a reescrita como correção: quando suprimir significa anular

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a reescrita como correção: quando suprimir significa anular
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3
SLG 14 – Práticas escritas na escola: letramento e representação.
A REESCRITA COMO CORREÇÃO: QUANDO SUPRIMIR SIGNIFICA ANULAR
Orasir Guilherme Teche Cális1
De uma perspectiva ampla, o presente trabalho se insere nas linhas de pesquisa sobre a
escrita e seu ensino. Sabemos todos o que isto significa em termos de dificuldade no exercício
do magistério, uma vez que, de todas as atividades que integram o dia a dia do professor de
português, talvez caiba ao ensino da expressão escrita o justo título de a mais árdua.
Porém, afunilando nosso foco, é necessário adiantar que esta exposição irá abordar
uma atividade que, embora inegavelmente importante e, a meu ver, indissociável do ensino da
escrita, ainda tem permanecido à margem das atividades relacionadas a esta prática: a
reescrita e, mais especificamente, a reescrita realizada em contextos escolares.
Tal atividade é defendida por muitos estudiosos, para os quais ela possibilitaria, além
de efetivas melhorias do ponto de vista textual, a consideração da produção escrita como
sendo um processo – e não mero produto – uma atividade que requer trabalho, esforço e
dedicação, o que contribui significativamente para afastar o mito segundo o qual apenas
alguns poucos eleitos seriam capazes de produzir um bom texto, já que tocados por um “dom
quase divino”.
No entanto, sem negar a realidade de tais afirmações, pergunto-me se o contrário disso
também seria possível, isto é, poder-se-ia atingir, após processos de reescrita textual, níveis de
escrita inferiores no tocante a suas versões precedentes? Se a resposta for “sim”, que
condições teriam permitido um tal acontecimento? Em outras palavras, quais aspectos, não
somente textuais, mas sobretudo discursivos, seriam desconsiderados após a reescrita de um
texto?
Os textos que serviram de ponto de partida para as análises que seguem advêm de
parte de um conjunto constituído de respostas fornecidas, por formandos em letras, no ano de
2001, a uma questão discursiva proposta pelo extinto Exame nacional de Cursos (ENC),
bastante conhecido à época como “Provão”. Este exame foi aplicado aos formandos de
1
Mestre em Letras pela Universidade de São Paulo (USP-Brasil), professor universitário e integrante do
grupo de pesquisa “Práticas de leitura e escrita em português língua materna”(FFLCH-USP). Endereço
eletrônico: [email protected]
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Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana
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SLG 14 – Práticas escritas na escola: letramento e representação.
Institutos de Ensino Superior no período de 1996 a 2003 e tinha como principal objetivo avaliar
os cursos de graduação no Brasil.
Eis a questão proposta aos formandos naquela ocasião:
QUESTÃO 1
O texto abaixo foi produzido por uma menina de 10 anos.
O outro lado da ilha
Essa história começa com uma família que vai a uma ilha passar suas férias.
Quando eles chegam eles vão logo explorando a ilha e explodem uma barreira que os impediam de
passar para o outro lado da ilha.
Quando eles foram dormir eles perceberam que os bezerros começaram a correr
e que quando eles foram ver o que estava assustando os bezerros. Quando eles de repente, com
uma patada só um caranguejo gigante os atacou. Débora que era sua esposa começou a chorar
dizendo que queria ir embora.
Quando amanheceu eles foram ver como estava o barco, para ir embora e
perceberam que o barco não estava lá. Os homens saíram para explorar a ilha, e no maio do
caminho
encontraram um caranguejo que estava no penhasco. Eles não quiseram saber e atiraram no
caranguejo que caiu ribanceira abaixo. Mas o marido de Débora, desmaiou e seu irmão não tinha
como ajudá-lo, por isso foi chamar ajuda. [...] ( In: MARCUSCHI, L.A. Anáfora indireta : o barco
textual
e suas âncoras, inédito, fragmento adaptado)
Uma das características desse texto é a forma como a menina
faz as ligações coesivas. Elabore um texto no qual você proponha alterações para
o
segundo parágrafo, apresentando três soluções para o problema dos elos
coesivos.
Justifique as alterações sugeridas com o apoio de noções lingüísticas. (Valor total:
35 pontos)
A leitura da questão acima nos abre espaço a algumas reflexões, dentre as quais destaco:
1ª) A imprecisão da consigna, já que esta não especifica de que gênero textual os
formandos deveriam se valer a fim de “solucionar os problemas dos elos coesivos”.
Lembremos que, para Bakhtin, “[...] falamos apenas através de determinados gêneros do
discurso” (2003: p.282). Com efeito, vale registrar que tal imprecisão parece explicar o fato
de ter havido, por parte dos formandos, três diferentes tipos de resposta à questão
solicitada: a) reescrita; b) reescrita acompanhada de comentário e c) comentário;
2ª) O 2º aspecto que merece atenção diz respeito ao modo pelo qual o texto da menina é
apresentado à leitura dos formandos, na medida em que esta produção é tratada, de
saída, como um texto repleto de imperfeições, principalmente no que tange a sua tessitura
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Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas
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coesiva, o que, vale dizer, irá determinar em grande medida o comportamento corretivo
que direcionou as reescritas apresentadas pelos formandos;
3) Quanto aos aspectos dialógicos, no entanto, vislumbra-se uma situação extremamente
interessante, na medida em que o formando, a partir da questão proposta, passa a
dialogar, a um só tempo, com a banca examinadora e com a autora do texto;
4) O texto da menina também precisa ser ressaltado, uma vez que ele se estabelece como
o ‘outro’ que alça o formando à posição enunciativa de professor, dada a simulação de
uma atividade didática específica do professor de português: o ensino de escrita. Com
efeito, longe de querer defender esse texto como modelo de produção literária, e sem
negar que ele, de fato, poderia e deveria passar por um processo de revisão que lhe
proporcionaria um melhor formato, é possível observar que esse texto possui marcas de
um trabalho de organização lingüístico-discursiva que materializou certos efeitos de
sentidos atrelados ao gênero textual de que a menina lançou mão, a fim de contar sua
história: uma narrativa de aventura. Procurarei mostrar, a partir de agora, de que
maneira as reescritas efetuadas pelos formandos, ao suprimirem certas marcas textuais
inicialmente realizadas pela menina de apenas 10 anos, acabaram por anular efeitos de
sentido que, no limite, tornavam a produção original mais expressiva, sobretudo quanto a
aspectos situados no nível discursivo.
Um dos procedimentos de análise adotado durante nossa pesquisa foi a
consideração das operações lingüísticas presentes em processos de reescrita textual, em
conformidade com a sistematização proposta por Claudine Fabre (1986). De acordo com tal
sistematização, temos as seguintes operações durante os processos de reescrita de um texto:
Operações lingüísticas de reescrita

