várias crises mundiais de petróleo, o que provocou uma elevação dos preços e fez
com que os principais produtores reduzissem a produção mundial,o que limitou a
comercialização com alguns países consumidores (CECCHI, 2000). Somente na década de 80
1
Durou cerca de 20 dias, foi o ataque de Egípcios e Sírios simultâneos a Israel devido a terras Egípcias e
Sírias ocupadas por Israel em 1967, acabando somente com a intervenção da ONU, EUA e a União Soviética,
fazendo com que os países árabes membros da OPEP, boicotassem os países que apoiaram Israel não
comercializando nenhum barril de petróleo.
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com a introdução dos preços netback1 os preços voltaram a cair de US$36,83 para US$14,43 e
no ano de 1990, os preços voltaram a subir graças à invasão Iraquiana ao Kuwait, onde
atingiram US$23,73 (BP, 2014).
Em janeiro de 1860, o valor era de US$10,00, caiu para US$0,10 no final do ano
seguinte devido à oferta ser maior que a demanda. Durante os anos 1862 a 1865, ocorreu um
aumento na procura. Graças à expulsão do óleo de carvão e de outros iluminantes na região da
Pensilvânia e à Guerra Civil Americana, os preços começaram a subir atingindo US$13,75, o
equivalente a US$120,00 em 2013. Em 1866 e 1867, devido àgrande corrida criada pela
exploração do petróleo na Pensilvânia, logo se esgotou as reservas da região, criando a
primeira bolha diante do preço do petróleo, onde o barril atingiu o valor de US$2,40. Na
década seguinte, a produção de petróleo novamente saiu do controle, a ponto de não haver
mais lugares para estocagem e fazendo com que seu valor chegasse à US$0,48, três centavos a
menos que um barril de água potável na época (YERGIN, 1992). Estes são uns dos primeiros
relatos de comercialização do barril de petróleo, onde os preços já demonstravam fragilidade
oscilando facilmente.
2.1.2. Combustíveis
Historicamente, os preços dos combustíveis sempre foram um dos grandes
questionamentos dos consumidores. Cada país adota seu critério de precificação fazendo com
que em alguns o valor comercializado nas bombas esteja acima do praticado em outras
regiões. Já outros países subsidiam esses valores diminuindo-os e deixando-os bem abaixo do
vendido no mercado internacional. O Brasil sempre adotou uma politica específica para os
preços comercializados nos postos, tanto para a gasolina, quanto para o óleo diesel. O
gráfico4 apresenta um comparativo de dados fornecidos pelo Banco Mundial onde foi
realizado um estudo histórico sobre os valores dos combustíveis desde 1992 até 2012
realizando uma média mundial e comparando-a aos os valores brasileiros (THE WORLD
BANK, 2015).
De 1938 a 1990, o governo adotou como critério para precificação de produtos
derivados de petróleo no mercado interno um tabelamento em função da economia nacional,
sem riscos para a indústria de refino de petróleo e a homogeneização dos preços em todo o
1
Os preços netbacké um processo em que o preço do petróleoé determinado com base em seu preço de
consumidor final, ou seja, os preços de seus derivados (gasolina, óleo diesel, óleo combustível, etc.), menos um
valor que cubra os custos ao longo da cadeia (transporte, distribuição, refino, revenda, etc.).
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país. A partir de 1990, um novo modelo foi adotado, no qual visava cobrir os custos de toda a
cadeia de produção e distribuição dos derivados. Algumas medidas foram adotadas visando
liberar parcialmente os preços, como, a liberação dos preços nos postos de revenda tendo um
valor máximo fixado (MARJOTTA-MAISTRO E BARROS, 2002).
Nota-se no gráfico que preço da gasolina no Brasil não acompanha a média mundial,
estando em apenas dois anos abaixo, 1992 e 2002. A partir de 1996 com a liberação do preço
da gasolina pela portaria do MF n.º 59, de 29 de Março de 1996 (BICALHO E GOMES,
ANP, 2015), pode-se notar a discrepância do preço da Gasolina nacional em comparação a
mundial.
Gráfico4 – Preço histórico da gasolina e do óleo diesel de 1992 a 2012
Fonte: Elaborado pelos autores, baseado em The World Bank, 2015.
Em 2002 com a quebra parcial do monopólio do governo sobre o preço dos
combustíveis, verifica-se uma pequena queda, pois a partir da Lei 9.990/01 o Brasil se tornou
um país de livre comercialização.Já a partir de 2002 houve novamente um aumento no preço
da gasolina brasileira em relação à média mundial, aumento esse que justifica-se com a
instituição da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico(CIDE), que passou a
vigorar até 22 de Junho de 2012, quando, por meio do Decreto Nº 7.764, de 22 de Junhode
2012, o governo zerou a alíquotas da CIDE, ocasionando a queda no preço da gasolina após
esse período.
Já o óleo diesel obteve-se sempre abaixo da média mundial até 2012, quando a média
mundial esteve a US$0,86 e o valor comercializado no país chegou a US$0,84. Essa
aproximação pode ser justificada devido à liberação do comércio e a importação de óleo
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diesel em 2002, assim, os valores do diesel começaram a serem ditados pelo mercado e não
mais pelo governo.
3. METODOLOGIA
Nesse estudo busca identificar como é a relação entre a variação do preço do barril de
petróleo e dos combustíveis e porque em alguns países essa relação se mostra mais intensa,
com forte correlação do que no Brasil. O estudo de caso visa responder perguntas do tipo
“como” ou “porque” através de um estudo abrangente e relevante (YIN, 2001),
Após, iniciou-se a elaboração do referencial teórico que tem como objetivo sustentar o
desenvolvimento do trabalho, onde se encontra o histórico do tema até a atualidade,
demonstrando seu papel no contexto sócio econômico atual e a sua importância na elaboração
deste estudo.
O presente trabalho seguiu um protocolo, que segundo YIN (2001), visa àconstrução
de um objetivo inicial com meios e as ferramentas necessárias utilizadas para chegar objetivo
esperado e discutiros resultados encontrados. Demonstra como foi feita a elaboração de todo o
trabalho ao longo de seu desenvolvimento, detalhadamente, evidenciando os meios, as
ferramentas e os critérios para seleção e análise dos dados, evitando distorções, ou seja, sem
que os autores tendênciem os resultados.
Para a elaboração do estudo de caso, é indispensável à presença de cinco
componentes, sendo eles: as questões de um estudo; suas proposições se houver, ambas
mencionadas no inicio deste capitulo.As unidades de análise; a lógica que une os dados às
proposições; e os critérios para interpretação dos resultados encontrados YIN (2001).
Quanto às unidades de análise, foi utilizado o preço histórico do Barril de petróleo,
que foi coletado no site a U.S. Energy InformationAdministration (EIA)1 - sendo utilizado o
Brent, por ser comercializado na bolsa de Londres e abranger mais países distribuídos pelo
globo.Os preços históricos do diesel e da gasolina, no período de 2002 a 2014 foram
coletados do relatório da International Energy Agency (IEA)2 - e para maior confiabilidade e
fundamentação da pesquisa.Para efeito de comparabilidade e melhor desenvolvimento do
trabalho, foi utilizado como critério àsdez maiores economias do mundo, recorrendo aos
1
2
http://www.eia.gov/dnav/pet/pet_pri_spt_s1_a.htm
http://www.iea.org/statistics/statisticssearch/
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países presentes no relatório da IEA, Alemanha, Estados Unidos, França, Japão e Reino
Unido, e comparando-os ao Brasil. Quanto aos dois componentes restantes e a lógica que une
os dados às proposições, e os critérios para interpretação dos resultados encontrados serão
apresentados no próximo tópico de Análise e discussão dos resultados.
Para nivelamento dos valores, foi utilizado o dólar dos Estados Unidos, pois, se trata
de uma moeda globalizada.Os países que serão analisados no decorrer do trabalho são
Alemanha, Brasil, Estados Unidos da América, Japão e Reino Unido.Os demais países que
compõem as 10 maiores economias e não se encontram no presente trabalho, foram excluídos
devido à ausência de dados disponíveis para a elaboração do mesmo, que foi baseado no
relatório da IEA.
Os dados dos relatórios internacionais foram convertidos para o dólar, utilizando a
conversão presente no texto ou a taxa de cambio oficial. Após, os elementos foramalocados
em planilhas e calculados a regressão e a correlação para identificar em quais países a
variação do preço do barril de petróleo tem maior influência sobre a variação no preço dos
combustíveis. Segundo Bruni (2011) a análise de regressão e correlação busca identificar a
partir de duas variáveis a relação entre elas, com base em amostras coletadas
aleatoriamente.Posteriormente, visou-se identificar os países que sofrem maior impacto da
oscilação do preço do barril do petróleo, influenciando diretamente no preço dos combustíveis
e onde também esse modelo é utilizado, mas não apresenta a variação fidedigna ocorrida.
Depois de encerradas todas as análises e devidas colocações sobre o trabalho, foi feita a
análise dos resultados encontrados e as considerações finais sobre o trabalho, que esta
detalhada no próximo tópico abaixo.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Todos os dados utilizados para análise são anuais, sendo o período compreendido de
2002 a 2014. Os elementos foram retirados de relatórios da Agência Nacional de Petróleo,
Gás Natural e Biocombustível (ANP)1,U.S. Energy InformationAdministration(EIA),
International Energy Agengy(IEA) e The World Bank2.
1
http://www.anp.gov.br/preco/
http://data.worldbank.org/indicator/EP.PMP.DESL.CD/countries
http://data.worldbank.org/indicator/EP.PMP.SGAS.CD
2
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Os preços pesquisados dos combustíveis referem-se exclusivamente à gasolina e ao
óleo diesel, pois são os combustíveis mais consumidos no Brasil e nos demais países. Para
levantamento dos dados no mercado brasileiro, os preços foram retirados do sítio da ANP. Os
preços internacionais foram obtidos do relatório Energy Pricesand Taxes – QuartelyStatistics
– FirstQuarter2010 e 2015 da IEA. Já os preços do barril do petróleo foram coletados do sítio
da EIA.
De acordo com Marjotta-Maistro e Barros (2002), os dados utilizados em sua pesquisa
sofriam influencia diretas do governo, que controlava os preços dos combustíveis até
dezembro de 2001, a partir de janeiro de 2002 esperavam-se obter melhores dados, livres da
influência direta do estado. Por este motivo, foram utilizados dados a partir de 2002, por se
tratar de informações com menor interferência da união e maior participação do mercado.
Nográfico5, pode-se visualizar a oscilação entre o preço do litro de petróleo e do litro
de óleo diesel de todos os países abordados na elaboração do trabalho.Verificou-se que, em
quase todos os países a variação do preço do óleo diesel em relação ao petróleo apresenta
homogeneidade, exceto no Brasil, onde é possível notar que a variação do preço do litro de
óleo diesel não acompanhou com tanto fervor a oscilação do preço do litro de petróleo.
Observou-se também que devido à crise mundial de 2008/2009 ocorreram quedas
significativas em todos os países analisados.
3,000
Catástrofe Ambiental
2,000
1,000
Crise Internacional
0,000
2002 2003 2004 2005 2006
Brasil
Alemanha
EUA
2007 2008 2009
França
Japão
2010 2011
Reino Unido
2012 2013 2014
Petróleo LT US$
Gráfico 5 – Volatilidade do preço do óleo diesel e do petróleo de 2002 a 2014.
Fonte: Elaborado pelos autores
A diferença apontada no Japão justifica-se, pois, em 2011 um tsunami atingiu o país
causando grandes destruições e catástrofes ambientais, fazendo com que os preços da gasolina
se elevassem desproporcional ao preço do petróleo.
Após, foi realizada a análise de correlação entre o preço do litro do petróleo e o preço
do litro do óleo diesel em todos os países, para identificar em quais deles existem forte
correlação e em quais possuíram uma queda na correlação. Para identificar os pontos
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países
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importantes dentro dos anos, foram analisadas amostras de quatro em quatro anos e
posteriormente, uma pesquisa por todo o período, conforme visualizado nográfico6.
1,000
0,800
0,600
0,400
0,200
(0,200)
Brasil
Alemanha
EUA
França
Japão
Reino Unido
Gráfico6 – Análise de correlação do preço do óleo diesel e do petróleo de 2002 a 2014
Fonte: Elaborado pelos autores
Nos gráficos 6 e 9, que demonstra a correlação, o valor de R varia de -1 ≤ 0 ≤ 1, sendo
que segundo Bruni (2011), quanto mais próximo de 1, mais próximo estarão as condições de
combinações total a uma reta crescente, assim também que quanto mais próximo a – 1, estará
próxima a combinação de uma reta decrescente e quanto mais próximo a 0 identificará que
não há relação nenhuma entre a amostra ou população analisada.
O gráfico apresentou que no período de 2002 a 2008 em todos os países a correlação
manteve-se forte, estando todos os países acima de 0,95. A partir de 2009, em alguns países
está correlação sofreu uma baixa, como é o caso do Brasil que atingiu 0,62, devido à crise
mundial que se instalou naquele período.
