a gestão das organizações e a neurociência

Transcrição

a gestão das organizações e a neurociência
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
ALVA BENFICA DA SILVA
A GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES E A NEUROCIÊNCIA:
análise de algumas contribuições
Belo Horizonte
2014
ALV A BENFICA DA SILVA
A GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES E A NEUROCIÊNCIA:
análise de algumas contribuições
Dissertação apresentada ao Curso de
Mestrado Profissional em Administração do
Centro Universitário UNA como um dos
requisitos para a obtenção do Grau de
Mestre em Administração.
Área de Concentração: Inovação e Dinâmica
Organizacional.
Linha de Pesquisa: Dinâmica Organizacional,
Inovação e Sociedade.
Orientadora: Profa. Dra. Iris Barbosa Goulart
Coorientadora: Profa. Dra. Fernanda Carla
Wasner Vasconcelos
Belo Horizonte
Centro Universitário UNA
2014
B465g
Benfica da Silva, Alva
A gestão das organizações e a neurociência: análise de algumas contribuições. /
Alva Benfica da Silva. – 2014.
92f.
Orientador: Prof. Dra. Iris Barbosa Goulart
Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2014. Programa de
Mestrado Profissional em Administração.
Bibliografia f. 73-78.
1. Comportamento organizacional. 2. Neurociências. I. Goulart, Iris Barbosa.
II. Centro Universitário UNA. III. Título.
CDU: 658
Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras
DEDICATÓRIA
Senhor, a Ti eu dedico este trabalho.
Mais do que agradecer, DEDICO este trabalho
À minha família cujo apoio foi essencial para minha chegada até aqui:
Ao meu pai e meu irmão (In Memoriam) – acredito que estão
orgulhosos de mim.
À minha mãezinha querida, mesmo que não entenda, será contagiada
pela minha felicidade.
Às minhas queridas irmãs Alfelina, Maria das Graças, Ivanir e minha
adorável sobrinha, preferida e única, Bruninha.
O apoio de vocês foi decisivo para mim.
À uma pessoa muito especial, pela parceria tão importante e
abençoada que foi no decorrer dessa minha caminhada.
AGRADECIMENTO
Senhor, eu Te agradeço por este trabalho.
É natural e elementar começar com minha orientadora, Professora Doutora Iris
Barbosa Goulart. Agradeço imensamente pela sua sábia orientação, sempre
presente e disponível, pela paciência nos momentos difíceis, por acreditar que o
trabalho seria possível, por toda a confiança depositada e, especialmente, pela
amizade compartilhada durante todo esse período. Tudo isso foi muito importante
para minha caminhada.
À Professora Doutora Fernanda Carla Wasner Vasconcelos, minha coorientadora,
agradeço pela sempre presente disposição em contribuir e por compartilhar
conhecimentos na construção deste trabalho. Seu interesse pelo tema e
disponibilidade para auxiliar-me, abrindo sua agenda de consultas (longuíssimas)
que me foram muito importantes.
Sou grata aos meus professores da UNA, especialmente à querida Professora
Doutora Cristiana Trindade Ituassu.
Sou grata aos participantes desta pesquisa que, com suas experiências e ideias,
me ensinaram, me inspiraram, me entusiasmaram.
Agradeço ao Professor Marcelo Leonardo, meu estimado Chefe, pelo apoio e
confiança em mim depositada, que foram essenciais para meu sucesso nessa
jornada.
Agradeço aos meus companheiros de trabalho, na pessoa dos funcionários
administrativos Valeria Januário e Ricardo Antônio Cornélio, e dos Professores
Doutores Felipe Martins Pinto e Renato Cesar Cardoso, pelo apoio, torcida e
incentivo.
A todos que, de alguma forma, me acompanharam, me auxiliaram,
compartilharam de minhas angústias no meu desenvolvimento nesse mestrado minha eterna gratidão.
EPÍGRAFE
Até aqui nos ajudou o Senhor.
1
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito
debaixo do céu.
2
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de
arrancar o que se plantou;
3
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de
edificar;
4
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de
dançar;
5
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de
abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
6
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de
lançar fora;
7
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo
de falar;
8
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
9
Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha?
10
Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com
ele os exercitar.
11
Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do
homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o
princípio até ao fim.
12
Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrarse e fazer bem na sua vida;
13
E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o
seu trabalho; isto é um dom de Deus.
...
22
Assim que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o
homem nas suas obras, porque essa é a sua porção; pois quem o
fará voltar para ver o que será depois dele?
Eclesiastes 3
– Bíblia Sagrada
RESUMO
BENFICA DA SILVA, Alva. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração)
- A gestão das organizações e a neurociência: análise de algumas
contribuições - Centro Universitário UNA. Belo Horizonte, 2014.
Este trabalho constitui um estudo que busca identificar contribuições da área da
Neurociência para a Administração, na procura de uma visão diferenciada da
gestão, que considere o ser humano capaz de construir a organização, de
gerenciá-la através de seu pensamento e ação e, sobretudo, de trazer sua
contribuição para uma sociedade melhor. Considerando os avanços sobre o
estudo do funcionamento do cérebro, o objetivo deste trabalho é analisar a
contribuição (descobertas, estudos, pesquisas) da Neurociência para a gestão
organizacional segundo a opinião de especialistas relacionados a esta área de
conhecimento. Para tal, fez-se uso de estudos e pesquisas recentes relacionados
a processos cerebrais e comportamento humano. Na trajetória metodológica,
dado o caráter investigativo do assunto e as poucas publicações disponíveis
sobre o tema, foi feito o levantamento da produção científica e realizou-se uma
pesquisa qualitativa, utilizando-se de entrevista aberta com especialistas
relacionados da área de Neurociência, na busca de consolidação do conteúdo
abordado no referencial teórico. A análise das entrevistas apontou a existência de
estudos sobre o funcionamento cerebral, sobre o ócio criativo, sobre os ritmos
circadianos, sobre a importância da respiração, do sono, do relaxamento, da
meditação e das pausas. Todos esses temas estão relacionados à Neurociência e
oferecem contribuições à Administração.
Palavras-chave: Gestão organizacional. Comportamento organizacional. Gestão
de pessoas. Neurociência.
ABSTRACT
BENFICA DA SILVA, Alva. Dissertation (Professional Master’s Degree in Business
Administration) – Organizational management and neuroscience: analysis on
some contributions - Centro Universitário UNA. Belo Horizonte, 2014.
This research work seeks to identify the contributions of Neuroscience to
Management, in the search for a differentiated view of management, which
regards the human being as able to build the organization, to manage it through
his thought and action and, above all, bring his contribution to a better society. By
considering the breakthroughs on the study of brain function, the objective of this
research work is to analyze the contribution (findings, studies, surveys) of
Neuroscience to organizational management in the opinion of experts linked to this
field of knowledge. To this end, it made use of recent studies and research related
to brain processes and human behavior. In the methodological trajectory, given
the investigative nature of the subject and the few publications available on the
theme, a survey on the scientific production was conducted as well as qualitative
research through open interviews with experts in the Neuroscience area, with
views to consolidating the content covered in the theoretical framework. Analyses
of the interviews revealed the existence of studies about brain functioning, creative
idleness, circadian rhythms, and on the importance of breathing, sleep, relaxation,
meditation and breaks. All these themes are related to Neuroscience and offer
contributions to Management.
Keywords: Organizational management.
resources management. Neuroscience.
Organizational
behavior.
Human
LISTA DE QUADRO
Quadro 1 - Proposta de mudança de paradigma de gestão e respectivas
características, de acordo com Gaulejac
27
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ARH -
Administração de Recursos Humanos
EEG -
Eletroncefalograma
fMRI -
Ressonância Magnética funcional (function magnetic resonance imaging)
MEG -
Magnetoencefalografia (magnetoencephalogram)
MW -
Mind Wandering
NC -
Neurociência
PET -
Tomografia por emissão de positrões (posítron emission tomography)
REM -
Movimento rápido dos olhos
RH -
Recursos Humanos
SN -
Sistema Nervoso
SNC -
Sistema Nervoso Central
SNP -
Sistema Nervoso Periférico
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO .............................................................................
12
1.1
Problema de pesquisa ................................................................
15
1.2
Objetivos ......................................................................................
16
1.2.1
Objetivo geral ................................................................................
16
1.2.2
Objetivos específicos .....................................................................
16
1.3
Justificativa ..................................................................................
16
1.4
Estrutura do texto ........................................................................
17
2
REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................
19
2.1
O modelo contemporâneo de Administração: um novo
paradigma .....................................................................................
19
2.2
Neurociência ................................................................................
27
2.3
Estudos da Neurociência aplicáveis à Administração .............
32
2.3.1
O funcionamento do cérebro humano ...........................................
33
2.3.2
A importância do relaxamento .......................................................
36
2.3.3
A importância das pausas .............................................................
41
2.4
Ética e estudos de Neurociência ................................................
46
3
METODOLOGIA .........................................................................
48
4
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS ..............
51
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................
70
REFERÊNCIAS ..........................................................................
73
APÊNDICE A – CARTA-CONVITE PARA ENTREVISTA .............
79
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO DO ENTREVISTADO
80
APÊNDICE C – ROTEIRO DA ENTREVISTA ................................
81
APÊNDICE D – PRODUÇÃO CIENTÍFICA DOS ENTREVISTADOS
DISPONÍVEL NO MOMENTO DA PESQUISA ...........
83
APÊNDICE E – PRODUTO TÉCNICO – PÁGINA NO FACEBOOK ...
92
12
1 INTRODUÇÃO
A Administração atualmente é influenciada pela fase chamada Era do
conhecimento, período em que as pessoas, responsáveis por produzirem e por
deterem o conhecimento, passaram a ocupar um lugar privilegiado entre os
fatores responsáveis pela competitividade nas organizações. Nesse contexto, o
capital humano vem sendo abordado de diferentes maneiras: ora se fala em
Gestão do conhecimento, ora em Dinâmica organizacional e subjetividade, ora
outras designações para novos campos de estudo que valorizam de modo
particular o ser humano, que está sendo tomado em consideração.
Hamel (2010) realça a importância das pessoas na organização quando afirma:
Há pelo menos três princípios centrais em torno dos quais é preciso
construir os novos modelos de gestão: liberdade, variedade e lógica de
mercado.
A liberdade é o primeiro princípio, portanto. É impossível pretender que
uma instituição seja adaptável se ela for controlada totalmente, a partir
de cima. Quando observamos os sistemas que têm demonstrado ser
adaptáveis ao longo de décadas e séculos – os biológicos, as
democracias, os mercados, as cidades –, o que salta aos olhos em todos
eles é que, conforme as normas de uma multinacional típica, são mais
autônomos. A questão reside em como oferecer às pessoas mais
liberdade sem cair no caos.
[...] Se pretendem vencer no futuro, as organizações têm de encontrar
maneiras de energizar as pessoas, para que não apliquem no trabalho
apenas suas capacidades, mas também sua paixão e iniciativa. (HAMEL,
2010, p.48-49).
No presente trabalho, a ênfase à liberdade se apresenta como o ponto mais
relevante. Na visão de Drucker (1981) é impossível administrar o trabalho e o
trabalhador se esses elementos forem enfocados como problemas. Por isso, a
administração deve se concentrar nos aspectos positivos e se fundamentar nos
pontos fortes e na harmonia. O autor acrescenta:
A teoria de relações humanas parte de conceitos básicos corretos: as
pessoas querem trabalhar e administrá-las é função do administrador,
não de um especialista. Não constitui, portanto, apenas um amontoado
de atividades desvinculadas umas das outras. Repousa ainda sobre uma
profunda percepção que pode ser resumida quando dizemos: não se
pode contratar um braço, uma pessoa inteira vem junto (DRUCKER,
1981, p.263).
13
As aptidões humanas mais valiosas são precisamente aquelas menos
controláveis. As ferramentas de gestão podem pressionar as pessoas a serem
obedientes e diligentes, mas não podem torná-las criativas e empenhadas.
Quanto mais invasiva for a supervisão gerencial e mais repressoras as políticas e
processos,
menos
apaixonadas
as
pessoas
serão
com
seu
trabalho.
Historicamente, as hierarquias têm sido boas para agregar esforços, coordenar
atividades de muitas pessoas com funções amplamente diferentes. Mas elas não
são adequadas para mobilizar esforços, inspirar pessoas a irem além do que se
espera (HAMEL; BREEN, 2007, p.56-58).
Quando comparada às mudanças em tecnologia, estilo de vida e geopolítica que
ocorreram nos últimos cinquenta anos, a prática da gestão parece ter evoluído de
maneira muito lenta e ainda se baseia num agregado de princípios antiquados,
que remontam ao início da Revolução Industrial. A gestão moderna contribuiu
muito, mas exigiu muito em troca, e continua a exigir – a hierarquia opressiva de
administradores; controle sobre custos sufocando a imaginação e iniciativa
humanas; construção de organizações em que a disciplina e a liberdade são
mutuamente exclusivas (HAMEL; BREEN, 2007, p.4-8).
O progresso na gestão tem sido limitado pelo paradigma de gestão baseado na
burocracia e centrado na eficiência. Os gestores são prisioneiros do paradigma
que coloca a busca da eficiência acima de qualquer outro objetivo, herança da
gestão moderna que foi criada para resolver o problema de ineficiência (HAMEL;
BREEN, 2007, p.11).
As transformações que estão em curso, evidenciando um processo de mudança
paradigmática, afetam as organizações. Os programas de formação e
desenvolvimento de administradores têm constituído espaços privilegiados para a
busca de superação das limitações até então enfrentadas no trato da
complexidade do mundo moderno. Autores que abordam as organizações do
futuro consideram que as empresas serão julgadas por seus compromissos
éticos, pelo foco nas pessoas e pelas relações responsáveis com o ambiente
natural. O paradigma que as tem sustentado apresenta anomalias e novas ações
14
se impõem. Ações humanizadas serão vistas como fonte de diferenciação em um
ambiente de negócios, o qual não dá nenhuma indicação de que deixará de ser
competitivo. Da mesma forma, profissionais talentosos estarão sentindo-se
atraídos por empresas comprometidas, com o crescimento das pessoas e com
causas sociais e ecológicas. E assim, empresas humanizadas serão, cada vez
mais, necessárias e possíveis (VERGARA; BRANCO, 1993, p.28-31).
O presente trabalho também se detém na análise de alguns aspectos do humano,
na medida em que toma como objeto de análise uma abordagem nova, que vem
ganhando espaço entre os pesquisadores e que pode atingir a Administração.
Nos últimos anos, houve a consolidação explícita do projeto de condensação do
sujeito no cérebro, o que resulta numa mudança fundamental no modo como é
compreendido o ser humano e seu psiquismo. Assim, depois de descrições
psicológicas, culturalistas e fisicalistas, emergem atualmente as descrições
cerebrais e genéticas, apoiadas na grande quantidade de informações novas,
produzidas pela Neurociência (NC), sobre as bases biológicas da experiência
subjetiva (WINOGRAD, 2011, p.522).
Em julho de 1990, o então presidente americano, George Bush, sancionou lei
declarando os anos 1990-1999 a “Década do Cérebro”. A partir desse momento,
investimentos e o fomento das pesquisas sobre cérebro deram um importante
impulso ao desenvolvimento da Neurociência. Os resultados foram aplicados aos
campos da medicina, farmacologia, bioética e humanidades. Passou-se a
encontrar desdobramentos desses resultados, que incluíam o cérebro em seus
campos de estudo, em diversas áreas, como no chamado Neuromanagement aplicação da Neurociência cognitiva ao comportamento organizacional, numa
busca pelo equilíbrio entre a razão e a emoção (RUSSO; PONCIANO, 2002,
p.351).
A Neurociência é um campo interdisciplinar que usa a contribuição de outras
disciplinas e várias ciências no estudo da estrutura e organização funcional do
sistema nervoso (especialmente o cérebro), a fim de compreender sua estrutura,
15
desenvolvimento, funcionamento e evolução, bem como a relação entre o
comportamento e a mente e suas alterações (SIQUEIRA-BATISTA; ANTÔNIO,
2008). Nesse contexto, a Neurociência se mostra relevante para vários estudiosos
pela possibilidade de compreensão dos mecanismos das emoções, pensamentos
e ações, doenças e loucuras, aprendizado e esquecimento, sonhos e imaginação,
fenômenos que definem e constituem o ser humano (RIBEIRO, 2013).
A aproximação de “cientistas” e “homens de negócios”, combinação de esforços
de áreas distintas (a Neurociência fornecendo auxílio para importantes insights à
Administração), deu origem ao nascimento de teorias alternativas importantes,
como: Neuromarketing, que visa entender os desejos, impulsos e motivações
das pessoas através do estudo das reações neurológicas a determinados
estímulos externos (ZALTMAN, 2003, p.160); Neuroliderança, que combina
princípios
do funcionamento
do
cérebro
humano
com as práticas
de
desenvolvimento de competências de liderança. “[...] alguns achados da
Neurociência são úteis para entender e aperfeiçoar a capacidade de liderança”
(HERCULANO-HOUZEL, 2009); Neuroeconomia, que utiliza métodos da
Neurociência com ferramentas mais antigas, associadas aos campos da
Economia experimental e comportamental, e da Psicologia cognitiva e social
(LOWENSTEIN; CAMERER; PRELEC, 2008, p.72-76).
Este trabalho busca explorar algumas descobertas da Neurociência que
convergem para a Administração, especialmente na área de gestão de pessoas,
destacando o papel do cérebro no comportamento e na natureza humanos. Esses
estudos podem proporcionar insights a um novo modelo de gestão, que priorize o
potencial humano, a criatividade, o respeito pelas limitações humanas.
1.1 Problema de Pesquisa
Diante da produção científica sobre Neurociência e da necessidade da
Administração estar enriquecida com a contribuição de novas possibilidades
voltadas para a valorização do capital humano, a questão norteadora deste
trabalho é a seguinte:
16
• Qual a contribuição da Neurociência para a gestão das organizações, de
acordo com a opinião de especialistas relacionados a esta área do
conhecimento?
1.2 Objetivos
Para responder a questão norteadora desta pesquisa, foram definidos os
seguintes objetivos:
1.2.1 Objetivo Geral
• Analisar a contribuição da Neurociência para a gestão organizacional segundo
a opinião de especialistas relacionados a esta área do conhecimento.
1.2.2 Objetivos Específicos
1) Caracterizar o novo paradigma de Administração, que tem como fundamento a
valorização do capital humano.
2) Investigar o ponto de vista de especialistas relacionados às áreas de
Neurociência e que considerem sua aplicação à Gestão organizacional.
3) Propor, como produto técnico, a criação de uma página no facebook, com a
finalidade de disponibilizar um espaço para a interação entre os saberes da
Administração (especialmente na área de gestão de pessoas) e da
Neurociência fazendo divulgação de pesquisas, descobertas, cursos, que
possam vislumbrar inovação para a gestão organizacional.
1.3 Justificativa
A contribuição que este trabalho pretende oferecer para a academia será um
enriquecimento do campo de estudos sobre a gestão organizacional associado a
ideias (insights) da nova área do conhecimento, a Neurociência. A união entre
essas duas áreas - Administração (gestão organizacional) e Neurociência - pode,
17
através deste trabalho, ser facilitada, visando à melhoria do funcionamento
organizacional.
Para as organizações, o estudo deve oferecer mais uma ferramenta para gestores
organizacionais
no sentido
de
melhor
compreenderem
o
ser
humano,
considerando também a ótica cerebral.
Para a autora, este trabalho oferece oportunidade de conhecimento que possa
propiciar uma vida melhor, mais saudável, especialmente em termos profissionais.
Verificou-se a preocupação com o desenvolvimento do ser humano e a urgente
necessidade de se inovar a gestão organizacional, pelas abordagens feitas por
estudiosos, a exemplo de Vergara e Branco (1993); Drucker (2002, 2007),
Gaulejac (2006), Ortega e Vidal (2007), Hamel (2007; 2010), Goleman (2014),
Winograd (2011), Ribeiro (2013), dentre outros.
A relevância do tema desta pesquisa se evidencia também pela produção
científica encontrada nos sites investigados, como Capes, Scielo, e em periódicos
como PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva-RJ, Psicologia em Estudo, RAE - Revista de
Administração de Empresas, REVISTA USP, dentre outros.
1.4 Estrutura do texto
Este trabalho está estruturado do seguinte modo: na Introdução apresenta-se o
tema, identifica-se a questão norteadora da pesquisa e definem-se seus objetivos.
O segundo capítulo aborda o Referencial Teórico, envolvendo os temas
Administração, Neurociência, Estudos da NC aplicáveis à Administração e a
relação da Ética com a Neurociência. O terceiro capítulo apresenta a metodologia
adotada para a realização da presente pesquisa, caracterizando a modalidade do
estudo, o instrumento de coleta de dados, os sujeitos da pesquisa e a técnica de
interpretação dos dados. O quarto capítulo aborda os resultados obtidos mediante
a aplicação do instrumento de coleta de dados, valendo-se de uma apresentação
dos especialistas que foram entrevistados e da seleção de trechos de suas falas
18
que representem esta contribuição. O quinto e último capítulo apresenta as
Considerações Finais, revendo o alcance dos objetivos, as limitações do estudo
feito e as sugestões para novas pesquisas.
19
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico deste trabalho aborda as seguintes temáticas: por se tratar
de uma dissertação de Mestrado em Administração, decidiu-se iniciar por uma
análise do enfoque contemporâneo da Administração, detendo-se na ênfase que
atualmente se dá à gestão de pessoas, em vista da significativa valorização do
capital humano.
A segunda temática se refere à Neurociência, devendo-se abordar o conceito
desta
área
de
conhecimento,
um
breve
histórico,
uma
referência
ao
funcionamento do cérebro humano e estudos recentes de Neurociência passíveis
de aplicação ao campo da Administração e a relação da Ética com a
Neurociência.
