CONGRESSO INTERNACIONAL de PROMOÇÃO da LEITURA

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CONGRESSO INTERNACIONAL de PROMOÇÃO da LEITURA
CONGRESSO
INTERNACIONAL
de PROMOÇÃO
da LEITURA
22 23 JANEIRO 09
Fundação Calouste Gulbenkian | Lisboa
PAINEL 1
LITERATURA PARA A INFÂNCIA E FORMAÇÃO DE LEITORES
Conferencista de abertura
Peter Hunt foi o primeiro especialista em Literatura para
a Infância a ser nomeado Professor Catedrático de Inglês
numa Universidade do Reino Unido. Escreveu ou editou
23 livros e publicou mais de 150 artigos sobre este tema.
Em 2003, o Instituto Internacional de Literatura Infantil
de Osaka concedeu-lhe o Prémio Irmãos Grimm pelo seu
contributo para o estudo da Literatura Infantil. O seu
mais recente livro, editado em quatro volumes, intitulase Children’s literature: Critical Concepts in Literary and
Cultural Studies (Routledge, 2006) e é também o autor da segunda edição
de International Companion Encyclopedia of Children’s Literature (2
volumes) (Routledge 2004). É um dos organizadores da Norton Anthology
of Children’s Literature (2005). Participou em conferências em mais de 100
Universidades e Faculdades, num total de 21 países, desde a Finlândia à
Nova Zelândia.
Conferência
O DECLÍNIO E DIMINUIÇÃO DA LITERACIA LITERÁRIA: INFÂNCIA E LITERATURA
PARA A INFÂNCIA NO REINO UNIDO NA ACTUALIDADE
Professor Peter Hunt, Universidade de Cardiff, Reino Unido
O ano de 2008 foi decretado, no Reino Unido, Ano Nacional da Leitura, em
consequência da constatação de que este país estava a escorregar nas tabelas que avaliam
a literacia. Este estudo reflecte sumariamente o sucesso (ou o insucesso) deste projecto,
especialmente em relação ao uso que faz da literatura para a infância, ao mesmo tempo
que revisita as definições de literacia e “literacia literária”. Parte, igualmente, da ideia
de que, nos últimos trinta anos, ocorreu uma mudança radical na natureza dos textos
escritos para crianças (e no conceito de infância implícito nesses textos), especialmente
em termos de estilo, ritmo e complexidade de referências e estruturas intertextuais e
intratextuais. Através de uma comparação entre a obra original e as novas versões de
textos clássicos, o estudo aqui apresentado defende que é preciso clarificar, até em termos
culturais, um conceito de literacia que ultrapasse o meramente “funcional, avaliando a
sua importância. Deste modo, são possíveis especulações sobre a influência dos meios
electrónicos junto da infância e da leitura, bem como as suas implicações internacionais
e interculturais.
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Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo
Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009
Reflexões sobre Leitura e Leitura Literária
Não damos continuação a determinadas práticas somente por as considerarmos boas
e a alguns prazeres por serem definitivos? Não se encontra [a leitura] entre eles? Sonhei,
algumas vezes, que quando o Dia do Juízo amanhecer e os grandes conquistadores,
juristas e estadistas vierem receber as suas recompensas… o Todo-Poderoso se voltará
para S. Pedro e dirá, não sem uma certa inveja quando Ele nos vê aproximar com os
nossos livros sob os braços, ‘Olhai, estes não precisam de recompensa. Nada temos para
lhes dar. Eles amaram a leitura.’ – Virginia Woolf
Se existe alguma coisa que possa ser chamada pelo nome de leitura, o próprio processo
deve ser absorvente e voluptuoso; devemos regozijar com um livro, ser arrebatados para
fora de nós mesmos. – Robert Louis Stevenson
Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado dentro de nós. – Franz
Kafka
Sugiro que os únicos livros que nos influenciam sejam aqueles para os quais estamos
prontos e que nos levaram um pouco mais além no nosso caminho pessoal do que nós
próprios teríamos conseguido. – E. M. Forster
A leitura está, para o intelecto, como o exercício para o corpo. Através deste, a
saúde é preservada, reforçada e revigorada: através da primeira, a virtude (que é a saúde
da mente) é mantida viva, acarinhada e confirmada. – Joseph Addison
Os livros têm sempre uma influência secreta sobre a compreensão; não se podem
livremente obliterar as ideias: aquele que lê livros de ciência, embora sem qualquer desejo
de melhoria, irá cultivar mais conhecimento; aquele que se entretém com tratados morais
ou religiosos irá imperceptivelmente melhorar a sua bondade; as ideias que, muitas vezes,
são oferecidas à mente irão finalmente encontrar um momento mágico quando esta está
disposta a aceitá-las. – Samuel Johnson
Um livro é um jardim, um pomar, um depósito, uma festa, uma companhia acidental,
um conselheiro, uma multidão de conselheiros. – Henry Ward Beecher
Quando olho para trás, fico novamente impressionada com o poder vital da literatura.
Se eu hoje fosse uma jovem a tentar encontrar-me no mundo, fazia-o novamente através
da leitura, tal como fiz quando eu era jovem. – Maya Angelou
A incapacidade de ler bons livros enfraquece a visão e fortalece a nossa mais fatal
tendência – a crença de que o aqui e agora são tudo o que existe. – Allan Bloom
Uma leitura boa e convencional é normalmente uma má leitura, um banho relaxante
naquilo que já conhecemos. Uma verdadeira boa leitura é, certamente, um acto de criação
inovadora no qual nós, leitores, nos tornamos conspiradores. – Malcolm Bradbury
As crianças tornam-se leitoras ao colo dos pais. – Emilie Buchwald
Ler para viver. – Gustave Flaubert
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O melhor de um livro não é o pensamento que contém, mas o pensamento que
sugere; tal como o encanto da música não habita nos tons, mas nos ecos dos nossos
corações. – Oliver Wendell Holmes
É melhor dedicares-te a sério aos livros, porque este mundo não está para brincadeiras.
– Spike Lee
Um livro é como um jardim que carregamos no bolso. – Provérbio Chinês
Os livros são abelhas que levam o pólen de uma inteligência a outra. – James Russell
Lowell
Adquirir o hábito da leitura é construir um refúgio para quase todos os males da
vida. – W. Somerset Maugham
Todo o livro que ajuda a criança a desenvolver hábitos de leitura, que faça da
leitura uma das suas mais profundas e contínuas necessidades, é bom para ela. – Richard
McKenna
Os livros são, para as crianças que os lêem, muito mais do que simples livros – são
sonhos e conhecimento, são um futuro e um passado. – Esther Meynell
Não basta ensinar as crianças a ler; é necessário dar-lhes algo que mereça ser lido.
Alguma coisa que aumente a sua imaginação – que as ajude a dar sentido às suas vidas
e que as faça chegar a pessoas cujas vidas são bastante diferentes das suas. – Katherine
Paterson
Correctamente, devemos ler pelo poder. Um homem que lê é um homem
intensamente vivo. O livro deve ser uma bola de luz nas nossas mãos. – Ezra Pound
Não devemos ensinar grandes livros; devemos ensinar o amor pela leitura. – B. F.
Skinner
Quanto mais leres, mais saberás. Quanto mais aprenderes, mais lugares conhecerás.
– Dr. Seuss
Todo o homem que sabe ler tem o poder de se ampliar, de multiplicar as formas da
sua existência e de tornar a sua vida repleta, significante e interessante. – Aldous Huxley
Lemos para saber que não estamos sozinhos. – C. S. Lewis
Talvez não existam, na nossa infância, dias que tenhamos vivido tão intensamente
como aqueles que passámos com um livro preferido. – Marcel Proust
Aprender a ler é como acender uma fogueira; cada sílaba proferida é uma centelha.
– Victor Hugo
Não é verdade que só existe uma vida para ser vivida; se pudermos ler, podemos
viver muitas outras vidas e todo o tipo de vidas que quisermos. – S. I. Hayakawa
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Bibliografia
Textos Principais
Nina Bawden (1973/1992). Carrie’s War, London: Victor Gollancz.
Enid Blyton (1953/1982). Five Go Down to the Sea, London: Hodder and Stoughton.
Eva Ibbotson (2001/2002). Journey to the River Sea, London: Macmillan Children’s Books.
Edith Nesbit (1902/1994). Five Children and It, ed. Sandra Kemp, Oxford: Oxford University Press.
Edith Nesbit [adaptação anónima do guião por David Solomons] (1902/2004). Five Children and It,
London: HarperCollins.
Edith Nesbit (1904/2004). The Phoenix and the Carpet, London: Penguin (Puffin Classics).
Edith Nesbit [versão por Helen Cresswell] (1997). The Phoenix and the Carpet, London: Penguin
(Puffin).
Beatrix Potter (1902). The Tale of Peter Rabbit, London: Frederick Warne.
Beatrix Potter [adaptado por David Hately] (1987). The Tale of Peter Rabbit, Loughborough:
Ladybird Books em associação com Frederick Warne.
Philip Pullman (1996). Northern Lights, London: Scholastic, 1996.
Textos Secundários
Sandra L. Beckett, ed. (1997). Reflections of Change. Children’s Literature Since 1945, Westport, CT:
Greenwood Press.
Aidan Chambers (2001). Reading Talk, South Woodchester: Thimble Press.
Judith Elkin (2006). ‘Children as Readers’, em Charles Butler, ed., Teaching Children’s Fiction,
Basingstoke and New York: Palgrave Macmillan, 152-171.
Nikki Gamble e Sally Yates (2008). Exploring Children’s Literature, 2ª Edição, London: Sage.
Margaret Meek (1988/2008). ‘How Texts Teach What Readers Learn,’ em Peter Hunt, ed., Children’s
Literature. Critical Concepts in Literary and Cultural Studies, London and New York: Routledge, II,
38-59.
Margaret Meek (1993). ‘What Will Literacy Be Like?’ in Morag Styles and Mary Jane Drummond,
eds., The Politics of Reading, Cambridge: Cambridge Institute of Education and Homerton College,
89-99.
Lawrence R. Sipe (1997/2008). ‘Children’s Literature, Literacy, and Literary Understanding’ [Journal
of Children’s Literature 23 (2) (Outono 1997): 6-19] in Peter Hunt, ed., Children’s Literature. Critical
Concepts in Literary and Cultural Studies, London and New York: Routledge, II, 92-109.
Katie Wales (1989). A Dictionary of Stylistics, London: Longman.
Barbara Wall (1991). The Narrator’s Voice. The Dilemma of Children’s Fiction, Basingstoke and
London: Macmillan Academic.
Raymond Williams (1976/1983). Keywords. A Vocabulary of Culture and Society, London:
Fontana.
Sally Yates (2004). ‘Reading and Literacy’ in Peter Hunt, ed., International Companion Encyclopedia
of Children’s Literature, Second Edition, London and New York: Routledge, 2004, II. 762-770.
