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1 DE FEVEREIRO DE 2016 • Nº 1695 • ANO XXXVII • R$ 9,20 EXEMPLAR DE ASSINANTE ISSN 0101-3327 Capital estrangeiro acelera consolidação da mídia out-of-home Audiência reforça interesse por Super Bowl no Brasil JIM DEDMON/ICON SPORTSWIRE/CORBIS/LATINSTOCK Com quase 20 milhões de fãs no Brasil, o futebol americano encerra a temporada no domingo de Carnaval, 7, dia do 50o Super Bowl. O aumento da audiência por aqui tem incentivado a adesão de marcas aos projetos de mídia de canais como ESPN Brasil, que transmite a modalidade na TV paga, e Esporte Interativo, em UHF e satélite. Applebee’s, Budweiser, Conti Bier, Gillette, Ifood, Mitsubishi, Nextel e Visa são alguns dos patrocinadores desta temporada no Brasil. Pág. 21 DIVULGAÇÃO/ANDRE STEFANO Altamente pulverizado no Brasil, o setor de mídia out-of-home vive um processo de consolidação, em parte devido ao aumento do interesse do capital estrangeiro pelo segmento. Depois de comprar a Eletromidia em 2013, o fundo americano HIG Capital fez mais duas aquisições em dezembro. Em expansão, a Elemidia passou para as mãos do sulamericano Victoria Partners, que pode arrematar também a Modern Airport Media, do Grupo Bandeirantes. Outros negócios importantes na mídia exterior em 2015 foram a compra da Outfront Media pela JCDecaux e da Plamarc pelo Grupo Kallas. Executivos do setor acreditam que tal processo vai consolidar essa mídia em cinco grandes players no Brasil. Págs. 22 e 23 TELEVISÃO Atleta do Caroline Panthers, que disputa com o Denver Broncos a final da NFL neste ano ENTREVISTA COMUNICAÇÃO CEO da Tag Heuer pretende impulsionar negócios no País Justus vende 100% Inscrições para o Wave Festival 2016 do Newcomm, mas vão até 25 de março fica até 2020 no WPP Pág. 12 EM PAUTA Pág. 30 MARKETING Experiências e regionalidade Em visita ao Brasil para lançar uma edição especial de relógios Tag Heuer em homenagem a Ayrton Senna, o suíço Jean-Claude Biver, CEO global da marca, comentou as MM 1695 Capa.indd 1 estratégias da divisão comandada por ele no grupo LVMH, que reúne uma constelação de produtos de luxo. E disse que suas visitas ao País serão mais frequentes. Págs. 6 e 7 DIVULGAÇÃO “Quando conectamos a marca ao futuro, não podemos deixar o passado”, defende Biver cados em experiências e conteúdo, em especial no digital, e da atuação regionalizada de marcas mainstream como Amstel, lançada no Rio e em São Paulo no ano passado. Pág. 19 ARTHUR NOBRE A Heineken assumiu em 2015 o terceiro lugar do mercado cervejeiro ao ultrapassar a Brasil Kirin (9,4% contra 8,3%). O resultado é reflexo dos investimentos em marketing fo- 29/01/2016 18:27:59 22 mídia DIVULGAÇÃO/CLAUDIO PEPPER nava”, diz Paulo Badra Filho, diretor-geral da Eletromidia. São Paulo concentra 40% do mercado de OOH OUT-OF-HOME Oportunidades lá de fora Fundos estrangeiros ampliam participação em empresas de out-of-home e aceleram o processo de consolidação do setor Por LUIZ GUSTAVO PACETE [email protected] que uma escola de idiomas como a Cel Lep e a empresa de mídia exterior Eletromidia têm em comum para pertencerem a um mesmo dono, o fundo de investimento americano HIG Capital? Aparentemente, nada. Porém, ambas apresentam três elementos que chamaram a atenção dos investidores estrangeiros: escala, potencial de crescimento e baixo custo de aquisição. Tais premissas estão levando gestores como o HIG a aumentar o interesse pelo setor de out-of-home no Brasil. Em dezembro, o fundo ampliou seu portfólio na área com a aquisição da DMS Publicidade e da On The Spot. JCDecaux, Clear Channel e Grupo Kallas também cresceram no ano passado, organicamente, ou via aquisições. Assim como o HIG, o fundo Victoria