O APOGEU DA CIVILIZAÇÃO ROMANA – 1 A idade de ouro romana

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O APOGEU DA CIVILIZAÇÃO ROMANA – 1 A idade de ouro romana
O APOGEU DA CIVILIZAÇÃO ROMANA – 1
A idade de ouro romana
Otávio inaugurou um novo regime político em Roma: o império. Chamado de Augusto, concentrava em suas mãos todos os poderes:
era o chefe militar e religioso, apresentava as leis, estabelecia os impostos e decidia a guerra e a paz. Seu poder era tão grande que era
considerado um verdadeiro deus. O Senado ainda funcionava, mas se limitava a aceitar as decisões do imperador.
O novo sistema de governo contribuiu para que Roma atingisse seu apogeu artístico e intelectual e vivesse um longo período de paz,
prosperidade e relativa estabilidade social e política, também conhecido como Pax Romana. Isso foi possível porque Augusto reduziu as
conquistas, reforçou a administração romana nas províncias, promoveu uma aliança entre a aristocracia e os cavaleiros (plebeus
enriquecidos), aumentou a quantidade de trigo distribuído para a plebe e organizou espetáculos públicos nos circos e anfiteatros.
A expansão máxima do Império Romano
Durante os séculos I e II, o Império Romano atingiu sua máxima extensão, abarcando desde as Ilhas Britânicas, ao norte, até o Deserto
do Saara, ao sul. No sentido leste-oeste, o império se estendia da Mesopotâmia até a Península Ibérica.
Para facilitar a administração do governo e a exploração das terras dominadas, o império foi dividido em províncias. Havia as províncias
senatoriais, administradas pelo Senado, e as províncias imperiais, controladas diretamente pelo imperador. Cada província estava sob a
autoridade de um governador, escolhido pelo governo romano, e tinha de pagar impostos a Roma.
As fronteiras eram defendidas por várias legiões de soldados. Augusto procurou criar fronteiras seguras, protegidas por barreiras
naturais, como a água e o deserto. As legiões romanas mais importantes estavam instaladas junto aos rios Reno e Danúbio.
O mundo dos negócios
A estabilidade política inaugurada no governo de Augusto durou cerca de dois séculos. Ela permitiu que a economia romana alcançasse
uma grande prosperidade. Embora a agricultura continuasse a ser a atividade mais importante do império, o desenvolvimento do
comércio foi intenso.
As constantes trocas comerciais entre as diversas províncias do império eram favorecidas pelo uso de uma única moeda, pela cobrança
de baixas tarifas alfandegárias e por uma rede de estradas e portos protegida. O porto de Óstia (próximo a Roma), o de Antióquia (na
Ásia Menor) e o de Alexandria (no Egito) eram os mais importantes do império. Eles eram o ponto de partida e de chegada das
embarcações que navegavam pelo Mediterrâneo transportando trigo, metais, cerâmicas, objetos de luxo e escravos.
Artesãos e escravos
Roma, centro do império, consumia cereais importados da Sicília e do norte da África e azeite de oliva proveniente da Espanha e do
Egito. Os mármores, utilizados nas principais construções e em esculturas da capital e de outras cidades, vinham da Ásia Menor, das
Ilhas Gregas e do norte da África.
O comércio de cerâmica, cujo principal centro de produção era Arezzo, na Península Itálica, abastecia o mercado romano, bem como as
províncias ocidentais e as do norte, e o sudoeste do império.
Os artigos manufaturados, em sua maioria, eram confeccionados por artesãos. Eles trabalhavam com uma pequena produção e, muitas
vezes, diretamente para os usuários das mercadorias encomendadas. Já as oficinas que fabricavam moedas eram propriedade do
imperador e organizadas por seus funcionários.
Os escravos — cerca de um terço da população — trabalhavam nos serviços domésticos, no artesanato, na agricultura e na criação de
gado e até mesmo na administração de fazendas, oficinas e navios.
Como vivia o povo romano
Urbs é uma palavra latina que significa “cidade”. Para o povo de Roma, a vida urbana era um modelo a ser seguido até mesmo pelos
camponeses, que visitavam esse núcleo ocasionalmente.
Além de centro político, administrativo, econômico e cultural, a cidade de Roma era palco de inúmeras diversões populares, como
teatro, jogos de dados e lutas de gladiadores, um evento muito apreciado pelos antigos romanos. O fórum era o marco central da
cidade, onde se realizavam as assembleias e os comícios públicos, onde ficavam os templos dedicados aos deuses e o Senado.
As habitações da maioria dos romanos eram simples. A população mais pobre vivia em pequenos apartamentos em edifícios de até seis
andares — com cozinhas precárias e sem banheiro —, que apresentavam riscos de desabamento e incêndio. Apenas uma minoria
morava em casas amplas e confortáveis, com água canalizada, rede de esgoto, iluminação por candelabros, sala de banhos e luxuosa
decoração interior. Cidadãos poderosos muitas vezes possuíam sítios e casas de campo, chamadas de vilas romanas.
Assim como na Grécia, a educação dos romanos variava de acordo com a condição social e o sexo. Os meninos das camadas
privilegiadas aprendiam a ler e a escrever em latim e em grego com professores particulares, em geral escravos. Além disso, deviam ter
conhecimentos de agricultura, astronomia, religião, história, geografia, matemática e arquitetura.