Durantes os anos de 2010 e 2013, o país não apresentou correlação. Nesses anos, o
preço do petróleo voltou a subir, pouco oscilando entre 2011 a 2013, enquanto os preços dos
combustíveis obtiveram quedas, devido à suspensão da CIDE-Combustíveis em 2012 e ao
enfraquecimento do real perante o dólar, conforme visualizado nográfico7.
Nesse período, os combustíveis apresentaram uma queda de preços enquanto o
petróleo de manteve linear. Essas quedas ocasionadas pela suspensão da CIDE-Combustível
podem ser verificadas entre os anos de 2011 e 2012. Outro fator observado é a queda do preço
da gasolina entre o ano de 2012 e 2013, devido à alteração da porcentagem de adição de
etanol anidro. Entre 2011 e 2012, era 20% conforme portaria MAPA1 nº 678 de 31 de agosto
1
Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
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de 2011, passando para 25% de acordo com a portaria MAPA nº 105 de 28 de fevereiro de
2013 (ANP, 2015).
1,900
1,400
0,900
0,400
1,635
1,213
0,699
1,459
1,138
0,500
2010
1,406
1,071
0,702
2011
Preço Diesel US$
1,328
1,078
0,683
2012
Preço Gasolina US$
2013
Petróleo LT US$
Gráfico 7 – Volatilidade dos preços do petróleo e dos combustíveis entre 2010 e 2013.
Fonte: Elaborado pelos autores
Dessa forma, a correlação dos combustíveis durante esses anos apresentaram-se nulas,
estão 0,10 para o óleo diesel, conforme gráfico9, e 0,04 para a gasolina, de acordo com o
demonstrado nos gráficos 6 e 9.
No geral, a correlação do óleo diesel apresentou-se estável nos demais países,
mantendo-se muito próximo de 1, exceto no Brasil que obteve uma margem próxima a 0,90.
No caso da gasolina, as variações do preço do litro da gasolina nos países analisados
acompanharam a oscilação do preço do litro do petróleo, exceto no Brasil e no Japão que em
alguns momentos verificou-se que enquanto um abaixava o outro aumentava, conforme
visualizado no gráfico8.
No Brasil, a carga tributária adotada pelo país em alguns momentos elevaram os
preços, desproporcionalizando-os dos preços do petróleo.
2,500
Crise Europeia
2,000
1,500
1,000
0,500
Suspensão da CIDE
0,000
2002
Brasil
2003
2004
Alemanha
2005
2006
EUA
2007
2008
França
2009
2010
Japão
2011
2012
Reino Unido
2013
2014
Petróleo LT US$
Gráfico 8 – Volatilidade do preço da gasolina e do petróleo de 2002 a 2014
Fonte: Elaborado pelos autores
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Entre os anos de 2011 e 2012, os preços dos combustíveis na Alemanha e França
sofreram pequenas quedas. Estas baixas foram causadas devido ao enfraquecimento
econômico dos países pertencentes à União Europeia, devido à crise enfrentada por eles
causando fugas de capitais de investidores, escassez de crédito, aumento do desemprego,
diminuição dos rantings, quedas ou baixo crescimento do PIB, etc.
A seguir, foi realizada a análise de correlação entre o preço do litro da gasolina e o
preço do litro do petróleo, sendo adotado o mesmo critério de análise do óleo diesel, conforme
demonstrado nográfico9.
No início, em todos os países pode-se identificar uma forte correlação, até o ano de
2009, quando, devido à crise internacional, o preço do petróleo despencou, fazendo com que
alguns países adotassem próprios critérios para manterem-se ativos. O Brasil adotou várias
medidas econômicas/tributárias para que os preços dos combustíveis não sofressem grandes
alterações, principalmente após o ano de 2012 com a suspenção da CIDE-Combustíveis.
1,000
0,800
0,600
0,400
0,200
-
Brasil
Alemanha
EUA
França
Japão
Reino Unido
Gráfico 9 – Análise de correlação do preço da gasolina e do petróleo de 2002 a 2014
Fonte: Elaborado pelos autores
Entre os anos de 2011 e 2014constatou-se que em todos os países a correlação sofreu
uma diminuição devido à queda dos preços do barril do petróleo no segundo semestre de 2014
e a crises internas enfrentadas por eles. Isso foi influenciado devido à cautela em relação à
queda dos preços dos combustíveis nas bombas, não acompanhando a redução de custos com
petróleo.
No Brasil, identificou-se que após a crise financeira internacional de 2008, o país não
conseguiu acompanhar a oscilação do preço do petróleo, fazendo com que no geral o país
mantivesse aproximadamente uma correlação de 0,90, enquanto nos demais países, esta
correlação ultrapassou os 0,95.
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Respondendo a pergunta de pesquisa, a correlação apresentou-se abaixo da de outros
países, porém, a um nível considerável para dizer que existe relação entre a oscilação do preço
do petróleo e do preço dos combustíveis no Brasil.
Segundo Araújo (2006), no Brasil, o governo é conservador em suas políticas de
preços em relação à gasolina e o óleo diesel, procuram proteger o consumidor da alta
volatilidade de preços do barril de petróleo controlando assim a inflação.
Porém, mesmo sendo cauteloso, o preço dos combustíveis acompanham a oscilação do
preço do barril de petróleo, devido às medidas econômicas adotadas pelo país, como: cambio,
inflação, juros, entre outros.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O governo brasileiro, por décadas segurou os preços dos combustíveis para combater a
inflação. Com as mudanças que ocorreram a partir das leis nº 9.478/97 e 9.990/01, esse
domínio acabou sendo centralizado no mercado,porém, mesmo com o a quebra do controle,
os governantes ainda influenciam diretamente nos preços comercializados, principalmente ao
consumidor final.
Este estudo visou demonstrar como é a relação entre a oscilação do preço do barril do
petróleo em relação aos preços dos combustíveis no Brasil, demonstrando que no país existe
correlação, porém, ela não é tão significativa como em outros países. Esse resultado se dá a
diversos fatores, como: políticos, econômicos, ambientais, entre outros, que influenciam
diretamente nos preços praticados no país.
Os dados dos demais países apresentaram-se condizentes com a oscilação do petróleo,
exceto no Japão que durante o período de 2011 e 2012 sofreu uma catástrofe ambiental
impactando diretamente na economia do país. No mesmo período, a União Europeia
enfrentou uma das piores crises já vista naqueles países, impactando nos preços dos
combustíveis causando pequenas baixas.
Entre os anos de 2011 e 2014, verificou-se que em todos os países a correlação sofreu
uma queda. Esta baixa está relacionada a diversos fatores internos e externos, entre eles: crise
na União Europeia, catástrofe ambiental no Japão, redução do preço do petróleo no segundo
semestre de 2014, aumento da produção do Xisto dos EUA, entre outros.
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Por fim, sugere-se como pesquisas futuras, estudar sobre o impacto da volatilidade do
preço do petróleo e dos combustíveis por regiões e economias. Além disso, a análise da carga
tributária incidente em cada país deve ser verificada, pois, impacta diretamente no ganho ou
perda de correlação. Essa dedicação pode ser concentrada no entendimento dos principais
mecanismos que atingem a precificação dos combustíveis e entendimento do momento
econômico mundial, já que o mesmo tem sofrido grandes alterações nos últimos anos.
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IBOVESPA
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COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA E GOVERNANÇA CORPORATIVA: INFLUÊNCIA NO
DESEMPENHO ECONÔMICO DAS EMPRESAS DO IBOVESPA
Oscar de Souza Pento Junior
Bacharel em Ciências Contábeis
Pedro Henrique da Silva Vieira
Bacharel em Ciências Contábeis
Julio Henrique Machado1
Mestre em Ciências Contábeis
RESUMO
A governança Corporativa sofreu grande desenvolvimento nos
últimos anos, passou a ser implantada em
grande escala nas empresas e se tornou alvo de diversas pesquisas no meio acadêmico, com o objetivo
de analisar o seu impacto no desempenho das mesmas. Inicialmente a pesquisa realizou a investigação
dos indicadores econômicos e estrutura de capital votante das firmas de capital aberto integrantes do
índice Ibovespa entre 2009 a 2013. Em seguida, buscou-se analisar a relação entre as características da
estrutura de capital votante e a rentabilidade. No que tange a relação entre origem e natureza do controle
acionário e desempenho econômico nas empresas, verificou-se que companhias que possuem controle
estrangeiro apresentaram resultados superiores as que possuem controle corporativo de origem nacional.
Com relação à natureza do controle, ambos demonstraram resultados estáveis tendo o capital privado
alcançando resultados superiores em relação ao estatal.
Palavras chave: Governança Corporativa, Direitos de Propriedade e Controle, Desempenho
Econômico.
1. INTRODUÇÃO
Dentre os vários conceitos, Governança Corporativa pode ser definida como um
conjunto de primados aplicados na direção de um arcabouço de decisões corporativas. Este
conjunto de premissas pode apresentar diferentes níveis e padrões, conforme o cenário e o
mercado de capitais onde são empregadas. Assim acionistas originários de mercados
1
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financeiros mais fortes, carregam e implantam uma bagagem com técnicas de governança
seguramente mais aperfeiçoadas e aprimoradas que investidores de bolsas de valores menos
desenvolvidas, onde em sua maioria possuem conhecimento e técnicas menos eficientes e
aprimoradas.
Os mecanismos da governança são reiterados na literatura com o objetivo de
minimizar os problemas de agência. Andrade e Rossetti (2009) resumem que os conflitos de
proprietários-gestores deslocaram-se para conflitos entre acionistas majoritários e
minoritários.
A utilização da governança corporativa conforme Da Silva e Leal (2007) até o final do
séc. XX no Brasil, ainda era pouco difundida. Acionistas controladores empregavam as
possibilidades legais para emitir ações não votantes em uma quantidade de até 66,67% (2/3)
do capital total (lei 6.404/76), para que, desta forma, pudessem compartilhar a propriedade
sem perder o controle.
Corporações brasileiras oriundas de uma economia emergente sintetizam-se em um
caso de estudo, onde, os modelos de governança corporativa foram significativamente
remodelados nas últimas duas décadas, incluindo também, importantes mudanças em relação
à legislação societária.
A literatura dedicada ao tema fundamentou-se na premissa de que as firmas são de
propriedade dos acionistas, assim, a administração deve atuar em função dos mesmos.
Para Andrade e Rossetti (2009) os mecanismos para o processo decisório devem
resultar em uma democracia acionária, onde os interesses de todos os acionistas devem ser
considerados, analisados e propostos para a atuação da direção executiva, constituição de
conselhos de administração e relacionamento acionistas-corporações, convergindo para uma
boa gestão, buscando melhores resultados.
A partir dos anos de 1990, acontecimentos como as privatizações, abertura da
economia, maior participação de investidores na bolsa de valores, potencialmente
estrangeiros, motivaram esforços em direção a melhores práticas de governança corporativa.
Algumas iniciativas privadas deste período que ilustraram o aperfeiçoamento das
práticas de governança corporativa foram, a fundação do Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC), a recomendação de melhores práticas de governança corporativa pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a criação do Novo Mercado na BM&fBovespa,
conforme Silva e Leal (2007).
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Diante disso, manifesta-se a seguinte questão: A estrutura acionária por meio de sua
cultura em governança corporativa influencia no desempenho econômico das empresas do
Ibovespa?
Desta forma, objetiva-se verificar a rentabilidade das companhias integrantes do índice
Ibovespa, por meio de variáveis de retorno sobre o investimento e retorno sobre o patrimônio
líquido, conforme origem e natureza do capital investidor que compõem suas estruturas
acionárias.
O estudo de Catapan (2011) sobre o impacto das práticas de governança corporativa,
sob a forma de índices sobre variáveis econômicas e financeiras das companhias brasileiras de
capital aberto, mostrou que corporações com melhores práticas de governança corporativa,
além de melhorar seu valor de mercado, melhoram também seu desempenho. A pesquisa de
Peixoto e Buccini (2013) descobriu que acionistas institucionais, estrangeiros e pulverizados
estão gradativamente ocupando espaço na composição acionária de companhias de capital
privado e estatais.
Estes achados proporcionaram a oportunidade de buscar respostas para a relação de
influência do tipo de capital investidor e sua bagagem de conceitos e práticas de governança
corporativa na composição acionária e a rentabilidade dos ativos da carteira de maior
representatividade e negociabilidade da bolsa de valores, o Ibovespa.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.
Governança Corporativa
A governança corporativa nas companhias é influenciada por uma série de fatores
decorrentes de ambientes econômicos. Assim, os diferentes modelos implantados são
parametrizados e padronizados em detrimento da cultura que praticam e do cenário em que as
mesmas se encontram e atuam. A partir desta premissa, os direitos de propriedade são
manobrados com o objetivo de estruturação dos quadros acionários. Em conseqüência deste
processo de composição está à forma de emissão de ativos financeiros, que figuram acionistas
investidores e acionistas tomadores de decisão. O capital votante decide sobre práticas e
políticas operacionais e financeiras a serem adotadas na execução das operações das firmas.
