Estratégias, práticas e atividades docentes para o

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o
Estratégias, práticas e atividades
docentes para o ensino efetivo
de bem-estar animal
Editoras: Victoria Pereira Bengoa | Rosângela Ribeiro Gebara | Melania Gamboa
Estratégias, práticas e atividades
docentes para o ensino efetivo
de bem-estar animal
Editoras: Victoria Pereira Bengoa | Rosângela Ribeiro Gebara | Melania Gamboa
W927e World Animal Protection
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem - estar animal
[livro eletrônico] /
World Animal Protection; Victoria Pereira Bengoa, Rosangela Ribeiro,
Melania Gamboa (Ed.) São Paulo : World Animal Protection, 2016.
4,131 Kb; PDF
Modo de Acesso: World Wide Web
ISBN: 978-85-63814-04-3
1.Bem-estar animal - Ensino. 2. Bem – estar animal – Práticas docentes. 3. Saúde
animal. I. Autor II. Título.
CDU 614.9
Ficha Catalográfica elaborada por Renata Gonçalves - CRB – 8 nº 8248
Editado por:
Victoria Pereira Bengoa
Rosângela Ribeiro Gebara
Melania Gamboa
2016
Sumário
15
Capítulo 1
Estratégias e práticas docentes direcionadas
ao ensino de bem-estar animal em grandes animais
16
O bem-estar animal no pré-abate: um aprendizado significativo
Marlyn Hellen Romero Córdoba
22
Estratégia interativa para o desenvolvimento e validação de protocolos científicos
para avaliação do bem-estar animal
Adroaldo José Zanella
26
Avaliação a campo do bem-estar de animais de produção
Sergio Alberto Parra
31
Identificação dos problemas comportamentais em cavalos de carroça de Bogotá,
Colômbia, como indicador de bem-estar animal e brigada de saúde em equinos
Juan David Córdoba Parra
37
Ensinando bem estar animal na zootecnia
Priscila Cotta Palhares
41
Capítulo 2
Estratégias e práticas docentes direcionadas ao ensino
de bem-estar animal em pequenos animais
e à posse responsável de animais de estimação
42
Oficina de Enriquecimento Ambiental para animais em abrigo
Carmen Luz Barrios Gómez
47
Aplicando o bem-estar animal na medicina de pequenos animais
Ángela Olavarría Cortés
52
Palestras de Guarda Responsável de Animais de Estimação
Graciela Estrada Dávila
55
Capítulo 3
Estratégias e práticas docentes que fomentam
o uso humanitário de animais em educação e pesquisa
56
Desenvolvimento de Modelos de Simulação para a coleta de amostras
sanguíneas e aplicação de medicamentos intravenosos como alternativas
humanitárias no ensino da Medicina Veterinária
Edison Alberto Cardona Zuluaga y Sergio Alejandro Salas Suárez
61
Uso de modelos de simulação no ensino-aprendizagem de habilidades clínicas
em pequenos animais
Cintya Boroni González and Alberto Goldsack Merino
68
Conservação de Peças Anatômicas e Criação de Coleção Embriológica
Daniel Fernando González Mendoza
77
Qualidade, validade, reprodutibilidade, respeito e reconhecimento: um modelo
integral transnacional para o aprendizado em ética em pesquisa com animais
Carmen Alicia Cardozo de Martínez
83
Ética no Uso Animal e Bem-estar Animal
Marta Luciane Fischer
88
Capítulo 4
Estratégias e práticas docentes de extensão
à comunidade para o ensino efetivo de bem-estar animal
89
Todos pelo bem-estar dos animais domésticos
Sandra Adelly Alves Rocha
93
Aprendendo sobre bem-estar animal além da sala de aula
Rosemary Bastos
98
Bem estar de animais participantes de projetos psicopedagógicos
e de educação ambiental em escolas municipais da cidade de Ponta Grossa
Erika Zanoni
103
Educação Humanitária em Bem-estar Animal
Marcia Marinho
109
Capítulo 5
Estratégias e práticas pedagógicas transversais e/ou
transdisciplinares para o ensino efetivo de bem-estar animal
110
Construindo o conceito de bem-estar animal
na UFFS (Campus Realeza) por meio da metodologia da problematização:
desafios da prática pedagógica
Denise Maria Sousa De Mello
117
Conhecer o comportamento dos animais em ambiente natural
para promoção do mínimo de bem-estar
Adriano Braga Brasileiro de Alvarenga
120
PIBAS - Programa Integral de Bem-estar Animal Sustentável Universidade “Ignacio Agramonte” - Camagüey, Cuba
Elena de Varona Rodríguez
Informação
dos autores
Alves Rocha, Sandra Adelly
Instituto Federal Goiano – Câmpus Ceres
Brasil
[email protected]
Barrios Gómez, Carmen Luz
Escuela de Medicina Veterinaria
Universidad Mayor
Chile
[email protected]
Bastos, Rosemary
Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias
LRMGA/ Setor de Comportamento e bem-estar animal
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
Brasil
[email protected]
Brasileiro de Alvarenga, Adriano Braga
Faculdade de Medicina Veterinária, Campus de
Castanha/ Licenciatura em Ciências Biológicas do
Campus de Soure (Ilha do Marajó)
Universidade Federal do Pará
Brasil
[email protected]
Boroni González, Cintya
Universidad Andres Bello
Chile
[email protected]
Cardona Zuluaga, Edison Alberto
Facultad de Medicina Veterinaria y Zootecnia
Universidad CES
Colombia
[email protected]
Cardozo de Martínez, Carmen Alicia
Instituto de Biotecnología
Universidad Nacional de Colombia
Colombia/Chile
[email protected]
Córdoba Parra, Juan David
Facultad de Ciencias Pecuarias
Universidad de Ciencias Aplicadas y Ambientales
Colombia
[email protected]
Cotta Palhares, Priscila
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Sudeste de Minas Gerais
Campus Rio Pomba
Brasil
[email protected]
De Varona Rodríguez, Elena
Facultad de Ciencias Agropecuarias
Universidad de Camagüey - “Ignacio Agramonte”
Cuba
[email protected]
Estrada Dávila, Graciela
Carrera de Medicina Veterinaria y Zootecnia
Universidad de Las Américas
Ecuador
[email protected]
Fischer, Marta Luciane
Programa de Mestrado em Bioética - PUCPR
Coordenadora do CEUA-PUCPR
Editora Chefe Estudos de Biologia: Ambiente e
Diversidade
Laboratório NEC-PUCPR - ESB-PUCPR
Pontificia Universidade Catolica de Paraná
Brasil
[email protected]
Goldsack Merino, Alberto
Universidad Andrés Bello
Chile
[email protected]
González Mendoza, Daniel Fernando
Facultad Ciencias Agrarias
Centro de Investigaciones en Pequeños Rumiantes CIPER-JDC Grupo Investigación INPANTA - línea de investigación en
Producción de Rumiantes.
Fundación Universitaria Juan De Castellanos
Colombia
[email protected]
Marinho, Márcia
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Universidade Estadual de São Paulo
Brasil
[email protected]
Olavarría Cortés, Angela
Hospital Clínico Veterinario
Universidad Católica de Temuco
Chile
[email protected]
Parra, Sergio Alberto
Facultad de Ciencias Veterinarias
Universidad Nacional del Litoral
Argentina
[email protected]
Romero Córdoba, Marlyn Hellen
Facultad de Medicina Veterinaria y Zootecnia
Universidad de Caldas
Colombia
[email protected]
Salas Suárez, Sergio Alejandro
Facultad de Medicina Veterinaria y Zootecnia
Universidad CES
Colombia
[email protected]
Sousa De Mello, Denise Maria
Universidade Federal da Fronteira Sul
Campus Realeza
Brasil
[email protected]
Zanella, Adroaldo José
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde
Animal / Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia /
Universidade de São Paulo - Campus Pirassununga
Brasil
[email protected]
Zanoni, Erika
Hospital Veterinário do Centro de Ensino dos Campos
Gerais (CESCAGE) / Associação Pontagrossense de
Portadores de deformidades faciais (APPDF)
Brasil
[email protected]
Prefácio
Nos últimos anos, o Bem-Estar Animal teve um forte desenvolvimento em todo o mundo e a sociedade, os acadêmicos, os docentes e os pesquisadores têm demonstrado
amplo interesse no assunto. Mas de forma alguma ainda
é um tema novo.
Para o setor educacional é de total importância o bem-estar animal não só para analisar os vários aspectos da
produção e da utilização de animais, mas também para a
sua divulgação à sociedade das atividades de ética e de
respeito para com eles.
A Proteção Animal Mundial desenvolveu em diferentes
países uma série de atividades para a proteção e promoção do bem-estar dos animais, um exemplo é este trabalho que visa difundir não só atividades e práticas desen-
volvidas no setor acadêmico, mas também as estratégias
para alcançá-las. Sem dúvida, a melhor maneira de se
alcançar um objetivo ético e de respeito pelos animais, é
através da educação da sociedade e de todos aqueles
que têm contato próximo com animais, como os estudantes de Medicina Veterinária.
É por isso que os trabalhos que foram selecionados neste
documento, estão principalmente relacionados ao ensino
e a prática de alternativas educacionais; bem como, estratégias e práticas para o ensino de bem-estar animal na
produção e saúde animal.
A Federação Pan-Americana de Faculdades de Ciências
Veterinárias recebe favoravelmente esta iniciativa da Proteção Animal Mundial na elaboração deste documento.
Dr. Juan de Jesus Taylor Preciado
Presidente
Federação Pan-Americana de Faculdades e Escolas de Ciências Veterinárias
O desenvolvimento humano através da história exigiu a
intervenção do homem sobre a natureza, do ambiente
que o rodeia.
Por muitos séculos, os seres humanos evoluíram e mudou
de um indivíduo para formas sociais primitivas, em seguida, constituindo a família e a sociedade.
O homem tem compartilhado com os outros membros de
sua escala zoológica, as fontes de alimento, a água, o
ar, as plantas, os minerais e as paisagens, mas sendo o
Homo sapiens o “Rei da Criação” vem dispondo para
seu uso exclusivo estes bens de maneira caótico e egoísta
levando o planeta a uma encruzilhada crítica, que está se
transformando em um ambiente hostil para a vida.
E essa espiral evolutiva que atingimos em nossos dias, com
grandes e maravilhosos progressos científicos e técnicos,
esta em uma casa comum, que está caindo aos pedaços.
Por isso, é importante que tomemos a sério este fenômeno
e abordemos com muito mais força e determinação, cada
um em sua disciplina ou em sua função, a tarefa de contribuir, em primeiro lugar para diminuir a velocidade de deterioração e, ao mesmo tempo, aplicar medidas corretivas
para reverter um pouco do que foi perdido.
Parte desse trabalho é o que estamos vendo nos programas desenvolvidos pelo World Animal Protection, com
ideias extraordinárias e planos de ação que enche-nos
de esperança, porque proteger os animais e lutar por seu
bem-estar beneficia diretamente aos seres humanos.
Nós médicos veterinários apoiamos e aplaudimos o trabalho da World Animal Protection e a edição deste livro que é
mais um grão de areia que apresenta para a humanidade,
tão necessitada de orientação e de boas notícias.
Obrigado amigos da World Animal Protection
Dr. Franklin Clavel L.
Presidente do PANVET
Introdução
A Proteção Animal Mundial (World Animal Protection) é
uma organização global não governamental, sem fins lucrativos, com sede em Londres, que trabalha há mais de
50 anos para a proteção e o bem-estar dos animais. Com
14 escritórios em todo o mundo e programas em mais de
50 países, trabalha em quatro frentes principais: animais
de produção, animais em situações de desastre, animais
em comunidades e animais silvestres.
A Proteção Animal Mundial é atualmente a única ONG
internacional dedicada ao bem-estar dos animais com
status consultivo junto à ONU, que trabalha em colaboração com a OIE e que possui representação entre as
instituições europeias.
Em 2014, o Programa de Educação da Proteção Animal,
com o apoio do Conselho Pan-Americano de Educação
em Ciências Veterinárias (COPEVET), da Associação
Pan-Americana de Ciências Veterinárias (PANVET) e da
Federação Pan-Americana de Faculdades de Ciências
Veterinárias, lançou o concurso « Estratégias, práticas e
atividades docentes para o ensino efetivo do bem-estar
animal, destinado aos docentes das Faculdades de Medicina Veterinária, Zootecnia e Ciências Animais a fim de
identificar as melhores e mais inovadoras estratégias e
práticas de ensino em Bem-estar animal em nossa região.
Esta iniciativa surgiu a partir da necessidade de conhecer
a realidade educacional acerca do ensino de uma ciência cada vez mais necessária, mas ainda pouco conhecida e difundida em algumas partes do nosso continente
e desta forma fazer desta informação valiosa disponível
para todos os professores e educadores, incentivando-os
a replicar e a melhorar suas formas de ensinar Bem-estar
animal.
Este livro apresenta as 20 melhores estratégias que foram
selecionadas por um júri composto de membros da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba e Equador e compreende práticas didáticas nas áreas do ensino de bem-estar em animais de grande porte, em pequenos animais,
no ensino de práticas humanitárias no ensino e pesquisa,
em projetos de extensão comunitária e alguns processos
transdisciplinares.
Gostaríamos de oferecer um agradecimento especial à
Dra. Beatriz Zapata, à Dra. Carmen Gallo do Chile; à
Dra. Stella Huertas do Uruguai; ao Dr. Nestor Calderon
da Colômbia; ao Dr. Maximino Mendez e Dr. Apollo
Carrasco do México; ao Dr. Jorge Quiroz da Costa Rica;
à Dra. Carla Molento, ao Dr. Irã Oliveira e à Dra. Denise
Leme do Brasil que colaboram com este livro, participando como juízes para a seleção das melhores estratégias
que compõem este livro.
Esperamos que este livro possa inspirar muitos professores
através destes exemplos didáticos incríveis, e esperamos
que possa inspirar os professores e lembra-los que sempre é possível mudar e melhorar o ensino de bem-estar
animal, ciência essa tão importante e relevante para a
formação atual do professional das Ciências Veterinárias.
Capítulo 1
Estratégias e práticas
docentes direcionadas ao
ensino de bem-estar animal
em grandes animais
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
15
O bem-estar animal no pré-abate:
um aprendizado significativo1
Marlyn Hellen Romero Córdoba
Colômbia
Nome da área temática, programa ou disciplina
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi
desenvolvid:
Saúde Pública
Introdução, contexto e justificativa
O pré-abate (período que inclui o embarque na fazenda
até o abate) é uma etapa estressante para os animais,
que gera perdas econômicas relacionadas a vísceras,
perda de peso, mortalidade, alteração da qualidade
da carne, entre outros. Da mesma forma, essa etapa
impacta negativamente o bem-estar animal (BEA) porque
os animais são submetidos a práticas cruéis, jejum prolongado e desafios ambientais que geram estresse físico
e psicológico. Nas últimas décadas, os pesquisadores
têm avançado no estudo do BEA, desenvolvendo indica-
dores de avaliação importantes, os quais têm tido pouca
implementação na indústria da carne devido, em parte, à
falta de conhecimento e formação de recursos humanos
adequados.
Um dos desafios que os docentes universitários têm que
enfrentar é levar à aula os conteúdos e práticas que
definem sua matéria de ensino, transformando-os por
meio de recursos didáticos e estratégias metodológicas
em aprendizados significativos para os estudantes. Uma
das estratégias para obter um aprendizado significativo no ensino de BEA é a metodologia do aprender
fazendo, levando os estudantes a relacionarem o novo
conhecimento a conceitos prévios, situações cotidianas
e à própria experiência em situações reais. Nessa
perspectiva, o vínculo da pesquisa com as atividades
docentes propicia condições ótimas para o aprendizado porque permite o questionamento dos conceitos
que embasam as práticas tradicionais de manejo no
1. Esta foi a estratégia vencedora do concurso “Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo do bem-estar animal”, organizado pela
World Animal Protection com o apoio da PANVET, COPEVET e a Federação de Faculdades de Medicina Veterinária e Zootecnia.
16
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
pré-abate, explica o porquê se deve implementar mudanças e define as implicações para o animal e para a
indústria da carne, tendo como base os conceitos científicos que sustentam as novas mudanças, para conseguir
que os usuários entendam e aceitem essa nova visão.
No contexto do aprendizado significativo, o docente
deve ter a formação e a capacidade de fazer com que
o conhecimento científico de sua disciplina torne-se um
conhecimento significativo para os estudantes.
Este trabalho apresenta a implementação da estratégia
aprender fazendo no ensino de BEA no pré-abate como
um conhecimento significativo, a partir do relacionamento
da pesquisa à aula, ao trabalho coletivo e à resolução
de problemas da indústria.
Objetivos, habilidades e/ou intenção
pedagógica alcançados com a
implementação da estratégia,
prática ou atividade docente
As habilidades para alcançar o aprendizado significativo
de BEA estão relacionadas à aquisição de uma estrutura
conceitual que permita aos alunos compreenderem as
implicações do pré-abate no estresse fisiológico e seu
impacto econômico, sanitário e produtivo. Deve-se proporcionar atividades que despertem o interesse do aluno
para vinculá-lo às atividades de pesquisa sobre BEA,
visando que vivenciem novas situações a partir de uma
necessidade (solução de um problema real) que o induza a relacionar seus conhecimentos prévios para gerar
um aprendizado novo. Finalmente, fomenta-se sua capacidade de passar os conhecimentos adquiridos adiante,
suas habilidades verbais e escritas.
Na sequência, apresentam-se as habilidades que são
desenvolvidas na metodologia aprender fazendo, descrevendo os componentes ou elementos que a sustentam:
• Integrar conhecimentos das ciências básicas, conhecer a resposta fisiológica ao estresse, a resposta comportamental e o efeito sobre a qualidade da carne.
• Manusear e avaliar os indicadores de BEA, valorar
e selecionar técnicas de avaliação; definir o impacto
do manejo pré-abate sobre a qualidade da carne.
• Realizar diagnósticos sobre o nível de BEA nos sistema produtivos; administrar e gerir processos de manejo de acordo com práticas de BEA.
• Dominar a terminologia científica e os conceitos de análise estatística; identificar e analisar problemas de BEA;
elaborar alternativas de manejo em condições comerciais; formular, gerir, avaliar e ajustar projetos de BEA.
• Participar de grupos de pesquisa em BEA no
pré-abate. Participar da discussão e análise dos
problemas de BEA; discutir em grupo as medidas
de melhoria; expor suas ideias e defender sua
postura. Formular, implementar e avaliar projetos
de pesquisa em BEA.
• Liderar processos pessoais, sociais, produtivos, corporativos e empresariais com base em requerimentos e
recursos da região.
• Expressar por escrito e em forma oral a aplicação dos indicadores de BEA utilizados, os resultados obtidos e as oportunidades de melhoria.
Transmitir ao grupo de forma adequada e em
plenário; participar da capacitação dos funcionários nas plantas de abate.
Metodologia utilizada
A estratégia pedagógica aprender fazendo foi implementada nas disciplinas de Saúde Pública dos programas: Medicina Veterinária, Zootecnia e Mestrado em
Ciências Veterinárias, vinculando os projetos de pesquisa
a estudantes de pós-graduação, doutorado, mestrado e
ao Grupo de Pesquisa de BEA.
• Definição e construção da estrutura conceitual: como
a maioria dos alunos de graduação desconhecia
o processo de abate de bovinos e suínos, foram
programadas leituras prévias, visitas dirigidas a uma
planta frigorífica e aulas sobre conceitos básicos do
processo, com o objetivo de propiciar a conexão
entre os conteúdos novos e os conhecimentos prévios. O docente identificou os conceitos e proposições mais relevantes sobre BEA durante o pré-abate,
de acordo com os resultados de pesquisas prévias.
Foram elaborados arquivos multimídia e uma cartilha
didática. Essas apresentações consistiram em arquivos em PowerPoint, fotografias digitais, vídeos curtos
e informação bibliográfica sobre situações que permitiam a avaliação do BEA por meio de indicadores
fisiológicos, patológicos, físicos e comportamentais.
Essa informação foi elaborada em diferentes granjas
e plantas frigoríficas. Os estudantes discutiram cada
um dos aspectos do BEA durante o pré-abate.
• Validação do conhecimento com a experiência: os
alunos motivados pelo BEA integraram-se ao grupo
de pesquisa, onde se fomentou a metodologia aprender a aprender ao serem formados subgrupos que se
aprofundaram no pré-abate e indicadores de avalia-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
17
ção, com direcionamento de estudantes de pós-graduação por meio de reuniões de trabalho quinzenais.
Foram consolidadas duas linhas de pesquisa e os estudantes de graduação e pós-graduação executaram
os projetos. Realizaram-se reuniões de grupo para
avaliar os processos e fortalecer o treinamento dos
alunos nas atividades que necessitavam de apoio.
• Capacitação dos funcionários das plantas: Nas plantas frigoríficas avaliadas, os funcionários foram capacitados de maneira geral em BEA, manejo dos animais
com base nos princípios comportamentais e nas fraquezas detectadas nos diferentes estudos, em específico no que se refere ao manejo no desembarque e na
condução, e em critérios de abate humanitário.
• Divulgação dos resultados das pesquisas: Os estudantes participaram com trabalhos em eventos científicos nacionais e internacionais e elaboraram artigos
que foram publicados em revistas indexadas.
Uma avaliação foi realizada para detectar a capacidade dos alunos de definir conceitos básicos de BEA
com suas próprias palavras, a atitude dos estudantes
durante a execução das pesquisas, o aprendizado de
procedimentos usuais de indicadores de BEA, a capacidade de transferência durante a capacitação dos
funcionários das plantas frigoríficas e a capacidade
analítica durante os trabalhos em grupo.
Conteúdos de bem-estar animal
que incluem a estratégia, prática
ou atividade docente
Os temas selecionados são relevantes para garantir uma estrutura cognitiva para aprender significativamente o BEA no
pré-abate, de acordo com orientações dadas por pesquisadores, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o
programa STEPS da WSPA e a experiência do grupo.
Visão geral do BEA
• História, Comitê Brambell. Definições de BEA. As
cinco liberdades.
• Etologia bovina e suína. Conceitos básicos em cada
espécie. Características sensoriais (visão, olfato, audição e comunicação). Indicadores comportamentais
para avaliar o BEA, o estresse e comportamentos
de fuga. Princípios de manejo animal: zona de fuga,
ponto de equilíbrio.
• Visão geral do manejo pré-abate. Legislação de BEA
na Colômbia: granja, transporte, descanso na planta,
18
abate (insensibilização e sangria). Orientações da OIE.
Requisitos sanitários, requisitos legais, situação atual do
pré-abate no mundo e no país. Características das instalações na granja, no transporte e na planta frigorífica.
• Visão geral do transporte. Manejo pré-embarque na
granja, condições de transporte, características dos
caminhões, densidades animal e fatores de risco que
afetam o BEA.
• Manejo na planta frigorífica. Instalações, desembarque,
condições de descanso na planta, manejo durante a
condução, requisitos sanitários de bovinos e suínos.
• Visão geral do abate (insensibilização e sangria).
Princípios da insensibilização de bovinos e suínos.
Sistemas de atordoamento aprovados, equipamento necessário, vantagens e desvantagens de cada
método. Monitoramento da efetividade da insensibilização, características da sangria adequada, abate
humanitário e ritual.
• Indicadores de BEA durante o pré-abate. Conceito de estresse e formas de avaliação, conceitos e
fatores que afetam a qualidade da carne (carne
PSE e DFD), avaliação do pH, cor, capacidade de
retenção de água e maciez. Indicadores fisiológicos,
comportamentais, patológicos (claudicação, secreção nasal, vaginal, condição corporal, mortalidade,
presença de suínos prostrados, etc.), monitoramento
e avaliação de contusões de acordo com protocolos
aprovados no país, perdas econômicas no pré-abate.
Resultados pedagógicos obtidos
Os resultados pedagógicos listados evidenciam a
capacidade que os estudantes desenvolveram de integrar e relacionar a nova formação com conhecimentos prévios e também de reorganizar a informação
que aprenderam, aplicando-a na pesquisa de um problema específico de BEA. Na sequência, apresentam-se os principais resultados alcançados:
• Fortalecimento do trabalho colaborativo e da capacidade de assumir responsabilidades Os estudantes
alcançaram a construção coletiva do conhecimento
por meio de discussão argumentativa, desenvolvimento de projetos de pesquisa e avaliação de
indicadores com base em evidências. Esse processo
favoreceu a validação de conceitos, como é feito nas
comunidades acadêmicas, cumprindo a proposta de
aprender fazendo pesquisa. Cada estudante foi responsável por seu trabalho participativo nos projetos e
no processo de formulação, planejamento, aplicação
e divulgação dos resultados.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
• Fomento de um ambiente de aprendizagem único
com base no estudo de problemas reais da indústria.
A metodologia aprender fazendo permitiu posicionar
o estudante como pesquisador na realidade da aula
e do meio de execução, estudando problemas que
beneficiarão não apenas a sua experiência, mas
também obtendo ferramentas para dimensionar o
alcance e a complexidade de um processo de pesquisa. Os alunos obtiveram uma maior consciência
sobre a importância do BEA durante o pré-abate, os
indicadores disponíveis a serem implementados nas
cadeias da carne avaliadas e a capacidade de elaborar estratégias para a resolução de problemas. O
treinamento na tomada de decisões embasadas em
aspectos éticos do abate humanitário e a oportunidade de participar dos programas de treinamento e
capacitação dos funcionários das plantas frigoríficas
permitiram aos estudantes o fortalecimento de seus
trabalhos com produtores e a capacidade de se tornarem profissionais treinados em BEA para a indústria
e a academia.
• Articulação dos projetos de graduação e pós-graduação. O trabalho conjunto dos estudantes de
graduação e pós-graduação favoreceu a integração dos conhecimentos e do raciocínio multidisciplinar. A articulação entre os conceitos acadêmicos
oferecidos e a pesquisa, o trabalho colaborativo e
o acompanhamento de pessoas com conhecimentos distintos fizeram com que o papel do docente
e do estudante fosse mais flexível e efetivo. Para a
universidade, o uso dos recursos foi mais eficiente e
o impacto da pesquisa conduzida foi maior.
• Desenvolvimento da habilidade oral e escrita dos
alunos. A partir da participação na proposta e na
divulgação dos projetos de pesquisa, os estudantes
aprenderam técnicas comunicativas, análise de dados,
busca de informações científicas, uso de programas,
elaboração de pesquisa exploratória, entre outros.
Além disso, a capacidade de liderança, iniciativa,
trabalho em equipe e individual foi estimulada.
Impacto da estratégia, prática ou
atividade docente nos estudantes,
animais, comunidade, etc.
• Impactos científicos e tecnológicos: A linha de base
sobre o manejo pré-abate de bovinos e suínos na
Colômbia foi estabelecida. No trabalho conjunto
com os estudantes foram consolidadas cinco propostas de pesquisa em BEA. No concurso da WSPA
sobre BEA (2008 e 2009), obtiveram segundo
e terceiro lugar respectivamente. No Encontro de
Pesquisadores de Ciências Pecuárias (Encuentro de
Investigadores en Ciencias Pecuarias) ENICIP 2011,
obtiveram o primeiro lugar como melhor trabalho de
pós-graduação e duas teses reconhecidas.
• Fortalecimento da comunidade científica colombiana. A
linha de pesquisa em Saúde Pública e BEA foi consolidada - ela dá apoio ao doutorado em Ciências Agrárias, ao mestrado em Ciências Veterinárias e ao Programa MVZ da Universidade de Caldas. Nesse processo,
foram formados uma estudante de doutorado, três de
mestrado, dois jovens pesquisadores e estudantes de
graduação com seis teses e a consolidação de um
Grupo de Pesquisa em BEA composto por 20 alunos.
• Apropriação social/pública do conhecimento.
Publicação de quinze artigos científicos sobre BEA
no pré-abate em revistas nacionais e internacionais,
elaboração de uma cartilha didática e submissão de
quinze trabalhos a eventos científicos.
• Impactos sobre a melhoria do BEA no pré-abate de
bovinos e suínos. A capacitação dos funcionários
das plantas frigoríficas teve ênfase na importância
do manejo adequado dos animais, evitando o uso
de práticas abusivas, e as implicações do BEA na
produtividade da empresa. Foram implementadas
melhorias no abate que consistiram na adequação
dos boxes de insensibilização, eliminação do uso de
bastão elétrico e implementação de indicadores para
avaliar a eficiência do atordoamento. O docente foi
convidado por grupos de pesquisa de universidades
para fortalecer o estudo do pré-abate em plantas de
exportação; pela Federação Colombiana de Criadores para a capacitação de gerentes de controle de
qualidade e produção das plantas fornecedoras da
ASOCARNICAS e ASOFRIGORIFICOS, como uma
necessidade do setor da carne de fortalecer o BEA.
A Asoporcicultores - Fondo Nacional de la Porcicultura, mediante um convênio de cooperação vigente,
avaliará em conjunto com o grupo de pesquisa as
condições de BEA durante o transporte suíno na Colômbia, visando fornecer orientações para o setor. A
vinculação de profissionais formados no grupo, trabalhando e implementando práticas de BEA em granjas,
no transporte e nas plantas é gratificante.
Conclusões/Observações/
Recomendações
O ensino do BEA no pré-abate como um aprendizado significativo possibilitou um ponto de par-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
19
tida apropriado para a elaboração de técnicas
educacionais pelo docente, que permitiu que os
alunos tivessem maior entendimento a respeito do
que estavam aprendendo, com base em evidências
científicas. A implementação da estratégia pedagógica aprender fazendo por meio da vinculação da
pesquisa às atividades docentes dos programas de
graduação e pós-graduação criou condições ótimas
para o aprendizado, fomentou o trabalho coletivo,
a interdisciplinaridade e promoveu o estudo de problemas reais do meio. Nesse processo, o aluno fortaleceu habilidades como a capacidade de análise,
a habilidade de resolver problemas, o pensamento
crítico e suas habilidades cognitivas, participando
das tomadas de decisão e na construção de um conhecimento significativo.
A formação de capital humano em áreas específicas
do BEA e a divulgação por meio de artigos científicos
e trabalhos em eventos acadêmicos sobre os resultados
obtidos da pesquisa aplicada permitiu identificar os principais problemas que a indústria colombiana da carne
tem que enfrentar com a vigência da nova legislação
sanitária, que inclui requisitos de BEA no pré-abate de
bovinos e suínos e o aumento do interesse pelo tema
em nível nacional, colocando informação atualizada e
profissionais capacitados à disposição da comunidade
acadêmica e da indústria.
Registros e evidências de execução da estratégia, prática ou atividade docente
Material didático – apresentações de Power Point
TALLER EVALUACIÓN DEL
PRESACRIFICIO BOVINO
20
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Impacto científico e tecnológico
Capacitação em Plantas Frigoríficas
Bibliografia
Ballester, A. (2002), (Ed). El aprendizaje significativo en la práctica. Antoni Ballester Vallori.
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Velarde, A., Dalmau, A. (2012). Animal welfare assessment at slaughter in Europe: Moving from inputs to outputs. Meat Science, 92: 244-51.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
21
Estratégia interativa para o desenvolvimento
e validação de protocolos científicos para
avaliação do bem-estar animal
Adroaldo José Zanella
Brasil
Nome do programa, área temática ou disciplina
onde ocorreu a prática
Disciplina Avaliação Científica de Bem-estar Animal
Introdução, o contexto
e as razões para desenvolver
tal estratégia ou prática docente
A disciplina VPS5724-1/2 é ministrada para alunos
matriculados no programa de pós-graduação. Os alunos que participam apresentam conhecimentos diversos
sobre bem-estar, saúde e produção animal que, de certa
forma, precisam ser aproveitados na disciplina para que
a abordagem resulte em aprendizado efetivo. A proposta é de trazer para a sala de aula o conhecimento exis-
22
tente de cada estudante e de uma forma participativa,
organizar as informações de forma gráfica. A coleta de
informações pode então ser transformada em protocolos
de avaliação de bem-estar em aulas práticas. Na sala
de aula o protocolo desenvolvido de forma colaborativa
é comparado com os protocolos validados. Um novo
exercício de validação através de simulação com vídeos
interativos permite a harmonização das abordagens. As
informações são compiladas através de adesivos coloridos em cartazes para espécies de interesse.
