Raizes 31
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Raizes 31
Informativo do Grupo Galvani - Ano VI - No 31 - abril/maio 2008 Os benefícios da parceria entre a BM&F e a Bolsa de Chicago O produtor agrícola brasileiro, via de regra, comercializa sua safra sujeito a oscilações de mercado e relações de troca delas derivadas. As bolsas de mercadorias podem funcionar como um importante sinalizador de preços futuros para apoiar suas decisões de comercialização e planejamento de investimentos. A Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) é a única bolsa de futuros atuante no Brasil e tem como um dos seus objetivos o desenvolvimento e administração de negociação de títulos e derivativos de commodities agrícolas. Em fevereiro, os acionistas da BM&F aprovaram o acordo selado em 2007 entre a instituição e o Chicago Group, controlador da CME - Chicago Mercantile (Bolsa de Mercadorias de Chicago). Em entrevista ao Raízes, Edemir Pinto, diretor geral da BM&F, explica a importância e vantagens desta parceria, que se mantém mesmo com a fusão entre a BM&F e a Bovespa. Raízes: Por que a BM&F e a Bolsa de Chica- Raízes: No que consistirá essa parceria? em investidores estrangeiros já é conhe- go passaram a trabalhar em conjunto? Edemir: Pelo acordo, a CME Group torna- cido. No caso deste acordo, o CEO (chief Edemir: Para ambas as companhias, o acor- se a maior acionista da BM&F, com 10% executive officer) da CME Group declarou, do representa a possibilidade de oferta de de participação em seu capital, e a BM&F em entrevista coletiva realizada na BM&F, seus produtos para um número maior de passa a ser o sétimo maior acionista da em São Paulo, estar animado com a ini- usuários. CME Group, com 2,18% de participação no ciativa. Segundo suas palavras, “... esse capital daquela companhia. O acordo pre- acordo é histórico e envolve não somente vê, entre outros pontos, a distribuição dos uma troca de investimento, mas também produtos oferecidos pela BM&F via rede de uma parceria estratégica, de grande alcan- negociação da CME, cuja plataforma eletrô- ce, que permitirá expandir o acesso aos nica chama-se Globex. A Globex permitirá nossos mercados de forma mútua”. Além à BM&F oferecer seus produtos em mais de disso, ressaltou que estavam “muito em- 100 mil terminais, já que atende quatro con- polgados com a oportunidade de ampliar tinentes, atingindo mais de 80 países. Até o as atividades em nossos mercados para terceiro trimestre deste ano devemos estar investidores latino-americanos”. conectados à Globex e o mundo terá acesso a todos os nossos mercados. Da mesma Raízes: Quais os benefícios desse entrosa- forma, a CME também poderá distribuir seus mento para o agronegócio? produtos para os usuários da BM&F. Edemir: Os primeiros beneficiados serão os mercados agropecuários, para os quais Raízes: Qual a importância desta colabora- já podem ser aceitas garantias depositadas ção comercial e o que ela indica a respeito em Nova Iorque e liquidação em dólares. do mercado brasileiro? Serão focados vários produtos, em especial Edemir: O interesse que o Brasil desperta os mercados de soja e etanol. Logística Empreendedores Um retrato da situação atual A história da Vicunha Têxtil páginas 2 e 3 página 4 Editorial Obstáculos O aumento da produtividade e competitividade da agricultura brasileira está fortemente relacionado ao contínuo desenvolvimento de pesquisas científicas ligadas ao setor. Cientistas brasileiros deram contribuição inestimável ao agronegócio com trabalhos de melhoramento genético, análise de solos e aperfeiçoamento dos métodos de adubação. Não é por outro motivo que entidades como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) são referência em todo o mundo com estudos inovadores, que possibilitaram importantes avanços tecnológicos. O notável desempenho das ciências agrárias, entretanto, depara-se com inúmeros desafios, entre eles a morosidade da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) na aprovação de pedidos de liberação comercial de Organismos Geneticamente Modificados, os OGMs. Em 2007, felizmente, o processo se acelerou: após alguns anos em análise, a CTNBio conseguiu liberar a