- AESabesp

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Ano XII – Nº 45 – Maio / Junho / Julho de 2012
Editorial
A IMPORTÂNCIA DA HIDROMETRIA
A escassez de água que se avizinha impele uma mobilização para a conscientização sem precedentes em todos os
cantos do mundo, posto que é perceptível até para o leigo
o grande perigo pelo qual passa a humanidade.
A recuperação das florestas que foram, ao longo dos
últimos séculos, destruídas em nome da civilização, é imperativa. Até há bem pouco tempo eram elas que mantinham o equilíbrio ecológico e que detinham, assim, grandes caudais de água doce. Mas mesmo que haja intensiva
ação humana para a recuperação da flora e da fauna, as
fontes de água doce de outrora não existirão mais.
Há que se buscar alternativas para o abastecimento
e, dentre elas, a hidrometria é uma das mais importantes
ferramentas, que, por meio de ações planejadas e equipamentos modernos, permite ao gestor ações concretas
para desenvolver todos os trabalhos necessários na busca
da melhor e maior controle da água, minimizando, principalmente, as perdas físicas.
Ainda poucos brasileiros conseguem perceber que
mesmo tendo o maior caudal de água doce, os grandes
aglomerados humanos estão muito longe desses locais.
Hoje, infelizmente, até mesmo nos locais mais afastados,
os efeitos nefastos da civilização já se fazem sentir presentes, impondo para toda a sociedade não a necessidade
mas sim a obrigatoriedade de todos terem acesso, dentre
todas as políticas públicas, à maior delas: a gestão responsável no uso e manejo de água doce e potável.
Hiroshi Ietsugu
Presidente da AESabesp
O maior incentivador de desenvolvimento é a escassez. Assim é que a busca da otimização de equipamentos, de materiais e de tecnologias se dá de forma mais
acelerada particularmente nesses períodos. Entretanto,
ainda persiste uma anomalia que emperra o progresso
em muitos setores: a capacitação dos profissionais, principalmente nos setores de infraestrutura, onde, inclusive,
o saneamento está inserido.
Percebemos que o abismo entre a necessidade e a
capacidade de investimentos, principalmente no setor
do saneamento é cada vez maior. Tanto é que fora dos
principais centro urbanos, em que pese a onda da universalização esteja em evidência, todos que militam na seara
do saneamento têm convicção que esse desafio é quase
uma utopia para a maior parte dos municípios do País.
Nesse contexto, nesse conturbado caos social, a hidrometria vem a ser uma das mais importantes ferramentas na medição de distribuição de água, permitindo a
segurança da qualidade de operação do sistema, melhorando a disponibilidade hídrica e, sobretudo, colaborando
decisivamente no embasamento das decisões dos futuros
investimentos para o setor.
A Sabesp, pioneira na América Latina em desenvolvimento de técnicas e tecnologias para controle de água,
não mede esforços para garantir a perenidade no abastecimento de água para toda a população urbana, desenvolvendo mecanismos para minimizar os desperdícios e
perdas físicas nas redes de abastecimento.
Maio / Junho / Julho | 2012
Saneas
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Índice
Expediente
Saneas é uma publicação técnica da
Associação dos Engenheiros da Sabesp
Diretoria Executiva:
Presidente - Hiroshi Ietsugu
Vice-presidente - Helieder Rosa Zanelli
1º Diretor Secretário - Nizar Qbar
2º Diretor Secretário - Choji Ohara
1º Diretor Financeiro - Yazid Naked
2º Diretor Financeiro - Nelson Luiz Stabile
Diretoria Adjunta:
Diretor Cultural - Olavo Alberto Prates Sachs
Diretor de Esportes - Evandro Nunes de Oliveira
Diretor de Marketing - João Augusto Poeta
Diretor de Pólos - Paulo Ivan Morelli Franceschi
Diretor de Projetos Socioambientais - Luís Eduardo Pires Regadas
Diretor Técnico - Reynaldo Eduardo Young Ribeiro
Diretora Social - Viviana Marli Nogueira A. Borges
05 A importância e a história
matéria tema
da hidrometria
Relações Institucionais:
Coordenador: Luciomar Santos Werneck
Conselho Fiscal:
Carlos Alberto de Carvalho, José Carlos Vilela e Ovanir Marchenta Filho
Conselho Editorial:
Luiz Henrique Peres (Coordenador)
João Augusto Poeta, Luiz Eduardo P. Regadas e Maria Ap. S. P. Santos
Fundo Editorial - revista saneas:
Coordenadora: Marcia de Araújo Barbosa Nunes
Luis Eduardo Pires Regadas, Celso Roberto Alves da Silva, Paulo Rogério Guilhem, Alex
Orellana, José Marcio Carioca
14 Entrevista
“O saneamento está na pior condição da nossa infraestrutura”
artigos técnicos
18 Norma técnica Sabesp 281 quebrando paradigmas na submedição de hidrômetros
23 Melhoria da medição de água nos grandes hidrômetros
33 Determinação de taxas anuais de redução da eficiência da medição de hidrômetros
40 Acontece no setor
44 matéria sabesp
Desenvolvimento da hidrometria é incentivado pela Sabesp
46 Fenasan 2012
O maior evento técnico-mercadológico em saneamento e meio ambiente
Projetos Socioambientais
52 Projeto “Prática de Judô para Crianças e Adolescentes”
53 Aesabesp na Febrace 2012
54 Projeto: Feira Educativa Virtual: Inovação em transformação social - Lançamento
54 Projeto: Difusão e Memória do Engenheiro Armando Fonzari Pêra - atuação e
contexto histórico
56 Sustentabilidade
AESabesp marcou presença na Rio+20
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Conselho Deliberativo:
Amauri Pollachi, Cid Barbosa Lima Junior, Choji Ohara, Eduardo Natel Patricio, Gert
Wolgang Kaminski, Gilberto Alves Martins, Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder
Rosa Zanelli, Hiroshi Ietsugu, João Augusto Poeta, Marcos Clébio de Paula, Nélson Luiz
Stábile, Nizar Qbar, Olavo Alberto Prates Sachs, Paulo Eugênio de Carvalho Corrêa,
Pérsio Faulim de Menezes, Reynaldo Eduardo Young Ribeiro, Sonia Maria Nogueira e
Silva, Viviana Marli Nogueira A. Borges, Walter Antonio Orsatti, Yazid Naked
Saneas
Coordenador do Site:
Jônatas Isidoro da Silva
Pólos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP
Coordenador dos Pólos da RMSP - Robson Fontes da Costa
Pólo AESabesp Costa Carvalho e Centro - Maria Aparecida Silva de Paula Santos
Pólo AESabesp Leste - Nélson César Menetti
Pólo AESabesp Norte - Rodrigo Pereira de Mendonça
Pólo AESabesp Oeste - Francisco Marcelo Menezes
Pólo AESabesp Ponte Pequena
Pólo AESabesp Sul
Pólos AESabesp Regionais
Coordenador dos Pólos Regionais - José Galvão de F. R. e Carvalho
Pólo AESabesp Baixada Santista - Zenivaldo Ascenção dos Santos
Pólo AESabesp Botucatu - Rogélio Costa Chrispim
Pólo AESabesp Franca - Antonio Carlos Gianotti
Pólo AESabesp Lins - Marco Aurélio Saraiva Chakur
Pólo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto
Pólo AESabesp Vale do Paraíba - Sérgio Domingos Ferreira
Coordenação do XXIII Encontro Técnico AESABESP e Fenasan 2012:
Presidente da Comissão - Eng Químico Nizar Qbar
Diretor do Encontro Técnico AESabesp - Eng Olavo Alberto Prates Sachs
Diretor da Fenasan - Reynaldo E. Young Ribeiro
Membros da Comissão: Choji Ohara, Gilberto Alves Martins, Hiroshi Ietsugu, João
Augusto Poeta, Luis Eduardo Pires Regadas, Maria Aparecida Silva de Paula Santos,
Nélson César Menetti, Nizar Qbar, Olavo Alberto Prates Sachs, Osvaldo Ioshio Niida,
Regina Mei Silveira Onofre, Reynaldo E. Young Ribeiro, Tarcísio Luis Nagatani, Walter
Antonio Orsatti
Equipe de apoio: Maria Flávia S. Baroni, Maria Lúcia da Silva Andrade, Monique Funke,
Paulo Oliveira, Rodrigo Cordeiro, Vanessa Hasson
Órgão Informativo da Associação dos Engenheiros da Sabesp
Jornalista Responsável:
Maria Lúcia S. Andrade – MTb. 16081
PROJETO VISUAL GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Neopix Design
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Associação dos Engenheiros da Sabesp
Rua Treze de Maio, 1642, casa 1
Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP
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Fax: (11) 3141 9041
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Informe publicitário
matéria tema
A importância
e a história
da hidrometria
matéria tema
É imperativo o uso da água nas diversas atividades
desenvolvidas pelo homem. E a medida que crescem as exigências do desenvolvimento humano, é
premente a adoção de um conceito integrado por
planejamento, gestão e uso dos recursos hídricos, no
qual, por meio da conjunção de medidas técnicas,
administrativas e legais, busca-se uma resposta eficaz às necessidades dos povos e às exigências sociais
para melhorar a utilização da água. Todavia, tal gerenciamento só é adequado aos potenciais hídricos
disponíveis no Planeta, mediante o conhecimento
do comportamento dos rios e dos regimes pluviométricos das bacias hidrográficas, possibilitado por um
trabalho de coleta e interpretação de dados, passível
de credibilidade.
A hidrometria é a ciência que mede e interpreta esses dados e, portanto, indispensável ao planejamento de
uso dos recursos hídricos, ao gerenciamento de bacias
hidrográficas, à operacionalização do saneamento básico, ao abastecimento público e industrial, bem como à
navegação, à irrigação, ao transporte, ao meio ambiente
e a muitos outros segmentos fundamentais para os universos científico, social e econômico.
Segundo relatos históricos, os primeiros registros
sobre hidrometria datam desde a época do império romano, quando da descoberta por Alexandre, de como
equacionar as vazões de canais. Estas descobertas fi-
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caram esquecidas até que 1500 anos depois foram
retomadas as pesquisas e chegando-se a equações e
variáveis utilizadas até hoje. Destacaram-se as fases
evolutivas dos conhecimentos em hidrometria e a evolução mecânica dos aparelhos utilizados para realizar
estas medições, dos mais antigos molinetes até ao moderno sistema acústico.
Já os primeiros relatos sobre a hidrometria no Brasil
datam a partir do final do século XIX, quando foram
instaladas as primeiras estações pluviométricas que realizavam medições regulares. Posteriormente foram instaladas as estações para controle de níveis e medições
de vazões, visando desde aquela época, aproveitar os recursos hidráulicos para a produção de energia. Somente
a partir do início do século XX, a hidrometria passou a
ser realizada de forma mais organizada, evoluindo gradativamente em metodologia operacional.
Medições e equipamentos acústicos
A medição de descarga por equipamentos acústicos originou-se através das técnicas utilizadas em
oceanografia, em que a medição das velocidades
e direção das correntes apresentavam dificuldades
ao ser realizada com molinetes, principalmente em
grandes profundidades.
A criação da tecnologia Doppler para medir grandes rios, teve influência também pela dificuldade de
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matéria tema
calibração dos AVMs (Acoustic Velocity Meters), os
quais são medidores acústicos utilizados em baias,
pois não existiam medidores rápidos o suficiente para
realizar a medição antes que as correntes interviessem na medição.
O primeiro equipamento acústico que surgiu, era um
registrador de velocidade Doppler, o qual media a velocidade dos navios através da água ou dos sedimentos
depositados no fundo do mar. O primeiro ADCP (Acoustic Doppler Current Profiler ) foi produzido em meados
dos anos 70, sendo este uma adaptação do registrador
de velocidade.
O registrador de velocidade foi remodelado para
medir com mais precisão a velocidade da água, bem
como permitir através da medida de células traçar um
perfil da profundidade, nascendo assim, o primeiro
ADCP para embarcações.
Em 1982, a empresa Americana RD Instruments produziu seu primeiro ADCP. Este instrumento foi projetado
para ser utilizado com o auxílio de baterias, tornando-o
autossuficiente em longo.
Foi realizada, em 1982, a primeira medição de vazão
utilizando um medidor de vazão acústico Doppler, mas
devido às limitações de processamento da época a medição teve que ser pós-processada.
O processador de sinal Doppler evoluiu muito ao
longo dos anos, devido a grande gama de instrumentos
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existentes no mercado. Registrar e processar o sinal passou a ser uma tarefa relativamente usual.
A primeira geração de ADCP usou uma faixa de sinal
chamada Narrow-bandwidth, utilizando único-pulso e
o método do autocorrelação que computa o primeiro
momento do sinal da frequência do Doppler.
Medição de descarga líquida
A medição de descarga, dentro da hidrometria, é definida como o processo empírico que é utilizado para
determinar a vazão de um canal ou curso de água. A
vazão de um rio é o volume de água que passa por
uma determinada seção transversal por uma unidade
de tempo.
Existem diversos métodos para se determinar a descarga líquida de um curso de água. Em alguns casos, não
se faz possível na prática, conhecer a descarga de um
dado instante, se tornando medições demoradas e caras.
Para Santos et al., na hidrometria, a vazão é diretamente associada a uma cota linimétrica. Já segundo
Tucci para se conhecer a vazão ao longo do tempo estabelecendo-se uma relação, a qual permitirá substituir
a medição contínua das descargas por uma medição
contínua das cotas.
Segundo Santos et al. , Tucci e Pinto os principais métodos de medição de vazão são: por capacidade, medição e integração da distribuição da
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matéria tema
velocidade, método acústico, método volumétrico,
método químico, uso de dispositivos de geometria
regular (vertedores e calhas Parshall) e por outros
métodos, como por exemplo, modelo reduzido em
laboratório.
Para a escolha do método de medição de vazão,
conforme mostrado no quando da Figura 1, deve-se
levar em conta os seguintes dados referenciados pela
norma NBR 13403/1995, a qual trata das medições em
escoamento livre.
Figura 1 : Vazão esperada e métodos recomendados para escoamento livre.
5 a 30
30 a 300
300 a1000
1000 a
5000
Acima
de 5000
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Ultra-sônico
x
x
x
x
Eletromagnético
x
x
x
x
x
x
x
x
Método / Volume (l/s)
Até 1
1a5
Volumétrico
x
x
Flutuador
x
Vertedor Triangular
Vertedor Retangular
Calha Parshall
x
x
Molinete
Traçadores
Calha Palmer-Bowlus
x
x
x
Método convencional
O método convencional de medição de descarga líquida, também conhecido por área-velocidade, consiste
em utilizar um molinete hidrométrico para determinar
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x
x
a velocidade e representar a seção transversal. O método do molinete possui algumas vantagens da utilização, as quais são citadas pela NBR 13403/1995, e
dentre as principais tem-se o emprego com precisão
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matéria tema
para seções grandes ou irregulares e possibilidade de utilização do mesmo equipamento em diversos locais, ou seja,
pequenas ou grandes seções.
As suas restrições, conforme a NBR 13403/1995, dependem muito do tipo de fluxo de água, como também
da velocidade contínua da corrente de 0,20 m/s e da altura mínima de 30 cm do nível de água.
O molinete não é apropriado para velocidades abaixo de 3 cm/s, nem sob circunstâncias de turbulência extrema.
Para isso, existe uma necessidade real de desenvolvimento equipamentos, simples e práticos, para que se possam
realizar estas medições. Neste caso, os equipamentos acústicos são recomendados.
Molinete
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Os molinetes hidrométricos são instrumentos tradicionais
de medida de velocidade de água, para fins de cálculo e determinação da vazão (SOUZA, 2005, p.36). Desde que bem
aferidos, permitem o determinar a velocidade mediante a
medida do tempo necessário para uma hélice dar um certo número de rotações (PINTO et al., 1976, p.198), quando
colocado no sentido do fluxo da água (TUCCI, 1993, p.505).
Podem ser divididos em dois tipos básicos: Eixo
vertical (tipo americano): com conchas, robustas
e resistentes, pouco precisas. Eixo horizontal (tipo
europeu): com hélices, eixo horizontal, mais preciso. No caso de utilização de cabos, há necessidade
de um lastro para que o mantenha na profundidade
desejada e sem ângulo de arrastamento (PINTO et
al., 1976, p.198).
Molinete IH
Fonte: Itaipu Binacional (2007)
Molinete hidrométrico montado com lastro
Fonte: Itaipu Binacional (2007)
Saneas
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matéria tema
As técnicas de emprego dos molinetes variam de
acordo, principalmente, com as dimensões dos cursos
de água. Porém, as medidas são realizadas em diversas
profundidades ao longo das verticais. Podem ser operados das seguintes formas:
a. A Vau: são possíveis somente em rios de pequenas
profundidades, até 1 m.
b. Embarcações: podem ser fixadas na posição de medição por meio de cabo auxiliar (para rios pequenos), ou por âncoras (para rios muito largos).
c. Cabos aéreos: servem para carregar os molinetes,
quando operados da margem, como também levar
o operador dentro de uma cabine móvel.
d. Pontes ou Passarelas: não é recomendável, pois a
existência de pilares intermediários ou quando se
encontra a grandes alturas sobre o nível da água,
com largura até 10m .
Método Acústico Doppler
Este método é fundamentado no efeito Doppler,
visando, principalmente, determinar o perfil da velocidade da corrente e consequentemente, o cálculo da descarga líquida total. A utilização deste método permite que se tenha uma maior quantidade
de verticais e uma maior quantidade de medidas de
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Medição a vau
Medição com embarcação através de cabo
Fonte: Itaipu Binacional (2007) Fonte: Itaipu Binacional (2007)
Medição com Cabos Aéreos
Medição Convencional em Pontes.
Fonte: USGS (2007).
velocidade, no final de cada. Esta técnica de medição por este tipo de equipamento se desenvolveu
até o ponto em o que tornou as medições mais
rápidas, eficientes e mais seguras. Mas esta facilidade toda é fruto de uma forte tecnologia aplicada, porém exige certos cuidados ao se utilizar para
evitar distorções e garantir uma boa qualidade dos
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matéria tema
dados obtidos nas medições. No Brasil, sua utilização ainda é muito pequena e basicamente voltada
para a medição de vazão. No Brasil ainda não existe
nenhum tipo de norma que regulamente as medições acústicas com utilização de equipamentos
de efeito Doppler. O estudo para elaboração desta
norma será efetuado pela ANA (Agência Nacional
das Águas) em conjunto com a ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas).
Na Inglaterra, os pesquisadores do Instituto
BSI (British Standard Institute) estão elaborando a
ISO-CD24578, que trata sobre a padronização das
medições de vazão com equipamentos acústicos,
considerando os métodos, procedimentos, configurações, etc., estabelecidos por fabricantes e também por hidrotécnicos especializados.
Medidores acústicos de efeito Doppler
Os medidores acústicos Doppler, medem vazão de
forma rápida e eficiente. Os equipamentos Doppler
foram desenvolvidos primeiramente, para medir correntes sem grandes turbulências e ficavam estáticos
no fundo ou presos a uma bóia. Em seguida vieram os
sistemas em movimento acoplado a barcos e passaram a medir ambientes mais dinâmicos. Os medidores
de vazão utilizando o efeito Doppler ficaram conhecidos como ADCP por ser o nome dado ao aparelho
pelo fabricante que o tornou comercial. No Brasil,
por facilidade de se referir ao termo ADCP, estará
ADPs 1500 KHz
Fonte: Itaipu Binacional (2007)
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Saneas
subentendendo-se a um aparelho medidor de vazão
Doppler genérico.
O ADCP mede a velocidade da água com som, que
são ondas de pressão que viajam através de gases líquidos e sólidos, e percebidos pelos seres humanos
através da vibração destas ondas nos tímpanos e depois fazendo a conversão (no fundo dos ouvidos) da
energia mecânica em sinais elétricos que são enviados ao cérebro onde serão interpretados. A principal
característica do ADCP é a sua habilidade em medir
o perfil da corrente, pois divide o perfil da velocidade
em várias células .
Utilizando o molinete medimos a vazão, através da medida da velocidade em um plano imaginário perpendicular à corrente, em um número
de verticais representativas à seção (normalmente
entre 20 e 25 verticais).
Computamos as áreas destas verticais e a seguir
a vazão de cada uma delas. Com o somatório destas
vazões obtemos a vazão total que passa pela seção
em um período de tempo. Segundo Gordon (1996, p.
15), cada célula de profundidade é comparada a um
único medidor de corrente. Com isso, o perfil da velocidade calculada pelo ADCP é igual há uma série de
molinetes colocados em uma vertical da seção.
Fontes: Agência Nacional de Águas, Wikipédia, http://www.
udc.edu.br/monografia/monocivil6.pdf
A esquerda ADPs 500 KHz, a direita ADPs 3000KHz
Fonte: Itaipu Binacional (2007)
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matéria tema
Foto: Flávio Souza/ ANA
ANA promoveu a exposição
“Água na Medida Certa”
Exibida pela primeira vez em Brasília como parte das
celebrações do Dia Mundial da Água, 22 de março, a
exposição “Água na Medida Certa: a História da Hidrometria no Brasil” recebeu a visita de 17 escolas de
Brasília e cidades satélites, sendo 13 públicas e duas de
crianças com necessidades especiais. Mais de mil alunos visitaram as instalações montadas no Museu da
República, em Brasília, entre os dias 22 e 30 de março.
Um dos objetivos da Agência Nacional de Águas
com a exposição é despertar o interesse das crianças
e jovens em idade escolar, pelo estudo da hidrologia e
outras áreas relacionadas à infraestrutura hídrica. As
incertezas geradas pelas oscilações do clima e o crescimento social e econômico do País apontam para a
necessidade de aumentar o número de profissionais
qualificados em áreas como medição e monitoramento
de rios e eventos críticos.
Com a ajuda de monitores, durante a visita os
alunos aprenderam sobre a história da medição de
água no mundo, como por exemplo como os antigos
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mediam o rio Nilo, no Egito; o uso de satélites; o
conceito de hidrometria, um capítulo da hidrologia
que mede grandezas como vazões e níveis de rios,
lagos e represas, índices pluviométricos e outros parâmetros. Além disso, os alunos assistiram a vídeos
explicativos e souberam de curiosidades, como o
Zouave, uma das quatro estátuas feitas pelo escultor
Georges Diebolt, instaladas sobre a Pont d’Alma, no
rio Sena, em Paris, que já serviu de parâmetro para
medir a altura do Sena. As crianças também puderam conhecer e ver de perto vários equipamentos.
