o lince 01 - Jornal O Lince

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o lince 01 - Jornal O Lince
NOVA FASE - ANO 2 - Nº 1144 - 20 de feverei
ro de 200
fevereiro
20088 - APARECIDA-SP
Fundado em 20 de outubro de 1969
DIRETOR FUNDADOR: Benedicto Lourenço Barbosa
Tem o que le
lerr
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UFOs em Aparecida-SP
Em 1995, a partir
do mês de março,
a Ufologia
Brasileira teve um
ano atípico, com
uma grande onda
ufológica no país.
Tivemos
ocorrências em
vários estados,
mas a maior
concentração foi
no litoral paulista
e principalmente
no Interior do
Estado de São
Paulo, alguns,
em Aparecida.
Imagem batida por Jamil Vila Nova, com uma Nikon FM2, com lente 400mm, f2,4 da Fuji, o filme também era um Fuji de asa 200 e a velocidade era de 1/60 com abertura
2.4, só consegui bater um chapa, pois logo as luzes se apagaram não retornando mais. Na data citada pelo Claudeir. No momento estávamos em Aparecida fazendo
uma vigília e durante uma queimada, apareceram estas luzes que ficaram por mais ou menos 1 a 2 minutos e desapareceram, no momento eu as pude observar por
meio de um binóculo 8x30 da Fujinon com características militares, ou como dizem os americanos, milspec, portanto, um binóculo com alta qualidade óptica.
Durante o dia, fizemos outras imagens do local mas nada que indicasse que no local havia alguma construção. Foto de 2 de setembro de 1995.
O frentista Roberto Augusto da Silva, por
diversas vezes, viu estranhas luzes no céu de
Aparecida. Em abril de 1995, quando,
retornava para casa com seu fusca, avistou
um intenso clarão na entrada de sua
propriedade. Chegou a pensar que poderiam
ser alguns ladrões tentando roubar sua
residência. Ele apagou os faróis do carro e se
aproximou sem fazer muito barulho, quando
ficou muito assustado. Viu uma luz muito
forte, do tamanho de um automóvel, que
brilhava na cor branca como um lindo
diamante e no centro tinha uma luz vermelha.
Roberto disse que o objeto se movimentava
lentamente e veio descendo, parando uns
quatro metros do solo, emitindo uma forte
luz vermelha para baixo.
Roberto estava a uns 70 metros de
distância quando sacou sua arma e disparou
diversas vezes contra o objeto. Este diminuiu
a luz, a intensidade do brilho, se afastou e
desapareceu por detrás de um morro, sem
emitir qualquer ruído. Roberto não soube
dizer se acertou ou não o objeto, mas nos
dias seguintes, sentiu tonturas, fortes dores
de cabeça e teve muita insônia. Disse ainda
que jamais iria esquecer aquela visão.
Outro caso muito interessante envolveu
o caseiro Jorge Divino Pereira, uma pessoa
muito humilde e com pouca instrução
Foto: Nelson Almeida — O Estado de São Paulo
Foto: Dr. Ricardo Varela Corrêa — INPE (São José dos Campos-SP)
escolar, que morava em uma simples casa,
sem energia elétrica, sem TV e sem rádio, no
bairro dos Motas, em Aparecida. Vivia fazendo
cestos de bambu que vendia na cidade. Na
madrugada do dia 01.09.1995, Jorge acordou
com uma intensa luz entrando pela sua janela.
Percebeu que os cachorros choravam muito.
Pegou sua tocha feita de bambu, com
querosene e pano, acendeu com fogo e saiu
para o quintal, para ver o que estava
acontecendo. Viu duas esferas luminosas que
se encontravam no terreno de sua residência.
As luzes "tremiam" e não era possível olhar
diretamente para elas. Jorge iniciou a
caminhada em direção das luzes, quando
ocorreu uma pequena explosão em sua tocha,
e o querosene foi sugado para o interior
daquelas luzes. Em seguida, ele flutuou,
ficando aproximadamente um metro e meio
do solo e foi "arrastado" por uns 50 metros
de distância. Teve a impressão que foi levado
para o interior daquelas luzes. Ele tentou
gritar, mas não conseguiu. Acabou
desmaiando. Ele acordou de manhã, já com
dia claro, deitado no meio da mata. Acredita
que tinha se passado umas cinco horas. Seus
braços e suas pernas estavam imóveis e com
uma sensação de torpor. Então, ele rastejou
até sua cama, deitou e não conseguia se
levantar. Seus olhos ficaram irritados e
inchados. Teve fortes dores de cabeça, insônia
e vômito por vários dias. Na semana seguinte,
a Equipe INFA, juntamente com a produção
do Aqui Agora, do SBT, retornaram no local
com um hipnólogo. Na regressão, o Jorge
narra com detalhes aquilo que ele já havia
narrado, mas não acrescentou novos fatos.
Nessa mesma data, 01.09.1995, o
engenheiro e pesquisador Ricardo Varela
Corrêa, do INPE, juntamente com a
reportagem do jornal O Estado de São Paulo,
fizeram uma vigília no local das aparições.
Por volta das 18:20 horas, surgiram dois focos
brilhantes sobre as montanhas. As luzes
aumentavam e diminuíam a intensidade, num
tom avermelhado. Efetuavam movimentos
verticais e horizontais. O momento mais
impressionante ocorreu por volta da meianoite e meia, quando vários fachos luminosos
cortaram o céu numa perpendicular aos
pontos brilhantes, proporcionando um belo
espetáculo.
O fotógrafo Nelson Almeida fez várias
fotos do objeto.
O Varela também fotografou. Varela
utilizando-se de um aparelho denominado
Posicionador Global por Satélites (GPS)
determinou a localização exata dos pontos
luminosos.
Em uma das vigílias que fizemos no local,
o pesquisador Jamil Vila Nova, também do
INFA, acabou fotografando um estranho
objeto no céu, que estava muito distante.
Jamil usou uma teleobjetiva.
Naqueles dias em que estivemos em
Aparecida, fizemos visitas em várias fazendas
da região. A ocorrência de luzes estranhas no
céu é muito comum, e os moradores do
campo, na sua grande maioria, já viu essas
manifestações do fenômeno ufológico.
Claudeir Covo é engenheiro e ufólogo
Leia mais nas páginas 10 e 11.
Fotos coloridas no site: www.jornalolince.com.br
Foto: Nelson Almeida — O Estado de São Paulo
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Aparecida, 20 de fevereiro de 2008
1
E DITORIAL
F ATOS
“Avis rara, avis cara”
– os ÓVNIs chegaram
Turismo começa em casa
Ernesto Elache e Nelson Marques
Alexandre Marcos Lourenço Barbosa
“Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do Norte, e uma grande
nuvem com fogo a revolver-se, e resplendor ao redor dela, e no meio
disto, uma coisa como metal brilhante, que saía do meio do fogo. Do
meio dessa nuvem saía à semelhança de quatro seres viventes, cuja
aparência era esta: tinham a semelhança de um homem. Cada um
tinha quatro rostos, como também quatro asas. As suas pernas eram
direitas, a planta de cujos pés era com a de um bezerro e luzia como o
brilho de bronze polido. (...) O aspecto dos seres viventes era como
carvão em brasa, à semelhança de tochas; o fogo corria resplendente
por entre os seres, e dele saíam relâmpago; os seres viventes
ziguezagueavam à semelhança de relâmpagos”. (Ezequiel 1-7; 13-14)
O QUE MELHOR DEFINE
aquilo que chamamos de compreensão humana? A razão enquanto atributo universal de cada
ser humano corresponde, grosso modo, a uma
capacidade de domínio intelectivo sobre os fenômenos ou resultaria da utilização de prévios
esquemas mentais adquiridos por longo processo de aculturação que condiciona a distinção
entre o que é crível e o que não é? Crer na possibilidade da existência de vida inteligente no
Universo além de nosso diminuto sistema solar
é admitir a lógica do absurdo, ou é assumir uma
postura coerente em busca da ampliação dos
limites de nossa compreensão?
Entre realidades e ficções, fato é que os
muitos desvarios e fraudes envolvendo a provável presença de fenômenos ufológicos na atmosfera e na superfície terrestres fizeram atraso
na investigação séria e com base científica, ou
pelo menos aquilo que compreendemos como
científico nos dias de hoje, estancando por anos
o trato acadêmico do assunto.
Tais estudos, possivelmente, contribuiriam
para desmontar os engodos e dissipar as névoas
de mistério que só fazem aproximar de um misticismo ingênuo e de um ceticismo
preconceituoso. Mais que isso, a superação de
um pensar dogmático incapaz de ir além das
crenças e convicções pouco ou nada refletidas,
que per se são obstáculos a um pensamento
lógico que não se deixa frear por juízos de valor.
O simples admitir, mesmo como possibilidade, a presença de tecnologia extraterrena em
nossa órbita já implicaria em revisar conceitos e
valores que orientaram a espécie humana durante milênios. Significaria questionar a nossa
própria origem, o que poria em ruínas os fundamentos de religiões e de outras instituições inspiradas numa moralidade calcada na consideração da razão humana como originada de uma
razão divina.
Em Aparecida, no final de 1995, intrigantes
fenômenos chamaram a atenção da imprensa,
de ufólogos e de pessoas comuns que, curiosas,
convergiram às dezenas para assistir ao espetáculo de luzes que se descortinava acima do horizonte e nos grotões da Serra de QuebraCangalha e proximidades.
DO
Decorridos mais de doze anos, “O Lince”
busca, nesta edição, distante dos prováveis
efeitos de distorção que a euforia do momento poderia causar, resgatar os fatos ocorridos,
mesmo que parcialmente.
Para tanto, as contribuições dos amigos
Celso Plentz e Erick Leornadi foram decisivas. Celso Plentz quando, em 19 de julho de
2007, enviou-me, para publicação, um texto
sobre a origem do termo “discos voadores”,
acompanhado de uma missiva na qual diz de
sua dupla experiência de avistar Objetos Voadores Não-Identificados na região, sendo que
uma delas deu-se pelos idos de 1955, quando
estava na “fazenda dos padres”, na ocasião
administrada por meu avô João Lourenço Barbosa. De posse do artigo e em busca de um
contexto que o adequasse aos propósitos do
jornal, procurei o Erick que, ao conceder-me
uma entrevista elucidativa, forneceu inúmeras informações posteriormente confirmadas
por dois grandes especialistas em Ufologia que
acompanharam de perto os acontecimentos
da época: os engenheiros Claudeir Covo, do
INFA, e Ricardo Varela, do INPE.
Ambos dão como autênticos os fenômenos ufológicos de Aparecida. Também o Jornal O Estado de São Paulo não só reconheceu
que os UFOs estiveram na região como publicou fotos coloridas dos objetos avistados.
Agradecimentos especiais aos pesquisadores Claudeir Covo, do INFA, Ricardo Varela,
do INPE, Osmar de Freitas, do Grupo de Estudos de Objetos Não-Identificados, e Jamil
Vila Nova, que com solicitude admirável, abriram arquivos, enviaram relatos, responderam
perguntas e forneceram material fotográfico
que viabilizaram uma matéria substancial que,
cremos, cobrirá uma lacuna que já se instaurava na memória local.
Se de tudo o que for dito resultar polêmica, que sirva para manter acesa a chama da
reflexão, pois que a verdade é fruto do dissenso
e da discussão, diria certo filósofo. Que uma
razão aberta não permita que as crenças se
instalem facilmente onde nossa compreensão encontra limites, pois não queremos oferecer leituras diet para cérebros anoréxicos.
LEITOR
Orgulho gamela
Venho aqui parabenizar a familia Lourenço Barbosa que, por meio de seu Benedicto e seu Alexandre,
vem dando total apoio à cultura aparecidense em todas suas manifestações, trazendo à tona o orgulho de
sermos gamelas.
Pedro Rezende, Aparecida, SP
VOCÊ CHEGA A UM
hospital,
vai até a sala do médico que vai atendê-lo e...
descobre que não é médico! Na conversa que
se segue, você fica confuso:
Bom-dia, senhor, qual é o seu problema?
- diz a pessoa que está sentada na mesinha
branca, à sua frente, vestindo um uniforme
de jardineiro.
Errr... bom-dia. Bem, eu vim aqui para
uma consulta com um cardiologista, mas vejo
que ele não está. Quando é que ele chega?
Ora, meu amigo, que preconceito é esse!
- diz ele. Você não está vendo que estou fazendo o atendimento. Então? Qual é o problema?
E vamos rápido porque a fila está grande!
Ora, o problema é que meu problema não
é corte de samambaia. Estou querendo tratar
uma dor no peito, mas o senhor está sentado
exatamente onde deveria estar o médico com
que vim consultar. O senhor não é médico,
pois não?
Claro que eu não sou médico, mas sou
muito amigo do Diretor do hospital, e ele me
nomeou para o Departamento de Cardiologia.
