Lucimari Teixeira - Curso de Odontologia

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Lucimari Teixeira - Curso de Odontologia
Lucimari Teixeira
Avaliação do uso do Extrato de Alecrim de Jardim (Rosmarinus officinalis
Linn) no controle do Biofilme Dental
Curitiba
2012
Lucimari Teixeira
Avaliação do uso do Extrato de Alecrim de Jardim (Rosmarinus officinalis
Linn) no controle do Biofilme Dental
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Odontologia da Universidade Federal
do Paraná como requisito à obtenção do título
de Cirurgião Dentista. Orientador(a): Marilene
da Cruz Magalhães Buffon
Curitiba
2012
RESUMO
O objetivo deste estudo foi determinar, in vivo, a ação antimicrobiana do extrato de Rosmarinus
officinalis Linn, alecrim de jardim, sobre bactérias bucais presentes no biofilme dental e que estão
relacionadas à doença cárie e a doença periodontal. Para tanto, foi realizado um estudo com 11
voluntários que compreendeu 3 tratamentos realizados em 3 fases de 14 dias cada, durante as quais
os voluntários realizaram bochechos com as seguintes soluções: controle negativo/placebo; solução
de clorexidina a 0,12% (“padrão-ouro”) e solução contendo extrato bruto de folhas de Rosmarinus
officinalis Linn (solução teste). O Índice de Higiene Oral Simplificado semanal foi utilizado para
determinar a interferência das soluções no biofilme dental dos voluntários. Os dados clínicos e
estatísticos apontam que o extrato de alecrim aparentemente não apresentou grandes resultados, não
desempenhando ação na concentração testada. Como esperado, a clorexidina obteve os melhores
resultados no combate ao biofilme. Considerando os estudos pré-existentes, esta pesquisa sugere
que a ação do extrato de alecrim de jardim pode ter resultados significativos em outras
concentrações, não descartando, deste modo, a possível ação antibacteriana da planta estudada.
PALAVRAS-CHAVE.
Rosmarinus officinalis Linn; plantas medicinais; fitoterapia, biofilme dental.
ABSTRACT
The objective of this research was to determine, in vivo, the antimicrobial action of Rosmarinus
officinalis Linn (rosemary garden) on oral bacteria present in dental biofilm that are associated with
carie and periodontal disease. For that, a study was conducted with 11 volunteers who realized
three treatments performed in three phases of 14 days each. During those weeks, the volunteers
performed mouthwash with the following solutions: negative control/ placebo; solution of
chlorhexidine 0.12% ("gold standard") and solution containing rule leaf extract of Rosmarinus
officinalis Linn (test solution). The Simplified Oral Hygiene Index was used to determine the
interference of the solutions in the dental biofilm of volunteers. The clinical and statistical data
show that the rosemary garden extract apparently did not present great results, not playing action at
the concentration tested. As expected, chlorhexidine showed better results in controlling the dental
biofilm. Considering the pre-existing studies, this research suggests that the action of rosemary
extract garden can have significant results in other concentrations, not discarding thus the possible
antibacterial action of the plant studied.
KEYWORDS.
Rosmarinus officinalis Linn; medicinal plants; phytotherapy, dental biofilm.
1. INTRODUÇÃO
As plantas são consideradas importantes fontes de produtos naturais biologicamente ativos que se
constituem em modelos e matéria-prima para a síntese de fármacos (WALL; WANI, 1996). São
também consideradas como recursos terapêuticos para o tratamento e manutenção da saúde, como
medicina caseira, principalmente em nações pouco desenvolvidas (CORDEIRO et al., 2006).
Rodrigues e Carvalho (2001) afirmaram que o uso de fitoterápicos tem uma relevância sócioeconômica enorme nas comunidades de baixa renda devido a sua alta disponibilidade, baixa
toxicidade, risco mínimo de efeitos colaterais e baixos custos e/ou sem ônus comparados aos
medicamentos alopáticos. O conhecimento sobre plantas e seus poderes medicinais simboliza,
muitas vezes, a única forma de tratamento para muitas comunidades (MACIEL et al., 2002). De
acordo com a Organização Mundial da Saúde, 80% da população de países em desenvolvimento
utilizam práticas tradicionais na atenção primária à saúde e, desse total, 85% fazem uso de plantas
medicinais (BUFFON et al., 2011).
Pesquisadores da área de produtos naturais mostram-se impressionados pelo fato das substâncias
encontradas na natureza revelarem uma grande diversidade em termos de estrutura e de
propriedades físico-químicas e biológicas (WALL; WANI, 1996). O alto custo dos medicamentos,
o aumento da resistência dos patógenos aos fármacos e a constante busca pela melhor qualidade de
vida focando na prevenção tem estimulado o interesse pela fitoterapia (MARCHIORI, 2004).
Apesar do aumento dos estudos nessa área, os dados disponíveis revelam que apenas 15 a 17% das
plantas foram estudadas quanto ao seu potencial medicinal (SOEJARTO, 1996).
Segundo Buffon (2001), há tempos as plantas são usadas pela população com o objetivo de tratar
e curar doenças. O alecrim de jardim é um exemplo de planta utilizada desde a antiguidade e que
apesar de componente de medicamentos e cosméticos e de fazer parte da alimentação de muitas
pessoas, não possui grande respaldo científico (MARCHIORI, 2004).
