Guia de Estudos B
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Guia de Estudos B CRISE CONJUNTA – CONFLITO SINO-SOVIÉTICO, 1969 Partido Comunista da República Popular da China A disputa pela Ilha Damansky/ Zhenbao Part Guilherme Henrique Lima de Mattos Kamila Vital Gabriela Pita Gabriela Gome Lizandra Alencar 1 CARTA DE APRESENTAÇÃO Caros delegados, é com imenso prazer que lhes damos as boas-vindas à primeira crise conjunta do FACAMP Model United Nations (FAMUN). Desde seu início, o FAMUN se propõe a trazer comitês de naturezas diferentes para seus delegados e tem desempenhado essa tarefa com sucesso. Assim, a crise conjunta sobre o conflito sino-soviético busca manter esse padrão de excelência e trazer aos seus delegados ótimos temas para discussão. Desde o início, pensamos esse comitê como sendo uma discussão muito importante e de pouco conhecimento da maioria. Toda nossa equipe tem trabalhado para que esta possa ser uma simulação com discussões profundas acerca do comunismo, da Guerra Fria e de como o bloco comunista poderia, ou não, ter se organizado nesse momento de tensão internacional. Esperamos os senhores para simular conosco e conhecer mais sobre o relacionamento entre China e União Soviética, bem como seus próprios modelos de funcionamento no meio internacional. Aguardamos a presença de todos e estamos à disposição para ajudá-los no que for preciso. Sinceramente, A Assessoria da Crise Conjunta Guilherme H. L. de Mattos - Diretor-geral Kamila de Cássia Vital - Diretora RPC Felipe Madeira Almeida- Diretor URSS Verônica Soster Ramos – Diretora URSS Luísa Sartori – Diretora assistente URSS Matheus Ferraz – Diretor assistente URSS Gabriela Pita – Diretora assistente RPC Gabriela Gomes – Diretora assistente RPC Lizandra Alencar – Diretora assistente RPC 2 Índice CARTA DE APRESENTAÇÃO ...................................................................................... 1 DESCRIÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES...................................................................... 4 INFORMAÇÕES ADICIONAIS ................................................................................... 17 DIRETIVAS....................................................................................................................20 MARXISMO-MAOÍSMO ........................................................................................... 28 3 DESCRIÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES Mao Zedong - Presidente do Partido Comunista Chinês Mao Zedong nasceu em 26 de dezembro de 1893, na cidade de Shaoshan, em Hunan, província localizada na parte central da China. Na Universidade de Pequim, ainda durante a juventude, passou a se interessar pelo marxismo, o que o levaria a participar da fundação do Partido Comunista da China (PCCh), em 1921. Em 1934, com o avanço dos nacionalistas do Kuomintang nas cidades, Mao liderou parte do contingente comunista rumo ao noroeste do país em um percurso de mais de 9 mil quilômetros, que ficou conhecido como Longa Marcha, cuja finalidade era consolidar a base rural do movimento comunista, angariando apoiadores no campo. Em 1943, Mao foi eleito secretário-geral do PCCh e, em 1949, os comunistas venceram a guerra civil e fundaram a República Popular da China, com Mao como presidente do PCCh e líder do Estado (“MAO ...”, s/d; GAO, 2011). Como presidente do partido, Mao detinha, desde 1949, o poder de tomada de decisão dentro da política chinesa. Sua autoridade advinha da imagem de pai da nação que ele conquistara após a vitória comunista. Ainda que alguns membros do partido não concordassem com a sua opinião, as ordens de Mao eram prontamente obedecidas, podendo ser elas de cunho econômico, político, militar ou social (TEIWES, 2014). Em 1969, a figura de Mao, entretanto, encontrou-se relativamente fragilizada: após o fracasso do Grande Salto para Frente e com os radicalismos que vinham sendo realizados pela Revolução Cultural, dissidências internas tornaram-se mais visíveis. Na perspectiva interna, Mao trabalhou no sentido de evitar que opositores se organizassem contra a sua liderança, enquanto, na perspectiva externa, o presidente do Partido via como cada vez mais urgente a necessidade de colocar a China como líder do bloco comunista para que, desse modo, não fosse mais necessário se subjugar à liderança soviética (GAO, 2011). Deng Xiaoping – Secretário-geral do Comitê Permanente 4 Deng Xiaoping nasceu em 24 de agosto de 1904, na província de Sichuan. Em 1921, foi enviado pelo pai à França, onde passou cinco anos estudando e trabalhando. Em Paris, conheceu Zhou Enlai e aderiu ao seu grupo, o Corpo da Juventude Chinesa Socialista, em 1922. No ano de 1925, viajou para Moscou para estudar na Universidade Oriental, onde teve um primeiro contato com as ideias leninistas, o que o inseriu ainda mais na defesa das ideologias socialistas. Em 1927, com o avanço da ofensiva do governo nacionalista contra os comunistas, Deng passou a viver secretamente em Shangai, até unir-se a Mao e outros comunistas na província de Jiangxi. Nesse momento, Deng assumiu o cargo de chefe do Escritório de Propaganda do Exército Vermelho, cujo objetivo era promover um governo comunista na província, opondo-se, portanto, ao governo central nacionalista. Em 1934, participou da Longa Marcha, liderada por Mao para consolidar o apoio chinês no interior do país (HANES; HANES, 2003). Após a proclamação da República Popular da China, no ano de 1949, juntou-se ao Comitê Permanente do Politburo como seu presidente (SCHELL; DELURY, 2014). Deng e Mao tinham constantes atritos devido à maneira de cada um agir em relação à política e à economia. O primeiro prezava por uma posição política mais moderada e, em contraste, o segundo tinha um caráter mais radical e revolucionário. No entanto, a oposição só ficava clara quando as políticas de Mao não alcançavam o resultado desejado. Deng tornou-se o secretário-geral do Comitê Central em 1954. Em 1956, tornou-se o sexto membro do Comitê Central do Politburo. (HANES; HANES, 2003). Como secretário-geral do Comitê Permanente, sua função era solicitar reuniões com o Congresso Nacional, uma vez que era uma parte ativa desse organismo político. Por se tratar de um dos membros superiores do Comitê Permanente, ao secretário-geral cabe elaborar decretos; interpretar leis; conferir o trabalho do Conselho de Estado; certificar o cumprimento das normas conforme os princípios estabelecidos na constituição chinesa; nomear ou demitir ministros, chefes, comandantes, secretário do Conselho de Estado e vice-premiers; além de ter o poder, junto com os demais membros do Comitê Permanente, de discutir sobre uma declaração de guerra, ratificação ou abdicação de tratados (REPÚBLICA POPULAR DA CHINA, 1954). 