Sinal de Perigo - Revista Vox Objetiva

Transcrição

Sinal de Perigo - Revista Vox Objetiva
Sinal de
Perigo
março/12 • Edição 33 • Ano IV • Distribuição gratuita
Radiação de celulares
e de antenas é um
risco oculto em BH
“Em algum
lugar do
paraíso”
O bom humor e a
herança criativa de
Luis Fernando Veríssimo
Quem toma
conta?
Comitê de times que
deveria acompanhar
obras do Mineirão
não existe
Metropolis • charge
Na dúvida entre
ótimos atrativos e
culinária saborosa,
leve os dois.
Tiradentes
Descubra lugares. Descubra pessoas. Descubra novas histórias.
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se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32)
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Os textos publicados em forma de colunas, produzidos por colunistas convidados, expressam o pensamento individual
e são de responsabilidade dos autores.
Todos os direitos reservados. Os textos
publicados na revista Vox Objetiva só
poderão ser reproduzidos com autorização dos editores.
Editorial
CARLOS viana
Editor-Chefe
[email protected]
Precisamos de um novo Brasil
As dificuldades enfrentadas pela presidente Dilma Rousseff para
aprovar projetos de interesse do Governo revelam o lado mais sombrio
e repulsivo da política que há décadas vem sendo praticada no Brasil.
Refém de uma base aliada que ajudou na manutenção de mais quatro
anos de poder para o Partido dos Trabalhadores, a presidente sofre
com a cobrança da liberação dos pedidos e das demandas fisiologistas
apresentadas por deputados e senadores do PMDB e de partidos menores.
O cenário revela que qualquer presidente que passe pelo Planalto será
continuamente refém de um grupo de chantagistas profissionais que
conseguem reunir em torno de si os colegas com menor expressão e
pouca experiência.
Some-se a esse cativeiro político da presidente o fato de que o PT
vem se mostrando totalmente desunido e tornando a administração
Dilma vítima da própria desestrutura partidária.
Por outro lado, a oposição capitaneada pelo PSDB vive os mesmos
problemas de não conseguir reunir em torno de um projeto viável de
governo os principais nomes do partido.
Diante do quadro de impotência política que estamos vivendo,
resta-nos acreditar que o projeto de um Brasil novo possa ser assumido
por uma coligação política que permita a colocação em prática de uma
reestruturação tão necessária ao país.
Matéria especial desta edição da VOX OBJETIVA revela a possibilidade
de que PT e PSDB possam se juntar, num futuro ainda incerto, em
busca da aprovação de uma reforma política que liberte nossos futuros
presidentes da chantagem política a que estamos assistindo.
Precisamos agir. O tempo passa rápido, e o Brasil não é mais o país
do futuro. O presente nos cobra determinação e coragem para fazer o
que for necessário para garantirmos um país melhor para as futuras
gerações. Caso contrário, podemos perder o trem da história e nos
manter no atraso secular que marca a nossa política.
sumário
Fernanda Carvalho
16
10
VERBO.............................................................
Entrevista • Luis Fernando Veríssimo
METROPOLIS..............................................
pOLÍTICA • Convergência?
Falta de oposição sólida pode fazer do
“sonho de FHC” uma realidade
34
Salutaris..................................................
ESPORTES • Concessões ignoradas
Clubes mineiros desconhecem direito de
fiscalizar estádios
Stock.xchng
Prosche/Divulgação
Mestre do humor privado brasileiro fala
sobre sua carreira e influências
24
Capa.................................................................................
SAÚDE•
Divulgação
Sylvio Coutinho/Divulgação
Marck Klein/ABr
30
Inimigo oculto
Estudos apontam radiação de celulares e de
antenas como possível causadora de cânceres
Vanguarda..............................................
46
veículos • Renovado e mais estiloso
kultur.......................................................... cinema • A verdadeira Marilyn
Filme humaniza um dos maiores mitos
do cinema
Novo Porsche 911 une tecnologia à
fidelidade à tradição
Divulgação
Artigos.............................................................................
POLÍTICA • Paulo Filho
Choro de Dilma é sempre carta na manga.............................
CRÔNICA • Joanita Gontijo
É possível ser feliz consigo mesmo?....................................
JUSTIÇA • Robson Sávio
A insegurança alimenta a indústria do medo........................
23
50
SALUTARIS........................................................................
VINHOS • Nova estação
IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira
Taxa de condomínio: o problema da fração ideal .................
METEOROLOGIA • Ruibran dos Reis
14
Partido Republicano/Divulgação
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Vinho tinto de corpo médio é a bebida ideal para o outono..
CAVALOS • Apurados
32
O perigo dos tornados .................................................................
PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci
A importância de saber ouvir os outros e a si mesmo............
44
A atuação da genética na busca pela melhor raça ................
Beleza • Tratamentos
Carboxiterapia, lipocavitação e freeze: prós e contras...........
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40
20
METROPOLIS.............................................. INTERNacional • Mórmons
Tudo sobre a religião de Mitt Romney, o
provável oponente de Obama
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kultur.......................................................... adaptação • Trilogia Millenium
Primeiro da série antecipa transformações em uma sociedade “perdida”
MetrOpolIS • OLHAR BH
Notas
Um circo
chamado BBB
O Tribunal de Justiça do Rio arquivou o
inquérito policial contra o modelo e ex-bbb,
Daniel Schaniz, no último dia 20, além de
permitir a sua saída do país. Daniel foi acusado
de estupro de vulnerável durante o programa
BBB 12. Cenas de Daniel e Monique embaixo
do edredom, após uma festa na madrugada
do dia 15 de janeiro, foram interpretadas
como estupro. No dia seguinte, Daniel foi
eliminado formalmente do programa por
“comportamento inadequado”. O TJ do Rio
entendeu que a relação entre os dois foi
consensual, mensagem reiterada por Monique,
após ser eliminada do programa.
Frederico Rozário/TV Globo/Divulgação
Defesa Social
Após a divulgação de números que comprovam
o aumento da criminalidade em Minas, o novo
secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo
Carvalho Ferraz, tomou posse no último dia 19 de
março. Ele ocupa o lugar de Lafayette Andrada,
que voltou à Assembleia Legislativa como líder do
governo. Ferraz se licenciou do cargo de procurador
de Justiça. No discurso da posse, ele divulgou a
principal incumbência feita pelo governador Antonio
Anastasia (PSDB). “A redução da criminalidade será
uma das prioridades determinadas pelo governador,
assim como o processo de integração das polícias”,
afirmou Ferraz.
..................................................................................
Nivea Viva Elis
Depois de 30 anos da morte de uma das mais famosas vozes da MPB, projeto revive a trajetória da cantora. Na turnê que passa por cinco cidades, Maria Rita
canta, pela primeira vez, apenas canções imortalizadas
pela mãe. Além dos shows, o projeto conta com uma
exposição itinerante, a exibição de um documentário
e o lançamento de um livro em homenagem a Elis Regina. Em Beagá, o evento ocorre no Parque das Mangabeiras, dia 8 de abril, às 16h, com entrada gratuita. Os
ingressos devem ser retirados nos pontos de distribuição, não divulgados até o fechamento desta edição.
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Praça Sete
Gabriel Nunes e Castro
Imagem da tarde de 14 de março, uma terça-feira, da praça
Sete de Setembro, ou simplesmente praça Sete. Nesse dia, a
greve dos rodoviários ameaçava “estourar”. O trânsito, por volta
das 16h, estava surpreendentemente tranquilo, mas o fluxo de
pessoas, como sempre, era intenso. O espaço foi inaugurado
em 1922 para ser o marco zero do centro da cidade. O obelisco
representa homenagem aos cem anos da Independência.
8
Juros de cheque
Os bancos públicos e o Ministério da Fazenda discutem
sobre a redução dos juros de empréstimos. Uma das
medidas seria a redução das taxas do cheque especial
durante alguns dias, evitando a cobrança elevada de
quem solicita o empréstimo por um curto período.
Alguns bancos privados estão tomando essas medidas,
porém, existe o risco de o mercado reagir mal à ideia.
O incentivo pode ser entendido como intervenção do
governo no sistema financeiro.
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VERBO
Cronista da
Vida Privada
Escritor predestinado e humorista por acaso, Luis Fernando Veríssimo lança, em
Belo Horizonte, o livro de crônicas “Em algum lugar do paraíso”
Texto e fotos
Fernanda Carvalho
Tímido, sempre com poucas palavras e um curto
fala e alguns sorrisos que marcam a cortesia singular.
sorriso nos lábios, ele brinda o povo brasileiro
diariamente com doses de humor em páginas de
Vox: Você sempre soube que seria escritor?
jornal. Em público, é “curto e grosso”, mas com uma
Luis Fernando Veríssimo - Não. Não. Na verdade,
delicadeza particular. Prefere o
eu até comecei a escrever muito
diálogo. “Não gosto de monólogo”,
tarde, com mais de 30 anos. Até
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é o que afirma diante de uma
então, não tinha nenhuma ideia;
Praesent malesuada urna
multidão que se reúne somente
nenhuma intenção de ser escritor.
ornare libe.
para escutá-lo. Afinal, é o escritor
Quando eu comecei a trabalhar
dos relacionamentos, sejam de
em jornal, eventualmente, eles
qual caráter for. Luis Fernando
me deram um espaço para fazer
Veríssimo é o mais famoso
crônicas. Foi assim que mais
cronista de humor do país. O
ou menos eu descobri minha
“poeta” das sátiras da vida privada.
vocação. Antes disso, eu nunca
tinha escrito nada, a não ser
A carreira estava predestinada.
algumas traduções do inglês.
Ele só não sabia. Filho do
Não tinha nenhuma intenção de
escritor Érico Veríssimo, a leitura
escrever.
estava presente desde o berço.
Assim como a comida, os livros
Eu li que, com menos de 15 anos,
eram essenciais na “mansão”
você e sua irmã criaram um jornal
Veríssimo. Mas foi apenas com
da família chamado “O Patentino”.
aproximadamente 30 anos que ele descobriu a vocação,
É verdade essa história? Do que se tratava esse jornal?
quando trabalhava no jornal Zero Hora, de Porto Alegre.
(Risos) Lá no Sul a gente chama o vaso sanitário
do banheiro de patente. Então minha irmã e eu
Teve mais de 60 livros publicados em cerca de 40
tivemos a ideia de fazer um jornal que seria colado
anos de carreira como escritor. Além de crônicas,
na parede, ao lado da privada, para que a pessoa,
Veríssimo fez cartuns, traduções, roteiros para televisão,
quando estivesse ocupada ali na privada, lesse o jornal.
trabalhou como publicitário e revisor em jornal. E é
músico: tocou saxofone em alguns grupos de jazz.
Era diário?
Não, não. Nem lembro. Acho que era quinzenal
Em uma sala da Academia Mineira de Letras repleta de
ou semanal. Mas era pura brincadeira. Não tinha
holofotes, Luis Fernando Veríssimo contou à Vox Objetiva
nenhuma intenção, além, é claro, de gozar com a
um pouco da própria trajetória, como sempre, com pouca
família toda.
Comecei a
escrever com
mais de 30 anos.
Não tinha nenhuma intenção
de ser escritor.
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11
VERBO
VERBO
Como filho de Érico Veríssimo, os livros
devem ter surgido muito cedo em sua vida.
O gosto pela literatura veio do seu pai?
Eu acho que sim, né?! Eu me criei numa casa em
que, antes de mais nada, havia livros. E livro era
uma coisa importante. Eu convivi com escritores.
Sempre fui leitor; sempre gostei muito de ler,
justamente porque tinha livros em casa. Então,
nesse sentido, a influência do meu pai foi indireta,
pelo fato de ele ser escritor. Mas eu sempre fui um
grande leitor. E quando eu comecei a fazer crônicas
e tal, pelo menos eu já sabia como é que se fazia.
Você consegue perceber algo de Érico Veríssimo
em
seus
textos?
Há
alguma
influência?
O pai foi um dos primeiros escritores brasileiros a escrever
de maneira mais informal. Era mais influenciado pela
literatura americana do que pela europeia. E eu acho
que eu também escrevo assim. Não é um texto muito
profundo nem muito rebuscado.
Tem a preocupação de ser claro
sempre e bastante informal.
Nesse sentido, eu acho que eu
sou parecido com o meu pai.
Seu
personagem,
o
detetive
Ed
Mort,
ganhou adaptação para os quadrinhos, para
o cinema e para a TV. Como ele foi criado?
O Ed Mort nasceu como uma paródia literária; uma
paródia da literatura policial americana e do cinema
policial. Uma versão brasileira daquele típico detetive
particular da literatura americana e do cinema. E,
sendo uma versão brasileira, nada dava certo com
ele. Não conseguia resolver os casos. Quando resolvia,
era pago com cheque sem fundos. Então era uma
versão subdesenvolvida de um típico herói americano.
Você
viveu parte da infância e da
adolescência nos Estados Unidos.
Esse tipo
de texto era o seu preferido naquela época?
De certo modo, sim. Eu sempre gostei muito de
livros policiais. Antigamente lia bastante. Sempre
gostei muito de quadrinhos também. Então, de vez
em quando, depois que eu passei a ter espaço no
jornal, em vez de textos, eu
fazia quadrinhos, inventava os
personagens, desenhava e tal.
Nesse sentido, acho que continua
sendo uma coisa da infância.
Antigamente eu
escrevia mais,
com mais volume.
