caracterização da indústria de sacolas plásticas do
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CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DE SACOLAS PLÁSTICAS DO MUNICÍPIO DE CASCAVEL Área Temática: 4 Economia industrial, da tecnologia e dos serviços no Paraná Ronaldo Bulhões Professor e Pesquisador do Curso de Economia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)/Cascavel. Email: [email protected] Márcio Roberto Lopes Economista Diretor da Empresa Embalar Comércio de Embalagens/Cascavel-PR Email: [email protected] RESUMO Este trabalho teve como objetivo caracterizar as indústrias de sacolas plásticas do município de Cascavel e verificar se as mesmas se configuram como Arranjo Produtivo Local. A metodologia utilizada fundamentou-se na aplicação de questionário, cujas análises foram realizadas através de estática descritiva. Os resultados mostraram que embora o segmento de sacolas plásticas de Cascavel tenha importante impacto na produção nacional, bem como conta com a presença de instituições como ACIC, SEBRAE, SESI, SENAC, SINDICATO PATRONAL, PARQUE TECNOLÓGICO, UNIVERSIDADES, entre outros, o mesmo apresenta mínimo grau de articulação, assim como a cooperação entre as empresas é praticamente nula. Desse modo, apesar de existirem todas as entidades essenciais para um APL, a falta de integração entre as mesmas faz com que o segmento não se configure como tal, contudo apresenta potencial para se formar um APL. Neste sentido, sugere-se uma mobilização por parte dos empresários e das instituições regionais, estaduais e federais para que se venha formar um Arranjo Produtivo Local, trazendo assim ganhos de escala, inovação e vantagens competitivas para o setor e região como um todo. Palavras chave: Arranjo Produtivo Local; Sacolas Plásticas; Cascavel. ABSTRACT This study aimed to characterize the industries of plastic bags the city of Cascavel and verify that they are configured as Local Productive Arrangement. The methodology used was based on questionnaires, whose analyzes were performed using descriptive static. The results showed that although the segment of plastic bags Cascavel has important impact on national production, as well as with the presence of institutions such as ACIC, SEBRAE, SESI, SENAC, UNION EMPLOYERS, TECHNOLOGICAL PARK, UNIVERSITIES, among others, it presents minimum degree of articulation, as well as cooperation between companies is practically nil. Thus, although there are all essential entities for APL, the lack of integration between them causes the segment is not set as such, but has the potential to form a cluster. In this sense, we suggest a mobilization on the part of entrepreneurs and regional, state and federal institutions to come form a Local Productive Arrangement, thereby bringing economies of scale, innovation and competitive advantage for the industry and region as a whole. Key Words: Local Productive Arrangement; Plastic Bags, Cascavel. 1 INTRODUÇÃO A indústria de sacolas plásticas compõe um mercado relativamente novo no Brasil. A mesma se destacou a partir da década de 1990, cuja demanda crescente não demorou a substituir, com vantagens, os antigos sacos de papel, assumindo, em pouco tempo, grande fatia, senão a totalidade, desse mercado. No entanto, com as vantagens também vieram as desvantagens – taxada hoje em dia como grande vilã do meio ambiente em função de seu mau aproveitamento na reciclagem, uma vez que as sacolas demoram em média 400 anos para se decomporem no meio ambiente e em aterros sanitários. O Ministério do Meio Ambiente estimou que em 2011 o Brasil produziu 13,2 bilhões de sacolas plásticas, uma queda considerável nesta produção se comparado aos 14 bilhões produzidos em 2010, aos 15 bilhões de 2009, aos 16,4 bilhões de 2008 e aos 18 bilhões de 2007 (BRASIL, 2011). Esta queda na produção foi atribuída às diversas campanhas contra o uso de sacolas plásticas, que cada vez tem mais adesões de grandes empresas. Segundo o grupo Pão de Açúcar, em 2009 reduziu-se em cerca de 30,00% o consumo de sacolas plásticas pela rede, onde se espera que nos próximos anos a redução seja ainda maior (PÃO DE AÇÚCAR, 2010). O polietileno, a principal matéria prima utilizada na produção de sacolas plásticas, é considerado um monopólio nacional, sendo fornecido no Brasil, desde 2007, exclusivamente pela Brasken S.A., que findou a concorrência quando comprou o Grupo Ipiranga. Embora haja condições de importar esta matéria prima, muitas vezes a política cambial aliada a um dólar pouco atrativo inviabiliza a ação. Em 2003, chegou ao mercado brasileiro o polietileno oxi-biodegradável, resultado da adição de um composto químico ao próprio polietileno comum. Esta nova tecnologia permitia que, desde que acondicionadas da maneira adequada, as sacolas plásticas se deteriorassem em apenas 18 meses, ao contrário do material sem este aditivo que demora cerca de 400 anos para se decompor. A Brasken S.A. é pioneira também na produção de plástico verde, e se tornou, em 2011, a primeira empresa em nível mundial a produzir o plástico verde, que foi validado por um dos principais laboratórios internacionais, o Beta Analytic, atestando que o produto contém 100% de matéria