II Workshop sobre Insetos Sociais

Transcrição

II Workshop sobre Insetos Sociais
IUSSI wokshop Brazil
II Workshop sobre Insetos Sociais
International Union of the Study of Social Insects
Seção Brasileira (IUSSI - SecBras)
February, 24th and 25th 2014
Resumos / Abstracts
Palestra / Lecture:
Comportamento primitivamente eussocial nos Euglossini:
biologia de nidificação de Euglossa imperialis Cockerell, 1922
Parra, A.1 & Roubik, D. W. 2
1
Ecologia e Evolução de Abelhas, Departamento de Biologia, Faculdade de
Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
2
Smithsonian Tropical Research Institute.
Quanto mais observamos os ninhos das abelhas das orquídeas, mais
conhecimentos adquirimos sobre comportamento social, sendo que, entre os
membros da tribo Euglossini parece predominar comportamentos bem mais
complexos do que se tem acreditado. Em abelhas, o termo eussocial se refere
à expressão comportamental quando os indivíduos compartilhando um ninho
apresentam divisão de tarefas, sobreposição de gerações e cooperação na
elaboração do ninho. Estas características são infreqüentes nos Euglossini, o
que gerou diversas discussões sobre a origem deste comportamento,
considerando que Euglossini são aparentados com outros grupos de abelhas
eussociais. Usando ninhos armadilha, oito ninhos da abelha imperial (Euglossa
imperialis) foram observados durante 18 meses numa região de floresta úmida
primaria do litoral caribe panamenho. Embora não foi observada diferencia
significativa no tamanho dos ovários das fêmeas compartilhando um ninho
(Kruskal-Wallis, chi-squared=1.6636, df=1, p= 0.1971), foi observada uma clara
diferenciação nas labores de oviposição (fêmeas dominantes) e forrageio
(fêmeas subordinadas) além de vários processos de reativação e cooperação.
Somado ao fato que ninhos solitários mostraram diferencias significativas na
quantidade de células de cria aprovisionadas daqueles comunais (F = 90.25;
p> 0.001) nossas observações sugerem que esta espécie tem a capacidade
intrínseca de desenvolver suas colônias com características daquelas de
espécies consideradas primitivamente eussociais.
Formigas atendentes podem influenciar a ocorrência e
parasitismo em larvas de borboletas mirmecófilas
(Lycaenidae)?
Bächtold, A.¹, Alves-Silva, E.², Kaminski, L. A. ³ & Del-Claro, K.²
¹ Universidade de São Paulo, Avenida Bandeirantes no. 3900, CEP. 14040901,
Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
² Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, Rua Ceará, s/n.
Bloco 2D-Campus Umuarama, CEP. 38400902, Uberlândia, Minas Gerais,
Brasil.
³ Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, CEP. 13083-970,
Campinas , São Paulo, Brasil.
Em associações mirmecófilas obrigatórias, envolvendo borboletas Lycaenidae,
a presença de formigas é uma pista para a oviposição da fêmea cujas larvas
são atendidas e protegidas pelas formigas contra inimigos naturais. Entretanto,
em sistemas formiga-licenídeos, duas hipóteses ainda são grandemente
inexploradas: se (i) licenídeos mirmecófilos facultativos também usam formigas
como pista de oviposição; e (ii) formigas protegem os ovos de licenídeos contra
inimigos naturais. Portanto, para investigar essas hipóteses, o presente estudo
utilizou Heteropterys byrsonimifolia (Malpighiaceae) como planta hospedeira,
um arbusto que apresenta nectário extrafloral sendo visitado por várias
espécies de formigas, especialmente Camponotus. O efeito da
presença/ausência de formigas sobre a oviposição e parasitismo foi comparado
em dois ramos por planta: um classificado como controle e outro como
tratamento (onde as formigas foram experimentalmente excluídas).No total
foram registrados 280 ovos de licenídeo sem Heteropterys, dos quais 39.65%
foram de Allosmaitiastrophiuse 60.35% de Rekoamarius. O número de ovos
registrados em ramos controle foi maior do que em ramos tratamento para
ambas espécies, indicando que borboletas mirmecófilas facultativas também
usam formigas como pista para oviposição. Além disso, formigas não tiveram
influência sobre o parasitismo de ovos. De fato, ovos encontrados em ramos
controle apresentaram maiores taxas de parasitismo. Nosso estudo mostra que
escolher plantas com formigas pode não significar uma defesa expressiva
contra parasitóides de ovos. Isso ocorre provavelmente porque diferente das
larvas, os ovos de Lycaenidae não secretam recursos açucarados às formigas,
não sendo atendidos por elas e então tornam-sealtamente susceptíveis aos
inimigos naturais.
Toxicidade de Stryphnodendron polyphyllum (Fabaceae) para
larvas das abelhas Scaptotrigona aff. depilis, Tetragonisca
angustula e Nannotrigona testaceicornis (Apidae)
Silva, I. C. 1, Message, D.2, Castro, I1, Bondancia, T. M. 3, Fernandes, J. B. 3
& Soares, A. E. E.4
1
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP.
Professor Visitante Nacional Senior, Departamento de Ciências Animais,
Universidade Federal Rural do Semi-Àrido-UFERSA.
3
Laboratorio de Produtos Naturais, Depto. Quimica, UFSCAR,
4
Departamento de Genética, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP.
2
A fração hidroetanólica obtida do extrato de inflorescência aberta de
Stryphnodendron polyphyllum (barbatimão) quando incorporada na dieta de
larvas, de abelhas africanizadas, na concentração de 1,2% e utilizada a partir
do terceiro dia de alimentação em condições de laboratório não permite a
formação de pupas e as crias morrem com sintomas característicos da doença
denominada Cria Ensacada Brasileira. O principal objetivo do presente trabalho
foi avaliar o efeito dessa fração no desenvolvimento das larvas de
Scaptotrigona aff. depilis, Tetragonisca angustula e Nannotrigona testaceicornis
criadas in vitro. Para a realização dos bioensaios, ovos foram coletados das
colônias, transferidos para células de placas de acrílico e mantidas em estufas
B.O.D. A fração foi incorporada ao alimento larval, previamente coletado em
favos de crias, nas concentrações de 1, 2 e 3%. O alimento foi distribuído nas
placas na quantidade de 32, 10 e 13 µl por célula para S. aff. depilis, T.
angustula e N. testaceicornis, respectivamente. Para cada espécie de abelha
em estudo foram realizadas 2 repetições por tratamento, sendo que para cada
tratamento foram utilizados 10 ovos. Um outro grupo constituiu o controle,
alimentado somente com alimento larval. As larvas foram observadas
diariamente, anotadas alterações de coloração, desenvolvimento e o número
de indivíduos mortos. Os resultados obtidos foram comparados através da
análise de variância e teste de Tukey-Kramer (p< 0,05). Para S. aff. depilis não
se observou diferenças significativas entre o controle (alimento normal) e o
tratamento com 1% do extrato hidroetanólico, no entanto, os grupos dos
tratamentos com 2 e 3% apresentaram significativamente maior mortalidade e
as crias morreram na fase de larva pré-defecante e sem ingerir todo o alimento.
Para T. angustula também foi tóxica nas concentrações de 2 e 3%, porém,
algumas crias morreram na fase de larva pós defecante. N. testaceicornis
sobreviveram a todas as concentrações testadas, mostrando ser mais
resistente aos efeitos tóxicos do barbatimão. Experimentos posteriores devem
ser conduzidos com larvas dessas abelhas com o intuito de verificar se existem
concentrações que interferem de forma semelhante no desenvolvimento das
abelhas Apis mellifera e quais são os mecanismos envolvidos nas diferentes
susceptibilidades encontradas nesse estudo.
Aflatoxinas produzidas pelo fungo entomopatogênico
Aspergillus nomius isolado de Atta sexdens rubropilosa
Silva-Junior, E. A.1, Paludo, C. R.1, Valadares, L. C. A.2, Nascimento, F. S.2,
Lopes, N. P.1 & Pupo, M. T.1
1
2
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP.
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP.
Formigas cortadeiras são conhecidas por coletar e fornecer material vegetal
para fungos que elas cultivam como alimento em jardins subterrâneos. As
colônias dessas formigas podem ser invadidas por micro-organismos
especializados em causar infecções em insetos, também conhecidos como
entomopatogênicos. O conhecimento dos mecanismos de como esses microorganismos parasitam e eliminam seus hospedeiros pode ser importante para o
planejamento de defensivos agrícolas mais seletivos e menos tóxicos para os
seres humanos. Os fungos da espécie Aspergillus nomius são conhecidos por
infectarem formigas e cupins, mas a interação química envolvida nesse
parasitismo ainda não foi descrita. Diante disso, o objetivo desse trabalho foi
identificar as substâncias produzidas pelo fungo Aspergillus nomius em
condições laboratoriais e verificar se esse micro-organismo também produz
esses produtos naturais em condições ambientais. O fungo A. nomius foi
isolado de uma rainha morta de Atta sexdens rubropilosa. Esse microorganismo foi cultivado em placas contendo o meio PDA durante 14 dias em
estufa a 30 oC. Após esse período, as placas foram extraídas com acetato de
etila, o solvente foi evaporado e o extrato bruto foi analisado por infusão direta
em um espectrômetro de massas de alta resolução. Duas aflatoxinas foram
identificadas nessas análises preliminares. Essas substâncias são toxinas
produzidas por fungos do gênero Aspergillus e apresentam elevada toxicidade
para humanos. Esses produtos naturais também foram detectados na formiga
de onde o fungo foi isolado, o que indica que as aflatoxinas podem ser
responsáveis pela toxicidade às formigas.
Interações formiga-herbívoros em uma planta com nectários
extraflorais: Curculionídeos são imunes ao ataque das
formigas?
Alves-Silva, E.1, Barônio, G. J.1, Bächtold, A.2, Torezan-Silingardi, H. M.1 &
Del-Claro, K.1
1
2
Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
No caso de plantas com nectários extraflorais (NEFs), formigas mutualistas
tendem a predar ou afugentar herbívoros que poderiam infligir danos às
estruturas das plantas. No entanto, algumas espécies de herbívoros possuem
adaptações morfológicas e/ou comportamentais para escapar do contato e da
predação das formigas. Neste estudo, nós investigamos o efeito de
Camponotus blandus (Formicinae) na abundância de herbívoros e na florivoria
de Banisteriopsis malifolia (Malpighiaceae), uma espécie com NEFs. Também
foi examinada uma possível segregação espacial entre formigas e herbívoros
(folhas e flores, respectivamente). Os botões florais são atacados por
curculionídeos (Anthonomus). As taxas de florivoria e abundância de
Anthonomus foram comparadas em ramos com formigas e ramos onde
formigas foram excluídas experimentalmente, pela aplicação de Tanglefoot na
base dos ramos. Contrariamente às nossas expectativas, os resultados não
mostraram diferença significativa na florivoria nos ramos com formigas e sem
formigas. Os besouros possuem o corpo bastante esclerotizado e são imunes
aos ataques das formigas. Além disso, as larvas destes besouros são
endofíticas, estando protegidas do ataque das formigas durante todo o estágio
imaturo. Formigas e besouros se concentravam em diferentes partes da planta.
Devido à presença dos NEFs nas folhas, as C. blandus ficavam mais tempo
nestas estruturas, enquanto que os besouros se concentravam nos botões
florais. Nossos resultados mostraram que o sistema específico (C. blandus - B.
malifolia – Anthonomus) não é estável, visto que as formigas se alimentam nos
NEFs, mas não protegem a planta contra os besouros.
Identificação de marcadores de envelhecimento em abelhas
Martelli, F.1, Pinheiro, D. G.2, Simões, Z. L. P.2 & Nunes, F. M. F.3
1
Departamento de Genética – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto –USP.
Departamento de Biologia – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto – USP.
3
Departamento de Genética e Evolução – Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde – UFSCar.
2
O desaparecimento em massa das abelhas em todo mundo é um problema
ecológico e agrícola sem precedentes. A desnutrição é uma das possíveis
razões desta crise, conhecida por Colony Collapse Disorder (CCD). Em
abelhas Apis mellifera, as operárias jovens, que desempenham tarefas dentro
da colônia, apresentam uma dieta rica em proteínas e lipídeos. Já as operárias
mais velhas, que desempenham tarefas fora da colônia, apresentam uma dieta
a base de carboidratos. Nós investigamos como diferentes dietas influenciam o
transcriptoma e buscamos por potenciais marcadores de envelhecimento.
Abelhas recém-emergidas foram confinadas em caixas e mantidas em estufa a
34oC por um período de sete dias. Um grupo recebeu uma dieta rica em
proteínas enquanto o outro recebeu uma dieta exclusivamente de carboidratos.
Foram observados baixos níveis de expressão (RT-qPCR) de marcadores de
envelhecimento clássicos, vitelogenina e miR-34, em resposta a dieta de
carboidratos. Por meio de RNA-Seq (Illumina) de amostras do corpo gorduroso,
identificamos 302 genes diferencialmente expressos comparando-se ambas as
condições, candidatos a marcadores de envelhecimento e dieta-responsivos.