5 Peng Zhen – Secretário-geral do partido em Pequim e prefeito de Pequim Membro do partido comunista desde 1923, Peng era extremamente fiel à ideologia comunista e a pregava constantemente. Por isso, foi preso em 1929, porém continuou propagando o comunismo mesmo durante seu período de cárcere. Logo quando saiu da prisão, iniciou um movimento de contenção das forças japonesas e começou seus esforços para avançar a influência do partido comunista em Pequim. Após 1949, foi nomeado como prefeito de Pequim e alcançou o cargo de secretáriogeral do Comitê do partido em Pequim (MARXISTS INTERNET ARCHIVE, 2015). Entretanto, Peng Zhen nem sempre tinha posições alinhadas aos preceitos de Mao: no período que antecedeu à Revolução Cultural, por exemplo, defendeu que o trabalho dos intelectuais chineses não deveria estar subordinado apenas ao objetivo da Revolução Comunista. Esta e outras posições que destoavam das vontades de Mao Zedong fizeram com que, em 1966, um tribunal fosse organizado em Pequim para julgar os traidores do movimento comunista: Peng Zhen foi duramente acusado, mas acabou liberado (FAIRBANK; GOLDMAN, 2006, p. 358). No cargo de secretário do partido em Pequim, Peng teve a responsabilidade de cuidar para que os processos do partido local estivessem de acordo com os preceitos do PCCh central, respeitando a ideologia comunista, garantindo a interpretação das leis e a coerência entre as ações do Politburo e os interesses do partido (MARXISTS INTERNET ARCHIVE, 2015). Peng Zhen representava ainda os interesses de sua região diante do partido central. Tan Zheng - Diretor do Departamento Político Geral do Exército de Libertação Popular Tan Zheng nasceu em 1906, na cidade de Xiangxiang, em Hunan (“THIRTYSIX...”, 2009). Em 1927, já tendo entrado em contato com as ideologias comunistas, juntou-se a Mao Zedong para uma resistência camponesa contra a perseguição aos comunistas propagada pelo governo nacionalista de Chang Kai-shek. Após seu contato mais direto com o líder comunista, Tan passou a ser seu secretário pessoal, o que o levou a conhecer mais de perto os objetivos do grupo comunista e o fez também mais influente diante dos demais membros seguidores de Mao. Em 1934, 6 partiu junto com o grupo para a Longa Marcha até o norte da China. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da guerra civil chinesa entre nacionalistas e comunistas, em 1945, Tan ocupou cargos políticos dentro das forças armadas e assim permaneceu, mesmo após a ascensão do Partido Comunista Chinês (PCCh) ao poder e a proclamação da República Popular da China por Mao, em 1949. Em 1954, foi nomeado vice-ministro da Defesa e, posteriormente, diretor do Departamento Político do Exército de Libertação Popular (“GEN. TAN...”, 1988). Nesse último cargo, Tan lidava com todas as questões relativas ao setor político dessa força armada. Dentre essas questões, tinha a responsabilidade de administrar e organizar o trabalho das forças armadas do PCCh, a fim de estabelecer o cumprimento das ordens do presidente do partido. Para isso, acompanhou de perto o trabalho do secretário da Defesa e de seus subordinados, a fim de garantir o respeito das ordens proclamadas pelo presidente do PCCh (MINISTRY OF NATIONAL DEFENSE OF PEOPLES REPUBLIC OF CHINA, s/d). A partir dessas responsabilidades, Tan atuou como grande estrategista dessa força armada chinesa, bem como general sênior dessas tropas (“THIRTY-SIX...”, 2009). Liu Shaoqi - Presidente da República Popular da China Nascido em 1889, na província de Hunan, Liu Shaoqi era de uma família de camponeses ricos e, desde muito cedo, recebeu uma educação singular para um camponês. Em 1920, viajou a Moscou para estudar e entrou em contato com a ideias comunistas. Ainda na Rússia, enquanto estudava a ideologia comunista, afiliou-se ao Partido Comunista Chinês. No ano de 1922, retornou à China e passou a exercer uma liderança às causas comunistas em sua província natal. Em 1927, quando os comunistas passaram a ser perseguidos pelo governo nacionalista de Chang Kaishek, Liu foi eleito membro do Comitê Central do Partido Comunista Chinês (PCCh) (“LIU...”, s/d). No início dos anos 1930, ascendeu como membro do Politburo do PCCh. Com todo o seu sucesso nas tarefas que lhe eram estipuladas, Liu se tornou um dos homens mais influentes dentro do partido, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial e da vitória dos comunistas na guerra civil chinesa contra os nacionalistas (“LIU...”, s/d). Nesse período, também se tornou o porta-voz do 7 partido. Com a proclamação da República Popular da China em 1˚ de outubro de 1949, Liu passou a ser o vice-premier e vice-líder do PCCh. Em 1959, Liu Shaoqi foi nomeado por Mao presidente da República Popular da China (TEWEIS, 2014) e era tido pelo líder como seu sucessor direto. Entretanto, a partir de então, Liu passou a assumir uma posição de oposição a Mao dentro do Partido, reforçando o discurso de que o Grande Salto para Frente havia sido um fracasso sem precedentes na história do país. Pouco a pouco, Liu foi se consolidando como uma figura forte dentro do PCCh e que oferecia um caminho alternativo ao proposto por Mao. Diante disso, Mao organizou um movimento de enfraquecimento do então presidente da RPC e se aproveitou do movimento da Revolução Cultural para denegrir a figura de Liu e minar sua posição de liderança: Liu foi acusado de revisionismo e aproximação com a União Soviética. Em agosto de 1966, Mao classificou Liu como contrarrevolucionário e destituiu-o de sua posição de sucessor: Liu, todavia, manteve por mais alguns anos sua reputação (GAO, 2011, pp. 130-160). Chen Yun – Vice-presidente da República Popular da China Chen Yun nasceu em 1905. Trabalhava como escritor na Imprensa Comercial de Shangai, quando se associou ao Partido Comunista Chinês (PCCh), em 1924. Em 1936, quando a Longa Marcha teve início, Chen aderiu ao movimento. No entanto, ainda no começo do movimento, em busca de aprimorar seus conhecimentos quanto à ideologia e à organização da política socialista soviética, o revolucionário partiu para Moscou. Nos anos 1940, Chen retornou à China e ingressou no Departamento de Organização do Partido Comunista Chinês, quando iniciou de fato seus trabalhos no Partido. Nesse período, aproximou-se dos temas econômicos, mas muitas de suas opiniões nessa área iam contra as de Mao Zedong. O primeiro defendia um desenvolvimento vagaroso e mais sustentável para a economia chinesa, bem como acreditava num desenvolvimento de mercado para a agricultura, enquanto o líder chinês valorizava um desenvolvimento econômico rápido, a fim de aproveitar o espírito revolucionário que ainda tomava conta da sociedade chinesa (KAVANAGH, 2003). Apesar das desavenças, Chen Yun se consolidou como o grande estrategista da política econômica da China maoísta. 