LANÇANDO UM NOVO OLHAR SOBRE A AVALIAÇÃO ESCOLAR

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LANÇANDO UM NOVO OLHAR SOBRE A AVALIAÇÃO ESCOLAR
LANÇANDO UM NOVO OLHAR SOBRE A AVALIAÇÃO ESCOLAR NA ESCOLA
ESTADUAL MAJOR JUVENAL PEREIRA DE SOUZA
Divina Eterna da Silva Oliveira1
Resumo
Este artigo apresenta uma pesquisa-ação sobre avaliação escolar, mediante pesquisa
bibliográfica e a realização de um projeto de intervenção na Escola Estadual Major Juvenal,
na cidade de Fortaleza do Tabocão. Luckesi (2002), Moreira (1983) e Vasconcellos (2002)
são alguns referenciais teóricos que fundamentam este trabalho. O projeto fez-se necessário
mediante constatação de que pais, alunos e professores estavam despreparados para lidar com
a avaliação. No desenvolvimento do projeto foram realizadas ações envolvendo o corpo
pedagógico da escola, discentes e pais, com o intuito de esclarecer a todos sobre o real papel
da avaliação. Foi um tema bastante polêmico, pois avaliação é um tema complexo e profundo,
que precisa ser enfrentado e desmistificado. Após conclusão do projeto percebeu-se que a
avaliação passou a ser vista como aliada do processo pedagógico.
Palavras- chave: Projeto de Intervenção. Avaliação Escolar. Processo Pedagógico.
1. Introdução
Esse artigo relata o desenvolvimento de um projeto de intervenção desenvolvido no
ano de 2011 na Escola Estadual Major Juvenal, na cidade de fortaleza do Tabocão. A Escola
está situada à Praça Alfredo Nasser, nº 30, no centro da cidade de Fortaleza do Tabocão-To, é
a única escola estadual da cidade e conta com 44 funcionários e 390 alunos matriculados nas
seguintes modalidades de ensino: Fundamental (3º ao 9º ano) e Ensino Médio Básico (1ª a 3ª
série). O quadro de professores é bastante satisfatório, pois todos têm curso superior e estão
modulados no mínimo com 60% na área de formação. O seu ponto forte é a união entre os
profissionais que nela atuam, além dos professores, há também uma equipe de suporte
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Graduada em Pedagogia pela UNITINS; Pós-graduada em Orientação Educacional pela
Universidade Salgado de Oliveira; Coordenadora Pedagógica da Escola Estadual Major Juvenal na
cidade de Fortaleza do Tabocão - TO. Especializando em Coordenação Pedagógica pela
Universidade Federal do Tocantins – Pólo de Guaraí – TO.
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pedagógico e administrativo comprometido que procura sempre trabalhar no coletivo e de
maneira democrática, visando sempre a melhoraria da qualidade dos serviços educacionais
prestados à comunidade local.
O ponto fraco da escola é o fato de um grande número de alunos desistirem antes do
término do ano letivo, a falta de acompanhamento de alguns pais, e uma grande quantidade de
repetência no final do ano letivo. Atribui-se a esses fatores o baixo poder aquisitivo das
famílias o que leva os alunos a muito cedo terem que trabalhar para ajudar a família, a falta de
tempo e até mesmo de informação dos pais para estarem acompanhando o desempenho
estudantil de seus filhos e a falta de preparo de alguns professores ao lidar com a avaliação.
Segundo Luckesi (2000 p. 02),... “A avaliação é uma apreciação qualitativa sobre
dados relevantes do processo de ensino-aprendizagem que auxilia o professor a tomar
decisões sobre o seu trabalho”. Nesse sentido, a avaliação deve subsidiar decisões a respeito
da aprendizagem dos educandos, tendo em vista garantir a qualidade do resultado que estamos
construindo. Por isso, não pode ser estudada, definida e delineada sem um projeto que a
articule.
Levando em consideração a importância da mesma no contexto educacional, bem
como os aspectos observados no que lhe diz respeito, percebe-se a relevância de rever
propostas e atitudes pedagógicas voltadas para a avaliação, afim de que a mesma seja
realizada de forma adequada e que cumpra seu papel de promover melhoria na qualidade do
ensino e aprendizagem.