A abrangência da utilização das plantas medicinais é vasta e engloba fins variados, sobretudo em
relação à saúde bucal (CORDEIRO et al., 2006). Com o importante crescimento mundial da
fitoterapia dentro de programas preventivos e curativos tem-se estimulado a avaliação da atividade
de diferentes extratos de plantas para o controle do biofilme dental (GUYOT, 1990; OSAWA et al.,
1990). Há constante necessidade de se avaliar meios alternativos e economicamente viáveis para o
controle do biofilme. A fitoterapia pode ser mais um recurso dentro dos programas de prevenção e
promoção em saúde bucal para a população (BUFFON, 2001).
Muitos estudos demonstraram que o biofilme dental é o fator determinante da cárie dentária e
doença periodontal, justificando a utilização de medidas para o seu controle (AXELSSON;
5
LINDHE, 1974; KORNMAN, 1986). O controle mecânico do biofilme (escovação e uso do fio
dental) é o mais aceito e os agentes químicos têm sido utilizados como coadjuvantes da higiene
bucal quando incorporados em soluções para bochecho (CURY, 2003). De acordo com Moreira et
al., (2009) os enxaguatórios bucais são o meio mais prático para a veiculação de substâncias
químicas e anti-sépticas facilitando a redução e o controle do biofilme.
A razão para o uso de substâncias químicas no controle do biofilme tem justificativa dupla. A
primeira é que tanto a cárie como as doenças dos tecidos moles são de origem bacteriana e, deste
modo, substâncias antibacterianas poderiam ser utilizadas para combatê-las. A segunda é a
dificuldade de se conseguir que os indivíduos mantenham um adequado controle mecânico do
biofilme (CURY, 2003). A importância da adequação do meio bucal, evitando doenças infecciosas
e comportamentais sugere a criação de meios alternativos que possam agir de forma coadjuvante à
escovação.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), planta medicinal é qualquer planta
usada para amenizar, prevenir ou curar uma doença, ou mesmo para alterar um processo patológico.
Muitos estudos têm sido realizados com o objetivo de buscar produtos originários de plantas para
uso nas áreas da saúde incluindo a odontologia (BUFFON et al., 2011). A seleção de plantas para
pesquisa baseada no conhecimento e nos relatos populares pode ser uma valiosa ferramenta para a
descoberta e o desenvolvimento de novos fármacos (SOUSA; CONCEIÇÃO, 2007). O Brasil conta
com uma grande variedade de espécies vegetais em sua flora e estudos com plantas medicinais
objetivam possibilitar seu uso na prática ambulatorial, abrindo novos caminhos terapêuticos
(PORTELA et al., 2011).
A utilização de medicamentos obtidos de extratos vegetais é uma prática que deve ser utilizada
em benefício da população e incorporada a programas de promoção, prevenção e assistência à
saúde. Todos os procedimentos que façam parte de um programa educativo e preventivo para o
controle do biofilme e manutenção da saúde bucal devem ser incentivados (BUFFON, 2005). As
plantas medicinais são recursos economicamente viáveis e eficientes que devem tomar uma
dimensão política e econômica deixando evidente a necessidade de um maior envolvimento dos
profissionais de todas as áreas.
O alecrim de jardim, planta aromática também chamada de alecrim comum, pertence à família
das Labiadas (Labiatae) e vegeta em terrenos rochosos e arenosos do litoral mediterrâneo. É
aclimatada no Brasil e é cultivada em hortas e jardins até 1.500 metros de altitude (MARCHIORI,
2004). Dentre as principais características citam-se folhas lineares, coriáceas, verdes, de forma
tubular e de aroma forte e agradável sendo um arbusto perene de porte subarbustivo (1,50m)
(SOUSA; CONCEIÇÃO, 2007).
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Usado pela população com objetivos medicinais o alecrim é ingerido como chá ou tintura em que
as folhas e o caule são utilizados para o preparo. Faz parte também da alimentação de muitas nações
com o objetivo de repor energias (MARCHIORI, 2004). Possui propriedades: antiespasmódica,
antiinflamatória, anti-séptica, antifúngica e antibacteriana contra bactérias gram-positivas e gramnegativas (ALVES et al., 2008). Seus constituintes químicos são: óleo essencial (alfa-pineno,
cânfora, eucaliptol, borneol e canfeno); flavonóides (que representam os compostos fenólicos);
ácidos polifenólicos e ácido rosmarínico. Além desses, ainda estão presentes, em menor
concentração, substâncias como taninos, ácidos e álcoois (CUNHA et al., 2005; PENTEADO;
CECY, 2005).
Os flavonóides são substâncias que contribuem para a coloração das flores e folhas e tem ação
farmacológica antiinflamatória. Os taninos são substâncias vegetais sólidas que apresentam ações
adstringente, cicatrizante, antiinflamatória, antimicrobiana e anti-séptica (PORTELA et al., 2011).
Óleo essencial é um termo que designa substâncias aromáticas, geralmente de odor agradável e
intenso, encontradas em diferentes órgãos vegetais. Os óleos essenciais presentes no alecrim têm
duas grandes áreas de atuação: em nível fisiológico, após absorção pelo organismo e em nível
psicológico, atuando sobre o estado emocional e mental (MARCHIORI, 2004). Os óleos vegetais
têm ação farmacológica auxiliando nos distúrbios respiratórios, são antivirais, antiinflamatórios e
antimicrobianos (PORTELA et al., 2011).
