CONGRESSO INTERNACIONAL de PROMOÇÃO da LEITURA
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CONGRESSO INTERNACIONAL de PROMOÇÃO da LEITURA
CONGRESSO INTERNACIONAL de PROMOÇÃO da LEITURA 22 23 JANEIRO 09 Fundação Calouste Gulbenkian | Lisboa PAINEL 1 LITERATURA PARA A INFÂNCIA E FORMAÇÃO DE LEITORES Conferencista de abertura Peter Hunt foi o primeiro especialista em Literatura para a Infância a ser nomeado Professor Catedrático de Inglês numa Universidade do Reino Unido. Escreveu ou editou 23 livros e publicou mais de 150 artigos sobre este tema. Em 2003, o Instituto Internacional de Literatura Infantil de Osaka concedeu-lhe o Prémio Irmãos Grimm pelo seu contributo para o estudo da Literatura Infantil. O seu mais recente livro, editado em quatro volumes, intitulase Children’s literature: Critical Concepts in Literary and Cultural Studies (Routledge, 2006) e é também o autor da segunda edição de International Companion Encyclopedia of Children’s Literature (2 volumes) (Routledge 2004). É um dos organizadores da Norton Anthology of Children’s Literature (2005). Participou em conferências em mais de 100 Universidades e Faculdades, num total de 21 países, desde a Finlândia à Nova Zelândia. Conferência O DECLÍNIO E DIMINUIÇÃO DA LITERACIA LITERÁRIA: INFÂNCIA E LITERATURA PARA A INFÂNCIA NO REINO UNIDO NA ACTUALIDADE Professor Peter Hunt, Universidade de Cardiff, Reino Unido O ano de 2008 foi decretado, no Reino Unido, Ano Nacional da Leitura, em consequência da constatação de que este país estava a escorregar nas tabelas que avaliam a literacia. Este estudo reflecte sumariamente o sucesso (ou o insucesso) deste projecto, especialmente em relação ao uso que faz da literatura para a infância, ao mesmo tempo que revisita as definições de literacia e “literacia literária”. Parte, igualmente, da ideia de que, nos últimos trinta anos, ocorreu uma mudança radical na natureza dos textos escritos para crianças (e no conceito de infância implícito nesses textos), especialmente em termos de estilo, ritmo e complexidade de referências e estruturas intertextuais e intratextuais. Através de uma comparação entre a obra original e as novas versões de textos clássicos, o estudo aqui apresentado defende que é preciso clarificar, até em termos culturais, um conceito de literacia que ultrapasse o meramente “funcional, avaliando a sua importância. Deste modo, são possíveis especulações sobre a influência dos meios electrónicos junto da infância e da leitura, bem como as suas implicações internacionais e interculturais. |3| Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Reflexões sobre Leitura e Leitura Literária Não damos continuação a determinadas práticas somente por as considerarmos boas e a alguns prazeres por serem definitivos? Não se encontra [a leitura] entre eles? Sonhei, algumas vezes, que quando o Dia do Juízo amanhecer e os grandes conquistadores, juristas e estadistas vierem receber as suas recompensas… o Todo-Poderoso se voltará para S. Pedro e dirá, não sem uma certa inveja quando Ele nos vê aproximar com os nossos livros sob os braços, ‘Olhai, estes não precisam de recompensa. Nada temos para lhes dar. Eles amaram a leitura.’ – Virginia Woolf Se existe alguma coisa que possa ser chamada pelo nome de leitura, o próprio processo deve ser absorvente e voluptuoso; devemos regozijar com um livro, ser arrebatados para fora de nós mesmos. – Robert Louis Stevenson Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado dentro de nós. – Franz Kafka Sugiro que os únicos livros que nos influenciam sejam aqueles para os quais estamos prontos e que nos levaram um pouco mais além no nosso caminho pessoal do que nós próprios teríamos conseguido. – E. M. Forster A leitura está, para o intelecto, como o exercício para o corpo. Através deste, a saúde é preservada, reforçada e revigorada: através da primeira, a virtude (que é a saúde da mente) é mantida viva, acarinhada e confirmada. – Joseph Addison Os livros têm sempre uma influência secreta sobre a compreensão; não se podem livremente obliterar as ideias: aquele que lê livros de ciência, embora sem qualquer desejo de melhoria, irá cultivar mais conhecimento; aquele que se entretém com tratados morais ou religiosos irá imperceptivelmente melhorar a sua bondade; as ideias que, muitas vezes, são oferecidas à mente irão finalmente encontrar um momento mágico quando esta está disposta a aceitá-las. – Samuel Johnson Um livro é um jardim, um pomar, um depósito, uma festa, uma companhia acidental, um conselheiro, uma multidão de conselheiros. – Henry Ward Beecher Quando olho para trás, fico novamente impressionada com o poder vital da literatura. Se eu hoje fosse uma jovem a tentar encontrar-me no mundo, fazia-o novamente através da leitura, tal como fiz quando eu era jovem. – Maya Angelou A incapacidade de ler bons livros enfraquece a visão e fortalece a nossa mais fatal tendência – a crença de que o aqui e agora são tudo o que existe. – Allan Bloom Uma leitura boa e convencional é normalmente uma má leitura, um banho relaxante naquilo que já conhecemos. Uma verdadeira boa leitura é, certamente, um acto de criação inovadora no qual nós, leitores, nos tornamos conspiradores. – Malcolm Bradbury As crianças tornam-se leitoras ao colo dos pais. – Emilie Buchwald Ler para viver. – Gustave Flaubert Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 |4| O melhor de um livro não é o pensamento que contém, mas o pensamento que sugere; tal como o encanto da música não habita nos tons, mas nos ecos dos nossos corações. – Oliver Wendell Holmes É melhor dedicares-te a sério aos livros, porque este mundo não está para brincadeiras. – Spike Lee Um livro é como um jardim que carregamos no bolso. – Provérbio Chinês Os livros são abelhas que levam o pólen de uma inteligência a outra. – James Russell Lowell Adquirir o hábito da leitura é construir um refúgio para quase todos os males da vida. – W. Somerset Maugham Todo o livro que ajuda a criança a desenvolver hábitos de leitura, que faça da leitura uma das suas mais profundas e contínuas necessidades, é bom para ela. – Richard McKenna Os livros são, para as crianças que os lêem, muito mais do que simples livros – são sonhos e conhecimento, são um futuro e um passado. – Esther Meynell Não basta ensinar as crianças a ler; é necessário dar-lhes algo que mereça ser lido. Alguma coisa que aumente a sua imaginação – que as ajude a dar sentido às suas vidas e que as faça chegar a pessoas cujas vidas são bastante diferentes das suas. – Katherine Paterson Correctamente, devemos ler pelo poder. Um homem que lê é um homem intensamente vivo. O livro deve ser uma bola de luz nas nossas mãos. – Ezra Pound Não devemos ensinar grandes livros; devemos ensinar o amor pela leitura. – B. F. Skinner Quanto mais leres, mais saberás. Quanto mais aprenderes, mais lugares conhecerás. – Dr. Seuss Todo o homem que sabe ler tem o poder de se ampliar, de multiplicar as formas da sua existência e de tornar a sua vida repleta, significante e interessante. – Aldous Huxley Lemos para saber que não estamos sozinhos. – C. S. Lewis Talvez não existam, na nossa infância, dias que tenhamos vivido tão intensamente como aqueles que passámos com um livro preferido. – Marcel Proust Aprender a ler é como acender uma fogueira; cada sílaba proferida é uma centelha. – Victor Hugo Não é verdade que só existe uma vida para ser vivida; se pudermos ler, podemos viver muitas outras vidas e todo o tipo de vidas que quisermos. – S. I. Hayakawa |5| Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Bibliografia Textos Principais Nina Bawden (1973/1992). Carrie’s War, London: Victor Gollancz. Enid Blyton (1953/1982). Five Go Down to the Sea, London: Hodder and Stoughton. Eva Ibbotson (2001/2002). Journey to the River Sea, London: Macmillan Children’s Books. Edith Nesbit (1902/1994). Five Children and It, ed. Sandra Kemp, Oxford: Oxford University Press. Edith Nesbit [adaptação anónima do guião por David Solomons] (1902/2004). Five Children and It, London: HarperCollins. Edith Nesbit (1904/2004). The Phoenix and the Carpet, London: Penguin (Puffin Classics). Edith Nesbit [versão por Helen Cresswell] (1997). The Phoenix and the Carpet, London: Penguin (Puffin). Beatrix Potter (1902). The Tale of Peter Rabbit, London: Frederick Warne. Beatrix Potter [adaptado por David Hately] (1987). The Tale of Peter Rabbit, Loughborough: Ladybird Books em associação com Frederick Warne. Philip Pullman (1996). Northern Lights, London: Scholastic, 1996. Textos Secundários Sandra L. Beckett, ed. (1997). Reflections of Change. Children’s Literature Since 1945, Westport, CT: Greenwood Press. Aidan Chambers (2001). Reading Talk, South Woodchester: Thimble Press. Judith Elkin (2006). ‘Children as Readers’, em Charles Butler, ed., Teaching Children’s Fiction, Basingstoke and New York: Palgrave Macmillan, 152-171. Nikki Gamble e Sally Yates (2008). Exploring Children’s Literature, 2ª Edição, London: Sage. Margaret Meek (1988/2008). ‘How Texts Teach What Readers Learn,’ em Peter Hunt, ed., Children’s Literature. Critical Concepts in Literary and Cultural Studies, London and New York: Routledge, II, 38-59. Margaret Meek (1993). ‘What Will Literacy Be Like?’ in Morag Styles and Mary Jane Drummond, eds., The Politics of Reading, Cambridge: Cambridge Institute of Education and Homerton College, 89-99. Lawrence R. Sipe (1997/2008). ‘Children’s Literature, Literacy, and Literary Understanding’ [Journal of Children’s Literature 23 (2) (Outono 1997): 6-19] in Peter Hunt, ed., Children’s Literature. Critical Concepts in Literary and Cultural Studies, London and New York: Routledge, II, 92-109. Katie Wales (1989). A Dictionary of Stylistics, London: Longman. Barbara Wall (1991). The Narrator’s Voice. The Dilemma of Children’s Fiction, Basingstoke and London: Macmillan Academic. Raymond Williams (1976/1983). Keywords. A Vocabulary of Culture and Society, London: Fontana. Sally Yates (2004). ‘Reading and Literacy’ in Peter Hunt, ed., International Companion Encyclopedia of Children’s Literature, Second Edition, London and New York: Routledge, 2004, II. 762-770. |6| Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Oradores Lawrence R. Sipe é Professor Adjunto na Escola Superior de