Paralelamente, também foi lançada uma cartilha
com informações sobre o ciclo hidrológico, bacias hidrográficas, oferta e escassez de água, utilização, porque e como medir a vazão de um rio. Para acessá-la
o link é http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/
CEDOC/Catalogo/2012/AguaNaMedidaCerta.pdf
(*) Informações e imagens cedidas pela assessoria de comunicação da ANA.
Saneas
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entrevista
“O saneamento está na pior condição
da nossa infraestrutura”
Joaquim Carvalho
Motta Júnior é
graduado em
Engenharia Elétrica
pela Fundação
Educacional de
Barretos. É presidente
do Grupo TCM, com
atuação, desde 1992,
na prestação de
serviços de leitura e
entrega de contas de
água, gás e energia.
E também preside
a Brasil Medição Associação Brasileira
das Empresas
de Medição e
Faturamento.
Em consonância como o tema desta edição, a Saneas entrevistou o presidente da Brasil Medição - Associação
Brasileira das Empresas de Medição e Faturamento, que é expositor da Fenasan 2012.
Saneas: Quando a Brasil Medição foi fundada, qual seu objetivo, missão, visão, principais
desafios e como se prepara para ampliar sua
atuação em nível nacional?
Joaquim Carvalho Motta Júnior: A Brasil Medição
foi fundada em maio de 2007, com o objetivo de
reunir as empresas que atuam na prestação de serviços de leitura de medidores e entrega de contas em
nível nacional. Nossa Missão é congregar o mercado
de serviços a fim de garantir a contínua evolução do
setor. Nossa Visão é buscar continuamente a evolução tecnológica, com foco na melhoria dos serviços
prestados. Nossos principais desafios são: oferecer às
companhias de saneamento, energia e gás, serviços
de qualidade e gestão produtiva, a fim de contribuir
para evolução dos sistemas de informatização dos
serviços de leitura de medidores e entregas de contas
de consumo, além de ser a entidade representativa
de nossos associados em todas as esferas de governo,
buscando contribuir para uma justa inserção de nossas competências ao portifólio de serviços públicos e
privados dos setores representados. E nossa contínua
evolução passa pelo processo de ampliação de nossa
atuação, o que fazemos a partir do mapeamento dos
mais de 5.000 municípios que compõem a federação,
com a finalidade de permitir o avanço das empresas
associadas na atuação territorial.
Saneas: Qual foi o impacto e como a entidade
está se posicionando e buscando a adequação
de seus serviços, em parceria com as empresas,
o que vem em razão da defesa do monopólio
dos Correios?
Joaquim Carvalho Motta Júnior: Como forma
de combater o absurdo jurídico instaurado pelos
Correios, além de participarmos do embate jurídico em cada ação promovida pela empresa pública,
o que nos vangloriamos de ter obtido 100% de resultado produtivo para as empresas do setor. Uma
vez que o Correio não venceu nenhuma demanda
14
Saneas
promovida contra diversas empresas o que vem
nos permitindo êxito inclusive nas demandas de
2ª instância, onde inclusive há condenação dos
Correios pela impossibilidade jurídica da alegação,
de que os serviços promovidos pelas empresas associadas a Brasil Medição não ferem qualquer aspecto o Monopólio Público.
Além da atuação nas ações individuais nossa
associação produziu, com a participação do nobre doutrinador Marçal Justen Filho, o parecer
jurídico que embasa de forma contundente a
inexistência de qualquer afrontamento à legislação federal a execução dos serviços terceirizados de leitura de medidores.
Isto por que a atividade exercida pelas empresas associadas não é mera entrega de contas e sim
trata-se de um conglomerado de atividades que
se inicia com a leitura dos medidores englobando
todo o atendimento ao consumidor final, garantindo a execução de um complexo de atividades
que aprimora permanentemente a qualidade dos
serviços prestados e entregues à população consumidora de água, energia e gás.
Não menos importante, promovemos workshops em que aproximamos as companhias públicas das empresas de serviços, com a intenção de
aprimorar os processos de parcerias e garantir aos
contratantes o total conhecimento da realidade
da questão do Monopólio, buscando tranquilizar
as companhias contratantes, de que a terceirização das atividades realizadas pelas empresas da
nossa associação estão em perfeita sintonia com
a legalidade, isonomia e principalmente com a
eficiência, questão fundamental para a melhoria
das atividades. Exemplo de nosso empenho foi
o último evento que realizamos no espaço Vila
Noah, em outubro de 2010, onde estiveram presentes, juristas, técnicos e diversas companhias
públicas de saneamento, cujo foco foi a ampliação de conhecimentos e a troca de experiências.
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entrevista
Saneas: Em contexto nacional, como essa Associação avalia a relação entre a qualificação dos serviços, a confiabilidade da medição e o atendimento
satisfatório à sociedade?
Joaquim Carvalho Motta Júnior: O principal elemento de avaliação não poderia deixar de ser o crescimento do setor, que vem alavancando níveis extraordinários de aumento de área de atuação e da implantação
tecnológica na execução das atividades, o que resulta
na permanente qualificação dos serviços, por sua vez
permitindo uma medição adequada dos níveis de confiabilidade. O que também é observado através da atuação desta associação na avaliação constante da produtividade das empresas associadas, nos mais diversos
contratos em várias regiões do país.
Saneas: Em sua área de atuação, a entidade tem
participado nas avaliações técnicas dos procedimentos de corte e religação de consumo, substituição de hidrômetros e programas de redução de
perda de receita na micromedição?
Joaquim Carvalho Motta Júnior: As empresas que
compõe o setor atuam no denominado setor de multiserviços, o que nos permite a execução de atividades
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que vão muito além de leitura de medidores, passando
por certo pelo corte e religação de consumo, substituição de hidrômetros. Além da forte atuação nos processos de diminuição de perdas, questão essa de suma
importância para as companhias, uma vez que muitas
destas empresas públicas sofrem com altos índices de
perda, seja pelo furto de água ou pelo excesso de vazamentos na rede. O que torna fundamental as atividades correlatas executadas pelas empresas do setor que
aplicam, inclusive, diversas ações técnicas por métodos
não destrutíveis garantindo eficiência, rapidez e redução de custos na efetivação dos trabalhos.
Saneas: No parecer da entidade, as medições de
serviços têm credibilidade com referência à exatidão sobre as receitas cobradas? Que fatores contribuem para esse resultado? Que sugestões para
a melhoria da eficiência da medição poderiam ser
fornecidas para as concessionárias?
Joaquim Carvalho Motta Júnior: É importante salientar que, via de regra, as empresas do setor não tem
ingerência sobre a gestão do sistema que define as
tarifas que resulta nas receitas cobradas. As empresas
tem sua atividade restrita no que tange às questões
Saneas
15
entrevista
tarifárias, uma vez que o sistema informatizado é que
controla os hidrômetros. O que decorre das leituras
executadas são em maioria criados, mantidos, gestionados e controlados pelas companhias de saneamento.
Há exceção quando as empresas fornecem o sistema,
mas, ainda assim, não tem controle e nem autonomia
sobre o conteúdo que são controlados exclusivamente
pela empresa contratante. Não cabe sequer as empresas do setor interferirem na roteirização das leituras e
no carregamento dos equipamentos de medição.
Saneas: A Entidade e suas associadas estão sujeitas
a alguma regulação específica afora as Agências
Reguladoras do Setor de Saneamento e Energia?
Existe um processo de auto-regulação e Código
de ética que indique um automonitoramento das
funções da entidade e suas associadas?
Joaquim Carvalho Motta Júnior: Nossa entidade
vem trabalhando para implantação de meios de regulação, a fim de garantir a ética profissional sem interferir na gestão empresarial.
Saneas: Na opinião da entidade, os equipamentos
nacionais contam com inovações para atender a
demanda do setor de saneamento, haja vista o crescimento do parque de medidores e a necessidade
de equipamentos com maior tempo de vida útil?
Joaquim Carvalho Motta Júnior: Em recente pesquisa, verificamos que os equipamentos utilizados pelas
empresas que executam a leitura mantêm níveis adequados de inovação, capacidade operativa e vida útil,
adequados as necessidades do setor.
Saneas: De que forma se dá a integração das empresas prestadoras de serviços de leitura de medidores de consumo de água e as concessionárias
de saneamento?
Joaquim Carvalho Motta Júnior: Existe um empenho
frequente desta associação em aproximar os contratantes das futuras empresas contratadas. Fazemos isto
sem buscar privilégios ou mesmo intervir nas regras de
ordem legal, assim a promoção de eventos como a participação na FENASAN, são métodos de aproximação e
integração dos setores contratantes com as empresas
prestadoras de serviços.
Saneas: A expansão do setor de saneamento justifica a busca de fornecedores em outros países, em
razão do volume de recursos públicos e privados
disponíveis para ampliação e melhoria da gestão
da micromedição?
Joaquim Carvalho Motta Júnior: O mercado interno
conta com elevado número de empresas que fazem investimentos robustos na intenção de garantir o atendimento da demanda nacional, com plena capacidade de
contribuir para melhoria da gestão de micromedição.
Saneas: Atualmente, a informatização na operacionalização dos serviços de apuração de consumo de
água e seu monitoramento – telemedição, medição
remota, etc, impactam de alguma forma as prestadoras de serviço de medição? As empresas associadas estão preparadas para um passo de inovação
do setor? Estariam dispostas a participarem ativamente e quais seriam as inovações para melhorias?
Joaquim Carvalho Motta Júnior: As empresas do setor há anos se preparam para o que chamamos de nova
leitura, ou seja, as mais diversas metodologias de inovação dos sistemas de apuração de consumo. O que permite e garante a participação das empresas neste novo
mercado que se apresenta pela necessidade de imputar
melhorias no setor.
16
Saneas
Saneas: Quais as expectativas da entidade para os
próximos 30 anos? Como se prepara para atuar e
cumprir seu compromisso com a sociedade?
Joaquim Carvalho Motta Júnior: Nossa expectativa
é que o Brasil ratifique sua condição de potência econômica, galgando, ao longo do tempo, posição privilegiada entre as potências mundiais.
Dessa forma, permitirá a alavancagem do crescimento interno, fomentando a economia e garantindo
assim o crescimento dos setores produtivos nos quais
incluem as empresas representadas por nossa entidade, permitindo que nossos serviços possam abranger o
maior número de municípios brasileiros possíveis.
Também possibilitará a expansão deste mercado,
fazendo com que tenhamos cumprido com o compromisso de participar da melhoria da qualidade de vida
dos brasileiros. Uma vez que o crescimento de nossa
atividade pressupõe o aumento dos níveis de saneamento básico ao maior número de habitantes deste
país, o crescimento dos processos de saneamento básico e fornecimento de água adequados ao consumo
expandido para todo o Brasil, permitirá a alavancagem
existencial dos contratos de apuração de consumo.
Maio / Junho / Julho | 2012
artigo técnico
Benemar
Movikawa Tarifa
Gerente do
Departamento de
Desenvolvimento
Operacional e de
Medidores da Sabesp
Cícero Ferreira
Batista
Engenheiro na
Divisão de Controle
de Perdas da
Unidade de Negócio
Metropolitana Centro
da Sabesp
Reinaldo Putvinskis
Engenheiro do
Departamento de
Normalização e
Acervo Técnico da
Sabesp
Marco Aurélio
Lima Barbosa
Engenheiro do
Departamento de
Normalização e
Acervo Técnico da
Sabesp
18
NORMA TÉCNICA SABESP 281
QUEBRANDO PARADIGMAS NA
SUBMEDIÇÃO DE HIDRÔMETROS
Por Cícero Ferreira Batista, Benemar Movikawa Tarifa,
Reinaldo Putvinskis e Marco Aurélio Lima Barbosa
A troca preventiva de hidrômetros para redução da submedição é prática nas empresas de saneamento
há dezenas de anos. É usual que os critérios para verificar essa necessidade sejam o tempo de instalação
do hidrômetro e sua totalização. A Sabesp vem adotando uma análise sistêmica para essa questão. Essa
análise, denominada gestão do parque de hidrômetros, permite estabelecer uma demanda para troca de
hidrômetros e não simplesmente sua troca incondicional.
O presente trabalho apresenta de forma resumida o conteúdo da Norma Técnica Sabesp – NTS 281 Critérios para Gestão de Hidrômetros (exceto 1ª ligação), editada em novembro de 2011. A ênfase é dada nos
diversos critérios técnicos estabelecidos para definir a demanda de troca, o redimensionamento do hidrômetro, e em algumas conceituações necessárias para o seu entendimento.
1. INTRODUÇÃO
As empresas de saneamento do Brasil têm direcionado grandes investimentos nos programas de redução de perdas de água. Essas perdas
atingem valores médios de quase 40%, sendo
quase metade produzida pelas perdas aparentes (não físicas). Pode-se considerar que a maior
parcela das perdas aparentes deva-se a submedição do parque de hidrômetros. Assim tornamse prioritárias as ações no sentido de reduzir a
submedição dos hidrômetros, resultante significativamente pelo desgaste de seus componentes,
podendo assim ser reduzida por meio de sua troca
preventiva (adequação).
Os recursos anuais destinados pelas empresas
para troca preventiva de hidrômetros são limitados. O estabelecimento de uma demanda de troca
do hidrômetro ao invés da troca incondicional dá
ao responsável por essa ação a possibilidade de
fazer a gestão do parque de hidrômetros (estratégia de ação que gere os melhores resultados) e
dessa maneira estabelecer uma prioridade de troca, analisando as questões de custo benefício da
adequação.
A Sabesp utilizava desde 2003 a Norma Técnica Sabesp – NTS 181: Dimensionamento de ramal
Saneas
predial de água e do hidrômetro, para estabelecer
os critérios de adequação do hidrômetro instalado, com base apenas no consumo médio mensal
e limites de consumo mínimo e máximo padronizados.
Atualmente temos cenários mais inovadores
do ponto de vista da gestão de consumo pelos
clientes, das tecnologias dos aparelhos hidráulicos, das tecnologias de hidrômetros e mudanças
significativas no perfil de consumo dos clientes,
necessitando novas metodologias de prospecção
da demanda e dos redimensionamentos.
Algumas Unidades de Negócio da Sabesp
vêm estudando novos critérios de troca que
tem apresentado resultados importantes na
recuperação do volume medido. Aliado a esse
fato o desenvolvimento tecnológico desses
instrumentos de medição impulsionou o Departamento de Normalização e Acervo Técnico
da Sabesp a coordenar o trabalho de revisão da
NTS 181. O trabalho foi elaborado por técnicos
representando unidades da Diretoria Metropolitana e de Sistemas Regionais da Sabesp e
resultou na NTS 281 - Critérios para Gestão de
Hidrômetros (exceto 1ª ligação).
Foi constituído um grupo de trabalho para
Maio / Junho / Julho | 2012
artigo técnico
efetuar as simulações, cálculos e estudos, composto
pelos seguintes técnicos: Benemar Movikawa Tarifa, Cícero Ferreira Batista, Claudio Cabral Caraúba,
Claudio Fusuma, Luiz Henrique Gomes, Marco Aurélio Lima Barbosa, Paulo Sérgio Padilha, Reinaldo
Putvinskis e Walter Antonio Orsatti.
A NTS 181 permanece vigente, entretanto está direcionada apenas para dimensionamento da primeira
ligação, devendo entrar em revisão nos próximos meses.
Essa Norma considera todas as macro variáveis
envolvidas nesse cenário complexo e assim representa
uma quebra do paradigma anterior de serem consideradas apenas as variáveis tempo de instalação e totalização do hidrômetro.
As principais inovações apresentadas pela NTS 281 são:
- Permitir uma flexibilidade para definir faixas de Limite Superior e Inferior no critério de definição de demanda, em função do maior ou menor conhecimento
técnico do parque de hidrômetro de cada setor, definindo as faixas padrão e gestão.
- Estabelecer uma demanda de troca que permita ao
gestor definir a priorização para a troca, em função
de três critérios para estabelecimento da demanda de
troca:
■■ Limites Superior e Inferior de consumo, considerando as faixas padrão e gestão.
■■ Submedição.
■■ Fator de Troca.
- Apresentação de quatro critérios para redimensionamento do hidrômetro a ser adequado:
■■ Metodologia para pequena capacidade.
■■ Metodologia estatística (hidrômetro de grande capacidade).
■■ Limites de consumos tabelados.
■■ Modelagem matemática (hidrômetro de grande
capacidade).
A Norma Técnica Sabesp 281 é suportada pelo aplicativo institucional da Sabesp: SGH – Sistema de Gestão de Hidrômetros.
2. OBJETIVO
Apresentar as ferramentas para gestão de um parque
de hidrômetros da Sabesp, descritos na NTS 281, visando sua disseminação.
Maio / Junho / Julho | 2012
3. METODOLOGIA
3.1 Critérios para definir a demanda de troca.
Os critérios descritos nos itens 3.1.1 e 3.1.2 podem ser adotados separadamente e sua escolha fica
a critério do gestor. Esses critérios podem indicar que
o hidrômetro em estudo pode permanecer sem substituição, que deve ser incluso num grupo de hidrômetros em demanda de troca ou ainda que sua troca deva
ocorrer imediatamente.
O item 3.1.2 mostra um critério para definir priorização para a demanda de troca.
3.1.1 Critério pelos limites superior e
inferior de consumo
O consumo médio (m3/mês) do cliente, calculado num período mínimo de seis meses de consumo
efetivo (sequencial ou não), preferencialmente de
12 meses, deve ser comparado às faixas que podem
ser do tipo padrão ou gestão, cujos valores são tabelados em função da vazão nominal do hidrômetro em estudo.
A unidade que não possui estudos técnicos de seus
hidrômetros e das características específicas do setor
de consumo deve adotar a faixa padrão que é mais
conservadora.
A unidade que estuda tecnicamente seus hidrômetros pode adotar uma das 10 faixas de gestão e à medida que esse conhecimento é aprofundado a faixa de
gestão adotada pode mudar para faixas menos conservadoras com maior amplitude que permitem postergar
a indicação de demanda ou troca do(s) hidrômetro(s)
em estudo.
As faixas padrão ou de gestão são definidas por limites de consumo mensal inferior e superior.
Define-se também limite de consumo inferior mínimo e máximo.
Os parâmetros citados anteriormente indicarão
uma das três ações sobre o(s) hidrômetro(s) em estudo:
■■ Permanecer sem substituição.
■■ Ser inserido no grupo de demanda de troca.
■■ Ser inserido no grupo de troca incondicional.
3.1.2 Critério da submedição
Por meio do aplicativo institucional SGH determina-se a listagem em ordem decrescente dos
Saneas
19
artigo técnico
volumes submetidos. Esse critério não determina
que o(s) hidrômetro(s) devam ser trocados, mas indica a prioridade de troca. O critério não considera
apenas a submedição em porcentagem, mas associa essa porcentagem ao volume submedido sendo,
portanto sua abordagem mais significativa em termos de resultado.
3.1.3 Fator de Troca (FT)
O conceito associado a esse critério refere-se análise conjunta do tempo de instalação do hidrômetro
e seu volume medido. O fator de troca é obtido pelo
produto entre o coeficiente de idade e de totalização
do hidrômetro, coeficientes obtidos pelos dados do hidrômetro em estudo com valores referenciais. O fator
de troca deve ser comparado com os limites do anexo
C da NTS281 apresentado na tabela 1. Esse fator pode
indicar:
O fator de troca indica uma das três ações sobre
o(s) hidrômetro(s) em estudo:
■■ Permanecer sem substituição quando abaixo da
faixa do anexo C
■■ Ser inserido no grupo de demanda de troca quando
dentro da faixa do anexo C
■■ Ser inserido no grupo de troca incondicional quando acima da faixa do anexo C
Esse critério adota o conceito de que um hidrômetro pode estar instalado há muito tempo, mas
com pouca utilização (baixa totalização) ou instalado há pouco tempo, mas com muita utilização (alta
totalização). Assim utilizar os critérios de totalização ou idade de instalação separadamente, que é
comum em empresas de saneamento, pode levar a
trocas desnecessárias.
3.2 Critérios para redimensionamento
do hidrômetro instalado
Para o redimensionamento são necessárias as seguintes informações:
■■ comerciais, ou
■■ dados obtidos em campo, ou
■■ estudo do perfil de consumo do imóvel com instalação de um equipamento armazenador de dados
(Data Logger), ou
■■ modelagem matemática.
A utilização de mais de uma das informações citadas aumenta a eficiência do redimensionamento, entretanto deve ser avaliado o custo e o retorno.
Caso a decisão seja pela troca, conforme definido
no item 3.1, o redimensionamento do novo hidrômetro deve ser efetuado, seguindo a ordem preferencial de 3.2.1 a 3.2.3.
Tabela 1 - Valores do anexo C da NTS 281
Critério para definição de demanda na troca de hidrômetro
Cod
20
Saneas
CPH
Qnom
Qmáx
Totalização
referencial
Idade
referencial
m3/h
m³/h
m3
Anos
Fator de
Troca
(Min e Max)
Y
0
0,75
1,5
4.320
8
0,5 a 1,5
A
1
1,5
3
8.640
8
0,5 a 1,5
B
2
2,5
5
14.400
5
0,5 a 1,5
C
3
3,5
7
20.160
5
0,5 a 1,5
D
4
5
10
28.800
5
0,5 a 1,5
E
5
10
20
57.600
5
0,5 a 1,5
F
6
15
30
86.400
5
0,5 a 1,5
G
7
15
300
129.600
3
0,6 a 1,5
J
8
30
1.100
259.200
3
0,6 a 1,4
K
9
50
1.800
432.000
3
0,6 a 1,4
L
10
150
4.000
1.296.000
2
0,8 a 1,2
M
11
250
6.500
3.240.000
2
0,8 a 1,2
Maio / Junho / Julho | 2012
artigo técnico
3.2.1 Metodologia para pequena capacidade
Na utilização do SGH para hidrômetros de pequena capacidade, este indicará o hidrômetro adequado à faixa de consumo do cliente. Quando o
SGH não estiver disponível utilizar o anexo B da
NTS 281, o redimensionamento será feito conforme anexo I.
3.2.2 Metodologia estatística ou metodologia para
grandes capacidades
Para redimensionamento de hidrômetros de grande capacidade, o SGH apresenta duas metodologias:
Metodologia estatística e metodologia do SGH.
