Projeto 5x5

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Projeto 5x5
1.1.
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
CAPÍTULO I - ENQUADRAMENTO
2. ENQUADRAMENTO-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------1
2.1. CONCEPTUALIZAR O PRODUTO TURÍSTICO TEMÁTICO DIRECIONADO PARA O TURISMO RURAL
1
2.1. DEFININDO TURISMO RURAL
3
2.2. A PERSPETIVA EUROPEIA
4
2.3. O DESAFIO: DESENHAR MELHORES EXPERIÊNCIAS RURAIS
6
3. REDE RURAL NACIONAL – PROJETO 5X5, REDES TEMÁTICAS INTEGRADAS DE TURISMO RURAL-------------------------------------------------------------------------------------------- 8
4. MERCADOS PREFERENCIAIS------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 9
5. BENCHMARKS-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------12
4.1. A BICICLETA - MOBILIDADE SUSTENTÁVEL E MODA, E O CRESCIMENTO DO TURISMO EM BICICLETA
12
4.2.CAMINHADAS, “WALKING HOLIDAYS”, CONCEITOS TRADICIONAIS SEMPRE ATUAIS E EM GRANDE EXPANSÃO
14
4.3. TURISMO EQUESTRE, UM IMENSO POTENCIAL
16
4.4. VIAS PANORÂMICAS, UM VALOR INCONTORNÁVEL: PRELÚDIO, VIVÊNCIA E FINALE
17
4.5. DOCUMENTAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS ANALISADAS
18
5 AUSCULTAÇÃO DOS PLAYERS E FORÇAS VIVAS ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------21
6 DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------22
6.1 DIAGNÓSTICO
22
6.2. FATORES CRÍTICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO RURAL
24
6.3 ANÁLISE SWOT
30
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Projecto 5x5
CAPÍTULO II - MODELO TEÓRICO DE APOIO À CRIAÇÃO DE OFERTA TURÍSTICA EM REDE
1. INTRODUÇÃO AO MODELO 5X5------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------31
1.1. COMO ESTÁ ORGANIZADO O MODELO
33
2. O CONCEITO, O EIXO ESTRATÉGICO, A INOVAÇÃO – ‘CINCO VEZES MAIS CAMPO’-------------------------------------------------------------------------------------------------------------36
2.1. A IDEIA CENTRAL/PROPOSTA DE VALOR
37
2.2. EIXOS PRINCIPAIS DA PROPOSTA DE VALOR
39
2.3. DESENVOLVENDO A PROPOSTA DE VALOR
40
3. AS REDES 5X5------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------43
3.1. CONTRIBUTOS DA REDE DE CAMINHOS PEDESTRES
43
3.2. CONTRIBUTOS DA REDE CICLÁVEL
45
3.3. CONTRIBUTOS DA REDE EQUESTRE
48
3.4. CONTRIBUTOS DA REDE DE VIAS PANORÂMICAS
50
3.5. CONTRIBUTOS DA REDE DE ALOJAMENTOS EM AMBIENTE RURAL
51
4. LINHAS ORIENTADORAS – CONHECER AS VALÊNCIAS PRÓPRIAS------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------55
5. CONHECER OS CLIENTES E DEFINIR O POSICIONAMENTO---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------56
6. DESCODIFICANDO O MODELO – OS PARCEIROS E O TERRITÓRIO-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------61
7. BASES PARA INOVAR--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------69
7.1. PROMOTORES DE ALOJAMENTO RURAL
69
7.2. ENTIDADES COORDENADORAS DA OFERTA (ASSOCIAÇÕES QUE REPRESENTAM PROPRIETÁRIOS)
71
7.3. ALGUNS EXEMPLOS ADICIONAIS QUE ILUSTRAM O POTENCIAL DE INOVAÇÃO DO MODELO 5X5
72
8. O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------73
8.1. DEFINIR A ESTRATÉGIA
73
8.2. ORDENAMENTO E INFRAESTRUTURAS
74
8.3. ESTIMULAR E DINAMIZAR
75
8.4. COMUNICAR E DIVULGAR
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Projecto 5x5
CAPÍTULO III - PROJETO-PILOTO
1. A REGIÃO CENTRO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------75
2. O PROJETO PILOTO------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------78
CAPÍTULO IV - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
1. PANORAMA GERAL----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------81
2. BARREIRAS ADMINISTRATIVAS TERRITORIAIS-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------81
3. BARREIRAS CULTURAIS-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------82
4. MARCA TURISMO RURAL--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------82
5. OUTRAS MARCAS ÂNCORA------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------83
6. PRODUTO--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 83
7. GESTÃO----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 84
8. A PROCURA NÃO CORRESPONDE À OFERTA--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------85
9. OBJETIVO REDES 5X5--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------85
10. O MODELO PASSO A PASSO- COMO APLICAR----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 88
11. ESCALA, ESCALA, ESCALA---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------91
12. TURISMO É CULTURA------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 91
ANEXOS------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 92
1.
2.
3.
4.
5.
BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------93
INQUÉRITO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------118
DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 124
AS CINCO REDES ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -126
ARTICULAÇÃO DAS 5 REDES COM OS 4 EIXOS DA PROPOSTA DE VALOR ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------147
6. PROJETO-PILOTO NA REGIÃO CENTRO / PRODUTOS TURÍSTICOS TEMÁTICOS--------------------------------------------------------------------------------------------------- -------------152
iv
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1.1 Conceptualizar o Produto Turístico Temático direcionado
para o Turismo Rural
O Turismo Rural é um vetor transversal no âmbito do turismo nacional,
mesmo que tradicionalmente tenha até hoje vivido muito virado para si
próprio, num claro alheamento relativamente às realidades envolventes.
É neste sentido, e numa tentativa de integração para a qualificação,
ampliação e melhoramento da oferta, procurando uma aproximação
consistente com a necessária sustentabilidade das atividades económicas,
que surge a necessidade clara de se criar o designado ‘Produto Turístico
Temático’ que, depois de existir, servirá os propósitos convergentes de
stakeholders e clientes, garantindo que eles próprios formam uma rede viva,
funcional e capaz de dar resposta às necessidades de todos.
O Turismo é claramente um dos principais sectores da economia portuguesa,
tendo o seu peso vindo a crescer nos últimos anos. No entanto, também não
é menos verdade que Portugal se encontra ainda muito dependente de
quatro grandes mercados emissores e do desempenho concentrado
fundamentalmente em três regiões (Algarve, Lisboa e Madeira), ao que
acresce uma elevada sazonalidade.
O forte crescimento do mercado mundial do Turismo Rural constitui uma
oportunidade para Portugal mas, de acordo com o Plano Estratégico Nacional
de Turismo (PENT), é necessário implementar-se uma estratégia de atuação
que permita responder à sofisticação da procura e ao número crescente de
ofertas concorrenciais.
Para desconcentrar a oferta para outras regiões do país, que não as
tradicionais, e, ainda, garantir que os canais de distribuição se fidelizam a
uma nova oferta, é necessário criar produtos de forma integrada, dando
resposta às linhas de desenvolvimento propostas no novo documento do
PENT para o horizonte de 2015, em particular as que defendem ‘o reforço da
qualidade dos produtos turísticos, complementando a oferta com
experiências marcantes como forma de oferecer aos turistas que nos visitam
vivências únicas e genuínas’; e que ‘Portugal deverá assumir o desafio de
liderar no desenvolvimento sustentável do Turismo lançando políticas de
desenvolvimento equilibrado’.
No âmbito programaRede Rural Nacional, no projeto ‘5x5 – Redes
Temáticas Integradas do Turismo Rural’, procuramos dar resposta ao
disposto no documento estratégico nacional para o turismo, através do
estudo, definição e difusão dos parâmetros basilares das redes temáticas
prioritárias que fornecem a base para o desenvolvimento do produto
turístico temático direcionado para o Turismo Rural. Consideramos que
esta é a aposta mais realista para a qualificação do turismo em espaço rural
em Portugal.
Indústrias fortes e primárias, tais como a pesca, agricultura e silvicultura têm
diminuído drasticamente nas últimas décadas. As áreas rurais em muitos
países têm enfrentado as pressões da transição económica. O turismo é
assimconsiderado como um instrumento para diversificar a economia nas
zonas rurais, eventualmente complementando os tradicionais meios de
subsistência rurais.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Mas mais do que um pequeno complemento a outras atividades, o turismo
que tão bem consegue mostrar-se como escape ao stress urbano ressurge na
atualidade com renovado potencial de crescimento em face da diversificação
da procura. Importa saber capitalizar sobre esta oportunidade e adaptar a
oferta aos novos mercados.
Embora seja hoje reconhecido o potencial de crescimento do turismo nas
áreas rurais, só recentemente se afirma a necessidade de profissionalizar a
atividade, reconhecendo-a como uma indústria, e como tal como uma
atividade cujo sucesso depende da boa gestão e da forma como interage com
os mercados.
Um dos fatores críticos para o sucesso do turismo é inegavelmente a
capacidade de inovação. Contudo, é hoje assumido que a capacidade
inovadora da indústria do turismo nos espaços rurais é muito baixa e precisa
de ser melhorada.
Este pré-requisito para o crescimento da indústria do Turismo Rural é o
tema deste estudo: inovação e crescimento económico são aliados em
qualquer indústria. A nossa ambição é disponibilizar eixos para a sua
viabilização, juntamente com propostas de operacionalização.
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1.2
Definindo “Turismo Rural”
Não há uma definição consensual de Turismo Rural. Aceitemos como ponto
de partida que o Turismo Rural deve ser idealmente localizado em áreas
rurais. Além disso, embora aqui já as opiniões divirjam, consideramos que
idealmente…
O Turismo Rural deve ser desenvolvido por empresas pequenas
pertencentes a unidades familiares locais;
Os serviços devem relacionar-se com a cultura local, incluindo formas
de vida tradicionais e as economias agrárias;
As atividades devem ocorrer em ambientes relativamente naturais.
Na realidade, muitas formas de Turismo Rural ou de turismo em espaço rural
não estão em conformidade com estes princípios, seja porque as atividades
de Turismo Rural e lazer diferem pela sua localização, ou estilo de gestão ou
ainda pelavariação no seu grau de integração com o ambiente natural e
cultural.
definição geográfica, mas noutros corresponde à descrição dos
aspetos culturais das comunidades no campo;
Finalmente, o termo "Turismo Rural" cruza-se com o ecoturismo, o
turismo ecológico, o turismo de natureza e o agroturismo.
Ao abordarmos a necessidade de criar valor e competitividade para o
Turismo Rural, a definição deve concentrar-se do lado da oferta, isto é, como
indústria do turismo. A indústria do turismo compreende as empresas,
organizações e instalações que se destinam a atender às necessidades e
desejos dos turistas.
Podemos, talvez então, classificar a indústria do Turismo Rural como a
indústria do turismo localizada em áreas rurais e com uma envolvente
natural, desenvolvida por empresas que são familiares em escala, ou seja,
empresas de pequena escala.
Será talvez mais atual a seguinte definição de Turismo Rural: “o turismo que
ocorre no campo”. Esta definição, apesar de simples é abrangente e origina,
contudo, ambiguidades:
Em primeiro lugar, a definição de turismo em si pode variar,
especialmente no contexto do campo, porque os limites entre as
atividades de turismo (sentido estrito), lazer e desporto e aventura se
confundem;
Por outro lado, é difícil definir o que se entende por “campo” ou
“áreas rurais”. Muitos países têm diferentes critérios para definir
áreas rurais ou não rurais. O termo refere-se em alguns casos a uma
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
1.3
A perspetiva europeia
“Vivemos onde os outros só podem ter férias”. Klaus Ehrlich, secretário
geral da EUROGITES, a Federação Europeia de Turismo Rural, enquadra
assim o desafio da diferenciação do Turismo Rural.
A Federação Europeia de Turismo Rural, criada em 1993, e de que a
PRIVETUR é membro fundador, representa os proprietários de alojamentos
reunidos em 38 associações em 28 países (15% do alojamento de Turismo
Rural europeu) e olha com ambição e otimismo para o potencial do sector.
A avaliação das tendências atuais do Turismo Rural europeu regista dados
firmes: a procura que tem sido sobretudo interna (mercado doméstico acima
dos 85%) mostra grande potencial de internacionalização; o turista volta-se
cada vez mais para os produtos oferecidos e o bom preço é um fator muito
valorizado.
A análise ao quadriénio 2009/12 anota como dados positivos do Turismo
Rural: produto de férias, destino reconhecido, imagem nítida da marca,
promoção proativa, boa relação qualidade-preço, segmentação,
especialização e canais comerciais operacionais. Entre os aspetos negativos:
o Turismo Rural apenas é usado para fins de semana ou pequenas férias, a
imagem rural é muito genérica, a promoção é geralmente atomizada, os
serviços aparecem isolados e desligados da inserção no território, faltam
padrões reconhecidos de avaliação, persiste a venda individual.
Uma constatação essencial: a confiança transitou para a internet. A escolha
deixou de passar pelo boca a boca, assenta nas redes sociais. A internet dá
poder ao cliente. O GPS é uma ferramenta indispensável.
O posicionamento estratégico para 2020 está ancorado numa ideia
principal: “ser ambicioso”. E a ambição passa por colocar na cabeça dos
potenciais visitantes que Turismo Rural é “verde”, é “saudável”, é “estar
bem”.
A ambição na visão da EUROGITES é a de conquistar para o Turismo Rural
europeu mais de 20% das pernoitas em férias na Europa e mais de 30% de
visitantes estrangeiros. Alcançar este objectivo passa por desenvolver com
clareza uma marca transnacional, com super-segmentação: criar produtos de
qualidade que satisfaçam a procura do visitante e propor experiências à
medida de cada cliente.
Tudo com eficaz comunicação e organização através da internet e, sempre,
preservando e valorizando a autenticidade da vida na comunidade rural.
Fazer Turismo Rural deve ser “ter uma história para contar”.
A estratégia da EUROGITES recomenda como fundamental uma aproximação
holística: o alojamento é um complemento, não é o produto. Há que ser
sustentável e, essencial, saber comunicá-lo. As novas tecnologias são
ferramentas imprescindíveis para a necessária inovação. É preciso promover
a qualificação e investir na formação. Há que “saber ouvir a erva a crescer”,
ou seja, há que, à cabeça, constantemente, conhecer as preferências do
turista. E saber antecipar as flutuações e as vagas da sociedade.
“O cliente compra sonhos, não apenas um quarto e uma dormida”, é outra
ideia âncora retomada na visão da Eurogites: a experiência ou atividade é o
principal, o lugar onde se fica vem a seguir.
É decisivo desenvolver muitos produtos de nicho e saber tirar partido da
especialização em algumas excelências. A autenticidade é sempre
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fundamental. A visibilidade é essencial – e favorecida, para os produtos de
nicho, nos motores de busca da internet.
E ter sempre em conta que a internet é a mais importante fonte de
informação. Também que a avaliação feita por outros turistas é um decisivo
fator de escolha.
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1.4
O desafio: desenhar melhores experiências rurais
No Turismo Rural, a base de conhecimento para a inovação dos serviços tem
geralmente como origem a experiência prática e a prática organizacional, não
estando devidamente sistematizada.
Como definir na atualidade a experiência rural? Como identificar as
experiências rurais relacionadas com o turismo que terão um impacto
positivo na evolução do Turismo Rural em Portugal? O que queremos que
seja o Turismo Rural, a experiência de sentir o campo e a Natureza? Qual o
espaço de inovação no contexto social e económico atual? Como podemos
ajustar o Turismo Rural aos dias de hoje? Como evolui a nossa relação com o
campo e como podemos explorar isso para a produção de produtos
turísticos? Que mercados devem ser explorados? Que segmentos podem ser
explorados com novas abordagens?
Além disso, os serviços são frequentemente moldados aos requisitos dos
clientes e, portanto, pode ser difícil distinguir entre a adaptação de serviços a
clientes, por um lado, e a inovação como um driver para a evolução de um
serviço. Qualquer indústria de serviços tem um carácter imaterial e interativo
e, por vezes, a inovação de um serviço é quase invisível. A inovação nos
serviços tipicamente ocorre como uma mudança contínua, através de
pequenas alterações aos produtos do serviço oferecido ou através de
ajustamentos nos procedimentos.
Resumindo, a questão que se coloca e que corresponde à nossa ambição
neste estudo é:
A indústria do Turismo Rural tem uma taxa muito baixa de inovação em
comparação com outras indústrias de serviços. Vários fatores ajudam a
explicar esta tendência:
Quais os principais drivers que podem conduzir o crescimento do Turismo
Rural em Portugal no momento atual?
As respostas a estas questões passam pela inovação que é preciso trazer para
o Turismo Rural.
Importa desde logo diferenciar alguns termos operacionais:
inovação de produto;
inovação de processo;
inovação organizacional;
inovação no marketing.
A dimensão reduzida das empresas (a indústria do turismo inclui
muitas micro e pequenas empresas e a capacidade de inovação é
positivamente correlacionada com o tamanho do negócio);
A sua natureza familiar (com implicações na falta de sistemas
adequados de gestão de suporte ao desenvolvimento de atividades
inovadoras);
A falta de competências profissionais específicas;
Além dos fatores anteriores, muitas empresas de Turismo Rural não
estão envolvidas em estruturas de cooperação ou colaboração
dentro da sua área de atuação e que possam fortalecer a sua
capacidade de inovação.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
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Há pouca confiança mútua entre as empresas de Turismo Rural. As pequenas
empresas não se envolvem ativamente na criação de parcerias com vista à
colaboração, um padrão que, por sua vez, restringe a transferência de
conhecimento e experiência e limita a sua capacidade inovadora.
De facto, muitas empresas de Turismo Ruraldificilmente podem ambicionar a
acrescentar inovação à sua oferta de serviços.
Tomando como fator crítico a dimensão da operação padrão de Turismo
Rural em Portugal, e a fim de aumentar a capacidade de inovação e
crescimento no sector, consideramos como ação vital o desenvolvimento
de uma estratégia de criação e fortalecimento de redes interorganizacionais
e de cooperação.
As redes de inovação influenciam os fluxos de informação e a troca de
experiências, assim como a capacidade de cooperação e colaboração. São
espaços preferenciais para a criação e afirmação de produtos turísticos
integrados.
Além disso, uma rede que estruture oferta de Turismo Rural pode dar
resposta a outro fator crítico principal do sector: a importância da orientação
para o mercado e a capacidade para obter informação relevante sobre os
mercados e recursos externos ao negócio.
Estas redes adquirem valor adicional enquanto clusters de informação
diferenciadora e, numa vertente mais operacional, por constituírem-se como
espaços de oportunidade para a criação de negócios em formato
colaborativo.
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2. Rede Rural Nacional – Projeto 5x5 / Redes
Temáticas Integradas de Turismo Rural
O presente estudo constitui a fase preliminar do ‘Projecto 5 x 5’ / 5 Mil Casas
em 5 Redes - Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural, desenvolvido
pela PRIVETUR – Associação Portuguesa de Turismo Rural.
O ‘Projecto 5 x 5’ define o turismo no espaço rural como âncora estratégica
do modelo de desenvolvimento rural, interpretando este sector segundo
uma perspetiva compósita e integrada no conjunto dos diferentes agentes do
desenvolvimento rural, quer se trate de institucionais (municípios, grupos de
ação local, espaços museológicos, entre outros), quer de empresariais
(promotores turísticos, empresários agrícolas, empresários da restauração e
bebidas, entre outros), quer ainda se trate de movimentos associativos
(culturais, recreativos, lúdicos, sociais, desportivos, entre outros).
Esta fase preliminar assume como objetivo a identificação e sustentação de
cada uma das redes temáticas definidas, assim como a respetiva articulação
que se deverá estabelecer entre elas, os diversos agentes de
desenvolvimento rural a envolver, levando à construção de um modelo
assertivo que determine os termos e as condições necessárias para
incorporar cada uma das redes.
Na sua essência, o projeto tem como principais características:
Abordagem integrada e em rede dos diferentes sectores
(alojamento, animação, restauração, cultura, etc.)
e dos
váriosplayers (institucionais, ONG, privados, etc.) que interagem no
Turismo Rural;
Cooperação em rede dos diferentes players;
Articulação entre as práticas e oferta do Turismo Rural e os
principais drivers do turismo português e das marcas que
contribuem para a sua promoção;
Estruturação de produto turístico, encorajando novas formas de
cooperação entre os agentes nos territórios, com impactos positivos
na atração de novos investidores para explorar novas oportunidades
de negócio;
Concretização, a nível da NUT II Centro, de um projecto-piloto de
operacionalização das redes temáticas territoriais.
O projecto 5x5 incorpora conceitos, fenómenos, tendências e práticas atuais
e presentes em diferentes mercados, mas que carecem ainda de
implementação prática no desenvolvimento dos produtos turísticos no meio
rural, e em particular no mercado português, sobretudo devido à inexistência
de um documento que auxilie os promotores a passarem dos conceitos para
a sua aplicação real.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
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3. Mercados preferenciais
Uma das características fundamentais do Turismo Rural prende-se com o
facto de, mesmo estando, em geral, associado a viagens mais curtas, estas
terem um gasto médio superior a produtos tradicionais como o sol e praia.
Por esta razão, os mercados emissores com maior potencial englobam países
desenvolvidos, ou em forte desenvolvimento, para os quais a
sustentabilidade, os patrimónios natural e cultural e a autenticidade são mais
valorizados. E é aqui que o Turismo Rural é mais relevante, surgindo como
agente aglutinador para todos os que querem usufruir deste tipo de oferta.
As boas acessibilidades para Portugal (Reino Unido, Espanha, França e
Alemanha possuem mais de 25 voos diários para Portugal), a partir de
aeroportos internacionais são também um aspeto fulcral na seleção dos
principais mercados a atrair.
Portugal é visto como um destino compacto (pouca distância entre cidades,
tempos de viagem reduzidos).
Como principais mercados emissores do turismo português no geral, a
Alemanha e Espanha serão sempre parte integrante de qualquer lista de
países a explorar. Se adicionarmos a esta lista o Reino Unido, a Holanda e a
França temos os principais mercados que, em maior ou menor grau, todos os
países europeus competem por atrair.
Segundo o recentíssimo ‘Estudo sobre a Internacionalização do Turismo no
Meio Rural – Modelos de Negócios e Estratégias de Desenvolvimento’,
elaborado pelo Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da
Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, os turistas da
Escandinávia, Europa Central e Reino Unido correspondem em geral a
turistas experientes e responsáveis, sendo que devido à sua alta escolaridade
são também mais exigentes na escolha do que compram. Procuram satisfazer
interesses especiais, principalmente no que toca a conhecer o tradicional e
menos explorado, o non-mainstream.
Também de acordo com um estudo recente da GFK Metris, para os turistas
germânicos e escandinavos, o clima e a paisagem são o factor impulsionador
na escolha de Portugal como destino de lazer. Portugal é considerado um
país seguro e pacífico, com uma oferta de alojamentos de qualidade face à
concorrência.
Os turistas franceses, à semelhança dos seus vizinhos do Norte, também
vêem em Portugal um destino com uma grande riqueza histórica e cultural e
um bom clima. No entanto, para os turistas deste país a gastronomia
nacional representa uma outra mais-valia que diferencia Portugal da
concorrência.
De acordo com o Plano Estratégico Nacional de Turismo, a notoriedade que
Portugal possui nesses países deve-se ao facto de ser considerado um
destino de preço baixo e mais hospitaleiro, onde os principais pontos fortes
estão na simpatia e animação. Os fortes valores culturais e naturais
portugueses são muito procurados pelos países do Norte e Centro da Europa.
Por outro lado, o grande atrativo para os países da bacia do
Mediterrâneo,onde as condições climatéricas são mais semelhantes às
nossas,é a gastronomia nacional, sendo no nosso país que muitos turistas
vêm alargar o seu espectro gastronómico.
No entanto, com a atual situação económica mundial que levou a um
desgaste do ponto de vista económico do velho continente, é importante que
seja feita uma adaptação e se apontem estratégias de marketing para outras
zonas do globo, nomeadamente para o Brasil e os EstadosUnidos que, de
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
acordo com estudos recentes, têm vindo a aumentar o seu interesse por
Portugal.
O Brasil, porque vê em Portugal uma porta de entrada para a Europa, com
fortes ligações históricas e culturais e com uma grande facilidade linguística.
O “turismo das raízes” é uma tendência em crescimento. A ligação histórica
do Brasil a Portugal deve ser aproveitada de forma atenta.
Também os EstadosUnidos são emissores de turistas para o velho continente
de onde provêm e de tão mais longa História e incluem linhagens de
imigrantes que têm um desejo de conhecer o país dos seus ascendentes. Os
dados do Turismo de Portugal demonstram que o turismo norte-americano
foi o que mais cresceu em Portugal no primeiro semestre, com uma subida
de 17,5 por cento nos gastos de turistas norte-americanos.
O Brasil e os Estados Unidos dadas as dimensões destes mercados e à
elevada “capitação” por turista,são assim dois dos mercados com relevante
potencial turístico.
Como em todos os casos de sucesso na Europa, é importante perceber que,
mesmo com uma forte atração por parte dos mercados internacionais, sem
uma forte dinamização do mercado doméstico dificilmente Portugal terá um
sector dinâmico de Turismo Rural.
Portugal é também um mercado de Portugal e é no mercado nacional que
está o principal indutor de crescimento e de aumento da escala e
dinamização da oferta.
A escolha destes mercados emissores está interligada com as suas perceções
em relação a Portugal, ao património natural aos costumes, tradições e
condições climáticas.
Foi também tido em consideração o nível de desenvolvimento e qualidade de
vida nesses países, pelo que é importante que Portugal sobressaia como uma
das regiões do globo socialmente estáveis, favorecendo a receção de um
grande número de viajantesprovenientes desses países.
Os estudos de mercado apontam, contudo, para a necessidade de garantir
níveis de proximidade a equipamentos de saúde, particularmente em relação
a alguns segmentos de mercado.
As noções que os mercados possuem relativamente ao desenvolvimento
sustentável e à conservação da autenticidade do meio ambiente são também
um ponto forte potencial e os países do Norte da Europa,juntamente com o
Reino Unido, são bons exemplos de países onde os cidadãos têm um nível de
educação ambientaltal que, indiretamente, poderãopercepcionar a
ruralidade portuguesa como atrativa.
Igualmenteimportantes são os mercados do sul da Europa, apesar de
algumas semelhanças turísticas a Portugal, uma vez que existe a noção de
uma boa relação qualidade/preço relativamente ao nosso país, para além do
valor dagastronomia. Já Espanha, pela proximidade, continua a ser o
mercado mais relevante para Portugal.
Os mercados agrupam-se, assim, de acordo com as suas características
específicas, e de forma a dar resposta ao âmbito deste estudo, da seguinte
forma:
Escandinávia – Noruega, Finlândia, Suécia, Dinamarca
EU Central – Alemanha, Holanda e Bélgica
EU Sul – França, Itália, Espanha
Reino Unido
Portugal
Brasil
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Projecto 5x5
Será com base nestes agrupamentos de mercados que será realizada a
análise e posterior construção do Modelo 5x5.
Este terá ainda por base, o conhecimento adquirido do intenso
benchmarking realizado, bem como as conclusões retiradas da auscultação às
forças vivas da região centro, onde se desenvolve o piloto, ao qual se aplica o
modelo na parte final deste estudo.
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4. Benchmarks
4.1 A bicicleta - mobilidade sustentável e moda, e o
crescimento do turismo em bicicleta
Nota sobre os termos usados:em Portugal, o conceito de cicloturismo está
associado à organização de eventos para ciclistas, razão pela qual neste
relatório utilizamos o termo alternativo Turismo em Bicicleta. Incluímos aqui
as bicicletas de estrada, híbridas, as de montanha e o BTT e abrangemos
todas as formas de fazer turismo que incluem passeios de bicicleta, extensos
ou curtos.
Tomando como ponto de partida a extensa literatura técnica disponível sobre
planeamento e requisitos do turismo em bicicleta, a nossa pesquisa centrouse sobre as tendências de crescimento atual da atividade: o mercado está
subdividido em segmentos que agrupam a oferta para diferentes tipologias
de utilizadores e segmentos económicos. Recolhemos benchmarks europeus,
dando especial atenção aos países emissores de turistas para Portugal. A
nossa análise consolida a aposta apontada pela PRIVETUR de que o turismo
em bicicleta, nas suas variadíssimas formas, é um mercado em crescimento e
relevante para Portugal, importando, portanto, encontrar formas de
operacionalizar infraestruturas que permitam criar produtos turísticos.
O detalhe da análise dos casos analisados constitui uma base de trabalho
extensa e robusta de projetos consolidados e de outros inovadores e recémchegados ao mercado, sobre a qual importa refletir na criação de produtos
turísticos temáticos integrados.
De facto, as oportunidades que o segmento do cicloturismo tradicional
oferece para o Turismo Rural podem ter uma dimensão pouco relevante, mas
quando agregamos o turismo em que a bicicleta como modo de mobilidade é
associada a drivers principais do turismo português como a gastronomia, o
enoturismo, a cultura e o património e o acesso privilegiado à Natureza,
surgem benchmarks extremamente interessantes para a realidade
portuguesa.
Consideramos que podem ser desenvolvidos micro-segmentos de valor
económico relevante, devidamente ancorados no investimento generalizado
no cluster turismo em bicicleta.
Destacamos três tendências em crescimento:
- CicloTurismoRural: A nossa pesquisa revelou a emergência deste conceito.
Recolhemos alguns benchmarks sobre este nicho, tanto na Europa como no
mercado brasileiro.
- “Bike hotels”: Trata-se de um hotel com serviços e produtos dedicados às
necessidades do turista de bicicleta. Este é um conceito em expansão na
Europa, e a despontar em Portugal. Recolhemos benchmarks sólidos sobre
redes de ‘bike hotéis’ que relevam o espaço rural. Destaca-se o caso da Itália.
- Produtos turísticos temáticos que incluem a bicicleta como forma de
mobilidade
Apesar de os Estados Unidos (EUA) e o Canadá constituírem uma realidade
distante, a sua abordagem ao Turismo Rural é extraordinariamente rica e
bem desenvolvida e, neste sentido, considerámos inspiradoras as boas
práticas de criação de destinos e gestão de turismo integrando as redes 5X5.
Em particular, destacamos dois benchmarks de destinos turísticos associados
às bicicletas: o caso do Oregon é particularmente relevante para a região
12
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Centro de Portugal, dada a sua também forte tradição no ciclismo tradicional.
Trata-se de uma região que assume o orgulho pela atividade, fator de imenso
valor para o turismo. O benchmark canadiano recolhido apresenta o esforço
de uma região para conceptualizar a sua estratégia para se afirmar também
como destino de turismo em bicicleta por osmose com uma região vizinha.
No que concerne à integração dos produtos de turismo de bicicleta com a
paisagem e eventuais rotas panorâmicas, todos os casos analisados, como
seria de esperar, reforçam a importância de se atender à qualidade da
paisagem na construção de produtos turísticos sólidos.
Outra recomendação recolhida dos benchmarks é a utilidade de uma
abordagem ao cliente tal como é tradicional no Turismo Rural. Esta é talvez
a principal mais-valia que o Turismo Rural pode trazer ao cruzar-se com o
turismo em bicicleta, a par com o geo-posicionamento do alojamento.
Em relação às Ecopistas / “Greenways”, foram amplamente analisados os
casos de boas práticas de turismo associado a este tipo de recurso turístico.
Recolhemos benchmarks que apontam para o seu potencial tanto para
ofertas de breaks como para ofertas para segmentos de utilizadores soft de
bicicletas e para os utilizadores com mobilidade reduzida. É, contudo, devida
uma nota de precaução relativamente a estes benchmarks porque
genericamente as redes de ecopistas analisadas têm uma extensão
assinalável, beneficiando de um efeito de escala ainda não possível em
Portugal.
13
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
4.2 Caminhadas, “walking holidays”, conceitos tradicionais
sempre atuais e em grande expansão
Tal como para o turismo em bicicleta, a literatura técnica de suporte à
estruturação de produtos turísticos baseados na mobilidade a pé é extensa e
permite organizar produtos extremamente diversos.
De novo, tal como para a bicicleta, no tema turismo a pé concentrámos o
esforço de análise de boas práticas na procura de benchmarks orientadores
para a boa gestão e desenvolvimento de soluções que possam aportar
competitividade às economias locais,designadamente através da promoção
de novas dinâmicas locais de cooperação empresarial e da potenciação dos
valores turísticos locais através de formatos inovadores.
As questões principais para as quais procurámos resposta nos benchmarks
são
Como usar o turismo a pé como estratégia para potenciar o Turismo
Rural?
Como maximizar os benefícios do turismo a pé conjugando-o com o
Turismo Rural?
Que benefícios oferecidos pelo turismo a pé podem ser explorados
para enriquecer a experiência de Turismo Rural e para dar
visibilidade à oferta turística de uma região, de um local, de uma rota
ou de um recurso turístico?
A análise realizada revela que o mercado internacional para turismo a pé,
tomado como um driver em si mesmo, é sólido e tem uma dimensão muito
relevante. Recolhemos exemplos de regiões onde a dinâmica atribuída a
esta atividade de nicho é reconhecida como relevante para a economia
local. Em alguns casos, como na Irlanda, há inclusive regiões que se
posicionam hoje como destinos para o turismo das caminhadas.
A nossa análise de boas práticas revela também como na atualidade os
segmentos prioritários para investimento em turismo a pé já não estão
limitados ao turista de fracos recursos económicos, potenciando o interesse
por esta tipologia.
Por outro lado, as caminhadas, extensas ou curtas, são atualmente incluídas
como opção na generalidade das ofertas turísticas. As oportunidades para
andar a pé são vistas como fator potenciador da qualidade do Turismo Rural
e de descoberta da Natureza. Assim, a nossa atenção focou-se na procura de
fatores diferenciadores nas caminhadas e com maior valor para o Turismo
Rural em Portugal. A perspetiva mais interessante que recolhemos na análise
de boas práticas é a integração das caminhadas em produtos turísticos
complexos e estruturados em redor de interesses especiais ou motivações,
ultrapassando em originalidade a oferta de caminhadas cujo tema é um
qualquer recurso patrimonial em si.
Exemplificando, trata-se de usar o turismo a pé como modo de mobilidade
suave nas ofertas de enoturismo, de bem-estar e saúde, tourisng cultural,
sentir a ruralidade, acessibilidade privilegiada a valores naturais, melhoria
dos resultados no turismo de birdwatching, etc. Naturalmente, estes drivers
principais não invalidam, de acordo com os benchmarks analisados, a
relevância da riqueza patrimonial por si só para a atratividade turística dos
locais.
14
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Para um turista que desconhece o território que vai visitar, pode não ser
suficiente a informação sobre a existência de percursos pedestres nesse
local. O Turismo Rural prima pela atenção dedicada aos seus clientes e esta
mais valia pode,e deve, ser explorada de forma muito positiva no caso do
turismo das caminhadas.
Recolhemos dos benchmarks a noção da importância dos formatos
inovadores para fornecer informação a estes turistas, alguns baseados em
tecnologia digital, naturalmente, mas não é de descurar a inovação
associada à arte de bem receber e integrar o turista.
No mesmo sentido do ponto anterior, recolhemos também a recomendação
sobre o valor de serviços e produtos complementares à oferta turística que
inclui caminhadas.
15
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
4.3
Turismo equestre, um imenso potencial
Tal como as outras formas de mobilidade apontadas como estratégicas pela
PRIVETUR, o cavalo, através do turismo equestre, permite ao visitante
desfrutar da natureza e da paisagem de forma privilegiada.
Mas o seu verdadeiro valor para o turismo e para o desenvolvimento das
regiões onde se desenvolve reside na especificidade do segmento de
mercado que capta e que só parcialmente se sobrepõe aos segmentos
motivados por passeios de bicicleta ou a pé.
A análise de benchmarks europeus revela o forte desenvolvimento deste tipo
de turismo em variados países, como a França, a Alemanha e a Espanha (que
são alguns dos principais países emissores de turistas para Portugal) e o seu
grande impacto positivo nas economias locais.
As boas práticas analisadas permitem recolher a informação técnica
relevante sobre as condições ideiais para o desenvolvimento de produtos
associados ao turismo equestre em espaços rurais e naturais.
Em Portugal, esta atividade encontra-se em desenvolvimento no momento
atual, encontrando-se em curso projetos para a estruturação de redes
equestres europeias, que permitirão captar turistas já praticantes de turismo
equestre noutros países e turistas urbanos que habitualmente praticam
equitação apenas em centros equestres localizados em espaços urbanos.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
4.4 Vias panorâmicas, um valor incontornável: prelúdio,
vivência e finale
Quando nos referimos a vias panorâmicas, habitualmente referimo-nos à
mobilidade automóvel ou por estrada. Importa, desde já, acrescentar a
importância da mobilidade por comboio e de barco. Mas, para além da rota
que serve o percurso de chegada e partida à região a visitar, no caso do
Turismo Rural as vias panorâmicas podem constituir um valor acrescido.
relevantes os benchmarks que destacam na promoção de produto a oferta
integral e que inclui a promessa de qualidade da paisagem atravessada pelo
turista em todo o seu percurso, ou seja, no decurso da experiência turística.
Neste sentido, constituem benchmarks relevantes as boas práticas na
descrição da envolvente e que conseguem, através do detalhe a da
valorização da paisagem cultural e natural dos itinerários, enriquecer a
proposta de experiência.
O Turismo Rural, ao contrário do turismo all-inclusive oferecido pelos resorts
turísticos, tem como suporte essencial a área ou região onde se desenrola a
experiência turística. A qualidade da paisagem, seja ela natural, rural ou
cultural, faz parte do produto oferecido. As pessoas que visitam destinos
rurais esperam encontrar autenticidade. A continuidade da qualidade da
oferta, em termos paisagísticos, contribui para a construção mental da
experiência rural.
De todos os elementos que constituem a matriz 5x5 definida pela PRIVETUR,
as vias panorâmicas são aquele que de forma menos individualizada contribui
para o objetivo geral do projeto.
As situações que analisámos e os estudos que consultámos confirmam que
apenas rotas panorâmicas excecionais constituem motivação por si só para
a visita. No entanto, é unânime a opinião de que elas são um fator
secundário extremamente relevante.
Alguns países têm redes de vias panorâmicas identificadas e que são
integradas na criação de produtos turísticos. No caso de Portugal, não tendo
ainda sido feito este esforço de desenvolvimento de vias panorâmicas, são
17
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
4.5
Documentação de boas práticas analisadas
O conjunto de boas práticas, projetos, ações e experiências, apresentados
seguidamente, foram selecionados, de entre os muitos casos consultados e
analisados no decorrer deste estudo, para detalhar algumas das estratégias
de desenho da oferta e abordagem ao mercado, que adotamos como
contributos de elevado valor para o Turismo Rural português.
Não pretendem abarcar a diversidade de assuntos e temas tratados e
representam, efetivamente, uma ínfima parte da informação útil recolhida de
outros promotores. Tão pouco podem ser vistos como a nata das iniciativas
de Turismo Rural: na verdade, a realidade portuguesa é suficientemente
específica para que muitas das práticas desenvolvidas noutros países
pudessem ter aplicabilidade imediata ou previsível em Portugal e, neste
sentido, optou-se pela análise pragmática de bons exemplos a ter em conta.
Cada um dos estudos de caso apresentados (ver detalhe em anexo)é, em si,
exemplo inspirador de formas particularmente bem conseguidas de resolver
questões com as quais nos deparámos no decorrer do estudo e que são por
nós considerados fatores críticos de sucesso para a evolução do Turismo
Rural nos mercados nacional e internacionais nos próximos anos.
São 13 os casos apresentados em detalhe:
- Da Letónia, recolhemos de um dos membros da EUROGITES, a
profundidade no tratamento dos temas e a gama da oferta, que, apesar de
muito diversa, não deixa por isso de ser extremamente coerente e de dar
resposta uma bem delimitada proposta de valor: capitalizar sobre os valores
naturais e rurais do Báltico e sobre a extensa rede de trezentos alojamentos
que conferem proximidade aos recursos.