2.1 O modelo contemporâneo de Administração: um novo paradigma
Alberto Guerreiro Ramos foi um dos precursores do pensamento crítico em
Administração, tendo proposto o modelo do chamado Homem Parentético1, em
oposição ao homem organizacional, considerado pelo autor a somatória da
evolução do homem ao longo da transformação do modus operandi das
organizações. Este ideal de homem, que possui consciência crítica da realidade,
valores éticos e coletividade social, é exposto pelo autor como uma superação da
concepção de homem operacional e reativo, remanescente das escolas anteriores,
dentro das organizações e da sociedade (PAES DE PAULA, 2007).
1
O adjetivo “parentético” deriva da noção de “suspensão”, de estar “entre parênteses”. Ele faz
uma distinção entre uma atitude natural e uma crítica. “Natural” é a atitude do homem “ajustado”,
despreocupado com a racionalidade noética e aprisionado em seu imediatismo. Já a atitude
“crítica” suspende ou põe “entre parênteses” a crença no mundo comum, permitindo ao indivíduo
atingir um nível de reflexão conceitual e, portanto, de liberdade (a racionalidade noética - derivada
do grego “nous”, significa MENTE, inteligência ou formas intuitivas de conhecimento-, compreende
os imperativos imanentes da própria razão, entendida como uma faculdade específica do homem
e que exclui a obediência cega às exigências de eficiência) (GUERREIRO RAMOS,1984, p.7).
20
As primeiras teorias de Administração abordavam o homem como um indivíduo
passivo, detentor do emprego, capaz de atender às expectativas e anseios da
sociedade e da organização em que está inserido, porém, moralmente fragilizado.
De acordo com essa concepção, o indivíduo vai se despersonalizando à medida
que se socializa, até tornar-se alienado. Enquanto isso, a organização formal
adquire aspectos do indivíduo e passa a ser estudada a partir de conceitos que só
poderiam ser atribuídos à vida individual (GUERREIRO RAMOS, 1984).
Uma reavaliação da teoria administrativa sugere a análise de diferentes modelos
de homem como ponto de referência: “homem operacional”, “homem reativo” e
“homem parentético”. Na teoria administrativa clássica, o “homem operacional” é
equivalente ao ‘Homo economicus’ que se reduz a um recurso organizacional, a
ser maximizado em termos de produto físico mensurável, ou seja, o homem é
visto como instrumento do processo produtivo. O modelo de “homem reativo”,
oriundo do enfoque humanista, identifica o homem como membro de seu grupo
social, que precisa ser ajustado ao contexto de trabalho, e não ao seu
crescimento individual. Essa teoria reativa baseia-se em uma visão ingênua da
natureza dos insumos e produtos. Ela considera como insumos as pessoas, os
materiais e a energia, mas desconsidera os fatores éticos e valorativos do
ambiente e sua racionalidade e legitimidade. O “homem parentético”, por sua vez,
é considerado participante da organização, mas justamente por tentar ser
autônomo, não pode ser psicologicamente enquadrado como indivíduo que se
comporta de acordo com os modelos reativo e operacional. Ele possui uma
consciência crítica das premissas de valor presentes no dia a dia (GUERREIRO
RAMOS, 1984, p.3-5).
Navarro (1986, p.81) afirma que o perfil de homem ideal não chegou a ser
consolidado ou definido. Acrescenta que Sócrates, na tentativa de responder a
pergunta sobre qual lhe parecia a melhor tarefa para o homem, afirmou: “Viver
bem, [...] alcançar o seu fim por meio do estudo e do exercício”.
Durante as últimas décadas do século XX, começou a despontar a visão de
homem que substituiria os trabalhadores industriais. Assim, emergiram o que
21
Drucker (2002) denominou “trabalhadores do conhecimento”, que representam,
nos países desenvolvidos, pelo menos um terço da força de trabalho. Esses
trabalhadores ocupam as vagas no mercado de trabalho graças à sua educação
formal e capacidade de aplicar conhecimentos teóricos e analíticos, além de
demandarem um hábito de aprendizado contínuo.
A organização aprende como fruto do aprendizado dos seus valores humanos e
esse aprendizado inclui saber que é ela o seu próprio centro de desempenho,
sem que o indivíduo seja visto apenas como um número na planilha de custos.
Dessa forma, as organizações assumem que sua ação primordial é prover a
renovação dos conhecimentos dos seus componentes. Além disso, faz parte da
aprendizagem das organizações saber que, assim como a sociedade do
conhecimento é uma sociedade de organizações, seu órgão central e distintivo é
a gerência. Como gerenciar é uma função social, a essência do gerenciamento
consiste em tornar os conhecimentos produtivos, o que é alcançado apenas
através das pessoas. Logo, as funções gerenciais exigem, de quem as exerce,
uma visão geral mais abrangente e completa, tanto do negócio quanto de todo o
cenário (DRUCKER, 2002, p.162-163).
O que restringe o desempenho de uma organização não é o modelo de negócios,
não é o modelo operacional, mas sim o modelo de gestão. É preciso reinventar
princípios, processos e práticas de gestão para a Era Pós-Moderna, como
defendem Hamel e Breen (2007).
Hamel (2006) argumenta sobre a desconstrução de posturas ortodoxas na
gestão, em que o excesso de supervisão sufoca a inovação, citando a Google,
que busca promover um ambiente que gera pequenos projetos de raiz, que um
dia podem se converter em produtos de alto valor. Esta empresa busca pessoas
que têm hobbies inusitados e interesses não convencionais e as incentiva a
criarem atividades que, a seu ver, possam trazer benefícios para usuários e
anunciantes (HAMEL, 2006, p.52).
22
Drucker (1981), um dos pioneiros de gestão de empresas e defensor da
emergência do gerenciamento como um acontecimento central da história social,
escreveu que:
[...] a administração por ser o órgão da sociedade especificamente
incumbido de tornar os recursos produtivos - isto é, responsável pelo
progresso econômico organizado - reflete o espírito predominante da era
moderna. Ela é na realidade indispensável, o que explica o fato de, uma
vez instituída, ter crescido tão rapidamente e com tão pouca oposição.
(DRUCKER, 1981, p.4).
Se uma empresa é considerada apenas como produtora de lucro, sua rede de
conexões com pessoas que trabalham nela, as comunidades em que ela opera,
seus consumidores e clientes e a sociedade de um modo geral são ignorados
(GOLEMAN, 2014, p.244).
Gaulejac (2006) apresenta uma crítica aos fundamentos da ideologia da gestão,
na qual considera que coexistem pelo menos cinco paradigmas principais que
orientam a maneira de pensar os problemas e as soluções administrativas.
Conforme este autor, tem-se pensado a gestão centrada unicamente na
otimização do funcionamento da empresa, quando seria indispensável pensar a
gestão como uma forma de contribuir para a melhoria do bem estar coletivo e a
emergência de uma sociedade de sujeitos. Ele realça que “o homem não é um
agente mais ou menos bem adaptado às organizações que o empregam, e sim
um sujeito, cuja contribuição é necessária para a criação das organizações e a
produção da sociedade” (GAULEJAC, 2006, p.414).
A gestão, desde o momento em que foi criada, tem sido dominada por uma
concepção física de empresa, representada como um conjunto mecânico que
obedece a leis precisas de funcionamento e, por isto, tornou-se uma disciplina
multiforme, sem um corpus próprio. Gaulejac (2006) considera necessário mostrar
que, por trás das ferramentas, dos procedimentos, dos dispositivos de
informação, encontra-se uma visão do mundo e um sistema de crenças. Seria
oportuno, portanto, examinar os paradigmas sobre os quais se funda a gestão.
23
De acordo com a definição proposta por Kuhn2, segundo o qual um paradigma é
“um conjunto de postulados, crenças, hipóteses e métodos que os membros de
uma comunidade científica partilham em dado momento”, Gaulejac (2006)
identifica cinco paradigmas no campo da gestão: o modelo objetivista, o
funcionalista, o experimental, o utilitarista, e o recursos humanos. Ele estabelece
as características de cada um desses modelos e conclui pela proposta de que se
adote um novo paradigma para fundar a gestão.
O paradigma objetivista, que tende a ser o dominante, foi identificado com a
abordagem científica e considera que compreender é modelizar, medir, calcular e
a linguagem nesse processo é a matemática. No mundo da racionalidade formal,
todas as variáveis são mensuráveis e, portanto, pode-se prever o comportamento,
otimizar as escolhas, submeter ao cálculo os diferentes aspectos dos programas.
Este modelo autoriza os pesquisadores a não se preocuparem com a observação
concreta da condição humana, evadindo para o universo abstrato das equações
matemáticas. A linguagem matemática, que constitui uma representação abstrata
da realidade, quando aplicada à organização, mantém a ilusão do rigor e da
neutralidade. Esta preocupação com a objetividade leva ao uso de estatísticas,
dados financeiros e instrumentos de controle de gestão, de forma a evitar o
subjetivismo. Martinet (1990, p.21) alerta, contudo, que todas as ferramentas de
gestão defendidas por este paradigma – balanços, contas de resultados para a
contabilidade, entre outros recursos – induzem comportamentos, decisões e
influenciam a ação do homem sobre o homem. Portanto, infere-se que este
paradigma torna a gestão voltada para resultados mensuráveis e desconhece o
homem como sujeito.
O paradigma funcionalista, por sua vez, tende a reduzir os fenômenos sociais às
funções que eles parecem desempenhar. Identificado com a fisiologia, o modelo
funcionalista considera a organização como um dado, um sistema, uma entidade
que tem funcionamento normal ou lógico e cuja finalidade é garantir sua
2
Thomas S. Kuhn. The Structure of Scientific Revolutinos. 3. ed. Chicago: University of Chicago
Press, 1997.
24
reprodução. Nesse contexto, os conflitos são vistos como disfunções. A
abordagem funcionalista busca menos analisar a realidade do funcionamento do
indivíduo e da organização do que encontrar meios para adaptar melhor um ao
outro (GAULEJAC, 2006).
Portanto, na perspectiva do funcionalismo, reduz-se a análise das condutas
humanas aos mecanismos de adaptação e de desvio e, portanto, elas são
subordinadas ao poder. Deve-se lembrar que todo poder impõe normas, regras
implícitas e explícitas, enfim, uma ordem à qual os agentes devem se submeter.
O paradigma experimental procura leis causais entre os diversos elementos a
partir de experiências que podem ser repetidas indefinidamente e que chegam a
resultados similares. Entre as contribuições deste modelo, a organização
científica do trabalho pode ser considerada um exemplo. Nesse caso, o
trabalhador é objeto de uma observação atenta e sistemática por parte de peritos
que tirarão conclusões operatórias. O objetivo desta observação consiste em
definir procedimentos ótimos para a execução das tarefas a serem cumpridas,
tendo em vista a produtividade e o lucro. Os trabalhadores são considerados
como engrenagens de uma máquina ou agentes de um sistema do qual eles não
passam de “elementos”. Para Gaulejac (2006), este paradigma representa o
triunfo da racionalidade instrumental, que consiste em fazer operar um conjunto
de métodos e técnicas capazes de medir a atividade humana, transformá-la em
indicadores, adequá-la em função de parâmetros precisos e canalizá-la para
atender às exigências da produtividade. Este paradigma considera os
trabalhadores como objetos, sobre os quais são realizadas experimentações
diversas. Eles são tratados como cobaias, desprovidos da capacidade de produzir
um saber ou intervir numa situação que exija tomada de posição, pensamento.
O paradigma utilitarista considera que cada ator busca maximizar suas utilidades,
ou seja, otimizar a relação entre os resultados pessoais de sua ação e os
recursos a ela dedicados. A preocupação da utilidade é voltada para a eficiência e
a rentabilidade e é preciso ser cada vez mais eficaz e produtivo para sobreviver.
Nesse contexto, o conhecimento só é considerado pertinente na medida em que
25
gera soluções operacionais e, portanto, o pensamento crítico só tem sentido se a
crítica for construtiva, ou seja, se gerar resultados úteis para a organização. Logo,
o conformismo é uma decorrência deste modelo.
O paradigma dos recursos humanos, como o próprio nome indica, considera o
humano um fator da empresa. Nesse contexto, só o lucro faz sentido e a gestão,
entendida como a ciência do capitalismo, tem como característica essencial o
impulso em direção a um domínio que se apresenta como fundamental
(CASTORIADIS, 1975).
Quando se afirma que o humano é um fator da empresa, se é levado a inverter as
relações entre o econômico e o social, já que a empresa, como construção social,
é uma produção humana e não o inverso. Existe neste paradigma uma confusão
das causalidades, expressão complementar do primado da racionalidade dos
meios sobre os fins. Considerar o humano como um recurso da mesma natureza
das matérias primas, do capital, das ferramentas de produção ou das tecnologias
é colocar o desenvolvimento da empresa como uma finalidade em si,
independentemente do desenvolvimento da sociedade.
Gaulejac (2006) conclui sua análise propondo um novo paradigma, no qual sejam
substituídas as visões dos modelos apresentados. Nesse sentido, a proposta que
ele esboça, consiste nas mudanças ou passagens, conforme apresentado no
quadro 1.
26
Quadro 1: Proposta de mudança de paradigma de gestão e respectivas
características, de acordo com Gaulejac.
CARACTERÍSTICA
PROPOSTA DE MUDANÇA
Do paradigma objetivista
à análise antropológica
Passar-se-ia da visão objetivista para uma visão de
historicidade, na qual o indivíduo seria capaz de
compreender seu passado, situar-se melhor no
presente e projetar-se no futuro.
Da abordagem funcionalista à Em oposição à visão funcionalista, a perspectiva
análise dialética
dialética admite que o humano e o social são
permeados por contradições, conflitos e tensões.
Admite-se, pois, a transformação e a continuidade que
devem caracterizar a sociedade.
Do método experimental
ao procedimento clínico
Em lugar de ater-se ao experimental, a abordagem
clínica se propõe a compreender os diferentes pontos
de vista, combinando a perspectiva fenomenológica e
uma análise do contexto.
Do primado do utilitarismo
ao primado do simbólico
Esta mudança consiste em retomar uma dimensão
fundamental do ser humano, que é a ordem simbólica,
ou seja, a expressão de suas necessidades através de
crenças, desejos, imaginação, paixões, que dão
sentido à sua existência.
Do indivíduo recurso
ao indivíduo sujeito
Quando se toma o ser humano como sujeito, está-se
admitindo que seres humanos não são coisas. Eles
podem contribuir como sujeitos do conhecimento;
como sujeitos históricos, que constroem a sociedade,
como sujeitos de direito, dotados de dignidade e
sujeitos de desejo.
Fonte: Gaulejac (2006) - adaptação da autora
É impulsionado pelo estímulo proposto por Gaulejac (2006) que este trabalho
parte de uma visão diferente de gestão, que não considera o ser humano como
coisa, como fator da empresa, como número, mas como cérebro, capaz de
construir a organização, de gerenciá-la através de seu pensamento e de sua ação
e, sobretudo, de trazer sua contribuição para uma sociedade melhor.
27
2.2 Neurociência
Há milênios, o homem manipula o conteúdo do crânio dos seus semelhantes por
motivos variados. Fazia-se trepanação (do grego trupanon, broca), a mais antiga
entre as cirurgias, por inúmeras razões – especulando, as mais prováveis seriam
por rituais mágicos e religiosos, para trazer sorte ou realizar sacrifícios; terapias
feitas por curandeiros; tratamento médico de fraturas no crânio; obtenção das
placas de osso retiradas do crânio (rondelles), para a composição de beberagens,
isto é, para finalidades terapêuticas (KOLB; WHISHAW, 2002).
Hipócrates, o pai da Medicina, escreveu instruções detalhadas sobre como fazer
trepanações para várias indicações médicas. Ensinou que a vida e a saúde
correlacionavam-se ao equilíbrio decorrente de combinações variáveis entre os
quatro humores que compunham o corpo: fleuma, bile negra, bile amarela e
sangue; o cérebro, constituído de fleuma úmida, era sensível aos excessos de
umidade que, caso ocorressem, ocasionariam convulsões e alterações de
conduta. Provavelmente, esta foi a primeira relação escrita entre cérebro e
comportamento (CASTRO; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2011).
Em Platão, consolidou-se a noção do cérebro como sede da inteligência e das
emoções, o local onde os deuses depositavam uma semente divina para que o
homem, constituído por um corpo formado pelos quatro humores e por uma alma,
esta imortal (porque divina), nele implantada e por ele abrigada durante a vida,
pudesse compreender o mundo, ouvindo e vendo para, depois, raciocinar.
Portanto, em última análise, o raciocínio refletia a própria harmonia do universo
(CASTRO; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2011).
Thomas Willis, neuroanatomista inglês e seus seguidores, no final do século XVII,
prenunciaram uma nova era: “Era Neurocêntrica, em que o cérebro não é apenas
a essência do corpo, mas a visão que temos de nós mesmos”. A constatação de
semelhanças entre cérebros de sapos, lagartos, coelhos, cães, macacos e
homens, Thomas Willis transformou o cérebro e os nervos em alvos para os
estudos neurocientíficos; ao negar ao fígado e ao coração papel mais importante
28
na fisiologia humana do que aquele que esses órgãos realmente exercem. O
autor tirou desses órgãos a condição de residências de almas, concentrando tal
privilégio no cérebro, ao reconhecer que as emoções, as percepções e a memória
sediavam-se nos tecidos encefálicos. Ao tornar interdependentes uma alma
sensitiva e uma alma racional e correlacioná-las, ele traçou os caminhos da
ciência no século XXI (ZIMMER, 2004, p.20-21).
A Neurociência dos dias atuais conjectura que o metabolismo cerebral é uma
medida da atividade mental, mesmo porque o consumo de oxigênio e glicose
aumenta proporcionalmente ao incremento da atividade celular. Na segunda
década do século passado, o psiquiatra alemão Hans Berger inventou o
Eletroencefalograma, descobrindo que a atividade mental provocava o bloqueio
das ondas alfa no traçado do EEG e permitindo-se deduzir que, se a alteração
das ondas elétricas cerebrais corresponde a um aumento da excitação neuronal,
a atividade mental deveria corresponder a um aumento do metabolismo cerebral
(LENT, 2010, p.591).
Um novo avanço veio em 1961, com Louis Sokolov demonstrando um aumento
do fluxo sanguíneo em uma localização específica no cérebro de um gato, através
da estimulação luminosa da retina, através de marcação por um composto de
glicose radioativa. “Representando a medida da radioatividade segundo um
código de cores sobre uma imagem do cérebro, era possível obter um mapa
funcional colorido da atividade cerebral” (LENT, 2010, p.593).
Para a Neurociência contemporânea, o cérebro é visto como a fronteira final
(GREENFIELD, 1997, p.3) no que diz respeito ao entendimento do ser humano.
Neste órgão, que pesa cerca de um quilo e trezentos gramas, estariam guardados
os últimos mistérios da natureza humana, sendo visto como o órgão pessoal por
excelência, aquele que de fato define e carrega identidades individuais.
A tarefa da ciência neural é a de fornecer explicações do comportamento em
termos da atividade cerebral, de explicar como bilhões de células neurais
individuais, atuam para produzir o comportamento e como, por sua vez, elas são
29
influenciadas pelo meio ambiente, assim como pelo comportamento de outras
pessoas (KANDEL; SCHWARTZ; JESSEL, 1997, p.5).
O impacto da Neurociência se dá em diferentes planos que se articulam: no plano
teórico, com o fortalecimento de concepções fisicalistas de intenso colorido
reducionista, que fazem do cérebro a base explicativa da experiência subjetiva; no
plano clínico, com a aproximação da Psiquiatria e da Psicopatologia ao campo da
Neurologia, incluindo o surgimento de uma perspectiva na qual as duas se
fundiriam numa só disciplina; e, no plano social, com a emergência dessa nova
figura antropológica, o sujeito cerebral, ou seja, a crescente percepção do cérebro
como detentor de propriedades e funções antes atribuídas à pessoa, ao indivíduo
ou ao sujeito (Ehrenberg3, 2004, apud DAVIDOVICH; WINOGRAD, 2010, p.808).
Os principais desafios da Neurociência atual são: de um lado, pragmático e
aplicado, há pressa em se arquitetarem recursos terapêuticos que curem ou
amenizem o sofrimento daqueles que padecem de alguma disfunção do sistema
nervoso (de uma cegueira congênita a um traumatismo na juventude, a alterações
de humor na maturidade, às degenerações da velhice); de outro lado, conceitual e
indissociável da ciência básica, encontra-se o desafio de compreender o sistema
nervoso em sua plenitude, seu passado evolutivo, sua presente complexidade
funcional e a natureza do processo consciente (BRITTO; BALDO, 2007, p.32-41).
A Neurociência entende a cognição social como várias faixas neurais de
processamento de informações que podem ser recrutadas de diversas formas
(dependendo das circunstâncias que estão envolvidas) que integram e, que são
coordenadas pela pessoa, para assim regular o seu comportamento social
(ADOLHS, 2003).
Uma importante descoberta da Neurociência, que se bem aproveitada pela
administração de pessoas poderá elevar o nível de aprendizado e a qualidade
cognitiva, é a afirmação de que, em algumas regiões do cérebro (uma delas o
3
EHRENBERG, A. Le sujet cerebral. Esprit, 309, 130-155 (2004).
30
hipocampo) novos neurônios continuam a nascer (neurogênese) ao longo da vida
(HERCULANO-HOUZEL, 2007, p.139).
Gerir pessoas deve envolver um foco mais abrangente, observando não somente
o profissional para a empresa, mas também o cidadão e sua saúde cognitiva. Se
dois indivíduos participarem do mesmo curso e/ou treinamento, poderão relatar
lembranças muitas vezes incompletas, tendenciosas e distorcidas. “Há muitos
lados da história, porque cada pessoa armazena e recupera memórias do evento
de maneira diferente” (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2005, p.217).
