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Revista de Iniciação Científica da Libertas - ISSN 2238-782X A Revista de Iniciação Científica da Libertas-Faculdades Integradas é um espaço de publicação e divulgação de pesquisas realizadas em áreas correlatas aos cursos de graduação mantidos pela Instituição. Tem o propósito de demonstrar à comunidade acadêmica resultados e contribuições em âmbito de iniciação científica, proporcionando a interação entre corpo docente e discente. O corpo editorial é composto por professores da Libertas. Periodicidade: Semestral Cursos de graduação da Libertas - Faculdades Integradas Mantenedora: Fundação Educacional Comunitária de São Sebastião do Paraíso (FECOM) Endereço Postal: Departamento de Pesquisa e Extensão Libertas - Faculdades Integradas Av. Wenceslau Bráz, 1018/1038 - Lagoinha São Sebastião do Paraíso - MG CEP: 37.950-000 e-mail: [email protected] Conselho Editorial: Prof. Me. Alysson Alexander Naves Silva Prof. Me. André de Paiva Bonillo Fernandes Prof. Dr. Darlan Einstein do Livramento Prof. Me. Olney Bruno da Silveira Junior Profa. Esp. Stefânia Aparecida Belute Queiroz Profa. Ma. Stephanie Duarte Esteban [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] APRESENTAÇÃO É com muita satisfação que lançamos o primeiro número do quinto volume da Revista de Iniciação Científica da Libertas. Este volume conta com publicações dos Trabalhos de Curso dos alunos concluintes da Libertas – Faculdades Integradas que se destacaram dentro de cada curso. A Revista de Iniciação Científica da Libertas é um espaço de publicação e divulgação de pesquisas realizadas nos cursos de graduação da instituição. Tendo um conselho editorial formado por professores Libertas, a Revista prima por pesquisas diferenciadas e profundas, aptas a contribuir para a formação dos acadêmicos nos cursos de graduação, assim como dos egressos e demais profissionais da área. O presente volume conta com publicações relevantes dentro da área de conhecimento dos cursos de graduação, e se espera contribuir através dele para o debate acadêmico. São Sebastião do Paraíso, 24 de maio de 2016. Conselho editorial. SUMÁRIO A importância do associativismo na organização de produtores rurais Bianca Mumic, Karoline Aparecida Pimenta Aguiar e Darlan Einsten do Livramento 5 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso 23 Priscila Aparecida Santos de Souza e Stefânia Aparecida Belute Queiroz Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países 41 Brenner Augusto Alves do Prado, Alex Aparecido Rodarte e Marisse Dizaró Bonfim Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA Oscar de Souza Pento Junior, Pedro Henrique da Silva Vieira e Julio Henrique 63 Machado Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias Murilo Augusto Amorim e Ely Fernando do Prado Sistema para ensino de informática aos idosos Rafael Pedro Souza de Freitas e Gilberto Pereira Salgado Junior 81 98 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) A IMPORTÂNCIA DO ASSOCIATIVISMO NA ORGANIZAÇÃO DE PRODUTORES RURAIS Bianca Mumic Bacharel em Administração – Libertas - Faculdades Integradas Karoline Aparecida Pimenta Aguiar Bacharel em Administração – Libertas - Faculdades Integradas Darlan Einsten do Livramento1 Doutor em Agronomia RESUMO O artigo teve como objetivo estudar a importância do associativismo para pequenos produtores rurais, com ênfase no retorno obtido por estes associados, e avaliar a importância dessa estrutura para o desenvolvimento local e familiar, juntamente com seus impactos agrícolas. O objeto de estudo desse trabalho foi a Associação de Famílias de Produtores Rurais da Queimada Velha na zona rural de São Sebastião do Paraíso. Por meio da pesquisa foram coletados dados a respeito da opinião dos produtores inseridos na associação, identificando assim as formas adotadas para colocá-la em funcionamento e como os associados se beneficiam da mesma. Esse trabalho buscou também enfatizar a importância das associações e os benefícios que as mesmas geram para os produtores rurais no dia a dia de suas comercializações. Palavras-chave: associativismo. produtores rurais. agricultura familiar. 1. INTRODUÇÃO No cenário nacional, a agricultura vem ocupando uma posição de destaque. Com o aumento populacional contínuo, a busca por alimentos é cada vez maior e a agricultura familiar no formato associativista não só atende grande parte da população com habilidade e tradição na lida do campo, como também é a solução para o problema do crescimento populacional desenfreado. 1 [email protected] ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 5 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) Com o êxodo rural, algumas comunidades mais ligadas às suas raízes e sem prospecção ao crescimento foram direcionadas a agregar seus valores às alternativas locais, o que permitiu um desenvolvimento social sustentável. A difusão do associativismo no Brasil se acentuou no ano de 1980. No determinado período, o associativismo foi incentivado pela legislação, que aclamou a liberdade de associação com o artigo 174, § 2 da Constituição Federal Brasileira que expõe: a lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo”. Determinou-se no artigo 5º, inciso XVIII, que “a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. O trabalho tem como problemática responder a seguinte pergunta: quais os benefícios e deveres que os produtores rurais adquirem por meio da Associação de Famílias e Produtores Rurais da Queimada Velha? Dessa maneira, o objetivo do trabalho foi mostrar a importância do associativismo para pequenos produtores rurais com ênfase no retorno obtido pelos mesmos através da associação e avaliar a importância desta para o desenvolvimento local e familiar, juntamente com seus impactos agrícolas, enfatizando os benefícios gerados para os produtores rurais no dia a dia de suas comercializações. Por intermédio da pesquisa qualitativa, serão coletados dados à respeito da opinião dos produtores inseridos na associação, identificando assim os métodos adotados para colocá-la em funcionamento e como os associados se beneficiam da mesma. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Associativismo e Associação De acordo com a Cartilha do Associativismo e Cooperativismo, o associativismo é uma forma de organização que tem como finalidade conseguir benefícios comuns para seus associados por meio de ações coletivas e de formas democráticas. Uma associação pode ser formada por um grupo de duas ou mais pessoas que se organizam para defender seus interesses comuns, sem fins lucrativos e com personalidade jurídica. (Instituto Ecológica,2007 apud Cartilha do Associativismo e Cooperativismo). ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 6 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) O termo associação engloba vários modelos de organizações (associações, institutos, clubes, etc) que tem objetivos e finalidades distintas entre si, mas que recebem esse nome por terem características comuns e semelhantes, como a reunião de duas ou mais pessoas para a realização de objetivos coletivos. A atual legislação não determina a quantidade exata para a criação de uma associação; o patrimônio é formado pela contribuição dos associados, por doações, etc; os fins podem ser alterados pelos associados; os associados podem opinar livremente e as associações são entidade de direito privado e não público. (CARDOSO, 2014 p. 18 a 20) O associativismo se constitui em alternativas necessárias que viabilizem as atividades econômicas, possibilitando aos trabalhadores e pequenos proprietários um caminho para participar do mercado em melhores condições de concorrência (Cartilha do Associativismo e Cooperativismo). De acordo com Cardoso (2014), esse tipo de organização não tem como objetivo principal a atividade econômica, e sim a defesa dos interesses de um grupo de pessoas que descobriu na união de esforços uma solução mais prospera para determinados problemas. Por intermédio das associações, produtores que habitualmente apresentam as mesmas dificuldades para obter um bom desempenho econômico, se juntam para tentar um melhor desempenho no competitivo mercado. Com essa união, o acesso dos produtores a insumos e maquinários agrícolas se torna mais fácil, não só pela divisão financeira dos dividendos, como também pelos prazos maiores e condições mais facilitadoras de pagamento. Dessa maneira, podemos destacar os princípios do associativismo: 1. Princípio da Adesão Voluntária e Livre: As associações são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas dispostas a aceitar as responsabilidades de sócios sem discriminação social, racial, religiosa, política e de gênero 2. Princípio da Gestão Democrática pelos sócios: As associações são democráticas, controladas por seus sócios, que participam ativamente no estabelecimento de suas políticas e na tomada de decisão, sendo os gestores eleitos pela maioria para atender a necessidade de todos. 3. Princípio da Participação Econômica dos Sócios: Os sócios contribuem de forma justa e controlam democraticamente as suas associações através da deliberação em assembleia geral. 4. Princípio da Autonomia e Interdependência: As associações podem entrar em acordo operacional com outras entidades, inclusive governamentais, ou ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 7 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) recebimento do capital de origem externa, devem fazê-lo de forma a preservar seu controle democrático pelos sócios e manter sua autonomia. 5. Princípio da Educação, Formação e Informação: As associações devem proporcionar educação e formação. Os dirigentes eleitos devem contribuir efetivamente para o desenvolvimento da comunidade. Eles deverão informar o público em geral, particularmente os jovens e os lideres formadores de opinião, sobre a natureza e os benefícios da cooperação. 6. Princípio da Interação: As associações atendem a seus sócios mais efetivamente e fortalecem o movimento associativista trabalhando juntas, através de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais. 7. Interesse pela comunidade: As associações trabalham pelo desenvolvimento sustentável de suas comunidades, municípios, regiões, estados e país através de políticas aprovadas por seus membros (Cartilha de Associativismo e Cooperativismo - Ufersa). Assim que se tornam claros quais os princípios de uma associação, os interessados em criar uma precisam saber o que é preciso para montá-la. Os passos a serem seguidos, segundo a cartilha Associativismo e Cooperativismo - Ufersa, são: 1- Identificar o interesse de organização do local ou da sociedade. 2- Comunicar a todos os moradores a intenção de formar uma associação. 3- Na primeira reunião, apresentar os objetivos da associação, problemas enfrentados e possíveis soluções, minuta de um estatuto para a associação ou indicação de pessoas que elaborem a eleição da diretoria e do conselho fiscal, tendo a seguinte estrutura: Diretoria Executiva a) Presidente Conselho Fiscal O conselho fiscal é formado b) Vice – Presidente por seis pessoas, sendo três titulares c) Primeiro Secretário e três suplente. d) Segundo Secretário e) Primeiro Tesoureiro f) Segundo Tesoureiro Tabela 1: Estrutura da Associação Fonte: Cartilha do Associativismo e Cooperativismo (s.d.) - Ufersa 4- Concluída a reunião, é lavrada a ata, em livro próprio, relatando todos os fatos ocorridos. Em seu final ela é assinada por todos os presentes. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 8 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) 5- Depois de fundada a associação, é preciso registrar a associação 2.2. Associativismo e Cooperativismo De acordo com o Manual de capacitação tecnológica social, associativismo é uma ferramenta imprescindível para que uma comunidade saia do anonimato e adquira maior alcance social, político, financeiro e econômico. Quando as pessoas se unem em busca de melhores condições de vida para a comunidade, surge o associativismo, já a associação: é a pessoa jurídica, registrada em cartório e constituída livremente pela união de pessoas que, tem um objetivo comum, ou seja, querem a mesma coisa (Cartilha do Agricultor Familiar – Associativismo e Cooperativismo Solidário). A cooperativa é uma associação de pessoas que se unem voluntariamente para alcançar um objetivo em comum, por meio de uma organização administrada democraticamente, onde todos os cooperados contribuem com o mesmo valor, tem os mesmo direitos e deveres e assumem os ônus e os bônus do negócio. De acordo com o site do SEBRAE (Cardoso, 2014), o cooperativismo tem algumas heranças do associativismo, tais como os mecanismos de mobilização das pessoas em volta da organização cooperativa; o modelo de governo cooperativo, que se estabelece a partir da eleição de dirigentes; a realização de assembleias para aprovação das contas do exercício anual anterior e renovação de dois terços do conselho fiscal; no prazo máximo de quatro anos ocorrem eleições para o conselho de administração e para o julgamento dos dirigentes pela comunidade envolvida; o duplo papel dos associados, sendo o de proprietário e de beneficiário da cooperativa. Dessa maneira, as pessoas que chefiam as cooperativas são escolhidas entre os associados. Voltando um pouco no tempo, em 1884 uma cidadezinha na Inglaterra, chamada Rochdale, um pequeno número de trabalhadores industriais fundou uma cooperativa de consumo e a batizaram “A Sociedade dos Pioneiros Equitativos”. A sociedade começou com um capital de 28 libras financiado por um empresário do sindicato dos tecelões. Um ano mais tarde, o quadro de funcionários tinha aumentado de 28 para 74. Durante alguns anos o crescimento foi pequeno, fato que foi mudado drasticamente, quando em 1849 o RochdaleSavings Bank faliu, e seus ex – cooperados se associaram aos Pioneiros. Assim, o número de sócios subiu de 140 em 1848, para 390 no ano seguinte (Singer, 1998 apud Manual de capacitação tecnológica social, 2009). ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 9 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) No Brasil, o primeiro registro de uma cooperativa foi em 1889. O fato se deu em Minas Gerais, com o nome de “Cooperativa Econômica dos Funcionário Públicos de Ouro Preto”. Em 1902, é datado o registro da colônia alemã em Nova Petrópolis, Rio Grande do Sul, que tinha como finalidade a ajuda mútua. Os colonos contribuíam e poderiam obter um empréstimo para os subsídios da safra e outros privilégios, como o seguro saúde. Esse empreendimento cooperativo e solidário, era voltado à inclusão dos tradicionalmente excluídos pela economia dominante, e poderiam ser trabalhadores, jovens, mulheres, afrodescendentes, agricultores e seus respectivos familiares. (Manual de capacitação tecnológica social, 2009). Muitas pessoas pensam que associativismo e cooperativismo são a mesma coisa, mas possuem diferenças consideráveis. A Cartilha do Agricultor Familiar - PAIS enfatiza essas diferenças. A associação é uma sociedade sem fins lucrativos, que tem como objetivo a implementação e defesa dos interesses dos seus associados, bem como, incentivar a melhoria técnica, profissional e cultural dos seus integrantes. Já a cooperativa, é uma sociedade civil/comercial sem fins lucrativos, que viabiliza e desenvolve as atividades produtivas dos seus associados, armazena e comercializa, além de dar assistência técnica e educacional aos seus associados. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (2008) a cooperativa pode ser formada por no mínimo 20 pessoas, enquanto a associação é formada por no mínimo duas pessoas. O patrimônio da associação é constituído por taxas pagas pelos associados, doações, fundos e reservas, não possuindo capital social, enquanto a cooperativa possui capital social formado por quotas-partes ou pode ser substituído por doações, empréstimos e processos de capitalização. Outra diferenciação ocorre na distribuição de resultados financeiros que nas associações não são distribuídos entre os associados sendo aplicadas na própria associação, contudo na cooperativa após assembleia geral as sobras podem ser divididas de acordo com o volume de negócios de cada cooperado com a cooperativa. Por fim, para que aconteça a dissolução de uma associação deve ser de estabelecida em assembleia geral ou por meio de intervenção judicial do Ministério Público e para que ocorra a extinção de uma cooperativa também deverá ser definida em assembleia geral ou mediante processo judicial. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 10 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) 2.3. Agricultura Familiar Na última década, a agricultura familiar passou a ser vista pelo Governo brasileiro como um segmento imprescindível para o combate à fome e para garantir a segurança alimentar e nutricional. Segundo a lei 11.326/2006 (Secretaria do agricultor familiar), o agricultor familiar é aquele que produz em até quatro módulos fiscais – tem variação entre 5 e 110 hectares, mudando de acordo com a região – utilizando predominantemente mão de obra da própria família, e tendo como principal fonte de renda as atividades rurais familiares. A legislação também é vigente para silvicultores (cuidam do desenvolvimento florestal), aquicultores (criadores de plantas ou animais aquáticos), quilombolas, extrativistas e pescadores. Estima-se que 70% da alimentação da população brasileira seja oriunda da agricultura familiar. Assim sendo, o Governo, procurando atender as peculiaridades da agricultura familiar, aprovou linhas de crédito específicas para os mesmos, sendo que esses programas auxiliariam os produtores no cultivo, manutenção de maquinário e produtos, e colheita dos hortifrutigranjeiros. (Silva, Röder, 2013) Com esses programas do Governo, os associados puderam desfrutar de maior tranquilidade na hora de plantar e manter suas lavouras, como também aumentar os investimentos nos produtos e maquinários utilizados. Conseguir crédito a uma taxa de juros diferenciada, é um enorme auxílio para aqueles que muito dependem de capital para manter seus negócios e os fazer prosperar. Os estudos voltados para a gestão da agricultura familiar sustentam-se na premissa de que as técnicas gerenciais apropriadas para esse segmento contribuem para promover a sustentabilidade econômica dos empreendimentos. A gestão torna-se um importante processo na medida em que a agricultura familiar é um segmento que assume papel socioeconômico de grande importância no agronegócio brasileiro, além de contribuir para a inclusão social, razão pela qual o desenvolvimento desses empreendimentos é entendido como uma forma de tornar a sociedade justa social e economicamente. (SILVA, Röder, 2013) A possibilidade de a agricultura familiar absorver progresso tecnológico oriunda das peculiaridades naturais do setor agrícola, os quais dirigem sua evolução técnica. O camponês observou de perto o aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho evoluírem, sem que o processo sofresse mudanças. O trator veio e substituiu o cavalo, os fertilizantes químicos, a ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 11 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) matéria orgânica; as ferramentas e os equipamentos se modernizaram, mas sempre vão precisar da habilidade do produtor para sua boa utilização. (Guanziroli et.al.,2001,p.20-21) A agricultura familiar foi e continua sendo, não só o sustento de muitas famílias, mas representa grande parte do PIB do país. Segundo a Secretaria da Agricultura Familiar, com o constante crescimento desse segmento, a busca pelo conhecimento em gerenciar seu próprio negócio também aumentou, sendo assim, surgiram vários cursos com ênfase em empreendedorismo rural, administração de latifúndios, como contabilizar os gastos de insumos e controlar a verba destinada à compra dos mesmos. Assim, podemos observar que hoje em dia, todos prezam e anseiam pelo conhecimento. Segundo Guanziroli (et.al.2001,p.17), a noção equivocada de que o progresso técnico na agricultura evolui de forma análoga à indústria, e que eficiência e escala andam juntas, é utilizada para justificar o acolhimento de estratégias de modernização baseadas na grande produção em relação a uma não competitiva agricultura familiar, ou seja, com as técnicas modernas existentes atualmente, o agricultor familiar é capaz de gerar uma renda líquida superior ao custo de oportunidade de seu trabalho. De acordo com a Secretaria da Agricultura Familiar (30/04/2014), a agricultura familiar emprega mais de 3 bilhões de trabalhadores em todo mundo; mais de 4,3 milhões de estabelecimentos rurais nos territórios nacionais; ocupa mais de 80 mil hectares no Brasil; responde por 33% do PIB da agropecuária brasileira; ocupa 74% da mão de obra empregada no campo brasileiro. Além disso, as produções que se destacam são: mandioca (88,3%), feijão (68,7%), leite (56,4%), suínos (51%) e milho (47%). 2.4. Agronegócio No Brasil, com o êxodo rural, a taxa de residentes no meio urbano ultrapassou os 31,3% em 1940 para 84,36% em 2010 (Araújo, 2012). No âmbito mundial, estima-se que a população duplicou nos últimos cinquenta anos, indo de 3.000 milhões de pessoas em 1954, para 7,1 bilhões em 2013 (WORDOMETERS apud Araújo 2012). Com o crescimento desenfreado da população, os produtores rurais passaram a ter que produzir cada vez mais, em decorrência disso, ficaram mais dependentes de maquinários e insumos agrícolas, para que esses possam suprir com maior rapidez as necessidades de ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 12 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) consumo da população. Assim sendo, a “agricultura” perdeu seu sentido, porque deixou de ser uma atividade totalmente natural ou agrícola e exclusivamente primária, e passou a ser um complexo de bens ou, serviços e infraestrutura que envolve agentes diversos e interdependentes. Segundo MICELI (2008) o agronegócio é o conjunto das atividades que envolvem a produção agrícola desde a comercialização dos insumos, a produção agropecuária, o processo de industrialização e distribuição até chegar ao consumidor final. E considera que o setor convive continuamente com a possibilidade dos preços oscilarem de maneira contrária a seus interesses. John Davis e Ray Goldberg (1957),definemAgribusiness ou Agronegócio, como sendo: a soma de operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. Em 2009, o agronegócio movimentou no Brasil, do campo ao consumidor final, R$764.494 milhões, correspondendo à 25,44% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional (LEPEA-ESALQ/USP, 2010) e um terço dos empregos no país. De acordo com Daher (2010), a agropecuária movimenta 38,5% das exportações e emprega aproximadamente 40 milhões de pessoas. Esta informação, mostra como o setor é importante para a economia nacional. De acordo com o IC Agro (Índice de Confiança do Agronegócio, 2014), os produtores agropecuários estão divididos em relação ao seu porte, sendo que 23,3% representam os de grande porte, 40,9% os de médio e 35,8% os pequenos. Já em relação a cultura cultivada, a soja se destaca com 28,1%, seguida pela cana com 19,1%, milho 14,6%, café 9,3%, algodão 5,9%, arroz 3,3%, laranja 3,3% e trigo 1,2 %. De todos esses produtores, 64,2% são filiados à uma cooperativa ou associação, e 35,8% não. Desses afiliados, 93,5% são do gênero masculino. Quando o assunto em questão é o tempo da família na atividade, 60,4% dos agricultores atuam no ramo há mais de trinta anos e apenas 34,3% dos pecuaristas estão na atividade pelo mesmo período de tempo. Geralmente 90% da renda desses produtores é oriunda das atividades no campo, e uma pequena parte dos agricultores tem seus filhos trabalhando na lida e participando do dia a dia da propriedade. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 13 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) Em relação à produção comercializada via cooperativa e/ou associação, o produtor agrícola cooperado/associado utiliza esse canal em 43,8% das suas transações, e o produtor agrícola cooperado/associado do Rio Grande do Sul em 73,4% A partir dessas informações, percebe-se o quão importante é o agronegócio para o cenário nacional e mundial. Movimenta não só grande parte das negociações, como também gera emprego e renda para muitas famílias no Brasil. 3. METODOLOGIA Os métodos de pesquisa utilizadas neste artigo, com o objetivo de obter os dados de campo, se dará através de pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e entrevista. Segundo Lakatos (2010) a pesquisa bibliográfica tem como finalidade colocar o pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito e publicado sobre o assunto pesquisado. Por meio deste método foi realizada pesquisa em livros e artigos já publicados sobre associativismo em um contexto geral como também o associativismo rural e cooperativismo. A pesquisa de campo vai além da coleta de dados, ela contribuiu no entendimento da problemática de pesquisa bem como as referências já existentes sobre o assunto e auxiliou na decisão dos métodos e técnicas utilizadas para coleta dos dados e sua análise. No presente artigo a pesquisa foi feita por meio de estudo de caso na Associação de Famílias de Produtores Rurais da Queimada Velha na zona rural de São Sebastião do Paraíso. Por fim aconteceu uma entrevista utilizando um formulário semiestruturado com a presidente da Associação e também com nove de seus associados. Ocorreu através de uma conversa face a face com o entrevistado registrando com fidelidade as informações e opiniões por ele apresentadas. Obtendo desta forma uma maior fonte de dados não encontrados em fontes documentais e que são de grande importância. 