Impacto Fêmoro Acetabular e Lesões do Labrum

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Impacto Fêmoro Acetabular e Lesões do Labrum
Impacto Fêmoro Acetabular e Lesões do Labrum
O termo Impacto Fêmoro Acetabular (I.F.A.) refere-se a uma alteração do formato e do
funcionamento biomecânico do quadril. Nesta situação, ocorre contato ou
deslizamento anormal entre o fêmur e o acetábulo.
Estas alterações morfológicas- quando associadas à outros fatores - podem levar a uma
lesão do labrum acetabular ou mesmo da cartilagem de revestimento.
O labrum é uma fibrocartilagem situada na periferia da articulação do quadril e tem papel
fundamental para o bom funcionamento desta. Veja um exemplo na figura abaixo:
Esta patologia tem sido cada vez mais diagnosticada e estudada. É mais comum
principalmente em corredores e praticantes de esportes que envolvem flexão e rotação
dos quadris, como no tênis, futebol e artes marciais. Mas não ocorre exclusivamente em
atletas.
As lesões do labrum acetabular podem ocorrer abruptamente em decorrência de
trauma, como após uma luxação de quadril, por exemplo, ou lentamente, através do
desgaste e rompimento de suas fibras devido ao trauma de repetição das atividades de
impacto.
A lesão labral decorrente do IFA é considerada evolutiva e possivelmente pré artrósica,
ou seja, pode causar a longo prazo uma deterioração da cartilagem.
O tratamento é decidido caso-a-caso e pode envolver fisioterapia, modificações de
atividade física, R.P.G., medicamentos ou cirurgia.
Existem basicamente três tipos de impacto: Cam , Pincer e Misto.
O impacto tipo Cam ocorre secundariamente à alteração na transição entre o colo e a
cabeça do fêmur. Existe uma espécie de “lombada” ou "calo" na região que colide contra
a margem da articulação em determinados movimentos. Este impacto leva a lesão
labral e mais tarde ao descolamento da cartilagem do acetábulo.
Esta deformidade geralmente surge durante a adolescência em decorrência de um
pequeno escorregamento na cartilagem de crescimento da cabeça femoral (chamado
epifisiolistese ou epifisiólise), que pode ser totalmente assintomático em alguns casos,
gerando sintomas somente anos ou décadas após seu estabelecimento.
No impacto do tipo Pincer a alteração está no lado acetabular. Normalmente há um
excesso de cobertura ou um “erro de rotação” na pelve. Ocorre impacto da margem do
acetábulo diretamente no colo femoral. Ocorre na evolução uma lesão labral que pode
calcificar-se (aumentando ainda mais o excesso de cobertura) e uma lesão cartilaginosa
secundária.
O impacto do tipo Misto é o mais comum. Está presente em 80% dos casos de impacto e
reúne algumas características dos dois anteriores (Cam e Pincer) em graus variados.
Veja os tipos de impacto na figura abaixo:
Quais são os sintomas do impacto fêmoro-acetabular?
Geralmente os primeiros sintomas são fisgadas ou travamentos no quadril. Estes
sintomas podem surgir em movimentos como entrar e sair do carro, ao levantar-se da
cama, ao calçar sapatos, etc.
Pode haver desconforto também após ficar muito tempo sentado ou andando. A dor
localiza-se mais frequentemente na parte profunda na frente da virilha, na "raiz da coxa".
A figura acima ilustra a região mais apontada como origem da dor. Ela se localiza
profundamente, no "encontro" dos dedos.
Normalmente estes “travamentos” são auto-limitados e a pessoa com o tempo consegue
identificar e evitar as posições que causam a dor. Pode haver clique e/ou estalido local.
Como diagnosticar o impacto fêmoro acetabular ou a lesão labral?
Através da consulta médica e do exame físico colhemos dados que permitem chegar a
uma elevada suspeita da existência destas lesões.
Geralmente solicitamos alguns exames complementares que permitem confirmar
o diagnóstico e estadiar a lesão. De acordo com a avaliação inicial podem ser
indicadas radiografias, ressonância ou artroressonância (com injeção de contraste
articular) ou tomografia com reconstrução 3D para diagnóstico e planejamento de
tratamento.
Via de regra o quadro clínico é bem característico, mas outras patologias (de outros
sistemas) também podem causar dor inguinal. Em alguns casos o diagnóstico pode não
ser tão evidente e podem ser necessários outros exames e avaliações com especialistas
de outras áreas.
Como é o tratamento para o impacto fêmoro-acetabular?
Inicialmente indicamos medicações para alívio da dor, mudança de atividade física e
fisioterapia.
A maioria dos casos melhora com o tratamento não cirúrgico, mas pode ser necessária
uma mudança mais definitiva nos hábitos de vida.
Nos casos em que não há resolução após o tratamento conservador indica-se a cirurgia
para abordagem da lesão anatômica do labrum ou cartilagem e para correção da
deformidade óssea que ocasionou a lesão. Abaixo, veja imagens do tratamento
artroscópico.
A indicação para o tratamento é bastante individualizada. Depende de vários fatores,
entre eles a localização e gravidade das lesões, nível de atividade pretendido pelo
paciente, presença ou não de lesões de cartilagem, etc.
O
tratamento
destas
lesões
iniciou-se
com
cirurgia
convencional,
aberta. Na última década houve uma grande evolução da cirurgia artroscópica (por
vídeo) no tratamento destas lesões.
Hoje podemos tratar esta patologia cirurgicamente usando incisões de cerca de um
centímetro cada, ressecando ou reparando as lesões encontradas através de pequenas
cânulas e uma micro-câmera de vídeo.
Cada caso deve ser analisado em detalhes pois a artroscopia apresenta algumas
limitações técnicas. Sem dúvida alguns casos ainda são melhor tratados pela técnica
cirúrgica convencional. Cada técnica tem a sua melhor indicação.
Obviamente toda cirurgia apresenta riscos. Os prós e contras devem ser ponderados e
esclarecidos junto ao cirurgião antes de se tomar qualquer decisão sobre o tratamento.
Após a cirurgia é necessário o uso de muletas por duas a seis semanas, de acordo com
a gravidade da lesão e com os procedimentos realizados durante a cirurgia.
Um extenso programa de re-habilitação fisioterápico é necessário. Estatisticamente, até
80% dos pacientes conseguem voltar aos esportes depois da cirurgia.
Fonte: http://medicinadoquadril.com.br/site/impacto-femoro-acetabular-e-lesoes-do-labrum/

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