Princípios Bíblicos para Interpretar as Escrituras Ilustrados em
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Princípios Bíblicos para Interpretar as Escrituras Ilustrados em
Princípios Bíblicos para Interpretar a Bíblia Ilustrados em Gênesis 1-2 Richard M. Davidson Andrews University Theological Seminary UNASP 8o Encontro Nacional de Criacionistas, SP, Brasil 22 de Janeiro de 2016 Princípios Bíblicos para Interpretar a Bíblia Definição de “Hermenêutica bíblica” - a ciência/arte de interpretação bíblica; princípios e métodos para interpretar a Bíblia. Teorias e Métodos Hermenêuticos do Passado e Atuais 1. Peshat Rabínico (regras de Hillel) 2. Pós 70 CE sod Rabínico e regras Midrash (13 regras do Rabino Ishmael) 3. Qumran raz pesher 4. Alegoria Platônica/Filônica/Alexandrina 5. Teoria Antiochene histórica/tipológica 6. Quadriga Medieval (sentido quádruplo) Teorias e Métodos Hermenêuticos do Passado e Atuais 7. Método histórico-gramatical 8. (Evangélicos reformadores & conservadores) 9. Método histórico-crítico, incluindo: 10. História das religiões (estudo comparativo) 11. Criticismo literário (fonte) 12. Criticismo da forma (Formgeschichte) 13. Criticismo da tradição (Traditionsgeschichte) Teorias e Métodos Hermenêuticos do Passado e Atuais 13. Criticismo da redação (Redaktionsgeschichte) 14. Criticismo do cânon (Childs, Sanders) 15. Hermenêutica do entendimento subjetivo (Schleiermacher) 16. Neo-ortodoxia (Barth e Brunner) 17. Existencialismo (Heidegger e Bultmann) 18. Teoria metacrítica hermenêutica (Gadamer e Pannenberg) Teorias e Métodos Hermenêuticos do Passado e Atuais 19. Teologia da libertação 20. Interpretação mujerista 21. Interpretação feminista 22. Interpretação womanista 23. Interpretação pós-colonial 24. Criticismo ideológico Teorias e Métodos Hermenêuticos do Passado e Atuais 25. Novas abordagens crítico-literárias: 26. Criticismo retórico (Muilenberg, Trible) 27. Novo criticismo literário 28. Interpretação total (Meir Weiss) 29. Estruturalismo (Levi-Strauss) 30. Semiótica 31. Criticismo narrativo (Alter) Teorias e Métodos Hermenêuticos do Passado e Atuais 32. Análise de discurso (linguística de texto) 33. Intertextualidade 34. Criticismo da resposta do leitor (McKnight) 35. Desconstrucionismo (Derrida) 36. Interpretação asiática 37. Interpretação asiático americana 38. Interpretação africana Teorias e Métodos Hermenêuticos do Passado e Atuais 39. Interpretação afrocêntrica 40. Teologia pós-holocausto 41. Interpretação bíblica mística 42. Folclore na interpretação bíblica 43. Hermenêutica cultural 44. Interpretação teológica 45. Interpretação social-científica Teorias e Métodos Hermenêuticos do Passado e Atuais 46. Estudos de gênero 47. Teoria queer 48. Interpretação gay 49. Interpretação lésbica 50. Interpretação latino/latina Como devemos proceder? • Sem uma revelação divina específica lidando com hermenêutica, estaremos perdidos no labirinto. • Se a Bíblia provê outras doutrinas bíblicas, por que não também a doutrina da Bíblica e sua interpretação? • A Bíblia nos chama à conversão, não apenas à Jesus e à doutrina, mas aos pressupostos e procedimentos da hermenêutica bíblica. Um “Decálogo” Hermenêutico • Assim como o Decálogo em Êxodo 20 tem quatro mandamentos relacionados à dimensão vertical e seis mandamentos relacionados à horizontal, há também quatro pressupostos fundamentais em hermenêutica bíblica, envolvendo a relação divino-humana, e seis diretrizes específicas ou procedimentos no nível horizontal para interpretar passagens individuais. Um “Decálogo” Hermenêutico • Nesta apresentação vou tratar primeiro dos quatro pressupostos fundamentais em hermenêutica bíblica, envolvendo a relação divino-humana. • Depois vou examinar as seis diretrizes ou procedimentos no nível horizontal para interpretar passagens individuais. Um “Decálogo” Hermenêutico QUATRO PRESSUPOSTOS FUNDACIONAIS OU PRINCÍPIOS Pressupostos para Interpretação Bíblica I. Só pelas Escrituras (Sola Scriptura) Somente a Bíblia é a norma normans, “norma