Não sei se fiquei
preguiçoso ou
mais conciso.
Você faz todos os tipos de
crônica com a mesma vontade,
com o mesmo gosto? Existe
uma predileção por algum
tema? Futebol, por exemplo,
é recorrente na sua obra.
Eh... eh... futebol é um assunto
muito constante. Eu gosto
muito de futebol. Também é um
assunto mais ou menos pronto,
né?! Quando começa a escrever,
você já tem opiniões que vêm da sua admiração por
jogadores ou por times. Então sempre fica mais fácil
fazer uma crônica, quando o tema é tão próximo.
E
a
crônica
se
baseia
justamente
nas
histórias
do
cotidiano...
Na crônica cabe tudo. Então pode ser, às vezes, um
comentário, uma coisa mais profunda, pode ser uma
reminiscência de infância ou o que seja. Nesse sentido,
cabe tudo na crônica.
12
Na época da ditadura, os
quadrinhos eram utilizados para
fazer críticas. Você também fazia
o mesmo no jornal montado
na sua casa, o Pato Macho. Por
que você acha que a censura
não barrava essas histórias?
Pois é... Isso é curioso. O desenho
tinha certa liberdade; o texto
não. Pelo fato de o desenho ter
essa conotação infantil e lúdica,
talvez os censores não prestassem tanta atenção.
Não é por nada que a grande revelação do humor
daquela época no Brasil foi o Henfil – um cartunista.
Foi justamente por isso: ele fazia nos desenhos e nos
cartuns as críticas que no texto ninguém poderia fazer.
Quando
foi
que
você
começou
a
inserir
humor
em
seu
jornalismo?
Olha: quando eu comecei a ter espaço no jornal
para fazer crônicas, quer dizer, para ter um espaço
Admiração: fãs lotaram o auditório da Academia Mineira de Letras para o lançamento do livro de Luis Fernando Veríssimo
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assinado com as coisas que eu fazia que eram
mais sérias, as que iam para o lado do humor
eram as que tinham mais repercussão. Então eu
fui, mais ou menos, levado para esse lado, apesar
de não ser, como eu disse, um humorista natural.
Depois de 43 anos escrevendo, mudou alguma
coisa no ato de escrever? Na inspiração?
Não. Eu acho que não. O que me surpreende hoje,
quando eu leio alguma coisa que eu escrevi há anos,
é o tamanho do texto. Antigamente eu escrevia mais,
com mais volume. Não sei se eu fiquei mais preguiçoso
ou mais conciso. Hoje o meu texto é bem menor.
Eu fiquei curiosa em relação a esses textos que são
publicados na internet com o seu nome, sem que sejam seus.
Qual a sua reação, quando você encontra esses textos?
Olha: a única reação possível é a resignação,
porque é uma coisa que, que eu saiba, não pode
ser evitada, regulada. Eu não entendo bem o que
leva uma pessoa a escrever um texto, às vezes um
texto bom, e botar o nome de outro, a assinatura
de outro. Mas, tudo bem. Não há o que fazer.
Em relação a seu novo livro, que vem com 41 crônicas
publicadas, por que “Em algum lugar do paraíso”?
Na verdade, o título quem deu foi a editora. Tem
a ver com a primeira crônica do livro que se passa
no paraíso, com Adão e Eva. O conto de Adão e
Eva, quando tudo começou. Inclusive os problemas
matrimoniais começaram no paraíso (Sorriso).
E no resto do livro, várias crônicas são sobre o
relacionamento homem-mulher, com alguma
referência ao primeiro texto. Então é por isso
que tem esse título: “Em algum lugar do paraíso”.
Você veio lançar o seu livro em Minas – um
Estado que também gerou alguns grandes
escritores. Carlos Drummond de Andrade e por aí
vai. O que você acha da produção literária mineira?
Olha: Minas é um Estado de grandes escritores, a
começar pelo Guimarães Rosa, Fernando Sabino,
Paulo Mendes Campos, o Carlos Drummond, que
você falou... Então é admirável. Eu acho que
nenhum Estado da federação tem essa quantidade
de escritores no seu passado e no seu presente.
13
Artigo - POLÍTICA
ARTIGO - POLÍTICA
pAULO fILHO
Jornalista e consultor de Comunicação Social
[email protected]
Antônio Cruz/Abr
Por que Dilma
tanto chora?
Mais do que bucólica, a cena é pitoresca: um
piquenique na praia, talvez regado a cerveja e, se for
imaginar pelo gosto do personagem, uns espetinhos
de churrasco. A foto-imagem estampou a capa de
todos os grandes jornais do país, esteve em todos os
telejornais e portais da internet
e, provavelmente, percorreu o
mundo. Carregar uma caixa de
isopor na cabeça, descalço na
areia da praia (ou de havaianas),
com a camiseta apertada,
deixando parte da barriga
proeminente à mostra, foi apenas
mais uma das ações do marketing
pessoal do ex-presidente Lula.
Quer algo mais “povão” do
que isso? Naquele momento,
muito mais do que a metade
dos brasileiros se enxergou e
se identificou com a figura. No
rol das ações midiáticas, nessa,
o ex-presidente se superou.
zero. Isso é uma enorme preocupação para quem cuida
do marketing de um governo popular e populista.
Então, o que resta a essa mulher de pedra? Destilar
emoções, apresentar-se ao povo como humana,
demasiadamente
humana,
em todas as oportunidades
que surgirem. Quem não se
sensibiliza e não acredita em
uma mulher que chora, verte
lágrimas em público e engasga a
voz? Qual de nós há de duvidar
de alguém, quando lágrimas
rolam por sua face? Mesmo
quando isso acontece no ato de
demissão, pela segunda vez, de
um ministro incompetente que
ocupava uma pasta-cabide?
Mas, cá para nós: no meio de
tantas lágrimas e promessas, é
impossível não lembrar a minha
avó. Com muita sabedoria,
ela dizia: “mulher que chora
e
homem
que
jura,
mentira
pura!”.
“Quem não se
sensibiliza e não
acredita em uma
mulher que
chora, verte
lágrimas em
público e
engasga a voz?
E Dilma com isso? Nesse ponto, as diferenças entre os
dois são latentes. Dentre outras diferenças, ela é uma
figura reservada, com ar e fama de durona, não fala
“menas”, não torce para o Corinthians nem palpita
futebol. Passa longe do “gosto popular”. Desapegada
de churrascos com “peladas” nos finais de semana,
sem jogo de cintura nem macaquices que rendam
fotos e imagens em telejornais, em comparação com
o antecessor, a sua identificação com o povão é quase
belo horizonte
O PT está completamente rachado e em um estado
de beligerância nunca visto. Nem os adeptos da
candidatura própria nem os aliancistas têm a mínima
certeza sobre suas possibilidades de disputa. Então
eles mentem sobre os números de seus apoiadores.
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Presidente Dilma Rousseff se emociona na posse de Marcelo Crivela
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Bandalheiras e trapaças, do tipo inscrição de nomes
em duplicidade, de ex-filiados e até mesmo de
mortos, são manobras que foram denunciadas.
Terminada a primeira etapa, a que escolheu os 500
delegados que vão decidir a postura do partido na
eleição municipal, o resultado confirmou a fratura
na legenda: a tese de coligação com o prefeito
Marcio Lacerda e os tucanos na chapa teve 42,4%
dos votos. A de candidatura própria teve 39,7%. Por
sua vez, o grupo que defende a aliança, mas que é
radicalmente contra a participação dos tucanos, teve
17,8% dos votos.
Analisando os números, é fácil constatar que a
vitória dos aliancistas não se sustenta. Somados os
que optaram pela candidatura própria com os que não
querem o PSDB na aliança, o resultado chega a 57,5%
dos delegados. Enquanto isso, o ex-governador Aécio
Neves e os tucanos em geral tripudiam e se divertem
com a situação. Belo Horizonte, como cidadela
petista, caiu há muito tempo (mais precisamente,
desde a eleição de Lacerda). Só que, pelo lado do PT,
os que articularam a aliança fingem que essa não é
a realidade. Fica bastante claro que a decisão petista
está nas mãos (e no interesse) do grupo aecista. Se
o PSDB quiser, o PT indica o vice na chapa com
Lacerda. Caso contrário, os tucanos induzem o PT a
lançar candidatura própria.
15
Metropolis • política
MetrOpolIS• Política
J. Freitas/ABr
ser paranormal para interpretar o sonho de FHC.
A declaração do ex-presidente à revista britânica
mostra claramente a falta de uma oposição sólida
e atuante no país. Isso pode resultar em uma
convergência política: algo que pode ser benéfico
em alguns pontos, mas bastante destrutivo à
democracia nacional.
Malco Camargos, doutor em ciências políticas e
professor da Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais (PUC Minas), explica que para uma
democracia ser saudável e um país crescer é preciso
existir situação e oposição que realmente cumpram
suas funções. “São três os principais papéis da
oposição: o primeiro deles é o contraditório, ou seja,
mostrar que é possível fazer algo diferente e melhor
do que se faz; o segundo é fiscalizar e o terceiro,
trabalhar em projetos para construir um futuro
diferente”, explica.
Esses três pilares fazem com que o Poder Executivo
repense sua atuação sistematicamente. “Se não
houver ninguém apontando algo diferente do que
o governo faz, a única e verdadeira voz acaba
sendo a dele. Então o governo não se preocupa em
melhorar seu desempenho”. “Por isso”, diz Camargos,
“a oposição sólida, consistente e cumpridora de suas
funções é a força motriz para a evolução constante
de quem está no poder”.
O problema é quando a oposição não consegue
cumprir seus três papéis. É o que vem ocorrendo
no cenário nacional e em Minas, mudando-se aqui
apenas os lados entre os partidos. “Ser oposição num
sistema em que a maior parte do poder fica com o
Executivo é tarefa muito difícil. Ao concentrar o poder
e a ordenação de despesas nas mãos do Executivo, o
sistema político brasileiro faz com que tudo convirja
para o apoio ao Executivo na busca de recursos
Fábio Pozzebom/ABr
Convergência: realidade
ou um sonho de FHC?
Falta de uma oposição atuante coloca em risco a democracia. Por outro lado,
união entre direita e esquerda em torno de alguns projetos pode ser positiva
Sandra Carvalho
“(...) eu tive um sonho ontem à noite em que Lula
e eu estávamos propondo um consenso nacional.
É tão óbvio que o Brasil precisa se concentrar
em algumas coisas principais. O que fazer com a
energia? O que fazer com a educação? Como criar
melhores oportunidades para nossa infraestrutura,
com o governo e o setor privado trabalhando juntos?
Como chegar a um consenso sobre o meio ambiente?
É tão óbvio. Essas perguntas não são do partido, mas
questões nacionais.”
16
A resposta acima foi dada no início de janeiro pelo
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)
a um repórter da revista britânica “The Economist”,
quando foi questionado sobre relações entre expresidentes e o papel da oposição no Brasil. À época,
a afirmação deixou políticos de direita em polvorosa,
mesmo FHC tendo feito duras críticas ao governo
petista ao longo da entrevista à revista inglesa.
Analistas políticos explicam que não é preciso
Enfraquecidos. Analistas afirmam que PSDB não apresenta projetos alternativos, por isso não decola como oposição
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17
Metropolis • POLÍTICa
políticos para o exercício dos mandatos. Então
partidos que não estão fazendo parte do governo,
aqueles que perderam a eleição, têm dificuldade de
atuar, pois são cortados no processo de obtenção
de recursos. Isso enfraquece o papel da oposição”,
completa o cientista.
Com a dependência de recursos governistas, os
partidos de direita ficaram fragmentados. Parte é
contra o status quo, mas não propõe mudanças
eficazes. “Essa parte prefere fazer críticas rancorosas
de quem perdeu o poder e apenas aponta falhas, mas
sem criar alternativas eficazes para o que criticam”,
frisa Camargos.
Outra parte fica implicitamente a favor do governo
para garantir recursos para o mandato. “Assim,
fragmentados, os partidos de direita não conseguem
transformar seus discursos nem estabelecem o
contraditório. Isso é péssimo para a democracia. É o
que vejo nas declarações de FHC”, avalia o professor
de ciência política do Ibmec e mestre em relações
internacionais, Creomar Lima Carvalho de Souza.
Mas a oposição nem sempre foi assim, na opinião
de Malco Camargos. Na era de quase dez anos, que
inclui Itamar e FHC, a atuação oposicionista do PT
MetrOpolIS• Política
e de seus aliados era mais acirrada. “A oposição
sempre foi enfraquecida no Brasil. Isso é histórico.
Mas o PT, quando estava do outro lado, não ficava
tão ensimesmado em relação ao poder, porque nunca
tinha ocupado o poder. Não tinha nada a perder.
Então discutiam-se mais caminhos alternativos ao
país do que simplesmente ficar apontando falhas da
atual administração, como acontece atualmente”,
relembra Camargos.
E simplesmente apontar falhas não leva a lugar
nenhum, de acordo com o cientista político Moisés
Augusto. Ele também acredita que o cenário
político brasileiro com a oposição enfraquecida seja
desfavorável à democracia. “A declaração de FHC
à ‘The Economist’ mostra que a própria oposição
fala que o PT é mais competente, tendendo a uma
reeleição e à manutenção do status quo. Isso é muito
triste. O país fica estagnado”, interpreta.
