LER - Ana Bárbara Matos

Transcrição

LER - Ana Bárbara Matos
Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao
Conclave de 2013
Jornalismo Comparado
Ana Bárbara Matos
Janeiro de 2014
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Índice
Índice de anexos ...................................................................................................................................... 1
Abstract ............................................................................................................................................... 2
Introdução ........................................................................................................................................... 2
Contextualização do Conclave de 2013........................................................................................... 2
Problemática ................................................................................................................................... 3
Revisão da literatura ....................................................................................................................... 4
Metodologia .................................................................................................................................... 5
Hipóteses ......................................................................................................................................... 6
Desenvolvimento................................................................................................................................. 6
Fontes de Informação ..................................................................................................................... 6
Temas Presentes ............................................................................................................................. 8
Terminologia.................................................................................................................................. 10
Fotografias ..................................................................................................................................... 11
Resultados ..................................................................................................................................... 12
Conclusão .......................................................................................................................................... 12
Bibliografia......................................................................................................................................... 14
Bibliografia Citada ......................................................................................................................... 14
Bibliografia Lida ............................................................................................................................. 14
Netgrafia ........................................................................................................................................ 14
Anexos ............................................................................................................................................... 15
Índice de anexos
Anexo 1: Grelha de Análise - Fontes de Informação ................................................................ 15
Anexo 2: Gráficos de Análise - Fontes de Informação .............................................................. 16
Anexo 3: Grelha de Análise - Temas Presentes ........................................................................ 17
Anexo 4: Grelha de Análise - Fotografias ................................................................................. 17
Anexo 5: Recolha de Dados - Fontes de Informação ................................................................ 18
Anexo 6: Recolha de Dados - Temas Presentes........................................................................ 19
Anexo 7: Recolha de Dados - Fotografias ................................................................................. 21
1
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Abstract
O presente estudo de caso explora a forma como a imprensa generalista portuguesa realizou a
cobertura mediática nos dias anteriores ao início do Conclave de 2013, tendo como base a
comparação entre dois diferentes tipos de jornalismo: o jornalismo de referência (representado pelo
jornal Público) e o jornalismo tabloide (representado pelo jornal Correio da Manhã).
Com esta pesquisa descritiva, compreendeu-se que existem diferenças substanciais entre os dois
tipos de jornalismo na cobertura noticiosa dos antecedentes deste acontecimento internacional. O
jornalismo de referência apresenta uma maior diversidade de fontes de informação. Relativamente à
terminologia, o estilo literário do Público contrasta com o estilo direto e acessível do Correio da
Manhã. Os temas abordados por cada jornal diário são distintos e contradizem os preconceitos
existentes relativamente ao tabloidismo. De acordo com os preconceitos existentes está o uso da
fotografia, que é diferente em cada tipo de jornalismo.
Palavras-chave: Conclave de 2013, imprensa portuguesa, fontes de informação, jornalismo de
referência, jornalismo tabloide
Introdução
A renúncia do Para Emérito Bento XVI à liderança da Igreja Católica “pode ser considerada como um
dos maiores eventos mediáticos de 2013”1 pela singularidade e importância do acontecimento, não
só para os 1,2 mil milhões de fiéis, mas para todo o mundo.
De facto, a renúncia de um Papa era algo que não acontecia há quase seis séculos. O último Papa a
renunciar tinha sido Gregório XII (pontificado de 1406-1415).
Enquanto a Igreja Católica se reunia no Vaticano para discutir a eleição do novo Papa, o mundo
moderno procurava ir de encontro a este “mundo” cheio de tradições ancestrais, e tal só seria (em
parte) possível graças à comunicação social.
Em eventos como este, as empresas media, enquanto “instituições que exercem uma atividadechave que consiste na produção, reprodução e distribuição de conhecimentos (…) que podem dar um
sentido ao mundo, moldam a nossa perceção e…”2 têm naturalmente um papel preponderante, mas
ao mesmo tempo desafiador.
Assim, órgãos de comunicação social por todo o mundo investiram muito tempo e recursos para
realizar uma extensa cobertura quer sobre a renúncia de Bento XVI, quer sobre o Conclave,
compreendendo o período entre ambos os acontecimentos. Estima-se que estiveram mais de 5 mil
jornalistas no Vaticano, neste período de tempo3.
Contextualização do Conclave de 2013
No dia 11 de fevereiro de 2013, o então Papa Bento XVI, anunciou a sua renúncia, num consistório
sobre datas de canonizações. No discurso, Bento XVI, de 85 anos, justificou a sua decisão: “(…)Pela
idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério de Pedro.”
Eleito Papa a 19 de abril de 2005, quando tinha 78 anos, Bento XVI foi o 265.º Papa e o sexto alemão
a liderar a Igreja Católica. Os seus quase oito anos de pontificado ficaram marcados não apenas por
um declínio na participação religiosa dos católicos, mas também por escândalos de abusos sexuais na
Igreja Católica e ainda por casos polémicos no Vaticano, onde o Papa teria dificuldades para
controlar a Cúria4.
1
The Catholic Telegraph, 2013
McQuail, 2003:51
3
Correio da Manhã, 12-3-2013
4
Público, 11-2-2013
2
2
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Joseph Ratzinger deixou o ministério de bispo de Roma a 28 de fevereiro de 2013, às 20 horas – 19
horas em Lisboa. A partir deste dia, a Igreja Católica ficou em estado de "sede vacante". Este é o
termo católico para o período que começa com a renúncia do Papa e durante o qual é feita a
convocação do Conclave e a eleição do seu sucessor. Durante o estado de “sede vacante”, a direção
da Igreja Católica ficou sob a responsabilidade do colégio dos cardeais.
Os 115 cardeais eleitores, reunidos nas chamadas Congregações Gerais, decidiram que o encontro
para escolher o substituto de Bento XVI teria início na terça-feira, 12 de março, um mês depois da
renúncia do Papa alemão5. Para a sucessão de Ratzinger, havia vários candidatos, mas nenhum
favorito como quando Bento XVI sucedeu, em 2005, a João Paulo II. Era manifesto que o mundo
católico estava “entre a surpresa, a tristeza e a esperança”3.
Problemática
Um evento mediático desta envergadura, não poderia deixar de dar origem a inúmeras questões no
âmbito da comunicação social. Por exemplo, é pertinente refletir sobre a cobertura jornalística
durante o estado de “sede vacante”, sobre a qual não foi encontrado qualquer estudo. Neste período
de tempo em que os cardeais que estão à frente da Igreja Romana Católica levam a cabo
procedimentos centenários marcados pelo secretismo, o que e como noticiam os jornalistas que,
ainda que a metros de distância, estão muito longe de saber o que realmente se passa nas reuniões
dos cardeais? E neste contexto de secretismo, quais são as fontes de informação utilizadas nas
notícias? Nesta posição, os jornalistas e órgãos de comunicação social ficam mais limitados, mas não
deixam de produzir informação. Deste modo, torna-se interessante observar como estes se adaptam.
Esta problemática pode ser aplicada a diferentes medias, tipos de jornalismo e modelos políticos em
que o jornalismo se insere. No presente estudo de caso, delimitamos o objeto de análise à imprensa
generalista portuguesa e o objetivo passa pela compreensão de como foi feita a cobertura noticiosa
pelo jornalismo de referência e pelo jornalismo tabloide.
Como amostra, o Público é utilizado como jornal representativo do jornalismo de referência e o
Correio da Manhã como representante do tabloidismo em Portugal, pelas razões que se seguem.
O Público é um jornal diário generalista. Fundado em 1990, integra-se atualmente na holding Sonae.
As suas tiragens têm rondado os 40 mil exemplares. Ao longo da sua existência tem recebido vários
prémios6, o que podemos considerar como comprovativo da qualidade do seu jornalismo.