Educação da Universidade da Pensilvânia (Filadélfia, Pensilvânia, EUA). Desde 1996, é membro do programa de Leitura/Escrita/Literacia da faculdade. Lecciona disciplinas de literatura para crianças e adolescentes, incluindo um curso dedicado inteiramente ao estudo do álbum. A sua investigação tem-se desenvolvido em torno das formas como as crianças pequenas (5, 6, e 7 anos de idade) evidenciam e desenvolvem competências literárias e literacia visual. Publicou vários estudos resultantes da sua pesquisa, centrando-se, essencialmente, na análise de álbuns. O seu Doutoramento foi obtido na Universidade Estatal de Ohio e as suas áreas de reflexão incluem a literatura infantil e juvenil; a literacia emergente e a crítica literária. Possui diplomas universitários em Literatura Inglesa e em Ensino Básico e um mestrado em Psicologia da Leitura. A sua experiência de ensino inclui dois anos de docência numa pequena escola localizada numa área isolada de Newfoundland, no Canadá, onde leccionou do primeiro ao oitavo ano (crianças dos 6 aos 13 anos); quatro anos de leccionação a crianças dos 5 aos 7 anos em Princeton, Nova Jérsia; e treze anos como Coordenador de Letras numa escola do distrito de Newfoundland, onde orientou formação para professores do ensino básico. É, actualmente, o redactor norte-americano do jornal Children’s Literature in Education: An International Quarterly. Publicações Recentes Seleccionadas Livros: Storytime: Young Children’s Literary Understanding in the Classroom (Teachers College Press, New York, 2008), vencedor do Prémio Edward B. Fry na Conferência Nacional de Leitura em Dezembro de 2008 pelas Contribuições Excepcionais para a Pesquisa da Literacia. Postmodern Picturebooks: Play, Parody, and Self-Referentiality, um volume de ensaios coeditado com Dr. Sylvia Pantaleo (Routledge, 2008). |7| Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Artigos, Capítulos de Livros, e Capítulos de Manuais de Pesquisa: Sipe, L. R. Learning from illustrations in picturebooks. In N. Frey & D. Fisher (Eds.), Teaching Visual Literacy: Using Comic Books, Graphic Novels, Anime, Cartoons, and More to Develop Comprehension and Thinking Skills (pp. 131-148).Thousand Oaks, CA: Corwin Press: A Sage Publications Company. 2008. Sipe, L. R., & McGuire, C. The Stinky Cheese Man and other fairly postmodern picturebooks for children. In S. Lehr. (Ed.), Shattering the Looking Glass: Challenge, Risk & Controversy in Children’s Literature (pp. 273-288). Norwood, MA: Christopher-Gordon. 2008. Sipe, L. R., & Brightman, A. First graders’ “signature” responses during picturebook readalouds. Journal of Children’s Literature Studies, 5(2), 18-36. 2008. Sipe, L. R. Young children’s visual meaning-making in response to picturebooks. In J. Flood, S. Brice-Heath, & D. Lapp (Eds.), Handbook of Research in Teaching Literacy through the Visual and Communicative Arts, Vol II (pp. 381-392). New York: Lawrence Erlbaum. 2008. Página Web: http://www.gse.upenn.edu/~lsipe/ E-mail: [email protected] PERITEXTOS E QUEBRAS DE PÁGINA: OPORTUNIDADES PARA CONSTRUIR SENTIDO NOS ÁLBUNS Lawrence R. Sipe Este estudo examina as implicações de dois elementos importantes que integram os álbuns contemporâneos: (1) os elementos peritextuais que “rodeiam” a história e (2) as quebras/mudanças de página. A teoria sobre o álbum sugere que cada elemento ou parte de um álbum resulta de uma decisão cuidadosa tomada pela equipa formada pelo autor, ilustrador, editor e designer. Uma análise mais atenta de todos estes elementos é, neste sentido, necessária de forma a compreender as qualidades do álbum enquanto “produto estético”. Esta atitude em relação ao álbum pode ser ensinada às crianças pequenas. Este estudo apresenta, pois, provas de que crianças com 6 e 7 anos de idade conseguem interpretar elementos peritextuais de modo a perceber o sentido de uma narrativa e, na realidade, são estes elementos que, de diferentes formas, preparam as crianças para a história. Também são apresentados elementos que sugerem que as crianças são igualmente capazes de estabelecer diferentes tipos de inferências relevantes, de forma acertada, sobre acontecimentos que ocorrem no espaço limiar que medeia duas páginas, de forma a construir uma narrativa coerente. |8| Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo ABZ da Leitura | Orientações Teóricas Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Maria Nikolajeva é Professora de Letras na Universidade de Cambridge no Reino Unido e foi também Professora de Literatura Comparada na Universidade de Estocolmo, na Suécia, onde leccionou Literatura Infantil e Teoria Crítica durante vinte e cinco anos. É também Professora Adjunta na Universidade Abo Akademi, na Finlândia. Licenciada pela Universidade Linguística de Moscovo, obteve o seu doutoramento pela Universidade de Estocolmo, em 1988, com um estudo intitulado The Magic Code: The Use of Magical Patterns in Fantasy for Children. O seu vasto currículo académico inclui uma Bolsa Fulbright na Universidade de Massachusetts, Amherst, uma bolsa de investigação na Biblioteca Internacional da Juventude em Munique, além do lugar de Professora Catedrática Convidada, na Universidade Abo Akademi, e de Professora Honorária na Universidade de Worcester, no Reino Unido. Em 2005, recebeu o Prémio Internacional Grimm pelos feitos de uma vida dedicada aos estudos da Literatura para a Infância. É autora e editora de vários livros, entre os quais se destacam Children’s Literature Comes of Age: Toward the New Aesthetic (1996), How Picturebooks Work, em co-autoria com Carole Scott (2001), From Mythic to Linear: Time in Children’s Literature (2002), The Rhetoric of Character in Children’s Literature (2002), Aesthetic Approaches to Children’s Literature (2005) e, co-editado com Sandra Beckett, Beyond Babar: The European Tradition in Children’s Literature (2006). Também publicou um número considerável de artigos em revistas especializadas e compilações de ensaios. Foi Presidente da Sociedade Internacional de Investigação para a Literatura Infantil, entre 1993 e 1997, e presidiu duas vezes ao Comité Internacional da Associação de Literatura Infantil. Integrou o grupo de editores seniores de The Oxford Encyclopedia of Children’s Literature, e foi conselheira editorial da Routledge Companion Encyclopedia of Children’s Literature e da Greenwood Encyclopedia of Folktales. Integra, igualmente, o conselho editorial de várias revistas especializadas. LITERACIA VISUAL E O LEITOR IMPLÍCITO NOS ÁLBUNS PARA CRIANÇAS Maria Nikolajeva Enquanto nos empenhamos intensamente em ensinar as crianças a ler, é um erro comum considerar a literacia visual como natural, não tendo que ser ensinada e treinada. No entanto, a literacia visual é uma componente tão essencial ao crescimento do intelecto de uma criança como a capacidade para ler textos verbais. E se a literacia verbal pode ser e é treinada, também devia acontecer o mesmo com a literacia visual. Embora tenham sido realizados vários estudos empíricos sobre as respostas de crianças de quatro anos face a um álbum e de crianças de seis anos face a um outro, o processo de compreensão em si e a capacidade que daí resulta para descodificar a sinergia complexa estabelecida entre palavras e imagens não foram ainda suficientemente estudados e teorizados. Este estudo debruçar-se-á sobre esta questão baseando-se na teoria semiótica dos códigos interpretativos. |9| Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Sandra L. Beckett é professora no Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas Modernas da Universidade de Brock, Canadá. É membro da ‘Royal Society of Canada’ e antiga presidente da Sociedade Internacional de Investigação para a Literatura Infantil. É autora de um conjunto muito significativo de livros, incluindo Crossover Fiction: Global and Historical Perspectives (Routledge, 2008), Red Riding Hood for All Ages: A Fairy-Tale Icon in Cross-Cultural Contexts (Wayne State UP, 2008), Recycling Red Riding Hood (Routledge, 2002), e De grands romanciers écrivent pour les enfants (Les Presses de l’Université de Montréal, 1997). É editora e coeditora de muitos livros, incluindo Beyond Babar: The European Tradition in Children’s Literature (Scarecrow, 2006), Transcending Boundaries (Garland, 1999), e Reflections of Change: Children’s Literature Since 1945 (Greenwood, 1997). FICÇÃO DE CRUZAMENTO: CRIANDO LEITORES COM HISTÓRIAS QUE TEMATIZAM AS GRANDES QUESTÕES Sandra L. Beckett, Universidade de Brock O recente fenómeno de cruzamento / intersecção (crossover), que foi liderado pelo extraordinário sucesso dos livros de Harry Potter, de J. K. Rowling, teve um enorme impacto na literatura infantil e na leitura na última década. O meu mais recente livro, Crossover Fiction, examina este fenómeno contemporâneo num vasto e mais global contexto histórico. E embora a literatura de cruzamento não seja um fenómeno novo, a verdade é que adquiriu, recentemente, um novo estatuto e muita atenção por parte dos media. Apesar de o género também incluir a ficção para adultos lida por jovens leitores, o termo ‘ficção de cruzamento’ foi adaptado para definir a literatura infantil e juvenil que também cativa a atenção dos adultos. Este estudo centra-se na ficção de cruzamento contemporânea, onde se incluem livros para crianças apelativos a adultos, com especial ênfase para o seu papel determinante na “formação de leitores para compreender o mundo.” | 10 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Moderador José António Gomes é Professor Coordenador da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto, cujo Departamento de Ciências Humanas e Sociais coordena. Doutorado em Literatura Portuguesa do século XX, fundou e dirige a revista Malasartes – Cadernos de Literatura para a Infância e a Juventude e integra a Red Tematica de Literaturas Infantiles y Juveniles en el Marco Ibérico. É autor de livros, numerosos artigos e trabalhos de investigação publicados em revistas e centrados na literatura portuguesa contemporânea e na literatura para crianças e jovens. Com o nome literário de João Pedro Mésseder editou livros de poesia e obras destinadas à infância e à juventude. | 11 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 PAINEL 