8 Foi nomeado vice-premier em 1949, sendo seu trabalho a assistência ao premier do Conselho de Estado, Zhou Enlai, o qual participava das decisões quanto ao comércio nacional e internacional do Estado, à adoção de planos econômicos, à propagação da cultura e da educação e, por fim, à administração da política e jurídica da China (CHINA, 1954). A partir do seu encargo, Chen passou a trabalhar ativamente no gerenciamento da economia chinesa. Com o fracasso do Grande Salto para Frente, ele passou a liderar a equipe que teve como o objetivo reorganizar o cenário econômico do país. Para que isso fosse alcançado, Chen defendia o controle dos gastos públicos e do câmbio, bem como o investimento no setor de construção civil (WuDUNN, 1995). Zhou Enlai - Premier do Conselho de Estado Zhou Enlai nasceu em 5 de março de 1898, no interior de uma família que tradicionalmente servia à burocracia estatal imperial. Entre os anos de 1917 e 1920 militou em prol da soberania chinesa, contra a força imperialista japonesa, chegando a, em 1920, ficar preso durante quatro meses pelo seu ativismo político. Ainda no mesmo ano, viajou a Paris, para participar de um programa de estudo, e lá, em março de 1921, se uniu à célula europeia do recém-criado Partido Comunista da China (GAO, 2011, pp. 58-65). Em 1924, regressou à China e logo aderiu à aliança comunista-nacionalista, assumindo a liderança do Partido Comunista de Cantão. Desde então, teve um papel notório nos esforços do Partido conta os japoneses e contra os nacionalistas, o que o levou a ser nomeado membro do Comitê Central do Partido Comunista Chinês (PCCh), o órgão central do PCCh. De 1927 a 1934, Zhou ocupou um cargo hierarquicamente superior ao de Mao dentro do PCCh e era mais bem visto que o companheiro, tido como radical: tal fato marcaria para sempre a relação de ambos (GAO, 2011, pp. 85-114). Após a proclamação da República Popular da China, em 1˚ de outubro de 1949, Zhou foi nomeado premier do Conselho Geral de Estado, bem como ministro das Relações Exteriores, sendo o último cargo exercido até 1958 e sendo notória sua grande capacidade diplomática e sua tentativa de manter boas relações com os soviéticos (HANES; HANES, 2003). Zhou Enlai era fiel ao PCCh e, principalmente, a Mao Zedong: era o homem de confiança do líder, mas também seu constante rival, 9 uma vez que incorporava todo o equilíbrio e sensatez que faltavam à Mao. Zhou era adepto dos preceitos confucionistas de harmonia e equilíbrio, escolhendo sempre o “caminho do meio” (GAO, 2011, pp. 137-40). Na década de 1960, sempre preservando a figura de Mao e a integridade chinesa, esforçou-se para amenizar as instabilidades geradas pela Revolução Cultural, no campo interno, e para garantir o poder de barganha da China com a URSS e EUA, no campo externo (GAO, 2011, pp. 15-35). Li Xiannian - Ministro das Finanças Nascido em 23 de junho de 1909, Li Xiannian era de uma família de camponeses pobres da cidade de Huang’an, localizada na província de Hubei. No ano de 1920, além de filiar-se ao Partido Comunista Chinês, assumiu também a liderança do movimento camponês. Em 1927, liderou o grupo camponês da Insurreição de Huangma. Posteriormente, o líder camponês liderou os trabalhadores e camponeses chineses da Guarda Vermelha, o que o fez uma figura importante nas manobras e batalhas camponesas pelos interesses do partido, sobretudo em seu setor estratégico. Durante a agressão japonesa na Segunda Guerra Mundial e a Guerra de Libertação (guerra civil chinesa) contra o governo nacionalista, Li tornouse um oficial superior no PCCh, liderando, portanto, as forças armadas, participando de um número significativo de batalhas e estabelecendo novas bases revolucionárias vinculadas ao partido (XINHUA, 2009). No ano de 1954, já durante a liderança de Mao Zedong da então República Popular da China, foi nomeado ministro das Finanças (JONES, 2013). Como ministro das Finanças, Li cumpriu um papel relevante na administração da economia nacional (XINHUA, 2009). Suas funções giravam em torno da recuperação da China fragilizada pelo Grande Salto Adiante e da liderança de delegações da RPC para o exterior no intuito de estreitar laços com outros países socialistas e países do terceiro mundo (LI, 2012). Chen Yi - Ministro das Relações Exteriores e Prefeito de Xangai Chen Yi nasceu em 1901, em Sichuan. Estudou na França entre 1919 e 1921, período no qual se juntou à Liga da Juventude Socialista. Depois de retornar à China, 10 afiliou-se ao Partido Comunista Chinês (PCCh) em 1923 (”CHEN...”, s/d). Nesse mesmo período, acompanhou Mao Zedong até Jiangxi, a fim de refugiar-se das perseguições declaradas aos comunistas pelo governo nacionalista (HANES; HANES, 2003). Liderou a partida do Exército Vermelho pela sua Longa Marcha e, em 1945, tornou-se membro do Comitê Permanente do PCCh. Após a proclamação da república Popular da China, em 1949, foi presidente da Comissão de Controle Militar de Xangai e prefeito de Xangai e exerceu ambos os cargos até 1958. Durante esse período, foi nomeado vice-presidente do Conselho de Estado, em 1954, mas, em 1958, abdicou da vice-presidência em prol da sua nomeação como ministro das Relações Exteriores (”CHEN...”, s/d). Como ministro das Relações Exteriores, Chen visitou diversos países, com enfoque para os denominados no momento Terceiro Mundo, bem como para os Estados do Oriente. A ele cabia o desenvolvimento das relações exteriores e a propagação da imagem da China, sobretudo no que diz respeito ao estabelecimento do contato com os governos dos demais Estados da Comunidade Internacional. Nesse sentido, durante o período, procurava estabelecer contatos fora da influência da União Soviética e dos Estados Unidos. O direcionamento da política externa, entretanto, era elaborado por Zhou Enlai, por quem Chen Yi tinha grande respeito. Durante a Revolução Cultural, Chen Yi chegou a ser pressionado por suas críticas a alguns programas do partido, mas Zhou se encarregou pessoalmente de livrá-lo (GAO, 2011, pp. 210-211). Kang Sheng - Líder do Serviço Secreto Chinês (CID) Com nome original de Zhang Zongke, nasceu em 1898, na província de Shandong. Iniciou sua carreira no Partido Comunista Chinês (PCCh) em 1925, sendo um dos primeiros líderes do partido. Zhang adotou o codinome Kang Sheng em 1937, após a sua volta de Moscou, onde fora estudar técnicas de segurança em inteligência soviética e passou a ser um colaborador próximo a Mao, ingressando no comando do Órgão de Segurança no âmbito do Comitê Central até meados de 1946 (“KANG..., s/d). Kang Sheng desempenhou um papel de extrema importância na implementação da política e ideologia de Mao: fazendo parte do grupo considerado esquerdista e alinhado aos preceitos de Mao, Kang auxiliou o líder no expurgo de 11 opositores durante a Revolução Cultural. Entre seus principais rivais, estavam Liu Shaoqui e Deng Xiaoping, que representavam uma visão mais revisionista. Em 1966, Kang foi reeleito para o Politburo (GAO, 2011, pp. 144-158). Em 1969, Kang se tornou um dos cinco poderosos homens no Politburo. Como membro permanente, restabeleceu a “Ideologia de Mao”. Foi um grande defensor das políticas de Mao e fundamental para a promoção e incentivo ao culto a Mao. Li Fuchun - Presidente da Comissão de Planejamento do Estado Li Fuchun, nascido em Changsha, juntou-se ao Partido Comunista da China (PCCh), em 1922, enquanto estudava na França. Durante sua permanência no PCCh, passou por diversos cargos, como o de secretário-geral do Comitê Central e ministro da Finança e Economia (JIAN; SONG; ZHOU, 2006). Uma de suas principais contribuições foi o Primeiro Plano Quinquenal (aprovado em 1955), que previa um processo de industrialização com base socialista da China, além do desenvolvimento de propriedades cooperativas que estabeleceriam a base da reestruturação socialista das indústrias privadas e comércio (LIN; CAI; LI, 2003). Foi em 1954, no entanto, que Li Fuchun foi apontado como presidente da CPE. Assim, ao final da década de 1950 e começo de 1960, Li executou um papel notável no controle das políticas econômicas para restaurá-la da danificação que o Grande Salto para Frente havia provocado