Publicação Anual de Teatro Académico Ano vi / Distribuição

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Publicação Anual de Teatro Académico Ano vi / Distribuição
REVISTA
FATAL
N6 2013
Publicação Anual de Teatro Académico
Ano vi / Distribuição Gratuita / Anual
Maio 2013 — Abril 2014
REVISTA
ÍNDICE FATAL
4
d
14
d
16
d
18
d
24
d
26
d
30
d
38
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40
d
No Foco
Gerações TEUC - 75 anos de Teatro dos
Estudantes da Universidade de Coimbra
Histórias do Teatro Universitário
Português
65 anos de TUP – Teatro Universitário
do Porto
Entre caos e Cristo - 15.º Aniversário
do Noster, grupo de teatro da Universidade
Católica Portuguesa
Cenários
TUT e GTIST, duas histórias de Teatro
Universitário na UTL
Ensaio
Teatro comunitário
E se fôssemos ter com eles?
Aplauso
Premiados FATAL 2012
Ponto, textos dramáticos
Abaixo da cintura
Eternidade
FICHA TÉCNICA REVISTA FATAL N6 2013
Direcção:
Núcleo Cultural do DERE, com
coordenação de Isabel Tadeu
Coordenação Editorial:
Marisa Costa
Colaboram neste número:
Ágata Alencoão, Ana Bigotte
Vieira, António Nóvoa, CITAC
(Círculo de Iniciação Teatral da
Academia de Coimbra), Joana
Liberal, João Ferrador, João
Pedro Vaz, Júlio Roldão, Nádia
Sales Grade, Marlise Gaspar,
Marta Félix, Miguel Manso,
Paula Garcia, Rafela Bidarra,
Ricardo Seiça Salgado, Rogério
de Carvalho, Teatro da Academia,
Tiago Patrício, TUP (Teatro
Universitário do Porto)
Fotografias:
Arquivo Noster, Arquivo TEUC,
Arquivo TUT, Ana Banha, Ana
Rojas, Hélio Neto, Isabel Brison,
Joana Saboeiro, Manuel Pata,
Maria Albuquerque, Miguel
Carriço, Ricardo Basílio, Sofia
Quintas, Tânia Araújo, Teresa
Teixeira,Tiago Mota, Tiago
Froufe.
Planeamento de conteúdos:
Isabel Tadeu, Marisa Costa, Rui
Teigão
Revisão, tradução e edição de
conteúdos:
Ana Sofia Oliveira (estágio
FLUL), Marisa Costa, Miguel
Nunes (estágio FLUL), Zeila dos
Santos (estágio FLUL)
Projecto:
Álvaro Áspera, Isabel Maçana
Bruxo, Marisa Costa, Rui Teigão
Projecto Gráfico:
Alpha/ RPVP Designers
Paginação e Grafismos:
Alpha/ RPVP Designers
Capa:
Fotografia: Arquivo do TEUC,
Teatro dos Estudantes de
Coimbra. Design: Alpha/ RPVP
Designers
O nosso agradecimento ao TEUC,
em especial à Marta Félix, pela
ajuda prestada à elaboração
do artigo Gerações TEUC e
pela cedência de documentos e
imagens do arquivo do grupo.
O nosso agradecimento especial
a todos os colaboradores que,
pelas suas palavras, contribuem
para a divulgação do teatro
universitário e da sua história.
O nosso muito obrigado a todos
os que, fazendo face a condições
adversas através da criatividade
e da perseverança, continuam
a acreditar neste projecto,
possibilitando a publicação de
mais um número da Revista
FATAL.
As opiniões, pontos de vista
e informações constantes
dos textos publicados são da
responsabilidade dos respectivos
autores.
Proprietário, editor e redacção:
Reitoria da Universidade
de Lisboa
Alameda da Universidade,
1649-004 Lisboa
NIF: 501 535 977
Registo: Anotado na Entidade
Reguladora para a Comunicação
Social
Depósito: Legal Nº 275380/08
Periodicidade: Anual
Tiragem: 1.000 exemplares
Impressão: Soartes, Artes
Gráficas, Lda.
Estatuto Editorial:
O Festival Anual de Teatro
Académico de Lisboa – FATAL,
uma organização da Reitoria
da Universidade de Lisboa, tem
vindo a desempenhar um papel
de crescente importância no
âmbito do Teatro português,
nomeadamente, no contexto
do Teatro Universitário.
Neste sentido, a Reitoria da
Universidade de Lisboa sentiuse incentivada a criar e editar a
Revista FATAL, uma publicação
anual nacional de temática
cultural dedicada ao Teatro,
Teatro Universitário e às Artes
Performativas. Tendo por
objectivo central a divulgação
destas artes, e dos seus agentes,
no nosso país, a Revista FATAL
destina-se ao público jovem
e universitário, a pessoas
ligadas à área teatral e artes do
espectáculo e ao público em geral
A Revista FATAL publicará
artigos dedicados à reflexão,
ensaio, opinião, entrevistas a
personalidades ligadas ao meio e
outros artigos de divulgação no
âmbito da temática da revista,
e elaborados por colaboradores
convidados. Esta publicação
funcionará, simultaneamente,
como programa do FATAL,
apresentando e divulgando
as diversas iniciativas que
compõem cada edição do
Festival, bem como outros
eventos inseridos no âmbito
do Festival Anual de Teatro
Académico de Lisboa.
A periodicidade será anual,
com publicação no mês de Maio.
EDITORIAL
E a miséria é isso: não imaginar
o nome que transforma a ideia em coisa,
a coisa que transforma o ser em vida,
a vida que transforma a língua em algo
mais que o falar por falar.
Jorge de Sena 1
O que é que espera um espectador de um espectáculo de teatro universitário?
O que ambiciona comunicar ao outro, no palco, um actor universitário ou um
encenador? Que frutos indizíveis e intransmissíveis recolhe cada indivíduo
confrontado com a experiência do teatro universitário e o que faz com eles?
Talvez a capacidade que o teatro tem de transformar - sociedades, indivíduos,
universos vários - seja um conceito pouco contemporâneo aos olhos dos
especialistas. Talvez. Contudo, não é, de modo algum, propósito destas
palavras entrar pelos campos eternamente mutáveis da academia.
O teatro universitário, não nos cansamos de dizer, é um espaço de liberdade
e de expressão pessoal, um momento único e irrepetível. Quem fez, ou
faz, teatro universitário refere, também repetidamente, a possibilidade de
transformação que este trouxe, e traz, às suas vidas. Um grupo de teatro
universitário celebra 65 ou 75 anos de vida acumulando, história após história,
memórias que são indissociáveis das vidas dos seus membros e da história do
seu país. Os palcos do teatro universitário são, sem qualquer dúvida, lugares
especiais. As palavras contidas num texto, transformadas em organismos
vivos na voz de um actor universitário, podem estilhaçar até o coração do mais
dormente espectador. As palavras saem a porta do teatro para a rua e ficam a
latejar na cabeça enquanto este chega a casa, fecha a porta, pousa as chaves.
Terei, também eu, subido ao palco esta noite? murmura.
Talvez possamos também partir das palavras desta revista para outros
espaços de transformação. Em No Foco e em Contributos para a história do
teatro universitário assinalamos os aniversários de dois velhos senhores do
teatro universitário português, TEUC e TUP, e de um dos mais recentes grupos
de Lisboa, o Noster. No ano em que é criada a nova Universidade Lisboa,
vamos também falar-lhe de teatro universitário na Universidade Técnica de
Lisboa através das palavras dos encenadores do TUT e do GTIST. Em Ensaio,
poderá ficar a saber um pouco mais sobre teatro comunitário, bem como
conhecer um projecto recém-criado em torno da história oral dos grupos de
teatro universitário. Terminamos este número com dois textos inéditos de
Miguel Manso e Tiago Patrício, dois jovens autores nacionais.
Deixe-se levar por estas páginas até outros lugares. Tal como no teatro
universitário, a vida contida nestes textos é mais do “que o falar por falar”.
Marisa Costa, Coordenação Editorial
1
Do poema A miséria das palavras, 1962 (Jorge de Sena, Antologia Poética, 2.ª ed., Porto: Asa, 2001)
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No foco
Gerações TEUC
75 anos de Teatro
dos Estudantes
da Universidade
de Coimbra
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A primeira vez que o TEUC subiu ao
palco foi em 27 de Julho de 1938. Pela
mão do Professor Paulo Quintela - que
esteve na direcção artística do TEUC
durante os primeiros 30 anos - levou-se
a cena Gil Vicente, com A Farsa de Inês
Pereira, quadros do Auto da Lusitânia e da
Farsa do Juíz da Beira e ainda, a Súplica
de Cananeia. Numa fase mais inicial,
o espectro de autores do TEUC era já
bastante vasto e ia desde os autores do
teatro clássico grego (Eurípides, Sófocles,
Ésquilo), aos autores modernos (Techkov,
García Lorca) ou, ainda, aos reconhecidos
autores portugueses (Luís de Camões, José
Régio, Miguel Torga ou Raúl Brandão).
O 25 de Abril representou liberdade para o
TEUC. Foi no pós-revolução que se deu voz
a textos de intervenção como Portugal com
P de Povo ou Arraia Miúda, se encenaram
autores polémicos como Bertolt Brecht
e se experimentaram novas formas de
linguagem, com encenadores como José
Oliveira Barata.
As décadas de 80 e 90 foram marcadas
por um forte experimentalismo e pela
divulgação do teatro além-fronteiras. Dos
encenadores que por lá passaram podemos
referir Adolfo Gutkin, Ricardo Pais ou
Rogério de Carvalho, entre outros, que
levaram a cena autores contemporâneos
de especial relevo, tais como Boris Vian,
Marguerite Duras, Strindberg ou o nosso
Jacinto Lucas Pires.
Todos os que por lá passaram, fizeram-no
com o espírito de desafio, com a vontade de
marcar a diferença e de se deixarem marcar
pelas experiências vividas. Funcionando
numa lógica de quase “família”, continua
a ser característica do TEUC promover e
exaltar a criação e o espírito colectivos.
Marcado por uma história recheada de
acontecimentos e vivências únicas, não
é por acaso que o TEUC é o mais antigo
grupo de teatro do país e um dos mais
antigos da Europa. Em homenagem ao
Teatro dos Estudantes de Coimbra que
celebra este ano 75 anos de existência,
o FATAL decidiu recolher alguns
testemunhos de pessoas que passaram
pelo TEUC e que por isso são parte da sua
história. É notória a emoção que povoa
o testemunho dos Teuquianos que aqui
nos deixam algumas palavras sobre a sua
passagem/ aprendizagem no TEUC. Com
um percurso bastante heterogéneo ao
longo dos anos, o Teatro dos Estudantes é o
resultado das pessoas que por lá passaram,
os ditos estudantes, directores artísticos,
encenadores, dramaturgos, que da sua
história fazem parte. Do mais jovem, ao
mais antigo Teuquiano, a proximidade e o
carinho com que falam desta sua “escola” é
uma realidade.
Ágata Alencoão
1
© Arquivo TEUC
Parece ser consensual a ideia de que o
TEUC, mais do que um grupo de teatro é
uma espécie de “escola” - como o próprio
nome indica, é o Teatro dos Estudantes
- é um lugar onde se ensina e aprende
através da partilha de experiências de vida
e de histórias. É o lugar onde tudo parece
acontecer em prol de um amor maior, o
amor pelo Teatro.
© Arquivo TEUC
No foco
© Júlio Roldão
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3
“TEUC, inscreve-te”
Aprendi mais no Teatro dos Estudantes do que na
Faculdade de Direito. Inscrevi-me no Teatro dos Estudantes
da Universidade de Coimbra (TEUC) no dia 4 de Novembro
de 1971. As aulas do primeiro ano de Direito ainda não
tinham começado e eu, a viver na solidão de um quarto
arrendado, sem conhecer ninguém em Coimbra, vagueava
pela faculdade quando descobri que esse grupo ensaiava
numa sala da própria faculdade, impedido de o fazer nas
instalações da Associação Académica, encerradas pelas
autoridades.
Na porta estava escrito “TEUC, inscreve-te” e, lá dentro,
numa das paredes da sala de ensaios, uma frase
inesquecível: “avalia-se um homem pela natureza dos
factos que o aborrecem”. Lembro que as primeiras pessoas
que lá conheci foram o João Vilar, a Guidinha e o Manuel
Guerra. No dia seguinte escrevi um poema (mais uma
contrafacção de poema do que um poema) a registar os
sentimentos que me dominaram e uma observação parva e
pretensiosa que proferi nesse meu primeiro dia de TEUC.
Ainda em 1971, entrei na pantomima “Mel, Pastel e um
Boneco de Papel”, que o Manuel Guerra repunha, e, no ano
seguinte, com 18 anos, representei o papel de Woyzeck, na
peça homónima de George Büchner, encenada por Julio
Castronuovo. Em 1973 “morria” no Asno, peça encenada
pelo Fernando Gusmão, sem perder o “nickname” Roldeck
que me foi atribuído pelo João Seiça Neves, companheiro
da República Ninho dos Matulões para onde entretanto me
mudara.
Fui dos poucos a manter-se no TEUC na transição do
antes para o depois do 25 de Abril. Colaborei na peça
de agitprop “Portugal com P de Povo”, onde assumi o
papel de ilusionista Frank Cartucci (nome que sugeria o
do embaixador dos EUA em Portugal, Frank Carlucci) e
representei o papel de João das Regras na “Arraia Miúda”,
peças encenadas por José de Oliveira Barata.
Aprendi mais nas deslocações à Gulbenkian para angariar
subsídios, ou na organização das Semanas Internacionais
de Teatro Universitário, do que na Faculdade de Direito,
cuja licenciatura nunca terminei. No TEUC fiz-me
jornalista, profissão que exerci durante 28 anos, a opção
mais próxima das artes performativas e do espectáculo
para a qual me sentia com coragem.
Júlio Roldão, Jornalista
No TEUC entre 1971 e 1984; Sócio n.º512 do grupo
Gerações TEUC
© Arquivo TEUC
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© Arquivo TEUC
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A outra universidade
Cheguei a Coimbra no Outono de 1971. Tinha 16 anos.
Concluído o curso liceal, em Oeiras, cumpria agora o
sonho de estudar na Universidade de Coimbra e de jogar
futebol na Académica.
Ainda não tinha arrumado as malas, na casa da
Mariazinha, em Celas, e já estava dentro do movimento
estudantil, aprendendo a lutar pela liberdade.
Muitas vezes subi e desci os 125 degraus das escadas
monumentais, entre o edifício da Matemática e o Bar
Clepsidra.
Daqui para o TEUC foi um passo. No primeiro ano, fiz um
curso de formação teatral com um homem extraordinário,
Julio Castronuovo. Levámos à cena o Woyzeck de Georg
Büchner, cabendo-me o papel de Doutor. No ano seguinte,
para além de ter integrado a Direcção do TEUC, trabalhei
com um encenador que me marcou profundamente,
Fernando Gusmão. A peça O asno de José Ruibal, como era
normal, causou-nos diversos problemas com a Censura e
não só.
Nessa altura, já vivia no Solar 5 de Outubro, com os mil e
trezentos escudos por mês que a Académica me dava. E a
vida sucedia-se a um ritmo alucinante. A leitura de tudo,
a literatura, a filosofia, os livros proibidos, a poesia com
a Paula, as lutas estudantis, o futebol, os estudos (quase
sempre em segundo plano) e, acima de tudo, o TEUC.
No Verão de 1973, com 18 anos, regressei a Lisboa. Em
Coimbra, pouco aprendi das matérias escolares (isso
viria mais tarde), mas aprendi quase tudo o que a outra
universidade me podia dar: a política, o teatro, a poesia,
o amor, a liberdade, a amizade, a independência, a
insubmissão.
Foram dois anos decisivos da minha vida. E só não digo que
foram os mais importantes porque logo a seguir veio Abril.
António Nóvoa, Reitor da UL
No TEUC entre 1971 e 1973
1 O TEUC no Porto, Abril de 1939
2 Diz Júlio Roldão, “a foto é fraca, mas é fruto da época - 1975, “Portugal com
P de Povo”, uma peça de agitação e propaganda representada durante
a campanha eleitoral para a Assembleia Constituinte. Foi apresentada
dezanove vezes, em dezanove localidades diferentes, durante dezassete
dias seguidos. Em certas localidades foi a primeira vez que se representou
teatro. “Na foto Júlio Roldão, em primeiro plano, no papel de ilusionista
Frank Cartucci, e Deolindo Leal Pessoa, na técnica.
3 Pinhal da Leiria, 14 de Março de 1939
4 A sapateira prodigiosa, de Lorca, 1965
5 Preparação de actores 1ª/2ª fase, com Adolfo Gutkin, 1980
6 O Passarinho Branco, 1979
7 Ensaios de De pequenino se torce o pepino, 1980
© Arquivo TEUC
© Arquivo TEUC
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No foco
A História do Teatro marca-se no corpo
Este ano faz 20 anos que entrei para o TEUC. Duas
gerações depois da “geração Escola da Noite”, o TEUC
parecia, na altura, uma sala vazia à espera de uma
identidade qualquer. Depois de um curso de iniciação um
pouco desorganizado (é a memória que tenho), a nossa
inabilidade fez coisas. Estive no TEUC de 1993 a 1996 e
fui actor, membro da direcção, assistente de encenação,
técnico, fiz montagens e programas, tive intensas
discussões e relações tumultuosas. Quando cheguei ao
Porto em 1996, era um verdadeiro profissional de teatro.
Muito se fala do teatro universitário como escola mas,
hoje em dia, conhecendo as escolas de teatro, discordo
violentamente dessa ideia. As escolas de teatro às vezes
parecem-me um concurso de talentos, mais ou menos
local. O teatro universitário é um genuíno concerto de
garagem onde se toca, dança, se dá beijos e onde um ou
outro cromo faz o seu número artístico. Há qualquer coisa
de mais pessoal e intransmissível, menos pretensioso
e muito mais iniciático. O nosso corpo inicia-se numa
espécie de amor por qualquer coisa que queremos, mas
cujo papel na nossa vida não sabemos qual será - só a
história subsequente confirmará essa impressão, essa
marcação no corpo. O teatro universitário tem o seu
tempo na nossa vida, é um namoro de faculdade.
Há uns anos atrás, num dia comemorativo do TEUC,
almoçámos - umas dezenas de ‘antigos alunos’ - e, ao
serão, fomos ver uma Oresteia do Rogério de Carvalho
protagonizada por um rapaz tenso e magro, no palco
escuro e quase vazio do TAGV [Teatro Académico Gil
Vicente]. Achei que estava a ver a nossa Antígona de
1995. Nunca me tinha visto em palco, com 20 anos, tenso
e magro. Depois havia festa de garagem no Teatro de
Bolso e lá estava ele a conversar no meio das euménides.
Nesse momento, confirmei que a história do teatro se faz
dessas marcações no corpo, geneticamente adquiridas por
seres que habitam as mesmas salas, mesmo em tempos
diferentes e até sem nunca se conhecerem ou cruzarem.
Às vezes são simples saudades do nosso namoro de
faculdade, outras vezes é para a vida toda.”
João Pedro Vaz, actor e encenador
No TEUC entre 1993 e 1996
“os conhecimentos que ganhei da minha passagem
pelo T.E.U.C. são insubstituíveis”
Estive no Teatro dos Estudantes da Universidade de
Coimbra, num curto mas cheio período, de 1997 a 1999.
Posso dizer que foi fundamental partir dum colectivo
onde todos mandavam. Não acredito na democracia
Gerações TEUC
9
mansa na arte, (sendo que existe uma assembleia no
T.E.U.C.) mas acredito e tenho, até, alguma saudade desse
poder de pessoas totalmente distintas e totalmente
empenhadas em fazer daquele momento um dos
melhores das suas vidas, emprestando a sua vitalidade e
esforços a todos por todos.
No meu percurso artístico, os conhecimentos que ganhei
da minha passagem pelo T.E.U.C. são insubstituíveis. No
meu caso, foi muito importante ter trabalhado no T.E.U.C.
com o João Grosso, a quem devo o domínio da voz, com
o José Neves e o Manuel Sardinha, cujos espectáculos
levaram ao primeiro convite de trabalho profissional
que tive, com a ilustradora Teresa Amaral, com quem
tendo a partilhar as minhas criações e, sobretudo, com o
Rogério de Carvalho, prémio da crítica 2012 (Associação
Portuguesa de Críticos de Teatro), prémio Almada, entre
outros, a quem devo a decisão de escolher ser actriz.
Tive ainda a oportunidade de trabalhar na área de
documentação, onde tive acesso aberto à História do
T.E.U.C.: a sua fundação, as tentativas para encontrar
financiamento (normalmente, eram familiares, ou amigos
comerciantes, que se tornavam no que poderíamos
hoje chamar de mecenas), as proezas retóricas para que
algumas peças passassem pela censura ou para que
conseguissem trabalhar com determinado encenador,
as discussões e redefinições estéticas (destacando
o momento da formação de outro grupo de teatro
universitário, o CITAC, por um núcleo de pessoas
dissidentes do TEUC), o pós 25 de Abril (cujo primeiro
espectáculo creio, chamava-se Portugal com P de Povo),
os anos 80 e 90 e o nascer de jovens artistas que, ou foram
membros, ou iniciaram as suas criações neste grupo e
que constituem, hoje, figuras de relevância no panorama
teatral português (José Neves, António Augusto Barros,
Lígia Roque, Paulo Castro, o grupo A Escola da Noite,
João Pedro Vaz, José Luis Ferreira, o grupo Teatrão, etc.)
até chegar à minha geração Nirvana, nascida a 1997.
Tudo o que me importa no teatro é aquilo que opera
transformação. Espero que daqui a 25 anos ainda esteja
cá e assista aos 100 anos dum T.E.U.C., diferente do de
hoje (como o de hoje é diferente do meu tempo), herdeiro
de gentes que fizeram da História do T.E.U.C. parte da
História do nosso país.
Paula Garcia, actriz
No TEUC entre 1997 e 1998
8 Narrativa Fidedigna da grande catástrofe (2010)
9 Popo (2009)
10 VoschVusch, um bosque em marcha (2012)
10
© Hélio Neto
9
© Tiago Froufe
© Ricardo Basílio
8
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No foco
“Uma escola sem propinas”
Foi em 2000 que descobri que queria ser actriz. Enquanto
muitos fugiam para brincar, eu fugia para fazer Teatro às
escondidas. Em 2004 saí de Pombal, com apenas 17 anos,
e cheguei a Coimbra para ingressar no Ensino Superior.
No dia 7 de Novembro de 2005 (é impossível esquecer a
data) a minha paixão de adolescente pelos palcos levoume ao Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra,
a minha verdadeira escola, onde continuei - às escondidas
– a representar. Ali trabalhei com Ludger Lamers, Vvoitek
Ziemilski, Maria do Céu Ribeiro, Andrzej Kowalski, Gil
Alon, Nicolau Antunes, Ricardo Correia, Pedro Malacas,
António Durães e Rogério de Carvalho. Aprendi a
respeitar os outros e, principalmente, a conhecer-me e a
respeitar-me. Passei noites em claro na sala de direcção
envolta em facturas, descobri uma história com mais
de 70 anos e sorri muitas vezes. Fui actriz, produtora e
tesoureira. Tesoureira… Descobri novas paixões. Porque
Teatro não é feito só de Teatro.
Quando cheguei ao Porto, em 2009, a profissão de
produtora de audiovisuais obrigou-me a recorrer a
todos os conhecimentos que tinha adquirido no TEUC.
A importância tão vincada da elocução, da dicção e
clareza na voz ajudou-me no trabalho como locutora. A
licenciatura em Comunicação Social deu-me o estatuto,
mas o TEUC deu-me todas as faculdades necessárias ao
meu desempenho. Uma escola sem propinas, em que
apliquei toda a minha dedicação. Em troca, recebi amigos
que guardo para sempre e uma formação que dinheiro
nenhum pagaria.
O Teatro Universitário é uma importante rampa de
lançamento para o Teatro profissional. Muitos teuquianos
são, hoje, actores profissionais. Recordo-me do José Neves,
João Pedro Vaz, António Mortágua e muitos outros. Eu
nunca mais deixei o Teatro; não é a minha profissão,
mas continua a ser a minha escola. No TEUC, descobri
como é fácil ser feliz. Hoje é dia 27 de Março de 2013, aqui
no Porto. É dia Mundial do Teatro também. E neste dia
penso sempre em ti. Obrigada e parabéns a todos os que,
tal como eu, construíram estes 75 anos de História. “Pelo
Teatro é que vamos!”
Marlise Gaspar
No TEUC entre 2005 e 2009
“Espaço sacramental de iniciação à arte de
representar”
Entre mim e o teatro não há uma relação de causa/ efeito.
É um autêntico caos. É nessa situação que chego ao TEUC,
a convite da sua direcção para dirigir e preparar um
trabalho sobre Strindberg: O Sonho.
O ambiente e a atmosfera eram de grande entusiamo,
existindo uma espécie de reciprocidade criativa. O TEUC
gozava, nessa altura, de uma situação privilegiada no
teatro universitário, nomeadamente, no que aos textos
clássicos diz respeito, uma vez que existia uma herança
cultural muito forte. A minha passagem pelo TEUC foi
marcada não só por essa herança, mas também pelos
propósitos criativos que o TEUC respirava.
A minha passagem pelo TEUC foi uma etapa marcante,
em termos de experiência e abordagem de grandes textos:
Strindberg, Gil Vicente, Sófocles, Ésquilo, Tchekhov, Peter
Handke. O TEUC proporcionou-me uma abordagem em
relação ao teatro universitário, na sua vertente humana,
política, social, no sentido de uma descoberta de um
estado de pureza. A pureza de fazermos Teatro. Não havia
dúvidas de que o teatro era um acto criativo simples
ou complexo, dependendo dos intervenientes. Éramos
ambiciosos e sonhadores. Por vezes, era arrepiante a
exigência de uma perfeição, sem condições à priori. Ainda
assim, foi uma época despretensiosa. Foi uma aventura
alicerçada em esperanças de que o teatro universitário
estaria fortemente empenhado em construir um modo de
ver o futuro. Havia a descoberta de vocações, [estávamos]
disponíveis para o sacrifício. Espaço sacramental
de iniciação à arte de representar. Uma vontade de
descoberta, um modo criativo em relação à vida e ao
conhecimento, uma comunhão na transformação dos
nossos saberes teatrais. Plasticidade, ingenuidade nos
trabalhos preparatórios. Demorávamos meses a construir
um espectáculo. A passagem do tempo não sentíamos,
mas a estreia, sim. A sala a abarrotar de espectadores... E
os aniversários do TEUC? Verdadeiros testemunhos do
peso dos que ao TEUC já tinham pertencido (tais como
actores, dirigentes, técnicos, etc.).
Os espectáculos em que colaborei como encenador foram:
O Sonho, de Strindberg, O Auto da Índia, de Gil Vicente,
Antígona, de Sófocles, Platonov, de Tchekhov, O Tio Vânia,
de Tchekhov e Oresteia, de Ésquilo.
Gerações TEUC
O TEUC foi uma parte da minha iniciação e testemunho o
meu reconhecimento e gratidão.
Rogério de Carvalho, encenador
No TEUC entre 1987 e 2000
“Pelo Teatro é que vamos”
Acabada de chegar a Coimbra, a busca incessante era
pelo teatro. Onde posso aprender, onde estão grupos
que abram as suas portas a quem, como eu, vem sedenta
de aprender a arte teatral? Indicaram-me a Associação
Académica de Coimbra, mais precisamente o TEUC. Lá fui,
curiosa, em busca deste grupo histórico do qual pouco
sabia. Bati na porta da Direcção, depois de ver que o curso
de iniciação estava com inscrições abertas, fui recebida
com uma ficha de inscrição, a qual preenchi já com um
nervoso miudinho. Enchi-me de coragem e preparei a
audição. Depois de a fazer, o coração não cabia no peito
com a expectativa de saber se tinha ou não sido aceite.
Quando me ligaram a dizer que iria começar a formação
daí a poucos dias, não cabia em mim de tanta felicidade.
Foi durante o curso de formação que comecei a saber
um pouco mais sobre este organismo, a reconhecer o
seu valor, e o valor de cada um que dedicava a sua vida a
mantê-lo activo. O TEUC revelou-se muito mais que uma
escola de teatro em todas as suas vertentes. Perceber o
mundo em que se entra e as suas dinâmicas, desde
o trabalho de actor, à técnica, produção, cenografia,
grafismo, direcção, contacto com outras entidades,
enriquece-nos aos mais variados níveis. É uma escola para
a vida. Integrar o TEUC, conhecer a sua história, conhecer
quem por lá passou, mergulhar nesse mundo, abrir
as portas aos vindouros e vê-los serem “o TEUC” cada
geração, é uma experiência indiscritível, uma vez TEUC,
sempre TEUC. “Pelo Teatro é que vamos”.
Rafaela Bidarra
No TEUC desde 2008
“ainda vivo o teatro universitário”
Desde que comecei o percurso académico mudei três vezes
de Universidade, em três cidades diferentes. Parecia que
não encaixava em parte alguma. Quando entrei no curso
11
de Estudos Artísticos em Coimbra ainda não sabia da
existência do TEUC e mesmo quando fui fazer as audições
não estava completamente convencida se era finalmente
aquilo que queria, mas a experiência do teatro arrebatoume imediatamente; foi o que me reteve em Coimbra.
Dediquei-me mais ao TEUC do que à licenciatura, não o
digo com orgulho, mas, de repente, estava implicada até aos
cabelos em todos os assuntos, desde os administrativos,
aos de produção e, claro, como actriz. Recordo-me de uma
conversa que tive com um amigo Citaquiano da década de
90, que, depois de me ouvir falar de problemas e questões
relacionadas com o TEUC, me disse: “É bom ver alguém
que ainda vibra realmente com o teatro universitário”. O
que a mim me pareceu uma crítica tornou-se num elogio,
porque a verdade é que, de facto, ainda vivo e respiro o
teatro universitário. Hoje em dia luto com o corte do cordão
umbilical com o TEUC, mas surge sempre mais alguma
tarefa na qual tenho mesmo de colaborar e por isso ainda
hoje estou envolvida com a preparação das comemorações
dos 75 anos.
Actualmente, nos projectos profissionais que vou
desenvolvendo - encontro-me nos Açores a preparar um
espectáculo para a XV Semana Cultural da Universidade
de Coimbra, com um encenador com quem trabalhei
no TEUC - o TEUC continua a ser um apoio com o qual
posso contar. Posso dizer que este foi o meu espaço
profissionalizante, de contacto com o mundo profissional.
Custa-me ver que várias pessoas que tiveram um papel
fundamental na contínua construção e sobrevivência
deste organismo tendem a cair no esquecimento, porque
a renovação humana acontece muito rapidamente
(de dois em dois anos entram pessoas novas e as
anteriores partem para as suas vidas). E, por isso, aqui
deixo o meu reconhecimento a todas essas pessoas que
fizeram e fazem o TEUC. Mais do que tudo, aqueles que
aqui conheci tornaram-se os meus melhores amigos.
Tivemos que crescer e descobrir juntos como manter,
dignamente, a instituição viva e activa. E, enquanto jovens
inexperientes, essa foi uma vitória.
Parabéns TEUC. c
Marta Félix, actriz
No TEUC desde 2009
12
Histórias do Teatro Universitário Português
CONTRIBUTOS
PARA A HISTÓRIA
DO TEATRO
UNIVERSITÁRIO
PORTUGUÊS
Em 2013, celebramos o 65.º
aniversário do TUP - Teatro
Universitário do Porto, um
dos mais antigos grupos
de teatro universitário
do país. Através das
palavras do grupo, faremos
uma viagem breve a
mais de seis décadas de
história a fazer teatro,
habitadas por muitos
actores, encenadores,
autores. Um percurso
feito de persistência e
dedicação. Um “espaço de
criação privilegiado” que
ultrapassa as fronteiras da
sua cidade.
13
Celebramos, também,
os 15 anos de um dos
mais recentes colectivos
nacionais, o Noster, grupo
da Universidade Católica
(Lisboa) nascido quase
no final da década de 90.
Joana Liberal, responsável
pelo grupo, conta-nos
como têm sido os primeiros
anos de vida do Noster:
os desafios da criação
de um grupo de teatro
universitário, a paixão
pelo Teatro e a vontade,
inabalável, de prosseguir
num caminho preenchido
com muita dedicação e
muitas histórias.
© Ana Banha
Parabéns aos dois pelos
seus percursos.
Histórias do Teatro Universitário Português
65 anos
de tup
Por TUP - Teatro Universitário do Porto
O TUP, Teatro Universitário do Porto, tem 65 anos. E 65
anos é muita história para contar em tão pouco espaço.
São muitos encenadores e formadores, cenógrafos,
figurinistas e desenhadores de luz para nomear, porque
todos foram vitais para o crescimento do TUP, uma casa
que ensina a quem lá passa coisas do teatro. Todos eles,
professores de alguma dessas coisas e que ensinaram 65
anos de pessoas a fazer teatro. Algumas dessas pessoas
são, hoje, reconhecidos nomes do meio teatral português
e orgulhamo-nos de que o seu início tenha sido aqui, no
TUP. E por isso mesmo seria injusto e incompleto falar
em nomes. Todos eles foram importantes e todos são
lembrados da mesma forma.
1
65 anos são muitos espectáculos. E já não há como
perguntar sobre a importância deste ou aquele em
particular. Foram importantes, sempre, porque foram
feitos com o coração, sem nenhum outro objectivo que
não o de fazer teatro. Foram desafiantes, uns mais do que
outros, sem dúvida. Procuraram coisas novas, formas
novas, linguagens novas, mundos novos, uns mais do que
outros, claro. Mas foram todos, e são todos ainda hoje,
o nosso património, histórico e emocional, impossível
de ser seccionado ou sublinhado. Como nenhum outro
grupo com 65 anos de teatro conseguiria fazer.
© Ana Banha
14
2
O Teatro Universitário do Porto
no Porto tem o peso de ter sido o
primeiro. De ter aberto as portas a
quem queria fazer teatro e de ter
dado a vontade de o continuar a fazer
para sempre. Tem a responsabilidade
de ter sido contra-cultura, de ter sido
político quando não o podia ser, de
ter rasgado com convenções e de
ter tentado sempre ir mais longe do
que era adquirido. Sentimos, hoje
em dia, o papel do TUP da mesma
forma. Sentimos que temos de
continuar a procurar coisas novas,
linguagens diferentes e a evitar a
todo o custo o conformismo. Por
isso mesmo voltámos a apostar em
dramaturgias originais, construídas
pelos nossos actores e encenadores,
que falem de coisas nossas, pessoais
e transmissíveis; voltámos a ser
autores e encenadores dos nossos
espectáculos, porque o podemos
e devemos fazer. Porque temos
consciência de que existimos num
espaço de criação privilegiado,
habitado por pessoas com ideias
válidas e com uma paixão pela
criação da qual que não se pode
desviar os olhos.
15
© T. Mota
Contributos para a História do Teatro Universitário Português
Por tudo isto, e porque somos
curiosos, recuperámos recentemente
o Concurso de Textos Teatrais
do TUP e também por isso temos
apoiado grupos emergentes da cena
teatral portuense com o nosso espaço
de apresentação e material técnico
- ingredientes que, no panorama
actual, valem mais do que qualquer
apoio financeiro. Nesse mesmo
panorama somos importantes porque
produzimos cultura e porque somos
agentes culturais da cidade do Porto
e não só da sua Universidade. É
de todos, o nosso edifício. Mas um
edifício que está doente e que ameaça
constantemente interromper o nosso
trabalho. Uma infra-estrutura que
é vital à nossa sobrevivência e que,
por carecer de uma decisão reitoral,
deixa que nos chova em cima. Mal
sabem os espectadores, sentados na
sala de espectáculos que inventámos,
que no tecto por cima deles existe
um chão coberto por plásticos e
baldes. Mal sabem, também, do
material destruído pela chuva, dos
ensaios cancelados e dos figurinos
encharcados a caminho de um
festival.
Mal sabem os nossos espectadores
da falta de reconhecimento da nossa
reitoria. Reconhecimento do nosso
trabalho, dos prémios conquistados
também em seu nome e das
dificuldades que atravessamos todos
os dias. E esta é, sem dúvida, a nossa
maior dificuldade. De que forma
podemos provar a quem nos apoia
que somos importantes e que o nosso
trabalho é meritório e que não basta
o apoio financeiro para nos sentirmos
amparados e reconhecidos?
Os obstáculos incomodam, e a nós
diariamente. Mas, no final, tornamse insignificantes sempre que
iniciamos um novo projecto ou que
abrimos a porta a um novo curso de
interpretação ou que estreamos mais
um espectáculo. Nesses momentos,
esquecemo-nos de tudo e só nos
lembramos, com paixão, de que
estamos num novo ano de actividade
do Teatro Universitário do Porto.
E são já 65. 65 anos de Teatro. c
1. Sonho de uma noite de verão (TUP)
2 . Sonho de uma noite de verão (TUP)
Histórias do Teatro Universitário Português
15.º Aniversário
NOSTER
Grupo de Teatro
da Universidade
Católica
Portuguesa, Lisboa
Entre caos
e Cristo
Por Joana Liberal, responsável pelo NOSTER
1
© Todos os direitos reservados
16
Contributos para a História do Teatro Universitário Português
No ano lectivo de 1997/98 entrei para o curso de Direito
da Universidade Católica. Direito não era a minha
escolha. Eu queria estudar teatro, mas essa opção não
me foi permitida pelo normal receio que os pais têm da
instabilidade das profissões artísticas. Logo no primeiro
dia de aulas, fui saber se existia um grupo de teatro na
Católica. Não existia, nem havia memória de ter existido!
Nos dez anos anteriores, disseram-me, teriam sido feitas
duas ou três tentativas de grupos, mas de nenhuma
delas tinha resultado um único espectáculo ou qualquer
actividade visível. Restava-me, então, a alternativa de
tentar formar um grupo de teatro numa Universidade em
que não havia qualquer tradição nessa área. Encontrei
três colegas, a Márcia Grosso, o Pedro Emídio e o Telmo
Semião, dispostos a participar no projecto. E “eu” passou
a ser “nós”, princípio fundamental para haver grupo!
Passámos a ser NOSTER, um nome no plural e com marca
católica, porque o elegemos ao ouvir o coro ensaiar o
PATER NOSTER. A Reitoria da UCP reconheceu-nos,
oficialmente, a 29 de Novembro de 1998. Rapidamente
se juntaram a nós alunos dos cursos de Comunicação
Social, Serviço Social e Gestão. Os nossos primeiros
espectáculos foram pequenas encenações integradas
em eventos da Universidade. Os textos eram originais
de elementos do grupo, porque o NOSTER nasceu com o
objectivo de criar espectáculos a partir de textos próprios.
Em 1999, apresentámos A hora que não existe, o primeiro
espectáculo a solo com texto original.
por um profissional de teatro, o A. Branco, que ainda hoje
trabalha connosco e a quem estamos muito gratos.
Depois continuámos, sempre tendo de superar inúmeros
obstáculos. Éramos olhados na Universidade com alguma
desconfiança, éramos “os do teatro” que desarrumam e
sujam salas e que estragam coisas. Não sei porquê, pois, na
verdade, tudo o que desarrumámos, voltámos a arrumar;
tudo o que sujámos, limpámos e nunca estragámos nada!