prima renovável (BRASKEN, 2011). As localizações industriais voltadas para este segmento encontram-se em diversos estados brasileiros como São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e também no estado do Paraná, onde o município de Cascavel ocupa posição de destaque. Acredita-se que esta concentração em Cascavel deu-se pela disponibilidade de mão de obra, proximidade com a fronteira e impostos mais brandos quando comparado a estados altamente industrializados como São Paulo. O município de Cascavel tem se destacado nacionalmente como um grande pólo industrial, sendo, inclusive, apontado como uma das 20 metrópoles brasileiras do futuro, dando ênfase ao seu núcleo industrial (PAULIN, 2010). No município de Cascavel existem dezesseis (16) indústrias no segmento de embalagens plásticas, das quais nove (09) fazem parte deste estudo, e diversas outras empresas de menor porte, que em geral prestam serviços de extrusão1 e terceirização de produção para estas maiores. Ressalta-se que parte das indústrias ativas no segmento de plástico em Cascavel foram, inicialmente, prestadoras de serviços a outras grandes indústrias já existentes. Contudo, em função da especialização do trabalho e grande demanda do mercado crescente, acabaram por adquirir maquinários complementares e também a adotar todo o processo produtivo de sacolas. Outras empresas fornecedoras para essas grandes indústrias surgiram com o passar do tempo. Esse é um caso típico onde uma ou mais grandes indústrias, também conhecidas como indústrias-motrizes, as quais mediante um aumento do seu volume de produção e demanda de matéria prima e serviços provocam um aumento no volume de produção de outras empresas. Tal encadeamento, em certos casos, toma forma e transforma a região em um Arranjo Produtivo Local (APL) de sacolas plásticas. Diante deste contexto, a problemática está em evidenciar se as indústrias de sacolas plásticas do município de Cascavel se configuram como um Arranjo Produtivo Local (APL). Sendo assim, este trabalho tem como objetivo caracterizar as indústrias de sacolas plásticas do município de Cascavel e verificar se as mesmas se configuram como Arranjo Produtivo Local. Para tanto, o estudo foi organizado, além desta introdução, com mais três seções, sendo elas: (2) Revisão de Literatura onde serão realizadas considerações sobre Distritos Industriais, Arranjos Produtivos Locais e Cluster. (3) Procedimentos Metodológicos onde será abordado sobre a forma como este trabalho foi realizo. (4) Resultados e Discussões onde serão apresentados e analisados os dados referentes a esta pesquisa. Por último, serão apresentadas as Considerações Finais. 2 REVISÃO DE LITERATURA Nesta Seção serão apresentadas considerações sobre Distritos Industriais, Arranjos Produtivos Locais e Clusters. 2.1 Considerações sobre Distritos Industriais Marshall (1985), no final do século XIX, observara que grupos de pequenas empresas aglomeradas da Grã-Bretanha desfrutavam de um expressivo conjunto de vantagens se comparadas às empresas não pertencentes às aglomerações. Encontravam uma maior facilidade de acesso a recursos, à mão de obra especializada, a fornecedores e 1 Extrusão consiste em transformar a matéria prima em uma bobina, dentro das especificações, exigidas para serem cortadas e impressas pelas sacoleiras. a outras indústrias de suporte, caracterizando assim uma melhor capacidade de inovação e apropriação de conhecimentos. Marshall deu a esses aglomerados o nome de “Distritos industriais”. Segundo Marshall (1985), uma das vantagens derivadas desse agrupamento provém da alta oferta de trabalhadores especializados em uma determinada região, elevando a qualidade do serviço e diminuindo os custos de contratação (já que os trabalhadores estão sempre em busca de atividades coerentes com os seus conhecimentos). Esse agrupamento promove a profusão dos conhecimentos relativos às profissões. Nas palavras do autor, os conhecimentos profissionais “ficam soltos no ar”, consequentemente surgem atividades correlatas, satélites ou subsidiárias da indústria principal (MARSHALL, 1985). Na Europa, o final dos anos 1970 foi caracterizado por um fenômeno conhecido como Terceira Itália: certos setores maduros da economia italiana, assim como o de sapatos, móveis, cerâmicas e têxteis, compostos por pequenas e médias empresas aglomeradas em pequenos espaços geográficos, demonstraram maior desempenho e inserção internacional do que as grandes empresas localizadas no Triângulo Industrial italiano formado pelo eixo Milão-Gênova-Turim (VASCONCELOS et al., 2008). Segundo Schimtz (1997), o conceito de “Terceira Itália” começou a ser usado na década de 1970. A partir do contraste entre as regiões da Itália, o sul pobre com baixo desenvolvimento econômico era denominado de “Segunda Itália”, o noroeste tradicionalmente rico se defrontava com uma crise profunda, era chamado de “Primeira Itália”, no entanto, em contraste com as demais regiões, a “Terceira Itália”, composta pelas regiões nordeste e central, mostrava um crescimento econômico rápido e dinâmico graças ao sucesso de pequenas e médias empresas. Nessas cidades, as pequenas empresas têm por principal estratégia a inovação contínua