Tendo em vista os pressupostos acima, justifica-se a elaboração e aplicação de um
projeto de intervenção que esclareça aos pais, comunidade escolar e comunidade em geral,
sobre o real papel da Avaliação Escolar no contexto pedagógico, bem como conscientizar, por
meio de estudos levantados, sobre a necessidade de práticas voltadas para uma avaliação
verdadeiramente eficiente e eficaz, fazendo com que a mesma cumpra seu papel e não seja
usada apenas como instrumento para cumprir com as exigências da legislação educacional.
Pensando nisso e visando uma educação de qualidade é que foi elaborado esse Projeto
de intervenção que foi desenvolvido durante o 1º semestre de 2011 e no decorrer do
desenvolvimento do mesmo foram realizadas sete ações, envolvendo professores,
coordenadores, pais e alunos com o objetivo de entender como se dava o processo avaliativo
dentro da escola e realizar as intervenções necessárias para sanar os problemas detectados.
A metodologia aplicada para efetivação deste projeto de intervenção foi realizada
através de pesquisas bibliográficas e pesquisa campo com fichas de visita domiciliar, gráficos
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de desempenho das turmas, projetos de intervenção, questionários aplicados a pais e alunos.
Podendo ser descrito da seguinte forma:
A primeira ação do projeto foi um estudo e debate sobre o processo avaliativo com o
corpo docente e pedagógico da escola. A segunda ação foi uma discussão sobre o processo
avaliativo durante a reestruturação do Projeto Político Pedagógico. A terceira ação foi
realizada durante o Conselho de Classe do 1º bimestre, onde fez-se uma análise do processo
avaliativo realizado pela escola. A quarta ação foi a apresentação de gráficos de desempenho
para os alunos e auto-avaliação com eles sobre sua participação no processo avaliativo. A
quinta ação foi apresentação de gráficos de desempenho dos alunos no 1º bimestre aos pais e
realização de auto-avaliação sobre sua participação na vida escolar dos filhos. A sexta ação
foi uma discussão com professores sobre ações de melhoria da aprendizagem a partir do
resultado avaliativo do 1º bimestre. A sétima ação foi a realização de visitas domiciliares às
famílias dos alunos com baixo rendimento na avaliação somativa do 1º bimestre.
Ao realizar cada uma das ações propostas no projeto de intervenção esperava-se
esclarecer aos pais, comunidade escolar e comunidade em geral, sobre o real formulário da
Avaliação Escolar no contexto pedagógico, bem como conscientizar, por meio de estudos
levantados, sobre a necessidade de práticas voltadas para uma avaliação verdadeiramente
eficiente e eficaz, fazendo com que a mesma cumpra com sua função e não seja usada apenas
como instrumento para cumprir com as exigências da legislação educacional.
2. Desenvolvimento
A idéia de refletir sobre este tema vem nos inquietando há algum tempo, pois em
nossa prática percebemos que a avaliação é pouco inserida no processo de ensino, servindo
como um instrumento de medida e de controle. Esta realidade nos incomoda, pois acreditamos
que a avaliação pode contribuir mais com a aprendizagem e não ser apenas um meio de
classificação. Percebe-se ainda que na escola o tema avaliação é pouco discutido, e quando
acontece essa discussão pais e alunos não participam desse momento tão significativo para a
garantia de uma educação de qualidade.
Em nossa prática pedagógica como docente, percebemos que a aprendizagem
acontece, verdadeiramente, quando associamos o que está sendo trabalhado em sala com o
que é real, com aquilo que tem sentido e valor para o aluno. A partir desta constatação,
pensamos que a avaliação pode fazer parte do processo de ensino, contribuindo para que a
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aprendizagem tenha mais sentido. Mas para que isto aconteça, ela também precisa ser
significativa para o educando e diagnóstica para o educador.
Pensando em romper a idéia de avaliação como medida e controle e de que serve
apenas como verificação, surge o questionamento: como a avaliação pode contribuir
significativamente na construção da aprendizagem e na formação de uma consciência crítica
do cidadão? Na tentativa de encontrar possíveis respostas para nosso questionamento,
buscamos na literatura orientações que pudessem contribuir com o nosso trabalho.
Em se tratando de avaliação significativa, Moreira (1983, p.10) destaca, ao se referir à
teoria de Ausubel, que para esta ter um caráter significativo, deve-se elaborar questões e
problemas de uma maneira nova e não simplista, a qual vai proporcionar uma transformação
no conhecimento adquirido, sendo entendida como momento de aprendizagem e não como
simples medida isolada do processo.