4. RESULTADOS 4.1. Estudo de Caso A Associação de Famílias de Produtores Rurais da Queimada Velhasurgiu há aproximadamente treze anos, fundada por Henrique Matheus tinha como objetivo a união das ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 14 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) famílias que moravam na comunidade rural. Na época, contou com a ajuda da Prefeitura Municipal que cedeu um trator e maquinários agrícolas para uso e benefício dos associados. Havia também uma contribuição anual de R$50,00. Atualmente não existe mais esta contribuição. Henrique Matheus presidiu a associação por cinco anos (2002 à2007), tendo aproximadamente sessenta associados, na sua gestão. No início as reuniões aconteciam mensalmente e os temas constantemente abordados estavam relacionados às reivindicações de melhoria nas estradas, na água, energia elétrica e melhorias na escola municipal rural presente no bairro. Embora a ideia de construir uma associação fosse extremamente benéfica para as famílias, segundo Henrique, a maior dificuldade encontrada foi convencer as pessoas de que a mesma traria benefícios para seus associados, pois os produtores tinham receio em utilizar os equipamentos e maquinários e ocorrer algum tipo de incidente. Aos poucos toda a comunidade se mobilizou para colocar em prática a associação e usufruir dos benefícios por ela oferecidos. Muitas e burocráticas são as etapas para se iniciar uma associação, dentre as quais Henrique destaca a documentação como sendo a mais difícil. No período de fundaçãocontou somente com o apoio da Prefeitura Municipal juntamente com a Emater - MG para orientação e organização dos documentos necessários. Os implementos que a associação dispunha no princípio eram: trator, grade aradoura, colheitadeira de milho, lâmina niveladora e broca adquirida por meio de doações. A pá carregadeira foi adquirida com recursos próprios. Como uma forma de "manter" os bens era cobrada uma taxa de R$75,00 / hora para custear o combustível e mão de obra do motorista na utilização do trator. Atualmentedireção da Associação de Famílias e Produtores Rurais da Queimada Velha é realizada por Aparecida Reis Nunes de Sá, casada, agricultora, residente na cidade de São Sebastião do Paraíso. Era tesoureira na associação e se candidatou à presidência após o afastamento do antigo presidente, assumindo a presidência no ano de 2011. A associação não possui sede própria diante disso as reuniões acontecem nas instalações Secretaria da Agricultura da Prefeitura Municipal de São Sebastião do Paraíso, com uma frequência de três vezes ao ano, onde aproximadamente 60% dos associados participam. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 15 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) As culturas praticadas pelos agricultores são: verduras e legumes em geral, figo, banana, pêssego, morango e mandioca. Alguns produtores enviam legumes, verduras e frutas para as escolas municipais e estaduais através do programa PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar, outros comercializam para a rede Walmart de Passos, Ribeirão Preto e Franca, e diversos encaminham para rede de supermercados. Os produtores vendem seus produtos para a associação que por sua vez vende para as escolas e/ou rede de supermercados. Em determinado dia do mês os compradores pagam diretamente para a associação que repassa os valores para cada produtor. O pagamento é realizado somente por meio de cheque e é entregue pelo escritório de contabilidade responsável por todo controle e emissão das Notas Fiscais Eletrônicas. Sobre a venda destes produtos a associação recebe 5% do valor de cada nota fiscal emitida. O Estatuto da Associação é registrado em cartório e está depositado também no escritório de contabilidade. A diretoria e associados tem acesso controlado ao mesmo, tendo que assinar um termo quando fazem a retirada do mesmo para consulta. 4.2. Análise dos Resultados Com o objetivo de entender mais sobre a dinâmica da associação e também corroborar para o alcance dos objetivos do trabalho foram entrevistados nove associados, dentre eles Henrique Matheus (fundador da associação) e Aparecida Reis Nunes de Sá (atual presidente). A análise dos resultados apresentou que dentre os entrevistados, 77,7% não residem na zona rural e moram no município de São Sebastião do Paraíso, e apenas 22,23% residem na comunidade, mais precisamente no bairro rural. Dos sete produtores entrevistados, 71,42%mantêm vínculo com a associação desde que a mesma foi criada, 14,28% soube através do irmão e 14,28% por meio de indicação de produtores mencionando os benefícios do Projeto PNAE. O Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, implantado em 1955, ajuda os associados a colocarem seus produtos no mercado e contribui para o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem, o rendimento escolar dos estudantes e a formação de hábitos alimentares saudáveis oriundos da oferta de alimentação escolar. O FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) transmite recursos, em até dez parcelas mensais, ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 16 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) para as prefeituras municipais, secretarias de educação dos Estados e do Distrito Federal, creches, pré-escolas e escolas federais. Os proventos recebidos apenas podem ser utilizados na compra de gêneros alimentícios para a merenda escolar. Sendo assim, o Governo Federal (por meio do FNDE) transmite a verba da merenda, e as entidade executoras, como prefeitura, por exemplo, recebem o dinheiro, compram os itens da merenda e prestam contas ao Conselho de Alimentação Escolar – CAE. (Cartilha para conselheiros do Programa Nacional da Alimentação Escolar, 2010, p.6-7). Segundo os entrevistados, os benefícios adquiridos através da associação são muitos, dentre eles a utilização de maquinários e implementos agrícolas, emissão de notas fiscais por intermédio da associação e venda das culturas produzidas para o projeto PNAE. Quando questionados a respeito da maneira que obtinham lucros e melhores condições mediante a associação, responderam que os serviços prestados, os maquinários e implementos concedidos auxiliam de sobremaneira, bem como a emissão de notas fiscais, mas ressaltam a falta de união entre os produtores. Em relação às melhorias a serem feitas, os associados sugerem a compra de novos implementos para atender as diversas culturas praticadas na região, união da comunidade para que juntos possam reivindicar melhorias, assistência de um agrônomo que auxilie os produtores, uma colheitadeira de café e propõeo reembolso das despesas que os dirigentes têm ao desempenhar seus cargos. Muitas das melhorias almejadas pelos produtores são citadas no aspecto da não concordância em determinados fatos, como por exemplo a falta de comunicação entre os produtores, a não prestação de contas, a pouca quantidade de reuniões anuais, como também a falha de comunicação e falta de assistência técnica especializada, o que é sentida pela maioria dos produtores entrevistados. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a construção do presente artigo tornou-se possível conhecer como é o funcionamento na prática da Associação de Famílias e Produtores Rurais da Queimada Velha. Observou-seque grande parte dos pequenos produtores rurais encontram dificuldades na comercialização de seus produtos no meio urbano e encontram nos incentivos e meios que a associação lhes oferecem, oportunidades para se desenvolverem e competirem no mercado. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 17 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) O governo disponibiliza programas, como o PNAE, por exemplo para que produtores, por intermédio da Associação consigam inserir-se no mercado de alimentos e possam fornecer uma alimentação saudável para crianças, adolescente e adultos que frequentam creches, préescolas, escolas e escolas federais. A partir da união de produtores em prol de um único ideal percebe-se uma alavancagem na produção individual de cada agricultor e maiores conquistas para a própria comunidade. A Associação atua como mediadora na organização destes produtores rurais, auxiliando para que tenham mais força ao reivindicar ações junto ao poder público. Apesar da organização dos produtores, há ainda conflitos e necessidades que não foram plenamente atendidas. Foram constatadas algumas medidas para o melhor funcionamento da Associação de Famílias e Produtores Rurais da Queimada Velha, e as mais evidentes foram o desejo demaior frequência no número dereuniões feitas entre diretores e associados e o desejo de uma maior prestação de contas, para que se possa acompanhar melhor as receitas e os dividendos da Associação. Sucedeu-se pesquisas em diversas literaturas para o melhor entendimento do andamento da associação, sendo necessário a inserção em alguns outros temas diretamente relacionados, como o Cooperativismo, Agricultura Familiar, Associação e Agronegócio. Com o término da pesquisa, surgiram inquietações acerca do vínculo entre Associação – Walmart. Por esta ser uma grande empresa multinacional, a curiosidade se sobressaiu quando a questão abordada é em relação a uma pequena Associação de produtores se inserir em um cenário de grande porte e de grande participação no mercado como é o caso dessa grande loja de departamentos. Sendo assim, o desejo de saber como funciona essa relação, como são escolhidos os produtores da Associação que irão fornecer os hortifrutigranjeiros e como as partes são beneficiadas por esse vínculo é intrigante. REFERÊNCIAS AMARAL, Inácia Girlene. Associativismo e Cooperativismo. [S.L.: s.n] Disponível em: <>http://www2.ufersa.edu.br/portal/view/uploads/setores/241/Cartilha%20de%20Associativis mo%20e%20Cooperativismo.PET-PROEX.pdf >.Acessado em 01 de dezembro 2014. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 18 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) ARAUJO, Massilon J. Fundamentos de Agronegócios. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. CARDOSO, UnivaldoCoelho.Associação./Univaldo Coelho Cardoso, Vânia Lucia Nogueira Carneiro, Edna Rabêlo Quirino Rodrigues. Brasília: Sebrae, 2014. DÖRR,Cristina Andrea, GUSE Carla Jaqueline e FREITAS Rossi Antonio. Agronegócios: desafios e oportunidades da nova economia. 1ª ed. Curitiba:Appris, 2013. Fundação Banco do Brasil. Produção Agropecuária Integrada Sustentável - Cartilha do Agricultor familiar: Associativismo e Cooperativismo Solidário. [S.L.: s.d.] Disponível em: < http://www.fbb.org.br/portal/pages/publico/pais/cartilha2.pdf > . Acesso em 08 de janeiro 2015. GUARINZOLI, Carlos E. et.al.: Agricultura e Reforma Agrária no Século XXI. Rio de Janeiro: Garamond,2001. LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. MICELI, Motta Wilson. Derivativos de Agronegócios. 1ª ed. São Paulo: Saint Paul Editora Ltda, 2008. O que o cooperativismo herdou do associativismo? 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Disponível em <https:www.pt.org.br/blog- secretarias/agricultura-familiar-garante-alimentos-e renda-em-todo-o-mundo/. Acessado em 08 de abril de 2015 às 21:29. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. Associativismo/ Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília: 2ª Edição, 2008. Tribunal de Contas da União. Cartilha para Conselheiros do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Brasília: 5ª Edição, TCU, 2010. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 20 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) APÊNDICE -A ENTREVISTA COM PRESIDENTE ASSOCIAÇÃO Nome: Gênero: Idade: Estado Civil: Ramo de atividade em que atua: Escolaridade: 1. Reside na Queimada Velha? Se sim, há quanto tempo? Com quantas pessoas reside? 2. Com qual frequência vai à Associação? 3. Como se tornou presidente da Associação? 4. De quanto em quanto tempo são realizadas as reuniões? 5. Todos os associados participam das reuniões? 6. Há quanto tempo está à frente da Associação? 7. Como e quais são as contribuições que a Associação recebe? 8. O CNPJ da Associação pode ser utilizado por todos os associados? 9. Como funciona a emissão de Notas Fiscais em nome da Associação? 10. Quais maquinários a associação possui? Somente os associados podem utilizá-los? 11. Como estes maquinários são adquiridos? 12. Qual o destino dos produtos comercializados através da Associação? APÊNDICE -B ENTREVISTA COM HENRIQUE MATHEUS (FUNDADOR ASSOCIÇÃO) Nome: Gênero: Idade: Estado Civil: Ramo de atividade em que atua: Escolaridade: 1) Quando fundou a Associação? Porque/ Qual motivo levou para montar a Associação? 2) Quais as dificuldades encontradas? 3) Qual foi a etapa mais difícil para iniciar a Associação? ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 21 A importância do associativismo na organização de produtores rurais MUMIC, AGUIAR, LIVRAMENTO (2015) 4) 5) 6) 7) 8) 9) Quanto tempo ficou à frente da Associação? Qual a origem dos recursos para compra dos implementos? Alguém o auxiliou? Quantos associados tinham no início? Qual frequência de reuniões eram feitas? Se recorda o tema constantemente abordado? Atualmente usufrui da Associação? Se sim, quais benefícios lhe oferece? APÊNDICE - C ENTREVISTA ASSOCIADOS Nome: Gênero: Idade: Estado Civil: Ramo de atividade em que atua: Escolaridade: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Reside na Queimada Velha? Se sim, há quanto tempo? Com quantas pessoas reside? Como teve contato/descobriu a Associação? Quais os benefícios que a Associação lhe oferece? Exerce alguma outra atividade além da atividade agrícola? Utiliza os maquinários da Associação? Quais? Em sua opinião, a Associação funciona e proporciona lucro e melhores condições para os associados? De que maneira? 7. Existe alguma contribuição mensal? 8. Participa das reuniões? Com que frequência? 9. Como seria sua atividade sem a Associação? 10. O que pode ser melhorado? 11. Em sua opinião o que não está de acordo? ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 22 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) UM OLHAR PARA A QUALIDADE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS DE UMA EMPRESA DE MÉDIO PORTE FABRICANTE DE LINGERIE: ESTUDO DE CASO Priscila Aparecida Santos de Souza Bacharel em Administração Stefânia Aparecida Belute Queiroz1 Especialista em Gestão de Empresa com Ênfase em Qualidade RESUMO Hoje a competitividade, na maioria das vezes, é acirrada e é por isso que as empresas estão se preocupando cada vez mais com o setor de Desenvolvimento de Produto e a qualidade. O problema de pesquisa do presente estudo é: Como a qualidade é abordada no processo de desenvolvimento de produto em uma empresa fabricante de lingerie? Para responder o problema de pesquisa o objetivo geral deste trabalho é: Analisar como a qualidade é abordada no processo de desenvolvimento de produto de uma empresa fabricante de lingerie. Para alcançar o objetivo geral foram definidos os seguintes objetivos específicos: Fazer uma revisão bibliográfica sobre o tema; verificar quais são as etapas realizadas desde as pesquisas de mercado até o produto já aprovado para a produção; identificar como é abordada a qualidade no desenvolvimento de produto. Sendo assim, a justificativa encontrada para a realização deste estudo é a importância desse tema para analisar cada etapa de um projeto de desenvolvimento de produto em uma empresa. Para realização deste trabalho foi feita uma pesquisa de abordagem qualitativa de caráter descritivo, o método utilizado foi o estudo de caso, a técnica utilizada para a coleta de dados foi a entrevista semi estruturada. Na empresa estudada todas as etapas de desenvolvimento de produto são obrigatoriamente respeitadas, pois segundo a estilista interfere diretamente na qualidade do produto desenvolvido. Palavras-chave: Desenvolvimento. Produto. Qualidade. Projeto. Lingerie. 1 [email protected] ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 23 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) 1. INTRODUÇÃO A dificuldade de desenvolver um produto nas organizações provém da interferência interna (investimento financeiro, maquinário, mão de obra capacitada e tempo) e externa (aceitação do público quanto à estética, preço, qualidade e utilização). O produto pode ser desenvolvido de acordo com a demanda do mercado ou pela necessidade de novas tecnologias, entre outros fatores. Estudos estão sendo realizados para melhorias na execução da gestão de processo de desenvolvimento de produtos, por meio do desenvolvimento de novas estratégias, ferramentas, metodologias e novas tecnologias que buscam diminuir os custos, o tempo de produção e o aumento da qualidade e lucro das organizações. No projeto de desenvolvimento de produto, os profissionais buscam a melhoria de produtos existentes ou o lançamento de novos produtos para que suas empresas tenham vantagem competitiva, fidelidade de seus clientes e conquista dos novos. Com base nesse contexto, o presente artigo tem como problema de pesquisa: como a qualidade é abordada no processo de desenvolvimento de produto em uma empresa fabricante de lingerie? Para responder o problema de pesquisa tem-se como objetivo geral analisar como a qualidade é abordada no processo de desenvolvimento de produto de uma empresa fabricante de lingerie. Os objetivos específicos são: fazer uma revisão bibliográfica sobre o tema; levantar quais as técnicas foram utilizadas para desenvolvimento de produto; verificar quais são as etapas realizadas desde as pesquisas de mercado até o produto já aprovado para a produção; identificar como é abordada a qualidade no desenvolvimento de produto; verificar como são feitas as pesquisas de mercado, chegando assim ao protótipo e ao produto já aprovado para a produção. Este trabalho justifica-se devido a importância da qualidade no desenvolvimento das organizações e em cada etapa de um projeto de desenvolvimento de produto. É preciso compreender como é o desenvolvimento, a criação de novos produtos e as formas de melhoramento dos mesmos, antes de serem colocados no mercado, criando valor para a marca aumentando a competitividade e consequentemente o sucesso das organizações. Após essa introdução, o artigo encontra-se subdividido em referencial teórico, procedimentos metodológicos, estudo de caso, conclusão, referências bibliográficas, anexo e agradecimento. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 24 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Desenvolvimento de produtos Desenvolver ou criar novos produtos e/ou melhorá-los para colocá-los no mercado com maior tecnologia, aumentando assim a competitividade e o sucesso das empresas exige esforço e dinamismo do setor de desenvolvimento das organizações. A importância de um bom desenvolvimento de produto é passar por todos os processos se esforçando para que eles sejam bem feitos e não necessitem de retrabalho em sua construção, resultando assim em um produto de qualidade que obtenha sucesso no mercado. Um bom projeto satisfaz aos consumidores, comunica o propósito do produto ou serviço a seu mercado e traz recompensas financeiras à empresa. O objetivo de um bom projeto, independentemente de ser produto ou serviço, é satisfazer os consumidores ao atender a suas necessidades e expectativas atuais e/ou futuras. Isto por sua vez, melhora, a competitividade da organização. (SLACK, et al., 2009, p. 118) Para Moreira (2002) nas empresas uma das forças fundamentais reside na contínua revisão e introdução de novos produtos. Daí a importância de não se perder de vista novos investimentos. O processo de desenvolvimento de produto para algumas empresas é fundamental para sua sobrevivência. Esse processo consiste em atividades que vão desde o planejamento estratégico do produto até a descontinuidade do produto já desenvolvido no mercado. (ROZENFELD et al, 2006 apud Toledo, 2013, p 11) Durante o desenvolvimento de produto são projetadas todas as etapas e processos técnicos de um produto ou serviço ou de melhorias para que a empresa tenha sucesso na hora de apresentá-lo ao mercado e obter competitividade. Afirmando esse conceito: Um produto ou serviço é qualquer coisa que possa ser oferecida aos consumidores para satisfazer suas necessidades e expectativas. Pode-se considerar que todos os produtos e serviços têm três aspectos. Conceito: que é um conjunto de benefícios esperados que o consumidor está comprando. Pacote: de produtos e serviços “componentes” que proporcionam os benefícios definidos no conceito. E o processo: pelo qual a operação produz o pacote de produtos e serviços “componentes”. (SLACK, et al, 1996, p. 146) Quando um cliente compra um produto ou um serviço ele não compra somente um objeto ou um serviço e sim os benefícios, as expectativas, a realização de um desejo ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 25 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) intrínseco, enfim ele adquire um conceito. Algumas ideias de novos produtos e serviços podem vir de fontes externas à organização, como pessoal de vendas e da linha de frente ou departamento de pesquisa e de desenvolvimento. Porém, há outras etapas a serem realizadas para que se desenvolva um produto. 2.2. Etapas de desenvolvimento de produto É necessário fazer uma triagem do conceito, pois nem todas as ideias irão se tornar um produto. Essa avaliação tem que ser bem feita para não haver preocupações no projeto. Temse que avaliar a viabilidade (a qualidade dos recursos, a quantidade de recursos, inclusive os recursos financeiros), a aceitabilidade do projeto (se o cliente irá querer o produto, se o projeto trará lucro satisfatório), a vulnerabilidade (que riscos estarão dispostos a correr, as consequências que esse projeto trará, o que pode dar errado). Feita essa triagem, segue-se ao projeto preliminar que consiste em fazer uma definição e especificação de processos para o produto, (sua estrutura e seus componentes) em seguida faz-se a avaliação e melhoria do projeto, essa etapa analisa, verifica os erros e propõe melhorias antes que o produto chegue ao mercado. Nesta última etapa pode-se usar três tipos de técnicas: desdobramento da função qualidade (QFD), engenharia de valor (VE) e métodos de Taguchi. Para Moreira (2002) algumas etapas dessas fases podem ser puladas, e mesmo assim podendo ter sucesso no projeto final, ele afirma esses processos de desenvolvimento apresentados no quadro abaixo figura 1: Geração e filtragem de ideias Projeto inicial do Análise econômica produto Teste do protótipo Projeto final Figura 1: Etapas de Desenvolvimento de Produto Fonte: MOREIRA, 2002, p.228 ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 26 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) Segundo Corrêa e Corrêa (2007, p. 321) “antigamente o desenvolvimento, o projeto do produto e do processo eram tratados de forma independente, atualmente os projetos do produto e do processo são vistos cada vez mais como atividades inter-relacionadas e que devem ser tratadas paralelamente”. Hoje no mercado busca-se a melhor maneira de desenvolver e colocar a venda um produto que não corra risco de venda baixa e que fidelize os clientes. Para aperfeiçoar esses processos Slack et al. (2009), Moreira (2002) destacam uma sequência para o processo de Desenvolvimento de Produto (PDP). Para Slack et al. (2009) o processo de PDP tem-se a sequência, conforme mostrada na figura 2: Geração do conceito Triagem do conceito Projeto preliminar Avaliação e melhoramento Projeto final e Prototipagem Figura 2: Etapas de Desenvolvimento de Produto Fonte: SLACK et al., 2009, p.122. De acordo com a Figura 2, geração de conceito; podem-se buscar ideias em duas fontes distintas, fontes internas e fontes externas à organização. As fontes internas são (equipe de vendas, equipe de desenvolvimento e marketing) e fontes externas são (consumidores, concorrentes, pesquisa de mercado, entre outros). De acordo com Slack et al. (2009) durante a triagem do conceito é selecionada a melhor ideia para que o projetista trabalhe até o estágio seguinte. Nessa avaliação inicial ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 27 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) verifica se cada critério: viabilidade (temos habilidade, capacidade produtiva, recursos financeiros), aceitabilidade (os objetivos do projeto que podem ser alcançados, haverá interesse dos nossos consumidores nesse produto, trará retorno financeiro) e vulnerabilidade (se houver riscos, sabemos todas as consequências dessa ideia e analisar as possibilidades de dar tudo errado, qual atitude tomar). Tem-se também que balancear a avaliação e criatividade, pois em um projeto eficaz é vital a criatividade do seu projetista. É nessa etapa que acontece o funil do projeto (figura 3) onde várias ideias são discutidas e são retiradas aquelas que não são interessantes para a empresa. Figura 3: Especificação do funil do projeto Fonte: SLACK, et al, 2009, p. 125 Passadas essas etapas de conceito de produto, aceitabilidade, viabilidade e vulnerabilidade, segue-se para o projeto preliminar, onde é realizada a criação de uma primeira versão em relação às especificações e definição dos processos. Na especificação são colocados todos os detalhes dos componentes de cada parte do projeto. No projeto preliminar os projetistas buscam simplificar as etapas para reduzir a complexidade. Nessa fase é essencial diminuir a complexidade, para diminuir os custos e os processos, facilitando sua produção. A simplificação pode ser alcançada seguindo três itens: padronização, comunalidade e modularização. (SLACK et al., 2009). Versa Slack et al. (2009) que a padronização busca reduzir os processos produtivos, a variedade de tamanhos e características, para que os produtos tenham as mesmas características, definição de qualidade e facilidades produtivas. A comunalidade é quando se ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 28 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) usam elementos comuns no produto, simplificando a complexidade do projeto. Modularização é a separação de parte do projeto do produto para facilitar a sua produção. Ainda segundo Slack et al. (2009) a próxima etapa é de avaliação e melhoria do projeto. O objetivo dessa etapa é verificar se há possibilidade de melhoramento do produto ou serviço antes de testa-lo no mercado. Para fazer essa verificação a empresa pode usar alguns métodos melhoramento da função qualidade para certificar que nas etapas anteriores foram verificados os processos de revisão de qualidade. A empresa antes de lançar no mercado qualquer produto precisa assegurar que o projeto final do produto atende todas as necessidades do cliente. A verificação pode ser feita por gráficos, quadros, acompanhando cada etapa para que mantenham a qualidade proposta pela empresa e previna qualquer custo desnecessário. 