e a utilização de métodos flexíveis de produção, empregando grande parte da força de trabalho da região e promovendo fortes vínculos de cooperação. Prova disso é que os membros da família e/ou seus empregados de confiança são estimulados a abrirem suas próprias firmas, criando um sistema integrado de produção (FEITOSA, 2009). Segundo Feitosa (2009), outro aspecto interessante dos distritos industriais italianos é o apoio governamental que as empresas recebem. Essa ajuda é uma política pública que visa promover o desenvolvimento local – serviços contábeis, financeiros e outros são oferecidos para facilitar o crescimento da empresa. Nos anos seguintes, o termo “Distritos industriais” deu lugar aos termos “Arranjos Produtivos Locais” (APL) e “Clusters”, que, como ambos os termos sugerem, remetem à ideia de junção, agregação, integração, competição, cooperação, ambiente cultural, entre outros. 2.2 Considerações sobre Arranjos Produtivos Locais (APLs) De acordo com Cassiolato e Lastres (1998), os APLs são aglomerações locais que dependem do envolvimento de agentes econômicos, políticos e sociais, com objetivo em atividades de um segmento econômico especifico, apresentando vínculos entre si. Essas aglomerações locais apresentam a participação e a interação entre empresas produtoras de bens de capital, serviços, fornecedoras de insumos e comercializadoras para os produtos da aglomeração. Contam ainda com outras organizações, públicas ou privadas, de apoio às atividades da aglomeração. Para melhor compreensão, a Tabela 1 apresenta as principais características de Arranjos Produtivos Locais: Localização Proximidade ou concentração geográfica Grupos de pequenas empresas Fatores Pequenas empresas nucleadas por grande empresa Associações, instituições de suporte, serviços, ensino e pesquisa, fomento, financeiras, etc. Intensa divisão de trabalho entre as firmas Flexibilidade de produção e de organização Características Especialização Mão de obra qualificada Competição entre firmas baseada em inovação Estreita colaboração entre as firmas e demais agentes Fluxo intenso de informações Identidade cultural entre os agentes Relações de confiança entre os agentes Complementaridades e sinergias Tabela 1 – Aspectos comuns das abordagens de arranjos produtivos locais Fonte: Lemos (1997). Villaschi Filho e Campos (2000) contribuem com a Tabela 1, acrescentando que nos APLS a abrangência dos mercados atendidos pode ser: os arranjos voltados para o mercado local/regional, já que as aglomerações atendem majoritariamente a um mercado bem localizado em uma determinada região do país; os arranjos voltados para o mercado regional/nacional – neste caso, a produção do complexo de empresas é direcionada para todo o mercado nacional, ao invés de focar em uma determinada região no território brasileiro; e os arranjos voltados para o mercado nacional e internacional – aqui o arranjo atende tanto o mercado interno (nacional) como o externo. Ainda para Villaschi Filho e Campos (2000), o tamanho das empresas que fazem parte dos APL pode ser composta por: majoritariamente micro e pequenas empresas - neste caso, observa-se baixíssima ou quase nenhuma articulação entre as empresas do aglomerado; majoritariamente pequenas e médias empresas - aqui o arranjo se apoia em uma ou mais empresas-âncora na maior parte dos casos analisados. Esta(s) empresa(s) exerce(m) o papel de coordenadora(s) do processo, imprimindo todo o dinamismo do arranjo; e majoritariamente médias e grandes empresas, em que as grandes empresas compõem o complexo. Nos APLs, a disponibilidade de infraestrutura voltada para o ensino, tecnologia e pesquisa aplicados é muito diversificada. Há instituições voltadas para pesquisa, universidades, entre outros, contudo são pouco ou subutilizados pela rede de empresas em seu entorno. Na maioria dos casos, a articulação do meio empresarial com essa infraestrutura é muito baixa. Isso dificulta a realização do processo de aprendizado para inovar, limitando a capacitação empresarial (VILLASCHI FILHO e CAMPOS, 2000). O MCT/FINEP (BRASIL, 2001) utiliza, para caracterizar as diferentes formas de APLs, o critério da maturidade, podendo existir três tipos de APL: a) APL potencial – Tem como características principais: alguma tradição produtiva ou de artesanato local; ausência de interativadade e sinergia entre empresas e com o cotidiano da vida local; localização favorável em termos de (um ou mais) mercado, fonte de matéria prima, pólo tecnológico, projeto de investimento; b) APL emergente – Tem como características: pouca interatividade e sinergia entre empresas e com o cotidiano da vida local; especialização produtiva setorial do agrupamento; pouca capacidade de inovação tecnológica e pouco acesso ao sistema nacional de inovação; poucas externalidades estáticas; c) APL avançado – Possui elevado grau de interatividade entre empresas, formando redes, e com o cotidiano local; especialização flexível; capacidade de inovação tecnológica e acesso usual ao sistema de inovação; nichos de mercado consolidado, inclusive no exterior. É importante ressaltar que nos APLs é comum a cooperação e interação entre as empresas. Contudo, tal cooperação e interação nos APLs não entram em conflito com a natural competição existente entre as empresas. 