Jeremias Cymerman

Transcrição

Jeremias Cymerman
“E vós, quem dizeis que eu sou?”
Combati o bom combate...
13Chegando
ao território de Cesaréia de Filipe,
Jesus perguntou a seus discípulos:
“No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?”
14 Responderam: “Uns dizem que é João Batista;
outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas”.
15 Disse-lhes Jesus: “E vós quem dizeis que eu sou?”
16 Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!”
17 Jesus então lhe disse: “Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não
foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu
Pai que está nos céus.
18 E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei
a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19 Eu te darei as chaves do Reino dos céus:
tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e
tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.
Tu és Pedro...
O Evangelho deste domingo,
mostra-nos Jesus confiando a
Pedro a missão de liderar a comunidade nascente. Entretanto,
antes de lhe ser outorgada tal
tarefa, uma exigência lhe foi feita: explicitar a sua fé. Foi preciso que Pedro deixasse bem claro o
que pensava a respeito de Jesus, de
modo a evitar futuros desvios.
Caso Pedro enxergasse Jesus
ou sobre ele alimentasse o pensamento de que fosse um messias puramente humano, a comunidade correria o risco de ser
transformada em um grupo de
guerrilha que desejasse impor o
Reino de Deus à força, servindose da violência como instrumento para tal fim.
Se Pedro o considerasse um dos antigos profetas reencarnados, poderia
transformar a Boa Nova do Reino em uma proclamação apocalíptica do fim do
mundo, impondo sobre a comunidade o medo e o terror. Era fato, pensar que
no final dos tempos muitos profetas do passado retornariam.
Outrossim, caso a fé de Pedro não fosse precisa, ouse já, caso ele não soubesse com precisão a quem havia confiado sua vida, correria o risco de proclamar uma mensagem insossa conduzindo a comunidade de modo a torna-la como sal que perdeu o sabor ou como uma luz colocada em lugar errado.
Somente depois de Pedro ter professado sua fé em Jesus, o “Messias, o Filho
do Deus Vivo”, o Senhor lhe confiou a tarefa de ser “a pedra” sobre a qual a seria erguida a comunidade dos discípulos: a sua Igreja.
Ao longo de sua vida e em meio a muitos percalços, Pedro deu provas mais
que suficientes de sua adesão incondicional a Jesus, selando seu testemunho
com a própria vida, demonstrando a supremacia de sua fé, levando sua missão
até o fim, conduzindo e animando a comunidade recém formada.
Arrebatado para o colégio dos apóstolos de Jesus Cristo no caminho para
Damasco, Paulo foi o instrumento escolhido para anunciar a Boa Nova de Jesus
e seu nome diante dos povos. Se não o maior, por certo um dos maiores missionários de todos os tempos. A ele, com toda propriedade cabível, dois títulos foram dados com toda justiça: “o Apóstolo dos gentios” o “Advogado dos pagãos”.
Viajando incansavelmente por diversas regiões, Paulo fundou comunidades,
disseminou as ideias do
cristianismo, defendeu fervorosamente o ingresso de
gentios na nova Igreja de
Jesus Cristo.
O Novo Testamento
contém quatorze epístolas a
ele atribuídas, das quais
sete são consideradas quase que universalmente como sendo de sua autoria,
enquanto que as outras são
contestadas.
Suas epístolas circulavam entre as comunidades
cristãs e eram lidas em público por membros da Igreja, juntamente com outras obras. Ainda no primeiro
século da nossa era, suas epístolas foram citadas por Clemente de Roma no ano
de 96.
A Solenidade de São Pedro e São Paulo é uma das mais antigas da Igreja.
Havia a tradição de, neste dia, celebrar três missas: a primeira na Basílica de
São Pedro, a segunda na Basílica de São Paulo Extra Muros e a terceira nas Catacumbas de São Sebastião, onde as relíquias dos apóstolos ficaram escondidas
para fugir da profanação nos tempos difíceis.
Os dois são considerados os pilares que sustentam a Igreja tanto por sua fé
e pregação como pelo ardor e zelo missionários, sendo glorificados com a coroa
do martírio, no final, como testemunhas do Mestre.
São Pedro é o apóstolo que Jesus Cristo escolheu e investiu da dignidade de
ser o primeiro condutor da
Igreja. É o pastor do rebanho santo, é na sua pessoa
e nos seus sucessores que
temos o sinal visível da unidade e da comunhão na fé e
na caridade.
Hoje, temos entre nós o
sucessor de Pedro que nos
chama para a árdua missão
de reformar a Igreja de Jesus Cristo. Possamos nós,
unidos ao Papa Francisco,
sermos discípulos e missionários em tempos de mudança de época. Com Francisco, caminhemos unidos
ao Mestre Jesus que a cada
um chama a seu modo.
Equipe de Produção
LITURGIA
At 12, 1-11
33 (34)
2Tm 4, 6-8.17-18
Mt 16, 13-19
LITURGIA
Padre José Antonio Pagola
O episódio tem lugar na região pagã da Cesareia de Filipe. Jesus interessa-se
por saber o que se diz entre as pessoas sobre Si. Depois de conhecer as diversas
opiniões que há entre o povo, dirige-se diretamente aos Seus discípulos: “E vós,
quem dizeis que Eu sou?”.
Jesus não lhes pregunta que é que pensam sobre o sermão da montanha ou
sobre a Sua atuação de curar entre as populações da Galileia. Para seguir Jesus,
o decisivo é a adesão à Sua pessoa. Por isso, quer saber o que é que captam Nele.
Simão toma a palavra em nome de todos e responde de forma solene: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. Jesus não é um profeta mais entre outros. É o último Enviado de Deus ao Seu povo eleito. Mais ainda, é o Filho do Deus vivo. Então Jesus, depois de
felicitá-lo porque esta confissão só pode vir do Pai, diz-lhe: “Agora Eu te digo:
tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja”.
As palavras são muito precisas. A Igreja não é de Pedro mas de Jesus. Quem
edifica a Igreja não é Pedro, mas Jesus. Pedro é simplesmente “a pedra” sobre a
qual se assenta “ a casa” que está a construir Jesus. A imagem sugere que a tarefa de Pedro é dar estabilidade e consistência à Igreja: cuidar que Jesus a possa
construir, sem que os Seus seguidores introduzam desvios ou reducionismos.
O Papa Francisco sabe muito bem que a sua tarefa não é “fazer as
vezes de Cristo”, mas cuidar que os cristãos de hoje se encontrem com
Cristo. Esta é a sua maior preocupação. Já desde o início do seu serviço
como sucessor de Pedro dizia assim: “A Igreja há de chegar a Jesus. Este é o centro da Igreja. Se alguma vez acontecesse
que a Igreja não levasse a Jesus, seria uma Igreja morta”.
Por isso, ao fazer público o seu programa de uma nova etapa evangelizadora,
Francisco propõem dois grandes objetivos. Em primeiro lugar, encontrar-nos
com Jesus, pois “Ele pode, com a Sua novidade, renovar a nossa vida e as
nossas comunidades… Jesus Cristo pode também acabar com os esquemas
aborrecidos nos quais pretendemos encerrá-Lo”.
Em segundo lugar, considera decisivo “voltar à fonte e recuperar a frescura
original do Evangelho” pois, sempre que o fazemos, brotam novos caminhos,
métodos criativos, sinais mais eloquentes, palavras carregadas de renovado significado para o mundo atual”. Seria lamentável que o convite do Papa para impulsionar a renovação da Igreja não chagasse até aos cristãos das nossas comunidades.
Em: eclesalia.wordpress.com
Padre Gilberto Kasper
O Décimo Terceiro Domingo do Tempo Comum cede lugar à Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos – as duas grandes
Colunas da Igreja de Jesus Cristo: “Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel.
Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o evangelho da salvação” (Prefácio próprio da Festa).
“Celebramos a Páscoa do Cordeiro na vida e na ação evangelizadora de Pedro e Paulo. Apóstolos, fundadores da Igreja, amigos e testemunhas de Jesus.
Agradecemos sua fé e empenho missionário. E celebramos o Senhor que os escolheu e os enviou para serem seus principais parceiros no grande mutirão em favor da vida, assumindo na Páscoa e dinamizado pelo dom do Espírito Santo.
Esta é uma celebração antiquíssima. Existia antes da festa do Natal. Ela
ajuda a nos achegarmos à fonte da vida cristã, ou seja, à Palavra de Deus e à
Eucaristia que eles viveram intensamente e que nós estamos para celebrar no
espírito de Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia! A Conversão Pastoral da Paróquia (Documentos da CNBB 100).
Diferentes no temperamento e na formação religiosa, exercendo atividades
diversas e em campos distintos, chegaram várias vezes, a desentender-se. Mas o
amor a Cristo, a paixão pelo seu projeto, a força da fidelidade e a coragem do
testemunho os uniram na vida e no martírio, acontecido em Roma sob o imperador Nero (54-68 D.C). Pedro foi crucificado e Paulo, decapitado.
Ao celebrar a Páscoa dos dois grandes apóstolos, a Igreja lembra que em todas as comunidades estão presentes os fundamentos da missão evangelizadora:
a vida eclesial, com sua dinâmica de comunhão e participação, e sua ação transformadora no mundo.
No testemunho de Pedro e Paulo,
temos duas dimensões diferentes e
complementares da missão, como seguidores de Jesus. Apesar de divergirem em pontos de vista e na visão do
mundo, o amor de Cristo e a força do
testemunho os uniram na vida e no
martírio. Neles, quer na vida, quer no
martírio, prolongam-se a vida, paixão,
morte e ressurreição de Cristo. Conheceram e experimentaram Jesus de formas diferentes, mas é único e idêntico
o testemunho que, corajosos, deram
dele.
Por isso, são figuras típicas da vida cristã, com suas fraquezas e forças.
As contínuas prisões de Pedro fazemno prolongar a paixão de Jesus. Não só
aceita um Messias que dá a vida, mas
morre por Ele e com Ele. Convertido,
Paulo se torna propagador do Evangelho de Cristo, sofrendo como Ele sofreu, encarando a morte como Jesus a encarou.
A comunidade, alicerçada no testemunho de Pedro e Paulo, nasce do reconhecimento de quem é Jesus. Esse reconhecimento não é fruto de especulação
ou de teorias, e sim de vivência do seu projeto que passa pela rejeição, crucifixão, morte e ressurreição.
Quando o testemunho cristão é pleno, o próprio Jesus age na comunidade,
permitindo-lhe ‘ligar e desligar’. O poder que Jesus tem, as chaves do Reino, é
entregue a nós, seus seguidores. A comunidade não é dona, apenas administra
esse poder pelo testemunho e pelo serviço em favor da vida. Organiza-se como
continuadora do projeto de Deus, a partir da prática do mestre, promove a vida e
rejeita tudo o que provoca a morte.
Jesus de Nazaré é para nós o mártir supremo, a testemunha fiel... Os mártires da caminhada resistiram ao poder da morte e ao aparato repressor: ‘A memória subversiva de tantos mártires será o alimento forte da nossa espiritualidade, da vitalidade de nossas comunidades, da dinâmica do movimento popular’.
‘Vidas pela vida, vidas pelo Reino! Todas as nossas vidas, como as suas vidas, como a vida dele, o mártir Jesus!’.
Animados pelo testemunho de Pedro e Paulo, vamos ao encontro do Senhor
que dá razão e sentido à nossa vida. Acolhendo sua Palavra, renovamos nossa
adesão a Cristo e ao seu projeto.
Professamos com alegria nossa fé na Igreja una, santa, católica, apostólica,
aberta à comunhão universal e visceralmente missionária e proclamada da vida
digna para todos.
Participando a Eucaristia, somos
identificados com Cristo e confirmados
no seu caminho, para sermos disponíveis aos nossos irmãos e irmãs, até a
morte, como marcas da identidade cristã.
