Publicação Anual de Teatro Académico Ano vi / Distribuição
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Publicação Anual de Teatro Académico Ano vi / Distribuição
REVISTA FATAL N6 2013 Publicação Anual de Teatro Académico Ano vi / Distribuição Gratuita / Anual Maio 2013 — Abril 2014 REVISTA ÍNDICE FATAL 4 d 14 d 16 d 18 d 24 d 26 d 30 d 38 d 40 d No Foco Gerações TEUC - 75 anos de Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra Histórias do Teatro Universitário Português 65 anos de TUP – Teatro Universitário do Porto Entre caos e Cristo - 15.º Aniversário do Noster, grupo de teatro da Universidade Católica Portuguesa Cenários TUT e GTIST, duas histórias de Teatro Universitário na UTL Ensaio Teatro comunitário E se fôssemos ter com eles? Aplauso Premiados FATAL 2012 Ponto, textos dramáticos Abaixo da cintura Eternidade FICHA TÉCNICA REVISTA FATAL N6 2013 Direcção: Núcleo Cultural do DERE, com coordenação de Isabel Tadeu Coordenação Editorial: Marisa Costa Colaboram neste número: Ágata Alencoão, Ana Bigotte Vieira, António Nóvoa, CITAC (Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra), Joana Liberal, João Ferrador, João Pedro Vaz, Júlio Roldão, Nádia Sales Grade, Marlise Gaspar, Marta Félix, Miguel Manso, Paula Garcia, Rafela Bidarra, Ricardo Seiça Salgado, Rogério de Carvalho, Teatro da Academia, Tiago Patrício, TUP (Teatro Universitário do Porto) Fotografias: Arquivo Noster, Arquivo TEUC, Arquivo TUT, Ana Banha, Ana Rojas, Hélio Neto, Isabel Brison, Joana Saboeiro, Manuel Pata, Maria Albuquerque, Miguel Carriço, Ricardo Basílio, Sofia Quintas, Tânia Araújo, Teresa Teixeira,Tiago Mota, Tiago Froufe. Planeamento de conteúdos: Isabel Tadeu, Marisa Costa, Rui Teigão Revisão, tradução e edição de conteúdos: Ana Sofia Oliveira (estágio FLUL), Marisa Costa, Miguel Nunes (estágio FLUL), Zeila dos Santos (estágio FLUL) Projecto: Álvaro Áspera, Isabel Maçana Bruxo, Marisa Costa, Rui Teigão Projecto Gráfico: Alpha/ RPVP Designers Paginação e Grafismos: Alpha/ RPVP Designers Capa: Fotografia: Arquivo do TEUC, Teatro dos Estudantes de Coimbra. Design: Alpha/ RPVP Designers O nosso agradecimento ao TEUC, em especial à Marta Félix, pela ajuda prestada à elaboração do artigo Gerações TEUC e pela cedência de documentos e imagens do arquivo do grupo. O nosso agradecimento especial a todos os colaboradores que, pelas suas palavras, contribuem para a divulgação do teatro universitário e da sua história. O nosso muito obrigado a todos os que, fazendo face a condições adversas através da criatividade e da perseverança, continuam a acreditar neste projecto, possibilitando a publicação de mais um número da Revista FATAL. As opiniões, pontos de vista e informações constantes dos textos publicados são da responsabilidade dos respectivos autores. Proprietário, editor e redacção: Reitoria da Universidade de Lisboa Alameda da Universidade, 1649-004 Lisboa NIF: 501 535 977 Registo: Anotado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social Depósito: Legal Nº 275380/08 Periodicidade: Anual Tiragem: 1.000 exemplares Impressão: Soartes, Artes Gráficas, Lda. Estatuto Editorial: O Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa – FATAL, uma organização da Reitoria da Universidade de Lisboa, tem vindo a desempenhar um papel de crescente importância no âmbito do Teatro português, nomeadamente, no contexto do Teatro Universitário. Neste sentido, a Reitoria da Universidade de Lisboa sentiuse incentivada a criar e editar a Revista FATAL, uma publicação anual nacional de temática cultural dedicada ao Teatro, Teatro Universitário e às Artes Performativas. Tendo por objectivo central a divulgação destas artes, e dos seus agentes, no nosso país, a Revista FATAL destina-se ao público jovem e universitário, a pessoas ligadas à área teatral e artes do espectáculo e ao público em geral A Revista FATAL publicará artigos dedicados à reflexão, ensaio, opinião, entrevistas a personalidades ligadas ao meio e outros artigos de divulgação no âmbito da temática da revista, e elaborados por colaboradores convidados. Esta publicação funcionará, simultaneamente, como programa do FATAL, apresentando e divulgando as diversas iniciativas que compõem cada edição do Festival, bem como outros eventos inseridos no âmbito do Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa. A periodicidade será anual, com publicação no mês de Maio. EDITORIAL E a miséria é isso: não imaginar o nome que transforma a ideia em coisa, a coisa que transforma o ser em vida, a vida que transforma a língua em algo mais que o falar por falar. Jorge de Sena 1 O que é que espera um espectador de um espectáculo de teatro universitário? O que ambiciona comunicar ao outro, no palco, um actor universitário ou um encenador? Que frutos indizíveis e intransmissíveis recolhe cada indivíduo confrontado com a experiência do teatro universitário e o que faz com eles? Talvez a capacidade que o teatro tem de transformar - sociedades, indivíduos, universos vários - seja um conceito pouco contemporâneo aos olhos dos especialistas. Talvez. Contudo, não é, de modo algum, propósito destas palavras entrar pelos campos eternamente mutáveis da academia. O teatro universitário, não nos cansamos de dizer, é um espaço de liberdade e de expressão pessoal, um momento único e irrepetível. Quem fez, ou faz, teatro universitário refere, também repetidamente, a possibilidade de transformação que este trouxe, e traz, às suas vidas. Um grupo de teatro universitário celebra 65 ou 75 anos de vida acumulando, história após história, memórias que são indissociáveis das vidas dos seus membros e da história do seu país. Os palcos do teatro universitário são, sem qualquer dúvida, lugares especiais. As palavras contidas num texto, transformadas em organismos vivos na voz de um actor universitário, podem estilhaçar até o coração do mais dormente espectador. As palavras saem a porta do teatro para a rua e ficam a latejar na cabeça enquanto este chega a casa, fecha a porta, pousa as chaves. Terei, também eu, subido ao palco esta noite? murmura. Talvez possamos também partir das palavras desta revista para outros espaços de transformação. Em No Foco e em Contributos para a história do teatro universitário assinalamos os aniversários de dois velhos senhores do teatro universitário português, TEUC e TUP, e de um dos mais recentes grupos de Lisboa, o Noster. No ano em que é criada a nova Universidade Lisboa, vamos também falar-lhe de teatro universitário na Universidade Técnica de Lisboa através das palavras dos encenadores do TUT e do GTIST. Em Ensaio, poderá ficar a saber um pouco mais sobre teatro comunitário, bem como conhecer um projecto recém-criado em torno da história oral dos grupos de teatro universitário. Terminamos este número com dois textos inéditos de Miguel Manso e Tiago Patrício, dois jovens autores nacionais. Deixe-se levar por estas páginas até outros lugares. Tal como no teatro universitário, a vida contida nestes textos é mais do “que o falar por falar”. Marisa Costa, Coordenação Editorial 1 Do poema A miséria das palavras, 1962 (Jorge de Sena, Antologia Poética, 2.ª ed., Porto: Asa, 2001) 4 No foco Gerações TEUC 75 anos de Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra 5 A primeira vez que o TEUC subiu ao palco foi em 27 de Julho de 1938. Pela mão do Professor Paulo Quintela - que esteve na direcção artística do TEUC durante os primeiros 30 anos - levou-se a cena Gil Vicente, com A Farsa de Inês Pereira, quadros do Auto da Lusitânia e da Farsa do Juíz da Beira e ainda, a Súplica de Cananeia. Numa fase mais inicial, o espectro de autores do TEUC era já bastante vasto e ia desde os autores do teatro clássico grego (Eurípides, Sófocles, Ésquilo), aos autores modernos (Techkov, García Lorca) ou, ainda, aos reconhecidos autores portugueses (Luís de Camões, José Régio, Miguel Torga ou Raúl Brandão). O 25 de Abril representou liberdade para o TEUC. Foi no pós-revolução que se deu voz a textos de intervenção como Portugal com P de Povo ou Arraia Miúda, se encenaram autores polémicos como Bertolt Brecht e se experimentaram novas formas de linguagem, com encenadores como José Oliveira Barata. As décadas de 80 e 90 foram marcadas por um forte experimentalismo e pela divulgação do teatro além-fronteiras. Dos encenadores que por lá passaram podemos referir Adolfo Gutkin, Ricardo Pais ou Rogério de Carvalho, entre outros, que levaram a cena autores contemporâneos de especial relevo, tais como Boris Vian, Marguerite Duras, Strindberg ou o nosso Jacinto Lucas Pires. Todos os que por lá passaram, fizeram-no com o espírito de desafio, com a vontade de marcar a diferença e de se deixarem marcar pelas experiências vividas. Funcionando numa lógica de quase “família”, continua a ser característica do TEUC promover e exaltar a criação e o espírito colectivos. Marcado por uma história recheada de acontecimentos e vivências únicas, não é por acaso que o TEUC é o mais antigo grupo de teatro do país e um dos mais antigos da Europa. Em homenagem ao Teatro dos Estudantes de Coimbra que celebra este ano 75 anos de existência, o FATAL decidiu recolher alguns testemunhos de pessoas que passaram pelo TEUC e que por isso são parte da sua história. É notória a emoção que povoa o testemunho dos Teuquianos que aqui nos deixam algumas palavras sobre a sua passagem/ aprendizagem no TEUC. Com um percurso bastante heterogéneo ao longo dos anos, o Teatro dos Estudantes é o resultado das pessoas que por lá passaram, os ditos estudantes, directores artísticos, encenadores, dramaturgos, que da sua história fazem parte. Do mais jovem, ao mais antigo Teuquiano, a proximidade e o carinho com que falam desta sua “escola” é uma realidade. Ágata Alencoão 1 © Arquivo TEUC Parece ser consensual a ideia de que o TEUC, mais do que um grupo de teatro é uma espécie de “escola” - como o próprio nome indica, é o Teatro dos Estudantes - é um lugar onde se ensina e aprende através da partilha de experiências de vida e de histórias. É o lugar onde tudo parece acontecer em prol de um amor maior, o amor pelo Teatro. © Arquivo TEUC No foco © Júlio Roldão 6 2 3 “TEUC, inscreve-te” Aprendi mais no Teatro dos Estudantes do que na Faculdade de Direito. Inscrevi-me no Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) no dia 4 de Novembro de 1971. As aulas do primeiro ano de Direito ainda não tinham começado e eu, a viver na solidão de um quarto arrendado, sem conhecer ninguém em Coimbra, vagueava pela faculdade quando descobri que esse grupo ensaiava numa sala da própria faculdade, impedido de o fazer nas instalações da Associação Académica, encerradas pelas autoridades. Na porta estava escrito “TEUC, inscreve-te” e, lá dentro, numa das paredes da sala de ensaios, uma frase inesquecível: “avalia-se um homem pela natureza dos factos que o aborrecem”. Lembro que as primeiras pessoas que lá conheci foram o João Vilar, a Guidinha e o Manuel Guerra. No dia seguinte escrevi um poema (mais uma contrafacção de poema do que um poema) a registar os sentimentos que me dominaram e uma observação parva e pretensiosa que proferi nesse meu primeiro dia de TEUC. Ainda em 1971, entrei na pantomima “Mel, Pastel e um Boneco de Papel”, que o Manuel Guerra repunha, e, no ano seguinte, com 18 anos, representei o papel de Woyzeck, na peça homónima de George Büchner, encenada por Julio Castronuovo. Em 1973 “morria” no Asno, peça encenada pelo Fernando Gusmão, sem perder o “nickname” Roldeck que me foi atribuído pelo João Seiça Neves, companheiro da República Ninho dos Matulões para onde entretanto me mudara. Fui dos poucos a manter-se no TEUC na transição do antes para o depois do 25 de Abril. Colaborei na peça de agitprop “Portugal com P de Povo”, onde assumi o papel de ilusionista Frank Cartucci (nome que sugeria o do embaixador dos EUA em Portugal, Frank Carlucci) e representei o papel de João das Regras na “Arraia Miúda”, peças encenadas por José de Oliveira Barata. Aprendi mais nas deslocações à Gulbenkian para angariar subsídios, ou na organização das Semanas Internacionais de Teatro Universitário, do que na Faculdade de Direito, cuja licenciatura nunca terminei. No TEUC fiz-me jornalista, profissão que exerci durante 28 anos, a opção mais próxima das artes performativas e do espectáculo para a qual me sentia com coragem. Júlio Roldão, Jornalista No TEUC entre 1971 e 1984; Sócio n.º512 do grupo Gerações TEUC © Arquivo TEUC 7 © Arquivo TEUC 4 6 A outra universidade Cheguei a Coimbra no Outono de 1971. Tinha 16 anos. Concluído o curso liceal, em Oeiras, cumpria agora o sonho de estudar na Universidade de Coimbra e de jogar futebol na Académica. Ainda não tinha arrumado as malas, na casa da Mariazinha, em Celas, e já estava dentro do movimento estudantil, aprendendo a lutar pela liberdade. Muitas vezes subi e desci os 125 degraus das escadas monumentais, entre o edifício da Matemática e o Bar Clepsidra. Daqui para o TEUC foi um passo. No primeiro ano, fiz um curso de formação teatral com um homem extraordinário, Julio Castronuovo. Levámos à cena o Woyzeck de Georg Büchner, cabendo-me o papel de Doutor. No ano seguinte, para além de ter integrado a Direcção do TEUC, trabalhei com um encenador que me marcou profundamente, Fernando Gusmão. A peça O asno de José Ruibal, como era normal, causou-nos diversos problemas com a Censura e não só. Nessa altura, já vivia no Solar 5 de Outubro, com os mil e trezentos escudos por mês que a Académica me dava. E a vida sucedia-se a um ritmo alucinante. A leitura de tudo, a literatura, a filosofia, os livros proibidos, a poesia com a Paula, as lutas estudantis, o futebol, os estudos (quase sempre em segundo plano) e, acima de tudo, o TEUC. No Verão de 1973, com 18 anos, regressei a Lisboa. Em Coimbra, pouco aprendi das matérias escolares (isso viria mais tarde), mas aprendi quase tudo o que a outra universidade me podia dar: a política, o teatro, a poesia, o amor, a liberdade, a amizade, a independência, a insubmissão. Foram dois anos decisivos da minha vida. E só não digo que foram os mais importantes porque logo a seguir veio Abril. António Nóvoa, Reitor da UL No TEUC entre 1971 e 1973 1 O TEUC no Porto, Abril de 1939 2 Diz Júlio Roldão, “a foto é fraca, mas é fruto da época - 1975, “Portugal com P de Povo”, uma peça de agitação e propaganda representada durante a campanha eleitoral para a Assembleia Constituinte. Foi apresentada dezanove vezes, em dezanove localidades diferentes, durante dezassete dias seguidos. Em certas localidades foi a primeira vez que se representou teatro. “Na foto Júlio Roldão, em primeiro plano, no papel de ilusionista Frank Cartucci, e Deolindo Leal Pessoa, na técnica. 3 Pinhal da Leiria, 14 de Março de 1939 4 A sapateira prodigiosa, de Lorca, 1965 5 Preparação de actores 1ª/2ª fase, com Adolfo Gutkin, 1980 6 O Passarinho Branco, 1979 7 Ensaios de De pequenino se torce o pepino, 1980 © Arquivo TEUC © Arquivo TEUC 5 7 8 No foco A História do Teatro marca-se no corpo Este ano faz 20 anos que entrei para o TEUC. Duas gerações depois da “geração Escola da Noite”, o TEUC parecia, na altura, uma sala vazia à espera de uma identidade qualquer. Depois de um curso de iniciação um pouco desorganizado (é a memória que tenho), a nossa inabilidade fez coisas. Estive no TEUC de 1993 a 1996 e fui actor, membro da direcção, assistente de encenação, técnico, fiz montagens e programas, tive intensas discussões e relações tumultuosas. Quando cheguei ao Porto em 1996, era um verdadeiro profissional de teatro. Muito se fala do teatro universitário como escola mas, hoje em dia, conhecendo as escolas de teatro, discordo violentamente dessa ideia. As escolas de teatro às vezes parecem-me um concurso de talentos, mais ou menos local. O teatro universitário é um genuíno concerto de garagem onde se toca, dança, se dá beijos e onde um ou outro cromo faz o seu número artístico. Há qualquer coisa de mais pessoal e intransmissível, menos pretensioso e muito mais iniciático. O nosso corpo inicia-se numa espécie de amor por qualquer coisa que queremos, mas cujo papel na nossa vida não sabemos qual será - só a história subsequente confirmará essa impressão, essa marcação no corpo. O teatro universitário tem o seu tempo na nossa vida, é um namoro de faculdade. Há uns anos atrás, num dia comemorativo do TEUC, almoçámos - umas dezenas de ‘antigos alunos’ - e, ao serão, fomos ver uma Oresteia do Rogério de Carvalho protagonizada por um rapaz tenso e magro, no palco escuro e quase vazio do TAGV [Teatro Académico Gil Vicente]. Achei que estava a ver a nossa Antígona de 1995. Nunca me tinha visto em palco, com 20 anos, tenso e magro. Depois havia festa de garagem no Teatro de Bolso e lá estava ele a conversar no meio das euménides. Nesse momento, confirmei que a história do teatro se faz dessas marcações no corpo, geneticamente adquiridas por seres que habitam as mesmas salas, mesmo em tempos diferentes e até sem nunca se conhecerem ou cruzarem. Às vezes são simples saudades do nosso namoro de faculdade, outras vezes é para a vida toda.” João Pedro Vaz, actor e encenador No TEUC entre 1993 e 1996 “os conhecimentos que ganhei da minha passagem pelo T.E.U.C. são insubstituíveis” Estive no Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra, num curto mas cheio período, de 1997 a 1999. Posso dizer que foi fundamental partir dum colectivo onde todos mandavam. Não acredito na democracia Gerações TEUC 9 mansa na arte, (sendo que existe uma assembleia no T.E.U.C.) mas acredito e tenho, até, alguma saudade desse poder de pessoas totalmente distintas e totalmente empenhadas em fazer daquele momento um dos melhores das suas vidas, emprestando a sua vitalidade e esforços a todos por todos. No meu percurso artístico, os conhecimentos que ganhei da minha passagem pelo T.E.U.C. são insubstituíveis. No meu caso, foi muito importante ter trabalhado no T.E.U.C. com o João Grosso, a quem devo o domínio da voz, com o José Neves e o Manuel Sardinha, cujos espectáculos levaram ao primeiro convite de trabalho profissional que tive, com a ilustradora Teresa Amaral, com quem tendo a partilhar as minhas criações e, sobretudo, com o Rogério de Carvalho, prémio da crítica 2012 (Associação Portuguesa de Críticos de Teatro), prémio Almada, entre outros, a quem devo a decisão de escolher ser actriz. Tive ainda a oportunidade de trabalhar na área de documentação, onde tive acesso aberto à História do T.E.U.C.: a sua fundação, as tentativas para encontrar financiamento (normalmente, eram familiares, ou amigos comerciantes, que se tornavam no que poderíamos hoje chamar de mecenas), as proezas retóricas para que algumas peças passassem pela censura ou para que conseguissem trabalhar com determinado encenador, as discussões e redefinições estéticas (destacando o momento da formação de outro grupo de teatro universitário, o CITAC, por um núcleo de pessoas dissidentes do TEUC), o pós 25 de Abril (cujo primeiro espectáculo creio, chamava-se Portugal com P de Povo), os anos 80 e 90 e o nascer de jovens artistas que, ou foram membros, ou iniciaram as suas criações neste grupo e que constituem, hoje, figuras de relevância no panorama teatral português (José Neves, António Augusto Barros, Lígia Roque, Paulo Castro, o grupo A Escola da Noite, João Pedro Vaz, José Luis Ferreira, o grupo Teatrão, etc.) até chegar à minha geração Nirvana, nascida a 1997. Tudo o que me importa no teatro é aquilo que opera transformação. Espero que daqui a 25 anos ainda esteja cá e assista aos 100 anos dum T.E.U.C., diferente do de hoje (como o de hoje é diferente do meu tempo), herdeiro de gentes que fizeram da História do T.E.U.C. parte da História do nosso país. Paula Garcia, actriz No TEUC entre 1997 e 1998 8 Narrativa Fidedigna da grande catástrofe (2010) 9 Popo (2009) 10 VoschVusch, um bosque em marcha (2012) 10 © Hélio Neto 9 © Tiago Froufe © Ricardo Basílio 8 10 No foco “Uma escola sem propinas” Foi em 2000 que descobri que queria ser actriz. Enquanto muitos fugiam para brincar, eu fugia para fazer Teatro às escondidas. Em 2004 saí de Pombal, com apenas 17 anos, e cheguei a Coimbra para ingressar no Ensino Superior. No dia 7 de Novembro de 2005 (é impossível esquecer a data) a minha paixão de adolescente pelos palcos levoume ao Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, a minha verdadeira escola, onde continuei - às escondidas – a representar. Ali trabalhei com Ludger Lamers, Vvoitek Ziemilski, Maria do Céu Ribeiro, Andrzej Kowalski, Gil Alon, Nicolau Antunes, Ricardo Correia, Pedro Malacas, António Durães e Rogério de Carvalho. Aprendi a respeitar os outros e, principalmente, a conhecer-me e a respeitar-me. Passei noites em claro na sala de direcção envolta em facturas, descobri uma história com mais de 70 anos e sorri muitas vezes. Fui actriz, produtora e tesoureira. Tesoureira… Descobri novas paixões. Porque Teatro não é feito só de Teatro. Quando cheguei ao Porto, em 2009, a profissão de produtora de audiovisuais obrigou-me a recorrer a todos os conhecimentos que tinha adquirido no TEUC. A importância tão vincada da elocução, da dicção e clareza na voz ajudou-me no trabalho como locutora. A licenciatura em Comunicação Social deu-me o estatuto, mas o TEUC deu-me todas as faculdades necessárias ao meu desempenho. Uma escola sem propinas, em que apliquei toda a minha dedicação. Em troca, recebi amigos que guardo para sempre e uma formação que dinheiro nenhum pagaria. O Teatro Universitário é uma importante rampa de lançamento para o Teatro profissional. Muitos teuquianos são, hoje, actores profissionais. Recordo-me do José Neves, João Pedro Vaz, António Mortágua e muitos outros. Eu nunca mais deixei o Teatro; não é a minha profissão, mas continua a ser a minha escola. No TEUC, descobri como é fácil ser feliz. Hoje é dia 27 de Março de 2013, aqui no Porto. É dia Mundial do Teatro também. E neste dia penso sempre em ti. Obrigada e parabéns a todos os que, tal como eu, construíram estes 75 anos de História. “Pelo Teatro é que vamos!” Marlise Gaspar No TEUC entre 2005 e 2009 “Espaço sacramental de iniciação à arte de representar” Entre mim e o teatro não há uma relação de causa/ efeito. É um autêntico caos. É nessa situação que chego ao TEUC, a convite da sua direcção para dirigir e preparar um trabalho sobre Strindberg: O Sonho. O ambiente e a atmosfera eram de grande entusiamo, existindo uma espécie de reciprocidade criativa. O TEUC gozava, nessa altura, de uma situação privilegiada no teatro universitário, nomeadamente, no que aos textos clássicos diz respeito, uma vez que existia uma herança cultural muito forte. A minha passagem pelo TEUC foi marcada não só por essa herança, mas também pelos propósitos criativos que o TEUC respirava. A minha passagem pelo TEUC foi uma etapa marcante, em termos de experiência e abordagem de grandes textos: Strindberg, Gil Vicente, Sófocles, Ésquilo, Tchekhov, Peter Handke. O TEUC proporcionou-me uma abordagem em relação ao teatro universitário, na sua vertente humana, política, social, no sentido de uma descoberta de um estado de pureza. A pureza de fazermos Teatro. Não havia dúvidas de que o teatro era um acto criativo simples ou complexo, dependendo dos intervenientes. Éramos ambiciosos e sonhadores. Por vezes, era arrepiante a exigência de uma perfeição, sem condições à priori. Ainda assim, foi uma época despretensiosa. Foi uma aventura alicerçada em esperanças de que o teatro universitário estaria fortemente empenhado em construir um modo de ver o futuro. Havia a descoberta de vocações, [estávamos] disponíveis para o sacrifício. Espaço sacramental de iniciação à arte de representar. Uma vontade de descoberta, um modo criativo em relação à vida e ao conhecimento, uma comunhão na transformação dos nossos saberes teatrais. Plasticidade, ingenuidade nos trabalhos preparatórios. Demorávamos meses a construir um espectáculo. A passagem do tempo não sentíamos, mas a estreia, sim. A sala a abarrotar de espectadores... E os aniversários do TEUC? Verdadeiros testemunhos do peso dos que ao TEUC já tinham pertencido (tais como actores, dirigentes, técnicos, etc.). Os espectáculos em que colaborei como encenador foram: O Sonho, de Strindberg, O Auto da Índia, de Gil Vicente, Antígona, de Sófocles, Platonov, de Tchekhov, O Tio Vânia, de Tchekhov e Oresteia, de Ésquilo. Gerações TEUC O TEUC foi uma parte da minha iniciação e testemunho o meu reconhecimento e gratidão. Rogério de Carvalho, encenador No TEUC entre 1987 e 2000 “Pelo Teatro é que vamos” Acabada de chegar a Coimbra, a busca incessante era pelo teatro. Onde posso aprender, onde estão grupos que abram as suas portas a quem, como eu, vem sedenta de aprender a arte teatral? Indicaram-me a Associação Académica de Coimbra, mais precisamente o TEUC. Lá fui, curiosa, em busca deste grupo histórico do qual pouco sabia. Bati na porta da Direcção, depois de ver que o curso de iniciação estava com inscrições abertas, fui recebida com uma ficha de inscrição, a qual preenchi já com um nervoso miudinho. Enchi-me de coragem e preparei a audição. Depois de a fazer, o coração não cabia no peito com a expectativa de saber se tinha ou não sido aceite. Quando me ligaram a dizer que iria começar a formação daí a poucos dias, não cabia em mim de tanta felicidade. Foi durante o curso de formação que comecei a saber um pouco mais sobre este organismo, a reconhecer o seu valor, e o valor de cada um que dedicava a sua vida a mantê-lo activo. O TEUC revelou-se muito mais que uma escola de teatro em todas as suas vertentes. Perceber o mundo em que se entra e as suas dinâmicas, desde o trabalho de actor, à técnica, produção, cenografia, grafismo, direcção, contacto com outras entidades, enriquece-nos aos mais variados níveis. É uma escola para a vida. Integrar o TEUC, conhecer a sua história, conhecer quem por lá passou, mergulhar nesse mundo, abrir as portas aos vindouros e vê-los serem “o TEUC” cada geração, é uma experiência indiscritível, uma vez TEUC, sempre TEUC. “Pelo Teatro é que vamos”. Rafaela Bidarra No TEUC desde 2008 “ainda vivo o teatro universitário” Desde que comecei o percurso académico mudei três vezes de Universidade, em três cidades diferentes. Parecia que não encaixava em parte alguma. Quando entrei no curso 11 de Estudos Artísticos em Coimbra ainda não sabia da existência do TEUC e mesmo quando fui fazer as audições não estava completamente convencida se era finalmente aquilo que queria, mas a experiência do teatro arrebatoume imediatamente; foi o que me reteve em Coimbra. Dediquei-me mais ao TEUC do que à licenciatura, não o digo com orgulho, mas, de repente, estava implicada até aos cabelos em todos os assuntos, desde os administrativos, aos de produção e, claro, como actriz. Recordo-me de uma conversa que tive com um amigo Citaquiano da década de 90, que, depois de me ouvir falar de problemas e questões relacionadas com o TEUC, me disse: “É bom ver alguém que ainda vibra realmente com o teatro universitário”. O que a mim me pareceu uma crítica tornou-se num elogio, porque a verdade é que, de facto, ainda vivo e respiro o teatro universitário. Hoje em dia luto com o corte do cordão umbilical com o TEUC, mas surge sempre mais alguma tarefa na qual tenho mesmo de colaborar e por isso ainda hoje estou envolvida com a preparação das comemorações dos 75 anos. Actualmente, nos projectos profissionais que vou desenvolvendo - encontro-me nos Açores a preparar um espectáculo para a XV Semana Cultural da Universidade de Coimbra, com um encenador com quem trabalhei no TEUC - o TEUC continua a ser um apoio com o qual posso contar. Posso dizer que este foi o meu espaço profissionalizante, de contacto com o mundo profissional. Custa-me ver que várias pessoas que tiveram um papel fundamental na contínua construção e sobrevivência deste organismo tendem a cair no esquecimento, porque a renovação humana acontece muito rapidamente (de dois em dois anos entram pessoas novas e as anteriores partem para as suas vidas). E, por isso, aqui deixo o meu reconhecimento a todas essas pessoas que fizeram e fazem o TEUC. Mais do que tudo, aqueles que aqui conheci tornaram-se os meus melhores amigos. Tivemos que crescer e descobrir juntos como manter, dignamente, a instituição viva e activa. E, enquanto jovens inexperientes, essa foi uma vitória. Parabéns TEUC. c Marta Félix, actriz No TEUC desde 2009 12 Histórias do Teatro Universitário Português CONTRIBUTOS PARA A HISTÓRIA DO TEATRO UNIVERSITÁRIO PORTUGUÊS Em 2013, celebramos o 65.º aniversário do TUP - Teatro Universitário do Porto, um dos mais antigos grupos de teatro universitário do país. Através das palavras do grupo, faremos uma viagem breve a mais de seis décadas de história a fazer teatro, habitadas por muitos actores, encenadores, autores. Um percurso feito de persistência e dedicação. Um “espaço de criação privilegiado” que ultrapassa as fronteiras da sua cidade. 13 Celebramos, também, os 15 anos de um dos mais recentes colectivos nacionais, o Noster, grupo da Universidade Católica (Lisboa) nascido quase no final da década de 90. Joana Liberal, responsável pelo grupo, conta-nos como têm sido os primeiros anos de vida do Noster: os desafios da criação de um grupo de teatro universitário, a paixão pelo Teatro e a vontade, inabalável, de prosseguir num caminho preenchido com muita dedicação e muitas histórias. © Ana Banha Parabéns aos dois pelos seus percursos. Histórias do Teatro Universitário Português 65 anos de tup Por TUP - Teatro Universitário do Porto O TUP, Teatro Universitário do Porto, tem 65 anos. E 65 anos é muita história para contar em tão pouco espaço. São muitos encenadores e formadores, cenógrafos, figurinistas e desenhadores de luz para nomear, porque todos foram vitais para o crescimento do TUP, uma casa que ensina a quem lá passa coisas do teatro. Todos eles, professores de alguma dessas coisas e que ensinaram 65 anos de pessoas a fazer teatro. Algumas dessas pessoas são, hoje, reconhecidos nomes do meio teatral português e orgulhamo-nos de que o seu início tenha sido aqui, no TUP. E por isso mesmo seria injusto e incompleto falar em nomes. Todos eles foram importantes e todos são lembrados da mesma forma. 1 65 anos são muitos espectáculos. E já não há como perguntar sobre a importância deste ou aquele em particular. Foram importantes, sempre, porque foram feitos com o coração, sem nenhum outro objectivo que não o de fazer teatro. Foram desafiantes, uns mais do que outros, sem dúvida. Procuraram coisas novas, formas novas, linguagens novas, mundos novos, uns mais do que outros, claro. Mas foram todos, e são todos ainda hoje, o nosso património, histórico e emocional, impossível de ser seccionado ou sublinhado. Como nenhum outro grupo com 65 anos de teatro conseguiria fazer. © Ana Banha 14 2 O Teatro Universitário do Porto no Porto tem o peso de ter sido o primeiro. De ter aberto as portas a quem queria fazer teatro e de ter dado a vontade de o continuar a fazer para sempre. Tem a responsabilidade de ter sido contra-cultura, de ter sido político quando não o podia ser, de ter rasgado com convenções e de ter tentado sempre ir mais longe do que era adquirido. Sentimos, hoje em dia, o papel do TUP da mesma forma. Sentimos que temos de continuar a procurar coisas novas, linguagens diferentes e a evitar a todo o custo o conformismo. Por isso mesmo voltámos a apostar em dramaturgias originais, construídas pelos nossos actores e encenadores, que falem de coisas nossas, pessoais e transmissíveis; voltámos a ser autores e encenadores dos nossos espectáculos, porque o podemos e devemos fazer. Porque temos consciência de que existimos num espaço de criação privilegiado, habitado por pessoas com ideias válidas e com uma paixão pela criação da qual que não se pode desviar os olhos. 15 © T. Mota Contributos para a História do Teatro Universitário Português Por tudo isto, e porque somos curiosos, recuperámos recentemente o Concurso de Textos Teatrais do TUP e também por isso temos apoiado grupos emergentes da cena teatral portuense com o nosso espaço de apresentação e material técnico - ingredientes que, no panorama actual, valem mais do que qualquer apoio financeiro. Nesse mesmo panorama somos importantes porque produzimos cultura e porque somos agentes culturais da cidade do Porto e não só da sua Universidade. É de todos, o nosso edifício. Mas um edifício que está doente e que ameaça constantemente interromper o nosso trabalho. Uma infra-estrutura que é vital à nossa sobrevivência e que, por carecer de uma decisão reitoral, deixa que nos chova em cima. Mal sabem os espectadores, sentados na sala de espectáculos que inventámos, que no tecto por cima deles existe um chão coberto por plásticos e baldes. Mal sabem, também, do material destruído pela chuva, dos ensaios cancelados e dos figurinos encharcados a caminho de um festival. Mal sabem os nossos espectadores da falta de reconhecimento da nossa reitoria. Reconhecimento do nosso trabalho, dos prémios conquistados também em seu nome e das dificuldades que atravessamos todos os dias. E esta é, sem dúvida, a nossa maior dificuldade. De que forma podemos provar a quem nos apoia que somos importantes e que o nosso trabalho é meritório e que não basta o apoio financeiro para nos sentirmos amparados e reconhecidos? Os obstáculos incomodam, e a nós diariamente. Mas, no final, tornamse insignificantes sempre que iniciamos um novo projecto ou que abrimos a porta a um novo curso de interpretação ou que estreamos mais um espectáculo. Nesses momentos, esquecemo-nos de tudo e só nos lembramos, com paixão, de que estamos num novo ano de actividade do Teatro Universitário do Porto. E são já 65. 65 anos de Teatro. c 1. Sonho de uma noite de verão (TUP) 2 . Sonho de uma noite de verão (TUP) Histórias do Teatro Universitário Português 15.º Aniversário NOSTER Grupo de Teatro da Universidade Católica Portuguesa, Lisboa Entre caos e Cristo Por Joana Liberal, responsável pelo NOSTER 1 © Todos os direitos reservados 16 Contributos para a História do Teatro Universitário Português No ano lectivo de 1997/98 entrei para o curso de Direito da Universidade Católica. Direito não era a minha escolha. Eu queria estudar teatro, mas essa opção não me foi permitida pelo normal receio que os pais têm da instabilidade das profissões artísticas. Logo no primeiro dia de aulas, fui saber se existia um grupo de teatro na Católica. Não existia, nem havia memória de ter existido! Nos dez anos anteriores, disseram-me, teriam sido feitas duas ou três tentativas de grupos, mas de nenhuma delas tinha resultado um único espectáculo ou qualquer actividade visível. Restava-me, então, a alternativa de tentar formar um grupo de teatro numa Universidade em que não havia qualquer tradição nessa área. Encontrei três colegas, a Márcia Grosso, o Pedro Emídio e o Telmo Semião, dispostos a participar no projecto. E “eu” passou a ser “nós”, princípio fundamental para haver grupo! Passámos a ser NOSTER, um nome no plural e com marca católica, porque o elegemos ao ouvir o coro ensaiar o PATER NOSTER. A Reitoria da UCP reconheceu-nos, oficialmente, a 29 de Novembro de 1998. Rapidamente se juntaram a nós alunos dos cursos de Comunicação Social, Serviço Social e Gestão. Os nossos primeiros espectáculos foram pequenas encenações integradas em eventos da Universidade. Os textos eram originais de elementos do grupo, porque o NOSTER nasceu com o objectivo de criar espectáculos a partir de textos próprios. Em 1999, apresentámos A hora que não existe, o primeiro espectáculo a solo com texto original. por um profissional de teatro, o A. Branco, que ainda hoje trabalha connosco e a quem estamos muito gratos. Depois continuámos, sempre tendo de superar inúmeros obstáculos. Éramos olhados na Universidade com alguma desconfiança, éramos “os do teatro” que desarrumam e sujam salas e que estragam coisas. Não sei porquê, pois, na verdade, tudo o que desarrumámos, voltámos a arrumar; tudo o que sujámos, limpámos e nunca estragámos nada! Mas a nossa fama de desarrumar, sujar e estragar ainda hoje persiste! Mesmo depois de eu ter passado para o lado dos professores! Talvez nunca consigamos pôr fim a esta fama de portadores do caos. Felizmente, tem havido sempre quem interceda por nós (obrigada Dr.