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Oradores
Lawrence R. Sipe é Professor Adjunto na Escola Superior
de Educação da Universidade da Pensilvânia (Filadélfia,
Pensilvânia, EUA). Desde 1996, é membro do programa
de Leitura/Escrita/Literacia da faculdade. Lecciona
disciplinas de literatura para crianças e adolescentes,
incluindo um curso dedicado inteiramente ao estudo do
álbum. A sua investigação tem-se desenvolvido em torno
das formas como as crianças pequenas (5, 6, e 7 anos de
idade) evidenciam e desenvolvem competências literárias
e literacia visual. Publicou vários estudos resultantes da sua pesquisa,
centrando-se, essencialmente, na análise de álbuns.
O seu Doutoramento foi obtido na Universidade Estatal de Ohio e as
suas áreas de reflexão incluem a literatura infantil e juvenil; a literacia
emergente e a crítica literária. Possui diplomas universitários em Literatura
Inglesa e em Ensino Básico e um mestrado em Psicologia da Leitura.
A sua experiência de ensino inclui dois anos de docência numa pequena
escola localizada numa área isolada de Newfoundland, no Canadá, onde
leccionou do primeiro ao oitavo ano (crianças dos 6 aos 13 anos); quatro
anos de leccionação a crianças dos 5 aos 7 anos em Princeton, Nova
Jérsia; e treze anos como Coordenador de Letras numa escola do distrito
de Newfoundland, onde orientou formação para professores do ensino
básico.
É, actualmente, o redactor norte-americano do jornal Children’s Literature
in Education: An International Quarterly.
Publicações Recentes Seleccionadas
Livros:
Storytime: Young Children’s Literary Understanding in the Classroom (Teachers College
Press, New York, 2008), vencedor do Prémio Edward B. Fry na Conferência Nacional
de Leitura em Dezembro de 2008 pelas Contribuições Excepcionais para a Pesquisa da
Literacia.
Postmodern Picturebooks: Play, Parody, and Self-Referentiality, um volume de ensaios coeditado com Dr. Sylvia Pantaleo (Routledge, 2008).
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Artigos, Capítulos de Livros, e Capítulos de Manuais de Pesquisa:
Sipe, L. R. Learning from illustrations in picturebooks. In N. Frey & D. Fisher (Eds.),
Teaching Visual Literacy: Using Comic Books, Graphic Novels, Anime, Cartoons, and More
to Develop Comprehension and Thinking Skills (pp. 131-148).Thousand Oaks, CA: Corwin
Press: A Sage Publications Company. 2008.
Sipe, L. R., & McGuire, C. The Stinky Cheese Man and other fairly postmodern picturebooks
for children. In S. Lehr. (Ed.), Shattering the Looking Glass: Challenge, Risk & Controversy
in Children’s Literature (pp. 273-288). Norwood, MA: Christopher-Gordon. 2008.
Sipe, L. R., & Brightman, A. First graders’ “signature” responses during picturebook
readalouds. Journal of Children’s Literature Studies, 5(2), 18-36. 2008.
Sipe, L. R. Young children’s visual meaning-making in response to picturebooks. In J.
Flood, S. Brice-Heath, & D. Lapp (Eds.), Handbook of Research in Teaching Literacy through
the Visual and Communicative Arts, Vol II (pp. 381-392). New York: Lawrence Erlbaum.
2008.
Página Web: http://www.gse.upenn.edu/~lsipe/
E-mail: [email protected]
PERITEXTOS E QUEBRAS DE PÁGINA: OPORTUNIDADES PARA CONSTRUIR SENTIDO
NOS ÁLBUNS
Lawrence R. Sipe
Este estudo examina as implicações de dois elementos importantes que integram os
álbuns contemporâneos: (1) os elementos peritextuais que “rodeiam” a história e (2) as
quebras/mudanças de página. A teoria sobre o álbum sugere que cada elemento ou parte
de um álbum resulta de uma decisão cuidadosa tomada pela equipa formada pelo autor,
ilustrador, editor e designer. Uma análise mais atenta de todos estes elementos é, neste
sentido, necessária de forma a compreender as qualidades do álbum enquanto “produto
estético”. Esta atitude em relação ao álbum pode ser ensinada às crianças pequenas.
Este estudo apresenta, pois, provas de que crianças com 6 e 7 anos de idade conseguem
interpretar elementos peritextuais de modo a perceber o sentido de uma narrativa
e, na realidade, são estes elementos que, de diferentes formas, preparam as crianças
para a história. Também são apresentados elementos que sugerem que as crianças são
igualmente capazes de estabelecer diferentes tipos de inferências relevantes, de forma
acertada, sobre acontecimentos que ocorrem no espaço limiar que medeia duas páginas,
de forma a construir uma narrativa coerente.
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ABZ da
Leitura | Orientações
Teóricas
Fundação Calouste
Gulbenkian
| 22 e 23 Janeiro
2009
Maria Nikolajeva é Professora de Letras na Universidade
de Cambridge no Reino Unido e foi também Professora de
Literatura Comparada na Universidade de Estocolmo, na
Suécia, onde leccionou Literatura Infantil e Teoria Crítica
durante vinte e cinco anos. É também Professora Adjunta
na Universidade Abo Akademi, na Finlândia. Licenciada
pela Universidade Linguística de Moscovo, obteve o seu
doutoramento pela Universidade de Estocolmo, em 1988,
com um estudo intitulado The Magic Code: The Use of
Magical Patterns in Fantasy for Children.
O seu vasto currículo académico inclui uma Bolsa Fulbright na Universidade de
Massachusetts, Amherst, uma bolsa de investigação na Biblioteca Internacional
da Juventude em Munique, além do lugar de Professora Catedrática Convidada,
na Universidade Abo Akademi, e de Professora Honorária na Universidade de
Worcester, no Reino Unido. Em 2005, recebeu o Prémio Internacional Grimm pelos
feitos de uma vida dedicada aos estudos da Literatura para a Infância.
É autora e editora de vários livros, entre os quais se destacam Children’s Literature
Comes of Age: Toward the New Aesthetic (1996), How Picturebooks Work, em
co-autoria com Carole Scott (2001), From Mythic to Linear: Time in Children’s
Literature (2002), The Rhetoric of Character in Children’s Literature (2002),
Aesthetic Approaches to Children’s Literature (2005) e, co-editado com Sandra
Beckett, Beyond Babar: The European Tradition in Children’s Literature (2006).
Também publicou um número considerável de artigos em revistas especializadas e
compilações de ensaios.
Foi Presidente da Sociedade Internacional de Investigação para a Literatura
Infantil, entre 1993 e 1997, e presidiu duas vezes ao Comité Internacional da
Associação de Literatura Infantil. Integrou o grupo de editores seniores de
The Oxford Encyclopedia of Children’s Literature, e foi conselheira editorial da
Routledge Companion Encyclopedia of Children’s Literature e da Greenwood
Encyclopedia of Folktales. Integra, igualmente, o conselho editorial de várias
revistas especializadas.
LITERACIA VISUAL E O LEITOR IMPLÍCITO NOS ÁLBUNS PARA CRIANÇAS
Maria Nikolajeva
Enquanto nos empenhamos intensamente em ensinar as crianças a ler, é um erro comum
considerar a literacia visual como natural, não tendo que ser ensinada e treinada. No entanto, a
literacia visual é uma componente tão essencial ao crescimento do intelecto de uma criança como
a capacidade para ler textos verbais. E se a literacia verbal pode ser e é treinada, também devia
acontecer o mesmo com a literacia visual. Embora tenham sido realizados vários estudos empíricos
sobre as respostas de crianças de quatro anos face a um álbum e de crianças de seis anos face a um
outro, o processo de compreensão em si e a capacidade que daí resulta para descodificar a sinergia
complexa estabelecida entre palavras e imagens não foram ainda suficientemente estudados e
teorizados. Este estudo debruçar-se-á sobre esta questão baseando-se na teoria semiótica dos
códigos interpretativos.
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Sandra L. Beckett é professora no Departamento de
Línguas, Literaturas e Culturas Modernas da Universidade
de Brock, Canadá. É membro da ‘Royal Society of Canada’
e antiga presidente da Sociedade Internacional de
Investigação para a Literatura Infantil. É autora de um
conjunto muito significativo de livros, incluindo Crossover
Fiction: Global and Historical Perspectives (Routledge,
2008), Red Riding Hood for All Ages: A Fairy-Tale Icon in
Cross-Cultural Contexts (Wayne State UP, 2008), Recycling
Red Riding Hood (Routledge, 2002), e De grands romanciers écrivent pour
les enfants (Les Presses de l’Université de Montréal, 1997). É editora e coeditora de muitos livros, incluindo Beyond Babar: The European Tradition
in Children’s Literature (Scarecrow, 2006), Transcending Boundaries
(Garland, 1999), e Reflections of Change: Children’s Literature Since 1945
(Greenwood, 1997).
FICÇÃO DE CRUZAMENTO: CRIANDO LEITORES COM HISTÓRIAS QUE TEMATIZAM
AS GRANDES QUESTÕES
Sandra L. Beckett, Universidade de Brock
O recente fenómeno de cruzamento / intersecção (crossover), que foi liderado
pelo extraordinário sucesso dos livros de Harry Potter, de J. K. Rowling, teve um enorme
impacto na literatura infantil e na leitura na última década. O meu mais recente livro,
Crossover Fiction, examina este fenómeno contemporâneo num vasto e mais global
contexto histórico. E embora a literatura de cruzamento não seja um fenómeno novo, a
verdade é que adquiriu, recentemente, um novo estatuto e muita atenção por parte dos
media. Apesar de o género também incluir a ficção para adultos lida por jovens leitores,
o termo ‘ficção de cruzamento’ foi adaptado para definir a literatura infantil e juvenil
que também cativa a atenção dos adultos. Este estudo centra-se na ficção de cruzamento
contemporânea, onde se incluem livros para crianças apelativos a adultos, com especial
ênfase para o seu papel determinante na “formação de leitores para compreender o
mundo.”
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Moderador
José António Gomes é Professor Coordenador da
Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico
do Porto, cujo Departamento de Ciências Humanas
e Sociais coordena. Doutorado em Literatura
Portuguesa do século XX, fundou e dirige a revista
Malasartes – Cadernos de Literatura para a Infância e
a Juventude e integra a Red Tematica de Literaturas
Infantiles y Juveniles en el Marco Ibérico. É autor de
livros, numerosos artigos e trabalhos de investigação
publicados em revistas e centrados na literatura portuguesa contemporânea
e na literatura para crianças e jovens.
Com o nome literário de João Pedro Mésseder editou livros de poesia e
obras destinadas à infância e à juventude.