Abelhas jovens alimentadas com uma dieta de carboidratos apresentaram uma
alta expressão de genes que, usualmente, são muito expressos em abelhas
mais velhas (Takeout, Hexokinase, Rho (TOR), CG8942, CG31140,
CG111138), e níveis menores de expressão de genes usualmente ativos em
abelhas jovens (JHE, Sod2, Hexamerins, AmILP2, Obp, CG5848). Em
conclusão, observamos que uma dieta livre de proteínas oferecida a abelhas
jovens induz a expressão de genes que disparam processos de
envelhecimento.
Suporte: FAPESP (2011/03171-5, 2012/02757-9), CAPES e CNPq
Fisiologia de insetos: uma abordagem ecológica e de bioinspiração em Hymenoptera
Gomes, G1
1
Departamento de Física e Informática, Instituto de Física de São Carlos
(IFSC), Universidade de São Paulo – USP
Os insetos representam o táxon mais abundante e de maior diversidade no
ambiente terrestre, correspondendo a aproximadamente 70% de todas as
espécies descritas de animais, sendo que esse grande sucesso se deve a
características anatômicas, bioquímicas e fisiológicas, que os insetos
desenvolvem durante a sua evolução. A utilização dos insetos como modelo de
estudo é frequente nas ciências biológicas, e, mais recentemente, até mesmo
em áreas da engenharia, nas quais os insetos servem como modelos de bioinspiração em processos de automação, em máquinas, sistemas complexos e
modelagens computacionais; esta ciência é chamada de Biomimética. Dentre
as diferentes ordens de insetos, os himenópteras podem ser utilizados como
excelentes modelos de estudo devido à complexidade comportamental que
apresentam, e grande eficiência na comunicação e realização de trabalho.
Porém, estudos de respostas fisiológicas nos insetos são escassos,
principalmente na compreensão da influência de estímulos ambientais no
metabolismo energético, na termorregulação e na neurofisiologia sensorial.
Tais estudos são fundamentais para auxiliar na compreensão da biologia,
comportamento e das relações ecológicas das diversas espécies, o que
facilitaria a elaboração de desenhos experimentais em várias áreas de estudo,
como por exemplo: na proposição de métodos de controle de espécies praga,
bio-inspiração em processos da engenharia, além de uma melhor compreensão
dos resultados em estudos das neurociências e de processos ecológicos. Em
Hymenoptera, o estudo da percepção sensorial, estrutura dos ninhos e
termorregulação por meio de metodologias fisiológicassão recentes e têm
demonstrado resultados bastante interessantes e úteis para a compreensão de
processos ecológicos e também como modelos de bio-inspiração na
engenharia.
Análise de métodos diagnósticos de comportamento de
grooming em Apis melífera
Mattos, I. M.¹, De Jong, D.¹, Prata, M. A.1, Souza, J¹ & Soares, A. E. E.¹
¹ Departamento de Genética – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto – SP
O ácaro Varro destructor é atualmente uma das maiores preocupações da
apicultura mundial. As abelhas Africanizadas são reconhecidas pela sua
resistência à infestação promovida pelo ácaro sendo, entre outros, o
comportamento de Grooming (CG) apontado como promotor de tal
resistência.Este estudo teve como objetivo identificar métodos adequados para
avaliar o desempenho do CG.Tal julgamento foi feito através da analise da
correlação de diversos parâmetros, escolhidos para medir o CG, e os índices
de Infestação (IR) observados nas colônias estudadas. Os resultados
mostraram que a técnica desenvolvida por Aumeier (2000) é a mais eficaz para
a identificação de colônias que possuem CG eficiente, uma vez que os
parâmetros medidos através dessa técnica foram capazes de explicar mais de
87% das variações observadas no IR de cada colônia (R2 = 0,874).O conceito
de que a capacidade de danificar o ácaro, através das mandíbulas das
abelhas, é o principal promotor de controle populacional do ácaro foi provado
não estar totalmente correto, já que todos os parâmetros medidos (frequência
de ácaros com idiossoma danificado, apêndices danificados e número total de
ácaros capturados) não se mostraram significativamente correlacionados ao IR.
Este estudo também mostrou que o comportamento adotado pelo ácaro
influencia significativamente o sucesso do CG, uma vez que a superfície dorsal
do tórax da abelha expõe o ácaro a movimentos de Grooming com mais
frequência(P <0,0001). Sendo assim a metodologia desenvolvida por Aumeier
(2000) é altamente recomendado como método diagnóstico do CG.
Desenvolvimento pós-embrionário no cupim Silvestritermes
euamignathus (Isoptera: Termitidae)
Haifig, I.1 & Costa-Leonardo, A. M. 1
1
Laboratório de Cupins, Departamento de Biologia, Instituto de Biociências,
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP – Campus
Rio Claro.
Os cupins são insetos com desenvolvimento hemimetábolo, ou seja, com
ínstares de ninfas precursores do indivíduo adulto. Estes insetos ainda
apresentam um desvio no padrão de desenvolvimento pós-embrionário, o qual
é responsável pela diferenciação de castas. As castas podem ser divididas em
duas linhagens, a linhagem imaginal, que compreende os reprodutores alados
e as ninfas, e a linhagem áptera, que compreende os operários e soldados, e
seus precursores. Este estudo objetivou determinar o número de ínstares
presentes nas duas linhagens de desenvolvimento do cupim Silvestritermes
euamignathus. Para tanto, foram obtidas 13 medidas morfométricas de
diferentes partes do corpo de211 indivíduos pertencentes às duas linhagens.
Os dados obtidos foram analisados por uma análise dos componentes
principais e as diferenças entre os “scores” dos grupos foram analisadas por
meio de ANOVA seguida pelo teste de Tukey (α = 0,05). Os indivíduos foram
divididos em 12 grupos diferentes. A linhagem áptera apresentou cinco grupos
(F5,40 = 1290; P < 0,001), sendo eles:dois ínstares larvais, um de pré-soldados,
um de soldados e um de operários, este último composto por operários e dois
reprodutores neotênicos ergatóides (Tukey, P = 0,994). A linhagem imaginal
apresentou sete grupos(F6,158 = 629,4; P < 0,001), sendo eles:cinco ínstares de
ninfas, um de reprodutores alados e umde reprodutores neotênicos ninfóides.
De acordo com os resultados obtidos, pode-se inferir que os neotênicos
ninfóides são derivados de ninfas de terceiro, quarto e quinto ínstares, as quais
atingiram a maturidade do aparelho reprodutor antes da muda para imago.
Controle da reprodução em abelhas sem ferrão (Apidae,
Meliponini)
Veiga, J. C.1, Menezes, C.2 & Contrera, F. A. L.1
1
2
Instituto de Ciências Biológicas – UFPA.
Laboratório de Botânica – Embrapa Amazônia Oriental.
Estudos sobre controle da reprodução de meliponíneos se iniciaram há cerca
de 40 anos, com ênfase na cópula confinada e na inseminação artificial.
Recentemente, ao retomar tais estudos com a espécie Melipona flavolineata,
observamos comportamentos muito interessantes, que ainda não foram
reportados para o grupo. Nos ensaios sobre cópulas controladas, percebemos
que as rainhas virgens impedem a ocorrência de acasalamentos, ao fechar
ativamente suas placas genitais. Com isso, a maioria dos machos, na tentativa
de copular, libera o endófalo, sem conseguir inseri-lo nas rainhas virgens. São
dois comportamentos muito específicos, indicadores de uma forte seleção de
parceiros sexuais por parte das rainhas. Os acasalamentos ocorreram
efetivamente somente quando as rainhas foram anestesiadas, ou seja,
impedidas de tomar qualquer decisão em relação aos seus potenciais
parceiros. Observamos ainda, que os machos que perderam suas genitálias se
mantiveram vivos e, inesperadamente, chegaram a retornar para o agregado
de zangões. Nos experimentos sobre inseminação artificial (IA), adaptamos o
protocolo de coleta de sêmen e o aparelho inseminador para a espécie em
questão. Realizamos 53 procedimentos de inseminação, seguindo os
protocolos usados em Apis mellifera. A espermateca foi efetivamente
preenchida com sêmen em 83% das inseminações. Contudo, ainda não
conseguimos fazer essas rainhas inseminadas desenvolverem os ovários,
embora algumas delas tenham sobrevivido mais de duas semanas em
minicolônias, após a inseminação. Aparentemente, o CO2 não ativa seus
ovários como em A. mellifera. Essa é a primeira tentativa sistemática
parcialmente bem sucedida de se transferir a técnica de IA para as abelhas
sem ferrão.
Polimorfismo e divisão do trabalho durante o preparo de
substrato das castas da formiga cortadeira, Acromyrmex
rugosus rugosus F. Smith, 1858, diferenciadas por dados
morfométricos
Ramos, K. R. O.1,2, Silva. S. V.2 & Bueno, O. C.2
1
FHO|UNIARARAS. Av. Dr. Maximiliano Baruto, 500 - Jd. Universitário, 13607339 Araras, São Paulo, Brasil. Email: [email protected].
2
Depto. de Biologia, Centro de Estudos de Insetos Sociais – Instituto de
Biociências da UNESP de Rio Claro – SP.
As formigas da tribo Attini são um dos grupos de insetos mais fascinantes para
o estudo da biologia, pois vivem em uma simbiose única com um fungo que
elas cultivam em seus ninhos. Nesta associação, as formigas fornecem
ambiente e substrato favoráveis para o desenvolvimento do fungo e este em
troca fornece alimento de diversas maneiras para a colônia. O gênero
Acromyrmex é um dos grupos mais complexos a serem estudados,
principalmente quanto à divisão de castas entre as operárias que apresentam
um polimorfismo discreto, com tamanhos variados, e uma possível divisão de
trabalho especializada. No entanto, devido à existência de variabilidade dentro
de um mesmo grupo polimórfico de operárias, a divisão de castas ainda
apresenta grande controvérsia. Assim, o objetivo do presente trabalho foi
verificar as diferenças comportamentais entre três castas de operárias de
Acromyrmex rugosus rugosus determinadas por meio de dados morfométricos,
visando conhecer qual a função que cada casta exerce na colônia. Para tal,
foram selecionadas 300 operárias de quatro colônias e separadas pela largura
da cápsula cefálica em três classes de tamanho: pequenas, médias e grandes.
Foram observados os atos comportamentais dos diferentes tamanhos durante
a preparação do substrato para o cultivo do fungo simbionte. Os resultados
mostraram que não ocorreu diferença estatística entre as operárias médias e
grandes na maioria dos atos comportamentais desenvolvidos durante a
preparação do substrato. Infere-se que as operárias médias e grandes
desempenham maior papel na coleta e preparação do substrato, enquanto, as
operárias pequenas são responsáveis por outras tarefas desenvolvidas na
colônia.
Transporte de lixo por Atta sexdens rubropilosa Forel, 1908:
Um estudo piloto
Viegas, L. M.1, Troitino, L.1, David, V. F., Otta, E.1 & Ribeiro, P. L.2
1
2
Instituto de Psicologia, USP.
Instituto de Biociências, USP.
Observamos transporte de lixo por uma colônia de Atta sexdens rubropilosa por
15 dias, em Laboratório que era mantida com folhas ad libitum de Acalypha.
A área do ninho (AN) – uma bandeja de 56x34x19 cm, contendo dois potes
com fungo e um pote onde o descarte de lixo era feito – foi ligada a uma ponte
de 36cm de altura que dava acesso a uma plataforma em que havia três
opções, todas levando a bandejas vazias (potenciais Áreas de Descarte) a três
distâncias: 1) Próxima (44 cm), 2) Intermediária (82 cm) e 3) Distante (128cm).
Observamos comportamentos que podem ser interpretados em termos de
“imunidade social” como defesa profilática contra patógenos, de relativização
custo:benefício e de aprendizagem: 1) priorização do descarte de cadáveres
em relação a fungo ressecado. Em 24 horas todos os corpos haviam sido
retirados; 2) após o descarte de corpos, o lixo alimentar começou a ser
descartado. A retirada foi totalmente completada em 10 dias; 3) áreas de
descarte mais próximas foram preferidas em relação a mais distantes, cujo
acesso exigia maior custo de deslocamento, 4) jogar corpos ou detritos do alto
da ponte após ter caminhado por certa distância foi uma estratégia comum,
evidenciando também redução do custo na remoção de detritos. Uma pequena
quantidade de lixo foi jogada da ponte para dentro da AN (1º dia), tendo sido
retirada em seguida (correção de “erro”). Um experimento sugerido por este
estudo piloto está em andamento para compreender os determinantes causais
do comportamento de descarte de lixo.
Seria mesmo o citral o repelente de Lestrimelitta limão
(Hymenoptera: Apidae: Meliponini)?
Von Zuben, L¹ & Nunes, T²
¹ Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP.
² Falcudade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP.
A abelha cleptoparasita Lestrimelitta limão não visita flores e consegue seu
alimento através do saque de outras colônias, sendo, portanto, uma
cleptoparasita obrigatória. Esta estratégia alimentar teve um papel importante
na evolução de características comportamentais, morfológicas e ecológicas
desta espécie de abelha sem ferrão. Os saques são realizados por várias
operárias de L. limão e as operárias ladras invadem as colônias hospedeiras e
levam todo o recurso ali armazenado (pólen, néctar, resina e, principalmente,
alimento larval). Durante os saques, as operárias hospedeiras que estão dentro
do ninho são repelidas e permanecem paralisadas entre as células de cria, as
forrageiras que voltam do campo também são repelidas e não entram na
colônia, formando um agrupamento grande de forrageiras fora do ninho. O
comportamento coeso das hospedeiras sugere que a utilização de sinais
químicosé um fator importante na conquista dos ninhos pela abelha parasita.