ª Cristina Vilela por tantos anos de cumplicidade!). É momento mais que oportuno para agradecer a todos os que participaram em NOSTER, em especial aos que comigo foram sucessivamente suportando a estrutura: a Sílvia Balancho, a Rita Bicho, o Romeu Nascimento, a Mercêdes Rebelo e, agora, a Isabel Teles de Menezes. Impõe-se também agradecer a todos os que se interessam pelo nosso trabalho e que nos vêm ver. Felizmente são muitos! A nível externo, ganhámos, também, outra fama: a de sermos o grupo que só fazia espectáculos sobre Jesus. Na verdade, nunca tínhamos feito nenhum! Mas essa fama, quisemos honrá-la e, em 2005, produzimos, para o Congresso Internacional da Nova Evangelização, o espectáculo PRIMVS INTER PARES, efectivamente sobre Jesus! Foi também o nosso primeiro espectáculo encenado Porque os recursos eram poucos e tínhamos de responder às solicitações internas, só em 2007, quando o grupo cresceu, conseguimos começar a ter mais visibilidade externa, participando no FLAE - Festival Lusíada de Artes de Espectáculo com O mundo inteiro e fazendo algumas representações desse mesmo espectáculo fora da Universidade. Alguns outros espectáculos estiveram em digressão tais como, em 2008, A Severa e, em 2009, Habeas Corpus, sobre a vida de São Paulo (para manter a fama dos espectáculos sobre Jesus!). Em 2010, participámos no Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior com Éramos alguns e um coro. Em 2011, entendemos ser altura de fazer um espectáculo a partir de um texto que não fosse nosso. Pareceu-nos bem escolher um clássico dos clássicos: Romeu e Julieta de William Shakespeare. Foi o espectáculo com mais intérpretes: 21 pessoas em palco, sendo que as personagens eram todas interpretadas por elementos femininos e os elementos masculinos faziam uma espécie de coro. Agora, em 2013, estamos pela primeira vez no FATAL com um texto sobre os Direitos Fundamentais (ou a falta deles), o que faz sentido porque, afinal, o grupo foi criado por alunos de Direito, e no dia 13 de Maio, um dia particular para os católicos portugueses. Ao longo destes quase 15 anos, além de uma grande evolução ao nível do teatro, NOSTER tem ajudado muitos alunos a superarem dificuldades académicas e mesmo pessoais, bem como a estreitarem a ligação à Universidade e a sentirem-se mais parte dela. É disso que mais nos orgulhamos. Foi por isso que sempre continuámos! É por isso que, apesar das dificuldades actuais, não desistimos! c 1 Espectáculo O Mundo Inteiro (2007) 17 18 Cenários TUT e GTIST, duas histórias de Teatro Universitário na Universidade Técnica de Lisboa por Nádia Sales Grade 2013, ano de mudança, é, também, o ano em que se concretiza a fusão de duas grandes universidades em Portugal, Universidade de Lisboa e Universidade Técnica de Lisboa, tornando a nova Universidade de Lisboa na maior do país e, sem dúvida, numa das maiores instituições de ensino universitário na Europa. Mas deixemos os números de lado. A Universidade de Lisboa ganha sobretudo uma maior diversidade em termos humanos, de história e de conhecimento. Os institutos e faculdades, hoje integrados numa mesma universidade, trazem com eles saber, culturas, formas de estar e mentalidades mutantes que enriquecem o dia-a-dia de todos os que participam na formação de um estudante universitário. © Todos os direitos reservados 19 1 2 © Tânia Araújo Em conversa com os encenadores destes dois grupos de teatro, descobrimos os trabalhos que desenvolvem actualmente, o que pensam sobre a sua história e o que gostariam de ver no futuro dos seus grupos que consideram ser espaços insubstituíveis de formação complementar, tornando os nossos estudantes mais humanos, criativos e sobretudo mais preparados para enfrentar a vida profissional. © Todos os direitos reservados Reflectindo estas realidades com uma autenticidade inequívoca, o teatro universitário tem sido, ao longo da sua história, um verdadeiro cristalizador de valores essenciais ao ambiente universitário como a liberdade, a criatividade e a capacitação da expressão do indivíduo no seio de um grupo. E a prová-lo estão os dois grupos de teatro universitário da Universidade Técnica de Lisboa: o Grupo de Teatro da Universidade Técnica de Lisboa (TUT), exemplo de um grupo de teatro que reúne estudantes de faculdades e ramos de estudo distintos, e o Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico (GTIST), conhecido sobretudo pela sua linha estética mais experimental e provocadora. 1 Nicolas Brites 3 2 Júlio Martín da Fonseca 3 Aniquila, GTIST (2008), encenação: Susana Vidal 20 Cenários 2 1 . Comédia de Insectos, TUT (2011), encenação: Júlio Martín da Fonseca 2 e 3 . Antígonas, TUT (2012), encenação: Júlio Martín da Fonseca 3 © Todos os direitos reservados TUT e GTIST, duas histórias de Teatro Universitário na UTL 1 quem tornou possível a criação do TUT pois considerava fundamental fomentar a cultura humanística numa universidade onde se ensinava principalmente “técnica”. Porque será tão difícil contar a história dos grupos de teatro universitário? Júlio Martin da Fonseca, actual encenador do TUT, lamenta não ter sido possível criar ao longo dos tempos um verdadeiro arquivo para a história do grupo. “Há coisas que se foram perdendo por não termos tido capacidade para arquivar a história do TUT em condições, não tínhamos uma sala fixa onde guardar o equipamento ou os figurinos, perdemos mesmo muita coisa. A memória dos grupos de teatro universitário tem que ser valorizada, mas é preciso criar condições para que isso aconteça.” O mesmo se sente no GTIST que só consegue contar a sua história com detalhe a partir de 1992. Nicolas Brites, que se estreia este ano como encenador do GTIST, sente que absorveu toda a filosofia do grupo por ter tido a experiência de ser formador do Grupo de Expressão Dramática ao longo de cinco anos. Foi no contacto com outros formadores, como Gonçalo Amorim, e com outros encenadores do grupo, como Susana Vidal, que incorporou o legado histórico do GTIST. Os estudantes são a própria história do teatro universitário Longas histórias de vida difíceis de contar Com 50 anos assinalados em 2010, o GTIST nasceu em 1960 e manteve-se activo até 1971, no entanto, pouco se sabe sobre a sua história na sua primeira década de existência. O grupo retomou a actividade de criação de espectáculos em 1992 e, poucos anos depois, complementou a sua actividade com a criação do Grupo de Expressão Dramática, o curso de formação em teatro, obrigatório para os estudantes que, mais tarde, queiram ingressar no GTIST. Já o TUT festejou 30 anos em 2011, quando a Universidade Técnica de Lisboa festejava o seu 50.º aniversário e o fundador e encenador do grupo, Jorge Listopad, festejava 90. Nesta data, o TUT reuniu no seu “Boletim” a sua história mas com a sensação de que muitos pequenos detalhes do seu percurso estão, de alguma forma, perdidos para sempre. Foi o então Reitor da Universidade Técnica de Lisboa, Professor Doutor Eduardo Arantes e Oliveira, Quem, na verdade, faz a história dos grupos de teatro universitário são os próprios estudantes que neles participam e que através deles se transformam. Os encenadores do TUT e do GTIST confirmam que é na riqueza humana que assenta a essência do grupo e que o que têm de mais valioso são as pessoas. “A fusão sempre aconteceu no TUT, pois sempre aceitámos todos os estudantes de todas as áreas, incluindo estudantes de fora da universidade que quiseram integrar o grupo. Eu próprio formei-me na Faculdade de Farmácia”, afirma Júlio Martín. O TUT é, na verdade, um grupo de excepção, pois os grupos de teatro universitário associam-se, geralmente, a uma faculdade em particular mas, no caso do TUT, o grupo está associado a toda a universidade. “Integramos alunos e professores de várias áreas e nacionalidades, temos muitos alunos Erasmus no TUT que encontram aqui um espaço para aperfeiçoar o português”. Pelo grupo já passaram mais de 600 pessoas que, em parte, 21 22 Cenários compõem o público que assiste aos espectáculos. “Temos um público muito diversificado, entre os “tutianos”, os filhos dos “tutianos”, que também participaram no grupo, e um público regular que considera o nosso trabalho ao nível do teatro profissional.” Este ano o TUT conta com 30 elementos, tal como acontece no GTIST, que junta várias gerações que continuam a contribuir para a criação das peças de mais variadas formas. “Convidamos os “antigos” para virem assistir aos ensaios e darem a sua opinião sobre o que estamos a construir”, diz Nicolas Brites, referindo ainda que se criam grandes amizades entre os estudantes fomentadas com encontros fora dos ensaios para assistir a espectáculos ou, inclusive, para ir à praia. “Queremos retirar o melhor que cada pessoa tem. Os estudantes frequentam o Grupo de Expressão Dramática e, no GTIST, podem participar enquanto actores, produtores, técnicos, etc.” Também no GTIST, é vasta a diversidade de áreas de onde provêm os estudantes, pois qualquer pessoa com mais de 16 anos pode frequentar o Grupo de Expressão Dramática. O presente e o futuro Os dois grupos, que agora se juntam aos grupos de teatro actualmente existentes na Universidade de Lisboa, têm ambos um objectivo principal: contribuir para a formação humanística e cultural dos estudantes universitários, desenvolvendo as suas capacidades criativas e de expressão através do teatro e de outras disciplinas complementares. O processo criativo está no centro das preocupações dos dois encenadores. querem realmente comunicar aos outros no contexto em que vivemos” através da transgressão de regras tidas como obrigatórias no teatro como, por exemplo, estar de frente para o espectador. “Os nossos actores vão estar de costas e só se viram para o público se tiverem mesmo algo de importante para dizer”. Após a participação no FATAL 2013, o TUT e o GTIST esperam que, no contexto da nova Universidade de Lisboa, seja ainda mais reconhecido o papel do teatro universitário. “O TUT formalizou-se como associação e os estudantes da Universidade Técnica de Lisboa podem incluir o teatro universitário no seu diploma de estudos, mas o teatro universitário continua a carecer de melhores condições, seria muito importante que os grupos tivessem salas de apresentação de espectáculos cedidas pelas universidades para poderem ter uma programação regular.” É o que deseja Julio Martín para o futuro do TUT, que costuma apresentar os seus espectáculos no Palácio Burnay. Já o GTIST, que agradece ao Instituto Superior Técnico por poder apresentar os espectáculos no Salão Nobre da instituição, gostava de poder contar com um apoio financeiro que garantisse o salário do encenador, tal como acontece com os treinadores de desporto que são remunerados através da Federação Académica do Desporto Universitário. Não existindo uma federação de teatro universitário que possa fazer o mesmo pelos encenadores, resta ao grupo procurar apoios como sempre tem feito. Com estes desejos, o TUT e o GTIST têm, sobretudo, esperança que o contexto de fusão das universidades traga uma nova oportunidade ao teatro universitário ao nível do reconhecimento da sua importância enquanto formação complementar do estudante universitário. c “Este ano vamos apresentar pela primeira vez uma peça no FATAL” diz Julio Martin, referindo-se à peça Antígonas, a partir de Sófocles, Jean Anouilh, Bertolt Brecht e Maria Zambrano, estreada em 2012 e que se apresenta em 2013 com um novo elenco. “Valorizo o trabalho de actor, o autoconhecimento, a formação cultural e artística que nos complementa na nossa vida profissional”. Já o GTIST vai apresentar no FATAL o espectáculo Zona, a partir de textos de diversos autores e dos próprios estudantes. Com um lado performativo, cada espectáculo será diferente, pois os estudantes vão improvisar partes do mesmo em cada apresentação. Em Zona, os estudantes estão a aprofundar, como explica Nicolas Brites “o que 7 TUT e GTIST, duas histórias de Teatro Universitário na UTL 23 © Sofia Quintas 2 5 4 © Maria Albuquerque 3 © Sofia Quintas 1 1 O lhos desfiados, GTIST (2004), encenação: Susana Vidal 2 A niquila, GTIST (2008), encenação: Susana Vidal, foto: Maria Albuquerque 3 Escândalo, GTIST (2006), encenação: Susana Vidal, foto: Sofia Quintas 4 I ntervalo para Dançar, GTIST (2010), encenação: Gustavo Vicente 5 Arranca Corações, GTIST (2007), encenação: Susana Vidal, foto: Sofia Quintas 6 6 Agora o Monstro, GTIST (2009), encenação: Gustavo Vicente 7 Zona, GTIST (2012), encenação: Nicolas Brites Ensaio Teatro comunitário João Ferrador, professor de expressão dramática, actor e encenador “ O teatro não é uma matéria que se aprende mas uma experiência que se vive” Peter Brook © Manuel Pata 24 25 O teatro comunitário é feito por, com e para uma comunidade onde o indivíduo/grupo está no centro do processo de trabalho, sem exibicionismo. É um espaço de partilha de saberes, com luz, neste cinzento inverno prolongado, onde chegam os não Actores com as mais diversas motivações. Vêm de áreas e níveis sociais distintos, têm diferentes nacionalidades, e um conhecimento díspar da prática teatral, mas todos com uma vontade muito própria: fazer teatro. A produção com poucos recursos não espera pelas condições ideais, tem de reinventar-se constantemente. Necessita de adaptar-se, primeiro, a cada grupo de pessoas/comunidade, e, em segundo, às condições técnicas e a cada novo espaço de apresentação, o que muitas vezes acontece em cima da hora. As dificuldades financeiras associadas contribuem, também, para o apelo à imaginação, à criatividade e ao empenho de todos os elementos. Qualquer projecto de teatro comunitário desenvolvese a partir desse estado de paixão pelo teatro, primeiro singular e individual, e depois plural e colectivo. Trabalha com o indivíduo a consciência individualista em que as preocupações sociais são praticamente inexistentes. A formação teatral e a prática frequente de assistir a espectáculos profissionais desenvolvem nos Actores do teatro comunitário uma consciência crítica, passam a ser “agentes culturais” de intervenção nas suas famílias, grupos de amigos, nas pequenas comunidades e redes sociais de cada um. A produção teatral pontual não gera público, e este é um dos campos de intervenção do teatro comunitário que não se fecha sobre si próprio como muitas vezes acontece no teatro amador. O contacto regular com espectáculos profissionais cria um hábito no Actor comunitário, e este irá passá-lo ao seu grupo e à sua comunidade, introduzindo profundas mudanças. Não se reconhece como escola de Actores, trabalha com o essencial e exclui o excessivo com responsabilidade, empenho e rigor. É um espaço onde o indivíduo pode estar sozinho e concentrado em si próprio, estabelecendo relações entre a consciência e a realidade, entre o corpo e a mente, a memória e as emoções. O Actor comunitário aprende a funcionar como grupo, habitua-se a tomar decisões, a dar a sua opinião, a ser criativo, a desenvolver e a defender ideias, a sair do “confortável”, a arriscar e a vencer medos. Primeiro no espaço fictício, e, depois, no campo alargado da sua vida pessoal e profissional. É extraordinário ver o desenvolvimento individual e do grupo, depois de algumas sessões com jogos teatrais. Cada grupo tem uma preocupação ou mensagem diferentes e, consequentemente, gera um projecto diferente, aspecto bastante estimulante e desafiador para o profissional que coordena o projecto e que assegura o rigor no trabalho. Mais importante do que o espectáculo final é o processo de trabalho; o espectáculo é uma mostra do processo. É importante para os elementos do teatro comunitário experienciarem a montagem de um espectáculo, dando a devida importância, se necessário, às áreas de produção, cenografia, som, iluminação e vídeo, para além da interpretação. Numa perspectiva de aproximação da produção cultural ao público, deve ser incentivada e ponderada a inclusão de grupos ou indivíduos com trabalho artístico na comunidade na produção teatral, tais como filarmónicas, grupos corais, músicos, artesãos entre outras expressões artísticas. No actual contexto económico e social, onde o desinvestimento na cultura potencia a exclusão cultural, o teatro comunitário pode desempenhar um papel determinante, não só pela agregação de oferta de programação e promoção da inclusão cultural, mas, também, pelo contributo efectivo que dá no sentido de uma maior dinâmica e coesão social na comunidade. c Ensaio E se fôssemos ter com eles? Notas sobre história oral e performance seguidas da apresentação de um projecto de recolha de História Oral do Teatro Universitário em Portugal © Miguel Carrico 26 por Ana Bigotte Vieira e Ricardo Seiça Salgado Um projecto baldio / projecto BUH!* 1. Notas sobre História Oral e performance Um “trabalho da relação”: a recolha dos testemunhos como performance. E se fôssemos ter com eles, se ouvíssemos o que nos podem ter a dizer? Assim começa qualquer trabalho de História Oral. Ir ter com, ouvir, o que aqui está em causa é, como nos diz Alessandro Portelli1 , um “trabalho de relação” – relação entre entrevistador e entrevistado; entre várias versões de uma mesma história contadas a partir de pontos de vista diferentes; entre passado, presente e futuro; entre os acontecimentos e o modo como estes foram vividos e posteriormente interpretados por quem os viveu; entre a narrativa dessas interpretações, o nosso presente e um possível futuro. Permitindo apreender dados, informações, sensações, ambientes frequentemente impossíveis de obter a partir de outras fontes (o que, no caso das artes performativas, é tanto mais premente quanto estas são artes do efémero). Uma expressão mais exacta, avisa Portelli, seria “uso de fontes orais em historiografia”, isto é, o investigador passaria a ter como fontes também os chamados testemunhos orais de intervenientes nos eventos sobre os quais a investigação se debruça. Como, muitas vezes, estes testemunhos, por diversas razões, não terão sido considerados pertinentes o suficiente para ficarem registados em fontes documentais, a natureza do que é recolhido pode ser radicalmente diferente daquela que outro tipo de fontes permite apreender, tendo não apenas outros sujeitos (as classes subalternas – a história feita “a partir de baixo”...), como outros objectos (as vivências subjectivas, as transformações da memória, o espaço das vivências íntimas...). Os testemunhos orais, como qualquer outro tipo de fonte, são sempre objecto de crítica historiográfica. Esta porém, dadas as características particulares de 27 que este tipo de fontes se reveste, tem de ter em conta o modo performativo como o testemunho é construído na presença do entrevistador. Ainda segundo Portelli: Trata-se assim de uma fonte relacional, na qual a comunicação acontece sob a forma de uma troca de olhares (entre/vista), de perguntas e de respostas, não obrigatoriamente unidireccionais. A ordem de trabalhos do historiador cruza-se com a ordem de trabalhos dos narradores: aquilo que o historiador deseja saber nem sempre coincide com aquilo que as pessoas entrevistadas desejam contar. Ou seja, o testemunho oral é recolhido em relação, compondo uma dialogia em que todos são co-performers, e essa recolha é feita performativamente, sendo passível de ser interrogada não apenas com as ferramentas da história mas, também, com as ferramentas dos Estudos de Performance, nomeadamente da sua vertente que tem em conta a memória e a forma como é actualizada, reivindicada, narrada: performada, em suma. Estas ferramentas dedicam uma particular atenção a quem são o sujeito e o objecto da narração, focando questões de identidade individual, de grupo de pertença e de auto-representação (género, classe, etnia e raça do entrevistador e do entrevistado, modo como este se apreende a si próprio no contexto do acontecimento narrado), bem como os usos presentes e futuros da narrativa apresentada e dedicam uma atenção particular ao contexto (nas suas diferentes escalas de análise), não apenas da narração mas também do acontecimento. Contemplam igualmente um enfoque que ultrapassa o âmbito do verbal para enquadrar noções como presença, afecto, expectativas, corporalidades, crenças, ideologias. Atentam tanto ao que é dito como ao que não é dito e às condições do “dizer”. Em cada recolha de testemunho está em curso uma dialéctica do esquecimento e da rememoração que é moldada tanto pelo presente (o que cada época escolhe recordar e porquê, os “usos públicos do passado”) como pelo futuro (o que o entrevistador e cada entrevistado querem que fique “para a posteridade”), num encadeamento em que se misturam “memórias fortes” com “memórias fracas”2 , memórias dos “vencedores” e dos “vencidos”, grandes acontecimentos e sensações pessoais. História Oral, Etnografia, Performance e Artes Performativas A História Oral e a Etnografia, práticas epistemológicas mais afins às Ciências Sociais do que às Humanidades, podem interligar-se com as Artes Performativas de vários modos, e em vários graus, constituindo-se, assim, como ferramenta importante na investigação em Estudos e Performance, Artes Performativas e Estudos de Teatro. Existem, porém, neste cruzamento, duas linhas principais que importa distinguir de acordo com os objectivos e a utilização final dos testemunhos recolhidos: 1) Em investigação sobre artes performativas a recolha das fontes orais revela-se crucial porque, por um lado, nos permite aceder à preparação para os espectáculos (tipo de exercícios, corporalidade da época, costumes, condições de produção), coisa a que os registos da crítica, incidindo sobretudo sobre o espectáculo e o seu encenador, normalmente não dão acesso. Por outro lado, esta recolha dota-nos, frequentemente, de meios para compreendermos o contexto socioeconómico e político da época em que determinado espectáculo foi criado. As Artes Performativas, desenvolvidas muitas vezes por colectivos visando um público igualmente colectivo, são uma forma privilegiada e particular de participação e intervenção no espaço público, participação, essa, que interessa interrogar tanto no conteúdo como na forma a partir das suas razões de ser e do processo que lhes dá corpo, enformando a sua estética. Para além de teses escritas ou monografias existentes, são exemplo de investigações sobre Artes Performativas que usam a História Oral e/ou a Etnografia, o documentário Estado de Excepção, de Ricardo Seiça Salgado, e a história de vida de Orlando Worm, recolhida e editada por Ana Bigotte Vieira para a revista Sinais de Cena nº 14 sob o título “Luz cinco vai! Som sete vai!”. O relevante documentário Conversas com Glicínia, de Jorge Silva Melo, pode igualmente ser considerado um bom exemplo. 2) Segundo Hans Thies Lehman, os espectáculos que utilizam material recolhido com base na História Oral e na Etnografia constituem-se como uma corrente particular do “Teatro pós-dramático”, um tipo de espectáculos que não têm nem na narrativa nem no texto o seu eixo central. Estes são fruto tanto do alargamento das possibilidades que estas metodologias trouxeram ao escrever da História como do alargamento do entendimento do que é ou pode ser a História – ou a Arte: que materiais podem entrar na sua composição, de que forma são organizados, obedecendo a que regras estruturais internas ao campo. Para desenvolver esta conversa, seria frutuoso, parecenos, entrar numa análise concreta dos espectáculos mencionados, problematizando-os, dado que em cada um 28 Ensaio deles estas questões se colocam de maneiras diferentes. Há neles, porém, um carácter de recolha e devolução da memória na sua passagem do “arquivo” para o “repertório” (para usar a expressão de Diana Taylor3 ), onde as fontes que advêm de conhecimento incorporado e da memória da experiência de quem viveu os eventos (o repertório) são complementares à informação dos documentos do arquivo, naturalmente dependentes do ponto de vista do investigador que os interpreta. Esta diferenciação parece tão interessante de ter em conta quanto o campo artístico permite uma liberdade metodológica que ultrapasse a palavra e se estenda ao território do corpo e espaço que o rodeia. Ultimamente, têm surgido espetáculos que fazem uso de factos que emergem de investigações que têm na sua base uma recolha baseada em metodologias afins à História Oral e à Etnografia. Disto são exemplo Centro de Dia, de Gonçalo Amorim, Velocidade Máxima, de John Romão, ou grande parte do trabalho de Joana Craveiro, para referirmos alguns encenadores portugueses. Como exemplos internacionais poder-se-á mencionar os casos bem conhecidos do público português dos Rimini Protokoll e de Lola Árias. 2. Apresentação de um projecto de recolha da História Oral do Teatro Universitário em Portugal O teatro universitário é constituído por gerações que se substituem umas às outras. Neste movimento, verificase que existe um fraco investimento na conservação e análise do arquivo de cada grupo, bem como uma ausência generalizada de registo das experiências das diferentes gerações que constituíram o grupo. Recolher a história do teatro universitário permitirá contribuir de forma ímpar para a História do Teatro em Portugal. Aliás, as Artes Performativas, efémeras, prestam-se particularmente bem a este tipo de abordagem. Não somente pela incorporação das metodologias importadas da antropologia e da História Oral, mas também pelo corpo conceptual que pode integrar a experiência pessoal e social com o desenvolvimento artístico dos elementos do grupo. O projecto que aqui se esboça pretende usar a própria mecânica de substituição geracional inerente aos grupos de teatro universitário para em cada ciclo de vida de uma geração se alimentar a preservação do seu património. Importa sensibilizar os grupos para a importância da organização, preservação e construção contínua do seu arquivo. A este respeito já se começou a fazer algo em alguns grupos de teatro. Embora ainda longe de um possível arquivo digital do teatro universitário, a iniciativa permite preparar a sua condição de possibilidade. Este projecto consiste na realização de um seminário junto dos grupos de teatro universitário de uma cidade e na convocação dos seus actuais elementos para a realização de uma pesquisa sobre a história do grupo a que pertencem. Haverá uma parte teórica relativa às técnicas de recolha de História Oral e Etnografia e uma parte prática de acompanhamento de elaboração de grelha de entrevistas e o posterior acompanhamento à distância do trabalho realizado, até à sua publicação final. Este seminário, a decorrer em Lisboa, em Coimbra e no Porto, permitirá dotar os elementos dos grupos universitários de meios para recolher a sua própria História. Este curso servirá, portanto, para lançar as bases da recolha de testemunhos para uma história dos grupos de teatro universitário em Portugal e para promover a organização e a preservação do arquivo do grupo. O que de outra forma seria uma tarefa muito demorada e custosa – a recolha da história do teatro universitário – torna-se, desta forma, um projecto colectivo em que se envolve o presente (os actuais membros dos grupos) e o passado (os antigos elementos do grupo) na recolha e partilha das suas histórias e identidades. Pretendese com este projecto dar início a uma prática que visa motivar os elementos actuais do grupo a fazerem perdurar a iniciativa nas novas gerações. É necessário proceder, o quanto antes, a esta recolha uma vez que muitos dos intervenientes destas histórias estão a envelhecer. A perda parcial do arquivo e o falecimento dos membros mais antigos dos grupos reflectem-se no total desaparecimento da informação para algumas gerações do grupo. Por outro lado, num período em que a memória digital do computador serve para armazenamento da história de cada colectivo, os riscos de desaparecimento do arquivo são talvez mais elevados do que o risco de desaparecimento de um cartaz ou de um dossier de produção. Propondo a realização de cursos nas diferentes cidades que albergam vários grupos de teatro universitário, 29 serve igualmente este projecto para promover o relacionamento e partilha de experiências entre os diferentes grupos de teatro universitário. Pretende-se ir ao encontro dos objectivos do FATAL, na sua missão de desenvolvimento e registo da memória histórica do trabalho do teatro universitário em Portugal. c Contemporânea no ISCTE-IUL. Pós-graduada em Cultura Contemporânea (UNL-FCSH), dramaturgista e investigadora, trabalhou com Gonçalo Amorim, Miguel Castro Caldas, Bruno Bravo e Manuel Henriques, entre outros. Traduziu textos de Mark Ravenhill, Annibale Ruccello, Spiro Scimone, Pirandello, Maurizio Lazzaratto e Giorgio Agamben. Em 2010 recebeu o Dwight Conquergood Registration Award na PSi Conference #17, Utrecht. Integra o grupo de investigação de Teoria e Estética das Artes Performativas do Centro de Estudos de Teatro da UL, e, juntamente com Ana Pais e Ricardo Seiça Salgado, é co-curadora © Isabel Brison de Baldio (http://baldiohabitado.wordpress.com/) (Performance Studies International -http://www.psi-web.org/- Regional Research Cluster). Ricardo Seiça Salgado É antropólogo e actor de formação. Doutorado em Antropologia (2012) no ISCTE -IUL, na área dos estudos performativos, o tema da sua especialidade cruza antropologia, performance e política (visiting scholar em Performance Studies - Tisch School of New York; bolseiro da FCT e FCG). Pós-graduado em Antropologia: “Património e Identidades”, pelo IUL-ISCTE (2002), e em “Culturas e Discursos Emergentes: da crítica às manifestações artísticas”, pela FCSH-UNL (2008). É licenciado em Antropologia na FCTUC Baldio – Terreno público usado e fruído por uma comunidade (2000), tendo realizado um ano lectivo no Departamento de local; espaço onde se ensaia uma abordagem interdisciplinar Antropologia de Copenhaga, no âmbito do Erasmus. Leccionou (cruzando as artes, as ciências sociais e as humanidades), na ESTAL e é investigador do CRIA (Centro em Rede de teórico-prática (encarando a arte como forma de criar mundo) Investigação em Antropologia). É autor de vários textos para e politicamente comprometida (não partindo do princípio da conferências, e edições de congressos e exposições fotográficas. neutralidade da ciência e da arte) a que se dá o nome de “Estudos Juntamente com Ana Pais e Ana Bigotte Vieira é co-curador de Performance” (Performance Studies). Mais informações em de Baldio (http://baldiohabitado.wordpress.com). Membro do http://baldiohabitado.wordpress.com. CITAC (1995-1998) realiza, desde então, vários workshops de formação teatral em várias metodologias teatrais. Trabalha com projecto BUH! – Associação Cultural sem fins lucrativos sediada vários encenadores: Carlos Curto, Dato de Weerd, Kênia Rocha, em Coimbra que iniciou a sua actividade em 1999. A estrutura Pompeu José, João Grosso, Sílvia Brito. É performer nos projectos do projecto administra a partir do teatro e chama outras musicais “Blood Thirsty Bessies” (1995) e nos “Belle Chase Hotel” formas de expressão artísticas, consideradas complementares (1998 e 1999). Desde 1999, fundador do projecto BUH!, dirigiu e é e frutíferas, como réplica sugestiva para a criação de novas actor em várias produções teatrais, performances, e realizou um dinâmicas de criação teatral. Desse intercâmbio nascem os temas filme documentário sobre o CITAC. e as motivações para os projectos produzidos. Paralelamente, promove a formação teatral e a investigação sobre a performance. Mais informações em http://projectobuh.blogspot.pt. Ana Bigotte Vieira Lisboa (1980). Doutoranda em Ciências da Comunicação Cultura Contemporânea (FCSH-UNL), Visiting Scholar no Departamento de Performance Studies na NYU-TISCH School of the Arts entre 2009 e 2012. Estudou História Moderna e 1Alessandro Portelli, «Un lavoro di relazioni: osservazioni sulla storia orale», in “www.aisoitalia.it”, n.º 1, Janeiro de 2010, URL: http://www.aisoitalia.it/2009/01/un-lavoro-di-relazione/. Tradução: Miguel Cardina, cortesia do tradutor. 2Para usar uma expressão de Enzo Traverso. Enzo Traverso, 2012, O passado, modos de usar. História, memória e política. Trad. de Tiago Avó. Lisboa: Edições Unipop. 196 págs. 3.Taylor, Diana, 2007, The Archive and the Repertoire: Performing Cultural Memory in the Americas. Durham and London: Duke University Press. 30 Aplauso PREMIADOS FATAL 2012 31 © Joana Saboeiro A 13.