A metodologia estatística define o consumo estatístico (m3/mês) com sendo a soma a média de consumo real observados em um período, consecutivo ou
não, de no mínimo seis meses, com seu respectivo desvio padrão.
Esse valor é transformado em vazão horária e após
consulta ao anexo E da NTS 281 verifica-se qual capacidade de hidrômetro é indicada para a troca.
A metodologia do SGH permite ao gestor a escolha
de dois critérios para o redimensionamento:
■■ Utilização do anexo B da NTS 281, podendo ser
ajustada quando da existência do perfil de consumo atualizado.
■■ Utilização do perfil de consumo específica permitindo simulação que defina o hidrômetro mais
adequado.
3.2.3 Limites de consumo tabelados
Para o redimensionamento do novo hidrômetro,
utilizar a média de consumo real observados em um
período, consecutivo ou não, de no mínimo seis meses.
Esta média de consumo real deve ser comparada
com os limites de consumo, superior (LSC) ou inferior
(LIC), constantes no anexo B da NTS 281 e indicados na
tabela 2, escolhendo o hidrômetro de menor capacidade entre os possíveis.
Esta metodologia (anexo B) só deve ser utilizada
quando o SGH não estiver disponível.
4. ESTUDO DE CASO
Para esse estudo de caso o gestor decidiu utilizar o
critério de Fator de Troca (item 3.1.3) para verificar a
necessidade de troca do hidrômetro e em caso positivo
Maio / Junho / Julho | 2012
Tabela 2 - valores do anexo B – NTS 281
Qnom
LSC
LIC
m3/h
m3/mês
m3/mês
m3/h
0,75
180
2,9
3
m3/h
1,5
360
2,9
2
5
m3/h
2,5
900
9,0
3
7
m3/h
3,5
1260
12,6
D
4
10
m3/h
5
1800
18,0
E
5
20
m3/h
10
3600
36,0
F
6
30
m3/h
15
5400
54,0
G
7
300
m3/d
15
5400
32,4
J
8
1100
m3/d
30
10800
86,4
K
9
1800
m3/d
50
18000
129,6
L
10
4000
m3/d
150
54000
324,0
M
11
6500
m3/d
250
90000
540,0
M
11
250
6.500
3.240.000
2
0,8 a 1,2
Cod
CPH
Qmáx
Unid
Y
0
1,5
A
1
B
C
vai adotar o critério de Limites Tabelados (item 3.2.3)
de consumo para redimensionamento de troca.
Considera-se um hidrômetro com as seguintes características:
■■ Totalização: 22.500 m3
■■ Idade do hidrômetro: 4 anos (instalado no período
de 2007 a 2011)
■■ Capacidade (Qmáx) = 5 m3/h
Com base na capacidade do hidrômetro e consultando o anexo C, têm–se:
Totalização referencial = 14.400 m3
Idade referencial = 5 anos
22.50014.400=1,5625
45=0,80
Determina–se o Fator de Troca (FT): FT = CT x CI =
1,5625 x 0,80 = 1,25
Comparando o Fator de Troca (FT) com os limites
mínimo e máximo da tabela no anexo C, indica que
o hidrômetro se encontra na faixa de demanda (0,5 a
1,5) como potencial de troca.
Supõe–se que o referido hidrômetro foi selecionado para troca e que o consumo mensal recente é
apresentado na tabela 3.
Adotando-se o período dos últimos seis meses de
Saneas
21
artigo técnico
Tabela 3 – Consumo mensal de
um hidrômetro hipotético
Período
Consumo mensal (mv)
Janeiro/2011
310
Fevereiro/2011
120*
Março/2011
290
Abril/2011
270
Maio/2011
290
Junho/2011
300
Julho/2011
260
*Baixa de consumo, portanto desconsiderado
como consumo efetivo.
consumo efetivo, o consumo médio mensal seria de
287 m3.
Consulta-se a tabela do anexo B da NTS 281 nas
colunas que indicam os limites superior e inferior de
consumo. São selecionados os hidrômetros de Qmáx
de 5,0; 3,0 e 1,5 m3.
Atendendo a orientação de adotar-se o hidrômetro
de menor capacidade entre os eleitos, o hidrômetro a
ser instalado deve ser de Qmáx 1,5.
5. CONCLUSÃO
O interesse e investimento das empresas de saneamento com a redução das perdas aparentes de água tem
dado destaque ao combate na submedição dos micromedidores.
Diversas Unidades de Negócio da Sabesp vem aprimorando seus conhecimentos técnicos nesses estudos
e adotando metodologias para adequação de hidrômetros e para seu redimensionamento que tem dado
resultados empresariais bastantes interessantes.
A padronização e normalização corporativa dessas
metodologias devem disseminar as boas práticas adotadas regionalmente expandindo assim os resultados
obtidos de maneira corporativa.
As normas são instrumentos dinâmicos e, portanto devem ser constantemente analisadas e revisadas. A adoção da NTS 281 deve trazer experiências
e resultados que devem ser utilizados para futuras
revisões desse documento, buscando maior eficiência em seus resultados.
22
Saneas
6. REFERÊNCIAS
NILSEN, JN, TREVISAN, J. BONATO, A., SAQUETA, MAC
(2003) Medição de Água - Estratégias e Experimentações. Curitiba: Sanepar. 2003.
TSUTIYA, M.T. Abastecimento de Água. Departamento
de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. 2ª Edição. 2005.
BATISTA, CF, MENDONÇA, JC Jr. Lowering under metering of a meter park practical tools for resizing. Cape
Town: Water Loss 2009.
BATISTA CF, MENDONÇA, JC Jr., MARIA, CA, GOMES, LH,
VICENTE, SM. Novas Metodologias de Redimensionamento de Hidrômetro e os Impactos na Redução das
Perdas Aparentes. Recife: 25º Congresso Brasileiro de
Engenharia Sanitária e Ambiental. 2009.
COELHO, A.C. Micomedição em Sistemas de Abastecimento de Água/Adalberto Cavalcanti Coelho, João
Pessoa. 2009.
BATISTA, CF, MENDONÇA, JC Jr., Sustentabilidade Empresarial na Politica e Troca de Hidrômetros. Revista
Metering América Latina, 2ª Edição 2009.
SABESP. NTS 281. Critérios para gestão de hidrômetros
(exceto 1ª ligação) - novembro 2011. – www.sabesp.
com.br – fornecedores – Normas Técnicas.
SABESP. NTS 181. Dimensionamento de ramal predial
de água e do hidrômetro – Primeira ligação – revisão 2
– novembro 2011. www.sabesp.com.br – fornecedores
– Normas Técnicas.
Maio / Junho / Julho | 2012
artigo técnico
Luiz Ernesto
Suman
Atua há mais
de 35 anos nas
áreas de operação
e manutenção
de sistemas de
abastecimento de
água e esgotos.
É responsável
pela direção
dos contratos
de operação da
BBL Engenharia,
Construção e
Comércio Ltda.
Hugo Chisca Junior
Com 30 anos de
experiência nas áreas
de planejamento,
projetos e
gerenciamento de
obras de sistemas
de abastecimento de
água e de esgotos,
é o responsável pela
direção dos contratos
de engenharia da
área de saneamento
da BBL Engenharia,
Construção e
Comércio Ltda.
Luiz Shintate
23 anos de
experiência na área
de hidrômetros,
dos quais 15 anos
como Gerente do
Departamento de
Medidores da SABESP.
MELHORIA DA MEDIÇÃO DE ÁGUA NOS
GRANDES HIDRÔMETROS
Por Luiz Ernesto Suman, Hugo Chisca Junior e
Luiz Shintate
É fato conhecido que, numa Empresa de Saneamento, o segmento dos grandes hidrômetros é quantitativamente minoritário, representando aproximadamente 1% dos medidores instalados em seu parque de
medidores, ou seja, apenas 1.000 em cada 100.000 ligações apresentam hidrômetros de grandes capacidades (Hd-GC).
Na maioria das Empresas de Saneamento, fazem parte desse segmento de Hd-GC todos os hidrômetros
com vazão nominal superior a 1,5m³/h, sendo muito mencionado o seu impacto na medição, na faixa de
25% a 30% do total de volume micro-medido.
Como se pode perceber, trata-se de uma quantidade relativamente pequena de hidrômetros, porém apresentando características técnicas e metrológicas bastante diversificadas, um faturamento global bastante
significativo e um grande faturamento unitário médio, merecendo um tratamento diferenciado, que considere o tamanho do hidrômetro aplicado em cada ligação de água. Dentro desse contexto, neste trabalho
foram incluídos os seguintes tópicos:
■■
■■
■■
■■
■■
■■
Glossário dos principais termos técnicos utilizados.
Elementos de manutenção para hidrômetros de grande capacidade.
Adequabilidade dos grandes hidrômetros em uso na rede.
Dimensionamento de grandes hidrômetros.
Fila de priorização para manutenção.
Operacionalização do plano de manutenção.
Em síntese, este trabalho busca enfocar a melhor maneira de se obter uma significativa melhoria da
medição de água no segmento de Hidrômetros de Grandes Capacidades (Hd-GC), fornecendo diretrizes
para possibilitar a implementação de um Plano de Manutenção de Hidrômetros bastante criterioso, que
considera a relação custo-benefício e o respectivo tamanho do medidor aplicado em cada ligação de água.
INTRODUÇÃO
É fato conhecido que, numa Empresa de Saneamento, o segmento dos grandes hidrômetros é
quantitativamente minoritário, representando
aproximadamente 1% dos medidores instalados
em seu parque de medidores, ou seja, apenas
1.000 em cada 100.000 ligações apresentam hidrômetros de grandes capacidades (Hd-GC).
Na maioria das Empresas de Saneamento, fazem parte desse segmento de grandes hidrômetros
todos os hidrômetros com vazão nominal superior
a 1,5m³/h, sendo muito mencionada sua importância, uma vez que, mesmo representado por apenas
Maio / Junho / Julho | 2012
1% dos medidores, costuma responder pela medição de um volume significativo de água, na faixa de
25% a 30% do total de volume micro-medido, com
uma fatia de faturamento em geral ainda maior,
por conta da maior incidência das categorias de
uso não-residenciais e respectivos escalonamentos
tarifários em função do consumo.
Como se pode perceber, trata-se de uma
quantidade relativamente pequena de hidrômetros, porém apresentando características técnicas e metrológicas bastante diversificadas, um
faturamento global bastante significativo e um
grande faturamento unitário médio, o que tor-
Saneas
23
artigo técnico
na altamente recomendável que a manutenção dos
hidrômetros desse segmento seja tratada de forma
“individualizada”, com maior ênfase para os medidores
maiores, onde a introdução da tecnologia de monitoramento via tele-medição é uma providência das mais
importantes.
Na verdade, essa segmentação adotada - segmento de Hidrômetros de Grandes Capacidades - “Hd-GC”
(em contrapartida ao segmento de Hidrômetros de Pequenas Capacidades - “Hd-PC”) - representa uma simples racionalização do método de trabalho.
Mesmo assim, tal segmentação vem a facilitar
uma focalização mais adequada do ponto de vista
custo-benefício, levando em conta os tamanhos
dos hidrômetros aplicados. Nesse contexto, fica
mais fácil descrever os objetivos desse trabalho,
quais sejam:
■■ Apresentar um Glossário dos principais termos técnicos utilizados;
■■ Focalizar os elementos de manutenção para grandes hidrômetros;
■■ Apresentar os critérios para verificar a adequabilidade dos hidrômetros em uso na rede;
■■ Apresentar os critérios para dimensionar os hidrômetros a serem substituídos na ligação;
■■ Apresentar os critérios para criar uma “fila” de
priorização para manutenção;
■■ Propor diretrizes para operacionalização do Plano
de Manutenção.
Assim sendo, em síntese, este trabalho buscará
delinear as bases para a elaboração de um Plano de
Manutenção para Grandes Hidrômetros, que acreditamos ser a peça fundamental para a melhoria de
medição de água desse segmento.
MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologia Utilizada: Para elaborar esse trabalho, foi
utilizada a seguinte metodologia:
■■ Consulta à bibliografia existente;
■■ Avaliação de mais de 5.000 perfis de consumo de
Hidrômetros de Grande Capacidade realizados pelos autores em diversas empresas;
■■ Discussão com técnicos de diversas Empresas de
Saneamento, notadamente aqueles com vivência e
experiência na área de Engenharia de Hidrometria;
24
Saneas
■■ Observação das principais lacunas ou “problemas”
relacionados com esse tema;
■■ Preparação de “Plano de Manutenção”;
■■ Acompanhamento pós-implantação de “Plano de
Manutenção”;
■■ Análise e revisão dos pontos inconsistentes ou ineficientes.
GLOSSÁRIO
1. Empresa de Saneamento – Nome genérico adotado neste trabalho para: Companhia de Saneamento Básico e Ambiental Estadual, Serviço Autônomo
de Água e Esgoto Municipal e Concessionária de
Saneamento Básico e Ambiental.
2. Manutenção Corretiva – trata-se da manutenção
motivada por ocorrência de falha funcional crítica
em hidrômetros.
3. Manutenção Preventiva – trata-se da manutenção motivada por situação temporal ou operacional, onde se configura uma elevada taxa de risco
potencial de mau funcionamento ou até de falha
funcional grave no hidrômetro.
4. Inadequação do medidor – situação de funcionamento do hidrômetro, que estaria operando numa
faixa de característica técnica ou metrológica inadequada.
5. Volume Registrado – trata-se do volume total
acumulado, que se encontra indicado no mostrador do hidrômetro.
6. Tempo ou Idade na Rede – trata-se do tempo total de permanência do hidrômetro na rede de abastecimento público de água, desde a sua instalação.
7. Hidrômetro – medidor de vazão de água destinado
a indicar o volume total acumulado da água consumida pelo cliente da Empresa de Saneamento.
8. Hidrômetro de Grande Capacidade – às vezes
denominado de “macro-hidrômetro”, trata-se de
medidor para ligação de maior calibre (tubulações
de diâmetros maiores ou iguais a DN 20mm), com
medidor variando geralmente desde o tamanho
“B” (Qn=2,5m³/h e DN 20mm) ao tamanho “M”
(Qn=250m³/h e DN 200mm).
9. Pontuação do hidrômetro (Ph) – Valor numérico
inteiro associado ao tamanho do hidrômetro, apresentando uma proporcionalidade com o consumo médio
mensal típico da ligação, a fim de estabelecer uma base
Maio / Junho / Julho | 2012
artigo técnico
numérica para facilitar a priorização de manutenção.
10.Peso da modalidade (Pm) – Valor numérico inteiro associado ao tipo de manutenção em que se
enquadraria o medidor, apresentando uma certa
proporcionalidade com a respectiva gravidade da
ocorrência.
11.Fator de incremento temporal (Fi) - Trata-se de
um fator definido para representar a tendência de
agravamento do problema com o passar do tempo,
ou seja - com um eventual período de tempo de
atraso (T) na realização de uma intervenção que
deveria ter sido realizada em decorrência dos parâmetros de manutenção anteriores, mas que, por
alguma contingência, deixou de ser realizada.
12.Nível de Prioridade (NPt) – Valor numérico inteiro definido em função da Pontuação do hidrômetro (Ph), do Peso da modalidade de manutenção
(Pm) e do Fator de incremento temporal (Fi) para
facilitar a priorização da intervenção de manutenção, apresentando uma certa proporcionalidade
com seu potencial de impacto financeiro, ou seja,
os maiores números estarão relacionados com os
maiores impactos financeiros, devendo apresentar
maior prioridade, sendo os primeiros na fila das intervenções de manutenção a serem programadas.
13.Ordem de Serviço em Hidrometria (OSH) – documento emitido para definir, formalizar e estabelecer um meio de controle da(s) intertervenção(ões)
de manutenção no(s) medidor(es) e correlatos.
14.Perfil de Consumidor – conjunto de características
técnico-sócio-econômicas apresentadas pelo imóvel, edificação, ou atividade que caracterizariam um
Consumidor ou um Grupo de Consumidores.
15.Perfil de Consumo Individual (de um Cliente)
– gráfico ou histograma de consumo relacionando
a vazão média (ou o volume) de água consumida
por este Cliente em cada intervalo de tempo (geralmente pré-fixado na faixa de 5 a 15 minutos). O
período total de levantamento de perfil pode ser
desde 3 dias - para estimativas mais simples, até
7 dias – período que representaria um dos ciclos
normalmente repetitivos ao longo do processo.
16.Erro do Hidrômetro – erro percentual (%) apresentado em cada vazão de calibração do medidor –
definindo-se desde 03 pontos para uma verificação
sumária (vazão mínima Qmín, vazão de transição
Maio / Junho / Julho | 2012
Qt, e vazão nominal Qn) – que representam os pontos de calibração em Fábrica - até 11 pontos para
efeito de levantamento de uma curva característica de erros mais detalhada do medidor.
17.Telemedição – processo de leitura remota e automática do volume total acumulado no mostrador
de um hidrômetro, através de um sistema de telemetria.
18.Média Móvel dos Consumos Expurgada – média dos “n” últimos consumos, expurgando-se
aqueles considerados atípicos ou espúrios dentro
de um nível de confiança adequado em relação
à média.
19.Nível de confiança – número relacionado com a
probabilidade de se encontrar um valor dentro de
uma faixa no entorno de uma média, faixa esta geralmente definida em termos de números de “desvios padrão à ‘esquerda’ e à ‘direita’ da média”. Em
medição de água, é muito comum a utilização de
um nível de confiança igual a 95%.
20.Fraude na Medição – ação de terceiros no sistema, no equipamento, ou no medidor, geralmente visando provocar uma medição menor. Neste
caso, é sempre necessário levantar o máximo de
evidências físicas de manipulação intencional.
ELEMENTOS DE MANUTENÇÃO PARA
GRANDES HIDRÔMETROS
Para simplificar a descrição, este assunto foi subdividido em módulos, focalizando as principais características e respectivos parâmetros operacionais,
visando viabilizar um adequado enquadramento e
possibilitar sua sistematização no contexto de um
Plano de Manutenção.
Como é usual na área de Manutenção, parte dos
parâmetros para cada uma dessas características foi
definida inicialmente com base na experiência, e parte
em conceitos de Engenharia de Hidrometria. Entretanto, para cada Empresa de Saneamento, é recomendável realizar uma customização desses parâmetros, adequando-os à sua realidade específica, com base em um
estudo estatístico do histórico de consumo registrado
de seus usuários (por exemplo, dos últimos 5 anos),
envolvendo uma detalhada análise de laudos técnicos,
de relatórios de inspeção, de perfis de consumo e de
ensaios de aferição dos hidrômetros trocados – prefe-
Saneas
25
artigo técnico
rencialmente destacados por região, por capacidade,
por idade, por tipo de irregularidade confirmada, ou
por quaisquer outros motivos considerados qualitativa
ou quantitativamente relevantes.
portanto, a maior urgência em sua correção. Assim
sendo, considera-se adequado – numa escala de 1 a
10 - atribuir o peso máximo “10” para as ocorrências
enquadradas nesse módulo.
MÓDULO DE MANUTENÇÃO CORRETIVA
GERAL
MÓDULO DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA POR
EXCESSO DE TEMPO NA REDE
Trata as ocorrências com caráter de corretiva geral indicadas pelo sistema comercial, seja por problemas do
tipo funcional (normalmente relacionadas com medidores sem condições de leitura), ou eventualmente,
por problemas do tipo situacional (existência de fato
impeditivo ou dificultador das leituras, ou ocorrências
específicas de consumo) nas quais o consumo mensal
desse cliente talvez até possa ser definido pela “média de consumo” (no primeiro mês de ocorrência), mas
com tendência a ser definido pelo “consumo mínimo”
Neste módulo, as atenções se concentram nas ligações
com ocorrência de caráter de prevenção de “instabilidade funcional ou baixo rendimento metrológico” - correlacionada através do excesso de tempo em operação
na rede apresentado pelo medidor – que por sua vez é
apontado pela “Data de Instalação” do medidor; enfim,
hidrômetros com provável problema funcional ou metrológico na medição.
Seja como for, trata-se de uma situação de alto
risco de prejuízo na medição, recomendando-se,
portanto, bastante urgência em sua correção. Assim
sendo, considera-se adequado – numa escala de 1 a
10 - atribuir o peso “5” para ocorrências enquadradas
nesse módulo.
A questão do efetivo impacto do tempo de instalação na exatidão metrológica de um hidrômetro
passa por uma análise de sua adequação tecnológica,
onde itens tais como qualidade da água, qualidade dos
materiais, tecnologia de fabricação, vida útil, perfil do
consumidor, perfil de consumo e regime operacional
devem ser considerados. Mesmo na ausência desses citados itens de análise, é muito conveniente utilizar os
parâmetros da tabela apresentada a seguir, oriunda da
experiência dos autores:
Tabela 1: Exemplos de Códigos de
Ocorrência Corretiva Funcional.
Código
Descritivo Simplificado
01
Hidrômetro quebrado
02
Hidrômetro embaçado
03
Hidrômetro invertido
04
Vazamento no hidrômetro
Tabela 2: Exemplos de Códigos de
Ocorrência Corretiva Situacional.
Código
Descritivo Simplificado
05
Imóvel Fechado
06
Imóvel de Difícil Acesso
07
Hidrômetro não Localizado
08
Leitura Fornecida pelo Usuário
09
Animal de Guarda
10
Leitura não Permitida
11
Leitura Atual Igual à Anterior
12
Leitura Atual Menor que a Anterior
(do segundo mês em diante), em função das exigências
do Código de Defesa do Consumidor. Essas ocorrências
podem se visualizadas nas seguintes tabelas:
Vale ressaltar que uma ação corretiva – para um
eventual caso de fraude confirmada - também deverá
ser enquadrada neste tópico de ocorrência situacional.
Seja como for, tratam-se de situações de altíssimo risco de prejuízo na medição – tanto de perda de
faturamento como de imagem - recomendando-se,
26
Saneas
Tabela 3: Tempo Máximo na Rede
Tamanho do
Medidor
Diâmetro
Nominal
(DN)
Vazão Nominal
(m³/h)
Limite Superior para
Enquadramento da
Idade de Instalação
do Medidor (meses)
B
3/4"
2,5
60
1"
5
48
1 1/4"
6
48
E
1 1/2"
10
48
D
F
2"
15
36
G
2"
15
36
J
3"
40
36
K
4"
60
36
L
6"
150
36
M
8"
250
36
Maio / Junho / Julho | 2012
artigo técnico
MÓDULO DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA POR
EXCESSO DE VOLUME REGISTRADO
Neste módulo, as atenções se concentram nas ligações
com ocorrência de caráter de prevenção de “desgaste excessivo” - correlacionado através do excesso de
volume registrado pelo medidor – que por sua vez é
apontado pela “Leitura Mensal” do medidor; enfim,
hidrômetros com provável problema funcional ou metrológico na medição.
