naftalina repele pardais em áreas construídas?

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naftalina repele pardais em áreas construídas?
NAFTALINA REPELE PARDAIS EM ÁREAS CONSTRUÍDAS?
Lázaro Xavier1; João Victor Delfino da Silva2; Victor Dantas Santana3; Genilda Maria
de Oliveira4
1
Aluno do curso Técnico em Meio Ambiente IFTM – Câmpus Uberlândia, email: [email protected]
Aluno do curso Técnico em Meio Ambiente IFTM – Câmpus Uberlândia, email: [email protected]
3
Aluno do curso Técnico em Meio Ambiente IFTM – Câmpus Uberlândia, email: [email protected]
4
Professor orientadora, IFTM – Câmpus Uberlândia, email: [email protected]
2
Resumo
O Passer domesticus é uma espécie que se adaptou a conviver com o ser humano, e em
áreas em que há um aglomerado de pessoas, é comum a sua ocorrência. Isto acontece em quase
todo o mundo e não é diferente no CC (Centro de Convivência) do Campus Uberlândia do IFTM
(Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Triangulo Mineiro), no qual há uma grande
população de pardais que utiliza esse ambiente para forragear e nidificar. Por se tratar de uma área
de convívio e, principalmente, alimentação não é bom ter indivíduos de pardal convivendo nessa
área, se alimentando, construindo ninhos, reproduzindo e defecando, os quais podem trazer riscos à
saúde. Por isso, foi testada uma hipótese baseada no senso comum que “a naftalina, se colocada
próximo a locais onde os pardais frequentam, pode repeli-los”, para tal foi contabilizado o número de
indivíduos por horários previamente definidos no CC antes de introduzir a naftalina, observando os
comportamentos e a localização de ninhos, para depois introduzir a naftalina em locais estratégicos e
realizar a contagem de pardais nos mesmos horários. Foi registrada a temperatura média por horário
para avaliar o seu efeito na taxa de volatilização da naftalina. Na etapa inicial, antes da introdução da
naftalina, verificou-se uma população média nos intervalos de observação de 10 indivíduos sendo em
sua maioria machos e mais frequentes no período da manhã. Os machos estavam ativamente
construindo ninhos, que totalizaram em 8. Durante a primeira quinzena de outubro foi verificado o
efeito da naftalina sobre a população de pardais. Espera-se ao final da pesquisa que o uso da
naftalina reduza o número de pardais no CC e que possa ser indicada como estratégia para controle
de populações de aves.
Palavras-chave: Passer domesticus; naftalina; controle populacional, repelente.
1. Introdução
A população de Passer domesticus, espécie comumente conhecida como pardal, vem
aumentando cada vez mais por ter se adaptado a conviver com o ser humano, sendo encontrado
principalmente em áreas urbanas ou onde há uma grande concentração de pessoas, nestes locais o
pardal encontra condições ótimas de sobrevivência com sítios que fornecem mais proteção para o
ninho do que no ambiente natural, comida em abundancia, uma vez que se alimentam de sementes,
brotos de arvores, insetos e restos de alimentos consumidos pelo ser humano (Figura 1A). Outro fator
para o crescimento de suas populações, que os torna uma espécie cosmopolita (supertramp) é o fato
de não haver predadores suficientes para conter o crescimento de suas populações. Seus
predadores são serpentes, corujas, falcões e guaxinins, que não são comumente presentes nos
ambientes urbanos (CICCO, 2014).