ª edição do FATAL distinguiu como melhor espectáculo (Prémio FATAL) Woyzeck, pelo Teatro da Academia da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu e como espectáculo mais inovador (Prémio FATAL Cidade de Lisboa) a peça A Espera levada à cena pelo TUP – Teatro Universitário do Porto da Universidade do Porto. Monstro Meu, apresentado pelo Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC) da Universidade de Coimbra, arrecadou o Prémio do Público. Aplauso Woyzeck Teatro da Academia Prémio FATAL O Teatro da Academia (TA) iniciou a produção de Woyzeck no início de 2011, quando o encenador Jorge Fraga propôs a obra de Georg Büchner como proposta de trabalho. Vários foram os desafios que surgiram no decorrer dos ensaios. Desde a organização das cenas mediante a disponibilidade dos elementos do grupo, até ao encontro de apoios, quer para a construção do cenário, quer para a criação do guarda-roupa. Woyzeck foi, assim, sendo construído entre as responsabilidades de cada um e o amor de cada um pelo teatro. Espaços e tempos de partilha entre todos foram sendo criados para que Woyzeck começasse a ganhar corpo, transformando o texto escrito em teatro. Para além dos desafios da sua criação, surgem agora novos desafios. A atribuição do prémio FATAL 2012 assim o confirma. Novos projectos e novas ideias de ver e interpretar o Teatro. Um novo ímpeto e uma forma de retorno a todos aqueles que apoiam o TA com a sua presença e com a disponibilização de meios que permitem que o TEATRO ACONTEÇA. A participação no FATAL 2012 confirmou a sensação trazida aquando da participação do TA na edição de 2010, isto é, o destaque, dentro do panorama da produção teatral universitária, que este evento traz às produções dos grupos que participam. Vencer o FATAL 2012 trouxe um sorriso de orgulho à comunidade académica onde o TA está inserido. Os próprios órgãos de gestão do Instituto Politécnico de Viseu quiseram marcar este prémio como sendo uma confirmação do apoio dado, assinalando o trabalho do TA, ao longo dos seus 20 anos de existência, como uma instituição de relevo e como uma mais-valia cultural ao serviço da comunidade académica e da comunidade visiense.c por Teatro da Academia © Joana Saboeiro 32 Premiados FATAL 2012 33 34 Aplauso A espera, TUP Prémio FATAL Cidade de Lisboa 2012 Premiados FATAL 2012 se calhar nem por isso; foi um salto para a frente, apoiado por pessoas que no TUP se entregam sempre de uma forma comovente ao que estão a fazer, que apostam cegamente na incerteza de um trabalho construído diariamente, sem nenhum tipo de defesa ou segurança. Pessoas que nunca nos deixam fraquejar, mesmo perante dificuldades sérias e momentaneamente incontornáveis. O processo de criação de A Espera foi em tudo idêntico aos dos projectos anteriores. Partindo do livro de contos Olhos de Cão Azul, de Gabriel García Márquez, propusemos exercícios de improviso e de escrita automática e pedimos aos actores – generosos actores – que vertessem as suas vidas nessa escrita e nesses exercícios. A matéria daí resultante era cruzada com a cenografia e com o desenho de luz e foi assim que o objecto se foi construindo. Levar A Espera ao FATAL foi, como o é sempre, um enorme orgulho. Os grupos de teatro querem mostrar o que fazem e nós queríamos mais do que nunca mostrar o que tínhamos construído, que nos saiu da pele, do sangue e das tripas e que nos era tão caro. E a experiência foi preciosa. A reacção do público e o prémio conquistado mostraram-nos, de uma vez por todas, que o risco tinha valido a pena e de que estávamos certos em querer fazer teatro desta forma. E fez-nos querer apostar novamente na fórmula e mais uma vez construir espectáculos originais, escritos e encenados por nós. E é este o futuro do TUP. Continuar a contornar os olhares de esguelha para fazermos o teatro em que acreditamos; para continuarmos a não cair na tentação do conformismo e a acreditar que há mais teatro para além daquele que já está escrito e já foi feito e refeito e está gasto e esgotado. As dificuldades, essas, enquanto não nos impedirem de fazer o que queremos e em que acreditamos só chateiam no imediato. Por isso não vale a pena dar-lhes destaque. c por TUP © Manuel Pata Entre o primeiro dia de ensaio e o último dia de carreira, o projecto A Espera levou-nos quase seis meses. As dificuldades foram muitas, e só graças a um elenco e equipa técnica que nunca deixaram de acreditar no que estávamos a fazer é que o espectáculo acabou mesmo por acontecer. E ainda bem. A construção de A Espera foi a consequência lógica do que havíamos iniciado com o António Júlio, em 2009, com Recuperados, e, em 2010, com ALAN – prémio FATAL e vencedor do MITEU, em Ourense -, ou seja, uma base de trabalho que tem nas vidas e memórias dos seus intervenientes a matéria dramatúrgica a partir da qual se escrevem os textos. Textos originais para espectáculos originais, pessoais, íntimos e a que ficamos ligados emocionalmente e que defendemos com o maior dos orgulhos. E foram essas experiências que nos deram a vontade e a confiança para voltarmos a uma prática há muito posta de lado no TUP: a encenação dos nossos próprios projectos. Foi um risco mais ou menos calculado, ou 35 36 Aplauso Premiados FATAL 2012 37 MONSTRO MEU CITAC PRÉMIO FATAL DO PÚBLICO © Teresa Teixeira O espectáculo Monstro Meu nasceu graças a uma relação que se tornou muito próxima entre os actores e o encenador. Foi um processo de aprendizagem e de partilha constantes. Partimos de ideias que pretendíamos explorar sobre nós mesmos, enquanto seres individuais e enquanto colectivo, e sobre a forma como reagimos ao mundo que nos rodeia. Utilizando o método de devising, estas ideias foram convergindo entre si e as cenas e o texto foram ganhando forma. Assim, Monstro Meu surge da solidão com que muitas vezes nos debatemos, mesmo quando fazemos parte de algo maior e agregador. Surge da angústia de vermos os mitos que idolatramos desmoronarem-se mal se tornam realidade. Surge, sobretudo, dos pequenos e grandes monstros com que todos lidamos e dos quais nos queremos libertar, sem no entanto sermos realmente capazes de o fazer. A participação no FATAL 2012 foi um dos momentos mais enriquecedores para Monstro Meu e para o CITAC. Foi a décima sexta vez que apresentámos ao público este espectáculo e, para nós, foi o momento em que mais o vimos crescer. Com Monstro Meu, fomos capazes de ultrapassar a barreira que separa actores e públicos, para que todos nos pudéssemos divertir em conjunto. E quando nos divertimos, queremos mais; por isso, não nos esquecemos. O prémio que recebemos representa o reconhecimento do nosso trabalho e da relação especial e gratificante que pudemos estabelecer com o público neste espectáculo. Para nós, é muito estimulante trazer mais um prémio para Coimbra, uma cidade que tem um peso importante na história do teatro universitário. Mais ainda, trazer do FATAL, um festival que tem provado ser um marco relevante para o teatro universitário de todo o país e além-fronteiras. Futuramente, continuaremos a apostar na qualidade do nosso trabalho enquanto grupo de teatro universitário. É isso que nos move e que não nos deixa parar, mesmo quando se acumulam dificuldades, quando o futuro parece uma nebulosa descrença no meio cultural. Queremos que o CITAC continue a progredir a cada geração. Costumamos dizer “uma vez citaquiano, para sempre citaquiano”. E é sob esta demanda que nos orgulhamos de levar o CITAC a mais públicos, sob uma identidade que nos tem sido transmitida ao longo destes 58 anos de existência. c por CITAC 38 Ponto Textos Dramáticos ABAIXO DA CINTURA Miguel Manso 39 comparável ao transe é o roteiro de um animal no bosque diáfano sumiço de si, não é outra coisa além do que é preso à grossura do agora a pisar os galhos inarticulados da voz em separação vocabular Isso das princesas (rainhas, fadas, divas) e isso dos super-heróis (cavaleiros, militares, criminosos) é apenas uma experimentação humana à procura da dignidade e verdade próprias, sem nunca as encontrar. No mais, são animais. Arquétipos. Como raposas, javalis, serpentes. São fauna. c também um texto se afasta ou se avizinha do juízo e do desvairo, começa abaixo da cintura a sopear caminhos O espectáculo começa abaixo da cintura. Denso e turvo. Em contraluz, o arvoredo; sombras de figuras entrecortadas, procurando alguma coisa fora-dentro delas. Alguém descobre uma maneira. Excitação. Mas afinal não serve. Tudo tem de estar dentro-fora de alguma coisa. Onde está o alçapão, se não em cada uma destas figuras mascaradas? Desmascarar-se como se abrindo um alçapão. Dentro do super-herói caricato há afinal uma princesa digníssima. E ao contrário. Miguel Manso (1979). Serão seus os textos e o apoio à dramaturgia da Residência de Criação Artística “No Tempo- Morto – Uma Experiência para resistentes e dissidentes do teatro universitário”, coordenada por Susana Vidal e realizada no âmbito do FATAL 2013. Miguel Manso tem seis livros de poemas publicados, entre eles, Contra a manhã burra (ed. de autor e Mariposa Azual, 2008), Santo Subito (ed. de autor, 2010) e, mais recentemente, Aqui podia viver gente (Primeiro Passo, 2012). Colaborou com a companhia de teatro Cão Solteiro e tem participado em leituras públicas de poesia, das quais se destaca “Quintas de Leitura”, no Teatro do Campo Alegre, Porto. Tem participado em residências artísticas e de criação literária. © Tânia Araújo Voltemos à mata, ao roteiro, à grossura do já dentro do bosque. Se uma árvore cair no bosque e não estiver lá ninguém para ouvir, ela faz barulho? Se um super-herói tirar a máscara e encontrar dentro de si um corcunda e não houver princesa com quem casar, haverá espectáculo? O bosque também é personagem. Talvez a principal. Com os seus caminhos, clareiras, clarões e silêncios. Dentro do bosque homens e mulheres à procura de uma identidade. Alguma coisa que possam vestir e dizer, gesticular. 40 Ponto Textos Dramáticos ETERNIDADE Um texto dramático inédito de Tiago Patrício Fotografias: Ana Rojas (espectáculo Les Négres, inserido no FATAL 2007) Personagens: Eternidade: Poderá ser interpretada por um homem de lábios finos e com uma peruca. No I Acto, aparenta 20 anos, e também é chamada de Princesa ou Alteza, a partir do II Acto, aparenta mais de 60 anos e é chamada de Rainha ou Alteza. Criada: Mulher com idade entre os 30 e os 50 anos. Parece uma jovem envelhecida, no I Acto e uma velha bem conservada nos seguintes. Jardineiro: Homem entre os 40 e os 50 anos. Príncipe: Homem entre os 20 e os 30 anos. I Acto Eternidade e a sua Criada estão num quarto circular e ricamente mobilado de tons claros. Eternidade está sentada num cadeirão, de costas para o palco e virada para um espelho suspenso sobre uma grande cómoda cheia de cosméticos e adereços. À direita há uma porta e ao lado situa-se uma cama de madeira, com um crucifixo à cabeceira, mas sem Cristo. Do lado esquerdo há umas cortinas douradas e, para lá das cortinas, abre-se uma varanda que nunca se chega a ver. Eternidade – Oh, como gosto das flores, dos pássaros e das árvores… Criada – Eternidade, a sua coroação é já amanhã, está preparada? Pausa Eternidade – És a minha única amiga. O que te parece a minha saudação? Criada – Parece-me que se esqueceu do reino mineral e de uma referência ao Altíssimo. Eternidade – Queres que tire as flores ou as árvores? Criada – Não precisa de tirar nada, afinal é a Nossa Princesa. Eternidade – É preciso fazer escolhas, não podemos ter tudo. Diz-me, o que achas desta maneira: “Oh, como gosto das flores, dos pássaros e do Sol”! Criada – O Sol é mineral? Eternidade – O Sol é o único que arde sem se consumir. Ruído exterior. A Criada passa para a varanda através das cortinas. Criada – A comitiva já chegou. Eternidade – Oh, não suporto as multidões nem a desordem. Fazem-me lembrar a anarquia dos tempos do meu avô. Criada – Mas eles amam-na e vieram dispostos a beijar o chão que Vossa Eternidade pisa. Eternidade – Preciso de silêncio e de estar só para me concentrar nos desígnios que a Providência me preparou. Criada – Que belas palavras Eternidade! Eternidade – Não gosto de belas palavras, são pérfidas e inimigas da seriedade. Escusas de tentar agradar-me com elogios, já não sou a rapariguinha débil que conheceste quando os meus tios me trouxeram do convento para este palácio. Eternidade confirma a firmeza dos seios e coloca a mão na anca enquanto a Criada regressa da varanda com uma missiva que começa a ler. Criada – Eternidade, o Príncipe Distante vem saudá-la pessoalmente para lhe renovar o pedido de casamento e convidá-la para uma viagem de núpcias à sua província ultramarina. O convite inclui viagem em primeira classe para si e para mais dez acompanhantes, com motorista e guarda pessoal à chegada. Reservou um grande quarto num palácio de 50 estrelas, com serviço de massagens, banho termal e missa privada. Eternidade – Diga que não posso, que estou comprometida com a minha torre solitária e com o meu reino. Criada – Mas Eternidade, este é o Príncipe Distante, aquele que irá unir o nosso império e fazer com que o sol nunca se ponha sobre a nossa pátria. Se continua a recusar, não volta a ter convites tão cedo. Quer acabar solteira como eu? Lembre-se que a amanhã será coroada Rainha, precisa de um consorte! Eternidade – Diz-lhe que sofro de uma colite crónica e que não posso estar mais de duas horas fora do meu palácio. Criada – Uma colite? Isso é tão deslocado para uma princesa. 41 42 Ponto Textos Dramáticos Eternidade – Então uma sinusite, diz-lhe que isso não me permite fazer grandes viagens. Criada – Não se esqueça que já usámos essa desculpa e desta vez o Príncipe disponibiliza um lugar na sua carruagem privada de Alta Velocidade. Eternidade – Mas isso não tinha sido banido para sempre? Alta Velocidade jamais e em tempo algum. Criada – Mas, Eternidade, ia fazer-lhe bem à pele ir a banhos e a festas na praia. Eternidade – Eu não posso afastar-me assim do meu povo. O que vão pensar as pessoas que trabalham de sol a sol? Que ando a divertir-me e a passear à custa delas? E quanto a festas, só as admito nas minhas costas. Eternidade senta-se na cadeira e pede massagens à Criada, que acede. Criada – E o que mando dizer ao Príncipe, Eternidade? Lembre-se do seu tio que está tão doente e lhe deixa o nosso reino em testamento. Eternidade – Resolve tu. Se conhecessem as minhas preocupações não me faziam esses pedidos. Sou só uma princesa, não posso satisfazer toda a gente. Criada – Se me permite, Eternidade, deixe-me dizer ao Príncipe, que está agoniada e que sofre dores de cabeça horríveis porque anda com pesadelos infernais. Eternidade – Sim, pode ser, mas não gosto dos adjectivos. Retira por favor a qualificação dos meus sintomas, mentir é uma coisa, mas adornar o sentido das palavras é mentir duas vezes. Olha que Deus castiga a quem se dedica a tornar as mentiras mais suaves. Devemos ser directas e usar a verdade, mesmo para cometer as maiores crueldades. Ah, como me torno vaidosa quando falo assim em frente ao espelho. Vou ter de meter pedrinhas nos meus sapatinhos para me penitenciar. O Príncipe, ainda aí está? Criada – Aguarda por uma palavra sua ou por um sinal que lhe alivie o coração depois de uma viagem tão longa. Eternidade – Está a chegar a hora da minha sesta, preparas a minha cama? A Criada vai preparar a cama e Eternidade começa a pentear-se. Eternidade – Quem é que me ofereceu este pente de ouro e diamantes? Criada – O Príncipe, faz agora seis meses. Eternidade – Devolve-lho, diz-lhe que me desagrada ser cortejada com prendas tão caras, ainda por cima, com o povo a passar necessidades. Criada – Mas Eternidade, não se esqueça que ele é o nosso aliado mais valioso. Pense no seu tio e no bem do nosso Reino. Consinta ao menos a graça de se deixar ver pela janela e não se esqueça que as necessidades de um povo são a razão de Vossa Eternidade existir. Eternidade – Põe esta tiara e vai até à varanda acenar-lhe com o meu lenço. Agradece a generosidade, mas diz-lhe que ainda és muito jovem para oferecer o coração a um Príncipe tão valeroso, valoroso, valioso, como é que se diz? Criada – E se ele desconfia, Eternidade? Eternidade – Não te preocupes, nunca ninguém me viu fora do palácio e eu seria incapaz de dizer uma frase com tantos adjectivos sem me engasgar, tens de ser tu a fazê-lo. A bem do nosso reino. A Criada vai até à varanda e acena. Desaparece por detrás das cortinas e regressa combalida. Criada – Eternidade, ele disse que o lenço cheirava a sardinhas e a pimentos assados. Eternidade – Esse malvado atreve-se a vir ao meu palácio insultar-me? Guardas, prendam-no! Criada – Ele está a caminho dos portões. Eternidade – Fechem os portões e persigam-no até caírem de cansaço! E o que disse mais, conta-me. Criada – Oh! Se isto se espalha pelo reino. Eternidade – Calma, não é assim tão grave, toda a gente sabe que eu gosto de sardinhas, é algum pecado? Criada – Oh, não Eternidade, mas ouvir isto nas cortes estrangeiras pode ser embaraçoso para a nossa política internacional. Eternidade espreita pela varanda. Eternidade – Parece-me que o apanharam. Vai lá fora e acompanha os guardas, quero que o levem para o isolamento e que fique lá por tempo indeterminado. Em breve há-de implorar por um bom refogado com cheiro a cebola. Eternidade senta-se no seu cadeirão de veludo e recomeça a pentear-se longamente e a admirar-se ao espelho. Faz duas tranças, pinta os lábios, alonga as sobrancelhas e levanta um pouco a saia, deixando à vista as pernas. Eternidade – O que irei fazer com mais um pretendente cativo? Qualquer dia tenho uma ordem inteira de cavaleiros na minha prisão. Apetecia-me tecer uma intriga, pedir resgates e quando os viessem buscar prendia-os a todos e fazia um churrasco com toda a gente. Pensando bem, Eternidade 43 um churrasco é uma coisa que suja muito e as fogueiras lembram-me as festas pagãs. A guilhotina também não me agrada nada. Estou tão indecisa. Talvez o lançamento para o fosso dos crocodilos seja o mais acertado, a água dissolve e purifica. Eternidade levanta-se e anda pelo quarto. Depois abre as gavetas da cómoda e tira alguns vestidos. Eternidade – Será que faço bem em continuar aqui fechada no meu palácio e apartada do mundo? De que me valem estes vestidos, estes sapatos e todas as minhas penitências e prazeres solitários? A Criada regressa e vê os vestidos espalhados pelo quarto, o que provoca um ataque de cólera de Eternidade. Eternidade – Está tudo desarrumado. Não suporto a desordem, como é que posso repreender os criados se nem consigo manter o meu próprio quarto arrumado? Criada – Eternidade, o Príncipe acabou de lançar-lhe uma maldição depois de os seus juízes o condenarem a prisão perpétua. Eternidade – Uma maldição? Está a entrar em desespero, o pobre coitado. E o que diz? Ah, não contes, não contes, vamos brincar às adivinhas! Que ideia maravilhosa, afinal, esse Príncipe é espirituoso, talvez ainda me possa divertir com ele. Criada – Mas Eternidade, é uma maldição terrível, não devia brincar com estas coisas. Eternidade – Daqui a pouco já me vou confessar, agora deixa-me divertir um pouco. Tem animais ou plantas? Criada – Os dois. Eternidade – Ah, é das complicadas. E inclui monstros ou criaturas do além? Criada – Acho que não vai tão longe. Eternidade – É pena. E é para agora ou para o futuro? Criada – Tem a validade de quarenta anos. Eternidade – Isso é muito suspeito… Vá, diz rápido, em que consta a maldição, já não estou com paciência. Criada – Ele diz que Vossa Eternidade irá tropeçar num gato e magoar-se numa cadeira e que terá um longo sofrimento até à morte por apedrejamento. Eternidade – Isso tudo? Parece-me demasiado complicado. Mas esse patife irá pagar caro! Prendam todos os seus amigos, familiares e conhecidos que encontrarem e dêemnos de comer aos porcos. Criada – Mas que crueldade, não se esqueça que somos um povo pacífico e benevolente. Não será mais simples envenenar os gatos e mandar retirar todas as cadeiras do palácio? 44 Ponto Textos Dramáticos Eternidade – Talvez, se achas que isso pode ajudar, mas quer dizer que nunca mais me vou poder sentar? Criada – Nunca mais. Eternidade – Nem para comer? Nem para me pentear, nem para me olhar ao espelho? Já estou a sentir as dores nas pernas. Isso quer dizer que terei de passar a comer de pé. Achas que é confortável comer deitada? Criada – Foi uma coisa que nunca experimentei. Eternidade – A única coisa que me alegra é saber que mais ninguém se poderá sentar no palácio. Quantas horas faltam para a minha coroação? Temo que o Titi esteja pior. Estou a ficar tão ansiosa. Criada – Depois de se tornar Rainha terá mais responsabilidades e mais gente à sua volta e eu deixarei de ser a sua única Criada. Jardineiro – Odeia? Criada – De morte, diz que são animais falsos. Jardineiro – Vim trabalhar para este palácio aos doze anos e há mais de trinta que estou na sua presença. Começo a ter medo que cada dia seja o último. O seu olhar é tão limpo, tão sereno. Criada – Ela repara em todos os pormenores e lembra-se de coisas de que eu já me esqueci. Jardineiro – Sinto uma felicidade tão grande quando a vejo acenar depois da missa, com o guarda-chuva na mão, sempre tão prudente. Criada – É um guarda-sol. Jardineiro – Parece-me um guarda-chuva. Criada – É um guarda-sol. Ela não teme a chuva, devias saber isso! Eternidade deita-se vestida na cama. A Criada levanta a coberta e prepara-se para se deitar ao lado dela. A luz escurece antes do abraço sugerido entre as duas. Pausa Eternidade – Oh! Jamais! Tu serás sempre a minha confidente e a minha amiga mais próxima. Por cada decisão que tiver de tomar irei consultar-te duas vezes. Graças a ti o meu reinado será longo e poderei manter o meu isolamento do mundo. Anda, deita-te aqui ao pé de mim, está tanto frio e amanhã terei o peso de um império sobre a minha cabeça. II Acto Nos jardins do palácio. Quarenta anos depois da coroação. A Criada e o Jardineiro conversam a meio de uma tarde de Verão. A Criada veste-se de uma forma mais austera e mantém-se elegante, com um cesto de costura no braço que pousa ao seu lado. O Jardineiro está apoiado num ancinho. Há flores e fetos do lado direito e, do lado esquerdo, uma mesa e uma cadeira recortadas a partir de um arbusto. Criada – É tão metódica que as pessoas conseguem acertar os relógios pela hora a que ela dá os passeios. Jardineiro – E a voz dela. Criada – É mais bela do que a das lavadeiras. Jardineiro – Mas às vezes sinto um calafrio quando a ouço chamar por mim junto às rosas bravas. Criada – Sabe os nomes de toda a gente no palácio. Jardineiro – Até o nome da minha mulher e dos meus filhos. Criada – Só não suporta os gatos, odeia-os. Criada – Só de olhar para ela, as crianças esquecem as tristezas e ficam saciadas. Jardineiro – Ainda bem, porque ela também não lhes dá pão, só uma festa no cabelo. Criada – Ela é muito poupada e amiga do ambiente. Poupa água, electricidade, gás e nunca viaja. A pegada ecológica dela é como a de uma princesa, apesar de ser a Nossa Rainha, faz hoje quarenta anos. Jardineiro – Nem posso esperar pela festa. Criada – Ela tem mais em que pensar nesta altura. Jardineiro – Ouvi dizer que estava para chegar gente de muito longe. Criada – Ela vai fazer um pequeno cumprimento, da varanda, e oferecer ao nosso povo algumas palavras sadias e de fé na vida eterna. Jardineiro – É sempre tão sábia quando fala. Criada – E elegante, nunca se esquece de pôr uma flor ao peito. Jardineiro – Conhece o nome de todas as flores deste jardim. Criada – Ela conhece tudo, deste mundo e do outro. Jardineiro – Só ela mantém a nossa esperança na vida eterna. Criada – A verdadeira vida. Pausa. Jardineiro – Ouvi dizer que ela teve uma birra esta manhã, é verdade? Criada – Foi uma coisa de nada. Jardineiro – Então? Criada – Uma malha caída nas meias. Jardineiro – Isso é chato. E que mais? Criada – Não encontrou um livro de colorir que andava a ler. Eternidade Jardineiro – Alguém anda a mexer nas coisas dela. Criada – E aconteceu outra coisa, mal entrou na sala do pequeno-almoço sentiu um odor a tabaco. Jardineiro – Toda a gente sabe que ela não suporta o fumo. Criada – Mas já descobrimos os culpados. Jardineiro – São uns descuidados, nem em casa dela mostram respeito. Castigou-os muito? Criada – Nem por isso, o normal. Jardineiro – Tortura do sono seguida de afogamento? Criada – Não, agora anda entusiasmada com o campo de trabalho que abriu numa das ilhas. Jardineiro – Ainda se queixam, têm alojamento e comida à descrição. Pausa Jardineiro – Ontem à tarde vi-a a passear ao pé da fonte, depois um cuco começou a cantar ao longe e ela alvoroçouse e chamou o meu ajudante para lhe puxar as orelhas. Até tive medo que, a seguir, me quisesse dar umas lambadas. Criada – Ela tem muitas preocupações, nem imaginas o que aconteceu ontem à noite. Vai ficar tão furiosa que nem sei se devia fazer uma pequena omissão. Jardineiro – Mas ela não sabe tudo e a todo o momento? Criada – Não podemos maçá-la com assuntos muito complicados, mas isto pode levar-nos a uma guerra. Jardineiro – A uma guerra? Mas ela não nos protege de todas as guerras? Criada – Ninguém está livre de uma desgraça. Jardineiro – Ela há-de arranjar uma solução como sempre. Criada – O que me dá esperança é saber que nos livrou da última guerra. Jardineiro – E recebeu favores dos dois lados. Criada – Mas nunca quis nada para ela. Passava noites inteiras de pé a negociar a nossa neutralidade. As pessoas não imaginam o que foi preciso fazer. Noite e dia, sem dormir. Jardineiro – Nem comer. Criada – Durante anos e anos. Jardineiro – Enquanto aqui não acontecia nada, no resto do mundo só havia sofrimento e fome… Criada – E, ainda hoje, ela vive ali na torre, apartada do mundo, a pentear a trança. Há mais de vinte anos que não compra um único vestido. Jardineiro – Só a esperança nos salvou. Criada – A sua palavra é a verdade. Jardineiro – É de levar as mãos à cabeça. Criada – A forma como ela dizia – Temos de empobrecer para sobreviver. 45 Jardineiro – Não se consegue resistir a uma rima dessas. Criada – Ela aí vem. Acordou agora da sesta, espero que não esteja mal disposta. Jardineiro – Anda tão curvada. Criada – Tantas horas de pé, a trabalhar! Devemos amá-la ainda mais pelas rugas e pelos cabelos brancos. Jardineiro – Está mais magra? Criada – Ela suporta um fardo desumano. Jardineiro – E sempre tão sozinha. Criada – Só as crianças lhe dão repouso de espírito. Jardineiro – Nunca se deve desiludir as crianças. Criada – Com um braço segura o país e com o outro abre caminho para passar entre o povo que a quer abraçar. Jardineiro – É impossível escapar aos seus encantos. Mas parece que continua zangada. O que será que a atormenta? III Acto Eternidade aparece do lado direito, muito altiva para disfarçar a idade e dirige-se à Criada, mas não vê o Jardineiro ajoelhado atrás dos fetos. Eternidade – O Príncipe Distante conseguiu fugir ontem à noite. Porque é que ninguém me avisou? Criada – Alteza, não queríamos tirar-lhe o sono. Anda tão cansada... Eternidade – E hoje de manhã? Criada – Não queríamos perturbar o seu pequeno-almoço. Anda com tanta falta de apetite que ia passar a manhã sem comer. Eternidade – E depois? Criada – Depois chegou a hora do almoço. É uma alegria vê-la comer os grelos com peixe cozido. E mais tarde ou mais cedo ia ficar a saber, mas não se preocupe que ele está velho e acabado. Eternidade – Pois enganas-te. Para além de conseguir libertar todos os outros cavaleiros, começou uma revolta numa das nossas províncias ultramarinas. Ainda por cima fugiu com os meus melhores cavalos. Criada – Mas que desgraça nos havia de cair em cima. Temos de ir rezar imediatamente. Eternidade – Deixa-te lá dessas merdas. O que é preciso é tomar medidas, mas estou tão indecisa. O que devo fazer? Criada – Ai, e eu o que sei disso? Sou uma velha criada, e essas terras ficam tão longe que nem se vêem da torre mais alta do nosso palácio. Eternidade – Vá lá, não desconverses e dá-me uma ordem. Criada – Uma ordem? 46 Ponto Textos Dramáticos Eternidade – Não queria ser eu a mandar os nossos rapazes para o mato, mas se fosses tu a sugerir, já não me custava tanto. Criada – Então mande, diga que teve uma visão… Eternidade – E como é que digo isso? É preciso arranjar uma maneira de os animar para irem morrer tão longe de casa. Criada – Deixe-me pensar. Como é que há-de ser? Eternidade arruma alguns utensílios de jardinagem e vê o Jardineiro ajoelhado. Eternidade – Bem sabes que não suporto a desordem… Ah! Jardineiro, és tu. Não precisas de estar ajoelhado tanto tempo, basta uma pequena vénia. Jardineiro – Sim, Alteza, ao vosso serviço. Eternidade – Quem me dera ser jardineira e passar os meus dias com o perfume das flores, rodeada pelo canto dos pássaros e pela frescura das manhãs de orvalho, e estar ao ar livre até ao anoitecer a escutar a água correr junto a um regato. Jardineiro – Vossa Eternidade, que doces palavras… Eternidade – Fica a saber que não gosto de palavras doces, são como veneno. Devemos ser sempre pessoas sérias, até quando nos contam uma anedota. Criada – Não incomodes Sua Alteza numa altura destas em que há uma guerra a começar. Eternidade – Não incomoda nada. E não é uma guerra, é um motim organizado por aquele Príncipe Distante. Jardineiro – Não podíamos manter a neutralidade como na última guerra? Criada – Que impertinente! Não se fazem perguntas à Rainha! Eternidade – Deixa-o, é preciso escutar o nosso povo. Hoje podes fazer-me todas as perguntas. Jardineiro – Posso? Eternidade – Podes, mas só hoje. Amanhã serás pendurado pelo nariz. Jardineiro – Como é que chegou a este palácio? Criada – Foi a Divina Providência, devias ter aprendido isso na escola. Jardineiro – Nunca andei na escola. Eternidade – Foram buscar-me duas vezes ao convento. Criada – Estava predestinada. Jardineiro – Conhecia muitos segredos? Criada – Tinha visões todas as noites. Jardineiro – E nunca disse a ninguém? Eternidade – Sempre fui muito modesta. Jardineiro – Porque é que nunca se casou, nem teve filhos? Eternidade – Sou casada com o meu reino. Se tivesse família própria não poderia dedicar-me da mesma maneira. Criada – Um marido é um grande fardo… Eternidade – O nosso reino é o último refúgio do sentimento. O que fizeste hoje, Jardineiro? Fala-me um pouco destas estrelícias tão coloridas ou conta-me antes os segredos que as nossas filicineas tão modestas guardam aqui neste recanto do mundo? O Jardineiro está apoiado no ancinho e fica indeciso quanto ao rumo da conversa. Jardineiro – Hoje dediquei-me àquela fila de buxo… Eternidade – E isto, o que representa, bom Jardineiro? Jardineiro – Lembrei-me de recortar uma cadeira e uma mesa, uma extravagância… Eternidade – Devemos ter cuidado com as extravagâncias, não te pago para isso. Eternidade aproxima-se do lado direito. Eternidade – Há quantos anos não via uma cadeira, já nem me lembrava da forma. Que vontade tenho de me sentar. Criada – Senhora, lembre-se da maldição. Faz hoje quarenta anos que tomou os destinos do reino nas suas mãos. Eternidade – Mas isto não é bem uma cadeira mas um arranjo de ramos de buxo. E não te esqueças que a maldição incluía um gato e nós banimos os gatos do reino. Agora arranja-me uma almofada para me sentar um pouco. A Criada procura uma pequena almofada no seu cesto de costura e coloca-a sobre a sebe, mas contrariada. Eternidade – Esta guerra não vem nada a calhar. Tira-me toda a harmonia e a vontade de ficar cá fora a admirar a natureza ordenada dos meus jardins. A única alegria que me resta é saber que vou comer gelados de chocolate depois do jantar. Eternidade dá uma volta para rodar a saia do vestido, calcula mal a distância da cadeira e tropeça num ramo de buxo. Criada – Ai! Meu Deus, que é a maldição! Eternidade – Deus meu, o que é que aconteceu? E esta mancha no meu peito? Criada – Ai! Que desgraça, é sangue! Jardineiro – E é azul, tal como mandam as regras. Eternidade 47 O Jardineiro volta a ajoelhar-se. Criada – Tu és o responsável pelo ferimento da Rainha. Eternidade – Foi a minha falta de prudência que me levou à perdição. Criada – Depressa vai chamar o médico. O médico! O Jardineiro levanta-se e sai a correr. Eternidade começa a perder a consciência e a delirar até perder os sentidos com a cabeça no colo da Criada. O Jardineiro regressa algum tempo depois. Eternidade – Sinto a cabeça a andar à roda, vejo o meu sangue a manchar o meu vestido mais antigo. Já o tinha há mais de vinte anos, lembro-me do dia em que a costureira me tirou as medidas e me mostrou o tecido. Tive de o mandar alargar duas vezes, mesmo assim resistiu sempre e agora sou eu que me desfaço primeiro do que ele. Criada – Não fales assim minha Eternidade, tudo se vai resolver. O médico está quase a chegar. Eternidade! Minha Princesa Eterna. Jardineiro – O médico está do outro lado do palácio, a tratar dos guardas feridos ontem à noite durante a fuga do Príncipe Distante. Como é que ela está? Criada – Perdeu os sentidos. Jardineiro – E agora, o que havemos de fazer? Criada – E o médico que não chega. Jardineiro – Ele já não é jovem para conseguir correr até aqui. Acho que vou à procura dele para o ajudar no caminho. Criada – Não me deixes aqui sozinha. Sinto-me tão desconsolada. Só de imaginar a vida sem ela… Jardineiro – Ela era tão boa para nós. Criada – Só queria o nosso bem. Jardineiro – Por isso é que nos podia fazer mal. Criada – Porque era para nosso bem, sabia fazer as coisas. Jardineiro – Ainda respira? Criada – Parece-me que está a perder as cores. Jardineiro – E o coração ainda bate? Criada – O que será do nosso reino sem ela? Jardineiro – Consegues sentir-lhe o coração? Criada – Até tenho medo de não encontrar nada. IV Acto No mesmo quarto do I Acto, mas o ambiente é sombrio e as cores mais escuras. No lugar do espelho há um mapa com países de várias cores e bandeiras espetadas. 48 Ponto Textos Dramáticos Criada – Agora é só esperar que ela melhore. Já podes voltar para o teu jardim. Jardineiro – E como é que lhe damos as gotas e as pílulas? Criada – São comprimidos, é preciso usar os nomes certos. Jardineiro – Rezamos para que acorde? Criada – Vou cantar-lhe uma canção da minha terra. Jardineiro – Posso fazer só mais uma pergunta? Criada – Diz lá, o que é? Jardineiro – Como é que era a vida antes dela? Criada – Antes dela não valia a pena viver. E depois dela também não vejo utilidade para a minha vida. Jardineiro – Agora que olho melhor para ela, parece-me que tem o nariz muito comprido. Criada – Isso são coisas que se digam numa altura destas? Jardineiro – Nunca tinha estado tão perto dela como agora. Criada – Quem te deu a ideia de recortar aquele arbusto em forma de cadeira? Tu não sabias da maldição? Estava escrita por toda a parte desde que o Príncipe Distante lhe rogou as pragas. Jardineiro – Mas que pragas eram essas? Criada – Ele disse que Eternidade ia tropeçar num gato e magoar-se numa cadeira até morrer por apedrejamento, depois de muitos sofrimentos. Jardineiro – Mas onde é que estava o gato? Criada – Eu sou pouco instruída para compreender maldições de príncipes, mas parece-me que o gato era uma artimanha, os gatos são sempre falsos, até nas maldições. Jardineiro – Ela tem um ar tão sereno que nem parece estar a sofrer muito e os lábios dela são tão finos, quase nem se vêem. Criada – Só de pensar na segunda parte da maldição, até me vêm as lágrimas aos olhos. Jardineiro – O que é a anarquia? Criada – A que propósito vem essa pergunta? Já está na hora de voltares para o teu serviço. Jardineiro – Era uma palavra que ouvia muito quando era mais novo e que Eternidade costumava repetir nas aparições de Domingo. Criada – Antes de nasceres, o reino sofria de três grandes males, a fome, a peste e a anarquia. Jardineiro – E então, a anarquia era o quê? Criada – Era a desordem, a libertinagem e um veneno para todas as famílias. Jardineiro – E ela conseguiu acabar com isso tudo? Criada – Ela foi uma noiva e depois uma mãe para o Nosso Reino. Jardineiro – E agora que se ia tornar numa avó é que aconteceu isto. Não há justiça no mundo. Criada – Não duvides numa hora como esta. O exemplo Eternidade dela vai ficar eternamente entre nós. Agora vai, já é tarde. Jardineiro – Não será melhor chamar um padre? Criada – Ela tem santidade suficiente para dispensar esses serviços. O Jardineiro aproxima-se das cortinas e passa para o lado da varanda. Jardineiro – Está a escurecer. Criada – Que estranho, ainda agora estava sol. Jardineiro – Parece que vai chover. Criada – Será que vem aí uma trovoada? Jardineiro – Já se vê ao longe, parece que é pedra. Criada – Pedra? Jardineiro – Granizo. Criada – Já nem sei o que pensar. O dia de hoje devia ser de festa e não de desgraça. Jardineiro – Já se vê muita gente a aproximar-se do palácio. Criada – Mas que qualidade de gente poderá ser a esta hora? Jardineiro – Não sei, mas já atravessaram os portões e vêm armados. Criada – Vai avisar os outros guardas, depressa. Jardineiro – Devia ficar aqui a protegê-las. Criada – É preciso dar o alarme, despacha-te! O Jardineiro sai e a Criada afasta ligeiramente as cortinas para ver melhor e depois volta a fechá-las. Eternidade começa a acordar e tenta levantar-se. O ruído do granizo a bater contra as vidraças começa a ser substituído pelo ruído da multidão que se aproxima. Eternidade – Quem sou eu? Criada – Eternidade, que alegria ouvir a sua voz. Estava tão preocupada. Eternidade – Onde estamos? Criada – Na torre do seu palácio. Eternidade – E que barulho é este que vem lá de fora? É uma festa? Criada – O melhor é deitar-se e repousar um pouco, acabou de sofrer um acidente grave. Eternidade – És a minha mãe? Criada – Sou a sua criada mais antiga. Eternidade – Então não me digas o que devo fazer. Eternidade aproxima-se da varanda e abre completamente as cortinas. Eternidade – Quem são estes? 