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ESTRATÉGIAS DE LEITURA E COMPREENSÃO LEITORA
Conferencista de abertura
Teresa Colomer é professora na Universidade
Autónoma de Barcelona. Licenciada em Filologia
Hispânica e Filologia Catalã, e Doutora em Ciências
da Educação. Publicou artigos e livros sobre literatura
infantil e juvenil, e sobre o ensino da leitura e da
literatura, como “Andar entre libros” (Caminhar entre
livros) (Fondo de Cultura Económica), “Introducción a
la literatura infantil” (Introdução à literatura infantil)
(Síntesis), “La Formación del lector literario” (A
Formação do leitor literário) (Fundación Germán Sánchez Ruipérez), (dir)
“Siete llaves para valorar las historias infantiles” (Sete chaves para avaliar
as histórias infantis), etc., pelos quais recebeu prémios como o Prémio de
Pedagogia de Rosa Sensat, em Espanha, ou o Prémio Cecília Meireles no
Brasil. Presentemente, é directora do Mestrado Internacional em Livros
e Literatura para crianças e jovens (UAB-Banco del Libro-FGSR e FSM) e
do Mestrado oficial de Biblioteca escolar e promoção da leitura. Dirige o
grupo de investigação GRETEL (www.pangea.org/gretel-uab).
QUATRO FORMAS DE LER NA ESCOLA
Teresa Colomer
A leitura literária na escola deve ser planificada a partir da consideração pelas
funções outorgadas por parte da sociedade em cada momento determinado para a
educação literária dos seus cidadãos. O corpus escolhido e as actividades dependem disso.
Os actuais critérios educativos permitem pensar que a organização escolar deve ter em
conta quatro âmbitos de actuação: a leitura autónoma, a leitura partilhada na sala de
aula, a leitura relacionada com os diferentes objectivos curriculares e a leitura orientada
pelo docente. A criação de hábitos de leitura, a pertença a uma comunidade cultural, a
integração de conteúdos educativos e a aprendizagem interpretativa encontram nestes
espaços a sua trajectória natural de desenvolvimento.
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Oradores
Pedro C. Cerrillo Torremocha é Licenciado em Filologia
Românica pela Universidade de Salamanca, Doutor em
Filologia Hispânica pela Universidade Autónoma de
Madrid e Catedrático de Didáctica da Língua e Literatura
na Faculdade de Educação e Humanidades de Cuenca
(Universidade de Castela-Mancha), onde lecciona
Literatura Infantil e Literatura Espanhola. Actualmente,
é Director do CEPLI (Centro de Estudos de Promoção
da Leitura e Literatura Infantil), sedeado em Cuenca, e
dirige o Mestrado de Promoção da Leitura e Literatura Infantil da UCLM.
Co-dirige, juntamente com Santiago Yubero, a revista Ocnos, e dirige o
grupo de investigação consolidado “LIEL” (“Literatura Infantil e Educação
Literária”, da Universidade de Castela-Mancha.
Publicou mais de uma centena de artigos em diversas revistas especializadas,
tanto espanholas (CLIJ, Revista de Folclore, Carpeta, Barcarola, Revista de
Educación, Puertas a la Lectura, Primeras Noticias, Revista de Dialectología
y Tradiciones Populares, Platero o Retama) como estrangeiras (Plural, Hojas
de Lectura, Revista de Literaturas Populares, Fuentes Humanísticas, Casa del
Tiempo e Unomásuno - todas elas do México-, Hojas de lectura – Colômbia
- Letras Peninsulares (dos Estados Unidos) ou Hispanorama – Alemanha
- ). Como professor convidado, tem participado de cursos e conferências
nas universidades mexicanas UAM, Ibero-americana e UNAM, na francesa
de Toulouse, nas portuguesas de Évora, Trás-os-Montes e Minho, na
brasileira de Passo Fundo e na norte-americana de Cornelle; e já participou
em debates e apresentações no Instituto de Literatura Infantil Charles
Perrault (Eaubonne, França), nos Institutos Cervantes de Estocolmo, Berlim
e Londres, em Fundalectura (Colômbia), ou na Feira do Livro de Buenos
Aires. Além disso, como professor visitante, já realizou investigações na
Hougthon Library da Universidade de Harvard.
Desde 1990 que é colaborador da cadeia de jornais regionais El Día, onde
coordena, em conjunto com Santiago Yubero, a edição semanal “La Luna
de Papel”, dedicada aos livros para crianças. Precisamente pelos seus
trabalhos na imprensa acerca de livros infantis, foi galardoado em 1981
com o 2º Prémio para melhor trabalho crítico durante os Prémios Nacionais
de Literatura Infantil do Ministério de Cultura.
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Entre as suas publicações mais relevantes, cabe citar os seguintes livros:
2002. Libros, lectores y mediadores. (Co-autor em conjunto com Elisa Larrañaga Rubio e
Santiago Yubero Jiménez). Cuenca: Edições da Universidade de Castela-Mancha.
2002. Antología poética del Grupo del 27. Madrid: Akal.
2003. MENDOZA, A. e CERRILLO, P. (Coords.): Intertextos: aspectos sobre la recepción del
discurso artístico. Cuenca: Edições da UCLM.
2004. YUBERO, S.; LARRAÑAGA, E. e CERRILLO, P.C. (Coords.): Valores y lectura. Estudios
multidisciplinares. Cuenca: Edições da UCLM.
2004. ¿Dónde está el niño que yo fui? Poemas para leer en la escuela. Madrid: Akal.
2005. La voz de la memoria. (Estudios sobre el Cancionero Popular Infantil). Cuenca:
Edições da UCLM.
2006. BENTLEY, Bernard e CERRILLO, Pedro C. (Eds.): The Interconnections of the Connect
Projet. Translating, Mediating and Sharing Children´s Literature throughout Europe.
Cuenca: Cepli.
2007. CERRILLO, Pedro C. Literatura Infantil y Juvenil y educación literaria. Barcelona:
Octaedro.
2008. CERRILLO, Pedro C. e SÁNCHEZ, César, coords.: La palabra y la memoria. Estudios de
literatura popular infantil. Cuenca: Edições da UCLM.
Além das suas publicações científicas, já editou cinco livros e uma antologia poética para
crianças (¡Adivina!, Trabalenguas e Adivina qué soy, os três da SM; Versos para jugar y
actuar, e Pinto, pinto, gorgorito da Alfaguara; e A la rueda, rueda, da Anaya).
É académico numerário da Real Academia de Artes e Letras de Cuenca.
Trabalha nas linhas de investigação:
a) Lírica popular de tradição infantil: um novo marco para a sua recepção.
b) Ensino da literatura e educação literária.
c) A formação dos mediadores de leitura.
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SOCIEDADE E LEITURA: A IMPORTÂNCIA DOS MEDIADORES DE LEITURA
Pedro C. Cerrillo, Catedrático da Universidade de Castela-Mancha (Cuenca.
Espanha)
Hoje em dia é frequente ver como se confundem a “sociedade de informação” e
a “sociedade do conhecimento” que não são, em caso algum, conceitos sinónimos. A
“informação” é algo externo e rapidamente acumulável pelas pessoas, mas que pode
nem ser “nada” se uma pessoa não for capaz de discriminá-la, processá-la e avaliá-la, e
isso apenas lhe faculta a capacidade de leitura. Por outro lado, o “conhecimento” é algo
interno, estruturado, que se relaciona com o entendimento e com a inteligência, e que
cresce lentamente.
Se o êxito da “sociedade do conhecimento” é um objectivo da sociedade, como
dizem os governos desde há algum tempo, é imprescindível que também o seja a
aquisição da capacidade de leitura dos cidadãos, pois é esta que tornará possível o acesso
ao “conhecimento”, e não só à “informação”. Neste século, dominado pelo avanço das
novas tecnologias, é mais necessário do que nunca um cidadão leitor, competente e
crítico, capaz de ler diferentes tipos de textos e de discriminar a abundante informação
que lhe é oferecida diariamente através de diversos suportes, ou seja, um cidadão com
capacidade de leitura, o que lhe permitirá abandonar o sistema de exclusão educativa,
interpretar e avaliar ideias passadas, e presentes, aceder de forma crítica às Tecnologias
de Informação e Comunicação ou compartilhar emoções, sentimentos e esperanças com
pessoas de outras culturas e outros territórios. A leitura foi no passado uma actividade
minoritária que discriminava as pessoas, mas hoje deve ser considerada como um bem
“de primeira necessidade”, à qual têm direito todos os cidadãos. Ser alfabetizado é um
direito universal de todas as sociedades, porque o valor instrumental da leitura permitirá
aos cidadãos participar, autónoma e livremente, na “sociedade do conhecimento”.
O êxito deste objectivo exige, sem dúvida, a intervenção de mediadores de leitura
solidamente formados. Durante a infância e a adolescência, os leitores possuem diferentes
e progressivos níveis das suas capacidades de compreensão leitura e recepção literária; é
por isso que se torna necessário o mediador, como ponte entre livros e leitores, propiciando
e facilitando o diálogo entre ambos.
O autor analisa no seu texto a actual formação dos mediadores de leitura, assim como
as suas funções e competências, a importância que a sociedade lhes dá e as necessidades
requeridas para o melhor cumprimento da sua responsabilidade.
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Michel Fayol
4 de Janeiro de 1947, Montluçon (Allier), França
Professor de Psicologia
Director do UMR CNRS 6024 até Dezembro de 2007
Université Blaise Pascal
Membro do Observatoire National de la Lecture (19962007)
Presidente do conselho científico da ACI “Ecole et
Sciences Cognitives” (2000-2003)
Presidente do conselho científico do Appel d’offres
ANR Apprentissages (2006)
Doutor Honoris Causa da Université de Liège
Responsável de Programa Agence Nationale de la Recherche (ANR) desde
2008
Algumas publicações:
Artigos
Bourdin, B. & Fayol, M. (1994). Is written language production really more difficult than oral
language production? International Journal of Psychology, 29, 591-620.
Fayol, M., Largy, P. & Lemaire, P. (1994). Subject- verb agreeement errors in French. Quarterly
Journal of Experimental Psychology, 47A, 437-464.
Lemaire, P., Barrett, S.H., Fayol, M. & Abdi, H. (1994). Automatic activation of addition and
multiplication facts in elementary school children. Journal of Experimental Child Psychology, 57,
234-258.
Largy, P., Fayol, M. & Lemaire, P. (1996). The homophone effect in written French: The case of verbnoun inflection errors. Language and Cognitive Processes, 11, 217-255.
Lemaire, P., Abdi, H; & Fayol, M. (1996). The role of working-memory resources in simple cognitive
arithmetic. European Journal of Cognitive Psychology, 8, 73-103.
Barrouillet, P. & Fayol, M. (1998). From algorithmic computing to direct retrieval. Evidence from
number- and alphabetic-arithmetic in children and adults. Memory & Cognition., 26, 355-368.