normativa” de verdade e fonte absoluta de autoridade, a corte de apelação sobre todas outras autoridades, em todas as áreas de doutrina e prática. Isa. 8:20: “À lei [torah] e ao testemunho [te‘udah]: se não falarem de acordo com esta palavra, é porque não há luz neles.” Pressupostos para Interpretação Bíblica • A Bíblia rejeita todas as outras fontes de autoridade como o árbitro absoluto da verdade: 1. tradição (Mat. 15:6: “E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus”); cf Col. 2:8 2. filosofia humana (Col. 2:8: “Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens.”) Pressupostos para Interpretação Bíblica • A Bíblia rejeita todas as outras fontes de autoridade como o árbitro absoluto da verdade: 3. faculdades mentais e emocionais humanas • Prov. 14:12: “Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são caminhos da morte.” • Mesmo antes da queda: Eva confiou em sua razão e emoções acima da Palavra de Deus (Gên. 3) Pressupostos para Interpretação Bíblica • A Bíblia rejeita todas as outras fontes de autoridade como o árbitro absoluto da verdade: 4. ciência (I Tim. 6:20: “evitando os falatórios profanos e vãos e as contradições do que é falsamente chamado conhecimento/ciência [gnosis]”) • Não a Bíblia e Ciência, mas sola Scriptura como a “norma normativa.” Pressupostos para Interpretação Bíblica • Exemplos de evangélicos colocando a Bíblia e a ciência como autoridades iguais de verdade: • O resultado final é quase sempre a difamação da autoridade bíblica nas áreas onde ela toca em tópicos relacionados à ciência. Pressupostos para Interpretação Bíblica • Karl Giberson e Francis Collins: “não cremos que Deus proveria duas revelações contraditórias. A revelação de Deus na natureza, estudada pela ciência, deveria concordar com a revelação de Deus na Bíblia, estudada pela teologia. Como a revelação da ciência é tão clara sobre a idade da Terra, cremos que deveríamos pensar duas vezes antes de aderir a uma abordagem da Bíblia que contradiz essa revelação.” (The Language of Science and Faith: Straight Answers to Genuine Questions , 69–70.) Pressupostos para Interpretação Bíblica • Richard Carlson e Tremper Longman III: “Nós cremos que a ciência contemporânea aborda questões sobre como processos físicos e biológicos começaram e continuam a se desenvolver, enquanto a teologia e a filosofia respondem o porquê dessas mesmas questões.” (Science, Creation and the Bible: Reconciling Rival Theories of Origins, 13. • Mas onde em Gên. 1-2 há uma separação entre o como/quando e o porquê? Pressupostos para Interpretação Bíblica • Sola Scriptura vai além de prima Scriptura. • A Bíblia não é meramente a fonte primária, mas a autoridade fundamental única absoluta. • A Igreja Católica Romana afirma prima Scriptura, mas a igreja com a sua tradição reclama o direito de interpretar a Bíblia de forma autoritária. Pressupostos para Interpretação Bíblica • Corolário de sola Scriptura: Suficiência das Escrituras. • A Bíblia provê a estrutura, a perspectiva divina, os princípios fundamentais, para cada ramo do conhecimento e experiência (II Tim. 3:16–17; Sal. 119:105; Prov. 30:5, 6; Isa. 8:20; João 17:17; Atos 17:11; II Tess. 3:14; Heb. 4:12). Pressupostos para Interpretação Bíblica • “Mas Deus terá sobre a Terra um povo que mantenha a Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base de todas as reformas. As opiniões de homens ilustrados, as deduções da ciência, os credos ou decisões dos concílio eclesiásticos, tão numerosos e discordantes como são as igrejas que representam, a voz da maioria — nenhuma destas coisas nem todas em conjunto, deveriam considerar-se como prova em favor ou contra qualquer ponto de fé religiosa. Antes de aceitar qualquer doutrina ou preceito, devemos pedir em seu apoio um claro - ‘Assim diz o SENHOR’.” GC 595 Pressupostos para Interpretação Bíblica II. A Totalidade das Escrituras (tota Scriptura) • Martinho Lutero manteve sola Scriptura, mas não aceitou inteiramente tota Scriptura. • II Tim. 3:16-17: “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa. . .” • Incluídos tanto o VT como o NT. Pressupostos para Interpretação Bíblica II. A Totalidade da Escritura (tota Scriptura) Exemplo: Criação • Alguns lamentam que tão pouco é escrito sobre a criação: apenas dois curtos capítulos (Gên. 1-2). • Esses dois capítulos são profundos, sem uma palavra desperdiçada. Formam o fundamento interpretativo do resto da Bíblia. Pressupostos para Interpretação Bíblica Mas a Bíblia é cheia com dados re. criação: • Gên. 1 - Deus é Elohim; o transcendente • Gên. 2 - Deus é também Yahweh; pessoal, bondoso, imanente autor de Concertos. • Salmo 104 - Deus se reveste de luz como um vestido (v. 2); forma os continentes ao elevar montanhas (vv. 6-8). • Jó 38:7; Prov. 8:30-31 - tema de alegria! • Apoc. 14:6-7 - adoração do criador como teste da verdade. Pressupostos para Interpretação Bíblica Tota Scriptura (continuação): dois corolários: A. União Inseparável do Divino e do Humano – II Tim. 3:16: Toda Escritura é “soprada por Deus” – II Ped. 1:19-21: “A profecia nunca tem sua origem na vontade humana, mas seres humanos falaram levados pelo Espírito Santo.” – Os elementos divino e humano estão inextricavelmente ligados, como na natureza divina-humana da Palavra Encarnada (Heb. 4:12; Apoc. 19:13) Pressupostos para Interpretação Bíblica Tota Scriptura (continuação): dois corolários: A. União Inseparável do Divino e do Humano “Mas a Bíblia, com suas verdades dadas por Deus expressas em linguagem de homens, apresenta uma união do divino e o humano. Tal união existiu na natureza de Cristo, que era o Filho de Deus e o Filho do homem. Portanto é verdade da Bíblia, como foi verdade de Cristo, que ‘o Verbo se fez carne e habitou entre nós.’ João 1:14.” GC vi Pressupostos para Interpretação Bíblica Tota Scriptura (continuação) A. União Inseparável do Divino e do Humano • Exemplo: Não se pode separar o quando e como (questões científicas) de Gênesis do porquê (teologia); tudo é um pacote integrado. Teologia e história são inseparáveis na Bíblia. Pressupostos para Interpretação Bíblica Tota Scriptura (continuação): B. A Bíblia é, não Apenas Contém, a Palavra de Deus • VT: 1600 ocorrências de termos “assim diz o Senhor,” “pronunciamento do Senhor,” “Deus disse,” e “a palavra do Senhor” • NT iguala “Está escrito” com “Deus diz” (Heb. 1:5 -13, sete vezes) • Cf. Mat. 4:4; I Cor. 2:13; I Tess. 2:13 Pressupostos para Interpretação Bíblica Tota Scriptura (continuação): B. A Bíblia é, não Apenas Contém, a Palavra de Deus • Gen. 1-2: é a semana de seis dias apenas a “casca” a ser tirada para chegar ao “real” problema – que Deus é o Criador? Não! Pressupostos para Interpretação Bíblica III. A Analogia (Harmonia) da Bíblia (analogia Scripturae) Desde que toda Escritura é inspirada pelo mesmo Espírito e toda ela é a Palavra de Deus, portanto há unidade fundamental e harmonia entre suas várias partes. Pressupostos para Interpretação Bíblica • Três corolários: A. “A Bíblia é seu Próprio Intérprete” (Scriptura sui ipsius interpres) - Lk 24:44-5, 27; I Cor. 2:13: “comparando coisas espirituais com espirituais”) Exemplo: Qual foi a fonte de luz nos dias 1-3? Compare Gên. 1:3 com Salmo 104:1-2 Pressupostos para Interpretação Bíblica • Três corolários: A. “A Bíblia é seu Próprio Intérprete” “A Bíblia é seu próprio expositor. Uma passagem provará ser uma chave que irá desvendar outras passagens e, dessa forma, a luz será lançada sobre o significado escondido da palavra.” FE 187 Pressupostos para Interpretação Bíblica • Segundo corolário: B. A Consistência da Bíblia (João 10:35: “a Escritura não pode ser quebrada”) • “Mas eu vi que a palavra de Deus, como um todo, é uma cadeia perfeita, uma porção ligando-se a outra e explicando uma outra.” EW 221 • Pressupostos para Interpretação Bíblica • Segundo corolário: B. A Consistência da Bíblia (João 10:35: “a Escritura não pode ser quebrada”) • Exemplo: Gên. 1 e 2 não estão em contradição um com o outro. Gên. 2 descreve em detalhes a atividade criativa de Deus no sexto