O Correio da Manhã iniciou a sua publicação em 1979. É, tal como o Público, um dos principais
jornais diários generalistas portugueses e o mais lido no país7, tendo vendido uma média de 112 840
jornais por dia nos dez primeiros meses de 20138. O Correio da Manhã pertence à empresa Cofina
Media. Considera-se jornal tabloide por a ele estarem geralmente associadas a carência de fontes, a
incidência sobre temas relacionados com crimes e escândalos e as manchetes que atraem a atenção
do público.
Neste ponto, é importante lembrar que o jornalismo está em relação com o meio e a sociedade em
que se insere. Daí a necessidade de o enquadrar num modelo de jornalismo quanto ao sistema
político, neste caso, o modelo mediterrânico9 proposto por Hallín e Mancini, que fala de uma baixa
circulação de jornais, de uma imprensa de elite politicamente orientada, bem como de uma fraca
profissionalização e da forte influência do Estado e dos partidos políticos.
Assim, a questão de partida para o estudo é: “Como foi feita a cobertura noticiosa dos dias
anteriores ao Conclave de 2013, pelos jornais Público e Correio da Manhã?”.
5
Público, 8-3-2013
http://static.publico.clix.pt/homepage/nos/premios.aspx
7
http://www.apct.pt/
8
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/lazer/tv--media/cm-alcanca-55-por-cento-de-quota-de-mercado
9
Hallín & Mancini, 2004
6
3
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Revisão da literatura
Dada a pergunta de partida e a consciência da importância do conhecimento do estado da arte,
torna-se imperativo, antes de mais, definir os dois tipos de jornalismo em análise.
A literatura sobre a tabloidização refere o quão difícil é definir tabloidização, pois o termo tabloide
refere-se não só a um formato jornalístico, mas também a atitudes e valores que são comummente
associados a esse formato10. No entanto, Colin Sparks tentou simplificar o conceito: jornalismo
tabloide “refere-se aos jornais e media que dão prioridade ao entretenimento, interesse humano e
rentabilidade comercial e que é normalmente apresentado como o oposto do jornalismo ‘sério’ e
socialmente responsável”11, ou seja, o jornalismo de referência.
Para melhor entendermos as características que diferenciam cada tipo de jornalismo recorramos à
tabela de binómios12 de Stephen Harrignton. Segundo o autor, associamos o popular ao jornalismo
tabloide e a qualidade ao jornalismo de referência; a tendência do tabloidismo para o que é privado,
emocional e trivial opõe-se às características do jornalismo de referência: público, racional e sério,
respetivamente; o jornalismo tabloide destina-se a consumidores, pois tem em vista o lucro, já o
jornalismo de qualidade destina-se aos cidadãos, aos quais presta um serviço; os tabloides, por
norma, abordam assuntos de micropolítica, no âmbito do “querer”, por oposição ao jornalismo de
qualidade que aborda principalmente temas de macropolítica e no âmbito do “precisar”.
Uma das variáveis analisadas no presente estudo de caso diz respeito às fontes de informação, o que
se justifica pela importância destas para o trabalho jornalístico: “A notícia depende das fontes que a
alimentam, que, por seu turno, dependem da forma como o jornalista procura e/ou recebe
informação.”13
As fontes jornalísticas são portadoras de informação, fundamentais para o trabalho noticioso. A sua
importância e a crescente complexidade do relacionamento entre os jornalistas e as fontes justificam
a necessidade da sua compreensão e classificação.
Na presente pesquisa descritiva foi adotada como base para a análise das fontes de informação
utilizadas na cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013 a classificação proposta por
Schmitz 14 , que está estruturada por categoria (fontes primária e secundária), grupo (oficial,
empresarial, institucional, popular, notável, testemunhal, especializada e de referência), ação (próativa, ativa, passiva e reativa), crédito (identificada e anónima) e pela qualificação (confiável,
fidedigna e duvidosa). A escolha desta classificação justifica-se por se tratar de uma classificação que
toma em conta a “pluralidade e diversidade de fontes, que agem de formas diferentes e detêm
qualidades diversas”15, mas de forma mais simplificada.
Dado que também são analisados os temas presentes nas notícias de cada jornal, torna-se relevante
refletir sobre a sua seleção, pois nem todos os acontecimentos são acontecimentos jornalísticos. “O
acontecimento jornalístico constrói-se normalmente, de acordo com critérios de seleção editorial
que, na perspetiva da teoria do jornalismo, se designam por “valores-notícia”16. Segundo Mauro Wolf,
os valores-notícia estão relacionados com a cultura e a organização do trabalho em que se insere,
que cria convenções profissionais que influenciam a seleção do que é ou não notícia17. Assim, é
importante refletir sobre a já referida classificação de modelo de jornalismo mediterrânico, mas
também sobre o facto de os critérios de noticiabilidade se relacionarem com a linha editorial do
órgão de comunicação social, logo, com o tipo de jornalismo.
10
Biressi & Nunn, 2007:3
Sparks, 2000 (citado por Biressi & Nunn, 2007:3)
12
Harrington, 2008:269
13
Ribeiro, 2009:29
14
Schmitz, 2011:7
15
Schmitz, 2011:6
16
Mesquita, 2004:29
17
Wolf, 2002:189
11
4
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Como base, é utilizada a lista de critérios de noticiabilidade de Nelson Traquina18 - por ser uma lista
abrangente, embora simples - que identifica os seguintes valores-notícia de seleção: morte,
notoriedade,
proximidade,
relevância, novidade,
tempo,
notabilidade,
inesperado,
conflito/controvérsia, disponibilidade, equilíbrio, visualidade, concorrência e dia noticioso.
Metodologia
Com o intuito de compreender como foi feita a cobertura noticiosa dos dias anteriores ao Conclave
de 2013, pelos jornais Público e Correio da Manhã, de forma rigorosa e fiável, foi adotada uma
metodologia mista, ou seja, quantitativa e qualitativa, para perceber quanto, como e porquê.
A amostra, como já referido, consiste nos jornais impressos Público e Correio da Manhã, no período
de 5 a 12 de março de 2013 (oito dias, ou seja, uma semana antes de o Conclave começar), por ser o
período imediatamente anterior ao Conclave, o período da realização das Congregações Gerais e o
período em que chegaram os jornalistas ao Vaticano para fazer a cobertura do Conclave.
De acordo com Rowe, é importante ter em consideração diferenças no conteúdo do jornal, no
formato e no estilo; no conteúdo e no enfoque das notícias; na variedade de temas; no tamanho e
composição dos artigos noticiosos; estilo de escrita19… Desta forma, foi definido que seria realizada
uma análise de conteúdo, tomando em conta as fontes de informação utilizadas, os temas presentes,
a terminologia empregue e as fotografias, com o intuito de refletir sobre o desempenho dos media.
Trata-se, portanto, de uma análise segmentada, para a qual se recorreu à elaboração de grelhas de
análise (em anexo). Por se tratar de uma análise à cobertura noticiosa, as unidades de análise são a
fotografia e o título e texto de notícias, reportagens e breves.
No jornal Público, foram analisadas 13 notícias/reportagens e no Correio da Manhã 24 notícias/
breves, o que dá um total de 37 notícias/reportagens/breves analisados.
Como referido, a análise das fontes de informação baseia-se na classificação proposta por Schmitz.