49 Criada – Inimigos de Vossa Eternidade. Eternidade – Que tolice, parecem tão animados. Criada – Eternidade, tenha cuidado com as aparências. O povo exaltado é capaz do pior. Eternidade – Só vês maldade em tudo. Acabei de acordar para a vida e estou a ver a história a passar em frente da minha varanda. Criada – Uma desgraça nunca vem só. O que aconteceu à sua prudência? Lembre-se da maldição. Eternidade – Com a dor de cabeça que tenho, a chuva só me pode fazer bem. E repara como eles acenam e levantam os braços para mim. Criada – Não é chuva, é granizo, e esses braços levantados são de ameaça. O que é que eu hei-de fazer? Estou aqui sozinha contra o mundo. Jardineiro! Guardas! Eternidade – Não percebes que eles me amam? Criada – Eles querem a vossa cabeça. Não ouve o que dizem? Eternidade – Estão a dizer o meu nome. És uma invejosa! Sai daqui antes que eu te atire pela varanda. Criada – Hei-de protegê-la até ao fim. Eternidade empurra a Criada e abre os braços para a multidão que suspende as vozes, até que a cortina da varanda se fecha e se ouve um último grito de desespero de Eternidade, seguido de um coro marcial e o início de uma canção popular que começa a ressoar com uma grande violência. V Acto O Príncipe Distante está no antigo quarto de Eternidade a fazer riscos e a colorir o mapa pregado na parede. A porta abre-se e o Jardineiro entra vestido de cavaleiro, com uma tocha acesa. Dobra-se sobre o joelho direito e assim se mantém. Jardineiro – Mandou chamar, Majestade? Príncipe – Disseram-me que foste tu o culpado pela queda da Velha Eternidade, é verdade? Jardineiro – Em todas as verdades há um pouco de exagero, mas desde que entrei ao serviço senti sempre uma grande vontade de fazer tropeçar a velha. É uma coisa inexplicável. Príncipe – Estou a detectar em ti uma certa aversão ao poder. Vês esta espada? Jardineiro – É uma bela espada, Nova Eternidade, mas se me cortar a cabeça aqui, vou sujar os tapetes, o que seria uma pena. Príncipe – Deixa-me felicitar-te por teres sido o agente da 50 Ponto Textos Dramáticos minha maldição e agora vou armar-te Cavaleiro da Nova Ordem. nada é eterno, só a força e a novidade podem garantir o poder. Aproxima um pouco a chama, Cavaleiro Jardineiro! O Príncipe arma-o Cavaleiro. O Jardineiro aproxima a tocha ardente para o Príncipe acender um cigarro. Príncipe – Quero que saibas que a partir de agora acabouse a Eternidade. Jardineiro – Como assim? Príncipe – Os meus ministros estiveram a fazer contas e decidimo-nos pela abolição. Jardineiro – Quer dizer que já não podemos ter esperança na vida eterna? Príncipe – Não, era um luxo demasiado dispendioso… Já pensaste na quantidade de almas que vieram ao mundo desde a criação? Jardineiro – É uma coisa em que nunca tinha pensado. Príncipe – Era só fazer as contas. Não havia espaço nem recursos para manter um lugar desses. Mais tarde ou mais cedo isso tinha de acabar. Jardineiro – E para quem já lá mora, como é que vai ser? Príncipe – Vamos começar a reduzir aos poucos. Dez por cento ao ano. Jardineiro – E para onde é que vai transferir tantas almas? Príncipe – Ainda não decidimos, mas havemos de arranjar uma solução. Jardineiro – E o nosso Inferno mantém-se? Príncipe – Como é que queres que as coisas funcionem sem o Inferno? Jardineiro – E já não é eterno? Príncipe – Meu caro Cavaleiro Jardineiro, não sabes que tudo é temporário? Jardineiro – Vai ficar um belo Inferno, Senhor, agora que nada é eterno. Príncipe – Posso garantir-te que nos irá encher de orgulho. Jardineiro – E uma guerra? Príncipe – Uma guerra? Jardineiro – Sim, podia criar uma guerra no nosso reino, era uma coisa que ficava bem ao lado do Inferno, uma espécie de complexo infernal. Príncipe – As guerras são uma coisa ultrapassada e o Inferno que queremos instalar é uma coisa mais moderna. Jardineiro – E se for uma guerra fria? Príncipe – Nem quente nem fria, nada de extremos, vai ser tudo morno ou em banho-maria. Jardineiro – Só temo pelos meus jardins. Príncipe – Não temas nunca, Jardineiro! Agora levanta-te e alumia-me o caminho. Disseram-me que estavas muito habituado a estes corredores escuros e que tinhas um bom sentido de orientação. Jardineiro – É muito amável, Majestade, mas não vai discursar da varanda? Príncipe – Não, será no terreiro, vamos assistir a uma pequena demonstração. Jardineiro – Mal posso esperar pelo discurso. Príncipe – Vai ser um discurso cheio de adjectivos, no final espero que todos estejam tão adormecidos que será fácil transportá-los para os camiões de carga. Pausa Príncipe – Mas o problema é que o nosso Inferno não tem espaço para receber as almas que queremos transferir, precisa de ser ampliado para o dobro ou para o triplo. Enquanto decorrem as obras, estamos a pensar resolver as coisas através da transmigração para outros Infernos com maior capacidade. Jardineiro – E não fica caro fazer essas obras? Príncipe – É um investimento que podemos suportar. Jardineiro – Quer dizer que vai aumentar os impostos? Príncipe – O habitual numa fase de transição como esta. Jardineiro – Posso perguntar mais uma coisa? Príncipe – Poder podes, mas não te garanto a seriedade da minha resposta. Jardineiro – O que vem a ser, afinal, essa Nova Ordem? Príncipe – Ah, isso é um nome que escolhemos. Agora que O Príncipe abre a porta e olha para as paredes grossas do quarto. Príncipe – Em breve iremos demolir este palácio e construir um novo noutra cidade. É preciso movimento e mudar as coisas de lugar. Jardineiro – Mas nós sempre fomos pequenos e fracos. Príncipe – Porque continuas a temer, Jardineiro? As árvores, que dominas com as tuas ferramentas, não são mais altas e mais fortes do que tu? Jardineiro – Agora já não tenho medo. Vossa Majestade é forte e ao seu lado sinto-me cada vez mais confiante. Agora reparo que está cada vez mais jovem, nem parece o velho Príncipe Distante. Príncipe – Eu sou apenas um representante temporário, podes chamar-me Príncipe Anónimo. O nosso trabalho é Eternidade simples: criar riqueza a partir da pobreza. Jardineiro – É o primeiro chefe que nos fala em riqueza. Tenho vontade de marchar ao vosso lado a noite toda e o dia seguinte e o próximo, sem parar. Príncipe – Do que precisamos não é de um grande exército, mas de uma estratégia e lembra-te de uma coisa importante: antes de criar riqueza, precisamos de muitos pobres, milhares de milhões. És capaz de imaginar uma quantidade tão grande de gente? O Jardineiro e o Príncipe desaparecem pela porta da direita e o diálogo é ouvido à distância. Príncipe – A riqueza é uma coisa rara. ––————–———— –———— produzir com qualidade –———— Para começar, o nosso trabalho –———— a criação de extensos e belos jardins –———— a temperatura –———— agradável e ninguém –———— conta da transformação. Não é uma ideia nova, –———— resulta sempre. Em breve –———— para crer. Tiago Patrício nasceu no Funchal em 1979 e viveu em Carviçais (Torre de Moncorvo) até aos 19 anos. É licenciado em Ciências Farmacêuticas e estuda Literatura e Filosofia na Universidade de Lisboa. Começou a ser publicado, entre 2007 e 2010, nas colectâneas Jovens Escritores, do Clube Português de Artes e Ideias. Tem participado em residências artísticas na Tunísia, Turquia, República Checa, Lituânia, Letónia e Estados Unidos da América e escreve para as companhias Ponto Teatro (Porto) e teatromosca (Sintra). Alguns dos seus textos estão publicados em França, no Egipto, na Eslovénia, em Espanha e na República Checa. Foi distinguido com vários prémios em poesia (Prémio Daniel Faria e Prémio Natércia Freire) e teatro (Prémio Luso-Brasileiro de Teatro, Menção Honrosa). Em 2011, o seu primeiro romance, Trás-os-Montes, venceu o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís. Mantém o blog. http://cartasdepraga.wordpress.com. Declaração de interesses: Esta peça inédita deve o título ao romance homónimo de Ferreira de Castro e a forma às várias versões de “A Bela Adormecida” que tenho visto com o meu filho João. 51 14.º FESTIVAL ANUAL DE TEATRO ACADÉMICO DE LISBOA PROGRAMA LOCAIS FATAIS k A8 · Oeste k A1 · Norte N p A12 · A2 · A6 · Sul Ponte Vasco da Gama Oriente Cidade Universitária 2 j IC 19 · Amadora · Sintra Entrecampos Praça de Espanha Areeiro Saldanha Alameda j A5 · Cascais Marquês de Pombal Rato 1 j Algés Príncipe Real St.ª Apolónia Baixa l A2 · Sul Cais do Sodré Ponte 25 de Abril 1 Teatro da Politécnica Morada: Rua da Escola Politécnica, 56 Metro: Rato (Linha Amarela) Autocarros Carris: 58 / 100 / 6 / 9 / 20 / 27 / 38 / 49 2 Cidade Universitária Morada: Alameda da Universidade Metro: Cidade Universitária (Linha Amarela) Autocarros Carris: 31 / 35 / 738 / 768 Espectáculos Competição 7-21 de Maio 21H30 MaisFATAL 8-21 de Maio 19H00 FATAL Convida 17, 18, 19, 20 de Maio (em vários horários) Workshops: Fotografia de Teatro 30 de Abril a 25 de Maio Teatro da Politécnica e outros locais Performance 18 de Maio 17H00 Apresentação do concurso para novas dramaturgias e novas encenações de jovens universitários 18 de Maio 10H30 Abertura do Festival Reitoria | 7 Maio | 17H00 Workshops: Composição 20 Maio| Reitoria UL |17H00 Interpretação 9 e 10 de Maio Sala de conferências da Reitoria da UL | das 17H30 às 21H00 Masterclass com Rogério de Carvalho 8 Maio | Salão Nobre da Reitoria da UL | 17H00 ÍNDICE 5 d 6 d 10 d Em palco Os instantes do Presente Homenagem a Jorge Listopad Espectáculos em competição - Zona, GTIST, 7 de Maio - Antígonas, TUT, 8 de Maio - Cidade autoada, Sin-Cera, 9 de Maio - Aquário, CITAC, 10 de Maio - Medeia de noitardecer, TUP, 11 de Maio - Num país onde não querem defender os meus direitos eu não quero viver, NOSTER, 13 de Maio - Eu disse AGORA não disse AMANHÃ DEPOIS ONTEM, NNT, 14 de Maio - Aldrabices, GTL, 15 de Maio - Liberdade ou Morte, GreTUA, 16 de Maio - Presas, Máscara Solta, 17 de Maio - Projecto H, TEUC, 18 de Maio - Manhã, GEFAC, 19 de Maio - Morro como país, GTN, 21 de Maio 36 d Mais FATAL - Drones, Cénico de Direito, 8 de Maio - O despertar da primavera, Grupo de Teatro Miguel Torga, 10 de Maio - Química OFF, Fc-Acto, 11 de Maio - Sonhatorium, dISPAr Teatro, 13 de Maio - O insecticida ou o fim do império, MISCUTEM, 14 de Maio - Suicídio de amor por um defunto desconhecido, GTAL, 15 de Maio - Escuro, ArTeC, 16 de Maio - No tempo de gente maravilhosa que nunca existiu, ESTC, 20 de Maio - O despertar da primavera, Ultimacto, 21 de Maio 46 d FATAL Convida -O Tempo morto (espectáculo resultante da Residência de Criação Artística FATAL 2013, 9 de Maio -S uicídio colectivo com encanto, Aula de Teatro Universitária Maricastaña, 17 de Maio - Leituras: Teatro sem cortes, 18 de Maio -L eitura dramática: Portugal, GTFUL, Grupo de Teatro de Funcinários da UL 19 de Maio - Almisdaé, La Coquera Teatro, 20 de Maio 53 d 53 d 53 d 54 d 57 d 58 d 59 d 66 d 68 d Performance com a Aula de Teatro Universitária “Maricastaña” Masterclass com Rogério de Carvalho Apresentação do Concurso para novas dramaturgias e encenações de jovens universitários Workshops Camarim Prémios FATAL Selecção dos espectáculos FATAL 2013 Regulamento FATAL 2013 Gratia plena Elencos Anuário de grupos de teatro universitário nacionais Organização Parceiros Parceiros Media Apoios Universitários Apoios à Divulgação Patrocínios Patrocínios Universitários FATAL 2013 14.º FESTIVAL ANUAL DE TEATRO ACADÉMICO DE LISBOA FICHA TÉCNICA Organização Reitoria da Universidade de Lisboa Núcleo Cultural do Departamento de Estratégia e Relações Externas Telf. 21 011 34 06 [email protected] Bilhetes / Reservas / Inscrições Bilhetes: Teatro da Politécnica 3€ estudantes e profissionais das artes do espectáculo 5€ público em geral Reservas: Núcleo Cultural do Departamento de Estratégia e Relações Externas Até às 17h00 (dias úteis), mediante lotação; Telf. 21 011 34 06 Inscrições: Workshops Telf. 21 011 34 06 Iniciativa, Organização e Concepção de Projecto Reitoria da Universidade de Lisboa Direcção Institucional: António Sampaio da Nóvoa Direcção e organização: Núcleo Cultural do Departamento de Estratégia e Relações Externas com coordenação de Isabel Tadeu Direcção de Produção: Marisa Costa Rui Teigão Direcção de Programação: Rui Teigão Direcção de Comunicação: Marisa Costa Produção Executiva: Dinis Costa Marta Azevedo Mariana Salgueiro (estágio FLUL) Apoio à Produção: Sandra Silva Apoio à Programação: Isabel Tadeu Marisa Costa Coordenação de Selecção de Espectáculos: Rui Teigão Selecção de Espectáculos: Alexandra Quelhas da Silva, Mariana Salgueiro (estágio FLUL), Rui Teigão, Sandra Silva, Tiago Patrício Recolha de dados dos grupos de teatro: Mariana Salgueiro (estágio FLUL), Rui Teigão Patrocínios, Parcerias e Apoios: Isabel Tadeu Marisa Costa Marta Azevedo Nádia Sales Grade Ágata Alencoão Comunicação e Assessoria de Imprensa: Wake UP Assessoria de Imprensa da RUL (apoio): António Sobral Redacção, edição e tradução de conteúdos: Ana Sofia Oliveira (estágio FLUL) Miguel Nunes (estágio FLUL) Zeila dos Santos (estágio FLUL) Imagem do Festival (fotografia): Teresa Teixeira (MEF) Design Gráfico e Paginação: Núcleo de Comunicação do Departamento de Estratégia e Relações Externas Conceito, Design Gráfico e Paginação (Revista FATAL/ Programa): Alpha/ RPVP Designers Webdesign: Filipa Machado (www.fatal.ul.pt) Dinis Costa (actualização de conteúdos) Spot: Núcleo de Comunicação do Departamento de Estratégia e Relações Externas Locução: Helena Saramago Direcção Técnica: João Chicó Assistentes Técnicos: Henrique Resende João Fernandes Direcção da sala: Tiago Nogueira Serviço de Bilheteira: Leandro Fernandes Apoio Tecnológico: Serviços Partilhados da UL (Serviços Tecnológicos) Apoio à logística: Serviços de Acção Social da Universidade de Lisboa Registo Videográfico: Núcleo de Comunicação do Departamento de Estratégia e Relações Externas Registo Fotográfico: MEF Impressão dos Materiais Gráficos: Soartes, Artes Gráficas, Lda. Concepção dos Troféus FATAL: Andreia Pereira Catarina Alves Ricardo Manso Execução dos Troféus: Gravarte Gravadores Os conteúdos constantes do programa de espectáculos, com excepção das sinopses, são da responsabilidade dos grupos participantes. A programação poderá sofrer alterações por motivos alheios à organização Glossário FLUL: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa MEF: Movimento de Expressão Fotográfica RUL: Reitoria da Universidade de Lisboa UL: Universidade de Lisboa 4 Em palco Os instantes do presente ANTÓNIO SAMPAIO dA NÓVOA REITOR DA UNIVERSIDADE DE LISBOA O teatro é a vida. O que nos atrai no teatro é a fragilidade. Tudo pode acontecer e desacontecer, num imprevisto, num acaso. A acção não se passa apenas no palco, mas também na sala. A fragilidade liga-nos numa relação próxima, humana. Não temos, a juntar-nos ou a separarnos, um livro, um filme ou um quadro. São pessoas com pessoas. Tudo está ali. Na fragilidade daquele momento. Na palavra e no silêncio. No gesto e na pausa. Não há passado, nem futuro. Apenas os instantes do presente. O teatro é a vida? Pois claro! “Embora custe caro, muito caro, e a morte se meta de permeio” – como Alexandre O’Neill disse da poesia. Jorge Listopad 1921. Há mais de cinquenta anos que, neste país, vivemos com os diálogos de Jorge Listopad. Fragmentos. Apontamentos. Notas. Sinais. O seu humor, cantante, revela que as palavras são música. “Uma vez um poeta perguntou: – E o que é o medo? –. Quando respondermos todos a esta pergunta, vamos ficar a saber muito mais e talvez comecemos a perdê-lo. Já não é sem tempo”. Os caminhos são nossos e não são nossos, mas o mais importante é outra coisa: “é o caminho nunca acabar, ou se acabar começar outro”. Jorge Listopad diz-nos que só o estado precário da efemeridade o satisfaz e lhe dá prazer: “o teatro que por vezes dirijo, todas as noites diferente embora o mesmo, até ao seu desaparecimento nos limbos”. Já não era sem tempo a homenagem que lhe fazemos no FATAL 2013, também pelo seu papel no teatro universitário. TEUC 75 anos. O TEUC marca a história do teatro e da universidade em Portugal. São muitas gerações que aqui encontraram a sua universidade, um outro espaço para pensarem, para se pensarem, para abrirem possibilidades de formação que vão muito para além do ensino escolar. Hoje, sabemos todos que o melhor da universidade está na criação e na maneira como a ciência e a arte se projectam na vida das pessoas e das sociedades. A universidade ou é lugar de cultura e de participação, ou não é nada. O TEUC é um símbolo do melhor que existe na universidade portuguesa. c 5 6 Em palco HOMENAGEM DO FATAL 2013 A jorge listopad 7 © Todos os direitos reservados Biografia livre de Jorge Listopad por Júlio Martín da Fonseca Falar de Listopad é celebrar o presente, visionar o futuro e honrar o passado. Para além de ser um homem do seu tempo, deste tempo histórico, que abrange dois séculos, como se pode comprovar no seu extenso e denso currículo, com ele é possível experienciar o que hoje em dia poucos sabem ou esquecem, é que na verdade, e particularmente de uma forma mais palpável na arte e na cultura, todos os tempos se comunicam, e mais do que querer ser contemporâneo ou intemporal, o que talvez seja premente, é procurar, é encontrar, e é construir, um outro tempo. Um tempo inaugural, de cumplicidade e atenção, onde cada um possa saciar a sua sede e mergulhar em liberdade, onde se propicie o nascimento de outra coisa, outro lugar, outro olhar, porque nos sabemos múltiplos e unos “todo o mundo e ninguém”, mas simultaneamente, com nome próprio e exigência de fidelidade a si mesmo. Paraquedista em território desconhecido, estrangeiro entre falantes da mesma língua, recolector de fragmentos do real, jardineiro da alma, cozinheiro de receitas secretas, construtor de pontes e de portas. Umas abrindo-se para dentro e outras para fora. Jorge Listopad é escritor em português e poeta em checo. Conhecido pelas suas crónicas e críticas nos jornais, pelos comentários docemente subversivos do inseparável “Coelhinho” no Jornal de Letras, exerce simultaneamente com luminosa erudição e particular generosidade a escrita de prefácios e posfácios para consagrados e neófitos. Os seus contos são verdadeiras pedras preciosas, rebuçados mágicos e sapientes. É também encenador, realizador de televisão e professor universitário. Doutor honoris causa pela Universidade de Brno e pela Universidade Carolinum de Praga, ambas na República Checa, tem várias condecorações, uma delas pelo seu papel na luta contra a ocupação nazi. 8 Em palco 1 2 8 Imagens gentilmente cedidas pelo Museu Nacional do Teatro 1 . Cartaz: O Diário de um Louco de Nicolai Gogol, Teatro Monumental (1966). Encenação de Jorge Listopad 2 . Programa: O Teatro Ambulante Chopalovirch, Teatro Cinearte - A Barraca (1995). Encenação de Jorge Listopad 3 . Cartaz: Os Sequestrados de Altona, Teatro Municipal S. Luiz (1979). Encenação de Jorge Listopad 7 4 . Cartaz: O Anúncio Feito a Maria, Teatro Nacional D. Maria II (1983). Encenação de Jorge Listopad. 5 . Cartaz: Macbeth, Teatro Experimental de Cascais (1988). Encenação de Jorge Listopad 6 . Cartaz: Fábrica Sensível, Teatro Nacional D. Maria II (1996). Encenação de Jorge Listopad. 7 . Programa: Manifesto sem Programa Preciso, Teatro da Malaposta (1993). Encenação de Jorge Listopad 8 . Programa: A Dança da Morte em 12 Assaltos, Casa da Comédia. Encenação de Jorge Listopad. 9 Homenagem do FATAL 2012 a Jorge Listopad 4 3 Nasceu em Praga, onde se doutorou em Filosofia, e naturalizou-se português, por amor, em 1962. É autor de cerca de cinquenta livros de prosa, poesia e ensaio, escritos em checo, francês e português e traduzidos em várias línguas. É membro da Associação Portuguesa de Escritores, do Pen-Club International, da Sociedade Portuguesa de Autores, da Associação Checa de Escritores e da Associação Internacional de Críticos de Teatro. Sobre a sua vida e obra foi realizado, no ano 2000, um filme pelo conhecido cineasta checo Jan Nemec. Foi presidente da Comissão Instaladora da Escola Superior de Teatro e Cinema, ainda no antigo Conservatório de Lisboa, na Rua dos Caetanos, ao Bairro Alto, e mais tarde em 1998, veio a criar um novo edifício para esta escola, na Amadora, com projecto do Arquitecto Manuel Salgado. Foi Co-director do Teatro Nacional de D. Maria II, Director da Sala Experimental e Vogal da Comissão Consultiva do mesmo Teatro entre 1983 e 1986. Encenou cerca de sessenta peças e óperas na Checoslováquia, França, Alemanha, Suíça e Portugal, onde recebeu dois Prémios de Imprensa e quatro Prémios da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro. Encenador independente, trabalhou com diversos grupos como a 5 6 Casa da Comédia, o Teatro da Graça – Grupo de Teatro Hoje, o Teatro Experimental de Cascais, a Companhia de Teatro de Sintra/Chão de Oliva e a Companhia de Teatro de Almada. Mas sobretudo, sabe como potenciar equipas e criar relações entre pessoas, arriscando na interioridade e na inteligência, num profundo respeito pela dignidade humana. Criou em 1981 o TUT, o grupo de Teatro da Universidade Técnica de Lisboa, que dirigiu até 2008, tendo evidenciado como se pode dar forma a uma realidade teatral universitária, de qualidade artística e pedagógica, por onde passaram, e continuam a vivenciar esta experiência de compromisso e liberdade, centenas de estudantes e dezenas de colaboradores, técnicos e artísticos, que ao longo dos anos têm participado nesta aventura. Mantém-se em plena forma, com 91 anos, continuando ocasionalmente a estimular e a inspirar viagens teatrais em jovens estudantes de artes performativas, mediante criações e improvisações, nutridas substancialmente pela palavra trabalhada e poética, de autores universais e lusófonos que inesperadamente nos assombram. O seu mais recente espectáculo foi Meu tio o jaguar a partir de João Guimarães Rosa, apresentado em vários locais e, por último, na Sala Estúdio do Teatro D. Maria II, de 14 de Junho a 1 de Julho de 2012. Seguramente, seguir-se-ão outros… c 10 Comissão de Honra do FATAL 2013 Manoel de Oliveira, cineasta Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência Jorge Barreto Xavier, Secretário de Estado da Cultura António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa Catarina Vaz Pinto, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa Artur Santos Silva, Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian Maria João Almeida, Directora do Centro de Estudos de Teatro da FLUL João Marecos, Presidente da Associação Académica da Universidade de Lisboa 11 PROGRAMA 14.º FESTIVAL ANUAL DE TEATRO ACADÉMICO DE LISBOA 13 Espectáculos em competição 9 Espectáculos Mais FATAL 5 Espectáculos FATAL Convida Masterclass Workshops Performance Apresentação do Concurso Novas Dramaturgias FATAL © Hélio Neto O FATAL apresenta, este ano, duas novas categorias na sua programação. Para além de 13 espectáculos em competição, subirão ao palco do Teatro da Politécnica 9 espectáculos inseridos na categoria Mais FATAL, uma oportunidade para grupos não seleccionados para a competição apresentarem em Lisboa as suas encenações, e 5 espectáculos FATAL Convida, categoria que inclui grupos nacionais e estrangeiros convidados a apresentar os seus espectáculos nesta edição. 12 Em palco Competição 7 MAIO / terça / 21H30 teatro da politécnica GTIST - Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa Zona Uma região, uma cidade, um lugar que está de quarentena e isolado do resto do mundo. É sempre noite, já não há luz do dia. Um território que foi fechado, que está cercado, ninguém pode sair nem entrar. Homens e mulheres estão confinados naquele espaço e não podem abandonar aquele território por questões de seguranças desconhecidas. Se calhar foram encerrados por medo de uma contaminação qualquer. Uma carta que chega, vinda do exterior, cria algum rebuliço. Para embarcar é preciso passar pelas malhas apertadas de um posto fronteiriço. Os que querem partir são submetidos a um rigoroso inquérito. A civilização está em ruínas, moscas anormalmente grandes proliferam e voam em torno dos actores, as falhas de luz são constantes, a floresta já avançou e está a engolir o que resta daquele território. O Autor Criação colectiva O Encenador Nicolas Brites (Bruxelas, 1972) iniciouse no teatro, em 1991, através de Cândido Ferreira, tendo frequentado durante quatro anos, as Oficinas de Teatro na Junta de Freguesia de São João, em Lisboa. Posteriormente, estudou Artes Visuais e concluiu, em 1992, o curso de Cinema do Instituto Franco Português. Trabalhou com os criadores João Brites, Cândido Ferreira, Raul Atalaia, Gonçalo Amorim, Madalena Victorino, Judite Gameiro, Giaccomo Scalisi, Letticia Quintavalla e Eva Wodjack. Em Macau, trabalhou na televisão local. Actualmente, para além do seu trabalho como actor, divide os seus dias entre a encenação de algumas produções, a realização de oficinas de teatro para crianças e a direcção da Associação Cultural OfeCena. É cooperante da Cooperativa Artística de Teatro O Bando, desde 1996. Foi formador do Curso de Expressão Dramática promovido pelo GTIST e assume, agora, o desafio de ser encenador deste grupo. Ficha técnica Encenação: Nicolas Brites Texto: criação colectiva Interpretação e cocriação: Ana Água, Beatriz Cardoso, Carolina Moncada, Daniela Guerra, Emanuele Simontacchi, João Valente, Mário Miranda, Sandra Subtil, Sara Carvalho Ferreira, Tatiana Ferreirim e Vera Menino Espaço cénico: GTIST Apoio à corporalidade: Vânia Rovisco Figurinos: GTIST Desenho e operação de luz: GTIST Iluminação/ desenho de luz: Nicolas Brites Fotografia de cena: José Chaves Concepção sonora e sonoplastia: Nicolas Brites Coordenação: Daniela Guerra Tesouraria: Sandra Subtil Produção: Daniela Guerra, Sandra Subtil e Vera Menino © Todos os direitos reservados 13 Processo criativo Ditam as regras que o actor nunca pode dar as costas ao espectador e é com este pressuposto que iniciamos esta nossa nova criação. As costas sempre nos atraíram, nós próprios nunca as conseguimos ver, transportam sempre um lado oculto, misterioso, enigmático. Que segredos encerram? Propomo-nos aqui trabalhar a representação da figura humana de costas, para reflectir sobre os sentidos do humano em relação ao mundo, com os outros e consigo próprio. A perspectiva de omitir ou suprimir o rosto pode envolver a figura em múltiplos enquadramentos significativos, podendo revelar diversas interpretações. Virar costas ao destino que nos traçaram, virar costas para não querer ser mais refém, virar costas para partir, fugir, procurar outro caminho, virar costas para se esconder, virar costas porque se tem medo, virar costas para recusar ou porque não nos interessa, virar costas para não perder mais tempo, virar costas contra o que nos é imposto, virar costas porque não se quer ver mais. Em qualquer uma destas circunstâncias, a recusa de uma individualização, a posição de um enigma, a revelação de uma fragilidade, servem de pretexto para nos questionarmos a nós próprios, enquanto homens e mulheres que fazem parte de uma sociedade e do seu papel a representá-la. Num contexto de tumulto social, somos impelidos a testar novas fronteiras, a provocar uma forma de olhar para o que nos rodeia, a saltar para dentro do que nos é desconhecido, ultrapassando os nossos próprios limites para nos conhecermos melhor, enquanto indivíduos e cidadãos. Ao mostrarmos o actor de costas também o queremos virar, para que ele volte à sua frontalidade. Viramos o actor de frente porque se quer partilhar mais alguma coisa, porque se tem uma urgência, alguma coisa que se tem absolutamente de dizer, ou simplesmente, para ver o que deixa para trás. À semelhança dos últimos espectáculos produzidos pelo GTIST, é importante referir que Zona terá vários outros elementos enriquecedores. O processo de criação foi acompanhado por várias pessoas com formação em áreas diversificadas, tais como a Vânia Rovisco, da Arquitectura Actual da Cultura – AADK Portugal Associação que, para além de contribuir para a criação final, deu formação em Movimento e Corpo. Estes processos de integração de novos elementos no espectáculo tornam todo o processo de criação mais completo, permitindo trazer pessoas de vários meios com ideias muito diferentes e inovadoras, dando uma maior riqueza e diversidade ao produto final. 14 Em palco Competição 8 MAIO / quarta / 21H30 teatro da politécnica TUT – Teatro da Universidade Técnica de Lisboa Antígonas O Teatro é uma das primeiras fontes e últimos redutos de uma leitura globalizante da realidade humana. Nele habita o mistério profundo que impulsiona o emergir de cada gesto e de cada palavra, ainda sem língua própria. Palavra que se faz carne, e se faz alma, como Antígona. Antígona, dádiva grega, acompanha-nos há mais de dois mil e quinhentos anos, como um testamento feito testemunho ao longo da viagem da nossa civilização ocidental. Antígona tem o perfume de uma santidade laica que reacende em nós a consciência da condição humana, que se pode elevar corajosamente acima da sua efémera fragilidade. Assim é o Teatro, nomeadamente, o Teatro Universitário. Agora, Antígonas de vários autores – Sófocles, Jean Anouilh, Bertold Brecht, Maria Zambrano - e situadas em épocas distintas irão coexistir, dialogar e conduzir livremente todos aqueles que quiserem mergulhar na nudez do eterno presente e acender com elas uma frágil chama, “Amor, Terra Prometida”. Os Autores Sófocles (496 AC-406 AC) Um dos grandes representantes do teatro grego antigo, a par de Eurípedes e Ésquilo. Jean Anouilh (1910- 1987) Brilhante artífice teatral, a sua obra reflecte um notável pessimismo sobre a condição humana. Bertolt Brecht (1898—1956) Os seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo. Maria Zambrano (1904-1996) filósofa e escritora espanhola, foi a primeira mulher a ser agraciada com o Prémio Miguel de Cervantes (1988). O Encenador Júlio Martín da Fonseca é Doutorando em Artes Performativas pela Universidade de Lisboa, Mestre em Arte e Educação pela Universidade Aberta e Licenciado em Teatro e Educação pela E.S.T.C – Escola Superior de Teatro e Cinema. Em 2008 tornou-se Director Artístico do TUT onde iniciou a sua carreira como actor, dirigido por Jorge Listopad, sendo de destacar Segismundo na Torre de Belém segundo A Vida é Sonho, de Calderón de la Barca. A sua estreia profissional aconteceu no Teatro Nacional D. Maria II, com a peça O Anúncio feito a Maria de Paul Claudel. Trabalha como Coordenador Pedagógico da Licenciatura em Artes Performativas da ESTAL - Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa, desde 2011. Como actor e encenador, está ligado ao Teatro Zéphyro, Teatro do Ourives e Teatro Maizum, dirigido por Silvina Pereira. © Joana Saboeiro 15 Processo criativo Desde a sua fundação, em 1982, que o TUT – Teatro da Universidade Técnica de Lisboa, tem mantido um ritmo de dois encontros semanais, às segundas e quintas-feiras. De Outubro a Dezembro, o grupo dedica-se ao acolhimento de novos elementos e à sua integração na dinâmica “tutiana” através de um trabalho de consciencialização e formação teatral, que desenvolve também a criatividade, a capacidade de comunicar e criar relações, a compreensão da Cultura e o estabelecimento de conexões, entre o pensamento e as emoções, as artes e as outras disciplinas. Sem processo de selecção, o TUT vai incorporando estudantes portugueses e Erasmus, de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento, provenientes de vários Cursos Superiores da actual Universidade Técnica de Lisboa, aos quais se juntam Investigadores e Professores, o que proporciona um pulsar vivencial universitário. A partir de Janeiro, de uma forma flexível e fluída, com todos os elementos que queiram participar, e em função dos interesses e inquietações do grupo, vão-se lançando desafios e estimulando a inspiração através de leituras colectivas, diálogos alargados e exercícios de improvisação que despoletam o imaginário e geram caminhos de experimentação. O TUT visa também corresponder ao convite de participação em várias iniciativas universitárias e cívicas, assim como à apresentação de um espectáculo, normalmente no mês de Maio. Foi desta forma que surgiu, neste momento histórico que vivemos, o sentimento profundo e intemporal de que todos somos Antígona, explorando o mistério da existência humana e a fonte matricial da justiça, na descoberta das nossas relações como seres sociais. No desenrolar do processo, apercebemo-nos que seria enriquecedor juntar ao texto de Sófocles outras ressonâncias, mais próximas de nós, deste tema tão amado. Surgiram, assim, as versões de Jean Anouilh e de Bertolt Brecht e impôs-se, pela sua beleza penetrante, a peça da filósofa Maria Zambrano. Seguidamente, privilegiando o processo de desenvolvimento pessoal, mas com um sentido de grupo, cada um/ uma foi convidado a escolher a personagem e/ ou a função que gostaria de desempenhar. O grande número de elementos do grupo permitiu desdobrar cada uma das personagens da peça por diferentes actores e actrizes, criando cambiantes reveladores da complexidade das várias personagens. A planificação dos ensaios incidiu prioritariamente no trabalho dramatúrgico, que ia sendo testado em cena, e posteriormente focalizou-se, em simultâneo, no trabalho de actor e na plasticidade do movimento colectivo, indutor e criador de paisagens corporais. Ficha técnica Encenação: Júlio Martín da Fonseca Texto: A partir de Sofócles, Jean Anouilh, Bertolt Brecht e Maria Zambrano Interpretação: Ana Cristina Martins, Ana Nunes, Ana Rita Pires, Ana Tang, Andreia Pinto, António Costa, Catarina Severino, Célia Santiago, Diogo Consciência, Elisabete Chambel, Inês Roque, Joana Apolónia, Joana Lérias, João Nabais, João Pires, José Figueiredo, Luís Miranda, Luís Oliveira, Manuel Vieira, Maria Freitas, Maria Inês Roque, Mariana Yuan, Miguel Carralas, Nuno Augusto, Nuno Cortez, Nuno Pereira, Paula Bettencourt, Raquel Veloso, Sofia Scheltinga, Susana Pereira Tradução: e Dramaturgia: Júlio Martín da Fonseca e Manuel Vieira Apoio Técnico de Corpo e Voz: Manuel Vieira Guarda-roupa: Luís Mesquita Desenho de Luz: José Carlos Nascimento Direcção de produção: Manuel Vieira e Nuno Cortez Produção: TUT 16 Em palco Competição 9 MAIO / QUINTA / 21H30 teatro da politécnica Sin-Cera – Grupo de Teatro da Universidade do Algarve Cidade Autoada Humanos de veludo, doutorados em pedra queimada Habitam ramos secos vivazes que não enxergam Entretidos na forma das letras vazias Encerram-se em cúpulas estéreis de sabedoria Teatralizam opiniões, posições, argumentações Unem-se nos medos e na esperança cega de resolverem os seus apetites manipulados pela sua natureza crua Um jogo do galo viciado Que não param de jogar em nome da grande obra Que não serve ninguém Rebola um grande auto pela cidade Que Cesariny lhe chama Jerusalém Talvez venha daí… Talvez venha ainda da aldeia que lhe antecedeu… talvez venha do ventre do primeiro homem… Mas… Um líder servirá um povo inteiro que é o seu? Uma criança servirá o propósito dos seus pais? Há sempre quem perceba que o veludo de um casaco é a pele de um outro irmão. Para esses a mesma erecção - Auto! O Autor Mário de Cesariny de Vasconcelos (1923-2006) foi um grande poeta e pintor português. Formado pela Escola de Artes Decorativas António Arroio, frequentou a Academia de La Grande Chaumière em 1947, em Paris. Integrou o Grupo Surrealista de Lisboa e fundou, posteriormente, o Grupo Surrealista Dissidente. A sua escrita é marcada pelo recurso ao absurdo, à ironia e ao humor reflectidos em figuras e mitos consagrados da cultura portuguesa. O Encenador Rui Cabrita (1978) completou a sua formação no II Curso Técnico Profissional de Actores, Animadores e Técnicos Teatrais ministrado pela ACTA (A Companhia de Teatro do Algarve). Tem trabalhado com companhias teatrais tais como a ACTA (Faro), o AL-MaSRAH (Tavira), A Gaveta (Portimão), o TAL (Teatro Análise de Loulé), o Penedo Grande (Silves) e com várias companhias de dança, entre elas a Amalgama (Sintra), a Devir (Faro) e a Dancenema (Portimão). Fundador e dirigente do Corpo Cénico Pipempé, tem como objectivo colaborar em projectos de outras organizações e promover a participação e o enriquecimento artístico entre pares, pretendendo, deste modo, ultrapassar dificuldades estruturais no contexto actual da criação e alcançar uma maior qualidade cultural. Iniciou a sua formação no SIN-CERA, com Pedro Wilson. © Todos os direitos reservados 17 Processo criativo Iniciámos com a partilha da mesma linguagem. Corpo, esqueleto e respiração com a consequência activa do músculo da emoção. Formámos personagens próximas do imaginário e das vontades de cada um. Encontrámos um texto actual de Cesariny com o qual explorámos a sua leitura e iniciámos o cruzamento das nossas ideias com o texto desinteressado e real que a percepção do Mário criou. As pontes começaram a envolver-se e distribuímos por todos as mesmas personagens de modo a termos a compreensão crítica de toda a consciência social que se envolvia no caminho. Descobrimos um início e queríamos um fim em palco para ressuscitar novos inícios. Focámo-nos, portanto, no caminho. A compreensão dos quadros já escritos e do alinhamento dos momentos nossos. Passámos à fase obscura de fazer de um texto o nosso corpo, a nossa alma, a nossa voz. Chegámos à forma descoordenada de não saber qual seria a nossa voz e qual seria a voz do outro (que seria a nossa). Todos podíamos ser todos. Mas a vontade de definição e afirmação, ditou que, naturalmente, compreendêssemos que, se queríamos ir para palco, teríamos de nos olhar de outra forma. Nesta altura percebemos que o corpo intuitivo teria de ressurgir e que toda a intelectualização de um esquema de mensagem passaria pela maior importância de uma alma uníssona e diferenciada de entreajuda sensível para contarmos esta estória. O som veio relembrar-nos que o momento de contacto e comunicação seria épico e único e que, fundamentalmente, queremos fazer teatro para comunicar tudo num só gesto que até se poderá repetir durante toda a representação. Mas a riqueza dos nossos seres e a chegada do tempo de dizer superaram todas as marcações, técnicas, ou preconceitos adquiridos, numa formação própria e limitada. Quisemos atingir a verdade honesta do tempo em que vivemos. De uma forma artística, sucinta e universal. Foi necessário passar pelo caos. Pela adrenalina suave de uma amizade posta em causa. Reformular valores simples. E escolher livremente o que queremos. E, no fim, percebemos que, mais importante de tudo, somos nós em palco que decidimos a urgência da comunicação, da partilha, da cumplicidade, da maturidade, do entreaberto, da dúvida certeira para continuar. A catarse é procurada novamente pelo meio teatral para não querermos nada do que fizemos. Para querermos tudo diferente. Tudo melhor. Este foi o processo da criação. A o que chegámos? O público terá uma palavra a dizer. Ficha técnica Encenação: Corpo Cénico Direcção artística: Rui Cabrita Coordenação dramatúrgica: Fernanda Cabrita Texto: Mário Cesariny Interpretação: Maria, Ângela, Élia, Tânia, Kamini, Ana, Fernanda, Portugal, Isabel, Xana, Luísa, Eduardo, Luís, Lúcia, Helena, Joana, Bruno Convidada Especial: Cira De Luque (Espanha) Figurinos: Ângela Lourenço Imagem e Adereços: Tânia Guedelha Direcção Técnica: Manuel Alão Sonoplastia: António Sérgio Pesquisa: Raquel Ceriz Iluminação Cénica: Lúcio Inácio Operação de Luz: Severine Guerreiro Cenografia: SATORY Concepção: Rui Cabrita Estudo arquitetónico: Rui Farinhó Execução técnica: Sebástian Produção: SIN-CERA Direcção: Portugal Assistente: Élia Ramos Acabamentos: António Sérgio Cenografia viva: Ana Covadonga 18 Em palco Competição 10 MAIO / SEXTA / 21H30 teatro da politécnica CITAC - Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra Universidade de Coimbra Aquário Teresa era uma menina bonita e obediente. Das barbatanas nasceram mãos. Da guelra fez-se goela. Teresa era uma menina bonita e obediente. Era. Já não é. O Autor Criação colectiva. O Encenador Catarina Lacerda nasceu no Porto em 1981. Concluiu a sua licenciatura com distinção em 2004 em Estudos Teatrais na ESMAE (Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo) e foi agraciada com o prémio Eng.