ASPECTOS MORFOLÓGICOS DO OSSO ESTERNO EM

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ASPECTOS MORFOLÓGICOS DO OSSO ESTERNO EM
ASPECTOS MORFOLÓGICOS DO OSSO ESTERNO EM LEÃO (Panthera leo)
Cristiany Luiza Filter Johan1, Jurema Salerno Depedrini2, Julia Birnie Farias3, Luciana
Silveira Flôres Schoenau4, Amilton Vallandro Marçal4, João Cesar Dias Oliveira4
INTRODUÇÃO
O leão (Panthera leo) é uma espécie de mamífero carnívoro do gênero Panthera
e da família Felidae. A espécie é atualmente encontrada na África subsaariana e na Ásia
e vivem por volta de 10 a 14 anos na natureza, enquanto em cativeiro podem viver por
até 30 anos. Diferem em tamanho dependendo do seu ambiente e área de distribuição,
resultando em uma grande variação de registros morfométricos (SCOTT & SCOTT,
2002). O leão é o segundo maior felino depois do tigre, apresentando comprimento e
peso menor, mas sendo mais alto na cernelha (NOVAK, 2004). No Brasil é criado
exclusivamente em cativeiro, e por esse motivo, a possibilidade de contribuir com
estudos acerca de sua morfologia é reduzida.
O osso esterno é um elemento esquelético situado ventralmente na linha
mediana, que geralmente se articula com as costelas mais craniais. Suas funções são
reforçar a parede do corpo, auxiliar na proteção das vísceras torácicas, acomodar os
músculos dos membros torácicos e, em alguns amniotas, auxiliar na ventilação dos
pulmões. Existe uma grande variação estrutural entre as espécies e uma variação
individual relativamente grande (HILDEBRAND & GOSLOW, 2006). Este osso é
encontrado somente nos vertebrados que andam e o seu máximo grau de
desenvolvimento ocorre nos tetrápodes providos de fortes membros anteriores
(MONTAGNA, 1967).
Com o propósito de ampliar as informações sobre a morfologia dessa espécie
animal e tendo em vista que o conhecimento da anatomia do esterno é muito importante
para aplicação na clínica e cirurgia, o presente relato apresentará considerações sobre a
anatomia macroscópica do osso esterno de um leão (Panthera Leo).
1
Apresentador: Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail:
[email protected]
2
Orientador: Departamento de Morfologia, CCS, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil.
3
Co-autor: Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil.
4
Co-autor: Departamento de Morfologia, CCS, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é contribuir ao estudo do esqueleto do leão (Panthera
leo) através da descrição anatômica do osso esterno.
METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Anatomia Animal, integrante do
Departamento de Morfologia/CCS da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande
do Sul, Brasil, como atividade pedagógica da disciplina complementar denominada
Iniciação Científica em Anatomia Animal, do curso de graduação em Medicina
Veterinária. Utilizou-se o cadáver de um leão (Panthera leo) que veio a óbito por
septicemia, com idade estimada de 23 anos, fêmea, o qual foi encaminhado
pelo Criadouro Conservacionista São Bráz à Universidade Federal de Santa Maria para
necropsia, cuja carcaça eviscerada foi doada ao Setor de Anatomia Animal para estudo.
A parede ventral do tórax foi isolada nas articulações costocondrais das costelas
verdadeiras e a peça anatômica resultante foi fixada em solução de formaldeído a 10%.
Em sequência promoveu-se a dissecção do osso esterno e cartilagens costais esternais
esquerdas removendo-se pele, músculos e demais tecidos moles. Depois de limpo, o
material foi clarificado com solução de peróxido de hidrogênio a 40%. O osso como um
todo e seus segmentos, as esternebras, foram medidos com auxílio de paquímetro. Para
as medidas do comprimento, distância craniocaudal, foram considerados a parte óssea
de cada esternebra e as extremidades cranial e caudal de seus prolongamentos
cartilaginosos. As medidas da largura, distância laterolateral, foram tomadas no centro
de cada esternebra. Para comprovar a presença de cartilagens entre as esternebras foi
realizada uma radiografia no sentido dorsoventral da peça anatômica. Na determinação
da terminologia das estruturas descritas foi utilizado como referencia a Nomina
Anatomica Veterinaria (2012).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por serem da mesma família, os resultados obtidos no leão (Panthera leo) foram
comparados com os dados bibliográficos do gato doméstico (Felis domestica). O osso
esterno do leão situou-se ventralmente na linha mediana formando o assoalho do
esqueleto do tórax. Sua morfologia segmentar mostrou-se muito semelhante à do gato
doméstico, constituído por uma série de peças ósseas unidas por meio de cartilagens.