No entanto, surgiu a necessidade de adaptar a classificação às particularidades do presente estudo
de caso20. Assim, foi eliminado o grupo “empresarial”, bem como o tipo de ação “reativa”, por nunca
se terem verificado e isso ser previsível dado o tema ser os antecedentes do Conclave de 2013. Na
classificação dos créditos das fontes, foi substituída a nomenclatura “sigilosa” por dois termos:
“anónima” e “não identificada”, para diferenciar as fontes que não são identificadas por pedirem
anonimato e as fontes que não são identificadas devido ao jornalista não considerar necessário. Por
fim, na qualificação das fontes noticiosas, acrescentou-se “neutro” porque há fontes que não podem
ser consideradas confiáveis, fidedignas ou duvidosas, pois a informação que dão é relativa à sua
opinião ou sentimento pessoal e não informação significativa que mereça um estudo relativo à sua
credibilidade. Nos casos em que uma fonte apareceu repetidamente na mesma notícia, só foi
contabilizada uma vez.
Para analisar os temas presentes nas notícias, reportagens e breves dos jornais Público e Correio da
Manhã, foram recolhidos os temas presentes em cada notícia de cada um dos oito dias analisados21;
depois procedeu-se à criação de grupos mais abrangentes para inserir numa temática maior cada um
dos temas específicos (por exemplo, a notícia do Correio da Manhã sobre a preparação das
salamandras para a saída da “fumata”, foi inserida no grupo “preparativos para o Conclave”);
realizou-se então a contagem do número de vezes em que cada temática maior era abordada.
A análise da terminologia assentou apenas numa análise qualitativa.
Finalmente, a análise das fotografias foi composta por duas fases: numa primeira frase procedeu-se à
contagem do número de fotografias, bem como ao cálculo das suas dimensões (em centímetros
18
Traquina, 2002:45
Rowe, 2011:455
20
Ver anexo 1
21
Ver anexo 6
19
5
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
quadrados)22, de modo a construir uma tabela e daí retirar dados quantitativos (convertidos para
percentagens) do espaço ocupado por cada uma e por todas as fotografias no espaço dedicado pelo
jornal ao tema em causa, em cada dia analisado. Destes resultados, deu-se relevância à maior e
menor percentagem de espaço ocupado pela(s) fotografia(s) e à percentagem média de espaço
ocupado pela(s) fotografias(s), em cada um dos jornais. Numa segunda fase, procedeu-se à análise
qualitativa das fotos, na qual se teve em consideração a localização e organização das fotografias, o
seu enfoque e relação com o texto.
Hipóteses
No início da investigação, visando responder à questão inicial da investigação, foram formuladas
duas hipóteses que orientaram, naturalmente, a estruturação de toda a investigação.
A primeira hipótese passa pela confirmação dos preconceitos normalmente associadas ao jornalismo
tabloide e ao jornalismo de referência, ou seja, o jornalismo de referência recorre a mais fontes e
com maior credibilidade, em comparação com o jornalismo tabloide; o jornalismo tabloide noticia
temas mais sensacionalistas do que o jornalismo de referência; o jornalismo tabloide utiliza
terminologia mais acessível e atrativa do que o jornalismo de referência; o jornalismo tabloide usa e
destaca mais fotografias do que o jornalismo de referência.
A segunda hipótese é o oposto da primeira, isto é, não se confirmam os preconceitos normalmente
associados ao jornalismo tabloide e ao jornalismo de referência.
Desenvolvimento
Pelas características que já foram referidas na introdução, os antecedentes do Conclave de 2013
foram alvo de uma vasta cobertura mediática, o que está patente no facto de ambos os jornais terem
publicado notícias relativas a este tema em todos os dias analisados e também no número de
notícias/reportagens/breves e fotografias, e no destaque que lhes foi conferido.
Fontes de Informação23
A análise das fontes de informação é sempre relevante pelo papel preponderante que estas têm no
jornalismo, de forma geral, e neste caso em particular por ser um evento marcado pelo secretismo e,
além disso, pelo fim das conferências de imprensa dos cardeais a partir do dia 4 de março de 2013.
Para análise das fontes de informação é importante referir que ambos os jornais contaram com
enviados especiais no Vaticano. No entanto, o jornal Público teve a jornalista Sofia Lorena no campo
desde o primeiro dia analisado (5 de março de 2013) e o Correio da Manhã teve o jornalista
Secundino Cunha no Vaticano apenas no dia anterior ao início do Conclave (12 de março de 1013), ou
seja, foi enviado para cobrir o Conclave, mas não os seus antecedentes.
No espaço de tempo de oito dias, o jornal diário Público, nas 13 notícias/reportagens publicadas na
sua versão impressa, utilizou 39 fontes. Por sua vez, o jornal impresso Correio da Manhã, em 24
notícias, recorreu a 15 fontes. Estes números permitem-nos dizer, logo à partida, que a informação
disponibilizada pelo Público é confirmada por um muito maior número de fontes de informação do
que no Correio da Manhã, o que estará naturalmente relacionado com o Público ter uma jornalista
no Vaticano e o Correio da Manhã não.
Outro critério importante tido em conta é a variedade de fontes, sendo que das 39 fontes utilizadas
pelo jornal Público durante oito dias, 27 são diferentes. No caso do Correio da Manhã, das 15 fontes
utilizadas nas notícias em oito dias, 12 são diferentes. Este critério permite-nos dizer que o Público
recorreu a uma maior diversidade de fontes, que corresponde a uma maior diversidade e pluralidade
de informação.
22
23
Ver anexo 7
Ver anexo 1 e 2
6
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Relativamente à classificação das fontes de informação, quer o Público, quer o Correio da Manhã
utilizam fontes primárias - diretamente envolvida nos factos24 – e fontes secundárias - tipo de fonte
que contextualiza, interpreta, analisa, comenta ou complementa a matéria jornalística25. O jornal
diário Público utiliza mais fontes secundárias (69,2%) do que fontes primárias (30,8%). Pelo contrário,
o Correio da Manhã utiliza mais fontes de informação primárias (66,7%) do que secundárias (33,3%).
Apesar de os dados percentuais nos darem esta informação, torna-se relevante complementar estes
dados com os números de fontes, pois apesar de o jornal Público utilizar mais fontes secundárias do
que fontes primárias, este utiliza mais fontes primárias (um total de 12 vezes) do que o próprio
Correio da Manhã que privilegia este tipo de fontes (10 vezes).
Quanto ao grupo em que as fontes se inserem, o Público privilegia as fontes oficiais (33,3% – que
correspondem ao porta-voz do Vaticano e a cardeais), especializadas (28,2% – correspondem
maioritariamente vaticanistas) e referências (28,2% - principalmente órgãos de comunicação social
internacionais). Por seu turno, o Correio da Manhã privilegia claramente as fontes oficiais (66,7% –
porta-voz do Vaticano e cardeais). Estes dados permitem-nos concluir que o jornal Público procura ir
para além da informação disponibilizada pelos meios oficiais e procura informação complementar
entre especialistas e outros órgãos de comunicação social (o que pressupõe uma investigação mais
aprofundada), que não obteria pelos meios oficiais por estes nos transmitirem apenas o que lhes é
permitido (já que estavam sujeitos a um blackout) e conveniente. Nos grupos, não se verificou
qualquer fonte testemunhal por estarmos perante um acontecimento marcado pelo secretismo, sem
testemunhas para além dos cardeais participantes sujeitos a um voto de silêncio.
A ação da fonte dá-nos informação importante, pois está relacionada com o interesse da fonte no
valor da informação. Podemos ver que ambos os jornais recorreram a fontes ativas (que mantêm
uma regularidade no relacionamento com a media e uma estrutura profissional de comunicação26)
aproximadamente metade das vezes (46,2% no caso do Público e 53,3% no caso do Correio da
Manhã). O Público também recorre 41% das vezes a fontes passivas (referências e pessoas que
fornecem informações apenas quando solicitadas27). O Correio da Manhã recorreu, para além de
fontes ativas, a fontes pró-ativas (o que vai de encontro ao recurso a fontes do grupo oficial), o que
acarreta riscos, pois “as fontes agem conforme a sua conveniência, embora atuem aparentemente
na perspetiva de colaborar com o jornalista”28.