Partners, que em setembro de 2014 pagou ao Grupo Abril R$ 100 milhões pela Ele- midia, protagoniza uma negociação que pode se concretizar em breve. De acordo com fontes do mercado, o Victoria estaria negociando a compra da Modern Airport Media, empresa de mídia aeroportuária do Grupo Bandeirantes e, com isso, entrar em uma área em que a Elemidia ainda não opera. A Modern venceu, em 2013, a licitação para cuidar da publicidade do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, com 39,5 milhões de passageiros ao ano, além de ser responsável pela operação de mídia do Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Consultada por Meio & Mensagem, a Elemidia disse que não possui nenhuma informação oficial sobre o tema. Além da possível entrada no setor de aeroportos, a Elemidia vive um processo de expansão. No ano passado, assumiu as operações antes franqueadas em Brasília, Contexto urbano: painel da cerveja Desperados permitiu o compartilhamento de skates Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre, adicionando 20 milhões de pessoas ao seu alcance. “Também iniciamos nossa atuação em canais residenciais. Fizemos testes em 50 condomínios e, para 2016, temos a previsão de chegar a mais de 500 edifícios”, diz o CEO Eduardo Alvarenga. Ele lembra que a chegada do executivo Claudio Ferreira, em junho, para assumir a diretoria nacional de comercialização, reforça o projeto de crescimento da empresa. Já a Eletromidia prevê para 2016 a consolidação de suas duas aquisições. Com a DMS Publicidade, a empresa passa a atuar no Metrô Rio, e com a On The Spot, entra nos trens da Linha 4 do Metrô de São Paulo. “Ficarão poucas empresas no mercado e esse movimento está caminhando mais rápido do que todo mundo imagi- DIVULGAÇÃO/RAONI M S FOTOGRAFICOS O Sala VIP Para a francesa JCDecaux, o ano de 2015 também foi agitado. O grupo entrou na área de mídia aeroportuária após ter vencido as concessões dos aeroportos internacionais Galeão, no Rio de Janeiro, Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, Juscelino Kubitschek, em Brasília, e Governador Aluísio Alves, em Natal, que somam movimentação de 48 milhões de passageiros por ano. “Nosso objetivo é, por meio dessas operações, trazer ao Brasil a expertise que temos em aeroportos que são referência no mundo e intensificar as negociações com marcas anunciantes que já atuam com a JCDecaux fora do Brasil”, explica Ana Célia Biondi, diretora- geral da JCDecaux Brasil. O grupo francês esteve na disputa pela Modern, mas se recusou a cobrir a oferta do fundo Victoria. Em 2015, a JCDecaux comprou as operações da Outfront Media, antiga CBS, na América do Sul, ampliando sua participação em outdoor também no Brasil. O grupo também concluiu a compra da espanhola Cemusa, o que amplia sua participação em cidades brasileiras. A Clear Channel optou pelo crescimento via parcerias. Em março, uma aliança estratégica de vendas com a Pad, principal empresa de mídia exterior de Belo Horizonte, levou a companhia americana ao mercado mineiro. A Clear também ampliou sua atuação em São Paulo com investimentos em painéis rodoviários. A gerente-geral Mônica Lamas descarta qualquer aquisição em curto prazo, mas reconhece que existem oportunidades. “Vemos muitos players regionais, seja em Minas Gerais ou no Rio Grande do Sul, que oferecem opções de expansão”, comenta. O assédio por parte de interessados em novas aquisições se mantém. Pedro Barbastefano, diretor-geral da 29 Horas Mídia Aeroportuária, conta que foi procurado recentemente por três eventuais compradores. “Estamos felizes com nossa forma de atuar e não vejo nenhum caminho, pelo menos no curto prazo, de fusão ou aquisição”, diz. O Grupo Kallas vê esse processo de