Fayol, M, Barrouillet, P. & Marinthe, C. (1998). Predicting arithmetic achievement from
neuropsychological performance: A longitudinal study. Cognition, 68, 63-70.
Fayol, M., Hupet, M. & Largy, P. (1999). The acquisition of subject-verb agreement in written french.
From novices to experts errors. Reading and Writing, 11, 153-174.
Bonin, P., Fayol, M. & Chalard, M. (2001). Age of acquisition and word frequency in written picture
naming. The Quarterly Journal of Experimental Psychology, 54A, 469-489.
Bonin, P., Peereman, R. & Fayol, M. (2001). Do phonological codes constraint the selection of
orthographic codes in written picture naming? Journal of Memory and Language, 45, 688-720.
Pacton, S., Perruchet, P., Fayol, M. & Cleeremans, A. (2001). Implicit learning out of the lab.: The
case of orthographic regularities. Journal of Experimental Psychology: General, 130,401-426.
Thévenot, C., Barrouillet, P. & Fayol, M. (2001). Algorithmic solution of arithmetic problems and
operands-answer associations in long term memory. The Quarterly Journal of Experimental
Psychology, 54A, 599-611.
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Bonin, P. & Fayol, M. (2002). Frequency effects in the written and spoken production of homophonic
picture names. European Journal of Cognitive Psychology
Pacton, S. & Fayol, M. (2003). Do French third and fifth graders use morpho- syntactic rules when
they spell adverbs and present participles? Scientific Studies of Reading, 7,
Martinet, C., Valdois, S. & Fayol, M. (2004). Lexical orthographic knowledge develops from the
beginning of reading acquisition. Cognition, 91, B11-B22.
Bonin, P., Malardier, N., Méot, A. & Fayol, M. (2005). The scope of advance planning in written
picture naming. Language and Cognitive Processes, 21, 205-237
Pacton, S., Fayol, M. & Perruchet, P. (2005). Children’s implicit learning of graphotactic and
morphological regularities in French. Child Development, 76,324-339
Rieben, L., Ntamakiliro, L., Gonthier, B. & Fayol, M. (2005). Effects of various early writing practices
on reading and spelling. Scientific Studies of Reading, 9, 145-166
Fayol, M., Totereau, C. & Barrouillet, P. (2006). Disentangling the impact of semantic and formal
factors in the acquisition of number inflections. Noun, adjective and verb agreement in written
French. Reading and Writing, 19, 717-736.
Largy, P., Cousin, M-P., Bryant, P. & Fayol, M. (2007). When memorised instances compete with
rules : The case of number-noun agreement in written French. Journal of Child Language, 34, 425437.
Thévenot, C., Devidal, M., Barrouillet, P. et Fayol, M. (2007). Why does placing the question before
an arithmetic word problem improve performance. A situation model account. The Quarterly
Journal of Experimental Psychology, 60, 43-56.
Thévenot, C., Fanget, M. et Fayol, M. (2007). Retrieval or non-retrieval strategies in mental
arithmetic? An operand-recognition paradigm. Memory and Cognition, 35, 1344-1352.
Droit-Volet, S., Clement, A., & Fayol, M. (2008). Time, number, and length: Similarities and
differences in bisection behavior in children and adults. The Quarterly Journal of Experimental
Psychology, 61, 12, 1827-1846.
Lambert, E., Kandel, S., Fayol, M., & Esperet, E. (2008). The effect of the number of syllables on
handwriting production. Reading and Writing, 21, 859-883
Lété, B., Peereman, R. et Fayol, M. (2008). Phoneme-to-Grapheme Consistency and Word-Frequency
Effects on Spelling Among First- to Fifth-Grade French Children: A Regression-Based Study. Journal
of Memory and Language, , 58, 952-977
Chevrot, J-P., Dugua, C. & Fayol, M. (2008 sp). Liaison and word segmentation in French: A usagebased account. Journal of Child Language
Fayol, M., Zorman, M. & Lété, B. (2008 in press). Unexpectedly good spellers too. Associations and
dissociations in reading and spelling French. British Journal of Educational Psychology,
Berninger, V., & Fayol, M. (2008, Published online: 2008-01-22 14:57:52). Why spelling is important
and how to teach it effectively http://www.literacyencyclopedia.ca/ ON-LINE ENCYCLOPEDIA OF
LANGUAGE AND LITERACY DEVELOPMENT National Centres for Excellence Canadian Language
and Literacy Research Network (CLLRNet).
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Obras
Fayol, M. (1997). Des idées au texte. Paris : PUF.
Costermans & M. Fayol (Eds.), (1997). Processing interclausal retionships. Studies in the
production and comprehension of text. Mahwah, NJ : Laurence Erlbaum Ass. Inc.
Perfetti, C. Rieben, L & Fayol, M. (1997). Learning to spell. Hillsdale, NJ : Laurence
Erlbaum.
Jaffré, J.P. & Fayol, M. (1997). Orthographes. Des systèmes aux usages. Paris :
Flammarion.
Kail, M. & Fayol, M. (2000). L’acquisition du langage. (2 volumes). Paris: P.U.F.
Fayol, M. (2002). La production du langage. Encyclopédie des Sciences cognitives. Vol. X.
Paris : Hermès.
Kail, M. & Fayol, M. (2003). Les sciences cognitives et l’école. Paris : P.U.F.
Gaonac’h, D. et Fayol, M. (2003). Aider les élèves à comprendre. Paris : Hachette.
Capítulos
Pacton, S. & Fayol, M. (2004). Learning to spell in a deep orthography. In R.A. Berman
(Ed.), Language development across childhood and adolescence. Trends in language
acquisition research, 3.
Fayol, M., Perros, H. & Seron, X. (2004). Les représentations numériques : caractéristiques,
troubles, développement. In M-N. Metz-Lutz, E. Demont, C. Seegmuller, M. de Agostini
et N. Bruneau (Eds.) Développement cognitif et troubles des apprentissages. Marseille :
Solal.
Seron, X & Fayol, M. (2004). Nombres, langage et systèmes de notation. In X. Seron et M.
Pesenti (Eds), La cognition numérique (pp. 189-218). Paris : Hermès.
Jaffré, J-P & Fayol, M. (2005). Orthography and literacy in French. In R.M. Joshi and P.G.
Aaron (Eds.), Handbook of orthography and literacy. L.E.A.
Fayol, M. & Seron, X. (2005). On numerical representations. Insights from experimental,
neuropsychological, and developmental research. In Campbell (Ed.), Handbook of
numerical cognition. New York : Academic Press
`Fayol, M., Thévenot, C. et Devidal, M. (2005). Résolution de problème. In M-P. Noël (Ed.),
La dyscalculie, trouble du développement numérique de l’enfant. Marseille : Solal
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ENSINAR A LER E A COMPREENDER OS TEXTOS
Michel Fayol
A leitura é uma complexa actividade mental que pode ser analisada sob duas perspectivas
complementares.
A primeira diz respeito à compreensão que constitui o objectivo da actividade de leitura. Lê-se
para compreender, independentemente da motivação posterior dessa compreensão: informação,
distracção, aprendizagem, etc. A dimensão da compreensão é indispensável, não sendo todavia
específica à leitura. É preexistente à aprendizagem da leitura e é exercida ao longo e fora desta
aprendizagem. O problema com o qual a criança então se depara é o de estabelecer a actividade
de compreensão a partir da leitura.
A segunda perspectiva é específica à leitura. A leitura constitui uma actividade complexa
durante a qual o leitor deve coordenar diferentes processos: reconhecer os termos, construir o
significado das frases e dos textos, reter o que já leu, etc. Uma grande parte destes processos está
já disponível e exercitada regularmente na expressão oral quando as crianças começam a ler. O
que é novo com a leitura é que as condições para estabelecer estes diferentes processos diferem
daqueles que prevalecem na expressão oral: o texto permanece disponível sob os olhos, o que
permite adaptar a velocidade do tratamento das palavras e até mesmo de reler, tratamento que
não é possível na expressão oral. O mais importante, pelo menos no início da aprendizagem, diz
respeito à identificação das palavras, ou seja, para aquelas que já são conhecidas, o acesso às
suas formas fonológicas (como se pronunciam) e ortográficas (como se escrevem) tal como ao seu
sentido (o que elas significam).
Em resumo, quer a capacidade de identificação dos termos escritos quer as capacidades de
compreensão da língua constituem condições necessárias mas não suficientes para a compreensão
da escrita.
Dizer que a leitura comporta duas dimensões complementares não é suficiente. Torna-se
necessário acrescentar que os leitores devem geri-las de forma simultânea aquando da leitura em si.
E, de facto os seres humanos, e sobretudo quando estes são jovens, conseguem levar a bom porto e
de forma paralela apenas um número muito reduzido de actividades tendo em conta do facto da sua
capacidade de tratamento cognitivo ser limitada. É possível conduzir em paralelo duas actividades
automatizadas, uma actividade automatizada e outra que não o é, e de todo ou muito dificilmente,
ou apenas sobre um período muito curto, duas actividades atencionalmente penosas. Estas três
eventualidades permitem compreender a importância que deve ser atribuída ao tratamento eficaz
do léxico ortográfico e à sua extensão ao longo da aprendizagem contínua da leitura. É pouco
provável que a actividade de compreensão dos discursos e dos textos possa ser automatizada.
Esta actividade consiste sempre na construção mental de uma representação da situação descrita
pelo texto. Esta construção precisa de atenção e muita vezes de um importante esforço afim de
coordenar os diferentes tipos de informações e de os integrar numa representação coerente.
São portanto as demais componentes da leitura-compreensão que devem ser automatizadas ou
cujo valor cognitivo deve ser aligeirado. Relativamente à compreensão, o leitor é confrontado
a um duplo constrangimento: por um lado, assegurar a coerência da representação elaborada
a partir dos elementos já processados, e por outro lado, tratar e integrar novos elementos que
simultaneamente são do interesse da leitura e colocam o problema da alteração e da actualização
da representação até este momento elaborada. A compreensão apresenta problemas específicos,
independentemente do facto de ser exercida na leitura ou aquando da recepção de um filme.
Estes estão verdadeiramente na origem de uma grande parte dos fracos desempenhos das crianças
que fracassam à entrada do 2.º ciclo enquanto que a sua capacidade de processamento dos termos
é normal. Alguns destes problemas foram identificados tendo dado origem a pesquisas que
visam investigar se é possível ensinar às crianças procedimentos para os ultrapassar. Estes serão
apresentados.
Esta apresentação estabelecerá um balanço do conhecimento actual, incidindo por um lado,
nas dificuldades relativas à compreensão e, por outro lado, à condução simultânea no decurso
da leitura das actividades de processamento do código e da construção de uma representação
integrada da situação descrita pelo texto.
