Aperta o cerco à bitcoin - O Globo
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Aperta o cerco à bitcoin - O Globo
Domingo 13 .4.2014 O GLOBO Economia GUSTAVO STEPHAN ANDREW HARRER/BLOOMBERG/9-10-2013 Churrasco na laje l 33 Crescimento travado PÁG. 35 PÁG. 37 DELIVERY NA FAVELA FAZ SUCESSO FMI: MUDANÇAS DEVEM VIR APÓS AS ELEIÇÕES Supermercado faz 200 entregas diárias em favelas, como o Morro dos Prazeres (foto), e bairros da Zona Sul e Centro Vice-diretor gerente, David Lipton (foto), diz que sem ambiente melhor para o setor privado, Brasil não cresce NEM TÃO VIRTUAL ASSIM _ Aperta o cerco à bitcoin Governos tentam regular moeda que já movimenta US$ 5 bi. No Brasil, Receita quer cobrar imposto O CAMINHO DO DINHEIRO VIRTUAL 1º passo Inscrever-se em uma carteira Virtual No disco rígido do computador 2º passo 3º passo Como adquirir bitcoins Em dispositivos móveis, como o smartphone Recebendo como pagamento por bens ou serviços Utilizar as bitcoins Comprando de conhecidos A carteira é identificada por uma sequência alfanumérica e pode ser codificada em um QR Code Recorrendo a uma plataforma de negociação, que reúne ofertas de compra e venda de usuários. Essas plataformas ofertam diferentes volumes, a cotações variadas, e cobram comissão pelas operações No pagamento por bens ou serviços Em transações com outros usuários FATOS A moeda virtual bitcoin tem o limite de 21 milhões de unidades. Por isso, sua cotação sobe quando a demanda cresce Criada em 2009, por um programador com o pseudônimo Satoshi Nakamoto Não há uma autoridade central de supervisão, e cada país tem adotado uma abordagem diferente Para quem aceita pagamentos em bitcoin, o custo financeiro é de 1%, contra 2,5% nas operações com cartão de crédito Houve até quem cunhasse moedas de bitcoin, com o código da carteira gravado. Algumas trazem a inscrição "Libertas, Aequitas, Veritas", latim para "Liberdade, Igualdade, Verdade" FONTES: Mercado Bitcoin e Goldman Sachs JULIANA GARÇON, GABRIELA VALENTE E CLAUDIA DOS SANTOS [email protected] -RIO E BRASÍLIA- Após uma série de abalos, governos do mundo todo estão fechando o cerco à moeda virtual bitcoin, que já tem em circulação cerca de US$ 5 bilhões (são 12,6 milhões de unidades, com cotação em torno de US$ 350). Usuários têm feito aproximadamente 65 mil transações por dia, o que representa um giro de US$ 22,75 milhões. No Brasil, onde começam a aparecer negócios para apoiar as transações — que atingiram R$ 11 milhões por mês em dezembro, quando a cotação estava no auge —, a expectativa é surgir algum tipo de regulação até meados do ano, já que o nicho deve ganhar força com a Copa do Mundo, com estrangeiros podendo gastar aqui créditos em bitcoin registrados lá fora. Apontada como potencial causadora de uma bolha especulativa e instrumento para lavagem de dinheiro, a bitcoin foi vetada na Rússia e sofreu algumas restrições na China. Já o Reino Unido, pioneiro na regulamentação da novidade, zerou o imposto sobre valor agregado na troca por moedas de verdade, mas este continua incidindo na compra de bens ou serviços. Nos EUA, o Fisco determinou que a moeda virtual é um ativo, que deve ser declarado e está sujeito a imposto. Já o Tesouro determinou que as transações significativas em bitcoin têm de ser reportadas às autoridades, como moedas comuns. O Brasil segue caminho semelhante. A Receita Federal estuda formas de aumentar a fiscalização por entender que a bitcoin é um ativo como qualquer outro e, portanto, ganhos com ela têm de ser taxados. Assim, os ganhos com a variação da cotação seriam tributáveis. Neste caso, o Leão só morderia 15% da parcela acima de R$ 35 mil. Não seria difícil averiguar os lucros dos cidadãos com a moeda virtual porque, em algum momento, ela é transformada em um ativo real, como um carro. — Só não dá para fiscalizar o lucro com atividades ilícitas, mas ninguém tributa o tráfico de drogas mesmo — brinca uma fonte do Fisco, lembrando uma das principais críticas à bitcoin: seu uso por criminosos na venda de drogas e armas. A moeda virtual também deveria