2.3. Qualidade no processo de desenvolvimento de produto Muitas empresas atualmente se destacam no mercado pela qualidade. Pode se conceituar qualidade como a singularidade de um produto em relação aos outros. Às vezes essa particularidade pode ou não ser observada de início. Segundo Carpinetti (2012, p. 119), “qualidade pode estar associada a três atributos: 1- os atributos intrínsecos de um bem como desempenho técnico e durabilidade, 2- a satisfação do cliente e, 3- o atendimento às especificações do produto”. Por isso a importância dessa etapa. A empresa tem, como auxílio às decisões, gráficos e quadros que, alimentados corretamente, podem fazer a diferença entre um produto qualquer e um produto de qualidade. A ferramenta Desdobramento da Função Qualidade (QFD) pode ser utilizada quando a empresa necessita de informações entre os quês e o como. Os “quês”, ou requisitos do consumidor, são os fatores decisivos (relevantes) para o consumidor na hora da compra. E o “como”, ou características do projeto, seria operacionalizar os requisitos do consumidor. Essas informações recebem notas que vão compor os quadros e ajudar na hora de montar um padrão de qualidade. De acordo com Slack et al (2009, p. 131), “a matriz QFD é a articulação formal de como a empresa vê o relacionamento entre os requisitos do consumidor (o que) e as características de projeto do novo produto (como)”. Para Slack et al (2009, p. 132) “nessa fase também podemos usar a engenharia de valor que é tentar reduzir os custos desnecessários antes de produzir o produto ou serviço”. Geralmente essa análise é feita por uma equipe composta por projetistas, especialistas de ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 29 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) compras, gerentes de produção e analistas financeiros. Essa equipe tem como missão analisar os custos de produção, verificar se há no mercado produtos similares que façam a mesma função, simplificar processos, diminuir todo e qualquer fator que faça esse produto ficar mais caro ou com má qualidade. E como fim da análise de qualidade, pode-se usar o método de Taguchi, de acordo com Slack et al (2009, p. 133) “é testar a robustez do projeto. É verificar se em condições diversas esse produto consegue manter seu desempenho e garantir que nada prejudicará a produção e elaboração desse produto, tais como: falhas de funcionários, equipamentos, doenças, acidentes etc.”. Para o sucesso de um bom produto, todos esses requisitos devem ser respeitados. A última etapa é a prototipagem e projeto final, onde se transforma o projeto melhorado em um protótipo para ser testado. Na fabricação de um protótipo podem ter modelos de argila até simulações em gesso em 3D ou em computadores, esse momento é para fazer mais ajustes e verificar se há falhas. Muitas empresas fazem também projetos pilotos e disponibilizam em programas para que seus consumidores testem. A empresa ainda pode se auxiliar com computadores, como, por exemplo, o CAD (Computer Aided Desing). Ele pode modificar ou criar desenhos de produtos, pode acrescentar pontos, linhas, círculos, marcações e texto em moldes e fazer a graduação e consumo de todos os tamanhos, por exemplo, em peças do vestuário. Ele possui também uma ferramenta de zoom para conferir se há diferenças de níveis e tamanhos. Todas essas informações podem ser armazenadas para serem usadas no corte desses produtos e também para alimentar um banco de dados: (SLACK, 2009). A avaliação e melhoria do projeto de produto leva em consideração o que pode ser melhorado antes que o produto ou serviço seja testado no mercado e considera três técnicas especialmente úteis: Desdobramento da Função Qualidade (QFD), Engenharia de Valor (VE) e método Taguhi. (SLACK et al., 2009, p. 131). A técnica QFD tem como objetivo principal: A inversão no processo de desenvolvimento de produtos, fazendo-o ser “puxado” pelas necessidades reais do consumidor, tentando aproximar ao máximo os atributos do produto às exigências dos clientes. Logo, deduz-se que o objetivo principal do QFD é assegurar que o projeto de um produto ou serviço realmente atenda às necessidades de seu cliente. (MARSHALL JÚNIOR et al., 2006 apud ABOUT; OLIVEIRA, 2006) De acordo com Slack (2009) o objetivo principal da VE é colocar à disposição dos profissionais de diversas áreas da empresa instrumentos para a utilização correta dos seus ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 30 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) recursos. Cada recurso indicado para a produção de bens e serviços, deverá receber um estudo criterioso, para a garantia das metas planejadas e o objetivo principal do método Taguhi é melhorar as características do processo ou de um produto, por meio da identificação e ajuste dos seus fatores controláveis, que irão minimizar a variação do produto final, em relação ao seu objetivo. O planejamento da qualidade consiste em definir as características do produto, com base na análise das necessidades. A qualidade planejada abrange dois tipos de características de especificações funcionais e as especificações técnicas. Essas especificações estabelecem o escopo do produto, ou desempenho desejado do produto. Ao final do projeto, o produto será comparado com as especificações para verificar se o escopo foi atendido. Qualidade de aceitação ou de conformidade é a medida da coincidência entre a qualidade planejada e a qualidade que o produto de fato apresenta. A falta de qualidade, de planejamento ou aceitação, sempre é problemática. (MAXIMINIANO, 1997, p. 68) Ainda segundo Maximiniano (1997) garantia da qualidade confere a certeza de que as características ou atributos planejados estarão presentes no produto. Tem como objetivo diminuir erros e defeitos, enquanto o controle da qualidade seleciona os resultados errados dos certos. Para que se garanta a qualidade, é necessário estruturar um sistema da qualidade que compreenda os seguintes elementos. Procedimentos padronizados para a utilização das ferramentas da qualidade. Por exemplo, o sistema da qualidade pode conter um modelo de projeto que deve possuir um estudo dos requisitos da qualidade do produto. Especificações de qualidade de produtos, serviços e processos. A garantia da qualidade tem início com os padrões representados das especificações de qualidade. A qualidade planejada não existe sem padrões e nenhuma forma de avaliação é possível. Segundo (FEIGENBAUM apud Maximiano 2012, p.158), “no final das contas, tudo depende de um par de mãos. Não se pode esperar que a qualidade dependa apenas das especificações ou de procedimentos. Sem pessoas qualificadas e apropriadamente recompensadas, é impossível obter qualidade”. Ainda segundo Maximiniano (2012) é necessário um departamento responsável pela coordenação da política da qualidade que possua uma pessoa responsável, exclusivamente, pela administração do sistema de qualidade que cuide para que as demais partes do sistema existam e funcionem adequadamente. O procedimento de avaliação de projetos em estágios sucessivos, nos sistemas comuns o controle é feito no final dos processos e descobre-se ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 31 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) somente os erros, no sistema de garantia da qualidade a intenção é evitar que ocorram os erros. Os manuais de Administração de Qualidade definem os elementos que o sistema precisa. Nesse manual pode se encontrar as referências, especificações e orientações que ajudam administrar a qualidade. O sistema da garantia da qualidade pode ser sofisticado ou simples, o que vale é sua eficácia. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para realização deste trabalho foi feita uma pesquisa de abordagem qualitativa. Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupo sociais. Ressalta também que podem “contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos.” Na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado. A abordagem qualitativa visa destacar características não observadas por meio de um estudo qualitativo, haja vista a superficialidade deste último. (BEUREN, 2006 apud RICHARDSON, 1999, p. 80) A pesquisa é de caráter descritivo: tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis. Uma das suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados. (GIL, 1999 apud BEUREN, 2006, p. 81) “A pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles. Assim, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador”. (ANDRADE, 2002 apud BEUREN, 2006, p.81). O método utilizado foi o estudo de caso, pois caracteriza principalmente pelo estudo concentrado de um único caso. “Esse estudo é preferido pelos pesquisadores que desejam aprofundar seus conhecimentos a respeito de determinado caso específico.” (BEUREN et al 2006 p. 84) O estudo de caso justifica sua importância por reunir informações numerosas e detalhadas com vista em apreender a totalidade de uma situação. A riqueza das ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 32 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) informações detalhadas auxilia num maior conhecimento e numa possível resolução de problemas relacionados ao assunto estudado. (BRUYNE, Herman e Schoutheete apud BEUREN, 1997 p. 84) Para Gil (2010, p. 37) “o estudo de caso consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados”. “O estudo de caso é a pesquisa sobre determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo de seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida”. (CERVO et al. 2007, p. 62). Foi realizado o estudo na empresa Duzani, fabricante de lingerie, situada na cidade de São Sebastião do Paraíso. A empresa distribui seus produtos para nove estados do Brasil. A técnica utilizada para a coleta de dados foi a entrevista semi estruturada. Para Marconi e Lakatos 2009 a entrevista é Um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.178) Cervo et al. (2013) complementam ainda que: A entrevista não é uma simples conversa. É uma conversa orientada para um objetivo definido: recolher, por meio do interrogatório do informante, dados para a pesquisa. Eles recorrem à entrevista sempre que têm necessidade de obter dados que não podem ser encontrados em registros e fontes documentais e que podem ser fornecidos por certas pessoas (CERVO et al., 2013, p. 51) BEUREN (2006, p. 132) a entrevista semi estruturada permite maior interação e conhecimento das realidades dos informantes. Para alguns tipos de pesquisas qualitativas, a entrevista semi estruturada parece ser um dos principais instrumentos de coleta de dados de que o pesquisador dispõe. A entrevista semi estruturada, composta por 34 questões elaboradas a partir do referencial teórico construído, foi realizada com a estilista Carla Venturini responsável pelo desenvolvimento de produto da empresa. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 33 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) 4. ESTUDO DE CASO A empresa estudada foi a Duarte e Zani Ltda fundada em 1998 e que atualmente possui 600 funcionários e está situada em São Sebastião do Paraíso. Seus produtos são distribuídos para nove estados brasileiros. A empresa possui 90 distribuidores com média de 100 consultoras cada. A empresa é composta pela diretoria, por um gerente geral, gerentes setoriais (marketing, desenvolvimento, PPCP, compras, Rh, fiscal, financeiro, líderes de setor, costureiras e auxiliares). A Duzani possui um setor de desenvolvimento de produtos do grupo Duzani, com uma equipe de 9 pessoas, onde são criadas peças para 7 marcas do grupo e projetos para lançar mais 2 marcas. Quando questionada sobre a importância do setor de desenvolvimento de produto a responsável disse que para ela na empresa é um setor muito importante, pois é onde as ideias se tornam realidade, onde é possível traçar estratégias que envolvam todo o contexto da empresa, como metas, produção, ações de marketing, etc. A empresa possui dois canais de venda, o consignado e o catálogo. Hoje já são consolidados no mercado e tem uma boa aceitação. A marca é reconhecida e isso facilita todo o processo de venda. São seis marcas: Duzani, Lageli, Vigathi, Dulotti, a Duzani Beachwear e o Duzani Plus Size. As marcas abrangem uma boa parcela de mercado e isso é benéfico para que as consumidoras não procurem na concorrência outros produtos semelhantes. Quando questionada sobre a qualidade no processo de desenvolvimento de produto a responsável informou que a empresa possui um setor de SAC (Serviço de atendimento ao Cliente) onde os consumidores são ouvidos em relação a qualidade. Outras formas de ouvir os consumidores são por meio de pesquisa de mercado, entrevista com as consultoras, pesquisas nas redes sociais e sistema interno. As ideias que a estilista pesquisou são levantadas através de pesquisa em sites especializados, revistas, pesquisa de rua, engenharia reversa e também no processo produtivo. Uma outra forma de pesquisa é em relação a modelagem, se condiz com produto a ser desenvolvido e também abordada no processo de análise de viabilidade, principalmente na escolha dos produtos (matéria prima) e na prototipagem se a empresa possui habilidade, capacidade produtiva (verificando os processos), recursos financeiros necessário para o desenvolvimento do produto. Já na verificação de aceitabilidade, a qualidade é verificada através de pesquisa com suas consultoras e cliente final por meio do site e entrevista com suas ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 34 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) consultoras durante eventos realizados pela empresa. Durante a entrevista e pelo site é verificado o quanto a qualidade é importante para elas. A vulnerabilidade é verificada nos produtos que não deram certo, para que não se desenvolvam produtos com o mesmo perfil. E sempre tem um plano caso o produto não seja aceito como esperado, o plano é retirá-lo de linha de produção quando a vulnerabilidade é verificada. Seguindo a responsável a criatividade é a peça principal na hora de desenvolver um produto. A estilista tem que ser livre na hora de desenvolver, por isso na empresa é importante ter a estilista sempre conectada com a responsável pelo setor para que haja um equilíbrio entre desenvolver um produto de qualidade, viável e que atenda a demanda do mercado. Quando questionada sobre as ferramentas utilizadas na realização de melhorias a responsável informou que na empresa há uma preocupação do que o consumidor final deseja e como pode se satisfazer essa necessidade. No caso da engenharia de valor é analisado a possibilidade de realização de melhoria. Por exemplo, a empresa projeta um catálogo mensal e antes desse catálogo ser produzido acontece uma reunião de briefing com os principais setores da empresa (setor de Desenvolvimento, setor de Processos, setor de PPCP, Produção, Gerência de Venda e, Diretoria) para tomar decisões importantes como: melhoria do processo para redução de custos, quantidades produzidas, lançamentos, melhoria de produtos entre outros, a empresa busca sanar os requisitos: faltas de funcionários, defeitos de maquinários e acidentes com ações preventivas como: palestras motivacionais e prevenção de acidentes, reuniões da CIPA e manutenção diária de seus equipamentos. Na empresa o processo de pesquisa para decisão de lançar um novo produto no mercado é feita por meio de uma pesquisa de tendências tanto de moda quanto de mercado. Após essa etapa é realizada uma reunião para tomada de decisões e verificação de todos os dados pesquisados. Quando a responsável foi questionada sobre a realização do projeto, ela informa que complexidade do projeto é reduzida através padronização, comunabilidade e modularização. Na empresa busca se a padronização dos produtos, por exemplo, os tamanhos das cinturas das calcinhas, o número de pontos por centímetro em determinada máquina. Sempre se preocupam em buscar novas tecnologias para que ao comprar vários produtos não tenha problema com tamanho e qualidade. Na análise de processos verifica se a comunabilidade e a modularização, se pode trocar algum aviamento ou processo para facilitar sua produção. É nessa fase que é definido o processo padrão. É realizada a prototipagem ou teste piloto para ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 35 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) que todo o processo seja testado, medido, experimentado e melhorado para satisfazer o consumidor final. Na empresa o processo de desenvolvimento de produtos é realizado conforme figura 4. Figura 4: Etapas de Desenvolvimento de produto da empresa estudada Fonte: Elaborado pelo autor O desenvolvimento de produto da empresa estudada é realizado da seguinte forma, primeiramente é feita a pesquisa de mercado, de tendência e de interesse da empresa em lançar novos produtos ou melhorar algum produto já lançado. Em seguida é criado um croqui com a melhor ideia, passa se então a escolha da matéria prima para o produto referente a ideia, levando em conta o preço e a qualidade de cada fornecedor. Segundo a responsável essa etapa influencia diretamente no produto final, é considerada uma etapa importante do processo de criação, pois se escolherem uma matéria prima de má qualidade pode acarretar em problemas futuros. Seguindo a sequência tem-se para a fabricação de um protótipo, onde usa se as informações colocadas no croqui e produz um produto piloto. Nessa fase a responsável pelo processo produtivo analisa a peça, os processos necessários para a fabricação e nesta fase são melhorados e retirados os processos desnecessários. É nessa etapa que verifica se a viabilidade do produto. Seguindo para a aprovação, esse produto é aprovado por uma pessoa responsável pelas especificações da empresa para verificar a beleza do produto, se ele veste bem, se está adequado ao uso e se possui as características que a empresa busca .Após a ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 36 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) aprovação do protótipo tem-se a reunião de briefing, com os setores participantes do processo do lançamento do produto (setor de desenvolvimento, setor de compras, setor de processos, PPCP, produção, gerência de venda, diretoria) para que eles possam avaliar o produto, a qualidade, lançamento, o processo, a beleza e a viabilidade. Todos analisam, fazem as mudanças necessárias e em comum acordo encaminham o produto para o setor seguinte. Finalmente, com o projeto aprovado o setor de PPCP irá planejar e acompanhar o produto desde a compra da matéria prima até a entrega para os distribuidores. Na empresa estudada todas as etapas de desenvolvimento de produto são obrigatoriamente respeitadas, pois segundo a estilista interfere diretamente na qualidade do produto desenvolvido. O processo de desenvolvimento de produtos na empresa é feito seis meses antes da entrega para o distribuidor. Todos os meses são lançados produtos novos, com uma variedade de até 25 modelos por linha. A empresa conhece seus concorrentes e mantêm uma constante pesquisa de avaliação, realiza engenharia reversa para verificar a qualidade e a tecnologia usada pelos concorrentes. Alguns dos concorrentes lançam coleções semestrais ou por estação. Porém o foco da empresa estudada é a qualidade, caimento e beleza do produto. Durante a entrevista a estilista relatou que já houve alguns produtos que não foram aceitos pelos clientes, citando como exemplo uma coleção com cor preta e roxa. Para mudar a visão dos clientes foram feitas ações de marketing para não ocorrer erro novamente. Segundo a responsável, a empresa obteve grandes sucessos em seu histórico, um exemplo foi uma coleção com estampa de zebra, devido a qualidade e bom gosto na combinação de cores, a empresa teve que repetir sua produção duas vezes. Uma atividade incomum devido a rapidez das coleções. Esse produto contribuiu gerando visibilidade para a empresa. 5. CONCLUSÃO A importância de um bom desenvolvimento de produto é passar por todos os processos se esforçando para que eles sejam bem feitos e não necessitem de retrabalho em sua construção, resultando assim um produto de qualidade que obtenha sucesso no mercado. Visto a importância do desenvolvimento de produto para a empresa, foi possível observar no caso estudado que a empresa Duzani segue o modelo de desenvolvimento de produto diferente em algumas etapas dos modelos encontrados na teoria. A empresa verifica ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 37 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) em cada etapa a importância da qualidade. Ela busca os melhores aviamentos, tecidos, o maquinário e profissionais. Para garantir competitividade no mercado e um diferencial no seu segmento. Na realização dessas etapas é feita a verificação da qualidade, pois caso não seja verificado o produto pode ser lançado com algum defeito ou falha e isso que a empresa procura prevenir. Contudo, o objetivo geral deste trabalho foi alcançado uma vez que foi verificado que a empresa estudada aborda nas etapas de desenvolvimento de produto; a qualidade, sendo assim foi possível responder ao problema de pesquisa. A limitação desse estudo se dá na generalização, pois a pesquisa foi realizada em uma única empresa. Sugere-se para pesquisas futuras o estudo de como é abordada a qualidade no processo de desenvolvimento de produto em empresas de outros setores, como por exemplo o setor alimentício que terá um amplo campo para pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEUREN, Ilse Maria. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2006. CARPINETTI, Luiz Cesar Ribeiro. Gestão da qualidade: conceitos e técnicas. 2ª ed. São Paulos: Atlas, 2012. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; DA SILVA, Pedro. Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo, SP: Pearson Prentice Hall, 2007. COOPER, Robert G., Produtos que dão certo. 2013 CORRÊA, Henrique L; CORRÊA, Carlos A. Administração de produção e operações: manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2007. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo, SP: Atlas, 2010. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 38 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A Construção do Saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed; Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999. MARSHALL JUNIOR, Isnard et al. Gestão da Qualidade. 8ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Cientifica. 7. ed. São Paulo, SP: Atlas, 2009. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2012. MOREIRA, Daniel A. Administração da Produção e Operações. 2002. SLACK, Nigel et al. Administração da Produção. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 1996 SLACK, Niger; CHAMBERS, Stuarts; JOHNSTON, Robert. Administração da Produção. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 39 Um olhar para a qualidade no processo de desenvolvimento de produtos de uma empresa de médio porte fabricante de lingerie: estudo de caso SOUZA, QUEIROZ (2015) ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 40 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) RELAÇÃO DO PREÇO DO PETRÓLEO COM O PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS: UM ESTUDO COMPARATIVO NO BRASIL E EM OUTROS PAÍSES Brenner Augusto Alves do Prado Bacharel em Ciências Contábeis Alex Aparecido Rodarte Bacharel em Ciências Contábeis Marisse Dizaró Bonfim1 Mestre em Controladoria e Contabilidade RESUMO O setor de petróleo é um dos principais impulsores do PIB nacional que aliado ao de combustíveis tornou-se os mais influentes e úteis ao governo no controle da inflação. Neste contexto buscou-se analisar a relação entre o preço do barril de petróleo e o preço dos combustíveis praticados nas bombas. Com os últimos reajustes dos preços aplicados aos combustíveis, ocorridos em 2014 e 2015, e a inconstância do valor do barril de petróleo, o tema voltou à tona, sendo necessário analisar se essas variáveis têm influência sobre os preços dos combustíveis para identificar se há relação entre a oscilação. Este estudo teve como objetivo quantificar a variação do preço dos combustíveis frente ao do petróleo, por meio de um estudo documental, abrangendo os dados do Brasil, da Alemanha, dos Estados Unidos, do Reino Unido, do Japão e da França, sendo utilizadas ferramentas estatísticas para as análises, que permitiram observar que há relação entre os reajustes nos preços dos combustíveis e a variação do preço do barril do petróleo no Brasil, porém, a mesma não foi de grande proporção. Constatou-se ainda que na Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Japão e França, esta correlação apresenta maior estabilidade, impactando diretamente no preço dos combustíveis. Palavras-chave: Petróleo. Combustíveis. Preços.Correlação. 