Mas a nossa fama de desarrumar, sujar e estragar ainda
hoje persiste! Mesmo depois de eu ter passado para o
lado dos professores! Talvez nunca consigamos pôr fim a
esta fama de portadores do caos. Felizmente, tem havido
sempre quem interceda por nós (obrigada Dr.ª Cristina
Vilela por tantos anos de cumplicidade!).
É momento mais que oportuno para agradecer a todos os
que participaram em NOSTER, em especial aos que comigo
foram sucessivamente suportando a estrutura: a Sílvia
Balancho, a Rita Bicho, o Romeu Nascimento, a Mercêdes
Rebelo e, agora, a Isabel Teles de Menezes. Impõe-se
também agradecer a todos os que se interessam pelo nosso
trabalho e que nos vêm ver. Felizmente são muitos!
A nível externo, ganhámos, também, outra fama: a de
sermos o grupo que só fazia espectáculos sobre Jesus.
Na verdade, nunca tínhamos feito nenhum! Mas essa
fama, quisemos honrá-la e, em 2005, produzimos, para
o Congresso Internacional da Nova Evangelização, o
espectáculo PRIMVS INTER PARES, efectivamente sobre
Jesus! Foi também o nosso primeiro espectáculo encenado
Porque os recursos eram poucos e tínhamos de responder
às solicitações internas, só em 2007, quando o grupo
cresceu, conseguimos começar a ter mais visibilidade
externa, participando no FLAE - Festival Lusíada de
Artes de Espectáculo com O mundo inteiro e fazendo
algumas representações desse mesmo espectáculo fora da
Universidade. Alguns outros espectáculos estiveram em
digressão tais como, em 2008, A Severa e, em 2009, Habeas
Corpus, sobre a vida de São Paulo (para manter a fama dos
espectáculos sobre Jesus!). Em 2010, participámos no Ciclo
de Teatro Universitário da Beira Interior com Éramos
alguns e um coro.
Em 2011, entendemos ser altura de fazer um espectáculo
a partir de um texto que não fosse nosso. Pareceu-nos
bem escolher um clássico dos clássicos: Romeu e Julieta
de William Shakespeare. Foi o espectáculo com mais
intérpretes: 21 pessoas em palco, sendo que as personagens
eram todas interpretadas por elementos femininos e os
elementos masculinos faziam uma espécie de coro.
Agora, em 2013, estamos pela primeira vez no FATAL
com um texto sobre os Direitos Fundamentais (ou a
falta deles), o que faz sentido porque, afinal, o grupo foi
criado por alunos de Direito, e no dia 13 de Maio, um dia
particular para os católicos portugueses.
Ao longo destes quase 15 anos, além de uma grande
evolução ao nível do teatro, NOSTER tem ajudado muitos
alunos a superarem dificuldades académicas e mesmo
pessoais, bem como a estreitarem a ligação à Universidade
e a sentirem-se mais parte dela. É disso que mais nos
orgulhamos. Foi por isso que sempre continuámos! É por
isso que, apesar das dificuldades actuais, não desistimos! c
1 Espectáculo O Mundo Inteiro (2007)
17
18
Cenários
TUT e GTIST,
duas histórias
de Teatro
Universitário
na Universidade
Técnica de Lisboa
por Nádia Sales Grade
2013, ano de mudança, é, também, o ano em que se
concretiza a fusão de duas grandes universidades em
Portugal, Universidade de Lisboa e Universidade Técnica
de Lisboa, tornando a nova Universidade de Lisboa
na maior do país e, sem dúvida, numa das maiores
instituições de ensino universitário na Europa.
Mas deixemos os números de lado. A Universidade de
Lisboa ganha sobretudo uma maior diversidade em
termos humanos, de história e de conhecimento. Os
institutos e faculdades, hoje integrados numa mesma
universidade, trazem com eles saber, culturas, formas
de estar e mentalidades mutantes que enriquecem o
dia-a-dia de todos os que participam na formação de um
estudante universitário.
© Todos os direitos reservados
19
1
2
© Tânia Araújo
Em conversa com os encenadores destes dois grupos
de teatro, descobrimos os trabalhos que desenvolvem
actualmente, o que pensam sobre a sua história e o
que gostariam de ver no futuro dos seus grupos que
consideram ser espaços insubstituíveis de formação
complementar, tornando os nossos estudantes mais
humanos, criativos e sobretudo mais preparados para
enfrentar a vida profissional.
© Todos os direitos reservados
Reflectindo estas realidades com uma autenticidade
inequívoca, o teatro universitário tem sido, ao longo
da sua história, um verdadeiro cristalizador de valores
essenciais ao ambiente universitário como a liberdade,
a criatividade e a capacitação da expressão do indivíduo
no seio de um grupo. E a prová-lo estão os dois grupos de
teatro universitário da Universidade Técnica de Lisboa: o
Grupo de Teatro da Universidade Técnica de Lisboa (TUT),
exemplo de um grupo de teatro que reúne estudantes
de faculdades e ramos de estudo distintos, e o Grupo de
Teatro do Instituto Superior Técnico (GTIST), conhecido
sobretudo pela sua linha estética mais experimental e
provocadora.
1 Nicolas Brites
3
2 Júlio Martín da Fonseca
3 Aniquila, GTIST (2008), encenação: Susana Vidal
20
Cenários
2
1 . Comédia de Insectos, TUT (2011), encenação: Júlio Martín da Fonseca 2 e 3 . Antígonas, TUT (2012), encenação: Júlio Martín da Fonseca
3
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TUT e GTIST, duas histórias de Teatro Universitário na UTL
1
quem tornou possível a criação do TUT pois considerava
fundamental fomentar a cultura humanística numa
universidade onde se ensinava principalmente “técnica”.
Porque será tão difícil contar a história dos grupos de
teatro universitário? Júlio Martin da Fonseca, actual
encenador do TUT, lamenta não ter sido possível criar ao
longo dos tempos um verdadeiro arquivo para a história
do grupo. “Há coisas que se foram perdendo por não
termos tido capacidade para arquivar a história do TUT
em condições, não tínhamos uma sala fixa onde guardar
o equipamento ou os figurinos, perdemos mesmo muita
coisa. A memória dos grupos de teatro universitário tem
que ser valorizada, mas é preciso criar condições para que
isso aconteça.”
O mesmo se sente no GTIST que só consegue contar a
sua história com detalhe a partir de 1992. Nicolas Brites,
que se estreia este ano como encenador do GTIST, sente
que absorveu toda a filosofia do grupo por ter tido a
experiência de ser formador do Grupo de Expressão
Dramática ao longo de cinco anos. Foi no contacto
com outros formadores, como Gonçalo Amorim, e com
outros encenadores do grupo, como Susana Vidal, que
incorporou o legado histórico do GTIST.
Os estudantes são a própria história do teatro
universitário
Longas histórias de vida difíceis de contar
Com 50 anos assinalados em 2010, o GTIST nasceu em 1960
e manteve-se activo até 1971, no entanto, pouco se sabe
sobre a sua história na sua primeira década de existência.
O grupo retomou a actividade de criação de espectáculos
em 1992 e, poucos anos depois, complementou a sua
actividade com a criação do Grupo de Expressão
Dramática, o curso de formação em teatro, obrigatório para
os estudantes que, mais tarde, queiram ingressar no GTIST.
Já o TUT festejou 30 anos em 2011, quando a Universidade
Técnica de Lisboa festejava o seu 50.º aniversário e o
fundador e encenador do grupo, Jorge Listopad, festejava
90. Nesta data, o TUT reuniu no seu “Boletim” a sua história
mas com a sensação de que muitos pequenos detalhes
do seu percurso estão, de alguma forma, perdidos para
sempre. Foi o então Reitor da Universidade Técnica de
Lisboa, Professor Doutor Eduardo Arantes e Oliveira,
Quem, na verdade, faz a história dos grupos de teatro
universitário são os próprios estudantes que neles
participam e que através deles se transformam. Os
encenadores do TUT e do GTIST confirmam que é na
riqueza humana que assenta a essência do grupo e que o
que têm de mais valioso são as pessoas.
“A fusão sempre aconteceu no TUT, pois sempre
aceitámos todos os estudantes de todas as áreas,
incluindo estudantes de fora da universidade que
quiseram integrar o grupo. Eu próprio formei-me na
Faculdade de Farmácia”, afirma Júlio Martín. O TUT é, na
verdade, um grupo de excepção, pois os grupos de teatro
universitário associam-se, geralmente, a uma faculdade
em particular mas, no caso do TUT, o grupo está associado
a toda a universidade. “Integramos alunos e professores
de várias áreas e nacionalidades, temos muitos alunos
Erasmus no TUT que encontram aqui um espaço para
aperfeiçoar o português”.
Pelo grupo já passaram mais de 600 pessoas que, em parte,
21
22
Cenários
compõem o público que assiste aos espectáculos. “Temos
um público muito diversificado, entre os “tutianos”, os
filhos dos “tutianos”, que também participaram no grupo,
e um público regular que considera o nosso trabalho ao
nível do teatro profissional.”
Este ano o TUT conta com 30 elementos, tal como
acontece no GTIST, que junta várias gerações que
continuam a contribuir para a criação das peças de mais
variadas formas. “Convidamos os “antigos” para virem
assistir aos ensaios e darem a sua opinião sobre o que
estamos a construir”, diz Nicolas Brites, referindo ainda
que se criam grandes amizades entre os estudantes
fomentadas com encontros fora dos ensaios para assistir
a espectáculos ou, inclusive, para ir à praia. “Queremos
retirar o melhor que cada pessoa tem. Os estudantes
frequentam o Grupo de Expressão Dramática e, no GTIST,
podem participar enquanto actores, produtores, técnicos,
etc.” Também no GTIST, é vasta a diversidade de áreas de
onde provêm os estudantes, pois qualquer pessoa com
mais de 16 anos pode frequentar o Grupo de Expressão
Dramática.
O presente e o futuro
Os dois grupos, que agora se juntam aos grupos de teatro
actualmente existentes na Universidade de Lisboa, têm
ambos um objectivo principal: contribuir para a formação
humanística e cultural dos estudantes universitários,
desenvolvendo as suas capacidades criativas e de
expressão através do teatro e de outras disciplinas
complementares. O processo criativo está no centro das
preocupações dos dois encenadores.
querem realmente comunicar aos outros no contexto
em que vivemos” através da transgressão de regras tidas
como obrigatórias no teatro como, por exemplo, estar de
frente para o espectador. “Os nossos actores vão estar de
costas e só se viram para o público se tiverem mesmo algo
de importante para dizer”.
Após a participação no FATAL 2013, o TUT e o GTIST
esperam que, no contexto da nova Universidade de
Lisboa, seja ainda mais reconhecido o papel do teatro
universitário. “O TUT formalizou-se como associação e
os estudantes da Universidade Técnica de Lisboa podem
incluir o teatro universitário no seu diploma de estudos,
mas o teatro universitário continua a carecer de melhores
condições, seria muito importante que os grupos tivessem
salas de apresentação de espectáculos cedidas pelas
universidades para poderem ter uma programação
regular.” É o que deseja Julio Martín para o futuro do TUT,
que costuma apresentar os seus espectáculos no Palácio
Burnay. Já o GTIST, que agradece ao Instituto Superior
Técnico por poder apresentar os espectáculos no Salão
Nobre da instituição, gostava de poder contar com um
apoio financeiro que garantisse o salário do encenador,
tal como acontece com os treinadores de desporto que
são remunerados através da Federação Académica do
Desporto Universitário. Não existindo uma federação
de teatro universitário que possa fazer o mesmo pelos
encenadores, resta ao grupo procurar apoios como
sempre tem feito.
Com estes desejos, o TUT e o GTIST têm, sobretudo,
esperança que o contexto de fusão das universidades
traga uma nova oportunidade ao teatro universitário ao
nível do reconhecimento da sua importância enquanto
formação complementar do estudante universitário. c
“Este ano vamos apresentar pela primeira vez uma peça
no FATAL” diz Julio Martin, referindo-se à peça Antígonas,
a partir de Sófocles, Jean Anouilh, Bertolt Brecht e Maria
Zambrano, estreada em 2012 e que se apresenta em 2013
com um novo elenco. “Valorizo o trabalho de actor, o autoconhecimento, a formação cultural e artística que nos
complementa na nossa vida profissional”.
Já o GTIST vai apresentar no FATAL o espectáculo Zona,
a partir de textos de diversos autores e dos próprios
estudantes. Com um lado performativo, cada espectáculo
será diferente, pois os estudantes vão improvisar partes
do mesmo em cada apresentação. Em Zona, os estudantes
estão a aprofundar, como explica Nicolas Brites “o que
7
TUT e GTIST, duas histórias de Teatro Universitário na UTL
23
© Sofia Quintas
2
5
4
© Maria Albuquerque
3
© Sofia Quintas
1
1 O
lhos desfiados, GTIST (2004), encenação:
Susana Vidal
2 A
niquila, GTIST (2008), encenação: Susana
Vidal, foto: Maria Albuquerque
3 Escândalo, GTIST (2006), encenação: Susana
Vidal, foto: Sofia Quintas
4 I ntervalo para Dançar, GTIST (2010),
encenação: Gustavo Vicente
5 Arranca Corações, GTIST (2007), encenação:
Susana Vidal, foto: Sofia Quintas
6
6 Agora o Monstro, GTIST (2009), encenação:
Gustavo Vicente
7 Zona, GTIST (2012), encenação: Nicolas Brites
Ensaio
Teatro
comunitário
João Ferrador, professor de expressão dramática, actor e encenador
“ O teatro não é uma
matéria que se aprende
mas uma experiência que
se vive”
Peter Brook
© Manuel Pata
24
25
O teatro comunitário é feito por, com e para uma
comunidade onde o indivíduo/grupo está no centro
do processo de trabalho, sem exibicionismo. É um
espaço de partilha de saberes, com luz, neste cinzento
inverno prolongado, onde chegam os não Actores com
as mais diversas motivações. Vêm de áreas e níveis
sociais distintos, têm diferentes nacionalidades, e um
conhecimento díspar da prática teatral, mas todos com
uma vontade muito própria: fazer teatro.
A produção com poucos recursos não espera pelas
condições ideais, tem de reinventar-se constantemente.
Necessita de adaptar-se, primeiro, a cada grupo de
pessoas/comunidade, e, em segundo, às condições
técnicas e a cada novo espaço de apresentação, o que
muitas vezes acontece em cima da hora. As dificuldades
financeiras associadas contribuem, também, para o apelo
à imaginação, à criatividade e ao empenho de todos os
elementos.
Qualquer projecto de teatro comunitário desenvolvese a partir desse estado de paixão pelo teatro, primeiro
singular e individual, e depois plural e colectivo. Trabalha
com o indivíduo a consciência individualista em que as
preocupações sociais são praticamente inexistentes.
A formação teatral e a prática frequente de assistir a
espectáculos profissionais desenvolvem nos Actores do
teatro comunitário uma consciência crítica, passam a
ser “agentes culturais” de intervenção nas suas famílias,
grupos de amigos, nas pequenas comunidades e redes
sociais de cada um. A produção teatral pontual não gera
público, e este é um dos campos de intervenção do teatro
comunitário que não se fecha sobre si próprio como
muitas vezes acontece no teatro amador. O contacto
regular com espectáculos profissionais cria um hábito no
Actor comunitário, e este irá passá-lo ao seu grupo e à sua
comunidade, introduzindo profundas mudanças.
Não se reconhece como escola de Actores, trabalha com
o essencial e exclui o excessivo com responsabilidade,
empenho e rigor. É um espaço onde o indivíduo pode
estar sozinho e concentrado em si próprio, estabelecendo
relações entre a consciência e a realidade, entre o corpo
e a mente, a memória e as emoções. O Actor comunitário
aprende a funcionar como grupo, habitua-se a tomar
decisões, a dar a sua opinião, a ser criativo, a desenvolver
e a defender ideias, a sair do “confortável”, a arriscar e
a vencer medos. Primeiro no espaço fictício, e, depois,
no campo alargado da sua vida pessoal e profissional. É
extraordinário ver o desenvolvimento individual e do
grupo, depois de algumas sessões com jogos teatrais.
Cada grupo tem uma preocupação ou mensagem
diferentes e, consequentemente, gera um projecto
diferente, aspecto bastante estimulante e desafiador para
o profissional que coordena o projecto e que assegura o
rigor no trabalho. Mais importante do que o espectáculo
final é o processo de trabalho; o espectáculo é uma
mostra do processo. É importante para os elementos do
teatro comunitário experienciarem a montagem de um
espectáculo, dando a devida importância, se necessário,
às áreas de produção, cenografia, som, iluminação e vídeo,
para além da interpretação.
Numa perspectiva de aproximação da produção cultural
ao público, deve ser incentivada e ponderada a inclusão
de grupos ou indivíduos com trabalho artístico na
comunidade na produção teatral, tais como filarmónicas,
grupos corais, músicos, artesãos entre outras expressões
artísticas.
No actual contexto económico e social, onde o
desinvestimento na cultura potencia a exclusão
cultural, o teatro comunitário pode desempenhar um
papel determinante, não só pela agregação de oferta
de programação e promoção da inclusão cultural, mas,
também, pelo contributo efectivo que dá no sentido de
uma maior dinâmica e coesão social na comunidade. c
Ensaio
E se fôssemos
ter com eles?
Notas sobre história oral
e performance seguidas
da apresentação de um
projecto de recolha de
História Oral do Teatro
Universitário em Portugal
© Miguel Carrico
26
por Ana Bigotte Vieira e Ricardo Seiça Salgado
Um projecto baldio / projecto BUH!*
1. Notas sobre História Oral e performance
Um “trabalho da relação”: a recolha dos testemunhos como
performance.
E se fôssemos ter com eles, se ouvíssemos o que nos
podem ter a dizer? Assim começa qualquer trabalho de
História Oral.
Ir ter com, ouvir, o que aqui está em causa é, como nos diz
Alessandro Portelli1 , um “trabalho de relação” – relação
entre entrevistador e entrevistado; entre várias versões
de uma mesma história contadas a partir de pontos de
vista diferentes; entre passado, presente e futuro; entre
os acontecimentos e o modo como estes foram vividos e
posteriormente interpretados por quem os viveu; entre
a narrativa dessas interpretações, o nosso presente
e um possível futuro. Permitindo apreender dados,
informações, sensações, ambientes frequentemente
impossíveis de obter a partir de outras fontes (o que,
no caso das artes performativas, é tanto mais premente
quanto estas são artes do efémero). Uma expressão
mais exacta, avisa Portelli, seria “uso de fontes orais
em historiografia”, isto é, o investigador passaria a ter
como fontes também os chamados testemunhos orais de
intervenientes nos eventos sobre os quais a investigação
se debruça.
Como, muitas vezes, estes testemunhos, por diversas
razões, não terão sido considerados pertinentes o
suficiente para ficarem registados em fontes documentais,
a natureza do que é recolhido pode ser radicalmente
diferente daquela que outro tipo de fontes permite
apreender, tendo não apenas outros sujeitos (as classes
subalternas – a história feita “a partir de baixo”...),
como outros objectos (as vivências subjectivas, as
transformações da memória, o espaço das vivências
íntimas...).
Os testemunhos orais, como qualquer outro tipo de
fonte, são sempre objecto de crítica historiográfica.
Esta porém, dadas as características particulares de
27
que este tipo de fontes se reveste, tem de ter em conta o
modo performativo como o testemunho é construído na
presença do entrevistador. Ainda segundo Portelli:
Trata-se assim de uma fonte relacional, na qual a
comunicação acontece sob a forma de uma troca de
olhares (entre/vista), de perguntas e de respostas, não
obrigatoriamente unidireccionais. A ordem de trabalhos
do historiador cruza-se com a ordem de trabalhos dos
narradores: aquilo que o historiador deseja saber nem
sempre coincide com aquilo que as pessoas entrevistadas
desejam contar.
Ou seja, o testemunho oral é recolhido em relação,
compondo uma dialogia em que todos são co-performers,
e essa recolha é feita performativamente, sendo passível
de ser interrogada não apenas com as ferramentas da
história mas, também, com as ferramentas dos Estudos
de Performance, nomeadamente da sua vertente que
tem em conta a memória e a forma como é actualizada,
reivindicada, narrada: performada, em suma. Estas
ferramentas dedicam uma particular atenção a quem
são o sujeito e o objecto da narração, focando questões
de identidade individual, de grupo de pertença e de
auto-representação (género, classe, etnia e raça do
entrevistador e do entrevistado, modo como este se
apreende a si próprio no contexto do acontecimento
narrado), bem como os usos presentes e futuros da
narrativa apresentada e dedicam uma atenção particular
ao contexto (nas suas diferentes escalas de análise), não
apenas da narração mas também do acontecimento.
Contemplam igualmente um enfoque que ultrapassa o
âmbito do verbal para enquadrar noções como presença,
afecto, expectativas, corporalidades, crenças, ideologias.
Atentam tanto ao que é dito como ao que não é dito e
às condições do “dizer”. Em cada recolha de testemunho
está em curso uma dialéctica do esquecimento e da
rememoração que é moldada tanto pelo presente (o que
cada época escolhe recordar e porquê, os “usos públicos do
passado”) como pelo futuro (o que o entrevistador e cada
entrevistado querem que fique “para a posteridade”), num
encadeamento em que se misturam “memórias fortes”
com “memórias fracas”2 , memórias dos “vencedores” e dos
“vencidos”, grandes acontecimentos e sensações pessoais.
História Oral, Etnografia, Performance e Artes
Performativas
A História Oral e a Etnografia, práticas epistemológicas
mais afins às Ciências Sociais do que às Humanidades,
podem interligar-se com as Artes Performativas de vários
modos, e em vários graus, constituindo-se, assim, como
ferramenta importante na investigação em Estudos e
Performance, Artes Performativas e Estudos de Teatro.
Existem, porém, neste cruzamento, duas linhas principais
que importa distinguir de acordo com os objectivos e a
utilização final dos testemunhos recolhidos:
1) Em investigação sobre artes performativas a recolha
das fontes orais revela-se crucial porque, por um lado,
nos permite aceder à preparação para os espectáculos
(tipo de exercícios, corporalidade da época, costumes,
condições de produção), coisa a que os registos da
crítica, incidindo sobretudo sobre o espectáculo e o seu
encenador, normalmente não dão acesso. Por outro lado,
esta recolha dota-nos, frequentemente, de meios para
compreendermos o contexto socioeconómico e político
da época em que determinado espectáculo foi criado.
As Artes Performativas, desenvolvidas muitas vezes por
colectivos visando um público igualmente colectivo, são
uma forma privilegiada e particular de participação e
intervenção no espaço público, participação, essa, que
interessa interrogar tanto no conteúdo como na forma
a partir das suas razões de ser e do processo que lhes dá
corpo, enformando a sua estética.
Para além de teses escritas ou monografias existentes, são
exemplo de investigações sobre Artes Performativas que
usam a História Oral e/ou a Etnografia, o documentário
Estado de Excepção, de Ricardo Seiça Salgado, e a
história de vida de Orlando Worm, recolhida e editada
por Ana Bigotte Vieira para a revista Sinais de Cena nº
14 sob o título “Luz cinco vai! Som sete vai!”. O relevante
documentário Conversas com Glicínia, de Jorge Silva
Melo, pode igualmente ser considerado um bom exemplo.
2) Segundo Hans Thies Lehman, os espectáculos que
utilizam material recolhido com base na História Oral e na
Etnografia constituem-se como uma corrente particular
do “Teatro pós-dramático”, um tipo de espectáculos que
não têm nem na narrativa nem no texto o seu eixo central.
Estes são fruto tanto do alargamento das possibilidades
que estas metodologias trouxeram ao escrever da História
como do alargamento do entendimento do que é ou
pode ser a História – ou a Arte: que materiais podem
entrar na sua composição, de que forma são organizados,
obedecendo a que regras estruturais internas ao campo.
Para desenvolver esta conversa, seria frutuoso, parecenos, entrar numa análise concreta dos espectáculos
mencionados, problematizando-os, dado que em cada um
28
Ensaio
deles estas questões se colocam de maneiras diferentes.
Há neles, porém, um carácter de recolha e devolução da
memória na sua passagem do “arquivo” para o “repertório”
(para usar a expressão de Diana Taylor3 ), onde as fontes
que advêm de conhecimento incorporado e da memória
da experiência de quem viveu os eventos (o repertório)
são complementares à informação dos documentos do
arquivo, naturalmente dependentes do ponto de vista do
investigador que os interpreta. Esta diferenciação parece
tão interessante de ter em conta quanto o campo artístico
permite uma liberdade metodológica que ultrapasse a
palavra e se estenda ao território do corpo e espaço que o
rodeia.
Ultimamente, têm surgido espetáculos que fazem uso
de factos que emergem de investigações que têm na
sua base uma recolha baseada em metodologias afins à
História Oral e à Etnografia. Disto são exemplo Centro
de Dia, de Gonçalo Amorim, Velocidade Máxima, de John
Romão, ou grande parte do trabalho de Joana Craveiro,
para referirmos alguns encenadores portugueses. Como
exemplos internacionais poder-se-á mencionar os
casos bem conhecidos do público português dos Rimini
Protokoll e de Lola Árias.
2. Apresentação de um projecto de recolha da História
Oral do Teatro Universitário em Portugal
O teatro universitário é constituído por gerações que se
substituem umas às outras. Neste movimento, verificase que existe um fraco investimento na conservação
e análise do arquivo de cada grupo, bem como uma
ausência generalizada de registo das experiências das
diferentes gerações que constituíram o grupo. Recolher
a história do teatro universitário permitirá contribuir
de forma ímpar para a História do Teatro em Portugal.
Aliás, as Artes Performativas, efémeras, prestam-se
particularmente bem a este tipo de abordagem. Não
somente pela incorporação das metodologias importadas
da antropologia e da História Oral, mas também pelo
corpo conceptual que pode integrar a experiência pessoal
e social com o desenvolvimento artístico dos elementos
do grupo.
O projecto que aqui se esboça pretende usar a própria
mecânica de substituição geracional inerente aos grupos
de teatro universitário para em cada ciclo de vida de uma
geração se alimentar a preservação do seu património.
Importa sensibilizar os grupos para a importância da
organização, preservação e construção contínua do
seu arquivo. A este respeito já se começou a fazer algo
em alguns grupos de teatro. Embora ainda longe de
um possível arquivo digital do teatro universitário,
a iniciativa permite preparar a sua condição de
possibilidade.
Este projecto consiste na realização de um seminário
junto dos grupos de teatro universitário de uma cidade
e na convocação dos seus actuais elementos para a
realização de uma pesquisa sobre a história do grupo
a que pertencem. Haverá uma parte teórica relativa às
técnicas de recolha de História Oral e Etnografia e uma
parte prática de acompanhamento de elaboração de
grelha de entrevistas e o posterior acompanhamento
à distância do trabalho realizado, até à sua publicação
final. Este seminário, a decorrer em Lisboa, em Coimbra
e no Porto, permitirá dotar os elementos dos grupos
universitários de meios para recolher a sua própria
História. Este curso servirá, portanto, para lançar as
bases da recolha de testemunhos para uma história
dos grupos de teatro universitário em Portugal e para
promover a organização e a preservação do arquivo do
grupo.
O que de outra forma seria uma tarefa muito demorada
e custosa – a recolha da história do teatro universitário
– torna-se, desta forma, um projecto colectivo em que
se envolve o presente (os actuais membros dos grupos)
e o passado (os antigos elementos do grupo) na recolha
e partilha das suas histórias e identidades. Pretendese com este projecto dar início a uma prática que visa
motivar os elementos actuais do grupo a fazerem
perdurar a iniciativa nas novas gerações.
É necessário proceder, o quanto antes, a esta recolha
uma vez que muitos dos intervenientes destas histórias
estão a envelhecer. A perda parcial do arquivo e o
falecimento dos membros mais antigos dos grupos
reflectem-se no total desaparecimento da informação
para algumas gerações do grupo. Por outro lado, num
período em que a memória digital do computador serve
para armazenamento da história de cada colectivo, os
riscos de desaparecimento do arquivo são talvez mais
elevados do que o risco de desaparecimento de um
cartaz ou de um dossier de produção.
Propondo a realização de cursos nas diferentes cidades
que albergam vários grupos de teatro universitário,
29
serve igualmente este projecto para promover o
relacionamento e partilha de experiências entre os
diferentes grupos de teatro universitário. Pretende-se
ir ao encontro dos objectivos do FATAL, na sua missão
de desenvolvimento e registo da memória histórica do
trabalho do teatro universitário em Portugal. c
Contemporânea no ISCTE-IUL. Pós-graduada em Cultura
Contemporânea (UNL-FCSH), dramaturgista e investigadora,
trabalhou com Gonçalo Amorim, Miguel Castro Caldas, Bruno
Bravo e Manuel Henriques, entre outros. Traduziu textos de
Mark Ravenhill, Annibale Ruccello, Spiro Scimone, Pirandello,
Maurizio Lazzaratto e Giorgio Agamben. Em 2010 recebeu o
Dwight Conquergood Registration Award na PSi Conference #17,
Utrecht. Integra o grupo de investigação de Teoria e Estética das
Artes Performativas do Centro de Estudos de Teatro da UL, e,
juntamente com Ana Pais e Ricardo Seiça Salgado, é co-curadora
© Isabel Brison
de Baldio (http://baldiohabitado.wordpress.com/) (Performance
Studies International -http://www.psi-web.org/- Regional
Research Cluster).
Ricardo Seiça Salgado
É antropólogo e actor de formação. Doutorado em Antropologia
(2012) no ISCTE -IUL, na área dos estudos performativos, o tema
da sua especialidade cruza antropologia, performance e política
(visiting scholar em Performance Studies - Tisch School of New
York; bolseiro da FCT e FCG). Pós-graduado em Antropologia:
“Património e Identidades”, pelo IUL-ISCTE (2002), e em “Culturas
e Discursos Emergentes: da crítica às manifestações artísticas”,
pela FCSH-UNL (2008). É licenciado em Antropologia na FCTUC
Baldio – Terreno público usado e fruído por uma comunidade
(2000), tendo realizado um ano lectivo no Departamento de
local; espaço onde se ensaia uma abordagem interdisciplinar
Antropologia de Copenhaga, no âmbito do Erasmus. Leccionou
(cruzando as artes, as ciências sociais e as humanidades),
na ESTAL e é investigador do CRIA (Centro em Rede de
teórico-prática (encarando a arte como forma de criar mundo)
Investigação em Antropologia). É autor de vários textos para
e politicamente comprometida (não partindo do princípio da
conferências, e edições de congressos e exposições fotográficas.
neutralidade da ciência e da arte) a que se dá o nome de “Estudos
Juntamente com Ana Pais e Ana Bigotte Vieira é co-curador
de Performance” (Performance Studies). Mais informações em
de Baldio (http://baldiohabitado.wordpress.com). Membro do
http://baldiohabitado.wordpress.com.
CITAC (1995-1998) realiza, desde então, vários workshops de
formação teatral em várias metodologias teatrais. Trabalha com
projecto BUH! – Associação Cultural sem fins lucrativos sediada
vários encenadores: Carlos Curto, Dato de Weerd, Kênia Rocha,
em Coimbra que iniciou a sua actividade em 1999. A estrutura
Pompeu José, João Grosso, Sílvia Brito. É performer nos projectos
do projecto administra a partir do teatro e chama outras
musicais “Blood Thirsty Bessies” (1995) e nos “Belle Chase Hotel”
formas de expressão artísticas, consideradas complementares
(1998 e 1999). Desde 1999, fundador do projecto BUH!, dirigiu e é
e frutíferas, como réplica sugestiva para a criação de novas
actor em várias produções teatrais, performances, e realizou um
dinâmicas de criação teatral. Desse intercâmbio nascem os temas
filme documentário sobre o CITAC.
e as motivações para os projectos produzidos. Paralelamente,
promove a formação teatral e a investigação sobre a performance.
Mais informações em http://projectobuh.blogspot.pt.
Ana Bigotte Vieira
Lisboa (1980). Doutoranda em Ciências da Comunicação Cultura Contemporânea (FCSH-UNL), Visiting Scholar no
Departamento de Performance Studies na NYU-TISCH School
of the Arts entre 2009 e 2012. Estudou História Moderna e
1Alessandro Portelli, «Un lavoro di relazioni: osservazioni sulla storia
orale», in “www.aisoitalia.it”, n.º 1, Janeiro de 2010, URL:
http://www.aisoitalia.it/2009/01/un-lavoro-di-relazione/.
Tradução: Miguel Cardina, cortesia do tradutor.
2Para usar uma expressão de Enzo Traverso. Enzo Traverso, 2012,
O passado, modos de usar. História, memória e política. Trad. de Tiago
Avó. Lisboa: Edições Unipop. 196 págs.
3.Taylor, Diana, 2007, The Archive and the Repertoire: Performing Cultural
Memory in the Americas. Durham and London: Duke University Press.
30
Aplauso
PREMIADOS
FATAL 2012
31
© Joana Saboeiro
A 13.ª edição do FATAL
distinguiu como melhor
espectáculo (Prémio FATAL)
Woyzeck, pelo Teatro
da Academia da Escola
Superior de Educação do
Instituto Politécnico de
Viseu e como espectáculo
mais inovador (Prémio
FATAL Cidade de
Lisboa) a peça A Espera
levada à cena pelo TUP –
Teatro Universitário do
Porto da Universidade
do Porto. Monstro Meu,
apresentado pelo Círculo
de Iniciação Teatral da
Academia de Coimbra
(CITAC) da Universidade
de Coimbra, arrecadou o
Prémio do
Público.
Aplauso
Woyzeck
Teatro da Academia
Prémio FATAL
O Teatro da Academia (TA) iniciou
a produção de Woyzeck no início de
2011, quando o encenador Jorge Fraga
propôs a obra de Georg Büchner
como proposta de trabalho.
Vários foram os desafios que
surgiram no decorrer dos ensaios.
Desde a organização das cenas
mediante a disponibilidade dos
elementos do grupo, até ao encontro
de apoios, quer para a construção
do cenário, quer para a criação do
guarda-roupa.
Woyzeck foi, assim, sendo construído
entre as responsabilidades de cada
um e o amor de cada um pelo teatro.
Espaços e tempos de partilha entre
todos foram sendo criados para que
Woyzeck começasse a ganhar corpo,
transformando o texto escrito em
teatro.
Para além dos desafios da sua criação,
surgem agora novos desafios. A
atribuição do prémio FATAL 2012
assim o confirma. Novos projectos
e novas ideias de ver e interpretar
o Teatro. Um novo ímpeto e uma
forma de retorno a todos aqueles
que apoiam o TA com a sua presença
e com a disponibilização de meios
que permitem que o TEATRO
ACONTEÇA.
A participação no FATAL 2012
confirmou a sensação trazida
aquando da participação do TA na
edição de 2010, isto é, o destaque,
dentro do panorama da produção
teatral universitária, que este evento
traz às produções dos grupos que
participam.
Vencer o FATAL 2012 trouxe um
sorriso de orgulho à comunidade
académica onde o TA está inserido.
Os próprios órgãos de gestão do
Instituto Politécnico de Viseu
quiseram marcar este prémio como
sendo uma confirmação do apoio
dado, assinalando o trabalho do
TA, ao longo dos seus 20 anos de
existência, como uma instituição
de relevo e como uma mais-valia
cultural ao serviço da comunidade
académica e da comunidade visiense.c
por Teatro da Academia
© Joana Saboeiro
32
Premiados FATAL 2012
33
34
Aplauso
A espera,
TUP
Prémio FATAL Cidade de Lisboa 2012
Premiados FATAL 2012
se calhar nem por isso; foi um salto
para a frente, apoiado por pessoas
que no TUP se entregam sempre de
uma forma comovente ao que estão
a fazer, que apostam cegamente na
incerteza de um trabalho construído
diariamente, sem nenhum tipo
de defesa ou segurança. Pessoas
que nunca nos deixam fraquejar,
mesmo perante dificuldades sérias e
momentaneamente incontornáveis.
O processo de criação de A Espera foi
em tudo idêntico aos dos projectos
anteriores. Partindo do livro de
contos Olhos de Cão Azul, de Gabriel
García Márquez, propusemos
exercícios de improviso e de escrita
automática e pedimos aos actores –
generosos actores – que vertessem
as suas vidas nessa escrita e nesses
exercícios. A matéria daí resultante
era cruzada com a cenografia e com
o desenho de luz e foi assim que o
objecto se foi construindo.
Levar A Espera ao FATAL foi, como
o é sempre, um enorme orgulho. Os
grupos de teatro querem mostrar o
que fazem e nós queríamos mais do
que nunca mostrar o que tínhamos
construído, que nos saiu da pele, do
sangue e das tripas e que nos era tão
caro. E a experiência foi preciosa.
A reacção do público e o prémio
conquistado mostraram-nos, de uma
vez por todas, que o risco tinha valido
a pena e de que estávamos certos em
querer fazer teatro desta forma.
E fez-nos querer apostar novamente
na fórmula e mais uma vez construir
espectáculos originais, escritos e
encenados por nós.
E é este o futuro do TUP. Continuar
a contornar os olhares de esguelha
para fazermos o teatro em que
acreditamos; para continuarmos a
não cair na tentação do conformismo
e a acreditar que há mais teatro para
além daquele que já está escrito e
já foi feito e refeito e está gasto e
esgotado. As dificuldades, essas,
enquanto não nos impedirem de
fazer o que queremos e em que
acreditamos só chateiam no imediato.
Por isso não vale a pena dar-lhes
destaque. c
por TUP
© Manuel Pata
Entre o primeiro dia de ensaio e o
último dia de carreira, o projecto
A Espera levou-nos quase seis meses.
As dificuldades foram muitas, e só
graças a um elenco e equipa técnica
que nunca deixaram de acreditar
no que estávamos a fazer é que o
espectáculo acabou mesmo por
acontecer. E ainda bem.
A construção de A Espera foi a
consequência lógica do que havíamos
iniciado com o António Júlio, em
2009, com Recuperados, e, em
2010, com ALAN – prémio FATAL e
vencedor do MITEU, em Ourense
-, ou seja, uma base de trabalho
que tem nas vidas e memórias
dos seus intervenientes a matéria
dramatúrgica a partir da qual se
escrevem os textos. Textos originais
para espectáculos originais, pessoais,
íntimos e a que ficamos ligados
emocionalmente e que defendemos
com o maior dos orgulhos.
E foram essas experiências que nos
deram a vontade e a confiança para
voltarmos a uma prática há muito
posta de lado no TUP: a encenação
dos nossos próprios projectos. Foi um
risco mais ou menos calculado, ou
35
36
Aplauso
Premiados FATAL 2012
37
MONSTRO MEU
CITAC
PRÉMIO FATAL DO PÚBLICO
© Teresa Teixeira
O espectáculo Monstro Meu nasceu
graças a uma relação que se tornou
muito próxima entre os actores
e o encenador. Foi um processo
de aprendizagem e de partilha
constantes. Partimos de ideias que
pretendíamos explorar sobre nós
mesmos, enquanto seres individuais
e enquanto colectivo, e sobre a
forma como reagimos ao mundo
que nos rodeia. Utilizando o método
de devising, estas ideias foram
convergindo entre si e as cenas e o
texto foram ganhando forma. Assim,
Monstro Meu surge da solidão com
que muitas vezes nos debatemos,
mesmo quando fazemos parte de algo
maior e agregador. Surge da angústia
de vermos os mitos que idolatramos
desmoronarem-se mal se tornam
realidade. Surge, sobretudo, dos
pequenos e grandes monstros com
que todos lidamos e dos quais nos
queremos libertar, sem no entanto
sermos realmente capazes de o fazer.