A associação fez o trabalho de casa na recolha de informação ultradetalhada, científica, sobre fauna, flora, agri-produtos, entre outros A oferta
reflete o domínio sobre os temas, que são convertidos em ofertas que só
poderiam ser postas em marcha por uma rede de promotores de base local.
Outro dos resultados interessantes é a capacidade gerada para lançar
propostas para combater a sazonalidade, sem fugir ao posicionamento
estratégico.
O formato de apresentação da oferta no site atribui maior visibilidade às
atividades do que ao alojamento, uma tendência que se instala.
- Na Geórgia, no leste europeu, um membro recente da EUROGITES, a
associação de produtores de agricultura biológica Elkana é um modelo de
total fidelidade a dois valores chave do Turismo Rural: a autenticidade e a
ruralidade.
Provavelmente o melhor caso de estudo que identificámos de ligação entre a
agricultura e o turismo,e que é centrado no turismo de imersão na ruralidade
vem de outro membro da EUROGITES.Em Itália, a associação Agriturist, que
reúne os membros da confederação italiana de agricultura com oferta de
alojamento rural. Este é um exemplo da arte de bem receber em territórios
de base agrícola. Mas o que nos traz ao benchmark da Geórgia é a
conjugação entre tradição e modernidade.
A Elkana promoveu recentemente a diversificação da atividade agrícola dos
seus associados, fazendo crescer rapidamente uma rede com 450 membros.
A celeridade do processo não impediu a associação de investir fortemente na
capacitação dos seus associados, assegurando a adoção do modelo de
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
negócio escolhido. E assim foi organizada uma gama de serviços
especializados de turismo e oportunidades de consumo e aquisição de
produtos da terra em formatos modernos e que refletem a coordenação
nacional. Muitos dos produtos turísticos são ofertas estruturadas que não
estariam ao alcance da capacidade organizativa dos proprietários agrícolas.
Do mesmo modo, o packaging e promoção conjunta dos produtos agrícolas
dos associados foi alargado a novas opções de distribuição.
- Na oferta da Provence francesa (casos de estudo Provence e Mont
Ventoux), tudo está integrado, com a naturalidade, fluidez e elegância que
outros não conseguem atingir. Das dezenas consultados de sites de turismo
desenvolvidos em todo o mundo por entidades públicas, este é o caso que
consideramos mais bem conseguido. Todos os segmentos de turistas se
poderão rever aqui e encontrar com a maior facilidade possível as ofertas
que lhes são dirigidas. Mais até, a gestão inteligente do site tenta um
constante “piscar de olho” ao turista mais conservador e vai propondo
pequenas ousadias na escolha, envoltas por detalhes que contribuem para
eliminar a insegurança face à novidade.
Vários sites integram esta oferta estruturada: um destaque especial para as
propostas relacionadas com o turismo em bicicleta e que incluem
simultaneamente oferta para desportistas de montanha, utilizadores
regulares de bicicleta e para quem talvez use uma bicicleta uma vez por ano.
- Dos Estados Unidos, recolhemos um tremendo caso de sucesso na criação
de um destino turístico. O estado federal do Oregon, na costa oeste,
capitalizou sobre a tradição do uso da bicicleta para desenvolver um destino
turístico associado à atividade e que ultrapassa amplamente o valor de um
produto de nicho. O envolvimento das comunidades locais e dos praticantes
de ciclismo recreativo foi crucial.
- Na Irlanda a entidade nacional de turismo coordena desde 2011 um sistema
de categorização dos alojamentos rurais baseado nos interesses específicos
dos turistas. A adesão é voluntária e oferece aos proprietários a
oportunidade de mostrarem a sua identificação com áreas da sua
especialidade: caminhar, pescar, gastronomia, ecoturismo, entre outros. Esta
proposta de ultra-segmentação da oferta neste formato pragmático e de fácil
comunicação, tem um potencial claro para atribuir escala e visibilidade aos
produtos turísticos das unidades de alojamento.
- Para se posicionar como destino de turismo em bicicleta, uma região de
turismo no Ontário, Canadá, realizou um estudo profundo para
caracterização da atividade e do seu potencial de crescimento em formato
ultra-segmentado e diversificado.
- O Clube de Produto Birding in Extremadura, na vizinha Espanha, é
coordenado por uma entidade pública em articulação com parceiros públicos
e privados. A gestão agregada do turismo ornitológico confere eficácia à
gestão e escala à oferta. A ambição deste clube é penetrar os mercados
internacionais de birdwatching.
- Destacamos também um serviço, a rede de hotéis amigos das bicicletas,
que existe em vários países europeus e acaba de ser lançado em Portugal,
mas por enquanto apenas para a rede hoteleira. O potencial de clonagem
para a rede de alojamentos rurais é relevante.
- A via Algarviana, projeto de turismo de centrado numa ecovia que
atravessa todo o interior algarvio, é um exemplo positivo de integração da
oferta de atividades turísticas com a oferta de alojamento. Esta estratégia
orientou o projeto desde a sua origem. A via algarviana cruza na sua matriz o
desenvolvimento local, o ecoturismo e a promoção regional do turismo.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
- As ecopistas são ecovias desenvolvidas em antigas linhas de comboio agora
desativadas. Com declives constantes próximos do 0%, são um recurso
turístico de enorme potencial para o turismo desenvolvido em espaços
naturais. Em Portugal, começam a surgir exemplos de aproveitamento
turístico, que provavelmente serão reforçados à medida que a rede for
abrindo novos percursos ao público.
- A motivação e expectativas dos visitantes de uma adega podem não se
encontrar dentro de uma garrafa. Recolhemos da Austrália as
recomendações organizadas em fichas técnicas dirigidas aos promotores de
enoturismo sobre o desenho de uma oferta integrada de turismo enológico.
- Prove Portugal é uma iniciativa pública lançada para promoção da
gastronomia e vinhos portugueses e a que os promotores de Turismo Rural
devem estar atentos, procurando capitalizar sobre os efeitos no mercado das
campanhas realizadas em diferentes países.
20
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
5.
Auscultação dos Players e Forças Vivas
Para a realização deste estudo foram realizadas mais de 150 entrevistas a
diversos players do Turismo e da atividade no campo.
Foi lançado um inquérito, que decorreu entre 26 de setembro e 10 de
outubro de 2012, a diversos setores do turismo português, com foco na
criação de oferta estruturada com base no Turismo Rural. O inquérito teve
136 respondentes ativos.
Também foram promovidas dezenas de reuniões de trabalho com
instituições públicas e privadas, designadamente autarquias, associações de
desenvolvimento local e regional, associações e empreendedores de setores
como o vinho, a gastronomia, as bicicletas, os cavalos, a caminhada, os
desportos náuticos, o termalismo e as atividades de cultura, entretenimento
e património.
A pesquisa incluiu dois workshops e um co-lab criativo.
Finalmente, foram realizadas centenas de visitas a recursos e produtos
turísticos. Nestas deslocações de observação, o membro da equipa do estudo
apresentou-se sempre como turista.
A auscultação é detalhada nos Anexos deste Estudo.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
6. Diagnóstico participativo
Resumindo a informação e conhecimento recolhidos na auscultação aos
players e forças vivas, segue-se o diagnóstico da situação atual da oferta
turística relacionada com o espaço rural nacional, considerando então o
conhecimento do território, as fontes bibliográficas e as intervenções
retiradas da auscultação de diversos players deste sector turístico. Esta
situação é então comparada com as boas práticas internacionais, para então
avançarmos com a identificação das principais forças e fragilidades do
Turismo Rural em Portugal na atualidade.
6.1
Diagnóstico
O conceito de Turismo Rural é baseado na noção de território, com ênfase no
critério da destinação e na valorização da ruralidade. Se alavancado nas
potencialidades existentes, pode ser uma ferramenta poderosa de
desenvolvimento regional e rural.
As características mais gerais do meio rural, como a produção territorializada
de qualidade, a paisagem, a biodiversidade, a cultura e modos de vida, a
lógica familiar, a cultura comunitária e a identificação com os ciclos da
natureza são importantes fatores de atração. A agregação de valor também
pode ser feita através daverticalização da produção local, moldando os
produtos in-situ para que possam ser oferecidos ao turista sobre a forma de
alimentos, vestuário, artesanato, etc.
A sustentabilidade,enquanto grande tendência dos últimos anos, deve ser
vista como um dos principais factores de competitividade do sector. A
criação de pacotes que englobem as três dimensões da sustentabilidade
(económica, social e ambiental), onde a ligação à natureza, aos bio-produtos,
a um estilo de vida saudável ou a valorização de diferentes culturas, é
indubitavelmente um ponto a focar noplaneamento de oferta para este
sector.
Como alternativa ao turismo mainstream, o Turismo Rural tem um potencial
sub-explorado em Portugal, muitas vezes fruto do mau planeamento do
modelo de negócio e consequente má gestão. É necessárioreinventar a
imagem do Turismo Rural, atualmente saturada e em muitos casos obsoleta
neste século XXI.
Vários estudos sustentam que a motivação para o turismo está associada à
quebra de rotinas e à procura de novas experiências, onde a seleção do
alojamento não é o principal critério de escolha.
Deve-se assumir como principal fator de atração no Turismo Rural a noção de
“full agenda” onde, através de parcerias, cooperação e articulação entre
agentes, se oferecem produtos turísticos diversificados que produzem a
sensação de preenchimento temporal total ao turista em busca de novas
experiências. Ou seja, propostas integradas que articulam alojamento,
restauração, atividades de animação, vias de acesso, cultura local genuína e
as paisagens envolventes.
Existem infraestruturas de qualidade e genuínas que captam toda a
essência daquilo que deve ser o Turismo Rural de qualidade, pelo que é
imperativo que exista uma estruturação e comercialização de todas essas
propostas em conjunto.
22
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro, afirma que a gastronomia,
o touring cultural e a paisagem são os pontos mais fortes desta zona.
Guilherme Almeida, vereador de Turismo e Desporto na câmara municipal de
Viseu, diz ainda que o turista vem cada vez mais pelos modos de vida
saudável ao ar livre. Como forma de rematar tudo isto, Andreia Roque,
presidente da IDESTUR (Brasil) enfatiza que “apesar dos processos de
desenvolvimento, o campo português ficou intacto, tendo por isso grandes
possibilidades de modernização, sem perder ruralidade... é preciso saber
oferecer experiências”.
de conhecimento e know-how. Verifica-se, portanto, a necessidade de
estratégias de envolvimento e fortalecimento das várias partes interessadas
em torno do Turismo Rural.
Diversos estudos apontam como principais motivações dos turistas rurais o
relaxamento, a socialização, a aprendizagem, e o fator novidade. Por outro
lado, enquanto a criação de pacotes diversificados é uma opção para alguns
segmentos de clientes, as propostas abertas são as mais indicadas para o
share do mercado constituído por turistas mais experientes.
Dentro do Turismo Rural e analisando as necessidades de todas as partes
interessadas, rapidamente se depreende que tanto para os proprietários de
alojamento, empresários de Turismo Rural, como para empresas de
animação turística e proprietários de produtos e serviços locais, os aspetos
de maior importância são a maior organização e maior visibilidade. “Fez-se
muito nos últimos anos, mas está tudo por interligar” (Guilherme Almeida),
“O que nos falta é organizarmo-nos...” (Paulo Castro, ex-director do Parque
Nacional Peneda-Gerês), “Falta cooperação e interligação entre as diferentes
partes” (Paula Matos Correia, dirigente na ADICES). Estes testemunhos
recolhidos no terreno espelham quais as principais necessidades do sector.
São necessários mecanismos que criem maior abertura de mercado para
que os produtos que de facto possuem qualidade tenham maior exposição
comercial, inclusive a operadores turísticos. Importa também que o
marketing seja direcionado para os públicos alvo do Turismo Rural (turistas
mais exigentes, mais informados e mais independentes).
Por outro lado, é notória a falta de confiança mútua entre as empresas de
turismo. As pequenas empresas não se envolvem ativamente no
desenvolvimento de colaborações, um aspeto que restringe a transferência
23
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
6.2
Fatores críticos para o desenvolvimento do Turismo Rural
Como resultado principal deste diagnóstico obteve-se a identificação de sete
factores críticos ao desenvolvimento do Turismo Rural em Portugal, que se
apresentam se seguida:
6.2.1 Investir em produtos específicos e fortalecer a identidade dos
territórios
No Centro, a serra da Estrela continua a ser explorada essencialmente como
destino neve, surgindo mais recentemente algumas propostas gastroetnográficas (queijo e transumância); Arouca e o Tejo Internacional exploram
o seu património geológico através do geoparques; alguns rios de montanha
como o Paiva, associados ao turismo ativo e representando recursos de
altíssima qualidade, continuam a não merecer o investimento devido em
produtos e serviços associados complementares para se tornarem em
destinos turísticos de excelência; as regiões vínicas do Centro investem, de
forma desigual, em enoturismo, mas apenas na infraestruturação direta
(adegas visitáveis e oportunidades de prova, espaços museológicos,
alojamentos em propriedades vinícolas).
Percorrendo o país, sente-se uma forte diferenciação no investimento
realizado, ao longo dos anos, em produtos turísticos integrados e na criação
de destinos turísticos relacionados com o campo, os espaços rurais ou a
Natureza. É notório o esforço realizado nos últimos anos para criar marcas
turísticas territoriais associadas a recursos icónicos como o Douro vinhateiro,
o Douro navegável, a Natureza do Douro internacional ou o Alqueva.
Também no que respeita à criação de novos produtos turísticos, se tem
assistido a um considerável esforço, quer por parte de entidades públicas,
como por parte de promotores privados. Destes produtos, podemos destacar
os percursos pedestres, como por exemplo a recente a Via Algarviana, o
birdwatching, o ecoturismo ou as férias associadas a formas de mobilidade
suave (a pé ou de bicicleta).
Na análise da oferta turística do espaço europeu, nomeadamente nos países
membros da Federação Europeia de Turismo Rural, EUROGITES, na qual o
promotor deste estudo está inserido, é notória a enorme disparidade entre
os diferentes países, no desenvolvimento de destinos associados tanto ao
Turismo Rural, como a outras formas de turismo no campo (turismo de
Natureza, turismo ativo, ecoturismo, enoturismo).
Como seria de esperar, são notórias as diferenças entre os destinos que,
fazendo estandarte no turismo na natureza e ecoturismo, se desenvolveram
em períodos diferentes, sendo emblemáticos os casos das regiões
autónomas. Os Açores, tendo sido alvo de investimento e consequente
desenvolvimento mais recente evidenciam, como seria de esperar, uma
abordagem bastante mais atual à criação da sua oferta do que a Madeira.
- A Irlanda, com a sua forte tradição rural, investiu na infraestruturação do
turismo para além do alojamento, criando redes de percursos pedestres e
cicláveis numa perspetiva turística, integrando os temas identificados como
motivadores do turista, e não apenas percursos de mobilidade suave urbana
e peri-urbana.
Considerando as boas referências de produtos/destinos nacionais
mencionados anteriormente, uma das mais críticas diferenças entre estes e
os bons benchmarks europeus está na abrangência do conceito de destino
que os distingue.
Em concreto, salientamos algumas abordagens de excelência:
24
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
- Regiões vinhateiras francesas, como Burgundy e Provença, investiram na
diversificação do enoturismo, de forma a abranger diferentes tipologias de
férias e perfis de turistas, resultando em ofertas de turismo a pé, de bicicleta,
a cavalo, para amadores, famílias, desportistas, turistas ativos, terceira idade,
em formatos do luxo ao budget.
- Em Itália, como em França, o conceito alemão de bikehotel alarga-se ao
alojamento rural e vem reforçar o esforço para a criação de destinos
integrados para o cicloturismo, a par com a marcação no terreno de
percursos e do investimento em informação em suporte digital ou em papel
para apoio ao turista.
De um modo geral, são muitos os países e as regiões europeias que se
afirmam como destinos para férias baseadas em caminhadas e percursos de
bicicleta e é assim que vemos surgirem propostas fortemente dirigidas a
segmentos específicos, como o caso de alojamentos que anunciam na
homepage do seu site o conteúdo do farnel que fornecem aos seus clientes
que fazem férias de bicicleta, entre outros detalhes que evidenciam uma
estratégia bem desenvolvida.
Como resultado, proprietários de alojamentos e operadores turísticos
encontram potencial para criar oferta turística de qualidade, e
diferenciadora no mercado global, destinada a públicos específicos, nos
quais investem em promoção muito dirigida, como é típico dos produtos de
nicho.
Portugal tem condições excecionais para ser competitivo nestas tipologias,
por diversos motivos:
o clima, que nos favorece nas épocas baixas em relação ao centro e
norte da Europa,
a diversidade biológica e paisagística e a ampla extensão de espaços
naturais, nomeadamente um conjunto assinalável de serras e de
linhas de água e respectivas galerias ripícolas,
a proximidade constante ao litoral,
a diversidade cultural e histórica, a riqueza e diversidade do seu
património construído, nomeadamente o de caráter religioso e a boa
preservação de povoações tradicionais, de norte a sul do país, onde
se encontram vastos recursos etnográficos interessantes na
perspetiva do turismo,
a ampla gama de recursos gastronómicos, nomeadamente os
associados à dieta mediterrânica
a qualidade da sua produção vínica, a imensa quantidade de castas
locais e a diversidade de paisagens vinícolas
a boa tradição do acolhimento.
Mas sente-se, na oferta portuguesa de produtos turísticos não urbanos, a
falta de aglutinação e de organização em torno de marcas territoriais
temáticas ou de clubes de produto. Falta um esforço de estruturação da
oferta que permita aos promotores de turismo “encaixarem-se” em algo
maior do que eles e que lhes permita beneficiarem da identidade ao
território.
No fundo, falta fazer todo um trabalho de desenvolvimento de destinos
turísticos que, ao nível do turismo de nicho é também, necessariamente, um
trabalho muito direcionado para segmentos e tipologias específicos.
25
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Mas, se o investimento em marcas territoriais será uma competência
essencialmente ao alcance de entidades públicas, ao nível do produto
turístico há todo um mundo de possibilidades que são pouco desenvolvidas
pela maioria dos promotores, tanto proprietários de alojamentos, como
empresários de animação turística, como produtores de recursos associáveis
ao turismo de campo.
proximidade é praticada por operadores e não pelos proprietários. Esta é
uma relevante função a desempenhar no espaço associativo.
Nas audições para este estudo, é notória a falência do modelo anterior
seguido para o Turismo Rural: as propostas de produtos turísticos aparecem
dispersas, mesmo quando acontecem em sobreposição no território e são,
no melhor dos casos, apenas elencadas em conjunto.
Uma outra das questões críticas é a escala,ou seja, são praticamente
inexistentes ofertas que envolvam mais do que um fornecedor em volta de
um tema (disponíveis em pontos diversos do território ou numa região
apenas mas em variadas épocas - dias, semanas, meses, estações do ano) e
que permitam, pela escala adquirida, um esforço maior de promoção e venda
junto do público direto e de operadores turísticos. No limite, algo que se
assemelhe a um clube de produto.
Após a fase inicial em que os proprietários de alojamento se aperceberam de
que, realmente, os turistas não se deslocam apenas para dormir, seguiu-se
aquele que é, ainda hoje, o modelo dominante. Os proprietários iniciaram o
trabalho, muito positivo, de referenciarem um conjunto de produtos e
recursos na esfera envolvente ao alojamento, juntamente com a
apresentação de descontos na compra de serviços de animação ou em
restauração.
Contudo, escasseiam ainda as situações de oferta estruturada em rede e
organizada na perspetiva do utilizador, propondo formatos diferentes para
usufruir de um mesmo território, traçando oportunidades que envolvam
distâncias superiores à das imediações do equipamento.
Esta situação foi evidenciada neste estudo principalmente pelos proprietários
que acolhem turistas estrangeiros e que sentem uma lacuna na falta de
conhecimento de outros proprietários de outras regiões do país. É habitual
no Turismo Rural a referenciação de outros alojamentos concorrentes em
face da lotação, mas a recomendação de alojamentos fora da área de
6.2.2
Escala, visibilidade, eficácia
Na Irlanda, a agência nacional para desenvolvimento do turismo defende que
as oportunidades de cooperação comercial são os meios mais eficazes e
rentáveis de aceder aos mercados externos. Com isto em mente, os grupos
de comercialização de produtos têm sido desenvolvidos em muitos produtos
diferentes, e incluem clubes de produto como o turismo equestre “Horse
Riding Ireland”, herdades ou quintas de bem-estar e saúde, “Health Farms of
Ireland”, alojamento associado ao turismo de pesca, “Great Fishing Houses of
Ireland”, Turismo Rural e do património construído, e promoção
internacional de turismo náutico, na versão Vela.
Nos Estados Unidos, o estado federal do Oregon decidiu apostar na criação
de uma marca territorial que identifica a região como “bike-friendly”. Para
desenvolver e fortalecer esta ideia, as autoridades apostaram no
envolvimento da sociedade civil, que assumiu com orgulho a forte tradição
local da bicicleta e se identificou com o conceito. Hoje, em muitos locais, há
referências a serviços e produtos para os ciclistas e são comuns saudações
26
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
diretas em lojas, cafés, alojamento, desenvolveram-se negócios em torno da
atividade ao ponto de hoje se fazer referência ao cluster das bicicletas no
Oregon. A marca implantou-se e o impacto no incoming de turistas para
turismo em bicicleta é bastante significativo. Importa realçar que o
investimento público na criação de percursos não antecedeu o crescimento
deste movimento na comunidade.
Em Portugal, e nas várias tipologias do turismo no campo, a ausência de
parcerias como as descritas acima é a principal causa apontada pelos
promotores como responsável pela dificuldade que sentem em colocar no
mercado a sua oferta.
A dificuldade em agregar interesses comuns, para que se criemclusters
fortes e de promoção facilitada, faz com que se recorra ao mote do “cada um
por si”, tornando praticamente impossível chegar aos mercados de forma
efetiva, seja ao cliente final seja ao operador turístico.
6.2.3
Quebrar tabus
Sendo o turismo no espaço rural uma marca forte e do conhecimento geral
dos turistas, apesar da frequente falta de conhecimento sobre as
especificações legais que distinguem o Turismo Turalde outros tipos de
oferta, assistimos atualmente a uma tendência para a sua miscenização
funcional com outros tipologias de turismo:
os espaços de alojamento do Turismo Rural são também o ponto de partida
para produtos turísticos de turismo de natureza, enoturismo, birdwatching,
férias a pescar…
Esta tendência é sentida como benéfica por quem a pratica, mas na verdade,
para que um proprietário possa associar-se a estes conceitos sem ficar
excessivamente preso à exclusividade de uma escolha, em termos de gestão
da sua identidade corporativa, exige algum cuidado nas opções de
comunicação da marca. Naturalmente, para alguns proprietários esta
questão é irrelevante, dada a concentração temática do seu modelo de
negócio.
6.2.4
A questão crucial: estratégias de integração
A questão crucial: faltam estratégias claras que façam a integração dos
recursos e dos produtos e serviços turísticos e que promovam a cooperação
entre agentes do turismo.
Em Portugal, os diferentes tipos de agentes do Turismo Rural – alojamento,
empresas de animação turística, operadores de viagens, produtores de
produtos e serviços complementares, autoridades do turismo, queixam-se da
falta de integração que deveria aproximar os implicados em cada tipo de
oferta turística de modo a servir o turista com máxima qualidade e para
ampliar a visibilidade da oferta e conseguir economia de escala na gestão da
oferta.
Esta opinião está generalizada entre todos os agentes que auscultámos no
decorrer deste estudo e corresponde na atualidade ao diagnóstico inicial que
conduziu à identificação da necessidade de realizar este estudo.
Neste sentido, reitera-se o objetivo principal de formular uma estratégia
que facilite a articulação entre agentes.
27
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
6.2.5
Perspetiva sobre o território
No desenho de produtos turísticos e na avaliação da sua atratividade, há que
tomar em consideração a perspetiva dos diferentes promotores e
utilizadores e o seu posicionamento no território.
implicam, acima de tudo, organização, mais do que investimento financeiro,
para poderem ser executadas. A oportunidade aqui está em segmentar e
assim diversificar a oferta que um determinado recurso turístico, como uma
rota, permite fazer.
6.2.6
Um dos casos mais flagrantes é o das barreiras administrativas territoriais
que causam descontinuidades na informação turística entre distritos,
municípios e regiões, com prejuízo para quem gere equipamentos
instalados e que pretende complementar a sua oferta com os recursos na
envolvente.
Num país imensamente diverso e de dimensões tão reduzidas, será uma
vantagem competitiva estruturar produtos que abarcam essa diversidade.
Esta mesma nota de precaução aplica-se igualmente à identificação de
parceiros e recursos que importa associar noutros pontos do território para
assegurar a viabilidade e atratividade de um produto turístico,
particularmente quando se trata de uma rota, mas não só nestes casos.
Existem variadas rotas temáticas mas não é comum em Portugal ver-se
produtos turísticos integrados associados às rotas e dirigidos a segmentos
específicos.
Exemplificando, se alguém pretender fazer a rota a pé ao longo de, digamos,
cinco dias, qual a oferta de alojamento recomendada para viabilizar esta
proposta? O mesmo para as férias de bicicleta ou a cavalo. E tomando a
perspetiva do proprietário de alojamento rural, por que não uma referência a
um conjunto de alojamentos que permitam optar por esta tipologia de
turismo e enquadrando a localização destas rotas? Trata-se de propostas que
Diversificar ou concentrar? Concentrar para diversificar
Quando confrontados com propostas para diversificar a oferta turística, os
proprietários e empresários reconhecem o interesse, mas levantam algumas
questões sobre a exequibilidade: necessidade de investir em mais
conhecimento para poder estruturar outros produtos, rede de
conhecimentos, custos associados e eventuais incompatibilidades com a
oferta atual e perfil de clientes.
De uma forma geral, todas estas preocupações podem ser resolvidas no
âmbito de um espaço de cooperação e colaboração entre promotores, com
competências e conhecimentos complementares.
É através da agregação da oferta de vários parceiros que a diversificação
pode ganhar maior escala e, consequentemente, abrir portas a maior
visibilidade nos mercados.
De todo o modo, importa sempre preservar a identidade corporativa e para
evitar que propostas que são compatíveis mas representam manifestações
marginais da marca, podendo ser uma boa solução apresentar esses
produtos fora do espaço corporativo próprio (site da empresa e material
impresso), em áreas de promoção geridas por outros (associações,
operadores).
28
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
6.2.7
Encontro de interesses
Quem servem, afinal, as infraestruturas de mobilidade suave? Se numa
primeira impressão, os pontos de contacto entre perfis de utilizadores do
Turismo Rural e turismo ativo pareciam poucos, na verdade os mercados das
férias com bicicleta, das férias para caminhar, do turismo de natureza…,
evoluíram muito e não só as infraestruturas são preparadas na maioria dos
casos para receber famílias e pessoas que dificilmente classificaríamos como
desportistas, como se verifica também que o perfil de utilizadores que
procuram este tipo de ofertas é vasto.
O mercado nacional é ainda significativamente pouco atento a este fator:
é frequente os alojamentos de Turismo Rural anunciarem ofertas de
passeios a pé, de bicicleta ou a cavalo, geralmente operados por empresas
de animação turística, mas há menos ofertas estruturadas e adaptadas aos
diferentes perfis e motivações.
Do mesmo modo, na perspetiva da animação turística, faltam também
ainda ofertas diferenciadas pelo tipo de alojamento que oferecem e que é
uma outra forma de diversificar os clientes e de captar novos segmentos.
29
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
6.3. Análise SWOT
OPORTUNIDADES
FORÇAS
- Novas necessidades de consumo identificadas
- Qualidade dos alojamentos rurais e boa cobertura territorial
- Procura indireta significativa
- Campo e Natureza estão na moda
- Drivers do turismo português encaixam na oferta de TR
- Reconhecida a importância de parcerias
- Produtos inovadores que cruzam TR com T. Natureza, T. Aventura, Ecoturismo,
Enoturismo, Birdwatching, T. de Bem-estar e Saúde…
- Recursos turísticos (naturais, culturais, etnográficos, gastronomia e vinhos…) de
interesse
-Criação de Produtos turísticos temáticos
- Bom clima, invernos curtos
- Engenharia de produto em rede multissectorial e trans-regional. Cross-selling
- Campo, natureza, tradições rurais e aldeias relativamente bem conservados.
- Segmentação e híper-segmentação da oferta (produtos, atividades e experiências)
- Diversidade de recursos concentrada (vê-se muito em curtas distâncias);
- Clubes de produto para temas especializados. Captar interesse de OT especializados
- Boas acessibilidades
- Sistema voluntário de categorização do alojamento baseado em interesses específicos
- Perceção de segurança
- Agregação e coordenação da oferta
- Promoção turística externa focada em mercados prioritários para o TRe em driverschave para o TR (gastronomia e vinhos, Natureza…)
- Criação de marcas destino envolvendo TR e clusters de produto
- Portal nacional de TR
AMEAÇAS
FRAQUEZAS
- Destinos concorrentes mais desenvolvidos (Espanha, Itália, França…). Portugal não é
destino turístico de TR
- Efeitos da crise económica global
- Imagem envelhecida do TR
- Operadores turísticos afastados do TR
- Massa crítica de oferta qualificada
- Não há boa segmentação da oferta (de acordo com perfis, mercados, temas)
- Nível de qualificação profissional do proprietário de TR (gestão e marketing turístico)
- Ausência de produtos de fácil comercialização
(produto+serviços+atividades+propostas para alimentação)
- Falta de organização do sectores e clusters relevantes para o TR
- Fraca procura interna de TR
- Inexistência de massa crítica de oferta
- É difícil avaliar qualidade da oferta
- Visão e organização da oferta fragmentada
- Falta qualificação profissional para a criação de produtos turísticos temáticos integrados
- Má sinalização de caminhos e de acesso a percursos; má informação turística no terreno
- Falta de confiança mútua entre os operadores
- Algumas redes (redes 5x5) pouco desenvolvidas
- Algumas redes servem interesses recreativos e não turísticos
- Falta talento empresarial no TR
30
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
1
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
O modelo serve três propósitos distintos e complementares:
Definir um espaço de atuação de base territorial que permita à
PRIVETUR oferecer apoio aos seus associados, criando mais-valia que
promova a adesão de novos membros e reforce a perceção de valor
aos membros atuais;
1.
Introdução ao Modelo 5x5
Ficou assim claro, ao longo dos capítulos anteriores, que a criação de parcerias
que aproveitem as redes infraestruturais existentes e que potenciem o
desenvolvimento de outras novas é assumida pelos pelos diferentes
stakeholders como um caminho fértil para a afirmação do papel que o Turismo
Rural deve assumir.
Partindo deste entendimento, da aprendizagem decorrente do intenso
benchmarking e da imersão no território e conhecimento prévio da equipa
relativamente ao território e temas em estudo, desenvolveu-se um modelo
teórico – Modelo 5x5 - que deverá servir de base à criação de oferta integrada
e qualificada, com vista à potenciação do Turismo Rural.
Dada a transversalidade, profundidade e abrangência do Projeto 5x5, é
imperioso apostar na criação de um modelo articulado que determine os
termos e as condições necessárias para que cada player, infraestrutura ou
valor possam incorporar devidamente os seus produtos turísticos temáticos,
garantindo-se deste modo a blindagem de cada uma das redes consideradas
estruturantes para o Projeto e assegurando a possibilidade da sua
monitorização.
Fornecer um quadro de referência estratégica que sirva de apoio aos
promotores públicos e privados de turismo rural. Esta nova visão
introduz uma reorientação estratégica do Turismo Rural,
proporcionando:
o
Às entidades públicas e associativas, um enquadramento
estratégico para o investimento de apoio ao turismo no campo;
o
Ao promotor individual privado, apoio à análise das suas
potencialidades no mercado, posicionar-se de forma competitiva
face à concorrência e organizarou re-orientar o seu modelo de
negócio;
Criar programas-tipo que ilustrem e apliquem a lógica estratégica do
modelo, desmistificando o processo de criação de oferta integrada,
capaz de inserir cada alojamento numa oferta que vá para além de si
próprio.
Este modelo foi construído tendo por base a sua potencial aplicação a todo o
território nacional, tendo sido a aplicado no projeto piloto ao nível da NUT II
Centro, com extensões ao resto do país (ver Capítulo III deste estudo) - de
31
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
forma a dar cumprimento ao previsto em fase de candidatura (projeto-piloto
de operacionalização das redes temáticas territoriais).
A estruturação de produto turístico, encorajando novas formas de
cooperação entre os agentes do território, com impactes positivos na
entrada de novos investidores para explorar novas oportunidades de
negócio, assim como a diferenciação relativamente a outras operações de
Turismo Rural, menos abrangentes e menos ancoradas no território, são
considerados dois elementos chave na construção deste modelo
(ficando a disseminação e capacitação dos players - através de workshops,
seminários e edição de materiais de difusão- para a fase final de
desenvolvimento do Projeto).
32
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
O primeiro passo no processo de construção do Modelo 5x5 corresponde à
definição de uma proposta de valor para orientar a criação da identidade da
oferta a associar ao Turismo Rural em Portugal.
Esta ferramenta, que une não só as valências de suporte fundamental às redes,
mas também temas chave que, esperamos, estimulem a imaginação dos
promotores de Turismo Rural, permitirá aos empreendedores posicionarem-se
de forma estruturada perante os mercados especialistas e perceber como é
que poderão potenciar melhor as suas valências, bem como as da região em
que se inserem.
No seguimento dessa lógica, definiram-se vetores estratégicos de apoio ao
modelo e ao desenvolvimento das redes propriamente ditas e que funcionam
como o esqueleto de suporte do processo de brandinge de organização
consequente do modelo.
O Modelo 5x5 assume, assim, uma base de atuação estratégica que aposta no
fortalecimento do modelo de negócio do Turismo Rural canalizado para o
desenvolvimento em formato filigrana de quatro vetores diferenciadores do
sector.
1.1
Como está organizado o Modelo
Esta é também a base conceptual para o processo de segmentação em
filigrana que se pretende promover com este projeto, dadas as
características particulares definidas para cada um dos vetores.
Após caracterização aprofundada de cada uma das cinco redes, segue a
componente prática de desenvolvimento do Modelo 5x5. Aqui, o primeiro
passo foi a criação de uma checklist para apoio ao proprietário na organização
e identificação dos elementos que compõem a sua oferta (disponível para os
sócios PRIVETUR) .
A checklist explora as potencialidades da articulação das cinco redes e, não
sendo exaustiva, incorpora os produtos, serviços e experiências que
consideramos estratégicos para a afirmação e diferenciação de um projeto de
Turismo Rural.
A organização da checklistem torno de temas que são drivers prioritários do
turismo português pretende ser inspiracional, mas também uma aposta segura
em tendências atuais.
A operacionalização do modelo assenta em quatro grandes áreas de
desenvolvimento:
Perceber as Valências Próprias
Perceber o Território
Perceber o Cliente
Perceber os Parceiros
Para que tal aconteça, organizámos a informação de modo a ir de encontro à
lógica de operacionalização destas quatro áreas.
Assim, começamos por desenvolver a proposta de valor a associar ao modelo,
para depois se caracterizarem as redes e introduzirem as linhas orientadoras
da checklist, explicando a lógica subsequente e o seu funcionamento prático,
como base de tudo o que se seguirá.
33
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Seguidamente, focamos sobre o cliente,definindo os parâmetros selecionados
para apoio à criação da oferta, tendo por base as cinco redes, os vetores já na
forma de temas especializados e também características que importa ter em
conta, como o tipo de grupo, o perfil do cliente e a duração da sua estadia,
sempre levando em linha de conta a importância que a tipologia do(s)
alojamento(s) de Turismo Rural assume na estruturação dessa mesma oferta
direcionada para o Cliente.
valências, os diferentes parceiros e otimizar itinerários de forma a responder
aos timingse motivações que melhor se ajustam ao seu cliente.
Analisados os pré-requisitos, passamos da abordagem conceptual de
enquadramento para uma abordagem mais hands on, onde se definem os
procedimentos que um empreendedor deverá seguir para a aplicação do
Modelo 5x5,reforçando com as valências dos seus Parceiros a oferta que irá
desenvolver e promover.
Esta fase passa por:
conhecer o território de inserção;
Figura 1 - Vista da ferramenta GE
saber como escolher os parceiros certos
saber criar e implementar a oferta integrada ouperceber qual o papel
que a associação que o representa pode assumir;
conhecer a importância de reconhecer o seu próprio potencial, inovando
para além dos exemplos descritos no modelo.
Neste sentido, é ainda importante realçar que foi criada uma ferramenta
desenvolvida em Google Earth (GE) que junta na mesma plataforma todas as
infraestruturas turísticas das cinco redes passíveis de virem a integrar uma
oferta em malha e que foram identificadas em fase de levantamento.
Esta ferramenta de organização espacial da informação e de otimização da
perceção da distribuição das estruturas no território serviu de base ao projetopiloto que se trabalha neste relatório e deverá funcionar como ferramenta
dinâmica, passível de ser alimentada e melhorada no caso concreto com a
ajuda inclusivamente dos membros da associaçãoPRIVETUR.
Através deste modelo, como um todo, conseguiremos trabalhar numa lógica
de escala e de oferta agregada em que, uma vez mais, o todo é mais forte do
que as partes individualmente.
Esta é a fase em que o Território deixa de ter segredos e em que,de forma
muito simplificada, cada empreendedor poderá visualizar as diferentes
34
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Os objectivos últimos são:
- facilitar o desenvolvimento de produtos temáticos como verdadeiros
referenciais de integração da oferta, solução muito mais rica do que um
simples referenciar ou elencar de serviços isolados no território; e ainda
- garantir a abordagem espacial no território, em que recursos turísticos que
importa relacionar e rotas potencialmente já existentes são enriquecidos e
transformados em verdadeiro produto turístico, sendo que a mobilidade ganha
aqui uma enorme importância.
De facto, tendo também em consideração as necessidades e os fatores de
competitividade do sector, é essencial que se cumpram três objetivos
principais com estes produtos turísticos temáticos:
- A integração de todas as partes interessadas, possibilitando uma agenda
preenchida para os turistas e fazendo do Turismo Rural uma experiência mais
genuína e completa. E, ainda, o fortalecimento de laços entre empresas que a
priori seriam concorrentes.
- Maior escala e visibilidade, no sentido em que existe grande necessidade de
abertura de mercado para que os empreendedores desta área possam
colocar os seus produtos e serviços à disposição de um maior número de
potenciais clientes.
- Diversificação do produto que é vendido, sejam pacotes turísticos já criados
ou através da variabilidade geral da oferta existente.
Mais diversidade significa maior potencial para alcançar turistas e ampliar
mercados, o que ao fim e ao cabo é a principal intenção de qualquer estratégia
de marketing.
35
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
2.
O Conceito, o Eixo Estratégico, a Inovação – ‘Cinco
Vezes Mais Campo’
Pensando na realidade de Portugal, um país com uma área reduzida, mas rico
em história e tradições e dono de uma heterogeneidade paisagística ímpar,
seria normal questionarmo-nos sobre o que é que nos pode distinguir, ou de
forma mais direta, o que é que poderá fazer soar as campainhas na cabeça dos
turistas que queremos atrair, alertando-os de que Portugal deve ser o próximo
destino de férias.
O nosso país tem tudo, é verdade, mas o tudo gera caos e o caos é sinónimo de
confusão na mente daqueles que têm outros destinos altamente
identificativos, que não dão trabalho a perceber o value for money na altura de
escolher. A Áustria tem as montanhas, França tem o vinho e o champagne e
Portugal?...
Portugal tem o seu Campo preservado, não mumificado, mas vivo, pronto a
receber todos aqueles que querem saber como era antigamente, sem
abdicarem do conforto, segurança e tecnologia a que se habituaram nos dias
de hoje.
