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(HFS)
Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ)
Departamento de Química da Universidade Federal de Ouro Preto (DEQUI/UFOP)
Estudos sobre a noção de espaço nas representações estruturais entre
1870 e 1950
1
2
Keila Figueira Araujo *(FM), Erick Souza Alves Machado (PG), Waldmir Araujo Neto (PQ)
*[email protected]
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense – Campus Cabo Frio, Estrada Cabo Frio – Búzios,
s/n, Baía Formosa. CEP:28909-091
2
Laboratório de Estudos em Semiótica e Educação Química – Leseq, Instituto de Química – Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Av. Athos da Silveira Ramos, 149, bloco A, sala 624-B, Cidade Universitária, RJ, CEP: 21941-909.
Palavras-Chave: Van`t Hoff, Espaço, Semiótica
Introdução
Efeitos estéricos são considerados importantes na
química estrutural. O início da apreensão do espaço
como um componente do “corpus” químico tem sua
referência histórica com o trabalho de Jacobus van’t
Hoff a partir do final do século XIX. Duas
características importantes podem ser atribuídas ao
contexto dos estudos do espaço na química desse
período: (i) elas não provinham do confronto direto
com dados empíricos; (ii) não foram prontamente
acolhidos pela comunidade. Não seria um exagero
afirmar que foi a inclusão do espaço como um
componente da estrutura, que garantiu legitimidade
à química orgânica como um campo de estudo.
Neste trabalho apresentamos um conjunto de
resultados sobre a noção de espaço como um
elemento constituinte da estrutura a partir dos
trabalhos de Jacobus van´t Hoff até 1950. Sob o
viés metodológico, selecionamos 1950, devido a um
1
conjunto de referências que delimitam esse ano
como a data de nascimento da estereoquímica.
Estamos interessados em verificar as imagens,
desenhos, gráficos e representações de moléculas,
a partir de artigos, livros e relatos de pesquisas,
situados no campo da química orgânica, anteriores
a 1950, e entender o modo de apreensão do espaço
nessas produções, tendo como referência o quadro
teórico da semiótica peirceana.
Resultados e Discussão
Em 1874, van't Hoff (influenciado, no início de seu
trabalho, por Kekulé, para quem as moléculas
teriam três dimensões) rejeitou a ideia de que as
quatro afinidades de um átomo de carbono estariam
em direções perpendiculares e coplanares. Van't
Hoff representou o átomo de carbono como
tetraédrico, reorganizando as afinidades em um
espaço tridimensional. Com base nessa forma de
representação foram discutidos a rotação óptica, o
número de isômeros possíveis com dois átomos de
carbono assimétricos (Figura 1), a representação
das ligações duplas - importante na explicação da
isomeria dos ácidos fumárico e maleico -, e a
linearidade da ligação tripla, entre outras questões.
Contudo, suas teorias não receberam todo o valor
devido, mesmo após terem sido confirmadas
experimentalmente no século seguinte. Na década
de 1920 questionamentos da química orgânica
estrutural foram elucidados através de estudos
cristalográficos (Figura 2), e a ideia de carbono
tetraédrico foi confirmada. À luz da semiótica, tais
estudos conferiram à proposta do carbono
tetraédrico maior caráter indicial, valor associado à
confirmação visual, física, direta, da mesma.
Contrapõe-se ao caráter simbólico, meramente
convencional, da representação estrutural até então
– embora tal entendimento seja questionável diante
das evidências exploradas por van’t Hoff.
Figura 1: representação em tetraedros
de uma ligação simples entre dois
átomos de carbono, com os seis
grupos que completam as afinidades.
Figura 2: Arranjo dos átomos
de carbono e bromo na
3
molécula
C6H6Br6.
As
posições dos átomos de
bromo
mostraram-se
compatíveis com um arranjo tetraédrico.
Conclusões
Sob o ponto de vista semiótico, a noção de espaço
participa das representações estruturais do período
como um elemento constituinte e organizador da
estrutura química. Percebe-se que existe uma
movimentação na direção de incremento do caráter
indicial (valor de índice), como consequência dos
trabalhos com suporte em difração de raios-X,
proporcional
à
validade
da
proposta
de
representação frente à comunidade científica.
Agradecimentos
IFF - Campus Cabo Frio – Leseq – IQ – UFRJ
____________________
1
RAMSAY, O. B. The early history and development of
conformational analysis. In: Traynham, J. G. Essays on the
history of organic chemistry (54-77). Louisiana: LSU Press
2
van’t HOFF, J. H. Die Lagerung der Atome im Raume.
Braunschweig, 1877.
3
DICKINSON, R. G. BILICKE, C. The crystal structures of beta
benzene hexabromide and hexaclroride. Journal of the
American Chemical Society, v. 50, p.764-770, 1928.
XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ)
Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.