Hoje rezamos especialmente pelo
Papa Francisco, Bispo de Roma, cidade
onde se deu o martírio de Pedro e Paulo. A missão do Papa é zelar para que a
Igreja permaneça unida, fiel a Jesus
Cristo e ao seu projeto, realize com humildade e coragem o anúncio do Evangelho, cada vez mais inculturado, profético e aberto a todos.
Supliquemos para que o Papa e
todos os pastores sejam pétrus nas
mãos do Senhor, fiéis ao Evangelho na
condução da Igreja como servidora da
vida, como sinal e instrumento da comunhão entre os povos” (cf. Roteiros
Homiléticos da CNBB n. 22, pp. 51-57).
Com facilidade emitimos opiniões errôneas, quando não medíocres em relação à autoridade e ao serviço do Santo Padre, o Papa! Talvez a celebração de hoje
seja uma oportunidade de remissão, conversão e renovação de nossa fidelidade
ao sucessor de Pedro, o Papa Francisco. Frequentemente me pergunto: quem sou
eu para emitir qualquer crítica, desrespeitar ou até mesmo questionar a autoridade = serviço do Papa? Homem que se despe totalmente de si mesmo. Deixa para
trás até o próprio nome e toda sua liberdade, para estar totalmente a serviço da
Igreja de Jesus Cristo que lhe é confiada ao coração, colocada nos ombros, como
a ovelha debruçada sobre o Bom Pastor. Só o fato do sim do Papa já basta
para que mereça o carinho, a ternura, a fidelidade de todo cristão, que
debruça sua fé sobre o evento da
“confirmação de Pedro”, continuado
em nossos dias na pessoa totalmente
a serviço do Reino de Deus, o amado
Santo Padre o Papa Francisco. Somos, também, convidados a rezar por
nosso Papa Emérito Bento XVI, que se
retirou e a exemplo de João Batista,
deu lugar a alguém com maior vigor,
mais saúde e menos idade, a fim de
conduzir não a própria, mas a Igreja
amada de Jesus Cristo, da qual todos somos filhos queridos. E seu
Sucessor, o Papa Francisco, é
eleito como o PAPA DA TERNURA!
Nesta solenidade, a Igreja do mundo inteiro, realiza a Coleta do Óbolo de
São Pedro. Com esta coleta o Papa socorre a humanidade em suas necessidades,
especialmente em situações emergenciais, em nome dos Católicos do mundo. O
resultado das Coletas realizadas em todas as Celebrações deste domingo deverá
ser remetido à Cúria, que dará seu verdadeiro destino, fazendo-o chegar aos cuidados do Vaticano. Por vezes há resistência à Coleta do Óbolo de São Pedro por
pura ignorância. Nem sempre as pessoas conhecem o bem que fazem, sendo generosas. Todos que se sentem dignos de serem cristãos, são conclamados a partilharem de sua pobreza em favor de quem tem menos. Pois é em nome da Igreja
Católica Apostólica Romana, que o Santo Padre socorre nossos irmãos que são
vitimadas pela fome, pela miséria, por catástrofes, como terremotos, enchentes e
tantas outras ocasiões. Sejamos sensíveis e coerentes entre o que celebramos,
pregamos e doamos.
Padre Tomaz Hughes
Hoje a Igreja celebra a festa dos dois grandes apóstolos, Pedro e Paulo. Como
evangelho do dia, escolheu-se a história do caminho de Cesareia de Felipe. O relato mais antigo está em Marcos, Cap. 8, 27-38, que se tornou o pivô de todo o
Evangelho. A estrutura de Mateus é diferente; mas, o relato tem a mesma finalidade, ou seja, clarificar quem é Jesus e o que significa ser discípulo d’Ele.
A pedagogia do relato é interessante. Primeiro Jesus faz uma pergunta aparentemente inócua:
“Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?”
Assim recebe diversas respostas, pois esta pergunta
não compromete, é o “diz que”. Mas a segunda pergunta traz a facada: “E vocês, quem dizem que eu
sou?” Agora não vêm muitas respostas, pois quem
responde em nome pessoal, e não dos outros, se
compromete com as consequências! Somente Pedro
se arrisca e proclama a verdade sobre Jesus: “Tu és
o Messias, o Filho do Deus vivo”. Aparentemente,
Pedro acertou e realmente, em Mateus, Jesus confirma a verdade do que proclamou! Afirmou que foi
através de uma revelação do Pai que Pedro fez a sua
profissão de fé. Mas, para que entendamos bem o
trecho, é necessário que continuemos a leitura pelo
menos até v. 25. Pois, o assunto é mais complicado do que possa parecer.
Após afirmar que Pedro tinha falado a verdade, Jesus logo explica o que significa ser o Messias. Não era ser glorioso, triunfante e poderoso, conforme os critérios deste mundo. Muito pelo contrário, era ser fiel à sua vocação como Servo de
Javé, era ser preso, torturado e assassinado, era dar a vida em favor de muitos.
Jesus confirmou que, de fato era o Messias, mas não do jeito que Pedro quis.
Este, conforme as expectativas do povo do seu tempo, quis um Messias forte e
dominador, não um que pudesse ir, e levar os seus seguidores com Ele, até a
Cruz! Por isso, Pedro remonstra com Jesus, pedindo que nada disso acontecesse, e como recompensa ganha uma das frases mais duras da Bíblia: “Fique atrás
de mim, satanás, você é uma pedra de tropeço para mim, pois
não pensa as coisas de Deus, mas dos homens!” (v. 23). Pedro,
cuja proclamação de fé mereceu ser chamada a pedra fundamental da Igreja (v. 18), é agora chamado de Satanás - o Tentador por excelência - e “pedra de tropeço” para Jesus! Pedro tinha os títulos certos para Jesus; mas, a prática errada!
Assim, Jesus usa o equívoco de Pedro para explicar
o que significa ser seguidor d’Ele: “Se alguém quer
me seguir, renuncie a se mesmo, tome a sua cruz, e
siga-me” (v. 24). Ter fé em Jesus não é, em primeiro
lugar, um exercício intelectual ou teológico, mas
uma prática; o seguimento d’Ele na construção do
seu projeto, até as últimas consequências.
Hoje, enquanto celebramos os nossos dois grandes
missionários, a segunda pergunta de Jesus ressoa
forte: para nós, quem é Jesus? Não para o catecismo, não para o Papa ou o Bispo ou Pastor, mas para
cada de nós pessoalmente? No fundo a resposta se
dá, não com palavras, mas pela maneira em que vivemos e nos comprometemos com o projeto de Jesus
- Ele que veio para que todos “tivessem a vida e a vida plenamente!” (Jo 10, 10).
Cuidemos para que não caiamos na tentação do equívoco de Pedro, a de termos
a doutrina certa, mas a prática errada, de cairmos na tentação de substituir o
caminho humilde e serviçal da cruz pela pompa e ritual, de esquecermos os valores do Reino de Deus para substituí-los com os valores da sociedade vigente.
Pedro aprendeu ao longo da vida o que é ser discípulo, pois terminou crucificado
também, mas não foi fácil a mudança de mentalidade. Paulo também teve que
despojar-se da toda a sua formação farisaica, quando descobriu que a Lei não
salva ninguém, mas somente a graça de Jesus.
Em: www.cebi.com.br
Padre Alberto Maggi—OSM
pós a lamentação de Jesus sobre as cidades
da Galiléia, que tinham rejeitado a mensagem
do Reino - e o rejeitaram porque eram cidades
dominadas pela sinagoga e pelo ensinamento dos
escribas e fariseus - Jesus abençoa aqueles que o
haviam acolhido. Mateus capítulo 11 versículo 25.
“Naquele tempo” - então o evangelista liga estas
palavras com os acontecimentos anteriores e com a
lamentação de Jesus: "Jesus disse: "Eu te louvo ó
Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas
coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”.
Vamos logo esclarecer que Jesus não toma posição contra o saber, contra a cultura. Nada disso.
Os sábios e os entendidos são os doutores da lei,
o magistério oficial de Israel, aqueles que já haviam
condenado Jesus como blasfemador. Por que Jesus
diz que o Pai escondeu a eles estas coisas? Porque o
Deus-amor é escondido aos que cultuam a lei.
Quem está acostumado a se relacionar com as
situações, os eventos, as pessoas, conforme um código, de acordo com uma lei, não pode compreender
o rosto de um Deus que é amor, um Deus que cria o
homem e o ama e defende a sua criatura. Portanto o
critério de interpretação da Escritura, da Bíblia e da
palavra de Deus deve ser o bem do ser humano.
Aqueles que, ao contrário, fazem da Palavra uma
doutrina, uma lei, na qual a observância de mandamentos e preceitos é mais importante do que o bem
do homem, se tornam pessoas que arriscam ter, diante dos olhos, como que um véu que os impede de
descobrir o projeto de amor de Deus sobre a humanidade.
“E as revelaste aos pequeninos”. O termo referese ao simples, ou seja, pessoas que não têm dificuldade em acolher um Deus-amor porque é disso que
eles precisam. “Sim, Pai, porque assim foi do teu
agrado”. Portanto, Deus decidiu que o critério para
conhecê-lo é o amor e não a lei, não a doutrina.
“Meu Pai entregou tudo a mim. Ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai,
a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar”. O que Jesus quer dizer com estas palavras
tão importantes? Jesus foi apresentado pelo Evangelista, desde o início do seu evangelho, como "Deus conosco", um Deus que não é preciso procurar, e sim acolher!
E, acolhendo este Deus, ir com Ele e como Ele,
não a procura de Deus, mas a procura dos homens.
Portanto, com Jesus, Deus se fez homem e este é o
único valor sagrado, o único valor importante, o único objetivo na vida do cristão. E por que Jesus diz
que “ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e
aquele a quem o Filho o quiser revelar?”. O verbo
“revelar” significa remover o que impede ver, isto é a
lei. A lei impedia de conhecer o amor do Pai.
Mas, o critério para acolher Jesus e para compreender o Pai é colocar em sua própria vida, como
único valor absoluto, como único valor sagrado, o
bem do ser humano.
Falado isso, Jesus, toma logo distância desses
sábios, desses inteligentes, que fazem da lei um pedestal para dominar o povo e se dirige aqueles que
são dominados e oprimidos.
É um convite de uma força e de uma ternura incrível! “Venham para mim todos vocês”. Jesus convida todos os “que estão cansados de carregar o peso
do seu fardo”. Cansados e sobrecarregados por qual
razão? Pelo motivo da peso da lei, porque não conseguem observar todas essas regras, todas essas doutrinas, todas essas imposições. E isso os cansa, os
oprime porque, o cumprimento destas regras que
eles não conseguem praticar... os faz sentir-se sempre
mais culpados, sempre mais em dívida para com o Senhor.
E aqui está a boa notícia de Jesus: “e eu lhes darei descanso”. O verbo usado pelo evangelista "dar
descanso" significa “aliviar" ou seja, recuperar o fôlego. E Jesus diz: “Eu serei o vosso fôlego”. Portanto, a
todos aqueles que são oprimidos por uma relação
com Deus que não conseguem levar adiante por
causa das tantas leis e inúmeras regras, Jesus diz:
“acolham-me e eu serei o vosso respiro. Eu serei o
que lhes dará fôlego”.
De fato, Jesus continua: “Carreguem a minha
carga”. A carga (ou “jugo” ou canga ), como sabemos, é a ferramenta que se colocava sobre os animais para dirigi-los nos trabalhos. Pois bem, a observância da lei divina era chamada "jugo". Era uma
lei impossível de ser observada.