Os meninos das famílias pobres ou escravas, porém, tinham pouco tempo para os estudos, pois viam-se obrigados a se dedicar, desde
cedo, ao trabalho, nas atividades do campo ou das cidades. Em geral, as crianças pobres tinham apenas o ensino elementar, voltado
principalmente para a leitura e a escrita, que se estendia até por volta dos 14 anos de idade. Os meninos das famílias ricas prosseguiam
os estudos até os 17 anos, período em que iniciavam a carreira política ou ingressavam no exército.
O abandono de crianças também acontecia na Roma antiga. Meninos e meninas abandonados pelos pais estavam destinados à
prostituição ou à vida de gladiadores, treinados para combater entre si ou para enfrentar leões, tigres e outros animais. Muitas crianças
eram entregues pelos pais como forma de pagamento de dívidas e se transformavam em escravas.
As mulheres, independentemente da camada social a que pertenciam, eram educadas primeiramente para ser esposas e mães. Era
responsabilidade das mulheres mais ricas administrar suas casas, dos escravos e a criação dos filhos. Em hipótese alguma poderiam
participar das decisões políticas. Além disso, deveriam ensinar às filhas a arte de fiar, tecer e preparar a comida.
As mulheres mais pobres podiam trabalhar ao lado de seus maridos ou administrar seu próprio negócio, quando solteiras. Existia ainda
um grupo de mulheres virgens que dedicava toda a vida a zelar pela chama sagrada de Vesta, deusa do fogo. As vestais, como eram
chamadas, deixavam suas famílias entre 6 e 10 anos de idade para passar aproximadamente trinta anos vivendo no templo, sem que
pudessem se casar. Diferentemente de outras mulheres, as vestais não tinham de obedecer aos pais ou, após casadas, aos maridos. Elas
também possuíam o direito de se sentar nos melhores lugares nas lutas de gladiadores e eram tratadas com respeito pelos homens.
A vida conjugal
O casamento era uma importante instituição romana. Em Roma, com apenas 12 anos as meninas se casavam por intermédio de
arranjos familiares, isto é, os pais escolhiam os maridos para as filhas. Um casamento com cerimônia pública era importante para
mostrar à sociedade que os noivos pertenciam a uma família de posses.
O divórcio também era comum — e pelos motivos mais variados —, não sendo preciso, muitas vezes, nem esclarecer a causa da
separação. Ao findar o processo legal, o pai da moça recebia de volta o dote oferecido ao noivo na época do casamento, e os filhos do
casal eram entregues ao ex-marido. O casamento era, na maioria das vezes, um instrumento político e não dependia da vontade dos
noivos.
Como os romanos se vestiam
As vestimentas dos romanos variavam de acordo com o sexo e com a condição social. Pessoas de posses tinham mais condições de
cuidar da aparência. A roupa também poderia significar um sinal de distinção social, como no caso dos senadores. Para sair, homens e
mulheres costumavam usar botas ou sandálias de couro amarradas com tiras do mesmo material. Os sapatos das mulheres eram
coloridos e ornamentados com pérolas ou pedras preciosas. Os mais pobres geralmente usavam sandálias de lã ou de madeira. Para
ficar em casa, era comum calçar uma espécie de chinelo.
As vestimentas das mulheres
As mulheres solteiras vestiam uma túnica sem mangas que ia até os tornozelos; após o casamento, passavam a usar trajes com mangas.
As mulheres mais ricas em geral vestiam roupas de seda e algodão, enquanto as mais pobres usavam roupas de lã ou linho. Os cabelos
recebiam bastante atenção das mulheres romanas, que gostavam de fazer penteados elaborados. Os cabelos eram perfumados e
lavados com essências. Muitas mulheres tingiam seus cabelos de loiro. As senhoras ricas tinham escravas para pentear, cachear, tingir
seus cabelos e fazer sua maquiagem. Elas usavam ainda muitos acessórios, como anéis, colares, pulseiras, braceletes e tornozeleiras.
As vestimentas dos homens
Os homens livres trajavam túnica de linho ou lã, até os joelhos, para não atrapalhar os movimentos. A túnica masculina era feita com
dois tecidos em forma de retângulo, costurados nos lados e nos ombros, deixando uma abertura para a cabeça e os braços. Os
trabalhadores vestiam roupas de couro devido à maior durabilidade. A toga, um manto comprido, era usada apenas pelos cidadãos a
partir dos 14 anos. Os homens usavam togas na cor branca. Já as togas dos senadores tinham uma barra púrpura.
Enquanto as mulheres se arrumavam em casa, os homens geralmente frequentavam a barbearia. Era moda, entre eles, estar bem
barbeado e ter cabelos curtos. A barba era cortada com uma navalha ou arrancavam-se os pelos com uma pinça.
O grande intercâmbio cultural
A cultura romana refletiu a união das diversas civilizações que formavam o imenso império. Dessas civilizações, a que maior influência
exerceu sobre o mundo romano foi a grega, vista pelos latinos como um modelo a ser seguido. Também não se pode ignorar o papel
que cumpriram as sociedades orientais, em particular a egípcia. Os romanos assimilaram e transmitiram as culturas grega e oriental aos
povos germânicos, e estes as transmitiram às gerações posteriores.