ser declarada no Imposto de Renda, como ouro e dinheiro — se alguém guardar mais de mil reais em casa, tem de informar à Receita. Mas ainda não há lei para isso. O economista Fernando Ulrich, autor de “Bitcoin: a moeda na era digital”, teme a forma como será feita a tributação sobre os ganhos: — O problema é como a regulação vira tributação. É temerário tentar cobrar imposto retroativo a ganhos desde o início da moeda, em 2009. VOLATILIDADE E ATAQUE DE HACKERS SÃO RISCOS A perspectiva de tributação desanima, mas a regulação é esperada com ansiedade, pois há expectativa de que os negócios cresçam após o aval das autoridades. Sócio do Mercado Bitcoin, a mais antiga plataforma de negociação da moeda no Brasil (foi criada em 2011), Rodrigo Batista, de 33 anos, espera novas oportunidades: — Assim poderemos ter clientes institucionais. Por ora, o Banco Central deixou claro que não se responsabiliza por nenhuma perda de quem se arriscar a investir na moeda virtual. O ideal, para o BC, é ficar longe dela, pois não há garantias para evitar que, após uma fraude, seu valor seja reduzido a pó. Uma bitcoin vale R$ 1.108 hoje. Mas chegou a R$ 3.420 no fim do ano passado. Para o economista Nouriel Roubini, a bitcoin não passa de um esquema de pirâmide, e o megainvestidor Warren Buffett a classificou de “miragem”. — É especulação e não deve ser usada como investimento — concorda o economista Luiz Calado, autor de livros sobre finanças pessoais. Surgida em 2009, a bitcoin é um mistério. Teria sido criada por um certo Satoshi Nakamoto — nunca identificado, apesar de a “Newsweek” jurar tê-lo achado —, com o intuito de ser uma moeda global para compra de bens e serviços. Ao surgir, cada unidade, identificada pela sigla BTC, valia US$ 1. No início de dezembro de 2013, atingiu o recorde de US$ 1.151. Mas, em fevereiro, a plataforma de negociação japonesa MtGox anunciou o sumiço de 850 mil unidades da moeda, na época o equivalente a US$ 480 milhões. No fim daquele mês a MtGox pediu concordata e hoje está sob risco de processo nos EUA. O escândalo deixou os investidores em alerta e fez a cotação da BTC recuar para os atuais US$ 350, queda de 70%. A moeda digital fica em carteiras virtuais e pode ser transferida sem passar por instituição financeira. Na prática, é uma sequência única de números e letras, gerada por uma complexa equação. Não tem lastro nem garantias de governos, e, portanto, não está sujeita às políticas de nenhum país — daí os entusiastas chamarem a bitcoin de a primeira moeda global da História. Mas todas as transações ficam registradas no site Blockchain. E na esteira da popularização da bitcoin, têm surgido outras moedas, como litecoin e peercoin, por exemplo. Enquanto o governo brasileiro não anuncia sua regulação, empreendedores se lançam a atividades de suporte a transações com a moeda virtual. No país, há hoje ao menos três plataformas de negociação, que, além de compra e venda de bitcoins (como numa Bolsa), permitem a conversão de reais em moeda virtual e vice-versa (como numa casa de câmbio). A Bitinvest, criada há dois meses, lançará em meados de maio um cartão pré-pago que pode ser carregado com BTCs, para pagar por bens e serviços. Isso permitirá a turistas contornar os custos e inconveniências do câmbio. Ao voltarem ao país de origem, eles poderão descarregar o que sobrar no cartão em moeda local. Só que a cotação da BTC é extremamente volátil, e as carteiras virtuais podem ser alvo de hackers. Ken Hess, analista do setor de tecnologia da, mostra-se cético. Ele não descarta uma bolha financeira “que, quando estourar, pode levar os usuários de bitcoins a concordata, multas ou prisão”. A Câmara e-net, que reúne os principais varejistas on-line do Brasil, também não vê a novidade com bons olhos. — Não orientamos o consumidor a usar porque é um ativo não lastreado e não apoiado por países. O risco é muito alto — diz Gerson Rolim, diretor de comunicação do órgão. Apesar das desconfianças, o sucesso deve ter grande impacto nos custos de processamento de transações financeiras, avalia