Neste contexto, foi levantada a hipótese de que as ladras liberariam um
composto que teria como função repelir as hospedeiras. Mesmo sem nenhum
dado experimental convincente, tornou-se amplamente aceita a hipótese de
que o cheiro forte de limão (proveniente do composto conhecido como citral)
liberado pelas operárias de L. limão cumpre essa função. No entanto, existem
evidências contrárias que contestam essa hipótese. Assim, para investigar isso,
foram analisadas as respostas da hospedeira Frieseomelitta varia aos
compostos das glândulas exócrinas de L. limão.Foi testada a hipótese de
queos compostos provenientes da glândula labial das ladras (i.e.os ésteres
acetato de hexadecenila e acetato de hexadecila) provocam repelência nas
hospedeiras semelhantes à observada nos ataques. Sendo assim, a entrada
das operárias de F. varia, o número de guardas e o número de ataques à fonte
do composto foram medidos antes e depois da exposição dos
extratosglandulares e do controle. Os resultados obtidos mostram que o extrato
da glândula labial provocou redução significativa (p<0,05) no número de
operárias saindo e no número de guardas. O mesmo não aconteceu com o
controle. O extrato da glândula mandibular (fonte do citral), por sua vez,
provocou apenas respostas agressivas. Deste modo, estes resultados indicam
que os compostos provenientes da glândula labial, não o citral, são utilizados
pelas operárias de L. limão como repelentes.
Check list do gênero Mischocyttarus de Saussure 1953
(Vespidae, Polistinae) no estado de Minas Gerais
Souza, M. M.1
1
Professor Dr. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de
Minas, Campus Inconfidentes – [email protected].
Na última década, no estado de Minas Gerais, o número de espécies de
vespas sociais aumentou de 64 para atuais 100, com esforços de coleta em
diferentes regiões e ecossistemas, como Mata Atlântica, Campo Rupestre,
Cerrado, Floresta Semidecidual Montana, Floresta Ripária e áreas de
monocultura. A maior parte dos novos registros foram espécies do gênero
Mischocyttarusde Saussure de 1853, essencialmente um táxon Neotropical
com algumas espécies no norte do México. É o maior gênero de vespas
sociais, e engloba cerca de 250 espécies de nove subgêneros. Possui
fundação independente, ninhos do tipo astelocítaro gimnódomo, são pequenos,
poucos indivíduos e podem ser altamente crípticos, especialmente em
ambientes florestais. A soma desses fatores ajudam a explicar o número
expressivo de novos registros em Minas Gerais. A lista atual para Minas Gerais
possui 30 espécies, maior que os demais gêneros, mesmo Polybia e Polistes,
porém o real número de espécies desse gênero, bem como de outros deve ser
maior, considerando a dimensão territorial do estado em relação ao número de
estudos já realizados, e o fato de alguns ambientes serem praticamente
inexplorados, como Caatinga e Mata Seca. Apesar de algumas espécies
ocorrerem em ambientes urbanos, se conhece pouco sobre comportamento,
ecologia e fisiologia, o que justifica novos estudos com enfase nesse gênero de
vespas sociais.
Alimento larval de abelhas sem ferrão: diversidade de
fitoesteróides e sua relação com a variedade de tipos polínicos
Ferreira-Caliman, M. J. 1, Silva, C. I.2, Zucchi, R.1 & Nascimento, F. S.1
1
2
Departamento de Biologia da FFCLRP, Universidade de São Paulo.
Departamento de Zootecnia, Universidade Federal do Ceará.
A nutrição adequada para uma colônia de insetos é a base para o
crescimentoe desenvolvimento das larvas. Da fase larval à adulta, a
alimentação das abelhas depende das flores tanto para a ingestão de proteínas
e açúcares quanto para a aquisição de hormônios precursores de
ecdisteróides. Estudos mostram que uma dieta com uma baixa diversidade de
tipos polínicos é um fator limitantepara o desenvolvimentodos indivíduos.O
objetivo desse estudo foi o de caracterizar os fitoesteróides presentes no
alimento larval de abelhas sem ferrão, correlacionando sua presença com a
quantidade de tipos polínicos no mesmo.Oalimento larval de 10 células de cria
recém operculadas de Melipona quadrifasciata (Mq) e Melipona scutellaris (Ms)
foi coletado em duas diferentes datas: fevereiro (F) de 2012 e maio (M) de
2013. Após separação da camada protéica e do açúcar, as amostras foram
analisadas por cromatografia a gás e espectrometria de massas. Foram
calculados os índices de similaridade de Bray-Curtis entre as amostras e
realizadas a análisemulti-dimensional não métrica (NMDS) e uma análise onewayde similaridade (ANOSIM). Os resultados mostram a presença de 6
fitoesteróides no alimento larval: campesterol, estigmasterol, sitosterol,
fucosterol, lanosterol e sitostenone, sendo os quatro primeiros comuns em
todas as amostras.A análise polínica mostrou a presença de 2, 5, 9 e 17 tipos
polínicos nas amostras de Mq-F, Ms-F, Mq-M e Ms-M, respectivamente. De
acordo com NMDS todos os 4 grupos amostrais foram segregados e os
resultados do ANOSIM mostraram um alto índice de dissimilaridade entra os
grupos (global R = 0.836, P = 0.0001).Desse modo, conclui-se que a presença
de diferentes tipos polínicos no alimento larval não resulta em uma variação
qualitativa, massim quantitativa nas proporções dos fitoesteróides encontrados.
Metabolic integration between leaf-cutter ants and
microorganisms
Bacci Jr., M.1
1
Centro de Estudos de Insetos Sociais e Departamento de Bioquímica e
Microbiologia. Universidade Estadual Paulista. Avenida 24A, 1515. Bela Vista,
13.306-900, Rio Claro, SP.
Leaf-cutters (Hymenoptera: Attini) are ants associated with a great variety of
microorganisms. We show that the fungus Leucoagaricus gongylophorus,
mutualistic with the ants, degrades plant polysaccharides and accumulates in
the extracellular space simple sugars which are taken up by the ants.
Hemicellulose and starch are the major plant polysaccharides supporting
mutualistic nutrition on carbohydrates. A metabolic pathway is described
involving starch degradation by fungal enzymes to generate maltose and
maltose degradation, likely by an ant maltase, to generate glucose, which is one
of the major food sources for the mutualists. This mutualistic pathway was
assembled by enzyme selection occurring in the ant gut, where some enzymes
are likely degraded as others endure as functional tools resistant to proteolysis
and catabolic repression. We also show that nutrition on plant matter by ants
does not occur in the absence of fungal carbohydrases, which are thus
essential for ant to access carbons from plants. Besides carbons, nitrogen from
plants, especially from leaves, are present in very low amounts which are not
enough to support the generation of billions of individuals living in a leaf-cutter
colony.We show that leaf-cutter ants keep a narrow variety of microbial species
in the group of nitrogen-fixing bacteria that could be mutualists mediating ant
feeding on N2. We also show that leaf-cutters cuticles harbormicrobes which are
closely related to antibiotic-producing bacterial species. These bacterial species
may protect ants from disease caused by entomopathogens.
Supported by CNPq and FAPESP.
Interações agonísticas na formiga mirmecófila Pseudomyrmex
concolor (Hymenoptera, Formicidae, Pseudomyrmecinae)
Pacheco-Junior, P. S. M.1,2 & Del-Claro, K.1,2
1
Programa de Pós-graduação em Entomologia, Faculdade de Filosofia
Ciências
e
Letras de
Ribeirão
Preto,
Universidade
de
São
[email protected].
2
Laboratório de Ecologia Comportamental e Interações (LECI), Instituto de
Biologia, Universidade Federal de Uberlândia.
Pseudomyrmex concolor Smith coloniza plantas de Tachigali myrmecophila
Ducke na Amazônia. Estas formigas são altamente agressivas defendendo seu
ninho contra intrusos e consequentemente a planta hospedeira. Neste estudo,
descrevemos atos comportamentais exibidos por P. concolor durante
interações agonísticas entre companheiras e não companheiras de ninho. Para
isso, introduzimos (n=20 de cada espécie) tanto coespecíficos quanto
interespecíficos em vinte plantas de T. myrmecophila ocupadas por P.
concolor. As interações entre residente-intrusa foram observadas por cinco
minutos e analisadas segundo amostragem de todas as ocorrências. Foram
registrados 21 atos comportamentais distintos que variaram desde nãoagressivos como ignorar, antenar e inspecionar até agressivos como mordidas
e ferroadas. Durante as interações agonísticas observamos um padrão
comportamental onde P. concolor é capaz de reconhecer e discriminar
companheiros de não companheiros de ninho. Quando o indivíduo é um
companheiro de ninho, as formigas antenam, inspecionam e em seguida o
ignoram, permitindo seu acesso à colônia. Porém, residentes atacam tanto
interespecíficos quanto coespecíficos não companheiros de ninho depois de
antenação e inspeção, ou mesmo antes de qualquer contato físico. Nesse
caso, mordem o corpo do intruso e iniciam lutas que resultam em expulsão ou
morte do não companheiro de ninho. Comportamentos agressivos são eficazes
durante mecanismos de reconhecimento de companheiros de ninho em
formigas que defendem territórios como P. concolor, sendo agressivas a
interespecíficos e mesmo a coespecíficos de outras plantas hospedeiras. A
agressividade é um comportamento que possibilita defesa e monopólio de
recursos ambientais, podendo ser um fator relevante para manutenção do
mutualismo entre P. concolor e T. myrmecophila.
Monogamia em grandes sociedades de abelhas: Um paradoxo
sem ferrão
Jaffé, R.1,2, Pioker-Hara, F. C.3, Santos, C. F.4, Santiago, L. R.5, Alves, D.
A.6, Kleinert, A. M. P.1, Francoy, T. M.3, Arias, M. C.5 & Imperatriz-Fonseca,
V. L.1,2
1
Departamento de Ecologia, Universidade de São Paulo. Rua do Matão 321,
05508-090 São Paulo-SP, Brasil.
2
Departamento de Ciências Animais, Universidade Federal Rural do SemiÁrido, Avenida Francisco Mota 572, 59625-900, Mossoró-RN, Brasil.
3
Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo. Rua
Arlindo Béttio 1000, 03828-000 São Paulo-SP, Brasil.
4
Departamento de Biodiversidade e Ecologia, Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul. Av. Ipiranga 6681, 90619-900 Porto Alegre-RS, Brasil.
5
Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, Universidade de São Paulo.
Rua do Matão 277, 05508-090 São Paulo-SP, Brasil.
6
Departamento de Entomologia e Acarologia, Escola Superior de Agricultura
"Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo. Av Pádua Dias, 11, 13418-900,
Piracicaba-SP, Brasil.
Uma alta diversidade genética é importante para o funcionamento das grandes
sociedades de insetos. Nos Hymenoptera sociais (abelhas, formigas e vespas),
as espécies com maiores colônias geralmente possuem uma alta diversidade
genéticaintra-colonial, resultante de ter mais de uma rainha (poliginia), ou
rainhas que se acasalam com mais de um macho (poliandria). Neste trabalho
estudamos a estrutura genética da Irapuá (Trigona spinipes, Apidae:
Meliponini), uma abelha sem ferrão com colônias muito maiores que às da
poliândrica abelha melífera (Apis mellifera). Genótipos de operárias adultas e
de pupas de 43 ninhos naturais, distribuídos em três biomas Brasileiros,
mostraram que as colônias de T. spinipes geralmente possuem uma rainha
monândrica (acasalada com um macho). Além de revelar uma exceção notável
à incidência geral de uma alta diversidade genética em grandes sociedades de
insetos, nossos resultados suportam estudos anteriores que sugerem a
ausência de poliandria nas abelhas sem ferrão, e constituem evidência contra a
hipótese de limitação de espermatozoides para a evolução da poliandria.
Assim, abelhas sem ferrão com colônias grandes, como T. spinipes, são
modelos promissores de estudo para compreender melhor mecanismos
alternativos para aumentar a diversidade genética nas colônias, ou entender o
valor adaptativo de uma baixa diversidade genética em grandes sociedades de
insetos.
Desenvolvimento populacional de enxames de Apis mellifera
expostos à dose subletal do inseticida fipronil
Zaluski, R. 1, Kadri, S. M. 1 & Orsi, R. O.1
1
Departamento de Produção Animal - Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, UNESP - Campus de Botucatu.