Viver o Campo em Portugal é algoa explorar de norte a sul, sendo que a região
Centro pode e deve assumir também um papel de liderança na afirmação
desta intenção.
O Campo, na sua vertente de proximidade à terra, enquanto metáfora para as
origens, na sua proximidade à Natureza e na aproximação a um turismo mais
responsável e atento, pode ser a base de uma oferta turística de grande valor e
que, como já foi referido anteriormente, deve ser inovadora nosprodutos,
serviços, ao nível organizacional e, claro, na comunicação e sua promoção.
Mas a imagem de um Portugal Rural, envelhecido e deprimido, deve ganhar
nova vida, renascendo enquanto um Portugal onde o
Campo é sinónimo de oportunidade
…diversidade, autenticidade, tranquilidade, evasão, cultura, tradição e
modernidade.
Da depreciação nasce a inovação, num conceito onde Portugal poderá ser
claramente ganhador, pelo posicionamento, qualificação e diversificação da
sua oferta.
E quando falamos em Campo não estamos a ser redutores na perspetiva em
que o campo é sinónimo de ruralidade. Não. O Campo é construído pelas
vivências rurais e suas paisagens, mas é também construído pelas paisagens
naturais, pelas Áreas Classificadas – que em Portugal ocupam mais de 1/5 do
território – e pelo facto de grande parte do país é parte integrante do hotspot
de biodiversidade da Bacia do Mediterrâneo, com toda a riqueza que isso
representa.
36
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
2.1
A Ideia Central/Proposta de Valor
Tomando como ponto de partida as cinco redes que aqui se trabalham e o
empowerment que pode advir de um usufruto total do ambiente ‘campo’ em
Portugal,ancoramos a estratégia numa ideia central:
‘Acesso privilegiado’ (ao campo)
Explicada de forma simples: as redes, e a sua articulação, dão-nos acesso
privilegiado a tudo o que o campo tem de melhor.
E como?
Desde já, porque a rede de alojamentos rurais é uma rede de
proximidade e genuinamente ancorada no campo. Acrescem a tradicional
arte de bem receber que a caracteriza e o atendimento personalizado;
Depois, porque as três redes relacionadas com a mobilidade suave – a
pedestre, as ecovias e a equestre, permitem, efetivamente, garantir o
acessoa pontos de interesse no território e facilitam o contacto direto
com os habitantes locais;
Além disso, tanto o percorrer uma via panorâmica como a mobilidade a
pé, de bicicleta, ou a cavalo são experiências em si mesmo, merecedoras
de uma atitude de abertura aos cinco sentidos e de mais tempo para
desfrute integral;
Finalmente, ao agregar muitas formas de fazer turismo, a escala da oferta
é ampliada e assim se dá viabilidade à diversificação e consequente maior
encaixe nos interesses específicos e individuais dos turistas.
Este posicionamento estratégico orienta todo o esforço desenvolvido neste
estudo e que se quer consistente e focado, contribuindo para a organização
sólida da proposta, quer nos eixos estratégicos que dela derivam, quer na
atenção ao detalhe que enriquecerá a proposta de valor.
Este conceito alimenta-se de um melting pot de infraestruturas já fortemente
implementadas no terreno e que devem ser aproximadas ao Turismo Rural e
às hipóteses infindáveis de oportunidades novas que poderão surgir se a
imaginação e a vontade dos empreendedores e entidades públicas não faltar e
for constantemente renovada.
A proposta de valor ‘Acesso privilegiado ao campo’ dá lugar à assinatura
‘Cinco vezes mais campo’
A assinatura‘Cinco vezes mais campo’expressa aproposta de valor ‘Acesso
privilegiado’ de forma clara.
E orienta-nos para explorar todas as formas de evidenciar como, num país
moderno como o nosso, o Campo agrega tudo o que temos de melhor, sendo
que a melhor forma de dar vida a este conceito, passa pela operacionalização
das infraestruturais cinco ‘redes’:
Cinco Redes – ‘Cinco Vezes mais campo’ – Uma experiência cinco vezes
melhor
São as redes as impulsionadoras da ideia central e são elas que darão força e
dimensão a uma proposta de valor que se quer singular, relevante, verdadeira
e clara.
37
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
2.2
Eixos principais da Proposta de Valor
Desenvolvendo a proposta de valor, identificamos
Momentos, são instantes e eventos a não perder, nascidos da sensação de
experiências únicas, que não se esquecem, contribuindo para a construção de
um destino sedutor e para a fidelização do turista, que regressa a casa com
uma história para contar.
quatro palavras-chave como eixos condutores:
Tempo
Caminhos
Hotspots
Momentos
Tempo, porque no campo a passagem do tempo ganha uma outra dimensão e
porque a gestão de toda uma experiência turística vive da mais criteriosa
gestão desse mesmo tempo, mas agora, indo de encontro à vontade específica
daqueles para quem estamos a trabalhar;
Caminhos, porque é de promover a mobilidade que estamos a falar,
garantindo que infraestruturas pedestres, cicláveis e até vias ferroviárias ou
automobilísticas sejam potenciadas pelo seu valor de atratividade turística,
quer seja de índole paisagística, desportiva, de observação da Natureza ou
qualquer outro. O caminho é parte da experiência.
Hotspots, porque são eles que dão integridade à experiência, conferindo-lhe
magia e unicidade, garantindo que mostramos o que temos de melhor, que
oferecemos os nossos melhores serviços e que providenciamos as melhores
experiências que um visitante pode desejar.
38
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
2.3
Desenvolvendo a Proposta de Valor
Por tudo isto, este Projeto enquadrado pela Rede Rural Nacional (RRN) surge
para orientar e dar o pontapé de saída a uma ideia que o transcende a si
próprio. De facto, pela mão da PRIVETUR, os empreendedores de alojamento
em ambiente rural podem funcionar em conjunto, formando a espinha dorsal
de toda a criação e desenvolvimento da oferta, uma vez que são eles os
‘condutores’ dos clientes ao longo de toda a experiência, seja ela mais ou
menos localizada no território.
Ao ousarem inovar, olhando em volta numa constante busca pelo que de bom
poderão adicionar à experiência dos seus clientes, garantirão que, passo a
passo, Portugal cimenta uma imagem sólida e fiável com base num Turismo
Rural de qualidade, solidamente ancorado nas oportunidades e desafios
criados pelo território e pelas pessoas.
Dito de outro modo, são dois os eixos estruturantes a que queremos dar
resposta:
Como é que a experiência de alojamento em Turismo Rural pode
beneficiar das restantes quatro redes temáticas?
Como é que os praticantes e utilizadores destas outras redes podem
beneficiar, enquanto turistas, do alojamento rural e da oferta de
experiências rurais?
Tomando em consideração a motivação do turista para a viagem,
quais são as oportunidades de negócio relevantes para se estruturar
uma oferta turística integrando estas redes?
No âmbito deste estudo, importa explorar o interesse, para o crescimento do
Turismo Rural, de produtos turísticos que integrem as cinco redes temáticas,
entendidas de forma abrangente:
I.
II.
III.
IV.
V.
alojamento rural
bicicletas como forma de mobilidade/ cicloturismo/ ecopistas/
ecovias/ciclovias;
pedestrianismo/ caminhadas/ férias e breaks caminhando/ percursos
pedestres;
cavalos para montar/ percursos equestres/ picadeiros e rede de locais
para apoio logístico;
rotas panorâmicas e informação interpretativa.
39
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Naturalmente, dentro deste âmbito existem drivers que poderão ajudar na
definição do caminho que um empreendedor, ou até uma entidade pública,
quererá seguir no momento em que definir a estratégia para o seu negócio ou
território.
Neste relatório apresentamos oito desses drivers que consideramos
paradigmáticos na definição da oferta assente nesse novo conceito de
ruralidade portuguesa, sendo que seis deles são transversais a todo o
território nacional e dois direcionados especificamente para o cerne do piloto
associado ao modelo desenvolvido – a zona Centro:
1- Viajar devagar
Sob a égide da Tranquilidade este é o driver que associa o Turismo Rural ao
slow travel, uma emergente e pujante forma de viajar, para quem procura o
contacto com a autenticidade dos locais e não uma viajem desenfreada,
controlada por outros. O turista é encenador e ator da sua própria viagem e o
cenário que lhe vai ser proporcionado está preparado e qualificado para que
no final lhe restem apenas fantásticas memórias do nosso País.
Palavra-chave – Tranquilidade.
2- O campo faz-lhe bem
Este driver encontra-se direcionado para o público nacional. Pretende
estimular o conhecimento e descoberta do que é nosso, com espírito aberto
para realidades que são desconhecidas da maioria e que passam não só pelo
conhecimento de novos locais, mas também de outras vivências, que não as
citadinas a que a maioria se encontra adaptado. Em tempos conturbados como
os que atravessamos, em que a contenção é palavra de ordem, este é um vetor
onde a oportunidade é rainha.
Palavra-chave – Descoberta.
3- Portugal faz-lhe bem
Em contraponto ao driver anterior, este destina-se ao público estrangeiro. A
filosofia mantém-se, mas a exigência é maior, considerando que o público é
proveniente de outros países, escolhendo Portugal de entre uma vasta oferta.
Associa-se à busca de conhecimento, à contemplação e a uma experiência de
altíssima qualidade, onde as particularidades dos alojamentos farão toda a
diferença para o cliente.
Palavra-chave – Indulgência.
4- Gastronomia única
Comer diretamente da horta, ou provar petiscos únicos da gastronomia
portuguesa, tão fortemente enraizada na dieta mediterrânica, são atividades
claramente vencedoras para quem procura turismo em ambiente rural. Dar a
conhecer as suas cambiantes e mais-valias para a saúde, é uma linha de
negócio por si só e é seguindo essa linha que se cria um produto turístico forte,
onde a comida passa a assumir o papel principal.
Palavra-chave – Saúde.
5- Viver as sazonalidades
Este será talvez o mais abstrato dos drivers. Querendo-se contrariar o tão
conhecido problema do turismo português associado à sazonalidade, há que
trabalhar com ela no sentido de transformar o problema numa ou em várias
oportunidades. O que se pretende é demonstrar que cada época do ano tem
algo diferente para dar a conhecer e que cada uma dessas especificidades
podem ser transformadas em oferta que enriqueça a imagem do Turismo Rural
em geral, mas também de cada alojamento em particular. É abstrato porque
mais do que se exemplificar neste relatório, a riqueza estará na imaginação e
conhecimento que os empreendedores tenham do seu território, mas através
dele tentaremos demonstrar quais as mais-valias em se apostar em oferta
40
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
associada às diferentes épocas do ano, como uma forma de promover a região
e até como meio de fidelização de clientes.
Palavra-chave – Diversidade.
6- Explorar a Natureza
O turismo em ambiente rural tem ainda uma característica incontornável – a
sua proximidade à Natureza. Os pontos de contacto entre o Turismo Rural e o
turismo de natureza são óbvias e para além das áreas de maior interesse e
expansão como o birdwatching, existem muitas outras para as quais começa
agora a despontar o interesse como os cogumelos, as orquídeas, os rios e os
geoparques. No nosso país praticamente não existe a chamada “Natureza
intocada”, o que existe é uma Natureza resultante dos milhares de anos de
interação entre o Homem e a natureza, que levaram à criação de habitats
únicos e extremamente ricos em biodiversidade.
Palavra-chave – Conhecimento.
7- O poder da água no Centro de Portugal
Na mesma linha do turismo na Natureza, uma outra marca forte que existe no
nosso país, em particular no Norte e no Centro é a Água. Este agente
modelador de paisagem é, para além disso, uma história por contar, podendo
funcionar como narrador de uma oferta rica em conceitos, em paisagens e em
atividades diferenciadas. Desde a mera contemplação, passando pelas
atividades radicais a realizar nos rios ou pela importância que o mar pode
assumir na diferenciação da oferta e terminando no seu poder curativo,
explorado nas termas, este é sem dúvida um vetor crucial, no âmbito deste
projeto.
Palavra-chave – Aventura.
8- Enoturismo revisitado no Centro de Portugal
O potencial associado ao turismo do vinho e da vinha é amplamente conhecido
em algumas regiões do nosso País, pelo que, sendo incontornável, é necessário
revisitá-lo, dando-lhe uma nova roupagem e encontrando formas de potenciar
os recursos existentes. Se a lógica que procuramos é uma lógica de redes,
criemos então a malha que una diferentes espaços e valências e que dinamize
infraestruturas na procura do desenvolvimento do seu próprio negócio. Com
esta oferta queremos que os clientes fiquem exaustos, mas felizes, porque a
pé ou de bicicleta conhecerão algumas das mais fantásticas vinhas e adegas do
centro do nosso país. Ou que, simplesmente, cheguem a uma adega já com os
cinco sentidos despertos para a fase seguinte da experiência enoturística.
Palavra-chave – Inovação.
Definidos os drivers estratégicos que conduzem a nova ruralidade em Portugal
e em particular na zona piloto, passaremos agora a explicar detalhadamente a
lógica associada ao modelo 5x5, de forma a que a ferramenta que se criou seja,
nas mãos da PRIVETUR, uma bandeira para o seu crescimento, garantindo a
perceção de valor que potenciais novos associados sentirão por fazerem parte
desta plataforma associativa.
Comecemos, então, seguidamente, por analisar as redes aprofundadamente,
uma por uma (ponto seguinte e Anexos).
41
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
3.
As Redes 5x5
Definida a proposta de valor que consideramos mais poderosa para cumprir os
objetivos do Projeto, importa aprofundar o contributo potencial de cada uma
das redes e as circunstâncias em que podem ser úteis para enriquecer o
modelo, no sentido de aumentar a escala e visibilidade da oferta e a robustez e
eficácia dos negócios de Turismo Rural.
3.1
Contributos da Rede de Caminhos Pedestres
“Vou dar uma volta a pé”…
Quanto vale um percurso pedestre? Qual o seu real valor turístico? Como
transformar recursos em produtos e componentes da oferta turística?
Existe em Portugal uma rede extensa de percursos pedestres. De Norte a Sul,
encontramos enorme diversidade de propostas, algumas homologadas, outras
amadoras, outras “em teste”, sendo que alguns destes são marcadamente
paisagísticos enquanto outros são temáticos e foram desenhados para serem
acompanhados por especialistas, podendo ainda possuir uma forte
componente cultural ou etnográfica.
Existem ainda percursos para todos os tipos de utilizadores – ocasionais, de
descoberta, desportistas, mobilidade suave, sendo que a maioria destes foram
promovidos por autarquias e refletem a organização territorial, mesmo
quando o percurso procura mostrar os recursos endógenos da região.
Alguns exemplos são casos assinaláveis de diversificação da oferta em função
de uma ultra-segmentação e adivinha-se o seu potencial de atratividade, como
por exemplo os associados ao geo-turismo, nomeadamente através dos
geoparques.
Finalmente, temos as grandes rotas que poderão ser encarados como
instrumentos indispensáveis para afirmação de regiões como destinos
turísticos, como está a acontecer no Algarve e na costa Vicentina.
Esta malha fina, rica e de difícil penetração para o promotor ou operador
turístico, tem também,fruto dessasmesmas características, fragilidades,
precisamente por ter na sua origem motivações diversas e não ter sido
orientada estrategicamente.
Não existe um trabalho de consolidação a nível nacional e para fins turísticos
desta rede, pelo que se confundem propostas de valor e avaliação do
potencial turístico.
Deste modo, o operador que procura destacar um conjunto de percursos
adaptáveis ao seu modelo de negócio, depara com uma tremenda dificuldade
na avaliação dos recursos disponíveis. Como saber se um percurso tem
potencial para vir a atrair turistas de outras zonas do país ou mesmo do
estrangeiro? Testando, claro, dir-se-á, mas o método da verificação no terreno
deveria ser aplicado não numa fase inicial de seleção, mas numa fase posterior
de operacionalização. A probabilidade maior é de escaparem ao olhar do
operador algumas das propostas mais valiosas – na voz dos promotores de
cada percurso, nunca encontrámos avaliações que não criassem grandes
expectativas.
42
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
O Pedestrianismo e as férias a pé são uma oportunidade para:
Melhor gestão do turismo local;
posicionamento, importa adequar as restantes componentes para a criação de
um produto coerente e atrativo, sendo que nestas condições, a identificação
das necessidades de marketing fica muito facilitada.
Aumentar a atratividade do Turismo Rural;
Desenvolver oportunidades de negócio, quer em serviços básicos quer
em serviços turísticos de suporte e especializados;
Desenvolver parcerias locais dinâmicas.
Na criação de produtos turísticos que envolvam um percurso pedestre,
importa distinguir os casos capazes de se afirmarem com uma proposta de
valor clara e diferenciadora. São estes, à partida, os percursos com potencial
de atratividade turística.
No entanto, nem todas as oportunidades aparentes para desenvolver este
tipo de oferta são realmente interessantes do ponto de vista turístico.
Antes do mais, é preciso avaliar se a região tem potencial turístico real. O
turista está interessado em mais do que ter um caminho para andar, sendo
que o valor de um percurso se cruza com a atratividade da região onde se
insere: paisagem, identidade cultural, serviços para o turista, bem como o
conjunto de produtos turísticos disponíveis antes, durante e depois da
atividade.
Num mercado muito segmentado, é essencial fazer o targeting do produto
turístico.
Só alguns percursos terão potencial para atrair turistas estrangeiros, sendo que
a maioria se destina sobretudo a um mercado local ou nacional. Escolhido um
43
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
3.2
Contributos da Rede Ciclável
Muito mais do que conquistar uma performance,
trata-se de conseguir jornadas de prazer, relaxamento,
com o apoio de uma bicicleta na natureza que leva a todo o lado
A paisagem natural, a gastronomia com os vinhos e o clima ameno são três das
principais correntes que fazem rolar a crescente procura de férias ou miniférias em bicicleta. A principal ambição é a de pedalar rumo a jornadas de
bem-estar, em família, em grupo ou até em modo solitário, longe dos bulícios.
A ONG britânica Sustrans identifica dois formatos principais para turismo com
bicicleta:
Férias ciclistas: Em que o ciclismo é a principal motivação do turista e
em que existe um desejo desportivo central ligado à bicicleta.
Férias com bicicleta: Em que a bicicleta é um apoio ao programa de
férias. O prazer dos lugares por onde se vai pedalar sobrepõe-se
amplamente à ideia desportiva.
Entidades especializadas, como é o caso da EuroVelo e da Australian Bicycle
Council, convergem no referenciardo turismo em bicicleta como um dos
sectores em mais rápido crescimento na indústria turística, com potencial para
se tornar um mercado crucial e gerar significativo volume de negócios. Já
aSustrans estima que 7% dos turistas na Irlanda recorrem à bicicleta e que a
percentagem de turistas que recorrem à bicicleta em pelo menos uma parte
das férias sobe, no caso da Alemanha, para uma percentagem surpreendente
de 25%. A EuroVelodefende que o negócio do turismo em bicicleta venha a
movimentar na Europa, em 2020, 21,5 mil milhões de euros, havendo desde já
dados que podem suportar esta confiança: a indústria do turismo em bicicleta
está a produzir na Suíça receitas que multiplicam por dez o capital investido.
É indiscutível que o turismo em bicicleta representa valor acrescentado para
os mercados turísticos e para as economias locais.
Gera negócio, movimenta o comércio e os serviços locais, da restauração ao
artesanato, dos programas do campo às atividades culturais ou de lazer.
Acresce a tudo isto o tratar-se de uma forma sustentável de turismo, de
“pegada negativa” irrelevante sobre o ambiente ou as comunidades locais.
Por tudo isso, a bicicleta é, e deve ser, uma aliada do Turismo Rural. Muitos
alojamentos anunciam já percursos de bicicleta na sua envolvente, como
produto de animação turística complementar, alguns dos quais são explorados
por empresas de animação turística e outros criados para serem explorados de
forma autónoma.
Alguns alojamentos possuem bicicletas para os seus hóspedes e noutros casos
sabem referir onde se podem alugar equipamentos e situar as ecopistas e
percursos sinalizados na proximidade.
Mas que percursos são estes? Quem servem?
A verdade é que em Portugal o produto “férias de bicicleta” encontra-se muito
pouco explorado e é por essa razão que temos que nos questionar sobre que
oportunidades surgem quando associamos a rede de alojamentos às redes
para bicicleta (ecopistas, ecovias, ciclovias e traçados entre pontos de
interesse e/ou alojamentos para bicicleta). Especificamente:
44
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Que vantagens únicas pode a rede de alojamentos oferecer:
A pergunta que se coloca é de facto ‘o que pode o alojamento rural trazer de
novo e como pode contribuir para aumentar ou diversificar a oferta turística
através do cruzamento de redes de alojamentos com redes de ecopistas,
ecovias e ciclovias?’ e para essa questão há várias respostas que, em conjunto,
criam uma oferta com valor acrescido:
Ajudar a criar o produto turístico Ecopista: “A ecopista como um
destino turístico”;
Promover férias sem automóvel, no caso de alojamento nas
imediações da ecopista/ecovia;
Criar rotas que unem ecopistas e ciclovias ao alojamento;
Apoiar os cicloturistas – alojamento “amigo dos ciclistas” ou “bikefriendly”;
Prestar serviço de informação de apoio;
Disponibilizar cesto de piquenique e refeições ligeiras para levar na
mochila;
Prestar serviço de pequenos transferes locais entre alojamentos e a
partir da estação de comboios ou autocarro mais próxima;
Prestar apoio em caso de necessidade de interrupção de percurso;
Promover a tematização da ecopista: itinerários temáticos que
diversificam a oferta com base num mesmo recurso turístico;
Promover o conceito de Viajar Devagar (Turismo slow);
Ultra-segmentação: diversificar segmentos, criando produto para
diferentes segmentos económicos e sociais;
Providenciar o aluguer/empréstimo de bicicletas (modelo homem,
mulher e criança), para passeios e especializadas para cicloturismo e
BTT.
Que produtos turísticos inovadores podem ser criados?
Há que considerar a motivação principal e secundária para andar de bicicleta
nas férias/breaks:
Produtos turísticos temáticos: percursos, rotas e pacotes temáticos;
Eno-bike-turismo;
Programas para Viajar devagar (Turismo slow);
Turismo de Natureza (ver o patrim;ónio de perto, birdwatching,
percursos ribeirinhos)
Ficar em forma/ turismo saudável;
Férias sem carro;
“Viajar leve”.
As oportunidades para se capitalizar sobre a integração da rede para bicicletas
no turismo no campo, em articulação com a rede de alojamento variam
substancialmente de região para região do país, por diversos motivos:
investimento público diferenciado, características geo-morfológicas do
território e distância aos grandes núcleos urbanos.
Quando queremos criar uma oferta de turismo de bicicleta, a primeira questão
que importa abordar é a relação do alojamento com as necessidades
específicas do ciclista (parqueamento da bicicleta, lavagem dos equipamentos,
etc.). De facto, existem já noutros países redes de alojamentos “bike-friendly”
e em Portugal, começou também já a ser estruturada uma rede de hotéis com
esta função, no entanto seria extremamente importante e positivo estender-se
conceito a alojamentos no campo que deverão estar assinalados de forma
clara e identificativa.
45
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Por si só, esta diferenciação deverá ser um pólo de atração para ciclistas,
independentemente de ser criada alguma oferta de produtos turísticos
específicos para este sector de mercado, como rotas ou percursos.
É extremamente importante para o desenvolvimento da estratégia de marca
escolhida – de forma a que esta se constituar como um “cluster”
incontornável quando se procura férias de bicicleta no campo - estruturar
uma oferta variada e simultaneamente dirigida a diferentes segmentos,
tipologias de férias/breaks e motivações principais para a viagem.
No cruzamento com a rede de alojamentos, importa compatibilizar o estilo
de alojamento, ou série de alojamentos, com o tipo de produto a ser
disponibilizado, de modo a estabelecer-se um perfil específico que seja
coerente com a oferta.
Neste formato, ainda que cada promotor possa até estar apenas envolvido
numa proposta oferecida por uma micro-região, o conjunto das propostas
permite criar a noção de volume e diversidade de oferta, mesmo quando os
produtos não estão todos disponíveis simultaneamente.
Deste modo, deve ser imediata para o utilizador a perceção de que existe
oferta dirigida ao seu perfil e interesse do momento, devendo ser
disponibilizada informação do tipo:
nível de dificuldade;
adultos / jovens / 3ª idade / família / casal / grupo de amigos;
budget;
mobilidade suave / turismo ativo / turismo aventura;
estilo clássico / estilo moderno / rústico /formal / descontraído;
turismo de Natureza / touring cidade+campo / turismo religioso /
turismo cultural / turismo eno-gastronómico / turismo de saúde /
ecoturismo
46
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
3.3
Contributos da Rede Equestre
A trote e a galope, explorar as experiências
(inverter a tradição de escassa oferta)
O turismo equestre é reconhecido em diferentes países como um importante
segmento dentro das atividades de turismo e lazer, com número de adeptos
em grande crescimento, sendo que um exemplo disso é o número de
associados que compõem hoje a Associação Francesa de Turismo Equestre
(ANTE, criada em 1963) e que conta atualmente com 200 mil pessoas.
Foquemo-nos no raid equestre como passeio e atividade com base no
alojamento em Turismo Rural: cruzando os campos complementares do
turismo equestre e do Turismo Rural.
Os raids equestres, encontram-se em nítida expansão na Europa e na América
do Sul, nomeadamente no Brasil, onde o crescimento é mais expressivo. É uma
prática que requer cumplicidade entre cavalo e cavaleiro, boa dose de
preparação técnica e disponibilização de apoios logísticos especializados.
Uma sigla que aparece com frequência associada aos raids equestres é TREC.
As raízes desta expressão passam certamente pelo significado da sonoridade
da palavra que em inglês remete para “trilho” e em árabe para “caminho”. Na
prática equestre, TREC é a sigla de Técnicas de Rotas Equestres de Competição
e a sua prática desenvolveu-se em França, nos anos 80 do século XX, por
intermédio de grupos de cavaleiros desejosos de medir os seus cavalos e as
suas competências equestres. Nos Estados Unidos da América já nesse tempo
era desenvolvido o “trail ride” – em competição ou por passeio.
Portugal dispõe de recursos excepcionais para se tornar um destino de
excelência do turismo equestre.
Esses recursos passam pela tradição centenária da arte equestre portuguesa,
pelo património notável do cavalo português (o Puro Sangue Lusitano, o
Garrano e o Sorraia), e também pelo clima ameno e pela natureza diversificada
do território, de orografia diversificada. A simpatia das populações e a
reconhecida segurança são outros fatores que colocam Portugal como palco de
excelência para o Turismo Equestre.
Existem várias infraestruturas para apoio a passeios equestres, razoavelmente
distribuídas pelo território português e a qualificação de todos os principais
envolvidos com o sector equestre (as coudelarias, os centros hípicos, os
criadores, as escolas, os profissionais) constituem um valor precioso existente
para o consistente desenvolvimento do turismo equestre.
Alguns caminhos abertos pelos portugueses com as suas montadas, ao longo
dos séculos, para poderem ligar o litoral ao interior, o norte ao sul ainda
existem hoje em dia, embora muitos já só em pequenos troços ou vestígios,
podendo ainda assim constituir uma enorme mais valia do ponto de vista do
turismo equestre. E a verdade é que vários destes troços se localizam na
proximidade de alojamentos de Turismo Rural.
Assim, há enorme potencial para desenvolver um novo produto turístico
assente numa rede de percursos equestres, no entanto, importa dinamizar a
criação e marcação de percursos próprios, sinalizá-los, criar uma homologação
que garanta a sua qualidade e ainda garantir a sua manutenção. Importa
também desenvolver estudos, planear, apurar da qualificação profissional,
favorecer a criação de novos equipamentos em localização estratégica e
promover planos de marketing. Devem ser exploradas as mais ousadas
parcerias envolvendo o sector privado e o sector público, tendo em vista a
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
dinamização integrada de produtos inovadores em torno do turismo equestre
em ambiente rural.
O turismo equestre, assentando no mundo do cavalo, desenvolve-se em dois
formatos principais:
o turismo a cavalo: baseia-se na convivência entre cavaleiro e cavalo,
com o desfrute de passeios, excursões a cavalo ou até lições de
equitação;
o turismo em torno do cavalo: remete-nos para feiras, exposições,
visitas a explorações e festivais equestres.
A nossa atenção nesta análise vira-se prioritariamente para a promoção de
jornadas de passeio a cavalo – passeios e raids - para turistas baseados na
rede de alojamentos rurais, por ser esta a componente geradora de negócio,
diretamente associável ao Turismo Rural.
O interesse no desenvolvimento desta rede de Turismo Equestre interligada
com o Turismo Rural é potenciado pela atração que é suscitada por várias das
raças autóctones de cavalo de Portugal, especificamente o Puro Sangue e o
Lusitano, bem como as raças Garrana e Sorraia. É um campo com enorme
potencial por explorar.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
3.4
Contributos da Rede de Vias Panorâmicas
Paisagens à vista
Onde tudo está por fazer
Quanto vale uma paisagem do ponto de vista turístico? Como se transforma
uma panorâmica incrível num recurso rentável do ponto de vista turístico?
Apesar de Portugal ser um país de paisagens riquíssimas e extremamente
diversas, que cria uma manta de retalhos paisagística de grande valor, não
existem ainda infraestruturas organizadas do ponto de vista turístico que
permitam dizer que temos uma oferta de turismo panorâmico. A oferta no que
respeita ao turismo panorâmico em Portugal limita-se, na realidade, aos
milhares de miradouros espalhados pelo país, mas que por si só,
desenquadrados, possuem um valor extremamente reduzido.
Podemos ter paisagens fantásticas e pontos de observação com panorâmicas
excecionais, mas não existindo informação específica e centralizada sobre
onde estão e quais as suas características, estes tornam-se quase impossíveis
de encontrar por quem não possui um bom conhecimento do território e por
isso não podem sequer ser considerados como recursos turísticos.
Para que se possa falar de uma rede de vias panorâmicas falta fazer
praticamente tudo.
Falta em primeira instância fazer um levantamento sistematizado das vias com
maior potencial para serem exploradas do ponto de vista turístico devido às
suas qualidades panorâmicas. Neste aspeto, apesar de que quando pensamos
em vias panorâmicas remetermos o nosso raciocínio diretamente para a
mobilidade automóvel ou por estrada, não devemos esquecer outras formas
de mobilidade que poderão constituir meios importantes para este tipo de
turismo, como o combóio e o barco.
Como no caso específico desta rede não existem ainda produtos operacionais
em Portugal, de seguida aborda-se de forma breve, as principais tarefas a
desenvolver para a criação da oferta de vias panorâmicas.
O primeiro passo no desenvolvimento de uma rede de vias panorâmicas é o
levantamento exaustivo e detalhado de todas as vias com potencial interesse
panorâmico e a avaliação das mesmas.
Estas vias podem ser avaliadas segundo diversas perspetivas,no entanto
existem critérios que têm de ser obrigatoriamente referidos como:
o tipo de via,
as características diferenciadoras da paisagem,
a diversidade de paisagens abrangidas,
a existência ou não de locais de paragem e estacionamento e
a quantidade de tráfego.
Depois de avaliadas as vias, há que selecionar as de maior interesse, na ótica
da estratégia de desenvolvimento definida, tendo também em consideração a
perspetiva de rede, ou seja, deve ao máximo tentar que haja pontos de
ocmunicação entre as diferentes vias, criando linhas de continuidade.
Feita a seleção, o próximo passo será a produção dos materiais informativos e
de divulgação, bem como da imagem associada às vias. Note-se que não é de
forma aleatória que se coloca esta produção dos materiais informativos numa
fase anterior à sinalização.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
De facto, do ponto de vista turístico, é mais importante criar a informação,
mesmo que a via não esteja sinalizada no terreno, do que sinalizar e depois
não ter informação disponível.
3.5
Contributos da Rede de Alojamentos em ambiente rural
O difícil é escolher, cada casa é um convite diferente para entrar no campo
Quanto vale um alojamento rural? Qual o seu real valor turístico?
E quanto pode valer esse mesmo alojamento se estiver inserido numa rede
que potencie a sua gestão turística?
Há um enorme grau de imprevisibilidade sobre a evolução da maioria dos
negócios de alojamento rural. Seguramente, uma percentagem dos cerca de
mil alojamentos existentes atualmente em Portugal consegue ter o negócio
consolidado, mas na maioria dos casos, será muito difícil articular as muitas
variáveis que influenciam o volume da atividade e quota de mercado, de modo
a conseguir-se uma previsão realista do volume de negócios. Isto deve-se à
natureza pulverizada da atividade, juntamente com a escala de micro-empresa
em que operam e à dependência de promoção própria, que limitam a
capacidade destes empresários para investir e procurar reduzir riscos.
Por outro lado, do ponto de vista do cliente, a incerteza é também um fator
crítico:
como avaliar a qualidade do alojamento e saber o que esperar, se não há um
sistema de classificação como na hotelaria tradicional?
Noutros países, foi já realizado este investimento, tendo sido canalizado
através das associações de Turismo Rural homólogas da PRIVETUR e que são
membros da EUROGITES, com resultados positivos do ponto de vista da
procura.
O mercado do alojamento no campo tem evoluído nos últimos anos, com
diversas casas a encerrarem atividade e outras, neste mesmo período, a abrir
ao público.
Muitas destas novas unidades encaram este negócio de uma forma mais atual
e fazem-no de origem, desde o desenho do seu modelo de negócio, sendo
assim unidades que procuram absorver as novas tendências do turismo, sendo
que, cada uma à sua escala, de forma mais profissional ou mais intuitiva,
deixam para trás o modelo de negócio que orientava há uns anos o alojamento
rural. E assumem que o turista não sai de casa para ir dormir.
Reconhecem, por isso, a importância dos serviços turísticos complementares,
serviços básicos e serviços especializados procurando associar à estadia algo
para fazer, eventualmente sob a forma de propostas relacionadas com
verdadeiras experiências de contacto com o campo, a ruralidade ou a
natureza.
Do ponto de vista deste estudo, interessa-nos particularmente analisar não
cada caso individualmente, mas sim o potencial turístico da afiliação dos
alojamentos em rede e da sua articulação com as outras quatro redes em
análise.
Ainda que sem valores comparativos para o cenário nacional, é intuitivo
pressupor que a integração numa rede operacional orientada para
desenvolver o Turismo Rural, diminuirá, à partida, alguns dos imponderáveis
e das fragilidades que resultam da micro-gestão de casas isoladas.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Fonte: Turismo de Portugal. INE. 2011
Figura 2 – Distribuição nacional do alojamento
O funcionamento dos alojamentos em rede surge assim como uma
oportunidade para:
Num mercado muito segmentado, é essencial fazer o targeting do produto
turístico.
Melhorar a gestão da oferta com mais robustez, escala e eficácia;
Providenciar maior visibilidade da oferta;
Criar oportunidades de negócio, quer em serviços básicos quer em
serviços turísticos de suporte e especializados;
Desenvolver parcerias locais dinâmicas para melhorar a qualidade da
oferta,
Desenvolver produtos turísticos inovadores;
Aumentar a atratividade do Turismo Rural;
Contribuir para a afirmação de destinos turísticos.
Depois de escolhido um posicionamento adequado à identidade que
caracteriza o espaço e o tipo de hospitalidade oferecida pelo alojamento,
importa adequar uma rede de serviços e produtos complementares, básicos e
especializados, que darão suporte à proposta de valor e contribuirão para a
qualidade da oferta global da casa.
Algumas regiões do país apresentam maior concentração de alojamentos
rurais, posicionando-se, à partida, como áreas onde é mais fácil organizar
produtos com multi-alojamento, presumindo-se que haverá aí maior
diversidade de alojamentos e maior capacidade para corresponder a perfis na
segmentação:
Portugal tem custos muito competitivos para serviços, pelo que facilita a
criação de um bom pacote de serviços básicos e complementares, ainda a
preços aliciantes, que vem aumentar a qualidade da oferta e constituir-se
como um fator diferenciador em relação à concorrência de outros destinos de
Turismo Rural, como Espanha e França.
3.5.1
Identidade do alojamento
A diversidade e personalização é um dos aspetos mais interessantes que
distinguem o alojamento rural, mas para que este conceito se transforme num
benefício para o proprietário de um alojamento, é importante que este
dedique algum esforço na identificação clara da proposta de valor individual.
Naturalmente, na comunicação para o público, nos sites e folhetos de
apresentação, procura-se mostrar o que o alojamento tem de melhor – a
arquitetura e decoração da casa, a envolvente, os serviços turísticos, detalhes
sobre a hospitalidade, o ambiente geral. Contudo, tratando-se de um negócio
51
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
onde há claro excesso de oferta em relação à procura, haverá mais a fazer pela
comunicação da proposta de valor em causa.
Qual é realmente o principal motivo para se escolher uma qualquer
determinada proposta em detrimento de outras?
Falta talvez alguma agressividade e vitalidade no marketing dos alojamentos
rurais, que se coíbem de usar todos os instrumentos à sua mão para
promover a sua oferta.
Existe uma outra razão para investir na definição de uma identidade para o
alojamento: esse trabalho é extremamente útil na operacionalização do
marketing. Efetivamente e antes do mais, essa é a base que ajudará o trabalho
de segmentação, de targeting e de clienting que deve orientar criação de
produtos turísticos complementares e a organização da oferta.
Este trabalho é também crucial para a composição de produtos turísticos em
formato rota e que envolvam a proposta de alojamento em mais do que uma
casa: importa estabelecer critérios de adequabilidade desses alojamentos ao
tipo de produto/experiência e ao segmento a que se destina.
52
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
3.5.2
Motivação
O turista rural procura uma viagem experiencial de contacto com o campo e
que lhe permite quebrar rotinas urbanas, podendo estar mais interessado
numa viagem de relaxamento e tranquilidade, ou em alternativa, em
atividades mais participativas ou físicas que exploram ativamente o campo.
Enquanto factores diferenciadores presentes na ultra-segmentação da oferta,
importa ainda comunicá-los de forma assertiva, facilitando o acesso direto ao
tipo de clientes a que se pretende chegar.
Do mesmo modo, durante a sua estadia no alojamento, o turista pode
valorizar mais a tranquilidade e a privacidade nos espaços exteriores da
propriedade ou gostar de sentir a vitalidade do espaço (atividades agrícolas,
horta, jardinagem, workshops para turistas, etc.).
Alguns destes turistas são particularmente exigentes em relação aos valores
paisagísticos da área de inserção do alojamento, mas este é um tipo de
turismo no qual a valorização da qualidade da paisagem é uma constante.
Existem, no entanto, alguns factores que podem ser apresentados como
diferenciadores da oferta em alojamento rural:
a ruralidade;
a proximidade a valores naturais como fauna, flora, elementos
geológicos, habitats específicos;
tradicionalidade das características do alojamento;
diferentes tipologias e graus de conforto.
Do mesmo modo, turistas provenientes de diferentes mercados valorizam de
forma diferenciada aspetos particulares a que importa estar atento na ultrasegmentação da oferta.
53
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
4. Linhas Orientadoras – conhecer as Valências
Próprias
No desenvolvimento de uma oferta turística que seja integradora de diferentes
valências, mas ao mesmo tempo diferenciadora e direcionada a targets
específicos, é necessário, em primeira instância, fazer uma análise profunda e
detalhada do que são as valências próprias de quem desenvolve o produto e
dos recursos que o rodeiam.
É do correlacionamento desta análise com os aspetos diferenciadores do
alojamento rural que se tornam óbvios quais os pontos fortes do alojamento e
qual a melhor forma de os explorar.
De forma a facilitar esta análise, foi criada uma checklist (disponível para os
sócios PRIVETUR) que elenca um extenso leque de valências que os
alojamentos podem possuir ou ambicionar em possuir como forma de resposta
ajustada a cada uma das redes analisadas.
Estas valências encontram-se relacionadas com os fatores que consideramos
diferenciadores do alojamento rural. Servem para os potenciar.
