AS DEZ LIÇÕES DE LIDERANÇA DO PAPA FRANCISCO

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AS DEZ LIÇÕES DE LIDERANÇA DO PAPA FRANCISCO
AS DEZ LIÇÕES DE LIDERANÇA DO PAPA FRANCISCO
Papa Francisco: carisma, proximidade e generosidade atraem seguidores.
Transparente, generoso, disponível e, principalmente, carismático. Na avaliação de especialistas
em gestão, ouvidos por Época NEGÓCIOS, o Papa Francisco é o líder certo, na hora certa. Ao
menos para a Igreja Católica, instituição que tenta reverter uma imagem de organização arcaica
e que lida com a notória perda de fiéis em todo o mundo – dados do último Censo mostram que,
apenas no Brasil, a Igreja perdeu 465 fiéis por dia entre os anos 2000 e 2010.
Daniela Simi, diretora do Hay Group, pondera: é preciso lembrar que o papel de líder não se
restringe ao de ser carismático. “Não se pode pressupor que, para ser líder, tem que ter carisma.
Você pode ser generoso, estar próximo e disponível, ser transparente e não necessariamente
ser carismático”.
Para Van Marchetti, diretora da Attitude Plan, carisma em excesso pode até mesmo ser um
problema. “O líder que é visto só como bonzinho perde autoridade. Quando se vive um momento
que exige grandes mudanças, é preciso ser firme. Ele, ao que me parece, consegue fazer esse
contrapeso”.
Na avaliação de Homero Reis, coach ontológico e sócio-diretor da Homero Reis e Consultores,
os desafios do Papa Francisco à frente da Igreja são semelhantes aos desafios enfrentados por
muitas corporações e líderes ao longo da história. “Não vivemos em mundos perfeitos, vivemos
em mundos possíveis. O papel do líder não é viver a perfeição, mas viver a possibilidade. O que
dá para fazer dentro dessa instituição? Não dá para fazer tudo, mas alguns resultados, com
certeza ele conseguirá atingir”.
A seguir, listamos os principais pontos no perfil de liderança do Papa Francisco, destacados
pelos especialistas:
1
Transparência
Homossexualismo, mau uso do dinheiro,
ostentação, perda de fiéis. Em passagem pelo
Brasil, o Papa Francisco falou dos temas mais
espinhosos para a Igreja. No mundo
corporativo, gestor que não tem transparência,
perde credibilidade.
Na comunidade cristã, nem tudo são flores, e
não adianta querer esconder os problemas,
por mais difíceis que sejam, mas é preciso
encará-los de frente, com compaixão e
misericórdia, para juntos, à luz do Evangelho,
encontrar a melhor solução.
Generosidade
Mesmo sob os holofotes, Francisco se
colocou em posição de igualdade perante os
fiéis que se aproximavam. Está com os dias
contados o líder que quer aparecer sozinho,
não dá espaço para seus liderados se
destacarem e faz de tudo para não perder
recursos para outras áreas.
A generosidade deve ser a tônica daqueles
que lideram a comunidade cristã, seja à frente
de uma paróquia, uma comunidade ou uma
pastoral. Ninguém é melhor que o outro,
aquele que está em uma posição de liderança
está a serviço da comunidade e como tal deve agir, abrindo espaço para que outros líderes
possam surgir.
Participação
Como gestor, o Papa Francisco não se
restringe a fazer o trabalho de gabinete.
Ele vai às ruas e coloca a mão na
massa. Líder que também executa vira
exemplo positivo e sabe cobrar melhor.
Liderar não é se colocar em uma
posição de mando, mas é facilitar o
trabalho
conjunto
de
todos,
possibilitando a cada um desempenhar
o seu papel da melhor forma. O líder
cristão deve ir ao outro e colocar-se ao
lado dele, assumindo com ele a
construção do Reino, em mutirão.
2
Proximidade
Descer de um automóvel em plena carreata
e parar para conversar com fiéis. Essas
foram cenas que se repetiram na visita do
Papa Francisco. Ao gestor, não basta dizer
que mantém suas portas abertas. É preciso
estar realmente disponível. Mais ainda, é
preciso demonstrar interesse pela equipe.
Essa é uma grande verdade. Um líder
cristão deve ser missionário, isto é, deve ir
ao encontro do outro. E ir ao outro não
significa andar muito, nem simplesmente
passar ao seu lado, mas aproximar-se de todos aqueles que estão a nossa volta; estar disponível
para conhecer, para ouvir, para amparar, para oferecer um gesto de amor fraterno.