A convivência com os pardais pode trazer prejuízos para o ser humano, uma vez que estas aves
transmitem doenças como criptococose, psitacose e salmonelose causadas por fungos e outros
microrganismos, também transmitem piolhos, ácaros e pulgas, suas fezes são ácidas e podem
deteriorar e sujar o patrimônio público, além de contaminar armazéns de alimentos humanos e de
animais (SOUZA, 2014). Os centros municipais de vigilância sanitária têm indicado o controle de aves
em associação a lugares de convívio e alimentação humana. Tendo em vista estes fatores, a
presença de pardais deve ser controlada para não vir a causar prejuízo às cidades e seus respectivos
cidadãos, uma vez que esse pássaro doméstico está presente em quase todo o mundo, podendo se
verificar pela sua área de abrangência (Figura 1B). Isso não é diferente do Centro de Convivência do
Campus Uberlândia - IFTM, no qual há uma grande população dessa ave. O Centro convivência é
uma área de convívio e alimentação para alunos e servidores da Instituição e a estrutura construtiva
do telhado garante nichos adequados para a nidificação da espécie e os restos de alimentos
garantem recursos alimentares para os esses pássaros. Pelos prejuízos anteriormente citados, a
presença dessa ave é indesejável, por isso decidiu-se utilizar uma estratégia de controle seguindo
uma metodologia cientifica testando a hipótese baseada no senso comum de que “Naftalina, quando
colocada em locais em que há pardais, pode repeli-los”. Em outros locais, a exemplo de Camboriú no
Distrito de Monte Alegre, está sendo utilizada a naftalina para afugentar pombos tendo resultados
positivos, pois eles deixam o local devido aos odores liberados com a volatilização da naftalina
(OLIVEIRA, 2014). A direção do Campus Uberlândia investiu em telas para impedir a utilização do
espaço do CC por aves tendo obtido sucesso apenas com a exclusão dos pombos, ficando ainda a
população inconveniente de pardais. Portanto, o objetivo principal é avaliar se a naftalina pode repelir
ou não os pardais do Centro de Convivência do Campus Uberlândia – IFTM.
A
B
Figura 1: A) População de pardais em ambientes urbanos. Fonte: caminhando.blogs.sapo.pt/ e B) Distribuição do Pardal no
mundo. Fonte: pt.wikipedia.org
2. Material e Métodos
Para avaliar o efeito repelente da naftalina sobre a população de pardais foram realizados censos
antes e após a introdução da naftalina na estrutura metálica que constitui a armação do telhado do
CC.
Para determinar o tamanho populacional de pardais foram realizados censos periódicos, durante
10 dias em cada etapa experimental, contando o número de indivíduos de Passer domesticus nos
horários de 7:00 a 7:10; 9:00 a 9:10; 12:00 a 12:10; 14:50 a 15:00 que se encontravam dentro da área
do CC no chão e estrutura interna do telhado para avaliar a frequência de utilização do espaço em
diferentes intervalos do dia.
A naftalina será introduzida colocando-se 3 pastilhas (1,95 g cada) em cada saco de filo (8 x 12
cm) (n=48) (Figura 2A) que foram distribuídos na armação metálica do telhado no centro de cada
divisor (50 x 60 cm) que sustenta as hastes do telhado (Figura 2B).
A taxa de volatilização das naftalinas será calculada pelo tempo necessário que cada pastilha de
1,95 g seja totalmente consumida sublimando do estado sólido para gasoso, sendo acompanhada a
temperatura média ambiente, pois a mesma interfere na taxa de volatilização.
Foi realizado um mapeamento da localização dos ninhos na estrutura interna do telhado para
correlacionar o adensamento populacional e compreender a importância do CC como área para o
sucesso reprodutivo da espécie.
Para avaliar a fase reprodutiva que os pássaros se encontravam foi diferenciado o total de
indivíduos machos do número total de aves. Sabe-se que são os machos que constroem os ninhos e
somente após o estabelecimento do mesmo é que as fêmeas iniciam a postura e incubação (CICCO,
2014). Os dados coletados serão tratados usando parâmetros estatísticos de média e variância para
cada intervalo horário para fins de teste estatístico de comparação entre médias (Teste t Student).
Será verificado se a utilização de naftalina provoca desconforto olfativo nos frequentadores por
observações dos comentários, enquanto se encontram no CC.
A
B
Figura 2: A) Pastilhas de naftalinas colocadas em sacos de filo. B) A seta preta indica o local onde
cada saco de filo foi amarrado e as setas vermelhas a localização de alguns ninhos no CC do
Campus Uberlândia.