A checklist pode ser utilizada de duas formas distintas pelo promotor do
alojamento rural:
Como forma de identificação das valências estratégicas que possui e
definição da(s) rede(s) ou driver(s)do turismo que melhor se
adequa(m) à sua oferta e que, por isso, deverão desenvolver
Como forma de identificação das características que deverá possuir
para se apresentar como um ator de referência na rede ou driverdo
turismo no qual se pretende posicionar
Esta checklist, usada da forma correta deverá ter associada uma escala
temporal, considerada adequada pelo promotor, no sentido de entender quais
as valências que entende possuir no momento atual e quais aquelas que
pretende vir a criar ou trabalhar e em que espaço de tempo. Aliando a
informação que retirará desta ferramenta e aquela que advirá das restantes
ferramentas associadas ao Modelo 5x5, o promotor e empreendedor de
Turismo Rural poderá definir diferentes cenários, que levem em consideração
não só as valências próprias, mas também o território, o cliente e os parceiros.
São quatro os fatores críticos de sucesso para o Turismo Rural:
A arte de bem receber
A proximidade aos recursos
A autenticidade
A rede de parceiros locais
54
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
6. Conhecer os Clientes e definir o Posicionamento
No decorrer da identificação de todas as valências que vão caracterizara
aposta de posicionamento do alojamento empreendedor e conduzir a sua
potenciação, é essencial dedicar tempo a avaliar os mercados e a perceber
quais os que queremos trabalhar ou, em última instância, podemos
trabalhar.
O Produto Turístico Temático que emerge do Projeto 5x5 corresponde a
uma oferta de cariz transversal, sem barreiras territoriais e geopolíticas de
qualquer género. Pretende-se que a oferta traga luz às mais-valias
existentes na troca de experiências, de conhecimentos e até de clientes,
promovendo ‘o que é de todos’ e não apenas ‘o que é de cada um’.
Deverá portanto funcionar como uma ferramenta facilitadora que guiará os
empreendedores atuais e futuros no desenvolvimento ou consolidação do
seu negócio, uma vez que foi criada para definir quais os principais fatores a
ter em conta na altura de autonomamente desenvolverem a sua própria
oferta integrada.
Por estar fortemente assente na ótica de redes, estes novos produtos
surgem associados a uma base de dados ampla de ‘fornecedores de
serviços’ que em conjunto criarão então ‘A’ experiência (vide Base de Dados
Geográfica GE). A PRIVETUR passará a poder disponibilizar aos seus
associados uma plataforma dinâmica que a qualquer momento permitirá
dar resposta às suas necessidades de enquadramento territorial dos
produtos.
Depois de conhecidos os vetores estratégicos que regem o fortalecimento
de um conceito comum, apresentam-se agora os parâmetros que dão
seguimento a este novo modelo de construção de oferta para o turismo em
ambiente rural e que têm por objetivo funcionar como guia para os
empreendedores.
Assente no pressuposto do levantamento atualizado da oferta
complementar ao alojamento em Turismo Rural, no que concerne às redes,
mas também a outras valências de importância temática, de acordo com o
trabalhado apresentado no ponto anterior, este ponto surge como um
exemplo paradigmático de serviço que a PRIVETUR deverá prestar aos seus
associados.
Assim, e de acordo com a lógica das cinco redes, definiram-se cinco
parâmetros que importará ter em conta na altura da criação de uma oferta
integrada (vide Figura 3, página seguinte) quando se pretende analisar os
clientes potenciais.
Estes parâmetros são:
5 Redes
Advém da designação do projeto propriamente dita e da importância
que as redes já identificadas - Casas de Turismo Rural, vias Cicláveis,
vias Pedestres, vias Panorâmicas e vias Equestres - podem assumir na
estruturação da oferta e na afirmação da marca associada à Ruralidade.
É nelas que se colocará o enfoque, pois são elas que estruturam o
território numa lógica que permita definir o que é mais interessante
para cada público-alvo, mas também para cada alojamento, tendo em
conta as suas características e valências específicas, sendo que estas
nos remetem para a Tipologia.
55
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Tipologia
5 Redes
Grupos
Duração
Perfil
Figura 3 – Infografia de base para o modelo 5x5, na lógica do cliente
Tipologia
A Tipologia refere-se essencialmente ao ambiente e experiência
intrínseca que um determinado alojamento de turismo em ambiente
rural proporciona aos seus clientes e que por si só poderá ajudar a fazer
uma primeira segmentação dos turistas que o procuram, de modo a
que dele retirem a melhor experiência. Não se seguiu, portanto, uma
lógica estritamente legislativa.
Optámos estrategicamente pela classificação como ‘Turismo de
Habitação’, ‘Traça Rústica’, ‘Design’, ‘Hotel Rural’, ‘Agroturismo’ e
‘Cabanas/Ninhos’. Todas estas designações têm cabimento conceptual
na lógica da Ruralidade, enquanto conceitos que queremos potenciar.
- Turismo de Habitação: Solares ou casas apalaçadas localizadas em
ambiente rural, habitadas pelos proprietários, e que assumem um
cariz familiar mas requintado, onde a vivência do antigamente é
transmitida pela riqueza patrimonial e cultural do imóvel. De
dimensões reduzidas estará principalmente orientado para
pequenos grupos ou casais.
56
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
- Traça Rústica: Correspondem a imóveis ostensivamente rurais, onde a
traça foi preservada para trazer à vida tempos de antigamente.
Correspondem a alojamentos de pequena dimensão que por vezes
sacrificam espaço de dormidas para garantir a manutenção de
determinados espaços-museu, como eiras, casas de gado ou lagares
que são preservados para memória futura. Será talvez, a mais
consensual das tipologias, pois terá alma e estrutura suficientemente
elástica para receber todos os tipos de público. Enquadram-se aqui a
maioria dos alojamentos de turismo rural.
-Design: O princípio desta tipologia é aliar o ambiente rural de uma
casa no campo, com a modernidade e design que hoje tão
pacificamente podem coabitar em determinados espaços. Preservando
a traça original, mas providenciando uma nova vida e glamour aos
espaços, estes correspondem a alojamentos que estimulam os sentidos
a todos os níveis. O minimalismo poderá contrastar com a rudeza dos
materiais tipicamente usados nas construções de antigamente e o
contacto com o exterior é muitas vezes estendido para o interior como
se o cliente fizesse parte da natureza envolvente.
- Hotel Rural: De traça antiga ou moderna, mas necessariamente
integrado na paisagem rural, correspondem a empreendimentos de
maiores dimensões e portanto perfeitamente adaptáveis a grupos mais
alargados.
- Agroturismo: Esta tipologia agrega as valências de um alojamento em
ambiente rural com as atividades agrícolas propriamente ditas, que
nele decorrem, não como atividades turísticas complementares mas
como atividades de negócio principais, nas quais os turistas deverão ser
integrados e envolvidos. Assume um carácter muito pedagógico e o
contato com a terra atinge aqui o seu auge.
- Cabanas e ninhos: O carácter particular desta tipologia é por si só
bastante segmentador. São claramente uma minoria quando
comparados, em número, com as restantes tipologias, mas são
suficientemente atrativos para constituírem uma categoria por si
próprios. Desde casas de madeira isoladas no meio da floresta, a yurts
ou moinhos, correspondem a espaços de algum isolamento, plenos de
conforto, onde o convite à introspeção é uma das principais
características.
Duração
A duração da estadia é fundamental na segmentação dos mercados, e
na altura de decidir qual a oferta integrada que se vai oferecer aos
clientes é fundamental perceber como é que a oferta se constrói tendo
em conta as limitações temporais. Na lógica deste estudo, definiram-se
quatro classes temporais: duas noites (fim-de-semana); três noites (fimde-semana prolongado); seis noites (mini-férias); e catorze noites
(férias alargadas).
Grupos
A mesma atenção que se terá que ter para com a Duração da estadia é
essencial que venha a ser tida para o tipo de grupos de clientes que
procuram a oferta. Neste modelo distinguimos os grupos mais
conspícuos, que são os Casais, as Famílias e os Grupos, enquanto
classes propriamentes ditas. As necessidades de cada tipo são muito
distintas, pelo que os pontos a ter em conta para criação de oferta para
cada um terão que ser igualmente diferentes, como pode ser verificado
na checklist apresentada anteriormente.
57
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Perfil
Este parâmetro, podendo assumir uma complexidade difícil de
ultrapassar, foi dividido em apenas duas classes: Contemplativos e
Ativos. A lógica de associar o factor idade a um determinado perfil
encontra-se hoje em desuso, sendo inclusivamente um erro usá-la, pois
a chamada golden age consegue muitas vezes assumir um carácter
mais ativo do que as classes mais jovens. Este é portanto um
compromisso que servirá o propósito de segmentar clientes e
consequentemente as atividades que lhe serão propostas, sem que se
recorra ao espartilho da idade, mas que deve ser entendido numa
perspetiva de prática ocasional em oposição a uma prática mais
dedicada das atividades ou motivações para a viagem. Corresponde
ainda a um parâmetro cujo entendimento viverá muito da capacidade
de leitura dos clientes que se apresentam perante o empreendedor,
mas é igualmente uma forma de personalizar a oferta e, com isso,
garantir a satisfação dos clientes.
Partindo do pressuposto de que existe um aprofundado autoconhecimento
acerca das características da casa que se gere e que se conhece igualmente
o público com quem se trabalha maioritariamente, ou ainda um novo
mercado que se quer atrair, conseguiremos posicionar-nos de modo a
melhor enquadrar cada tipo de oferta nos vetores estratégicos.
A tabela seguinte resume os parâmetros que o empreendedor deve ter em
conta na fase inicial de organização da oferta para cada driver do turismo
em que aposte e que irá adaptar ao seu cliente-tipo ou gama de clientestipo.
5x5
Tipologia
Duração
Grupos
Perfil
Pedestre
T. Habitação
2 noites
Casais
Ativos
Ciclável
Traça Rústica
3 noites
Famílias
Contemplativos
Panorâmica
Design
6 noites
Grupos
Equestre
Hotéis Rurais
14 noites
Casas
Agroturismo
Cabanas/
ninhos
Tabela 1 – Parâmetros para a organização da oferta
Posto isto, para além dos parâmetros indicados até aqui, importa ainda
referir que o modelo foi construído tendo por base as características dos
mercados emissores que, de uma forma genérica, apresentam maior
potencial e interesse de captação.
Tal como já foi referido anteriormente estes são:
Escandinávia – Noruega, Finlândia, Dinamarca
EU Central – Alemanha, Holanda e Bélgica
EU Sul – França, Itália, Espanha
Reino Unido
Portugal
Brasi
58
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
6. Descodificando o Modelo – os Parceiros e o
Território
Conhecendo os pressupostos que servem de base ao modelo 5x5, na ótica do
cliente, ou seja a hiper-sementação por temas em função dos drivers ou
vetores estratégicos, e os parâmetros que guiarão o posicionamento de cada
alojamento na oferta que melhor responde aos seus clientes-tipo, é
importante que os agentes promotores de um novo Turismo Rural
conheçam, à partida e de forma aprofundada, os parceiros e o território com
quem vão trabalhar e onde se pretendem movimentar.
assume um papel preponderante nesses locais. Essa classificação alia a Rede
Nacional de Áreas Protegidas (RNAP) e ainda a Rede Natura 2000, a rede
europeia criada especificamente para esse fim.
A RNAP, atualmente regulada pelo Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de Julho,
é formada por diversas tipologias de áreas protegidas, umas de âmbito
nacional, outras de âmbito regional-local e ainda outras de âmbito privado.
Essas tipologias são:
Parque Nacional
Parque Natural
Reserva Natural
Paisagem Protegida
Monumento Natural
Esse território é caracterizado paisagisticamente, demograficamente,
logisticamente, administrativamente e ainda,sujeito a instrumentos de
classificação territorial e de desenvolvimento turístico, e é importante que a
PRIVETURforneça informação assertiva aos seus sócios, de acordo com cada
realidade.
As AP de âmbito regional-local podem assumir qualquer uma das quatro
últimas formas, seguida do epíteto local ou regional, sendo que as privadas
se designam por Área Protegida Privada.
No fundo, se motivados para a criação da oferta em rede, que se diferencie
pelas características de cada cliente ou grupos de clientes, os empresários de
alojamentos em ambiente rural conseguirão de forma facilitada ter acesso a
informação privilegiada, recorrendo à PRIVETURque, com base na sua
ferramenta de Google Earth poderá em tempo útil descrever de forma macro
as características da região que o seu associado pretende trabalhar.
Já a Rede Natura 2000 correspondea ‘uma rede ecológica para o espaço
Comunitário da União Europeia resultante da aplicação das Diretivas nº
79/409/CEE (Diretiva Aves) e nº 92/43/CEE (Diretiva Habitats) e tem como
finalidade assegurar a conservação a longo prazo das espécies e dos habitats
mais ameaçados da Europa, contribuindo para parar a perda de
biodiversidade’.
Há várias características do território a tomar em consideração:
Constituindo o principal instrumento para a conservação da Natureza na
União Europeia, a Rede Natura 2000abrange territórios terrestres e marinhos
e é composta por:
Áreas classificadas
Como já foi referido anteriormente, 1/5 do território nacional encontra-se
classificado de alguma forma, o que significa que a conservação da Natureza
59
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Zonas de Proteção Especial (ZPE), que se destinam essencialmente a
garantir a conservação das espécies de aves, e seus habitats, listadas na
Diretiva Aves;
Zonas Especiais de Conservação (ZEC), que têm como objetivo
‘contribuir para assegurar a Biodiversidade, através da conservação dos
habitats naturais (anexo I) e dos habitats de espécies da flora e da fauna
selvagens (anexo II), considerados ameaçados no espaço da União
Europeia’.
Em Portugal, as ZEC que se encontram formalmente classificadas são
ainda em número reduzido, no entanto, a proposta de Sítios de
Importância Comunitária, que conduzirão à criação formal dessas ZEC, é
tida como de extrema relevância para a conservação desses locais.
Importa que os empreendedores conheçam as entidades que gerem o
território e qual o seu papel nessa gestão.
As entidades que importa salientar são:
▪
Entidades Regionais de Turismo
A publicação do Decreto-Lei n.º 67/2008, de 10 de Abril, criou cinco
áreas regionais, que refletem as áreas abrangidas pelas NUTS II – Norte,
Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve. Para além disso,
encontram-se ainda definidos os pólos de desenvolvimento turístico,
integrados nas áreas regionais – Douro, Serra da Estrela, Leiria-Fátima,
Oeste, Litoral Alentejano e Alqueva. Estas entidades, de acordo com o
Turismo de Portugal, ‘são responsáveis pela valorização turística e pelo
aproveitamento sustentado dos recursos turísticos das respectivas
áreas’.
▪
Câmaras Municipais
As Câmaras Municipais são, a par com as ADL, as entidades que estão
mais próximas dos empreendedores. Os processos de licenciamento de
novos projetos de alojamento correm sob a sua supervisão, mas acima
de tudo deverão ser elas as principais dinamizadoras de qualquer nova
oferta turística, potenciadora do desenvolvimento sustentável do seu
território, enquanto agentes macro de comunicação. Cabe-lhes ainda
analisar e eventualmente integrar projetos que tragam valor à região na
sua estratégia de promoção turística, englobando estruturas já
existentes e avaliando a hipótese de criação de outras que se
justifiquem dentro do quadro dessa mesma estratégia.
Estas áreas classificadas são ex-libris naturais que não podem ser ignorados
na altura de criar uma oferta turística, daí que todas elas tenham sido
identificadas na ferramenta em Google Earth, especificamente para a zona
piloto do estudo.
Entidades com influência no território
Outra questão que deve ser tida em conta na hora de criar uma oferta
integrada pretende-se com ter a perceção de quais as entidades que poderão
estar envolvidas na gestão de um determinado local ou recurso turístico.
A PRIVETURpode assumir aqui, uma vez mais, um papel preponderante
enquanto elo de ligação, entre a força de ação no terreno e essas entidades
supra, ganhando uma vez mais ascendente na sua utilidade percebida por
potenciais associados.
60
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
▪
▪
▪
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)
Ao ICNF, I.P.compete a gestão das Áreas Classificadas definidas no ponto
anterior. Revela-se particularmente importante como fonte de
informação na hora de criar uma oferta que integre, e deve integrar
sempre que possível, essas áreas.
Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico
(IGESPAR)
O IGESPAR, I.P. foi criado através do Decreto-Lei nº 96/2007 de 29 de
Março tendo por missão ‘a gestão, a salvaguarda, a conservação e a
valorização dos bens que, pelo seu interesse histórico, artístico,
paisagístico, científico, social e técnico, integrem o património cultural
arquitectónico e arqueológico classificado do país’.
Tal como o ICNF, deve ser considerado como um excelente local de
pesquisa acervo de informação que permitirá consolidar a informação,
relativa ao património edificado e arqueológico, que se poderá associar
à nossa oferta.
Associações de Desenvolvimento Local (ADL)
Estas são entidades altamente conhecedoras do território em que se
inserem. Conhecê-las é, em muitos casos, conhecer o que de mais
genuíno existe na região e é uma excelente forma de conhecer os
melhores parceiros para a nossa oferta integrada, quer sejam artesãos,
produtores locais ou caminheiros, que conhecem os segredos da região
melhor do que ninguém. Não serão as únicas, mas através das ADL
conseguir-se-á com grande facilidade selecionar determinadas atividade
que confiram um cariz de híper-segmentado e diferenciador à nossa
oferta.
Marcas de importância turística
Na altura de desenvolver a oferta existem outras questões que não podem,
nem devem ser ignoradas. No panorama do turismo português existem
marcas turísticas que, quer estejam associadas a infraestruturas simples como os Caminhos de Santiago ou a Via Algarviana - ou a outras mais
complexas como: os Polos Turísticos (de que são exemplos a Serra da Estrela
ou o Alqueva); projetos já desenvolvidos e trabalhados (como as Aldeias do
Xisto e as Aldeias Históricas); as Áreas Classificadas Naturais e o Património
Mundial da UNESCO; ou até cidades emblemáticas (como Coimbra), não
podem nem devem ser ignoradas.
Estes valores turísticos vivem por si só, e podem contribuir para alavancar o
desenvolvimento do Turismo Rural que os rodeia, pelo que é crucial que
sejam tidos em conta.
Acessibilidades
Por último, existe ainda uma outra questão à qual conferimos grande
importância na construção da oferta baseada no Modelo 5x5 e que diz
respeito à mobilidade. De tal forma que, quatro das cinco redes estão
diretamente associadas a este aspeto. Na ferramenta de GE são identificadas
as infraestruturas mais conspícuas já existentes no território associado ao
projeto-piloto, mas naturalmente, qualquer aporte fornecido pelo
conhecimento muito particular que os empreendedores tenham da sua
envolvente irá criar valor à sua oferta. Em redor da rede das casas gravitam
as redes pedestres, equestres, cicláveis e panorâmicas, todas elas
61
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
promovendo a abolição de fronteiras e impossibilidades na satisfação das
necessidades particulares dos clientes.
Conhecendo os acessos que servem o alojamento, desde caminhos
pedestres, a vias de bicicleta, a estradas panorâmicas ou de acesso a
hotspots, passando por vias ferroviárias de interesse, todas elas devem fazer
parte da estratégia de desenvolvimento da oferta.
Reside aqui um dos maiores segredos de todo o modelo: é através das
acessibilidades que as palavras chave – tempo, caminho, hotspot e
momento – se fundem para criar a oferta, de forma qualificada e eficaz.
Numa perspetiva de experiência integral de turismo rural, será
particularmente relevante incluir na criação da oferta a ponderação sobre o
acesso do turista desde o momento de início da viagem.
A PRIVETUR pode aqui servir uma vez mais de base de informação,
providenciando uma resposta rápida a qualquer um dos seus associados que
a determinado momento queira dar uma resposta integrada a uma
solicitação particular de um cliente. Independentemente disso, já discutimos
a importância que as ADL podem assumir no que a este ponto em particular
diz respeito, mas cabe a cada empreendedor identificar também parceiros
que não estão cobertos por nenhuma associação, mas que poderão fazer
toda a diferença na sua oferta, desde enoturismos de maiores dimensões, a
outros alojamentos rurais que, numa lógica complementar, permitam alargar
a extensão do itinerário, garantindo que a oferta responde ao mais ínfimo
pormenor aos desejos dos clientes. É ainda importante não esquecer o papel
fundamental que as Empresas de Animação Turística locais podem
igualmente assumir na qualificação desta oferta.
A mobilidade suave e o driver Viajar Devagar criam, por si só, oportunidades
para a inovação na oferta.
Parceiros
Ora se é de redes que estamos a falar, e depois de analisadas todas as
condicionantes e potencialidades do território em causa, há que definir de
forma ponderada quem são os parceiros que cabem no conceito que
estamos a desenvolver e quais aqueles que respondem mais diretamente às
necessidades e desejos que queremos ver respondidos no que toca aos
nossos clientes. Estes são especiais nas suas particularidades e é por elas que
importa construir uma rede de parceiros o mais alargada possível.
Figura 4 – Iconografia representativa das parcerias potenciais
Como ferramenta facilitadora, a par da checklist de enquadramento e de
avaliação de potencial face às infraestruturas disponíveis, e com o Google
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Earth onde aparecerão os recursos turísticos associados a cada uma das
redes, desenvolvemos ainda a seguinte tabela a ser preenchida pelos
promotores para cada produto turístico temático que desenvolverem e que
agrega cada valência associada às redes, mas também a outros interesses,
como é o caso das áreas classificadas.
PRODUTO TURÍSTICO TEMÁTICO X
TER
ADL
Outras
Empresas
Câmaras
Associações
de AT
Municipais
Outros
Percursos
Pedestres
Ciclovias/
Percursos Cicláveis
Pólos de Equitação
Vias Panorâmicas
Outros Interesses
Nº unidades TER Associadas - Y
Tabela 2 - Quadro orientador da distribuição temática que compõe a oferta, por parceria
Esta matriz providenciará uma leitura rápida da capacidade de resposta
oferecida pelos diversos stakeholders relativamente à oferta integrada que se
63
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
quer apresentar, para além de permitir avaliar lacunas que poderão ser
colmatadas previamente ao lançamento do produto.
Acrescenta ainda a informação relativa a quantos parceiros de alojamento se
juntam ao produto.
Relativamente às unidades de Turismo Rural que lhe servem de base, poderá
ainda revelar-se útil levar em linha de conta parâmetros como
Proximidade
Oferta Paralela
Qualidade Verificada
Aproximação aos Valores da Sustentabilidade
64
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Mas é no cruzar da matriz anterior com os drivers que compõem a
resposta aos diversos clientes que se encontra a inovação e a força do
Modelo.
Do cross-chart, em formato de matriz dupla, que se apresenta
seguidamente, retira-se assim toda a informação essencial sobre ‘Como
Fazer?, O Que Fazer? E Quem Faz?’.
Cliente
Surge assim uma matriz de dupla entrada, a preencher para cada
Produto Turístico Temático que o empreendedor pretenda
desenvolver, de acordo com a tabela seguinte. A oferta ficará assim
caracterizada, tornando-se fácil identificar pontos fortes e lacunas a
colmatar, em particular no que refere aos parceiros, já que a
componente de análise do cliente deverá derivar em grande parte do
correto preenchimento da checklist.
Driver/ Vetor Estratégico
5x5
Tipologia
Duração
Grupos
Perfil
Pedestres
T Habitação
2 noites
Casais
Activos
Bikes
Traça Rústica
3 noites
Famílias
Contemplativos
Panorâmico
Design
6 noites
Grupos
Equestre
Hotéis Rurais
14 noites
Casas
Agroturismo
Produto Turístico Temático X
Parceiros
TR
ADL
AT
CM
Outros
Nome do Produto
Cabanas/
ninhos
Tabela 3 – Matriz dupla de iteração entre o Produto Turístico e os parâmetros focados no Cliente e entre esse mesmo Produto Turístico e a caracterização dos Parceiros
65
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
7.
Bases para Inovar
Depois de, nos pontos anteriores, se ter mostrado o caminho proposto para
os promotores do alojamento rural no processo de criação de uma oferta
diversificada, integrada e adequada ao que serão à partida as valências
disponíveis, os principais mercados emissores, bem como os principais
públicos alvo e também os potenciais parceiros disponíveis, é importante
reforçar o papel da iniciativa individual, a ambição, coragem e imaginação
para fazer algo novo.
7.1
Inovação associada aos Promotores de alojamento rural
Cada Casa é um caso e, cada um dos promotores deverá ter a capacidade de
olhar para a sua realidade e para o que o rodeia e perceber e articular vários
fatores: onde se encontra, a identidade comum da região ou destino turístico,
o que deve caracterizar a identidade do seu próprio negócio e os fatores que
podem ser diferenciadores. Muito possivelmente, ocorrer-lhe-ão diversas
hipóteses para caminhos a seguir. Algumas serão mais tradicionais, outras
serão mais inovadoras. Mesmo procurando diferenciar-se de algum modo da
sua concorrência, importa ter em vista qual a relevância que pode ter o
distanciamento em relação a outras propostas de valor e qual o caminho que
poderá escolher de forma segura, sem arriscar colocar em causa a qualidade
da sua oferta.
Existem diversos campos em que um alojamento pode procurar diferenciar-se
ou evidenciar no mercado, com maior ou menor grau de sucesso, custos e
eficácia:
7.1.1 Produto
Fatores diferenciadores do produto:
Programas exclusivos e programas com qualidade adicional deserviços
especializados (mais conhecimento, mais autenticidade, mais
singularidade da experiência)
Experiências únicas. O fator imprevisibilidade na entrega do serviço em
toda a sua extensão pode aumentar, sem que isso seja um fator negativo,
desde que esteja previsto um nível aceitável de cumprimento – é o caso
do birdwatching ou da expectativa de contacto não agendado com
habitantes locais
Prestação de serviços complementaresde apoio únicos, ou
extremamente completos, ou muito personalizados (antes, durante e
após o consumo), ou, ainda, de preço competitivo, abrindo a
oportunidade a novos mercados que habitualmente não os podem
adquirir (democratização do luxo)
Destacam-se ainda os serviços e conteúdos destinados a reduzir a
perceção de risco pelo cliente e a sensação de que o produto não se
ajusta ao seu perfil
66
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Alteração de uma ou várias das componentes que tipicamente integram
um determinado produto turístico, de forma a diversificar o mercado
potencial
Recurso a tecnologias inovadoras
Produto baseado num recurso turístico pouco explorado, mas que apela
a algum segmento de mercado
Em Portugal, há um longo caminho a percorrer neste campo, o que fragiliza
o pequeno negócio de Turismo Rural.
Importa destacar o trabalho realizado de promoção interna e externa e o
potencial direto,em cada caso, para ser potenciado pelo Turismo Rural, quer
seja de forma individual e desagragada ou em rede.
7.1.4 Mercado: segmentação, ultra-segmentação e targeting
7.1.2 Parcerias/ Networking
Fatores potenciados pelo trabalho em rede:
Integração num produto turístico temático específico e englobando
multi-alojamento
Visibilidade no mercado por integrar um cluster de produto ou um clube
de produto (associado a um tema ou a uma região ou a ambos)
Acesso à rede de clientes de um dos parceiros
No caso de negócios que já amadureceram o seu contacto com os mercados:
a capacidade de diferenciação pode resultar da auscultação preferencial junto
destes mercados e da captação antecipada de oportunidades para a inovação
(tipicamente, serão ajustes no produto ou melhoramentos no pacote de
serviços).
De todo o modo, a possibilidade de retenção de clientes no Turismo Rural
poderá não ser significativa na maioris dos casos, mas o efeito recomendação
boca-a-boca, esse sim, é expressivo.
Posicionamento exclusivo e válido dentro de um cluster reconhecido.
7.1.5 Fatores críticos de sucesso
7.1.3 Ancoragem estratégica
Ancoragem a marcas turísticas que adquiriram já valor no mercado: destinos
turísticos associados a micro-destinos, rotas temáticas,regiões, países.
Quais são então os requisitos fundamentais para que esta diferenciação seja
bem sucedida?
Conhecer muito bem, não só os clientes atuais, mas também e
sobretudo, aqueles que se pretende alcançar com esta diversificação,
de forma a ir de encontro aos seus interesses e expectativas
67
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Tentar tornar os fatores diferenciadores o mais específicos possível
(quase de forma cirúrgica) para não desperdiçar tempo e recursos a
construir uma oferta tão ampla que depois é muito difícil de ser
percebida
Criatividade. Muitas vezes não é preciso tornar a inventar a roda para
criar algo de novo, é preciso sim conseguir olhar para o que já existe
sob uma nova perspetiva
Saber como vai comunicar esta diferenciação. Não serve de nada ter
uma oferta altamente criativa e bem estruturada se depois ninguém a
ficar a conhecer porque os canais de divulgação não foram bem
selecionados.
68
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
7.2 Inovação associada às entidades coordenadoras da oferta
(associações que representam proprietários)
Algumas das opções que o proprietário de um alojamento pode tomar para
inovar e procurar afirmar-se nos mercados revelam-se pouco ou nada eficazes
e nem sempre será fácil analisar as causas para o insucesso de uma medida.
A escala de uma operação de Turismo Rural é ingrata e desaconselha a
dependência de grandes e profundas análises dos mercados.
Nos capítulos anteriores foram amplamente mencionadas as oportunidades
que resultam do associativismo neste negócio, para a robustez, visibilidade,
escala e eficácia da oferta. Esta é uma mais-valia principal que uma associação
como a PRIVETUR pode trazer ao mercado: agregar oferta, conferir-lhe escala
e desenvolver ela própria oportunidades de híper-segmentação.
Através da concentração da oferta de produtos similares ou dirigidos a um
mesmo mercado, é possível criar escala para o negócio e para os de tinos
turísticos de Turismo Rural sem sobrecarregar as unidades de alojamento
com o investimento na diversificação.
Deste modo, e contribuindo para a afirmação de uma marca associada ao
Turismo Rural português, a PRIVETUR pode apostar na construção de clusters
específicos e com potencial de robustez e afirmação nos mercados.
Mas acima de tudo, num país que tão pouco fez ainda pela criação de
destinos turísticos sobre os quais o Turismo Rural possa efetivamente
capitalizar (excluindo-se aqui o percurso da marca Portugal, na sua
constelação de vetores), importa criar âncoras capazes de conduzir a atenção
e o interesse dos mercados. Assim, independentemente de se recomendar a
aposta das autoridades públicas na criação de marcas que estimulem, de
forma concentrada, o crescimento do Turismo Rural – procura nacional e
internacional, desde já se recomenda fortemente a adoção, pela PRIVETUR de
um sistema de classificação voluntária dos alojamentos porcategorias de
interesse específico, por estar essa iniciativa ao alcance de uma associação
privada.
Este sistema deve ir ao encontro da procura do mercado, mas não menos
importante é a correspondência com as valências do território e motivação e
capacidades dos promotores de Turismo Rural. Os aderentes devem sentir
identificação com alguma das categorias propostas e poder cumprir com os
critérios de qualidade exigidos para que se constituam clusters temáticos de
valor.
A imaginação e a aderência aos mercados são os limites que se impõem à
criatividade inovação nesta matéria. Alguns temas poderão ser
particularmente interessantes enquanto fatores de diferenciação de Portugal
no mercado global do Turismo Rural.
Uma iniciativa desta natureza permite à PRIVETUR contribuir para o processo
de fortalecimento de uma marca comum de promoção da qualidade do
Turismo Rural português, baseada em redes de utilizadores.
Destacamos aqui o potencial a explorar pela criação de um sistema de
classificação, (certificação e selo), baseado na categorização por interesses
específicos: trata-se de um tipo de classificação ainda pouco usada, como
referimos anteriormente, a Irlanda é o nosso benchmark para esta solução.
69
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
7.3 Alguns exemplos adicionais que ilustram o potencial de
inovação do Modelo 5x5
Para além dos casos que iremos desenvolver no piloto, apontamos ainda mais
alguns exemplos, a considerar:
Rota de Santiago com paragem em vários alojamentos de Turismo Rural a
realizar de bicicleta. A diferentes tipologias de Casa corresponderão
diferentes perfis de utilizadores. Passagem por Fátima e outras marcas da
religiosidade, no caso de turistas estrangeiros. Os detalhes da rota são
desenhados para dois tipos de públicos – os que estão habituados a
pedalar muitos quilómetros e outros menos treinados.
O exemplo anterior, mas em fly&drive&walk, especialmente para
mercados estrangeiros. De novo, a escolha de hipóteses de alojamento é
criteriosa; carro+bicicleta no aeroporto e todas as informações de
percursos pedestres, guiados ou não, logo à partida.
Enoturismo de bicicleta. Aplicam-se os raciocínios anteriores, mas até é
possível que o alojamento seja sempre o mesmo e os passeios partam de
lá em mais do que uma direção. Na opção Rota, mais do que um local de
alojamento, importa ter em conta todas as limitações técnicas
(distâncias, qualidade dos percursos, bicicleta própria ou não, e até a
hipótese de viajar de comboio com a bicicleta), e a hipótese de nas casas
de TR existir quem providencie assistência às bicicletas, etc.
Férias a pé ou escapadas com caminhadas: rede de alojamentos com
percursos pedestres de determinado tipo associados (seja pelo tipo de
paisagem, por elementos naturais ou culturais…), ou com parcerias com
entidades públicas ou privadas que providenciem esse serviço.
Mais do que querer criar muita oferta, é importante que os
empreendedores se foquem e percebam onde podem ser melhores, e isso
muitas vezes resulta de um cocktail de fatores e da capacidade para
comunicar a atratividade da oferta resultante junto dos mercados certos.
O empreendedor provavelmente não detém o conhecimento total de todos
os elementos necessários para compor um produto turístico temático
integrado, mas o que realmente é importante é a sua capacidade de se
articular com outros fornecedores e de criar parcerias que vão enriquecer a
sua capacidade para o desenvolvimento e entrega dos produtos.
Outros parceiros terão provavelmente uma visão diferente da dele em
relação às potencialidades do território e da fusão do conhecimento e
ambição de ambos poderá surgir a necessária capacidade de inovar.
Na base de tudo estão os fatores críticos de sucesso de qualquer alojamento
de Turismo Rural: as questões de hospitality não devem ser descuradas
também quando se pensa em formatos de inovação. Aliás, esta deverá ser
sempre uma preocupação constante dos proprietários de Turismo Rural,
porque eles próprios são parte integrante da experiência que pretendem
proporcionar aos seus hóspedes.
Surpreender é meio caminho andado para garantir satisfação e até
fidelização, pelo que, uma vez mais, o mais importante é prestar atenção aos
mercados e ao que o território oferece e saber inovar, na altura certa.
70
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
8.
O papel das Instituições Públicas
8.1
Definir a Estratégia
Todo o modelo aqui apresentado está estruturado segundo o ponto de vista
dos promotores privados, ou mais especificamente, dos promotores de
unidades de alojamento rural.
Uma das principais tarefas das instituições públicas quando se fala em
turismo é a definição da estratégia de desenvolvimento turístico.
No entanto, é importante não esquecer que as instituições públicas possuem
também (ou deverão possuir) um papel importante no desenvolvimento
destas redes, sendo que, destas instituições, se dá particular relevo às
autarquias e Entidades Regionais de Turismo.
É sobre estas instituições que recai a responsabilidade de realizar um
diagnóstico profundo do estado de desenvolvimento turístico da sua
região/município, identificar os players, definir vetores de desenvolvimento,
objetivos e ações que levam a que estes sejam atingidos.
Então porque é que estas entidades devem estar presentes nas diferentes
etapas da criação das redes em Turismo Rural e qual os principais papéis a
desempenhar?
Qualquer que seja a abrangência territorial destas estratégias, o mais
importante é tentar que estas estejam bem integradas nas estratégias
nacionais e/ou regionais e quevão de encontro às necessidades e
especificidades do seu território.
Autarquias
Entidades
Regionais de
Turismo
•Entidades isentas do ponto de vista comercial
•Funcionam como entidades reguladoras
•Vasto conhecimento do território
•Visam a promoção do território
•Facilidade de acesso a financiamento externo
Esta estratégia não é só importante para definir as ações a realizar por estas
entidades públicas para a prossecução dos objetivos definidos, ela serve
também de âncora aos promotores privados a definição da sua própria
estratégia de mercado, considerando as mais valias do território onde se
encontram.
•Possuem informação sobre os recursos
turísticos disponíveis
•Responsáveis pela dinamização do sector turístico
na sua área de actuação
•Capacidade de divulgação e comunicação de
novos produtos/ serviços turísticos
71
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
8.2.
Ordenamento e Infraestruturas
Se existe atividade económica que esteja completamente dependente do
território para o seu sucesso, é a turística. Sem um território bem ordenado e
dotado das infraestruturas necessárias, não é possível oferecer um bom
produto turístico.
Portugal possui vasto património natural, histórico e arquitectónico, no
entanto, muitas das vezes o seu pobre estado de conservação e os maus
acessos, tornam-no impossível de ser usufruído por quem nos visita.
É também neste aspeto que as instituições públicas possuem um papel
determinante. A elas cabe-lhes a responsabilidade de avaliar o território e
verificar quais as lacunas do ponto de vista das infraestruturas de apoio
turístico e traçar planos para as suprir.
a capacidade de ultrapassar barreiras geográficas administrativas,
associando-se a entidades suas congéneros quando a expressão
geográfica de um recurso turístico assim o dita
Há que ter ainda em atenção que estas ações deverão ser priorizadas por
ordem de importância para o desenvolvimento do território e de forma a ir
de encontro à estratégia definida.
É vital não cair na tentação de tornar como critério único de priorização os
financiamentos que poderão estar disponíveis para esta ou aquela ação,
submetendo-se ao risco de construir o “telhado” da casa antes das “paredes”,
o que poderá levar, em última instância, ao desperdiçar de todo o
investimento realizado.
Destacamos algumas funções cruciais para o desenvolvimento do Turismo
Rural e do modelo 5x5 em particular:
a criação e sinalização de rotas temáticas
a regularização do estacionamento junto a pontos de interesse turístico
a criação de pontos de descanso em locais estratégicos
a criação e manutenção de acessos aos pontos de interesse turístico
a produção de sinalética de identificação e interpretação dos pontos de
interesse turístico
a definição de regulamentos específicos que visem a manutenção da
traça tradicional das habitações em locais específicos dos aglomerados
urbanos
72
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
8.3
Estimular e dinamizar
Como já foi anteriormente referido, um dos principais obstáculos ao
estabelecimento de parcerias e à criação de redes integradas de serviços e/ou
produtos é a falta de confiança entre as diferentes entidades envolvidas e o
velho mote que “o segredo é a alma do negócio”.
Um outro aspeto relevante é que, com frequência, os promotores privados
possuem um enorme desconhecimento sobre quem são os restantes players
que atuam no seu território e quais as infraestruturas disponíveis que
poderão levar à potenciação do seu negócio através do estabelecimento de
parcerias.
É neste aspeto que as instituições públicas têm um papel fundamental na
promoção e dinamização de parcerias.
8.4.
Comunicar e divulgar
Por último, mas certamente não menos importante, é a função de apoio à
divulgação dos produtos criados.
As instituições públicas, e neste caso as Entidades Regionais de Turismo em
particular, possuem um conhecimento alargado dos mercados emissores
atuais e potenciais, bem como dos públicos-alvo para este sector do turismo,
pelo que se encontram numa posição privilegiada para apoiarem a definição
da estrutura de comunicação dos diferentes produtos e a dos melhores canais
de divulgação.
Estas instituições possuem ainda, na maioria dos casos, canais de distribuição
já definidos, que poderão ser aproveitados para estes novos produtos, bem
como acesso a feiras especializadas onde estes poderão ser dados a conhecer.
Considerando a estratégia adotada, estas instituições podem assumir a
liderança na reunião dos players locais que considerem relevantes e nas
negociações para atingir o estabelecimento de parcerias que levem à criação
de clusters locais detentores das valências e escala necessária para a criação
de uma oferta integrada e forte, com criação de mais valias tanto para os
negócios, como para o desenvolvimento territorial.
