cap 15 - o gordo, o magro e a escrava quase sendo
Transcrição
cap 15 - o gordo, o magro e a escrava quase sendo
15 -O GORDO, O MAGRO e a ESCRAVA QUASE SENDO DISPUTADA.. Início dos anos 90..a marmanjada que jogava no estrela era toda estudante..mais lisa que quiabo. No bolso ainda possuíam aqueles vales transportes de plástico, em forma redonda..alguem se lembra? Mas tinha também os de papel, trocados em mercearias como se fossem dinheiro. Dinheiro ninguém tinha, mas vales-transporte não faltavam. A marmanjada a que me refiro dessa fatídica noite era formada pelo Ricardo, Fabrizio, Adilson, Romano, um recém ingresso Farias e outros que não me lembro.. E, de supetão, resolvemos que íamos dar um passeio nos bingos que proliferavam em Belém, sobretudo na região de São Braz. Até a Sônia escrava, que já tava solteira, foi convidada..e a pobre da coitada aceitou o convite! A rapaziada tava à caráter..tênis, mochila, camisa de treino, short e meias sockets. Só a Sônia que se produziu um pouquinho mais, chamando a atenção dos mesatenistas..e foram todos pras bandas do Carossel, ali na Antônio Baena, nos fundos (ou frente) do estádio Baenão. O mais rico de todos era o Ricardo “Índio”, que talvez já trabalhasse e recebia vale-transporte e até ticket alimentação! O Romano era de uma família meio abastada mas não recebia mesada alguma e, assim como o Mantega, pulava roleta de ônibus para pagar só a metade..aliás, a metade da metade, já que eram estudantes. 1 Tênis de Mesa-2013-Santa Maria de Belém do Grão Pará/Brasil “Causos da Bolinha Branca,de 1987/2012, por Fabrizio Imbelloni (Bodas de Prata do Mantega) – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS O Adilson também era uma lisura só..ele só não pulava roleta de ônibus pra economizar porque a pança não permitia! Os abestados ficaram só alguns minutos no Bingo do Carrosel, onde tudo era um pouco mais caro..não ganharam uma só vez..resolveram se mandar para outro bingo, ali na Almirante, onde hoje funciona um supermercado Yamada. Lá chegando foram recebidos como reis..o Fabrizio até ganhou ‘di grátis’ um copo descartável com refrigerante..mas era tudo isca pra otário! Acho que o Ricardinho ganhou uma vez. O Mantegoso gritou bingo logo na primeira rodada, ficando cheio de otimismo..talvez conseguisse arrecadar o suficiente para pagar uma cerveja pra Sônia escrava, que tava lá ‘de bobeira, né?”.. O bingo em questão era frequentado por todo tipo de gente: desdentados, bêbados, mendigos, prosts, plocs, periguetes, garotões, taxistas, motoristas, gente que esperava o ônibus das 03h da manhã, aposentados que estavam ali desde o meio-dia, desempregados em geral, viciados, engravatados, velhas solteironas, alguns caquéticos e deus-e-o-mundo...aliás, a frequência era tão louca que até mesatenista podia entrar! Depois de vários copos descartáveis de refri gratuito, e algum tiragosto pago pelo Ricardinho, as horas foram passando sem que fossem percebidas..e pronto: deu 03 da manhã, horário da última condução Distrito Industrial/DIND, que o Ricardo acabava de perder. Então saímos todos às pressas, já sem nenhum dindin, tudo levado pelo bingo! O Ricardo resolveu esperar na parada..o Farias se mandou pra sua casa ali na 1ª de dezembro..o Romano resolveu se man2 Tênis de Mesa-2013-Santa Maria de Belém do Grão Pará/Brasil “Causos da Bolinha Branca,de 1987/2012, por Fabrizio Imbelloni (Bodas de Prata do Mantega) – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS dar a pé..e o Fabrizio e o Adilson resolveram que acompanhariam a Sônia Escrava até o Estrela, por questão de cavalheirismo..mas era tudo papo-furado; o mantegoso e o Adilson tavam era de olho na escrava, que tava com um batom provocante daqueles! No caminho até o Estrela os amigos se entreolhavam..e pensavam: “ei, xá cumigo”. O outro retrucava apenas com o olhar também: “..deixa que a mulata tá no papo!”