º António de Almeida que premeia o aluno com a melhor classificação. Em 2005 co-fundou o Teatro do Frio, no Porto, onde dirigiu a direcção artística de Comer a Língua (2013), Incesto (2011) e Retalhos (2009/08), representando Portugal no Fringe/ Macau’09. Instigada pela investigação da companhia Piesn’Kozla e pelo trabalho de docente de movimento na ESMAE, desenvolve, desde 2006, pesquisa na área do corpo e da voz. Em 2009, co-fundou a CulturDANÇA – escola de danças. Aquário é a primeira direcção artística que assume com o CITAC. © Todos os direitos reservados 19 Processo criativo Ao início eram 16 pessoas e uma caixa negra. Só depois veio o verbo e a respiração. Da respiração cresceram vozes, braços, pernas, pés, mãos, cabeça, sentires. Ainda crescem. Propusemo-nos a reflectir sobre princípios éticos e valorativos da democracia em que vivemos. Vivíamos. Enquanto isto, desenvolvemos a escuta física ao outro. Inspiramo-nos em semideuses e anti-heróis e organizamos um guião. Entre a luz e a escuridão, a sombra e o contra luz, o olhar atento de alguns pares, aplicámos o conceito de luz à dramaturgia que ora manipulamos ora nos manipula. O que une as partes deste guião improvável continua a ser o que nos traz aqui, a esta caixa negra, noite após noite, a ser um dezasseis avos de um todo unificado, nesta primavera de 2013. O indizível. Ficha técnica Criação colectiva com encenação de: Catarina Lacerda Interpretação: Ana Lagoa, Ana Filipa Pinto, Diana Lopes, Dina Paz, Filipa Sousa, Guilherme Pompeu, Inês Santos, José Pedro Andrade, Luís Guiomar, Luís Zari, Nuno Roque, Ricardo Batista, Rodrigo Crespo, Renan Delmontt, Rodrigo Ribeiro, Valeria Fazzi Desenho de luz: Guilherme Pompeu Sonoplastia: José Diogo Silva Operação de luz: Anabela Ribeiro Operação de som: Pedro Fernandes Produção: CITAC 2013 (financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian). 20 Em palco Competição 11 MAIO / SÁBADO / 21H30 teatro da politécnica TUP – Teatro Universitário do Porto Universidade do Porto Medeia de noitardecer Nunca ninguém me quis ouvir. Eu tentei parar isto tudo. Não houve nada a fazer, o que tem de ser encontra caminho. Ela só sabe chorar, só sabe chorar, a Medeia. Só tenho a certeza de que todos temos culpa. Agora, já ninguém pode fazer nada. Está feito. Está feito. Está feito e não há como voltar atrás. O Autor e Encenador Raquel S. nasceu em Viana do Castelo em 1986. Viveu em Monção até 2004, ano em que se mudou para o Porto para estudar Filosofia e, depois, Literatura. Em 2010, fez o Curso de Iniciação à Interpretação do TUP e é, desde 2011, Presidente da Direcção do grupo. Integrou o elenco e coescreveu A Espera, encenado por Inês Gregório e Nuno Matos, vencedor do Prémio FATAL Cidade de Lisboa 2012. Ficha técnica Texto e encenação: Raquel S. Assistência de Encenação: Nuno Matos Interpretação: Ana Margarida Pinto, Athos Martins, Catarina Vaz, Filipa Alves, Gonçalo Albuquerque, Hélder Oliveira, Inês Gregório, Joana Mont ‘Alverne, Magui Costa, Sérgio Sá Cunha e Tiago Martins Desenho de Luz: José Nuno Lima Cenografia: Vasco Costa Música e Desenho de Som: Pedro Pestana Figurinos: Ana Isabel Freitas, Hugo Bonjour e Sofia Barbosa Operação de Luz: Mariana Figueroa Produção: Gonçalo Gregório e Nuno Matos Apoio Técnico: Eduardo Brandão Design: Nuno Matos Agradecimentos: ACE, Catarina Lacerda, Elena Castro, Glória Cheio, Margarida Pinto Cabeleireiros, Margarida Wellenkamp e Panmixia Associação Cultural Apoios: Reitoria da Universidade do Porto, Fundação Calouste Gulbenkian, IPDJ, Visualight, Delta Cafés, Faço Tudo – Américo Castanheira e Museu do Carro Eléctrico © Todos os direitos reservados 21 Processo criativo Deve haver um motivo para a luz pequena que apareceu sempre sobre esta palavra. Notas nas margens, notas em cadernos. Repetia-se: Medeia. Depois saiu pela boca, pelas mãos, pelos olhos. Sobretudo pelas mãos. O texto apareceu. Mas não tinha a certeza. Há alguma coisa em matar os filhos que tem a ver com isto. Com certeza. Há alguma coisa certa numa coisa que acontece. Há alguma coisa no amor que tem a ver com culpa. Há alguma coisa em sobreviver que tem a ver com culpa. Porquê a Medeia? Não tinha a certeza. Os actores mostraram-me os lugares que os personagens deviam tomar, o que acontece a esta gente. Mostraram-me o que eu tinha escrito, o que lhes tinha dito, mostraramme muitas vezes que não tinha razão. Mostraram-me o que acontece quando se acorda as coisas que vivem debaixo das pedras. Mostraram-me que um personagem não se veste: arranca-se. Mostraram-me que eu nunca podia ter certeza. E deixei de querer ter certeza. Raquel S. 22 Em palco Competição 13 MAIO / segunda / 21H30 teatro da politécnica NOSTER - Grupo de Teatro da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa Num país onde não querem defender os meus direitos, eu não quero viver Michael Kohlhaas é um negociante de cavalos que necessita de passar pela propriedade de um Barão com alguns animais. É-lhe pedido um salvo-conduto, que não tem, para que possa atravessá-la, deixa dois cavalos como garantia. Quando retorna para reaver os seus cavalos, descobre que estes estão muito magros e foram maltratados. Faz queixa, exige justiça. O Autor Jorge Silva Melo (1948) estudou na London Film School. Fundou e dirigiu, com Luís Miguel Cintra, o Teatro da Cornucópia (1973-79). Estagiou em Berlim, junto de Peter Stein, e em Milão, junto de Giorgio Strehler. É autor das peças António, Um Rapaz de Lisboa, O Fim ou Tende Misericórdia de Nós, O Navio dos Negros, entre outras. Fundou em 1995 a sociedade Artistas Unidos da qual é director artístico. Realizou as longas-metragens Passagem ou A Meio Caminho; Ninguém Duas Vezes; Agosto; Coitado do Jorge; António, Um Rapaz de Lisboa e vários documentários. Traduziu obras de Carlo Goldoni, Luigi Pirandello, Bertolt Brecht, Georg Büchner, Heiner Müller, Harold Pinter, entre outros. O Encenador A. Branco, mestrando em Artes Performativas, concluiu especialização em Escritas de Cena, na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa e fez formação artística com João Mota e António Torrado na Fundação Calouste Gulbenkian. Professor de Escrita Criativa e de Escrita para Teatro, dramaturgo e encenador é colaborador de Atrás da Máscara, programa da RDP África e da Sercultur, Canal Cultura do Sapo. Foi distinguido com o Prémio Nacional das Artes do Espectáculo Maria João Fontaínhas, em 2010, com Volley. Tendo recebido uma Menção Honrosa INATEL/ TEATRO - Novos Textos, em 2005, com Até Amanhã!, ganhou o Grande Prémio INATEL/ TEATRO - Novos Textos em 2007 e 2008, com 7 (sete) e Chove sempre em Agosto, respectivamente. Recebeu, ainda, a distinção João Osório de Castro, pelo Fórum Teatral Ibérico, em 2008. Foi seleccionado na área Novíssima Dramaturgia Portuguesa, nos Encontros de Novas Dramaturgias Contemporâneas, em 2010, com Isto não é um jogo. © Todos os direitos reservados 23 Processo criativo Vi Num país onde não querem defender os meus direitos, eu não quero viver feito apenas por um actor, Paulo Claro, para quem Jorge Silva Melo adaptou a texto dramático a novela Michael Kohlhaas de Heinrich von Kleist. Havia nele qualquer coisa, sobre aquele homem que procurava justiça, que exercia um enorme fascínio no público, que o tocava, que o dividia. Queria voltar a ele, mas já não como espectador. Finalmente consegui. Partimos de uma versão cénica do texto, já não para um actor mas para oito actores, que fomos trabalhando e depurando, com algumas incursões à novela original em alemão, até chegar ao resultado final. Trabalhar tendo por base uma boa peça não é sinónimo de se produzir um bom espectáculo, mas ousámos criar um espectáculo que deixasse “respirar” e, ao mesmo tempo, pudesse “amplificar” este texto fortemente narrativo, de múltiplas ambiguidades e de uma actualidade desarmante. Tentámos! A. Branco Ficha técnica Encenação e versão cénica: A. Branco Texto: Jorge Silva Melo (a partir de Michael Kohlhaas, de Heinrich von Kleist) Dramaturgia: A. Branco, Joana Liberal, Paulo Muacho Produção: Noster e AEFCH UCP Produção executiva: Isabel Teles de Menezes Interpretação: Inês Chambel, Isabel Teles de Menezes, Joana Liberal, João Quiaios, Mariana Ramos, Margarida Cunha, Paulo Muacho e Ruy Rodrigues Luzes: Susana Reis Silva Apoio: Fundação Calouste Gulbenkian. 24 Em palco Competição 14 MAIO / terça / 21H30 teatro da politécnica NNT – Novo Núcleo de Teatro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa Eu disse AGORA não disse AMANHÃ DEPOIS ONTEM Quem seria se pudesse ser? Onde iria se pudesse ir? O que é que estamos dispostos a fazer pelos nossos sonhos? Por que dias esperamos? Que dias desejamos? Que dias queremos construir? Será possível um futuro, se tudo cai das minhas mãos? Será possível um futuro, se eu já não sei se é de dia ou de noite? “O passado dá à costa” escreveu Heiner Müller. Por vezes ignoramos o passado; vivemos na ilusão do presente; esperamos por um futuro completamente controlado por nós. Parar ou avançar? AQUI? ONDE? QUANDO? HOJE? AMANHÃ? O amanhã, os dias seguintes, os dias que estão por vir são hipóteses, mas o corpo, esse, continua na vertigem violenta, num estado poético e patético. Exausto. Alguém lê Beckett numa estação de comboios e de repente a boca desaparece. As respostas são eternos esboços. O Encenador Tiago Vieira, formado pela Escola Superior de Teatro e Cinema, tem encenado, desde 2008, vários espectáculos nos contextos do teatro universitário e do teatro profissional. Da sua formação faz igualmente parte a participação em diversos workshops realizados no Teatro Praga e orientados por profissionais como Olga Mesa, Vera Mantero, Susana Vidal, Miguel Moreira e Meg Stuart. Mais recentemente, destaca-se o trabalho extracurricular que realizou com alunos de 1.º ano da Escola Superior de Teatro e Cinema do IPL, bem como as encenações de Escombros de antigas catedrais e Hoje não amanhecerá, a partir de Al Berto, apresentadas na Casa Conveniente. Do seu percurso profissional, destaquese, ainda, o trabalho que realizou com a encenadora Mónica Calle. Integra, actualmente, A Latoaria, um novo espaço de criação localizado na Graça, em Lisboa. Ficha técnica Encenação: Tiago Vieira Autor: a partir de Samuel Beckett e outros autores Interpretação: Elói Barros, Daniel Mendes, Eduardo Foster Silva, Joana Mendes, Mariana Queiroz, Miguel Stichini Dramaturgia, Coreografia: Tiago Vieira Cenografia, Figurinos: Tiago Vieira Música: Tiago Vieira Vídeo: Joana Mendes, Tiago Vieira, Elói Barros, NNT Fotografia: Carolina Thadeu Produção: NNT Parceiros: Associação Artes e Engenhos © Todos os direitos reservados 25 Processo criativo O corpo é a principal matéria. No corpo encontram-se memórias, biografia, ficções, relações, reminiscências. O corpo como conceito. O corpo como carne. O corpo exausto. O corpo cansado. O corpo que compreende, que falha, que ultrapassa, que decide. O corpo como lugar, identidade, pátria. O corpo como revolução, revelação, exposição. O corpo. O corpo do performer. O performer como agente activo de criação. O performer como dramaturgista, cenógrafo, figurinista, produtor, actor, bailarino. O performer estabelece relações pessoais com aquilo que está a produzir artisticamente. O performer é capaz de olhar a realidade de uma forma “extra-real”. O quotidiano torna-se onírico. A utopia revela-se uma possibilidade. O performer começa a acreditar em coisas que não acreditava e ri-se disso. O performer fotografa, filma, escreve, lê e relê, sublinha, edita, selecciona, deita fora, volta ao que deitou fora, selecciona, deita fora outra vez, cansa-se, irrita-se, pensa em desistir, regressa, ri-se, surpreende-se, desenha, mapeia, tem dores nas pernas, nos braços, nos pés. O performer avança sem saber porquê mas avança. Avança porque numa determinada altura tem que se avançar. Constrói-se um espectáculo. Procuram-se personae como símbolos perversos, sonhadores capazes de destruir, matéria de violência poética, seres patéticos, organizadores de festas, corpos guerra, corpos apocalipse, corpos eróticos, corpos ridículos, corpos que tentam fazer teatro. O performer tenta fazer teatro desconstruindo o teatro, reescrevendo a história, revelando restos da sua própria história. O performer lê e relê. O performer rouba palavras aos dramaturgos e constrói a sua dramaturgia. Uma dramaturgia que não procura respostas, mas, sim, perguntas. Uma dramaturgia que vive de fragmentos, que corrompe a narrativa, que procura um discurso aberto. O espectador é convidado a criar a sua própria dramaturgia, a estabelecer uma relação livre e pessoal com o espectáculo. O espectáculo na verdade não é um espectáculo, é um encontro, um acontecimento, um momento partilhado, um momento que se pretende inesquecível. Numa época em que facilmente se esquece das coisas, se altera, se modifica, se anula, se deita fora, talvez a Arte seja o último lugar possível do eterno e da memória. O Teatro é um momento indiscutivelmente único. O Teatro enquanto espaço do corpo que se revela através de palavras que expressam intenções. O Teatro que não procura explicações mas intenções. A intenção como motor de criação artística. A intenção como espaço de questionamento. O TEATRO-PERGUNTA e não o TEATRO-RESPOSTA. O Teatro que deambulando pelo ridículo revela o trágico. O Teatro enquanto espaço do EU-ARTISTA. O Teatro como expressão biográfica, ficcional, autobiográfica, “bio-ficcional”. O Teatro como Erro. O Teatro como tentativa. O Teatro como REcomeçar, REdescobrir, REpensar, REescrever. O Teatro onde o corpo no encontro com as palavras procura a Dança. O TEATRO REVOLUÇÃO. O TEATRO MANIFESTO. O TEATRO MOTHERFUCKER. O TEATRO DO CORPO. CONFRONTO. Os corpos confrontam-se. Procuro o confronto porque a apatia é insuportável, a preguiça é, acima de tudo, falta de inteligência. Há coisas que me incomodam. Coisas que me emocionam. Coisas que amo. Coisas que perco. Coisas que são segredos. O Teatro como espaço do segredo elevado a grito. Porque é que fazemos Teatro? O que é que procuro no Teatro? Porque é que o Teatro faz sentido? São perguntas às quais procuro responder agindo. Tiago Vieira 26 Em palco Competição 15 MAIO / quarta / 21H30 teatro da politécnica GTL – Grupo de Teatro de Letras da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Aldrabices Um Ministro da Cultura que foi Chefe da Polícia Secreta e não vê contradição entre estes dois papéis; o teatro que mata e morre; um bebé que não quer nascer, concebido com a nata dos grandes negócios e das mentiras; um manifesto a favor da Justiça: “it is just despachar e toca a andar”. No campo do “faz de conta” da justiça, estes são alguns dos sketches compostos por vários autores a partir de Conferência de Imprensa de Harold Pinter. Apresentados numa linguagem desbragada e até mesmo cruel, constituem uma crítica mordaz e satírica sobre a actual realidade política cujas aldrabices, independentemente da língua materna, se mostram equiparáveis e sem fronteiras. O Encenador José Ávila Costa (Açores, 1952) estreou-se como actor no Teatro Experimental de Cascais, em 1978. Leccionou no Instituto de Formação Investigação e Criação Teatral (IFICT), no Chapitô e tem dado formação na In Impetus. Em 1981, concluiu a sua Formação de Actor no Conservatório Nacional de Lisboa e trabalhou no Teatro da Cornucópia, na Companhia Nacional de Teatro Popular e no Teatro Maizum. Em 1983 integrou, como actor, o Grupo de Teatro de Letras (GTL), tornando-se orientador do grupo. Há vinte anos que encena o GTL, o mais antigo grupo de teatro experimental na Universidade de Lisboa. © Todos os direitos reservados 27 Processo criativo Em Setembro do presente ano procuraram-se novos alunos para engrossar as fileiras do GTL. Daí, após um processo de selecção, os valorosos presentes sabiam que enfrentavam o desafio da construção de pequenos sketches que se pretendiam dinâmicos, críticos e actuais. Após um processo de aprendizagem e de conhecimento do corpo, é necessário o conhecimento do texto e da voz de cada um, pelo que, regularmente, se propõem e lêem textos. Assim, a partir de uma quase não conferência de imprensa, nascem 21 novos textos que viajam pelos meandros da sociedade subvertida. Procuram-se as personagens na voz, no corpo, nos gestos e trejeitos próprios de cada um. A montagem final consistiu no encontro certo do encadeamento de energia. Isto num processo que, apesar de construído, não está terminado, pelo que a actual apresentação continua a beber do dia-a-dia e do input dos espectáculos, de modo a construir algo sempre melhor. Ficha técnica Direcção Artística e Encenação: Ávila Costa Interpretação: Catarina Brites; Hugo Silva; João Bicho; João Pereira; Mariana Amorim; Rita Liberal; Vivian Neves Apoio Corpo: João Nascimento Apoio Geral: Marisa Manarte e Jorge Completo Desenho de Luz: Ávila Costa Sonoplastia: GTL Fotografia: Flávio Filho Desenho Gráfico: Flávio Nunes Produção: Inês Luís 28 Em palco Competição 16 MAIO / quinta / 21H30 teatro da politécnica GrETUA – Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro Liberdade ou morte A partir das leituras de Le Contract Social de Jean Jacques Rousseau e de Theory of Moral Sentiments de Adam Smith, esta criação teatral gira em torno de uma revolta popular numa povoação nos meados do século XIX em diferentes espaços cénicos: Estalagem, Caserna, Mercado, Palácio, Escritório, Casa senhorial e, no meio disto tudo, está escondida uma mina de água, fonte de toda a intriga. O Autor Os textos da peça são o resultado de criações dos próprios actores sob a orientação do encenador. Serão, ainda, citados alguns textos de autores como Brook, Brecht, Artaud, entre outros. O Encenador Jorge Fraga, actor, criador teatral, dramaturgo e professor de Artes Performativas, desenvolve, desde 1974, um trabalho regular de formação e produção de espectáculos com grupos de teatro universitário, de teatro comunitário, grupos amadores e grupos profissionais. É director artístico do Teatro da Academia desde a sua formação. Entre os seus últimos trabalhos, em 2010 e 2011, encontra-se Rossio, no Teatro Viriato, O Apartamento, pela companhia Tenda, em Lisboa e Europa, espectáculo do grupo Teatro da Academia distinguido com o Prémio do Público FATAL 2010. A sua encenação de Woyzeck, de Georg Büchner, valeu-lhe o Prémio FATAL 2012. © Todos os direitos reservados 29 Processo criativo A concepção e construção deste espectáculo baseou-se no conceito de teatro experimental, tal como deve acontecer no teatro universitário (assim o entendemos todos). Nesse sentido, partiu-se para um processo de trabalho colectivo de grande liberdade criativa ao nível dramatúrgico. Depois de atribuídas as personagens pelo encenador, a maioria dos textos resultou de um aglomerado de criações dos próprios actores com a orientação do encenador. Este processo teve início em Dezembro de 2012 e estendeuse até Abril, tendo adoptado, em parte, um carácter de residência artística. Ficha Técnica Encenação e concepção cénica: Jorge Fraga Texto: vários autores Interpretação: Andrea Fernandes, Barbara Correia, Beatriz Mano, Carolina Lobão, Cláudia Dantas, Daniel Teixeira, David Dias, Fábio Maricato, Henrique Portela, Joana Vidal, João Peixoto, Margarida Afonso, Mercedes Fernandes, Nuno Jordão, Rita Carmona, Rita Moniz, Rui Ribeiro, Teófilo Monteiro, Teresa Pereira, Tiago Castro, Tiago Freitas, Vera Freire, Viviane Runa Cenografia e figurinos: GrETUA Sonoplastia: Alexandre Castro Técnico de luz: Pedro Sottomayor Técnico de som: Alexandre Castro Produção: GrETUA 30 Em palco Competição 17 MAIO / sexta / 19H00 teatro da politécnica Máscara Solta – Faculdade de Letras da Universidade do Porto Presas A partir de textos originais de Ana Catarina Ramalho e Tiago Moura, o espetáculo Presas encontra-se com o espectador no lugar-comum da clausura, seja ela explícita nos corpos das personagens e nas suas acções ou subentendida nos seus testemunhos: a uma rede social, a um sítio fora do comum, a uma relação impossível, a um futuro que nunca parece avançar. O ar cansado das minhas roupas, de Ana Catarina Ramalho, é uma abordagem graciosa ao nosso quotidiano de consumismo rápido e indolor, que na era da informação vê a comunicação pessoal ser lentamente substituída por mecanismos tecnológicos que vendem a promessa de uma vida facilitada. Alguém olhará por nós, de Tiago Moura insere-se nesse momento das nossas vidas, em que estamos presos ao que fomos e ao medo do que nos tornaremos. No meio de tentar desvendar a razão por detrás da sua clausura, ambas as personagens buscam conforto no iminente aparecimento de um salvador. Os autores e encenadores Ana Catarina Ramalho licenciou-se em Línguas, Literaturas e Culturas - Plano Monodisciplinar de Inglês em 2009, terminando, em 2012, o Mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes no Ramo de Estudos Comparatistas e Relações Interculturais, com uma dissertação sobre Natália Correia e o mito de Don Juan na peça D. João e Julieta. Viu encenadas pelo TIPO (Teatro Inédito do Porto), em 2011, duas peças originais no Hardclub. Participou no Atelier 200 promovido pelo Teatro Nacional São João e é, actualmente, actriz no grupo de teatro amador Sabor a Teatro. Tiago Moura licenciou-se em Línguas, Literaturas e Culturas (Plano Monodisciplinar de Inglês) em 2009, terminando, em 2011, o Mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes, no Ramo de Estudos Comparatistas e Relações Interculturais, com uma dissertação sobre o testemunho do trauma na obra dramática de Sarah Kane. Ficha técnica Encenação e dramaturgia: Ana Catarina Ramalho, Tiago Moura Produção: Cláudia Consciência, Paulo Brás Interpretação: Ana Catarina Ramalho, Sandrine Malta, Tatiana Ribeiro © Todos os direitos reservados 31 Processo Criativo O Testemunho na era da informação Como é que ter nascido num carrossel te mudou enquanto pessoa? O espectáculo Presas, apesar de composto por duas peças autónomas, O ar cansado das minhas roupas, seguido de Alguém olhará por nós, assume-se como um único objeto artístico, o segundo espetáculo do ano letivo 2012/13 do Máscara Solta. Em O ar cansado das minhas roupas (ACR), fica-se preso a uma rede social. Em Alguém olhará por nós (AON), fica-se preso numa roda gigante. Os movimentos em palco são, por isso, extremamente controlados, e condicionados pelo próprio espaço de exílio (compensa-se a prisão virtual com um cenário realista, a prisão concreta com um cenário conceptual). Não que estejamos perante um drama estático (a não ser que pensemos o estatismo enquanto parte integrante de uma coreografia, a ausência de movimento como uma forma, entre outras, de movimento), mas, se em trans-, a retrospetiva que constituiu o primeiro espectáculo da dupla para o Máscara Solta, o jogo cénico dependia não só de referências a passagens, mortes e meios de transporte como do movimento do público que, por diferentes espaços da Faculdade de Letras, atravessava os dez primeiros anos do grupo, não será por acaso que os quadros de ACR/AON são encenados numa galeria de arte. Na sinopse que escreveu para a sua peça, o autor afirma-o explicitamente: «Há quem diga que crescer é a lição mais difícil que temos de aprender. AON insere-se nesse momento das nossas vidas, em que estamos presos ao que fomos e ao medo do que nos tornaremos. Duas personagens encontram-se fechadas num sítio peculiar ao mesmo tempo que tentam fugir de um lugar-comum das nossas vidas. No meio de tentar desvendar a razão por detrás da sua clausura, ambas as personagens buscam conforto no iminente aparecimento de um salvador». A genealogia de textos sobre pessoas presas (poder-se-ia mesmo precisar «mulheres») e sobre pessoas à espera é interminável (o momento da espera é, aliás, outro denominador comum a ambas as peças breves), fazendo com que o exercício de memória perpetuado por ACR/AON se deixe facilmente contaminar por referências e citações exteriores ao discurso. Isto acontece, de resto, na sinopse da autora: “Fernando Pessoa escreveu que “há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo” e que só assim conseguiríamos ter a capacidade de nos vermos para lá de nós mesmos. ACR é uma abordagem graciosa ao nosso quotidiano de consumismo rápido e indolor, que na era da informação vê a comunicação pessoal ser lentamente substituída por mecanismos tecnológicos que vendem a promessa de uma vida facilitada”. Esta facilidade da troca de informação online é, contudo, pervertida pela própria escrita: na verdade, Pessoa não é autor de tal citação, tratando-se apenas de mais um caso de falsa atribuição de autoria – a alusão ao poeta plural só não é vazia de significado porque se passa performativamente do referencial ao autorreferencial. Numa situação traumática, porém, a identidade sofre um processo de descentralização, deixando de ser rigorosamente possível pôr por palavras (de forma realista) o que está em contacto mais íntimo com o nosso corpo. Tenta-se, por isso, fazer da realidade uma ficção: contam-se histórias, repetem-se chavões, prolongam-se silêncios. Acaba-se por tentar resgatar a maior das ficções: a infância. A escrita torna-se quase tão infantil como um conto de fadas ou uma feira popular, mas a simplicidade é também ela construída, apenas para ser constantemente desconstruída pelos desdobramentos. Os duplos, como se diz, “poderiam ser qualquer um de nós” – uns mais sublimados do que outros. Paulo Brás 32 Em palco Competição 18 MAIO / SÁBADO / 21H30 teatro da politécnica TEUC - Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra Projecto H De onde vêm e para onde vão aquelas pessoas? O que lhes terá acontecido? O que recordam? Terão alguma vez amado? Sentir-se-ão amadas? Este projecto desenvolve-se em torno do universo do pintor Edward Hopper cujas obras, habitadas por uma mistura de realismo e estranheza, parecem captar um “antes” e um “depois” sem que se perceba exactamente o quê. Há uma suspensão instantânea, quase fotográfica, do ritmo quotidiano que surge, assim, rodeado de segredos e nos cria uma sensação de incompletude. Em Hopper há um “voyeurismo” frio, um distanciamento, uma quase ausência de voluptuosidade. Motivou-nos este sentimento de interioridade e de silêncio, onde a luz cria espaço e o espaço é percorrido pela luz, criando um território mental de contemplação. É neste contexto que procurámos desenvolver os materiais. O trabalho de interpretação assentou sobretudo num corpo físico, na construção de partituras de movimento e no desenvolvimento de ideias de composição coreográfica. A palavra surge só pontualmente e acontece através de duas pequenas histórias retiradas do Caderno Vermelho de Paul Auster. O Autor Co-criação de Joana Providência e TEUC O Encenador Joana Providência nasceu em Braga em 1965 onde iniciou os seus estudos em dança com Fernanda Canossa. Em 1989, terminou o curso da Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa. Integra, desde 1995, a Academia Contemporânea do Espectáculo (ACE) na qualidade de responsável pelo departamento de movimento do curso de Interpretação e é docente da área de Formação em Contexto de Trabalho. É parte integrante da companhia de teatro promovida pela ACE, a ACE/ Teatro do Bolhão, sendo membro da sua direcção artística. Como coreógrafa tem desenvolvido diversos projectos dos quais se destacam Ladrões de Almas, com co-produção do ACETeatro do Bolhão/ Culturgest, em 2008. Em 2004, a convite da Fundação de Serralves, construiu e apresentou Mão na Boca, espectáculo integrado na programação paralela à exposição de Paula Rego. © Todos os direitos reservados 33 Processo criativo O TEUC convidou Joana Providência a vir trabalhar na criação de um projecto que abrisse as comemorações do 75º aniversário do organismo, precisamente pelo reconhecimento que esta tem no mundo da dança contemporânea. Após 75 anos, o TEUC quis lançar-se num tipo de trabalho que poucas ou nenhuma vez explorou. A Joana trouxe a proposta de trabalhar a partir das obras do pintor norte-americano Edward Hopper, e assim, a 11 de Fevereiro, iniciaram-se os ensaios do “projecto H”, onde sete actores do TEUC foram generosamente convidados a mergulhar em algumas obras do pintor. Nas obras de Hopper, as personagens parecem transportar consigo histórias que indiciam um “antes “e “um depois”. Tratou-se aqui precisamente de encontrar esse antes e depois através do movimento, através de uma série de partituras que nos falam de relações, de estados e diálogos enraizados numa fisicalidade. Depois deste exercício de imaginação, o desafio foi dar um corpo a essas histórias, não com palavras, mas com o movimento e, em última instância, através da dança. Aqui, Joana Providência teve o papel crucial de “limpar a cena”, de aproveitar o que era bom e reciclar o que era menos bom e assim, o “projecto H” foi nascendo, foi-se tornando cada vez mais matéria, corpo e interpretação. Uma vez criadas as histórias e desenhada a dança que as contava, o trabalho assentou sobretudo na repetição e aperfeiçoamento das partituras, bem como na procura de uma intensidade de interpretação e de contracena. Rafaela Bidarra Ficha técnica Co-Criação: Joana Providência e TEUC Direcção Artística: Joana Providência Assistência Coreográfica: Leonor Barata Elenco: Helena Galveias, Helena Pinela, Joana Salgado, Miguel Matos, Rafaela Bidarra, Rodolpho Amaral, Ruy de Liceia Desenho de Luz e Luminotecnia: Alexandre Mestre Fotografia: Eduardo Pinto Vídeo: Ana Félix, João Parra, Jonas David Grafismo Eduardo Pinto Cenografia: Rafaela Bidarra Produção: Rafaela Bidarra 34 Em palco Competição 19 MAIO / domingo / 21H30 teatro da politécnica GEFAC – Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra Universidade de Coimbra Manhã São tantas as mulheres que se escondem sob as saias da memória: são santas, mães, adúlteras, virgens, perdidas; o corpo da fecundidade e o vulto enlutado da morte; a sabedoria serena, o desejo em que ardemos. As mãos que redimem são as mesmas que colhem o fruto da traição e do pecado, que nos dão o colo e o castigo madrasto, que amassam o pão que comemos, enquanto tangem, pela calada, as cordas da libertação. Poderão até ser as “marias” reais, que guardam a força constante e inquebrantável dos dias, ou as flores que sonhámos de uma beleza impossível, mas nunca deixarão de ter um nome e de o reclamar a viva voz. Como quem, cantando sobre a roda, faz correr a vida em vez de água, há mulheres que marcam com os seus pés o próprio passo do tempo, fiando com paciência o leito em que correm a tradição e a memória, e que nos há-de levar ao que somos. Trazem-no cerzido no corpo, o tempo que pesa, passa, e que há-de vir emprenhar o chão de que sempre nos erguemos, como um dia que não espera p’ra nascer. O Autor e Encenador Criação colectiva Ficha técnica Concepção Artística: GEFAC (criação colectiva) Operação de Vídeo: Henrique Patrício Imagens: O Povo que Canta, GEFAC, Henrique Patrício, MemoriaMedia Desenho de Luz: Wilma Moutinho Produção: GEFAC © Todos os direitos reservados 35 Processo criativo O espectáculo geral Manhã partiu de uma indagação baseada nos textos e testemunhos da cultura popular portuguesa, para encontrar uma imagem de mulher dotada de contornos complexos, muitas vezes antagónicos, mas inevitavelmente dotados de uma força criadora que a transforma em algo que a transcende. No imaginário popular, as misteriosas mouras encantadas convivem com as mulheres reais que dão a força que não têm para dar constância e solidez à vida. A mulher que é símbolo de fertilidade é também quem dá corpo à personificação da morte. A mulher divina e virgem, que redime e ampara com a sua pureza, convive com as mulheres pagãs, adúlteras, perdidas, sedutoras, conhecedoras de todas as manhas que irresistivelmente nos fazem perder. No colo de uma mulher tanto se encontra o perigo como se acha abrigo; das suas mãos tanto vem o castigo da madrasta, como o pão que comemos. Com os olhos postos no mar, há mulheres que esperam e choram quem não volta, mas são também elas que dançam os sonhos e cantam a esperança. Poderão desempenhar submissamente todos os papéis que lhes atribuírem: serão esposas, mães, filhas, namoradas, vítimas, musas, penitentes… sem nunca deixarem de ter um nome e de o reclamar a viva voz. Como um ser de água, de que toda a vida emerge, a mulher surge, então, com o dom de mundificar e a força para destruir; como o abismo em que se encontra a possibilidade de transcendência; a voz inspiradora da água que corre e impregna; e, enfim, na intimidade da vida que se partilha e distribui, como quem tantas vezes tece com paciência o leito em que correm a tradição e a memória e que nos há-de levar ao que somos. Como é habitual nos espectáculos gerais do GEFAC, também este combina as diversas vertentes trabalhadas pelo grupo (dança, teatro, música e cantares) para evidenciar, como tema central, a representação da mulher na cultura popular portuguesa. Tornou-se, pois, inevitável, a exploração de uma linguagem cénica fortemente simbólica e essencialmente assente no movimento, bem como na associação de meios audiovisuais, influências e técnicas de teatro, dança e performance contemporânea ao tratamento das músicas e danças tradicionais. Cada cena foi, pois, elaborada com base na experimentação feita nos ensaios a partir dos materiais, das imagens, ou das ideias que pretendemos transmitir, numa criação colectiva cujo principal objectivo é o de criar um momento de partilha com o público que confirme o valor artístico das manifestações populares enquanto terreno fértil para a criação contemporânea e ponto de encontro numa identidade comum. 