Percebemos, a partir de então, que é possível a avaliação exercer outras funções mais
importantes do que apenas a verificação do conteúdo. Mas para que isso realmente aconteça, é
preciso que siga junto com a prática e que seja constante, servindo como um instrumento para
coleta de dados, analisar as dificuldades dos alunos, perceber os progressos, verificar se as
estratégias de ensino estão condizentes com a necessidade da turma ou se estas precisam ser
modificadas.
Segundo Luckesi (2002, p. 22), a avaliação deve, também, orientar a tomada de
decisões que terá como conseqüência a melhoria do ensino, colaborando no replanejamento
das aulas, a partir do que foi constatado, para que estas sejam cada dia mais produtivas e
significativas. Vasconcellos (2002, p. 13) ressalta que a avaliação tem como principal meta
beneficiar a todos. Portanto, se utilizada como diagnóstico das dificuldades e das
necessidades, possibilitará um redirecionamento da prática pedagógica, visando ao
desenvolvimento autônomo do aluno como ser humano. Podemos perceber, assim, os
aspectos favoráveis e positivos que a avaliação exerce, sem esquecer de que esta é uma
atividade complexa em vários aspectos.
Sobre esse tema, Libâneo (1992, p. 46) considera que os professores têm dificuldades
em avaliar resultados mais importantes do processo de ensino, como a compreensão, a
originalidade, a capacidade de resolver problemas e estabelecer relações entre fatos e idéias,
ficando restrito a questões superficiais sem muito sentido ou significado.
Talvez pela insegurança ou pelo jeito como aprendeu, o professor apoia-se, muitas
vezes, em formas mais tradicionais, como questionários, por exemplo, nos quais os alunos
deverão repetir ou responder especificamente o que lhes foi transmitido, ou como consta no
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material didático. Esse procedimento metodológico não contribui para o exercício da reflexão
dos discentes e nem para que percebam que este também é um momento especial de estudos.
Neste caso, a avaliação não é percebida como diagnóstica, mas apenas como medida.
Pautado na pesquisa bibliográfica e fundamentada nos autores supracitados foi
desenvolvido um projeto de intervenção, onde foram feitos levantamento de dados de campo,
e realizadas algumas ações interventivas na escola conforme segue a descrição abaixo:
AÇÃO 1 - Estudo e debate sobre o processo avaliativo realizado com o corpo docente e
pedagógico da escola
A primeira ação do projeto foi realizada com professores, coordenadores, orientadora e
a diretora, no dia 25 de março de 2011, que foi um dia pedagógico. Primeiramente foi
realizado um estudo do texto “a avaliação da aprendizagem como processo construtivo de um
novo saber” de Maria Elisabeth Pereira kraemer. Era um total de 21 pessoas, divididos em
sete grupos com três componentes, onde cada grupo ficou responsável para ler e explicar uma
parte do texto, que é dividido em sete tópicos, em seguida foi realizada a socialização do
texto todo. Esse texto foi escolhido por se tratar de um texto abrangente que nos traz uma
visão clara do processo avaliativo, como origem, evolução, funções, objetivos, modelo
tradicional x modelo adequado e a avaliação como processo construtivo de um novo saber.
Foram realizados estudos também sobre a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional) Lei nº 9394/96, dando uma atenção especial ao artigo 24, que trata do
processo avaliativo. A partir desse estudo chegou-se à conclusão que na avaliação da
aprendizagem o professor não deve permitir que os resultados das avaliações periódicas,
sejam vistos somente como caráter classificatório, sendo supervalorizados em detrimento de
suas observações diárias de caráter diagnóstico e que essas avaliações devem servir como
instrumento para analisar e melhorar a qualidade do ensino aprendizagem e não como forma
de punição, que conseqüentemente leva à evasão. Percebeu-se ainda que as três funções da
avaliação que são a diagnóstica, a formativa e a somativa devem andar sempre juntas, pois
uma depende da outra para se chegar de fato ao resultado esperado que é a aprovação com
qualidade dos educandos.
AÇÃO 2 - Discussão sobre o processo avaliativo na reestruturação do PPP
Nos dias 19 e 20 de abril de 2011, foram reunidos na sala de vídeo da escola Major
Juvenal o Corpo administrativo e pedagógico da escola, representantes dos alunos, pais e
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pessoas da comunidade para realização da auto avaliação da escola e reestruturação do PPP.