2.3 Considerações sobre Cluster Segundo Porter (1998), cluster se define como uma concentração geográfica de empresas e instituições de um mesmo segmento interconectadas entre si, incluindo desenvolvedores de tecnologias específicas para o segmento, associações de comércio, governo local e universidades. Em uma dimensão mais ampla, o cluster agrega empresas em torno do paradoxo entre a competição e a cooperação, os quais coexistem ao mesmo tempo. Conforme Porter (1989), a formação de clusters ocorre naturalmente, porém cabe ao poder público atuar por meio de políticas de incentivo. Essas políticas podem variar desde a criação de infraestrutura até a especialização dos trabalhadores no contexto local ou regional, por meio de incentivos à educação técnica específica. O autor afirma que o papel governamental é perceber a formação do grupo local a fim de incentivar as suas atividades. Ainda de acordo com Porter (1998), os clusters são pontos fundamentais para o aumento da competitividade, pois a produtividade passa a ser objetivo do setor organizado, gerando assim economia de escala e incrementando os índices de produção de todas as empresas inseridas no cluster. De acordo com Porter (1999), os aglomerados influenciam a competição de três maneiras, as quais são: 1) pelo aumento da produtividade das empresas ou setores componentes; 2) pelo fortalecimento da capacidade de inovação, trazendo consigo a elevação da produtividade; 3) pelo estimulo à formação de novas empresas, que reforçam a inovação e ampliam o aglomerado. Segundo Amaral Filho (2001), o cluster tem a intenção de ser uma síntese de estratégias anteriores, pois não fica restrito ao tamanho das empresas. É mais abrangente que o APL e do que outras formas de aglomerações que partem da noção de “economias externas marshallianas”. Conforme apontado nos itens anteriores, para que um APL ou Cluster exista é necessária a presença de entidades públicas, instituições de ensino, sindicatos, entre outros. No caso de Cascavel-PR, essas instituições se fazem presentes nas figuras da Associação Comercial e Industrial de Cascavel (ACIC), Secretaria de Indústria e Comércio do Município de Cascavel, Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) Sindicato Patronal, Sindicato dos Trabalhadores, Parque Tecnológico, 8 (oito) Instituições de ensino Superior presencial, entre outros. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A metodologia utilizada na execução deste artigo apresentou as seguintes etapas: (i) pesquisa bibliográfica sobre Distritos Industriais, clusters e APLs e (ii) aplicação de questionário de forma censitária junto às indústrias plásticas de Cascavel, no ano de 2012. O questionário foi elaborado de forma a contemplar itens necessários para formação de APL ou Cluster. Das 16 indústrias, 09 responderam ao questionário. As análises foram feitas através de estatística descritiva via planilha de Excel. A interpretação das respostas do questionário foi realizada com base na experiência dos autores e convivência por mais de 10 anos no setor em Cascavel. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Nesta seção serão apresentados e analisados os resultados referentes ao levantamento de dados via aplicação de questionário. Os resultados foram apresentados e discutidos conforme os blocos das questões existentes no questionário. 4.1 Características da indústria de sacolas plásticas em Cascavel 4.1.1 Mercado e comercialização Na Tabela 2, observa-se o porte das empresas da indústria de sacolas plásticas de Cascavel. Das 09 empresas estudadas, pode-se aferir que 05 são de médio porte (55,55% do total), 03 são micro-empresas/simples (33,33% do total) e somente 01 empresa é de pequeno porte (11,11% do total). ALTERNATIVA CONTAGEM Empresa de pequeno porte 1 Micro-empresa/Simples 3 Empresa de médio porte 5 Total de empresas 9 Tabela 2 – Classificação do porte das empresas FREQUÊNCIA (%) 11,11 33,33 55,55 100,00 Fonte: Resultados da pesquisa. A concentraçao de empresas do setor de sacolas plásticas em Cascavel, em preterência a outras localidades, se deve a dois fatores fundamentais: a diferenciação do sistema tributário do estado do Paraná para o estado de São Paulo, principal centro industrial do país, e a proximidades da cidade de Cascavel com a tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai), fatores que facilitaram por muitos anos a compra de matéria-prima importada a um preço mais atrativo que o nacional (apesar da materia-prima importada, na maior parte das vezes, vir da mesma fonte da empresa brasileira, a Braskem S/A). Esse fenômeno se deve à diferença dos impostos entre os países, combinado com a políticas de incentivos às importações, em especial se tratando do Paraguai. Quanto aos mercados atendidos pelas 09 empresas da indústria de sacolas plásticas de Cascavel relacionadas neste estudo, todas atendem o mercado Nacional, porém há, conforme aponta a Tabela 3, uma grande participação em outros tipos de mercado. ALTERNATIVA CONTAGEM Regional 2 Internacional 2 Local 3 Estadual 6 Nacional 9 Total de empresas 9 Tabela 3 – Mercado atendido pela empresa