Para mudar o cenário e progredir democraticamente,
a oposição precisa ao menos tentar driblar dificuldades
do modelo político e propor alternativas a ele. “É
importante que a oposição se reencontre no Brasil para
que o Executivo melhore sua atuação e haja alternância do
poder em prol de um futuro melhor do país. Quando não
tem o contraditório, quem perde é o povo. É como se tudo
Roberto Stuckert/ABr
que está sendo feito fosse bom”, completa Creomar Souza.
Por outro lado, em alguns aspectos, a convergência
de ideias e ideologias entre oposição e situação pode
ser benéfica para o país. “A oposição não tem que
criticar a todo momento. Em algumas situações,
como a criação e a implementação de boas políticas
públicas, é fundamental que situação e oposição
enxerguem o que é melhor para o país. Um exemplo
disso seria a aprovação da Lei Geral da Copa.
Oposição e situação precisam perceber o cenário e as
pressões internacionais e trabalharem para o que será
melhor para o Brasil”, acrescenta Malco Camargos.
pARTIDOS
Os partidos políticos parecem querer se esquivar,
quando o assunto é oposição. As executivas do PT,
PSDB e DEM foram procuradas pela reportagem
ao longo do último mês para falar sobre a questão.
Mas, até o fechamento desta edição, ninguém tinha
dado retorno. No entanto, alguns políticos mineiros
expuseram isoladamente suas opiniões sobre o assunto.
Um deles é o senador Aécio Neves (PSDB). Durante
uma coletiva, Aécio foi questionado sobre as
declarações de FHC à “The Economist”. O senador não
poupou críticas ao atual governo, defendeu a oposição,
mas disse que também sonha com um projeto único
para o país.
previdência e do Estado brasileiro? O governo age
reativamente”, critica.
O deputado federal Reginaldo Lopes, presidente
do PT em Minas, pensa o contrário. “Há no cenário
nacional uma oposição sistemática; não programática.
O PSDB tentou vender ao país a imagem de oposição
responsável, mas isso não colou, porque o partido
não apresenta propostas concretas. Essa postura não
é saudável à democracia. Mas é preciso deixar claro
que há um grande projeto de Brasil em curso, que é
o projeto do PT. Creio que o FHC esteja se referindo
a esse projeto em curso com suas declarações”, disse.
Em relação a Minas, Lopes é ferrenho. “O PT é oposição
sim. Temos um programa com 18 grandes propostas
para mudar Minas e estamos trabalhando com toda a
bancada para efetivamente transformar o que existe”.
Quanto a BH, o discurso antagônico ao do PSDB muda
um pouco. “Apoiamos o projeto do Patrus que o Marcio
Lacerda continuou. Não é confortável ter o PSDB nessa
aliança. Se o PSDB concorda com o nosso projeto, isso
é problema dele”, completa.
Câmara dos Deputados/Divulgação
“Alguma diferente vai ter de ocorrer no Brasil. Se
as coisas continuarem nessa velocidade e os governos
ficarem cada vez mais dependentes de partidos
políticos distantes de qualquer projeto ideológico,
o custo será muito alto para o país. Gostaria de
estar vivo para ver a construção de uma aliança
homogênea para um projeto de Brasil. Infelizmente
o PT abdicou desse projeto que julgava ter para se
dedicar a um projeto de poder”, afirma.
Manutenção do poder nas mãos de um mesmo partido durante tanto tempo não é saudável para o país
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18
Aécio frisa que não se pode atribuir à oposição
omissão. “O governo jamais teve uma maioria tão
ampla, mas nada foi enviado ao Congresso. Não se pode
cobrar das oposições pela omissão em relação à própria
reforma política. Onde está a reforma tributária? E da
Reginaldo Lopes garante que oposição local é forte
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19
Metropolis • internacional
MetrOpolIS• internacional
E ele, pode?
Partido Republicano
Em 2008, os Estados Unidos elegeram o primeiro presidente negro. Está em tempo de
saber se um candidato que se declara mórmon também pode chegar lá
André Martins
Fernanda Carvalho
A briga é pelo mais alto cargo da diplomacia
americana, e a data para o embate está marcada. No dia
6 de novembro, Barack Obama será testado nas urnas.
O provável oponente do atual governante americano é
um empreendedor multimilionário, de 65 anos, que não
precisa de “cola” para fazer discursos. Mitt Romney, exgovernador de Massachusetts, é casado, pai de cinco
filhos e professa uma fé que difere da de 98% dos
compatriotas. Ele faz parte da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias.
Visibilidade: escolha de Romney vem projetando a religião dos mórmons e derrubando preconceitos
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até o último dia de campanha. Obama e Romney – caso
este seja o escolhido entre os republicanos – certamente
não sucumbirão ao discurso religioso. Afinal, eles têm
muito a perder, caso tentem convencer o eleitorado
baseando-se em questões de fé.
A momentânea predileção por um candidato mórmon
em relação ao católico Rick Santorum e, principalmente,
ao protestante Ron Paul, naturalmente chama a
atenção. Especialmente nos Estados Unidos: uma nação
protestante em que a religião sempre foi determinante
para a definição do rumo político do país.
Para Romney, tornar-se o “candidato mórmon” é
um risco, assim como foi para Obama, em 2008, ao
ser tachado de “o candidato negro”. A probabilidade
de o “tiro sair pela culatra” aumenta, quando se tenta
tornar o representante das minorias. “O Romney terá
o apoio maciço dos mórmons republicanos, mas se ele
faz esforços extensivos para tentar puxar o voto dos
mórmons democratas, por exemplo, ele perde mais do
que ganha”, explica o professor de ciência política da
UFMG, Bruno Vanderlei.
“A religião tem um peso muito importante nas eleições
norte-americanas. Principalmente quando se pensa nas
eleições presidenciais. É a partir do governo central
que são pautadas algumas questões que influenciam
diretamente a agenda dos Estados”, é o que entende
o professor e coordenador do curso de Relações
Internacionais do Ibmec, José Luiz Niemeyer.
A escolha por Romney vem dando visibilidade ao
mormonismo e, ao mesmo tempo, mexendo em uma
ferida de difícil cicatrização: o preconceito da sociedade
americana. De acordo com uma pesquisa do Centro Pew
de Religião e Política, divulgada em janeiro, os mórmons
se sentem muito discriminados, embora percebam uma
sociedade mais tolerante.
A religião, que já vem sendo usada como um
instrumento de manipulação política ao longo das
prévias do Partido Republicano, deverá cumprir a função
20
A religião pode não ganhar os debates na TV, mas nas
casas, reuniões e igrejas, ela, provavelmente, vai ditar o
tom da corrida por votos. E aí as discussões dos milhões
de microgrupos espalhados pelo território americano
podem fazer a diferença na hora da escolha.
No Centro de BH: membros da igreja dos Mórmons
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De acordo com o presidente de assuntos públicos da
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias,
no Brasil, Nei Garcia, os mórmons não tendem a
influenciar as escolhas dos fiéis. “A missão da igreja
é pregar o evangelho de Jesus Cristo, e não eleger
políticos. Ela é neutra em questões político-partidárias.
Os membros são incentivados a conhecer os candidatos,
mas a escolha é pessoal”, explica. Enquanto isso, outros
grupos religiosos não têm pago com a mesma moeda.
As notícias que chegam da terra de Tio Sam são que
púlpitos têm sido usados não apenas para pregar a
palavra do Senhor.
O não engajamento do pastorado mórmon não
sinaliza, entretanto, que ter um dos seus na liderança da
nação mais poderosa do globo não tenha significância.
Caso Mitt Romney mude com sua grande família para a
Casa Branca, no início de 2013, ele terá um desafio: será
o primeiro presidente mórmon da história dos Estados
Unidos. E para a igreja não haveria garoto-propaganda
com maior potencial para expandir a fé mórmon.
identidade
A história da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias remonta à primavera de 1820. Com
apenas 14 anos de idade, acredita-se que o fundador,
Joseph Smith, teve uma visão no vilarejo de Palmyra
– Condado de Wayne, Nova Iorque. Deus aparecera ao
profeta, orientando-o a não se vincular a nenhuma das
igrejas existentes, por estarem maculadas.
21
Metropolis • internacional
O Livro de Mórmon, escritura que, além da Bíblia,
norteia os fiéis, é revelado no ano de 1823. Deus teria
mostrado a Smith placas de ouro que desvendaram uma
civilização originária da Terra Santa que se estabelecera
em território americano. Tais inscrições foram traduzidas
para o inglês, dando origem ao livro. Sete anos depois,
em 1830, a igreja é restaurada em Fayette, Estado de
Utah, sendo alvo de intensa perseguição por parte dos
cristãos tradicionais.
Atualmente a religião conta com mais de 14 milhões
de fiéis. No Brasil totaliza 1,1 milhão de seguidores.
É o terceiro país com o maior número de adeptos e,
em breve, deve ultrapassar o México. Os maiores
representantes do mormismo são os missionários
vestidos em traje social que, de sol a sol e porta em
porta, entregam os chamados “cartões de amizade” com
palavras do evangelho.
Os mórmons são considerados tradicionais em relação
a temas sociais. Lutam pela preservação da família e
pela valorização da vida. Sexo, só depois do casamento
– união que prevalece além da finitude da vida. Somente
homens podem exercer o sacerdócio. No seio familiar,
elas e eles são igualmente importantes. Cada um
desempenha um papel. Os fiéis são conhecidos ainda
por investir maciçamente em missões e na educação de
crianças. Submetem-se às leis de Deus e às dos homens.
Não tomam café, chá e não usam drogas – nem mesmo
as lícitas.
Alguns aspectos da religião despertam muita
curiosidade e polêmica. A poligamia e o preconceito
Artigo • Justiça
de cor continuam vinculados à religião. Mas de modo
equivocado. Atualmente o casamento plural é motivo
para excomunhão, e o racismo não condiz com a
doutrina mórmon, desde a revelação tida por Spencer
W. Kimball – o 12º presidente da Igreja –, em 1978, ano
em que negros passaram a ocupar cargos de liderança.
foco na economia
Embora a religião desempenhe um papel de
relevância, Niemeyer e Vanderlei acreditam que a fé
dos candidatos não vá influenciar tanto quanto o que
defendem e propõem. Na situação atual dos Estados
Unidos, os americanos estariam mais interessados em
se agarrar aos destroços de madeira que boiam em um
mar revolto, após a economia do país ir a pique.
ROBSON SÁVIO REIS SOUZA
Filósofo especialista em segurança publica
[email protected]
A segurança privada e
a indústria do medo
Em três das nove regionais que compõem o
município de Belo Horizonte, os moradores
escolheram, no Orçamento Digital 2011, os
sistemas de videomonitoramento eletrônico.
Justificativa: melhoria da segurança pública.
É muito estranho o fato de que a depreciação da
segurança pública nos últimos anos, no Brasil, tem
Confirmado o nome de Romney como o candidato
aumentado os lucros de uma indústria em franca
republicano, ele terá desafios. Para o professor Bruno
expansão: a indústria da insegurança e do medo.
Vanderlei, o ex-governador de Massachusetts só terá Metrópole • Cidades
chances de derrotar Obama, caso trabalhe em um
Infelizmente, a maioria dos
discurso mais sólido, capaz de desvincular sua figura
cidadãos pensa que equipamentos
da de capitalista voraz. Será preciso, ainda, mobilizar o
eleitorado e torcer para que o desempenho da economia
de segurança, por si só, são capazes
de resolver todos os problemas
não seja exitoso neste último ano de governo Obama.
da insegurança. Ledo engano! De
nada adiantam bons e modernos
“A variável crucial é a economia. Dentro dela, está a
equipamentos, se não tivermos
criação ou a destruição de postos de trabalho no ano
funcionários eficientes para operádas eleições. Obama está indo bem. Janeiro foi o mês
los e monitorá-los, respostas
em que mais se criaram empregos em todo o mandato
dele. Se ele conseguir manter isso até novembro, é
rápidas por parte do aparelho
quase impossível que Romney possa surpreender”,
estatal, policiais disponíveis em
conclui o professor.
caso de detecção de ilícitos, etc.
Significa que equipamentos de
segurança podem ter alguma eficiência, quando
o sistema público de segurança é eficiente.
obsoletos; sem policiais disponíveis para atender
a ocorrências registradas, os equipamentos não
têm efetividade preventiva nem punitiva; não
havendo respostas rápidas, em caso de práticas
de crimes, os equipamentos perdem credibilidade.
Portanto, a segurança pública não se limita a
equipamentos modernos, a ações individuais
ou a respostas privadas. O cidadão pode
cooperar, desde que o sistema público funcione.
Vamos a um exemplo corriqueiro: o cidadão
instala o mais moderno circuito de TV em sua
residência. No caso de um furto, dirige-se a uma
delegacia ou a um batalhão policial e recebe a
seguinte resposta: infelizmente, não temos pessoal
disponível para investigar ou atuar nessa ocorrência.
Por fim, cabem, aqui, algumas indagações: será que
existe uma relação entre a deterioração da segurança
pública e o vertiginoso crescimento da segurança
privada? Quem são os que ganham e os que perdem
com essa situação? Será que soluções pontuais e
privadas resolvem os problemas da violência e da
criminalidade urbanas? Mesmo sendo necessários,
equipamentos eletrônicos são suficientes para
inibir o crime? Fica o convite para o leitor refletir.