Sabe como é ... há anos que faço um excelente
trabalho no jardim da casa dele, e como estou
precisando trabalhar, ele me deu essa oportunidade para mostrar meu talento. Estou fazendo um ótimo trabalho e em breve vou poder conversar com ele sobre minha promoção
para a área de Neurocirurgia. Sempre quis ser
neurocirurgião, mas não tive oportunidade na
vida, você entende, né? Mas vamos lá. Dói
onde...?
Você se levanta meio atônito, sai do consultório e chega à rua com a certeza de que a
dor no peito passou. O que dói agora é a cabeça. Onde já se viu! O cara pode ser o melhor
jardineiro do mundo, mas daí a fazer ponte de
safena... vai uma enorme diferença.
A pequena passagem acima serve para ilustrar situações bastante semelhantes, que passam despercebidas da grande maioria de nós,
principalmente pelo fator "sempre foi assim
...". É prática comum, na formação de um
governo municipal, a elaboração de uma lista
de correligionários que, no momento da luta
eleitoral, tiveram um excelente desempenho
como cabos eleitorais, apoiadores,
multiplicadores, patrocinadores, etc, e que precisam ser recompensados pelo esforço, participando do staff do novo prefeito, governador
ou presidente da república. Não há necessidade de apresentação de credenciais objetivas,
mas apenas a participação ativa no grupo vencedor, para estabelecer a contratação para um
cargo de confiança - ou nem tanto - no corpo
funcional, exercendo muitas vezes funções
estratégicas e fundamentais para o bom andamento da administração pública.
Ora, se numa empresa privada (de qualquer porte), o processo de seleção está cada
vez mais rigoroso, com o candidato passando
pelo crivo da análise de currículo, entrevista
preliminar, dinâmica de grupo, prova escrita,
entrevista final para então poder ser contratado... por que para escolher secretários municipais as coisas são tão mais fáceis? O próprio
município, no momento da contratação de
funcionários, realiza exames rigorosos para a
seleção dos futuros colaboradores, porque os
"chefes" passam pela janela?
Dizer que isso é um sinal de autonomia
do Estado, que qualquer coisa em contrário
seria antidemocrática é ignorar os resultados
que essa prática reflete em várias áreas da administração pública, e queremos analisar isso
do ponto de vista do Município, que é a nossa
casa, o ponto de referência política mais próxi-
mo que dispomos, enquanto eleitores e cidadãos.
Cito o caso das Secretarias de Turismo, que
no mais das vezes são relegadas a um segundo
plano, principalmente porque o setor ainda não
teve a consideração das lideranças políticas,
mesmo em sendo o aquele mais cresce no mundo, proporcionando condições de geração de
emprego e renda para todas as classes sociais.
Analisando o perfil de diversas prefeituras, vemos que a Secretaria de Turismo está sempre
associada a alguma outra atividade ou até nem
existe no organograma. Pedem-se verbas para o
Turismo, fala-se da necessidade de preparar mãode-obra para a atividade, sabe-se que essa é a
saída mais rápida e apropriada para as prefeituras de pequenas cidades, mas na hora de "contratar" um gestor, repete-se o modelo que privilegia o descaso. E quando alocado à função, esse
gestor dispõe de uma fração de orçamento municipal mínima, de um poder de atuação limitado ou de uma equipe desmotivada, mantida
numa sala sem estrutura. É quase como pedir
que ninguém faça nada pelo turismo, mantendo apenas as aparências para o caso de aparecer
alguma coisa interessante no setor.
Esse, repito, não é um problema localizado,
mas sim generalizado. Em maior ou menor escala, com maior ou menor estrutura, com mais
ou menos competência dos envolvidos, a situação se repete seja lá para onde estivermos olhando.
O nosso Vale Histórico, esse imenso rincão
de 7 mil quilômetros quadrados, com potenciais formidáveis, resquícios de épocas áureas, com
quase 600 mil habitantes, merece um cuidado
maior e uma atenção redobrada. Hoje, apenas a
cidade de Aparecida conta com uma visitação
anual de 8,5 milhões de pessoas. A região como
um todo deve ter uma visitação que ultrapassa,
hoje, os 12 milhões de turistas/ano, e esse número deve ultrapassar rapidamente a marca dos
15 milhões até 2010. Em contrapartida, vemos
que pouco mais de 8% de nossa população ainda se encontra no campo, tendo em conta o
êxodo que vem se agravando ano a ano pela
redução de oportunidades. A maioria esmagadora vai se comprimindo em cidades que, pela
falta de estrutura, acabam empurrando aqueles
que dispõem de ânimo e energia para as áreas
com maior PIB, o que acarreta criação de bairros
periféricos, falta de estrutura básica e, finalmente, violência urbana.
A par dos esforços feitos pela iniciativa privada, que quer encontrar campo para florescer,
desenvolvendo a chamada "indústria do turismo" para a nossa região, é necessário que o poder público municipal esteja atento a isso: valorize a Secretaria de Turismo de seu município
em todos os sentidos. Buscar competência técnica, criar infraestrutura, desenvolver o tema de
sua cidade e mesmo a marca de seu município
são tarefas que o administrador público precisa
ter em mente, hoje mais do que nunca, para
poder conduzir um processo de crescimento a
partir do interesse do mercado para as maravilhas que existem aqui. Turismo não é feito apenas por empresários. Excelência em Turismo é
um esforço conjugado para atingir o coração
daqueles que, em contato com um produto qualificado, deslocam-se para viver um momento
mágico.
Turismo, portanto, começa em casa.
Na nossa casa.
Ernesto Elache e Nelson Marques são Presidente e Diretor de Projetos do Sindicato de Hotéis,
Bares, Restaurantes e Similares de Aparecida e
Vale Histórico
Jardim da Dona Nina
Aquele maravilhoso jardim que você criou, murchou e secou. Para Dona Nina, as flores eram seus
grandes amores. Todos que passavam, paravam para sentir seu perfume e suas belas flores contemplavam.
Hoje, aquele caminho do jardim, alegre e perfumado, era por todos comentado. Tornou-se um trajeto
triste, porque aquele maravilhoso jardim, para todos, já não mais existe. Sua criadora e protetora foi
chamada por Jesus, para cuidar do jardim das almas. Sua chegada foi recebida com festas e flores pelas
almas com muitas palmas. No lugar do jardim, foi colocada uma grande cruz com Jesus, para aqueles que
passassem pelo extinto jardim rezassem aos pés da cruz evocando suas orações à pequenina e maravilhosa
Dona Nina. Ofereço essa homenagem à minha querida e maravilhosa esposa Nina Couceiro.
Luiz Abade, Aparecida, SP
PROPRIETÁRIO:
Alexandre Marcos Lourenço Barbosa
ENDEREÇO: Rua Alfredo Penido, 101
Tel.: (12) 9138-5576 — [email protected]
PROJETO GRÁFICO: Marco Antônio Santos Reis
REVISÃO: Heloísa Helena Arneiro Lourenço Barbosa
JORNALISTA RESPONSÁVEL: Rita de Cássia Corrêa (MTB 26.190/SP)
IMPRESSÃO: Gráfica e Editora Santuário
TIRAGEM: 3000 exemplares - Distribuição Gratuita
Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores.
Registro no Oficial de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica - Comarca de Guaratinguetá - SP, sob nº 26, fls. 17 do livro B-1.
2
Não é o maior
mas é o melhor
Aberto de Segunda a Sábado das 6 às 21h
Domingos e Feriados das 6 às 20h
ACEITAMOS ENCOMENDAS DE BOLOS EM 3 TAMANHOS
Rua Benedito Macedo, 301 - Ponte Alta - Aparecida-SP
Tel.: 3105-2058
Aparecida, 20 de fevereiro de 2008
A RTE
Grande Hotel
Libertador
I e II
Clodomiro Amazonas
(O Paisagista do Brasil)
Apartamentos com TV - Ventilador
Estacionamento
Ambiente Familiar
Gilberto Gomes
CLODOMIRO AMAZONAS
Monteiro, teve como berço a cidade
valeparaibana de Taubaté (tenho que lembrar que por lá nasceram, ou se radicaram,
outros grandes artistas pintores do nível
de Justino, Marylene Moura, Anderson Fabiano, Guima, Demétrio, Gleuza Furquim,
Monteiro Lobato), no ano de 1893, precisamente a 14 de março.
Em 1906, segue para São Paulo e lá tem
a oportunidade de conhecer e conviver com
o grande mestre da paisagem brasileira,
João Baptista da Costa, e esse não poupa
esforços para conduzir o jovem pintor na
descoberta dos arcanos da pintura de paisagens, e o tempo inexorável mostraria que
isso seria conquistado, fazendo de
Clodomiro um dos grandes mestres desse
difícil gênero da pintura.
Outros mestres, como Augusto Luiz de
Freitas e o italiano Carlo de Servi, também
influenciariam o pintor ao longo de sua
vida.
De início, com predominância da arte
acadêmica, Clodomiro explorou as pinturas de gênero, naturezas - mortas e marinhas. Aos poucos, sua pintura se fez mais
solta, com técnica apurada, comparável ao
nível de Camile Corot ou Gustave Courbet,
mestres da pintura francesa, que dominavam também uma paisagem iluminada, de
cores bucólicas.
Clodomiro era exigente, e isso o fazia
se esmerar no preparo de suas telas e molduras.
Por volta de 1901, restaura as obras do
Convento de Santa Clara, de sua cidade,
vindo mais tarde, em 1905, a criar a "Associação Artística e Literária de Taubaté",
juntamente com seus mestres Gastão e
Euzébio da Câmara Leal.
Participou, em 1911, da Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes, instalada
no Liceu de Artes e Ofícios e, em 1912, faz
sua primeira exposição individual no Salão do Edifício da Rádium, na Rua São Bento, em São Paulo. Ao longo de sua brilhante carreira de pintor, realizou exposições
individuais e coletivas nas cidades de
Taubaté (SP), Recife (PE), Belém (PA), Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ) e Porto
Alegre (RS).
Em São Paulo, foi um dos fundadores
do Salão Paulista de Belas Artes, isto em
1934.
Em 1938, participa do 5º Salão Paulista
de Belas Artes, onde é agraciado com a
"Grande Medalha de Prata", e "Primeiro
Prêmio Prefeitura de São Paulo". Já no ano
de 1939, Clodomiro Amazonas participa
também do 6º Salão Paulista de Belas Artes, onde novamente, conquista o "2º Prêmio Prefeitura de São Paulo".
Clodomiro Amazonas foi sem dúvidas
um pintor que soube enriquecer nossas paisagens, mostrando que o Vale do Paraíba é
fértil nas cores e nas luzes que emanam de
suas pinturas, tão cheias de vida.
As obras desse pintor possuem a riqueza e a exuberância de quem realmente sentia grande afinidade com sua paleta e pincéis.
Viveu até 1953, partindo depois para o
estágio avançado das Almas que com certeza, continuam a criar coisas belas.
A riqueza e a exuberância das paisagens de Clodomiro
Aparecida, 20 de fevereiro de 2008
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Gilberto Gomes é Artista Plástico,
Professor e Crítico de Artes
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3
A RTE
A miniatura e o elefante:
a inacreditável arte de Gabriel Ramos
Alexandre Marcos Lourenço Barbosa
"Como artista, a gente gosta não do que faz, mas do que gostaria de fazer" — Gabriel Ramos
VISLUMBRAR as esculturas de um
mexicano com sombrero em cima de um
burrico, uma bailarina, um pescador, um soldado sentinela ou o sábio e ilustre Visconde
de Sabugosa, seria um fácil exercício de imaginação não fossem essas obras esculpidas
com gilete, a olho nu, em palitos de dente. A
reação de espanto é inevitável diante da meticulosidade encontrada nos trabalhos que
redefinem as costumeiras formas de olhar e
é preciso, numa experiência inusitada, abrir
as retinas para encontrar as formas nas dimensões que redefinem uma microfísica do
olhar estético.
As miniaturas, esculpidas em palitos de
dentes, valeram ao artista a Medalha Prêmio
Criatividade, em 1988, por ocasião do Salão
de Artes Tenochtitlán promovido pela Direção Geral de Ação Cultural do Governo do
México, no Centro Cultural "Jose Marti".
E isso é apenas um pouco do extraordinário trabalho artístico de Gabriel Ramos,
um paulistano nascido em 02/07/1958, radicado há seis anos na cidade de Potim-SP e
que, desde muito criança, como autodidata,
embrenhou-se na aventura da criatividade em
busca do belo.
De posse de uma peculiar tranqüilidade,
estado de espírito que considera fundamental para produzir, Gabriel diz ter nascido para
a arte, assim como seus oito irmãos. "Todos
os nove irmãos têm grande facilidade para
desenhar, mas apenas eu e meu irmão mais
velho, Gilberto, voltamo-nos para as artes
plásticas. (...) Ainda criança, lembro-me de
ter esculpido um pequeno rosto de Cristo
em mogno usando uma faca. Minhas mãos
ficaram arrebentadas, mas consegui fazer a
escultura", conta o artista.