As abelhas melíferas são indispensáveis na polinização de cultivos agrícolas e
áreas de vegetação nativa, além de possuírem grande importância na
produção apícola. No entanto, o atual desaparecimento das abelhas, conhecido
como CCD (Colony Collapse Disorder), vêm causando grandes prejuízos
econômicos. Dentre as principais causas que podem estar associadas a esse
fenômeno, esta o uso indiscriminado de agrotóxicos, incluindo o uso do
inseticida fipronil, em cultivos agrícolas visitados por abelhas. Resíduos de
agrotóxicos em doses letais presentes em recursos coletados pelas abelhas
campeiras podem ocasionar sua mortalidade imediata, ou, quando em
pequenas doses (subletais), podem ser estocados nas colmeias,
desencadeando mudanças fisiológicas e comportamentais que prejudicam as
colônias. O presente estudo teve como objetivo avaliar as alterações no
desenvolvimento populacional de enxames de abelhas Apis mellifera
africanizadas, expostos a uma dose subletal do inseticida fipronil. O
experimento foi conduzido no Setor de Apicultura da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, UNESP, Campus de Botucatu. Dez enxames foram
divididos aleatoriamente em dois tratamentos: T1 – receberam xarope de
açúcar contaminado com 8 ppb de fipronil/L de xarope de açúcar (1:1); e T2
controle – receberam apenas xarope de açúcar. Todos os enxames receberam
a alimentação ad libitum em alimentadores individuais tipo Boardman, durante
11 dias, sendo as áreas (cm²) de postura da rainha (P), cria aberta (CA) e cria
fechada (CF) medidas semanalmente. Nos enxames que receberam dieta
contaminada, as áreas de P, CA e CF foram de 29,6 ± 28,8; 13,2 ± 18,6; 21,1 ±
38,5 cm², respectivamente. Nos enxames controle, as áreas de P, CA e CF
foram 50,8 ± 41,4; 47,6 ± 39,8 e 81,1 ± 54,8 cm², respectivamente. Todos
esses resultados diferiram significativamente (P˂0,05), indicando os efeitos
nocivos da exposição subletal dos enxames ao fipronil. Entre a 6ª e 9ª semana
a área de P nos enxames que receberam dieta contaminada reduziu
significativamente, bem como a área de CA e CF entre a 3ª e 9ª semana. Foi
observada mortalidade de abelhas nas fases iniciais do desenvolvimento larval,
culminando no abandono e perda de todos os enxames que receberam dieta
contaminada. Doses subletais do inseticida fipronil ocasionam a mortalidade de
abelhas em desenvolvimento, prejudicando a manutenção das colônias, sendo
importante discutir estratégias para o uso desse inseticida em cultivos agrícolas
visitados por abelhas.
PAINEL
01
Poster:
Identificação de marcador heterocromático na distinção de
castas de Melipona scutellaris
Cardoso-Júnior, C. A. M.1, Ueira-Vieira, C. 1, Goulart L. R. 1, Fujimura P. T. 1
& Bonetti, A. M. 1
1
Universidade Federal de Uberlândia, UFU, Uberlândia, MG.
O padrão da heterocromatina e os mecanismos epigenéticos associados
podem ser agentes efetivos na regulação da expressão gênica em eucariotos.
A molécula de DNA ou as proteínas que constituem o core de histonas podem
sofrer modificações reversíveis, que promovem a remodelagem da cromatina
com consequente modificação na taxa de transcrição, caracterizando
alterações epigenéticas. Além da metilação, acetilação e outros, um dos
mecanismos que podem provocar alteração do estado da cromatina é a
fosforilação de histonas. Com o objetivo de investigar a importância de
mecanismos epigenéticos na produção de fenótipos divergentes entre as
fêmeas de Melipona scutellaris analisamos o padrão heterocromático em
rainhas e operárias, por meio de anticorpos que detectam fosforilação da
Treonina 3 da Histona H3 (H3T3-p) o que permite identificar regiões
heterocromáticas. Proteínas histonas foram extraídas por precipitação ácida,
seguida de diálise e liofilização das amostras. Oitenta (80) µg de proteína foram
separadas em SDS-Page, transferidas para membrana de nitrocelulose,
incubadas com anticorpo anti H3T3-p e reveladas. Operárias apresentaram
maior intensidade de marcação para H3T3-p quando comparadas com
amostras de rainhas. Esse resultado corrobora nossa hipótese de que o padrão
de heterocromatina possa ser um marcador fenotípico para distinção de
rainhas e operárias nesse gênero de abelhas e de que modificações
epigenéticas possam estar envolvidas na expressão diferencial de genes,
plasticidade fenotípica e a determinação de castas em Melipona scutellaris.
PAINEL
02
Vias de sinalização envolvendo o desenvolvimento de castas
em Apis mellifera
Cervoni M. S.1, Humann F. C.1, Antonio D. S. M.2 & Hartfelder K. 1,2
1
Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos,
FMRP-USP ; 2Departamento de Genética, FMRP-USP.
As castas de rainhas e operárias de Apis mellifera diferem em sua anatomia,
fisiologia e comportamento. O desenvolvimento destas castas depende da
dieta oferecida às larvas do sexo feminino, desencadeando respostas
específicas de casta em vias de sinalização. Foram analisados os níveis de
transcritos dos três genes centrais da hipóxia, target-of-rapamycin (tor), do
receptor de hormônio juvenil (HJ) methoprene-tolerant (MET) e de krüppel
homolog 1 (kr- h1), um gene de resposta a HJ. Os três genes centrais da
hipóxia são mais expressos em larvas de operárias. Nós interpretamos isso
como uma hipóxia endógena, tendo em vista que as larvas crescem nas
mesmas condições de oxigênio. Nossa hipótese é que o óxido nítrico (NO)
pode desempenhar um papel nesta resposta, pois NO compete com O2 para
se ligar ao complexo citocromo c oxidase, regulando assim a respiração
celular. Analisou-se a expressão do gene sintase de óxido nítrico (NOS) por
PCR quantitativa e os níveis de NO foram medidos em larvas por ensaio
bioquímico. Curiosamente, os níveis de NO foram altos nos estágios larvais
iniciais, mas a expressão da NOS foi basal ao longo do desenvolvimento, o que
sugere que os níveis de NO pode ser regulado pela proteína NOS, mas não
pelos níveis de RNAm NOS. Foi demonstrado que a via de TOR, que está
ligada à sinalização de hipóxia, promove em abelhas melíferas o
desenvolvimento de rainha, afetando o tamanho do corpo e dos ovários. No
entanto, ao analisar os níveis de transcritos de tor descobrimos que estes
foram maiores em larvas de operárias. Nós inferimos que isto pode refletir um
reflexo compensatório relacionado com a hipóxia. Os níveis de transcritos para
met e kr- h1 foram maiores em larvas de rainha, de acordo com os títulos de HJ
mais elevados na hemolinfa de rainha. Esses dados sugerem que a sinalização
de hipóxia é a característica dominante subjacente no desenvolvimento de
operárias,
afetando
negativamente
o
metabolismo
oxidativo
e,
consequentemente, o crescimento, ao passo que HJ é o principal regulador
para o desenvolvimento de rainha. TOR e sinalização da via de insulina parece
ter apenas pequenas funções, possivelmente compensatórias na diferenciação
de castas de abelhas.
PAINEL
03
Manipulando informações de marcação de trilha em formigas
Atta sexdens rubropilosa
Do Carmo, D. V.1, Rödde, A. C.2, Ribeiro, P. L.1 & Helene, A . F.1
1
Laboratório de Ciências da Cognição, Departamento de Fisiologia, Instituto de
Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo-SP/Brasil, e-mail:
[email protected].
2
Laboratório de Biologia Molecular, Centro Ciências da Saúde, Universidade
do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo-RS/Brasil.
Este trabalho avaliou a tomada de decisão em uma situação de conflito entre a
informação dada por feromônios e pela experiência prévia em um labirinto.
Uma colônia de formigas saúva foi conectada a um labirinto em forma de Y.
Primeiramente, foi realizado o treino das formigas colocando folhas apenas em
um dos braços. Em seguida, foram coletadas formigas que passaram pelo
labirinto, consideradas treinadas (FT) e as que não passaram pelo labirinto,
consideradas, não treinadas (FNT). Na sequência, foi realizado o teste com as
formigas treinadas e não treinadas, no qual havia uma informação conflitante
no labirinto: o feromônio da trilha de forrageamento estava no lado oposto ao
que as FT haviam encontrado alimento. Observou-se o deslocamento ao longo
do labirinto até a escolha por um dos lados. As FT se deslocaram de forma
linear, passando pela primeira parte do labirinto que não havia feromônio,
escolheram um dos lados com 68.2% (p=0.0407,teste binomial). As FNT
deslocaram-se não linearmente, exibindo o comportamento exploratório até
chegar na bifurcação onde algumas conseguiram escolher um dos lados
enquanto que outras não (deslocamento linear 54.5%, não linear 45.5%,
p=0.1542) no labirinto. No teste de ANOVA 2x2, considerando braço e treino
não houve efeito (p>0.05) de braço (marcado X não marcado) e treino (FT x
FNT), mas encontrou-se um efeito de interação entre braço e treino (p=0.0369).
As FT mostraram uma preferência pelo lado marcado enquanto que as FNT
pelo lado não marcado. É possível concluir que em uma tarefa de
forrageamento, o treino facilita a tomada de decisão para encontrar alimento
quando há conflito de informações.
Apoio financeiro: CAPES
PAINEL
04
Movimento externo de Caenohalictus incertus (Apidae,
Halictini) na primavera em Joinville, Santa Catarina, Brasil
Golinski-Santos, A. K.¹, Mouga, D. M. D.S.¹, Warkentin, M.¹, Barbosa, R.
N.¹, Feretti, V.1
¹ Universidade da Região de Joinville.
Espécies nativas brasileiras com nível de socialidade comunal têm poucos
estudos realizados sobre a influência dos fatores abióticos no comportamento
de atividade externa. Este trabalho objetiva reunir informações sobre os
limiares do movimento externo de Caenohalictus incertus, abelha nidificante
naturalmente em paredes de tijolos em Joinville, SC. O trabalho realizou-se em
área de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, com 16 ninhos, de
23/09/2013 a 20/12/2013, no horário 8-16h, quatro vezes por semana, a 1-2 m
de distância. Foram anotadas a saída e a entrada de indivíduos (com ou sem
carregamentos), a temperatura (ºC), a umidade relativa (%), a intensidade
luminosa (lux) e o vento (m/s). Foram utilizados termohidrômetro digital ICEL
Manaus modelo HT-208, luxímetro digital ICEL Manaus modelo LD-51 e mini
estação meteorológica Modelo Kestrel 3500. Em 40 dias de observações, foi
verificado movimento externo em 13 (37 registros). O início da atividade
externa ocorreu às 09:32 e o retorno, às 12:31. As saídas se concentraram no
intervalo das 08:00-12:00 (18 registros) e os retornos, das 12:00-14:00 (18
registros). As abelhas fizeram uma só viagem (saída/ retorno) por dia. Os
limiares mínimos e máximos para saída foram: 20ºC e 29,9ºC (temperatura),
45% e 89% (umidade relativa), 001lux e 014lux (valor sob a edificação)/ 026lux
e 1010 lux (valor fora da edificação)(intensidade luminosa), 8,5 m/s (vento
máximo). A comparação dos limiares obtidos neste trabalho com aqueles
obtidos no inverno e no outono mostra que 60% dos patamares ocorreram no
outono, que se configura como estação definidora, numa perspectiva de
sazonalidade.
PAINEL
05
Influência da estrutura da paisagem sobre a abundância e
riqueza de abelhas nativas em fragmentos de Mata Atlântica
Gonzalez, A. 1 & Jaffé, R.1
1
Departamento de Ecologia, Universidade de São Paulo. Rua do Matão 321,
05508-090 São Paulo-SP, Brasil.
O serviço de polinização por abelhas, importante para dois terços dos
cultivares do mundo, está sendo afetado pelo desmatamento e posterior
fragmentação dos hábitats naturais. Pouco se conhece sobre a capacidade dos
fragmentos menores de manter comunidades de abelhas. Com o intuito de
cobrir essa lacuna, coletas com redes e pratos armadilha foram feitas na borda
de fragmentos de mata atlântica com cafezais. As coletas foram feitas durante
a florada do café em 9 paisagens com diferente cobertura florestal para assim
avaliar riqueza e abundância de espécies de abelhas nativas. Foram coletadas
173 abelhas. Apidae foi à família que teve a maior riqueza é abundância,
seguida pela família Halictidae, especificamente a subtribo Halictini e o gênero
Dialictus. Trigona spinipes foi a espécie mais abundante e teve a maior
presença em 8 das 9 paisagens, seguida por Apis mellifera coletada em 7 das
9 paisagens. Embora a curva de acumulação de espécies parecesse estar
ainda em ascensão, ela começou a atingir um valor assintótico inferior as 35
morfoespécies para o total das amostras. Na borda dos fragmentos a
diversidade de abelhas foi similar à reportada para a Floresta Atlântica. Não foi
encontrada relação entre as variáveis da paisagem e à abundância e riqueza
de abelhas. Nossos resultados podem se dever às características da
amostragem, à condição de borda dos fragmentos de mata, ou à escala
espacial avaliada.
PAINEL
06
Genes envolvidos na regulação do polietismo etário em
abelhas Apis melífera
Guidugli-Lazzarini, K. R.1 & Hartmann Hartfelder, K. H.1
1
Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos,
FMRP-USP.
As abelhas da espécie Apis mellifera abrigam em sua biologia importantes
aspectos da vida social como castas morfologicamente distintas e polietismo
etário. Mais especificamente, o polietismo etário refere-se à progressão das
tarefas desempenhadas pelas abelhas operárias para manutenção da colônia.
