Volume 12 número 1 - 2015
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Volume 12 – número 1 – 2015 Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga ISSN impresso: 1807 – 3980 ISSN online: 2447-0864 Interface Tecnológica 2015 – Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga – SP Brasil ISSN impresso: 1807-3980 ISSN online: 2447-0864 Editora Responsável: Profa. Dra. Elaine Therezinha Assirati Colaboradora Especial: Profa. Dra. Maria Aparecida Bovério Conselho Editorial: Profa. Dra. Angelita Moutin Segoria Gasparotto – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Prof. Dr. Carlos Roberto Regattieri – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Profa. Dra. Daniela Gibertoni – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Profa. Dra. Elaine Therezinha Assirati – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Prof. Dr. Elio Alberto Périgo – Universidade de Luxemburgo Prof. Me. Fábio Pessôa de Sá – Fatec Praia Grande – SP – Brasil Prof. Dr. João José Marques – Universidade do Minho – Portugal Profa. Dra. Maria Aparecida Bovério – UNESP de Rio Claro – SP; FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Sistema online da Revista Interface Tecnológica: Prof. Esp. André Luiz Tiezi Donadon – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Profa. Dra. Daniela Gibertoni – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Prof. Ms. Jederson Donizete Zuchi – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Profa. Dra. Maria Aparecida Bovério – UNESP de Rio Claro – SP; FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Conselho Consultivo: Profa. Dra. Angelita Moutin Segoria Gasparotto – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Prof. Esp. Brazelino Bertolete Neto – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Prof. Dr. Carlos Roberto Regattieri – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Profa. Dra. Daniela Gibertoni – FATEC de Taquaritinga – SP - Brasil Prof. Douglas Francisco Ribeiro – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Prof. Ms. Erick Eduardo Petrucelli – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Prof. Ms. Fábio Pessôa de Sá – FATEC de Praia Grande – SP – Brasil Prof. Dr. Fernando Frachone Neves – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Prof. Dr. Gilberto Aparecido Rodrigues – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Profa. Ms. Helena Macedo Reis – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Prof. Ms. Luiz Paulo Cadioli – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Profa. Dra. Maria Aparecida Bovério – UNESP de Rio Claro – SP; FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Prof. Dr. Nivaldo Carleto – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Prof. Dr. Ronaldo Ribeiro de Campos – FATEC de Taquaritinga – SP – Brasil Revisão de Português: Profa. Dra. Elaine Therezinha Assirati Revisão de Inglês: Profa. Dra. Elaine Therezinha Assirati Capa, projeto gráfico e diagramação: Prof. Ms. Gustavo Henrique Del Vechio Profa. Dra. Maria Aparecida Bovério I61 Interface Tecnológica / Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga. -- v. 12, n. 1 (2015). Taquaritinga: Faculdade de Tecnologia, 2015. Anual. ISSN 2447-0864 (on-line). 1. Tecnologia – pesquisa. 2. Tecnologia – ciência. 3. Ensino. I. Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga. Fatec Taquaritinga Av. Dr. Flávio Henrique Lemos, 585 Portal Itamaracá, Taquaritinga - SP CEP: 15900-000 www.fatectq.edu.br EDITORIAL Caro leitor, É com imensa satisfação que apresentamos o volume 12 da Revista Interface Tecnológica. O presente número é constituído por dez artigos. Os temas abordam importantes questões das áreas de Informática, Produção Industrial e Agronegócio, o que demonstra uma pluralidade de cenários e de enfoques de investigação, apontados nos trabalhos realizados pela comunidade da FATEC/Tq/SP/Brasil, assim como de outras instituições. Desejamos-lhe uma ótima leitura, no ensejo de que os artigos sejam pertinentes no que tange ao foco dos debates; que os conteúdos aqui apresentados possam ser úteis na medida em que agreguem conhecimento, criem oportunidades de reflexão, bem como possibilidades de novas investigações, com base nas pesquisas devotadas às áreas e contextos dos estudos aqui tratados. Boa leitura! Profa. Dra. Elaine T. Assirati Profa. Dra. Maria Aparecida Bovério SUMÁRIO ACESSIBILIDADE E USABILIDADE NA WEB: RECURSOS UTILIZADOS PARA INCLUSÃO DE USUÁRIOS...............................................................................................07 Patrícia Vizicato Corrêa Douglas Francisco Ribeiro A IMERSÃO DA CLOUD COMPUTING NO AMBIENTE DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS.............................................................................................................................18 Jean Vitor dos Santos Marco Antonio Alves Pereira ANÁLISE DE REQUISITOS NA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO ACADÊMICA EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR...............................30 Vanderlei José Fontanelli Maria Aparecida Bovério A RECICLAGEM EM APARELHOS ELETRÔNICOS COMO FATOR DA GESTÃO ESTRATÉGICA NAS EMPRESAS......................................................................................40 Guilherme Henrique Valentim Guilherme Augusto Malagolli José Eduardo Freire MARKETING DIGITAL: SITES X REDES SOCIAIS NO BRASIL...............................53 Carolina Fernanda Gomes Helena Macedo Reis SEGURANÇA EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO: UMA ABORDAGEM SOBRE COMPRAS ONLINE..............................................................................................................63 Ana Paula Moraes Douglas Francisco Ribeiro SISTEMA PARA SUBMISSÃO DE ARTIGOS..................................................................73 Igor Roberto Guilherme João Henrique Sass de Souza Reginaldo Ferreira M. Junior André Luiz Tiezi Donadon A RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE CLASSE A E O SEU REUSO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS DO SETOR..........................................80 Douglas Sadalla de Lira PLANEJAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUE COMO FERRAMENTA PARA REDUÇÃO DE CUSTOS......................................................................................................93 Priscila Daniele Dotele Magdalene André Luiz Oliveira AGENTES E ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO NO MERCADO DE PRODUTOS ORGÂNICOS........................................................................................................................106 Wellington Júnior Cheles Martin Mundo Neto Eliane Aguiar Sarro Beatriz Zandelli Guilherme Augusto Malagolli 7 ACESSIBILIDADE E USABILIDADE NA WEB: RECURSOS UTILIZADOS PARA INCLUSÃO DE USUÁRIOS ACCESSIBILITY AND USABILITY ON THE WEB: RESOURCES USED FOR USERS’ INCLUSION Patrícia Vizicato Corrêa - [email protected] Douglas Francisco Ribeiro - [email protected] Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (FATEC) – SP – Brasil RESUMO Este artigo tem como objetivo destacar a importância em facilitar o uso da web para todas as pessoas, independente das suas deficiências: sejam físicas ou mentais, bem como abordar a acessibilidade na web junto com recursos utilizados para facilitar o acesso. Apresenta as ferramentas mais corretas e acessíveis, que podem proporcionar mais usabilidade aos usuários com deficiência. Palavras-chave: Acessibilidade. Web. Recursos. Inclusão. ABSTRACT This article aims to highlight the importance of facilitating the use of the web for all people, regardless of their disabilities: whether physical or mental, and approaching web accessibility and the resources used to facilitate access as well. It presents the most correct and accessible tools that can provide more usability to users with disabilities. Keywords: Accessibility. Web. Resources. Inclusion. COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO: CORRÊA, Patrícia Vizicato; RIBEIRO, Douglas Francisco. Acessibilidade e usabilidade na web: recursos utilizados para inclusão de usuários. In: Revista Interface Tecnológica da FATEC Taquaritinga. p. 7-17, jun. de 2016. ISSN online 2447-0864. Disponível em: <www.fatectq.edu.br/Interfacetecnologica>. Acesso em: dia mês e ano. 1 INTRODUÇÃO Nos últimos 20 anos, a internet (rede mundial de computadores) está interligando usuários no mundo todo. Existe uma infinidade de equipamentos que permite sua utilização com configurações das mais diversas, fabricantes, modelos e diferentes sistemas operacionais. Isso vem crescendo cada vez mais, devido à facilidade para se adquirir os equipamentos de 8 acesso à internet. Portanto é cada vez maior, o número de pessoas com acesso a estes aparelhos: desde os desktops até aparelhos de TV, tablets e principalmente dispositivos móveis (smartphones), que atualmente vem dominando o mercado atual. Quando falamos de acessibilidade, logo, nos remetemos ao uso mais fácil, e neste sentido, é fácil confundir os conceitos de acessibilidade e usabilidade. O conceito de acessibilidade remete-nos para a criação de páginas web que possam ser utilizadas pelo maior número possível de utilizadores, incluindo os portadores de deficiências. A usabilidade relaciona-se com a construção de aplicações de forma a facilitar a sua utilização, o que passa por um sistema de navegação intuitivo. Como podemos ver, a preocupação com o utilizador constitui um fator comum entre estes conceitos. Conforme demonstra o Censo de 20101, mais de 45 milhões de pessoas tem algum tipo de deficiência, com o aumento de usuários e também da diversidade destes, há também a exigência de adaptações para a facilidade do acesso aos websites. Existem também outros tipos de usuários, que não são considerados pessoas deficientes, mas que possuem alguma limitação, como exemplo pessoas idosas, que segundo o Censo de 2010, houve um crescimento, chegando a 7,4% em 2010. Pensando nisso foi pesquisado e estudado adaptações necessárias aos diversos públicos, tais como: cartilhas, padrões de acessibilidade, etc. 2 PRINCÍPIOS PARA O CONTEÚDO WEB A internet atende a uma diversidade de pessoas com características e necessidades específicas, e como enfatizou Tim Berners-Lee2 "o poder da web está em sua universalidade. Ser acessada por todos, independentemente de deficiência, é um aspecto essencial". Os princípios da usabilidade e acessibilidade vêm sendo muito comentado atualmente, no entanto a teoria parece ainda não ter chegado à prática, pois muitos websites não seguem os padrões estabelecidos pelo W3C, seja por inabilidade técnica ou por simples desinteresse comercial. Algumas empresas, porém, já perceberam o crescente mercado e os inúmeros benefícios trazidos, pela implementação desses princípios. 1 Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2011/04/populacao-idosa-no-brasil-cresce-ediminui-numero-de-jovens-revela-censo>. Acesso em: 10 nov. 2015. 2 Tim Berners-Lee é diretor do W3C e inventor da World Wide Web. 9 3 ACESSIBILIDADE Ao explicar o que é a acessibilidade, referimo-nos a utilizadores com deficiências. Convém esclarecer que estas deficiências podem ser funcionais (utilizadores com deficiências motoras, de visão, cognitivas...) ou técnicas (utilizadores que navegam na Internet usando celulares, browsers desatualizados, etc). No total, estima-se que a população com estes problemas de acessibilidade chegue a um quarto dos que acessam à Internet. 3.1 Os 7 mitos da acessibilidade Segundo Lêda Spelta, “Uma característica dos mitos modernos é que, ao contrário dos mitos gregos ou indígenas, eles não se referem à totalidade da existência humana, mas a temas específicos, como a sensualidade, a juventude, o corpo saudável, o poder, etc. E, como sua base inconsciente não está na razão e sim na emoção, eles são largamente utilizados na propaganda e na política”. Com essa declaração ela revela os 7 mitos e o grande equívoco da acessibilidade que existe, sendo os mitos: 1. Acessibilidade é só para pessoas com deficiência visual; 2. Na prática, o número de usuários beneficiados com a acessibilidade é relativamente muito pequeno; 3. Fazer um website acessível demora e custa caro; 4. É melhor fazer uma página especial para os deficientes visuais; 5. Um website acessível a deficientes visuais não é bonito; 6. Vamos por partes: primeiro fazemos o website, depois fazemos a acessibilidade; 7. A gente sabe o que é bom para o usuário. E o grande equívoco, segundo a mesma: 1. Meu website é direcionado a um público específico; ele não interessa a todos os grupos de usuários. 10 4 USABILIDADE Em linhas gerais usabilidade é o fator que assegura ao usuário facilidade de uso. Pesquisadores da área de IHC já produziram inúmeros conceitos para o termo, mas estes conceitos estão sempre em sintonia em um determinado ponto. Na literatura e pesquisas de IHC são encontradas várias definições de usabilidade bem como diversas formas de alcançála, seja no projeto de sistemas ou de produto. Alguns aspectos comuns relacionados à usabilidade são condições eficazes de trabalho e eficiência na execução da tarefa. Além disso existe a satisfação do usuário que, embora subjetiva, pode determinar o nível de usabilidade a partir de interações agradáveis. Estes fatores resultam na otimização das interações ou dos processos de realização de tarefas e, ao usuário, garante a satisfação na realização da tarefa. A ISO 9126 trata deste assunto quase da mesma forma. Ao invés de critério, utiliza o termo característica e trata com mais especificidade da satisfação do usuário. Utiliza para isso termos diferentes para as medições: efetividade: (uma mistura de eficácia e eficiência), produtividade (quantidade adequada de recursos do sistema em relação à efetividade alcançada), segurança (oferecer níveis aceitáveis de risco de danos) e satisfação. 4.1 A importância da usabilidade no desenvolvimento de projetos A usabilidade se encaixa em qualquer tipo de projeto de interface, tendo amplitude diferente de acordo com a criticidade do projeto, ou seja, quanto mais crítico for o sistema, maiores serão as perdas caso ele não seja de fácil utilização e proporcione satisfação. Ela deve ser pensada desde o planejamento do projeto, até a etapa de desenvolvimento e teste. As empresas têm consciência da importância da usabilidade. Porém, muitas ainda a veem como um fator que só deve ser levado em conta durante o desenvolvimento se houver tempo e recurso, como se ela representasse um custo adicional, fora do que é essencial. Mas as empresas têm muito mais a perder ao minimizar a usabilidade dessa forma. De acordo com Cybis, Betiol e Faust (2007): Dependendo da frequência com que o software é empregado, os prejuízos para as empresas podem também ser expressivos, não só em decorrência do absenteísmo e da rotatividade do pessoal, mas também pela baixa produtividade, competitividade e menor retorno de investimento. Sistemas difíceis de usar implicam em erros e perda de tempo, fatores que se multiplicam com a frequência das tarefas e o número de 11 usuários. A perda de dados e informações pode implicar na perda de clientes e de oportunidades. Acontecimentos deste tipo causam desde uma resistência ao uso do sistema até a sua subutilização e abandono completo, com o devido consentimento da empresa. O barato terá custado caro. 5 WAI Quando websites, tecnologias, ferramentas da web são mal concebidos acabam criando barreiras e excluindo pessoas de usar a Web. A Web Accessibility Initiative (WAI) tem como missão integrar pessoas com deficiência ao acesso à Web, proporcionando igualdade de acesso e oportunidade. A princípio achamos que só as pessoas cegas, é que possui necessidades especiais de acesso à web. Porém não é verdade, pois existe um cenário grande de pessoas com outras deficiências, inclusive deficiências visuais e limitações (temporárias ou não), tais como: motora, auditiva, cognitiva, de linguagem, distúrbios do sistema nervoso, etc. Para todos os cenários existentes, faz-se necessário a introdução de algum tipo de ferramenta ou tecnologia, para o desenvolvimento de websites, na qual podemos destacar: Padrões Web; Cartilha de Acessibilidade na Web; Recomendações de Acessibilidade para Conteúdo Web ou Web Content Accessibility Guidelines (WCAG 2.0); e-MAG - Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico; Portal Acessibilidade Legal. Com base nas ferramentas e tecnologias mencionadas acima, podemos então apresentar alguns recursos, tais como: 3 Compreensão do conteúdo com uso de leitores de tela; Opção de contraste de cores; Alternância de tamanho da fonte; Navegação por meio do teclado; Alternativas do conteúdo (vídeos em libras3). LIBRAS é a sigla da Língua Brasileira de Sinais, são as línguas naturais das comunidades surdas. 12 5.1 Regras e Padrões Encontramos várias regras para a promoção da usabilidade, segundo Michael Beckley4, é possível estabelecer algumas regras simples, mas cruciais para avaliar a usabilidade de um website, sendo elas: Aprenda com as reações do usuário; Acompanhe todos os registros de cliques realizados na sua página; Não coloque resistência à personalização; Visitante não deve preencher registros, pesquisas ou realizar qualquer ação que seja custosa logo de início; Não negligencie qualquer fonte de informação; Conquiste o usuário pelo visual; Observe o que os usuários aprovam ou não; Facilite a vida do usuário; Não construa um castelo cheio de aposentos; Todo cuidado com os links; Seja objetivo e rápido no conteúdo do website. No Brasil, o Decreto Federal n° 5.296/2004, em seu artigo 8°, estabelece: “I – acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.” A Convenção Internacional Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada pela ONU em 30 de março de 2007, em Nova York, e ratificada pelo Decreto Federal n° 6.949 de 25 de agosto de 2009, estabelece em seu artigo 9 º, “A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver com autonomia e participar plenamente de todos os aspectos da vida, os Estados Partes deverão tomar as medidas apropriadas para assegurar-lhes o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ou propiciados ao público, tanto na zona urbana como na rural”. 4 Michael Backley é autor do Appian Web Personalization Report (AWPR) 13 A Norma Brasileira ABNT NBR 9050:2004 define em seu item 3.1: “Acessibilidade: Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos”. 5.2 O WCAG5 Existem dois padrões de acessibilidade para pessoas que possuem alguma deficiência, a WCAG 1.0 e a WCAG 2.0 - que é derivada da WCAG 1.0 -, a fim de obter Acessibilidade a Web. Ele é um padrão único desenvolvido pela W3C e atendendo as necessidades de indivíduos e governos a nível internacional. Em seus documentos a WCAG explica como possibilitar o conteúdo da Web mais acessível às pessoas com deficiência. A Web “conteúdo” refere-se à informação de uma página ou aplicativo, tais como: Informação natural (texto, imagens e sons); Código ou marcação (estrutura, apresentação). A WCAG 2.0 é uma norma técnica, que possui 12 diretrizes, sendo organizadas sob 4 (quatro) princípios (Perceptível, Operável, Compreensível e Robusto) e 3 (três) níveis (A, AA e AAA). 6 FERRAMENTAS A Web tem como objetivo, a possibilidade para que o mundo digital seja acessível a todos, independentemente de qual usuário a utiliza, seja ele “normal” ou “não”. Para isso, utilizamos de ferramentas – software ou hardware -, para que todos tenham acesso à web, e neste contexto, elas são chamadas de “Tecnologias Assistidas”. 6.1 Deficiência Auditiva Para a criação de textos ajustados à linguagem das mídias digitais, existe uma ferramenta chamada Hand Talk, na qual é destinada a pessoas surdas e portando ela gera a comunicação do website com a pessoa através de gestos (libras). Segundo a ADAP, só no Brasil são mais de 9 milhões de brasileiros com deficiência auditiva e, portanto, um grande mercado a ser atingido. No Brasil, podemos citar alguns 5 WCAG: WEB CONTENT ACCESSIBILITY GUIDELINES. 14 websites que já utilizam este tipo de tecnologia, como: SEBRAE, TIM, Museu Casa de Portinari, Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Caixa Econômica Federal, etc. 6.2 Deficiência Visual Existem vários distúrbios que são considerados deficiência visual, alguns corrigíveis, outros não. Estamos habituados a ver pessoas usando óculos ou lentes de contato que aparentemente não consideramos ser um tipo de deficiência visual. Existem distúrbios mais complicados e, portanto, faz-se necessário o auxílio da tecnologia, neste sentido podemos citar: Leitor de telas, utilizados por pessoas cegas; Aplicação na web (testa erros), utilizado por pessoa que são programadores daltônico; Ampliador de tela, utilizado por pessoa com baixa visão; Dispositivo em Braille (informações exibidas na tela), utilizado por pessoas surdas e cegas; 6.3 Deficiência Motora Há certas coisas que as pessoas com deficiência motora, simplesmente não podem fazer por si próprios. Mas, se estas pessoas podem usar um computador conectado ao mundo através da internet, eles têm um elevado grau de independência. Podem ler uma notícia, realizar investigação em áreas de interesse, comprar mantimentos, e acessar o mundo - pelo menos potencialmente. Estas pessoas podem ser independentes, enquanto os websites que eles querem acessar são concebidos para permitir a interatividade com deficientes. Neste caso, podemos citar o ator americano Christopher Reeve, que teve um acidente e ficou quadriplégico. Quando perguntado por uma revista americana6, sobre a internet ele respondeu: Sim. [A Internet] é uma ferramenta essencial. E, literalmente, é uma salvação para muitas pessoas com deficiência. E, enquanto eu estava na reabilitação, aprendi a operá-lo com o sistema de voz. E tenho desfrutado com amigos e estranhos usando esse sistema. Muitas pessoas com deficiência têm que passar longas horas sozinho. Os sistemas de Voz para utilizar computadores são um meio de comunicação que 6 Disponível em: <http://www.comentarium.com.br/frame-post.jsp?postID=2720681>. Acesso em: 10 nov. 2015. 15 pode diminuir o sentimento e a sensação de isolamento." (CHRISTOPHER REEVE). As ferramentas que ele usou, são equipamentos especialmente desenvolvidos para este tipo de deficiência, tais como: Teclados apropriados para pessoas com paralisia cerebral, com grandes dificuldades motoras e que utiliza somente um dedo para teclar; Mouse adaptado, utilizado por pessoas com deficiência motora; Ponteiro na cabeça, utilizado por pessoas tetraplégicas; Programa de reconhecimento de voz (sistema de busca), também utilizados por pessoas cegas e sem braços, entre outros. 6.4 Deficiência Intelectual Pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva costumam apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas (como as metáforas, a noção de tempo e os valores monetários), estabelecer relações sociais, compreender e obedecer a regras, e realizar atividades cotidianas - como, por exemplo, as ações de autocuidado. Segundo o Instituto Inclusão Brasil7, 87% das crianças brasileiras tem algum tipo de deficiência intelectual e, portanto, dificuldades na aprendizagem escolar. Sendo assim, algumas ferramentas poderiam ser usadas, tais como: Exercício pela web: Utilizado por pessoas com deficiência intelectual para melhorar sua comunicação; Programa que realça o texto na tela ao mesmo tempo em que é realizada uma leitura em voz alta (aulas on-line): Utilizado por uma pessoa com dificuldade de leitura, em virtude da combinação de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e dislexia. 7 CONCLUSÃO Dar Acessibilidade e Usabilidade na web é desenvolver websites, o mais universal possível, para procurar atender a diversos públicos, com os tipos de acessos disponíveis, para 7 Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/deficiencia-intelectual-inclusao-636414.shtml,> Acesso em: 10 nov. 2015. 16 a maioria de dispositivos (laptops, celulares, etc), integrando pessoas a web e acabando com as limitações existentes pelas diferenças físicas, motoras e intelectuais. REFERÊNCIAS ARAÚJO, VÂNIA M. R. H. DE; FREIRE, ISA MARIA. Conhecimento para o Desenvolvimento: Reflexões para o profissional da informação. Disponível em: < http://www.informacaoesociedade.ufpb.br> Acessado em: 02 fev. 2007. DIAS. C, Usabilidade na Web: Criando Portais mais Acessíveis, Rio de Janeiro, Alta Books, 2.Ed. 2006. GODINHO. F, Internet para Necessidades Especiais, UTAD/GUIA, distribuição gratuita (http://www.acessibilidade.net/web/ine/livro.html), 1999. ISO 9241-1. Ergonomic Requirements for Office Work with Visual Display Teminals, parte 1: Guidance on usability. 1998. ISO/IEC 9126. Software Product Evaluation: Quality characteristics and guidelines for their use. 1991. SPELTA LÊDA. Acessibilidade web: 7 mitos e um equívoco. Disponível em: http://acessodigital.net/art_acessibilidade-web-7-mitos-e-um-equivoco.html. Acesso em: 10 nov. 2015 MELO, A. M. E BARANAUSKAS, M.C.C. (2006). Design Inclusivo de Sistemas de Informação na Web. In: Teixeira, C. A. C. et al. (Org.) Tópicos em Sistemas Interativos e Colaborativos, p. 167-202. 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Acesso em 10 nov. 2015. 17 CARTILHA DE ACESSIBILIDADE NA WEB. W3C BRASIL. Disponível em: http://www.w3c.br/pub/Materiais/PublicacoesW3C/cartilha-w3cbr-acessibilidade-webfasciculo-I.pdf. Acesso em: 31 ago. 2015. TECNOLOGIA ASSISTIVA. Disponível em: http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/publicacoes/tecnologia-assistiva. Acesso em: 31 ago. 2015 TECNOLOGIA ASSISTIVA NAS ESCOLAS. Disponível em: <http://www.itsbrasil.org.br/sites/itsbrasil.w20.com.br/files/Digite_o_texto/Cartilha_Tecnolog ia_Assistiva_nas_escolas_-_Recursos_basicos_de_acessibilidade_sociodigital_para_pessoal_com_deficiencia.pdf>. Acesso em: 02 set. 2015. 