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Pep Duran (1944)
Livreiro desde 1970, fundador da livraria ROBAFAVES de
Mataró.
Presidente da cooperativa de trabalho associado, Robafaves
s.c.c.l.(1975)
Presidente da cooperativa Cultura i Comerç s.c.c.l. (2005)
Terapeuta Gestáltico, Formado em Psicoterapia Integrativa
(SAT) (1998), Educador Especializado (1977).
Contador de histórias, especializado em contar álbuns
ilustrados para público infantil e para adultos. Membro
fundador da Associação cultural Cal Llibre (1997, Membro
fundador do Centro de Orientação Psicopedagógica – COPP
(1972), Animador Sociocultural (1982).
Perito Industrial na especialidade de Electricidade e Electrónica. 1967
Conto, conto, conto.
Conto a partir de álbuns ilustrados, faço-o com os livros na mão para reforçar o
vínculo que une a oralidade à leitura. A minha profissão de livreiro permite-me
conhecer as novidades do mundo editorial e coloco a minha prática de contador
ao serviço dos livros cuja forma e conteúdo me emocionam.
Conto com objectos, com personagens de contos em forma de bonecos de peluche,
com metáforas guardadas em caixas, com malas cheias de segredos e tesouros, que
como os livros necessitam abrir-se para se lhes saborear o conteúdo.
Conto contos curtos, de nova criação que contêm a sabedoria antiga para ajudar
a crescer por dentro.
Conto para pequenos e para adultos. Conto, mas em espaços reduzidos e silenciosos
mais do que em palcos e anfiteatros.
Neste momento, o meu interesse está orientado para o público infantil, para os pais
e os mestres, professores e especialistas. Interessa-me, em especial, acompanhar os
formadores pelo sugestivo mundo dos contos.
Conto em catalão e em castelhano (com sotaque catalão).
EXPERIÊNCIA
Nos últimos anos:
Actuação todas as quartas-feiras na “LA HORA DEL CUENTO EN LA LIBRERÍA” (A
HORA DO CONTO NA LIVRARIA).
Duas ou três actuações semanais nas aulas de escolas primárias e numa ou outra
biblioteca pública.
Conferências e oficinas para contadores em Beja (Portugal), em Coimbra, em
Pozuelo de Alarcón, em Terrassa, em Barcelona, em Parets del Valles,.....
Produção do “EL LIBRO GIGANTE DE CUENTOS” (O LIVRO GIGANTE DE CONTOS)
nas diferentes cidades da Península: Guadalajara, Córdoba, Sevilha, Málaga,
Madrid, Mataró, Granollers, Valência, Valladolid, Los Silos (Tenerife), .....
“Conferencia Maleta” nos diferentes fóruns profissionais do mundo do livro e da
empresa onde explico conceitos económicos, e estratégias empresariais através de
contos.
Cursos para formação de contadores em Girona, em Tarrassa, na Universidade de
Vic, na Escola de Escrita do Ateneu de Barcelona.
PROJECTOS EM FUNCIONAMENTO:
Os contos como crescimento pessoal. Atelier de formação para comunicadores na
Escola de Arterapia do Mediterrâneo.
ROBAFAVES-JOVE, modelo de livraria especializada para leitores dos 0 aos 16
anos.
ACTUA – (la ilusión de descubrir) - Cultura i Comerç s.c.c.l., nova empresa
cooperativa que gere um local de 1000m2 dedicado à comercialização de produtos
e serviços culturais para a família, e escolas.
CONTAR CONTOS , curso de formação de 20 horas na ESCOLA DE ESCRITA DO
ATENEU DE BARCELONA.
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CONTAR OS CONTOS QUE LEIAM O MUNDO
Pep Duran
A minha participação centra-se em LER O MUNDO ATRAVÉS DOS CONTOS.
Partirei da evidência de que lemos com o corpo, de que sentimos através do corpo. O
nosso corpo guarda imagens e armazena sensações que despertam emoções. As palavras
descrevem cenas que se interligam com algumas imagens da recordação, evocando
emoções e despertando sensações que guardamos no corpo.
As palavras lidas, ou contadas, ajudam-nos a recuperar a memória sensitiva,
sentimo-nos vivos, apercebemo-nos de como a vida de manifesta através do nosso corpo.
As palavras lidas, ou contadas, esclarecem o nosso viver no mundo.
Um mundo que podemos ler e podemos contar para conhecer, para habitar, para
desfrutar, para compartilhar com os outros no qual podemos crescer, e ser felizes para
morrer, no final, entregando a nossa experiência de vida.
Uma estratégia de leitura para ler o mundo é a de procurar aqueles contos, nas
diferentes culturas, que ajudem a compreender o nosso mundo interior e a podermos
manejar-nos no mundo exterior em conjunto com os restantes seres existenciais.
Através de álbuns ilustrados posso perguntar a mim mesmo: por que nasci eu?
LA GRAN PERGUNTA (A Grande Pergunta), (Kókinos). Poderei manifestar o meu
medo de não ser amado ou não ser adequado. ¿QUIÉN TE QUIERE OSITO? (Quem te Ama,
Ursinho?) (La Galera). Poderei garantir que a minha força está no amor: MI PAPA (O meu
Papá) (Fondo de Cultura Económica). Poderei encontrar a minha energia criadora no
deixar fluir, no render-me, CASI (Serres). Poderei nascer cada dia para ajudar a mudar a
nossa forma de estar no mundo, HABRIA QUE… (Teria Que...) (Kókinos).
São apenas contos, contos que nos surpreendem unindo os nossos três cérebros,
as nossas três inteligências: a racional, a emocional e a instintiva. Unidas as três através
das palavras, lidas ou contadas, para olhar o mundo, sentir o corpo e compreender a
existência.
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Moderador
Maria de Lourdes da Trindade Dionísio
Professora Associada da Universidade do Minho
Directora da Revista Portuguesa de Educação
Membro do Conselho Científico do Plano Nacional de Leitura
Membro da PISA/PIRLS Task Force da International Reading
Association
Investigadora Convidada da Unidade de Educação de Adultos
da Universidade do Minho
Investigadora convidada da Unité de Recherche en Littératies
Multiples, Universidade de Ottawa, Canadá
Presidente da Littera – Associação Portuguesa para a Literacia
Áreas de actividade científica
Estudos de Literacia em contextos educativos formais, informais e de trabalho;
Ensino do Português.
Projectos de investigação recentes
Literacias – Contextos. Práticas. Discursos (2000-2006) – (FCT- POCTI/33888/
CED/2000).
Literacias em Contexto Industrial (em curso)
Literacias em Contexto de Trabalho (2002-2004)
Participação em projectos de extensão universitária
Coordenadora da Acção Novas Experiências com a Literacia do Programa DAR
VIDA ÀS LETRAS, da Comunidade Intermunicipal do Vale do Minho.
Algumas Publicações
Autoria e organização
(1993). A interpretação de textos na aula de Português. Porto: ASA.
(2000). A construção escolar de comunidades de leitores. Coimbra: Almedina.
(2005). O Português nas Escolas. Ensaios sobre a Língua e a Literatura no Ensino Secundário.
Coimbra: Almedina (co-organizadora com Rui Vieira de Castro)
Capítulos de livros e artigos em revistas científicas
(2008). Multiple Literacies Pedagogy. An Interdisciplinary Endeavor. In C. Maltais (Ed.), Perspectives
on Multiple Literacies: International Conversations. Alberta: Detselig Enterprises Ltd.
(2007). Literacias em contexto de intervenção pedagógica. Um exemplo sustentado nos Novos
Estudos de Literacia. Educação – Revista do Centro de Educação/Universidade Federal de Santa
Maria, V. 32-n.01, pp.97-108.
(2006). Facetas da literacia: processos de construção do sujeito letrado. Educação em Revista, Belo
Horizonte, nº 44, pp.41-67
(2005). Literatura, Leitura e Escola. Uma hipótese de trabalho para a construção do leitor
cosmopolita. IN A. Paiva; A. Martins; G. Paulino & Z. Versiani (ORGS.), Leitura Literária: Discursos
Transitivos. 1. ed. Belo Horizonte-BR: Autêntica, pp. 71-84.
(2007). “O conjunto é que faz com que as coisas funcionem”. A Pedagogia híbrida dos Cursos EFA.
IN ATAHCA /Unidade de Educação de Adultos da UM (ORGS.), Contexto organizacional, orientações
e Práticas de Educação de Adultos. Os Cursos EFA numa Associação Local. Vila Verde: ATAHCA/UEA,
pp. 82-95.
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PAINEL 3
PROJECTOS DE PROMOÇÃO DA LEITURA
Conferencista de abertura
António Nóvoa é Reitor da Universidade de Lisboa. Doutor
em Ciências da Educação (Universidade de Genève) e
Doutor em História (Universidade de Paris IV - Sorbonne).
Consultor do Presidente da República para a Educação
(1996-1998), foi Presidente da Associação Internacional de
História da Educação (2000-2003). Professor da Faculdade
de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de
Lisboa, leccionou também em importantes universidades
estrangeiras (Genève, Paris V, Wisconsin, Oxford, ColumbiaNew York, São Paulo, etc.). É autor de mais de 150 títulos (livros e artigos),
publicados em doze países, nas temáticas da História da Educação, da
Educação Comparada e da Formação de Professores.
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Oradores
Dolores González López-Casero
Licenciada em Geografia e História pela Universidade de
Salamanca.
Continuou na Universidade San Pablo-CEU de Madrid, um
curso anual de pós-graduação sobre “Gestão e Organização
de Bibliotecas”
Trabalha no Centro Internacional do Livro Infantil e Juvenil
da Fundação Germán Sánchez Ruipérez desde o início do
projecto, datado de 1985, desempenhando diferentes
responsabilidades nas áreas de Fomento da Leitura e no
Centro de Documentação e Investigação.
Directora do Centro Internacional do Livro Infantil e Juvenil
desde 1992 até à presente data.
Coordena com assiduidade a gestão e as equipas de trabalho para a elaboração
de programações culturais, e exposições bibliográficas, em colaboração com
Instituições Públicas como o Ministério da Cultura (Direcção-Geral do Livro,
Arquivos e Bibliotecas) e a Secretaria da Educação e Cultura do Município de
Castela e Leão.
Apresentou vários cursos e conferências sobre Bibliotecas, Literatura Infantil e
Promoção da Leitura em diversas Universidades espanholas, e entidades culturais
estrangeiras. Além disso, participou em Seminários, Encontros e Congressos sobre
o tema.
PRIMEROS CONTACTOS COM A LEITURA: LER SEM SABER LER
Dolores González López-Casero
São inúmeros os autores, entre eles Sulby e Teale e Pressley, que asseguram a importância
do papel assumido pela leitura de contos no desenvolvimento da alfabetização emergente das
crianças, e mantêm é desejável que esta aproximação aos contos tenha início em idades muito
tenras.