1 [email protected] ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 41 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) 1. INTRODUÇÃO Durante muitos anos, o governo controlou os preços dos combustíveis, a produção e a comercialização de petróleo e seus derivados por meio da Petrobrás. A partir da Lei nº 9.478/97 foi instituída a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), responsável pela fiscalização e regulamentação da produção, distribuição e comercialização de petróleo e seus derivados. Em 2002, através da Lei 9.990/01, quando toda transição entre a quebra do monopólio do governo e a Lei 9.478/97 ficou completa, o Brasil se tornou um país de livre comercialização, porém, o monopólio não foi completamente quebrado, sendo o governo ainda responsável pela autorização de reajuste dos preços dos combustíveis ao consumidor final como uma das válvulas de escape para o controle da inflação. Neste mesmo período, o preço do barril do petróleo sofreu grandes variações, atingindo recordes de preços em determinada época. Surge então a seguinte pergunta de pesquisa: Há relação entre a oscilação do preço do barril do petróleo com o preço do litro dos combustíveis no Brasil? Se levar em conta apenas o período analisado neste estudo, pode-se observar a oscilação do preço do petróleo frente às crises mundiais e demais fatores que impulsionaram sua variação, fazendo com que o preço do barril saísse de US$28,84 em 2003, passando por US$139,83 em 2008,atingindo US$111,58 em 2012 e chegando aaproximadamente US$60,00 o barril em 2014.Segundo a Petrobrás, a participação do petróleo e seus derivados no PIB nacional saltaram de 3% no de 2000 para 13% em 2012 (ANP, 2013). O objetivo desse estudo é verificar se há relação entre a oscilação do preço do petróleo e o preço dos combustíveis no Brasil. Marjotta-Maistro e Barros (2002) estudaram como eram formados os preços dos combustíveis e como seriam após a lei 9.990/01, de que maneira essas mudanças afetariam o consumidor final e quais os principais fatores que impulsionariam o aumento da demanda pelos mesmos. Assim, os resultados foram que o preço da Gasolina A nas refinarias reduziu 25%, chegando ao consumidor final com uma redução de 11,88%. Essa redução no varejo proporcionou um aumento na demanda de 2%. Araújo (2006) analisou os efeitos da volatilidade de preços do petróleo na economia brasileira no período de 2002 a 2006, concluindo que o aumento do preço dos combustíveis, ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 42 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) no país, não acompanhava a alta volatilidade do preço do petróleo no mercado internacional, no entanto, o governo utilizava da politica monetária para que não houvesse desvalorização do real. Este estudofaz-se necessário para complementaras lacunas deixadas nos trabalhosde Marjotta-Maistro e Barros (2002), e Araújo (2006), visando analisara variação dos preços dos combustíveis relacionando-os com os do petróleo no período de 2002 a 2014e tambémverificar se há relação na alteração dos preços dos combustíveis nos demais países em decorrência da mudança no valor do barril do petróleo, com o intuito de identificar se os preços dos combustíveis são reajustados de acordo com a variação do petróleo. 2. PETRÓLEO - SUA HISTÓRIA NO MUNDO Existem registros sobre o afloramento de petróleo naturalmente a cerca de 3.000 a.c., na Mesopotâmia. Na época, era chamado de betume e sua principal utilização era em construções como argamassas, na área de saúde para estancar ferimentos, curar feridas, dor de dentes, curar cataratas, aliviar o reumatismo, baixar a febre e como principal fonte de energia para iluminação (YERGIN, 1992). Em 1853, George Bissel com uma escumadeira e trapos, coletou uma pequena porcentagem de petróleo quando passava pela Pensilvânia (EUA). Acreditando possuir um grande poder energético com capacidade de gerar grandes riquezas, Bissel fundou a primeira empresa de petróleo do mundo, a Pennsylvania Rock OilCompany. Para dar continuidade e confirmar sua teoria, de que o petróleo era um líquido de grande poder energético e de grande capacidade de gerar riqueza, contratou o professor Benjamin Sillimans, cientista respeitado por todos no século XIX. Assim, em 1855, o mesmo finaliza sua pesquisa e entrega a Bissel um estudo que conclui que aquele óleo era de altíssima qualidade como lubrificante e iluminante (TUGENDHAT e HAMILTON, 1975, apud ARAGÃO, 2005). Necessitando aumentar a capacidade de extração do óleo em grandes proporções sem que os custos fossem superiores aos dos óleos iluminantes comercializados na época, Bissel teve a ideia de utilizar as técnicas de sondagem e perfuração de poços de sal substituindo as escavações por perfurações (YERGIN, 1992). Em 1859, o Cel. Drake perfurou um poço com apenas 21 metros de profundidade produzindo 2 m³/dia de óleo, dando início a exploração comercial naquele país. Além disso, descobriu-se que, destilando aquele óleo obter-se-iam, ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 43 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) com uma grande lucratividade, um produto capaz de substituir a querosene do carvão e o óleo da baleia, até então únicas fontes de energia utilizadas para iluminação. Desta forma, iniciouse a era do petróleo (THOMAS, 2001). Simultaneamente ao desenvolvimento da indústria petrolífera nos Estados Unidos, em 1871 começaram as perfurações de poços na Europa atingindo em escala comercial a distribuição de petróleo e seus derivados, em especial na região de Baku, na Rússia (YERGIN, 1992). Assim, a exploração de petróleo começou a tomar proporções mundiais, ultrapassando as fronteiras e chegando a outros países. 2.1. Petróleo e o Brasil – contexto histórico A tentativa de se encontrar petróleo no Brasil iniciou em 1864, porém, somente em 1897 o líquido negro saiu do subsolo brasileiro pela primeira vez, na região de Bofete, estado de São Paulo, sendo extraídos dois barris de petróleo. Em 1907, foi criado o Serviço Geológico e Mineralógico Brasileiro (SGMB), órgão fundado na tentativa de profissionalizar, organizar e especializar os órgãos públicos responsáveis pela captação de petróleo, seguido pelo Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), órgão constituído em 1933 pelo Ministério da Agricultura (WEBER, 2005). Os empresários interessados no segmento de refino de petróleo nos anos 40, agilizaram as instalações de suas refinarias privadas naquele período, uma vez que, já existia uma discussão avançada de que o governo interviria neste setor, impossibilitando que novas refinarias privadas fossem construídas no país, quando em 1953 através do decreto 2.004 foi criada a Petróleo Brasileiro S/A – Petrobrás (ARAGÃO, 2005). Em 1971, com intuito de aumentar a competição na distribuição de petróleo e seus derivados foi criada a Petrobrás Distribuidora S.A. Um ano depois, foi constituída a BRASPETRO, empresa responsável pela realização, no exterior, de trabalhos em pesquisas, exploração, refino, transporte e comercialização de petróleo e seus derivados, já que se instaurava no mundo uma crise gigantesca de petróleo. Já naquele período, a Petrobrás continuava a descobrir novos poços de exploração tanto na terra quanto no mar (WEBER, 2005). Em 1995, houve a quebra do monopólio doGoverno, que utilizava os combustíveis para controlar a inflação,por meio da Emenda Constitucional nº 09/1995, devido à falta de competitividade na comercialização, má qualidade dos serviços prestados e escassez de ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 44 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) investimentos para modernização dos mesmos. Em 1997, entrou em vigor a Lei do Petróleo (Lei nº 9.478/1997) que reiterou o monopólio do Governo Federal sobre os recursos petrolíferos criando a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis(ANP), responsável pela regulação, contratação e fiscalização de todos os direitos de produção, exploração, distribuição e econômicos do petróleo e seus derivados, gás natural e biocombustíveis (WEBER, 2005). Em janeiro de 2002, terminou todo o transcurso da inclusão do Brasil nos moldes internacionais com a permissão dos preços e importações de petróleo e seus derivados no mercado nacional (ARAÚJO, 2006). A partir daí a comercialização de combustíveis no Brasil passou a ser totalmente liberado, o que possibilitou que outras empresas nacionais e internacionais agissem no mercador nacional, desde que cumpridasàs regras estabelecidas nas portarias publicadas pela ANP em 27 de dezembro de 2001 e suas alterações. Como consequência, o monopólio da Petrobrás para importação deixou de existir, surgiram novos negociadores, acelerando a competitividade com as atuais refinarias produtoras (ANP, 2004, apud ARAGÃO, 2005). Desta forma, o preço da gasolina A (pura) nas produtoras deixou de ser controlado pelo governo, tornando a importação de derivados livre. Em julho de 2005, a Petrobrás comunicou à ANP que possuía sinais de petróleo no primeiro poço, sendo perfurado na Bacia de Santos a uma profundidade de 7.628 metros com início em 01 de janeiro de 2005 e término em 27 de outubro de 2006. Durante este tempo, o desafio tecnológico foi grande, pois, nunca havia existido uma tecnologia capaz de perfurar e extrair petróleo nessa profundidade (PAPATERRA, 2010). A partir do pré-sal o país entrou no moderno mundo tecnológico com novas descobertas e avanços, por meio de novas pesquisas e desenvolvimento de equipamentos e máquinasnão existentes para exploração em grandes profundidades marítimas. Esse progresso foi possível devido a altos investimentos feitos no setor petroleiro, transformando o Brasil em um país desenvolvido no setor petrolífero. 2.2. Combustíveis automotivos derivados de petróleo – contexto mundial Nas pesquisas com petróleo foi possível descobrir diversos derivados, principalmente combustíveis, entre eles o óleo diesel e a gasolina. O óleo diesel surgiu a partir da necessidade que o engenheiro mecânico Rudolf Christian Karl Diesel, em 1858, tinha de utilizar o petróleo ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 45 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) como combustão em um de seus motores, porém, o petróleo líquido demorava muito para queimar e deixava grande quantidade de cinzas. A partir daí, ele começou a monitorar a reação química que ocorria durante o processo, desenvolvendo técnicas de controle de oxigênio e de quantidade de combustível utilizado. Assim, Rudolf criou vários inventos como bombas e bicos injetores, e o óleo adquirido a partir do refino de petróleo foi batizado de Diesel, em homenagem à Rudolf (ANDRADE, 2009). A utilização da gasolina em veículos automotores iniciou-se em 1883 com Karl Benz e alguns investidores quando fundaram a Benz &Co. A empresa fabricava veículos com motores quatro tempos movidos à gasolina (Mercedes-Benz, 2015). Desta forma, a gasolina tornou-se um dos principais combustíveis consumidos no mundo. 2.1.1. Desenvolvimento Brasileiro A primeira importação de produtos derivados de petróleo pelo Brasil ocorreu em 1901, quando foi adquirido 64.160m³ de querosene. Em 1907 iniciou-se a importação de gasolina, que surgiu para abastecer os primeiros veículos automotores que circulavam no país. A entrada do óleo combustível começou em 1913, passando a concorrer com o carvão mineral. (IBGE, 1990; SMITH, 1978). Durante muitos anos o país não se esforçou nas pesquisas de exploração e de refino de petróleo e os lucros se concentravam nas multinacionais que aqui estavam instaladas, não mostrando interesse de expandir seus negócios. A regulamentação dos combustíveis começou em 1938, com a criação do Conselho Nacional do Petróleo (CNP). Mesmo com a produção e consumo de combustíveis no país, o governo instaurou o Decreto nº 737 com intuito de reduzir as importações. A partir desse decreto começou a ser adicionado na gasolina o álcool anidro, sendo a primeira intervenção do governo na gasolina comercializada no país (SOARES, 2002). Durante o ano de 1955, surgiu a primeira regulamentação, em forma de lei, referente às especificações da gasolina, a Norma CNP-01, anexa à Resolução nº 2, distinguindo a gasolina em dois tipos: a A (comum) e a B (especial), que eram visualizadas nas cores laranja e azul respectivamente (SOARES, 2002). Com a escassez e os embargos na década de 70, e devido à crise internacional do petróleo, alguns países começaram buscar alternativas para suprir o consumo interno de combustíveis. Com isso, o Brasil regulamentou com a Resolução nº 22 de 19 de dezembro de ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 46 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) 1978, a já existente adição do etanol anidro à gasolina A, reduziu o consumo da gasolina no país e consequentemente a importação da mesma (SOARES, 2002). Como pioneiro na utilização do etanol puro (ou etanol hidratado) como combustível em grandes quantidades, em 1975, o Brasil criou o Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL e seguiu o mesmo caminho, em 1980, os Estados Unidos também começou a utilizar o etanol como combustível (OLIVEIRA, 2009). Em 1990, criou-se o Departamento Nacional de Combustíveis (DNC), órgão que substituiu o CNP. Uma das suas primeiras medidas foi aumentar a adição do etanol anidro na gasolina para 22% pela Portaria DNC nº 22 de 23 de setembro de 1992. O motivo para o aumento foi o excesso de álcool no mercado e à pressão dos usineiros para comercializar seus produtos. Os próximos anos do DNC foram marcados por portarias publicadas focando a redução de poluentes nos combustíveis, até que em 1997, quando oGoverno abdicou-se do controle da importação de alguns produtos (como os solventes), surgiram aberturas para as adulterações dos combustíveis. Além disso, a sonegação fiscal começou a ser um problema para o governo (SOARES, 2002). Durante os anos 2000, o consumo de gasolina e óleo diesel continuou subindo mantendo-se como os principais derivados comercializados no país, conforme apresentado nográfico1. Gráfico 1 – Consumo de combustíveis de 2000 a 2011. Fonte: ANP, 2013. O gráfico apresentou um consumo praticamente estável até 2006. A partir daí, o aumento do consumo da gasolina e do óleo diesel manteve emconstante crescimento, exceto em 2009, quando o diesel sofreu uma pequena queda, recuperando-se no ano seguinte. Já a produção nacional desses combustíveis não cresceu no decorrer dos anos, e não conseguiu acompanhar o crescimento do consumo, isto fez com que o país reduzisse a quase zero o número de exportação de gasolina e começou a importar a partir de 2010. O óleo diesel ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 47 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) por sua vez, sofreu uma oscilação nesse período, o que reduziu as importações e aumentou as exportações nos anos de 2003 a 2009, porem o país voltou a importar mais o combustível nos últimos anos (ANP, 2013). 2.3. Históricos de preços - petróleo No século XIX, ainda no início da exploração de petróleo nos EUA, a quantidade produzida era superior à necessidade do mercado, fazendo com que o preço do barril sofresse grandes oscilações. A gráfico2 apresenta toda a variação dos preços do barril do petróleo desde 1861 até 2013, apresentando os valores do ano e corrigindo-os aos do último ano. Gráfico2 – Preço histórico do petróleo de 1861 – 2013 Fonte: British Petroleum (BP), 2014. Nos anos 2000, o preço do barril do petróleo sofreu o maior aumento da história, cujo preço passou deUS$25,51 em Janeiro de 2000 para US$125,45 em Março de 2012, atingindo o máximo de US$132,72 em Julho de 2008. Os fatores que proporcionaram o aumento foram: o forte crescimento do consumo mundial de petróleo; a fraca expansão da produção mundial de petróleo; a redução da capacidade ociosa tornando o mercado mais sensível às tensões geopolíticas e os eventos climáticos negativos; e o forte incremento de posições em petróleo no portfólio de investimentos de fundos financeiros (BP, 2014; EIA, 2015). Em Dezembro de 2008 ocorreu uma queda e o barril chegou a ser negociado à US$39,95, essa queda foi ocasionada pela crise financeira internacional, conforme demonstrado no gráfico 3. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 48 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) 115 95 75 55 35 15 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Brent US$ Gráfico3 – Preço histórico do petróleo de 2000 – 2014 Fonte: Elaborado pelos autores, baseado emU. S. Energy InformationAdministration (EIA), 2015. No ano de 2014, os preços do barril de petróleo despencaram fechando o ano em US$57,56, o motivo desta queda foi muito discutido, porém, uma das principais causas apontadas é a alta da produção mundial, que superou novamente o consumo, deixando os reservatórios cheios. Outros motivos destacados é a exploração do xisto no EUA e Canadá, que acrescentou quatro milhões de barris no mercado e a queda da procura pela Europa (BOWLER; FELDSTEIN; DICHTCHEKENIAN, 2014). Durante a década de 60, o Brasil era dependente das importações. Uma competição pelo controle mundial dos preços de petróleo estava se propagando e os países árabes, como maiores produtores, instituíram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo(OPEP), pois, os preços do barril do petróleo eram o centro da economia na época, sendo que, quem os controlasse seria declarado o “senhor da economia”. Durante os anos 70, a Majors (as sete maiores empresas do setor – Esso, Shell, Mobil, Anglo Persian, Socal, Texaco e GulfOil) representava 80% das exportações mundiais, competindo pelo controle dos preços e negociando diretamente com os países, desencadeando, assim, a nacionalização das reservas de petróleo no Oriente Médio. Devido a esses negócios os preços começam a subir originando o primeiro choque do petróleo (YERGIN, 1992; CECCHI, 2000). Na década de 70 com a Guerra do Yom-Kippur1 e com a Revolução Iraniana ocorreram várias crises mundiais de petróleo, o que provocou uma elevação dos preços e fez com que os principais produtores reduzissem a produção mundial,o que limitou a comercialização com alguns países consumidores (CECCHI, 2000). Somente na década de 80 1 Durou cerca de 20 dias, foi o ataque de Egípcios e Sírios simultâneos a Israel devido a terras Egípcias e Sírias ocupadas por Israel em 1967, acabando somente com a intervenção da ONU, EUA e a União Soviética, fazendo com que os países árabes membros da OPEP, boicotassem os países que apoiaram Israel não comercializando nenhum barril de petróleo. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 49 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) com a introdução dos preços netback1 os preços voltaram a cair de US$36,83 para US$14,43 e no ano de 1990, os preços voltaram a subir graças à invasão Iraquiana ao Kuwait, onde atingiram US$23,73 (BP, 2014). Em janeiro de 1860, o valor era de US$10,00, caiu para US$0,10 no final do ano seguinte devido à oferta ser maior que a demanda. Durante os anos 1862 a 1865, ocorreu um aumento na procura. Graças à expulsão do óleo de carvão e de outros iluminantes na região da Pensilvânia e à Guerra Civil Americana, os preços começaram a subir atingindo US$13,75, o equivalente a US$120,00 em 2013. Em 1866 e 1867, devido àgrande corrida criada pela exploração do petróleo na Pensilvânia, logo se esgotou as reservas da região, criando a primeira bolha diante do preço do petróleo, onde o barril atingiu o valor de US$2,40. Na década seguinte, a produção de petróleo novamente saiu do controle, a ponto de não haver mais lugares para estocagem e fazendo com que seu valor chegasse à US$0,48, três centavos a menos que um barril de água potável na época (YERGIN, 1992). Estes são uns dos primeiros relatos de comercialização do barril de petróleo, onde os preços já demonstravam fragilidade oscilando facilmente. 2.1.2. Combustíveis Historicamente, os preços dos combustíveis sempre foram um dos grandes questionamentos dos consumidores. Cada país adota seu critério de precificação fazendo com que em alguns o valor comercializado nas bombas esteja acima do praticado em outras regiões. Já outros países subsidiam esses valores diminuindo-os e deixando-os bem abaixo do vendido no mercado internacional. O Brasil sempre adotou uma politica específica para os preços comercializados nos postos, tanto para a gasolina, quanto para o óleo diesel. O gráfico4 apresenta um comparativo de dados fornecidos pelo Banco Mundial onde foi realizado um estudo histórico sobre os valores dos combustíveis desde 1992 até 2012 realizando uma média mundial e comparando-a aos os valores brasileiros (THE WORLD BANK, 2015). De 1938 a 1990, o governo adotou como critério para precificação de produtos derivados de petróleo no mercado interno um tabelamento em função da economia nacional, sem riscos para a indústria de refino de petróleo e a homogeneização dos preços em todo o 1 Os preços netbacké um processo em que o preço do petróleoé determinado com base em seu preço de consumidor final, ou seja, os preços de seus derivados (gasolina, óleo diesel, óleo combustível, etc.), menos um valor que cubra os custos ao longo da cadeia (transporte, distribuição, refino, revenda, etc.). ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 50 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) país. A partir de 1990, um novo modelo foi adotado, no qual visava cobrir os custos de toda a cadeia de produção e distribuição dos derivados. Algumas medidas foram adotadas visando liberar parcialmente os preços, como, a liberação dos preços nos postos de revenda tendo um valor máximo fixado (MARJOTTA-MAISTRO E BARROS, 2002). Nota-se no gráfico que preço da gasolina no Brasil não acompanha a média mundial, estando em apenas dois anos abaixo, 1992 e 2002. A partir de 1996 com a liberação do preço da gasolina pela portaria do MF n.º 59, de 29 de Março de 1996 (BICALHO E GOMES, ANP, 2015), pode-se notar a discrepância do preço da Gasolina nacional em comparação a mundial. Gráfico4 – Preço histórico da gasolina e do óleo diesel de 1992 a 2012 Fonte: Elaborado pelos autores, baseado em The World Bank, 2015. Em 2002 com a quebra parcial do monopólio do governo sobre o preço dos combustíveis, verifica-se uma pequena queda, pois a partir da Lei 9.990/01 o Brasil se tornou um país de livre comercialização.Já a partir de 2002 houve novamente um aumento no preço da gasolina brasileira em relação à média mundial, aumento esse que justifica-se com a instituição da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico(CIDE), que passou a vigorar até 22 de Junho de 2012, quando, por meio do Decreto Nº 7.764, de 22 de Junhode 2012, o governo zerou a alíquotas da CIDE, ocasionando a queda no preço da gasolina após esse período. Já o óleo diesel obteve-se sempre abaixo da média mundial até 2012, quando a média mundial esteve a US$0,86 e o valor comercializado no país chegou a US$0,84. Essa aproximação pode ser justificada devido à liberação do comércio e a importação de óleo ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 51 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) diesel em 2002, assim, os valores do diesel começaram a serem ditados pelo mercado e não mais pelo governo. 3. METODOLOGIA Nesse estudo busca identificar como é a relação entre a variação do preço do barril de petróleo e dos combustíveis e porque em alguns países essa relação se mostra mais intensa, com forte correlação do que no Brasil. O estudo de caso visa responder perguntas do tipo “como” ou “porque” através de um estudo abrangente e relevante (YIN, 2001), Após, iniciou-se a elaboração do referencial teórico que tem como objetivo sustentar o desenvolvimento do trabalho, onde se encontra o histórico do tema até a atualidade, demonstrando seu papel no contexto sócio econômico atual e a sua importância na elaboração deste estudo. O presente trabalho seguiu um protocolo, que segundo YIN (2001), visa àconstrução de um objetivo inicial com meios e as ferramentas necessárias utilizadas para chegar objetivo esperado e discutiros resultados encontrados. Demonstra como foi feita a elaboração de todo o trabalho ao longo de seu desenvolvimento, detalhadamente, evidenciando os meios, as ferramentas e os critérios para seleção e análise dos dados, evitando distorções, ou seja, sem que os autores tendênciem os resultados. Para a elaboração do estudo de caso, é indispensável à presença de cinco componentes, sendo eles: as questões de um estudo; suas proposições se houver, ambas mencionadas no inicio deste capitulo.As unidades de análise; a lógica que une os dados às proposições; e os critérios para interpretação dos resultados encontrados YIN (2001). Quanto às unidades de análise, foi utilizado o preço histórico do Barril de petróleo, que foi coletado no site a U.S. Energy InformationAdministration (EIA)1 - sendo utilizado o Brent, por ser comercializado na bolsa de Londres e abranger mais países distribuídos pelo globo.Os preços históricos do diesel e da gasolina, no período de 2002 a 2014 foram coletados do relatório da International Energy Agency (IEA)2 - e para maior confiabilidade e fundamentação da pesquisa.Para efeito de comparabilidade e melhor desenvolvimento do trabalho, foi utilizado como critério àsdez maiores economias do mundo, recorrendo aos 1 2 http://www.eia.gov/dnav/pet/pet_pri_spt_s1_a.htm http://www.iea.org/statistics/statisticssearch/ ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 52 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) países presentes no relatório da IEA, Alemanha, Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido, e comparando-os ao Brasil. Quanto aos dois componentes restantes e a lógica que une os dados às proposições, e os critérios para interpretação dos resultados encontrados serão apresentados no próximo tópico de Análise e discussão dos resultados. Para nivelamento dos valores, foi utilizado o dólar dos Estados Unidos, pois, se trata de uma moeda globalizada.Os países que serão analisados no decorrer do trabalho são Alemanha, Brasil, Estados Unidos da América, Japão e Reino Unido.Os demais países que compõem as 10 maiores economias e não se encontram no presente trabalho, foram excluídos devido à ausência de dados disponíveis para a elaboração do mesmo, que foi baseado no relatório da IEA. Os dados dos relatórios internacionais foram convertidos para o dólar, utilizando a conversão presente no texto ou a taxa de cambio oficial. Após, os elementos foramalocados em planilhas e calculados a regressão e a correlação para identificar em quais países a variação do preço do barril de petróleo tem maior influência sobre a variação no preço dos combustíveis. Segundo Bruni (2011) a análise de regressão e correlação busca identificar a partir de duas variáveis a relação entre elas, com base em amostras coletadas aleatoriamente.Posteriormente, visou-se identificar os países que sofrem maior impacto da oscilação do preço do barril do petróleo, influenciando diretamente no preço dos combustíveis e onde também esse modelo é utilizado, mas não apresenta a variação fidedigna ocorrida. Depois de encerradas todas as análises e devidas colocações sobre o trabalho, foi feita a análise dos resultados encontrados e as considerações finais sobre o trabalho, que esta detalhada no próximo tópico abaixo. 