O crédito das fontes de informação diz-nos se as informações foram fornecidas em on ou off the
record. Ambos os jornais recorrem sobretudo a fontes identificadas (94,9% no caso do Público e
86,7% no caso do Correio da Manhã). O Público recorre uma vez a uma fonte anónima (“um religioso
que ensina História da Igreja em Roma e prefere não ver o nome publicado”29) e não identifica
devidamente uma fonte (“um padre norte-americano”30). O Correio da Manhã não utiliza qualquer
fonte anónima, mas não identifica devidamente duas fontes de informação (“o homem de cabelo
grisalho” e “os especialistas”31 que não são identificados ao longo da notícia).
Por fim, no que diz respeito à qualificação as fontes do Público são principalmente confiáveis (56,4% mantêm uma relação estável, acessíveis e articuladas, disponibilizam dados de forma eficaz,
informação certa e verdadeira na hora esperada ou rapidamente32) ou fidedignas (35,9% - exerce o
24
Schmitz, 2011:8
Schmitz, 2011:8
26
Schmitz, 2011:14
27
Pinto, 2000:279 (citado por Schmitz, 2011:14)
28
Schmitz, 2011:13
29
Público, 6 de março de 2013
30
Público, 7 de março de 2013
31
Correio da Manhã, 12 de março de 2013
32
Schmitz, 2011:18
25
7
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
seu poder pela posição social, inserção ou proximidade ao facto33). Enquanto as fontes do Correio da
Manhã são sobretudo fidedignas (66,7%) ou neutras (20% - a informação que dão é relativa à sua
opinião ou sentimento pessoal e não informação significativa). No entanto, o Correio da Manhã
apresenta uma fonte duvidosa, quando fundamenta a previsão de que o novo Papa se chamaria José
por este ser “o nome que reunia maior consenso entre os especialistas”34. Esses especialistas não são
identificados ao longo da notícia e sem legitimar a posição de “especialista” com uma identificação
ou apresentação, não a podemos considerar confiável ou fidedigna.
Além destes critérios quantitativos, é de toda a pertinência referir a ausência de fontes de
informação: na edição de 5 de março de 2013, o Correio da Manhã noticia que “os casos de pedofilia,
abusos sexuais, assédio homossexual, traições (…) estão no cento das conversações” e que a Cúria
“…pretendia adiar a [sua] discussão…”, no entanto, estas informações não vêm acompanhadas de
qualquer fonte de informação. Relativamente ao mesmo assunto, no dia seguinte (6 de março de
2013), o Público tem também como tema de destaque a discussão nas congregações de
acontecimentos ditos escandalosos e sobre a forma como obteve esta informação a jornalista
escreve: “…o segredo a que todos os cardeais estão obrigados (…) lá encontrou forma de se quebrar.
E ao segundo dia, todos ficaram a saber…”. Ou seja, sem dizer qual é a fonte, informa que é um facto
assente e conhecido de todos. Já no dia 7 de março de 2013, o Correio da Manhã afirma que “os
chamados cardeais da Cúria (…) têm demonstrado pressa na concretização do processo de eleição do
novo Papa (…), Porém, os denominados ‘cardeais extra-Cúria’ (…) não têm pressa…”, mas não avança
qualquer fonte oficial ou especializada, nem mesmo referências que sirva de alicerce para esta
informação. A não identificação das fontes de informação é um preconceito normalmente associado
ao tabloidismo e efetivamente observa-se no Correio da Manhã, mas também está presente no
jornal de referência Público, ainda que por uma só vez.
Temas Presentes35
No caso do jornal Público, os temas que aparecem mais vezes nas notícias publicadas nas oito
edições diárias analisadas são: escândalos no pontificado de Bento XVI (seja escândalos de pedofilia,
Vatilieaks, ou escândalos financeiros); os Papabili (desde debates a informações ou factos acerca
destes); e as Congregações gerais (informações sobre o seu funcionamento, temas tratados, etc.).
Estas três temáticas aparecem em 46,2% das notícias.
Nas notícias publicadas nas oito edições diárias analisadas do Correio da Manhã, os temas mais
abordados estão relacionados com a data do Conclave, aparecendo em 25% das notícias. Seguindose a este tema, os preparativos do Conclave (presente em 20,8% das notícias).
É interessante constatar que os temas que foram mais frequentemente abordados nas notícias por
cada jornal são bastante distintos. Igualmente interessante é perceber que o jornal Público, tido
como jornal de referência, tem como temas mais repetidos assuntos que são, normalmente, mais
associados ao jornalismo tabloide: escândalos e previsões sobre o futuro Papa, sendo que cair em
previsões pode ser arriscado, como se veio a verificar, pois o Papa eleito não estava entre os que
eram avançados como favoritos. Por outro lado, o Correio da Manhã repete assuntos muito
diferentes e não inseridos nos paradigmas associados ao tabloidismo, só abordando as temáticas dos
escândalos uma vez e a dos Papabili duas vezes.
Outro tema abordado frequentemente por ambos os jornais diz respeito ao funcionamento do
Conclave, ou seja, regras, rituais, tradições associadas à eleição papal (30,8% no jornal Público e
16,7% no jornal Correio da Manhã).
É de fazer notar também o facto de se observar a repetição de temas, mesmo não acrescentando
nada de novo. Tal acontece nos dois jornais em análise: no Público são enumerados frequentemente
33
Schmitz, 2011:18
Correio da Manhã, 12 de março de 2013
35
Ver anexo 2
34
8
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
os mesmo escândalos, não acrescentando nova informação acerca destes; quer no jornal Público,
quer no Correio da Manhã nota-se a repetição de informações relativas ao funcionamento do
Conclave, como o número de cardeais no colégio eleitoral, o número de votos necessários para o
Papa ser eleito, o fumo pontifício, etc.
No entanto, os temas mais abordados e repetidos não correspondem necessariamente aos temas
mais destacados, como se pode verificar em seguida.
No jornal Público, para além das edições em que o destaque está relacionado com os temas que
foram mais abordados ao longo dos oito dias analisados, há duas edições que dão grande destaque a
dois assuntos singulares: “a lista dos dirty dozen” e o blackout dos cardeais (7 de março de 2013) e o
poder do cardeal e secretário de Estado Tarcisio Bertone (10 de março de 2013).
No Correio da Manhã, a maioria dos assuntos em destaque não coincidem com os assuntos mais
abordados ao longo do período analisado. No dia 8 de março de 2013 o destaque vai para o blackout
dos cardeais. No dia seguinte (9 de março de 2013), a previsão de quando Papa será eleito é o que
está salientado no título, o que nos permite refletir não só sobre a presença de previsões nas notícias
como sobre a sua presença nos títulos, isto é, de forma destacada. O mesmo volta a verificar-se na
edição de 12 de março de 2013, quando o Correio da Manhã prevê que o “novo Papa deve chamarse José” e, como já foi referido, baseia esta previsão no “consenso dos especialistas” que nunca
chegam a ser identificados.
Também é pertinente refletir sobre a falta de interesse noticioso de algumas informações avançadas
por ambos os jornais. De facto, algumas notícias publicadas parecem ter o intuito de ocupar espaço,
pois não apresentam qualquer interesse público e nem mesmo do público.
No jornal de referência Público, no dia 7 de março, uma coluna e meia foi dedicada à descrição
pormenorizada de um momento de oração na Basílica de S. Pedro, sem avançar qualquer informação
de relevância. No mesmo dia e na mesma página encontra-se uma caixa de texto dedicada “ao
improviso e ao imprevisto” relacionados com o Conclave, que vai desde uma piada sobre o atraso na
chegada de um cardeal ao Vaticano até à possibilidade de adotar um Papa num site. Da mesma
forma, podemos refletir sobre a relevância que foi dada ao tema do poder do cardeal Tarcisio
Bertone, já que este não fez parte de qualquer acontecimento ou facto diretamente relacionado com
o assunto do Conclave de 2013 que merecesse tal destaque, nem pode seria eleito Papa (de acordo
com a própria notícia do Público) e, assim, não é avançada qualquer informação com novidade sobre
este no contexto da eleição papal.