36 Em palco Competição 21 MAIO / terça / 21H30 teatro da politécnica GTN – Grupo de Teatro da Nova Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa Morro como país Morro como País é um texto narrativo do dramaturgo grego contemporâneo Dimìtris Dimitriàdis sobre a guerra e a corrupção política, que nos dá a ler a morte física e espiritual de um país vencido, descrevendo um futuro que poderá ser o nosso já amanhã. O texto remonta a um grito de vida e de esperança que parte ao encontro da catástrofe emergente: um grito que compreende o riso, o desespero, a ironia, a alegria no coração, a insurreição, e o silêncio. As tensões apresentadas no texto são intemporais e abordam temas tais como a corrupção, a guerra, a tortura e o fim do mundo, num cenário apocalíptico que torna a construção cénica num espectáculo escatológico. O Autor Dimítris Dimitríadis nasceu em 1944, em Salónica (Grécia). Estudou teatro e cinema no Institut National Supérieur des Arts du Spectacle, em Bruxelas, entre 1963 e 1968. Apesar da sua nacionalidade, Dimitríadis opta por escrever directamente em francês e entre 1965 e 1966 escreve a sua primeira peça de teatro: Le Prix de la révolte au marché noir, encenada pela primeira vez em 1968 por Patrice Chéreau. Dotado de uma grande aptidão linguística, é autor de várias traduções de autores célebres tais como Shakespeare ou os mais contemporâneos Beckett e Sartre. O Encenador John Romão licenciou-se em Teatro – Actores / Encenadores pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Faz parte da sua formação o contacto com artistas provenientes do teatro e da dança tais como Jan Fabre, Romeo Castellucci, Wim Vandekeybus, entre outros. Trabalha como assistente de direcção artística do encenador hispano-argentino Rodrigo García (Prémio Europa de Teatro 2009 Novas Realidade Teatrais) desde 2006. Em cinema colaborou com a dupla João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira e com o realizador Manoel de Oliveira, entre outros. Dirige os seus próprios espectáculos desde 2001, tendo já apresentado Paisagem e Silêncio de Harold Pinter (2006), Agamémnon, de Rodrigo García, A direcção do sangue, a partir de José Tolentino Mendonça, entre outros. John Romão foi distinguido com o Prémio Nacional Jovens Criadores 2012, na categoria de Teatro, pelo Centro Português de Artes e Ideias. Foi, também, um dos dois vencedores do projecto Emergentes - Novos Criadores, promovido pelo Teatro Nacional D. Maria II (2011). © Todos os direitos reservados 37 Processo criativo Fase de formação (Novembro-Dezembro) Nesta fase, tivemos duas formações. A primeira, coordenada pelo actor e encenador Miguel Moreira juntamente com a bailarina Catarina Félix, tinha uma abordagem mais física e mais introspectiva. O corpo como matéria de trabalho, como uma massa abstracta que nos permite desenhar posições através dos nossos sentidos e sensações. A segunda formação ficou a cargo da coreógrafa Cláudia Dias. Nesta formação, baseámonos no método de composição em tempo real, que consiste num sistema de pensamento extremamente exigente e objectivo que é aplicado antes da prática de qualquer proposta corporal. Ambas as formações foram importantes pois foram adquiridas competências essenciais para o trabalho com o encenador deste ano, John Romão. É, também, um período essencial para o trabalho da consciência do grupo, bem como o momento ideal para incentivar o desenvolvimento das capacidades individuais de cada actor. Responsáveis: Miguel Moreira e Cláudia Dias Período de Criação (Janeiro-Fevereiro) Este período foi iniciado com ensaios de mesa, com o texto que irá ser apresentado no espectáculo: Morro Como País, de Dimitrís Dimitriádis. Foram discutidos os temas levantados pela obra e percebeu-se qual a linguagem cénica que será utilizada no espectáculo. Foi feita a divisão do texto pelos vários intérpretes. Desenvolveuse o trabalho de improvisação, com propostas tanto dos intérpretes como do próprio encenador, sempre com o texto como pano de fundo. Todas as propostas estão dentro da temática “o corpo como matéria” que já tinha sido iniciada durante o período de formação. Durante este período, os ensaios tiveram uma regularidade de quatro dias por semana. Responsável: John Romão Ficha técnica Encenação e espaço cénico: John Romão Texto: Dimítris Dimitriádis Interpretação: Carlos Aragão, Cátia Leandro, Daphne Rego, Diogo Belizário, Mafalda Jacinto, Mafalda Veiga, João Sirgado, José Miguel Santos, Susana Mendonça Produção executiva: Cátia Leandro, Joana Santos, João Estevens Produção: GTN Apoios: Fundação Calouste Gulbenkian, FCSH-UNL, SAS-UNL, Eira, Escola de Mulheres Em palco Mais Fatal © Todos os direitos reservados 38 Drones 8 MAIO / QUARTA / 19H00 teatro da Politécnica Cénico de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa O Encenador Pedro Wilson tem procurado a inovação e a exploração de novas linguagens dramáticas. Começou como actor na Comuna Teatro de Pesquisa, em 1978, e iniciou-se na encenação, fundando, com outros actores, o Máscara - Teatro de Grupo. Em 1989, ganhou o prémio da melhor encenação, atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa, com a peça Odisseia, baseada na obra homónima de Homero. Na Lisboa Capital da Cultura 94 encenou duas óperas de câmara, bem como outras obras. No teatro universitário o seu trabalho adquire um carácter ainda mais amplo como encenador do GRETUA, GTAL, e Sin-Cera, e, também, com a orientação de formações para outros grupos universitários. Paralelamente, tem participado como actor em espectáculos de vários grupos e em projectos de diversos encenadores e, igualmente, em cinema, em filmes como Uma Vida Normal, de Joaquim Leitão (1992) e Deux Justiciers dans la Ville, de Frank Apprederies (1993), entre outras participações. É uma peça sem história ou narrativa coerente. Pequenos flashes teatrais musicados artificialmente em que as personagens se questionam sufocando já no limite da insuportabilidade de vidas demasiado “normais”, vasculhando no lixo das rotinas diárias algum sinal de uma felicidade que lhes foi prometida. Assim vão passando o NaTal, filhos, FAmíliA, ConSUmo, dEus, futURo... MORTE! Estranha maneira de caminhar por este tempo fora. As palavras ditas escondem um perigo prestes a explodir-lhes nas mãos tal qual os aviões americanos telecomandados voando sobre a cabeça dos pobres afegãos. O texto final é de Pedro Wilson e surge de rapinações, colagens, adaptações e invenções a partir da leitura da peça Cromos, colectânea de textos traduzida por João Maria André Ficha técnica Encenação: Pedro Wilson Texto: a partir de Sergi Belbel, David Plana, Paco Mir, Josep Pere Peyró, Ágata Roca, Joan Ollé, Yolanda G. Serrano, Miriam Iscla Adaptação de Texto: Pedro Wilson Interpretação: Inês Ferreira, Daniela Verdasca, Joana Pinto, Andreia Susano, Marta Sepol, João Ratão, Filipe de Aragon, Catarina Só, Talarico Luminotecnia: Pedro Wilson Sonoplastia: Cénico de Direito Figurinos: Cénico de Direito Cenografia: Cénico de Direito Produção: Cénico de Direito Direcção de Produção: Marta de Sousa 39 © Todos os direitos reservados Em palco Mais Fatal O Despertar da Primavera 10 MAIO / sexta / 19H00 teatro da politécnica GTMT - Grupo de Teatro Miguel Torga Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa O Encenador Sérgio Grilo, actor e encenador, tem trabalhado com várias companhias teatrais: nos Artistas Unidos representou peças de Brecht e de Sarah Kane, encenadas por Jorge Silva Melo; protagonizou O Que Fazer Para Ser, uma encenação de Karas do texto de Mário Palma Jordão, pelo grupo Ninho de Víboras e trabalhou com o Grupo de Teatro D’ as Entranhas no espectáculo Amor de Perdição. Participou em A Tempestade, de William Shakespeare, espectáculo levado a palco pelo grupo Serpent Child Ensemble no Waterfront International Arts Festival (Norfolk, EUA). Fez, também, teatro de marionetas em Maputo. Daniel Filipe, Chancerel e Steinbeck são alguns dos autores por si já encenados. No âmbito do cinema, participou, em 2007, nos filmes Call Girl, realizado por António Pedro de Vasconcelos, e Corrupção, de João Botelho. Participou, também, em filmes realizados por Moati, Zaubermann, Barbier, Mikalkhov, Joaquim Leitão, Teresa Villaverde, e Maria de Medeiros. Na televisão, integrou séries e telefilmes de Leonel Vieira e de Tiago Guedes de Carvalho. De uma maneira ou de outra, todos passámos por ela: a adolescência, aquele período de tempo impreciso em que nos sentimos inseguros e com uma lista infindável de questões existenciais. Quem somos, qual é a nossa moralidade, que papel vamos desempenhar nesta peça colectiva que é o mundo... Mas as dúvidas não são somente existenciais, são também físicas. Não pode o abstracto ser o único objecto do nosso interesse. Dúvidas, tantas dúvidas, uma miríade de perguntas sem resposta, uma vontade de saber, de conhecer, de… sentir. Uma vontade de je ne sais quoi. Se ninguém quer responder às suas perguntas, não será razoável admitir que procurem as respostas por si próprios? Ficha técnica Encenação: Sérgio Grilo; Autor: Frank Wedekind Interpretação: Ana Quintão, Ana Priscila Alves, Carolina Gonçalves, Carlos Bento, Catarina Bizarro, Daniel Pinto, Francisco Caetano, Inês Ferreira, Joana Paiva, Madalena Nabais, Mariana Belo, Sérgio Ribeiro, Sílvia Policarpo, Sónia Guerra, Tiago André, Tiago Pereira Publicidade: Daniel Pinto Cenografia e Figurinos: GTMT Luz e som: GTMT Em palco Mais Fatal © Todos os direitos reservados 40 Química OFF 11 MAIO / sábado / 19H00 teatro da politécnica Fc-Acto Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa O Encenador A. Branco, mestrando em Artes Performativas, concluiu especialização em Escritas de Cena, na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa e fez formação artística com João Mota e António Torrado na Fundação Calouste Gulbenkian. Professor de escrita criativa e de escrita para teatro, dramaturgo e encenador, é colaborador de Atrás da Máscara, programa da RDP África e da Sercultur, Canal Cultura do Sapo. Foi distinguido com o Prémio Nacional das Artes do Espectáculo Maria João Fontaínhas, em 2010, com Volley. Tendo recebido uma Menção Honrosa INATEL/ TEATRO - Novos Textos, em 2005, com Até Amanhã!, ganhou o Grande Prémio INATEL/ TEATRO - Novos Textos em 2007 e 2008, com 7 (sete) e Chove sempre em Agosto, respectivamente. Recebeu, ainda, a distinção João Osório de Castro, pelo Fórum Teatral Ibérico, em 2008. Foi seleccionado na área Novíssima Dramaturgia Portuguesa, nos Encontros de Novas Dramaturgias Contemporâneas, em 2010, com Isto não é um jogo. Química OFF é um espectáculo construído a partir de diversos materiais propostos pelos próprios intérpretes. É um momento na vida académica dos intervenientes, uma declaração de intenções sobre a relação do que estudam e o local onde estudam. Ficha técnica Direcção: A. Branco Assistência: Susana Reis Silva Interpretação: Beatriz Lopes, Dora Martinho, Eduardo Matos, Ema Aldeano, Joana Santos Silva, João Quiaios, Jorge Diniz, Jéssica Soares, Mafalda Silva, Nuno Vieira, Patrícia Zoio, Ricardo Silva, Sabrina Martinho, Sónia Oliveira, Tomás Santos Fotografia: Nuno Vieira Montagem vídeo e áudio: Susana Reis Silva Produção: AEFCL – Associação dos Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa. Em palco Mais Fatal Sonhatorium 13 MAIO / segunda / 19H00 teatro da politécnica dISPAr Teatro - grupo de teatro do ISPA-IU Os sonhos foram, desde sempre, foco de interesse nas mais diversas culturas. No início do séc. XX, a abordagem freudiana trouxe um novo fôlego a essa curiosidade, e a Psicologia procurou construir discursos científicos sobre os mesmos. O emergir das neurociências acrescentou novas descobertas e teorias sobre o sono e os sonhos. Neste espectáculo/ laboratório/ experimentação exploramos metodologias contemporâneas de improvisação teatral: os Viewpoints de Anne Bogart e a improvisação segundo Keith Jonhstone e Viola Spoling. Nestas metodologias, tal como, aliás, nos sonhos, nenhum ensaio se repete, nenhuma cena é igual à anterior, nenhum espectáculo é previsível. A partir de uma estrutura definida, e inspirando-se no material trazido pelo público, os actores e actrizes criarão, em cada noite, novos projectos oníricos. Aos alicerces deste trabalho pertence a noção de Allan Hobson de que o sonho pode funcionar como um mecanismo de criação de realidade virtual, antecipando as incertezas que a mente tende a evitar. Será possível uma máquina dos sonhos? Praticando a improvisação teatral, será possível aceder ao sonho colectivo, ao mito? Contamos com a colaboração do público para criar novos sonhos a cada noite: qual o sonho que tive? O sonho que tenho? O sonho que terei? Qual o lado de dentro e qual o lado de fora do sonho? Ficha técnica Direcção: Carlos Nicolau Antunes Co-criadores: André Fausto, Catarina Amaral, Davis Nunes, Filipa Dias, Inês Lageiro, João Tomé, Miguel Marau, Nuno Salema, Paulo Caeiro, Raquel Cajão, Tania Antunes, Teresa Costa Grafismo: Ricardo Romão e Miguel Montenegro Audiovisuais: André Fausto Apoio dramatúrgico e produção: António Gonzalez 41 O Encenador Carlos Nicolau Antunes frequentou o curso de actores da Escola Superior de Teatro e Cinema do IPL, em Lisboa. Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, concluiu o Mestrado em Encenação na Middlesex University (Londres), tendo realizado parte dos seus estudos em Moscovo e Bangkok. Ainda como bolseiro da fundação, efectuou Estudos de Qualificação Avançada, na Faculdade de Encenação da Academia Russa de Artes Teatrais (GITIS), em Moscovo. Trabalhou como actor em vários espectáculos no Teatro da Cornucópia, com Luís Miguel Cintra e, também, com Christine Laurent. Integrou, ainda, espectáculos de João Perry, António Pires, Luís Assis e Lúcia Sigalho, entre outros. Foi assistente de encenação de Luís Miguel Cintra e António Pires. Com Dinarte Branco, co-encenou o espectáculo gestos para nada, a partir de Sinisterra. Para além do dISPAr Teatro, trabalhou com outros grupos de teatro universitário, tais como CITAC e o TEUC, em Coimbra. É docente na Licenciatura e no Mestrado em Teatro na Universidade de Évora, desde 2007. Tem prestado, também, formação em workshops em Portugal, no Brasil, na Índia, na Tailândia e na República Checa. Faz investigação na área dos processos psicofísicos do actor. Em palco Mais Fatal © Todos os direitos reservados 42 O Insecticida ou o Fim do Império! 14 MAIO / terça / 19H00 teatro da politécnica mISCuTEm – grupo de teatro do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE- IUL) A Encenadora Ana Isabel Augusto é licenciada em Sociologia do Trabalho pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da UTL (ISCSP-UTL). Após a conclusão da licenciatura, continuou o seu percurso no meio teatral, tendo recebido formação específica na companhia de teatro Os Satyros, na Fábrica das Artes, na Culturgest e no C.E.M... Trabalhou em áreas tão diversas quanto o leque de possibilidades do teatro permite: como actriz, em luminotecnia, em produção, em sonoplastia, na escrita de bandas sonoras, como assistente de encenação e finalmente, na encenação do mISCuTEm. Concluiu, também, estágios com a companhia de teatro O Bando e diversos cursos, destacando-se o de Cultura Teatral no Teatro D.Maria II. Ensina Expressão Dramática a jovens estudantes do 9º ao 12º ano desde 2008. Quando um funcionário decide pedir um aumento, essa acção transformase rapidamente numa traição contra a administração, contra o próprio pessoal e até contra a pátria. Nesta comédia absurda de Miguel Barbosa, vemos retratada uma verdade que, escrita há uma geração atrás, continua a ser o espelho da nossa sociedade actual. Para rir e reflectir, este espectáculo coloca o dedo em muitas das nossas feridas contemporâneas, da melhor forma possível: com um sorriso nos lábios. Uma crítica em forma de paródia ao mundo empresarial e económico português. Ficha Técnica Encenação e direcção de actores: Ana Isabel Augusto Autor: Miguel Barbosa Assistente de encenação: Fernando Serpa Interpretação: André Calado, André Carvalho, Andreia Frazão, Ariana Santos, Carina Pereira, David Morgado, João Martins, Liliana Matos, Miguel Gaspar, Mónica Parreira e Tiago Batista Produção: Ana Isabel Augusto Fotografia: João Caseiro Cartaz: Velias 43 © Ricardo Basílio Em palco Mais Fatal Suicídio de amor por um defunto desconhecido 15 MAIO / QUARTA / 19H00 teatro da politécnica GTAL – Grupo de Teatro Académico de Leiria O Encenador Pedro Wilson tem procurado a inovação e a exploração de novas linguagens dramáticas. Começou como actor na Comuna Teatro de Pesquisa, em 1978, e iniciou-se na encenação, fundando, com outros actores, o Máscara - Teatro de Grupo. Em 1989, foi galardoado com o prémio da melhor encenação, da Câmara Municipal de Lisboa, com a peça Odisseia, baseada na obra homónima de Homero. Na Lisboa Capital da Cultura 94 encenou duas óperas de câmara, bem como outras obras. No teatro universitário, o seu trabalho adquire um carácter ainda mais amplo como encenador do GRETUA, Cénico de Direito, e Sin-Cera, e, também, com a orientação de formações para outros grupos universitários. Paralelamente, tem participado como actor em peças de outros grupos e encenadores e, igualmente, em cinema, em filmes como Uma Vida Normal, de Joaquim Leitão (1992) e Deux Justiciers dans la Ville, de Frank Apprederies (1993), entre outras participações. Blanca apaixona-se por Adan, um homem que ela viu ser assassinado, e, com ele, contra tudo e contra todos, decide casar. O enredo desenvolve-se no seio de uma família completamente disfuncional e imoral, onde a loucura e a solidão de cada personagem vai construindo um castelo com as cartas lançadas por Milagros. Prevê-se que, tal como com Romeu e Julieta, este amor impossível acabe por se desmoronar e culminar na morte de Blanca que vai, finalmente, ao encontro do seu Romeu, Adan. Ficha técnica Encenação: Pedro Wilson Interpretação: Viviana Aguiar, João Pratas, Paula Cristina Morais, Furby, Tiago Rodrigues Em palco Mais Fatal © Todos os direitos reservados 44 Escuro 16 MAIO / QUinta / 19H00 teatro da politécnica ArTeC – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Um espectáculo corrosivo e comovente que irá questionar o público acerca do mal-estar social que atormenta uma geração apelidada de “parva” que luta diariamente, dentro e fora da universidade, para obter um lugar ao sol que parece não existir. Quatro jovens universitários decidem fazer o impensável: matar! Apenas pelo prazer do acto em si e sem grandes princípios filosóficos. Vão torturar e matar as suas vítimas a partir de um guião que escreveram, em que a solidão das festas académicas, o primeiro emprego falhado, o estágio em que nada acontece são o fio condutor de uma discussão bem viva nas nossas faculdades. Não se trata de uma praxe. Estes jovens vão matar para poderem publicar nas redes sociais o seu desespero, a sua vontade de dizer: queremos tudo! O autor e encenador Marcantónio Del Carlo, de nacionalidade italiana, nasceu em 1965 e é licenciado pela Escola Superior de Teatro e Cinema. É actor profissional desde 1988, com trabalho reconhecido no teatro, cinema e televisão. Participou, enquanto actor, nos seguintes trabalhos: Sinais de Fogo, de Luís Filipe Rocha; Capitães de Abril, de Maria de Medeiros; Os Serranos, Fascínios, entre outros. Dirige, desde 1994, o grupo de teatro ArTeC, da Faculdade de Letras de Lisboa, para o qual escreveu, entre outras, as peças: Os Amigos de Gabriel, A Branca de Neve e o Anão Esquizofrénico e, agora, Escuro. Ficha técnica Encenação: Marcantónio Del Carlo Interpretação: Amadeu Mendes, Ana Luísa Pinto, Carolina Mourato, Joana Martins, Leonor Buescu, Miguel Ponte, Raquel Brites, Raquel Martins, Ricardo Sabino, Sónia Castro Produção e Fotografia: Catarina Poderoso Em palco Mais Fatal © Todos os direitos reservados 45 No tempo de gente maravilhosa que nunca existiu ESTC – Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa The theme is the identity of an individual and how he acquires it. And that’s connected to the fact, as Genet says, that in order to be complete, one needs to double oneself. R. Fassbinder a propósito de Querelle 20 MAIO / segunda / 19H00 teatro da politécnica Partimos do texto Sangue no pescoço do gato de R. W. Fassbinder e demos voltas e voltas e juntámos referências que poderiam preencher o universo que começávamos a imaginar. Criámos um projecto com pilhas de papel, de texto. Não tínhamos tempo para levar a cabo o Fassbinder que estávamos a encetar. Não o querendo abandonar por completo, elaborámos um esboço: Amor, tempo e morte. Hoje. Oito elementos no sangue do pescoço de um gato. Sete pessoas fechadas num salão, sete personagens rotativas. Como numa slot machine, as personagens vão rodando num circuito infinito. Subvertem as regras da comunicação, escondem o espelho, escondem a solidão, tentando escamotear o confronto com a realidade. Neste lugar cada um quer ser mais do que é. Não existe Deus, a amizade foi esquecida, não existe amor nem a tentativa de o expressar. Apenas a ausência dele. Contudo, a música prossegue. Uma rotina absurda mas vital. A imagem reflectida em várias dimensões. Até que surge um erro: um oitavo elemento. A verdade humana ou a distorção psíquica do animal felino. A música já não é essa, o corpo já não lhes pertence, a própria linguagem está contaminada pela chamada democracia, pelas regras e pela dificuldade de amar. Ficha técnica Criação e interpretação: Ana Valentim, Bernardo Nabais, Bernardo Souto, Frederico Barata, Isac Graça, Joana Manaças, Nídia Roque e Rita Cabaço a partir de Sangue no pescoço do gato de Rainer Werner Fassbinder Agradecimentos: José Pedro Caiado, Mestra Olga Amorim, Escola Superior de Teatro e Cinema Em palco Mais Fatal © Todos os direitos reservados 46 O Despertar da Primavera 21 MAIO / terça / 19H00 teatro da politécnica Ultimacto - Faculdade de Psicologia e Instituto de Educação da Universidade de Lisboa Os Encenadores João Cabral (S. Miguel, 1961) é licenciado em teatro pelo Conservatório Nacional de Lisboa (1980-85). Em 1982, começou a sua actividade como actor, tendo participado em várias produções em televisão e cinema. No teatro integrou encenações de Mário Feliciano, Rosa Coutinho Cabral, Carlos Avilez, Diogo Dória e José António Pires, entre outros. Foi professor de expressão dramática na Escola Secundária Passos Manuel, em Lisboa. Dirigiu e encenou o Grupo de Teatro do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da UTL. Uma peça que tem um tema por base - o despertar da sexualidade. Dois grupos de personagens apresentam-se em confronto - os jovens e os adultos. A adolescência é vista como um período conturbado, silenciado e reprimido. Os personagens adolescentes verão a sua vida a desenvolver-se, lutando contra a repressão instituída pela sociedade. Também aqui se apresentam as suas próprias repressões e fantasias, numa descoberta da sexualidade e do valor da vida humana. Lidando com problemas como o suicídio, violação, homossexualidade o Despertar da Primavera expõe o progresso da adolescência como período da descoberta de si mesmo e dos outros. Andresa Soares (Lisboa, 1978), cuja formação artística se divide entre a dança, o teatro, as artes plásticas e o audiovisual, tem participado, desde 2000, em vários projectos de dança e teatro enquanto intérprete e criadora. Neste contexto, colaborou com Sofia Fitas, Alexander Gerner, Lígia Soares, Sara de La Féria, Carlos Monteiro, João Garcia Miguel, Nuno M. Cardoso, e Ricardo Aíbéo, entre outros. Com Lígia Soares, fundou a Máquina Agradável - Associação Cultural, através da qual produz as suas criações. Ficha técnica Encenação: João Cabral e Andresa Soares Interpretação: André Gonçalves, André Patrício, Beatriz Afonso, Beatriz Pinto, Carlos Sampaio, Catarina Alves, Catarina Carvalho, Daniela Pacheco, Eunice Correia, João Fragoso, Marco Mendes, Mário Coelho, Pedro Taborda, Mariana Caiado, Sofia Wahnon, Vanessa Baptista, Vânia Soares, Vera Ribeiro Cenografia: Luísa Pacheco Iluminação: Rui Braga Em Palco Fatal Convida “O Tempo morto”* 47 9 MAIO / QUINTA / 19H00 teatro da politécnica Espectáculo concebido no âmbito da Residência de Criação Artística “ No tempo morto, uma experiência para resistentes e dissidentes do Teatro Universitário”/ FATAL 2013 Caminhos de floresta, clareiras do bosque, sombreados horizontais por entre a claque silenciosa do arvoredo. É um cenário com luzes. Um grupo de pessoas. Um sussurro-guilhotina a desinventar a voz. Quando Deus morreu veio para aqui. Um utensílio mais. Heróis mimados escondem-se debaixo das saias de meninas de perfeição inclinada. Princesas sem coração reúnem a quantidade de príncipes ideal para atravessar o Inverno. Todos esperam a ordem de expulsão do paraíso. Miguel Manso Nota sobre o processo criativo Sobre a residência de criação artística, com coordenação e encenação de Susana Vidal e com criação de textos e apoio à dramaturgia de Miguel Manso. “NO TEMPO–MORTO” é uma experiência para resistentes e dissidentes, onde desenvolveremos um processo de criação que será apresentado ao público no FATAL 2013. Com um grupo de pessoas oriundas de vários espaços e com experiências diferentes, propomo-nos fazer este trabalho de criação e colaboração como desafio e delírio. Sem método a priori, trabalhamos na desvantagem do tempo e da memória, na procura de um tempo-morto onde inventar um espaço de eco. O eco na sombra do bosque, onde os intérpretes coroam a sua loucura e deixam fugir o paraíso por entre as sombras. 48 Em Palco Fatal Convida Trabalhamos com a poesia inerente ao corpo dos desconhecidos que participam nesta residência de criação. Uma criação de urgência, de muitos e de poucos, de erros e pequenos acertos. “Só posso amar-te se fores perfeito” Na floresta, só havia 12 princesas e 6 super-heróis, embebidos na beleza das palavras ocas. Imaginários no processo de criação Havia 12 princesas e 6 super-heróis. Não havia nem olhos, nem ruas, nem mapas, nem sonhos, nem linhas, nem lojas, nem folhas, nem palavras, nem filhos, nem pais, nem mulheres, nem homens, nem poderosos, nem vítimas, nem lutadores, nem poetas… não havia mais nada, só 12 princesas e 6 super-heróis, seja isso o que for. Tempo 1: Delírios para super-heróis e princesas. Em tempo de delírios não se deixam ver os heróis. Em tempo de coroações as princesas escasseiam. No tempo da poesia, a razão é permeável à vontade do rei mais louco. No tempo do rei, torno-me a rainha. No tempo do herói, torno-me no homem. Os homens estavam nus, sempre por baixo das saias das princesas. Os heróis desapareceram pela floresta. Na clareira do bosque todos assistem à coroação, todos somos coroados pela insensatez e pelo delírio que o tempo vai deixando morrer. Os corpos ficam sem tempo, para depois arrancar o cadáver dos seus corpos e dos seus pensamentos tolos. Tempo 2: Coroação Porque se escondem os heróis? Por que ocultam sempre a sua cara atrás de uma máscara? Se são heróis, por que têm vergonha de que vejamos as suas caras... Será humildade ou será que querem evitar a inveja e o repúdio dos outros? Os heróis e as heroínas estão sempre escondidos por detrás das árvores na floresta. Acho que são muito feios; valentes, mas feios. Se calhar, são só muito tímidos. Acho que este bosque está cheio de heróis apagados pela escuridão. A penumbra é o tempo morto dos heróis. Os heróis que descansam por baixo das saias das princesas. Os heróis que, depois do intervalo, virão salvar mais um louco em perigo. «De nada nos serve ser rainhas ou princesas, super-heróis ou piratas, ganhadores ou perdedores. De nada serve olhar por baixo da minha saia e encontrar-te nu...de nada serve viver no paraíso sem culpa, sem medo, sem ódio, sem amor maldito ou sujo...de nada serve a solidão neste paraíso tão maculado como a rua, tão obscuro como os teus olhos, tão perfeito como a tua voz...deixa-me parar o tempo. No tempo-morto começa uma outra história, onde as princesas estão a desfazer-se e os super-heróis choram aos gritos, onde as rainhas tremem de medo e os perdedores vivem por fim em paz». © Tânia Araújo 49 Anúncio: PROCURAM-SE PRINCESAS (OU SUPER-HERÓIS) em boa forma física, com experiência em desejos, sexo, príncipes, sapatos, vestidos, cartões de crédito e com carta de condução. É indispensável saber inglês, francês, alemão, mandarim… certificado médico, mestrados, ordenado mínimo conforme as tabelas estipuladas pela PGE. Ajuda para alimentação, transportes por conta própria e apoio psicológico, caso seja necessário. Miguel Manso (1979) tem seis livros de poemas publicados, de 1º Erro (a preencher pelos espectadores) 3º Erro Agradecer publicamente pelos contos que me contaram durante 38 anos. Ficha técnica: Coordenação, criação e encenação: Susana Vidal Criação de textos e apoio à dramaturgia: Miguel Manso Interpretação: Ana Paula, Anabela Caetano, André Tenente, Chiara Biassi, Jorge Ribeiro, Marcela Rowek, Margarida Moura, Mariana Caiado, Marisa Russo, Natasha Bulha Costa, Paulina Krzysik, Pedro Silva, Raul Alvares, Salomé Xavier, Stat Miller, Susana Almeida, Sofia Abreu, Xana Costa Produção: Fatal Susana Vidal *título provisório 2º Erro (a preencher pelos espectadores) Susana Vidal, encenadora, autora e actriz oriunda do teatro universitário espanhol, trabalha e reside em Lisboa desde 1997 onde é criadora independente e directora artística da B Negativo Teatro. Entre 2000 e 2008, foi, também, encenadora do GTIST (Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico), colectivo com quem participou em varias edições do FATAL e criou diversos espectáculos que questionaram a função e forma do teatro universitário. entre eles, Contra a manhã burra (ed. de autor e Mariposa Azual, 2008), Santo Subito (ed. de autor, 2010) e, mais recentemente, Aqui podia viver gente (Primeiro Passo, 2012). Colaborou com a companhia de teatro Cão Solteiro e tem participado em leituras públicas de poesia, das quais se destaca “Quintas de Leitura”, no Teatro do Campo Alegre, Porto. Tem participado em residências artísticas e de criação literária. 