Sob essa ótica, os proprietários buscam as melhores alternativas em mecanismos de âmbito
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Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do
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corporativo para controlar uma entidade, recuperar o máximo possível do principal investido e
realizar uma gestão de resultado satisfatória.
Para Lopes (2002), ambientes econômicos em conjunto com organismos, agências e
sistemas regulamentadores, considerados importantes fatores para a consecução de mercados
financeiros, podem ser compreendidos inicialmente por dois modelos de ordenamento
jurídico: o common law (lei comum) o ordenamento jurídico em determinado país
fundamento no costume e o code law (código da lei) o ordenamento jurídico em determinado
país fundamentado pela lei. A estrutura jurídica reflete significativamente na organização e
regulamentação destes.
Em função destas condicionantes, verificam-se ambientes oriundos do primeiro
sistema, sem intermédios governamentais e desenvolvidos, e em contrapartida cenários
originários do segundo modelo com forte intermédio do governo e pouco desenvolvimento.
Em locais desenvolvidos as companhias possuem estrutura acionária com um grande número
de acionistas, ao contrário dos cenários pouco desenvolvidos onde, as firmas possuem
estruturas altamente concentradas e diferentes segmentos de capital.
Os direitos de propriedade conforme tratados por Hendriksen e Breda (2009), são
numerosos e de grande diversidade, alguns deles mais importantes e consequentemente
recebem maior ênfase por participantes de mercados. Os direitos de propriedade mais
observados são os de preferência nos fluxos de caixa, os direitos residuais a ativos em casos
de liquidação e os direitos de participação em uma empresa em funcionamento.
Estes ativos são trabalhados pelas companhias nos mercados financeiros, de acordo
com os parâmetros e padrões dos locais onde se encontram. Desta forma levando à
composição e caracterização dos capitais votantes, com investidores nacionais, estrangeiros,
participação exclusiva da iniciativa privada, ou unicamente do setor público, diversificação
entre público/privado ou ainda entre estrangeiro/nacional.
O fator capital votante é ponto fundamental para a consecução de uma corporação, as
diferentes combinações de estruturas acionárias quanto às origens, segmentação e percentuais
de participação. Durante o tempo desenvolvem entraves em torno do custo dos gestores e os
resultados gerados por suas gestões, assim desencadeiam conflitos dentro da agência,
conforme descrevem Andrade e Rossetti (2009).
Andrade e Rossetti (2009) complementam ainda que os conflitos de agência
identificam-se como umas das duas variáveis mais importantes ao desenvolvimento da
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governança corporativa no Brasil, onde inicialmente os conflitos eram travados entre
acionistas e gestores, posteriormente passando a acontecer entre acionistas majoritários e
minoritários. Os conflitos entre acionistas e administradores estão relacionados com a
utilização da metodologia mais eficiente, buscado direcionar a alta gestão a tomar a melhor
decisão existente observando os interesses do investidor e da companhia. O segundo caso
retrata a insegurança entre os próprios investidores em relação aos métodos de trabalho e às
decisões tomadas, o que em ambos os casos demandam constantemente meios cada vez mais
rápidos, seguros e eficientes para se dirigir uma companhia.
Outro fator fundamental para a consolidação deste mecanismo de controle e segurança
é a chamada hipótese de eficiência de mercado. Segundo Lopes (2002), existe uma assimetria
substancial de reações a informação contábil, entre mercados eficientes e mercados não
eficientes. Na primeira hipótese são capazes de avaliar informações contábeis complexas
engajadas em seus propósitos e buscarem soluções ótimas em curto espaço de tempo, frente a
mercados financeiros ineficientes que em sua maioria se quer reagem à informação contábil
divulgada.
A combinação desses fatores é chave para o desenvolvimento da governança
corporativa e disposição de estrutura acionária, o que caracteriza um arcabouço de medidas e
ferramentas implantadas com o propósito de controle e obtenção de eficiência nas decisões da
administração, pois os problemas contextualizados acima, historicamente influenciam as
estratégias e propósitos de uma companhia.
Os problemas de agência tomam proporções consideráveis, as disputas e a
desconfiança entre acionistas geram entraves em torno do custo de administradores, a quem
estes devem se reportar e aumenta a demanda por serviços de auditoria, aumentando custos, o
que gera reflexos, seja em relação ao seu valor de mercado ou desempenho econômico,
suportando assim os objetivos da comunidade acadêmica na realização de estudos e pesquisas
sobre esta relação, conforme apresentado no quadro 1 no tópico 2.2.
2.2.
Pesquisas Recentes
Este tópico elenca e realiza um panorama sobre as últimas pesquisas em relação às
diversas frentes sobre governança corporativa e estruturação acionária e seus reflexos nas
companhias, conforme o quadro 1:
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Quadro 1 – Pesquisas recentes
Autores
Principais Conclusões
Silveira
(2002)
Realizou um estudo com as empresas de capital aberto no Brasil no período de 1998 a 2000.
Verificou que existe diferença entre as relações de governança e valor e governança e
desempenho, sendo mais forte com o desempenho, sugerindo que as empresas com um
número intermediário de conselheiros alcançam um maior desempenho financeiro.
Da Silveira e
Famá (2004)
Demonstraram que dentro de grandes corporações, existem modelos nos quais a admissão de
grandes acionistas funciona parcialmente como ferramenta de solução para as questões
relacionadas ao monitoramento da administração, o que permite uma valorização da
companhia a partir de alterações nas políticas corporativas.
Leal, Silva e
Valadares
(2007), Srour
(2007)
Mostram que em países com mercados financeiros em desenvolvimento, manobras como
emissão de duas classes de ações e estruturas de pirâmides são mais comuns e são formas de
segregar direitos de controle e fluxo de caixa e são largamente empregadas, o que facilita o
aumento do número de empresas com estruturas de capitais votantes concentradas e atrasa o
desenvolvimento da governança corporativa e não apresentam relação significante com
variáveis de valor de mercado e desempenho.
Carvalho
(2007)
Leal (2007)
Da Silva e
Leal (2007)
Ferreira,
Ashley,
Rodrigues
ET al. (2007)
Lameira,
Ness
Soares
(2007)
Saito e
Silveira
(2008)
Rogers
(2008)
Catapan
(2011)
e
da
Revelou que os padrões nacionais de governança corporativa encontram-se em
desenvolvimento em relação aos de países de economia desenvolvida por meio de
comparação de literatura.
Revisou a literatura sobre práticas de governança e valor corporativo. Enfatizou a existência
de evidencias de que boas práticas de governança corporativa podem levar a um menor custo
de capital e maior valor de ações das firmas.
Analisaram a relação entre a qualidade das práticas de governança corporativa com valor e
desempenho da firma através da construção de um amplo índice de governança corporativa
para as empresas brasileiras listadas na bolsa. Os resultados indicaram que menos de 4% das
empresas apresentaram “boas” práticas de governança corporativa e que firmas com boas
práticas têm um desempenho (ROA) significativamente superior, existindo relação positiva
entre o Q de Tobin e melhores práticas de governança corporativa.
Estudaram a influência do conselho de administração e valor de mercado em 116 empresas da
Bovespa, de 1998 a 2002. Concluíram que a relação entre estrutura de propriedade, controle e
valor de mercado é diferente da relação entre estrutura de propriedade, controle e
desempenho, uma vez que os resultados apontaram que a primeira relação é mais evidente.
Realizaram um estudo com empresas listadas na Bolsa de Valores e procuraram verificar se a
melhoria das práticas de governança corporativa promoveu impacto no valor das empresas
mensuradas pelo Q de Tobin. Obtiveram resultados estatísticos muito significativos,
sugerindo que a melhoria de práticas de governança corporativa já promoveu impacto no
valor das companhias abertas listadas em bolsa.
Revisaram a literatura sobre custos de agência e estrutura de propriedade e concluíram que
independente da concentração acionária o controle é exercido de forma endógena, e em
relação aos custos de agência não foram acertados modelos com fundamentação teórica
segura que incluíssem prescrições para decisões ótimas acerca de temas-chave em governança
corporativa, como estrutura de capital, remuneração dos gestores, políticas de investimento,
disclosuree conselho de administração
Estudou 16 empresas do Ibovespa de 2003 a 2005, como objetivo de verificar a influência de
melhores práticas de governança corporativa, para o custo de capital e o retorno do
investimento. Concluiu que o custo de capital das empresas com práticas de governança
corporativa superiores é 34,22% menor, e o retorno do investimento das empresas com
práticas de governança corporativa inferiores é apenas 23% maior que o retorno do
investimento das empresas com práticas de governança corporativa superiores.
Investigou os fatores que geram alguma relação entre desempenho e governança, em 111
empresas de capital aberto no Brasil. Utilizou dois questionários, elaborados por Almeida et.
al. (2010) e Leal (2004). O autor concluiu que existe relação estatisticamente significante com
o desempenho econômico-financeiro, tanto quando se abordam indicadores de desempenho
(EBITDA/Ativo, EBITDA/PL, ROA e ROE), como quando se trata de indicadores de
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mercado (q de Tobin), mostrando que entidades com maior transparência maximizam seu
valor de mercado e melhoram seu desempenho.
Investigaram uma possível relação entre a concentração de direitos de voto e a concentração
de direitos sobre o fluxo de caixa com desempenho e valor das empresas listadas na Bolsa de
Valores de São de Paulo, nos anos 2004, 2006 e 2008. Descobriram que no Brasil ainda há
Peixoto
e alta concentração de controle em poder de poucos acionistas. A razão capital votante sobre
Buccini
capital total também vem se reduzindo. Os acionistas de empresas familiares, de empresas de
(2013)
capital privado e estatais vêm perdendo espaço na composição acionária das organizações,
dando lugar aos acionistas institucionais, estrangeiros e acionistas pulverizados. No que tange
à relação entre estrutura de propriedade e valor / performance, constatou-se que firmas com
estrutura mais concentrada possuem menor valor e menor desempenho.
Fonte: Dados da pesquisa
O rol de pesquisas desenvolvidas supramencionado conclui a constante concretização
das teorias sobre influências positivas de estruturas acionárias pulverizadas e melhores
práticas de governança corporativa, sobre o desempenho econômico-financeiro e valor de
mercado destas e a admissão de grandes acionistas tem se tornado ineficiente e nocivo. Como
ramificação das linhas de estudos em governança corporativa, estão surgindo novas pesquisas
mostrando a eficácia e eficiência do controle de estruturas acionárias estrangeiras sobre os
resultados das firmas conforme tratado por Peixoto e Buccini (2013).
3. METODOLOGIA
3.1.
Tipologia da Pesquisa
Este estudo foi caracterizado como sendo uma pesquisa bibliográfica documental
descritiva. Conforme Marconi e Lakatos (2010) a pesquisa bibliográfica documental
descritiva, tem o objetivo de obter informações acerca do tema com a finalidade de se
responder uma pergunta ou validar ou não uma hipótese que diz respeito a situações de causaefeito ou ainda, realizar novas descobertas. Quanto à análise dos resultados será quantitativa,
tanto em relação à análise dos dados acionários quanto em relação aos indicadores de
desempenho econômico.
3.2.
Amostra
Foram estudadas as empresas listadas no Índice Bovespa (IBOVESPA) da Bolsa de
Mercadorias e Futuros e Bolsa de Valores de São Paulo (BM&fBOVESPA). O estudo
iniciou-se com as 73 empresas participantes do índice em 2015.
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A pesquisa foi realizada com as companhias entre o período de 2009 a 2013.
Deixaram de compor a amostra as instituições financeiras devido as suas diferenças
conceituais, as companhias descredenciadas da BM&fBOVESPA, foram excluídas da análise
as melhores e piores empresas em termos de rentabilidade, as que apresentaram dados
incompletos durante o período pesquisado e as que apresentaram dados inconsistentes. A
amostra final totalizou 52 empresas após as restrições. A tabela 1 demonstra a amostra objeto
da pesquisa, classificada por setores de atividades econômicas:
Tabela 1: Amostra da pesquisa por setor
Setor
Construção e
Transporte
Consumo
Cíclico
Consumo Não
Cíclico
Financeiro
e
Outros
Materiais
Básicos
Telecomunicaç
ões
Utilidade
Pública
Total
Fonte: Dados da pesquisa
3.3.
Quantidade de
Empresas
10
5
%
19,23
9,62
8
15,38
7
13,46
10
19,23
3
5,77
9
17,31
52
100%
Variáveis
As variáveis foram classificadas em dois grupos: independentes e dependentes. As
independentes que foram adotadas para a pesquisa, são aquelas que supriram a linha do estudo
em termos de construção de capital votante e controle acionário e foram combinadas em dois
grupos diferentes para análises: nacional/estrangeiro e público/privado.