Desta forma, é possível inferir que nestes casos os critérios da notoriedade da relevância, da
notabilidade e do inesperado, avançados por Traquina36 e que marcam este acontecimento, se
sobrepõem ao critério da novidade, na hora de selecionar as notícias e de as produzir.
No considerado jornal tabloide, Correio da Manhã, são notícias assuntos como uma missa em Lisboa
“pedindo a luz do Espírito Santo para a eleição do Papa”37, o jantar de um cardeal no restaurante
“onde Karol Wojtyla comeu antes de ser eleito João Paulo II”37, ou ainda “o escritor Luís Miguel
Rocha considera que o seu romance (…) permite perceber como funciona o Banco do Vaticano”37.
Neste último, verifica-se a tentativa de criação de proximidade pessoal entre o assunto e o públicoalvo, ao referir frequentemente os cardeais portugueses e os eventos em Portugal relacionados com
o Conclave em Roma, o que se justifica não só pelo critério da proximidade, mas também pelo facto
de os jornalistas autores das notícias estarem em Portugal e não no Vaticano (relacionado com o
critério da disponibilidade36).
36
37
Traquina, 2002:45
Correio da Manhã, 11 de março de 2013
9
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Terminologia
A partir de uma análise qualitativa, podemos perceber que o Público aposta na publicação de
grandes reportagens, enquanto o Correio da Manhã de notícias mais pequenas e breves.
O Público usa uma linguagem mais sofisticada, um maior leque de vocabulário e desenvolve e
explora mais os temas, o que está relacionado com o facto de utilizar uma maior variedade de fontes
e procurar o parecer de especialistas e informações noutras publicações noticiosas.
No Público, observa-se que os títulos são indiretos e subjetivos (por exemplo, “Depois da renúncia de
Ratzinger ao pontificado, tudo é possível” ou “O verdadeiro Conclave já começou e dura até ao início
do Conclave oficial”). No mesmo jornal, o leitor está perante um texto mais literário, o que se verifica
em excertos como este: “ainda não há data para os cardeais se encerrarem na capela do Juízo Final
em tons de azul celeste, transformada uma vez mais, por alguns dias, em sede de reunião de Estado
e palco de História”38, para informar que não havia data para o conclave; “[chegar] aos comandos da
barca de S. Pedro”38, para dizer simplesmente ser Papa; ou “debaixo do teto de Miguel Ângelo”39,
como sinónimo de Capela Sistina.
No jornal de referência constata-se ainda o recurso a figuras de estilo como a hipérbole e a metáfora,
por exemplo, “…o novo Papa, que carregará o peso de suceder a um pontífice vivo e que se despediu
da Santa Sé vergado pelas tormentas que estremecem o mundo e o Vaticano”, “até à chegada do
fumo branco libertar os cardeais. Mas os dados já estão lançados…”40 ou ainda “Sucessor de Bento
XVI assumirá as rédeas de uma Igreja atormentada por ‘individualismos’ e ‘pecados’, em crise de
fé”41. Do mesmo modo, verifica-se o recurso a comparações, por exemplo, quando é feito um
paralelo entre o Conclave e uma eleição política, no dia 12 de março de 2013. Também o uso de
ditados populares como “Silêncio, portanto. Precauções redobradas. Casa roubada, trancas na porta”
ou “amena cavaqueira”42 e de adjetivação (“…em nome de vícios, desejos mesquinhos e interesses
corruptos”43) estão presentes nas notícias/reportagens. Por fim, constata-se também a utilização de
estrangeirismos como “outsider”, “lobby gay”, “Papabili” e “briefing” ou de termos técnicos como
“sede vacante”, “relationem”, “Motu Proprio”, “Pro elegendo Romano Pontifice” ou “extra omnes”.
O jornal Correio da Manhã, por sua vez, usa uma linguagem mais acessível e popular, bem como
termos diretos e práticos. No dito jornal tabloide não há espaço para expressões literárias e vai-se
direto ao assunto: “os mais recentes escândalos na Igreja Católica estão no centro das atenções dos
cardeais…”44. Ao contrário do Público, o Correio da Manhã revela que não há data para o Conclave
sem mais rodeios e de forma informativa: “Data do Conclave deve ser marcada amanhã”45.
Relativamente aos títulos, estes são mais curtos, objetivos e informativos, do tipo sujeito-verbopredicado, como se nota em “Cardeais querem discutir abusos”44 e nos demais títulos analisados.
Não se verifica o uso de figuras de estilo do género literário, como acontece no jornal Público. O
recurso a estrangeirismos é raro, observando-se apenas na expressão “blackout”. O uso de
vocabulário técnico ou mais específico do tema não se verifica.
Deste modo, neste periódico de cariz mais sensacionalista, a informação é transmitida de forma
direta e simples e logo explicada de modo acessível, permitindo ser compreendida em princípio por
qualquer leitor. A linguagem acessível, popular e prática do Correio da Manhã opõe-se à linguagem
sofisticada e técnica do Público. Por exemplo, ao contrário de usar texto de índole literária para dizer
identificar a Capela Sistina como faz o Público, o jornal Correio da Manhã identifica diretamente a
38
Público, 5 de março de 2013
Público, 12 de março de 2013
40
Público, 5 de março de 2013
41
Público, 9 de março de 2013
42
Público, 7 de março de 2013
43
Público, 9 de março de 2013
44
Correio da Manhã, 5 de março de 2013
45
Correio da Manhã, 7 de março de 2013
39
10
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
capela e explica o seu propósito “Capela Sistina, espaço nobre da igreja que acolhe regularmente os
Conclaves”.
Como nestes dias todos os factos e acontecimentos se desenvolvem em torno de um acontecimento
futuro, em ambos os jornais escreve-se muito nos tempos futuros e no modo subjuntivo, recorrendose às hipóteses expressas nos “devem ser”.
Fotografias46
Por norma, associa-se ao jornalismo tabloide um significativo “uso e abuso” da fotografia e do
espaço por esta ocupado, em comparação com o jornalismo de referência. No presente estudo
observa-se que a percentagem média do espaço ocupado pela(s) fotografias(s) em cada jornal é
muito próxima: o jornal Público apresenta uma média de 24% de ocupação do espaço dedicado ao
tema do Conclave por fotografias; o jornal Correio da Manhã apresenta quase 3% mais, ou seja, em
média 26,9% do espaço dedicado ao Conclave é preenchido por fotografias.
Apesar de a maior percentagem de espaço ocupado pela(s) fotografia(s) ser bastante superior no
Correio da Manhã (37,8%) em comparação com Público (27,8%), a menor percentagem de espaço
ocupado pela(s) fotografia(s) é muito próxima: 18% naquele que é considerado jornal de referência e
19% no que é considerado jornal tabloide.
Ainda assim, as fotografias e as formas como as fotografias são utilizadas em cada um dos jornais é
muito distinta. Este facto comprova-se primeiramente pelo número total de fotos: em oito edições
diárias, o Público utilizou 12 fotografias e no mesmo número de edições o Correio da Manhã utilizou
o dobro: 24 fotografias.
No jornal Público, no que toca à utilização de fotografias, nota-se que existe um modelo a que se
recorre em cada publicação: uma só fotografia de grandes dimensões ao centro e no meio do texto.