A participação no FATAL 2012 foi um
dos momentos mais enriquecedores
para Monstro Meu e para o CITAC. Foi
a décima sexta vez que apresentámos
ao público este espectáculo e, para
nós, foi o momento em que mais
o vimos crescer. Com Monstro
Meu, fomos capazes de ultrapassar
a barreira que separa actores
e públicos, para que todos nos
pudéssemos divertir em conjunto. E
quando nos divertimos, queremos
mais; por isso, não nos esquecemos.
O prémio que recebemos representa o
reconhecimento do nosso trabalho e
da relação especial e gratificante que
pudemos estabelecer com o público
neste espectáculo. Para nós, é muito
estimulante trazer mais um prémio
para Coimbra, uma cidade que tem
um peso importante na história do
teatro universitário. Mais ainda,
trazer do FATAL, um festival que tem
provado ser um marco relevante para
o teatro universitário de todo o país e
além-fronteiras.
Futuramente, continuaremos a
apostar na qualidade do nosso
trabalho enquanto grupo de
teatro universitário. É isso que nos
move e que não nos deixa parar,
mesmo quando se acumulam
dificuldades, quando o futuro
parece uma nebulosa descrença
no meio cultural. Queremos que o
CITAC continue a progredir a cada
geração. Costumamos dizer “uma vez
citaquiano, para sempre citaquiano”.
E é sob esta demanda que nos
orgulhamos de levar o CITAC a mais
públicos, sob uma identidade que nos
tem sido transmitida ao longo destes
58 anos de existência. c
por CITAC
38
Ponto Textos Dramáticos
ABAIXO
DA CINTURA
Miguel Manso
39
comparável ao transe é o roteiro
de um animal no bosque
diáfano sumiço de si, não é outra
coisa além do que é
preso à grossura do agora
a pisar os galhos inarticulados da voz
em separação vocabular
Isso das princesas (rainhas, fadas, divas)
e isso dos super-heróis (cavaleiros,
militares, criminosos) é apenas uma
experimentação humana à procura da
dignidade e verdade próprias, sem nunca
as encontrar. No mais, são animais.
Arquétipos. Como raposas, javalis,
serpentes. São fauna. c
também um texto se afasta ou
se avizinha do juízo e do desvairo, começa
abaixo da cintura a sopear caminhos
O espectáculo começa abaixo da cintura.
Denso e turvo. Em contraluz, o arvoredo;
sombras de figuras entrecortadas,
procurando alguma coisa fora-dentro delas.
Alguém descobre uma maneira. Excitação.
Mas afinal não serve. Tudo tem de estar
dentro-fora de alguma coisa. Onde está o
alçapão, se não em cada uma destas figuras
mascaradas? Desmascarar-se como se
abrindo um alçapão. Dentro do super-herói
caricato há afinal uma princesa digníssima.
E ao contrário.
Miguel Manso (1979). Serão seus os textos e o apoio à
dramaturgia da Residência de Criação Artística “No
Tempo- Morto – Uma Experiência para resistentes e
dissidentes do teatro universitário”, coordenada por
Susana Vidal e realizada no âmbito do FATAL 2013.
Miguel Manso tem seis livros de poemas publicados,
entre eles, Contra a manhã burra (ed. de autor e
Mariposa Azual, 2008), Santo Subito (ed. de autor, 2010)
e, mais recentemente, Aqui podia viver gente (Primeiro
Passo, 2012). Colaborou com a companhia de teatro
Cão Solteiro e tem participado em leituras públicas de
poesia, das quais se destaca “Quintas de Leitura”, no
Teatro do Campo Alegre, Porto. Tem participado em
residências artísticas e de criação literária.
© Tânia Araújo
Voltemos à mata, ao roteiro, à grossura do
já dentro do bosque. Se uma árvore cair
no bosque e não estiver lá ninguém para
ouvir, ela faz barulho? Se um super-herói
tirar a máscara e encontrar dentro de si um
corcunda e não houver princesa com quem
casar, haverá espectáculo?
O bosque também é personagem. Talvez a
principal. Com os seus caminhos, clareiras,
clarões e silêncios. Dentro do bosque
homens e mulheres à procura de uma
identidade. Alguma coisa que possam vestir
e dizer, gesticular.
40
Ponto Textos Dramáticos
ETERNIDADE
Um texto dramático inédito
de Tiago Patrício
Fotografias: Ana Rojas
(espectáculo Les Négres,
inserido no FATAL 2007)
Personagens:
Eternidade: Poderá ser interpretada por um
homem de lábios finos e com uma peruca. No
I Acto, aparenta 20 anos, e também é chamada
de Princesa ou Alteza, a partir do II Acto,
aparenta mais de 60 anos e é chamada de
Rainha ou Alteza.
Criada: Mulher com idade entre os 30 e os 50
anos. Parece uma jovem envelhecida, no I Acto
e uma velha bem conservada nos seguintes.
Jardineiro: Homem entre os 40 e os 50 anos.
Príncipe: Homem entre os 20 e os 30 anos.
I Acto
Eternidade e a sua Criada estão num quarto circular
e ricamente mobilado de tons claros. Eternidade está
sentada num cadeirão, de costas para o palco e virada
para um espelho suspenso sobre uma grande cómoda
cheia de cosméticos e adereços. À direita há uma porta e
ao lado situa-se uma cama de madeira, com um crucifixo
à cabeceira, mas sem Cristo. Do lado esquerdo há umas
cortinas douradas e, para lá das cortinas, abre-se uma
varanda que nunca se chega a ver.
Eternidade – Oh, como gosto das flores, dos pássaros e das
árvores…
Criada – Eternidade, a sua coroação é já amanhã, está
preparada?
Pausa
Eternidade – És a minha única amiga. O que te parece a
minha saudação?
Criada – Parece-me que se esqueceu do reino mineral e de
uma referência ao Altíssimo.
Eternidade – Queres que tire as flores ou as árvores?
Criada – Não precisa de tirar nada, afinal é a Nossa Princesa.
Eternidade – É preciso fazer escolhas, não podemos ter
tudo. Diz-me, o que achas desta maneira: “Oh, como gosto
das flores, dos pássaros e do Sol”!
Criada – O Sol é mineral?
Eternidade – O Sol é o único que arde sem se consumir.
Ruído exterior. A Criada passa para a varanda através
das cortinas.
Criada – A comitiva já chegou.
Eternidade – Oh, não suporto as multidões nem a desordem.
Fazem-me lembrar a anarquia dos tempos do meu avô.
Criada – Mas eles amam-na e vieram dispostos a beijar o
chão que Vossa Eternidade pisa.
Eternidade – Preciso de silêncio e de estar só para me
concentrar nos desígnios que a Providência me preparou.
Criada – Que belas palavras Eternidade!
Eternidade – Não gosto de belas palavras, são pérfidas e
inimigas da seriedade. Escusas de tentar agradar-me com
elogios, já não sou a rapariguinha débil que conheceste
quando os meus tios me trouxeram do convento para este
palácio.
Eternidade confirma a firmeza dos seios e coloca a mão
na anca enquanto a Criada regressa da varanda com
uma missiva que começa a ler.
Criada – Eternidade, o Príncipe Distante vem saudá-la
pessoalmente para lhe renovar o pedido de casamento e
convidá-la para uma viagem de núpcias à sua província
ultramarina. O convite inclui viagem em primeira classe
para si e para mais dez acompanhantes, com motorista
e guarda pessoal à chegada. Reservou um grande quarto
num palácio de 50 estrelas, com serviço de massagens,
banho termal e missa privada.
Eternidade – Diga que não posso, que estou comprometida
com a minha torre solitária e com o meu reino.
Criada – Mas Eternidade, este é o Príncipe Distante, aquele
que irá unir o nosso império e fazer com que o sol nunca
se ponha sobre a nossa pátria. Se continua a recusar, não
volta a ter convites tão cedo. Quer acabar solteira como eu?
Lembre-se que a amanhã será coroada Rainha, precisa de
um consorte!
Eternidade – Diz-lhe que sofro de uma colite crónica e que
não posso estar mais de duas horas fora do meu palácio.
Criada – Uma colite? Isso é tão deslocado para uma
princesa.
41
42
Ponto Textos Dramáticos
Eternidade – Então uma sinusite, diz-lhe que isso não me
permite fazer grandes viagens.
Criada – Não se esqueça que já usámos essa desculpa
e desta vez o Príncipe disponibiliza um lugar na sua
carruagem privada de Alta Velocidade.
Eternidade – Mas isso não tinha sido banido para sempre?
Alta Velocidade jamais e em tempo algum.
Criada – Mas, Eternidade, ia fazer-lhe bem à pele ir a
banhos e a festas na praia.
Eternidade – Eu não posso afastar-me assim do meu povo.
O que vão pensar as pessoas que trabalham de sol a sol?
Que ando a divertir-me e a passear à custa delas? E quanto
a festas, só as admito nas minhas costas.
Eternidade senta-se na cadeira e pede massagens
à Criada, que acede.
Criada – E o que mando dizer ao Príncipe, Eternidade?
Lembre-se do seu tio que está tão doente e lhe deixa o
nosso reino em testamento.
Eternidade – Resolve tu. Se conhecessem as minhas
preocupações não me faziam esses pedidos. Sou só uma
princesa, não posso satisfazer toda a gente.
Criada – Se me permite, Eternidade, deixe-me dizer ao
Príncipe, que está agoniada e que sofre dores de cabeça
horríveis porque anda com pesadelos infernais.
Eternidade – Sim, pode ser, mas não gosto dos adjectivos.
Retira por favor a qualificação dos meus sintomas, mentir
é uma coisa, mas adornar o sentido das palavras é mentir
duas vezes. Olha que Deus castiga a quem se dedica a tornar
as mentiras mais suaves. Devemos ser directas e usar a
verdade, mesmo para cometer as maiores crueldades. Ah,
como me torno vaidosa quando falo assim em frente ao
espelho. Vou ter de meter pedrinhas nos meus sapatinhos
para me penitenciar. O Príncipe, ainda aí está?
Criada – Aguarda por uma palavra sua ou por um sinal que
lhe alivie o coração depois de uma viagem tão longa.
Eternidade – Está a chegar a hora da minha sesta, preparas
a minha cama?
A Criada vai preparar a cama e Eternidade começa
a pentear-se.
Eternidade – Quem é que me ofereceu este pente de ouro
e diamantes?
Criada – O Príncipe, faz agora seis meses.
Eternidade – Devolve-lho, diz-lhe que me desagrada ser
cortejada com prendas tão caras, ainda por cima, com o
povo a passar necessidades.
Criada – Mas Eternidade, não se esqueça que ele é o nosso
aliado mais valioso. Pense no seu tio e no bem do nosso
Reino. Consinta ao menos a graça de se deixar ver pela
janela e não se esqueça que as necessidades de um povo
são a razão de Vossa Eternidade existir.
Eternidade – Põe esta tiara e vai até à varanda acenar-lhe
com o meu lenço. Agradece a generosidade, mas diz-lhe
que ainda és muito jovem para oferecer o coração a um
Príncipe tão valeroso, valoroso, valioso, como é que se diz?
Criada – E se ele desconfia, Eternidade?
Eternidade – Não te preocupes, nunca ninguém me viu
fora do palácio e eu seria incapaz de dizer uma frase com
tantos adjectivos sem me engasgar, tens de ser tu a fazê-lo.
A bem do nosso reino.
A Criada vai até à varanda e acena. Desaparece por detrás
das cortinas e regressa combalida.
Criada – Eternidade, ele disse que o lenço cheirava a
sardinhas e a pimentos assados.
Eternidade – Esse malvado atreve-se a vir ao meu palácio
insultar-me? Guardas, prendam-no!
Criada – Ele está a caminho dos portões.
Eternidade – Fechem os portões e persigam-no até caírem
de cansaço! E o que disse mais, conta-me.
Criada – Oh! Se isto se espalha pelo reino.
Eternidade – Calma, não é assim tão grave, toda a gente
sabe que eu gosto de sardinhas, é algum pecado?
Criada – Oh, não Eternidade, mas ouvir isto nas cortes
estrangeiras pode ser embaraçoso para a nossa política
internacional.
Eternidade espreita pela varanda.
Eternidade – Parece-me que o apanharam. Vai lá fora e
acompanha os guardas, quero que o levem para o isolamento
e que fique lá por tempo indeterminado. Em breve há-de
implorar por um bom refogado com cheiro a cebola.
Eternidade senta-se no seu cadeirão de veludo e recomeça a
pentear-se longamente e a admirar-se ao espelho. Faz duas
tranças, pinta os lábios, alonga as sobrancelhas e levanta
um pouco a saia, deixando à vista as pernas.
Eternidade – O que irei fazer com mais um pretendente
cativo? Qualquer dia tenho uma ordem inteira de cavaleiros
na minha prisão. Apetecia-me tecer uma intriga, pedir
resgates e quando os viessem buscar prendia-os a todos
e fazia um churrasco com toda a gente. Pensando bem,
Eternidade
43
um churrasco é uma coisa que suja muito e as fogueiras
lembram-me as festas pagãs. A guilhotina também não me
agrada nada. Estou tão indecisa. Talvez o lançamento para
o fosso dos crocodilos seja o mais acertado, a água dissolve
e purifica.
Eternidade levanta-se e anda pelo quarto. Depois abre as
gavetas da cómoda e tira alguns vestidos.
Eternidade – Será que faço bem em continuar aqui fechada
no meu palácio e apartada do mundo? De que me valem
estes vestidos, estes sapatos e todas as minhas penitências
e prazeres solitários?
A Criada regressa e vê os vestidos espalhados pelo quarto,
o que provoca um ataque de cólera de Eternidade.
Eternidade – Está tudo desarrumado. Não suporto a
desordem, como é que posso repreender os criados se nem
consigo manter o meu próprio quarto arrumado?
Criada – Eternidade, o Príncipe acabou de lançar-lhe uma
maldição depois de os seus juízes o condenarem a prisão
perpétua.
Eternidade – Uma maldição? Está a entrar em desespero, o
pobre coitado. E o que diz? Ah, não contes, não contes, vamos
brincar às adivinhas! Que ideia maravilhosa, afinal, esse
Príncipe é espirituoso, talvez ainda me possa divertir com ele.
Criada – Mas Eternidade, é uma maldição terrível, não
devia brincar com estas coisas.
Eternidade – Daqui a pouco já me vou confessar, agora
deixa-me divertir um pouco. Tem animais ou plantas?
Criada – Os dois.
Eternidade – Ah, é das complicadas. E inclui monstros ou
criaturas do além?
Criada – Acho que não vai tão longe.
Eternidade – É pena. E é para agora ou para o futuro?
Criada – Tem a validade de quarenta anos.
Eternidade – Isso é muito suspeito… Vá, diz rápido, em que
consta a maldição, já não estou com paciência.
Criada – Ele diz que Vossa Eternidade irá tropeçar num
gato e magoar-se numa cadeira e que terá um longo
sofrimento até à morte por apedrejamento.
Eternidade – Isso tudo? Parece-me demasiado complicado.
Mas esse patife irá pagar caro! Prendam todos os seus
amigos, familiares e conhecidos que encontrarem e dêemnos de comer aos porcos.
Criada – Mas que crueldade, não se esqueça que somos um
povo pacífico e benevolente. Não será mais simples envenenar
os gatos e mandar retirar todas as cadeiras do palácio?
44
Ponto Textos Dramáticos
Eternidade – Talvez, se achas que isso pode ajudar, mas
quer dizer que nunca mais me vou poder sentar?
Criada – Nunca mais.
Eternidade – Nem para comer? Nem para me pentear, nem
para me olhar ao espelho? Já estou a sentir as dores nas
pernas. Isso quer dizer que terei de passar a comer de pé.
Achas que é confortável comer deitada?
Criada – Foi uma coisa que nunca experimentei.
Eternidade – A única coisa que me alegra é saber que
mais ninguém se poderá sentar no palácio. Quantas horas
faltam para a minha coroação? Temo que o Titi esteja pior.
Estou a ficar tão ansiosa.
Criada – Depois de se tornar Rainha terá mais responsabilidades e mais gente à sua volta e eu deixarei de ser a sua
única Criada.
Jardineiro – Odeia?
Criada – De morte, diz que são animais falsos.
Jardineiro – Vim trabalhar para este palácio aos doze anos
e há mais de trinta que estou na sua presença. Começo
a ter medo que cada dia seja o último. O seu olhar é tão
limpo, tão sereno.
Criada – Ela repara em todos os pormenores e lembra-se de
coisas de que eu já me esqueci.
Jardineiro – Sinto uma felicidade tão grande quando a
vejo acenar depois da missa, com o guarda-chuva na mão,
sempre tão prudente.
Criada – É um guarda-sol.
Jardineiro – Parece-me um guarda-chuva.
Criada – É um guarda-sol. Ela não teme a chuva, devias
saber isso!
Eternidade deita-se vestida na cama. A Criada levanta
a coberta e prepara-se para se deitar ao lado dela. A luz
escurece antes do abraço sugerido entre as duas.
Pausa
Eternidade – Oh! Jamais! Tu serás sempre a minha
confidente e a minha amiga mais próxima. Por cada
decisão que tiver de tomar irei consultar-te duas vezes.
Graças a ti o meu reinado será longo e poderei manter o
meu isolamento do mundo. Anda, deita-te aqui ao pé de
mim, está tanto frio e amanhã terei o peso de um império
sobre a minha cabeça.
II Acto
Nos jardins do palácio. Quarenta anos depois da coroação.
A Criada e o Jardineiro conversam a meio de uma tarde
de Verão. A Criada veste-se de uma forma mais austera
e mantém-se elegante, com um cesto de costura no
braço que pousa ao seu lado. O Jardineiro está apoiado
num ancinho. Há flores e fetos do lado direito e, do lado
esquerdo, uma mesa e uma cadeira recortadas a partir de
um arbusto.
Criada – É tão metódica que as pessoas conseguem acertar
os relógios pela hora a que ela dá os passeios.
Jardineiro – E a voz dela.
Criada – É mais bela do que a das lavadeiras.
Jardineiro – Mas às vezes sinto um calafrio quando a ouço
chamar por mim junto às rosas bravas.
Criada – Sabe os nomes de toda a gente no palácio.
Jardineiro – Até o nome da minha mulher e dos meus filhos.
Criada – Só não suporta os gatos, odeia-os.
Criada – Só de olhar para ela, as crianças esquecem as
tristezas e ficam saciadas.
Jardineiro – Ainda bem, porque ela também não lhes dá
pão, só uma festa no cabelo.
Criada – Ela é muito poupada e amiga do ambiente. Poupa
água, electricidade, gás e nunca viaja. A pegada ecológica
dela é como a de uma princesa, apesar de ser a Nossa
Rainha, faz hoje quarenta anos.
Jardineiro – Nem posso esperar pela festa.
Criada – Ela tem mais em que pensar nesta altura.
Jardineiro – Ouvi dizer que estava para chegar gente de
muito longe.
Criada – Ela vai fazer um pequeno cumprimento, da
varanda, e oferecer ao nosso povo algumas palavras sadias
e de fé na vida eterna.
Jardineiro – É sempre tão sábia quando fala.
Criada – E elegante, nunca se esquece de pôr uma flor ao peito.
Jardineiro – Conhece o nome de todas as flores deste jardim.
Criada – Ela conhece tudo, deste mundo e do outro.
Jardineiro – Só ela mantém a nossa esperança na vida eterna.
Criada – A verdadeira vida.
Pausa.
Jardineiro – Ouvi dizer que ela teve uma birra esta manhã,
é verdade?
Criada – Foi uma coisa de nada.
Jardineiro – Então?
Criada – Uma malha caída nas meias.
Jardineiro – Isso é chato. E que mais?
Criada – Não encontrou um livro de colorir que andava a ler.
Eternidade
Jardineiro – Alguém anda a mexer nas coisas dela.
Criada – E aconteceu outra coisa, mal entrou na sala do
pequeno-almoço sentiu um odor a tabaco.
Jardineiro – Toda a gente sabe que ela não suporta o fumo.
Criada – Mas já descobrimos os culpados.
Jardineiro – São uns descuidados, nem em casa dela
mostram respeito. Castigou-os muito?
Criada – Nem por isso, o normal.
Jardineiro – Tortura do sono seguida de afogamento?
Criada – Não, agora anda entusiasmada com o campo de
trabalho que abriu numa das ilhas.
Jardineiro – Ainda se queixam, têm alojamento e comida
à descrição.
Pausa
Jardineiro – Ontem à tarde vi-a a passear ao pé da fonte,
depois um cuco começou a cantar ao longe e ela alvoroçouse e chamou o meu ajudante para lhe puxar as orelhas. Até
tive medo que, a seguir, me quisesse dar umas lambadas.
Criada – Ela tem muitas preocupações, nem imaginas o
que aconteceu ontem à noite. Vai ficar tão furiosa que nem
sei se devia fazer uma pequena omissão.
Jardineiro – Mas ela não sabe tudo e a todo o momento?
Criada – Não podemos maçá-la com assuntos muito
complicados, mas isto pode levar-nos a uma guerra.
Jardineiro – A uma guerra? Mas ela não nos protege de
todas as guerras?
Criada – Ninguém está livre de uma desgraça.
Jardineiro – Ela há-de arranjar uma solução como sempre.
Criada – O que me dá esperança é saber que nos livrou da
última guerra.
Jardineiro – E recebeu favores dos dois lados.
Criada – Mas nunca quis nada para ela. Passava noites
inteiras de pé a negociar a nossa neutralidade. As pessoas
não imaginam o que foi preciso fazer. Noite e dia, sem
dormir.
Jardineiro – Nem comer.
Criada – Durante anos e anos.
Jardineiro – Enquanto aqui não acontecia nada, no resto
do mundo só havia sofrimento e fome…
Criada – E, ainda hoje, ela vive ali na torre, apartada do
mundo, a pentear a trança. Há mais de vinte anos que não
compra um único vestido.
Jardineiro – Só a esperança nos salvou.
Criada – A sua palavra é a verdade.
Jardineiro – É de levar as mãos à cabeça.
Criada – A forma como ela dizia – Temos de empobrecer
para sobreviver.
45
Jardineiro – Não se consegue resistir a uma rima dessas.
Criada – Ela aí vem. Acordou agora da sesta, espero que
não esteja mal disposta.
Jardineiro – Anda tão curvada.
Criada – Tantas horas de pé, a trabalhar! Devemos amá-la
ainda mais pelas rugas e pelos cabelos brancos.
Jardineiro – Está mais magra?
Criada – Ela suporta um fardo desumano.
Jardineiro – E sempre tão sozinha.
Criada – Só as crianças lhe dão repouso de espírito.
Jardineiro – Nunca se deve desiludir as crianças.
Criada – Com um braço segura o país e com o outro abre
caminho para passar entre o povo que a quer abraçar.
Jardineiro – É impossível escapar aos seus encantos. Mas
parece que continua zangada. O que será que a atormenta?
III Acto
Eternidade aparece do lado direito, muito altiva para
disfarçar a idade e dirige-se à Criada, mas não vê o
Jardineiro ajoelhado atrás dos fetos.
Eternidade – O Príncipe Distante conseguiu fugir ontem à
noite. Porque é que ninguém me avisou?
Criada – Alteza, não queríamos tirar-lhe o sono. Anda tão
cansada...
Eternidade – E hoje de manhã?
Criada – Não queríamos perturbar o seu pequeno-almoço.
Anda com tanta falta de apetite que ia passar a manhã sem
comer.
Eternidade – E depois?
Criada – Depois chegou a hora do almoço. É uma alegria
vê-la comer os grelos com peixe cozido. E mais tarde ou
mais cedo ia ficar a saber, mas não se preocupe que ele está
velho e acabado.
Eternidade – Pois enganas-te. Para além de conseguir
libertar todos os outros cavaleiros, começou uma revolta
numa das nossas províncias ultramarinas. Ainda por cima
fugiu com os meus melhores cavalos.
Criada – Mas que desgraça nos havia de cair em cima.
Temos de ir rezar imediatamente.
Eternidade – Deixa-te lá dessas merdas. O que é preciso é
tomar medidas, mas estou tão indecisa. O que devo fazer?
Criada – Ai, e eu o que sei disso? Sou uma velha criada, e
essas terras ficam tão longe que nem se vêem da torre mais
alta do nosso palácio.
Eternidade – Vá lá, não desconverses e dá-me uma ordem.
Criada – Uma ordem?
46
Ponto Textos Dramáticos
Eternidade – Não queria ser eu a mandar os nossos rapazes
para o mato, mas se fosses tu a sugerir, já não me custava
tanto.
Criada – Então mande, diga que teve uma visão…
Eternidade – E como é que digo isso? É preciso arranjar uma
maneira de os animar para irem morrer tão longe de casa.
Criada – Deixe-me pensar. Como é que há-de ser?
Eternidade arruma alguns utensílios de jardinagem
e vê o Jardineiro ajoelhado.
Eternidade – Bem sabes que não suporto a desordem… Ah!
Jardineiro, és tu. Não precisas de estar ajoelhado tanto
tempo, basta uma pequena vénia.
Jardineiro – Sim, Alteza, ao vosso serviço.
Eternidade – Quem me dera ser jardineira e passar os
meus dias com o perfume das flores, rodeada pelo canto
dos pássaros e pela frescura das manhãs de orvalho, e estar
ao ar livre até ao anoitecer a escutar a água correr junto a
um regato.
Jardineiro – Vossa Eternidade, que doces palavras…
Eternidade – Fica a saber que não gosto de palavras doces,
são como veneno. Devemos ser sempre pessoas sérias, até
quando nos contam uma anedota.
Criada – Não incomodes Sua Alteza numa altura destas em
que há uma guerra a começar.
Eternidade – Não incomoda nada. E não é uma guerra, é
um motim organizado por aquele Príncipe Distante.
Jardineiro – Não podíamos manter a neutralidade como
na última guerra?
Criada – Que impertinente! Não se fazem perguntas à
Rainha!
Eternidade – Deixa-o, é preciso escutar o nosso povo. Hoje
podes fazer-me todas as perguntas.
Jardineiro – Posso?
Eternidade – Podes, mas só hoje. Amanhã serás pendurado
pelo nariz.
Jardineiro – Como é que chegou a este palácio?
Criada – Foi a Divina Providência, devias ter aprendido
isso na escola.
Jardineiro – Nunca andei na escola.
Eternidade – Foram buscar-me duas vezes ao convento.
Criada – Estava predestinada.
Jardineiro – Conhecia muitos segredos?
Criada – Tinha visões todas as noites.
Jardineiro – E nunca disse a ninguém?
Eternidade – Sempre fui muito modesta.
Jardineiro – Porque é que nunca se casou, nem teve filhos?
Eternidade – Sou casada com o meu reino. Se tivesse família
própria não poderia dedicar-me da mesma maneira.
Criada – Um marido é um grande fardo…
Eternidade – O nosso reino é o último refúgio do
sentimento. O que fizeste hoje, Jardineiro? Fala-me um
pouco destas estrelícias tão coloridas ou conta-me antes
os segredos que as nossas filicineas tão modestas guardam
aqui neste recanto do mundo?
O Jardineiro está apoiado no ancinho e fica indeciso
quanto ao rumo da conversa.
Jardineiro – Hoje dediquei-me àquela fila de buxo…
Eternidade – E isto, o que representa, bom Jardineiro?
Jardineiro – Lembrei-me de recortar uma cadeira e uma
mesa, uma extravagância…
Eternidade – Devemos ter cuidado com as extravagâncias,
não te pago para isso.
Eternidade aproxima-se do lado direito.
Eternidade – Há quantos anos não via uma cadeira, já nem
me lembrava da forma. Que vontade tenho de me sentar.
Criada – Senhora, lembre-se da maldição. Faz hoje quarenta
anos que tomou os destinos do reino nas suas mãos.
Eternidade – Mas isto não é bem uma cadeira mas um
arranjo de ramos de buxo. E não te esqueças que a maldição
incluía um gato e nós banimos os gatos do reino. Agora
arranja-me uma almofada para me sentar um pouco.
A Criada procura uma pequena almofada no seu cesto
de costura e coloca-a sobre a sebe, mas contrariada.
Eternidade – Esta guerra não vem nada a calhar. Tira-me
toda a harmonia e a vontade de ficar cá fora a admirar a
natureza ordenada dos meus jardins. A única alegria que
me resta é saber que vou comer gelados de chocolate
depois do jantar.
Eternidade dá uma volta para rodar a saia do vestido,
calcula mal a distância da cadeira e tropeça num
ramo de buxo.
Criada – Ai! Meu Deus, que é a maldição!
Eternidade – Deus meu, o que é que aconteceu? E esta
mancha no meu peito?
Criada – Ai! Que desgraça, é sangue!
Jardineiro – E é azul, tal como mandam as regras.
Eternidade
47
O Jardineiro volta a ajoelhar-se.
Criada – Tu és o responsável pelo ferimento da Rainha.
Eternidade – Foi a minha falta de prudência que me levou
à perdição.
Criada – Depressa vai chamar o médico. O médico!
O Jardineiro levanta-se e sai a correr. Eternidade começa a
perder a consciência e a delirar até perder os sentidos com
a cabeça no colo da Criada. O Jardineiro regressa algum
tempo depois.
Eternidade – Sinto a cabeça a andar à roda, vejo o meu
sangue a manchar o meu vestido mais antigo. Já o tinha há
mais de vinte anos, lembro-me do dia em que a costureira
me tirou as medidas e me mostrou o tecido. Tive de o
mandar alargar duas vezes, mesmo assim resistiu sempre
e agora sou eu que me desfaço primeiro do que ele.
Criada – Não fales assim minha Eternidade, tudo se vai
resolver. O médico está quase a chegar. Eternidade! Minha
Princesa Eterna.
Jardineiro – O médico está do outro lado do palácio, a
tratar dos guardas feridos ontem à noite durante a fuga do
Príncipe Distante. Como é que ela está?
Criada – Perdeu os sentidos.
Jardineiro – E agora, o que havemos de fazer?
Criada – E o médico que não chega.
Jardineiro – Ele já não é jovem para conseguir correr
até aqui. Acho que vou à procura dele para o ajudar no
caminho.
Criada – Não me deixes aqui sozinha. Sinto-me tão
desconsolada. Só de imaginar a vida sem ela…
Jardineiro – Ela era tão boa para nós.
Criada – Só queria o nosso bem.
Jardineiro – Por isso é que nos podia fazer mal.
Criada – Porque era para nosso bem, sabia fazer as coisas.
Jardineiro – Ainda respira?
Criada – Parece-me que está a perder as cores.
Jardineiro – E o coração ainda bate?
Criada – O que será do nosso reino sem ela?
Jardineiro – Consegues sentir-lhe o coração?
Criada – Até tenho medo de não encontrar nada.
IV Acto
No mesmo quarto do I Acto, mas o ambiente é sombrio e
as cores mais escuras. No lugar do espelho há um mapa
com países de várias cores e bandeiras espetadas.
48
Ponto Textos Dramáticos
Criada – Agora é só esperar que ela melhore. Já podes
voltar para o teu jardim.
Jardineiro – E como é que lhe damos as gotas e as pílulas?
Criada – São comprimidos, é preciso usar os nomes certos.
Jardineiro – Rezamos para que acorde?
Criada – Vou cantar-lhe uma canção da minha terra.
Jardineiro – Posso fazer só mais uma pergunta?
Criada – Diz lá, o que é?
Jardineiro – Como é que era a vida antes dela?
Criada – Antes dela não valia a pena viver. E depois dela
também não vejo utilidade para a minha vida.
Jardineiro – Agora que olho melhor para ela, parece-me
que tem o nariz muito comprido.
Criada – Isso são coisas que se digam numa altura destas?
Jardineiro – Nunca tinha estado tão perto dela como agora.
Criada – Quem te deu a ideia de recortar aquele arbusto
em forma de cadeira? Tu não sabias da maldição? Estava
escrita por toda a parte desde que o Príncipe Distante lhe
rogou as pragas.
Jardineiro – Mas que pragas eram essas?
Criada – Ele disse que Eternidade ia tropeçar num gato e
magoar-se numa cadeira até morrer por apedrejamento,
depois de muitos sofrimentos.
Jardineiro – Mas onde é que estava o gato?
Criada – Eu sou pouco instruída para compreender
maldições de príncipes, mas parece-me que o gato era uma
artimanha, os gatos são sempre falsos, até nas maldições.
Jardineiro – Ela tem um ar tão sereno que nem parece
estar a sofrer muito e os lábios dela são tão finos, quase
nem se vêem.
Criada – Só de pensar na segunda parte da maldição, até
me vêm as lágrimas aos olhos.
Jardineiro – O que é a anarquia?
Criada – A que propósito vem essa pergunta? Já está na
hora de voltares para o teu serviço.
Jardineiro – Era uma palavra que ouvia muito quando
era mais novo e que Eternidade costumava repetir nas
aparições de Domingo.
Criada – Antes de nasceres, o reino sofria de três grandes
males, a fome, a peste e a anarquia.
Jardineiro – E então, a anarquia era o quê?
Criada – Era a desordem, a libertinagem e um veneno para
todas as famílias.
Jardineiro – E ela conseguiu acabar com isso tudo?
Criada – Ela foi uma noiva e depois uma mãe para o Nosso
Reino.
Jardineiro – E agora que se ia tornar numa avó é que
aconteceu isto. Não há justiça no mundo.
Criada – Não duvides numa hora como esta. O exemplo
Eternidade
dela vai ficar eternamente entre nós. Agora vai, já é tarde.
Jardineiro – Não será melhor chamar um padre?
Criada – Ela tem santidade suficiente para dispensar esses
serviços.
O Jardineiro aproxima-se das cortinas e passa para
o lado da varanda.
Jardineiro – Está a escurecer.
Criada – Que estranho, ainda agora estava sol.
Jardineiro – Parece que vai chover.
Criada – Será que vem aí uma trovoada?
Jardineiro – Já se vê ao longe, parece que é pedra.
Criada – Pedra?
Jardineiro – Granizo.
Criada – Já nem sei o que pensar. O dia de hoje devia ser de
festa e não de desgraça.
Jardineiro – Já se vê muita gente a aproximar-se do palácio.
Criada – Mas que qualidade de gente poderá ser a esta
hora?
Jardineiro – Não sei, mas já atravessaram os portões e vêm
armados.
Criada – Vai avisar os outros guardas, depressa.
Jardineiro – Devia ficar aqui a protegê-las.
Criada – É preciso dar o alarme, despacha-te!
O Jardineiro sai e a Criada afasta ligeiramente as cortinas
para ver melhor e depois volta a fechá-las. Eternidade
começa a acordar e tenta levantar-se. O ruído do granizo
a bater contra as vidraças começa a ser substituído pelo
ruído da multidão que se aproxima.
Eternidade – Quem sou eu?
Criada – Eternidade, que alegria ouvir a sua voz. Estava tão
preocupada.
Eternidade – Onde estamos?
Criada – Na torre do seu palácio.
Eternidade – E que barulho é este que vem lá de fora? É
uma festa?
Criada – O melhor é deitar-se e repousar um pouco, acabou
de sofrer um acidente grave.
Eternidade – És a minha mãe?
Criada – Sou a sua criada mais antiga.
Eternidade – Então não me digas o que devo fazer.
Eternidade aproxima-se da varanda e abre
completamente as cortinas.
Eternidade – Quem são estes?
49
Criada – Inimigos de Vossa Eternidade.
Eternidade – Que tolice, parecem tão animados.
Criada – Eternidade, tenha cuidado com as aparências.
O povo exaltado é capaz do pior.
Eternidade – Só vês maldade em tudo. Acabei de acordar
para a vida e estou a ver a história a passar em frente da
minha varanda.
Criada – Uma desgraça nunca vem só. O que aconteceu à
sua prudência? Lembre-se da maldição.
Eternidade – Com a dor de cabeça que tenho, a chuva só
me pode fazer bem. E repara como eles acenam e levantam
os braços para mim.
Criada – Não é chuva, é granizo, e esses braços levantados
são de ameaça. O que é que eu hei-de fazer? Estou aqui
sozinha contra o mundo. Jardineiro! Guardas!
Eternidade – Não percebes que eles me amam?
Criada – Eles querem a vossa cabeça. Não ouve o que dizem?
Eternidade – Estão a dizer o meu nome. És uma invejosa!
Sai daqui antes que eu te atire pela varanda.
Criada – Hei-de protegê-la até ao fim.
Eternidade empurra a Criada e abre os braços para a
multidão que suspende as vozes, até que a cortina da
varanda se fecha e se ouve um último grito de desespero
de Eternidade, seguido de um coro marcial e o início de
uma canção popular que começa a ressoar com uma
grande violência.
V Acto
O Príncipe Distante está no antigo quarto de Eternidade
a fazer riscos e a colorir o mapa pregado na parede.
A porta abre-se e o Jardineiro entra vestido de cavaleiro,
com uma tocha acesa. Dobra-se sobre o joelho direito
e assim se mantém.
Jardineiro – Mandou chamar, Majestade?
Príncipe – Disseram-me que foste tu o culpado pela queda
da Velha Eternidade, é verdade?
Jardineiro – Em todas as verdades há um pouco de exagero,
mas desde que entrei ao serviço senti sempre uma grande
vontade de fazer tropeçar a velha. É uma coisa inexplicável.
Príncipe – Estou a detectar em ti uma certa aversão ao
poder. Vês esta espada?
Jardineiro – É uma bela espada, Nova Eternidade, mas se
me cortar a cabeça aqui, vou sujar os tapetes, o que seria
uma pena.
Príncipe – Deixa-me felicitar-te por teres sido o agente da
50
Ponto Textos Dramáticos
minha maldição e agora vou armar-te Cavaleiro da Nova
Ordem.
nada é eterno, só a força e a novidade podem garantir o
poder. Aproxima um pouco a chama, Cavaleiro Jardineiro!
O Príncipe arma-o Cavaleiro.
O Jardineiro aproxima a tocha ardente para o Príncipe
acender um cigarro.
Príncipe – Quero que saibas que a partir de agora acabouse a Eternidade.
Jardineiro – Como assim?
Príncipe – Os meus ministros estiveram a fazer contas e
decidimo-nos pela abolição.
Jardineiro – Quer dizer que já não podemos ter esperança
na vida eterna?
Príncipe – Não, era um luxo demasiado dispendioso… Já
pensaste na quantidade de almas que vieram ao mundo
desde a criação?
Jardineiro – É uma coisa em que nunca tinha pensado.
Príncipe – Era só fazer as contas. Não havia espaço nem
recursos para manter um lugar desses. Mais tarde ou mais
cedo isso tinha de acabar.
Jardineiro – E para quem já lá mora, como é que vai ser?
Príncipe – Vamos começar a reduzir aos poucos. Dez por
cento ao ano.
Jardineiro – E para onde é que vai transferir tantas almas?
Príncipe – Ainda não decidimos, mas havemos de arranjar
uma solução.