50 Em Palco Fatal Convida Suicídio colectivo com encanto 17 MAIO / SEXTA / 21H30 teatro da politécnica Aula de Teatro Universitária “Maricastaña” Universidade de Vigo – Campus de Ourense O paradoxo do título remete-nos para os extremos presentes nesta obra: a morte e a vida. Vidas arruinadas, problemas sem solução aparente, a vida que decorre sem fazer sentido… Personagens que vêem na morte a única solução juntam-se num seminário de “suicidiologia” por sugestão de uma delas. Deste sairá uma conclusão, tal como é costume nos congressos: participarão num suicídio em grupo, um suicídio colectivo com encanto. É então que começa a diversão, quando se vive cada dia como se fosse o último, quando o “carpe diem” atinge as pessoas e a alegria e a explosão vital afloram na humanidade. Vamos descobrindo o que esconde cada personagem numa viagem desde a Galiza até à ponta mais setentrional da Europa. Uma mulher-polícia vai procurar entender o que traz entre mãos este excêntrico exército comandado por um coronel, uma directora de uma empresa e uma vicereitora. Tudo isto temperado por um humor latente, que chega por vezes a ser humor negro, durante toda a obra. O Encenador Fernando Dacosta (1969) é licenciado em Filologia Hispânica. É um homem impaciente mas que tem um grande amor pelo seu trabalho, algo que descreve como uma constante descoberta. Fez a sua formação em Teatro na companhia a que hoje pertence, a Sarabela. É encenador, desde 1995, da Aula de Teatro Universitária “Maricastaña”, campus de Ourense, um dos grupos de teatro universitário mais relevantes de Espanha. O grupo participa regularmente no FATAL, desde 2000. © Todos os direitos reservados 51 Processo criativo O espaço. Pneus, um ciclorama, os acessórios essenciais. Pneus que fazem de autocarros, casa, lago, restaurante, quinta… Tudo e nada numa viagem iniciada desde as cavernas do desespero à vida resistente. O vestuário. Em branco, preto, cinza, creme... Para o mínimo funcional e próprio dos personagens. As transições. Rápidas, apoiadas numa luz cenográfica que enquadra e situa a acção. Trocas que permitem um ritmo “in crescendo”, levado ao limite pelos personagens. Música que cria atmosfera, com uma composição em directo, ilusionismo, equívoco, evoluções e involuções. As emoções em jogo, tudo a nu, o pranto, o desespero, a loucura, o riso, o afecto, o humor, a ternura... Ficha técnica Cenografia, dramaturgia e encenação: Fernando Dacosta Texto: Arto Paasilinna Interpretação: Marcos Vázquez, Yu Estévez , Patricia Figueiras, Pablo Maijide, Nuria Paz, Samuel Cardoso, Alberto Medeiros, Alba Núñez, Alicia Fraga, Victoria Álvarez, Noelia Rodríguez, Alba da Estevadinha, Reyes Mangue, Iván Davila, Sandra Al Ca, Daniel Vázquez, Paco Daza Assistente de encenação: María Díaz Luzes e adereços: José Manuel Bayón, Rubén Dobaño Guarda-roupa e acessórios: Tegra Desenho musical: Renata Codda Fons Cartaz e programa: Pablo Otero Em Palco Fatal Convida © Tiago Froufe 52 teatro sem cortes Leituras 18 MAIO / sábado / 17H00 teatro da politécnica FATAL Casa da Esquina (Coimbra) O FATAL e a Casa da Esquina (Coimbra) apresentam Teatro sem cortes, uma leitura de textos curtos de vários dramaturgos contemporâneos, portugueses e estrangeiros, que escreveram em resposta a temáticas actuais tais como o movimento Occupy e a crise europeia, entre outras. A Casa da Esquina vem propor a leitura e discussão, por estudantes universitários, de textos inéditos criados por autores portugueses para esta leitura no âmbito do FATAL e de outros já integrados no festival Theatre Uncut (festival criado no Reino Unido e promovido em Portugal, em Novembro de 2012, em Coimbra). Os textos destas leituras farão parte de um espectáculo compósito denominado Occupy que estreará em Outubro, numa produção da Casa da Esquina. Estas leituras pretendem ser um gesto de reflexão sobre a nossa actualidade e é, sobretudo, a tentativa de criar um debate em torno do colapso social e cultural que assola a Europa. Textos: Ontem, de Helena Tornero (Espanha), com tradução de Ricardo Correia; O preço, de Lena Kitopoulou (Grécia), com tradução de Jonathan de Azevedo e Ricardo Correia; A fuga, de Anders Lustgarden (Reino Unido), com tradução de Jonathan de Azevedo e Ricardo Correia. Entre outras peças de autores nacionais . Coordenação Ricardo Correia, director artístico da Casa da Esquina Coimbra. Encenador, actor e docente de Teatro. Actualmente a frequentar o Advanced Course of Devising Theatre and Performance na LISPA (London International School of Performing Arts), em Londres. Em Palco Fatal Convida © Todos os direitos reservados 53 Portugal Peça em 3 actos Leitura Dramática 19 MAIO / domingo / 19H00 teatro da politécnica GtfUL - Grupo de Teatro dos Funcionários da Universidade de Lisboa tão próximos de nós. Uma família destroçada por um assassinato: uma mãe, um filho, José, e a sua noiva, Maria. Outras personagens que suportam um enredo cheio de intrigas, retratando a sociedade portuguesa: a governanta, os criados, o porteiro, a cozinheira, os militares. A peça termina em França, numa possível alusão aos tempos de exílio de Almada Negreiros, à sua acepção de pátria e a um sentimento de saudade sempre presente. Um enorme desafio para o GTFUL, a selecção deste autor, e deste texto, foi motivada por várias razões: as comemorações dos 120 anos do nascimento de Almada Negreiros, a ligação existente entre o artista e o património edificado da Universidade de Lisboa (o resultado desta ligação pode ser visto ainda hoje nos desenhos incisos dos pórticos da Reitoria e das Faculdades de Direito e de Letras), e o facto de ser um texto intemporal, tão próximo de uma realidade presente. Portugal no início do século XX. Uma época de precariedade política, social e económica, com sentimentos O encenador João Ferrador (1967) actor, encenador e professor de expressão dramática, iniciou a sua formação na Escola Superior de Teatro e Cinema, tendo sido complementada por um curso sobre o método teatral de Stanislavsky, entre outras formações. Tem trabalhado com vários encenadores, entre os quais Jean Marie Villègier, João Lourenço, Carlos Avilez, Jorge Listopad, Rui Luís Brás e Aderbal Freire Filho. É finalista do curso de Estudos Artísticos/Artes do espectáculo na Faculdade de Letras e Coordenador/Encenador nas Oficinas de teatro da Penha de França, projecto de Teatro Comunitário criado em 2002. Ficha técnica Encenação: João Ferrador Texto: Almada Negreiros Interpretação: Alda Correia, Alexandra Oliveira, Cristina Oliveira, David Dias, Helena Saramago, Hélio Jone, Isabel Rodrigues, Isabel Tadeu, João Marques, Luís Caldeira, Luís Canário, Maria Eduarda Araújo, Sandra Marques, Sandra Silva, Susana Leal, Armando Teles e Almeida Em Palco Fatal Convida © Gonçalo Valverde 54 Almisdaé 20 MAIO / segunda / 21H30 teatro da politécnica La Coquera Teatro Universitat Politécnica de Catalunya Barcelona, Espanha Almisdaé é um nome anónimo, inventado, de uma mulher que não tem futuro nem passado. Uma desculpa para aprofundar os jogos de poder entre homens e mulheres e a irrefreável tensão e violência que estes desencadeiam. Um drama rural “lorquiano” que fala do poder, do engano e da violência (tanto psicológica, como física). Uma pequena grande tragédia que se desenrola no início do séc. XX, numa pequena localidade da Espanha profunda, onde reinam a inveja e os rumores que envenenam a população, e onde todas as suspeitas se abatem sobre os estrangeiros. Um quadro perfeito para que a hipocrisia se imponha ocultando grandes segredos. Ficha técnica Encenação: Alberto Rizzo Interpretação: Lis Gadea, Telma Lago, Alberto Rizzo, Ignacio Barranco, Pia Muñoz, Érika O’Morrison Figurinos: Aina Riu Luzes e cenografia: La Coquera Música: Alexa MaCartney Performance, Concurso, Masterclass © Miguel Carriço 55 Não tenho nada… mas tenho a minha vida Performance com a Aula de Teatro Universitária “Maricastanã” 18 de Maio Teatro da Politécnica - 17h00 Esta performance resulta da aproximação entre o FATAL e o MITEU – Mostra Internacional de Teatro Universitário. Este ano, o TUT, grupo da UTL, preparou uma performance sobre o tema da crise para apresentar no MITEU, em Ourense, na Galiza. Agora, é o grupo Maricastaña que nos vem mostrar o que preparou especificamente para o espaço da entrada do Teatro da Politécnica. Entrada Livre Apresentação do concurso para novas dramaturgias e novas encenações de jovens universitários 18 de Maio Teatro da Politécnica 10h30 O FATAL apresenta o recém-criado Concurso para Novas Dramaturgias e Novas Encenações de Jovens Universitários através de um encontro com os encenadores Diogo Bento, Susana Vidal, Adriana Aboim, Tiago Vieira e com o escritor Tiago Patrício. Entrada Livre Masterclass com Rogério de Carvalho 8 de Maio Reitoria da UL 17h00 Esta masterclass trará à Universidade de Lisboa o encenador e actor Rogério de Carvalho para uma aula aberta ao público sobre o seu Método e Processo de Trabalho. Discorrerá sobre a construção de partituras, acções físicas e acções vocais. Entrada Livre Workshops © Sónia Araújo 56 Workshop Fotografia de Teatro De 30 de Abril a 25 de Maio de 2013 Teatro da Politécnica e outros locais O Movimento de Expressão Fotográfica (MEF), em colaboração com a Reitoria da Universidade de Lisboa, promove mais um Workshop de Fotografia de Teatro para a cobertura fotográfica integral do Fatal 2013 – 14º Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa. O workshop é composto por uma componente teórica de fotografia de cena e de fotografia de retrato e por uma parte prática, a realizar ao longo de todo o festival, que incluirá fotografia de retrato, fotografia dos espectáculos que integram o FATAL 2013 e por fotografia de reportagem do ambiente que envolve todo o festival. Para a cobertura do festival e para as sessões de retrato, serão criadas equipas de trabalho coordenadas, no terreno, pela formadora Tânia Araújo e, em sala de aula, pelo formador Luís Rocha. Conteúdos: Temperatura de cor; o momento certo; a relação com os actores e com o palco; sensibilidades, relação com a luz existente; grão e ruído; profundidades de campo e foco selectivo; composição de fotografia de cena; distâncias focais, luminosidade das objectivas (efeitos e características); a colocação na plateia do fotógrafo; direito à imagem; tratamento digital de imagens em programa de edição; fotografia de retrato; iluminação para retrato; uso do Flash; fotografia de reportagem. Componente teórica: 30 de Abril, das 19h30 às 22h30; Dias 2 e 3 de Maio, das 19h30 às 22h30 Edição, visualização e discussão de imagens: dias 10, 11, 16 e 21 de Maio das 19h30 às 22h30 Componente prática: no decorrer do festival Custo do Workshop por pessoa: 125€ Contactos e Inscrições: www.mef.pt Local de Formação: Palácio de Laguares (sessões teóricas e de edição de imagem) Formadores: Luís Rocha, Tânia Araújo Parceria: Parceria Cultural com a Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul 57 © Tânia Araújo Workshops Workshop Interpretação Trabalho de Actor e levantamento do universo de uma cena 9 e 10 de Maio Reitoria da UL 17h30 às 21h00 Com o encenador e actor Rogério de Carvalho Esta será uma formação de componente teórica e prática onde se procederá ao levantamento do universo de uma cena de O Pelicano de August Masterclass Strindberg, explorando de forma prática alguns dos pontos apresentados na masterclass integrada no FATAL 2013. Preço: 30 € 58 lisboa 25 MAIO / 23H00 Camarim 59 PRÉMIOS FATAL Os troféus FATAL que irão ser entregues na Cerimónia de entrega de Prémios que antecede a Festa, no dia 25 de Maio, são peças escultóricas criadas por jovens escultores da Faculdade de Belas -Artes da Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Escultor João Duarte. Júri José Pereira, representante da Associação Académica da Universidade de Lisboa; José Pires, realizador e director de actores; Maria Elisabeth da Costa, Centro de Estudos de Teatro da FLUL; Paulo Morais, em representação da Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa; Representante da Fundação Calouste Gulbenkian; Representante da Câmara Municipal de Lisboa O Prémio Fatal 2013, destinado a consagrar o melhor espectáculo apresentado, é uma escultura criada por Ricardo Manso e estrutura-se a partir das dualidades actor/ personagem, palco/ plateia, real/ fictício, evocando a elevada rotatividade dos seus elementos e dos próprios membros dos grupos de teatro universitário, mas cujo trabalho está apoiado, contudo, no contexto sólido das instituições (cidade, universidade) – a cadeira na cidade e na universidade. O Prémio Fatal – Cidade de Lisboa 2013, patrocinado pela Câmara Municipal de Lisboa e destinado a consagrar o espectáculo mais inovador, é uma escultura criada por Catarina Alves e evoca a fragilidade, o risco e a instabilidade do teatro universitário e de toda a criação artística, as quais, pela sua própria natureza, proporcionam as condições ideias à inovação e à elevação da qualidade da obra – a cadeira fatal. O Prémio Fatal do Público 2013, destinado a consagrar o espectáculo melhor pontuado pelos espectadores, é uma escultura criada por Andreia Pereira. Este prémio foi criado para dar voz pública àqueles a quem mais importa ouvir e a quem se destina o Festival: os espectadores. c 60 SELECÇÃO DOS ESPECTACULOS FATAL 2013 Camarim Os elementos da equipa de selecção dos espectáculos que integram a programação do FATAL 2012 apresentam-se: Alexandra Quelhas da Silva é licenciada em Performance, Artes Visuais e Teatro pela Universidade de Brighton. Trabalhou como Actriz e Performer e desenvolve trabalho na área da educação e em contexto de Galerias de Arte. Mariana Salgueiro actualmente frequenta o último ano da licenciatura em Ciências da Cultura – Especialização em Comunicação e Cultura, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Iniciou o seu percurso na área cultural enquanto membro da Comissão de Curso de Ciências da Cultura. Está a concluir o seu estágio curricular no Núcleo Cultural da Reitoria da UL, no contexto do FATAL 2013. Rui Teigão foi actor no Grupo de Teatro de Letras, entre 1998 e 2005. É mestrando em Estudos de Teatro na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi dramaturgista do espectáculo A Chuva no Teatro Municipal de Almada. Fez Estágio e Assistência de Encenação no espectáculo Ifigénia na Táurida no Teatro da Cornucópia, em 2009. No FATAL, coordena a selecção de espectáculos, desde 2003, sendo, desde 2011, director de programação e membro da direcção de produção. Sandra Silva é licenciada em Relações Internacionais foi um dos elementos fundadores do GTUL – Grupo de Teatro Universitário da Universidade Lusíada. Frequentou o Curso de Teatro/ Expressão Corporal do Chapitô, em Lisboa, com o actor e encenador Bruno Schiappa. Actualmente colabora no Núcleo Cultural do Departamento de Estratégia e Relações Externas da Reitoria da Universidade de Lisboa e integra o GTFUL – Grupo de Teatro dos Funcionários da Universidade de Lisboa. Tiago Patrício (Funchal, 1979), é licenciado em Ciências Farmacêuticas e estuda Literatura e Filosofia na Universidade de Lisboa. Começou a ser publicado em 2007 nas colectâneas Jovens Escritores, do Clube Português de Artes e Ideias (CPAI). Foi seleccionado para a Bienal de Jovens Criadores da Europa e Mediterrâneo, em Skopje, na Macedónia, na área da Literatura. Venceu vários prémios em poesia (Prémio Daniel Faria e Prémio Natércia Freire) e teatro (prémio LusoBrasileiro) e publicou O Livro das Aves, Cartas de Praga, As Portas da Cidade. A peça Checoslováquia começou a ser escrita numa residência em Praga, em 2007, promovida pelo CPAI e pelo Instituto das Artes da República Checa. Escreve para as companhias Estaca Zero e Ponto Teatro (Porto) e para a companhia teatromosca (Sintra). Concebeu a performance Arriscar a Pele, com reclusos do Estabelecimento Prisional do Linhó. Mantém um projecto em torno da leitura e escrita de poesia, com um grupo de residentes da Casa de Saúde do Telhal. Alguns dos seus textos estão publicados no Egipto, Eslovénia, Franca e República Checa. Em 2011, o seu primeiro romance, Trás os Montes, venceu o prémio revelação Agustina Bessa Luís. Mantém o blog: http://cartasdepraga.wordpress.com c REGULAMENTO FATAL 2013 14.º FESTIVAL ANUAL DE TEATRO ACADÉMICO DE LISBOA ÍNDICE Preâmbulo Capítulo I – Disposições Gerais Artigo 1º: Denominação, Natureza, Iniciativa, Âmbito e Periodicidade Artigo 2º: Missão Artigo 3º: Comissão de Honra Artigo 4º: Dedicatória e Homenagem Artigo 5º: Princípios Orientadores Artigo 6º: Logótipo Artigo 7º: Slogan Artigo 8º: Produção Executiva Capítulo II – FATAL 2013 - 13.º Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa Secção I – Objectivos e Programação Artigo 9º: Objectivos Artigo 10º: Data e Local Artigo 11º: Programação Secção II – Inscrição e Selecção Artigo 12º: Condições Prévias de Inscrição Artigo 13º: Participação de Grupos Estrangeiros Artigo 14º: Inscrição Artigo 15º: Selecção Artigo 16º: Critérios de Selecção Secção III – Participação Artigo 17º: Obrigações dos Grupos Seleccionados Artigo 18º: Alimentação e Alojamento Artigo 19º: Convites, Livre-Trânsitos e Entrada Livre Artigo 20º: Certificados Capítulo III – Prémios e Júri Artigo 21º: Prémios Artigo 22º: Menções Artigo 23º: Princípios Orientadores do Júri Artigo 24º: Composição do Júri Artigo 25º: Funções e Poderes do Presidente do Júri Artigo 26º: Reunião do Júri Capítulo IV – Arquivo e Registos Artigo 27º: Registo Audiovisual e Fotográfico Artigo 28º: Arquivo Audiovisual e Fotográfico Capítulo V – Disposições Finais Artigo 29º: Responsabilidade Limitada da Organização Artigo 30º: Direitos de Autor Artigo 31º: Casos Omissos 61 62 Camarim Preâmbulo O Teatro Universitário, desenvolvido no âmbito das instituições de Ensino Superior, é, sem dúvida, uma das actividades extracurriculares estudantis de maior significado sociocultural e histórico no meio académico português. Não só pela sua notável qualidade e tradição histórica, mas igualmente pelo alto nível de adesão dos estudantes (actores e espectadores) e surpreendente longevidade dos grupos de teatro, alguns com idade muito perto do meio século. Sendo, claramente, o ex-libris da vida cultural universitária e um expoente artístico da formação humanista, como o testemunham os percursos biográficos das mais diversas figuras de proeminência histórica, política e cultural do nosso país, a Universidade de Lisboa tomou a iniciativa de criar uma mostra do teatro universitário e integrá-la nos circuitos regulares da vida cultural lisboeta. Surge, assim, em 1999, a primeira edição do FATAL – Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa, evento com o qual a Reitoria da Universidade de Lisboa pretende notabilizar o Teatro Universitário e garantir-lhe um lugar de honra na vida cultural portuguesa, desenhando o projecto de forma a inscrevê-lo na rota dos grandes festivais europeus. Regulamento FATAL 2013 Capítulo I Disposições Gerais Artigo 1º Denominação, Natureza, Iniciativa, Âmbito e Periodicidade O Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa, identificado pela sigla FATAL, é uma mostra de teatro universitário da iniciativa da Reitoria da Universidade de Lisboa, de âmbito nacional, periodicidade anual, que se realiza na cidade de Lisboa, e, sempre que possível, durante o mês de Maio. Artigo 2º Missão O FATAL tem por missão promover e divulgar o Teatro Universitário português na sociedade, inscrevendo Lisboa no mapa das novas geografias das Artes do Espectáculo, como uma das cidades europeias mais representativas no desenvolvimento do Teatro Universitário. Artigo 3º Comissão de Honra O FATAL, dadas a sua missão e importância sociocultural, recebe o alto patrocínio de uma Comissão de Honra constituída por individualidades em representação de organismos estatais, de parceiros e de patrocinadores, por personalidades de mérito reconhecido das Artes do Espectáculo, da Crítica e da Investigação Teatral e pelo Reitor da Universidade de Lisboa. Artigo 4º Dedicatória e Homenagem O FATAL, no estatuto de mais importante evento promotor do Teatro Universitário português, assume a incumbência e o dever de homenagear, em cada edição, uma personalidade de relevo na História do Teatro Universitário dando, assim, voz ao sentimento de gratidão a todos aqueles que foram ou são decisivos na formação humanista das novas gerações, através da prática teatral. Artigo 5º Princípios Orientadores 1 – O FATAL procura aproximar o meio universitário ao Teatro Universitário, não só pelo encontro anual entre os diversos grupos de teatro universitário do país e o público académico, mas, também, envolvendo o corpo estudantil na produção executiva e o corpo docente em várias iniciativas culturais do Festival. 2 – O FATAL procura estabelecer parcerias e obter patrocínios de organismos públicos e entidades privadas, não só com o objectivo de viabilizar financeiramente um projecto de custos elevados para a Universidade, mas, também, para envolver a sociedade no desenvolvimento de uma das actividades extracurriculares estudantis de maior importância cultural, social e histórica do nosso país. 3 – O FATAL procura criar a apetência pelo Teatro junto do público jovem, assim como alargar a novos públicos a fruição das Artes do Espectáculo realizadas por estudantes universitários. 4 – O FATAL procura estimular a participação do público, dos órgãos de comunicação social, da comunidade académica e dos profissionais 63 das Artes do Espectáculo no debate cultural e nas problemáticas do Teatro Universitário, contribuindo, igualmente, para a formação, tanto geral como técnica, de todos os interessados e agendes envolvidos nas Artes do Espectáculo. 5 – O FATAL procura contribuir para o estabelecimento de pontes entre o Teatro Universitário e o Teatro Profissional, fomentando a participação de profissionais das Artes do Espectáculo na programação do Festival. Artigo 6º Logótipo O logótipo do FATAL - uma cadeira vermelha vazia sobre um texto a antracite - foi criado a partir da imagem da 1ª edição do Festival, não só pelo valor emblemático que esta imagem assumiu ao longo das suas várias edições, mas, acima de tudo, pelo valor simbólico que os elementos gráficos desta imagem corporificam, nomeadamente: a) cadeira vazia: símbolo, por um lado, da arte de representar tout court, despojada de qualquer adereço cénico ou recurso material que não o próprio actor, assim como da presença do espectador in abstracto, segundo termo fundamental da equação das Artes do Espectáculo; por outro lado, expressa graficamente a pobreza de meios materiais do Teatro Universitário, evocando, implicitamente, que a forte presença histórica desta Arte nas Universidades Portuguesas se deve inteiramente ao entusiasmo inextinguível dos estudantes do Ensino Superior; b) espaldar ondulado da cadeira: símbolo do movimento, da vida, do dinamismo, da dedicação e da jovialidade, sempre renovados, de todos aqueles que levam ao palco um novo espectáculo, em cada ano lectivo; c) cor vermelha da cadeira: símbolo da força e do espírito de sacrifício necessários à prossecução de uma actividade extracurricular, em geral, e à produção de um espectáculo teatral, em particular; d) texto: símbolo do espírito humano e de tudo o que esta noção comporta, que se expressa através da palavra, elemento que sustenta a construção da obra teatral e ponto de apoio da Cultura; e) cor antracite do texto: o tom de cinzento pretende simbolizar o carácter impessoal e universal que as cristalizações do espírito humano adquirem ao se tornarem património da Humanidade, nomeadamente, as grandes obras dramatúrgicas de todos os tempos; f) sombra da cadeira sobre o texto: símbolo da unidade indissociável entre o espírito e o corpo na expressão cultural, entre a representação e o objecto representado, assim como das Artes do Espectáculo como potencial metalinguagem da própria Cultura; g) plano picado da imagem: símbolo, por um lado, da inspiração que provém do que há de mais elevado no Homem, substracto e quinta-essência das melhores realizações da humanidade, em geral, e da excelência das obras teatrais, em particular; por outro lado, simboliza, também, a providência e o apoio institucional da sociedade e das Universidades Portuguesas ao Teatro Universitário; h) lettering: homenagem às raízes gregas do teatro através de um tipo de letra de serifa suave e arredondada, de espessura fortemente contrastada com a espessura dos elementos verticais, de modo a evocar elementos da arquitectura clássica marcadamente iconográficos, nomeadamente, a coluna, a base e o capitel; o duplo eixo das letras em caixa baixa (um vertical e outro diagonal) e a curvatura delicada das suas linhas remetem para o espírito humanista, procurando conciliar, de forma gráfica, a ideia de dinamismo inerente ao devir com a de solidez da tradição. Artigo 7º Slogan O FATAL sintetiza a sua missão, valores e posicionamento através da força poética da frase “Uma flecha jovem no coração da cidade”, de autoria da Professora Doutora Maria Helena Serôdio, do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, retirada do texto de abertura publicado no Programa de Sala do FATAL 2000. Artigo 8º Produção Executiva A produção executiva do FATAL é assegurada pelo Núcleo Cultural do Departamento de Estratégia e Relações Externas da Reitoria da Universidade de Lisboa. Capítulo II FATAL 2013 14.ºFestival Anual de Teatro Académico de Lisboa Secção I Objectivos e Programação Artigo 9º Objectivos 1 – Promover o Teatro Universitário português, apresentando uma selecção de espectáculos do ano lectivo 2012/2013. 2 – Estimular o debate sobre Teatro e contribuir para a formação dos agentes do Teatro Universitário nas Artes do Espectáculo. 3- Criar novos públicos para o teatro e artes performativas através da apresentação de performances nos espaços públicos de Lisboa. 4 – Fomentar o convívio e a aproximação dos profissionais das Artes do Espectáculo ao Teatro Universitário. 5 – Estimular a elevação dos padrões de qualidade do Teatro Universitário, premiando dois dos espectáculos apresentados que se distingam pela sua qualidade e pela sua inovação. 6 – Dar expressão à opinião dos espectadores sobre os espectáculos integrados na programação através da atribuição de um prémio ao espectáculo melhor votado pelo público. 7 – Promover o conceito de site specific, procurando integrar na programação do Festival, pelo menos, um espectáculo que se insira neste conceito. 8 – Estabelecer uma ponte entre o Teatro e as restantes Artes que se relacionam com o espectáculo teatral. 64 Camarim Artigo 10º Data e Local A programação principal do FATAL 2013 decorrerá entre 07 e 21 de Maio de 2013, no Teatro da Politécnica, situado no Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa, em Lisboa. Artigo 11º Programação 1 – O Fatal 2013 Apresentará A Seguinte Programação: a) Espectáculos (Programação Principal); b) Apresentação Pública (Apresentação Do Festival Aos Público, Parceiros E À Comunicação Social); c) Ciclo De Tertúlias (A Seguir A Cada Espectáculo); d) Workshops; e) Performance; f) Conferências g) Masterclasses h) Cerimónia De Atribuição Dos Prémios; i) Festa Fatal (Festa De Encerramento); j) Itinerância Fatal (Realização De Mostras Fatal Em Território Nacional).; 2 – Por Motivos De Força Maior, A Organização Poderá Ter De Efectuar Alterações À Programação. Secção II Inscrição e Selecção Artigo 12º Condições Prévias de Inscrição 1 – Somente podem inscrever-se no FATAL 2013 grupos de teatro universitário. 2 – Os espectáculos inscritos poderão ser inéditos, publicados ou já apresentados em outros festivais, devendo ser, obrigatoriamente, o trabalho desenvolvido no corrente ano lectivo. 3 – Aceita-se, a título excepcional, a inscrição de espectáculos que correspondam ao trabalho desenvolvido pelo grupo no ano lectivo 2011-2012, sempre que o espectáculo trabalhado neste ano lectivo não esteja pronto para apresentação pública nas datas de realização do Festival. Artigo 13º Participação de Grupos Estrangeiros 1 – As inscrições dos grupos de teatro universitário estrangeiros estão sujeitas a uma apreciação da organização, a qual poderá resultar num convite para a participação na programação do Festival. 2 – A organização do Festival irá convidar dois grupos de teatro universitário estrangeiro a integrar a programação principal do FATAL 2013. Artigo 14º Inscrição 1 – A inscrição é gratuita. 2- A inscrição deve ser efectuada entre 4 e 31 de Março de 2013. 3 – A inscrição é realizada: a) Pelo telefone 210113406; Regulamento FATAL 2013 b) Pelo endereço electrónico [email protected] ; c) Presencialmente, no Núcleo Cultural do Departamento de Estratégia e Relações Externas da Reitoria da Universidade de Lisboa, Alameda da Universidade (Cidade Universitária), Lisboa d) Pelo envio, por correio, da informação solicitada, para FATAL 2013, Reitoria da Universidade de Lisboa, Alameda da Universidade, Cidade Universitária, 1649-004 Lisboa. 4 – Sob pena de a organização não considerar a inscrição válida, esta deverá ser completada, até 5 de Abril com o envio dos seguintes documentos, para os contactos referidos nas alíneas b) ou c) do parágrafo 3: a) Sinopse do espectáculo; b) Ficha técnica do espectáculo; c) Historial do grupo, organizado cronologicamente; d) Curriculum do encenador; e) Fotografias do espectáculo; f) Logotipo do grupo (sempre que possível); g) Registo videográfico do espectáculo (sempre que possível); h) Texto da peça i) Documento comprovativo da regularização dos direitos de autor (SPA). 5 – Os elementos referidos no parágrafo anterior não integram o processo de selecção, excepto os referidos nas alíneas g) e h). 6 – Por tradição, a organização contacta todos os grupos que já participaram em edições anteriores do FATAL para efectuarem uma préinscrição, a qual deverá ser efectivada segundo o estipulado neste artigo. Artigo 15º Selecção 1 – A selecção dos grupos de teatro universitário portugueses inscritos é da responsabilidade da organização, estando assegurado que pelo menos um dos elementos da organização, responsável pela selecção, tenha experiência em Teatro Universitário. 2 – Sempre que possível, a organização procurará assistir a um ensaio ou apresentação do espectáculo, entre 1 de Fevereiro de 2013 e 14 de Abril de 2013, data limite do processo de selecção. 3 – Até ao final de Abril, a organização comunicará aos grupos inscritos, via email, a lista de grupos seleccionados e a calendarização dos espectáculos a apresentar no FATAL 2013, com o presente regulamento em anexo. Os grupos selecionados deverão responder, confirmando a sua participação e a aceitação do regulamento. Artigo 16º Critérios de Selecção A fim de garantir uma programação de qualidade e assegurar um processo justo de participação que reflicta a realidade nacional do Teatro Universitário, a organização estabeleceu os seguintes critérios de selecção: a) QUALIDADE: neste critério, de pendor mais subjectivo, a organização inclui a avaliação de vários aspectos das Artes do Espectáculo, nomeadamente, o trabalho de encenação, de direcção de actores, de interpretação, de cenografia, de dramaturgia, de sonoplastia, de desenho de luz, assim como o texto; b) EQUIDADE: a organização procura que a relação verificada na 65 programação do Festival entre os grupos de Lisboa e os grupos provindos do resto do país seja semelhante a essa mesma relação verificada no país; c) REPRESENTATIVIDADE: a organização procura respeitar, na programação do Festival, a distribuição institucional dos grupos, levando em conta que cerca de um terço de universidades do país reúne dois terços dos grupos de teatro existentes; d) OPORTUNIDADE: eventualmente, a organização procurará incluir na programação pelo menos um grupo que nunca tenha participado no FATAL ou que se tenha formado recentemente. Secção III Participação Artigo 17º Obrigações dos Grupos Seleccionados 1 – Os grupos seleccionados para a programação do FATAL 2013 deverão cumprir as seguintes obrigações: a) Fornecer os materiais e a documentação destinados à montagem do espectáculo e à participação na promoção do Festival, nas condições técnicas e nos prazos apresentados pela organização, nomeadamente: a.1) Desenho de Luz e raider técnico; a.2) 3 Fotografias do espectáculo, resolução extrema entre 300 e 350 dpi, tamanho da imagem: 29,7 cm de Altura por 21 cm de Largura, entregues em formato .tiff sem compressão; a.3) Sinopse do espectáculo, em corpo de letra 12, Times New Roman, com um mínimo de 100 palavras / máximo 120 palavras, formato .rtf, devendo este texto ser um resumo objectivo da história; a.4) Ficha Técnica do espectáculo com os elementos essenciais, em corpo de letra 12, Times New Roman, com um mínimo de 100 palavras/ máximo 120 palavras, formato .rtf; a.5) Nota Biográfica do Autor do Texto da peça o mais genérica possível apenas com os elementos essenciais, em corpo de letra 12, Times New Roman, com um mínimo de 100 palavras / máximo 120 palavras, formato .rtf; a.6) Historial do Grupo fazendo uma visão de percurso do mesmo, mencionando apenas os marcos desse percurso, enumerando o menos possível, em corpo de letra 12, Times New Roman, com um mínimo de 100 palavras / máximo 120 palavras, formato .rtf; a.7) Texto sobre o Processo Criativo da construção do espectáculo, em corpo de letra 12, Times New Roman, com um mínimo de 500 palavras / máximo 700 palavras, formato .rtf; b) Estar presente, com todos os seus membros, na Apresentação Pública do FATAL 2013, podendo os grupos de fora de Lisboa, a título excepcional, marcar a sua presença somente com 2 ou 3 membros; c) Divulgar o Festival na instituição de ensino em que está sedeado, com os materiais de divulgação fornecidos pela organização, e através dos canais de promoção próprios do grupo; d) Manter-se disponível para dar entrevistas aos órgãos de comunicação social ou acompanhar a organização em acções promocionais, duas semanas antes do início do Festival e até o seu encerramento; f) Participar, activamente, na Tertúlia (conversa com o público) que se inicia 15 minutos após o fim do espectáculo, assegurando, simultaneamente, uma equipa para desmontar o espectáculo até às 24h; g) Assegurar a participação do encenador, ou um seu representante, na mesa de convidados da Tertúlia, procurando levar, também, um convidado seu pertencente ao corpo docente da sua instituição de ensino ou que seja uma personalidade activa na cultura portuguesa; h) Estar presente, com todos os seus membros, na Festa FATAL, onde se realizará, simultaneamente, a Cerimónia de distinção do melhor espectáculo, do espectáculo mais inovador e do espectáculo distinguido pelo público, apresentados no FATAL 2013, devendo os grupos de fora de Lisboa, em caso de não ser possível a presença de todos os seus membros, fazer-se representar por um mínimo de dois elementos; i) Respeitar todos os compromissos assumidos com a organização e com a equipa técnica do Teatro da Politécnica, nomeadamente, a data e a hora de apresentação do espectáculo – o espectáculo deverá começar, impreterivelmente, à hora marcada - e os referentes ao funcionamento e à logística do Festival e do Teatro da Politécnica. 2 – O não cumprimento de uma ou mais alíneas do parágrafo anterior poderá condicionar a participação do grupo em futuras edições do FATAL. 3 – Os espectáculos distinguidos com prémios ou menções honrosas no âmbito do FATAL 2013 deverão permanecer disponíveis para integrarem a programação das Mostras Fatal organizadas no âmbito do FATAL Outras Cenas até ao final de 2013. Artigo 18º Alimentação e Alojamento 1 – A organização assegurará, no dia do espectáculo, as seguintes refeições do grupo participante: a) O almoço, servido numa das cantinas da Universidade de Lisboa, entre as 12h30 e as 14h; b) Um buffet, em local a designar,, servido a partir das 17h00, que assegurará o lanche e o jantar. 2 – Aos domingos, o almoço será servido num restaurante perto do Teatro da Politécnica, a definir pela organização. 3 – O alojamento dos grupos participantes vindos de fora de Lisboa será assegurado pela organização, somente nos dias necessários à montagem e apresentação do espectáculo. Artigo 19º Convites, Livre-Trânsitos e Entrada Livre 1 – Cada grupo seleccionado tem direito a 10 entradas gratuitas (simples) no dia da apresentação do seu espectáculo, destinadas a convidados. Nos casos em que os elementos do grupo excedam as 10 Camarim 66 pessoas, serão disponibilizadas 1 entrada por pessoa, até ao limite de 20. Estas entradas estão sujeitas a reserva até 24h de antecedência da hora do espectáculo, estando condicionadas pela lotação da sala e pelo número de reservas já efectuadas à data. As reservas serão feitas através do contacto 21 011 34 06, ou do email [email protected] (todas as reservas realizadas por email só serão consideradas efectivas após confirmação pela organização) 2 – Os elementos dos grupos participantes têm livre-trânsito no dia de apresentação do seu espectáculo, e entrada livre em qualquer espectáculo do Festival, desde que reservem, até 24h de antecedência da hora do espectáculo, os seus lugares com a organização (reservas condicionadas à lotação da sala e ao número de reservas já efectuadas à data), através do contacto 21 011 34 06, ou do email [email protected] (todas as reservas realizadas por email só serão consideradas efectivas após confirmação pela organização) 3 – Todos os elementos de cada grupo participante e seus convidados têm entrada livre na Festa FATAL, sujeita a confirmação até ao dia 17 de Maio. Artigo 20º Certificados 1 – Os grupos participantes na programação do FATAL 2013 receberão um certificado de participação, emitido pela Reitoria da Universidade de Lisboa. 2 – Os estudantes e os voluntários que colaborarem na produção executiva do FATAL 2013 receberão um certificado de colaboração, emitido pela Reitoria da Universidade de Lisboa. Capítulo III Prémios e Júri Artigo 21º Prémios 1 – A fim de contribuir para a excelência e elevação dos padrões mínimos de qualidade do Teatro Universitário, o júri designado pela organização irá distinguir o melhor espectáculo e o espectáculo mais inovador apresentados no Festival, e, deste modo, reconhecer e prestigiar, igualmente, o trabalho desenvolvido, colectivamente, pelo grupo responsável. 2 – O Prémio Fatal, patrocinado pela Caixa Geral de Depósitos, tem o valor pecuniário de 1.500€ (mil e quinhentos euros) e será atribuído ao melhor espectáculo apresentado no Festival. 3 – O Prémio Fatal – Cidade de Lisboa, patrocinado pela Câmara Municipal de Lisboa, actual patrocinador com a tutela do prémio destinado à inovação, tem o valor pecuniário de 1.500€ (mil e quinhentos euros) e será atribuído ao espectáculo considerado mais inovador no conjunto da programação do Festival. 4 – Os prémios nos parágrafos 2 e 3 e o seu valor distintivo serão, obrigatoriamente, atribuídos, sendo que os seus valores pecuniários poderão não ser atribuídos nos casos em em que não seja encontrado um patrocinador que tutele um dos prémios. 5- O espectáculo melhor pontuado pelo público será distinguido com Regulamento FATAL 2013 o Prémio Fatal do Público O espectáculo melhor pontuado é eleito sempre que a abstenção do público em cada espectáculo não seja superior a um terço das entradas registadas pela bilheteira. O Prémio do Público não tem um valor pecuniário. Artigo 22º Menções 1 – Sempre que o mérito dos espectáculos justifique, o júri atribuirá Menções Honrosas, referindo os motivos pelos quais a distinção é atribuída. 