Seja como for, trata-se de uma situação de médio
risco de prejuízo na medição, recomendando-se, portanto, uma urgência mediana em sua correção. Assim
sendo, considera-se adequado – numa escala de 1 a
10 - atribuir o peso “4” para ocorrências enquadradas
nesse módulo.
A questão do efetivo impacto do volume registrado na exatidão metrológica de um medidor
passa por uma análise de sua adequação tecnológica, onde itens tais como qualidade da água,
qualidade dos materiais, tecnologia de fabricação,
vida útil, perfil do consumidor, perfil de consumo e regime operacional devem ser considerados.
Mesmo na ausência desses citados itens de análise, é muito conveniente utilizar os parâmetros da
tabela apresentada a seguir, oriunda da experiência dos autores.
Tabela 4: Tempo Máximo na Rede
Tamanho do
Medidor
Diâmetro
Nominal
(DN)
Vazão Nominal
(m³/h)
Limite Superior para
Enquadramento da
Idade de Instalação
do Medidor (meses)
B
3/4"
2,5
20.000
1"
5
35.000
1 1/4"
6
35.000
E
1 1/2"
10
70.000
F
2"
15
110.000
G
2"
15
200.000
D
J
3"
40
400.000
K
4"
60
600.000
L
6"
150
1.500.000
M
8"
250
4.000.000
MÓDULO DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA POR
INADEQUAÇÃO OPERACIONAL
Neste módulo, as atenções se concentram nas li-
Maio / Junho / Julho | 2012
gações com ocorrências de caráter de prevenção
de “medição a menor” seja por conta de “baixa
sensibilidade” (em caso de hidrômetro superdimensionado) ou de “desgaste prematuro” (em
caso de hidrômetro sub-dimensionado), ou seja,
hidrômetros com grande probabilidade de apresentar problema funcional ou metrológico na medição.
Portanto, tratam-se de problemas gerados pela inadequação operacional do medidor, que estaria operando “fora” de sua faixa operacional recomendada – faixa esta definida em função da tecnologia
e da capacidade de cada hidrômetro. Vale observar
que a gravidade desse tipo de problema está diretamente associada ao “grau” de afastamento da vazão
operacional do hidrômetro em relação aos seus limites extremos, fato que poderá ser utilizado com
balizamento em caso de necessidade de um maior
refinamento na priorização.
Seja como for, trata-se de uma situação de médio
risco de prejuízo na medição, recomendando-se, portanto, uma urgência mediana em sua correção. Assim
sendo, considera-se adequado – numa escala de 1 a
10 - atribuir o peso “3” para ocorrências enquadradas
nesse módulo.
A questão da inadequação operacional de um
medidor passa por uma análise de sua adequação
tecnológica, dimensional e metrológica, onde itens
tais como qualidade da água, qualidade do medidor,
tecnologia de fabricação, vida útil, perfil do consumidor, perfil de consumo e regime operacional devem ser
considerados.
Mesmo na ausência desses citados itens de
análise, é muito conveniente utilizar uma metodologia de análise através de tabelas técnicas auxiliares. Para tanto, considerou-se mais objetiva
a caracterização de duas situações bem distintas,
descritas a seguir:
I. Situação A – Verificação da Adequação Operacional de Hidrômetro em Uso: Neste caso, a média móvel trimestral dos consumos mensais (com expurgo dos atípicos) da ligação em análise deverá ser
comparada com os limites extremos definidos, sendo
o medidor considerado metrologicamente adequado se a referida média móvel trimestral se encontrar
acima do limite inferior e abaixo do limite superior,
conforme a seguinte tabela:
Saneas
27
artigo técnico
Tabela 5: Faixa Operacional Tolerável.
Tabela 5: Faixa Operacional Tolerável.
Tamanho do
Medidor
Diâmetro
Nominal
(DN)
Vazão Nominal
(m³/h)
Faixa para
Enquadramento
da Média Móvel
Trimestral dos
Consumos (m³/mês)
Limite
Inferior
Limite
Superior
Vazão Nominal
(m³/h)
Limite
Inferior
Limite
Superior
2,5
201
400
1"
5
401
800
1 1/4"
6
401
800
E
1 1/2"
10
801
1.500
5.000
F
2"
15
1.501
2.500
1.400
7.000
G
2"
20
2.501
5.000
40
3.000
14.000
J
3"
40
5.001
10.000
4"
60
7.000
28.000
K
4"
60
10.001
20.000
L
6"
150
15.000
56.000
L
6"
150
20.001
40.000
M
8"
250
30.000
126.000
M
8"
250
40.001
90.000
3/4"
2,5
120
550
1"
5
250
1.100
1 1/4"
6
250
1.100
E
1 1/2"
10
500
2.800
F
2"
15
750
G
2"
20
J
3"
K
D
Vale ressaltar que esta verificação serve apenas
como um balizador para a decisão de trocar ou não o
hidrômetro. Tal decisão deverá passar inclusive no crivo da disponibilidade orçamentária estabelecida, onde
a aplicação de algum critério adicional de priorização
talvez seja bastante útil.
Uma vez confirmada a efetiva necessidade de troca, o novo hidrômetro deverá tratado conforme a Situação B, descrita a seguir.
II. Situação B – Dimensionamento para Troca
ou Nova Ligação: Neste caso, o parâmetro utilizado – para o caso de troca - é a média móvel anual
dos consumos mensais (com expurgo dos atípicos)
ou – para o caso de nova ligação - o consumo médio
mensal estimado, os quais deverão ser comparados
com os limites extremos da Tabela abaixo. Deverá ser
selecionado o medidor cuja média se enquadrar acima do limite inferior e abaixo do limite superior. Vale
ressaltar que, se houver um “Perfil de Consumo Individual” levantado para a inscrição em análise, seus
parâmetros de vazão máxima irão estabelecer o menor tamanho recomendado para o hidrômetro e seus
parâmetros de vazão mínima irão estabelecer a melhor classe metrológica recomendada para o hidrômetro, prevalecendo, porém sempre em consonância
com os valores da seguinte tabela:
Saneas
B
Diâmetro
Nominal
(DN)
3/4"
B
28
Tamanho do
Medidor
Faixa para
Enquadramento da
Média Móvel Anual
dos Consumos
Expurgada (m³/mês)
D
DIRETRIZES PARA OPERACIONALIZAÇÃO DO
PLANO DE MANUTENÇÃO
I. Sistema de Suporte para Ocorrências Informativas: O bom funcionamento de um Plano de Manutenção depende de uma adequada implementação de
seus sistemas de apoio, que venham a facilitar a coleta,
a seleção, o armazenamento e o fluxo das informações
relevantes. Nesse contexto, torna-se importante que
os sistemas adiante descritos levem em conta os itens
da seguinte tabela:
Tabela 6: Exemplos de Ocorrências Informativas.
Código
Descrição
Código
Descrição
14
Hidrômetro sem Lacre
25
Hidrômetro Substituído
15
Imóvel Demolido
26
5
Imóvel Fechado
16
17
7
18
19
20
9
Hidrômetro de Difícil
Imóvel Abandonado
Leitura Fornecida pelo
Usuário
Acesso
10
Animal de Guarda
Imóvel não Localizado
11
Leitura não Permitida
Hidrômetro não Local-
27
Alto Consumo
izado
Tampa Pesada
Vazamento Anterior ao
Hidrômetro
Vazamento Posterior ao
Hidrômetro
28
Baixo Consumo
29
Estouro de Consumo
30
Estouro de Teto
31
Hidrômetro Novo
11
21
BY PASS
22
Bomba Ligada à Rede
23
Fornecimento Indevido
24
Virada da Leitura
12
32
Leitura Atual igual a
Leitura Anterior
Leitura Atual Menor que
a Anterior
Virada do Hidrômetro
Maio / Junho / Julho | 2012
artigo técnico
II. Sistemas de Telemedição: Neste sistema, as
atenções se concentram nas matrículas de Clientes
Especiais, em que se deseja uma melhor qualidade da
informação sobre a medição, enfim, inscrições onde a
velocidade de resposta e a exatidão da medição constituem fatores importantes.
Em termos de velocidade da informação, o ganho
será tanto maior quanto mais frequente forem as consultas: por exemplo, considerando que no sistema comercial existem leituras de consumo mensais, o ganho
de velocidade será de 04 vezes para uma rotina de
consulta semanal ao sistema de telemedição, de 30
vezes para uma rotina de consulta diária e cerca de
700 vezes para uma rotina de consulta horária!
Em termos de qualidade da informação, a telemedição possibilitará, por exemplo, levantar um “perfil
de consumo médio” da instalação – eventualmente
possibilitando até a implantação de uma tarifa especial tipo horo-sazonal, assim como detectar indícios de eventuais vazamentos internos, indícios de
falhas no processo interno de consumo – os quais
poderão ser disponibilizados ao Cliente via Internet.
Além disso, através de alarmes pré-configurados, poderão ser detectadas falhas precoces do medidor, ou
até manipulações na medição – tais como “manobras de by-pass”, “inversões do sentido de fluxo” e/
ou “remoções”, e/ou “bloqueios temporários de funcionamento” do hidrômetro, possibilitando a adoção
de medidas corretivas em tempo hábil, prevenindo a
ocorrência de prejuízos vultosos.
III. Banco de Perfis de Consumo: O levantamento do perfil de vazões de consumo, complementado
com a análise do perfil do consumidor, permitirá não
somente realizar um dimensionamento apropriado do
medidor, mas também avaliar a qualidade da medição
e estabelecer uma caracterização parametrizada para
grupamentos típicos, constituindo-se numa poderosa
ferramenta de apoio em análises sobre indícios de falha ou de desgaste ou até de fraude no medidor, considerações sobre a exatidão da medição, e considerações
sobre o desempenho da medição.
Assim sendo, mesmo que uma ligação específica
ainda não disponha de um perfil de consumo levantado, uma consulta ao banco de dados de “perfis de
consumo” disponíveis, focalizando em especial as ligações semelhantes ou congêneres, permitirá uma
Maio / Junho / Julho | 2012
análise preliminar de diversos aspectos com base na
semelhança tipológica, possibilitando a emissão de um
parecer ou a definição de um planejamento de ações
com mais agilidade e confiabilidade.
IV. Banco de Curvas Características de Hidrômetro: O levantamento da curva característica de
calibração de hidrômetro, complementado com o
perfil de consumo, permitirá não somente realizar uma
estimativa do erro de medição, mas também subsidiar
o parecer sobre a adequação do dimensionamento,
constituindo-se numa poderosa ferramenta de apoio
em análises sobre o desempenho da medição, assim
como sobre a evolução do erro de medição em função
do tempo de instalação.
Assim sendo, mesmo que uma ligação específica
ainda não disponha de uma curva característica de calibração levantada, uma consulta ao banco de dados
de “calibração” disponíveis, focalizando em especial as
ligações de idade e tipologia semelhantes, permitirá
uma análise preliminar de diversos aspectos com base
em semelhança, possibilitando a emissão de um parecer ou a definição de um planejamento de ações com
mais agilidade e confiabilidade.
Embora a curva característica de calibração levantada em laboratório seja mais confiável, também
poderão ser cadastrados os levantamentos “in loco”,
desde que a unidade móvel de calibração apresente
um controle para ajuste às vazões características do
hidrômetro instalado e um procedimento de calibração
homologado junto ao INMETRO.
Outra importante fonte são os dados de calibração de fábrica, que – apesar de indicarem apenas três
pontos de Vazão (Qn/Qt/Qmín) – apresentam os dados
de todos os medidores mais recentemente adquiridos.
Observe-se que tais dados, em conjunto com o Certificado INMETRO ou equivalente, também representa
uma poderosa ferramenta de apoio para esclarecimento de eventual reclamação de Clientes.
V. Sistema de Prevenção de Fraudes: Neste sistema, as atenções se concentram nas ligações com
ocorrências de caráter de prevenção de fraudes, tais
como: indício de irregularidade apontada por sistema
de diagnóstico de irregularidade e/ou por leiturista,
denúncia de irregularidade por terceiros, inspeções de
fraude positivadas, enfim, ligações com possível irregularidade na medição.
Saneas
29
artigo técnico
Vale considerar que a questão de identificação de
fraudes é extremamente complexa, sendo as formas de
“manipulação” muito variadas, e com elevado nível de
mutação, principalmente em resposta às “contramedidas” tomadas pelas Companhias de água.
No entanto, tendo em vista que a “meta” da prática
da irregularidade seria – em síntese - “reduzir” o consumo registrado pelo hidrômetro, o acompanhamento
de algumas características “típicas” do perfil do consumidor ou do perfil de consumo (que se assemelharia
a uma “assinatura”) poderia eliminar a necessidade de
uma ampla gama de linhas de investigação, tornando
possível eleger um grupo de ligações com “indícios de
fraude” – de tamanho factível para se inspecionar em
campo. É importante ressaltar que – nesse tipo de metodologia indutiva – são apontados apenas “indícios”,
não se tratando ainda de “manipulações confirmadas”,
de forma que muitas dessas inspeções em campo certamente irão apresentar resultado negativo. O ganho
dessa metodologia será tanto maior quanto maior for
a “eficiência” do processo de diagnóstico dos “indícios
de irregularidades”, ou seja , quanto maior for a quantidade de resultados “confirmados” na prática.
Com base nas tabelas EXEMPLO de ocorrências de
leitura e de consumo apresentadas anteriormente, podem ser apontados os seguintes códigos de “ocorrências com possibilidade de manipulação indevida”: 01;
03; 04; 07; 11; 12; 14; 16; 19; 20; 21; 22; 23; 24; 25;
27; 28; 29; 30; 31; e 32.
Em termos de variabilidade apresentada pelos
consumos, na implementação de um módulo de diagnóstico de indícios de fraudes potenciais, costuma-se
enfocar basicamente as seguintes características fundamentais:
■■ “Degrau para baixo”: uma queda de consumo mensal - por exemplo, com valor absoluto superior a
30% da média - pode advir da prática de alguma
irregularidade. Por outro lado, também pode ser
decorrente de falha no medidor, redução de demanda por férias (curto período) ou por mudança de perfil (permanente), ou implantação de um
sistema de medição individualizada no condomínio
entre outras causas.
■■ “Degrau para cima”: um salto de consumo mensal
- por exemplo, superior a 30% da média - pode
advir de um erro de manobra na prática de alguma
30
Saneas
irregularidade. Por outro lado, também pode ser
decorrente de vazamento interno à rede do usuário, aumento de demanda por falha no sistema alternativo de abastecimento do condomínio ou por
férias dos usuários (curto período) ou por mudança
de perfil (permanente), entre outras causas.
■■ “Tendência de Queda”: uma queda continuada do
consumo mensal – por exemplo, apresentando um
coeficiente angular com valor absoluto superior a
7%.- pode advir de uma manobra intencional de
“redução gradual do consumo indicado” foco da
prática de alguma irregularidade. Por outro lado,
também pode ser decorrente de um desgaste crescente no medidor, redução gradativa de demanda
por mudança de perfil, ou implantação gradativa
de um sistema de medição individualizada no condomínio, entre outras causas.
■■ “Grandes Oscilações”: um perfil de saltos e quedas
frequentes do consumo mensal - por exemplo, com
valor absoluto superior a 25% em relação à média
- pode advir de erros de manobra na prática de alguma irregularidade. Por outro lado, também pode
ser decorrente variações normais de demanda por
perfil do processo, ou por utilização de fonte alternativa de abastecimento, ou por ocorrência de falhas intermitentes no medidor, entre outras causas.
Vale ressaltar que a validação desses indícios potenciais de irregularidade passa necessariamente por
uma inspeção estruturada em campo, focalizando o
perfil do consumidor/do consumo, assim como outras
evidências técnico-sócio-econômicas a serem observadas no local. Além disso, a consolidação e/ou revisão dos parâmetros acima definidos, também passa
pelo crivo de sua efetiva contribuição para o acerto
do diagnóstico das irregularidades, assim como na
relação do “custo das inspeções” contra os “benefícios
dos acertos”.
VI. Sistema de Acompanhamento das Grandes
Variações: Trata-se de implementar uma forma de
acompanhamento do consumo de todas as ligações
do segmento, efetuando uma avaliação mensal de
desempenho em cada uma delas, por exemplo através
da comparação do resultado do mês – por ligação ou
por grupo de ligações - em relação às respectivas referências cadastradas, com atenção especial nas grandes
variações positivas ou negativas.
Maio / Junho / Julho | 2012
artigo técnico
■■ Maiores Variações Positivas: O estudo das ligações
que apresentarem maior variação positiva permitirá focalizar ligações ou com erro de leitura, ou
com possibilidade de vazamento interno, ou com
indício de fraude. A realização de uma inspeção
em campo – com o uso de formulário adequado
para essa situação – permitirá enquadrar devidamente cada uma dessas questões, evitando cobranças indevidas e conflitos desnecessários com
os Clientes, praticando maior justiça na medição
e possibilitando a realização de ações corretivas
com maior agilidade.
■■ Maiores Variações Negativas: O estudo das ligações com maior variação negativa permitirá focalizar ligações ou com erro de leitura, ou
com possibilidade de rotação no totalizador do
hidrômetro por conta de vazamento interno, ou
descoberta de troca não cadastrada no sistema
comercial, ou com indício de fraude. A realização
de uma inspeção em campo – com o uso de formulário adequado para essa situação – permitirá
enquadrar devidamente cada uma dessas questões, minimizando as perdas, evitando conflitos
desnecessários com os Clientes.
VII. Sistema de Priorização: O ideal é que as intervenções pudessem ser realizadas na medida exata
das necessidades. No entanto, na prática, sabe-se que
poderão surgir restrições ou limitação dos recursos
disponíveis para as intervenções, seja em prazo, seja
em montante de orçamento liberado, de forma que
uma metodologia de priorização se faz necessária.
Além disso, é sempre importante poder realizar “primeiro” as intervenções de maior rentabilidade. Neste
sistema, as atenções se concentram no estabelecimento de uma forma objetiva e racional de priorizar as intervenções, levando em conta seu potencial
impacto financeiro. Assim sendo, define-se a variável
– Nível de Prioridade (NPt) – em função da Pontuação do hidrômetro, do Peso da modalidade e do
Fator de incremento temporal através da seguinte
fórmula:
Tabela 7: Fórmula 1.
NPt = Fi x Pm x Ph
onde
Fi = (1 + t x Ji)2
Vale ressaltar que o período de tempo de atraso (T)
é medido em meses e que a taxa de incremento temporal (Ji) foi definida a priori com um valor de 10%.
Os demais parâmetros da fórmula podem ser extraídos das seguintes tabelas:
Tabela 8: Peso por Modalidade de Manutenção
Código
Descrição
Corretiva Geral
10
Prev. Tempo Excessivo
5
Prev. Volume Excessivo
4
Prev. Inadequação
3
Tabela 9: Pontuação por Tamanho de Hidrômetro.
Tamanho do
Hidrômetro
Qn (m³/h)
DN
Pontuação Ph
B
2,5
3/4"
20
5
1"
6
1 1/4"
E
10
1 1/2"
80
D
50
F
0,75
2"
150
G
1,5
2"
250
J
0,75
3"
500
K
0,75
4"
1.000
L
0,75
6"
2.000
M
1,5
8"
4.000
Tabela 10: Fator de Incremento da Prioridade por Atraso na Intervenção.
Fi = (1 + t x Ji)² para Ji = 10%
Atraso na Intervenção "t" (meses)
Sem nenhum
atraso na intervenção
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Fator de Incremento de Prioridade "Fi"
1
1,21
1,44
1,69
1,96
2,25
2,56
2,89
3,24
3,61
4
4,41
4,84
Maio / Junho / Julho | 2012
Saneas
31
artigo técnico
Vale observar que esse nível de prioridade NPt –
sendo um produto das variáveis apresentadas nas três
tabelas anteriores – traduz-se numa proporcionalidade com a gravidade, urgência e tendência apresentada
pela ocorrência, ou seja, quanto maior o NPt, maior
será o hipotético prejuízo potencial, e portanto maior
deverá ser a prioridade para a realização da respectiva
manutenção, servindo como parâmetro para priorizar
e programar a emissão da respectiva OSH.
VIII.Sistema de Controle de Ordem de Serviço em Hidrometria (OSH): Para efeito de controle
de OSH, cabe à tecnologia um papel de extrema importância, como ferramenta facilitadora da gestão, permitindo:
■■ Controle de recursos materiais disponíveis: nível
de estoque existente, prazo médio para reposição/
ponto de ressuprimento, atualizações “on line” de
entradas e saídas, etc.;
■■ Controle de recursos humanos disponíveis: nível de
carga alocada, produtividade média/contratos de
serviço abertos, atualizações “on line” de alocações
e baixas etc.;
■■ Cálculo do NPt e sua vinculação com a OSH e a
efetiva disponibilidade de recursos materiais e humanos disponíveis;
■■ Controle de numeração, emissão e baixa das OSH.
Nunca é demais reinterar a importância da vinculação da OSH com a efetiva disponibilidade dos recursos
necessários para a realização da manutenção (medidores, materiais, ferramentas e mão-de-obra), sendo sobejamente conhecido o fato de que um excessivo acúmulo
de OSH pendentes - de per si - acaba com a eficácia de
qualquer sistema de priorização.
IX. Sistema de Planejamento Orçamentário: A
quantificação orçamentária em geral pode ser realizada
com base no histórico das intervenções anteriores. Para
o planejamento das manutenções corretivas, talvez seja
esta a melhor forma de quantificação, que irá funcionar
bem na medida em que existir um banco de dados consolidados. Entretanto, para o planejamento das manutenções preventivas, torna-se importante implementar
um sistema que possibilite estimar – com pelo menos
seis meses de antecedência – os quantitativos de preventiva vincendos, seja por cálculo dos hidrômetros que irão
atingir o limite de “tempo máximo na rede” nesse período, ou por projeção dos hidrômetros que irão atingir o
limite de “volume máximo registrado” nesse período.