Lembramos que, nos Atos dos Apóstolos, quando
querem impor estas leis também para os pagãos
convertidos, Pedro diz: "Por que vocês agora tentam
a Deus, querendo impor aos discípulos
um jugo que nem nossos pais nem nós
mesmos tivemos força para suportar?”. (At 15,10)
Portanto, é um fracasso. Essa doutrina, essas
imposições tem sido um fracasso porque ninguém
era capaz de observá-las. Isso teve, como resultado,
fazer o homem se sentir sempre mais culpado, em
dívida com Deus. E quando você se sente culpado você
não pode experimentar o amor de Deus!
Jesus diz: “Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração”. Jesus aqui não está dizendo de imitar as suas
qualidades . É algo impossível ter o caráter de Jesus
e imitar as Suas qualidades. A mansidão e a humildade de Jesus não se referem ao caráter e nem à
qualidade de uma pessoa, mas à condição social.
Na bem-aventurança: “Bem-aventurados os
mansos", esses eram os sem herança, os últimos da
sociedade, os humildes - em grego “tapinos” - ou seja, aqueles que são insignificantes. Jesus fez uma
escolha: Ele se colocou ao lado dos últimos, dos
marginalizados, das pessoas insignificantes. Portanto, isso pode ser feito. E o que isso significa? Não excluam ninguém do alcance do vosso amor.
Não procurem as pessoas importantes, as que
ocupam os primeiros lugares, mas se coloquem ao
lado dos últimos, porque “é aí que Eu estou”.
“Aprendam de mim, porque sou manso e humilde de
coração, e vocês encontrarão descanso para suas
vidas”. Jesus nos convida a orientar as nossas vidas
ao serviço dos outros e nisso há o fôlego, o respiro.
Aqui estão o ânimo e a força da vida do cristão.
Jesus conclui, renovando o convite. “O meu jugo”, portanto não o jugo da lei, e sim o Seu jugo. E o
jugo de Jesus são as “Bem-aventuranças”, ou seja,
um convite a tudo aquilo que contribui para a plena
felicidade do homem. “A minha carga é suave” - literalmente “boa” - “e meu fardo é leve”. É um fardo leve, porque
não há regras a seguir, mas um amor para ser acolhido.
Não há uma doutrina que deve ser aceita em suas próprias vidas, mas há um Jesus que pede para
ser acolhido e se misturar com o ser humano, dando
-lhe a Sua própria capacidade de amor.
Em: www.studibiblici.it
Entrevista com o Papa Francisco
O Papa Francisco recebeu na segunda-feira passada no Vaticano- um dia
após a oração pela paz com os presidentes de Israel e Palestina – o Jornalista
Henrique Cymerman para esta entrevista
exclusiva ao La Vanguardia. O Papa estava contente por ter feito todo o possível
pelo entendimento entre israelenses e
palestinos.
Eis a entrevista.
A violência em nome de Deus domina o Oriente Médio.
são as americanas, que se emanciparam dos Estados europeus. As independências de povos por secessão são um desmembramento e às vezes são muito óbvias. Pensemos na ex-Iugoslávia. Obviamente, há povos com culturas tão diversas que nem com cola pegam. O caso iugoslavo é muito claro, mas eu me pergunto se é tão claro em outros casos, em outros povos que até agora estiveram
juntos. É preciso estudar caso a caso. A Escócia, a Padânia [região norte
da Itália], a Catalunha... Haverá casos que são justos e casos que não são justos, mas a secessão de um país sem um antecedente de unidade forçada é preciso tomá-lo com muitas pinças e analisá-lo caso a caso.
A oração pela paz do domingo não foi fácil de organizar nem tinha precedentes no Oriente Médio nem no mundo. Como se sentiu?
É uma contradição. A violência em nome de Deus não é uma exclusividade do
nosso tempo. É algo antigo. Em perspectiva histórica é preciso admitir que os
cristãos, às vezes, também a praticaram. Quando penso na Guerra dos Trinta
Anos, era violência em nome de Deus. Hoje, é inimaginável, não é verdade? Chegamos, às vezes, pela religião, a contradições muito sérias, muito graves. O fundamentalismo, por exemplo. As três religiões têm seus grupos fundamentalistas, pequenos em relação a todo o resto.
Você sabe que não foi fácil. Eu sentia que era algo que escapava a todos.
Aqui, no Vaticano, 99% diziam que não iria acontecer e depois o 1% foi crescendo. Eu sentia que nos víamos empurrados para uma coisa que não nos havia
ocorrido fazer e que, pouco a pouco, foi tomando corpo. Não se tratava de um
ato político – senti isso desde o início –, mas de um ato religioso: abrir uma janela para o mundo.
E qual é a sua opinião sobre o fundamentalismo?
O verdadeiro olho do furacão, pelo entusiasmo que havia, foi a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro, no ano passado. Decidi ir à Terra Santa porque o presidente Peres me convidou. Eu sabia que seu mandato terminava nesta primavera. Dessa forma, me vi obrigado, de alguma maneira, a ir antes. Seu convite precipitou a viagem. Não estava nos meus planos.
Um grupo fundamentalista, embora não mate ninguém, embora não ataque
ninguém, é violento. A estrutura mental do fundamentalismo é a violência em
nome de Deus.
Alguns dizem que o senhor é um revolucionário.
Deveríamos chamar a grande Mina Mazzini, cantora italiana, e dizer-lhe
“prendi questa mano, zinga” e que leia o meu passado, para ver que... (risos) Para mim, a grande revolução é ir às raízes, reconhecê-las e ver o que essas raízes
querem dizer nos dias de hoje. Não há contradição entre ser revolucionário e ir às
raízes. Mais ainda, creio que a maneira de fazer verdadeiras mudanças é a identidade. Nunca se pode dar um passo na vida se não for de atrás, sem saber de
onde venho, qual é o meu sobrenome, o sobrenome cultural ou religioso que eu
tenho.
O senhor quebrou muitos protocolos de segurança para aproximar-se das
pessoas.
Sei que pode me acontecer alguma coisa, mas isso está nas mãos de Deus.
Recordo que no Brasil haviam preparado um papamóvel fechado, com vidros,
mas eu não posso saudar um povo e dizer-lhe que gosto muito dele dentro de
uma lata de sardinhas, mesmo que seja de vidro. Para mim, isso é um muro. É
verdade que algo pode me acontecer, mas sejamos realistas: na minha idade,
não tenho muito a perder.
Por que é importante que a Igreja seja pobre e humilde?
A pobreza e a humildade estão no centro do Evangelho e o digo num sentido
teológico, não sociológico. Não se pode entender o Evangelho sem a pobreza,
mas há que distingui-la do pauperismo. Eu creio que Jesus não quer que os bispos sejam príncipes, mas servidores.
O que a Igreja pode fazer para reduzir a crescente desigualdade entre ricos e pobres?
Está provado que com a comida que sobra seria possível alimentar as pessoas
que têm fome. Quando você vê fotografias de crianças desnutridas em diversas
partes do mundo, põe a mão na cabeça, não é possível entender! Creio que estamos em um sistema econômico mundial que não é bom. No centro de todo sistema econômico deve estar o homem, o homem e a mulher, e todo o resto deve estar a serviço deste homem. Mas nós colocamos o dinheiro no centro, o deus dinheiro. Caímos em um pecado de idolatria, a idolatria do dinheiro.
A economia move-se pelo afã de ter mais e, paradoxalmente, alimenta-se
uma cultura do descarte. Descarta-se os jovens quando se limita a natalidade.
Também se descarta os idosos porque já não servem, não produzem, são uma
classe passiva... Ao descartar as crianças e os idosos, descarta-se o futuro de
um povo, porque as crianças projetam-se com força para frente e porque os anciãos nos dão a sabedoria, têm a memória desse povo e devem passá-la aos jovens. E agora também está na moda descartar os jovens pelo desemprego. Preocupa-me muito o índice de desemprego dos jovens, que em alguns países passa
dos 50%. Alguém me disse que 75 milhões de jovens europeus menores de 25
anos estão desempregados. É uma barbaridade.
Mas descartamos toda uma geração por manter um sistema econômico que já
não se sustenta, um sistema que, para sobreviver, deve fazer a guerra, como
sempre fizeram os grandes impérios. Mas como não se pode fazer a Terceira
Guerra Mundial, então fazem-se guerras regionais. E o que isto significa? Que
se fabricam e vendem armas, e com isto os balanços das economias idolátricas,
as grandes economias mundiais, que sacrificam o homem aos pés do ídolo do
dinheiro, obviamente se sanam. Este pensamento único tira a riqueza da diversidade de pensamento e, portanto, a riqueza de um diálogo entre pessoas. A globalização bem entendida é uma riqueza. Uma globalização mal entendida é
aquela que anula as diferenças. É como uma esfera, com todos os pontos equidistantes do centro. Uma globalização que enriquece é como um poliedro, todos
unidos, mas cada qual conservando sua particularidade, sua riqueza, sua identidade. Não é o que está acontecendo.
Preocupa lhe o conflito entre a Catalunha e a Espanha?
Qualquer divisão me preocupa. Há independência por emancipação e há independência por secessão. As independências por emancipação, por exemplo,
Por que escolheu meter-se no olho do furacão que é o Oriente Médio?
Por que é importante para todo cristão visitar Jerusalém e a Terra Santa?
Pela revelação. Para nós, tudo começou aí. É como “o céu na terra”, uma antecipação do que nos espera no além, na Jerusalém Celeste.
O senhor e seu amigo o rabino Skorka se abraçaram diante do Muro das
Lamentações. Que importância teve este gesto para a reconciliação entre
cristãos e judeus?
Bom, no Muro estava
também o meu bom amigo o professor Omar
Abboud,
presidente
do Instituto do Diálogo
Inter-religioso de Buenos
Aires. Quis convidá-lo. É
um homem muito religioso, pai de dois filhos.
Também é amigo do rabino Skorka e quero muito
a ambos, e quis que esta
amizade entre os três fosse vista como um testemunho.
O senhor me disse há um ano que “dentro de cada cristão há um judeu”.
Talvez o mais correto seria dizer que “você não pode viver seu cristianismo,
você não pode ser um verdadeiro cristão, se não reconhecer sua raiz judaica”.
Não falo de judeu no sentido semítico de raça, mas no sentido religioso. Creio
que o diálogo inter-religioso tem que aprofundar isto, a raiz judaica do cristianismo e o florescimento cristão do judaísmo. Entendo que é um desafio, uma
batata quente, mas se pode fazer como irmãos. Eu rezo todos os dias o Ofício
Divino com os Salmos de Davi. Passamos os 150 Salmos numa semana. Minha
oração é judaica, e depois tenho a eucaristia, que é cristã.
Como vê o antissemitismo?
Não saberia explicar porque existe, mas creio que está muito unido, em geral
e sem que seja uma regra fixa, à direita. O antissemitismo costuma aninhar-se
melhor nas correntes políticas de direita que de esquerda, não? E continua até
hoje. Há, inclusive, quem negue o holocausto, uma loucura.
Um dos seus projetos é abrir os arquivos do Vaticano sobre o holocausto.
Trarão muita luz.
Preocupa lhe alguma coisa que possa ser descoberta?
Neste tema o que me preocupa é a figura de Pio XII, o Papa que liderou a Igreja durante a Segunda Guerra Mundial. Jogaram tudo em cima do pobre Pio XII.
Mas é preciso lembrar que antes era visto como o grande defensor dos judeus.
Ele escondeu muitos nos conventos de Roma e de outras cidades italianas, e
também na residência de verão de Castel Gandolfo. Ali, na casa do Papa, em
seu próprio quarto, nasceram 42 nenês, filhos de judeus e outros perseguidos
ali refugiados. Não quero dizer que Pio XII não tenha cometido erros – eu mesmo
cometo muitos –, mas seu papel deve ser relido no contexto da época. Era melhor, por exemplo, que não falasse para que não matassem mais judeus, ou que
o fizesse? Também quero dizer que, às vezes, tenho um pouco de urticária existencial quando vejo que todos atacam a Igreja e Pio XII, e se esquecem das grandes potências. Você sabe que conheciam perfeitamente a rede ferroviária dos
nazistas que levavam os judeus aos campos de concentração? Tinham fotos.