A facilidade para o desenho, desde tenra
idade, e o acaso permitiram a Gabriel Ramos
fazer uso de seu talento como um meio de
subsistência.
O relato do artista é esclarecedor: "Foi
jogando futebol que conheci um amigo de
um de seus irmãos. Estávamos no mesmo
time e vencemos a partida. Após o jogo, em
conversa com meu irmão, esse amigo dele
disse que a empresa dele precisava de alguém
que desenhasse bem. Meu irmão me indicou
Escultura com tela de arame
Gabriel desenvolveu técnica de modelagem totalmente feita com papel jornal
e eu fui fazer um teste de desenho técnico.
Gostaram tanto que fui contratado como projetista, mesmo sem ter a formação escolar
correspondente. Assim, durante um bom tempo, fiz desenhos e projetos para produtos de
muitas empresas: Ford, GM, Volkswagen e
outras".
Paralelamente aos trabalhos de cunho comercial, Gabriel seguia esculpindo, pintando, modelando, experimentando materiais
e técnicas, apreciando os impressionistas
franceses, Van Gogh e o surrealismo de Salvador Dali, mesmo sem se considerar um
artista. "Nunca me considerei um artista, pois
achava que a falta de formação acadêmica,
de um curso de artes, não me habilitava a
alimentar tal pretensão", diz com realce.
Foi, então, que buscou o curso de licenciatura em Educação Artística da Universidade São Judas Tadeu. Enquanto universitário,
e pouco antes, participou de várias mostras e
exposições, auferindo prêmios como a medalha de prata na categoria pintura e destaque especial na categoria escultura do VI Salão de Arte das Faculdades São Judas Tadeu
(1987), a medalha de ouro, na modalidade
"escultura em madeira", do III Concurso de
Obras Premiadas da Associação dos Artistas
Plásticos Profissionais do A.B.C.D. (1989),
"homenageado do ano", na modalidade escultura, do VIII Salão de Arte da Universidade São Judas Tadeu (1989), "homenageado
Escultor concede entrevista para canal de televisão, em Praia Grande, São Paulo
OSMANOS
Restaurante e Churrascaria
QUALIDADE
EM REFEIÇÕES
Churrasco à Moda
Serviço à La Carte - Refeições
O MELHOR SERVIÇO DA CIDADE
Av. Monumental Papa João Paulo II, 48
Em frente à Basílica Nova —
Aparecida-SP
4
especial", na modalidade escultura, do X Salão de Arte da mesma universidade (1991) e
participação em exposição, no mesmo ano,
na Pinacoteca Camargo Freire, em Campos
do Jordão, SP.
Graduando-se, em 1992, inicia um profícuo período de produção artística, mas, especialmente, nasce, incontinenti, um inquebrantável desejo de fazer da arte-educação o
seu propósito maior.
Dentre as muitas instituições que tiveram
o privilégio de acolher a mestria artística e
pedagógica de Gabriel Ramos, estão a Escola
de Música e Arte "Prof. Giovanni de
Vicenzo", onde lecionou desenho de 1993 a
2004; os cursos de Educação Artística (Escultura, Modelagem e Linguagem Gráfica),
Comunicação Social (Cenografia) e Arquitetura (Oficina de Maquete) da Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo; a Escola
de Artes Plásticas "Mãos à Arte", além de inúmeros projetos voltados à arte para crianças
de pais trabalhadores em centros comunitários e escolas de São Paulo e região do ABC.
Paralelamente, oficinas, palestras, criação de cenários para TV, mostras, cursos, etc.
foram enriquecendo um extenso e diversificado currículo: "Simplesmente Carmem",
por exemplo, é uma escultura feita com arame retorcido e que compõe, após a exposição "No tic tac de Carmem", desde 1998, o
acervo cultural da Caixa Econômica Fede-
Escultura em palito de dente
ral; em Praia Grande, SP, uma oficina de escultura em areia deixou boquiabertos alunos e turistas; por ocasião da exposição
"Brasileirando", alusiva aos "500 anni della
scoperta del Brasile", realizada em Firenze,
na Itália, a arte de Gabriel se fez presente; a
turma de 2001 dos alunos da disciplina Expressão Plástica Bidimensional do curso de
pós-graduação latu-sensu em Fundamentos
da Cultura e das Artes do Instituto de Artes
da UNESP teve oportunidade de ouvir palestra do artista e professor, "proferida com
brilhantismo", segundo o Prof. Dr. José Leonardo do Nascimento, coordenador do curso; em Xingó, no estado de Alagoas, coordenou o Programa Universidade Solidária junto à comunidade Olho d'Água do Casado;
ainda em 2001, fez um curso de "Teoria e
Prática do Restauro" com o prof. Gianluigi
Colalucci, no Instituto Domingo Telechea;
no projeto Universidade Aberta para a Terceira Idade, da Universidade Cruzeiro do Sul,
em São Paulo, desenvolveu oficinas de artes
plásticas
Com seus alunos e ao longo dos anos,
Gabriel expandiu suas técnicas, pelo aprendizado ou pela criação, fazendo desenhos,
pinturas e esculturas utilizando escova de
dente, barbante, pó e cola, lixa, restos de giz
de cera, tela de galinheiro e uma infinidade
de outros recursos. Porém, o primado de suas
criações pertence à técnica de escultura em
papel jornal, um material aparentemente frágil, pouco consistente, que, com um pouco
de cola e nas mãos hábeis do artista, transforma-se em quase tudo.
Uma vez mais, é a arte do improvável
que aflora. Aliás, parece ser essa a grande habilidade deste artista e educador: tornar real
aquilo que a grande maioria das pessoas considera impossível, enxergar possibilidades
naquilo que os "falsos realistas" desprezam,
fazendo o cético transformar-se num crente.
Diante da obra de Gabriel, que em hebraico
significa "fortaleza de Deus", é bem possível
acreditar que sua sina esteja ligada ao seu
nome, pois a sua Arte pode parecer tonificada
por Deus, afinal quantos não são os que crêem
na beleza no mundo como fruto do Criador.
[email protected]
ESCRITÓRIO CONTÁBIL
DICO
Avenida Monumental, 446
Tel. 3105-2716
Aparecida, 20 de fevereiro de 2008
Á GORA
TURISMO RELIGIOSO:
Uma breve apresentação
Prof. Dr. Christian Dennys Monteiro de Oliveira
A PRIMEIRA IDÉIA que se tem ao
mencionar o termo Turismo Religioso é de
que seu usuário pretenda, tão-somente, fazer um trocadilho com duas noções que se
defrontam. Afinal, de que maneira os aspectos ditos "profanos" do universo turístico lazer, prazer, entretenimento e descontração
- podem compor uma atividade cheia de
obrigações espirituais ou "sacrifícios" como
um fenômeno religioso?
Essa primeira impressão, para definir o
tipo de viagem que nasce de diferentes motivações religiosas, constrói-se a partir de
uma "natural" visão dicotômica ou dualista.
Digo "natural" na medida em que aprendemos, com a educação positivista, a reconhecer conceitos imediatamente por um mecanismo de sim/não; um sistema binário de
relações. Por conseguinte, pode-se negar o
turismo religioso com o simplório pré-conceito: quem vivencia o fenômeno religioso
não pode estar fazendo turismo. Logo, se
viajo por motivações turísticas, para lugares turísticos, utilizando-me de serviço turísticos, não exerço compromissos religiosos. A não ser que...
E assim começamos a apresentar uma
conceituação, de raízes históricas e escala
planetária, capaz de ultrapassar essa
dicotomia vulgar para representar dimensões múltiplas das culturas humanas contemporâneas. Continuando a frase acima,
temos um Turismo Religioso, a não ser que
a própria realidade religiosa - a manifestação pública e coletiva da fé, - absorva bases
e estruturas do fazer turístico. Chamamos
isso de Religiosidade Turística. Uma definição talvez mais incômoda para se popularizar; porém muito mais operacional para
compreensão das características essenciais
de formação e crescimento do Turismo Religioso, em tempos recentes.
O Turismo Religioso não é, necessariamente, um turismo feito por religiosos, místicos, santos populares, devotos e sacerdotes/profissionais de qualquer credo ou confissão religiosa. O adjetivo "religioso" deve
ser reconhecido em sua amplitude espiritual e metafísica, embora esteja perigosamente
comprometida com a perspectiva cristã responsável pela sistematização desse
significante, no universo do Império Romano e da Igreja Católica. Portanto, a correta
definição para esse tipo de turismo encontra-se num exercício aproximativo. Tratase de um fazer turístico capaz de manifestar
algum dado de religiosidade. E é exatamente na religiosidade - no ato popular de professar o sistema de crenças chamado de Religião - que o Turismo Religioso pode ser
comparado às peregrinações e romarias aos
lugares sagrados, em momentos também sagrados.
Mas até que ponto uma peregrinação à
Benares (no hinduismo), à Meca (no
Islamismo), à Santa Sophia (na ortodoxia
cristã) ou à Jerusalém, pode ser considerado um fenômeno turístico? Não estaria havendo aí uma mistura ou confusão entre o
visitante motivado pelo mistério religioso
(o peregrino) com aquele interessado apenas na materialidade cultural desses eventos ou localidades? Efetivamente, sim: há
mistura e confusão, mas exclusivamente
provocada pela própria realidade complexa da visitação religiosa. Até em Fátima tenta-se resolver o impasse com o seguinte aviso ao visitante, no portal de entrada do Santuário: Aqui termina o turista e começa o
peregrino. Em outras palavras: troque sua
personagem; mas saiba que o ator continuará o mesmo.
Foto de Vera de Souza
Por esta razão entende-se aqui ser mais
sensato não ignorar que o Turismo Religioso seja, ao mesmo tempo, uma forma indiscutível de turismo e uma manifestação evidente da religiosidade contemporânea, em
diferentes sociedades.
Percebe-se, nos últimos anos, o aumento sistemático do debate sobre questões religiosas. Debate este motivado por uma série de fatores convergentes para uma espécie de "renascimento do sagrado". Tais fatores são em nível internacional: os conflitos no mundo islâmico (bem com o crescimento geométrico desta religião
monoteísta), o esgotamento dos recursos
ambientais, as crises econômicas e sua associação global com a redução dos investimentos sociais, a derrocada do socialismo
como alternativa política global, o crescimento do terrorismo, entre outros. E no
Brasil, especificamente, o reconhecimento
prático de que a democracia, a urbanização
e os meios de comunicação selaram, de uma
vez por todas, a separação entre cidadania e
catolicismo. O que permitiu contraditoriamente um aumento da tolerância e da concorrência entre diferentes credos. Era afinal o nascimento de um mercado religioso
pulsante, fortalecendo em distintos rituais
e estratégias de manutenção/expansão. Sem
dúvida, o Turismo Religioso representa mais
uma dessas estratégias.
Vale lembrar alguns episódios atuais relevantes. Nunca tivemos tantos religiosos
beatificados e canonizados pelo Vaticano Anchieta, Frei Galvão, Madre Paulina - e tantos santuários católicos (oficiais ou populares) sendo expostos nos meios eletrônicos
de comunicação. Pelo movimento protestante, nunca foi tão farta e ostensiva a pre-
sença de casas de culto das mais variadas
denominações evangélicas. Além da paisagem urbana, rádios, jornais, televisões,
internet, multiplicam os valores da vida religiosa, como fenômeno de massa. Os espiritismos (kardecistas, umbandistas ou orientais) ganham nova força sincrética, graça
ao boom de misticismo da Nova Era e o
intercâmbio cultural da virada do milênio.
Virada esta, por si só, um período especial
para motivar exercícios de fé e busca ritual.
Está aí o consumo global das festividades
natalinas, transformadas em evento turístico-religioso internacional: o ecumênico
reveillon.
Esse panorama de incentivo ao Turismo
Religioso não poderia passar desapercebido pelos estudiosos e planejadores da área.
Mas era o que vinha acontecendo na medida que, via de regra, as análises sociológicas
das motivações turísticas fixavam-se, exclusivamente, nos aspectos da renda e do entretenimento, voltados ao lazer. E se religião não é lazer, não se pode afirmar que a
religiosidade não o contenha. No campo da
religiosidade, temos sim uma permanente
reconstrução de práticas e valores. Por isso
fazer Turismo Religioso é fazer visita e, portanto, comprometer outra viagem, outra
estada, outro patamar de aproximação ao
sagrado.
A densidade desses aspectos que reúnem,
num só evento, raízes históricas das peregrinações religiosas, costumes rituais nos
locais de destino (santuários e festas) e a
gestão dos equipamentos e atrativos
correlatos, tem provocado a reflexão acadêmica e operacional de novos estudiosos.
Só em 2003, foram editadas, no Brasil, três
publicações específicas sobre o assunto.
"Turismo Religioso", da série "Desenvolvendo o Turismo" - Volume 9 - Edição Sebrae,
de Vânia Beatriz Florentino Moletta, com
caráter mais técnico e direcionado às localidades e empreendimentos interessados nos
possíveis ganhos do setor.