Em uma colmeia, as operárias jovens executam tarefas de cuidado com a cria
enquanto que operárias mais velhas dedicam-se as atividades de
forrageamento. A divisão de trabalho entre as operárias é influenciada por
vários fatores como: nutrição, dinâmica hormonal, expressão gênica diferencial,
resposta à feromônios, condições da colônia, entre outros. Dentro deste
cenário, o presente trabalho teve como objetivos correlacionar padrões
comportamentais e fisiológicos com perfis de expressão de genes no corpo
gorduroso de operárias adultas com diferentes idades. A expressão dos genes
methoprene-tolerant (met), Krüppel homolog-1 (kr-h1), phosphoinositidedependent kinase-1 (PDK1), esterase do hormônio juvenil (jhe), vitelogenina
(vg) e Niemann –Pick type C2 (npc2-like), relacionados com a maturação
comportamental, foi avaliada por meio de PCR em tempo real. Como
resultados obtivemos que os genes vg, jhe, npc2-like são mais expressos em
abelhas jovens (0, 3 e 8 dias) quando comparados ás abelhas mais velhas (16,
24 e 31 dias). Por outro lado, os níveis de transcritos dos genes PDK1, met e
kr-h1 são maiores nas operárias mais velhas em comparação ás operárias
jovens. Tais resultados reforçam a importância da expressão gênica diferencial
destes genes na maturação comportamental das operárias Apis mellifera.
Apoio Financeiro: CNPq
PAINEL
07
Sobrevivência de rainhas africanizadas recém-emergidas em
dois sistemas de armazenamento
Halak, A. L.1, Parpinelli, R. S.1, Pereira, H. L.1, Ronqui, L.1, Guty, J. C.1,
Malerbo-Souza, D. T.1 & Toledo, V. A. A.1
1
Universidade Estadual de Maringá – UEM.
A rainha de Apis mellifera L. é a peça chave no melhoramento, é a única fêmea
fértil, responsável por toda postura e a produção de produtos economicamente
importantes, como o mel, a geleia real dentre outros, o que é afetada pela
atividade combinada da rainha e das operárias presentes em uma colônia.
Experimento foi realizado no setor de apicultura da Universidade Estadual de
Maringá de agosto a setembro de 2012. Para a produção de rainhas, foi
utilizado o método modificado de Doolitlle. Objetivou-se nestas análises, avaliar
a influência do armazenamento, banco de rainhas ou estufa, na sobrevivência
de rainhas africanizadas recém-emergidas. Foram avaliadas no experimento 68
rainhas que ao emergirem, apresentaram uma ficha de identificação individual,
contendo a data e hora do nascimento e mensurações, e distribuídas nos dois
sistemas de armazenamento. Para a realização das análises foi utilizado o
software R, verificando o efeito do tempo de vida da rainha e a forma de
armazenamento, por meio de análises paramétricas (Kaplan-Meyer) e não
paramétrica (Exponencial). As rainhas mantidas em estufa e minirrecria
apresentaram longevidade média de 7,45 e 1,69 dias, respectivamente. Pelas
análises paramétrica e não paramétrica houve diferença significativa rainhas
mantidas em estufa e minirrecria. Além disso utilização do armazenamento em
estufa de rainhas recém-emergidas foi mais eficiente, mantendo assim, a
qualidade da rainha e maior potencial de aceite da colônia que irá recebê-la.
PAINEL
08
Regulação genético-hormonal da metamorfose em abelhas
Hernandes, N. H. 1, Bitondi, M. M. G.2, Simões, Z. L. P.2 & Nunes, F. M. F.3
1
Departamento de Genética – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto –USP.
Departamento de Biologia – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto – USP; 3Departamento de Genética e Evolução – Centro de
Ciências Biológicas e da Saúde – UFSCar.
2
Durante a metamorfose de insetos holometábolos ocorrem alterações morfofisiológicas e na expressão de elementos genéticos, as quais são coordenadas
de maneira temporo-espacial pela ação de ecdisteroides (como a 20hidroxiecdisona, 20E) e do hormônio juvenil (HJ). Para melhor compreender a
dinâmica de tais processos analisamos os perfis de expressão (por RT-qPCR)
em larvas e pupas de operárias de A. mellifera de elementos genéticos
relacionados: 1 - à modulação da sinalização hormonal (GCE [germ-cell
expressed], Cal [calponin], Kr-h1 [Krüppel homolog 1] e FTZ-F1 [fushi tarazu transcription factor 1]), 2 - ao crescimento e à diferenciação celular (IDGF
[imaginal disc growth factor]), e 3 - à progressão do desenvolvimento
(microRNAs: bantam, let-7, miR-8, miR-100, miR-125, miR-252a, miR-252b e
miR-281). Os genes codificadores de proteínas, em particular, foram testados
em condições naturais e após tratamento com 20E e HJ (6 e 24 horas após
tratamento). Os perfis de expressão de miR-252a, miR-252b e miR-281 se
contrastam à curva de HJ circulante na hemolinfa, indicando um feedback
negativo entre ambos. Os perfis dos demais genes codificadores e microRNAs
foram bastante similares entre si, com baixa expressão nos períodos de mudas
larvais (transição larva-larva) e alta abundância em PP3, logo após o pico de
ecdisteroides, o qual é responsável por desencadear a muda metamórfica. O
tratamento de 20E inibiu a expressão de GCE, CA e FT -F1, enquanto a
expressão de r-h1 aumentou após aplicação de J. Esses achados apontam
fortemente que os elementos genéticos estudados se interagem em redes
biológicas complexas, controlando o desenvolvimento pós-embrionário em
abelhas, especialmente na sinalização do comprometimento com a
metamorfose.
Apoio financeiro:
(161917/2011-9).
FAPESP
(2011/21731-8,
2011/03171-5)
e
CNPq
PAINEL
09
Os soldados de Coptotermes gestroi (Isoptera,
Rhinotermitidae) bebem água sozinhos?
Janei, V. 1, Lima, É. F. B. 1, Rocha, A. A. 1, Costa, R. R. 1 & Costa-Leonardo,
A. M.1
1
Laboratório de Cupins, Departamento de Biologia, Instituto de Biociências,
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP – Campus
Rio Claro.
Coptotermes gestroi é uma espécie de cupim subterrâneo de importância
econômica. Estes cupins são altamente suscetíveis à dessecação sendo a
umidade um fator importante para a sobrevivência dos mesmos. O soldado de
Isoptera é uma casta dependente, uma vez que é alimentado via trofalaxia
pelos operários. No presente estudo testou-se a capacidade dos soldados de
se reidratarem sozinhos após estresse hídrico de 4 horas. Para tanto, foram
realizados dois bioensaios. No primeiro foram utilizados grupos mistos de 20
operários e 5 soldados e grupos de 5 soldados que foram submetidos a
estresse hídrico e sua massa avaliada após 1 e 18 horas de reidratação. No
segundo, após estresse hídrico, grupos de 10 indivíduos (soldados ou
operários) foram providos de uma fonte hídrica marcada com azul de Nilo e
posteriormente foi observado quais indivíduos estavam marcados de azul e
qual foi a taxa de óbito. Grupos extras foram filmados para registro do
comportamento no momento da introdução da fonte de água colorida. Os
resultados do primeiro bioensaio mostraram que os soldados, embora tenham
adquirido um pouco de massa, não atingiram sua massa inicial, mesmo após
18 horas de adição de fonte hídrica, fato provavelmente relacionado ao
pequeno número de indivíduos dos grupos. No segundo bioensaio, verificou-se
marcação somente nos operários, indicando que foram os únicos a beberem
água, o que foi verificado posteriormente nas filmagens. Por outro lado, mesmo
não ingerindo água, os soldados continuaram vivos e ativos, indicando que
provavelmente haja absorção através do tegumento. Os resultados permitem
sugerir que os soldados não bebem água sozinhos, adquirindo-a via trofalaxia
ou tegumento sob condições de umidade elevada.
PAINEL
10
Utilização da técnica ddRADseq para identificação de SNPs em
populações de Apis mellifera Africanizadas
Kadri, S. M.1, Campos, M. A.S. M.2, Alonso, D. P. 2, Zaluski, R. 1, Ribolla, P.
E. M. 2 & Orsi, R. O.1
1
Núcleo de Ensino, Ciência e Tecnologia em Apicultura Racional (NECTAR).
Departamento de Produção Animal – Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia – Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de Botucatu,
São Paulo, Brasil.
2
Departamento de Parasitologia – Instituto de Biociências – Universidade
Estadual Paulista – UNESP – Campus de Botucatu – São Paulo, Brasil.
Atualmente a atividade apícola tradicional no Brasil baseia-se na aquisição de
enxames de produção de genética desconhecida pelos apicultores. Assim,
estes enxames podem apresentar características genéticas desfavoráveis para
a produção de mel. Estas diferenças podem diminuir a eficiência e
competitividade do apicultor comercial, tornando-se importante um trabalho de
melhoramento genético; porém, estes programas podem ser demorados e
laboriosos ao apicultor. Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi
diferenciar populações de abelhas Apis mellifera com alta e baixa
produtividade, utilizando a técnica de ddRADseq (Double Digest Restriction site
Associated DNA) para o sequenciamento do DNA genômico e identificar
SNPs (Single Nucleotide Polymorphism). O experimento foi realizado durante a
florada silvestre (dezembro de 2013 a março de 2014) que ocorre na Fazenda
Experimental Lageado, UNESP, Campus de Botucatu, São Paulo. Foram
utilizadas 40 colmeias de abelhas Apis mellifera africanizadas, manejadas para
a produção de mel e avaliada individualmente. Foi extraído o DNA genômico do
pool de larvas de zangão dos dois grupos e submetido à técnica de ddRADseq;
em seguida, foi sequenciado por meio da tecnologia de sequenciamento de
DNA Illumina (DNA-Seq). Os dados obtidos foram analisados no programa
STACKS versão 1.12. As colmeias foram divididas em dois grupos, Alta
Produção de Mel (APM), com mais de 10 Kg de mel por colmeia (12,21±1,5
Kg), e Baixa Produção de Mel (BPM), com menos de 10 Kg de mel por colmeia
(4,8±3,0 Kg). Após análise com o programa STACKS 1.12, foram obtidas
187.500 e 529.172 sequências de DNA, posteriormente submetida ao
processamento dos radtags pelo pacote cstacks foram obtidos 115 e 4365
SNPs (Single Nucleotide Polymorphism), para o grupo APM e BPM,
respectivamente. Conclui-se que a técnica de ddRADseq pode ser utilizada
com êxito para a identificação de SNPs em populações de abelhas Apis
mellifera africanizadas.
PAINEL
11
Variação temporal na produção de mel da abelha Jandaíra
(Melipona subnitida): manejo a longo prazo mostra o potencial
da Jandaíra como espécie comercial no Nordeste brasileiro
Koffler, S.1, Menezes, C.2, Menezes, P.3, Kleinert, A. M. P.1, ImperatrizFonseca, V. L.1,4 & Jaffé, R.1
1
Laboratório de Abelhas, Universidade de São Paulo, SP.
Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA.
3
Meliponário Mons. Huberto Bruening, Mossoró, RN.
4
Grupo de Pesquisa em abelhas sem ferrão, Universidade Federal Rural do
Semi-Árido, RN.
2
A produção de mel de abelhas sem ferrão é uma atividade promissora e de
potencial contribuição para a conservação. No entanto, ainda não se sabe
como a produção de mel varia ao longo do tempo e como essa produção é
afetada por fatores climáticos e técnicas de manejo empregadas. Para
investigar essas questões, analisamos um registro de dados de 83 colônias da
abelha Jandaíra (Melipona subnitida), acompanhadas durante 10 anos em
Mossoró-RN. A produção anual de mel, por colônia, variou entre zero e 1,8 l,
com um valor médio anual de 0,375 l. Não foi encontrada uma variação
significativa na produção de mel, por colônia, ao longo do tempo.
Considerando-se as variáveis climáticas, a produção de mel por colônia foi
correlacionada negativamente com a temperatura média, indicando uma menor
produção de mel em anos com temperaturas mais altas. A mortalidade das
colônias foi correlacionada negativamente com a umidade relativa, mostrando
um aumento da mortalidade em anos mais secos. Em relação ao manejo, a
produção de mel foi similar entre colônias que forneceram favos de cria para a
fundação de novos ninhos e colônias que não forneceram. A partir de 2008, as
colônias passaram a receber reforço alimentar, o que aumentou
significativamente a produção de mel (aumento de 2,4 vezes). Nossos
resultados mostram que a produção de mel de Jandaíra pode ser mantida
constante ao longo do tempo, o que aumenta seu valor comercial e a torna
ainda mais importante como uma espécie chave para o desenvolvimento
sustentável no Nordeste brasileiro. Porém, caso as previsões de aquecimento
global estejam corretas, a produção de mel nas regiões mais secas do país
pode ficar comprometida.
PAINEL
12
Desenvolvimento do sistema reprodutor em machos do cupim
Silvestritermes euamignathus (Isoptera, Termitidae)
Laranjo, L.T. 1 & Costa-Leonardo, A. M.1
1
Laboratório de Cupins, Departamento de Biologia, Instituto de Biociências,
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP – Campus
Rio Claro.