Os livros e as histórias contribuem para potenciar o importante processo de pré-leitura no
qual se encontram as crianças antes de aprenderem a ler. O adulto e, em especial, os pais, assumem
um papel primordial na contribuição da criação, fomentação e consolidação do hábito e gosto
pela leitura por parte dos seus filhos.
Não há dúvida que o espaço familiar é um contexto idóneo para incutir valores sociais e
hábitos culturais, e oferece possibilidades inigualáveis que contribuem para o processo de criação
de leitores. Apresentar a leitura sem obrigações nem exigências, como algo que se desfruta durante
o tempo de ócio, algo que, através da palavra, reforça os afectos e convida a partilhar emoções.
Todas estas considerações fazem parte das abordagens que, a partir da Fundação Germán
Sánchez Ruipérez, levamos em conta ao perfilar programas ou iniciativas de fomento de leitura
dirigidas às famílias com crianças pequenas e, muito especialmente, os dois programas: ”Ronda de
libros” (para famílias e bebés dos 0 aos 3 anos) e ”Prelectores” (dos 3 aos 6 anos) que foram objecto
de um estudo de investigação em colaboração com a Faculdade de Educação da Universidade de
Salamanca.
O estudo foi abordado após anos de experiência com o fim de divulgar pautas de trabalho
que, baseadas na experimentação e estudo, e cuja veracidade foi garantida através da opinião de
especialistas, puderam levar alguma ajuda ao trabalho das instituições e pessoas que trabalham na
área da leitura, não apenas para a colocação em marcha de novas iniciativas, como também para
a revisão de projectos já iniciados.
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Galeno Amorim, escritor e jornalista, é especialista
em políticas públicas do livro e leitura e diretor do
Observatório do Livro e da Leitura. É autor de 11 livros
de literatura infanto-juvenil e ensaios, entre os quais
Retratos da Leitura no Brasil e Políticas Públicas do Livro
e Leitura (que já venderam, ao todo, perto de 200 mil
exemplares).
Foi o primeiro coordenador do Plano Nacional do Livro e
Leitura, do Ministério da Educação e Ministério da Cultura.
Presidiu, em 2006, o Comitê Executivo do Centro Regional de Fomento ao
Livro na América Latina e no Caribe (Cerlalc/UNESCO) e foi consultor da
Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) para a Educação, Ciências
e Cultura.
Foi membro dos conselhos estaduais de leitura dos estados de São Paulo
e Rio de Janeiro e secretário de Cultura de Ribeirão Preto (São Paulo).
Também foi professor de Ética no Jornalismo na Universidade de Ribeirão
Preto, diretor do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo e atuou
por mais de 20 anos como jornalista em grandes jornais e emissoras de
televisão (O Estado de S. Paulo, Agência Estado e Rede Globo, entre
outros).
Criou e dirigiu diversas instituições ligadas à área do livro e leitura: Plano
Nacional do Livro e Leitura, Fundação Palavra Mágica, Fundação Instituto
do Livro, Fundação Feira do Livro e Instituto de Desenvolvimento e Estudos
Avançados do Livro e Leitura, entre outros.
Também criou e coordenou diversos projetos e programas no País: Ano Iberoamericano da Leitura Vivaleitura (100 mil ações em 2005 no País); Fome de
Livro (para zerar o número de cidades brasileiras sem bibliotecas); Câmara
Setorial do Livro e Leitura; Imposto Zero para o Livro, Prêmio Vivaleitura (7
mil ações catalogadas); Ribeirão das Letras (abriu 80 bibliotecas em 3 anos
na cidade que mora, a Feira Nacional do Livro e a primeira Lei do Livro em
um município brasileiro); e a agência de notícias Brasil Que Lê.
Em 2006, organizou o Manifesto do Povo do Livro, entregue aos candidatos
a presidente da República. Em 2008, coordenou a pesquisa Retratos da
Leitura no Brasil, maior estudo feito até hoje sobre o comportamento leitor
da população. Recebeu diversos prêmios como personalidade do livro no
Brasil.
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RETRATOS DA LEITURA NO BRASIL: COMO CONSTRUIR UM PAÍS DE LEITORES
Galeno Amorim
Os Retratos da Leitura no Brasil de hoje mostram duas coisas: a existência de
realidades bem distintas entre si e que para superar as dificuldades em um país tão grande
e tão complexo há tarefas e responsabilidades para todo mundo: Estado, setor privado
e sociedade. Afinal, ao lado de 95 milhões de leitores de livros, há 77 milhões de não
leitores. Em certas regiões, classes sociais, faixas etárias ou escolaridades, os índices são
altos (chegam a 8 livros lidos por habitante/ano). Ao mesmo tempo, nos outros extremos
eles são muito baixos. Portanto, para se construir um país mais leitor, e de cidadãos
leitores, o desafio tem sido estabelecer tarefas não só para o Estado, mas também para
o setor privado e a sociedade. Por isso, tanto as ações com abrangência nacional como,
principalmente, aquelas em nível local estão multiplicando por toda parte. No nível
institucional, há programas apoiados por setores que não os responsáveis diretos pelas
políticas públicas do livro e leitura (que são os ministérios da Educação e Cultura). É o caso,
por exemplo, do programa Arca das Letras, que já espalhou 6.000 mini-bibliotecas na zona
rural, em assentamentos agrários, aldeias indígenas e comunidades de antigos escravos.
No setor privado, empresas como a Volkswagen investem em projetos para ajudar a
formar agentes de leitura. Já a Fundação Palavra Mágica é um exemplo de instituições do
chamado terceiro setor que fazem sua parte: ela criou, por exemplo, um Observatório do
Livro e da Leitura para monitorar e avaliar a execução das políticas públicas e mobilizar a
sociedade, além de desenvolver, ela própria, projetos criativos e econômicos de oficinas
de leitura e escrita para jovens de baixa renda e a criação de clubes de leitura.
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Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo
Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009
António Prole
Formação académica na área da Filosofia.
Assessor da Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas /
Ministério da Cultura.
Consultor externo da Fundação Calouste Gulbenkian,
Departamento de Educação e Bolsas.
Responsável pela concepção e coordenação do projecto
Gulbenkian – Casa da Leitura.
Assessor, enquanto técnico do IPLB, da Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte no âmbito do
subprograma de apoio a projectos continuados de promoção da leitura.
Membro dos júris de avaliação de todos os projectos aprovados (2002 2007).
Professor convidado do Curso Promoción de la Lectura: de los Clássicos a
las Nuevas Teconologías, organizado pelas Universidades da Extremadura
e Almería (2005).
Leccionou, no âmbito do mestrado de Biblioteconomia e Ciências
Documentais da Universidade Autónoma de Lisboa, o módulo História e
Promoção da Leitura em Portugal (2005/2006).
Lecciona no presente ano lectivo, no âmbito da pós-graduação em Livro
Infantil da Universidade Católica, um módulo sobre Promoção, Mediação
e Animação da Leitura.
Conferencista em diversos encontros e seminários, em Portugal e Espanha,
no âmbito da promoção da leitura.
CASA DA LEITURA: ALICERCES, ARQUITECTURA E INTEGRAÇÃO NA PAISAGEM
António Prole
Encerramos dois anos de existência, e um ciclo de trabalho, com uma visita guiada
aos bastidores da Casa da Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian. Uma casa não se
faz sem alicerces, sem pilares teóricos, que sustentam e perspectivam o desenvolvimento
da sua tipologia arquitectónica e o modelo das práticas dos seus moradores. A tipologia
arquitectónica é vincadamente “crossover”, apela ao encontro de diferentes “narrativas
de investigação” entre nós desencontradas, converte a narrativa teórica em prática leitora,
serve de plataforma de encontro de contributos muito variados: é uma arquitectura
intertextual. A qualidade da Casa depende destes três factores, mas a eficácia do seu
contributo terá que ter em conta a sua integração na paisagem da leitura pública.
Finalizaremos a viagem apontando para o horizonte a curto prazo que se nos apresenta
desde o lugar geográfico que ocupamos no território da leitura em Portugal.
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Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo
Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009
Moderador
Paula Morão, nascida em 1951, é Professora Catedrática
do Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade
de Letras de Lisboa, na qual se doutorou em Literatura
Portuguesa (tese: Irene Lisboa - Vida e escrita, 1988).
Dedica-se, na docência como na investigação, à
Literatura Portuguesa dos séculos XIX a XXI, à
Literatura Autobiográfica, à Crítica Textual aplicada a
textos modernos, às relações entre Literatura e Artes,
e à Didáctica do Português - Literatura. É membro
do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras de Lisboa;
aí coordena o Projecto AUTOBIO - Literatura Autobiográfica – Questões
teóricas e corpora.
Exerce desde Abril 2007 as funções de Directora-Geral do Livro e das
Bibliotecas (Ministério da Cultura).
Principais publicações em volume:
Irene Lisboa – Vida e escrita, 1989 (Grande Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de
Escritores, 1990); António Nobre – Uma leitura do nome, 1991 (Prémio Jacinto do Prado
Coelho do Centro Português da Associação Internacional dos Críticos Literários, 1991;
Prémio Eça de Queirós - Câmara Municipal de Lisboa, 1992); Viagens na terra das palavras,
1993; Obras de Irene Lisboa, dez volumes, 1991–1999; Só de António Nobre, reprodução
tipográfica da 2ªedição/ 1898, 2000; Salomé e outros mitos – O feminino perverso na
Literatura Portuguesa entre o Fim-de-Século e ‘Orpheu’, 2001; António Nobre em
contexto – Actas do Colóquio de 2000, org. de Paula Morão, 2001; prefácio e edição de O
ritmo na poesia de António Nobre, de Luís Filipe Lindley Cintra, 2002; Paula Morão (ed.),
Autobiografia. Auto-representação, ACT 8 – Centro de Estudos Comparatistas, Lisboa,
2003; Retratos com sombra – António Nobre e outros contemporâneos, 2004; Kelly Basílio,
Mário Jorge Torres Silva, Paula Morão e Teresa Amado (eds.). Concerto das Artes, Porto,
Campo das Letras, 2007; Helena Carvalhão Buescu e Paula Morão (eds.). Cesário Verde –
Visões de artista, Campo das Letras, 2007; Paula Morão e Carina Infante do Carmo (eds.).
Escrever a Vida – Verdade e Ficção, ACT 16, Centro de Estudos Comparatistas/ Campo das
Letras, 2008.