Mas não bombardearam esses trilhos. Por quê? Será bom que falássemos de tudo um pouquinho.
O senhor se sente ainda como um pároco ou assume seu papel de cabeça
da Igreja?
A dimensão de pároco é a que mais mostra a minha vocação. Servir as pessoas vem de dentro de mim. Desligo a luz para não gastar muito dinheiro, por
exemplo. São coisas de um pároco. Mas também me sinto Papa. Ajuda-me a fazer as coisas com seriedade. Meus colaboradores são muito sérios e profissionais. Tenho ajuda para cumprir com meu dever. Não devo dar uma de Papa pároco. Seria imaturo. Quando vem um chefe de Estado, tenho que recebê-lo com
a dignidade e o protocolo que merece. É verdade que tenho meus problemas
com o protocolo, mas é preciso respeitá-lo.
O senhor está mudando muitas coisas. Para que futuro estas mudanças
estão levando?
Não tenho nenhuma iluminação. Não tenho nenhum projeto pessoal que
trouxe debaixo do braço, simplesmente porque nunca pensei que me deixariam
aqui, no Vaticano. Todo o mundo sabe disso. Vim com uma malinha para voltar
logo em seguida para Buenos Aires. O que estou fazendo é cumprir o que os
cardeais refletiram nas Congregações Gerais, ou seja, nas reuniões que, durante
o Conclave, tiveram todos os dias para discutir os problemas da Igreja. Daí saem reflexões e recomendações. Uma recomendação muito concreta era que o
próximo papa deveria contar com um conselho externo, isto é, com uma equipe
de assessores que não morassem no Vaticano.
E o senhor criou o chamado Conselho dos Oito.
São oito cardeais de todos os continentes e um coordenador. Reúnem-se a cada dois ou três meses aqui. Agora, no dia primeiro de julho teremos quatro dias
de reunião, e vamos fazendo as mudanças que os próprios cardeais nos pedem.
Não é obrigatório que o façamos, mas seria imprudência não ouvir os que sabem.
Também fez um grande esforço para aproximar-se da Igreja ortodoxa.
de mil maneiras, não necessariamente as formas religiosas tradicionais. O enfrentamento entre fé e ciência teve seu auge no Iluminismo, mas que hoje não
está tanto na moda, graças a Deus, porque nos demos conta da proximidade
que há entre uma coisa e a outra. O Papa Bento XVI tem um bom magistério sobre a relação entre fé e ciência. Em linhas gerais, o mais atual é que os cientistas sejam muito respeitosos com a fé, e o cientista agnóstico ou ateu diga: “Não
me atrevo a entrar nesse campo”.
O senhor conheceu muitos chefes de Estado.
Vieram muitos e é interessante a variedade. Cada qual tem sua personalidade. Chamou-me a atenção um fato comum aos políticos jovens, quer sejam de
centro, de esquerda ou de direita. Talvez falem dos mesmos problemas, mas
com uma nova música, e gosto disso, me dá esperança, porque a política é uma
das formas mais elevadas de amor, da caridade. Por quê? Porque leva ao bem
comum. E uma pessoa que, podendo fazê-lo, não se compromete na política
com o bem comum, é egoísmo; ou que usa a política para o bem próprio, é corrupção. Há 15 anos, os bispos franceses escreveram uma carta pastoral intitulada “Réhabiliter la politique” [Reabilitar a política]. É um belíssimo texto que
faz a gente se dar conta de todas essas coisas.
Qual é a sua opinião sobre a renúncia de Bento XVI?
O Papa Bento fez um gesto muito nobre. Abriu uma porta, criou uma instituição, a dos eventuais papas eméritos. Há 70 anos, não havia bispos eméritos.
Hoje, há quantos? Bom, como vivemos mais tempo, chegamos a uma idade em
que não podemos seguir adiante com as coisas. Eu farei o mesmo que ele, pedirei ao Senhor para me iluminar quando chegar o momento e me dizer o que tenho de fazer, e seguramente vai me dizer.
A ida a Jerusalém do meu irmão Bartolomeu foi para comemorar o encontro
de 50 anos atrás entre Paulo VI e Atenágoras. Foi um encontro depois de mais
de mil anos de separação. Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja católica faz os
esforços para se aproximar e a Igreja ortodoxa, o mesmo. Com algumas Igrejas
ortodoxas há mais proximidade do que com outras. Eu quis
que Bartolomeu estivesse comigo em Jerusalém e ali surgiu o plano para que
viesse também para a oração do Vaticano. Para ele foi um passo arriscado, porque podem jogar isso na cara dele, mas era preciso estreitar este gesto de humildade. Para nós é necessário porque não é concebível que os cristãos estejam
divididos, é um pecado histórico que temos que reparar.
Tem um quarto reservado em uma casa de repouso em Buenos Aires.
Diante do avanço do ateísmo, qual é a sua opinião sobre as pessoas que
acreditam que a ciência e a religião são excludentes?
Não pensei nisso, mas gosto quando alguém, recordando outra pessoa, diz:
“Era um cara bom, fez o que pôde, não foi tão ruim”. Com isso me conformo.
Houve um avanço do ateísmo na época mais existencial, talvez sartreana.
Mas depois viu um avanço rumo a buscas espirituais, de encontro com Deus,
“Os mafiosos não estão em comunhão com
Deus, estão excomungados”. Francisco clama:
“A Ndrangheta é a adoração do mal e o desprezo do
bem comum. É preciso lutar contra este mal, afastá-lo,
dizer não a ele. A Igreja está tão empenhada em educar a consciência, deve cada vez mais ocupar-se para
que o bem prevaleça. Pedem-nos nossas crianças. Pedem-no nossos jovens necessitados de esperança. Para poder responder a estas exigências, a fé pode nos ajudar”. Também não nestes momentos de dificuldade o mal terá a última palavra.
Portanto, não deixem que roubem a esperança de vocês, recomenda o Papa. E
“graças a esta fé, nós renunciamos a Satanás e às suas seduções; renunciamos aos ídolos do dinheiro, da vaidade, do orgulho e do poder”.
Na Calábria duramente castigada pelo desemprego e pelo crime organizado,
Francisco lança um grito de esperança e anima os fiéis para se oporem “ao mal,
às injustiças e à violência com a força do bem, da verdade e da beleza”.
Um sinal concreto de esperança é o Progetto Policoro, “para os jovens que querem
criar postos de trabalho para si e para os outros. Vocês, queridos jovens, não deixem que roubem a esperança de vocês. Portanto, adorando Jesus em seus corações e
permanecendo unidos a Ele vocês saberão opor-se ao mal, às injustiças e à violência
com a força do bem, da verdade e da beleza”.
O bispo de Cassano all’Jonio e secretário da Conferência Episcopal Italiana garante que “a Igreja calabresa sente-se partícipe do despertar das consciências contra o crime organizado”, porque “o crime organizado alimenta-se de consciências adormecidas”. Ao longo do trajeto de carro de Cassano all’Jonio até Marina di Sibari, onde celebrou a missa em uma esplanada apinhada de
fiéis, o Papa fez uma breve parada na frente da Igreja Matriz de São José, no povoado de Lattughelle, onde, no dia 03 de março passado, foi assassinado o padre Lazzaro Longobardi.
Mais tarde, na área da antiga Insud da Planície de Sibari, o Pontífice presidiu
a celebração concelebrada pelos bispos da Calábria e 207 sacerdotes. “Na festa
de Corpus Christi celebramos Jesus, ‘pão vivo que vem do céu’, alimento para o
nosso apetite de vida eterna, força para o nosso caminho”, afirmou Francisco na
homilia: “Demos graças ao Senhor que hoje me permite celebrar o Corpus Domini
com vocês, irmãos e irmãs desta Igreja que está em Cassano all’Jonio. A festa de
hoje é a festa na qual a Igreja celebra ao Senhor pelo dom da Eucaristia. Enquanto
na Quinta-Feira Santa recordamos sua instituição na Última Ceia, hoje predominam os agradecimentos e a adoração. E de fato é tradição neste dia a procissão
com o Santíssimo Sacramento. Adorar o Jesus Eucarístico e caminhar com Ele”.
Estes, evidencia o Papa Bergoglio, “são dois aspectos inseparáveis da festa de hoje, dois aspectos que imprimem a marca a toda a vida do povo cristão: um povo
que adora a Deus e caminha com Ele. De fato, nós somos um povo que adora a
Deus: nós adoramos a Deus que é amor, que em Jesus Cristo se entregou por nós,
se ofereceu a si mesmo na cruz para espiar os nossos pecados e que, graças ao
poder deste amor, ressuscitou e vive em sua Igreja”.
Sim, em uma casa de padres idosos. Eu deixaria a Arquidiocese no final do
ano passado e eu já havia apresentado a renúncia ao Papa Bento quando completei os 75 anos. Escolhi um quarto e disse: “quero morar aqui”. Trabalharia
como padre, ajudando as paróquias. Esse seria o meu futuro antes de ser papa.
Não vou lhe perguntar quem apoia na Copa do Mundo...
Os brasileiros me pediram neutralidade (ri) e cumpro com minha palavra,
porque o Brasil e a Argentina sempre são rivais.
Como gostaria de ser recordado na história?
Em: www.ihu.unisinos.rg.br
nós, cristãos, não queremos adorar nada nem ninguém neste mundo que
não seja Jesus Cristo, que está presente na santa Eucaristia”.
Por outro lado, talvez nem sempre nos damos conta do que isto significa, das
consequências que tem, ou deveria ter, a nossa profissão de fé. Hoje, peçamos ao
Senhor que nos ilumine e nos converta para que verdadeiramente só adoremos a
Ele e renunciemos ao mal em todas as suas formas. Mas esta nossa fé na presença real de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, no pão e no vinho
consagrados, é autêntica se nos empenharmos em caminhar atrás d’Ele e com Ele,
tentando colocar em prática seus mandamentos, os quais deu aos seus discípulos
durante a Última Ceia: ‘Que vos ameis uns aos outros como eu vos amei’. O
povo que adora a Deus na Eucaristia é o povo que caminha na caridade”.
“Portanto, hoje, como Bispo de Roma, estou aqui para confirmar vocês não apenas na fé, mas também na caridade, para acompanhar vocês e encorajá-los em
seu caminho com Jesus Caridade. Quero expressar o meu apoio ao bispo, aos
presbíteros e diáconos da Igreja, e também à Eparquia de Lungro, rica em sua tradição greco-bizantina. Mas, o estendo também a todos os pastores e fiéis da Igreja
na Calábria, comprometida com coragem na evangelização e em favorecer estilos de vida e
iniciativas que coloquem sua atenção nas necessidades dos pobres e dos últimos”.
E o estende também “às autoridades civis que tentam viver o trabalho político e
administrativo como é, um serviço a favor do bem comum”. Francisco anima a todos para “serem testemunhas da solidariedade concreta com os irmãos, especialmente com aqueles que têm mais necessidade de justiça, de esperança, de ternura. De fato, graças a Deus existem tantos sinais de esperança em suas famílias,
nas paróquias, nas associações, nos movimentos eclesiásticos. O Senhor Jesus
não cessa de suscitar gestos de caridade em seu povo”.