Esse momento foi ideal para a discussão da forma como o processo avaliativo vinha sendo
conduzido na escola, e chegou-se à conclusão que a avaliação vinha tendo um papel
classificatório, excludente e punitivo. Assim, discutiram-se idéias sobre a construção de uma
avaliação democrática, que respeite o direito dos alunos de serem informados sobre seus
processos de aprendizagem e os critérios utilizados para avaliá-los e de serem orientados e
ajudados em suas dificuldades. Sem informação não é possível promover participação,
reflexão, compreensão de erros e êxitos e também não é possível garantir que os alunos
assumam responsabilidades perante a própria aprendizagem e sintam-se estimulados a
progredir. Foram então colocadas ações no PPP visando implementar práticas em que os
alunos participem efetivamente dos processos avaliativos, por meio de negociações e acordos
estabelecidos com o professor nos quais se definam objetivamente as finalidades, as ações, as
condições de realização, as responsabilidades e a colaboração na tomada de decisões.
AÇÃO 3 - Analisando o processo avaliativo no Conselho de Classe
No dia 30 de abril de 2011, foi realizado o 1º Conselho de Classe deste ano de 2011.
Este conselho contou com a participação de pais e alunos, durante o conselho foi discutido a
situação de cada turma pontuando as dificuldades encontradas e traçando propostas de
intervenção para que os alunos se apropriem do conhecimento e conseqüentemente melhore o
índice de aprovação com qualidade, visto que a grande quantidade de notas baixas leva a crer
que o nível de aprendizagem não foi satisfatório.
Ao realizar os planos de intervenção os professores procuraram buscar estratégias e
seqüências didáticas adequadas às condições de aprendizagem dos alunos. Considerando a
aprendizagem um amplo processo, em que o aluno reestrutura seu conhecimento por meio das
atividades que lhe são propostas.
Após realização das propostas de intervenção traçadas no conselho para cada turma e
demais
ações
desenvolvidas
pela
escola
o
nível
de
aprendizagem
melhorou
consideravelmente, visto que no 2º bimestre o índice de aprovação subiu 40%.
AÇÃO 4 - Apresentação de gráficos de desempenho para os alunos e realização com eles
de auto-avaliação
Após encerramento do 1º bimestre, e de posse das notas dos alunos, construiu-se
gráficos de desempenho de todas as turmas, disciplina por disciplina. Após montagem dos
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gráficos foi realizado juntamente com a Orientadora Educacional reunião em todas as turmas,
iniciando no dia 09 de maio e terminando no dia 11 do mesmo mês. Na ocasião foram
apresentados em data show os gráficos para que os alunos pudessem observar como estava o
desempenho deles naquele bimestre, realizou-se ainda uma auto-avaliação com os mesmos
com o intuito de que eles entendessem que é importante reconhecer e analisar os erros, não
como deficiências pessoais, mas como manifestação de um processo de construção, pois a
construção do conhecimento supõe a superação dos erros, por um processo sucessivo de
revisões críticas. Foram lançados os seguintes questionamentos:
1- Como foi minha participação nas aulas durante o bimestre?
2- Realizei todas as atividades propostas?
3- Quando tive dúvidas procurei tirá-las?
4- Gostei das minhas notas? Por quê?
5- O que eu posso fazer para melhorar minhas notas?
6- Estudo com o intuito de adquirir conhecimentos ou apenas pra ser promovido pra série
seguinte?
Após a realização da auto-avaliação procurou-se fazê-los compreender que a
autonomia dos alunos é promovida quando o professor compartilha com eles o controle e a
responsabilidade sobre suas aprendizagens, mediante estratégias e instrumentos de autoavaliação que propiciem a construção de um sistema pessoal para regular seus processos de
aprendizagem.
AÇÃO 5 - Apresentação de gráficos de desempenho dos alunos para os pais e realização
de auto-avaliação sobre sua participação na vida escolar dos filhos
Posteriormente foi realizada reunião com os pais iniciando no dia 18 de maio com as
turmas do 9º ano A, B e C, 1ª série A e B, 2ª série A e 3ª série A, onde foram apresentados os
gráficos de cada turma, nessa reunião foram entregues ainda os boletins de desempenho
individual. Após apresentação dos gráficos e entrega dos boletins foi cobrado deles que
exijam dos filhos mais dedicação e compromisso com sua aprendizagem, indo pra escola
todos os dias, participando das aulas e realizando as atividades propostas. Os pais presentes se
comprometeram em ajudar os filhos, pois perceberam pelos gráficos e boletins que no 1º
bimestre houve um grande índice de reprovação, ficando preocupados com a situação. Na
ocasião, foi realizada com eles também uma auto-avaliação, com as seguintes questões:
1- Meu filho vai pra escola todos os dias?