comercialização de três tipos de semente transgênica de milho e aprovou 420 processos relacionados a OGMs. Vários setores agrícolas podem vir a se beneficiar da agilidade na área de biotecnologia. Um exemplo é o da cana. “Para manter sua competitividade na produção do etanol, o país precisa lançar mão de variedades mais produtivas de cana-de-açúcar – e a maneira mais rápida de obter essas cultivares é por meio da engenharia genética”, lembra Alda Lerayer, diretora do Conselho de Informações sobre Biotecnologia, em artigo no jornal O Estado de São Paulo. Outro percalço a vencer é a combalida logística do agronegócio, analisada nesta edição (ver matéria ao lado). Não podemos correr o risco de grãos produzidos com alta tecnologia emperrarem em portos ineficientes ou em estradas precárias. Governo e iniciativa privada precisam trabalhar em conjunto, especialmente nos investimentos destinados a hidrovias e ferrovias, nos quais o retorno financeiro é mais demorado. Rodolfo Galvani Júnior Presidente do Conselho de Administração Descompasso ent produtividade co De acordo com um estudo de 2007 da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção agrícola cresceu cerca de 170% nas últimas três décadas, enquanto a área plantada aumentou 22%, o que sinaliza um importante ganho de produtividade. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), indicam que o agronegócio é responsável por mais de 30% dos empregos do país, gera um terço das riquezas nacionais e possui o maior PIB da economia brasileira. No entanto, os bons resultados do setor são gravemente prejudicados por deficiências na logística. “H ouve uma expansão muito rápida da nossa fronteira agrícola, com a produção de grãos e a sucroalcoleira. Esta mudança aumentou a quantidade de carga transportada bem como seu trajeto, mas a infra-estrutura de escoamento não foi adequada ao novo cenário”, observa o professor José Eduardo Holler Branco, vice-coordenador do grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial, EsalqLog (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz). A defasagem entre a produção e o sistema de transporte se acentuou nas últimas duas décadas. Houve um crescimento contínuo da safra agrícola a partir de 1990, impulsionado pelas exportações e, após o ano 2000, pelo cultivo de soja em regiões cada vez mais afastadas. Os investimentos nos vários modais, porém, ficaram muito abaixo do necessário. “No caso da produção agrícola, a carga é mais sensível à precariedade do transporte, pois envolve produtos de baixo valor agregado”, lembra o professor José Eduardo. A quantidade de armazéns e silos também é insuficiente. No Brasil, a relação entre a capacidade de armazenamento e a produção de grãos é de 80%. Nos Estados Unidos, esta relação atinge 150%. Nas fronteiras agrícolas brasileiras o quadro é pior, acentuando o Melhorias Produção A criação de novos turnos ampliou a capacidade de produção de rocha fosfática das Unidades de Mineração de Angico dos Dias (UMA) e de Irecê (UMI), ambas na Bahia. O volume mensal atingirá 20 mil toneladas em UMA e 10 mil em UMI. A Unidade de Mineração de Lagamar (UML), em Minas Gerais, já operava com 100% de sua capacidade, isto é, 18 mil toneladas mensais. Diversas melhorias foram implementadas no Complexo Industrial de Paulínia (CIP), em São Paulo. Na G2, a substituição do processo de peneiramento de granulados a úmido para o processo a seco prevê o aumento de 20% na capacidade de produção. Na G3 está em fase final a instalação de um estágio de polimento de lavagem de gases, que reduzirá o nível de emissões de material particulado e flúor. “Mais uma vez a empresa investe para operar em níveis de emissões atmos- tre logística e ompromete agronegócio risco de faltar armazéns nos períodos de colheita. É o que já ocorre com milho e soja em períodos de pico, estocados não raramente em espaços abertos, ocasionando perda de qualidade e até do próprio produto. Por fim, os portos constituem mais um gargalo na cadeia produtiva do campo, principalmente para a exportação de grãos. Tarifas elevadas, infra-estrutura deficiente e acessos rodoviário e ferroviário precários dificultam o embarque da produção. Em