. Mas tímido que se preza só quer uma desculpa pra não tomar a iniciativa. A desculpa do Fabrizio era o Adilson..e a do Adilson era o Fabrizio.. No caminho até sua casa a Sônia tava toda receptiva, extrovertida como sempre..e o mantegoso só conseguia falar “pois é”, “e aí?”..já o cocôzinho falava menos ainda. Pareciam os personagens “o gordo e o magro”, tamanha a patetice. A pobre da Sônia havia tido uma noite cansativa em frente ao Estrela, tendo fritado uns duzentos salgadinhos. Depois foi pro bingo e ficou lá sentada um tempão. Agora voltava a pé pra casa, de madrugada, correndo o risco de ser assaltada..escoltada por um magrelo e um quase anão..que noite! Coitada dela.. Durante todo o caminho o Fabrizio e o Adilson não tomaram qualquer atitude..e a Sônia também ficou ‘só na dela’..aliás, eram todos muito amigos mesmo. O problema foi aquele batom cor de “vem-que-tem” na boca da mulata...tinha que ter provocado???? Então os dois patetas chegaram em frente ao calçadão do Estrela, deram boa noite para a Sônia Escrava e a esperaram entrar. 3 Tênis de Mesa-2013-Santa Maria de Belém do Grão Pará/Brasil “Causos da Bolinha Branca,de 1987/2012, por Fabrizio Imbelloni (Bodas de Prata do Mantega) – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Os mais antigos haverão de se lembrar que naquela portona do Estrela havia uma portinhola de uns 10cm x 10cm, com uma pequena janelinha com grades, bem no meio, que era sempre a primeira a ser aberta pelas pessoas lá de dentro (por questões de segurança). Então, já altas horas da madrugada, a Sônia entrou na sua residência, estando o batom intocado! Mas como ‘ela num valia nada’, no sentido de que adorava caçoar os outros, não perdeu esta chance de ouro. Assim que entrou, bateu a portona mas abriu a portinhola.. Nova esperança ressurgiu no semblante dos ‘don ruans de araque’...vai ver ela voltaria! E daria uma chance para algum deles..uma bicotinha ao menos. Mas que nada..com um sorriso sarcástico, a Sônia escrava meteu a cara na janelinha e bradou lá de dentro: “..seu bando de frouxos! Vocês não são de nada!”. E soltou uma risada estridente.. Puts..que vexame..restou aos amigos voltar pra suas casas..o Fabrizio acompanhou o Adilson até a casa dele, tomou um gole d’água e foi pra Almirante Barroso tentar algum ônibus. Quando chegou na parada avistou o amigo Ricardo quase dormindo no banco de ferro. Então resolveram desistir de esperar o bonde e se mandaram pra casa do Farias pra pedir abrigo até o amanhecer. Mas na casa do Farias tava tendo uma reforma..só tinha o pátio da casa sobrando..piso vermelhão, todo frio, duro pra ca- 4 Tênis de Mesa-2013-Santa Maria de Belém do Grão Pará/Brasil “Causos da Bolinha Branca,de 1987/2012, por Fabrizio Imbelloni (Bodas de Prata do Mantega) – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS ramba. Mas foi o jeito. E o mantegoso e o índio doido (Ricardo) tavam tão cansados que resolveram dormir ali no chão mesmo! Saíram bem cedinho, após duas ou três horas de sono mal dormido..o mantega tava com uma ressaca moral e o Ricardo preocupado porque ainda trabalharia naquele dia.. Tudo resultado do maldito Bingo! Noite realmente inesquecível... 5 Tênis de Mesa-2013-Santa Maria de Belém do Grão Pará/Brasil “Causos da Bolinha Branca,de 1987/2012, por Fabrizio Imbelloni (Bodas de Prata do Mantega) – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Documentos relacionados
10 -2012: “ SUMIRAM COM O DINHEIRO DA QUINTA-SEM
O David deu uns setecentos drives e umas trocentas batidas. Baixou o Timobol nele (como é que se escreve isso?). O braço dele parecia um elástico. Foi uma exibição de gala. Um legíti2 Tênis de Mesa...
Leia mais