Coerência
Usar um carro popular em sua aparição
oficial, adotar a simplicidade em sua
hospedagem, no modo de se vestir etc.
As
atitudes
do
Papa
casam
perfeitamente com seu discurso contra a
ostentação e a busca desenfreada por
bens materiais.
A coerência deve estar no âmago do
cristão, e mais ainda de um líder cristão.
Não se pode falar de Jesus Cristo e de
sua opção pelos mais frágeis e carentes
se não vivemos o Evangelho no nosso
cotidiano. Se Jesus é amor, temos que ser amorosos; se Jesus é compaixão, temos que ser
compassivos; se Jesus é misericórdia temos que ser misericordiosos.
Objetividade
A mesma simplicidade das atitudes do
Papa Francisco pode ser observada em
seu
discurso.
Palavras
fáceis,
mensagens diretas, uso de metáforas e
foco na solução.
Assim como o Papa Francisco, o líder
cristão deve dar testemunho da
simplicidade como pedagogia de vida. O
objetivo do cristão é ser acessível a
todos, pela palavra, pelos gestos, pelo
olhar, essa é a pedagogia de Jesus.
3
Motivação
Como líder, o papa trabalha o lado
emocional das pessoas. Dessa maneira,
eleva o entusiasmo dos fiéis, gera a
percepção de que todos fazem parte de algo
maior e angaria a confiança do público.
Esse é o grande segredo de Jesus e dos
apóstolos, a valorização da vida. Valorizar a
vida de cada um, por mais humilde que seja,
por menos que possa dar. Gerar entusiasmo
por um projeto maior, um projeto que é não
é imposto, mas que é de todos. Trabalhar o
lado emocional não significa emocionar, pois a emoção é introspectiva, mas motivar dando uma
razão para a transformação, pois a motivação é comunicativa.
Referência
A imagem de integridade moral que o
Papa Francisco transmite tem
capacidade de criar seguidores. No
papel de líder, ele se transforma em
uma referência a ser seguida.
Aqui, coloco uma pergunta: As
pessoas com quem você conviveu,
em especial aquelas que de alguma
forma você educou, se tornaram
verdadeiros discípulos de Jesus?
Pois se isso não aconteceu, talvez
seja o momento de você se questionar se, de fato, você foi uma referência cristã viva. Não há
qualquer possibilidade de ser uma coisa na Igreja e outra fora dela. A integridade ética e moral
transcendem a pessoa e a torna uma referência para todos.
Inspiração
Quando um líder inspira sua equipe,
propicia a geração de mudança, cria um
ambiente favorável a transformações. E
essa é uma mudança que não é outorgada,
mas que acontece de dentro para fora.
Inspiração é a palavra chave da ação de
Deus. Ele inspirou os profetas, os
apóstolos, os santos. Ele jamais impôs
qualquer coisa, Ele sempre inspirou os
seres humanos por meio do seu Espírito. E
aqueles que vivem segundo o Espírito
também se tornam inspiradores dos outros. Inspirar não é falar, não é ditar normas e condutas;
inspirar é despertar no coração do outro a vontade de seguir os mesmos passos, de escolher os
mesmos caminhos com total liberdade.
4
Autocracia
Se em suas aparições públicas o Papa
Francisco transmite uma imagem de
bonzinho, nos bastidores, é um líder
assertivo. No Vaticano, ao assumir, cortou
equipe e trabalha apenas com quem confia.
Investigou as pessoas mais próximas, tem
metas e objetivos claros, determinou papéis
e cobra resultados. Em um momento tenso,
que exige uma grande mudança, ser firme é
necessário.
O líder cristão, assim como o Papa, deve
assumir o seu papel de liderança na comunidade. Deve estar consciente dos desafios que tem
pela frente e ser firme na busca do caminho correto. Autocracia não deve ser confundida com
autoritarismo, que se impõem pela força, mas deve ser entendida como legitimidade de liderança,
que brota da própria comunidade que o escolheu.
Fonte: O texto do artigo foi é da revista ÉPOCA NEGÓCIOS: Daniela Simi, diretora do Hay
Group; Homero Reis, coach ontológico e sócio-diretor da Homero Reis e Consultores e Van
Marchetti, diretora da Attitude Plan.
 As anotações em vermelho são de autoria da gestora do Blog da Catequese, Maria Aparecida
de Cicco.
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