32
Saneas
CONCLUSÃO
De uma forma geral, neste trabalho foram apresentadas as bases para montagem de um Plano de Manutenção para Grandes Hidrômetros.
Como se trata de um segmento com relativamente
poucos hidrômetros, porém com características muito
diversificadas e um faturamento unitário médio bastante significativo, foi implementado um tratamento
de forma “individualizada”.
Nos trabalhos implementados pelos autores em
Empresas de Saneamento, foi observado um certo
quantitativo de migrações do segmento de Hidrômetros Pequenos (Hd-PC) para o segmento de Hidrômetros de Grandes Capacidades (Hd-GC), e vice-versa.
Este fato demonstra a necessidade de se montar um
sistema de controle de “classificação” de ligação suficientemente flexível para acomodar as migrações
naturais que venham a ocorrer, seja por crescimento
vegetativo, ou por variação na demanda, ou ainda por
alterações de uso dos Clientes ao longo do tempo.
Isso posto, acreditamos que os conceitos apresentados neste trabalho contribuam para que as
Empresas de Saneamento possam implementar
uma gestão mais eficaz de seu parque de hidrômetros, em especial o segmento de Hd-GC, alocando
os medidores certos nos locais certos, dentro de um
plano de manutenção adequado, com resultados
certamente interessantes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. NTS 181 – Norma Técnica SABESP – PROCEDIMENTO - Dimensionamento do ramal predial e do hidrômetro.
2. ABNT NBR 15538 – IDM – Hidrômetros para água
fria até 2,5 m³/h de vazão nominal – Ensaios para
avaliação de desempenho de hidrômetros em alta
e baixa vazões em hidrômetros.
3. ABNT NM 212 – ESPECIFICAÇÃO – Medidores velocimétricos de água potável fria até 15 m3/h.
4. ABNT NBR 8194 – PADRONIZAÇÃO – Hidrômetro para água fria até 15,0 m3/h de vazão
nominal.
5. PORTARIA INMETRO nº 246 - de 17/10/2000 – REGULAMENTO TÉCNICO METROLÓGICO para Hidrômetros de Vazão Nominal até 15,0 m³/h
6. Documentos Técnicos de Plano de Manutenção de
diversos Clientes da BBL Engenharia.
Maio / Junho / Julho | 2012
artigo técnico
Marcelo D. Depexe
Engenheiro Civil
pela UFSM, Mestre
em Engenharia
de Produção pela
UFSC. Atua na área
de Desenvolvimento
Operacional
da SANEPAR Companhia de
Saneamento do
Paraná, desde 2006.
Romulo R.
Gasparini
Engenheiro Civil
(UEM/2001)
e Mestre em
Engenharia
Mecânica
(PUCPR/2005).
Funcionário da
Companhia de
Saneamento do
Paraná – Sanepar,
desde 2006.
DETERMINAÇÃO DE TAXAS ANUAIS
DE REDUÇÃO DA EFICIÊNCIA DA
MEDIÇÃO DE HIDRÔMETROS
Por Marcelo D. Depexe e Romulo R. Gasparini
A submedição nos hidrômetros, que provoca a elevação das perdas aparentes nos Sistemas de Abastecimento de Água, pode ser provocada por diversos fatores, sendo um dos principais o desgaste natural do
hidrômetro, sendo este um efeito temporal. Estudos apontam que se pode considerar uma taxa constante
de redução da eficiência da medição dos hidrômetros ao longo do tempo. O presente trabalho apresenta
um inventário de um parque de hidrômetros com mais de 1 milhão de ligações, com classe metrológica
“B”, no qual pode ser observada uma taxa de redução do volume micromedido médio de aproximadamente
1,0 % ao ano. Este valor é condizente com as taxas de redução de eficiência da medição de hidrômetros
apresentada em literatura especializada. Desta forma, a renovação de um parque de hidrômetros pode
ser planejada de forma mais eficaz, através da realização de trocas preventivas, considerando a faixa de
consumo e tipo de serviço de Saneamento Básico prestado.
INTRODUÇÃO
As companhias de saneamento brasileiras realizam cada vez maiores investimentos para redução
das perdas aparentes, pois além de representar
parcela significativa do índice de perdas totais, a
perda aparente está diretamente relacionada com
a perda de faturamento. A perda aparente é causada por fraudes, ligações clandestinas, falhas de
procedimento e principalmente por submedição
nos hidrômetros. Em geral, as perdas por submedição variam entre 10 e 30% do volume consumido pelos usuários (FONSECA e COELHO, 2009).
A submedição nos hidrômetros pode ser provocada por diversos fatores, como o perfil de consumo, a qualidade da água, condições ambientais
e climáticas, a velocidade da água que passa pelo
hidrômetro, o correto dimensionamento e a posição de instalação, conforme Arregui et al. (2006)
e Thornton e Rizzo (2002). Outro fator muito
importante é o desgaste natural do hidrômetro,
principalmente naqueles onde o princípio de
funcionamento é velocimétrico, ou seja, onde o
volume é contabilizado com base na medição da
velocidade que a água passa por uma turbina.
Segundo a Portaria nº 246 (INMETRO, 2000), os
hidrômetros em uso devem ser submetidos a verificações periódicas, em intervalos não superiores
a cinco anos. Uma vez que existe desgaste devido
Maio / Junho / Julho | 2012
ao uso, a portaria considera que os hidrômetros
em uso serão aprovados desde que seus erros
máximos admissíveis não ultrapassarem a ±10%
entre a vazão mínima e a vazão de transição e
±5% entre a vazão de transição e a vazão máxima. Observa-se que a própria portaria já admite
a redução da eficiência na medição com o passar
do tempo, uma vez que, para hidrômetros novos,
estes valores são de 5 e 2%, respectivamente.
Vermersch e Rizzo (2008) afirmam que as anomalias nos sistemas de abastecimento de água
possuem um coeficiente de retorno, ou seja, existe uma tendência natural de aumento do volume
de perdas, tanto reais quanto aparentes, devido ao
envelhecimento da infra-estrutura. Neste sentido,
é importante o conhecimento da taxa de redução
da eficiência da medição dos hidrômetros.
Diversos estudos demonstram que há redução da eficiência da medição em função do
tempo de instalação. Arregui et al. (2010) afirmam que é possível adotar uma taxa de redução
da eficiência do parque constante ao longo dos
anos. Os autores consideram usuais taxas que
variam entre 0,1% até 0,9%. De acordo com Ferréol (2005), a eficiência do parque cai aproximadamente 1% ao ano.
Nielsen et al. (2003) apresentam um gráfico
com curvas de rendimento de hidrômetros classe
Saneas
33
artigo técnico
A, B e C, baseado em levantamentos de campo e laboratório, para ligações com consumos mensais de 0 até
30 m³, em função do tempo de instalação. Segundo
os autores, o desempenho dos hidrômetros não cai de
forma linear, pois as curvas apresentadas aproximamse de parábolas. Cabe salientar que estas curvas foram
elaboradas com base em levantamento realizado em
hidrômetros de vazão nominal 1,5 m³/h e limita-se a
residências unifamiliares com abastecimento indireto,
ou seja, dotadas de reservatório domiciliar. Os autores
salientam que os resultados podem ser alterados à medida que se disponha de mais informações.
A determinação da taxa de redução anual da eficiência dos hidrômetros é útil para o planejamento de
investimentos para renovação do parque. Neste sentido, Wyatt (2010) utiliza a taxa anual de 0,5% para cálculo do período ótimo de troca dos hidrômetros, com
base no consumo médio, no custo de substituição do
hidrômetro e no preço da tarifa da água.
Portanto, o presente trabalho tem como objetivo
realizar um estudo sobre a redução da eficiência da medição a partir da análise das médias de consumo de um
grupo de ligações de água com hidrômetros de até 11
anos de instalação, bem como comparar com as curvas
de rendimento apresentadas por Nielsen et al. (2003) e
apresentar um exemplo de aplicação para determinação
do tempo de substituição preventiva dos hidrômetros.
MÉTODO
Para determinar a redução na eficiência da medição
dos hidrômetros em função do tempo de instalação,
será realizada uma análise das médias de consumo
medido ao longo de um ano, para matrículas com
consumo entre 11 e 50 m³ mensais. Serão avaliados
somente hidrômetros classe B.
A primeira etapa consiste no levantamento da
quantidade de ligações ativas de água que se enquadram nos critérios pré-estabelecidos de faixa de consumo e classe metrológica, bem como seus respectivos
consumos, para os doze meses do ano de 2011. Para
cada mês calcula-se o volume médio por ligação, separando as ligações de acordo com o tempo de instalação (1, 2, 3,..., n anos). Determina-se o volume médio
total e a seguir divide-se o volume médio de cada ano
pelo volume médio total, o que resulta em um valor
percentual em relação à média geral.
A partir destes dados, é possível gerar uma curva
que relaciona o tempo de instalação com a porcen-
34
Saneas
tagem de variação da média por ano. O grau de inclinação desta curva determina a taxa de redução do
consumo médio por ano de instalação, que é um indicativo de que a eficiência da medição reduz ao longo dos anos. Para comparar o resultado obtido com
as curvas de rendimento de Nielsen et al. (2003), será
elaborado um gráfico para os hidrômetros classe B
monojato e multijato, ajustados por uma equação de
primeiro grau, para obter uma taxa constante. Assim,
o coeficiente angular da reta ajustada corresponde à
taxa anual de redução da eficiência na medição.
Por fim, os resultados obtidos serão aplicados em
um exemplo para determinação do período ótimo para
substituição preventiva dos hidrômetros, sob o aspecto
financeiro. Para isso, serão analisados os dados de micromedição de aproximadamente 75 mil ligações, referente às ligações que possuem hidrômetro classe “B”,
com faixa de consumo entre 11 e 30 m³/mês, cuja idade
do hidrômetro, em 2011, era inferior a 1 ano, ou seja, o
hidrômetro com a melhor condição de micromedição.
Para a micromedição média per capita observada
para estas ligações, escalonadas nas faixas de 11 a 15
m³/mês, 16 a 20 m³/mês, 21 a 25 m³/mês e 26 a 30
m³/mês, será incidida a curva de eficiência em função
do tempo de instalação, para hidrômetros classe “B”
– multijato, conforme Nielsen et al. (2003), a qual é
apresentada na Figura 4, cuja redução da eficiência
da micromedição é de, aproximadamente, 1,19 % a.a.
Com isso, será apresentada a expectativa de micromedição média per capita para os anos subsequentes e o
respectivo cálculo da perda aparente anual, através de
sua comparação com a micromedição média observada para o ano de 2011.
Com esta projeção do aumento da perda aparente
per capita, este volume será incidido com a tarifação
dos Serviços de Saneamento Básico, conforme apresentado na Tabela 01, a valoração anual da perda de
eficiência do hidrômetro.
Tabela 01: Tarifação normal, para os
consumidores excedentes a 10 m³/mês.
Tabela de preços considerados
TIpo de serviço
Custo unitário
Clientes Água
R$ 2,34/m3
Clientes Água + Esgoto
R$ 5,11/m3
Fonte: Sanepar (jan/2012)
Maio / Junho / Julho | 2012
artigo técnico
Realizando a valoração da expectativa de aumento da perda aparente por ligação, estes valores serão
convertidos em Valores Presentes, considerando uma
Taxa Mínima de Atratividade de 12 % a.a.. Estes valores serão acumulados ano a ano e serão comparados
com o atual valor para o fornecimento e a substituição
de um hidrômetro classe “B” – multijato, que atualmente
está estimado em R$ 45,00. Nesta análise admite-se que
o primeiro ano acumulado, cujo Valor Presente do mesmo
seja superior ao valor correspondente ao fornecimento e
a substituição do hidrômetro, é o pay-back da troca de
hidrômetro, ou seja, a idade ótima de substituição.
Esta análise não será realizada para clientes cuja
micromedição média per capita seja inferior a 10
m³/mês, pois a tarifação do mesmo é correspondente a 10 m³/mês, ou seja, não será possível determinar, através da análise proposta, uma idade ótima de
substituição do hidrômetro, pois os mesmos encontram-se dentro da tarifa mínima.
RESULTADOS
Os resultados estão apresentados em três partes
distintas. Inicialmente, determina-se a taxa média
de redução da eficiência da medição com base nos
dados do parque de hidrômetros instalados. A seguir, determina-se a taxa média das curvas apresentadas por Nielsen et al. (2003), para comparação com os valores obtidos. Por fim, apresenta-se
um exemplo de aplicação destes dados na determinação do período ideal para substituição preventiva dos hidrômetros que proporcione o melhor
retorno financeiro.
Determinação da taxa de redução anual da eficiência
da medição
Para a elaboração do estudo foi realizado levantamento da quantidade de ligações ativas de água com
hidrômetro classe metrológica B e consumo medido
entre 11 e 50 m³/mês, para os doze meses de 2011. Estes dados são classificados de acordo com o tempo de
instalação do hidrômetro, variando de zero (menos
de 365 dias) até 11 anos. Para cada ano, foi determinado o consumo medido médio, bem como a relação
entre este valor e o volume medido médio total, conforme Tabela 02.
Observa-se a relação inversamente proporcional
entre o tempo de instalação do hidrômetro e o volu-
Maio / Junho / Julho | 2012
Tabela 02: Dados das ligações ativas de água,
com faixa de consumo entre 11 a 50 m³/mês,
por tempo de instalação dos hidrômetros, classe
metrológica “B”, observada em 2011 (continua).
Tempo de
instalação
anos
N°
ligações
Volume
(me)
VNIlLig
O
85,189
1,507.750
17,7
°A VMILig
médio
1,0145
1
120.586
2.158.636
17,9
1,0261
2
132.090
2.305.869
17,46
1,0006
3
144.037
2,519.084
17,49
1,0025
4
88,084
1.533.499
17,41
0,9979
5
59.827
1,033.497
17,27
0,9902
6
73.639
1,244.016
16,89
0,9683
7
62,980
1,061.888
16,86
0,9665
8
51.491
854.598
16,6
0,9513
9
53.723
876.902
16,32
0,9356
10
44.903
726.360
16,18
0,9272
11
46,788
738.201
15,78
0,9044
Total
1.072.204
18.705.415
17,45
1
me médio mensal. Assim, quanto maior for a idade dos
hidrômetros, menor é o volume médio das ligações.
O maior valor de consumo médio ocorre nas ligações
com um ano, nas quais a média é de 17,90 m³. Já para
as ligações com 11 anos, o consumo medido médio é
de 15,78 m³.
A Figura 01 demonstra a variação em termos percentuais do volume medido médio em função do tempo de instalação. Os dados apresentam coeficiente de
determinação (R²) igual a 0,9476, o que indica boa
aderência entre a equação determinada pela linha de
tendência e os dados plotados. A reta ajustada apresenta coeficiente angular igual a 0,0104, ou seja, para
cada ano, há redução de 1,04% no volume medido
médio. Este resultado está coerente com valores apresentados em literatura especializada.
Cabe salientar que este valor pode variar de acordo
com as características da amostra utilizada, seu perfil de
consumo, tipo de hidrômetro e dimensionamento. Uma
vez que no presente estudo foi utilizada uma amostragem grande, com os dados de mais de um milhão de hidrômetros, acredita-se que os resultados possam refletir
a realidade para o conjunto de ligações em questão, ou
seja, com consumo médio mensal variando de 11 a 50
m³, com hidrômetro classe metrológica B.
Saneas
35
artigo técnico
Figura 01: Redução do volume medido médio (%) em
função do tempo de instalação
Comparação com as curvas de rendimento de
Nielsen et al. (2003)
O resultado obtido no item anterior está próximo do
valor apresentado pelas curvas de rendimentos de
Nielsen et al. (2003) para o hidrômetro multijato. Ao
traçar uma linha de tendência nos pontos da curva
para hidrômetro classe B vazão nominal 1,5 m³/h multijato, observamos que a taxa média de eficiência da
medição cai aproximadamente 1,19% ao ano, conforme equação da reta ajustada apresentada na Figura 02.
Para os hidrômetros classe B vazão nominal 1,5
m³/h monojato, a taxa média anual de redução da eficiência da medição é de 3,86%. Apesar de tais curvas
se caracterizarem como parábolas, a aproximação realizada com equação de primeiro grau é satisfatória,
com erro quadrático próximo a 1. Entretanto, cabe ressaltar que os hidrômetros classe B monojato utilizados
atualmente possuem vazão nominal de 0,75 m³/h, que
apresentam melhor desempenho na medição de baixas
vazões que os hidrômetros de monojatos.
Portanto, para avaliar o parque atual de hidrômetros, recomenda-se utilizar a curva de hidrômetros
multijato apresentados por Nielsen et al. (2003), que
está coerente com os dados obtidos na primeira etapa
deste trabalho. Assim, apesar de já se passarem aproximadamente 10 anos da realização dos estudos para
determinação das curvas de rendimento, a taxa de inclinação da reta para o hidrômetro classe B multijato
ainda pode ser considerada válida.
36
Saneas
Figura 02: Redução de rendimento da curva de Nielsen
et. al (2003) para hidrômetros multijato
Exemplo de aplicação dos resultados para
determinação de período ótimo para substituição
preventiva de hidrômetros
O resultado obtido pode ser utilizado para a determinação do período ótimo para substituição preventiva
do parque de hidrômetros, considerando fatores como
o valor da tarifa, o custo do hidrômetro e a taxa de
atratividade considerada pela companhia de saneamento.
Para esta avaliação, foram utilizados os dados das
ligações que possuem hidrômetro classe “B”, com faixa de consumo entre 11 e 30 m³/mês, cuja idade do
hidrômetro, em 2011, era inferior a 1 ano, ou seja, o
hidrômetro com a melhor condição de micromedição,
dados estes apresentados na Tabela 03 a seguir:
Tabela 03: Micromedição média per capita,
por faixa de consumo, para ligações com
hidrômetro classe “B”, cuja idade do
hidrômetro é inferior a 1 ano.
Faixa de consumo (m3/mês)
N°
ligações
Consumo médio mensal por
Ligação (m3/lig.mês)
11 a 15 m3/mês
40.462
12,7806 m3/lig.mês
16 a 20 m3/mês
20.525
17,7275 m3/lig.mês
21 a 25 m3/mês
9.968
22,7118 m3/lig.mês
26 a 30 m3/mês
4.976
27,7252 m3/lig.mês
Uma vez que, em 2011, os hidrômetros destas ligações
possuíam idade inferior a 1 ano, admitiu-se que, para esta
idade, ocorrerá o menor índice de submedição ou perda aparente, na ligação em questão. Não é objeto deste
trabalho a quantificação do índice de submedição de um
hidrômetro classe “B”, cuja idade é inferior a 1 ano.
Maio / Junho / Julho | 2012
artigo técnico
Incidindo a curva de rendimentos de hidrômetros classe “B” – multijato proposta por Nielsen et al.
(2003), conforme apresentado na Figura 02, cuja taxa
de submedição observada é de 1,19 % a.a., sobre os
dados de micromedição média per capita, por faixa de
consumo, conforme apresentado na Tabela 03, tem-se
a expectativa de micromedição média por ligação, para
os anos subsequentes, conforme a Figura 03.
Figura 03: Expectativa, com base na curva de rendimento
de hidrômetros apresentada por Nielsen et al. (2003),
de micromedição média per capita, para os anos
subsequentes, das ligações com hidrômetro classe “B”,
com idade inferior a 1 ano, em 2011.
Na Figura 06, pode ser observado que a expectativa
de micromedição média por ligação, para 10 anos além
do ano de referência, ou seja, em 2021, para a atual faixa
de consumo entre 11 a 15 m³/mês, é de 11,34 m³/mês,
ou seja, 1,44 m³/mês inferior à condição inicial. Para
a atual faixa de consumo entre 16 a 20 m³/mês, é de
15,73 m³/mês, ou seja, 2,00 m³/mês inferior a condição
inicial; para a atual faixa de consumo entre 21 a 25 m³/
mês, é de 20,15 m³/mês, ou seja, 2,56 m³/mês inferior a
condição inicial; para a atual faixa de consumo entre 26
a 30 m³/mês, é de 24,60 m³/mês, ou seja, 3,13 m³/mês
inferior a condição inicial.
Esta diferença em relação à condição inicial, ou
seja, a comparação do volume micromedido médio
projetado, ano a ano, com o volume micromedido
médio na condição inicial, pode ser entendida como
a expectativa de aumento de perdas aparentes das ligações, em função da submedição dos hidrômetros. A
Figura 04 apresenta a expectativa projetada anual de
Maio / Junho / Julho | 2012
perda aparente, ano a ano, para as ligações cujos hidrômetros, em 2011, possuíam idade inferior a 1 ano.
Na Figura 04, observa-se que, para 10 anos além
do ano de referência, a expectativa de aumento da
perda aparente por ligação, para a atual faixa de consumo entre 11 a 15 m³/mês é de 17,30 m³/lig.ano,
ou seja, quando este hidrômetro apresentar dez anos
de idade, estima-se que a submedição represente um
Figura 04: Expectativa, com base na curva de rendimento
de hidrômetros apresentada por Nielsen et al. (2003),
de aumento de perda aparente per capita, para os anos
subsequentes, das ligações com hidrômetro classe “B”,
com idade inferior a 1 ano, em 2011.
total de 17,30 m³ no ano. Seguindo o mesmo raciocínio, para a atual faixa de consumo entre 16 a 20 m³/
mês a submedição será de 24,00 m³/lig. ano e assim
por diante, conforme gráfico apresentado. Analisando, ano a ano, estes valores e relacionando-os com a
tarifação normal, referente a serviços de saneamento básico, para os consumidores excedentes a 10 m³/
mês, conforme apresentado na Tabela 01, pode-ser
estimar o valor que a Companhia de Saneamento deixará de faturar, devido ao aumento da submedição
dos hidrômetros.
Considerando que o atual valor para o fornecimento e a substituição de um hidrômetro classe
“B” – multijato está em R$ 45,00 e comparando-o
com os valores calculados, acumulados ano a ano,
a partir da expectativa de aumento anual de perda
aparente por ligação, pode-se determinar a idade
ótima de substituição do hidrômetro, por faixa de
consumo, conforme a Tabela 04.
Saneas
37
artigo técnico
Tabela 04: Estimativa de Idade Ótima para a substituição de hidrômetros classe “B”, por faixa de consumo,
com base na curva de rendimento apresentado por Nielsen et al. (2003).