2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA E COMPREENSÃO LEITORA Conferencista de abertura Teresa Colomer é professora na Universidade Autónoma de Barcelona. Licenciada em Filologia Hispânica e Filologia Catalã, e Doutora em Ciências da Educação. Publicou artigos e livros sobre literatura infantil e juvenil, e sobre o ensino da leitura e da literatura, como “Andar entre libros” (Caminhar entre livros) (Fondo de Cultura Económica), “Introducción a la literatura infantil” (Introdução à literatura infantil) (Síntesis), “La Formación del lector literario” (A Formação do leitor literário) (Fundación Germán Sánchez Ruipérez), (dir) “Siete llaves para valorar las historias infantiles” (Sete chaves para avaliar as histórias infantis), etc., pelos quais recebeu prémios como o Prémio de Pedagogia de Rosa Sensat, em Espanha, ou o Prémio Cecília Meireles no Brasil. Presentemente, é directora do Mestrado Internacional em Livros e Literatura para crianças e jovens (UAB-Banco del Libro-FGSR e FSM) e do Mestrado oficial de Biblioteca escolar e promoção da leitura. Dirige o grupo de investigação GRETEL (www.pangea.org/gretel-uab). QUATRO FORMAS DE LER NA ESCOLA Teresa Colomer A leitura literária na escola deve ser planificada a partir da consideração pelas funções outorgadas por parte da sociedade em cada momento determinado para a educação literária dos seus cidadãos. O corpus escolhido e as actividades dependem disso. Os actuais critérios educativos permitem pensar que a organização escolar deve ter em conta quatro âmbitos de actuação: a leitura autónoma, a leitura partilhada na sala de aula, a leitura relacionada com os diferentes objectivos curriculares e a leitura orientada pelo docente. A criação de hábitos de leitura, a pertença a uma comunidade cultural, a integração de conteúdos educativos e a aprendizagem interpretativa encontram nestes espaços a sua trajectória natural de desenvolvimento. | 12 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Oradores Pedro C. Cerrillo Torremocha é Licenciado em Filologia Românica pela Universidade de Salamanca, Doutor em Filologia Hispânica pela Universidade Autónoma de Madrid e Catedrático de Didáctica da Língua e Literatura na Faculdade de Educação e Humanidades de Cuenca (Universidade de Castela-Mancha), onde lecciona Literatura Infantil e Literatura Espanhola. Actualmente, é Director do CEPLI (Centro de Estudos de Promoção da Leitura e Literatura Infantil), sedeado em Cuenca, e dirige o Mestrado de Promoção da Leitura e Literatura Infantil da UCLM. Co-dirige, juntamente com Santiago Yubero, a revista Ocnos, e dirige o grupo de investigação consolidado “LIEL” (“Literatura Infantil e Educação Literária”, da Universidade de Castela-Mancha. Publicou mais de uma centena de artigos em diversas revistas especializadas, tanto espanholas (CLIJ, Revista de Folclore, Carpeta, Barcarola, Revista de Educación, Puertas a la Lectura, Primeras Noticias, Revista de Dialectología y Tradiciones Populares, Platero o Retama) como estrangeiras (Plural, Hojas de Lectura, Revista de Literaturas Populares, Fuentes Humanísticas, Casa del Tiempo e Unomásuno - todas elas do México-, Hojas de lectura – Colômbia - Letras Peninsulares (dos Estados Unidos) ou Hispanorama – Alemanha - ). Como professor convidado, tem participado de cursos e conferências nas universidades mexicanas UAM, Ibero-americana e UNAM, na francesa de Toulouse, nas portuguesas de Évora, Trás-os-Montes e Minho, na brasileira de Passo Fundo e na norte-americana de Cornelle; e já participou em debates e apresentações no Instituto de Literatura Infantil Charles Perrault (Eaubonne, França), nos Institutos Cervantes de Estocolmo, Berlim e Londres, em Fundalectura (Colômbia), ou na Feira do Livro de Buenos Aires. Além disso, como professor visitante, já realizou investigações na Hougthon Library da Universidade de Harvard. Desde 1990 que é colaborador da cadeia de jornais regionais El Día, onde coordena, em conjunto com Santiago Yubero, a edição semanal “La Luna de Papel”, dedicada aos livros para crianças. Precisamente pelos seus trabalhos na imprensa acerca de livros infantis, foi galardoado em 1981 com o 2º Prémio para melhor trabalho crítico durante os Prémios Nacionais de Literatura Infantil do Ministério de Cultura. | 13 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Entre as suas publicações mais relevantes, cabe citar os seguintes livros: 2002. Libros, lectores y mediadores. (Co-autor em conjunto com Elisa Larrañaga Rubio e Santiago Yubero Jiménez). Cuenca: Edições da Universidade de Castela-Mancha. 2002. Antología poética del Grupo del 27. Madrid: Akal. 2003. MENDOZA, A. e CERRILLO, P. (Coords.): Intertextos: aspectos sobre la recepción del discurso artístico. Cuenca: Edições da UCLM. 2004. YUBERO, S.; LARRAÑAGA, E. e CERRILLO, P.C. (Coords.): Valores y lectura. Estudios multidisciplinares. Cuenca: Edições da UCLM. 2004. ¿Dónde está el niño que yo fui? Poemas para leer en la escuela. Madrid: Akal. 2005. La voz de la memoria. (Estudios sobre el Cancionero Popular Infantil). Cuenca: Edições da UCLM. 2006. BENTLEY, Bernard e CERRILLO, Pedro C. (Eds.): The Interconnections of the Connect Projet. Translating, Mediating and Sharing Children´s Literature throughout Europe. Cuenca: Cepli. 2007. CERRILLO, Pedro C. Literatura Infantil y Juvenil y educación literaria. Barcelona: Octaedro. 2008. CERRILLO, Pedro C. e SÁNCHEZ, César, coords.: La palabra y la memoria. Estudios de literatura popular infantil. Cuenca: Edições da UCLM. Além das suas publicações científicas, já editou cinco livros e uma antologia poética para crianças (¡Adivina!, Trabalenguas e Adivina qué soy, os três da SM; Versos para jugar y actuar, e Pinto, pinto, gorgorito da Alfaguara; e A la rueda, rueda, da Anaya). É académico numerário da Real Academia de Artes e Letras de Cuenca. Trabalha nas linhas de investigação: a) Lírica popular de tradição infantil: um novo marco para a sua recepção. b) Ensino da literatura e educação literária. c) A formação dos mediadores de leitura. | 14 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 SOCIEDADE E LEITURA: A IMPORTÂNCIA DOS MEDIADORES DE LEITURA Pedro C. Cerrillo, Catedrático da Universidade de Castela-Mancha (Cuenca. Espanha) Hoje em dia é frequente ver como se confundem a “sociedade de informação” e a “sociedade do conhecimento” que não são, em caso algum, conceitos sinónimos. A “informação” é algo externo e rapidamente acumulável pelas pessoas, mas que pode nem ser “nada” se uma pessoa não for capaz de discriminá-la, processá-la e avaliá-la, e isso apenas lhe faculta a capacidade de leitura. Por outro lado, o “conhecimento” é algo interno, estruturado, que se relaciona com o entendimento e com a inteligência, e que cresce lentamente. Se o êxito da “sociedade do conhecimento” é um objectivo da sociedade, como dizem os governos desde há algum tempo, é imprescindível que também o seja a aquisição da capacidade de leitura dos cidadãos, pois é esta que tornará possível o acesso ao “conhecimento”, e não só à “informação”. Neste século, dominado pelo avanço das novas tecnologias, é mais necessário do que nunca um cidadão leitor, competente e crítico, capaz de ler diferentes tipos de textos e de discriminar a abundante informação que lhe é oferecida diariamente através de diversos suportes, ou seja, um cidadão com capacidade de leitura, o que lhe permitirá abandonar o sistema de exclusão educativa, interpretar e avaliar ideias passadas, e presentes, aceder de forma crítica às Tecnologias de Informação e Comunicação ou compartilhar emoções, sentimentos e esperanças com pessoas de outras culturas e outros territórios. A leitura foi no passado uma actividade minoritária que discriminava as pessoas, mas hoje deve ser considerada como um bem “de primeira necessidade”, à qual têm direito todos os cidadãos. Ser alfabetizado é um direito universal de todas as sociedades, porque o valor instrumental da leitura permitirá aos cidadãos participar, autónoma e livremente, na “sociedade do conhecimento”. O êxito deste objectivo exige, sem dúvida, a intervenção de mediadores de leitura solidamente formados. Durante a infância e a adolescência, os leitores possuem diferentes e progressivos níveis das suas capacidades de compreensão leitura e recepção literária; é por isso que se torna necessário o mediador, como ponte entre livros e leitores, propiciando e facilitando o diálogo entre ambos. O autor analisa no seu texto a actual formação dos mediadores de leitura, assim como as suas funções e competências, a importância que a sociedade lhes dá e as necessidades requeridas para o melhor cumprimento da sua responsabilidade. | 15 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Michel Fayol 4 de Janeiro de 1947, Montluçon (Allier), França Professor de Psicologia Director do UMR CNRS 6024 até Dezembro de 2007 Université Blaise Pascal Membro do Observatoire National de la Lecture (19962007) Presidente do conselho científico da ACI “Ecole et Sciences Cognitives” (2000-2003) Presidente do conselho científico do Appel d’offres ANR Apprentissages (2006) Doutor Honoris Causa da Université de Liège Responsável de Programa Agence Nationale de la Recherche (ANR) desde 2008 Algumas publicações: Artigos Bourdin, B. & Fayol, M. (1994). Is written language production really more difficult than oral language production? International Journal of Psychology, 29, 591-620. Fayol, M., Largy, P. & Lemaire, P. (1994). Subject- verb agreeement errors in French. Quarterly Journal of Experimental Psychology, 47A, 437-464. Lemaire, P., Barrett, S.H., Fayol, M. & Abdi, H. (1994). Automatic activation of addition and multiplication facts in elementary school children. Journal of Experimental Child Psychology, 57, 234-258. Largy, P., Fayol, M. & Lemaire, P. (1996). The homophone effect in written French: The case of verbnoun inflection errors. Language and Cognitive Processes, 11, 217-255. Lemaire, P., Abdi, H; & Fayol, M. (1996). The role of working-memory resources in simple cognitive arithmetic. European Journal of Cognitive Psychology, 8, 73-103. Barrouillet, P. & Fayol, M. (1998). From algorithmic computing to direct retrieval. Evidence from number- and alphabetic-arithmetic in children and adults. Memory & Cognition., 26, 355-368. Fayol, M, Barrouillet, P. & Marinthe, C. (1998). Predicting arithmetic achievement from neuropsychological performance: A longitudinal study. Cognition, 68, 63-70. Fayol, M., Hupet, M. & Largy, P. (1999). The acquisition of subject-verb agreement in written french. From novices to experts errors. Reading and Writing, 11, 153-174. Bonin, P., Fayol, M. & Chalard, M. (2001). Age of acquisition and word frequency in written picture naming. The Quarterly Journal of Experimental Psychology, 54A, 469-489. Bonin, P., Peereman, R. & Fayol, M. (2001). Do phonological codes constraint the selection of orthographic codes in written picture naming? Journal of Memory and Language, 45, 688-720. Pacton, S., Perruchet, P., Fayol, M. & Cleeremans, A. (2001). Implicit learning out of the lab.: The case of orthographic regularities. Journal of Experimental Psychology: General, 130,401-426. Thévenot, C., Barrouillet, P. & Fayol, M. (2001). Algorithmic solution of arithmetic problems and operands-answer associations in long term memory. The Quarterly Journal of Experimental Psychology, 54A, 599-611. Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 | 16 | Bonin, P. & Fayol, M. (2002). Frequency effects in the written and spoken production of homophonic picture names. European Journal of Cognitive Psychology Pacton, S. & Fayol, M. (2003). Do French third and fifth graders use morpho- syntactic rules when they spell adverbs and present participles? Scientific Studies of Reading, 7, Martinet, C., Valdois, S. & Fayol, M. (2004). Lexical orthographic knowledge develops from the beginning of reading acquisition. Cognition, 91, B11-B22. Bonin, P., Malardier, N., Méot, A. & Fayol, M. (2005). The scope of advance planning in written picture naming. Language and Cognitive Processes, 21, 205-237 Pacton, S., Fayol, M. & Perruchet, P. (2005). Children’s implicit learning of graphotactic and morphological regularities in French. Child Development, 76,324-339 Rieben, L., Ntamakiliro, L., Gonthier, B. & Fayol, M. (2005). Effects of various early writing practices on reading and spelling. Scientific Studies of Reading, 9, 145-166 Fayol, M., Totereau, C. & Barrouillet, P. (2006). Disentangling the impact of semantic and formal factors in the acquisition of number inflections. Noun, adjective and verb agreement in written French. Reading and Writing, 19, 717-736. Largy, P., Cousin, M-P., Bryant, P. & Fayol, M. (2007). When memorised instances compete with rules : The case of number-noun agreement in written French. Journal of Child Language, 34, 425437. Thévenot, C., Devidal, M., Barrouillet, P. et Fayol, M. (2007). Why does placing the question before an arithmetic word problem improve performance. A situation model account. The Quarterly Journal of Experimental Psychology, 60, 43-56. Thévenot, C., Fanget, M. et Fayol, M. (2007). Retrieval or non-retrieval strategies in mental arithmetic? An operand-recognition paradigm. Memory and Cognition, 35, 1344-1352. Droit-Volet, S., Clement, A., & Fayol, M. (2008). Time, number, and length: Similarities and differences in bisection behavior in children and adults. The Quarterly Journal of Experimental Psychology, 61, 12, 1827-1846. Lambert, E., Kandel, S., Fayol, M., & Esperet, E. (2008). The effect of the number of syllables on handwriting production. Reading and Writing, 21, 859-883 Lété, B., Peereman, R. et Fayol, M. (2008). Phoneme-to-Grapheme Consistency and Word-Frequency Effects on Spelling Among First- to Fifth-Grade French Children: A Regression-Based Study. Journal of Memory and Language, , 58, 952-977 Chevrot, J-P., Dugua, C. & Fayol, M. (2008 sp). Liaison and word segmentation in French: A usagebased account. Journal of Child Language Fayol, M., Zorman, M. & Lété, B. (2008 in press). Unexpectedly good spellers too. Associations and dissociations in reading and spelling French. British Journal of Educational Psychology, Berninger, V., & Fayol, M. (2008, Published online: 2008-01-22 14:57:52). Why spelling is important and how to teach it effectively http://www.literacyencyclopedia.ca/ ON-LINE ENCYCLOPEDIA OF LANGUAGE AND LITERACY DEVELOPMENT National Centres for Excellence Canadian Language and Literacy Research Network (CLLRNet). | 17 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Obras Fayol, M. (1997). Des idées au texte. Paris : PUF. Costermans & M. Fayol (Eds.), (1997). Processing interclausal retionships. Studies in the production and comprehension of text. Mahwah, NJ : Laurence Erlbaum Ass. Inc. Perfetti, C. Rieben, L & Fayol, M. (1997). Learning to spell. Hillsdale, NJ : Laurence Erlbaum. Jaffré, J.P. & Fayol, M. (1997). Orthographes. Des systèmes aux usages. Paris : Flammarion. Kail, M. & Fayol, M. (2000). L’acquisition du langage. (2 volumes). Paris: P.U.F. Fayol, M. (2002). La production du langage. Encyclopédie des Sciences cognitives. Vol. X. Paris : Hermès. Kail, M. & Fayol, M. (2003). Les sciences cognitives et l’école. Paris : P.U.F. Gaonac’h, D. et Fayol, M. (2003). Aider les élèves à comprendre. Paris : Hachette. Capítulos Pacton, S. & Fayol, M. (2004). Learning to spell in a deep orthography. In R.A. Berman (Ed.), Language development across childhood and adolescence. Trends in language acquisition research, 3. Fayol, M., Perros, H. & Seron, X. (2004). Les représentations numériques : caractéristiques, troubles, développement. In M-N. Metz-Lutz, E. Demont, C. Seegmuller, M. de Agostini et N. Bruneau (Eds.) Développement cognitif et troubles des apprentissages. Marseille : Solal. Seron, X & Fayol, M. (2004). Nombres, langage et systèmes de notation. In X. Seron et M. Pesenti (Eds), La cognition numérique (pp. 189-218). Paris : Hermès. Jaffré, J-P & Fayol, M. (2005). Orthography and literacy in French. In R.M. Joshi and P.G. Aaron (Eds.), Handbook of orthography and literacy. L.E.A. Fayol, M. & Seron, X. (2005). On numerical representations. Insights from experimental, neuropsychological, and developmental research. In Campbell (Ed.), Handbook of numerical cognition. New York : Academic Press `Fayol, M., Thévenot, C. et Devidal, M. (2005). Résolution de problème. In M-P. Noël (Ed.), La dyscalculie, trouble du développement numérique de l’enfant. Marseille : Solal | 18 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 ENSINAR A LER E A COMPREENDER OS TEXTOS Michel Fayol A leitura é uma complexa actividade mental que pode ser analisada sob duas perspectivas complementares. A primeira diz respeito à compreensão que constitui o objectivo da actividade de leitura. Lê-se para compreender, independentemente da motivação posterior dessa compreensão: informação, distracção, aprendizagem, etc. A dimensão da compreensão é indispensável, não sendo todavia específica à leitura. É preexistente à aprendizagem da leitura e é exercida ao longo e fora desta aprendizagem. O problema com o qual a criança então se depara é o de estabelecer a actividade de compreensão a partir da leitura. A segunda perspectiva é específica à leitura. A leitura constitui uma actividade complexa durante a qual o leitor deve coordenar diferentes processos: reconhecer os termos, construir o significado das frases e dos textos, reter o que já leu, etc. Uma grande parte destes processos está já disponível e exercitada regularmente na expressão oral quando as crianças começam a ler. O que é novo com a leitura é que as condições para estabelecer estes diferentes processos diferem daqueles que prevalecem na expressão oral: o texto permanece disponível sob os olhos, o que permite adaptar a velocidade do tratamento das palavras e até mesmo de reler, tratamento que não é possível na expressão oral. O mais importante, pelo menos no início da aprendizagem, diz respeito à identificação das palavras, ou seja, para aquelas que já são conhecidas, o acesso às suas formas fonológicas (como se pronunciam) e ortográficas (como se escrevem) tal como ao seu sentido (o que elas significam). Em resumo, quer a capacidade de identificação dos termos escritos quer as capacidades de compreensão da língua constituem condições necessárias mas não suficientes para a compreensão da escrita. Dizer que a leitura comporta duas dimensões complementares não é suficiente. Torna-se necessário acrescentar que os leitores devem geri-las de forma simultânea aquando da leitura em si. E, de facto os seres humanos, e sobretudo quando estes são jovens, conseguem levar a bom porto e de forma paralela apenas um número muito reduzido de actividades tendo em conta do facto da sua capacidade de tratamento cognitivo ser limitada. É possível conduzir em paralelo duas actividades automatizadas, uma actividade automatizada e outra que não o é, e de todo ou muito dificilmente, ou apenas sobre um período muito curto, duas actividades atencionalmente penosas. Estas três eventualidades permitem compreender a importância que deve ser atribuída ao tratamento eficaz do léxico ortográfico e à sua extensão ao longo da aprendizagem contínua da leitura. É pouco provável que a actividade de compreensão dos discursos e dos textos possa ser automatizada. Esta actividade consiste sempre na construção mental de uma representação da situação descrita pelo texto. Esta construção precisa de atenção e muita vezes de um importante esforço afim de coordenar os diferentes tipos de informações e de os integrar numa representação coerente. São portanto as demais componentes da leitura-compreensão que devem ser automatizadas ou cujo valor cognitivo deve ser aligeirado. Relativamente à compreensão, o leitor é confrontado a um duplo constrangimento: por um lado, assegurar a coerência da representação elaborada a partir dos elementos já processados, e por outro lado, tratar e integrar novos elementos que simultaneamente são do interesse da leitura e colocam o problema da alteração e da actualização da representação até este momento elaborada. A compreensão apresenta problemas específicos, independentemente do facto de ser exercida na leitura ou aquando da recepção de um filme. Estes estão verdadeiramente na origem de uma grande parte dos fracos desempenhos das crianças que fracassam à entrada do 2.