A esplanada de Sibari transformou-se, com o passar das horas, em uma zona
multicolorida. Olhando a área do alto, observam-se milhares de sombrinhas que
colorem vários setores da planície. A temperatura passa dos 40 graus e os voluntários da Proteção Civil aumentaram a distribuição de água aos peregrinos. Na
planície de Sibari todos os setores estão repletos esperando a missa que será cePortanto, nós não temos outro Deus senão este e hoje o confessamos vol- lebrada pelo Papa Francisco.
tando o nosso olhar para o Corpus Domini, para o Sacramento do altar. E
Em: www.ihu.unisinos.com.br
Sônia Oddi e Celso Maldos
São Félix do Araguaia, nordeste matogrossense, 10 de maio de 2014. Numa pequena capela,
no fundo do quintal, uma oração inaugura o dia na casa
do bispo emérito de São Félix, dom Pedro Casaldáliga. A
simplicidade da arquitetura ganha força com o significado dos
objetos ali dispostos.
No altar, uma toalha com grafismos indígenas. Na parede, um relevo do mapa da África Crucificada, um Cristo rústico no crucifixo, uma cerâmica de mãe que protege seu filho com um braço
e carrega um pote no outro. No chão de cimento, bancos feitos de toras de madeira, que lembram aqueles de buriti, usados pelos Xavante, em uma competição tradicional, em que duas
equipes se enfrentam numa corrida de revezamento, carregando as toras nos ombros, demonstração de resistência e força, qualidades de um povo conhecido por suas habilidades guerreiras.
Cercada de plantas, a luz entra por todas as faces das tímidas e incompletas paredes. Nesse ambiente orgânico, assim como tem sido a vida de Pedro, os amigos se aninham para tomar parte da oração.
José Maria Concepción, companheiro de Pedro de longa data, e recém-chegado da Espanha,
inicia a leitura: "1795: José Leonardo Chirino, mestiço, lidera a insurreição de Coro, Venezuela,
com índios e negros lutando pela liberdade dos escravos e a eliminação de impostos. 1985: Irne
García e Gustavo Chamorro, mártires da justiça. Guanabanal, Colômbia.
1986: Josimo Morais Tavares, padre, assassinado pelo latifúndio. Imperatriz, Maranhão, Brasil”
Os martírios lembrados referem-se àquela data, 10 de maio. Inúmeros outros, centenas deles,
são e serão lembrados ao longo de todo o ano, de acordo com a Agenda Latino-Americana. E
continua: "2013: Ríos Montt, ex-ditador guatemalteco, condenado a 80 anos de prisão por genocídio e crimes contra a humanidade. A Comissão da Verdade calcula que ele cometeu 800 assassinatos por mês, nos 17 meses em que governou, depois de um golpe de Estado.”
O jovem padre Felipe Cruz, agostiniano, de origem pernambucana, conduz um canto, a reza
do pai-nosso e a leitura de uma passagem da edição pastoral da Bíblia. O encerramento se dá
com a Oração da Irmandade dos Mártires da Caminhada Latino-Americana, escrita por dom Pedro, onde na última linha pode-se ler "Amém, Axé, Awere, Aleluia!”, em respeito à diversidade de
crenças do povo brasileiro.
Em nome desse respeito, dom Pedro nunca celebrou uma missa na Terra Indígena Marãiwatsédé, dos Xavante, comunidade que desde sempre contou com o seu apoio na luta pela retomada da terra, de onde haviam sido deportados em 1968 e para onde começaram a retornar em
2004. "Se o bispo está aqui celebrando a missa, significa que nós estamos em pleno direito aqui.
E, por orientação do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e da igreja da Prelazia, ele, pessoalmente, não fez nenhuma celebração na reserva”,
testemunha
José Maria.
Sagrado bispo pelas
mãos de dom Tomás
Balduíno, dom Pedro
dedicou a vida ao povo
da região do Araguaia
Por apoiar a luta quase
cinquentenária dos povos originários daquela
região de Mato Grosso,
Pedro foi ameaçado de
morte algumas vezes.
Sagração Episcopal de D. Pedro em 23/10/71
Na última, no final de
2012, quando o processo de desintrusão (medida legal para efetivar a posse) dos fazendeiros e
posseiros da TI (terra indígena) Marãiwatsédé avançava e se efetivava, decorrente da determinação da Justiça e do governo federal, ele teve de se ausentar de São Félix.
Perseguições, ameaças de morte e processos de expulsão do país têm marcado a trajetória de
Pedro, que chegou à longínqua região do Araguaia, como missionário claretiano, em 1968, aos 40
anos. De origem catalã, ele nasceu em 1928 – e aos 8 anos teve sua primeira experiência com o
martírio, quando um irmão de sua mãe, padre, foi assassinado quando a Espanha estava mergulhada em uma sangrenta guerra civil.
A Prelazia de São Félix, uma divisão geográfica da Igreja Católica, foi criada em 1969 e abrange 15 municípios: Santa Cruz do Xingu, São José do Xingu, Vila Rica, Santa Terezinha, Luciara,
Novo Santo Antônio, Bom Jesus do Araguaia, Confresa, Porto Alegre do Norte, Canabrava do Norte, Serra Nova Dourada, Alto Boa Vista, Ribeirão Cascalheira, Querência e São Félix do Araguaia.
Atualmente, conta com uma população estimada em 135 mil habitantes, uma área aproximada
de 102 mil quilômetros quadrados e 22 chamadas paróquias.
Pedro, em meio às distâncias, encontrou um povo carente, sofrido, abandonado, à mercê das
ameaças dos grandes proprietários criadores de gado. Os pobres do Evangelho, a quem havia
escolhido dedicar a sua vida, estavam ali.
Em 1971, pelas mãos de dom Tomás Balduíno (que morreu em maio último, aos 91 anos) foi
sagrado bispo da prelazia. A partir de 2005, quando renunciou, recebeu o título de bispo emérito.
Um dos fundadores da Teologia da Libertação, o seu engajamento nas lutas dos ribeirinhos,
indígenas e camponeses incomodou os latifundiários e a ditadura. Ainda hoje, incomoda os homens ricos e poderosos do
Centro-Oeste brasileiro.
A política dos incentivos fiscais, levada a cabo
pelos militares, por meio
da Superintendência do
Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), foi o berço do agronegócio. E
também dos conflitos advindos da expropriação
da terra das populações
originárias, da exploração
da mão de obra, do traDom Tomás, Dom Pedro Casaldáliga e Ivar Busatto na
balho escravo e toda sorAssembleia Geral do CIMI (Goiânia, 1975)
te de violências, que indignou o missionário Pedro e o fez escolher do lado de quem estaria.
"O direito dos povos indígenas são interesses que contestam a política oficial”, diz dom Pedro.
"São culturas contrárias ao capitalismo neoliberal e às exigências das empresas de mineração,
das madeireiras. Os povos indígenas reivindicam uma atuação respeitosa e ecológica.”
Em plena ditadura, nos anos 1970, fundou, junto com dom Tomás Balduíno, o Cimi e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), como resposta à grave situação dos trabalhadores rurais, indígenas,
posseiros e peões, sobretudo na Amazônia. Ainda nesse período, em 1976, presenciou o assassinato do padre João Bosco Burnier, baleado na nuca quando ambos defendiam duas mulheres que
eram torturadas em uma delegacia de Ribeirão Cascalheira (MT).
Pedro faz seções de fisioterapia algumas vezes na semana. Aos 86 anos, e com o Parkinson
diagnosticado há cerca de 30, esse cuidado se faz necessário para minimizar os avanços do mal
que provoca atrofia muscular e tremores. Ele segue disciplinadamente uma dieta alimentar, o que
de certa maneira retardou, mas não cessou, segundo seu médico, o avanço da doença.
A disciplina se repete na leitura diária de e-mails, notícias, artigos, acompanhado mais frequentemente por
frei Paulo, agostiniano, que assim como dom Pedro tem sempre as portas abertas para moradores da comunidade e viajantes. Durante a visita da Revista do Brasil, por exemplo, há uma pausa para acolher Raimundo,
homem alto, pardo, magro que, aflito, emocionado, de joelhos, pedia a sua bênção.
A casa é simples, de tijolos aparentes, sem acabamento nas paredes. Porém, tal como a capela no fundo do quintal, é plena de significados e ícones que atestam o compromisso com as causas humanas, de quem vive sob aquele teto.
Che, Jesus, Milton
No quarto, na salinha, na cozinha, no alpendre dos fundos, no escritório, um devaneio para os
olhos e para o coração. Imagens de significados diversos: Che Guevara, Jesus Cristo, Milton Nascimento, padre João Bosco Burnier, dom Hélder Câmara, monsenhor Romero, Pablo Neruda. Textos de Martín Fierro, São Francisco de Assis, Joan Maragall, Exodus. Pôsteres da Missa dos Quilombos, da Romaria dos Mártires da Caminhada, da Semana da Terra Padre Josimo. Calendários
da Guerra de Canudos, de operários no 1º de Maio. E ainda fotos, pequenas lembranças e artefatos populares, em meio a estatuetas de prêmios recebidos.
O seu compromisso com as causas populares extrapola as fronteiras do país. Em 1994, dom
Pedro apoiou a revolta de Chiapas, no México, afirmando que quando o povo pega em armas deve ser respeitado e compreendido. Em 1999, publicou a Declaração de Amor à Revolução Total
de Cuba. Fala com convicção da importância da unidade latino-americana, idealizada por Simon
Bolívar (1783-1830) e defendida pelo ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez (1954-2013).
"Eu dizia que o Brasil era pouco latino-americano, a língua comum dos povos castelhanos fez
com que o Brasil se sentisse um pouco à parte do resto”, diz dom Pedro. "Por outro lado, o Brasil
tem umas condições de hegemonia que provocava nos outros povos uma atitude de desconfiança. Hugo Chávez fez uma proposta otimista, militante, apelando para o espírito de Bolívar, com
isso se conseguiu vitórias interessantes, como impedir a vitória da Alca.”
Ele recorda de um encontro com o ex-presidente brasileiro. "Quando Lula esteve na assembleia da CNBB, estávamos nos despedindo, ele se aproximou de mim e me deu um abraço. E eu
falei, vou te pedir três coisas. Primeiro, que não nos deixe cair na Alca, segunda, que não nos deixe
cair na Alca, terceira, que não nos deixe cair na Alca.
Só te peço isso”, conta, em referência a Área de Livre
Comércio das Américas, ícone do neoliberalismo.
"E realmente não entramos na Alca. Porque
a América Latina tem de se salvar continentalmente, temos histórias comuns, os mesmos
povos, as mesmas lutas, os mesmos carrascos.
Os mesmos impérios sujeitando-nos, uma tradição de oligarquias vendidas. Tem sido sempre
assim. Começavam com o império, o que submetia as oligarquias locais. Os exércitos e as
forças de segurança garantiam uma segurança
interesseira. Melhorou, inclusive os Estados Unidos
não têm hoje o poder que tinham com respeito ao
controle da América Latina. Somos menos americanos, para ser mais americanos.”
Esperança e diálogo
É preciso de todo jeito salvar a esperança, defende dom Pedro. "Insistir nas lutas locais, frente
à globalização. Se somar as reivindicações, sentir como próprios, as lutas que estão acontecendo
nos vários países da América Latina. El Salvador, Uruguai, Bolívia, Equador... Claramente são países muito próximos nas lutas sociais.”
Há tempos dom Pedro Casaldáliga não concede entrevistas pela dificuldade que tem encontrado em conciliar a agilidade do raciocínio com o tempo possível da articulação das palavras. A ajuda de José Maria, seu amigo e conterrâneo, foi fundamental para a compreensão das pausadas e
esforçadas falas, enquanto discorria sobre assuntos por ele escolhidos.
Otimista com a atuação do papa Francisco, ressalta que "ele fez gestos emblemáticos, muito
significativos”. "A Teologia da Libertação se sentiu respaldada por ele. Tem valorizado as Comunidades Eclesiais de Base, com o objetivo de uma Igreja pobre para os pobres. Estimulou o diálogo
com outras igrejas... Chama a atenção nele o diálogo com o mundo muçulmano e com o mundo
judeu, e agora essa visita a Israel... Muito significativa. Desmantelou todo o aparato eclesiástico,
seus colaboradores tiveram de se adaptar.”