18 A IMERSÃO DA CLOUD COMPUTING NO AMBIENTE DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS IMMERSION OF CLOUD COMPUTING IN THE ENVIRONMENT OF MICRO AND SMALL ENTERPRISES Jean Vitor dos Santos - [email protected] Marco Antonio Alves Pereira - [email protected] Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (FATEC) – SP – Brasil RESUMO No mundo contemporâneo onde os micros e pequenos empreendimentos tem papel essencial no setor econômico, a Cloud Computing é uma tecnologia que vem como uma alternativa para auxiliar tais negócios, sendo a mesma capaz de proporcionar tanto serviços como a própria infraestrutura tecnológica, tudo de uma maneira flexível e com custos reduzidos se comparados ao modelo tradicional. Este artigo traz à tona uma discussão e consequentemente uma proposta de utilização de tal tecnologia, abordando os benefícios e dificuldades encontrados na adoção da Cloud Computing na realidade empresarial das micro e pequenas empresas, trazendo desde o processo histórico envolvido no surgimento dessa tecnologia até as características que a tornam interessante aos olhos do mercado empresarial. Palavras-chave: Micro e Pequenas Empresas. Nuvem. Cloud Computing. ABSTRACT In the contemporary world where micro and small companies play an essential role in the economic sector, Cloud Computing is a technology that comes as an alternative to assist such businesses, being able to provide the same services as much as the technology infrastructure itself, all in a flexible manner and reduced cost compared to the traditional model. This article brings up a discussion of its benefits and downsides eventually found when adopting cloud computing formicro and small companies, since addressing the historical process involved in the beginning of this technology to the aspects that make it attractive to them. Keywords: Micro and Small Enterprises. Cloud. Cloud Computing. COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO: SANTOS, Jean Vitor dos; PEREIRA, Marco Antonio Alves. A imersão da Cloud Computing no ambiente de micro e pequenas empresas. In: Revista Interface Tecnológica da FATEC Taquaritinga. p. 18-29, jun. de 2016. ISSN online 2447-0864. Disponível em: <www.fatectq.edu.br/Interfacetecnologica>. Acesso em: dia mês e ano. 19 1 INTRODUÇÃO No mundo contemporâneo com o surgimento e ascensão dos dispositivos móveis, tornou-se necessário obter acesso rápido e fácil aos diversos recursos computacionais, tanto em relação a softwares quanto ao armazenamento e acesso de dados em qualquer localidade.A partir desse cenário, a Cloud Computing aflorou e vêm se tornando cada vez mais utilizado por empresas e pela população de maneira geral (MARTINS, 2010). A menos de uma década se o assunto nuvens fosse mencionado, o mesmo seria visto e estudado como uma tendência, sendo tratado com desconfiança, causando dúvidas da sua real aplicação no cotidiano da sociedade e das empresas de maneira geral, sendo algo extremamente interessante na parte teórica, porém difícil e duvidoso de ser utilizado na prática. (MARTINS, op.cit.). Nos dias atuais, no entanto,as nuvens já fazem parte da vida e do cotidiano de praticamente todos, sendo utilizado desde os mais simples usuários até grandes corporações que buscam um diferencial tecnológico para se manterem competitivas perante seus concorrentes. (MARTINS, op.cit.). Semelhante à ascensão da tecnologia de Cloud Computing, o setor de Micro e Pequenas Empresas teve também um crescimento substancial em sua área de atuação, ganhando papel indispensável perante a economia nos últimos anos (AZEVEDO, 2013). Com essa expansão, houve a necessidade de implantar-se tecnologia para auxiliar e tornar a gestão do empreendimento mais eficiente nas Micro e Pequenas Empresas, porém essa carência necessitava ser suprida por meio de investimentos baixos tanto na implantação quanto na manutenção. Diante desse cenário, a Cloud Computingfoi um dos meios encontrados por muitas empresas para preencher tal lacuna, pois de acordo com Olhardigital (2012), a mesma possibilita vantagens econômicas se comparada a tradicional forma de implantação e utilização da TI (Tecnologia da Informação) no negócio, pois seus custos são cobrados pelo que é utilizado, sendo gastos assim, apenas com o que realmente é necessário. Esses fatores, com destaque ao custo e a fácil acessibilidade aos recursos da nuvem, ambos comentados anteriormente, vêm transformando como tal tecnologia é vista pelo mundo, fazendo com que assim a mesma ganhe cada vez mais espaço, podendo realizar mudanças tanto nos ambientes empresariais quanto nos ambientes domésticos. Em termos gerais a Cloud Computingvem sendo utilizado para flexibilizar a arquitetura das aplicações de TI contemporâneas, podendo ser utilizada até mesmo em planos 20 de contingências, devido à sua flexibilidade de conseguir combinar os ambientes públicos com os privados (OGURA, 2011). 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE A CLOUD COMPUTING E MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Para se atingir omáximo de entendimento e compreensão do tema desse trabalho é necessário entender na integra sobre tudo o que está sendo abordado, com isso a seguir será abordado o conceito da tecnologia em Nuvens, o qual ao ser absorvido se tornará a base para as demais discussões referentes à proposta de utilização da Cloud Computing nos ambientes empresariais de micro e pequeno porte. 2.1 Histórico da Cloud Computing A Cloud Computing é um tema que aflorou nos círculos tecnológicos há poucos anos, sendo o termo Cloud Computing utilizado pela primeira vez no ano de 2006, pelo CEO do Google, Eric Schmidt, para referenciar a computação empregando os recursos da internet (CHAVES, 2011). O conceito deCloud Computing não é algo atual, fora originalmente idealizado pelo Professor John McCarthy no ano de 1961, tornando-se popular apenas no final dos anos 60, porém na metade da década seguinte, ele foi abandonado, pois se tornou claro que as tecnologias da informação da época não estavam preparadas para sustentar um modelo como o proposto por John, porém, com a chegada dos anos 2000, esse conceito foi revitalizado e fora nesse momento que o tema voltou à tona e passou a emergir nos círculos tecnológicos novamente (MARTINS, 2010). 2.1.1 Definindo Cloud Computing Após este breve histórico, vamos estudar e entender mais sobre o que vem a ser essa tecnologia perante a definição de alguns pesquisadores sobre o assunto. De acordo com Gatewood (2009, p.33) Cloud Computing é um conceito no qual definisse nuvens como sendo grandes conjuntos de recursos virtuais de fácil acesso e utilização (por exemplo, equipamentos, plataformas de desenvolvimento e/ou serviços), os quais podem ser 21 facilmente configurados para satisfazer distintas demandas, possibilitando assim ao provedor ajusta-los para conseguir assim dispor uma utilização otimizada. Segundo Kim (2009, p.65) Talvez a definição mais simples para Computação em Nuvens seja a capacidade para acessar, via Internet, arquivos, dados, programas e serviços de terceiros, que estão hospedados em um provedor externo e pagar apenas pelos recursos e serviços utilizados. Já segundo Walker (2011) A computação em nuvem é uma solução abrangente que entrega TI como um serviço. É uma solução de computação baseada na Internet, na qual recursos compartilhados são fornecidos como eletricidade distribuída na rede elétrica. Computadores na nuvem são configurados para trabalhar juntos, e os diversos aplicativos usam o poder da computação coletiva como se estivessem sendo executados em um único sistema. De acordo com Amoroso (2012), o conceito de Cloud Computing de maneira clara e objetiva nada mais é que a possibilidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela internet, ou seja, não é preciso instalar aplicativos no computador do usuário, pois pode-se acessar diferentes serviços online, já que os dados não se encontram em um computador específico, mas sim em uma rede. Sendo assim, uma vez conectados ao serviço online, é possível usufruir de suas ferramentas, podendo o usuário salvar todos os projetos, os quais poderão ser acessados de qualquer lugar, devido a isso é que se emprega o termo nuvem, pois pode-se acessar os aplicativos e os projetos salvos de qualquer computador ou dispositivo móvel que tenha acesso à internet. Ainda segundo Amoroso (2012), é necessário apenas pensar que, a partir de uma conexão com a internet, é possível acessar um servidor capaz de executar um determinado aplicativo, o qual pode ser uma mera planilha de texto até um pesado editor de vídeos. Dessa forma enquanto os servidores executam um programa ou acessam uma determinada informação, o dispositivo do usuário apenas necessita de um monitor e dos periféricos necessários para ocorrer à interação com a aplicação, sendo assim a Cloud Computingse resume a aplicações e recursos que são utilizados por intermédio de uma conexão com internet. 22 2.2 Micro e Pequenas Empresas Compreendido do que se trata Cloud Computing, irá ser abordado a seguir o conceito de MPEs(Micro e Pequenas Empresas), dando ênfase nas dificuldades enfrentadas pelas mesmas, as quais nos dias de hoje representam um importante setor econômico em âmbito nacional e mundial. 2.2.1 Conceitos e especificações As Micro e Pequenas Empresas tornaram-se na última década um importante setor econômico no mundo, o qual representou no ano de 2012 cerca de 25% do PIB nacional, sendo ainda responsável pela criação de 52% dos empregos formais e 40% da massa salarial gerada em todo o país. Através dos dados citados anteriormente nota-se a real importância que as MPEs têm para o Brasil, sendo considerada assim, um dos mais importantes setores da economia nacional, representando cerca de 99% das empresas nacionais (AZEVEDO, 2013). De acordo com o Sebrae(2014), conceitua-se como Micro e Pequenas Empresas, aquelas que se enquadram nos critérios estipulados pelo Estatuto das Micro e Pequenas Empresas, o qual determina valores baseados na receita bruta anual como forma de classificar as mesmas. Os valores que são utilizados como forma de classificação sofreram reajustes no ano de 2004, com o Decreto nº 5.028/2004. Abaixo encontrasse as especificações e os valores atualizados por meio do decreto mencionado anteriormente: Microempresa: Para ser considera uma Microempresa é necessário possuir receita bruta anual inferior ou igual a R$ 433.755,14(Quatrocentos e trinta e três mil, setecentos e cinquenta e cinco mil e quatorze centavos). Empresa de Pequeno Porte: Já para ser considerada uma EPP é necessário possuir receita bruta anual superior a R$ 433.755,14(Quatrocentos e trinta e três mil, setecentos e cinquenta e cinco mil e quatorze centavos) e igual ou inferior a R$2.133.220,00(Dois milhões, cento e trinta e três mil, e duzentos e vinte reais). Ainda segundo Sebrae(2014), tal classificação é utilizada em vários programas de crédito voltados a auxiliar os micro e pequenos empreendedores, porém em outros, como o Regime Simplificado de Tributação(SIMPLES), o qual oferece facilidade burocráticas as empresas, não segue os mesmo parâmetros da classificação anterior, estipulando valores diferentes para classificar as MPEs: 23 Microempresa: O SIMPLES considera-se como Microempresa aquelas que possuírem receita bruta anual Inferior ou igual a R$ 240.000,00 (Duzentos e quarenta mil reais). Empresa de Pequeno Porte: Já para ser considerada uma Empresa de Pequeno Porte é necessário possuir receita bruta anual superior a R$ 240.000,00 (Duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$2.400.000,00(Dois milhões e quatrocentos mil reais). 2.2.2 Dificuldades do setor Independente da maneira de classificação utilizada verifica-se que as MPEs são de suma importância para o desenvolvimento econômico em âmbito nacional e mundial, tendo hoje um papel indispensável na vida de milhões de pessoas que de maneira direta ou indireta dependem desse setor para viver. Esse setor enfrenta como qualquer outro, inúmeras dificuldades, estando as mesmas relacionadas a diversos fatores, os quais vão desde a falta de capital de investimento e consequentemente tecnologia de apoio ao negócio até a carência no preparo de seus gestores, culminando muitas vezes no fechamento prematuro de tais empreendimentos (AZEVEDO, 2013). Ao decorrer dos últimos anos, inúmeras empresas do mundo da TI iniciaram um processo de estudo e disponibilização de soluções baseadas em nuvens voltadas para empresas, possibilitando assim que os empreendedores informatizem seus negócios com um custo relativamente baixo se comparado à forma tradicional de se obter tecnologia de apoio ao negócio, a qual necessitaria de investimentos altos para obtenção, implantação e posteriores atualizações de toda a infraestrutura tecnológica (ABRAMS, 2012). Diante dos fatos apresentados, a Cloud Computingveio com a proposta de tornar-se a base tecnológica acessível que faltava aos empreendedores, sendo capaz de oferecer auxílio aos mesmos, por meio de custos baixos e gestão eficiente dos negócios (DELL, 2014). 2.3 Pontos relevantes para a utilização da nuvem no meio empresarial Atualmente a tecnologia de Cloud Computing tornou-se aos olhos de muitas empresas um fator interessante e vantajoso, devido a proporcionar economia e flexibilidade aos negócios, porém diante de todo esse entusiasmo, há também fatores que devem ser ponderados antes de se adotar tal tecnologia, para que assim torne-se possível verificar se a 24 implantação dessa tendência realmente é vantajosa se comparada à proposta tradicional (OLHARDIGITAL, 2012). De acordo com Dell (2014), estudos comprovam que a inserção de tal tendência em ambientes empresariais de micro e pequeno porte, possibilita aos empreendedores realizem tarefas de maneira mais eficiente utilizando menos recursos, ganhando dessa maneira vantagens competitivas através dessa recente tendência, porém há também a desconfiança de muitos, sendo o quesito segurança o ponto principal de desconfiança e vulnerabilidade desses ambientes. A seguir serão apresentadas e analisadas diversas características dessa tecnologia, as quais foram enquadradas em pontos positivos e negativos, os quais podem ser utilizados para análises que determinarão se tal tendência é vantajosa ou não diante a realidade dos micro e pequenos empreendedores. 2.3.1 Pontos positivos A Cloud Computing ao ser inserida na realidade empresarial de micro e pequeno porte pode trazer inúmeras vantagens ao negócio, estando essas vantagens relacionadas a diversos quesitos, tais como: Segurança: Negócios que aderem a propostas baseadas na nuvem geralmente têm padrões de segurança mais eficientes no ambiente controlado pelo provedor do que se estivesse na própria empresa, tal fato ocorre devido aos provedores estarem em constante trabalho de atualização, chegando muitas vezes a obter certificações que comprovem e garantam tal qualidade (DELL, 2014). Investimentos: Outro ponto relevante ao se trabalhar com a nuvem é que o provedor tem recursos físicos e financeiros melhores para lidar com problemas do que a empresa do cliente (DELL, 2014), pois geralmente o orçamento das MPEs é escasso, sendo o mesmo investido no negócio foco da empresa, não permitindo assim, redirecionar o capital a outros setores, como por exemplo, ao de TI. Serviços Sob Demanda: Diante da atual realidade das empresas, quesitos como escalabilidade e flexibilidade são considerados fortes diferencias frente ao modelo tradicional, pois a partir deles, é possível em determinados períodos ampliar ou reduzir a estrutura tecnológica de maneira instantânea, não necessitando assim, dispender grandes quantidades de tempo e recursos como ocorria no modelo tradicional, o qual muitas vezes culminava em 25 equipamentos ociosos, os quais eram utilizados apenas em épocas sazonais, fato que ao se utilizar a nuvem, não se torna mais necessário, pois tudo é realizado perante a necessidade do cliente. Incidentes: Com a utilização de serviços em nuvem, o usuário não se preocupa com eventuais incidentes que possam ocorrer à parte tecnológica de sua empresa, pois nessa proposta essa responsabilidade é toda do provedor da nuvem, o qual tem todo um planejamento e preparo para garantir a qualidade da infraestrutura e integridade dos dados de seus clientes. Custos: Quando se trata da parte financeira do negócio, outro elemento diferencial que a estrutura em nuvem possibilita de positivo ao empreendedor, relaciona-se aos custos de implantação e gestão dos recursos tecnológicos, pois a partir de fatores como a elasticidade, encontram-se inúmeras vantagens na implantação dos serviços baseados em Cloud Computing, pois apenas adquire-se o que é realmente necessário para a empresa, pagando dessa maneira pelo uso específico contratado ou pelo tempo de utilização dos serviços, representando assim, uma economia diante dos grandes investimentos feitos na aquisição de equipamentos e servidores, os quais muitas vezes são superdimensionados, tornando-se ociosos em certos momentos (OLHARDIGITAL, 2012). Mobilidade: Diante do mundo contemporâneo, um fator que vem também a ser um dos pontos chaves para o sucesso dessa tecnologia é a mobilidade que tal tendência possibilita aos seus usuários, permitindo a eles acessar seus sistemas de serviços possuindo apenas uma mera conexão com a internet. A mobilidade é um ponto interessante ao olhar dos empreendedores quando não se encontram presentes fisicamente em seu ambiente empresarial, pois muitas vezes os mesmos têm que tomar algum tipo de decisão e necessitam de dados que constam em seu ambiente na nuvem. Ambiental: Os ganhos relacionados à preservação ambiental também são diversos, dentre eles estão à diminuição do consumo de energia elétrica, a qual ocorre devido à redução de hardware se comparado ao modelo tradicional, o melhor aproveitamento tecnológico disponível, além de se evitar a constate troca de equipamentos devido à infraestrutura tecnológica estar ultrapassada, entre outros pontos positivos (OLHARDIGITAL, 2012). Acima foram apresentados alguns fatores que ao olhar de muitos são considerados pontos favoráveis da tecnologia em nuvens aos negócios, possibilitando muitas vezes ganhos em eficiência e custos, os quais perante a realidade das MPEs são conceituados como 26 vantagens competitivas frente aos seus concorrentes, sendo fatores como esses, que auxiliarão na gestão eficiente do empreendimento, resultando assim no sucesso da empresa. 2.3.2 Pontos negativos Devido a ser uma tecnologia que aflorou recentemente nos meios tecnológicos, a Cloud Computing enfrenta alguns pontos fracos em sua estrutura, sendo esses pontos cruciais que determinarão a migração ou não do modelo tradicional para o modelo em nuvens. Um quesito considerado por muitos especialistas como uma dificuldade da Cloud Computing relaciona-se a dependência que tal tecnologia possui com a internet, sendo de primordial importância que a conexão com a mesma ocorra de maneira rápida e estável, devido a ser este o meio que possibilita o acesso às nuvens (AMOROSO, 2012), tal fato relacionado ao ambiente empresarial é algo preocupante, pois caso a conexão com a internet seja instável ou lenta, toda a empresa pode parar, causando assim atrasos e prejuízos ao negócio do cliente. Outro ponto preocupante relaciona-se a violação da segurança de dados, o qual é um dos quesitos que mais causam desconfiança em relação à adoção de propostas nas nuvens, sendo considerado por muitos como um ponto negativo dessa tecnologia, devido ao fato que os dados contidos nas nuvens podem estar armazenados fora de seu país de origem, podendo dessa maneira infringir regulamentações e leis locais de proteção de dados (DELL, 2014). Ao considerar os fatos mencionados acima e diante de todo o estudo realizado, podese compreender que essa tecnologia ainda necessita de inúmeros ajustes e padronizações, tendo como foco principal a segurança, a qual atualmente é o “calcanhar de Aquiles” dessa tecnologia. A Cloud Computing, como é possível notar é uma tecnologia que vem agradando “gregos e troianos”, pois traz consigo propostas que são utilizadas desde usuários domésticos até aquelas que são utilizados por grandes corporações, auxiliando as mesmas em sua realidade de negócios. É impossível determinar se tal tecnologia é boa ou ruim, pois é necessário que cada empreendedor análise e entenda oque realmente necessita para sua realidade, buscando sempre ponderar sobre as vantagens e os riscos, determinando ao final, qual a melhor tecnologia a ser adotada, se são as propostas em nuvens ou as baseadas no modelo tradicional. 27 3 CONCLUSÃO Por meio de todas as pesquisas e revisões bibliográficas realizadas para a elaboração deste artigo, conclui-se que a Cloud Computing no mundo contemporâneo é uma tecnologia que vem se disseminando em um ritmo constante e incomparável, sendo foco de atenções nos meios tecnológicos e também em outras áreas. Graças às suas características, essa tecnologia vem impressionando o mercado e mostrando que o mundo da tecnologia da informação não está mais concentrado no modelo tradicional de distribuição de softwares e infraestrutura, mas sim, está voltado agora para a liberdade e mobilidade do modelo em nuvens, o qual além de propiciar diversos pontos positivos aos usuários traz consigo também vantagens econômicas tanto aos ambientes de uso doméstico, quanto aos corporativos. Os micros e pequenos empreendimentos são nos dias de hoje um dos principais setores da economia nacional, com isso é necessária uma atenção especial com essa classe de empreendedores, pois os mesmos para se manter firmes em um mercado tão difícil e hostil necessitam de tecnologias que minimizem os custos e ao mesmo tempo tragam vantagens competitivas aos seus negócios perante seus concorrentes. Diante das necessidades que as MPEs enfrentam e o cenário atual, a Cloud Computing preenche essa lacuna por meio de soluções que disponibilizam toda a infraestrutura e suporte necessários aos pequenos empreendedores, sendo o Google App for Business uma proposta interessante diante deste contexto, pois tal solução auxilia as empresas em seus processos de negócios de maneira simples e eficaz, incrementado a comunicação, a produtividade, a organização e o atendimento ao cliente, tudo por meio de serviços baseados na tecnologia em nuvens, porém cada empresa deve realizar um estudo prévio de suas reais carências, para que assim entenda seu ambiente e escolha dentre as inúmeras propostas a melhor perante sua realidade. Como o foco desse estudo são as MPEs, entende-se que essa tecnologia auxilia os micro e pequenos empreendedores a informatizarem seus negócios por meio de custos baixos e flexíveis, possibilitando aos mesmos que transfiram processos relacionados a TI da empresa para a nuvem, como por exemplo, um servidor, o qual pode ser automaticamente reconfigurado diante as necessidades da empresa. Conclui-se que a Cloud Computing é hoje uma realidade, a qual através dos estudos e pesquisas desenvolvidos durante a realização desse trabalho mostrou-se extremamente vantajosa e viável ao ser utilizada em ambientes empresariais de micro e pequeno porte. Por 28 tanto, a Cloud Computing vem sendo um divisor de águas no mundo da TI, pois democratizou o uso da tecnologia, possibilitando as empresas de pequeno porte se igualar tecnologicamente as grandes corporações, porém essa tecnologia tem muito a evoluir ainda, sendo a segurança um dos pontos a serem estudados e aperfeiçoados. REFERÊNCIAS ABRAMS, R. 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Vantagens e Desvantagens da Cloud Computing para pequenas empresas. Disponível em: < http://www.dell.com/learn/br/pt/brbsdt1/sb360/sb-newsletter-3-2012-2>. Últimoacessoem: Mar. 2014. GATEWOOD, B. Clouds on the information horizon: How to avoid the storm. Information Management Journal, p.32-36, Jul-Ago/2009.Disponívelem: <http://content.arma.org/IMM/Libraries/July-Aug_2009_PDFs/IMM_0709_clouds_on_ info_horizon.sflb.ashx>. Últimoacessoem: Abr. 2013. KIM, W. Cloud Computing: today and tomorrow. Journal of Object Technology, p.65-72, Jan-Fev/2009.Disponível em: <http://www.jot.fm/issues/issue_2009_01/column4.pdf>. Último acesso em: Jun.2013. MARTINS, A. Fundamentos de Computação Nuvem para Governos. Disponível em: <https://www4.serpro.gov.br/wcge2010/artigos/ArtigoFundamentos%20de%20Computacao%20Nuvem%20para%20Governos.pdf>. Último acesso em: Mar. 2013. OGURA, D.R. Uma Metodologia para Caracterização de Aplicações em Ambientes de Computação em Nuvens. Dissertação (Mestrado), Escola Politécnica da Universidade de 29 São Paulo, p.17-22, 2011. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3141/tde-12032012-114518/pt-br.php>. Último acesso em: Mar. 2013. OLHAR DIGITAL. Vantagens e desafios da computação em nuvem. Olhar Digital, Fev/2012. Disponível em:<http://olhardigital.uol.com.br/noticia/vantagens-e-desafios-dacomputacao-em-nuvem/23942>. Último acesso em: Abr. 2014. SEBRAE. Critérios e conceitos para classificação de empresas. Disponível em:< http://www.sebrae.com.br/uf/goias/indicadores-das-mpe/classificacao-empresarial/criterios-econceitos-para-classificacao-de-empresas/criterios-e-conceitos-para-classificacao-deempresas>. Último acesso em: Fev. 2014. WALKER, G. Aspectos fundamentais da computação em nuvem. IBM, Jan/2011. Disponível em: <http://www.ibm.com/developerworks/br/cloud/library/cl-cloudintro/>. Último acesso: Jul. 2014. 30 ANÁLISE DE REQUISITOS NA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO ACADÊMICA EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ANALYSIS OF REQUIREMENTS IN THE IMPLEMENTATION OF AN ACADEMIC MANAGEMENT SYSTEM IN AN INSTITUTION OF HIGHER EDUCATION Vanderlei José Fontanelli - [email protected] Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (FATEC) – SP – Brasil Maria Aparecida Bovério – [email protected] Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (FATEC) – SP – Brasil UNESP – Campus de Rio Claro – SP - Brasil RESUMO O presente artigo teve como objetivo analisar o processo de levantamento de requisitos para implantação de um sistema de gestão acadêmica, em uma Instituição de Ensino Superior no Estado de São Paulo. Para isso foi realizado um estudo de campo, através de entrevistas com as responsáveis pelos setores de Coordenação, Finanças/Secretária Acadêmica e Biblioteca. Percebeu-se que com a implantação do sistema houve uma melhora em relação as informações, além das rotinas que foram aprimoradas. Sobre as dificuldades as entrevistadas consideraram que o fator humano foi uma das principais barreiras, pois a adaptação ao novo sistema teve que passar por um processo de conscientização dos funcionários para a melhoria do desempenho das atividades na Instituição. Concluiu-se que após a implantação do sistema o gerenciamento melhorou permitindo o fácil acesso às informações e os processos ficaram mais rápidos de serem executados, diminuindo a burocracia e agilizando os serviços. Palavras-chave: Análise de requisitos. Sistemas de informações. Implantação de sistema de gestão. ABSTRACT This article aims to analyze the process of identifying the requirements to implement an academic management system, in a higher education institution in the state of São Paulo. Therefore a field study was conducted through interviews with who is responsible for coordinatinating, the deparments involved were: Finance / Student Academic Affairs Office and Library. The system implemented showed an improvement dealing with information, in addition to enhancing office routines that. Regarding the difficulties the respondents considered that the human factor was a major barrier because the staff had to adapt to the new system and undergo a process of awareness to improve the performance of activities in the institution. It was concluded that after implementing the system management improved which allowed easy access to information and the processes were faster, reducing bureaucracy and offering faster services. Keywords: Analysis implementation. of requirements. Information systems. Management system 31 COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO: FONTANELLI,Vanderlei José; BOVÉRIO, Maria Aparecida. Análise de requisitos na implantação de um sistema de gestão acadêmica em uma instituição de ensino superior. In: Revista Interface Tecnológica da FATEC Taquaritinga. p. 30-39, jun. de 2016. ISSN online 2447-0864. Disponível em: <www.fatectq.edu.br/Interfacetecnologica>. Acesso em: dia mês e ano. 1 INTRODUÇÃO Os Sistemas de Informações são considerados como importante instrumento para o sucesso e competitividade de uma organização, porém caso o seu desenvolvimento não for adequado aos processos organizacionais, as empresas estarão investindo e não conseguirão obter o retorno deste investimento. Desta forma, a Engenharia de Requisitos é um importante recurso para a implementação de sistemas, sendo essencial a interação entre desenvolvedores e as pessoas que efetivamente estão envolvidas com o processo de trabalho da empresa (COSTA, 2009). O presente artigo teve como objetivo analisar o processo de levantamento de requisitos para implantação de um sistema de gestão acadêmica, numa Instituição de Ensino Superior no interior do Estado de São Paulo. De acordo com Nunes (2010, p.69), o constante crescimento do número de Instituições de Ensino Superior (IES), vem criando uma necessidade de que as instituições melhorem os serviços oferecidos e assim consiga se destacar das concorrentes. Para poder oferecer serviços de melhor qualidade as instituições estão investindo cada vez mais em sistemas de gerenciamento de informações para poder oferecer melhores serviços e condições a seus clientes. Para isso a Instituição objeto de estudo desse artigo investiu no desenvolvimento de um sistema para poder gerenciar a instituição e poder se igualar no mercado com a concorrência, pois precisava oferecer alguns serviços a seus clientes que com gerenciamento manual das informações não conseguia. A instituição tinha uma grande necessidade de informatizar os processos, para poder dar agilidade e diminuir os custos. 