Objetivos pedagógicos alcançados
com a implementação desta
estratégia ou prática docente
O objetivo é colocar a ciência de bem-estar animal próxima dos estudantes. A proposta é identificar elos para
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
que a comunicação da informação agregue ao conhecimento existente dos estudantes.
com a literatura existente e finalmente validado por meio
de observações de simulações interativas.
A estratégia oferece oportunidade para que todos os
estudantes contribuam no desenvolvimento de protocolos
de avaliação de bem-estar animal. Após a elaboração
do protocolo tentativo, eles têm a oportunidade de aplicar os indicadores em aulas práticas e discutir os resultados por meio de simulações interativas.
Conteúdos de bem estar
animal abordados na estratégia
ou prática docente
Metodologia empregada
Materiais e métodos: cartazes de 80 cm x 65 cm são
utilizados para descrever indicadores de bem-estar nas
seguintes espécies:
a) aves
b) animais silvestres
c) bovinos;
d) cães;
Foram abordadas no conteúdo as cinco liberdades, os
indicadores de bem-estar animal baseados em recursos
e também baseados nos animais. Foram integradas as
informações sobre fisiologia, comportamento e dados
epidemiológicos e realizadas discussões sobre a validade
dos indicadores e a variabilidade na coleta de dados que
os estudantes apresentaram. Também sobre como agregar
os valores e sobre a harmonização das medidas. Durante
a preparação da abordagem de avaliação de bem-estar
também foram esclarecidas dúvidas sobre os indicadores
e foi oferecida literatura para que os estudantes se aprofundem nas espécies e temas de interesse.
e) caprinos;
Resultados pedagógicos obtidos
f) equinos;
g) gatos;
h) ovinos;
i) ratos;
j) suínos;
k) peixes
No cartaz, um círculo com raio de 60 cm é demarcado e dividido em quatro quadrantes. Os quadrantes
são marcados com as quatro áreas de interesse na
avaliação do bem-estar animal: a) boa saúde; b) bom
alojamento; c) boa nutrição e d) bom comportamento.
Adesivos amarelos são oferecidos para que os estudantes listem os indicadores baseados nos recursos para
avaliarem o bem-estar, que deverão ser colados no respectivo quadrante. Eles também recebem adesivos rosa
que devem ser utilizados para listar nos quadrantes os
indicadores baseados nos animais que refletem a área
de interesse. Os estudantes também têm acesso a adesivos circulares vermelhos, laranja e verde, que eles podem utilizam para determinar, em cada espécie os riscos
para o bem-estar que cada uma das áreas representa,
na opinião deles. Os dados são agrupados e uma tabela para avaliação de bem-estar é criada com escala
LIKERT ou VAS. Com esta tabela, os estudantes avaliam
o bem-estar dos animais. Depois disso, preparam um
relatório que é discutido na sala de aula e harmonizado
Os estudantes desenvolvem competência teórica e
prática para avaliar o bem-estar dos animais. Na avaliação do curso eles consideram esta metodologia muito
importante. Essa metodologia foi testada em estudantes
de pós-graduação de áreas diversas. A forma como eles
relacionam o conhecimento adquirido com os conhecimentos pré-existentes é realmente evidente. A avaliação
dos estudantes e a avaliação formal permitiram assegurar que o aprendizado foi efetivo. Também foram feitas
competições entre os estudantes com simulações interativas e desta forma foi analisado o aprendizado.
Impacto da estratégia ou prática
docente nos alunos, nos animais,
na comunidade, etc.
A parte prática de implementação dos protocolos de
avaliação do bem-estar é levado a efeito nas unidades
de produção da Universidade de São Paulo. Os gerentes das granjas participam ativamente, oferecendo
informações para os estudantes e também contribuem
na formulação de perguntas mais objetivas. O processo
de avaliação também oferece oportunidades para um
retorno imediato ao gerente da unidade sobre os pontos
positivos e pontos negativos do processo produtivo relacionados com o bem-estar animal.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
23
Conclusões, observações,
recomendações
O autor implementou protocolos para o ensino de
bem-estar animal nos Estados Unidos, na Michigan
State University, utilizando cenários interativos. O
Animal Welfare Judging/Assessment Competition
(Heleski et al,, 2003; Siegford et al., 2005) continua
sendo muito importante nos Estados Unidos. Na Noruega, foram desenvolvidos pelo autor simulações
interativas para avaliação de bem-estar animal, incluindo dor no programa de ensino na Norwegian
School of Veterinary Science (Ellingsen et. al (2010).
O método que é utilizado agora na USP se beneficia
dos aprendizados anteriores e tem um potencial muito
grande de aproximar a ciência de bem-estar animal
dos estudantes de uma forma prática e objetiva.
Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino
Cartazes – Protocolo participativo 12
24
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Coleta de dados e avaliação
Análise, harmonização e resultados
Bibliografia
Ellingsen, K.; Zanella, A.J.; Bjerk, S,E.; Indreb, A. (2010). The Relationship between empathy, perception of pain
and attitudes toward pets among norwegian dog owners. Anthrozoos (Hanover), 23: 231-243.
Heleski, C.R., Zanella, A.J., Pajor, E.A. (2003). Animal welfare judging teams- a way to interface welfare Science
with traditional animal Science curricula? Journal of Applied Animal Behavior Science, 81:279-89.
Siegford, J.M.; Bernardo, T.M.; Malinowski, R.P.; Laughlin, K.; Zanella, A.J. (2005). Integrating animal welfare into veterinary education: using an online, interactive course. Journal of Veterinary Medical Education,
32:497-504.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
25
Avaliação a campo do Bem-estar
de animais de produção
Sergio Alberto Parra
Argentina
Nome da área temática, programa ou disciplina
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi
desenvolvida
Bem-Estar Animal
Introdução, contexto
e justificativa da estratégia,
prática ou atividade docente
Atualmente, conteúdos referentes ao bem-estar animal
fazem parte do que a OIE recomenda dentro das habilidades básicas da formação de futuros veterinários e
médicos veterinários. Na Argentina, dentro dos conteúdos curriculares básicos estabelecidos para a formalização de cursos de Veterinária e Medicina Veterinária,
encontram-se os relativos ao bem-estar animal.
Hoje, na minha instituição, o Bem-Estar Animal é uma disciplina obrigatória dentro do plano de estudos. Disciplina que ocorre no sexto semestre do curso de Medicina
Veterinária e é oferecida aos alunos que já adquiriram
26
conceitos de fisiologia e conhecimentos básicos de produção animal, patologia veterinária e zootecnia. Ocupa
um lugar estratégico no currículo, visto que ocorre antes
da maioria das atividades práticas que os alunos realizarão com os animais (clínica, sanidade, etc.).
Objetivos, habilidades e/ou
intenção pedagógica alcançados
com a implementação da estratégia,
prática ou atividade docente
O perfil do Médico Veterinário, segundo o plano de
estudos do nosso curso, é caracterizado por uma pessoa
com bases científicas fundamentais que possui as habilidades necessárias e as atitudes morais e criativas para
buscar o bem comum nos mais diversos campos de aplicação da profissão. São eles: produção, saúde animal e
saúde pública. Nesse contexto e levando em conta que
o bem-estar animal apresenta uma incumbência sustentável nesses campos, é preciso incorporar essa disciplina
como parte do currículo.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Os objetivos em relação ao bem-estar dos animais de
produção são:
• Entender os conceitos básicos do bem-estar dos animais de produção.
• Interpretar problemas ou limitações em relação ao
bem-estar dos animais mencionados anteriormente.
• Avaliar possíveis melhoras para os animais de produção que se encontrem com seu bem-estar comprometido ou reduzido.
• Obter conhecimentos teóricos e práticos relativos ao
bem-estar de animais em explorações pecuárias para
poder aplicá-los em outras disciplinas ou matérias.
• Observar a importância da avaliação direta (produtos) embasada no animal, como também observar a
avaliação indireta, embasada em insumos ou contribuições e aplicar a resolução de situações requeridas.
• Entender o papel do Médico Veterinário como educador do setor pecuário e seu impacto no bem-estar
dos animais de produção.
Avaliação de insumos e produtos
Um guia básico pré-elaborado em forma de protocolo é
entregue a cada aluno com o objetivo de estabelecer, de
forma ampla, alguns acertos e erros relativos ao bem-estar
que poderiam detectar na criação animal avaliada.
Cada grupo deve completar esse guia para poder produzir depois um relatório detalhando a avaliação realizada. A atividade tem duração total aproximada de 90
minutos, e cada grupo é acompanhado por um docente
ou tutor da disciplina.
Depois da visita, na modalidade de seminário em classe,
cada grupo deverá apresentar o relatório em formato
impresso e expor de forma oral tudo o que foi observado durante a avaliação, da mesma forma, deverá propor
melhorias para o bem-estar dos animais avaliados.
Metodologia empregada
Com a mesma modalidade, são realizados trabalhos
práticos onde se avalia o bem-estar de vacas leiteiras,
nesse caso, em uma visita a um estabelecimento leiteiro
da região ou observando a produção leiteira que a
escola agrotécnica de ensino médio que pertence à
própria Faculdade possui. Nessa oportunidade, são
contempladas as vacas em produção, os bezerros em
cria e o rebanho de recria.
A atividade prática é executada em uma propriedade
de sete hectares adquirida pela Faculdade denominada
Unidade Acadêmica Produtiva (UAP). Nessa fazenda
experimental, são realizadas tarefas que se baseiam na
produção e criação de suínos, ovinos, caprinos, aves de
postura e de consumo, entre outras espécies.
Conteúdos de bem-estar animal
que incluem a estratégia, prática
ou atividade docente
• Reforçar a forma de comunicação clara, tanto escrita, quanto oral.
• Fortalecer a capacidade de trabalho em equipe.
Antes da atividade prática relativa à avaliação do bem-estar de alguns dos animais de produção, conceitos
gerais relativos ao bem-estar da diferentes espécies de
animais de produção e suas formas de avaliação (diretas e indiretas) são apresentados.
Para a execução do trabalho prático, são formados
grupos de, no máximo, cinco alunos, sendo atribuído a
cada grupo uma das criações existentes na UAP (se o
número de alunos cursando a disciplina for grande, são
designados cerca de três ou quatro grupos independentes para cada espécie produtiva).
Como a elaboração de um etograma demanda certa
experiência e tempo para sua realização, ao início da
prática, aproximadamente 20 minutos são dedicados à
avaliação específica do comportamento, de modo que o
aluno entenda a base de como realizar um etograma e
que critérios deve adotar para sua execução.
Avaliação do bem-estar em grupos e em indivíduos:
ambiente e animal/animais. Insumos e produtos. Importância da observação. O isolamento e o bem-estar. Liberdade e confinamento. A restrição e as gaiolas. Custos
e benefícios para o bem-estar. Avaliação dos grupos.
Grau de bem-estar: alto, médio ou pobre.
A observação como método, vantagens e desvantagens
versus medidas fisiológicas. Elaboração e procedimento
de observação. Amostra e coleta de dados. Sequências
de um comportamento. Etograma.
Bem-estar de suínos, cabras, ovelhas e aves. Os sistemas
e o bem-estar. Problemas inerentes e evitáveis. Os principais comportamentos e o ambiente. A seleção e adaptação ambiental. Os problemas de bem-estar nos sistemas
produtivos. Possíveis correções.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
27
Resultados pedagógicos obtidos
Através da aplicação dessa estratégia de ensino para
avaliar o bem-estar dos animais de produção, dá-se ao
aluno a possibilidade de vivenciar situações reais no
próprio contexto em que se desenvolvem.
Ter contato direto com cenários onde o bem-estar pode
estar comprometido permite que o aluno possa interpretar ou implementar o conteúdo da aula teórica, complementando o propósito do conhecimento e da interpretação do tema estudado.
É preciso ressaltar o benefício do trabalho em grupo,
onde as contribuições dos integrantes enriquecem o
aprendizado individual e colocam em evidência o valor do trabalho em conjunto com seus pares, situação
comum atualmente no desempenho profissional, onde o
trabalho em equipe melhora substancialmente os resultados em relação ao rendimento produtivo.
Impacto da estratégia, prática ou
atividade docente nos estudantes,
animais, comunidade, etc.
A partir das conclusões formuladas pelos alunos durante
o seminário, a disciplina de Bem-Estar Animal alcança os
responsáveis pelo funcionamento da UAP em forma de
relatório e com o objetivo de passar o conhecimento das
observações coletadas durante nossa atividade em relação às condições em que se encontram os animais alojados. Soluções e alternativas para melhorar o bem-estar
dos animais que possa estar comprometido são propostas.
Esses animais ou suas produções, como resultado do
processo produtivo, são destinados ao consumo, onde a
melhora das condições de bem-estar animal permite, de
forma direta, aperfeiçoar os níveis de produção, assim
como a qualidade da mesma.
28
Para os estudantes, conhecer os pontos mais críticos a dar
ênfase durante a observação das condições de bem-estar
de animais de produção será de grande utilidade para o
exercício dos que se dedicarão à área de produção animal, permitindo a detecção rápida de anomalias no sistema. Adquirir e implantar na prática esses conhecimentos é
um grande benefício a ser aplicado em disciplinas posteriores do curso, como em produção de pequenos ruminantes, produção de aves, produção suína, clínica, etc.
Ao final do curso, é realizada uma pesquisa para avaliar
a opinião dos estudantes a respeito de mudanças que
fariam tanto no conteúdo desenvolvido, quanto na metodologia de execução. Uma porcentagem maior que
75% avalia como essencial a atividade a campo, alegando que, na maioria dos casos, esse tipo de atividade
os aproxima de trabalhos futuros que enfrentarão como
futuros profissionais.
Conclusões/Observações/
Recomendações
A aplicação dessa estratégia para o ensino de bem-estar de animais de produção cumpriu com os objetivos
propostos.
É uma proposta enriquecedora tanto para os alunos,
quanto para os docentes e tutores da disciplina.
O interesse dos alunos por temas relativos ao bem-estar
animal e, especificamente, em como empregá-los no
caso de produções familiares próprias é estimulado.
Apesar de nem sempre se poder contar com espaços
como a UAP para aplicar a atividade com todos os
grupos de alunos, é possível propor que a cada grupo
de alunos seja atribuída uma espécie produtiva específica e que eles visitem um estabelecimento produtivo
particular, apliquem o plano de trabalho e a avaliação
correspondente, para depois expor à classe na modalidade de seminário.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente
Fazenda Experimental – Guia de Avaliação de BEA
Guía para la evaluar el bienestar de los animales de la Unidad
Académico Productiva (UAP)
1- Realizar un registro de los diferentes comportamientos (Etograma) de los
animales en el sistema asignado.
Registrar los acontecimientos por un lapso de aproximadamente 20 (veinte)
minutos de manera continua.
Tener presente que se deben registrar todo tipo de actividades que
efectúen los animales, como así también la duración de las mismas.
2- La aplicación de esta guía básica es de utilidad a los fines de establecer, a
grandes rasgos, algunos aciertos y errores de bienestar animal que se podrían
detectar en la práctica pecuaria que estamos evaluando.
Dado que el bienestar animal es un concepto multidimensional, cuando
queremos medirlo en un establecimiento, hay que considerar todas las variables,
que a nuestro criterio, resultan indispensables a la hora de emitir un juicio con
respecto al estado de bienestar de los animales alojados en el mismo.
En base a la observación ejecutar una evaluación de Insumos y Productos,
reconociendo todo lo que se considere de relevancia.
A continuación se esboza un listado mínimo de criterios y variables a ser
medidos para realizar una evaluación general.
Datos generales:
Fecha de la visita:..…………….
Lugar:………………………………………………………………
Ubicación: …………………………………………………………………………………..
Tipo de explotación:
….........................................................
Nº de animales: ……
Categoría
Raza:……………………
Número
Categorías: Ej: Lechones, madres,
machos adultos, etc; Pollitos, pollos
parrilleros, gallinas ponedoras, etc.
Execução do Trabalho Prático
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
29
Bibliografia
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Chapinal, N; Dalmau, A.; Fàbrega, E.; Manteca, X.; Ruiz de la Torre, J.L.; Velarde, A. (2006). Bienestar del lechón en la fase de cebo. Rev. Avances en Tecnología Porcina 3:40-50.
Farm Animal Welfare Education Centre. (2012). Ficha técnica sobre bienestar en animales de granja. ¿Qué es
el Bienestar Animal?. FAWEC.
Farm Animal Welfare Education Centre. (2012). Ficha técnica sobre bienestar de animales de granja. Requerimientos legales sobre bienestar en explotaciones de porcino. FAWEC.
Farm Animal Welfare Education Centre. (2013). Ficha técnica sobre bienestar de animales de granja. Estrés en
los animales de granja: concepto y efecto sobre la producción. FAWEC.
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AECERIBER; Octubre 2009: 55-64. Recuperado de: http://bit.ly/1MXJQBJ
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Bienestar Animal. Módulo 13 y 14 “Animales de producción. Evaluación del bienestar”. WSPA.
30
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Identificação dos problemas comportamentais
em cavalos de carroça de Bogotá, Colômbia,
como indicador de Bem-Estar Animal e
Brigada de Saúde em equinos
Juan David Córdoba Parra
Colômbia
Nome da área temática, programa ou disciplina
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi
desenvolvida
Grupo de Pesquisa em bem-estar Animal - U.D.C.A
Introdução, contexto
e justificativa da estratégia,
prática ou atividade docente
Na Colômbia, a lei 769 de 2002 contempla a remoção
de veículos de tração animal, na qual as prefeituras devem promover atividades alternativas e substitutas para
as pessoas que tiram seu sustento desse tipo de veículo.
Parte deste projeto é o acolhimento, a manutenção e a
adoção dos animais, liderado pela Prefeitura de Bogotá,
implementando a campanha “Adote um amigo”, dirigida
a pessoas com capacidade econômica e terreno para
apadrinhar esses animais.
A Universidade de Ciências Aplicadas e Ambientais
(U.D.C.A) vinculou-se a essa atividade para receber um
grupo de 1200 animais enquanto tramitam os processos
de adoção e entrega a um lar definitivo. A U.D.C.A. está
comprometida com o bem-estar animal (BEA). Dessa
forma, participou de feiras e fóruns de bioética e bem-estar. Também colaborou no Seminário Nacional e Internacional de BEA (2001 e 2011) e incluiu o curso de
BEA em 2001.
A Universidade criou o Grupo de Pesquisa em BEA,
composto por acadêmicos e estudantes que trabalham
para promover o BEA com enfoque nas diferentes espécies animais. A participação estudantil é essencial no
desenvolvimento do trabalho de extensão e da pesquisa.
Além disso, o vínculo com o grupo é voluntário e comple-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
31
tamente independente de qualquer curso acadêmico; no
qual o tempo dedicado é um valor agregado assumido
com grande responsabilidade e paixão.
Para maximizar a aquisição de conhecimento, existem
diferentes estilos de aprendizagem, e o grupo busca
trabalhar em temas de interesse coletivo, propostos em
uma mesa redonda com os integrantes, analisando a
pertinência de cada ideia e seu impacto sociocultural,
a viabilidade de execução e a seleção da equipe integrante de acordo com seu grau de interesse.
O projeto de pesquisa “Identificação dos problemas
comportamentais em cavalos de carroça de Bogotá,
Colômbia, como indicador de bem-estar animal” utilizou
um modelo de aprendizagem “Orientadores, aprender
fazendo (experimentação ativa e experimentação concreta)” que, segundo Barros (2011), visa à participação
ativa do estudante e a interação com material e técnicas
para sua aprendizagem. Além disso, promove a assimilação de uma informação nova (ao conhecer cada uma
das alterações comportamentais com a revisão temática
prévia sobre o assunto), o processamento dessa informação e a execução de associações (todas as formas que
o animal pode expressar a mesma alteração comportamental), realizando um exercício pragmático e reflexivo.
A atividade “Brigada de Saúde em equinos” consistiu em
uma visita com os estudantes, onde foram resgatados 20
equinos alojados em um piquete em Suba, mantidos em
condições subótimas de bem-estar. Segundo Barros (2011),
esse modelo de aprendizado é “diferente, aprender sentindo (experiência concreta e observação reflexiva)”. O
estudante aprende sobre os maus-tratos a equinos, reconhecendo a importância do tema e da busca de soluções.
Objetivos, habilidades e/ou intenção
pedagógica alcançados com a
implementação da estratégia,
prática ou atividade docente
Objetivo geral
Fortalecer as atitudes e aptidões dos estudantes em
trabalho em equipe, a pesquisa, o desenvolvimento e a
aquisição de conhecimento científico relativo a alterações
comportamentais em equinos de carroça de Bogotá,
Colômbia, como indicador de bem-estar animal (BEA),
aplicação teórico-prática da avaliação de BEA e a abordagem do paciente na brigada de saúde de equinos.
Objetivos específicos
• Aprender a buscar informação científica adequada,
32
atualizada e verídica em um tema que gere motivação pessoal e o desejo de conhecer, aprender e
aplicar o conhecimento;
• Desenvolver análise crítica a partir das leituras realizadas;
• Estruturar e formar juízo próprio de acordo com a prática de atividades a serem realizadas (estimar as alterações comportamentais em equinos e oferecer atendimento clínico aos animais da brigada de saúde);
• Exercitar a discussão com base na experiência própria adquirida a partir da prática e com o relatado
na literatura científica;
• Integrar todo o conhecimento e experiência para participar de forma ativa como ator difusor dessa informação, com o objetivo de disseminar o saber e motivar
os colegas para sua vinculação em futuros projetos.
Habilidades
• Os estudantes adquiriram responsabilidade e compromisso absoluto com as tarefas designadas;
• Os estudantes desenvolveram habilidade em comunicação oral, capacidade de análise e de relacionar
conceitos;
• Promoveu-se a atitude crítica e reflexiva a seu próprio
processo de aprendizagem;
• Fortaleceu-se o trabalho colaborativo;
• Suscitou-se a argumentação e a discussão argumentativa;
• Aperfeiçoou-se a habilidade de abordagem clínica e
manejo do paciente.
Metodologia
No projeto “Identificação dos problemas comportamentais em cavalos de carroça de Bogotá, Colômbia, como
indicador de bem-estar animal”, foi formado um grupo
de três estudantes da Faculdade de Ciências Pecuárias,
levando em conta sua afinidade por equinos, seu interesse em bem-estar animal e sua disposição e interesse em
trabalhar no projeto.
Posteriormente, foi entregue aos alunos literatura científica referente às alterações de comportamento em
equinos (Tadich e Araya, 2010) e outros documentos
para que iniciassem um reconhecimento e a introdução ao tema. Foram realizadas reuniões periódicas
para solucionar dúvidas geradas nas leituras. Depois,
iniciou-se a amostragem dos animais (que, ao final do
estudo, somaram o total de 1325 avaliados), partindo
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
de um treinamento a campo com a orientação de um
docente para que os estudantes conhecessem o protocolo de coleta de dados, o manejo dos animais e o
registro de informações.
Os estudantes acompanharam a amostra de 1325 animais durante o período de fevereiro de 2013 a março
de 2014, realizando amostragens em todas as semanas.
Eles colaboraram com a tabulação da informação no
Microsoft Office Excel®, com o processamento e a análise dos resultados e a elaboração das discussões.
Igualmente, os estudantes participaram de três encontros diferentes de pesquisa (V e VI encontro institucional
de grupos de pesquisa U.D.C.A., e VII encontro regional de grupos de pesquisa), apresentando resultados
preliminares. Dessa forma, foi desenvolvido o método
“Experimentação ativa e Experimentação concreta”,
mencionado anteriormente.
Brigada de Saúde de Equinos: o grupo de bem-estar
animal, o grupo de pesquisa em equinos e os docentes
coordenadores foram ao pântano Juan Amarillo, em Bogotá, no dia 11 de março, em uma brigada de resgate
e recuperação de equinos de carroça mal alojados, que
receberam atendimento clínico e foram levados à UDCA.
Aproximadamente 40 estudantes participaram dessa jornada - foram estudantes de Medicina Veterinária e Zootecnia
de diferentes semestres com interesse na espécie, em bem-estar animal e na solução de problemas de maus-tratos a
equinos de tração. Participaram da brigada de saúde em
equipes de estudantes, orientados por docentes e profissionais veterinários, realizando a avaliação clínica dos pacientes. Dessa forma, os estudantes aprendem por meio do
estilo “Experiência concreta e observação reflexiva”.
Alguns resultados do projeto de pesquisa incluem estudantes com conhecimentos aprofundados em temas científicos específicos, com habilidades em apresentações
orais em público, disseminação do conhecimento e com
paixão pela pesquisa, visto que desejam vincular-se a
outros projetos.
Os resultados da brigada em saúde incluem o reconhecimento da abordagem clínica e segurança no manejo do
paciente.
liberdades e nas necessidades dos animais. Por esse
motivo, as diferentes atividades integraram o conhecimento dessas necessidades nas diferentes espécies e
como abordá-las do ponto de vista científico e compassivo, considerando a vida e o respeito pelos animais
como um elemento fundamental e uma diretriz operacional do grupo.
O projeto “Identificação dos problemas comportamentais
em cavalos de carroça de Bogotá, Colômbia, como
indicador de bem-estar animal” foi embasado na revisão
e abordagem integral das cinco liberdades nos equinos,
que são afetadas pelas condições de alojamento e manejo específicas onde esse grupo de animais é mantido.
Por outro lado, a brigada de bem-estar animal realizada para atender equinos de tração foi embasada na
avaliação das liberdades: livre de fome e sede; livre de
dor, lesões e doenças; livre de medo e estresse (WSPA,
2007). Também foi realizada a avaliação da condição
corporal e o exame clínico geral, assim como avaliada
a ausência de desconforto (avaliando as características
de infraestrutura onde os animais estavam alojados) e a
liberdade para expressar o comportamento natural (avaliando o manejo a que estavam submetidos).
Resultados pedagógicos obtidos
No projeto:
• Geração de compromisso, responsabilidade e dedicação para a execução do projeto;
• Atitude e aptidão para pesquisa;
• Habilidade na busca de informação científica e uso
correto das bases de dados da Universidade;
• Análise crítica de documentos científicos;
• Organização da informação;
• Análise de resultados, discussão e desenvolvimento
de conhecimento;
• Reconhecimento da importância da ordem metodológica para a coleta de amostras;
Conteúdos de bem-estar animal
que incluem a estratégia, prática
ou atividade docente
• Fortalecimento das relações interpessoais;
O grupo de bem-estar animal foca em atividades de
extensão, pesquisa e docência orientadas nas cinco
• Interesse em continuar a se aprofundar no tema e
vontade de pesquisar outros.
• Confiança e segurança para apresentações em público;
• Participação em diferentes eventos de pesquisa;
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
33
Na Brigada de Saúde:
• Sensibilização e reconhecimento de maus-tratos a
animais específicos que atentam contra as cinco liberdades de bem-estar dos animais;
• Desenvolvimento de habilidades no manejo dos pacientes;
• Aprendizagem sobre a interação médico – proprietário;
• Fortalecimento do conhecimento da exploração semiológica e do exame clínico completo do paciente,
conduzido em pacientes reais;
• Conhecimento e execução prática de algumas abordagens terapêuticas paliativas em pacientes equinos.
Essas técnicas incluem terapias com fluidos para reidratação e administração de vitaminas;
• Realização de atendimento clínico veterinário como parte da aplicação de bem-estar em animais de trabalho.
Impacto da estratégia, prática
ou atividade docente nos estudantes,
animais, comunidade, etc.
O impacto do projeto
Nos estudantes:
• Aumento de conhecimento, do conhecimento em si e
da prática;
• Aprofundamento do conhecimento sobre a importância do bem-estar em equinos a partir da alteração
comportamental;
• Conscientização sobre a importância do bem-estar
animal (BEA) como um componente essencial para
que o ser humano, os animais e o meio ambiente
vivam em harmonia, e a responsabilidade do homem
para alcançar essa meta;
• Reconhecimento em nível local e regional como equipe de pesquisa no tema bem-estar;
Nos animais:
• Reconhecimento das diferentes doenças comportamentais para consideração na abordagem terapêutica
das mesmas;
• Atendimento clínico-etológico dos animais para a realização do exame clínico.
Na comunidade:
34
• Os equinos usados como veículos de tração animal
(VTA) têm sido um problema sociocultural relevante
que foi abordado no plano de ações da prefeitura
de Bogotá e começou a ser abordado desde 2012.
O apoio das comunidades, dos proprietários dos
animais, da polícia, da prefeitura de Bogotá, das
comunidades educacionais e do público em geral foi
necessário para alcançar a meta de proibição do uso
de animais como VTA na cidade. Portanto, o alcance
desse macro projeto influenciou o pensamento sobre
a responsabilidade do homem com os animais e seu
redor, para a vivência em um lugar mais harmônico
onde não se explore os recursos animais, podendo ser
utilizadas novas tecnologias que os substituam.
• As alterações comportamentais foram reconhecidas
como doenças importantes, como as físicas, nos animais usados como VTA.
O impacto da brigada
Nos estudantes:
• Aumento de conhecimento, do conhecimento em si e
da prática;
• Conscientização do papel do médico veterinário e
sua responsabilidade de atuação de forma a promover o bem-estar a equinos e outras espécies;
Reconhecimento do bem-estar animal como parte do
exercício médico veterinário geral;
• Reconhecimento da abordagem oportuna, exame,
diagnóstico, prognóstico e tomada de decisão em
condições específicas, como no caso de animais maltratados.
Nos animais:
• Recuperação clínica bem sucedida de todos os casos;
• Melhora da qualidade de vida.
Na comunidade:
• A mesma comunidade foi a que denunciou às autoridades competentes condições de maus-tratos, solicitando ação imediata para a recuperação dos animais.
Dessa forma, é evidente que os moradores da cidade
demonstram uma preocupação específica com o tema e
estão motivados a colaborar em prol do bem-estar dos
animais, com intermediação de outras entidades que
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
facilitem a aproximação, a abordagem desses casos, a
apreensão dos animais, o atendimento médico veterinário hospitalar e o encaminhamento para adoção.
Conclusões/observações/
recomendações
As conclusões gerais dessas atividades que envolveram
pesquisa e extensão são:
O homem domesticou os equinos e tem a responsabilidade moral de cuidar e promover a saúde e bem-estar dos
mesmos.
Os estudantes assumiram o papel de indivíduos essenciais para a busca de um bem coletivo por meio de sua
participação em ações específicas, que nesse caso se
referiram ao bem-estar de equinos.
Os estudantes reconheceram a importância da pesquisa
científica como pilar estrutural educativo e como fonte
verdadeira de conhecimento.
Os animais foram abordados clinicamente em busca de
diferentes doenças para serem diagnosticados, prognosticados e tratados, com o objetivo da recuperação de
qualquer alteração ou patologia e de oferecer melhores
condições de vida.
A comunidade em geral mostrou interesse em participar
das ações em busca da recuperação dos animais, isso
devido à consciência global diante da problemática sociocultural dos VTA e da consciência sobre o bem-estar
animal e sobre a obrigação do homem nesse aspecto.
O primeiro passo para exercer um trabalho em bem-estar
animal é a contextualização da problemática sobre todos os pontos de vista, a conscientização e a sensibilização de grupos de pessoas para o desenvolvimento das
Os estudantes aprofundaram-se em diferentes áreas do
atividades de forma completa e com toda a responsabiliconhecimento, que incluem bem-estar animal, semiologia,
CONCURSO DE ENSEÑANZA EFECTIVA EN BIENESTAR ANIMAL
medicina, terapêutica, entre outras.
para alcançar os objetivos e as metas propostas.
DE LA “WORLD ANIMALdade,
PROTECTION”
ACTIVIDAD
Identificación de los problemas conductuales en los caballos carretilleros de
Bogotá, Colombia, como indicador de bienestar animal y Brigada de Salud en
equinos.
Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente
EVIDENCIAS DE LA REALIZACIÓN DE LA ACTIVIDAD
Encontro Regional1.deLos
Grupos
e Encontro
de Pesquisadores
Estudiantes
integrantes
del proyecto
de investigación “Identificación de
los problemas conductuales en los caballos carretilleros de Bogotá, Colombia,
como indicador de bienestar animal” asistieron a diferentes eventos. A
continuación se adjuntan los diplomas de las asistencias:
a. XII Encuentro Regional de Semilleros de Investigación; Diploma del
estudiante Daniel Ramírez (MVZ)
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
35
Brigadas de Saúde em Equinos
Bibliografia
Barros, D.M.V. (2011). Estilos de aprendizagem na atualidade-volume 1.
Tadich, T.A.; Araya, O. (2010). Conductas no deseadas en equinos. Arch. Med Vet 42:29-41.
Congreso de la República. (2002). Ley 769 de 2002. (Agosto 6). Por la cual se expide el Código Nacional
de Tránsito Terrestre y se dictan otras disposiciones. Colombia.
36
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Ensinando bem estar animal na zootecnia
Priscila Cotta Palhares
Brasil
Nome do programa, área temática ou disciplina
onde ocorreu a pratica
Etologia e Bem-estar animal
Introdução, o contexto
e as razões para desenvolver
tal estratégia ou prática docente
A Zootecnia tem exercido papel de extrema importância social desde sua regulamentação como curso de
graduação pela Lei nº 5550 de 04 de dezembro de
1968 ao gerar empregos em seus diversos ramos, a
saber, avicultura, suinocultura, bovinocultura, caprinocultura, ovinocultura, forragicultura, pastagens, equinocultura, piscicultura, apicultura, cunicultura, animais
silvestres e de companhia, meio ambiente, fertilidade,
manejo e conservação do solo e mecanização e implementos agrícolas. Nas últimas décadas a Zootecnia vem enfrentando enormes desafios para continuar
produzindo produtos de origem animal. Dentro desse
contexto podem-se citar as questões do bem-estar
animal, poluição ambiental e segurança alimentar.
Sabe-se que o manejo inadequado além de causar
estresse e sofrimento desnecessário, afeta diretamente
a qualidade da carne em fatores como cor, pH, textura e vida útil do produto, além de reduzir significativamente o rendimento de carcaça.
Por esta profissão estar diretamente relacionada com a
produção animal, é de fundamental importância que
este profissional ao sair da instituição de ensino esteja
bem preparado para lidar com o manejo dos animais
visando à produção associada ao bem estar animal.
Para que isso ocorra, as medidas de bem estar devem
ser inseridas desde o início do curso, para que o aluno
se familiarize a aplicar esses conceitos à medida que vai
aprendendo sobre as diversas produções animais.
Objetivos pedagógicos alcançados
com a implementação desta
estratégia ou prática docente
Para que o bem estar animal seja aplicado de forma
adequada é necessário que os futuros profissionais da
área animal entendam de forma clara a essência da
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
37
aplicabilidade dessas medidas, a fim de obter resultados
de produção sem tirar a qualidade de vida do animal.
Esta metodologia de ensino prático do bem estar animal
tem como objetivo aproximar os estudantes dos cursos de
ciências animais, através do conhecimento investigativo
das medidas de bem estar animal e suas aplicações.Tem
por objetivo também, o de estimular o raciocínio do aluno
para aplicar as medidas de forma racional e não impositiva e revolucionária, pois o mesmo terá contato direto com
produtores com diversos níveis de conhecimento e conservadorismo de práticas de manejo em diversas produções
animais. Além de auxiliar na introdução a prática de identificação e descrição do comportamento animal.
E ainda, promover de forma continuada a importância
de se adotar e de cobrar que sejam utilizadas na produção medidas que visem sempre o bem estar animal.
Metodologia empregada
Essa metodologia pode ser desenvolvida por qualquer
instituição e em qualquer curso de ciência animal, em nível de graduação ou pós-graduação, sendo o tempo de
desenvolvimento ajustado conforme a disponibilidade na
disciplina. Os alunos serão avaliados através de relatórios. Inicialmente, deve-se dividir a turma em duplas, trios
ou grupos, conforme o tamanho da turma. Em seguida,
cada grupo definirá ou poderá ser feito um sorteio, das
espécies e a fase de criação a ser trabalhada. O desenvolvimento será através de etapas enumeradas abaixo:
1. Observação do comportamento do animal escolhido
e desenvolvimento de um etograma: (14 dias) Os
alunos deveram fazer observações diárias de aproximadamente duas horas, duas vezes ao dia (manhã e
tarde), durante dez dias, do comportamento do animal escolhido, na fase de produção escolhida. Eles
devem ser orientados a aguardar 15 a 30 minutos
após a sua chegada para começar a observação,
caso os animais se assustem com a chegada dos
mesmos. Isso pode acontecer principalmente se os
animais não tenham frequente contato com tratadores. A cada dia de observação, as informações
comportamentais devem ser anotadas, para ao final
ser elaborado um etograma (que já deve ter sido
apresentado aos alunos).
2. Descrição do manejo utilizado: (sete dias) Os alunos
devem observar e descrever de forma detalhada o
manejo que esses animais recebem.
3. Revisão bibliográfica do comportamento natural do
animal em questão na fase de criação escolhida
(sete dias) .
38
4. Revisão bibliográfica de medidas de bem estar
animal para a espécie animal e fase de produção
escolhida, de acordo com as normas nacionais e
internacionais (sete dias).
5. Relatório correlacionando o manejo observado
e as práticas de bem estar recomendadas para o
manejo na fase de criação e espécie animal escolhida (sete dias).
6. Relatório com possíveis soluções para possíveis
problemas encontrados na avaliação da criação.
(sete dias).
7. Mesa redonda para discussão dos problemas encontrados e estratégias elaboradas para solucionar
(um dia). Os alunos deverão levar em aula todo
material e conhecimento até momento adquiridos
para uma mesa redonda entre os alunos, sendo o
professor um mediador dessa discussão. Dessa forma
busca-se melhorar as sugestões de solução para os
problemas encontrados.
8. Aplicar soluções (de acordo com as possibilidades
de aplicação) e observar o comportamento dos
animais. (14 dias). O aluno deverá introduzir uma ou
mais soluções sugeridas para resolução do problema
encontrado e acompanhar os resultados, conforme
feito na etapa 1.
9. Elaborar relatório sobre os resultados obtidos em
todo o trabalho (sete dias).
10. Preparar e apresentar um seminário para a sociedade acadêmica, produtores, escolas de ensino
médio e/ou consumidores de produtos de origem
animal. (21 dias). Cada grupo deverá elaborar
um seminário sobre bem estar animal acrescido da
experiência obtida na atividade, e de escolher ou
por sorteio, uma instituição, evento ou local público
para apresentação.
Conteúdos de bem estar
animal abordados na estratégia
ou prática docente
• Definições de bem-estar animal e conceitos relacionados;
• Ferramentas usadas na avaliação do bem-estar animal (indicadores de bem-estar animal);
• Indicadores comportamentais de bem estar animal;
• Efeitos ambientais no bem estar animal;
• Avaliação do bem estar animal;
• Importância do bem estar animal e a sociedade;
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
• Bem estar para animais de produção e Bem estar
para animais de companhia.
Resultados pedagógicos obtidos
• Conscientização dos alunos sobre a importância do
bem estar animal;
• Aprendizagem sobre como avaliar as condições de
bem estar animal nas diversas produções;
• Aprendizagem da aplicação de medidas de bem
estar para as diversas espécies animais;
• Aprender a difundir a educação em bem estar animal para a sociedade leiga;
• Desenvolvimento de etogramas visando o bem estar
animal.
• Desenvolver o senso crítico e a habilidade de encontrar soluções por parte dos alunos.
• Desenvolver a habilidade de repassar o aprendizado de forma clara e objetiva sem ser radical.
Impacto da estratégia ou prática
docente nos alunos, nos animais,
na comunidade, etc.
Melhor conscientização sobre a importância do bem
estar animal para os alunos, professores, produtores
rurais, consumidores de alimentos de origem animal e
pela sociedade.
Ampliar a afinidade do aluno com as medidas de bem
estar animal, para que o mesmo seja capaz de aplicar tais
conceitos e medidas como complemento de aprendizagem nas diversas disciplinas ministradas durante o curso.
Estimular o senso crítico de todos os envolvidos, para
que sejam capazes de observar os animais em qualquer
momento e ser capaz de identificar a ausência de bem
estar. Assim como ser capaz de solucionar essas situações, seja de forma prática, seja na forma de orientação.
Que os alunos sejam capazes de promover o bem estar
animal e transmitir os conhecimentos obtidos na disciplina e na prática pedagógica aos produtores durante estágios e demais eventos, assim como após se formarem.
Conclusões/observações/
recomendações
Essa prática pedagógica tem por finalidade contribuir e
promover o bem estar animal através do aprendizado
dos alunos dos cursos de ciências animais. E isso pode
ser alcançado através do desenvolvimento do ensino
prático, colocando os alunos para participarem ativamente da observação da ausência do bem estar, assim
como da aplicabilidade das medidas de bem estar
animal para as diversas espécies. Isso também contribui
para que os mesmos possam promover o bem estar no
cotidiano durante a faculdade e também durante a prática profissional, pois o mesmo estará mais bem conscientizado sobre a importância dessas medidas na produção
e qualidade de vida dos animais.
Essa prática pedagógica pode ser aplicada nos diversos
âmbitos da educação, podendo ser utilizada nas produções de propriedades associadas às instituições de ensino, nas produções desenvolvidas na própria instituição
de ensino ou ainda, nas produções ou animais criados
pelos próprios alunos. O que facilita o desenvolvimento
e obtenção de resultados da mesma.
Bibliografia
Baeta, F. da C.; Souza, C.F. (2010). Ambiência em Edificações Rurais: conforto animal. 2ª edição. Editora UFV.
Viçosa.
Broom, D.M. (2010). Comportamento e bem estar de animais domésticos. Tradução: Carl Forte Maiolino Molento. 4ª edição. Editora Manole. Barueri, SP.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
39
40
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Capítulo 2
Estratégias e práticas docentes
direcionadas ao ensino de
bem-estar animal em pequenos
animais e à posse responsável
de animais de estimação
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
41
Oficina de Enriquecimento
Ambiental para animais em abrigo
Carmen Luz Barrios Gómez
Chile
Nome da área temática, programa ou disciplina
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi
desenvolvida:
Disciplina de Etologia e Bem-Estar Animal
Introdução, contexto e justificativa da
estratégia, prática ou atividade docente
Atualmente no Chile existem por volta de 3,4 milhões
de cães, dos quais 1,4 milhões estão na capital. Dos
últimos, estima-se que 52,4% sejam cães comunitários e
21, 9 %, animais sem dono. A maioria desses animais que
perambulam diariamente pelas ruas não tem condições
mínimas de bem-estar animal, fazendo parte de diversos
problemas, como: reprodução indiscriminada, morte por
atropelamento, desnutrição, doenças, entre outros. Até
o momento, o Chile não possui uma política integral de
controle de populações caninas que solucione a problemática em nível nacional. Pessoas e ONGs de proteção
criaram um número importante de abrigos para cães e
gatos, nos quais, apesar de existirem boas intenções, em
42
muitos casos, não se conta com os recursos para a manutenção de condições de bem-estar animal adequadas
e os animais sofrem de problemas comportamentais em
consequência da ausência de estímulo ambiental por
períodos prolongados de confinamento, os quais repercutirão no reabandono e na diminuição das condições de
vida dos animais durante sua estadia no abrigo. Considerando essa realidade, foi implementada uma “Oficina
de enriquecimento ambiental para animais em abrigo” na
disciplina de Etologia e Bem-Estar da Escola de Medicina
Veterinária da Universidade Mayor do Chile, onde os
estudantes visitam um abrigo e avaliam as necessidades
comportamentais que não são satisfeitas no local, e elaboram um item de enriquecimento ambiental. Aqui, o objetivo
é aplicar os conhecimentos adquiridos na disciplina de
Etologia e bem-estar animal, entre os quais, encontram-se:
Comportamento de cães e gatos, Definição de bem-estar
animal, Indicadores de bem-estar em animais de companhia, Avaliação científica do bem-estar animal, Problemas
frequentes apresentados pelos animais de companhia em
abrigos, Enriquecimento ambiental nas mesmas espécies
e valorização do papel e das limitações dos abrigos de
animais de companhia. Os estudantes realizam uma visita
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
ao abrigo onde avaliam as necessidades comportamentais que os animais do local têm. Depois, passam por duas
oficinas, onde constroem um item de enriquecimento ambiental. Finalmente, uma segunda visita é realizada para a
instalação dos elementos no abrigo.
Objetivos, habilidades e/ou
intenção pedagógica alcançados
com a implementação da estratégia,
prática ou atividade docente
Essa iniciativa pedagógica tem por objetivo integrar e
aplicar conhecimentos de bem-estar animal em espécies
de companhia na disciplina de Etologia e Bem-Estar
Animal, que os estudantes de Medicina Veterinária da
Universidade Mayor cursam no terceiro semestre, por
meio da avaliação das condições de enriquecimento
ambiental com que cães e gatos que vivem no abrigo
“Unión de Amigos de los Animais” contam, identificando
as necessidades e propondo alternativas de solução.
A habilidade chave dessa iniciativa é a avaliação das
condições de bem-estar animal e a implementação de
uma medida de melhora por meio do enriquecimento
ambiental. Pode ser avaliada, ao final, por meio de duas
situações de avaliação: construção de um brinquedo de
enriquecimento ambiental e desenvolvimento de um relatório para justificar a atividade.
Metodologia empregada
Descrição da atividade: faz parte da disciplina Etologia
e Bem-Estar Animal, que é dada no terceiro semestre do
curso de Medicina Veterinária. A disciplina completa tem
90 horas pedagógicas e a oficina tem a duração de 30
horas pedagógicas, as quais são divididas em 16 horas
teóricas e seis horas de oficina, as últimas são destinadas
à construção dos elementos de enriquecimento após a
visita de avaliação, e oito horas a campo.
A atividade divide-se em cinco pontos: (1) Etapa de capacitação dos estudantes: Os alunos assistem a diversas
aulas que fornecem uma base para a realização do
processo avaliativo, analítico e de construção do enriquecimento ambiental. Nelas, são introduzidas temáticas
como: Etologia Clínica: caninos e felinos, Introdução ao
Bem-Estar animal e Problemas de bem-estar em animais
de companhia – Enriquecimento ambiental. Da mesma
forma, os estudantes recebem duas aulas introdutórias,
nas quais são destacados os pontos em que devem
focar no momento da visita de avaliação, e os critérios
de avaliação que serão considerados tanto para o informativo, quanto para a construção do enriquecimento
ambiental. (2) Visita de avaliação do abrigo: Os alunos
avaliarão as condições de bem-estar animal com que os
animais do abrigo contam. Para isso, utilizam indicadores
comportamentais de bem-estar animal, complementando
com a informação coletada do ambiente. (3) Sessões de
oficina de construção dos brinquedos de enriquecimento:
Os estudantes, em grupos de quatro alunos, buscam
informações complementares e reúnem os materiais necessários para a construção dos brinquedos (um para
cães e outro para gatos), reúnem-se com dois docentes,
os quais se encarregam de direcionar a construção dos
elementos de enriquecimento, respondendo a perguntas
que os alunos possam ter e entregam um guia escrito
(Anexo 1). (4) Elaboração do relatório: O relatório conta com os seguintes pontos: Introdução, Justificativa da
construção do enriquecimento ambiental, discussão e
conclusões, evidenciando a integração dos conhecimentos adquiridos. Além disso, deve incluir fotos dos elementos construídos e dos animais utilizando-os. (5) Visita
para a instalação dos brinquedos: Finalmente, realiza-se
uma segunda visita ao abrigo, onde se entregam e se
aplicam os brinquedos construídos.
Materiais para a elaboração do item de enriquecimento
ambiental: são levados em consideração materiais idealmente recicláveis, como: garrafas, pedaços de tapetes,
entre outros. Finalmente, três profissionais supervisionam
as fases anteriormente descritas, que estarão distribuídos
nas diferentes etapas de formação.
Processo de avaliação: os alunos são avaliados com duas
notas, uma que avalia a construção do enriquecimento ambiental (Anexo 2) e outra que avalia o relatório (Anexo 3).
Conteúdos de bem-estar animal
que incluem a estratégia, prática
ou atividade docente
Dentro dos temas que incluem a presente atividade estão:
• Métodos de estudo do comportamento animal:
métodos de amostragem e registro comportamental
(Unidade I: Introdução à Etologia).
• Comportamento de cães e gatos (Unidade II: Etologia Aplicada)
• Introdução à ciência do Bem-Estar Animal (Unidade
III: Bem-Estar Animal)
• Indicadores comportamentais de Bem-Estar animal
(Unidade III) Bem-estar em animais de companhia
(Unidade III)
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
43
Resultados pedagógicos obtidos
Avaliar as condições de bem-estar animal em que se
encontram os animais de abrigo: esse resultado de aprendizagem foi trabalhado inicialmente no processo de avaliação realizado pelo estudante em relação às condições
em que os animais se encontram, e teve sequência por
meio da construção de um relatório completo, onde inicialmente é necessário realizar uma revisão bibliográfica
que permitirá o desenvolvimento da justificativa da construção do material de enriquecimento. Tudo isso após a
análise da informação encontrada na literatura, as aulas
e a coleta a campo.
Integrar conhecimentos de bem-estar animal nos
usuários/pacientes do abrigo: esse resultado de
aprendizagem é trabalhado tanto na construção do
brinquedo, quanto no desenvolvimento do relatório de
justificativa. Após a avaliação a campo, o estudante
deverá integrar os conhecimentos e aplicar os mesmos
para criar e instalar um elemento de enriquecimento
que cumpra com todas as características necessárias
para cada uma das espécies com que estão trabalhando e, ao mesmo tempo, que atenda às necessidades comportamentais de um animal em condição de
confinamento prolongado.
Fundamentar a escolha dos elementos de enriquecimento ambiental construídos para os animais operados no
abrigo: A fundamentação da escolha do elemento de
enriquecimento dará solidez ao trabalho realizado anteriormente e evidenciará a compreensão da informação
recebida em relação ao bem-estar animal.
Impacto da estratégia, prática
ou atividade docente nos estudantes,
animais, comunidade, etc.
Essa atividade terá um impacto direto tanto nos estudantes participantes da atividade, quanto nos animais que
receberem os elementos trabalhados durante toda a
prática pedagógica, e, de maneira indireta, na equipe
responsável da instituição do abrigo de animais e nos
futuros proprietários dos animais. Na sequência, é elaborada uma tabela com os principais indicadores de
impacto dessa experiência pedagógica.
Indicadores de impacto: “Oficina de enriquecimento
ambiental em animais de abrigo”, 95 estudantes, oito
integrantes da equipe do abrigo “Unión de Amigos de
los animais”, 40 gatos, 95 cães, 20 adotantes.
44
Além disso, um grupo de sete estudantes iniciou um projeto de implementação de um abrigo motivados pela
atividade, que se chama AMIDOGS. Ele tem sido apoiado por profissionais da Unidade de Etologia e Bem-Estar
Animal da Universidade Mayor.
Conclusões/observações/
recomendações
Conclusões: a integração dos conhecimentos recebidos nas
aulas foi facilitada por essa forma de prática a campo, tudo
isso produto da possibilidade de recriar uma situação avaliativa de bem-estar animal e depois propor soluções.
É fundamental a incorporação de momentos analíticos
para a assimilação integral de cada um dos conhecimentos adquiridos pelos estudantes em cada uma das
etapas de capacitação.
As experiências práticas a campo são de grande utilidade para potencializar as habilidades resolutivas dos
estudantes, que são um dos principais focos no momento
de capacitar um profissional completo.
As atividades educativas nas quais os alunos se sentem
envolvidos em uma contribuição social concreta (evidenciando a utilidade de seu trabalho para a sociedade)
potencializam a dedicação ao trabalho e melhoram o
rendimento da equipe.
As atividades educativas em bem-estar animal que
incorporam etapas sociais aumentam o impacto da intervenção, obtendo os benefícios dessa disciplina fora da
sala de aula e potencializando o vínculo dos alunos à
comunidade.
Recomendações: para que uma atividade docente possa ser realmente bem sucedida e demonstrar seu potencial completo, os docentes deverão estruturar e escrever
todas as instruções do trabalho. Se não o fizerem, correm
o risco dos alunos não atingirem o objetivo desejado.
Para conseguir uma maior adesão à intervenção educativa que deseja implementar, é fundamental introduzir de
maneira integral e idealmente presencial (visitar os animais
que serão abordados) o problema em que vão trabalhar.
Apresentações de vídeos de experiências anteriores com
alunos de outras gerações e as contribuições obtidas
com outras matérias permitem aumentar o entusiasmo
dos novos participantes.
O feedback positivo por parte das pessoas que estão
recebendo a intervenção ao grupo de profissionais
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
que organizam a atividade e aos alunos é fundamental
para potencializar o envolvimento dos estudantes e dos
docentes nesse tipo de atividade. Por isso, sugere-se a
incorporação de alguma etapa de interação entre algum
representante da organização onde serão aplicadas as
medidas de bem-estar e o curso que está participando
da atividade educativa.
É uma boa ideia manter o registro de alguns elementos
que foram construídos nos anos anteriores que contêm
características esperadas para poder mostrá-los para as
futuras gerações, e servirá de guia para realizar um trabalho melhor. Da mesma forma, registrar trabalhos anteriores que mostrem evidências de erros recorrentes, para
prevenir os estudantes sobre possíveis complicações que
teriam se cometessem os mesmos erros.
Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente
Anexos metodologia
Atividades acadêmicas e de capacitação – “Oficina”
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
45
Enriquecedores - brinquedos
Bibliografia
Armstrong, W.A; Oberg, C.; Orellana, J.J. (2011). Presencia de huevos de parásitos con potencial zoonótico
en parques y plazas públicas de la ciudad de Temuco, Región de La Araucanía, Chile. Arch Med Vet 43, 127134.
Coalición Internacional para el Manejo de Animales de Compañía (ICAM). Guía para el manejo humanitario
de poblaciones caninas. (2007). Recuperado de: http://bit.ly/1EZ4QVV
Ibarra, L.; Espínola, F.; Echeverría, M. (2006). Una prospección a la población de perros existente en las calles
de la ciudad de Santiago, Chile. Avances en Ciencias Veterinarias, 21: 33-39.
Sánchez, P.; Raso, S.; Torrecillas, C.; Mellado, I.; Ñancufil, A.; Oyarzo, C.; Flores, M.; Córdoba, M.; Minvielle,
M; Basualdo, J. (2003). Contaminación biológica con heces caninas y parásitos intestinales en espacios públicos urbanos en dos ciudades de la Provincia del Chubut. Patagonia Argentina. Parasitol Latinoam, 58:131-135.
Torres, M.; López, J.; Solari, V.; Jofré, L.; Abarca, K.; Perret, C. (2005). Recomendaciones para el cuidado y
manejo responsable de mascotas y su impacto en salud humana. Comité de Infecciones Emergentes, Sociedad
Chilena de Infectología. Recuperado de: http://bit.ly/1UJK2Ue
46
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Aplicando o bem-estar animal na
medicina de pequenos animais
Ángela Olavarría Cortés
Chile
Nome da área temática, programa ou disciplina
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi
desenvolvida
Medicina de Pequenos Animais
Introdução, contexto e justificativa da
estratégia, prática ou atividade docente
Foi possível evidenciar, através de pesquisas e grupos focais, que os estudantes, apesar de conhecerem e trabalharem conceitualmente o bem-estar em anos anteriores
na área de produção animal, não administram os temas
básicos de bem-estar animal (BEA) nos animais de companhia, a menos que se trate de situações de maus-tratos
graves e muito evidentes. Os alunos não reconhecem de
forma cotidiana as situações que podem favorecer ou
comprometer o bem-estar dos animais hospitalizados.
Nesse contexto, será trabalhado, de forma inicial, o
conceito das cinco liberdades para deixá-las evidentes
no trabalho dos estudantes quando estiverem focados na
área de pequenos animais.
O objetivo é que possam mudar a forma de ver o animal
hospitalizado de modo tradicional, para visualizarem
o BEA em pequenos animais já hospitalizados, nas
consultas e em cães de trabalho. É preciso que estejam
conscientes de todas as ações que desenvolvem com os
animais que encontram.
No hospital, existem três cães de trabalho que são
usados para a prática de exame físico, e eles vivem nas
dependências do hospital e são usados como exemplo
de aplicação de BEA em animais de companhia.
É uma atividade que, embora faça parte de uma área,
não faz parte explícita das habilidades que devem ser
desenvolvidas nessa unidade. Ela nasceu da avaliação
do módulo pelos estudantes do ano anterior, onde se
denota a falta de integração do tema de bem-estar
animal na capacitação recebida em 2013 pela WSPA
para docentes universitários na cidade de Valdívia e o
interesse demonstrado pelos atuais estudantes de abordar essa temática.
Os estudantes são do nono semestre do curso, da área
que se divide em ruminantes, equinos, produção e pe-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
47
quenos animais, sendo a última onde essa atividade
é realizada. É a primeira vez que essa experiência é
realizada de maneira concreta, sempre se questiona
se os pacientes têm ou não bem-estar, e existem muitos
argumentos teóricos que permitem analisar o bem-estar
dos pacientes ou buscar estratégias de melhora diante
de situações de falta de bem-estar. Por isso, foram usados cães de trabalho como modelos de animais de estimação, de forma que possam ser planejadas medidas
corretivas, e pacientes hospitalizados, como um trabalho
que consiga internalizar o BEA em todos os estudantes
que passem pelo hospital clínico veterinário (HCVET).
Objetivos, habilidades e/ou
intenção pedagógica alcançados
com a implementação da estratégia,
prática ou atividade docente
• Analisar o bem-estar animal nos procedimentos diários da medicina de pequenos animais, visando o
reconhecimento do nível de bem-estar dos pacientes
hospitalizados e de trabalho.
• Determinar o nível de conhecimento alcançado pelos
estudantes na temática de bem-estar animal em medicina de pequenos animais.
• Diagnosticar o nível de bem-estar dos animais no
HCVET da Universidade Católica de Temuco e estabelecer melhorias relevantes.
• Promover habilidades profissionais no âmbito da
saúde animal: mediante a implementação de tratamentos médicos e/ou cirúrgicos de rotina, de acordo
com as normas de bem-estar animal e com a ética
profissional, que permitam recuperar o estado de
saúde individual ou coletiva.
• Promover habilidades transversais: orientando o trabalho em equipe e de qualidade.
• A habilidade de trabalho em equipe, em nossa universidade, associa-se ao valor institucional de convivência fraterna. Ao mesmo tempo, na medida em que
os indivíduos interagem, participam e tomam como
seus os propósitos e objetivos de sua equipe, o vínculo com o grupo a que pertencem também se torna
efetivo, demonstrando integração e colaboração de
forma ativa na realização de objetivos comuns com
outras pessoas, áreas e organizações.
• A habilidade de qualidade refere-se à atuação de
excelência que transcende o âmbito pessoal a outras
esferas da vida, em específico ao desenvolvimento
profissional, buscando a obtenção de resultados óti-
48
mos em cada um dos esforços empreendidos e sistematizando permanentemente sua aprendizagem. O
último permite que a pessoa melhore continuamente os
processos sob sua responsabilidade para enfrentar de
modo adequado um mundo globalizado em mudança
constante, manifestando uma busca permanente de
excelência de gestão profissional mediante a auto avaliação contínua, projeção e gestão de processos, com
orientação à obtenção de resultados de qualidade.
O objetivo é que os estudantes tomem a responsabilidade de desenvolver seu conhecimento, criando equipes
de trabalho que alcancem a melhor solução aos problemas que surgem na Clínica de pequenos animais.
Metodologia empregada
Trabalho colaborativo, classe dividida em quatro grupos, cada grupo com seis trios de estudantes, cada
grupo realiza o diagnóstico do tema recebido e desenvolve uma proposta de solução, incluindo todo o bem-estar dos pacientes na clínica de pequenos animais.
Existe um período de discussão em grupo através de
trabalhos focados por grupo e documentos compartilhados pela internet. As propostas são compartilhadas
por cada grupo no curso e corrigidas a partir do feedback do curso completo.
O objetivo é que, durante o segundo semestre, as propostas de cada grupo possam ser implementadas e colocadas em fase experimental, para análise e aperfeiçoamento, de forma permanente no hospital durante o ano
de 2015 em diante. É um ano para implementar ações
que evidenciem o BEA dos pacientes hospitalizados.
Grupo 1: desenvolver uma ficha de bem-estar animal
para os pacientes hospitalizados. Deve-se desenvolver
uma ficha, colocá-la em teste e receber feedback, corrigi-la e deixá-la em uso. O objetivo é que seja evidente que
os pacientes estejam em boas condições hospitalares.
Grupo 2: análise de bem-estar e sugestão de alterações
do ambiente para os animais de trabalho do hospital.
Os cães de trabalho usados em aulas anteriores vivem
permanentemente em dependências exclusivas do
HCVET. Apesar de terem espaço e manejo sanitário
ótimo, queremos melhorar ao máximo suas condições.
Além da fase de diagnóstico, serão implementadas as
melhorias, inclusive com construções necessárias.
Grupo 3: análise do bem-estar animal em espaços do
hospital de gatos e implementação do conceito de enriquecimento ambiental. O conceito de enriquecimento
ambiental para o bem-estar dos animais hospitalizados
deve ser assegurado. Ao melhorar as condições do esta-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
do mental dos gatos hospitalizados, é provável que sua
recuperação seja mais rápida e seu manejo, mais fácil.
Este grupo construirá elementos que permitam que os
gatos se entretenham e se escondam na hospitalização,
respeitando as áreas que os gatos precisam.
Grupo 4: análise de BEA em espaços do hospital para
cães e conceito de guarda responsável. O foco do trabalho principal é educar sobre a guarda responsável de
animais de companhia, criando instrumentos que permitam educar os proprietários sobre as responsabilidades
que assumem ao ter um animal de estimação. Além disso, esse grupo irá educar o nível básico (1 a 4 básico).
Durante todo o período, estabelece-se uma política de
portas abertas para discutir os avanços de cada grupo
e contribuir nas melhorias que podem ser implementadas
de maneira imediata, em uma atividade que inicia em
abril de 2014 e termina no início de julho de 2014.
Está planejada uma palestra informativa com o Fiscal
encarregado de delitos ambientais para que oriente
sobre os mecanismos legais que existem para denunciar maus-tratos a animais e deficiências de bem-estar
animal, haja vista as mudanças legais que ocorreram
recentemente no Chile.
Resultados pedagógicos obtidos
É uma estratégia que está em desenvolvimento durante o
semestre. Os progressos existentes são:
1. Primeira versão da ficha de bem-estar animal para
analisar os pacientes hospitalizados. O objetivo é que
essa ficha fique visível aos estudantes que passam pelo
hospital veterinário, que as ações realizadas nos pacientes estejam relacionadas a alguma das liberdades
e que tratá-los bem seja algo que vá além da empatia,
mas um dever associado ao BEA do paciente.
2. Diagnóstico de ambiente com cães de trabalho,
que, apesar de cumprir com o bem-estar animal,
é melhorável. Estão sendo montados planos para
melhorar o espaço do alojamento, melhorar o
espaço para brincadeiras, e o que se conseguiu
implementar para a saúde física e mental dos
cães é a criação da consciência de que passear
com eles é necessário, conseguindo que sejam
passeados todos os dias, de duas a três vezes por
dia, pelos estudantes de quinto ano, ou anos anteriores. A mudança de atitude dos estudantes em
relação aos cães de trabalho é visível, e os cães
estão mais calmos. Foi conquistado um compromisso com a saúde mental dos cães de trabalho.
3. O diagnóstico do hospital de gatos levou ao
planejamento de grandes mudanças que devem
ser implementadas na “hotelaria” do gato hospitalizado. Está sendo trabalhado o enriquecimento
ambiental, com a criação de brinquedos descartáveis, aromaterapia e musicoterapia, que já está
implantada e tem bons resultados.