Jardineiro – E o nosso Inferno mantém-se?
Príncipe – Como é que queres que as coisas funcionem
sem o Inferno?
Jardineiro – E já não é eterno?
Príncipe – Meu caro Cavaleiro Jardineiro, não sabes que
tudo é temporário?
Jardineiro – Vai ficar um belo Inferno, Senhor, agora que
nada é eterno.
Príncipe – Posso garantir-te que nos irá encher de orgulho.
Jardineiro – E uma guerra?
Príncipe – Uma guerra?
Jardineiro – Sim, podia criar uma guerra no nosso reino,
era uma coisa que ficava bem ao lado do Inferno, uma
espécie de complexo infernal.
Príncipe – As guerras são uma coisa ultrapassada e o
Inferno que queremos instalar é uma coisa mais moderna.
Jardineiro – E se for uma guerra fria?
Príncipe – Nem quente nem fria, nada de extremos, vai ser
tudo morno ou em banho-maria.
Jardineiro – Só temo pelos meus jardins.
Príncipe – Não temas nunca, Jardineiro! Agora levanta-te
e alumia-me o caminho. Disseram-me que estavas muito
habituado a estes corredores escuros e que tinhas um bom
sentido de orientação.
Jardineiro – É muito amável, Majestade, mas não vai
discursar da varanda?
Príncipe – Não, será no terreiro, vamos assistir a uma
pequena demonstração.
Jardineiro – Mal posso esperar pelo discurso.
Príncipe – Vai ser um discurso cheio de adjectivos, no final
espero que todos estejam tão adormecidos que será fácil
transportá-los para os camiões de carga.
Pausa
Príncipe – Mas o problema é que o nosso Inferno não tem
espaço para receber as almas que queremos transferir,
precisa de ser ampliado para o dobro ou para o triplo.
Enquanto decorrem as obras, estamos a pensar resolver as
coisas através da transmigração para outros Infernos com
maior capacidade.
Jardineiro – E não fica caro fazer essas obras?
Príncipe – É um investimento que podemos suportar.
Jardineiro – Quer dizer que vai aumentar os impostos?
Príncipe – O habitual numa fase de transição como esta.
Jardineiro – Posso perguntar mais uma coisa?
Príncipe – Poder podes, mas não te garanto a seriedade da
minha resposta.
Jardineiro – O que vem a ser, afinal, essa Nova Ordem?
Príncipe – Ah, isso é um nome que escolhemos. Agora que
O Príncipe abre a porta e olha para as paredes grossas
do quarto.
Príncipe – Em breve iremos demolir este palácio e construir
um novo noutra cidade. É preciso movimento e mudar as
coisas de lugar.
Jardineiro – Mas nós sempre fomos pequenos e fracos.
Príncipe – Porque continuas a temer, Jardineiro? As árvores,
que dominas com as tuas ferramentas, não são mais altas e
mais fortes do que tu?
Jardineiro – Agora já não tenho medo. Vossa Majestade é
forte e ao seu lado sinto-me cada vez mais confiante. Agora
reparo que está cada vez mais jovem, nem parece o velho
Príncipe Distante.
Príncipe – Eu sou apenas um representante temporário,
podes chamar-me Príncipe Anónimo. O nosso trabalho é
Eternidade
simples: criar riqueza a partir da pobreza.
Jardineiro – É o primeiro chefe que nos fala em riqueza.
Tenho vontade de marchar ao vosso lado a noite toda e o
dia seguinte e o próximo, sem parar.
Príncipe – Do que precisamos não é de um grande exército,
mas de uma estratégia e lembra-te de uma coisa importante:
antes de criar riqueza, precisamos de muitos pobres,
milhares de milhões. És capaz de imaginar uma quantidade
tão grande de gente?
O Jardineiro e o Príncipe desaparecem pela porta da
direita e o diálogo é ouvido à distância.
Príncipe – A riqueza é uma coisa rara. ––————–————
–———— produzir com qualidade –———— Para começar,
o nosso trabalho –———— a criação de extensos e belos
jardins –———— a temperatura –———— agradável e
ninguém –———— conta da transformação. Não é uma
ideia nova, –———— resulta sempre. Em breve –————
para crer.
Tiago Patrício nasceu no Funchal em
1979 e viveu em Carviçais (Torre de
Moncorvo) até aos 19 anos. É licenciado
em Ciências Farmacêuticas e estuda
Literatura e Filosofia na Universidade
de Lisboa. Começou a ser publicado,
entre 2007 e 2010, nas colectâneas
Jovens Escritores, do Clube Português
de Artes e Ideias. Tem participado em
residências artísticas na Tunísia, Turquia,
República Checa, Lituânia, Letónia e
Estados Unidos da América e escreve
para as companhias Ponto Teatro (Porto)
e teatromosca (Sintra). Alguns dos seus
textos estão publicados em França,
no Egipto, na Eslovénia, em Espanha
e na República Checa. Foi distinguido
com vários prémios em poesia (Prémio
Daniel Faria e Prémio Natércia Freire)
e teatro (Prémio Luso-Brasileiro de
Teatro, Menção Honrosa). Em 2011, o
seu primeiro romance, Trás-os-Montes,
venceu o Prémio Revelação Agustina
Bessa-Luís. Mantém o blog.
http://cartasdepraga.wordpress.com.
Declaração de interesses:
Esta peça inédita deve o título
ao romance homónimo de
Ferreira de Castro e a forma
às várias versões de “A Bela
Adormecida” que tenho visto
com o meu filho João.
51
14.º FESTIVAL ANUAL
DE TEATRO ACADÉMICO
DE LISBOA PROGRAMA
LOCAIS FATAIS
k A8 · Oeste
k A1 · Norte
N
p A12 · A2 · A6 · Sul
Ponte Vasco da Gama
Oriente
Cidade Universitária
2
j IC 19 · Amadora · Sintra
Entrecampos
Praça de Espanha
Areeiro
Saldanha
Alameda
j A5 · Cascais
Marquês de Pombal
Rato
1
j Algés
Príncipe Real
St.ª Apolónia
Baixa
l A2 · Sul
Cais do Sodré
Ponte 25 de Abril
1
Teatro da Politécnica
Morada: Rua da Escola Politécnica, 56
Metro: Rato (Linha Amarela)
Autocarros Carris:
58 / 100 / 6 / 9 / 20 / 27 / 38 / 49
2
Cidade Universitária
Morada: Alameda da Universidade
Metro: Cidade Universitária
(Linha Amarela)
Autocarros Carris: 31 / 35 / 738 / 768
Espectáculos
Competição
7-21 de Maio 21H30
MaisFATAL
8-21 de Maio 19H00
FATAL Convida
17, 18, 19, 20 de Maio
(em vários horários)
Workshops:
Fotografia de Teatro
30 de Abril a 25 de Maio
Teatro da Politécnica
e outros locais
Performance
18 de Maio 17H00
Apresentação do concurso
para novas dramaturgias
e novas encenações
de jovens universitários
18 de Maio 10H30
Abertura do Festival
Reitoria | 7 Maio | 17H00
Workshops:
Composição
20 Maio| Reitoria UL |17H00
Interpretação
9 e 10 de Maio
Sala de conferências da Reitoria
da UL | das 17H30 às 21H00
Masterclass com Rogério
de Carvalho
8 Maio | Salão Nobre da Reitoria
da UL | 17H00
ÍNDICE
5
d
6
d
10
d
Em palco
Os instantes do Presente
Homenagem a Jorge Listopad
Espectáculos em competição
- Zona, GTIST, 7 de Maio
- Antígonas, TUT, 8 de Maio
- Cidade autoada, Sin-Cera, 9 de Maio
- Aquário, CITAC, 10 de Maio
- Medeia de noitardecer, TUP, 11 de Maio
- Num país onde não querem defender
os meus direitos eu não quero viver,
NOSTER, 13 de Maio
- Eu disse AGORA não disse AMANHÃ
DEPOIS ONTEM, NNT, 14 de Maio
- Aldrabices, GTL, 15 de Maio
- Liberdade ou Morte, GreTUA, 16 de Maio
- Presas, Máscara Solta, 17 de Maio
- Projecto H, TEUC, 18 de Maio
- Manhã, GEFAC, 19 de Maio
- Morro como país, GTN, 21 de Maio
36
d
Mais FATAL
- Drones, Cénico de Direito, 8 de Maio
- O despertar da primavera, Grupo de
Teatro Miguel Torga, 10 de Maio
- Química OFF, Fc-Acto, 11 de Maio
- Sonhatorium, dISPAr Teatro, 13 de Maio
- O insecticida ou o fim do império,
MISCUTEM, 14 de Maio
- Suicídio de amor por um defunto
desconhecido, GTAL, 15 de Maio
- Escuro, ArTeC, 16 de Maio
- No tempo de gente maravilhosa que
nunca existiu, ESTC, 20 de Maio
- O despertar da primavera, Ultimacto,
21 de Maio
46
d
FATAL Convida
-O
Tempo morto (espectáculo resultante
da Residência de Criação Artística
FATAL 2013, 9 de Maio
-S
uicídio colectivo com encanto,
Aula de Teatro Universitária
Maricastaña, 17 de Maio
- Leituras: Teatro sem cortes, 18 de Maio
-L
eitura dramática: Portugal, GTFUL,
Grupo de Teatro de Funcinários da UL
19 de Maio
- Almisdaé, La Coquera Teatro, 20 de Maio
53
d
53
d
53
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54
d
57
d
58
d
59
d
66
d
68
d
Performance com a Aula de Teatro
Universitária “Maricastaña”
Masterclass com Rogério de Carvalho
Apresentação do Concurso para novas
dramaturgias e encenações de jovens
universitários
Workshops
Camarim
Prémios FATAL
Selecção dos espectáculos FATAL 2013
Regulamento FATAL 2013
Gratia plena
Elencos
Anuário de grupos de teatro
universitário nacionais
Organização
Parceiros
Parceiros Media
Apoios Universitários
Apoios à Divulgação
Patrocínios
Patrocínios Universitários
FATAL 2013 14.º FESTIVAL ANUAL DE TEATRO
ACADÉMICO DE LISBOA FICHA TÉCNICA
Organização
Reitoria da Universidade
de Lisboa
Núcleo Cultural do
Departamento de Estratégia
e Relações Externas
Telf. 21 011 34 06
[email protected]
Bilhetes / Reservas / Inscrições
Bilhetes:
Teatro da Politécnica
3€ estudantes e profissionais
das artes do espectáculo
5€ público em geral
Reservas:
Núcleo Cultural
do Departamento de Estratégia
e Relações Externas
Até às 17h00 (dias úteis),
mediante lotação;
Telf. 21 011 34 06
Inscrições:
Workshops
Telf. 21 011 34 06
Iniciativa, Organização
e Concepção de Projecto
Reitoria da Universidade
de Lisboa
Direcção Institucional:
António Sampaio da Nóvoa
Direcção e organização:
Núcleo Cultural do
Departamento de Estratégia
e Relações Externas com
coordenação de Isabel Tadeu
Direcção de Produção:
Marisa Costa
Rui Teigão
Direcção de Programação:
Rui Teigão
Direcção de Comunicação:
Marisa Costa
Produção Executiva:
Dinis Costa
Marta Azevedo
Mariana Salgueiro
(estágio FLUL)
Apoio à Produção:
Sandra Silva
Apoio à Programação:
Isabel Tadeu
Marisa Costa
Coordenação de Selecção
de Espectáculos:
Rui Teigão
Selecção de Espectáculos:
Alexandra Quelhas da Silva,
Mariana Salgueiro (estágio
FLUL), Rui Teigão, Sandra Silva,
Tiago Patrício
Recolha de dados dos grupos
de teatro:
Mariana Salgueiro
(estágio FLUL), Rui Teigão
Patrocínios, Parcerias e Apoios:
Isabel Tadeu
Marisa Costa
Marta Azevedo
Nádia Sales Grade
Ágata Alencoão
Comunicação e Assessoria
de Imprensa:
Wake UP
Assessoria de Imprensa
da RUL (apoio):
António Sobral
Redacção, edição e tradução
de conteúdos:
Ana Sofia Oliveira (estágio FLUL)
Miguel Nunes (estágio FLUL)
Zeila dos Santos (estágio FLUL)
Imagem do Festival (fotografia):
Teresa Teixeira (MEF)
Design Gráfico e Paginação:
Núcleo de Comunicação do
Departamento de Estratégia
e Relações Externas
Conceito, Design Gráfico e
Paginação (Revista FATAL/
Programa):
Alpha/ RPVP Designers
Webdesign:
Filipa Machado (www.fatal.ul.pt)
Dinis Costa (actualização de
conteúdos)
Spot:
Núcleo de Comunicação do
Departamento de Estratégia
e Relações Externas
Locução:
Helena Saramago
Direcção Técnica:
João Chicó
Assistentes Técnicos:
Henrique Resende
João Fernandes
Direcção da sala:
Tiago Nogueira
Serviço de Bilheteira:
Leandro Fernandes
Apoio Tecnológico:
Serviços Partilhados da UL
(Serviços Tecnológicos)
Apoio à logística:
Serviços de Acção Social
da Universidade de Lisboa
Registo Videográfico:
Núcleo de Comunicação do
Departamento de Estratégia
e Relações Externas
Registo Fotográfico:
MEF
Impressão dos Materiais
Gráficos:
Soartes, Artes Gráficas, Lda.
Concepção dos Troféus FATAL:
Andreia Pereira
Catarina Alves
Ricardo Manso
Execução dos Troféus:
Gravarte Gravadores
Os conteúdos constantes do
programa de espectáculos, com
excepção das sinopses, são da
responsabilidade dos grupos
participantes.
A programação poderá sofrer
alterações por motivos alheios
à organização
Glossário
FLUL:
Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa
MEF:
Movimento de Expressão
Fotográfica
RUL:
Reitoria da Universidade
de Lisboa
UL:
Universidade de Lisboa
4
Em palco
Os instantes do presente
ANTÓNIO SAMPAIO dA NÓVOA
REITOR DA UNIVERSIDADE
DE LISBOA
O teatro é a vida. O que nos atrai no teatro é a fragilidade.
Tudo pode acontecer e desacontecer, num imprevisto,
num acaso. A acção não se passa apenas no palco, mas
também na sala. A fragilidade liga-nos numa relação
próxima, humana. Não temos, a juntar-nos ou a separarnos, um livro, um filme ou um quadro. São pessoas com
pessoas. Tudo está ali. Na fragilidade daquele momento.
Na palavra e no silêncio. No gesto e na pausa. Não há
passado, nem futuro. Apenas os instantes do presente. O
teatro é a vida? Pois claro! “Embora custe caro, muito caro,
e a morte se meta de permeio” – como Alexandre O’Neill
disse da poesia.
Jorge Listopad 1921. Há mais de cinquenta anos que,
neste país, vivemos com os diálogos de Jorge Listopad.
Fragmentos. Apontamentos. Notas. Sinais. O seu humor,
cantante, revela que as palavras são música. “Uma vez
um poeta perguntou: – E o que é o medo? –. Quando
respondermos todos a esta pergunta, vamos ficar a saber
muito mais e talvez comecemos a perdê-lo. Já não é sem
tempo”. Os caminhos são nossos e não são nossos, mas o
mais importante é outra coisa: “é o caminho nunca acabar,
ou se acabar começar outro”. Jorge Listopad diz-nos
que só o estado precário da efemeridade o satisfaz e lhe
dá prazer: “o teatro que por vezes dirijo, todas as noites
diferente embora o mesmo, até ao seu desaparecimento
nos limbos”. Já não era sem tempo a homenagem que lhe
fazemos no FATAL 2013, também pelo seu papel no teatro
universitário.
TEUC 75 anos. O TEUC marca a história do teatro e da
universidade em Portugal. São muitas gerações que aqui
encontraram a sua universidade, um outro espaço para
pensarem, para se pensarem, para abrirem possibilidades
de formação que vão muito para além do ensino escolar.
Hoje, sabemos todos que o melhor da universidade está na
criação e na maneira como a ciência e a arte se projectam
na vida das pessoas e das sociedades. A universidade
ou é lugar de cultura e de participação, ou não é nada. O
TEUC é um símbolo do melhor que existe na universidade
portuguesa. c
5
6
Em palco
HOMENAGEM
DO FATAL 2013 A
jorge listopad
7
© Todos os direitos reservados
Biografia livre
de Jorge Listopad
por Júlio Martín da Fonseca
Falar de Listopad é celebrar o presente,
visionar o futuro e honrar o passado. Para
além de ser um homem do seu tempo,
deste tempo histórico, que abrange dois
séculos, como se pode comprovar no
seu extenso e denso currículo, com ele é
possível experienciar o que hoje em dia
poucos sabem ou esquecem, é que na
verdade, e particularmente de uma forma
mais palpável na arte e na cultura, todos os
tempos se comunicam, e mais do que querer
ser contemporâneo ou intemporal, o que
talvez seja premente, é procurar, é encontrar,
e é construir, um outro tempo. Um tempo
inaugural, de cumplicidade e atenção, onde
cada um possa saciar a sua sede e mergulhar
em liberdade, onde se propicie o nascimento
de outra coisa, outro lugar, outro olhar,
porque nos sabemos múltiplos e unos “todo
o mundo e ninguém”, mas simultaneamente,
com nome próprio e exigência de fidelidade
a si mesmo.
Paraquedista em território desconhecido,
estrangeiro entre falantes da mesma língua,
recolector de fragmentos do real, jardineiro
da alma, cozinheiro de receitas secretas,
construtor de pontes e de portas. Umas
abrindo-se para dentro e outras para fora.
Jorge Listopad é escritor em português
e poeta em checo. Conhecido pelas suas
crónicas e críticas nos jornais, pelos
comentários docemente subversivos do
inseparável “Coelhinho” no Jornal de Letras,
exerce simultaneamente com luminosa
erudição e particular generosidade a escrita
de prefácios e posfácios para consagrados
e neófitos. Os seus contos são verdadeiras
pedras preciosas, rebuçados mágicos e
sapientes. É também encenador, realizador
de televisão e professor universitário.
Doutor honoris causa pela Universidade
de Brno e pela Universidade Carolinum
de Praga, ambas na República Checa, tem
várias condecorações, uma delas pelo seu
papel na luta contra a ocupação nazi.
8
Em palco
1
2
8
Imagens gentilmente cedidas pelo Museu Nacional do Teatro
1 . Cartaz: O Diário de um Louco de Nicolai Gogol,
Teatro Monumental (1966). Encenação de Jorge Listopad
2 . Programa: O Teatro Ambulante Chopalovirch,
Teatro Cinearte - A Barraca (1995). Encenação de Jorge Listopad
3 . Cartaz: Os Sequestrados de Altona, Teatro Municipal S. Luiz (1979).
Encenação de Jorge Listopad
7
4 . Cartaz: O Anúncio Feito a Maria, Teatro Nacional D. Maria II (1983).
Encenação de Jorge Listopad.
5 . Cartaz: Macbeth, Teatro Experimental de Cascais (1988).
Encenação de Jorge Listopad
6 . Cartaz: Fábrica Sensível, Teatro Nacional D. Maria II (1996).
Encenação de Jorge Listopad.
7 . Programa: Manifesto sem Programa Preciso, Teatro da Malaposta (1993).
Encenação de Jorge Listopad
8 . Programa: A Dança da Morte em 12 Assaltos, Casa da Comédia.
Encenação de Jorge Listopad.
9
Homenagem do FATAL 2012 a Jorge Listopad
4
3
Nasceu em Praga, onde se doutorou em Filosofia, e
naturalizou-se português, por amor, em 1962. É autor
de cerca de cinquenta livros de prosa, poesia e ensaio,
escritos em checo, francês e português e traduzidos em
várias línguas.
É membro da Associação Portuguesa de Escritores,
do Pen-Club International, da Sociedade Portuguesa
de Autores, da Associação Checa de Escritores e da
Associação Internacional de Críticos de Teatro.
Sobre a sua vida e obra foi realizado, no ano 2000, um
filme pelo conhecido cineasta checo Jan Nemec.
Foi presidente da Comissão Instaladora da Escola
Superior de Teatro e Cinema, ainda no antigo
Conservatório de Lisboa, na Rua dos Caetanos, ao Bairro
Alto, e mais tarde em 1998, veio a criar um novo edifício
para esta escola, na Amadora, com projecto do Arquitecto
Manuel Salgado.
Foi Co-director do Teatro Nacional de D. Maria II, Director
da Sala Experimental e Vogal da Comissão Consultiva do
mesmo Teatro entre 1983 e 1986.
Encenou cerca de sessenta peças e óperas na
Checoslováquia, França, Alemanha, Suíça e Portugal, onde
recebeu dois Prémios de Imprensa e quatro Prémios da
Associação Portuguesa de Críticos de Teatro. Encenador
independente, trabalhou com diversos grupos como a
5
6
Casa da Comédia, o Teatro da Graça – Grupo de Teatro
Hoje, o Teatro Experimental de Cascais, a Companhia de
Teatro de Sintra/Chão de Oliva e a Companhia de Teatro
de Almada. Mas sobretudo, sabe como potenciar equipas
e criar relações entre pessoas, arriscando na interioridade
e na inteligência, num profundo respeito pela dignidade
humana.
Criou em 1981 o TUT, o grupo de Teatro da Universidade
Técnica de Lisboa, que dirigiu até 2008, tendo evidenciado
como se pode dar forma a uma realidade teatral
universitária, de qualidade artística e pedagógica, por
onde passaram, e continuam a vivenciar esta experiência
de compromisso e liberdade, centenas de estudantes e
dezenas de colaboradores, técnicos e artísticos, que ao
longo dos anos têm participado nesta aventura.
Mantém-se em plena forma, com 91 anos, continuando
ocasionalmente a estimular e a inspirar viagens teatrais
em jovens estudantes de artes performativas, mediante
criações e improvisações, nutridas substancialmente
pela palavra trabalhada e poética, de autores universais e
lusófonos que inesperadamente nos assombram.
O seu mais recente espectáculo foi Meu tio o jaguar a
partir de João Guimarães Rosa, apresentado em vários
locais e, por último, na Sala Estúdio do Teatro D. Maria II,
de 14 de Junho a 1 de Julho de 2012.
Seguramente, seguir-se-ão outros… c
10
Comissão de Honra do FATAL 2013
Manoel de Oliveira, cineasta
Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência
Jorge Barreto Xavier, Secretário de Estado da Cultura
António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Catarina Vaz Pinto, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa
Artur Santos Silva, Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian
Maria João Almeida, Directora do Centro de Estudos de Teatro da FLUL
João Marecos, Presidente da Associação Académica da Universidade de Lisboa
11
PROGRAMA
14.º FESTIVAL ANUAL
DE TEATRO ACADÉMICO
DE LISBOA
13 Espectáculos em competição
9 Espectáculos Mais FATAL
5 Espectáculos FATAL Convida
Masterclass
Workshops
Performance
Apresentação do Concurso Novas Dramaturgias FATAL
© Hélio Neto
O FATAL apresenta, este ano, duas novas categorias na sua programação.
Para além de 13 espectáculos em competição, subirão ao palco do Teatro da Politécnica
9 espectáculos inseridos na categoria Mais FATAL, uma oportunidade para grupos
não seleccionados para a competição apresentarem em Lisboa as suas encenações, e
5 espectáculos FATAL Convida, categoria que inclui grupos nacionais e estrangeiros
convidados a apresentar os seus espectáculos nesta edição.
12
Em palco Competição
7 MAIO / terça / 21H30
teatro da politécnica
GTIST - Grupo de Teatro do Instituto
Superior Técnico da Universidade
Técnica de Lisboa
Zona
Uma região, uma cidade, um lugar
que está de quarentena e isolado do
resto do mundo. É sempre noite, já não
há luz do dia. Um território que foi
fechado, que está cercado, ninguém
pode sair nem entrar. Homens e
mulheres estão confinados naquele
espaço e não podem abandonar
aquele território por questões de
seguranças desconhecidas. Se calhar
foram encerrados por medo de uma
contaminação qualquer.
Uma carta que chega, vinda do
exterior, cria algum rebuliço. Para
embarcar é preciso passar pelas
malhas apertadas de um posto
fronteiriço. Os que querem partir são
submetidos a um rigoroso inquérito.
A civilização está em ruínas, moscas
anormalmente grandes proliferam e
voam em torno dos actores, as falhas
de luz são constantes, a floresta já
avançou e está a engolir o que resta
daquele território.
O Autor
Criação colectiva
O Encenador
Nicolas Brites (Bruxelas, 1972) iniciouse no teatro, em 1991, através de
Cândido Ferreira, tendo frequentado
durante quatro anos, as Oficinas de
Teatro na Junta de Freguesia de São
João, em Lisboa. Posteriormente,
estudou Artes Visuais e concluiu, em
1992, o curso de Cinema do Instituto
Franco Português. Trabalhou com
os criadores João Brites, Cândido
Ferreira, Raul Atalaia, Gonçalo Amorim,
Madalena Victorino, Judite Gameiro,
Giaccomo Scalisi, Letticia Quintavalla
e Eva Wodjack. Em Macau, trabalhou
na televisão local. Actualmente, para
além do seu trabalho como actor,
divide os seus dias entre a encenação
de algumas produções, a realização
de oficinas de teatro para crianças
e a direcção da Associação Cultural
OfeCena. É cooperante da Cooperativa
Artística de Teatro O Bando, desde
1996. Foi formador do Curso de
Expressão Dramática promovido pelo
GTIST e assume, agora, o desafio de ser
encenador deste grupo.
Ficha técnica
Encenação: Nicolas Brites Texto:
criação colectiva Interpretação e cocriação: Ana Água, Beatriz Cardoso,
Carolina Moncada, Daniela Guerra,
Emanuele Simontacchi, João Valente,
Mário Miranda, Sandra Subtil, Sara
Carvalho Ferreira, Tatiana Ferreirim
e Vera Menino Espaço cénico:
GTIST Apoio à corporalidade: Vânia
Rovisco Figurinos: GTIST Desenho e
operação de luz: GTIST Iluminação/
desenho de luz: Nicolas Brites
Fotografia de cena: José Chaves
Concepção sonora e sonoplastia:
Nicolas Brites Coordenação: Daniela
Guerra Tesouraria: Sandra Subtil
Produção: Daniela Guerra, Sandra
Subtil e Vera Menino
© Todos os direitos reservados
13
Processo criativo
Ditam as regras que o actor nunca pode dar as costas ao
espectador e é com este pressuposto que iniciamos esta
nossa nova criação. As costas sempre nos atraíram, nós
próprios nunca as conseguimos ver, transportam sempre
um lado oculto, misterioso, enigmático. Que segredos
encerram?
Propomo-nos aqui trabalhar a representação da figura
humana de costas, para reflectir sobre os sentidos do
humano em relação ao mundo, com os outros e consigo
próprio. A perspectiva de omitir ou suprimir o rosto
pode envolver a figura em múltiplos enquadramentos
significativos, podendo revelar diversas interpretações.
Virar costas ao destino que nos traçaram, virar costas
para não querer ser mais refém, virar costas para partir,
fugir, procurar outro caminho, virar costas para se
esconder, virar costas porque se tem medo, virar costas
para recusar ou porque não nos interessa, virar costas
para não perder mais tempo, virar costas contra o que
nos é imposto, virar costas porque não se quer ver
mais. Em qualquer uma destas circunstâncias, a recusa
de uma individualização, a posição de um enigma, a
revelação de uma fragilidade, servem de pretexto para
nos questionarmos a nós próprios, enquanto homens
e mulheres que fazem parte de uma sociedade e do seu
papel a representá-la. Num contexto de tumulto social,
somos impelidos a testar novas fronteiras, a provocar
uma forma de olhar para o que nos rodeia, a saltar para
dentro do que nos é desconhecido, ultrapassando os
nossos próprios limites para nos conhecermos melhor,
enquanto indivíduos e cidadãos.
Ao mostrarmos o actor de costas também o queremos
virar, para que ele volte à sua frontalidade. Viramos o
actor de frente porque se quer partilhar mais alguma
coisa, porque se tem uma urgência, alguma coisa que se
tem absolutamente de dizer, ou simplesmente, para ver o
que deixa para trás.
À semelhança dos últimos espectáculos produzidos
pelo GTIST, é importante referir que Zona terá vários
outros elementos enriquecedores. O processo de criação
foi acompanhado por várias pessoas com formação
em áreas diversificadas, tais como a Vânia Rovisco,
da Arquitectura Actual da Cultura – AADK Portugal
Associação que, para além de contribuir para a criação
final, deu formação em Movimento e Corpo.
Estes processos de integração de novos elementos no
espectáculo tornam todo o processo de criação mais
completo, permitindo trazer pessoas de vários meios com
ideias muito diferentes e inovadoras, dando uma maior
riqueza e diversidade ao produto final.
14
Em palco Competição
8 MAIO / quarta / 21H30
teatro da politécnica
TUT – Teatro da Universidade
Técnica de Lisboa
Antígonas
O Teatro é uma das primeiras fontes
e últimos redutos de uma leitura
globalizante da realidade humana.
Nele habita o mistério profundo que
impulsiona o emergir de cada gesto
e de cada palavra, ainda sem língua
própria. Palavra que se faz carne, e se
faz alma, como Antígona.
Antígona, dádiva grega, acompanha-nos há mais de dois mil e quinhentos
anos, como um testamento feito
testemunho ao longo da viagem da
nossa civilização ocidental.
Antígona tem o perfume de uma
santidade laica que reacende em nós a
consciência da condição humana, que
se pode elevar corajosamente acima
da sua efémera fragilidade. Assim é
o Teatro, nomeadamente, o Teatro
Universitário.
Agora, Antígonas de vários autores
– Sófocles, Jean Anouilh, Bertold
Brecht, Maria Zambrano - e situadas
em épocas distintas irão coexistir,
dialogar e conduzir livremente todos
aqueles que quiserem mergulhar na
nudez do eterno presente e acender
com elas uma frágil chama, “Amor,
Terra Prometida”.
Os Autores
Sófocles (496 AC-406 AC) Um dos
grandes representantes do teatro grego
antigo, a par de Eurípedes e Ésquilo.
Jean Anouilh (1910- 1987) Brilhante
artífice teatral, a sua obra reflecte um
notável pessimismo sobre a condição
humana.
Bertolt Brecht (1898—1956) Os
seus trabalhos artísticos e teóricos
influenciaram profundamente o
teatro contemporâneo.
Maria Zambrano (1904-1996) filósofa
e escritora espanhola, foi a primeira
mulher a ser agraciada com o Prémio
Miguel de Cervantes (1988).
O Encenador
Júlio Martín da Fonseca é Doutorando
em Artes Performativas pela
Universidade de Lisboa, Mestre em
Arte e Educação pela Universidade
Aberta e Licenciado em Teatro e
Educação pela E.S.T.C – Escola Superior
de Teatro e Cinema.
Em 2008 tornou-se Director Artístico
do TUT onde iniciou a sua carreira
como actor, dirigido por Jorge Listopad,
sendo de destacar Segismundo na
Torre de Belém segundo A Vida é
Sonho, de Calderón de la Barca. A
sua estreia profissional aconteceu
no Teatro Nacional D. Maria II, com a
peça O Anúncio feito a Maria de Paul
Claudel. Trabalha como Coordenador
Pedagógico da Licenciatura em Artes
Performativas da ESTAL - Escola
Superior de Tecnologias e Artes
de Lisboa, desde 2011. Como actor
e encenador, está ligado ao Teatro
Zéphyro, Teatro do Ourives e Teatro
Maizum, dirigido por Silvina Pereira.
© Joana Saboeiro
15
Processo criativo
Desde a sua fundação, em 1982, que o TUT – Teatro da
Universidade Técnica de Lisboa, tem mantido um ritmo de
dois encontros semanais, às segundas e quintas-feiras. De
Outubro a Dezembro, o grupo dedica-se ao acolhimento
de novos elementos e à sua integração na dinâmica
“tutiana” através de um trabalho de consciencialização e
formação teatral, que desenvolve também a criatividade, a
capacidade de comunicar e criar relações, a compreensão
da Cultura e o estabelecimento de conexões, entre o
pensamento e as emoções, as artes e as outras disciplinas.
Sem processo de selecção, o TUT vai incorporando
estudantes portugueses e Erasmus, de Licenciatura,
Mestrado e Doutoramento, provenientes de vários Cursos
Superiores da actual Universidade Técnica de Lisboa,
aos quais se juntam Investigadores e Professores, o que
proporciona um pulsar vivencial universitário.
A partir de Janeiro, de uma forma flexível e fluída, com
todos os elementos que queiram participar, e em função
dos interesses e inquietações do grupo, vão-se lançando
desafios e estimulando a inspiração através de leituras
colectivas, diálogos alargados e exercícios de improvisação
que despoletam o imaginário e geram caminhos de
experimentação. O TUT visa também corresponder ao
convite de participação em várias iniciativas universitárias
e cívicas, assim como à apresentação de um espectáculo,
normalmente no mês de Maio.
Foi desta forma que surgiu, neste momento histórico
que vivemos, o sentimento profundo e intemporal de
que todos somos Antígona, explorando o mistério da
existência humana e a fonte matricial da justiça, na
descoberta das nossas relações como seres sociais.
No desenrolar do processo, apercebemo-nos que
seria enriquecedor juntar ao texto de Sófocles outras
ressonâncias, mais próximas de nós, deste tema tão
amado. Surgiram, assim, as versões de Jean Anouilh e de
Bertolt Brecht e impôs-se, pela sua beleza penetrante,
a peça da filósofa Maria Zambrano. Seguidamente,
privilegiando o processo de desenvolvimento pessoal, mas
com um sentido de grupo, cada um/ uma foi convidado
a escolher a personagem e/ ou a função que gostaria de
desempenhar. O grande número de elementos do grupo
permitiu desdobrar cada uma das personagens da peça
por diferentes actores e actrizes, criando cambiantes
reveladores da complexidade das várias personagens.
A planificação dos ensaios incidiu prioritariamente no
trabalho dramatúrgico, que ia sendo testado em cena, e
posteriormente focalizou-se, em simultâneo, no trabalho
de actor e na plasticidade do movimento colectivo,
indutor e criador de paisagens corporais.
Ficha técnica
Encenação: Júlio Martín da Fonseca Texto: A partir de Sofócles, Jean Anouilh, Bertolt Brecht e Maria Zambrano
Interpretação: Ana Cristina Martins, Ana Nunes, Ana Rita Pires, Ana Tang, Andreia Pinto, António Costa, Catarina
Severino, Célia Santiago, Diogo Consciência, Elisabete Chambel, Inês Roque, Joana Apolónia, Joana Lérias, João Nabais,
João Pires, José Figueiredo, Luís Miranda, Luís Oliveira, Manuel Vieira, Maria Freitas, Maria Inês Roque, Mariana Yuan,
Miguel Carralas, Nuno Augusto, Nuno Cortez, Nuno Pereira, Paula Bettencourt, Raquel Veloso, Sofia Scheltinga, Susana
Pereira Tradução: e Dramaturgia: Júlio Martín da Fonseca e Manuel Vieira Apoio Técnico de Corpo e Voz: Manuel
Vieira Guarda-roupa: Luís Mesquita Desenho de Luz: José Carlos Nascimento Direcção de produção: Manuel Vieira e
Nuno Cortez Produção: TUT
16
Em palco Competição
9 MAIO / QUINTA / 21H30
teatro da politécnica
Sin-Cera – Grupo de Teatro
da Universidade do Algarve
Cidade
Autoada
Humanos de veludo, doutorados em
pedra queimada
Habitam ramos secos vivazes que não
enxergam
Entretidos na forma das letras vazias
Encerram-se em cúpulas estéreis de
sabedoria
Teatralizam opiniões, posições,
argumentações
Unem-se nos medos e na esperança
cega de resolverem os seus apetites
manipulados pela sua natureza crua
Um jogo do galo viciado
Que não param de jogar em nome da
grande obra
Que não serve ninguém
Rebola um grande auto pela cidade
Que Cesariny lhe chama Jerusalém
Talvez venha daí… Talvez venha ainda
da aldeia que lhe antecedeu… talvez
venha do ventre do primeiro homem…
Mas…
Um líder servirá um povo inteiro que
é o seu?
Uma criança servirá o propósito dos
seus pais?
Há sempre quem perceba que o
veludo de um casaco é a pele de um
outro irmão.
Para esses a mesma erecção - Auto!
O Autor
Mário de Cesariny de Vasconcelos
(1923-2006) foi um grande poeta e
pintor português. Formado pela
Escola de Artes Decorativas António
Arroio, frequentou a Academia de
La Grande Chaumière em 1947, em
Paris. Integrou o Grupo Surrealista
de Lisboa e fundou, posteriormente,
o Grupo Surrealista Dissidente. A
sua escrita é marcada pelo recurso
ao absurdo, à ironia e ao humor
reflectidos em figuras e mitos
consagrados da cultura portuguesa.
O Encenador
Rui Cabrita (1978) completou a
sua formação no II Curso Técnico
Profissional de Actores, Animadores
e Técnicos Teatrais ministrado pela
ACTA (A Companhia de Teatro
do Algarve). Tem trabalhado com
companhias teatrais tais como a ACTA
(Faro), o AL-MaSRAH (Tavira), A Gaveta
(Portimão), o TAL (Teatro Análise de
Loulé), o Penedo Grande (Silves) e com
várias companhias de dança, entre elas
a Amalgama (Sintra), a Devir (Faro) e
a Dancenema (Portimão). Fundador e
dirigente do Corpo Cénico Pipempé,
tem como objectivo colaborar em
projectos de outras organizações
e promover a participação e o
enriquecimento artístico entre pares,
pretendendo, deste modo, ultrapassar
dificuldades estruturais no contexto
actual da criação e alcançar uma
maior qualidade cultural. Iniciou a sua
formação no SIN-CERA, com Pedro
Wilson.
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17
Processo criativo
Iniciámos com a partilha da mesma linguagem. Corpo,
esqueleto e respiração com a consequência activa do
músculo da emoção. Formámos personagens próximas do
imaginário e das vontades de cada um.
Encontrámos um texto actual de Cesariny com o qual
explorámos a sua leitura e iniciámos o cruzamento
das nossas ideias com o texto desinteressado e real
que a percepção do Mário criou. As pontes começaram
a envolver-se e distribuímos por todos as mesmas
personagens de modo a termos a compreensão crítica
de toda a consciência social que se envolvia no caminho.
Descobrimos um início e queríamos um fim em palco
para ressuscitar novos inícios. Focámo-nos, portanto, no
caminho. A compreensão dos quadros já escritos e do
alinhamento dos momentos nossos.
Passámos à fase obscura de fazer de um texto o nosso
corpo, a nossa alma, a nossa voz. Chegámos à forma
descoordenada de não saber qual seria a nossa voz e qual
seria a voz do outro (que seria a nossa). Todos podíamos
ser todos. Mas a vontade de definição e afirmação, ditou
que, naturalmente, compreendêssemos que, se queríamos
ir para palco, teríamos de nos olhar de outra forma.