Os demais são "Turismo Religioso: Ensaio e Reflexões", Organizado por Reinaldo
Dias e Emerson Silveira e publicado pela
Editora Alínea e "Turismo Religioso: Ensaios Antropológicos sobre Religião e Turismo",
organizado por Edin Abumanssur e publicado pela Papirus Editora . Conforme os próprios títulos, essas obras trazem estudos de
diferentes autores e perspectivas para contribuir na sistematização de um ramo tão recente nas preocupações dos cientistas humanos. Neste último, encontra-se um artigo de
nossa autoria - "Turismo, Monumentalidade
e Gestação: as Escalas da Visitação Religiosa
Contemporânea" - no qual reafirmamos operar o Turismo Religioso em dimensões metropolitanas, isto é globais e locais, factuais e
simbólicas, sagradas e profanas.
O Turismo Religioso, na lógica cultural
da visitação e da comunicação, é capaz de
compatibilizar, no mesmo meio, o peregrino ecoturista e o romeiro excursionista. É
isto, vivência da religiosidade turística, pois
ambos são capazes de multiplicar significados para um mesmo atrativo, por mais repulsivo que tal atrativo possa parecer, aos
olhos de alguns. Afinal, não há uma estética
tão agradável assim na Passarela da Fé em
Aparecida (SP), na Corda do Círio em Belém
(PA) ou no Templo de Tia Neiva (DF). Mesmo nas cidades de Nova Trento (SC), Bom
Jesus da Lapa (BA), Canindé ou Juazeiro do
Norte (CE), não se consegue estabelecer essa
conexão entre paisagem e fé.
A prática do visitante religioso, no local,
é múltipla e diferenciada. Basta imaginar a
excursão de uma comunidade de bairro para
uma das praias do litoral paulista, num fim
de semana. Nem todos que vão à praia, vão
só pela praia em si; e não é sempre que "praia"
é sinônimo de beleza. Algo relativamente semelhante acontece com uma visita motivada pela fé. A partir dos "pretextos" fé/penitência/culto, realizam-se encontros, compras,
divertimentos, exercícios de saúde e educação etc, além de renovação mística, superando o simples mecanicismo da "satisfação das
necessidades". No Turismo Religioso, o atrativo é verdadeiramente um pretexto. Não
adianta caracterizá-lo em uma conexão preconcebida.
A dita conexão, portanto, não é automática nem natural. Requer estudos
metodologicamente elaborados. Requer investigação dos lugares (emissivos e receptivos) nas variantes de diferentes enfoques. Requer disposição para o manuseio da complexidade que, literalmente, não se encerra em
um "lugar comum".
Os lugares do Turismo Religioso são especiais. São Santuários . Podem ser naturais,
metropolitanos, oficialmente sagrados ou festivamente profanos. Mas refletem este especial - que chamamos de sagrados, de energia
ou fé - que levamos como turistas e podemos, de repente, reencontrar.
Christian Dennys Monteiro de Oliveira é
doutor em Geografia do Turismo, pela USP.
[email protected]
Sobre a mitologia dos santuários, ler
também Basílica de Aparecida: Um Templo
para Cidade Mãe, do autor
(São Paulo, Olho D'água, 2001)
Self Service — A la carte —
Bolos Tortas — Doces —
Salgados
Salgadinhos para festa
Ambiente Familiar
Disk Marmitex a la carte:
3105-3005
Entrega em domicilio
Som ao vivo nos finais de semana
De 4ª a 2ª, das 10h30 as 23 h
Praça Lucia Marcondes Penido, 26 — Jardim Paraiba
(Ao lado do Colegio Via Solis)
Aparecida, 20 de fevereiro de 2008
5
G RAFIAS
Poesia e Futebol
Fernando Sabino em Itabira
Sofia Helena Arneiro Lourenço Barbosa
Nelson Marzullo Tangerini
QUANDO VISITEI
Final
Pedro x Luísa
O time de Pedro jogava mal
Mesmo assim chegou à final.
O time de Luísa pisou na bola,
Mesmo assim não gastou muita sola.
Na final, um time fez um gol,
Pedro, então, comemorou.
Luísa lhe deu um cartão
Ele, então, fez uma declaração... De amor.
[email protected]
Em Nossas Mãos As Sementes
Denise A. Souza
Compreender
o caos da humanidade...
São mendigos de amor,
paz, luz, serenidade.
Chega de maldade,
precisamos de integridade,
não temos mais idade,
pra viver sem bondade.
Viveremos em harmonia
quando a Terra
for transformada em jardim.
Não precisamos de guerra.
Parece fantasia
faça acontecer a magia
O mundo vivendo em poesia
arte, flores e alegria
Em poucos meses
cultiva-se um belo jardim.
Imagine um mundo novo de flores,
iluminado pelas cores.
Cultive um jardim,
plante árvores, flores e amor.
Em nossas mãos as sementes,
de um mundo novo de cor.
Denise A. Souza
Nanos, Micros e Minicontos
Wilson Gorj
BALA VS. VIDA
Ambas perdidas.
CARNAVAL
Fantasiou-se de político corrupto.
Foram quatro noites e três dias de impunidades.
TRANSPLANTE
De córneas. Ou melhor, de "córneos".
Ao ver que a mulher não prestava, deixou que o amante a levasse.
PÉ D'ÁGUA
A caminho de casa, pegou carona no guarda-chuva da vizinha.
Suas meias secaram atrás da geladeira dela.
DIREITOS
Fosse em casa, na escola ou na rua, o Estatuto do Menor o amparava, ora protegendo-o de castigos mais severos, ora absolvendo-o de punições legais.
No país das impunidades, ele também
desfrutava a sua.
PISTA
Pisou fundo no acelerador. Queria deixar tudo para trás: a cidade, a casa, o quarto,
a cama, o corpo, o pu - ah, o punhal!!
Como pudera esquecê-lo?!
DENUNCIANTE
Daquela mão, apenas um dedo era honesto. De modo que, quando os outros quatro decidiam furtar algo, ao bom dedo não
restava outra atitude senão permanecer em
riste.
RESSACA
Disposto a iniciar-se no mundo dos vinhos, comprou o livro de um famoso enólogo.
Mas tão ruim era o livro que o neófito adormeceu logo nas primeiras páginas. Acordou
depois com uma tremenda dor de cabeça.
6
EM BUSCA DO AMOR PERDIDO
Construiu uma Máquina do Tempo.
Contudo, nem lhe passou pela cabeça conhecer Jesus ou ficar milionário com a loteria. Seu propósito era bem simples. Queria apenas regressar trinta anos, para entrar no seu quarto de adolescente e deixar
no bolso do seu jeans o seguinte recado:
"Hoje à noite, ela vai sugerir namoro. Não
seja burro. Aceite".
SUPERPODERES
Banhado de álcool, o garoto ateou fogo
ao próprio corpo, acreditando que assim
se transformaria no Tocha Humana.
Felizmente, os pais chegaram a tempo
de evitar uma tragédia maior.
Plásticas depois, mesmo apesar do trauma, o menino ainda continua fã de superheróis. Porém, o seu predileto, agora, é o
Homem de Gelo.
Por precaução, os pais botaram um cadeado na geladeira.
RUMO AO DESCONHECIDO
A ânsia de conhecer lugares novos levara-o a percorrer o mundo todo. Não havia canto do planeta onde um dia não estivera.
Envelhecido, finalmente fixara-se em
sua cidadezinha natal.
Ali, entediava-se, quando uma forasteira a cavalo o abordou:
- Há um lugar que você ainda não conhece. Que vir comigo?
Não pensou duas vezes. Montou na garupa e com ela partiu.
Na pressa, nem percebeu que seu corpo ficava para trás.
[email protected]
a terra de
Carlos Drummond de Andrade pela primeira vez, fiquei conhecendo a poetisa
Amanda Fonseca Duarte, até então com
80 anos de idade, de Itabira e de Minas
Gerais.
Tão encantado fiquei com sua "prosa"
e a poesia que passei a trocar correspondência com ela.
Numa das cartas, ela enviou-me algumas poesias suas.
Quando voltei pela segunda vez a
Itabira, fui visitá-la. Soube, então, que tinha livros de poesias publicados. Pediume, porém, segredo máximo, que não contasse a ninguém que ela era uma poetisa.
Foi na minha segunda ida à cidade de
Drummond que D. Amanda me contou um
fato muito interessante, verídico, garantiume a itabirana, que acontecera certa vez
com ela.
Um homem de terno preto, chapéu preto e óculos escuros subia lentamente a Rua
Tiradentes, onde mora - e onde morou o
poeta. Apreciava, talvez, o casario, espremido entre as novas e audaciosas construções que vão dando nova cara, menos mineira, à cidade do "gauche" itabirano.
Talvez tivesse frases prontas em sua
mente - não frases dele, mas do poeta de
Itabira - para tudo o que via: "Minas não
há mais", "Itabira é apenas uma fotografia
na parede"...
D. Amanda, sentada numa cadeira, na
calçada, como é de seu costume, o avistara desde quando ele dobrou a curva da rua
e ela pode vê-lo envolvido em pensamentos e poesia.
Ela pensou: "O que Valdik Soriano estaria fazendo em Itabira?"
Sim, foi isto mesmo o que pensou D.
Amanda, uma senhora muito divertida e
espirituosa.
O homem de terno preto, chapéu preto e óculos escuros parou em frente à sua
porta e ela pôde ver quem era o "claro
enigma".
Olharam-se por alguns instantes. E
abriram sorrisos um para o outro.
A senhora me conhece? - perguntou ele.
Sim - respondeu a itabirana
- o senhor é o Fernando Sabino.
Como a senhora me conhece? - continuou.
Leio seus livros e suas crônicas no jornal. - respondeu a
poetisa.
Sou mineiro - prosseguiu
ele.
Eu sei - disse D. Amanda.
A senhora poderia me fornecer um copo d´água? - perguntou o escritor.
Pois não. - respondeu a bondosa senhora.
Mas eu queria que a água não fosse gelada. E que fosse de filtro de barro. Quero
sentir o sabor de Minas - prosseguiu.
Meu filtro é de barro - respondeu a
itabirana.
Nesse instante, Fernando Sabino olhou
para dentro da casa e pediu permissão para
entrar.
Pois não - disse D. Amanda.
O escritor mineiro pediu licença e entrou.
A senhora permite que eu veja todos os
cômodos?
Pois não - disse a senhora, que foi lhe
mostrando sala, quartos, cozinha, banheiro...
Sabino, sempre muito educado, pedia
licença e entrava.
Enquanto dialogava com o consagrado
escritor, a poetisa pensava, intrigada:
Sabor de Minas Gerais...
É uma típica moradia mineira. - concluiu Sabino, depois de muito meditar.
Bebeu toda a água oferecida por D.
Amanda e lhe disse:
Que água gostosa! Tem sabor de Minas
Gerais!
O escritor agradeceu pela água, retirouse e prosseguiu em sua caminhada em direção à casa onde morou Drummond.
E D. Amanda Fonseca Duarte ficou a meditar:
Sabor de Minas Gerais...
Também eu, apaixonado por Minas Gerais, estou agora a meditar sobre a frase de
Fernando Sabino:
Que sabor terá Minas Gerais?
Respondam-me Affonso Romano de
Sant´Anna, Fernando Brant, Milton Nascimento, Olavo Romano e Carlos Herculano
Lopes.
Como os mineiros trabalham em silêncio, talvez nunca respondam. Eles, sim, sabem o sabor que Minas Gerais tem. Mas jamais o dirão.
Nelson Marzullo Tangerini, é escritor e membro
do Clube de Escritores Piracicaba.
[email protected]
MAURÍLIO REIS
.......................................................................................................................................
Aparecida,
Aparecida,2020dedenovembro
fevereiro de 2007
2008
G RAFIAS
Sentinela
Marco Antônio Santos Reis
Não sabia que nome dar àquetempo em que eu não sale quedar-se por tempo sem
bia que nome dar àquele
fim a olhar a minúscula criaquedar-se.
tura saltitando sobre quadros
Não sei se porque não connumerados. Dez quadros.
segui saltar nenhum quadro,
Acima deles, um maior, escriou se porque emaranhei-me
to “Céu”.
naquelas linhas, não cheguei
Abaixo, de igual tamanho, ouao céu riscado no chão datro quadro, escrito “Inferno”.
queles idos.
De costas, ela jogava uma peNão sei porque, ficou pareÉ LINHA
dra. Tinha de saltar sobre o
cendo que a vida, de costas,
quadro onde ela caia, ora com uma, ora passou a jogar pedras em mim.
Só sei que, tardiamente, descobri que
com duas pernas.
E ia e vinha até que, feliz, chegava ao o nome era inocência, que tinha tudo a
céu. E começava tudo outra vez, a saltar ver com a vida que viria, que dependeria do amor e das linhas que eu não
linhas sem fim.