dia. Mais-queperfeito “tinha formado” para animais de Gên. 2:19 que Adão nomeou. Pressupostos para Interpretação Bíblica Terceiro corolário: C. A Clareza da Bíblia (Lucas 10:26; Mat. 12:3; João 16:25, 29) • Um texto deve ser tomado em seu sentido simples e literal a menos que esteja sendo usada uma figura de linguagem. • Gên. 1-2 tem todos os sinais de prosa histórica. Considerar o texto como algo diferente de uma semana literal de 7 dias é violenta-lo. Pressupostos para Interpretação Bíblica C. A Clareza da Bíblia (continuação) • A revelação posterior ilumina, clarifica ou amplifica (não contradiz) verdades anteriormente apresentadas. • Passagens claras interpretam as menos claras. • Entendimento espiral à medida que uma passagem ilumina outra. Pressupostos para Interpretação Bíblica C. A Clareza da Bíblia (continuação) • Exemplo: Gên. 1 sugere uma pluralidade da Divindade envolvida na semana da criação (“Espírito” no v. 2; “Façamos” no v. 26), mas passagens posteriores tornam isso mais explícito (Prov. 8:22-31; João 1:1-3; Col. 1:16-18). Pressupostos para Interpretação Bíblica IV. “Coisas espirituais são espiritualmente discernidas” (Spiritalia spiritaliter examinater): I Cor 2:11, 14 1. É necessário o Espírito Santo para iluminar a mente do intérprete (João 6:45; 16:13). 2. É necessário o Espírito Santo para transformar o coração do intérprete (João 7:17). Pressupostos para Interpretação Bíblica IV. “Coisas espirituais são espiritualmente discernidas” (continuação) • “Sem a guia do Espírito Santo, estaremos continuamente sujeitos a torcer as Escrituras ou a interpretá-las mal.” 5T 704 Pressupostos para Interpretação Bíblica IV. “Coisas espirituais são espiritualmente discernidas” (continuação) • Peça o Espírito de Deus para ajuda-lo a entender Sua Palavra em relação às origens. Ele prometeu seu Espírito para “nos guiar em toda a verdade.” (João 16:13) Um “Decálogo” Hermenêutico - Parte II Diretrizes Práticas e Procedimentos para Interpretar Passagens Bíblicas Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia V. Texto e Tradução A Bíblia sublinha a necessidade de preservar as palavras das Escrituras Sagradas (por exemplo, Deut. 4:2; 12:32; Apoc. 22:18-19). Princípios de estudo textual emergem das próprias Escrituras (critério interno; a leitura original irá explicar as outras leituras e estará em harmonia com o resto da Bíblia). Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia V. Texto e Tradução (continuação) A Bíblia mostra a necessidade da fiel tradução das suas palavras numa linguagem alvo (Neemias 8:8 - Esdras e Neemias leram da Bíblia Hebraica e traduziram para o Aramaico; Mat. 1:23 - “Emanuel”: Deus conosco; Mar. 5:41; 15:22, 34; João 1:42; Atos 9:36; Heb. 7:2 “Salem” = paz). Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia V. Texto e Tradução (continuação) Precedente bíblico para os principais tipos de tradução: formal “palavra por palavra;” dinâmica “significado por significado”; paráfrase interpretativa; fiel à forma e conteúdo. Use uma variedade de traduções, favorecendo as versões formais “palavra por palavra” para estudos sérios - se as línguas originais forem inacessíveis. Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia V. Texto e Tradução (continuação) Aplicação a questões de origens: Gên 5 e 11: “cronogenealogias” • Várias versões textuais diferentes dos dados cronológicos nestes dois capítulos: MT (texto hebraico), LXX (tradução grega) e Pentateuco Samaritano Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia • O consenso dos estudiosos é que o MT preservou os números originais em sua mais pura forma, enquanto as versões LXX e samaritana intencionalmente esquematizaram os números por razões teológicas. • Mas a despeito de que texto é escolhido, a diferença é de apenas cerca de mil anos. • Ainda uma criação recente! Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia VI. Contexto Histórico • Todas as pessoas, eventos e instituições do VT e NT são apresentados como história direta. • Argumentos tipológicos e teológicos dos escritores do NT dependem da historicidade de realidades históricas (Mat. 12; 22:41-46; Atos 2:25-35). Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia Escritores do VT e NT aceitam a declaração de textos bíblicos concernentes ao autor, data e contexto de vida do livro que estão citando (Atos 2:25-35 [Davi]; Rom. 4:112). Por preceito e exemplo, a Bíblia sublinha a importância de estudar o pano de fundo histórico do material bíblico, aceitando sua historicidade. Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia Aplicação a questões das origens: • Toledoth “gerações, história” (Gen. 2:4) – Termo genealógico; preocupado com uma narrativa precisa de tempo e história – 13x no livro de Gênesis: este termo estrutura todo o livro. – Gen. 1-2 deve ser considerado tão histórico como o resto do Gênesis. Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia VII. Contexto Literário e Análise • A Bíblia não é apenas um livro de história, mas uma obra de arte literária. • Limites de passagem: os escritores bíblicos mostram consciência dos limites de passagem, marcadores e unidades discretas da Bíblia (Salmo 119 [acróstico a cada 8 versos]; Lucas 20:37 [a passagem “da sarça” = Êxodo 3:1-6]). Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia Gêneros Literários: • “prosa de narrativa histórica” (toledoth, 13x em Gên.) • leis (Êxodo 21:1) • estabelecimento e renovação de concertos ( Deut. 29:1, 14, 15) • enigmas (Juízes 14:10–18) • crônicas da corte (I Reis 9:1) • salmos (com várias subdivisões de tipos de salmos, indicados no cabeçalho) ou cânticos (Cantares 1:1) • provérbios (por exemplo, Prov. 1:1; 10:1; 25:1) Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia Gêneros Literários (continuação): • oráculos proféticos (Naum 1:1) • visões (Dan 8:1, 2) • ação judicial de aliança (hebraico rîb, por exemplo, Miq. 6:1) • lamentação (hebraico qînāh, Lamentações) • evangelhos (por exemplo, Marcos 1:1) • parábolas (por exemplo, Marcos 4:2) • “figuras” (grego paraoimia; João 10:6; 16:25) • epístolas (por exemplo, Rom. 16:22) • apocalíptico (o apokalypsis de João; Apoc. 1:1). Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia • Análise poética • Análise narrativa • Análise do discurso Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia • Estruturas Literárias: – Quiástica (paralelismo reverso) - Levítico (estrutura de escalada). – Escrita de painel (paralelismo em bloco) Josué, Jonas. – A forma intensifica e destaca o significado. Paralelismo em Bloco em Gênesis 1 “No princípio” (1:1) Tohu (“sem forma,” 1:2 ) 1:3-13: Formando 1. Luz 2. Céus e águas separados 3. Terra seca e vegetação 7. Sábado: Bohu (“vazia,” 1:2) 1:14-31: Preenchendo 4. Luminares 5. Habitantes do céu e águas 6. Habitantes da terra animais e humanos Palácio no Tempo! Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia VIII. Análise Verso por Verso: Gramática, Sintaxe, Estudo de Palavra) • Gramática: Gên. 5 e 11: A palavra hebraica para “gerou” (yalad) está na forma gramatical causativa, indicando descendentes físicos diretos, não apenas um diagrama de linha genealógica geral (como em muitas outras genealogias bíblicas). Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia VIII. Análise Verso por Verso • Sintaxe (relacionamento de palavras na sentença): • Gên. 1: “um [primeiro] dia, segundo dia,” etc. – A palavra para “dia”, ao fim de cada dia de trabalho, está ligada com um adjetivo numérico. – Em outras partes no VT (359x) sempre = dia literal. Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia VIII. Análise Verso por Verso • Estudo de Palavra: • Raqia‘ (“firmamento”) (9x in Gen. 1) – Não se refere a um domo metálico sólido, como muitos estudiosos dizem. – Tradução equivocada de uma palavra acadiana na narrativa paralela de criação ANE Enuma elish. – Significa “expansão” ou “céu” em Gên. 1. Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia Ver Randy Younker e Richard Davidson, “The Myth of the Solid Heavenly Dome: Another Look at the Hebrew raqia‘,” Andrews University Seminary Studies 49, no 1 (Spring 2011): 125–147. (Também no volume inédito sobre Criação no Velho Testamento (FSC)). Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia • Nem todas as questões de gramática e sintaxe foram completamente decididas em relação às origens: • Por exemplo: “céus e terra” em Gên. 1:1 – Isto se refere ao universo todo (como um merism), ou a esta terra e suas esferas celestiais imediatas? – Há evidência apontando ambos os modos. – Devemos ser caridosos com as visões diferentes quando a evidência é, de certo modo, ambígua. Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia – Não devemos tentar forçar a questão, forçar outros a crerem de nosso modo. – Essa não é uma questão que afeta a semana de criação literal. – Não devemos fazer disso um teste de filiação. – Talvez a clareza virá e vai haver um consenso, mas ainda não é o tempo. Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia IX. Contexto Teológico e Análise • Uma rica teologia da criação no Velho e Novo Testamentos • Ver: The Genesis Account of Origins and Its Reverberations in the Old Testament, ed. Gerald Klingbeil (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2015) Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia IX. O “Grande Tema Central” da Bíblia • Resumido na introdução/conclusão da Bíblia (Gên. 1-3; Jó; Apoc. 20-22): • Inclui o tema central multifacetado: (1) criação, (2) caráter de Deus, (3) Grande Conflito, (4) plano de redenção centrado em Cristo, (5) Sua expiação substitutiva, (6) o fim último do mal e recriação da terra e (7) o lugar do santuário. Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia O “Grande Tema Central” da Bíblia • Ver Richard M. Davidson, “Volviendo a los orígenes: Gén 1–3 y el centro teológico de las Escrituras.” In Volviendo a los orígenes: Entendiendo el Pentateuco. Ed. Alomía Merling, Segundo Correa, Víctor Choroco, y Edgar Horna, 3–12. Ñaña, Lima: Universidad Peruana UniónEdiciones Theologika, 2006. Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia O Significado mais Profundo da Bíblia • Profecia • Tipologia • Simbolismo • Parábolas A Bíblia provê as chaves hermenêuticas para abrir esses significados mais profundos. Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia O Significado mais Profundo da Bíblia: Tipologia • A tipologia do Dilúvio NT assume e depende da extensão global do Dilúvio • Assim como houve um dilúvio global no tempo de Noé, assim também haverá um julgamento global pelo fogo no final dos tempos (II Ped. 3:6, 7). Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia X. Aplicação Contemporânea • A aplicação contemporânea surge naturalmente do significado teológico. • (Licença NÃO homilética com o texto!) • A Bíblia foi escrita para uma cultura específica, mas sua mensagem é transcultural. • A Bíblia é transtemporal/transcultural a menos que ela própria indique o contrário. Diretrizes e Procedimentos para Interpretar a Bíblia X. Aplicação Contemporânea • Hermenêutica da Criação-Queda-Redenção (Recriação) dos Adventistas do Sétimo Dia – A narrativa da Criação (Gen. 1-2) estabelece o ideal divino definido por Deus no princípio. – O pecado trouxe uma ruptura no plano original de Deus. – O alvo final é um retorno ao ideal edênico divino: Sábado, dieta, igualdade e dignidade humana, cuidado com a criação, etc. Conclusão • No espírito dos Reformadores, e em harmonia com a posição oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, convido vocês a procurar basear todos nossos pressupostos e princípios de interpretação, nossa fé e prática, incluindo as questões das origens, na absoluta autoridade da Palavra infalível de Deus. Recursos para mais estudos • Richard M. Davidson, “Interpreting Scripture: An Hermeneutical Decalogue,” JATS 4, no. 2 (1993): 95-114. • Idem, “Biblical Interpretation,” in Handbook of Seventhday Adventist Theology, ed. Raoul Dederen (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2000), 58–104. • Website: www.andrews.edu/~davidson.