A finalidade primeira da memória é fornecer informações para guiar as ações
presentes. Para fazer isso com eficiência, geralmente, a pessoa retém apenas as
experiências que são úteis de algum modo. Portanto, as lembranças são seletivas
(PINTO, 2009, p.170-172).
Izquierdo (2011) se refere à memória como:
Aquisição, formação, conservação e evocação de informações. A
aquisição é também chamada de aprendizado ou aprendizagem: só
“grava” aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de
recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que
gravamos, aquilo que foi aprendido. [...] O acervo de nossas memórias
faz com que cada um de nós seja o que é: um indivíduo, um ser para o
qual não existe outro idêntico. (IZQUIERDO, 2011, p.11)
O hipocampo tem papel importante na formação de novas memórias. E a
memória trata da capacidade do sistema nervoso adquirir, reter e utilizar
conhecimentos. O aprendizado de novas habilidades está presente para
promover a plasticidade cerebral. “Envolve a formação de novas conexões entre
conglomerados de neurônios em diferentes partes cerebrais. Isso fortalece o
cérebro, tornando-o saudável”. Pode-se, assim, inferir que aprender é bom
(PINTO, 2009, p.173).
Para Herculano-Houzel (2009), a Neurociência compreende o aprendizado sob
três fatores:
31
[...] repetição, base das mudanças sinápticas que implementam a nova
maneira de agir, pensar ou sentir; retorno negativo, que informa
quando se erra e é preciso tentar de novo de outra maneira; e retorno
positivo, que sinaliza quando se fez a coisa certa que deve ser repetida
no futuro (HERCULANO-HOUZEL, 2009, p.23).
Um dos principais debates da Neurociência em particular, e das ciências
humanas em geral, é a dicotomia inato x aprendido no que se refere à condição
saudável e patológica do funcionamento da atividade mental humana.
Especificamente, as causas dos transtornos emocionais têm sido objeto de
grande interesse e especulação. Acrescentam ainda que, por outro lado, a
plasticidade de nosso sistema nervoso permite atenuar, ou mesmo, reverter
certos quadros patológicos. O homem é sempre o resultado dos bons e maus
encontros entre sua constituição e o ambiente em que vive (WINOGRAD;
COIMBRA; LADEIRA-FERNAND, 2007, p.414-422).
Por sua própria arquitetura, o sistema nervoso não contradiz o caráter autônomo
do ser vivo e, sim, o ressalta. Logo, o processo do conhecer funda-se
necessariamente no organismo como uma unidade e no fechamento operacional
de seu sistema nervoso. (MATURANA; VARELA, 1995, p.194).
O conhecimento de como funciona o cérebro humano tem importância
fundamental para a Neurociência. As imagens cerebrais desempenham um papel
preponderante no estudo do funcionamento do cérebro e diferentes técnicas são
utilizadas pela Neurociência. A física e a engenharia auxiliam o conhecimento do
funcionamento do cérebro através de recursos como: o Eletroencefalograma
(electroencephalogram - EEG), a Ressonância Magnética funcional (function
magnetic
resonance
imaging
-
fMRI),
a
Magnetoencefalografia
(magnetoencephalogram - MEG) e a Tomografia por emissão de positrões
(posítron emission tomography - PET) (ROSE, 2006, p.12).
32
2.3 Estudos da Neurociência aplicáveis à Administração
Desde o século XIX, o cérebro tem funcionado como um mediador e como uma
superfície de projeção. Após o rápido crescimento da discussão a respeito do
impacto social da Neurociência, termos como “cerebralidade” e “sujeito cerebral”
podem
auxiliar
a
desenvolvimentos
conectar
processos
científicos
e
sociais,
desenvolvimentos
representações
em
culturais,
medicina,
filosofia,
educação, mídia e outros campos, que historiadores, filósofos, antropólogos e
sociólogos têm estudado a partir de outras perspectivas. “Sujeito cerebral” é a
figura antropológica que incorpora a ideia de que o ser humano é essencialmente
reduzível a seu cérebro (ORTEGA; VIDAL, 2007, p.257-258).
Para Marino Júnior (2010),
Nosso cérebro [...] é, sem dúvida, a sede do que consideramos ser a
nossa humanidade, nossa pessoalidade, bem como da ética, da moral,
das emoções e sentimentos, do que é certo ou errado, bom ou mau. O
cérebro nos torna único como indivíduos e nos empresta nossa
personalidade, individualidade, caráter, ideais, memórias, habilidades
criativas e nosso Eu ou self, nossa mente e tantas outras funções
(MARINO JÚNIOR, 2010, p.109).
O cérebro é o único entre todos os órgãos do corpo capaz de evoluir
pessoalmente. Uma criança de cinco anos que aprende a ler está evoluindo, do
ponto de vista da fisiologia do cérebro. Um cérebro adulto está evoluindo quando
a pessoa aprende a controlar a raiva, a pilotar um jato ou a ter compaixão. A rica
possibilidade de mudança demonstra como a evolução funciona realmente
(CHOPRA; TANZI, 2013, p.125).
O cérebro não é imutável nem estático; na verdade, ele é remodelado
continuamente pela vida que se leva. Trata-se de uma propriedade chamada
neuroplasticidade, que é a capacidade de modificar de forma considerável sua
estrutura
e
seus
padrões
de
atividade
(DAVIDSON,
2013,
p.162).
A
neuroplasticidade é uma reorganização da dinâmica do sistema nervoso, um novo
crescimento neural gerado pela exposição a novas experiências e pelo
aprendizado de novas capacidades (CHOPRA; TANZI, 2013, p.28-33).
33
Algumas aplicações da NC são abordadas a seguir: o funcionamento do cérebro
humano (limitações do cérebro; a lógica de atuação do cérebro), a importância do
relaxamento (relaxamento x estresse crônico; respiração; sono, meditação), a
importância das pausas (pico gama; ócio criativo).
2.3.1 O funcionamento do cérebro humano
Kahneman (2012, p.20) divide o pensamento humano em duas formas: a primeira
é rápida, criativa, intuitiva e emocional. A outra é lenta, analítica, deliberativa e
lógica. O cérebro humano trabalha coordenando os dois mecanismos. O rápido é
responsável por captar as impressões imediatas de uma situação e fazer uma
interpretação prévia. Em seguida, ele repassa as informações ao sistema lento de
pensamento, que as processa com maior profundidade e detalhamento. O grande
problema apontado por Kahneman é que, frequentemente, o sistema rápido
sugere ao sistema lento impressões sobre as situações que nem sempre são as
melhores ou mais corretas. De certa forma, o pensamento intuitivo é o que
diferencia o ser humano dos robôs. É ele que permite ao cérebro processar
informações na velocidade necessária. "Ele é mais influente. É o autor secreto de
muitas decisões e julgamentos que a pessoa faz", explica Kahneman.
De maneira análoga, Goleman (2014) discorre sobre os tipos de atenção que se
formam em nossa mente: a atenção superior e a atenção inferior. A atenção
superior é analítica e devagar (sistema “devagar” na concepção de Kahneman),
examina as opções antes de dar uma resposta, opera de “cima para baixo”
(sistema descendente), situando-se no córtex pré-frontal. É o que diferencia o ser
humano das demais espécies animais, é a possibilidade de pensar a longo prazo,
de ponderar situações e de escolher a mais adequada às próprias circunstâncias.
Os circuitos descendentes tiveram maturação plena depois do sistema
ascendente, há algumas centenas de milhares de anos, do ponto de vista
evolutivo da espécie humana.
34
A atenção inferior é intuitiva e rápida (sistema rápido na concepção de
Kahneman), age em questão de segundos, operando em um sistema ascendente,
e foi o produto de milhões de anos de evolução da espécie humana. Os
movimentos são automáticos: agir sem pensar muito (por exemplo, na reação de
fuga, ao sentir que um perigo está se aproximando, a atenção inferior é a
responsável por executar esse tipo de comportamento).
Kahneman (2012, p.43) afirma que o cérebro é inerentemente preguiçoso e
prefere tentar usar os circuitos já gravados para lidar com qualquer demanda,
antiga ou nova. A operação consciente consome mais energia e é mais lenta que
a operação inconsciente. Para economizar energia e agir mais rapidamente, o
cérebro prefere atuar de forma inconsciente (automática). A maioria dos
comportamentos físicos e mentais do ser humano é iniciada e ocorre à revelia da
consciência. A percepção do ser humano baseia-se quase exclusivamente em
circuitos gravados e usados de forma automática. O sistema nervoso consome
mais glicose do que outras partes do corpo, e a atividade mental trabalhosa
parece ser mais dispendiosa no consumo da glicose.
O cérebro não trabalha unicamente a partir da mais recente informação sensorial,
mas desenvolve previsões, simula internamente o que acontecerá se alguma
ação, sob condições específicas, for realizada. O cérebro faz pressupostos para
poupar tempo e recursos e tenta ver o mundo apenas na medida em que ele
precisa (EAGLEMAN, 2012, p.58-60).
Por vezes, o cérebro estabelece memórias que são falsas na sua origem,
normalmente porque um evento é interpretado de maneira errada. Memória que
se imaginou (esperou ver) e não do que de fato esteve (algo parecido e
confundido); também podem ser criadas durante o que parece ser uma
recordação (a pessoa está convencida que algo aconteceu, pode reformular o
evento a partir de esboços de outras memórias e, então, vivenciá-la como se
fosse uma recordação real) (CARVALHO; HENNEMANN, 2012).
35
O cérebro funciona como um simulador de ação: ensaia ou imita mentalmente
toda ação que observa. Damásio (2004, p.92) entende que o cérebro humano é
mais complexo que o de qualquer primata, porque tem a consciência do eu, a
intencionalidade dos atos, que reconhecem a alteridade do outro. Explica a
particularidade humana de ter percepção daquilo que se está fazendo, de
desenvolver sentimento de culpa, e se sentir responsável, por meio de uma
categoria biológica do próprio cérebro, os neurônios espelho.
Os
neurônios
espelho
são
responsáveis
pela
imitação
mimética
do
comportamento humano, possibilitando a aprendizagem. “Descobertos” por
Giacomo Rizzolatti, Vittorio Gallesw e Leonardo Fogasi, no início da década de
1990, os neurônios espelho se ativam ao ver agir um outro indivíduo,
normalmente da mesma espécie, impulsionando-o a fazer o mesmo ato, imitando
o comportamento do outro como se ele mesmo estivesse realizando a ação. Os
neurônios espelho possibilitam o reconhecimento do outro, estimulam a empatia,
constituindo-se na base fisiológica do sentimento de pertença ao grupo e da
identidade coletiva (GASCHLER, 2009, p.48).
O cérebro é considerado um sistema principalmente fechado, que dirige sua
própria atividade, gerada internamente. Como exemplos deste tipo de atividade,
têm-se a respiração, a digestão e a locomoção que são controladas por geradores
de atividade autônomos no tronco encefálico e na medula espinhal. Durante os
sonhos, o cérebro é isolado de seu input normal, assim a ativação interna é a
única fonte de estímulo cortical. No estado de vigília, a atividade interna é a base
da imaginação e das alucinações. O aspecto mais surpreendente deste sistema é
que os dados internos não são gerados por dados sensoriais externos, mas
apenas modulados por eles (EAGLEMAN, 2012, p.54).
Vários comportamentos e funções biológicas apresentam uma variação rítmica,
com ciclos que se repetem periodicamente e que refletem uma adaptação
evolutiva dos organismos aos fenômenos de um ambiente que apresenta
mudanças recorrentes, tais como o dia e a noite. Assim, é possível que o
organismo se antecipe às alterações ambientais e se prepare para responder
36
adequadamente, garantindo a variabilidade necessária para sua sobrevivência
(MARQUES; MENNA-BARRETO, 2003).
Os ritmos circadianos são ritmos biológicos que variam em torno de 24 horas e
podem ser eventos bioquímicos, fisiológicos ou comportamentais importantes
para sobrevivência. São controlados por sincronizadores externos como a luz, a
alimentação, entre outros, mas também persistem sem estas pistas ambientais, o
que os caracterizam como ritmos gerados endogenamente (PEREIRA; TUFIK;
PEDRAZZOLI, 2009).
O ser humano é um animal diurno. Para isso, diversas variáveis fisiológicas estão
em seus níveis máximos durante o dia: cortisol sanguíneo (hormônio envolvido na
mobilização dos estoques de glicose em situações de estresse, especialmente
logo após o despertar), temperatura corporal, pressão arterial, nível de atenção,
disponibilidade de glicose, colesterol, entre outras. Enquanto isso, outras variáveis
estão no seu nível mais baixo: melatonina (hormônio liberado nos períodos de
escuro, que está envolvido na regulação do ciclo vigília-sono), hormônio de
crescimento, nível de atenção, etc. À noite, durante o sono, a situação se inverte.
Com base nessa organização temporal interna, confirma-se que o ser humano
tem horários ótimos para se alimentar, para dormir, para fazer exercícios e para
realizar atividades cognitivas (VALENTINUZZI, 2011).
2.3.2 A importância do relaxamento
Quando há momentos de relaxamento na rotina, o sistema imunológico funciona
melhor (em razão da diminuição da quantidade de algumas substâncias na
circulação, principalmente, a adrenalina e o cortisol - os hormônios do estresse).
O cérebro registra que haverá um tempo livre e relaxante, produz uma sensação
de prazer e tranquilidade prévios, como se já vivesse nessa situação, e a mente e
o corpo descansam por antecipado. Um valor psicológico especial do relaxamento
parece ser o de restabelecer um equilíbrio adequado da excitabilidade entre as
várias partes do sistema nervoso (GUYTON; HALL, 2002, p.60).
37
Na visão de Hermógenes (2008),
Relaxar é afrouxar-se. É desligar-se. É abandonar-se. É derramar-se
passivamente. Ausentar-se por uns instantes da ansiedade e da luta.
Relaxar é economizar esforços. É despojar-se da normal e eficiente
estressante autoafirmação. Relaxar é gozar repouso. É amolecer-se. É
desfrutar os inefáveis prazeres de fazer absolutamente nada
(HERMÓGENES, 2008, p.74)
Através do relaxamento, busca-se melhorar a relação com o meio ambiente, uma
vez que este atua sobre a mente, produzindo tranquilidade e por correlação de
funções, uma descontração muscular geral. As técnicas do relaxamento permitem
perceber as tensões musculares e, em seguida, as controlar e as inibir
(LAPIERRE, 1982, p.55).
Muitos dos males da vida moderna são consequências do estresse crônico.
Fisicamente, o estresse é definido como toda força que, aplicada a um objeto,
provoca uma alteração; logo, diz respeito a todo acontecimento que provoca
mudança rápida do corpo e do cérebro. Portanto, é o que preserva a vida, pois
prepara o corpo para agir ou reagir em caso de emergência de forma inconsciente
e involuntária. Todavia, o estresse é prejudicial quando se torna crônico e se
estende por vários dias, pois aumenta a liberação do hormônio cortisol no sangue,
causando
diversos
males,
como
doenças
cardiovasculares,
disfunções
endócrinas, distúrbios sexuais, aceleração do envelhecimento e inúmeros danos
cerebrais. Pausas de dez a vinte minutos, durante as quais a pessoa consegue se
desligar de seu entorno e de suas preocupações, retiram ou pelo menos
diminuem a sobrecarga de substâncias como cortisol e adrenalina no cérebro.
Isso repousa os neurônios de forma que eles possam restabelecer as relações
neurotransmissoras e se revitalizarem (HERCULANO-HOUZEL, 2007, p.85-148).
O estresse crônico prejudica o bem-estar na vida moderna e um de seus
agravantes mais terríveis é a sensação de impotência diante dos acontecimentos,
a sensação de falta de controle sobre aquilo que se deseja dominar - a frustração
(HERCULANO-HOUZEL, 2007, p.134).
38
A respiração é essencial à vida e, feita de forma adequada, é um antídoto contra
o estresse, reduzindo a ansiedade, a depressão, a irritabilidade, a tensão
muscular e a fadiga (DAVIS; ESHELMAN; MIKARY, 1996, p.61).
A maioria das pessoas tensas respira mal, tem pouca capacidade vital e
elasticidade torácica. Isto sucede porque a rigidez dos músculos do tronco
bloqueia a caixa torácica, esta perde a elasticidade e o pulmão não pode cumprir
sua função com toda normalidade. A função respiratória está intimamente ligada
com a harmonia da circulação sanguínea e, portanto, é assim denominada de
aparato cardiopulmonar. A reeducação do movimento respiratório combate vícios
respiratórios e restaura a via nervosa correspondente, através da força voluntária
durante o treinamento (VECCHIO, 1963, p.61).
Durante o relaxamento, o número de respirações por minuto diminui, o que
significa que a extensão de cada ciclo respiratório (conjunto de movimentos que
se repetem a cada respiração) se prolonga quanto mais profundo for o
relaxamento e qualquer que seja a técnica empregada. No nível fisiológico,
observa-se redução do débito sanguíneo cerebral, um aumento do oxigênio
arterial com relação ao oxigênio venoso e uma alcalinização do sangue em
consequência da redução do gás carbônico. Fora os casos patológicos, a
educação respiratória através do relaxamento parece ser, antes de tudo, uma
educação dos mecanismos da respiração corrente: uma educação das
percepções respiratórias, um aprendizado do controle voluntário, depois
automático, da amplitude e da frequência no repouso e no esforço, um domínio
das influências neuro e psicomotoras (AURIOL, 1985, p.62).
São inúmeros os métodos e as técnicas de relaxamento existentes, podendo-se
destacar a Yoga e a Meditação. A Yoga, na Índia, reúne um grande número de
técnicas, doutrinas e variações, e tem como objetivo reforçar a homeostase
fisiológica e psicológica, e é baseada em métodos que ensinam a respirar melhor,
como trabalhar o corpo através de exercícios saudáveis, como relaxar
(descontrair-se), como se concentrar melhor (DE ROSE, 1995, p.67).
39
Para Hermógenes (2008)
Uma das definições clássicas de yoga é “a excelência na ação”. A ação
eficaz, bem-sucedida, completa, sem resíduos, sem defeitos e também
sem desgastes desnecessários, pode ser chamada de ação perfeita ou
ação yóguica. [...] As ações a realizar em nossa existência devem ser
perfeitas, sem o que ficamos endividados e, portanto, presos a elas,
obrigados a repeti-las. A ação ióguica é libertadora (HERMÓGENES,
2008, p.53).
A prática da meditação produz efeitos no cérebro que proporcionam respostas
benéficas ao corpo como um todo. Através da estimulação contínua de complexos
circuitos cerebrais que alteram a frequência das suas ondas e estimulam áreas no
cérebro que ajudam a transpor o excesso de pensamentos e a acalmar a mente
para que ela se torne focada e alerta. O efeito produzido pelo treinamento é algo
que se deve à chamada plasticidade cerebral (MASCARO, 2008).
Muitos praticantes de meditação adquirem uma espécie de percepção
panorâmica, na qual estão conscientes de seus pensamentos e sentimentos,
além do ambiente externo. Se a mente estiver calma, facilita a recepção dos
estímulos, o que é expresso pela sincronia de fase das oscilações corticais a
esses estímulos (DAVIDSON, 2013, p.226).
Goleman (2013) comenta que,
Ao meditar, Jobs (Steve Jobs) entrava no estado de consciência aberta.
Experimentos sugerem que estar nesse estado, que é dar atenção a
tudo o que está passando na mente, é a fonte dos pensamentos mais
criativos. É ir além de reunir informações e ter uma atenção seletiva,
num processo que usamos para resolver um problema particular. É
liberar o cérebro para fazer as associações acidentais que levam a
novas percepções. Artistas e inventores costumam praticar devaneios
produtivos (GOLEMAN, 2013).
Independente de método ou da técnica utilizada o treinamento do relaxamento se
inicia como um exercício mental de concentração interna, que consiste em ficar
tranquilo, pondo o corpo em maior estado de passividade (ZENTELEIT, 1968,
p.68).
40
O processo de relaxamento deve se aplicar em todos os momentos da vida, a fim
de adquirir um domínio de si mesmo, que capacitará o indivíduo a alcançar
diversos objetivos, combatendo os maus hábitos e adquirindo outros novos e
saudáveis, por meio de uma reeducação baseada no aspecto mental do
relaxamento (DAVIS; ESHELMAN; MIKARY, 1996, p.68).
Repousar é bom e saudável. Todavia, é necessário ouvir as necessidades do
cérebro. O sono é muito mais do que um simples descanso e proporciona
benefícios para o cérebro que resultam do seu modo diferente de funcionar nesse
estado. Não adianta insistir em mais horas de raciocínio se os neurônios que
cuidam do assunto já se esgotaram. O sono é um período de atividade intensa no
cérebro, diferente do período de vigília: a consciência esta desligada, os sonhos
estão ativados de vez em quando, os músculos são desativados, as memórias
são passadas a limpo (o cérebro, protegido da influência dos sentidos, passa a
limpo e armazena as novas informações adquiridas ao longo do dia). É o período
em que o cérebro desliga os quadros associados ao estresse crônico
(HERCULANO-HOUZEL, 2007, p.149).