3. Resultados e discussão
Durante a observação dos pardais no CC foi possível notar o grande número de indivíduos na
área provocando barulhos devido ao comportamento de sua interação em bandos que causam
estresse e incomodam muito os frequentadores do local (ASSIM SE FAZ, 2014). No entanto, o maior
problema é que durante a fase construtiva dos ninhos grande alvoroço ocorre porque muitos resíduos
utilizados para a constituição do ninho caem nas pessoas, nas mesas e no chão sendo o problema
acentuado pela quantidade de dejetos que se encontram nas mesas onde as pessoas comem,
aumentando significativamente o risco de propagação de alguma doença (Figura 3).
O maior número de pardais registrado foi de 12 indivíduos no horário de 12:00 a 12:10
concomitantemente com maior numero de machos também registrados, sendo 7 indivíduos. Os
pardais foram mais frequentes durante o período da manhã coincidindo com as temperaturas mais
amenas do dia (Tabela 1).
Em todos os horários, a quantidade de indivíduos machos é bem maior que a quantidade de
fêmeas e jovens indicando que os machos encontram-se ativamente construindo seus ninhos ou
auxiliando as fêmeas no período de incubação (Tabela 1). Isso indica que, provavelmente, alguns
ninhos ainda estavam em fase de construção e que outros já estavam ocupados por fêmeas que se
concentravam nas atividades de posturas de ovos e incubação e, por isso, as fêmeas foram
registradas em menor quantidade.
Os principais atrativos do CC para a população de pardais são as ofertas de resíduos alimentares
e a estrutura do telhado que permite vários nichos para construção de ninhos. A recente instalação de
telas metálicas para impedir que pombos pousem e nidifiquem no local aumentou o número de
espaços adequados para a reprodução dos pardais pela exclusão de um dos competidores dos
pardais. Além do mais, o espaço garante aos pardais nidificarem em locais protegidos de predadores.
Esses fatores garantiram o aumento da população de pardais na área do CC e consequentemente os
problemas com a sua presença. A ocupação com ninhos da estrutura metálica é mostrada na figura
2. Os ninhos estão concentrados em um único local, onde a grade de proteção e a telha estão mais
próximas, aumentando a segurança do ninho, no entanto os outros locais estão começando a ser
ocupados devido à concentração de ninhos nos melhores locais. É importante saber que o ninho do
Passer domesticus é construído pelo macho antes mesmo de ele conhecer a fêmea.
Figura 3: Materiais que caem dos ninhos e fezes dos pássaros nas mesas do CC (seta vermelha).
Tabela 1: Quantidade média de pardais no Centro de Convivência do IFTM Campus Uberlândia
Horários
7:00-7:10
9:00-9:10
12:00-12:10
14:50-15:00
Total de indivíduos
9 a 10
11 a 12
8a9
4a5
Total de indivíduos machos
5a6
6a7
5a6
2a3
Dias observados
10
9
11
8
4. Conclusão
Este projeto, se confirmada a hipótese de que naftalina repele pardais de áreas construidas, pode
melhorar a vida de muitas pessoas, em vários locais, que sofrem com o grande número de pardais
em suas residências, praças, entre outros, e resolver primeiramente o problema com a presença de
pardais no CC do Campus Uberlândia - IFTM, de forma simples e barata sem exterminar a
população. Caso a hipótese não se confirme, as pessoas poderão saber que a naftalina não espanta
os pardais e não perderão tempo, nem dinheiro com essa teoria, investindo em outras formas de
controle. O projeto pode ser mantido com a manutenção da naftalina, que evapora com o tempo, e
com o controle do numero de indivíduos que frequentam o local onde a pesquisa estiver sendo
realizada.
5. Referencias
ASSIM SE FAZ, 2014. Disponível em <http://www.assimsefaz.com.br/sabercomo/como-espantarpardais> Acesso em 29 de setembro de 2014.
CICCO, L.H.S., 2014. Disponível em <http://www.saudeanimal.com.br/pardal.htm> Acesso em 29 de
setembro de 2014.
OLIVEIRA, R.L., 2014. Disponível em <http://osoldiario.clicrbs.com.br/sc/noticia/2014/02/prefeiturade-camboriu-usa-naftalina-para-afastar-pombos-4408687.html>. Acesso em 29 de setembro de 2014.
SOUZA, R. 2014. Disponível em <http://www.pragas.com.br/forum/display_message.php?mid=4757>
Acesso em 29 de setembro de 2014.

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