FREQUÊNCIA (%) 22,22 22,22 33,33 66,66 100,00 100,00 Fonte: Resultados da pesquisa. Por ter sido uma questão que possibilitava mais de uma resposta, 06 empresas responderam estarem inseridas no mercado estadual (66,66%), conforme demonstra a Tabela 3. O mercado local, por sua vez, é atendido por 03 empresas (33,33%), e o mercado regional e internacional são atendidos somente por 02 empresas (22,22% do total) cada um. O bom rendimento no âmbito nacional da indústria de sacolas plásticas de Cascavel se dá pela grande demanda de sacolas plásticas nas regiões sudeste e nordeste do país. Algumas das empresas entrevistadas afirmaram ter quase o total de sua capacidade produtiva comprometida com vendas para o estado do Rio de Janeiro e Bahia. O baixo desempenho local relaciona-se à preferência desse mercado pelo produto personalizado (maior tempo e custo de produção), enquanto os outros estados tendem a comprar um produto mais padronizado (menor tempo e custo de produção). Na Tabela 4, verifica-se a concorrência setorial na indústria de embalagens plásticas de Cascavel. ALTERNATIVA CONTAGEM FREQUÊNCIA (%) Empresas regionais 3 33.33 Empresas locais 4 44.44 Empresas nacionais 6 66.66 Empresas internacionais Total de empresas 9 100,00 Tabela 4 – Concorrência setorial na indústria de sacolas plásticas de Cascavel Fonte: Resultados da pesquisa. Por ter sido uma questão que possibilitava mais de uma resposta, 06 empresas (66,66% do total) responderam que a concorrência setorial situava-se nas empresas nacionais, conforme demonstra a Tabela 4; 04 empresas (44,44% do total) denotaram a concorrência setorial local, e somente 03 empresas (33,33% do total) marcaram a concorrência setorial regional. A concorrência externa nula é resultado de uma demanda por sacolas plásticas supridas pela oferta nacional. 4.1.2 Segmento de mercado Na Tabela 5, verifica-se o segmento de mercado onde atuam as empresas da indústria de embalagens plásticas de cascavel. ALTERNATIVA Sacos de lixo Bobinas/Blocados de feirinha de SM Sacolas plásticas Outros Total de empresas Tabela 5 – Segmentos de mercado CONTAGEM 5 7 9 3 9 FREQUÊNCIA (%) 55,55 77,77 100,00 33,33 100,00 Fonte: Resultados da pesquisa. Além de todas as empresas produzirem sacolas plásticas, elas também comercializam uma série de produtos: 07 empresas (77,77% do total) produzem bobinas e blocados para feirinhas de supermercado, enquanto que 05 empresas (55,55% do total) produzem sacos de lixo. Esta diversificação na produção vem ao encontro da necessidade de minimizar os custos de produção por duas razões principais: 1) enquanto na produção de sacolas plásticas a regulamentação legal exige que o material utilizado seja 100% virgem, na produção de sacos de lixo as regras são mais flexíveis, podendo aproveitar suas aparas, que em alguns casos chegam a 3,00% de todo o processo produtivo da sacola plástica; e 2) já que o consumidor final dos três produtos é o mesmo, e o maquinário para produzir sacos de lixo e blocados de feirinha tem um custo inferior ao do necessário para produzir sacolas plásticas, a empresa oferece aos seus consumidores uma variedade maior de produtos e com isto diversifica sua produção, aproveitando toda sua mão de obra quando esta, em algum segmento, se encontrar ociosa. 4.1.3 Inovação tecnológica Observa-se na Figura 1 o percentual das empresas do setor de sacolas plásticas de Cascavel que realizaram investimentos, tais como ampliações, modernizações, novos maquinários, novo local e nova tecnologia. Na Tabela 6 destacam-se as principais áreas em que as empresas da indústria de embalagens plásticas direcionam seu investimento. 11% Sim Não 89% Figura 1 – Novos investimentos realizados pelas indústrias Fonte: Resultados da Pesquisa. Na Tabela 6, observa-se que para a área de Tecnologia 04 empresas (44,44% do total) direcionam seus investimentos. O marketing e propaganda e o treinamento do pessoal foram apontados por 02 empresas (22,22% do total) e somente 01 empresa (11,11%) respondeu que sua principal área de investimento é a pesquisa. ALTERNATIVA CONTAGEM Pesquisa 1 Marketing e propaganda 2 Treinamento do pessoal 2 Tecnologia 4 Total de empresas 9 Tabela 6 – Principais áreas de investimento FREQUÊNCIA (%) 11,11 22,22 22,22 44,44 100,00 Fonte: Resultados da pesquisa. Uma vez que a compra de sacolas plásticas é tratada pelo supermercadista como custo, o empresário busca, constantemente, inovar em seu produto visando reduzir custos de produção, e se tornar mais competitivo no mercado. A Tabela 7 apresenta as principais fontes de informações tecnológicas que os empresários do setor buscam. ALTERNATIVA CONTAGEM Consultoria especializada 1 Universidade 1 Outras 1 Revista especializada 4 Pesquisas próprias 4 Visitas a empresas 4 Contatos com empresários 5 Contatos com clientes 5 Feiras e congressos 8 Total de empresas 9 Tabela 7 – Fontes de informação tecnológica FREQUÊNCIA (%) 11,11 11,11 11,11 44,44 44,44 44,44 55,55 55,55 88,88 100,00 Fonte: Resultados da pesquisa. As alternativas de fontes de informação tecnológica, contatos com clientes e contatos com os empresários foram assinaladas por 05 empresas (55,55% do total). Visitas a empresas, pesquisas próprias e revista