SCHWARZE & SCHRÖDER (1970) descreveram que o osso esterno é dividido em três
regiões principais e empregou para as mesmas os termos pré-esterno, mesoesterno e
xifoesterno. No estudo do leão os critérios para descrição foram baseados pela Nomina
Anatomica Veterinaria (2012) que dividiu o osso em manúbrio do esterno, corpo do
esterno e processo xifóide (SEBASTIANI & FISCHBECK, 2005). Nove pares de
cartilagens costais das costelas verdadeiras se articulavam com o esterno. O osso era
muito longo no leão, medindo 43,75 cm de comprimento, e também delgado como no
gato (SEBASTIANI & FISCHBECK, 2005). Seu eixo longitudinal descreveu uma leve
convexidade ventral e concavidade dorsal. Apresentou oito esternebras (CROUCH,
1969; BARONE,1999) cujas medidas foram registradas na tabela 1.
Tabela 1. Medidas do osso esterno do leão (Panthera Leo).
Esternebra(s)
Distância Craniocaudal
Distância Laterolateral
1ª (manúbrio)
7,80 cm
0,80 cm
2ª
5,70 cm
0,90 cm
3ª
5,10 cm
1,00 cm
4ª
5,40 cm
1,10 cm
5ª
5,55 cm
1,15 cm
6ª
4,60 cm
1,10 cm
7ª
4,00 cm
1,30 cm
8ª (processo xifóide)
5,60 cm
0,80 cm
1ª a 8ª
43,75cm
-
No espécime estudado a primeira esternebra, manúbrio do esterno, representou a
extremidade cranial do osso (CROUCH, 1969; SCHALLER, 1999; SEBASTIANI &
FISCHBECK, 2005). Seu terço cranial era cônico com um ápice rombudo desprovido
de cartilagem do manúbrio. SEBASTIANI & FISCHBECK (2005) relataram sobre a
possibilidade do manúbrio do gato ser formado pela fusão de duas esternebras. Distante
2,40 cm da extremidade cranial apresentou lateralmente um par de incisuras costais,
direita e esquerda, para articulação com o primeiro par de cartilagens costais (SISSON,
1986; BARONE,1999; SEBASTIANI & FISCHBECK, 2005).
Na peça em questão verificou-se que o corpo do esterno constituiu-se por seis
esternebras (CROUCH, 1969; SEBASTIANI & FISCHBECK, 2005). Da segunda até a
sexta possuíam formatos retangulares, comprimidas lateralmente, e na análise
radiográfica observou-se que apesar da idade avançada do animal todas estavam
intercaladas por cartilagens, que além de unir as esternebras adjacentes através de
sincondroses esternais, possuíam incisuras costais lateralmente para articulações
sinoviais com as cartilagens costais subsequentes. A extremidade caudal da sétima
esternebra tinha forma de cunha pelo motivo de apresentar incisuras costais mais
desenvolvidas, onde se articulavam dois pares de cartilagens costais.
A extremidade caudal do esterno era formada por um delgado processo xifóide
onde caudalmente sustentava a cartilagem xifóide. Não foi observada incisura costal no
processo xifóide.
CONCLUSÕES
Com base nos dados analisados, conclui-se que o osso esterno do leão possui
43,75 cm de comprimento e é formado por oito esternebras que se articulam com nove
pares de cartilagens costais. A presença de cartilagem e a não ossificação observada na
imagem radiográfica do osso esterno em um leão de 23 anos, comprova que as
esternebras adjacentes não estão fusionadas no animal adulto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARONE, R. Anatomie comparée des mammifères domestiques: Ostéologie. Paris:
Vigot, 1999. v. 1. p. 437.
CROUCH, J. E. Text-atlas of cat anatomy. Filadélfia: Lea & Febiger, 1969. p. 37.
HILDEBRAND, M.; GOSLOW, G. Análise da estrutura dos vertebrados. 2. ed. São
Paulo: Atheneu, 2006. p. 151.
INTERNATIONAL COMMITEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL
NOMENCLATURE. Nomina anatomica veterinaria. 5. ed. (revisada). Columbia. 2012.
MONTAGNA, W. Anatomía comparada. Barcelona: Omega, 1967. p. 91.
NOVAK, R. M. Walker’s carnivores of the world. Baltimore: Johns Hopkins
University
Press,
2004.
328p.
Disponível
em:
<
http://pt.wikipedia.org/wiki/Le%C3%A3o >. Acesso em: 12 maio 2014.
SCHALLER, O. Nomenclatura anatômica veterinária ilustrada. 1. ed. São Paulo:
Manole, 1999. p. 46.
SCOTT, J.; SCOTT, A. (2002) Big cat diary: Lions, p. 80. Disponível em : <
http://pt.wikipedia.org/wiki/Le%C3%A3o > Acesso em: 12 maio 2014.
SCHWARZE, E; SCHRÖDER, L. Compendio de anatomía veterinaria. Espanha:
Editorial Acribia, 1970. v. 1. p. 66-67.
SEBASTIANI, A. M.; FISCHBECK, D. W. Mammalian anatomy the cat. 2. ed.
Estados Unidos da América: Morton Publishing Company, 2005. p. 27.
SISSON, S. Osteologia dos carnívoros. In: GETTY, R. SISSON/GROSSMAN:
Anatomia dos animais domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. Cap. 48, p.
1337-1412.

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