O sono é um estado de consciência, em que há repouso normal e periódico,
caracterizado por um padrão de ondas cerebrais típico. Começa com uma fase de
sonolência, o sono superficial, que dura de cinco a quinze minutos, e passa ao
sono profundo, quando há um relaxamento dos músculos e cai a temperatura
corporal. Decorridos aproximadamente noventa minutos de sono, tem início a fase
dos sonhos - sono REM 4 -, durante o qual está suspensa toda a atividade
muscular O primeiro período de sono REM dura apenas alguns minutos e é
substituído por um novo ciclo de sono com a mesma sequência de tipos de sono:
sono superficial, sono profundo e sono REM. Um ciclo de sono dura de 90 a 110
minutos e repete-se três a cinco vezes durante a noite. Os sonhos são mais
comuns na fase de sono REM (TOLDBOD, 2000, p.52-54). O sono serve para
restaurar as energias gastas durante a vigília, restaurar o sistema imunitário,
restaurar as capacidades mentais, fazendo uma limpeza cerebral.
A sigla REM vem do inglês, e significa movimento rápido dos olhos, pois neste estágio do sono
os olhos da pessoa se mexem.
4
41
2.3.3 A importância das pausas
A pausa permite que a engrenagem cerebral funcione melhor e que as
informações sejam consolidadas. A pausa é importante para a criatividade e para
a sanidade do ser humano. A cultura da pressa faz parte da realidade das
pessoas no mundo contemporâneo, mas aos poucos a ciência tem mostrado que
trabalhar demais é prejudicial para a saúde. Encontrar equilíbrio entre
produtividade no trabalho e manter a saúde mental é um dos principais desafios
da sociedade atual. O ser humano precisa de um momento, no trabalho e na vida,
para parar e pensar. Sem concentração equilibrada perde-se o controle dos
pensamentos. O período de interrupções no trabalho diário, o sono, prestar
atenção na própria respiração, meditar, relaxar, proporcionam ativação do circuito
cerebral responsável pela concentração (GOLEMAN, 2013).
Santos (2014) considera que uma das descobertas mais importantes da
Neurociência na última década foi o estudo dos mecanismos neurais de como a
mente divaga – MW, do inglês Mind Wandering. O autor afirma que a
neurofenomenologia do MW classicamente tem apontado esse estado cognitivo
como prejudicial em tarefas que requerem atenção seletiva, interpretação de textos
e memória. O MW é dependente de um grupo de áreas do cérebro (lobo frontal,
principalmente) que envolvem córtex pré-frontal medial, cingulado posterior e córtex
temporo-parietal. Mas estudos recentes de neuroimagem em humanos têm
mostrado que o MW desempenha papel crucial na formação da autobiografia de
um indivíduo e na resolução criativa de problemas diversos. O mais intrigante é que
a rede formada pelas áreas citadas está bastante ativa no MW quando o indivíduo
não tem ideia de que sua mente está divagando. O autor afirma que pode-se
concluir que o MW parece ser aquele momento necessário para que uma nova
ideia seja incubada, um tempo importante para a reorganização de circuitos
neurais subjacentes à automatização de rotinas.
As regiões reveladas pelos exames de neuroimagem como ativas durante a
divagação da mente (lobo frontal, principalmente) são consideradas fundamentais
para manter a pessoa focada numa tarefa. Os exames mostram que, em ambos
42
os casos, mente focada e mente divagando, tais regiões estão ativadas
(GOLEMAN, 2014, p.46).
Cientistas cognitivos veem a mente divagadora como o modo-padrão do cérebro
– aonde ele vai quando não está trabalhando em alguma tarefa mental. Uma
mente à deriva permite que sua essência criativa flua e os insights aconteçam.
Entre as outras funções positivas da divagação da mente estão a geração de
cenários para o futuro, a autorreflexão, a capacidade de se relacionar em um
mundo social complexo, a incubação de ideias criativas, a flexibilidade do foco, a
ponderação do que se está aprendendo, a organização das lembranças ou a
mera meditação sobre a vida – e também a possibilidade de dar aos circuitos de
foco mais intensivo uma pausa revigorante (GOLEMAN, 2014, p.45-46).
Rocha (2014) diz que este é um tema instigante.
A pesquisa que revela dados sobre o Mind Wandering é interessante e
atesta como o devaneio se apoia num complexo arranjo de funções
cerebrais. Outro dado interessante: que é uma atividade que aumenta na
medida em que a mente não está sob a pressão de uma tarefa por
realizar (ROCHA, 2014).
Em momentos criativos menos frenéticos, pouco antes de um insight, o cérebro
costuma descansar em um foco aberto e relaxado, caracterizado por um ritmo
alfa. Isso sinaliza um estado de devaneio ou sonho acordado. Como o cérebro
armazena diferentes tipos de informações em circuitos de amplo alcance, uma
consciência vagando livremente aumenta as chances de associações em
serendipidade5 e novas combinações. A consciência aberta cria uma plataforma
mental para descobertas criativas e insights inesperados. A serendipidade vem
primeiro com a abertura da possibilidade e, depois, com a concentração em
aplicar um insight. Quando um momento imaginário ganha vida na mente, o
cérebro quase que certamente gera um pico gama. Os picos gama ocorrem
rotineiramente durante operações mentais e antes de insights criativos
(GOLEMAN, 2014, p.47-49).
5
Serendipidade envolve fazer descobertas por obra do acaso e sagacidade, de coisas pelas quais
não se está procurando (GOLEMAN, 2014, p.47).
43
O início do insight é uma inesperada atividade cerebral (pulso de ritmo gama, a
mais alta frequência elétrica gerada pelo cérebro). Acredita-se que esse pulso
gama é gerado pela junção elétrica de milhares de neurônios distribuídos em
regiões diversas do córtex, que não costumam se comunicar entre si, mas
passam a criar uma nova rede elétrica capaz de entrar na rede consciente. No
entanto, para que esses neurônios gerem o pulso gama, o córtex precisa “relaxar”
e desfocar para que associações mais remotas sejam recolhidas por essas
eventuais sinapses errantes. O relaxamento parece ser essencial, e isso
explicaria porque muitas pessoas relatam que tiveram insights durante o banho ou
logo após acordar (MUOTRI, 2008).
Imediatamente depois do pico gama, a nova ideia surge na consciência. Esses
picos gama indicam que o cérebro teve um novo insight. Momentos espontâneos
de insights criativos podem parecer realmente vir do nada. Mas, é possível supor
que ocorreu esse mesmo processo, em que havia algum grau de envolvimento
em um problema criativo, e em seguida, durante o “tempo ocioso”, circuitos
neurais fizeram novas associações e conexões (ROMANTINI, 2013).
Um modelo clássico dos estágios da criatividade representa três modalidades de
foco: o foco orientado, quando se busca e se mergulha em qualquer tipo de dado; a
atenção seletiva, no desafio criativo específico; e a consciência aberta, quando a
pessoa se entrega à associação livre para permitir que surja uma solução. E então,
se concentra na solução. Por isso, as pessoas precisam de tempo livre no qual
possam manter uma consciência aberta. O tempo livre deixa o espírito criativo
florescer. Insights criativos fluem quando as pessoas têm objetivos claros e também
liberdade nos meios usados para atingi-los (GOLEMAN, 2014, p.48-51).
Um dos maiores defensores da teoria de que o cérebro precisa de uma pausa
para funcionar bem é o sociólogo italiano Domenico De Masi, que elaborou o
conceito de ócio criativo. Segundo ele, é possível estabelecer uma rotina
equilibrada e fazer com que o trabalho, o estudo e o lazer se cruzem de maneira
tão harmoniosa que a pessoa praticamente não consiga distinguir de qual deles
44
está se ocupando em determinado momento. De acordo com De Masi, o ócio não
é caracterizado por momentos inertes, mas justamente pela ocupação do tempo
de forma gratificante e criativa (DE MASI, 2000, p.16).
Para De Masi (2000),
A espécie humana passou da atividade física para a intelectual, da
atividade intelectual do tipo repetitivo à atividade intelectual do tipo
criativo, do trabalho-labuta nitidamente separado do tempo livre e do
estudo do ócio criativo, no qual estudo, trabalho e jogo acabam
coincidindo cada vez mais (DE MASI, 2000, p.10).
Em boa parte dos dicionários, o ócio aparece como sinônimo para a preguiça,
caracterizada pela inatividade física e mental e a falta de produtividade. Entretanto,
o tempo livre capaz de aumentar a criatividade ocorre em situações que levam uma
pessoa ao contato com habilidades não utilizadas na rotina diária ou a desenvolver
melhor aquelas que já são usadas. A civilização grega pôde se dedicar ao trabalho
intelectual porque havia condições para ociar, ou seja, produzir ideias filosóficas,
artísticas e políticas e, sob esse olhar, era preciso levar uma vida com mente e
corpo sãos. Para desenvolver a criatividade, torna-se importante cuidar da máquina
mental e da física, pois a criatividade está mais ligada à capacidade de acolher e de
elaborar, do que aos recursos disponíveis, mesmo que haja forte troca de ideias em
um grupo criativo (DE MASI, 2000, p.16).
A dialética entre o direito ao trabalho e o direito ao ócio é um dos temas
fundamentais na história das relações de trabalho e do movimento operário. Em
contraposição à bandeira de direito ao trabalho que a classe trabalhadora começa
a reivindicar no século XIX, Paul Lafargue 6 levanta a proposta de direito à
preguiça, criticando vigorosamente as longas jornadas e condições de trabalho
nas fábricas, na fase de expansão do capitalismo e do neocolonialismo. Lafargue
cria outra ética: a preguiça como valor positivo. Essas ideias, apesar de
6
Paul Lafargue nasceu no México e foi genro de Karl Marx. Seu livro “O Direito à Preguiça” foi
escrito em 1880 e publicado em 1883. Morreu em 1911, aos 70 anos, por suicídio, declarando que
não iria aceitar os infortúnios da velhice. Além de destaque na literatura socialista, encontra forte
ressonância na área específica do “lazer” - SILVA, José Henrique P.. O Direito à Preguiça (Paul
Lafargue). Disponível em <http://estudosqualitativos.wordpress.com/psicologia-social/o-direito-apreguica-p-lafargue/>. Acesso em 07 out. 2014.
45
centenárias, soam revolucionárias e instigantes, pois, ao longo do século XX, a
ideologia trabalhista foi hegemônica na sociedade industrial, seja ela burocráticocapitalista ou socialista-burocrática (BONFIM, 2008, p.101-102).
A partir da premissa do caráter histórico e social do lazer, ressaltam-se as
considerações sobre o ócio feitas por René Descartes (1596-1650), reconhecido
como um dos precursores da ciência moderna. Nas discussões que Descartes
executa sobre os caminhos para um conhecimento claro e distinto, o ócio é tema
recorrente. Na construção dos argumentos para fomentar uma ciência com bases
seguras, aparecem alusões ao lazer, ao repouso e ao descanso como condições
para a realização de seus trabalhos. Uma das necessidades que Descartes
possuía para se empreender na busca de uma ciência admirável era exatamente
que seu lazer não fosse interrompido para não impedir a efetivação das suas
metas de trabalho. Além disso, os benefícios provindos do conhecimento das leis
e forças da natureza, ao invés de provocar trabalhos ardilosos e difíceis, devem
permitir o desfrute dos benefícios do repouso e do lazer, sendo que um desses
benefícios é poder entregar-se a trabalhos em busca do bem coletivo
(NOGUEIRA, 2009, p.12).
Mesmo sendo o lazer uma prática distinta do ócio, a maneira como esse último se
apresenta em Descartes abre espaços para compreender as incidências dos
sentidos de ambos nos dias de hoje. O lazer em Descartes está próximo da
conotação de ‘ter tempo para’ ou ‘ter repousado suficiente para’ superar batalhas,
chegar ao conhecimento verdadeiro e aquietar o espírito agitado pelas paixões da
alma. Por causa disso, há uma grande preocupação no filósofo francês com o
impedimento de seu lazer o qual é, ao mesmo tempo, o impedimento de sua
tranquilidade para se dedicar aos desígnios aos quais se propôs. O ócio, em
Descartes, se distancia do sentido de uma experiência contemplativa de pura
criação e de prazer estético, desprendida da utilizada prática, para se aproximar
do sentido de repouso do espírito, do descanso e da tranquilidade como
indispensáveis para produzir conhecimentos seguros e capazes de promover o
bem coletivo. Por esse motivo, o ócio cartesiano não é algo desinteressado, mas
altamente comprometido com o bem de todos (NOGUEIRA, 2009, p.18-20).
46
O ócio pode ser muito bom, principalmente quando as pessoas se colocam de
acordo com o sentido da palavra trabalho. Para os gregos, por exemplo, a palavra
tinha uma conotação estritamente física – o trabalho era tudo aquilo que fizesse
suar, com exceção do esporte. Quem trabalhava, isto é, suava, ou era escravo ou
era cidadão de segunda classe. “As atividades não-físicas como a política, o
estudo, a poesia e a filosofia eram consideradas ociosas, ou seja, como expressões
mentais, dignas somente dos cidadãos de primeira classe”. A sociedade industrial
permitiu que o trabalhador usasse o corpo para agir, mas não havia tempo ou
liberdade para expressar-se com a mente. A sociedade pós-industrial ofereceu uma
nova liberdade: depois do corpo, liberta a alma. Entende-se que é da alma que
saem os ensinamentos que permitem aos indivíduos lidar com a própria realidade.
É na alma que reside o que é belo (DE MASI, 2000, p.10).
De Masi (2000) vai além da crítica ao modelo industrial, que ele considera arcaico
e ultrapassado, e sugere um novo modelo de gestão – o Ócio Criativo, que se
materializa como proposta de um novo modelo de gestão pela natural
combinação de três variáveis: Trabalho, Estudo e Lazer (ou Prazer).
A proposta de De Masi é conciliar uma atividade que possa ser exercida
(Trabalho), que nela perceba-se e encontre-se uma forma permanente de
aprendizado (Estudo) e que possa conferir uma agradável sensação de realizar
algo prazeroso (Prazer) (LOUREIRO, 2013, p.82).
2.4 Ética e estudos de Neurociência
O progresso advindo das contribuições da Neurociência trouxe desafios éticos,
legais e sociais, principalmente pela possibilidade da aplicação dessas
tecnologias tornar possível o acesso ao pensamento humano, quando se deve
manter o respeito à privacidade e confidencialidade do ser humano (KIPPER,
2011, p.397).
47
A Neuroética surge como uma nova especialidade que levará ao estudo das
implicações éticas de intervenções sobre o cérebro: os presentes e futuros
desafios a monitorar, mapear, estimular ou alterar as funções cerebrais por meio
de imagens radiológicas, fármacos ou técnicas neurocirúrgicas avançadas, que
modificam a cognição, humor, afetividade e, até mesmo, invadem a privacidade
dos pensamentos do ser humano – como os modernos detectores de mentira
empregados em assuntos forenses ou em grupos antiterroristas (MARINO
JÚNIOR, 2010, p.117).
A Neurociência está se configurando, neste início de século XXI, como mais um
caminho viável para a investigação do comportamento humano nas Ciências
Sociais Aplicadas. Os cientistas e formadores de opinião precisam ter clara a
importância do diálogo genuíno com a sociedade sobre o que fazem e pensam,
sabedores que tal atitude é determinantemente crítica para a promoção de uma
sociedade justa e participativa (KIPPER, 2011, p.409).
Torna-se urgente considerar a necessidade de se desenhar um modelo normativo
e institucional que, num futuro próximo, trate não somente de viabilizar o acesso
de todos, por igual, a benefícios provenientes da revolução neurocientífica, como,
especialmente, evitar que alguns (ou muitos) possam ser prejudicados por um
particular uso e aplicação desses novos avanços (FERNANDEZ; FERNANDEZ,
2008, p.72).
48
3 METODOLOGIA
Para se atingir os objetivos propostos para a pesquisa, a metodologia adotada
neste trabalho é explicitada a seguir.
O modelo teórico-metodológico que se adotou nesta pesquisa foi de natureza
qualitativa, com vista a identificar possíveis contribuições da Neurociência para a
gestão das organizações.
A pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados,
nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados. Envolve a obtenção
de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato
direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os
fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da
situação em estudo (GODOY, 1995, p.58).
As técnicas qualitativas podem proporcionar uma oportunidade para as pessoas
revelarem seus sentimentos (ou a complexidade e intensidade dos mesmos); o modo
como falam sobre suas vidas é importante; a linguagem usada e as conexões
realizadas revelam o mundo como é percebido por elas (SPENCER, 1993).
Quanto aos fins, foi utilizado o método exploratório, que se justifica quando o
tema é pouco explorado e/ou se pretende levantar questões para outras
pesquisas (GOULART, 2013). No caso presente, verifica-se que os estudos de
Neurociência são recentes e são poucos os pesquisadores que têm apresentado
sugestões sobre a aplicação desse conhecimento à Administração. Além disso, a
autora deste trabalho pretende utilizar as informações obtidas para a construção
de novos processos de pesquisa.
Quanto aos meios, este estudo constitui uma pesquisa de campo. De acordo com
Gil (2007), trata-se de uma técnica muito utilizada nos estudos sociais, que se
caracteriza pela busca das informações previstas no objetivo geral no espaço em
que elas acontecem.
49
Como sujeitos da pesquisa, foram selecionados seis especialistas no estudo da
Neurociência: um biólogo, com atuação em Neurociência e comportamento; dois
médicos, um com atuação em saúde, estresse e criatividade e outro com atuação
em Neuropsicologia; um psicólogo com atuação em coaching, que utiliza em
palestras e treinamentos conceitos ligado à Neurociência; um advogado,
especialista em Neuroética e um sociólogo, com estudos em Neuromarketing e
Neuroeconomia. Para se efetuar a escolha dos sujeitos, foram investigados
artigos produzidos (ver Apêndice 4) e entrevistas das quais participaram na mídia,
assim como a indicação de professores que atuam com os mesmos em cursos de
pós-graduação na Universidade Federal de Minas Gerais. Trata-se, portanto, de
uma amostra não-probabilistica, intencional, porquanto é constituída para se obter
informações que caracterizam uma área de conhecimento.
Após o contato da pesquisadora com os sujeitos da pesquisa, foram agendadas
as entrevistas e solicitada autorização dos mesmos para gravá-las. O instrumento
utilizado para coleta de dados foi uma entrevista aberta, a qual foi aplicada
usando-se a seguinte estimulação: “Estou realizando uma pesquisa sobre as
contribuições da Neurociência para a Administração. Sabendo que o senhor
desenvolve estudos sobre este assunto, queria ouvi-lo a respeito.”
A utilização da entrevista aberta aplicada aos já mencionados sujeitos, teve a
intenção de permitir que cada um deles elaborasse narrativas sobre seus estudos,
experiências e convicções, além da referência à sua percepção sobre as
contribuições da Neurociência para a Administração. Evitou-se, com este recurso,
limitar a exposição feita a uma área apenas, deixando que cada um expusesse
seu ponto de vista sobre uma ou várias áreas da Neurociência. Uma vez
gravadas as entrevistas, foram as mesmas transcritas pela pesquisadora, a fim de
que fossem submetidas à análise. O período dedicado a cada entrevista durou,
em média, 30 minutos.
A interpretação das entrevistas adotou um modelo de análise de conteúdo que
pareceu mais adequado a este tipo de trabalho, o qual é denominado análise da
50
enunciação e seguiu as seguintes etapas:
- Leitura de cada uma das entrevistas.
- Seleção no texto gravado da parte de cada entrevista que contém referência à
contribuição da Neurociência para a Administração.
- Transcrição das partes selecionadas no item anterior e correlação com os textos
teóricos sobre o tema.
Não se adotou a categorização, porque os entrevistados não se ativeram a um
ramo específico da Neurociência, mas abordaram pontos diversificados de sua
experiência. Considerou-se, por este motivo, preferível dar ênfase à visão de cada
um deles.
Desse modo, optou-se por apresentar um currículo reduzido de cada entrevistado,
seguido de sua fala sobre a contribuição da Neurociência para a Administração. É
oportuno realçar que as entrevistas na íntegra estão registradas em texto que
será preservado pela pesquisadora e poderá ser disponibilizado para outras
pesquisas e/ou para outros pesquisadores.
51
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS
Neste capítulo, são apresentados dados referentes à identificação acadêmica de
cada um dos entrevistados e partes de suas entrevistas que indicam a
contribuição da Neurociência para a Administração, de acordo com o ponto de
vista de cada um deles.
Como não houve a vinculação de cada fala a um ramo da Neurociência
(Neuromarketing, Neuroeconomia, entre outros), optou-se por apresentar
separadamente partes das falas de cada um dos entrevistados, estabelecendo,
em seguida, a relação do que era dito com a produção científica abordada no
referencial teórico deste trabalho.
Entrevistado 1: Bruno Rezende de Souza
É Professor Adjunto do Departamento de Fisiologia e Biofísica da Universidade
Federal de Minas Gerais. Possui graduação em Ciências Biológicas pela
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2002), especialização em
Neurociência e Comportamento pela UFMG (2003), mestrado (2005) e doutorado
(2007) em Farmacologia Bioquímica e Molecular pela UFMG. Realizou pósdoutorado em neurofarmacologia pela UFMG, em neurodesenvolvimento pela
University of Toronto e neurogenética pelo SickKids Hospital. Atua na área de
Neurociência, com ênfase em Neurodesenvolvimento, Neuropsicofarmacologia e
Biologia Molecular. Atualmente é coordenador do Curso de Especialização em
Neurociência e suas Interfaces da UFMG, e diretor de Educação e Transferência
de Conhecimento da rede Alumni Canada Brasil.7
As partes mais relevantes da entrevista deste especialista se referem à
neurobiologia do estresse, importante quando se aborda a saúde do trabalhador e
à criatividade, face à competitividade nas organizações. O entrevistado aborda,
ainda, a neuroplasticidade e o processo evolutivo da memória.
7
CV: http://lattes.cnpq.br/5006741787749124
52
Na parte de saúde o que mais vem tendo avanços na NC, é a
neurobiologia do estresse, principalmente na questão do ambiente
estressor que leva a patologias, como úlcera e ansiedade.