Santos, maior porto da América Latina, responsável por 26% do comércio exterior do Brasil, há um problema comum a várias unidades portuárias: a falta de dragagem limita o calado (profundidade disponível para atracação de navios), tornando-o inadequado para receber grandes embarcações. Sorriso (MT) sintetiza os malefícios acarretados pela falta de logística. A 420 km de Cuiabá, o município é um dos maiores produtores de soja do Brasil. No ano passado, aproximadamente 60% do preço final da oleaginosa embarcada na cidade em direção ao porto de Paranaguá (PR) ou de Santos (SP) destinou-se ao custo do frete rodoviário. “Além da perda de rentabilidade, a infra-estrutura inadequada dificulta o gerenciamento do escoamento, inibe o desenvolvimento de produtos diferenciados e que exigem rastreabilidade, e ameaça o cumprimento de prazos e contratos, afetando o potencial de expansão do setor”, acrescenta o professor José Eduardo. “O Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT), feito pelo Ministério dos Transportes e com várias obras contempladas pelo PAC (Programa de Aceleração Econômica), promete aliviar a situação nos próximos anos”, afirma Rodolfo Galvani Júnior, presidente do Conselho de Administração do Grupo Galvani. O objetivo é mudar a atual matriz de transporte até 2025: - rodoviário, de 58% para 33%; - ferroviário, de 25% para 32%; - hidroviário, de 13% para 29%; - dutoviário, de 3,6% para 5%; - aéreo, de 0,4% para 1%. As principais obras são as seguintes: - Rodoviárias: pavimentação da BR 163 (Cuiabá-Santarém), duplicação e adequação da BR féricas bem abaixo do padrão exigido pelos órgãos ambientais”, afirma Cláudio Fernandes, diretor industrial da Galvani. A parada de manutenção deste ano também possibilitou uma série de ganhos de eficiência e produtividade. Exemplo disso é a modernização das calhas de distribuição de ácido e recheios das torres finais de absorção no processo fabricação de ácido sulfúrico. A nova tecnologia foi implantada nas duas fábricas do CIP, reduzindo, em ambas, a perda de carga e as emissões atmosféricas. Cerrado Começaram em março as Oficinas de Educação Ambiental para Educadores, idealizadas pelo Instituto Lina Galvani. O projeto é gratuito e dedicado a professores da rede municipal de ensino de Luís Eduardo Magalhães. Em cinco módulos de 8 horas, são abordados conteúdos alinhados aos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) e com assuntos ligados à realidade do cerrado. As oficinas são conduzidas por uma bióloga e educadora e contam 101, construção do Rodoanel de São Paulo, recuperação e adequação da BR 290. - Ferroviárias: construção da Nova Transnordestina, da Norte-Sul de Anápolis (GO) a Araguaína (TO), da Bahia-Oeste, do Ferroanel de São Paulo e expansão da Ferronorte (Alto Araguaia-Rondonópolis). - Hidroviárias: construção de eclusas e recuperação da navegabilidade do rio Madeira, revitalização da hidrovia do São Francisco, construção das eclusas de Tucuruí e melhorias na navegabilidade do rio Tocantins e implantação da hidrovia Araguaia-Tocantins, além de serviço de dragagem em vários portos. - Dutoviárias: gasodutos e alcooldutos construídos pela Petrobras; - Aéreas: novo aeroporto de Natal (RN) e de Vitória (ES), e ampliação do terminal de cargas de Guarulhos (SP). “O sucesso da logística brasileira, entretanto, dependerá da contínua participação da iniciativa privada, aliada à regulação e investimentos pelo governo, em projetos que privilegiem a inter-modalidade”, conclui Rodolfo. com o apoio do Grupo Galvani e do Supermercado Empório Mais. A História da Vicunha Têxtil Empreendedores Em 2007 a empresa comemorou 40 anos e muitos negócios de sucesso O Grupo Vicunha está presente no ramo siderúrgico, com a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), no imobiliário, com a Fibra Residencial, no financeiro, com o Banco Fibra, no setor de gás natural, e no têxtil, com a Vicunha Têxtil, no qual se destaca como um dos grandes fabricantes mundiais de índigo e o maior do Brasil em malhas. A fabricação de índigo, conhecido como jeans, é o carro-chefe da empresa. Emprega 11 mil funcionários, que estão distribuídos em dez unidades fabris e em subsidiárias