Ele reconhece as limitações que o sistema político impõe à atuação do governo, que segundo
dom Pedro tem "um pecado original”: as alianças. "Quando há alianças, há concessões e claudicações. Enquanto esses governos todos se submeterem ao capitalismo neoliberal teremos essas
falhas graves. A política será sempre uma política condicionada. Tanto o Lula como a Dilma gostariam de governar a serviço do povo mesmo, mas as alianças fizeram com que os governos populares estivessem sempre condicionados”. Para ele, deve haver uma "atitude firme, quase revolucionária”, em relação a temas como saúde, educação e comunicação.
Morto em março do ano passado, o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez é lembrado com
determinação pelo religioso. "Ele tentou romper, rompeu o esquema. Por isso, a direita faz questão de queimar, queimar mesmo, a Venezuela. Nos diários e noticiários, a cada dia tem de aparecer alguma coisa negativa da Venezuela”.
Direitos indígenas x ruralistas
Ele aponta a "atualidade” da causa indígena, e as ameaças que não cessam. "Nunca como
agora, se tem atacado tanto. Tem várias propostas para transformar a política que seria oficial,
pela Constituição de 1988, que reconhece o direito dos povos indígenas de um modo muito explícito. Começam a surgir propostas para que seja o Congresso quem defina as demarcações das
terras indígenas, sendo assim já sabemos como será a definição. A bancada ruralista é muito
grande...”, observa dom Pedro.
Por outro lado, prossegue, nunca os povos indígenas se organizaram como agora. E o país criou uma "espécie de consciência” em relação a essa causa. "Se querem impedir que haja uma estrutura oficial com respeito à política indígena, tentam suprimir organismos que estão a serviço
dessas causas.
Isso afeta os povos indígenas e o mundo rural . Tudo isso é afetado pelo agronegócio, o agronegócio é o que manda. E manda globalmente. Não é só um
problema do Mato Grosso, é um problema do país e do mundo todo. As multinacionais condicionam e impõem.
"A retomada da TI Marãiwatsédé é bonita e emblemática. Os Xavante foram
constantes em defender os seus direitos. Quando foram expulsos, deportados –
esta é a palavra, eles foram deportados –, seguiram vinculados a esse terreno,
vinham todos os anos recolher pati, uma palmeira para fazer os enfeites. E reivindicavam sempre a terra onde estão enterrados nossos velhos. E foram sempre presentes”, testemunha. "Aqui, nós sempre recordamos que essa terra é
dos Xavante, que esta terra é dos Xavante. Os moradores jovens, meninos, outro dia diziam – nossos vovôs contam que essa terra é dos índios, nossos papais contam que essa terra é dos índios.”
A essa altura, dom Pedro lembra de "momentos difíceis” em que o Cimi
se vê obrigado a contestar certas ações do governo. "Quando se diz que
não há vontade política pelas causas indígenas, eu digo que há uma vontade contrária ao
direito dos povos indígenas, isso é sistemático. A Dilma, eu não sei se se sentisse um pouco
mais livre, respaldaria as causas indígenas. Alguns pensam que ela pessoalmente não sintoniza com a causa indígena. Tem sido criticada porque nunca recebeu os índios. Faz pouco foi
o primeiro encontro com um grupo. Todos esses projetos de Belo Monte, as hidrelétricas. Se
ela tem uma política desenvolvimentista, ela tem de desrespeitar o que a causa indígena exige: em primeiro lugar seria terra, território, demarcação, desintrusar os invasores. Seria também estimular as culturas indígenas e quilombolas”, diz, sem meio-termo. "Se você está a
favor dos índios, você está contra o sistema. Não adianta colocar panos quentes aí.”
Dom Pedro defende a presença de sindicatos, mas critica o movimento. "Eles são a voz
dessas reivindicações todas dos povos indígenas, do mundo operário. Na América Latina, estiveram muito bem os sindicatos, ultimamente vêm falhando bastante. Foram cooptados.
Quando se vê um líder sindicalista transformado em deputado, senador, ele se despede”,
afirma, vendo a Via Campesina como uma alternativa, por meio de alianças de grupos populares em vários países.
"Daí voltamos à memória de Hugo Chávez, que estimulou essa participação”, observa. "De
ordinário acontece que antes as únicas vozes que os operários tinham eram o sindicato e o
partido. Nos últimos anos, tanto o partido como o sindicato perderam representatividade. Em
parte foram substituídos por associações, alguns movimentos. Mas continuam sendo válidos. Os sindicatos e partidos são instrumentos conaturais a essas causas do povo operário, camponês.”
Para fazer campanha eleitoral, todo candidato operário a deputado, senador, tem de
"claudicar” em algum aspecto, acredita dom Pedro. "Por isso, é melhor que não se candidate. Por outra parte, não se pode negar completamente a função dos partidos e dos sindicatos. Não é realista, ainda continuam sendo espaços que se deve preencher.”
Lúcido, Pedro conclui a conversa lembrando a frase de um soldado que lutava contra a ditadura
franquista na Guerra Civil Espanhola: "Somos soldados derrotados de uma causa invencível”.
Descalço sobre a terra vermelha
A minissérie em dois capítulos de uma hora Descalço sobre a Terra Vermelha, baseada em
livro homônimo do jornalista catalão Francesc (Paco) Escribano, é uma produção da TVE
(Educativa da Espanha), da TV3 da Catalunha, da produtora Minoria Absoluta, da TV Brasil e
da produtora paulista Raiz Produções Cinematográficas. Descalço sobre a Terra Vermelha estreou
na TV3 em março e está programada para ser exibida na TV Brasil no segundo semestre.
Trata da vida de dom Pedro Casaldáliga, desde sua chegada ao Brasil até sua visita ad
Limina ao Vaticano, quando se apresentou ao Papa João Paulo II e ao conservador cardeal
Joseph Ratzinger, então à frente da Congregação para a Doutrina da Fé, herdeira da Santa
Inquisição, onde deveria explicar sua ação teológica a favor dos pobres e dos oprimidos.
O filme, uma belíssima e apurada produção, contou com a participação de mais de mil figurantes de povoados e das cidades de Luciara e São Félix do Araguaia, locais onde foram
construídas verdadeiras cidades cenográficas, representando como eram esses lugares nos
idos dos anos 1970.
Dirigido por Oriol Ferrer, tendo Eduard Fernández, premiado ator catalão, no papel de Casaldáliga, contou com um elenco de ótimos atores espanhóis e brasileiros.
Rodado como uma espécie de western teológico, retrata com grande força e sensibilidade
a violência e tensão existentes, ainda hoje, nos conflitos entre latifundiários, invasores de
terras indígenas, posseiros e a ação pastoral da Prelazia de São Félix que, tendo dom Pedro
à frente, desde sempre esteve ao lado dos despossuídos.
De acordo com a descrição que aparece no site da Minorita Absoluta, a série combina
ação e misticismo "no cenário exuberante de Mato Grosso, em contraste com a paisagem
humana e social chocante”. A história de Pedro Casaldáliga se desenvolve "em torno de valores universais”, no contexto da teoria filosófica e teológica da libertação e da situação geopolítica dos anos 1970, na ditadura brasileira. O jornalista e produtor executivo Francesc Escribano salienta que a produção se tornou "seu coração” para contar "uma história notável de
um catalão universal”.
Durante o making of, impressionou como a historia e principalmente o próprio dom Pedro
teve impacto na vida de todos os envolvidos na produção. Confirma a impressão que tive
desde a primeira vez que viajei com ele, há mais de 30 anos: estar na sua presença é
sentir-se na presença de um espirito muito elevado; sem exagero, um verdadeiro
santo do povo.
ARTIGOS - OPINIÕES
Leonardo Boff
Destaco apenas uma frase
dela: educar um
homem é educar
um
indivíduo,
mas educar uma
mulher é educar
uma sociedade.
dos órgãos de repressão militar, Rose tinha a coragem de publicar os então autores malditos como Darcy Ribeiro, Fernando Henrique Cardoso, Paulo Freire os cadernos do CEBRAP e outros. Depois de
anos de longa discussão e estudo em conjunto reunimos nossas convergências
num livro que considero seminal Feminino & Masculino: uma nova consciência
para o encontro das diferenças (Record 2010).
No dia 21 de
junho concluiu
sua peregrinação
terrestre no Rio
de Janeiro uma
das
mulheres
brasileiras mais
significativas do
século XX: Rose
Marie
Muraro
(1930-2014). Nasceu quase cega. Mas fez desta deficiência o grande desafio de
sua vida. Cedo instituiu que só o impossível abre o novo; só o impossível cria. É
o que diz no seu livro Memórias de uma mulher impossível (1999,35). Com parquíssima
visão formou-se em física e economia. Mas logo descobriu sua vocação intelectual: de ser
uma pensadora da condição humana especialmente da condição feminina.
Sem deixar nunca de lado a questão do feminino (no homem e na mulher)
voltou-se cedo aos desafios da ciência e da técnica moderna. Já em 1969 lançava Autonomação e o futuro do homem e previa a precarização do mundo do trabalho.
Foi ela que no final dos anos 60 do século passado, suscitou a polêmica
questão de gênero. Não se limitou à questão das relações desiguais de poder entre homens e mulheres mas denunciou relações de opressão na cultura, nas ciências, nas correntes filosóficas, nas instituições, no Estado e no sistema econômico. Enfim deu-se conta de que no patriarcado de séculos reside a raiz principal deste sistema que desumaniza mulheres e também homens.
Realizou em si mesma um impressionante processo de libertação, narrado
no livro Os seis meses em que fui homem (1990,6ª edição). Mas a obra quiçá
mais importante de Rose Marie Muraro tenha sido Sexualidade da Mulher Brasileira: corpo e classe social no Brasil (1996). Trata-se de uma pesquisa de campo
em vários Estados da federação, analisando como é vivenciada a sexualidade,
tomando em conta a situação de classe das mulheres, coisa ausente nos pais
fundadores do discurso psicanalítico. Neste campo Rose inovou, criando uma
grelha teórica que nos faz entender a vivência da sexualidade e do corpo consoante as classes sociais. Que tipo de processo de individuação pode realizar uma mulher
famélica que para não deixar o filhinho morrer, dá o sangue de seu próprio seio?
Trabalhei com Rose por 17 anos como editores da Editora Vozes: ela responsável pela parte científica e eu pela parte religiosa. Mesmo sob severo controle
Destaco apenas uma frase dela: "educar um homem é educar um indivíduo, mas educar uma mulher é educar uma sociedade”.
A crise econômico-financeira de 2008 levou-a colocar a questão do capital/
dinheiro com o livro Reinventando o capital/dinheiro (Ideias e Letras 2012), onde enfatiza a relevância das moedas sociais e complementares e as redes de trocas solidárias que permitem aos mais pobres garantirem sua subsistência à revelia da economia capitalista dominante.
Outra obra importante, realmente rica em conhecimentos, dados e reflexões
culturais se intitula Os avanços tecnológicos e o futuro da humanidade: querendo ser Deus? (Vozes 2009). Neste texto ela se confronta com a ponta da ciência,
com a nanotecnologia, a robótica, a engenharia genética e a biologia sintética.
Vê vantagens nessas frentes, pois não é obscurantista. Mas pelo fato de vivermos dentro de uma sociedade que de tudo faz mercadoria, inclusive a vida, percebia o grave risco de os cientistas presumirem poderes divinos e usarem os conhecimentos para redesenharem a espécie humana. Daí o subtítulo: Querendo
ser Deus? Essa é a ingênua ilusão dos cientistas.
O que nos salvará não é essa nova Revolução Tecnológica mas, como diz Rose, é a "Revolução da Sustentabilidade, a única que poderá salvar a espécie humana da destruição…pois a continuarmos como está, não estaremos em um jogo ganha-perde e sim no terrível jogo perde-perde que significará a destruição de
nossa espécie, na qual todos perderemos” (Reinventando o Capital/dinheiro, 238).