especializada foram apontadas por 04 empresas (44,44% do total). Já as opções de consultoria especializada, Universidade e outras foram sinalizadas por somente uma empresa (11,11% do total). Destaca-se a participação das empresas nas feiras e eventos anuais dedicados ao mercado de embalagens plásticas. Nesses eventos, são apresentadas as inovações tecnológicas mais significativas, tanto no que diz respeito a maquinários, como ao processo de produção. Exemplo da importância da contínua evolução tecnológica no setor é que há dez anos um milheiro de sacolas de boa qualidade tinha em torno de 5,8 kg, sendo que hoje se produz uma sacola com a mesma qualidade com 4,1 kg, um ganho de quase 30,00% em custo de matéria prima. Outro fator a ressaltar é a baixa influência que a consultoria especializada e a Universidade possuem. Mesmo tendo à disposição o caminho do conhecimento científico, estes não conseguem ser aproveitados pelos empresários. Supõe-se que devido às experiências destes empresários em outras áreas os mesmos julgam irrelevante tais medidas, já que são confiantes em suas habilidades empresariais e julgam conhecer amplamente o mercado em que atuam. Na Tabela 8 verificam-se quais os critérios que orientam os novos investimentos na indústria de embalagens plásticas de Cascavel. ALTERNATIVA CONTAGEM Estudos elaborados 1 Tecnologia, buscando inovações 3 Experiência da direção 7 Outros procedimentos 3 Total de empresas 9 Tabela 8 – Critérios de orientação dos novos investimentos FREQUÊNCIA (%) 11,11 33,33 77,77 33,33 100,00 Fonte: Resultados da pesquisa. Por ter sido uma questão que possibilitava mais de uma resposta, pode-se observar que 07 empresas (77,77% do total) têm na experiência da direção o principal fator para decidir onde investir. 03 empresas (33,33% do total) procuram investir na Tecnologia, de forma a inovar. Somente 01 empresa (11,11% do total) se orienta por estudos elaborados. A experiência da direção mostra-se em um papel primário devido à necessidade que o empresário tem de conhecer o mercado onde ele atua e saber quando investir, mas também reflete a falta de confiança em outros meios para guiar seus investimentos. Observa-se na Figura 2 o percentual das empresas do setor de sacolas plásticas de Cascavel que participam de alguma associação ou sindicato. 11% Não Sim 89% Figura 2 – Participação em associações ou sindicatos Fonte: Resultados da pesquisa. De acordo com a Figura 2, 08 empresas (89,00% do total) participam de alguma associação ou sindicato, e somente 1 empresa (11,00% do total) não participa de nenhuma associação ou sindicato. A participação em sindicatos ou associações é vital para um setor industrial. Nesse setor, cabe ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Materiais Plásticos, Químicos e Farmacêuticos de Cascavel e Região (SINTRAPLÁSTICO) defender a categoria e seus interesses profissionais. A Tabela 9 expõe as estratégias das empresas da indústria de embalagens plásticas para reduzir seus custos, tendo destaque a alternativa “Negocia o preço com seus fornecedores”, a qual todas as empresas assinalaram. No entanto, há, conforme aponta a Tabela 9, uma grande participação em outros tipos de fontes de estratégias de redução de custos. ALTERNATIVA CONTAGEM Busca inovar seus equipamentos 5 Análise de perdas no processo produtivo 5 Capacitação de seus funcionários 5 Avaliações periódicas do seu processo produtivo 6 Negociação de preço com fornecedores 9 Total de empresas 9 Tabela 9 – Estratégias de redução de custo FREQUÊNCIA (%) 55,55 55,55 55,55 66,66 100,00 100,00 Fonte: Resultados da pesquisa. Por ter sido uma questão que possibilitava mais de uma resposta, pode-se observar que 06 empresas (66,66% do total) têm nas avaliações periódicas do seu processo produtivo sua principal forma de redução de custo. As alternativas de redução de custo “Capacita seus funcionários”, “Análise de perdas no processo produtivo” e “Busca inovar seus equipamentos” tiveram contagem de 05 empresas (55,55 % do total) cada uma. A busca constante por métodos para reduzir o custo ganha relevância, pois a margem de repasse de aumento nos preços é limitada, obrigando a empresa a potencializar seus serviços, seja melhorando seu processo produtivo para evitar perdas e aprimorar seu produto com a redução de insumos, seja negociando o preço da matéria prima com seus fornecedores. Através da Figura 3 se pode observar o percentual das empresas que utilizam algum tipo de software para gerenciamento dos custos, dos estoques e das vendas. 11% Não Sim 89% Figura 3 – Utilização de softwares pelas empresas Fonte: Resultados da pesquisa. Ainda de acordo com a Figura 3, 08 empresas (89,00% do total) utilizam algum tipo de software para gerenciar o negócio, e somente 01 empresa (11,00% do total) não faz uso de nenhum tipo de software. O controle gerencial é fundamental na formação e controle dos custos e dos preços de venda. Por ser um processo complexo, a maioria das empresas usam softwares próprios e planilhas de Excel, no intuito de alimentar corretamente o sistema gestor da empresa a fim de ter um resultado mais preciso possível da realidade e da saúde financeira da empresa. 