Quanto às variáveis dependentes, foram adotadas o retorno sobre o patrimônio líquido
(ROE) e o retorno sobre o investimento (ROI), que atenderam as necessidades de dados para
mensuração e avaliação de desempenho econômico, onde o ROE demonstrou o quanto as
fontes de capital próprio recuperam do capital investido e o ROI o quanto uma companhia
ganha em suas operações com os ativos, ambos de acordo com as decisões do quadro
acionário votante.
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Para investigação das relações destacadas, foram utilizadas a média estatística e desvio
padrão para as variáveis dependentes, considerando as conexões a seguir;
- Capital Votante Nacional;
- Retorno Sobre Investimento;
- Capital Votante Estrangeiro;
- Retorno Sobre o Patrimônio Líquido.
- Capital Votante Público;
- Capital Votante Privado;
Assim a verificação do desempenho foi realizada em duas etapas, onde a 1ª consistiu
em verificar a rentabilidade conforme origem do capital (nacional ou estrangeiro) e a 2ª em
verificar a rentabilidade em função da natureza do capital (estatal ou privado).
3.3.1. Variáveis Independentes
As variáveis independentes representaram aquelas que podem interferir nas políticas
operacionais, financeiras, de investimento e financiamento. As características descritas nesta
seção foram utilizadas como variáveis independentes, conforme apresentadas no referencial
teórico como sendo desenvolvidas em detrimento de ambientes econômicos e mercados de
capitais, nas quais as companhias se encontram negociando ações. Para conceituação e
definição das variáveis abaixo descritas foram desconsiderados os percentuais de livre
circulação/negociação de ações ordinárias sem influência no capital votante, de acordo com a
CVM chamados de “FreeFloat” (livre flutuação).
a) Capital Votante Nacional: acionistas de origem brasileira sem rastreamento
quanto à segmentação econômica do capital, detentores de direitos de
participação em uma empresa em funcionamento, correspondentes a maior
parcela em relação ao capital total;
b) Capital Votante Estrangeiro: acionistas de origem estrangeira sem
rastreamento quanto à segmentação econômica do capital, detentores de
direitos de participação em uma empresa em funcionamento, correspondentes a
maior parcela em relação ao capital total;
c) Capital Votante Público: acionistas de origem nacional e/ou estrangeira, que
detém maior parcela de capital público, detentores de direitos de participação
em uma empresa em funcionamento, correspondentes a maior parcela em
relação ao capital total;
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d) Capital Votante Privado: acionistas de origem nacional e/ou estrangeira, que
detém maior parcela de capital privado, detentores de direitos de participação
em uma empresa em funcionamento, correspondentes a maior parcela em
relação ao capital total.
3.3.2. Variáveis Dependentes
As variáveis dependentes foram aquelas que sofreram os reflexos das decisões de
composição de capital votante e controle acionário, representadas por indicadores extraídos de
informações contábeis, financeiras e patrimoniais das demonstrações financeiras, presentes
nos relatórios financeiros das companhias participantes do Ibovespa, disponíveis no site da
BM&fBovespa. Foram considerados o retorno sobre o patrimônio líquido e retorno sobre o
investimento, conforme o quadro 2.
Quadro 2: Variáveis Dependentes
Variável da Pesquisa
Fórmula
Retorno sobre Investimento
Lucro Líquido / Ativo Total - Lucro Líquido * 100
Retorno sobre o Patrimônio Líquido
Fonte: Dados da pesquisa
Lucro Líquido / Patrimônio Líquido - Lucro Líquido * 100
a) Retorno Sobre o Investimento (ROI): esta variável, segundo Neto (2009)
representa e indica em percentual a taxa de retorno dos ativos de uma
companhia em relação ao reinvestimento do orçamento, ou seja, o quanto uma
entidade ganha para cada unidade monetária aplicada a uma unidade geradora
de fluxo de caixa.
b) Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE): também segundo Neto (2009),
a mesma demonstra em percentual a taxa de retorno ao acionista do capital por
ele investido na companhia.
3.4.
Tratamento dos Dados
Foram coletadas informações econômicas e patrimoniais acerca das firmas listadas no
Ibovespa e foram inicialmente separadas em dois grupamentos distintos:
- Origem do Capital: nacional e estrangeiro;
- Natureza do Capital: público e privado.
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Posteriormente as variáveis dependentes foram agrupadas para análise em função da
configuração da composição acionária, possibilitando a verificação de rentabilidade conforme
o tipo de capital, sem a presença de efeitos de mercado como sazonalidade, demanda,
decisões políticas, entre outras. Foi aplicada a média estatística e calculado o desvio padrão
para o conjunto de dados formados pelas empresas integrantes da amostra final. A análise e
discussão dos resultados foram descritos no próximo tópico.
a) Média: conjunto de valores numéricos calculada somando-se todos estes
valores e dividindo-se o resultado pelo número de elementos somados, que é
igual ao número de elementos do conjunto, ou seja, a média de n números é
sua soma dividida por n.
b) Desvio Padrão: medida mais comum da dispersão estatística, mostra o quanto
de variação ou "dispersão" existe em relação à média
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1.
Caracterização da amostra
As variáveis independentes da pesquisa, caracterizadas por origem e natureza do
controle acionário das companhias integrantes da amostra, foram confrontadas com as
variáveis dependentes caracterizadas pelo ROE e ROI, as quais recebem os reflexos das
decisões operacionais e financeiras do capital votante.
A posição acionária conforme origem e natureza de controle das companhias
integrantes da amostra da pesquisa conforme a tabela 2:
Tabela 2: Total de empresas
Nacional
Estrangeiro
6
34
5,38%
18
Privado
4,62%
2
Total
5
1
00%
Público
8
44
2
Total
5
00%
3
1
4,62%
8
5,38%
1
Fonte: Dados da pesquisa
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Com relação à origem do controle, foi possível verificar que a parcela de capital
estrangeiro, presente nas firmas, ainda é muito pequena representando apenas 34,62%
comparado ao total, visto que a parcela nacional corresponde à proporção de 65,38%.
Prosseguindo a verificação em relação à natureza do controle acionário, o setor público
representou a menor parte correspondente a 15,38%, enquanto a iniciativa privada controla a
maior parcela, o equivalente 84,62%.
As informações constantes da tabela mostram que, o maciço volume de investimentos
no mercado de capitais brasileiro, mais precisamente no IBOVESPA, são constituídos pela
iniciativa privada, investimentos de origem estrangeira são relativamente representativos,
seguidos dos investidores estatais.
4.2.
Desempenho econômico conforme origem do capital
Conforme tratado no referencial teórico, as decisões sobre políticas operacionais e
financeiras tomadas pelos quadros acionários produzem reflexos na geração de resultados,
que afetam o desempenho e a rentabilidade das companhias. Serão apresentadas informações
acerca da rentabilidade das empresas, com base na origem do capital acionário como
demonstrado na tabela 3.
Foi possível verificar que as companhias lideradas por capital estrangeiro,
apresentaram melhor desempenho em relação às que são controladas por capital nacional. O
ROI médio estrangeiro foi de 7,78% com desvio padrão de 8,75%; contra um ROI médio
nacional de 3,75% com desvio padrão de 5,12%.
Avaliando as informações relativas ao transcurso base para fundamentação dos
resultados expostos na tabela, estes sugerem que pelo de fato de o capital nacional ter menor
ROI e maior desvio padrão comparados ao estrangeiro, é frequente a possibilidade de maiores
surpresas na geração de resultado de gestão e faz com que o maior ROI do capital estrangeiro
seja mais eficiente, estável e previsível na geração de resultados de gestão.
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Tabela 3 - Conforme origem do
capital
Nacional
2
2009
010
4,2
,28
4,57
,28
14,7
6,44
19,13
2,26
6
R
OI
Média
Desvio
Padrão
5
34 empresas - 65,38%
2
2
011
012
4
2
,23
,5
6
5
,08
,16
1
R
OE
Média
Desvio
Padrão
1
2
2009
010
Média
Desvio
Padrão
8,77
,6
7,16
,17
Média
OE
Desvio
Padrão
Fonte: Dados da pesquisa
18,23
9,48
15,19
8,7
8
OI
8
1
1
9,21
1
6,88
1
1
1
7,42
2
2
009/2013
6
7
,88
,78
8
8
,5
,75
013
1
1
5,94
2
5,79
1
0,45
7,83
7,01
1
9,53
4
,48
18 empresas - 34,62%
2
2
011
012
7
7
,38
,27
9
1
,25
0,67
1
R
2
009/2013
1
3
,53
,75
4
5
,48
,12
5
,75
8,64
Estrangeiro
R
1
0,88
2
013
1
7,51
1
5,73
1
8,99
Lopes (2002) diz que a existência de uma assimetria substancial entre mercados de
capitais fortes e desenvolvidos e mercados de capitais em desenvolvimento faz com que
existam investidores com excelentes conceitos e práticas em governança corporativa,
excelente tempo de resposta a informação contábil e a fatores como funcionamento da
economia e de políticas governamentais, em contrapartida a investidores que, não conseguem
ler informações contábeis, tem pouca bagagem de conhecimento corporativo e técnicas de
governança.
As companhias com maior participação de capital estrangeiro, integrantes da amostra
da pesquisa, apresentam um ROI maior que o apresentado pelas companhias com maior
participação de capital nacional. Porém, o desvio padrão apresentado por estas empresas foi
maior, denotando que a maior oscilação da rentabilidade pode representar dificuldade de
adaptação a fatores como, políticas governamentais, sociais ou também economia.
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Os resultados de ROI apresentados pelas empresas com maior participação de capital
estrangeiro, sugerem que a utilização de altos e sofisticados padrões de governança
corporativa e mecanismos cada vez mais rápidos e eficientes com objetivo de segurança,
controle e diminuição de riscos sistemáticos na gestão, conforme argumentado por Lopes
(2002), melhoram significativamente seus resultados de gestão, isto é, devido também a
cultura corporativa que possuem, demandando menos custos com mecanismos de segurança e
controle excessivos.
Ao contrário do capital estrangeiro, as sociedades com maior capital nacional,
apresentaram resultados de ROI, segundo a tabela 3, sugerindo instabilidade para
proporcionar resultado de gestão eficiente. O baixo desvio padrão representa menor oscilação
na rentabilidade.
O desempenho das companhias, com maior participação de capital nacional, sugere
representar o lado dos mercados não eficientes, que, conforme tratado por Lopes (2002) são
ambientes econômicos regulamentados pelo Code Law que sofrem interferência do Governo.
Em conseqüência a isso, não possuem muita qualidade nos padrões de governança corporativa
e nem eficiência nos mecanismos de segurança, controle e diminuição de riscos sistemáticos
necessários. Adicionalmente, utilizam muitos mecanismos de controle desnecessários, e são
fracos para leitura de informação contábil, não compreendendo os propósitos da companhia
tratados nas demonstrações financeiras
Com relação aos resultados de ROE, foi possível verificar na tabela 3, que o capital
investidor de origem estrangeira, apresentou consistência no retorno de capital próprio
durante o período pesquisado, em contrapartida, o de origem nacional, sugere instabilidade e
dificuldade na recuperação do capital investido, consequentemente com ROE de 17,51%, as
companhias com maior capital estrangeiro, se mostraram mais rentáveis que o capital
investidor de origem nacional, uma vez que este último apresentou um ROE de 10,45%.
Dentro do ambiente corporativo, conforme argumentado no referencial, a demanda por
mecanismos de segurança e controle rápidos e eficientes necessários ao aperfeiçoamento da
gestão é constante, assim como, a adoção e emprego da melhor metodologia de condução de
atuação da alta administração em função dos acionistas e da agência. Os resultados
alcançados pelo capital estrangeiro e nacional, respectivamente, representam os dois lados
deste panorama, atrelados a níveis opostos de pensamento, cultura e práticas em governança
corporativa.
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Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do
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Os resultados verificados acima corroboram os achados de Catapan (2011) onde
reiteram que melhores práticas de governança corporativa, melhoram não somente o valor de
mercado das companhias como também seu desempenho, sendo esta relação mais forte com
desempenho. Os resultados encontrados por Peixoto e Buccini (2013) e Catapan (2011),
consolidam os resultados desta pesquisa com base no desempenho conforme a origem da
composição acionária.
4.3.
Desempenho econômico conforme natureza do controle
Depois de explorados os resultados de rentabilidade das companhias conforme a
origem do capital votante, a tabela 4 demonstra os resultados de rentabilidade e desempenho
das companhias integrantes deste estudo, conforme a natureza do controle acionário.