IDADE ÓTIMA PARA SUBSTITUIÇÃO DE HIDRÔMETROS
CLIENTES ÁGUA
CLIENTES ÁGUA + ESGOTO
Faixa de consumo
(m3/mês)
Idade ótima de Substituição do
Hidrômetro (anos)
Faixa de consumo
(m3/mês)
Idade ótima de Substituição do
Hidrômetro (anos)
11 a 15 m3/mês
5 anos
11 a 15 m3/mês
4 anos
16 a 20 m3/mês
4 anos
16 a 20 m3/mês
3 anos
21 a 25 m /mês
4 anos
21 a 25 m /mês
3 anos
26 a 30 m /mês
3 anos
26 a 30 m /mês
2 anos
3
3
3
3
Fonte: Os autores (jan/2012)
Observa-se que, quanto maior a faixa de consumo
da ligação, menor será a idade ótima de substituição
de hidrômetros, demonstrando, assim, que um dos critérios a ser analisado para a renovação do Parque de
Hidrômetros é a faixa de consumo da ligação, além do
tipo de serviço que está sendo prestado para a ligação.
Pode ser verificado que, para todas as diferentes faixas de consumo, diferenciando o tipo de serviço prestado à ligação, a Idade Ótima de substituição do hidrômetro será diferente. Para as ligações onde o tipo de serviço
prestado é com água e esgoto, a idade ótima é inferior,
devido ao maior valor faturado para cada metro cúbico
de água consumido. Recomenda-se verificar a viabilidade de substituição dos hidrômetros classe metrológica
“B” por hidrômetros classe “C”, principalmente para as
ligações com maior consumo médio.
Realizando a mesma análise apresentada nas Figuras 03 e 04, porém considerando a redução do
volume médio micromedido observado na Figura 01,
que foi de 1,04 % a.a., tem-se as seguintes idades
ótimas de substituição do hidrômetro, por faixa de
consumo, conforme a Tabela 05 a seguir:
Tabela 05: Estimativa de Idade Ótima para a substituição de hidrômetros classe “B”, por faixa de consumo,
com base na redução do volume médio micromedido observado na Figura 03.
IDADE ÓTIMA PARA SUBSTITUIÇÃO DE HIDRÔMETROS
CLIENTES ÁGUA
CLIENTES ÁGUA + ESGOTO
Faixa de consumo
(m3/mês)
Idade ótima de Substituição do
Hidrômetro (anos)
Faixa de consumo
(m3/mês)
Idade ótima de Substituição do
Hidrômetro (anos)
11 a 15 m3/mês
6 anos
11 a 15 m3/mês
4 anos
16 a 20 m /mês
5 anos
16 a 20 m /mês
3 anos
21 a 25 m3/mês
4 anos
21 a 25 m3/mês
3 anos
26 a 30 m3/mês
3 anos
26 a 30 m3/mês
32 anos
3
3
Fonte: Os autores (jan/2012)
Para os anos abaixo da idade ótima determinada, por faixa de consumo e o tipo de serviço
de Saneamento Básico prestado para a ligação,
entende-se que haverá perdas financeiras à Companhia de Saneamento, por troca antecipada do
hidrômetro. Neste caso, o retorno é menor que
o investimento realizado, o que caracteriza um
nível de perda aparente abaixo do limite econô-
38
Saneas
mico. Já para as trocas realizadas acima da idade
ótima, as perdas financeiras são decorrentes da
submedição.
CONCLUSÕES
A busca por menores índices de perdas de água requer investimentos voltados para a melhoria da eficiência operacional. Para que as ações sejam sustentáveis sob o ponto
Maio / Junho / Julho | 2012
artigo técnico
de vista técnico e financeiro, é importante que sejam realizadas pesquisas com o objetivo de se conhecer melhor
o comportamento dos componentes da infra-estrutura
dos sistemas de abastecimento. No caso específico deste
trabalho, o foco de análise é a redução da eficiência da
medição do parque de hidrômetros.
Conhecer a taxa de redução da eficiência da medição dos hidrômetros é importante para a realização de estimativas da perda aparente de um sistema
de abastecimento de água. Além disso, estes valores
são úteis para aperfeiçoar critérios de manutenção
preventiva do parque de hidrômetros, mediante a
inclusão de fatores econômicos/financeiros para a
determinação do período ótimo para substituição.
Os resultados apresentados indicam que pode-se
adotar uma taxa de redução da eficiência da medição em torno de 1% ao ano. Apesar das curvas
elaboradas por Nielsen et al. (2003) representarem
a realidade dos hidrômetros de 10 anos atrás, os resultados obtidos para hidrômetros classe multijato
ainda permanecem coerentes, ao menos no que refere à redução de eficiência da medição ao longo
dos anos. Com relação ao valor para a submedição
inicial, ou seja, a submedição média para um hidrômetro novo, é possível que atualmente os hidrômetros apresentem um desempenho melhor do que
apresentado nas curvas de rendimento. Sugere-se
que outras pesquisas e levantamentos de campo sejam realizados para verificar esta questão.
Para a renovação do Parque de Hidrômetros de
um Sistema de Abastecimento de Água, através
de trocas preventivas, buscando reduzir a incidência de perdas aparentes devido à submedição
dos hidrômetros, deve-se planejar tal renovação
por faixa de consumo, além do tipo de serviço de
Saneamento Básico prestado a ligação, com o objetivo de se obter o melhor retorno sobre o investimento realizado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ARREGUI, F.J.; CABRERA, E.; COBACHO, R.; GARCÍA-SERRA, J. Reducing apparent losses caused by meters inaccuracies. Water Practice & Technology, v. 1,
n. 4, 8 p., 2006.
2. ARREGUI, F.; COBACHO, R.; SORIANO, J.; GARCÍA-SERRA, J. Calculating the optimum level of apparent losses due to water meter inaccuracies. In:
WATER LOSS 2010, Specialist Conference. Proceedings... São Paulo-SP, 2010. 8p.
3. FERRÉOL, E. How to measure and reduce the water meter park inefficiency? In: IWA LEAKAGE 2005
CONFERENCE, Proceedings…, Halifax, Canada,
2005. 4 p.
4. INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. Portaria nº 246.
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC. 2000.
5. FONSECA, P.; COELHO, A. C. Manutenção de hidrômetros - um problema econômico. In: 25º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA
E AMBIENTAL. 2009. Recife – PE, Anais... Rio de
Janeiro - RJ: ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2009. 11 p.
6. NIELSEN, M.J.; TREVISAN, J.; BONATO, A.; SACHET,
M.A.C. Medição de água: estratégias e experimentações. Curitiba: Sanepar. 2003. 218 p.
7. THORNTON, J.; RIZZO, A. Apparent losses, how low
can you go? In: LEAKAGE MANAGEMENT CONFERENCE, Lemesos, Cyprus, Proceedings… 2002. 16 p.
8. VERMERSCH, M.; RIZZO, A. Designing an action
plan to control non-revenue water. Water 21, v. 10,
n.2, p. 39-41, April 2008.
9. WYATT, A. Non-revenue water: financial model for
optimal management in developing countries. RTI
Press publication No. MR-0018-1006. Research
Triangle Park, NC: RTI International. 2010.
Complementação de autoria de artigo
O artigo técnico da edição passada da Revista Saneas, intitulado “O senhor Feynman não estava brincando: a educação tecnológica brasileira”, que alcançou uma repercussão muito positiva em meio ao
nosso público leitor, também conta com a autoria de Luiz Fernando de Carvalho Botega. O referido
co-autor é estudante da nona fase de engenharia mecânica pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), tendo participado de congressos e possui uma publicação em congresso nacional
(COBENGE 2011) e outra em congresso internacional (MecSol 2011). Atualmente realiza estágio no
Instituto Fraunhofer de Tecnologia de Produção (Fraunhofer-Institut für Produktionstechnologie) na
cidade de Aachen, Nordrhein-Westfalen, Alemanha.
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Saneas
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Acontece no setor
Danfoss levará drives para economia de água e energia à Fenasan
A Danfoss promoverá, na Fenasan 2012, o lançamento
do drive VLT® Frame D, com novos invólucros completamente redesenhados que resultam em diminuição
no volume de até 68%. Segundo a sua assessoria, “esse
modelo está hoje entre os menores do mercado na faixa de potência de 90 a 250 kW. Apesar de suas dimensões mais compactas, os dispositivos incorporam Bobinas DC para filtragem de Harmônicas e filtros EMC. A
novidade está disponível em IP20 e IP21/IP54. A versão
em IP20 é otimizada para instalação em painéis e todas
as conexões elétricas estão protegidas de modo que
não podem ser tocadas acidentalmente.
Na Fenasan, a Danfoss ainda destacará o VLT®
AQUA Drive FC200, drive indicado para aplicações
de saneamento e tratamento de efluentes. De acordo com a empresa, “com uma grande e poderosa
variedade de recursos incorporados e opcionais, o
VLT® AQUA Drive FC200 é a solução ideal para as
bombas e turbinas dos mais modernos sistemas de
distribuição de água. Com ele, é possível alcançar
maior proteção de bomba seca, reduzindo os custos
de manutenção, pois o conversor de frequência avalia constantemente a condição da bomba com base
nas medições internas de frequência/potência, além
de possuir um controlador em cascata incorporado que controla até três bombas com uma bomba
principal fixa. Outros produtos apresentados serão
o VLT® Micro Drive FC51, um drive compacto para
aplicações gerais com motores CA de ate 22kW e o
VLT®Soft Starter MCD200, disponível nas configurações MCD 201 (sem proteção de motor) e MCD 202
(com proteção). A tecnologia de construção do equipamento permite que sejam montados lado a lado
sem precisar de ventilação forçada. Já o VLT®Soft
Start MCD500 conta com a metade das dimensões
dos equipamentos da linha anterior. Disponível para
o mercado nas tensões entre 200 e 690 V, possui
bypass integrado até 110 Kw, atingindo potências de
até 1.2 MW. Apresenta como opcionais de comunicação Fieldbus, Profibus e Devicenet.
Viapol é adquirida pela RPM International
A Viapol, especializada em produtos e soluções para
a construção civil e outros segmentos, passou a fazer
parte, a partir de junho de 2012, da RPM International
Inc., holding norte-americana, atuante em mais de 150
países. A aquisição societária integral da Viapol Ltda.
foi anunciada no último dia 19 de junho e a empresa
passa a integrar The Euclid Chemical Group, unidade
do Grupo de Soluções de Construção da RPM, companhia que atende os setores de construção e restauração em todo o mundo. A forte posição de mercado da
Viapol no Brasil oferece oportunidades únicas para o
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Saneas
grupo Euclid e fortalecerá significativamente sua presença na América Latina.
A Viapol vai se juntar à divisão latino-americana
da Euclid Chemical, sob a liderança de Oswaldo Prieto,
vice-presidente, para América Latina. A gestão operacional e administrativa da Viapol continuará sendo
exercida pelos diretores Ariovaldo José Torelli e Alexandre Racz que estão no comando da empresa desde
sua fundação. A empresa,que é expositora da Fenasan,
afirma que ampliará a sua linha de produtos.
Maio / Junho / Julho | 2012
ACONTECE NO SETOR
Mizumo destacará projetos para ETEs
e lança o Multimedia Filter
Grundfos destacará o Rotor S-tube
para bombas na Fenasan
A Mizumo destacará, na Fenasan,
suas tecnologias que a permitem
desenvolver projetos de ETEs customizadas para bairros, vilas, distritos e municípios. Os sistemas
possibilitam o reúso do efluente
tratado e podem atender até 20
mil usuários, ou seja, uma vazão
de até 35 litros de esgoto/segundo – vazões maiores também são
avaliadas, caso a caso, pela equipe de engenharia de aplicações,
que durante a feira estará disponível no estande localizado na
A Grundfos apresentará
na próxima edição da Fenasan o rotor S-tube, dotado de um novo conceito
hidráulico. Recém lançado
no mercado mundial, o
produto equipa as bombas
submersíveis das linhas S
e SL.
Fechado e de canal
único, o rotor S-tube é
indicado para o bombeamento de efluentes e resíduos. Segundo a empresa, “graças ao novo design
de rotor e da voluta, a operação é feita suavemente
desde a sucção ao recalque, sem obstruções de sólidos em suspensão. Dentre os diferenciais, o rotor
S-tube apresenta um dos melhores índices de eficiência hidráulica do mercado alcançando até 84% ,
sem comprometer a passagem livre de sólidos com
diâmetros de até 160 mm. Isto significa maior capacidade de bombeamento sem bloqueios”.
Domingos Alves, gerente nacional de vendas da
Grundfos, faz questão de ressaltar ainda que, “no
bombeamento de águas residuais o novo rotor S-tube proporciona aumento da eficiência, redução
de gastos com perdas no processo, diminuição do
consumo de energia elétrica, bem como dos níveis
de ruído e da vibração, além da ausência de entupimentos. São atributos que evitam a necessidade
de intervenções na bomba”, acrescenta o executivo.
Ilha Sindesam.
Na Fenasan, a Mizumo ainda fará o lançamento do Multimedia Filter, um equipamento periférico
e/ou complementar desenvolvido para, segundo a
empresa, garantir melhor qualidade do efluente de
saída dos sistemas fabricados, podendo este ser reutilizado em vasos sanitários. De acordo com sua assessoria, “o principal diferencial do filtro em relação
aos utilizados no mercado é a presença do mineral
zeólita como meio filtrante, que oferece maior taxa
de filtração e maior capacidade de retenção de sólidos em comparação à areia, um dos materiais mais
utilizados como meio filtrante. O sistema atende às
recomendações previstas na norma NBR 13969/97,
no que se refere ao reúso em vasos sanitários (classe
3) e tem sua qualidade comprovada por inúmeros
testes de eficiência”.
Atlas Copco doará purificadores de água para famílias do nordeste brasileiro
A Atlas Copco, fabricante no segmento de equipamentos de ar e gás comprimido, geradores, equipamentos de
construção e mineração e expositora da Fenasan, selecionou famílias do Nordeste Brasileiro para realizar a doação
de purificadores de água.
De acordo com a assessoria da empresa, “a Atlas Copco acredita que a água potável é um direito fundamental
do ser humano e adotou uma iniciativa mundial, para doar às comunidades carentes, 100 unidades de Purificadores
de Água de alta capacidade e funcionamento a energia solar, que permite o fornecimento de água potável mesmo
em localidades onde não há energia elétrica”.
Maio / Junho / Julho | 2012
Saneas
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ACONTECE NO SETOR
poly easy
A Poly Easy apresentará, na FENASAN, os Poços de Visitas e Poços de Inspeção rotomoldados em Polietileno, para combater um dos mais graves dos problemas das redes
coletoras de esgoto, a infiltração
De acordo com a empresa, “decorrentes dos agressivos programas de combate a Perdas de Água, o setor vem optando pelo sistema em Polietileno para suas redes de distribuição e a Poly Easy, apresentará sua completa linha de tubos, conexões, transições,
máquinas e ferramentas, proporcionando o aproveitamento total das qualidades deste
sistema de tubulação”.
Degrémont investe em sua base
tecnológica
Com presença em mais de 70 países, a Degrémont
marcará presença na Fenasan. A base tecnológica da
empresa é o seu próprio centro de pesquisa, cujo principal objetivo é o desenvolvimento e a inovação nos
processos e equipamentos, atendendo a uma demanda
sustentável cada vez mais exigente. “Foi a primeira empresa da área de saneamento e tratamento de águas a
obter o certificado ISO 9001 - o que lhe abriu o caminho para conquistar outro certificado de qualidade, o
ISO 14000”, informa a sua diretoria.
Visando ampliar a presença da empresa no Brasil,
a Degrémont vem unindo esforços para aumentar a
competitividade pela inovação e foco em Operação e
Manutenção (O&M).
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Saneas
Conaut investe no controle de perdas
e redução de custos
A Conaut apresentará na Fenasan as suas soluções de
gestão e controle de processos
para saneamento: medidor magnético à bateria,
medidor ultrassônico compacto e portátil e medidor
ultrassônico intrusivo.
De acordo com a empresa, a redução de custo nos
projetos de engenharia é um dos benefícios do medidor
WATERFLUX 3070 – MOD. 463, pois foi desenvolvido
para facilitar a medição em situações críticas de processo, oferecendo alto desempenho mesmo em locais
sem energia elétrica e sem trecho reto (a montante e
a jusante).Possui sensor que permite medição estável
independente do perfil de fluxo e plano de estudos da
vazão mínima noturna em distritos pitométricos atuando no controle de perdas. O equipamento vem preparado para telemetria, possibilitando monitoramento
remoto via internet. Quanto à sustentabilidade, os diferenciais são o revestimento orgânico Rilsan – nome
comercial do polímero Nylon 11 que é anticorrosivo,
resistente a pressão, ao vácuo e ao desgaste e a bateria
interna que tem duração de até 15 anos”.
Maio / Junho / Julho | 2012
ACONTECE NO SETOR
ROTHENBERGER do Brasil Ltda.
Fundada na Alemanha em 1949, a Rothenberger produz ferramentas para os mercados metal mecânico,
construção civil, manutenção em geral e bricolagem.
No Brasil, a empresa comercializa a sua linha para
atender a esses mercados.
De acordo com a diretoria da empresa, “um monitoramento constante de toda a produção automatizada,
garante um alto padrão de qualidade. Testes contínuos,
produção em constante aprimoramento e desenvolvimento inovadores são os pilares de seu atendimento.
Na Fenasan 2012, irá apresentar a sua linha de máquinas de solda por termofusão, eletrofusão, maçaricos de
ar quente, ferramentas para tubos de plástico, bombas
para teste hidrostático e chaves de grifo”.
Xylem prepara lançamentos para
expor na fenasan
A Xylem – detentora das marcas Flygt, Godwin, Sanitaire, Leopold e Wedeco - fará o lançamento de três
produtos durante a Fenasan: a Bomba Flygt Experior,
o Painel FGC 300 Plus, e o Painel APP 500 Plus, com
até duas bombas em partida Direta de até 9A com
tensão de comando de 220 v.
Segundo Paulo Lisboa, gerente de Marketing América Latina da Xylem, “o setor de saneamento conta
atualmente com uma grande perspectiva de investimento, fazendo com que a Fenasan se torne uma ótima
oportunidade para os lançamentos de novos produtos.
Pensando nessas projeções positivas, vamos apresentar
para os profissionais e visitantes do evento nossa soluções diferenciadas que atendem este mercado”.
Maio / Junho / Julho | 2012
Pieralisi apresentará Skids e Racks
para tratamento de lodo
A Pieralisi, empresa que opera adensamento, desidratação e secagem de lodo, oferecerá, na Fenasan, a sua
linha de produtos formada por decanters, tridecanters, centrífugas para separação de água/óleo/sólidos
e, ainda,secadores térmicos e adensadores.
De acordo com a empresa, “a desidratação mecânica
de lodo por meio de suas centrífugas visa à redução do
seu volume e possibilita seu manuseio, separando o líquido do sólido. Para tanto, desenvolveu skids e racks que
permitem o tratamento de lodo (adensamento e desidratação) com todos os periféricos. Fabricados e testados,
são o meio mais econômico de instalação de sistemas de
adensamento e desidratação. Complementando a desidratação, a secagem de lodo visa reduzir significativamente seu volume, esterilizando-o e permitindo seu uso
como adubo. Os secadores reduzem-lhe a umidade até
5-10%. Os sistemas de cogeração de energia integrados
aos sistemas de secagem térmica de lodos fornecem soluções inovadoras, propondo ao mercado de deságue de
lodo uma verdadeira evolução tecnológica”.
Tigre apresenta linha de infraestrutura
e saneamento na Fenasan
A Tigre irá expor suas principais soluções para o segmento de infraestrutura e saneamento, na Fenasan
2012, com linhas completas de seus produtos, geralmente tubos e conexões, os quais, segundo a empresa, possuem conceito sustentável, reduzem perdas e
são fáceis de instalar, diminuindo a necessidade de
interferências urbanas: Linha Esgoto Liso, Linha Esgoto Corrugado, Polietileno de Água e Esgoto,
UMA - Unidade de Medição de Água, PBA, De
FoFo MPVC, Conexões de Eletrofusão e Conexões de
Compressão. Alguns deles foram desenvolvidos exclusivamente para atender as especificações da Sabesp.
Saneas
43
matéria sabesp
Desenvolvimento da hidrometria
é incentivado pela Sabesp
A evolução da hidrometria é sempre tema recorrente
em eventos da Sabesp voltados à expansão da tecnologia, seja em “Audiências de Inovação”, uma realização em parceria entre Sabesp, ABES e AESabesp,
ou nos Fóruns de Tecnologia, realizados em unidades
regionais e metropolitanas da empresa.
Um dos temas mais abordados durante as Audiências foi a medição individualizada nos condomínios. O valor pago por cada apartamento não é,
necessariamente, proporcional ao consumo, que varia em função da quantidade de usuários em cada
unidade residencial ou comercial e também de seus
hábitos. Com a medição individualizada, consegue-se uma redução significativa nos custos condominiais por unidade. Existem hoje, na Região Metropolitana de São Paulo, cerca de 6,5 milhões de
hidrômetros, segundo informou o diretor Metropolitano da Sabesp, Paulo Massato. A telemedição de
grandes clientes também foi bastante discutida, com
demonstrações que permitem à Sabesp monitorar, à
distância e em tempo real, o consumo de água dos
seus grandes clientes, responsáveis por 40% de seu
faturamento bruto. Essa tecnologia consiste num
módulo de controle e comunicação via celular e de
44
Saneas
um software para visualização dos dados via páginas
dinâmicas na internet.
Até o momento de fechamento desta edição, a
Sabesp somava a realização de 35 Fóruns de Tecnologia. Destacaremos os dois mais recentes, cujas concentrações foram na Unidade de Negócio Baixo Tietê
e Grande – RT, em 22 de maio, na cidade de Lins- SP,
e na Unidade de Negócio Metropolitana Norte – MN,
em 19 de junho.
No 34º Fórum de Hidrometria e Sistema de Gestão
da Hidrometria (SGH), em Lins, o gerente de Departamento, Inácio Tubone, abriu os trabalhos, ressaltando
a importância desses eventos, que contribuem efetivamente na redução de perdas e no aumento do faturamento da Sabesp. Na sequência, o gerente da Divisão
de Medidores (MPOM), Fernando Camacho Martins,
destacou os objetivos do Fórum, que visam estimular os
profissionais da Sabesp a debater os processos e a gestão da hidrometria por meio de um ambiente de parceria com profissionais provenientes das UNs, articulando
e disseminando as informações e ações de melhorias na
qualidade da medição, resultados, tecnologias e gestão
para aumento da micromedição, faturamento e redução das perdas.