4.1.4 Número e qualificação dos funcionários A Tabela 10 demonstra o número total de funcionários e a qualificação profissional da mão de obra das empresas da indústria de embalagens plásticas de Cascavel. Já na Figura 4, verifica-se o percentual por atividade dos 451 empregos diretos que as empresas do setor de sacolas plásticas de Cascavel geram. Destaque para a atividade de corte, com 223 funcionários (49,00% do total). ALTERNATIVA Ensino Fundamental Ensino Médio Pós-médio Graduação na área Graduação em Engenharia da Produção Total Tabela 10 – Qualificação profissional CONTAGEM 133 250 41 9 18 451 FREQUÊNCIA% 29,50 55,43 9,10 2,00 4,00 100,00 Fonte: Resultados da pesquisa. Observa-se na Tabela 10 que estas 09 empresas do setor de sacolas plásticas de Cascavel geram 451 empregos diretos. 133 pessoas empregadas (29,50% do total) possuem o Ensino Médio, 250 pessoas (55,43% do total) concluíram o Ensino Fundamental, e 41 pessoas (9,10% do total) têm o Pós-médio. 18 funcionários (4,00% do total) obtiveram uma graduação, e somente metade deles (2,00% do total) possuem uma graduação na área. Entretanto, outros fatores também possuem números significativos, como mostra a Figura 4. De acordo com a Figura 4, além da atividade de corte existem 67 funcionários (15% do total) na expedição/embalagem, 50 funcionários (11,00% do total) na extrusão, 44 funcionários (10,00% do total) na administração, 34 funcionários (8,00% do total) na impressão, e 33 funcionários (7,00% do total) em outras atividades. A conjetura retratada na Tabela 10 e na Figura 4 demonstra a falta da qualificação profissional no mercado de trabalho em Cascavel, embora os empresários se utilizem de mão de obra pouco qualificada para reduzir seus gastos com remunerações e consequentemente seus custos de produção, gerando assim uma rotatividade relativamente alta nos funcionários alocados no trabalho de chão de fábrica. 7% 10% Administração 15% Corte 8% Extrusão 11% 49% Impressão Expedição/Embalagem Outros: Figura 4 – Emprego por setores Fonte: Resultados da pesquisa. A Tabela 11 apresenta a faixa salarial da mão de obra das empresas da indústria de embalagens plásticas de Cascavel. Pode-se observar que 219 funcionários (48,55% do total) estão na faixa de 2 Salários Mínimos, 125 funcionários (27,71% do total) ganham até 3 Salários Mínimos, e 92 funcionários (20,40% do total) recebem 1 Salário Mínimo. Percebe-se que quanto maior a faixa salarial menos pessoas se inserem nesse contexto. 06 funcionários (1,33% do total) recebem 5 Salários Mínimos, 05 funcionários (1,10% do total) auferem 7 Salários Mínimos e somente 04 funcionários (0,88% do total) angariam mais de 7 Salários Mínimos. ALTERNATIVA 1 Salário Mínimo 2 Salários Mínimos 3 Salários Mínimos 4 Salários Mínimos 5 Salários Mínimos 6 Salários Mínimos 7 Salários Mínimos Acima de 7 Salários Mínimos Total Tabela 11 – Faixa salarial Fonte: Resultados da pesquisa. CONTAGEM 92 219 125 6 5 4 451 FREQUÊNCIA % 20,40 48,55 27,71 0,00 1,33 0,00 1,10 0,88 100,00 Comparando os dados da Tabela 11 com os da Tabela 10, observa-se que o grau de qualificação profissional é diretamente proporcional à remuneração obtida. A falta de mão de obra qualificada vem se tornando um dos principais gargalos industriais no Brasil, influenciando assim diretamente no crescimento das empresas e, por consequência, do próprio país. O trabalhador mal qualificado produz menos, o que tem como consequência o aumento dos preços dos produtos, obrigando as empresas a investir na capacitação e treinamento dos seus funcionários. 4.1.5 Dificuldades encontradas pelas empresas pesquisadas A Tabela 12 aponta as principais dificuldades que as empresas da indústria de embalagens plásticas de Cascavel enfrentam para o desempenho de sua atividade. ALTERNATIVA CONTAGEM Crédito/financiamentos 1 Incentivos municipais 2 Infraestrutura física 3 Mão de obra qualificada 7 Outros 9 Total de empresas 9 Tabela 12 – Dificuldades que as empresas enfrentam FREQUÊNCIA (%) 11,11 22,22 33,33 77,77 100,00 100,00 Fonte: Resultados da pesquisa. Pode-se verificar que 07 empresas (77,77% do total) assinalaram “Mão de obra qualificada” como uma das maiores dificuldade que enfrentam para atuar nesse mercado. 03 empresas (33,33% do total) assinalaram a infraestrutura física como empecilho, 02 empresas (22,22% do total) responsabilizaram a falta de incentivos municipais e somente 01 empresa (11,11 do total) apontou a alternativa crédito/financiamentos. A Tabela 13 expõe as principais limitações que as empresas da indústria de embalagens plásticas possuem para atender a seus clientes. ALTERNATIVA CONTAGEM Equipamentos 1 Capital de giro 1 Espaço físico 2 Pessoal qualificado 2 Nenhum 3 Total de empresas 9 Tabela 13 – Principais limitações para atender aos clientes FREQUÊNCIA (%) 11,11 11,11 22,22 22,22 33,33 100,00 Fonte: Resultados da pesquisa. Pode-se inferir que as alternativas “Pessoal qualificado” e “Espaço físico” foram assinaladas por 02 empresas (22,22% do total), e as alternativas “Capital de giro” e “Equipamentos” foram marcadas por 01 empresa (11,11% do total). A alternativa que indica que não há nenhuma limitação para atender aos clientes foi assinalada por 03 empresas (33,33% do total). 