2 ANÁLISE DE REQUISITOS De acordo com Costa (2009, p. 25) “O desenvolvimento e a implementação de um software visa à melhoria do desempenho organizacional, diante dos mercados com acirrada competição”, percebendo isso a indústria de software vem demonstrando crescente interesse 32 na Engenharia de Requisitos como um excelente investimento. A análise de requisito é a primeira e uma das mais importantes atividades no desenvolvimento de software. A análise de requisitos pode ser entendida como a atividade responsável por definir os serviços que o sistema deve realizar bem como a interface e as restrições sobre sua operação e sua implementação. Segundo Sommerville (2007, p.79), “Os Requisitos de um sistema são descrições dos serviços fornecidos pelo sistema e suas restrições operacionais”, já para Pressman (2006, p. 116) “levam a um entendimento de qual será o impacto do software sobre o negócio, do que o cliente quer e de como os usuários finais vão interagir com o software”. Os requisitos têm a função de informar de maneira clara como o sistema deve operar, todas as suas restrições e processos, pois todo o sistema será desenvolvido baseado nos requisitos levantados, um erro de requisitos poderá acarretar uma grande perda futura, correndo o risco de o sistema não atender as necessidades do solicitante. 3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (IES) De acordo com Nunes (2010) a gestão da informação tem se tornado objeto de grande interesse, e esse interesse resultou do grande uso das tecnologias de informação e comunicação que ocasionou mudanças no comportamento das pessoas e nas configurações das organizações. “Com o crescente número de Instituições de Ensino Superior (IES), também cresceu o nível de concorrência e competitividade exigindo destas um constante aprimoramento para oferecerem serviços de melhor qualidade.”(NUNES, 2010, p. 69). Em instituições de ensino, as informações são consideradas como um recurso estratégico, e são utilizadas para a resolução de problemas decisórios e, são identificadas, de forma segregada daquelas informações de caráter operacional. É importante como necessário que antes da informatização das atividades existentes na IES, seja feita uma reorganização da instituição de ensino para sua informatização. Para isso é necessário realizar um levantamento dos atuais sistemas em uso, ou previstos para o futuro, e relacioná-los aos processos sistêmicos e hierarquizá-los em dois níveis: estratégico e operacional. (TACHIZAWA; ANDRADE, 2006). 33 4 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA A presente pesquisa caracterizou-se com um estudo de caso e teve caráter exploratório, envolvendo levantamento bibliográfico e consulta com pessoas que estão ligadas diretamente com o problema pesquisado. Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico. O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-lo tal como ele o percebe. (GIL, 2007, p. 54). Para o autor este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão. A abordagem teve classificação qualitativa, que segundo Gerhardt e Silveira (2009, p. 31) “A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc”. Neste caso a compreensão dos sujeitos da pesquisa sobre as dificuldades no levantamento de requisitos necessários para a implantação de um sistema de gestão acadêmico. O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista, que segundo as autoras se constitui de uma interação social, em que uma das partes busca obter dados, e a outra se apresenta como fonte de informação. Para isso como sugestão das autoras foi elaborada uma lista dos tópicos para que o entrevistador seguisse durante a entrevista. Esse roteiro permitiu flexibilidade em relação aos questionamentos que favoreceram uma variedade de respostas ou até mesmo outras questões. Os sujeitos da pesquisa foram: A Diretora da Faculdade que também é responsável pela parte Financeira, a Coordenadora Geral de Cursos (responsável pela Coordenação e Gestão Acadêmica) e a Bibliotecária da Instituição. As entrevistas ocorreram em dias distintos e foram repetidas sempre que o entrevistador sentia necessidade de complementar ou entender melhor o funcionamento dos processos da IES. 34 5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS A Instituição de Ensino Superior (IES) pesquisada encontra-se na região norte do Estado de São Paulo, está localizada a 360 km da capital, inserida na Região de Governo de Ribeirão Preto, que congrega 24 municípios, e possui uma população de aproximadamente 50.000 habitantes. Os Meios de Comunicação da cidade são Jornais, Rádios, agências de Correios e Telefônica. Neste contexto, a visão estratégica da IES fundamenta-se na satisfação de seus clientes internos e externos, criando uma cultura baseada no comprometimento e na participação, que proporcione uma parceria estruturada, confiável e em longo prazo. A IES foi credenciada junto ao Ministério da Educação (MEC) e iniciou suas atividades no ano de 1998, mantendo dois cursos de graduação e uma pós-graduação em Gestão Empresarial. Foi a pioneira em ofertar ensino superior, apesar de ser de pequeno porte possui ótimos resultados nas avaliações do Ministério da Educação (MEC), isso por que a IES demonstrava preocupação com a qualidade de seu corpo docente, pela sua organização didático-pedagógica e pela adequação de suas instalações. 5.1 Apresentação da pesquisa Vazzi (2008) ao abordar a “Gestão estratégica das tecnologias de informação aplicadas à educação” fez um levantamento com objetivo de propor estratégias e desenvolvimento de Tecnologias da Informação voltadas à educação, demonstrando as vantagens em se investir em Tecnologias da Informação e em atividades planejadas para uso destas tecnologias. Para isso realizou um levantamento do uso da tecnologia na Instituição. A Instituição não possuía um Sistema de Gestão embora já houvesse feito algumas tentativas com a compra de alguns sistemas, porém estes não eram integrados e a manutenção era inviável para uma Instituição do porte da mesma. O sistema de Finanças era controlado pela Diretora e proprietária da Instituição, ela realizava o controle dos gastos, mas a emissão de notas e controle das mesmas era feito por um escritório de contabilidade, sua principal responsabilidade era a emissão de boletos. A dificuldade nesta emissão erra evidente, pois era feita manualmente, além de demorado por causa dos casos específicos de alunos com descontos, por bolsas, ou programas, muitas vezes esse serviço tinha que ser refeito e conferido mês a mês. Em seguida serão apresentadas as percepções das entrevistadas sobre a implantação do sistema na IES pesquisada. 35 Percepção da Coordenadora Geral de Cursos A Coordenadora Geral de Cursos tem Mestrado e Doutorado em Educação Escolar: Política e Gestão Educacional. Trabalha na área há quinze anos e dez meses. Antes da implantação do Sistema o trabalho era realizado em arquivos de word e excel. Sobre como foi feita a abordagem das principais necessidades da instituição e se a mesma teve participação em apontar as principais necessidades que a instituição tinha em relação ao sistema, ela disse que foram feitas várias reuniões com os desenvolvedores do sistema; eles fizeram um diagnóstico das áreas administrativa e acadêmica e gradualmente, à medida que iam desenvolvendo o sistema, novas reuniões aconteciam para sanar as dúvidas e aprimorar o desenvolvimento do sistema. Em relação aos benefícios ela considera que com a implantação do sistema, gradualmente, as informações dos arquivos word e excel foram transformados em programas que puderam contribuir com um sistema de informações muito mais acessível do que os arquivos em rede. Na opinião da Coordenadora as maiores dificuldades e desafios na implementação do Sistema de Informação foi que a faculdade, na época do início da implantação do sistema, já tinha vários anos de funcionamento. E, portanto, muitos back-ups dos arquivos já existentes. Ela considera que como a maioria dos sistemas que são implantados, as dificuldades são as de mudança de hábitos dos usuários, ao deixar de usar arquivos de back-ups e passar a usar o sistema. Outra dificuldade foi a alimentação do sistema, pois o ideal seria que todos os dados, inclusive os antigos, fossem migrados para o sistema. Para a Coordenadora os pontos positivos foram o fato de o sistema ser desenvolvido na própria instituição e, por isso, atendeu às necessidades específicas, sendo que quaisquer modificações necessárias podiam ser solicitadas e eram facilmente atendidas, uma vez que os desenvolvedores trabalhavam como funcionários na própria instituição. Percepção da Bibliotecária A segunda participante da pesquisa é formada em Biblioteconomia pela Unesp de Marília, com Especialização em Planejamento e Gestão de organizações Educacionais pela Unesp de Araraquara, MBA em Gestão Empresarial pela Faculdade de Monte Alto e Mestranda em Educação pela Unesp de Rio Claro. Atua como Bibliotecária e Professora nos cursos de Administração e Pedagogia. Seu trabalho na Instituição teve início em abril de 36 1998, época em a Faculdade iniciava suas atividades. O trabalho teve início com a preparação do acervo da Biblioteca (compra e processamento técnico do material). Na época enquanto a Faculdade se preparava para receber a Comissão do Ministério da Educação que faria a autorização para a abertura do Curso de Administração. A faculdade possuía quatro sócios, um deles já possuía outras faculdades e considerou que seria necessário que a bibliotecária realizasse toda a estruturação da Biblioteca em uma das cidades onde ele possuía uma das Faculdades. Desta forma o levantamento do acervo, classificação, catalogação, tombamento e cadastro no sistema foi feito em outra cidade para aproveitar a estrutura do sistema por eles utilizado. O primeiro sistema foi desenvolvido na própria Faculdade por um funcionário responsável pela área de Tecnologia da Informação (TI), e era um sistema bem simples, sua interface era no sistema DOS, com pesquisa de autor, assunto e título. O sistema disponibilizava o acervo, mas não havia qualquer tipo de movimentação, do tipo empréstimo, reserva ou devolução. O sistema servia para relacionar todo material que a Biblioteca tinha disponível possibilitando a consulta de seus usuários. Neste tempo a Faculdade passou a ser dirigida por um dos sócios, que assumiu toda a responsabilidade em seu planejamento e gestão. Com o passar do tempo a Faculdade percebeu a necessidade de informatizar também, o sistema da Secretaria pois tudo era feito de forma manual o que tornava todo processo lento e oneroso. Foram contratados dois profissionais que possuíam uma empresa que desenvolvia softwares para diversas empresas, o trabalho destes profissionais porém não teve o desfecho esperado, pois os mesmos não tinham dedicação exclusiva a Instituição e a mesma precisava de um sistema com urgência. Outros dois softwares foram comprados, um com um custo alto, mas que não chegou a ser implantado devido a sua complexidade e falta de um apoio operacional, já o outro foi comprado para a Biblioteca e ficou funcionando até que começou a apresentar alguns problemas. A Instituição necessitava com urgência de um sistema integrado entre os seus departamentos. Desta forma, em março de 2010 contratou uma nova empresa que deu início ao novo sistema, pois a Faculdade teve várias experiências com sistemas já prontos e com um que havia sido concebido na própria Instituição, e embora os sistemas possam ser parecidos pois vão ter campos parecidos, não conseguiam atender as necessidades. Umas das observações feitas pela Bibliotecária é que muitas vezes as empresas acabam desenvolvendo sistemas excelentes e que serviriam perfeitamente para a instituição, mas na hora da negociação dos valores eles querem cobrar o preço que cobrariam para Instituições grandes, o que não era o caso da Instituição pesquisada que na época tinha em 37 torno de 300 alunos. A ideia de contratar alguém que ficasse na Instituição para desenvolver o sistema e prestar assistência sempre que necessário era uma das vontades presentes. Sobre como foi feita a abordagem das principais necessidades da instituição pelos desenvolvedores do sistema e a participação da Bibliotecária neste processo foi que os desenvolvedores do sistema iniciaram o sistema pela Biblioteca e quando deram início fizeram várias entrevistas com a Bibliotecária, para saber quais eram os campos imprescindíveis para a composição do sistema. A Bibliotecária consultou vários sistemas de outras Instituições de Ensino Superior para poder contribuir com o trabalho dos desenvolvedores, pois era importante que o sistema permitisse a catalogação e administração de todo o acervo. Outra questão importante é que a Biblioteca possuía uma grande quantidade de periódicos, mas sem o cadastro no sistema os usuários tinham que realizar a pesquisa muitas vezes olhando periódico por periódico, então o sistema deveria possibilitar o registro para diferentes materiais. E possuir um sistema para registrar e controlar empréstimos, devoluções, reservas, relatórios e consultas. A Biblioteca não possuía um sistema de empréstimo com emissão de comprovante o que muitas vezes ocasionou a não devolução de materiais, pois não havia como comprovar que o material realmente havia sido emprestado ou devolvido pelo usuário. A implantação do novo sistema foi tranquila, pois a comunicação entre desenvolvedores e equipe era feita quando surgiam problemas e dúvidas, o que é comum pois a adaptação ao novo, envolve mudanças e estas devem ser assimiladas e realizadas sempre que necessário. Em relação a quais benefícios o Sistema de Informação trouxe para a IES, em especial na percepção da Bibliotecária, foi a interface com outros departamentos. O banco de dados alunos, funcionários e docentes era compartilhado e interligado o que prevenia a restrição de usuários que possuíssem pendências. Outro benefício percebido é que as rotinas foram aprimoradas, o sistema permitia maior agilidade no cadastro de exemplares, e na emissão de etiquetas que eram feitas anteriormente de forma manual. A Bibliotecária considera que sem dúvida a maior dificuldade e desafio na implementação do Sistema de Informação residem no treinamento adequado das pessoas que irão alimentar o sistema, é preciso um trabalho de conscientização para que executem com a maior responsabilidade e percebam a importância deste trabalho. É importante também que todos os envolvidos saibam escutar, desenvolvedores, equipe da IES, pois a comunicação é fundamental para que o trabalho seja feito de forma eficiente. A informatização sem dúvida garante a qualidade e a agilidade dos serviços. 38 Percepção da Diretora A terceira pesquisada é graduada em Licenciatura plena em Educação Física com especialização Lato Sensu em Planejamento e Gestão de Organizações Educacionais. Atua como Diretora de Ensino Superior há 16 anos. Antes da Implantação do sistema todos os dados utilizados pela empresa eram gerados manualmente através de planilhas no Excel e documentos no Word, a parte financeira era toda feita manualmente inclusive a emissão dos boletos bancários. No início ela ressaltou que teve um pouco de receio com relação ao desenvolvimento de um sistema para a instituição, devido as tentativas anteriores que acabaram não dando certo, porém visualizando as necessidades da instituição para melhorar o atendimento e organização foram contratados 2 funcionários para o desenvolvimento do sistema. Inicialmente foi feito todo um levantamento do que a empresa necessitava, como tudo era manual foi decidido desenvolver um sistema que englobasse todos os setores da empresa: acadêmico, biblioteca e financeiro. Sendo assim, foi feito um levantamento das necessidades de cada setor, no caso dela especificamente a parte financeira, em que foi feito um levantamento de como era feito o trabalho e também de como gostaria que funcionasse, participando ativamente do levantamento de informações. Com implantação do sistema ela acrescentou que logo percebeu-se as vantagens, pela facilidade em conseguir informações dos alunos com integração com a secretaria a automação da emissão dos boletos, com o sistema financeiro integrado com a secretaria houve redução de custos pois o financeiro sempre está com informações atualizadas da situação dos alunos, apresentado uma melhora significativa no atendimento dos alunos e também uma redução dos erros que eram causados por informações incompletas ou até erradas. Porém, segundo a Diretora também aconteceram dificuldades no início, como, por exemplo, a integração dos dados manuais com o sistema, a resistência dos funcionários mais antigos que tinham receio na utilização do sistema. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Fazer um bom levantamento de requisitos foi essencial para o sucesso do projeto, mostrando assim que o levantamento de requisitos é uma das atividades mais importante para um sistema funcional e eficiente. 39 Durante o processo de levantamento de requisitos teve-se muito trabalho, principalmente pela instituição executar todos seus processos manualmente e durante o processo de análise de requisitos os usuários, segundo as entrevistadas, tinham uma grande dificuldade em transmitir suas necessidades devido ao grande número de atividades que eram realizadas e a existência de uma dependência entre as atividades. Devido a esse grande número de atividades e de tudo ser manual alguns requisitos não foram passados o que durante o projeto acabou gerando alguns atrasos e retrabalhos. A implantação do sistema ainda teve alguma resistência de alguns funcionários em relação ao sistema, e o medo que as mudanças trariam na Instituição. Diante da análise das entrevistas percebeu-se que após a implantação do sistema o gerenciamento melhorou muito, permitindo o fácil acesso às informações, os processos ficaram mais rápidos e fáceis de serem executados, diminuindo a burocracia e agilizando os serviços e teve uma redução de custos com a integração de todas as áreas da instituição. REFERÊNCIAS COSTA, E. C. da. A importância da engenharia de requisitos no desenvolvimento de sistemas de informação. 2009. 57f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)Faculdade de Administração e Negócios de Monte Alto, Monte Alto, 2009. GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. NUNES, M. G. Gestão da Informação numa IES: estudo de caso aplicado à avaliação para autorização e reconhecimento de cursos de graduação. Revista Economia & Gestão, v. 10, n. 22, jan./abr. 2010. Disponível em: file:///C:/Users/Biblioteca/Downloads/Nunes_Vasconcelos_Baeta_Dufloth_2010_Gestao-daInformacao-numa-IES-_2981.pdf. Acesso em: 26 jan. 2015. PRESSMAN, R. Engenharia de software. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. SOMMERVILLE, I. Engenharia de software. Nova Jersey: Addison-Wesley, 2007. TACHIZAWA, T.; ANDRADE, R. O. B. Gestão de instituições de ensino. 4 ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. VAZZI, M. R. G. de. Gestão estratégica das tecnologias de informação aplicadas à educação. 2008. 48 f. Trabalho de Conclusão de Curso (MBA – Gestão Estratégica de Empresas) IEMA/UNICEP, Monte Alto, 2008. 40 A RECICLAGEM EM APARELHOS ELETRÔNICOS COMO FATOR DA GESTÃO ESTRATÉGICA NAS EMPRESAS RECYCLING ELECTRONIC DEVICES AS A STRATEGIC MANAGEMENT IN THE COMPANIES Guilherme Henrique Valentim - [email protected] Guilherme Augusto Malagolli - [email protected] José Eduardo Freire - [email protected] Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (FATEC) – SP – Brasil RESUMO O descarte inadequado de lixo eletrônico agride o meio ambiente de maneira profunda. Em uma época em que o consumo e o descarte de equipamentos eletrônicos são crescentes, este problema passa a ser fundamental sob a ótica da gestão ambiental e da gestão da produção. Este artigo tem como objetivo mostrar que as empresas podem conseguir alguma vantagem competitiva na medida em que auxiliem os consumidores a promover o descarte adequado dos equipamentos eletrônicos. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica que ofereça não somente uma base de constatação do problema, mas as alternativas para o descarte do lixo eletrônico. Foi realizada também uma análise de casos empresariais na tentativa de compreender como o descarte dos produtos eletrônicos é feito atualmente em algumas empresas produtoras de equipamentos eletrônicos e suas estratégias para mitigar este problema. Palavras-Chave: Lixo eletrônico. Descarte. Meio ambiente. Vantagem competitiva. ABSTRACT Improper disposal of electronical waste harms the environment in a profound manner. In a time when the consumption and disposal of electronics are increasing, this problem becomes crucial from the perspective of environmental management and production management. This article aims to show that companies can achieve a competitive advantage as they help their consumers with proper electronics’ disposal. For this, a bibliographic research was done that treated not only this issue but offered alternatives in electronics’ disposal. It was also done, a business case analysis in an attempt to understand how the electronic devices’ disposal is currently executed and companies strategies to mitigate this issue. . Keywords: Electronic waste. Disposal. Environment. Competitive Advantage . COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO: VALENTIM, Guilherme Henrique; MALAGOLLI, Guilherme Augusto. FREIRE, José Eduardo. A reciclagem em aparelhos eletrônicos como fator da gestão estratégica nas empresas. In: Revista Interface Tecnológica da FATEC Taquaritinga. p. 40-52, jun. de 2016. ISSN online 2447-0864. Disponível em: <www.fatectq.edu.br/Interfacetecnologica>. Acesso em: dia mês e ano. 41 1 INTRODUÇÃO Com o acelerado avanço tecnológico, tem se tornado cada vez mais recorrente a obsolescência de equipamentos eletrônicos (computadores pessoais, celulares, mp3, tablets, entre outros). Muitas vezes quando troca-se de celular, computadores ou simplesmente quando uma câmera digital não funciona mais, até mesmo aquele mp3 se torna inútil, não se pensa em qual será o destino dele, apenas descarta, normalmente sem a preocupação do destino dos mesmos. E o problema se torna maior quando esse equipamento é descartado no meio ambiente. De acordo com Braga et al (2005), Albuquerque (2009) e Nardi (2013), o aumento do consumo e da população, atrelados a gestões não sustentáveis de produção, contribuiu com o aumento da geração de resíduos urbanos e industriais, impactando de forma negativa o ambiente e as condições de vida. Em contrapartida, de acordo com Jacobi e Besen (2011), um dos maiores desafios com que se defronta a sociedade moderna é o equacionamento da geração excessiva e da disposição final ambientalmente segura dos resíduos sólidos. A área de informática não era vista tradicionalmente como uma indústria poluidora. Porém, o avanço tecnológico acelerado encurtou o ciclo de vida dos equipamentos de eletrônicos, gerando assim um resíduo eletrônico que na maioria das vezes não está tendo um destino adequado. A preocupação ambiental em relação aos resíduos oriundos do avanço tecnológico vem crescendo muito nos últimos anos devido a liberação de substancias tóxica que podem poluir regiões inteiras. Ao serem jogados no lixo comum, as substâncias químicas presentes nos componentes eletrônicos, como mercúrio, cádmio, arsênio, cobre, chumbo e alumínio, penetram no solo e nos lençóis freáticos contaminando plantas e animais por meio da água, podendo provocar a contaminação da população através da ingestão desses produtos. A questão do tratamento de resíduos vem sendo discutida cada vez mais com o passar do tempo. Críticas sobre a maneira como a sociedade vem gerenciando seus resíduos (ou deixando de gerenciar) estão levando alguns setores da sociedade a se preocuparem com o destino dos resíduos e dos rejeitos. Uma gestão inadequada pode causar danos irreparáveis, como a degradação do solo, contribuição para a poluição, proliferação de vetores, imagem da empresa perante o mercado de atuação, perda de confiabilidade dos consumidores e dificuldade de permanência no mercado (JACOBI e BESEN, 2011). 42 Neste contexto, este artigo tem por objetivo principal mostrar que as empresas fabricantes de equipamentos eletrônicos podem obter vantagens competitivas ao auxiliar os consumidores a promoverem o descarte adequado do resíduo eletrônico, contribuindo assim, com uma gestão ambientalmente correta. Assim, a pesquisa se inicia com uma revisão da literatura em que se busca a contribuição teórica de autores que abordam o tema. Logo em seguida é apresentado um estudo de caso, os resultados e discussões e, por fim, as considerações finais. 