Tabela 4 - Conforme natureza do
capital
Privado
200
9
2
010
7
R
OI
Média
Desvio
Padrão
5,77
,33
6,17
,8
6
16,4
R
OE
Média
Desvio
Padrão
4
1
8,21
1
18,9
5,44
200
9
2
010
Média
Desvio
Padrão
5,86
,73
4,92
,02
4
13,0
Média
OE
Desvio
Padrão
Fonte: Dados da pesquisa
R
9
10,0
9
2
1
9
,35
2
2,53
3,06
1
1
9,18
2
2
009/2013
3
5
,24
,09
5
4
,01
,83
013
1
9
,4
2
0,34
1
2,91
8,66
4,83
8
,76
8
,27
8 empresas - 15,38%
2
2
011
012
5
4
,61
,99
4
6
,11
,11
1
3,54
8
,71
0,37
5
OI
1
2,94
Público
R
44 empresas - 84,62%
2
2
2
2
011
012
013
009/2013
5
3
5
,27
4
,41
,15
7
8
6
7
,89
,09
,91
,17
1
2,79
1
3,38
1
2,38
É possível observar que as firmas com maior participação de capital da iniciativa
privada geraram ROI de 5,15%, a passo que o capital de origem estatal gerou 5,09%. As
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Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do
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empresas com maior parcela de capital privado apresentaram maior rentabilidade, apesar da
diferença de desempenho identificada entre eles não ter sido significativamente relevante.
Foi possível verificar que o capital de natureza privada, apresentou desvio-padrão de
7,17% em comparação com o capital de natureza estatal, que apresentou desvio-padrão de
4,83%.
A literatura reitera que em condições normais empresas com maior parcela de capital
privado, possuem normalmente excelência em gestão, por outro lado, o capital estatal está
investido em setores de demanda essenciais, como: saneamento básico e energia elétrica, que
demonstram geração de resultado estável. Por mais que os capitais privados sejam eficientes
em gestão, os mesmos atuam em segmentos de economia com forte concorrência e risco como
construção, transporte, telecomunicações, materiais básicos, consumo cíclico e não cíclico.
Os dados sobre desvio-padrão das companhias com maior participação de capital da
iniciativa privada sugerem que as mesmas estão mais expostas aos ricos sistemáticos. Esta
maior exposição da empresa aos riscos de mercado faz com que seu desempenho seja mais
oscilante, mas ofereça maior retorno.
Quanto aos resultados de gestão das companhias estatais, subentende-se que, estas, por
atuarem em setores de demanda estável, tem a possibilidade de manter constante seus fluxos
de caixa por meio de ajuste nos preços dos serviços.
Em relação ao retorno de capital próprio, as companhias com controle privado
apresentaram ROE de 12,91% contra 12,79% das firmas controladas por capital estatal.
O capital privado apresentou resultados superiores não substanciais em relação ao
nacional, também demonstrou maior oscilação, o que pode ser explicado pelo fato deste estar
exposto a maior risco, o que consequentemente está atrelado a maior retorno e em
contrapartida os resultados do capital público demonstraram estabilidade durante o período da
pesquisa, o que pode ser explicado pela garantia de fluxo de caixa, por atuar em setores de
demanda garantida.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo verificar a rentabilidade das companhias
integrantes do índice Bovespa por meio de variáveis de retorno sobre o investimento e retorno
sobre o patrimônio líquido conforme origem e natureza do capital investidor que compõem
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suas estruturas acionárias. Foram estudadas 52 empresas listadas no índice Bovespa entre os
anos de 2009 a 2013.
Foram desconsiderados os percentuais de livre circulação/negociação de ações
ordinárias, conforme a CVM chamados de “FreeFloat”, sem influência nas companhias, para
conceituação e definição de origem e natureza de controle acionário, tratados como variáveis
independentes na pesquisa, posteriormente confrontadas com as variáveis dependentes, ROI e
ROE.
Verificou-se em relação à origem, que o capital estrangeiro obteve, tanto em relação à
gestão, quanto em relação à recuperação de capital próprio, resultados superiores, apesar, que
a maior oscilação destes, pôde representar dificuldade de adaptação em relação a fatores
econômicos e políticos; ao passo que o capital nacional alcançou resultados inferiores. O que
demonstrou que investidores estrangeiros por meio de sua cultura em governança corporativa,
influenciam positivamente no desempenho econômico da empresas do Ibovespa.
Quanto à natureza, tanto a capital privado, quanto o capital estatal, obtiveram retornos
estáveis, mas, o desvio padrão das empresas de capital privado demonstrou maior oscilação o
que pode ser explicado pelo fato de que o capital privado atua em setores com forte
concorrência e risco e os setores de necessidades básicas são fortemente controlados pelo
Estado, ou seja, garantia de geração de fluxo de caixa.
O estudo demonstrou que a estrutura acionária por meio de sua cultura em governança
corporativa influenciou no desempenho econômico das empresas do Índice Bovespa, contudo
deve-se observar também as variáveis de mercado, economia, medidas do governo, dentre
outros fatores que interferem no desempenho econômico. Novos estudos podem surgir
considerando os níveis de concentração destes tipos de capitais segregados desta mesma
maneira entre origem e natureza de controle acionário das companhias.
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AMORIM, PRADO (2015)
SISTEMA INTEGRADO PARA ACOMPANHAMENTO DE PESO EM ACADEMIAS
Murilo Augusto Amorim
Graduando em Sistemas de Informação
Ely Fernando do Prado1
Mestre em Ciência da Computação
RESUMO
Este trabalho foi desenvolvido com objetivo de realizar a interação entre varias plataformas promovendo
a automação do processo de acompanhamento de peso em academias. A principal preocupação do
trabalho foi tornar este processo mais intuitivo, fazendo com que os usuários das academias ao se pesar
na balança não tenham preocupação em anotar o peso para então analisar o desenvolvimento e sim que
tenham em seus dispositivos móveis um aplicativo que faça tal tarefa. Para isso usou-se uma balança
residencial conectada a um microcontrolador Arduino que por meio de conexão serial envia dados para
um computador, este que gera um QR Code através de uma aplicação desenvolvida em Java. A partir
daí, uma aplicação móvel faz a leitura do QR Code,armazena os dados no SQLite construindo então um
gráfico em HTML5 contendo os dados de cada pesagem do aluno.
Palavras-chave: Arduino. Dispositivo Móvel. QR Code. Balança, Célula de Carga.
1. INTRODUÇÃO
O aquecimento do mercado fitness posiciona o Brasil na segunda colocação no ranking
mundial, esse fato somado a grande necessidade de profissionalismo do setor, obteve-se a
idéia do desenvolvimento de um produto inovador que, fazendo uso do microcontrolador
Arduino juntamente com a linguagem de desenvolvimento Java e o framework para
desenvolvimento móvel Phonegap. Dessa forma pode se proporcionar ao usuário da academia
um melhor acompanhamento de sua evolução mediante os treinamentos oferecidos pela
academia, acompanhamento este que tem foco no peso, pois segundo Tessmer, Pinho e Fassa
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(2006) grande parte dos frequentadores de academias são insatisfeitos com seu corpo e tem o
peso um fator importante para encontrar equilíbrio.
Nos tópicos seguintes, serão demonstradas explicações mais aprofundadas sobre cada
uma das tecnologias utilizadas para o acompanhamento do peso do aluno: Arduino, QRCode,
bibliotecas para gerar QRCode e Phonegap respectivamente.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção serão abordadas algumas referências que tem o objetivo de embasar o
processo de automação da pesagem em academias.
2.1.
Automação
Automação é um conjunto de técnicas que auxiliam na construção de sistemas ativos
que atuam com alta eficiência utilizando-se das informações recebidas do meio em que atuam
(ROSARIO, 2009).
A integração da automação nasceu, durante os anos 20 quando Henry Ford criou a linha de
montagem do modelo T, para aumentar a produção, reduzir os custos e garantir a segurança
dos operadores que executam as tarefas mais perigosas(ROSARIO, 2009).
Com o sistema de automação residencial é possível controlar a distancia as luminárias, as
tomadas, em fim, tudo o que possui controle. E, além disso, o controlador de automação
residencial apresenta uma tecnologia que colabora para ligar e desligar dispositivos,
colaborando assim para a redução da conta de energia elétrica (MONK, 2013).
No ambiente industrial a automação é a utilização de qualquer dispositivo para controlar
maquinas e processos, entre eletrônicos pode-se ser usado computadores ou controladores
lógicos que podem executar tarefas possíveis ou impossíveis para seres humanos (ROSARIO,
2009).
De acordo com Lima, Rosa (2013) a automação residencial tem a seguinte característica,
ela elimina a dificuldade da localização do operador. Se não fosse assim, as tarefas que se faz
hoje com praticidade de velocidade, não seriam tão praticas e rápidas.
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
Para desenvolvimento do projeto, foram realizadas pesquisas exploratórias sobre a
integração do dispositivo de medição de peso ao Arduino, bem como bibliotecas para a
geração do código QRCode, e também sobre Phonegap, o que trará mais informações para o
aperfeiçoamento do projeto.
Na seção a seguir será abordado sobre os materiais utilizados na construção do projeto
tais como balança, modulo conversor, microcontrolador, QR Code, Phonegap, SQLite e
Bootstrap, nesta sequência.
3.1.
Balança
Para o projeto em questão foi utilizado uma balança com capacidade minima de 0,3Kg
e máxima de 150Kg com dimensões de 24.0 cm x 14.8 cm x 2.5 cm, alimentada por 2 pilhas
AAA. A captura do peso pela balança é feita através de 4 células de carga devidamente
posicionadas em cada uma das extremidades do dispositivo, conectadas através de um circuito
interno.
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3.2.
Modulo conversor
Para tratar os sinais analógicos enviados pelas células de carga, foi necessário
primeiramente fazer a conversão destes para digitais e amplificar sua frequência, para isso
usou-se o módulo Conversor 24bit Hx711.
3.3.
Microcontrolador
Após conectar as células de carga no conversor, partiu então para a parte em que o
microcontrolador vai pegar as informações do conversor, para isso usou-se o
microcontrolador Arduino UNO R3 ATmega328P.
A plataforma Arduino teve seu inicio no Interaction Design Institute na cidade de
Ivrea em 2005, onde o professor Massimo Banzi juntamente com um pesquisador visitante
criaram a plataforma de desenvolvimento que recebeu o nome Arduino em referência ao bar
frequentado pelo corpo docente e estudantes (MCROBERTS, 2011).
Segundo Mcroberts (2011), existem varias versões do Arduino baseadas em um
microprocessador de 8 Bits, as primeiras versões usavam o microprocessador ATmega8 com
Clock de 16MHZ, mais tarde usariam o ATmega168 com memória flash de 16KB, já as
versões mais recentes como: Uno e Duemilanove usam o ATMega328 pronto para projetos
mais exigentes existem também o Arduino Mega1280 e o Arduino Mega2560, com memórias
de 128KB e 256KB respectivamente, tendo por padrão o C++ como linguagem para
desenvolvimento. Cada Arduino possui 14 pinos que podem ser definidos como entrada ou
saída e outras 6 para servirem de entradas analógicas.
Tendo em vista que o Arduino possui memória bem limitada, pode-se trabalhar com
bibliotecas que são uma coleção de funções que quando adicionadas ao código acrescentam
funcionalidades específicas ao projeto, algumas destas bibliotecas podem ser usadas por si
próprias, porém existem outras que devem ser usadas juntamente com componentes
eletrônicos, que são chamados Shields (MONK, 2015).
As bibliotecas são dividas em três grupos, são eles:

Essenciais: Bibliotecas que já fazem parte do IDE do Arduino, ou seja, elas são
responsáveis por disfarçar a complexidade de se trabalhar com microcontroladores,
tornando a programação muito mais fácil e intuitiva.
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
Padrão: São bibliotecas já inclusas juntamente com a instalação do IDE, que serão
importantes ou ao menos úteis para qualquer um que for desenvolver algum projeto.
Para incluí-la em um determinado projeto é necessário adicioná-la com a instrução
include no topo do código.

Terceiros: São bibliotecas desenvolvidas por outros usuários ou desenvolvedores, que
ainda de acordo com o Mcroberts (2011), cada biblioteca é composta por um conjunto
de funções úteis para determinado projeto, todas as bibliotecas são de código aberto
pois ser de código aberto faz parte dos valores da comunidade Arduino. Essas
bibliotecas de terceiros podem ser adicionadas ao projeto através do menu
Sketch/Importar biblioteca.
Todas essas bibliotecas sendo elas de terceiros ou já embutidas na IDE do Arduino
colaboram para que a programação no microcontrolador seja fácil e de rápida codificação,
fazendo que qualquer um seja capaz de desenvolver projetos. (MCROBERTS, 2013)
3.4.
QR Code
QR Code é um código bidimensional capaz de armazenar dados que podem ser lidos
posteriormente através de um leitor instalado em um smartphone.