na economia (JIAN; SONG; ZHOU, 2006). Como presidente do CPE, por fim, tinha a responsabilidade de gerir a economia chinesa no dia a dia, submetendo-se ao direcionamento elaborado por Chen Yun (FEIGENBAUM, 2003, p. 234). Lu Dingyi - Diretor do Departamento de Propaganda de Comitê Central Lu Dingyi nasceu em 1906, na província de Jiangsu. Em 1928, entrou para o sexto congresso nacional, o que passou a lhe conferir maior destaque no partido. Porém desde a sua entrada como membro original do partido, trabalhou com as áreas de propaganda e promoveu o comunismo por meio dela, contendo o nacionalismo de Chiang Kai-shek. Em 1957 e em 1960, acompanhou a delegação chinesa na Conferência dos países comunistas, em Moscou. A partir de 1965, passou 12 a ocupar o cargo de ministro da Cultura, envolvendo-se mais com os principais cargos do Politburo chinês e, com isso, passou a trabalhar mais proximamente aos seus líderes (“ANIVERSÁRIO...”, 2003). Tido como um intelectual de ideias progressistas, foi acusado de revisionismo durante a Revolução Cultural, mas não chegou a ser condenado ou afastado do partido (GAO, 2011, p. 146) Como diretor do Departamento de Propaganda, Lu Dingyi era o responsável pela propaganda do partido para a população. Ele tornou-se o principal veículo entre os interesses do partido e de seus líderes e a população chinesa, podendo refletir tudo aquilo que seus superiores queriam que fosse passado à população por meio de propaganda para influenciar o comportamento da massa chinesa (“ANIVERSÁRIO...”, 2003). Lin Biao - Secretário da Defesa Lin Biao nasceu em 1907, na província de Hubei, no centro da China. Com 18 anos, Lin associou-se ao grupo da Liga dos Jovens Socialistas e entrou para a Academia Militar de Whampoa, em Cantão. Nessa academia militar, iniciou um treinamento para oficiais militares, dirigido pelo já líder nacional Chang Kai-shek. A partir de então, ocupou postos importantes no exército nacionalista. Em 1927, com o fim da aliança entre os comunistas e os nacionalistas, abandonou o seu posto junto aos nacionalistas e seguiu com Mao Zedong para o sudeste do país (“A HERO...”, 2001). Ao lado de Mao, Lin passou a auxiliar na formulação da Guarda Vermelha, que vinha constantemente crescendo. Em 1934, acompanhou Mao em sua Longa Marcha, buscando pressionar o governo central ao norte da China. Em 1949, chefiou a vitória comunista frente aos nacionalistas, expulsando-os do país. Ainda que viesse de uma carreira repleta de conquistas, Lin teve uma ascensão lenta dentro do Partido Comunista Chinês (PCCh). Foi apenas em 1958 que o líder militar foi nomeado o sétimo membro do Comitê Permanente. Um ano depois, assumiu o cargo de ministro da Defesa, dado o tamanho apreço de Mao por sua carreira (“A HERO...”, 2001). Em 1966, Lin Biao foi nomeado o segundo homem do partido, no lugar de Liu Shaoqi. No entanto, a partir de então, começaram a surgir desavenças entre ambos os líderes por causa do destaque que Lin Biao vinha ganhando na política chinesa 13 (TEIWES, 2014). Como ministro da Defesa, Lin trabalhou ativamente no controle das forças armadas do país, reeducando-as de acordo com as exigências propostas por Mao. Por meio de seu ministério, auxiliava na propagação do culto ao líder, o que o fazia trabalhar lado a lado com o presidente do PCCh em busca da manutenção da sua alta popularidade (“A HERO...”, 2001). Promovia a conscientização política das tropas durante a Revolução Cultural, a fim de estimular os soldados durante o movimento (JONES, 2013). Zhu De - Comandante-chefe do Exército de Libertação Popular Em 1909, após se matricular na escola de Exército em Yunnan, Zhu De se juntou à Liga Revolucionária Chinesa. No ano de 1922, foi para Alemanha estudar e ingressou no Partido Comunista Chinês. Zhu, em 1928, juntou-se às forças armadas, reorganizando-as no que ficou conhecido como Exército Vermelho, além de ter criado um centro militar (LI, 2012). Foi também o maior aliado de Mao, e comandante-chefe durante a Longa Marcha. Em diversas ocasiões, Zhu demonstrou sua habilidade em consolidar a estratégia de guerrilha chinesa (“ZHU...”, s/d). Durante a Revolução Cultural, no entanto, Zhu De acabou sendo perseguido e perdeu algumas posições dentro do Partido: graças a Zhou Enlai, entretanto, não foi expurgado (GAO, 2011, p. 210). Como comandante-chefe, tinha responsabilidade e autoridade para desenvolver e implantar tropas militares, controlar o uso de armas nucleares e nomear membros do alto escalão militar. Adicionalmente, planejava o orçamento financeiro e o distribuía conforme os níveis de demandas de alocação do exército. Referências “ANIVERSÁRIO de Lu Ting, 09 de junho de 1906”. In: Website official do People’s Daily, 01 de agosto de 2003. Disponível em: <http://www.people.com.cn/GB/historic/0609/1897.html>. Acesso em: 10.jul.2015. “CHEN YI”. In: Website oficial do Ministério de Relações Exteriores da República Popular da China. s/d. Disponível em: <http://www.fmprc.gov.cn/mfa_eng/ziliao_665539/wjrw_665549/3606_6 65551/t44146.shtml>. Acesso em 10.ago.2015. 14 WuDUNN; S. “Chen Yun, a Chinese Communist Patriarch who helped slow reforms, is dead at 89”. In: Website oficial do The New York Times, obituário, 11 de abril de 1995. Disponível em: <http://www.nytimes.com/1995/04/11/obituaries/chen-yun-a-chinesecommunist-patriarch-who-helped-slow-reforms-is-dead-at-89.html>. Acesso em: 01.jul.2015. FAIRBANK, J. K.; GOLDMAN, M. “The Great Leap Forward”. In: China - A New History. 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Isso porque o Partido Comunista era, em sua própria essência, revolucionário e antiburocrático, enquanto o Estado era, essencialmente, burocrático: o desafio de equilibrar essas duas realidades marcou a história política da China nas décadas de 1950 e de 1960 (SHIPING, 1997, p. 50). Desde o início da RPC, a convivência entre Partido e burocracia estatal foi um desafio para a liderança chinesa: como criar um Estado revolucionário capaz de se adequar à lógica antiburocrática do Partido? No caso chinês, a resposta a esse questionamento foi resultado de um longo processo de acomodação de ambas as partes. O PCCh era a instância máxima de poder político da nação: era dele que vinha todo o planejamento estratégico e ideológico que guiava o projeto chinês. Nas décadas seguintes à fundação da RPC, o grande objetivo do partido era consolidar a transformação socialista, estruturando a economia nessas bases, com projetos próprios de industrialização e agricultura (LIU, 1956). Entretanto, para conseguir alcançar esse ideal em uma nação com as proporções da China, a liderança do PCCh logo notou que precisaria do aparato estatal: sendo um partido comunista, o PCCh restringia seu controle e seu quadro a uma parte da população chinesa, o proletariado; todavia, a partir do Estado, garantiria o controle sobre toda a China, tornando exequível seu projeto de reforma e redirecionamento do país (SHIPING, 1997, pp. 47-49). Diante disso, o PCCh e o Estado chinês se misturaram e se sobrepuseram: de modo geral, o PCCh desenvolveu o direcionamento político, e o Estado aplicou as políticas provenientes de tal orientação. 