2 REVISÃO DA LITERATURA Considera-se lixo tecnológico ou eletrônico, ou e-lixo, todo aquele gerado a partir de aparelhos eletrodomésticos ou eletroeletrônicos e seus componentes, incluindo os acumuladores de energia (baterias e pilhas) e produtos magnetizados, de uso doméstico, industrial, comercial e de serviços, que estejam em desuso e sujeitos à disposição final (MACIEL, 2011). Teixeira (2013) cita que, o lixo eletrônico pode ser qualquer material fruto de descarte de equipamentos eletrônicos, como celulares, pilhas, baterias, produtos eletrônicos e seus componentes. Para a elaboração deste artigo esta afirmação é a mais apropriada. Pereira (2013) afirma que, além dos computadores, câmeras e celulares que poluem o ambiente, os aparelhos de rádios, tv's, aparelhos de som, aparelhos elétricos, lâmpadas eletrônicas, também contém inúmeros elementos altamente poluentes. Computadores, celulares e outros equipamentos externamente não se tem noção da diversidade de materiais que ele contém, inclusive vários materiais nobres (ouro, platina, etc.) e que acabam indo parar no lixo, podendo contaminar a água do subsolo, o próprio solo e a atmosfera, caso sejam queimados. Resíduos eletroeletrônicos possuem grandes quantidades de metais pesados, que destinados de forma incorreta podem acarretar diversos e graves problemas ambientais, além de causar danos à saúde da população. Computadores se tornam obsoletos, segundo lógica comercial a cada dois anos. Máquinas são trocadas, equipamentos de impressão e conexão, cabos, infraestrutura de rede, entre outros materiais, são descartados (SILVA & OLIVEIRA, 2007, p.6). O descarte errado desses aparelhos pode poluir os lençóis freáticos, pois muitos deles contêm elementos químicos altamente poluentes. Quando observa os equipamentos eletrônicos externamente não têm a noção da diversidade de materiais que ele contém, 43 inclusive vários materiais nobres (ouro, platina, etc.) e que acabam indo parar no lixo, podendo contaminar a água do subsolo, o próprio solo e a atmosfera, caso sejam queimados. Como exemplo, a figura 1 mostra alguns dos componentes que se encontra dentro de um computador: Tabela1. Materiais usados na fabricação de um computador. (%) MATERIAL Metal Ferroso 32% Plástico 23% Metais não ferrosos (chumbo, cádmio, berílio, mercúrio) 18% Vidro 15% Placas eletrônicas (ouro, platina, prata e paládio) 12% Fonte: Pereira (2013) Segundo Avila (2008), aproximadamente 94% dos materiais contidos nos aparelhos eletrônicos podem ser reciclados, mas menos de 1% do lixo eletrônico gerado pela população mundial é encaminhado para a reciclagem; Do percentual reciclado 75% é realizado pelas grandes empresas que fabricam os produtos. Guarnieri (2011), afirma que em 2020 os restos de telefones celulares devem ser sete vezes maiores do que os restos que a China tinha em 2007 e 18 vezes maior do que a Índia possuía no mesmo período. A China produz 2,3 milhões de toneladas deste material, ficando atrás apenas dos EUA com cerca de 3 milhões de toneladas. De acordo com Oliveira (2012), em 2013 o Brasil chegou a possuir cerca de 1 milhão de toneladas de lixo eletrônico espalhadas pelo país sem destino correto. Para Bocchi et al. (2000), alguns equipamentos podem ser mais impactantes para o meio ambiente, como pilhas e baterias que possuem componentes radioativos e tóxicos em suas composições como mercúrio, chumbo e cádmio e podem representar sérios riscos à natureza. Gonçalves (2007) em seus estudos relata que os problemas causados por alguns componentes do e-lixo: Chumbo: O chumbo pode causar danos ao sistema nervoso central e periférico, sistema sanguíneo e nos rins dos seres humanos. Efeitos no sistema endócrino também têm sido observados e seu sério efeito negativo no desenvolvimento do cérebro das crianças tem sido muito bem documentado. O chumbo se acumula no meio ambiente e tem efeitos tóxicos 44 agudos e crônicos nas plantas, animais e microrganismos. Cádmio: Os compostos a partir do cádmio são altamente tóxicos, com riscos considerados irreversíveis para a saúde humana. O cádmio e seus compostos acumulam-se no organismo humano, particularmente nos rins. É absorvido através da respiração, mas também pode ser absorvido através de alimentos, causando sintomas de envenenamento. Apresenta um perigo potencial para o meio ambiente devido a sua aguda e crônica toxicidade e seus efeitos cumulativos. Em equipamentos elétricos e eletrônicos, o cádmio aparece em certos componentes tais como em resistores, detectores de infravermelho e semicondutores. Versões mais antigas dos tubos de raios catódicos também contém cádmio. Além disso, o cádmio é usado como estabilizador para plásticos. Mercúrio: Quando o mercúrio se espalha na água, transforma-se em metil-mercúrio, um tipo de mercúrio nocivo para a saúde do feto e bebês, podendo causar danos crônicos ao cérebro. O mercúrio está presente no ar e, no contato com o mar, como já foi mencionado, transforma-se em metil-mercúrio e vai para as partes mais profundas. Essa substância acumula-se em seres vivos e se concentra através da cadeia alimentar, particularmente via peixes e mariscos. É estimado de que 22% do consumo mundial de mercúrio são usados em equipamentos elétricos e eletrônicos. (GONÇALVES, 2007). Plásticos: Baseado no cálculo de que mais de 315 milhões de computadores estão obsoletos e que os produtos plásticos perfazem 6.2 kg por computador, em média, haverá mais do que 1.814 milhões de toneladas de plásticos descartados. Uma análise encomendada pela Microelectronics and Computer Technology Corporation (MCC) estimou que o total de restos de plásticos está subindo para mais de 580 mil toneladas, por ano. Outro fato a ser considerado, é em relação ao perigo do lixo eletrônico descartado em aterros sanitários, pois por mais seguros e modernos que sejam os aterros sanitários correm o risco de vazamento, de produtos químicos e metais que poderão se infiltrar no solo. Esta situação é muito pior nos velhos e menos controlados em aterros sanitários, que acabam sendo a maioria em todo país. (GONÇALVES, 2007). Os principais problemas que podem ser causados pelo lixo eletrônico nos aterros sanitários são: após a destruição de equipamentos eletrônicos, como por exemplo, interruptor de circuito eletrônico, poderá ocorrer o vazamento do mercúrio, que irá se infiltrar no solo e causar danos ambientais e a população. O mesmo pode ocorrer com o cádmio que além de se infiltrar no solo pode contaminar os depósitos fluviais. Outro problema é devido à quantidade significativa de íons de chumbo que são dissolvidos do chumbo contido em vidro, tal como o 45 vidro cônico dos tubos de raios catódicos, quando misturados com águas ácidas o que ocorre comumente nos aterros sanitários. Não é apenas a infiltração do mercúrio que causa problemas ao meio ambiente, a vaporização do mercúrio metálico e o mercúrio dimetileno, é também fonte de preocupação. Além disso, fogos não controlados podem ocorrer nos aterros sanitários e quando expostos ao fogo, metais e outras substâncias químicas podem ser liberados, causando danos à população. De acordo com Salamoni et al.,(2009) apud Carvalho e Orsine (2011) e Albuquerque (2009), os resíduos sólidos quando não administrado de forma profissional passam a ser uma ameaça aos recursos naturais e consequentemente podem trazer sérios problemas para a organização. Deve-se preocupar com os detritos elétricos e eletrônicos, pois estes estão entre as categorias de lixo de mais alto crescimento no mundo, e em breve, deve atingir a marca dos 40 milhões de toneladas anuais, o suficiente para encher uma fileira de caminhões de lixo que se estenderia por metade do planeta. 3 METODOLOGIA DE PESQUISA O procedimento metodológico desta pesquisa foi a descritiva, com base em livros, artigos, publicações e sites sobre os assuntos abordados. Logo em seguida foi feito um levantamento da prática de algumas empresas fabricantes de equipamentos eletrônicos através de informações divulgadas pelas próprias empresas. Porém esta pesquisa também se configura como analítica, pois envolve o estudo e avaliação de informações disponíveis na tentativa de explicar o contexto de um fenômeno. Isto é percebido na medida em que se compreende a prática atual das empresas e propõem algumas condutas para que a empresa se destaque neste contexto de análise. 4 RESULTADO E DISCUSSÃO Atualmente existem várias ferramentas e métodos para o correto descarte do lixo eletrônico, bem como para a sua reciclagem e reuso. Também existem empresas e projetos que fazem coleta e tratamento para esses equipamentos. Kobal, Santos, Soares & Lázaro (2013) afirmam que os impactos ambientais gerados pelos resíduos eletroeletrônicos vêm despertando a sociedade, empresários e ambientalistas de 46 tal forma que tais resíduos entraram na pauta da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A Lei 12.305/2010 da Política Nacional de Resíduos Sólidos traz em sua concepção a responsabilidade compartilhada e a logística reversa, que cabe também ao setor produtivo de eletroeletrônico. A lei em seu paragrafo III; diz que: “a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos”. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, as responsabilidades dos geradores, do poder público, e dos consumidores, bem como os instrumentos econômicos aplicáveis. Ela consagra um longo processo de amadurecimento de conceitos: princípios como o da prevenção e precaução, do poluidor pagador, da eco eficiência, da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, do reconhecimento do resíduo como bem econômico e de valor social, do direito à informação e ao controle social, entre outros. Vale destacar que os objetivos da PNRS são: proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços; desenvolvimento e adoção de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais; redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos; incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados; gestão integrada de resíduos sólidos; articulação entre as diferentes esferas do poder público e destas com o setor empresarial com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos; capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos. (YOSHIMURA, 2012) Como a quantidade de produtos eletrônicos descartados pela sociedade vem aumentando a cada ano, o fluxo reverso de produtos que podem ser reaproveitados ou retrabalhados para se transformar em matéria-prima novamente gera um potencial de novos negócios. A seguir, serão apresentados quatro casos em que a empresa busca uma vantagem competitiva ao proporcionar ao consumidor um descarte adequado de equipamentos eletrônicos. Foram selecionados casos de indústrias e de varejos, em áreas diferentes, para comprovar que esta prática não é restrita às empresas de informática. 47 4.1 IBM (International Business Machines) A empresa recebe em média 1000 unidades de equipamentos ao ano (incluindo desktops, monitores e portáteis). A IBM possui uma política de reciclagem e são certificados pela ISO 14001. Existem outras opções de venda dos produtos como o trade-in, no qual o cliente compra uma máquina nova e a usada é recebida para ser recondicionada ou quebrada dentro do processo e as máquinas que não têm mais mercado são destruídas. Nesta etapa,os componentes são separados e vendidos para fornecedores ambientalmente qualificados, que garantem a reciclagem. Outros materiais são separados e tratados, como baterias, monitores de vídeo, etc. As placas de circuito impresso são recicladas e retiradas os metais preciosos. A prática do recondicionamento colabora para aumentar o volume de vendas baseada em uma redução de custo de fabricação. Esta é uma forma de atrair o consumidor que perceberia a vantagem se aproximar de uma empresa que resolveria sua necessidade de descarte de eletrônico e, ao mesmo tempo, venderia um novo aparelho a um preço mais baixo. 4.2 HP (Hewlett-Packard): A HP possui programas de reciclagem e tem como meta mundial reciclar e reutilizar 450.000 toneladas de produtos eletrônicos e materiais por ano. Em média, os notebooks produzidos pela empresa são até 90% recicláveis ou recuperáveis em peso e os produtos foram desenvolvidos para simples desmontagem a fim de facilitar o processo de separação de materiais, bem como reaproveitamento e envio destes para a reciclagem. A política de sustentabilidade da empresa aborda a fase de concepção do produto, a seleção de materiais (inovadores, menos nocivos, reciclados e recicláveis, e em menor quantidade), a redução do uso de energia e água necessárias para sua produção, uma logística sustentável, embalagens econômicas, além de coleta e destinação adequadas tanto para os resíduos oriundos da produção quanto para os equipamentos descartados por clientes. Os equipamentos a serem reciclados passam por um processo rígido de desmontagem, separação de suas partes segundo o tipo (plástico, metal, borracha) e trituração. Depois de triturados, os resíduos são transformados em matéria prima e reinseridos na cadeia produtiva de outros novos produtos. A HP apresenta desde 2002 um programa de reciclagem de baterias. As baterias utilizadas nos produtos são fabricadas com lítio/íon, um material não tóxico e isento de 48 controle pelo IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). As baterias de servidores e UPS, compostas por chumbo-ácido, são enviadas diretamente para parceiro HP, que providencia a separação e reutilização deste material em outras baterias. 4.3 ITAUTEC A empresa brasileira Itautec apresenta uma política de coleta e reciclagem de computadores obsoletos, promovendo uma alternativa de descarte responsável. Os equipamentos são recebidos, desmontados, descaracterizados, pesados e após segregação das partes por tipo de material, cada um é encaminhado a recicladores homologados e específicos para o processamento e destinação final. Ao reciclar, essas matérias primas são reinseridas na cadeia para a produção de novos produtos. No ano de 2007, foi construído na fábrica da Itautec um centro de reciclagem de 715 m², no qual foram investidos R$ 350 mil. Segundo dados da Itautec (2008) no centro de reciclagem da unidade fabril em Jundiaí (SP), a Itautec separou, prensou e acondicionou diversos materiais recicláveis, 100% de todos os resíduos gerados no local , posteriormente encaminhados para terceiros que possuem licença ambiental para a atividade de processamento e reciclagem. Desde 2011 a Itautec conta com um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) que reúne as políticas, programas e práticas corporativas dedicadas à responsabilidade socioambiental. Isto destaca para o consumidor o uso racional dos recursos materiais, energéticos e hídricos, além de realizarmos a separação dos resíduos, promovendo a reciclagem, entre outras ações. Neste mesmo ano, a Itautec reciclou 125 mil aparelhos eletrônicos, de acordo com dados da própria empresa, fortalecendo a imagem de empresa socialmente responsável. 4.4 Positivo A Positivo Informática é a maior fabricante de computadores do Brasil e líder no segmento de tecnologia educacional devido ao programa de venda de computadores a preços subsidiários ao governo Federal para uso em escolas públicas. A política ambiental e a gestão de resíduos da Positivo Informática teve início no ano 2000 tendo como objetivos a redução da geração de resíduos e na prevenção da poluição. Entre as medidas adotadas para atingir o objetivo proposto destacam-se: o uso de novos materiais na fabricação de computadores, o 49 aproveitamento, o consumo de fontes alternativas de água e a reciclagem de materiais aproveitáveis. A empresa criou em 2008 uma fábrica de placas mãe livre de chumbo e a adoção de embalagens de papel reciclado. Além disso, a empresa, em parceria com a Universidade Positivo, realiza a Análise do Ciclo de Vida de um produto, o que inclui as etapas de extração e o processamento de matérias-primas, fabricação, embalagem, transporte, distribuição, uso, reciclagem ou reutilização até a disposição final. As empresas (de tratamento, gerenciamento da coleta e transporte até a sua destinação final), para as quais são encaminhados os resíduos, são continuamente avaliadas e auditadas. A empresa recebe as máquinas obsoletas por meio da rede de assistências técnicas e tem como proposta colaborar para o aumento do número de computadores com destinação final adequada além de incentivar as doações de equipamentos com bom estado de conservação. A legislação ambiental caminha no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos, o que significa que o fabricante é responsável pelo destino de seus produtos após a entrega aos clientes e pelo impacto ambiental provocado pelos resíduos gerados em todo o processo produtivo, e, também após seu consumo. Outro aspecto importante nesse sentido é o aumento da consciência ecológica dos consumidores capazes de gerar uma pressão para que as empresas reduzam os impactos negativos de sua atividade no meio ambiente (CAMARGO; SOUZA, 2005). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A percepção dos consumidores quanto da necessidade de descarte adequado do lixo eletrônico permitiu o surgimento de uma nova oportunidade de vantagem competitiva. É necessário um esforço da sociedade no sentido de preservar a vida e o meio ambiente as empresas estão compreendendo que elas podem assumir um protagonismo neste sentido para obter vantagens como a captação de novos clientes, aumento de vendas e redução de custos. As empresas aqui citadas, embora tenham apresentado seus programas de reciclagem, no setor produtivo, são resultados positivos que sinalizam a uma preocupação da indústria e do varejo com seus produtos, e sua contribuição com a sustentabilidade ambiental.. As empresas aqui citadas, embora tenham apresentado seus programas de reciclagem, no setor produtivo, são resultados positivos que sinalizam a uma preocupação da indústria e varejo com seus produtos, e sua contribuição com a sustentabilidade ambiental. 50 A atenção das organizações com as questões ambientais é tema recorrente nos âmbitos acadêmico, empresarial e social, destacando-se a necessidade de mitigar os riscos inerentes aos impactos ambientais, em função da utilização dos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA). Nesse contexto, a adoção dos SGA tornam-se ferramentas de fundamental importância para manter a competitividade da empresa, bem como atender as exigências legais quanto à questão ambiental. Conclui-se que diante dos danos ambientais levantadas e da preocupação com o descarte do lixo eletrônico, é importante que haja uma conscientização dos consumidores e responsabilidade das empresas quanto ao ciclo de vida dos produtos e, além disso, uma maior fiscalização por parte dos órgãos governamentais para que seja cumprida a Política Nacional de Resíduos Sólidos, visto que seus impactos ambientais são de grande extensão. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, J. L. Gestão ambiental e responsabilidade social: conceitos, ferramentas e aplicações. Atlas. São Paulo, 2009. AVILA, R.; SMA Organiza mutirão para coletar lixo eletrônico. Planeta Sustentável. Disponível em: < http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/conteudo_396142 .shtml > Acesso em: mar.2015. BOCCHI N.; FERRACIN, L. C.; BIAGGIO, S. R.; Pilhas e Baterias: Funcionamento e Impacto Ambiental. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc11/v11a01.pdf> Acesso em: mar. 2015. BRASIL, Ambiente. ISO 14000. 2007. 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Acesso em: maio. 2015. 53 MARKETING DIGITAL: SITES X REDES SOCIAIS NO BRASIL DIGITAL MARKETING: SITES X SOCIAL NETWORKS IN BRAZIL Carolina Fernanda Gomes - [email protected] Helena Macedo Reis - [email protected] Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (FATEC) – SP – Brasil RESUMO Marketing Digital são atividades que promovem a comunicação de uma empresa, que pode ser utilizada através da internet, telefonia celular, entre outros dispositivos e meios digitais, para a comercialização de seus produtos e divulgação de serviços, para assim conquistar novos clientes, dando a possibilidade de uma interação mais acessível e também abrir um ambiente de comunicação com o seu público. A partir deste tema, o objetivo é destacar as principais ferramentas utilizadas no Marketing Digital, apresentar suas vantagens e desvantagens, e explorar seus retornos. Por fim, fazer uma indicação de qual é a mais apropriada para cada tipo de Empresa. Como base dos estudos, foram realizadas pesquisas bibliográficas em livros e artigos acadêmicos voltados para o assunto de Marketing Digital. Os resultados claramente apontaram boas indicações e grandes vantagens, para um investimento no Marketing Digital, migrando-se dos outdoors, panfletos, comercias de rádios e TV para uma ferramenta online. Palavras-chave: Marketing Digital. Internet. Celular. Comunicação. Empresa. ABSTRACT Digital marketing are activities that promote the communication of a company, which can be used via the internet, mobile phones, among other devices and digital media for the marketing of its products and distribution services, so as to win new customers, giving the possibility a more accessible interaction and also open a communication environment with your audience. From this theme, the goal is to highlight the main tools used in Digital Marketing, present their advantages and disadvantages, and explore their returns, finally, make a statement of what is most appropriate for each type of company.As the basis of the studies were carried out bibliographic research in academic books and articles focused on the Digital Marketing subject.The results clearly showed good leads and great advantages for an investment in Digital Marketing, migrating up the billboards, pamphlets, commercial radio and TV to an online tool. Keywords: Digital Marketing. Internet. Cellphone. Communication. Company. COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO: GOMES, Carolina Fernanda; REIS, Helena Macedo. Marketing digital: sites x redes sociais no Brasil. In: Revista Interface Tecnológica da FATEC Taquaritinga. p. 53-62, jun. de 2016. ISSN online 2447-0864. Disponível em: <www.fatectq.edu.br/Interfacetecnologica>. Acesso em: dia mês e ano. 54 1 INTRODUÇÃO O Marketing Digital, que também pode ser chamado eMarketing, derivou-se do Marketing “tradicional”, que são ações estratégicas, econômicas e sociais adaptadas ao meio eletrônico, que tem a finalidade de expor e divulgar trabalhos e produtos de Empresas, de uma forma simples, rápida e que proporcione liberdade ao usuário para navegar, através de ferramentas digitais. Segundo um dos autores do Marketing de Conteúdo (PEÇANHA, 2014), o Marketing Digital está crescendo vertiginosamente e veio para ficar, pois mais de 90% dos processos de compra tem início em uma busca online. Sendo assim, podem-se encontrar várias vantagens em utilizá-lo: A Interatividade, que o marketing na internet disponibiliza na comunicação direta com o público, aprofundando o relacionamento Empresa/Cliente. O Alcance Global que ao contrário de Outdoors, Flyers e todo tipo de material inserido no “mundo real” para ações de marketing, a divulgação virtual não tem limites de alcance, na internet não existem distâncias a serem percorridas. Também poder medir quantidade de acessos, cliques e visitas, é extremamente importante para enxergar o retorno deste trabalho em tempo real, podendo ser mensurado e assim auxiliar na criação de novas propagandas e anúncios digitais. Por outro lado, existem algumas desvantagens, como a demora para a estratégia ser concebida, que cabe para a ferramentas de Rede Social, que muitas vezes tem o formato de Fan Page, onde os usuários devem “seguir” ou “curtir” a página, atividade que pode consumir bastante tempo de dedicação do profissional de marketing que estará administrando o trabalho, pois depende da atuação do cliente nesta fase (DINO, 2015). Ainda, ao colocar em uma balança, pode-se constatar que a quantidade de vantagens sobressai as desvantagens, fazendo do Marketing Digital uma ótima opção para Empresas que desejam aumentar seus clientes e consecutivamente ter um lucro maior. Para tal, são apresentados na Seção 2, os Principais tipos de Ferramentas do Marketing Digital. Na Seção 3 é descrito porque uma Empresa deve utilizá-lo. Na Seção 4, são apresentadas algumas Ferramentas para o Marketing Digital. Na seção 5 são apresentadas dicas de Como escolher a melhor Ferramenta. Na Seção 6 uma breve comparação entre Sites e Redes Sociais e na seção 8 as conclusões. 55 2 PRINCIPAIS TIPOS DE FERRAMENTAS PARA O MARKETING DIGITAL Existem circulando no mercado, diversas ferramentas para o uso do Marketing Digital nas empresas de uma forma geral. Dentre elas, há o famoso e-mail marketing, que para algumas pessoas tem certa utilidade, entretanto, para outras pode ser uma terrível experiência com caixa de entrada cheia de anúncios e propagandas que não são interessantes, chegam até ser desagradáveis e repetitivas. Todavia, ferramentas que trazem maior eficiência em retorno às empresas são os Sites e a FanPages em Redes Sociais (VALLE, 2016). Redes Sociais As Redes Sociais são estruturas sociais, compostas por pessoas e organizações, que estão conectadas por afinidade ou alguma razão em comum. São ferramentas em que os usuários podem efetuar um login através de uma conta, em qualquer dispositivo que tenha acesso à internet. Podemos utilizá-las no Marketing Digital, que vem crescendo e tomando o seu lugar nas mídias sociais. Entretanto, vale lembrar que a proposta central desses aplicativos, é ser um ambiente totalmente amigável e familiar, que envolva a atenção de quem está conectado por horas e horas, sem ao menos perceber o passar do tempo, graças à comodidade e conforto que podem proporcionar, encontrando “tudo o que precisa” em um só lugar (TAIT, 2014). Sites Sites ou Sítios (em português) são locais na Internet, constituídos por uma ou mais páginas de hipertexto, identificados por um nome de domínio. Podem conter textos, gráficos e informações multimídia. Podem ser acessados também por um dispositivo com acesso à internet, através de um endereço que o direcionará ao que foi digitado. Desde os mais tradicionais e sofisticados, aos mais simples ou flats, naWeb podemos encontrar incontáveis sites, com uma quantidade imensa em opções de conteúdos e diversidade de assuntos. Basicamente, podemos observar, que a Empresa tem total controle no design que vai ser apresentado ao cliente (SILVA, 2009). 56 3 POR QUE UMA EMPRESA DEVE FAZER MARKETING DIGITAL? Em tempos mais recentes, o Marketing Digital está sendo cada vez mais utilizado por empreendedores. Acompanhando a internet, traz como objetivo principal aumentar a lucratividade e a popularidade da empresa. Todavia, quando nos referimos a Web, logo sabemos que existe um amplo território a ser explorado e também aproveitado por quem deseja utilizá-la como base de divulgação. (SIQUEIRA, 2015) Entre muitas opções, a internet é o terceiro Meio de Comunicação mais utilizado no Brasil, de acordo com a Pesquisa Brasileira de Mídia (PBM 2015), a internet só perde para a Televisão e o Rádio, mas isso não significa que os brasileiros não exerçam outras atividades enquanto estes aparelhos estejam ligados, como por exemplo, estar conectado em um smartphone, tablet ou qualquer outro dispositivo móvel que esteja ligado à rede. A vantagem em fazer Marketing Digital, é obviamente pelo grande número de pessoas que podem ser alcançadas, se trabalhado de maneira correta tanto em sites, como em redes sociais. No Brasil, o número de smartphones que estão sendo usados já passam dos 76,1 milhões desde o terceiro trimestre de 2015 (NIELSEN, 2015). Esses dados facilitam a percepção de que há uma grande possibilidade de se ter um serviço eficaz. Por outro lado, aparece a desvantagem de um custo benefício um pouco alto, que talvez pese no orçamento de empresas que estejam iniciando no mercado. Há uma grande necessidade de contratação de um profissional que fique responsável por esse serviço de divulgação virtual. Como na maioria dos casos, toda novidade requer dedicação e em algumas vezes até insistência, para que um público seja atingido e os resultados possam começar a surgir. Mas, tudo isso leva um certo tempo, que podem variar de uma situação para outra. (DINO, 2015) 4 FERRAMENTAS MAIS UTILIZADAS PARA O MARKETING DIGITAL (REDES SOCIAIS) A seguir, serão listadas as Ferramentas das Redes Sociais mais utilizadas, classificadas de acordo com a sua popularidade: 57 Facebook8 Atingindo cerca de 64,82% dos acessos em todo o país, atualmente o Facebooké a rede social mais utilizada no Brasil. (DRUBSCKY, 2015) Com um design simples e direto, o usuário cria uma conta, descrevendo seu perfil e adiciona amigos, a fim de compartilhar conteúdos que sejam interessantes. Também, conta com a opção Criar Grupos ou Páginas, que seriam as famosas FanPages, que podem se tornar um perfil corporativo. YouTube9 Possui cerca de 26,04% dos acessos nacionais, (DRUBSCKY, 2015) o Youtube é considerado uma rede social, por ter perfis (canais), que dão a possibilidade ao usuário de se inscrever em outros canais e assim receber suas postagens em forma de notificação. Conta apenas com carregamento vídeos, que podem ser elaborados, por exemplo, vídeos comerciais para a Empresa. Twitter10 Atingindo 1,36% dos acessos nacionais, (DRUBSCKY, 2015) o Twitter é muito utilizado através dos aparelhos móveis, foi criado com o objetivo de fazer postagens curtas e diretas. 