O ácido cafeico e seus derivados (como o ácido
rosmarínico) possuem efeito antioxidante (AL – SEREITIA; ABU-AMERB; SENA, 1999).
O grau de toxicidade do alecrim vai depender da dose de óleo essencial utilizada. Em pequenas
doses pode causar alergias e em doses elevadas problemas mais sérios, principalmente quando o uso
é por via oral (MARCHIORI, 2004). De acordo com Tomazoni et al., (2008) alguns estudos
relatam que o alecrim de jardim pode ser abortivo e é contra-indicado durante a gravidez e lactação.
Segundo Sousa e Conceição (2007) é provável que as propriedades antimicrobianas do alecrim
estejam relacionadas à presença de pinenos, cânfora e borneol. Estudos demonstram a atividade do
óleo essencial do alecrim sobre bactérias gram-positivas e gram-negativas propondo que esse
componente tem a capacidade de romper a estrutura lipídica externa dessas bactérias (SERPA et al.,
2006).
Sousa e Conceição (2007) ainda afirmaram que o alecrim de jardim tem potencial para
composição de anti-sépticos ou desinfetantes frente a agentes gram-positivos e negativos (S. aureus
e P. aeruginosa).
Para Alves et al., (2008) os estudos realizados até o momento demonstram potencialidade da
planta na inibição do crescimento bacteriano e síntese de glucano, sugerindo sua utilização como
meio coadjuvante no controle de bactérias cariogênicas. Silva et al., (2008) em estudo in vitro,
demonstraram que o extrato hidroalcóolico do alecrim de jardim possui ação de inibição bacteriana
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sobre Streptococcus sanguinis, Streptococcus mutans, Streptococcus sobrinus, e Lactobacillus.
Outros estudos demonstraram também que o alecrim tem ação fungicida e fungistática sobre cepas
de Cândida, inclusive Cândida albicans (COSTA et al., 2009).
Battagin (2010), avaliou o efeito inibitório in vitro de extratos vegetais de Rosmarinus officinalis
Linn (alecrim) e os resultados obtidos foram promissores com o extrato aquoso de Rosmarinus
officinalis (alecrim) que nas concentrações acima de 4mg/mL mostraram inibição significativa da
atividade da enzima glicosiltransferase - GTF (50 - 75%) produzida pelo Streptococccus mutans
interferindo diretamente no crescimento desta bactéria,
e conseqüente inibição de síntese de
glucanos envolvidos na cárie. Os resultados apontam que o extrato aquoso de alecrim pode ser uma
fonte valiosa para a descoberta de novas moléculas bioativas empregadas para a inibição da GTF
produzida pelo Streptococccus mutans.
O presente estudo contribuiu com informações para o desenvolvimento de produtos naturais,
reforçando a possível utilização de extratos vegetais como um método alternativo para o controle de
doenças na cavidade bucal, e avaliou o efeito da solução contendo extrato bruto de alecrim de
jardim (Rosmarinus officinalis Linn) no controle de microorganismos presentes na cavidade bucal.
O objetivo deste estudo foi avaliar, in vivo, a ação antimicrobiana do extrato de Rosmarinus
officinalis Linn sobre bactérias bucais presentes no biofilme dental.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas do Setor de Ciências
da Saúde – UFPR, de acordo com a Resolução n° 196/96 do Ministério da Saúde em 03/01/ 2011 registro CEP / SD: 1051.176.10.11 (ANEXO I). Participaram do estudo 11 voluntários (acadêmicos
do Curso de Odontologia da UFPR), com idade média de 20 anos que receberam e concordaram
com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO II). Estes foram convidados a
participar do estudo, por terem conhecimento da importância de seguirem as orientações que foram
passadas, como também da necessidade de não faltarem às avaliações semanais. Os voluntários
admitidos no estudo apresentaram todos os dentes permanentes na boca sem lesões cariosas
aparentes.
Indivíduos com periodontite, depósitos de cálculos, utilizando antibióticos,
antiinflamatórios e outros medicamentos que poderiam influenciar na condução do estudo, foram
excluídos.
Foram fornecidos aos voluntários: dentifrícios (cremes dentais) com 1500 ppm de flúor isentos
de agentes antiplaca como triclosan, zinco e gantrez; escovas dentais e as soluções para bochecho,
sendo uma solução por fase experimental (Figura 1).
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Figura 1 – Soluções utilizadas na pesquisa: Solução A, B e C³ respectivamente.
O alecrim de jardim utilizado no estudo foi colhido no bairro Boqueirão, na cidade de Curitiba–
PR e identificado botanicamente no Museu Botânico Municipal, recebendo o número de registro
368960 (Figura 2).
Figura 2 - Exsicata – Rosmarinus officinalis Linn.
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Trata-se de um estudo in vivo do tipo cruzado cego que compreendeu 3 (três) tratamentos, sendo
realizado em 3 (três) fases (uma fase por tratamento), com intervalo de descanso entre as fases,
durante as quais os voluntários realizaram bochechos com as seguintes soluções : Fase 1- Solução
A; Fase 2- Solução B e Fase 3- Solução C. O Quadro 1 apresenta a composição das soluções
utilizadas na pesquisa e o Quadro 2 exibe as etapas seguidas durante o estudo.
Quadro 1 - Formulações utilizadas na avaliação do uso do extrato de alecrim de jardim (Rosmarinus
officinalis Linn) no controle do biofilme dental.
 SOLUÇÃO A
Branco-Placebo
 SOLUÇÃO B
Clorexidina 0,12%
 SOLUÇÃO C
Extrato de Alecrim
(solução teste)