No hospital de cães, ainda não se iniciaram os trabalhos
por questões de falta de tempo dos estudantes, mas esse
grupo está comprometido com o trabalho semestral de
seus colegas e deram o feedback ao trabalho de outros
grupos contribuindo para as melhorias que estão sendo
implementadas. As palestras educativas serão realizadas
ao final do semestre, estão sendo feitos os contatos para
acesso aos estudantes da educação primária.
Impacto da estratégia, prática
ou atividade docente nos estudantes,
animais, comunidade, etc.
Nos estudantes: mantê-los motivados em uma temática
que sabem que existe, mas que acham que não aplicam,
como o BEA, mudar a visão das ações realizadas na
prática clínica, responsabilizar-se pela saúde mental do
paciente. Foi conquistada uma maior motivação dos
estudantes em realizar trabalho em equipe que estejam
associados à construção e criação de espaços para animais hospitalizados e de trabalho. Eles apresentaram um
projeto aos fundos de iniciativas estudantis, associado
ao bem-estar animal de pacientes hospitalizados.
Nos animais: no caso dos cães de trabalho, melhora do
seu ambiente, enriquecimento ambiental e, sobretudo, melhora de sua saúde mental; os estudantes conscientizaram-se sobre o passeio dos animais como uma atividade de
distração, com turnos de passeios de duas a três vezes por
dia. Os animais estão muito mais tranquilos e equilibrados
em comparação a antes do início dessas ações. Os gatos
hospitalizados têm um ambiente mais agradável no hospital, com seu manejo facilitado por estarem mais relaxados.
Na escola: a ficha desenvolvida está permitindo o acesso a conceitos básicos de BEA aplicado por estudantes
de anos anteriores que passam pelo hospital.
Apoio da direção do curso em alguns custos associados
às melhorias que os estudantes solicitaram para cada
área de trabalho.
Apesar de o projeto ser uma atividade incipiente, ele fomentou a existência de um trabalho de autoavaliação e
processo de mudança do currículo ao integrar conceitos
de forma mais explícita do que ocorria antes.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
49
Conclusões/observações/
recomendações
significativos. Foi dada ênfase no tema de bem-estar ani-
A aplicação dos conceitos faz com que os estudantes
visualizem e internalizem a aprendizagem, tornando-se
Católica de Temuco, tendo sido submetido à análise
mal na escola de Medicina Veterinária da Universidade
para a criação de um novo currículo
Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente
Análise do bem-estar animal e ficha para os pacientes hospitalizados
50
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Trabalho em equipe e integração colaborativa
Trabalho com os animais e implementação de melhorias para o bem-estar
Bibliografia
Curso WSPA para docentes universitarios, Universidad Austral de Chile 2013.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
51
Palestras de Guarda Responsável
de Animais de Estimação
Graciela Estrada Dávila
Equador
Nome da área temática, programa ou disciplina
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi
desenvolvida
Etologia e Bem-Estar Animal
Introdução, contexto
e justificativa da estratégia,
prática ou atividade docente
O programa de Guarda Responsável da UDLA é um trabalho colaborativo organizado pela docente e médica
veterinária Graciela Estrada, que trabalha em conjunto
com nove estudantes entre o quarto e sexto semestres,
que, por sua vez, coordenam os estudantes que estão
cursando a disciplina de Etologia e Bem-Estar Animal
(terceiro semestre). Esses alunos formam grupos de cinco
pessoas e são os que se encarregam de oferecer as
palestras de guarda responsável, que é um dos requisitos
para passar na disciplina. Essa tarefa faz parte de um
projeto de Relacionamento com a sociedade que o curso de Medicina Veterinária e Zootecnia tem.
52
O presente projeto justifica-se pela necessidade evidente de ensinar técnica e cientificamente à população equatoriana sobre a responsabilidade implicada
na manutenção de um animal como parte da família
(animal de estimação), pois é comum identificar polos
opostos de cuidados com os animais: antropomorfização e maus-tratos.
A estratégia foca em um processo de ensino participativo
através do estabelecimento de um vínculo entre os estudantes universitários e os estudantes do ensino básico.
Os estudantes do terceiro semestre de Veterinária lecionam palestras lúdicas, embasadas nas cinco liberdades,
aos estudantes do quarto ano do ensino básico, tanto
de escolas públicas, quanto privadas, pois são eles que
exercem o maior impacto sobre as ações de seus pais,
eles são os que os ensinam a como manter melhor um
animal de estimação. No final da palestra, é firmado
um compromisso com as crianças e entregue um boton
com o logo do Programa, estimulando que os pais e os
familiares os consultem sobre o tema e, dessa forma, eles
transmitem a informação aprendida na palestra.
A docente acompanha cada grupo de estudantes na
apresentação da palestra para ajudar a solucionar dúvi-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
das e apoiar a informação que os estudantes transmitem.
Essa atividade começa após os alunos terem aulas de
introdução e conceitos de Bem-Estar Animal e é posta
em prática durante todo o semestre.
Objetivos, habilidades e/ou
intenção pedagógica alcançados
com a implementação da estratégia,
prática ou atividade docente
O Programa tem os seguintes objetivos:
• Disseminar os aspectos básicos da guarda responsável de animais de estimação dentro da sociedade.
• Formar estudantes e futuros profissionais da UDLA
íntegros, que se preocupem e vejam o trabalho importante que possuem dentro da sociedade.
• Incentivar a participação dos estudantes da Universidad de Las Américas no desenvolvimento e internalização das matérias aprendidas na vida cotidiana.
Metodologia empregada
A metodologia empregada baseia-se na realização de
uma explicação expositiva inicial por um grupo de cinco
estudantes, embasada nas cinco liberdades como forma
científica de avaliação do bem-estar dos animais. Isso é
executado sob a supervisão e apoio da docente encarregada, Graciela Estrada, e dos estudantes do Grupo
de Guarda Responsável de Animais de Estimação. As
palestras, além disso, contam com o apoio de material
audiovisual através do uso de pôsteres, Power Point, e
são feitas perguntas sobre o tema exposto (participação
das crianças assistentes) e brincadeiras didáticas para
reforçar a informação fornecida durante a apresentação
(foram utilizadas brincadeiras da WSPA). Finalmente,
botons com o logotipo do Programa são entregues às
crianças e é passada a responsabilidade de ensinarem
o que aprenderam durante a palestra aos pais em casa.
Os estudantes buscam bastante o apoio gráfico a essa
informação. Nesse momento, mostram fotos e desenhos.
O complemento é por meio de brincadeiras e, ao final,
o compromisso é selado com as crianças, de que voltem
para suas casas e ensinem a seus pais como devem
manter seus animais de estimação com responsabilidade,
com Bem-Estar Animal.
A fase seguinte do Programa, que está planejada para
todo o ano de 2015, incluirá a avaliação quali-quantitativa desse impacto.
Conteúdos de bem-estar animal
que incluem a estratégia, prática
ou atividade docente
Os conteúdos que incluem a estratégia são as cinco
liberdades com a explicação correspondente:
Livres de fome e sede. Deve ser disponibilizada água limpa todo o tempo. É necessário seguir as indicações do
alimento balanceado (ração) em relação à quantidade
e necessidades nutricionais, de acordo com a idade e
estado fisiológico do animal de estimação. Livres de desconforto. Que os animais contem com espaço suficiente
para poderem andar livremente. Não quer dizer que
o que é adequado para o ser humano seja adequado
para os animais, devemos conhecer o comportamento
normal e, com base nisso, fornecer o espaço e requisitos
para que desenvolvam seu comportamento normal.
Livres para expressar seu comportamento normal. Tem
muita relação com a segunda liberdade, mas vai além,
devemos deixar que se socializem com outros indivíduos
da sua espécie e não restringir a liberdade de se mover
livremente (por exemplo).
Livres de dor, lesões e doenças. A explicação foca em
levar os animais de estimação ao médico veterinário, a
não medicá-los por conta própria se tiverem um processo
doloroso devido às consequências do uso de anti-inflamatórios para seres humanos em animais de estimação.
Livres de medo e estresse. É explicado com exemplos,
que situações provocam medo nos animais, a razão fisiológica (com terminologia adequada) e o que se deve
fazer em termos de comportamento.
Resultados pedagógicos obtidos
De acordo com os objetivos traçados, tornou-se claro
que os aspectos básicos sobre a guarda responsável
de animais de estimação estão sendo disseminados
dentro da sociedade.
Até a data, um total de 1330 estudantes da educação
básica assistiu à palestra, sendo de 27 unidades educativas dentro da cidade de Quito e Machachi. De acordo
com as estatísticas em nível nacional, é apontado que
cada pessoa pertence a um núcleo familiar de indivíduos, por isso, estima-se que, se cada uma dessas crianças
disseminar a informação em suas casas, cerca de 5320
pessoas receberão indiretamente a mensagem.
Os segundo e terceiro objetivos não foram quantificados,
mas foi observado qualitativamente que, depois da apre-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
53
sentação das palestras, os alunos assumem uma posição
mais ativa e participativa em relação à comunicação de
conhecimentos de Bem-Estar Animal. Os estudantes que
agora são coordenadores foram selecionados a partir do
grupo de estudantes que já vivenciaram a experiência.
Impacto da estratégia, prática
ou atividade docente nos estudantes,
animais, comunidade, etc.
Desde o início do programa, foram quantificadas 1337
crianças beneficiadas com idades entre oito e 11 anos,
de 27 colégios da Província de Pichincha, especificamente da periferia de Quito e Machachi.
De acordo com as estatísticas do Instituto Nacional de Normalização (INEN), estima-se que cada pessoa capacitada
pertença a uma família de quatro integrantes, portanto, é
possível estimar que se tenha atingido 5348 pessoas.
Conclusões/observações/
recomendações
Pode-se dizer que a quantidade de crianças que assistiram às palestras recebeu o conhecimento prático
em relação à Guarda Responsável de animais de
estimação e, de forma indireta, seus familiares, e são
a maior motivação para prosseguir com o programa
com o planejamento de novos objetivos, complementos, para a obtenção de mais resultados e um impacto
quantificável.
Registros e evidências da realização da
estratégia, prática ou atividade docente
Palestras de Guarda Responsável
Bibliografia
Farm Animal Welfare Council. (1992). FAWC updates the five freedoms. Veterinary Record, 17:3-57.
Instituto Nacional de Estadística y Censo (INEC). (2010). Resultados del Censo 2010 de población y vivienda
en el Ecuador. Recuperado de: http://bit.ly/1i5e6xz
54
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Capítulo 3
Estratégias e práticas
docentes que fomentam o
uso humanitário de animais
em educação e pesquisa
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
55
Desenvolvimento de Modelos de Simulação para
a coleta de amostras sanguíneas e aplicação de
medicamentos intravenosos como alternativas
humanitárias no ensino da Medicina Veterinária
Edison Alberto Cardona Zuluaga y Sergio Alejandro Salas Suárez
Colômbia
Nome da área temática, programa ou disciplina
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi
desenvolvida
Disciplinas: Exame físico e Métodos de Exploração e
Introdução à Medicina Veterinária e à Zootecnia
Introdução, contexto e justificativa da
estratégia, prática ou atividade docente
Em nosso exercício profissional, a coleta de amostras sanguíneas e a administração de medicamentos ou soluções
para a reposição de líquidos e eletrólitos são quase
rotineiras. Por isso, o profissional deve ter destreza e habilidade necessárias para coletar a amostra de maneira
adequada ou acessar corretamente o vaso sanguíneo,
sendo que nos processos de formação busca-se o desenvolvimento dessas habilidades violando conscientemente,
mas sem intenção, alguns direitos dos animais, como
56
estar livre de sofrimento e desconforto, de dor, lesões ou
doenças, de medo ou estresse. No ensino da Medicina
Veterinária, apesar do afeto e respeito pelos animais,
práticas como essas violam suas liberdades porque qualquer ação, deliberada ou não, que afete o bem-estar
atual ou futuro de um animal com o objetivo de aprendizagem pelo estudante é uma aproximação nociva.
A universidade moderna deve preparar seus estudantes
para desempenharem seu ofício de maneira adequada.
É fundamental, portanto, que se analise o processo educativo por uma perspectiva dupla: como os nossos alunos
aprendem e, como consequência, o que e como ensiná-los (Ruiz Esteban, 2002). Historicamente, para lecionar
procedimentos em medicina veterinária, utilizam-se animais
vivos. No entanto, na última década, foram produzidas
novas tecnologias, como manuais, vídeos, imagens e
simuladores de realidade virtual, buscando desenvolver
habilidades e destreza nos estudantes (Perez-Rivero &
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Rendón-Franco, 2011). A medicina humana desenvolveu
simuladores de alta precisão nos últimos anos (Fletcher,
Militello, Schoeffler & Rogers, 2012); infelizmente, esses
simuladores são inacessíveis para algumas instituições acadêmicas devido a seu custo alto. Essas razões justificam
o desenvolvimento de simuladores em ciências animais,
fáceis de fabricar, a baixo custo e portáteis. O objetivo
desta estratégia pedagógica foi desenvolver simuladores
para a venopunção, acesso venoso e coleta de amostras
sanguíneas em caninos, felinos, equinos e bovinos, visando à aquisição de destreza pelos estudantes de ciências
pecuárias; para aumentar o número de intervenções bem
sucedidas sobre animais vivos e diminuir o estresse, o
medo, a dor e o sofrimento a que podem ser submetidos
nesse tipo de prática acadêmica.
Objetivos, habilidades e/ou
intenção pedagógica alcançados
com a implementação da estratégia,
prática ou atividade docente
O objetivo dessa estratégia pedagógica foi desenvolver
simuladores para a venopunção, acesso venoso e coleta
de amostras sanguíneas em caninos, felinos, equinos e
bovinos, visando à aquisição de destreza pelos estudantes de ciências pecuárias; para aumentar o número de intervenções bem sucedidas sobre animais vivos e diminuir
o estresse, o medo, a dor e o sofrimento a que podem
ser submetidos nesse tipo de prática acadêmica.
Habilidades e intenção pedagógica:
• Aquisição de habilidades e destreza na coleta de
amostras, aplicação de medicamentos e acesso
venoso em diferentes espécies de animais.
• Aprendizagem sobre técnicas padronizadas para
a coleta de amostras de vasos sanguíneos; uso de
desinfecção, manejo de torniquete, hemostasia e
manipulação segura de pacientes.
• Manejo adequado de dispositivos para intervenção de venopunção: sistema vacutainer, seringas,
agulhas, cateteres, venóclises, uso de luvas e descarte final de resíduos hospitalares.
• Aprendizagem embasada de manejo e restrição
física humanitária na manipulação dos animais.
• Redução de uso de animais nos processos de ensino e aprendizagem, substituindo a intervenção
direta inicial através do uso de simuladores de
venopunção, conseguindo o refinamento através da
redução da dor causada aos animais ao diminuir a
intervenção direta sobre eles (princípio dos 3 Rs).
• O desenvolvimento de modelos de simulação como
ferramenta pedagógica cria um ambiente estimulante no ensino e na aprendizagem que facilita o
acesso a estruturas cognitivas.
Metodologia empregada
Este projeto desenvolve uma ferramenta pedagógica
de modelo construtivista criando um ambiente estimulante de experiências que facilita o acesso a estruturas
cognitivas (Flórez Ochoa, 2005). Foram desenvolvidos modelos físicos de regiões de acesso venoso nas
diferentes espécies animais domésticas, buscando
fidelidade anatômica e sensorial ao tato, chegando a
texturas e proporções físicas similares a pacientes reais
através do uso de materiais como mangueiras de látex,
telas de textura e impressão que simulam a pele dos
animais, bombas de circuito para a movimentação de
fluidos e preparação de fluidos pigmentados para imitar
o fluido vascular, utilizando como base estruturas de
madeira cobertas por espuma. Os circuitos vasculares
abastecem-se através da venóclise conectados a bombas propulsoras – expulsoras, que mantêm os fluidos
em movimento.
Antes do uso dos modelos de simulação, os estudantes
tiveram aulas magistrais apoiadas por imagens e vídeos
onde adquiriram os conhecimentos sobre manipulação
de pacientes, anatomia topográfica, manejo e desinfecção da região de venopunção, indicações de coleta e
manipulação de amostras, acesso venoso, aplicação
de medicamentos, uso e escolha de elementos de intervenção (agulhas, seringas, catéteres, venóclises, desinfetantes e outros).
No evento prático, o ensino é realizado em pacientes
reais de modo a imobilizá-los de forma humanitária e
o procedimento de torniquetes temporários é realizado para que possam identificar os vasos e observar
sua ingurgitação. Sobre os modelos, os estudantes
aplicam as técnicas de desinfecção, aplicação de
torniquete, palpação do vaso sanguíneo e coleta de
amostra, aplicação de medicamentos ou acesso venoso de acordo com a indicação dada pelo docente.
O processo é orientado constantemente pelo docente, que realiza um feedback ativo da atividade com
os estudantes. Na avaliação, são contempladas as
ações ao redor do ato da venopunção e do próprio
evento, ou seja: manipulação do paciente, desinfecção, uso de elementos para a coleta de amostras,
aplicação de medicamentos e acesso venoso de
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
57
acordo com o cenário criado, manejo da amostra e
descarte final dos resíduos hospitalares.
Os estudantes que realizaram práticas prévias com os
simuladores mostraram mais acertos qualitativamente
na intervenção direta sobre os animais do que os que
passaram da aula magistral à intervenção. O ato de
intervenção direta sobre os animais foi realizado de forma justificada na coleta de amostras para perfis sanitários
dos animais (amostras para diagnóstico de hemoparasitos, Brucella, Leptospira, encefalite equina, entre outros).
Conteúdos de bem-estar animal
que incluem a estratégia, prática
ou atividade docente
• O bem-estar animal abordado pelas cinco liberdades;
• Relação entre bem-estar animal, doença e produção;
• O papel do veterinário no bem-estar dos animais e
os problemas éticos;
• Tomada de decisões na prática veterinária;
• Atitudes dos estudantes e dos veterinários (incluindo
o manejo da dor);
• O papel do veterinário na mudança de atitudes.
Resultados pedagógicos obtidos
Aquisição de habilidades e destreza na coleta de amostras, aplicação de medicamentos e acesso venoso em
diferentes espécies animais;
Aprendizagem sobre técnicas padronizadas para a
coleta de amostras de vasos sanguíneos; uso da desinfecção, manipulação do torniquete, hemostasia e manipulação segura dos pacientes;
Manejo adequado de dispositivos para intervenção de
venopunção: sistema vacutainer, seringas, agulhas, catéteres, venóclises, uso de luvas e descarte final de resíduos
hospitalares;
Aprendizagem embasada de manejo e restrição física
humanitária na manipulação dos animais;
Redução do uso de animais nos processos de ensino e
aprendizagem, substituindo a intervenção direta inicial
através do uso de simuladores de venopunção, alcançando o refinamento através da redução da dor causada aos animais ao diminuir a intervenção direta sobre
eles (princípio dos 3 Rs);
58
O desenvolvimento de modelos de simulação como
ferramenta pedagógica cria um ambiente estimulante ao
ensino e à aprendizagem que facilita o acesso a estruturas cognitivas.
Impacto da estratégia, prática
ou atividade docente nos estudantes,
animais, comunidade, etc.
Nos estudantes: O ambiente de simulação cria um desafio em forma de jogo onde eles assumem o papel do
veterinário em exercício no contexto de uma situação
cotidiana, como a aplicação de um medicamento, a
coleta de amostras ou o acesso venoso, conseguindo
assegurar os conhecimentos e a aquisição de habilidades e destreza.
Nos animais: Seu uso direto foi reduzido no processo de
ensino e aprendizagem, minimizando eventos dolorosos
e estressantes a que seriam expostos com propósitos
educativos.
Na instituição: Desenvolvimento de ferramentas pedagógicas que melhoram seus processos de ensino e aprendizagem, as quais podem ter impacto sobre um número
maior de estudantes ao deixar de depender diretamente
dos animais como limitante do processo.
Conclusões/observações/
recomendações
A afirmação de que os animais são sempre prejudicados
na educação veterinária é controversa - ainda que em
alguns tipos de práticas acadêmicas, como no aprendizado da venopunção para a coleta de amostras sanguíneas, acesso venoso e aplicação de medicamentos, isso
poderia estar correto. No entanto, nas escolas ou faculdades de Medicina Veterinária e/ou Medicina Veterinária e Zootecnia, a resolução parcial desse paradigma
poderia ser o uso de alternativas inanimadas como esses
simuladores, que são relativamente fáceis de fabricar,
têm baixo custo, são portáteis e manipuláveis para o
ensino de alguns procedimentos como os descritos.
Foi observado que a aplicação desses modelos de simulação, em geral, não causa resistência dos estudantes
para sua utilização no desenvolvimento das práticas, e,
além disso, os estudantes acham que são alternativas
muito agradáveis. Nelas, por razões óbvias, há menor
resistência na realização de repetições em busca do desenvolvimento de destreza ao saberem que não causam
dor e sofrimento aos animais.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente
Elaboração de simulador para venopunção de veia cefálica canina e felina
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
59
Elaboração de Simulador para venopunção de veia coccígea em bovinos
Práticas em Sala de Aula
Bibliografia
Fletcher, D.J.; Militello, R.; Schoeffler, G.L.; Rogers, C.L. (2012). Development and evaluation of a high-fidelity
canine patient simulator for veterinary clinical training. Journal of Veterinary Medical Education, 39:7-12.
Flórez Ochoa, R. (2005). Pedagogía del conocimiento. Bogotá; México: McGraw-Hill.
Perez-Rivero, J.J.; Rendón-Franco, E. (2011). Validation of the educational potential of a simulator to develop
abilities and skills for the creation and maintenance of an intravenous cannula. Alternatives to Laboratory Animals:
ATLA, 39:257-260.
Ruiz Esteban, C. (2002). Algunas claves para la enseñanza en la educación superior de veterinaria. Anales de
Veterinaria de Murcia, 18:91-102. Recuperado de: http://bit.ly/1Lmwmth
60
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Uso de modelos de simulação no
ensino-aprendizagem de habilidades
clínicas em pequenos animais
Cintya Boroni González and Alberto Goldsack Merino
Chile
Nome da área temática, programa ou disciplina
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi
desenvolvida:
aos estudantes a oportunidade de aprender e exercitar
uma técnica clínica, cometer erros e melhorar sem medo
de prejudicar um paciente real.
Anatomia Clínica
Na prática de clínica de pequenos animais, técnicas
como a colocação de acesso venoso periférico, a venopunção e a intubação orotraqueal são de uso frequente,
mas, por serem invasivas, devem ser realizadas com boas
práticas para minimizar danos a estruturas do paciente.
Introdução, contexto
e justificativa da estratégia,
prática ou atividade docente
A simulação clínica é uma prática muito utilizada no
ensino superior na área médica em nível mundial. Esta
estratégia fornece aos estudantes a oportunidade de
aprender, aperfeiçoar e apurar uma técnica clínica antes de aplicá-la em pacientes reais, melhorando, dessa
forma, sua confiança e diminuindo a probabilidade de
dano a sujeitos submetidos à técnica.
Em Medicina Veterinária, a prática de simulação tem
aumentado devido a fatores éticos e pedagógicos, que
têm relação direta com o bem-estar animal, já que provê
Esse é o contexto em que o uso de modelos de simulação
constitui uma grande ferramenta de ensino-aprendizagem
de técnicas clínicas de uso frequente, já que permite que
os estudantes fixem uma habilidade, conquistando, dessa
forma, habilidades necessárias para seu exercício profissional, já que ao enfrentar pacientes reais serão capazes de
realizar uma técnica bem sucedida e segura, minimizando
o erro associado ao nervosismo e à ansiedade.
A estratégia apresentada está relacionada com uma
disciplina do 5o. semestre (de um total de dez semestres
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
61
letivos), denominada anatomia clínica, que corresponde
à transição entre cursos básicos e profissionais. A primeira parte da disciplina consiste em trabalho com modelos
de simulação para a aquisição de habilidades clínicas
e técnicas, como sondagem urinária, toracocentese, intubação orotraqueal, auscultação cardíaca e pulmonar.
Enquanto que, na segunda parte, trabalha-se com animais reais, ensinado os estudantes o manejo correto que
devem fazer com seus futuros pacientes, desde a aproximação e formas de melhoria, até técnicas mais invasivas.
Por isso que a incorporação dos modelos de simulação
fornece, nesta etapa de formação de um Médico Veterinário, uma ferramenta importantíssima, já que prioriza o uso de
animais para procedimentos onde são necessários e dificilmente substituíveis, e, com isso, reduz ao mínimo os pacientes que são utilizados para fixar técnicas mais básicas.
Objetivos, habilidades e/ou
intenção pedagógica alcançados
com a implementação da estratégia,
prática ou atividade docente:
Objetivo geral
Obter habilidades técnicas para colocação de um cateter venoso periférico, venopunção e intubação orotraqueal em modelos de simulação animal.
Objetivos específicos
• Conhecer as técnicas clínicas rotineiras na clínica de pequenos animais, como a colocação de cateter venoso
periférico, a venopunção e a entubação orotraqueal.
• Compreender a utilização de modelos simulados
para a formação de Médicos Veterinários de acordo com o manejo ético de animais para a docência
e o bem-estar animal.
• Executar as técnicas clínicas rotineiras em simuladores de
baixa fidelidade para adquirir a habilidade desejada.
Metodologia empregada
A metodologia pedagógica aplica-se na disciplina de
anatomia clínica que ocorre no 5o. semestre do curso de
Medicina Veterinária (de dez semestres no total). Esse
curso possui três horas pedagógicas (135 min.) de classes
teóricas e três de atividades práticas por semana. As atividades dividem-se em 15 práticas por semestre, dessas,
oito correspondem ao trabalho com simuladores, cinco ao
manejo com pacientes reais (duas práticas com pequenos
animais, duas práticas com equinos e uma prática com bo-
62
vinos) e duas correspondem a avaliações (uma com técnicas em simuladores, uma com exame clínico de equinos).
Em cada passo prático, trabalha-se com cerca de 30
alunos, que se dividem em três grupos. As atividades
realizadas são apoiadas por três docentes que orientam
os estudantes nos procedimentos realizados.
Para gerar as habilidades e técnicas clínicas rotineiras,
trabalha-se com a ajuda de modelos de simulação
animal de baixa fidelidade (Rescue Critters®), nessa
disciplina, utilizam-se oito membros torácicos para venopunção e acesso venoso, duas cabeças para intubação
orotraqueal, dois modelos de auscultação torácica, dois
para toracocentese, dois para massagem cardíaca e
dois para a introdução de cateter urinário, onde essa
atividade é referente ao uso dos dois primeiros modelos
mencionados. Além disso, utilizam-se materiais como
cateteres venosos periféricos, seringas, borboletas, cinta
adesiva, laringoscópio, traqueotubos, entre outros.
Descrição das atividades: Na primeira aula, são apresentados conceitos básicos de bem-estar animal de forma a justificar e sociabilizar o estudante com o uso dos
simuladores veterinários.
A teoria fornece aos estudantes os conceitos necessários
para a realização das técnicas clínicas, e também conta
com o apoio de um documento que contém protocolos
detalhados com os passos necessários para a realização de cada um dos procedimentos.
As aulas práticas são realizadas no laboratório de anatomia, que tem espaço suficiente para o trabalho com
os estudantes. No início da aula prática, é feita uma
demonstração de cada técnica. No laboratório, existem
três estações de trabalho, é exercitada uma técnica diferente em cada uma durante uma hora, e depois é feito o
rodízio até completar as atividades.
A técnica é realizada com respaldo de conhecimentos
anatômicos e apoio audiovisual, que consiste em vídeos
da mesma técnica realizada em pacientes reais. Nesses
vídeos, são mostradas técnicas bem sucedidas e também
erros comuns, para que os estudantes os conheçam e
não os repliquem.
Avaliação e feedback: A avaliação é somada através
de uma nota que mede a técnica em si, o número de
repetições e o tempo de desenvolvimento. O feedback
é permanente durante cada prática e também na avaliação. Além disso, é feita uma avaliação mediante uma
pesquisa sobre a percepção dos estudantes diante da
prática com modelos de simulação.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Conteúdos de bem-estar
animal que incluem a estratégia,
prática ou atividade docente
Módulo I: Introdução ao bem-estar animal.
Apresentar conceitos básicos e definições de bem-estar
animal.
Módulo 2: Bem-estar de animais usados em Pesquisa,
Testes e Educação.
Esse módulo está relacionado com a Justificativa e a sociabilização do uso de modelos alternativos de simulação para
a aprendizagem de técnicas clínicas. É baseado nos três
“Rs”, já que se está reduzindo o número de animais para a
prática, é permitido que o estudante realize diversas repetições de cada técnica, o que está de acordo com o refinamento, e finalmente permite substituir o uso de animais reais
para a obtenção de uma determinada habilidade.
Resultados pedagógicos obtidos
Os resultados são obtidos com base em uma pesquisa
que mede a percepção dos estudantes diante das técnicas clínicas mediante o uso de modelos de simulação e
sua relação com o bem-estar animal.
Em 2013, iniciou-se um trabalho mais metódico e programado com modelos de simulação, a informação encontrada nesse semestre foi que 70,6% de 51 estudantes
pesquisados acham que as práticas com simuladores
permitiram que desenvolvessem suas habilidades em
procedimentos clínicos.
No primeiro semestre deste ano (2014), mensurou-se com
mais detalhes a percepção dos estudantes, portanto, os
dados apresentados a seguir correspondem ao segundo
ano de implementação da metodologia de trabalho.
De um total de 56 estudantes, 52 responderam à pesquisa
que incluía perguntas específicas sobre a metodologia da
disciplina, das avaliações e da percepção do uso de modelos. De todos os alunos pesquisados, 36,5% declarou que
havia realizado alguma das técnicas vistas na disciplina em
pacientes reais, antes de sua formação com simuladores;
63,5% desses estudantes pesquisados não haviam realizado essas técnicas clínicas em pacientes reais.
94,2% dos estudantes pesquisados acredita que o uso de
modelos de simulação apoia-se no conceito de bem-estar
animal e 96,2%, que seu uso diminui o sofrimento animal.
80,8% acham que sua preparação e formação em técni-
cas clínicas com simuladores foram adequadas. Enquanto
que 19,2% acham que a formação não foi adequada.
67,3% responderam que o tempo destinado para a prática e a repetição das técnicas clínicas permitiu o desenvolvimento de habilidades, por outro lado, 21,2% dos
estudantes pesquisados se mantiveram neutro.
Em relação à motivação que o trabalho com modelos
animais gera, 92,3% indicaram que o uso de modelos
foi motivador e 7,7% foram neutros em sua resposta. Em
relação à atitude dos estudantes durante seu trabalho com
modelos, 90,4% disseram que tiveram uma atitude séria e
profissional. Por outro lado, 53,8% indicaram que sentiram
ansiedade e nervosismo no momento de executar técnicas
clínicas nos modelos, enquanto que 23,1% se manifestaram neutros e o mesmo número não sentiu nervosismo. Por
outro lado, 61,5% acham que a prática com simuladores
foi preparatória para enfrentar um paciente real, 11,5%
ficaram neutros e 26,9% acham que não. Finalmente,
94,2% recomendariam o trabalho com modelos de simulação animal a estudantes de anos anteriores.
Impacto da estratégia, prática
ou atividade docente nos estudantes,
animais, comunidade, etc.
O trabalho com simuladores nas disciplinas básicas e
de transição no curso de medicina veterinária é bem
aceito pelos estudantes, que entendem em parte que
esse passo é vantajoso para eles, já que ajuda na fixação de técnicas e habilidades clínicas sem o nervosismo
envolvido na aprendizagem com animais vivos, como
foi refletido na pesquisa de percepção realizada com
os alunos neste ano de 2014. 53,8% dos estudantes
pesquisados indicaram que sentiam ansiedade e nervosismo ao executar as técnicas clínicas, o que reforça o
fato de que esse tipo de simulador traria vantagens aos
estudantes que os utilizam. Eles reconhecem e se motivam pela redução do número de animais utilizados na
docência. Essas novas gerações de estudantes são muito
atraídas pela área de bem-estar animal, principalmente
por animais que são usados com finalidades docentes, já
que reconhecem que esses pacientes, por um lado, são
necessários para a obtenção de uma formação integral,
mas são muito críticos quando essa utilização é feita em
atividades mais básicas de sua formação.