Uma coisa importante para criatividade dentro de uma empresa é o
ambiente não estressor. O ambiente estressor causa uma hiperativação
de uma região do cérebro que se chama amígdala. E essa amígdala, de
uma forma bem não científica inclusive, é meio dominante (durante a
evolução do ser humano foi importante ativar a amígdala para que o ser
humano tivesse medo, e tendo medo não se expusesse a perigos, a fim
de sobreviver). A amígdala ativa muito rapidamente. Se o indivíduo
estiver num ambiente muito estressor, de muita pressão, vai ativar muito
o sistema amigdalar, e ativando o complexo amigdalar vai inibir a
criatividade. Então dessa forma, ativando o sistema amigdalar, a pessoa
fica focada naquele circuito que é o circuito que está causando o
estresse.
Não são muitos estudos da NC relacionados à criatividade, mas tem
alguns resultados interessantes que mostram como o córtex frontal, uma
região do cérebro que está envolvida, principalmente, como se fosse
uma filtragem de informações da atividade cortical, pega as informações
dos circuitos neurais e traz a tona. O córtex frontal está envolvido numa
coisa que na NC nem fala muito, que é o livre arbítrio. Para NC, nos
aspectos biológicos, a ideia, a hipótese, é de que não existe livre arbítrio.
Tudo é determinado pela atividade cortical.
No momento em que se tem uma ideia nova, a pessoa vai relacionar
circuitos neurais que são diferenciados. São momentos de mais
relaxamento, em que a pessoa está numa fase que a gente chama de
fase sonhadora, em que ela vai buscando várias ideias ao mesmo tempo
e, então, ela correlaciona essas ideias. Isso acontece com muitas
pessoas quando estão tomando banho, quando estão num automatismo
- os circuitos neurais motores estão sendo ativados para lavar a cabeça,
lavar o corpo, eles não ficam planejando para a pessoa tomar uma
decisão de apertar o frasco de shampoo para lavar o cabelo. Nesse
momento, a pessoa vai pensando, vai lembrando de várias memórias, e
pode ser que isso leve a uma ideia nova, o tão falado momento
HEUREKA (quando emerge a ideia nova pelos circuitos neurais que
estão sendo ativados ao mesmo tempo). É o que a gente chama de
pensamento divergente, que é o contrario do pensamento convergente
(quando se tem que fazer uma solução matemática e vai eliminando a
atividade de outros circuitos para ativar um circuito especifico para se ter
uma solução). No pensamento divergente tem-se um aumento dessa
atividade.
Sabemos que toda informação que a gente tem no circuito neural do
cérebro provém de experiências sensoriais. Essas experiências
sensoriais são consolidadas através do hipocampo, através de ativação
dos circuitos neurais, e são esses circuitos neurais ativados que fazem
emergir a criatividade no córtex frontal. Para que se tenha criatividade é
muito importante, e a psicologia já trouxe essa informação até mesmo
antes da NC, e a NC acabou pegando emprestado, é muito importante
que a pessoa tenha experiências diversas – então uma viagem é
importante, o fato de uma pessoa ter um hobby é importante, tudo isso
faz com que a pessoa tenha experiências diversas que facilita a ativação
dos circuitos para levar a uma ideia nova. É impossível ter uma ideia
nova se a pessoa não tiver experiências diversas.
O importante para a criatividade é que se tenha uma atividade no córtex
em geral, para que haja uma ativação paralela, ao invés de uma ativação
53
só focada na solução de um problema, que é o caso do estresse no
trabalho. O ambiente estressor tem uma redução, uma diminuição da
atividade para a criatividade. A gente vê isso muito nessas empresas de
agora, no Google (por exemplo), em que as pessoas são altamente
criativas. Elas têm uma sala com videogame, uma sala com esporte...
Esporte é outra coisa extremamente importante. Toda atividade física, e
isso é importante para o trabalho, faz com os neurônios liberem uma
coisa chamada Fator neurotrófico derivado do cérebro, chamado de
BDNF. O fator neurotrófico ajuda a formar circuitos neurais. A pessoa
que faz uma atividade física libera o fator neurotrófico. Quando ela
estuda ou trabalha, esse fator neurotrófico facilita a formação de circuitos
neurais e leva à criatividade. É importante que a pessoa tenha essa
experiência, até mesmo através da atividade física, para formar circuitos
neurais mais fortes, para consolidar informações, consolidar memórias.
Então são vários fatores que a NC vem trazendo para várias áreas de
conhecimento - áreas de trabalho, ou na escola, ou no trabalho e na
gestão, e até mesmo na empresa para um líder de empresa - porque são
coisas que a NC está ensinando detalhes de como funciona. Por
exemplo, o que ajuda na formação de memória é perfeito para a escola,
é perfeito para o trabalho. O que mais facilita a formação de circuitos
neurais para que tenha essas ativações paralelas são as experiências
positivas (as negativas também). Aquelas pessoas que se enfurnam em
casa têm menor possibilidade de ter processos criativos do que aquelas
pessoas que estão mais expostas a ambientes diferentes, a experiências
de vida diferentes, que possibilitam a formação de circuitos neurais que
vão levar a processos criativos.
O processo criativo envolve, basicamente, criar competições entre
circuitos, criar atividades paralelas para que tenha a emergência de um
fenômeno que é uma ideia nova. Geralmente, as pessoas que têm ideias
geniais, falam que as ideias emergem num momento em que estão
relaxadas; elas podem não estar relaxadas no sentido de estarem
sentadas, podem estar velejando ou surfando ou concentradas numa
coisa que não exija tanto do córtex motor.
Quanto mais treinada a pessoa estiver numa tarefa, menos atividade no
córtex motor vai haver (a pessoa fica mais competente numa tarefa com
menor atividade do córtex motor). Esse automatismo é como se fosse
um circuito neural ativando fortemente sem precisar ativar outro circuito
neural para achar erro, porque sabe que aquele circuito neural vai dar
certo. Por exemplo, num trabalho recente, foi feito um experimento com
o pé do Neymar: compararam o Neymar mexendo o pé com outro
jogador de futebol, que não é craque, mexendo o pé. O córtex motor do
Neymar ativa menos do que o córtex motor daquele indivíduo que não é
tão bom jogador. Ou seja, aquele jogador que fica pensando em como
vai mexer o pé, mesmo sendo um jogador profissional, não é tão
automatizado, não é tão forte, tão bem treinado quanto o Neymar.
É uma ideia muito antiga de que nós não utilizamos 100% do cérebro, o
que é mentira, porque se a gente utiliza 100% do cérebro acontece uma
epilepsia. Às vezes, o excesso de atividade é ruim para o cérebro.
Então, no caso do Neymar ele é genial porque ele ativa pouco o córtex
motor, ele é mais funcional, ele é perfeito na função dele.
Outro exemplo clássico é o anel de benzeno: um bioquímico no século
XIX, estava tentando resolver qual era o problema de uma estrutura
química do benzeno, e não conseguia (ele ficava o tempo todo fazendo
matemática, estrutura química no quadro e não resolvia). Um dia, ele
54
sonhou com uma cobra mordendo o próprio rabo e ai ele falou “ta aí a
estrutura química do anel de benzeno”. Depois que ele acordou, foi fazer
a estrutura e deu certo. Hoje nós sabemos o que é o anel de benzeno num momento de relaxamento, no caso o sono, uma atividade constante
que está ativando várias memórias diferentes faz com que se tenha
correlação de um circuito neural com outro; naquele momento, acaba
levando a uma solução. Lembramos que nem todas as ativações
paralelas vão levar a soluções. Quanto mais ideias você tiver maior é a
chance de você ter uma ideia boa.
Outra coisa que é interessante é que o cérebro tem uma memória
evolutiva: se eu chegar e parar na frente de uma criança e sorrir, essa
criança vai sorrir. Ela não associou ainda o sorriso ao prazer, mas sabe
copiar o que a mãe está fazendo. Isso é automático. Esse mimetismo é
uma coisa automática e acontece em macacos, acontece com aves.
O que a gente chama de instinto na verdade, hoje na biologia, a gente
chama de memória evolutiva. Até mesmo o processo de ativação
amigdalar é um processo evolutivo, que a gente chama de instinto, mas
nem sempre eu vou ter o instinto de ter medo, mas o instinto de ter medo
existe.
A neuroplasticidade é outra coisa sensacional porque mostra esse
dinamismo do cérebro. Toda vez que você tem uma experiência
diferente você fortalece uma sinapse ou você forma uma nova sinapse.
Essa formação de sinapses é que a gente chama de plasticidade.
A fala desse entrevistado corrobora a teoria analisada em vários aspectos: no que
se refere à importância do relaxamento (item 2.3.2), a importância das pausas
(item 2.3.3), na posição de diversos autores pesquisados que confirmam que o
“ambiente estressor leva a patologias”. Portanto, de acordo com a exposição
deste entrevistado e a produção científica analisada, para que haja criatividade
dentro de uma empresa é importante que o ambiente não seja estressor.
Além disso, o exposto pelo entrevistado concorda com De Masi (2000), Goleman
(2013; 2014), Rocha (2014), Santos (2014), que defendem a ideia de que
“momentos de mais relaxamento”, momentos de experiências diversas,
momentos de Mind Wandering, em que a pessoa está numa fase dita
“sonhadora”, são propícios ao surgimento de ideias novas, insights criativos.
Logo, confirmando o exposto na teoria, este entrevistado aponta que ideias
geniais emergem em momentos de relaxamento, como o exemplo citado da
descoberta do anel de benzeno.
Da mesma forma, ao citar o exemplo do pé do Neymar, o que foi exposto por este
entrevistado está de acordo com Kahneman (2012) e Goleman (2014) (item
55
2.3.1). A atuação automática do cérebro é rápida, criativa, intuitiva e emocional. É
econômica no que se refere ao gasto de energia (glicose) pelo cérebro. É o que
diferencia o ser humano dos robôs e dos outros animais.
Na abordagem dos neurônios espelhos e da neuroplasticidade o exposto pelo
entrevistado está em consonância com Damásio (2004) e Gaschler(2009) (item
2.3.1) e Chopra (2013) e Herculano-Houzel (2007) (item 2.3), respectivamente,
que mostram a dinâmica funcional do cérebro.
A aplicabilidade das informações prestadas pelo entrevistado à Administração é
evidente, uma vez que o mesmo valoriza a organização do ambiente para a
produção de insights, fala da criatividade e da forma de produzi-la, realçando a
importância da competição, o que é aplicável às organizações. O autor se refere
ainda às condições emocionais que levam a provocar o comportamento de
imitação e menciona a produção do estresse no ambiente de trabalho e mostra
que sob efeito do estresse reduz-se a criatividade do sujeito.
Entrevistado 2: Guilherme da Cunha Messias dos Santos
O entrevistado tem Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Minas
Gerais (2006). Realizou Mestrado (2008-2009) em Ciências Biológicas (Fisiologia
e Farmacologia) pelo Núcleo de Neurociência do Departamento de Fisiologia e
Biofísica do ICB-UFMG (Bolsista CNPq CAPES 7). Membro do Center For
Excellence in Surgical Outcome da DUKE University. Interesse em Neurociência
especialmente Neurofisiologia de sistemas e pesquisa clínica. Professor da
Faculdade de Medicina da FASEH. Vem atuando em projetos de Ciências da
Informação voltados para Medicina, como Extração e Recuperação de informação
em saúde, processamento de linguagem natural e ontologias. Co-Fundador do
Neurocurso.com, startup de educação médica à distância.8
Estudando a história da ciência, constata-se que grandes mentes
sempre associavam a criatividade ao lazer. E o lazer hoje é uma coisa
que você tem cada vez menos. Outra coisa que eu considero muito
importante para criatividade é o sono, que no mundo moderno se tem
8
CV: http://lattes.cnpq.br/4857102786198655
56
cada vez menos, ou pelo menos se tem sono ele é muito precário especialmente, com o uso de drogas, a qualidade do sono fica
deteriorada e com isso a criatividade também.
A Neurociência é muito recente e com relação à criatividade a gente
sabe muito pouca coisa. Mas eu acredito que a criatividade é uma
essência do ser humano. Como estimular a criatividade? Não há uma
receita de bolo para isso. É claro que algumas coisas podem contribuir.
Com relação à criatividade, naquela entrevista que eu dei para o Estado
de Minas (jornal), a gente viu lá que ela pode ser melhorada com
algumas situações. Estimular um indivíduo ao ócio (eu não estou falando
de nenhuma viagem) é benéfico à criatividade e tem vários estudos
mostrando isso (desde a psicologia, nas últimas duas décadas isso ficou
muito mais patente). O ócio é aquilo de você divagar, explorar seu
inconsciente de forma sistemática, diária, um exercício de repetição.
Acho que isso estimula bastante a criatividade. Não sei se dentro da
psicologia existem técnicas específicas para se fazer isso. Acredito que
sim. Mas essa mente divagadora ela por si só traz a criatividade.
Li alguns trabalhos mostrando que a livre associação de ideias, o ócio, o
lazer são capazes de recrutar áreas no cérebro que não estão tão ativas
quando o indivíduo está com uma atenção seletiva muito intensa. A
atenção seletiva está muito presente num trabalho, quando se está
focado numa tarefa. Na realização de atividades executivas, essas áreas
ficam latentes, e com o ócio, o lazer, essas áreas podem se tornar mais
ativas - são áreas do lobo temporal (circuitos fronto-temporais estão mais
associadas à criatividade do que áreas associadas a atenção seletiva).
Alguns fatores que podem contribuir com a criatividade: sono, lazer,
divagação de ideias. Como isso vai ser empregado em grandes
empresas, num ambiente corporativo, é uma coisa a ser estudada.
Se você olhar hoje grandes empresas, principalmente do ramo de
tecnologia, empresas que trabalham com empreendedorismo serial, eles
precisam de pessoas, de cabeças pensantes. É o empreendedorismo
disruptivo, ou seja, a empresa está num rumo, chega uma pessoa e fala
assim: “olha, o mercado está andando pra outro lugar, vocês estão
andando para o lugar errado”. Essas empresas de tecnologia precisam
dessas pessoas porque esse é um ramo específico que muda muito
rápido. Empresas como Google, Yahoo, Amazon, Sisco, são empresas
de tecnologia que precisam dessas pessoas. No Vale do Silício, lá nos
Estados Unidos, o maior polo tecnológico do mundo, eles buscam
pessoas desse tipo. Inclusive, há formas de atrair pessoas que tenham
esse perfil. Então, se você olhar essas empresas, o ambiente de trabalho
não é um ambiente de trabalho convencional.
Qualquer startup, empresas de base tecnológica, com grande potencial
de crescimento, empresas nascentes, têm ambiente de trabalho
completamente não ortodoxo - você vai encontrar uma sala com
videogame, você vai encontrar rede (rede de deitar) para descansar, as
pessoas lá podem trabalhar com traje que quiserem (claro que
respeitando determinadas regras, você pode ir de chinelo, de bermuda,
de camiseta, boné, não tem problema). Você vê engenheiros, pessoas
altamente bem formadas, indo trabalhar de chinelo, camiseta, jogando
videogame. Eles colocam aquelas lousas brancas, em diversas salas da
estrutura física. Então, o cara está andando, tomando um café, ele
para... “bom, tive uma ideia aqui...”, escreve, vem outras pessoas
adicionam. Esse ambiente de trabalho, não ortodoxo, que estimula a
57
discussão entre departamentos, entre pessoas diferentes, é um
ambiente propício à criatividade.
Não é mais aquela workstation em que o indivíduo assenta, com uma
pilha de papel, o computador na sua frente, aquela estação de trabalho
em que ele não consegue enxergar mais ninguém que está perto dele,
isso está acabando. E isso começou nessas empresas de alta
tecnologia. Se você for no Google você vai ver tudo colorido, poltronas
no chão, as pessoas deitadas naqueles pufes e redes, jogando
videogame, sinuca, totó, e isso é um ambiente de trabalho que estimula
a criatividade. Eles não estão fazendo isso à toa.
Não gosto muito do termo “humanização do ambiente de trabalho”. Acho
que não seria essa a palavra. Talvez criativização do ambiente de
trabalho, flexibilização o ambiente do trabalho. Tornar o meio de trabalho
mais lúdico, talvez isso sim contribua para esse ponto que nós estamos
falando da criatividade, de como a criatividade tem impacto numa
empresa, por exemplo.
Lembrei-me de um exemplo, pelo menos isso é experiência minha: o
trabalho em que tenho que bater ponto, assim que bato ponto, eu vou
embora pra casa e não me lembro de dez segundos do que eu fiz
durante o dia. Agora, aquele trabalho em que eu vou para casa
pensando no que eu fiz, a hora que eu quero eu saio (de novo as
empresas de tecnologia fazem isso), a pessoa leva o problema pra casa,
ela sonha com o problema, ela acorda, anota num caderno do lado. Isso
é criatividade, isso estimula a resolução de problemas.
Sobre estresse no trabalho: existe a síndrome de Burnout que é a
síndrome do esgotamento. O indivíduo que tem sintomas graves de
estresse a criatividade, então, passa longe.
O indivíduo que está sob estresse no trabalho tem ativação do eixo do
hipotálamo, hipófise e adrenal. A ativação desse eixo libera uma série de
substâncias, catecolaminas, esteroides, que tem efeito deletéril sobre os
neurônios, são neurotóxicos. Já tem vários estudos mostrando que a
ativação do eixo HPA (hipotálamo, hipófise e Adrenal) no estresse
crônico causa danos ao hipocampo. O hipocampo é uma área de
consolidação de memória. O indivíduo que tem estresse ele não tem
memória.
Então, estresse no trabalho prejudica a memória, prejudica a atenção,
prejudica a criatividade, prejudica a capacidade de resolução de
problemas. Então, se tem que ter um ambiente estressante o ambiente
de trabalho deveria ser o ultimo deles, porque o indivíduo vai trabalhar,
mas não vai produzir. Ele vai chegar lá, vai bater ponto, vai assinar
papel, vai digitar carta, mas ele não vai produzir. Então o ser humano
não pode ser tratado como uma máquina – e até uma máquina precisa
de manutenção.
Qual é a manutenção nossa? Boa nutrição, lazer, sono é a nossa
manutenção e as pessoas estão perdendo isso cada vez mais. Então a
gente precisa de manutenção e essa manutenção vem dessas coisas.
Então pra uma máquina render ela precisa estar bem “azeitada”.
O entrevistado 2, assim como o entrevistado 1, está em consonância com os
autores abordados no item 2.3 do referencial teórico deste trabalho, que
58
preconizam a importância do lazer, do descanso, do ócio, da mente divagadora
para tornar o ser humano criativo e saudável.
Ao comentar o estresse, o burnout, o tratamento do ser humano como máquina,
este entrevistado aproxima-se de autores que anseiam por um novo paradigma
na gestão (item 2.1), a exemplo de Hamel (2007; 2010), Gaulejac (2006) e
Drucker (1981; 2002).
Ao abordar o “empreendedorismo disruptivo”, citando como exemplo algumas
empresas, o entrevistado vai ao encontro das ideias de Hamel (2006) (item 2.1),
que, em entrevista dada à revista Harvard Business Review, argumentou sobre a
desconstrução das posturas ortodoxas na gestão, usando também como exemplo
de um novo modelo de gestão, o Google.
Concluindo, pode-se afirmar que este entrevistado evidencia a importância da
criatividade, menciona como ela se processa no cérebro e comenta de que forma
o ambiente de trabalho pode facilitá-la ou constituir um impedimento a ela.
O entrevistado faz referência, ainda à importância da nutrição, do sono, lazer,
divagação de ideias como fatores que podem ser empregados em grandes
empresas, num ambiente corporativo, visando a preservar a memória e facilitar o
funcionamento mental. Ele cita, ainda, empresas que estão se valendo dessas
condições de trabalho para obterem respostas mais criativas e contribuições
novas, especialmente na área tecnológica.
Entrevistado 3: - Ramon Moreira Cosenza
É médico pela Universidade Federal de Minas Gerais (1971), com mestrado e
doutorado em Ciências (Morfologia) pela UFMG. Tem atuação na área de
Neurociência, com ênfase em Neuroanatomia e Neuropsicologia. Foi diretor do
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e da Faculdade de Ciências da Saúde
da Universidade FUMEC.9
9
CV: http://lattes.cnpq.br/7832300062369054
59
Toda a nossa atividade fisiológica é cíclica. E um dos ritmos mais
importantes que nós temos é exatamente o ritmo chamado ritmo
circadiano, ou seja, tem cerca de um dia de duração. Esses ritmos são
regulados internamente pelo sistema nervoso, principalmente uma área
do sistema nervoso que é núcleo do hipotálamo. O interessante é que
esse núcleo recebe informações da retina, de tal forma que os ritmos
internos são sincronizados com o ritmo claro-escuro da natureza.
Praticamente, todas as nossas atividades, as nossas funções, variam
nesse ciclo de 24 horas. Então, se você pegar os batimentos cardíacos,
eles variam, a temperatura corporal varia, a secreção dos nossos
hormônios é feita em determinadas horas (em determinadas horas o
nível de nossos hormônios está mais alto, ou mais baixo). Inclusive, a
glândula pineal participa dos ritmos circadianos e secreta um hormônio
chamado melatonina. A melatonina é secretada à noite, quando está
escuro e circula pelos diversos órgãos e informa que é noite, que é hora
de dormir, que é hora de secretar determinados hormônios, que é hora
de fazer isso, que é hora de fazer aquilo.
Outro hormônio é o cortisol, que é secretado pela suprarrenal, no final da
noite, de tal forma que ele está bem alto na hora em que a gente acorda.
O cortisol é muito importante para defender o organismo de certas
agressões. É muito importante, por exemplo, no estresse – quando
nosso cortisol está alto, nós resistimos melhor ao estresse. O
interessante é que o cortisol é secretado antes de acordamos, de tal
forma que, quando acordamos pela manhã nosso cortisol está alto e ao
longo do dia ele vai diminuindo e quando chega à noite, começa a
secretar novamente.