17 Nesse sentido, o PCCh era composto por diferentes órgãos que, aos poucos, afunilaram a liderança do Partido. O maior e mais representativo desses órgãos era o Congresso Nacional do PCCh, que reunia cerca de mil representantes e cem alternos, das diversas unidades provinciais do partido (“THE...”, 2015). No Congresso, eram discutidas as questões gerais do partido, bem como as principais demandas: eram seus representantes que elegiam os membros do Comitê Central. Este, por sua vez, era composto por cerca de noventa membros e setenta alternos, sendo o órgão decisório do PCCh e tendo um chairman, Mao Zedong (“THE...”, 2015). O Comitê elegia os membros do Politburo, que representava a real cúpula do PCCh: desses representantes, destacava-se ainda o Comitê Permanente do Politburo que, sob a liderança de Mao, era composto por ele e pelos membros mais próximos do PCCh, como Zhou Enlai, Chen Yun e Deng Xiaoping (“THE...”, 2015). O Estado chinês, por sua vez também tinha uma hierarquia e órgãos próprios em paralelo à estrutura partidária, que haviam sido definidos na Constituição de 1954 (REPÚBLICA POPULAR DA CHINA, 1954). Inicialmente, foi estabelecido o Congresso Nacional do Povo como o maior órgão do poder Legislativo do Estado. Nele, foi determinado que o trabalho no Congresso deveria ocorrer a partir da convocação pelo seu Comitê Permanente ou se um quinto dos congressistas solicitassem uma reunião. É um órgão que tinha como responsabilidade direcionar questões para o Conselho de Estado, bem como tinha por direito exigir o envio de materiais e relatórios por outras instituições do Estado, para cumprir com suas obrigações e também confirmar e controlar se as políticas do partido estavam sendo executadas conforme previsto (“NATIONAL...”, s/d; FAIRBANK, 1986). Além disso, o Congresso detinha também autoridade para emendar a Constituição, eleger o presidente e vice-presidente, fazer planejamento econômico e resolver questões de guerra e paz. São membros participantes do Congresso os deputados eleitos pelas províncias, regiões autônomas e municípios, que estão sob a autoridade central (REPÚBLICA POPULAR DA CHINA, 1954). Outro órgão de máxima importância na estrutura estatal chinesa era o Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, composto pelo presidente, vice-presidente, secretário-geral e alguns premiers e secretários eleitos pelo Congresso Nacional. Sua função era conduzir as eleições dos deputados do 18 Congresso; interpretar as leis; supervisionar as instituições como o Conselho de Estado, Tribunal Popular Supremo e Procuradoria Popular e convocar o Congresso Nacional (REPÚBLICA POPULAR DA CHINA, 1954). Ainda que, de acordo com a Constituição de 1954, o Congresso ocupasse a maior autoridade legislativa do PCCh, o Comitê Permanente era detentor da autoridade de Poder Legislativo, quando o primeiro não se encontrasse reunido (“NATIONAL...”, 1954). O Poder Executivo tinha sua maior autoridade administrativa representada pelo Conselho de Estado, o qual era composto pelos seguintes membros: o premier, o vice-premier, os ministros, os chefes de Comissões e o secretário-geral do Partido. O Conselho de Estado tinha como responsabilidade geral emitir medidas administrativas, ordens e decisões e verificar sua execução. Deveria também estabelecer o controle do comércio nacional e internacional, analisar planos econômicos e averiguar o Orçamento do Estado, apresentar projetos de leis e relatórios, quando requeridos pelo Congresso ou Comitê Permanente (REPÚBLICA POPULAR DA CHINA, 1954). Por fim, as forças militares e a segurança pública estavam sob controle estrito do Partido. Além disso, apesar dos vários poderes citados, a autoridade máxima permanecia sempre com o Comitê Permanente do PCCh e seus membros (FAIRBANK, 1986). Sob o regime maoísta, Partido e Estado guardavam ainda uma similaridade: ambos estavam subordinados à liderança de Mao Zedong, cuja legitimidade estava fundamentada em sua experiência revolucionária. Pessoalmente, Mao se opunha às estruturas burocráticas estatais que acabavam atribuindo muita autonomia aos departamentos estatais em relação à estrutura partidária: o papel do partido era monitorar o Estado, e o papel de Mao era controlar o partido (SHIPING, 1997). Diante disso, Mao não só era o grande idealizador de grandes campanhas implementadas pelo partido e pelo Estado, como o Grande Salto Adiante, mas também era o responsável pela orientação da grande nação chinesa: era a visão de Mao sobre a China que predominava tanto na estrutura partidária quanto na estatal. Desse modo, ainda que o PCCh e o Estado chinês fossem estruturados de forma a permitir um processo de tomada de decisão da base para o topo, o que acontecia era o centralismo decisório na figura de Mao. 19 Referências: FAIRBANK, J. K. “Creating the new State”. In: The Great Chinese Revolution, 18001945. Nova Iorque: Harper and Row, 1986. Disponível em: <http://archives.cerium.ca/IMG/pdf/Fairbank_-_Great_revolution_Chap_15.pdf>. Acesso em: 25.jul.2015. GAO, W. Zhou Enlai: o último revolucionário perfeito. Tradução de Flávia Souto Maior. Rio de Janeiro: Record, 2011. LIU, S. The Political Report of the Central Committee of the communist Party of China to the National Congress of the Communist Party of China. 8˚ Congresso do Partido Comunista da China. 15 de setembro de 1956. Disponível em: <https://www.marxists.org/subject/china/documents/cpc/8th_congress.h tm>. Acesso em: 24.jul.2015. ”NATIONAL People’s Congress under de Constitution of 1954”. In: Official website of China Internet Information Center. Disponível em: <http://www.china.org.cn/english/MATERIAL/185305.htm>. Acesso em: 05.jul.2015. REPÚBLICA POPULAR DA CHINA. Constituição da República Popular da China (1954). Pequim, 1954. Disponível em: <http://www.hkpolitics.net/database/chicon/1954/1954ae.pdf>. Acesso em: 05.jun.2015. SHIPING, Z. Party vs. State in Post-1949 China: the institutional dilemma. Cambrigde: Cambridge university press, 1997. ”THE 8th National Congress of the Communist Party of China (CPC)”. In: Website oficial do China Today, Chinese Communist Party information, 2015. Disponível em: <http://www.chinatoday.com/org/cpc/cpc_8th_congress_standing_polibur eau.ht>. Acesso em: 24.jul.2015. DIRETIVAS As diretivas são ações oficiais do PCCh. Esse documento atende às demandas do Estado, como negociações internacionais, posicionamento de tropas, políticas de Estado, e qualquer membro do Politburo é hábil para ser seu titular (desde que respeite os poderes de seu cargo). Os delegados não precisam indicar 20 que tipo de diretiva estão produzindo. Porém, para melhor orientação, os tipos de diretiva são os seguintes: • Ação Administrativa: o gabinete pode produzir medidas administrativas, regulações, ou legislações que têm força de lei. Por exemplo, censura de mídia, medidas legais de emergência ou a remoção de oficiais de menor cargo; • Diretivas Políticas: o gabinete pode se comunicar e enviar comandos às organizações governamentais locais, líderes legislativos ou aliados, como uma maneira de angariar apoio político interno; • Comunicação Interna: o gabinete pode produzir documentos que organizem as discussões sobre diretivas específicas, instruções, lembretes ou sugestões. Esse instrumento pode ser usado inclusive como reforço de uma política específica ou para