º ciclo enquanto que a sua capacidade de processamento dos termos é normal. Alguns destes problemas foram identificados tendo dado origem a pesquisas que visam investigar se é possível ensinar às crianças procedimentos para os ultrapassar. Estes serão apresentados. Esta apresentação estabelecerá um balanço do conhecimento actual, incidindo por um lado, nas dificuldades relativas à compreensão e, por outro lado, à condução simultânea no decurso da leitura das actividades de processamento do código e da construção de uma representação integrada da situação descrita pelo texto. | 19 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Pep Duran (1944) Livreiro desde 1970, fundador da livraria ROBAFAVES de Mataró. Presidente da cooperativa de trabalho associado, Robafaves s.c.c.l.(1975) Presidente da cooperativa Cultura i Comerç s.c.c.l. (2005) Terapeuta Gestáltico, Formado em Psicoterapia Integrativa (SAT) (1998), Educador Especializado (1977). Contador de histórias, especializado em contar álbuns ilustrados para público infantil e para adultos. Membro fundador da Associação cultural Cal Llibre (1997, Membro fundador do Centro de Orientação Psicopedagógica – COPP (1972), Animador Sociocultural (1982). Perito Industrial na especialidade de Electricidade e Electrónica. 1967 Conto, conto, conto. Conto a partir de álbuns ilustrados, faço-o com os livros na mão para reforçar o vínculo que une a oralidade à leitura. A minha profissão de livreiro permite-me conhecer as novidades do mundo editorial e coloco a minha prática de contador ao serviço dos livros cuja forma e conteúdo me emocionam. Conto com objectos, com personagens de contos em forma de bonecos de peluche, com metáforas guardadas em caixas, com malas cheias de segredos e tesouros, que como os livros necessitam abrir-se para se lhes saborear o conteúdo. Conto contos curtos, de nova criação que contêm a sabedoria antiga para ajudar a crescer por dentro. Conto para pequenos e para adultos. Conto, mas em espaços reduzidos e silenciosos mais do que em palcos e anfiteatros. Neste momento, o meu interesse está orientado para o público infantil, para os pais e os mestres, professores e especialistas. Interessa-me, em especial, acompanhar os formadores pelo sugestivo mundo dos contos. Conto em catalão e em castelhano (com sotaque catalão). EXPERIÊNCIA Nos últimos anos: Actuação todas as quartas-feiras na “LA HORA DEL CUENTO EN LA LIBRERÍA” (A HORA DO CONTO NA LIVRARIA). Duas ou três actuações semanais nas aulas de escolas primárias e numa ou outra biblioteca pública. Conferências e oficinas para contadores em Beja (Portugal), em Coimbra, em Pozuelo de Alarcón, em Terrassa, em Barcelona, em Parets del Valles,..... Produção do “EL LIBRO GIGANTE DE CUENTOS” (O LIVRO GIGANTE DE CONTOS) nas diferentes cidades da Península: Guadalajara, Córdoba, Sevilha, Málaga, Madrid, Mataró, Granollers, Valência, Valladolid, Los Silos (Tenerife), ..... “Conferencia Maleta” nos diferentes fóruns profissionais do mundo do livro e da empresa onde explico conceitos económicos, e estratégias empresariais através de contos. Cursos para formação de contadores em Girona, em Tarrassa, na Universidade de Vic, na Escola de Escrita do Ateneu de Barcelona. PROJECTOS EM FUNCIONAMENTO: Os contos como crescimento pessoal. Atelier de formação para comunicadores na Escola de Arterapia do Mediterrâneo. ROBAFAVES-JOVE, modelo de livraria especializada para leitores dos 0 aos 16 anos. ACTUA – (la ilusión de descubrir) - Cultura i Comerç s.c.c.l., nova empresa cooperativa que gere um local de 1000m2 dedicado à comercialização de produtos e serviços culturais para a família, e escolas. CONTAR CONTOS , curso de formação de 20 horas na ESCOLA DE ESCRITA DO ATENEU DE BARCELONA. Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 | 20 | CONTAR OS CONTOS QUE LEIAM O MUNDO Pep Duran A minha participação centra-se em LER O MUNDO ATRAVÉS DOS CONTOS. Partirei da evidência de que lemos com o corpo, de que sentimos através do corpo. O nosso corpo guarda imagens e armazena sensações que despertam emoções. As palavras descrevem cenas que se interligam com algumas imagens da recordação, evocando emoções e despertando sensações que guardamos no corpo. As palavras lidas, ou contadas, ajudam-nos a recuperar a memória sensitiva, sentimo-nos vivos, apercebemo-nos de como a vida de manifesta através do nosso corpo. As palavras lidas, ou contadas, esclarecem o nosso viver no mundo. Um mundo que podemos ler e podemos contar para conhecer, para habitar, para desfrutar, para compartilhar com os outros no qual podemos crescer, e ser felizes para morrer, no final, entregando a nossa experiência de vida. Uma estratégia de leitura para ler o mundo é a de procurar aqueles contos, nas diferentes culturas, que ajudem a compreender o nosso mundo interior e a podermos manejar-nos no mundo exterior em conjunto com os restantes seres existenciais. Através de álbuns ilustrados posso perguntar a mim mesmo: por que nasci eu? LA GRAN PERGUNTA (A Grande Pergunta), (Kókinos). Poderei manifestar o meu medo de não ser amado ou não ser adequado. ¿QUIÉN TE QUIERE OSITO? (Quem te Ama, Ursinho?) (La Galera). Poderei garantir que a minha força está no amor: MI PAPA (O meu Papá) (Fondo de Cultura Económica). Poderei encontrar a minha energia criadora no deixar fluir, no render-me, CASI (Serres). Poderei nascer cada dia para ajudar a mudar a nossa forma de estar no mundo, HABRIA QUE… (Teria Que...) (Kókinos). São apenas contos, contos que nos surpreendem unindo os nossos três cérebros, as nossas três inteligências: a racional, a emocional e a instintiva. Unidas as três através das palavras, lidas ou contadas, para olhar o mundo, sentir o corpo e compreender a existência. | 21 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Moderador Maria de Lourdes da Trindade Dionísio Professora Associada da Universidade do Minho Directora da Revista Portuguesa de Educação Membro do Conselho Científico do Plano Nacional de Leitura Membro da PISA/PIRLS Task Force da International Reading Association Investigadora Convidada da Unidade de Educação de Adultos da Universidade do Minho Investigadora convidada da Unité de Recherche en Littératies Multiples, Universidade de Ottawa, Canadá Presidente da Littera – Associação Portuguesa para a Literacia Áreas de actividade científica Estudos de Literacia em contextos educativos formais, informais e de trabalho; Ensino do Português. Projectos de investigação recentes Literacias – Contextos. Práticas. Discursos (2000-2006) – (FCT- POCTI/33888/ CED/2000). Literacias em Contexto Industrial (em curso) Literacias em Contexto de Trabalho (2002-2004) Participação em projectos de extensão universitária Coordenadora da Acção Novas Experiências com a Literacia do Programa DAR VIDA ÀS LETRAS, da Comunidade Intermunicipal do Vale do Minho. Algumas Publicações Autoria e organização (1993). A interpretação de textos na aula de Português. Porto: ASA. (2000). A construção escolar de comunidades de leitores. Coimbra: Almedina. (2005). O Português nas Escolas. Ensaios sobre a Língua e a Literatura no Ensino Secundário. Coimbra: Almedina (co-organizadora com Rui Vieira de Castro) Capítulos de livros e artigos em revistas científicas (2008). Multiple Literacies Pedagogy. An Interdisciplinary Endeavor. In C. Maltais (Ed.), Perspectives on Multiple Literacies: International Conversations. Alberta: Detselig Enterprises Ltd. (2007). Literacias em contexto de intervenção pedagógica. Um exemplo sustentado nos Novos Estudos de Literacia. Educação – Revista do Centro de Educação/Universidade Federal de Santa Maria, V. 32-n.01, pp.97-108. (2006). Facetas da literacia: processos de construção do sujeito letrado. Educação em Revista, Belo Horizonte, nº 44, pp.41-67 (2005). Literatura, Leitura e Escola. Uma hipótese de trabalho para a construção do leitor cosmopolita. IN A. Paiva; A. Martins; G. Paulino & Z. Versiani (ORGS.), Leitura Literária: Discursos Transitivos. 1. ed. Belo Horizonte-BR: Autêntica, pp. 71-84. (2007). “O conjunto é que faz com que as coisas funcionem”. A Pedagogia híbrida dos Cursos EFA. IN ATAHCA /Unidade de Educação de Adultos da UM (ORGS.), Contexto organizacional, orientações e Práticas de Educação de Adultos. Os Cursos EFA numa Associação Local. Vila Verde: ATAHCA/UEA, pp. 82-95. | 22 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 PAINEL 3 PROJECTOS DE PROMOÇÃO DA LEITURA Conferencista de abertura António Nóvoa é Reitor da Universidade de Lisboa. Doutor em Ciências da Educação (Universidade de Genève) e Doutor em História (Universidade de Paris IV - Sorbonne). Consultor do Presidente da República para a Educação (1996-1998), foi Presidente da Associação Internacional de História da Educação (2000-2003). Professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, leccionou também em importantes universidades estrangeiras (Genève, Paris V, Wisconsin, Oxford, ColumbiaNew York, São Paulo, etc.). É autor de mais de 150 títulos (livros e artigos), publicados em doze países, nas temáticas da História da Educação, da Educação Comparada e da Formação de Professores. | 23 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Oradores Dolores González López-Casero Licenciada em Geografia e História pela Universidade de Salamanca. Continuou na Universidade San Pablo-CEU de Madrid, um curso anual de pós-graduação sobre “Gestão e Organização de Bibliotecas” Trabalha no Centro Internacional do Livro Infantil e Juvenil da Fundação Germán Sánchez Ruipérez desde o início do projecto, datado de 1985, desempenhando diferentes responsabilidades nas áreas de Fomento da Leitura e no Centro de Documentação e Investigação. Directora do Centro Internacional do Livro Infantil e Juvenil desde 1992 até à presente data. Coordena com assiduidade a gestão e as equipas de trabalho para a elaboração de programações culturais, e exposições bibliográficas, em colaboração com Instituições Públicas como o Ministério da Cultura (Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas) e a Secretaria da Educação e Cultura do Município de Castela e Leão. Apresentou vários cursos e conferências sobre Bibliotecas, Literatura Infantil e Promoção da Leitura em diversas Universidades espanholas, e entidades culturais estrangeiras. Além disso, participou em Seminários, Encontros e Congressos sobre o tema. PRIMEROS CONTACTOS COM A LEITURA: LER