Caso existam promotores privados ou associações interessados em liderar
este processo, as entidades públicas continuam a desempenhar um papel
importante como facilitadores, tanto pela sua isenção, como pelo vasto
conhecimento da realidade local/ regional.
73
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
74
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
1.
-
A Região Centro
Mais para oeste está outra região clássica de vinhos, a Bairrada, terra de
“bairros” em que este termo não remete para “parte de uma povoação” mas
para terrenos onde o barro ou argila predomina. É o que acontece nos
campos de Oliveira do Bairro, Óis do Bairro, Ventosa do Bairro, São Lourenço
do Bairro, Vilarinho do Bairro ou Barrô.
A norte da Bairrada começa a área estruturada pela bacia hidrográfica do
Vouga, a leste elevam-se o Buçaco e o Caramulo, a ocidente espraia-se o
litoral que vai de Ovar à Figueira.
O território onde desenvolvemos esta rede integrada de redes situa-se
predominantemente entre rios, o Douro e o Mondego, numa vasta faixa
central de Portugal, limitada a oeste pelo Oceano Atlântico e a leste pelas
terras espanholas de Castela. É um território das beiras: beira-mar e beiraserra(s). A serra da Estrela à cabeça da cordilheira central domina
soberanamente toda esta região, com outras massas de terras altas no
Caramulo, na Arada e em Montemuro, a que se junta, a sudoeste, o maciço do
Buçaco e, mais a norte, os planaltos da Nave e de Leomil, e a serra da Lapa. O
lábio sul do território que focamos extende-se com incursões por porções da
Beira Baixa e do Alto Ribatejo, como as Serras de Aires e Candeeiros, as
colinas de xisto por onde serpenteia o vale do Zêzere ou as terras de
Belmonte.
É um território suavemente inclinado para sudoeste. No rebordo setentrional
nascem dois rios principais que atravessam este território, o Paiva e o Vouga.
Outro rio marcante deste território, o Dão, nasce nos planaltos de Trancoso e
Aguiar da Beira e corre para sudoeste ao longo de 92 quilómetros até se
encontrar (confluir) com o Mondego em plena barragem da Aguieira. O vale e
as encostas do Dão, em terreno granítico acolhem, admite-se que desde 500
anos antes de Cristo, amplos vinhedos hoje integrados na Região Demarcada
do Dão: são 20.000 hectares onde nascem alguns dos melhores vinhos
portugueses.
As praias marítimas, nos cerca de 100 quilómetros que separam Esmoriz/Ovar
da Serra da Boa Viagem/Figueira da Foz, estão cheias nos meses do Verão. É o
que acontece no Areinho, na Torreira, em S.Jacinto, na Barra de Aveiro, na
Vagueira, em Mira, Tocha e Quiaios. São lugares de muito bom peixe embora
as comunidades de pescadores tenham expressão reduzida. Em Mira e na
Tocha, na Vagueira e em Vagos ainda é possível assistir à grande perícia de
pescadores que enfrentam com o esforço do corpo a força das vagas, em
manobras com séculos de experiência, por entre algazarra e o peixe a saltar
nas redes. A Costa Nova é uma das últimas memórias de formas tradicionais
de vida piscatória. A Costa Nova e a fábrica de cerâmica da Vista Alegre são
duas das imagens de marca de Aveiro. Mas a principal é a Ria (“o mar
interior…por onde correm para terra muitas calas ou rias… que divididas em
braços e retalhadas em esteiros ocupa mais de quinze léguas de circuito,
ficando, se tivera melhor barra, o mais capaz e mais tranquilo porto da costa
atlântica, melhor sem comparação que as rias da Galiza”, caracterizou em
1707 o padre Carvalho da Costa). Vários rios afluem à laguna, separada do
Atlântico por uma estreita restinga. São lugares de eleição para desportos
náuticos, em particular a canoagem. Também um território privilegiado para a
observação de aves.
75
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Ainda há oportunidade para visitar as marinhas de sal. Também para viajar
nos barcos típicos da Ria, os moliceiros que eram usados para recolher o
moliço e assim arejar o fundo da ria e dragar os canais da Ria que penetram e
levam vida marítima ao centro da cidade de Aveiro.
Atravessando todo este território sobre o qual incide a nossa rede de redes,
no extremo oposto, a nordeste, está o grande sistema do Côa, com as
gravuras paleolíticos na pedra. É a Beira trasmontana, uma das portas para a
região vinhateira do Douro. Para oeste do Côa fica a cidade de Lamego, com
as festas de tradição popular da Senhora dos Remédios, as bolas de presunto
ou de bacalhau e mais caves vinícolas, como a Raposeira ou a Murganheira,
estas na Varosa. É uma porção de território que pede visita aos mosteiros
cistercienses de S.João de Tarouca e de Salzedas. Num salto se chega à
Ucanha onde está a torre com características raras na construção medieval
portuguesa.
Assim, entramos numa região que tem no seu coração a velha cidade de
Viseu, já por duas vezes eleita nos últimos cinco anos como a melhor cidade
para se viver em Portugal. Em Viseu, há que subir e descer ruelas, espreitar
casas, palacetes e igrejas, entrar na imponente Sé com sete séculos,
contemplar os painéis quinhentistas no museu Grão Vasco e saborear a rica
gastronomia. Viseu é uma das portas de acesso à Ecopista do Dão, é um
abrigo do Caminho de Santiago e outro ponto de partida para a Rota do Vinho
do Dão, com visitas a vinhas, adegas e solares. Para noroeste de Viseu fica o
território de Lafões, por onde se pode chegar até Arouca, onde a
extraordinária riqueza geológica está enquadrada pelo Geopark. É o território
do Paiva, típico rio de montanha, com águas bravas que correm quase sempre
no fundo de desfiladeiros de vertentes abruptas. A “Garganta do Paiva”, em
Alvarenga, é o mais famoso percurso de águas bravas em Portugal, com uma
sucessão de rápidos impressionante.
As encostas das montanhas do Vouga são lugares preciosos. Pode-se penetrar
nesse mundo avançando pelo vale do Vouga. Em Sever do Vouga, sobretudo
junto à cascata da Cabreia, a vegetação é luxuriante. São vales férteis onde,
em altitude, aparecem carvalhos e pinheirais, e encontram-se as vinhas de
enforcado, já a entrar pela região de Lafões. Depois emerge a rocha escalvada
da serra da Freita e do maciço da Gralheira. A área de Vale de Cambra e a de
São Pedro do Sul é rica em monumentos megalíticos e gravuras rupestres.
Voltando a Viseu, a nossa rede de redes prolonga-se. Segue para sudeste,
verde e camponesa, em direcção a Seia e à Serra da Estrela. Segue para Leste,
em direcção a Espanha, com uma paisagem que se modifica progressivamente
: “As matas tornam-se mais raras, o horizonte abre-se e afasta-se para longe,
a ondulação dos contornos torna-se mais regular, a distância entre as aldeias
aumenta e em cada lugar as casas concentram-se em malha mais apertada,
multiplicam-se as aglomerações amuralhadas como memória quase imóvel
dos recuados tempos da fronteira perto com os mouros, ou de outros, mais
recentes, em que as incursões castelhanas ainda eram frequentes”, tal como
descrevem José Mattoso, Suzanne Daveau e Duarte Belo em Portugal – O
Sabor da Terra, edição Círculo de Leitores. Alguns desses lugares, mais
isolados e alcandorados, perderam quase todos os seus habitantes, como
acontece em Numão ou Castelo Rodrigo. Outros têm a população guardada
dentro das muralhas, como acontece em Trancoso, vila do sapateiro-profeta
Bandarra. Há os lugares em sítios escarpados com as casas misturadas com a
penedia, como acontece em Linhares ou na Sortelha. Mas sempre com as
muralhas a envolver a povoação, como em Castelo Mendo, Castelo Bom ou na
grande praça militar de Almeida, imponente com os enormes baluartes à
beira da fronteira. É o extremo leste de um território que tem o extremo
ocidental entre a foz do Mondego na Figueira e a Ria de Aveiro.
76
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Todo este território tem generosa ligação à água ou às águas: seja a das
praias, a dos rios ou a das várias nascentes termais. Água com tranquilidade
ou água para actividades radicais. Tem locais para a pesca mas também para a
vela, canoagem, kayak, canyoning ou surf. Tem rios e ribeiras com margens
apetecíveis para piquenicar. E tem termas com diferentes propriedades e
indicações: termas do Luso(Mealhada) , da Curia, do Vale da Mó (Anadia), de
Sangemil (Tondela), de São Pedro do Sul, de Alcafache (Viseu), da Felgueira
(Nelas), do Carvalhal (Castro Daire) ou da Cavaca (Aguiar da Beira).
Caminhos pedestres e estradas panorâmicas são outros elementos
potenciadores da oferta deste território tão por descobrir e desfrutar.
Claro está que a bicicleta é uma parceira excepcional para este território. Há
lugares míticos do ciclismo de estrada, como a escalada da Torre na Serra da
Estrela e há o moderno e sofisticado Velódromo Nacional, em Sangalhos, terra
de grande tradição no ciclismo. Mas, para além do ciclismo de competição
(com o Velódromo de Sangalhos a atrair figuras internacionais de topo), este
território também convida ao passeio ciclista, seja o passeio em grupo
familiar, seja a experiência de pedalar por entre vinhas com paragens para
visitar adegas ou simples circuitos por lugares à beira de rios com etapas em
lugares do património natural e monumental. A Ecopista do Dão, com 50
quilómetros, é a maior de Portugal, traçada num antigo percurso ferroviário
com paisagens deslumbrantes, liga Santa Comba Dão a Viseu, com passagem
por Tondela. Também não faltam oportunidades para BTT ou ciclocross.
Enfim, toda esta vasta faixa territorial engloba grande diversidade de
paisagens, ricas em espaços naturais, com montanha, rios, regatos, terra
plana, campo de cultivo, muita vinha, fauna e flora rica, amplo coberto
vegetal com carvalhais, castanheiros, pinhais, sobreiros, bosques de bétula.
Mas há ainda um outro potencial a explorar: o cavalo. Identificámos neste
território infraestruturas que confortam ao desenvolvimento de itinerários e
programas de Turismo Equestre. É uma oferta a explorar, em associação com
a oferta de Turismo Rural, a ritmo que nos parece dever ser de galope, como
adiante se detalhará neste nosso estudo. Os circuitos a cavalo ou passeio a
cavalo por exemplo entre adegas são parte da oferta que também poderá
passar pela cavalgada por toda a região.
Uma das delícias é a gastronomia: A cozinha tem lugares irresistíveis, do leitão
na Bairrada ao bacalhau podre ou feijocas com todos em Almeida, passando
pelo cabrito da Gralheira, a vitela de Lafões, o rancho em Viseu, a caldeirada
de enguias na ria de Aveiro, o peixe na grelha em qualquer das praias ou a
chanfana em panelas de barro em Tondela.
Tem os caminhos na falda de colinas na beira do Vouga, com paisagem sobre
campos de arroz, baixos alagados e quintas de viçoso verde, para contemplar
depois de amanheceres em que paira uma bruma à altura da copa das
árvores.
Tem a mata do Buçaco, bosque incomparável que nos envolve de frescura,
com árvores magníficas e onde os musgos se agarram às pedras ou sobem
pelos enormes troncos acima. O Buçaco é a porta da entrada para a região do
Dão. A serra e a mata prolongam-se a nordeste para o Caramulo, fazendo
barreira aos ventos atlânticos.
É uma região com trilhos e costumes ancestrais, que nos coloca, por exemplo,
na serra de Montemuro, na rota da última transumância, que nos leva por
paisagens amplas, montanhosas, de grandes vales abertos, encostas
verdíssimas ou paisagens áridas marcadas pelo osso da pedra, que tem
lugares de calma milenar nas montanhas de Arouca, ou por entre os vinhedos
77
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
nas margens do Dão, ou junto aos desenhos paleolíticos na pedra do Côa, ou
nas faldas da serra da Estrela.
2.
O Projeto-piloto
A região Centro está aquém de poder ser entendida, em termos de marketing
turístico, como um destino turístico. Não foi ainda desenvolvida uma marca
turística suficientemente consistente na qual se possas ancorar propostas de
desenvolvimento associadas, por exemplo, ao Turismo Rural.
Ou seja, não há uma identidade criada para a qual se poderia orientar as
ofertas do Turismo Rural, de modo a estabelecer-se uma qualquer vantagem
competitiva do Turismo Rural no acesso ao que se entenderia que o Centro
tem de melhor, enquanto região, para ser desfrutado e sentido ou
experienciado.
Há, sim, contudo, vários eixos de promoção turística: a serra da Estrela, as
termas, o litoral na Costa Nova e na Figueira da Foz, as regiões demarcadas da
produção vinícola da Bairrada e a do Dão, os desportos de aventura no rio
Paiva, Fátima e Coimbra - ambas as cidades são destinos turísticos maduros
por si só, as Aldeias Históricas e as Aldeias de Xisto, o património geológico de
Arouca e o geoparque no Tejo Internacional,… estes são os principais eixos,
existem outros. Mas, efetivamente, não podemos referir-nos a uma marca
que distinga o território dos restantes e que possa ser operacionalizada para
fins turísticos. Muito menos ainda se considerarmos a concorrência com
outras marcas territoriais de regiões europeias com características mais ou
menos similares.
Alguns dos eixos referidos têm um potencial de desenvolvimento turístico
bastante relevante e deles resultam, realmente, fluxos turísticos importantes
mas, precisamente porque não identificam uma região, nunca mereceram o
investimento público e privado suficiente para lhes dar consistência, escala,
visibilidade e grande atratividade a ponto de poderem cumprir as
funcionalidades de uma marca territorial abrangente.
A criação dessa marca territorial, começando pela identificação de uma
proposta de valor singular, inequívoca, diferenciadora e enquadrada na
realidade subjacente, é algo que extravasa o âmbito deste estudo e que
compete, na verdade, a entidades públicas. Compreende-se que o Centro é
uma região vasta e com diversas fronteiras administrativas; acresce que a
diversidade do território não torna necessariamente esta tarefa mais simples.
Mas referimos esta lacuna pelas implicações que tem para o Turismo Rural na
região. Se estivesse identificada uma proposta de valor para a região, e na
probabilidade de ela não colidir com a filosofia adjacente ao Turismo Rural,
então faria todo o sentido procurarmos capitalizar sobre a orientação
estratégica tomada e sobre os investimentos em promoção turística que lhe
seriam, por princípio, inerentes.
Nessa circunstância, em termos formais, teríamos como meta principal
identificar os eixos de desenvolvimento da proposta de valor que permitiriam
dar uma vantagem competitiva ao Turismo Rural, aqueles que provocariam a
diferenciação pela positiva e a consequente atratividade da indústria Turismo
Rural na região.
Na ausênciade uma marca turística consolidada que conduza a identidade
do território Centro, o percurso de definição estratégica das prioridades
deve centrar-se sobre a avaliação conjunta do potencial, na região, dos
recursos endógenos, da oferta turística atual e da adaptabilidade dos eixos
gerais de desenvolvimento turístico estratégicos para o país (touring cultural
e paisagístico, gastronomia e vinhos, turismo de natureza, sol e mar, saúde e
78
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
bem-estar, turismo náutico…). A boa conjugação dos pontos referidos é um
fator crítico de sucesso para a competitividade do Turismo Rural no Centro.
De modo muito claro, neste estudo tentámos contribuir para obviar essa
questão, de forma que se encontra sintetizada na Figura seguinte:
Precisamente para demonstrar as potencialidades da aplicação do Modelo
5x5, apresentam-se neste projeto-piloto dois exemplos distintos de
Programas Turísticos Temáticos (PTT) com enquadramento em cada vetor.
Pretende-se explorar uma das características fundamentais do modelo: cada
driver do turismo português ou vetor estratégico pode ser trabalhado de
inúmeras formas, consoante, claro está, o tipo de segmentação e targeting
de produto (verchecklist de análise de valências próprias).
Cada um dos PTT terá associada uma matriz dupla de caracterização e o
descritivo sintético com sugestões concretas para aplicação no terreno.
De todo o modo, conforme foi já referido anteriormente, em particular no
subcapítulo sobre inovação de produto, o modelo pretende constituir uma
base de inspiração para a diversificação de produtos turísticos hípersegmentados, cuja capacidade de penetração no mercado dependerá de
múltiplos fatores, nomeadamente das oportunidades de agregação de oferta
resultantes da existência de coordenação nacional ou regional.
Importa ainda referir que se procurou trabalhar a zona Centro de forma
abrangente, não só a nível geográfico, mas também temático, dando
prossecução ao proposto para a construção da checklist.
Figura 5 – Estruturação do modelo 5x5 aplicado à zona Centro, com extensão ao
resto do território nacional
Assim, apresentamos 16 programas trabalhados e analisados nas mais
diversificadas vertentes que vão desde Foz Côa, às serras de Aire e
Candeeiros, e desde Aveiro, à serra da Estrela, passando por temas que
trabalham a água, a gastronomia, os vinhos, a geologia ou a avifauna.
Apresentam-se nos Anexos os PTT organizados por driver ou vetor estratégico
e as respetivas matrizes, sendo que se encontram igualmente disponíveis em
formato digital na ferramenta GE:
79
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
80
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
-
1.
Panorama geral
Uma das recomendações que abarcámos ao longo do processo de
desenvolvimento deste estudo, aplicável em particular aos esforços de
internacionalização do Turismo Rural, é a consciência de que, embora
Portugal reúna inúmeras qualidades que tornam o país muito atrativo para a
prática de Turismo Rural - com todas as suas especificidades, diversidade
concentrada, pelas peculiaridades que advêm do seu processo de
desenvolvimento desfasado em relação a outros países europeus e, enfim,
pela feliz influência conjunta do Atlântico e Mediterrâneo, ou
multiculturalidade milenar, a verdade é que também os seus concorrentes
diretos são interessantíssimos destinos para o Turismo Rural e de Natureza e
Enoturismo e Ecoturismo e touring cultural...
Recomenda-se, portanto, e especificamente quando se pensa em mercados
internacionais e exportação do Turismo Rural, realismoe ambição na
ponderação do valor efetivo de atratividade dos nossos recursos turísticos,
mais ainda em face do pouco esforço realizado de construção de destinos
turísticos que encaminhem o turista para o Campo português.
Percorrendo o país dos alojamentos de turismo rural, é difícil formar uma
imagem das boas e excelentes vias, percursos ou rotas que efetivamente
existem e que deveriam servir de suporte à operação Turismo Rural. Na
melhor das hipóteses, ficamos a saber que se localizam perto desta ou
daquela casa, mas é totalmente fragmentada a informação sobre o que são,
que valor podem ter enquanto recurso turístico e que potencial têm para dar
origem a uma oferta turística qualificada.
Este facto limita o alcance a mercados internacionais, reduzindo-o aos perfis
mais aventureiros e que procuram destinos pouco explorados e
desenvolvidos e aos utilizadores de produtos turísticos com
acompanhamento por um operador turístico, tipicamente proveniente do
país de origem do turista.
2.
Barreiras administrativas territoriais
Falta continuidade geográfica ou territorial à oferta de turismo no campo em
Portugal.
A fragmentação resulta da não coordenação ao nível nacional do setor (seja
por entidades públicas ou por entidades de caráter associativo privadas). O
investimento sobre os recursos é aplicado ou ao nível municipal ou de
comunidades intermunicipais ou ao nível regional e peca pela ausência de
uma visão integrada.
Dificilmente, o promotor individual conseguirá ultrapassar as limitações que
daqui advêm, tendo em conta a dimensão típica do negócio de Turismo
Rural.
81
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
As principais consequências da atomização da oferta são o isolamento e a
ausência de um referencial de qualidade.
Fica, deste modo, também limitada a possibilidade de se estruturar produtos
turísticos em formato rota, não nos casos das rotas temáticas, mas no caso
das rotas onde deve haver continuidade territorial.
E, contudo, a oportunidade deve ser explorada, como observamos pelo
esforço de operadores turísticos independentes que apostam no
desenvolvimento de produtos tailor-made para seu consumo.
3.
Barreiras culturais
Se é verdade que os players no terreno reconhecem a necessidade de se
articularem com os outros fornecedores, não é menos verdade que neste
campo está quase tudo por fazer.
Uma das principais barreiras é cultural: a imersão no território que
desenvolvemos no decorrer deste estudo evidenciou-o de forma horizontal:
inquérito, entrevistas, workshops, participação em atividades turísticas,
visitas a postos de turismo, consulta de sites de empresas de animação
turística, consulta aos sites dos alojamentos rurais e até o laboratório criativo
em que participaram de forma colaborativa diversos intervenientes com vista
à reflexão sobre formatos colaborativos de turismo no campo, todos, sem
execeção, mostram exatamente isso: são insípidas as ligações entre Turismo
Rural, Turismo de Natureza, Cicloturismo, Turismo em Bicicleta, Turismo de
Bem-estar, Ecoturismo, Enoturismo, Turismo Gastronómico, Turismo
Equestre, Turismo de Aldeia, Agroturismo, etc.,etc.
Falta conhecimento aprofundado e falta experimentar as propostas
oferecidas pelos outros. Falta, consequentemente, capacidade para integrar
e recomendar e bem receber no seu território.
Há todo um mundo de oportunidades que se abre quando os agentes locais
dialogam entre si e exploram em profundidade o que os seus potenciais
parceiros podem oferecer e, eventualmente, fornecer para a construção de
produtos turísticos integrados.
4.
Marca ‘Turismo Rural’
A imagem do Turismo Rural nacional está essencialmente alcantilada numa
tipologia fechada sobre si própria.
Apesar de envelhecida, há contudo sinais positivos de investimento na
alteração desta situação por parte de vários investidores que sentem esta
dificuldade na aproximação ao mercado nacional, mas que apostam também
em mercados internacionais onde este problema não é sentido.
Portugal não é ainda um destino internacional de Turismo Rural. Mas pode
ambicionar a sê-lo. A qualidade do alojamento rural não será um entrave, é
necessário agora progredir para a estruturação de produto ajustado aos
mercados.
82
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
5.
Outras marcas âncora
O investimento geral das entidades promotoras de turismo na marca
Portugal deve ser capitalizado pelo Turismo Rural.
Importa tirar partido dos drivers da marca Portugal que sejam ajustáveis ao
modelo do Turismo Rural (Natureza, touring paisagístico e touring cultural,
Gastronomia e Vinhos, e Sol são os pricipais) e ter em conta os detalhes da
promoção nos mercados nacional e externos.
6.
Produto
No que toca à oferta de produtos turísticos, ela sofre de falta de
estruturação temática e qualificação de acordo com as necessidades
específicas e motivação para a viagem dos múltiplos segmentos que
constituem o mercado interno e os mercados externos.
Esta desestruturação tem variadas consequências negativas:
- A primeira e mais relevante é a fraca inter-penetração do Turismo Rural
com tipologias que lhe são tão próximas como o Turismo de Natureza, o
Enoturismo, o Turismo Religioso.
- É incipiente o aproveitamento peloTurismo Rural da gama potencial de
produtos turísticos relacionados com cada uma das redes infraestruturais de
mobilidade.
Tomando um exemplo, o do turismo em bicicleta, a rede nacional de ecovias,
ecopistas e ciclovias, juntamente com a histórica tradição do ciclismo
associado à Volta a Portugal em Bicicleta, favorece a criação de PTT para
diferentes segmentos: cicloturistas amadores e profissionais, turistas que
usam a bicicleta com frequência ou apenas muito ocasionalmente, jovens e
adultos casais e grupos de amigos,assim como para os perfis golden age.
As ecopistas permitem ainda estruturar produtos para cidadãos com
mobilidade reduzida e famílias com crianças. Identificámos uma série de
drivers do turismo português (viajar devagar, gastronomia e enoturismo,
birdwatching, etc.) que podem servir de âncora temática a produtos para
todos estes segmentos, ao que acresce a diversidade regional da oferta em
termos de atributos especiais de interesse reconhecido pelo turista nacional
(planícies alentejanas, águas límpidas dos rios portugueses e rede de praias
fluviais, alguns parques naturais, a serra algarvia, aldeias históricas, regiões
vinícolas, etc. etc.). Falta tornar popular os passeios em bicicleta fora dos
meios urbanos para segmentos alargados, tal como já acontece em
segmentos do Turismo Aventura.
Falta também mostrar que se percebe do que se está a falar e ser capaz de
estruturar produtos bem desenhados e atrativos.
Do lado das redes de mobilidade, os utilizadores não encontram ainda no
Turismo Rural uma vantagem acrescida para a prática destas atividades
turísticas e modalidades desportivas.
Anos de investimento em desenvolvimento local traduzem-se, na
generalidade dos casos, no aumento da rede de oferta de alojamento e na
criação de produtos turísticos, por vezes de elevadíssimo valor etnográfico,
mas que tendem a ser operacionalizados como eventos pontuais em
83
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
momentos comemorativos que se repetem anualmente, mas que pouco
trazem à oferta operacionalizável de Turismo Rural. No Centro do país,
encontrámos diversas rotas relacionadas com os produtos da terra e rurais –
o azeite, o pão, a broa, os mirtilos, o mel, etc., mas tal como estão
estruturados não constituem efetivamente um produto turístico relevante ou
operacionalizável sem esforço considerável, apesar do enorme interesse dos
seus conteúdos.
7.
Gestão
O Turismo Rural ainda não soube posicionar-se como o parceiro
incontornável para nenhuma das atividade que se praticam e desenvolvam
no espaço rural ou nos espaços naturais.
E, portanto, entende-se que não consiga competir com hotéis budget ou
mesmo com outros hotéis que mantêm um nível igual de aproximação pouco
ambiciosa aos praticantes das modalidades.
Encontrámos uma dificuldade adicional no modelo de negócio de várias
empresas de animação turística e que afastam à partida a possibilidade de as
fazer interagir com o Turismo Rural: é frequente os produtos mais
interessantes e que incluem serviços complementares ou especializados
estarem dimensionados apenas para grupos grandes.
Falta à dinâmica da operação turística de base territorial encontrar
estratégias de redução dos custos da operação que permitam diversificar os
segmentos e incluir casais com capacidade para gastar um pouco mais.
Esta situação aplica-se não apenas à oferta de matriz etnográfica, mas
também à oferta cultural e na generalidade a todos os serviços
especializados (birdwatching, guias de Natureza, etc.).
O turista é vaidoso – somos todos – e gosta de ter uma história para contar:
falta à promoção do Turismo Rural a promessa de uma história interessante.
O marketing do Turismo Rural é pouco ambicioso. Mostra o que há, mas não
faz sonhar. Falta-lhe o tom aspiracional.
Aos promotores de turismo rural falta ambição na definição dos produtos
turísticos: são vagos e generalistas, não parecem falar para ninguém
diretamente.
Mas mais ainda, a sua identidade digital parece frequentemente incompleta,
por se basear no elencar de recursos turísticos e não em alguma forma de
expressão de uma identidade própria. Quando recomendam um
percurso,uma atividade, referem o nome atribuído ao percurso, é frequente
faltar a capacidade para explicar por que é que aquele percurso é
verdadeiramente interessante e em que circunstâncias.
84
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
8.
A procura não corresponde à oferta
Quatro características da procura atual abrem o caminho para a renovação e
reorganização do Turismo Rural em Portugal e justificam o reforço do
investimento na atividade:
i. Há crescente procura por atividades e experiências e não de uma casa
para dormir
A oferta deve organizar-se em torno de produtos turísticos temáticos;
ii. Os agentes do turismo rural têm hoje consciência da absoluta
necessidade de trabalhar em rede com os outros fornecedores dos
componentes de um produto turístico
 Há condições objetivas para que a oferta se organize em diálogo
permanente com os players com quem se partilha o território;
iii. A visibilidade nos mercados depende da escala e robustez da oferta,
assim como capacidade de falar diretamente a certos segmentos
específicos
A engenharia de produto é um ato complexo e que deve ser realizado
de forma integrada:
iv. Verifica-se procura significativa por mercados externos, a procura
pelo mercado nacional é insuficiente
9.
Objetivo Redes 5x5
Como respondemos ao desafio abordado neste estudo que, como
relembramos, tem dois eixos?
i.- Como é que a experiência de Turismo Rural pode beneficiar das
restantes quatro redes temáticas
(Resumindo a amplitude das quatro redes: 1. bicicletas/ cicloturismo/
ecopistas/ ecovias; 2. pedestrianismo/ caminhadas/ férias e breaks
caminhando/ percursos pedestres; 3 – cavalos para montar/ percursos
equestres/ picadeiros e rede de locais para apoio logístico; 4- rotas
panorâmicas e informação interpretativa).
E
ii.- Como é que os praticantes e utilizadores destas outras redes podem
beneficiar, enquanto turistas, do alojamento rural e da oferta de
experiências rurais?
Ou, tomando em consideração a motivação do turista para a viagem,
quais são as oportunidades de negócio que se oferecem ao empresário de
Turismo Rural para estruturar uma oferta turística integrando estas
redes?
A oportunidade para capitalizar sobre a articulação destas redes é, na nossa
opinião, robusta e credível.
 a oferta deve dirigir-se de forma segmentada e diversificada aos
mercados, com o objetivo de ganhar dimensão.
85
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Mas implica um trabalho aprofundado de criação de produtos turísticos
muito dirigidos a interesses e motivações específicasque são, afinal, as
tendências atuais do mercado.
Acresce que, dada a dimensão e características dos negócios de Turismo
Rural, a engenharia de produto deve procurar robustecer-se com base
numa estratégia ambiciosa, bem segmentada e bem dirigida.
Na figura seguinte, resume-se a estratégia desenvolvida para dar resposta a
estas questões:
86
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Figura 6 – Estratégia de desenvolvimento do Modelo 5x5 resumida por cinco níveis de ação
87
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
10. O Modelo passo a passo. Como aplicar
O modelo final reflete toda a informação e conhecimento acumulados no
decorrer deste estudo e que resumimos aqui passo a passo:
A ausência de qualidade em qualquer um destes quatro fatores tende
adar vantagem competitiva a pelo menos alguma das outras tipologias de
alojamento (hotéis, alojamento budget, alojamento não qualificado,
pousadas de Portugal e resorts).
Passo 2:
Passo 1:
Começámos por identificar os quatro eixos principais para o
posicionamento competitivo do Turismo Rural, em roda dos quais se
deve organizar a oferta, uma vez que é no quadro destes fatores
diferenciadores do Turismo Rural que o empresário tem maior espaço de
manobra para ser ambicioso na criação da identidade do seu negócio.
Os fatores que dão vantagem competitiva ao Turismo Rural
relativamente àsua concorrência são:
- A arte de bem receber;
- A proximidade aos recursos turísticos;
- A oferta de autenticidade;
- O contacto permanente com uma rede de potenciais parceiros
locais
O promotor de Turismo Rural deve fortalecer a sua proposta de valor
atendendo, cumulativamente, à relevância destes quatro fatores críticos
de sucesso.
Para dar consistência e permitir um desenvolvimento robusto da
estratégia, foi definida uma proposta de valor baseada numa ideia central
ambiciosa:
“Acesso privilegiado ao Campo”
Ou seja, o modelo 5x5 será orientado para fortalecer a capacidade do
Turismo Rural cumprir esta promessa.
Esta ideia traduz-se numa “assinatura” que identificará o objetivo de
forma clara:
5 Redes – ‘5 vezes mais campo’ – uma experiência 5 vezes melhor
A identidade própria de cada negócio de Turismo Rural pode ser
facilmente derivada a partir desta linha de orientação estratégica.
Dependerá da capacidade de cada promotor evidenciar-se perante a
concorrência e encontrar os seus pontos de contacto preferenciais com
o mercado.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Passo 3:
Passo 5:
Seguidamente, cruzámos os quatro eixos genéricos identificados para o
Turismo Rural com quatro eixos específicos para o desenvolvimento da
articulação das 5 redes-tema do estudo, porque são estes os parâmetros
que definem a qualidade da experiência de mobilidade no campo:
Em face do objetivo principal, estruturar a oferta em torno de produtos
turísticos temáticos integrados, torna-se clara a necessidade de apostar
no desenvolvimento em formato filigrana, a que pode então
corresponder uma oferta muito bem organizada e canalizada para
responder de forma acutilante à procura nos mercados.
- Tempo;
- Caminho;
Para operacionalizar essa ambição, identificámos quatro vetores de
desenvolvimento:
- Hotspots;
- Perceber as Valências Próprias;
- Momentos
- Perceber o Território;
- Perceber o Cliente;
Passo 4:
A análise profunda do potencialde cada uma das cinco redes para
alavancar ou desenvolver cada negócio de Turismo Rural é um trabalho
exigente.
Procurámos identificar os elementos chave para o sucesso no
aproveitamento das redes de mobilidade e da rede de alojamentos para a
criação de produtos integrados e ajustados às motivações do turista e
especificidades dos perfis e tendências dos mercados.
Vários aspetos a considerar são tecnicidades associadas às modalidades
(consultar Anexos neste Estudo) e recomenda-se o desenvolvimento de
parcerias para a partilha de conhecimento e experiência.
- Perceber os Parceiros.
Passo 6:
No decurso do estudo, e para apoio ao desenvolvimento do modelo,
foram então desenvolvidas ferramentas de suporte a este trabalho: uma
checklist de valências próprias / chave para o posicionamento; uma matriz
para identificação dos clientes potenciais por produtos turístico temático;
uma matriz para identificação dos parceiros a incluir nos produtos
turísticos temáticos; e uma ferramenta em Google Earth com
levantamento da oferta (projeto piloto desenvolvido para a zona Centro
do país).
89
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Para aplicação do modelo 5x5, o investidor deve identificar os
elementos que vão compor a sua oferta e assegurar que são coerentes
entre si esse ajustam aos clientes com quem pretende trabalhar. Muito
possivelmente, nesta fase não estará na posse de toda a informação e
conhecimento necessários para tomar decisões totalmente
fundamentadas.
Nos vários capítulos deste estudo foram elencados os principais
componentes e especificidades a ter em conta quando se pretende
construir produtos turísticos temáticos. Recomenda-se a atenção a estes
detalhes para o desenho de uma oferta de qualidade.
Esta é mais uma fase em que se recomenda a procura de parceiros e,
eventualmente, de consultores, públicos ou privados, para apoio. A
PRIVETUR será um parceiro privilegiado a consultar para apoio nesta fase
do projeto.
Passo 7:
Como sabemos, a motivação para a viagem de turismo não é o
alojamento em si mesmo. Por isso, seguidamente ancorámos a estratégia
nos drivers atuais do turismo português, porque são valores seguros e
alvo de investimento.
Exemplificámos no projeto piloto desenvolvido para a zona Centro como
aplicar esta abordagem. Foram identificados oito drivers para ancoragem
da oferta de Turismo Rural nesse território: Viajar devagar; O Campo fazlhe Bem; Portugal faz-lhe bem; Cozinha única; Explorar a Natureza; Viver
as Sazonalidades; Enoturismo revisitado; O poder da Água.
Ou seja, recomenda-se a opção, no caso do centro, destes oito temas por
se considerar que eles criam a oportunidade para soluções ambiciosas,
competitivas, únicas, singulares, exequíveis, facilmente comunicáveis, e
que será simples explicar o seu valor aos mercados.
Resumindo:
Através de um esforço dedicado e minucioso, poderá ser organizada
oferta turística canalizada para dar resposta a estas motivações,
tirando partido do potencial das redes de mobilidade para a criação de
produtos turísticos originais e de particular atratividade, muito bem
ajustados a diversos perfis de turistas, e capitalizando sobre as
vantagens únicas que o alojamento em espaço rural tem para
enriquecer a entrega da experiência turística estrategicamente
escolhida pelos promotores.
Mas, naturalmente, chamamos a atenção para a importância de saber
adaptar a situação à realidade do Turismo Rural. Este trabalho de
seleção e de modelação deverá constituir um dos fatores de
diferenciação da oferta.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
11. Escala, Escala, Escala
12. Turismo é cultura
Não é possível repetir em excesso o quanto é necessário desenvolver
estratégias de negócio que aumentem a escala da oferta de Turismo
Rural, a todos os níveis: é importante para o promotor individual, para as
entidades privadas e associativas que queiram assumir algum papel na
promoção do Turismo Rural e para as entidades públicas que entendam o
potencial do Turismo Rural e procurem desenvolvê-lo.
Turismo é, acima de tudo, cultura. É uma forma de nos manifestramos, de
consumir e absorver o que os territórios têm de melhor.
Como foi amplamente referido e exemplificado ao longo deste estudo,
algumas das potencialides oferecidas pela constelação de fatores que
compõem a engenharia de produto só estarão ao alcance do promotor
que integra uma rede de parceiros capaz de lhe dar visibilidade e de abrir
as portas à estruturação de produtos mais abrangentes.
E se os agentes do Turismo Rural quiserem tirar partido da outra
poderosa característica a que o setor está associado, a arte de bem
receber, tem aqui uma oportunidade única de personalizar o atendimento
para o turista exigente.
A isto está associada a robustez do negócio: é reconhecida a fragilidade
das operações de Turismo Rural, particularmente agravada em período
de crise económica. A sobrevivência de muitas empresas de Turismo
Rural estará facilitada no quadro de uma rede colaborativa.
O Turismo Rural tem a vantagem extraordinária de ser marcado, desde
sempre, pela autenticidade. E tem aqui a sua âncora principal, que deve
saber aproveitar de forma exigente e ambiciosa.
Para isso, o promotor tem de perceber como é que hoje as pessoas
querem consumir cultura e saber adaptar a sua oferta. E tem de sentir a
palpitação da cultura viva para a saber servir com arte a cada um dos seus
clientes.
Uma das recomendações que destacamos de entre as propostas para a
renovação do Turismo Rural é a adoção de um sistema voluntário de
categorização dos alojamentos de Turismo Rural tendo por base
interesses específicos e capacidade para atender às necessidades do
turista que organiza a sua viagem em função desses formatos
especializados. Esta proposta permite dar visibilidade às valências
individuais de um alojamento através da atribuição de um selo que atesta
a participação do alojamento naquela rede “amiga” de determinado tipo
de turista.
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Projecto 5x5
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Projecto 5x5
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
espécies da fauna e em particular, especialistas em birdwatching de
diversas regiões do país.
1. Letónia
O Turismo Rural tradicional revisitado
O resultado é uma franca diversidade de propostas, ancoradas em
hotspots turísticos e percursos, rotas e pacotes de produtos e serviços
associados, preparada para cobrir todas as épocas do ano, numa tentativa
de combater a sazonalidade da procura.
Os produtos deste esforço de criação de produtos turísticos traduzem-se
não apenas em oferta, mas também em recursos técnicos para
operadores de Turismo Rural, tanto proprietários de alojamento como
operadores de animação turística. Estes produtos incluem, para citar um
caso paradigmático, documentos comparativos entre como organizar um
produto de birdwatching para a primavera e outro para o inverno.
Figura 7 – Caso da Letónia
Latvian Country Tourism Association, apresentada na versão em inglês
como “Férias no campo no Báltico”, é uma associação de Turismo Rural,
membro da EUROGITES. Representa um benchmark de uma associação
que divide a sua atividade entre a promoção de ofertas de Turismo Rural
e o apoio aos seus sócios com vista à criação de produtos turísticos
integrados. Esta associação conta com cerca de 300 membros proprietários dealojamentos rurais.
Tomando como ponto de partida uma base de recursos turísticos
fortemente ancorada no património natural, rural e etnográfico, a
associação desenvolve um trabalho intenso de conversão destes recursos
em produtos turísticos, em parceria com especialistas em matérias que
podem ser tão específicas como a botânica, a coleta de cogumelos,
Outro dos serviços prestados pela associação é o apoio ao desenho de
roteiros personalizados para viagens de cicloturismo, caminhadas, tours
fluviais, birdwatching, touring cultural, entre outros. Este serviço inclui:
Criação depacotespersonalizadospara grupos e indivíduos
Reservade serviços de alojamento
Reservadeguias especializados
Aluguerde carro,autocarros, bicicletas e embarcações
Transfer de bagagementre alojamentos
Mapas e folhetos b2b derotas turísticas
Como encontrar este exemplo na internet: http://www.celotajs.lv/en
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
associação não se deteve em modelos antiquados e toda a oferta dirigida
ao público é promovida em formatos atuais. As propostas incluem
passeios a pé, de bicicleta, fluviais, a cavalo, em veículos TT, enoturismo.