Só em duas edições aparecem mais fotos para além da foto principal: a 9 de março, quando são
apresentados três papabili e incluem-se pequenas fotos destes; e a 10 de março, quando aparece
uma pequena foto de Bento XVI.
Já no Correio da Manhã, parece não existir um modelo ou organização predefinidos, pois as
fotografias encontram-se localizadas de forma diferente em cada edição. Frequentemente observase o corte e sobreposição de diferentes fotografias mesmo com conteúdos distintos, funcionando
como uma só imagem. São usadas fotografias com diferentes tamanhos, dando-se destaque a uma
ou duas (com uma maior dimensão e localizadas no topo ou no meio da página) e logo aparecem
imagens mais pequenas no meio do texto ou no final deste. É de se referir também o uso de
fotografias noutras duas situações distintas no Correio da Manhã: quando o Conclave é tema de
destaque no jornal e aparece nas primeiras páginas (editoria “Atualidade”), o cabeçalho é
acompanhado por uma fotografia do Vaticano (o que se verifica em duas das oito publicações
analisadas); na última edição analisada (12 de março de 2013) o nome do autor das notícias aparece
acompanhado pela sua fotografia.
Relativamente ao enfoque das fotografias, no jornal Público este não está diretamente relacionado
com os temas destacados nas notícias ou reportagens, apresentando de certa forma um enfoque
abstrato dentro do tema geral que é a eleição do Papa. Ou seja, as fotografias utilizadas não
acrescentam informação relevante ao texto, adquirindo uma função mais de contextualização e
adorno do que propriamente informativa. Para comprovar esta premissa tomemos como exemplo
uma fotografia da praça de S. Pedro ao entardecer com o que parece ser uma pomba a voar, numa
notícia que destaca o debate dos escândalos nas congregações47. A exceção é a notícia sobre o poder
do cardeal Tarcisio Bertone no Vaticano, na qual a fotografia centra-se precisamente nesta
personalidade.
46
47
Ver anexo 3
Público, 6 de março de 2013
11
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Já no Correio da Manhã, as fotografias estão em concordância com o texto, acrescentando e
complementando a informação que aparece em palavras. Assim, podemos, por exemplo, encontrar
fotografias das Congregações Gerais quando estas são o tema em destaque nas notícias ou
fotografias das personalidades que são citadas ou faladas no texto. Por serem imagens muito
informativas e muito diferentes entre si, pela forma como são apresentadas, estas chamam mais a
atenção do leitor do que as imagens (normalmente uma por notícia) do jornal Público.
Desta forma, verifica-se que, apesar do espaço ocupado por fotografias no total de espaço dedicado
ao Conclave 2013 ser aproximado, a organização da(s) página(s), o número de fotografias utilizadas e
o seu conteúdo levam à existência de grandes disparidades no uso da fotografia por cada um dos
jornais. O que vai de encontro às teorias relativas ao jornalismo tabloide e jornalismo de referência.
Resultados
Com esta pesquisa descritiva, compreendeu-se que existem diferenças substanciais entre os dois
tipos de jornalismo na cobertura noticiosa dos antecedentes deste acontecimento internacional.
A informação disponibilizada pelo Público, como representante do jornalismo de referência, é
confirmada por um muito maior número de fontes de informação, bem como por uma maior
diversidade, comparativamente ao Correio da Manhã, representativo do jornalismo tabloide. Podese, portanto, dizer que o jornal Público leva a cabo uma investigação jornalística mais aprofundada
do que o Correio da Manhã, que privilegia as fontes oficiais.
Os temas abordados por cada jornal diário são distintos e contradizem os preconceitos existentes
relativamente ao tabloidismo: o jornal tido como jornal de referência tem como temas mais
abordados assuntos que são, normalmente, mais associados ao jornalismo tabloide (escândalos e
previsões sobre o futuro Papa). Em ambos os tipos de jornalismo denota-se a repetição de temas,
mesmo não acrescentando nada de novo, e também a existência de notícias com falta de interesse
noticioso, que parecem ter o intuito de ocupar espaço - o que se relaciona com os critérios da
notoriedade e da relevância do acontecimento.
Relativamente à terminologia, o estilo literário do Público contrasta com o estilo direto e acessível do
Correio da Manhã. O jornal Público apresenta um texto mais literário, com uma linguagem mais
sofisticada e com recurso a figuras de estilo, estrangeirismos e termos técnicos. Já o jornal
considerado tabloide usa uma linguagem mais simples e popular, bem como termos diretos e
práticos.
De acordo com os preconceitos existentes está o uso da fotografia, que é diferente em cada tipo de
jornalismo. Verifica-se que, apesar do espaço ocupado por fotografias no total de espaço dedicado
ao Conclave 2013 ser aproximado, a organização da(s) página(s), o número de fotografias utilizadas
(muito maior no jornal tabloide) e o seu conteúdo levam à existência de grandes disparidades no uso
da fotografia por cada um dos jornais.
Conclusão
A renúncia do Para Emérito Bento XVI à liderança da Igreja Católica, o período de “sede vacante” que
resultou dessa decisão e o consequente Conclave resultam num dos maiores eventos mediáticos de
2013, podendo dar origem a inúmeras questões de investigação. No presente estudo de caso a
questão foi “Como foi feita a cobertura noticiosa dos dias anteriores ao Conclave de 2013, pelos
jornais Público e Correio da Manhã?”, tomando como objetivo a compreensão das diferenças e
semelhanças existentes entre o jornalismo de referência e o jornalismo tabloide e a confirmação ou
não dos preconceitos associados a cada um.
Com efeito, foi realizada uma análise de conteúdo, tomando em conta as fontes de informação
utilizadas, os temas presentes, a terminologia empregue e o uso de fotografias, concluindo-se que,
de forma geral, os preconceitos associados a cada tipo de jornalismo se confirmam, exceto no que
12
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
diz respeito aos temas que fazem notícia, o que se justifica por se tratar de um acontecimento
mediático marcado por determinas particularidades como o secretismo, os problemas internos da
Igreja Católica e estar voltado para a vindoira eleição Papal, o que fomenta as expectativas do
público.
Da pesquisa descritiva retira-se a opinião pessoal de que a existência destas diferenças entre cada
tipo de jornalismo é positiva, por resultar em ofertas para diferentes públicos, havendo lugar para os
dois jornais na imprensa generalista portuguesa. Este caso poderia ainda ser investigado a partir de
outras questões como a relevância noticiosa que foi dada a todo o Conclave de 2013, desde a
renúncia de Bento XVI à eleição do Papa Francisco; ou a comparação da cobertura noticiosa levada a
cabo por órgãos de comunicação social de diferentes modelos jornalísticos quanto ao sistema
político; e, inclusive, a cobertura jornalística levada a cabo nas redes sociais.
A cobertura mediática de um evento como o analisado apresenta inúmeros desafios e estudos como
este devem refletir sobre as dificuldades existentes para, tendo em conta as potencialidades,
melhorar a atuação em acontecimentos futuros de índole semelhante.