A trilha sonora daquele quedar-se era seu pulei.
riso, estridente, que se perdia no espaço Era só um jogo de amarelinha.
e espantava os pássaros, que completa- Amar é linha.
vam, num agitado bailado, a cena que eu Bastava saltar as pedras que eu não
via, até se aquietarem novamente, nos saltei.
[email protected]
frondosos ramos das árvores daquele
O Irmão
Nuno Marques
— Filho, dá a chupeta pro seu irmão que
eu tô ocupada aqui!
Que droga de vida! As coisas não andavam
nada bem para mim depois que aquele chorão nascera. Era botar chupeta na boca,
balançar o berço pra ninar o menino, empurrar carrinho para ele passear, dar
papinha na boquinha...
— Tudo eu! Tudo eu! Tudo eu...
— Tá reclamando do que, menino?!?!
É, nem eu sabia do que reclamava. Afinal a
culpa era minha de as coisas estarem naquele pé. Que é que eu tinha de insistir
para ganhar um irmão?!?!
— Mãe, você arruma um irmãozinho pra
mim? Quase todo mundo tem irmão! Só
eu é que tenho essas irmãs chatas que nem
brincam comigo...
— Calma, menino, que sangria desatada é
essa. Fala devagar pra eu entender....
Eu entrara correndo e não notara que minha mãe cochilava no arremate da costura.
Não era a primeira vez que eu pedia um
irmão. Sentia falta de alguém para brincar.
Alguém como eu que gostasse dos mesmos
brinquedos e dos mesmos jogos. Não podia ver avião passando que saía correndo e
gritando para jogar um irmão para mim.
Um dia eu vi um colega ser repreendido
por sua mãe porque estava agachado,
olhando para trás, de cabeça para baixo,
por entre as pernas. "Pára de chamar outra
criança, menino!" — dissera ela. Ele ficou
sem graça... A partir daí, sempre que podia, estava eu lá chamando uma criança
também. Chegou a esfolar minha cabeça
de tanto que eu a ralava no chão quando
agachava para pedir um irmão. Só parei
quando mamãe veio com a notícia de uma
gravidez. Gravidez?!?! Finalmente, eu ganharia um irmãozinho! Tá certo que ela
não podia garantir nada; afinal, e se fosse
mais uma menina? Eu, de minha parte, tinha certeza de que seria um menino. Até já
sonhara com ele...
E agora eu estava ali, naquela situação! Já
não brincava mais direito com meus amigos, pois tinha de ficar olhando-o. E o curioso é que o carinha era pequenininho demais. Onde mamãe pensa que ele vai, cercado por essas grades de madeira, rolos de
espuma e travesseiro? O menino parece
mais um pacote com uma touca! E como
chora o pestinha! Acho que ele veio com
defeito. Às vezes vaza e fede. E o tamanho?!
Olha só! Quem consegue brincar com isso...
Aparecida, 20 de fevereiro de 2008
À medida que a barriga crescia, aumentava ainda mais minha curiosidade. Quer
dizer, então, que aquela história de cegonha e coisa e tal era tudo balela pra enganar criancinha?
— Não acredito! — bradou meu maior
amigo quando eu lhe revelei aquele segredo de família.
— Não grita, seu louco! Só os mais velhos podem saber disso...
Algumas vezes mamãe me deixava sentilo com a mão sobre sua barriga que crescia e crescia. Parecia até que ia explodir.
E ele estava lá, protegido...
— Nossa, ele me chutou, mãe. E olha que
onda ele tá fazendo agora!
— Acho que ele quer brincar com você,
meu filho.
Mamãe ria e afagava minha cabeça. Eu
pensava que, quando ele saísse, eu deveria protegê-lo dos meninos mais velhos.
E, sussurrando bem próximo àquele barrigão, falava-lhe para me chamar ao menor sinal de perigo.
— Que é que você já está conversando
com ele, meu menino?
— Papo de homem, mãe. Papo de homem...
Como, então, eu poderia sentir raiva dele,
agora que nascera? Olhei com maior atenção para seu rostinho. Ele já estava calmo. Dormia profundamente e parecia que
respirava sem muito ritmo. Em alguns
momentos, eu chegava a palma da mão
em direção a suas narinas para sentir o ar
expulso pelos seus pulmões. Nem percebi que mamãe estava ali há algum tempo
nos observando. Quando notei, ela já falava baixinho ao meu ouvido:
— É, filho, você vai ser um paizão quando
crescer...
— A senhora acha?
— Acho, não. Tenho certeza!
Mal sabia ela dos meus pensamentos. Eu
olhei mais uma vez para o berço, passei
minha mão enorme no seu rostinho e ele
sorriu para mim.
— Tá vendo? Até ele concorda comigo —
falou mamãe, puxando-me pra almoçar.
Confesso que não sentia fome. Não me
lembrava nem dos meus amigos.
Por mim ficaria ali, debruçado na guarda
do berço, olhando para aquela criaturinha
de Deus.
[email protected]
Lúcio Mauro Dias
Rua vazia que simplesmente anoitece.
Corredeira de ventos e pensamentos.
Mórbido percurso de silêncios.
Iluminada por um vago rasgo de lua
e por estrelas que renascem no brilho do
sereno no telhado.
De cabíveis inspirações e impossíveis
palavras.
Rua pela qual se guarda passos imaginários.
Sustentação de pessoas invisíveis.
De direções opostas e reluzentes.
Paisagem de uma quietude passageira,
encantada pelo assovio de pássaros livres
e de uma solidão dormente
tragada pela luz de um outro dia
que simplesmente amanhece.
Lúcio Mauro Dias
Amor de sem-terra
Alessandra Farias
Insistente, teimoso,... Assim você surgiu.
Veio devagar, caminhando
cuidadosamente,
Para reconhecer o terreno.
Armou acampamento.
E va-ga-ro-sa-men-te,
Foi se apossando das terras ao redor.
Sem que eu percebesse foi dominando
meu pensamento,
E se fazendo presente em todos
os momentos.
E agora aqui estou,
Rendida aos teus encantos,
E MORRENDO de amor...
(ah, se eu falasse!)
Alessandra Farias é universitária
Coragem!
Maria Laura Diniz dos Santos Reis
Vocês nunca estarão sozinhos.
Por favor, nunca soltem minhas mãos.
Essa música é para lhes dar coragem
Enquanto caminham na penumbra.
Durante as batalhas, na penumbra,
Nós falaremos, cremos!
E as batalhas venceremos,
Pois coragem teremos.
Por favor, não chorem.
Nós já iremos voar.
Nós sempre seremos amigos.
Por favor, nunca soltem minhas mãos.
Vocês nunca estarão sozinhos.
Por favor, nunca soltem minhas mãos.
Essa música é para lhes dar coragem
Enquanto caminham na penumbra.
[email protected]
ção
Promo al
especi
para
escolas
Aquário
de Aparecida
Centro de Apoio
aos Romeiros
Asa Oeste - Aparecida-SP
[email protected]
(12) 3104-1263
e 3104-1264
7
D ROPS
Experiência é o nome que todos dão
aos seus próprios erros.
Aquele que se mantém o mais longe possível do seu século é na verdade o que melhor o espelha.
O homem pode suportar as desgraças, elas são acidentais e vêm de
fora; o que realmente dói, na vida, é
sofrer pelas próprias culpas.
Antigamente ninguém pretendia ser
melhor que o seu vizinho, ser melhor que o vizinho, aliás, era considerado algo muito feio e vulgar; hoje
em dia, com a nossa moderna mania da moral, todos devem posar
como modelos de pureza, de
incorruptibilidade, e das outras sete
virtudes humanas. E qual é o resultado? Todos escorregam e caem no
gelo fino.
Para entendermos os outros precisamos fortalecer a nossa própria personalidade.
É uma pena que nós levemos tão a
sério as lições da vida somente quando já não nos servem para nada.
O Romantismo é privilégio dos ricos,
e não profissão dos desempregados.
Ao pobre só é permitido ser prático
e prosaico.
O nosso ser é o nosso passado. Somente através do passado podemos
julgar as pessoas.
O fato de um homem imolar-se por
uma idéia não prova de forma alguma que ela seja verdadeira.
Crer é muito monótono, a dúvida
é profundamente sedutora. Ficar
de sobreaviso, isto é a vida; deixar-se minar na tranqüilidade,
isto é a morte.
E NTREVISTA
Decreto de elevação da igreja
de Aparecida à condição de Basílica Menor
"Pio X, Papa. Em perpétua memória.
Segundo o uso e a prática dos Pontífices Romanos costumamos nós com todo
gôsto conceder honras e privilégios aos
templos conspícuos que diante de outros
se distinguem por sua construção e pela
especial devoção dos fiéis para que seu culto torne-se mais esplêndido e mais aumente o concurso e a piedade do povo cristão.
Sabendo porém existir um templo nestas
condições dedicado à Imaculada Virgem
Mãe de Deus sob o título popular de
Aparecida, nas margens do rio Paraiba no
território da Diocese de São Paulo no Brasil, nós deferindo benignamente os pedidos a nós apresentados por nosso venerável irmão Duarte Leopoldo e Silva, bispo
daquela diocese, em nome do Clero e de
todo o povo, tivemos por bem elevar essa
Igreja à dignidade mais alta. Fazemos isto
com tanto mais gosto parque conforme
soubemos, o mencionado templo
construído no século XVIII e eminente entre os templos marianos do Brasil por sua
grandeza e obras de arte, atesta
claríssimamente a grande devoção à Virgem que primeiro tal introduzida pelos
Luzitanos nesta parte da América. Além disto guarda-se ali uma imagem da Mãe de
Deus célebre por milagres e que os fiéis
veneram vindo de toda parte em peregrinação quer para pedir o auxílio da Mãe de
Deus, quer para agradecer-lhe pelos benefícios concedidos. Aconteceu por isto que
o mesmo templo foi enriquecido de estandartes, quadros votivos e muitíssimos
donativos que muito a exortam. Essa Imagem tão venerada da Virgem foi no
quinquagésimo ano depois da proclamação de sua Conceição Imaculada, no dia 8
de setembro por decreto do Capítulo
Vaticano, ornada de coroa de ouro com
solene pompa e em presença de nosso
Núncio Apostólico, dos Bispos do Brasil e
de numeroso Clero e povo.
Enfim este Templo munido de abundantes paramentos sacros e enriquecido de
indulgências pelos romanos Pontífices, nossos Predecessores, está agora confiado aos
Presbíteros da Congregação do Santíssimo
Redentor que muito se esforçam para promover ali o Culto Divino. A vista de tudo
Cada efeito bonito que produzimos
nos cria um inimigo; para ser popular, a pessoa precisa ser uma mediocridade.
Todas as pessoas fascinantes têm
vícios: está aí o segredo da sua fascinação.
Não existem presságios. O destino
não envia arautos. É sábio demais,
ou demasiado cruel, para fazê-lo.
Hoje em dia nos consolamos com a
diversão, não com o arrependimento. A penitência já não está na moda.
Os sofrimentos superficiais e os
amores superficiais duram. Os amores e os sofrimentos profundos acabam morrendo devido à sua própria
intensidade.
Cada um de nós passa a vida buscando o segredo dela. Pois bem, o
segredo da vida é a arte.
As inglesas escondem os seus sentimentos até se casarem. Aí os ostentam.
Aforismos
Oscar Wilde, escritor irlandês
8
do pescador no dia 29 de Abril de
1908; quinto ano de nosso Pontificado."
Cardeal Mery de Val, Secretário de Estado
NR: O jornal Santuário de
Aparecida publicou o texto latino
no dia 27 de junho de 1908 e sua
tradução no dia 16 de junho de
1917.
isto e na esperança certa de que esta nossa
concessão seja para a maior glória de Deus e
maior proveito das almas, em virtude de
Nossa autoridade apostólica, pelas presentes letras concedemos para sempre à mesma
Igreja da Imaculada Virgem Mãe de Deus,
chamada de Aparecida, sita na margem do
rio paraiba dentre os limites da diocese de
São Paulo no Brasil, o título de Basílica Menor e lhe conferimos todos os direitos, privilégios, prerrogativas, honras e indultos que
de direito competem às Basílicas menores
desta augusta cidade. Decretamos que estas
nossas presentes letras, são e serão firmes,
válidas e eficazes e produzam seus plenos e
íntegros efeitos e favoreçam plenamente em
tudo aqueles a que toca ou no futuro tocará;
e assim deve neste negócio ser julgado e decidido por todos os juizes ordinários e delegados; e, nulo e inválido será o que qualquer
autoridade cientemente ou por ignorância
atestar em contrário. Não prevaleça cousa
alguma em contrário.
Dado em Roma, em São Pedro, sob o anel
Anunciando este decreto e a
constituição da província Eclesiástica de São Paulo, com suas novas dioceses, Dom Duarte
Leopoldo e Silva, o Primeiro Arcebispo, em Carta Pastoral de 11 de
outubro de 1908, declara:
"Elevado por decreto especial
da S. C. dos Ritos à categoria de
Basílica Menor, o Santuário de N.