Benzoato de sódio 0,05%,

Sacarina 0,03%

Propilenoglicol 15%

EDTA 0,05%

Poloxamero 407 0,5%

Hidroxido de sodio à 20% 0,1% (pH 6,3)

Aroma de menta 0,1%

Água purificada qsp 100ml

Clorexedina 0,12%

Sucralose 0,03%

Aroma de menta 0,08%

Água purificada qsp 100ml

Sem conservante

Não foi necessário ajustar pH.

Benzoato de sódio 0,05%

Sacarina 0,03%

Propilenoglicol 15%

EDTA 0,05%

Extrato vegetal de Alecrim 10%

Poloxamero 407 0,5%

Hidroxido de sodio à 20% 0,1% (pH 6,3)

Aroma de menta 0,1%

Água purificada qsp 100ml
OBS: extrato bruto etanólico de Alecrim diluído 1:5 em 10% da
formulação
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Quadro 2 - Etapas seguidas durante o estudo.
1ª Semana
IHO-S + profilaxia + entrega da Solução A
Uso da Solução A
2ª Semana
Devolução da solução usada + IHO-S
Semana de intervalo
3ª Semana
IHO-S + entrega da Solução B
Uso da Solução B
4ª Semana
Devolução da solução usada + IHO-S
Semana de intervalo
5ª Semana
IHO-S + entrega da Solução C
Uso da Solução B
6ª Semana
Devolução da solução usada + IHO-S final.
As soluções foram preparadas pela Farmácia Escola do Departamento de Farmácia, Setor de
Ciências da Saúde da UFPR. Ao iniciar o tratamento os voluntários receberam as seguintes
orientações: como realizar a higienização dentária; efetuar o bochecho uma vez ao dia, à noite, com
5 ml da solução (ou uma tampa do frasco) durante um minuto após última escovação (antes de
dormir); utilizar somente a escova e dentifrícios fornecidos (a fim de padronizar o tipo de escova
utilizada e também as concentrações de flúor na saliva); não fazer a utilização de: aplicação tópica
de flúor (em gel); solução contendo flúor para bochecho; outros enxaguatórios bucais diferentes dos
utilizados nesta pesquisa; realizar a higienização bucal pelo menos três vezes ao dia.
Entre o término de uma fase e início de outra foi dada uma semana de intervalo a fim de
eliminar possíveis efeitos residuais dos tratamentos anteriores. Com isso, o tempo total da parte
experimental foi de seis semanas (contando as semanas de intervalo). Neste descanso, os
voluntários prosseguiram com o uso das escovas e dos dentifrícios estabelecidos.
A cada semana os voluntários foram examinados e o Índice de Higiene Oral Simplificado (IHOS) proposto por Greene e Vermillion (1964) foi aplicado. Esta parte prática do estudo ocorreu na
Clínica Odontológica da UFPR e os dados foram listados na ficha de avaliação individual (ANEXO
III). Para isso, o voluntário foi orientado a mastigar, previamente ao exame, uma pastilha reveladora
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de biofilme (fucsina básica) sem engolir o líquido formado por essa mastigação. Realizou-se então
o índice IHO-S, que consiste em examinar seis faces de dentes selecionados, sendo quatro
posteriores e dois anteriores levando em consideração sua erupção completa e a quantidade de
biofilme corado. O IHO-S é obtido por meio da soma dos escores divididos pelo número de dentes
examinados. Sua interpretação ocorre por meio das seguintes médias:
0 a 1 = Higienização boa; 1,1 a 2 = Higienização regular; 2,1 a 3 = Higienização péssima.
Durante o uso das soluções um questionário foi aplicado (ANEXO IV) para avaliar as sensações
e relatos particulares sobre cada solução e identificar se os voluntários estavam seguindo as
orientações do estudo.
3. RESULTADOS
Dos onze voluntários participantes da pesquisa, sete foram do sexo feminino e quatro do sexo
masculino. Com a aplicação dos questionários pré-tratamento (ANEXO V) (realizado antes do
inicio da pesquisa) foi possível determinar o perfil dos voluntários. Analisaram-se hábitos como:
frequência diária de escovação (Figura 3), frequência do uso do fio dental (Figura 4), uso de
recursos coadjuvantes à escovação (Figura 5), necessidade de tratamento odontológico e o consumo
de alimentos cariogênicos presente na Figura 6.
Figura 3 - Relação entre o número, gênero e frequência diária de escovação dos voluntários.
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Figura 4 - Relação entre o número, gênero e frequência de uso do fio dental.
Figura 5 - Relação entre o número, gênero e uso de recursos coadjuvantes à escovação.
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Figura 6 – Relação entre o número, o gênero e frequência do consumo de alimentos cariogênicos
entre os voluntários.
Entre os voluntários oito informaram que realizavam escovação três vezes ao dia e os outros três,
de três a quatro vezes. Todos faziam uso do fio dental e somente quatro tinham este como um
hábito diário. O uso de recursos coadjuvantes à escovação, como bochechos e raspadores de língua,
estava presente no dia-a-dia de 50 % dos voluntários, sendo o uso dos raspadores menos comum.
A maioria dos voluntários do sexo feminino não utilizava recursos coadjuvantes ao controle
mecânico do biofilme dental. Observou-se ainda que o consumo diário de alimentos cariogênicos
foi mais comum nos voluntários do sexo feminino, sendo que nenhum voluntário do sexo masculino
relatou consumir diariamente alimentos com alto teor de açúcar. Quanto à cavidade bucal não foram
observadas lesões cariosas e nenhum dos voluntários necessitava de tratamento odontológico.
Os resultados obtidos após a aplicação do Índice IHO-S foram analisados clinicamente (presente
nas Figuras 7 e 8) e estatisticamente. Clinicamente, levando em conta a média individual de cada
voluntário, pode-se observar que a Solução C (contendo extrato de alecrim de jardim) não
desempenhou ação para o controle do biofilme dental, sendo que a maioria dos voluntários teve seu
índice de biofilme aumentado durante o uso do extrato (nove dos voluntários mostraram um índice
maior de biofilme comparando com aquele mostrado após o uso da clorexidina, enquanto outros
dois voluntários mantiveram o mesmo índice obtido durante o uso do “padrão-ouro”).
Conforme a Figura 7, no início do estudo 27 % dos voluntários apresentaram higienização boa
(média do IHO-S = 0,88) e 73 % apresentaram higienização regular (média do IHO-s = 1,4). Após
o uso da Solução A (placebo), 36 % mantiveram higienização regular e 64% tiveram como média
do IHO-S = 0,95, classificados como higienização boa. Após o uso da Solução B (clorexidina), 64%
dos voluntários apresentaram higienização classificada como boa com o IHO-S menor que 0,83 e