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2- Observo se meu filho realiza as tarefas de casa e o ajudo quando necessário?
3- Compareço à escola sempre que minha presença é solicitada? E mesmo quando não sou
solicitado?
4- Conheço os professores de meu filho?
5- Quando meu filho tira bomba de quem é a culpa? O que eu faço pra que ele melhore suas
notas?
6- Quero que meu filho adquira conhecimentos ou apenas que seja promovido pra série
seguinte?
7- Para você, a nota que seu filho(a) obtém, é um reflexo de aprendizagem?
Observa-se que a maioria dos pais acredita, que a nota é o reflexo real do aprendizado
do aluno. Outra parte dos pais acredita que a nota não reflete a aprendizagem total, apenas
parte daquilo que é retido no momento da avaliação, já que vários fatores emocionais podem
interferir na hora da avaliação. Percebemos que a maioria dos pais expressa sentimento de
tensão, preocupação e expectativa, com o resultado das notas dos filhos. Observamos que
alguns pais têm preocupação com a auto-estima do filho em relação aos colegas. Foi dito aos
pais que a família tem uma grande participação no processo avaliativo, normatizando,
estabelecendo regras, horário pra realização das tarefas e do estudo para as avaliações. O
processo de aprendizagem, assim como, o processo avaliativo, sofrem interferências oriundas
do meio familiar, pois percebe-se claramente que o aluno quando é acompanhado pelos pais,
independente da idade, reage positivamente à atenção diferenciada, mudando rapidamente de
atitude, revelando um maior comprometimento com suas tarefas e seus avanços,
demonstrando inclusive mais afeto no trato com professores e colegas.
Após apresentação dos gráficos aos pais e alunos e realização da auto- avaliação o
índice de aprovação no 2º bimestre subiu 40%. Visto que os alunos passaram a ser mais
assíduos, participativos e interessados. Pode-se dizer então que não só as notas mais também
aprendizagem melhorou muito e que quando a escola encontra nos pais verdadeiros parceiros
fica bem mais fácil produzir educação.
AÇÃO 6 - Discussão com professores sobre ações de melhoria a partir do resultado
avaliativo do 1º bimestre
Os gráficos de desempenho do 1º bimestre além de terem sido apresentados aos pais e
alunos, foram apresentados também aos professores no dia 20 de maio de 2011(dia
pedagógico). Após apresentação dos gráficos foi discutido com eles ações de melhoria a
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serem realizadas nas disciplinas críticas, que no caso foram praticamente todas, exceto
educação física, artes e ensino religioso.
Após discussão das ações que poderiam ser realizadas foi pedido a cada professor que
fizesse um projeto de intervenção para cada turma em que o índice de reprovação foi acima de
10%. Pediu-se ainda aos professores que tentem entender ou procurem conversar com seu
aluno ou mesmo que pare para observá-lo mais de perto, assim eles podem descobrir muito
sobre esse aluno inclusive como sanar algumas dificuldades demonstradas por ele, que nunca
antes fora notada. Nunca desistir de um aluno por achá-lo difícil, sem criatividade, sem ação,
sem atenção, também é imprescindível, para se obter bons resultados.
A coordenadora acompanhou e orientou os professores na elaboração e execução dos
projetos de intervenção, sempre os lembrando que o verdadeiro sentido da avaliação é que ela
sirva como diagnóstico das dificuldades e das necessidades dos alunos e que eles devem
planejar buscando formas de tentar sanar estas dificuldades. Assistiu ainda aulas nas turmas
mais críticas, sempre munida do referencial curricular, observando se o referencial, o plano de
aula e o conteúdo aplicado estavam em consonância e se os professores procuravam tirar
dúvidas quando estas surgiam e se levavam o ritmo de aprendizagem dos alunos em conta ao
dar seqüência nos conteúdos. No 2º bimestre foi possível observar que com o
acompanhamento e orientação da coordenação e com aulas bem preparadas, dinâmicas e
chamativas, voltadas realmente para a aprendizagem dos alunos, estes se mostraram mais
interessados e participativos, conseguindo no final do bimestre um alto índice de aprovação.