Os cupins constituem um grupo de insetos eussociais, no qual a reprodução é
de responsabilidade de indivíduos pertencentes à linhagem imaginal: ninfas,
imagos e reprodutores. O objetivo deste estudo foi acompanhar o
desenvolvimento do aparelho reprodutor em várias fases da vida de
reprodutores machos de Silvestritermes euamignathus. Assim, o sistema
reprodutor de machos alados foi isolado e a sua morfologia observada em
montagem total. Além disso, os abdômens de reprodutores alados e primários,
ninfas e neotênicos ninfoides foram fixados em FAA e processados
rotineiramente para histologia e histoquímica de polissacarídeos e proteínas. O
aparelho reprodutor dos machos, nas diferentes fases de vida analisadas,
mostrou-se constituído por dois testículos, dois ductos deferentes com
dilatações na região basal (vesículas seminais) e um ducto ejaculatório, que
termina em um órgão copulador rudimentar, o pênis, projetado para o exterior
pelo poro genital. Em ninfas machos e em reprodutores alados não foi possível
visualizar os lóbulos individualmente, estando a vesícula seminal vazia nos
primeiros e com quantidade moderada de espermatozoides nos últimos. Em
todos os indivíduos, com exceção das ninfas machos, também foram
observados espermatozoides em pelo menos um dos túbulos seminíferos, que
estava em maior quantidade nos reis e em menor nos reprodutores neotênicos.
Quando se comparou um rei de colônia natural com um rei neotênico ninfoide,
os primeiros apresentaram grande parte do abdômen terminal preenchida pelos
lóbulos testiculares que estavam extremamente desenvolvidos e com epitélio
vesicular bastante espesso. Os resultados mostraram que o aparelho
reprodutor dos neotênicos, apesar de maduro, possui um desenvolvimento
inferior ao dos reis primários e suas vesículas seminais armazenam uma
quantidade menor de espermatozoides em relação aquela presente em reis e
reprodutores alados.
PAINEL
13
Efeitos da cobertura de vegetação nativa de Floresta Atlântica
no controle do bicho-mineiro Leucopteracoffeella(Lepidoptera:
Lyonetiidae) por vespas sociais (Hymenoptera: Vespidae)
Leite, P.1 & Jaffé, R.1
1
Departamento de Ecologia, Universidade de São Paulo. Rua do Matão 321,
05508-090 São Paulo-SP, Brasil.
Estudos indicam que a biodiversidade está correlacionada com a provisão de
serviços ecossistêmicos. O controle biológico de insetos pragas em culturas
agrícolas é um importante serviço ecossistêmico e sua eficácia está fortemente
relacionada com a estrutura das paisagens. O café e uma cultura de grande
importância econômica no Brasil e uma de suas principais pragas e o bicho
mineiro, cujos principais inimigos naturais são as vespas sociais. Visando
colaborar com as discussões que relacionam a estrutura da paisagem com a
efetividade dos serviços ecossistêmicos, foram analisadas dez paisagens
compostas por plantações de café e fragmentos florestais de Mata Atlântica.
Estimou-se a taxa de predação do bicho mineiro por vespas sociais assim
como a riqueza e a diversidade destas vespas nas diferentes paisagens, tendo
sido encontrada vinte e uma espécies no total. Não se encontrou nenhuma
correlação entre a taxa de controle do bicho mineiro com a porcentagem de
cobertura florestal ou com a diversidade de vespas. Fatores como o uso de
pesticidas, proximidade entre os pés ou proximidade aos fragmentos de mata,
podem ter escondido os efeitos esperados.
PAINEL
14
Morfometria da casta operária proveniente de colônias
incipientes sexuadas e partenogenéticas de Velocitermes
heteropterus (Isoptera: Termitidae, Nasutitermitinae)
Lima, J. T.1 & Costa-Leonardo, A. M.1
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto
Departamento de Biologia – Campus de Rio Claro.
de
Biociências,
Análises morfométricas prévias envolvendo os padrões de desenvolvimento da
linhagem áptera do cupim Velocitermes heteropterus mostraram que larvas
distintas originam operários e soldados de diferentes sexos e tamanhos, sendo
que todos os soldados produzidos são machos. Estes resultados foram obtidos
utilizando-se ninhos maduros coletados na natureza, porém não existem dados
para colônias incipientes. Assim sendo, no presente estudo foram avaliados o
comprimento da tíbia posterior e a largura máxima da cabeça de operários
provenientes de colônias incipientes sexuadas e partenogenéticas, a fim de
investigar se existem diferenças nas proles formadas pelos dois tipos de
reprodução. Os resultados mostraram que a largura da cabeça de ambas as
proles não diferiu, porém o tamanho da tíbia foi maior nos operários das
colônias partenogenéticas (Rsex. = 23,7143; Rpart. = 41,5926; P = 0,0001).
Verificou-se, ainda, que tanto a largura da cabeça (colônias sexuadas: 0,91 ±
0,004 mm e partenogenéticas: 0,89 ± 0,009 mm) como o comprimento da tíbia
(sexuadas: 0,97 ± 0,007 mm e partenogenéticas: 1,04 ± 0,013 mm) dos
operários provenientes das colônias incipientes de laboratório foram menores
do que daqueles oriundos de colônias naturais. Tais resultados corroboram
pesquisas prévias com outras espécies de cupins mantidas em laboratório,
sugerindo a ocorrência de uma compensação de perda e ganho entre o
número e o tamanho dos operários, uma situação que pode permitir que as
colônias incipientes de cupins mudem suas tarefas de acordo com a
necessidade, com maior investimento em um grande número de operários
pequenos.
Financiamento: FAPESP (Proc. 2011/01078-1).
PAINEL
15
Sensibilidade de abelhas nativas Tetragonisca angustula
expostas ao inseticida fipronil
Magro, J. M.1 & Ruvolo-Takasusuki, M. C. C.1
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biotecnologia, Genética
e Biologia Celular, Avenida Colombo, 5790, 87020-900, Maringá-PR, Brasil.
Fipronil é um inseticida utilizado para controle de pragas, mas também pode
afetar insetos não alvos como as abelhas. Estudos sobre a sensibilidade de
abelhas aos inseticidas foram feitos na maioria para a espécie introduzida Apis
mellifera, quando do registro dos agrotóxicos para comercialização. No entanto,
o maior desafio para utilizar abelhas para polinização em cultivos agrícolas está
na difícil conciliação dessa tecnologia com as aplicações agrícolas. Neste
estudo avaliou-se em laboratório a sensibilidade das abelhas Tetragonisca
angustula angustula e Tetragonisca angustula fiebrigi ao inseticida fipronil.
Foram coletadas operárias de T. a. angustula e T. a. fiebrigi de ninho naturais
do câmpus da Universidade Estadual de Maringá-Pr, e acondicionadas em
placas de petri com papel filtro contendo 1mL de fipronil na concentração de
25% e o controle sem inseticida. Em seguida foram colocadas 20 abelhas por
placa, em um total de 3 placas com inseticida e 1 controle, mantidas em estufa
BOD na temperatura 28º +/- 1ºC, umidade relativa de 70%, por 24 horas. Após
esse período foi realizada a contagem de mortas e vivas. No experimento com
T. a. angustula, em um total de 60 abelhas, 30 continuaram vivas, ao contrário
do bioensaio com T. a. fiebrigi, em que não houve sobreviventes. Os resultados
indicam maior sensibilidade de T. a. fiebrigi ao fipronil, podendo inferir que a
aplicação deste inseticida para proteção de cultivos, apresenta alto risco de
mortalidade, afetando principalmente o processo de polinização de culturas
agrícolas e árvores frutíferas.
PAINEL
16
Interação inseto-flor em cultura de goiaba (Psidium guayava l.)
Malerbo-Souza, D.T.1, Sanitá, D.A.2, Boti, M.F.2 & Pádua. V.B.C2
1
Professora Doutora do Departamento de Ciências Agrárias, do Centro
Universitário Moura Lacerda, Av. Dr. Oscar de Moura Lacerda, 1520, 14076510, Ribeirão Preto, SP. E.mail: [email protected].
2
Alunos do curso de Agronomia do Centro Universitário Moura Lacerda.
Os objetivos desta pesquisa foram determinar os visitantes florais com
comportamento propício para polinização da goiabeira (Psidium guajava L.),
descrever suas características de pastejo nas flores e identificar aquela(s)
espécie(s) mais eficiente(s) como polinizador (es) da goiabeira, capaz(es) de
contribuir para o aumento de produtividade da cultura, quando presentes nos
plantios. O experimento foi desenvolvido no pomar da Escola Técnica
Agropecuária Municipal “São Francisco de Assis” em Colina/SP. Os visitantes
florais observados na cultura da goiabeira foram abelhas africanizadas Apis
mellifera (46,40%), abelhas Tetragonisca angustula, conhecidas como jataí
(22,42%), abelhas Xylocopa frontalis, conhecidas como mamangavas (3,97%),
abelhas da família Halictidae (1,66%) e abelhas sem ferrão Trigona spinipes,
conhecida popularmente como irapuã (1,11%). Também foram observadas
várias outras espécies de abelhas sem ferrão (24,45%). Essas espécies
coletaram apenas pólen nessas flores, pelo fato da flor dessa espécie vegetal
não apresentar nectário. O visitante floral que apresentou comportamento mais
propício para polinização na cultura de goiabeira foi a abelha A. mellifera por
ser mais frequente e apresentar maior persistência de pastejo na flor,
conseguindo coletar grandes quantidades de pólen e efetividade na
polinização. Apesar de menos frequente nas flores da goiabeira, as abelhas X.
frontalis, por serem maiores, também foram eficientes no transferência do
pólen para o estigma da flor, apresentando comportamento de envolver os
órgãos reprodutivos ao coletar o pólen.
PAINEL
17
Aspectos moleculares do desenvolvimento do cérebro adulto
em castas de abelhas Apis mellifera
Oliveira, M. T.1, Vomero, A.1, Gianelli, H. H.1, Lima, M. B.1, Vitoria, P. H. Z.1,
Alvarenga, P. E.1, Moda, L. M. R.1, Vieira, J.1, Bomtorin, A. D.2, Simões, Z.
L. P.2 & Barchuk, A. R.1
1
Departamento de Biologia Celular, Tecidual e do Desenvolvimento, Instituto
de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Alfenas, UNIFAL-MG.
2
Departamento de Genética, FMRP, Universidade de São Paulo.
3
Departamento de Biologia, FFCLRP, Universidade de São Paulo
má[email protected].
Aprendizado e memória são habilidades associadas a regiões específicas do
cérebro das abelhas, os corpos cogumelares. A alimentação diferencial
oferecida às futuras rainhas de Apis mellifera durante o período larval promove
maior proliferação de neuroblastos e desenvolvimento mais rápido de
estruturas que formarão os corpos cogumelares, bem como maior expressão
de alguns genes neurogênicos (ataxin-2, cryptocephal, dachshund, Eph
Receptor, fax, shot, tetraspanin 5D e krüppel homolog-1). No entanto os corpos
cogumelares são proporcionalmente mais desenvolvidos em operárias adultas,
permitindo que elas desempenhem funções como forrageamento,
reconhecimento do ninho e navegação. A inversão da morfogênese cerebral
acontece, então, entre o fim do desenvolvimento larval e o período de
desenvolvimento do cérebro adulto (fase pupal). Este trabalho teve como
objetivo identificar marcadores moleculares da evolução morfológica diferencial
do cérebro das castas de fêmeas de A. mellifera durante a fase pupal.
Experimentos em escala genômica e determinação de perfis de transcrição
gênica por RT-qPCR sugerem a ocorrência de uma inversão de padrões de
expressão de genes neurogênicos em relação ao período larval (exceto
krüppel homolog-1) e uma maior expressão em operárias de genes como
mesencephalic astrocyte derived neurotrophic fator, minibrain, signal peptidase
e tumbleweed, todos associados a eventos neurogênicos ou prevenção da
morte celular. Estes resultados sugerem que de alguma forma a atividade dos
produtos protéicos destes genes estejam vinculadas ao desenvolvimento
diferencial do cérebro adulto. Particularmente a expressão de atx-2 e fax
podem ajudar a explicar a expansão da área ocupada por neuroblastos em
cérebros de rainhas e operárias: durante o estágio larval favorecendo rainhas
(devido à alimentação diferencial) e durante o estágio pupal favorecendo
operárias.
Suporte financeiro: FAPEMIG APQ-01714-10; FAPESP 2005/03926-5;
FAPESP 2012/02757-9; FINEP/PROINFRA 01/2008, LABSBIOEX UNIFALMG; PIB-PÓS e PROAP/UNIFAL-MG; CNPq; CAPES.
PAINEL
18
Interações agonísticas na formiga mirmecófila Pseudomyrmex
concolor (Hymenoptera, Formicidae, Pseudomyrmecinae)
Pacheco-Junior, P. S. M. 1,2 & Del-Claro, K.1,2
1
Programa de Pós-graduação em Entomologia, Faculdade de Filosofia
Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
[email protected].
2
Laboratório de Ecologia Comportamental e Interações (LECI), Instituto de
Biologia, Universidade Federal de Uberlândia.