8 https://www.facebook.com/ https://www.youtube.com/ 10 https://twitter.com/ 9 58 Conta com uma aparência mais “maleável”, dando opções de cores e fundos para a sua conta, o usuário tem a possibilidade de seguir outros perfis na rede social. Os posts são limitados a 140 caracteres, que podem ser acompanhados por fotos, links ou vídeos. Instagram11 Atinge cerca de 0,54% dos acessos diários no Brasil, (DRUBSCKY, 2015) o Instagram tem o número de usuários crescendo cada vez mais, por contar com grandes personalidades conectadas ao aplicativo. Na rede social, os usuários estão limitados a postar apenas imagens e vídeos, com as opções de curtir, comentar e direcionar a um amigo. Google +12 Atinge aproximadamente 0,7% dos acessos do Brasil. (DRUBSCKY, 2015) O Google + é uma ferramenta que foi desenvolvida para que todos os serviços do Google fossem integrados em um só lugar. É possível fazer relações com grupos de amigos, através de Círculos e interagir com os contatos que também estejam conectados. 11 12 https://www.instagram.com/ https://plus.google.com/ 59 LinkedIn13 Atingindo cerca de 0,3% dos acessos no Brasil, (DRUBSCKY, 2015) o LinkedIn é considerado uma rede social profissional, que está crescendo em visibilidade e importância. O objetivo central, é que os usuários criem contas onde compartilhem suas experiências profissionais e acadêmicas e o foco não é a diversão e o entretenimento, que faz com que o site seja visto de uma maneira mais formal. Pode-se afirmar, que o Facebook é a Rede Social mais acessada do país, comparada as demais mídias. Sendo assim, pode ser a que mais dê retornos à empresa, pois conta com o maior público. 5 COMO ESCOLHER A MELHOR FERRAMENTA? São inúmeros os fatores que influenciam na hora de escolher a melhor e mais apropriada ferramenta para ser feito uma divulgação virtual. A empresa deve ter um profissional de Marketing, que possa analisar toda a sua estrutura e assim encontrar o que mais se encaixa ao seu perfil. Segundo Vitor Peçanha (2015), os seguintes tópicos são os que mais devem ser priorizados para uma boa escolha: 5.1 Tipos da Empresa e Objetivo O tipo da Empresa se resume no que ela faz, basicamente, é o que a Empresa tem para oferecer ao cliente, se são produtos ou serviços, tendo como objetivo alcançar determinadas metas que podem estar ligadas as Empresas Semelhantes (concorrentes), que são ameaças para a sua popularidade. 13 https://www.linkedin.com/ 60 5.2 Público O público-alvo é para quem a Empresa está se dirigindo. Se são mulheres ou homens, jovens ou idosos, crianças ou adultos, tendo esse fator definido, facilita na escolha entre o Site ou a Rede Social, se baseando em uma pesquisa de quem mais pode acessar determinadas ferramentas. 5.3 Orçamento O público-alvo é para quem a Empresa está se dirigindo, e isso engloba outros diversos subfatores, como a cultura da região, os costumes e acessibilidade à internet. Identificar o gênero: Se são mulheres ou homens, faixa etária: jovens ou idosos, crianças ou adultos, tendo esse fator definido, facilita na escolha entre o Site ou a Rede Social, se baseando em uma pesquisa de quem mais pode acessar determinadas ferramentas. 6 COMPARANDO AS FERRAMENTAS (SITES X REDES SOCIAIS) Atualmente, as Mídias ou Redes Sociais, tem um impacto muito grande, e já é considera indispensável no Marketing Digital. Contudo, não descarta a implementação de um site para a Empresa (MORAES, 2013). Para Empresas de pequeno porte, a melhor indicação é começar por uma Fan Page na Rede Social, que pode ser o Facebook por ter o maior número de acessos e liderar as demais mídias. Começando com conteúdos que façam uma apresentação do que a Empresa oferece (PELEPENKO, 2015). Entretanto, de acordo com o tamanho da Empresa, já deve se pensar em unir as duas ferramentas. Por algumas vezes as Redes sociais limitam o tamanho das postagens e dão a possibilidade de publicações mais curtas, é aí que entra o Website, que estará “linkado” ao post, para que o usuário clique e seja redirecionado a Página Oficial (site da Empresa), onde terá uma informação mais completa. Por fim, podemos afirmar que ambas as Ferramentas podem caminhar juntas, para um Marketing Digital mais eficiente, Sites que tenham botões que levem o usuário à Rede Social e vice-versa (ALBERT, 2015). 61 7 CONCLUSÃO Todas as Empresas devem considerar o Marketing Digital como uma boa opção para a divulgação virtual, levando em consideração todas as vantagens e desvantagens que apresenta, para que se obtenha um serviço eficiente. O Marketing Digital pode aumentar a lucratividade da Empresa, estabelecer relacionamentos com o cliente e de uma forma pública mostrar aos demais toda essa interação através das Redes Sociais. Todavia, não é uma atividade extremamente simples e requer dedicação e tempo do profissional de Marketing para a uma boa criação de conteúdo, publicações que prendam a atenção do usuário e também estratégias de promoções, descontos ou sorteios. Uma boa dica é sempre responder aos comentários de perguntas, elogios e até mesmo críticas que possam surgir durante o processo. Com transparência e visando o melhor para o cliente é certo de que o sucesso será garantido. Por fim, quando pensamos em investimentos na Empresa, devemos sempre estar atentos, calcular os gastos e analisar os lucros. Uma maneira simples de mensurar esses valores é utilizar o ROI (retorno sobre o investimento), que é a relação simples entre a quantidade de dinheiro ganho ou perdido como resultado de um investimento. Apresenta o quanto a Empresa ganhou diante do quanto gastou. Outras métricas também podem ser utilizadas, como o número de curtidas e seguidores em sua página, claramente já provam se o retorno está sendo favorável ou não à popularidade da Empresa. REFERÊNCIAS DINO, Raphael. Vantagens e Desvantagens da utilização de Redes Sociais por Empresas. Tudo sobre Marketing. abril, 2015. Disponível em: <http://tudosobremarketing.com.br/5vantagens-e-desvantagens-da-utilizacao-das-redes-sociais-por-empresas/>. Acesso em: 07 mar. 2016. DRUBSCKY, Luiza. 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Com cada vez mais inovações aparecendo para esse segmento, fazer sua compra pela internet ficou cada vez mais simples, fácil, segura e divertida”. Faz-se necessária, então, uma maior abordagem de todo o processo de compras, de forma a assegurar que pessoas malintencionadas não consigam invadir e utilizar as informações pessoais. Palavras-chave: Segurança. Informação. Compras online. ABSTRACT The current article has as main goal to approach topics about security of information systems related to online shopping. According to the Alternative.NET site: “Due to the growing demand of online shopping, the e-commerce became known and very popular. With more and more innovations coming to this segment, your online purchase became simpler, easier, more secure and funnier”. It is necessary to make a comprehensive approach of the entire purchasing process, to ensure that ill-intentioned people can not invade and utilize personal information. Keywords: Security. Information. Online shopping. COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO: MORAES, Ana Paula; RIBEIRO, Douglas Francisco. Segurança em sistemas de informação: uma abordagem sobre compras online. In: Revista Interface Tecnológica da FATEC Taquaritinga. p. 63-72, jun. de 2016. ISSN online 2447-0864. Disponível em: <www.fatectq.edu.br/Interfacetecnologica>. Acesso em: dia mês e ano. 64 1 INTRODUÇÃO Efetuar compras online é um habito que tem sido cada vez mais comum, principalmente para as pessoas que não tem tempo para ir até as lojas físicas. Basta alguns cliques em seu computador, no trabalho, a qualquer hora, para que o consumidor recebe seus produtos em casa. O comercio eletrônico possui algumas vantagens em relação ao comercio convencional, tais como: mais opções de escolha, possibilitando a redução de tempo, custo de busca para clientes e fornecedores, melhor eficiência no atendimento ao cliente, com facilidade no pagamento, facilidade na comparação de preços, e sempre oferecendo mais opções de compras. Segundo o site techtudo.com.br em sua publicação do dia 26/03/2013 diz que “No total, 61% dos participantes acreditam que as compras pela Internet são mais conscientes que em lojas físicas. “O resultado desta questão reforça que o consumidor gosta de tempo para analisar o produto, avaliar se realmente precisa dele, de modo a formar uma decisão de compra consciente. “A compra online proporciona isso”, analisa o diretor do Kuantokusta, Flávio Pagotto. Apesar de encontrar produtos baratos e com mais comodidade na hora de efetuar uma compra online, é necessário que os consumidores prestem bem atenção em todos os sites de compras, muitos deles podem não ser confiáveis e acabam colocando o consumidor em risco podendo perder todo o dinheiro e correndo o risco de não receber o produto. O desafio que as lojas estão enfrentando no Comércio Eletrônico é a preocupação dos consumidores em relação à segurança. Utilizar tecnologia de segurança torna-se cada vez mais importante, visando o aumento da confiabilidade. 2 SEGURANÇADA INFORMAÇÃO NAS COMPRAS ONLINE A segurança da informação é um tema pertinente para que possa ser protegido contra todas as ameaças, minimizar qualquer tipo de risco e proteger tudo aquilo que é de valor. Segundo Dias (2000, p.16), “Segurança é proteger as informações, sistemas, recursos e serviços contra erros, manipulação não autorizada e desastres visando à redução do impacto e diminuir a probabilidade de incidentes de segurança”. 65 Para os consumidores online, fica difícil saber em qual site é possível confiar para colocar seus dados pessoais e dados bancários, mas para os consumidores que já estão acostumados a efetuar compras via internet o risco de roubo de informações e fraudes também é grande. Nada em segurança é totalmente seguro, mas assim como uma loja física precisa se preocupar com toda segurança com seus clientes, buscando sempre maneiras de assegurar as informações. No mundo virtual deve acontecer o mesmo, as lojas online sempre deverão manter um ambiente online seguro para as compras. Quando estiver efetuando compras online é fundamental fazê-las em sites seguros e de confiança, procurando sempre o certificado de segurança do site que será representado por um “cadeado”. Cuidado ao inserir cartões de créditos na hora de finalizar a compra, observe sempre se a tela que pede as informações confidenciais, como as de pagamento, está com o cadeado ativado e se o endereço do site inicia com o HTTPS:// onde o “s” significa segurança. Segundo o livro Guias de Segurança Online (2013, p.27), “Em qualquer atividade online, cuidado ao usar computadores ou redes de WI-FIpúblicas, pois não é difícil para outros usuários terem acesso ao que você está vendo ou comprando. Tenha a máxima cautela para não colocar suas informações salvando senhas em computadores que não são de sua propriedade. Utilizar senhas fortes para um cadastro de compras online é essencial, para que as senhas sejam seguras o correto é: Criar senhas com letras, números, longas; Trocar a senha sempre a cada dois meses; Não crie senhas fáceis como datas comemorativas, número de documentos. Tenha senhas sempre diferentes. Segundo o livro Cartilhas de Segurança para Internet (2012, p.51), “É por meio da suas contas e senhas que os sistemas conseguem saber quem você é e definir as ações que você pode realizar”. Sempre que finalizar uma compra online não deixe de efetuar o logoff, clicar sempre em sair, logout ou desconectar, e ao finalizar a compra sair para que outras pessoas não consigam ter acesso aos seus dados. 66 3 CERTIFICADO DIGITAL Certificado Digital é um documento eletrônico gerado por uma autoridade certificadora confiável que contém informações sobre entidade (pessoa, empresa, site, computador entre outros), com esse tipo de documento você adquiriu segurança e conveniência em toda transação eletrônica, traz todas as facilidades de segurança para transações via internet. Com o certificado digital é possível atribuir: autenticidade, segurança, e validade jurídica. Segundo o livro Benefícios e Aplicações da Certificação Digital (2012, p.5), “Certificação Digital é a tecnologia que adota mecanismos de segurança, através de algoritmos matemáticos, capazes de garantir autenticidade, confidencialidade, integridade e não-repúdio às informações eletrônicas”. Assinatura Digital nada mais é que a representação de um documento digital que passa a ser remetido para um terceiro com o uso da criptografia, que garante que esse documento não vai ser adulterado. Certificado digital é mais utilizado em sites, blogs, lojas virtuais, sistemas de ecommerce, servidores web e e-mails, que tem por objetivo proteger as informações trafegadas da internet entre o servidor e o navegador web do cliente, que são através dos protocolos SSL14 e TLS15 que todos os dados são criptografados impedindo a falsificação de informações. Todas as pessoas que acessam determinados sites que estejam com certificação digital se sentem com mais segurança, pois todas as informações são sigilosas e garante que o site não é falso, para sites de e-commerce é fundamental que tenha a certificação digital. Os certificados digitais no Brasil são gerenciados pelo ICP Brasil (e-CPF,e-CNPJ, NFe) ela é a autoridade que assegura a identidade digital das pessoas físicas e jurídicas, que garante a assinatura digital de documentos eletrônicos. Os certificados digitaise-CPF e e-CNPJ são as identificações das pessoas físicas e jurídicas em sites, como,na receita federal que podem ser assinados digitalmente documento com validação jurídica e o certificado NF-e que foi desenvolvido para garantir arquivos de notas ficais, isso prova que uma determinada empresa que fez o envio da nota fiscal. Os certificados digitais sãoarmazenados em um servidor, computador ou dispositivo criptográfico (Token). 14 15 SSL: Sigla que significa: Secure Socket Layer. TLS: Sigla que significa: TransportLayer Security. 67 Token é um dispositivo físico que é distribuído por alguns bancos para garantir a segurança dos clientes quando é acessada a conta via internet, pelo caixa eletrônico ou telefone, écriada senhas de transações bancaria através da internet como a internet banking que está evoluindo a cada dia mais, com o uso do token diminui as chances de uma pessoa mal-intencionada querer invadir sua conta via internet. 4 PCI16 PCI é uma norma criada pelas operadoras de cartões de créditos como Visa e Mastercard, cujo objetivo é proteger a privacidade dos cartões de créditos e evitar fraudes. PCI-DSS(PaymentCardIndustry – Data Security Standard)contribui para a proteção de dados dos clientes, a implementação de controles do PCI-DSS pode contribuir para que seus clientes possam usar seus cartões de créditos com confiança e segurança. No Brasila venda via internet está evoluído muito, mas há muitas pessoas que se sentem inseguras ao efetuar uma compra online pelo cartão de crédito, por isso as empresas terão que estar sempre preparadas para proteger todas as informações pessoais do cliente como o número do cartão de credito por exemplo. Existem requisitos de PCI-DSS para obter mais segurança como: Construir e manter uma rede segura. Proteger as informações dos portadores de cartões. Manter um programa de gerenciamento de vulnerabilidade. Implementar medidas de controle de acesso. Monitorar e testar as redes regularmente. Manter uma política de segurança da informação. Criptografia para proteção de dados do cartão. 5 SISTEMAS DE PAGAMENTOS Os sistemas de pagamento online transformam telefones celulares em ferramentas seguras para compras, e é capaz de autorizar pagamento por uma rede de celular, utiliza diversas tecnologias para realizar transações como: 16 PCI: sigla quesignifica:PaymentCardIndustry. 68 NFC17 são pagamentos de aproximação de celular, é chamado de pagamentos contacless, por não precisar ter contato com a máquina de registro. Segundo o site techtudo.com.br publicado dia 31/01/2012diz que “A NFC é uma tecnologia que permite a troca de informações entre dispositivos sem a necessidade de cabos ou fios (wireless), sendo necessária apenas uma aproximação física. A novidade teve origem no padrão RFID18, mas se distanciou deste ao limitar o campo de atuação de frequências para uma distância de até 10 centímetros, objetivando tornar-se mais segura. O Banco do Brasil começou a adotar os sistemas de pagamentos via smartphone, agora no Brasil essa tecnologia já chegou permitindo o pagamento de lojas físicas pela aproximação do celular em parceria com a Cielo que será usado um aplicativo Ourocard-e disponível apenas para Android. Segundo o site tecmundo.com.br publicado dia 30/03/2015 diz que “Por meio de cartões virtuais atrelados ao cartão físico, os usuários poderão usar o aplicativo Ourocard-e – disponível apenas para Android – para fazer compras e pagar contas. O correntista pode ainda criar quantos cartões virtuais desejar, todos vinculados a um cartão de plástico, mas sem a cobrança de anuidade. ” As vantagens do NFC é a rapidez que são feitas as transações online e também não se corre o risco da clonagem, assim, quando é feita a transação é emitido uma chave de segurança no sistema eliminando a possibilidade da detecção do número do cartão de crédito. Google Wallet também é um sistema de pagamento móvel via internet é armazenado as informações do cliente e a utilização do número de cartões de credito direto na conta da Google,em parceria com a MasterCard assim realizando pagamentos de compras online e permitindo enviar dinheiro via e-mail para qualquer conta. O primeiro dispositivo a usar o Google Wallet foi o Nexus S de uma operadora chamada Sprint, que requer um chip NFC para poder fazer pagamentos via internet somente com a aproximação de um smartphone. O chip NFC é completamente seguro pois é desativado quando a tela do celular estiver apagada assim não correndo o risco de hackers querer invadir sua conta via internet. O Google Wallet tem muita segurança, pois se a pessoa digitar a senha muitas vezes e der erro o aplicativo trava para a sua própria segurança e isso faz com que entre em contato com a Google. 17 18 NFC: sigla que significa: Near Field Communication. RFID:sigla que significa: Radio FrequencyIDentification. 69 Segundo o site tecmundo.com.br publicou no dia 16/05/2013,diz que “De acordo com a página de descrição da nova ferramenta, todas as informações financeiras dos usuários vão estar, além de criptografadas, protegidas pelos “servidores de segurança” da Google. Ademais, se qualquer transação não autorizada for, de alguma forma, feita, um serviço de proteção promete cobrir em 100% o valor “perdido”. A outros sistemas de pagamentos como a Apple Payque é um sistema de pagamento para IPhones, mas com disponibilidades por enquanto somente nos Estados Unidos desenvolvido pela Apple Inc. O objetivo de usar a Apple Pay é a substituição da carteira por cartões de créditos sem fio para que o usuário tenha mais facilidade na hora de efetuar compras, quando realizar a compra basta aproximar o IPhones do terminal NFC e escolher a opção de pagamento, é essencial que tenha autenticação via Touch ID para poder finalizar a compra. Touch ID é um sensor biométrico desenvolvido pela Apple Inc,queao invés da digitação desenhas, bastacolocar o dedo no botão home para ter a confirmação de sua identidade. O código do cartão de credito para a segurança do usuário é armazenado de forma criptográfica em um chip para a proteção de todas as informações em caso de perda ou roubo para que pessoas mal-intencionadas não tenham acesso a suas informações. Segundo o site tecnoblog.net publicado dia 09/10/2014 diz que “Em caso de perda ou roubo do iPhone, o usuário não precisará se preocupar com esta questão, portanto. De igual forma, a pessoa poderá anular transações indevidas via FindMy iPhone sem ter que cancelar o cartão”. O objetivo de sistemas de pagamentos móveis é a utilização do celular ao invés de cartão de créditos ou débitos isso faz com que tenha mais segurança em relação as compras online via móbile. 6 CRIPTOGRAFIA Criptografar todos os dados é muito importante, pois a criptografia transforma texto ou dados em cifras que não pode ser visualizado por ninguém, a não ser a pessoa que deveria realmente receber esses dados. Existem dois tipos de criptografia, simétrica e assimétrica, ou também pode ser chamada de criptografia pública e privada. 70 Segundo Jerônimo C.Pellegrini, (2015, p.141)“A criptografia de chave privada permite proteger dados contra acesso não autorizado (um arquivo encriptado só será lido por quem conheça a chavepara desencripta-lo)”. Segundo Paulo J. Almeida,(2012, p.18) “A Criptografia simétrica é a arte e ciência de enviar mensagens secretas. O emissor usa uma chave para cifrar a mensagem, esta é enviada até o receptor que usa outra chave para a decifrar”. Existem dois tipos de protocolos criptográficos: SSL19: é um protocolo de segurança que é criptografado entre um servidor web e um navegador para garantir que todos os dados sigilosos estejam seguros, quando optar por utilizar o protocolo SSL no seu servidor web você terá que responder algumas questões sobre seu site com, por exemplo, a URL e de sua empresa como, por exemplo, a razão social e o endereço, então o servidor criara duas chaves criptográficas que são: chaves privadas e públicase então o servidor vai associar o certificado emitido pela chave privada e ira estabelecer um link criptografado entre a web site e o navegador. TLS20:é um protocolo criptografado para que todas as informações estejam com segurança entre servidores e usuários, funciona em provedores de e-mails como o Gmail, por exemplo, que estará protegido desde o envio até o recebimento de mensagens. O objetivo do TLS é segurança da criptografia, eficiência relativa que tende a utilizar operações de criptografia utilizando um processo intensivo com as operações de chaves públicas, deve ser usada para estabelecer uma conexão segura. HTTPS21 é um protocolo de transferência de hipertexto seguro que inseri uma camada de proteção na transmissão dos dados entre o computador e o servidor, também é uma camada de segurança que utiliza os protocolos SSL e TLS, em sites que contem HTTPS são sites que contem seguranças criptografadas. Para identificar se um determinado site está usando uma criptografia, é só identificar a barra de endereços onde vai ser possível identificar o HTTPS, muitos sites usam o protocolo HTTPS como, por exemplo: Facebook, Twitter, Google+, Google entre outros, HTTPS é baseado nas autoridades de certificação. HTTP 2.0 é a segunda versão do protocolo de rede HTTP que é a troca ou transparecia de hipertexto, no HTTP 2.0 as requisições e respostas são paralelas e com velocidade ao carregar as páginas nos navegadores e vem com um desempenho melhor para os serviços da 19 SSL: Sigla que significa: Secure Socket Layer. TLS: Sigla que significa: TransportLayer Security. 21 HTTPS: Sigla que significa: HyperTextTransferProtocolSecure. 20 71 internet e com isso será baseado no protocolo SPDY que é um protocolo compatível ao HTTP que foi lançado pelo Google que funciona somente nos navegadores Chrome, Opera, Firefox e na plataforma AmazonSilk. SPDY é um protocolo de rede que foi desenvolvido pela empresa de tecnologia Google e o órgão regulamentador do HTTP, implementou a versão 2.0 do HTTP que foi baseado nesse protocolo. 7 CONCLUSÃO Hoje vivemos na era da informação onde o comercio eletrônico é o que mais cresce mundialmente, fazer compras via internet está sendo uma forma rápida, facilitando o dia-a-dia das pessoas em qualquer parte do mundo. Os consumidores que utilizam sites para realizar suas compras além da comodidade, têm também na maioria das vezes, preços mais acessíveis, produtos mais variados e diferenciados dos que se tem em lojas físicas. O grande crescimento das compras online mudou o habito dos consumidores que estão deixando de lado as lojas físicas e optando pelas lojas virtuais, por motivo de realizar compras via internet sem sair de casa. Quando falamos sobre compras online a vários fatores a serem abordados como a segurança da informação, com o crescimento das compras online,também aumentou as ameaças virtuais, fazendo com que os consumidores estejam atentos às vulnerabilidades, por isso,sempre será necessário a verificação de segurança como: verificar o cadeado na barra de endereços, extensões do site, pesquisando o nome do site, se a uma conexão segura como “HTTPS”, e procurando sempre a certificação do site. Não existe segurança total para transações seja ela virtual ou não, pois pessoas malintencionadas se aproveitam para tentar levar vantagem, mas a muitas ferramentas desenvolvidas e aperfeiçoadas para garantir e assegurar o máximo de segurança possível como os certificados digitais, PCI, sistemas de pagamentos online através de celulares e a criptografia. REFERÊNCIAS ALTERNATIVE. NET, 2015. Disponível em: <http://alternative.net.br/e-commerce/>. Acesso em: 07 maio 2015. 72 BENEFÍCIOS E APLICAÇÕES DA CERTIFICAÇÃO DIGITAL, 2012, p.5, Disponível em: <http://www.fenacon.org.br/usuarios/arquivos%5Cpublicacoes%5CBenef%C3%ADcios_Apl ica%C3%A7%C3%B5es_CD.pdf. > Acesso em: 25 março 2015 CARTILHAS DE SEGURANÇA PARA INTERNET, 2012, p.51. Disponível em: <http://cartilha.cert.br/livro/cartilha-seguranca-internet.pdf>. Acesso em: 24 março 2015. DIAS, 2000, p.16, SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO. Preservação das Informações Estratégicas com Foco em sua Segurança”. Disponível em: <http://dsic.planalto.gov.br/documentos/cegsic/monografias_1_turma/silvana_crispim.pdf. > Acesso em 13 jan. 2015 DIAS, 2000, p.56, GESTÃO DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO. Disponível em: <http://www.mlaureano.org/aulas_material/gst/apostila_versao_20.pdf. > Acesso em: 13 jan. 2015 GUIAS DE SEGURANÇA ONLINE, 2013, p.27, Disponível em: <http://www.avgbrasil.com.br/docs/AVG_EBOOK.pdf > . Acesso em: 25 mar 2015. PELLEGRINI, Jerônimo C., 2015, p.141. INTRODUÇÃO A CRIPTOGRAFIA E SEUS FUNDAMENTOS. Disponível em: <http://aleph0.info/cursos/ic/notas/cripto.pdf.>. Acesso em 13 jan. 2015 ALMEIDA, Paulo J., 2012, p.18. CRIPTOGRAFIA E SEGURANÇA. Disponível em: <http://arquivoescolar.org/bitstream/arquivo-e/195/1/CS11_12.pdf. >. Acesso em: 13 jan.2015. TECHTUDO, 2013, Disponível em: <http://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/03/compra-online-e-mais-consciente-queem-lojas-fisicas-revela-estudo.html. > Acesso em: 24 março 2015. TECHTUDO, 2012, Disponível em: <http://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2012/01/oque-e-nfc.html. > Acesso em 24 março 2015. TECMUNDO, 2013, Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/gmail/397a82-googlewallet-novo-servico-permite-pagamento-e-envio-de-dinheiro-via-gmail.htm>. Acesso em: 24 março 2015. TECNOBLOG, 2014, Disponível em: <https://tecnoblog.net/165116/apple-pay-nfc-iphone>/, Acesso em: 24 março 2015. 