SEM SABER LER Dolores González López-Casero São inúmeros os autores, entre eles Sulby e Teale e Pressley, que asseguram a importância do papel assumido pela leitura de contos no desenvolvimento da alfabetização emergente das crianças, e mantêm é desejável que esta aproximação aos contos tenha início em idades muito tenras. Os livros e as histórias contribuem para potenciar o importante processo de pré-leitura no qual se encontram as crianças antes de aprenderem a ler. O adulto e, em especial, os pais, assumem um papel primordial na contribuição da criação, fomentação e consolidação do hábito e gosto pela leitura por parte dos seus filhos. Não há dúvida que o espaço familiar é um contexto idóneo para incutir valores sociais e hábitos culturais, e oferece possibilidades inigualáveis que contribuem para o processo de criação de leitores. Apresentar a leitura sem obrigações nem exigências, como algo que se desfruta durante o tempo de ócio, algo que, através da palavra, reforça os afectos e convida a partilhar emoções. Todas estas considerações fazem parte das abordagens que, a partir da Fundação Germán Sánchez Ruipérez, levamos em conta ao perfilar programas ou iniciativas de fomento de leitura dirigidas às famílias com crianças pequenas e, muito especialmente, os dois programas: ”Ronda de libros” (para famílias e bebés dos 0 aos 3 anos) e ”Prelectores” (dos 3 aos 6 anos) que foram objecto de um estudo de investigação em colaboração com a Faculdade de Educação da Universidade de Salamanca. O estudo foi abordado após anos de experiência com o fim de divulgar pautas de trabalho que, baseadas na experimentação e estudo, e cuja veracidade foi garantida através da opinião de especialistas, puderam levar alguma ajuda ao trabalho das instituições e pessoas que trabalham na área da leitura, não apenas para a colocação em marcha de novas iniciativas, como também para a revisão de projectos já iniciados. Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 | 24 | Galeno Amorim, escritor e jornalista, é especialista em políticas públicas do livro e leitura e diretor do Observatório do Livro e da Leitura. É autor de 11 livros de literatura infanto-juvenil e ensaios, entre os quais Retratos da Leitura no Brasil e Políticas Públicas do Livro e Leitura (que já venderam, ao todo, perto de 200 mil exemplares). Foi o primeiro coordenador do Plano Nacional do Livro e Leitura, do Ministério da Educação e Ministério da Cultura. Presidiu, em 2006, o Comitê Executivo do Centro Regional de Fomento ao Livro na América Latina e no Caribe (Cerlalc/UNESCO) e foi consultor da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) para a Educação, Ciências e Cultura. Foi membro dos conselhos estaduais de leitura dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e secretário de Cultura de Ribeirão Preto (São Paulo). Também foi professor de Ética no Jornalismo na Universidade de Ribeirão Preto, diretor do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo e atuou por mais de 20 anos como jornalista em grandes jornais e emissoras de televisão (O Estado de S. Paulo, Agência Estado e Rede Globo, entre outros). Criou e dirigiu diversas instituições ligadas à área do livro e leitura: Plano Nacional do Livro e Leitura, Fundação Palavra Mágica, Fundação Instituto do Livro, Fundação Feira do Livro e Instituto de Desenvolvimento e Estudos Avançados do Livro e Leitura, entre outros. Também criou e coordenou diversos projetos e programas no País: Ano Iberoamericano da Leitura Vivaleitura (100 mil ações em 2005 no País); Fome de Livro (para zerar o número de cidades brasileiras sem bibliotecas); Câmara Setorial do Livro e Leitura; Imposto Zero para o Livro, Prêmio Vivaleitura (7 mil ações catalogadas); Ribeirão das Letras (abriu 80 bibliotecas em 3 anos na cidade que mora, a Feira Nacional do Livro e a primeira Lei do Livro em um município brasileiro); e a agência de notícias Brasil Que Lê. Em 2006, organizou o Manifesto do Povo do Livro, entregue aos candidatos a presidente da República. Em 2008, coordenou a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, maior estudo feito até hoje sobre o comportamento leitor da população. Recebeu diversos prêmios como personalidade do livro no Brasil. | 25 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 RETRATOS DA LEITURA NO BRASIL: COMO CONSTRUIR UM PAÍS DE LEITORES Galeno Amorim Os Retratos da Leitura no Brasil de hoje mostram duas coisas: a existência de realidades bem distintas entre si e que para superar as dificuldades em um país tão grande e tão complexo há tarefas e responsabilidades para todo mundo: Estado, setor privado e sociedade. Afinal, ao lado de 95 milhões de leitores de livros, há 77 milhões de não leitores. Em certas regiões, classes sociais, faixas etárias ou escolaridades, os índices são altos (chegam a 8 livros lidos por habitante/ano). Ao mesmo tempo, nos outros extremos eles são muito baixos. Portanto, para se construir um país mais leitor, e de cidadãos leitores, o desafio tem sido estabelecer tarefas não só para o Estado, mas também para o setor privado e a sociedade. Por isso, tanto as ações com abrangência nacional como, principalmente, aquelas em nível local estão multiplicando por toda parte. No nível institucional, há programas apoiados por setores que não os responsáveis diretos pelas políticas públicas do livro e leitura (que são os ministérios da Educação e Cultura). É o caso, por exemplo, do programa Arca das Letras, que já espalhou 6.000 mini-bibliotecas na zona rural, em assentamentos agrários, aldeias indígenas e comunidades de antigos escravos. No setor privado, empresas como a Volkswagen investem em projetos para ajudar a formar agentes de leitura. Já a Fundação Palavra Mágica é um exemplo de instituições do chamado terceiro setor que fazem sua parte: ela criou, por exemplo, um Observatório do Livro e da Leitura para monitorar e avaliar a execução das políticas públicas e mobilizar a sociedade, além de desenvolver, ela própria, projetos criativos e econômicos de oficinas de leitura e escrita para jovens de baixa renda e a criação de clubes de leitura. | 26 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 António Prole Formação académica na área da Filosofia. Assessor da Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas / Ministério da Cultura. Consultor externo da Fundação Calouste Gulbenkian, Departamento de Educação e Bolsas. Responsável pela concepção e coordenação do projecto Gulbenkian – Casa da Leitura. Assessor, enquanto técnico do IPLB, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte no âmbito do subprograma de apoio a projectos continuados de promoção da leitura. Membro dos júris de avaliação de todos os projectos aprovados (2002 2007). Professor convidado do Curso Promoción de la Lectura: de los Clássicos a las Nuevas Teconologías, organizado pelas Universidades da Extremadura e Almería (2005). Leccionou, no âmbito do mestrado de Biblioteconomia e Ciências Documentais da Universidade Autónoma de Lisboa, o módulo História e Promoção da Leitura em Portugal (2005/2006). Lecciona no presente ano lectivo, no âmbito da pós-graduação em Livro Infantil da Universidade Católica, um módulo sobre Promoção, Mediação e Animação da Leitura. Conferencista em diversos encontros e seminários, em Portugal e Espanha, no âmbito da promoção da leitura. CASA DA LEITURA: ALICERCES, ARQUITECTURA E INTEGRAÇÃO NA PAISAGEM António Prole Encerramos dois anos de existência, e um ciclo de trabalho, com uma visita guiada aos bastidores da Casa da Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian. Uma casa não se faz sem alicerces, sem pilares teóricos, que sustentam e perspectivam o desenvolvimento da sua tipologia arquitectónica e o modelo das práticas dos seus moradores. A tipologia arquitectónica é vincadamente “crossover”, apela ao encontro de diferentes “narrativas de investigação” entre nós desencontradas, converte a narrativa teórica em prática leitora, serve de plataforma de encontro de contributos muito variados: é uma arquitectura intertextual. A qualidade da Casa depende destes três factores, mas a eficácia do seu contributo terá que ter em conta a sua integração na paisagem da leitura pública. Finalizaremos a viagem apontando para o horizonte a curto prazo que se nos apresenta desde o lugar geográfico que ocupamos no território da leitura em Portugal. | 27 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Moderador Paula Morão, nascida em 1951, é Professora Catedrática do Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras de Lisboa, na qual se doutorou em Literatura Portuguesa (tese: Irene Lisboa - Vida e escrita, 1988). Dedica-se, na docência como na investigação, à Literatura Portuguesa dos séculos XIX a XXI, à Literatura Autobiográfica, à Crítica Textual aplicada a textos modernos, às relações entre Literatura e Artes, e à Didáctica do Português - Literatura. É membro do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras de Lisboa; aí coordena o Projecto AUTOBIO - Literatura Autobiográfica – Questões teóricas e corpora. Exerce desde Abril 2007 as funções de Directora-Geral do Livro e das Bibliotecas (Ministério da Cultura). Principais publicações em volume: Irene Lisboa – Vida e escrita, 1989 (Grande Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Escritores, 1990); António Nobre – Uma leitura do nome, 1991 (Prémio Jacinto do Prado Coelho do Centro Português da Associação Internacional dos Críticos Literários, 1991; Prémio Eça de Queirós - Câmara Municipal de Lisboa, 1992); Viagens na terra das palavras, 1993; Obras de Irene Lisboa, dez volumes, 1991–1999; Só de António Nobre, reprodução tipográfica da 2ªedição/ 1898, 2000; Salomé e outros mitos – O feminino perverso na Literatura Portuguesa entre o Fim-de-Século e ‘Orpheu’, 2001; António Nobre em contexto – Actas do Colóquio de 2000, org. de Paula Morão, 2001; prefácio e edição de O ritmo na poesia de António Nobre, de Luís Filipe Lindley Cintra, 2002; Paula Morão (ed.), Autobiografia. Auto-representação, ACT 8 – Centro de Estudos Comparatistas, Lisboa, 2003; Retratos com sombra – António Nobre e outros contemporâneos, 2004; Kelly Basílio, Mário Jorge Torres Silva, Paula Morão e Teresa Amado (eds.). Concerto das Artes, Porto, Campo