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36% mantiveram IHO-S correspondente à higienização regular, com média igual a 1,16. Após o
uso da terceira solução, Solução C (extrato de alecrim) 54% apresentaram higienização boa com
média de 0,83 e 45% higienização regular com média de 1,3.
Figura 7 - Avaliação individual da média do IHO-S obtido após o uso das soluções para determinar
clinicamente o comportamento dos tratamentos.
Figura 8 - Avaliação da média geral do IHO-S obtida após o uso das soluções para determinar
clinicamente o comportamento geral dos tratamentos.
Os resultados foram analisados estatisticamente por meio de análise variância (ANOVA) para
verificar se entre os tratamentos (placebo, clorexidina e a planta) existiu alguma diferença
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significativa; e pelo Teste Tukey (aplicado para comparar médias a fim de verificar, quando
detectado diferença entre médias, quais dos tratamentos se diferenciavam). Por meio da análise
estatística pode-se determinar que a variância foi normal e homogênea e que as soluções utilizadas
na pesquisa proporcionaram diferentes efeitos no controle ao biofilme. Com o gráfico da média da
taxa de melhora (Figura 9) pode-se observar que, neste experimento, o extrato de alecrim de jardim
mostrou-se bem menos efetivo em relação às outras soluções testadas.
Figura 9 - Resultados obtidos após estudo estatístico dos dados do IHO-S.
De acordo com a Figura 10, que mostra resultados do teste de Tukey, pode-se determinar as
diferenças médias entre os três tratamentos: Houve diferença significativa entre a ação do placebo e
a solução contendo extrato de alecrim de jardim, sendo que placebo desempenhou melhor ação. A
solução contendo clorexidina foi a que apresentou maior controle do biofilme.
Diferença
Alecrim
Clorexidina
Placebo
Figura 10 - Resultado do teste de comparações múltiplas (Teste de Tukey) para as diferenças entre
as médias dos tratamentos.
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4. DISCUSSÃO
Os produtos de origem vegetal são interessantes para a odontologia por apresentarem um variado
potencial terapêutico. Anti-sépticos a base de clorexidina têm sido utilizados em odontologia há
muitos anos como padrão-ouro de controle químico da placa bacteriana (ZANATTA; RÖSING,
2007), porém, seus efeitos indesejáveis (tais como manchas nos dentes, sensibilidade nas papilas
gustativas e alteração do paladar) estão estimulando a busca por plantas medicinais com ação
antimicrobiana e antifúngica (PORTELA el al., 2011). A associação dessas plantas a dentifrícios e
colutórios tem sido proposta por várias pesquisas buscando alternativas para a manutenção da saúde
bucal (BUFFON et al., 2011).
Este estudo foi realizado com o objetivo de determinar, in vivo, a ação antimicrobiana do extrato
de Rosmarinus officinalis Linn, alecrim de jardim, sobre bactérias bucais presentes no biofilme
dental e que estão relacionadas à doença cárie e a doença periodontal, e com isso propor uma
solução que pudesse ser utilizada para situações em que a remoção mecânica do biofilme necessite
ser auxiliada. O alecrim de jardim foi escolhido por ser uma planta bastante conhecida, de fácil
obtenção e baixo custo e por existirem estudos sobre sua ação antibacteriana. Até então não havia
estudo in vivo avaliando a ação desta planta aromática. Foram realizados estudos in vitro que
sugeriram a ação antibacteriana do alecrim de jardim sobre bactérias orais patogênicas, podendo ser
uma alternativa a mais para o controle químico do biofilme dental (COSTA et al., 2009).
Muitos dos componentes do alecrim, como flavonóides, taninos e os óleos essenciais foram
estudados individualmente e apresentaram, de forma geral, ação antiinflamatória, cicatrizante,
antimicrobiana e anti-séptica (PORTELA et al., 2011). Segundo estudo in vitro realizado por Alves
et al. (2008), o extrato de Rosmarinus officinalis Linn foi efetivo na inibição da aderência de quatro
linhagens bacterianas e a maior eficácia do estudo foi observada sobre o S. mutans. Embora estudos
como o de Battagin (2010) apontem a possível ação do extrato aquoso do alecrim para a descoberta
de moléculas que possam ser empregadas para o controle da enzima glicosiltransferase (produzida
por S. mutans), os resultados obtidos por este estudo se confrontam com muitos determinados por
estudos in vitro. A concentração de 1:5 de extrato bruto diluída em 10% da solução foi utilizada
baseando-se num padrão farmacológico que permite a possível ação do extrato e ao mesmo tempo
procura evitar efeitos colaterais. As concentrações utilizadas em estudos in vitro são relativamente
maiores do que a utilizada neste trabalho de pesquisa, alguns artigos não apresentam a concentração
do extrato, levando-nos a entender que o extrato bruto utilizado não foi diluído. O controle
laboratorial, de temperatura e pH do meio em que o extrato de alecrim é testado in vitro também
pode contribuir de forma positiva nos resultados.
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Quando se testa soluções ou medicamentos in vivo, é necessário levar em conta os hábitos
pessoais, as diferenças orgânicas de cada voluntário e o comprometimento com a pesquisa. Neste
estudo, por ausência de tempo, uma única concentração do extrato foi testada em um pequeno grupo
de voluntários, portanto, o extrato de alecrim de jardim não pode ser completamente desconsiderado
com relação aos seus efeitos para o controle do biofilme dental. Outras concentrações a serem
testadas, em amostras maiores e de forma aleatória poderão obter resultados melhores do que o
encontrado por este estudo. As hipóteses que podem justificar o resultado negativo desempenhado
pela solução contendo extrato de alecrim são: a concentração do extrato não suficiente para
contornar os desequilíbrios encontrados no meio bucal; o não comprometimento dos voluntários em
realizar os bochechos conforme as instruções e a não manutenção da higiene adequada. A melhor
ação observada pelo placebo em relação à solução contendo extrato de Rosmarinus officinalis Linn
pode estar relacionada à profilaxia realizada no primeiro dia da pesquisa antecedendo o uso da
Solução A (placebo), ao contrário da Solução C (contendo extrato de alecrim de jardim) que iniciou
sua aplicação apenas cinco semanas após a profilaxia.
5. CONCLUSÃO
De acordo com as condições do estudo pode-se concluir que:

A solução contendo extrato de Rosmarinus officinalis Linn não apresentou eficácia na
inibição e controle do biofilme dental, ou seja, não desempenhou ação antibacteriana e
anti-séptica na concentração testada.

A solução B, clorexidina, desempenhou melhor resultado no controle do biofilme dental,
comprovando mais uma vez sua excelente ação antibacteriana.
A ação do extrato de alecrim de jardim para o controle de bactérias bucais deverá ser testada em
outros estudos, com outras concentrações e ou diluições do extrato e com um número maior de
voluntários. A busca por alternativas e produtos de origem natural para o controle do biofilme
dental devem continuar a fazer parte de pesquisas e programas preventivos.
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REFERENCIAS
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officinalis Linn.) and its therapeutic potentials. Indian Journal of Experimental Biology. v.37,
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AXELSSON, P.; LINDHE, J. The effect of a preventive programme on dental plaque, gingivitis
and caries in schoolchildren. Results after one and two years. J Clin Periodontol, v. 1, n. 2, p. 126138, 1974.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha orientadora Profª Marilene da Cruz Magalhães Buffon, pelo
incentivo, ajuda, ensino e esforço para que esse trabalho pudesse ser realizado. Também as Profªs.
Giovana Daniela Pecharki e Cristiane Mariot pelo apoio na fase clínica do estudo e auxílio na
correção do trabalho escrito. Ainda as Profªs. Marilis Dallarmi Miguel, Josiane de Fátima Gaspari
Dias e Camila Klocker Costa, professoras do curso de farmácia, que doaram seu tempo e
conhecimento científico para a elaboração das soluções testadas. A amiga Daniela Castanha por
ajudar em grande parte da pesquisa, dividindo experiências, dúvidas e conhecimentos. Ao Prof.
Cesar Toconeli e as estagiárias do Laboratório de Estatística da Universidade Federal do Paraná
pelo empenho e por permitirem que eu entendesse os resultados deste estudo. Por fim, agradeço a
todos os voluntários que se comprometeram com o objetivo do estudo e que sem tal
comprometimento este trabalho de conclusão de curso não poderia ser realizado.
21
ANEXOS
ANEXO I
22
ANEXO II
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
a) Título da pesquisa: “Avaliação do uso do extrato de alecrim de jardim (Rosmarinus officinalis Linn) no
controle do biofilme dental”
b) O objetivo desta pesquisa é avaliar a uso de plantas medicinais na forma de solução para bochecho. A
utilização da solução poderá ser um meio alternativo para o controle do biofilme dental em complemento
com a escovação, prevenindo o aparecimento das doenças mais comuns da cavidade bucal – cárie dental e
doença periodontal. A realização do estudo poderá contribuir com informações para o desenvolvimento de
fitoterápicos, reforçando a possível utilização das plantas medicinais como um método alternativo no
controle de doenças na cavidade bucal.
c) Caso você aceite participar da pesquisa, será necessário fazer previamente exames de condições de saúde
bucal onde se serão avaliados: frequência da escovação, recursos utilizados na higiene bucal; presença de
cárie, sangramento gengival; tipos de alergia, visita ao dentista e descrição da dieta.
d) Nesta pesquisa, você deverá fazer uso uma vez ao dia de uma solução para bochecho codificada que
poderá ser:

Água destilada e deionizada;

Solução de clorexidina a 0,12%;

Solução contendo folhas de Rosmarinus officinalis Linn (alecrim de jardim).
e) Você deverá observar as seguintes orientações :

Utilizar somente a escova e pasta oferecida, durante a realização da pesquisa.

Não interromper o uso da solução. Caso se faça necessário a sua interrupção, comunicar antes aos
pesquisadores.

Efetuar o bochecho após a última escovação, antes de dormir.

Não fazer a utilização de: aplicação tópica de flúor (em gel); solução contendo flúor para bochecho,
chás e outras soluções para bochecho diferentes dos utilizados nesta pesquisa.

Caso ocorram qualquer reação diferente ou apareça alguma dúvida em relação ao que está sendo
feito, por favor, avisar aos pesquisadores.

Pode ser feita a utilização de fio dental normalmente, desde que este não apresente flúor ou qualquer
substância antimicrobiana.