4.1.6 Produção local em razão do consumo nacional A Tabela 14 apresenta a produção mensal em milheiros (4 kg) da indústria de sacolas plásticas de Cascavel. Já na Figura 5 verifica-se a relação da produção local x produção nacional. EMPRESAS PRODUÇÃO FREQUÊNCIA (%) Empresa 1 35.000 10,54 Empresa 2 Empresa 3 58.000 59.000 17,46 17,76 Empresa 4 37.725 Empresa 5 52.500 Empresa 6 31.200 Empresa 7 27.500 Empresa 8 10.250 Empresa 9 21.000 Total 332.175 Tabela 14 – Produção local mensal em milheiros (4 kg) 11,36 15,80 9,39 8,28 3,09 6,32 100,00 Fonte: Resultados da pesquisa. A Tabela 14 e a Figura 5 demonstram a importância da indústria cascavelense de sacolas plásticas em razão da produção nacional, observado pelo Ministério do Meio Ambiente, sendo responsável por 30,20% de todas as sacolas plásticas produzidas no país em 2011, fato este pouco observado ou completamente ignorado pelos sindicatos e órgãos de classe da região e em alguns casos até mesmo pelos próprios empresários do setor. 100,00% 30,20% PRODUÇÃO NACIONAL EM 2011 (13.200.000) PRODUÇÃO LOCAL ANUAL (3.986.100) Figura 5 – Produção local e produção nacional da indústria de sacolas plásticas Fonte: BRASIL (2011). 4.2 Identificar se este segmento se configura como um Arranjo Produtivo Local Conforme apresentado no item 2.2 para que o APL exista são necessárias algumas características como as apresentadas na Tabela 1. Utilizando-se da mesma pode-se montar um checklist a fim de evidenciar se a indústria de sacolas plásticas de Cascavel configura-se um APL, o qual pode ser visualizado na Tabela 15. EXIGÊNCIA CASCAVEL SIM NÃO X X X Proximidade ou concentração geográfica Grupos de pequenas empresas Pequenas empresas nucleadas por grande empresa Fatores Associações, instituições de suporte, serviços, ensino e pesquisa, fomento, financeiras, etc. X Intensa divisão de trabalho entre as firmas Flexibilidade de produção e de organização Especialização X Mão de obra qualificada X Competição entre firmas baseada em inovação X Características Estreita colaboração entre as firmas e demais agentes Fluxo intenso de informações Identidade cultural entre os agentes X Relações de confiança entre os agentes Complementaridades e sinergias Tabela 15 – Aspectos comuns das abordagens de arranjos produtivos locais Localização X X X X X X Fonte: Resultados da pesquisa. Com base nas informações apresentadas na Tabela 15, bem como na experiência observacional dos autores, pode-se inferir que apesar da existência de elementos para que a indústria plástica de Cascavel se torne um APL estar presentes, percebe-se que as características, principalmente quando se trata de interação entre estes agentes, são poucas e insuficientes para que caracterize como tal. Não obstante, observando o checklist apresentado na Tabela 15 e de acordo com a classificação do MCT/FINEP apresentada no item 2.2 deste trabalho, é possível apontar que a industrial de sacolas plásticas de Cascavel se configura como sendo um APL potencial. Isto devido ao fato de se ter características como: alguma tradição produtiva; localização favorável em termos de (um ou mais) mercado, fonte de matéria prima e pólo tecnológico e, por outro lados, ausência de interatividade e sinergia entre empresas e com o cotidiano da vida local. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste trabalho foi caracterizar as indústrias de sacolas plásticas do município de Cascavel e verificar se as mesmas se configuram como Arranjo Produtivo Local. Verificou-se que a grande maioria das indústria de sacolas plásticas estudadas são de médio porte, as quais são responsáveis por 30,20% de toda sacola plástica produzida no país em 2011, fato este pouco observado ou completamente ignorado pelos sindicatos e órgãos de classe da região. Verificou-se também que mesmo com a presença de instituições como ACIC, SEBRAE, SESI, SENAC, Sindicato Patronal, Parque Tecnológico, Universidades, entre outros, a articulação entre as empresas e estas instituições praticamente não existe. Da mesma maneira, a cooperação entre as empresas é quase nula, sendo que o fluxo de informação é inexistente, destacando-se a falta de confiança entre os agentes. Ou seja, apesar de existirem todas as entidades essenciais para um APL, a falta de integração entre as mesmas faz com que o segmento não se configure como tal, apresentando, contudo, potencial para se formar um APL. Este é um caso característico de que somente fatores como concentração geográfica, especialização do trabalho, mão de obra e competição baseada em inovação não são suficientes para se formar um APL. Neste sentido, sugere-se uma reavaliação por parte dos empresários e uma mobilização das instituições regionais, estaduais e federais em realizar um esforço que venha a buscar gradativamente mudar estes conceitos hoje enraizados na região, no sentido de formar mais que um simples aglomerado, formar um arranjo produtivo local, trazendo assim ganhos de escala, inovação e vantagens competitivas para o setor e para a região como um todo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL FILHO, J. do. A endogeneização no desenvolvimento econômico regional e local. 2001. 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