2. Elkana, Country holidays in Georgia
Modelo de Turismo Rural integrado. Autenticidade e modernidade
Figura 8 – Agroprodutosomercializados também
pela rede de Turismo Rural
Elkana, na Geórgia, é um dos parceiros da EUROGITES. Esta associação de
450 produtores de agricultura biológica é responsável pelo
desenvolvimento recente de um projeto integrado de Turismo Rural.
Tomando como ponto de partida o desenvolvimento rural, a associação
traçou caminhos que se cruzam, entre a promoção em rede de produtos
agrícolas em formatos inovadores e a criação de uma rede de oferta de
Turismo Rural baseada não apenas no alojamento e oportunidades para
comercialização e promoção da produção agrícola dos membros da
associação, mas também na estruturação de uma rede de passeios e
atividades de animação turística que têm como suporte os valores
endógenos que a associação promove.
Este é um modelo de cruzamento de autenticidade com modernidade.
Embora tendo na sua origem os valores tradicionais da agricultura, a
O que torna relevante este caso de estudo é a origem dos recursos da
rede: trata-se, efetivamente de um projeto de base rural agrícola e que foi
expandido para incluir uma forte componente turística para diversificação
da atividade, processo esse que tem sido conduzido com base em
investimentos relevantes em formação dos operadores da rede,
nomeadamente para as componentes turísticas, como a hospitalidade e a
articulação de informação em rede e sistema de recomendações e crossselling.
Lela Khartishvili lidera o departamento de Turismo Rural desta associação
e explicou-nos, no decurso deste estudo, como as redes de produção
agrícola e de turismo se enriquecem mutuamente, referindo a absoluta
necessidade de condução do processo pela associação, que organiza a
estratégia corporativa e operacionaliza a atividade turística.
Figura 9 - Grupos de trabalho
Como encontrar este exemplo na internet: www.ruraltourism.ge
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
3. Alojar-me, Saborear e Mexer-me
- a tentadora oferta proposta pela Provença francesa
A região de Provence, no sueste francês adjacente a Itália, lançou o
programa “La Provence selon vos envies” - Como é que se desenvolve
este programa “a Provença conforme os vossos desejos”?
O portal http://www.provenceguide.com encaminha-nos logo para a
resposta: “Je me loge”, “Jesavoure”, “Je me bouge” – fico, saboreio,
mexo-me.
A porta “Je me loge” remete para todo o tipo de alojamentos.
Em “Jesavoure”, estão diferentes modos de saborear: petiscos, propostas
gourmet, produtos da agricultura e da gastronomia local, encontros com
chefes de cozinha creditados com estrelas de qualidade, tascas e
restaurantes, feiras e mercados e visitas a quintas e adegas. É uma
proposta que também inclui proporcionar cursos de cozinha e fornecer
receitas (com o saber da tradição local).
Quando se entra em “Je me bouge”, a oferta é de grande diversidade:
bicicletas, percursos pedestres, percursos florestais, rotas equestres,
propostas em volta da água, canoagem e kayak, escalada, espeleologia ou
golfe.
Ao escolher “mexer-me”, no programa “Je me bouge”, a bicicleta tem
função primordial, transportando o visitante para três outros grandes
programas-oferta: vinsetvignobles, em que o turista em bicicleta se
adentra pelos prazeres do vinho e da vinha, “La Provence à vélo”, que
propõe a descoberta da região ao ritmo da bicicleta e da natureza.
La Provence à vélo é atualmente um site autónomo, onde se multiplicam
as propostas mais variadas – a Provence investiu fortemente na
associação da identificação da região como um destino paradisíaco para
os ciclistas em férias.
Figura 10 – O caso provençal francês
Na gama da oferta de passeios em bicicleta, aimaginação não tem limites:
em “LaplusbellescèneduSud” vemos a motivação teatral para um
percurso ciclista não só pela paisagem cultural da região mas, também,
especificamente, com incursão na cena criativa local: abre a possibilidade
de participar numa pequena representação teatral (que pode ser
encomendada com pequena antecedência), num programa musical, de
dança ou outro.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
cinema, encontros gastronómicos (do festival das sopas ao festival das
trufas) e tanto mais.
Os programas de turismo de Natureza na Provence são desenvolvidos
igualmente da mesma forma cuidada e extensa, características essenciais
para aumentar a atratividade de um território associada a temas. O tema
água é tratado como um tema por si só, abrindo para um conjunto de
propostas de atividades ribeirinhas e fluviais.
Figura 11 – Exemplos de circuitos
Este é um programa com alto potencial para ser replicado em Portugal,
com a sua malha fina territorial de verdadeiros tesouros etno-culturais.
Tomando por exemplo o território do Centro de Portugal: o grupo Trigo
Limpo, em Tondela, com 30 anos de pesquisa, produção e animação
teatral, os festivais ACERT, também em Tondela, o Teatro Regional da
Serra de Montemuro, espantosa experiência cénica gerada na aldeia de
Campo Benfeito, o Teatro Viriato, em Viseu, com fértil oferta profissional
nos campos do teatro, da dança ou do circo, a empreendedora Escola da
Noite, bem como O Teatrão ou o Centro de Dramaturgia
Contemporânea/Teatro Académico de Gil Vicente, tudo em Coimbra, são
alguns de muitos outros exemplos de parcerias a explorar, integrando
com benefícios mútuos a experiência de Turismo Rural e a criação
artística: algum turista pode esquecer a experiência de se tornar
protagonista num espectáculo do Teatro Montemuro que tem palco no
cenário real de uma aldeia?
Parcerias deste tipo podem ser ampliadas a vários outros campos das
artes: da música de expressão local (da balada ao folclore, passando pelo
fado) ao artesanato ou até a novos criadores de moda ou audiovisuais. Os
programas na Provence incluem ofertas como “Jazz na vinha”, “show de
modelismo e miniaturas” em Avignon, festivais musicais, de teatro e de
Figura 12 – Exemplos de circuitos em bicicleta
Como encontrar este exemplo na internet:
http://www.provenceguide.com; http://www.provence-a-velo.fr
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
Várias dezenas de parceiros subscreveram a carta “AccueilVélo”.
Comprometeram-se com a rede de acolhimento de ciclistas.
4. Destination Ventoux
A comunidade uniu-se para tornar inesquecível o acolhimento aos
turistas que vão de bicicleta descobrir recantos da mítica
montanha do Tour de France
Em torno da criação de um destino para turismo em bicicleta cresceu uma
indústria de serviços e produtos: a rede envolve mais de 70 profissionais,
designadamente de serviços de transportes, seja de pessoas ou de
bagagens, está montado um serviço que garante que qualquer compra
feita pelo turista no seu passeio ciclista é prontamente entregue no local
por este indicado, há serviços de apoio aos acompanhantes, há equipas
de piquete para assistência e manutenção das bicicletas, há serviços de
restauração (cafés e restaurantes) com horários e ementas conformes à
preferência dos turistas e há serviço de merendas disponibilizado aos
ciclistas todas as manhãs antes do começo da jornada em duas rodas.
Toda a logística é garantida, com simplicidade, sem complicações.
Figura 13 – logótipo DestinationVentoux
Etapa mítica do Tour de France, a escalada do MontVentoux contribuiu
para fazer deste território no sueste francês um destino apetecido por
ciclistas de todo o mundo.
Contexto: Este benchmark enquadra a perspetiva de uma equiparação ao
caso português da Volta a Portugal em Bicicleta nas escaladas das Penhas
e da Torre, na serra da Estrela, lugares também míticos para o ciclismo. O
Centro tem, ademais, em Sangalhos e Águeda, uma âncora da tradição
ciclista portuguesa, com uma indústria de fabrico de bicicletas
reconhecidas a nível nacional.
Diferentes interesses locais uniram-se para desenvolver o programa
“Découverte à vélo autor duVentoux”. É uma descoberta em bicicleta de
múltiplos percursos e lugares daquela montanha.
Em suma: as entidades públicas, os comerciantes, os diferentes
profissionais uniram-se para potenciar o valor de um local que já era
lendário no mundo do ciclismo, agora aproveitado para fins turísticos.
Taxistas, lojistas, hoteleiros, estalajadeiros, proprietários rurais, artesãos,
os profissionais da restauração, dos bares, das enotecas, todos, cada um
no seu domínio, estão comprometidos com um serviço de qualidade no
melhor acolhimento aos turistas que se dispõem a conhecer o
MontVentoux em bicicleta.
O programa prevê diferentes circuitos para diferentes interesses, em
função de temáticas e níveis de prática. Os programas disponíveis são:
o programa Família,
o programa Descobertas, e
o programa Desportivo.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
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Ou seja: ofertas para todos. A rede “AccueilVélo” enriquece os itinerários
com propostas de visitas às vinhas e adegas da região, às quintas, aos
santuários da gastronomia e doçaria, para além de promover visitas aos
ateliês dos artistas e artesãos locais. Sempre em bicicleta.
Os programas “Sportif” convidam a explorar porções da deslumbrante
paisagem de altitude por onde pedalam os ciclistas no Tour. Na
competição da Volta à França, os ciclistas mal têm tempo para
contemplar a paisagem e nem podem pensar em desfrutar os prazeres
locais. Nestes programas, tudo é proporcionado. Sempre com boa
gastronomia, bons vinhos e excelente acolhimento.
Assim, através de uma oferta estruturada, os parceiros desta iniciativa no
MontVentoux promovem a qualidade do seu ambiente excepcional e o
gosto de um modo de vida que cruza tradição e modernidade.
Existem vários sites interligados que apoiam esta oferta:
www.destination-ventoux.com; www.smaemv.fr; www.ventouxcomtat.com; www.provenceguide.com
Figura 14 – Mapa de circuitos para bicicleta em Veloux
Estão desenhados treze circuitos no MontVentoux. Passam por vales,
colinas, aldeias medievais, monumentos, vinhas, pomares, hortas,
bosques; há o cuidado de prever circuitos com diferente grau de
dificuldade, alguns deles facilmente acessíveis para todos.
Um dos programas, “EscapadeenAmoureux”, propõe 66kms em dois dias,
entre lagos, vales e planaltos com visitas a vinhas, adegas, museus, e
pastelaria artesanal – um dos museus visitados é o museu das trufas.
Outro programa, o “Découvertes”, é uma aventura ciclista junto ao canal
de Carpentras.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
5. Ride Oregon Ride
Neste mercado, 78% dos turistas dormiram na região durante a sua visita.
A análise revelou que se trata de um turista com nível económico e
cultural elevado, com gasto médio superior a outro tipo de turistas e com
estadia mais prolongada.
O Oregon é um destino turístico consolidado e maduro para utilizadores
de bicicleta que soube aproveitar a tradição da utilização da bicicleta na
região (Portland tem a maior taxa dos EUA de utilizadores de bicicleta nas
deslocações para o trabalho), e investiu no desenvolvimento de um
destino turístico fortemente ancorado numa marca consistente e que
ultrapassa largamente o alcance de um produto de nicho. Por inerência, o
Oregon tem como segunda motivação para deslocações turísticas o
turismo outdoor (e, como terceira, o golf).
A oferta é dirigida a todo o tipo de utilizadores de bicicleta: de estrada, de
montanha, ciclistas dedicados, utilizadores ocasionais, incluindo uma
gama diversificada de temas para passeios.
Figura 15 – O caso do Oregon
Em 2012, 4.5 milhões de turistas no estado federal do Oregon, nos
Estados Unidos, usaram a bicicleta durante a sua viagem. Se este número
por si só parece assinalável, o que destacamos como facto impressionante
é que ele representa 74% do total de turistas a este estado em 2012.
Destes, 33% tinha, antes da viagem, planeado usar a bicicleta.
A estratégia desta operação com muitos anos de desenvolvimento incluiu
a intervenção em vários planos de atuação. Desde já, importa fazer notar
que o investimento em comunicação promocional só agora assume
valores significativos (um milhão de dólares em 2012). Antes, houve um
trabalho de malha fina realizado com o envolvimento dos praticantes de
ciclismo e que ampliaram e adaptaram a rede de percursos existentes e
que ajudaram a criar uma rede de locais públicos (cafés, restaurantes,
lojas, etc.) que mostram identificar-se com os utilizadores de bicicletas e a
tornar amigável a receção aos turistas em bicicleta. Atualmente, os
percursos estão interligados formando uma rede de percursos sinalizados
no terreno e que inclui uma rede de vias cicláveis panorâmicas.
Inquirindo os utilizadores frequentes, 64% responderam que a prática de
turismo em bicicleta foi a motivação principal para a viagem.
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As autoridades de turismo investiram na visibilidade da oferta de turismo
em bicicleta mesmo no site oficial do turismo (traveloregon.com) e não
apenas no site nicho (rideoregonride.com), tal como nas outras
plataformas de promoção turística do estado.
Para potenciar para o Turismo Rural o valor turístico do destino para
turistas em bicicleta, foram organizados em 2012 workshops dedicados,
em vários locais, com o objetivo de capacitar as comunidades e os seus
membros para capitalizarem sobre este binómio.Os objetivos
operacionais foram: criar redes de parcerias para a o desenvolvimento de
oferta integrada, desenvolver produtos turísticos, formação especializada
nas várias componentes do negócio.
Figura 17 – Ilustração do turismo apoiado na bicicleta
Como encontrar este exemplo na internet: www.traveloregon.com;
www.rideoregonride.com; www.cycleoregon.com
Figura 16 – Aposta clara na comunicação do turismo em bicicleta
101
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
6. Turismo Rural na Irlanda
Esquema de categorização dos alojamentos por afinidade com
temas de interesse especial descobrir
As categorias acomodam as características do mercado e a estratégia
nacional para o desenvolvimento do Turismo Rural no país: “Eco-amigo”,
“Interessado em Aventura”, “Pedestrianistas bem-vindos”, “Pescadores
bem-vindos”, “Estadia numa Quinta”, “Amantes da Gastronomia”,
“Praticantes de Golf bem-vindos”, “Amigos de animais de estimação” e
uma nona categoria, adicionada no Verão de 2012, a “Experiência
Gaeltacht” ou “Experiência Céltica” (turismo dedicado ao reencontro com
as origens celtas do turista).
Figura 18 – O caso da Irlanda
Desde 2010, a Irlanda possui um sistema de classificação do alojamento
rural (Bed&Breakfast), baseado em critérios para avaliação da qualidade
do alojamento, como a arquitetura e traça tradicional, mas também a
hospitalidade e qualidade das refeições. O sistema prevê as classificações
de 5, 4 e 3 estrelas e “aprovado”.
Figura 19 – Selos por tipologia ‘userfriendly’
Mas mais recentemente, em 2011, a autoridade nacional para o
desenvolvimento do turismo, a FÁILTE IRELAND, adicionou um esquema
adicional de classificação das casas, baseado em categorias de interesses
especiais.
A adesão a este esquema de classificação é voluntária. Até agosto de
2012, 500 alojamentos tinham aderido.
O objetivo principal desta estratégia é combater a perda de turistas rurais
para a concorrência direta dos hotéis budget, que provocaram nos
últimos cinco anos uma quebra no mercado do alojamento rural na
Irlanda.
A entidade de turismo irlandesa considera o esquema como um
instrumento de marketing para os proprietários dos alojamentos, que
podem melhorar a sua estratégia de promoção tanto para o público em
geral como para turistas de grupos nicho. Com este selo, os alojamentos
podem mostrar quais são as suas áreas de especialidade e com que se
identificam.
102
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
É esta a relação de classificações dos alojamentos nas categorias de
interesses especiais (agosto de 2012):
AdventureSeekersWelcome
AnglersWelcome
Eco Friendly
Farmstays
FoodLoversWelcome
BlaiseadhGaeilge
GolfersWelcome
PetFriendly
WalkersWelcome
189
195
22
63
40
27
228
50
386
(Fonte: Failte Ireland. 2012)
Os alojamentos aderentes podem utilizar na sua comunicação os símbolos
que identificam cada categoria e recebem autocolantes impressos.
Os alojamentos passam a figurar no site oficial do turismo nas categorias
que os identificam e recebem da autoridade de turismo da Irlanda apoio e
aconselhamento técnico e informação sobre boas práticas nessas
categorias.
Serviços de lavagem de equipamentos e de lavandaria
Alimentação: horários especiais para pequeno almoço, refeições
ligeiras para levar, cesto de piquenique, serviço de jantares
Designação de uma pessoa no alojamento para dar informação
específica sobre a atividade na zona (percursos, guias
especializados serviços adicionais, aluguer de equipamentos,
serviços de transfer)
Informação sobre a atividade e informação sobre outros
recursos turísticos, mapas adequados ao tipo de atividade
Conhecimento e informação sobre os prestadores de serviços
especializados
Kit básico de primeiros socorros
Onde encontrar este exemplo na internet:
http://www.failteireland.ie/FailteIreland/media/WebsiteStructure/Docu
ments/eZine/FI-BB-Category-Brochure-FINAL-06-07-11.pdf
Figuram também em campanhas promocionais nacionais sobre Turismo
Rural e naquelas dirigidas aos mercados nicho.
São várias as categorias onde se exige que o alojamento assegure níveis
de qualidade e atendimento específicas para dar conforto ao turista:
Armazenamento e capacidade de parqueamento que garanta a
manutenção e segurança dos equipamentos
Equipamentos para situações especiais: capas impermeáveis
para pedestrianistas, kits de reparação para bicicletas…
103
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
os turistas em bicicleta procuram cada vez mais ofertas que lhes
permitem manter os níveis de conforto a que estão habituados
7. Canadá, Ontário
Fazer da “Tourism Region 8” um destino de férias amigo das
bicicletas
a internet é a chave para a promoção e venda deste tipo de
turismo
Na sequência de um estudo estratégico encomendado pelas autoridades
responsáveis pelo turismo na denominada Região de Turismo 8 no
Ontário, Canadá, foi lançado um projeto para tornar a região conhecida
nacional e internacionalmente como um destino turístico para férias em
bicicleta.
A área abrangida inclui duas cidades, Peterborough e KawarthaLakes, e as
suas envolventes que, no conjunto delimitam a Região de Turismo 8.
O ciclo do produto turístico é subdividido em três componentes: rotas,
trilhos e infraestrutura, serviços de negócios e eventos, e informação e
marketing.
Tendências de mercado
aumento do número de turistas em bicicleta. No futuro
provavelmente haverá um aumento significativo do turismo em
bicicleta.
diversificação dos segmentos de turistas que utilizam a bicicleta
em férias
são turistas que procuram atividades recreativas saudáveis e têm
o tempo e os recursos para desfrutar a viagem
o turista procura não apenas pistas e estradas para andar de
bicicleta: é a experiência no seu todo que o motiva. Viagens
únicas, lugares com autenticidade e culturalmente interessantes
Segmentos de Mercado de turismo em bicicleta
O mercado de ciclismo não é homogéneo e isso deve ser tomado em
consideração no desenho de percursos, na informação a fornecer
previamente e no grau de complexidade e conteúdos a incluir nesta
informação, consoantes se trate de cicloturistas ou de utilizadores
ocasionais de bicicleta.
Dentro do cicloturismo, os promotores destacam a dimensão do turismo
em bicicleta de montanha na região. Praticado tipicamente por turistas
com menos de 40 anos, é um segmento que merece a atenção dos
investidores em turismo.
O turismo em bicicleta é referido como uma atividade com particular
interesse económico, por recorrer a serviços e produtos de base local.
Segmentos identificados:
1- O ciclista ocasional
- Jovens adultos, famílias com crianças e adultos +50 anos
- Andam de bicicleta poucas vezes por ano.
- Duração ideal de um passeio: 1 a 2 horas
104
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
-
Pedalam a uma velocidade próxima da de uma caminhada e
fazem paragens frequentes
Motivação: Fitness, entretenimento, convívio social e com a
família
Vias preferidas: Caminhos próximos do alojamento, parques
ou áreas de lazer
A evitar: vias onde passam automóveis e subidas
2- O ciclista dos passeios de curta distância
- Adultos no segmento golden age. Passeio com a família, em
casal, com amigos ou sozinhos
- Passeios regulares, semanais ou mensais
- Distâncias habituais: 30-40km
- Velocidade, um pouco mais rápida do que a de caminhar (2025km/h), com paragens frequentes
- Motivação: fitness e contacto social
- Passeios frequentes na zona de residência, deslocam-se em
excursões internacionais de férias em bicicleta
- A evitar: declives acentuados e estradas com movimento
automóvel
3- O Ciclista de longas distâncias
- Adultos e adultos no segmento golden age. Passeio com a
família sem crianças, em casal, com amigos ou sozinhos
- Passeios regulares, semanais ou mensais
- Distâncias habituais: 65-100km
- Velocidade: 25-30km/h), com poucas paragens
- Motivação: fitness e a experiência do ciclismo
-
-
Gostam de trilhos com boa manutenção e estradas
pavimentadas com pouco tráfego. Gostam de percursos que
duram vários dias
Deslocam-se em excursões internacionais de cicloturismo
A evitar: ecopistas com ciclistas ocasionais
4- Ciclistas de competição
- Jovens ciclistas, sozinhos ou em grupo
- Fazem ciclismo regularmente, como parte do seu treino
desportivo
- Distâncias: 100-160km.
- Velocidade: 30km ou mais
- Motivação: fitness, a experiência do ciclismo, desafios e
competições
Os diferentes segmentos de mercado têm interesses e necessidades
específicas diferentese procuram experiênciasdiferentes:
- Em família, são relevantes as questões de segurança das crianças e
atividades de lazer para a família;
- Ciclistas profissionais procuram desafios relacionados com o grau de
dificuldade dos percursos;
Ciclistas
ocasionais
procuram
experiências
envolvemcultura, eventose oportunidadesrelacionados.
autênticasque
Oportunidades para aproximar tornar o destino “amigo das bicicletas”
Cada vez mais, os turistas em bicicleta procuram mais conforto e
serviços complementares: alojamento confortável e com uma gama
variável de preços, parking seguro para as bicicletas, transfer de bagagem
105
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
e acesso a serviços de alimentação no alojamento e para levar durante o
dia. Gostam de uma boa refeição ao final do dia e talvez uma massagem
ou experiência de spa.
- Assistência em viagem para casos em que é necessário interromper a
viagem.
Muitos ciclistas viajam durante vários dias, ficando alojados em diferentes
alojamentos e não permanecem num local único. Este tipo de turista
necessita normalmente de um serviço de transporte de bagagem.
Recomendações sobre o alojamento adaptado às necessidades do
turista em bicicleta:
- Restrições a reservas para apenas uma noite não se adapta a este perfil
de turista;
- Parking seguro para bicicletas. As bicicletas podem ser muito caras e a
perda de uma bicicleta significa o fim de uma viagem de bicicleta;
- Serviço de alimentação nas proximidades (menos de 2 km). Um bom
pequeno almoço é importante para os ciclistas, assim como o
fornecimento de uma refeição ligeira para levar;
- Lavagem e secagem de equipamento técnico;
- Informação de apoio (rotas, mecâncio para pequenas reparações;
- Kit para pequenas reparações;
- Serviço de transfer de bagagens entre alojamentos. O turista tem
dificuldade em organizar este serviço por si só. Os proprietários do
alojamento podem fixar um custo para este serviço, limitando a distância
máxima;
106
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
8. Clube de Produto BIRDING IN EXTREMADURA
Figura 20 – O caso da Extremadura
Um Clube de produto turístico é uma estrutura que reúne e coordena a
gestão de um conjunto de serviços turísticos organizados. Oferece como
vantagem para o turista uma garantia de qualidade (há um sistema de
regulação da atividade e controle da qualidade e prestação dos
membros). A sua visibilidade traduz-se num selo/marca indicador de
pertença das empresas, do produtos e dos serviços ao clube.
O Clube de Produto Birdingin Extremadura permite articular a oferta
turística relacionada com o turismo ornitológico de acordo com critérios
de qualidade. Tem por objetivo principal gerir a aposta da Extremadura
como destino turístico de birdwatching. O clube promove a integração de
serviçose produtos diversos em torno do turismo ornitológico – serviços
turísticos especializados, serviços turísticos de apoio, serviços
complementares e serviços básicos de suporte.
Através desta aliança para o planeamento, gestão e promoção de um
produto turístico, há um benefício comum e potenciação do negócio para
todos os envolvidos.
O resultado é um conjunto de serviços de turismo ornitológico
competitivos e aumento da visibilidade do destino.
O Clube de Produto “Birdingin Extremadura” é promovido pela direção
geral do turismo da Junta da Extremadura e conta com o apoio de
entidades e associações empresariais. O objetivo é desenvolver o turismo
ornitológico na região da Extremadura espanhola de forma estruturada e
acompanhando a evolução dos mercados espanhol e internacionais para a
atividade.
A Comunidade Autonómica da Extremadura é, à semelhança dos
territórios contíguos em Portugal, uma região de elevado valor para a
observação de aves e tem realizado um esforço continuado de
investimento na sua identificação como destino turístico de birdwatching.
Consciente do valor cultural e paisagístico da Extremadura, as autoridades
promovem a região como um paraíso para o turismo ornitológico. Os
habitats de interesse para a observação de aves e inseridos na Rede
Natura 2000 como Zonas de Proteção Especial para as Aves apresentam
enorme diversidade, são, de facto, um mosaico natural, entre serra, alta
montanha, pastagens de média-altitude e paisagens agrícolas, formações
de bosque mediterrânico bem conservadas, galerias ripícolas numa densa
rede de cursos fluviais e planos de água abertos, o que permite a
organização de férias com a duração de vários dias e observação de
grupos de aves diferenciados.
Na atualidade, a atividade profissional de birdwatching na região é
desenvolvida por um número significativo de empresas de turismo
ornitológico, agências de viagens especializadas, empresas que prestam
serviços de apoio complementares à atividade e uma rede de alojamentos
que se especializaram no tema.
107
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Para garantir o desenvolvimento sustentável da atividade, foram
associados agentes de desenvolvimento local (equivalentes aos GAL
portugueses) e realizados investimentos públicos.
Tanto estas empresas como as entidades de desenvolvimento local foram
integradas no Clube de Produto de turismo ornitológico.
O Clube está direcionado para a atividade profissional de birdwatching,
mas também para a componente recreativa, abrangendo diversos tipos
de público.
A gestão do produto turístico ornitológico em todas as áreas designadas
como de interesse para a observação de aves na Extremadura é feita
através do Clube de Produto. A aplicação dos normativos do clube são
assegurados nas várias zonas abrangidas pelos GAL.
O clube propõe-se estruturar e organizar toda a oferta turística
relacionada com a observação de aves na região e canalizar fluxos
turísticos, assegurando qualidade da oferta e sustentabilidade na
conservação dos valores naturais.
Instrumentos de gestão do clube:
- gestão centrada numa entidade
- análise qualitativa de propostas de adesão de novas áreas
geográficas
- controle de qualidade e de cumprimento dos normativos
- plano de formação para os membros´
- ações de marketing
Papel das entidades de coordenação local:
- planear e organizar o acesso de novos membros ao clube
- ações de promoção e apoio à comercialização
- aconselhamento técnico
- promover o trabalho em rede
Benefícios para os membros:
- As empresas e serviços que integram o clube têm direito a usar o
logótipo da marca para diferenciar e dar credibilidade à sua oferta
- oportunidades para desenvolver produtos em rede
- maior competitividade da oferta
- acesso facilitado a informação técnica especializada
- participação em ações de promoção nacionais e internacionais
conjuntas
- selo de qualidade
- benefício indireto à medida que a região se afirma como destino de
turismo ornitológico
O crescimento do clube é feito por etapas, sendo gerida em separado a
adesão de cada área geográfica. Por exemplo, na área do Parque Nacional
de Monfrague, o clube conta atualmente com:
- 2 pontos de informação turística e 2 centros de interpretação
- 4 guias especializados
- envolvimento de 3 grupos de ação local
- 8 alojamentos especializados
Características do alojamento especializado para birwatching no clube
de produto:
- Serviços de secagem de roupa
- Adaptar os horários às necesidades dos observadores de aves
(que podem querer sair para o campo antes do amanhecer)
- Refeições ligeiras para levar para o campo
- Informação sobre a lista de aves identificadas para a zona de
proximidade ao alojamento
Como encontrar este exemplo na internet:
http://www.birdinginextremadura.com
108
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
9.
Bikotel – Bike Friendly Hotéis
Serviços como lavar a bicicleta e a roupa técnica, garagem para armazenar
com segurança bicicletas, lojas para pequenas reparações de bicicletas e
refeições adequadas para os ciclistas são algumas das comodidades
adicionais de um Bikotel.
Este projeto é baseado numa rede de unidades de alojamento que
possuem um rótulo/label BIKOTEL reconhecendo as suas boas práticas em
sete aspetos distintos obrigatórios (parqueamento, garagem, menu,
lavagem, oficina, percursos) e vários opcionais que representam
necessidades dos ciclo-turistas.
Esta filosofia de rede merece ser transposta para a rede de alojamentos
rurais.
A opinião da consultora é a de que a escala do alojamento rural, mais
reduzida do que a de um hotel, não é impedimento à estruturação desta
rede, que terá, naturalmente, características diferentes da rede associada
aos hotéis, mas poderá cumprir igualmente os objetivos para que é
desenhada.
Figura 21 – Bikehotels, conceito em consolidação
O projecto BIKOTEL é promovido em Portugal pela empresa A2Z
Consulting (byYtravel, Lda) e conta com o apoio do Turismo Centro de
Portugal. Lançado em 2012, o projeto oferece uma forma simples de
encontrar hotéis certificados como Bikotels e vários tipos de rotas para
passeios de bicicleta.
O modelo de negócio não é original. A Alemanha foi pioneira; é
interessante a consulta ao mais recente projeto de bikotels na Itália.
109
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
10. “Wine Tourism Development Information”
Fichas Técnicas “Providing a total visit or experience” e “Know
your tourism market”
Tourism New SouthWales (2000)
A motivação e expectativas dos visitantes de uma adega podem não se
encontrar dentro de uma garrafa
Nestas fichas técnicas dedicadas ao organizador de enoturismo são
apresentadas diversas recomendações para criar uma experiência
turística integral baseada no enoturismo e no estabelecimento das
parcerias certas com outros intervenientes na experiência global desde a
chegada do turista à região.
São várias as razões que levam um turista a visitar uma adega ou a quinta
de um produtor de vinho:
a expectativa de uma experiência agradável
aprender algo mais sobre vinhos e, em particular, sobre os
vinhos daquela região
provar vinhos e talvez comprar alguns.
Esta experiência não pode ser vivida numa loja de vinhos na cidade,
mesmo que o produtor se tenha deslocado lá para uma sessão de provas.
O turista espera descobrir algo especial naquela visita, talvez um novo
sabor ou um vinho para levar consigo.
Cada interveniente na experiência turística, seja o proprietário do
alojamento, seja o dono de uma adega, seja o operador de animação
turística, não operam no vácuo, todos fazem parte da experiência, todos
servem, naquele fim de semana ou férias o mesmo turista. Quer se
conheçam pessoalmente, quer não, fazem arte de uma equipa que
promove a região através dos seus produtos e serviços.
Para contribuir para a satisfação do turista, é importante conhecer os
padrões de qualidade e propostas de valor dos outros fornecedores e que
se ajustam a cada tipo de cliente e tentar que o turista faça as escolhas
vão ao encontro das suas expectativas.
O proprietário de um equipamento ou fornecedor de um serviço deve
conhecer pessoalmente as ofertas: já jantou no restaurante que
recomenda, já dormiu no alojamento, já usou os serviços de animação, já
visitou as adegas e já participou nos seus programas de provas. A
recomendação que faz é baseada na sua avaliação pessoal. Tem a
credibilidade de uma opinião fundamentada.
Além do mais, conhecendo os vários recursos, podem ser feitas parcerias
comerciais que contribuam para valorizar a experiência do seu
cliente/turista.
Uma adega é um ponto de venda, mas para o enoturista, é muito mais do
que isso. Para ele, é uma experiência e integra a experiência mais
alargada que são as suas férias na região.
110
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
O que é o enoturismo?
Trata-se de um conjunto de experiências relacionadas com a vista a
adegas e regiões vinícolas e que incluem:
provas
gastronomia e vinhos
touring na região e na envolvente às adegas
viagens de um dia ou estadias mais prolongadas
experiências culturais e de turismo de
complementares
seus amigos. Idealmente, terá tido uma oportunidade para desenvolver o
seu palato e ser reconhecido como conhecedor e provou um vinho raro
ou acabado de chegar ao mercado. Este tipo de turista pode fazer viagens
de enoturismo internacionais.
Quem são os enoturistas?
natureza
Quem são os enoturistas?
Subdividem-se em três categorias:
ocasionais
interessados
dedicados
As expectativas variam nestes três segmentos: os enoturistas dedicados
têm, na visita a uma adega, a sua motivação focada pelo vinho aí
produzido, enquanto que os outros dois tipos de enoturista estão em
visita à região para passar um dia ou uma temporada no campo, ao que
acrescentam o prazer de uma visita a uma adega. Para que a sua
experiência seja gratificante, precisam de se sentir à vontade na adega e
não intimidados. Estão interessados em aprender algo mais sobre vinhos,
mas num ambiente descontraído.
Para que a experiência do enoturista dedicado seja gratificante, é preciso
que descubra algo sobre vinhos que não estaria disponível numa loja de
vinhos na cidade. No final, terá novidades ou uma história para contar aos
Quatro tipologias associadas a valores psicográficos estão associadas
positivamente com enoturistas. Correspondem a perfis diversos e
representam oportunidades para desenvolver experiências de enoturismo
ajustadas aos clientes potenciais:
Sinais exteriores de sucesso: Procuram reconhecimento e
estatuto social, procuram qualidade, viagens tipo “o lado bom
da vida” e que confirmem o seu nível de sucesso. Respondem
a mensagens de um marketing inteligente e provocador;
Atentos aos sinais sociais: modernos e progressistas,
interessados em estilos de vida estimulantes, bem informados,
frequentemente são apreciadores de arte e têm consciência
social e ambiental. Respondem a mensagens de marketing
com estilo, bom gosto e inteligentes;
Vida de família tradicional: casais sem crianças, também
golden age, procuram lugares interessantes para as suas férias,
rejeitam propostas inovadoras mas respondem a mensagens
claras;
Aspirantes a um estilo de vida melhor: focados na carreira
profissional, casais jovens, recorrem acredito para financiar o
seu estilo de vida aspiracional. Respondem a mensagens do
marketing que os posicionam no estilo de vida a que
ambicionam chegar.
111
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
11. Via Algarviana
Um projeto estruturante para o interior algarvio e para a
identidade do Algarve como destino de turismo de Natureza
A via está sinalizada de acordo com as normas internacionais para as
grandes rotas pedestres. Inclui também informação turística ao longo dos
catorze sectores em que se subdivide: painéis interpretativos mostram o
património natural e cultural em presença e os locais de alojamento e
alimentação mais próximos.
Organizada como Grande Rota Pedestre (GR13), a via Algarviana tem
cerca de trezentos quilómetros de caminho com sinalização turística.
Atravessa o interior do Algarve, Alcoutim ao Cabo de S. Vicente. A GR
funciona também como ponto de partida para a rede regional de
percursos pedestres.
Figura 23 – Sinalização da via algarviana
Posicionando-se como projeto de turismo sustentável e responsável, as
linhas estratégicas incluem a dinamização da economia local e atenção
aos territórios desfavorecidos do interior algarvio, e também a
preservação de valores naturais e culturais.
Figura 22 – O caso da via algarviana
Desenvolvida como projeto de ecoturismo ancorado numa grande rota
(GR) e não como uma GR à qual se adiciona informação sobre alojamento
e animação, é um exemplo de um projeto de desenvolvimento turístico
integrado, direcionado para a promoção do turismo de Natureza no
Algarve.
O principal recurso a potenciar é a prática do pedestrianismo, mas são
também promovidas outras formas de ecoturismo, tendo em vista a
diversificação da oferta turística, o combate à sazonalidade do turismo, o
combate à desertificação das serras algarvias e um esforço para
consolidar micro-iniciativas económicas em curso e estimular a criação de
novas.
A agenda de atividades em volta do pedestrianismo inclui frequentes
propostas de caminhadas, algumas temáticas, outras dirigidas para a
112
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
descoberta geral do património do troço do percurso. Inclui também
propostas originais, como caminhadas noturnas.
O turismo ornitológico é uma das componentes estratégicas para o
aproveitamento turístico da via Algarviana, procurando capitalizar sobre a
presença de turistas estrangeiros no Algarve, e em particular de mercados
emissores de turistas de birdwatching, como o Reino Unido, a Alemanha,
a Holanda e a França.
O produto birdwatching está focado em quatro pontos territoriais chave:
Vila do Bispo, Loulé, São Brás de Alportel e Castro Marim, que funcionam
como hotspots para a observação de aves na GR. Para além de algum
investimento de infraestruturação, estão a ser preparados roteiros de
birdwatching específicos para cada um destes locais.
A via algarviana pretende ser um projeto estruturante pata o interior do
Algarve. Pela sua dimensão e estrutura coordenada e coerente, desde já
está facilitado o seu aproveitamento para a construção da identidade do
território algarvio como destino de turismo de Natureza e como destino a
explorar forma da época alta para o turismo.
É importante destacar a forma integrada como neste projeto se potencia
o valor turístico da enorme riqueza paisagística e cultural do interior
algarvio nos dois eixos turísticos específicos do pedestrianismo e turismo
ornitológico.
113
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
12. Greenways: via verde para as ecopistas como parte da
promoção de produtos turísticos
O pioneirismo de 1994 foi em Espanha, com a abertura dos 38
quilómetros da “Via Verde de LaSierra” entre Puerto Serrano (Cádiz) e
Olveras (Sevilha), na Andaluzia, e os 54 quilómetros no antigo “carrilet”
catalão entre Girona e Olot. Dez anos depois, em 2004, Espanha já tinha a
funcionar 1200 quilómetros de ecopistas em 68 “vias verdes” por todo o
território, nas Astúrias como em Jaén, em Toledo como em Castellón.
Em 1998, no decurso de uma reunião em Namur, na Bélgica, foi criada a
EuropeanGreenwaysAssociation (EGWA), com a missão de promover e
difundir as “vias verdes”(ecopistas) , em particular na Europa. A EGWA
agrega hoje 42 organizações de 11 países, com o secretariado baseado,
desde 2009, em Espanha, incluindo Portugal.
A EGWA-Greenways, para além de promover a melhor acessibilidade para
todos, designadamente pessoas com mobilidade reduzida, às novas vias
criadas, propõe-se e tem conseguido resultados reconhecidos, usar as
ecopistas como plataforma para a promoção de produtos turísticos
temáticos no âmbito do turismo sustentável, com valorização da
paisagem natural, cultural, histórica e humana no trilho da ecopista.
Figura 24 – O caso das Ecopistas
Em 1994 foram abertas as primeiras “vias verdes” na Península Ibérica. A
designação espanhola de “vias verdes”, que acompanha directamente o
conceito britânico de “greenways”, evoluiu em Portugal para “ecopistas”.
No essencial: antigos caminhos de ferro que se tornaram novos caminhos
verdes para o desfrute das rotas em bicicleta ou a pé – e, em certos casos,
também cavalo.
A sua criação foi impulsionada pelo abandono de milhares de quilómetros
de linha ferroviária que tinha entrado em desuso.