“O QR Code é um código bidimensional, o que significa que a informação muda
horizontal e verticalmente. O leitor de QR Code verifica ambas as posições. Isso
permite que um QR Code contenha muito mais informações que um código de
barras. Isso também requer um leitor mais sofisticado, porém não se deve preocupar
com isso, pois engenheiros de hardware e software já cuidaram disso e você pode
fazer download de inúmeros leitores de QR Code para seu smartphone.”(WINTER,
2011, p.18)
Para gerar o QR Code utilizou-se a linguagem de desenvolvimento Java. De acordo
com Schildt(2015) a linguagem de programação Java 1.0 foi originalmente lançada em 1995
pela Sun Microsystems e revolucionou a programação. Essa revolução transformou a web de
maneira surpreendente, construindo uma web muito mais interativa.
Juntamente com a linguagem Java, usou-se uma biblioteca ou seja, um pacote com
funcionalidades ou funções prontas, neste caso a biblioteca se chama Zxing, biblioteca esta
que possibilita gerar o QRCode. A biblioteca Zxing é de licença livre para uso, podendo ser
encontrada no endereço https://github.com/zxing/zxing,
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3.5.
Phonegap
Para o desenvolvimento da aplicação mobile que fará a leitura do QR Code foi
utilizado o framework de desenvolvimento chamado Phonegap que é um projeto open source.
De acordo com Rohit e Yogesh (2012), Phonegap é um framework para
desenvolvimento móvel que gera aplicações para diversos sistemas operacionais como IOS,
Android, BlackBerry e WebOS, desenvolvimento este que usa linguagens HTML, CSS e
Javascript. Isso significa que poderão ser desenvolvidas aplicações para diversos dispositivos
cada qual com suas características nativas usando simplesmente as linguagens de
desenvolvimento web.
O Phonegap resolve alguns problemas para desenvolvedores como, por exemplo:
Desenvolver aplicações móveis usando as familiares linguagens para web como
HTML, CSS e Javascript.
O código pode ser migrado para outra plataforma de maneira rápida e fácil.
O primeiro código no Phonegap foi elaborado em agosto de 2008 no evento
IphoneDevCamp na cidade de São Francisco, Califórnia, e o que contribuiu para a sua criação
foi o simples fato de que todo o desenvolvimento do código para Iphone é feito em ObjetiveC o que seria um ambiente desconhecido para desenvolvedores Web. Então poderia alguém
desenvolver um framework que proporcionasse a todos os desenvolvedores Web, usar o seu
conhecimento em HTML, CSS e Javascript e que permita a interação com importantes partes
nativas do Iphone? Surgiu então como um vencedor do concurso, o Phonegap começando
também a fornecer suporte para a plataforma android.
3.6.
SQLite
O próximo passo, fez-se uso do SQLite para gravação dos dados, este que segundo
Kreibich(2010) é um software de armazenamento de licença gratuita de código aberto que
fornece um sistema relacional de armazenamento de dados e o Phonegap dá suporte para
utilização do SQLite como sistema de persistência de dados.
3.7.
Bootstrap
Bootstrap é um framework open source, ou seja, de código aberto livre para uso, que
de acordo com o site do Bootstrap “é o framework mais popular para desenvolvimento
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responsivo móvel em projetos para Web”(http://getbootstrap.com/), site este que ainda
disponibiliza o download do framework gratuitamente.
Segundo Abraham(2015) Bootstrap é um conjunto de ferramentas gratuitas para rápida
criação de paginas web, criado em 2011 por Mak Otto e Jacob Thornton para uso interno no
Twitter e que logo depois foi liberado para uso popular, antes do Bootstrap o
desenvolvimento não possuia um padrão ou seja possuia leves mudanças de tempo em tempo
o que dificulta a manuteção do código, atualmente Bootstrap tem se tornado uma das
ferramentas mais utilizadas para desenvolvimento de páginas web.
4. MÉTODOS
4.1.
Arduino conectado à balança
Primeiramente foi feito a conexão das células de carga, quatro no total, a uma
protoboard esta que já estava com o conversor conectado. Em outra protoboard foi feita a
conexão com o Arduino, sendo utilizadas as portas analógicas 0 e 1 e para alimentação foram
utilizadas as portas GND e 5 v, como e demonstrado na Figura 1.
Figura 1: Ligação das células de carga ao arduino
4.2.
Arduino conectado ao computador
Para a conexão Arduino/computador é utilizada a conexão serial pois ligar o Arduino
ao computador com um cabo USB informa para o sistema operacional de seu computador que
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você conectou um dispositivo serial. Quando você instala o IDE do Arduino, você também
instala vários drivers que permitem que o Arduino seja reconhecido como um dispositivo que
se comunica através de uma conexão serial. (MCROBERTS, 2013)
Para que o computador reconheça os dados enviados pelo Arduino, é necessário
configurar essa conexão, configuração esta que neste projeto será feita através de uma
aplicação desenvolvida em Java na IDE NetBeans.
No projeto deve ser inserida a biblioteca RXTX e sua dll que vão permitir que o
software faça comunicação serial recebendo os comandos, acessando dados e fazendo
chamadas de sistema.O arquivo com extensão jar desta biblioteca precisa ser inserido no
diretório do sistema: C:/ProgramFiles/java/jre/lib/ext. Já arquivo dll deve ser copiado para o
diretório C:/ProgramFiles/java/jdk/bin, para diretório C:/ProgramFiles/java/jre/bin e para
C:/Windows/System32. Caso o sistema operacional for de 64bits outra cópia deve ser inserida
no diretório C:/Windows/SysWOW64.
Figura 2 - Comunicação Serial
Na Figura 2 podemos ver parte do código da aplicação nele encontramos o import da
classe chamada Serialrxtx onde está o código de identificação da porta serial e logo abaixo é
chamado o método iniciaSerial que inicia a comunicação com a porta serial este que também
está na classe Serialrxtx.Após a comunicação do Arduino com o computador, iniciou-se o
desenvolvimento da aplicação para gerar o QR Code uma vez que os dados que originam da
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balança foram capturados pelo Arduino e enviados por este para o computador via
comunicação serial.
Para o desenvolvimento desta aplicação uso-se a biblioteca Zxing que é uma
biblioteca em Java para geração de códigos 1D/2D, na Figura 3 podemos observar o código
para gerar o QR Code.
Figura 3 - Geração do QRCode
4.3.
Leitura do QR Code pelo aplicativo móvel
O próximo passo foi de necessidade do projeto que houvesse um leitor capaz de
capturar e interpretar o QR Code gerado, necessidade essa que seria suprida por um aplicativo
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móvel. Para o desenvolvimento da aplicação móvel levando em consideração o tempo a ser
levado para aprendizagem do desenvolvimento móvel e todas as diferenças entre as
plataformas, optou-se por usar o framework Phonegap. Também se considerou a facilidade no
desenvolvimento multiplataforma e principalmente pelo fato de todo o desenvolvimento ser
feito a partir de linguagens web, as quais em sua grande maioria já fazem parte do
conhecimento adquirido na graduação até o período atual.
Para o desenvolvimento com Phonegap é preciso fazer a instalação do kit de
desenvolvimento
do
android
que
pode
ser
baixado
no
endereço
http://developer.android.com/sdk/index.html, após a instalação deste, deve-se executar o SDK
manager, que está no diretório de instalação para atualizar o SDK. O próximo passo é a
instalação do Apache Ant que nada mais é do que uma biblioteca java para automatizar a
construção dos projetos, os chamados “builds”, o Apache Ant pode ser baixado no site
http://ant.apache.org/bindownload.cgi.
Seguindo com a criação do ambiente para desenvolvimento com Phonegap, é
necessário configurar as variáveis de ambiente,indo até as propriedades do sistema, aba
avançado, variáveis de ambiente e variáveis de sistema, criando uma variável de nome
ANDROID_HOME e em seus valor coloque o diretório de instalação do SDK, deve ser
procurado pela variável com nome Path, editado seus valores para o seguinte valor:
%ANT_HOME%\bin;%ANDROID_HOME%\platform-tools;%ANDROID_HOME%\tools;
Concluído a criação de variáveis, é preciso realizar a instalação do Node.js que é um
engine Javascript voltado para projetos do Phonegap e pode ser baixado no link
http://nodejs.org/download/. No Figura 4 podemos ver o código da função scan usada para ler
o QR Code.No desenvolvimento da aplicação, o conhecimento adquirido na pesquisa somado
ao exemplo encontrado no github.com/wildabeast/BarcodeDemo, lograram para êxito. A
principal dificuldade encontrada foi que o device LG L7, com processador um core de 1GHZ,
memória de 2,7 GB e sistema Operacional Android 4.0.3 disponível para teste pois estava
com sua memória cheia memória estar cheia, não executou o aplicativo de maneira
satisfatória, porém em qualquer um dos outros devices testados a aplicação funcionou
corretamente, como por exemplo no Smartphone MotoG 2 Geração com processador Quad
core de 1,2 GHZ, 16GB de memória e sistema operacional Android 4.4.4.
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Figura 4 - Leitura do QRCode
Para que a aplicação seja responsiva, ou seja, funcione em qualquer tamanho de tela
em dispositivos Android, Windows Phone e posteriormente também para IOS, fez-se uso do
framework Bootstrap. Foram importadas para o projeto as pastas css, img e js, contendo o
estilo, diretório para imagens do Bootstrap e Javascript respectivamente, ambos configurados
de forma responsiva.
4.4.
Armazenamento dos dados e geração do gráfico
A aplicação agora precisaria pegar os dados enviados pelo QRCode e armazenar no
dispositivo, funcionalidade esta que foi implementada usando SQLite. No código mostrado na
Figura 5 pode-se ver as variáveis peso e db, seguida pelo método que verifica se o banco pode
ou não ser inicializado, após esse, a variável db recebe a conexão com o banco e por último a
função de populateDB com o parâmetro tx, este que recebe a instrução SQL para criar a tabela
no banco caso não exista e inserir um registro contendo duas variáveis.
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Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias
AMORIM, PRADO (2015)
Figura 5 - Conexão com o Banco de Dados SQLite
Desenvolvida parte de gravação dos dados obtidos pelo Arduino conectado na balança,
como ultima funcionalidade era necessário mostrar esses dados de forma intuitiva para que o
projeto alcance seu objetivo que é fazer com que o aluno realmente acompanhe seu peso pelo
aplicativo. Para isso fez-se uso da biblioteca CanvasJS, que é uma biblioteca HTML 5 e
Javascript para gerar gráficos.
Na Figura 5 pode-se ver o código html5 para gerar o gráfico. Primeiramente é feita a
importação da biblioteca canvas.min.js usando a tag <script> como também a construção
animada do gráfico grafico.js, é também determinado o tamanho da área do gráfico com a tag
div com id chartContainer e é instanciada uma variável de nome peso que recebe os rótulos de
cada ponto do gráfico e sua posição no eixo y.
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Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias
AMORIM, PRADO (2015)
Figura 6- Geração do gráfico de peso
5. RESULTADOS
O projeto fará a automação do acompanhamento de pesagem de usuários de academias
realizando interação entre plataformas onde o Arduino pegará a informação sobre o peso
originadas da balança, passando para o computador, este que através de um sistema em java
vai gerar um QR Code contendo essas informações. Uma aplicação móvel então fará a leitura
do QR Code armazenando a informação do peso no banco de dados SQLite e finalmente
usando HTML 5 será gerado um gráfico mostrando os dados passados pela balança. Na
Figura 7 pode-se observar melhor como se dá a integração entre as diversas partes que
compõe o sistema.
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Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias
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Figura 7 - Esquema de funcionamento do sistema
A figura 8(a) mostra a conexão entre Arduino, balança e conversor 24Bits, e a Figura
8(b) mostra o QR Code gerado pela aplicação no computador.
(a)
(b)
Figura 8- Resultados .(a) Conexão entre Arduino, conversor e balança.(b) QRCode Gerado pela aplicação em
Java.
Após o QRCode ser gerado a aplicação móvel precisa ser instalada e ler essa
informação com o leitor de QRCode conforme é mostrado nas Figuras 9a e 9b
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(a)
(b)
Figura 9- Aplicação móvel iniciada. (a) Tela principal. (b) Leitor de QR Code em execução.
Leitor pronto, então é gerado o gráfico para acompanhamento, como é mostrado na Figura 10.
Figura 10- Aplicação móvel mostrando a tela com o gráfico em linha.
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Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias
AMORIM, PRADO (2015)
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme o objetivo do projeto, que foi desenvolver um aplicativo capaz de monitorar
e acompanhar a informação do peso de uma pessoa através de um sistema integrado, foi
possível observar que tal objetivo pode ser alcançado com êxito. Tanto a balança, como o
microcontrolador, computador e smartphone comunicaram entre si cooperando para o
funcionamento correto do sistema. Dentre as dificuldades encontradas, a principal delas foi de
realizar a leitura da informação do peso pela célula de carga e o arduino, já que não foi
encontrado na literatura nenhum tipo de material que descrevesse como se dá esse
procedimento. Também houve dificuldades em pesquisar as bibliotecas que foram utilizadas,
já que os requisitos do projeto exigiram que fossem utilizadas diversas tecnologias bastante
diferentes uma das outras de forma integrada.