S. Aparecida continuará sob a jurisdição do Arcebispo Metropolitano, como um patrimônio sagrado de toda a província, perdendo,
pois o seu caráter puramente local. É uma honra para o nosso tradicional e devotíssimo Santuário
que, assim colocado em maior evidência,
porventura se tornará o ponto convergente de
toda a nação brasileira.
Concedendo as honras de Basílica à Capela de N. Sra. Aparecida, manifestou, ainda uma
vez, o Sumo Pontifice o particular carinho que
lhe merece a Igreja no Brasil.
Insigne tributo de veneração recebe assim
a modesta Imagem tirada aos pedaços do rio,
vai para dois séculos, pelo pescador João Alves
e que, nos 200 anos decorridos, tamanha devoção tem inspirado e tantos milagres tem
produzido, atraindo peregrinos das mais remotas regiões, curando moléstias, estancando lágrimas, ascendendo esperanças,
dispartindo lenitivos, determinando magníficas cerimônias culturais, despertando,
reacendendo a fé em milhares, senão milhões
de almas. Nossa Senhora Aparecida é o Santuário mais popular do Brasil inteiro, aquele que
em seu ativo registra maior soma de prodígios e em grau mais acentuado provoca o zelo e
a liberalidade dos fiéis. É o Santuário Nacional por excelência..."
R ETRATO
João Pinto Barboza Júnior
Cássia Mara Barboza
NASCEU EM APARECIDA,
no dia 06 de fevereiro de 1957.
Filho de Heloisa de Castro
Encarnação Pinto Barboza e João Pinto
Barboza.
Teve uma infância muito curta. Aos
seis anos de idade, entrou para o primeiro ano do antigo primário, o qual terminou aos nove anos. Iniciou o primeiro ano
do antigo ginásio e terminou aos treze
anos.
Durante todos esses anos, estudando,
ele dizia que seu sonho era ser piloto da
Força Aérea Brasileira .
Terminado o ginásio, ele prestou exames para a EPCAR, Escola Preparatória
de Cadetes do Ar (Barbacena - MG). Passou em todos os exames e iniciou seus
estudos. Lá permaneceu, estudando muito, por três anos. Era o início da realização do seu sonho.
Bem-sucedidos esses anos!
Com dezesseis anos, para continuar
essa carreira, passou a estudar, como cadete, na AFA, Academia da Força Aérea
(Pirassununga-SP). Terminou seus estudos
para piloto da FAB, quatro anos depois,
com vinte e um anos de idade, realizando
assim, o sonho de toda a sua vida.
Casou-se em dezembro de 1976, com
Maria Aparecida Soares da Cunha. Desse
casamento, nasceu uma filha, Dorothéa Soares da Cunha Barboza.
Assim que se formou, foi para Natal,
no Rio Grande do Norte, para dar continuidade à sua carreira. No mesmo ano,
1978, em 28 de maio, com apenas vinte e
um anos, em uma de suas viagens a serviço da Força Aérea, sofreu um acidente fatal.
O maior orgulho da família, ídolo dos
seus melhores amigos, exemplo para
aqueles que o conheceram apenas depois
de sua morte.
Teve uma existência curta, mas teve um
sonho, lutou por ele, conseguiu realizálo. Simplesmente sonhou, lutou por esse
sonho, realizou-o e não pode vivê-lo.
Aparecida, 20 de fevereiro de 2008
Á GORA
HOMO VIATOR
Benedicto Lourenço Barbosa
QUANDO EU ERA ALUNO
de Sociologia em curso de graduação, a
informação considerada básica pelo meu
professor, um sacerdote com doutorado
no exterior, era a de que o sociólogo é aquele que constata e analisa os fenômenos
sociais, sejam eles políticos, familiares,
culturais, educacionais ou religiosos.
Tais fenômenos acontecem em tempo
e lugar determinados, e o cientista social
não pode deixar de lado tudo aquilo que
se relacione com o homem em sua origem
e meio.
O homem é, por definição, um criador.
Os regimes políticos, o poder, o Estado
em suas várias formas, as superstições,
magias, mitologias e religiões, nada mais
são que fruto de sua ação criadora.
Mesmo as ciências quando divididas
em diferentes áreas (exatas, biológicas,
humanas e tantas outras) são criações e
estão a serviço do homem. Não há uma
ciência que esteja acima ou fora da condição humana. Somente o homem faz ciência para dela se servir.
É a própria ciência uma evidência de
que o ser humano não nasce acabado e
pronto. Ao contrário, está ligado a um processo histórico e evolutivo.
Durante milênios, entretanto, uma visão bíblica a respeito da origem humana
predominou como sendo a correta versão
acerca da origem do homem datando-a em
torno de 6.000 anos, mas recentes pesquisas arqueológicas, paleontológicas e antropológicas ligadas ao passado, ancoradas no avanço científico e tecnológico, fizeram esse tempo recuar para cem, duzentos, quinhentos mil, ou até um milhão de
anos ou mais.
Se o homem apareceu há um, dois ou
cinco milhões de anos, certamente foi de
forma diferente da narrada pela Bílbia.
Assim sendo, ao longo do tempo, o homem vem recebendo influências do meio
que o circunda e evoluindo em todos os
aspectos, o que envolve não só a dimensão biológica, como também a racional e,
porque não dizer, a espiritual.
É ponto pacífico que o homem é oriundo da família dos primatas. É bom que se
esclareça que ser da família, em biologia,
não significa ser da espécie. O papagaio, a
arara, a maritaca, o periquito e o tuim são
da família dos psitacídeos, mas de espécies diferentes. Assim também, o homem é
um primata, ou seja, pertence à família dos
chimpanzés, orangotangos e gorilas, mas
é de uma espécie diferente. Aliás, é preferível ter sido originado de um primata, um
ser vivo, do que ser feito de barro ou de
uma costela.
Uma posição conciliatória entre criação e evolução, talvez nascesse da aceitação de que num tipo de primata diferente,
o Criador infundiu os rudimentos do pensamento e da espiritualidade, cabendo à
criatura desenvolver-se mais ou menos, de
acordo com seu esforço ("Ganharás o pão
com o suor de seu rosto" Gênesis, 3;19).
O homem primitivo, como os demais
animais, acasalava-se, nascendo os filhotes que mereceriam cuidados especiais,
particularmente da fêmea, a quem foi dada
a capacidade de alimentar. As relações de
parentesco e a necessidade de proteção
levam-nos a viver em grupos como forma
de proteger-se dos animais mais fortes e
dos peçonhentos.
Habitavam as árvores e, posteriormente, como recurso de proteção, passaram a
habitar as tocas, grutas ou cavernas até que
começaram a construir palhoças, cabanas
e palafitas. Alimentavam-se de frutos e
raízes. Quando os alimentos se esgotavam,
necessariamente buscavam outras localidades. Eram, portanto, nômades e, vez ou
outra, disputavam, com outros grupos, territórios onde existiam os alimentos naturais.
O aprendizado ou adestramento, de
Aparecida, 20 de fevereiro de 2008
início, é o mesmo dos outros animais.
Aprende-se pela experiência e pela imitação dos mais velhos. O poder é baseado
na força física que define a posição no grupo.
As primeiras manifestações "religiosas" nasceram do medo das forças naturais. Sociedades tribais, ainda hoje existentes, inclusive no Brasil, acreditam e respeitam os fenômenos da natureza: o raio,
o trovão, o sol e a lua que, de certa forma,
transformam-se em divindades. O misterioso, o desconhecido e o inexplicável tornam-se os fundamentos de uma religião
do medo, que ainda persiste e, muitas vezes, é até estimulada por lideranças religiosas menos sérias.
As capacidades do ser humano de descobrir e de adaptar-se permitem saltos
qualitativos na história. A utilização das
mãos, por exemplo, permite uma extensão do poder humano. É quando um pedaço de pau ou simples pedras transformamse em armas ou ferramentas, ampliando o
poder do homem sobre a natureza e sobre
outros homens ou grupos.
Também a roda, as canoas, os barcos,
a domesticação dos animais e outros
inventos vão levando o homem a transformar-se. A utilização do fogo, além de proteção contra os animais e a escuridão da
noite vai servir para a mudança na alimentação que pode ser cozida ou assada.
As atividades humanas ampliam-se e
o homem que era coletor de frutos e raízes
será, também, pescador, caçador, criador
e domesticador de animais tornando-se
pastor ou guerreiro.
A comunicação humana feita por gestos, sinais e sons não-articulados vai ganhando aos poucos as primeiras palavras
formando um vocabulário mínimo que se
amplia, sem pressa, como tudo que acontecia nos primórdios dos tempos. A aquisição das palavras não foi como hoje, em
que a criança num curtíssimo período domina centenas delas. A palavra é conseqüência do pensamento, assim como a ação
é conseqüência dos anteriores. Quando
surgiu o pensamento? A capacidade de
pensar? Quando foram pronunciadas as
primeiras palavras? Não há como determinar. Os antigos grupamentos humanos
eram ágrafos, ou seja, não possuíam escrita. Nem mesmo podemos falar em transmissão oral das tradições ou conhecimentos nos primeiros tempos, a não ser a partir da escrita. Com certeza, por centenas
de milênios, os seres humanos não tiveram domínio de escrita ou de outras formas de expressão artística, musical ou
cultural.
Teilhard Chardin, padre e cientista, em
seu livro "Fenômeno Humano", dedica
páginas para tratar do nascimento do pensamento, mas não determina quando, o
que seria temerário ante as inúmeras possibilidades de descobertas referentes ao
passado humano, do planeta e do próprio
universo.
Da simplicidade a uma complexidade
cada vez maior o homem ampliou os seus
campos de atividades num leque cada vez
maior. A organização social surge como
conseqüência desta pluralidade.
Em termos de religião, essa gradativa
complexidade passa a exigir um responsável pelas ações curativas e mágicas. Surge o culto aos mortos e aos antepassados
e com ele a figura do curandeiro como fundamental para exercer a cura com plantas
medicinais e afastar os maus espíritos e
os maus agouros.
Alimentadas pelo temor e pela ignorância, as superstições, embora surgidas
nos primórdios dos tempos, ainda encontram guarida nos tempos atuais. Atribuindo falsos valores a fenômenos e objetos,
demonstram que o primitivo convive com
o moderno, uma religiosidade que encontra sentido, à guisa de exemplo, nas espa-
das de São Jorge, nas ferraduras, nos pésde-coelho, nas sementes de romã, no comigo-ninguém-pode, nas figas, no galho de
arruda, e tantos tipos de objetos, figuras,
estátuas, roupas, bebidas, aromas, etc.
Assim o homem tem caminhado em
termos mágicos, mitológicos ou religiosos. Enquanto não encontra respostas
satisfatórias, migra de crença em crença.
A magia pressupõe a existência de
espíritos, gênios e demônios e outros
efeitos extraordinários que o mago tem
o poder de alterar através de práticas,
ritos e cerimônias, tanto para o bem
como para o mal, daí a magia poder ser
branca ou negra.
Com o decorrer do tempo, tem-se a
necessidade de sistematizar esses conhecimentos e crenças e daí o surgimento da
mitologia. A mitologia enquanto história
fabulosa e fantástica de deuses, semi-deuses e heróis, aparece principalmente entre
gregos e romanos, mas persas, babilônios,
egípcios e outros povos antigos não deixam de tentar uma explicação sobre a criação: a origem do mundo, do homem e de
tudo o que é existente. Também o povo
hebreu tem sua mitologia e podemos dizer de uma mitologia hebraica que quer
justificar sua superioridade através de um
deus superior e único que pode derrotar
os demais e que se manifesta através de
profetas. Mas em seus livros sagrados não
há só profecias. Existem também
genealogia, tradições, costumes, poesia,
guerras, etc. Isso exige separar uma coisa
da outra para uma boa interpretação. Afinal, os livros sagrados são uma obra acabada há mais de dois mil anos ou a obra
sagrada teve continuidade? Não existem
novas profecias, novos santos, novos profetas, novos líderes? Ao que parece, a maldição encontrada no final do livro
Apocalipse ("...a todo aquele que ouve as
palavras da profecia deste livro, testifico:
Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo,
Deus lhe acrescentará os flagelos escritos
neste livro...") resume-se a este livro. Já é
tempo de incorporar as manifestações divinas que aconteceram ao longo destes dois
mil anos.
As diversas religiões têm deuses ou
Deus com diferentes denominações significando a mesma coisa. Brahma, Javé,
Jeová, Zeus ou Júpiter, Ahura Mazda, Alá
ou Deus são forças (ou uma só força sobrenatural) tidas como criadoras e
controladoras do universo, devendo ser
obedecidas e adoradas.
