Atilio Colnago Filho. Ambivalências do sagrado. O percurso dos

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Atilio Colnago Filho. Ambivalências do sagrado. O percurso dos
Para citar esta reseña:
Colnago, Atilio. Reseña de su tesis de maestría. “Ambivalências do sagrado. O
percurso dos objetos entre a devoção e a coleção”. Tesis para optar por el título de
Mestre em Artes, na área de concentração Patrimônio e Cultura. Programa de PósGraduação em Artes da Universidade Federal do Espírito Santo. En: PROHAL
MONOGRÁFICO, Revista del Programa de Historia de América Latina. Vol. 3. Primera
Sección: Vitral Monográfico Nro. 3. Instituto Ravignani, Facultad de Filosofía y Letras,
Universidad de Buenos Aires. Buenos Aires, 2012. pp. 307 – 309.
Atilio Colnago Filho. Ambivalências do sagrado. O percurso dos objetos entre
a devoção e a coleção.
Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Espírito
Santo.
Directora: Dra. Maria Cristina Correia Leandro Pereira.
Tribunal:
Dra. Patricia Alejandra Fogelman (Universidad de Buenos Aires), Dra. Carla
Costa Pinto Francalanci (Universidade do Espírito Santo), Dra. Mônica Viviana
Vermes (Universidade Federal do Espírito Santo).
Espírito Santo, noviembre de 2011.
Atilio Colnago Filho
(Universidade Federal do Espírito Santo)
Esta dissertação visa realizar uma análise das imagens produzidas para o culto
nas Igrejas católicas em seus vários momentos, tendo como ênfase principal seus
usos e funções. O objetivo principal está situado na problemática que propõe
indagar o que pode ocorrer quando do deslocamento desses objetos, ao transitarem
entre as instâncias sagradas, representadas pelas igrejas e pelo mundo das coisas
situadas no lado profano da vida, representado pelas coleções e pelos museus.
Utilizamos como referência para nossos estudos duas igrejas de Ouro Preto,
Minas Gerais –a igreja de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias e a igreja
de Nossa Senhora do Pilar– e as esculturas policromadas restauradas pelo Núcleo
de Conservação e Restauração do Centro de Artes da Universidade Federal do
Espírito Santo, no período compreendido entre 1995 e 2011, pertencente às igrejas
tanto da capital como do interior do estado.
É importante deixar claro que o termo “sagrado” foi utilizado de acordo com o
conceito que o determina como algo oposto ao profano e que as imagens foram
analisadas, prioritariamente, levando-se em conta seu aspecto devocional, sem
termos a pretensão de encerrá-las em uma única categoria, visto que não há como
isolá-las completamente do mundo que as cerca.
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percurso dos objetos entre a devoção e a coleção”. Tesis para optar por el título de
Mestre em Artes, na área de concentração Patrimônio e Cultura. Programa de PósGraduação em Artes da Universidade Federal do Espírito Santo. En: PROHAL
MONOGRÁFICO, Revista del Programa de Historia de América Latina. Vol. 3. Primera
Sección: Vitral Monográfico Nro. 3. Instituto Ravignani, Facultad de Filosofía y Letras,
Universidad de Buenos Aires. Buenos Aires, 2012. pp. 307 – 309.
Essa ênfase está justificada na referencia às esculturas confeccionadas
prioritariamente para atuarem nos rituais católicos e, por conseguinte, não se pode
deixar de tratar de diferentes questões conceituais e teóricas que se localizam na
dialética entre os aspectos de pertencimento e de não-pertencimento que envolve
estas imagens.
Nas “Considerações sobre a imagem devocional no Brasil”, procuramos colocar
em paralelo, entre outros aspectos, a história das imagens cristãs, seus processos
construtivos, seus usos e funções, na intenção de melhor compreender a sua
abrangência na religião católica e, ao mesmo tempo nortear a sua evolução no
Brasil, colonizado por Portugal, um país essencialmente católico, que aqui impôs
não somente sua religião, mas a forma de professá-la, incluindo aí as organizações
arquitetônicas, escultóricas e pictóricas, que podem ser hoje observadas em
diversas igrejas, nos retábulos, na imaginária e na sua decoração seja interna ou
externa.
Para tratamos dos aspectos das imagens no espaço das igrejas e do seu
deslocamento para os museus, utilizamos as duas igrejas de Ouro Preto, pois elas
continuam a ter suas atividades regulares ligadas à liturgia, como também mantêm
em seu espaço construtivo dois importantes museus com tutela eclesiástica,
respectivamente o Museu do Aleijadinho e o Museu de Arte Sacra do Pilar
Estes estudos nos permitiram elucidar as diferenças que levantamos como
fundamentais para o entendimento da mudança significativa da simbologia e da
significação das imagens ao deixarem o espaço da igreja, onde estiveram
referenciadas e reverenciadas como objetos sagrados e intermediários entre os
homens e as divindades. Ao comporem o acervo dos museus perderam seus usos e
funções primeiras, para os quais tinham sido criadas, onde talvez estivesse sua
tarefa mais importante, que é a de trazer para o cotidiano dos fiéis a presença física
do divino.
O grupo de imagens que denominamos de “despatriadas”, são as que
compõem o acervo de Arte Sacra do Museu Solar Monjardim/IBRAM/ES, que
originalmente faziam parte do Museu de Arte Sacra do Espírito Santo, que funcionou
na capela de Santa Luzia, no centro de Vitória, no período de 1945 a 1966, quando
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percurso dos objetos entre a devoção e a coleção”. Tesis para optar por el título de
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foi desativado. Desde então, essas esculturas encontram-se apartadas da
comunidade, não cumprindo mais nenhuma de suas funções. As devocionais,
perdidas desde que foram retiradas das igrejas e residências e, as museológicas,
com ênfase no seu estatuto histórico-estético, também perdido, pois se encontram
mantidas desde então em reservas técnicas.
Ao falarmos do “abandono do sagrado”, abordamos um grupo de imagens que
pelos motivos os mais diversos tiveram uma acentuada deterioração em sua
estrutura física, delas restando apenas fragmentos com prejuízo significativo da
leitura de suas partes principais, deixando-as em estado de ruína. O contraponto a
essa situação foi abordado na “reafirmação do sagrado”, onde tudo é puro júbilo, é
momento de festa, de reintronizar a imagem, padroeira de uma igreja, protetora de
uma comunidade, que esteve por algum tempo afastada para intervenções
restaurativas. Ao contrário da ruína estas imagens têm nelas impregnado a força do
sagrado e a certeza da perenidade.
Finalizamos a dissertação com o capítulo denominado “Ambivalências do
Sagrado”, onde foi estudada uma imagem de Santo Antonio pertencente à igreja de
Nossa Senhora da Penha de Alegre, ES, que por motivos os mais diversos transitou
por todas as instâncias que podem envolver as imagens em relação às suas
localizações, usos e funções, portanto, fazendo uma espécie de fechamento das
discussões apresentadas. Usamos como parâmetro as mudanças ocorridas após a
realização do Concílio Vaticano II, advindas principalmente pela forma como foram
entendidas suas resoluções, no que tange a retirada dos elementos decorativos das
igrejas. Essas peças, não tendo mais funções nas igrejas poderiam voltar a interagir
com sua comunidade não mais como objetos sagrados, mas como patrimônio
artístico, histórico e cultural, com reconhecida importância enquanto partes do
cotidiano da comunidade, portanto, partes também de suas vidas e histórias.
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