Como considerações finais do trabalho do trabalho, é esperado que o sistema integrado
para acompanhamento de peso em academias, forneça um acompanhamento mais intuitivo da
pesagem dos usuários em academias e com isso cada usuário tenha um melhor desempenho.
Sendo o peso um dos principais fatores para a insatisfação corporal atualmente, espera-se
também que os usuários vejam sua evolução facilmente e fiquem satisfeitos com seu
desempenho.
Com o aplicativo móvel no smartphone de cada usuário das academias, o aplicativo
pode aumentar a motivação de todos e a realização pessoal com seu corpo.
AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam de agradecer ao professor André Márcio de Lima Curvello,
Engenheiro da Computação, por ter contribuído neste projeto com seu vasto conhecimento em
sistemas embarcados e eletrônica em geral, auxiliando a resolver os problemas na leitura dos
valores de peso das células de carga com o arduino.
REFERÊNCIAS
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Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias
AMORIM, PRADO (2015)
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MONK, Simon. Programação com Arduino II: Passos Avançados e Sketches. 1 ed.Porto
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em<http://www.actabrazilianscience.com.br/arquivos/edicao1/vol1.pdf#page=68>.Acesso
em: 15 jun.2015.
ROSARIO, João Mauricio. Automação Industrial.1 ed. São Paulo: Barauna Editora, 2009.
515p.
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frequentadores de academia, Editora Universa, Pelotas, p 7-12, 2006. Dispónível em
<http://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/viewFile/672/677..> acesso em 13 nun
2015.
SAMPAIO, Cleuton; RODRIGUES Francisco.Mobile Game Jam:Criação de Jogos Móveis
Multiplataforma.1 ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2012. 284p.
WINTER, Mick. Scan-me- Everybody’s guide to the magical world of QR Codes.1.
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Sistema para ensino de informática aos idosos
FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015)
SISTEMA PARA ENSINO DE INFORMÁTICA AOS IDOSOS
Rafael Pedro Souza de Freitas
Graduando em Sistemas de Informação
Gilberto Pereira Salgado Junior1
Bacharel em Design e Especialista em Artes Visuais
RESUMO
O tempo de vida da população mundial tem aumentado e juntamente a isso as tecnologias avançam cada
vez mais, conduzindo a um grande aumento de novos recursos e equipamentos, entretanto o mercado
tecnológico e a mídia não produzem para o público idoso da mesma forma que produz para o público
jovem, agravando ainda mais esta situação que aumenta a distância dessas pessoas da alfabetização
digital a cada dia. O presente trabalho pretende diminuir este problema ao desenvolver um sistema que
ensine ao idoso o básico para usar o computador usando o próprio computador com um método próprio
em um site sendo assim acessível às pessoas na terceira idade, ensinando-as de forma prática e simples.
Utilizando o conceito de “gameficação” o sistema estimula a continuar, pensar, tomar decisões, tornando
o ensino divertido e prazeroso.
Palavras-chave: idoso. tecnologias. gameficação. informática. ensino.
1. INTRODUÇÃO
O estatuto do Idoso, assim como a Organização Mundial de Saúde (OMS) em países
em processo de desenvolvimento, consideram idoso todo indivíduo com idade igual ou
superior a 60 anos.
Em 2025 o percentual de idosos será 15,1% no nosso país segundo Kachar (2013),
sendo o Brasil a sexta nação com maior número de idosos no mundo, aproximadamente 30
milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Este avanço pode ser explicado pela melhoria da
qualidade de vida como a evolução da medicina.
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Sistema para ensino de informática aos idosos
FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015)
As tecnologias se tornam essenciais no novo cenário social, principalmente quando se
trata de comunicação e socialização, a internet por exemplo, exerce um papel fundamental
transformando e integrando culturas, uma pesquisa realizada pela NetView, da Nielsen
IBOPE, joint-venture entre Nielsen e IBOPE, líder mundial em mensuração do
comportamento dos usuários de internet, concluiu que o tempo de uso do computador
domiciliar pelos jovens foi superado pelos idosos no Brasil, com certeza estas pessoas passam
mais tempo em casa do que os jovens, porém isto também chama a atenção para o fato de que
a necessidade de fazer parte deste mundo tecnológico não é exclusiva entre jovens e crianças.
As pessoas idosas não querem estar distante das tecnologias, pois não é só pelo computador
que elas convivem com a informática mas também diariamente de outras formas seja no uso
de celular, eletrodomésticos, caixa eletrônico etc.
Para Bianchetti (2008) a passagem da tecnologia analógica para digital representa uma
ruptura significativa, de maneira que, para aqueles que conviveram com tecnologias de outra
ordem, a utilização de instrumentos da era digital pode representar um aprendizado
absolutamente novo, sem a possibilidade de utilizar conhecimentos anteriores para a
construção da nova habilidade.
De acordo com Kachar (2003) os idosos contemporâneos, que nasceram e cresceram
em uma sociedade com relativa estabilidade, convivem de forma mais conflituosa com a
tecnologia, enquanto os jovens são introduzidos neste universo desde o nascimento, este
trabalho busca desenvolver um sistema que auxilie o aprendizado da informática para idosos
ou pessoas que nunca tiveram contato com um computador, este sistema tem o objetivo de
ensinar informática usando o próprio computador, sendo acessível a estas pessoas
possibilitando o aprendizado básico de informática para que consigam interagir com a
interface de um sistema operacional e executar tarefas simples que são rotineiras, refletindo,
analisando, passando a ser independentes ao tomar decisões para chegar a um determinado
ponto quando utilizarem um software.
Em casa apesar de contar com parentes próximos, filhos, netos ou amigos que
convivem com tecnologia e sabem usar o computador nem sempre os idosos encontram o
apoio necessário para despertar seu interesse pelo aprendizado. O estresse do dia a dia, rotina,
falta de didática apropriada e até mesmo a paciência necessária para ensiná-los dificulta essa
relação com quem eles esperam auxílio para aprender, por outro lado um ambiente familiar,
seja ele sua própria casa ou outro lugar de sua escolha traz segurança e conforto.
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Sistema para ensino de informática aos idosos
FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015)
O sistema contribui com a qualidade de vida do idoso que pode se divertir utilizando a
internet preparando para entender melhor a informática, Brito (2012) diz que ao aprender
informática os idosos também poderão utilizar serviços de uma maneira mais cômoda,
econômica e sem a necessidade de locomoção, como consultar portais do governo, realizar
operações bancárias, fazer compras e consumir informação.
Estar disponível na web torna o sistema ainda mais acessível pois poderá ser acessado
de qualquer lugar e também por qualquer dispositivo, apesar de o PC também conhecido
como “Desktop” que é o formato de computador que possui teclado, mouse, monitor e
gabinete geralmente separados ser ainda um modelo mais indicado e usado no ensino de
informática básica, pois ainda é um modelo bastante comum no ambiente doméstico e
empresas devido a fatores como o custo mais acessível para aquisição e manutenção, Prass
(2014) indica também outro ponto a favor destes modelos mais tradicionais afirmando que a
adoção de um dispositivo móvel como o primeiro computador, causa uma limitação no
aprendizado sobre o uso de programas e de sistemas operacionais.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.
A estratégia do sistema
A tecnologia se desenvolve com o objetivo de facilitar as atividades executadas pelas
pessoas, os desenvolvedores devem sempre pensar na usabilidade dos produtos, porém nem
sempre eles conseguem sucesso, Benyon (2011) diz que muitos sistemas foram desenhados
por programadores que passam suas vidas usando computadores, e por isso se sentem
familiarizados com relação à sua interface, muitos designers são jovens que já usam
computador há anos. Quando se trata de pessoas idosas as suas limitações físicas e
psicológicas causadas pelo tempo e experiência de vida devem ser consideradas quando
entende-se a forma como se comportam diante da tecnologia. Existem justificativa para
algumas dificuldades comuns como por exemplo a dificuldade em enxergar e identificar
ícones ou textos na tela de um sistema pode acontecer pelo desgaste visual comum em
pessoas idosas, Kachar (2013) afirma que partir dos 40 anos surge nas pessoas uma condição
visual como a “presbiopia” ou “visão cansada”, em que há uma diminuição da qualidade da
visão de perto.
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Para facilitar o aprendizado é preciso diminuir a quantidade de ícones gráficos na tela
de um computador, ou melhor, priorizar o foco no que apenas for necessário e gradativamente
incluir informações sobre itens e ampliar o foco de atenção. Kachar (2003) afirma que a
pessoa com mais idade tem dificuldade em dividir a atenção: seletiva, alternada ou dividida.
A atenção seletiva diz respeito ao grande número de informações fornecidas, a alternada em
mudar o foco entre assuntos diferentes, e a divida pede que a pessoa divida sua atenção
simultaneamente, por exemplo, em ouvir e anotar uma informação.
É importante pensar pelo ponto de vista do aluno idoso, para Kachar (2003) pesquisas
sobre a cognição no processo de envelhecimento auxiliam na elaboração do planejamento de
ensino, estruturando propostas de acordo com as necessidades do idoso, atendendo ao ritmo e
suas deficiências sensoriais, por outro lado ela sugere que existe pouca produção científica
sobre idosos e computadores, comprometendo, então, a adequação da metodologia. Desta
forma, ela conclui que no Brasil os cursos de informática ainda não apresentam uma
metodologia de ensino e aprendizagem específica para a terceira idade.
Aulas tradicionais em grupos, em salas de aula podem dificultar o aprendizado destas
pessoas, Kachar (2003) chama a atenção para o ambiente adequado, neste caso o ambiente
seria sem ruídos, limpo e confortável sem conversas paralelas, barulhos ou nada que desvie a
sua atenção, proporcionando que a mensagem chegue até eles de forma clara e compreensível.
É importante ter estratégias que prendam sua atenção e quando necessário for reiterativo com
a informação que está sendo veiculada dando ênfase nos pontos importantes.
2.2.
Conceitos Aplicados
Um dos princípios básicos do design de sistemas interativos apresentados por Benyon
(2011) é projetar sistemas interativos que sejam agradáveis de usar, que façam coisas úteis e
que acrescentem algo à vida das pessoas que ousarem.
Ser centrado no humano é colocar as pessoas em primeiro lugar; é projetar sistemas
interativos que favoreçam as pessoas e dos quais elas possam usufruir.
O tempo para entender e executar as tarefas deve ser o mínimo possível para estar de
acordo com o conceito de usabilidade assim como tentar evitar erros por parte do usuário. A
definição original de usabilidade é de que os sistemas devem ser fáceis de usar, de aprender,
flexíveis e devem despertar nas pessoas uma boa atitude (Shackel, 1990).
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Para o layout foi usado o conceito que atualmente é tendência nas interfaces digitais, o
“Flat Design” que em tradução livre significa “design plano”, Bosco (2013) define que este
método de design pode ser aplicado em qualquer layout e tem como principais características
a redução de efeitos de tudo que possa poluir e causar interferência visual, por outro lado
Rodrigues (2013) afirma que este estilo de design não é indicado para sites que precisam de
vida longa, porque não se sabe quanto tempo este estilo estará em alta, sendo assim o estilo
Flat foi adotado por sua simplicidade.
Novos conceitos de ensino surgem e evoluem a cada dia, como é o caso do conceito de
gameficação, Paschoal et al. (2014) define objetivo de gameficação como sendo o de integrar
no ensino ferramentas e estratégias utilizadas em jogos, a fim de proporcionar aos alunos
novas motivações no aprendizado e aos professores novas metodologias no ensino.
Trazer o conceito de jogos para este cenário que tem como meta desenvolver o ensino
e interesse por uma matéria neste caso a informática é ainda algo que não foi explorado. Alves
(2008) afirma que o custo para desenvolver games com as características que seduzem os
jogadores voltados para o cenário pedagógico ainda é muito alto, dependendo muitas vezes de
financiamentos de agências de fomento governamentais, já que não existe por parte das
indústrias interesse por mídias que tenham grande apelo pedagógico.
Roque et al. (2013) destaca o conceito de gameficação como sendo uma técnica da
computação que vem sendo aplicada a educação como ferramenta de auxilio nos processos de
ensino e aprendizagem.
O sistema utiliza o conceito de jogos inserido em um contexto para promover o
interesse e o aprendizado, gerando uma pontuação para cada progresso realizado pelo aluno,
acertando os exercícios propostos, Fardo (2013) afirma que pontos, medalhas e tabelas de
líderes são os mecanismos mais básicos de um jogo, já Paschoal, et al. (2014) aponta que um
jogo pode ter recompensas, missões, personagens, competição e permitir novas
funcionalidades que podem ser adquiridas por pontos.
É possível encontrar jogos que utilizam diferentes técnicas para atrair o jogador, logo a
gameficação também utiliza diferentes técnicas para o ensino. A forma como aplicar este
conceito dentro de um determinado contexto depende da finalidade em questão, ensinar
pessoas na melhor idade aplicando a gameficação pode tornar prazeroso o que na maioria das
vezes é cansativo e se torna uma experiência negativa para estas pessoas.