instruir os ministros nacionais a respeito do comportamento com a mídia sobre determinados assuntos, por exemplo; • Comunicação Externa: o gabinete pode se comunicar com representantes que não pertencem ao governo nacional: o Communiqués: usado para a comunicação com governos ou órgãos estrangeiros para expressar interesses, políticas ou intenções internas; o Pronunciamento Público: usado para comunicação com o público geral, braços do governo e exército em grande escala; o Convites e Pedidos: o gabinete, ou seus membros, podem decidir se encontrar com testemunhas, políticos, prisioneiros ou outros. Essa diretiva pode ser útil para contato direto ou negociação com um membro de fora do gabinete do delegado; entretanto, não existem garantias de aceitação dos pedidos, pois é necessária a aceitação da parte requisitada; • Diretivas Militares: o gabinete pode emitir ordens para operações militares pelas forças armadas: 21 o Ordem de Operação: usada para promover exercício militar. Esse tipo de ação requer explicação detalhada sobre a maneira pela qual a operação funcionará, bem como sobre seus objetivos; o Missões: usadas para operações de aeronaves ou navios com objetivo específico como reconhecimento, resgate, patrulha, sinalização ou escolta; • Diretivas de Inteligência: os gabinetes podem se valer de exercícios de inteligência para obtenção de informações sobre outro Estado, tanto por novas operações, quanto por instruções a agentes já estrategicamente localizados; o Obtenção de Informação: tem o objetivo de instruir espiões para obter informações secretas de outros Estados. No entanto, essa ação pode ser dificultada por recursos limitados ou pelo risco de exposição dele aos oficiais estrangeiros; o Sabotagem: tem o objetivo de instruir oficiais de inteligência a tomar atitudes para enfraquecer o outro Estado por meio de danos às instalações produtivas ou de outra categoria que sejam vitais para esse inimigo. Para isso, a operação e seu objetivo devem ser detalhados; o Contrainteligência: tem o objetivo de promover medidas especiais para prevenir que outras organizações consigam coletar ou implantar informações no governo nacional ou no gabinete. Isso pode ser feito por meio de assassinatos ou divulgação de informações erradas; o Vigilância: tem o objetivo de monitorar personagens específicas que têm capacidade de mudança constante para ter as informações necessárias para a tomada de decisão, o que funciona nos níveis doméstico e internacional, com aliados ou inimigos; • Outras Diretivas: caso o gabinete veja como necessário outro tipo de diretiva que não se enquadre às anteriores, os delegados devem enviar tal proposta para a Secretaria do Gabinete para análise. 22 Contexto Histórico (I) Condicionantes internos Da perspectiva interna, os condicionantes que nos levam a entender o contexto político vigente na China, em 1969, remetem aos antecedentes históricos do Grande Salto para Frente e, principalmente da Revolução Cultural. Episódios que, juntos, alterariam os rumos do Partido Comunista chinês. Em 1958, o governo comunista lançou o Grande Salto para Frente, também conhecido como o Segundo Plano Quinquenal. Esse programa foi idealizado por Mao e implantado pelo PCCh, sendo seus principais objetivos modernizar a agricultura e a indústria nacional por meio do controle e do direcionamento estatal (CHAN, 2001). A partir da aplicação das ideias do Grande Salto para Frente, as fazendas chinesas foram coletivizadas e reformadas para serem criadas as comunas populares: unidades produtivas rurais de caráter autônomo, que deveriam se responsabilizar pelo abastecimento do país (YANG, 1996). No final de 1958, milhões de pessoas viviam em cerca de vinte e seis mil comunas. O governo incentivava cada vez mais a vida nas comunas, principalmente por meio da utilização das propagandas. Além disso, o programa econômico trazia consigo o apoio à produção familiar e à dos produtos vitais para a produção industrial, como o aço e o ferro (CHAN, 2001). Acompanhada de toda a modificação causada pelo Grande Salto para Frente, bem como pelas más condições climáticas que se seguiram nesse período, a economia chinesa sofreu um grande abalo. A produtividade caiu drasticamente após a implementação do novo plano econômico, levando, em 1960, a uma fome sem precedentes. Diante desse quadro, o governo deu início a um programa de racionamento de alimentos, em que a população consumia o mínimo necessário para sua sobrevivência. Durante o período compreendido entre 1959 a 1962, é estimado que 20 milhões de pessoas tenham morrido de fome ou por causa de doenças desenvolvidas a partir da falta de nutrientes (CHAN, 2001). 23 Com o evidente fracasso do Grande Salto para Frente, o plano foi abandonado em 1960, e a figura de Mao ficou extremamente abalada dentro do partido. Durante todo o período do Grande Salto para Frente, muitos membros do partido condenaram as medidas que estavam sendo aplicadas no país. Com o fracasso e fim do programa, tais figuras opositoras acabaram ganhando certa força dentro do PCCh em detrimento da figura de Mao (GAO, 2011, pp. 141-144). Em 1959, ocorreu o Plenário do Comitê Central em Lushan, no qual toda a gama das políticas radicais de Mao, nacionais e internacionais, foram alvo de ataques pelo ministro da Defesa Nacional Peng Dehuai. Três eventos favoreciam as críticas: o cisma nas relações sino-soviéticas, que, além de resultar na retirada de técnicos soviéticos da China, causou também grande abalo na economia chinesa; o colapso do Grande Salto para Frente; o programa das comunas. Consequentemente, ganhou destaque a ala do partido que propunha novas ideias e modelos para o avanço chinês que, nem sempre, estavam de acordo com os preceitos maoístas. Diante disso, cresceu em Mao Zedong o temor de que o revisionismo tomasse conta do PCCh, destruísse as bases revolucionárias e marginalizasse por completo a figura do grande líder (GAO, 2011, p. 117-119). Vale destacar que, a despeito dos fracassos do final da década de 1950, a figura de Mao ainda era respeitada tanto dentro do partido quanto em meio à população chinesa. Desse modo, Mao fez uso desses altos índices de popularidade e organizou um movimento social que objetivava a restauração de sua autoridade. Tal movimento ficaria conhecido como Revolução Cultural (CHAN, 2001). A segunda metade da década de 1960 na China foi, portanto, marcada por esse episódio que alterou os rumos do PCCh, a Revolução Cultural (1966-1969). Para contornar a descrença e recuperar sua credibilidade, Mao utilizou-se de um movimento de mobilização popular cujo objetivo era expurgar do partido as figuras opositoras ao líder. Tais pessoas foram classificadas como antirrevolucionárias e revisionistas: os cargos ocupados no governo e no partido teriam influenciado os opositores de tal modo, que eles teriam perdido a ligação com a origem da revolução comunista (FAIRBANK; GOLDMAN, 2006, pp. 354-356). Os revisionistas tinham a intenção de reformular o comunismo chinês, de modo a absorver alguns elementos capitalistas, dando prioridade ao crescimento econômico e a lealdade 24 revolucionária, como estava sendo feito na União Soviética. Foram acusados de revisionismo, por exemplo, Liu Shaoqi e Deng Xiaoping. Com