o Goldman Sachs. Segundo o banco, a bitcoin poderia reduzir os custos de transferência bancária de 10% (cobrados, por exemplo, por empresas como a Western Union) para 1%. Isso representaria uma economia de US$ 43 bilhões, com base nos dados do Banco Mundial sobre transferências globais de recursos. A regulação da bitcoin, porém, acabaria por elevar esse custo. l Pagando sem dinheiro, na página 34 NA WEB http://glo.bo/1qQMBF5 Leia entrevista com o analista de tecnologia Ken Hess sobre bitcoin 34 l O GLOBO l Economia l Domingo 13.4.2014 NEM TÃO VIRTUAL ASSIM [email protected] _ MÍRIAM LEITÃO DE BICICLETA A SEX SHOP Pagando sem dinheiro Frequentado por executivos de bancos, bar em São Paulo aceita pagamento em bitcoins e tem um caixa eletrônico para transformar dinheiro em moeda virtual | | JULIANA GARÇON De quem é o IBGE? As crises do IBGE e Ipea são diferentes, mas assustam igualmente. O IBGE tem feito, com independência, pesquisas que trazem números incômodos para o governo. O Ipea, desde Lula, tem sofrido desvio de função. O adiamento do cronograma da Pnad Contínua, que levou à demissão de Marcia Quintslr, foi estranho pelo momento e pela maneira como foi feito. O instituto se rebelou. A Pnad Contínua vem sendo preparada há anos. Houve um esforço de explicação, treinamento, prévias, porque a transição é muito complexa. Esse trabalho começou há três anos e todo o cronograma foi decidido com antecedência e vinha sendo cumprido. Afinal, o objetivo é ter uma grande base de dados pesquisados em 211 mil domicílios de 3.500 municípios. No desemprego, nas primeiras divulgações, ela trouxe uma informação valiosa para as políticas públicas e das empresas: o de que olhando-se o Brasil além das seis regiões metropolitanas, o desemprego é dois pontos percentuais maior. Não são índices comparáveis. Não se pode dizer que o desemprego subiu de 5% para 7%. Mas se pode dizer que, com um novo e mais amplo termômetro, o quadro do mercado de trabalho é diferente do que se imaginava. Os economistas vêm dizendo que a baixa taxa de desemprego reduziu o crescimento potencial do Brasil. O que o novo número indica é que talvez haja mais espaço para crescer — e empregar — do que se imagina e que no interior há mais mão de obra desocupada. Entre os jovens, o número é muito maior do que já é na PME. No Nordeste, chegam a quase 20% os jovens que procuram e não encontram emprego. O quadro do mercado de trabalho brasileiro é mais complexo do que supõe a visão apenas economicista. Dados mais nacionais melhoram o debate. Um mercado de trabalho estrangulado — sem oferta de trabalhadores — não se dá ao U luxo de discriminar. O nosso permanece paOs pontos-chave gando 70% menos para mulheres no mesmo nível de escolaridade. Cria IBGE não pode ser visto mais barreiras à entrada como órgão de governo. É de negros e não quer inum patrimônio do país e vestir na qualificação de pertence ao Estado jovens, apesar de eles entrarem no mercado com mais escolaridade Órgão tem feito, com que seus pais. independência, pesquisas Tudo isso estava coque trazem números meçando a ter dados incômodos para o governo mais nacionais e mais exatos. O problema é que o novo índice reduziu o brilho de um dos Ipea, desde o governo Lula, números a se mostrar sofreu desvio de função e na campanha: o da taxa criou até uma sucursal na de desemprego de 5%. Venezuela Uma bobagem esse temor, até porque a nova taxa também mostra tendência de queda do desemprego. Mas aí entrou em ação a chefe da tropa de choque do governo, senadora e ex-ministra chefe da Casa Civil e candidata ao governo do Paraná, Glesi Hoffmann. Ela e seu conhecido colega Armando Monteiro levantaram dúvidas sobre as margens de erro nos dados de renda. O instituto decidiu suspender a pesquisa e só voltar com ela em janeiro de 2015. O IBGE tem 80 anos de bons serviços prestados ao país. Enfrentou com coragem a tentativa de interferência dos governo Sarney e Collor. A presidente Wasmália Bivar é uma funcionária de carreira que manteve a tradição de independência, mas o adiamento do cronograma