Baseiam-se em livros sagrados, inspirados e transmitidos para pessoas especiais consideradas profetas ou santas e que
teriam um contato com Deus ou seus mensageiros. Entre os livros sagrados das diversas religiões, entre outros, destacamse: o Bhagavad Gita; os Vedas com os
Puranas e Upanishades; o Zend Avesta
com os Gathas; o Yast dos zoroástricos; a
Torá que contém o Pentateuco de Moisés,
o Talmude, os livros dos profetas e a Cabala (considerada secreta); a Bíblia com
textos hebraicos e cristãos; o Alcorão (textos maometanos); o Evangelho dos Espíritos. Os ocultistas também têm seus
livros destacados como: Ísis sem véus,
Dogma e Ritual de Alta Magia e outros
de autores como Eliphas Levi, Helena
Blavatsky, Annie Besant, etc. De Michel
de Nostradamus existem as centúrias
numa linguagem hermética, escritas no
século XVI.
Para os livros sagrados, não existem
as mesmas formas de interpretação, mesmo porque poucos são os que estudam
exegese ou hermenêutica para ampliarem
sua capacidade interpretativa limitada. E
é da diferente interpretação que surgem as
muitas ramificações no seio das próprias
religiões. Entre os judeus estabelecem-se
grupos como os fariseus, os saduceus e os
essênios. Entre os cristãos, o primeiro
grande cisma gera católicos romanos e
orientais (ortodoxos), seguido do movimento de Reforma Protestante em suas
inúmeras denominações: luteranos,
calvinistas, batistas, metodistas, presbiterianos, adventistas e tantos outros.
Por outro lado, surgem grupos com
interesse de unificação com religiões ou
com grupos não-cristãos, daí os espíritas
buscarem a reencarnação ("metempsicose") no bramanismo e no budismo. A
umbanda, o ocultismo, o esoterismo também incorporam elementos do bramanismo e do cristianismo.
Nem todas as religiões e ramificações
ou seitas, afinal, têm tido a capacidade de
colocar-se na vanguarda com a absorção
de tantos conhecimentos permitidos pela
evolução científico-tecnológica, e buscar
uma síntese orgânica, numa visão de homem em sua totalidade de ser biológico e
racional, psicológico e sociológico, histórico e econômico, parapsicológico e
gnosiológico, político, jurídico, lúdico,...
enfim, um ser que aprende e aprende a
aprender, não é acabado e deve estar aberto para uma compreensão da necessidade
de, como "inquilino" do Planeta Terra,
deixá-lo em boas condições de habitabilidade para as novas gerações, É necessário, portanto, que as religiões vejam que
o planeta deve ser visto num contexto cósmico, univérsico e em movimentos e ações
ainda ininteligíveis para os humanos, transeuntes das estrelas.
Mesmo no próprio planeta temos muito por descobrir. E no universo? Não podemos ter a razão direcionada e limitada
por crenças e ideologias. A religião sem o
complemento básico da espiritualidade
deixa a desejar.
Existindo um espírito e, conseqüentemente, uma divindade, ela não pode ser
manipulada por quem que seja. Não podemos tê-la como um gênio da lâmpada que
está à disposição por um simples esfregão
e que satisfaz a todos os nossos desejos.
A divindade tem a sua vontade, a sua
liberdade, os seus fins e os seus mistérios
que não estão disponíveis para qualquer
um ou para charlatães. A divindade, para o
ser, não pode ser controlada por seres limitados e finitos. Pode aceitar orações ou
oferendas e atenderá ou aceitará se quiser.
O homem que tem descoberto sua própria casa, o planeta, necessita descobrirse a si mesmo, em suas profundezas, em
seu íntimo e relacionar-se primeiro consigo mesmo, aceitar ou não sua espiritualidade e então ter um relacionamento com
um Ser Supremo se sua racionalidade for
capaz de aceitá-lo. Já é tempo e hora de
uma visão pluriteológica, ecumêmica,
aceitando as semelhanças e tolerando as
diferenças.
Talvez a frase de Nietzsche "Deus está
morto" tenha sido mal interpretada por
analistas apressados ou mal intencionados que o rotularam de ateu, louco e outros adjetivos menos dignificantes. Mas,
para leitores mais atentos, pode-se concluir ser uma frase de profundidade, envolvida num véu para ser entendida, por
quem tem olhos e ouvidos, como a necessidade de, constantemente, revermos
nossos pobres conceitos e visões a respeito da Divindade, que está além da razão, de determinadas "revelações" e das
próprias religiões, estas muitas vezes
empobre-cidas pelos ritos, pelos mitos,
pelas hierarquias, pelo carreirismo, pela
suntuosidade e que fogem à espiritualidade profunda de busca do Reino dos
Céus, do Altíssimo.
Benedicto Lourenço Barbosa é mestre
em ciências pela Escola de Sociologia e Política
de São Paulo e autor do livro “Nossas Origens”
9
M EMÓRIA
Eu vi um ÓVNI
No Final de 95, recebí vários relatos de
pessoas que viam pequenos glóbulos de luz
que passeavam pelas casas. Isso me intrigou bastante e estava esperando um fim de
semana com bom tempo para ir até lá.
Comentei com um colega que na época era repórter do Estado de São Paulo, que
resolveu me acompanhar.
Os relatos de pessoas que afirmaram
ver estranhos objetos eram muito interessantes. Resolvemos passear por áreas mais
remotas da Serra do Quebra-Cangalha, próxima a Aparecida. Ali, os casos aumentaram de intensidade e chegamos a conversar com um senhor que contou uma estória bem assustadora. Ele ficou tão assustado que se mudou da região.
Nesse caso, ele afirmava que, em uma
madrugada, foi acordado pelos latidos assustados de seus três cães. A casa em que
morava era bem humilde e esse senhor bem
pobre, praticamente vivendo da renda de
cestas de bambu que fazia.
Ao abrir a porta de casa, viu uma bola
de luz de uns três metros de diâmetro, com
uma luminosidade bem intensa, mas que
não machucava os olhos. Ao sair no portal,
uma luz o atingiu no peito, e ele afirma
que ficou paralisado. No local em que ele
mostrou, em seu peito, havia uma pequena
queimadura, recente, mas não estava apresentando inflamação.
Ele disse que tentou correr, mas ficou
paralisado. A luz se aproximou e ele só se
recorda de ter acordado tarde da manhã e
com uma dor de cabeça bem forte.
Tentamos agendar uma hipnose, mas ele se recusou e disse
que estava mudando.
Essa e outras estórias interessantes foram aparecendo.
Fiz várias vigílias próximas a
Aparecida e, em um dia, aconteceu uma coisa interessante.
Por volta da meia-noite, começamos a observar um
incêncio na Serra do Mar. Ficamos observando com binóculos a desenrolar do incêndio,
pois já estavamos preocupados
e 'já estavamos nos preparando para sair e
chamar os bombeiros.
Depois de alguns minutos, vimos um
carro seguir uma trilha na direção do incêndio. O carro ia devagar e pudemos
acompanhá-lo com o binóculos. Ficamos
tranquilizados e voltamos para a vigília,
mas de olho no incêndio.
Após alguns miinutos, vimos o farol do
carro voltando em velocidade maior que a
inicial. Apontamos o binóculos para lá e
vimos que ele estava com pressa. Imediatamente após, o incêndio foi debelado. Nenhuma luz.
Isso me intrigou. Marquei as coordenadas de onde estava e por triangulação e mapas, identifiquei o local do incêndio. No
dia seguinte, por volta das 10 horas eu estava no local do incêndio. Uma parte do
topo das árvores estava consumido pelas
chamas em uma área de uns 30 metros ou
talvez um pouco mais.
CELSO PLENTZ, advo-
cados (ÓVNIs). A primeira
vez em que vimos, aconteceu
justamente na fazenda que seu
avô administrava. Eram pelas
nove horas de uma noite não
enluarada, quando não só nós
dois, mais uma ou mais pessoas com as quais conversávamos na frente da sede da fazenda (não me recordo de
quais eram), vimos que imenso clarão iluminou as redondezas da fazenda e que instantaneamente percebemos um
aparelho em forma de charuto, espargindo chispas de fogo. Provavelmente isso se deu por volta do ano de 1955,
numa época em que ainda não tinha sido
lançado nenhum satélite ou foguete na estratosfera. Notou-se que o aparelho subia.
A segunda vez em que presenciamos os
ÓVNIS, foi quando, de volta da cidade de
Cunha, estávamos andando de carro, no
alto da serra.
Em certo momento, eu, olhando por
cima do vidro da porta do carro, notei dois
objetos no céu, cruzando entre si, sem quase
saírem do lugar. Chamei a atenção do
Guido para o fato, e ele rapidamente pôde
presenciar a estranha cena."
gado e professor, escreveu em
carta à redação de O Lince:
"Caro amigo Alexandre,
Sirvo-me desta carta para
enviar-lhe um artigo sobre um
assunto polêmico. Acreditado
por muitos e desacreditado
por outros: a visita de extraterrestres ao planeta Terra.
O curioso sobre as naves
espaciais relatadas por supostas testemunhas oculares é que
tais aparelhos têm a forma de
discos ou de alongados charutos e não produzem ruídos ao fixarem o tripé no solo,
costumam aparecer, segundo a maioria das
narrativas, nos meses de junho a agosto,
sendo que foram vistos a primeira vez no
dia 24 de junho de 1947.
Nessa ocasião, eu morava em Caxias
do Sul e, por coincidência, o Dia Internacional da Ufologia é comemorado, a cada
ano, no dia do meu aniversário. Entretanto, não é pelo fato da coincidência das duas
datas que eu me interesso por ufologia. A
verdade é que, por duas vezes, o Guido,
meu irmão, que é tenente da Aeronáutica,
e eu vimos objetos voadores não-identifi-
Saí do local e procurei o
dono da fazenda, indo a todas
as casas que encontrei. Depois
de um par de horas, encontrei
uma moça que disse que ela
era a dona da fazenda e que
realmente ela tinha ido inspecionar o incêndio junto com
o namorado. O que ela contou foi bem interessante.
Ao chegar ao local, ela viu
uma bola de luz bem intensa.
Quando se aproximaram, a
bola desceu e se aproximou
do veículo. Ela se assustou e voltou pela
estrada. O namorado, pulou para o banco
traseiro e tirou uma foto do objeto. Nesta
foto, é possível ver uma bola de luz a claridade do incêndio próximo.
Os casos de pequenos globos de luz que
entravam nas casas estava assustando bastante algumas famílias. Algumas pessoas
se recusavam a sair à noite e mantinham
suas janelas e portas fechadas. Encontramos umas dez pessoas com relatos interessantes.
O caso do frentista também foi interessante. Ele estava retornando para casa por
volta das 23 horas em seu fusca, quando
viu uma dessas bolas de luz em frente ao
portão da garagem. Ele achou que poderia
ser a lanterna de um assaltante, então tirou
sua pistola de baixo do banco, saiu do carro e agachado se aproximou.
O que ele viu o deixou bem assustado.
Ele viu uma bola de luz de um metro de
diâmetro que iluminava toda a área da rua,
mas não incomodava a vista. Deu dois tiros
nessa bola quando ela começou a se aproximar. A bola passou por ele e, ao lado de
sua casa, desapareceu em um grotão próximo. A luminosidade parece que se desligou
ao entrar nesse grotão. Andei pelo local,
mas não achei nenhuma evidência.
Fizemos diversas vigílias no local. Em
uma delas, uma pequena bola de luz começou a vibrar na parte de baixo do morro em
que nos encontrávamos. Talvez a uns bons
20 metros de distância. Na véspera, durante o dia e ao entardecer, costumava identificar todas as estradas e todas as casas para
não as confundir com o fenômeno que queríamos registrar.
Consultei os pontos marcados e no local não havia nada. Apontei a máquina que
estava no tripé e disparei o obturador com
tempo de 5 segundos. Essa bolinha se deslocou rapidamente e próximo a mim, desapareceu. Ao revelar o filme, é possível ver
um risco de luz vindo da base do morro e
chegando até bem próximo.
Dr. Ricardo Varela Corrêa é técnico do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE. É graduado em engenharia eletrônica
pela Universidade de Brasília (1982),
mestre (2000) e doutor (2005)
em Computação Aplicada pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
atuando, principalmente, nos seguintes temas:
algoritmos estocásticos, MPI, CMB.
ERICK LEONARDI BARBOSA PINTO,
em 1995, ocasião em que conheceu Claudeir Covo e
Ricardo Varela, acompanhou a equipe do SBT durante os
trabalhos investigativos que duraram semanas.
Ele foi um dos primeiros a observar o fenômeno em
Aparecida.
Ouviu depoimentos impressionantes e assistiu à sessão de hipnose feita com Jorge Divino Pereira, um possível caso de abdução. As informações que forneceu em
entrevista foram confirmadas nos relatos de Claudeir
Covo e Ricardo Varela.