13
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Bibliografia
Bibliografia Citada
Biressi, A. & Nunn, H. (Eds) (2008) “The Tabloid Culture Reader”, in http://www.mcgrawhill.co.uk/openup/chapters/9780335219315.pdf (Consultado em novembro de 2013)
Hallin, Daniel & Mancini, Paolo (2004) “Comparing Media Systems: Three Models of Media and
Politics”, Cambridge University Press, Cambridge
Harrington, Stephen (2008) “Popular news in the 21st century: Time for a new critical approach?” in
http://eprints.qut.edu.au/18221/1/c18221.pdf (Consultado em novembro de 2013)
McQuail, Denis (2003) “Teoria da comunicação de massas”, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
Mesquita, Mário (2004) “O quarto equívoco”, Minerva, Coimbra
Ribeiro, Vasco (2009) “Fontes sofisticadas de informação: análise do produto jornalístico político da
imprensa nacional diária de 1990 a 2005”, Media XXI, Lisboa
Rowe, David (2012) “Obituary for the newspaper? Tracking the tabloid” in
http://jou.sagepub.com/content/12/4/449 (Consultado em novembro de 2013)
Schmitz, Aldo (2011) “Classificação das fontes de notícias”, in http://www.bocc.ubi.pt/pag/schmitzaldo-classificacao-das-fontes-de-noticias.pdf (Consultado em dezembro de 2013)
Traquina, Nelson (2002) “Uma comunidade interpretativa transnacional: a tribo jornalística” in Media
& Jornalismo, Nº 1, Ano 1, Minerva, Coimbra
Wolf, Mauro (1999) “Teorias da comunicação”, Editorial Presença, Lisboa
Bibliografia Lida
Traquina, Nelson (coord) (2001) “O Jornalismo Português em Análise de Casos”, Editorial Caminho,
Lisboa
Pinto, Manuel & Sousa, Helena (org) (2007) “Casos em que o jornalismo foi notícia”, Col.
Comunicação e Sociedade, 8, Campo das Letras, Porto
Netgrafia
Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação in http://www.apct.pt/ (Consultado
em dezembro de 2013)
Correio da Manhã in http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/lazer/tv--media/cm-alcanca-55-porcento-de-quota-de-mercado (Consultado em dezembro de 2013)
Público in http://static.publico.clix.pt/homepage/nos/premios.aspx (Consultado em dezembro de
2013)
The Catholic Telegraph in http://www.thecatholictelegraph.com/secular-media-coverage-of-papaltransition-mix-of-ignorance-and-malice/12904 (Consultado em novembro de 2013)
14
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Anexos
Anexo 1: Grelha de Análise - Fontes de Informação
Grelha de Análise
FONTES de INFORMAÇÃO*
Total:
39 fontes
15 fontes
Variedade de fontes:
27 fontes
12 fontes
*De acordo com Schmitz, 2011
Categoria
Grupo
Ação
Crédito
Qualificação
Primária
12
30,8%
10
66,7%
Secundária
27
69,2%
5
33,3%
Oficial
13
33,3%
10
66,7%
Institucional
2
5,1%
-
-
Individual
2
5,1%
2
13,3%
Testemunhal
-
-
-
-
Especializada
11
28,2%
2
13,3%
Referência
11
28,2%
1
6,7%
Pró-ativa
5
12,8%
5
33,3%
Ativa
18
46,2%
8
53,3%
Passiva
16
41%
2
13,3%
Identificada (on)
37
94,9%
13
86,7%
Anónima (off)
1
2,6%
-
-
Não identificada
1
2,6%
2
13,3%
Confiável
22
56,4%
1
6,7%
Fidedigna
14
35,9%
10
66,7%
Duvidosa
-
-
1
6,7%
Neutro
3
7,7%
3
20%
15
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Anexo 2: Gráficos de Análise - Fontes de Informação
Categoria da Fonte de Informação
Público
Correio da Manhã
Público
13
27
12
Correio da Manhã
11
10
2
10
5
Primária
0
2 2
0 0
11
2
1
Secundária
Ação da Fonte de Informação
Público
Crédito da Fonte de Informação
Correio da Manhã
18
5
Grupo da Fonte de Informação
37
Correio da Manhã
16
13
8
5
Público
1
0
1
2
2
Pró-Ativa
Ativa
Passiva
Qualificação da Fonte de
Informação
Público
Correio da Manhã
22
14
10
1
Confiável
0
Fidedigna
1
Duvidosa
3
3
Neutra
16
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Anexo 3: Grelha de Análise - Temas Presentes
Grelha de Análise
TEMAS PRESENTES*
1. Escândalos no pontificado de Bento
XVI
Debate acerca dos Papabili
Congregações gerais
6/13
46,2%
1. Data do Conclave
6/24
25%
2. Funcionamento do Conclave
4/13
30,8%
2. Preparativos para o Conclave
5/24
20,8%
3. Data do Conclave
Expectativas sobre o novo Papa
Colégio Cardinal
3/13
23,1%
3. Funcionamento do Conclave
4/24
16,7%
4. Chegada de Cardeais ao Vaticano
3/24
12,5%
*Número e percentagem de vezes em que o tema esteve presente no total de notícias de cada jornal
Anexo 4: Grelha de Análise - Fotografias
Grelha de Análise
FOTOGRAFIAS
Nº total de fotografias:
12
24
Percentagem média de espaço ocupado pela(s)
fotografias(s)
Maior percentagem de espaço ocupado pela(s)
fotografia(s)
Menor percentagem de espaço ocupado pela(s)
fotografia(s)
24%
26,9%
27,8%
(8/3/2013)
18%
(11/3/2013)
37,8%
(6/3/2013)
19%
(11/3/2013)
17
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
Anexo 5: Recolha de Dados - Fontes de Informação
Recolha de Dados
FONTES de INFORMAÇÃO
Datas
5 de março de 2013
6 de março de 2013
7 de março de 2013
8 de março de 2013
9 de março de 2013
10 de março de 2013
- Vatican Insider (publicação do jornal La
Stampa);
- Vaticanista Paolo Rodari;
- Frederico Lombardi (porta-voz do
Vaticano);
- Cardeal Francis George;
- Cardeal Wilfrid Napier;
- Cardeal Philippe Barbarin;
- Cardeal Andre Vingt-Trois;
- Cardeal Carlo Amigo Vallejo;
- D. Manuel Clemente;
= 4 fontes
- Religioso anónimo (em off the record);
- Vatican Insider (publicação do jornal La
Stampa);
- Jornal El País;
- Cardeal Philippe Barbarin;
- Vaticanista Paolo Rodari;
= 5 fontes
- Frederico Lombardi (porta-voz do
Vaticano);
= 5 fontes
- Vitória (anónima);
- Diretor da SNAP;
- Padre norte-americano desconhecido;
= 1 fonte
-
= 3 fontes
- Frederico Lombardi (porta-voz do
Vaticano);
- Vaticanista Andrés Beltramo;
- Jornal Chicago Tribune;
= 0 fontes
- Cardeal Walter Kasper;
- Frederico Lombardi (porta-voz do
Vaticano);
= 3 fontes
- Frederico Lombardi (porta-voz do
Vaticano);
- Gianluigui Nuzzi (jornalista);
- Vaticanista Andrés Beltramo;
- Vatican Insider (publicação do jornal La
Stampa);
- Globo;
= 2 fontes
- Frederico Lombardi (porta-voz do
Vaticano);
= 5 fontes
- Gianluigui Nuzzi (jornalista);
- Comunicado do Cardeal Tarcisio
Bertone;
- Vaticanista Andrés Beltramo;
- Escrito de Ratzinger;
- Livro “As Cartas Secretas de Bento XVI”,
de Nuzzi;
- Jornal La Croix;
- Serviço espanhol da BBC;
= 1 fonte
- Frederico Lombardi (porta-voz do
Vaticano);
= 7 fontes
= 1 fonte
18
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
11 de março de 2013
- Gianni Bottalico (presidente Associação
dos Trabalhadores Católicos Italianos);
- Famiglia Cristiana (revista);
- Giorgio Campanini (sociólogo);
- Cardeal D. José Policarpo;
- Luís Miguel Rocha (escritor);
= 3 fontes
- Frederico Lombardi (porta-voz do
Vaticano);
- Cardeal Angelo Scola;