e a saída de Márcia Quintslr deixaram um temor no ar. O Brasil já sabe os estragos que este governo pode fazer em uma instituição pública. O problema do Ipea não é o de um percentual errado. Há muita gente séria e competente, até entre os atingidos por esse erro, trabalhando no órgão. Mas a direção do instituto tem se dedicado mais a agradar ao governo do que em ser a voz crítica interna que sempre foi. O Ipea tradicionalmente usa a vasta e rica base de dados do IBGE, e outros bancos de dados, para fazer estudos reveladores. Ainda há quem trabalhe assim no órgão. Na gestão do ex-presidente Márcio Pochmann, virou um centro de autolouvação petista. Pochmann afastou-se para ser candidato à prefeitura de Campinas, pelo PT, mas perdeu a eleição. Foi horrível o erro da pesquisa sobre violência contra a mulher, mas o pior é o Ipea estar se dedicando à pesquisa de opinião, que nunca foi sua função. Também não faz sentido ter uma sucursal na Venezuela. Distorcer a função de um Ipea prejudica o país, mas interferir no instituto oficial de estatísticas é trágico. Torço para que tudo se esclareça e que a senadora Hoffmann guarde distância do órgão. Ele é um patrimônio do Brasil. Não pode ser visto como governamental. O IBGE é do Estado brasileiro. l 1 2 3 _ COM ALVARO GRIBEL (DE SÃO PAULO) oglobo.com.br/economia/miriamleitao [email protected] C erveja gelada, caipirinha, coxinhas, porções de pastéis e a opção de pagar a conta sem abrir a carteira — ao menos não a tradicional. O cardápio é do Bar do Zé Gordo, que passou a aceitar pagamento com bitcoins na semana passada, a pedido dos clientes. A maioria trabalha nos grandes bancos estrangeiros e empresas de tecnologia instaladas na vizinhança, no próspero Itaim Bibi, bairro na Zona Oeste de São Paulo. Além de pagar com a moeda virtual, os clientes também poderão comprar bitcoins no estabelecimento que João Luiz de Campos, mais conhecido como Zé Gordo, mantém há 20 anos. O bar conta com o primeiro caixa eletrônico de bitcoins do país, que foi instalado pelo Mercado Bitcoin. A máquina recolhe dinheiro e credita em moeda virtual. Foi inaugurada na Campus Party, onde recolheu R$ 4 mil em depósitos de até R$ 50. — Aqui não é um bar da moda, transado — analisa Zé Gordo. — Sou antiquado, mas vou aprender a lidar com isso. Estima-se que 50 negócios no país aceitem bitcoins, num universo que passa por comércio de bicicletas, games e itens de sex shop, além de serviços como hospedagem de sites e contabilidade. Um dos primeiros a aderir foi o Las Magrelas, misto de bicicletaria e bar, em Pinheiros, bairro paulistano frequentado por jovens e moderninhos. Inaugurado em fevereiro do ano passado, passou a aceitar bitcoins em maio. De lá para cá, recebeu apenas oito pagamentos com a moeda virtual. Todos relativos a cervejas, nenhuma bicicleta. Mas Talita Oliveira Naguchi, sócia do negócio, não se arrepende. — Tem um aspecto ideológico, de liberdade — afirma, fazendo coro com boa parte dos entusiastas. l FERNANDO DONASCI Cerveja e bicicleta. Talita Naguchi, sócia do bar Las Magrelas, em SP ‘Crise de 2008 é light comparada à de 1929’ AP/24-10-1929 Ivan Sant’Anna lança livro sobre os personagens do ‘crash’ dos anos 20 LUCIANNE CARNEIRO [email protected] O mundo ainda vive os efeitos da crise financeira internacional de 2008, mas para o escritor e ex-dono de corretora e operador do mercado financeiro Ivan Sant’Anna, ela é muito pequena se comparada com a crise de 1929. — A crise de 2008 é muito light se compararmos com a de 1929. Antes de 1929 havia uma euforia enorme, todo mundo achava que podia ficar rico. A crise foi seguida por uma depressão incrível, com desemprego de 33%. Ela mudou o mundo, influenciou na volta de Hitler na Alemanha e na Segunda Guerra Mundial. O ano de 1929 não teve paralelo — diz Sant’Anna, que acaba de lançar o livro “1929 — Quebra da Bolsa de Nova York: a história real dos que viveram um dos eventos mais marcantes do século” (Objetiva). Para ele, a ajuda do governo americano, nas gestões de George W. Bush e de Barack Obama, ajudou a