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Todos os dados utilizados para análise são anuais, sendo o período compreendido de 2002 a 2014. Os elementos foram retirados de relatórios da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP)1,U.S. Energy InformationAdministration(EIA), International Energy Agengy(IEA) e The World Bank2. 1 http://www.anp.gov.br/preco/ http://data.worldbank.org/indicator/EP.PMP.DESL.CD/countries http://data.worldbank.org/indicator/EP.PMP.SGAS.CD 2 ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ e 53 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) Os preços pesquisados dos combustíveis referem-se exclusivamente à gasolina e ao óleo diesel, pois são os combustíveis mais consumidos no Brasil e nos demais países. Para levantamento dos dados no mercado brasileiro, os preços foram retirados do sítio da ANP. Os preços internacionais foram obtidos do relatório Energy Pricesand Taxes – QuartelyStatistics – FirstQuarter2010 e 2015 da IEA. Já os preços do barril do petróleo foram coletados do sítio da EIA. De acordo com Marjotta-Maistro e Barros (2002), os dados utilizados em sua pesquisa sofriam influencia diretas do governo, que controlava os preços dos combustíveis até dezembro de 2001, a partir de janeiro de 2002 esperavam-se obter melhores dados, livres da influência direta do estado. Por este motivo, foram utilizados dados a partir de 2002, por se tratar de informações com menor interferência da união e maior participação do mercado. Nográfico5, pode-se visualizar a oscilação entre o preço do litro de petróleo e do litro de óleo diesel de todos os países abordados na elaboração do trabalho.Verificou-se que, em quase todos os países a variação do preço do óleo diesel em relação ao petróleo apresenta homogeneidade, exceto no Brasil, onde é possível notar que a variação do preço do litro de óleo diesel não acompanhou com tanto fervor a oscilação do preço do litro de petróleo. Observou-se também que devido à crise mundial de 2008/2009 ocorreram quedas significativas em todos os países analisados. 3,000 Catástrofe Ambiental 2,000 1,000 Crise Internacional 0,000 2002 2003 2004 2005 2006 Brasil Alemanha EUA 2007 2008 2009 França Japão 2010 2011 Reino Unido 2012 2013 2014 Petróleo LT US$ Gráfico 5 – Volatilidade do preço do óleo diesel e do petróleo de 2002 a 2014. Fonte: Elaborado pelos autores A diferença apontada no Japão justifica-se, pois, em 2011 um tsunami atingiu o país causando grandes destruições e catástrofes ambientais, fazendo com que os preços da gasolina se elevassem desproporcional ao preço do petróleo. Após, foi realizada a análise de correlação entre o preço do litro do petróleo e o preço do litro do óleo diesel em todos os países, para identificar em quais deles existem forte correlação e em quais possuíram uma queda na correlação. Para identificar os pontos ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 54 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) importantes dentro dos anos, foram analisadas amostras de quatro em quatro anos e posteriormente, uma pesquisa por todo o período, conforme visualizado nográfico6. 1,000 0,800 0,600 0,400 0,200 (0,200) Brasil Alemanha EUA França Japão Reino Unido Gráfico6 – Análise de correlação do preço do óleo diesel e do petróleo de 2002 a 2014 Fonte: Elaborado pelos autores Nos gráficos 6 e 9, que demonstra a correlação, o valor de R varia de -1 ≤ 0 ≤ 1, sendo que segundo Bruni (2011), quanto mais próximo de 1, mais próximo estarão as condições de combinações total a uma reta crescente, assim também que quanto mais próximo a – 1, estará próxima a combinação de uma reta decrescente e quanto mais próximo a 0 identificará que não há relação nenhuma entre a amostra ou população analisada. O gráfico apresentou que no período de 2002 a 2008 em todos os países a correlação manteve-se forte, estando todos os países acima de 0,95. A partir de 2009, em alguns países está correlação sofreu uma baixa, como é o caso do Brasil que atingiu 0,62, devido à crise mundial que se instalou naquele período. Durantes os anos de 2010 e 2013, o país não apresentou correlação. Nesses anos, o preço do petróleo voltou a subir, pouco oscilando entre 2011 a 2013, enquanto os preços dos combustíveis obtiveram quedas, devido à suspensão da CIDE-Combustíveis em 2012 e ao enfraquecimento do real perante o dólar, conforme visualizado nográfico7. Nesse período, os combustíveis apresentaram uma queda de preços enquanto o petróleo de manteve linear. Essas quedas ocasionadas pela suspensão da CIDE-Combustível podem ser verificadas entre os anos de 2011 e 2012. Outro fator observado é a queda do preço da gasolina entre o ano de 2012 e 2013, devido à alteração da porcentagem de adição de etanol anidro. Entre 2011 e 2012, era 20% conforme portaria MAPA1 nº 678 de 31 de agosto 1 Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 55 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) de 2011, passando para 25% de acordo com a portaria MAPA nº 105 de 28 de fevereiro de 2013 (ANP, 2015). 1,900 1,400 0,900 0,400 1,635 1,213 0,699 1,459 1,138 0,500 2010 1,406 1,071 0,702 2011 Preço Diesel US$ 1,328 1,078 0,683 2012 Preço Gasolina US$ 2013 Petróleo LT US$ Gráfico 7 – Volatilidade dos preços do petróleo e dos combustíveis entre 2010 e 2013. Fonte: Elaborado pelos autores Dessa forma, a correlação dos combustíveis durante esses anos apresentaram-se nulas, estão 0,10 para o óleo diesel, conforme gráfico9, e 0,04 para a gasolina, de acordo com o demonstrado nos gráficos 6 e 9. No geral, a correlação do óleo diesel apresentou-se estável nos demais países, mantendo-se muito próximo de 1, exceto no Brasil que obteve uma margem próxima a 0,90. No caso da gasolina, as variações do preço do litro da gasolina nos países analisados acompanharam a oscilação do preço do litro do petróleo, exceto no Brasil e no Japão que em alguns momentos verificou-se que enquanto um abaixava o outro aumentava, conforme visualizado no gráfico8. No Brasil, a carga tributária adotada pelo país em alguns momentos elevaram os preços, desproporcionalizando-os dos preços do petróleo. 2,500 Crise Europeia 2,000 1,500 1,000 0,500 Suspensão da CIDE 0,000 2002 Brasil 2003 2004 Alemanha 2005 2006 EUA 2007 2008 França 2009 2010 Japão 2011 2012 Reino Unido 2013 2014 Petróleo LT US$ Gráfico 8 – Volatilidade do preço da gasolina e do petróleo de 2002 a 2014 Fonte: Elaborado pelos autores ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 56 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) Entre os anos de 2011 e 2012, os preços dos combustíveis na Alemanha e França sofreram pequenas quedas. Estas baixas foram causadas devido ao enfraquecimento econômico dos países pertencentes à União Europeia, devido à crise enfrentada por eles causando fugas de capitais de investidores, escassez de crédito, aumento do desemprego, diminuição dos rantings, quedas ou baixo crescimento do PIB, etc. A seguir, foi realizada a análise de correlação entre o preço do litro da gasolina e o preço do litro do petróleo, sendo adotado o mesmo critério de análise do óleo diesel, conforme demonstrado nográfico9. No início, em todos os países pode-se identificar uma forte correlação, até o ano de 2009, quando, devido à crise internacional, o preço do petróleo despencou, fazendo com que alguns países adotassem próprios critérios para manterem-se ativos. O Brasil adotou várias medidas econômicas/tributárias para que os preços dos combustíveis não sofressem grandes alterações, principalmente após o ano de 2012 com a suspenção da CIDE-Combustíveis. 1,000 0,800 0,600 0,400 0,200 - Brasil Alemanha EUA França Japão Reino Unido Gráfico 9 – Análise de correlação do preço da gasolina e do petróleo de 2002 a 2014 Fonte: Elaborado pelos autores Entre os anos de 2011 e 2014constatou-se que em todos os países a correlação sofreu uma diminuição devido à queda dos preços do barril do petróleo no segundo semestre de 2014 e a crises internas enfrentadas por eles. Isso foi influenciado devido à cautela em relação à queda dos preços dos combustíveis nas bombas, não acompanhando a redução de custos com petróleo. No Brasil, identificou-se que após a crise financeira internacional de 2008, o país não conseguiu acompanhar a oscilação do preço do petróleo, fazendo com que no geral o país mantivesse aproximadamente uma correlação de 0,90, enquanto nos demais países, esta correlação ultrapassou os 0,95. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 57 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) Respondendo a pergunta de pesquisa, a correlação apresentou-se abaixo da de outros países, porém, a um nível considerável para dizer que existe relação entre a oscilação do preço do petróleo e do preço dos combustíveis no Brasil. Segundo Araújo (2006), no Brasil, o governo é conservador em suas políticas de preços em relação à gasolina e o óleo diesel, procuram proteger o consumidor da alta volatilidade de preços do barril de petróleo controlando assim a inflação. Porém, mesmo sendo cauteloso, o preço dos combustíveis acompanham a oscilação do preço do barril de petróleo, devido às medidas econômicas adotadas pelo país, como: cambio, inflação, juros, entre outros. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O governo brasileiro, por décadas segurou os preços dos combustíveis para combater a inflação. Com as mudanças que ocorreram a partir das leis nº 9.478/97 e 9.990/01, esse domínio acabou sendo centralizado no mercado,porém, mesmo com o a quebra do controle, os governantes ainda influenciam diretamente nos preços comercializados, principalmente ao consumidor final. Este estudo visou demonstrar como é a relação entre a oscilação do preço do barril do petróleo em relação aos preços dos combustíveis no Brasil, demonstrando que no país existe correlação, porém, ela não é tão significativa como em outros países. Esse resultado se dá a diversos fatores, como: políticos, econômicos, ambientais, entre outros, que influenciam diretamente nos preços praticados no país. Os dados dos demais países apresentaram-se condizentes com a oscilação do petróleo, exceto no Japão que durante o período de 2011 e 2012 sofreu uma catástrofe ambiental impactando diretamente na economia do país. No mesmo período, a União Europeia enfrentou uma das piores crises já vista naqueles países, impactando nos preços dos combustíveis causando pequenas baixas. Entre os anos de 2011 e 2014, verificou-se que em todos os países a correlação sofreu uma queda. Esta baixa está relacionada a diversos fatores internos e externos, entre eles: crise na União Europeia, catástrofe ambiental no Japão, redução do preço do petróleo no segundo semestre de 2014, aumento da produção do Xisto dos EUA, entre outros. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 58 Relação do preço do petróleo com o preço dos combustíveis: um estudo comparativo no Brasil e em outros países PRADO, RODARTE, BONFIM (2015) Por fim, sugere-se como pesquisas futuras, estudar sobre o impacto da volatilidade do preço do petróleo e dos combustíveis por regiões e economias. Além disso, a análise da carga tributária incidente em cada país deve ser verificada, pois, impacta diretamente no ganho ou perda de correlação. Essa dedicação pode ser concentrada no entendimento dos principais mecanismos que atingem a precificação dos combustíveis e entendimento do momento econômico mundial, já que o mesmo tem sofrido grandes alterações nos últimos anos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Rômulo Davi Alburquerque. Calor de combustão de blendas do tipo diesel/biodiesel e diesel/bio-óleo. Dissertação de Mestrado em Química – Instituto de Química da Universidade de Brasília – UNB, 2009. ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Anuário estatístico brasileiro do petróleo e do gás natural 2003. Rio de Janeiro: ANP, 2004. ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Anuário estatístico brasileiro do petróleo, gás natural e biocombustível: 2013. Rio de Janeiro: ANP, 2013. ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Evolução do mercado de combustíveis e derivados: 2000 - 2012. Rio de Janeiro: ANP, 2013. 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São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 62 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA E GOVERNANÇA CORPORATIVA: INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO ECONÔMICO DAS EMPRESAS DO IBOVESPA Oscar de Souza Pento Junior Bacharel em Ciências Contábeis Pedro Henrique da Silva Vieira Bacharel em Ciências Contábeis Julio Henrique Machado1 Mestre em Ciências Contábeis RESUMO A governança Corporativa sofreu grande desenvolvimento nos últimos anos, passou a ser implantada em grande escala nas empresas e se tornou alvo de diversas pesquisas no meio acadêmico, com o objetivo de analisar o seu impacto no desempenho das mesmas. Inicialmente a pesquisa realizou a investigação dos indicadores econômicos e estrutura de capital votante das firmas de capital aberto integrantes do índice Ibovespa entre 2009 a 2013. Em seguida, buscou-se analisar a relação entre as características da estrutura de capital votante e a rentabilidade. No que tange a relação entre origem e natureza do controle acionário e desempenho econômico nas empresas, verificou-se que companhias que possuem controle estrangeiro apresentaram resultados superiores as que possuem controle corporativo de origem nacional. Com relação à natureza do controle, ambos demonstraram resultados estáveis tendo o capital privado alcançando resultados superiores em relação ao estatal. Palavras chave: Governança Corporativa, Direitos de Propriedade e Controle, Desempenho Econômico. 1. INTRODUÇÃO Dentre os vários conceitos, Governança Corporativa pode ser definida como um conjunto de primados aplicados na direção de um arcabouço de decisões corporativas. Este conjunto de premissas pode apresentar diferentes níveis e padrões, conforme o cenário e o mercado de capitais onde são empregadas. Assim acionistas originários de mercados 1 [email protected] ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 63 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) financeiros mais fortes, carregam e implantam uma bagagem com técnicas de governança seguramente mais aperfeiçoadas e aprimoradas que investidores de bolsas de valores menos desenvolvidas, onde em sua maioria possuem conhecimento e técnicas menos eficientes e aprimoradas. Os mecanismos da governança são reiterados na literatura com o objetivo de minimizar os problemas de agência. Andrade e Rossetti (2009) resumem que os conflitos de proprietários-gestores deslocaram-se para conflitos entre acionistas majoritários e minoritários. A utilização da governança corporativa conforme Da Silva e Leal (2007) até o final do séc. XX no Brasil, ainda era pouco difundida. Acionistas controladores empregavam as possibilidades legais para emitir ações não votantes em uma quantidade de até 66,67% (2/3) do capital total (lei 6.404/76), para que, desta forma, pudessem compartilhar a propriedade sem perder o controle. Corporações brasileiras oriundas de uma economia emergente sintetizam-se em um caso de estudo, onde, os modelos de governança corporativa foram significativamente remodelados nas últimas duas décadas, incluindo também, importantes mudanças em relação à legislação societária. A literatura dedicada ao tema fundamentou-se na premissa de que as firmas são de propriedade dos acionistas, assim, a administração deve atuar em função dos mesmos. Para Andrade e Rossetti (2009) os mecanismos para o processo decisório devem resultar em uma democracia acionária, onde os interesses de todos os acionistas devem ser considerados, analisados e propostos para a atuação da direção executiva, constituição de conselhos de administração e relacionamento acionistas-corporações, convergindo para uma boa gestão, buscando melhores resultados. A partir dos anos de 1990, acontecimentos como as privatizações, abertura da economia, maior participação de investidores na bolsa de valores, potencialmente estrangeiros, motivaram esforços em direção a melhores práticas de governança corporativa. Algumas iniciativas privadas deste período que ilustraram o aperfeiçoamento das práticas de governança corporativa foram, a fundação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a recomendação de melhores práticas de governança corporativa pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a criação do Novo Mercado na BM&fBovespa, conforme Silva e Leal (2007). ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 64 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) Diante disso, manifesta-se a seguinte questão: A estrutura acionária por meio de sua cultura em governança corporativa influencia no desempenho econômico das empresas do Ibovespa? Desta forma, objetiva-se verificar a rentabilidade das companhias integrantes do índice Ibovespa, por meio de variáveis de retorno sobre o investimento e retorno sobre o patrimônio líquido, conforme origem e natureza do capital investidor que compõem suas estruturas acionárias. O estudo de Catapan (2011) sobre o impacto das práticas de governança corporativa, sob a forma de índices sobre variáveis econômicas e financeiras das companhias brasileiras de capital aberto, mostrou que corporações com melhores práticas de governança corporativa, além de melhorar seu valor de mercado, melhoram também seu desempenho. A pesquisa de Peixoto e Buccini (2013) descobriu que acionistas institucionais, estrangeiros e pulverizados estão gradativamente ocupando espaço na composição acionária de companhias de capital privado e estatais. Estes achados proporcionaram a oportunidade de buscar respostas para a relação de influência do tipo de capital investidor e sua bagagem de conceitos e práticas de governança corporativa na composição acionária e a rentabilidade dos ativos da carteira de maior representatividade e negociabilidade da bolsa de valores, o Ibovespa. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Governança Corporativa A governança corporativa nas companhias é influenciada por uma série de fatores decorrentes de ambientes econômicos. Assim, os diferentes modelos implantados são parametrizados e padronizados em detrimento da cultura que praticam e do cenário em que as mesmas se encontram e atuam. A partir desta premissa, os direitos de propriedade são manobrados com o objetivo de estruturação dos quadros acionários. Em conseqüência deste processo de composição está à forma de emissão de ativos financeiros, que figuram acionistas investidores e acionistas tomadores de decisão. O capital votante decide sobre práticas e políticas operacionais e financeiras a serem adotadas na execução das operações das firmas. Sob essa ótica, os proprietários buscam as melhores alternativas em mecanismos de âmbito ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 65 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) corporativo para controlar uma entidade, recuperar o máximo possível do principal investido e realizar uma gestão de resultado satisfatória. Para Lopes (2002), ambientes econômicos em conjunto com organismos, agências e sistemas regulamentadores, considerados importantes fatores para a consecução de mercados financeiros, podem ser compreendidos inicialmente por dois modelos de ordenamento jurídico: o common law (lei comum) o ordenamento jurídico em determinado país fundamento no costume e o code law (código da lei) o ordenamento jurídico em determinado país fundamentado pela lei. A estrutura jurídica reflete significativamente na organização e regulamentação destes. Em função destas condicionantes, verificam-se ambientes oriundos do primeiro sistema, sem intermédios governamentais e desenvolvidos, e em contrapartida cenários originários do segundo modelo com forte intermédio do governo e pouco desenvolvimento. Em locais desenvolvidos as companhias possuem estrutura acionária com um grande número de acionistas, ao contrário dos cenários pouco desenvolvidos onde, as firmas possuem estruturas altamente concentradas e diferentes segmentos de capital. Os direitos de propriedade conforme tratados por Hendriksen e Breda (2009), são numerosos e de grande diversidade, alguns deles mais importantes e consequentemente recebem maior ênfase por participantes de mercados. Os direitos de propriedade mais observados são os de preferência nos fluxos de caixa, os direitos residuais a ativos em casos de liquidação e os direitos de participação em uma empresa em funcionamento. Estes ativos são trabalhados pelas companhias nos mercados financeiros, de acordo com os parâmetros e padrões dos locais onde se encontram. Desta forma levando à composição e caracterização dos capitais votantes, com investidores nacionais, estrangeiros, participação exclusiva da iniciativa privada, ou unicamente do setor público, diversificação entre público/privado ou ainda entre estrangeiro/nacional. O fator capital votante é ponto fundamental para a consecução de uma corporação, as diferentes combinações de estruturas acionárias quanto às origens, segmentação e percentuais de participação. Durante o tempo desenvolvem entraves em torno do custo dos gestores e os resultados gerados por suas gestões, assim desencadeiam conflitos dentro da agência, conforme descrevem Andrade e Rossetti (2009). Andrade e Rossetti (2009) complementam ainda que os conflitos de agência identificam-se como umas das duas variáveis mais importantes ao desenvolvimento da ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 66 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) governança corporativa no Brasil, onde inicialmente os conflitos eram travados entre acionistas e gestores, posteriormente passando a acontecer entre acionistas majoritários e minoritários. Os conflitos entre acionistas e administradores estão relacionados com a utilização da metodologia mais eficiente, buscado direcionar a alta gestão a tomar a melhor decisão existente observando os interesses do investidor e da companhia. O segundo caso retrata a insegurança entre os próprios investidores em relação aos métodos de trabalho e às decisões tomadas, o que em ambos os casos demandam constantemente meios cada vez mais rápidos, seguros e eficientes para se dirigir uma companhia. Outro fator fundamental para a consolidação deste mecanismo de controle e segurança é a chamada hipótese de eficiência de mercado. Segundo Lopes (2002), existe uma assimetria substancial de reações a informação contábil, entre mercados eficientes e mercados não eficientes. Na primeira hipótese são capazes de avaliar informações contábeis complexas engajadas em seus propósitos e buscarem soluções ótimas em curto espaço de tempo, frente a mercados financeiros ineficientes que em sua maioria se quer reagem à informação contábil divulgada. A combinação desses fatores é chave para o desenvolvimento da governança corporativa e disposição de estrutura acionária, o que caracteriza um arcabouço de medidas e ferramentas implantadas com o propósito de controle e obtenção de eficiência nas decisões da administração, pois os problemas contextualizados acima, historicamente influenciam as estratégias e propósitos de uma companhia. Os problemas de agência tomam proporções consideráveis, as disputas e a desconfiança entre acionistas geram entraves em torno do custo de administradores, a quem estes devem se reportar e aumenta a demanda por serviços de auditoria, aumentando custos, o que gera reflexos, seja em relação ao seu valor de mercado ou desempenho econômico, suportando assim os objetivos da comunidade acadêmica na realização de estudos e pesquisas sobre esta relação, conforme apresentado no quadro 1 no tópico 2.2. 