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PAINEL 4
A LEITURA EM DEBATE
Fernando Savater nasceu em San Sebastián (1947) e é licenciado em Filosofia
pela Universidade Complutense de Madrid. Foi catedrático de ética durante
doze anos na Universidade do País Basco e a seguir exerceu, durante quinze
anos, como catedrático de filosofia na Complutense de Madrid. Escreveu
meia centena de obras, entre filosofia, política, narrativa e teatro, muitas
delas traduzidas para mais de vinte línguas. Colabora habitualmente no
jornal espanhol El País e co-dirige, juntamente com Javier Pradera, a revista
Claves de razón práctica. A sua última obra publicada em Portugal é A vida
eterna, um ensaio sobre a actualidade da religião e seus conflitos.
Eduardo Marçal Grilo nasceu em 1942.
Doutorado em Engª Mecânica pelo IST em 1973
Consultor do Banco Mundial na área da Educação de
1980 a 1991
Presidente do Conselho Nacional de Educação de 1992
a 1995
Ministro da Educação de 1995 a 1999
Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian
Membro de várias instituições como: Universidade das
Nações Unidas, The International Council of Higher
Education Accreditation nos E.U.A. e ERASMUS-MUNDUS Selection Board
Autor de várias publicações na área da Educação e na Ajuda ao
Desenvolvimento.
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José Barata-Moura
Reitor da Universidade de Lisboa (de Maio de 1998 a Maio de 2006)
Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (desde 1986)
Representante do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas no Conselho Nacional de
Avaliação do Ensino Superior (desde 1999).
Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras (1981-1982)
Pró-Reitor da Universidade de Lisboa, tendo aí coordenado o lançamento do processo de avaliação
(1990-1993).
Deputado ao Parlamento Europeu (1993-1994)
Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1995-1997).
Membro da Direcção (1982-1996) e da Presidência (1996-2000) da Internationale Gesellschaft für
dialektische Philosophie.
Membro da Direcção e da Direcção da Internationale Gesellschaft Hegel-Marx für dialektisches
Denken (desde 2000).
Membro do Senado do Convent für Europäische Philosophie und Ideengeschichte (desde 1997).
Membro da Comissão Executiva e do Conselho de Administração do «Portal Universia Portugal,
SA» (desde 2002).
Membro da Junta Directiva do Projecto Columbus (2002-2005).
Membro da Academia Internacional da Cultura Portuguesa (desde 2003)
Obras publicadas em livro:
Kant e o conceito da Filosofia, Lisboa, Sampedro, 1972.
Da redução das causas em Aristóteles, Lisboa, FLUL, 1973.
Estética da canção política, Lisboa, Horizonte, 1977.
Totalidade e contradição, Lisboa, Horizonte, 1977.
Ideologia e Prática, Lisboa, Caminho, 1978.
EPISTEME, Perspectivas gregas sobre o saber. Heraclito — Platão — Aristóteles, Lisboa, ed. de autor
(distrib. Cosmos), 1979.
Para uma crítica da «Filosofia dos valores», Lisboa, Horizonte, 1982.
Da representação à «praxis», Lisboa, Caminho, 1986.
Ontologias da «praxis» e idealismo, Lisboa, Caminho, 1986.
A «realização da razão» - um programa hegeliano?, Lisboa, Caminho, 1990.
Marx e a crítica da «Escola Histórica de Direito», Lisboa, Caminho, 1994.
Prática, Lisboa, Colibri, 1994.
Materialismo e subjectividade, Lisboa, Avante, 1998.
Estudos de Filosofia Portuguesa, Lisboa, Caminho, 1999.
Obras para crianças:
O Coelho Barafunda, Livros Horizonte, Lisboa, 1979.
Capitão Tão-Balão, Livros Horizonte, Lisboa, 1980.
Discografia Infantil:
Obra Infantil Completa, 4 CD , Companhia Nacional de Musica, 2005.
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Moderador
António José Teixeira (1961)
Licenciado em Comunicação Social pela Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa.
Director da SIC Notícias
E subdirector de Informação da SIC
(desde 2008).
Autor do programa da SIC Notícias «A Regra do Jogo»
com António Barreto e José Miguel Júdice (2008).
Director da Licenciatura em Comunicação e Jornalismo
da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (2007-08).
Comentador político da TSF (1994-2008).
Comentador político da SIC (desde 2001).
Docente do módulo de Jornalismo Político no Mestrado em Jornalismo
do Departamento de Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (2007).
Director do Diário de Notícias (2005-07).
Subdirector do Jornal de Notícias (2003-05).
Autor do programa Sociedade Aberta, na SIC Notícias (2003-05).
Subdirector da TSF (2000-03).
Colaborador do Dicionário de História de Portugal, dirigido por António
Barreto e Maria Filomena Mónica (1999).
Assistente convidado do Departamento de Ciências da Comunicação da
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
(1995-2001).
Redactor, editor de Política e editor executivo do Diário de Notícias (19912000).
Coordenador da última página e da secção Política do Diário de Lisboa
(1989-90).
Assessor do secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros
(1988-89).
Secretário do Conselho Directivo do Instituto do Trabalho Portuário (198388).
Professor destacado na Direcção Escolar de Lisboa (1982-83).
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Gisela Cañamero
Criadora de espectáculos, encenadora e dramaturga, tem um percurso
marcado por intensa actividade enquanto pedagoga na área dos Processos
Criativos Integrados.
Directora Artística da estrutura profissional para as artes performativas, arte
pública – sedeada em Beja, Portugal – assina dezenas de encenações, dando
particular relevo às práticas inovadoras na miscenização de linguagens
cénicas, e à atenção na Formação de Públicos e à sensibilização destes para
o fenómeno da criação artística.
Adepta do Teatro Musical como meio facilitador à sensibilização da fruição
do objecto performativo por parte do público jovem, destaca, enquanto
dramaturga e encenadora, as obras de Teatro Musical para todos os
públicos NÓS TODOS TRÊS (2000, Centro Cultural de Belém e três digressões
nacionais), OS MÚSICOS DE BREMEN (2001, a partir do conto homónimo dos
Irmãos Grimm, no Centro Acarte da FCG e digressão nacional), DEBAIXO
DO CÉU (2004, Beja) e UM ESDADIGRÁRIO NO ARMÁRIO (2008, Amadora,
Beja).
Na abordagem e recriação de universos poéticos na prática performativa
destaca as performances NO AVESSO DA PELE, poesia de Eugénio de
Andrade (2001, três digressões nacionais), CAMÕES É UM POETA RAP, lírica
de Luís de Camões (2005, três digressões nacionais, Rio de Janeiro e Cabo
Frio, Brasil) PASSEM A PALAVRA (2003, vários autores, Beja) NATAL UP-TODATE (2006, vários autores, Beja ) e MARIANAs (2007, Beja, Lisboa).
Nas criações performativas, dramáticas e musicais, para o público adulto,
destaca o espectáculo de Teatro-Dança TALVEZ EU (2003, Beja, Zamora),
a performance multimédia NASCER (2002, Beja, Guarda, Porto) a
performance com cinema MORE LIVES THAN A CAT (2005, Beja), o concerto
com performance LISZzTening (2006, Beja), a performance dramática e
musical AQU FUI: CLARISSE (2006, Beja), a comédia intimista AS VELHAS
(2007, digressão nacional, Festival de Teatro Lusófono do Piauí, Brasil) e
CONDENADOS., performance para um actor, guitarra-baixo, percussão e
trombone de varas, com texto de Stig Dagerman (Beja, 2008).
Tem em mãos a adaptação do romance da escritora húngara Magda Szabó,
A PORTA, para a criação da performance/ ópera de câmara EMERENCE,
com estreia prevista para Junho 2009 (Beja e Sintra).
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UM LUGAR IMENSO, TALVEZ
Gisela Cañamero
talvez seja um lugar brilhante, azul - como diz a Ana.
encontrei a Ana - e quarenta outras almas – mulheres, homens e os seus filhos - que, desde
há, pelo menos, três anos, cultivam este hábito, estranho à voracidade e imediatismo dos
dias que correm, de fazerem da leitura partilhada um espaço de uma viagem comum na
Biblioteca Municipal de Beja – quando me foi lançado este desafio, por parte da CASA
DA LEITURA/FCG, de plasmar em acto performativo o sentir comum desta experiência
iniciática.
começámos, em Outubro de 2008, uma caminhada conjunta cujo destino final
desconhecíamos, pois, como diz a Paula: tem princípio e não tem fim: é um caminho –
remetendo-nos para a, neste contexto, tão certeira frase de Machado: “caminante no hay
camino, se hace camino al andar”.
os desvios experimentais deste caminho passaram a rotina - e foi derrubado o obstáculo
mais temido: o medo.
o medo de não se ser capaz: de não conseguir criar – movimento, palavras, sonoridades,
relação cinestésica ou dramática com o outro – de não se conseguir expor, na totalidade
do seu corpo criativo e expressivo, ao olhar de terceiros.
portanto, quando o Pedro refere que este é o espaço onde superamos os nossos medos,
soube que entráramos, finalmente, no espaço íntimo interior e imóvel: fora do tempo e
do espaço físicos, como diz o Manuel, e onde as palavras ganham forma, onde tudo pode
acontecer, como escreve a Laura.
manuseámos este objecto: o livro – muitos livros – sentindo, por um lado, a sua carga
histórica e civilizacional e, pelo outro, a presença enérgica com que nos chega, hoje, às
mãos, numa travessia milenária em formato imutável, em desafio à revolução tecnológica
dos nossos dias: uma capa de papel mais ou menos cartonado, páginas agrupadas - cosidas
ou coladas em lombada - onde podemos aceder, em silêncio interior, a outras vozes.
por isso a Leonor define este espaço como um sítio com muitas palavras que voam e que
têm asas, mas são muito silenciosas.
esta dimensão do silêncio – que permite, antes de mais, a escuta interior à ideiação, à
repescagem de memórias e a distensão necessária à sua associação divergente – ficou,
desde logo, nos espaços de inusitadas improvisações*, relacionada com a tranquilidade
interior, com a percepção da intemporalidade e da ausência de fronteiras espaciais, e com
a aceitação do desconhecido, do que é mistério – como o definem a Cristina: um lugar de
calma grande, a Céu: um espaço misterioso, sem limites, onde as letras andam à solta, a
Joana: um lugar gigante, luminoso, ou a Cármen: um lugar onde o relógio pára, onde nos
sentimos como pássaros a voar.
para a construção deste espaço de evasão, de alegria, de paz interior - como refere a
Elisabete - a poesia, pelas suas múltiplas possibilidades significantes, rítmicas e oníricas
– um sítio maravilhoso, mágico, como retrata um outro Manuel, e onde os sonhos se
realizam, como diz a Marta - impôs-se muito cedo; e, nela, fixámo-nos nos extraordinários
textos de Álvaro Magalhães.