AÇÃO 7 - Visita domiciliar às famílias dos alunos com baixo rendimento na avaliação
somativa do 1º bimestre
Outra ação realizada foi a visita domiciliar às famílias dos alunos que apresentaram
índices insatisfatórios nas avaliações somativas realizadas pela escola e que não
compareceram à reunião marcada para tratar do assunto. Durante a visita, a coordenadora
tentou conscientizar os pais da importância da escola na vida dos filhos e como é importante a
participação deles no incentivo aos filhos a estudar diariamente para chegar aos dias de
avaliações de forma tranquila e sabedores dos conhecimentos construidos em sala de aula,
assim, a aprendizagem será um processo significativo para eles. Pois através do estudo os
alunos estarão se preparando para fazerem concursos e vestibulares, podendo assim vir a ter
futuramente uma boa profissão e que cabe a eles pais incentivarem os filhos a freqüentarem as
aulas assiduamente, realizarem todas as atividades, a buscarem nos estudos um meio de
ascender socialmente e a se tornarem cidadãos críticos e conscientes. Após realização de
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visita às famílias, os alunos visitados passaram a se interessar mais pelas aulas fazendo as
atividades propostas e conseqüentemente alcançando boas notas no final do bimestre.
Ao término do desenvolvimento das ações, foi possível perceber que ficou claro aos
envolvidos que é possível a avaliação exercer outras funções mais importantes do que apenas
a verificação do conteúdo. Mas para que isso realmente aconteça, é preciso que siga junto
com a prática e que seja constante, servindo como um instrumento para coleta de dados,
analisar as dificuldades dos alunos, perceber os progressos, enfim verificar se as estratégias
de ensino estão condizentes com a necessidade da turma ou se estas precisam ser modificadas.
Para Jussara Hoffmann (1994, p.18) a avaliação é reflexão transformada em ação.
Ação essa, que nos impulsiona para novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre
a realidade, e acompanhamento, passo a passo do educando, na sua trajetória de construção de
conhecimento.
3. Considerações Finais
No decorrer do desenvolvimento do Projeto foi possível perceber quão falho ainda é
nosso sistema de ensino, deixando lacunas que somente serão preenchidas se a escola puder
contar com um gestor que prima pela participação democrática, abrindo espaços de discussão
onde o corpo pedagógico, pais e discentes possam estar identificando problemas que sirvam
como entrave ao processo pedagógico e possam juntos buscar soluções.
Percebemos ainda que a avaliação é um momento que pode ser aproveitado para
oportunizar ao aluno a construção de um conhecimento mais elaborado e significativo, sem
perder de vista a relação que esta deve ter com o nosso dia-a-dia, seguindo a mesma proposta
e os mesmos objetivos que as atividades, pois se ocorrer o contrário, a possibilidade de o
aluno fracassar é grande. É necessário que o educador construa seu próprio sistema de
observação, de interpretação e de intervenção em função da concepção pessoal de ensino.
Portanto, é necessário uma mudança de paradigma, uma concepção diferenciada da função da
avaliação.
Neste caso, não importa se trabalhamos com avaliação somativa ou formativa,
especificamente, pois as duas têm seu valor. O que mais importa neste contexto é o
significado que nós educadores damos a cada uma delas. O professor precisa ter a
sensibilidade e a competência para perceber se seus alunos têm potencial para aprender
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significativamente as questões propostas, ou se estão apenas “decorando informações
mecanicamente” para responder nas provas.
Deve-se buscar ainda seguir uma proposta mais desafiadora, em que os alunos tenham
oportunidades de refletir, de atuar sobre o conhecimento de forma mais elaborada, levando em
conta toda a complexidade da avaliação. Isso possibilita reflexões, relação com o cotidiano e
também a elaboração de uma análise crítica sobre o texto, resultando em idéias de
modificação das situações do nosso mundo.
Percebemos que ainda não estamos preparados para extinguir a avaliação com nota, e
talvez trabalhando desta forma isto nem seja necessário. Pois o importante é que o sujeito
sinta a necessidade de apreender os conteúdos visando resultados futuros, como passar num
vestibular, concurso, etc. E que ele saiba que o professor irá avaliar com o intuito de analisar e
melhorar a qualidade do ensino, sem a preocupação da nota classificatória.
A escola não pode deixar ainda de buscar a participação efetiva dos pais, seja
convocando-os pra reuniões onde será discutido o processo avaliativo da escola, seja pra
simplesmente participar da execução de projetos desenvolvidos pela escola, o que realmente
precisa ser feito é envolvê-los na vida estudantil dos filhos.
A avaliação escolar é um dos elementos da didática, que e como tal, deve contribuir
para que a escola desempenhe bem seu papel. É pensando no aluno, no seu direito a um
ensino de qualidade que a escola deve se estruturar e se organizar.
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