Do ponto de vista da utilização docente, é de grande
importância a sociabilização do uso dos modelos, tanto pela relação com o bem-estar animal, quanto pelos
resultados de aprendizagem que se quer obter com sua
incorporação.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
63
Em nível institucional, a Universidade Andres Bello faz
parte da rede de Universidades Laureate, que trabalha
de maneira ativa na formação de um regulamento interno de Boas práticas Veterinárias, onde seu eixo principal
é o bem-estar animal, favorecendo e recomendando o
uso de simuladores de diversos tipos e casos simulados
na formação dos estudantes de medicina veterinária.
As principais críticas que os estudantes fazem ao trabalho com simuladores é que muitos deles não são anatomicamente corretos ou não têm uma boa textura em comparação aos animais, o que faz com que as repetições
da técnica diminuam..
Conclusões/observações/
recomendações
O uso de simuladores no treinamento de habilidade e
técnicas clínicas básicas, mas invasivas, como a venopunção e a colocação de cateteres endovenosos, é muito
bem recebido pelos estudantes, já que eles valorizam o
treinamento e o refinamento das técnicas antes de usá-las
em animais vivos em seu processo de formação. Essa
utilização requer um processo de sociabilização e descrição dos resultados esperados com seu uso, para que se
entenda a finalidade da atividade. Esse tipo de atividade
reforça o conceito de bem-estar animal com os três RS e
o manejo ético de animais na docência da graduação
em medicina veterinária.
A experiência dos acadêmicos da Universidade que
trabalham ativamente com simuladores reflete a preocupação com relação à fidelidade desses simuladores, assim como sua duração, já que o investimento
em manequins não é menor, mas a baixa duração e
fidelidade podem desmotivar o estudante a querer
trabalhar de maneira mais ativa com eles. Outro ponto importante a ser considerado com sua utilização
é o momento adequado para sua incorporação, já
que os resultados da aprendizagem que se esperam
obter devem ser fixados bem para maximizar o uso
dessa ferramenta.
É necessário, do ponto de vista docente, realizar pesquisas de satisfação e feedback para atender às preocupações dos estudantes em relação ao trabalho com
manequins. Como também a geração de evidências suficientes para validar o trabalho com simuladores. Deve-se
trabalhar na geração de curvas de aprendizagem de
técnicas distintas para maximizar o uso dessa estratégia
docente, e também realizar comparações do treinamento
tradicional versus o treinamento com simulação, e levar
os resultados para a literatura científica para a validação
da metodologia.
Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente
Aula prática com demonstração – Laboratório de Anatomia
64
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Passos práticos da metodologia de ensino empregada
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
65
Avaliação e feedback – Pesquisa de Simuladores
Anatomía Clínica
NOTA:
1º PRUEBA PRÁCTICA ANATOMÍA CLÍNICA
Sección:
Nombre:
Firma:
VENOPUNCIÓN
1
Check List (bránula, tapa amarilla, alcohol,
algodón y cinta).
Ubica y fija el vaso sanguíneo
Todos los insumos o sobra
uno.
Ubica y fija
Le falta 1 insumo.
Desinfección
En una dirección y sin
reinfectar la zona.
Desinfecta
en
varias
direcciones y/o reinfecta
la zona.
Posiciona el bisel hacia arriba
Introduce la bránula dentro del vaso
sanguíneo en al menos 3 intentos.
Asegurándose de que salga líquido.
Introduce el teflón
0.5
0
Ubica o fija.
Si
Introduce correctamente
la bránula.
Posicionamiento de la tapa de heparina.
Lo hace mientras saca el
estilete y con una mano..
Aséptico Y atornilla
Lo realiza de manera
incorrecta, ej: con el
estilete completo.
No saca el estilete y/o lo
hace con dos manos.
Aséptico O atornilla.
Pone correctamente la cinta en la bránula
y tapa heparina.
Cinta en bránula Y tapa
correctamente.
Cinta en bránula O tapa
correctamente.
Elimina o Reenfunda el estilete
Comprobar si está al interior del vaso
mediante el uso de una jeringa
Si
Sale sangre en la jeringa.
Ptje. obtenido
Le falta más de 1 insumo
o no hace el check list.
Ninguno o lo realiza de
manera incorrecta.
No desinfecta o lo realiza
de manera incorrecta.
No
No logra introducir la
bránula.
No introduce el teflón o lo
hace de forma incorrecta.
Ninguna o lo realiza de
manera incorrecta.
En ambos de manera
incorrecta o no pone la
cinta.
No
No sale sangre en la
jeringa.
TOTAL
Anatomía Clínica
Semana 05 Mayo 2014
RESULTADOS DE ENCUESTA DE EVALUACIÓN DEL USO DE SIMULADORES
Las respuestas fueron planteadas con escala de likert con las siguientes opciones: TA: Totalmente de acuerdo, A: De acuerdo, PA: Parcialmente de acuerdo,
N: Neutral, PD: Parcialmente en desacuerdo, D: Desacuerdo, TD: Totalmente en desacuerdo.
Se sumaron los resultados de TA, A y PA y se consideraron como percepción positiva (POS), asimismo los PD, D y TD para obtener la percepción negativa (NEG)
respecto a la pregunta planteada.
PREGUNTAS
A
PA
POS
N
PD
D
TD
NEG
El uso de modelos de simulación animal se apoya en el
76,9% (40)
concepto de bienestar animal.
TA
15,4%(8)
1,9% (1)
94,2% (49)
5,8% (3)
0%
0%
0%
0%
El uso de simuladores disminuye el sufrimiento animal.
84,6% (44)
11,5% (6)
0%
96,2% (50)
1,9% (1)
1,9% (1)
0%
0%
1,9% (1)
La preparación y formación en técnicas clínicas (venopunción,
34,6% (18)
canulación, auscultación, etc.) con simuladores fue adecuada.
26,9% (14)
19,2% (10)
80,8% (42)
0%
7,7 % (4)
3,9% (2)
7,7% (4)
19,2% (10)
El tiempo destinado a la práctica de cada técnica clínica en
modelos de simulación me permitieron desarrollar habilidades
clínicas.
15,4% (8)
28,9% (15)
23,1% (12)
67,3% (35)
21,1% (11)
5,77% (3)
5,77% (3)
0%
11,5% (6)
Mi actitud durante el trabajo práctico con simuladores fue
42,2% (22)
seria y profesional
38,5% (20)
9,6% (5)
90,4% (47)
3,9% (2)
3,9% (2)
0%
1,92% (1)
5,8% (3)
Las prácticas con modelos de simulación motivaron mi
42,3% (22)
proceso de aprendizaje.
36,5% (19)
13,5% (7)
92,3% (48)
7,7% (4)
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
Sentí ansiedad o nerviosismo al ejecutar las técnicas clínicas
en los modelos.
25% (13)
15,4% (8)
13,5% (7)
53,8% (28)
23,1% (12)
3,9% (2)
13,4% (7)
5,8% (3)
23,1% (12)
La práctica con simuladores me ha preparado para enfrentar a
un paciente real.
9,6% (5)
21,15%
(11)
30,8% (16)
94,2% (49)
11,5% (6)
13,5% (7)
3,9% (2)
9,62% (5)
3,9% (2)
23,1% (12)
9,6% (5)
61,5% (32)
1,9% (1)
0%
3,9% (2)
0%
26,9% (14)
Recomendaría el trabajo con modelos de simulación animal a
61,5% (32)
estudiantes de cursos inferiores
66
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
2014
Bibliografia
Colonius, T.; Swoboda, J. (2010). Student Perspectives on Animal-Welfare Education in American Veterinary
Medical Curricula. Journal of veterinary medical education, 37: 56-60.
Hart, L.A.; Wood, M.W.; Weng, H. (2005). Mainstreaming Alternatives in Veterinary Medical Education: Resource Development and Curricular Reform. Journal of veterinary medical education, 32: 473, 480.
Scalese, R.J.; Issenberg, S.B. (2005). Effective Use of Simulations for the Teaching and Acquisition of Veterinary
Professionaland Clinical Skills. Journal of veterinary medical education. 32: 461-467.
Valliyate, M.; Robinson, N.G.; Goodman, J.R. (2012). Current concepts in simulation and other alternatives for
veterinary education: a review. Veterinarni Medicina, 57: 325–337.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
67
Conservação de Peças Anatômicas
e Criação de Coleção Embriológica
Daniel Fernando González Mendoza
Colômbia
Nome da área temática, programa ou disciplina
onde a estratégia, prática ou atividade docente foi
desenvolvida
Anatomia, Embriologia e Reprodução animal
Introdução, contexto e justificativa da
estratégia, prática ou atividade docente
As universidades de hoje devem assumir uma atitude de
inovação, mudança e atualização de suas metodologias
para melhorar a formação acadêmica dos estudantes; a
globalização e o uso da tecnologia promovem o aperfeiçoamento diário do ensino, os meios de transmitir a informação e o conhecimento. Na medicina veterinária e em
outros cursos da área de saúde, o processo “Docente-Educativo” requer metodologia, procedimentos e meios de
ensino capazes de absorver a maior quantidade possível
de conhecimento para transmiti-los aos estudantes (Correa
Flavio, 2005), e durante muitos anos foi desenvolvido sem
68
levar em conta o bem-estar animal, onde se visa que os
animais não sofram sob o pretexto de que o estudante
adquira conhecimento. Este trabalho vem sendo desenvolvido por estudantes e docentes da Fundação Universitária
Juan De Castellanos, é produto de busca de estratégias
que motivem e facilitem o aprendizado dos estudantes em
áreas como anatomia, embriologia e reprodução, sendo
implementadas pelos docentes duas estratégias: o Aprendizado Embasado em Problemas (AEP) e o Aprendizado
Orientado a Projectos (AOP). Por meio delas, eles pesquisam, desenvolvem e aplicam projetos que promovem
o material de estudo dessas disciplinas, evitando que animais sejam afetados, porque um dos objetivos principais é
proteger a saúde e o bem-estar dos estudantes e dos animais; obtendo como resultado a conservação de peças
anatômicas e a criação de uma coleção de embriologia.
Em cada um dos projetos, foram conservadas diferentes
peças anatômicas por meio de técnicas como transparentização, diafanização, osteotecnia e plastinização, onde a
matéria prima é cadáveres ou tecidos obtidos de animais
que morreram naturalmente, em acidentes ou pacientes
que vieram a óbito na clínica.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Objetivos, habilidades e/ou
intenção pedagógica alcançados
com a implementação da estratégia,
prática ou atividade docente
• Utilizar o Aprendizado Embasado em Problemas
(AEP) e o Aprendizado Orientado a Projetos (AOP)
como estratégia para melhorar o processo de aprendizagem das disciplinas de anatomia, reprodução e
embriologia no Programa de Medicina Veterinária e
Engenharia Agropecuária da Fundação Universitária
Juan de Castellanos.
• Criar material que motive e facilite o aprendizado de matérias como anatomia, embriologia e
reprodução. Buscar técnicas de conservação de
peças anatômicas e a criação de uma coleção de
embriologia que proteja a saúde e o bem-estar de
estudantes e animais.
• Estimular em grupo um ambiente de pesquisa e
aprendizagem adequado, propondo ideias inovadoras, criativas e construtivas, colaborando no
desenvolvimento de atividades que promovem o
conhecimento e a participação ativa, em busca de
um melhor entendimento da disciplina como parte
integral da profissão.
Os estudantes desenvolvem habilidades como:
• Conhecer e identificar a anatomia dos sistemas reprodutivos de machos e fêmeas
• Conhecer e identificar as mudanças e as estruturas
em idades fetais
• Reconhecimento anatômico nas diferentes espécies
domésticas.
Metodologia empregada
Para a implementação da estratégia de ABP, foi organizada e proposta uma atividade voluntária a todos os
estudantes que quisessem participar de projetos que
gerem material para o aprendizado de matérias, como
anatomia, reprodução e embriologia, onde se promova
o bem-estar tanto de animais, quanto de estudantes,
visando solucionar a problemática de conservação de
peças anatômicas para o estudo na medicina veterinária,
buscando evitar a dependência de animais que foram
sacrificados para realizar trabalhos de dissecação e a
utilização de meios tóxicos e irritantes que dificultam a
manipulação, como formol, entre outros. Como resultado,
começou-se a trabalhar com estudantes de primeiro a
quinto semestres e conseguiu-se uma maior aceitação em
semestres anteriores, sendo construídos grupos de trabalho sob orientação do docente na elaboração de propostas de pesquisa e desenvolvimento de projetos que
solucionem essa problemática. Os projetos experimentais
foram desenvolvidos nas instalações do anfiteatro e nos
laboratórios de morfologia da F.U.J.D.C., localizada na
periferia “Outro Lado” do município de Soracá, no Departamento de Boyacá, durante os semestres de 2013 e
o primeiro semestre de 2014. Foi organizado um espaço
no anfiteatro para cada um dos grupos que, com recursos muito limitados, implementaram suas técnicas. Todas
as técnicas foram realizadas com a doação dos animais,
peças e fetos, que foram submetidos a processo de lavagem e desinfecção. Na obtenção de peças ósseas com
uso de frutas, as peças ósseas são expostas e submergidas em frutas picadas (abacaxi e mamão) em quadros
de aproximadamente 5x5 cm em um recipiente plástico
por um período de um mês a um mês e meio, e antes
disso, é necessário remover ao máximo as estruturas musculares, tendões, vasos sanguíneos e demais estruturas
de tecidos moles presentes nas peças ósseas com equipamento de dissecação. Essas frutas possuem em suas
características físico–químicas uma enzima denominada
bromelina (abacaxi), que catalisa a reação de hidrólise
de ligações peptídicas, apresentando um amplo espectro de ruptura de proteínas, a papaína (mamão) tem
ações similares à anterior. Na diafanização e transparentização, os fetos foram desinfetados e algumas aves
submetidas à remoção de penas e, em seguida, adição
de substâncias, obtendo-se os dados via monitoramento
detalhado, realizando um cronograma de acordo com a
atividade que essas substâncias químicas agem sobre a
peça anatômica, onde, no tempo transcorrido, obteve-se
a transparência com o procedimento, durante uma média
de dez meses, usamos diferentes soluções e manipulações para chegar ao processo de transparentização; e
logo antes da liberação da coloração, a peça é depositada na glicerina para conservação. Atualmente, são
desenvolvidas técnicas como a plastinização de maneira
muito rudimentar, mas com resultados promissores.
Conteúdos de bem-estar animal
que incluem a estratégia, prática
ou atividade docente
• Bem-estar animal
• Bioética
• Ética e bem-estar animal
• Pesquisa e bem-estar animal
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
69
• Educação e bem-estar animal
• Eutanásia e bem-estar animal
• Utilização de animais em pesquisa e educação
Resultados pedagógicos obtidos
Motivar os estudantes na aprendizagem da anatomia,
embriologia e reprodução de animais domésticos,
incentivando a pesquisa e a busca de alternativas à
utilização de animais para estudo nessas áreas.
Que vários estudantes se interessassem em participar voluntariamente de projetos que promovem a conservação
das peças anatômicas e dos fetos de uma maneira mais
amigável com os animais e o meio ambiente, fomentando uma cultura de respeito e bem-estar animal.
Gerar um documento detalhado dos protocolos de
cada processo, mediante o registro de cada um dos
passos de desenvolvimento da técnica.
As técnicas empregadas para a preservação das peças anatômicas e fetos apresentaram uma transparência perfeita que permite ver o sistema ósseo, os órgãos e tecidos internos, garantindo que os compostos
utilizados se conservem sem a necessidade de utilizar
substâncias toxicas ou elementos que ponham em risco a saúde dos funcionários do laboratório, docentes,
alunos e visitantes que manipulem a coleção.
Que a F.U.J.D.C. tenha uma coleção anatômica e embriológica, que será peça chave para o aprendizado da
Medicina Veterinária.
Impacto da estratégia, prática ou
atividade docente nos estudantes,
animais, comunidade, etc.
• Diminuição da evasão escolar porque a motivação
de “aprender fazendo” promove um maior interesse e
facilita a aquisição de conhecimento pelos estudantes.
• Diminuição do número de animais em processos de
dissecação e aumento considerável de material de
apoio aos processos de ensino nas matérias de anatomia, embriologia e reprodução.
• Aumento do número de estudantes em grupos de
pesquisa na linha de bem-estar animal.
70
• Produtos acadêmicos, como pequenos abstracts,
artigos e participações em eventos de pesquisa de
estudantes sobre temas de conservação de peças
anatômicas no aprendizado da Medicina Veterinária.
Conclusões/observações
recomendações
O propósito da educação não é aperfeiçoar os jovens
em algumas ciências, mas conseguir abrir suas mentes,
integrando os conceitos e os relacionando com uma realidade para depois serem aplicados em algum campo,
buscando solução de problemas por meio da pesquisa.
O ensino tradicional tem provocado muita desmotivação
e desinteresse nos estudantes, refletido no baixo rendimento acadêmico, que cria uma necessidade de mudança de estratégia de aprendizagem.
A pesquisa em aula é uma ferramenta que permite ao docente melhorar a compreensão e a qualidade do ensino.
Facilidade de uso das peças pelos estudantes, já que
não será mais necessário realizar sacrifícios e dissecações de animais continuamente para a observação de
tecidos e órgãos, pois essas técnicas permitem uma observação real dos órgãos de forma permanente.
Diminuir os custos de conservação de tecidos e ainda
mais de eliminação dos resíduos dos laboratórios e tecidos decompostos, já que com o cuidado necessário as
amostras durarão vários anos conservadas.
A informação existente nos livros e documentos não é
aplicável à realidade dos processos, o que fez com que
executássemos experimentos desenvolvendo nossa própria
técnica com os compostos e quantidades adequadas.
Há a necessidade de realização de mais estudos para
avaliar o tempo de duração dessas peças em laboratório e de estudos comparativos entre essas técnicas e
técnicas convencionais de osteotecnia, com o objetivo
de avaliar o tempo para obtenção das peças ósseas, as
características delas, o impacto no meio ambiente e a
avaliação da flora microbiana que se forma, entre outros.
Os métodos de conservação podem ser implementados
pelos docentes para a não realização de dissecações,
favorecimento de fatores de sanidade animal e manutenção de cadáveres transparentizados para o estudo
facilitado de animais domésticos.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente
Diário de Campo
Cuadro Procesos Y Control De Investigacion
Nombre De La Investigacion: Proceso De Conservación De Piezas Anatomicas Diafanizacion
Cuarto Procedimiento
Fecha Inicio: 23 Julio 2013 / Fecha Terminación: 01 Febrero 2.014
Fecha
23-07-2013
24-07-2013
Hora
Proceso
Observaciones
13:00 PM
Consecución
Se consigue una paloma pichona (Torcaza Naguiblanca;
Zenaida Auriculata) de color café, que acaba de salir de su
nido y aprendiendo a volar se estrella con un vidrio, cae al
piso y muere, ya cuenta con su plumaje completo, no conocemos su edad.
13:30 PM
Alistamiento
Se ha pensado realizar un proceso de Diafanización, pero
permitiendo realizar una disección, sustrayendo el sistema
digestivo, incluyendo el corazón y los pulmones, para experimentar el proceso de transparencia en los órganos.
13:40 PM
Pelado
Se toma la paloma, se inicia a retirar el plumaje de su cuerpo
en forma manual, muy suave para evitar laceraciones en su
piel.Se termina de retirar el plumaje. Se lava la paloma desde
la cabeza a las patas y se alista para fijación.
14:30 PM
Fijación
Se alista recipiente de vidrio con tapa, se agrega alcohol al
70% y se introduce el cuerpo de la paloma en el, se debe
cubrir la paloma completamente de la sustancia fijadora. Se
tapa y reserva en lugar seguro por 24 horas.
13:00 PM
Observación
Se retira la paloma de la sustancia fijadora, se lava con agua
a chorro suave y se seca con toalla de papel absorbente.
Pesaje y medición
Se toma el cuerpo de la paloma ya lavado y seco, se coloca
junto a una reglilla y se estira completamente para medir su cuerpo, en esta ocasión se hizo de largo desde su cabeza hasta
las patas. También se realiza el pesaje, se estableció que mide
14 centímetros pesa 300 gramos
13:30 PM
Responsables
Realizando las maniobras de lavado, medición y pesado de
la paloma, se alista el equipo de disección, con el ánimo de
sacar el sistema digestivo junto con el corazón y los pulmones.
14:00 PM
Disección
Se inicia la maniobra desde la parte Craneal a la parte
Cauda del ave (desde la cabeza, a la cloaca) se extrae con
mucho cuidado el tracto digestivo, sin embargo se perdió la
lengua y parte del esófago.
Una vez se termine la disección de la paloma, se procede a
lavar el cuerpo con agua, tratando de retirar sangre y tejido
graso.
15:45 PM
Lavado
Luego procedemos a lavar el sistema digestivo con todo el
cuidado posible para evitar ser dañado.
Esta vez no se lavo a chorro, si no que se utiliza un recipiente
para que la caída de agua sea muy suave y no dañe los tejidos.
16:00 PM
Diafanización
Una terminado el lavado, se procede a alista un recipiente
de vidrio grande con tapa, se alista la mezcla Diafanizadora,
Agua H2O, Hidróxido de Potasio KoH al 0.2 %. (En un Litro de
Agua se agrega 2 gramos de KoH) se revuelve hasta obtener
una mezcla uniforme.
Se colocan las dos muestras anatómicas en el recipiente y se
agrega la mezcla, se tapa y se deja en un lugar seguro lejos
de la luz directa del sol y de la mano de extraños, se debe
hacer observación sobre el material.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
71
31-07-2013
13:00 PM
Observación
Se puede percibir que la mezcla esta turbia, con sangre, con
desechos de comida, difícilmente se puede hacer una observación clara sobre el cuerpo de la paloma y el sistema digestivo
de la misma, al destapar el recipiente de vidrio, se percibe un
olor desagradable, por esta razón se programa recambio de
la mezcla diafanizadora.
Se sustrae la mezcla diafanizadora del recipiente sobre un
colador, tratando que las muestras no se dañen con el movimiento del líquido.
Se lavan las piezas y se sustrae el material solido que se
encuentra en el frasco, como es el caso de piedritas, arroz,
que se encontraba en el tracto digestivo del ave, se extrae de
igual forma piel de la paloma.
07-08-2013
13:00 PM
Recambio
En otro recipiente se mezcla un litro de Agua H2O, y 2 gramos
de Hidróxido de Potasio KoH al 0.2 %.
Se centrifugan los compuestos con la mano hasta obtener una
mezcla uniforme.
Se colocan las dos muestras anatómicas en el recipiente y se
agrega la mezcla muy despacio, se tapa y se deja en un lugar
seguro lejos de la luz directa del sol y de la mano de extraños,
se debe hacer observación sobre el material.
17-08-2013
13:00 PM
Observación
Sustancia diafanizadora se encuentra transparente amarillento,
la paloma está perdiendo piel, se observa trasparencia en
alguna parte del cuerpo de la paloma como son las patas,
alas. El sistema digestivo muestra un color negruzco.
24-08-2013
13:00 PM
Observación
El compuesto diafanizador se encuentra turbio amarillento, se
observa bastante tejido suelto, al parecer es piel del ave, se
puede distinguir transparencia en la mayoría del cuerpo de la
muestra, el sistema digestivo esta oscuro sin progreso.
Se encuentra el líquido un poco turbio, de color amarillento,
permite hacer observación, se observa piel de la paloma
suelta, por este motivo se sustraerá la muestra para limpiarse.
Se alista un recipiente y un colador, se destapa la muestra, se
puede percibir un olor fuerte, se desocupa el contenido del
recipiente de vidrio sobre el colador. Se lava el frasco y la
tapa y se alista para depositar nuevamente la paloma.
31-08-2013
13:00 PM
Observación
Mientras tanto se toma el ave, se nota su trasparencia, se
distinguen los huesos de las extremidades, alas, cabeza, se
observa el costillar, aros de la tráquea, huesos craneales y
arcos oculares.
Se lava a chorro suave para evitar su daño, se limpia la piel
suelta, su textura es blanda, gelatinosa como de silicona.
Se observa también el aparato digestivo, en él se puede
distinguir los pulmones de color blanco amarillento, el corazón
esta blanco, la mollera de color negro, esófago trasparente, el
intestino de color negro.
Se sustrae la mezcla diafanizadora del recipiente sobre un
colador, tratando que las muestras no se dañen con el movimiento del líquido.
En otro recipiente se mezcla un litro de Agua H2O, y 2 gramos
de Hidróxido de Potasio KoH al 0.2 %.
07-09-2013
13:00 PM
Recambio
Se centrifugan los compuestos con la mano hasta obtener una
mezcla uniforme.
Se colocan las dos muestras anatómicas en el recipiente y se
agrega la mezcla muy despacio, se tapa y se deja en un lugar
seguro lejos de la luz directa del sol y de la mano de extraños,
se debe hacer observación sobre el material.
14-09-2013
13:00 PM
Observación
El líquido de Diafanización está claro, se muestra la pieza
(paloma) bien, permite visualizar en forma clara, no presenta
sangre, se puede ver los huesos de la cabeza, cavidad torácica, alas, patas, anillos cartilaginosos de la tráquea,
El sistema digestivo, se está aclarando, el esófago muestra
unos pequeños anillos cartilaginosos, el corazón esta blanco al
igual que los pulmones
72
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
21-09-2013
13:00 PM
Observación
Liquido de diafanización está claro, permite visualizar en
forma clara, no presenta sangre, se puede ver los huesos de la
cabeza, cavidad torácica, alas, patas, anillos cartilaginosos de
la tráquea, el sistema digestivo, se está aclarando, el esófago
muestra unos pequeños anillos cartilaginosos, el corazón esta
blanco al igual que los pulmones, la molleja e intestinos están
negros, al parecer por la materia fecal.
Se hace recambio, a pesar que el líquido diafanizador no está
turbio, permite hacer una observación perfecta, se cambia el
compuesto para tratar de agilizar el proceso de transparencia,
Se sustrae el líquido junto a los órganos sobre un colador, se
reservan.
Se lava el frasco donde se está haciendo el proceso, se lava
el cuerpo de la paloma y se introduce nuevamente al frasco,
se toma el aparato digestivo para lavarlo y cuando se está
haciendo esta maniobra, inicia a salir restos de comida que
se encontraban alojadas dentro de molleja y resto del tracto
digestivo.
28-09-2013
13:00 PM
Recambio
Después de esto se colocó más claro el sistema, esperamos
nos permita observar en próximos días partes de su estructura
que a la fecha de hoy no se podían observar.
Se coloca todo en el frasco y se alista el líquido diafanizador, así:
En otro recipiente se mezcla un litro de Agua H2O, y 2 gramos
de Hidróxido de Potasio KoH al 0.2 %.
Se centrifugan los compuestos con la mano hasta obtener una
mezcla uniforme.
Se agrega la mezcla muy despacio, se tapa y se deja en un
lugar seguro lejos de la luz directa del sol y de la mano de
extraños, se debe hacer observación sobre el material.
El líquido diafanizador se encuentra completamente limpio,
trasparente, sin partículas.
La paloma se deja ver en forma clara, se observan los huesos
de la cabeza, alas, tronco y las patas.
05-10-2013
13:00 PM
Observación
El sistema digestivo inicio a mostrar trasparencia en el esófago,
buche, intestino.
La molleja está un poco oscura, pero esperamos se aclare.
Se hará tinción el próximo 12 de octubre.
Se alista el material requerido para el proceso de tinción, por
esta razón se tiene un recipiente adecuado de laboratorio
para mezclas, una pinza Kelly sin garra, pinza mosquito y
gramera. Se alista 800 ml de fenol (C2H6O) al 99%, 5 gramos
hidróxido de potasio (KoH) al 0.5% y 1 gramo Violeta Alizarina (C14H804).
Se mezclan todos los compuestos Fenol (C2H6O), Hidróxido
de Potasio (KoH), y Violeta Alizarina (C14H8O4) , se revuelven
con cuidado en el recipiente especial con la pinza
12-10-2013
13:00 PM
Tinción
Se observa que la solución empieza a calentarse, a hervir y a
emitir gases, para lo cual se debe tener mucho cuidado de no
inhalar o que caiga en los ojos por su alta toxicidad.
Se sacan de su frasco el cuerpo de la paloma y el sistema
digestivo, se sumergen en la solución por espacio de tres
minutos y se retiran.
Se cambia solución diafanizadora, se alista 5 gramos de
Hidróxido de potasio (KoH) al 0,5%, 2 litros de agua (H2O),
se colocan estos dos elementos en un recipiente y se revuelve
bien, se colocan las muestras en su recipiente y se agrega el
compuesto hasta tapar las muestras.
Después de este proceso se tapan y se conservan, se deben
estar observando por espació de 15 días para ver su evolución
y hacer recambio si es necesario de la sustancia diafanizadora.
19-10-2013
13:00 PM
Observación
Se hace observación de la muestra, se puede ver que el liquido diafanizador esta de color violeta, que la paloma se ve
trasparente, muestra el sistema óseo, el sistema digestivo tiene un
color violeta agradable, permite observar con facilidad algunos
órganos como el corazón, bucle, partes del intestino. Se dejara
unos días más y se hará recambio de la sustancia conservadora.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
73
26-10-2013
13:00 PM
Observación
Se toma la muestra y se puede ver que la paloma está
mostrando una mejor transparencia, el sistema óseo está más
vistoso y completo, se puede distinguir cada uno de los huesos
del cuerpo.
El Aparato digestivo está mucho más trasparente, se muestran
algunos órganos con mayor claridad, de igual forma el
corazón se observa blancuzco.
02-11-2013
13:00 PM
Observación
Se hace revisión del recipiente en el cual se encuentra la
muestra de la paloma y su sistema digestivo, se observa que
el líquido diafanizador ha adquirido un poco de tinción, la
muestra permite ver sus sistema óseo completo y resaltado, el
sistema digestivo ha tomado una mayor trasparencia.
09-11-2013
13:00 PM
Observación
Se hace observación de la muestra, se puede ver que el
líquido diafanizador está mucho más lleno de tinción tomando
un color rojizo pero sin partículas que enturbien el líquido, se
hará un recambio de líquido diafanizador en la próxima visita.
El líquido diafanizador se encuentra tintado ya que la paloma
está soltando el exceso de pintura.
16-11-2013
13:00 PM
Observación
Los huesos de la paloma están claros se en perfectos, ya están
listos para el siguiente proceso que es la fijación y glicerado.
El sistema digestivo se presenta claro pudiéndose observar
todos los órganos con claridad (tráquea, esófago, buche,
hígado, corazón e intestinos).
Se hace recambio, a pesar que el líquido diafanizador no está
turbio, solamente está un poco tintado debido al proceso que
se está llevando.
Se sustrae el líquido junto a los órganos sobre un colador, se
reservan.
Se lava el frasco donde se está haciendo el proceso, se lava
el cuerpo de la paloma y se introduce nuevamente al frasco,
se toma el aparato digestivo para lavarlo y cuando se está
haciendo esta maniobra, inicia a salir restos de comida que
se encontraban alojadas dentro de molleja y resto del tracto
digestivo.
23-11-2013
13:00 PM
Recambio
Después de esto se colocó más claro el sistema, esperamos
nos permita observar en próximos días partes de su estructura
que a la fecha de hoy no se podían observar.
Se coloca todo en el frasco y se alista el líquido diafanizador,
así:
En otro recipiente se mezcla un litro de Agua H2O, y 2 gramos
de Hidróxido de Potasio KoH al 0.2 %.
Se centrifugan los compuestos con la mano hasta obtener una
mezcla uniforme.
Se agrega la mezcla muy despacio, se tapa y se deja en un
lugar seguro lejos de la luz directa del sol y de la mano de
extraños, se debe hacer observación sobre el material.
30-11-2013
07-12-2013
13:00 PM
13:00 PM
Observación
Observación
Se toma el recipiente donde se encuentra la muestra en proceso de Diafanización. Se aprecia que la muestra está soltando sustancia de tinción, en muy poca cantidad. se observa
en forma clara la parte ósea de la paloma que se encuentra
abierta para la extracción de su sistema digestivo, este sistema
se encuentra en perfecto estado, en él se ve con claridad
(tráquea, esófago, buche, hígado, corazón e intestinos)
El líquido diafanizador está completamente limpio para este
proceso, la paloma se observa con claridad, cada uno de los
huesos que forman el sistema óseo de la paloma se observan
perfectamente.