2.2. Pesquisas Recentes Este tópico elenca e realiza um panorama sobre as últimas pesquisas em relação às diversas frentes sobre governança corporativa e estruturação acionária e seus reflexos nas companhias, conforme o quadro 1: ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 67 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) Quadro 1 – Pesquisas recentes Autores Principais Conclusões Silveira (2002) Realizou um estudo com as empresas de capital aberto no Brasil no período de 1998 a 2000. Verificou que existe diferença entre as relações de governança e valor e governança e desempenho, sendo mais forte com o desempenho, sugerindo que as empresas com um número intermediário de conselheiros alcançam um maior desempenho financeiro. Da Silveira e Famá (2004) Demonstraram que dentro de grandes corporações, existem modelos nos quais a admissão de grandes acionistas funciona parcialmente como ferramenta de solução para as questões relacionadas ao monitoramento da administração, o que permite uma valorização da companhia a partir de alterações nas políticas corporativas. Leal, Silva e Valadares (2007), Srour (2007) Mostram que em países com mercados financeiros em desenvolvimento, manobras como emissão de duas classes de ações e estruturas de pirâmides são mais comuns e são formas de segregar direitos de controle e fluxo de caixa e são largamente empregadas, o que facilita o aumento do número de empresas com estruturas de capitais votantes concentradas e atrasa o desenvolvimento da governança corporativa e não apresentam relação significante com variáveis de valor de mercado e desempenho. Carvalho (2007) Leal (2007) Da Silva e Leal (2007) Ferreira, Ashley, Rodrigues ET al. (2007) Lameira, Ness Soares (2007) Saito e Silveira (2008) Rogers (2008) Catapan (2011) e da Revelou que os padrões nacionais de governança corporativa encontram-se em desenvolvimento em relação aos de países de economia desenvolvida por meio de comparação de literatura. Revisou a literatura sobre práticas de governança e valor corporativo. Enfatizou a existência de evidencias de que boas práticas de governança corporativa podem levar a um menor custo de capital e maior valor de ações das firmas. Analisaram a relação entre a qualidade das práticas de governança corporativa com valor e desempenho da firma através da construção de um amplo índice de governança corporativa para as empresas brasileiras listadas na bolsa. Os resultados indicaram que menos de 4% das empresas apresentaram “boas” práticas de governança corporativa e que firmas com boas práticas têm um desempenho (ROA) significativamente superior, existindo relação positiva entre o Q de Tobin e melhores práticas de governança corporativa. Estudaram a influência do conselho de administração e valor de mercado em 116 empresas da Bovespa, de 1998 a 2002. Concluíram que a relação entre estrutura de propriedade, controle e valor de mercado é diferente da relação entre estrutura de propriedade, controle e desempenho, uma vez que os resultados apontaram que a primeira relação é mais evidente. Realizaram um estudo com empresas listadas na Bolsa de Valores e procuraram verificar se a melhoria das práticas de governança corporativa promoveu impacto no valor das empresas mensuradas pelo Q de Tobin. Obtiveram resultados estatísticos muito significativos, sugerindo que a melhoria de práticas de governança corporativa já promoveu impacto no valor das companhias abertas listadas em bolsa. Revisaram a literatura sobre custos de agência e estrutura de propriedade e concluíram que independente da concentração acionária o controle é exercido de forma endógena, e em relação aos custos de agência não foram acertados modelos com fundamentação teórica segura que incluíssem prescrições para decisões ótimas acerca de temas-chave em governança corporativa, como estrutura de capital, remuneração dos gestores, políticas de investimento, disclosuree conselho de administração Estudou 16 empresas do Ibovespa de 2003 a 2005, como objetivo de verificar a influência de melhores práticas de governança corporativa, para o custo de capital e o retorno do investimento. Concluiu que o custo de capital das empresas com práticas de governança corporativa superiores é 34,22% menor, e o retorno do investimento das empresas com práticas de governança corporativa inferiores é apenas 23% maior que o retorno do investimento das empresas com práticas de governança corporativa superiores. Investigou os fatores que geram alguma relação entre desempenho e governança, em 111 empresas de capital aberto no Brasil. Utilizou dois questionários, elaborados por Almeida et. al. (2010) e Leal (2004). O autor concluiu que existe relação estatisticamente significante com o desempenho econômico-financeiro, tanto quando se abordam indicadores de desempenho (EBITDA/Ativo, EBITDA/PL, ROA e ROE), como quando se trata de indicadores de ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 68 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) mercado (q de Tobin), mostrando que entidades com maior transparência maximizam seu valor de mercado e melhoram seu desempenho. Investigaram uma possível relação entre a concentração de direitos de voto e a concentração de direitos sobre o fluxo de caixa com desempenho e valor das empresas listadas na Bolsa de Valores de São de Paulo, nos anos 2004, 2006 e 2008. Descobriram que no Brasil ainda há Peixoto e alta concentração de controle em poder de poucos acionistas. A razão capital votante sobre Buccini capital total também vem se reduzindo. Os acionistas de empresas familiares, de empresas de (2013) capital privado e estatais vêm perdendo espaço na composição acionária das organizações, dando lugar aos acionistas institucionais, estrangeiros e acionistas pulverizados. No que tange à relação entre estrutura de propriedade e valor / performance, constatou-se que firmas com estrutura mais concentrada possuem menor valor e menor desempenho. Fonte: Dados da pesquisa O rol de pesquisas desenvolvidas supramencionado conclui a constante concretização das teorias sobre influências positivas de estruturas acionárias pulverizadas e melhores práticas de governança corporativa, sobre o desempenho econômico-financeiro e valor de mercado destas e a admissão de grandes acionistas tem se tornado ineficiente e nocivo. Como ramificação das linhas de estudos em governança corporativa, estão surgindo novas pesquisas mostrando a eficácia e eficiência do controle de estruturas acionárias estrangeiras sobre os resultados das firmas conforme tratado por Peixoto e Buccini (2013). 3. METODOLOGIA 3.1. Tipologia da Pesquisa Este estudo foi caracterizado como sendo uma pesquisa bibliográfica documental descritiva. Conforme Marconi e Lakatos (2010) a pesquisa bibliográfica documental descritiva, tem o objetivo de obter informações acerca do tema com a finalidade de se responder uma pergunta ou validar ou não uma hipótese que diz respeito a situações de causaefeito ou ainda, realizar novas descobertas. Quanto à análise dos resultados será quantitativa, tanto em relação à análise dos dados acionários quanto em relação aos indicadores de desempenho econômico. 3.2. Amostra Foram estudadas as empresas listadas no Índice Bovespa (IBOVESPA) da Bolsa de Mercadorias e Futuros e Bolsa de Valores de São Paulo (BM&fBOVESPA). O estudo iniciou-se com as 73 empresas participantes do índice em 2015. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 69 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) A pesquisa foi realizada com as companhias entre o período de 2009 a 2013. Deixaram de compor a amostra as instituições financeiras devido as suas diferenças conceituais, as companhias descredenciadas da BM&fBOVESPA, foram excluídas da análise as melhores e piores empresas em termos de rentabilidade, as que apresentaram dados incompletos durante o período pesquisado e as que apresentaram dados inconsistentes. A amostra final totalizou 52 empresas após as restrições. A tabela 1 demonstra a amostra objeto da pesquisa, classificada por setores de atividades econômicas: Tabela 1: Amostra da pesquisa por setor Setor Construção e Transporte Consumo Cíclico Consumo Não Cíclico Financeiro e Outros Materiais Básicos Telecomunicaç ões Utilidade Pública Total Fonte: Dados da pesquisa 3.3. Quantidade de Empresas 10 5 % 19,23 9,62 8 15,38 7 13,46 10 19,23 3 5,77 9 17,31 52 100% Variáveis As variáveis foram classificadas em dois grupos: independentes e dependentes. As independentes que foram adotadas para a pesquisa, são aquelas que supriram a linha do estudo em termos de construção de capital votante e controle acionário e foram combinadas em dois grupos diferentes para análises: nacional/estrangeiro e público/privado. Quanto às variáveis dependentes, foram adotadas o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) e o retorno sobre o investimento (ROI), que atenderam as necessidades de dados para mensuração e avaliação de desempenho econômico, onde o ROE demonstrou o quanto as fontes de capital próprio recuperam do capital investido e o ROI o quanto uma companhia ganha em suas operações com os ativos, ambos de acordo com as decisões do quadro acionário votante. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 70 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) Para investigação das relações destacadas, foram utilizadas a média estatística e desvio padrão para as variáveis dependentes, considerando as conexões a seguir; - Capital Votante Nacional; - Retorno Sobre Investimento; - Capital Votante Estrangeiro; - Retorno Sobre o Patrimônio Líquido. - Capital Votante Público; - Capital Votante Privado; Assim a verificação do desempenho foi realizada em duas etapas, onde a 1ª consistiu em verificar a rentabilidade conforme origem do capital (nacional ou estrangeiro) e a 2ª em verificar a rentabilidade em função da natureza do capital (estatal ou privado). 3.3.1. Variáveis Independentes As variáveis independentes representaram aquelas que podem interferir nas políticas operacionais, financeiras, de investimento e financiamento. As características descritas nesta seção foram utilizadas como variáveis independentes, conforme apresentadas no referencial teórico como sendo desenvolvidas em detrimento de ambientes econômicos e mercados de capitais, nas quais as companhias se encontram negociando ações. Para conceituação e definição das variáveis abaixo descritas foram desconsiderados os percentuais de livre circulação/negociação de ações ordinárias sem influência no capital votante, de acordo com a CVM chamados de “FreeFloat” (livre flutuação). a) Capital Votante Nacional: acionistas de origem brasileira sem rastreamento quanto à segmentação econômica do capital, detentores de direitos de participação em uma empresa em funcionamento, correspondentes a maior parcela em relação ao capital total; b) Capital Votante Estrangeiro: acionistas de origem estrangeira sem rastreamento quanto à segmentação econômica do capital, detentores de direitos de participação em uma empresa em funcionamento, correspondentes a maior parcela em relação ao capital total; c) Capital Votante Público: acionistas de origem nacional e/ou estrangeira, que detém maior parcela de capital público, detentores de direitos de participação em uma empresa em funcionamento, correspondentes a maior parcela em relação ao capital total; ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 71 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) d) Capital Votante Privado: acionistas de origem nacional e/ou estrangeira, que detém maior parcela de capital privado, detentores de direitos de participação em uma empresa em funcionamento, correspondentes a maior parcela em relação ao capital total. 3.3.2. Variáveis Dependentes As variáveis dependentes foram aquelas que sofreram os reflexos das decisões de composição de capital votante e controle acionário, representadas por indicadores extraídos de informações contábeis, financeiras e patrimoniais das demonstrações financeiras, presentes nos relatórios financeiros das companhias participantes do Ibovespa, disponíveis no site da BM&fBovespa. Foram considerados o retorno sobre o patrimônio líquido e retorno sobre o investimento, conforme o quadro 2. Quadro 2: Variáveis Dependentes Variável da Pesquisa Fórmula Retorno sobre Investimento Lucro Líquido / Ativo Total - Lucro Líquido * 100 Retorno sobre o Patrimônio Líquido Fonte: Dados da pesquisa Lucro Líquido / Patrimônio Líquido - Lucro Líquido * 100 a) Retorno Sobre o Investimento (ROI): esta variável, segundo Neto (2009) representa e indica em percentual a taxa de retorno dos ativos de uma companhia em relação ao reinvestimento do orçamento, ou seja, o quanto uma entidade ganha para cada unidade monetária aplicada a uma unidade geradora de fluxo de caixa. b) Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE): também segundo Neto (2009), a mesma demonstra em percentual a taxa de retorno ao acionista do capital por ele investido na companhia. 3.4. Tratamento dos Dados Foram coletadas informações econômicas e patrimoniais acerca das firmas listadas no Ibovespa e foram inicialmente separadas em dois grupamentos distintos: - Origem do Capital: nacional e estrangeiro; - Natureza do Capital: público e privado. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 72 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) Posteriormente as variáveis dependentes foram agrupadas para análise em função da configuração da composição acionária, possibilitando a verificação de rentabilidade conforme o tipo de capital, sem a presença de efeitos de mercado como sazonalidade, demanda, decisões políticas, entre outras. Foi aplicada a média estatística e calculado o desvio padrão para o conjunto de dados formados pelas empresas integrantes da amostra final. A análise e discussão dos resultados foram descritos no próximo tópico. a) Média: conjunto de valores numéricos calculada somando-se todos estes valores e dividindo-se o resultado pelo número de elementos somados, que é igual ao número de elementos do conjunto, ou seja, a média de n números é sua soma dividida por n. b) Desvio Padrão: medida mais comum da dispersão estatística, mostra o quanto de variação ou "dispersão" existe em relação à média 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1. Caracterização da amostra As variáveis independentes da pesquisa, caracterizadas por origem e natureza do controle acionário das companhias integrantes da amostra, foram confrontadas com as variáveis dependentes caracterizadas pelo ROE e ROI, as quais recebem os reflexos das decisões operacionais e financeiras do capital votante. A posição acionária conforme origem e natureza de controle das companhias integrantes da amostra da pesquisa conforme a tabela 2: Tabela 2: Total de empresas Nacional Estrangeiro 6 34 5,38% 18 Privado 4,62% 2 Total 5 1 00% Público 8 44 2 Total 5 00% 3 1 4,62% 8 5,38% 1 Fonte: Dados da pesquisa ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 73 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) Com relação à origem do controle, foi possível verificar que a parcela de capital estrangeiro, presente nas firmas, ainda é muito pequena representando apenas 34,62% comparado ao total, visto que a parcela nacional corresponde à proporção de 65,38%. Prosseguindo a verificação em relação à natureza do controle acionário, o setor público representou a menor parte correspondente a 15,38%, enquanto a iniciativa privada controla a maior parcela, o equivalente 84,62%. As informações constantes da tabela mostram que, o maciço volume de investimentos no mercado de capitais brasileiro, mais precisamente no IBOVESPA, são constituídos pela iniciativa privada, investimentos de origem estrangeira são relativamente representativos, seguidos dos investidores estatais. 4.2. Desempenho econômico conforme origem do capital Conforme tratado no referencial teórico, as decisões sobre políticas operacionais e financeiras tomadas pelos quadros acionários produzem reflexos na geração de resultados, que afetam o desempenho e a rentabilidade das companhias. Serão apresentadas informações acerca da rentabilidade das empresas, com base na origem do capital acionário como demonstrado na tabela 3. Foi possível verificar que as companhias lideradas por capital estrangeiro, apresentaram melhor desempenho em relação às que são controladas por capital nacional. O ROI médio estrangeiro foi de 7,78% com desvio padrão de 8,75%; contra um ROI médio nacional de 3,75% com desvio padrão de 5,12%. Avaliando as informações relativas ao transcurso base para fundamentação dos resultados expostos na tabela, estes sugerem que pelo de fato de o capital nacional ter menor ROI e maior desvio padrão comparados ao estrangeiro, é frequente a possibilidade de maiores surpresas na geração de resultado de gestão e faz com que o maior ROI do capital estrangeiro seja mais eficiente, estável e previsível na geração de resultados de gestão. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 74 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) Tabela 3 - Conforme origem do capital Nacional 2 2009 010 4,2 ,28 4,57 ,28 14,7 6,44 19,13 2,26 6 R OI Média Desvio Padrão 5 34 empresas - 65,38% 2 2 011 012 4 2 ,23 ,5 6 5 ,08 ,16 1 R OE Média Desvio Padrão 1 2 2009 010 Média Desvio Padrão 8,77 ,6 7,16 ,17 Média OE Desvio Padrão Fonte: Dados da pesquisa 18,23 9,48 15,19 8,7 8 OI 8 1 1 9,21 1 6,88 1 1 1 7,42 2 2 009/2013 6 7 ,88 ,78 8 8 ,5 ,75 013 1 1 5,94 2 5,79 1 0,45 7,83 7,01 1 9,53 4 ,48 18 empresas - 34,62% 2 2 011 012 7 7 ,38 ,27 9 1 ,25 0,67 1 R 2 009/2013 1 3 ,53 ,75 4 5 ,48 ,12 5 ,75 8,64 Estrangeiro R 1 0,88 2 013 1 7,51 1 5,73 1 8,99 Lopes (2002) diz que a existência de uma assimetria substancial entre mercados de capitais fortes e desenvolvidos e mercados de capitais em desenvolvimento faz com que existam investidores com excelentes conceitos e práticas em governança corporativa, excelente tempo de resposta a informação contábil e a fatores como funcionamento da economia e de políticas governamentais, em contrapartida a investidores que, não conseguem ler informações contábeis, tem pouca bagagem de conhecimento corporativo e técnicas de governança. As companhias com maior participação de capital estrangeiro, integrantes da amostra da pesquisa, apresentam um ROI maior que o apresentado pelas companhias com maior participação de capital nacional. Porém, o desvio padrão apresentado por estas empresas foi maior, denotando que a maior oscilação da rentabilidade pode representar dificuldade de adaptação a fatores como, políticas governamentais, sociais ou também economia. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 75 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) Os resultados de ROI apresentados pelas empresas com maior participação de capital estrangeiro, sugerem que a utilização de altos e sofisticados padrões de governança corporativa e mecanismos cada vez mais rápidos e eficientes com objetivo de segurança, controle e diminuição de riscos sistemáticos na gestão, conforme argumentado por Lopes (2002), melhoram significativamente seus resultados de gestão, isto é, devido também a cultura corporativa que possuem, demandando menos custos com mecanismos de segurança e controle excessivos. Ao contrário do capital estrangeiro, as sociedades com maior capital nacional, apresentaram resultados de ROI, segundo a tabela 3, sugerindo instabilidade para proporcionar resultado de gestão eficiente. O baixo desvio padrão representa menor oscilação na rentabilidade. O desempenho das companhias, com maior participação de capital nacional, sugere representar o lado dos mercados não eficientes, que, conforme tratado por Lopes (2002) são ambientes econômicos regulamentados pelo Code Law que sofrem interferência do Governo. Em conseqüência a isso, não possuem muita qualidade nos padrões de governança corporativa e nem eficiência nos mecanismos de segurança, controle e diminuição de riscos sistemáticos necessários. Adicionalmente, utilizam muitos mecanismos de controle desnecessários, e são fracos para leitura de informação contábil, não compreendendo os propósitos da companhia tratados nas demonstrações financeiras Com relação aos resultados de ROE, foi possível verificar na tabela 3, que o capital investidor de origem estrangeira, apresentou consistência no retorno de capital próprio durante o período pesquisado, em contrapartida, o de origem nacional, sugere instabilidade e dificuldade na recuperação do capital investido, consequentemente com ROE de 17,51%, as companhias com maior capital estrangeiro, se mostraram mais rentáveis que o capital investidor de origem nacional, uma vez que este último apresentou um ROE de 10,45%. Dentro do ambiente corporativo, conforme argumentado no referencial, a demanda por mecanismos de segurança e controle rápidos e eficientes necessários ao aperfeiçoamento da gestão é constante, assim como, a adoção e emprego da melhor metodologia de condução de atuação da alta administração em função dos acionistas e da agência. Os resultados alcançados pelo capital estrangeiro e nacional, respectivamente, representam os dois lados deste panorama, atrelados a níveis opostos de pensamento, cultura e práticas em governança corporativa. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 76 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) Os resultados verificados acima corroboram os achados de Catapan (2011) onde reiteram que melhores práticas de governança corporativa, melhoram não somente o valor de mercado das companhias como também seu desempenho, sendo esta relação mais forte com desempenho. Os resultados encontrados por Peixoto e Buccini (2013) e Catapan (2011), consolidam os resultados desta pesquisa com base no desempenho conforme a origem da composição acionária. 4.3. Desempenho econômico conforme natureza do controle Depois de explorados os resultados de rentabilidade das companhias conforme a origem do capital votante, a tabela 4 demonstra os resultados de rentabilidade e desempenho das companhias integrantes deste estudo, conforme a natureza do controle acionário. Tabela 4 - Conforme natureza do capital Privado 200 9 2 010 7 R OI Média Desvio Padrão 5,77 ,33 6,17 ,8 6 16,4 R OE Média Desvio Padrão 4 1 8,21 1 18,9 5,44 200 9 2 010 Média Desvio Padrão 5,86 ,73 4,92 ,02 4 13,0 Média OE Desvio Padrão Fonte: Dados da pesquisa R 9 10,0 9 2 1 9 ,35 2 2,53 3,06 1 1 9,18 2 2 009/2013 3 5 ,24 ,09 5 4 ,01 ,83 013 1 9 ,4 2 0,34 1 2,91 8,66 4,83 8 ,76 8 ,27 8 empresas - 15,38% 2 2 011 012 5 4 ,61 ,99 4 6 ,11 ,11 1 3,54 8 ,71 0,37 5 OI 1 2,94 Público R 44 empresas - 84,62% 2 2 2 2 011 012 013 009/2013 5 3 5 ,27 4 ,41 ,15 7 8 6 7 ,89 ,09 ,91 ,17 1 2,79 1 3,38 1 2,38 É possível observar que as firmas com maior participação de capital da iniciativa privada geraram ROI de 5,15%, a passo que o capital de origem estatal gerou 5,09%. As ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 77 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) empresas com maior parcela de capital privado apresentaram maior rentabilidade, apesar da diferença de desempenho identificada entre eles não ter sido significativamente relevante. Foi possível verificar que o capital de natureza privada, apresentou desvio-padrão de 7,17% em comparação com o capital de natureza estatal, que apresentou desvio-padrão de 4,83%. A literatura reitera que em condições normais empresas com maior parcela de capital privado, possuem normalmente excelência em gestão, por outro lado, o capital estatal está investido em setores de demanda essenciais, como: saneamento básico e energia elétrica, que demonstram geração de resultado estável. Por mais que os capitais privados sejam eficientes em gestão, os mesmos atuam em segmentos de economia com forte concorrência e risco como construção, transporte, telecomunicações, materiais básicos, consumo cíclico e não cíclico. Os dados sobre desvio-padrão das companhias com maior participação de capital da iniciativa privada sugerem que as mesmas estão mais expostas aos ricos sistemáticos. Esta maior exposição da empresa aos riscos de mercado faz com que seu desempenho seja mais oscilante, mas ofereça maior retorno. Quanto aos resultados de gestão das companhias estatais, subentende-se que, estas, por atuarem em setores de demanda estável, tem a possibilidade de manter constante seus fluxos de caixa por meio de ajuste nos preços dos serviços. Em relação ao retorno de capital próprio, as companhias com controle privado apresentaram ROE de 12,91% contra 12,79% das firmas controladas por capital estatal. O capital privado apresentou resultados superiores não substanciais em relação ao nacional, também demonstrou maior oscilação, o que pode ser explicado pelo fato deste estar exposto a maior risco, o que consequentemente está atrelado a maior retorno e em contrapartida os resultados do capital público demonstraram estabilidade durante o período da pesquisa, o que pode ser explicado pela garantia de fluxo de caixa, por atuar em setores de demanda garantida. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho teve como objetivo verificar a rentabilidade das companhias integrantes do índice Bovespa por meio de variáveis de retorno sobre o investimento e retorno sobre o patrimônio líquido conforme origem e natureza do capital investidor que compõem ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 78 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) suas estruturas acionárias. Foram estudadas 52 empresas listadas no índice Bovespa entre os anos de 2009 a 2013. Foram desconsiderados os percentuais de livre circulação/negociação de ações ordinárias, conforme a CVM chamados de “FreeFloat”, sem influência nas companhias, para conceituação e definição de origem e natureza de controle acionário, tratados como variáveis independentes na pesquisa, posteriormente confrontadas com as variáveis dependentes, ROI e ROE. Verificou-se em relação à origem, que o capital estrangeiro obteve, tanto em relação à gestão, quanto em relação à recuperação de capital próprio, resultados superiores, apesar, que a maior oscilação destes, pôde representar dificuldade de adaptação em relação a fatores econômicos e políticos; ao passo que o capital nacional alcançou resultados inferiores. O que demonstrou que investidores estrangeiros por meio de sua cultura em governança corporativa, influenciam positivamente no desempenho econômico da empresas do Ibovespa. Quanto à natureza, tanto a capital privado, quanto o capital estatal, obtiveram retornos estáveis, mas, o desvio padrão das empresas de capital privado demonstrou maior oscilação o que pode ser explicado pelo fato de que o capital privado atua em setores com forte concorrência e risco e os setores de necessidades básicas são fortemente controlados pelo Estado, ou seja, garantia de geração de fluxo de caixa. O estudo demonstrou que a estrutura acionária por meio de sua cultura em governança corporativa influenciou no desempenho econômico das empresas do Índice Bovespa, contudo deve-se observar também as variáveis de mercado, economia, medidas do governo, dentre outros fatores que interferem no desempenho econômico. Novos estudos podem surgir considerando os níveis de concentração destes tipos de capitais segregados desta mesma maneira entre origem e natureza de controle acionário das companhias. REFERÊNCIAS ANDRADE, Adriana; ROSSETTI, José Paschoal. Governança corporativa - Fundamentos, Desenvolvimento e Tendências.São Paulo: Atlas. 