Outro ritmo circadiano é o ritmo de sono e de vigília. A gente dorme a
noite e acorda de manhã. Somos animais diurnos, somos programados
para atuar durante o dia. A temperatura corporal, por exemplo, começa a
subir antes de acordarmos, vai se elevando até lá pelas 3-4 horas da
tarde e depois vai caindo, de forma que à noite a gente está com a
temperatura mais baixa, o que é mais propício para dormir. Então, os
nossos ritmos são acoplados - por exemplo, a temperatura é acoplada
com o ritmo vigília-sono.
Algumas pessoas tem um desacoplamento desses ritmos – dizem:
“levanto de manhã to ruim ainda, só começo a ficar bom lá pelas 11 a
meio-dia. E à noite tô ligadão”. Isso acontece porque quando elas
acordam de manhã a temperatura está ainda muito baixa. Então, elas
não estão ainda prontas para enfrentar o dia a dia. À medida que a
temperatura vai subindo, elas vão se sentindo melhor, e à noite, como a
temperatura ainda está alta, elas não têm aquele sono, ainda estão
ativas. Isso também está acoplado com uma série de outros ritmos, por
exemplo, a frequência cardíaca, alguns hormônios, que fazem com que a
pessoa seja mais ativa em determinado momento.
Isso tem muita importância para pessoas que trabalham em plantões
noturnos. Elas têm que reciclar o relógio biológico – nós não somos
capazes, por exemplo, de trabalhar hoje num plantão noturno, amanhã
noutro plantão diurno, depois de amanhã em outro plantão noturno,
porque isso enlouquece nossa noção biológica. Então, aqueles que
trabalham em plantão noturno, têm que trabalhar, pelo menos, uma
semana, duas, em determinado turno, e aí sim, podem trocar de turno.
As pessoas que mudam muito de turno costumam ter problemas,
principalmente na fisiologia cardiovascular, e na fisiologia
gastrointestinal. Em linhas gerais é isso.
60
A NC tem uma contribuição a dar nessa questão do respeito aos ritmos
biológicos, que é muito importante num ambiente de trabalho, na
produtividade das pessoas.
Sabemos também que nossa atenção vai melhorando ao longo da
manhã, tem um pico no início da tarde e depois vai caindo. A gente vai
ficando fatigado e a atenção diminuindo.
A mesma coisa é a memória. Tanto que a capacidade de aprendizagem
também tem um ritmo. Nós aprendemos melhor até lá para o meio da
tarde e aí tendemos a ir diminuindo. Isso é fisiológico.
Os ritmos circadianos variam também ao longo da vida – o recémnascido dorme muito e tem um sono polifásico (dorme, acorda, dorme de
novo); à medida que vamos amadurecendo vamos tendo um sono
bifásico; e na velhice a quantidade de sono diminui consideravelmente (é
mais superficial e com uma quantidade menor em relação à vigília).
Uma das fases do sono, o chamado sono paradoxal (o sono de
movimentos oculares rápidos) é exatamente onde ocorre a consolidação
da aprendizagem, a consolidação da memória. Então se a gente não tem
essa fase do sono, se não passamos por ela, a gente tem dificuldade de
consolidar a aprendizagem.
O respeito aos ritmos biológicos é extremamente importante para a
manutenção da atenção. Nós temos uma tendência ao chamando Mind
wandering. Nossa mente é andarilha. Se nós não estamos com o nível
adequado de descanso e atenção, aí é que nós não conseguimos fixar
nossa atenção por muito tempo. A tendência é ficarmos indo para um
lado e para o outro. Divagando.
Todos nós temos uma mente divagadora. Essa é a regra. Inclusive, nós
temos um circuito cerebral, chamado circuito cerebral padrão, que
determina o tipo de funcionamento da nossa mente. É padrão porque é
assim. Quando estamos divagando, temos maior facilidade de fazer
associação de ideias, isso muitas vezes leva a uma atividade criativa –
liga uma coisa com outra coisa que aparentemente não tinha relação.
Mas, eu não diria que é a mente divagadora que leva à criatividade.
Todo mundo tem uma mente divagadora, mas nem todo mundo é
criativo.
Agora, estão surgindo pesquisas fazendo vínculo entre meditação e
atenção. A meditação é uma das técnicas mais poderosas para modificar
o cérebro e para aumentar a capacidade de atenção.
Este entrevistado foi um dos primeiros a desenvolver estudos de Neurociência e o
fez em pesquisas desenvolvidas principalmente no Instituto de Ciências
Biológicas (ICB) da UFMG. Seu trabalho influenciou diversos pesquisadores, que
continuam a desenvolver pesquisas sobre os temas iniciados por ele. As
ponderações feitas elucidam o tema “ritmos circadianos”, tratado no item 2.3.1, e
evidenciam a importância do respeito aos ritmos biológicos.
61
Levando em conta suas observações, é oportuno registrar que o ser humano é
predominantemente diurno, sendo sua produtividade maior durante o dia e devese realçar que a prática frequente de acumular plantões pode determinar
adoecimento e causar estresse ao trabalhador. Faz-se referência aos turnos de
trabalho,
fenômeno
que
interessa
particularmente
aos
administradores,
principalmente aqueles que atuam na área de administração em que há trabalho
noturno, como, por exemplo, empresas hospitalares, empresas de segurança,
dentre outras.
Faz referência também ao melhor momento para se aprender, respeitando os
ritmos circadianos e realça o caráter divagador da mente, que preside a
associação de ideias e a consequente produção de coisas novas a partir de
aspectos já vivenciados.
Em concordância com autores como Goleman (2014), De Masi (2000) (item 2.3.3)
afirma que a mente divagadora tende a facilitar a associação de ideias, o que,
muitas vezes, leva a uma atividade criativa. Afirma que todos nós temos uma
mente divagadora.
O que o entrevistado afirma concorda com Davidson (2013) ao se referir às novas
pesquisas sobre meditação que têm comprovado tratar-se de uma das técnicas
mais poderosas para modificar o cérebro e para aumentar a capacidade de
atenção. Vale lembrar que especialistas em Yoga têm sido contratados por
organizações,
visando
a
promover
melhor
funcionamento
cerebral
dos
funcionários, especialmente daqueles ligados à gestão.
Entrevistado 4: Júnior Cesar Fialho
é palestrante, líder coaching, treinador organizacional e psicólogo. Promoveu
dinâmica comportamental em 28 out. 2014 na UFMG, no evento “Semana do
Servidor da UFMG 2014 – diversidade e políticas afirmativas”, em comemoração
à Semana do Servidor 201410.
10
INSTITUTO COACHING & VIDA - http://institutocoachingevida.com.br/. (Telefone 11-4545-4045
- Cel. 11-96365-0695).
62
Destacarei o uso de novas tecnologias de pessoas embasadas na NC,
de maneira especial na Liderança.
Os jogadores de futebol, cirurgiões, pilotos de F1 e astronautas usam
regularmente exercícios de simulação para prepará-los para situações
desafiadoras. A NC na gestão de pessoas, de maneira especial, no
desenvolvimento de liderança sugere que simulações também podem
ajudar os líderes empresariais a pensar mais claramente sobre estresse
e tomar decisões mais eficazes em situações desafiadoras.
Existem muitas pesquisas espalhadas pelo mundo onde são realizadas
"experiências de liderança", onde participantes de faixa etária entre 26 e
55 anos participaram de simulações com aparelhos de frequência
cardíaca, pressão, biofeedback e neurofeedback, desafiando
experiências em nível de Diretoria, onde em ambiente controlado lidam
com conflitos, gerenciam crises e apaziguam ânimos. Tais pessoas são
monitoradas continuamente durante dois dias, inclusive durante o sono.
Os resultados colhidos são posteriormente analisados e combinados
com outros dados recolhidos através de testes psicométricos para dar
um insight sobre reações fisiológicas das pessoas para uma variedade
de cenários.
Neurobiologicamente, quando uma situação estressante é percebida
como um desafio, o cérebro e o corpo se tornam moderadamente
"excitados", otimizando as funções cerebrais, tais como a tomada de
decisão, aprendizagem e formação da memória. Mas se a situação é
percebida como uma ameaça, as pessoas se tornam acuadas e se
preparam para o recuo, reduzindo o funcionamento cognitivo. Acredito
que o uso de aparelhos de frequência cardíaca, neurofeedback e
biofeedback são fundamentais para preparar os novos líderes e
desenvolver pessoas fazendo uso do arcabouço teórico da NC.
Em momentos de alta tensão, os líderes precisam tomar as melhores
decisões possíveis, mas nesses momentos eles são mais propensos a
serem prejudicados cognitivamente, através do pânico, onde as decisões
podem ser tomadas de maneira emotiva. Emoções como medo,
ansiedade, estresse e raiva estreitam nosso foco e inibem a nossa
concentração. Quando estamos estressados ou com medo, por exemplo,
lutamos para pensar com clareza, mas não é tão simples manter o
equilíbrio.
Se os gestores têm a oportunidade de lidar com situações emotivas e
tentar algo diferente em um ambiente seguro, eles vão pensar e reagir
de forma mais adequada quando voltar a entrar no local de trabalho. É
uma maneira poderosa para aumentar o êxito e fornecer maior chance
de equilíbrio e boas escolhas, bem como aprendizagem e mudança de
vida.
As descobertas da NC estão ajudando a ligar os pontos entre a interação
humana e práticas de liderança eficaz. Atualmente, podemos saber
melhor como o cérebro funciona; o desafio é fazer com que os líderes
usem esse conhecimento para conduzir melhor as pessoas e
organizações. Os estudiosos de gestão de pessoas que usam a NC
como ferramenta, estão olhando para o desenvolvimento de pessoas de
uma forma totalmente nova. Acredito que essa viagem apenas começou.
63
O depoimento deste entrevistado foi relacionado diretamente à importância da
contribuição da Neurociência para a Administração, focalizando a possibilidade de
melhorar a atuação das lideranças, realçando o significado da simulação no
desenvolvimento de tomadores de decisão, e apontando a influência indesejável
do estresse.
Afirma que emoções como medo, ansiedade, estresse e raiva estreitam nosso
foco e inibem a nossa concentração e que quando estamos estressados ou com
medo, lutamos para pensar com clareza, mas não é tão simples manter o
equilíbrio. O exposto pelo entrevistado concorda com a posição de diversos
autores pesquisados e outros especialistas entrevistados, como Cosenza e
Santos (entrevistados 3 e 2, respectivamente), que confirmam que o “ambiente
estressor leva a patologias” e que a hiperativação da amígdala produz emoções
negativas que interferem no equilíbrio do ser humano.
Entrevistado 5: Renato César Cardoso
É Professor Adjunto na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas
Gerais, nos cursos de Direito, de Ciências do Estado e no Programa de PósGraduação em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Doutor em
Filosofia do Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2008) e Mestre
em Filosofia do Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2004).
Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2001), Bacharel
em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
(2001). Professor universitário e pesquisador, dirige suas investigações
principalmente às áreas de Filosofia do Direito, Neurodireito, Neuroética, Filosofia
da Mente, História da Filosofia do Direito, Psicologia Jurídica, Filosofia do Estado,
Antropologia, Filosofia do Trabalho, Relações Internacionais e Hermenêutica.
Tem pós-doutorado pela Faculdade de Filosofia, da Universidade de Barcelona. É
membro da Associação Internacional de Neuroética e Coordenador do Grupo de
Estudos em Neuroética, da Faculdade de Direito da UFMG.11
11
CV: http://lattes.cnpq.br/0182414888427256
64
Eu tenho direcionado minhas pesquisas, nos últimos tempos,
principalmente para a filosofia da mente, o que me levou a descobrir a
NC. Então, a partir disso, eu comecei a estudar bastante as implicações
éticas da NC, a NC da ética, as implicações jurídicas da NC. São dois
campos relativamente novos: a Neuroética e o Neurodireito.
Nos últimos 30 anos, tivemos um avanço enorme na NC. Até então, o
que havia era uma caixa preta. A gente não conseguia saber de que
maneira o cérebro trabalhava. A não ser naqueles raros casos em que
alguém tinha uma psicopatia, ou alguma patologia neuronal, esperava-se
que essa pessoa morresse e, numa necropsia, descobriam qual a área
do cérebro naquela pessoa tinha sido afetada. Mas existiam vários
problemas.
Acontece que, a partir de uns 30 anos pra cá, é que a tecnologia se
desenvolve demais, principalmente com os EEGs, e mais ainda, com o
desenvolvimento de uma outra ferramenta que é a ressonância
magnética. Com isso nós conseguimos ver o cérebro de uma pessoa
viva. E mais: há algum tempo nós temos o que se chama a ressonância
magnética funcional (fMRI), que possibilita vermos o cérebro das
pessoas em funcionamento, enquanto elas estão fazendo uma tarefa,
como por exemplo: resolvendo um problema ético, resolvendo um
problema organizacional, resolvendo um problema matemático, um
problema social, ou até uma tarefa motora ou qualquer coisa assim.
Hoje, não precisamos esperar que uma pessoa morra para examinarmos
seu cérebro, não precisamos ficar só especulando acerca de como a
mente funciona. Podemos ver ao vivo, ou quase ao vivo, o cérebro de
uma pessoa trabalhando. E isso é uma ferramenta fantástica. Mudou
completamente o que a gente conhecia e todos os estudos do cérebro.
De uma hora para a outra, o mundo se abriu na nossa frente. Isso tem
um potencial fantástico em todas as áreas porque todas as ciências que
trabalham com comportamento, humano de alguma forma, notaram que
poderiam ganhar muito com a NC, mas com a NC como um enfoque.
São várias as possibilidades que a gente pode pensar de uso da NC na
gestão. Algumas até bastante preocupantes. E aqui entra a Neuroética.
A Neuroética vem nos dizer o que podemos ou não fazer. Porque é
possível, vamos imaginar, que um gestor passe a querer obrigar aos
seus funcionários a passarem por um enhancement, um melhoramento
neurocientífico, neurocientificamente embasado. Por exemplo, ele pode
forçar que todos os funcionários tomem uma ritalina antes de entrar na
empresa. Com isso aumentaria, segundo alguns, a produtividade, a
atenção dos seus trabalhadores. É uma utilização possível. Mas será
que isso é ético? Quais são os limites disso?
Outra coisa muito interessante, que hoje já se discute muito
principalmente nos Estados Unidos, é uma tecnologia que antigamente
não funcionava muito bem, que é o polígrafo, o detector de mentiras.
Hoje já há empresas especialistas em polígrafos com as novas
tecnologias da NC. Então, tem-se um detector de mentiras
neurocientífico que é uma ressonância magnética funcional que vai
analisar como o cérebro se comporta quando a pessoa está falando
mentiras. Vai estabelecer um padrão quando se está falando verdades.
Depois de estabelecer um padrão no cérebro, para mentiras e para
verdades, consegue-se saber, em tese, quando a pessoa está mentindo
ou não. Ainda há muita discussão acerca da validade dessas
conclusões. Agora imagina a aplicação disso pelo RH de uma empresa.
65
Olha que coisa complicada. Será que isso é possível? Quais os limites
disso?
Existe uma pesquisa muito interessante de um professor americano, que
se chama Joshua Greene, que fez exatamente isso: ele pegou um
problema ético, antigo, que é o problema do trem, que é o seguinte:
- Tem cinco pessoas no trilho do trem. O trem está desgovernado e vai
atropelar aquelas cinco pessoas. Você tem a possibilidade de puxar uma
alavanca, desviar o trem, e, com isso, o trem mataria, não aquelas cinco
pessoas, mas apenas uma pessoa que estava nesse outro trilho. Não há
uma resposta certa. Mas o interessante é ver como que as pessoas
trabalham, quais são os módulos cerebrais, os mecanismos cerebrais
que elas recrutam para resolver esse problema. Descobriu-se com a NC
que a maior parte das pessoas resolve esse problema utilizando aquelas
partes do cérebro que são mais usadas para pensamento abstrato, para
pensamento matemático, pensamento lógico, para considerações
espaciais.
O caso é que existe uma segunda versão desse problema, que também
foi estudada, que é o seguinte: o trem está vindo e vai atropelar cinco
pessoas. Mas, desta vez, para salvar cinco pessoas você precisa não só
apertar uma alavanca. Você nota que tem uma pessoa mais obesa
passando na frente do trem, e, basta que você dê um empurrãozinho
nessa pessoa para que ela caia na frente do trem. Ao atropelar essa
pessoa obesa, o trem vai parar (frear), salvando, então, a outras cinco
pessoas. Em tese, o raciocínio é o mesmo: você sacrifica uma pessoa
para salvar cinco. Mas, confrontado esse segundo caso, a maior parte
das pessoas tem uma rejeição enorme com a ideia de empurrar alguém,
mesmo aquelas que tranquilamente disseram, no primeiro exemplo, que
puxariam a alavanca de forma tranquila. Qual é a diferença?
A Filosofia e a Ética durante muito tempo tentou explicar porque é que os
casos pareciam diferentes quando, no final das contas, as
consequências são tão parecidas. O que acontece é que com a NC
conseguimos ver as pessoas tentando resolver isso e o que notamos é
que, se no primeiro caso as pessoas usam considerações matemáticas,
lógicas, no segundo caso, elas recrutam aquelas partes do cérebro que
estão mais associadas a emoção, estão mais associadas à empatia,
associabilidade. Então, apesar dos casos parecerem iguais, no segundo
caso, o fato de se ter que tocar a pessoa (empurrá-la) para evitar matar
cinco pessoas, torna a percepção da situação como completamente
diferente. O cérebro trabalha de uma forma completamente diferente
com os dois casos. Este é um exemplo clássico de como que a NC está
mudando profundamente a nossa concepção da ética – de onde ela
vem, como ela funciona e tudo o mais.
Muito se tem discutido hoje no nível do Neurodireito acerca de um direito
à privacidade mental. A pessoa tem direito à privacidade mental, a não
ser submetido a esses testes, seja numa entrevista, seja num .... porque podemos pensar que é algo que já se faz, que já se usa
comumente em entrevistas de emprego, como essas análises de
personalidade.
O pessoal de RH normalmente vê qual o cargo que estão precisando (se
é alguém com característica mais de seguir ordens, ou mais de
liderança, com comportamento mais extrovertido, menos). São os
grandes traços de personalidade - os Big Five que a gente chama.
Agora, você consegue com os instrumentos da NC fazer uma análise
muito mais aprofundada, muito mais detalhada disso. Mas até que ponto
66
isso é desejável, até que ponto é juridicamente possível. Isso nós vamos
ter que discutir. Vamos ter que discutir num futuro muito próximo. Porque
a ciência pode nos dizer o que é possível que façamos, mas o que
devemos ou não fazer não é a ciência que diz, é a Ética. O uso da
ciência, como ele vai ser feito, não pode ser regulado pelos próprios
cientistas.
Com a NC é a mesma coisa. A NC vai nos dar inúmeras ferramentas de
enhancement, de melhoramento, de maior conhecimento das pessoas.
Agora, nós temos que lutar profundamente para que o enhancement não
se torne uma forma de exclusão. Nós temos que lutar bravamente para
que esse maior conhecimento que nós podemos ter da psique, das
características neurobiológicas das pessoas não se torne uma forma de
preconceito. Esses são os grandes desafios da Neuroética. Inclusive
como se aplicam à questão da gestão.
Não podemos cair naquele otimismo ingênuo de que a ciências são só
boas. O uso que a gente pode fazer delas pode ser perigoso também. É
por isso que a gente estuda Neuroética. É para gente pensar na ética da
NC. Usando uma frase do filme “O homem aranha” bastante
interessante: “com grande poder vem grandes responsabilidades.” A
energia atômica, por exemplo. A energia atômica pode ser usada para
destruir cidades ou para iluminar cidades, para trazer energia limpa, ou
relativamente limpa, para grande parte da população. Agora, a energia
atômica não é nem boa nem ruim. Bom ou ruim são os usos que
fazemos dela.
Este entrevistado enfoca questões abordadas no item 2.4 deste trabalho e alerta
que as descobertas feitas com base nas técnicas de mapeamento e registro
cerebral não são mais eventos de ficção científica. A possibilidade que se tem de
analisar o funcionamento cerebral de pessoas vivas, através de recursos como a
ressonância magnética e outras tecnologias, vai além daqueles estudos do
cérebro que eram realizados com órgãos de pessoas falecidas.
Afirma, em consonância com o estudo, que a Neuroética assume um caráter
importante no debate e controle das ações no âmbito da Neurociência. A solução
de um problema tanto pode ser associada a áreas cerebrais responsáveis pelo
pensamento lógico quanto a áreas cerebrais ligadas às emoções e à ética. Em
consequência, a forma de encaminhamento da solução de um problema depende
essencialmente da ativação de uma dessas áreas.
Esclarece que o avanço dos estudos na área de NC desperta preocupações
dentro e fora da comunidade científica, devido à complexidade dos sujeitos
envolvidos e dos procedimentos adotados. Trata-se de uma área potencialmente
67
capaz de dar respostas às novas maneiras dos homens relacionarem-se com a
natureza física e com a sua própria natureza.
Além da manipulação cerebral, que avança fortemente na direção do
enhancement cognitivo, outro ponto preocupante levantado por esse entrevistado
refere-se à utilização de fármacos para potencializar as capacidades intelectuais e
o desempenho dos indivíduos.
Um ponto importante levantado pelo entrevistado diz respeito ao uso que se pode
fazer do conhecimento científico, que pode ser até perigoso. Nesse caso, ele
realça a necessidade de se aplicar a Neuroética. Realça, ainda, que o
conhecimento que se tem hoje do psiquismo humano, das características
neurobiológicas das pessoas deve servir à Administração de maneira ponderada,
evitando que tal conhecimento atue como uma forma de preconceito.