O JORNALISTA ROGÉRIO BRAGA
estava
com sua esposa no Restaurante Três Garças, à margem da rodovia Presidente Dutra, quando foi surpreendido por um grande
movimento de pessoas para o lado externo do estabelecimento. Ao sair, afirma ter visto "três bolas de fogo" voando, em
formação, no sentido Lorena-Guaratinguetá tendo ao fundo a
Serra da Mantiqueira. Quando os objetos esféricos
incandescentes chegaram à direção de onde estavam, guinaram para a Serra do Mar e seguiram em direção ao Oceano
Atlântico. Ainda segundo o jornalista, mais de trezentas pessoas presenciaram o fenômeno que aconteceu por volta de 23h e
meia-noite. "Isso aconteceu há uns sete ou oito anos", afirmou.
Situado à Praça N. Sra. Aparecida, junto
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Aparecida, 20 de fevereiro de 2008
E NTREVISTA
Claudeir Covo
Da Redação
passar do tempo, fiz vários cursos
envolvendo reconhecimento do
céu,
mecânica
celeste,
meteorologia, radioastronomia, etc.
Estudei os fenômenos que são conhecidos da Ciência, mas desconhecido do grande público. Assim
resolvemos fundar o INFA, uma entidade mais forte, com uma área
maior de atuação, envolvendo
Ufólogos com muita experiência.
Foi legalmente constituída, registrada em Cartório e no Ministério
da Fazenda. O Ricardo Varela
Correa é vice-presidente do INFA.
CLAUDEIR COVO tem 57 anos
de idade e pesquisa a Ufologia há mais de
quatro décadas. Seu interesse pelo tema
remonta a 1966. Engenheiro (eletricista e
de segurança do trabalho) de formação, especializou-se em ótica, fotometria,
calorimetria e fotoelasticidade, na área de
dispositivos de iluminação e sinalização
veicular. Desde 1981, é presidente do Comitê de Iluminação Veicular da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
de São Paulo. É representante estadual da
MUFON (Mutual UFO Network), em São
Paulo. Fundou e preside o INFA (Instituto
Nacional de Investigações de Fenômenos
Aeroespaciais) que mantém um site
(www.infa.com.br ) e a TV INFA
(www.tvinfa.com.br ) com riquíssimos acervos de fotos, depoimentos, textos e vídeos
sobre OVNIS.
O Lince - O senhor é considerado uma das
maiores autoridades em ufologia na América Latina, possuindo um dos maiores acervos de fotos, filmes e depoimentos do mundo. Qual a trajetória que o levou a essa condição?
Claudeir Covo - Não me considero uma
das maiores autoridades em Ufologia na
América Latina, pois aqui no Brasil e também em outros países da América do Sul
temos excelentes ufólogos. Pela minha formação em Engenharia, pesquiso o fenômeno há 42 anos, com metodologia científica, com muita seriedade e "pés" no chão.
Provavelmente, pela minha seriedade na
pesquisa, revelando fraudes e enganos, sabendo separar o joio do trigo, bem como o
tempo de dedicação ao assunto, acabei me
destacando. Pesquiso a Ufologia desde
1966, quando tinha 16 anos, mas o meu
trabalho só se tornou público a partir de
1980. Desde criança, me interesso por coisas celestes e, em 1966, li nos jornais que
astronautas foram seguidos por objetos
discóides quando estavam em órbita da
Terra. A partir daí, resolvi ir a fundo ao
assunto. Nesse tempo todo, consegui um
arquivo relativamente grande. Só em VHS
tenho mais de mil horas gravadas, que nos
últimos dois anos estou recuperando e passando para DVD, além de umas dez mil
fotos, inúmeras publicações em livros, jornais, etc.
O Lince - O que é e por quê o senhor fundou e preside o INFA (Instituto Nacional
de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais)?
Claudeir Covo - Em 1975, eu fundei o
CEPU - Centro de Estudos e Pesquisas
Ufológicas, que não era registrado. Com o
Aparecida, 20 de fevereiro de 2008
O Lince - Atualmente, a revista UFO, da
qual é co-editor, é a mais antiga publicação do mundo, ligada ao assunto, em circulação. A que se deve isso?
Claudeir Covo - A Revista UFO foi fundada em 1984, por Ademar José Gevaerd.
A UFO ainda sobrevive por muita luta por
parte do Gevaerd, pois normalmente ela
fecha no "vermelho". Por diversas vezes, o
Gevaerd resolveu encerrar a UFO, mas por
amor e gosto pelo assunto, conseguiu manter ela viva até hoje. As empresas não anunciam em revistas ufológicas.
O Lince - Os fenômenos observados em
Aparecida, em 1995, podem ser considerados como registros de ÓVNIS?
Claudeir
Covo - Sim, sem
dúvidas, aconteceram diversos
fenômenos
ufológicos, inclusive alguns documentados em fotos. Também
houve casos de Roberto Augusto
enganos com faróis de veículos automotores. A grande
onda ocorreu em 1995.
O Lince - Há um relato de um caso provável de abdução. Que evidências foram encontradas que possam comprovar tal fato?
Quando os depoimentos são considerados
confiáveis?
Claudeir Covo - O cesteiro Jorge Divino Pereira relatou que acordou de madrugada, com uma forte luz entrando pela janela. Ao sair no quintal, recebeu um jato
de luz que o arrastou pelo ar, flutuando,
por dezenas de metros. Só se lembra que
acordou caído no quintal quando o dia
amanheceu. Estivemos com o Jorge no dia
seguinte, e ele estava com forte irritação e
inchaço nos olhos. Pela simplicidade dele,
pelos detalhes do seu depoimento e pela
hipnose, consideramos um caso confiável.
transformar em um caso real de abdução.
O Jorge, em hipnose, confirmou o seu relato, mas não foi possível acrescentar nenhum detalhe importante.
O Lince - O senhor comprovou que muito
do que foi visto não passava de faróis de
carros em uma estrada da Serra da Quebra-Cangalha. Isto caracteriza a presença
de UFOs em Aparecida como uma fraude?
Claudeir Covo - Estivemos em
Aparecida do Norte por diversos dias,
acompanhado pela equipe do Programa
Aqui Agora, do SBT. No local onde escolhemos para fazer as vigílias, à distância,
em um único local, constantemente apareciam luzes e desapareciam. Através de fotos feitas com tripé, com tempo longo de
exposição, constatamos que aquele lugar
era sempre o mesmo. De dia, com o auxílio de um bom binóculo, verificamos que
era o braço (curva) de uma estrada, provavelmente a que vai para a cidade de Cunha.
Esse lugar em específico de uma parte da
estrada foi um caso isolado, pois diversas
testemunhas viram luzes em outros lugares, inclusive no céu, tipicamente de origem Ufológica. Algumas registram o fato
em fotos.
OBS: No dia em que eu revelei para a
equipe do Aqui Agora, do SBT, que aquelas
luzes que sempre apareciam no mesmo lugar eram tão-somente faróis de carros, alguns moradores do local brigaram comigo
e queriam me bater. Alguns diziam que
moravam lá muitos anos e nunca tinham
visto luzes naquele local. Pensei que ia ser
linchado (rs). Ora, a mata cresce, encobre
placas e também a própria estrada. Naquele período a curva da estrada estava visível.
O Lince - O engenheiro Ricardo Varela,
doutor pelo INPE, registrou fotos curiosas. O que o senhor tem a dizer a respeito?
Claudeir Covo
- As fotos obtidas
pelo Varela foram
consideradas autênticas, envolvendo a manifestação
do
fenômeno
ÓVNI na região.
pre foi rico em avistamentos, e eu teria que
procurar com calma nos meus arquivos
para encontrá-los. Em Aparecida do Norte, o fotógrafo Nelson Almeida, do jornal
O Estado de São Paulo, fez algumas fotos
do fenômeno em plena atividade no céu,
em 31.08.1995. Foi dado tempo longo de
exposição.
O Lince - Quais as formas mais freqüentes
dos ÓVNIS?
Claudeir Covo - Veja a tabela:
PERÍODO
DIURNO
FORMADiscóide - 73%
OUTRAS FORMAS
NOTURNO
Esférico - 86%
27%
14%
Por outras formas, entende-se como
charutos, triangulares, retangulares, etc.
O Lince - Que explicação o senhor daria
para o fato de, em Aparecida, os depoimentos referirem-se a bolas de luz intensa?
Claudeir Covo - Pelo fato de serem
avistamentos noturnos. Independente da
forma, o UFO forma ao seu redor um campo eletromagnético tão intenso que ioniza
o ar ao ser redor, que é visível durante a
noite. Esse campo toma quase sempre a
forma esférica.
O Lince - Suas considerações finais.
Claudeir Covo - O Fenômeno UFO é
real, mas nem tudo que reluz é ouro. Estatisticamente falando, de tudo aquilo que
se divulga, envolvendo depoimentos, filmes e fotos, temos:
— 83% de enganos com fenômenos físicos e químicos, naturais ou artificiais,
bem conhecidos da Ciência, mas desconhecido pelos leigos.
— 15% de fraudes, envolvendo a má
fé, em que a pessoa pega um prato de pizza,
uma tampa de panela, uma calota de carro,
e até modelos, jogam para o ar e fotografam. Depois inventam uma estória. Hoje,
com os softwares de computação gráfica,
as fraudes ficaram mais sofisticadas.
— Apenas 2% dos casos realmente envolvem o Fenômeno UFO autêntico.
Temos também muitos "acidentes" fotográficos que confundem os leigos.
Jorge Divino
O Lince - Há outros
registros da presença de ÓVNIs no Vale do
Paraíba que o senhor conheça? Poderia
comentá-los?
Claudeir Covo - O Vale do Paraíba sem-
Entrevista concedida em 9 de fevereiro de 2008
Contatos de Claudeir Covo - São Paulo - SP
www.infa.com.br — www.tvinfa.com.br
www.inpubr.com.br — http://www.orkut.com/
Community.aspx?cmm=15632617
(Orkut da TV INFA)
[email protected]
O Lince - Submetido à hipnose, o suposto abduzido confirmou as informações
dadas em estado de consciência. Por que a
hipnose, como técnica, é confiável? O que
disse o hipnotizado?
Claudeir Covo - A hipnose na Ufologia
é uma excelente ferramenta, mas não é totalmente confiável. Ela tem as suas limitações. O perigo é quando o hipnotizador
induz coisas na mente da testemunha, quando muitas vezes faz um simples sonho se
Desenho de Sueli - Jorge Divino sendo abduzido
11
.X&
LUX
L .&UIONS
I. O. N. S
Noite de autógrafos de W ilson Gor
Gorjj
no Museu Conselheir
o R
odrigues Alv
es
Conselheiro
Rodrigues
Alves
As paredes da antiga casa do
Conselheiro Rodrigues Alves, hoje Museu,
ressoaram liras das cordas do grupo de
câmera “Prestíssimo” e das letras breves
do escritor Wilson Gorj em mais uma
noite de autógrafos de seu livro “Sem
Contos Longos”.
Organizado pelo poeta Tonho França,
com o apoio do Museu Conselheiro
Rodrigues Alves, do Sítio do Juca, do
Grupo de Escoteiros de Guaratinguetá e
do Jornal “O Lince”, o evento, ocorrido no
dia 15 de fevereiro, contou com a presença
de amigos e admiradores das micronarrativas de Gorj.
Diante do Presidente da República e de
sua família, os presentes se congratularam e
conversaram sob o clima agradável permitido
pelos acordes clássicos de violinos e
violoncelo.
Diógenes Antunes, Tonho França e
Alexandre Lourenço fizeram públicas as
palavras de agradecimentos aos presentes e
de elogios ao autor e sua obra. Wilson Gorj
E aí? Tá ligado?
ENSINO MÉDIO DIURNO!!!
Novas turmas 2008.
Se liga! Ligue 3105-1959
falou de sua alegria e gratidão aos familiares
e amigos que o prestigiaram naquela noite e,
como lhe é habitual, não deixou de fazer um
trocadilho em deferência ao Museu Rodrigues
Alves que passa por um momento de sérias
dificuldades, correndo o risco de encerrar suas
atividades: “criado para preservar, agora é o
museu que precisa ser preservado”.
Escola
Pires
do Rio
Aparecida-SP
CASARÃO
Churrascaria, Lanchonete e Restaurante
BOI NA BRASA
Nicésio
Atacado
e Varejo
Forró toda quinta
Há mais
de 15 anos
servindo
em Aparecida.
Sempre
trabalhando
para
o progresso
de Aparecida
Do amigo
Adilson
Boi na brasa
Avenida Dr. Júlio Prestes, 238
Aparecida - SP
À esquerda do portão principal
da Nova Basílica
Estacionamento próprio
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Pen ,
logoino!
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Rua Afonso Pereira Rangel, 57
Jardim Paraíba - 12570-000
Tel.: 3105-2029
Atacado e Varejo
Estrada Vale do Sol,
Pedro Leme, Roseira-SP
Telefone
8173-
2525
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Campanha exclusiva para moradores de Aparecida
Aparecida, 20 de fevereiro de 2008