Você deverá realizar a higienização bucal 3 (três) vezes ao dia (escovação do dente, da língua, etc).
f) Desconfortos e riscos:
A probabilidade de ocorrer algum tipo de desconforto ou risco é extremamente remota, mas poderá aparecer
leve manchamento a nível de película adquirida ou leve ardência. No caso de manchamento, você será
prontamente atendido em consultório odontológico e uma simples profilaxia dentária(limpeza dentária) o
removerá. E quanto à ardência, o uso da solução para bochecho poderá ser interrompido.
g) Você deverá comparecer à Clínica Odontológica da Universidade Federal do Paraná semanalmente para a
realização de consultas odontológicas de acompanhamento e aplicação do Índice de Higiene Oral
23
Simplificado. Estes procedimentos serão efetuados uma vez por semana durante nove semanas, com duração
de 1 hora diária, as segundas feiras no período da manhã ou da tarde, de acordo com sua disponibilidade
h) Os benefícios que você terá serão um auxílio indireto contribuindo para a realização desta pesquisa e
conhecimento que irá adquirir acerca da eficácia dos fitoterápicos (utilizados na pesquisa) sobre
microorganismos presentes na cavidade bucal. Este conhecimento poderá ser utilizado em prol da população
para manutenção da saúde bucal.
i) A pesquisadora responsável por esta pesquisa é: Marilene da Cruz Magalhães Buffon, Professora
Adjunta do Departamento de Saúde Comunitária. Endereço para contato (Departamento de Saúde
Comunitária): Rua Padre Camargo,280-7º andar telefones: (041) 3360-7241 ou (041) 9941-2651 de segunda
a sexta- feira das 8:00h as 12:00h; 13:30h as 17:30 horas.
j) A pesquisadora é responsável pelo seu tratamento e fará o acompanhamento de cada voluntário conforme
consta no padrão Ético e Vigente no Brasil.
k) Estão garantidas todas as informações que você queira, antes durante e depois do estudo.
l) A sua participação neste estudo é voluntária. Você tem a liberdade de recusar participar do estudo, ou se
aceitar a participar, retirar seu consentimento a qualquer momento. Este fato não implicará na interrupção de
seu atendimento, que está assegurado.
m) As informações relacionadas ao estudo poderão ser inspecionadas pelas pesquisadoras e pelas autoridades
legais, no entanto, se qualquer informação for divulgada em relatório ou publicação, isto será feito sob forma
codificada, para que a confidencialidade seja mantida.
n) Todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa (exames, medicamentos , etc...) não são da
responsabilidade do paciente.
o) Pela sua participação no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro. Você terá a garantia de
que qualquer problema (odontológico ou dentário) decorrente do estudo será tratado na Clínica Odontológica
da UFPR.
p) Quando os resultados forem publicados, não aparecerá seu nome, e sim um código.
q) Durante o estudo, você não deverá: fazer uso de enxaguatórios bucais( solução para bochecho) diferentes
dos usados nessa pesquisa, fazer uso de flúor na forma gel ou de solução para bochecho, tomar antibióticos
ou medicamentos que diminuam o fluxo salivar.
Eu,_________________________
li o texto acima e compreendi a natureza e objetivo do estudo do
qual fui convidado a participar. A explicação que recebi menciona os riscos e benefícios do estudo. Eu
entendi que sou livre para interromper minha participação no estudo a qualquer momento sem
justificar minha decisão e sem que esta decisão afete meu tratamento. Eu entendi o que não posso
fazer durante o tratamento e sei que qualquer problema relacionado ao tratamento será tratado sem
custos para mim.
Eu concordo voluntariamente em participar deste estudo. _________________________________
(Assinatura do sujeito de pesquisa ou responsável legal)
Curitiba,
de
de 2011
24
ANEXO III
FICHA DE AVALIAÇÃO DO ÍNDICE IHO-SNOME:
Data:
Fase:
6V
Solução:
2 ou
3V
IHO-S=
Data:
6P
up
Dir
Fase:
6V
Esq
Inf
Solução:
2 ou
3V
IHO-S=
6P
up
Dir
Esq
Inf
6L
.
IDADE:
Data:
1L
Fase:
6V
6V
Solução:
2 ou
3V
6L
IHO-S=
Data:
6P
up
Dir
1L
Fase:
6V
Esq
Inf
6V
Solução:
2 ou
3V
IHO-S=
6P
up
Dir
Esq
Inf
6L
Data:
1L
Fase:
6V
6V
Solução:
2 ou
3V
6L
IHO-S=
Data:
6P
up
Dir
1L
Fase:
6V
Esq
Inf
6V
Solução:
2 ou
3V
IHO-S=
6P
up
Dir
Esq
Inf
6L
Data:
1L
Fase:
6V
6V
Solução:
2 ou
3V
6L
IHO-S=
Data:
6P
up
Dir
Fase:
6V
Esq
Inf
1L
6V
Solução:
2 ou
3V
IHO-S=
6P
up
Dir
Esq
Inf
6L
1L
6V
6L
1L
6V
25
ANEXO IV
Questionário Durante o Tratamento
Nome:
Data de nascimento:
Endereço:
Data :
sexo:
Telefone:
Este questionário se faz necessário para uma avaliação correta do voluntário durante a utilização dos bochechos. Por favor, responda
as questões da maneira mais real e correta com o seu cotidiano.
1 - Está efetuando o tratamento corretamente? Todos os dias e nos horários solicitados?
2 - Sentiu alguma ardência, queimação em tecidos moles na cavidade bucal?
3 - Sentiu sensibilidade dentina?
4 - Em relação ao gosto qual a sua opinião (ruim, regular, agradável)?
5 - Percebeu alguma alteração do paladar durante o consumo de alimentos?
6 - Qual sua opinião sobre o produto utilizado? Percebeu alguma diferença?
7 - Outras colocações que se façam necessárias pelo paciente que esteja utilizando o produto.
ANEXO V
Questionário - Pré-tratamento
Nome:
Data de nascimento:
Endereço:
Data :
sexo:
Telefone:
Este questionário se faz necessário para uma avaliação correta do voluntário durante a utilização dos bochechos. Por favor, responda