Es claro que podemos pasar al proceso de sujeción, alistaremos los elementos necesarios para el proceso.
74
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Se han reunido los elementos requeridos para el proceso de
sujeción.
Entre los que encontramos Nailon, Recipiente de vidrio completamente redondo en forma de cilindro, tapa de vidrio que es
perfecta para la abertura del frasco, lamina de vidrio de 3 mm
y glicerina blanca transparente.)
14-12-2013
13:00 PM
Sujeción y Glicerado
Se retira el líquido diafanizador del frasco, se saca la pieza
(paloma) del recipiente de vidrio donde reposa, se deja
escurrir.
Luego se coloca sobre la lámina de vidrio la paloma y el
intestino y se busca la correcta ubicación para sujetarla, con el
nailon se amarran las piezas (paloma y aparato digestivo a la
lámina de vidrio, se da la forma deseada y se introduce con
cuidado todo esto al recipiente de vidrio.
Por último se agrega la glicerina hasta tapar las piezas
anatómicas, se tapa y se deja en observación. Para este
proceso se requiere 3.000 ml de glicerina.
21-12-2013
13:00 PM
Observación
Se puede observar que la glicerida donde se encuentra la
paloma con su sistema digestivo está clara sin partículas, pero
presenta burbujas y rayas de aire ya que no se ha homogenizado.
28-12-2013
13:00 PM
Observación
La glicerina está clara, presenta una pequeña macha de
líquido de tinción que la paloma ha desprendido, la glicerina
tiene burbujas y no se ha terminado de homogenizar.
04-01-2014
13:00 PM
Observación
La glicerina esta homogénea, trasparente, no hay partículas
que contaminen la pieza anatómica (paloma y sistema digestivo, se observa completamente el sistema óseo de la muestra,
la glicerina tiene una mancha de tinción leve.
Observación
De alguna manera la glicerina ha hecho que los órganos del
sistema digestivo de la paloma tomen volumen haciéndolos
más vistosos a nuestra observación, la paloma por otra parte,
muestra en todo su esplendor el sistema óseo, la glicerina está
un poco sucia con líquido de tinción que la paloma y sus órganos han desprendido, la paloma muestra una mayor trasparencia. Se ha pensado por el grupo de trabajo hacer recambio
de glicerina y dar por terminado el proceso de Diafanización.
11-01-2014
13:00 PM
18-01-2014
13:00 PM
Observación
La muestra de la paloma sigue mostrando trasparencia, el
sistema óseo está viéndose en todo su esplendor. El líquido de
glicerina sigue mostrando desteñido de violeta alizarina pero
se esperara unas semanas más para realizar un recambio de
glicerina y dar por terminado el proceso de tras parentación.
25-01-2014
13:00 PM
Observación
La muestra de la paloma es todo un éxito, la trasparencia ha
llegado a su feliz término, el grupo de trabajo está satisfecho
por el resultado se programa para hacer recambio de glicerina
y concluir el proceso.
Recambio
Se alista glicerina liquida trasparente, se toma el recipiente
de vidrio donde reposa la paloma, se vierte el contenido de
glicerina sucio donde está la paloma en un recipiente para ser
reservado, se deja escurrir tanto el recipiente como la muestra
para sacar lo más posible la antigua glicerina, se vierte nuevamente glicerina nueva y limpia sobre la paloma, se tapa y se
limpia el vidrio del recipiente para dar una buena presentación,
se reserva para su estudio.
01-02-2014
01-02-2014
13:00 PM
13:20 PM
Conclusión
Una vez terminados todos los procesos de trasparencia de la
pieza anatómica denominada paloma, podemos concluir que
todo el proceso fue un éxito, Que se logro el objetivo principal
que era mostrar el sistema óseo completo, la paloma se puede
ver en toda su magnitud, mostrando todos y cada uno de los
huesos que la conforman.
Esta lista para hacer los estudios que se requieran, esta muestra
tendrá una tapa flotante no fija con el ánimo de poder sacar la
paloma para su análisis y visualización.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
75
Projetos experimentais - Anfiteatro e Laboratórios de Morfologia - F.U.J.D.C.
Diafanização e transparentização de fetos
Bibliografia
Correa Alarcón, F. (2005). Conservación de piezas anatómicas en seco mediante método de prives Revista
Electrónica de Veterinaria: REDVET, VI mayo 2005. Recuperado de: http://bit.ly/1MeJ17t
Cleves, D., Quiroga, M.A.; Villegas, A.C. (2009). Diafanización: Visualización del desarrollo óseo en fetos –
Universidad de los Andes: Procedimientos de Diafanización, 6-8.
76
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Qualidade, validade, reprodutibilidade,
respeito e reconhecimento: um modelo
integral transnacional para o aprendizado
em ética em pesquisa com animais
Carmen Alicia Cardozo de Martínez
Colômbia/Chile
Nome da área temática, programa ou disciplina
onde a estratégia, prática ou atividade docente que
foi desenvolvida
Universidade Nacional da Colômbia - Cursos de Contexto
Introdução, contexto e justificativa da
estratégia, prática ou atividade docente
A ética na pesquisa com animais tem um lugar de destaque no desenvolvimento científico atual, devido à urgência de manutenção de maiores padrões de qualidade
nos resultados obtidos a partir de seu uso e cuidado,
apoiado em valores de respeito e sensibilidade em
relação à possibilidade de dor e sofrimento a que os
animais podem estar expostos. Da mesma forma, observa-se a obrigatoriedade de cumprimento de normas e
princípios que garantam o rigor em seu desenvolvimento,
em um contexto de reflexão e reconhecimento da indivi-
dualidade e da obrigação moral diante de toda forma
de vida. Ainda que tenham ocorrido grandes avanços no
campo da saúde nos últimos 150 anos, os desafios pendentes dão espaço ao aumento da pesquisa na América
Latina nesse campo. Nele, nem as regulamentações, nem
as leis, tiveram sucesso em cumprir com os padrões internacionais - ainda que existam guias com especificações
técnicas para produção, cuidado e uso, dentro das quais
se promove a aplicação do princípio dos “três erres”
como expressão de qualidade da pesquisa desenvolvida com cuidado e respeito pelos animais.
Tal situação foi manifestada na Declaração de Basileia,
assinada como compromisso que vincula aspectos técnicos (uso) a éticos (cuidado) em uma ação frontal pelo
desenvolvimento de uma pesquisa responsável com as
futuras gerações. Os programas de formação em veterinária e ciências relacionadas não incluem a formação
em Ciência e Tecnologia de Animais de Laboratório, a
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
77
qual requer espaços de capacitação técnica e de reflexão permanente. A reinterpretação e a busca de sentido
entre as diferentes razões e sensibilidades pessoais e
interpessoais por meio do diálogo cidadão libertário
constituiriam um espaço analítico ideal para a definição
de cursos de ação melhores em problemas complexos
coletivos como o aqui descrito, situação que poderia ser
solucionada, a princípio, por meio da bioética hermenêutica, como vem se desenvolvendo essa estratégia.
Objetivos, habilidades e/ou intenção
pedagógica alcançados com
a implementação da estratégia,
prática ou atividade docente
Objetivo geral do programa
Atualizar, capacitar ou preparar profissionais para cuidar
e usar animais de laboratório com uma orientação que
permita conhecer o contexto mundial com critério para
avaliar, formular e auxiliar projetos de pesquisa. Os participantes obterão cinco habilidades principais:
• Serão capazes de assumir um papel ativo para elaborar
e conduzir pesquisas com animais de acordo com princípios bioéticos que garantam o bem-estar do animal;
• Terão um amplo espectro de elementos e ferramentas
para aplicar os “três erres” em seus países de origem;
• Serão capacitados para guiar e participar de comitês de avaliação ética científica;
• Serão capazes de desenvolver conteúdo para programas de ética de pesquisa;
• Serão capazes de integrar a ética da pesquisa em
redes na internet.
Objetivos específicos
• Desenvolver habilidades técnicas de alto nível para
uso e cuidado de animais em pesquisa;
• Usar a metodologia deliberativa na análise relacionada à pesquisa em animais;
• Gerar habilidades para a gestão e o desenvolvimento
da pesquisa com animais, nas quais a capacitação e
o conhecimento sobre os animais sejam primordiais;
• Usar conhecimentos para análise e avaliação da
pesquisa com animais, dentro dos quais a etologia é
fundamental para garantir o bem-estar animal;
• Conhecer regulamentações, normas e parâmetros da
pesquisa com animais em nível mundial;
78
• Abrir um espaço de debate e reflexão plural, interdisciplinar, internacional sobre o uso e cuidado de
animais em pesquisa.
Os conteúdos e métodos do programa permitirão que os
participantes:
• Desenvolvam na prática a bioética hermenêutica na
metodologia “transformar pesquisando” para a reconsideração do valor de ações em pesquisa com animais;
• Obtenham métodos dialógicos de mediação e negociação na solução de dilemas bioéticos e na tomada
de decisões em comitês de avaliação ética científica;
• Assumam posições de liderança em educação em
bioética e em pesquisa em seus países;
• Fortaleçam a capacidade de abordar temas éticos e
sociais da pesquisa no contexto da pesquisa internacional intercultural;
• Fortaleçam sua capacidade de identificar e discutir
aspectos bioéticos referentes a políticas públicas.
Metodologia empregada
A estratégia vincula participantes de todas as áreas do
conhecimento e de todas as regiões da América Latina
em um espaço aberto e plural de capacitação e construção coletiva. Utilizamos a metodologia denominada
intervir-pesquisando, que é uma modalidade de trabalho
com grupos, criando um ambiente de liberdade de participação a partir de experiências e vivências - o qual
permite identificar pontos de encontro e potenciais para
o desenvolvimento de intervenções nos conflitos que surgirem em relação a animais no âmbito da pesquisa.
A base conceitual dessa metodologia é a bioética hermenêutica, que promove a aplicação de metodologias
para analisar os conflitos e todos os conceitos relacionados a um problema dado para realizar ações justas.
A metodologia dessa estratégia tem por um lado um
espaço de capacitação técnica em aspectos validados,
reconhecidos e exigidos em nível internacional em relação ao uso e cuidado de animais, e por outro lado abre
um espaço de debate, reflexão e deliberação, onde há
espaço para todas as posturas relativas à pesquisa com
animais. A ideia é deixar o trabalho responsável com
animais mais visível, e por outro lado escutar os pontos
de vista dos que querem eliminar toda forma de uso de
animais, buscando chegar a acordos minimamente éticos
para alcançar uma melhor convivência nos espaços sociais relacionados à pesquisa.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Dado que a pesquisa com animais requer a participação de etólogos, biólogos, químicos, geneticistas, estatísticos, matemáticos, etc., promove-se a participação de
pessoas de todas as áreas do conhecimento que tenham
interesse nesse campo e que queiram participar do debate - que finalmente expressa uma responsabilidade cidadã, gerando modelos menos violentos de convivência.
A estratégia tem três etapas: uma virtual inicial de três
meses, desenvolvida com a Universidade de Miami no
programa CITI, uma presencial em Santiago do Chile
por 12 semanas e posteriormente um trabalho de campo por seis meses no país de origem do participante,
onde se deve centrar na aplicação do principio dos
três erres em pesquisa.
Conteúdos de bem-estar animal
que incluem a estratégia, prática
ou atividade docente
Cronologia e desenvolvimento sócio-histórico do uso de
animais em pesquisa. Relação animal humano: aspectos
éticos filosóficos. Princípios básicos da elaboração experimental da pesquisa que usa e cuida de animais. Etologia
dos animais em cativeiro. Ética do cuidado, a responsabilidade e a proteção. Construção da intersubjetividade interespécies. Conceitualização do bem-estar humano e animal. Critérios para a escolha do modelo animal. Definição
e controle de variáveis. A elaboração dos experimentos. A
determinação do tamanho da amostra. Pacotes estatísticos
básicos para a experimentação com animais.
Garantia da qualidade dos produtos biotecnológicos:
definições e características do conceito de qualidade
aplicáveis aos produtos biológicos e biomédicos. Componentes da qualidade dos produtos, qualidade da
elaboração, qualidade da conformidade, qualidade dos
recursos, qualidade do processo. Modelos para resolver
problemas. Técnicas de identificação de problemas. Administração da qualidade dos produtos biotecnológicos.
Garantia de qualidade, boas práticas de laboratório e
de produção, controle de qualidade, saneamento e higiene, validação, auto inspeção e auditorias de qualidade, funcionários, instalações e equipamentos, materiais e
insumos, e documentação.
Normas regulatórias da garantia de qualidade: práticas
seguras nos biotérios e o uso de animais de laboratório,
higiene e segurança do trabalho, normas regulatórias
internacionais, serviço de higiene e segurança do trabalho, instalações elétricas, trabalhos com riscos específicos, proteção contra incêndios, capacitação, regras de
segurança relacionadas ao trabalho com animais, risco
biológico, categorização dos laboratórios de pesquisa
com animais, elaboração de artigos científicos que usam
animais, descrição dos animais e da situação experimental, bem-estar e ambientes enriquecidos, análise da
literatura científica, erros mais comuns em pesquisa com
animais, condições ambientais requeridas pelos animais
de laboratório e sua influência sobre os resultados experimentais, biologia e etologia das espécies mais usadas
como animais de laboratório.
Resultados pedagógicos obtidos
A aplicação do princípio dos três erres (3R´s) consiste
abertamente em uma política pública que ainda não se
aplica em nossos países e que é urgente - por um lado
para dar o salto científico tecnológico que buscamos em
pesquisa nesse campo, pela expressão aberta ao reconhecimento e respeito pelos animais e por sua garantia
de bem-estar a favor do reconhecimento de sua individualidade, e, por outro, para a garantia de uma pesquisa
que justifique o seu uso e cuidado.
A redução implica necessariamente em um forte conhecimento técnico da ciência e da tecnologia em animais
de laboratório e a existência de condições técnicas e
de infraestrutura que cumpram padrões internacionais.
A substituição obriga a busca exaustiva de modelos
alternativos, a conveniência da parceria com engenheiros, matemáticos e todos os que possam trazer novos
elementos para a construção de modelos que, equiparando-se parcial ou totalmente aos animais, permitam
produzir provas equivalentes.
O refinamento obriga o pesquisador a se aproximar
responsavelmente do conhecimento do comportamento
biológico e social dos animais, a conhecer sua neurobiologia e a etologia do animal de tal maneira que possa reconhecer a individualidade do animal e, portanto, a busca
de seu bem-estar de acordo com sua própria urgência de
obter resultados excelentes a partir de um animal saudável
e em bom estado, e, por outro lado, à resposta de uma
consciência justa em relação ao prosseguimento do uso
do animal, o que faz com que seja um ser humano melhor,
pois se torna sensível à dor e ao sofrimento do animal.
Impacto da estratégia, prática ou
atividade docente nos estudantes,
animais, comunidade, etc.
A abertura de espaços com treinamento e capacitação,
mas, em primeiro lugar, espaços para reflexão e debate,
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
79
contribui para a transformação da realidade cotidiana.
No desenvolvimento dessas atividades de formação,
vimos que era possível que pessoas de posturas extremas
(animalistas e não-animalistas) pudessem ter um diálogo
respeitoso e tolerante sobre suas posturas diversas. A
maioria dos participantes, ao finalizar as atividades, reconheceu seu desconhecimento sobre os avanços na pesquisa e da condição dos animais em aspectos sociais e
afetivos, e suposições, crenças e avanços em etologia.
É urgente que esses modelos sejam aplicados de maneira
ampla em nossos países para diminuir os ruídos e a violência em relação ao uso de animais em pesquisa. A Declaração de Basileia é um compromisso aberto da comunidade científica para o uso racional dos animais, que conduz
à sua substituição cada vez mais frequente, garantindo o
bem-estar e o respeito a todas as formas de vida.
Na Universidade Nacional da Colômbia, onde se
iniciou a aplicação dessa estratégia há 25 anos, não
havia uma política de respeito de uso e cuidado de animais, e não existiam espaços de debate para isso. Todo
esse trabalho levou à formulação da política institucional
para o uso e cuidado de animais, elaborada pelo Comitê Institucional de Ética em Pesquisa, liderado pelo vice-diretor de pesquisa em 2011. Essa conjuntura também
permitiu que fossem convocadas reuniões dos comitês de
ética sobre uso de animais com fins acadêmicos; a participação na nova formulação do Estatuto de Proteção
dos Animais pelo Congresso da República da Colômbia
e que mantivéssemos durante os últimos oito anos do
curso de Ética em Pesquisa o módulo de ética em pesquisa com animais. Esse curso de contexto manteve 50
cotas de Estudantes de todas as áreas do conhecimento,
dentro das quais estudantes de Veterinária e Zootecnia
tiveram uma grande participação.
Foi realizada também uma avaliação da situação de
28 instituições que utilizavam animais para pesquisa,
evidenciando e conhecendo as maiores limitações para
tentar superá-las. Foi gerado um grupo interdisciplinar de
professores representantes de todas as áreas que tinham
relação com os animais para propor a política e impulsionar a conformação dos comitês de ética ao uso de
animais (CICUALES) dentro da instituição.
Conclusões/observações/
recomendações
Essa estratégia foi aplicada primeiramente na Colômbia
e agora no Chile, onde se abre um espaço para pesqui-
80
sadores da América Latina, em um modelo que desenvolveu o Centro Interdisciplinar de Estudos em Bioética,
durante dez anos, com apoio do Fogarty - em seres
humanos e agora com animais.
A transformação dos pesquisadores em relação ao
uso e cuidados dos animais, quando têm conhecimento básico mínimo para compreender que a
realização desse exercício, implica em uma enorme
capacitação e treinamento em aspectos nunca considerados nos programas de formação, é palpável.
O esforço de compreender seres vivos totalmente
desconhecidos, desde seu comportamento social,
afetivo e biológico, induz no pesquisador novas atitudes e considerações de valor que o tornam mais
tolerante, respeitoso e com consideração a seus
companheiros de trabalho, e ainda mais aos animais. É possível a aplicação do princípio dos três erres (3R´s) em grupos de pesquisa onde se apliquem
com coerência os Princípios do CIOMS ou a Declaração de Basileia, porém garantindo a existência de
espaços de capacitação, construção, pensamento
distinto, aberto e plural em torno das necessidades
de pesquisa. É possível conduzir e gerar modelos de
trabalho a baixo custo, com qualidade, excelência,
reprodutibilidade e respeito aos animais, se abrirmos
espaços de construção e apoio interdisciplinar.
A geração de redes de trabalho em relação ao uso e
cuidado de animais em pesquisa é urgente em nossos
países. Apoios como o de www.bioterios.com são uma
amostra evidente de que são possíveis as mudanças e
o conhecimento de um campo tão desenvolto como a
ciência dos animais de pesquisa.
Nossa experiência na Colômbia mostra como,
depois de 20 anos de trabalho permanente capacitando um a um os pesquisadores e estudantes
interessados no tema, é possível repensar os esquemas de inclusão de animais em pesquisa. Geramos
um modelo de trabalho com qualidade, mas com
compaixão, ou seja, tecnicamente muito forte e sustentado em valores também muito sólidos de respeito
e consideração pelos animais. Muitas vezes aconteceram situações onde no início os pesquisadores
solicitavam animais para seus projetos, e, visto que
nossa premissa era capacitá-los primeiro, ao final
do processo, eles optavam por outro plano ou outro
modelo ou estratégia antes de usar os animais.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Registros da realização da estratégia, prática ou atividade docente
Ciência de Animais de Laboratório – IBUN Colômbia
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
81
Bibliografia
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de Chile y Buenos Aires Argentina.
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Cardozo de Martinez C.A., Mrad de Osorio, A. (2012). Aspectos técnicos y éticos del cuidado y uso de animales. (PABI). Recuperado de: http://bit.ly/1UERdT4
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82
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Ética no Uso Animal e Bem-estar Animal
Marta Luciane Fischer
Brasil
Nome do programa, área temática ou disciplina
onde ocorreu a prática
Ética no uso animal e Bem estar animal
Introdução, o contexto
e as razões para desenvolver
tal estratégia ou prática docente
A ética do uso animal e bem-estar animal é um tema
necessário de ser debatido por diferentes áreas profissionais e em diferentes níveis de formação. Tendo
em vistas as novas demandas de fundamentos éticos
que norteiam a tomada de decisões diante de um
dilema ético, associado a uma nova realidade de um
mundo globalizado, cujos interesses econômicos e
valoração das percepções individuais, faz-se necessário uma nova intervenção. A Bioética surge nesse
cenário como uma disciplina que faz a ponte entre as
ciências biológicas e humanas, visando o diálogo de
todos sujeitos/atores envolvidos na busca de novos
paradigmas éticos que estabeleçam uma relação mais
justa como todos os seres vivos. Dentre os parâmetros
utilizados para atribuição de status moral aos animais
destaca-se a senciência e a capacidade de vivenciar
prazer e sofrimento, sendo considerado imoral proporcionar sofrimento a qualquer ser senciente.
Considerando que a nossa sociedade todavia pauta
suas condutas em parâmetros utilitaristas e antropocêntricos, e que a curto e médio prazo é utópico se acreditar
no abandono do uso dos animais para saciar as necessidades humanas, a ciência do bem-estar animal deve ser
trabalhada em diferentes instâncias, a fim de se promover
para esses animais que toda vida devem ser mantidos
cativos, sob a tutela do homem, as melhores condições
de sobrevivência possível. Desta forma, propõe-se apresentar para alunos de diferentes cursos e em diferentes
níveis de formação as linhas gerais da ética animal e da
ciência do bem-estar animal, a fim de criar uma rede de
profissionais, cidadãos e seres humanos convictos de que
é possível proporcionar uma boa existência para todos.
Concomitantemente ao desenvolvimento de reflexões, debates e produção de material de informação, sensibilização e consicientização, se propõe incentivar e subsidiar
a elaboração de métodos de diagnósticos de condições
de bem-estar bem como a proposta de meios de minimizar as condições artificiais e estressantes do cativeiro.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
83
Objetivos pedagógicos alcançados
com a implementação desta
estratégia ou prática docente
• Trabalhar a ética do uso animal e bem-estar animal
no nível de mestrado, especialização, graduação,
ensino médio em curso de extensão, disciplinas optativas, obrigatórias visando à capacitação de alunos e profissionais de diferentes áreas para atuação
na área de ética e bem-estar animal.
• Sensibilizar o aluno para percepção de questões
éticas emergentes e tradicionais no uso de animais
pela nossa sociedade
• Capacitar o aluno para o diagnóstico das condições de bem-estar animal
• Orientar o aluno para reflexão dos argumentos
de todos os atores-sujeitos envolvidos na questão
utilizando os princípios da Bioética como norteadora desse diálogo e direcionando a avaliação do
animal através de informações biológicas e ecológicas, da sociedade e legais.
• Conduzir o aluno a construir sua própria concepção sobre a questão e assim culminar na conscientização do seu papel como profissional, cidadão e
ser humano na resolução desses conflitos.
• Estimular o posicionamento do aluno através da
capacitação para elaboração de material de divulgação científica em diferentes linguagens e posicionamento crítico em debates.
Metodologia empregada
A proposta está sendo trabalhada abordando a ética
do uso animal e bem-estar animal no nível de mestrado,
especialização, graduação, ensino médio em curso de
extensão, disciplinas optativas, obrigatórias. No caso
das disciplinas obrigatórias para o curso de biologia
e psicologia, a temática é trabalhada na disciplina de
Etologia, conjuntamente com o desenvolvimento da técnica de elaboração de etograma e quantificação comportamental. A proposta pedagógica inclui inicialmente o
posicionamento histórico e conceitual das bases teóricas
para o desenvolvimento da disciplina.
Os alunos são motivados a desenvolverem uma pesquisa aprofundada em tópicos específicos de cunho ético
nas inúmeras utilizações de animais pela nossa sociedade. A pesquisa deve ser apresentada em forma de
ensaio que é divulgado no Blog http://etologia-no-dia-a-dia.blogspot.com.br/ e finalizado com um debate à
84
distância (sistema interno da universidade) e presencial.
No ensaio o aluno deve desenvolver a linguagem de
Blog com ampla pesquiso para inclusão de hiperlinks
e vídeos, apresentar os temas ética no uso de animal
e bem-estar animal e um estudo de caso real noticiado
na mídia, abordando as questões biológicas e ecológicas do animal, as questões sociais e legais relacionadas ao problema ético identificado. E, então, apresentar
o seu posicionamento crítico. Os resultados têm sido
fantásticos, com uma ampla utilização do material por
pessoas de todo o mundo tanto via blog quanto via
redes sociais onde o material é divulgado. Nas disciplinas de etologia, a elaboração do etograma, também
tem capacitado os alunos a desenvolverem técnicas
para quantificação do comportamento e identificação
de parâmetros para diagnósticos das condições de
bem-estar e, assim, subsidiar propostas para melhoria
das condições de vida de animais, principalmente mantidos cativos em zoológicos ou em centros urbanos.
Conteúdos de bem estar
animal abordados na estratégia
ou prática docente
Os conteúdos trabalhados são: histórico da interação
homem-animal desde o surgimento do homem até a atualidade; origem da vida e dos animais e as bases biológicas do comportamento animal; apresentação de algumas questões éticas envolvidas no uso de animais para
alimentação, vestimenta, serviços, indústria, pesquisa e
ensino, entretenimento e companhia; apresentação dos
principais marcos éticos teóricos no desenvolvimento da
ética animal e sua inserção na bioética; apresentação
das linhas éticas aplicadas na condução das condutas
humanas com relação aos animais; conceito histórico e
novas compreensões a respeito das emoções nos animais e apresentação de estudos contemporâneos; discussão a respeito dos sistemas emocionais dos animais
e sua utilização no diagnóstico de bem estar; definição
de cada sistema e exemplos de aplicação prática em
animais de produção, companhia e selvagens; aspectos
biológicos e éticos da domesticação; discussão das
bases biológicas e éticas dos comportemos anormais
e estereotipias; enriquecimento ambiental e sua aplicação na amenização das condições do cativeiro: tipos
e exemplos; fundamentação ética: as cinco liberdades;
legislação aplicada ao uso de animais; métodos de
estudos em etologia – aplicação prática do método ad
libutum na elaboração do etograma e de um método
quantitativo para responder uma questão específica.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Resultados pedagógicos obtidos
Os resultados das disciplinas trabalhadas sobre a
ética do uso animal e bem-estar animal no nível de
mestrado, especialização, graduação, ensino médio
em curso de extensão, disciplinas optativas, obrigatórias, tem trazido resultados fantásticos. Na produção
teórica solicitada em todos os níveis de aplicação os
alunos apresentam o relato de um caso de real de uso
de animal analisado sobre o ponto de vista técnico
(considerações sobre o bem-estar do animal de acordo com sua biologia, ecologia e comportamento),
éticos (reflexão dos procedimentos que tratem o animal com um ser vivo, logo digno de respeito. Levar em
consideração os sistemas emocionais e a senciência
da dor física e psicológica), político (leis que regulamentam o uso desse animal na situação avaliada) e
inferência (sugestão de procedimentos para amenizar
os efeitos sobre o seu BEA).
O ensaio é veiculado no Blog http://etologia-no-dia-a-dia.blogspot.com.br/ e divulgado nas redes sociais,
sendo os resultados parciais já apresentados em congressos da área da educação (http://educere.bruc.
com.br/ANAIS2013/pdf/8982_4770.pdf e http://
educere.bruc.com.br/ANAIS2013/pdf/10278_5315.
pdf). O etograma é apresentado na forma de artigo
científico e em apresentação. Os dados são categorizados em fluxogramas e gráficos e os alunos instigados
a avaliarem as condições de bem-estar proporcionadas
para esses animais, e reflexão do que seria possível se
fazer para mitigar essas condições. Ressalva-se que
deste trabalho se desenvolvem inúmeros trabalhos de
conclusão de curso e dissertações de mestrado. Como
resultados pedagógicos destaca-se o desenvolvimento
de habilidades de elaboração de textos para diferentes
linguagens, a pesquisa investigativa, a reflexão sobre
os sujeitos/atores envolvidos e a argumentação para o
posicionamento crítico.
Impacto da estratégia
ou prática docente nos alunos,
nos animais, na comunidade, etc
Os resultados das disciplinas trabalhadas sobre a ética do uso animal e bem-estar animal no nível de mestrado, especialização, graduação, ensino médio em
curso de extensão, disciplinas optativas, obrigatórias,
tem proporcionado impactos significativos na sociedade local e global. O aluno após uma base teórica
é capaz de investigar um tema específico e construir
um argumento sólido e bioético da temática, além de
se capacitar na exploração de diferentes linguagens
que podem atingir diferentes públicos. Sua produção
e posicionamento não se limita nas fronteiras da sala
de aula, mas alcança o mundo, sensibilizando outras
pessoas, que se posicionam tantos nas redes sociais
como no próprio blog, despertando, inclusive, interesse da mídia que procura os autores a fim de desenvolverem matérias sobre a temática. Os debates que
ocorrem no sistema virtual interno da instituição e na
sala de aula trazem novidades continuamente e uma
nítida mudança na percepção do aluno que relata
a satisfação com a nova realidade proposta. O que
fará diferença na atuação do mesmo como cidadão,
profissional e principalmente, como pessoa.
Conclusões/observações/
recomendações
A área de ética no uso de animal e bem-estar animal
é extremante desafiadora para qualquer profissional
que queria implantá-la, principalmente no Brasil. Além
de ser uma disciplina nova, o poder econômico e as
enraizadas crenças culturais impõem muitas barreiras
que tornam tanto o profissional quanto o cidadão vulnerável a aceitar certar condutas como normais, mesmo não concordando com elas. O antropocentrismo
distancia o homem dos animais, levando a descrença
de suas capacidades sencientes e cognitivas, o que
subsidia muitas práticas. Logo, é um grande desafio
formar profissionais que desde a sua base perceba
de forma mais respeitosa e igualitária essas relações.
Atualmente, estamos em um momento que precisamos
do esforço de diferentes profissionais, tanto na área
da bioética na busca de novos paradigmas norteadores das condutas sociais, quanto de veterinários,
zootecnistas e biólogos que desenvolvam tecnologias
para diagnosticar as condições de bem-estar animal
e propor novas formas de tornar o cativeiro desses
animais, que todavia necessitamos manter sob nossa
tutela, menos sofrida. Assim, incentivo a todos os profissionais de as áreas que incluam em suas disciplinas
esses temas.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
85
Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino
Fluxograma dos temas e metodologia na utilização da ética no uso de animais
e bem-estar animal em diferentes níveis de formação profissional
Ensaios veiculados no Blog http://etologia-no-dia-a-dia.blogspot.com.br/
e Interface do grupo para divulgação em redes sociais
86
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Resultados parciais já apresentados
em congressos da área da educação
Bibliografia
Bauman, Z. (2000). Modernidade líquida. Rio de Janeiro. Zahar.
Bauman, Z. (2004). Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro. Zahar.
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setembro de 2013. Recuperado de: http://bit.ly/1ElFb9n
Felipe, S.T. (2009). Antropocentrismo, sencientismo e biocentrismo: Perspectivas éticas abolicionistas, bem-estaristas e conservadoras e o estatuto de animais não-humanos. Páginas de Filosofia,1(1):2-30.
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Grandin, T.; Johnson, C. (2010). O bem estar dos animais: proposta de uma vida melhor para todos os bichos.
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Potter, V.R. (1970). Bioethics, science of survival. Biol. Med., 14:173-153.
Regan, T. (2006). Jaulas Vazias, encarando o desafio dos direitos dos animais. Porto Alegre. Lugano.
Singer, P. (2004). Libertação animal. Porto Alegre. Lugano.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
87
Capítulo 4
Estratégias e práticas
docentes de extensão à
comunidade para o ensino
efetivo de bem-estar animal
88
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Todos pelo bem-estar dos animais domésticos
Sandra Adelly Alves Rocha
Brasil
Nome do programa, área temática
ou disciplina onde ocorreu a pratica
Oficina de práticas pedagógicas, metodologia
em Biologia e Ecologia, entre outras.