Sem operadores
eficientes, os
equipamentos
tornam-se
obsoletos
Nesse modesto exemplo, verificamos que sem
operadores eficientes, os equipamentos tornam-se
22
Pesquisas feitas em várias
partes do mundo atestam:
mais eficientes que medidas
privadas ou alta tecnologia
é a participação social no
enfrentamento da violência
urbana. Conhecer os vizinhos,
utilizar os espaços públicos,
sempre acionar a polícia,
quando se observa qualquer
ilícito são excelentes atitudes
que podem inibir a ação dos
infratores. A coesão social
e a participação comunitária são instrumentos
muito efetivos no enfrentamento da violência.
23
MetrOpolIS• Capa
MetrOpolIS • Capa
Conexão de Risco
Arquivo
Estima-se que 1.416 pessoas sejam diagnosticadas com câncer
por dia no Brasil. Pesquisadores podem ter a chave para desvendar parte do
enigma que envolveria celulares e antenas como causadores da doença
André Martins
Fernanda Carvalho
No trabalho, em casa, na rua, na academia, no carro.
O celular não é mais apenas um dispositivo para fazer
ligações urgentes. Não seria exagero dizer que hoje
o aparelho é quase um órgão do corpo. No Brasil, o
número de celulares ultrapassa o de habitantes. De
acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel), são 245,2 milhões, o que corresponde a cerca
de 1,25 aparelho por pessoa.
Para manter esse grande
número
de
celulares,
são
necessárias
diversas
Estações Radiobase (ERBs),
popularmente conhecidas como
antenas, emissoras de radiação.
As ERBs estão em todos os
lugares. Em Belo Horizonte,
977 delas estão regulares. Mas,
de acordo com o Ministério
Público Estadual, espalham-se
pela cidade cerca de 700 estações clandestinas, fato que
aumenta ainda mais as fontes de radiação.
do Sul (UFRGS), Alvaro Augusto Salles, existe um
problema de base muito sério. “As normas consideram
apenas os efeitos de curta duração, chamados térmicos.
Os de longa duração, não térmicos, não foram analisados.
E é justamente essa exposição, em níveis mais baixos,
que pode causar câncer. Mesmo assim, essas normas são
adotadas pelo Brasil e internacionalmente”, explica.
Desde maio de 2011, os padrões da ICNIRP passaram a
ser questionados, devido a um provável
escândalo de conflito de interesses
dentro da Agência Internacional
de Pesquisa sobre o Câncer (IARC).
O renomado pesquisador Anders
Ahlbom, que participou ativamente
do estabelecimento dos padrões de
segurança definidos pela ICNIRP, foi
destituído do painel da IARC. O fato
ocorreu após a descoberta da ligação
do irmão de Anders, Gunnar Ahlbom,
com uma das maiores empresas de telefonia móvel da
Suécia – a Telia. O fato, não se sabe por quê, teria sido
abafado pelo pesquisador, o que gerou desconfiança.
Consequências do
uso do celular
podem estar
surgindo agora
O problema se estende também aos aparelhos celulares,
que trazem mais danos ao homem que as próprias
antenas, por estarem em contato direto com o corpo.
As normas da Comissão Internacional de Proteção
contra Radiações Não Ionizantes (ICNIRP) estabelecem
limites de emissão de radiação para a certificação de
ERBs e celulares. Porém, segundo estudiosos brasileiros
de engenharia elétrica, as normas são ultrapassadas e
incompletas.
De acordo com o engenheiro e professor de
telecomunicações da Universidade Federal do Rio Grande
24
O presidente da ICNIRP, Paolo Vecchia, confirma a
destituição de Ahlbom do painel da IARC, mas defende
o colega. “Eu posso testemunhar a absoluta honestidade,
competência e o rigor dele. O conselho científico da
ICNIRP reflete o consenso de todos os Membros da
Comissão e não pode ser conduzido ou modificado por
um indivíduo”.
Em relação a uma possível alteração das normas em
vigor, Vecchia pontua que as evidências epidemiológicas
e biológicas disponíveis não justificam uma
25
25
MetrOpolIS• Capa
MetrOpolIS • Capa
reformulação. “Um estudo muito divergente deve ser
avaliado com cautela. É preciso que seja confirmado,
antes de a conclusão ser aceita. O resultado do estudo
precisa ser reaplicado”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi contatada
e se mostrou receptiva para responder à Vox Objetiva,
porém, quando foi colocada diante dos questionamentos,
preferiu não se pronunciar.
a radiação e o câncer
Em maio de 2011, a OMS passou a classificar o
celular como um aparelho potencialmente cancerígeno.
Um grupo de cientistas de 14 países reavaliou as
principais pesquisas existentes sobre o tema e concluiu
que o uso desses aparelhos pode aumentar o risco de
desenvolvimento de tumores cerebrais.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca)
revelam que a incidência e a mortalidade por tumores
no Sistema Nervoso Central (SNC) aumentaram nos
países desenvolvidos, nas últimas décadas. “A maioria
dos tumores do SNC se origina no cérebro, em nervos
cranianos e nas meninges. Mesmo não sendo muito
frequente, esse câncer contribui significativamente para
a morbidade global”, revela o estudo.
Uma pesquisa desenvolvida pelo Departamento de
Stock.xchng
Antenas emitem radiação em área urbana
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26
Estudo de Adilza Dode relacionou
número de mortes por câncer à
proximidade de antenas ERBs
Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul chegou a um resultado comprovador.
Por meio de um modelo de cérebro artificial, foram
realizadas simulações para determinar os efeitos da
radiação. À medida que o aparelho era aproximado da
cabeça, a absorção de energia eletromagnética pelos
tecidos aumentava, e as normas estabelecidas pela
ICNIRP deixavam de ser respeitadas. “Com menos de
dois centímetros da cabeça, o limite foi superado entre
quatro e dez vezes. Quando o aparelho foi colocado
junto da orelha, as normas eram desrespeitadas em mais
de dez vezes”, explica Salles.
De acordo com o pesquisador, haverá grandes prejuízos
caso o aparelho seja pressionado contra a cabeça. “Nessa
posição, cerca de 80% da energia dissipada pelo aparelho
vão para os tecidos do cérebro, sobrando pouca energia
para as ERBs. Isso faz com que a ligação fique ruim e
o celular faça um ajuste de nível que vai aumentar a
potência. Mas o maior problema é a energia absorvida
pelos tecidos do cérebro. Com o aumento da radiação, a
intensidade passa a ser ainda maior”, afirma.
No Brasil, todos os aparelhos celulares precisam
passar por uma certificação realizada por laboratórios
credenciados pela Anatel. Os testes são feitos por meio
de manequins e líquidos que simulam as características
de absorção de energia pelo corpo. Assim, é possível
verificar se os celulares estão dentro dos parâmetros
técnicos e de segurança. Uma dessas etapas é relacionada
com a radiação. “A gente mede a taxa de absorção
específica do modelo. Então o resultado é comparado
com as normas criadas pela ICNIRP. Se o aparelho
não estiver dentro dessas obrigações, ele não pode ir
para o mercado”, esclarece o gerente de Inovação e
Marketing de Produtos em Laboratórios e Infraestrutura
de Redes do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações (CPqD), Antonio Marini.
De acordo com o pesquisador de engenharia molecular
e celular do Departamento de Bioengenharia da
Universidade de Washington, Henry Lai, os estudos
evidenciam que o risco de desenvolvimento de algum
tipo de tumor cerebral aumenta após dez anos de uso do
aparelho celular. “As pesquisas sugerem que a radiação
possa quebrar o DNA, provocando uma mutação nas
células, que gera o câncer. Outra forte evidência: a
radiação pode aumentar os radicais livres, que têm
potencial para danificar as células e levar à doença”.
estudo mineiro
26
A pesquisadora da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) Adilza Condessa Dode também estudou
os efeitos da radiação no corpo humano, mas centrando
as análises nas ERBs. Adilza identificou, em Belo
Horizonte, os locais onde há presença de estações,
bem como as áreas onde foram observadas mortes em
decorrência de cânceres. Os dados foram coletados ao
longo de dez anos – de 1996 a 2006.
Coincidentemente ou não, nas áreas com maior
concentração de antenas foi detectado o maior número
de óbitos por câncer. Durante o estudo, a pesquisadora
constatou que não é o agrupamento populacional
que altera o número de óbitos por câncer. O fator
responsável, segundo ela, é a quantidade de ERBs.
Como exemplo, ela cita a região Centro-Sul de Belo
Horizonte. “Essa área não é a mais povoada da cidade.
Entretanto, é a que possui maior incidência de mortos
e concentração de ERBs”, afirma. Já a região Noroeste
tem a maior concentração demográfica, e perde para a
Centro-Sul, quando o assunto são óbitos por câncer.
“Na revisão de literatura que fiz, estudei os possíveis
efeitos químicos, físicos e biológicos da radiofrequência.
Não tenho dúvidas de que o uso prolongado de celular
e a proximidade de ERBs geram câncer”, afirma Adilza,
sempre muito categórica.
Opinião divergente tem a gerente de Licenciamento
Ambiental de Empreendimentos de Impacto da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente, Eliana Rocha Furtado. De
acordo com ela, Belo Horizonte apresenta índices de
radiação de 800 a mil vezes inferiores ao estabelecido
pelos órgãos de saúde. Ressalta ainda que a maior parte
das antenas da cidade está instalada em pontos altos, o
que reduz significativamente a radiação absorvida pelo
corpo humano.
Alvaro Augusto Salles defende, entretanto, que, ainda
que em baixa frequência, as emissões radioativas de
antenas podem significar um mal irreparável após longos
anos de exposição. “Está comprovado que esse contato
contínuo causa males à saúde. São efeitos não térmicos,
crônicos. O ideal é que essas estações estivessem a,
pelo menos, 500 metros distantes de locais com maior
densidade populacional”, analisa.
antenas irregulares
Além da radiação das ERBs licenciadas, há o
problema das antenas em situação irregular. De
acordo com a promotora de Justiça de Defesa da
Saúde, Josely Ramos, o quadro tem fugido do controle
do poder público. “Nossa lei é muito ultrapassada. Foi
elaborada há mais de dez anos. Essa defasagem fez
com que essas mais de 700 estações fossem instaladas
ao arrepio da legislação que permite o que não deveria.
Eu acho bem pouco provável que, diante do poderio
das empresas de telefonia móvel, nós tenhamos uma
discussão no Legislativo brasileiro”, opina.
27
Artigo • IMOBILIÁRIO
MetrOpolis • Capa
Recaem também sobre a lei as queixas da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente. De acordo com a gerente
Eliana Rocha, a secretaria dispõe de aparelhos de alta
qualidade e profissionais capacitados para a fiscalização.
O fluxo de dados é contínuo. Semestralmente são enviados
relatórios à Anatel. Quando se verifica a existência de
antenas sem licenciamento, o poder municipal nada
pode fazer, a não ser solicitar por escrito às empresas
responsáveis a retirada dos equipamentos. Mas a própria
Eliana revela que essa medida não tem surtido efeito.
A VOX OBJETIVA entrou em contato com as quatro
empresas de telefonia móvel que dominam o mercado
brasileiro: Claro, Tim, Oi e Vivo. Todas alegaram
ser compromissadas com os usuários, mas não se
posicionaram sobre o processo movido contra elas em
setembro de 2011 pelo Ministério Público Estadual em
relação às antenas clandestinas espalhadas pela cidade.
alerta
Além dos danos ao cérebro – uma das estruturas mais
frágeis do organismo – a pesquisadora Adilza Condessa
Dode detalha que a radiação é atraída por partes de
estrutura menos consistentes, como mamas, próstata,
fígado e rins. Em crianças, a absorção é ainda mais forte.
Segundo Salles, está provado que elas são mais suscetíveis
Fernanda Carvalho
às consequências da radiofrequência, porque o crânio é
menor, ao passo que a densidade de potência absorvida
é maior.
“Os tecidos dos cérebros das crianças têm características
dielétricas diferentes. As crianças têm maior quantidade de
um tipo de líquido salino que torna a constante dielétrica e
a condutividade maiores. Essas características aumentam
a energia concentrada e a dissipada. O alarmante é que
atualmente vemos muitos pequenos utilizando celulares,
sem ter consciência dos riscos”, alerta.
A presidente do Centro de Estudos e Pesquisas
Oncológicas de Minas Gerais (CEOMG), Ana Alice Vieira
Barbosa, ressalta que é preciso prudência ao se tratar da
questão para não gerar um alarde social. “Os celulares
não têm tanto tempo de uso na sociedade. Foi na década
de 1990 que passamos a fazer uso deles. Então, se você for
parar para pensar, é possível que os reflexos disso possam
estar surgindo agora. Antes ninguém pensava em nada.
Hoje a OMS já faz um alerta. A gente tem que aguardar
estudos completos que possam nos dar certezas”, avalia.
O pesquisador da Universidade de Washington, Henry
Lai, acrescenta, porém, que as evidências só aparecerão
a partir do surgimento dos casos. “O debate social da
questão pode ainda demorar algum tempo porque levamse décadas até que as células afetadas no cérebro se
manifestem como câncer e os casos sejam diagnosticados”.
O princípio da precaução afirma que, se algo continua em
aberto, o risco deve ser antecipado e medidas preventivas,
tomadas. Para Henry Lai, o ideal seria se as pessoas
diminuíssem o uso do celular. Mas existem meios mais
simples. Salles e Adilza aconselham o uso de viva-voz ou
fones de ouvido com microfone embutido, à altura da boca.