Maio / Junho / Julho | 2012
MATÉRIA SABESP
34º Fórum de Hidrometria e Sistema de
Gestão da Hidrometria (SGH)
Maleta de verificação metrológica
Protótipo em fase final de testes
A gestora Comercial da RT, Nilza Gali, fez a apresentação institucional da RT, demonstrando os principais indicadores relacionados à performance de troca e
avarias de hidrômetros, além de serviços de adequação
e planejamento de trocas em 2012 e a evolução do
processo desde 2007.
Como apresentação de caso, a analista da RO
(Superintendência de Gestão e Desenvolvimento
Operacional de Sistemas Regionais), Maria Luiza
Peroni Ribeiro, apresentou o perfil de consumo
dos presídios de Balbinos e Riolândia, onde foi
proposta uma visita de diagnóstico visando a instalação de um sistema de leitura remota, sendo
realizado por representantes do fórum no dia 23
de maio.
Fornecedores de hidrômetros também tiveram
espaço para apresentar novos equipamentos e tecnologias, como Paulo Jarava, da BMeters, na pauta desse encontro que, de forma geral, abordou os
seguintes assuntos: Maleta de verificação metrológica – Prototipo em fase final de testes; Projetos
pilotos de hidrômetros volumétricos, hidrômetros
de oscilação fluídica e hidrômetros residenciais
eletromagnéticos;Projeto de organização dos códigos AMB: Resultados e avanços no processo; além
dos resultados do Grupo de Trabalho: Embaçamento,
Recal e Garantia do SGH4: andamento das atividades, demandas e melhorias do sistema de gestão.
Já o 35º Fórum de Hidrometria, na MN, a abertura
foi realizada pelos gerentes Benemar Movikawa Tarifa
(MPO) e Carlos Alberto Molina (MNI), onde foi destacada a necessidade da troca de experiências entre as uni-
dades, atualizando os processos e gerando melhorias
para toda Sabesp. Na oportunidade, Movikawa ainda
ressaltou a importância da captação de demandas e
necessidades das unidades de negócio para atuação do
laboratório de medições.
A primeira palestra foi proferida por Marcos Cocol, da empresa Vector, fabricante de hidrômetros,
com a apresentação da linha de produtos que visam maximização de resultados e redução de perdas. Complementando a exposição, o engenheiro da
MP, Carlos Roberto Canecchio, destacou a criação
do Programa de combate à irregularidade e a preocupação da Sabesp com a qualidade da medição e
combate a fraude com imã de grande potência.
Na sequência, Marcos Daniel de Melo (MNIC)
fez uma rápida apresentação sobre o parque de
hidrômetros da MN,destacando a evolução da
conformidade no parque, que passou de 78% em
2008 para 97% em 2012. O colaborador também
apresentou uma projeção das trocas do parque
de hidrômetros até 2050. Carlos Eduardo Oliveira
Sesso (CSM, por sua vez, explicou alguns conceitos e procedimentos na administração de contratos de fornecimento de hidrômetros e processo
de garantia dos produtos. Falou sobre a Lei 8.666
(licitações) e que a partir do artigo 55 trata exclusivamente sobre contrato. Quanto à garantia
dos contratos de hidrômetros hoje é de 24 meses
e, dentro desse prazo o fornecedor deve substituir cada unidade de hidrômetro que apresentar
defeito. Outras demandas foram abordadas pelos
técnicos presentes.
Maio / Junho / Julho | 2012
Saneas
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Fenasan 2012 - feira nacional dE saneamento e meio ambiente
xxiii encontro técnico aesabesp - congresso nacional de saneamento e meio ambiente
O maior evento
técnicomercadológico
em saneamento
e meio ambiente
Considerado como o maior evento em saneamento ambiental da América Latina, o Encontro
Técnico AESabesp – Fenasan, em 2012, reafirma os seus objetivos de disseminação de novas
tecnologias, geração de ações voltadas à sustentabilidade e concentração dos maiores
expoentes do setor em seus três dias de realização.
46
Saneas
Maio / Junho / Julho | 2012
6 a 8 de agosto de 2012
pavilhão branco do expo center norte - são Paulo - SP
A AESabesp (Associação dos Engenheiros da Sabesp)
realiza, nos dias 06, 07 e 08 de agosto, a sua 23ª edição da Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio
Ambiente), com horário de visitação gratuita das 13 às
20 horas, e seu XXIII Encontro Técnico, com horário de
programação das 9 às 18:30 horas, nos 17 mil m² do Pavilhão Branco do Expo-Center Norte, em São Paulo – SP.
Devido ao seu crescimento, em dois anos, sua área
dobrou de tamanho para atender à demanda de público e de expositores. Para a Fenasan 2012, cerca de
220 investidores (expositores), geralmente empresas
fabricantes de equipamentos para o setor, criadoras de
programas de desenvolvimento da área, prestadoras
de serviços e de demais segmentos complementares à
esfera do saneamento e meio ambiente, confirmaram
a sua participação.
Espera-se a circulação em torno de 13 mil visitantes. O perfil do público da Fenasan, de forma geral, é
formado por executivos, técnicos, empresários, gestores,
pesquisadores e universitários, resultando numa das visitações mais qualificadas dentre as realizações do setor.
Os congressistas e visitantes do evento poderão
utilizar as Vans oferecidas gratuitamente pela AESabesp, que serão colocadas na Estação Tietê do Metrô,
no bairro de Vila Guilherme e farão o percurso, ida e
volta, até o Pavilhão Branco do Expo Center Norte,
no horário das 8 às 20 horas.
Em 2012, sob o tema “Como prover o saneamento para todos?”, que conduz às discussões de políticas
públicas, adoções de condutas sociais e otimização de
tecnologias para a universalização do saneamento, o
Congresso Técnico será aberto a partir das 8:30 horas
para credenciamento.
Os trabalhos qualificados terão apresentações distribuídas entre os 4 auditórios do Congresso, das 9 às
12:30 horas, e no período da tarde, das 14 às 18:30,
nos três dias do evento.
Ainda estão previstas palestras técnicas-institucionais de empresas participantes, além de mesas redondas, com abordagem sobre os temas:
■■ PSA - Plano de Segurança da Água - Uma nova
ferramenta para a gestão de riscos para os mananciais de abastecimento;
■■ Aplicação da política de resíduos sólidos e seus
desafios;
■■ Mudanças climáticas e políticas de desenvolvimento sustentável no saneamento;
■■ RIO + 20;
■■ Gestão de empreendimentos - a qualidade do
produto final x termos de referência;
■■ Situação de riscos à saúde, agravos e eventos
ambientais – a necessária conversa como Plano
de Segurança da Água;
■■ Saneamento e saúde em comunidades isoladas e
pequenos municípios;
■■ Gestão de riscos corporativos - uma inovação no
setor de saneamento;
■■ Tecnologia para o saneamento básico – compra
por performance, solução integral;
■■ Gestão de pessoas - como desenvolver e reter capital intelectual - uma nova proposta;
■■ Novas propostas de tratamento para o lodo gerado em estação de tratamento de água;
■■ O problema da eficácia da nova legislação do saneamento.
apoio institucional
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GEOLOGIA
DE ENGENHARIA E AMBIENTAL
ANA
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS
Logo
COOPERATIVA DE CRÉDITO
BEJE
C= 11
M= 16
Y= 18
K= 32
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
do Estado de São Paulo
CINZA
K = 90%
apoio institucional Fenasan
Pantone 368 C
Maio / Junho / Julho | 2012
Pantone 541 C
Saneas
47
Fenasan 2012 - feira nacional dE saneamento e meio ambiente
xxiii encontro técnico aesabesp - congresso nacional de saneamento e meio ambiente
No dia 06 de agosto, no horário das 17h30 às 18h30, haverá
palestra de encerramento do dia,
aberta ao público, com o médico
e apresentador Dr. Dráuzio Varella.
No dia 06 de agosto, no horário das
09h00 às 17h30, será realizado o curso:
Diagnóstico de perdas em sistemas de
abastecimento de água, com o especialista Mário Augusto Bággio. O valor da
inscrição é de R$ 500,00 (associados da
AESabesp) e R$ 800,00 (não-associados).
No dia 07 de agosto, no horário
das 17h30 às 18h30, haverá
palestra de encerramento do
dia, aberta ao público, com o
navegador Amyr Klink.
Nos dias 07 e 08 de agosto, no horário das 09h00 às 18h30, com intervalo para o almoço, será realizado o curso: Estratégias para o Enfrentamento das Mudanças Climáticas na Gestão dos Recursos Hídricos,
ministrado pelos Prof. Dr. Filipe Duarte Santos – (FCUL/SIM/ CCIAM Portugal), Prof. Dr. Humberto Ribeiro da Rocha (IAG/USP - Brasil), Msc.
Rita Jacinto (FCUL/SIM/ CCIAM - Portugal) e Msc. Vanessa Hasson de
Oliveira (PUC-SP/AESabesp – Brasil). O valor da inscrição é de R$ 995,00.
No dia 07 de agosto, a partir das 09h00,
será realizado o “Encontro de Fornecedores da Sabesp”, um fórum concentrador exclusivamente voltado aos fornecedores de máquinas, equipamentos e
serviços para esta empresa concessionária, conceituada entre as cinco maiores
do setor, em nível mundial.
Nos três dias do evento será oferecido
Serviço de Buffet aos congressistas do
Encontro Técnico. Também estará disponibilizado o serviço de restaurante
no piso térreo da Feira. O sistema será
self service e será aceito o VR (Vale de
Refeição) dos empregados da Sabesp
que estiverem presentes.
48
Saneas
Maio / Junho / Julho | 2012
6 a 8 de agosto de 2012
pavilhão branco do expo center norte - são Paulo - SP
A exemplo de 2011, a AESabesp disponibilizará gratuitamente a tecnologia Wireless
(sem fio), que permite a conexão à internet entre diferentes pontos sem a necessidade do
uso de cabos, por meio da instalação de uma antena e de um rádio de transmissão. O sinal será recebido em alta frequência, portanto não interfere em nenhum tipo de aparelho
eletrônico. Informe-se sobre as senhas no CAEX.
No dia 08 de agosto, a partir das 16h30, haverá a Cerimônia de Encerramento
do XXIII Encontro Tecnico AESabesp – Fenasan 2012, com a entrega do Prêmio
AESabesp. A exemplo das edições anteriores, todos os investidores/expositores
concorrerão ao prêmio AESabesp 2012, nas categorias:
■■ Melhor Estande (3 empresas que adotarem o maior número de ações
sustentáveis durante a realização da Feira, em consonância com o Projeto
Ecoeventus AESabesp®),
■■ Inovação Tecnológica (3 empresas que apresentarem novas e eficazes
tecnologias),
■■ Atendimento a Cliente (3 empresas que melhor atenderem os visitantes
do evento),
■■ Destaque AESabesp - FENASAN (Uma empresa que apresentar os
melhores resultados de ações sustentáveis no período de agosto/11 a
julho/12, mediante envio de um relatório comprobatório).
Maio / Junho / Julho | 2012
Saneas
49
Fenasan 2012 - feira nacional dE saneamento e meio ambiente
xxiii encontro técnico aesabesp - congresso nacional de saneamento e meio ambiente
Projeto Ecoeventus AESabesp®
O Projeto ecoeventus AESabesp®, coordenado pela
química Maria Aparecida Silva de Paula e com a
consultoria especializada da advogada ambientalista Vanessa Hasson, é o alicerce de um programa de
educação ambiental formal, adotado com intuito de
mobilizar os participantes da Fenasan, o maior evento
da América Latina no setor.
As ações propostas no escopo do ecoeventus AESabesp® são mais de conscientização do que de quantificação do consumo de carbono. Por meio de uma linha
pedagógica é demonstrado, a todos – expositores, fornecedores e visitantes – os benefícios alcançados pelas práticas de utilizar materiais sustentáveis nas montagens de
estandes, diminuir a distribuição de impressos, reduzir o
uso de energia, consumir água com racionalidade, reciclar
resíduos - com base no Programa 3Rs - Reduzir, Reutilizar
e Reciclar, além de estimular o não fornecimento de materiais descartáveis, como copos, talheres, pratos e demais
recipientes, sempre que possível.
Os expositores aderentes à causa, têm a oportunidade de concorrer ao Prêmio AESabesp. Os quesitos relativos à redução do uso de energia e consumo de água
de maneira racional, também são acompanhados pela
AESabesp no sentido de medir a eficácia das ações promovidas durante o evento.
No decorrer dos três dias da Fenasan, essas
práticas são continuamente estimuladas e, ao seu término, contabilizada a emissão de carbono com
base na produção de resíduos, consumo de energia e
meios de transporte utilizados pelos participantes.
50
Saneas
Considerando que o transporte veicular é o responsável pela produção na cidade de São Paulo, por
78% da emissão dos GEE – Gases do Efeito Estufa, um
dos grandes destaques dentro das ações transversais
deste projeto é o incentivo ao uso de transportes alternativos e coletivos, tais como a carona, o metrô ou
mesmo o uso das vans disponibilizadas pela AESabesp,
como cortesia. A título de incentivo, durante a Feira, as
pessoas que preencherem corretamente o questionário
impresso ou virtual para o cálculo de gás carbônico, no
qual será perguntado principalmente qual foi o meio
de transporte utilizado para suas locomoções ao local,
irão concorrer a um 01 par de Tenis.
O projeto se encerra com o plantio
das árvores necessárias para mitigação
da emissão dos gases de efeito estufa,
originada durante as
Plantio das árvores
três fases do evento
– montagem, realização e desmontagem – acrescentando-se um percentual destinado a promover a
recuperação ambiental de área desflorestada.
O projeto Ecoeventus AESabesp® pode e deve ser
replicado em qualquer tipo de evento, podendo ser chamado também de ecoeventus®. Conta com a consultoria
de pessoal altamente capacitado, para juntos promovermos cada vez mais ações destinadas à mitigação e adaptação às alterações climáticas, somando-se àquelas que
vêm sendo praticadas por todo o mundo.
Para mais informações entre em contato através
do e-mail [email protected].
Maio / Junho / Julho | 2012
6 a 8 de agosto de 2012
pavilhão branco do expo center norte - são Paulo - SP
empresas participantes da fenasan 2012
■■Abes – Sp
■■Abimaq
■■Abnt
■■Abpe
■■Abratt
■■Acciona
■■Aco Drenagem
■■Acqua Engenharia
■■Acqua Prime
■■Adi Systems
■■Aerzen do Brasil
■■Aesabesp
■■Agru Tecnologia
■■Albrecht
■■Allonda
■■Alpax
■■Altus Informática
■■Andritz Filtração
■■Apecs
■■Ari Brasil
■■Asec
■■Asperbrás Irrigação
■■Asten
■■Atlas Copco Brasil
■■Avk Válvulas
■■B & F Dias
■■Bbl Engenharia
■■Bentley Systems
■■Beraca
■■Bermad
■■Bombas Esco
■■Bombas Leão
■■Bongas Brasil
■■Borges & Katayama
■■Brasbom
■■Brasil Medição
■■Brasworld
■■Bugatti
■■C.r.i. Bombas
■■Caetano Tubos
■■Calgon Carbon
■■Cássio Lima
■■Cecres
■■Centerdril
■■Centroprojekt Do Brasil
■■Clorando Válvulas
■■Coester Automação
■■Colberge Water Systems
■■Conaut
■■Corr Plastik
■■Crq-Iv
■■Dancor
■■Danfoss
■■Dbd Filtros
■■De Nora Do Brasil
■■Degrémont
■■Digicrom – Digimed
■■Digitrol
■■Dinatécnica
■■Dositec Bombas
■■Dpunion Instrumentação
■■Dryller
■■Eaux Equipamentos
■■Ebara
■■Ecosan
■■Edra Saneamento
■■Eea
■■Emec Brasil
■■Enasa
■■Engepol
■■Enmac Engenharia
■■Enops
■■Environquip
■■Ercon Engenharia
■■Esa
■■Eta Engenharia
■■Etatron do Brasil
■■Expo-Net Danmark
■■Famac
■■Fast
■■Fernco Do Brasil
■■Festo Brasil
■■Fgs Brasil
■■Fibrav
■■Fkb
■■Fluid Feeder
■■Franklin Electric
Maio / Junho / Julho | 2012
■■Gaiatec
■■Ge Intelligent Platforms
■■Gea Sistemas
■■Gehaka
■■Go Associados
■■Gratt Máquinas
■■Grundfos
■■Guarujá Equipamentos
■■Haarslev Industries
■■Helibombas
■■Hemfibra
■■Hexis Científica
■■Hidroductil
■■Hidrosul
■■Higra Industrial
■■Huber Do Brasil
■■Huesker
■■Imap
■■Imbil
■■Imperveg
■■Interativa
■■Invel
■■Isoil Lamon
■■Italy Válvulas
■■Jcn
■■Job Engenharia
■■Joplas Industrial
■■Kaeser
■■Kanaflex
■■Kemira
■■Krieger
■■Ksb Bombas
■■Maccaferri
■■Marconi
■■Marte Científica
■■Maxiágua – Mojave
■■Mc-Bauchemie Brasil
■■Mcfluid Equipamentos
■■Mecaltec
■■Merck
■■Mfb Di Bonomi Eliseo
■■Mizumo
■■Mult-Hidro
■■Nbn Automação
■■Netzsch do Brasil
■■Nicsa Válvulas
■■Nivetec
■■Nunes Oliveira
■■Omel Bombas
■■Orbinox Brasil
■■Otek Tubos
■■Panther
■■Paques Brasil
■■Parkson do Brasil
■■Pescara
■■Petrofisa
■■Ph Ambiental
■■Phytorestore Brasil
■■Pieralisi
■■Polierg
■■Poly Easy
■■Precision Laboratories
■■Promar
■■Prominas
■■Prominent Brasil
■■Ps Alclare
■■Rehau Indústria
■■Restor
■■Revista Engenharia
■■Revista Hydro
■■Revista Novo Ambiente
■■Revista O Empreiteiro
■■Revista Química e
Derivados
■■Revista Repórter Leão
■■Revista Saneamento
Ambiental
■■Revista Sanear
■■Revista Tae / Meio
Filtrante
■■Revista Visão Ambiental
■■Revista Visão Ambiental
■■Robuschi
■■Rothenberger do
Brasil
■■Rts
■■Sabesp
■■Saint-Gobain
■■Sampla
■■Sappel do Brasil
■■Schneider Electric
■■Seko do Brasil
■■Semco
■■Sensus
■■Sidrasul
■■Sigma
■■Sje-Rhombus
■■Smv
■■Sobratema
■■Sondeq
■■Sos Conexões
■■Sovereign
■■Sparsol
■■Stringal
■■Sulzer Pumps
■■Tanks Br
■■Thebe Bombas
■■Tigre
■■Toray
■■Toro Equipment
■■Toro Liners
■■Tree-Bio Soluções
■■Unitubos
■■Vag Armaturen
■■Valloy Válvulas
■■Vaz Bombas
■■Vcw Válvulas
■■Ve Group
■■Vetro
■■Viapol
■■Vibropac
■■Vlc
■■Vogelsang
■■Vws Brasil
■■Wam do Brasil
■■Wasserlink
■■Waterleau
■■Weir do Brasil
■■Westech
■■Wilo
■■Xylem
Saneas
51
Projetos Socioambientais
CONHEÇA NOSSA
CARTEIRA DE PROJETOS
Ressaltando a importância da responsabilidade social da AESabesp, a Comissão Organizadora do XXIII Encontro Técnico – Fenasan 2012 irá contribuir para a sustentabilidade do projeto “Prática de judô para crianças e adolescentes”
que beneficiará 90 jovens participantes.
PROJETO “PRÁTICA DE JUDÔ PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES”
A idealização do programa “Prática de Judô para Crianças e Adolescentes” surgiu em 2011, com a inquietação
da comunidade do entorno diante a situação de vulnerabilidade social das crianças e adolescente da zona
leste da Região Metropolitana de São Paulo.
A partir deste cenário, a Sociedade dos Amigos do
Parque Buturussu, uma organização sem fins lucrativos,
decidiu juntamente com os professores voluntários Rafael Annunciato Neto (gestor do projeto) e o Manuel Padeiro (responsável técnico) para contribuir com o desenvolvimento local, por meio de programas que envolvem
práticas culturais e esportivas, criando-se este projeto.
O objetivo central é afastar crianças e adolescentes
das ruas por meio da prática do Judô, demonstrando
que o esporte é um elemento que converge pessoas e
desenvolve a ética e moral ao mesmo tempo, surtindo
os seguintes efeitos: conscientização sobre a reprodução, conscientização sobre o uso de drogas e proteção
contra o tráfico, proteção contra a violência, acesso
igualitário ao mercado de trabalho e a inserção da comunidade no pleno exercício de direitos e deveres.
O projeto tem como uma de suas metas fundamentais a promoção ao acesso de crianças e adoles-
52
Saneas
centes em práticas esportivas, além do incentivo aos
valores culturais e sociais desses jovens, procurando
assegurar que essas ações sejam serviços ofertados
como educação continuada. Dessa forma a discussão
deve também ser voltada e aprofundada nas questões
que tangem à educação.
As atividades do projeto ocorrem aos sábados,
onde os alunos estão recebendo os primeiros passos
para a prática do Judô.
No projeto toda criança interessada em treinar é
acolhida. Nessa fase são apresentados a disciplina e o
Judô como atividade física de desenvolvimento humano espiritual. Então, no início as crianças não recebem
nenhum preparo físico.
Nos próximos doze meses serão ministradas
aulas aos sábados em duas turmas, se necessário
será criado mais uma turma. A primeira é voltada
para as crianças pequenas, das 15h00 às 16h30, já
a segunda direcionada para jovens e adolescentes,
das 16h30 às 17h30.
A AESabesp irá contribuir para melhorar a preparação das salas e ofertar os trajes aos alunos, buscando
parceiros para a continuidade deste Projeto.
Maio / Junho / Julho | 2012
Projetos Socioambientais
AESABESP NA FEBRACE 2012
A diretoria de Projetos Socioambientais da AESabesp
teve novamente a participação na Febrace 2012 - Feira
de Ciências e Engenharia, realizada entre os dias 13 a
15 de março, na Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).