Pseudomyrmex concolor Smith coloniza plantas de Tachigali myrmecophila
Ducke na Amazônia. Estas formigas são altamente agressivas defendendo seu
ninho contra intrusos e consequentemente a planta hospedeira. Neste estudo,
descrevemos atos comportamentais exibidos por P. concolor durante
interações agonísticas entre companheiras e não-companheiras de ninho. Para
isso, introduzimos (n=20 de cada espécie) tanto coespecíficos quanto
interespecíficos em vinte plantas de T. myrmecophila ocupadas por P.
concolor. As interações entre residente-intrusa foram observadas por cinco
minutos e analisadas segundo amostragem de todas as ocorrências. Foram
registrados 21 atos comportamentais distintos que variaram desde nãoagressivos como ignorar, antenar e inspecionar até agressivos como mordidas
e ferroadas. Durante as interações agonísticas observamos um padrão
comportamental onde P. concolor é capaz de reconhecer e discriminar
companheiros de não-companheiros de ninho. Quando o indivíduo é um
companheiro de ninho, as formigas antenam, inspecionam e em seguida o
ignoram, permitindo seu acesso à colônia. Porém, residentes atacam tanto
interespecíficos quanto coespecíficos não-companheiros de ninho depois de
antenação e inspeção, ou mesmo antes de qualquer contato físico. Nesse
caso, mordem o corpo do intruso e iniciam lutas que resultam em expulsão ou
morte do não-companheiro de ninho. Comportamentos agressivos são eficazes
durante mecanismos de reconhecimento de companheiros de ninho em
formigas que defendem territórios como P. concolor, sendo agressivas a
interespecíficos e mesmo a coespecíficos de outras plantas hospedeiras. A
agressividade é um comportamento que possibilita defesa e monopólio de
recursos ambientais, podendo ser um fator relevante para manutenção do
mutualismo entre P. concolor e T. myrmecophila.
PAINEL
19
Taxa de aceitação de larvas para produção de geleia real e
rainhas em colônias africanizadas (Apis mellifera L.)
Parpinelli, R. S. 1, Halak, A. L. 1, Pareira, H. L. 1, Ronqui, L. 1, Carneiro, I. 1
, Malerbo-Souza, D. T. 1 & Toledo, V. A. A. 1
1
Universidade Estadual de Maringá – UEM.
Esse experimento teve o objetivo de avaliar no processo de produção de geleia
real e rainhas e a taxa de aceite de larvas transferidas por pessoas diferentes,
foi realizado Universidade Estadual de Maringá no setor de apicultura. O
processo de produção de geleia real e de rainhas foi adaptado do método de
Doolittle. Para a produção de geleia real, foram utilizadas minirrecrias
equipadas com um quadro porta-cúpulas com 50 cúpulas. Foram realizadas
150 transferências de larva obtendo-se uma taxa de aceite de 35% por pessoa.
A taxa de produção média por cúpula foi de 180 mg. Para a produção de
rainhas, cada quadro porta cúpula continha 30 cúpulas, que após 72 horas da
realização da transferência foi analisado o percentual de aceite e após 11 dias
foram calculados os percentuais de nascimento. Em seguida procedeu-se a
avaliação de sua integridade física: peso ao nascer, comprimento total,
comprimento do abdômen e largura do abdômen. Foram feitas 90
transferências de larva obtendo-se uma taxa de aceitação de 48%. A taxa de
nascimento das rainhas foi de 71,8%. As rainhas apresentaram peso igual ou
superior a 150 mg. A média de peso obtida das rainhas ao nascer foi de 170
mg. Não houve diferença significativa por pessoa realizando transferência tanto
para geleia real quanto para rainhas. Além disso, os transferidores mostraramse eficientes, mantendo assim, a qualidade das rainhas e na produção de
geleia real.
PAINEL
20
Colônias de abelhas selecionadas, produção de geleia real e o
uso de ração
Pereira, H. L.1, Halak, A. L.1, Parpinelli, R. S.1, Ronqui, L.1, Menocci, C. L.
S.1, Cárdenas, R. E. P.1, Ruvolo-Takasusuki, M. C. C.1 & Toledo, V. A. A.1
1
Universidade Estadual de Maringá – UEM.
O objetivo desta pesquisa foi avaliar a produção de geleia real com abelhas
africanizadas (Apis mellifera L.) de dois grupos genéticos, suplementadas ou
não. Foram utilizadas 20 colônias minirrecrias, com um quadro porta-cúpulas
com 60 cúpulas cada, 10 selecionadas para a produção de geleia real e 10
para mel, cinco de cada grupo foram suplementadas com ração de 24,7% de
proteína bruta, e alimentação energética e as demais apenas com alimentação
energética. Os parâmetros avaliados foram: porcentagem de aceite de larvas,
geleia depositada por cúpula (mg), e geleia real produzida por colônia/coleta
(g). Os dados foram analisados pelo software Statistical Analysis System. Os
grupos suplementados com ração foram superiores em todos os parâmetros
analisados, com médias de 47% de aceite, 0,160 g de geleia por cúpula e 4,51
g por colônia/coleta, enquanto as médias do grupo que não recebeu ração
foram, 34%, 0,132 g, 3 g, respectivamente. O grupo genético selecionado para
produção de geleia real teve maior aceitação de larvas (42%) e produção
média por colônia/coleta (3,80 g) quando comparada com o grupo selecionado
para mel (30% e 2,72 g). A adição de ração melhora a produção de geleia real
em ambos os grupos genéticos, favorecendo o desempenho de abelhas
selecionadas.
PAINEL
21
Redes de regulação (mirna:mrna) de embriões haploides e
diploides de Apis mellifera
Pires, C. V.1, Freitas, F. C. P.1 & Simões, Z. L. P.2
1
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo –
Ribeirão Preto.
2
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de
São Paulo – Ribeirão Preto.
Em Hymenoptera a embriogênese assume uma característica especial por
causa do sistema de determinação do sexo, o haplodiplóide, onde ovos
fertilizados desenvolvem como fêmeas (diploides) e ovos não fertilizados como
machos (haploides). No entanto, em abelhas a descrição detalhada do
desenvolvimento embrionário e sua regulação são pouco estudados. Aqui,
usamos modernos protocolos de biologia molecular e bioinformática para
analisar as diferenças e semelhanças entre os dois tipos de embriões,
destacando os genes diferencialmente expressos e a regulação destes pelos
miRNAs, no início da embriogênese, utilizando bibliotecas de sequenciamento
nova geração de ovócitos maduros e embriões haploides e diploides com 2, 6 e
18-24h de desenvolvimento. As maiores diferenças na expressão gênica entre
os dois tipos de embriões estão na primeira hora de desenvolvimento, quando
genes da ativação do ovo se destacam, e em embriões de 18-24h, quando são
expressos genes ligados à determinação do sexo. Além disso, diferentes redes
de regulação (microRNA:mRNA), construídas a partir destes bancos,
mostraram que os mesmos miRNAs podem regular genes diferentes em
embriões haploides e diploides. Mas, esses genes estão ligados a processos
celulares semelhantes nos dois tipos de embriões. A diferença entre sexos já
era esperada, uma vez que alguns genes de determinação do sexo estão entre
os diferencialmente expressos. Entretanto, as semelhanças, principalmente, na
regulação dos processos celulares do início da embriogênese, sugere que o
início do desenvolvimento deve ser conservado. E esta conservação é apoiada
na regulação pelos mesmos miRNAs sobre genes diferentes, construindo redes
específicas, mas que demonstram um sistema biológico robusto capaz de dar
origem aos dois tipos de organismos em A. mellifera, que se diferenciam no
sexo e ploidia.
Financiamento: FAPESP 2011/03171-5; 2010/ 08150-3.
PAINEL
22
Órgãos de defesa em operários de Ruptitermes (Isoptera,
Termitidae, Apicotermitinae): uma abordagem confocal
Poiani, S. B.1 & Costa-Leonardo, A. M.1
1
Laboratório de Cupins, Departamento de Biologia, Instituto de Biociências,
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro – SP, Brasil.
A casta de soldado dos cupins não tem equivalente nos outros insetos sociais.
Durante a evolução dos Isoptera, os soldados desapareceram em alguns
Apicotermitinae, como é o caso das espécies do gênero Ruptitermes, na qual
os operários passaram a exercer a função de defesa. As glândulas deiscentes
(GD) são os órgãos responsáveis por liberar uma secreção viscosa/adesiva
que imobiliza os inimigos causando a morte destes indivíduos. O presente
trabalho estudou comparativamente as GD de operários de Ruptitermes
reconditus, Ruptitermes xanthochiton e Ruptitermes sp B, abrangendo os
aspectos morfológicos por meio de técnicas histológicas de microscopia de luz
e varredura por confocal a laser. Os resultados revelaram que nas três
espécies a GD é formada por uma massa compacta de unidades secretoras
envolta por uma fina membrana de tecido conjuntivo. As unidades secretoras
apresentam núcleos periféricos contendo muitos nucléolos e o aspecto da
secreção difere entre as espécies, podendo formar grânulos ou não. A
presença de actina envolvendo os grânulos nas unidades secretoras das GD
de R. reconditus é uma característica exclusiva desta espécie. As
características morfológicas das GD nas três espécies não parecem se
encaixar nos tipos glandulares amplamente conhecidos (classe I, II e III) que
caracterizam as glândulas exócrinas dos insetos, podendo indicar que as GD
representam um novo tipo de glândula ou, ainda, tratar-se de outro órgão
especializado, como por exemplo, corpo gorduroso modificado cujas células
produzem e acumulam secreção defensiva. Entretanto, estas especulações
poderão ser comprovadas por estudos futuros.
PAINEL
23
Perfil eletroforético de proteínas em Tetragonisca weyrauchi
do Estado de Rondônia
Ronqui, L.1,2 , Galhardo, D.2, Pereira, H. L.2, Parpinelli, R. S.2,
Halak, A. L.2, Lisboa, F. T.3, Ruvolo-Takasusuki, M. C. C. 4 & Toledo,V. A. A2
1
Departamento Interdisciplinar de Tecnologia e Ciências, Universidade Federal
de Rondônia.
2
Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá.
3
CEPLAC - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira.
4
Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular, Universidade
Estadual de Maringá e-mail: [email protected].
No Brasil, a abelha sem Ferrão, Tetragonisca weyrauchi tem sua distribuição
restrita à região Amazônica. Os ninhos aéreos são encontrados em ramos de
árvores. Este estudo teve como objetivo caracterizar o perfil eletroforético de
proteínas solúveis presentes em T. weyrauchi. Indivíduos adultos foram
coletados na entrada de ninhos localizados na cidade de Alto Paraíso - RO,
estocados a -20°C. Extratos individuais de cabeça/tórax das operárias foram
submetidos à eletroforese SDS-PAGE em géis desnaturantes a 10% e gel de
empilhamento a 5%. Os peptídeos foram evidenciados com coloração Azul de
Comassie Brillant. No perfil eletroforético das proteínas foram evidenciados 24
peptídeos de acordo com peso molecular, o tamanho variou de 10 a 220kDa. O
peptídeo 24 apresentou peso molecular superior a 220kDa, os peptídeos seis e
sete (entre 25 e 30 KDa) apresentaram diferenças quanto as suas presença e
ausência permitindo sugerir um polimorfismo que necessita de novos estudos
para sua confirmação. Em T. angustula foram observados 23 peptídeos com
peso molecular variando de 20 a 120kDa, indicando que T. weyrauchi
apresenta peptídeos que de maneira geral são maiores do que em T.
angustula, e que provavelmente apresentam diferentes papéis no metabolismo
e desenvolvimento relacionados com o processo evolutivo dessas duas
espécies de Jataí.
PAINEL
24
Distribuição espacial e abundância de ninhos de Camponotus
crassus Mayr, 1863 (Formicidae: Myrmicinae) em uma reserva
de Cerrado
Rosa, B. B.1, Lange, D.2* & Del Claro, K.2
1
Graduanda em Ciências Biológicas. Bolsista PIBIC – CNPq. Universidade
Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG.
2
Instituto de Biologia. Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG.
*Pós-doutoranda PDJ-CNPq.
Camponotus crassus é uma das espécies de formigas mais abundantes
forrageando sobre a vegetação do Cerrado e vários estudos apontam sua
importância no controle de insetos herbívoros atuando como mutualistas,
principalmente de plantas com nectários extraflorais. Entretanto, pouco é
conhecido da sua história natural. Estudamos a localização, densidade e
distribuição espacial dos ninhos de C. crassus em uma reserva de Cerrado em
Uberlândia, MG, no período de março a setembro de 2013. Em 10 transectos
(4x10m cada), foram localizados os ninhos de C. crassus. A densidade dos
ninhos foi obtida dividindo a quantidade de ninhos encontrados pela área total
amostrada em m2. O índice de Morisita (IM) foi utilizado para determinar o
padrão de distribuição espacial. No total, encontramos 18 ninhos
correspondendo a densidade de 0,045ninhos/m 2, com distribuição aleatória
(0,98) e distância média de 3,73m (amplitude de 0,5m a 8m) entre os ninhos.
Um total de 13 ninhos (73,3%) estavam estabelecidos no solo e cinco (27,7%)
dentro de galhos podres sobre o solo. Observamos que a maioria dos ninhos
são polidômicos, com até três entradas. Ninhos com aberturas localizadas em
locais com pouca vegetação mudam de posição com mais frequência, podendo
não ser encontrada a mesma entrada de uma semana para outra.