tais argumentos, Mao, então, partiu para uma empreitada contra o próprio partido, marginalizando, ou até mesmo excluindo, seus opositores (GAO, 2011, p. 117). Para dar suporte à sua campanha política, Mao contou com o Exército de Libertação Popular (ELP), comandado por Lin Biao, que atuara em conjunto com várias organizações revolucionárias que se espalharam por todo o país. Na estratégia de Mao, entretanto, o ELP deveria ocupar um papel secundário nos levantes e garantir apenas o controle da situação. O protagonismo seria assumido pela Guarda Vermelha, composta em sua maioria por jovens que eram instigados por Mao Zedong e seus aliados a questionar as velhas estruturas que tomavam conta do PCCh1 (GAO, 2011, pp. 162-165). A maioria dos recrutados era pertencente às “cinco classes vermelhas” – trabalhadores, camponeses pobres, jovens que tinham uma aptidão revolucionária ou um mártir revolucionário –, a Guarda Vermelha era consciente de sua mais importante função: servir como o exército de Mao na Revolução Cultural. No decorrer da Revolução cultural, entretanto, as consequências foram inúmeras. A liderança do Partido foi completamente abalada e reestruturada, mesmo figuras próximas a Mao tinham sido afastadas. Ao final da Revolução Cultural, o líder confiava apenas em um pequeno grupo de pessoas que incluía Lin Biao, Zhou Enlai, Chen Boda e Kang Sheng. No âmbito militar, o Exército de Libertação Popular ocupava agora um papel importante em toda a China, principalmente em Pequim. Foram atribuídas a ele funções administrativas e econômicas e atividades de segurança pública, que abrangiam todo o território chinês. Seu principal foco era manter a ordem e a estabilidade que foram prejudicadas pela Revolução Cultural (FAIRBANK; GOLDMAN, 2006, pp. 356-359). Diante disso, não só o ELP, mas também os militares ganharam uma posição de destaque na política chinesa. Com o desmantelamento da liderança do PCCh, provocado pela Revolução Cultural, fez-se necessário o estabelecimento de uma nova estrutura: Mao, então, aproximou seus aliados, como Lin Biao, e os opositores 1 Nesse período, qualquer elemento considerado como reflexo da “velha China” era criticado pela Revolução Cultural. Entre eles estavam o confucionismo, o mandarinato e os privilégios de classe que, na visão de Mao, eram incompatíveis com os preceitos comunistas que deveriam embasar a “nova China” (GAO, 2011, p.163). 25 que queria manter sob vigilância, como Deng Xioping. O PCCh que ressurgiu da Revolução Cultural tinha, assim, um novo perfil: mais militares, muitos dos quais tinham um grau de escolaridade inferior aos de seus antecedentes, classificados como burgueses e revisionistas pela campanha de Mao (FAIRBANK; GOLDMAN, 2006, pp. 369-372). É esse PCCh que vai enfrentar o desafio de se contrapor à URSS no caso das ilhas Damansky/Zhenbao. (II) Condicionantes externos Da fundação da República Popular da China, em 1949, até o fim dos anos 1950, a política externa chinesa se encaixava no quadro esperado de um país comunista em meio à Guerra Fria: aproximou-se da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e se distanciou dos Estados Unidos da América (EUA). Nesse período, a China contou com forte apoio econômico soviético direcionado, principalmente, a estimular a industrialização chinesa. A URSS, entretanto, tomava cuidado para, ao mesmo tempo em que dava suporte ao vizinho comunista, não fortalecer demais a China a ponto de torná-la uma concorrente dentro do bloco comunista (GAO, 2011, pp. 19-20). Diante disso, não tardou para que as desconfianças de Mao Zedong em relação aos soviéticos ganhassem força e se refletissem na relação bilateral. Na década de 1960, as relações exteriores da China foram fortemente influenciadas pela reviravolta que ocorria na esfera interna. Frente aos fracassos internos da década anterior, Mao Zedong estava convencido de que seria necessário aprofundar a revolução comunista para levar a China adiante e superar os obstáculos ao crescimento. Para tanto, tudo o que remetesse à Velha China deveria ser destruído, inclusive os estrangeirismos que haviam fragilizado tanto o Império do Meio em períodos anteriores: a China precisaria se fortalecer com base em sua própria estratégia (FAIRBANK; GOLDMAN, 2006, p. 363). Na esfera externa, isso se traduziu como um combate ao crescente revisionismo propagado no bloco comunista e a contraposição e crítica cada vez mais frequentes à falta de capacidade soviética para liderança do comunismo internacional. Tal oposição chinesa, que em muito refletia uma oposição pessoal de Mao, ficou ainda mais 26 visível durante o governo de Krushchev, na URSS (GAO, 2011, p. 20). A China passou, então, a buscar a liderança do bloco comunista, mobilizando diversos países da África e do sudeste asiático. Com o início da Revolução Cultural, o Ministério das Relações Exteriores foi prejudicado pela ofensiva direcionada a Chen Yi pela Guarda Vermelha (FAIRBANK; GOLDMAN, 2006, p. 363). Em diversas ocasiões, Chen Yi foi obrigado a reconhecer os supostos erros estratégicos da política externa chinesa, que havia se aproximado demais da URSS, sem trilhar um caminho próprio. Diante dessa postura mais radical por parte da China no contexto interno e externo, a URSS passou a criticar o país vizinho e a confrontá-lo em diversas esferas: o reflexo mais visível eram os conflitos fronteiriços, que se tornavam cada vez mais frequentes entre China e URSS (GAO, 2011, p. 22). Em função desse embate crescente entre China e URSS no campo comunista, ressurgiu o interesse chinês em relação ao outro polo da Guerra Fria: os EUA. Se, até então, o país ocidental era tido como inimigo número um do gigante oriental, nos anos 1960, a aproximação com os EUA parecia ser uma ferramenta útil na contraposição à URSS. Nas palavras de Mao, a China ”usaria os bárbaros para reprimir os bárbaros” (GAO, 2011, p. 21). Nesse sentido, Zhou Enlai, que era o grande formulador da estratégia internacional chinesa, começou a fazer pequenos esforços de aproximação com o governo americano, ao mesmo tempo em que convencia o próprio Mao a aceitar o novo arranjo (GAO, 2011, pp. 20-21). Aos EUA também interessava uma retomada das relações com a China: cada vez mais afundados e fragilizados pela Guerra do Vietnã, o país capitalista precisava de um novo trunfo que permitisse que desequilibrasse a relação com a URSS (FAIRBANK; GOLDMAN, 2006, p. 363). Foi nesse contexto externo que a disputa entre URSS e China pelas ilhas Damansky/Zhenbao ocorreu: de um lado, a relação sino-soviética se tornava cada vez mais frágil e instável; de outro lado, a aproximação com os EUA se firmava como a possibilidade de desferir um golpe final em relação ao vizinho do norte, além de permitir a estabilização de suas fronteiras ao sul. A resolução da disputa, portanto, vai além de uma estratégia de reafirmação nacional, fazendo parte do próprio contexto da Guerra Fria. 27 Referências CHAN, A. L. Mao’s crusade: politics and policy implementation in China’s Great Leap Forward. Oxford University Press. England, 2001. COHEN, I. W. In The United States and China during the Cold War. 