Introdução, o contexto
e as razões para desenvolver
tal estratégia ou prática docente
O Instituto Federal Goiano – Campus Ceres possui cursos
de Licenciatura em Biologia, Licenciatura em Química,
Agronomia, Zootecnia, Ensino Médio e Técnico em Informática e Agropecuária, além de contemplar diversos
programas do Ministério da Educação como Mulheres
Mil, PRONATEC, Educação à distância, entre outros. Na
maioria dos cursos ofertados podem ser inseridos temas
relacionados ao bem-estar de animais domésticos (BEAD).
As estratégias e práticas pedagógicas para o ensino eficaz de bem-estar animal aqui apresentadas, fazem parte
do projeto “A sociedade e o bem-estar animal”, cadastrado em setembro de 2013, como projeto de extensão do
Instituto Federal Goiano, porém as ações e reflexões são
anteriores ao cadastramento, sendo que as mesmas foram
iniciadas no segundo semestre de 2010. O projeto tem
como proposta principal inserir a guarda responsável de
animais domésticos como tema de relevância no ensino
formal e informal e implementar políticas públicas para o
bem estar animal, incluindo a organização de eventos na
área, o cadastramento e o acompanhamento da população atual de animais domésticos, bem como dar apoio
técnico a lares temporários e abrigos, além de trabalhar
com programas de esterilização voluntária, gratuita e/
ou de baixo custo dos animais domésticos. Essas ações
favorecem a diminuição do problema de abandono, maus
tratos, falta de conhecimentos básicos sobre as necessidades e cuidados com os animais domésticos, bem como
promovem o controle de zoonoses e acidentes ocasionados por animais soltos nas ruas.
Foram firmadas parcerias entre os IFs Goiano, seus servidores, educandos, entidades educacionais, empresas e
prefeituras dos municípios interessados, além da comunidade em geral. Essa cooperação entre os diversos setores da sociedade é uma solução viável e real oferecida
aos municípios.
Salienta-se que os municípios do Ceres e Rialma (Goiás,
Brasil) não contam com projetos efetivos que promovam o
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
89
bem-estar animal. Apesar disso, muitas pessoas residentes
nos municípios são preocupadas com essa questão e atuam voluntária e desordenadamente no cuidado com esses
indivíduos, sejam eles domiciliados ou não. Dessa forma,
se faz urgente à continuação da implantação das ações
de “Todos pelo bem-estar animal”. Estes 22 benefícios não
têm preço e justificam por si a implantação e manutenção
do Projeto “A sociedade e o Bem Estar Animal”.
Objetivos pedagógicos alcançados
com a implementação desta
estratégia ou prática docente
Objetivo geral
Implantar no município de Ceres a estratégia “Todos
pelo bem-estar animal”.
• Acompanhar os indivíduos não domiciliados da população canino-felina
• Criar um site para cadastrar, acompanhar os animais
e divulgar as ações do projeto, mantendo-o.
Metodologia empregada
Em setembro de 2013 as atividades foram formalizadas
em um projeto de bem-estar animal, cadastrado como
projeto de extensão do Instituto Federal Goiano. Para
tanto, as pessoas envolvidas foram divididas em quatro
subgrupos, denominados forças-tarefas (FTs). Cada
força-tarefa possui um administrador e alunos da instituição. No quadro abaixo estão contidas as informações
relacionadas a características das forças-tarefa.
• Formar agentes de educação ambiental capacitados para intervir em situações que os animais estão
sofrendo e modificar essas realidades, tendo como
base os princípios de bem-estar animal.
• FT Comunicação: teoria, site, ONG, promove eventos/campanhas/legislação/ documentação. Dois
alunos. Computador com acesso a Internet, matérias
de escritório e de gráfica. Avaliação: Manutenção
do site; qualidade das campanhas; banco de bibliografias atualizado e alimentado. Apoio técnico à
prefeitura e comunidade
• Conceber e realizar uma educação ambiental voltada para a guarda responsável, com a implementação de programas educativos utilizando diferentes
mídias e ações, de forma a envolver toda a sociedade para que ela cumpra sua parte no cuidado com
os animais, incluindo o poder público.
• FT Educação: conscientização da comunidade e
divulgação do projeto. Dois alunos e voluntários das
comunidades. Cartilhas e folders educativos. Computador e data show. Avaliação: Qualidade do material
produzido e número de estudantes e não estudantes
assistidos, apoio técnico à prefeitura e comunidade.
• Acompanhar a criação de lar temporário, desde a concepção até a manutenção do local, considerando todo
o contexto relacionado aos responsáveis pelos lares.
• FT Censo e monitoramento: levantamento de dados
e cadastramento. Dois estudantes, agentes comunitários e de saúde do município. Computador e matérias de escritório. Avaliação: Censo/Apoio técnico à
prefeitura e comunidade
Objetivos específicos
• Acompanhar e dar apoio técnico aos lares temporários e abrigos não-formalizados.
• Contribuir na organização relacionada à esterilização voluntária e gratuita de parte da população
canino-felina dos municípios de Ceres e Rialma.
• Organizar e promover mutirões de esterilização em
parceria com instituições formadoras de profissionais
médicos veterinários e veterinários, acompanhando o
processo de cicatrização.
• Realizar cuidados básicos com cachorros e/ou gatos
doentes da população de baixa renda, animais da comunidade e/ou errantes, em caso de extrema urgência.
• Contribuir com os municípios na criação e promoção
de políticas públicas e ações protetivas aos animais;
• Realizar censos e monitoramento da população
canino-felina do município de Ceres e Rialma.
90
• FT Pegando no Bicho: anjos, lares temporários e
lares e esterilização. Três alunos e voluntários das
comunidades. Meio de transporte terrestre, pontos de
esterilização, remédios e acompanhamento dos lares,
apoio técnico à prefeitura e comunidade. Avaliação:
acompanhamento de no mínimo de oito animais castrados ao mês.
Conteúdos de bem estar animal
abordados na estratégia
ou prática docente
Saúde física do animal, principais doenças, como evitá-las e tratá-las (vacinação, vermifugação e tratamento
básico). Higiene básica e manutenção considerando o
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
bem-estar animal. Técnicas de captura. Saúde psicológica do animal e comportamento de cães e gatos. Noções básicas de adestramento;
Impacto da estratégia ou prática
docente nos alunos, nos animais,
na comunidade, etc.
Lares temporários e abrigos, ambiência, administração,
legislação...
Impacto na comunidade:
Resultados pedagógicos obtidos
Força-tarefa comunicação: Site
• Corrida ecológica (trilha com campanha de bem-estar animal e guarda responsável);
• Banco com diferentes bibliografias e legislação;
Força-tarefa educação: Banners
Impacto nos alunos:
Abordagem dos educandos em diferentes matérias sobre
o bem-estar animal;
Formação de “fiscais de bem-estar dentro do IFGoiano”;
• Semana do meio ambiente “pegando carona” em
diferentes projetos: 300 crianças do município de Ceres assistiram ao teatro de fantoche sobre animais, com
ênfase na guarda responsável de cães e gatos;
• Artigos científicos, oito palestras no Instituto Federal
Goiano, duas cartilhas para colorir.
• Folders, teatro de fantoches e vinheta de bem-estar
animal;
• Projeto votado e aceito pela Câmara de Vereadores de Ceres e de Rialma;
• Conteúdos trabalhados em diferentes disciplinas, incluindo para 2000 alunos de educação a distância.
Força-tarefa censo e monitoramento:
• Treinamento de 80 agentes comunitários, quatro mil
casas visitadas e cadastramento dos animais, censo
de animais errantes em teste;
Força-tarefa pegando o animal;
• Cadastramento de lares temporários e lares.
• Animais esterilizados pela prefeitura em parceria
com clínica veterinária local e pelo grupo de bem-estar animal.
• Acompanhamento de animais da população de
baixa renda e errantes;
• Croqui de novos lares temporários.
quatro mil famílias visitadas, 300 crianças assistiram
o teatro de fantoche, movimentação da comunidade,
incluindo prefeitura de Ceres. Análise dos dados, cinco
lares assistidos.
Capacidade de trabalhar de forma transdisciplinar. Em
torno de 200 alunos produziram ou assistiram as palestras de educação ambiental. Percepção da quantidade
de animais abandonados. Análise dos dados.
Impacto nos animais:
Acompanhamento do bem-estar de 200 animais cadastrados;
Análise dos dados: 40 animais castrados pela prefeitura,
40 animais castrados pelo grupo, aplicação de mais de
100 vacinas.
Conclusões/ observações/
recomendações
A estratégia mostrou-se eficaz e está em processo de
ajustamento. O censo nos ajudou a ter uma visão real
da quantidade de animais do município e a traçar metas
mais reais. As forças-tarefa comunicação e educação
nos colocaram em evidência em relação à comunidade,
compreendendo melhor e ajudando a cuidar melhor
dos animais domésticos, sendo o apoio técnico de suma
importância para a comunidade e prefeituras locais. A
esterilização mostrou-se uma ação que a comunidade
anseia, havendo lista de espera. Ficou evidente que o
trabalho realizado pela ação conjunta entre diferentes
grupos da sociedade se torna eficaz, cabendo à Instituição de ensino e aos alunos integrantes do Projeto
direcionar as ações.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
91
Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino?
Edital do processo seletivo para concessão de bolsas de extensão para estudantes
Estudantes e animais no Lixão de Ceres
Imagem da Cartilha “Dogão”
e Teatro de Fantoche sobre animais.
Bibliografia
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e dá outras providências.
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Sociedade Mundial de Proteção Animal. (2005). Educação em bem-estar animal. Recuperado de: http://bit.
ly/1Q4o1hD
92
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Aprendendo sobre bem-estar
animal além da sala de aula
Rosemary Bastos
Brasil
Nome do programa, área temática ou disciplina
onde ocorreu a prática
Bem-estar animal
Introdução, o contexto
e as razões para desenvolver
tal estratégia ou prática docente
A disciplina bem-estar animal foi implantada na Instituição
no ano de 2007, a partir da visita da WSPA, com o intuito
de incentivar a introdução do ensino de bem-estar animal no
currículo do curso de medicina veterinária e após a realização do curso em docência em bem-estar animal. A Instituição
acatou a introdução da disciplina, e, atualmente, discentes de
outros cursos (agronomia e zootecnia) também têm interesse
em realizar a disciplina. A disciplina deu abertura para palestras/cursos sobre o tema dentro da Instituição, discussão em
mesas redondas, entrevistas para jornais, cursos e abertura de
linhas de pesquisa relacionadas ao tema.
A utilização do material oferecida pela WSPA foi de fundamental importância para iniciar a troca de saberes; des-
pertar o aprendizado dos discentes e introdução de novas
práticas de ensino. Desta forma, ao longo dos anos de
experiência na disciplina, ficou nítido que apenas transmitir
o conteúdo teórico da disciplina não era suficiente para ser
fixado pelos discentes surgindo assim a necessidade de que
os discentes aplicassem estes conhecimentos além da sala
de aula - seja dentro ou fora da Instituição. Em complementação à metodologia utilizada, surgiu a ideia de trabalhar
com os discentes empregando a metodologia “aprendizagem baseada em problemas”, que estabelece uma prática
pedagógica centrada nos discentes. Este tipo de metodologia tem sido bastante aceito no meio acadêmico, sendo um
método educativo surgido na Universidade de Maastricht.
Dentro deste contexto, os discentes estabelecem grupos de
trabalho para identificar os problemas relacionados à questão do bem-estar animal, pesquisam, debatem colocando
suas opiniões e interpretam os resultados obtidos no sentido
de produzir possíveis soluções ou recomendações. De
acordo com a teoria do conhecimento, a problematização
é destacada como elemento central na metodologia de
trabalho em sala de aula e, nesta linha, as perguntas devem
provocar e direcionar de forma significativa e participativa
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
93
o processo de construção do conhecimento por parte do
discente, sendo também um elemento mobilizador para esta
construção (Vasconcellos, 1999, p. 147).
As discussões geradas integram o ensino do bem-estar animal com as diferentes disciplinas dos cursos de graduação,
e, portanto, os discentes aprendem a apreender e a se
preparar para solucionar problemas relacionados à sua profissão em que a ciência do bem-estar animal está envolvida.
Objetivos pedagógicos alcançados
com a implementação desta
estratégia ou prática docente
O objetivo da prática implantada é desmistificar o conceito de bem-estar animal no sentido de que possa ser
aplicada pelos discentes, ou seja, que a disciplina não
se torne apenas teórica, mas que esteja presente no dia-a-dia dos discentes, seja dentro da Instituição com o
intuito de questionamentos em relação às diversas práticas
utilizadas com animais, seja fora da Instituição no sentido
de observação dos vários tipos de animais: produção,
trabalho, companhia, experimentação e silvestres. Também
podemos incluir como objetivos um debate dentro das
questões éticas e o despertar dos discentes em relação à
legislação de proteção. Os discentes tem a possibilidade
de aprender a observar por meio das cinco liberdades os
problemas encontrados, desenvolvendo um pensamento
crítico e construindo em conjunto soluções possíveis e viáveis, visto que trabalham em conjunto. Além disso, através
da apresentação destes dados observa-se uma nítida
conscientização em relação aos problemas observados.
Junto com esta prática também os discentes são capacitados na preparação de palestras para diversos públicos
alvo: carroceiros, tratadores, fazendeiros, discentes do
ensino fundamental, discentes de iniciação científica da
própria Instituição, apresentando em uma linguagem simples os conceitos de bem-estar animal.
Metodologia empregada
A disciplina é dividida em três etapas:
Etapa 1: é ministrada a parte teórica com os conceitos
(introdução e avaliação); indicadores fisiológicos, imunológicos e comportamentais; ética; legislação; avaliações
e questões de bem-estar em animais de produção, trabalho, companhia, utilizados no entretenimento, utilizados
em experimentos e animais silvestres.
Etapa 2: os discentes realizam um trabalho prático, com
o objetivo de conhecer o tema, observar os problemas,
formular perguntas, encontrar respostas para solucionar
94
os problemas através das observações práticas e embasado na literatura científica. Após a realização do trabalho prático, os discentes entregam o trabalho escrito e a
apresentação dos resultados ocorre após a preparação
do material. Esse passo é importante para que ocorra a
discussão/debate dos problemas encontrados, da criação e aceitação do conhecimento, levando à troca de
saberes e buscando soluções.
Para esta prática os discentes são divididos em cinco grupos:
• Grupo 1: Bem-estar em animais de produção: visita e
avalia uma fazenda particular e escolhe uma espécie
(suína, bovina, bubalina ou ovina);
• Grupo 2: Bem-estar em animais de trabalho: avalia
entre 6-8 equídeos nas ruas da cidade;
• Grupo 3: Bem-estar em animais de companhia:
avalia entre 6-8 cães e/ou gatos em suas respectivas
casas, associação protetora e CCZ do Município;
• Grupo 4: Bem-estar em animais silvestres: escolhe
um ou mais espécies vendidas em pet-shop;
• Grupo 5: Bem-estar em animais de experimentação:
visita e avalia animais da unidade de apoio ou o
colégio agrícola (locais onde é realizada experimentação animal na Instituição);
De acordo com as cinco liberdades cada grupo realiza
uma pontuação (0-10) para cada liberdade. Após esta
avaliação os grupos descrevem os principais problemas
de bem-estar e montam um programa prático para a melhoria do bem-estar, levando em consideração as cinco
liberdades. As questões éticas e a legislação também
são debatidas dentro do contexto.
Como descrito anteriormente, os resultados encontrados
são apresentados na forma escrita e apresentados para
toda a turma, com o intuito de levar a uma discussão/
debate e soluções possíveis dos problemas encontrados.
Etapa 3: O objetivo é capacitar os discentes param se
tornarem também multiplicadores. Os grupos montam
uma palestra enfocando as cinco liberdades, cada
grupo leva em consideração o público alvo. A turma é
dividida em cinco grupos:
• Grupo 1: Bem-estar em animais de produção: palestra para proprietários e tratadores;
• Grupo 2: Bem-estar em animais de trabalho: para
carroceiros;
• Grupo 3: Bem-estar em animais de companhia: palestra para discentes de escolas de ensino fundamental;
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
• Grupo 4: Bem-estar em animais silvestres: para discentes de escolas de ensino fundamental;
placement-, Redução e Refinamento); tipos de legislação
referente ao uso de animais na ciência.
• Grupo 5: Bem-estar em animais de experimentação:
para os bolsistas de iniciação científica da Instituição.
Resultados pedagógicos obtidos
As palestras são apresentadas com auxílio de data show
para a turma com o intuito de também levar a uma discussão/debate.
Conteúdos de bem estar
animal abordados na estratégia
ou prática docente
Avaliação do bem-estar utilizando as cinco liberdades.
Indicadores fisiológicos de bem-estar animal bom/pobre:
a relação entre bem-estar e fisiologia. Indicadores comportamentais de bem-estar animal bom/pobre: Identificar
como os indicadores comportamentais contribuem para
o entendimento do bem-estar animal; aprender como
identificar possíveis causas de comportamento anormal.
Indicadores imunológicos e de produção de bem-estar
animal bom/pobre: Entender a relação entre bem-estar
e doença e a relação entre bem-estar e desempenho de
produção. Ética: status moral dos animais; senciência.
Legislação de proteção: leis brasileiras.
Avaliação e questões de bem-estar de animais de produção: causas de bem-estar pobre; avaliação do bem-estar
na fazenda baseada nas cinco liberdades; problemas
relacionados às mutilações; transporte e abate.
Avaliação e questões de bem-estar de animais de trabalho: avaliação do bem-estar baseada nas cinco liberdades; identificar os problemas que afetam o bem-estar;
sugerir melhorias e alternativas de curto e de longos
prazos; entender os benefícios da melhoria do bem-estar
de animais de trabalho para o proprietário.
Avaliação e questões de bem-estar de animais de companhia: avaliação do bem-estar baseada nas cinco liberdades;
guarda responsável; estratégias de controle populacional.
Avaliação e questões de bem-estar de animais silvestres:
avaliação do bem-estar baseada nas cinco liberdades;
problemas relacionados à conservação; identificar questões de bem-estar que afetam animais silvestres de vida
livre; animais silvestres em cativeiro; identificar soluções
potenciais para essas questões de bem-estar.
Avaliação e questões de bem-estar de animais utilizados
em experimentos: avaliação do bem-estar baseada nas
cinco liberdades; principais questões relativas ao bem-estar dos animais em laboratórios; procedimentos e
métodos de eutanásia; o uso dos “3 Rs” (Substituição -Re-
A participação ativa dos discentes para aprender sobre
o ensino do bem-estar animal foi mais produtiva quando
comparada aos anos anteriores, em que ocorria na maior
parte das aulas uma preocupação em transferir as informações do docente para o discente. Isso mostrava que o
processo de aprender deve ser centralizado no discente,
visto que pelas observações em sala de aula os discentes
foram instigados a observar os problemas, pesquisar, refletir, entender e criar soluções dentro do contexto de suas
profissões em relação ao tema abordado.
A discussão dos problemas encontrados em grupo em relação ao bem-estar animal promoveu uma ligação entre as
ideias e conceitos e favoreceu também a cooperação entre
os discentes, enriquecendo as aulas através de suas discussões. Através do conhecimento adquirido anteriormente pelos
discentes, a formulação de suas perguntas em relação ao
que precisam saber e a construção ativa do conhecimento
demonstraram que com comunicação e reflexão é possível
que as novas informações adquiridas sobre o tema possam
ser promovidas por meio da retenção em longo prazo.
Dentro deste contexto, a prática utilizada serviu como um
incentivo para motivar o discente a aprender e integrar a disciplina de bem-estar com outras disciplinas. Além disso, através
das discussões/debate foi possível permitir um destaque em
outros aspectos importantes na preparação do discente, tais
como a comunicação, o trabalho em equipe, atitudes, valores
éticos e profissionais em relação ao tema estudado, permitindo uma interface com outras disciplinas. Também podemos
refletir que o papel do docente passou a ser de um facilitador
da aprendizagem em relação ao ensino de bem-estar animal,
uma vez que direcionou o discente por meio da estratégia
utilizada a uma aprendizagem autodirigida.
Impacto da estratégia ou prática
docente nos alunos, nos animais,
na comunidade, etc.
Discentes: inserção dos conceitos de bem-estar animal;
aprendizagem de como avaliar o bem-estar utilizando as
cinco liberdades nos vários tipos de animais estudados;
sensibilização aos principais problemas relacionados ao
bem-estar para os vários tipos de animais estudados seja
dentro ou fora da Instituição; conscientização e interpretação da legislação brasileira; capacitação para realização
de palestras/cursos sobre o tema para públicos-alvo diferentes, despertar para o interesse na ciência do bem-estar
animal para realização de projetos de monografia.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
95
Comunidade: conscientização dos principais problemas
sobre bem-estar animal através da apresentação de
palestras/cursos em bem-estar animal na semana do
produtor rural e escolas públicas e privadas para a população local envolvendo os discentes; maior procura da
mídia sobre o tema - seja por meio de entrevistas, artigos
em revistas locais e/ou debates.
Instituição: maior preocupação com os problemas observados pelos discentes, principalmente relacionados com a
experimentação animal, interesse do tema pelos discentes
e/ou professores responsáveis pela semana acadêmica, no
sentido de introduzir palestras/cursos em bem-estar animal,
abertura para entrevista no site da Instituição sobre o tema.
Animais: a conscientização direta dos discentes, da comunidade e Instituição sobre o tema sugere que pode
ocorrer uma preocupação com os animais, no sentido
de levar em consideração não apenas as questões relacionadas ao bem-estar, mas também os direitos destes
animais. Espera-se que em todos os sentidos haja uma
sensibilização por parte da população e que, junto com
políticas públicas competentes, possamos encontrar soluções cabíveis para os problemas encontrados.
Indicadores de impacto:
• Maior número de discentes interessados na disciplina bem-estar animal;
• Maior número de palestras/cursos ministrados para
população em geral.
• Maior procura da mídia sobre o tema abordado;
96
• Maior interesse de outros docentes com o tema
abordado.
• Maior procura para realização de monografias
direcionadas a ciência do bem-estar animal.
Com a apresentação dos indicadores de impacto anteriores, sugere-se que um maior número de animais seja
beneficiado.
Conclusões/observações/
recomendações
Os discentes apresentaram uma maior motivação na
aprendizagem, demonstrando interesse na inserção
de seu pensamento crítico e sua criatividade. Também
desenvolveram a habilidade e competências de trabalhar em grupo, de analisar os resultados encontrados e
principalmente de criar novas soluções para os problemas observados. Os discentes apresentaram uma maior
sensibilização aos temas abordados, mostrando uma
inquietação no sentido de questionar as atitudes tomadas não apenas fora, mas também dentro da Instituição
em relação a determinadas práticas ainda utilizadas.
Além disso, observa-se por meio das discussões/debate
dos grupos a nítida compreensão da importância da
disciplina bem-estar animal e sua relação com outras
disciplinas. Dentro deste contexto é possível concluir que
o emprego desta metodologia seja viável não apenas
em outras disciplinas, mas também possa ser utilizada em
outros seguimentos da Instituição, no sentido de conduzir
a uma maior interação do discente com a comunidade
acadêmica, levando uma maior discussão/debate dos
problemas e possibilidades de soluções.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino
Alunos da disciplina de BEA 2013
Avaliação de Bem-estar animal: Cães e Gatos – Instituição - Araras e papagaios
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4
2
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Livre de Fome e Sede
Livre de Fome e Sede
Livre de Desconforto
Livre de Desconforto
Livre de Dor, lesões e doenças
Livre de Dor, lesões e doenças
Livre para expressar comportamento natural
Livre para expressar comportamento natural
Livre de Medo e estresse
Livre de Medo e estresse
Avaliação de Bem-estar animal: suínos e aves
12
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3
2
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0
Bibliografia
Berbel, N.A.N. (1998). A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou
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WSPA. (2004) Conceitos em bem-estar animal. [CD-ROM]. 2ª ed. London.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
97
Bem estar de animais participantes de projetos
psicopedagógicos e de educação ambiental em
escolas municipais da cidade de Ponta Grossa
Erika Zanoni
Brasil
Nome do programa, área temática ou disciplina
onde ocorreu a pratica:
Extensão
Introdução, o contexto
e as razões para desenvolver
tal estratégia ou prática docente
Bem estar animal é o estado de um animal em relação
às suas tentativas de se relacionar com o ambiente
(Broom & Fraser, 2010). O estresse é uma resposta biocomportamental do organismo diante de qualquer desafio (estressor) capaz de perturbar a homeostase a ponto
de danificar a regulação da resposta, sendo inerente a
todos os seres vivos (SGAI, 2010).
Diversos autores têm realizado pesquisas que nos levam
a reconhecer que os animais são agentes motivadores
no tratamento de crianças com problemas emocionais,
98
de aprendizagem e de linguagem. O animal ajuda
a criança a desenvolver sentimentos de compaixão e
empatia, além da capacidade de interpretar aspectos
da linguagem não-verbal. Ajuda também a desenvolver
atitudes humanitárias em relação aos animais e o contato com eles incentiva a consciência ecológica. Para o
acadêmico, esse tipo de atividade de extensão incentiva
sentimentos positivos em relação à responsabilidade
social de cada um e reforça a aplicabilidade de conhecimentos do bem-estar animal na prática.
Objetivos pedagógicos alcançados
com a implementação desta
estratégia ou prática docente
O objetivo do trabalho foi despertar nas crianças uma
maior motivação aos estudos, leitura e nos assuntos relacionados ao meio ambiente e posse responsável dos
animais. Além de proporcionar aos alunos de graduação
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
uma oportunidade de aplicar de forma lúdica seus conhecimentos absorvidos em aula, que seria uma alternativa
eficaz e criativa de aprendizagem e também determinar
estratégias para garantir que os animais participassem de
sessões de Educação Assistida por Animais (EAA) e Terapia Assistida por animais (TAA) ficassem livres de estresse,
angústia e medo na hipótese de que tal atividade possa
desencadear estresse, utilizando-se como meios a mensuração de alterações fisiológicas e de comportamento.
• Calmo – aquele que permanecia com as orelhas e
cauda abaixadas;
Metodologia empregada
• Medo– o animal permanecia abaixado, com a cauda entre as pernas e as orelhas caídas.
Crianças entre três e 14 anos com atraso de linguagem
(oral), que demonstraram interesse e motivação mediante
contato com animal, com problema de autoestima e dificuldade de aprendizagem foram pré-selecionadas pelas
pedagogas das escolas municipais participantes do projeto e atendidas semanalmente durante seis meses nas modalidades de Educação e Terapia Assistida por Animais.
Foram utilizados o porquinho da índia (Cavia porcellus) ,
gato (Felis catus) e cachorro (Canis lupus familiaris). Todos os animais fazem parte do projeto de extensão Mascotes da Alegria-CESCAGE, que utiliza animais como
facilitadores do atendimento de crianças e de pacientes
especiais, em três diferentes instituições na cidade de
Ponta Grossa, PR.
Todos os animais selecionados foram avaliados com
base nos critérios sanitários estabelecidos pela médica
veterinária responsável. O bem estar dos animais também foi priorizado, assim como, a busca pelo respeito
e cumprimento das cinco liberdades preconizadas pelo
conselho de bem-estar animal, Todos os animais eram de
propriedade dos participantes e/ou de voluntários do
projeto, estavam habituados e treinados para a rotina.
• Alerta – aquele cuja cauda e orelhas permaneciam
apontadas para cima e/ou com um dos pés apontados para frente;
• Agressivo – pêlos do dorso eriçados, lábios retraídos
caudalmente, orelhas para frente e cauda abanando
lentamente;
Além da classificação para cães, foram desenvolvidas
pelo grupo, uma tabela de sinais e caso algum animal
apresentasse, seria poupado do trabalho:
• Os pequenos roedores: tentar morder o assistido,
vocalizar, ficar ofegante, não aceitar petiscos e ficar
apático.
• Cães: lamber o focinho constantemente, comportamento destrutivo, distúrbio de eliminação, farejar constantemente o chão, tentativas de fuga, aumento das frequências cardíaca e respiratória e vocalização excessiva.
• Felinos: procurar se isolar buscando esconderijo, vocalização excessiva e diminuem a ingestão de alimentos.
Conteúdos de bem estar
animal abordados na estratégia
ou prática docente
Vários conteúdos foram explorados durante os projetos,
tais como:
As sessões foram realizadas por terapeutas da área de
saúde, educação ou em forma de palestra dos acadêmicos do curso de medicina veterinária, pelo período máximo de uma hora, tendo água à disposição, cama e brinquedos específicos aos animais. Os materiais utilizados
nas sessões terapêuticas foram: pente, cama e bebedor
de água para animais; alimentos, ração e petiscos.
• Fundamentos comportamentais: as bases do comportamento dos animais utilizados foram estudadas
para a identificação dos possíveis sinais de estresse e
distúrbios de comportamento.
A observação do comportamento animal foi realizada
pela equipe de médicos veterinários responsável por garantir o bem estar desses animais em todas as sessões de
terapia e educação assistida por animais. Estabeleceu-se
que quando observados sinais comportamentais compatíveis com ansiedade e medo, a sessão seria interrompida imediatamente.
• Mecanismos do estresse: estudos acerca de todo
mecanismo neuroendócrino que envolve o estresse.
Inicialmente os cães eram classificados de acordo Houpt
(2005) em:
• Avaliação do bem-estar animal: aprender a avaliar e
transportar para uma escala o bem estar animal.
• Medo, ansiedade e o sofrimento: conhecimento de
“comportamentos deslocados” ou estereotipias em
que essas situações ficavam evidentes.
• Transporte de animais de pequeno e médio porte
- cães e gatos: como esses animais eram transportados até as escolas para as sessões, o conhecimento
de mecanismos para minimizar o estresse provocado
pelo transporte se fez necessário.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
99
• Cinco liberdades que regem o bem estar animal:
estudo e aplicabilidade na prática.
• Senciência: a capacidade de sentir é uma discussão
muito atual em nossa sociedade e que cada vez
mais tenta mudar os hábitos para minimizar o sofrimento animal.
• Dor: discussão sobre a relevância da dor nos animais.
• Desconforto: sinais e prejuízos causados.
• Indicadores de bem-estar animal:
• Indicadores comportamentais de estresse (sinais
de estresse através das reações posturais e de
locomoção).
• Indicadores fisiológicos de estresse (temperatura retal, frequência cardíaca, respiratória).
• Indicadores de prazer: sinais comportamentais e fisiológicos de satisfação e bem estar de cada espécie.
Além do projeto que é realizado há quatro anos nas
escolas, existe um grupo de estudos que se reúne semanalmente para uma discussão crítica em sala de aula. O
aluno deve compreender os mecanismos que envolvem
o sofrimento animal e as práticas para tentar minimizá-lo.
Resultados pedagógicos obtidos
Em todas as sessões observou-se uma aproximação
entre criança-animal e a expressão de alguma emoção. Nas 25 sessões realizadas, o estímulo animal
resultou em motivação na ampla maioria das vezes
(96% 24/25). A TAA e a EAA resultou em fala espontânea por parte dos participantes em todos os
encontros. A avaliação comportamental apresentou
dois resultados negativos, ou seja, um cão apresentou
comportamento considerado agressivo e outro ame-
100
drontado (2/20). Durante o estudo, não foi observado nenhuma estereotipia. Os acadêmicos do curso
tiveram a oportunidade de avaliar através das fichas
de avaliação e “entrar” mais no mundo dos sentimentos de seus futuros pacientes e conhecer na prática os
conceitos de bem estar animal.
Impacto da estratégia
ou prática docente nos alunos,
nos animais, na comunidade, etc.
O contato com os animais parece promover melhores
condições na qualidade de vida de crianças e que
a simples presença deles é capaz de criar um meio
interativo minimizando o as dificuldades. Além de desenvolver consciência ecológica através das palestras
dos alunos. Por outro lado, para os acadêmicos, é uma
forma de estimular o respeito às diferenças, dificuldades
e o despertar de sentimentos de solidariedade e o
conhecimento do bem-estar animal.