Rose possuía um sentimento do mundo agudíssimo: sofria com os dramas
globais e celebrava os poucos avanços. Nos últimos tempos Rose via nuvens
sombrias sobre todo o planeta, pondo em risco o nosso futuro. Morreu preocupada com as buscas de alternativas salvadoras. Mulher de profunda fé e espiritualidade, sonhava com as capacidades humanas de transformar a tragédia
anunciada numa crise purificadora rumo a uma sociedade que se reconcilie com
a natureza e a Mãe Terra. Conclui seu livro Os avanços tecnológicos com esta
sábia frase: ”quando desistirmos de ser deuses poderemos ser plenamente humanos, o que ainda não sabemos o que é, mas que intuímos desde sempre” (p. 354)
Em: www. leonardoboff.wordpress.com
Frei Betto
Mês que vem começa a propaganda eleitoral compulsiva e compulsória. Mais uma eleição em outubro, da qual é importante todos nós participarmos. Antes, porém, haverá algo tão importante quanto: o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana, na Semana da Pátria
(1 a 7 de setembro).
Eis a ocasião de dar uma virada no jogo! Vamos responder à questão: "Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o sistema político?” Adianto aqui a minha resposta: eu sou.
Não será a primeira vez que isso acontece. Em 2002, o presidente FHC queria que o Brasil integrasse a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), monitorada
pelos EUA. O povo brasileiro foi consultado em plebiscito. Foram coletados 10.234.143 votos em 46.475 urnas em todo o país. O resultado comprovou a vontade popular: 98,32% dos eleitores se manifestaram contra a entrada do Brasil na Alca.
No mesmo plebiscito havia outra pergunta: se o Brasil deveria ceder o território de Alcântara (MA) para os EUA instalarem uma base militar. Resultado: 98,54% votaram contra. O acordo foi anulado.
Outros plebiscitos foram convocados: em 2000, sobre a dívida externa; em 2007, sobre
a privatização da Vale do Rio Doce (que só piorou após sair do controle do Estado).
A Constituição de 1988, em vigor, representa uma transição conservadora da ditadura
à democracia. Teve o erro de não ser exclusiva. Foram seus formuladores os mesmos deputados e senadores eleitos para o Congresso pelo atual sistema político viciado. Por isso,
preservaram muitos resquícios da ditadura, como a militarização da polícia, a estrutura
fundiária favorável ao latifúndio, o pagamento da dívida pública, a injusta anistia aos torturadores e assassinos do regime militar, impunes até hoje!
A Constituinte Exclusiva e Soberana deverá ser unicameral, sem o Senado, e sem tutela do Judiciário e ingerência do poder econômico. Só através dela nosso país alcançará, de
modo pacífico, as tão almejadas reformas de estruturas, como a agrária e a tributária, e
priorizará a qualidade da educação, da saúde, do transporte público e de outras demandas populares.
Com essa Constituinte, proposta pelos movimentos sociais, poderemos aperfeiçoar a
democracia representativa e participativa, e fortalecer o controle social sobre as instituições brasileiras.
Participe desde já! Esta é a forma e o momento de mudarmos o sistema político do Brasil, que hoje monopoliza em mãos do Congresso a convocação de plebiscitos e referendos.
Organize um Comitê Popular ou participe dos já criados em sua cidade, bairro, sindicato, movimento social ou partido político. Faça de seu computador uma arma para o aperfeiçoamento de nossa democracia! Saiba como fazê-lo e onde os comitês já atuam através destes contatos: www.plebiscitoconstituinte.org.br / facebook.com/plebiscitoconstituinte / Email: [email protected]
Em: www.adital.com.br
Luiz Alberto Gómez de Souza
A Igreja Católica chegou dividida ao golpe de 1964, há meio século.
De um lado, os movimentos da Ação Católica especializada, comprometidos com o testemunho evangélico na transformação da sociedade. Cristãos estiveram presentes na cultura popular, como no Movimento de Educação de Base (MEB),
no Movimento Popular de Cultura (MPC) do Recife, na Campanha de Educação Popular
(CEPLAR) da Paraíba, entre outros. A experiência alfabetizadora de Paulo Freire, também com
forte presença de cristãos, espalhou-se pelo país. Em 30 de abril de 1963, a Comissão Central
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pedira reformas urgentes na sociedade:
"nossa ordem é, ainda, viciada pela pesada carga de uma tradição capitalista ... na qual o poder
econômico, o dinheiro, ainda detêm a última instância das decisões econômicas, políticas e sociais”. E retomava as sugestões de "reformas de base”, lançadas pelo governo.
Do outro lado, vieram as Marchas da Família, com Deus, pela Liberdade. Em São Paulo, dia
19 de março de 1964, quinhentas mil pessoas desfilaram preparando o golpe, entre as quais um
bom número de cristãos e cristãs (as marchadeiras). Ali falou o senador Padre Calazans: “Hoje é
o dia de São José, padroeiro da família ... Fidel Castro é o padroeiro de Brizola”. E o deputado
Padre Pedro Vidigal anunciara meses antes, que era preciso substituir o "amai-vos uns aos outros”, por "armai-vos uns aos outros” (Elio Gaspari, A ditadura escancarada, p. 236-238). Logo
depois, em 2 de abril, no Rio, vitorioso o golpe, realizou-se a Marcha da Vitória, com o apoio do
Cardeal Jayme de Barros Câmara.
Um primeiro momento, de 64 a 68, foi o que o dominicano francês Charles Antoine chamou:
"a Igreja na corda bamba”. Dia 13 de abril, na posse de D. Hélder Câmara como arcebispo de
Olinda e Recife, este declarou que, não se podia confundir a ordem, "com contrafações suas,
responsáveis pela manutenção de estruturas que todos reconhecem não poder ser mantidas”. E
bispos ali presentes denunciaram as primeiras arbitrariedades. Entretanto, em direção oposta,
um surpreendente comunicado da CNBB, de 27 de maio, agradecia "aos militares, que, com grave risco de suas vidas (sic) se levantaram e... concorreram para libertarem (a nação) do abismo
iminente”. No mesmo momento, pela operação "arrastão”, cerca de 300 leigos e clérigos, estavam na prisão (Thomas Bruneau). Chegaram os tempos valentes do leigo Alceu Amoroso Lima,
em artigos memoráveis, como Terrorismo cultural, de 7 de maio, criticando demissões de brasileiros ilustres e prisões entre as quais a minha. Mereceu um telefonema do próprio presidente
Castello Branco, que o declarou mal informado! Mas vieram logo outros valentes textos, como
aquele que denunciava um "Primarismo cultural”.
Pior ainda, lideranças populares foram mortas logo depois do golpe, como Pedro Fazendeiro,
saudoso paraibano que me introduziu, em 1963, na Liga Camponesa de Sapé, em Miriri, jogado
vivo num forno aceso depois de bárbaras torturas. E os mandantes e executores do crime, certamente se declaravam defensores da civilização cristã, a defender-se de um perigoso comunista.
Um segundo momento, vai de 1968 - ano, ao mesmo tempo, do AI-5 no Brasil e da reunião
dos bispos latino-americanos em Medellín -, até 1979 - ano da anistia conquistada entre nós e
da reunião episcopal de Puebla, com a opção preferencial pelos pobres. Sociedade em cativeiro
e forte dinamismo eclesial. Em meio a ditaduras, foram anos gloriosos em parte significativa da
Igreja Católica na América Latina, que passou a ser a "voz dos sem voz”. Surgiu, no Brasil, em
1972, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e, em 1975, a Comissão da Pastoral da Terra
(CPT), importantes espaços de compromisso. Cresceram pelo país as Comunidades Eclesiais de
Base (as CEBs). Era o tempo fecundo das pastorais sociais operária, da juventude...). Já em
1968, o bispo D. Cândido Padin denunciara a doutrina da segurança nacional dos militares como
ante evangélica.
Chegaram terríveis anos de perseguições, assassinatos como do Pe. Henrique Pereira Neto no
Recife, Pe. Josimo Tavares em Imperatriz, Pe. João Bosco Bournier em Ribeirão Bonito, os leigos
Santos Dias em São Paulo, Margarida Alves na Paraíba. Vários frades dominicanos foram presos
e alguns terrivelmente torturados. Um deles, Frei Tito de Alencar, introjetou de tal maneira a
terrível figura do delegado Fleury, que se matou, em 1974, na França.
Além de D. Hélder e de vários bispos valentes, como D. Tomás Balduíno, que acaba de partir,
foi marcante a presença de D. Paulo Evaristo Arns que, desassombrado, denunciou prisões e
torturas. Em contrapartida, D. Sigaud, bispo de Diamantina, declarou, durante o Concílio, com
terrível tranquilidade: "se há violência é só durante os interrogatórios”. Ele, aliás, dissera, sem
pestanejar: "confissões não se conseguem com bombons” (Della Cava, A Igreja em flagrante,
1964-1980, p. 149). O Cardeal Agnelo Rossi, em Roma, negava que houvesse torturas. Mas era
o tempo das Comissões Justiça e Paz da Igreja desocultarem o arbítrio absurdo.
Um terceiro momento vai de 1979, com a lei da anistia e de uma lenta abertura no país. Mas
aqui se dá uma inversão. Distensão na sociedade, rigidez na cúpula do mundo eclesiástico internacional, no que o saudoso Padre João Batista Libânio chamou: "inverno na Igreja: os anos oitenta”. Foram publicadas duas Instruções do cardeal Ratzinger, críticas à Teologia da Libertação
(1984 e 1986) e foi imposto o silêncio obsequioso a Leonardo Boff (1985) e a Ivone Gebara
(1990). O teólogo jesuíta uruguaio, Juan Luís Segundo, assinalava, num livro-resposta ao cardeal Ratzinger, futuro Bento XVI, que a primeira Instrução fora "conduzida por uma grande dose
de ressentimento ... por uma teologia dependente de uma política sem esperança”. Porém, nas
igrejas locais, seguia o compromisso evangélico. E a CNBB, com os primos Aloísio Lorcheider
(1971-1978) e Ivo Lorscheiter (1975-1986) e, depois, Luciano Mendes de Almeida (1979-1995),
na linha de Medellín e de Puebla, publicou documentos marcantes como "Exigências cristãs de
uma ordem política” (1977) e outro, em 1979, em que denunciava que "os ricos ficam cada vez
mais ricos, à custa dos pobres que ficam cada vez mais pobres”. A Igreja brasileira, nas suas
bases, vivia tempos de testemunho e de ousadia.
Uma nota contrastante nos tempos atuais. Essa Igreja que, na esfera eclesiástica, fora valente na tribulação, nos últimos anos, no Brasil, ao contrário de alguns episcopados, não parece
muito visível para refletir com coragem sobre transformações internas (fim do celibato obrigatório, ordenação de homens casados e mulheres) e abrir caminhos de libertação em áreas como
da ética sexual e das novas dimensões da família e do matrimônio, estes últimos temas, aliás,
do próximo sínodo da Igreja Católica em outubro. Há um preocupante silêncio e boa dose de
voos rasteiros. Onde está aquela Igreja dos grandes padres latino-americanos, que assinalara o
teólogo belga Joseph Comblin? É verdade que o bispo Erwin Krautler levantou algum desses temas diante de Francisco. E temos ainda entre nós Pedro Casaldáliga ou José Maria Pires. Alguns
teólogos, ligados ao poder clerical, se encerram em medrosa autocensura.
Mas outros, pelo mundo, como o indu Michael Amaladoss, o alemão Hans Küng ou o italiano
Vito Mancuso, arrostam as fúrias da Congregação da Doutrina da Fé, ex-Santo Ofício, que ainda
teima em sobreviver. A omissão é tanto mais grave quando, nos tempos de Francisco, bispo de
Roma, uma nova primavera parece, aos poucos, permitir e exigir posições fortes e proféticas.