das Letras, 2007; Helena Carvalhão Buescu e Paula Morão (eds.). Cesário Verde – Visões de artista, Campo das Letras, 2007; Paula Morão e Carina Infante do Carmo (eds.). Escrever a Vida – Verdade e Ficção, ACT 16, Centro de Estudos Comparatistas/ Campo das Letras, 2008. | 28 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 PAINEL 4 A LEITURA EM DEBATE Fernando Savater nasceu em San Sebastián (1947) e é licenciado em Filosofia pela Universidade Complutense de Madrid. Foi catedrático de ética durante doze anos na Universidade do País Basco e a seguir exerceu, durante quinze anos, como catedrático de filosofia na Complutense de Madrid. Escreveu meia centena de obras, entre filosofia, política, narrativa e teatro, muitas delas traduzidas para mais de vinte línguas. Colabora habitualmente no jornal espanhol El País e co-dirige, juntamente com Javier Pradera, a revista Claves de razón práctica. A sua última obra publicada em Portugal é A vida eterna, um ensaio sobre a actualidade da religião e seus conflitos. Eduardo Marçal Grilo nasceu em 1942. Doutorado em Engª Mecânica pelo IST em 1973 Consultor do Banco Mundial na área da Educação de 1980 a 1991 Presidente do Conselho Nacional de Educação de 1992 a 1995 Ministro da Educação de 1995 a 1999 Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian Membro de várias instituições como: Universidade das Nações Unidas, The International Council of Higher Education Accreditation nos E.U.A. e ERASMUS-MUNDUS Selection Board Autor de várias publicações na área da Educação e na Ajuda ao Desenvolvimento. | 29 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 José Barata-Moura Reitor da Universidade de Lisboa (de Maio de 1998 a Maio de 2006) Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (desde 1986) Representante do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas no Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior (desde 1999). Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras (1981-1982) Pró-Reitor da Universidade de Lisboa, tendo aí coordenado o lançamento do processo de avaliação (1990-1993). Deputado ao Parlamento Europeu (1993-1994) Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1995-1997). Membro da Direcção (1982-1996) e da Presidência (1996-2000) da Internationale Gesellschaft für dialektische Philosophie. Membro da Direcção e da Direcção da Internationale Gesellschaft Hegel-Marx für dialektisches Denken (desde 2000). Membro do Senado do Convent für Europäische Philosophie und Ideengeschichte (desde 1997). Membro da Comissão Executiva e do Conselho de Administração do «Portal Universia Portugal, SA» (desde 2002). Membro da Junta Directiva do Projecto Columbus (2002-2005). Membro da Academia Internacional da Cultura Portuguesa (desde 2003) Obras publicadas em livro: Kant e o conceito da Filosofia, Lisboa, Sampedro, 1972. Da redução das causas em Aristóteles, Lisboa, FLUL, 1973. Estética da canção política, Lisboa, Horizonte, 1977. Totalidade e contradição, Lisboa, Horizonte, 1977. Ideologia e Prática, Lisboa, Caminho, 1978. EPISTEME, Perspectivas gregas sobre o saber. Heraclito — Platão — Aristóteles, Lisboa, ed. de autor (distrib. Cosmos), 1979. Para uma crítica da «Filosofia dos valores», Lisboa, Horizonte, 1982. Da representação à «praxis», Lisboa, Caminho, 1986. Ontologias da «praxis» e idealismo, Lisboa, Caminho, 1986. A «realização da razão» - um programa hegeliano?, Lisboa, Caminho, 1990. Marx e a crítica da «Escola Histórica de Direito», Lisboa, Caminho, 1994. Prática, Lisboa, Colibri, 1994. Materialismo e subjectividade, Lisboa, Avante, 1998. Estudos de Filosofia Portuguesa, Lisboa, Caminho, 1999. Obras para crianças: O Coelho Barafunda, Livros Horizonte, Lisboa, 1979. Capitão Tão-Balão, Livros Horizonte, Lisboa, 1980. Discografia Infantil: Obra Infantil Completa, 4 CD , Companhia Nacional de Musica, 2005. | 30 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Moderador António José Teixeira (1961) Licenciado em Comunicação Social pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Director da SIC Notícias E subdirector de Informação da SIC (desde 2008). Autor do programa da SIC Notícias «A Regra do Jogo» com António Barreto e José Miguel Júdice (2008). Director da Licenciatura em Comunicação e Jornalismo da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (2007-08). Comentador político da TSF (1994-2008). Comentador político da SIC (desde 2001). Docente do módulo de Jornalismo Político no Mestrado em Jornalismo do Departamento de Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (2007). Director do Diário de Notícias (2005-07). Subdirector do Jornal de Notícias (2003-05). Autor do programa Sociedade Aberta, na SIC Notícias (2003-05). Subdirector da TSF (2000-03). Colaborador do Dicionário de História de Portugal, dirigido por António Barreto e Maria Filomena Mónica (1999). Assistente convidado do Departamento de Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (1995-2001). Redactor, editor de Política e editor executivo do Diário de Notícias (19912000). Coordenador da última página e da secção Política do Diário de Lisboa (1989-90). Assessor do secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros (1988-89). Secretário do Conselho Directivo do Instituto do Trabalho Portuário (198388). Professor destacado na Direcção Escolar de Lisboa (1982-83). | 31 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Gisela Cañamero Criadora de espectáculos, encenadora e dramaturga, tem um percurso marcado por intensa actividade enquanto pedagoga na área dos Processos Criativos Integrados. Directora Artística da estrutura profissional para as artes performativas, arte pública – sedeada em Beja, Portugal – assina dezenas de encenações, dando particular relevo às práticas inovadoras na miscenização de linguagens cénicas, e à atenção na Formação de Públicos e à sensibilização destes para o fenómeno da criação artística. Adepta do Teatro Musical como meio facilitador à sensibilização da fruição do objecto performativo por parte do público jovem, destaca, enquanto dramaturga e encenadora, as obras de Teatro Musical para todos os públicos NÓS TODOS TRÊS (2000, Centro Cultural de Belém e três digressões nacionais), OS MÚSICOS DE BREMEN (2001, a partir do conto homónimo dos Irmãos Grimm, no Centro Acarte da FCG e digressão nacional), DEBAIXO DO CÉU (2004, Beja) e UM ESDADIGRÁRIO NO ARMÁRIO (2008, Amadora, Beja). Na abordagem e recriação de universos poéticos na prática performativa destaca as performances NO AVESSO DA PELE, poesia de Eugénio de Andrade (2001, três digressões nacionais), CAMÕES É UM POETA RAP, lírica de Luís de Camões (2005, três digressões nacionais, Rio de Janeiro e Cabo Frio, Brasil) PASSEM A PALAVRA (2003, vários autores, Beja) NATAL UP-TODATE (2006, vários autores, Beja ) e MARIANAs (2007, Beja, Lisboa). Nas criações performativas, dramáticas e musicais, para o público adulto, destaca o espectáculo de Teatro-Dança TALVEZ EU (2003, Beja, Zamora), a performance multimédia NASCER (2002, Beja, Guarda, Porto) a performance com cinema MORE LIVES THAN A CAT (2005, Beja), o concerto com performance LISZzTening (2006, Beja), a performance dramática e musical AQU FUI: CLARISSE (2006, Beja), a comédia intimista AS VELHAS (2007, digressão nacional, Festival de Teatro Lusófono do Piauí, Brasil) e CONDENADOS., performance para um actor, guitarra-baixo, percussão e trombone de varas, com texto de Stig Dagerman (Beja, 2008). Tem em mãos a adaptação do romance da escritora húngara Magda Szabó, A PORTA, para a criação da performance/ ópera de câmara EMERENCE, com estreia prevista para Junho 2009 (Beja e Sintra). | 32 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 UM LUGAR IMENSO, TALVEZ Gisela Cañamero talvez seja um lugar brilhante, azul - como diz a Ana. encontrei a Ana - e quarenta outras almas – mulheres, homens e os seus filhos - que, desde há, pelo menos, três anos, cultivam este hábito, estranho à voracidade e imediatismo dos dias que correm, de fazerem da leitura partilhada um espaço de uma viagem comum na Biblioteca Municipal de Beja – quando me foi lançado este desafio, por parte da CASA DA LEITURA/FCG, de plasmar em acto performativo o sentir comum desta experiência iniciática. começámos, em Outubro de 2008, uma caminhada conjunta cujo destino final desconhecíamos, pois, como diz a Paula: tem princípio e não tem fim: é um caminho – remetendo-nos para a, neste contexto, tão certeira frase de Machado: “caminante no hay camino, se hace camino al andar”. os desvios experimentais deste caminho passaram a rotina - e foi derrubado o obstáculo mais temido: o medo. o medo de não se ser capaz: de não conseguir criar – movimento, palavras, sonoridades, relação cinestésica ou dramática com o outro – de não se conseguir expor, na totalidade do seu corpo criativo e expressivo, ao olhar de terceiros. portanto, quando o Pedro refere que este é o espaço onde superamos os nossos medos, soube que entráramos, finalmente, no espaço íntimo interior e imóvel: fora do tempo e do espaço físicos, como diz o Manuel, e onde as palavras ganham forma, onde tudo pode acontecer, como escreve a Laura. manuseámos este objecto: o livro – muitos livros – sentindo, por um lado, a sua carga histórica e civilizacional e, pelo outro, a presença enérgica com que nos chega, hoje, às mãos, numa travessia milenária em formato imutável, em desafio à revolução tecnológica dos nossos dias: uma capa de papel mais ou menos cartonado, páginas agrupadas - cosidas ou coladas em lombada - onde podemos aceder, em silêncio interior, a outras vozes. por isso a Leonor define este espaço como um sítio com muitas palavras que voam e que têm asas, mas são muito silenciosas. esta dimensão do silêncio – que permite, antes de mais, a escuta interior à ideiação, à repescagem de memórias e a distensão necessária à sua associação divergente – ficou, desde logo, nos espaços de inusitadas improvisações*, relacionada com a tranquilidade interior, com a percepção da intemporalidade e da ausência de fronteiras espaciais, e com a aceitação do desconhecido, do que é mistério – como o definem a Cristina: um lugar de calma grande, a Céu: um espaço misterioso, sem limites, onde as letras andam à solta, a Joana: um lugar gigante, luminoso, ou a Cármen: um lugar onde o relógio pára, onde nos sentimos como pássaros a voar. para a construção deste espaço de evasão, de alegria, de paz interior - como refere a Elisabete - a poesia, pelas suas múltiplas possibilidades significantes, rítmicas e oníricas – um sítio maravilhoso, mágico, como retrata um outro Manuel, e onde os sonhos se realizam, como diz a Marta - impôs-se muito cedo; e, nela, fixámo-nos nos extraordinários textos de Álvaro Magalhães. | 33 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 com a vivência literária anichada, na música, nos olhares, nos movimentos, nos gestos, entrámos, aos poucos, no lugar onde o corpo e a alma se fundem num imenso bailado de palavras e emoções, como sublinha a Alexandra. mas, neste turbilhão criativo, a intensidade do silêncio é fulcral para o acolhimento da sonoridade do timbre da palavra; possamos assim revisitar, sempre, este lugar maravilhoso, onde sonhamos até nos perdermos e depois podemos reencontrarmo-nos, sentindo o ar que respiramos, como, numa reflexão essencial, pressente o Vasco.