Além de celulares e ERBs, os pesquisadores afirmam
que diversos outros tipos de radiação estão presentes
no mundo. São as transmitidas por TVs, WiFis, rádios,
computadores, micro-ondas. Para a promotora Josely
Ramos, a sociedade precisa ter acesso à informação. Com
isso, todos serão capazes de fazer as próprias escolhas.
Tudo fica mais difícil, quando os manuais de uso, que
deveriam informar, nunca trazem um alerta de forma
pontual e suficientemente visível.
28
kÊNIO DE SOUZA PEREIRA
Presidente da Comissão de Direito
Imobiliário da OAB-MG
[email protected]
Falta de lógica na taxa
de condomínio
Muitos defendem a aplicação da fração ideal como
critério de divisão do rateio de despesas do condomínio
que tem apartamentos tipo e de cobertura ou de lojas
e salas. Mas a maioria não conhece a origem desse
critério, como a fração ideal é calculada e para que
serve. No Livro “Condomínio e incorporações”, escrito
pelo jurista Caio Mário da Silva Pereira, são explicados
os desafios para definir o que seria
“fração ideal”. Caio Mário Pereira
é o autor da Lei nº 4.591/64.
Chega a ser cômico o relato do
civilista Caio Mário, na página 99. O
autor cita que os juristas europeus,
há séculos, defendiam os seguintes
critérios para aplicar a fração ideal:
seria maior para as unidades que
tivessem mais janelas e que fossem
mais altas, ao passo que as unidades
menos ensolaradas, sem reformas ou
de fundos teriam fração ideal menor.
aberta, vontade de aprender e boa vontade para
trocar ideias sem preconceitos. A cobertura custa mais
que o apartamento tipo. Então, paga a mais o IPTU.
Da mesma forma, um Gol custa metade do valor de
um Chevrolet Cruze. O valor do IPVA corresponde
a 4% do preço do carro. Entretanto, ao abastecer,
cada proprietário paga o mesmo valor pela gasolina.
Mudar
conceitos não é
fácil, pois
exige mente
aberta, vontade
de aprender e
boa vontade para
trocar ideias sem
preconceito
Caio Mário criou a regra da fração
ideal para dividir as despesas da
construção nas incorporações.
Nesses casos, logicamente a unidade
maior paga mais que a menor. Mas, quando se trata de
rateio de despesas da taxa de condomínio relacionada
com as áreas comuns (portaria, áreas de lazer, garagem,
corredores, telhado, faxina, zelador), essa regra não
tem nenhuma ligação. Afinal, as áreas comuns são
utilizadas igualmente por todos os condôminos.
sABER OUVIR
Mudar conceitos não é fácil, pois exige mente
Ao utilizar um estacionamento
por hora, os veículos pagam
o mesmo preço; ao trafegar
na estrada (semelhante à
portaria, corredores do prédio),
pagam o mesmo valor pelo
pedágio, pois são automóveis,
apesar de padrões diferentes;
se têm a mesma destinação,
ocorre do mesmo jeito que
com os apartamentos – que,
mesmo sendo diferentes, têm a
mesma finalidade residencial.
O defensor da fração ideal
utiliza o argumento de que a
cobertura deve pagar mais pelo
uso do elevador, ignorando
que a lei obriga a instalação desse equipamento
que valoriza todo o prédio. Logicamente a maioria
dos prédios não possui cobertura, mas ninguém
comete a loucura de aumentar o valor da taxa de
condomínio, conforme o andar do apartamento. Essa
postura prova que o rateio igualitário é o correto.
Causam surpresa os proprietários/legisladores que
criam leis e argumentos que afrontam a matemática para
continuar a lesar os proprietários de unidades maiores.
29
Vanguarda • VeÍculos
Vanguarda • VeÍculos
Clássico sonho de luxo
Fotos Porshe/Divulgação
Porshe 911 Carrera volta mais moderno e econômico
Bianca Nazaré
O Porsche se transformou num mito para os
admiradores da tradição, da velocidade e do perigo.
A marca ficou na história por continuar fabricando
carros fiéis ao modelo esportivo que ficou consagrado
– o 911 – lançado em 1964 e que até hoje se mantém
como um dos sonhos de luxo de muitos jovens,
mesmo após quase 50 anos rodados.
O primeiro modelo Porsche 911 surgiu no salão de
Frankfurt, em 1963, e se tornou o que a fabricante
alemã chama de “identidade Porsche”. É o caso do
novo Porsche 911 Carrera, apresentado no Salão de
Frankfurt, em setembro de 2011, e que chega em abril
ao Brasil, ainda sem preço definido.
O novo Porsche continua fazendo jus à reputação
de ser um dos melhores carros esportivos fabricados,
reputação que o 911 carrega há 48 anos. Mas quem
não é piloto profissional e sempre sonhou em ter um
verdadeiro Porsche na garagem pode brincar de ser
piloto com os 350 cv do Carrera ou os 400 cv do
Carrera S – brincar com moderação, é claro!
Mesmo mantendo as origens, o novo 911 é
inconfundivelmente mais fácil de pilotar do que os
Painel esportivo para os amantes da velocidade
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Primeiro modelo 911 surgiu em 1963, no Salão de Frankfurt
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outros. Alguns dispositivos, como o Porsche Stability
Management (PSM), fazem com que esse Porsche
seja muito mais estável. O PSM aplica frenagens
individuais nas rodas automaticamente, caso haja
desestabilização da condução, ou controla a tração
das rodas e o torque do motor, quando está em
condições de baixa aderência do piso.
Como nos carros de corrida, o câmbio é acessado mais
facilmente, graças ao console central elevado. E, para dar
mais esportividade ao 911, o câmbio de sete marchas é
manual. O motor boxer de 3,4 litros (3,8 litros no Carreira
S) e de seis cilindros foi mantido na parte traseira.
A economia de combustível é 16% maior do que a
da última versão. O motivo é o sistema automático
Start/Stop, que vem como item de série. Com esse
equipamento, ao parar diante de um semáforo, o
motor é desligado automaticamente, sendo reiniciado
após o motorista operar a embreagem novamente.
Outro sistema responsável pelo baixo nível de
consumo é a injeção direta de combustível, ou o
Direct Fuel Injection (DFI), que otimiza o consumo e
consequentemente contribui para a redução no nível
de emissão de poluentes. Os quase 50 kg a menos
do novo 911 é outro fator importante para o baixo
consumo, melhor desempenho e a estabilidade na
estrada.
O conforto do motorista e do passageiro é maior
nesse veículo do que nas outras versões. Com espaço
entre-eixos estendido, há um ganho de 2,5 cm para
as pernas. Os bancos esportivos com ajuste elétrico e
dois climatizadores na frente (um para o motorista e
outro para o passageiro) são o que faz do Porsche 911
Carrera uma mistura de esporte, conforto e tecnologia.
E por falar em inovações, a tecnologia está presente
dentro e fora do carro. Os faróis bi-xênon em formato
oval lembram os clássicos 911, porém, o farol muda
para a luz média automaticamente, quando anoitece.
O mesmo acontece quando o motorista passa a dirigir
em neblina. Os indicadores de direção são de luzes
LED, o que melhora a visualização em trocas de
direção. Esses itens também dão mais estilo ao carro,
devido às linhas finas das luzes na parte traseira.
30
Por dentro, o 911 é conforto e entretenimento. O
couro utilizado no revestimento do volante, nos
assentos esportivos e nas maçanetas deixam os objetos
agradáveis ao toque. O modelo vem com o Porsche
Communication Management (PCM) – sistema de
comunicação de sete polegadas, no qual o motorista
controla áudio, comunicação e navegação. E tudo
isso pode ser operado por voz. A orientação de rotas
é exibida em 2D ou 3D. O sistema também permite a
realização de chamadas (controladas por telefone ou
voz), inserindo um cartão SIM no comunicador.
Motor continua na parte traseira; LEDs dão toque de luxo
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FICHA TÉCNICA
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Peso: Carrera 1.380 kg / Carrera S 1.395 kg
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Comprimento: 4,5 m
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Entre-eixos: 2,4 m
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Motor: Carrera Boxer 3,4 L e seis cilindros, com injeção direta
de combustível e Variocam Plus
Carrera S Boxer 3,8 L e seis cilindros com injeção direta de
combustível e Variocam Plus
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Potência: Carrera 350cv a 7.400 rpm/ Carrera S 400cv a
7.400 rpm
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Velocidade máxima: Carrera 289 km/h / Carrera S 304 km/h
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Aceleração de 0 a 100 km/h: Carrera 4,8 segundos / Carrera S
4,5 segundos
......................................................................................................................
Transmissão: Manual, com 7 marchas
........................................................................................................................
Bagageiro: 205 litros
31
Artigo • meteorologia
vanguarda - TECNOLOGIA
Ruibran dos Reis
Diretor Regional do Climatempo
Professor da PUC Minas
[email protected]
Terceira geração
do Ipad
Começa temporada
de tornados nos EUA
Os tornados se formam com maior frequência na
região central dos Estados Unidos. A área é o ponto
de encontro do ar quente, proveniente da superfície
do Golfo do México, com o
ar frio que vem da região
polar. Os tornados são os
fenômenos mais severos da
natureza. Os ventos podem
atingir uma velocidade de
500 km/h.
Nos últimos anos, temse observado a ocorrência
de tornados nos meses
de inverno, nos Estados
Unidos. O fenômeno não
era comum no passado. Os
tornados têm sido severos e
causado dezenas de mortes.
O Brasil não está
preparado para
elaborar alertas
desse tipo de
desastre. Faltam
técnicos
especializados e,
principalmente,
tecnologia.
Com
o
início
da
primavera no hemisfério
norte, a quantidade de radiação solar será maior.
Consequentemente, o fluxo de calor do Golfo do
México torna-se mais frequente. É assim que
começa a temporada de tornados nos Estados
Unidos.
No ano passado, os tornados causaram centenas de
mortes. E vale lembrar que os Estados Unidos têm
uma das maiores redes de radares meteorológicos
do mundo e os famosos caçadores de tornados.
32
Antigamente não se ouvia falar em tornados no
Brasil. Mas, nos últimos vinte anos, o fenômeno
tem ocorrido com muita frequência e em todas as
regiões. O Brasil não está preparado
para elaborar alertas desse tipo
de
desastre.
Faltam
técnicos
especializados e, principalmente,
tecnologia, como equipamentos de
monitoramento em tempo real.
Vamos passar mais uma vez
observando os tornados acontecerem
nos Estados Unidos. E infelizmente
será necessário que um tornado
cause grandes prejuízos ao Brasil –
inclusive com perda de vidas – para
que nossos governantes tomem a
decisão de criar um centro de alerta.
Que Deus nos proteja!
Morguefile/Divulgação
A terceira geração do Ipad foi lançada em 16 de
março, nos Estados Unidos e em outros países. O
aparelho pode se conectar a redes 4G, fazendo com
que o acesso à internet seja em alta velocidade. Ele
também se conecta à 3G e à Wi-Fi. A câmera frontal é
como na última versão, porém, a novidade é a câmera
traseira de 5Mp. A filmagem em HD é de melhor
definição. Outra novidade é a tela de Retina A5X
quad-core e a resolução duas vezes melhor do que no
Ipad 2 (o novo Ipad tem resolução de 2.048 X 1.536
pixels). O aparelho é um pouco mais espesso, devido ao
tamanho da bateria. Até agora, as únicas reclamações
são do aquecimento das laterais, onde ficam as
baterias, e da demora na entrega. Em alguns casos,
o aparelho desliga sozinho, devido ao aquecimento.
Realidade
aumentada
Em breve será lançado um aplicativo para
celular que vai possibilitar que pessoas postem
vídeos e fotos em paredes virtuais de locais
públicos do mundo todo. Com o aplicativo
de realidade aumentada, chamado Wallit,
os usuários podem ver mensagens deixadas
por outras pessoas nessas paredes e postar
suas mensagens. O Wallit será lançado para o
sistema Androide e estará disponível para iOS.
Wallit/Divulgação
Divulgação
Substituto do
satélite
Cientistas da Universidade de Rochester e da
Universidade da Carolina do Norte descobriram
que os neutrinos podem transmitir informações,
atravessando qualquer material sólido. O
neutrino é uma partícula subatômica sem carga
elétrica que utiliza a gravidade para interagir
com outras partículas. O neutrino é centenas de
vezes mais leve que o elétron. A partícula é mais
eficaz que o rádio e o satélite na transmissão
de informações. Futuramente será possível usar
os neutrinos para comunicações com naves
espaciais, submarinos e celulares.
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Microsoft não vai
lançar novo XBOX
O público que esperava uma nova edição do XBOX,
em 2012, ficou decepcionado com a notícia da
Microsoft. A empresa nega que vai apresentar uma
nova versão do XBOX no maior evento da indústria de
videogames: a E3, que acontece em junho. Enquanto
isso, a Nintendo promete apresentar um novo sucessor
do Wii.
33
SALUTARIS • ESPORTE
SALUTARIS • ESPORTE
Enquanto a bola não rola...
Times desconhecem direitos no contrato de obra e exploração do Mineirão.
Coelho e Raposa levantam polêmicas sobre o Independência
Henrique André
Sylvio Coutinho/Divulgação
Clubes já poderiam acompanhar as obras do Mineirão e emitir pareceres por meio do comitê
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Você conhece o Comitê de Esporte, Cultura e
Lazer (CECL)? Se não, pode ficar sossegado. Afinal,
até os seus principais membros o desconhecem. O
CECL foi criado para os clubes mineiros, principais
atores do comitê, acompanharem de perto as
atividades da Minas Arena – concessionária
responsável pelas obras do Mineirão e pela
exploração do estádio depois de pronto.