consolidação positivo para o setor, já que aumenta a profissionalização. “Com quatro ou cinco grandes empresas fica mais fácil competir de maneira igualitária”, diz o vice-presidente Rodrigo Kallas. O executivo explica que sua operação está aberta a eventuais oportunidades. “Teremos um posicionamento agressivo nes- Interatividade: Fãs do UFC puderam “nocautear” o adversário na Avenida Paulista 1 FEV 2016 MM 1695 22 e 23 midia.indd 22 29/01/2016 17:41:08 ARTHUR NOBRE FOTOS: DIVULGAÇÃO 23 Eduardo Alvarenga, da Elemidia: “Chegaremos a mais de 500 edíficios residenciais em 2016” Conteúdo Onipresente O mercado de mídia out-of-home representa 4,7% de todo o investimento publicitário brasileiro, segundo a ABMOOH. Em mercados como a França, por exemplo, essa participação chega a 12%. Meio & Mensagem listou ,em ordem alfabética, as maiores empresas atuando no Brasil. O número de faces não representa potencial de receita ou estrutura da companhia. Nome Formatos Praças Número de faces Central de Outdoor Outdoor 26 estados Clear Channel Relógios, abrigos de ônibus, bancas de jornal, quiosques e sanitários Curitiba, Rio de Janeiro e 21 cidades do interior 5,8 mil de São Paulo Elemidia Telas em prédios comerciais, shoppings, hotéis, universidades, academias e supermercados Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo 13 mil Eletromídia + DMS + On The Spot Mídia ferroviária, metroviária e shoppings Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador 3,1 mil JCDecaux Relógios, abrigos de ônibus, bancas de jornal, quiosques e sanitários Brasília, Fortaleza, Manaus, Natal, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador 14,3 mil Kallas Mobiliário urbano, painéis front lights urbanos e rodoviários e aeroportos Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe 45,1 mil Otima Mobiliário urbano em São Paulo (Capital) abrigos de ônibus Rio de Janeiro Outernet Belo Horizonte, Mídia rodoviária, Brasília, Curitiba, Porto 31,5 mil metroviária e Alegre, Rio de Janeiro e terminais rodoviários São Paulo 40 mil 4 mil Falando a mesma língua Desde janeiro do ano passado, Clear Channel, JCDecaux e Otima trabalham no desenvolvimento do primeiro método padronizado de métricas de audiência para out-ofhome digital. De acordo com Mônica Lamas, da ABMOOH, a metodologia e a estrutura do estudo já foram fechados e consolidados no início de janeiro. “Trabalhamos com o prazo do final de ano para ter os primeiros dados dessa métrica, isso vai dar um novo patamar ao mercado brasileiro já que os resultados estarão disponíveis para os comitês de métricas de audiência out-of-home em todo o mundo”, diz Mônica. Violeta Noya, presidente da Otima, explica que a metodologia possui respaldo da Outdoor Advertising Association of America e permite calcular cobertura, frequência e GRPs para campanhas de mídia exterior. Mônica Lamas, da Clear Channel: “Com escala e pulverização é natural a consolidação” te ano e vamos apostar nas licitações que devem surgir”, explica. No final de 2015, o Kallas comprou a instaladora de placas de rua Plamarc. Escala e pulverização O processo de consolidação protagonizado pelo setor não é algo apenas do Brasil. Em outros grandes mercados de OOH como Estados Unidos e Europa, ele foi inevitável. “Quando você tem economia de escala e pulverização, naturalmente existe um processo de consolidação que no nosso caso está em curso. A tendência é que ficarão apenas três ou quatro grandes players”, explica Mônica Lamas, que além de dirigir a Clear Channel, preside a Associação Brasileira de Mídia Out-of- Home (ABMOOH). O real desvalorizado pode acelerar ainda mais esse processo. Além das oportunidades de aquisições, o setor de OOH continua atraindo