Infere-se, portanto, da exposição feita, que a gestão organizacional pode valer-se
de várias contribuições da Neurociência, mas deve fazê-lo com parcimônia,
evitando generalizações indevidas e deixando de admitir que a ciência sempre
fornece contribuições boas. Essas contribuições precisam ser avaliadas
eticamente antes de serem adotadas e implantadas nas organizações.
Entrevistado 6: Carlos Magno Machado Dias
É sociólogo, Doutorando do Programa de Pós- Graduação em Neurociência da
UFMG, tem Mestrado em Ciências Sociais - Gestão de Cidades, na área de
Políticas Públicas pela PUC Minas. Atualmente tem se dedicado aos estudos
sobre
formação
de
preferências
eleitorais
a
partir
da
Neurociência,
Neuromarketing e Neuroeconomia.12
Provavelmente em razão de sua formação, este entrevistado adota um discurso
crítico, que é oportuno registrar, e, de acordo com sua visão, as descobertas da
Neurociência vem servindo ao modelo de Administração trazido pelo Capitalismo.
12
CV: http://lattes.cnpq.br/9450411173054440
68
Eu sou um tanto cético com relação à humanização do espaço
profissional. O processo capitalista necessariamente desumaniza a
relação do trabalho. Os autores clássicos vão mostrar isso para a gente:
Os funcionalistas vão dizer que o capitalismo coisifica e na medida em
que coisifica, ele desumaniza. Marx fala sobre a exploração da mais
valia e a alienação. Weber fala das relações de dominação. Cada vez
mais, somos dominados por um conjunto de regras e o que sentimos e
queremos importa menos diante das regras. As três grandes abordagens
sociológicas trabalham na perspectiva dessa desumanização.
Uma opinião minha: o que acontece é que a ciência da gestão, ao longo
do século XX e agora no século XXI, tem buscado mecanismos de
driblar não a desumanização, mas a percepção dela. O objetivo do
capitalismo é extrair mais valia. Ele não mudou o objetivo. Na medida em
que o capitalismo vai extraindo isso da gente, ele tem que buscar
estratégias de não matar a galinha dos ovos de ouro. Aí é que vem
essas estruturas de valorização do indivíduo. E dentro dessas
estratégias, uma aplicação de instrumentos de NC nas organizações é
extremamente pertinente.
Hoje a gente já sabe que determinadas cores produzem determinados
efeitos emocionais, determinados odores produzem, determinadas
temperaturas produzem... Então, simplesmente ao controlar o ambiente,
você pode gerar condições de extrair melhor a mais valia do outro. O
objetivo do negócio não é esse? Isso aí é humanizar? Esse conceito é
um tanto carente dessa definição – alguns conceitos vão caindo no uso
rotineiro, cotidiano e vão perdendo o sentido, a palavra vai esvaziando,
vai perdendo o significado. A humanização será adotar uma cadeira
ergonômica, que não vai produzir uma doença no trabalhador; e aí isso é
bom para o trabalhador ou menos ruim para o patrão?
As técnicas e estratégias podem ser usadas e oferecer os estímulos
externos que potencializem o aumento da produtividade do trabalhador.
Sair daquela relação meramente contratual do trabalho, agregar um
condicionante emocional nessa relação e a partir desse condicionante
emocional ampliar as relações de dominação (como Weber expôs para
nós lá nas obras dele). Isso é a lógica do sistema. O que eles querem
não é a valorização do servidor. O que eles querem é extrair uma
quantidade maior da mais valia, querem que o empregado entregue mais
trabalho pelo mesmo tanto.
Não se fala em humanização do trabalho discutindo o limite da
produtividade (quanto é que você deve entregar pelo trabalho que você
recebe?). Discute-se como pode melhorar o quanto você entrega. Então,
como estou sendo humanizado? Estão sim, é descobrindo uma forma de
me secar mais.
A NC é riquíssima de conhecimento que se pode trabalhar. Por exemplo,
determinadas comunidades respondem melhor ao medo. Então
determinadas corporações vão funcionar muito bem com o medo.
Obviamente que tem seus prejuízos, mas isso é adotado.
Hoje sabemos que grande parte dos grandes gestores tem traços de
psicopatia bem definidos. Os melhores gestores são psicopatas
clássicos. Sabíamos disso instintivamente. Hoje, com o que já se sabe, é
possível adotar alguns mecanismos e a partir dessas características
aumentar a produtividade.
69
O gestor é valorizado hoje pelo foco que ele tem nos resultados. Quanto
mais foco no resultado há menos preocupação com pessoas
Tem gestores que tem prazer em demitir, destruir sonhos e fazem isso
sem peso na consciência. A NC tem ferramentas hoje para as empresas
escolherem os tipos de profissionais que elas querem na direção. Tem
softwares que capturam até as expressões faciais das pessoas, que
ajudam a selecionar melhor o profissional.
A opinião do entrevistado 6, de que o processo capitalista necessariamente
desumaniza a relação do trabalho, confirma a expectativa de Gaulejac (2006)
(item 2.1), sobre a necessidade de se ter uma mudança de paradigma na gestão
onde a proposta seria a mudança da visão do indivíduo como recurso (coisa) para
a visão do indivíduo como sujeito (dotados de dignidade e desejo).
Este entrevistado afasta-se da visão de Drucker (1981; 2002) e Hamel (2007;
2010) (item 1 e 2.1), teóricos que defendem a ideia de um modelo de gestão que
se concentre numa relação de harmonia entre a organização e o trabalhador. Na
sua exposição, marcadamente crítica, ele considera que é impossível esta
harmonização de interesses tão divergentes.
O discurso do entrevistado aborda a liderança e realça que grande parte daqueles
que exercem o mando o fazem alinhados com um comportamento patológico,
neurótico ou mesmo psicótico.
70
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Administração contemporânea é marcada por mudanças provocadas pela
revolução nas comunicações, na tecnologia, na modernização resultante da
globalização, as quais fazem com que as empresas tenham que romper
paradigmas e criar novas posturas para encarar a dinâmica organizacional. Essas
transformações determinam o desenvolvimento de novas atitudes empresariais
para transformar a empresa numa organização capaz de ter uma visão global e
sistêmica de seus processos, desenvolvendo capacidades importantes.
A área da Neurociência visa à compreensão do funcionamento do sistema
nervoso e de como ele se relaciona com o comportamento humano, podendo
oferecer subsídios ao conhecimento e melhoria do desempenho da organização.
Trata-se de uma área caracteristicamente interdisciplinar, na qual as contribuições
têm vindo não só das Ciências Biológicas e da Saúde, mas também das Ciências
Físicas e Humanas. Conhecer o conjunto mente–cérebro–corpo ajuda no
entendimento da estrutura do comportamento humano, e, por consequência, da
dinâmica organizacional.
Os pontos estudados neste trabalho corroboram a importância da observação, por
parte das organizações, da emergente importância atribuída às pessoas para
confrontar as adversidades no presente e no futuro. A modernização na forma de
gerir pessoas permitirá à organização avaliar a possível contribuição de todos os
seus colaboradores, bem como deve possibilitar a conciliação de expectativas
entre a organização e as pessoas de maneira mais dinâmica.
No momento em que foi produzido este trabalho, era notória a preocupação com
o desenvolvimento do ser humano, que na Era do Conhecimento passou a
constituir uma imposição, uma vez que o investimento no capital humano é
considerado atualmente o suporte fundamental de uma organização.
71
Este trabalho teve como objetivo analisar a contribuição (as descobertas, estudos,
pesquisas) da Neurociência para a gestão organizacional segundo a opinião de
especialistas relacionados a esta área de conhecimento.
A fundamentação científica do trabalho foi buscada tanto em livros e periódicos
que tratam do assunto quanto em sites disponíveis na internet. Utilizando-se as
palavras-chave Gestão organizacional, Comportamento organizacional. Gestão
de pessoas. Neurociência, foram buscadas dissertações, teses e artigos
científicos publicados em revistas especializadas como Harvard Business Review,
PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva-RJ, Psicologia em Estudo, RAE – Revista de
Administração de Empresas, RAC – Revista de Administração Contemporânea,
RAUSP – Revista de Administração da USP, RAM – Revista de Administração
Mackenzie, dentre outras.
Os sites consultados foram os seguintes: http://www.anpad.org.br (ANPAD);
http://capesdw.capes.gov.br/capesdw
(Banco
de
teses
da
CAPES);
http://scholar.google.com.br/ (Google Acadêmico); http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_home&lng=pt&nrm=iso (SCIELO); http://www.teses.usp.br, site da
Universidade de São Paulo-USP, dentre outros.
O primeiro objetivo específico - Caracterizar o novo paradigma de Administração,
que tem como fundamento a valorização do capital humano - foi alcançado, na
medida em que foi abordada a caracterização da gestão na atualidade, sob o
efeito
das
transformações
advindas
da
globalização
da
economia,
da
internacionalização do poder, da expansão da informação e do conhecimento.
O segundo objetivo específico - investigar o ponto de vista de especialistas
relacionados às áreas de Neurociência - também foi alcançado, através da
análise dos depoimentos de entrevistados. Tais falas foram submetidas à análise
e confrontadas com a produção científica levantada, tendo corroborado pontos
tratados no referencial teórico.
72
O terceiro objetivo específico - Propor, como produto técnico, a criação de uma
página no facebook, com a finalidade de disponibilizar um espaço para a
interação entre os saberes da Administração (especialmente na área de gestão
de pessoas) e da Neurociência fazendo divulgação de pesquisas, descobertas,
cursos, que possam vislumbrar inovação para a gestão organizacional – a página
foi construída pela pesquisadora (ver Apêndice 5).
As limitações da presente pesquisa são relacionadas ao fato de se tratar de uma
área muito nova, ainda pouco explorada, com escassas fontes bibliográficas
(livros, artigos, pesquisas) que abordem o tema. A possibilidade de aplicação dos
estudos da Neurociência à Administração requer uma reflexão e uma avaliação
sobre a gestão das organizações, e ainda há pouca representatividade de
especialistas relacionados a tais estudos. Daí pode-se incorrer em reduzido
número de contribuições em relação ao estudo proposto, uma vez que este
trabalho se restringiu a entrevistas com especialistas da área de Neurociência.
Restam, pois, outras especialidades que poderão constituir objeto de novas
pesquisas.
Como sugestão para novos trabalhos recomenda-se que sejam ouvidos outros
especialistas, vinculados a organismos de pesquisa em outras regiões do Brasil e
no exterior; que sejam convocados pesquisadores a participarem de fóruns de
discussão onde se apresente projetos em desenvolvimento; que pós-graduandos
em Administração sejam convidados a levantar questões, construir projetos de
pesquisa em grupos de estudo voltados à temática explorada neste trabalho.
73
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tempo: implicações para os fenótipos circadianos. Rev. Bras. Psiquiatria, São
Paulo, v.31, n.1, p. 63-71, mar. 2009.
77
PINTO, Graziela Costa. O livro do cérebro 3: memória, pensamento e
consciência. São Paulo: Duetto, 2009.
RIBEIRO, Sidarta. Tempo de cérebro. Estudos avançados, v. 27, n. 77, 2013.
ROCHA, Guilherme Massara. Tempo livre e ócio criativo colaboram para o
bem-estar e maior produtividade. Belo Horizonte: Jornal Estado de Minas,
2014.
Entrevista
concedida
a
Lilian
Monteiro.
Disponível
em
http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/04/06/noticia_saudepl
ena,148201/tempo-livre-e-ocio-criativo-colaboram-para-o-bem-estar-e-maiorprodutividade.shtml>. Acesso em 10 abr. 2014.
ROMANTINI, Juliana. Potencializar sua criatividade ...
23 maio 2013.
Disponível em <http://julianaromantini.com/2013/05/uncategorized/potencializesua-criatividade/>. Acesso em 10 out. 2014.
ROSE, Steven. O Cérebro do Século XXI – como entender, manipular e
desenvolver a mente. São Paulo: Globo, 2006. 376 p.
RUSSO, Jane A. e PONCIANO, Edna L. T.. O Sujeito da neurociência: da
naturalização do homem ao re-encantamento da natureza. PHYSIS: Rev.
Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 345-373, 2002.
SANTOS, Guilherme Cunha dos. Tempo livre e ócio criativo colaboram para o
bem-estar e maior produtividade. Belo Horizonte: Jornal Estado de Minas,
2014.
Entrevista
concedida
a
Lilian
Monteiro.
Disponível
em
<http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/04/06/noticia_saudep
lena,148201/tempo-livre-e-ocio-criativo-colaboram-para-o-bem-estar-e-maiorprodutividade.shtml>. Acesso em 10 abr. 2014.
SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo; ANTÔNIO, Vanderson Esperidião. Neurociência
da mente e do comportamento. 2008 Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/anp/v66n3b/a42v663b>. Acesso em 13 out. 2014.
SPENCER, J. C.. The usefulness of qualitative methods in rehabilitation:
issues of meaning, of context and of change. Archives of Physical Medicine
and Rehabilitation, v. 74, p. 119-126, 1993.
TOLDBOD, Ida. Pequenas células cinzentas grandes pensamentos – um
caderno temático sobre o cérebro. Tradução dos textos de Marianne Harpsoe
Correia e Alexandra Costa de Souza. Lisboa: Artes Gráficas Ltda, 2000.
VALENTINUZZI, Verónica. Cronobiologia - os ritmos da vida. Revista
Educação, 21 nov. 2011. Entrevista concedida a Marcos Gomes. Disponível em
<http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/0/cronobiologia-os-ritmos-da-vida241624-1.asp>. Acesso em 10 out. 2014.
VECCHIO, Carlos A.. Relajacion. Buenos Aires: 1963. 188 p.
78
VERGARA, Sylvia Constant; BRANCO, Paulo Durval. Em busca da visão de
totalidade. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 33, n. 6, p: 2031, nov./ dez. 1993.
WINOGRAD, Monah. O sujeito da neurociência.. Trab. Educ. Saúde, Rio de
Janeiro, v. 8 n. 3, p. 521-535, nov. 2010 - fev. 2011.
WINOGRAD, Monah; COIMBRA, Carlos A. Q.; LANDEIRA-FERNAND, J.. O que
se traz para a vida e o que a vida nos traz: uma análise da equação
etiológica proposta por Freud à luz da neurociência. Psicologia: Reflexão e
Crítica, v. 20, n. 2, p. 414-424, 2007.
ZALTMAN, Gerald. Afinal, o que os clientes querem? O que os consumidores
não contam e os concorrentes não sabem? 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2003. 363 p.
ZENTELEIT, Andrea. Relax vital. Rio de Janeiro: Forum, 1968. 77 p.
ZIMMER, Carl. A fantástica história do cérebro. Rio de Janeiro: Editora
Campus, 2004. 396 p.
79
APÊNDICE A
CARTA-CONVITE PARA ENTREVISTA
Belo Horizonte - MG,
mês de 2014.
Prezado(a) Senhor(a)
Prof (a)
Sou aluna do Mestrado em Administração do Centro Universitário UNA e
gostaria muito de contar com sua colaboração para a pesquisa que fundamentará
minha dissertação. A temática que venho estudando é referente à contribuição
das Neurociência para a gestão das organizações do trabalho. Uma entrevista
aberta aplicada a profissionais que atuam na área de Neurociência é parte
integrante da pesquisa que estou realizando e dirijo-me ao (à) senhor (a) para
solicitar-lhe que aceite ser entrevistado (a).
O tempo estimado para essa entrevista gira em torno de vinte a trinta minutos. A
identificação dos respondentes não é obrigatória e os dados considerados
confidenciais não serão divulgados.
Estarei no aguardo de sua manifestação para combinarmos o horário e local em
que V.Sa. poderá receber-me para realizarmos a entrevista.
Desde já, agradeço pela atenção e coloco-me à disposição para quaisquer
esclarecimentos que se fizerem necessários nos e-mails: [email protected]
ou [email protected], ou por telefone (31) 8781-8062.
SUA PARTICIPAÇÃO É MUITO IMPORTANTE.
Atenciosamente,
Alva Benfica da Silva
Mestranda em Administração Profissional – Centro Universitário UNA
Profa. Dra. Iris Barbosa Goulart
Orientadora da Pesquisa – Professora do Centro Universitário UNA
80
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO DO ENTREVISTADO
Eu, _______________________________________, RG ________________,
declaro ter sido informado(a) sobre a pesquisa a ser conduzida pela mestranda
Alva Benfica da Silva e sobre minha participação através de um depoimento
verbal que será gravado. Tenho conhecimento de que o conteúdo de meus
depoimentos será utilizado para fins de publicação científica.
Data
_________________________________
Participante
81
APÊNDICE C
ROTEIRO DA ENTREVISTA
Título da Dissertação:
A GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES E A NEUROCIÊNCIA:
ANÁLISE DE ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES.
Pesquisadora: Alva Benfica da Silva
Orientadora: Profa. Dra. Iris Barbosa Goulart
Coorientadora: Profa. Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos
Objetivo: Analisar a contribuição (as descobertas, estudos, e pesquisas) da
Neurociência para a gestão organizacional segundo a opinião de especialistas
nas áreas estudadas.
IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO:
- Nome: ________________________________________________________
- Área de atuação: _______________________________________________
_______________________________________________________________
- Contatos: _____________________________________________________
_______________________________________________________________
A participação do entrevistado
– A pesquisadora utilizará de uma entrevista aberta aplicada a especialistas nas
áreas estudadas, de modo que se possibilite ao sujeito elaborar narrativas
sobre seus estudos, experiências e convicções, com um olhar de
embasamento e causalidades nas quais estas estiveram implicadas.
Não haverá busca de representatividade com relação ao tema abordado como
um todo e tampouco será adotado um critério amostral. Trata-se de uma
amostra intencional, não probabilística, formada por sujeitos representativos
82
de cada categoria. O foco de análise está nos aspectos estruturais da
percepção do entrevistado em relação ao tema abordado.
- Foi solicitado consentimento do entrevistado para que a entrevista fosse gravada
para posterior interpretação e esclarecimentos do foco dominante da pesquisa.
A gravação que expuser contribuições por ele identificadas como úteis para a
gestão das organizações será transcrita e apresentada integralmente no texto
da dissertação, a fim de se preservar o apresentado pelo entrevistado.
Observação: Para a identificação do entrevistado na transcrição da entrevista
serão utilizados dados constantes no resumo de apresentação de seu
Currículo Lattes.
Estou ciente e de acordo.
Local ........................................................................
Data: ........ / ......../ 2014.
..............................................................................................................................
Assinatura do entrevistado:
A ENTREVISTA
Duração prevista: 15 a 30 minutos
Hora de início: ...................................... Hora de término: ...................................
Mestranda: ALVA BENFICA DA SILVA
- Telefone: (31) 8781-8062
- E-mail: [email protected] ou [email protected]
83
APÊNDICE D
PRODUÇÃO CIENTÍFICA DOS ENTREVISTADOS
DISPONÍVEL NO MOMENTO DA PESQUISA
• COSENZA, Ramon Moreira
- Artigos completos publicados em periódicos:
COSENZA, Ramon Moreira. Espíritos, Cérebros e Mentes. Revista Cérebro e
Mente, Brasil, v. 16, 2002.
DINIZ, Leandro F M; CRUZ, Maria de Fátima; TORRES, Virginia M; COSENZA,
Ramon Moreira. O teste de aprendizagem auditivo-verbal de Rey: normas
para uma população brasileira. Revista Brasileira de Neurologia, Brasil, v. 36, p.
79-83, 2000.
34
Citações:
COSENZA, Ramon Moreira. Evolução das Ideias sobre as funções cerebrais.
Revista Médica de Minas Gerais, v. 7, n.1, p. 45-51, 1997.
COSENZA, Ramon Moreira; MINGOTI, Sueli A.. Season of birth and
handedness revisited. Perceptual and Motor Skills. Perceptual and Motor
Skills , EUA, v. 81, p. 475-480, 1995.
Citações:
10|
11
SOUSA NETO, Julio Anselmo de; COSENZA, Ramon Moreira. Efeitos do vinho
no sistema cardiovascular. Revista Médica de Minas Gerais, Brasil, v. 4, n.3, p.
27-32, 1994.
COSENZA, Ramon Moreira; MINGOTI, Sueli A. Career choice and handedness:
A survey among university applicants. Neuropsychologia Oxford , Inglaterra,
v. 31, n. 5, p. 487-497, 1993.
Citações:
12|
12
SOUSA NETO, Julio A; COSENZA, Ramon Moreira. A gota de chumbo no
vinho. Revista Médica de Minas Gerais, Brasil, v. 3, n.2, p. 115-117, 1993.
COSENZA, Ramon Moreira; SOUSA NETO, Julio Anselmo de; MACHADO,
Angelo Barbosa Monteiro. The pineal recess of the opossum: A scanning and
transmission electron microscope study. Microscopia Eletronica Y Biologia
Celular, Argentina, v. 14, n.2, p. 101-114, 1990.
COSENZA, Ramon Moreira. An ultrastructural study of the geniculosuprachiasmatic projection in the rat. Microscopia Eletronica Y Biologia
Celular, Argentina, v. 11, n.2, p. 159-165, 1987.
84
COSENZA, Ramon Moreira; MOORE, Robert Yates. Afferent connections of the
ventral lateral geniculate nucleus in the rat: an HRP study. Brain Research ,
EUA, v. 310, p. 367-370, 1984.
Citações:
36|
23
COSENZA, Ramon Moreira; MACHADO, Conceição Ribeiro da Silva; MACHADO,
Angelo Barbosa Monteiro. Noradrenaline content of the hypothalamus and
brain-stem of rats inoculated with Trypanosoma cruzi. Revista do Instituto de
Medicina Tropical de São Paulo , Brasil, v. 26, n.5, p. 243-246, 1984.