73 SISTEMA PARA SUBMISSÃO DE ARTIGOS A SYSTEM TO SUBMIT ARTICLES Igor Roberto Guilherme - [email protected] João Henrique Sass de Souza - [email protected] Reginaldo Ferreira M. Junior - [email protected] André Luiz Tiezi Donadon - [email protected] Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (FATEC) – SP – Brasil RESUMO A publicação de um artigo é uma tarefa que demanda muito tempo, pois, o autor e os avaliadores precisam estar sempre se comunicando para possíveis correções, e como em alguns casos, tanto o autor como o avaliador, não são de uma mesma região. Assim, um sistema para organizar e automatizar este processo é de grande valia, em virtude disso foi desenvolvido um sistema para submissão de artigos para Fatec Taquaritinga, com tudo, o presente artigo visa testar e validar o sistema com base em um estudo de usabilidade e grau de dificuldade na utilização, criando uma boa experiência para todos os usuários. O sistema foi elaborado para que os usuários pudessem ter acesso de maneira fácil e agradável, juntamente com as tecnologias HTML5, CSS3, Javascript, PHP e MySQL. Além de facilitar o gerenciamento dos artigos este projeto trouxe um grande aprendizado para os alunos que desenvolveram o sistema. Palavras chave: Artigo. Submissão. Avaliadores. Usuários. Revista. ABSTRACT The publication of an article is a task that demands much time, because the author and the evaluators need to be in constant communication to possible corrections, and in some cases, both author as evaluators aren’t of the same region. So, a system to organize and automate the process is of great value. It was developed a system for article submission to Fatec Taquaritinga magazine.Therefore, this article aims to test and validate the system, based on a study of usability and degree of difficulty in using and creating a good experience for all users.The system was developed so that the users can have an easily and enjoyable access, using the HTML5, CSS3, Javascript, PHP e MySQL technologies. Beyond facilitating the management of the articles this project brings a relevant learning to the students who developed the system. Keywords: Article. Submission. Evaluators. Users. Magazine. COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO: GUILHERME, Igor Roberto; SOUZA, João Henrique Sass de; M. JUNIOR, Reginaldo Ferreira; DONADON, André Luiz Tiezi. Sistema para submissão de artigos . In: Revista Interface Tecnológica da FATEC Taquaritinga. p. 73-79, jun. de 2016. ISSN online 2447-0864. Disponível em: <www.fatectq.edu.br/Interfacetecnologica>. Acesso em: dia mês e ano. 74 1 INTRODUÇÃO O processo para a publicação de um artigo é uma tarefa que demanda muito tempo, pois, o escritor do artigo e os avaliadores precisam estar sempre se comunicando para possíveis correções, e como em alguns casos, tanto o escritor como o avaliador, não são da mesma localização, acabam por atravancar o fluxo deste processo, por problemas de comunicação e logística. O sistema para submissão e avaliação de artigos foi desenvolvido com o propósito de simplificar, automatizar e agilizar o contato entre o escritor do artigo e os avaliadores. Como este processo é feito de forma manual, sem uma padronização, demasiadamente trabalhoso e lento, foi pensado o desenvolvimento de um sistema, em um ambiente online, para intermediar este processo, eliminando problemas como: comunicação entre as partes, padronização do artigo e tempo de comunicação. O objetivo deste sistema é melhorar o fluxo de submissão para artigos e avaliações, também, possibilitando que escritores e avaliadores possam fazer esta comunicação de maneira rápida, simples e organizada em qualquer lugar do mundo. Os requisitos deste sistema foram levantados com os docentes da Fatec Taquaritinga para definir quais as funcionalidades seriam necessárias para o bom funcionamento do sistema e também quais restrições e funcionalidades extras poderiam ser adicionadas ao projeto para facilitar ainda mais esta atividade, que antes era manual. O projeto foi desenvolvido utilizando a metodologia de desenvolvimento incremental, pois, como este sistema seria de grande valia e necessitava de ser disponibilizado rapidamente, nos possibilitou desenvolver a funcionalidade principal do sistema e aprimora-lo constantemente até estar completamente pronto. 2 DESENVOLVIMENTO: DESCRIÇÃO O sistema de submissão de artigos será utilizado no ambiente acadêmico desta instituição. Ao ser acessado, ele apresentará algumas ferramentas para satisfazerem o acesso do corpo docente e alunos. Para se fazer esta submissão de artigos é necessário que o aluno se cadastre previamente, feito isso, ele poderá submeter artigos apenas necessitando preencher alguns campos com seus dados e dados sobre seu artigo. Quando um docente acessa o sistema como avaliador e é constatado que este é o seu primeiro acesso no sistema, será redirecionado para uma seção onde ele deverá 75 obrigatoriamente alterar a sua senha. Após a modificação de sua senha de perfil, ele poderá ter acesso aos artigos à ele definidos para avaliar, sendo possível aprovar, rejeitar ou reprovar estes artigos. Caso o avaliador aprove o artigo, e o todos os outros também, uma confirmação será enviada ao autor, mas se o artigo for rejeitado, este avaliador deverá indicar um motivo e as devidas correções que o autor necessitará realizar para fazer o reenvio deste artigo, e se o artigo for reprovado o artigo será cancelado, independente do parecer dos outros avaliadores, pois, esta opção indica que o artigo infringe certas ou é um plágio. Quando um artigo rejeitado é corrigido pelo autor e reenviado, ele será exibido na aba de reenviado, onde o avaliador poderá analisar se todas as modificações necessárias foram feitas e dar seu parecer. O docente responsável pela seção de Administrador fica responsável por mediar os artigos aos respectivos avaliadores de acordo com o tema do artigo, tendo de escolher 3 avaliadores que sejam da mesma área deste artigo submetido. Em sua página inicial é possível observar quantos artigos novos ele tem para encaminhar para os respectivos avaliadores ou avaliar, caso queira ser um avaliador também. Este administrador também será o responsável por aceitar ou recusar as requisições de docentes que desejam ser avaliadores do sistema. Para que estes sejam aceitos no sistema é necessário que entrem em contato previamente com o administrador para demonstrar este interesse. Todas as ações e modificações realizadas pelos avaliadores ou pelos autores serão notificadas para os responsáveis via e-mail, cadastrado anteriormente no sistema. Assim facilitando que ambas as partes estejam constantemente atualizadas sobre o andamento do processo, novidades, alertas e obter um registro dessas ações. 2.1 Usabilidade Figura 1 - Ilustração da tela principal do site “Interface Tecnológica”. Fonte: FATEC de Taquaritinga (2015) – disponibilizada pelos autores 76 A interface do sistema foi elaborada para que os usuários pudessem ter um acesso de maneira fácil, agradável e não se sentissem com os olhos cansados, em virtude disso foram utilizados tons mais claros para melhorar a experiência de leitura no site, cujo os tons são os mesmos da Revista de Interface Tecnológica. A parte visual do sistema também foi desenvolvida de forma com que não perdesse a identidade visual do site da Fatec Taquaritinga, e ao mesmo tempo fizesse uma diferenciação entre os sistemas. O desenvolvimento do projeto teve seu enfoque em criar a mesma experiência para todos os usuários, independentemente do dispositivo de acesso, assim foi analisado se cada seção e funcionalidade do site poderia ser utilizada de maneira correta, mesmo nos menores dispositivos e por usuários que não sejam habituados à utilização de tecnologias em seu dia a dia. Também para expandir o número de usuários e melhorar sua experiência na utilização no sistema, é disponibilizado a internacionalização das informações no site, possibilitando que usuários de outros países possam ter um boa experiência sem ter o conhecimento da língua portuguesa. O sistema foi construído gradualmente para que as funcionalidades principais estivem disponíveis rapidamente, enquanto as funcionalidade extras foram implementadas em ordem cronológica e de importância, aprimorando o sistema e melhorando a experiência dos usuários que utilizam o sistema. 2.2 Tecnologias O sistema foi desenvolvido utilizando as seguintes tecnologias: HTML5- Linguagem de marcação de texto, utilizada para criar as estruturas, onde todas as informações serão dispostas e organizadas de modo semântico, para tanto que os usuários como, navegadores e interpretadores possam entender sua estrutura e assim entender suas informações. CSS3- Linguagem de folha de estilos, utilizada para modificar a parte visual da estrutura do sistema, tornando-o agradável ao usuário, legível e de fácil compreensão. Também responsável pela função de fazer este conteúdo ser disposto de melhor forma possível para o usuário independente de qual dispositivo dele acesse o sistema. Javascript- Linguagem de programação baseada em scripts, utilizada para validações em campos onde o usuário poderá inserir dados, filtrando se os dados estão sendo enviados realmente e de forma correta, de acordo com a necessidade de cada campo. 77 PHP- Linguagem de programação baseada em scripts executada no servidor, utilizado para fazer a conexão entre o sistema e o banco de dados, trazendo as devidas informações de acordo com cada situação e a utilizando no lugar correto de acordo com a estrutura do sistema. MySQL- Banco SQL, utilizado para armazenar as informações, organizar e categorizar de acordo com seu tipo e contexto. 2.3 Pesquisa Uma pesquisa foi realizada com 10 pessoas que utilizaram o sistema e apresentaram sua opinião, como se pode observar nas imagens a seguir: Figura 2 - Gráfico de pesquisa com intuito de saber o quão útil é o sistema Fonte: Elaborado pelos autores Fonte: Elaborado pelos autores 78 Figura 3 – Gráficos de representação gráfica dos resultados da pesquisa Fonte: Elaborado pelos autores 3 CONCLUSÃO O sistema foi desenvolvido para atender uma grande necessidade que a Fatec Taquaritinga havia, tanto para divulgação de sua Revista Tecnológica, quanto para facilitar o gerenciamento dos artigos por meio dos editores responsáveis e avaliadores. Cabe ressaltar da importância do desenvolvimento deste projeto, que foi seguido à risca a sua proposta orientada pelo professor André Donadon desta mesma instituição. Além das necessidades que já foram relatadas, o projeto de desenvolvimento da Revista de Interface Tecnológica, trouxe um enorme aprendizado para os alunos que desenvolveram este, tanto na parte teórica quanto prática. Em versões futuras, a aplicação pode ser aprimorada para melhorar ainda mais o acesso de deficientes visuais, por exemplo. É de extrema importância relatar que todas as funcionalidades propostas do sistema se encontram totalmente funcionais, inclusive todos os requisitos levantados durante a elaboração do caso de uso foram realizados. O sistema atualmente se encontra disponível para utilização de qualquer usuário independentemente de seu posicionamento na hierarquia da instituição. Foram realizados diversos comparativos com sistemas de submissão de artigos já existentes, afim de verificar se o sistema desenvolvido se encontra padronizado entre os sistemas da mesma espécie. 79 Foi selecionado o sistema de submissão de artigos da Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental (RBEAA), por conta da semelhança entre este sistema e o desenvolvido para a Fatec Taquaritinga. Na análise foi possível observar que o sistema RBEAA apesar de possuir uma interface ultrapassada, oferece com perfeição o recurso principal de submissão de artigos, porém, o RBEAA não disponibiliza alguns recursos como a internacionalização (disponibilização do sistema em diversas línguas), o que limita o acesso a diversos grupos de usuários. Após a análise e o comparativo com o sistema já relatado, é possível concluir também que o sistema traz recursos extras, que facilitam o acesso por diversos tipos e limitações de usuários a aplicação, sendo um diferencial se comparado a outros sistemas. REFERÊNCIAS MORAES, Anamaria de. Design e avaliação de interface. São Paulo: iUsEr, 2006. PREECE, Jennifer; ROGERS, Yvonne; SHARP, Helen. Design de Interação: Além da interação homem-computador. Porto Alegre: Bookman, 2005. PRESSMAN, Roger S. Engenharia de software: Uma abordagem profissional. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. ROMANI, Roberto; Usabilidade na Web, Universidade estadual de Campinas, Disponível em: <http://ftp.unicamp.br/pub/apoio/treinamentos/tutoriais/tut_UsabilidadeWeb.pdf,> Acesso em: 2016 80 A RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE CLASSE A E O SEU REUSO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS DO SETOR RECYCLING OF CONSTRUCTION WASTE CLASS A AND THEIR APPLICABILITY IN THE PRODUCTION OF NEW MATERIALS Douglas Sadalla de Lira - [email protected] Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (FATEC) – SP – Brasil RESUMO A utilização da ferramenta reciclagem nos resíduos da construção civil de classe A, permite realizar a aplicação do reuso destes, pois, após os geradores responsáveis pelos resíduos realizarem uma destinação correta, organizações que são capazes de realizar uma gestão destes resíduos entram em cena e permitem assim que sejam realizados o reaproveitamento, reutilização e reciclagem, reduzindo os volumes de resíduos da construção civil descartados em aterros, preservando recursos naturais e buscando uma nova finalidade a estes resíduos tornando-os uma alternativa sustentável e economicamente viável e consequentemente uma diminuição dos impactos no meio ambiente, trazendo benefícios: ambientais econômicos e sociais. Palavras-chave: Reciclagem. Resíduos. Construção Civil. Reutilização. ABSTRACT Using the tool recycling the waste of construction civil of class A, allows make an application to reuse these, therefore, after the responsible waste generators by performing a destination correct, organizations are able to carry out What A Waste Management took these into play and allow so be done to the reuse , the reuse and recycling , reducing the volume of waste disposed of construction in landfills, preserving natural resources and seeking a new purpose to this waste, making one sustainable alternative and economically viable and consequently reduced environmental impacts of not bringing benefits: environmental, economic and social . Keywords: Recycling . Waste. Construction Civil. Reuse. COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO: LIRA, Douglas Sadalla de. A reciclagem de resíduos da construção civil de classe a e o seu reuso na cadeia de suprimentos do setor . In: Revista Interface Tecnológica da FATEC Taquaritinga. p. 80-92, jun. de 2016. ISSN online 2447-0864. Disponível em: <www.fatectq.edu.br/Interfacetecnologica>. Acesso em: dia mês e ano. 81 1 INTRODUÇÃO Segundo Pinto (1999), a estimativa das cidades brasileiras em relação a geração de resíduos da construção civil varia entre 41% a 70% da massa total de resíduos sólidos urbanos, sendo é igual ou maior que a massa de resíduo domiciliar, enquanto as estimativas internacionais variam entre 130 e 3000 kg/hab./ano. Uma das formas de reduzir o impacto gerado pelos resíduos da construção civil no meio ambiente é por meio da reciclagem ou reuso destes resíduos, de acordo com a Resolução nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. A utilização da ferramenta reciclagem dos resíduos de classe A, permite realizar a aplicação do reuso de resíduos providos da construção civil, pois, após os geradores responsáveis pelos resíduos realizarem uma destinação correta, organizações que são capazes de realizar uma gestão destes resíduos entram em cena e permitem assim que sejam realizados o reaproveitamento, reutilização e reciclagem, reduzindo os volumes de resíduos da construção civil descartados em aterros, preservando recursos naturais e buscando uma nova finalidade a estes resíduos tornando-os uma alternativa sustentável e economicamente viável e uma diminuição dos impactos no meio ambiente. 1.1 Conceitualização do tema: Resolução nº 307 O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) criou a Resolução CONAMA nº. 307, publicada em 2002, para estabelecer diretrizes de gerenciamento, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, como demonstra em síntese na figura 1. 82 Figura 1 - Síntese da Resolução nº 307/02 Fonte: Elaborada pelo Autor (2015) Esta resolução juntamente com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), visam: Importância da aplicação de técnicas que reduzam os impactos ambientais gerados pelos resíduos providos do setor da construção civil; A destinação final dos resíduos de acordo com uma classificação sugerida e em locais específicos de acordo com a norma e licenciada; No que diz-se respeito à responsabilidade dos resíduos da construção civil provenientes de construção, reforma, reparo, demolição,extração e toda atividade ligada ao setor, o próprio gerador que torna-se responsável pelo resíduo; A reciclagem de resíduos da construção civil e a gestão integrada de resíduos integram uma economia na produção e reuso destes resíduos como matéria prima, assim gerando um ganho para a humanidade, no quesito ambiental, econômico e social. 2 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC) NO BRASIL De acordo com a Resolução nº 307 do CONAMA de 5 de julho de 2002, os resíduos da construção civil são conhecidos popularmente como entulhos de obra, sua obtenção da-se através das atividades do setor da construção civil que são: Construções, demolições, reformas e reparos. 83 Estes resíduos englobam todos resíduos provenientes desde a preparação da área à ser realizada a obra, até as sobras de materiais da construção civil como tijolos, blocos cerâmicos, bloquetes, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, todos os materiais ligados a obra. O Art. 3º da resolução classifica os resíduos da construção civil da seguinte forma: Classe A– São resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados. São provenientes: a) Das construções, demolições, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) De reparos em edificações, como por exemplo, os componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) Dos processos de fabricações e/ou demolições das peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; Classe B – Resíduos que podem ser reciclados, provenientes de plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e outros; Classe C – Resíduos que ainda não pode-se realizar a reciclagem ou recuperação, pois ainda não há tecnologias e reaplicações economicamente viáveis desenvolvidas. Estes resíduos a resolução não exemplifica quais materiais se encaixam nesta categoria. Classe D - Resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros. Os resíduos da construção civil no Brasil representam um grave problema, pois muitas vezes a disposição de forma irregular, gerando problemas de ordem estética, ambiental e de saúde pública. Estes resíduos representam cerca de 50 a 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos (BRASIL, 2005). O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (2011), no gráfico 1 demonstra a estimativa da quantidade coletada de Resíduos da Construção Civil nas diferentes regiões do Brasil (toneladas/dia) em 2011. 84 Gráfico 1 - Estimativa da quantidade coletada de Resíduos da Construção Civil nas diferentes regiões do Brasil (toneladas/dia) Fonte: Plano Nacional de Resíduos Sólidos (2011) De acordo com Villari (1992), grande parte dos países do mundo apresentam um aumento notável na geração dos RCC, mas, ao contrário dos países europeus, o Brasil possui poucas unidades de reciclagem. Na tabela 1 demonstra a estimativa de RCC do Brasil e de alguns países. País Tabela 2 - Estimativa de geração de RCC em alguns países Em milhões toneladas/ano Em quilos/habitantes/ano Suécia 1,2 - 6 136 - 680 Holanda 12,8 - 20,2 820 - 1.300 Estados Unidos 136 - 171 463 - 584 50 - 70 880 - 1.120 Bélgica 7,5 - 34,7 735 - 3.359 Dinamarca 2,3 - 10,7 440 - 2.010 Itália 35 - 40 600 - 690 Alemanha 70 - 300 963 - 3.658 99 785 3,2 - 4,4 325 - 447 31 230 -760 Reino Unido Japão Portugal Brasil Fonte: IPEA (2012) 85 2.1 Resíduos de construção e demolição (RCD) Os Resíduos de Construção e Demolição – RCD deriva do RCC segundo a Resolução nº307 do CONAMA de 5 de julho de 2002, sua definição e suas características provém da atividade direta da construção civil, sendo o resultado de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil. De acordo com Ministério do Meio Ambiente – MMA (2011), os resíduos de construção civil e demolição (RCD) nos municípios, vêm aumentando notavelmente. A origem do RCD, origina-se de: Execução de reformas, ampliações e demolições; Construções novas edificações acima de 300m²; Construções de novas de residências individuais, tanto grande ou pequeno porte, formalizadas ou informais. 2.1.1 Destinação dos resíduos da construção civil A destinação dos resíduos da construção civil é uma parte muito importante da gestão de resíduos, já que a destinação deve ser realizada em função da classificação de cada resíduo, conforme o quadro 1. Quadro 1 - Formas de destinação dos Resíduos da construção civil Classes Destinação A Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura. B Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura. C Deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas especificas D Deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas especificas. Fonte: CONAMA (2002) 86 2.2 Impacto Ambiental da Construção Civil De acordo com John (2000), a qualidade de vida do meio urbano está relacionado aos impactos ambientais que são resultados de um conjunto de processos que acompanha a construção civil, estes impactos podem influenciar todo o ecossistema podendo alterá-lo drasticamente ou até provocar sua extinção, por meio de inundação de grandes áreas, corte de vegetações, impermeabilização do solo, a fase de construção é onde acaba gerando a gama de resíduos de construção civil. O autor ainda afirma que os principais impactos ambientais relacionados aos RCD, são aqueles associados às deposições irregulares, comprometendo a mobilidade urbana e a paisagem, além de agir na multiplicação de vetores de doenças e outros efeitos. Além de ambientais, os impactos podem influenciar diretamente no meio social, econômico e visual. A (Figura 2), demonstra a cadeia da construção civil, desde o processo de extração da matéria prima até sua disposição final. Figura 2: Cadeia da Construção Civil Fonte: SCHENEIDER (2003) 3 RECICLAGEM DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL A reciclagem dos resíduos da construção civil é uma alternativa que atende o quesito de redução dos impactos causados pela: Geração dos RCC; e Extração da matéria prima. 87 Segundo Ângulo, Zordan e John (2001), a reciclagem dos resíduos da construção civil causa um impacto positivo no ambiente, reduzindo: a) O consumo de recursos naturais não renováveis, quando substituídos por resíduos reciclados; b) Áreas para aterro, já que com a reciclagem há uma redução do volume de descarte final; c) No consumo de energia durante a produção e extração. Segundo o SINDUSCON-SP (2005), é importante que comece-se desde o manuseio dos resíduos no interior do canteiro a identificação de materiais reutilizáveis, que geram economia tanto por dispensarem a compra de novos materiais como por evitar sua identificação como resíduo e gerar custo de remoção. Cerca de 90% do RCD que é descartado pode ser reaproveitado. Após o processo de reciclagem todo o RCD, pode ainda ser reutilizado na confecção de em blocos, tijolos, concretos não estruturais, argamassas e outros materiais. Segundo John (2000) a reciclagem do RCC destaca-se por várias vantagens do ponto de vista de sustentabilidade, assim inserção da reciclagem no ciclo do entulho (figura13), visa: Redução do descarte de materiais e dos impactos ambientais; Redução de custos da cadeia de produção; Baixa barreira legal; Demanda crescente por uso do reciclado. 3.1 Usinas de reciclagem de resíduos da construção civil Conforme Lima (1999) uma usina de reciclagem de resíduos da construção civil utiliza equipamentos do setor da mineração para realizar a reciclagem dos resíduos, ou seja, para esta usina opera com uma britagem adaptada para triturar entulho, possui normalmente equipamentos como britadores, peneiras, transportadores de correia, etc. Para a usina conseguir realizar o processo de transformação do RCD em matéria prima reciclada é preciso: Chegada do caminhão com entulho ao pátio de triagem; e Checagem para saber se há resíduos de outras classes. 88 O processo de reciclagem de uma usina recicladora de RCD consiste em um conjunto etapas e maquinas para triturar estes RCD e os destinando corretamente para diversos reaproveitamentos. Os passos da usina de reciclagem são: Passo 1: O material a ser britado é colocado no alimentador vibratório. No alimentador existe uma grelha para retirada de materiais finos que recolhe a terra para um transportador de correia, formando uma pilha ao lado. Esse processo de retirada da terra evita o desgaste desnecessário das mandíbulas do britador Passo 2: Do britador sai um transportador de correia radial que pode se posicionada hora em direção a pilha de agregado vermelho e hora em direção a peneiravibratória, conforme o momento do processo. Passo 3: Da peneira vibratória saem agregados de entulhos cinza de diversos tamanhos já separados e cada um é levado por um transportador de correia para sua pilha final, gerando a classificação para a venda. Segundo a ABRECON (2013), o Brasil até o final do ano de 2013 possuía 110 usinas de reciclagem de resíduos classe A, conforme o gráfico 2. O estado que possui o maior numero de usinas de reciclagem de resíduos da construção civil é o estado de São Paulo, devido à grande quantidade de atividade de construção civil, gerando assim um maior volume de RCC. Gráfico 3 - Usinas de reciclagem de RCD classe A inauguradas ao longo dos anos no país Fonte: ABRECON (2013) Pode-se realizar a reciclagem do RCD diretamente na obra, utilizando equipamentos móveis. A realização no próprio canteiro de obra mostra-se vantajosa, pois ali mesmo no local com os agregados processados pode-se realizar a reutilização na obra, como revestimento ou 89 argamassa de assentamento. A redução dos custos envolvidos no descarte do entulho e com a compra de material natural justificam a adoção da prática. 3.1.1 Reutilização dos resíduos de classe A no setor da construção civil No que diz-se respeito à reutilização do RCD, “[...]tem se tornado um dos alvos do meio técnico-científico, utilizando o mesmo como agregado para inúmeros usos na construção civil e também na pavimentação rodoviária, entrando como substituto às matérias-primas hoje utilizadas neste setor.” (CARNEIRO; BRUM; SILVA, 2001, p.133). Deve-se atentar a reutilização para cada tipo de resíduo respeitando a sua classe, destinação e reutilização. Os resíduos de classe A, de acordo com Careli (2014), os resíduos de (classe A) que podem ser reciclados para utilização em obras na forma de agregados. As composições dos resíduos variam assim como sua reutilização, assim de acordo com Nagalli (2014), a reciclagem torna-se um processo fundamental para reutilização destes resíduos na construção civil, tendo em vista a reinserção destes resíduos nesta cadeia de suprimentos do setor, desse modo tem-se: Cerâmicos, concretos estruturais e de rochas naturais, porosos e de menor resistência mecânica e mistos, são reciclados nas usinas de reciclagem de resíduos da construção civil, e após sua trituração e granulagem estão prontos a serem reutilizado na cadeia de suprimentos do setor que são: Areia Grossa: Com uma granulometria de até 2,4mm. Ótima opção para pequenos serviços, argamassa de assentamento e outros. Pedra nº 1: Com uma granulometria de até 19mm, usada em diversas aplicações. Ex.: fabricação de concreto não estrutural e drenagens. Pedrisco: com uma granulometria de até 9,5mm, recomendado para uso na fabricação de artefatos de cimento, bloco de vedação, piso intertravado, entre outros. Pedregulho – rachão: com uma granulometria acima de 25 mm, usado em diversas aplicações. Ex.: contenção de erosões e voçorocas, drenagens, etc. Os agregados reciclados podem ser aplicados em: blocos de vedação, canaletas e pisos intertravados (bloquetes), tendo sua aplicação na construção de novas casas e na pavimentação de ruas, respeitando a Norma NBR 15116:2004, na qual informa que os artefatos produzidos com agregados reciclados não possuem função estrutural, somente função de vedação. 