4ª Ed., 2009. ASSAF NETO, Alexandre – Finanças Corporativas e Valor. 4ºed. São Paulo: Atlas, 2009. BM&fBOVESPA. Bolsa de Valores Mercadorias e Futuros de São Paulo. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/home.aspx?idioma=pt-br> Acesso em 09 dez. 2014. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 79 Composição acionária e governança corporativa: influência no desempenho econômico das empresas do IBOVESPA PENTO JUNIOR, VIEIRA, MACHADO (2015) CARVALHO, Antonio Gledson de. Governança Corporativa no Brasil em Perspectiva.São Paulo: Atlas, p.22, 2007. CATAPAN, Anderson.Análise da relação corporativa e o desempenhoeconômico-financeiro de empresas de capital aberto do Brasil. Dissertação de mestrado. Curitiba 2011 Comissão de Valores Mobiliários. Categoria Outros da base acionária. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/> Acesso em 09 dez. 2014. DA SILVA; André Luiz Carvalhal; LEAL, Ricardo Pereira Câmara. Governança CorporativaEvidências Empíricas no Brasil. São Paulo: Atlas, 2007. 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Para isso usou-se uma balança residencial conectada a um microcontrolador Arduino que por meio de conexão serial envia dados para um computador, este que gera um QR Code através de uma aplicação desenvolvida em Java. A partir daí, uma aplicação móvel faz a leitura do QR Code,armazena os dados no SQLite construindo então um gráfico em HTML5 contendo os dados de cada pesagem do aluno. Palavras-chave: Arduino. Dispositivo Móvel. QR Code. Balança, Célula de Carga. 1. INTRODUÇÃO O aquecimento do mercado fitness posiciona o Brasil na segunda colocação no ranking mundial, esse fato somado a grande necessidade de profissionalismo do setor, obteve-se a idéia do desenvolvimento de um produto inovador que, fazendo uso do microcontrolador Arduino juntamente com a linguagem de desenvolvimento Java e o framework para desenvolvimento móvel Phonegap. Dessa forma pode se proporcionar ao usuário da academia um melhor acompanhamento de sua evolução mediante os treinamentos oferecidos pela academia, acompanhamento este que tem foco no peso, pois segundo Tessmer, Pinho e Fassa 1 [email protected] ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 81 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) (2006) grande parte dos frequentadores de academias são insatisfeitos com seu corpo e tem o peso um fator importante para encontrar equilíbrio. Nos tópicos seguintes, serão demonstradas explicações mais aprofundadas sobre cada uma das tecnologias utilizadas para o acompanhamento do peso do aluno: Arduino, QRCode, bibliotecas para gerar QRCode e Phonegap respectivamente. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Nesta seção serão abordadas algumas referências que tem o objetivo de embasar o processo de automação da pesagem em academias. 2.1. Automação Automação é um conjunto de técnicas que auxiliam na construção de sistemas ativos que atuam com alta eficiência utilizando-se das informações recebidas do meio em que atuam (ROSARIO, 2009). A integração da automação nasceu, durante os anos 20 quando Henry Ford criou a linha de montagem do modelo T, para aumentar a produção, reduzir os custos e garantir a segurança dos operadores que executam as tarefas mais perigosas(ROSARIO, 2009). Com o sistema de automação residencial é possível controlar a distancia as luminárias, as tomadas, em fim, tudo o que possui controle. E, além disso, o controlador de automação residencial apresenta uma tecnologia que colabora para ligar e desligar dispositivos, colaborando assim para a redução da conta de energia elétrica (MONK, 2013). No ambiente industrial a automação é a utilização de qualquer dispositivo para controlar maquinas e processos, entre eletrônicos pode-se ser usado computadores ou controladores lógicos que podem executar tarefas possíveis ou impossíveis para seres humanos (ROSARIO, 2009). De acordo com Lima, Rosa (2013) a automação residencial tem a seguinte característica, ela elimina a dificuldade da localização do operador. Se não fosse assim, as tarefas que se faz hoje com praticidade de velocidade, não seriam tão praticas e rápidas. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 82 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) 3. MATERIAIS E MÉTODOS Para desenvolvimento do projeto, foram realizadas pesquisas exploratórias sobre a integração do dispositivo de medição de peso ao Arduino, bem como bibliotecas para a geração do código QRCode, e também sobre Phonegap, o que trará mais informações para o aperfeiçoamento do projeto. Na seção a seguir será abordado sobre os materiais utilizados na construção do projeto tais como balança, modulo conversor, microcontrolador, QR Code, Phonegap, SQLite e Bootstrap, nesta sequência. 3.1. Balança Para o projeto em questão foi utilizado uma balança com capacidade minima de 0,3Kg e máxima de 150Kg com dimensões de 24.0 cm x 14.8 cm x 2.5 cm, alimentada por 2 pilhas AAA. A captura do peso pela balança é feita através de 4 células de carga devidamente posicionadas em cada uma das extremidades do dispositivo, conectadas através de um circuito interno. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 83 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) 3.2. Modulo conversor Para tratar os sinais analógicos enviados pelas células de carga, foi necessário primeiramente fazer a conversão destes para digitais e amplificar sua frequência, para isso usou-se o módulo Conversor 24bit Hx711. 3.3. Microcontrolador Após conectar as células de carga no conversor, partiu então para a parte em que o microcontrolador vai pegar as informações do conversor, para isso usou-se o microcontrolador Arduino UNO R3 ATmega328P. A plataforma Arduino teve seu inicio no Interaction Design Institute na cidade de Ivrea em 2005, onde o professor Massimo Banzi juntamente com um pesquisador visitante criaram a plataforma de desenvolvimento que recebeu o nome Arduino em referência ao bar frequentado pelo corpo docente e estudantes (MCROBERTS, 2011). Segundo Mcroberts (2011), existem varias versões do Arduino baseadas em um microprocessador de 8 Bits, as primeiras versões usavam o microprocessador ATmega8 com Clock de 16MHZ, mais tarde usariam o ATmega168 com memória flash de 16KB, já as versões mais recentes como: Uno e Duemilanove usam o ATMega328 pronto para projetos mais exigentes existem também o Arduino Mega1280 e o Arduino Mega2560, com memórias de 128KB e 256KB respectivamente, tendo por padrão o C++ como linguagem para desenvolvimento. Cada Arduino possui 14 pinos que podem ser definidos como entrada ou saída e outras 6 para servirem de entradas analógicas. Tendo em vista que o Arduino possui memória bem limitada, pode-se trabalhar com bibliotecas que são uma coleção de funções que quando adicionadas ao código acrescentam funcionalidades específicas ao projeto, algumas destas bibliotecas podem ser usadas por si próprias, porém existem outras que devem ser usadas juntamente com componentes eletrônicos, que são chamados Shields (MONK, 2015). As bibliotecas são dividas em três grupos, são eles: Essenciais: Bibliotecas que já fazem parte do IDE do Arduino, ou seja, elas são responsáveis por disfarçar a complexidade de se trabalhar com microcontroladores, tornando a programação muito mais fácil e intuitiva. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 84 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) Padrão: São bibliotecas já inclusas juntamente com a instalação do IDE, que serão importantes ou ao menos úteis para qualquer um que for desenvolver algum projeto. Para incluí-la em um determinado projeto é necessário adicioná-la com a instrução include no topo do código. Terceiros: São bibliotecas desenvolvidas por outros usuários ou desenvolvedores, que ainda de acordo com o Mcroberts (2011), cada biblioteca é composta por um conjunto de funções úteis para determinado projeto, todas as bibliotecas são de código aberto pois ser de código aberto faz parte dos valores da comunidade Arduino. Essas bibliotecas de terceiros podem ser adicionadas ao projeto através do menu Sketch/Importar biblioteca. Todas essas bibliotecas sendo elas de terceiros ou já embutidas na IDE do Arduino colaboram para que a programação no microcontrolador seja fácil e de rápida codificação, fazendo que qualquer um seja capaz de desenvolver projetos. (MCROBERTS, 2013) 3.4. QR Code QR Code é um código bidimensional capaz de armazenar dados que podem ser lidos posteriormente através de um leitor instalado em um smartphone. “O QR Code é um código bidimensional, o que significa que a informação muda horizontal e verticalmente. O leitor de QR Code verifica ambas as posições. Isso permite que um QR Code contenha muito mais informações que um código de barras. Isso também requer um leitor mais sofisticado, porém não se deve preocupar com isso, pois engenheiros de hardware e software já cuidaram disso e você pode fazer download de inúmeros leitores de QR Code para seu smartphone.”(WINTER, 2011, p.18) Para gerar o QR Code utilizou-se a linguagem de desenvolvimento Java. De acordo com Schildt(2015) a linguagem de programação Java 1.0 foi originalmente lançada em 1995 pela Sun Microsystems e revolucionou a programação. Essa revolução transformou a web de maneira surpreendente, construindo uma web muito mais interativa. Juntamente com a linguagem Java, usou-se uma biblioteca ou seja, um pacote com funcionalidades ou funções prontas, neste caso a biblioteca se chama Zxing, biblioteca esta que possibilita gerar o QRCode. A biblioteca Zxing é de licença livre para uso, podendo ser encontrada no endereço https://github.com/zxing/zxing, ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 85 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) 3.5. Phonegap Para o desenvolvimento da aplicação mobile que fará a leitura do QR Code foi utilizado o framework de desenvolvimento chamado Phonegap que é um projeto open source. De acordo com Rohit e Yogesh (2012), Phonegap é um framework para desenvolvimento móvel que gera aplicações para diversos sistemas operacionais como IOS, Android, BlackBerry e WebOS, desenvolvimento este que usa linguagens HTML, CSS e Javascript. Isso significa que poderão ser desenvolvidas aplicações para diversos dispositivos cada qual com suas características nativas usando simplesmente as linguagens de desenvolvimento web. O Phonegap resolve alguns problemas para desenvolvedores como, por exemplo: Desenvolver aplicações móveis usando as familiares linguagens para web como HTML, CSS e Javascript. O código pode ser migrado para outra plataforma de maneira rápida e fácil. O primeiro código no Phonegap foi elaborado em agosto de 2008 no evento IphoneDevCamp na cidade de São Francisco, Califórnia, e o que contribuiu para a sua criação foi o simples fato de que todo o desenvolvimento do código para Iphone é feito em ObjetiveC o que seria um ambiente desconhecido para desenvolvedores Web. Então poderia alguém desenvolver um framework que proporcionasse a todos os desenvolvedores Web, usar o seu conhecimento em HTML, CSS e Javascript e que permita a interação com importantes partes nativas do Iphone? Surgiu então como um vencedor do concurso, o Phonegap começando também a fornecer suporte para a plataforma android. 3.6. SQLite O próximo passo, fez-se uso do SQLite para gravação dos dados, este que segundo Kreibich(2010) é um software de armazenamento de licença gratuita de código aberto que fornece um sistema relacional de armazenamento de dados e o Phonegap dá suporte para utilização do SQLite como sistema de persistência de dados. 3.7. Bootstrap Bootstrap é um framework open source, ou seja, de código aberto livre para uso, que de acordo com o site do Bootstrap “é o framework mais popular para desenvolvimento ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 86 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) responsivo móvel em projetos para Web”(http://getbootstrap.com/), site este que ainda disponibiliza o download do framework gratuitamente. Segundo Abraham(2015) Bootstrap é um conjunto de ferramentas gratuitas para rápida criação de paginas web, criado em 2011 por Mak Otto e Jacob Thornton para uso interno no Twitter e que logo depois foi liberado para uso popular, antes do Bootstrap o desenvolvimento não possuia um padrão ou seja possuia leves mudanças de tempo em tempo o que dificulta a manuteção do código, atualmente Bootstrap tem se tornado uma das ferramentas mais utilizadas para desenvolvimento de páginas web. 4. MÉTODOS 4.1. Arduino conectado à balança Primeiramente foi feito a conexão das células de carga, quatro no total, a uma protoboard esta que já estava com o conversor conectado. Em outra protoboard foi feita a conexão com o Arduino, sendo utilizadas as portas analógicas 0 e 1 e para alimentação foram utilizadas as portas GND e 5 v, como e demonstrado na Figura 1. Figura 1: Ligação das células de carga ao arduino 4.2. Arduino conectado ao computador Para a conexão Arduino/computador é utilizada a conexão serial pois ligar o Arduino ao computador com um cabo USB informa para o sistema operacional de seu computador que ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 87 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) você conectou um dispositivo serial. Quando você instala o IDE do Arduino, você também instala vários drivers que permitem que o Arduino seja reconhecido como um dispositivo que se comunica através de uma conexão serial. (MCROBERTS, 2013) Para que o computador reconheça os dados enviados pelo Arduino, é necessário configurar essa conexão, configuração esta que neste projeto será feita através de uma aplicação desenvolvida em Java na IDE NetBeans. No projeto deve ser inserida a biblioteca RXTX e sua dll que vão permitir que o software faça comunicação serial recebendo os comandos, acessando dados e fazendo chamadas de sistema.O arquivo com extensão jar desta biblioteca precisa ser inserido no diretório do sistema: C:/ProgramFiles/java/jre/lib/ext. Já arquivo dll deve ser copiado para o diretório C:/ProgramFiles/java/jdk/bin, para diretório C:/ProgramFiles/java/jre/bin e para C:/Windows/System32. Caso o sistema operacional for de 64bits outra cópia deve ser inserida no diretório C:/Windows/SysWOW64. Figura 2 - Comunicação Serial Na Figura 2 podemos ver parte do código da aplicação nele encontramos o import da classe chamada Serialrxtx onde está o código de identificação da porta serial e logo abaixo é chamado o método iniciaSerial que inicia a comunicação com a porta serial este que também está na classe Serialrxtx.Após a comunicação do Arduino com o computador, iniciou-se o desenvolvimento da aplicação para gerar o QR Code uma vez que os dados que originam da ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 88 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) balança foram capturados pelo Arduino e enviados por este para o computador via comunicação serial. Para o desenvolvimento desta aplicação uso-se a biblioteca Zxing que é uma biblioteca em Java para geração de códigos 1D/2D, na Figura 3 podemos observar o código para gerar o QR Code. Figura 3 - Geração do QRCode 4.3. Leitura do QR Code pelo aplicativo móvel O próximo passo foi de necessidade do projeto que houvesse um leitor capaz de capturar e interpretar o QR Code gerado, necessidade essa que seria suprida por um aplicativo ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 89 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) móvel. Para o desenvolvimento da aplicação móvel levando em consideração o tempo a ser levado para aprendizagem do desenvolvimento móvel e todas as diferenças entre as plataformas, optou-se por usar o framework Phonegap. Também se considerou a facilidade no desenvolvimento multiplataforma e principalmente pelo fato de todo o desenvolvimento ser feito a partir de linguagens web, as quais em sua grande maioria já fazem parte do conhecimento adquirido na graduação até o período atual. Para o desenvolvimento com Phonegap é preciso fazer a instalação do kit de desenvolvimento do android que pode ser baixado no endereço http://developer.android.com/sdk/index.html, após a instalação deste, deve-se executar o SDK manager, que está no diretório de instalação para atualizar o SDK. O próximo passo é a instalação do Apache Ant que nada mais é do que uma biblioteca java para automatizar a construção dos projetos, os chamados “builds”, o Apache Ant pode ser baixado no site http://ant.apache.org/bindownload.cgi. Seguindo com a criação do ambiente para desenvolvimento com Phonegap, é necessário configurar as variáveis de ambiente,indo até as propriedades do sistema, aba avançado, variáveis de ambiente e variáveis de sistema, criando uma variável de nome ANDROID_HOME e em seus valor coloque o diretório de instalação do SDK, deve ser procurado pela variável com nome Path, editado seus valores para o seguinte valor: %ANT_HOME%\bin;%ANDROID_HOME%\platform-tools;%ANDROID_HOME%\tools; Concluído a criação de variáveis, é preciso realizar a instalação do Node.js que é um engine Javascript voltado para projetos do Phonegap e pode ser baixado no link http://nodejs.org/download/. No Figura 4 podemos ver o código da função scan usada para ler o QR Code.No desenvolvimento da aplicação, o conhecimento adquirido na pesquisa somado ao exemplo encontrado no github.com/wildabeast/BarcodeDemo, lograram para êxito. A principal dificuldade encontrada foi que o device LG L7, com processador um core de 1GHZ, memória de 2,7 GB e sistema Operacional Android 4.0.3 disponível para teste pois estava com sua memória cheia memória estar cheia, não executou o aplicativo de maneira satisfatória, porém em qualquer um dos outros devices testados a aplicação funcionou corretamente, como por exemplo no Smartphone MotoG 2 Geração com processador Quad core de 1,2 GHZ, 16GB de memória e sistema operacional Android 4.4.4. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 90 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) Figura 4 - Leitura do QRCode Para que a aplicação seja responsiva, ou seja, funcione em qualquer tamanho de tela em dispositivos Android, Windows Phone e posteriormente também para IOS, fez-se uso do framework Bootstrap. Foram importadas para o projeto as pastas css, img e js, contendo o estilo, diretório para imagens do Bootstrap e Javascript respectivamente, ambos configurados de forma responsiva. 4.4. Armazenamento dos dados e geração do gráfico A aplicação agora precisaria pegar os dados enviados pelo QRCode e armazenar no dispositivo, funcionalidade esta que foi implementada usando SQLite. No código mostrado na Figura 5 pode-se ver as variáveis peso e db, seguida pelo método que verifica se o banco pode ou não ser inicializado, após esse, a variável db recebe a conexão com o banco e por último a função de populateDB com o parâmetro tx, este que recebe a instrução SQL para criar a tabela no banco caso não exista e inserir um registro contendo duas variáveis. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 91 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) Figura 5 - Conexão com o Banco de Dados SQLite Desenvolvida parte de gravação dos dados obtidos pelo Arduino conectado na balança, como ultima funcionalidade era necessário mostrar esses dados de forma intuitiva para que o projeto alcance seu objetivo que é fazer com que o aluno realmente acompanhe seu peso pelo aplicativo. Para isso fez-se uso da biblioteca CanvasJS, que é uma biblioteca HTML 5 e Javascript para gerar gráficos. Na Figura 5 pode-se ver o código html5 para gerar o gráfico. Primeiramente é feita a importação da biblioteca canvas.min.js usando a tag <script> como também a construção animada do gráfico grafico.js, é também determinado o tamanho da área do gráfico com a tag div com id chartContainer e é instanciada uma variável de nome peso que recebe os rótulos de cada ponto do gráfico e sua posição no eixo y. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 92 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) Figura 6- Geração do gráfico de peso 5. RESULTADOS O projeto fará a automação do acompanhamento de pesagem de usuários de academias realizando interação entre plataformas onde o Arduino pegará a informação sobre o peso originadas da balança, passando para o computador, este que através de um sistema em java vai gerar um QR Code contendo essas informações. Uma aplicação móvel então fará a leitura do QR Code armazenando a informação do peso no banco de dados SQLite e finalmente usando HTML 5 será gerado um gráfico mostrando os dados passados pela balança. Na Figura 7 pode-se observar melhor como se dá a integração entre as diversas partes que compõe o sistema. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 93 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) Figura 7 - Esquema de funcionamento do sistema A figura 8(a) mostra a conexão entre Arduino, balança e conversor 24Bits, e a Figura 8(b) mostra o QR Code gerado pela aplicação no computador. (a) (b) Figura 8- Resultados .(a) Conexão entre Arduino, conversor e balança.(b) QRCode Gerado pela aplicação em Java. Após o QRCode ser gerado a aplicação móvel precisa ser instalada e ler essa informação com o leitor de QRCode conforme é mostrado nas Figuras 9a e 9b ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 94 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) (a) (b) Figura 9- Aplicação móvel iniciada. (a) Tela principal. (b) Leitor de QR Code em execução. Leitor pronto, então é gerado o gráfico para acompanhamento, como é mostrado na Figura 10. Figura 10- Aplicação móvel mostrando a tela com o gráfico em linha. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 95 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme o objetivo do projeto, que foi desenvolver um aplicativo capaz de monitorar e acompanhar a informação do peso de uma pessoa através de um sistema integrado, foi possível observar que tal objetivo pode ser alcançado com êxito. Tanto a balança, como o microcontrolador, computador e smartphone comunicaram entre si cooperando para o funcionamento correto do sistema. Dentre as dificuldades encontradas, a principal delas foi de realizar a leitura da informação do peso pela célula de carga e o arduino, já que não foi encontrado na literatura nenhum tipo de material que descrevesse como se dá esse procedimento. Também houve dificuldades em pesquisar as bibliotecas que foram utilizadas, já que os requisitos do projeto exigiram que fossem utilizadas diversas tecnologias bastante diferentes uma das outras de forma integrada. Como considerações finais do trabalho do trabalho, é esperado que o sistema integrado para acompanhamento de peso em academias, forneça um acompanhamento mais intuitivo da pesagem dos usuários em academias e com isso cada usuário tenha um melhor desempenho. Sendo o peso um dos principais fatores para a insatisfação corporal atualmente, espera-se também que os usuários vejam sua evolução facilmente e fiquem satisfeitos com seu desempenho. Com o aplicativo móvel no smartphone de cada usuário das academias, o aplicativo pode aumentar a motivação de todos e a realização pessoal com seu corpo. AGRADECIMENTOS Os autores gostariam de agradecer ao professor André Márcio de Lima Curvello, Engenheiro da Computação, por ter contribuído neste projeto com seu vasto conhecimento em sistemas embarcados e eletrônica em geral, auxiliando a resolver os problemas na leitura dos valores de peso das células de carga com o arduino. REFERÊNCIAS ABRAHAM, Nikhil. Coding For Dummies.1. ed.New Jersey: John Wiley & Sons, 2015. 288p. GHATOL Rohit , PATEL Yogesh. Beginning Phonegap: Mobile Web Framework For Javascript and Html5. New York: Apress, 2012. 344p ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 96 Sistema integrado para acompanhamento de peso em academias AMORIM, PRADO (2015) KREIBICH, Jay A. Using SQLite. 1. ed.United States of America: O’Reilly, 2010. 530p. MCROBERTS, Michael. Arduino Básico.1. ed.São Paulo: Novatec Editora.2013. 423p. MONK, Simon. Projetos com Arduino e Android: Use seu smartphone ou tablet para controlar o Arduino. 1 ed.Porto Alegre:Grupo A Editora, 2013. 212p MONK, Simon. Programação com Arduino II: Passos Avançados e Sketches. 1 ed.Porto Alegre: Grupo A Editora, 2014. 260p. ROSA, Frankys Deylon , MESQUITA, Maycon J.Costa, ALMEIDA, Wil Ribamar Mendes, ARAUJO, Patricio Moreira de Filho. Controle e Supervisão Residencial Utilizando a Plataforma Arduino. Acta Brazilian Science p. 68-73, Abr. 2013 disponível em<http://www.actabrazilianscience.com.br/arquivos/edicao1/vol1.pdf#page=68>.Acesso em: 15 jun.2015. ROSARIO, João Mauricio. Automação Industrial.1 ed. 