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Algumas pesquisas apontaram que o jogo para idosos como forma de treino e
ensino se torna eficiente, Alves (2013), em sua conclusão de curso realizou uma pesquisa
usando o jogo como ferramenta para treinar a funcionalidade e o equilíbrio em idosos,
visando melhorar a qualidade de vida dos mesmos e sua conclusão foi que o “Nintendo Wii é
uma ferramenta potencial para o programa de treinamento para melhorar a independência
funcional dos idosos.
Lobo (2013) que também realizou uma pesquisa em seu trabalho de conclusão de
curso utilizando Nintendo Wii como ferramenta para treinar a funcionalidade e equilíbrio dos
idosos concluiu que “o treino de equilíbrio e marcha associado ao Nintendo WiiFit®,
mostrou-se mais eficiente na melhora da eficiência da marcha, das funções cognitivas e da
funcionalidade de idosos saudáveis em comparação ao treinamento convencional”.
Atualmente não se usa mais tables (tabelas) em HTML para posicionar os elementos
nas páginas web, o padrão utilizado hoje consiste em organizar todo o layout através do CSS,
esta forma de desenvolver para web é chamada de tableless.
Em poucas palavras: um site tableless é um site que não utiliza tabelas para a
estruturação do layout. É um site que segue os Padrões Web (EIS, 2015).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1.
MATERIAIS
HTML (HyperText Markup Language, que significa Linguagem de Marcação de
hipertexto) é a linguagem mais utilizada para definir páginas web, trata-se de um conjunto de
etiquetas (tags) que servem para definir a forma na qual se apresentará o texto e outros
elementos da página, usada inicialmente no desenvolvimento web, pois define a estrutura
principal da página. Silva (2011) resume hipertexto definindo como todo o conteúdo inserido
em um documento para a web e que tem como principal característica a possibilidade de se
interligar a outros documentos da web.
O sistema utiliza o “sessionStorage” que é um elemento da última versão do HTML o
HTML5, este recurso utilizado para salvar dados do usuário evitando uso de cookies.
Seguindo o que há de mais atual com relação a desenvolvimento web, a linguagem
responsável pela forma, aparência e estilo do layout é a CSS (Cascading Style Sheets que
significa folha de estilo em cascata). Deitel (2002) defende o uso de CSS afirmando que
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separar a estrutura do conteúdo com CSS permite maior gerenciabilidade e torna a mudança
de estilos de documento mais fácil e mais rápida.
Javascrip (também chamado de script) é a linguagem responsável por animar o
conteúdo da página, criando por exemplo animações de imagens e interatividade.
O script ajuda a fazer com que as páginas web pareçam reais. (DEITEL, 2011, p.71).
3.2.
MÉTODOS
Para se desenvolver uma interface atraente, simples e divertida com o objetivo de
chamar a atenção do usuário alvo que neste caso são pessoas na terceira idade, foram
utilizadas as principais linguagens para desenvolvimento web, conceitos de desenvolvimento
web e design.
Além dos navegadores Chrome e Firefox, foram utilizados o Notepad++ e o Inkscape
para desenvolvimento e design da interface.
O projeto recebeu o nome de Aula Simples pois funciona como um curso interativo
contendo textos, imagens e instruções com uma linguagem extremamente simples e acessível.
Foi desenvolvido e planejado em quatro fases: levantamento de requisitos,
especificação de requisitos, desenvolvimento e análise de resultados. No levantamento de
requisitos o foco foi definir as características do sistema principalmente do layout, as
necessidades do usuario, a abordagem necessária para interagir e comunicar com o usuário, e
uma pesquisa sobre as linguagens que seriam utilizadas baseando se nas que são mais
utilizadas atualmente. Na especificação de requisitos foram definidos os aspectos que o site
deveria seguir com base nos pontos analisados na fase anterior. Durante o desenvolvimento
colocou se em prática todos os requisitos especificados para criar o layout e programar as
páginas e por fim, na fase de validação foram apontados os pontos altos atingidos após a
finalização do sistema e a correção de algum eventual erro na fase de desenvolvimento.
A estrutura (figura 1) a seguir foi utilizada para a construção e elaboração do projeto:
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Desenvolvimento de um site para
ensino de informática a idosos
3.2.1
Levantamento de
requisitos
3.2.1.1
Pesquisa sobre design
para a linguagem
3.2.2
Especificação dos
requisitos
3.2.3
Desenvolvimento
3.2.2.1
Definição dos requisitos
e objetivos
3.2.3.1
Desenho das páginas
3.2.3.2
Programação das páginas
3.2.1.2
Pesquisa sobre interação
humano-computador
3.2.4
Análise de resultados
3.2.4.1
Teste do sistema
3.2.4.2
Finalização do
sistema
3.2.1.3
Pesquisa sobre conceitos
e linguagens de
programação mais usados
atualmente
Figura1 - Estrutura Analítica do Projeto – EAP.
3.2.1 Levantamento de Requisitos
3.2.1.1 Pesquisa sobre design para layout
Constatou se que para seguir a tendência de design atual e ter um site com um layout
moderno, seria importante que o conceito aplicado fosse o design flat, ou seja, que o visual
fosse limpo sem muitos efeitos e tudo que possa poluir e causar interferência visual, que seja
centrado no usuário.
A Figura 2 é da tela de abertura do sistema onde se pode ver esse conceito aplicado.
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Figura 2 – Tela de abertura do sistema.
3.2.1.2 Pesquisa sobre interação humano-computador.
Benyon (2011) define sistemas interativos como coisas que lidam com transmissão,
exibição, armazenamento ou transformação de informação que as pessoas podem perceber.
Eles são dispositivos e sistemas que respondem dinamicamente às ações das pessoas, a figura
3 é de uma parte do sistema onde o usuário é instruído a clicar uma vez em cada pontinho
para aprimorar sua habilidade com o mouse, aqui se pode ver também que já está sendo
utilizado o conceito de “gamificação”.
Figura 3 – Tela número três do sistema.
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3.2.1.3 Pesquisa sobre conceitos e linguagens utilizados atualmente.
Usar o mínimo de linguagens de programação possíveis sem uso de frameworks ou
plug-ins foi uma escolha para o desenvolvimento, o objetivo disso foi incentivar a pesquisa e
o estudo mais aprofundado sobre as linguagens de programação utilizadas, que foram HTML,
CSS e Java script.
O conceito de programação aplicado foi o tableless, que define a organização do
conteúdo das telas sem o uso de tabelas no HTML, mas sim com o uso do CSS para isto, a
figura 4 mostra o código HTML de uma das telas é possível perceber como o código é
reduzido sem o uso de tabelas.
Figura 4 – Código HTML de uma das telas do sistema
3.2.2 Especificação de requisitos
3.2.2.1 Detalhamento dos requisitos
Nesta fase os requisitos foram detalhados, coletados e definido quais seriam realmente
importantes para a construção do projeto, o tópico anterior mostra quais foram então
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utilizados. O objetivo definido foi proporcionar ao usuário um sistema com uma linguagem
informal, porém didática e interativa.
A figura 5 e a figura 6 a seguir são dos diagramas de casos de uso e de seqüência sobre
o funcionamento do sistema.
Figura 5 – Diagrama de casos de uso do sistema.
Figura 6 –Diagrama de seqüência do sistema.
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3.2.3 Desenvolvimento
3.2.3.1 Desenho das páginas
Fase onde foram desenhadas todas as páginas do sistema.
Foi utilizado o software Inkscape para fazer as mais de setenta páginas que o sistema
possui.
A imagem da Figura 7 ilustra o processo de desenho de algumas telas do sistema.
Figura 7 – Desenho de algumas telas do sistema.
3.2.3.2 Desenvolvimento das páginas
Nesta fase as páginas foram programadas seguindo os conceitos padrões apresentados
anteriormente no tópico 1 Levantamento de requisitos, o Javascript foi utilizado para animar e
proporcionar interatividade do sistema com o usuário.
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3.2.4 Análise de resultados
3.2.4.1 Teste do sistema
O sistema foi testado por usuários idosos pelo tempo máximo de 60 minutos a fim de
encontrar possíveis erros e corrigi-los, para tal foi realizado sessões com supervisão para
observar quais os pontos onde houveram falhas ou dificuldades por parte do sistema e do
aluno, após os testes os usuários responderam um questionário1 sobre sua relação com a
informática e deram sua opinião sobre a eficiência do sistema.
Os usuários que testaram o sistema são pessoas entre 53 e 70 anos de idade que se
matricularam em um curso de informática básica.
Foi avaliado também por um instrutor a participação dos mesmos durante a primeira
aula de informática a fim de verificar as habilidades e benefícios adquiridos com o uso do
sistema, comparando os com outros alunos que não participaram dos testes.
3.2.4.2 Finalização do sistema
Com base no que foi avaliado e observado o sistema foi revisado e corrigido para
então ser finalizado. Foi concluído todas as etapas de desenvolvimento, tornando o sistema
pronto para ser utilizado em sua versão atualizada.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo com a popularidade da internet, a praticidade para buscar informações e os
esforços para tornar o ensino de desenvolvimento para web cada vez mais acessível ainda é
possível que o desenvolvedor não encontre na web ou em livros respostas para algumas
dúvidas ou sugestões para corrigir possíveis erros que podem vir a acontecer quando está
desenvolvendo ou programando, com a linguagem javascritpt por oferecer bastante
possibilidades é ainda mais complicado pra quem não tem prática com esta ferramenta.
Durante o desenvolvimento surgiram várias dúvidas e a maioria tiveram suas
resoluções apontadas para diferentes caminhos.
1 https://docs.google.com/document/d/1EZoFMEmXD8zFfuZl5kxq5VOWKFgoERD-BKnJUZor1X4/pub
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Parece que o avanço da programação ultrapassa o das atualizações dos navegadores
levantando uma questão: Será que é possível definir um conceito certo ou errado, melhor ou
não, pelo menos um que seja mais eficiente para desenvolvimento para web ?
Apesar de toda dificuldade que estas pessoas têm, o idoso sabe a falta que o
conhecimento e a prática sobre informática faz em suas vidas, por reconhecerem suas
limitações ficam receosos em procurar ajuda. Sobre o motivo que os fizeram procurar
aprender informática todos responderam que foi simplesmente a vontade de aprender, ainda
que não conheciam nem por nome os softwares Word, Excel, Power Point, exceto Internet.
Todos eles disseram que não utilizam o computador nem mesmo aqueles que possuem um.
Apesar de sentirem dificuldades a avaliação sobre o a organização, a simplicidade do sistema
e o prazer em o utilizar foi extremamente positiva.
Foi observado que todos conseguiram executar as ações e atividades propostas pelo
sistema. De um modo geral o sistema foi suficiente para que entendessem o que deveriam
fazer. Após usarem o sistema os alunos que o utilizaram entenderam e executaram mais
rapidamente instruções simples e até as mais complexas apresentadas. É interessante notar
que o perfil dos idosos que testaram o Aula Simples era bem diverso, por exemplo, alguns
deles apresentam dificuldades de escrita e leitura e ainda assim conseguiram compreender e
realizar as ações no sistema. Ou seja, o design do Aula Simples permite com que estas
pessoas, mesmo com dificuldades de letramento, compreendam e absorvam o conhecimento
da utilização básica da interface de um computador. É importante notar que o sistema com
certeza será mais eficiente em cumprir seu objetivo se for usado repetidas vezes com uma
regularidade e ao repetir os exercícios os usuários irão aprimorar cada vez mais suas
habilidades e assim aprender o que o sistema ensina e mais adiante reproduzir o que foi
aprendido em um ambiente real.
O sistema foi desenvolvido e seu objetivo foi alcançado considerando os testes
aplicados, apesar de sua proposta inicial ser ensinar pessoas idosas o sistema pode ser útil
também para pessoas de diferentes idades que tenham limitações comuns aos idosos, com
alguma deficiência ou pessoas de qualquer idade incluindo crianças que não tenham
experiência e habilidade com um computador, assim o sistema se torna relevante na questão
de acessibilidade.
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4.1 Limitações do sistema
Dependendo de qual for utilizado, os navegadores fazem o sistema se comportar de
diferentes formas, o navegador Internet Explorer por exemplo não carregou as imagens
portanto o sistema não consegue ser usado neste navegador, isso também aconteceu com
navegadores utilizados sobre o sistema operacional Windows XP, nem toda tecnologia,
variedade de navegadores disponíveis nem o apelo comum entre desenvolvedores mais
atualizados que defendem conceitos modernos de desenvolvimento é possível conseguir os
mesmos resultados em diferentes navegadores tendo um código comum para todos.
Tornar o sistema responsivo (que se a adapte ao tamanho de qualquer tela) e incluir
novas aulas mais específicas como ensinar a usar uma determinada rede social são projetos
para o futuro.
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