Cruzeiro, Atlético e América aparecem como
uma espécie de fiscais na governança do estádio.
O contrato foi assinado pelo Governo de Minas e
pela concessionária Minas Arena – constituída pelas
empresas Construcap S.A. Indústria e Comércio,
Egesa Engenharia S.A. e Hap Engenharia Ltda. Uma
das cláusulas prevê que o CECL deve ser formado
por representantes dos times, da Federação Mineira
de Futebol (FMF), da sociedade civil, da Minas
Arena e do governo. O problema é que os principais
34
membros – Raposa, Galo, Coelho e FMF – não se
mobilizaram. Os clubes e a FMF têm direito de atuar
como integrantes do comitê e já poderiam exercer
esse papel, pelo menos em nome dos torcedores.
do estádio, o tal comitê não existe. A Secretaria
de Estado Extraordinária da Copa do Mundo
(Secopa) informa, por meio de sua assessoria de
imprensa, que são os clubes de futebol os maiores
interessados na formação do comitê e que a criação
do CECL deve partir deles. A concessionária Minas
Arena assina embaixo na declaração da Secopa.
O presidente da Federação Mineira de Futebol, Paulo
Schettino, também desconhece o assunto. “O governo
me falou sobre o comitê, mas, sinceramente, não
sei qual a sua funcionalidade e a sua materialidade.
Participei de uma reunião da Secopa, ouvi falar
do assunto, mas não recebi nenhum documento
mostrando o que realmente é o comitê”, disse.
Por outro lado, os times se defendem. Alexandre
Kalil, presidente do Atlético, afirma que desconhece
o CECL. “Nunca assinei nenhum documento em
nome do comitê e jamais participei de alguma
reunião sobre a criação do mesmo”. Já o presidente
cruzeirense, Gilvan de Pinho Tavares, admitiu que
ouviu falar do comitê. Mas não soube explicar por
que, até hoje, os integrantes não se reuniram. “O
projeto (do Mineirão) está sendo feito com a melhor
qualidade possível. Eu faço visitas ao estádio,
representando o Cruzeiro, não o comitê. Tenho
certeza de que o Mineirão está em ótimas mãos”.
Quanto à participação da sociedade civil, a
situação é pior ainda. Os representantes devem ser
escolhidos pelas partes do comitê, mas, como o
CECL não existe, não há nem sinal da representação.
Marcus Salum, integrante do conselho de
administração do América, também afirma
não saber nada sobre o CECL. “Vou pesquisar
mais antes de opinar a respeito. Além disso,
tem muita coisa que consta no papel, mas não
funciona na prática. Pode ser até um poder irreal”.
Diante do cenário, a concessionária Minas Arena
trabalha tranquila, sem o olhar crítico e atento de
quem mais vai usufruir da sua obra: os clubes, a
sociedade e a Federação Mineira de Futebol. Apesar
do desconhecimento, todos os times informaram à
reportagem da Vox Objetiva que vão pesquisar mais
sobre o assunto, ou melhor, sobre seus direitos.
novo independência
O que inicialmente era um projeto modesto
(aproximadamente R$ 50 milhões) já chegou
à casa dos R$130 milhões. Previsto para ser
entregue ainda no primeiro semestre deste ano,
o Independência também se tornou alvo de
Gil Leonard/Divulgação
Os times poderiam, por exemplo, acompanhar
de perto as obras e emitir seus pareceres em
conjunto. É uma forma de demonstrar uma força
maior para que nada dê errado. O contrato também
prevê que, depois de o estádio pronto, os clubes
podem acompanhar a exploração das atividades
relacionadas com a operação, a manutenção do
complexo do Mineirão e os produtos e serviços
oferecidos. Além disso, a versão final do
calendário esportivo e de eventos no local não
pode ser definida sem a aprovação do comitê.
Contudo, até hoje, a pouco mais de oito meses
para o término das obras e início da exploração
Independência: reforma do estádio foi orçada inicialmente em R$ 50 milhões, mas custou R$ 130 milhões
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SALUTARIS • ESPORTE
SALUTARIS • ESPORTE
www.vinniciussilva.com.br/Divulgação
América Futebol Clube/Divulgação
www.vinniciussilva.com.br/Divulgação
Exploração do Mineirão
A concessionária Minas Arena investiu R$ 654,5
milhões no Mineirão e terá direito de operar o
estádio por 25 anos. De acordo com a Secopa, a empresa terá um retorno assegurado ao
longo desse período em parcelas fixas e variáveis, conforme sua performance financeira e
os indicadores de qualidade pré-estabelecidos.
Kalil afirma que nunca ouviu falar do comitê
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polêmicas. A principal delas é a parceria comercial
feita entre o Atlético e a BWA – empresa que
vai administrar o estádio nos próximos anos.
Nesse acordo, o Atlético, sócio da empresa,
conquistou o direito de explorar comercialmente a
Arena Independência. O clube vai receber 45% da
renda líquida. Além disso, por ser um investidor,
vai dividir tudo com a BWA: gastos e lucros. Um
exemplo: se a BWA decidir ampliar o estádio
e tudo for aprovado pelo Grupo Consultivo da
Arena Independência, o Atlético vai dividir com a
empresa o custo da construção e os lucros da ação.
De acordo com a Secopa, o América, que
administrava o estádio desde a década de
80, passou a ter um patrimônio moderno e
valorizado. Além disso, não terá de arcar com
despesas e novos investimentos. O clube vai
participar somente da receita bruta do negócio.
Em nome do América, Marcus Salum disse não
ser contra a parceria entre Atlético e BWA, mas
enfatizou: “o que não admitimos é o Atlético fazer
a gestão do Independência”. Sobre o dinheiro que o
Coelho vai receber, Salum acrescentou: “toda receita
que entra no clube é para equilibrar as despesas.
O América não tem luxo de ter lucro. O dinheiro
continuará sendo empregado com esse propósito”.
36
Em um cenário mais pessimista, na hipótese de o negócio não render lucro e a empresa
ter prejuízo, o governo repassaria ao consórcio
um valor de até R$ 3,7 milhões por mês. Mas
no cenário otimista, em vez de pagar, o estado poderia até receber recursos do consórcio.
Para definir o valor do repasse do governo, o
contrato estabelece uma faixa de corte. Se o
negócio rende até R$ 2,59 milhões por mês, o
governo completa a diferença entre R$ 3,7 milhões e R$ 2,59 milhões. Se o negócio superar
a margem mensal de R$ 2,59 milhões, todos
os valores acima dessa margem serão divididos igualmente entre o governo e a concessionária. Por exemplo, se o lucro mensal foi de
R$ 4,81 milhões, o governo não pagará nada.
Marcos Salum, do América, vai pesquisar sobre o assunto
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Gilvan de Pinho Tavares não soube explicar falta de reuniões
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O América vai dividir com o governo estadual os
10,58% da renda bruta do Independência que a BWA e
o Atlético terão que repassar por contrato. Há um valor
mínimo a ser pago, que é de R$ 2,4 milhões por ano.
do Independência é realizar os jogos como
mandante e ter direito à bilheteria. Isso, é claro,
enquanto o Mineirão não estiver pronto.”
O presidente do Cruzeiro afirmou que o clube
não teve o mínimo interesse de fazer uma parceria
nos mesmos moldes que a do Galo com a BWA.
Gilvan destacou a sua única preocupação: “o
que eu não permitiria era alguém vir cobrar
mais caro do Cruzeiro. O que o Cruzeiro quer
Sobre as considerações feitas pelos representantes
do Coelho e da Raposa, o Atlético e a BWA
afirmam que tudo que estiver estabelecido no
contrato será obedecido. A BWA garante que
o Atlético, como sócio, vai apenas explorar
comercialmente o estádio, de modo que
América e Cruzeiro não sejam prejudicados.
Trabalhando com um cenário realista, a expectativa é de que o negócio renda em torno de R$
2,8 milhões por mês. Nesse cenário, o governo
desembolsaria R$ 1,57 milhão por mês, em valor presente, usando como referência a taxa Selic de 9,5% ao ano, baseada em agosto de 2010
– mês do recebimento da proposta comercial
entregue pelo Consórcio vencedor da licitação.
Nos dez primeiros anos, serão pagas parcelas com
valores pré-determinados que diminuirão ao longo
do tempo. Em 2013, o valor será de R$ 7,5 milhões,
reduzindo até R$ 4,2 milhões em 2023. Esses valores serão corrigidos pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). Com esse desembolso
fixo, o governo vai pagar outra parcela que varia
de acordo com dois fatores: o desempenho financeiro do estádio e a qualidade do serviço prestado.
37
SALUTARIS • CAVALOS
SALUTARIS • CAVALOS
A genética dos campeões
Entenda os meios mais comuns para a seleção de
equinos voltados para o esporte
Isabella Queiróz
varia de característica para característica. Por
exemplo: em um universo de 100 potros, apenas
13 a 29 deles herdam a capacidade de saltar dos
genitores. A aptidão para o adestramento pode ser
ainda menor, variando de 3% a 27%.
Se, por um lado, o repasse de características de
desempenho é limitado, por outro, a herdabilidade
morfológica (estrutura do corpo) é maior. A altura
é uma característica repassada em 63% dos casos.
Morfologia e desempenho têm relação estreita
entre si. A estrutura corporal quase sempre é um
fator que favorece a performance. (Veja box).
As características dos animais estão codificadas
em genes. Elas podem se relacionar com uma
herança simples – quando poucos pares comandam
e definem uma característica – ou com uma herança
poligênica – quando vários genes determinam. Aí
reside a dificuldade dos geneticistas de chegar a
um arranjo que combine determinados atributos.
André Martins
Conseguir um cavalo perfeito para as mais
variadas provas de equitação ou trabalho. Chegar
a um exemplar que seja bom de corrida e de
marcha, que apresente ótimo rendimento no salto
e ao executar reprises em provas de adestramento.
Se pudesse existir, esse animal seria o símbolo
máximo de versatilidade e responsável por grandes
conquistas. E poderia gerar outros potenciais
campeões com o auxílio de uma matriz de
características também nobres. Além de orgulho,
o animal daria dinheiro.
quanto mais força eu ‘coloco’ no cavalo, menos
técnica o animal terá. Isso está provado. É
similar com o que acontece no futebol. Quantos
jogadores são produzidos para sair um Messi ou
um Neymar?”, compara o zootecnista e inspetor
técnico da Associação Brasileira dos Criadores de
Cavalo Brasileiro de Hipismo, Marcelo Navajas.
Ser contemplado com um cavalo especial requer
uma dose extra de sorte.
Ter um equino multitarefa talvez seja o maior
sonho de quem trabalha com animais voltados
para a prática esportiva. Mas basta ter um
conhecimento razoável de melhoramento genético
para saber que “criar” um cavalo com tal perfil é
uma missão impossível.
A doutora em zootecnia pela UFMG, Fernanda
Godoi, corrobora o que defende Navajas. Ela
explica que, além de a correlação genética entre
características almejadas para os cavalos de
esporte ser muito baixa, há a herdabilidade de
desempenho atlético. No caso dos equinos, essa
herança também é reduzida, pois existem muitos
outros efeitos que são ambientais e não genéticos.
“Quando eu seleciono uma característica X,
estou deixando de selecionar uma Y. Por exemplo:
De acordo com a literatura científica, a capacidade
de um cavalo reproduzir o desempenho dos pais
38 38
Mas a genética não é tudo. “A gente sabe que na
formação de um cavalo não são só a herdabilidade
e as características genéticas que formam um
grande animal. Todos os fatores ambientais aos
quais ele está submetido acabam influenciando. O
animal também precisa de uma boa nutrição, uma
boa criação, um bom ferrador, um bom veterinário,
um bom treinador e um bom domador”, entende
Navajas.
Na mesma lógica, não se pode afirmar que
um animal originário de pais de linhagem
necessariamente seja um cavalo de alto potencial
atlético. Existem variáveis genéticas. Enquanto um
filhote pode herdar características que saltam aos
olhos e ser tão bom ou melhor que os genitores,
outro pode não se apresentar tão adequado.
apurANDO
Mangalarga Marchador, Campolina e Brasileiro
de Hipismo são raças “desenvolvidas” a partir de
um ideal morfológico e performático. Em todos
os casos, visava-se, além da morfologia e força,
a aptidão para executar as funções desejadas. No
caso dos marchadores – Mangalarga e Campolina
–, a marcha e para os Brasileiro de Hipismo,
principalmente o salto.
A definição do padrão racial acontece quando,
após o cruzamento de diversos animais com
características que se deseja consolidar, chega-se
a um perfil ideal de equino. Com esses cavalos
são feitos cruzamentos lineares. A raça só será
reconhecida, caso os exemplares originários desses
cruzamentos tenham a capacidade de repassar
características a seus descendentes. “Caso isso
não aconteça, a raça é descaracterizada. É para
fiscalizar justamente isso que existem as diversas
associações”, explica Fernanda.
Exercício de observação
Em 2011, Fernanda Godoi estudou as
variáveis físicas e comportamentais de
potros não treinados, antes e no decorrer
dos saltos. A intenção foi identificar as
características que mais contribuíam
para os animais transporem obstáculos
sem grandes dificuldades. Assim eram
selecionados os mais aptos para o salto.