A experiência espanhola ilustra – como documenta CarmenAycartLuengo,
Diretora de Atividades Ambientais e VíasVerdes naFundación de
losFerrocarrilesEspañoles – como as “vias verdes” têm sido instrumento
para a dinamização do Turismo Rural e de práticas de bem-estar na
natureza. O Diário de Cadiz, na edição de 11 de Abril de 2010, colocava
em destaque na primeira página que “La via verde se consolida como
revulsivo de laSierracon 100.000 visitas anuales. La demanda turística
propicia lacreación de empleos”. A “Via verde de laSierra” é assim
reconhecida como locomotiva do turismo (100 mil visitantes) e do
emprego, nos sectores do alojamento, restauração, guias turísticos,
aluguer e reparação de bicicletas, transferes, etc.
114
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Os agora 120 quilómetros de via verde que ligam os Pirenéus ao
Mediterrâneo têm 1.800.000 utilizadores por ano, tendo gerado a criação
de um “ConsorciGironaGreenways”. Este consórcio envolve actualmente
54 empresas. Multiplicam-se as actividades para todos, dos mais jovens à
chamada golden age, com o conforto de vias acessíveis, seguras, fáceis. O
turismo ornitológico (birdwatching), considerado como um dos
segmentos turísticos com maior crescimento em Espanha, encontrou na
rede de vias verdes um forte apoio.
Algumas antigas estações ferroviárias tornaram-se estalagens rurais,
centros de informação turística e locais de venda de produtos regionais. O
êxito desta estratégia é reconhecido.
Em Portugal, o Plano Nacional de Ecopistas foi lançado em 2001 por
iniciativa da REFER: visou a requalificação e reutilização das linhas e canais
ferroviários sem exploração em algumas áreas do Norte, Centro e
Alentejo. O desenvolvimento deste plano tem sido suportado por acordos
contratuais com os municípios que são atravessados por essas linhas e
canais desativados, responsabilizando-se a REFER (ramo Património) por
promover a elaboração de estudos prévios de projetos de arranjo
paisagístico, base para os projetos de execução de cada Ecopista. Tudo
passou pela adoção e registo da Marca Nacional e Europeia (ECOPISTAS),
bem como pela integração da REFER como membro da Associação
Europeia das Vias Verdes.
Foi então formalizada a seguinte definição de ecopistas, a partir da
“Declaração de Lille”, de Setembro de 2000, para uma “Rede Verde
Europeia”: vias de comunicação autónomas, reservadas às deslocações
não motorizadas, realizadas num quadro de desenvolvimento integrado,
que valorize o meio ambiente e a qualidade de vida, e que cumpra as
suficientes condições de largura, inclinação e qualidade de pavimentação,
de forma a garantir uma utilização em convivência e segurança por parte
de todos os utentes, independentemente da capacidade física dos
mesmos.
Nesta dúzia de anos a REFER já promoveu a criação em Portugal de dez
ecopistas:
Ecopista de Mora: É o trajeto entre Évora e Mora, correspondente
ao antigo Ramal de Mora. Os 20 quilómetros já concluídos ligam
Évora a Sempre Noiva. Esta Ecopista está inserida na Rede Verde
Europeia do Espaço Mediterrâneo Ocidental, que, aquando da sua
conclusão, se estenderá do sul de Portugal ao sul de Itália
Ecopista do Tâmega: O trajeto de 10 quilómetros realiza-se entre as
estações de Amarante e Chapa, passando por Gatão,
correspondente ao antigo canal ferroriário. Existe também
iluminação pública no troço entre as estações de Amarante e
Gatão, com características mais urbanas, para possibilitar a prática
de jogging.
Ecopista do Rio Minho: São 14 quilómetro que compõem o trajeto
entre Valença e Monção, ladeado pelo rio Minho. Este percurso é
rico em ilhotas, matas ripicolas e veigas férteis,
Ecopista Guimarães – Fafe: O percurso de 14 quilómetro liga
Guimarães a Fafe, ainda que esteja projetado o seu aumento para
28 quilómetros, terminando em Creixomil.
Ecopista do Ramal de Famalicão: O percurso liga Famalicão à Póvoa
de Varzim, estando implantada numa zona rural e florestal, bem no
coração do Verde Minho. São 10,2 quilómetros de beleza e
serenidade.
115
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Ecopista do Corgo: Esta ecopista tem na sua totalidade 71
quilómetros, mas apenas 9 estão neste momento disponíveis,
fazendo o percurso de Vila Pouca de Aguiar.
Ecopista do Sabor: Os 12 quilómetros de trajeto, correspondentes
à antiga Linha do Sabor, ligam Torre de Moncorvo a Larinho.
Ecopista do Montado Montemor-o-Novo: Com cerca de 13
quilómetros, este caminho liga Torre da Gadanha e Montemor-oNovo.
Ecopista do Dão: Este percurso de cerca de 49 quilómetros liga
Santa Comba Dão a Viseu e permite a passagem na ponte
metálica ferroviária do Mosteirinho com uma extensão de cerca
de 300 metros, um dos locais mais emblemáticos deste percurso.
Ecopista do Vouga: O trajeto realiza-se entre Sernada e Viseu com
96 quilómetros, dos quais 9 estão já disponíveis, correspondendo
ao percurso do Sever do Vouga.
Estas duas últimas – Ecopista do Dão e Ecopista do Vouga – inserem-se no
território que é foco do estudo piloto deste estudo. São recursos de
valioso potencial para o desenvolvimento do sistema de redes que
analisamos.
Em Portugal também, como noutros países, o uso das ecopistas é
partilhado entre as comunidades locais, para fins recreativos, e os turistas
de outras localizações. Como evidência da capacidade das ecopistas de
contribuírem para as economias locais, destaque-se o exemplo na
ecopista do Dão, que tem como serviços complementares ancorados nela
um posto de restauração numa das antigas estações de comboio, uma
empresa de animação turística e aluguer de bicicletas, também localizada
na ecopista e um recente alojamento rural e empresa de animação
turística.
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Projecto 5x5
ANEXO 1 - BENCHMARKS E BOAS PRÁTICAS
convincente do que temos de melhor no domínio da gastronomia e
vinhos”.
13. PROVE PORTUGAL
Promover o país que tem “o melhor peixe do mundo”
Restaurantes, produtos e gastronomia são as três grandes secções que
alimentam o portal onde é visível o dedo autorizado de um rosto
reconhecido como é José Bento dos Santos.
Para o programador turístico, esta é uma fonte de recursos de elevado
interesse e qualidade, que diferenciam as regiões e também o país,
conferindo-lhes densidade cultural e capazes de criar expectativas
elevadas sobre a experiência turística que envolva estes recursos.
Figura 25 – O caso Prove Portugal
O programa “Prove Portugal” foi lançado pelo Turismo de Portugal em
colaboração da Academia Portuguesa de Gastronomia, com a intenção de
promover “o bom sabor de Portugal”. Visa afirmar Portugal como destino
gastronómico, sensibilizando, nacional e internacionalmente.
Um portal na internet (http://www.proveportugal.pt/), disponível por
agora em português e em idioma inglês, trata de “construir uma imagem
Na área “restaurantes” são propostos ao visitante 82 restaurantes
seleccionados, do Minho ao Algarve mais Açores e Madeira. Numa pasta
dedicada a “chefs” de eleição, cinco deles aguçam o apetite do visitante
para as suas escolhas de “cozinha portuguesa de vanguarda, moderna e
criativa que recria sobre produtos excepcionais, novos gostos
memoráveis, e combinações qvue nos transmitem emoções
gastronómicas”: Albano Lourenço, da Quinta das Lágrimas, em Coimbra,
propõe uma carne de porco à portuguesa; Henrique Sá Pessoa, do
restaurante Alma, opta por ameijoas à Bulhão Pato; José Avillez, do
Tavares, escolhe um bacalhau à Brás; José Cordeiro, do Altis Belém,
propõe-nos um arroz de tamboril; Leonel Pereira, do Sheraton Lisboa,
aposta numa cataplana de lavagante.
A escolha maioritária destes “chefs” remete-nos para a mais tentadora
sugestão logo no topo do portal: “o melhor peixe do mundo e mariscos
estupendos”.
É precisamente esteum dos temas desenvolvidos noutra das secções do
portal, a dos produtos: desfilam peixes, vinhos, azeites, queijos de
montanha e frutos e legumes. Abrindo cada uma destas propostas,
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
saltam-nos em tentação o robalo de Sagres, o peixe-galo de Peniche, o
salmonete de Armação de Pera, mais o cherne fresquíssimo, o camarão
de Espinho ou da Quarteira, os lagostins de Cascais, os percebes das
Berlengas ou as ameijoas cristãs da Ria Formosa; não poderia faltar ampla
oferta de vinhos, é a porta aberta a seguir; logo ao lado estão os azeites,
depois os queijos, o da Serra da Estrela, de Serpa, de Azeitão, Terrincho,
Rabaçal, Niza e Açorinos com o queijo curado de S. Jorge à cabeça; na
pasta Prove Portugal de frutos e legumes, as propostas vão das cerejas da
Cova da Beira ao ananás dos Açores.
Uma outra das secções principais conduz-nos pela diversidade da
gastronomia, com a cozinha regional, a cozinha contemporânea e a dieta
mediterrânica.
Este desfilar de tentações gastronómicas torna-se irresistível, mostra-se
poderosamente eficaz. Corrobora o que David Lopes Ramos atesta na
introdução do portal: “o sabor de Portugal é requintado, sofisticado e
cosmopolita”. José Bento dos Santos dá a seguir o mote para o que este
Prove Portugal pretende provar: “Portugal é um destino gastronómico de
eleição”.
O portal, naturalmente, não nos fala de paellas, risotos, gaspachos ou coq
au vin. Fala-nos de pratos, produtos e sabores que entram para o menu
da identidade portuguesa na gastronomia e vinhos.
Ao entrar-se no portal Prove Portugal, o desejo de provar fica irresistível.
Dependerá da competência e imaginação do criador de produtos
turísticos a capacidade de tirar partido da grande qualidade e diversidade
da gastronomia portuguesa.
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Projecto 5x5
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ANEXO 2 - Inquérito
Entre os dias 26 de Setembro e 10 de Outubro de 2012 foi realizado um
inquérito a diversos sectores do turismo português, com relevância para a
criação de oferta estruturada com base no Turismo Rural, para o qual
foram recebidas 136 respostas. Este inquérito teve como objectivo
averiguar a existência e o nível de cooperação entre as várias empresas
do sector, bem como os procedimentos em torno das parcerias, tais como
a divulgação, operacionalização e grau de satisfação das entidades
envolvidas.
Parcerias
Os dados do inquérito são elucidativos quanto à importância atribuída à
criação de parcerias entre organismos do sector, já que mais de 80% dos
inquiridos considera as parcerias positivas, sendo que sensivelmente a
mesma percentagem costuma trabalhar recorrendo a este tipo de
compromissos.
A satisfação do cliente e uma melhor promoção do território são vistas
como as principais vantagens das parcerias, com mais de 50% dos
inquiridos a atribuírem a importância máxima a estas respostas. O
aumento do volume de negócios, a manutenção da etnografia local e a
conservação dos valores naturais e culturais já são colocados num nível
secundário.
Percebe-se que a popularidade das parcerias se deve principalmente a
uma questão económica, a canalizar através da satisfação dos clientes e
da promoção do território como um todo, revelando uma clara perceção
sobre a importância destas questões para o desenvolvimento turístico
sustentável.
Os parceiros mais populares são o binómio unidades de alojamento e
empresas de animação turística, com respectivamente 30% e 26% das
respostas. Naturalmente, o cruzamento de ambos os dados denota que
esta parceria bilateral é atualmente a mais explorada.
Há ainda quem faça parcerias simultaneamente com associações e
artesãos locais, empresas de animação turística, restaurantes e unidades
de alojamento, num total, ainda assim baixo, de 8% dos inquiridos. É de
notar que grande parte das parcerias (85%) são organizadas pelo próprio
inquirido e não pelo potencial parceiro. Existe portanto uma preferência
pelas parcerias com empresas que ofereçam um serviço (alojamento) ou
uma atividade que complemente a oferta já existente (empresas de
animação turística).
A sazonalidade existente no turismo português vem ao de cima quando se
evidencia como a maioria das parcerias existentes (36%) correspondem a
atividades pontuais, muito provavelmente fruto de acontecimentos
especiais não relacionados diretamente com o promotor mas sim com
eventos decorrentes nas diferentes regiões. Quando se observa que 33%
dos inquiridos possuem parcerias permanentes, possivelmente de longa
data, e que são raras as parcerias com uma periodicidade semanal ou
mensal, percebe-se que os dois extremos (permanentes e pontuais)
refletem realidades muito diferentes.
Redes sociais
A importância dos mercados internacionais aliada ao avanços
tecnológicos torna praticamente obrigatório recorrer a uma plataforma
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
virtual para aa divulgação dos serviços e produtos oferecidos. As redes
sociais e website próprio são apontadas como as opções onde mais de
50% das respostas têm classificação máxima. Desta forma, com um custo
mais reduzido é possível aos vários stakeholders alcançarem um maior
espectro de clientes nacionais e internacionais. Os meios de comunicação
mais tradicionais como os panfletos ainda são utilizados, mas são
claramente uma opção secundária.
Temas para as parcerias
De entre os serviços oferecidos em parceria, os mais comuns são as
experiências gastronómicas e o enoturismo (total de 50%), os passeios
pedestres e programas organizados com 45% e 41% das respostas,
respectivamente. As atividades com bicicletas (22%), equestres (22%) e
aquáticas (31%) também são realizadas, mas com uma frequência menor.
É através de parcerias, mesmo que pouco estruturadas e meramente
bidirecionais, que muitas empresas conseguem trabalhar, com um nível
de interesse superior, aqueles que consideram ser os maiores valores da
ruralidade portuguesa.
Quando se comparam os serviços existentes com os que os stakeholders
gostariam de oferecer, verifica-se que a parceria mais desejada é a criação
de descontos para os clientes, com 42% das respostas, seguida pelos
programas organizados (39%) e pelas experiências gastronómicas(37%).
Os passeios equestres apresentam a mesma percentagem (22%),
enquanto que as atividades aquáticas são menos desejadas do que as
atualmente praticadas (29% contra os 31% que já as realizam), assim
como os passeios pedestres (31% contra os 41% que já os realizam).
A criação de descontos não torna uma oferta mais completa, mas torna-a
mais competitiva e economicamente interessante. Naturalmente, o
desejo de realizar mais parcerias para a criação de descontos prende-se
com a necessidade de tornar mais apelativo o serviço oferecido.
Estes resultados revelam-se muito interessantes porque, ao darem
enfoque principal às parcerias via descontos, os inquiridos demonstram
algum facilitismo na perspetiva que têm acerca do estabelecimento de
parcerias, mas também um olho clínico para aquela que é, nos dias de
hoje, uma tendência pronunciada, principalmente no que respeita ao
mercado português – a busca pelos descontos.
Tal não é tão verdade quando analisamos os mercados estrangeiros, pelo
que ao optarem em 2º lugar pela resposta relacionada com os programas
organizados, dão um sinal de que há vontade de mudar e seguir uma via
mais proativa do que a que têm vindo a seguir até aqui.
Tanto nas parcerias existentes como nas desejadas, as atividades com
bicicletas, equestres e aquáticas assim como os percursos pedestres,
obtiveram, apesar de tudo, percentagens consideráveis, demonstrando
que o património natural é considerado por todos os stakeholders como
um dos pontos fortes do nosso país.
Entidade coordenadora
A existência de uma entidade gestora que promova e dinamize a criação
de redes de parcerias locais é considerada importante por 68% dos
inquiridos contra 14% que não veem qualquer utilidade nela. As principais
justificações para esta falta de utilidade prendem-se com a falta de
parceiros disponíveis e com o pouco dinamismo na região.
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Curiosamente, as razões apresentadas para a falta de utilidade de uma
entidade gestora são precisamente aspetos que seriam desenvolvidos
com o auxílio dessa entidade - fortalecimento de uma rede de parceiros,
que consequentemente levaria a um aumento do dinamismo da região.
Estes dados denotam alguma falta de informação destes 14% de
inquiridos, inclusivamente nas novas formas de abordar os mercados, mas
é de realçar a maioria e a importância que esta resposta tem para a
potenciação da atividade da PRIVETUR.
Por último, para os inquiridos, o fortalecimento do negócio, a
diversificação da oferta, o aumento da atração de clientes, a otimização
de custos e a promoção da região correspondem a vantagens claras de
uma rede de parceiros. Apenas a possibilidade de criação de novas
infraestruturas de apoio não se mostra como uma contrapartida positiva
tão forte.
Gráfico 2 – Percentagem de agentes que possuem parcerias
Esta última pergunta vem mais uma vez demonstrar que existe a
consciência de que uma rede de parceiros traria muitas vantagens,
principalmente numa vertente de competitividade económica.
Gráfico 3 – Tipologias de entidades parceiras dos agentes de Turismo Rural
Gráfico 1 – Opinião sobre o desenvolvimento de parcerias em Turismo Rural
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Gráfico 6 – Tipos de serviços oferecidos em parceria
Gráfico 4 – Motivos para consiferar as parcerias positivas (Escala de valores)
Gráfico 7 – Tipo de serviços que gostaria de oferecer em parceria
Gráfico 5 – Periodicidade de funcionamento das parcerias actuais
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Gráfico 10 – Opinião sobre importância da existência de uma entidade gestoras das redes
de parcerias locais
Gráfico 8 – Meios de divulgação dos produtos/ serviços
Gráfico 9 – Promotor das parcerias actuais
Gráfico 11 – Motivos para não considerar importante a existência de uma entidade
gestora das redes de parceiras locais
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Gráfico 12 – Opinião sobre vantagens da existência de uma rede de parceiros no Turismo
Rural
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ANEXO 3 - Diagnóstico participativo
No que se refere à auscultação dos players, foram ouvidos interlocutores
de entidades públicas, como o secretário de Estado para o Turismo,
vereadores de diversas autarquias e o presidente do Turismo do Centro,
consultores, proprietários de alojamentos de Turismo Rural,
investigadores e técnicos especializados, mestres e estrategas, e alguns
turistas, podendo-se assim afirmar que foi recolhido um considerável
número de opiniões válidas relativamente às necessidades e fatores de
competitividade deste sector em Portugal.
1. Entrevistas técnicas
No decorrer deste estudo foram realizadas mais de 150 entrevistas a
diversos playersdo turismo, designadamente a:
45 proprietários/empreendedores turismo em espaço rural (27
portugueses, 10 brasileiros, 8 espanhóis);
26 empresários e agentes de animação turística;
25 proprietários ou dirigentes de enoturismos ou de propriedades
vinícolas e adegas com potencial turístico;
16 responsáveis por centros hípicos ou equestres;
14 autarcas eleitos da região Centro (Almeida, Anadia, Arouca,
Figueira de Castelo Rodrigo, Montemor-o-Velho, Nelas, Oliveira do
Hospital, Santarém, São Pedro do Sul, Sever do Vouga, Tábua,
Tondela, Vila Nova de Paiva, Viseu, Vouzela);
sete empresários e agentes de animação cultural;
três federações desportivas (Federação Equestre Portuguesa,
Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicletas,
Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada).
Foram realizadas duas entrevistas ao presidente do Turismo do
Centro, designadamente as publicadas no portal PRIVETUR News
(www.PRIVETUR.pt)
2. Reuniões e processos de consulta
2.1 Foram realizadas reuniões de trabalho com:
três associações de Desenvolvimento Local (ADICES,
ADDLAP e ADRIMAG);
duas entidades coordenadoras vinícolas (Comissão
Vitivinícola Regional do Dão, Rota do Vinho da Bairrada);
vários representantes de associações, media e outras forças
vivas locais e regionais.
Foram efetuadas consultas aos parceiros internacionais da
PRIVETUR na EUROGITES e no IDESTUR (Brasil).
2.2 Participação em eventos
Houve participação e reuniões em eventos como a BTL 2012 (Lisboa),
EXPO.TUR (Santarém), INTUR (Valladolid, Espanha), INVTUR 2012 (Aveiro)
e Feira do Vinho do Dão (Nelas).
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
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2.3 Mergulho no território
Foi realizado um laboratório criativo - Co-lab “Serviços Colaborativos
para Espaços Criativos: Inovação no Turismo Rural”, em Viseu, sob
coordenação da professora Teresa Franqueira da Universidade de Aveiro
(departamento de Design) e envolvimento de três professores de Turismo
(Universidade de Aveiro e Instituto Politécnico de Viseu).
Tendo contado com cerca de trinta participantes de diferentes faixas
etárias e de diferentes áreas profissionais (designers, empresários de
Turismo Rural, animadores culturais, agentes turísticos, etc., este
workshop permitiu uma troca de experiências intensa entre os vários
intervenientes.
Foram também realizados os seguintes workshops temáticos:
- A importância das parcerias estratégicas no território para a inovação
no Turismo Rural (Santa Comba Dão);
- Internacionalização do Turismo Rural português – o caso do Brasil
(Santarém)
É ainda de destacar as visitas a recursos e produtos turísticos localizados
na região Centro, com cerca de 4000km percorridos e a realização de
visitas (o membro da equipa do estudo apresentou-se sempre como
turista nestas visitas) e consultas a 21 postos municipais de turismo.
Todo este trabalho de auscultação e imersão no território permitiu
identificar várias questões críticas para o desenvolvimento do Turismo
Rural em Portugal e fazer o diagnóstico que se apresenta de seguida.
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ANEXO 4 - As cinco redes
1. Contributos da rede de caminhos pedestres
1.1
Tipologias de clientes
Formalmente, os mercados associáveis ao tema “férias com caminhadas”
estão seccionados em dois grandes blocos de utilizadores: os
pedestrianistas que têm como motivação principal e por vezes única, fazer
caminhadas; e os turistas que têm outras motivações para a escolha do
destino, mas que gostam de fazer um percurso, uma caminhada,
tipicamente de nível de dificuldade mais baixo. No entanto esta divisão
pode ser redutora, já que existem atualmente bastantes turistascaminheiros, que estão interessados em caminhar e utilizam percursos de
nível mais avançado, mas que também possuem as motivações mais
típicas de um turista tradicional, como seja o contato com património
cultural e arquitectónico, a gastronomia, a paisagem, entre outras.
Os percursos e as rotas pedestres apelam a públicos muito variados e os
mercados de turismo de Natureza estão ultra-segmentados, o que faz com
que seja de extrema importância criar um produto coerente e capaz de
satisfazer o interesse do tipo de turistas que projetamos receber, com
serviços adequados.
O pedestrianismo é, de facto uma atividade que não deve ser ignorada,
sendo praticada por um número crescente de pessoas, quer como
atividade física de desporto, quer em férias ou como motivação principal
para um break. Alguns números indicativos da dimensão do mercado
potencial são: 3 milhões de praticantes de pedestrianismo em Itália e
França, 10 milhões no Reino Unido, 30% dos suecos passeiam
frequentemente em floresta ou em trilhos, metade das pessoas no Reino
Unido faz caminhadas periodicamente.
Independentemente disso, não se pode dizer que haja um perfil típico do
caminhante ou do pedestrianista, no entanto salientam-se aqui algumas
tendências:
mais de 50% são mulheres,
é crescente a participação de famílias,
tem crescido também a popularidade do pedestrianismo entre
pessoas na 3ª idade;
tendencialmente, predominam as classes média e alta.
1.2
Tipologias de Pedestrianismo
São muito variados os significados de caminhada, havendo inclusive
pessoas que caminham regularmente e não se consideram caminhantes ou
pedestrianistas.
A principal questão que deve ser clarificada é a que concerne às diferenças
entre caminhada desportiva, recreativa e turística. Na realidade, grande
parte dos percursos pedestres a nível nacional foram criados e desenhados
pelos gabinetes de desporto das autarquias, mostrando por isso uma
maior valência desportiva que turística, independentemente de possuírem
alguma interpretação associada que poderá funcionar como forma de
informação turística. Só mais recentemente se começou a perceber a
importância dos percursos pedestre enquanto recurso turístico e a
130
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
entender a necessidade de estes serem desenhados como tal, constituindo
verdadeiros produtos que complementam a oferta turística de cada
região.
A análise da oferta turística de percursos evidencia a predominância de
percursos de pequena e média distância (2-3 horas e 5-6 horas) em relação
a percursos com graus de dificuldade mais elevados. Constatou-se também
que a maioria dos turistas prefere não contratar serviços de guia ou
pacotes de serviços, preferindo realizar os percursos de forma autónoma.
No entanto, a percentagem de percursos organizados aumenta
consideravelmente no caso de turistas estrangeiros, apresentando valores
variáveis consoante o seu país de origem e os perfis do turista. A título de
exemplo este valor é mais elevado para os turistas alemães do que para os
turistas franceses, que preferem fazer percursos de forma independente.
A ter em conta:
Fazer uma rota implica, por vezes, que esta leve vários dias a
concluir, o que é diferente de uma caminhada de algumas horas;
Percursos com características técnicas bem definidas e que
permitem um ritmo constante ou que têm um perfil mais ou
menos acidentado, é diferente de caminhos para se dar uma volta
a pé;
Caminhar como desporto é diferente da atividade recreativa.
Idealmente, numa região deve existir uma rede de percursos que permita
aos turistas escolherem entre várias opções.
Aos alojamentos, interessa a existência de mais do que um percurso nas
suas imediações, podendo assim promover o alargamento do tempo de
estadia.
Quais serão então as principais motivações associadas?
- Contacto com a natureza
Fatores relacionados com a natureza estão sempre presentes: a busca de
um ambiente bem preservado, associado à oportunidade para contemplar
belas paisagens, é um dos fatores mais relevante em especial no que toca
aos turistas alemães, austríacos e escandinavos.
- Um sentido de recuperar bem-estar físico e fitness
A busca de um sentido de bem-estar físico é uma procura comum e
fundamental e andar a pé é um modo de avançar em direção a essa
ambição. É um progresso com nível moderado de esforço, sem
preocupações competitivas. Não há confronto com um ambiente
envolvente duro como é o experimentado por exemplo por escaladores de
montanha. Não há desafios agrestes.
As mulheres e pessoas com mais idade são particularmente motivadas por
essa ambição de bem físico, que se torna também mental.
1.3 Motivação
A caminhada faz ficar bem.
O pedestrianismo é mais do que desporto. Quem adere às caminhadas
escolhe percursos onde haja o que olhar e conhecer. A qualidade da
paisagem é fundamental para a escolha.
- Descoberta
A descoberta faz parte do passeio. As pessoas caminham para descobrir
uma região e diferentes formas de vida: a natural, a cultural e a do
património histórico. Qualquer pormenor pode ser pretexto para a
131
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
descoberta, desde que o seu objeto seja ‘autêntico’. São exemplos disso
passeios a explorações agrícolas onde os caminhantes podem saborear o
queijo ou desfrutar uma compota feita no local, de forma artesanal, com o
saber da tradição; ou a descoberta de percursos que cruzam vales e
aldeias.
No entanto, essa curiosidade não deve ser exagerada: para os
caminhantes, esta motivação é real, mas secundária. Os turistas talvez não
se desloquem desde casa até São João de Tarouca para ver os retábulos de
Vasco Fernandes. Mas, chegadas lá, tendem a querer saber da escola de
pintura de mestre Grão Vasco.
1.4 Principais componentes da oferta turística – os ingredientes
básicos
- Percursos lineares e percursos circulares
Os percursos circulares têm a logística facilitada (dispensam o transfer de
pessoas e de bagagens), mas podem não ser a melhor forma de ficar a
conhecer um território. Por norma, os percursos de pequenas extensões,
ou pequenas rotas (até 20 ou 30Km), tentam ser construídos de forma
circular, pois o objectivo é dar a conhecer pequenas áreas, com a
facilidade de voltar ao lugar de partida, enquanto que os de maior
extensão tendem a ser lineares, porque têm como objectivo cobrir mais
território. Para assegurar o interesse de diferentes tipos de produtos e de
diferentes segmentos, é importante ter uma gama de percursos com
características variáveis.
- Grau de dificuldade
O grau de dificuldade de um percurso pedestre, embora seja uma
classificação altamente subjetiva e que varia muito consoante quem a
pessoa ou entidade que atribuiu essa classificação, encontra-se
geralmente associada à extensão e aos desníveis quer isolados, quer
acumulados que estão associados ao percurso.
1.5 Principais componentes da oferta turística - serviços
complementares
É determinante que haja uma eficaz coordenação entre o alojamento de
Turismo Rural e todos os outros parceiros intervenientes para que a
resposta às aspirações do turista pedestre sejam as ideais (articulação
perfeita com o transferista, conforto no transporte das bagagens, cuidada
oferta de mapas, eficiente guia de recomendações, boa embalagem de
refeições bem escolhidas, pontualidade em todo o serviço de apoio designadamente o de transportes - gama de preços aceitáveis para
diferentes níveis de serviço). A especificação destes serviços
complementares na oferta do alojamento de Turismo Rural é um valor
diferenciador.
- Alojamento
Diferentes tipos de alojamento identificam produtos para diferentes
segmentos, ainda que associados ao mesmo percurso pedestre.
Os alojamentos podem adicionar um serviço de piqueniques ou de
refeições ligeiras para levar durante a atividade.
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No alojamento deve estar disponível informação completa sobre os
percursos da região. Conforme a tradição de bem receber que caracteriza
o alojamento rural e os proprietários deverão ser capazes de dar, eles
próprios, informações sobre os percursos na proximidade.
Aos alojamentos, interessa a existência de mais do que um percurso nas
suas imediações, podendo assim promover o alargamento do tempo de
estadia.
- Restaurantes e ofertas de gastronomia
Esta componente é muito importante na avaliação da atratividade de uma
região.
Inclusive, no desenho de percursos para caminhantes ocasionais, deve-se
procurar incluir a restauração no itinerário e promover pontos de paragem
e etapas tranquilas para a realização de um percurso. As pequenas aldeias
e povoações têm um papel crítico e estratégico a desempenhar.
- Serviços de apoio
Acautelar locais para satisfação de necessidades: cafés receptivos ao
turista caminheiro (muitas vezes associado à imagem de turista que não
consome), onde se pode reencher uma garrafa de água e eventualmente
comprar um snack energético ou utilizar o WC (mesmo que seja preciso
pagar esse serviço).
- Guias ou informação para percursos auto-guiados
No caso de alguns percursos temáticos, a qualidade dos guias é
particularmente relevante. Nestes casos, importa fornecer informação
prévia sobre as credenciais dos guias. É o caso de percursos de observação
de fauna e flora e de percursos de touring cultural com foco em temas
específicos
- Serviços de transfer de bagagens ou de pessoas para percursos não
circulares
O transporte a partir da estação de comboios ou de autocarros mais
próxima é um tipo de serviço que poderá ser contratado a operadores ou
ser providenciado pelos proprietários dos alojamentos, de forma
autónoma ou organizados em rede.
1.6 Informação sobre o percurso
Um percurso só se transforma em produto turístico se tiver informação
que o contextualize associada: a região onde se insere, o tipo de paisagem,
as tradições culturais, o património histórico, arquitectónico e etnográfico.
O proporcionar de boa documentação promocional sobre os principais
locais de interesse que o caminheiro deverá descobrir no percurso é o
primeiro fator de escolha. A informação da descrição e apoio a um
percurso deve variar em complexidade, conforme se trate de um percurso
para pedestrianistas ocasionais ou experientes. Esta diferenciação é
fundamental para uma correta segmentação da oferta.
1.7 Aspetos críticos
Providenciar a boa sinalização dos locais: importa mostrar como é
fácil chegar à zona e aceder aos percursos pedestres.
Nem toda gente sabe ler um mapa ou usar uma bússola.
Só algumas pessoas têm acesso a um GPS.
Pedestrianistas inexperientes tendem a sentir mais insegurança e
poderão ter maior receio de se perderem.
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1.8 Distribuição
- Mercado nacional
Os produtos turísticos associados ao tema “Férias a pé” são hoje
apelativos para alguns operadores turísticos independentes e
especializados, alguns de base local e outros, menos frequentes, que
cobrem grandes regiões ou a totalidade do país.
A oportunidade existe para o desenvolvimento de parcerias que
promovam a especialização da oferta em produtos fortemente ancorados
na articulação com o Turismo Rural, situação que nem sempre é
devidamente explorada em todo o seu potencial por estes operadores,
mesmo quando recorrem ao alojamento rural. O mercado já existe e é
bem desenvolvido por alguns empresários de Turismo Rural, mas importa
desenvolvê-lo e aprofundar o seu potencial de atratividade.
Em particular, tendo em conta o perfil do turista do Turismo Rural, diverso
e que abrange também segmentos que não têm sido a prioridade
estratégica no targeting realizado pelos operadores nacionais de percursos
pedestres, importa explorar esta associação positiva, promovendo o
lançamento de produtos muito focados no tema e ultra-segmentados.
É particularmente benéfica a estruturação de pequenos clusters de
produto que dão visibilidade à oferta e ampliam a sua atratividade no
mercado. Para isso, é estratégica a organização em formato associativo,
que permita agrupar ofertas promovidas por pequenos empresários de
turismo e dar-lhe a consistência de uma gama – seja na associação a uma
região ou micro-região, seja na associação a recursos turísticos endógenos
(rios, montanha, etc.), seja na especialização temática (birdwatching, férias
em família, enoturismo…) e na oferta de um mesmo tipo de produto para
diversas áreas do país ou épocas do ano (embora tendo o cuidado de não
descurar a capitalização sobre a diversidade e individualidade que
caracteriza o Turismo Rural e que é uma das suas características mais
positivas e diferenciadoras).
- Mercado internacional
Ao nível da oferta internacional, as “Férias a pé” figuram em catálogos de
operadores especializados, que incluem na sua gama produtos muito
variados, desenvolvidos por si, ou em parceria com operadores locais.
No mundo do turismo globalizado, as férias a pé são apresentadas ao
cliente como uma gama de ofertas internacionais marcada pela
diversidade de destinos e de temas a desfrutar em diferentes épocas do
ano. Aqui, insere-se uma seleção aprumada dos produtos disponíveis em
destinos também eles escolhidos criteriosamente em função da estratégia
de marketing de cada operador.
Desde já, importa relevar a diferenciação entre operadores que baseiam a
sua oferta em destinos maduros e outros que se posicionam como
operadores que exploram destinos ainda não frequentados pelas massas e
que têm como proposta de valor a promessa de férias, de algum modo
inovadoras.
Tipicamente, estes operadores desenvolvem ofertas para o mercado
nacional onde se inserem, atendendo assim aos gostos específicos dos
turistas nacionais, que preferem muitas vezes comprar produtos
distribuídos nas agências e pequenos operadores independentes do
retalho nacional.
A oportunidade existe, contudo, para a elaboração de produtos, ou criação
de parcerias para o seu desenvolvimento, dedicadas a estes operadores,
134
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
seja diretamente, no caso de pequenos operadores, seja através dos seus
intermediários. As vantagens são, para além, está claro, das oportunidades
de distribuição, a adaptação do produto aos gostos e necessidades
operacionais do turista internacional.
A articulação da oferta nacional em redes, que lhe dão escala suficiente,
pode ser estruturante para criar oportunidades de exportação dessa oferta
que, de outro modo, dificilmente adquirem visibilidade nos mercados
exteriores.
São vários os fatores de sucesso a ter em conta para a promoção
internacional de férias a pé associadas ao Turismo Rural:
- Sobre o Destino turístico:
Portugal como um destino pouco explorado em termos turísticos “Já conhece o Algarve, Lisboa e o vinho do Porto, agora imagine o
resto”
Uma ruralidade genuína, com aldeias intocadas pelo progresso e
espaços naturais de qualidade
Boa oportunidade para capitalizar sobre alguns dos produtos
turísticos estratégicos identificados para Portugal (Touring cultural
e paisagístico, Gastronomia e vinhos…), incluindo-os na oferta
associada aos percursos e rotas pedestres
Procurar capitalizar
diferenciadores
sobre
alguns
serviços
que
sejam
- Aspetos críticos
Definir uma mensagem consistente. Tornar claro que o nosso
destino é a escolha de excelência, que leve os públicos do
pedestrianismo a concluir imediatamente que o nosso destino é
feito à sua medida, sejam simples curiosos, iniciados ou
entusiastas.
Conceptualizar a oferta de percursos numa perspetiva temática e
de marketing. Cada percurso deve ter uma identidade bem
definida, ainda que os percursos possam ser complementares.
Exemplo: numa zona vinhateira, um percurso foca-se nas novas
adegas, outro leva a um passeio tranquilo pela vinha.
Assegurar que os produtos, individualmente, contribuem para
fortalecer a mensagem e comunicar com acutilância a proposta de
valor.
Existência de vários percursos e desde que seja possível identificar
um de impacto superior, ancorar a promoção nesse percurso.
Conseguir estimular a imaginação dos mercados de turistas
caminheiros.
Encorajar e promover a instalação de serviços “amigos do
caminheiro” em locais estratégicos. Criar a sensação de que aquele
tipo de visitante é bem-vindo.
- Sobre os Serviços:
Organizar e destacar serviços de suporte especialmente
desenvolvidos para apoio a este tipo de produtos
Desenvolver a perceção de acessibilidade e segurança, essenciais
para a maioria dos turistas que se deslocam fora do seu país
135
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 4 - As cinco redes
2. Contributos das redes cicláveis
2.1 Tipologias de clientes
Os clientes para este tipo de turismo são, genericamente, turistas que
procuram atividades recreativas saudáveis e têm o tempo e os recursos
para desfrutar a viagem.
Cada vez mais, os turistas em bicicleta procuram mais conforto e serviços
complementares: alojamento confortável, associado a uma gama variável
de preços, parking seguro para as bicicletas, transfer de bagagem e acesso
a serviços de alimentação no alojamento e para levar durante o dia.
Apreciam uma boa refeição ao final do dia e talvez uma massagem ou
experiência de spa para relaxar depois de um dia a pedalar.
Muitos ciclistas viajam durante vários dias, ficando alojados em diferentes
alojamentos e não apenas num único local. Este tipo de turista necessita
normalmente de um serviço de transporte de bagagem.
Os produtos turísticos a desenvolver, além da base comum relacionada
com a bicicleta, devem conter propostas específicas que antecipem a
resposta à diversidade de interesses e necessidades dos distintos grupos
de procura:
Adultos com ou sem filhos em idade infantil - são relevantes as
questões de segurança das crianças e atividades de lazer para a
família;
Grupos de turistas ciclistas - procuram experiências autênticas que
envolvem eventos, tradições, cultura e oportunidades relacionadas;
Grupos de praticantes habituais do cicloturismo - procuram desafios
relacionados com o grau de dificuldade dos percursos;
Adultos golden age - frequentemente turistas com exigência cultural e
capacidade económica.
A grande maioria dos turistas em bicicleta funciona de modo autónomo,
independente dos operadores turísticos tradicionais. Para além disso, os
turistas em bicicleta tendem a viajar em grupo – familiares ou amigos frequentemente com quatro ou cinco pessoas. É um coletivo heterogéneo
quanto à sua composição, o que remete para um tipo muito segmentado
de interesses, cujo tratamento turístico é complexo e merece um enfoque
especial, em termos de serviços e estratégias de promoção e de
comercialização.
É também importante realçar que existe uma tendência para este ser um
turista fiel, que repete com frequência o destino, eventualmente
procurando produtos complementares (por exemplo: depois de ter feito o
percurso das adegas, escolhe o percurso de observação de aves).
Por este motivo, a procura de locais é feita habitualmente pela internet,
sendo este um dado que reforça a importância crucial de um portal web
que reúna a oferta e que seja uma ferramenta eficaz de informação,
persuasão e venda.
O desenvolvimento da imagem das ciclovias, ecovias ou ecopistas como
destino turístico, integrando alojamento, gastronomia, vinhos, outros
136
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
lazeres, lojas e serviços especializados vai, naturalmente, dar grande
projeção a esta oferta.
- Percursos a desenhar pelo anfitrião do Turismo Rural ou por parceiros
locais
Um estudo sobre os 1600 quilómetros de rede de ecopistas em Espanha
revela que 41,5% do alojamento tem base em turismos rurais.