** *onde cruzámos improvisações feitas, por exemplo, a partir da corporalização dos nomes próprios de cada um com poemas de Eugénio de Andrade, de A Arte da Guerra, de Sun Tzu, com poemas de Álvaro de Magalhães, e os poemas deste com derivações jogadas e brincadas de modo aleatório, azaroso, e, de novo, a sua reinterpretação corporal, à construção de textos, ao desenho de personagens fantásticos, à sua interpretação dramática… ** o Vasco tem nove anos. a Marta, seis. o outro Manuel, sete. a Leonor e o Pedro, onze. a Laura, quinze. todos os outros nomes aqui citados, são, igualmente, papa-livros – Pais e Filhos participantes nos Clubes de Leitura de Beja; as suas definições de UM LUGAR IMENSO, TALVEZ, são a melhor aferição de um processo experimental e partilhado, que vale, apenas por si. | 34 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 José Antonio Portillo Vesga 1980 Profesor E.G.B 1990 Analfabeto plástico – Diseño de espacios narrativos. 1993 Animador Cultural de Benicássim Teatro 2001 Teatro Piccolo di Milano. Instalación narrada “Artilugios para contar y crear historias” en el Teatro Strehler. Festival dei Bambini. 2003“Artefactos”. Producción teatral Albena Teatre y Babia Producciones. Premio Mejor Espectáculo Infantil de las Artes Escénicas de la Generalitat Valenciana. Nominación Mejor Escenografía de las Artes Escénicas de la Generalitat Valenciana. 2004 Nominación Espectáculo Revelación de los Premios Max. “Tramankuluak”, versión en euskera de “Artefactes” de la compañía Tanttaka Teatroa. 2005 “Artefactos” nominado a la Mejor Escenografía VIII Edición de los Premios Max. 2005 “Artefactos” nominado al Mejor Espectáculo de Teatro Infantil, VIII Edición de los Premios Max. 2007 Cuatrienal de Arquitectura y Escenografía Teatral. Praga 2008 Nominado a los Premios Max en la modalidad de Mejor Autor Teatral en euskera por la “Aventura del Teatro”, producción del Teatro Arriaga de Bilbao. 2008 Autor y escenógrafo del espectáculo “ Museo del Tiempo”, dirigido por Fernando Bernués y Laura Usuleti. Albena Teatre y Tanttaka Teatroa. Exposições individuais 1989 Fundación Germán Sánchez Ruipérez, Salamanca. 1989 Centro Cultural “Casa de Vacas” del Retiro, Madrid. 1989 Palacio del Infantado, Guadalajara. 1990 Diseño del Proyecto “Babia” para la Feria del Libro de Valencia. 1993 Centro Cultural Villa de Amurrio, Vitoria. 1993 Centro Cultural de Cruces,Bilbao. 1993 Ateneo, Valencia. 1994 Sala de Armas de la Ciudadela, Pamplona. 1996 Universidad, Santiago de Compostela. 1997 Universidad de Granada “Casa de Porras”, Granada. 1998 Centro Cultural, Fuenlabrada. 1998 Centro de la Merced, Burriana. 1999 Galería Palau. Valencia. 1999 Archivio Artisti,Parma. 199 Galería Palau. Valencia 2000 Centro Cultural de Belem, Lisboa. 2000 EACC Espai D’Art Contemporani de Castelló. 2001 Lyric Theatre Hammersmith, Londres. 2001 Biblioteca Valenciana, Valencia. 2001 Centro Servizi Culturali S.Chiara, Trento. 2001 Teatro Piccolo de Milan, Milán. | 35 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 2002 SBC Southbank - Royal Festival Hall, Londres. 2002 Proyecto “Última frase”. Espai d’Art Contemporani de Castellón. 2002-2004 Percursos. Projecto Artístico Europeu para um Público Jovem. Viseu 2002 – 2004 Percursos. Projecto Artístico Europeu para um Público Jovem. Viseu 2003 Proyecto del Museo del Tiempo. Viseu 10 al 18 Mayo. 2003 Proyecto del Museo del Tiempo. Evora 11 al 29 Octubre. 2005 Museo del Tiempo. Alcalá de Henares. Teatralia. Marzo. 2005 Publicación libro-álbum “Artefactes”, versión euskera. 2005 Publicación libro-álbum “Reloj encontrado entre los escombros de una casa en ruinas”. Proyecto Museo del Tiempo de Alcalá de Henares. 2005 Exposición “Artilugios para contar y crear historias”. Meliana 22 abril al 31 mayo. 2005 Exposición “Artilugios para contar y crear historias”. Centro Cultural de Genk (Bélgica) 23 septiembre al 23 octubre. 2005 Exposición “Artilugios para contar y crear historias”. Het Paleis de Anvers (Bélgica) 29 octubre al 8 enero 2006. 2006 Museo del Tiempo. Nanterre (Paris). Marzo. 2006 Exposición “Artilugios para contar y crear historias”. Museo Sant Francesc de Benicarló febrero – marzo. Exposición. Festival Mantova (Italia). Noviembre. 2006 Museo del Tiempo. Parma (Italia). Noviembre. Mostra de Mim Sueca. Exposición: “¿Qué piensa mi sombra?” Septiembre. 2007 Beja (Portugal) . Exposición: “¿Qué piensa mi sombra”?. 2007 Carlet . Exposición: “¿Qué piensa mi sombra”?. Exposições colectivas – Projectos 1991 Centro de Exposiciones Sant Miquel Fundación Bancaixa, Castellón. 1991 Museo de la Ciudad, Valencia. 1991 Palacio Gravina, Alicante. 1995 Centre Cultural Bancaixa, Valencia. XXII Premio Bancaixa de Pintura y Escultura. Obra seleccionada. 1995 Centro de Exp. Sant Miquel Fundación Bancaixa, Castellón. 1996 Centre Cultural, Alcoi. I Mostra Biennal d’Art d’Alcoi. Obra seleccionada. 1996 Centro Cultural “Cecilio Muñoz Fillol”, Valdepeñas. LVII Exposición Nacional de Artes Plásticas, Valdepeñas. Obra seleccionada. 1998 II Mostra Biennal d’Art d’Alcoi Obra premiada 1999 Galería Palau, Valencia. 1999 Art al’Hotel,Valencia. | 36 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 Publicações – Congressos – Conferências – Outros 1989 Conferencia Fundación Germás Sánchez Ruipérez 1991 Catálogo “Llibres sense limits”. 1996 Conferencia Universidad Santiago de Compostela. 1997 Conferencia U.J.I de Castellón. 1998 Conferencia Fondo de Cultura Económica en México D.F. 1999 Catálogo “Artefactes”. Parma. 1999 Publicación – Catálogo “Percursos”. Centro Cultural de Belém. 2000 Catálogo “Contemporanea”. Espai d’Art Contemporani. 2001 Conferencia Lyric Theatre Hammmersmith de Londres 2001 Catálogo “Artilugios para contar y crear historias”. Biblioteca Valenciana. 2001 Conferencia Congreso Europeo Narración Oral: “Artilugios, instalaciones y espacios narrativos”. Guadalajara. 2003 “Artefactes” (album ilustrado). Editorial Kalandraka. Premio Nacional al Mejor Libro Ilustrado Infantil y Juvenil. “Tramankuluak”, versión en euskera. Editorial Kalandraka. “El Museo del Tiempo”, Editorial Kalandraka. “El Museo del Tiempo”, versión portugués, Editorial Kalandraka. 2007 “¿Qué piensa mi sombra?” . Ed. Kalandraka. | 37 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009 ARTIFÍCIOS PARA CONTAR E CRIAR HISTÓRIAS (EU ESTAVA LÁ!) José Antonio Portillo O material escolar denominado “Artifícios para contar e criar histórias” surgiu da vontade de aproximar as crianças do livro, da escrita e do hábito de escutar. Com o tempo uma ideia foi adquirindo! Uma importância crescente… a narração. A narração como actividade fundamental tanto na vida como fora dela: vivo enquanto narro. Enquanto instrumento de compreensão do mundo e um tempo de vida. Se hoje nos lembramos do nosso professor da escola é pela forma como narrava o saber, o conhecimento da História, da matemática. Devíamos introduzir nos centros de ensino e formação de professores o curso de NARRAR O SABER. No que se refere aos objectos, estes aparecem como a prova evidente de que “fui testemunha do que conto”. A presença do objecto na escola, a sua entrada em cena, permitiu-me criar um silêncio, uma disponibilidade para escutar uma estória que nunca teria conseguido de outra forma, sem se notar que sou um péssimo actor, desmemoriado e com pânico cénico. As minhas exposições pretendem escapar à contemplação consumista da arte. Procuram no mínimo “um diálogo de silêncio com o objecto”. Em seguida, a palavra do narrador/guia da exposição criará um meio de comunicação com o usuário deste trabalho, seja ele uma criança ou um adulto… dado que esta tem diferentes níveis de leitura. Nos diferentes espaços na Europa onde expus, as pessoas responsáveis por “trabalharem” a minha exposição colocaram a si próprias sempre a mesma questão: “Como fazer chegar este trabalho às crianças e de diferentes realidades sociais?” E a partir desta pergunta tinha de sair um encontro, um caminho, que superasse, evidentemente, as actividades que os grandes espaços de exposições nos habituaram, onde no final a criança acaba por levar o livrinho para cortar e colar, o dossiê cheio de boas intenções, a obra de teatro relacionada com o tema da exposição. Quer dizer, a criança só interessa como número para a estatística do Museu. Em Portugal, no laboratório de leitura da Gulbenkian Casa da Leitura / Biblioteca Municipal de Beja, a exposição será complementada com vários projectos que foram crescendo com o passar do tempo, a partir deste material escolar, o Museu do Tempo, O Que Pensa a Minha Sombra?, A Biblioteca e a Árvore que Chora. Biblioteca (Instalação apresentada na Assembleia da Republica) “Biblioteca de cordas e nus” “Biblioteca de textos deitados ao lixo” “Biblioteca de textos sem publicar” Esta instalação surge de uma colecção de material de escola chamado “Artimanhas para contar e criar histórias”, uma homenagem a todos aqueles professores de escola que utilizam diferentes recursos narrativos, servindo-se de objectos, artimanhas, gestos ou palavras. | 38 | Congresso Internacional de Promoção da Leitura | Formar Leitores para Ler o Mundo Fundação Calouste Gulbenkian | 22 e 23 Janeiro 2009