“Utilizamos uma câmera de alta velocidade
e
fixamos
marcadores
em
pontos
anatômicos do corpo dos animais. Por
meio das filmagens, e auxiliados por um
programa de computador, analisamos
ângulos, distâncias e velocidades. Então
foi uma avaliação quantitativa”, explica.
De acordo com a pesquisadora, as
características morfológicas (estruturais)
sobressaíram. Além da boa flexibilidade dos
membros anteriores, a altura foi importante
no desempenho dos animais. Em linhas
gerais, quanto mais alto, mais apto o cavalo
estava para a atividade. A amplitude do
lance antes do salto e a distância da batida
(ou decolagem para o salto) também foram
determinantes para o bom desempenho.
39
SALUTARIS • BELEZA
SALUTARIS • BELEZA
Firme e linda
Carboxiterapia, velashape plus, lipocavitação e freeze são opções para melhorar
a estética da pele. Mas a Sociedade de Dermatologia alerta para riscos
Texto e fotos
Luíza Villarroel
O Brasil tem o terceiro maior mercado mundial,
quando o assunto é beleza. Segundo os últimos dados
da Associação Brasileira da Indústria de Higiene
Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o setor
apresentou um faturamento de R$ 27,3 bilhões em
2010 – um aumento de aproximadamente 12% em
relação ao ano anterior.
Pensando nesse mercado que só cresce, as clínicas
de estética estão investindo muito em tecnologia
e novidades em tratamentos corporais e faciais.
Segundo o sócio da Fina Forma, Fábio Brettas,
as principais queixas das mulheres são gordura
localizada, celulite, sinais da idade e estrias. Para
esses fins, os tratamentos mais procurados têm sido a
Carboxiterapia, o Velashape plus e o Freeze.
A carboxiterapia consiste na aplicação de
pequenas quantidades de dióxido de carbono (CO2)
com microinjeções na pele. A aplicação melhora a
circulação e a oxigenação dos tecidos. Essa técnica
é indicada para combater a celulite, flacidez, gordura
localizada, estrias e cicatrização de tecidos.
A proprietária da clínica Ben Vivere, Fernanda Zanini,
explica como o CO2 age no organismo: “a celulite
é uma região onde não existe mais vascularização.
Por ser o mais potente vasodilatador que existe, o
CO2 medicinal faz aumentar a circulação no local,
provocando uma recuperação do tecido”.
Outra opção para reduzir celulite, camada de gordura
e a circunferência é o Velashape plus. O método
combina manipulação mecânica, suave pressão
negativa, infravermelho e radiofrequência bipolar.
Esta combinação estimula a circulação e auxilia
40
Lipocavitação: tratamento de beleza utiliza ultrassom para romper células de gordura
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na eliminação de edemas, melhora a eliminação de
resíduos, estimula o metabolismo e os fibroblastos
–célula que produz o tecido conjuntivo. Com isso,
a produção do colágeno e da elastina aumenta,
proporcionando a firmeza desejada na pele.
Para o rejuvenescimento, uma das opções é o recente
Freeze: uma tecnologia exclusiva que pode inverter
os efeitos do envelhecimento da pele. “O Freeze é
uma radiofrequência que provoca o aumento da
síntese de colágeno e elastina. Esse tipo de aplicação
existe no mercado. Só que o Freeze combina o uso
da radiofrequência com pulsos eletromagnéticos,
provocando o aumento da produção de FGF-2 –
hormônio responsável pelo crescimento dos vasos
sanguíneos e pela proliferação dos fibroblastos”,
explica Fernanda.
Mas mesmo com essas alternativas, a estudante
de direito Nathália Badra, de 24 anos, optou pela
lipocavitação, conhecida como lipo sem cortes.
Em quatro sessões, ela conta que perdeu cerca de 3
centímetros na região abdominal. A lipocavitação
utiliza ultrassons. Ao ser emitido, o raio atinge as
células de gordura através da pele e as rompe. Com
essa espécie de implosão, as células se tornam líquidas
e são liberadas pelo organismo.
Para os tratamentos faciais, a novidade é o Laser
CO2 fracionado. Os raios provocam microlesões na
pele, estimulando a produção de colágeno e elastina.
“Os furos provocam na pele uma necessidade de
recuperação do tecido, promovendo uma espécie de
troca de pele. Isso gera uma aparência mais jovem,
pois trata manchas e ameniza linhas de expressão”,
explica Fábio Brettas. O laser possui algumas
vantagens sobre a cirurgia. A maior segurança no
Carboxiterapia melhora a circulação e oxigenação dos tecidos
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tratamento e o menor tempo de recuperação estão
entre elas.
Diante de tantas opções de tratamentos de estética,
a Sociedade Brasileira de Dermatologia em Minas
Gerais faz um alerta: “não recomendamos a utilização
de alguns tratamentos estéticos como método
terapêutico. Este é o caso da carboxiterapia. Os
estudos existentes são insuficientes para comprovar
a eficácia e a segurança do método”, afirma o
conselheiro do departamento de dermatologia,
Geraldo Magela Magalhães. Segundo ele, é preciso
entender que milagre não existe. Então, antes de
iniciar qualquer procedimento, é fundamental que o
interessado procure a opinião médica.
A maioria das clínicas oferece atendimento médico e
nutricional, antes de iniciar o tratamento. O processo
demanda um envolvimento da paciente. Portanto,
é preciso associar exercícios físicos e alimentação
balanceada para obter um resultado melhor.
41
SALUTARIS • vinhos
SALUTARIS • receita
Rede Gourmet/Divulgação
Outono: uma estação especial
Danilo Schirmer
Morguefile/Divulgação
O outono chegou. Com a nova estação vem uma
grande movimentação dos amantes dos vinhos. Isso
se deve ao início de uma estação que tem um charme
especial. É o início de um clima mais ameno. A
vegetação revela um ar bucólico, com as folhas das
árvores caindo como que em uma coreografia aos
nossos olhos.
Somos capazes de passar horas contemplando o cair
das folhas, em movimentos suaves e encantadores.
Esses momentos nos levam a buscar mais aconchego.
Talvez uma introspecção, tão importante na nossa
vida, ou companhias especiais. Então, que tal ter um
vinho do lado, nessas horas?
42
Nessa estação apaixonante, reaparecem os vinhos
tintos. Vale a pena priorizar os tintos leves e de
corpo médio. Suas características são ideais para essa
época, já que o clima esfria, mas nem tanto quanto no
inverno. É uma época em que apreciamos um vinho
mais encorpado e bem-estruturado.
Os vinhos brancos também têm o seu lugar, no
outono. Priorize também os encorpados com mais
estrutura. O vinho licoroso, usado como aperitivo e
nas sobremesas, também começa a se destacar.
Por sua vez, os espumantes normalmente são
associados às festas de final de ano. Mas isso
está mudando. Atualmente os espumantes estão
conquistando uma nova posição em nossas vidas: em
qualquer estação, dia, hora ou momento, são muito
bem-vindos. Como sugestão, um espumante rosé vai
ajudar a elevar seu estado de espírito.
Portanto, abra sua adega, deguste os vinhos, comece
a pesquisar os novos vinhos e chame os amigos para
desfrutar de momentos de puro prazer. Afinal, quem
consegue resistir a tantos atrativos que nos envolvem?
Um brinde ao outono!
42
Bacalhau do porto
Sugestões de rótulos
• Vinho Tinto Casa Valduga Naturelle (Pinot Noir e Cabernet Franc);
• Vinho Tinto Casa Valduga Arte Elegance (Cabernet Sauvignon);
• Vinho Tinto Casa Valduga Arte Trivarietal
(Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc);
• Vinho Tinto Casa Valduga Duetto Pinot Noir/Shiraz;
• Vinho Branco Casa Valduga Gran Reserva Chardonnay;
• Vinho Licoroso Casa Valduga 1875;
• Espumante Casa Valduga Reserva Blush –
Pinot Noir/Chardonnay (rosé);
• Espumante Casa Valduga
Amante– Malbec (rosé)
Ingredientes
Pimentão vermelho a gosto
Pimentão amarelo a gosto
Cebola roxa a gosto
Azeitonas pretas sem caroço a gosto
Tomates-cereja a gosto
Filamento de abobrinha a gosto
Manjericão a gosto
Salsinha a gosto
Molho Pomodoro
300 g de lascas de bacalhau
200 g de fettuccine
Azeite de baixa acidez
Alho e sal a gosto
Modo de preparo
Sotear todos os ingredientes no alho e azeite. Em seguida, acrescentar o bacalhau dessalgado. No final, colocar
manjericão, salsinha e o molho pomodoro. Sal a gosto.
Colocar massa cozida al dente. Rende uma porção.
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ARTIGO • PSICOLOGIA
KULTUR • literária
maria angélica falci
Psicóloga clinica e especialista
em Saúde Mental
[email protected]
Geração Editorial/ Divulgação
Sextante/ Divulgação
Sextante/ Divulgação
Fonte: Travessa.com
Tem alguém aí?
A nossa comunicação necessita ser clara
e transparente para prevenir conflitos no
entendimento das pessoas. Essa é uma situação
que acontece e muito. Assim como a fala, saber
ouvir é de extrema importância. Sabemos que a
raiz de excelência na audição está no âmbito
familiar. Quando os filhos têm uma escuta familiar
adequada, eles recebem atenção
concentrada, com aproximação
e entendimento. E com certeza
essa pessoa leva esse reflexo
para sua vida adulta e age
naturalmente com interesse e a
devida atenção.
Ouvir se relaciona com estar
profundamente “com o outro”,
centrado em sua fala, em sua
necessidade
de
expressar,
naquilo que está vivenciando
e sentindo em determinada
situação. Podemos dizer que o
ouvir difere em qualidade do
escutar. Vivemos num tempo
muito
corrido,
acelerado,
ansioso, no qual pessoas estão
escutando muitas coisas ao
mesmo tempo, mas não dão a
devida atenção ao outro.
Acredito que um dos maiores patrimônios pessoais
e fruto da maturidade seja o
saber ouvir. Como significativa
consequência, aprender a ouvir
a si é um treinamento que exige
várias qualificações. É uma
situação que às vezes incomoda.
Muitas pessoas preferem não
entrar nessa área. Elas ignoram
e levam a vida sem ter tempo
para bater um papo e ouvir a si.
Vivemos em um
tempo muito
corrido, acelerado,
ansioso, em que
as pessoas estão
escutando muitas
coisas ao mesmo
tempo, mas não
dão a devida
atenção ao outro.
Muitas vezes, podemos ver
que essas pessoas conversam com alguém, mas
não estão realmente ali. Sempre me passa à mente
perguntar: tem alguém aí? É muito complicado,
quando as pessoas ficam ansiosas, agitadas para
que a outra termine logo e elas possam falar de
si. Muitas pessoas ignoram totalmente o ouvir e
ficam apenas na expectativa de falar dos próprios
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problemas, etc. Quando ouvem, essas pessoas
tratam o assunto alheio de forma superficial,
flutuante, diferente de quando as estamos ouvindo
com profundidade e realmente em apoio à situação
expressa.
em todas as áreas.
Não estou falando sobre
algo patológico não. Mas é
muito importante ter esse
relacionamento consigo. Essa
é a fonte de um profundo
autodesenvolvimento. A partir
desse mergulhar no nosso
interior, podemos definir melhor
o foco, as prioridades, as
possibilidades e saber discernir
realidade de fantasia. Assim
conseguimos viver com ótima
qualidade de relacionamentos
Saber falar e ouvir é sim algo em que devemos
prestar atenção. Não se trata de uma questão tão
singela e natural quanto parece. Portanto, esteja
aberto para ouvir. É muito desconfortável, quando
percebemos que estamos falando com a parede.
A Privataria Tucana
O X da questão
Autor: Amaury Ribeiro Jr.
Editora: Geração Editorial
Páginas: 344
Preço médio: R$ 34,90
Autor: Eike Batista
Editora: Primeira Pessoa
Páginas:160
Preço médio: R$ 29,90
A Privataria Tucana é o resultado
de investigações realizadas pelo
jornalista Amaury Ribeiro Jr. sobre a tentativa de o PSDB manchar a imagem do ex-governador
e atual senador, Aécio Neves.
São 344 páginas de revelações
sobre a “Era FHC” e as privatizações realizadas pelo governo
do PSDB. O livro vem causando
grande constrangimento para o
PSDB e, principalmente, para personagens moralmente blindados,
como o ex-governador de São
Paulo, José Serra. As acusações
no livro resultaram no pedido de
criação da “CPI da Privataria”.
De vendedor de seguros de porta
em porta para bancar a faculdade, na Alemanha, a oitavo homem
mais rico do mundo, conforme
lista publicada na revista americana Forbes. Eike Batista também
é o homem mais rico do Brasil e
da América Latina. Sua história
pessoal e empresarial é contada
no livro O X da Questão, biografia que leva o X que representa a
multiplicação de riqueza e que está
presente no nome de todas as empresas de Eike. O livro foi escrito
com a colaboração do jornalista
Roberto D’Ávila e pode ser considerado um manual do empresário.
Nietzsche para
Estressados
Autor: Allan Percy e Rodrigo
Peixoto
Editora: Sextante
Páginas: 112
Preço médio: R$ 19,90
Allan Percy e Rodrigo Peixoto
organizaram um livro para ajudar as pessoas a resolverem seus
problemas por meio da reflexão.