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MARXISMO-MAOÍSMO O marxismo-maoísmo é a vertente desenvolvida por Mao Zedong sobre os princípios marxistas-leninistas com a adaptação para o momento político que a China vivia na primeira metade do século XX e para as particularidades da realidade nacional. Tal vertente da teoria sociológica de Marx tem heranças claras do marxismo-leninismo e também tem diversos pontos que divergem dele. Em ambas as interpretações do marxismo – a leninista, adaptada à realidade russa, e a maoísta, adaptada à realidade chinesa –, a luta contra o imperialismo e contra a interferência externa sobre o governo nacional é ponto central na teoria (MASSALIJN, 2014). A luta contra o capitalismo é proveniente do desenvolvimento que se deu no leninismo contra as estruturas subordinantes da sociedade burguesa elitista. Existia uma identificação das lutas dentro da vertente maoísta que 28 aproximava o imperialismo e o capitalismo, o que fazia com que a luta contra o imperialismo também fosse o esforço contra o capitalismo. Nos anos 1920, a força desse movimento não foi tão intensa na China e demonstrou que a burguesia estava mais atrelada aos interesses imperialistas do que ao anseio de desenvolvimento da sociedade. Somente no período dos anos 1940 e 1950, os interesses de não subordinação do povo às estruturas desiguais da sociedade alcançaram as massas e permitiram que a revolução acontecesse na China e estabelecesse o governo comunista no país (MASSALIJN, 2014). A visão que o marxismo-maoísmo expunha sobre o povo e a massa está conectada à sua orientação da organização do Estado e ao relacionamento entre área rural e área urbana. A maior parte da China nesse período era rural e, por isso, Mao fundamentou a estratégia com base na atuação constante do campesinato e no uso do espaço rural como locus revolucionário. No campo, eram formadas as comunas, onde os ideais do comunismo eram trabalhados e desenvolvidos pela massa camponesa, pela qual Mao não escondia seu profundo apreço (MEISNER, 1971, p. 19). Tal interesse pelo ambiente rural fez com que não só a orientação anterior à revolução fosse direcionada à massa rural, mas também a orientação pósrevolução estivesse direcionada a essa área. Os planos de Mao, no pós-revolução, priorizavam o desenvolvimento socioeconômico das áreas rurais, pois, nesses locais, encontravam-se as ideias de desenvolvimento do socialismo e a lealdade à ideologia marxista-leninista (MEISNER, 1982, p. 55). Dessa maneira, aqueles que necessitassem de orientação quanto à ideologia do partido poderiam ser enviados ao campo, a fim de que aprendessem com os campesinos os princípios que deveriam seguir, assim como foi feito durante a Revolução Cultural. Foi nesse sentido que o maoísmo reformulou a organização do Estado. As cidades dos moldes europeus e ocidentais eram consideradas como um polo de força nas relações sociais dentro do Estado. Logo, os grandes centros urbanos teriam o poder de subordinar o campo às suas necessidades, caso fosse de seu interesse. Da perspectiva maoísta, era preciso alterar esse quadro, pois essa relação hierárquica de poder permitiria a exploração do campo pela elite da cidade, criando novamente as estruturais contra as quais o marxismo discorria e permitindo o desenvolvimento da desigualdade entre meio rural e meio urbano. Assim, o 29 maoísmo defendia que a cidade e o campo deveriam se relacionar de modo a não permitir que o meio urbano subjugasse o rural. Ao contrário, o campo deveria ascender sobre a cidade e ser a região mais importante para a estruturação do país (MEISNER, 1982, p. 56). O povo seria a estrutura para defender os interesses daqueles adeptos ao maoísmo. Essa revolução seria feita por meio de três estruturas: as massas, o exército e o partido comunista, pois seriam necessárias a força, a administração dela e a liderança para que a revolução tivesse sucesso (MASSALIJN, 2014). Ou seja, defendia-se a revolução por conflito contra as forças imperialistas para alcançar a integração global ao sistema socialista. A luta chinesa contra o capitalismo era vista de uma maneira global. Ela era assumida como parte de um movimento internacional contra as forças imperialistas e capitalistas, a fim de não tomar a falta de estruturas do capitalismo, como as forças produtivas ou os bens de produção, como um obstáculo para a realização da revolução socialista (CAVENDISH; GRAY, 1968, p. 58). Dessa maneira, a revolução para o maoísmo estaria relacionada somente às estruturas sociais e à ideologia, o que permitiria a inexistência de estruturas capitalistas para a realização da revolução e desvincularia a necessidade de sua existência, como era previsto pelo marxismo-leninismo do qual o maoísmo herdou seus princípios básicos (MEISNER, 1982, p. 59). A força do marxismomaoísmo não se encontrava no desenvolvimento das forças materiais de produção, mas na força dos jovens e livres das estruturas capitalistas que pudessem imprimir a consciência de classe por eles alcançada nas estruturas sociais históricas, a fim de desmantelar a desigualdade e a exploração (MEISNER, 1982, p. 60). O interesse dessa luta, desse esforço contra o imperialismo capitalista era para que fosse feita uma revolução neodemocrática, a fim de formar uma nova democracia para o Estado. Essa nova democracia, como defendida por Mao, seria a real democracia, sem os empecilhos do capitalismo ou a exploração dos mais fracos, que não permitiam que o caráter democrático fosse exercido de fato (CAVENDISH, GRAY, 1968, p. 52). Somente assim, o povo seria livre das estruturas do capitalismo e poderia expor aquilo que defendia de fato e que achava ser o melhor para o desenvolvimento da sociedade. Entretanto, vale ressaltar que essa nova estrutura de organização social deveria estar amparada na massa trabalhadora sob liderança do 30 aparelho político-organizativo do Partido Comunista Chinês (MEISNER, 1982), o que denota certa subordinação do povo ao que é defendido pelo partido. Enfim, o maoísmo trazia consigo um certo afastamento das teorias marxistas. O marxismo-maoísmo negava a necessidade do proletariado urbano como força para a revolução socialista no ambiente chinês. As características rurais da China nesse momento faziam com que o campesinato fosse a principal divisão da sociedade para o desenvolvimento do socialismo, uma vez que as cidades se encontravam contaminadas pelos ditames capitalistas implantados no período em que o nacionalismo governou a grande nação chinesa. São essas referências que seguem como a base do pensamento político chinês, influenciando a tomada de decisão no Partido Comunista. REFERÊNCIAS CAVENDISH, P; GRAY, J. Chinese communism in crisis: Maoism and the cultural revolution. Nova York: Frederick A. Praeger, inc., 1968. ”MARXISM-leninism-maoism basic course”. In: Website oficial Massalijn. 2014. Disponível em: <http://massalijn.nl/theory/marxism-leninism-maoismbasic-course/#chapter24> Acesso em: 08.jul.2015. MEISNER, M. ”Leninism and Maoism: some populist perspectives on MarxismLeninism in China”. In: The China Quarterly, vol 45, março de 1971, pp. 2-36. Disponível em: <http://journals.cambridge.org/action/displayAbstract?fromPage=online& aid=3540832>. Acesso em: 14.fev.2015. ______. Marxism, Maoism and utopianism: Eight essays. Winsconsin: The University of Winsconsin Press, 1982. 31