Citações:
4
SOUZA, Fernando Pimentel de; COSENZA, Ramon Moreira; CAMPOS, Gilberto
Belizário; JOHNSON, John I. Somatic sensory cortical regions of the agouti
Dasyprocta aguti. Brain, Behavior and Evolution , Suiça, v. 17, p. 218-240,
1980.
- Livros publicados/organizados ou edições
COSENZA, Ramon Moreira; GUERRA, L. B.. Neurociência e Educação: Como
o cérebro aprende. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. v. 1. 151p.
FUENTES, D. (Org.); MALLOY-DINIZ, L. F. (Org.); CAMARGO, C. H. P. (Org.);
COSENZA, Ramon Moreira (Org.). Neuropsicologia, teoria e prática. Porto
Alegre: Artmed, 2008. v. 1. 430p.
LIMA, E. M. (Org.); CHAHUD, E. (Org.); CORREA, O. M. (Org.); BASTOS, M. A.
R. (Org.); DEMO, P. (Org.); SILVA, E. M. P. (Org.); COSENZA, Ramon Moreira
(Org.). Pesquisa Iniciação Científica: A experiência da Universidade FUMEC.
Belo Horizonte: Universidade FUMEC, 2007. v. 01. 141p.
COSENZA, Ramon Moreira. Fundamentos de Neuroanatomia. 3. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. v. 01. 147p.
COSENZA, Ramon Moreira. Fundamentos de Neuroanatomia. 2. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. v. 01. 143p.
COSENZA, Ramon Moreira (Org.). ICB 30 Anos: Memórias do Instituto de
Ciências Biológicas da UFMG. 1. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998. v. 1.
355p.
COSENZA, Ramon Moreira. Fundamentos de Neuroanatomia. 1. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1990. v. 01. 138p.
- Capítulos de livros publicados
COSENZA, Ramon Moreira. Memória e suas alterações no envelhecimento
normal e patológico. In: Almir Tavares (Org.). Compêndio de Neuropsiquiatria
Geriátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005, v. , p. -.
85
COSENZA, Ramon Moreira. Bases Estruturais do Sistema Nervoso. In: Viviam
Maria Andrade; Flavia Heloísa dos Santos; Orlando F. A. Bueno. (Org.).
Neuropsicologia Hoje. São Paulo: Artes Médicas, 2004, v. , p. 37-59.
GIANNETTI, Alexandre V; COSENZA, Ramon Moreira. Estruturas Cerebrais
Profundas. In: A Petroianu (Org.). Anatomia Cirúrgica. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1999, v. , p. 48-55.
CISALPINO, Eduardo O; COSENZA, Ramon Moreira. O Instituto de Ciências
Biológicas. In: Edson J Correa; Sebastião N S Gusmão (Org.). 85 Anos da
Faculdade de Medicina da UFMG. Belo Horizonte: Cooperativa Editora Médica
COOPMED, 1997, v. , p. 147-149.
COSENZA, Ramon Moreira; MACHADO, Angelo B M. Catecholaminecontaining nerve terminals in the brain stem of the opossum Didelphis
albiventris Lund, 184l. In: C E Rocha-Miranda; Roberto Lent. (Org.). Opossum
Neurobiology. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 1978, v. , p. 269288.
• SOUZA, Bruno Rezende de:
- Artigos completos publicados em periódicos
BARROS, Alexandre Guimarães De Almeida; Bridi, Jessika Cristina; SOUZA, B.
R.; DE CASTRO JÚNIOR, Célio; DE LIMA TORRES, Karen Cecília; MALARD,
Leandro; JORIO, Ado; DE MIRANDA, Débora Marques; ASHRAFI, Kaveh;
ROMANO-SILVA, M.A.. Dopamine Signaling Regulates Fat Content through βOxidation in Caenorhabditis elegans. Plos One , v. 9, p. e85874, 2014.
BRITO-MELO, Gustavo E.A.; NICOLATO, Rodrigo; DE OLIVEIRA, Antonio Carlos
P.; MENEZES, Gustavo B.; LÉLIS, Felipe J.N.; AVELAR, Renato S.; SÁ, Juliana;
BAUER, Moisés Evandro; SOUZA, Bruno R.; TEIXEIRA, Antonio L.; REIS, Helton
José. Increase in dopaminergic, but not serotoninergic, receptors in T-cells
as a marker for schizophrenia severity. Journal of Psychiatric Research , v.
46, p. 738-742, 2012.
Citações:
4|
6
MIRANDA, D. M.; MAMEDE, M.; SOUZA, B. R.; BARROS, A. G. A.; MAGNO,
LAV.; MAGNO, LA; ALVIM-SOARES JR, A.; ROSA, Daniela V.F.; CASTRO, C. J.;
MALLOY-DINIZ, L.; GOMEZ, M. V.; DE MARCO, L. A.; Correa, H.; ROMANOSILVA, Marco A.. Molecular medicine: a path towards a personalized
medicine. Revista Brasileira de Psiquiatria (São Paulo. 1999. Impresso) , v. 31,
p. 82-91, 2012.
Citações:
1
SOUZA, Bruno R.; TORRES, K. C. L.; MIRANDA, D. M.; MOTTA, B. S.;
CAETANO, F. S.; ROSA, D. V. F.; SOUZA, R. P.; GIOVANI JÚNIOR, A.;
86
CARNEIRO, D. S.; GUIMARÃES, M. M.; MARTINS-SILVA, C.; REIS, H. J.;
GOMEZ, M. V.; JEROMIN, A.; ROMANO-SILVA, M. A.. Downregulation of the
cAMP/PKA Pathway in PC12 Cells Overexpressing NCS-1. Cellular and
Molecular Neurobiology , v. 31, p. 135-143, 2011.
Citações:
1|
4
SOUZA, B. R.; ROMANO-SILVA, M. A.; TROPEPE, V.. Dopamine D2 Receptor
Activity Modulates Akt Signaling and Alters GABAergic Neuron
Development and Motor Behavior in Zebrafish Larvae. The Journal of
Neuroscience , v. 31, p. 5512-5525, 2011.
Citações:
17|
22
SOUZA, Bruno Rezende; TROPEPE, V.. The role of dopaminergic signalling
during larval zebrafish brain development: a tool for investigating the
developmental basis of neuropsychiatric disorders. Reviews in the
Neurosciences , v. 22, p. 107-119, 2011.
Citações:
7|
12
PEREIRA, P. A.; ROMANO-SILVA, M. A.; BICALHO, M. A. C.; DE MARCO, L. A.;
CORREA, H.; CAMPOS, S. B.; MORAES, E. N.; TORRES, K. C. L.; SOUZA,
Bruno Rezende; MIRANDA, D. M.. Association Between Tryptophan
Hydroxylase-2 Gene and Late-Onset Depression. The American Journal of
Geriatric Psychiatry (Print) , v. 19, p. 1, 2011.
Citações:
2|
2
TORRES, Karen C.L.; PEREIRA, P. A.; LIMA, G. S.; SOUZA, B. R.; MIRANDA, D.
M.; BAUER, M. E.; ROMANO-SILVA, M. A.. Imunossenescência. Revista
Brasileira de Geriatria e Gerontologia (UnATI. Impresso), v. 5, p. 163-169, 2011.
CORDEIRO, Q.; VALLADA, H.; SOUZA, Bruno Rezende; CORREA, H.;
ROMANO-SILVA, M. A.; GUINDALINI, C.; HUTZ, M. H.. Population stratification
in European South-American subjects and its importance to psychiatric
genetics research in Brazil. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia
(Impresso), v. 32, p. 92-94, 2010.
2|
3
Citações:
SOUZA, Bruno R; TORRES, K. C. L.; MIRANDA, D. M.; MOTTA, B. S.; SCOTTIMUZZI, E.; GUIMARÃES, M. M.; CARNEIRO, D. S.; ROSA, D. V. F.; SOUZA, R.
P.; REIS, H. J.; JEROMIN, A.; ROMANO-SILVA, M. A.. Lack of effects of typical
and atypical antipsychotics in DARPP-32 and NCS-1 levels in PC12 cells
overexpressing NCS-1. Journal of Negative Results In Biomedicine, v. 9, p. 4,
2010.
Citações:
3
ROSA, D. V. F.; SOUZA, R. P.; SOUZA, Bruno R.; LIMA, F. F.; VALVASSORI, S.
S.; GOMEZ, M. V.; QUEVEDO, J.; ROMANO-SILVA, M. A.. Inhibitory avoidance
task does not change NCS-1 level in rat brain. Brain Research Bulletin , v. 82,
p. 289-292, 2010.
87
CAMPOS, S. B.; MIRANDA, D. M.; SOUZA, Bruno Rezende; PEREIRA, P. A.;
NEVES, F. S.; BICALHO, M. A. C.; MELILLO, P. H. C.; TRAMONTINA, J.;
KAPCZINSKI, F.; ROMANO-SILVA, M. A.. Association of polymorphisms of
the tryptophan hydroxylase 2 gene with risk for bipolar disorder or suicidal
behavior. Journal of Psychiatric Research , v. 44, p. 271-274, 2010.
Citações:
8|
13
CAMPOS, S. B.; MIRANDA, D. M.; SOUZA, Bruno Rezende; PEREIRA, P. A.;
NEVES, F. S.; TRAMONTINA, J.; KAPCZINSKI, F.; ROMANO-SILVA, M. A.;
CORREA, H.. Association study of tryptophan hydroxylase 2 gene
polymorphisms in bipolar disorder patients with panic disorder comorbidity.
Psychiatric Genetics , v. n/a, p. n/a-n/a, 2010.
Citações:
7|
7
TORRES, K. C. L.; SOUZA, B.R.; MIRANDA, D. M.; NICOLATO, R.; NEVES, F.
S.; BARROS, A. G. A.; DUTRA, W. O.; GOLLOB, K. J.; CORREA, H.; ROMANOSILVA, M. A.. The leukocytes expressing DARPP-32 are reduced in patients
with
schizophrenia
and
bipolar
disorder.
Progress
in
NeuroPsychopharmacology & Biological Psychiatry , v. 33, p. 214-219, 2009.
18|
20
Citações:
TORRES, K. C. L.; SOUZA, B. R.; MIRANDA, D. M.; SAMPAIO, A. M.;
NICOLATO, R.; NEVES, F. S.; BARROS, A. G. A.; DUTRA, W. O.; GOLLOB, K.
J.; CORREA, H.. Expression of neuronal calcium sensor-1 (NCS-1) is
decreased in leukocytes of schizophrenia and bipolar disorder patients.
Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry , v. 33, p. 229234, 2009.
Citações:
11|
13
CORDEIRO, Q.; SOUZA, Bruno Rezende; CORREA, H.; GUINDALINI, C.; HUTZ,
M. H.; VALLADA, H.; ROMANO-SILVA, M. A.. A review of psychiatric genetics
research in the Brazilian population. Revista Brasileira de Psiquiatria (São
Paulo) , v. 31, p. 154-162, 2009.
Citações:
10|
7|
11
SOUZA, R. P.; SOARES, E. C.; ROSA, D. V. F.; SOUZA, B. R.; GOMES, K. M.;
VALVASSORI, S. S.; REUS, G. Z.; INACIO, C. G.; MARTINS, M. R.; GOMEZ, M.
V.. Cerebral DARPP-32 expression after methylphenidate administration in
young and adult rats. International Journal of Developmental Neuroscience , v.
27, p. 1-7, 2009.
Citações:
2|
2
SOUZA, Bruno R.; MOTTA, B. S.; ROSA, D. V. F.; TORRES, K. C. L.; CASTRO,
A. A.; COMIM, C. M.; SAMPAIO, A. M.; LIMA, F. F.; JEROMIN, A.; QUEVEDO, J.;
ROMANO-SILVA, M. A.. DARPP-32 and NCS-1 Expression is not Altered in
Brains of Rats Treated with Typical or Atypical Antipsychotics.
Neurochemical Research , v. 33, p. 533-538, 2008.
Citações:
13|
15
88
ROSA, D. V. F.; SOUZA, R. P.; SOUZA, B. R.; GUIMARÃES, M. M.; CARNEIRO,
D. S.; VALVASSORI, S. S.; GOMEZ, M. V.; QUEVEDO, J.; ROMANO-SILVA, M.
A.. DARPP-32 Expression in Rat Brain After an Inhibitory Avoidance Task.
Neurochemical Research , v. Epub, p. Epub, 2008.
Citações:
8|
8
SOUZA, R. P.; SOARES, E. C.; ROSA, D. V. F.; SOUZA, B. R.; REUS, G. Z.;
BARICHELLO, T.; GOMES, K. M.; GOMEZ, M. V.; QUEVEDO, J.; ROMANOSILVA, M. A.. Methylphenidate alters NCS-1 expression in rat brain.
Neurochemistry International , v. 53, p. 12-16, 2008.
Citações:
7|
7
ROSA, D. V. F.; SOUZA, R. P.; SOUZA, B. R.; MOTTA, B. S.; CAETANO, F. S.;
JORNADA, L. K.; FEIER, G.; GOMEZ, M. V.; QUEVEDO, J.; ROMANO-SILVA, M.
A.. DARPP-32 expression in rat brain after electroconvulsive stimulation.
Neurochemical Research , v. 32, p. 81-85, 2007.
Citações:
12|
12
PIMENTA, F. J.; HORTA, M. C. R.; VIDIGAL, P. V.; SOUZA, B. R.; DE MARCO, L.
A.; ROMANO-SILVA, M. A.; GOMEZ, R. S.. Decreased expression of DARPP32 in oral premalignant and malignant lesions. Anticancer Research , v. 27,
p. 2339-2343, 2007.
Citações:
2|
2
ROSA, D. V. F.; SOUZA, R. P.; SOUZA, B. R.; MOTTA, B. S.; CAETANO, F. S.;
JORNADA, L. K.; FEIER, G.; JEROMIN, A.; GOMEZ, M. V.; QUEVEDO, J.;
ROMANO-SILVA, M. A.. NCS-1 expression in rat brain after electroconvulsive
stimulation. Neurochemical Research , v. 32, p. 81-85, 2007.
7|
7
Citações:
REIS, H. J.; ROSA, D. V. F.; GUIMARÃES, M. M.; SOUZA, B. R.; BARROS, A. G.
A.; PIMENTA, F. J.; SOUZA, R. P.; TORRES, K. C. L.; ROMANO-SILVA, M. A.. Is
DARPP-32 a potential therapeutic target? Expert Opinion on Therapeutic
Targets , v. 11, p. 1649-1661, 2007.
Citações:
13|
14
SOUZA, B. R.; SOUZA, R. P.; ROSA, D. V. F.; GUIMARÃES, M. M.; CORREA, H.;
ROMANO-SILVA, M. A.. Dopaminergic intracellular signal integrating
proteins: relevance to schizophrenia. Dialogues in clinical neuroscience, v. 8, p.
95-100, 2006.
13
Citações:
SOUZA, R. P.; ROSA, D. V. F.; SOUZA, B. R.; ROMANO-SILVA, M. A.. DARPP32. AfCS-Nature Molecule Pages, v. 1, p. 1, 2006.
Citações:
1
89
- Capítulos de livros publicados
ROSA, D. V. F.; MAGNO, L. A.; SOUZA, B. R.; ROMANO-SILVA, M. A.. DARPP32. In: Sangdun Choi. (Org.). Encyclopedia of Signaling Molecules. 1. ed.: New
York, NY, 2013, v. 1, p. 509-.
- Textos em jornais de notícias/revistas
SOUZA, B.R.; MASSENSINI, A. R.. Além dos 5 sentidos. Revista Petrobras
Conhecer.
• SANTOS, Guilherme da Cunha Messias dos:
- Artigos completos publicados em periódicos
REZENDE, R. S. P.; CALDEIRA, I. R.; GONTIJO, R. P.; BRITO, M. M. O.;
SANTOS, G. C. M.. Hiperidrose compensatória, uma revisão: fisiopatologia,
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TAN, S.; KOH, G. C. H; DING, YW.; MALHOTRA, R.; HA, T.C.; PIETROBON, R.;
Kusumaratna, R.; Tie, R. N.; SANTOS, G. C. M.; Martins, H; SEIM, A.;
ALTERMATT, F.; BIDERMAN, A.; PUOANE, T.; CARVALHO, E.; Ostbye, T..
Inclination towards a research career among first year medical students: an
international study. South East Asian Journal of Medical Education, v. 5, p. 4959, 2011.
COOK, Chad; SANTOS, G. C. M.; LIMA, Raquel; PIETROBON, Ricardo;
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13|
16
Citações:
SANTOS, G. C. M.. A percepção da clientela sobre as condições da sala
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Médica de Minas Gerais, v. 14, p. 232-238, 2004.
- Capítulos de livros publicados
Cofiel, L; BRENTANI, H.; CINTRA, W.; BARROS, J.; ZAVERI, A.; CARVALHO, E.;
SHAH, J.; FEREIRA, A. P. B.; SANTOS, G. C. M.; URIONA-MALDONADO, M.;
RAJGOR, D.; MIGUEL FILHO, E. C.; PIETROBON, Ricardo. Internet e
Tecnologia da Informação como Ferramentas da Pesquisa em Psiquiatria. In:
Miguel, E.C; Gentil Filho, V; Gattaz, W.F. (Org.). Clínica Psiquiátrica. Barueri:
Manole, 2010, v. , p. -.
90
SANTOS, G. C. M.. Dos Neurônios à Cognição: Avanços Sobre a
Neurociência da Linguagem. In: Andréa de Melo Cesar; Simone Maksud (Org.).
Fundamentos e Práticas em Fonoaudiologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2008, v., p.
- Textos em jornais de notícias/revistas
SANTOS, G. C. M.. Divulgação Científica - NEUROLAB. Mente & Cérerbro
(Scientific American) Ed. 169, 01 fev. 2007.
SANTOS, G. C. M.. UFMG lança NEUROLAB. NEURONEWS da Sociedade
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SANTOS, G. C. M.. O que se passa nessa cabeça? SIte divulga informações
sobre o cérebro para leigos e iniciados. BOLETIM UFMG, UFMG, p. 6 - 6, 11 set.
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SANTOS, G. C. M.. Rejeição amorosa causa dores físicas no ser humano Blog Revista Veja. Blog Diz o Estudo da Revista Veja.
SANTOS, G. C. M.; MONTEIRO, L.. Estamos na Platéia: Neurociência do
Livre-Arbítrio. Estado de Minas, Caderno Bem Viver.
• CARDOSO, Renato César
- Livros publicados/organizados ou edições
CARDOSO, Renato César. (Org.); MATOS, A. S. M. C. (Org.). Contra-história da
filosofia e do estado. 1. ed. 2012.
CARDOSO, Renato César. O Trabalho e o Direito: reflexões acerca da
evolucão histórico-filosófica do trabalho. 2. ed. Belo Horizonte: Líder, 2010.
156p.
CARDOSO, Renato César. A Ideia de Justiça em Schopenhauer. 1. ed. Belo
Horizonte: Argvmentvm, 2008. v. 1. 160p.
CARDOSO, Renato César. O Trabalho e o Direito; reflexões acerca da
evolução histórico-filosófica do trabalho enquanto objeto das relações
jurídicas e da sua crise no Direito do Trabalho na contemporaneidade. 1. ed.
Belo Horizonte: Líder, 2008. v. 1. 156p.
- Capítulos de livros publicados
CARDOSO, Renato César; GOMES, Alexandre Travessoni. A Escola da
Jurisprudência dos Interesses. In: Alexandre Travessoni Gomes. (Org.).
Dicionário de teoria e Filosofia do Direito. São Paulo: LTR, 2010, v. , p. -.
91
• DIAS, Carlos Magno Machado
- Artigos completos publicados em periódicos
FRANCO, G.; Rabelo E. M.; AZEVEDO, V.; PENA, H.; ORTEGA, J.; SANTOS,
T.M.; MEIRA, W. S.; RODRIGUES, N.; DIAS, Carlos Magno Machado; HARROP,
R.; WILSON, A.; SABER, M.; ABDEL-HAMID, H.; MS, M. F.; MARGUTTI, M. E.;
PARRA, J. C.; PENA, S.. Evaluation of cDNA libraries from Different
Developmental Stages of Schistosoma mansoni for Production of Expressed
Sequence Tags (ESTs). DNA Research , v. 4, p. 231-240, 1997.
Citações:
50
- Livros publicados/organizados ou edições
DIAS, Carlos Magno Machado. Sociologia. Belo Horizonte: Pitágoras, 2010. v. 1.
aprox 100p .
FERNANDES, S. G.; DIAS, Carlos Magno Machado. Convergência.
Comunicação e sociedade: Primeiros artigos de jovens publicitários. 1. ed.
Rio de Janeiro: Livre Expressão, 2008. v. 500. 285p.
-Textos em jornais de notícias/revistas
DIAS, Carlos Magno Machado. No Devido Lugar. Jornal Estado de Minas, Belo
Horizonte, 12 ago. 1998.
DIAS, Carlos Magno Machado. O Movimento Universitário. Jornal O tempo,
Belo Horizonte, 14 abr. 1998.
92
APÊNDICE E
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• Descrição da página:
- A página foi desenvolvida como produto dessa dissertação de mestrado. Uma
ferramenta destinada à integração entre os saberes da Administração e da
Neurociência – a Administração inovando a gestão organizacional com o
auxílio da Neurociência. Pretende ser um espaço de informações, troca de
ideias, interação (e integração) com pesquisas e pesquisadores, conexões com
outros espaços que possam agregar conhecimento. Seu objetivo será,
portanto, explorar estudos da Neurociência que apresentem aplicações à
Administração - utilizar a Neurociência para inovar a Gestão organizacional.
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