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São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 97 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) SISTEMA PARA ENSINO DE INFORMÁTICA AOS IDOSOS Rafael Pedro Souza de Freitas Graduando em Sistemas de Informação Gilberto Pereira Salgado Junior1 Bacharel em Design e Especialista em Artes Visuais RESUMO O tempo de vida da população mundial tem aumentado e juntamente a isso as tecnologias avançam cada vez mais, conduzindo a um grande aumento de novos recursos e equipamentos, entretanto o mercado tecnológico e a mídia não produzem para o público idoso da mesma forma que produz para o público jovem, agravando ainda mais esta situação que aumenta a distância dessas pessoas da alfabetização digital a cada dia. O presente trabalho pretende diminuir este problema ao desenvolver um sistema que ensine ao idoso o básico para usar o computador usando o próprio computador com um método próprio em um site sendo assim acessível às pessoas na terceira idade, ensinando-as de forma prática e simples. Utilizando o conceito de “gameficação” o sistema estimula a continuar, pensar, tomar decisões, tornando o ensino divertido e prazeroso. Palavras-chave: idoso. tecnologias. gameficação. informática. ensino. 1. INTRODUÇÃO O estatuto do Idoso, assim como a Organização Mundial de Saúde (OMS) em países em processo de desenvolvimento, consideram idoso todo indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos. Em 2025 o percentual de idosos será 15,1% no nosso país segundo Kachar (2013), sendo o Brasil a sexta nação com maior número de idosos no mundo, aproximadamente 30 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Este avanço pode ser explicado pela melhoria da qualidade de vida como a evolução da medicina. 1 [email protected] ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 98 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) As tecnologias se tornam essenciais no novo cenário social, principalmente quando se trata de comunicação e socialização, a internet por exemplo, exerce um papel fundamental transformando e integrando culturas, uma pesquisa realizada pela NetView, da Nielsen IBOPE, joint-venture entre Nielsen e IBOPE, líder mundial em mensuração do comportamento dos usuários de internet, concluiu que o tempo de uso do computador domiciliar pelos jovens foi superado pelos idosos no Brasil, com certeza estas pessoas passam mais tempo em casa do que os jovens, porém isto também chama a atenção para o fato de que a necessidade de fazer parte deste mundo tecnológico não é exclusiva entre jovens e crianças. As pessoas idosas não querem estar distante das tecnologias, pois não é só pelo computador que elas convivem com a informática mas também diariamente de outras formas seja no uso de celular, eletrodomésticos, caixa eletrônico etc. Para Bianchetti (2008) a passagem da tecnologia analógica para digital representa uma ruptura significativa, de maneira que, para aqueles que conviveram com tecnologias de outra ordem, a utilização de instrumentos da era digital pode representar um aprendizado absolutamente novo, sem a possibilidade de utilizar conhecimentos anteriores para a construção da nova habilidade. De acordo com Kachar (2003) os idosos contemporâneos, que nasceram e cresceram em uma sociedade com relativa estabilidade, convivem de forma mais conflituosa com a tecnologia, enquanto os jovens são introduzidos neste universo desde o nascimento, este trabalho busca desenvolver um sistema que auxilie o aprendizado da informática para idosos ou pessoas que nunca tiveram contato com um computador, este sistema tem o objetivo de ensinar informática usando o próprio computador, sendo acessível a estas pessoas possibilitando o aprendizado básico de informática para que consigam interagir com a interface de um sistema operacional e executar tarefas simples que são rotineiras, refletindo, analisando, passando a ser independentes ao tomar decisões para chegar a um determinado ponto quando utilizarem um software. Em casa apesar de contar com parentes próximos, filhos, netos ou amigos que convivem com tecnologia e sabem usar o computador nem sempre os idosos encontram o apoio necessário para despertar seu interesse pelo aprendizado. O estresse do dia a dia, rotina, falta de didática apropriada e até mesmo a paciência necessária para ensiná-los dificulta essa relação com quem eles esperam auxílio para aprender, por outro lado um ambiente familiar, seja ele sua própria casa ou outro lugar de sua escolha traz segurança e conforto. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 99 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) O sistema contribui com a qualidade de vida do idoso que pode se divertir utilizando a internet preparando para entender melhor a informática, Brito (2012) diz que ao aprender informática os idosos também poderão utilizar serviços de uma maneira mais cômoda, econômica e sem a necessidade de locomoção, como consultar portais do governo, realizar operações bancárias, fazer compras e consumir informação. Estar disponível na web torna o sistema ainda mais acessível pois poderá ser acessado de qualquer lugar e também por qualquer dispositivo, apesar de o PC também conhecido como “Desktop” que é o formato de computador que possui teclado, mouse, monitor e gabinete geralmente separados ser ainda um modelo mais indicado e usado no ensino de informática básica, pois ainda é um modelo bastante comum no ambiente doméstico e empresas devido a fatores como o custo mais acessível para aquisição e manutenção, Prass (2014) indica também outro ponto a favor destes modelos mais tradicionais afirmando que a adoção de um dispositivo móvel como o primeiro computador, causa uma limitação no aprendizado sobre o uso de programas e de sistemas operacionais. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. A estratégia do sistema A tecnologia se desenvolve com o objetivo de facilitar as atividades executadas pelas pessoas, os desenvolvedores devem sempre pensar na usabilidade dos produtos, porém nem sempre eles conseguem sucesso, Benyon (2011) diz que muitos sistemas foram desenhados por programadores que passam suas vidas usando computadores, e por isso se sentem familiarizados com relação à sua interface, muitos designers são jovens que já usam computador há anos. Quando se trata de pessoas idosas as suas limitações físicas e psicológicas causadas pelo tempo e experiência de vida devem ser consideradas quando entende-se a forma como se comportam diante da tecnologia. Existem justificativa para algumas dificuldades comuns como por exemplo a dificuldade em enxergar e identificar ícones ou textos na tela de um sistema pode acontecer pelo desgaste visual comum em pessoas idosas, Kachar (2013) afirma que partir dos 40 anos surge nas pessoas uma condição visual como a “presbiopia” ou “visão cansada”, em que há uma diminuição da qualidade da visão de perto. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 100 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) Para facilitar o aprendizado é preciso diminuir a quantidade de ícones gráficos na tela de um computador, ou melhor, priorizar o foco no que apenas for necessário e gradativamente incluir informações sobre itens e ampliar o foco de atenção. Kachar (2003) afirma que a pessoa com mais idade tem dificuldade em dividir a atenção: seletiva, alternada ou dividida. A atenção seletiva diz respeito ao grande número de informações fornecidas, a alternada em mudar o foco entre assuntos diferentes, e a divida pede que a pessoa divida sua atenção simultaneamente, por exemplo, em ouvir e anotar uma informação. É importante pensar pelo ponto de vista do aluno idoso, para Kachar (2003) pesquisas sobre a cognição no processo de envelhecimento auxiliam na elaboração do planejamento de ensino, estruturando propostas de acordo com as necessidades do idoso, atendendo ao ritmo e suas deficiências sensoriais, por outro lado ela sugere que existe pouca produção científica sobre idosos e computadores, comprometendo, então, a adequação da metodologia. Desta forma, ela conclui que no Brasil os cursos de informática ainda não apresentam uma metodologia de ensino e aprendizagem específica para a terceira idade. Aulas tradicionais em grupos, em salas de aula podem dificultar o aprendizado destas pessoas, Kachar (2003) chama a atenção para o ambiente adequado, neste caso o ambiente seria sem ruídos, limpo e confortável sem conversas paralelas, barulhos ou nada que desvie a sua atenção, proporcionando que a mensagem chegue até eles de forma clara e compreensível. É importante ter estratégias que prendam sua atenção e quando necessário for reiterativo com a informação que está sendo veiculada dando ênfase nos pontos importantes. 2.2. Conceitos Aplicados Um dos princípios básicos do design de sistemas interativos apresentados por Benyon (2011) é projetar sistemas interativos que sejam agradáveis de usar, que façam coisas úteis e que acrescentem algo à vida das pessoas que ousarem. Ser centrado no humano é colocar as pessoas em primeiro lugar; é projetar sistemas interativos que favoreçam as pessoas e dos quais elas possam usufruir. O tempo para entender e executar as tarefas deve ser o mínimo possível para estar de acordo com o conceito de usabilidade assim como tentar evitar erros por parte do usuário. A definição original de usabilidade é de que os sistemas devem ser fáceis de usar, de aprender, flexíveis e devem despertar nas pessoas uma boa atitude (Shackel, 1990). ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 101 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) Para o layout foi usado o conceito que atualmente é tendência nas interfaces digitais, o “Flat Design” que em tradução livre significa “design plano”, Bosco (2013) define que este método de design pode ser aplicado em qualquer layout e tem como principais características a redução de efeitos de tudo que possa poluir e causar interferência visual, por outro lado Rodrigues (2013) afirma que este estilo de design não é indicado para sites que precisam de vida longa, porque não se sabe quanto tempo este estilo estará em alta, sendo assim o estilo Flat foi adotado por sua simplicidade. Novos conceitos de ensino surgem e evoluem a cada dia, como é o caso do conceito de gameficação, Paschoal et al. (2014) define objetivo de gameficação como sendo o de integrar no ensino ferramentas e estratégias utilizadas em jogos, a fim de proporcionar aos alunos novas motivações no aprendizado e aos professores novas metodologias no ensino. Trazer o conceito de jogos para este cenário que tem como meta desenvolver o ensino e interesse por uma matéria neste caso a informática é ainda algo que não foi explorado. Alves (2008) afirma que o custo para desenvolver games com as características que seduzem os jogadores voltados para o cenário pedagógico ainda é muito alto, dependendo muitas vezes de financiamentos de agências de fomento governamentais, já que não existe por parte das indústrias interesse por mídias que tenham grande apelo pedagógico. Roque et al. (2013) destaca o conceito de gameficação como sendo uma técnica da computação que vem sendo aplicada a educação como ferramenta de auxilio nos processos de ensino e aprendizagem. O sistema utiliza o conceito de jogos inserido em um contexto para promover o interesse e o aprendizado, gerando uma pontuação para cada progresso realizado pelo aluno, acertando os exercícios propostos, Fardo (2013) afirma que pontos, medalhas e tabelas de líderes são os mecanismos mais básicos de um jogo, já Paschoal, et al. (2014) aponta que um jogo pode ter recompensas, missões, personagens, competição e permitir novas funcionalidades que podem ser adquiridas por pontos. É possível encontrar jogos que utilizam diferentes técnicas para atrair o jogador, logo a gameficação também utiliza diferentes técnicas para o ensino. A forma como aplicar este conceito dentro de um determinado contexto depende da finalidade em questão, ensinar pessoas na melhor idade aplicando a gameficação pode tornar prazeroso o que na maioria das vezes é cansativo e se torna uma experiência negativa para estas pessoas. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 102 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) Algumas pesquisas apontaram que o jogo para idosos como forma de treino e ensino se torna eficiente, Alves (2013), em sua conclusão de curso realizou uma pesquisa usando o jogo como ferramenta para treinar a funcionalidade e o equilíbrio em idosos, visando melhorar a qualidade de vida dos mesmos e sua conclusão foi que o “Nintendo Wii é uma ferramenta potencial para o programa de treinamento para melhorar a independência funcional dos idosos. Lobo (2013) que também realizou uma pesquisa em seu trabalho de conclusão de curso utilizando Nintendo Wii como ferramenta para treinar a funcionalidade e equilíbrio dos idosos concluiu que “o treino de equilíbrio e marcha associado ao Nintendo WiiFit®, mostrou-se mais eficiente na melhora da eficiência da marcha, das funções cognitivas e da funcionalidade de idosos saudáveis em comparação ao treinamento convencional”. Atualmente não se usa mais tables (tabelas) em HTML para posicionar os elementos nas páginas web, o padrão utilizado hoje consiste em organizar todo o layout através do CSS, esta forma de desenvolver para web é chamada de tableless. Em poucas palavras: um site tableless é um site que não utiliza tabelas para a estruturação do layout. É um site que segue os Padrões Web (EIS, 2015). 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. MATERIAIS HTML (HyperText Markup Language, que significa Linguagem de Marcação de hipertexto) é a linguagem mais utilizada para definir páginas web, trata-se de um conjunto de etiquetas (tags) que servem para definir a forma na qual se apresentará o texto e outros elementos da página, usada inicialmente no desenvolvimento web, pois define a estrutura principal da página. Silva (2011) resume hipertexto definindo como todo o conteúdo inserido em um documento para a web e que tem como principal característica a possibilidade de se interligar a outros documentos da web. O sistema utiliza o “sessionStorage” que é um elemento da última versão do HTML o HTML5, este recurso utilizado para salvar dados do usuário evitando uso de cookies. Seguindo o que há de mais atual com relação a desenvolvimento web, a linguagem responsável pela forma, aparência e estilo do layout é a CSS (Cascading Style Sheets que significa folha de estilo em cascata). Deitel (2002) defende o uso de CSS afirmando que ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 103 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) separar a estrutura do conteúdo com CSS permite maior gerenciabilidade e torna a mudança de estilos de documento mais fácil e mais rápida. Javascrip (também chamado de script) é a linguagem responsável por animar o conteúdo da página, criando por exemplo animações de imagens e interatividade. O script ajuda a fazer com que as páginas web pareçam reais. (DEITEL, 2011, p.71). 3.2. MÉTODOS Para se desenvolver uma interface atraente, simples e divertida com o objetivo de chamar a atenção do usuário alvo que neste caso são pessoas na terceira idade, foram utilizadas as principais linguagens para desenvolvimento web, conceitos de desenvolvimento web e design. Além dos navegadores Chrome e Firefox, foram utilizados o Notepad++ e o Inkscape para desenvolvimento e design da interface. O projeto recebeu o nome de Aula Simples pois funciona como um curso interativo contendo textos, imagens e instruções com uma linguagem extremamente simples e acessível. Foi desenvolvido e planejado em quatro fases: levantamento de requisitos, especificação de requisitos, desenvolvimento e análise de resultados. No levantamento de requisitos o foco foi definir as características do sistema principalmente do layout, as necessidades do usuario, a abordagem necessária para interagir e comunicar com o usuário, e uma pesquisa sobre as linguagens que seriam utilizadas baseando se nas que são mais utilizadas atualmente. Na especificação de requisitos foram definidos os aspectos que o site deveria seguir com base nos pontos analisados na fase anterior. Durante o desenvolvimento colocou se em prática todos os requisitos especificados para criar o layout e programar as páginas e por fim, na fase de validação foram apontados os pontos altos atingidos após a finalização do sistema e a correção de algum eventual erro na fase de desenvolvimento. A estrutura (figura 1) a seguir foi utilizada para a construção e elaboração do projeto: ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 104 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) Desenvolvimento de um site para ensino de informática a idosos 3.2.1 Levantamento de requisitos 3.2.1.1 Pesquisa sobre design para a linguagem 3.2.2 Especificação dos requisitos 3.2.3 Desenvolvimento 3.2.2.1 Definição dos requisitos e objetivos 3.2.3.1 Desenho das páginas 3.2.3.2 Programação das páginas 3.2.1.2 Pesquisa sobre interação humano-computador 3.2.4 Análise de resultados 3.2.4.1 Teste do sistema 3.2.4.2 Finalização do sistema 3.2.1.3 Pesquisa sobre conceitos e linguagens de programação mais usados atualmente Figura1 - Estrutura Analítica do Projeto – EAP. 3.2.1 Levantamento de Requisitos 3.2.1.1 Pesquisa sobre design para layout Constatou se que para seguir a tendência de design atual e ter um site com um layout moderno, seria importante que o conceito aplicado fosse o design flat, ou seja, que o visual fosse limpo sem muitos efeitos e tudo que possa poluir e causar interferência visual, que seja centrado no usuário. A Figura 2 é da tela de abertura do sistema onde se pode ver esse conceito aplicado. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 105 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) Figura 2 – Tela de abertura do sistema. 3.2.1.2 Pesquisa sobre interação humano-computador. Benyon (2011) define sistemas interativos como coisas que lidam com transmissão, exibição, armazenamento ou transformação de informação que as pessoas podem perceber. Eles são dispositivos e sistemas que respondem dinamicamente às ações das pessoas, a figura 3 é de uma parte do sistema onde o usuário é instruído a clicar uma vez em cada pontinho para aprimorar sua habilidade com o mouse, aqui se pode ver também que já está sendo utilizado o conceito de “gamificação”. Figura 3 – Tela número três do sistema. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 106 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) 3.2.1.3 Pesquisa sobre conceitos e linguagens utilizados atualmente. Usar o mínimo de linguagens de programação possíveis sem uso de frameworks ou plug-ins foi uma escolha para o desenvolvimento, o objetivo disso foi incentivar a pesquisa e o estudo mais aprofundado sobre as linguagens de programação utilizadas, que foram HTML, CSS e Java script. O conceito de programação aplicado foi o tableless, que define a organização do conteúdo das telas sem o uso de tabelas no HTML, mas sim com o uso do CSS para isto, a figura 4 mostra o código HTML de uma das telas é possível perceber como o código é reduzido sem o uso de tabelas. Figura 4 – Código HTML de uma das telas do sistema 3.2.2 Especificação de requisitos 3.2.2.1 Detalhamento dos requisitos Nesta fase os requisitos foram detalhados, coletados e definido quais seriam realmente importantes para a construção do projeto, o tópico anterior mostra quais foram então ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 107 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) utilizados. O objetivo definido foi proporcionar ao usuário um sistema com uma linguagem informal, porém didática e interativa. A figura 5 e a figura 6 a seguir são dos diagramas de casos de uso e de seqüência sobre o funcionamento do sistema. Figura 5 – Diagrama de casos de uso do sistema. Figura 6 –Diagrama de seqüência do sistema. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 108 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) 3.2.3 Desenvolvimento 3.2.3.1 Desenho das páginas Fase onde foram desenhadas todas as páginas do sistema. Foi utilizado o software Inkscape para fazer as mais de setenta páginas que o sistema possui. A imagem da Figura 7 ilustra o processo de desenho de algumas telas do sistema. Figura 7 – Desenho de algumas telas do sistema. 3.2.3.2 Desenvolvimento das páginas Nesta fase as páginas foram programadas seguindo os conceitos padrões apresentados anteriormente no tópico 1 Levantamento de requisitos, o Javascript foi utilizado para animar e proporcionar interatividade do sistema com o usuário. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 109 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) 3.2.4 Análise de resultados 3.2.4.1 Teste do sistema O sistema foi testado por usuários idosos pelo tempo máximo de 60 minutos a fim de encontrar possíveis erros e corrigi-los, para tal foi realizado sessões com supervisão para observar quais os pontos onde houveram falhas ou dificuldades por parte do sistema e do aluno, após os testes os usuários responderam um questionário1 sobre sua relação com a informática e deram sua opinião sobre a eficiência do sistema. Os usuários que testaram o sistema são pessoas entre 53 e 70 anos de idade que se matricularam em um curso de informática básica. Foi avaliado também por um instrutor a participação dos mesmos durante a primeira aula de informática a fim de verificar as habilidades e benefícios adquiridos com o uso do sistema, comparando os com outros alunos que não participaram dos testes. 3.2.4.2 Finalização do sistema Com base no que foi avaliado e observado o sistema foi revisado e corrigido para então ser finalizado. Foi concluído todas as etapas de desenvolvimento, tornando o sistema pronto para ser utilizado em sua versão atualizada. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Mesmo com a popularidade da internet, a praticidade para buscar informações e os esforços para tornar o ensino de desenvolvimento para web cada vez mais acessível ainda é possível que o desenvolvedor não encontre na web ou em livros respostas para algumas dúvidas ou sugestões para corrigir possíveis erros que podem vir a acontecer quando está desenvolvendo ou programando, com a linguagem javascritpt por oferecer bastante possibilidades é ainda mais complicado pra quem não tem prática com esta ferramenta. Durante o desenvolvimento surgiram várias dúvidas e a maioria tiveram suas resoluções apontadas para diferentes caminhos. 1 https://docs.google.com/document/d/1EZoFMEmXD8zFfuZl5kxq5VOWKFgoERD-BKnJUZor1X4/pub ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 110 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) Parece que o avanço da programação ultrapassa o das atualizações dos navegadores levantando uma questão: Será que é possível definir um conceito certo ou errado, melhor ou não, pelo menos um que seja mais eficiente para desenvolvimento para web ? Apesar de toda dificuldade que estas pessoas têm, o idoso sabe a falta que o conhecimento e a prática sobre informática faz em suas vidas, por reconhecerem suas limitações ficam receosos em procurar ajuda. Sobre o motivo que os fizeram procurar aprender informática todos responderam que foi simplesmente a vontade de aprender, ainda que não conheciam nem por nome os softwares Word, Excel, Power Point, exceto Internet. Todos eles disseram que não utilizam o computador nem mesmo aqueles que possuem um. Apesar de sentirem dificuldades a avaliação sobre o a organização, a simplicidade do sistema e o prazer em o utilizar foi extremamente positiva. Foi observado que todos conseguiram executar as ações e atividades propostas pelo sistema. De um modo geral o sistema foi suficiente para que entendessem o que deveriam fazer. Após usarem o sistema os alunos que o utilizaram entenderam e executaram mais rapidamente instruções simples e até as mais complexas apresentadas. É interessante notar que o perfil dos idosos que testaram o Aula Simples era bem diverso, por exemplo, alguns deles apresentam dificuldades de escrita e leitura e ainda assim conseguiram compreender e realizar as ações no sistema. Ou seja, o design do Aula Simples permite com que estas pessoas, mesmo com dificuldades de letramento, compreendam e absorvam o conhecimento da utilização básica da interface de um computador. É importante notar que o sistema com certeza será mais eficiente em cumprir seu objetivo se for usado repetidas vezes com uma regularidade e ao repetir os exercícios os usuários irão aprimorar cada vez mais suas habilidades e assim aprender o que o sistema ensina e mais adiante reproduzir o que foi aprendido em um ambiente real. O sistema foi desenvolvido e seu objetivo foi alcançado considerando os testes aplicados, apesar de sua proposta inicial ser ensinar pessoas idosas o sistema pode ser útil também para pessoas de diferentes idades que tenham limitações comuns aos idosos, com alguma deficiência ou pessoas de qualquer idade incluindo crianças que não tenham experiência e habilidade com um computador, assim o sistema se torna relevante na questão de acessibilidade. ISSN 2238-782X. São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.1, dez. 2015 http://riclibertas.libertas.edu.br/ 111 Sistema para ensino de informática aos idosos FREITAS, SALGADO JUNIOR (2015) 4.1 Limitações do sistema Dependendo de qual for utilizado, os navegadores fazem o sistema se comportar de diferentes formas, o navegador Internet Explorer por exemplo não carregou as imagens portanto o sistema não consegue ser usado neste navegador, isso também aconteceu com navegadores utilizados sobre o sistema operacional Windows XP, nem toda tecnologia, variedade de navegadores disponíveis nem o apelo comum entre desenvolvedores mais atualizados que defendem conceitos modernos de desenvolvimento é possível conseguir os mesmos resultados em diferentes navegadores tendo um código comum para todos. Tornar o sistema responsivo (que se a adapte ao tamanho de qualquer tela) e incluir novas aulas mais específicas como ensinar a usar uma determinada rede social são projetos para o futuro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, J. 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