90 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para o setor da construção civil, os resíduos da construção civil tornaram-se uma questão importante no quesito quanto a sua disposição final, pois estes possuem uma atuação direta na degradação do meio ambiente, afetando ecossistemas, recursos naturais e a qualidade de vida da população, pois o RCD sempre apresentam-se em grande volume, ocupando, grandes espaços em aterros de construção civil. A reciclagem do RCD vem apresentando diversas vantagens ambientais, econômicas e sociais. Ganhando espaço no setor da construção civil por proporcionar a esse RCD um grande avanço incontestável, pois são significativas as vantagens e quantidades de benefícios obtidos através da prática da reciclagem dos mesmos: Diminuição de consumo de energia; Diminuição de Distâncias de transporte de matérias primas; Diminuição de Extração de matérias primas e degradação ambiental; Economia para as prefeituras, pela diminuição do volume de resíduos a ser coletado e depositado em locais adequados; Preservação de recursos naturais; Novas oportunidades de negócios; Transformação e reaproveitamento de materiais descartados e que são utilizados na construção civil em um novo produto. No Brasil a ferramenta de reciclagem para reuso de RCD ainda é pouco difundida e utilizada nos municípios. O país ainda precisa disseminar uma cultura de tratamento para a população, englobando a reciclagem, reutilização e a aplicabilidade de materiais reciclados da construção civil, atuando assim diretamente no desenvolvimento: Socioeconômico, pois com à utilização de materiais da construção civil feitos com agregados reciclados pode-se desenvolver programas de habitações populares com custos menores beneficiando a população; e Ambiental, pois visa a minimização da necessidade de áreas legais para destinação de resíduos da construção civil, preservando o meio ambiente natural, reduzindo a poluição pela extração de novos e diminuição no suprimento da demanda de agregados. Portanto, a reciclagem e a reutilização destes resíduos reciclados apresentam-se como técnicas que visam: amenizar problemas ambientais como o descarte irregular desse material e podendo realizar a aplicabilidade destes resíduos introduzindo-os novamente no mercado, 91 gerando novas oportunidades de trabalho, novas habitações populares com custos menores agindo diretamente no campo social, trazendo assim um crescimento na receita da economia dos municípios. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15114: Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem – Diretrizes - para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DEMOLIÇÃO (ABRECON). A reciclagem de resíduos de construção e demolição no Brasil – Pesquisa setorial 2013. São Paulo - SP, 2013. ÂNGULO, S.C.; ZORDAN, S.E.; JOHN, V.M. Desenvolvimento sustentável e a reciclagem de resíduos na construção civil. Seminário desenvolvimento sustentável e a reciclagem na construção civil – materiais reciclados e suas aplicações, 4., Ibracon – Comitê Técnico 206. São Paulo, Jun. 2001, p. 43-56. Disponível em: <http://www.reciclagem.pcc.usp.br/ftp/Anais%20Comite%20CT%202 06%20%20IV%20%20semin%C3%A1rio.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2015. BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução CONAMA nº 307, de 05 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, nº 136, 17 de julho de 2002. Seção 1, p. 95-96. ______. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Plano Nacional de Resíduos Sólidos: versão preliminar para consulta pública. 2011. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/253/_arquivos/versao_pre liminar_pnrs_wm_253.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2015. CARELI, E. Reuso de resíduos alinha economia à benefício ao meio ambiente. Disponível em: <http://www.obralimpa.com.br/index.php/reuso-de-residuos-aliaecono mia-a-beneficiosao-meio-ambiente>. Acesso em: 25 jan. 2014. CARNEIRO, A. P.; BRUM, I. A. S.; SILVA, J. C. Reciclagem de Entulho para a Produção de Materiais de Construção: Projeto Entulho Bom. Salvador: EDUFBA, Caixa Econômica Federal, 2001, 311p. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Diagnóstico dos Resíduos Sólidos da Construção Civil: Relatório de Pesquisa. 2012. Disponível em: < http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/120911 _relatorio_construcao_civil.pdf>. Acesso em: 17 mai. 2015. JOHN, V.M. Reciclagem de resíduos na construção civil – contribuição à metodologia de pesquisa e desenvolvimento. São Paulo, 2000. 102p. Tese (livre docência) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. 92 LIMA, J.A.R. Proposição de diretrizes para produção e normalização de resíduo de construção reciclado e de suas aplicações em argamassas e concretos. São Paulo: USP, 1999. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo), Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo, 1999. NAGALLI, A. Gerenciamento de Resíduos Sólidos na Construção Civil. São Paulo: Oficina de Textos, 2014. PINTO, T. P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da construção urbana. 1999. 189f. Tese (Doutorado em Engenharia). Departamento de Engenharia de Construção Civil Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo. SCHNEIDER, D.M. Deposições Irregulares de Resíduos da Construção Civil na Cidade de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Universidade de São Paulo, 2003. SINDUSCON-SP, Sindicato da Industria da Construção Civil do Estado de São Paulo. Gestão ambiental de resíduos da construção civil: a experiência do SindusCon-SP. São Paulo: Obra Limpa; I&T; SindusCon-SP, 2005. 93 PLANEJAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUE COMO FERRAMENTA PARA REDUÇÃO DE CUSTOS PLANNING AND INVENTORY CONTROL AS A TOOL FOR COST REDUCTION Priscila Daniele Dotele Magdalene - [email protected] André Luiz Oliveira - [email protected] Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (FATEC) – SP – Brasil RESUMO Para a manutenção de uma corporação no mercado competitivo é cada vez mais necessário que a estratégia da empresa seja eficiente. O presente trabalho tem por objetivo demonstrar que, com a aplicação correta de ferramentas e técnicas destinadas ao gerenciamento dos estoques, capazes de auxiliar na determinação do “quanto”, “quando” e “como” comprar, é possível promover redução dos custos de manutenção de estoque, trazendo às empresas resultados satisfatórios. Para explicitar essa afirmação, foi utilizado o método de revisão bibliográfica sobre planejamento e controle de estoque e um breve estudo de caso aplicado em uma micro-empresa do setor de construção civil localizada na cidade de Araraquara, que vivenciou redução de custos empresariais por meio da adequada e correta aplicação dos instrumentos Controle ABC; mudanças no armazenamento de materiais; cálculos de Ponto de Reposição e de Lote Econômico de Compras. Palavras-chave: Estratégia. Gestão da Produção. Lucratividade. ABSTRACT For the maintenance of a corporation in the competitive market it is increasingly necessary for the company's strategy to be effective. This paper aims to demonstrate that with the right application of tools and techniques aimed at managing stocks that can assist in determining the "how," "when" and "how" buy, it is possible to promote reduction of maintenance costs of stock, bringing the satisfactory results companies. To explain this statement, we used the method of literature review on planning and inventory control and a brief case study applied in a micro-enterprise of the construction industry in the city of Araraquara, which experienced reduction of business costs through proper and correct application of the instruments Control ABC; changes in the material storage; calculations point Replacement and Economic Lot Purchase. Keywords: Strategy. Production Management. Profitability. COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO: MAGDALENE, Priscila Daniele Dotele; OLIVEIRA, André Luiz. Planejamento e controle de estoque como ferramenta para redução de custos. In: Revista Interface Tecnológica da FATEC Taquaritinga. p. 93-105, jun. de 2016. ISSN online 2447-0864. Disponível em: <www.fatectq.edu.br/Interfacetecnologica>. Acesso em: dia mês e ano. 94 1 INTRODUÇÃO As organizações vêm desenvolvendo alternativas para aumentar sua eficiência, sua qualidade e principalmente sua lucratividade em todos os setores. O estoque é um dos setores que exige uma atenção especial, visto que deve ser gerenciado de forma satisfatória utilizando diversas técnicas e ferramentas com o objetivo de se diferenciar e seguir em busca de novos mercados. Por meio de revisão bibliográfica sobre planejamento e controle de estoque e um breve estudo de caso, este trabalho tem o objetivo de demonstrar que com o bom gerenciamento dos estoques agregados à utilização de técnicas e ferramentas que auxiliam na redução de custos empresariais, a empresa torna-se mais competitiva. A administração de estoques de acordo com Dias (2005), deverá conciliar da melhor maneira os objetivos dos principais departamentos da empresa (Compras, Financeiro, Produção e Vendas), providenciando a necessidade real de suprimentos da mesma. Portanto, esta administração de estoques deverá ser minuciosamente planejada para que as melhores estratégicas sejam usadas, pois o maior objetivo será manter o estoque para garantir a disponibilidade de matéria-prima e minimizar o custo unitário por produção. A utilização de ferramentas que auxiliam na administração de estoque - como Controle ABC; mudanças no armazenamento de materiais; cálculos de Ponto de Reposição e de Lote Econômico de Compras - trazem benefícios para garantir a qualidade do produto, atendendo as necessidades dos clientes, otimizando recursos e facilitando as tomadas de decisões. Os custos em uma empresa segundo Parisi e Megliorini (2011) são determinados para que se atinjam os objetivos relacionados ao controle das operações, à determinação do lucro e à tomada de decisões. Com o mercado globalizado, mudanças têm ocorrido nas estratégias e nas práticas gerenciais das organizações refletindo na gestão de custos. Com isso, as empresas buscam o aumento da eficiência e eficácia das atividades de planejamento, execução e controle além da redução de custos de diversas formas (MARTINS, 2009). 2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUE Planejamento é a formulação de um conjunto de decisões, devidamente integrado, que expressa os propósitos de uma empresa e sistemiza os meios de alcançá-los. (SILVA, 2001). 95 Segundo Slack (2009), o planejamento e controle podem ser de longo, médio e curto prazo. No planejamento a longo prazo, os planos são estabelecidos como o que se pretende fazer e quais os recursos para atingir os objetivos. A ênfase está direcionada mais para o planejamento do que para o controle. Neste caso, as previsões de demanda serão consideradas sem definir atributos e em relação ao estoque, neste estágio é definido se o tipo de estoque a ser utilizado será do modo puxado ou empurrado. Ainda segundo o autor, o planejamento a médio prazo se preocupa mais com o detalhe. A preocupação tem como foco os planos de contingências que serão dimensionados de modo que permitam desvios nos planos originais. Essas contingências atuarão como recursos de reservas, tornando o planejamento mais prático de ser executado como, por exemplo, verificar a necessidades de mais um turno na organização para que a produção seja mais eficiente. Por fim, o planejamento em curto prazo será a fase em que os recursos já estão definidos. Portanto, há um maior grau de dificuldade quanto a alterações de grande porte. Porém, as pequenas alterações são possíveis, já que a demanda será avaliada de forma mais detalhada. Um exemplo de planejamento a curto prazo está relacionado com a organização do estoque fisicamente, visto que já se sabe a necessidade e a prioridade dos materiais (SLACK, 2009). Segundo Ballou (2010), o planejamento e controle de estoque é parte vital do composto logístico, pois estes podem absorver de 25 a 40% dos custos totais de uma empresa. A necessidade de suprir uma demanda inesperada é uma das principais razões que levam as empresas a estocar produtos e matérias-primas. O desequilíbrio entre esta demanda e o fornecimento de materiais em diferentes estágios da operação é o que conduz a diferentes tipos de estoque. Os estoques agem como amortecedores entre oferta e demanda, possibilitando uma produção mais constante, portanto a previsão da demanda é o ponto de partida de todo planejamento de estoques de acordo com Dias (2005), pois estabelece estimativas futuras dos produtos acabados comercializados pela empresa. Define quais produtos, quanto desses produtos e quando serão comprados pelos clientes através de hipóteses quantitativas e qualitativas. Segundo Dias (2005), os principais tipos de estoque encontrados em uma empresa são: matérias-primas, produtos em processo, produtos acabados, e peças de manutenção. 96 As matérias-primas são os materiais básicos e necessários para a produção do produto acabado. O volume real de cada matéria-prima depende do tempo de reposição que a empresa leva para receber seus pedidos, da frequência do uso, do investimento exigido e das características físicas do estoque. Para Slack (2009), o chamado estoque de produtos em processo baseia-se, essencialmente, em todos os artigos solicitados necessários à fabricação ou montagem do produto final, durante as várias fases de produção. Os itens que já foram produzidos consistem no estoque de produtos acabados, levando em consideração, principalmente, a variável relativa às flutuações de demandas (SLACK, 2009) Nessa linha de raciocínio, as empresas que produzem por encomenda mantêm estoque baixo de produtos acabados, ao contrário das que produzem para estoque, com alto índice de armazenamento de produtos acabados. De acordo com Ballou (2010), o estoque de segurança ou mínimo é de suma importância do ponto de vista administrativo, pois são as quantidades guardadas para garantir o andamento do processo produtivo caso ocorra aumento na demanda do item por parte do processo ou atraso no abastecimento futuro. Diante disso, a minimização de desperdícios na produção, ocupa um papel importante dentro da empresa, de modo a atingir a uma melhor produtividade, como por exemplo, não desperdiçar capital com peças defeituosas, estocar somente o necessário, ganhar agilidade na produção com mudança de layout e minimizar desperdício de tempo que geram perdas de produtividade. (OHNO, 1997 apud SILVA, 2013). Ohno (1997) apud Silva (2013) observa que, para uma redução efetiva dos custos da produção, os desperdícios devem ser totalmente analisados e ponderados, uma vez que estão inter-relacionados e são facilmente encobertos pela complexidade de uma grande organização. Desse modo, as empresas devem buscar a máxima redução possível de seus estoques de forma a proporcionar a produção nos custos, e se atentar às questões de como utilizar ferramentas da qualidade em seus produtos e processos. 97 3 CUSTOS Com o mercado globalizado, mudanças têm ocorrido nas estratégias e nas práticas gerenciais das organizações refletindo na gestão de custos. Com isso, as empresas buscam o aumento da eficiência e eficácia das atividades de planejamento, execução e controle além da redução de custos de diversas formas (MARTINS, 2009). Na empresa prestadora de serviços os custos para realizar suas atividades operacionais correspondem aos gastos relativos à execução dos serviços. As despesas correspondem aos gastos relacionados à administração da empresa e à geração de receitas incorridas durante o exercício (PARISI; MEGLIORINI, 2011). De acordo com Parisi e Megliorini (2011), o custo possui duas classificações que permitem determinar o custo de cada produto fabricado e seu comportamento em diferentes volumes de produção em relação aos produtos fabricados, os mesmos são classificados em diretos ou indiretos. De acordo com Anjos (1995), custo direto é aquele ligado diretamente ao produto ou serviço prestado, não sendo necessária nenhuma metodologia de rateio. É apropriado aos produtos ou serviços por meio de alguma medida de consumo, como por exemplo, mão-deobra direta, material, medicamentos, dentre outros. Já o custo indireto, para o autor, é aquele que não está relacionado diretamente a cada tipo de bem ou serviço, ou seja, são referentes à administração como, por exemplo, transporte, alimentação de pessoal, contas de telefone, água, luz, etc. Para Parisi e Megliorini (2011), uma das classificações de custos diz respeito ao seu comportamento em diferentes volumes de produção, gerando uma classificação qe os distinguem entre custos fixos e custos variáveis. Segundo os autores, o custo fixo independe do volume de produção, pois está vinculado à estrutura da planta industrial e não ao seu funcionamento. Já o custo variável, conforme ANJOS (1995) é dependente do processo produtivo, varia em função do volume de atividades desenvolvidas em determinado período analisado, ou seja, quanto mais se produzir, maior será o custo variável. Já o custo total para Parisi e Megliorini (2011) é a somatória dos custos fixos e custos variáveis, representado pela figura 1. 98 Figura 1 - Custo Total Fonte: Adaptado de Parisi e Megliorini (2011) 3.1 Custo de Estoque De acordo com Ballou (2010), o controle dos custos do estoque possui grande influencia na rentabilidade da empresa, pois absorvem capital que poderia ser investido, portanto, aumentar a rotatividade do estoque auxilia a liberação do ativo circulante e economiza o custo de manutenção de inventario. Custos de pedido de compra, de acordo com Garcia et al. (2006) são referentes a uma nova encomenda, podendo ser tanto variáveis quanto fixos, sendo que os custos fixos associados a um pedido consistem no envio da encomenda, recebimento dessa mesma encomenda e inspeção. O exemplo principal de custo variável é o preço unitário de compra dos artigos encomendados. Custos totais de aquisição, para Slack (2009) correspondem à somatória dos custos entre a requisição de produtos através da emissão de ordens de fabricação ou compra, até o efetivo recebimento dos mesmos na área de recebimento. Custos de manutenção de estoques, conforme Garcia et al. (2006), são proporcionais à quantidade armazenada e ao tempo que esta fica em estoque. Segundo o autor, um dos custos mais importantes é o custo de oportunidade do capital, pois representa a perda de receitas por estar o capital investido em estoques ao invés de tê-lo investido em outra atividade econômica. Custos de armazenagem para Slack (2009) estão associados com os espaços físicos, por meio de estoques que necessitam circular através da obrigatoriedade, da denominação, da climatização, da segurança entre outros. 99 A utilização de máquinas, equipamentos, edificações e instalações geram os chamados custos de depreciação do local de armazenagem, um tipo especial de pagamentos que, ao longo de um determinado período (a vida útil ou econômica da máquina, ou o ciclo do padrão tecnológico, por exemplo) deve servir para acumular um montante de dinheiro que seja suficiente para a reposição ou renovação total ou parcial destes recursos produtivos (MARTINS, 2009). Para Garcia et al. (2006), custos de falta são aqueles derivados de situações em que não há estoque suficiente para satisfazer a procura dos clientes em um dado período de tempo. De acordo com Martins (2009), custo total é a soma dos custos “de pedir” e o custo “de manter” estoques. Todo controle de estoques passa invariavelmente pelo estabelecimento do nível adequado e a localização desses estoques, sendo ideal balancear o custo “de pedir” com o custo “de manter” estoques. O planejamento do custo total, de acordo com Chopra (2003) é orientado por saber “quando” e “quanto” pedir. O chamado “quando pedir” é determinado pela demanda, pela variação de desempenho e pelo cálculo do Ponto de Reposição. Por sua vez, o “quanto pedir” é determinado pela quantidade do pedido, ou seja, pela ferramenta Lote Econômico de Compra. O ponto de reabastecimento, conforme Chopra (2003), define quando um embarque de reposição deve ser iniciado. O ponto de reposição pode ser especificado em termos de unidades de suprimento, que são obtidas através da certeza de demanda e do ciclo de desempenho. Ainda segundo Chopra (2003), o Lote Econômico de Compra (LEC), consiste na prática de reposição que minimiza o custo combinado de pedido e de manutenção de inventário. A identificação de tal quantidade supõe que a demanda e os custos sejam relativamente estáveis durante todo o ano. O ponto no qual a soma dos custos de manutenção e de pedidos é minimizada representa o custo total mais baixo, conforme retrata a Figura 2, apresentada na sequencia. 100 Figura 2 - Lote Econômico de Compra Fonte: Adaptado de Chopra (2003) O principal objetivo da estratégia de produção é organizar seus recursos para propiciar a implantação eficaz da estratégia competitiva da empresa. O sistema de custeio ABC (Activity-Based Costing), segundo Nakagawa (2001) permite melhor visualização dos custos por meio da análise das atividades executadas dentro da instituição e suas respectivas relações com os objetos de custos. De acordo com Silva (2014) os produtos são divididos em classes A, B e C, os produtos A são aqueles itens que possuem alto valor de demanda e não devem faltar no estoque devendo concentrar esforços nesses produtos, pois representam cerca de 80% do valor total do estoque. Os itens enquadrados como B são aqueles de valores médios e correspondem a 15% do valor total. Por fim, os itens C são os que geram menos lucro para empresa, porém representam cerca de 50% dos produtos estocados e aproximadamente 5% do valor total do estoque. O controle ABC é um método de análise de custos, que busca ‘rastrear’ os gastos de uma empresa para analisar e monitorar as diversas rotas de consumo dos recursos 101 ‘diretamente identificáveis’ com suas atividades mais relevantes, e destas para os produtos e serviços (NAKAGAWA, 2001). 4 ESTUDO DE CASO Apresenta-se o resultado dos dados coletados na pesquisa realizada em uma empresa de decoração em gesso que atua no setor de construção civil há mais de 15 anos, localizada na cidade de Araraquara, no estado de São Paulo. O presente estudo obteve algumas informações (apresentadas na sequencia) com o objetivo de analisar como é realizada a operacionalização de um setor de gesso, especificamente em relação ao planejamento e controle da produção. Observou-se que o fluxo do processo produtivo da preparação do gesso para a decoração apresenta um sistema contínuo, conclusão possível pelo fato de que a produção é programada diariamente para produzir um único tipo de produto, exigindo um planejamento de equipamentos conforme o produto a ser produzido durante o dia de trabalho. Na análise da capacidade produtiva verificou-se, através de informações obtidas no setor de gestão da produção, que a empresa tem uma capacidade máxima produtiva, referente a todo seu mix de produto, em torno de 1.800 metros por mês. No período que foi feito o levantamento dos dados e realização desta pesquisa, constatou-se que foi utilizada em média apenas 70% da sua capacidade produtiva, (cerca de 50 metros/dia), seguindo uma programação de produção conforme a demanda e estabelecida pelo setor de gestão da produção. Observou-se ainda que a empresa adota um sistema de controle no setor de produção via formulário com preenchimento manual, onde visa a coleta e registros de dados sobre o estágio das atividades. Estes dados levantados diariamente são lançados em uma planilha utilizando-s o programa Excel, para análise e controle do setor. A comparação entre o processo programado e o executado buscando a identificação dos desvios é feita de forma desintegrada e fora do tempo real da efetivação das atividades. Este quadro gera um déficit de informações, dificultando a comparação dos custos reais do processo produtivo. A partir da observação dos processos desenvolvidos na empresa, foi destacado que a gestão de estoque estava sendo ineficiente. Foi constatado desperdício de material em duas situações: A primeira, através da superprodução, uma vez que, ao gerar estoque de material produzido por muito tempo este se decompunha, pois possui uma baixa durabilidade. A segunda, relacionada ao fato de haver três locais de armazenagem de estoque gerando um 102 manuseio mais frequente do material, ocasionando assim, possíveis perdas devido à fragilidade do mesmo. A implantação de melhoria em relação à armazenagem de estoque possibilitou que os três locais fossem reduzidos para apenas um, gerando um maior controle sobre os materiais, diminuindo suas perdas e aumentando a organização do ambiente. Em virtude do fato de que todos os produtos oferecidos pela empresa devem atender a prazos pré-estabelecidos, a mesma passou a estudar sua demanda para que pudesse planejar a dimensão de seu estoque visando atender as necessidades de seus clientes. Como consequencia, passou a adotar a filosofia do Just-in-time, ou seja, trabalhar com estoques zero. Em virtude de todos os produtos da empresa serem produzidos conforme o pedido de compra e por possuir um espaço físico restrito para armazenagem de sua matéria prima, o planejamento da produção e a compra de matéria-prima eram controlados rigorosamente. A empresa não utilizava o planejamento para saber o momento e a quantidade de materiais a serem adquiridos de seus fornecedores, situação que acarretava em falta de material antes da entrega do pedido, trazendo como conseqüência um maior tempo de espera e causando óbices ao desempenho da produtividade dos trabalhadores, o que, em última análise, gerava atraso do tempo de entrega do serviço aos clientes. O cálculo do Ponto de Reposição dos principais produtos direcionou a empresa na tomada de decisão sobre “quando” e “quanto” de material comprar, reduzindo assim, seu custo total de estoque e otimizando o tempo para início de produção e de entrega dos serviços, conforme retrata a Tabela 1. Tabela 1: Ponto de Reposição na empresa Cálculo do Ponto de Reposição Material Tempo de Reposição Gesso em Pó 85 dias Placas de Gesso Comum 85 dias Placas de Gesso Acartonado Estruturado 60 dias Fonte: Elaborado pelo autor A empresa decidiu implantar melhorias para que, através do planejamento e controle de estoque, seus custos pudessem ser reduzidos. A primeira implantação foi a aplicação do 103 Controle ABC em seus materiais. Esta divisão dos grupos em seus produtos auxiliou a empresa no tocante a um melhor direcionamento em relação a inspeção da quantidade no estoque. Os produtos do Grupo A passaram a ser controlados quinzenalmente, pois além de possuírem um valor de aquisição mais alto, a falta deste material para a execução do serviço deveria ser reduzida drasticamente; os do Grupo B são analisados mensalmente devido ao fato de que seus custos representam cerca de 35% das matérias-primas adquiridas pela empresa; já o Grupo C possui contagem semestral, pois o mesmo é adquirido pela empresa em grande quantidade por meio do lote econômico de compras, ou seja, a empresa optou por minimizar seu custo anual de encomenda fazendo um único pedido e controlando o estoque deste para garantir que a produção e a prestação de serviços possa fluir sem falta do mesmo no estoque, pelo fato de que trata-se de um tipo de material utilizado em pequenas quantidades e por seu valor unitário ser reduzido, situações ilustradas pela Tabela 2. Tabela 2: Controle ABC dos produtos da empresa Controle ABC Tipo Material A Placas de Gesso Acartonado Estruturado B Gesso em Pó/ Placas de Gesso Comum C Arames/ Buchas/ Gesso Cola/ Parafusos Tempo de Inventário Quinzenal Mensal Semestral Fonte: Elaborado pelo autor Verificou-se ainda que, na empresa objeto de análise, o sistema de gerenciamento de custos e sua classificação apresentam-se da seguinte forma: custo fixo - representa apenas a depreciação do patrimônio da empresa e custos variáveis - representa o custo de pessoal, serviços de terceiros e custo com gastos gerais. Assim, os custos fixos e variáveis são rateados entre os setores de produção e administrativo. Foi observado ainda que a apropriação dos custos diretos aos tipos de produtos utilizados na produção de gesso pela empresa. Pode-se ilustrar essa situação através da constatação de que, no momento da instalação do gesso é aplicada na parede (para uma melhor fixação), uma pequena quantidade de Gesso Cola, produto que a empresa não considerava na composição do cálculo dos custos. O demonstrativo de apropriação dos custos diretos tem como objetivo principal possibilitar uma breve análise entre o custo total e unitário praticado pela empresa e o 104 atualizado. A diferença entre o custo total que foi praticado pela empresa, com o custo total atualizado referente ao mesmo período que foi de aproximadamente R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais). Em relação ao sistema de apropriação dos custos utilizados pela empresa estudada, quanto à apropriação dos custos diretos ao produto, são apropriados conforme receita préestabelecida por lote, sendo dividido pelo rendimento total do lote, onde equivalem aproximadamente 10 metros de moldura, chegando ao custo direto unitário do produto por tipo de decoração. Este cenário permite constatar que a maior parte dos custos diretos apropriados aos produtos estava sendo praticado com uma defasagem, apresentando uma média de 5% sob o faturamento médio dos produtos em estudo. Cabe ressaltar que a não apropriação desses custos merece a devida atenção, pois pode interferir significativamente no desempenho da empresa em termos de competitividade e lucratividade. Os resultados obtidos com a implantação das ferramentas de estoque foram: um melhor controle das quantidades a serem adquiridas e melhor gerenciamento do tempo de aquisição dos matérias, além da melhoria na produção através do andamento de fabricação mais rápido devido a distribuição mais eficiente no estoque. Além disso, constatou-se a redução de atraso nos prazos de entregas das obras visto que o problema de falta de material foi minimizado. Por fim, houve redução de custos diretos: menos mão-de-obra ociosa, menos hora-extra pra suprir os atrasos, menor desperdício de material, menos custos de pedido de compra e melhor acompanhamento dos custos. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em um ambiente competitivo, é cada vez mais necessário que as organizações passem a planejar e controlar seu estoque para que consigam reduzir seus custos e utilizar essa ferramenta de controle como um diferencial de competitividade. O desenvolvimento e a aplicação de ferramentas e processos que possibilitem que os produtos sejam entregues com qualidade na quantidade necessária, no tempo adequado e no local correto são essenciais não somente para a sobrevivência de uma organização, mas para a seu desenvolvimento no mercado. O presente o estudo de caso apresentou a implantação dessas ferramentas em uma micro empresa do setor de construção civil, que enfrentava dificuldades em controlar seu estoque e consequentemente possuía um custo elevado. Com o auxílio de instrumentos que 105 auxiliam no controle de estoque, foram obtidos resultados positivos quanto à organização, trazendo como principal benefício a redução da porcentagem de seus custos. Por fim, após as análises apresentadas, cabe ressaltar a importância da gestão produtiva e da gestão de custos, como uma importante e eficaz ferramenta de apoio ao gestor na tomada de decisão, uma vez que sua utilização pode servir de base tanto para a definição dos planos de produção, quanto para a adoção de novas estratégias de comercialização de seus produtos, garantindo sustentabilidade e competitividade empresarial. REFERÊNCIAS ANJOS, E. J. F. A contabilidade de custos: um enfoque para a moderna empresa. IV Congresso Internacional de Custos, 1995, Campinas. Disponível em: < www.bibliotecadigital.unicamp.br> Acesso em 16 fev. 2014. BALLOU, R. H. Logística empresarial: Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 2010. CHOPRA, S., MEINDL, P. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. São Paulo: Prentice Hall, 2003. DIAS, M. A. P. Administração de Materiais: Princípios, conceitos e gestão. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005. GARCIA, E. S.; REIS, L. M. T. V.; MACHADO, L. R.; FERREIRA, V. J. M. E. S. Gestão de estoques: otimizando a logística e a cadeia de suprimentos. Rio de Janeiro: E-papers Servicos Editoriais Ltda., 2006. MARTINS, E. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2009. NAKAGAWA, M. ABC: Custeio Baseado em Atividades. 2. ed. São Paulo : Atlas, 2001. PARISI, C.; MEGLIORINI, E. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2011. SILVA, A. B. et al. Conceitos do sistema Toyota de produção em uma fábrica de calçados para redução de perdas: um estudo de caso. XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2013, Salvador. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/publicacoes/>. Acesso em 31 mar. 2016. SILVA, R. O. Teorias da Administração. Pioneira Thomson: São Paulo, 2001. SILVA, R. P. A contribuição da curva ABC para a composição das políticas de estoque. XXI Simpósio de Engenharia de Produção, 2014, Bauru. Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br>. Acesso em 31 mar. 2016. SLACK, N.; CHAMBERS S. e JOHNSTON R. Administração da Produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 106 AGENTES E ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO NO MERCADO DE PRODUTOS ORGÂNICOS AGENTS AND GROWTH STRATEGIES IN THE ORGANIC PRODUCTS MARKET Wellington Júnior Cheles - [email protected] Martin Mundo Neto - [email protected] Eliane Aguiar Sarro - [email protected] Beatriz Zandelli - [email protected] Guilherme Augusto Malagolli - [email protected] Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (FATEC) – SP – Brasil RESUMO Um conjunto de fatores e a ação de representantes de diferentes segmentos da sociedade estariam contribuindo para o crescimento do mercado de produtos orgânicos. Neste trabalho o objetivo foi indicar como este mercado tem se transformado em função da ação de grandes grupos econômicos que passaram a investir neste nicho. Destacam-se também as políticas governamentais destinadas ao aumento do consumo seja atrelando os gastos do governo à aquisição de produtos orgânicos produzidos pela agricultura familiar, mas também fornecendo apoio aos produtores orgânicos que procuram exportar parte de sua produção. A expansão do mercado de orgânicos é resultado do crescente interesse pela produção e consumo saudável de alimentos, mas também do interesse de investimento de representantes do sistema de produção de insumos agrícolas e de alimentos convencionais, aliados a investidores institucionais que exploram os orgânicos cada vez mais na lógica do capitalismo governada pela lucratividade e menos pela consciência da produção sustentável de alimentos. Palavras-chave: Agricultura orgânica. Certificação. Investimentos sustentáveis. ABSTRACT Many factors and actions of representatives from different segments of society are contributing to the market growth of organic products.In this study, the purpose was supportedat this market, and it has become a function of the large economic groups action that are investing in this niche. It also highlights the government policies aimed at increasing the consumption is tying government spending to purchase organic products produced by family farmers, but also providing support to organic producers seeking to export part of its production.The expansion of the organic market is a result of growing interest in the production and healthy eating, but also the investment representatives of the agricultural input production system and conventional foods, combined with institutional investors exploiting organic increasingly on logic of capitalism governed by profitability and less by the awareness of sustainable food production. Keywords: Organic farming. Certification. Sustainable investments. COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO: CHELES, Wellington Júnior; MUNDO NETO, Martin; SARRO, Eliane Aguiar; ZANDELLI, Beatriz; MALAGOLLI, Guilherme Augusto. Agentes e estratégias de crescimento no mercado de produtos orgânicos. In: Revista Interface Tecnológica da FATEC Taquaritinga. p. 106-115, jun. de 2016. ISSN online 2447-0864. Disponível em: <www.fatectq.edu.br/Interfacetecnologica>. Acesso em: dia mês e ano. 107 1 INTRODUÇÃO A “revolução verde” seria a expressão que sintetiza as transformações na agricultura do século XX, sobretudo sob o enfoque tecnológico que permitiu a ampliação da oferta de gêneros da agricultura em âmbito mundial. Goodman; Sorj; Wilkinson (1987) apresentou esta “revolução” como um processo contínuo de inovações tecnológicas denominado de apropriacionismo, ou seja, um processo no qual a agricultura cada vez mais se tornava dependente da indústria de insumos, máquinas e equipamentos agropecuários. Grandes grupos econômicos se constituíram desde o século XIX explorando os negócios relacionados ao fornecimento de fertilizantes, sementes, agrotóxicos (atualmente denominado de defensivos agrícolas), antibióticos, assim como, empresas fornecedoras de máquinas agrícolas e instalações agropecuárias que vem dominando estes mercados, em âmbito mundial. Além da dependência em relação aos fornecedores de tecnologias, o padrão ditado por este modelo de agricultura, denominado de convencional, desencadeou, no decorrer do tempo, um conjunto de impactos de natureza ambiental e social. Assim, este modelo vem sendo questionado e sendo responsabilizado por parcela considerável dos problemas ambientais que a sociedade enfrenta atualmente (EHLERS, 1996). A agricultura orgânica, apesar de, historicamente, ser uma alternativa ao padrão convencional, só ganhou relevância quando o modelo dominante passou a apresentar sinais de esgotamento. Grandes produtores de soja, laranja, café, cana de açúcar e demais culturas ligadas às commodities agrícolas estariam adotando práticas e tecnologias da agricultura orgânica. A agricultura orgânica seria uma alternativa ao padrão convencional seja por aspectos tecnológicos, mas também pelas relações sociais de produção que ela enseja. Ela se diferencia da agricultura convencional no aspecto tecnológico por não incorporar os agroquímicos convencionais e na organização da produção, uma vez que requer uso mais intenso de mão de obra conhecedora das técnicas de produção orgânica. De acordo com Wilkinson (2010), a agricultura orgânica oferece uma perspectiva para a agricultura familiar enquanto estratégia de posicionamento no agronegócio contemporâneo. Segundo Galembeck (2015), 5% dos solos no país estariam destinados à produção orgânica, contribuindo para que o Brasil ocupe uma posição de destaque no cenário mundial. Abramovay (2010)chama atenção para centralidade da agricultura na estratégia de desenvolvimento sustentável. A expansão do mercado dos produtos orgânicos é resultado da mudança no perfil da demanda por produtos mais saudáveis, produzidos de formas mais sustentáveis, seja em relação ao uso de recursos naturais como humanos. Mas, aqui, procuramos indicar como esta 108 corrente passou a contar com aliados inesperados, ou melhor, parte daqueles, que até então, operavam na lógica produtiva dominante na agricultura desdobrando-se para o conjunto de produtos fornecidos pela agroindústria de alimentos. Com base no referencial teórico da sociologia econômica e da análise institucional das organizações este estudo procurou apresentar elementos que têm contribuído para a expansão do mercado de produtos orgânicos. Seguindo as sugestões de Bourdieu (2005) para os estudos dos mercados, procuramos identificar as principais fontes de força atuando na expansão do mercado dos produtos orgânicos. Os dados foram coletados junto aos órgãos governamentais que tratam do tema, junto a organizações de representação de interesses de agricultores, junto a empresas certificadoras de produtos e insumos orgânicos e na imprensa de negócios. 2 O ESTADO E A AGRICULTURA ORGÂNICA NO BRASIL De acordo com Bourdieu (1983; 1996; 2005), o Estado cumpre um papel central na construção dos mercados seja na dimensão econômica, por meio de incentivos e subsídios, seja na dimensão jurídica, por meio de legislação especifica. As organizações de representação de interesses também são fundamentais na estruturação e uniformização das práticas entre aqueles que participam de determinado campo. Os participantes de um campo possuem um conjunto de recursos que lhes garante uma determinada posição nesta estrutura, ao mesmo tempo em que contribuem para conferir-lhe sua estrutura em determinado momento. Para que os mercados de produtos orgânicos pudessem ganhar escala e a ampliação dos participantes não prejudicasse a confiança em relação à qualidade e propriedades dos produtos oferecidos como orgânicos, surgiram as organizações certificadoras, em grande parte fruto da organização dos agricultores, associações, cooperativas e dos órgãos governamentais competentes (GARCIA PARPET, 2012). No Brasil, a organização deste mercado ficou marcada pela participação de pequenos produtores rurais organizados em associações e cooperativas que lhe permitissem o compartilhamento de técnicas, de certificações e de estratégias de comercialização (AAO, 2015). Porém, atualmente a própria certificação opera na lógica de mercado, dominado por grandes certificadoras com atuação em âmbito internacional (GARCIA PARPET, 2012). De acordo com Vieira (2015) as mudanças na legislação ampliaram as modalidades de certificação, beneficiando a aqueles que não conseguiam obter a certificação por auditoria. Esta mudança estaria ligada a estratégia de incentivar a agricultura familiar a migrar para o padrão orgânico. Um indicador desta política está relacionado ao aumento do número de 109 produtores orgânicos cadastrados no Sistema Nacional de Produção Orgânica (SisOrg), controlado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). A grande inovação na legislação atual está relacionado à criação do SisOrg e as novas possibilidades de ingresso neste mercado. O MAPA credencia agricultores e as certificadoras. Para os agricultores A certificação pode ser obtida pela contração de uma Certificadora por Auditoria ou se ligando a um Sistema Participativo de Garantia - SPG, que deverá estar sob certificação de um Organismo Participativo de Avaliação da Qualidade Orgânica – OPAC. No caso de contração da Certificadora por Auditoria, o produtor receberá visitas de inspeção inicial e periódicas e manterá obrigações perante o MAPA e a certificadora, com custo a ser estabelecido em contrato. Se o produtor descumprir as normas, a certificadora retira seu certificado e informa ao MAPA. Procure na lista de Entidades Regularizadas as Certificadoras por Auditoria já credenciadas pelo MAPA. No caso da certificação por OPAC, o produtor deve participar ativamente do grupo ou núcleo a que estiver ligado, comparecendo a reuniões periódicas e o próprio grupo garante a qualidade orgânica de seus produtos, sendo que todos tomam conta de todos e respondem, juntos, se houver fraude ou qualquer irregularidade que não apontarem e corrigirem. Se o produtor não corrigir, o grupo deve excluí-lo, cancelar o certificado e informar ao MAPA. Procure na lista de Entidades Regularizadas os OPAC já credenciados pelo MAPA. Caso o interesse seja apenas pela venda direta ou institucional, os produtores podem formar uma Organização de Controle Social - OCS. (MAPA, 2015) Atualmente, além da certificação por auditoria há a possibilidade de certificação por sistemas participativos. Há duas formas de sistemas participativos. O primeiro, participando de uma OPAC, garantindo a utilização de um selo de identificação de produto orgânico, instituído pelo MAPA, relativo àcertificação pelo sistema participativo. A outra modalidade é participando de uma Organização de Controle Social (OCS), onde os agricultores se organizam, utilizam praticas agroecológicas e têm a possibilidade de comercializar sua produção nos mercados locais, em feiras ou nos programas governamentais de aquisição da Agricultura Familiar. Porém, na modalidade OCS não é permitido utilizarembalagens com selo de produto orgânico. No caso dos produtos orgânicos, uma dificuldade é conseguir a certificação. Neste sentido, as disputas por este recurso tomou os contornos atuais apenas recentemente. No Brasil, o Comitê Nacional de Produtos Orgânicos (CNPO) foi instituído em 1994, com participação de representantes de órgão governamentais, como o MAPA, EMBRAPA e representantes de organizações não governamentais, mas a regulamentação da Lei dos produtos orgânicos ocorreu apenas em 2007 (VIEIRA, 2015, p.45-46). Ainda de acordo com a autora, o (SisOrg) passou a operar em 2011 quando os “selos” de identificação de produtos orgânicos, sob a tutela do MAPA, passou a ser obrigatório no território nacional. O MAPA é 110 responsável pelo cadastramento das certificadoras que operam na lógica de mercado e pelo sistema de certificação SisOrg. No Brasil, a agricultura orgânica passou a ser apresentada, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) como uma alternativa à agricultura familiar. Uma das críticas ao principal programa de fortalecimento da agricultura familiar (PRONAF) é que ele estaria contribuindo para que a agricultura familiar adotasse o padrão tecnológico convencional, uma vez que o crédito rural estaria sendo utilizado para aquisição de insumos agropecuários, máquinas e instalações do padrão dominante ((KAGEYAMA, 2003); (MUNDO NETO, 2004)).Por outro lado, sobretudo os interesses relacionados às exportações agropecuárias, inclusive de produtos orgânicos, tem sido, historicamente, objeto de políticas do MAPA. As políticas públicas destinadas à agricultura orgânica nos permite perceber ambiguidades do Estado brasileiro, uma vez que para o mesmo objeto, a agricultura, existe dois ministérios. Assim, estas mesmas políticas promovem uma convergência de interesses de atores que ocupam posições opostas no espectro econômico, cultural e político: de um lado agricultores familiares pouco capitalizados, com baixo grau de escolaridade, parcialmente integrados aos mercados procurando na produção orgânica uma alternativa ao modelo convencional, de outro lado, agricultores capitalizados, com maior capital cultural e político, explorando o mercado de orgânicos, sobretudo para exportação.Caporal; Petersen (2012, p.64) criticam o posicionamento histórico dos representantes do Estado que procuram indicar a possibilidade de coexistência entre o modelo de agricultura ligado ao agronegócio dominante, relacionado às grandes cadeias de commodities agroindústrias, e aquele predominante na agricultura familiar. De acordo com os autores, as politicas destinadas à agricultura familiar teriam mais o papel de legitimar a predominância do modelo da agricultura patronal, inclusive em relação às politicas de fundo agroecológico. Mazzoleni; Nogueira (2006) procurou analisar o perfil do produtor orgânico constatando que entre os agricultores orgânicos certificados por auditoria internacionais e que exploram o mercado externo estão agricultores capitalizados que não seriam classificados como familiares. Grande parte dos agricultores orgânicos cadastrados no SisOrg desde 2011 são agricultores familiares certificados pelo SPG ou pela Venda Direta que não exige certificação. Conforme as informações disponíveis no ministério da agricultura, o número de agricultores orgânicos cadastrados até maio de 2015 era de 10.505 produtores orgânicos CNPO (2015). 111 3 O MERCADO DE INSUMOS ORGÂNICOS E A PRODUÇÃO EM GRANDE ESCALA Para que a agricultura orgânica crescer na velocidade atual há uma procura cada vez maior por insumos, fertilizantes e defensivos, que possam ser adotados pelos agricultores orgânicos, mas para isto há a necessidade de aprovação destes insumos pelos certificadores, contribuindo para o desenvolvimento das agências certificadoras. Um conjunto de matérias primas utilizadas na agricultura convencional para formulação de fertilizantes, estado natural, são aceitos pela agricultura orgânica, notadamente os pós de rochas que concentram os nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas. De acordo com Theodoro; Leonardos (2006, p.722) o uso de técnicas agroecológicas é uma alternativa para construir uma agricultura familiar sustentável, sobretudo o uso de pó de rochas para estruturação dos solos.Se estudos científicos embasam a adoção destas práticas agroecológicas, paralelamente, crescem as oportunidades de negócios relacionados à expansão do mercado de produtos orgânicos. Um conjunto de grandes empresas, que já operava no segmento tradicional de fertilizantes, passou a disponibilizar esses produtos para os agricultores orgânicos, com o selo doSisOrg, mas com certificação por auditoria, a exemplo dasempresas Dow Agrosciences Industrial Ltda e Heringer Fertilizantes SA (IBD, 2015). Por outro lado, os problemas relacionados a doenças e pragas e o alto custo da produção agropecuária convencional tem levado os agricultores convencionais a procurar os insumos orgânicos, sobretudo para diminuir seus custos de produção. Assim, o mercado de insumos aprovados pela agricultora orgânica passou a ser um negócio que atraiu novos investidores estimulou o crescimento daqueles que já estavam na atividade. Uma empresa que ilustra este processo é o grupo Korin, ligado à igreja Messiânica Mundial que além de liderar o segmento de frangos orgânicos e livres de estimulantes de crescimento e antibióticos passou a oferecer uma linha de fertilizantes orgânicos (KORIN, 2015). Mas não apenas a escassez de insumos seria um limitante para a rápida expansão da agricultura orgânica. Uma das principais críticas à agricultura orgânica é quanto a sua incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente para suprir as necessidades da população mundial. Nesta dimensão também existem investimentos em curso, mas o aumento da produtividade do sistema orgânico não pode ser comparadoà produtividade do sistema convencional, já que este último é por natureza insustentável. Por outro lado, a comparação com a produtividade dos sistemas convencionais permite estimar que se a agricultura orgânica 112 receber investimentos na mesma escala que a agricultura convencional recebeu durante pelo menos um século, certamente haverá um incremento significativo na produtividade do sistema orgânico. Uma experiência que tem pelo menos dois objetivos que pretendem romper com algumas barreiras à produção orgânica, por um lado, demonstrar a sua viabilidade em grande escala e, por outro, desenvolver tecnologias apropriadas à produção orgânica, está sendo desenvolvida na empresa Fazenda da Toca. Trata-se de uma propriedade sob o controle da família Diniz, fundadora da rede Pão de Açúcar, uma área de 2300 hectares destinados à produção de leite, ovos, frutas e grãos (FAZENDA DA TOCA, 2015). 4 OS ORGÂNICOS APRESENTADOS COMO INOVAÇÃO: A ESTRATÉGIA DOS GRANDES INVESTIDORES INSTITUCIONAIS Outro sinal de expansão do mercado de produtos orgânicos pode ser percebido quando analisamos as estratégias de grande empresas norte americanas, líderes no segmento da indústria de alimentos convencionais, tal qual a empresa Coca-Cola Co., a KelloggCo., e a General Mills Inc. que ingressaram neste mercado por meio de aquisições de empresas líderes no segmento de bebidas, sopas, carnes orgânicas (NASSAUER, 2015). Mais do que se preocupar com os benefícios socioambientais da produção orgânica os grandes investidores pretendem extrair lucro de seus investimentos. Nos últimos anos, um conjunto particular de investidores ligados à indústria de capital de risco passou a investir em empresas produtoras e comercializadora de produtos orgânicos. Um exemplo é a maior franquia no segmento de produtos orgânicos e naturais da América Latina, a empresa Mundo Verde. Ela foi fundada em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1987, pelos irmãos Jorge Antunes e Isabel Antunes Joffe. Em 2009, a empresa foi adquirida pelo fundo de privateequityAxxonGroup, quando tinha 126 unidades franqueadas operando. Em 2014, a empresa foi vendida para o empresário Carlos Wizard Martins, operando com mais de 300 lojas (ABVCAP, 2014). Outro exemplo é a empresa paranaense Rio de Una, criada em 1995, que recebeu investimentos da gestora Axial Par, em 2001, e vem expandindo a produção e sua atuação no mercado nacional (KISS, 2012). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento da indústria de insumos orgânicos amplia o acesso a recursos que possibilitem a reconversão de agricultores praticantes de sistemas de produção convencionais 113 para sistemas de produção orgânicos. Por outro lado, a chegada dos grandes grupos econômicos ilustra o “modus operandi” do capitalismo, contribuindo para a expansão deste mercado, mas impondo novos desafios ao desenvolvimento da agricultura orgânica e às relações sociais daqueles envolvidos nas suas diferentes redes de produção. O caso da empresa Mundo Verde e da empresa Rio de Una indica como o mercado de orgânicos passa a ser explorado como uma atividade inovadora e então passa a receber investimentos da indústria de capital de risco. Se por um lado os investimentos do capital de risco contribuem para expansão do mercado dos produtos orgânicos, por outro amplia a legitimidade daqueles que pretendem operar no mercado dos orgânicos com a lógica tipicamente capitalista, dos quais os financistas gestores de capital de risco são vanguarda. O Estado tem papel central na institucionalização do Sistema de Produção Orgânica nacional, mas também incentivando este modelo junto aos agricultores familiares e aos agricultores que já conseguem explorar o mercado externo. A expansão do mercado de orgânico é resultado do crescente interesse pela produção e consumo saudável de alimentos, mas também do investimento de representantes do sistema de produção de insumos agrícolas e de alimentos convencionais, aliados a investidores institucionais que exploram os orgânicos cada vez mais na lógica do capitalismo governada pela lucratividade e menos pela consciência da produção sustentável de alimentos. 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