24112011 Multimercados perdem R$ 2,61 bi em novembro
Transcrição
24112011 Multimercados perdem R$ 2,61 bi em novembro
Valor Econômico, 24/11/2011 Multimercados perdem R$ 2,61 bi em novembro Por Antonio Perez | De São Paulo As carteiras multimercados, outrora vedetes do setor de fundos de investimento, passam por um momento singular este mês. Apesar de obterem rentabilidade média elevada, essas carteiras seguem longe do radar dos investidores. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em novembro, até o dia 18, os multimercados amargam resgates líquidos - saques menos aportes, sem contar a rentabilidade - de R$ 2,61 bilhões. No mesmo período, quatro das seis categorias de multimercados acompanhadas pela Anbima apresentaram rentabilidade média superior à variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, juro interbancário). O destaque foram os multimercados multiestratégia - que adotam diversas táticas de investimento - com ganhos, em média, de 1,09% em novembro, até o dia 18, mais do que o dobro da variação do CDI no período, de 0,51%. Em seguida, aparecem as carteiras macro - que procuram ganhar com a tendência dos ativos - com rentabilidade média de 0,99%. Já os fundos trading - em que em que o gestor busca capturar movimentos de curto e médio prazos - tiveram ganho médio de 0,81%, no período. Os gestores de multimercados continuam obtendo bons resultados com operações prefixadas no mercado de juros futuros e com títulos públicos, apostando em mais cortes da taxa Selic, explica Bruno Lembi, sócio do escritório de aconselhamento financeiro M2 Investimentos. "O agravamento da crise e a revisão para baixo, mesmo que pequena, nas expectativas de inflação para 2012 fizeram com que as apostas prefixadas fossem vencedoras", diz. Segundo Lembi, a aversão ao risco e a forte volatilidade dos ativos têm prejudicado a captação dos multimercados. No momento, a maioria das pessoas está mais preocupadas em proteger o patrimônio que em tentar aumentá-lo. Ele diz que os investidores até ficam animados quando veem os resultados dos fundos em 12, 24 e 36 meses, mas se assustam ao notar a oscilação mensal do valor das cotas. "Essa oscilação ainda não foi incorporada à mentalidade da maioria dos investidores brasileiros, ainda há muita falta conhecimento", afirma Lembi. Além dos multimercados, os fundos de ações também têm sofrido com o momento conturbado dos mercados. Este mês, até o dia 18, essas carteiras amargam saques líquidos de R$ 295,28 milhões, na esteira de uma queda de 2,75% do Índice Bovespa no período. No acumulado do ano, os fundos de ações perdem R$ 1,769 bilhões, em meio a um recuo de 18,14% do Ibovespa. Para Lembi, a recomendação para o investidor agora é não mexer na parcela do capital já aplicada em renda variável. Ou seja, quem está na bolsa, deve permanecer, mantendo o mesmo volume de recursos. Já quem está fora deve esperar uma definição mais clara sobre os rumos da economia global. Apesar das quedas recentes do Ibovespa, a bolsa ainda não pode ser considerada "barata", já que o cenário externo e a própria desaceleração da atividade local ameaçam o resultado das empresas. "A crise europeia atingiu o coração do continente, com a dificuldade da Alemanha de vender seus títulos, o que mostra que a situação é mais crítica do que se imaginava", afirma Lembi. "O mercado parece não acreditar na capacidade dos políticos europeus de adotar e pôr em prática as medidas necessárias". Enquanto as carteiras mais arriscadas perdem recursos, os fundos conservadores seguem atraindo os investidores. Destaque para as carteiras de renda fixa, com captação líquida de R$ 6,289 bilhões este mês, até o dia 18, segundo a Anbima.