Nesta altura percebemos que o corpo intuitivo teria de
ressurgir e que toda a intelectualização de um esquema
de mensagem passaria pela maior importância de uma
alma uníssona e diferenciada de entreajuda sensível para
contarmos esta estória. O som veio relembrar-nos que o
momento de contacto e comunicação seria épico e único
e que, fundamentalmente, queremos fazer teatro para
comunicar tudo num só gesto que até se poderá repetir
durante toda a representação. Mas a riqueza dos nossos
seres e a chegada do tempo de dizer superaram todas as
marcações, técnicas, ou preconceitos adquiridos, numa
formação própria e limitada. Quisemos atingir a verdade
honesta do tempo em que vivemos. De uma forma
artística, sucinta e universal. Foi necessário passar pelo
caos. Pela adrenalina suave de uma amizade posta em
causa. Reformular valores simples. E escolher livremente
o que queremos. E, no fim, percebemos que, mais
importante de tudo, somos nós em palco que decidimos
a urgência da comunicação, da partilha, da cumplicidade,
da maturidade, do entreaberto, da dúvida certeira para
continuar. A catarse é procurada novamente pelo meio
teatral para não querermos nada do que fizemos. Para
querermos tudo diferente. Tudo melhor. Este foi o
processo da criação. A o que chegámos? O público terá
uma palavra a dizer.
Ficha técnica
Encenação: Corpo Cénico Direcção artística: Rui Cabrita Coordenação dramatúrgica: Fernanda Cabrita Texto: Mário
Cesariny Interpretação: Maria, Ângela, Élia, Tânia, Kamini, Ana, Fernanda, Portugal, Isabel, Xana, Luísa, Eduardo,
Luís, Lúcia, Helena, Joana, Bruno Convidada Especial: Cira De Luque (Espanha) Figurinos: Ângela Lourenço Imagem
e Adereços: Tânia Guedelha Direcção Técnica: Manuel Alão Sonoplastia: António Sérgio Pesquisa: Raquel Ceriz
Iluminação Cénica: Lúcio Inácio Operação de Luz: Severine Guerreiro Cenografia: SATORY Concepção: Rui Cabrita
Estudo arquitetónico: Rui Farinhó Execução técnica: Sebástian Produção: SIN-CERA Direcção: Portugal Assistente:
Élia Ramos Acabamentos: António Sérgio Cenografia viva: Ana Covadonga
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Em palco Competição
10 MAIO / SEXTA / 21H30
teatro da politécnica
CITAC - Círculo de Iniciação
Teatral da Academia de Coimbra
Universidade de Coimbra
Aquário
Teresa era uma menina bonita
e obediente. Das barbatanas nasceram
mãos. Da guelra fez-se goela.
Teresa era uma menina bonita e
obediente. Era. Já não é.
O Autor
Criação colectiva.
O Encenador
Catarina Lacerda nasceu no Porto
em 1981. Concluiu a sua licenciatura
com distinção em 2004 em Estudos
Teatrais na ESMAE (Escola Superior
de Música e das Artes do Espectáculo)
e foi agraciada com o prémio Eng.º
António de Almeida que premeia o
aluno com a melhor classificação.
Em 2005 co-fundou o Teatro do Frio,
no Porto, onde dirigiu a direcção
artística de Comer a Língua (2013),
Incesto (2011) e Retalhos (2009/08),
representando Portugal no Fringe/
Macau’09. Instigada pela investigação
da companhia Piesn’Kozla e pelo
trabalho de docente de movimento
na ESMAE, desenvolve, desde 2006,
pesquisa na área do corpo e da voz.
Em 2009, co-fundou a CulturDANÇA
– escola de danças. Aquário é a
primeira direcção artística que
assume com o CITAC.
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19
Processo criativo
Ao início eram 16 pessoas e uma caixa negra. Só depois
veio o verbo e a respiração. Da respiração cresceram
vozes, braços, pernas, pés, mãos, cabeça, sentires. Ainda
crescem. Propusemo-nos a reflectir sobre princípios
éticos e valorativos da democracia em que vivemos.
Vivíamos. Enquanto isto, desenvolvemos a escuta física
ao outro. Inspiramo-nos em semideuses e anti-heróis e
organizamos um guião. Entre a luz e a escuridão, a sombra
e o contra luz, o olhar atento de alguns pares, aplicámos o
conceito de luz à dramaturgia que ora manipulamos ora
nos manipula. O que une as partes deste guião improvável
continua a ser o que nos traz aqui, a esta caixa negra,
noite após noite, a ser um dezasseis avos de um todo
unificado, nesta primavera de 2013. O indizível.
Ficha técnica
Criação colectiva com encenação de:
Catarina Lacerda Interpretação: Ana
Lagoa, Ana Filipa Pinto, Diana Lopes,
Dina Paz, Filipa Sousa, Guilherme
Pompeu, Inês Santos, José Pedro
Andrade, Luís Guiomar, Luís Zari,
Nuno Roque, Ricardo Batista, Rodrigo
Crespo, Renan Delmontt, Rodrigo
Ribeiro, Valeria Fazzi Desenho de luz:
Guilherme Pompeu Sonoplastia: José
Diogo Silva
Operação de luz: Anabela Ribeiro
Operação de som: Pedro Fernandes
Produção: CITAC 2013 (financiado
pela Fundação Calouste Gulbenkian).
20
Em palco Competição
11 MAIO / SÁBADO / 21H30
teatro da politécnica
TUP – Teatro Universitário do Porto
Universidade do Porto
Medeia de
noitardecer
Nunca ninguém me quis ouvir.
Eu tentei parar isto tudo. Não
houve nada a fazer, o que tem de ser
encontra caminho. Ela só sabe chorar,
só sabe chorar, a Medeia. Só tenho
a certeza de que todos temos culpa.
Agora, já ninguém pode fazer nada.
Está feito. Está feito. Está feito e não
há como voltar atrás.
O Autor e Encenador
Raquel S. nasceu em Viana do Castelo
em 1986. Viveu em Monção até 2004,
ano em que se mudou para o Porto
para estudar Filosofia e, depois,
Literatura. Em 2010, fez o Curso de
Iniciação à Interpretação do TUP e
é, desde 2011, Presidente da Direcção
do grupo. Integrou o elenco e coescreveu A Espera, encenado por Inês
Gregório e Nuno Matos, vencedor do
Prémio FATAL Cidade de Lisboa 2012.
Ficha técnica
Texto e encenação: Raquel S.
Assistência de Encenação: Nuno
Matos Interpretação: Ana Margarida
Pinto, Athos Martins, Catarina Vaz,
Filipa Alves, Gonçalo Albuquerque,
Hélder Oliveira, Inês Gregório, Joana
Mont ‘Alverne, Magui Costa, Sérgio
Sá Cunha e Tiago Martins Desenho
de Luz: José Nuno Lima Cenografia:
Vasco Costa Música e Desenho de
Som: Pedro Pestana Figurinos:
Ana Isabel Freitas, Hugo Bonjour
e Sofia Barbosa Operação de Luz:
Mariana Figueroa Produção: Gonçalo
Gregório e Nuno Matos Apoio
Técnico: Eduardo Brandão Design:
Nuno Matos Agradecimentos: ACE,
Catarina Lacerda, Elena Castro, Glória
Cheio, Margarida Pinto Cabeleireiros,
Margarida Wellenkamp e Panmixia
Associação Cultural Apoios: Reitoria
da Universidade do Porto, Fundação
Calouste Gulbenkian, IPDJ, Visualight,
Delta Cafés, Faço Tudo – Américo
Castanheira e Museu do Carro
Eléctrico
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21
Processo criativo
Deve haver um motivo para a luz pequena que apareceu
sempre sobre esta palavra. Notas nas margens, notas
em cadernos. Repetia-se: Medeia. Depois saiu pela boca,
pelas mãos, pelos olhos. Sobretudo pelas mãos. O texto
apareceu. Mas não tinha a certeza.
Há alguma coisa em matar os filhos que tem a ver com
isto. Com certeza. Há alguma coisa certa numa coisa que
acontece. Há alguma coisa no amor que tem a ver com
culpa. Há alguma coisa em sobreviver que tem a ver com
culpa. Porquê a Medeia? Não tinha a certeza.
Os actores mostraram-me os lugares que os personagens
deviam tomar, o que acontece a esta gente. Mostraram-me
o que eu tinha escrito, o que lhes tinha dito, mostraramme muitas vezes que não tinha razão. Mostraram-me
o que acontece quando se acorda as coisas que vivem
debaixo das pedras. Mostraram-me que um personagem
não se veste: arranca-se. Mostraram-me que eu nunca
podia ter certeza. E deixei de querer ter certeza.
Raquel S.
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Em palco Competição
13 MAIO / segunda / 21H30
teatro da politécnica
NOSTER - Grupo de Teatro da
Universidade Católica Portuguesa
de Lisboa
Num país onde não
querem defender
os meus direitos,
eu não quero viver
Michael Kohlhaas é um negociante
de cavalos que necessita de passar
pela propriedade de um Barão com
alguns animais. É-lhe pedido um
salvo-conduto, que não tem, para que
possa atravessá-la, deixa dois cavalos
como garantia. Quando retorna para
reaver os seus cavalos, descobre que
estes estão muito magros e foram
maltratados. Faz queixa, exige justiça.
O Autor
Jorge Silva Melo (1948) estudou
na London Film School. Fundou
e dirigiu, com Luís Miguel Cintra,
o Teatro da Cornucópia (1973-79).
Estagiou em Berlim, junto de Peter
Stein, e em Milão, junto de Giorgio
Strehler. É autor das peças António,
Um Rapaz de Lisboa, O Fim ou Tende
Misericórdia de Nós, O Navio dos
Negros, entre outras. Fundou em
1995 a sociedade Artistas Unidos da
qual é director artístico. Realizou
as longas-metragens Passagem ou
A Meio Caminho; Ninguém Duas
Vezes; Agosto; Coitado do Jorge;
António, Um Rapaz de Lisboa e vários
documentários. Traduziu obras
de Carlo Goldoni, Luigi Pirandello,
Bertolt Brecht, Georg Büchner, Heiner
Müller, Harold Pinter, entre outros.
O Encenador
A. Branco, mestrando em
Artes Performativas, concluiu
especialização em Escritas de Cena, na
Escola Superior de Teatro e Cinema do
Instituto Politécnico de Lisboa e fez
formação artística com João Mota e
António Torrado na Fundação Calouste
Gulbenkian. Professor de Escrita
Criativa e de Escrita para Teatro,
dramaturgo e encenador é colaborador
de Atrás da Máscara, programa da RDP
África e da Sercultur, Canal Cultura
do Sapo. Foi distinguido com o Prémio
Nacional das Artes do Espectáculo
Maria João Fontaínhas, em 2010, com
Volley. Tendo recebido uma Menção
Honrosa INATEL/ TEATRO - Novos
Textos, em 2005, com Até Amanhã!,
ganhou o Grande Prémio INATEL/
TEATRO - Novos Textos em 2007 e
2008, com 7 (sete) e Chove sempre em
Agosto, respectivamente. Recebeu,
ainda, a distinção João Osório de
Castro, pelo Fórum Teatral Ibérico,
em 2008. Foi seleccionado na área
Novíssima Dramaturgia Portuguesa,
nos Encontros de Novas Dramaturgias
Contemporâneas, em 2010, com Isto
não é um jogo.
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23
Processo criativo
Vi Num país onde não querem defender os meus direitos,
eu não quero viver feito apenas por um actor, Paulo Claro,
para quem Jorge Silva Melo adaptou a texto dramático a
novela Michael Kohlhaas de Heinrich von Kleist. Havia
nele qualquer coisa, sobre aquele homem que procurava
justiça, que exercia um enorme fascínio no público, que o
tocava, que o dividia.
Queria voltar a ele, mas já não como espectador.
Finalmente consegui.
Partimos de uma versão cénica do texto, já não para um
actor mas para oito actores, que fomos trabalhando e
depurando, com algumas incursões à novela original em
alemão, até chegar ao resultado final.
Trabalhar tendo por base uma boa peça não é sinónimo de
se produzir um bom espectáculo, mas ousámos criar um
espectáculo que deixasse “respirar” e, ao mesmo tempo,
pudesse “amplificar” este texto fortemente narrativo,
de múltiplas ambiguidades e de uma actualidade
desarmante. Tentámos!
A. Branco
Ficha técnica
Encenação e versão cénica: A. Branco
Texto: Jorge Silva Melo (a partir de
Michael Kohlhaas, de Heinrich von
Kleist) Dramaturgia: A. Branco, Joana
Liberal, Paulo Muacho Produção:
Noster e AEFCH UCP Produção
executiva: Isabel Teles de Menezes
Interpretação: Inês Chambel, Isabel
Teles de Menezes, Joana Liberal,
João Quiaios, Mariana Ramos,
Margarida Cunha, Paulo Muacho e
Ruy Rodrigues Luzes: Susana Reis
Silva Apoio: Fundação Calouste
Gulbenkian.
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Em palco Competição
14 MAIO / terça / 21H30
teatro da politécnica
NNT – Novo Núcleo de Teatro da
Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade Nova de Lisboa
Eu disse AGORA
não disse AMANHÃ
DEPOIS ONTEM
Quem seria se pudesse ser? Onde iria
se pudesse ir? O que é que estamos
dispostos a fazer pelos nossos sonhos?
Por que dias esperamos? Que dias
desejamos? Que dias queremos
construir? Será possível um futuro,
se tudo cai das minhas mãos? Será
possível um futuro, se eu já não sei
se é de dia ou de noite? “O passado dá
à costa” escreveu Heiner Müller. Por
vezes ignoramos o passado; vivemos
na ilusão do presente; esperamos
por um futuro completamente
controlado por nós. Parar ou avançar?
AQUI? ONDE? QUANDO? HOJE?
AMANHÃ? O amanhã, os dias
seguintes, os dias que estão por vir são
hipóteses, mas o corpo, esse, continua
na vertigem violenta, num estado
poético e patético. Exausto. Alguém
lê Beckett numa estação de comboios
e de repente a boca desaparece. As
respostas são eternos esboços.
O Encenador
Tiago Vieira, formado pela Escola
Superior de Teatro e Cinema, tem
encenado, desde 2008, vários
espectáculos nos contextos do teatro
universitário e do teatro profissional.
Da sua formação faz igualmente parte
a participação em diversos workshops
realizados no Teatro Praga e orientados
por profissionais como Olga Mesa, Vera
Mantero, Susana Vidal, Miguel Moreira
e Meg Stuart. Mais recentemente,
destaca-se o trabalho extracurricular
que realizou com alunos de 1.º ano da
Escola Superior de Teatro e Cinema
do IPL, bem como as encenações de
Escombros de antigas catedrais e Hoje
não amanhecerá, a partir de Al Berto,
apresentadas na Casa Conveniente. Do
seu percurso profissional, destaquese, ainda, o trabalho que realizou com
a encenadora Mónica Calle. Integra,
actualmente, A Latoaria, um novo
espaço de criação localizado na Graça,
em Lisboa.
Ficha técnica
Encenação: Tiago Vieira Autor: a
partir de Samuel Beckett e outros
autores Interpretação: Elói Barros,
Daniel Mendes, Eduardo Foster Silva,
Joana Mendes, Mariana Queiroz,
Miguel Stichini Dramaturgia,
Coreografia: Tiago Vieira Cenografia,
Figurinos: Tiago Vieira Música: Tiago
Vieira Vídeo: Joana Mendes, Tiago
Vieira, Elói Barros, NNT Fotografia:
Carolina Thadeu Produção: NNT
Parceiros: Associação Artes e
Engenhos
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25
Processo criativo
O corpo é a principal matéria. No corpo encontram-se
memórias, biografia, ficções, relações, reminiscências.
O corpo como conceito. O corpo como carne. O corpo
exausto. O corpo cansado. O corpo que compreende, que
falha, que ultrapassa, que decide. O corpo como lugar,
identidade, pátria. O corpo como revolução, revelação,
exposição. O corpo. O corpo do performer. O performer
como agente activo de criação. O performer como
dramaturgista, cenógrafo, figurinista, produtor, actor,
bailarino. O performer estabelece relações pessoais com
aquilo que está a produzir artisticamente. O performer
é capaz de olhar a realidade de uma forma “extra-real”.
O quotidiano torna-se onírico. A utopia revela-se uma
possibilidade. O performer começa a acreditar em coisas
que não acreditava e ri-se disso. O performer fotografa,
filma, escreve, lê e relê, sublinha, edita, selecciona, deita
fora, volta ao que deitou fora, selecciona, deita fora outra
vez, cansa-se, irrita-se, pensa em desistir, regressa, ri-se,
surpreende-se, desenha, mapeia, tem dores nas pernas,
nos braços, nos pés. O performer avança sem saber porquê
mas avança. Avança porque numa determinada altura tem
que se avançar. Constrói-se um espectáculo. Procuram-se
personae como símbolos perversos, sonhadores capazes
de destruir, matéria de violência poética, seres patéticos,
organizadores de festas, corpos guerra, corpos apocalipse,
corpos eróticos, corpos ridículos, corpos que tentam fazer
teatro. O performer tenta fazer teatro desconstruindo o
teatro, reescrevendo a história, revelando restos da sua
própria história. O performer lê e relê. O performer rouba
palavras aos dramaturgos e constrói a sua dramaturgia.
Uma dramaturgia que não procura respostas, mas, sim,
perguntas. Uma dramaturgia que vive de fragmentos,
que corrompe a narrativa, que procura um discurso
aberto. O espectador é convidado a criar a sua própria
dramaturgia, a estabelecer uma relação livre e pessoal
com o espectáculo. O espectáculo na verdade não é um
espectáculo, é um encontro, um acontecimento, um
momento partilhado, um momento que se pretende
inesquecível. Numa época em que facilmente se esquece
das coisas, se altera, se modifica, se anula, se deita fora,
talvez a Arte seja o último lugar possível do eterno e da
memória. O Teatro é um momento indiscutivelmente
único. O Teatro enquanto espaço do corpo que se revela
através de palavras que expressam intenções. O Teatro
que não procura explicações mas intenções. A intenção
como motor de criação artística. A intenção como
espaço de questionamento. O TEATRO-PERGUNTA e
não o TEATRO-RESPOSTA. O Teatro que deambulando
pelo ridículo revela o trágico. O Teatro enquanto
espaço do EU-ARTISTA. O Teatro como expressão
biográfica, ficcional, autobiográfica, “bio-ficcional”. O
Teatro como Erro. O Teatro como tentativa. O Teatro
como REcomeçar, REdescobrir, REpensar, REescrever.
O Teatro onde o corpo no encontro com as palavras
procura a Dança. O TEATRO REVOLUÇÃO. O TEATRO
MANIFESTO. O TEATRO MOTHERFUCKER. O TEATRO
DO CORPO. CONFRONTO. Os corpos confrontam-se.
Procuro o confronto porque a apatia é insuportável, a
preguiça é, acima de tudo, falta de inteligência. Há coisas
que me incomodam. Coisas que me emocionam. Coisas
que amo. Coisas que perco. Coisas que são segredos. O
Teatro como espaço do segredo elevado a grito. Porque
é que fazemos Teatro? O que é que procuro no Teatro?
Porque é que o Teatro faz sentido? São perguntas às
quais procuro responder agindo.
Tiago Vieira
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Em palco Competição
15 MAIO / quarta / 21H30
teatro da politécnica
GTL – Grupo de Teatro de Letras da
Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa
Aldrabices
Um Ministro da Cultura que foi
Chefe da Polícia Secreta e não vê
contradição entre estes dois papéis;
o teatro que mata e morre; um bebé
que não quer nascer, concebido com
a nata dos grandes negócios e das
mentiras; um manifesto a favor da
Justiça: “it is just despachar e toca a
andar”. No campo do “faz de conta” da
justiça, estes são alguns dos sketches
compostos por vários autores a
partir de Conferência de Imprensa
de Harold Pinter. Apresentados
numa linguagem desbragada e até
mesmo cruel, constituem uma crítica
mordaz e satírica sobre a actual
realidade política cujas aldrabices,
independentemente da língua
materna, se mostram equiparáveis e
sem fronteiras.
O Encenador
José Ávila Costa (Açores, 1952)
estreou-se como actor no Teatro
Experimental de Cascais, em 1978.
Leccionou no Instituto de Formação
Investigação e Criação Teatral
(IFICT), no Chapitô e tem dado
formação na In Impetus. Em 1981,
concluiu a sua Formação de Actor no
Conservatório Nacional de Lisboa e
trabalhou no Teatro da Cornucópia,
na Companhia Nacional de Teatro
Popular e no Teatro Maizum. Em
1983 integrou, como actor, o Grupo de
Teatro de Letras (GTL), tornando-se
orientador do grupo. Há vinte anos
que encena o GTL, o mais antigo
grupo de teatro experimental na
Universidade de Lisboa.
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27
Processo criativo
Em Setembro do presente ano procuraram-se novos
alunos para engrossar as fileiras do GTL. Daí, após um
processo de selecção, os valorosos presentes sabiam
que enfrentavam o desafio da construção de pequenos
sketches que se pretendiam dinâmicos, críticos e actuais.
Após um processo de aprendizagem e de conhecimento
do corpo, é necessário o conhecimento do texto e da voz
de cada um, pelo que, regularmente, se propõem e lêem
textos.
Assim, a partir de uma quase não conferência de
imprensa, nascem 21 novos textos que viajam pelos
meandros da sociedade subvertida.
Procuram-se as personagens na voz, no corpo, nos gestos
e trejeitos próprios de cada um.
A montagem final consistiu no encontro certo do
encadeamento de energia.
Isto num processo que, apesar de construído, não está
terminado, pelo que a actual apresentação continua a
beber do dia-a-dia e do input dos espectáculos, de modo a
construir algo sempre melhor.
Ficha técnica
Direcção Artística e Encenação:
Ávila Costa Interpretação: Catarina
Brites; Hugo Silva; João Bicho; João
Pereira; Mariana Amorim; Rita
Liberal; Vivian Neves Apoio Corpo:
João Nascimento Apoio Geral:
Marisa Manarte e Jorge Completo
Desenho de Luz: Ávila Costa
Sonoplastia: GTL Fotografia: Flávio
Filho Desenho Gráfico: Flávio Nunes
Produção: Inês Luís
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Em palco Competição
16 MAIO / quinta / 21H30
teatro da politécnica
GrETUA – Grupo Experimental de
Teatro da Universidade de Aveiro
Liberdade
ou morte
A partir das leituras de Le Contract
Social de Jean Jacques Rousseau e
de Theory of Moral Sentiments de
Adam Smith, esta criação teatral gira
em torno de uma revolta popular
numa povoação nos meados do século
XIX em diferentes espaços cénicos:
Estalagem, Caserna, Mercado, Palácio,
Escritório, Casa senhorial e, no meio
disto tudo, está escondida uma mina
de água, fonte de toda a intriga.
O Autor
Os textos da peça são o resultado
de criações dos próprios actores sob
a orientação do encenador. Serão,
ainda, citados alguns textos de
autores como Brook, Brecht, Artaud,
entre outros.
O Encenador
Jorge Fraga, actor, criador teatral,
dramaturgo e professor de Artes
Performativas, desenvolve, desde
1974, um trabalho regular de
formação e produção de espectáculos
com grupos de teatro universitário,
de teatro comunitário, grupos
amadores e grupos profissionais.
É director artístico do Teatro da
Academia desde a sua formação.
Entre os seus últimos trabalhos,
em 2010 e 2011, encontra-se Rossio,
no Teatro Viriato, O Apartamento,
pela companhia Tenda, em Lisboa
e Europa, espectáculo do grupo
Teatro da Academia distinguido com
o Prémio do Público FATAL 2010. A
sua encenação de Woyzeck, de Georg
Büchner, valeu-lhe o Prémio FATAL
2012.
© Todos os direitos reservados
29
Processo criativo
A concepção e construção deste espectáculo baseou-se no
conceito de teatro experimental, tal como deve acontecer
no teatro universitário (assim o entendemos todos). Nesse
sentido, partiu-se para um processo de trabalho colectivo
de grande liberdade criativa ao nível dramatúrgico.
Depois de atribuídas as personagens pelo encenador, a
maioria dos textos resultou de um aglomerado de criações
dos próprios actores com a orientação do encenador. Este
processo teve início em Dezembro de 2012 e estendeuse até Abril, tendo adoptado, em parte, um carácter de
residência artística.
Ficha Técnica
Encenação e concepção cénica:
Jorge Fraga Texto: vários autores
Interpretação: Andrea Fernandes,
Barbara Correia, Beatriz Mano,
Carolina Lobão, Cláudia Dantas,
Daniel Teixeira, David Dias, Fábio
Maricato, Henrique Portela, Joana
Vidal, João Peixoto, Margarida
Afonso, Mercedes Fernandes, Nuno
Jordão, Rita Carmona, Rita Moniz,
Rui Ribeiro, Teófilo Monteiro, Teresa
Pereira, Tiago Castro, Tiago Freitas,
Vera Freire, Viviane Runa Cenografia
e figurinos: GrETUA Sonoplastia:
Alexandre Castro Técnico de luz:
Pedro Sottomayor Técnico de som:
Alexandre Castro Produção: GrETUA
30
Em palco Competição
17 MAIO / sexta / 19H00
teatro da politécnica
Máscara Solta – Faculdade de Letras
da Universidade do Porto
Presas
A partir de textos originais de Ana
Catarina Ramalho e Tiago Moura, o
espetáculo Presas encontra-se com
o espectador no lugar-comum da
clausura, seja ela explícita nos corpos
das personagens e nas suas acções ou
subentendida nos seus testemunhos:
a uma rede social, a um sítio fora do
comum, a uma relação impossível, a
um futuro que nunca parece avançar.
O ar cansado das minhas roupas,
de Ana Catarina Ramalho, é uma
abordagem graciosa ao nosso
quotidiano de consumismo rápido e
indolor, que na era da informação vê a
comunicação pessoal ser lentamente
substituída por mecanismos
tecnológicos que vendem a promessa
de uma vida facilitada.
Alguém olhará por nós, de Tiago
Moura insere-se nesse momento
das nossas vidas, em que estamos
presos ao que fomos e ao medo do que
nos tornaremos. No meio de tentar
desvendar a razão por detrás da sua
clausura, ambas as personagens
buscam conforto no iminente
aparecimento de um salvador.
Os autores e encenadores
Ana Catarina Ramalho licenciou-se
em Línguas, Literaturas e Culturas
- Plano Monodisciplinar de Inglês em 2009, terminando, em 2012, o
Mestrado em Estudos Literários,
Culturais e Interartes no Ramo de
Estudos Comparatistas e Relações
Interculturais, com uma dissertação
sobre Natália Correia e o mito de Don
Juan na peça D. João e Julieta. Viu
encenadas pelo TIPO (Teatro Inédito
do Porto), em 2011, duas peças originais
no Hardclub. Participou no Atelier 200
promovido pelo Teatro Nacional São
João e é, actualmente, actriz no grupo
de teatro amador Sabor a Teatro.
Tiago Moura licenciou-se em
Línguas, Literaturas e Culturas
(Plano Monodisciplinar de Inglês)
em 2009, terminando, em 2011, o
Mestrado em Estudos Literários,
Culturais e Interartes, no Ramo de
Estudos Comparatistas e Relações
Interculturais, com uma dissertação
sobre o testemunho do trauma na
obra dramática de Sarah Kane.
Ficha técnica
Encenação e dramaturgia: Ana
Catarina Ramalho, Tiago Moura
Produção: Cláudia Consciência, Paulo
Brás Interpretação: Ana Catarina
Ramalho, Sandrine Malta, Tatiana
Ribeiro
© Todos os direitos reservados
31
Processo Criativo
O Testemunho na era da informação
Como é que ter nascido num carrossel
te mudou enquanto pessoa?
O espectáculo Presas, apesar de composto por duas peças
autónomas, O ar cansado das minhas roupas, seguido de
Alguém olhará por nós, assume-se como um único objeto
artístico, o segundo espetáculo do ano letivo 2012/13 do
Máscara Solta.
Em O ar cansado das minhas roupas (ACR), fica-se preso a
uma rede social. Em Alguém olhará por nós (AON), fica-se
preso numa roda gigante. Os movimentos em palco são,
por isso, extremamente controlados, e condicionados pelo
próprio espaço de exílio (compensa-se a prisão virtual com
um cenário realista, a prisão concreta com um cenário
conceptual). Não que estejamos perante um drama estático
(a não ser que pensemos o estatismo enquanto parte
integrante de uma coreografia, a ausência de movimento
como uma forma, entre outras, de movimento), mas, se em
trans-, a retrospetiva que constituiu o primeiro espectáculo
da dupla para o Máscara Solta, o jogo cénico dependia não
só de referências a passagens, mortes e meios de transporte
como do movimento do público que, por diferentes espaços
da Faculdade de Letras, atravessava os dez primeiros anos
do grupo, não será por acaso que os quadros de ACR/AON
são encenados numa galeria de arte.
Na sinopse que escreveu para a sua peça, o autor afirma-o
explicitamente: «Há quem diga que crescer é a lição
mais difícil que temos de aprender. AON insere-se nesse
momento das nossas vidas, em que estamos presos ao que
fomos e ao medo do que nos tornaremos. Duas personagens
encontram-se fechadas num sítio peculiar ao mesmo
tempo que tentam fugir de um lugar-comum das nossas
vidas. No meio de tentar desvendar a razão por detrás da
sua clausura, ambas as personagens buscam conforto no
iminente aparecimento de um salvador». A genealogia de
textos sobre pessoas presas (poder-se-ia mesmo precisar
«mulheres») e sobre pessoas à espera é interminável (o
momento da espera é, aliás, outro denominador comum
a ambas as peças breves), fazendo com que o exercício de
memória perpetuado por ACR/AON se deixe facilmente
contaminar por referências e citações exteriores ao
discurso.
Isto acontece, de resto, na sinopse da autora: “Fernando
Pessoa escreveu que “há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso
corpo” e que só assim conseguiríamos ter a capacidade de
nos vermos para lá de nós mesmos. ACR é uma abordagem
graciosa ao nosso quotidiano de consumismo rápido e
indolor, que na era da informação vê a comunicação pessoal
ser lentamente substituída por mecanismos tecnológicos
que vendem a promessa de uma vida facilitada”. Esta
facilidade da troca de informação online é, contudo,
pervertida pela própria escrita: na verdade, Pessoa não é
autor de tal citação, tratando-se apenas de mais um caso de
falsa atribuição de autoria – a alusão ao poeta plural só não
é vazia de significado porque se passa performativamente
do referencial ao autorreferencial.
Numa situação traumática, porém, a identidade sofre
um processo de descentralização, deixando de ser
rigorosamente possível pôr por palavras (de forma
realista) o que está em contacto mais íntimo com o nosso
corpo. Tenta-se, por isso, fazer da realidade uma ficção:
contam-se histórias, repetem-se chavões, prolongam-se
silêncios. Acaba-se por tentar resgatar a maior das ficções:
a infância. A escrita torna-se quase tão infantil como um
conto de fadas ou uma feira popular, mas a simplicidade é
também ela construída, apenas para ser constantemente
desconstruída pelos desdobramentos. Os duplos, como
se diz, “poderiam ser qualquer um de nós” – uns mais
sublimados do que outros.
Paulo Brás
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Em palco Competição
18 MAIO / SÁBADO / 21H30
teatro da politécnica
TEUC - Teatro dos Estudantes
da Universidade de Coimbra
Projecto H
De onde vêm e para onde vão aquelas
pessoas? O que lhes terá acontecido?
O que recordam? Terão alguma vez
amado? Sentir-se-ão amadas?
Este projecto desenvolve-se em
torno do universo do pintor Edward
Hopper cujas obras, habitadas
por uma mistura de realismo e
estranheza, parecem captar um “antes”
e um “depois” sem que se perceba
exactamente o quê. Há uma suspensão
instantânea, quase fotográfica, do
ritmo quotidiano que surge, assim,
rodeado de segredos e nos cria uma
sensação de incompletude. Em
Hopper há um “voyeurismo” frio, um
distanciamento, uma quase ausência
de voluptuosidade. Motivou-nos
este sentimento de interioridade e
de silêncio, onde a luz cria espaço e o
espaço é percorrido pela luz, criando
um território mental de contemplação.
É neste contexto que procurámos
desenvolver os materiais. O trabalho
de interpretação assentou sobretudo
num corpo físico, na construção
de partituras de movimento e
no desenvolvimento de ideias de
composição coreográfica. A palavra
surge só pontualmente e acontece
através de duas pequenas histórias
retiradas do Caderno Vermelho de
Paul Auster.
O Autor
Co-criação de Joana Providência
e TEUC
O Encenador
Joana Providência nasceu em Braga
em 1965 onde iniciou os seus estudos
em dança com Fernanda Canossa.
Em 1989, terminou o curso da Escola
Superior de Dança do Instituto
Politécnico de Lisboa. Integra, desde
1995, a Academia Contemporânea do
Espectáculo (ACE) na qualidade de
responsável pelo departamento de
movimento do curso de Interpretação
e é docente da área de Formação
em Contexto de Trabalho. É parte
integrante da companhia de teatro
promovida pela ACE, a ACE/ Teatro
do Bolhão, sendo membro da sua
direcção artística. Como coreógrafa
tem desenvolvido diversos projectos
dos quais se destacam Ladrões de
Almas, com co-produção do ACETeatro do Bolhão/ Culturgest, em
2008. Em 2004, a convite da Fundação
de Serralves, construiu e apresentou
Mão na Boca, espectáculo integrado
na programação paralela à exposição
de Paula Rego.
© Todos os direitos reservados
33
Processo criativo
O TEUC convidou Joana Providência a vir trabalhar na
criação de um projecto que abrisse as comemorações
do 75º aniversário do organismo, precisamente pelo
reconhecimento que esta tem no mundo da dança
contemporânea. Após 75 anos, o TEUC quis lançar-se
num tipo de trabalho que poucas ou nenhuma vez
explorou. A Joana trouxe a proposta de trabalhar a
partir das obras do pintor norte-americano Edward
Hopper, e assim, a 11 de Fevereiro, iniciaram-se os
ensaios do “projecto H”, onde sete actores do TEUC
foram generosamente convidados a mergulhar em
algumas obras do pintor. Nas obras de Hopper, as
personagens parecem transportar consigo histórias
que indiciam um “antes “e “um depois”. Tratou-se aqui
precisamente de encontrar esse antes e depois através
do movimento, através de uma série de partituras que
nos falam de relações, de estados e diálogos enraizados
numa fisicalidade. Depois deste exercício de imaginação,
o desafio foi dar um corpo a essas histórias, não com
palavras, mas com o movimento e, em última instância,
através da dança. Aqui, Joana Providência teve o papel
crucial de “limpar a cena”, de aproveitar o que era bom e
reciclar o que era menos bom e assim, o “projecto H” foi
nascendo, foi-se tornando cada vez mais matéria, corpo e
interpretação. Uma vez criadas as histórias e desenhada
a dança que as contava, o trabalho assentou sobretudo
na repetição e aperfeiçoamento das partituras, bem como
na procura de uma intensidade de interpretação e de
contracena.
Rafaela Bidarra
Ficha técnica
Co-Criação: Joana Providência
e TEUC Direcção Artística:
Joana Providência Assistência
Coreográfica: Leonor Barata
Elenco: Helena Galveias, Helena
Pinela, Joana Salgado, Miguel Matos,
Rafaela Bidarra, Rodolpho Amaral,
Ruy de Liceia Desenho de Luz e
Luminotecnia: Alexandre Mestre
Fotografia: Eduardo Pinto
Vídeo: Ana Félix, João Parra, Jonas
David Grafismo Eduardo Pinto
Cenografia: Rafaela Bidarra
Produção: Rafaela Bidarra
34
Em palco Competição
19 MAIO / domingo / 21H30
teatro da politécnica
GEFAC – Grupo de Etnografia e
Folclore da Academia de Coimbra
Universidade de Coimbra
Manhã
São tantas as mulheres que se
escondem sob as saias da memória:
são santas, mães, adúlteras, virgens,
perdidas; o corpo da fecundidade e o
vulto enlutado da morte; a sabedoria
serena, o desejo em que ardemos. As
mãos que redimem são as mesmas
que colhem o fruto da traição e do
pecado, que nos dão o colo e o castigo
madrasto, que amassam o pão que
comemos, enquanto tangem, pela
calada, as cordas da libertação.
Poderão até ser as “marias” reais,
que guardam a força constante
e inquebrantável dos dias, ou as
flores que sonhámos de uma beleza
impossível, mas nunca deixarão de ter
um nome e de o reclamar a viva voz.
Como quem, cantando sobre a roda,
faz correr a vida em vez de água, há
mulheres que marcam com os seus
pés o próprio passo do tempo, fiando
com paciência o leito em que correm a
tradição e a memória, e que nos há-de
levar ao que somos.
Trazem-no cerzido no corpo, o tempo
que pesa, passa, e que há-de vir
emprenhar o chão de que sempre
nos erguemos, como um dia que não
espera p’ra nascer.
O Autor e Encenador
Criação colectiva
Ficha técnica
Concepção Artística: GEFAC (criação
colectiva) Operação de Vídeo:
Henrique Patrício Imagens: O Povo
que Canta, GEFAC, Henrique Patrício,
MemoriaMedia Desenho de Luz:
Wilma Moutinho Produção: GEFAC
© Todos os direitos reservados
35
Processo criativo
O espectáculo geral Manhã partiu de uma indagação
baseada nos textos e testemunhos da cultura popular
portuguesa, para encontrar uma imagem de mulher
dotada de contornos complexos, muitas vezes antagónicos,
mas inevitavelmente dotados de uma força criadora que
a transforma em algo que a transcende. No imaginário
popular, as misteriosas mouras encantadas convivem com
as mulheres reais que dão a força que não têm para dar
constância e solidez à vida. A mulher que é símbolo de
fertilidade é também quem dá corpo à personificação da
morte. A mulher divina e virgem, que redime e ampara com
a sua pureza, convive com as mulheres pagãs, adúlteras,
perdidas, sedutoras, conhecedoras de todas as manhas
que irresistivelmente nos fazem perder. No colo de uma
mulher tanto se encontra o perigo como se acha abrigo; das
suas mãos tanto vem o castigo da madrasta, como o pão
que comemos. Com os olhos postos no mar, há mulheres
que esperam e choram quem não volta, mas são também
elas que dançam os sonhos e cantam a esperança. Poderão
desempenhar submissamente todos os papéis que lhes
atribuírem: serão esposas, mães, filhas, namoradas, vítimas,
musas, penitentes… sem nunca deixarem de ter um nome e
de o reclamar a viva voz.
Como um ser de água, de que toda a vida emerge, a mulher
surge, então, com o dom de mundificar e a força para
destruir; como o abismo em que se encontra a possibilidade
de transcendência; a voz inspiradora da água que corre e
impregna; e, enfim, na intimidade da vida que se partilha
e distribui, como quem tantas vezes tece com paciência o
leito em que correm a tradição e a memória e que nos há-de
levar ao que somos.
Como é habitual nos espectáculos gerais do GEFAC,
também este combina as diversas vertentes trabalhadas
pelo grupo (dança, teatro, música e cantares) para
evidenciar, como tema central, a representação da mulher
na cultura popular portuguesa. Tornou-se, pois, inevitável,
a exploração de uma linguagem cénica fortemente
simbólica e essencialmente assente no movimento, bem
como na associação de meios audiovisuais, influências e
técnicas de teatro, dança e performance contemporânea ao
tratamento das músicas e danças tradicionais.