Adição

Supressão

Substituição

Deslocamento
Na presente comunicação, limitar-me-ei às operações de supressão, ou seja, aquelas
que consistem na retirada, sem substituição, de um dado elemento do segmento textual,
procurando mostrar de que modo tais intervenções contribuíram para anular efeitos de
sentido que se materializaram no texto produzido pela menina. Vejamos, inicialmente, como
se distribuíram essas operações nas reescritas operadas pelos formandos:
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Quadro 1: Número e porcentagem de ocorrência das operações lingüísticas de supressão de
acordo com o nível lingüístico de ocorrência no conjunto dos textos reescritos pelos
formandos:
Nível de ocorrência
Número de ocorrências
Grafemas/diacríticos e sinais 17
de pontuação
Sentença
14
Sintagma
21
Oração
29
Palavra ou expressão
142
Total de ocorrências
223
porcentagem
7,62%
6,27%
9,41%
13%
63,6%
100%
A observação do quadro acima nos permite verificar que a maior parte das
exclusões realizadas pelos formandos incidiu sobre o nível das palavras (ou expressões).
Isso parece mostrar que o olhar deles se concentrou em aspectos textuais mais facilmente
depreensíveis, como a eliminação de repetições (julgadas desnecessárias), a fim de que
pudessem dar conta, rapidamente, do que lhes foi solicitado pela consigna do exame.
Além disso, é possível aferir também, nesse movimento de reformulação, o desinteresse
dos escreventes pelos níveis lingüísticos cuja intervenção exigiria mais trabalho por parte
dos formandos, como, por exemplo, o nível das orações, cujos exemplos mais significativos
utilizarei para ilustrar o tema desta comunicação.
O quadro a seguir ilustra de que forma se deram essas intervenções nesse nível de
análise:
Oração ou grupo oracional
E que quando eles foram
ver o que estava assustando
[...]
Dizendo que [...]
Que era sua esposa
Eles perceberam que [...]
Queria ir embora
Começou a chorar
Quando ele foram dormir
Total de ocorrências
número de ocorrências
09
Porcentagem de ocorrência
31%
06
05
04
03
01
01
29
20,68%
17,24%
13,79%
10,34%
3,44%
3,44%
100%
Ao eliminarem orações ou grupos oracionais do texto da menina, os formandos
acreditaram estar solucionando os supostos problemas a que a consigna da questão fazia
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referência. No entanto, não foi exatamente o que aconteceu. Vejamos a seguinte
ilustração:
Texto da menina
Reescrita apresentada pelo formando
“quando eles foram
dormir eles
perceberam que os bezerros começaram a
correr e que quando eles foram ver o que
estava assustando os bezerros [...]”
“Na hora de dormir perceberam que os
bezerros, assustados, começaram a correr.
Ø. De repente, um gigante caranguejo os
atacou [...]”
É nítida a diferença de expressividade entre os dois fragmentos, ainda que se
considere o muito por ser feito no texto da menina. Com relação ao primeiro fragmento,
percebe-se a tentativa, por parte da autora, de materializar uma situação inicial de
suspense que, gradativamente, teria como fim a aparecimento de um caranguejo gigante.
A oração em destaque, no fragmento originalmente produzido pela menina, focaliza a
ação dos personagens no tempo, trazendo para seu texto uma importante marca da
oralidade, presente, por exemplo, nos contadores de história, qual seja, a de antecipar as
orações adverbiais de tempo, a fim de se permitir a instalação de um efeito de suspense
na narrativa. Ao contrário, porém, de olhar para esse efeito de sentido, procurando não
apenas entendê-lo, como também ajudando a conduzir a autora a uma materialização
mais bem sucedida desse efeito, o formando contentou-se com apagar, por meio da
supressão, toda a passagem que julgou mal elaborada, do ponto de vista da coesão
textual, anulando um aspecto perfeitamente aceitável do ponto de vista discursivo.
Outro tipo de intervenção bastante significativo, nesse nível de análise, foi o que se