impedir uma crise da magnitude de 1929. — Hoje as pessoas têm plena consciência de que o mercado não pode ser largado. AMBIENTE DE DELÍRIO No livro, a única referência a 2008 é quando ele cita a alta das ações da Lehman Corporation em 20 de setembro de 1929, de US$ 104 para US$ 136 em apenas um dia, e lembra que o grupo “seria pivô de uma grave crise 79 anos mais tarde”, em referência à quebra do Lehman Brothers. Sant’Anna descreve o que chama de “ambiente de delírio” dos “esfuziantes anos 20”, no auge da Desilusão. Multidão se reúne na frente da Bolsa de Nova York, em 1929 MARY ALTAFFER/AP/15-9-2008 Ameaça. Homem segura cartaz na porta do Lehman Brothers, em 2008 sociedade de consumo americana. Uma época em que o engraxate Pat Bologna e a astróloga Evangeline Adams davam conselhos sobre investimentos e foram instaladas corretoras em navios que cruzavam o Atlântico para que os viajantes pudessem apostar na Bolsa durante a viagem. Mais do que um texto para iniciados no tema, o livro traz as histórias de quem viveu na época, desde personagens históricos como Charles E. Merrill e Edmund Lynch, fundadores do Merrill & Lynch, Charles Chaplin e até Homer Dowdy, um carteiro da cida- Hoje na web oglobo.com.br/economia acesse l GUIA 120 SHOPPING BOULEVARD SÃO GONÇALO Av. Presidente Kennedy, 425 SÃO GONÇALO SHOPPING Av. São Gonçalo, 100 foi a principal razão do crash: — As pessoas investiam na Bolsa com recursos de empréstimos. E havia os consórcios, que vendiam papéis de outros consórcios. Foi a alavancagem que fez a crise de 1929. E havia uma crença geral de que o mercado jamais cairia. No texto, aparece a eterna disputa entre os touros e os ursos no mercado financeiro. Os primeiros são aqueles que buscam ganhar dinheiro apostando na alta dos ativos, enquanto os ursos são os que definem sua estratégia prevendo a queda das ações. DE INVESTIMENTO: Confira dez passos simples para o investimento em ações e o glossário de termos técnicos preparado por especialistas de de Flint, nos Estados Unidos, que viu todas as suas economias evaporarem após a quebra do Union Industrial Bank. A história de Chaplin, aliás, é uma das mais curiosas. Ele foi um dos poucos que perceberam os sinais da crise se aproximando. Já em 1928 resgatou tudo o que tinha aplicado na Bolsa, enquanto o compositor Irving Berlin tomou o caminho inverso e continuou investindo em ações. Berlin perdeu quase tudo em 1929, mas acabou voltando a investir no mercado financeiro. Para Sant’Anna, a alavancagem l NO TWITTER: twitter.com/OGlobo_Economia As notícias de economia, em tempo real. l O GOOGLE+: google.com/+JornalOGlobo Acompanhe O GLOBO no Google Plus LIVRO DA CRISE CAMBIAL DE 1999 O livro sobre 1929 é o primeiro de uma trilogia de Sant’Anna sobre finanças. Já está na editora “O terceiro tempo”, que trata da crise do petróleo de 1973, tendo como pano de fundo a Guerra de Yom Kipur. Ainda está em fase inicial de pesquisa o terceiro livro da série, sobre a crise cambial no Brasil em 1999. Projeto que Sant’Anna admite ser mais difícil, já que os principais personagens estão vivos. — Minha ideia inicial é mostrar que, se o governo não tivesse dado dinheiro para Cacciola, Marka e FonteCindam, o mercado tinha quebrado — diz o escritor, que pretende entrevistar personagens como Fernando Henrique Cardoso e Pedro Malan. Esses livros são uma forma de o escritor manter contato com o mercado financeiro, área que trocou pela literatura em 1995, depois de 37 anos de trabalho. Desde então, nunca mais operou no mercado e mantém suas economias na poupança e em títulos bancários. Mas admite que chegou a balançar há cerca de dois anos, quando os títulos da dívida da Grécia estavam sendo negociados com juros de 18% ano. — Quase comprei. Se tivesse 30 anos a menos, teria arriscado — afirma o escritor, de 73 anos. l acesse 120 BOULEVARD RIO SHOPPING Rua Barão de São Francisco, 236 SHOPPING NOVA AMÉRICA Linha Amarela, Saída 5 e Metrô Del Castilho GUANABARA ALCÂNTARA Av. Jornalista Roberto Marinho, 221
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