Cada cena foi, pois, elaborada com base na experimentação
feita nos ensaios a partir dos materiais, das imagens, ou
das ideias que pretendemos transmitir, numa criação
colectiva cujo principal objectivo é o de criar um momento
de partilha com o público que confirme o valor artístico
das manifestações populares enquanto terreno fértil
para a criação contemporânea e ponto de encontro numa
identidade comum.
36
Em palco Competição
21 MAIO / terça / 21H30
teatro da politécnica
GTN – Grupo de Teatro da Nova
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
da Universidade Nova de Lisboa
Morro
como país
Morro como País é um texto narrativo
do dramaturgo grego contemporâneo
Dimìtris Dimitriàdis sobre a guerra
e a corrupção política, que nos dá
a ler a morte física e espiritual de
um país vencido, descrevendo um
futuro que poderá ser o nosso já
amanhã. O texto remonta a um grito
de vida e de esperança que parte ao
encontro da catástrofe emergente:
um grito que compreende o riso,
o desespero, a ironia, a alegria no
coração, a insurreição, e o silêncio.
As tensões apresentadas no texto
são intemporais e abordam temas
tais como a corrupção, a guerra, a
tortura e o fim do mundo, num cenário
apocalíptico que torna a construção
cénica num espectáculo escatológico.
O Autor
Dimítris Dimitríadis nasceu em
1944, em Salónica (Grécia). Estudou
teatro e cinema no Institut National
Supérieur des Arts du Spectacle, em
Bruxelas, entre 1963 e 1968. Apesar
da sua nacionalidade, Dimitríadis
opta por escrever directamente em
francês e entre 1965 e 1966 escreve
a sua primeira peça de teatro: Le
Prix de la révolte au marché noir,
encenada pela primeira vez em 1968
por Patrice Chéreau. Dotado de uma
grande aptidão linguística, é autor de
várias traduções de autores célebres
tais como Shakespeare ou os mais
contemporâneos Beckett e Sartre.
O Encenador
John Romão licenciou-se em Teatro
– Actores / Encenadores pela Escola
Superior de Teatro e Cinema. Faz
parte da sua formação o contacto
com artistas provenientes do teatro e
da dança tais como Jan Fabre, Romeo
Castellucci, Wim Vandekeybus, entre
outros. Trabalha como assistente
de direcção artística do encenador
hispano-argentino Rodrigo García
(Prémio Europa de Teatro 2009 Novas Realidade Teatrais) desde 2006.
Em cinema colaborou com a dupla
João Pedro Vale & Nuno Alexandre
Ferreira e com o realizador Manoel
de Oliveira, entre outros. Dirige os
seus próprios espectáculos desde
2001, tendo já apresentado Paisagem
e Silêncio de Harold Pinter (2006),
Agamémnon, de Rodrigo García, A
direcção do sangue, a partir de José
Tolentino Mendonça, entre outros.
John Romão foi distinguido com o
Prémio Nacional Jovens Criadores
2012, na categoria de Teatro, pelo
Centro Português de Artes e Ideias.
Foi, também, um dos dois vencedores
do projecto Emergentes - Novos
Criadores, promovido pelo Teatro
Nacional D. Maria II (2011).
© Todos os direitos reservados
37
Processo criativo
Fase de formação (Novembro-Dezembro)
Nesta fase, tivemos duas formações. A primeira,
coordenada pelo actor e encenador Miguel Moreira
juntamente com a bailarina Catarina Félix, tinha uma
abordagem mais física e mais introspectiva. O corpo
como matéria de trabalho, como uma massa abstracta
que nos permite desenhar posições através dos nossos
sentidos e sensações. A segunda formação ficou a cargo
da coreógrafa Cláudia Dias. Nesta formação, baseámonos no método de composição em tempo real, que
consiste num sistema de pensamento extremamente
exigente e objectivo que é aplicado antes da prática
de qualquer proposta corporal. Ambas as formações
foram importantes pois foram adquiridas competências
essenciais para o trabalho com o encenador deste ano,
John Romão. É, também, um período essencial para o
trabalho da consciência do grupo, bem como o momento
ideal para incentivar o desenvolvimento das capacidades
individuais de cada actor.
Responsáveis: Miguel Moreira e Cláudia Dias
Período de Criação (Janeiro-Fevereiro)
Este período foi iniciado com ensaios de mesa, com o texto
que irá ser apresentado no espectáculo: Morro Como
País, de Dimitrís Dimitriádis. Foram discutidos os temas
levantados pela obra e percebeu-se qual a linguagem
cénica que será utilizada no espectáculo. Foi feita a
divisão do texto pelos vários intérpretes. Desenvolveuse o trabalho de improvisação, com propostas tanto dos
intérpretes como do próprio encenador, sempre com
o texto como pano de fundo. Todas as propostas estão
dentro da temática “o corpo como matéria” que já tinha
sido iniciada durante o período de formação.
Durante este período, os ensaios tiveram uma
regularidade de quatro dias por semana.
Responsável: John Romão
Ficha técnica
Encenação e espaço cénico: John Romão Texto: Dimítris
Dimitriádis Interpretação: Carlos Aragão, Cátia Leandro,
Daphne Rego, Diogo Belizário, Mafalda Jacinto, Mafalda
Veiga, João Sirgado, José Miguel Santos, Susana Mendonça
Produção executiva: Cátia Leandro, Joana Santos, João
Estevens Produção: GTN Apoios: Fundação Calouste
Gulbenkian, FCSH-UNL, SAS-UNL, Eira, Escola de Mulheres
Em palco Mais Fatal
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Drones
8 MAIO / QUARTA / 19H00
teatro da Politécnica
Cénico de Direito da Faculdade
de Direito da Universidade
de Lisboa
O Encenador
Pedro Wilson tem procurado a inovação e a exploração de novas linguagens
dramáticas. Começou como actor na Comuna Teatro de Pesquisa, em 1978, e
iniciou-se na encenação, fundando, com outros actores, o Máscara - Teatro
de Grupo. Em 1989, ganhou o prémio da melhor encenação, atribuído pela
Câmara Municipal de Lisboa, com a peça Odisseia, baseada na obra homónima
de Homero. Na Lisboa Capital da Cultura 94 encenou duas óperas de câmara,
bem como outras obras. No teatro universitário o seu trabalho adquire um
carácter ainda mais amplo como encenador do GRETUA, GTAL, e Sin-Cera, e,
também, com a orientação de formações para outros grupos universitários.
Paralelamente, tem participado como actor em espectáculos de vários grupos
e em projectos de diversos encenadores e, igualmente, em cinema, em filmes
como Uma Vida Normal, de Joaquim Leitão (1992) e Deux Justiciers dans la
Ville, de Frank Apprederies (1993), entre outras participações.
É uma peça sem história ou narrativa
coerente. Pequenos flashes teatrais
musicados artificialmente em que as
personagens se questionam sufocando
já no limite da insuportabilidade
de vidas demasiado “normais”,
vasculhando no lixo das rotinas diárias
algum sinal de uma felicidade que lhes
foi prometida. Assim vão passando
o NaTal, filhos, FAmíliA, ConSUmo,
dEus, futURo... MORTE! Estranha
maneira de caminhar por este tempo
fora. As palavras ditas escondem um
perigo prestes a explodir-lhes nas
mãos tal qual os aviões americanos
telecomandados voando sobre a cabeça
dos pobres afegãos. O texto final é de
Pedro Wilson e surge de rapinações,
colagens, adaptações e invenções
a partir da leitura da peça Cromos,
colectânea de textos traduzida por
João Maria André
Ficha técnica
Encenação: Pedro Wilson Texto: a partir de Sergi Belbel, David Plana, Paco
Mir, Josep Pere Peyró, Ágata Roca, Joan Ollé, Yolanda G. Serrano, Miriam Iscla
Adaptação de Texto: Pedro Wilson Interpretação: Inês Ferreira, Daniela
Verdasca, Joana Pinto, Andreia Susano, Marta Sepol, João Ratão, Filipe de
Aragon, Catarina Só, Talarico Luminotecnia: Pedro Wilson Sonoplastia:
Cénico de Direito Figurinos: Cénico de Direito Cenografia: Cénico de Direito
Produção: Cénico de Direito Direcção de Produção: Marta de Sousa
39
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Em palco Mais Fatal
O Despertar
da Primavera
10 MAIO / sexta / 19H00
teatro da politécnica
GTMT - Grupo de Teatro
Miguel Torga
Faculdade de Ciências Médicas
da Universidade Nova de Lisboa
O Encenador
Sérgio Grilo, actor e encenador, tem trabalhado com várias companhias teatrais:
nos Artistas Unidos representou peças de Brecht e de Sarah Kane, encenadas
por Jorge Silva Melo; protagonizou O Que Fazer Para Ser, uma encenação
de Karas do texto de Mário Palma Jordão, pelo grupo Ninho de Víboras e
trabalhou com o Grupo de Teatro D’ as Entranhas no espectáculo Amor de
Perdição. Participou em A Tempestade, de William Shakespeare, espectáculo
levado a palco pelo grupo Serpent Child Ensemble no Waterfront International
Arts Festival (Norfolk, EUA). Fez, também, teatro de marionetas em Maputo.
Daniel Filipe, Chancerel e Steinbeck são alguns dos autores por si já encenados.
No âmbito do cinema, participou, em 2007, nos filmes Call Girl, realizado por
António Pedro de Vasconcelos, e Corrupção, de João Botelho. Participou,
também, em filmes realizados por Moati, Zaubermann, Barbier, Mikalkhov,
Joaquim Leitão, Teresa Villaverde, e Maria de Medeiros. Na televisão, integrou
séries e telefilmes de Leonel Vieira e de Tiago Guedes de Carvalho.
De uma maneira ou de outra, todos
passámos por ela: a adolescência,
aquele período de tempo impreciso
em que nos sentimos inseguros e
com uma lista infindável de questões
existenciais. Quem somos, qual é a
nossa moralidade, que papel vamos
desempenhar nesta peça colectiva
que é o mundo... Mas as dúvidas não
são somente existenciais, são também
físicas. Não pode o abstracto ser o
único objecto do nosso interesse.
Dúvidas, tantas dúvidas, uma miríade
de perguntas sem resposta, uma
vontade de saber, de conhecer, de…
sentir. Uma vontade de je ne sais quoi.
Se ninguém quer responder às suas
perguntas, não será razoável admitir
que procurem as respostas por si
próprios?
Ficha técnica
Encenação: Sérgio Grilo; Autor: Frank Wedekind Interpretação: Ana Quintão,
Ana Priscila Alves, Carolina Gonçalves, Carlos Bento, Catarina Bizarro,
Daniel Pinto, Francisco Caetano, Inês Ferreira, Joana Paiva, Madalena Nabais,
Mariana Belo, Sérgio Ribeiro, Sílvia Policarpo, Sónia Guerra, Tiago André,
Tiago Pereira Publicidade: Daniel Pinto Cenografia e Figurinos: GTMT Luz e
som: GTMT
Em palco Mais Fatal
© Todos os direitos reservados
40
Química OFF
11 MAIO / sábado / 19H00
teatro da politécnica
Fc-Acto
Faculdade de Ciências da
Universidade de Lisboa
O Encenador
A. Branco, mestrando em Artes Performativas, concluiu especialização
em Escritas de Cena, na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto
Politécnico de Lisboa e fez formação artística com João Mota e António
Torrado na Fundação Calouste Gulbenkian. Professor de escrita criativa e
de escrita para teatro, dramaturgo e encenador, é colaborador de Atrás da
Máscara, programa da RDP África e da Sercultur, Canal Cultura do Sapo.
Foi distinguido com o Prémio Nacional das Artes do Espectáculo Maria
João Fontaínhas, em 2010, com Volley. Tendo recebido uma Menção Honrosa
INATEL/ TEATRO - Novos Textos, em 2005, com Até Amanhã!, ganhou o
Grande Prémio INATEL/ TEATRO - Novos Textos em 2007 e 2008, com 7 (sete)
e Chove sempre em Agosto, respectivamente. Recebeu, ainda, a distinção João
Osório de Castro, pelo Fórum Teatral Ibérico, em 2008. Foi seleccionado na área
Novíssima Dramaturgia Portuguesa, nos Encontros de Novas Dramaturgias
Contemporâneas, em 2010, com Isto não é um jogo.
Química OFF é um espectáculo
construído a partir de diversos
materiais propostos pelos próprios
intérpretes. É um momento na vida
académica dos intervenientes, uma
declaração de intenções sobre a
relação do que estudam e o local onde
estudam.
Ficha técnica
Direcção: A. Branco Assistência: Susana Reis Silva Interpretação: Beatriz
Lopes, Dora Martinho, Eduardo Matos, Ema Aldeano, Joana Santos Silva, João
Quiaios, Jorge Diniz, Jéssica Soares, Mafalda Silva, Nuno Vieira, Patrícia Zoio,
Ricardo Silva, Sabrina Martinho, Sónia Oliveira, Tomás Santos Fotografia:
Nuno Vieira Montagem vídeo e áudio: Susana Reis Silva Produção: AEFCL –
Associação dos Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa.
Em palco Mais Fatal
Sonhatorium
13 MAIO / segunda / 19H00
teatro da politécnica
dISPAr Teatro - grupo de teatro
do ISPA-IU
Os sonhos foram, desde sempre,
foco de interesse nas mais diversas
culturas. No início do séc. XX, a
abordagem freudiana trouxe um
novo fôlego a essa curiosidade, e
a Psicologia procurou construir
discursos científicos sobre os
mesmos. O emergir das neurociências
acrescentou novas descobertas e
teorias sobre o sono e os sonhos.
Neste espectáculo/ laboratório/
experimentação exploramos
metodologias contemporâneas de
improvisação teatral: os Viewpoints
de Anne Bogart e a improvisação
segundo Keith Jonhstone e Viola
Spoling. Nestas metodologias, tal
como, aliás, nos sonhos, nenhum
ensaio se repete, nenhuma cena é
igual à anterior, nenhum espectáculo
é previsível. A partir de uma estrutura
definida, e inspirando-se no material
trazido pelo público, os actores e
actrizes criarão, em cada noite, novos
projectos oníricos. Aos alicerces
deste trabalho pertence a noção de
Allan Hobson de que o sonho pode
funcionar como um mecanismo
de criação de realidade virtual,
antecipando as incertezas que a mente
tende a evitar.
Será possível uma máquina dos
sonhos? Praticando a improvisação
teatral, será possível aceder ao sonho
colectivo, ao mito? Contamos com
a colaboração do público para criar
novos sonhos a cada noite: qual o
sonho que tive? O sonho que tenho? O
sonho que terei? Qual o lado de dentro
e qual o lado de fora do sonho?
Ficha técnica
Direcção: Carlos Nicolau Antunes Co-criadores: André Fausto, Catarina
Amaral, Davis Nunes, Filipa Dias, Inês Lageiro, João Tomé, Miguel Marau,
Nuno Salema, Paulo Caeiro, Raquel Cajão, Tania Antunes, Teresa Costa
Grafismo: Ricardo Romão e Miguel Montenegro Audiovisuais: André Fausto
Apoio dramatúrgico e produção: António Gonzalez
41
O Encenador
Carlos Nicolau Antunes frequentou
o curso de actores da Escola Superior
de Teatro e Cinema do IPL, em Lisboa.
Como bolseiro da Fundação Calouste
Gulbenkian, concluiu o Mestrado em
Encenação na Middlesex University
(Londres), tendo realizado parte dos
seus estudos em Moscovo e Bangkok.
Ainda como bolseiro da fundação,
efectuou Estudos de Qualificação
Avançada, na Faculdade de Encenação
da Academia Russa de Artes Teatrais
(GITIS), em Moscovo. Trabalhou
como actor em vários espectáculos
no Teatro da Cornucópia, com
Luís Miguel Cintra e, também, com
Christine Laurent. Integrou, ainda,
espectáculos de João Perry, António
Pires, Luís Assis e Lúcia Sigalho, entre
outros. Foi assistente de encenação
de Luís Miguel Cintra e António Pires.
Com Dinarte Branco, co-encenou
o espectáculo gestos para nada, a
partir de Sinisterra. Para além do
dISPAr Teatro, trabalhou com outros
grupos de teatro universitário, tais
como CITAC e o TEUC, em Coimbra.
É docente na Licenciatura e no
Mestrado em Teatro na Universidade
de Évora, desde 2007. Tem prestado,
também, formação em workshops
em Portugal, no Brasil, na Índia, na
Tailândia e na República Checa. Faz
investigação na área dos processos
psicofísicos do actor.
Em palco Mais Fatal
© Todos os direitos reservados
42
O Insecticida
ou o Fim do
Império!
14 MAIO / terça / 19H00
teatro da politécnica
mISCuTEm – grupo de
teatro do Instituto
Universitário de Lisboa
(ISCTE- IUL)
A Encenadora
Ana Isabel Augusto é licenciada em Sociologia do Trabalho pelo Instituto
Superior de Ciências Sociais e Políticas da UTL (ISCSP-UTL). Após a conclusão da
licenciatura, continuou o seu percurso no meio teatral, tendo recebido formação
específica na companhia de teatro Os Satyros, na Fábrica das Artes, na Culturgest
e no C.E.M... Trabalhou em áreas tão diversas quanto o leque de possibilidades
do teatro permite: como actriz, em luminotecnia, em produção, em sonoplastia,
na escrita de bandas sonoras, como assistente de encenação e finalmente, na
encenação do mISCuTEm. Concluiu, também, estágios com a companhia de teatro
O Bando e diversos cursos, destacando-se o de Cultura Teatral no Teatro D.Maria
II. Ensina Expressão Dramática a jovens estudantes do 9º ao 12º ano desde 2008.
Quando um funcionário decide pedir
um aumento, essa acção transformase rapidamente numa traição contra
a administração, contra o próprio
pessoal e até contra a pátria. Nesta
comédia absurda de Miguel Barbosa,
vemos retratada uma verdade que,
escrita há uma geração atrás, continua
a ser o espelho da nossa sociedade
actual. Para rir e reflectir, este
espectáculo coloca o dedo em muitas
das nossas feridas contemporâneas,
da melhor forma possível: com
um sorriso nos lábios. Uma crítica
em forma de paródia ao mundo
empresarial e económico português.
Ficha Técnica
Encenação e direcção de actores: Ana Isabel Augusto Autor: Miguel Barbosa
Assistente de encenação: Fernando Serpa Interpretação: André Calado,
André Carvalho, Andreia Frazão, Ariana Santos, Carina Pereira, David
Morgado, João Martins, Liliana Matos, Miguel Gaspar, Mónica Parreira e Tiago
Batista Produção: Ana Isabel Augusto Fotografia: João Caseiro Cartaz: Velias
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© Ricardo Basílio
Em palco Mais Fatal
Suicídio de
amor por
um defunto
desconhecido
15 MAIO / QUARTA / 19H00
teatro da politécnica
GTAL – Grupo de Teatro
Académico de Leiria
O Encenador
Pedro Wilson tem procurado a inovação e a exploração de novas linguagens
dramáticas. Começou como actor na Comuna Teatro de Pesquisa, em 1978, e
iniciou-se na encenação, fundando, com outros actores, o Máscara - Teatro de
Grupo. Em 1989, foi galardoado com o prémio da melhor encenação, da Câmara
Municipal de Lisboa, com a peça Odisseia, baseada na obra homónima de
Homero. Na Lisboa Capital da Cultura 94 encenou duas óperas de câmara, bem
como outras obras. No teatro universitário, o seu trabalho adquire um carácter
ainda mais amplo como encenador do GRETUA, Cénico de Direito, e Sin-Cera,
e, também, com a orientação de formações para outros grupos universitários.
Paralelamente, tem participado como actor em peças de outros grupos e
encenadores e, igualmente, em cinema, em filmes como Uma Vida Normal,
de Joaquim Leitão (1992) e Deux Justiciers dans la Ville, de Frank Apprederies
(1993), entre outras participações.
Blanca apaixona-se por Adan, um
homem que ela viu ser assassinado,
e, com ele, contra tudo e contra todos,
decide casar. O enredo desenvolve-se
no seio de uma família completamente
disfuncional e imoral, onde a loucura
e a solidão de cada personagem vai
construindo um castelo com as cartas
lançadas por Milagros. Prevê-se
que, tal como com Romeu e Julieta,
este amor impossível acabe por se
desmoronar e culminar na morte
de Blanca que vai, finalmente, ao
encontro do seu Romeu, Adan.
Ficha técnica
Encenação: Pedro Wilson Interpretação: Viviana Aguiar, João Pratas, Paula
Cristina Morais, Furby, Tiago Rodrigues
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44
Escuro
16 MAIO / QUinta / 19H00
teatro da politécnica
ArTeC – Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa
Um espectáculo corrosivo e comovente
que irá questionar o público acerca
do mal-estar social que atormenta
uma geração apelidada de “parva”
que luta diariamente, dentro e fora
da universidade, para obter um lugar
ao sol que parece não existir. Quatro
jovens universitários decidem fazer
o impensável: matar! Apenas pelo
prazer do acto em si e sem grandes
princípios filosóficos. Vão torturar e
matar as suas vítimas a partir de um
guião que escreveram, em que a solidão
das festas académicas, o primeiro
emprego falhado, o estágio em que
nada acontece são o fio condutor de
uma discussão bem viva nas nossas
faculdades. Não se trata de uma
praxe. Estes jovens vão matar para
poderem publicar nas redes sociais o
seu desespero, a sua vontade de dizer:
queremos tudo!
O autor e encenador
Marcantónio Del Carlo, de
nacionalidade italiana, nasceu
em 1965 e é licenciado pela Escola
Superior de Teatro e Cinema. É actor
profissional desde 1988, com trabalho
reconhecido no teatro, cinema e
televisão. Participou, enquanto actor,
nos seguintes trabalhos: Sinais de
Fogo, de Luís Filipe Rocha; Capitães
de Abril, de Maria de Medeiros; Os
Serranos, Fascínios, entre outros.
Dirige, desde 1994, o grupo de teatro
ArTeC, da Faculdade de Letras de
Lisboa, para o qual escreveu, entre
outras, as peças: Os Amigos de
Gabriel, A Branca de Neve e o Anão
Esquizofrénico e, agora, Escuro.
Ficha técnica
Encenação: Marcantónio Del Carlo
Interpretação: Amadeu Mendes,
Ana Luísa Pinto, Carolina Mourato,
Joana Martins, Leonor Buescu,
Miguel Ponte, Raquel Brites, Raquel
Martins, Ricardo Sabino, Sónia Castro
Produção e Fotografia: Catarina
Poderoso
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No tempo
de gente
maravilhosa
que nunca
existiu
ESTC – Escola Superior de
Teatro e Cinema do Instituto
Politécnico de Lisboa
The theme is the identity of an
individual and how he acquires it.
And that’s connected to the fact,
as Genet says, that in order to be
complete, one needs to double oneself.
R. Fassbinder a propósito de Querelle
20 MAIO / segunda / 19H00
teatro da politécnica
Partimos do texto Sangue no pescoço
do gato de R. W. Fassbinder e demos
voltas e voltas e juntámos referências
que poderiam preencher o universo
que começávamos a imaginar. Criámos
um projecto com pilhas de papel, de
texto. Não tínhamos tempo para levar
a cabo o Fassbinder que estávamos a
encetar. Não o querendo abandonar
por completo, elaborámos um esboço:
Amor, tempo e morte. Hoje.
Oito elementos no sangue do pescoço
de um gato. Sete pessoas fechadas
num salão, sete personagens
rotativas. Como numa slot machine,
as personagens vão rodando num
circuito infinito. Subvertem as
regras da comunicação, escondem
o espelho, escondem a solidão,
tentando escamotear o confronto
com a realidade. Neste lugar cada um
quer ser mais do que é. Não existe
Deus, a amizade foi esquecida, não
existe amor nem a tentativa de o
expressar. Apenas a ausência dele.
Contudo, a música prossegue. Uma
rotina absurda mas vital. A imagem
reflectida em várias dimensões.
Até que surge um erro: um oitavo
elemento. A verdade humana ou a
distorção psíquica do animal felino.
A música já não é essa, o corpo já não
lhes pertence, a própria linguagem
está contaminada pela chamada
democracia, pelas regras e pela
dificuldade de amar.
Ficha técnica
Criação e interpretação: Ana
Valentim, Bernardo Nabais, Bernardo
Souto, Frederico Barata, Isac Graça,
Joana Manaças, Nídia Roque e Rita
Cabaço a partir de Sangue no pescoço
do gato de Rainer Werner Fassbinder
Agradecimentos: José Pedro Caiado,
Mestra Olga Amorim, Escola Superior
de Teatro e Cinema
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O Despertar
da Primavera
21 MAIO / terça / 19H00
teatro da politécnica
Ultimacto - Faculdade
de Psicologia e Instituto
de Educação da Universidade
de Lisboa
Os Encenadores
João Cabral (S. Miguel, 1961)
é licenciado em teatro pelo
Conservatório Nacional de Lisboa
(1980-85). Em 1982, começou a
sua actividade como actor, tendo
participado em várias produções
em televisão e cinema. No teatro
integrou encenações de Mário
Feliciano, Rosa Coutinho Cabral,
Carlos Avilez, Diogo Dória e José
António Pires, entre outros. Foi
professor de expressão dramática na
Escola Secundária Passos Manuel,
em Lisboa. Dirigiu e encenou o Grupo
de Teatro do Instituto Superior de
Ciências Sociais e Políticas da UTL.
Uma peça que tem um tema por
base - o despertar da sexualidade.
Dois grupos de personagens
apresentam-se em confronto - os
jovens e os adultos. A adolescência
é vista como um período conturbado,
silenciado e reprimido. Os
personagens adolescentes verão a sua
vida a desenvolver-se, lutando contra
a repressão instituída pela sociedade.
Também aqui se apresentam as
suas próprias repressões e fantasias,
numa descoberta da sexualidade e do
valor da vida humana. Lidando com
problemas como o suicídio, violação,
homossexualidade o Despertar
da Primavera expõe o progresso
da adolescência como período da
descoberta de si mesmo e dos outros.
Andresa Soares (Lisboa, 1978), cuja
formação artística se divide entre
a dança, o teatro, as artes plásticas
e o audiovisual, tem participado,
desde 2000, em vários projectos de
dança e teatro enquanto intérprete e
criadora. Neste contexto, colaborou
com Sofia Fitas, Alexander Gerner,
Lígia Soares, Sara de La Féria, Carlos
Monteiro, João Garcia Miguel, Nuno
M. Cardoso, e Ricardo Aíbéo, entre
outros. Com Lígia Soares, fundou
a Máquina Agradável - Associação
Cultural, através da qual produz as
suas criações.
Ficha técnica
Encenação: João Cabral e Andresa
Soares Interpretação: André
Gonçalves, André Patrício, Beatriz
Afonso, Beatriz Pinto, Carlos
Sampaio, Catarina Alves, Catarina
Carvalho, Daniela Pacheco, Eunice
Correia, João Fragoso, Marco Mendes,
Mário Coelho, Pedro Taborda,
Mariana Caiado, Sofia Wahnon,
Vanessa Baptista, Vânia Soares, Vera
Ribeiro Cenografia: Luísa Pacheco
Iluminação: Rui Braga
Em Palco Fatal Convida
“O Tempo morto”*
47
9 MAIO / QUINTA / 19H00
teatro da politécnica
Espectáculo concebido no âmbito da Residência
de Criação Artística “ No tempo morto, uma
experiência para resistentes e dissidentes do
Teatro Universitário”/ FATAL 2013
Caminhos de floresta, clareiras do bosque, sombreados
horizontais por entre a claque silenciosa do arvoredo.
É um cenário com luzes. Um grupo de pessoas. Um
sussurro-guilhotina a desinventar a voz. Quando Deus
morreu veio para aqui. Um utensílio mais. Heróis
mimados escondem-se debaixo das saias de meninas de
perfeição inclinada. Princesas sem coração reúnem a
quantidade de príncipes ideal para atravessar o Inverno.
Todos esperam a ordem de expulsão do paraíso.
Miguel Manso
Nota sobre o processo criativo
Sobre a residência de criação artística, com coordenação e
encenação de Susana Vidal e com criação de textos e apoio
à dramaturgia de Miguel Manso.
“NO TEMPO–MORTO” é uma experiência para resistentes
e dissidentes, onde desenvolveremos um processo de
criação que será apresentado ao público no FATAL 2013.
Com um grupo de pessoas oriundas de vários espaços
e com experiências diferentes, propomo-nos fazer este
trabalho de criação e colaboração como desafio e delírio.
Sem método a priori, trabalhamos na desvantagem do
tempo e da memória, na procura de um tempo-morto onde
inventar um espaço de eco. O eco na sombra do bosque,
onde os intérpretes coroam a sua loucura e deixam fugir o
paraíso por entre as sombras.
48
Em Palco Fatal Convida
Trabalhamos com a poesia inerente ao corpo dos
desconhecidos que participam nesta residência de criação.
Uma criação de urgência, de muitos e de poucos, de erros e
pequenos acertos.
“Só posso amar-te se fores perfeito”
Na floresta, só havia 12 princesas e 6 super-heróis,
embebidos na beleza das palavras ocas.
Imaginários no processo de criação
Havia 12 princesas e 6 super-heróis. Não havia nem olhos,
nem ruas, nem mapas, nem sonhos, nem linhas, nem lojas,
nem folhas, nem palavras, nem filhos, nem pais, nem
mulheres, nem homens, nem poderosos, nem vítimas,
nem lutadores, nem poetas… não havia mais nada, só 12
princesas e 6 super-heróis, seja isso o que for.
Tempo 1: Delírios para super-heróis e princesas.
Em tempo de delírios não se deixam ver os heróis. Em
tempo de coroações as princesas escasseiam. No tempo
da poesia, a razão é permeável à vontade do rei mais louco.
No tempo do rei, torno-me a rainha. No tempo do herói,
torno-me no homem. Os homens estavam nus, sempre por
baixo das saias das princesas. Os heróis desapareceram
pela floresta. Na clareira do bosque todos assistem à
coroação, todos somos coroados pela insensatez e pelo
delírio que o tempo vai deixando morrer. Os corpos ficam
sem tempo, para depois arrancar o cadáver dos seus
corpos e dos seus pensamentos tolos.
Tempo 2: Coroação
Porque se escondem os heróis? Por que ocultam sempre a
sua cara atrás de uma máscara? Se são heróis, por que têm
vergonha de que vejamos as suas caras... Será humildade
ou será que querem evitar a inveja e o repúdio dos outros?
Os heróis e as heroínas estão sempre escondidos por
detrás das árvores na floresta.
Acho que são muito feios; valentes, mas feios. Se calhar,
são só muito tímidos. Acho que este bosque está cheio de
heróis apagados pela escuridão. A penumbra é o tempo
morto dos heróis. Os heróis que descansam por baixo das
saias das princesas. Os heróis que, depois do intervalo,
virão salvar mais um louco em perigo.
«De nada nos serve ser rainhas ou princesas, super-heróis
ou piratas, ganhadores ou perdedores. De nada serve
olhar por baixo da minha saia e encontrar-te nu...de nada
serve viver no paraíso sem culpa, sem medo, sem ódio,
sem amor maldito ou sujo...de nada serve a solidão neste
paraíso tão maculado como a rua, tão obscuro como os
teus olhos, tão perfeito como a tua voz...deixa-me parar
o tempo. No tempo-morto começa uma outra história,
onde as princesas estão a desfazer-se e os super-heróis
choram aos gritos, onde as rainhas tremem de medo e os
perdedores vivem por fim em paz».
© Tânia Araújo
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Anúncio:
PROCURAM-SE PRINCESAS (OU SUPER-HERÓIS)
em boa forma física, com experiência em desejos, sexo,
príncipes, sapatos, vestidos, cartões de crédito e com
carta de condução. É indispensável saber inglês, francês,
alemão, mandarim… certificado médico, mestrados,
ordenado mínimo conforme as tabelas estipuladas pela
PGE. Ajuda para alimentação, transportes por conta
própria e apoio psicológico, caso seja necessário.
Miguel Manso (1979) tem seis livros de poemas publicados, de
1º Erro
(a preencher pelos espectadores)
3º Erro
Agradecer publicamente pelos contos que me contaram
durante 38 anos.
Ficha técnica:
Coordenação, criação e encenação: Susana Vidal
Criação de textos e apoio à dramaturgia: Miguel Manso
Interpretação: Ana Paula, Anabela Caetano, André
Tenente, Chiara Biassi, Jorge Ribeiro, Marcela Rowek,
Margarida Moura, Mariana Caiado, Marisa Russo, Natasha
Bulha Costa, Paulina Krzysik, Pedro Silva, Raul Alvares,
Salomé Xavier, Stat Miller, Susana Almeida, Sofia Abreu,
Xana Costa Produção: Fatal
Susana Vidal
*título provisório
2º Erro
(a preencher pelos espectadores)
Susana Vidal, encenadora, autora e actriz oriunda do teatro
universitário espanhol, trabalha e reside em Lisboa desde 1997
onde é criadora independente e directora artística da B Negativo
Teatro. Entre 2000 e 2008, foi, também, encenadora do GTIST
(Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico), colectivo com
quem participou em varias edições do FATAL e criou diversos
espectáculos que questionaram a função e forma do teatro
universitário.
entre eles, Contra a manhã burra (ed. de autor e Mariposa Azual,
2008), Santo Subito (ed. de autor, 2010) e, mais recentemente,
Aqui podia viver gente (Primeiro Passo, 2012). Colaborou com a
companhia de teatro Cão Solteiro e tem participado em leituras
públicas de poesia, das quais se destaca “Quintas de Leitura”, no
Teatro do Campo Alegre, Porto. Tem participado em residências
artísticas e de criação literária.
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Em Palco Fatal Convida
Suicídio
colectivo
com encanto
17 MAIO / SEXTA / 21H30
teatro da politécnica
Aula de Teatro Universitária
“Maricastaña”
Universidade de Vigo – Campus
de Ourense
O paradoxo do título remete-nos para
os extremos presentes nesta obra:
a morte e a vida. Vidas arruinadas,
problemas sem solução aparente, a
vida que decorre sem fazer sentido…
Personagens que vêem na morte
a única solução juntam-se num
seminário de “suicidiologia” por
sugestão de uma delas.
Deste sairá uma conclusão, tal como é
costume nos congressos: participarão
num suicídio em grupo, um suicídio
colectivo com encanto. É então que
começa a diversão, quando se vive
cada dia como se fosse o último,
quando o “carpe diem” atinge as
pessoas e a alegria e a explosão vital
afloram na humanidade.
Vamos descobrindo o que esconde
cada personagem numa viagem desde
a Galiza até à ponta mais setentrional
da Europa. Uma mulher-polícia
vai procurar entender o que traz
entre mãos este excêntrico exército
comandado por um coronel, uma
directora de uma empresa e uma vicereitora. Tudo isto temperado por um
humor latente, que chega por vezes a
ser humor negro, durante toda a obra.
O Encenador
Fernando Dacosta (1969) é licenciado
em Filologia Hispânica. É um homem
impaciente mas que tem um grande
amor pelo seu trabalho, algo que
descreve como uma constante
descoberta. Fez a sua formação em
Teatro na companhia a que hoje
pertence, a Sarabela. É encenador,
desde 1995, da Aula de Teatro
Universitária “Maricastaña”, campus
de Ourense, um dos grupos de
teatro universitário mais relevantes
de Espanha. O grupo participa
regularmente no FATAL, desde 2000.
© Todos os direitos reservados
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Processo criativo
O espaço.
Pneus, um ciclorama, os acessórios essenciais.
Pneus que fazem de autocarros, casa, lago, restaurante, quinta… Tudo e nada
numa viagem iniciada desde as cavernas do desespero à vida resistente.
O vestuário.
Em branco, preto, cinza, creme... Para o mínimo funcional e próprio dos
personagens.
As transições.
Rápidas, apoiadas numa luz cenográfica que enquadra e situa a acção. Trocas
que permitem um ritmo “in crescendo”, levado ao limite pelos personagens.
Música que cria atmosfera, com uma composição em directo, ilusionismo,
equívoco, evoluções e involuções.
As emoções em jogo, tudo a nu, o pranto, o desespero, a loucura, o riso, o afecto,
o humor, a ternura...
Ficha técnica
Cenografia, dramaturgia e
encenação: Fernando Dacosta
Texto: Arto Paasilinna Interpretação:
Marcos Vázquez, Yu Estévez , Patricia
Figueiras, Pablo Maijide, Nuria Paz,
Samuel Cardoso, Alberto Medeiros,
Alba Núñez, Alicia Fraga, Victoria
Álvarez, Noelia Rodríguez, Alba da
Estevadinha, Reyes Mangue, Iván
Davila, Sandra Al Ca, Daniel Vázquez,
Paco Daza Assistente de encenação:
María Díaz Luzes e adereços: José
Manuel Bayón, Rubén Dobaño
Guarda-roupa e acessórios: Tegra
Desenho musical: Renata Codda Fons
Cartaz e programa: Pablo Otero
Em Palco Fatal Convida
© Tiago Froufe
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teatro
sem cortes
Leituras
18 MAIO / sábado / 17H00
teatro da politécnica
FATAL
Casa da Esquina (Coimbra)
O FATAL e a Casa da Esquina
(Coimbra) apresentam Teatro sem
cortes, uma leitura de textos curtos de
vários dramaturgos contemporâneos,
portugueses e estrangeiros, que
escreveram em resposta a temáticas
actuais tais como o movimento
Occupy e a crise europeia, entre
outras.
A Casa da Esquina vem propor a
leitura e discussão, por estudantes
universitários, de textos inéditos
criados por autores portugueses para
esta leitura no âmbito do FATAL e
de outros já integrados no festival
Theatre Uncut (festival criado
no Reino Unido e promovido em
Portugal, em Novembro de 2012, em
Coimbra). Os textos destas leituras
farão parte de um espectáculo
compósito denominado Occupy que
estreará em Outubro, numa produção
da Casa da Esquina.
Estas leituras pretendem ser um
gesto de reflexão sobre a nossa
actualidade e é, sobretudo, a tentativa
de criar um debate em torno do
colapso social e cultural que assola a
Europa.
Textos: Ontem, de Helena Tornero
(Espanha), com tradução de Ricardo
Correia; O preço, de Lena Kitopoulou
(Grécia), com tradução de Jonathan
de Azevedo e Ricardo Correia; A
fuga, de Anders Lustgarden (Reino
Unido), com tradução de Jonathan
de Azevedo e Ricardo Correia. Entre
outras peças de autores nacionais .
Coordenação
Ricardo Correia, director artístico
da Casa da Esquina Coimbra.
Encenador, actor e docente de
Teatro. Actualmente a frequentar o
Advanced Course of Devising Theatre
and Performance na LISPA (London
International School of Performing
Arts), em Londres.
Em Palco Fatal Convida
© Todos os direitos reservados
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Portugal
Peça em 3 actos
Leitura
Dramática
19 MAIO / domingo / 19H00
teatro da politécnica
GtfUL - Grupo de Teatro dos
Funcionários da Universidade
de Lisboa
tão próximos de nós. Uma família
destroçada por um assassinato:
uma mãe, um filho, José, e a sua
noiva, Maria. Outras personagens
que suportam um enredo cheio de
intrigas, retratando a sociedade
portuguesa: a governanta, os criados,
o porteiro, a cozinheira, os militares.