O desenho de percursos para turismo em bicicleta requer:
2.2 Tipos de percurso do turismo em bicicleta
Há a considerar:
- Percursos já desenhados
- Ciclovias
Vias destinadas exclusivamente para a circulação de pessoas utilizando
bicicletas (há em Portugal, reconhecidas, mais de 70, distribuídas por
quase todos os distritos e Regiões Autónomas dos Açores e Madeira).
- Ecopistas
Designação adoptada, em Portugal, pela Refer para identificação a
requalificação de canais ferroviários desativados (Ex: Ecopista do Dão) que
se caracterizam por ser uma via ininterrupta, fácil, segura, de acesso
universal, agradável de percorrer e cujo traçado proporciona paisagens
sugestivas.
- Ecovias
Infraestrutura destinada à circulação a pé ou em bicicleta e que tem como
principal característica a ligação - tanto a nível local como regional - entre
áreas de interesse ambiental.
ponderação sobre como fazer um percurso com início num
alojamento quando já existe um traçado numa zona próxima;
definição clara do ponto de partida e ponto de chegada e multipontos de interesse chave;
opção por percurso circular ou percurso linear (este implica
serviço de transfer/transporte associado);
consideração de criação de percursos multi-alojamento (diferentes
etapas, diferentes alojamentos; implica transfer de bagagem);
conhecimento para definir o perfil ideal de utilizador adequado ao
nível de dificuldade do percurso (solicitar apoio de especialistas no
caso de não haver habilitações para tal);
preparação de informação ultra-técnica para especialistas e forte
redução do nível de informação nos outros casos.
O desenho de um percurso organiza-se, quanto ao tipo de terreno, em três
categorias:
Percursos de estrada – seguem por estradas asfaltadas (100%).
Devem sempre ser evitadas estradas com muito tráfego, dando-se
por isso preferência a estradas secundárias;
Percursos híbridos - seguem predominantemente (pelo menos
70%) por caminhos asfaltados, mas incluem alguns caminhos de
terra batida. Estes percursos podem ser guiados ou realizados em
autonomia;
Percursos de montanha (BTT) - desenvolvem-se maioritariamente
por trilhos de terra (mais de 70%), por vezes técnicos, com muito
137
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
pouco asfalto. Necessitam de alguma destreza e de boa forma
física.
2.3
Motivação
Corresponde a um turista que, para além do alojamento, procura uma
descoberta “inteligente” do território visitado, seja em bicicleta, a pé ou podemos propor - também uma iniciação a cavalo. Seja de que modo for,
este é um público com apetência por percursos temáticos.
Destacam-se como motivações principais:
- o aproveitar de uma oportunidade para a família estar reunida;
- as férias partilhadas com grupo de amigos; e ainda,
- as férias em casal, onde a procura de momentos a dois é facilitada pela
mobilidade oferecida pelas bicicletas.
Temos ainda que considerar os cicloturistas, com motivação
essencialmente desportiva, embora não competitiva. O cicloturista não
pedala para conseguir recordes nem para andar à maior velocidade que
consegue. Pelo contrário, procura uma pedalada média que lhe satisfaça a
motivação para apreciar tudo o que a paisagem tem para oferecer.
Ambiciona, no entanto, aumentar progressivamente a sua capacidade
física, o que lhe dá um maior alcance em distância. O cicloturista gosta de
pedalar 50 a 100 quilómetros por dia.
Por fim, existe um número crescente de ciclistas que opta por uma versão
que requer mais energia: o BTT, com bicicletas de todo o terreno, aptas
para terreno mais agreste, seja com saltos numa encosta ou incursões no
curso de um ribeiro. Usam “pistas” próprias para a atividade,
desenvolvidas formal ou informalmente.
A osmose com a economia local é muito relevante para a oferta de um
produto rico e estruturado que supere a motivação do turista.
2.4 Principais componentes da oferta turística
- Ingredientes Básicos
- Vias
Ecopistas (utilização fácil, acesso universal, rede internacional de
ecopistas mapeada, serviços e equipamentos complementares,
conflitos com utilização por locais não turistas e em eventos para
grupos grandes);
Ciclovias públicas;
Ecovias “crowdsourcing”;
Estrada;
Caminhos de terra batida;
Trilhos marcados por operadores turísticos e associações de
ciclistas.
- Equipamentos e serviços básicos
Bicicleta própria
- Adequação do tipo de bicicleta face ao percurso
- Transporte em carro ou em transportes públicos; transferes
Cedência de bicicletas pelo alojamento
Bicicleta alugada. Importa considerar onde recolher e como chegar
ao local das férias.
138
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
A escassez na oferta de serviços de aluguer de bicicleta é um défice que
importa superar. É importante que possa existir um serviço com esta
oferta de alcance fácil -idealmente a menos de 5 km dos alojamentos
aderentes a esta rede - e garantia de disponibilidade, mediante reserva, de
bicicletas com modelo para homem, mulher e criança.
- Assistência e serviço de desempanagem
Os serviços de assistência e reparação de bicicletas são outro ingrediente
fundamental para a satisfação do turista em bicicleta. A resposta a uma
avaria na bicicleta de um turista deve poder ser o mais pronta possível.
A satisfação do turista será ainda maior se estiver providenciado um
serviço de bicicletas de substituição para o caso de reparações que
demorem mais de duas horas.
O anfitrião do alojamento rural bike-friendly deve ter sempre disponível
um kit para reparação de pequenas avarias na bicicleta e deve poder
assegurar ao turista que em caso de avaria a uma distância razoável (até
20/25kms) promove a assistência e, se necessário, o transporte, seja
diretamente, seja através de intermediários (mecânico de bicicleta, taxista,
etc), podendo este ser um serviço gratuito ou pago.
- Transfer de bagagens entre alojamentos
O turista tem dificuldade em organizar este serviço por si só. Os
proprietários do alojamento podem fixar um custo para este serviço,
limitando a distância máxima. Este serviço pode ser diferenciador, por
permitir ao turista reduzir os custos da viagem dispensando o apoio de um
operador turístico para esta função.
2.5
Serviços complementares
- Alojamento
O objetivo que temos para concretizar é o de criar produtos turísticos
focados no turista em bicicleta, garantindo-lhe base com acomodação
ideal no Turismo Rural.
As férias em bicicleta requerem do anfitrião a melhor hospitalidade e
flexibilidade, para além da oferta de serviços e atividades de apoio.
Existe, certamente, em qualquer alojamento rural, ampla margem de
oportunidade para criação de alternativas que vão satisfazer o turista mais
exigente, adequando um espaço às necessidades do turista:
- Parqueamento e manutenção das bicicletas
É raro os alojamentos existentes estarem adaptados às necessidades
específicas do turista em bicicleta. O turista que se faz acompanhar da sua
bicicleta e que lhe custou provavelmente vários milhares de euros não
quer separar-se dela e tende, em muitos casos, a querer levá-la com ele
para o quarto – há condições para que tal aconteça?
- criação de um espaço fechado, seguro, para parque de bicicletas.
- criação de um espaço para lavagem e oficina das bicicletas.
- Equipamento técnico
A lavagem e secagem com rapidez da roupa deve estar assegurada.
- Para os grupos
Preparação de um espaço que possa ser utilizado para convívio e reunião
de grupos de turistas em bicicleta.
139
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
- Refeições
Um bom pequeno almoço é importante para os ciclistas, assim como o
fornecimento de uma refeição ligeira para levar. O anfitrião deve acautelar
a preparação de uma bebida quente ou fria para oferecer ao ciclista logo
que este regresse ao alojamento.
- Apoio em todas as fases da experiência
O alojamento deve ser uma âncora para as necessidades específicas deste
turista. Há que organizar os serviços nas suas várias fases de consumo.
Para se afirmar como peça-chave de suporte à atividade, deve haver:
antes do consumo: eficiente informação na web e em folhetos, boa
presença em centrais de reservas, modalidades facilitadas para
pagamento, conformidade das reservas, ofertas de transporte até
ao alojamento;
durante o consumo: boa recepção, check-in facilitado, check-out
eficaz, acesso a piscina, spa e ginásio;
fornecimento de piqueniques e de refeições ligeiras prontas a
transportar;
acesso a mapas detalhados, guias, roteiro de tascas;
informação sobre recursos que possam ser úteis ao cliente: lojas de
equipamentos especializados, farmácias e postos de enfermagem
para o caso de qualquer acidente.
após o consumo: envio para a residência de pacotes postais (o
turista em bicicleta tem maior dificuldade em transportar souvenirs).
Nota relevante: restrições a reservas para apenas uma noite não se adapta
a este perfil de turista.
- Alimentação e Gastronomia
Neste sector existe também uma importante complementaridade com a
gastronomia e restauração da região. O ciclista, após cada jornada, tende a
desejar um apetitoso repasto. Importa prever boa oferta e há claramente
que evitar a monotonia. A degustação gastronómica e enológica deve
surgir como uma tentação irresistível, onde a qualidade dos produtos é
decisiva. A oportunidade para oferta de menus típicos na tradição local
tem potencial para efeito multiplicador de interesse.
Este tipo de visitante tende ainda a fazer passa-palavra aos amigos, para
além de comprar produtos da excelência local.
- Cultura, Natureza, Aventura
Outra das complementaridades que deverá ser trabalhada está
relacionada com a possibilidade de oferecer visitas especiais, fora de
horário de rotina, a museus, adegas igrejas e conventos.
É desejável associar a possibilidade de ofertas complementares de turismo
de aventura, seja escalada, canyoning, outras atividades aquáticas, provas
de orientação, provas de resistência ou outras. Neste sentido, as
experiências equestres são uma oportuna via complementar e um
eventual atrativo para um regresso no futuro.
2.6. Informação disponibilizada
O objectivo que temos que perseguir constantemente é o de criar
produtos turísticos focados no turista que escolhe usar a bicicleta,
garantindo-lhe base com acomodação ideal no Turismo Rural. Para tal,
140
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
uma das características fundamentais para o seu bem estar é a
disponibilização de informação no momento certo:
antes do consumo: eficiente informação na web e em folhetos
sobre a região e percursos; ofertas de transporte até ao
alojamento:
durante o consumo: serviço de restauração; atividades
complementares; recursos patrimoniais e culturais.
A documentação deve ser atraente, clara e completa. É relevante que
estejam preparados dossiês para cada percurso que deverá incluir a ficha
técnica do percurso, a ficha técnica dos pontos de paragem, lista de
telefones de urgência e recomendações práticas. A informação sobre os
percursos deve ainda incluir mapas, coordenadas GPS ou
preferencialmente, disponibilizar informação sobre georreferenciação de
percursos e permitir que o turista os descarregue para o seu equipamento
de GPS (importa ter em conta a diversidade de sistemas de coordenadas
utilizadas). Em alternativa poderá fornecer impressões dos percursos
disponíveis.
Na maioria dos casos, o anfitrião não é o especialista que desenvolve a
informação sobre o percurso auto-guiado. Quando há um folheto
descritivo e/ou mapas disponíveis, a situação está facilitada, mas o
anfitrião pode acordar igualmente com o fornecedor de serviços mais
especializados uma recepção ao turista no próprio alojamento.
O anfitrião deve ainda ter sempre acessível a informação sobre o estado
do tempo e a previsão para as próximas horas/dias, sendo que os serviços
de meteorologia via web satisfazem facilmente essas necessidades.
141
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 4 - As cinco redes
3. Contributos da rede equestre
3.1 Tipologias de clientes
O turista que quer passear a cavalo com base no alojamento no Turismo
Rural é o centro do nosso negócio. É um cliente que está presente na hora
de consumir, mas com elevados padrões de exigência, pelo que é de
extrema importância conhecê-lo melhor e apurar o atendimento às suas
solicitações.
Há que saber receber segmentos de clientes bastante diferenciados, sejam
casais jovens e grupos de amigos (idade predominante: 35/45 anos), sejam
grupos familiares com clientes predominantemente golden age.
Os clientes mais jovens têm em regra maior pressão de tempo e apontam
para estadas mais curtas.
A idade dos turistas/cavaleiros é muito variável. Há que estar preparado
para acolher uma família com elementos de 6 ou 7 anos, outros na casa
dos 30 e ainda, pessoas da chamada golden age, por exemplo, à volta dos
60 anos, sendo as necessidades de cada um altamente variáveis. Tendo em
conta estes casos de grupos não homogéneos, juntando jovens e adultos,
é importante ter disponíveis atividades paralelas, introduzindo, por
exemplo, banhos num rio ou num lago, provas de produtos locais, vinhos
etc.
O mercado de turistas/cavaleiros divide-se genericamente em dois tipos:
Cavaleiros autónomos ou independentes: O cavaleiro autónomo
organiza-se com uma certa independência, apenas quer encontrar
boas infraestruturas. Conta com o proprietário do alojamento rural
para lhe dar “dicas” que acrescentem informação à que recolheu por
si próprio . Importa preparar para esse cavaleiro autónomo um bom
mapa com as opções de alojamento rural (com as respectivas
coordenadas identificadas com simplicidade) no percurso programado
e em itinerários alternativos.
Cavaleiros em grupo: No caso de grupos organizados, importa
mobilizar um profissional equestre como guia acompanhante (cenário
ideal: um guia por cada dez cavaleiros adultos). A imprevisibilidade do
programa e percurso é baixa e assim, existe uma maior oportunidade
para organizar eventos ou visitas que possam surpreender cada
membro do grupo visitante.
É importante considerar que cada grupo tem personalidade própria, já que
cada cavaleiro tem os seus próprios gostos e interesses, sendo que a
interação entre todos leva à maior ou menor harmonia dentro do grupo.
Para unificar expectativas é essencial que o cliente esteja muito bem
informado sobre tudo o que tem a ver com o percurso. O guia tem papel
fundamental na coesão do grupo e na prevenção de eventuais conflitos.
3.2 Tipos de percursos do turismo equestre
Segundo o documento “Itinerários de Turismo Equestre – Metodologia de
implementação” emitido pelo Turismo de Portugal em Fevereiro de 2012,
as rotas ou itinerários equestres desenvolvem-se em três modelos
principais:
142
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
- Rotas circulares ou em estrela
Percurso em que as jornadas diárias começam e terminam no mesmo
local. Os locais de pernoita do cavaleiro e do cavalo são comuns,
favorecendo a comodidade do utilizador que fica livre da mudança diária
de alojamento. É um formato mais confortável para cavaleiros que
preferem menor grau de dificuldade, mas tem o inconveniente de conter
baixa diversificação.
- Rotas em margarida
As jornadas começam e terminam diariamente no mesmo local mas
seguem, em cada dia, por percursos diferentes. Obriga o organizador ao
mais vasto mapeamento da zona envolvente, mas proporciona o maior
contacto com todas as atividades e particularidades da região.
- Rotas lineares
Saída de um ponto e chegada a outro. Implica mudança diária do local de
pernoita, portanto implica a necessidade de um serviço de transfer.
O nível da rota deve ser adequado ao nível do cavaleiro.
3.3 Motivação
As férias a cavalo representam uma forma distinta de fazer turismo. O
praticante ambiciona sobretudo:
Desfrutar a liberdade montado num cavalo
Descanso e evasão
Uma experiência com sabor a aventura
O gosto de estar na natureza
Descoberta novos destinos
Descobrir lugares históricos e saborear a gastronomia e os vinhos
da região
Recuperar o sonho rural/rusticidade e requinte
3.4 Principais componentes da oferta turística
Numa rede de turismo equestre o cliente interage com vários
profissionais:
os serviços de informação, reserva e venda, os
transportadores/transferistas, guias, tratadores, etc. Todos fazem parte da
experiência turística, a par com a qualidade das instalações, dos
equipamentos, dos percursos, dos serviços e dos recursos que fazem parte
da rota. Trata-se de um tipo de cliente exigente, logo é fundamental
assegurar uma qualidade de topo no fornecimento destes serviços.
- Ingredientes Básicos
A prática de turismo equestre requer alguns elementos imprescindíveis:
um cavalo, um caminho transitável a cavalo, alojamento e comida para o
cavalo e para o cavaleiro. E, frequentemente, um guia/acompanhante.
É um serviço que, envolvendo pelo menos uma pernoita, requer uma
organização complexa:
Procura de itinerários/percursos, definição de etapas e
seleção de cavalos adequados para o programa.
Localização de serviços de proximidade (pontos de
abastecimento, médico veterinário, etc).
Neste sistema, o cavaleiro é a figura central, mas em torno dele gravitam
vários outros atores.
143
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Os proprietários ou empreendedores do Turismo Rural são protagonistas
incontornáveis do turismo equestre, pois depende deles a qualidade do
acolhimento e do serviço. Outros serviços centrais são os centros
equestres, tal como todos os serviços de apoio equestre, pois são eles que
devem garantir a qualidade das atividades e a concretização dos produtos
equestres.
Uma questão fundamental para o bom funcionamento de rotas equestres
é o assegurar da boa circulação nos percursos identificados e selecionados.
O estabelecimento de acordos com proprietários de terrenos
atravessados, o envolvimento de entidades públicas, designadamente
autárquicas e, desejavelmente, o desenvolvimento de associações de
utilizadores, são contributos decisivos para o eficaz funcionamento do
sistema.
O modelo das jornadas a cavalo requer duas bases indispensáveis para o
seu bom funcionamento:
que todos os componentes necessários na oferta turística funcionem
com coerência perfeita, satisfazendo as expectativas do cliente;
que as interações entre as diferentes partes sejam ajustadas ao
conceito do serviço global fornecido, seja perante as aspirações do
cavaleiro, o conforto do cavalo e, se esse for o caso, dos
acompanhantes.
- Alojamento para o cavalo
No desenvolvimento de modelos de turismo equestre ligados ao Turismo
Rural, um fator essencial é a garantia de alojamento para o cavalo em
articulação com o alojamento do cavaleiro. Quanto mais facilitada estiver
esta acomodação, maior será o conforto, a segurança e a autonomia do
cavaleiro.
O cenário desejável remete-nos para um espaço de Turismo Rural
capacitado para acolhimento e pernoita equestre. O mínimo expectável é
a existência de uma possibilidade de amarração do cavalo, com ponto de
água potável, manjedoura e espaço de armazenamento para os
equipamentos. Deve haver um espaço fechado, paddock ou baia (espaço
mínimo: 30m2) onde o cavalo possa pernoitar confortavelmente e em
segurança. A estrutura ideal oferece boxes, baias fixas e todas as
instalações necessárias ao bom trato dos cavalos (chuveiro, ferros, etc.).
- Serviços complementares
- Alojamento
O alojamento deve ser uma âncora para as necessidades específicas do
cavaleiro, através da organização dos serviços nas suas várias fases de
consumo. Para se afirmar como peça-chave de suporte à atividade, deve
haver:
Antes do consumo: eficiente informação na web e em canais
específicos destinados aos cavaleiros, divulgação eficaz dos serviços
especificamente desenhados a pensar neste tipo de turista, como
parcerias com centros de acolhimento de cavalos.
Durante o consumo:acomodação para cavalos ou parceria com uma
entidade que a faça tranfer do alojamento para o local de
acomodação do cavalo, serviço de transporte de bagagens para o
próximo alojamento no caso de um itinerário de vários dias, mapas de
itinerários com interpretação, locais de paragem e indicação de
restaurantes, contactos de médicos veterinários e lojas de
equipamento especializado.
Após o consumo: envio para a residência de pacotes postais (o turista
a cavalo tem maior dificuldade em transportar souvenirs).
144
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
- Alimentação e Gastronomia
O objectivo primordial do turismo equestre é descobrir, ver e visitar
pontos de interesse, não apenas etiquetados como mais turísticos, mas
também outros aspetos relevantes e menos acessíveis como paisagens,
fauna, flora, elementos culturais e patrimoniais, os usos e tradições locais
ou regionais. Tudo com a sedução e aventura de ser visitado a cavalo.
Naturalmente e uma vez mais existe uma importante complementaridade
com a gastronomia e restauração locais. As rotas equestres organizam-se
mais frequentemente segundo itinerários de um dia, três dias ou sete dias
e o cavaleiro, durante e após cada jornada, tende a desejar um apetitoso
repasto, pelo que importa prever uma boa oferta, sendo importante evitar
a monotonia. A degustação gastronómica e enológica deve surgir como
uma tentação irresistível e a qualidade dos produtos é igualmente decisiva
para este público.
ainda depois do consumo (transfer para o aeroporto, comunicações
posteriores com o cliente, etc).
A documentação deve ser eficaz. O dossiê de cada percurso fornecido a
cada cliente deve incluir a ficha técnica do percurso, a ficha técnica dos
pontos de paragem, a ficha técnica sobre os cavalos, a ficha técnica sobre
a alimentação dos cavalos, lista de telefones de urgência e recomendações
práticas.
A oportunidade para oferta de menus típicos na tradição local tem
potencial para efeito multiplicador de interesse.
3.5 Informação disponibilizada
No que respeita à informação disponibilizada ao cliente é importante
organizar os serviços antes do consumo (eficiente informação na web e em
folhetos, boa presença em centrais de reservas, modalidades facilitadas
para pagamento, conformidade das reservas, ofertas de transporte até ao
alojamento); durante o consumo (boa recepção, check-in facilitado, boa
apresentação de ofertas, disponibilização de serviço de restauração,
menus especiais e piqueniques, oferta de excursões e atividades
complementares, acesso a spa e ginásio, piscina, check-out eficaz, etc); e
145
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 4 - As cinco redes
4. Contributos da rede de vias panorâmicas
- O turista que tem qualquer outra motivação principal, mas que dispõe
de algum tempo para explorar as paisagens do local que visita. Este turista
estará à partida menos informado sobre os tipos de paisagem que pode
encontrar e necessitará de uma maior ajuda para escolher as vias com
panorâmicas mais apetecíveis.
4.2
4.1
Tipologias de vias panorâmicas
Motivação e tipologias de clientes
As vias panorâmicas raramente são vistas como um produto turístico por si
só, com a exceção de raros casos de vias de valor paisagístico
extremamente elevado, no entanto, se pensarmos nas motivações gerais
dos turistas, a contemplação da paisagem é um dos principais interesses. É
só uma questão de deixar de pensar apenas em pontos de paragem
isolados para essa contemplação e passar a considerar a experiência
contemplativa ao longo de todo um trajeto ou via.
As vias panorâmicas não possuem uma definição específica, implicam
apenas que haja um caminho, uma forma de o percorrer e que esteja
associado a excelentes sistemas de vistas sobre a paisagem que nos
rodeia. Assim, podemos de forma empírica separar vário tipos de vias, que
se podem por sua vez associar a diferentes tipos de mobilidade.
-
Estradas e caminhos – Encontra-se normalmente associadas a
mobilidade automóvel. Permite cobrir largas distâncias e passar por
paisagens diferentes num curto espaço de tempo. No entanto este
tipo de vias pode também associar-se a tipos de mobilidade mais
suave como a bicicleta ou o cavalo, que ainda assim permitem
percorrer distâncias assinaláveis, ao contrário da via pedestre, em
ritmo mais calmo que de automóvel, permitindo apreciar certos
aspetos da paisagem que facilmente passariam despercebidos numa
viagem de automóvel.
-
Ferrovias – Algumas linhas ferroviárias funcionam como verdadeiros
miradouros. A viagem de combóio pode assim tornar-se mais do que
uma forma de ir de um lugar ao outro, funcionando como uma
janela para conhecer uma determinada paisagem
-
Cursos de água – Os cursos de água navegáveis, como rios e ribeiras,
podem também funcionar como vias panorâmicas. Percorridos de
Neste tipo de turismo associado a vias panorâmicas podem diferenciar-se
dois tipos fundamentais de turistas:
- O turista que vem com a motivação de percorrer vias panorâmicas como
forma de ficar a conhecer o seu destino. Este turista viaja com a finalidade
de conhecer novas paisagens e normalmente fez já um trabalho de
preparação prévia da viagem, escolhendo quais os tipos de paisagem que
pretende conhecer e em que época do ano. Para este turista é
fundamental que o esforço de informação seja feito ainda antes da
compra do alojamento, porque irá certamente influenciar a escolha do
mesmo;
146
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
barco ou canoa, estas vias oferecem uma perspetiva da paisagem
que é impossível ter de qualquer outro ponto.
4.3
Principais componentes da oferta turística
- Serviços básicos
No caso específico desta rede são poucas os serviços básicos que
compõem o produto turístico.
Numa rede de vias panorâmicas apenas é necessário que exista
informação sobre a localização e extensão das vias, informação sobre os
tipos de paisagem que se podem observar e quais as suas particularidades
e elementos diferenciadores.
As vias deverão ainda estar sinalizadas no terreno de forma identificativa,
para que seja mais fácil segui-las.
As vias panorâmicas podem ser usufruídas de forma independente, o que
será o caso mais frequente, ou poderão ainda recorrer a guias
especializados que acompanhem a viagem e façam a interpretação da
paisagem.
- Serviços complementares
- Alojamento
Não existe uma tipologia ou característica própria de alojamento que
sirvam preferencialmente este ipo de turismo, no entanto, algumas
características como a autenticidade ou a proximidade às vias panorâmicas
podem influenciar a escolha do turista.
No alojamento deve estar disponível informação completa sobre as vias
panorâmicas disponíveis na região, devendo os responsáveis conseguir
aconselhar sobre qual a melhor via a realizar e de que forma, inclusive
tendo em atenção as estações do ano.
- Restaurantes e ofertas de Gastronomia
Como para todas as redes turísticas, a existência de restauração e
gastronomia de qualidade é essencial para a crição de uma boa oferta. O
facto de os restaurantes recorrerem a produtos locais e regionais poderá
também apelar ao turista das vias panorâmicas, já que, sobretudo num
país onde a paisagem é altamente influenciada pelas actividades humanas,
como a agro-pecuària, lhe permitirá uma melhor compreensão das
paisagens que vai observando.
- Guias ou informação sobre as vias
Numa fase inicial de implementação de um produto sobre vias
panorâmicas, em que, pode já existir informação disponível mas não existir
ainda marcação ou sinalética específica destas vias, é de extrema
imporância existir a disponibilização de informação tanto interpretativa
como cartográfica sobre as vias disponíveis. Um serviço que poderá
igualmente constituir uma mais valia para este tipo de turismo é a
disponibilização ou aluguer de dispositivos GPS com tracks das vias, de
forma a garantir que os turistas conseguem, de forma eficaz, seguir as vias
em todo o seu traçado, mesmo que estas não estejam sinalizadas no
terreno.
147
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
4.4 Informação sobre o percurso
Uma paisagem possui muito mais que valor estético, mas se este é
facilmente absorvido e interpretado de forma diferenciada por cada um,
existem outros valores que precisam de apoio para serem corretamente
interpretados. Estamos a falar de valores como o ecológico, o patrimonial,
o histórico e etnográfico e a forma como todos eles se interligam em
evolução conjunta. Para que estes valores possam ser apreendidos e
compreendidos é necessário que haja informação disponível sobre os
mesmo e só assim podemos dizer que estamos a oferecer um produto
turístico.
4.5 Aspetos críticos
- Identificar, selecionar e identificar as principais vias com valor
panorâmico;
- Nem todos os turistas estão informados sobre as qualidades panorâmicas
das vias
- Criar pontos de paragem e descanso.
148
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ANEXO 4 - As cinco redes
5. Contributos da rede de alojamentos rurais
5.1 Principais componentes da oferta turística
O acolhimento típico do alojamento rural é um dos fatores de sucesso
deste tipo de turismo: personalizado, atento aos gostos e necessidades
pessoais do turista, baseado no acolhimento em casa própria, pelo que há
um característico orgulho na arte de bem receber.
Este tipo de tratamento personalizado leva a que o turista espere
encontrar no seu anfitrião alguém que conhece bem o território e que
pode fornecer informação especializada e dar a conhecer as atividades que
se podem realizar, bem como as pessoas que as organizam. Contudo, na
realidade nacional não se pode esperar encontrar muitos proprietários que
tenham experimentado eles próprios as atividades que recomendam. É
esta lacuna na colaboração entre promotores que frequentemente reduz a
sua capacidade de recomendação.
- Ingredientes Básicos
As unidades de alojamento podem assumir um papel diferenciador ao
nível dos serviços de turismo básicos que garantem a funcionalidade e a
qualidade das atividades turísticas complementares:
- Transporte
Transporte do turista - Organização de serviços de transfer; recolha
do turista na estação de comboio ou de autocarros mais próxima;
Transporte de bagagens - Este serviço pode ser crítico para o turista
que faz férias com caminhadas ou de bicicleta ou a cavalo em modelo
self-drive sem o apoio logístico de um operador. Os alojamentos
podem organizar uma rede de transfer de bagagens para viagens com
multi-alojamentos. Este serviço pode ser operado pelo próprio
alojamento ou organizado por contratação.
Apoio ao turista em caso de necessidade de interrupção de uma
atividade em curso;
Envio de produtos tradicionais pelo correio.
- Alimentação
No caso da alimentação é muito importante haver um ajustamento às
necessidades especiais para uma determinada atividade: refeições ligeiras,
refeições energéticas, refeições servidas em horários diversos
Outra forma de diferenciação pode passar pela preparação de refeições
para levar (cesto de piquenique, piquenique servido no campo; refeições
para levar) ou pelo serviço de reserva de refeições especiais em
restaurantes ou noutros lugares (sob encomenda).
- Serviços complementares
Sugerem-se, neste caso:
Serviço de baby-sitting diurno: permite libertar os pais durante umas
horas para a prática de outras atividades;
Aluguer de equipamentos especializados;
Apoio no planeamento, organização, reserva e aquisição de atividades
ou viagens internas: este tipo de serviço pode ser interessante
especialmente para turistas estrangeiros - pode ser prestado durante
a estadia ou após a reserva do alojamento e antecedendo a viagem.
149
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Projecto 5x5
- Serviços especializados
O alojamento é uma excelente base para a organização ou hosting de
eventos tailor-made para os hóspedes, dos quais apresentamos aqui
alguns exemplos:
Workshops e provas: cedência de espaço ou organização própria de
provas (vinhos, gastronomia) e de workshops (culinária, artesanato,
fotografia, etc.);
Recitais (música, literatura, outras artes): o alojamento pode
estabelecer parcerias com profissionais ou amadores e conseguir
preços competitivos que permitam a organização de uma noite
artística. Estes eventos podem ser diferenciadores em mercados,
como o brasileiro, que procuram experiências culturais;
Atividades para crianças: nem todas implicam a contratação de
serviços para grupos. O alojamento pode organizar atividades menos
estruturadas e que dispensam a contratação de serviços de animação,
como leitura de uma história à noite (libertando os pais para um
momento de descanso depois do jantar), pequenos passeios ou
atividades simples na propriedade.
5.2
Tipos de parcerias com outros alojamentos e outros
prestadores de serviços
O funcionamento em rede permite ampliar largamente a oferta e o seu
alcance. Os benefícios de escala aportam visibilidade à oferta, acesso a
novos serviços e produtos, eficácia, maior expressão territorial da oferta,
contribuição para a afirmação das marcas relacionadas com produtos,
serviços e tipos de experiência, e redução de custos. As redes podem ainda
ser organizadas como espaços que facilitam a colaboração entre parceiros
e a criatividade na organização de produtos envolvendo vários prestadores
de serviços.
O funcionamento em rede de parcerias pode assumir dois tipos principais:
uma rede da mesma categoria de serviços, como é o caso específico, de
uma rede de alojamentos, ou então, uma rede com serviços de várias
categorias e que se complementam entre si.
A criação de redes de alojamentos pode ser facilitada através da criação ou
filiação dos estabelecimentos numa associação do sector, como a
PRIVETUR, que pode assim funcionar como dinamizadora e facilitadora do
trabalho em rede. Já a criação de redes de parcerias com outros sectores
de atividade, embora possa trazer vantagens mais óbvias do ponto de vista
da estruturação da oferta, também não é fácil de operacionalizar pois cada
parceiro procura atingir os seus próprios objectivos.
Beneficiando de um efeito de escala, a integração numa associação
permite novas formas de gestão e de organização da oferta a vários níveis:
Contratação e prestação de serviços básicos e complementares;
Aluguer de equipamentos;
Rede de informação sobre o território;
Elaboração de programação de itinerários/viagens no território;
Dando maior visibilidade: por exemplo, multiplicando a mesma oferta
em várias regiões, em várias alturas do ano, ou numa mesma região
ou micro-região e, eventualmente, permitindo um contínuo temporal
na oferta (presença sequencial do serviço em diversos alojamentos,
compartilha de custos de produção e contratação);
Multiplicação da diversidade de oferta dentro de cada tema (ultrasegmentação).
150
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Projecto 5x5
151
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Projecto 5x5
ANEXO 5 - Articulação das cinco redes com os 4 eixos da proposta de valor
1. Rede Pedestre
As cinco redes foram avaliadas sobre o seu potencial para projetarem as mais-valias dos eixos Tempo, Caminho, Hotspots e Momentos.
Consideramos esta avaliação como um fator decisivo para introduzir ambição na criação de produtos turísticos temáticos integrados
:
Figura 26 – Caracterização da Rede Pedestre, de acordo com os quatro eixos do conceito ‘Cinco Vezes Mais Campo’
152
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Projecto 5x5
ANEXO 5 - Articulação das cinco redes com os 4 eixos da proposta de valor
2. Rede Ciclável
Figura 27 – Caracterização da Rede Ciclável, de acordo com os quatro eixos do conceito ‘Cinco Vezes Mais Campo’
153
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Projecto 5x5
ANEXO 5 - Articulação das cinco redes com os 4 eixos da proposta de valor
3. Rede Equestre
Figura 28 – Caracterização da Rede Equestre, de acordo com os quatro eixos do conceito ‘Cinco Vezes Mais Campo’
154
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Projecto 5x5
ANEXO 5 - Articulação das cinco redes com os 4 eixos da proposta de valor
4. Rede de Vias Panorâmicas
Figura 29 – Caracterização da Rede de Vias Panorâmicas de acordo com os quatro eixos do conceito ‘Cinco Vezes Mais Campo’
155
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Projecto 5x5
ANEXO 5 - Articulação das cinco redes com os 4 eixos da proposta de valor
5. Rede de Alojamentos
Figura 30 – Caracterização da Rede de Casas de acordo com os quatro eixos do conceito ‘Cinco Vezes Mais Campo’
156
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Projecto 5x5
157
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
1.1
Vetor Estratégico: ViajarDevagar| PTT1.1: Dolce fare niente, we do it better
Tabela4 – Matrizdupla PTT ‘Dolce fare niente, we do it better’
Tabela5 – PPT ‘Dolce fare niente, we do it better’ aplicado ao território da Serra do Açor
158
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
1.2
Vetor Estratégico: Viajar Devagar | PTT1.2: Campos e Recantos, o que Portugal tem de melhor
Tabela 6 – Matriz dupla PTT ‘Campos e Recantos, o que Portugal tem de melhor’
Tabela 7 – PTT ‘Campos e Recantos, o que Portugal tem de melhor’ aplicado ao território do xisto, Lousã
159
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
2.1
Vetor Estratégico: O Campo faz-lhe bem | PTT2.1: No tempo das nossas Avós
Tabela 8 – Matriz dupla PTT ‘No tempo das nossas Avós’
Tabela 9 – PTT ‘No tempo das nossas Avós’ aplicado ao território de Belmonte
160
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
2.2
Vetor Estratégico: O Campo faz-lhe bem | PTT2.2: Mãos à terra
Tabela 10 – Matriz dupla PTT ‘Mãos à terra’
Tabela 11 – PTT ‘Mãos à terra’ aplicado ao território do vale do Dão
161
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
3.1
Vetor Estratégico: Portugal faz-lhe bem | PTT3.1: Regresso às origens
Tabela 12 – Matriz dupla PTT ‘Regresso às Origens’
Tabela 13 – PTT ‘Regresso às origens’ aplicado ao território das Aldeias Históricas
162
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
3.2
Vetor Estratégico: Portugal faz-lhe bem | PTT3.2:Findyourselfin portuguese lands
Tabela14 – Matrizdupla PTT ‘Find yourself in Portuguese lands’
Tabela 15 – PTT ‘Findyourselfin Portuguese lands’ aplicado ao território Zêzere - Pinhal Interior
163
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
4.1
Vetor Estratégico: Gastronomia única | PTT4.1: Segredos da cozinha portuguesa
Tabela 16 – Matriz dupla PTT ‘Segredos da cozinha portuguesa’
Tabela 17 – PTT ‘Segredos da cozinha portuguesa’ aplicado ao eixo Estrela – Tejo
164
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
4.2
Vetor Estratégico: Gastronomia única | PTT4.2: Saúde pela boca, a cozinha mediterrânica
Tabela 18 – Matriz dupla PTT ‘Saúde pela boca, a cozinha mediterrânica’
Tabela 19.1 – PTT ‘Segredos da cozinha portuguesa’ aplicado ao território nacional de sul para norte (1as seis noites)
165
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Projecto 5x5
Vetor Estratégico: Gastronomia única | PTT4.2: Saúde pela boca, a cozinha mediterrânica (continuação)
Tabela 19.2 – PTT ‘Segredos da cozinha portuguesa’ aplicado ao território nacional de sul para norte (2as sete noites)
166
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
5.1
Vetor Estratégico: Explorar a Natureza | PTT5.1:Birdwatchingde lés a lés
Tabela 20 – Matriz dupla PTT ‘Birdwatchingde lés a lés’
Tabela 21 – PTT ‘Birdwatchingde lés a lés’ aplicado ao território desde a fronteira até à ria de Aveiro
167
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
5.2
Vetor Estratégico: Explorar a Natureza | PTT5.2:Geossítios para que vos quero
Tabela 22 – Matriz dupla PTT ‘Geossítios para que vos quero’
Tabela 23 – PTT ‘Geossítios para que vos quero’ aplicado ao território de Arouca
168
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
6.1
Vetor Estratégico: Viver as Sazonalidades | PTT6.1: Cogumelos de Outono, Orquídeas de Primavera
Tabela 24 – Matriz dupla PTT ‘Cogumelos de Outono, Orquídeas de Primavera’
Tabela 25 – PTT ‘Cogumelos de Outono, Orquídeas de Primavera’ aplicado ao território das Serras de Aire e Candeeiros
169
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
6.2
Vetor Estratégico: Viver as sazonalidades | PTT6.2: Inverno de neve, Verão de águas frescas
Tabela 26 – Matriz dupla PTT ‘Inverno de neve, Verão de águas frescas’
Tabela 27 – PTT ‘Inverno de neve, Verão de águas frescas’ aplicado ao território da Serra da Estrela
170
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
7.1
Vetor Estratégico:Enoturismo revisitado - Centro | PTT7.1:Winesbybiketour, Dão, Bairrada e Varosa
Tabela 28 – Matriz dupla PTT ‘Winesbybiketour, Dão, Bairrada e Varosa’
Tabela 29 – PTT ‘Winesbybiketour, Dão, Bairrada e Varosa’ aplicado ao eixo Dão-Varosa-Bairrada
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Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
7.2
Vetor Estratégico:Enoturismo revisitado - Centro | PTT7.2: Bairrada, modernidade e tradição nos vinhos de Portugal
Tabela 30 – Matriz dupla PTT ‘Bairrada, modernidade e tradição nos vinhos de Portugal’
Tabela 31 – PTT ‘Bairrada, modernidade e tradição nos vinhos de Portugal’ aplicado ao território da Bairrada
172
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
8.1
Vetor Estratégico: O poder da água - Centro | PTT8.1: Caminhos da água, aventure-se
Tabela 32 – Matriz dupla PTT ‘Caminhos da água, aventure-se’
Tabela 33 – PTT ‘Caminhos da água, aventure-se’ aplicado ao território do Vouga e Paiva
173
Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
ANEXO 6 - Projeto-piloto na região Centro / Produtos Turísticos Temáticos
8.2
Vetor Estratégico: O poder da água - Centro | PTT8.2: Saúde pela água, termas e contemplação
Tabela 34 – Matriz dupla PTT ‘Saúde pela água, termas e contemplação’
Tabela 35 – PTT ‘Saúde pela água, termas e contemplação’ aplicado ao território das termas do Centro
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Redes Temáticas Integradas de Turismo Rural
Projecto 5x5
Novembro de 2012
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