deu sobre a oração “dizendo que”, conforme ilustrou o quadro que mostrei há pouco.
Mostrarei um exemplo ilustrativo desse tipo de intervenção por parte dos formandos:
Texto da menina
Texto reescrito pelo formando
“Débora que era sua esposa começou a
chorar dizendo que queria ir embora [...]”
“Debora a esposa começou a chorar, pois
queria ir embora”.
É bastante provável que tenha causado estranheza ao formando o fato de a
personagem “Débora”, no texto da menina, ter mostrado a um só tempo o início de seu choro
e o desejo de abandonar a ilha em que se encontravam os personagens, visão reforçada pela
ausência de algum recurso lingüístico (talvez uma vírgula) capaz de separar essas ações.
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No entanto, a reescrita proposta pelo formando, ao suprimir a oração em destaque,
desconsiderou, mais uma vez, elementos que conferiam ao texto original maior
expressividade, principalmente por conta de dois aspectos:
O 1º diz respeito à forma como essa oração se relacionou com a oração anterior,
criando, assim, um efeito de simultaneidade, possibilitando ao leitor o acesso, ao mesmo
tempo, ao choro da personagem e à elocução a partir da qual esta se mostra desejosa de
abandonar a ilha em que se encontravam os personagens, sentido materializado, no plano
lingüístico, por meio da forma verbal no gerúndio. No limite, a seleção desse recurso
possibilitou ao texto original um efeito de duratividade, de permanência de uma ação repleta
de dramaticidade, de medo.
O 2º aspecto relaciona-se ao modo pelo qual a menina se utiliza do discurso indireto,
a fim de trazer ao contexto da narrativa recontada a voz de uma das personagens mais
importantes, principalmente naquele momento da história. Vale lembrar que, para AuthierRevuz, nessa variação do discurso relatado, “o enunciador relata um outro ato de enunciação
[...] usando suas próprias palavras, pelas quais ele reformula as palavras de outra mensagem”
( 1998: p.139). Além disso, na medida em que, para esta autora, o discurso relatado não relata
uma frase ou um enunciado, mas sim o “ato de enunciação”, isto é, o contexto extraverbal
determinante da materialidade de um enunciado, percebe-se o quanto a supressão da oração
dizendo que excluiu não apenas uma unidade da língua, mas, principalmente, todo um
contexto enunciativo que, para a menina, era indispensável para a compreensão dos
acontecimentos narrados.
Finalizando este trabalho, gostaria de frisar que reescrever é atingir o inatingível por
meio dos recursos expressivos que a língua nos oferece e, no caso específico do material com
que trabalhamos em nossa pesquisa, mostrar ao aluno que absolutamente nada está pronto,
acabado, sendo possível, sempre, reconstruir, recomeçar, pressupostos fundamentais do
próprio ato de escrita.
Desse modo, reescrever é retomar um percurso, fundado no inacabado, o qual se
dá, inevitavelmente, a partir de uma perspectiva dialógica, não apenas por ser fruto de uma
atividade interlocutiva, mas porque, no horizonte mesmo dessa atividade é que se pode
vislumbrar o próprio texto, o ‘outro’, a nos perguntar, do alto de toda sua incompletude e
opacidade, se trouxemos a chave, como lembra o famoso poeta de minha terra: Carlos
Drummond de Andrade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AUTHIER-REVUZ, J. Palavras incertas: as não-coincidências do dizer. Campinas: Editora da
Unicamp, 1998.
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BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
CÁLIS, O.G.T. A reescrita como correção: sobras, ausências e inadequações na visão de
formandos em Letras. Dissertação de Mestrado, Departamento de letras Clássicas e
Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de
São Paulo (USP), 2008.
FABRE, C. “Des variantes de bouillon au cours préparatoire”. Études de linguisitique appliquée,
vol. 62, pp. 59-79, Avril-Juin, 1986.
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