A peça termina em França, numa
possível alusão aos tempos de exílio
de Almada Negreiros, à sua acepção
de pátria e a um sentimento de
saudade sempre presente.
Um enorme desafio para o GTFUL,
a selecção deste autor, e deste texto,
foi motivada por várias razões: as
comemorações dos 120 anos do
nascimento de Almada Negreiros, a
ligação existente entre o artista e o
património edificado da Universidade
de Lisboa (o resultado desta ligação
pode ser visto ainda hoje nos
desenhos incisos dos pórticos da
Reitoria e das Faculdades de Direito
e de Letras), e o facto de ser um texto
intemporal, tão próximo de uma
realidade presente.
Portugal no início do século XX.
Uma época de precariedade política,
social e económica, com sentimentos
O encenador
João Ferrador (1967) actor, encenador
e professor de expressão dramática,
iniciou a sua formação na Escola
Superior de Teatro e Cinema,
tendo sido complementada por um
curso sobre o método teatral de
Stanislavsky, entre outras formações.
Tem trabalhado com vários
encenadores, entre os quais Jean
Marie Villègier, João Lourenço, Carlos
Avilez, Jorge Listopad, Rui Luís Brás
e Aderbal Freire Filho. É finalista do
curso de Estudos Artísticos/Artes do
espectáculo na Faculdade de Letras e
Coordenador/Encenador nas Oficinas
de teatro da Penha de França, projecto
de Teatro Comunitário criado em 2002.
Ficha técnica
Encenação: João Ferrador Texto:
Almada Negreiros Interpretação:
Alda Correia, Alexandra Oliveira,
Cristina Oliveira, David Dias,
Helena Saramago, Hélio Jone,
Isabel Rodrigues, Isabel Tadeu, João
Marques, Luís Caldeira, Luís Canário,
Maria Eduarda Araújo, Sandra
Marques, Sandra Silva, Susana Leal,
Armando Teles e Almeida
Em Palco Fatal Convida
© Gonçalo Valverde
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Almisdaé
20 MAIO / segunda / 21H30
teatro da politécnica
La Coquera Teatro
Universitat Politécnica
de Catalunya
Barcelona, Espanha
Almisdaé é um nome anónimo,
inventado, de uma mulher que
não tem futuro nem passado. Uma
desculpa para aprofundar os jogos
de poder entre homens e mulheres
e a irrefreável tensão e violência
que estes desencadeiam. Um drama
rural “lorquiano” que fala do poder,
do engano e da violência (tanto
psicológica, como física).
Uma pequena grande tragédia que se
desenrola no início do séc. XX, numa
pequena localidade da Espanha
profunda, onde reinam a inveja e os
rumores que envenenam a população,
e onde todas as suspeitas se abatem
sobre os estrangeiros. Um quadro
perfeito para que a hipocrisia se
imponha ocultando grandes segredos.
Ficha técnica
Encenação: Alberto Rizzo
Interpretação: Lis Gadea, Telma
Lago, Alberto Rizzo, Ignacio Barranco,
Pia Muñoz, Érika O’Morrison
Figurinos: Aina Riu Luzes e
cenografia: La Coquera Música:
Alexa MaCartney
Performance, Concurso, Masterclass
© Miguel Carriço
55
Não tenho nada…
mas tenho a
minha vida
Performance com
a Aula de Teatro
Universitária
“Maricastanã”
18 de Maio
Teatro da
Politécnica - 17h00
Esta performance resulta da
aproximação entre o FATAL e o
MITEU – Mostra Internacional de
Teatro Universitário. Este ano, o
TUT, grupo da UTL, preparou uma
performance sobre o tema da crise
para apresentar no MITEU, em
Ourense, na Galiza. Agora, é o grupo
Maricastaña que nos vem mostrar o
que preparou especificamente para
o espaço da entrada do Teatro da
Politécnica.
Entrada Livre
Apresentação
do concurso
para novas
dramaturgias e
novas encenações
de jovens
universitários
18 de Maio
Teatro da
Politécnica
10h30
O FATAL apresenta o recém-criado
Concurso para Novas Dramaturgias
e Novas Encenações de Jovens
Universitários através de um
encontro com os encenadores Diogo
Bento, Susana Vidal, Adriana Aboim,
Tiago Vieira e com o escritor Tiago
Patrício.
Entrada Livre
Masterclass
com Rogério
de Carvalho
8 de Maio
Reitoria da UL
17h00
Esta masterclass trará à Universidade
de Lisboa o encenador e actor
Rogério de Carvalho para uma aula
aberta ao público sobre o seu Método
e Processo de Trabalho. Discorrerá
sobre a construção de partituras,
acções físicas e acções vocais.
Entrada Livre
Workshops
© Sónia Araújo
56
Workshop
Fotografia de Teatro
De 30 de Abril
a 25 de Maio de 2013
Teatro da Politécnica e outros locais
O Movimento de Expressão Fotográfica (MEF), em
colaboração com a Reitoria da Universidade de Lisboa,
promove mais um Workshop de Fotografia de Teatro
para a cobertura fotográfica integral do Fatal 2013 – 14º
Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa.
O workshop é composto por uma componente teórica de
fotografia de cena e de fotografia de retrato e por uma
parte prática, a realizar ao longo de todo o festival, que
incluirá fotografia de retrato, fotografia dos espectáculos
que integram o FATAL 2013 e por fotografia de reportagem
do ambiente que envolve todo o festival.
Para a cobertura do festival e para as sessões de retrato,
serão criadas equipas de trabalho coordenadas, no
terreno, pela formadora Tânia Araújo e, em sala de aula,
pelo formador Luís Rocha.
Conteúdos: Temperatura de cor; o momento certo; a
relação com os actores e com o palco; sensibilidades,
relação com a luz existente; grão e ruído; profundidades
de campo e foco selectivo; composição de fotografia
de cena; distâncias focais, luminosidade das objectivas
(efeitos e características); a colocação na plateia do
fotógrafo; direito à imagem; tratamento digital de imagens
em programa de edição; fotografia de retrato; iluminação
para retrato; uso do Flash; fotografia de reportagem.
Componente teórica: 30 de Abril, das 19h30 às 22h30; Dias
2 e 3 de Maio, das 19h30 às 22h30
Edição, visualização e discussão de imagens: dias 10, 11, 16
e 21 de Maio das 19h30 às 22h30
Componente prática: no decorrer do festival
Custo do Workshop por pessoa: 125€
Contactos e Inscrições: www.mef.pt
Local de Formação: Palácio de Laguares (sessões teóricas
e de edição de imagem)
Formadores: Luís Rocha, Tânia Araújo
Parceria: Parceria Cultural com a Sociedade de Instrução
Guilherme Cossoul
57
© Tânia Araújo
Workshops
Workshop
Interpretação
Trabalho de Actor e
levantamento do universo
de uma cena
9 e 10 de Maio
Reitoria da UL
17h30 às 21h00
Com o encenador e actor Rogério de Carvalho
Esta será uma formação de componente teórica e prática
onde se procederá ao levantamento do universo de uma
cena de O Pelicano de August Masterclass Strindberg,
explorando de forma prática alguns dos pontos
apresentados na masterclass integrada no FATAL 2013.
Preço: 30 €
58
lisboa
25 MAIO / 23H00
Camarim
59
PRÉMIOS FATAL
Os troféus FATAL que irão ser entregues na Cerimónia
de entrega de Prémios que antecede a Festa, no dia 25 de
Maio, são peças escultóricas criadas por jovens escultores
da Faculdade de Belas -Artes da Universidade de Lisboa,
sob a orientação do Professor Escultor João Duarte.
Júri
José Pereira, representante da Associação Académica da
Universidade de Lisboa; José Pires, realizador e director
de actores; Maria Elisabeth da Costa, Centro de Estudos
de Teatro da FLUL; Paulo Morais, em representação
da Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto
Politécnico de Lisboa; Representante da Fundação
Calouste Gulbenkian; Representante da Câmara
Municipal de Lisboa
O Prémio Fatal 2013, destinado a consagrar o melhor
espectáculo apresentado, é uma escultura criada por
Ricardo Manso e estrutura-se a partir das dualidades
actor/ personagem, palco/ plateia, real/ fictício, evocando
a elevada rotatividade dos seus elementos e dos próprios
membros dos grupos de teatro universitário, mas cujo
trabalho está apoiado, contudo, no contexto sólido das
instituições (cidade, universidade) – a cadeira na cidade e
na universidade.
O Prémio Fatal – Cidade de Lisboa 2013, patrocinado
pela Câmara Municipal de Lisboa e destinado a
consagrar o espectáculo mais inovador, é uma escultura
criada por Catarina Alves e evoca a fragilidade, o risco
e a instabilidade do teatro universitário e de toda a
criação artística, as quais, pela sua própria natureza,
proporcionam as condições ideias à inovação e à elevação
da qualidade da obra – a cadeira fatal.
O Prémio Fatal do Público 2013, destinado a consagrar o
espectáculo melhor pontuado pelos espectadores, é uma
escultura criada por Andreia Pereira. Este prémio foi
criado para dar voz pública àqueles a quem mais importa
ouvir e a quem se destina o Festival: os espectadores. c
60
SELECÇÃO
DOS ESPECTACULOS
FATAL 2013
Camarim
Os elementos da equipa de selecção dos espectáculos que
integram a programação do FATAL 2012 apresentam-se:
Alexandra Quelhas da Silva é
licenciada em Performance, Artes
Visuais e Teatro pela Universidade
de Brighton. Trabalhou como Actriz
e Performer e desenvolve trabalho na
área da educação e em contexto de
Galerias de Arte.
Mariana Salgueiro actualmente
frequenta o último ano da
licenciatura em Ciências da Cultura
– Especialização em Comunicação
e Cultura, na Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa. Iniciou
o seu percurso na área cultural
enquanto membro da Comissão de
Curso de Ciências da Cultura. Está a
concluir o seu estágio curricular no
Núcleo Cultural da Reitoria da UL, no
contexto do FATAL 2013.
Rui Teigão foi actor no Grupo de
Teatro de Letras, entre 1998 e 2005. É
mestrando em Estudos de Teatro na
Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa. Foi dramaturgista do
espectáculo A Chuva no Teatro
Municipal de Almada. Fez Estágio
e Assistência de Encenação no
espectáculo Ifigénia na Táurida
no Teatro da Cornucópia, em 2009.
No FATAL, coordena a selecção de
espectáculos, desde 2003, sendo,
desde 2011, director de programação e
membro da direcção de produção.
Sandra Silva é licenciada em Relações
Internacionais foi um dos elementos
fundadores do GTUL – Grupo de
Teatro Universitário da Universidade
Lusíada. Frequentou o Curso de Teatro/
Expressão Corporal do Chapitô, em
Lisboa, com o actor e encenador Bruno
Schiappa. Actualmente colabora no
Núcleo Cultural do Departamento
de Estratégia e Relações Externas da
Reitoria da Universidade de Lisboa e
integra o GTFUL – Grupo de Teatro
dos Funcionários da Universidade de
Lisboa.
Tiago Patrício (Funchal, 1979), é
licenciado em Ciências Farmacêuticas
e estuda Literatura e Filosofia na
Universidade de Lisboa. Começou a
ser publicado em 2007 nas colectâneas
Jovens Escritores, do Clube Português
de Artes e Ideias (CPAI).
Foi seleccionado para a Bienal
de Jovens Criadores da Europa
e Mediterrâneo, em Skopje, na
Macedónia, na área da Literatura.
Venceu vários prémios em poesia
(Prémio Daniel Faria e Prémio
Natércia Freire) e teatro (prémio LusoBrasileiro) e publicou O Livro das Aves,
Cartas de Praga, As Portas da Cidade.
A peça Checoslováquia começou a ser
escrita numa residência em Praga,
em 2007, promovida pelo CPAI e pelo
Instituto das Artes da República
Checa. Escreve para as companhias
Estaca Zero e Ponto Teatro (Porto)
e para a companhia teatromosca
(Sintra). Concebeu a performance
Arriscar a Pele, com reclusos do
Estabelecimento Prisional do Linhó.
Mantém um projecto em torno da
leitura e escrita de poesia, com um
grupo de residentes da Casa de Saúde
do Telhal. Alguns dos seus textos
estão publicados no Egipto, Eslovénia,
Franca e República Checa. Em 2011, o
seu primeiro romance, Trás os Montes,
venceu o prémio revelação Agustina
Bessa Luís. Mantém o blog:
http://cartasdepraga.wordpress.com c
REGULAMENTO
FATAL 2013
14.º FESTIVAL ANUAL DE TEATRO ACADÉMICO DE LISBOA
ÍNDICE
Preâmbulo
Capítulo I – Disposições Gerais
Artigo 1º: Denominação, Natureza, Iniciativa, Âmbito e Periodicidade
Artigo 2º: Missão
Artigo 3º: Comissão de Honra
Artigo 4º: Dedicatória e Homenagem
Artigo 5º: Princípios Orientadores
Artigo 6º: Logótipo
Artigo 7º: Slogan
Artigo 8º: Produção Executiva
Capítulo II – FATAL 2013 - 13.º Festival Anual
de Teatro Académico de Lisboa
Secção I – Objectivos e Programação
Artigo 9º: Objectivos
Artigo 10º: Data e Local
Artigo 11º: Programação
Secção II – Inscrição e Selecção
Artigo 12º: Condições Prévias de Inscrição
Artigo 13º: Participação de Grupos Estrangeiros
Artigo 14º: Inscrição
Artigo 15º: Selecção
Artigo 16º: Critérios de Selecção
Secção III – Participação
Artigo 17º: Obrigações dos Grupos Seleccionados
Artigo 18º: Alimentação e Alojamento
Artigo 19º: Convites, Livre-Trânsitos e Entrada Livre
Artigo 20º: Certificados
Capítulo III – Prémios e Júri
Artigo 21º: Prémios
Artigo 22º: Menções
Artigo 23º: Princípios Orientadores do Júri
Artigo 24º: Composição do Júri
Artigo 25º: Funções e Poderes do Presidente do Júri
Artigo 26º: Reunião do Júri
Capítulo IV – Arquivo e Registos
Artigo 27º: Registo Audiovisual e Fotográfico
Artigo 28º: Arquivo Audiovisual e Fotográfico
Capítulo V – Disposições Finais
Artigo 29º: Responsabilidade Limitada da Organização
Artigo 30º: Direitos de Autor
Artigo 31º: Casos Omissos
61
62
Camarim
Preâmbulo
O Teatro Universitário, desenvolvido no âmbito das instituições de
Ensino Superior, é, sem dúvida, uma das actividades extracurriculares
estudantis de maior significado sociocultural e histórico no meio
académico português. Não só pela sua notável qualidade e tradição
histórica, mas igualmente pelo alto nível de adesão dos estudantes
(actores e espectadores) e surpreendente longevidade dos grupos de
teatro, alguns com idade muito perto do meio século.
Sendo, claramente, o ex-libris da vida cultural universitária e um
expoente artístico da formação humanista, como o testemunham
os percursos biográficos das mais diversas figuras de proeminência
histórica, política e cultural do nosso país, a Universidade de Lisboa
tomou a iniciativa de criar uma mostra do teatro universitário e
integrá-la nos circuitos regulares da vida cultural lisboeta.
Surge, assim, em 1999, a primeira edição do FATAL – Festival Anual
de Teatro Académico de Lisboa, evento com o qual a Reitoria da
Universidade de Lisboa pretende notabilizar o Teatro Universitário
e garantir-lhe um lugar de honra na vida cultural portuguesa,
desenhando o projecto de forma a inscrevê-lo na rota dos grandes
festivais europeus.
Regulamento FATAL 2013
Capítulo I
Disposições Gerais
Artigo 1º
Denominação, Natureza, Iniciativa, Âmbito e Periodicidade
O Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa, identificado pela
sigla FATAL, é uma mostra de teatro universitário da iniciativa da
Reitoria da Universidade de Lisboa, de âmbito nacional, periodicidade
anual, que se realiza na cidade de Lisboa, e, sempre que possível,
durante o mês de Maio.
Artigo 2º
Missão
O FATAL tem por missão promover e divulgar o Teatro Universitário
português na sociedade, inscrevendo Lisboa no mapa das novas
geografias das Artes do Espectáculo, como uma das cidades europeias
mais representativas no desenvolvimento do Teatro Universitário.
Artigo 3º
Comissão de Honra
O FATAL, dadas a sua missão e importância sociocultural, recebe
o alto patrocínio de uma Comissão de Honra constituída por
individualidades em representação de organismos estatais, de
parceiros e de patrocinadores, por personalidades de mérito
reconhecido das Artes do Espectáculo, da Crítica e da Investigação
Teatral e pelo Reitor da Universidade de Lisboa.
Artigo 4º
Dedicatória e Homenagem
O FATAL, no estatuto de mais importante evento promotor do
Teatro Universitário português, assume a incumbência e o dever
de homenagear, em cada edição, uma personalidade de relevo na
História do Teatro Universitário dando, assim, voz ao sentimento
de gratidão a todos aqueles que foram ou são decisivos na formação
humanista das novas gerações, através da prática teatral.
Artigo 5º
Princípios Orientadores
1 – O FATAL procura aproximar o meio universitário ao Teatro
Universitário, não só pelo encontro anual entre os diversos grupos
de teatro universitário do país e o público académico, mas, também,
envolvendo o corpo estudantil na produção executiva e o corpo
docente em várias iniciativas culturais do Festival.
2 – O FATAL procura estabelecer parcerias e obter patrocínios de
organismos públicos e entidades privadas, não só com o objectivo
de viabilizar financeiramente um projecto de custos elevados
para a Universidade, mas, também, para envolver a sociedade no
desenvolvimento de uma das actividades extracurriculares estudantis
de maior importância cultural, social e histórica do nosso país.
3 – O FATAL procura criar a apetência pelo Teatro junto do público
jovem, assim como alargar a novos públicos a fruição das Artes do
Espectáculo realizadas por estudantes universitários.
4 – O FATAL procura estimular a participação do público, dos órgãos
de comunicação social, da comunidade académica e dos profissionais
63
das Artes do Espectáculo no debate cultural e nas problemáticas do
Teatro Universitário, contribuindo, igualmente, para a formação,
tanto geral como técnica, de todos os interessados e agendes
envolvidos nas Artes do Espectáculo.
5 – O FATAL procura contribuir para o estabelecimento de pontes
entre o Teatro Universitário e o Teatro Profissional, fomentando
a participação de profissionais das Artes do Espectáculo na
programação do Festival.
Artigo 6º
Logótipo
O logótipo do FATAL - uma cadeira vermelha vazia sobre um texto a
antracite - foi criado a partir da imagem da 1ª edição do Festival, não
só pelo valor emblemático que esta imagem assumiu ao longo das
suas várias edições, mas, acima de tudo, pelo valor simbólico que os
elementos gráficos desta imagem corporificam, nomeadamente:
a) cadeira vazia: símbolo, por um lado, da arte de representar tout
court, despojada de qualquer adereço cénico ou recurso material
que não o próprio actor, assim como da presença do espectador
in abstracto, segundo termo fundamental da equação das
Artes do Espectáculo; por outro lado, expressa graficamente a
pobreza de meios materiais do Teatro Universitário, evocando,
implicitamente, que a forte presença histórica desta Arte nas
Universidades Portuguesas se deve inteiramente ao entusiasmo
inextinguível dos estudantes do Ensino Superior;
b) espaldar ondulado da cadeira: símbolo do movimento, da vida, do
dinamismo, da dedicação e da jovialidade, sempre renovados, de
todos aqueles que levam ao palco um novo espectáculo, em cada
ano lectivo;
c) cor vermelha da cadeira: símbolo da força e do espírito de
sacrifício necessários à prossecução de uma actividade
extracurricular, em geral, e à produção de um espectáculo teatral,
em particular;
d) texto: símbolo do espírito humano e de tudo o que esta noção
comporta, que se expressa através da palavra, elemento que
sustenta a construção da obra teatral e ponto de apoio da Cultura;
e) cor antracite do texto: o tom de cinzento pretende simbolizar o
carácter impessoal e universal que as cristalizações do espírito
humano adquirem ao se tornarem património da Humanidade,
nomeadamente, as grandes obras dramatúrgicas de todos os
tempos;
f) sombra da cadeira sobre o texto: símbolo da unidade indissociável
entre o espírito e o corpo na expressão cultural, entre a
representação e o objecto representado, assim como das Artes do
Espectáculo como potencial metalinguagem da própria Cultura;
g) plano picado da imagem: símbolo, por um lado, da inspiração
que provém do que há de mais elevado no Homem, substracto
e quinta-essência das melhores realizações da humanidade, em
geral, e da excelência das obras teatrais, em particular; por outro
lado, simboliza, também, a providência e o apoio institucional
da sociedade e das Universidades Portuguesas ao Teatro
Universitário;
h) lettering: homenagem às raízes gregas do teatro através de
um tipo de letra de serifa suave e arredondada, de espessura
fortemente contrastada com a espessura dos elementos
verticais, de modo a evocar elementos da arquitectura clássica
marcadamente iconográficos, nomeadamente, a coluna, a base e o
capitel; o duplo eixo das letras em caixa baixa (um vertical e outro
diagonal) e a curvatura delicada das suas linhas remetem para o
espírito humanista, procurando conciliar, de forma gráfica, a ideia
de dinamismo inerente ao devir com a de solidez da tradição.
Artigo 7º
Slogan
O FATAL sintetiza a sua missão, valores e posicionamento através da
força poética da frase “Uma flecha jovem no coração da cidade”, de
autoria da Professora Doutora Maria Helena Serôdio, do Centro de
Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,
retirada do texto de abertura publicado no Programa de Sala do
FATAL 2000.
Artigo 8º
Produção Executiva
A produção executiva do FATAL é assegurada pelo Núcleo Cultural
do Departamento de Estratégia e Relações Externas da Reitoria da
Universidade de Lisboa.
Capítulo II
FATAL 2013
14.ºFestival Anual de Teatro Académico de Lisboa
Secção I
Objectivos e Programação
Artigo 9º
Objectivos
1 – Promover o Teatro Universitário português, apresentando uma
selecção de espectáculos do ano lectivo 2012/2013.
2 – Estimular o debate sobre Teatro e contribuir para a formação dos
agentes do Teatro Universitário nas Artes do Espectáculo.
3- Criar novos públicos para o teatro e artes performativas através da
apresentação de performances nos espaços públicos de Lisboa.
4 – Fomentar o convívio e a aproximação dos profissionais das Artes
do Espectáculo ao Teatro Universitário.
5 – Estimular a elevação dos padrões de qualidade do Teatro
Universitário, premiando dois dos espectáculos apresentados que se
distingam pela sua qualidade e pela sua inovação.
6 – Dar expressão à opinião dos espectadores sobre os espectáculos
integrados na programação através da atribuição de um prémio ao
espectáculo melhor votado pelo público.
7 – Promover o conceito de site specific, procurando integrar na
programação do Festival, pelo menos, um espectáculo que se insira
neste conceito.
8 – Estabelecer uma ponte entre o Teatro e as restantes Artes que se
relacionam com o espectáculo teatral.
64
Camarim
Artigo 10º
Data e Local
A programação principal do FATAL 2013 decorrerá entre 07 e 21 de
Maio de 2013, no Teatro da Politécnica, situado no Museu Nacional de
História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa, em Lisboa.
Artigo 11º
Programação
1 – O Fatal 2013 Apresentará A Seguinte Programação:
a) Espectáculos (Programação Principal);
b) Apresentação Pública (Apresentação Do Festival Aos Público,
Parceiros E À Comunicação Social);
c) Ciclo De Tertúlias (A Seguir A Cada Espectáculo);
d) Workshops;
e) Performance;
f) Conferências
g) Masterclasses
h) Cerimónia De Atribuição Dos Prémios;
i) Festa Fatal (Festa De Encerramento);
j) Itinerância Fatal (Realização De Mostras Fatal Em Território
Nacional).;
2 – Por Motivos De Força Maior, A Organização Poderá Ter De
Efectuar Alterações À Programação.
Secção II
Inscrição e Selecção
Artigo 12º
Condições Prévias de Inscrição
1 – Somente podem inscrever-se no FATAL 2013 grupos de teatro
universitário.
2 – Os espectáculos inscritos poderão ser inéditos, publicados ou já
apresentados em outros festivais, devendo ser, obrigatoriamente, o
trabalho desenvolvido no corrente ano lectivo.
3 – Aceita-se, a título excepcional, a inscrição de espectáculos que
correspondam ao trabalho desenvolvido pelo grupo no ano lectivo
2011-2012, sempre que o espectáculo trabalhado neste ano lectivo não
esteja pronto para apresentação pública nas datas de realização do
Festival.
Artigo 13º
Participação de Grupos Estrangeiros
1 – As inscrições dos grupos de teatro universitário estrangeiros estão
sujeitas a uma apreciação da organização, a qual poderá resultar num
convite para a participação na programação do Festival.
2 – A organização do Festival irá convidar dois grupos de teatro
universitário estrangeiro a integrar a programação principal do
FATAL 2013.
Artigo 14º
Inscrição
1 – A inscrição é gratuita.
2- A inscrição deve ser efectuada entre 4 e 31 de Março de 2013.
3 – A inscrição é realizada:
a) Pelo telefone 210113406;
Regulamento FATAL 2013
b) Pelo endereço electrónico [email protected] ;
c) Presencialmente, no Núcleo Cultural do Departamento de
Estratégia e Relações Externas da Reitoria da Universidade de
Lisboa, Alameda da Universidade (Cidade Universitária), Lisboa
d) Pelo envio, por correio, da informação solicitada, para FATAL 2013,
Reitoria da Universidade de Lisboa, Alameda da Universidade,
Cidade Universitária, 1649-004 Lisboa.
4 – Sob pena de a organização não considerar a inscrição válida,
esta deverá ser completada, até 5 de Abril com o envio dos seguintes
documentos, para os contactos referidos nas alíneas b) ou c) do
parágrafo 3:
a) Sinopse do espectáculo;
b) Ficha técnica do espectáculo;
c) Historial do grupo, organizado cronologicamente;
d) Curriculum do encenador;
e) Fotografias do espectáculo;
f) Logotipo do grupo (sempre que possível);
g) Registo videográfico do espectáculo (sempre que possível);
h) Texto da peça
i) Documento comprovativo da regularização dos direitos de autor
(SPA).
5 – Os elementos referidos no parágrafo anterior não integram o
processo de selecção, excepto os referidos nas alíneas g) e h).
6 – Por tradição, a organização contacta todos os grupos que já
participaram em edições anteriores do FATAL para efectuarem uma préinscrição, a qual deverá ser efectivada segundo o estipulado neste artigo.
Artigo 15º
Selecção
1 – A selecção dos grupos de teatro universitário portugueses inscritos
é da responsabilidade da organização, estando assegurado que pelo
menos um dos elementos da organização, responsável pela selecção,
tenha experiência em Teatro Universitário.
2 – Sempre que possível, a organização procurará assistir a um ensaio
ou apresentação do espectáculo, entre 1 de Fevereiro de 2013 e 14 de
Abril de 2013, data limite do processo de selecção.
3 – Até ao final de Abril, a organização comunicará aos grupos
inscritos, via email, a lista de grupos seleccionados e a calendarização
dos espectáculos a apresentar no FATAL 2013, com o presente
regulamento em anexo. Os grupos selecionados deverão responder,
confirmando a sua participação e a aceitação do regulamento.
Artigo 16º
Critérios de Selecção
A fim de garantir uma programação de qualidade e assegurar um
processo justo de participação que reflicta a realidade nacional do
Teatro Universitário, a organização estabeleceu os seguintes critérios
de selecção:
a) QUALIDADE: neste critério, de pendor mais subjectivo, a
organização inclui a avaliação de vários aspectos das Artes do
Espectáculo, nomeadamente, o trabalho de encenação, de direcção
de actores, de interpretação, de cenografia, de dramaturgia, de
sonoplastia, de desenho de luz, assim como o texto;
b) EQUIDADE: a organização procura que a relação verificada na
65
programação do Festival entre os grupos de Lisboa e os grupos
provindos do resto do país seja semelhante a essa mesma relação
verificada no país;
c) REPRESENTATIVIDADE: a organização procura respeitar, na
programação do Festival, a distribuição institucional dos grupos,
levando em conta que cerca de um terço de universidades do país
reúne dois terços dos grupos de teatro existentes;
d) OPORTUNIDADE: eventualmente, a organização procurará
incluir na programação pelo menos um grupo que nunca tenha
participado no FATAL ou que se tenha formado recentemente.
Secção III
Participação
Artigo 17º
Obrigações dos Grupos Seleccionados
1 – Os grupos seleccionados para a programação do FATAL 2013
deverão cumprir as seguintes obrigações:
a) Fornecer os materiais e a documentação destinados à montagem
do espectáculo e à participação na promoção do Festival, nas
condições técnicas e nos prazos apresentados pela organização,
nomeadamente:
a.1) Desenho de Luz e raider técnico;
a.2) 3 Fotografias do espectáculo, resolução extrema entre
300 e 350 dpi, tamanho da imagem: 29,7 cm de Altura
por 21 cm de Largura, entregues em formato .tiff sem
compressão;
a.3) Sinopse do espectáculo, em corpo de letra 12, Times
New Roman, com um mínimo de 100 palavras / máximo
120 palavras, formato .rtf, devendo este texto ser um
resumo objectivo da história;
a.4) Ficha Técnica do espectáculo com os elementos
essenciais, em corpo de letra 12, Times New Roman,
com um mínimo de 100 palavras/ máximo 120 palavras,
formato .rtf;
a.5) Nota Biográfica do Autor do Texto da peça o mais
genérica possível apenas com os elementos essenciais,
em corpo de letra 12, Times New Roman, com um mínimo
de 100 palavras / máximo 120 palavras, formato .rtf;
a.6) Historial do Grupo fazendo uma visão de percurso do
mesmo, mencionando apenas os marcos desse percurso,
enumerando o menos possível, em corpo de letra 12,
Times New Roman, com um mínimo de 100 palavras /
máximo 120 palavras, formato .rtf;
a.7) Texto sobre o Processo Criativo da construção do
espectáculo, em corpo de letra 12, Times New Roman,
com um mínimo de 500 palavras / máximo 700 palavras,
formato .rtf;
b) Estar presente, com todos os seus membros, na Apresentação
Pública do FATAL 2013, podendo os grupos de fora de Lisboa, a
título excepcional, marcar a sua presença somente com 2 ou 3
membros;
c) Divulgar o Festival na instituição de ensino em que está sedeado,
com os materiais de divulgação fornecidos pela organização, e
através dos canais de promoção próprios do grupo;
d) Manter-se disponível para dar entrevistas aos órgãos de
comunicação social ou acompanhar a organização em acções
promocionais, duas semanas antes do início do Festival e até o seu
encerramento;
f) Participar, activamente, na Tertúlia (conversa com o público)
que se inicia 15 minutos após o fim do espectáculo, assegurando,
simultaneamente, uma equipa para desmontar o espectáculo até
às 24h;
g) Assegurar a participação do encenador, ou um seu representante,
na mesa de convidados da Tertúlia, procurando levar, também, um
convidado seu pertencente ao corpo docente da sua instituição
de ensino ou que seja uma personalidade activa na cultura
portuguesa;
h) Estar presente, com todos os seus membros, na Festa FATAL, onde
se realizará, simultaneamente, a Cerimónia de distinção do melhor
espectáculo, do espectáculo mais inovador e do espectáculo
distinguido pelo público, apresentados no FATAL 2013, devendo os
grupos de fora de Lisboa, em caso de não ser possível a presença
de todos os seus membros, fazer-se representar por um mínimo de
dois elementos;
i) Respeitar todos os compromissos assumidos com a organização
e com a equipa técnica do Teatro da Politécnica, nomeadamente,
a data e a hora de apresentação do espectáculo – o espectáculo
deverá começar, impreterivelmente, à hora marcada - e os
referentes ao funcionamento e à logística do Festival e do Teatro
da Politécnica.
2 – O não cumprimento de uma ou mais alíneas do parágrafo anterior
poderá condicionar a participação do grupo em futuras edições do
FATAL.
3 – Os espectáculos distinguidos com prémios ou menções honrosas
no âmbito do FATAL 2013 deverão permanecer disponíveis para
integrarem a programação das Mostras Fatal organizadas no âmbito
do FATAL Outras Cenas até ao final de 2013.
Artigo 18º
Alimentação e Alojamento
1 – A organização assegurará, no dia do espectáculo, as seguintes
refeições do grupo participante:
a) O almoço, servido numa das cantinas da Universidade de Lisboa,
entre as 12h30 e as 14h;
b) Um buffet, em local a designar,, servido a partir das 17h00, que
assegurará o lanche e o jantar.
2 – Aos domingos, o almoço será servido num restaurante perto do
Teatro da Politécnica, a definir pela organização.
3 – O alojamento dos grupos participantes vindos de fora de Lisboa
será assegurado pela organização, somente nos dias necessários à
montagem e apresentação do espectáculo.
Artigo 19º
Convites, Livre-Trânsitos e Entrada Livre
1 – Cada grupo seleccionado tem direito a 10 entradas gratuitas
(simples) no dia da apresentação do seu espectáculo, destinadas a
convidados. Nos casos em que os elementos do grupo excedam as 10
Camarim
66
pessoas, serão disponibilizadas 1 entrada por pessoa, até ao limite de
20. Estas entradas estão sujeitas a reserva até 24h de antecedência
da hora do espectáculo, estando condicionadas pela lotação da sala e
pelo número de reservas já efectuadas à data. As reservas serão feitas
através do contacto 21 011 34 06, ou do email [email protected] (todas
as reservas realizadas por email só serão consideradas efectivas após
confirmação pela organização)
2 – Os elementos dos grupos participantes têm livre-trânsito no dia
de apresentação do seu espectáculo, e entrada livre em qualquer
espectáculo do Festival, desde que reservem, até 24h de antecedência
da hora do espectáculo, os seus lugares com a organização (reservas
condicionadas à lotação da sala e ao número de reservas já efectuadas
à data), através do contacto 21 011 34 06, ou do email [email protected]
(todas as reservas realizadas por email só serão consideradas efectivas
após confirmação pela organização)
3 – Todos os elementos de cada grupo participante e seus convidados
têm entrada livre na Festa FATAL, sujeita a confirmação até ao dia 17
de Maio.
Artigo 20º
Certificados
1 – Os grupos participantes na programação do FATAL 2013 receberão
um certificado de participação, emitido pela Reitoria da Universidade
de Lisboa.
2 – Os estudantes e os voluntários que colaborarem na produção
executiva do FATAL 2013 receberão um certificado de colaboração,
emitido pela Reitoria da Universidade de Lisboa.
Capítulo III
Prémios e Júri
Artigo 21º
Prémios
1 – A fim de contribuir para a excelência e elevação dos padrões
mínimos de qualidade do Teatro Universitário, o júri designado pela
organização irá distinguir o melhor espectáculo e o espectáculo
mais inovador apresentados no Festival, e, deste modo, reconhecer e
prestigiar, igualmente, o trabalho desenvolvido, colectivamente, pelo
grupo responsável.
2 – O Prémio Fatal, patrocinado pela Caixa Geral de Depósitos, tem o
valor pecuniário de 1.500€ (mil e quinhentos euros) e será atribuído ao
melhor espectáculo apresentado no Festival.
3 – O Prémio Fatal – Cidade de Lisboa, patrocinado pela Câmara
Municipal de Lisboa, actual patrocinador com a tutela do prémio
destinado à inovação, tem o valor pecuniário de 1.500€ (mil e
quinhentos euros) e será atribuído ao espectáculo considerado mais
inovador no conjunto da programação do Festival.
4 – Os prémios nos parágrafos 2 e 3 e o seu valor distintivo serão,
obrigatoriamente, atribuídos, sendo que os seus valores pecuniários
poderão não ser atribuídos nos casos em em que não seja encontrado
um patrocinador que tutele um dos prémios.
5- O espectáculo melhor pontuado pelo público será distinguido com
Regulamento FATAL 2013
o Prémio Fatal do Público O espectáculo melhor pontuado é eleito
sempre que a abstenção do público em cada espectáculo não seja
superior a um terço das entradas registadas pela bilheteira. O Prémio
do Público não tem um valor pecuniário.
Artigo 22º
Menções
1 – Sempre que o mérito dos espectáculos justifique, o júri atribuirá
Menções Honrosas, referindo os motivos pelos quais a distinção é
atribuída.
2 – Poderá ser atribuída uma Menção Especial do Júri a um ou mais
espectáculos de grupos estrangeiros participantes no Festival,
devendo o júri justificar os motivos pelos quais a distinção é
atribuída.
Artigo 23º
Princípios Orientadores do Júri
1 – O júri nunca deverá perder de vista a missão do FATAL e a
finalidade dos prémios a qual é proporcionar aos grupos de teatro
universitário um incentivo com credibilidade institucional e
repercussão social, através do reconhecimento da qualidade, do
mérito e do esforço do seu trabalho, e, motivar, deste modo e de
forma duradoura, todos os grupos de teatro universitário a uma
permanente busca pela excelência.
2 – O júri avalia os espectáculos apresentados segundo o princípio
da especificidade, aplicando não só os critérios de análise e avaliação
em uso corrente no Teatro, mas considerando, igualmente, aspectos
específicos que presidem e valorizam a produção no Teatro
Universitário.
3 – O júri delimita a aplicação dos critérios de avaliação segundo o
princípio de circunscrição e actualidade, restringindo a sua análise
e comparação dos espectáculos exclusivamente à programação
da respectiva edição do FATAL, jamais utilizando espectáculos
apresentados em edições anteriores do Festival (mesmo que
produzidos pelo mesmo grupo) ou aspectos destes, como referência
ou padrão.
4 – O júri utiliza, na formação do seu quadro referencial de avaliação,
os princípios de relatividade e de completude, procurando assistir
à totalidade dos espectáculos e a cada espectáculo do princípio
ao fim, de modo a ter uma noção completa e pormenorizada da
programação e ficar habilitado, assim, a proceder às comparações
necessárias com conhecimento de causa.
5 – O júri rege o seu funcionamento interno pelos princípios da
democracia, do diálogo e da justiça, devendo cada decisão sua
ser tomada por votação e após reflexão, jamais evitando o debate
esclarecedor, por mais árduo que possa parecer, ambicionando
sempre alcançar a decisão justa.
Artigo 24º
Composição do Júri
1 – O júri é constituído por personalidades oriundas do meio
académico, das Artes do Espectáculo e da sociedade em geral,
convidadas directamente pela organização do Festival.
2 – A presidência do júri será assumida por um elemento designado
pela organização do FATAL.
67
3 – Sempre que possível, a organização do FATAL procurará formar
o júri com elementos que apresentem experiência em Teatro
Universitário.
Artigo 25º
Funções e Poderes do Presidente do Júri
Cabe ao Presidente do Júri:
a) Assegurar o respeito pelos princípios orientadores desta equipa;
b) Lembrar a missão do FATAL;
c) Coordenar os trabalhos e as reuniões;
d) Assegurar a redacção e a entrega da Acta de Reunião de Júri à
organização do FATAL antes da Cerimónia de Entrega de Prémios;
e) Assegurar a presença dos elementos do júri na Cerimónia de
Entrega de Prémios.
Artigo 26º
Reunião do Júri
1 – Para deliberar, o júri reunirá na semana imediatamente a seguir à
data de apresentação do último espectáculo.