Frequentemente, evidenciamos colônias de cupins (Nasutitermes) próximas
aos ninhos de C. crassus e utilizando as mesmas entradas. Também
observamos que as entradas dos ninhos de C. crassus são monitoradas por
operárias, onde pelo menos uma delas de cada vez permanece em seu interior
fechando-a com sua cabeça.
PAINEL
25
Avaliação do consumo de estacas de Pinus sp., em diferentes
períodos de exposição em ambiente natural, por cupins resultados preliminares
Souza, V. B.¹, Cruz, D. E. R.¹, Viana-Junior, A. B.², Santos, A. B.3 & Reis, Y. T.4
¹ Universidade Tiradentes, Centro de Ciências Biológicas e Saúde.
² Universidade Federal de Minas Gerais, Programa de Pós-graduação em
Ecologia e Manejo da Vida Silvestre.
³ Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto-USP, Programa de
Pós-graduação em Entomologia.
4
Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Biologia, Laboratório de
Entomologia (DBI/ENTOMOUFS).
Objetivamos avaliar o consumo de estacas de Pinus sp. por cupins expostos
em diferentes períodos de tempo, em uma área de Mata Atlântica. Foram
instaladas 120 estacas, em quatro quadrantes (30/quadrante) Os pedaços de
madeira foram pesados e depois imersos em água destilada, antes da
instalação. O tempo de exposição foi de 2 (T 2), 4 (T4), 8 (T8) e 16 (T16)
semanas, e após cada um dos intervalos 30 estacas eram recolhidas e
analisadas. Para verificar o consumo, o índice de positividade de estaca (IPE)
foi calculado e um teste de significância foi feito, para verificar diferença no
consumo entre os períodos de exposição, através do peso seco das estacas
após a retirada, triagem e secagem. Até o momento foram analisados os
resultados de três períodos, 2 (n=30), 4 (n=29) e 8 semanas (n=27),
respectivamente. Heterotermes sulcatus foi à única espécie encontrada. No
período T2 o IPE foi de 20% e a média de consumo foi de 6,89 g/peso seco, no
T4 foi de 10,3% e de 15,2 g/peso seco e no T 8 não foi observado consumo. Não
houve diferença significativa no peso seco das estacas entre período T 2 e T4.
Esses resultados corroboram outros trabalhos, que observaram uma relação
negativa entre o consumo e o tempo de exposição. Uma provável hipótese,
para a diminuição do consumo ao longo do tempo de exposição, seria a
presença de fungos na madeira, e com este tipo de resultado existem relatos
informando que tais micro-organismos podem diminuir a palatabilidade do
recurso e/ou produzir substâncias repelentes. No presente trabalho foi
observado que a maioria estacas retiradas no penúltimo período/III estavam
infestadas por fungos.
PAINEL
26
Corpo gorduroso persiste através da metamorfose
em Melipona quadrifasciata (Hymenoptera: Apidae)
Santos, D. E.1, Azevedo, D. O.1, Campos, L. A. O.1, Zanuncio, J. C.1 &
Serrão, J. E.1
1
Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,
MG, 36570-000, Brasil.
O órgão corpo gorduroso, tipicamente constituído de trofócitos, fornece
energia durante a metamorfose. Em alguns insetos o corpo gorduroso pode ser
renovado completamente durante a fase larval ou reciclado e realocado para
formar o corpo gorduroso no inseto adulto. Estudos anteriores sugerem o que
após a metamorfose trofócitos das abelhas sofrem histólise. Deste modo. este
estudo objetiva acompanhar o desenvolvimento do corpo gorduroso pela
identificação de morte celular programada durante a metamorfose de Melipona
quadrifasciata. Usando técnicas de imunodetecção, o corpo gorduroso de
larvas pós-defecantes e pupas de olho branco, rosa, marrom e preto foram
testadas para caspase 3 clivada e integridade do DNA, seguida de análises
ultraestruturais e identificação de autofagia por RT-qPCR para o ortólogo Atg1.
Poucas células capase 3 clivada positivas foram encontradas e não houve
indícios de fragmentação de DNA. Durante o desenvolvimento larval, os
trofócitos do corpo gorduroso revelam um aumento do número de mitocôndrias
e ribossomos livres, além de maior quantidade de expressão do mRNA Atg1
em relação a pupa. Além disso, nenhum processo de histólise foi observado.
Estes dados suportam a idéia de que o corpo gorduroso de M. quadrifasciata
persiste durante a metamorfose, com indícios de aumento de metabolismo e
autofagia.
PAINEL
27
Diversidade de polinizadores e efetividade da polinização do
café em paisagens com diferentes coberturas de Mata Atlântica
Saturni, F. T.1, Jaffé, R.2 & Metzger, J. P. W.1
1
Lepac - Laboratório de Ecologia da Paisagem e Conservação, Instituto de
Biociências, Universidade de São Paulo (IB-USP).
2
BeeLab - Laboratório de Abelhas, Instituto de Biociências, Universidade de
São Paulo (IB-USP).
Diversos estudos estão sendo conduzidos a fim de relacionar provisão de
serviços ecossistêmicos e biodiversidade. A polinização de cultivos agrícolas é
um importante serviço ecossistêmico provido por visitantes florais,
principalmente abelhas, a diversas culturas do mundo. Nas plantações de café,
apesar de alguns estudos já terem demonstrado que a presença de abelhas
resulta em acréscimo da produção de grãos, ainda são necessários estudos
para ajudar a entender os mecanismos que controlam a efetividade da
polinização numa escala espacial mais ampla. Com o intuito de cobrir essa
lacuna, o presente estudo visou avaliar a relação entre a estrutura da
paisagem, em particular a sua cobertura florestal, e a polinização do café. Para
tal, foi estimada a riqueza e abundancia de polinizadores e avaliada a
efetividade da polinização dentro de plantações de café inseridas em
paisagens com diferentes quantidades de cobertura florestal. A efetividade da
polinização foi medida através de experimentos de exclusão de polinizadores e
posterior contagem dos frutos formados. Foi encontrada uma diferença
significativa na produção de frutos entre galhos com e sem exclusão de
polinizadores. No entanto, essa diferença parece não ter relação com a
cobertura florestal da paisagem na escala estudada ou com a diversidade de
abelhas encontrada. Outros fatores da paisagem (como proximidade a
fragmento florestal e conectividade) e fatores da produção (como variedades
do café e uso de pesticidas) podem ter escondido o efeito esperado.
PAINEL
28
O comportamento de explosão de operários de Ruptitermes
reconditus (Isoptera, Termitidae, Apicotermitinae) tem relação
com a faixa etária?
Silva L. H. B.1, Poiani, S. B.1 & Costa-Leonardo, A. M.1
1
Laboratório de Cupins, Departamento de Biologia, Instituto de Biociências,
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro – SP, Brasil.
A subfamília Apicotermitinae, a qual engloba alguns cupins sem soldados,
destaca-se o gênero Ruptitermes, cujos operários praticam defesa altruística.
Os operários de Ruptitermes (oR) apresentam um comportamento de defesa
peculiar, caracterizado pela ruptura abdominal e liberação de secreção viscosa,
proveniente das glândulas deiscentes, a qual imobiliza seus inimigos. O
presente trabalho teve por finalidade verificar se o comportamento de defesa
dos operários é eficiente frente a diferentes espécies de cupins (Coptotermes
gestroi e Heterotermes tenuis) que foram consideradas como inimigas.
Diferentes bioensaios foram realizados colocando-se 5 oR em confronto com 1
soldado e 2 operários de C. gestroi ou H. tenuis. Além disso, análises
morfométricas da mandíbula dos oR foram realizadas com a finalidade de obter
o índice do formato da mandíbula (I) na tentativa de correlacionar a faixa etária
do indivíduo que entrou em combate com os referidos cupins inimigos, sendo
que valores altos de I indicam que o indivíduo é jovem enquanto valores baixos
de I estão relacionados com indivíduos mais velhos. Os resultados mostraram
que dos 5 oR ao menos 2 e no máximo os 5 entram em confronto com os
cupins inimigos, sendo que geralmente o confronto ocorre entre o oR e o
soldado da outra espécie. Em relação ao valor I, os dados preliminares indicam
que não há relação entre a faixa etária do oR e o comportamento de defesa
visto que tanto o maior valor de I quanto o menor foram encontrados em oR
que explodiram. Em vista dos atuais resultados, pretende-se aumentar a
amostragem das mandíbulas dos oR após explosão em bioensaios.
PAINEL
29
Temporal aspects of the collective organization of foraging in
the leaf-cutting ant Atta sexdens rubropilosa
Toledo, M. A. F.1, Ribeiro, P. L.1 & Helene, A. F.1
1
Departamento de Fisiologia,Instituto de Biociências,Universidade de São
Paulo (USP);
Rua do Matão, Travessa 14, 321 [email protected].
One of the aspects involved in the interplay between task allocation concerning
ants polymorphism and foraging trail organization is the temporal organization
of the activity by ants of different size. In the case of Atta sexdens, despite the
widely known importance of polymorphism in division of labor, its role in
determining the temporal activity patterns has not been investigated. It's a
matter of major interest in foraging trails, considered the perspective that
soldiers, which are big ants patrolling trails, perform a task whose demand is
time constant, while medias are largely responsible for foraging, which has
preferential time for performance. In order to access if workers of different size
differ among their respective temporal activity patterns in trails, we video
recorded a 10 cm length of a laboratory captive colony foraging trail, under a set
photoperiod, and controlled temperature. By the development of a
computational video analysis tool, we could count the ants and measure each of
them. In six days we did track more than two hundred thousand ant trips. The
following results may be highlighted: (i) trail activity is more intense during
darkness than during light (binomial, p < 0.01) ; (ii) activity intensity within each
phase is not uniform in time (Kolmogorov-Smirnov, light: K = 0.0714, p < 10e17, dark: K = 0.1269, p < 10e-17 , showing phase anticipation related
transients, despite the absence of twilight in the experiment; (iii) ants of different
size distinguish among their temporal activity distributions (KolmogorovSmirnov, K = 0.0606, p = 7.4365e-17 ), although not as the previously stated
expectations. This observed differences of temporal activity patterns among
ants of different size may result from endogenous rhythm mechanisms, and or
from behavioral mechanisms of division of labor based in differential response
thresholds.
PAINEL
30
Resposta transcricional inicial do cérebro larval à nutrição
diferencial em castas de Apis mellifera
Vieira, J.1, Barbin, F. O.1, Moda, L. M. R.1, Bomtorin, A. D.2, Freitas, F. C. P2,
Cristino A. S.,3 Pinheiro, D. G.2,4, Simões, Z. L. P.4, Barchuk, A. R.1
1
Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Alfenas, UNIFALMG, Alfenas/MG, Brasil.
2
Departamento de Genética, FMRP, Universidade de São Paulo, Ribeirão
Preto/SP, Brasil.
3
Queensland Brain Institute, University of Queensland, Austrália.
4
Departamento de Biologia, FFCLRP, Universidade de São Paulo, Ribeirão
Preto/SP, Brasil.
Em Apis mellifera, fêmeas alimentadas com grandes quantidades de geléia real
ao longo do desenvolvimento larval (rainha) desenvolvem cérebros maiores e
mais rapidamente do que aquelas alimentadas com quantidades menores de
uma mistura contendo secreções glandulares, pólen e mel (operárias). Esta
morfogênese diferencial é evidente a partir do quarto estágio larval (L4; Moda
et al. 2013, PLoS One). Como não há diferenças morfológicas aparentes entre
cérebros de rainhas e operárias antes deste estágio, hipotetizamos que a
alimentação diferencial recebida após a eclosão larval (L1) promove o
estabelecimento de cascatas moleculares que levam à morfogênese diferencial
do cérebro observada a partir de L4. Usando RNA-Seq analisamos
transcriptomas de cérebros de rainhas e operárias L3. Foram identificados 60
genes diferencialmente expressos (GDE), 29 superexpressos em rainhas e 31
em operárias. Entre os genes superexpressos em rainhas, AADC codifica uma
enzima responsável pela síntese de dopamina. Considerando que a dopamina
desempenha um papel em comportamentos específicos de rainhas e no
desenvolvimento ovariano, a maior expressão de AADC pode representar a
primeira etapa no caminho molecular que leva à diferenciação morfofisiológica
e comportamental entre as castas. Spatzle 2 codifica um membro da família
das neurotrofinas, fatores de crescimento que possibilitam a sobrevivência, o
desenvolvimento e a manutenção neurais. Assim, a maior expressão de
Spatzle 2 no cérebro de rainhas explica o maior e mais rápido desenvolvimento
deste órgão em resposta à alimentação diferencial. Entre os genes
superexpressos em cérebros de operárias encontram-se três da família das
hexamerinas, proteínas envolvidas no desenvolvimento de indivíduos desta
casta. Análises in silico sugerem que vários dos GDEs são alvos de miRNAs
presentes nas geleias real e, assim, potenciais reguladores da expressão
destes genes.
Suporte financeiro: FAPEMIG APQ-01714-10; FAPESP 2005/03926-5;
FAPESP 2012/02757-9; FINEP/PROINFRA 01/2008, LABSBIOEX UNIFALMG; PIB-PÓS e PROAP/UNIFAL-MG; CNPq; CAPES.

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