Foram selecionadas 99 máximas
do filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche para facilitar a
busca de soluções para os vários
problemas do dia a dia. O livro
é dividido em capítulos, que iniciam com um aforismo do filósofo e interpretado por Allan e Rodrigo para as situações atuais. O
livro é um manual filosófico de
sobrevivência para a atualidade.
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KULTUR • cinema
KULTUR • cinema
Por trás do mito
da moça, durante uma sessão de fotos. É dessa forma
que se iniciaria a bem-sucedida, mas incrivelmente
curta carreira de um verdadeiro ícone da cultura pop.
Filme humaniza uma das maiores estrelas do cinema americano,
revelando a verdadeira Marilyn quando os holofotes e
as câmeras eram desligados
“Sete Dias com Marilyn” relembra a visita da atriz
a Londres por ocasião das filmagens de “O Príncipe
Encantado” – comédia protagonizada por ela e Laurence
Olivier. Na rápida passagem da atriz pela capital inglesa,
Marilyn, na época com 30 anos, teve um relacionamento
meteórico com Colin Clark, um jovem assistente de
direção. O affair, as separações, os escândalos e os
bastidores das filmagens são descortinados para o
espectador.
André Martins
Ela foi a mulher mais desejada de todo o século XX.
Loira, bela, extrovertida e dona de curvas sinuosas
demais para uma jovem americana, Marilyn Monroe
mexeu com o imaginário masculino da década de 50. O
brilho e o poder de sedução da atriz eram tamanhos que
até o presidente americano John Kennedy caiu de amores
por ela, aventurando-se em uma relação extraconjugal e
colocando em risco o casamento e o cargo que ocupava.
Meio século após o ofuscar da maior estrela que
Hollywood já teve, Monroe ainda consegue despertar
sentimentos que vão do encantamento ao desejo.
O maior símbolo sexual da cultura americana teve
um pequeno frame da vida reconstituído em “Sete
Dias com Marilyn” – filme que acaba de estrear nos
cinemas brasileiros. Mas na obra dirigida pelo londrino
Simon Curtis, a atriz bem-humorada e sedutora das
grandes comédias revela os próprios dramas, deixando
transparecer a fragilidade sempre maquiada pelos
sorrisos aparentemente incontidos. Ao modo da Mrs.
Dolloway, da escritora inglesa Virgínia Woolf, Marilyn
dava festas para esconder o silêncio.
Norma Jeane Mortensen não conheceu o pai – fato
que ela nunca conseguiu superar. A mãe foi internada
em uma casa de doentes mentais, quando Marilyn era
ainda pequena. Isso forçou a menina a se abrigar,
por muitos anos, em orfanatos e casas de parentes.
Cresceu sozinha, torturada pelo abandono e o
medo de ter o trágico destino da mãe. A então
futura estrela do cinema americano só adquiriria
independência, após começar a trabalhar como
operária em uma fábrica da Califórnia. Pouco
tempo depois era descoberta por um fotógrafo
que se impressionara com a beleza e a desinibição
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Quem dá vida à Marilyn Monroe é a americana
Michelle Williams. Pelo papel, a atriz recebeu diversos
prêmios da crítica americana, incluindo o Globo de
Ouro. O desempenho rendeu a ela também a terceira
indicação ao Oscar, um ano depois de ter sido nomeada
pelo drama “Namorados para Sempre”.
Michelle não tem os 94 de busto, 61 de cintura e 89
de quadril necessários para convencer como Marilyn.
Obviamente teve que usar enchimentos. Mas a atriz
compensa a falta de atributos físicos com uma atuação
magnífica e um ótimo trabalho de voz. É ela quem
canta as canções da fita. Por si só, esse desempenho
é impressionante. Atualmente com 31 anos, a menina
tímida, que começou a se tornar conhecida pela série
de sucesso teen Dawson’s Creek, é um turbilhão de
sensualidade, tal qual a própria Marilyn Monroe.
Também indicado ao Oscar, Kenneth Branagh interpreta
o diretor e ator Laurence Olivier. O talentoso inglês,
que pela quinta vez é nomeado à maior premiação
do cinema, entrega um trabalho digno de nota. Com
maestria, Branagh dá vida a um Olivier perdido entre
a atração e a irritação com os constantes atrasos e a
insegurança da atriz.
“Sete Dias com Marilyn” é baseado no livro “O Príncipe,
a corista e eu”, escrito pelo próprio Colin Clark. É, sem
dúvida, um filme que se eleva pelas ótimas atuações
e, principalmente, por lançar um olhar humanizador
sobre a atriz, tentando entender a mulher Norma Jeane
Mortensen e não a Marilyn que se tem em mente.
Fotos Divulgação
Michelle Williams no papel de Marilyn Monroe
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KULTUR • adaptação
KULTUR • adaptação
KULTUR • cinema
Os homens que não
amam as mulheres
se deu na imagem de Lisbeth. Personagem forte, interior
e exteriormente, com uma personalidade definida e
não influenciável: uma mulher que talvez todas da
modernidade quisessem ser. E provavelmente esse seja
justamente o motivo pelo qual ela passou a ser amada
pela população mundial, mesmo sendo completamente
alternativa aos padrões.
Trilogia de Stieg Larsson reflete transformações de uma sociedade desnorteada
Ao estilo característico de David Fincher, a versão
norte-americana, na qual a personagem ganha enorme
destaque, tem um tom mais sombrio que a sueca de
2008; evidencia a maldade humana incrustada na obra
de Larsson e ganha pontos com imagem, som e edição.
Não foi à toa que a produção ganhou o Oscar de melhor
montagem e foi indicada aos prêmios de melhor mixagem
e edição de som e melhor fotografia.
Não foi por acaso, também, que o filme não entrou
para a disputa de melhor roteiro. Assim como ocorreu
com a versão sueca, o filme americano perde no quesito
adaptação. Deixa de lado fatos e personagens essenciais
da trama literária e peca em modificações superficiais e
desnecessárias. Talvez Larsson tenha escrito uma história
para ser imaginada e não vista.
A heroína hacker de Rooney Mara e o jornalista injustiçado de Daniel Crag na versão cinematográfica americana do livro de Stieg Larsson
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Fernanda Carvalho
Ela é frígida, mal-educada, punk gótica, “esquelética”,
viciada em cigarro e fast food, bissexual, hacker e cheia
de piercings e tatuagens. Porém, tem um senso de justiça
e lealdade fora dos padrões. É o modelo de heroína do
novo século. Lisbeth Salander, uma das protagonistas da
série Millenium, apesar de não pertencer a essa década,
é a primeira dessas novas mulheres a estar inserida nas
mudanças sociais da modernidade.
Stieg Larsson, autor nórdico da trilogia, talvez não
tenha se dado conta da obra que estava sendo criada pelas
próprias mãos. Afinal, não chegou a ver nem sombra do
sucesso que a série atingiu nem a força da personagem
que criava. Ao contar a história de uma heroína hacker
e um jornalista investigativo injustiçado que buscam
a solução de um suposto assassinato, apresenta uma
48
48
Suécia além do que é revelado pela mídia internacional.
Um país repleto de homens que não amam as mulheres,
de violências e rituais nazistas: onde elas são as maiores
vítimas.
O autor não desviou de si mesmo para escrever a trilogia.
Criou quase uma autobiografia disfarçada, em romance.
Nascido em agosto de 1954, Larsson foi um dos mais
importantes jornalistas, escritores e ativistas políticos da
Suécia. Fumava muito, lia romances policiais e chegava a
ser compulsivo com o trabalho. Conscientemente ou não,
ele criou um personagem “à sua imagem e semelhança” e
o nomeou Mikael Blomkvist.
Nas longas duas horas e 38 minutos de duração do
filme remake, do primeiro livro da série, o foco, porém,
48
A descrição no livro, no entanto, foi tão bem feita
que os filmes trazem cenas extremamente semelhantes
ao imaginado. A interpretação da indicada ao Oscar,
a atriz Rooney Mara, como Lisbeth do novo filme, é
completamente adequada à personagem. Uma atuação
de tirar o fôlego que engrandece a hacker, contrariamente
ao que fez a sueca Noomi Rapace. Rooney é tão brilhante
que quase é deixada de lado a firme e precisa atuação
de Daniel Crag, que vive o segundo protagonista Mikael
Blomkvist, e a incômoda presença de Stellan Skarsgård,
como herdeiro da família Venger.
pipas”, as primeiras produções de “Harry Potter”, “Marley
e Eu” e “O código DaVinci” são algumas das milhões
existentes que arrasaram com a história presente nos
respectivos livros. Raras exceções, como a trilogia “O
Senhor dos Anéis”, conseguem fazer o grande feito de
estar à altura das obras da literatura.
Muito mais do que nos filmes, a tríade de Larsson
captura o olhar do leitor desde o início e o deixa como que
enjaulado à trama até o fim. Provoca e cativa ao mesmo
tempo. Deixa quem está com o livro nas mãos ansioso
por muito mais do que descobrir um possível assassino:
desvendar os mistérios que envolvem cada personalidade.
Em um primeiro momento, é plausível pensar que
o nome da trilogia tenha vindo da revista homônima
do personagem Mikael. Entretanto, com o olhar mais
aguçado nos personagens e em seus conflitos, tanto de
relacionamentos quanto interior, o significado parece
mais abrangente.
A história ganha um papel muito mais importante do
que um mero entretenimento policial. É uma prova da
modificação estrutural do mundo, no qual as pessoas
não sabem ao certo qual o próprio papel e o que estão
buscando. Talvez Stieg tenha desenhado nas palavras um
mapa da sociedade do novo Millenium.
Fotos Divulgação
Ao contrário do que ocorre no remake, na versão
Sueca, as atuações empobrecem os personagens. O firme
e quase sem expressão Mikael ganha uma performance
mais branda e delicada. O “vilão” aparece como alguém
tranquilo e sem ação, fazendo com que cenas inquietantes
e quase sufocantes se tornassem meros momentos no
longa-metragem.
Parece ser uma missão quase impossível fazer uma
reprodução cinematográfica que não esteja muito aquém
do livro. Das produções mais recentes, “O caçador de
Noomi Rapace dá vida à Lisbeth Salander sueca
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CRÔNICA
Joanita gontijo
Jornalista e autora do blog tresoumais.blogspot.com
[email protected]
Feliz para sempre!
Você anda com a sensação de que quase todo mundo
está infeliz? Insatisfeito consigo, com o outro, com o
que a vida tem dado de presente? Nada está do tamanho
certo, ninguém age da forma esperada, o dinheiro é
sempre curto para sonhos cada vez maiores e... por que
logo a minha unha foi quebrar no dia da festa?
Confesso que sou autora da última reclamação e,
como vítima dessa tragédia que afetou meu dedo
indicador, corri ao salão de beleza sem marcar hora
com a manicure. Enquanto esperava, preferi disfarçar
minha impaciência lendo revistas femininas. Uma
matéria na seção de moda chamou minha atenção.
Ensinava como disfarçar os defeitos do seu corpo. Se
o problema é que você cresceu menos do que gostaria,
use calças de cintura alta para alongar a silhueta. Parece
uma girafa? Melhor doar as roupas de uma cor só. Seios
grandes demais? Decotes em formato de “V” resolvem o
problema! Para o quadril largo, evite roupas justas! Para
os estreitos, abuse das pantalonas!
Depois de anotar mentalmente o que vestir para parecer
alta e magra, como desejam dez a cada dez mulheres,
meu senso crítico acionou o alarme. Se há solução para
todo biotipo, quer dizer que nenhum deles está bom o
suficiente? O ideal, o que nos deixa satisfeitos, o que nos
garante sucesso e felicidade, nunca habita nossa vida real?
A busca pela fantasiosa perfeição vai muito além da
estética. Passa por relacionamentos, trabalho, amizades.
Temos o tempo todo à nossa frente um espelho mágico
como o da história de Branca de Neve. Há sempre
alguém melhor do que nós. Mas, para quem não sabe
os detalhes menos divulgados desse conto de fadas,
vai aí uma fofoca de bastidores dos Irmãos Grimm: a
madrasta insatisfeita era uma mulher belíssima. Em
vez de reconhecer suas qualidades, preferiu passar a
vida perseguindo a princesa “perfeita”. Numa dessas
empreitadas, despencou de um precipício.
Fechei a revista e desisti de esperar pela manicure. A
unha quebrada não me tornaria uma bruxa e, de agora
em diante, não pretendia me esforçar tanto para ficar
igual a brancas, belas e cinderelas. Elas comem maçãs
envenenadas no lugar de saborosos pratos de lasanha;
usam sapato de cristal, mas por não serem donas do
próprio nariz; têm que deixar o baile antes da meianoite; vivem presas no castelo esperando que uma “fera”
vire um bom companheiro; dormem muito e só acordam
com o beijo de um príncipe enfadonho;...
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Todos os 26 estados têm dívidas e 25 devem
principalmente à União. Em Minas, você está
pagando R$ 4,1 bilhões por ano e a dívida não
para de crescer, pois os juros são muito altos, o
que impede a realização de mais obras e ações.
Só pra você ter uma ideia, R$ 1 bilhão a mais nos
cofres do Estado permitiria a construção de mais
1.000 quilômetros de estradas, ou mais 37.000
casas populares, ou escolas para mais 399.000
alunos, ou mais 5.000 Unidades Básicas de Saúde.
A dívida está sangrando o Estado.
Renegociação já.
Junte-se à Assembleia de Minas nesta luta.
Saiba mais em www.almg.gov.br

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