2 – Da decisão do júri não há recurso.
Capítulo V
Disposições Finais
Artigo 29º
Responsabilidade Limitada da Organização
A organização não se responsabiliza pelas decisões, acções e
respectivas consequências dos grupos participantes na programação
do FATAL, tomadas e realizadas à revelia do seu conhecimento e dos
compromissos assumidos com a organização do FATAL.
Artigo 30º
Direitos de Autor
1 – Os direitos de autor relacionados com os espectáculos
apresentados no FATAL são da responsabilidade dos grupos
participantes.
2 – Os direitos de utilização e difusão do material fotográfico e
audiovisual obtidos por registo directo dos espectáculos e/ou de
outros eventos da programação durante a sua apresentação no
Festival, são propriedade da organização do FATAL.
Artigo 31º
Casos Omissos
Os casos omissos são resolvidos pela organização do FATAL.
Capítulo IV
Arquivo e Registos
Artigo 27º
Registo Audiovisual e Fotográfico
1 – Em cada edição do FATAL, a organização procede ao registo
videográfico e fotográfico de cada espectáculo apresentado na
programação.
2 – A cada grupo de teatro universitário participante no FATAL é
oferecida uma cópia do registo videográfico do seu espectáculo.
3 – Em caso de dificuldades técnicas ou razões de ordem artística que
impossibilitem a gravação videográfica ou o registo fotográfico no dia
de apresentação do espectáculo, o grupo deverá avisar a organização,
impreterivelmente, no acto de inscrição, a fim de se encontrar,
atempadamente, uma solução.
4 – O acto de inscrição no FATAL implica a aceitação dos termos deste
regulamento e, consequentemente, a permissão à organização para
efectuar os registos referidos neste artigo.
Artigo 28º
Arquivo Videográfico e Fotográfico
1 – A organização mantém um arquivo digital dos registos
videográficos e fotográficos que poderão ser consultados por todos
os grupos de teatro universitários portugueses, pela comunidade
académica ou por entidades que estudem ou trabalhem na área das
Artes do Espectáculo, do Teatro Universitário e da Cultura.
2 – Poderão ser facultadas cópias dos registos referidos no parágrafo
anterior, sob acordo de respeito pelos direitos de autor, compromisso
de referência à fonte e pagamento dos custos de reprodução.
Camarim
GRATIA PLENA
© Teresa Teixeira
68
69
O nosso primeiro agradecimento é dirigido a todas as
individualidades e instituições que nos privilegiaram ao
integrar a Comissão de Honra da 14ª edição do Festival;
o segundo, e reconhecido, agradecimento destina-se aos
Patrocinadores, Caixa Geral de Depósitos, Fundação
Calouste Gulbenkian, Câmara Municipal de Lisboa, cuja
fidelidade tem permitido o crescimento e consolidação
deste projecto.
A todas as personalidades e instituições que integram
empenhada e generosamente o Júri da 14ª edição do FATAL
o nosso muito obrigado pela imprescindível participação
no festival.
Agradecemos também às instituições de ensino superior a
honra de connosco partilharem a viabilização deste Festival
e a todos os funcionários da Reitoria e alunos da Faculdade
de Letras que, com o seu apoio, permitem que o Festival se
realize e cresça edição após edição.
O nosso sincero obrigado igualmente aos nossos parceiros,
cujo apoio e disponibilidade nos permite concretizar a
programação que propomos, nomeadamente: Serviços
Acção Social da Universidade de Lisboa, Museu Nacional
de História Natural e da Ciência, MEF- Movimento de
Expressão Fotográfica, Escola Superior de Teatro e Cinema,
Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa, Associação Académica da
Universidade de Lisboa e Museu Nacional do Teatro.
Saudamos o apoio dos nossos parceiros media, Turismo de
Lisboa, Grupo Luso Canal (Rádios Radar e Oxigénio), Lecool,
Canal Superior, Rua de Baixo, Mais Superior, incansáveis na
divulgação do Teatro Universitário e do FATAL junto das
mais diversas audiências.
Às instituições que nos dão um inestimável apoio na ampla
divulgação deste projecto, deixamos aqui igualmente o
nosso reconhecimento.
Um agradecimento também muito especial a todos os
colaboradores que, generosamente, contribuíram, com a sua
dedicação e empenho na concretização do nº 6 da Revista
FATAL.
O nosso aplauso e sincero agradecimento a todos os grupos
de teatro universitário. c
A organização do FATAL 2013
Elencos
ANUÁRIO DE
GRUPOS
DE TEATRO
UNIVERSITÁRIO
NACIONAIS
© Todos os direitos reservados
70
71
A
ARTEC
FACULDADE DE LETRAS DA UNIV. DE LISBOA
Ano de criação: 1994
Espectáculos: 17, entre os quais, “Vamos Dar Cabo Deles” de
Marcantonio Del Carlo; “Antígona”, de Sófocles;
“Os Amigos de Gabriel”, de Marcantónio del Carlo colectiva;
“Have no fear PP is here”, de Perrault; “Nu”, de Marcantónio del Carlo;
“Degraus” de Marcantónio del Carlo; “Antígona”.
Encenadores: Marcantónio del Carlo, António Fonseca, entre outros
Festivais: Encontros de Teatro Universitário, Festival de Teatro
Académico da Malaposta / FATAL
Participações no FATAL: 1999, 2001, 2003, 2006, 2012 e 2013
Morada: Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa
Telefone: 217 990 530
E-mail: [email protected]
Site: http://www.artecflul.blogspot.com
B
bozart
FACULDADE DE BELAS-ARTES DA UNIV. DE LISBOA
Ano de criação: 2005
Espectáculos: 5, de entre eles “histórias a preto e cores”;
“a menina do megafone”; “partidas”
Encenadores: A. Branco
Festivais: Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior,
contraDANÇA – Covilhã
Participações no FATAL: 2008, 2009, 2010, 2011
Morada: Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, 1249-058 Lisboa
Telefone: 213 466 355
E-mail: [email protected]
Site: aefbaul.wordpress.com
C
CENAtÓRIO
UNIV. LUSÍADA DO PORTO
Ano de criação: 2004
Espectáculos: 6, “Uma pedra no caminho” de criação colectiva,
“O.veneno.na.veia”, criação colectiva; “Deus – uma Peça”, uma
adaptação de Woody Allen; “Pervertimento”, de José Sinisterra;
“Raposódia Vicentina”
Encenadores: David Santos, Diogo Costa Reis
Festivais: FLAE
Participação no FATAL: 2007
Morada: Rua Dr. Lopo de Carvalho, 4369-006 Porto
Telefone: 225 570 800
E-mail: [email protected]; [email protected]
Cénico de Direito
FACULDADE DE DIREITO DA UNIV. DE LISBOA
Ano de criação: 1954
Espectáculos: 30, de entre eles “Drones”, uma criação colectiva a
partir de Sergi Belbel, David Plana, Paco Mir, Josep Pere Peyró, Ágata
Roca, Joan Ollé, Yolanda G. Serrano e Miriam Iscla; “A Cantora Careca”,
de Eugène Ionesco; “Médico à Força”, de Molière; “À Espera de Godot”,
de Samuel Beckett; “Os Visigodos” de Jaime Salazar Sampaio; “Os
Cromos”,
Encenadores: Malaquias de Lemos, Fernando Gusmão, Pedro Wilson,
entre outros
Festivais: Festival Internacional de Nancy; Festival ACASO;
Festival de Teatro do CÉNICO
Participações no FATAL: 1999, 2000, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006,
2008, 2009 e 2013
Morada: Alameda da Universidade, 1649-014 Lisboa
Telefone: 217 934 624
E-mail: [email protected]
Site: http://cenico.no.sapo.pt/
CITAC, Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra
UNIV. DE COIMBRA
Ano de criação: 1956
Espectáculos: 61, entre eles “Aquário” criação colectiva a partir da
colagem de vários textos; “Doze Homens em Fúria”, de Sidney Lumet;
“O Circo”, de Jacques Prévert; “Aqui do lado de cá”, de Nuno Custódio;
“The Hypnos Club” de Rodrigo Malvor; “Normal”; “Monstro Meu”,
Encenadores: Luís de Lima, António José dos Reis Nogueira, Paulo
Castro, Rodrigo Malvor, Diogo Santos, Rodrigo Santos, entre outros
Festivais: Festival ACTUS; Festival Internacional de Parma;
Miteu – Ourense; CYCLE MECHANICS
Participações no FATAL: 2004, 2005, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013
Morada: Rua Padre António Vieira, Edifício AAC, 4.º piso,
3000-315 Coimbra
Telefone: 239 835 853
E-mail: [email protected]
Prémios: FATAL 2009, FATAL 2010
D
dISPArTeatro
INSTITUTO SUPERIOR DE PSICOLOGIA APLICADA
Ano de criação: 2005
Espectáculos: 10, “Sonhatorium”; “Tesouros da Sombra”, de
Jodorowsky; “Ó Édipos!”, uma adaptação do clássico de Sófocles;
“O Meu Fado”; “Buracos Negros”; “Au gostinho”, a partir de Augusto
Boal; “Os Improvisadores”; “O quadrado”; “Olhares”.
Encenadores: Nicolau Antunes, Gil Alon, António Gonzalez
Participações no FATAL: 2006, 2007, 2008 e 2009 e 2013
Morada: R. Jardim do Tabaco, 44, 1100 Lisboa
Telefone: 218 811 700
E-mail: [email protected]; [email protected]
Site: http://disparteatro.blogspot.com
Elencos
72
Anuário de Grupos de Teatro Universitário Nacionais
F
Fc-Acto
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIV. DE LISBOA
Ano de criação: 2004
Espectáculos: 16, de de entre eles “Química OFF”, uma criação colectiva,
“Terrorismo”, dos irmãos Presniakov; “As portas de Mahagonny”, a
partir de Bertolt Brecht; “Eu (a natureza é a natureza)”, de A. Branco;
“Isto não é um jogo”, de A. Branco; “White Noise”, criação colectiva;
“Judas”, de António Patrício; “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa
Encenadores: A. Branco
Festivais: Ciclo de Teatro da Beira Interior; mostra TE - Lisboa; FLAE Lisboa; InPUT - Porto; FETA Porto; Festival de Teatro Universitário de
Fez - Marrocos; MITEU - Ourense
Distinções: Menção Honrosa FATAL 2006 com “Terrorismo”; Menção
Honrosa FATAL 2008 com “As portas de Mahagonny”; Prémio Especial
do Júri do Festival de Teatro Universitário de Fez 2012 com “Judas”
Participação no FATAL: 2006, 2008, 2012 e 2013
Morada: Campo Grande, 1149-016 Lisboa
Telefone: 217 500 094
E-mail: [email protected]
Site: aefcl.fc.ul.pt
G
GEFAC, Grupo de Teatro Académico
UNIV. DE COIMBRA
Ano de criação: 1966
Espectáculos: 7, de entre eles, “Manhã” de criação colectiva; “A Água
dorme de Noite”; “Sete Luas”; “O Eterno Compromisso”, “Você está
aqui”; todas criações colectivas; “Bichos, Gente e outros Quebrantos”
Encenador: GEFAC
Participação no FATAL: 2007, 2009, 2011 e 2013
Morada: Paços da Academia, Rua Padre António Vieira n.º 1,
3000 Coimbra
Telefone: 239 826 094
E-mail: [email protected]
Site: www.uc.pt/gefac
GrETUA, Grupo Experimental de Teatro
UNIV. DE AVEIRO
Ano de criação: 1979
Espectáculos: mais de 35 produções, como “Liberdade ou morte”,
uma criação do grupo; “A Promissão do Quinto Império”, de Vicente
Sanches; “O Auto do Aleatório”, de Gil Vicente; “Os Feios”, uma criação
colectiva; “Ponto de Fuga”, inspirado em Peter Handke; “Rouge”;
“Contos ao palco”; “E(n)Xame”,
Encenadores: João Vieira Fino, Jorge Pedro, Rui Sérgio,
Liliana Caerano, Jorge Fraga
Festivais: Ciclos de Teatro da Beira Interior; MITEU – Ourense
Distinções: Prémio de Júri do XII Ciclo de Teatro da Beira Interior
Participações no FATAL: 2000, 2003, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2013
Morada: Campus Universitário de Santiago, 3810 Aveiro
Telefone: 234 372 320
E-mail: [email protected]
Site: http://www.gretua.blogspot.com/
Grupo de Teatro Miguel Torga
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNIV. NOVA DE LISBOA
Ano de criação: 1995
Espectáculos: 28, de entre eles “O Despertar da Primavera” de Frank
Wedekind; “Prometeu Acorrentado”, de Ésquilo; “As Bruxas de Salém”,
de Arthur Miller; “As Criadas”, de Jean Genet; “O crime da Aldeia
Velha” de Bernardo Santareno, “Crime da Aldeia Velha”, “O ginjal”;
“Seis personagens à procura de um autor”,
Encenador: Grupo de Teatro Miguel Torga, Sérgio Grilo, entre outros
Festivais: Festival de Teatro Francófono; Festival ACTUS
Participações no FATAL: 2000, 2005, 2008, 2010 e 2013
Distinções: Menção Honrosa FATAL 2008
Morada: Campo Mártires da Pátria n.º 130, 1169-056 Lisboa
Telefone: 218 870 360
E-mail: [email protected]
Site: http://www.gtmigueltorga.com/
GTAL, Grupo de Teatro Académico de Leiria
ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO
DE LEIRIA DO INST. POLITÉCNICO DE LEIRIA
Ano de criação: 2005
Espectáculos: 4, “Suicídio de amor por um defunto desconhecido” de
Angelica Lidell; “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues; “Inimigos”,
de Nigel Williams; “As criadas” de Jean Genet
Encenadores: João Lázaro, Pedro Wilson, entre outros
Festivais: Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior,
Festival de Teatro Juvenil de Leiria
Participação no FATAL: 2008 e 2013
Morada: Morro do Lena, Alto do Vieiro, 2410 Leiria
Telefone: 244 814 253
E-mail: [email protected]
Site: http://www.estg.ipleiria.pt/website/index.php?id=360600&sw
GTIST, Grupo de Teatro do IST
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DA UNIV. TÉCNICA DE LISBOA
Ano de criação: 1960
Espectáculos: 27 (desde 1960), de entre eles “Zona”, uma criação
colectiva; “Woyzeck”, de Georg Büchner; “Aniquila”, de Susana Vidal;
“Olhos Desfiados”, criação colectiva; “Agora o Monstro” a partir de
Enki Bilal; “Intervalo para Dançar”, criação colectiva; “Cabeça de Cão”,
“Queda em Branco”
Encenadores: Pedro Matos, Gonçalo Amorim, Susana Vidal,
Gustavo Vicente
Festivais: Festival de Teatro Universitário da Beira Interior;
Encontros Internacionais de Teatro Académico de Lyon;
CYCLE MECHANICS produzido pelo CITAC
Distinções: Melhor peça estrangeira nos Rencontres Théatrales
de Lyon, com a peça “A velocidade de um Sussurro”; Prémio
FATAL 2006, com a peça “Escândalo”; Menção Honrosa no FATAL
de 2008 com a peça “Aniquila” de Susana Vidal; Prémio FATAL 2009
com “Agora o Monstro”; Menção Honrosa FATAL 2010 com
“Intervalo para Dançar”
Participações no FATAL: 1999, 2000, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2009,
2010, 2011 , 2012 e 2013
Morada: Avenida Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa
Telefone: 938 371 172
E-mail: [email protected]
Site: http://teatro.ist.utl.pt/
73
GTL, Grupo de Teatro de Letras
FACULDADE DE LETRAS DA UNIV. DE LISBOA
Ano de criação: 1964
Espectáculos: 35, de entre eles “Aldrabices”, criação colectiva;
“Domiciano”, de José Martins Garcia; “Prometeu”, a partir de Ésquilo;
“As Troianas”, de Eurípedes; “Os Carnívoros”, de Miguel Barbosa;
“Jacques, o Fatalista”, de Denis Diderot; “Ricardo III” de William
Shakespeare; “Terrores Caseiros”; “Prometeu Agrilhoado”; “Domiciano”
Encenadores: Claude-Henri Frèches, Luís Miguel Cintra,
Eugénia Vasques, Ávila Costa, entre outros
Festivais: Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior;
Miteu – Ourense; Festival International et Universitaire des Artes
de la Scéne de l´Artois
Distinções: Menção Honrosa no FATAL DE 2006 e 2008, com a peça
“Jacques, o Fatalista”; Prémio FATAL – Cidade de Lisboa, em 2007
Participações no FATAL: 1999, 2000, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007,
2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013
Morada: Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa
Telefone: 217 990 530
E-mail: [email protected]
GTN, Grupo de Teatro da Nova
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
DA UNIV. NOVA DE LISBOA
Ano de criação: 1991
Espectáculos: 22, de entre eles “Morro Como País” de Dimítris
Dimitriádis; “Como água para chocolate”, de Laura Esquivel; “Blame
Beckett”, de Samuel Beckett; “Máquina-Édipo”, de Sófocles; “Atentados”
a partir de Martin Crimp; “Um lugar à sombra” a partir de textos de
Platão; “Antitheos”; “Made in China”
Encenadores: Carlos Fogaça, entre outros, João d’Ávila, Diogo Bento,
Adriana Aboim, João Nicolau, Cátia Pinheiro
Festivais: Festival de Teatro Universitário de Louvain-la-Neuve,
Festival dos Outros Teatros
Distinções: 2.º lugar no Festival Amador da Área Metropolitana
de Lisboa, Prémio FATAL 2007
Participações no FATAL: 2000, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009,
2010, 2011 e 2013
Morada: Avenida de Berna n.º 26-C, 1090 Lisboa
Telefone: 213 715 600
E-mail: [email protected]
Site: http://grupodeteatrodanova.blogspot.com
GTUL, Grupo de Teatro da Universidade Lusíada
UNIV. LUSÍADA
Ano de criação: 1992
Espectáculos: 31, de entre eles “A Besta”, de João Silva; “A Lição”,
de Eugène Ionesco; “Alguém terá de Morrer”, de Luiz Francisco
Rebello; “O Romance da Raposa”; “A corda” e “Sonâmbulos” de Michel
Simeão; “Um estranho chamado amor”
Encenadores: João Silva, José Lobato, Clemente Santos,
Michel Simeão, entre outros
Festivais: Festival de Teatro Académico da Beira Interior, Festival
de Teatro Académico Actus; Festival Lusíada das Artes do Espectáculo
Participações no FATAL: 1999, 2003, 2007, 2008, 2010, 2011
Morada: Rua da Junqueira, 1349-001 Lisboa
Telefone: 213 611 500
E-mail: [email protected]
Site: www.gtul.net
M
Máscara Solta
FACULDADE DE LETRAS DA UNIV. DO PORTO
Ano de criação: 2001
Espectáculos: 9, de entre eles “O ar cansado das minhas roupas”
de Ana Catarina Ramalho seguido de “Alguém olhará por nós” de
Tiago Moura; “A casa de Bernalda Alba”, de Frederico García Lorca;
“A Cantora Careca”, de Eugène Ionesco”; “6 Mulheres sob Escuta”, de
Jaime Rocha; “(A)Tentados” de Martin Crimp; “Casting” de Aleksandr
Crálin; “Sétimo Céu”; “Kairós”, de Wilson Bezerra
Encenadores: Ana Catarina Ramalho, Tiago Moura, Graça Ochoa,
Marta Gorgulho, Susana Oliveira,
João Melo, Viriato Morais, Allex Miranda, entre outros
Festivais: INPUT
Participação no FATAL: 2007, 2008, 2011 e 2013
Morada: Via Panorâmica, 4150-564 Porto
Telefone: 939 323 555
E-mail: [email protected]
Site: http://mascarasoltagrupodeletras.blogspot.com
mISCuTEm
ISCTE – INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS
DO TRABALHO E DA EMPRESA
Ano de criação: 2001
Espectáculos: 12, de entre eles “O Insecticida ou o Fim do Império” de
Miguel Barbosa; “Os Carnívoros”, de Miguel Barbosa; “O tempo que
nos pariu”, criação colectiva; “A Cantora Careca”, de Eugène Ionesco;
“Leitura encenada” a partir de poemas de autores africanos; “Últimos
Remorsos Antes do Esquecimento” de Jean-Luc Lagarce; “O céu não
sabe dançar sozinho”; “O Lado A de B” de José Freixo; “Amor Ensinado”
Encenadores: Ana Isabel Augusto
Festivais: Festival Lusíada de Artes e Espectáculos
Participações no FATAL: 2004, 2007, 2008, 2010 e 2013
Morada: Avenida das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa
Telefone: 217 903 018
E-mail: [email protected]
Elencos
74
Anuário de Grupos de Teatro Universitário Nacionais
N
NNT, Novo Núcleo de Teatro
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
DA UNIV. NOVA DE LISBOA
Ano de criação: 1995
Espectáculos: 16, de entre eles “Eu disse AGORA não disse AMANHÃ
DEPOIS ONTEM” a partir de Samuel Beckett; “As três irmãs”, de Alves
Redol; “O Ventre de Jeremias”, de Victorino de Almeida; “No País das
Últimas Coisas”, de Paul Auster; “Film Noir”; “Mecânica das Paixões”
Encenadores: Jorge Fraga, Bruno Bravo, Alexandre Calado, Joana
Craveiro, entre outros Festivais: Festival Internacional de Teatro
Universitário da Lusíada; Festival Internacional Universitário de
Santiago de Compostela; Mostra de Teatro de Almada; Festival aCTUS
(Coimbra), o SALTA (Aveiro), Ciclo de Teatro Universitário da UBI
(Covilhã), Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau
(Brasil) Distinções: Menção Honrosa, no FATAL 2006, pela encenação
da peça “Cerejal”; Prémio Público no FATAL de 2008.
Participações no FATAL: 2000, 2003, 2004, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010,
2011, 2012 e 2013
Morada: Quinta da Torre, 2825 Monte da Caparica
Telefone: 212 949 678
E-mail: [email protected]
Site: http://nucleos.ae.fct.unl.pt/nnt/;
http://novonucleoteatro.blogspot.com
Noster, Grupo de Teatro da UCP
UNIV. CATÓLICA
Ano de criação: 1998
Espectáculos: 33, “Num país onde não querem defender os meus
direitos, eu não quero viver” de Jorge Silva Melo, a partir de Michael
Kohlhaas de Heinrich von Kleist; “Morte Presumida”, uma adaptação
de Para Acabar de Vez com a Cultura, de Woody Allen; “PRIMVS
INTER PARES”, de A. Branco e Joana Liberal; “O Mundo Inteiro”, de
Catarina Duarte, Cátia Ferreira Fonseca e Joana Liberal; “A Severa”,
Joana Liberal (a partir de Júlio Dantas) “Habeas Corpus”, de A. Branco
e Joana Liberal; “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare; “um nome
provisório”, criação colectiva
Encenadores: Sílvia Balancho, Joana Liberal, Rita Bicho, Romeu
Nascimento, Mêrcedes Rebelo, A. Branco
Festivais: FLAE - Lisboa; Ciclo de Teatro da Beira Interior
Participações no FATAL: 2013
Morada: Universidade Católica de Lisboa, Palma de Cima, 1649-023
Lisboa
Telefone: 914 144 903, 217 214 000
E-mail: [email protected]
Site: www.facebook.com/nosterucp
P
Piratautomático
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS
SOCIAIS DE LEIRIA – IPL
Ano de criação: 2006
Espectáculos: 6, como “Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra” de João
Augusto; “Viva, Morra, Chão e Céu Fera”, “Fulano, Beltrano (tropeças
neste mundo enquanto pensas noutro)”, “Técnica” e “Técnica/A
perfeição do Outro Mundo”, todas de autoria de Simão Vieira;
“Pequena Aventura na Grande Superfície”; “Não me pares de contar
histórias”
Encenadores: Simão Vieira e João Augusto
Festivais: Festival de Teatro Juvenil de Leiria
Participações no FATAL: 2010
Morada: Federação Académica de Leiria, Escola SECSL,
R. Dr. João Soares, Apartado 4045, 2411-901 Leiria
Telefone: 917013357 ou 244 829 400
E-mail: [email protected]; [email protected]
S
Sin-Cera, Grupo de Teatro Académico
UNIV. DO ALGARVE
Ano de criação: 1990
Espectáculos: 21, entre eles “Cidade Autoada” de Mário de Cesariny de
Vasconcelos; “O Recibo do Diabo”, de Alfred de Musset; “As Moscas” de
Jean-Paul Sartre; “Metamorfose”, de Franz Kafka; “Não sejas Criança”
Encenadores: Rui Sérgio, Pedro Wilson, Andrzej Kowalski;
Pedro Ramos; José Luís Louro, Paulo Moreira
Festivais: I Festival de Teatro da Universidade do Algarve;
Festival Acaso; ENTN – Encontro Nacional de Teatro Universitário
Participações no FATAL: 2004, 2006 e 2013
Morada: Rua de Tulipas, Lote 36, Gândelas, 8000 Faro
Telefone: 281 981 966
E-mail: [email protected]; [email protected]
Site: http://www.sincera.aaualg.pt
S.O.T.A.O.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS ABEL SALAZAR
DO PORTO, DA UNIV. DO PORTO
Ano de criação: 2000
Espectáculos: 7, de entre eles, “As Canções de Bilitis”, de Pierre Louÿs;
“Doze Pedaços de Lua”, adaptação de Histórias Mínimas de Javier
Tomeo; “Pedras Negras”, adaptação de O Crime de Aldeia Velha,
de Bernardo Santareno; “Falhar”, textos de Samuel Beckett,
“O clube dos Pirilampos”; “Lisístrata” de Aristófanes;
“Sonho de uma noite de Verão” de Shakespeare
Encenadores: Arlete de Sousa, Alexandre Maia, Rui Spranger,
Pedro Estorninho, Sandra Ribeiro, entre outros
Festivais: Festival Actus, Festival INPUT; “Feiras Francas”, 1.º Festival
Pó de Palco, Certame no Sotão, TeatralnyKoufar (Bielorrúsia)
Participação no FATAL: 2006, 2009
Morada: Largo Professor Abel Salazar, 24099-003 Porto
Telefone: 223 389 251
E-mail: [email protected]
Site: http://sotao-icbas.blogspot.com
75
T
Teatro Andamento
ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM de lisboa
Ano de criação: 2004
Espectáculos: 5, de entre eles, “Que esperar de nós” e “Assaltos
de Improvisação”, ambas criações colectivas; “O Gato” e “A Morte
é uma Flor”, de Joaquim Nogueira; “Peta das Antigas”; “Cottolengo”
Encenadores: Joaquim Paulo Nogueira, Ricardo Rodrigues,
entre outros
Participação no FATAL: 2006, 2010
Morada: Avenida Prof. Egas Moniz, 1649-035 Lisboa
Telefone: 967 157 919
E-mail: [email protected]
Site: http://www.esel.pt
Teatro da Academia
ESCOLA SUP. DE EDUCAÇÃO DE VISEU DO INSTITUTO
POLITÉCNICO DE VISEU
Ano de criação: 1992
Espectáculos: 6, de entre eles, “Stan & Ollie” e “À volta dos ubus”,
criações colectivas; “Nem toda a pena é leve”, de Jorge Fraga; “Europa”
a partir de Sławomir Mrożek; “Woyzeck”, a partir de Georg Büchner
Encenadores: Jorge Fraga
Festivais: FETA, Festival Salta!; ENTU (Portimão); Actus
Participações no FATAL: 2010 e 2012
Distinções: FATAL 2010, Distinção do Público
Morada: Rua Maximiano Aragão, 3504-501 Viseu
Telefone: 965439173 ou 232 419 000 (escola)
E-mail: [email protected]; [email protected]
Site: http://www.esev.ipv.pt/
Teatro do Ser
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
DA UNIV. NOVA DE LISBOA
Ano de criação: 1998
Espectáculos: 17, de entre eles “Os Novos Confessionários” de
Isabel Medina e Pedro Feteira; “Tragédia entre os Montes”, de Carla
Vieira e Sara Ferreira; “As Mãos de Abrãao Zacut”, de Luís de Sttau
Monteiro; “O Segredo do teu Corpo”, de Manuel Halpern; “Nossos
confessionários de mulheres”;
“Se perguntarem por mim, não estou”
Encenadores: Jorge Almeida
Festivais: Mostra Internacional de Teatro Universitário (MITEU);
Festival Salta!, ACTUS, Festival Teatro da UBI
Participações no FATAL: 2003, 2005 e 2006
Morada: Avenida de Berna n.º 26-C, 1090 Lisboa
Telefone: 217 908 300, 919 612 456
E-mail: [email protected]
Site: http://www.fcsh.unl.pt/teatrodoser
TeatrUBI
UNIV. DA BEIRA INTERIOR
Ano de criação: 1989
Espectáculos: 71, de entre eles “Parecia que dançávamos. Tu vestido
de príncipe e eu nua.” de Rui Pires a partir de “Puta de Prisão de
Isabel do Carmo e Fernanda Fráguas e de “La Flor de Lis” de Marosa
di Giorgio; “O Corvo”, de Ivan Briscoe; “A Ferida no Pescoço”, de
Heiner Müller; “Posso avançar? Pergunta o Cavalo”, criação colectiva;
“Empresta-me o teu coração”; “Mata-dor”,
Encenadores: António Abernú, Susana Vidal, Lorena Briscoe,
Filipa Francisco, Cecília Gomes, Ruth Mandel, José Carretas, Rui Pires,
entre outros
Festivais: Festival Internacional de Teatro Universitário de
Casablanca, MITEU- Ourense; Festival de Teatro Universitário
da Beira Interior
Prémios: Prémio do Festival Internacional de Teatro Universitário de
Casablanca, para a “Ferida no Pescoço”; Prémio do Júri da IV MITEU
– Ourense, para “Cada dia sou alguém diferente e cada dia o mesmo”
Participações no FATAL: 2000, 2003, 2007, 2008, 2009
Morada: Rua Senhor da Paciência, n.º 39, 6200-158 Covilhã
Telefone: 965694877 ou 275 319 530/5
E-mail: [email protected]; [email protected]
Site: http://teatrubi.blogspot.pt/
Teatro da UITI
UNIV. INTERNACIONAL DA TERCEIRA IDADE DE LISBOA
Ano de criação: 2008
Espectáculos: 2, “A culpa é da Galega”; “Nós não queremos morrer”,
ambas criações colectivas; “Nuros”; “Templo”
Encenadores: Carlos G. Melo
Participações no FATAL: 2009, 2010
Distinções: FATAL 2009, Distinção do Público
Morada: Rua das Flores, 85 - 1.º, 1200-149 Lisboa
Telefone: 961 472 408
E-mail: [email protected]
Site: http://www.teatrodauiti.blogspot.com
TEB, Teatro de Estudantes de Bragança
INST. POLITÉCNICO DE BRAGANÇA
Ano de criação: 1991
Espectáculos: 41, de entre eles, “A Cave” de criação colectiva; “Histórias
Mínimas”, de Javier Tomeo; “Antes que a noite venha”, de Eduarda
Dionísio; “Armazém”, de Vânia Cosme
Encenadores: Helena Genésio
Festivais: INPUT
Participação no FATAL: 2007
Morada: Rua Trindade Coelho nº 38 (Costa Grande), 5300 Bragança
Telefone: 965 482 369
E-mail: [email protected]; [email protected]
Site: http://www.teb.ipb.pt/
Elencos
76
Anuário de Grupos de Teatro Universitário Nacionais
TEUC
UNIV. DE COIMBRA
Ano de criação: 1938
Espectáculos: 100, de entre eles, “projecto H” de Joana Providência e
TEUC; “Medeia”, de Eurípides; “Antígona”, de Sófocles; “O Tio Vânia”,
de Anton Tchekhov; “A Narrativa Fidedigna da Grande Catástrofe”;
“Um dia de Raiva”; “Vosch-Vusch, um bosque em marcha”
Encenadores: Fernando Gusmão, Júlio Castronuovo, Tiago Rodrigues,
Rogério Carvalho, Pedro Malacas, Catarina Santana e Joana Pupo,
entre outros.
Festivais: Ciclo de teatro do CITAC; Festival Internacional de Teatro
de Almada
Participações no FATAL: 2003, 2005, 2006, 2007, 2009, 2010, 2011, 2012
e 2013
Morada: Rua Padre António Vieira, Edifício AAC, 4.º piso,
3000-315 Coimbra
Telefone: 239 827 268
E-mail: [email protected]
Site: www.teuc.pt
Thíasos
FACULDADE DE LETRAS DA UNIV. DE COIMBRA
Ano de criação: 1992
Espectáculos: 18, de entre eles, “Auto da Alma”, de Gil Vicente;
“O Poeta e o Maçador”, de Horácio; “As Suplicantes” e “Hipólito”,
de Eurípedes; “Ensaio sobre a cícuta”; “As Suplicantes” de Ésquilo
Encenadores: Delfim Leão, José Luís Brandão, Carla Braz, Lia Nunes,
entre outros
Festivais: Festival Internacional de Verão de Teatro de Tema Clássico,
XVII Festival Juvenil Europeo Grecolatino de Segóbriga;
XVI Rassegna Internazionale del Teatro Classico Antico (Itália);
Puerto de Santa Maria (2004), Tours (2004), Nantes (2005) e Málaga (2008).
Morada: Largo da Porta Férrea, 3004-530 Coimbra
Telefone: 239 859 981; 967 685 736; 962 565 710
E-mail: [email protected]
Tictac
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIV. DO PORTO
Ano de criação: 1994
Espectáculos: 12, de entre eles, “Epimeteu ou o Homem que Pensava
Depois”, de Jorge de Sena; “O Público”, “A Sério que Somos Felizes”;
“Inquietudes”; “Largo de Narciso”
Encenadores: Fernando Moreira, Jacinto Durães, Tó Maia, entre outros
Festivais: INPUT
Participações no FATAL: 2009
Morada: Rua do Campo Alegre, 823, 4150-180 Porto
Telefone: 226 065 259
E-mail: [email protected]
Site: http://teatrotictac.blogspot.com
TUM, Teatro Universitário do Minho
UNIV. DO MINHO
Ano de criação: 1989
Espectáculos: 55, “O Segundo do Fim”; “O Dia Primeiro” “O silêncio”
e “Os vendilhões do Templo”, de João Negreiros; “Jornalista da vossa
beleza” a partir de João Negreiros; “Luto lento”; “Futuro Imperfeito”
Encenadores: António Durães, Rogério de Carvalho, Ana Bettencourt,
entre outros, João Negreiros
Festivais: SALTA, (Re)Ciclo; Festival Teatro UBI
Participações no FATAL: 2003, 2007 e 2008
Morada: Tum, Rua do Castelo, Complexo Pedagógico do Castelo,
Sala 212, 2.º andar, 4704-553 Braga
Telefone: 965 530 263
E-mail: [email protected]; [email protected]
Site: blogdotum.blogspot.com/
TUP, Teatro Universitário do Porto
UNIV. DO PORTO
Ano de criação: 1948
Espectáculos: “Medeia de Noitarder” de Raquel S.; “O Paraíso não está
à vista”, de Rainer Werner Fassbinder; “Nós e Eles”, de David Campton;
“Cara de Fogo”; “Recuperados”; “O Aquário”; “Ressablo das Maravilhas”;
“O sonho de uma noite de Verão”; “Medeia”; “Alan”; “A Espera”
Encenadores: Correia Alves, Lígia Roque, Jacinto Durães, António
Júlio; Luciano Amarelo; Rosa Quiroga; António Capelo; Rogério
de Carvalho; António Júlio; Inês Gregório e Nuno Matos
Festivais: Festival de Teatro Universitário de Erlanger;
Festival Ibérico de Teatro Universitário; Input;
Mostra de Teatro Universitário de Ourense 2012
Distinções: PRÉMIO FATAL 2011
Participações no FATAL: 2000, 2001, 2008, 2010, 2012 e 2013
Morada: Travessa da Cedofeita, n.º 65, 4050-138 Porto
Telefone: 965 503 939
E-mail: [email protected]
Site: http://teatrup.wordpress.com
77
TUT
UNIV. TÉCNICA DE LISBOA
Ano de criação: 1981
Espectáculos: 49, de entre eles “Antígonas” a partir de Sófocles, Jean
Anouilh, Bertold Brecht, Maria Zambrano; “À espera dos Bárbaros”,
dramatização do poema de Konstandinos Kavafis, “Leôncio e Lena
na Estalagem de Mirandolina”, Fusão de Leonce und Lena de Georg
Büchner com La Locandiera de Carlo Goldoni, “Sentimento de um
Ocidental”, dramatização do poema homónimo de Cesário Verde;
“Da vida dos insectos”; “Antígonas”.
Encenadores: Júlio Martín da Fonseca, Jorge Listopad
Festivais: “Rencontres de Théâtre et Jeunesse pour l Europe”
– Grenoble (França), Festival Internacional de Teatro de Almada,
Bienal Universitária de Coimbra – BUC, Encontro de Escolas
no Teatro Malaposta, SCENA Lisboa
Participações no FATAL: 2012 e 2013
Morada: Teatro da Universidade Técnica, Palácio Burnay,
Rua da Junqueira, 86, 1349-025 Lisboa
Telefone: 919 233 048 / 963 302 769
E-mail: [email protected]
Site: http://blogdotut.blogspot.com
TUTRA
UNIV. DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
Ano de criação: 1989
Espectáculos: 17, de entre eles, “As Cadeiras”, de Eugène Ionesco;
“Contactos sem Tecto”, criação colectiva; “Uma Boca cheia
de Pássaros”, de Caryl Churchill; “Universos e Frigoríficos”
de Jacinto Lucas Pires; “Helmut” de Jerry Lewis; “To Die For”
performance; “Table Dance” com D. Alzira de Argozelo; “Famavana”;
“Antídoto”; “Ramayana”; “Ilhas”
Encenadores: António Capelo, Noélia Dominguez, Sérgio Agostinho,
Tiago Ramos, Pedro Guimarães, entre outros, Roberto Querido
Festivais: 3.º Encontro de Teatro Universitário em Bragança;
Festival EntreArtes
Participações no FATAL: 2004 e 2005
Morada: Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes
e Alto Douto, Quinta dos Prados, 5000-998 Vila Real
Telefone: 259 350 000, 259 752 94
E-mail: [email protected]
Site: http://tutra.blogspot.com
U
Ultimacto
FACULDADE DE PSICOLOGIA E INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
DA UNIVersidade DE LISBOA
Ano de criação: 1993
Espectáculos: 18, de entre eles “Despertar da Primavera” de Frank
Wedekind; “Médico à Força”, de Molière; “Com Carácter de Urgência”,
de Ana Lacerda; “Dança de Roda”, de António Pedro; “A Invenção do
Amor” de Daniel Filipe; “Última Chamada”; “Os Figurantes”, de Jacinto
Lucas Pires; “MetropoLIS”; “Um Auto para Jerusalém”
Encenadores: Pedro Barão, Álvaro Correia, Ana Lacerda,
Elsa Valentim, João Cabral, Rosa Coutinho Cabral, entre outros
Festivais: INPUT; Festival de Teatro de Tomar
Participação no FATAL: 2004, 2005, 2006, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2013
Morada: Alameda da Universidade 1649-013 Lisboa
Telefone: 217 973 179
E-mail: [email protected]
© Hélio Neto
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