Em: www.ihu.unisinos.br
C O O R D E N A Ç Ã O A M P L I A DA
A Coordenação Ampliada do IPDM reunir -se-á com todos os seus membros às 20h00 de todas as
Terceiras Terças-Feiras dos meses ímpares ou em caráter extraordinário quando for necessário.
A agenda para o ano de 2014 obedecerá as seguintes datas:
22 de Julho - 16 de Setembro - 18 de Novembro
As reuniões da Coordenação Ampliada serão realizadas na
Paróquia São Francisco de Assis da Vila Guilhermina
Praça Porto Ferreira, 48 - Próximo ao Metro Guilhermina - Esperança
Nossas reuniões são abertas e todos os que desejarem dela participar serão muito bem vindos.
PADRES - RELIGIOSOS - RELIGIOSAS - AGENTES DE PASTORAL
As reuniões com Padres, Religiosos, Religiosas e Agentes de Pastoral serão realizadas sempre às 9h30 das últimas
Sextas-Feiras dos meses pares ou em caráter extraordinário quando se fizer necessário.
Durante o ano de 2014, as reuniões se darão nas seguintes datas:
27 de Junho - 29 de Agosto - 31 de Outubro
As reuniões dom Padres, Religiosos, Religiosas e Agentes de Pastoral serão realizadas na
Paróquia Nossa Senhora do Carmo de Itaquera
Nas dependências do Centro Itaquerense de Famílias Amigas—CIFA
Rua Flores do Piauí, 182 - Centro de Itaquera
COORDENÇÃO AMPLIADA
PADRES - RELIGIOSOS - RELIGIOSAS - AGENTES DE PASTORAL
Reunião Unificada e Confraternização no dia
02 de Dezembro
Maiores informações em breve.
Quem é Jesus de Nazaré: «Um profeta poderoso em ação e palavras, diante de Deus e de todo o povo". (Lc 24,19)
(Papa Francisco)
(Papa Francisco)
Tema:
“Discípulos Missionários a partir do Evangelho de Mateus”
Assessor:
Padre Cyzo Assis Lima—fpm
Tema:
“Fé e Política – a importância da participação na política”
Assessor:
Prof. Fernando Altemeyer Jr - PUC-SP
Tema:
“A força dos pequenos – Teologia do Espírito Santo”
Assessor:
Padre Antonio Manzatto - PUC-SP
Tema:
“Interioridade e Espiritualidade”
Assessores:
Regina Nagy
Eduardo Brasileiro
Regina Nagy - Adriano Oliveira
Professor Waldir
Adriano Oliveira
Santa Missa em Honra à São José de Anchieta
Assessores:
Todos os Padres do Setor Pastoral Ermelino Matarazzo e Convidados
Para maiores informações entre em contato com:
Professor Waldir - [email protected] - Messias Guirado - [email protected]
REUNIÃO PELA IMPLANTAÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA ZONA LESTE
Dia: 15 de Julho de 2014 – Terça-feira às 9h00
Local:
R E I TO R I A DA U N I F E S P
Rua Sena Madureira, 1500-Vila Mariana
(Para chegar, vá de Metro até a Vila Mariana. Em frente à Estação, na Av. Domingos de Morais sentido
Jabaquara, pegue o Ônibus 677A-10 TERM JD ÂNGELA que passa em frente a Unifesp)
O QUE VAMOS COBRAR DA UNIFESP E DO MEC?
1. A solução definitiva para os problemas do terreno da Gazarra.
Reforma dos prédios já existente para início das atividades da Universidade.
3. Apresentação do Projeto Executivo para implantação da UFZL.
4. Iniciar os primeiros cursos.
QUE O MEC E A UNIFESP TOMEM PROVIDÊNCIA URGENTE PARA:
- Iniciar imediatamente o processo de implantação de cursos na Zona Leste.
- Iniciar o curso de Direito já aprovado para a Zona Leste.
- Alugar Prédios para início imediato dos cursos.
- Iniciar as obras de descontaminação do terreno e reforma dos prédios nas áreas não contaminadas.

Apresentar o projeto executivo das obras de reforma e/ou novas construções no terreno.
NÃO FALTE! SUA PRESENÇA PODE FAZER A DIFERENÇA
Dia 15 de julho de 2014 - Terça-feira às 9h00 da Manhã na Reitoria da Unifesp
Rua Sena Madureira, 1500 – Vila Mariana
Dia: 09 de Agosto de 2014 - Sábado às 9h30
2º Seminário do Patrimônio Histórico e Cultural da Zona Leste
Local: Centro Cultural Penha—Teatro Martins Penna
Urgente Recuperação do Patrimônio Histórico da Zona Leste -Projetos, Custos—Prazos e Soluções

Sítio Mirim - Fazenda Biacica - Capela da Penha - Fábrica Matarazzo Vamos lutar juntos pela preservação do nosso Patrimônio Histórico. Não somos um povo sem História.
Maiores informações com Danilo: 96924-5693 / Tião Soares: 97995-5230 / Patrícia e Júlio
A Escola de Cidadania da Zona Leste, é um espaço aberto onde as pessoas pensam criticamente, dialogam com
todos e sonham com uma organização para por fim a todas as desigualdades sociais na cidade mais rica do Brasil.
Nossa cidade de SP tem que ser justa, humana, fraterna e acolhedora de todas e todos.
Tema Geral para o 2º Semestre de 2014
A CIDADE QUE TEMOS E A CIDADE QUE QUEREMOS!
Lutamos por uma cidade onde todos tenham Cidadania, Qualidade de Vida, Políticas Públicas e Transparência Administrativa
Tema para o Trabalho de Conclusão de Curso - TCC: “A Cidade que queremos para todos e todas”
Texto base para o 2º Semestre: Livro do Professor Ladislau Dowbor disponível gratuitamente na Internet
“A Comunidade Inteligente: visitando experiências da gestão legal”
A Escola de Cidadania da Zona Leste Pedro Yamaguchi Ferreira é gratuita e Certificada pela
UNIVERSIDADE FEDERAL DA ZONA LESTE
Como Curso de Extensão da Universidade Federal de São Paulo.
Início das Aulas: 01 de Agosto de 2014 às 19h30 no Salão da Igreja São Francisco de Assis
Rua Miguel Rachid, 997—Ermelino Matarazzo—Fone 2546-4254
Para Maiores Informações faça contato com:
Deise: [email protected] - Alex: [email protected] - Luis: [email protected]
1. Agências de Notícias e Portais
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Agência RIIAL - www.riial.org - Em "miembros" se encontram muitas outras Agências que fazem parte desta rede latino-americana
AICA - Agência Informativa Católica Argentina - www.aica.org - A Igreja latino-americana vista desde Argentina
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Fides - Vaticano - www.fides.org - Agências de Notícias da Congregação para a Evangelização dos povos.
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Rede Nossa São Paulo - www.nossasaopaulo.org.br - Questões das esferas político-administrativas dos municípios com destaque à cidade de São Paulo.
Pastoral Fé e Política - www.pastoralfp.com - Mantém informações diárias sobre as movimentações políticas-sociais em São Paulo e no Brasil.
Vida Pastoral - www.vidapastoralfp.com - Disponibilizado pela editora o site da revista Vida Pastoral torna acessível um vasto acervo de artigos
Paulus Livraria - www.paulus.com.br – A Paulus disponibiliza a Bíblia Sagrada edição Pastoral online/pdf.
Acervo Paulo Freire - www.consciencia.net - Acervo Paulo Freire completo disponível neste endereço.
2. Missiologia, Teologia, Ciências Humanas
IAMS - Asociación Internacional de Estudos de la Misión - www.missionstudies.org - Site da Associação Ecumênica Internacional de Missiologos.
IACM - International Association of Catholic Missiologists - www.iacmcatholic.com - Site da Associação Católica Internacional de Missiologas.
Relat - Revista Eletrónica Latinoamericana de Teología - servicioskoinonia.org/relat - Revista Eletrônica de Teologia.
Soter - Sociedade de Teologia e Ciencias da Religião - www.soter.org.br - Boletim da Soter e notícias que envolvem os associados.
IHU - Instituto Humanitas Unisinos - www.uhu.unisinos.br - Ética, Trabalho, Sociedade Sustentável, Mulheres: sujeito sociocultural, e Teologia Pública.
RELAMI - Rede Latino Americana de Missiologos e Missiologas - www.missiologia.org.br - Ética, Trabalho, Sociedade Sustentável e Teologia Pública.
3. Mundo da Bíblia
Estudos Bíblicos - www.airtonjo.com - Site para estudiosos da Bíblia.
Centro Studi Biblici "G. Vannucci" - www.studibiblici.it - Site do Centro de Estudos Bíblicos de Montefano (Itália).
4. Causa Indígena e Afrodescendente
Comissão Pró-Yanomami - www.proyanomami.org.br - Em defesa do povo Yanomami.
Conselho Indigenista Missionário/Cimi - www.cimi.org.br - O Cimi atua na defesa dos povos indígenas e pela inovação da pastoral junto aos povos indígenas.
Funai- Fundação Nacional do Índio - www.funai.gov.br - Informações sobre a política indigenista do Governo Brasileiro.
Instituto Socioambiental - www.socioambiental.org/website/index.cfm - Informações sobre os povos indígenas no Brasil
Museu do Índio - www.museudoindio.org.br - Informações oficiais
O Mundo Maya - www.mesoweb.com/#espanol - Meso-América: O mundo Maya.
5. Causas Populares e Vida Alter nativa
Fundação Gaia - www.fgaia.org.br - Educação ambiental
Greenpeace - www.greenpeace.org.br - Atividades e campanhas em favor da natureza
Ibase - www.ibase.br - Site de análise social e de lutas populares
MST - www.mst.org.br - Informações sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Unipaz - www.unipazsul.org.br - Alternativa integral
6. Religiões, Ecumenismo, Diálogo e Paz
Al Nakba - www.alnakba.org/index.htm - Al Nakba: A deportação dos palestinos em 1948
Beit Chabad - www.chabad.org.br - Rituais, leis, ensinamentos da comunidade judaica.
Bodisatva - www.bodisatva.org - Site dedicado ao Dalai Lama e zen.
Conselho Mundial de Igrejas - www.oikoumene.org - Site oficial do Conselho Mundial de Igrejas
DharmaNet - www.dharmanet.com.br - Site brasileiro sobre budismo, com diferentes escolas, práticas e links.
Diálogo Inter-Religioso - www.puffin.creighton.edu/jesuit/dialogue - Para todos que estão interessados no diálogo inter-religioso.
Fundación Ética Mundial - www.weltethos.org - Investigação, formação, encontro intercultural e inter-religioso
Islamic Studies - www.uga.edu/islam - Islamismo do ponto de vista do professor Alan Godlas
Religião Budista - www.budismo.com.br - Conhecimentos básicos
7. Igrejas, Congregações Missionárias e Instituições
Celam - Consejo Episcopal Latinoamericano - www.celam.org - Informes do Celam, desde Bogotá
CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - www.cnbb.org.br - Site institucional completo.
Misereor - www.misereor.de - Organismo de solidariedade e apoio
POM - Pontifícias Obras Missionárias - www.pom.org.br - Site institucional das Pontifícias Obras Missionárias
Vaticano/Roma - www.vatican.va - Site oficial da Igreja Católica, Roma
8. Continentes, Mundo e Missão
Missio München - www.muenchen.missio.de - Site institucional das Obras Pontifícias do sul da Alemanha
População Mundial - www.xist.org - Tabelas com o crescimento da população mundial e outras informações
ONU - www.un.org/spanish - Notícias e atividades das Nações Unidas