Na condição de “Parceiro Apoiador” do evento,
a entidade foi divulgada em seus Anais e teve uma
ampla divulgação via internet, inclusive com a logomarca da AESabesp disponibilizada no site do evento. A Cerimônia de Premiação aconteceu no dia 17
de março.
Para os trabalhos premiados, foi entregue a mochila do Encontro Técnico AESabesp, um Voucher de
participação na Fenasan 2012, que dará direito à apresentação do trabalho no stand da Diretoria de Projetos
Socioambientais, com certificado de participação e alimentação custeada.
Na escolha dos projetos premiados a AESabesp solicitou alguns critérios a serem cumpridos:
1º prêmio: o trabalho deverá se enquadrar na
categoria de Saneamento Básico que envolve água,
esgoto, drenagem ou lixo urbano. As alunas que
receberam o prêmio foram Larissa Alves de Sousa e Daniela Vieira de França, tendo como orientador Lucas Forni Miranda do Instituto Fernand
Braudel de Economia Mundial, São Paulo – SP, com
o trabalho: “Bueiro Autônomo: Sistema de Diminuição de Enchentes Urbanas”. Convidado para ser
Maio / Junho / Julho | 2012
apresentado no 1º dia da Fenasan, 06 de agosto,
este trabalho teve como objetivo desenvolver um
dispositivo que auxilie no processo de diminuição
das enchentes, através da limpeza e retirada dos
resíduos das bocas de lobo, reduzindo, desta forma,
os danos causados à saúde e aos bens materiais.
O mesmo realiza duas funções: armazenamento do
lixo em uma caçamba e suspensão da mesma para
retirada dos resíduos e, para tanto, é constituído
de três sistemas principais: o sistema de transporte,
armazenamento e suspensão, sendo esses controlados analogicamente por meio de uma placa de
circuito impresso.
2º prêmio: o trabalho deverá se enquadrar na
categoria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, 3º
Setor ou Sustentabilidade. A aluna que recebeu o
prêmio foi Tatiana Orli Milkewitz Sandberg, tendo
como orientadora Ligia Fleury do Colégio Renascença, São Paulo – SP, com o trabalho: “Arquitetura Urbana: Prevenção de Enchentes”. Convidado
para ser apresentado no 2º dia da Fenasan, 07 de
agosto, este trabalho é um estudo da ocorrência
das enchentes em razão de dois fatores: a excessiva impermeabilização do solo da cidade, que
barra os caminhos naturais das águas, e o excesso de lixo, que, ao ser jogado nas ruas, atrapalha
o fluxo das águas das chuvas. Estes são apenas
dois fatores principais, sendo provavelmente em
decorrência da falta de consciência ambiental em
uma grande parcela da população. É evidente que
existem inúmeros outros fatores, mas o estudo é
focado nos fatores citados.
Buscando formas de amenizar o problema, serão
cruzados os dados de entrevistas com moradores locais com mapas da região estudada e, com isso, será
possível visualizar a área verde do bairro e a consciência ambiental dos moradores. Assim, encontrando
alternativas para amenizar a gravidade de enchentes
ou até mesmo evitá-las.
Foi encaminhado um e-mail de parabenização para
os participantes, solicitando a confirmação de participação na Fenasan 2012, e até o momento foi confirmado a
participação dos alunos do Instituto Fernand Braudel de
Economia Mundial, São Paulo – SP.
Saneas
53
Projetos Socioambientais
Projeto: Feira Educativa Virtual: Inovação em
transformação social - Lançamento
Imagine uma feira de marketing tecnológico na qual
você encontra grandes fabricantes de bens e serviços, que está sempre aberta e você ainda ganha o
principal produto com sua visita: conhecimento.
Essa é a ideia que motivou a criação da Feira Educativa Virtual, o mais novo projeto socioambiental da AESabesp, por meio da Diretoria de
Projetos Socioambientais, que tem a finalidade de
ajudar empresas a compartilhar conhecimento técnico/administrativo e a se tornarem reconhecidas
por desempenhar um importante papel social: empresa que educa.
A feira funciona em um ambiente virtual 3D no
qual o fabricante abre as portas para estudantes,
profissionais, consumidores e oferece oportunidades de interação e aprendizado nas áreas de gestão, inovação tecnológica, preservação ambiental,
ou demonstração de funcionamento de máquinas,
equipamentos e processos de fabricação.
Este projeto consiste em realizar uma Feira
Educativa Virtual nas quais empresas apresentam
soluções ou “como funcionam” produtos ou processos ao público de seu interesse com acesso à
rede mundial de computadores (internet). A finalidade desta feira é facilitar a disseminação de
conhecimento prático gerado e aplicado nas empresas, seus processos de gestão, pesquisa e desenvolvimento, produção e ações de responsabilidade
social, possibilitando ao público o aprendizado de
ações e técnicas empresariais e aprimoramento
profissional.
Grande parte do conhecimento tecnológico só
pode ser encontrado dentro das empresas. A Feira
Educativa Virtual se propõe a ser um canal de disseminação deste conhecimento que pode beneficiar a
todos. Interatividade entre os visitantes e expositores, produtos inovadores, discussão de temas interessantes e contextualizados é uma experiência de
primeiro contato com o “mundo” empresarial, que
desafiará alunos a investir na sua formação pessoal
e profissional.
A AESabesp firmou parceria com a empresa Skill
Treinamentos e Comunicação Técnica para criar o
ambiente virtual e a gestão do projeto está a cargo
do nosso associado e tecnólogo, Elio Silva.
Torne-se patrocinador ao reservar o espaço da
sua empresa e utilize os melhores recursos interativos e adequados para compartilhar o conhecimento que tem a credibilidade da sua marca. Empresa
que educa mostra que sabe o que faz. Empresa que
educa promove o bem.
Projeto: Difusão e Memória do Engenheiro
Armando Fonzari PÊra - atuação e contexto histórico
A atuação do Engenheiro Armando Fonzari Pêra,
nos primórdios da década de 1940, enquanto ainda estagiário na Repartição de Águas e Esgotos do
Estado de São Paulo, pioneira, precisa ser lembrada e divulgada, como resultado de um processo
que tem suas origens no Império Brasileiro, notadamente a partir de 1850. A crise no sistema
escravagista trará significativas mudanças eco-
54
Saneas
nômicas e sociais, principalmente com a queda
da Monarquia, absolutamente centralizadora, e o
estabelecimento de um novo sistema de governo:
a República.
Vimos que, durante o período colonial, o abastecimento de água era feito por meio de “chafarizes”, cuja
água provinha de fontes naturais em terrenos altos.
A partir de 1890 até 1901, mais ou menos, co-
Maio / Junho / Julho | 2012
Projetos Socioambientais
nhecida como a “fase das
epidemias”, uma série de
providências, com relação
ao abastecimento de água,
será determinante. As doenças mais comuns, até
então, eram febre amarela,
febre tifóide, disenteria,
tuberculose, peste bubônica, varíola etc.
As crises econômicas
devido à falta de mão de
obra escrava; à perda significativa do poderio econômico do açúcar e do algodão, em detrimento dos
Armando Fonzari Pera
cafezais do oeste paulista;
a necessidade de escoamento da produção cafeeira visando atingir o porto de Santos, construindo
cada vez mais ferrovias; a disseminação de doenças
epidêmicas e endêmicas, particularmente as relacionadas à contaminação da água, de alimentos mal
lavados; problemas de saúde pública; insalubridade
das cidades litorâneas etc, afetam o país e o Estado
de São Paulo.
A rede estadual de saúde e as tratativas de saneamento se confundem e se misturam a partir
de 1892, com a incorporação e criação de diversos institutos bacteriológicos e vacinogênicos.
Os sanitaristas são médicos, preocupados com a
disseminação das doenças e com a identificação
dos vetores.
O Engenheiro Pêra – químico por formação –
vai se preocupar com o saneamento e tratamento de águas e esgotos, implantando sistemas em
várias cidades paulistas, principalmente na Baixada Santista. Além disso, devido às dificuldades
enfrentadas durante a II Guerra Mundial, com as
importações – o Brasil não dispunha de indústria
direcionada para essa área – de equipamentos de
precisão, principalmente os que vinham da Alemanha e França, desenvolveu sua capacidade de
criação elaborando os equipamentos necessários
para sua atuação.
Durante 60 anos o engenheiro Pêra transitou pelo
Estado, atuando e resolvendo problemas específicos,
dando suporte às prefeituras do interior e da Baixada.
Maio / Junho / Julho | 2012
Artigo desenvolvido pela equipe técnica Ornella
Regina Flandoli, Isabel Mª Alves Mezzalira e Celina
Yoshimoto.
Este projeto foi aprovado no Programa Nacional
de Apoio à Cultura (Pronac), regulamentado pela Lei
Rouanet, do Ministério da Cultura. Com isso, além
do reconhecimento da sua legitimidade e importância, 100% dos valores captados a título de patrocínio poderão ser deduzidos do Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica doadora, respeitado o limite de 4%
do valor a recolher. Além da dedução no imposto,
a empresa patrocinadora contará com a divulgação
de sua marca em todos os meios de comunicação da
AESabesp, como parceira na promoção do projeto.
Palácio Saturnino de Brito
A AESabesp conta com a parceria da Cia. de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp,
Unidade de Negócios da Baixada Santista para a
inclusão deste projeto no espaço Palácio Saturnino
de Brito, localizado na avenida São Francisco, 128
– Santos e o patrocínio para realização da 1ª etapa
do projeto.
A Diretoria de Projetos Socioambientais da AESabesp possui um plano de captação de recursos que
poderá contar com um ou mais patrocinadores, possibilitando a participação de várias empresas interessadas na valorização de sua marca e no estabelecimento de uma relação mais próxima com a associação e
com a sociedade civil, tudo isso mediante a utilização
de recursos incentivados pelo Governo Federal.
Para maiores informações sobre os projetos
apresentados poderão ser obtidos pelo e-mail [email protected].
Referência:
Artigo desenvolvido pela equipe técnica Ornella
Regina Flandoli, Isabel Mª Alves Mezzalira e
Celina Yoshimoto.
Saneas
55
SUSTENTABILIDADE
AESabesp marcou
presença na Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Brasil voltou a receber lideranças governamentais
de diversos países para discutirem planos e ações para o futuro do planeta. A
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, denominada
Rio + 20, foi realizada entre os dias 12 e 22 de junho, no Rio de Janeiro.
O objetivo da Conferência esteve voltado para a definição de uma agenda de ações de
preservação ambiental, para as próximas décadas, cujo foco principal destacou os temas:
“economia verde” e “erradicação da pobreza”. Porém, houve um impasse em relação ao
texto do documento definitivo, que sofreu críticas dos integrantes de movimentos sociais
presentes e aprovação do governo brasileiro.
A engenheira Sonia Nogueira e a advogada ambientalista Vanessa Hasson estiveram na
Rio+20, como representantes da AESabesp, e trouxeram suas impressões sobre o evento.
Sobre a importância da Rio+20:
Sonia Nogueira
participou da palestra
“Saneamento: a base
para ajudar as cidades
e as suas comunidades
a alcançar um
desenvolvimento
sustentável”, moderada
pelo presidente
executivo do Instituto
Trata Brasil, Édison
Carlos, com o diretor
de pesquisa da Share
(Reino Unido), Sandy
Cairncross, e o prefeito
de Jundiaí- SP, Miguel
Haddad.
56
Saneas
“A conferência sobre sustentabilidade atraiu três vezes mais gente do que a Rio-92:
45,4 mil credenciados e outras 2 mil pessoas da sociedade civil incluídas de última
hora. Tal encontro é uma nova tentativa das Nações Unidas, neste início do milênio,
de progredir em relação ao compromisso dos Estados e da comunidade mundial
com as grandes mudanças deste século XXI. Acontece vinte anos depois da primeira
cúpula histórica de Rio de Janeiro, em 1992, e dez anos depois do encontro de Johanesburgo, em 2002.
O chamado das Nações Unidas é ambicioso. Propõe aos Estados, à sociedade civil e
aos cidadãos, estabelecer “os alicerces de um mundo de prosperidade, paz e sustentabilidade”, apontando três temas centrais: 1. Reforçar os compromissos políticos em favor
do desenvolvimento sustentável; 2. Expor um resumo dos avanços e dificuldades associados à sua implementação; 3. Analisar as respostas aos novos desafios emergentes
das sociedades. Duas questões, estreitamente ligadas, colocam-se no alvo da cúpula:
1. Uma economia verde em prol da sustentabilidade e da erradicação da pobreza; 2. A
criação de um marco institucional para o desenvolvimento sustentável.
Se os governos vão colocar em prática suas intenções — criticadas como vagas
pelas ONGs presentes— o tempo dirá. Mas, só em promessas feitas pela iniciativa privada, o evento já soma 513 bilhões de dólares, equivalente a R$ 1,06 trilhão. Com essa
quantia, é possível comprar mais de 42 milhões de carros populares 0 Km ou 4 bilhões
de cestas básicas .
Oito bancos se comprometeram a estimular o transporte sustentável e dezesseis a incentivar projetos de baixa emissão de carbono, num total de 165 milhões de dólares para
Maio / Junho / Julho | 2012
SUSTENTABILIDADE
países em desenvolvimento. Os EUA, representados pela
secretária de Estado, Hillary Clinton, anunciaram 20 milhões de dólares (R$ 41,3 milhões) para projetos de energia limpa na África. Hillary elogiou a liderança brasileira
e considerou o relatório um avanço: “Graças à liderança
brasileira nos reunimos em torno de um documento”.
A presidenta Dilma Rousseff afirmou que o consenso em torno do documento foi uma vitória. ‘Nós,
de fato, mudamos o patamar’, sentenciou ao encerrar
o evento, cujo site contabilizou mais de 50 milhões de
acessos. Só no Twitter em inglês, a Rio+20 apareceu
mais de 1 bilhão de vezes.
Sobre a apresentação “Saneamento:
a base para ajudar as cidades e as
suas comunidades a alcançar um
desenvolvimento sustentável”:
“Como representante da AESabesp participei do evento
realizado em 17/06, intitulado ‘Saneamento:a base para
ajudar as cidades e as suas comunidades a alcançar um
desenvolvimento sustentável’ , cuja mesa de apresentação teve, como moderador, o presidente executivo do
Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, além do diretor de
Pesquisa da Share - Reino Unido, Sandy Cairncross e do
prefeito de Jundiaí – SP/ BR, Miguel Haddad. Registro ainda, no público presente, a presença da presidente da APU
(Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp),
Francisca Adalgisa.
Os debatedores foram bastante contundentes
e reforçaram a questão da necessidade do saneamento como saúde e dos investimentos destinados
para alcance da universalização e atendimento a
todos os brasileiros. O pesquisador do Reino Unido relatou exemplos extremos de precariedade em
alguns países em que as mulheres fazem suas necessidades ‘in natura’ devido só haver este tipo de
banheiro. Muitas são violentadas. E esta falta de
segurança contamina a dignidade humana, assim
como a total falta de saneamento contamina os
rios lagos e mares dessas regiões que precisam ser
olhadas e socorridas.
Nessa mesma seção ,o prefeito de Jundiaí manifestou a posição de que sua cidade é um dos
municípios modelos no exercício do saneamento,
reconhecido como um dos melhores do País: ‘com
Maio / Junho / Julho | 2012
pujança industrial, excelência em avanços sociais
e em qualidade de vida, lidera o primeiro pelotão
de cidades do plano de desenvolvimento do Estado
de São Paulo’. Haddad ainda destacou que já estava
vendendo para os municípios vizinhos os serviços
de fornecimento de água e tratamento de esgoto
e que ele pretendia ampliar em Jundiaí, que atende
100% na área urbana com relação ao fornecimento
da água, sendo que o DAE coleta ,afasta e trata 98%
do esgoto do município incluindo a zona rural. Eu o
parabenizei publicamente e sugeri que ele se candidatasse a presidência da República, porque aí resolveria a questão do Saneamento no Brasil aplicando
o “Modelo de Jundiaí” foi um risada geral. Após ao
evento, fui entrevistada por uma assessora que o
acompanhava, que indagou se ele se candidatasse a
presidente ,eu voltaria nele, mesmo. Respondi que
se ele realmente solucionasse o Saneamento Básico
para o Brasil seria um forte candidato.
Durante a apresentação, houve um questionamento na platéia sobre as reais soluções para os
rumos do saneamento no Brasil, com duras críticas
ao saneamento do Rio de Janeiro. Já o saneamento de São Paulo foi muito bem conceituado. O Eng.
Carlos Alberto Rosito, ex-presidente da AIDIS, pediu a palavra e em sua resposta colocou a Sabesp
como exemplo de concessionária e a maior empresa
da América Latina, em termos de administração de
serviços, investimento em tecnologia, superação de
metas e rumo à universalização para abastecimento
e tratamento de esgoto, com um corpo de técnicos
de excelência. Em nossa defesa, endossei as palavras
do Rosito e o parabenizei pela colocação.
Na minha visão de técnica, após participar de várias palestras, debates em diversos segmentos, como
indústria, agricultura, energias renováveis, economia
verde, tecnologias inovadores, reaproveitamento de
resíduos com inovações; além de visitar exposições
científicas e culturais na Feira de Meio Ambiente Ciência e Tecnologia, o Brasil está equiparado a outros
países avançados nesta linha ou até mesmo além em
alguns aspectos. A Rio+20 mostrou ao mundo que
temos pesquisadores, cientistas e até mesmo estudantes com idéias brilhantes e criativas para melhorar e preservar o Planeta.”
Saneas
57
SUSTENTABILIDADE
Propostas para a
questão da Governança
“A Rio+20 foi realizada com a
perspectiva de discussões sobre
dois grandes temas: Economia
Verde e Governança.
Em relação ao último tema o
Já Vanessa Hasson,
“Encontro Mundial de Juristas de
consultora jurídica da
Meio Ambiente para a Rio+20”
AESabesp, esteve nos
contou com diversas mesas de
debates do “Encontro
debates, destacando grande parMundial de Juristas
te do evento e em especial o dia
de Meio Ambiente
de encerramento – 18 de junho
para a Rio+20” , que
tratou da questão da
– para tratar da questão da Gogovernança.
vernança. A questão foi debatida
Vários nomes de
em torno da necessidade de insexpressão na esfera
talação de um pilar ambiental às
do direito ambiental
Organizações das Nações Unidas,
estiveram presentes,
como o francês Michel
elevando o status do PNUMA
Prieur (na foto com
(Programa das Nações Unidas
Vanessa), o brasileiro
para o Meio Ambiente), de proPaulo Affonso Leme
grama para órgão, ou agregando
Machado e o coao ECOSOC (Conselho Econômico
coordenador das
e Social das Nações Unidas) o viés
Nações Unidas, Brice
Lalonde.
ambiental. Além disso, lamentou-se o fato de que não foi contemplado no documento
oficial da Rio+20, a transformação da Comissão das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável, em comissão permanente.
Outras propostas vieram, tais como: esforços dos
Estados em adotar normas para o desenvolvimento
sustentável em cada uma das leis vigentes no país; a
criação de normas de controle e sanção para eficácia
dos princípios reafirmados na ECO 92; a integração das
leis; a adoção de um Contrato Mundial da Água em
contraposição ao Contrato Social que dá respaldo à
conformação da sociedade moderna e pós moderna.
58
Saneas
Dentre os vários nomes de expressão na esfera
do Direito Ambiental Internacional, estavam presentes o francês Michel Prieur, o brasileiro Paulo Affonso Leme Machado e o co-coordenador das Nações
Unidas Brice Lalonde. Michel Prieur tem adotado
como tese o princípio da “não regressividade”, diante da situação de poucos novos avanços na Rio+20.
Já o diplomata Lalonde, com mais otimismo espera
ver inaugurado já um “Ombudsman” para atender o
pleito das gerações futuras.
O patrono do Direito Ambiental no Brasil – Paulo Affonso Leme Machado – nos brindou com duas
palestras, tendo proferido a palestra de encerramento. Em sua palestra nos deixou o ensinamento de
que ‘enquanto o ser humano puder servir, poderá
servir como ser humano’, e com isso nos provocar
para o fato de que a população não precisa do Governo para conseguir a mudança que deseja, mas
para tanto precisa estar incluída no processo de informação e participação e, assim, concluiu que: ‘se
não soubermos aproveitar as oportunidades de nos
encontrarmos para somar nossas energias e multiplicarmos nossas forças para a construção da justiça
e do amor em todo o planeta Terra, não existirá Direito Ambiental’.
Enquanto isso, na “Cúpula dos Povos”, evento
paralelo à Conferência, a orientação era a negação da Economia Verde como caminho para o desenvolvimento sustentável, o que acreditamos seja
fruto de uma incompreensão em relação ao tema.
A AESabesp tem atuado diuturnamente no sentido
de desenvolver este conceito em seus projetos e
desde 2010 tem aprimorado as atividades da FENASAN para que estejamos alinhados com o ‘futuro
que queremos’ ratificado pelos mais proeminentes países do Planeta, que estiveram presentes à
Rio+20.”
Maio / Junho / Julho | 2012
Painel Ambientes
Agressivos
2012
08
de
NOV
O Painel Ambientes Agressivos tem o objetivo de
uito
vento Grat
E
apresentar soluções em composites, poliuretanos
e
Inscreva-s
e plásticos de engenharia para indústrias sujeitas a
e
it
pelo s
ambientes agressivos. Será composto por seis palestras
técnicas, que serão apresentadas por renomados
especialistas do mercado.
Data: 8 de novembro, Expo Center Norte, paralelamente
a FEIPLAR COMPOSITES & FEIPUR 2012
Horário: 8h às 12h20
Patrocinadores
Confira a programação da FEIPLAR COMPOSITES & FEIPUR 2012
6 - 8 de novembro de 2012
12 h às 21 h
EXPO CENTER NORTE
SÃO PAULO - SP - BRASIL
Feira e Congresso Internacionais de Composites,
Poliuretano e Plásticos de Engenharia
Congressos Técnicos
Demonstrações Técnicas
Os Congressos trarão o que há de mais moderno em
matérias-primas e processos para a manufatura de peças em
composites, poliuretano ou plásticos de engenharia
Assista, ao vivo, a fabricação de
peças em composites ou poliuretano, a aplicação de
adesivos e outras etapas produtivas
INSCRIÇÕES GRATUITAS:
(55 11) 2899-6377
www.feiplar.com.br
[email protected]
www.feipur.com.br
Megapatrocinadores
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