- Cardeal Odilo Scherer;
- Cardeal Christoph Schonbron;
- Cardeal Marc Ouellet;
- Juan Arrieta (secretário do Conselho dos
Textos Legislativos);
- Vaticanista Andrés Beltramo;
- Vatican Insider (publicação do jornal La
Stampa);
- Vaticanista Paolo Rodari;
= 2 fontes
- Religioso desconhecido;
- “Especialistas” (não identificados);
- Site PaddyPower.com;
Total:
= 9 fontes
39 fontes
= 3 fontes
15 fontes
Variedade de fontes:
27 fontes
12 fontes
12 de março de 2013
Anexo 6: Recolha de Dados - Temas Presentes
Recolha de Dados
TEMAS PRESENTES
Datas
5 de março de 2013
6 de março de 2013
- Dificuldades em prever quem será o
próximo Papa;
- Comparação com o Conclave de 2005;
- Critérios de escolha do Papa;
- Previsões sobre o desenvolvimento do
Conclave;
- Caracterização geral do colégio eleitoral
(números e “partidos” existentes);
- Papabili: Odilo Scherer;
- Informações sobre votações no Conclave;
- Ausência do cardeal Keith O’Brien (devido
a escândalo de pedofilia);
- Primeiro dia de congregações (escrita de
mensagem para Ratzinger);
- Temas escandalosos (Vatileaks) discutidos
nas congregações;
- Informações sobre congregações;
- Formação de “candidaturas” e escolhas
(Papabili: Odilo Scherer);
- Enumeração de escândalos recentes;
- Discussão de casos de pedofilia e
escândalos na Igreja, nas congregações;
- Primeiro dia de congregações
(preparativos para Conclave e mensagem
para Ratzinger);
- Idade dos Papas anteriores;
- Data do Conclave (previsão de Papa para
a Páscoa, sem data por falta de cardeais);
- Falso bispo na Suíça;
- Cardeal espanhol desvaloriza escândalos;
- Capela Sistina encerrada;
- Preparação do Conclave;
- Falta de cinco cardeais;
- Falta de data para início do Conclave;
- Mensagem dos cardeais para Ratzinger;
19
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
7 de março de 2013
8 de março de 2013
9 de março de 2013
10 de março de 2013
11 de março de 2013
- Lista de 12 cardeais que a associação
Survivors Network of those Abused by
Priests não quer para Papa;
- Chegada dos últimos cardeais ao Vaticano;
- Previsão da divulgação da data para este
dia;
- Descrição pormenorizada das orações dos
fiéis e das visitas dos turistas em S. Pedro;
- Fim das conferências de imprensa diárias
dos cardeais norte-americanos;
- Insólitos: piada sobre atrasos; homem
disfarçado de cardeal no Vaticano; site para
adotar cardeal;
- Data do Conclave;
- Informações sobre congregações
(dinâmica, funcionamento, participantes);
- Temas discutidos nas congregações:
escândalos e finanças;
- Fim das conferências de imprensa diárias
dos cardeais norte-americanos depois da
lista de 12 cardeais;
- Avanço da data de início do Conclave;
- Resumo dos últimos anos e atual estado da
Igreja Católica;
- Regras e procedimentos do Conclave;
- Resumo dos últimos anos da Igreja
Católica;
- Previsões e desafios para o Conclave;
- Composição do eleitorado;
- Resumo das congregações;
- Papabili: Odilo Scherer, Angelo Scola, Marc
Ouellet;
- Poder do cardeal Tarcisio Bertone no
Vaticano (percurso deste, má gestão dos
assuntos da Igreja e escândalos financeiros);
- Temas discutidos nas congregações:
escândalos;
- História dos Conclaves;
- Papabili (nomes de cardeias mais falados):
Odilo Scherer, Angelo Scola, Patrick
O’Malley;
- Expectativas para próximo pontificado;
- Sugestão de substituição do Instituto para
as Obras da Religião (Banco do Vaticano)
por uma banca ética;
- Chegada do último cardeal;
- Previsão da divulgação da data do início
do Conclave para dia seguinte;
- Informações sobre congregações (cúria
vs. extra cúria);
- Cardeais calados, em blackout;
- Fim das conferências de imprensa diárias
dos cardeais norte-americanos depois da
lista de 12 cardeais;
- Telegrama do Colégio Eleitoral sobre
morte de Hugo Chávez;
- Salamandras para o Conclave instaladas
na Capela Sistina;
- Brazão de Bento XVI retirado dos jardins,
preparação de um novo;
- Previsão da divulgação da data para este
dia;
- Falta de um cardeal dos 115;
- Previsão da data em que Papa seria
eleito;
- Preparativos do Conclave (obras quase
prontas);
- Procedimentos do Conclave;
- Missa de abertura do Conclave sem hora
marcada;
- Horários de saída do fumo pontifico;
- Informações sobre missa de abertura do
Conclave;
- Informações sobre primeiro dia do
Conclave;
- Arranque do Conclave no dia seguinte;
- Missas celebradas pelos cardeias em
Roma;
- Papabili: Odilo Scherer, Angelo Scola,
Sean O’Malley, Luis Antonio Tagle;
- Cardeais portugueses no Conclave;
- Missa em Lisboa pela eleição do Papa;
- Histórico dos últimos Conclaves;
- Capela Sistina;
- Informações sobre Conclave
(funcionamento);
- Cardeal espanhol jantou onde jantou
João Paulo II antes de ser eleito;
- Livro “A Filha do Papa” de L. M. Rocha;
20
Cobertura noticiosa nos dias anteriores ao Conclave de 2013
12 de março de 2013
- Arranque do Conclave;
- Influência de Bento XVI;
- Informações sobre o primeiro dia de
Conclave (procedimentos, rituais e
logística);
- Funcionamento da 1ª votação;
- Missas celebradas pelos dois cardeais
favoritos: Angelo Scola e Odilo Scherer;
- Encerramentos e temas discutidos nas
congregações;
- Vigilância e silêncio;
- Informações sobre o primeiro dia de
Conclave (regras e tradições);
- Constituição do colégio eleitoral;
- Expectativas para próximo pontificado;
- Papabili: Scherer e Scola.
- Nome do novo Papa deveria ser José;
- Arranque do Conclave;
- Informações sobre o primeiro dia de
Conclave (procedimentos e rituais);
- Apostas sobre futuro Papa: Scherer, Scola
e Peter Turkson;
- 5 mil jornalistas no Vaticano;
- Jorge Bergoglio, o cardeal quase eleito
em 2005.
Anexo 7: Recolha de Dados - Fotografias
Recolha de Dados
FOTOGRAFIAS
Nº Total de
fotografias
Datas
12
24
Espaço
dedicado
ao
Conclave
2013
2
Espaço da(s)
fotografia(s)
Espaço
da(s)
notícia(s)
Espaço da(s)
fotografia(s)
460,8cm
26,8%
1508,68
2
cm
2
705,12cm
2
26,3%
515,9cm
2
27,8%
835,05cm
168,03cm
18,7%
571,2cm
2
148,41cm
26,9%
876,9cm
2
190,65cm
2
18%
1054,5cm
2
27,7%
1054,5cm
2
5 de março de 2013
1513cm
304,59cm
6 de março de 2013
306,6cm
8 de março de 2013
1142,4
2
cm
1145,8
2
cm
2
554,2cm
9 de março de 2013
1904cm
10 de março de 2013
1904cm
11 de março de 2013
387,6cm
69,69cm
12 de março de 2013
1904cm
2
526,5cm
7 de março de 2013
Média
2
301cm
154cm
2
355,2cm
2
511,92cm
2
2
2
Percentagem
de espaço da(s)
fotografia(s) no
espaço
dedicado ao
Conclave 2013
20,1%
24%
2
2
2
266,4cm
37,8%
2
33,3%
2
20,1%
2
26%
2
21,7%
2
19%
2
26,4%
171,82cm
2
Percentagem
de espaço das
fotografias no
espaço
dedicado ao
Conclave 2013
30,5%
2
200,25cm
2
278,12cm
26,9%
21