na Argentina, Colômbia, Estados Unidos, União Européia e China. No competitivo mercado chinês, a empresa comercializa um jeans com lavagem diferenciada. “Afinal, seria complicado ‘brigar’ com os chineses apenas com commodities”, brinca Luis Vanderlei Pontes, gerente de suprimentos. Em 2007 a companhia lançou seu projeto de internacionalizar a produção de índigo, com a aquisição de uma fábrica no Equador. “Manter a marca Vicunha em vários países é nossa principal meta neste momento”, diz. Mas foi em São Roque (SP), nos anos 1940, com pouco mais de 20 teares, que sua história teve início. Recém-casados, Alegria Streinbuch e Samuel Rabinovich abriram a Têxtil Elizabeth nos fundos de um estabelecimento comercial. Em 1946 o casal faleceu em um acidente aéreo e os negócios da família passaram a ser administrados pelos filhos Mendel e Elezer. A união da Têxtil Elizabeth com a Fiação Campo Belo, em 1967, deu origem ao Grupo. Em 2005 os Rabinovich venderam sua parte e, desde então, a Vicunha é comandada por Ricardo Streinbuch – no braço têxtil – e seu irmão Benjamim, responsável também pela parte siderúrgica. Entre seus inúmeros artigos têxteis está a viscose. A Vicunha é a única produtora da fibra Luis Vanderlei Pontes, gerente de suprimentos na América Latina e conta com a parceria da Galvani desde 1990, com o fornecimento de ácido sulfúrico. O produto é utilizado no banho de coagulação e regeneração da celulose presente na viscose. Este processo químico permite que a celulose passe do estado líquido para o sólido, transformando-se em fibra. A Vicunha consome, mensalmente, cerca de 3 mil toneladas de ácido em Americana (SP), sendo 60% proveniente da Galvani. “Temos um relacionamento de absoluta confiança. Mesmo nos momento mais difíceis, sabemos que a Galvani não falha”, conclui Luis. Cilem amplia instalações e se moderniza Com investimentos aproximados de R$ 20 milhões, a Galvani eleva sua capacidade produtiva no oeste baiano. A s obras começaram no segundo semestre de 2007 e têm por objetivo acompanhar o crescimento e aumentar a participação da empresa no mercado de fertilizantes da região, além de conquistar mais espaço no Tocantins, Piauí e sul do Maranhão. “O consumo está crescendo muito nestes mercados e nossos Expediente Novo pátio de enxofre Informativo do Grupo Galvani Av. Onófrio Milano, 589 – São Paulo – SP – CEP 05348-030 Fone: (11) 3767-0044 – Fax: (11) 3767-0041 www.galvani.ind.br produtos são perfeitamente adequados às suas necessidades”, afirma Ronaldo Galvani Júnior, gerente da unidade. Diversas melhorias estão sendo implementadas. Foi reposicionado e construído um novo pátio de enxofre, liberando espaço para a ampliação e modernização do armazém de estocagem de rocha fosfática, agora com fundo em “V” e túnel de retomada do produto, como os do Complexo Industrial de Paulínia (CIP), em São Paulo. As capacidades de estocagem de enxofre e rocha serão duplicadas, permitindo aproveitar melhor as boas oportunidade de importação e enfrentar eventuais dificuldades de abastecimento, além de, no caso do armazém de rocha, dispensar a utilização de pá carregadeira no carregamento do produto. e-mail: [email protected] Coordenação: Departamento de Comunicação Produção: RG Conteúdo Edição: Gabriela Garcia (MTb 23.806) A planta de ácido sulfúrico está sendo repotencializada para 420 toneladas/dia em uma primeira etapa e 500 toneladas/ dia em uma segunda etapa, o que permitirá o aumento da produção de superfosfato simples até 450 mil toneladas/ano, aproveitando integralmente as capacidades do Super 1 e Super 2. Além disso, uma nova unidade de granulação, a G 2, de 50 toneladas/hora, entra em operação em setembro, triplicando a capacidade de granulação do complexo. Para supri-la de amônia anidra, uma nova estocagem do produto será construída, com capacidade de 350 toneladas. Finalmente, uma nova unidade de estocagem e manuseio de micronutrientes, dotada de ponte rolante e máquina misturadora, está sendo feita e já estão prontas as novas instalações da oficina de manutenção, calderaria, elétrica e instrumentação. Arte: Qpix - estúdio de criação Ilustração: Theo Fotolito e impressão: Rush Tiragem: 4.300 exemplares