as questões da maneira mais real e correta com o seu cotidiano.
1 - Quantas vezes escovam os dentes por dia?
2 - Utiliza fio dental? Em todas as escovações efetuadas durante o dia?
3 - Qual pasta dental utiliza? Ela possui alguma substância química diferente do flúor? (ex: triclosan, zinco, gantrez)
4 - Além da escovação diária faz uso de outro recurso para limpar dentes e !íngua? Como: raspador de língua, bochechos com
antimicrobianos (ex: Listerine. Periogard, Colgate), uso de flúor (solução de fluoreto de sódio, aplicação tópica de flúor
gel, etc).
5 - Sofre de alergia?
6- Apresenta uma história odontológica com alto índice de cáries? E atualmente apresenta lesões cariosas ativas ou presença de
dor? Suas gengivas sangram com facilidade?
7- Está fazendo algum tratamento odontológico no momento ou fará em breve? (ex: clareamento, remoção cirúrgica de terceiros
molares, restaurações, etc).
8 - Quando foi sua última visita ao dentista? Qual o motivo? Foi efetuada a limpeza dentária?
9 - Você é respirador bucal?
10 - Sente alguma dificuldade em efetuar a higienização bucal corretamente? (por alguma má posição dentária, etc).
11- Descrever a sua dieta em relação à freqüência de consumo de bebidas que possam causar pigmentação (chá, café, suco de
uva, coca-cola, refrigerantes no geral, etc) e de doces e alimentos com alto teor de açúcar.
12 - Outras colocações que se façam necessárias.
26
Assunto:Decisão editorial - Resumo aceito para apresentação
De:"Comunica Rede Unida" <[email protected]>
Data:Qui, Fevereiro 23, 2012 2:15 pm
Para:[email protected] (menos)
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
Prioridade:Normal
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Marilene Buffon,
Após cuidadosa avaliação da sua submissão , o resumo "AVALIAÇÃO DO USO DA
FITOTERAPIA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE BUCAL" foi aprovado para apresentação no 10
Congresso da Rede Unida, o que lhe garante a apresentação oral. O resumo aceito
está inserido abaixo.
Os trabalhos e relatos aprovados para o 10 Congresso Internacional da Rede
Unida Serão apresentados oralmente com o auxílio de posteres eletrônicos
projetados em sessões dialogadas. Não terá exposição de posteres impressos e
sim em formato eletrônicos. Em breve, o comitê científico entrará em contato com
os autores dos trabalhos aprovados para informar sobre as especificações e
formatos dos pôsteres eletrônicos.
Garanta a sua participação
no evento efetuando a inscrição
em
http://www.redeunida.org.br/congresso2012/inscricoes e o pagamento
por depósito em
conta corrente da Rede Unida, veja as instruções em
http://www.redeunida.org.br/congresso2012/pagamento
Parabenizamos e aguardamos sua participação no evento.
AVALIAÇÃO DO USO DA FITOTERAPIA NA PROMOÇÃO DA SA??DE BUCAL
Há tempos as plantas são usadas pela população com o objetivo de tratar e
curar doenças. Muitas são hoje estudadas e testadas em laboratórios para
comprovar seus benefícios e determinar seus efeitos colaterais. O importante
crescimento mundial da fitoterapia dentro de programas preventivos e curativos
tem estimulado a avaliação da atividade de diferentes extratos de plantas para o
controle da placa bacteriana (biofilme dental). Diversos estudos tem
demonstrado que o biofilme dental é o fator determinante da cá rie e doença
periodontal, justificando desta maneira, a utilização de medidas para o seu
controle. O controle mecânico do biofilme tem sido mais aceito e os agentes
químicos têm sido utilizados como coadjuvantes da higiene bucal quando
incorporados em soluções para bochecho. A razão para a utilização de
substâncias químicas para o controle da placa tem justificativa dupla. A
primeira diz respeito ao fato de que tanto cárie como doença dos te cidos moles
são de origem bacteriana e, deste modo, substâncias antibacterianas podem ser
utilizadas para combatê-las. A segunda é a dificuldade de se conseguir que os
indivíduos mantenham um adequado controle mecãnico do biofilme. A importância da
adequação do meio bucal, evitando doenças infecciosas e comportamentais, sugere
a elaboração de meios alternativos que possam agir de forma coadjuvante a
escovação e os fitoterápicos ou as plantas medicinais podem ser um ótimo caminho
para se conseguir alternativas com bom custo - beneficio e praticidade. O uso de
fitoterápicos tem tido uma relevância sócio-econômica enorme nas comunidades de
baixa renda, devido a sua alta disponibilidade, baixa toxicidade, risco mínimo
de efeitos colaterais e baixos custos , quando comparados aos medicamentos
alopáticos. Nesse contexto, há constante necessidade de se avaliar meios
alternativos e economicamente viáveis para o controle de placa
bacteriana (biofilme dental) que permitam que um contingente maior de pessoas
se beneficie. Por essa razão a fitoterapia atuaria como meio alternativo dentro
de programas preventivos e curativos importantes para a saúde bucal da
população. Sob esta ótica este estudo contribui com informações para o
desenvolvimento de fitoterápicos, avaliando a eficácia do uso de soluções de
quatro plantas medicinais (Maytenus ilicifolia (espinheira-santa), Rosmarinus
officinalis Linn (alecrim de jardim); Aster lanceolatus Willd e Nasturtium
officinale R. Br (agrião)) , no controle de
microorganismos presentes na cavidade bucal.
Comunica Rede Unida
http://www.redeunida.org.br/