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com a vivência literária anichada, na música, nos olhares, nos movimentos, nos gestos,
entrámos, aos poucos, no lugar onde o corpo e a alma se fundem num imenso bailado de
palavras e emoções, como sublinha a Alexandra.
mas, neste turbilhão criativo, a intensidade do silêncio é fulcral para o acolhimento da
sonoridade do timbre da palavra; possamos assim revisitar, sempre, este lugar maravilhoso,
onde sonhamos até nos perdermos e depois podemos reencontrarmo-nos, sentindo o ar
que respiramos, como, numa reflexão essencial, pressente o Vasco.**
*onde cruzámos improvisações feitas, por exemplo, a partir da corporalização dos nomes
próprios de cada um com poemas de Eugénio de Andrade, de A Arte da Guerra, de Sun
Tzu, com poemas de Álvaro de Magalhães, e os poemas deste com derivações jogadas
e brincadas de modo aleatório, azaroso, e, de novo, a sua reinterpretação corporal, à
construção de textos, ao desenho de personagens fantásticos, à sua interpretação
dramática…
** o Vasco tem nove anos. a Marta, seis. o outro Manuel, sete. a Leonor e o Pedro, onze.
a Laura, quinze. todos os outros nomes aqui citados, são, igualmente, papa-livros – Pais
e Filhos participantes nos Clubes de Leitura de Beja; as suas definições de UM LUGAR
IMENSO, TALVEZ, são a melhor aferição de um processo experimental e partilhado, que
vale, apenas por si.
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José Antonio Portillo Vesga
1980 Profesor E.G.B
1990 Analfabeto plástico – Diseño de espacios narrativos.
1993 Animador Cultural de Benicássim
Teatro
2001 Teatro Piccolo di Milano. Instalación narrada “Artilugios para contar y crear historias” en el
Teatro Strehler. Festival dei Bambini.
2003“Artefactos”. Producción teatral Albena Teatre y Babia Producciones.
Premio Mejor Espectáculo Infantil de las Artes Escénicas de la Generalitat Valenciana.
Nominación Mejor Escenografía de las Artes Escénicas de la Generalitat Valenciana.
2004 Nominación Espectáculo Revelación de los Premios Max.
“Tramankuluak”, versión en euskera de “Artefactes” de la compañía Tanttaka Teatroa.
2005 “Artefactos” nominado a la Mejor Escenografía VIII Edición de los Premios Max.
2005 “Artefactos” nominado al Mejor Espectáculo de Teatro Infantil, VIII Edición de los Premios
Max.
2007 Cuatrienal de Arquitectura y Escenografía Teatral. Praga
2008 Nominado a los Premios Max en la modalidad de Mejor Autor Teatral en euskera por la
“Aventura del Teatro”, producción del Teatro Arriaga de Bilbao.
2008 Autor y escenógrafo del espectáculo “ Museo del Tiempo”, dirigido por Fernando Bernués y
Laura Usuleti. Albena Teatre y Tanttaka Teatroa.
Exposições individuais
1989 Fundación Germán Sánchez Ruipérez, Salamanca.
1989 Centro Cultural “Casa de Vacas” del Retiro, Madrid.
1989 Palacio del Infantado, Guadalajara.
1990 Diseño del Proyecto “Babia” para la Feria del Libro de Valencia.
1993 Centro Cultural Villa de Amurrio, Vitoria.
1993 Centro Cultural de Cruces,Bilbao.
1993 Ateneo, Valencia.
1994 Sala de Armas de la Ciudadela, Pamplona.
1996 Universidad, Santiago de Compostela.
1997 Universidad de Granada “Casa de Porras”, Granada.
1998 Centro Cultural, Fuenlabrada.
1998 Centro de la Merced, Burriana.
1999 Galería Palau. Valencia.
1999 Archivio Artisti,Parma.
199 Galería Palau. Valencia
2000 Centro Cultural de Belem, Lisboa.
2000 EACC Espai D’Art Contemporani de Castelló.
2001 Lyric Theatre Hammersmith, Londres.
2001 Biblioteca Valenciana, Valencia.
2001 Centro Servizi Culturali S.Chiara, Trento.
2001 Teatro Piccolo de Milan, Milán.
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2002 SBC Southbank - Royal Festival Hall, Londres.
2002 Proyecto “Última frase”. Espai d’Art Contemporani de Castellón.
2002-2004 Percursos. Projecto Artístico Europeu para um Público Jovem. Viseu
2002 – 2004 Percursos. Projecto Artístico Europeu para um Público Jovem. Viseu
2003 Proyecto del Museo del Tiempo. Viseu 10 al 18 Mayo.
2003 Proyecto del Museo del Tiempo. Evora 11 al 29 Octubre.
2005 Museo del Tiempo. Alcalá de Henares. Teatralia. Marzo.
2005 Publicación libro-álbum “Artefactes”, versión euskera.
2005 Publicación libro-álbum “Reloj encontrado entre los escombros de una casa en ruinas”.
Proyecto Museo del Tiempo de Alcalá de Henares.
2005 Exposición “Artilugios para contar y crear historias”. Meliana 22 abril al 31 mayo.
2005 Exposición “Artilugios para contar y crear historias”.
Centro Cultural de Genk (Bélgica) 23 septiembre al 23 octubre.
2005 Exposición “Artilugios para contar y crear historias”.
Het Paleis de Anvers (Bélgica) 29 octubre al 8 enero 2006.
2006 Museo del Tiempo. Nanterre (Paris). Marzo.
2006 Exposición “Artilugios para contar y crear historias”.
Museo Sant Francesc de Benicarló febrero – marzo.
Exposición. Festival Mantova (Italia). Noviembre.
2006 Museo del Tiempo. Parma (Italia). Noviembre.
Mostra de Mim Sueca. Exposición: “¿Qué piensa mi sombra?” Septiembre.
2007 Beja (Portugal) . Exposición: “¿Qué piensa mi sombra”?.
2007 Carlet . Exposición: “¿Qué piensa mi sombra”?.
Exposições colectivas – Projectos
1991 Centro de Exposiciones Sant Miquel Fundación Bancaixa, Castellón.
1991 Museo de la Ciudad, Valencia.
1991 Palacio Gravina, Alicante.
1995 Centre Cultural Bancaixa, Valencia.
XXII Premio Bancaixa de Pintura y Escultura.
Obra seleccionada.
1995 Centro de Exp. Sant Miquel Fundación Bancaixa, Castellón.
1996 Centre Cultural, Alcoi.
I Mostra Biennal d’Art d’Alcoi.
Obra seleccionada.
1996 Centro Cultural “Cecilio Muñoz Fillol”, Valdepeñas.
LVII Exposición Nacional de Artes Plásticas, Valdepeñas.
Obra seleccionada.
1998 II Mostra Biennal d’Art d’Alcoi
Obra premiada
1999 Galería Palau, Valencia.
1999 Art al’Hotel,Valencia.
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Publicações – Congressos – Conferências – Outros
1989 Conferencia Fundación Germás Sánchez Ruipérez
1991 Catálogo “Llibres sense limits”.
1996 Conferencia Universidad Santiago de Compostela.
1997 Conferencia U.J.I de Castellón.
1998 Conferencia Fondo de Cultura Económica en México D.F.
1999 Catálogo “Artefactes”. Parma.
1999 Publicación – Catálogo “Percursos”. Centro Cultural de Belém.
2000 Catálogo “Contemporanea”. Espai d’Art Contemporani.
2001 Conferencia Lyric Theatre Hammmersmith de Londres
2001 Catálogo “Artilugios para contar y crear historias”. Biblioteca Valenciana.
2001 Conferencia Congreso Europeo Narración Oral: “Artilugios, instalaciones y espacios
narrativos”. Guadalajara.
2003 “Artefactes” (album ilustrado). Editorial Kalandraka.
Premio Nacional al Mejor Libro Ilustrado Infantil y Juvenil.
“Tramankuluak”, versión en euskera. Editorial Kalandraka.
“El Museo del Tiempo”, Editorial Kalandraka.
“El Museo del Tiempo”, versión portugués, Editorial Kalandraka.
2007 “¿Qué piensa mi sombra?” . Ed. Kalandraka.
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ARTIFÍCIOS PARA CONTAR E CRIAR HISTÓRIAS (EU ESTAVA LÁ!)
José Antonio Portillo
O material escolar denominado “Artifícios para contar e criar histórias” surgiu da vontade
de aproximar as crianças do livro, da escrita e do hábito de escutar. Com o tempo uma ideia foi
adquirindo! Uma importância crescente… a narração. A narração como actividade fundamental
tanto na vida como fora dela: vivo enquanto narro. Enquanto instrumento de compreensão do
mundo e um tempo de vida. Se hoje nos lembramos do nosso professor da escola é pela forma
como narrava o saber, o conhecimento da História, da matemática. Devíamos introduzir nos centros
de ensino e formação de professores o curso de NARRAR O SABER.
No que se refere aos objectos, estes aparecem como a prova evidente de que “fui testemunha
do que conto”. A presença do objecto na escola, a sua entrada em cena, permitiu-me criar um
silêncio, uma disponibilidade para escutar uma estória que nunca teria conseguido de outra forma,
sem se notar que sou um péssimo actor, desmemoriado e com pânico cénico.
As minhas exposições pretendem escapar à contemplação consumista da arte. Procuram
no mínimo “um diálogo de silêncio com o objecto”. Em seguida, a palavra do narrador/guia da
exposição criará um meio de comunicação com o usuário deste trabalho, seja ele uma criança ou
um adulto… dado que esta tem diferentes níveis de leitura.
Nos diferentes espaços na Europa onde expus, as pessoas responsáveis por “trabalharem”
a minha exposição colocaram a si próprias sempre a mesma questão: “Como fazer chegar este
trabalho às crianças e de diferentes realidades sociais?” E a partir desta pergunta tinha de sair um
encontro, um caminho, que superasse, evidentemente, as actividades que os grandes espaços de
exposições nos habituaram, onde no final a criança acaba por levar o livrinho para cortar e colar, o
dossiê cheio de boas intenções, a obra de teatro relacionada com o tema da exposição. Quer dizer,
a criança só interessa como número para a estatística do Museu.
Em Portugal, no laboratório de leitura da Gulbenkian Casa da Leitura / Biblioteca Municipal
de Beja, a exposição será complementada com vários projectos que foram crescendo com o passar
do tempo, a partir deste material escolar, o Museu do Tempo, O Que Pensa a Minha Sombra?, A
Biblioteca e a Árvore que Chora.
Biblioteca
(Instalação apresentada na Assembleia da Republica)
“Biblioteca de cordas e nus”
“Biblioteca de textos deitados ao lixo”
“Biblioteca de textos sem publicar”
Esta instalação surge de uma colecção de material de escola chamado “Artimanhas para
contar e criar histórias”, uma homenagem a todos aqueles professores de escola que utilizam
diferentes recursos narrativos, servindo-se de objectos, artimanhas, gestos ou palavras.
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