interesse dos investidores por seu potencial de crescimento. A fatia do mercado de OOH no bolo publicitário brasileiro é de 4,7%, enquanto em mercados como o da França, chega a 12%. De acordo com o Projeto Inter-Meios, que mensurou a receita de mídia exterior até 2015, o meio faturou R$ 2,2 bilhões em 2014, alta de 21% em relação a 2013. Com o fim do Inter-Meios, não há uma consolidação precisa dos números do ano passado. Porém, uma estimativa da A BMOOH com base em dados de suas 26 associadas, aponta faturamento de R$ 1,3 bilhão e um crescimento de 12% no ano passado. Esses percentuais foram impulsionados, sobretudo, pela implementação do mobiliário urbano na cidade de São Paulo, iniciado em 2012, que, segundo a A BMOOH, responde por 40% dos anúncios direcionados ao OOH no País. A modernização da cidade do Rio de Janeiro, em função da Olímpiada, tem sido outro fator de impulso para o mercado. A Otima ganhou, no início de janeiro, a concessão para explorar uma área de 5 milhões de metros quadrados que inclui relógios e abrigos de ônibus no Porto Maravilha. “Sabemos que 2016 não será um ano de crescimento econômico. Mas iniciamos o ano colocando em prática o nosso plano de expansão com a entrada no mercado carioca”, diz Violeta Noya, presidente da Otima. Nesta terça-feira, 2, a concessionária do VLT Carioca, contratada pela prefeitura do Rio para implantar e operar o Veículo Leve sobre Trilhos no centro e região portuária do Rio, reunirá, em São Paulo, patrocinadores dos Jogos Olímpicos de 2016 para apresentar as oportunidades de veiculação. A estimativa do mercado é que os negócios em mídia exterior durante o evento possam gerar até R$ 400 milhões. Digital e interativo O potencial do setor de OOH não passa somente pelos investimentos em estrutura: tecnologia também tem sido um diferencial. A Otima e seus cases vêm mostrando o equilíbrio entre interatividade e criatividade. “Por unir impacto, visibilidade e resultado, a mídia out-of-home permite um diálogo mais próximo entre marcas e consumidores, com roteiros inteligentes que cobrem toda a cidade, painéis digitais e projetos especiais”, diz Violeta. Em 2015, a Otima realizou 35 projetos interativos para marcas como Unilever, McDonald’s, UFC, PepsiCo, HP, Havaianas e Heineken. Em uma ação para a cerveja Desperados, da Heineken, a Otima transformou dez painéis da cidade de São Paulo em pontos de compartilhamento gratuito de skates. Para o UFC, a empresa instalou um sparring para que as pessoas mandassem por meio de socos incentivos aos lutador Vitor Belfort e Ben Henderson. “Esses projetos contribuem para a taxa de recompra pelos anunciantes, cerca de 57%, bem acima da média do mercado publicitário. Isso mostra que anunciantes e agências passaram a compreender o diferencial da mídia exterior”, diz Violeta. Otto Frossard, diretor de estratégia da Posterscope, agência especializada em mídia exterior da Dentsu Aegis Network, explica que aliar o digital ao OOH tem sido um fator de impulso. “Saber o correto uso das tecnologias nesse meio vai impulsionar ainda mais esse mercado. Paralelo a isso, o desenvolvimento de métricas e dados vão conseguir gerar melhores defesas”, diz. A Posterscope pretende lançar, nos próximos meses, uma ferramenta para entender diferentes perfis de consumidores que passam a maior parte do dia na rua. Segundo Frossard, no quesito criatividade a consolidação do setor deve ser vista com cautela. “Esse movimento do setor traz melhor profissionalização, mas no campo criativo precisamos manter características tupiniquins”, diz. No Cannes Lions 2015, a categoria Outdoor foi a que mais rendeu Leões ao Brasil, com 22 prêmios. 1 FEV 2016 MM 1695 22 e 23 midia.indd 23 29/01/2016 17:41:17