2 – Poderá ser atribuída uma Menção Especial do Júri a um ou mais espectáculos de grupos estrangeiros participantes no Festival, devendo o júri justificar os motivos pelos quais a distinção é atribuída. Artigo 23º Princípios Orientadores do Júri 1 – O júri nunca deverá perder de vista a missão do FATAL e a finalidade dos prémios a qual é proporcionar aos grupos de teatro universitário um incentivo com credibilidade institucional e repercussão social, através do reconhecimento da qualidade, do mérito e do esforço do seu trabalho, e, motivar, deste modo e de forma duradoura, todos os grupos de teatro universitário a uma permanente busca pela excelência. 2 – O júri avalia os espectáculos apresentados segundo o princípio da especificidade, aplicando não só os critérios de análise e avaliação em uso corrente no Teatro, mas considerando, igualmente, aspectos específicos que presidem e valorizam a produção no Teatro Universitário. 3 – O júri delimita a aplicação dos critérios de avaliação segundo o princípio de circunscrição e actualidade, restringindo a sua análise e comparação dos espectáculos exclusivamente à programação da respectiva edição do FATAL, jamais utilizando espectáculos apresentados em edições anteriores do Festival (mesmo que produzidos pelo mesmo grupo) ou aspectos destes, como referência ou padrão. 4 – O júri utiliza, na formação do seu quadro referencial de avaliação, os princípios de relatividade e de completude, procurando assistir à totalidade dos espectáculos e a cada espectáculo do princípio ao fim, de modo a ter uma noção completa e pormenorizada da programação e ficar habilitado, assim, a proceder às comparações necessárias com conhecimento de causa. 5 – O júri rege o seu funcionamento interno pelos princípios da democracia, do diálogo e da justiça, devendo cada decisão sua ser tomada por votação e após reflexão, jamais evitando o debate esclarecedor, por mais árduo que possa parecer, ambicionando sempre alcançar a decisão justa. Artigo 24º Composição do Júri 1 – O júri é constituído por personalidades oriundas do meio académico, das Artes do Espectáculo e da sociedade em geral, convidadas directamente pela organização do Festival. 2 – A presidência do júri será assumida por um elemento designado pela organização do FATAL. 67 3 – Sempre que possível, a organização do FATAL procurará formar o júri com elementos que apresentem experiência em Teatro Universitário. Artigo 25º Funções e Poderes do Presidente do Júri Cabe ao Presidente do Júri: a) Assegurar o respeito pelos princípios orientadores desta equipa; b) Lembrar a missão do FATAL; c) Coordenar os trabalhos e as reuniões; d) Assegurar a redacção e a entrega da Acta de Reunião de Júri à organização do FATAL antes da Cerimónia de Entrega de Prémios; e) Assegurar a presença dos elementos do júri na Cerimónia de Entrega de Prémios. Artigo 26º Reunião do Júri 1 – Para deliberar, o júri reunirá na semana imediatamente a seguir à data de apresentação do último espectáculo. 2 – Da decisão do júri não há recurso. Capítulo V Disposições Finais Artigo 29º Responsabilidade Limitada da Organização A organização não se responsabiliza pelas decisões, acções e respectivas consequências dos grupos participantes na programação do FATAL, tomadas e realizadas à revelia do seu conhecimento e dos compromissos assumidos com a organização do FATAL. Artigo 30º Direitos de Autor 1 – Os direitos de autor relacionados com os espectáculos apresentados no FATAL são da responsabilidade dos grupos participantes. 2 – Os direitos de utilização e difusão do material fotográfico e audiovisual obtidos por registo directo dos espectáculos e/ou de outros eventos da programação durante a sua apresentação no Festival, são propriedade da organização do FATAL. Artigo 31º Casos Omissos Os casos omissos são resolvidos pela organização do FATAL. Capítulo IV Arquivo e Registos Artigo 27º Registo Audiovisual e Fotográfico 1 – Em cada edição do FATAL, a organização procede ao registo videográfico e fotográfico de cada espectáculo apresentado na programação. 2 – A cada grupo de teatro universitário participante no FATAL é oferecida uma cópia do registo videográfico do seu espectáculo. 3 – Em caso de dificuldades técnicas ou razões de ordem artística que impossibilitem a gravação videográfica ou o registo fotográfico no dia de apresentação do espectáculo, o grupo deverá avisar a organização, impreterivelmente, no acto de inscrição, a fim de se encontrar, atempadamente, uma solução. 4 – O acto de inscrição no FATAL implica a aceitação dos termos deste regulamento e, consequentemente, a permissão à organização para efectuar os registos referidos neste artigo. Artigo 28º Arquivo Videográfico e Fotográfico 1 – A organização mantém um arquivo digital dos registos videográficos e fotográficos que poderão ser consultados por todos os grupos de teatro universitários portugueses, pela comunidade académica ou por entidades que estudem ou trabalhem na área das Artes do Espectáculo, do Teatro Universitário e da Cultura. 2 – Poderão ser facultadas cópias dos registos referidos no parágrafo anterior, sob acordo de respeito pelos direitos de autor, compromisso de referência à fonte e pagamento dos custos de reprodução. Camarim GRATIA PLENA © Teresa Teixeira 68 69 O nosso primeiro agradecimento é dirigido a todas as individualidades e instituições que nos privilegiaram ao integrar a Comissão de Honra da 14ª edição do Festival; o segundo, e reconhecido, agradecimento destina-se aos Patrocinadores, Caixa Geral de Depósitos, Fundação Calouste Gulbenkian, Câmara Municipal de Lisboa, cuja fidelidade tem permitido o crescimento e consolidação deste projecto. A todas as personalidades e instituições que integram empenhada e generosamente o Júri da 14ª edição do FATAL o nosso muito obrigado pela imprescindível participação no festival. Agradecemos também às instituições de ensino superior a honra de connosco partilharem a viabilização deste Festival e a todos os funcionários da Reitoria e alunos da Faculdade de Letras que, com o seu apoio, permitem que o Festival se realize e cresça edição após edição. O nosso sincero obrigado igualmente aos nossos parceiros, cujo apoio e disponibilidade nos permite concretizar a programação que propomos, nomeadamente: Serviços Acção Social da Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, MEF- Movimento de Expressão Fotográfica, Escola Superior de Teatro e Cinema, Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Associação Académica da Universidade de Lisboa e Museu Nacional do Teatro. Saudamos o apoio dos nossos parceiros media, Turismo de Lisboa, Grupo Luso Canal (Rádios Radar e Oxigénio), Lecool, Canal Superior, Rua de Baixo, Mais Superior, incansáveis na divulgação do Teatro Universitário e do FATAL junto das mais diversas audiências. Às instituições que nos dão um inestimável apoio na ampla divulgação deste projecto, deixamos aqui igualmente o nosso reconhecimento. Um agradecimento também muito especial a todos os colaboradores que, generosamente, contribuíram, com a sua dedicação e empenho na concretização do nº 6 da Revista FATAL. O nosso aplauso e sincero agradecimento a todos os grupos de teatro universitário. c A organização do FATAL 2013 Elencos ANUÁRIO DE GRUPOS DE TEATRO UNIVERSITÁRIO NACIONAIS © Todos os direitos reservados 70 71 A ARTEC FACULDADE DE LETRAS DA UNIV. DE LISBOA Ano de criação: 1994 Espectáculos: 17, entre os quais, “Vamos Dar Cabo Deles” de Marcantonio Del Carlo; “Antígona”, de Sófocles; “Os Amigos de Gabriel”, de Marcantónio del Carlo colectiva; “Have no fear PP is here”, de Perrault; “Nu”, de Marcantónio del Carlo; “Degraus” de Marcantónio del Carlo; “Antígona”. Encenadores: Marcantónio del Carlo, António Fonseca, entre outros Festivais: Encontros de Teatro Universitário, Festival de Teatro Académico da Malaposta / FATAL Participações no FATAL: 1999, 2001, 2003, 2006, 2012 e 2013 Morada: Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa Telefone: 217 990 530 E-mail: [email protected] Site: http://www.artecflul.blogspot.com B bozart FACULDADE DE BELAS-ARTES DA UNIV. DE LISBOA Ano de criação: 2005 Espectáculos: 5, de entre eles “histórias a preto e cores”; “a menina do megafone”; “partidas” Encenadores: A. Branco Festivais: Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior, contraDANÇA – Covilhã Participações no FATAL: 2008, 2009, 2010, 2011 Morada: Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, 1249-058 Lisboa Telefone: 213 466 355 E-mail: [email protected] Site: aefbaul.wordpress.com C CENAtÓRIO UNIV. LUSÍADA DO PORTO Ano de criação: 2004 Espectáculos: 6, “Uma pedra no caminho” de criação colectiva, “O.veneno.na.veia”, criação colectiva; “Deus – uma Peça”, uma adaptação de Woody Allen; “Pervertimento”, de José Sinisterra; “Raposódia Vicentina” Encenadores: David Santos, Diogo Costa Reis Festivais: FLAE Participação no FATAL: 2007 Morada: Rua Dr. Lopo de Carvalho, 4369-006 Porto Telefone: 225 570 800 E-mail: [email protected]; [email protected] Cénico de Direito FACULDADE DE DIREITO DA UNIV. DE LISBOA Ano de criação: 1954 Espectáculos: 30, de entre eles “Drones”, uma criação colectiva a partir de Sergi Belbel, David Plana, Paco Mir, Josep Pere Peyró, Ágata Roca, Joan Ollé, Yolanda G. Serrano e Miriam Iscla; “A Cantora Careca”, de Eugène Ionesco; “Médico à Força”, de Molière; “À Espera de Godot”, de Samuel Beckett; “Os Visigodos” de Jaime Salazar Sampaio; “Os Cromos”, Encenadores: Malaquias de Lemos, Fernando Gusmão, Pedro Wilson, entre outros Festivais: Festival Internacional de Nancy; Festival ACASO; Festival de Teatro do CÉNICO Participações no FATAL: 1999, 2000, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2008, 2009 e 2013 Morada: Alameda da Universidade, 1649-014 Lisboa Telefone: 217 934 624 E-mail: [email protected] Site: http://cenico.no.sapo.pt/ CITAC, Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra UNIV. DE COIMBRA Ano de criação: 1956 Espectáculos: 61, entre eles “Aquário” criação colectiva a partir da colagem de vários textos; “Doze Homens em Fúria”, de Sidney Lumet; “O Circo”, de Jacques Prévert; “Aqui do lado de cá”, de Nuno Custódio; “The Hypnos Club” de Rodrigo Malvor; “Normal”; “Monstro Meu”, Encenadores: Luís de Lima, António José dos Reis Nogueira, Paulo Castro, Rodrigo Malvor, Diogo Santos, Rodrigo Santos, entre outros Festivais: Festival ACTUS; Festival Internacional de Parma; Miteu – Ourense; CYCLE MECHANICS Participações no FATAL: 2004, 2005, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013 Morada: Rua Padre António Vieira, Edifício AAC, 4.º piso, 3000-315 Coimbra Telefone: 239 835 853 E-mail: [email protected] Prémios: FATAL 2009, FATAL 2010 D dISPArTeatro INSTITUTO SUPERIOR DE PSICOLOGIA APLICADA Ano de criação: 2005 Espectáculos: 10, “Sonhatorium”; “Tesouros da Sombra”, de Jodorowsky; “Ó Édipos!”, uma adaptação do clássico de Sófocles; “O Meu Fado”; “Buracos Negros”; “Au gostinho”, a partir de Augusto Boal; “Os Improvisadores”; “O quadrado”; “Olhares”. Encenadores: Nicolau Antunes, Gil Alon, António Gonzalez Participações no FATAL: 2006, 2007, 2008 e 2009 e 2013 Morada: R. Jardim do Tabaco, 44, 1100 Lisboa Telefone: 218 811 700 E-mail: [email protected]; [email protected] Site: http://disparteatro.blogspot.com Elencos 72 Anuário de Grupos de Teatro Universitário Nacionais F Fc-Acto FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIV. DE LISBOA Ano de criação: 2004 Espectáculos: 16, de de entre eles “Química OFF”, uma criação colectiva, “Terrorismo”, dos irmãos Presniakov; “As portas de Mahagonny”, a partir de Bertolt Brecht; “Eu (a natureza é a natureza)”, de A. Branco; “Isto não é um jogo”, de A. Branco; “White Noise”, criação colectiva; “Judas”, de António Patrício; “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa Encenadores: A. Branco Festivais: Ciclo de Teatro da Beira Interior; mostra TE - Lisboa; FLAE Lisboa; InPUT - Porto; FETA Porto; Festival de Teatro Universitário de Fez - Marrocos; MITEU - Ourense Distinções: Menção Honrosa FATAL 2006 com “Terrorismo”; Menção Honrosa FATAL 2008 com “As portas de Mahagonny”; Prémio Especial do Júri do Festival de Teatro Universitário de Fez 2012 com “Judas” Participação no FATAL: 2006, 2008, 2012 e 2013 Morada: Campo Grande, 1149-016 Lisboa Telefone: 217 500 094 E-mail: [email protected] Site: aefcl.fc.ul.pt G GEFAC, Grupo de Teatro Académico UNIV. DE COIMBRA Ano de criação: 1966 Espectáculos: 7, de entre eles, “Manhã” de criação colectiva; “A Água dorme de Noite”; “Sete Luas”; “O Eterno Compromisso”, “Você está aqui”; todas criações colectivas; “Bichos, Gente e outros Quebrantos” Encenador: GEFAC Participação no FATAL: 2007, 2009, 2011 e 2013 Morada: Paços da Academia, Rua Padre António Vieira n.º 1, 3000 Coimbra Telefone: 239 826 094 E-mail: [email protected] Site: www.uc.pt/gefac GrETUA, Grupo Experimental de Teatro UNIV. DE AVEIRO Ano de criação: 1979 Espectáculos: mais de 35 produções, como “Liberdade ou morte”, uma criação do grupo; “A Promissão do Quinto Império”, de Vicente Sanches; “O Auto do Aleatório”, de Gil Vicente; “Os Feios”, uma criação colectiva; “Ponto de Fuga”, inspirado em Peter Handke; “Rouge”; “Contos ao palco”; “E(n)Xame”, Encenadores: João Vieira Fino, Jorge Pedro, Rui Sérgio, Liliana Caerano, Jorge Fraga Festivais: Ciclos de Teatro da Beira Interior; MITEU – Ourense Distinções: Prémio de Júri do XII Ciclo de Teatro da Beira Interior Participações no FATAL: 2000, 2003, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2013 Morada: Campus Universitário de Santiago, 3810 Aveiro Telefone: 234 372 320 E-mail: [email protected] Site: http://www.gretua.blogspot.com/ Grupo de Teatro Miguel Torga FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNIV. NOVA DE LISBOA Ano de criação: 1995 Espectáculos: 28, de entre eles “O Despertar da Primavera” de Frank Wedekind; “Prometeu Acorrentado”, de Ésquilo; “As Bruxas de Salém”, de Arthur Miller; “As Criadas”, de Jean Genet; “O crime da Aldeia Velha” de Bernardo Santareno, “Crime da Aldeia Velha”, “O ginjal”; “Seis personagens à procura de um autor”, Encenador: Grupo de Teatro Miguel Torga, Sérgio Grilo, entre outros Festivais: Festival de Teatro Francófono; Festival ACTUS Participações no FATAL: 2000, 2005, 2008, 2010 e 2013 Distinções: Menção Honrosa FATAL 2008 Morada: Campo Mártires da Pátria n.º 130, 1169-056 Lisboa Telefone: 218 870 360 E-mail: [email protected] Site: http://www.gtmigueltorga.com/ GTAL, Grupo de Teatro Académico de Leiria ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE LEIRIA DO INST. POLITÉCNICO DE LEIRIA Ano de criação: 2005 Espectáculos: 4, “Suicídio de amor por um defunto desconhecido” de Angelica Lidell; “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues; “Inimigos”, de Nigel Williams; “As criadas” de Jean Genet Encenadores: João Lázaro, Pedro Wilson, entre outros Festivais: Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior, Festival de Teatro Juvenil de Leiria Participação no FATAL: 2008 e 2013 Morada: Morro do Lena, Alto do Vieiro, 2410 Leiria Telefone: 244 814 253 E-mail: [email protected] Site: http://www.estg.ipleiria.pt/website/index.php?id=360600&sw GTIST, Grupo de Teatro do IST INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DA UNIV. TÉCNICA DE LISBOA Ano de criação: 1960 Espectáculos: 27 (desde 1960), de entre eles “Zona”, uma criação colectiva; “Woyzeck”, de Georg Büchner; “Aniquila”, de Susana Vidal; “Olhos Desfiados”, criação colectiva; “Agora o Monstro” a partir de Enki Bilal; “Intervalo para Dançar”, criação colectiva; “Cabeça de Cão”, “Queda em Branco” Encenadores: Pedro Matos, Gonçalo Amorim, Susana Vidal, Gustavo Vicente Festivais: Festival de Teatro Universitário da Beira Interior; Encontros Internacionais de Teatro Académico de Lyon; CYCLE MECHANICS produzido pelo CITAC Distinções: Melhor peça estrangeira nos Rencontres Théatrales de Lyon, com a peça “A velocidade de um Sussurro”; Prémio FATAL 2006, com a peça “Escândalo”; Menção Honrosa no FATAL de 2008 com a peça “Aniquila” de Susana Vidal; Prémio FATAL 2009 com “Agora o Monstro”; Menção Honrosa FATAL 2010 com “Intervalo para Dançar” Participações no FATAL: 1999, 2000, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 , 2012 e 2013 Morada: Avenida Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa Telefone: 938 371 172 E-mail: [email protected] Site: http://teatro.ist.utl.pt/ 73 GTL, Grupo de Teatro de Letras FACULDADE DE LETRAS DA UNIV. DE LISBOA Ano de criação: 1964 Espectáculos: 35, de entre eles “Aldrabices”, criação colectiva; “Domiciano”, de José Martins Garcia; “Prometeu”, a partir de Ésquilo; “As Troianas”, de Eurípedes; “Os Carnívoros”, de Miguel Barbosa; “Jacques, o Fatalista”, de Denis Diderot; “Ricardo III” de William Shakespeare; “Terrores Caseiros”; “Prometeu Agrilhoado”; “Domiciano” Encenadores: Claude-Henri Frèches, Luís Miguel Cintra, Eugénia Vasques, Ávila Costa, entre outros Festivais: Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior; Miteu – Ourense; Festival International et Universitaire des Artes de la Scéne de l´Artois Distinções: Menção Honrosa no FATAL DE 2006 e 2008, com a peça “Jacques, o Fatalista”; Prémio FATAL – Cidade de Lisboa, em 2007 Participações no FATAL: 1999, 2000, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013 Morada: Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa Telefone: 217 990 530 E-mail: [email protected] GTN, Grupo de Teatro da Nova FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS DA UNIV. NOVA DE LISBOA Ano de criação: 1991 Espectáculos: 22, de entre eles “Morro Como País” de Dimítris Dimitriádis; “Como água para chocolate”, de Laura Esquivel; “Blame Beckett”, de Samuel Beckett; “Máquina-Édipo”, de Sófocles; “Atentados” a partir de Martin Crimp; “Um lugar à sombra” a partir de textos de Platão; “Antitheos”; “Made in China” Encenadores: Carlos Fogaça, entre outros, João d’Ávila, Diogo Bento, Adriana Aboim, João Nicolau, Cátia Pinheiro Festivais: Festival de Teatro Universitário de Louvain-la-Neuve, Festival dos Outros Teatros Distinções: 2.º lugar no Festival Amador da Área Metropolitana de Lisboa, Prémio FATAL 2007 Participações no FATAL: 2000, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2013 Morada: Avenida de Berna n.º 26-C, 1090 Lisboa Telefone: 213 715 600 E-mail: [email protected] Site: http://grupodeteatrodanova.blogspot.com GTUL, Grupo de Teatro da Universidade Lusíada UNIV. LUSÍADA Ano de criação: 1992 Espectáculos: 31, de entre eles “A Besta”, de João Silva; “A Lição”, de Eugène Ionesco; “Alguém terá de Morrer”, de Luiz Francisco Rebello; “O Romance da Raposa”; “A corda” e “Sonâmbulos” de Michel Simeão; “Um estranho chamado amor” Encenadores: João Silva, José Lobato, Clemente Santos, Michel Simeão, entre outros Festivais: Festival de Teatro Académico da Beira Interior, Festival de Teatro Académico Actus; Festival Lusíada das Artes do Espectáculo Participações no FATAL: 1999, 2003, 2007, 2008, 2010, 2011 Morada: Rua da Junqueira, 1349-001 Lisboa Telefone: 213 611 500 E-mail: [email protected] Site: www.gtul.net M Máscara Solta FACULDADE DE LETRAS DA UNIV. DO PORTO Ano de criação: 2001 Espectáculos: 9, de entre eles “O ar cansado das minhas roupas” de Ana Catarina Ramalho seguido de “Alguém olhará por nós” de Tiago Moura; “A casa de Bernalda Alba”, de Frederico García Lorca; “A Cantora Careca”, de Eugène Ionesco”; “6 Mulheres sob Escuta”, de Jaime Rocha; “(A)Tentados” de Martin Crimp; “Casting” de Aleksandr Crálin; “Sétimo Céu”; “Kairós”, de Wilson Bezerra Encenadores: Ana Catarina Ramalho, Tiago Moura, Graça Ochoa, Marta Gorgulho, Susana Oliveira, João Melo, Viriato Morais, Allex Miranda, entre outros Festivais: INPUT Participação no FATAL: 2007, 2008, 2011 e 2013 Morada: Via Panorâmica, 4150-564 Porto Telefone: 939 323 555 E-mail: [email protected] Site: http://mascarasoltagrupodeletras.blogspot.com mISCuTEm ISCTE – INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DO TRABALHO E DA EMPRESA Ano de criação: 2001 Espectáculos: 12, de entre eles “O Insecticida ou o Fim do Império” de Miguel Barbosa; “Os Carnívoros”, de Miguel Barbosa; “O tempo que nos pariu”, criação colectiva; “A Cantora Careca”, de Eugène Ionesco; “Leitura encenada” a partir de poemas de autores africanos; “Últimos Remorsos Antes do Esquecimento” de Jean-Luc Lagarce; “O céu não sabe dançar sozinho”; “O Lado A de B” de José Freixo; “Amor Ensinado” Encenadores: Ana Isabel Augusto Festivais: Festival Lusíada de Artes e Espectáculos Participações no FATAL: 2004, 2007, 2008, 2010 e 2013 Morada: Avenida das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa Telefone: 217 903 018 E-mail: [email protected] Elencos 74 Anuário de Grupos de Teatro Universitário Nacionais N NNT, Novo Núcleo de Teatro FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DA UNIV. NOVA DE LISBOA Ano de criação: 1995 Espectáculos: 16, de entre eles “Eu disse AGORA não disse AMANHÃ DEPOIS ONTEM” a partir de Samuel Beckett; “As três irmãs”, de Alves Redol; “O Ventre de Jeremias”, de Victorino de Almeida; “No País das Últimas Coisas”, de Paul Auster; “Film Noir”; “Mecânica das Paixões” Encenadores: Jorge Fraga, Bruno Bravo, Alexandre Calado, Joana Craveiro, entre outros Festivais: Festival Internacional de Teatro Universitário da Lusíada; Festival Internacional Universitário de Santiago de Compostela; Mostra de Teatro de Almada; Festival aCTUS (Coimbra), o SALTA (Aveiro), Ciclo de Teatro Universitário da UBI (Covilhã), Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (Brasil) Distinções: Menção Honrosa, no FATAL 2006, pela encenação da peça “Cerejal”; Prémio Público no FATAL de 2008. Participações no FATAL: 2000, 2003, 2004, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013 Morada: Quinta da Torre, 2825 Monte da Caparica Telefone: 212 949 678 E-mail: [email protected] Site: http://nucleos.ae.fct.unl.pt/nnt/; http://novonucleoteatro.blogspot.com Noster, Grupo de Teatro da UCP UNIV. CATÓLICA Ano de criação: 1998 Espectáculos: 33, “Num país onde não querem defender os meus direitos, eu não quero viver” de Jorge Silva Melo, a partir de Michael Kohlhaas de Heinrich von Kleist; “Morte Presumida”, uma adaptação de Para Acabar de Vez com a Cultura, de Woody Allen; “PRIMVS INTER PARES”, de A. Branco e Joana Liberal; “O Mundo Inteiro”, de Catarina Duarte, Cátia Ferreira Fonseca e Joana Liberal; “A Severa”, Joana Liberal (a partir de Júlio Dantas) “Habeas Corpus”, de A. Branco e Joana Liberal; “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare; “um nome provisório”, criação colectiva Encenadores: Sílvia Balancho, Joana Liberal, Rita Bicho, Romeu Nascimento, Mêrcedes Rebelo, A. Branco Festivais: FLAE - Lisboa; Ciclo de Teatro da Beira Interior Participações no FATAL: 2013 Morada: Universidade Católica de Lisboa, Palma de Cima, 1649-023 Lisboa Telefone: 914 144 903, 217 214 000 E-mail: [email protected] Site: www.facebook.com/nosterucp P Piratautomático ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS DE LEIRIA – IPL Ano de criação: 2006 Espectáculos: 6, como “Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra” de João Augusto; “Viva, Morra, Chão e Céu Fera”, “Fulano, Beltrano (tropeças neste mundo enquanto pensas noutro)”, “Técnica” e “Técnica/A perfeição do Outro Mundo”, todas de autoria de Simão Vieira; “Pequena Aventura na Grande Superfície”; “Não me pares de contar histórias” Encenadores: Simão Vieira e João Augusto Festivais: Festival de Teatro Juvenil de Leiria Participações no FATAL: 2010 Morada: Federação Académica de Leiria, Escola SECSL, R. Dr. João Soares, Apartado 4045, 2411-901 Leiria Telefone: 917013357 ou 244 829 400 E-mail: [email protected]; [email protected] S Sin-Cera, Grupo de Teatro Académico UNIV. DO ALGARVE Ano de criação: 1990 Espectáculos: 21, entre eles “Cidade Autoada” de Mário de Cesariny de Vasconcelos; “O Recibo do Diabo”, de Alfred de Musset; “As Moscas” de Jean-Paul Sartre; “Metamorfose”, de Franz Kafka; “Não sejas Criança” Encenadores: Rui Sérgio, Pedro Wilson, Andrzej Kowalski; Pedro Ramos; José Luís Louro, Paulo Moreira Festivais: I Festival de Teatro da Universidade do Algarve; Festival Acaso; ENTN – Encontro Nacional de Teatro Universitário Participações no FATAL: 2004, 2006 e 2013 Morada: Rua de Tulipas, Lote 36, Gândelas, 8000 Faro Telefone: 281 981 966 E-mail: [email protected]; [email protected] Site: http://www.sincera.aaualg.pt S.O.T.A.O. INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS ABEL SALAZAR DO PORTO, DA UNIV. DO PORTO Ano de criação: 2000 Espectáculos: 7, de entre eles, “As Canções de Bilitis”, de Pierre Louÿs; “Doze Pedaços de Lua”, adaptação de Histórias Mínimas de Javier Tomeo; “Pedras Negras”, adaptação de O Crime de Aldeia Velha, de Bernardo Santareno; “Falhar”, textos de Samuel Beckett, “O clube dos Pirilampos”; “Lisístrata” de Aristófanes; “Sonho de uma noite de Verão” de Shakespeare Encenadores: Arlete de Sousa, Alexandre Maia, Rui Spranger, Pedro Estorninho, Sandra Ribeiro, entre outros Festivais: Festival Actus, Festival INPUT; “Feiras Francas”, 1.º Festival Pó de Palco, Certame no Sotão, TeatralnyKoufar (Bielorrúsia) Participação no FATAL: 2006, 2009 Morada: Largo Professor Abel Salazar, 24099-003 Porto Telefone: 223 389 251 E-mail: [email protected] Site: http://sotao-icbas.blogspot.com 75 T Teatro Andamento ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM de lisboa Ano de criação: 2004 Espectáculos: 5, de entre eles, “Que esperar de nós” e “Assaltos de Improvisação”, ambas criações colectivas; “O Gato” e “A Morte é uma Flor”, de Joaquim Nogueira; “Peta das Antigas”; “Cottolengo” Encenadores: Joaquim Paulo Nogueira, Ricardo Rodrigues, entre outros Participação no FATAL: 2006, 2010 Morada: Avenida Prof. Egas Moniz, 1649-035 Lisboa Telefone: 967 157 919 E-mail: [email protected] Site: http://www.esel.pt Teatro da Academia ESCOLA SUP. DE EDUCAÇÃO DE VISEU DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE VISEU Ano de criação: 1992 Espectáculos: 6, de entre eles, “Stan & Ollie” e “À volta dos ubus”, criações colectivas; “Nem toda a pena é leve”, de Jorge Fraga; “Europa” a partir de Sławomir Mrożek; “Woyzeck”, a partir de Georg Büchner Encenadores: Jorge Fraga Festivais: FETA, Festival Salta!; ENTU (Portimão); Actus Participações no FATAL: 2010 e 2012 Distinções: FATAL 2010, Distinção do Público Morada: Rua Maximiano Aragão, 3504-501 Viseu Telefone: 965439173 ou 232 419 000 (escola) E-mail: [email protected]; [email protected] Site: http://www.esev.ipv.pt/ Teatro do Ser FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS DA UNIV. NOVA DE LISBOA Ano de criação: 1998 Espectáculos: 17, de entre eles “Os Novos Confessionários” de Isabel Medina e Pedro Feteira; “Tragédia entre os Montes”, de Carla Vieira e Sara Ferreira; “As Mãos de Abrãao Zacut”, de Luís de Sttau Monteiro; “O Segredo do teu Corpo”, de Manuel Halpern; “Nossos confessionários de mulheres”; “Se perguntarem por mim, não estou” Encenadores: Jorge Almeida Festivais: Mostra Internacional de Teatro Universitário (MITEU); Festival Salta!, ACTUS, Festival Teatro da UBI Participações no FATAL: 2003, 2005 e 2006 Morada: Avenida de Berna n.º 26-C, 1090 Lisboa Telefone: 217 908 300, 919 612 456 E-mail: [email protected] Site: http://www.fcsh.unl.pt/teatrodoser TeatrUBI UNIV. DA BEIRA INTERIOR Ano de criação: 1989 Espectáculos: 71, de entre eles “Parecia que dançávamos. Tu vestido de príncipe e eu nua.” de Rui Pires a partir de “Puta de Prisão de Isabel do Carmo e Fernanda Fráguas e de “La Flor de Lis” de Marosa di Giorgio; “O Corvo”, de Ivan Briscoe; “A Ferida no Pescoço”, de Heiner Müller; “Posso avançar? Pergunta o Cavalo”, criação colectiva; “Empresta-me o teu coração”; “Mata-dor”, Encenadores: António Abernú, Susana Vidal, Lorena Briscoe, Filipa Francisco, Cecília Gomes, Ruth Mandel, José Carretas, Rui Pires, entre outros Festivais: Festival Internacional de Teatro Universitário de Casablanca, MITEU- Ourense; Festival de Teatro Universitário da Beira Interior Prémios: Prémio do Festival Internacional de Teatro Universitário de Casablanca, para a “Ferida no Pescoço”; Prémio do Júri da IV MITEU – Ourense, para “Cada dia sou alguém diferente e cada dia o mesmo” Participações no FATAL: 2000, 2003, 2007, 2008, 2009 Morada: Rua Senhor da Paciência, n.º 39, 6200-158 Covilhã Telefone: 965694877 ou 275 319 530/5 E-mail: [email protected]; [email protected] Site: http://teatrubi.blogspot.pt/ Teatro da UITI UNIV. INTERNACIONAL DA TERCEIRA IDADE DE LISBOA Ano de criação: 2008 Espectáculos: 2, “A culpa é da Galega”; “Nós não queremos morrer”, ambas criações colectivas; “Nuros”; “Templo” Encenadores: Carlos G. Melo Participações no FATAL: 2009, 2010 Distinções: FATAL 2009, Distinção do Público Morada: Rua das Flores, 85 - 1.º, 1200-149 Lisboa Telefone: 961 472 408 E-mail: [email protected] Site: http://www.teatrodauiti.blogspot.com TEB, Teatro de Estudantes de Bragança INST. POLITÉCNICO DE BRAGANÇA Ano de criação: 1991 Espectáculos: 41, de entre eles, “A Cave” de criação colectiva; “Histórias Mínimas”, de Javier Tomeo; “Antes que a noite venha”, de Eduarda Dionísio; “Armazém”, de Vânia Cosme Encenadores: Helena Genésio Festivais: INPUT Participação no FATAL: 2007 Morada: Rua Trindade Coelho nº 38 (Costa Grande), 5300 Bragança Telefone: 965 482 369 E-mail: [email protected]; [email protected] Site: http://www.teb.ipb.pt/ Elencos 76 Anuário de Grupos de Teatro Universitário Nacionais TEUC UNIV. DE COIMBRA Ano de criação: 1938 Espectáculos: 100, de entre eles, “projecto H” de Joana Providência e TEUC; “Medeia”, de Eurípides; “Antígona”, de Sófocles; “O Tio Vânia”, de Anton Tchekhov; “A Narrativa Fidedigna da Grande Catástrofe”; “Um dia de Raiva”; “Vosch-Vusch, um bosque em marcha” Encenadores: Fernando Gusmão, Júlio Castronuovo, Tiago Rodrigues, Rogério Carvalho, Pedro Malacas, Catarina Santana e Joana Pupo, entre outros. Festivais: Ciclo de teatro do CITAC; Festival Internacional de Teatro de Almada Participações no FATAL: 2003, 2005, 2006, 2007, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013 Morada: Rua Padre António Vieira, Edifício AAC, 4.º piso, 3000-315 Coimbra Telefone: 239 827 268 E-mail: [email protected] Site: www.teuc.pt Thíasos FACULDADE DE LETRAS DA UNIV. DE COIMBRA Ano de criação: 1992 Espectáculos: 18, de entre eles, “Auto da Alma”, de Gil Vicente; “O Poeta e o Maçador”, de Horácio; “As Suplicantes” e “Hipólito”, de Eurípedes; “Ensaio sobre a cícuta”; “As Suplicantes” de Ésquilo Encenadores: Delfim Leão, José Luís Brandão, Carla Braz, Lia Nunes, entre outros Festivais: Festival Internacional de Verão de Teatro de Tema Clássico, XVII Festival Juvenil Europeo Grecolatino de Segóbriga; XVI Rassegna Internazionale del Teatro Classico Antico (Itália); Puerto de Santa Maria (2004), Tours (2004), Nantes (2005) e Málaga (2008). Morada: Largo da Porta Férrea, 3004-530 Coimbra Telefone: 239 859 981; 967 685 736; 962 565 710 E-mail: [email protected] Tictac FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIV. DO PORTO Ano de criação: 1994 Espectáculos: 12, de entre eles, “Epimeteu ou o Homem que Pensava Depois”, de Jorge de Sena; “O Público”, “A Sério que Somos Felizes”; “Inquietudes”; “Largo de Narciso” Encenadores: Fernando Moreira, Jacinto Durães, Tó Maia, entre outros Festivais: INPUT Participações no FATAL: 2009 Morada: Rua do Campo Alegre, 823, 4150-180 Porto Telefone: 226 065 259 E-mail: [email protected] Site: http://teatrotictac.blogspot.com TUM, Teatro Universitário do Minho UNIV. DO MINHO Ano de criação: 1989 Espectáculos: 55, “O Segundo do Fim”; “O Dia Primeiro” “O silêncio” e “Os vendilhões do Templo”, de João Negreiros; “Jornalista da vossa beleza” a partir de João Negreiros; “Luto lento”; “Futuro Imperfeito” Encenadores: António Durães, Rogério de Carvalho, Ana Bettencourt, entre outros, João Negreiros Festivais: SALTA, (Re)Ciclo; Festival Teatro UBI Participações no FATAL: 2003, 2007 e 2008 Morada: Tum, Rua do Castelo, Complexo Pedagógico do Castelo, Sala 212, 2.º andar, 4704-553 Braga Telefone: 965 530 263 E-mail: [email protected]; [email protected] Site: blogdotum.blogspot.com/ TUP, Teatro Universitário do Porto UNIV. DO PORTO Ano de criação: 1948 Espectáculos: “Medeia de Noitarder” de Raquel S.; “O Paraíso não está à vista”, de Rainer Werner Fassbinder; “Nós e Eles”, de David Campton; “Cara de Fogo”; “Recuperados”; “O Aquário”; “Ressablo das Maravilhas”; “O sonho de uma noite de Verão”; “Medeia”; “Alan”; “A Espera” Encenadores: Correia Alves, Lígia Roque, Jacinto Durães, António Júlio; Luciano Amarelo; Rosa Quiroga; António Capelo; Rogério de Carvalho; António Júlio; Inês Gregório e Nuno Matos Festivais: Festival de Teatro Universitário de Erlanger; Festival Ibérico de Teatro Universitário; Input; Mostra de Teatro Universitário de Ourense 2012 Distinções: PRÉMIO FATAL 2011 Participações no FATAL: 2000, 2001, 2008, 2010, 2012 e 2013 Morada: Travessa da Cedofeita, n.º 65, 4050-138 Porto Telefone: 965 503 939 E-mail: [email protected] Site: http://teatrup.wordpress.com 77 TUT UNIV. TÉCNICA DE LISBOA Ano de criação: 1981 Espectáculos: 49, de entre eles “Antígonas” a partir de Sófocles, Jean Anouilh, Bertold Brecht, Maria Zambrano; “À espera dos Bárbaros”, dramatização do poema de Konstandinos Kavafis, “Leôncio e Lena na Estalagem de Mirandolina”, Fusão de Leonce und Lena de Georg Büchner com La Locandiera de Carlo Goldoni, “Sentimento de um Ocidental”, dramatização do poema homónimo de Cesário Verde; “Da vida dos insectos”; “Antígonas”. Encenadores: Júlio Martín da Fonseca, Jorge Listopad Festivais: “Rencontres de Théâtre et Jeunesse pour l Europe” – Grenoble (França), Festival Internacional de Teatro de Almada, Bienal Universitária de Coimbra – BUC, Encontro de Escolas no Teatro Malaposta, SCENA Lisboa Participações no FATAL: 2012 e 2013 Morada: Teatro da Universidade Técnica, Palácio Burnay, Rua da Junqueira, 86, 1349-025 Lisboa Telefone: 919 233 048 / 963 302 769 E-mail: [email protected] Site: http://blogdotut.blogspot.com TUTRA UNIV. DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO Ano de criação: 1989 Espectáculos: 17, de entre eles, “As Cadeiras”, de Eugène Ionesco; “Contactos sem Tecto”, criação colectiva; “Uma Boca cheia de Pássaros”, de Caryl Churchill; “Universos e Frigoríficos” de Jacinto Lucas Pires; “Helmut” de Jerry Lewis; “To Die For” performance; “Table Dance” com D. Alzira de Argozelo; “Famavana”; “Antídoto”; “Ramayana”; “Ilhas” Encenadores: António Capelo, Noélia Dominguez, Sérgio Agostinho, Tiago Ramos, Pedro Guimarães, entre outros, Roberto Querido Festivais: 3.º Encontro de Teatro Universitário em Bragança; Festival EntreArtes Participações no FATAL: 2004 e 2005 Morada: Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douto, Quinta dos Prados, 5000-998 Vila Real Telefone: 259 350 000, 259 752 94 E-mail: [email protected] Site: http://tutra.blogspot.com U Ultimacto FACULDADE DE PSICOLOGIA E INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DA UNIVersidade DE LISBOA Ano de criação: 1993 Espectáculos: 18, de entre eles “Despertar da Primavera” de Frank Wedekind; “Médico à Força”, de Molière; “Com Carácter de Urgência”, de Ana Lacerda; “Dança de Roda”, de António Pedro; “A Invenção do Amor” de Daniel Filipe; “Última Chamada”; “Os Figurantes”, de Jacinto Lucas Pires; “MetropoLIS”; “Um Auto para Jerusalém” Encenadores: Pedro Barão, Álvaro Correia, Ana Lacerda, Elsa Valentim, João Cabral, Rosa Coutinho Cabral, entre outros Festivais: INPUT; Festival de Teatro de Tomar Participação no FATAL: 2004, 2005, 2006, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2013 Morada: Alameda da Universidade 1649-013 Lisboa Telefone: 217 973 179 E-mail: [email protected] © Hélio Neto 78