Reportagem - Diário de Santa Maria
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Reportagem - Diário de Santa Maria
Reportagem Bruna Porciúncula [email protected] F oi-se o tempo em que história em quadrinhos era coisa de criança. Talvez porque os pequenos de ontem são os adultos de hoje e querem que mais pessoas cultivem o gosto pelas HQs. Ou, quem sabe, porque esse tipo de publicação começou a trabalhar com temas que interessam mais aos crescidinhos do que aos baixinhos. O fato é que virou tendência no mercado editorial HQs baseadas em histórias reais, bem como biografias e autobiografias. É isso que esta edição do MIX vai mostrar: como histórias verdadeiras, baseadas em fatos, acontecimentos ou biografias, estão se tornando um filão cheio de oportunidades a serem exploradas dentro do mundo dos quadrinhos. Inspirados por esse contexto, o editor de arte e Online do Diário Paulo Chagas e o coordenador da Itapema Santa Maria Márcio Grings criaram uma história para ilustrar os 40 anos da morte do escritor beat Jack Kerouac (veja na outra página). Escritores, músicos, artistas de uma forma geral, e até capítulos da Bíblia servem de inspiração para o universo dos quadrinhos. Alguns exemplos são Johnny Cash, Elvis Presley, e bandas como Ramones. Entre os quadrinhistas, o papa dos quadrinhos Robert Crumb (autor de Fritz the Cat, America, Blues, Bob and Harv, Minha Vida, e Mr. Natural), e de outros artistas do gênero, como o brasileiro Laerte (autor de Laertevisão), a norte-americana Alisson Bechdel (autora de Fun Home), e o francês David B. (autor de Epiléptico). Quadrinhos inspirados em fatos reais e biografias atualizam a produção e o público das obras que estão reforçando uma posição mais nobre das HQs no mercado editorial. Paim entrou nessa história por acaso. Durante oito meses, ele morou na Alemanha, país com tradição em quadrinhos baseados na vida real. Já envolvido com HQs desde os tempos da faculdade, ele aproveitou a viagem para conhecer o ateliê do quadrinhista alemão Markus Witzel, o Mawil, que tem recebido reconhecimento de leitores e de críticos literários por seu trabalho autobiográfico utilizando a narrativa comic. Lá, o brasileiro deu de cara com a obra de Kleist, que, antes de se preocupar em contar o lado obscuro da vida do Homem de Preto, já havia se aventurado em narrar nos quadrinhos as façanhas de Elvis Plesley, e ainda trabalha na biografia de Fidel Castro. De volta ao Brasil, Paim contou a experiência ao amigo Robertson Frizero, da Editora 8Inverso, de Porto Alegre, e falou da vontade de fazer um evento com o quadrinhista no Instituto Goethe. Foi no meio desses papos que surgiu a ideia da tradução do livro sobre Johnny Cash. – Eu nunca tinha feito algo assim. Essa experiência aconteceu mais por incentivo do Robertson mesmo – conta Paim. O livro de Kleist foi publicado pela primeira vez em 2006, ano em que a cinebiografia de Cash Johnny & June chegava aos cinemas. O lançamento de Johnny – Uma Biografia em Santa Maria ocorre dia 14 de novembro, na Cesma. Colaborou Homero Pivotto Jr. RATÃO DINIZ, DIVULGAÇÃO Entrando no clima Nos dias de hoje, ou você abraça as tendências ou as tendências acabam te abraçando. Com o jornalista Augusto Paim, 23 anos, o segundo caminho classifica melhor o que aconteceu entre ele e a onda de aproveitar a linguagem das histórias em quadrinhos (HQs) – até então relegada às tramas de ficção e seus super-heróis – para contar a trajetória de personalidades da vida real, incluindo aí, os próprios quadrinhistas. O ex-aluno da Comunicação Social da UFSM assina a tradução do alemão para o português da biografia de Johnny Cash, do alemão Reinhard Kleist. No Brasil, o livro Cash – I See a Darkness (em inglês) chega às livrarias neste mês com o título Johnny – Uma Biografia (Editora 8Inverso), e entra para o rol História de Johnny Cash (ao lado), feita por Reinhard Kleist, teve tradução de Augusto Paim (acima) MIX 17 E 18 DE OUTUBRO DE 2009 | 3