Conclusões/observações/
recomendações
Os animais são seres como nós com sentimentos e emoções e devem ser respeitados. O médico veterinário é
o profissional habilitado em grupos de Terapia Assistida
por Animais para identificar sinais de estresse, medo e
angustia que ferem o bem estar animal.
A presença de animais no processo terapêutico (TAA) e de
educação parece ser um preditor forte de motivação para
a manifestação de emoções nesse grupo de crianças.
Os acadêmicos demonstraram espírito solidário além de
desenvolver habilidades de oratória e conhecimentos
sobre o bem animal..
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Registros e provas da utilização da estratégia de ensino, prática ou atividade
Palestras
As sessões foram conduzidas por terapeutas de saúde e educacionais
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
101
Sessões - assistida por animais Educação (AAE) e Terapia Animal - Assistida (AAT)
Bibliografia
Broom, D.M.; Fraser, A.F. (2007). Comportamento e Bem estar de animais Domésticos, 4ed., Manole.
Sgai, M.G.F.G.; Pizzutto, C.S.; Guimaraes, M.A.V. (2010). Estresse, estereotipias e enriquecimento ambiental
em animais selvagens cativos: revisão. Clínica Veterinária, São Paulo, 15 (88):88-98.
102
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Educação Humanitária em Bem-estar Animal
Marcia Marinho
Brasil
Nome do programa, área temática ou disciplina
onde ocorreu a prática
Comportamento e Bem-estar Animal
Introdução, o contexto
e as razões para desenvolver
tal estratégia ou prática docente
A introdução da disciplina de Bem-estar animal (BEA)
ocorreu devido a uma exigência externa, e a pressão
da sociedade diante da constatação científica da
senciência animal. A capacidade de sentir dor e de
consciência deixou de ser um estado atribuído exclusivamente aos seres humanos. A disciplina de bem-estar
animal fundamenta-se pela ciência do bem-estar, por
princípios éticos que considera as atitudes do homem
com os animais e a legislação que determina a forma
como somos obrigados a tratá-los.
A partir daí, e de inúmeras pressões da sociedade a
disciplina de Bem-estar animal vem sendo incluída nas
grades curriculares dos cursos de graduação na área
das Ciências Agrárias. Em nossa Unidade, a disciplina
de Comportamento e Bem-estar animal foi criada, em
2000, com a finalidade de unificar o ensino nas três
unidades da Universidade Estadual Paulista, sendo
então, oferecida como disciplina optativa para os
alunos dos 3º e 4º anos do curso de Graduação em
Medicina Veterinária. Como proposta de estratégias e
práticas pedagógicas para o ensino efetivo em Bem-estar, foram utilizados como diferencial de aprendizagem, princípios da Educação Humanitária que foram
associados e introduzidos ao conteúdo programático
da disciplina. Ressalta-se ainda que a interdisciplinaridade foi adotada, estabelecendo um link multidisciplinar, fazendo com que a disciplina de BEA interaja
com as demais disciplinas que compõem a grade
curricular, também temos como proposta tornar a disciplina obrigatória.
Nesta perspectiva, a disciplina vem sendo consolidada
com a finalidade de enriquecer o projeto político pedagógico do Curso de Medicina Veterinária, consolidado
os princípios da Educação Humanitária em Bem-estar
animal. Construindo, assim, o conhecimento, fundamentado nas premissas do ensino e do aprendizado, corrobo-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
103
rando para o surgimento de mudanças paradigmáticas
no exercício profissional e da cidadania.
Objetivos pedagógicos alcançados
com a implementação desta
estratégia ou prática docente
O objetivo do curso é a formação de um profissional
generalista, apto a compreender e traduzir as necessidades de indivíduos, grupos sociais e comunidades com
relação às atividades inerentes aos médicos veterinários
no exercício de sua profissão. Considerando-se a importância desse profissional no contexto socioeconômico e
político do país, como cidadão comprometido com os
interesses e os permanentes e renovados desafios que
emanam da sociedade, o profissional deve desenvolver
suas responsabilidade com as vocações regionais e com
a preservação dos ecossistemas, com o desenvolvimento
da agropecuária, a produção de alimentos , a saúde
animal e pública, sem comprometer o futuro do homem
e da humanidade. Neste contexto, busca-se estimular e
fomentar o pensamento crítico e reflexivo, corroborando
assim, para a construção do conhecimento como fator
transformador. Pelo exposto o presente projeto teve por
objetivo: Formar e capacitar médicos veterinários generalistas, fundamentados nos princípios da Educação
Humanitária em Bem-estar-animal; Promover e fomentar
o pensamento crítico e reflexivo, pelo debate em sala
de aula, estimulando a busca por soluções práticas,
fundamentadas no manejo humanitário; Propugnar pela
excelência da qualidade de vida da população, das
comunidades, bem como da produção, da saúde e do
bem–estar animal; Promover o equilíbrio ecológico e o
desenvolvimento sustentável em sintonia entre a pecuária
e o meio ambiente; Lutar e zelar pela valorização da
medicina veterinária como ciência ética e fundamentada nos direitos dos animais; Promover o respeito e a
proteção aos animais em todas as esferas do processo:
seja no ensino, na pesquisa ou na extensão; Fomentar a
valorização da cidadania e da ética na Medicina Veterinária com o objetivo de promover a construção de uma
sociedade justa ilibada fundamentada nos princípios
da educação humanitária e do bem-estar animal. (Texto
adaptado do Projeto Político–Pedagógico do Curso de
Medicina Veterinária, 2013).
Metodologia empregada
Pressupostos teóricos e metodológicos são ministrados em
aulas teóricas expositivas e práticas, compartimentadas e
correlacionadas em três módulos principais: I Conceitos
fundamentais de BEA e de Educação Humanitária (EDUH-
104
BEA); II EDUHBEA aplicados aos animais de companhia;
de produção; silvestres; biotério, de entretenimento e de
trabalho; e III Propostas de EDUHBEA, que são apresentadas na forma de projetos de extensão e de pesquisa,
desenvolvidos pelos alunos em sala de aula.
Diferencial de Aprendizagem:
Educação Humanitária - Princípios da Educação Humanitária serão associados ao conteúdo programático da
disciplina de BEA compondo assim o complexo Educação Humanitária em Bem–estar Animal (EDUHBEA)
Interdisciplinaridade - Estabelecer um currículo integrado
e articulado entre EDUHBEA e as demais disciplinas
interligadas que compõem a grade curricular. Sob esta
perspectiva haverá a substituição gradual de cadáveres
de animais por manequins, e softwares auxiliando nas
aulas de Anatomia, Técnicas Cirúrgicas e Clínicas.
Pensamento crítico e reflexivo – Promover e incentivar o
debate, buscando soluções práticas fundamentadas no
manejo humanitário.
Metodologia: Após a administração do conteúdo teórico, promoveremos atividades práticas como visitas a
fazendas, criações de animais, centro de controle de
zoonoses, zoológicos e biotérios, com a finalidade de
estabelecer um diagnóstico da situação. Como ferramenta prática, utiliza-se um questionário que contém informações sobre o sistema de criação, a ambiência, presença
ou não de enriquecimento ambiental, além da resenha
do animal, composto das seguintes informações: escore
corpóreo, grau, intensidade e local de lesão, avaliação
do estado mental, que inclui estereotipia, interatividade
intra e inter-espécie ou animal não responsivo.
Abordam-se questões a respeito das condições sanitárias do rebanho, para animais de produção e trabalho,
colônias para biotérios, zoológicos e ou do animal
quando de companhia. Posteriormente, ao diagnóstico
da situação, são elaborados projetos de pesquisa e de
extensão, fundamentados nos princípios da Educação
Humanitária em Bem-estar animal. Ainda neste contexto,
busca-se: desenvolver projetos em ação conjunta com a
comunidade e o poder público, como as campanhas de
castração em massa, chipagem de animais, campanhas
de vacinação e de práticas de bem-estar animal. Participar de projetos de conscientização da população sobre
práticas sanitárias, guarda responsável e senciência animal; e por fim, estimular a participação dos alunos, junto
aos Comitês de Ética em Experimentação Animal da
unidade, primando por um ensino ético e responsável
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Critérios de avaliação: os alunos para serem aprovados,
deverão apresentar um projeto fundamentado ou um
programa circunstanciado fundamentados nos princípios
da Educação Humanitária em Bem-Estar-animal, sendo
de comum acordo com o docente.
9. Abate de animais de produção; abate como “processo”; aspectos relacionados ao pré-abate, embarcadouro, sala de espera, jejum transporte; efetividade
da legislação sobre a proteção de animais ao abate; métodos humanitários de abate; identificar a proteção legal dos animais no momento do abate;
Conteúdos de bem estar
animal abordados na estratégia
ou prática docente
10. Eutanásia; critérios para eutanásia técnicas e procedimentos.
1. Introdução ao Comportamento Animal; bases
fundamentais do comportamento e Educação Humanitária; ciência, ética e lei; introdução à ética do
bem-estar animal; estabelecer pontos de vista diferentes sobre o “status moral” de um animal; conhecer
as principais teorias éticas e sua relação com os
animais; reflexão e argumentos éticos sobre animais;
bem-estar físico, mental e natural; conceito de necessidade; bem-estar e morte; antropomorfismo;
2. Avaliação do bem-estar e as cinco liberdades; conceito e o uso potencial das cinco liberdades;
3. Diferença entre fatores que afetam o bem-estar (dados do sistema) e o desempenho real de bem-estar
(efeitos); usar o conjunto Severidade, Duração e
Número (SDN) para quantificar o bem-estar;
4. Indicadores fisiológicos de Bem-estar; estudar a relação entre bem-estar e fisiologia; investigar de que
forma o sistema nervoso autônomo e neuroendocrino
estão associado às alterações do bem-estar; avaliação dos indicadores, fisiológicos, hormonais e comportamentais e fisiologia do estresse; os prós e os contra
dos diferentes indicadores de avaliação do bem-estar;
5. Indicadores Comportamentais; estereotipias; escolhas do animal;
6. Indicadores imunológicos e de produção de bem-estar animal; compreender a relação entre bem-estar
e doença e desempenho de produção; quantificação
de doença e produção;
7. Avaliação e manejo do bem-estar em grupo, entender
os princípios da avaliação do bem-estar em nível de
grupo; reconhecer as aplicações da avaliação em
nível de grupo; gerenciamento da saúde e do bem-estar em sistemas de grupo; princípios da avaliação do
bem-estar (métodos, aplicações, pesquisa); esquemas
de certificação voluntária; legislação; ferramenta para
assessoria – medicina preventiva; gestão da saúde e
do bem-estar; programas de saúde para rebanhos;
8. Interações homem-animal: companhia, utilidade,
trabalho, selvagens e produção;
Resultados pedagógicos obtidos
Projetos desenvolvidos ao longo da implantação da
disciplina:
2004 - Realização do Curso FOCA, em nossa Unidade em parceria com a Prefeitura Municipal de
Araçatuba e a Secretaria do Estado de São Paulo.
2006 - Projeto “Conscientizar para o bem–estar”
Atividade lúdica, compartimentado em dois módulos: modulo I apresentado na forma de um teatro
de fantoches, que realiza apresentações junto as
escolas das redes públicas e privadas do ensino
fundamental, módulo II voltado para o ensino médio com palestras expositivas..
2009 - Projetos “Cuidados e boas práticas de Bem-estar animal”: Consiste de um projeto compartimentado em Práticas de Bem estar aplicados a
Cães e Gatos com ênfase na Guarda Responsável, em animais de Centro de Controle de Zoonose (CCZ) e ou abrigos. Práticas de Bem estar
aplicados a animais em cativeiro (Zoológico): Realização de palestras para os funcionários dos zoos
sobre segurança, zoonoses e práticas de BEA. Elaboração de atividade prática de enriquecimento
ambiental. Auxiliamos na confecção de mobiliário
e de brinquedos, e realizamos a documentação
em forma de vídeo. Práticas de Bem-estar animais
de produção: Palestras sobre o manejo sanitário,
visando capacitar os trabalhadores, enfatizando
o respeito mútuo e o desenvolvimento sustentável
principalmente para pequenos proprietários rurais
ou em assentamentos, distribuímos material para
ser utilizado em práticas confeccionados a partir
de material reciclável do tipo garrafinha pet.
2011 - Projeto ECOVET: Foi idealizado a partir da proposta do plantio de mudas de árvores, como parte
das atividades de recepção dos alunos. Visando a
arborização planejada do nosso campus, e a integração entre veteranos e ingressantes, propiciando assim
a construção do aprendizado pela sedimentação do
conhecimento considerando-se a dinâmica da natu-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
105
reza. Ao grupo que obtiver êxito no desenvolvimento
da árvore será contemplado com um premio simbólico
“Premio ECOVET”, concedido ao término do curso,
durante a formatura.
2013 - Práticas de Bem estar aplicados a Animais de
Biotério: Enfatizamos os princípios éticos, a legislação e manejo humanitário e senciência animal.
Com este escopo realizamos um Workshop intitulado “Práticas de Bem-estar aplicados a animais de
Biotério”, com a finalidade de capacitar, técnicos,
pesquisadores e alunos para BEA.
Atividades de Pós Graduação: ministramos a Disciplina
de Tópicos em Bem-estar animal para os alunos do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal, orientamos
teses de Dissertação de Mestrado. Ressalta-se ainda,
que participamos de eventos científicos com a apresentação de trabalhos em congressos, simpósios e reuniões
científicas e acadêmicas com a elaboração e a publicação dos resultados na forma de textos científicos que
são publicados em revistas indexadas da área, provendo
assim a difusão do conhecimento.
Impacto da estratégia
ou prática docente nos alunos,
nos animais, na comunidade, etc
Diante do conjunto de atividades desenvolvidas ao
longo dos anos, verifica-se crescente preocupação
com o bem-estar dos animais nas diferentes esferas do
processo produtivo e de criação. A conscientização do
corpo técnico, pesquisadores e alunos sobre a senciência, como também a introdução de conceitos sobre o
bem-estar animal e a educação humanitária vem sendo
incorporada em nosso meio acadêmico por muitos
colegas, facilitando a interdisciplinaridade e contribuindo para a construção de uma dinâmica plena voltada
para o bem-estar animal.
Nesta mesma perspectiva acreditasse embora, de forma
empírica, que mais de mil animais tenham sido atendidos
junto aos programas (de boas práticas, castração e
guarda responsável) desenvolvidos em nossa unidade.
Reduzindo de forma significativa a população canina e
felina, principalmente das ruas do município. Colaborando também para a redução das zoonoses e consequentemente, dos maus tratos.
Outro ponto importante foi a capacitação de técnicos,
pesquisadores e alunos sobre o manejo humanitário e
técnicas de contenção, favorecendo sobremaneira a
redução dos maus tratos e da violência. Primando assim,
106
para a melhoria do bem-estar animal junto às criações,
biotérios e abrigos. Ainda neste escopo, a elaboração
de projetos em sanidade animal, voltados para pequenas criações, carroceiros e assentamentos contribuiu
para a redução das doenças, melhorando a produtividade e consequentemente a promoção não só do bem-estar animal, como também do indivíduo, e do ambiente.
Participamos de iniciativas junto ao zoológico buscando capacitar os tratadores e técnicos, auxiliamos
no desenvolvimento de atividades de enriquecimento
ambiental junto aos animais em cativeiro e na elaboração de sugestões de melhoria para os recintos.
Estimulamos e promovemos campanhas de educação
humanitária e conscientização para o bem-estar
animal junto às escolas, fóruns, câmaras e plenárias,
provendo a guarda responsável, o manejo e as boas
práticas de bem-estar animal.
Promovemos e participamos de eventos, juntamente com
o poder público e a sociedade com o objetivo de auxiliar na construção de políticas publicas inteligentes que
culminou com a criação de um Conselho Municipal de
Proteção e Defesa dos Animais de Araçatuba. Diante da
parceria firmada entre a universidade, o poder público e a
sociedade, criamos um elo em prol de atividades voltadas
para o bem-estar animal e coletivo. Na medida em que a
educação atua como um fator transformador corroborando para o surgimento de mudanças paradigmáticas no
exercício profissional e da cidadania, juntos voltados para
a construção de uma sociedade justa fundamentada nos
pilares da educação e do bem-estar animal.
Conclusões/observações/
recomendações
Pelo exposto, concluímos que o aprendizado demanda
de um processo contínuo e linear. À medida que o conhecimento é sedimentado, adquirisse o saber. Como
em qualquer processo construtivo somente o conhecimento tecnológico por si só não basta é fundamental
associá-lo ao desenvolvimento de práticas, que juntas se
associem na busca por soluções.
Como recomendações sugerimos: que todo o conteúdo
da disciplina seja associado a dinâmicas práticas; a
interdisciplinaridade é outro fator importantíssimo no êxito
da consolidação plena da disciplina. E no âmbito da
extensão há que se estabelecer parcerias entre a universidade, o poder público, e a sociedade, buscando em
ações conjuntas a consolidação de uma sociedade justa
fundamentada nos princípios da Educação Humanitária
e no bem- animal.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino
Projeto “Conscientizar para o bem–estar”
Projeto “Cuidados e boas práticas de Bem-estar animal”
1
Material Didático da Disciplina de Comportamento e Bem-estar Animal
Projeto de Extensão “Conscientizar para o Bem-estar” – PROEX 4958
Cartilha sobre Posse Responsável e Cuidados com os animais
Texto elaborado pelos alunos de Graduação1 em Medicina Veterinária e de
Pós Graduação em Ciência Animal2 do Curso de Medicina Veterinária e pós
Graduação da Unesp- Campus de Araçatuba
Textos: Matheus Marussi Ribeiro1, Gabriela Gallo1, Luciano Nery Tencate2,
Acompanhamento Cilene Vidovix Táparo – Auxiliar Acadêmico II do Curso de
Medicina Veterinária Unesp- Campus de Araçatuba
Desenhos: Leopoldo Alexandre Neves da Costa1
Criação gráfica: Guilherme Dias de Melo1
Supervisão: Profª. Ass. Drª. Márcia Marinho
Professora responsável pela disciplina de Comportamento e Bem-estar
Animal: Prof. Ass. Dr. Márcia Marinho - [email protected]
Araçatuba, Junho de 2009
1ª Edição
PROEX 4958
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
107
BEM-ESTAR ANIMAL E ZOONOSES:
CUIDANDO DE NOSSOS AMIGOS!
Animal não é brinquedo - cuide bem de seu amigo!
Texto elaborado :
Erivelto Correa de Araújo Junior- Médico Veterinário Aluno do Curso de Pós-Graduação em
Ciência Animal do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária
da
UNESP – Campus de Araçatuba
Colaboração :
Alunos de Graduação :Fernanda Pires Rosa; Rodrigo Garcia Barros; Felipe Sales dos
Santos.
Cilene Vidovix Táparo - Ass. Sup. Acadêmico II.
Ilustração da capa: Telênia Tavares de Almeida Albuquerque.
Ilustrações do texto: www.goole.com.br
Coordenadora:
Profa.Adjunto. Márcia Marinho da Faculdade de Medicina Veterinária da UNESP –
Campus de Araçatuba
Bibliografia
Alcock J. (1997). Animal behaviour: evolutionary approach. 6 th ed. Sunderland: Sianuer Associetes.
Appleby, M.C.; Hughes, B.O. (1997). Animal welfare. CAB International.
Arnold, G.; Dudzinsk, M.L. (1978). Ethology of free ranging domestic animals. Amsterdan Elsevier Scientific Publishing company.
Beauchamp, T.L.; Childress, J.F. (1994). Principles of biomedical ethics. 4th ed.. Oxford University Press.
Broom, D.M.; Johnson, K.G.; (1993). Stress and animal welfare. Chapman and Hall.
Dawkins, M.S. (1998). Through our eyes only? A journey into animal consciousness. Oxford University Press.
Grier J. W. (1984). Biology of animal behaviour. St Louis, Times Minor/Masby.
Konarska, M.; Stewart, R.E.; Mccarthy, R. (1989). Habituation of sympathetic-adrenal medullary responses following exposure to chronic intermittent stress. Physiology and Behavior 45: 255-261.
Manning, A.N.; Dawkins, M.S. (1998). An Introduction into Animal Behaviour. 5th ed. Cambridge University Press.
Rollin, B.E. (1999). An Introduction to Veterinary ethics: Theory and cases. Iowa State University Press.
UNESP: Projeto Político –Pedagógico. (2013). Curso de Medicina Veterinária –FMVA. 41p.
Webster, A.J.F. (1995). Animal welfare: A cool eye towards eden. Blackwell
Word Society for the Protection of Animals (WSPA) (2003). Conceitos em bem-estar animal: um roteiro para
auxiliar no ensino de bem-estar animal em faculdades de medicina Veterinária. London: WSPA.
108
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Capítulo 5
Estratégias e práticas
pedagógicas transversais
e/ou transdisciplinares
para o ensino efetivo de
bem-estar animal
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
109
Construindo o conceito de bem-estar animal na
UFFS (Campus Realeza) por meio da metodologia
da problematização: desafios da prática
pedagógica
Denise Maria Sousa De Mello
Brasil
Nome do programa, área temática ou disciplina
onde ocorreu a prática:
Grupo de estudos em Bem-estar Animal
Introdução, o contexto
e as razões para desenvolver
tal estratégia ou prática docente
Juntamente com as questões ambientais e de segurança
alimentar, o bem-estar animal (BEA) está entre os três
maiores desafios que confrontam a agricultura e a produção animal. No entanto, historicamente os cursos de
Medicina Veterinária resistem em incorporar o BEA como
disciplina específica considerando que o tema deve ser
tratado como a ética, que permeia as outras disciplinas,
sem a necessidade de particularizá-lo. A matriz do curso
110
de medicina veterinária da UFFS apesar de contemplar
o componente curricular (CC) de BEA, oferece no final
do curso, com apenas dois créditos.
O BEA é uma nova ciência, indispensável aos profissionais
que trabalham em torno da interação entre humanos e animais e deve estar relacionado com conceitos como: necessidades, liberdades, felicidade, adaptação, controle, capacidade de previsão, sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade,
medo, tédio, estresse e saúde. O currículo dos cursos de
medicina veterinária é dedicado à manutenção da saúde
física dos animais, prestando-se atenção à criação, à nutrição, à higiene, à medicina preventiva e ao tratamento de
ferimentos e doenças; no entanto, menos atenção foi dada
ao estudo de como animais se sentem frente às condições
de vida que lhes são impostas pelo ser humano.
Para o curso de medicina veterinária da UFFS, questionou-se: por que não construir o componente curricular,
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
de forma gradativa, envolvendo a comunidade acadêmica, antes de sua oferta regular? O que sabem/conhecem os sujeitos (alunos, professores, comunidade externa) sobre o conceito de BEA? Diante da situação, foi
criado um grupo de estudos em BEA, como um espaço
e ensino-aprendizagem, de discussão, de diálogo com
as comunidades acadêmica/externa para que fosse
construído uma concepção de BEA na UFFS. No que diz
respeito ao processo pedagógico e curricular, compreendemos que todo conhecimento que perpassa o processo
formativo precisa ser significativo para quem aprende.
A tendência de aumento do número de instituições que
ofertam a disciplina de BEA no Brasil está descrita na
literatura e provavelmente está relacionada à compreensão de que, ao inserirem a disciplina de BEA em seus
currículos, as universidades aumentam a adequação dos
seus egressos ao mundo de trabalho atual e contribuem
para um avanço na ética da relação ser humano-animal.
Tendo como desafio despertar na comunidade acadêmica a vontade de construir um componente curricular em
bem-estar animal, de forma coletiva, participativa e significativa, rompendo com práticas educacionais tradicionais
de ensino, centradas na cultura da transmissão por meio
de aulas expositivas, é que se adotou a “metodologia
da problematização a partir do Arco de Maguerez”.
A metodologia da problematização busca aumentar a
capacidade do aluno enquanto sujeito participante e
transformador da realidade social; estimula o desenvolvimento do aluno de forma coletiva, para que ele seja
preparado para os desafios da sociedade.
Objetivos pedagógicos alcançados
com a implementação desta
estratégia ou prática docente
O componente curricular de Etologia e Bem-estar animal
no curso de medicina veterinária da UFFS, Campus Realeza, é ofertado somente no nono semestre. O aluno
está praticamente saindo da universidade. O tema é
superficialmente tratado em outros componentes curriculares. Portanto, a intenção da aplicação da metodologia
da problematização com o arco de Manguerez – como
estratégia pedagógica, foi construir gradativamente o
conceito de bem-estar animal envolvendo os alunos do
curso de medicina veterinária, a comunidade acadêmica, o local e o entorno. Para atingir o objetivo, era
necessário romper com o processo tradicional (formal)
de ensino. Queríamos falar de BEA, antes de apenas
cumprir com um conteúdo programático fechado em uma
carga-horária restrita, e terminal.
O ser professor, no contexto atual, exige certa ousadia
aliada a diferentes saberes, bem como a consciência
da complexidade que envolve o ato pedagógico. O
professor é um profissional que deveria dominar a arte
de reencantar, de despertar nas pessoas a capacidade
de engajar-se e mudar. A partir dessa intenção primeira,
outros objetivos foram delineados: conhecer a percepção da comunidade acadêmica sobre o tema bem-estar
animal; criar a cultura universitária para as questões
científicas, éticas e legais com relação à produção e ao
uso do animal pelo homem; dialogar com os sujeitos
envolvidos na cadeia produtiva de produtos de origem
animal sobre as questões relacionadas com o bem-estar
animal; investigar na comunidade externa a percepção
sobre bem-estar animal; propor ações educativas com a
educação básica, provocando crianças e jovens a discutir
as questões ambientais, de sustentabilidade, de segurança
alimentar e bem-estar animal; propor ações na comunidade externa de orientação para as questões ambientais, de
sustentabilidade, de segurança alimentar e BEA; propor
ações de pesquisa que investigue as questões ambientais,
de sustentabilidade, de segurança alimentar e bem-estar
animal; instigar o poder público local a rever as normas/
legislação para as questões ambientais, de sustentabilidade, de segurança alimentar e BEA; sistematizar todo esse
movimento e conhecimento produzido como ferramenta
para trabalhar o ementário no componente curricular de
Etologia e Bem-estar animal ofertado no nono período do
curso de medicina veterinária para os estudantes da UFFS.
Metodologia empregada
Aplicação da MP com o arco de Maguerez:
• 1ª etapa - Observação da realidade e elaboração
da situação-problema: o CC de BEA é ofertado no
nono semestre, no curso de medicina veterinária. Era
preciso conhecer e construir o conceito de BEA da
UFFS, aprovamos o projeto “O BEA na concepção
dos estudantes da UFFS”. Envolvidos: três professores,
quatro alunos.
• 2ª etapa - Definição dos pontos-chave: foram identificados pelo grupo os pontos-chave a serem estudados e discutidos, que sustentariam a resolução da
situação-problema: BEA; senciência; cinco liberdades; relação humano-animal; legislação de proteção
animal; educação humanitária. Um marco de referência é uma relação de conceitos que se entrelaçam
e através desta mutualidade cria-se uma correlação
de significados e valores para uma determinada
concepção e ação. Nesse momento iniciamos uma
ação paralela para consolidar percepções/concei-
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
111
tos em BEA (A construção do conceito de educação
humanitária nas escolas: ensinando o BEA). O grupo
cresceu, somos oito.
• 3ª etapa – Teorização: momento em que os sujeitos
passam a perceber o problema e indagar o porquê
dos acontecimentos observados nas fases anteriores.
Uma teorização bem desenvolvida leva o sujeito a
compreender o problema, não somente em suas manifestações baseadas nas experiências ou situações,
mas também os princípios teóricos que os explicam.
Ampliarmos nossa situação-problema para a comunidade externa - o grupo foi conhecer a percepção
sobre BEA dos consumidores e profissionais médicos
veterinários do município de Realeza, PR. Somos em
dez. Somos reconhecidos como Grupo BEA.
• 4ª etapa – Hipóteses e Soluções: o grupo concluiu
que essa quarta etapa aconteceu precocemente,
mesclada com as etapas anteriores, porque à medida que as discussões aconteciam, o grupo foi se
consolidando, e muitas ações foram implantadas.
Esta etapa deve ser bastante criativa; esse momento
deve superar os conhecimentos e as ações anteriores que visam à realização de alguma mudança
daquela parcela da realidade estudada. Foi o que
aconteceu. O grupo percebeu que era o momento
de conversar com os agricultores familiares produtores de leite (projeto-O BEA na percepção dos
produtores de leite da agricultura familiar do município de Realeza, PR). O que aprendemos com essa
experiência possibilitou ousar, e implantamos os
segundo projeto de pesquisa, “BEA: avaliação das
cinco liberdades em gado de leite da agricultura
familiar do município de Realeza, PR”.
• 5ª etapa – Aplicação à realidade: Acredita-se que
o arco se completou, pois nesta metodologia pelo
menos uma ação deve ser realizada dentro da aplicabilidade proposta, buscando a transformação da
realidade existente. Começamos na contramão do
processo. Não começamos com o ensino formal da
sala de aula; não somos um grupo de pesquisa; e só
fomos dialogar com a comunidade externa, depois
de conhecer a realidade interna e entorno. Próxima
etapa, institucionalização do Grupo BEA da UFFS.
Conteúdos de bem estar
animal abordados na estratégia
ou prática docente
Bem-estar animal é um conceito de dimensão ampla,
e se apresenta em um continuum, desde alto nível de
112
bem-estar a bem-estar pobre, considerando todas as
suas variáveis. O BEA não é um atributo conferido
pelo homem, mas uma qualidade inerente à vida do
animal. O conceito de BEA deve obrigatoriamente
incluir suas necessidades biológicas e etológicas, o
evitar do sofrimento, do medo e da dor.
Os animais são seres sencientes e, portanto, credores de
tratamento humanitário. Um indivíduo que experimenta dor,
sofrimento e prazer, pode ser considerado sob o ponto de
vista filosófico um ser senciente, atributo que o torna objeto
de consideração moral e obriga ao ser humano cumprir
com os seus deveres e atender os seus interesses.
A maioria das tentativas dos cientistas de conceituar o bem-estar animal resume-se em três pontos de vista que expressam diferentes tipos de preocupações com a qualidade de
vida dos animais: a) os animais devem sentir-se bem, isto
é, não serem submetidos ao medo, à dor ou estados desagradáveis de forma intensa ou prolongada; b) os animais
devem funcionar bem, no sentido de saúde, crescimento e
funcionamento comportamental e fisiológico normal; c) os
animais devem levar vidas naturais através do desenvolvimento e do uso de suas adaptações naturais.
A avaliação do BEA é outro desafio com o qual os profissionais envolvidos nesta área se deparam. Os critérios
utilizados para avaliar o BEA são convencionalmente
divididos em dois grupos: medidas «baseadas nos recursos», relacionadas com o ambiente onde o animal se
encontra, e medidas «baseadas no animal», que dizem
respeito ao estado do animal. A Farm Animal Welfare
Council (FAWC) preconiza cinco princípios básicos, as
cinco liberdades a serem atendidos em relação ao BEA:
1. Livre de sede e fome; 2. Livre de desconforto; 3. Livre
de dor, lesões, doenças; 4. Liberdade para expressar o
comportamento normal; 5. Livre de medo e estresse. Atualmente, as profissões que trabalham com animais passam por uma transformação central para atender a valorização do BEA, com uma demanda de conhecimento e
atuação nesta área. Ao inserir o ensino de BEA em seus
currículos, as universidades aumentam a adequação dos
seus egressos ao mundo do trabalho atual e contribuem
para um avanço na ética da relação ser humano-animal.
A educação é a maneira mais eficiente de informar, mudar hábitos, valores e transformar as pessoas em difusoras de conhecimento e em vigilantes ativos.
Resultados pedagógicos obtidos
Quando iniciamos em 2011, percebia-se uma resistência por parte da comunidade acadêmica em discutir as
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
questões relacionadas ao BEA. Um dos pontos positivos
do Grupo BEA foi verificar que os alunos participantes desempenharam o papel de “facilitadores” na comunidade
acadêmica. Geralmente os alunos que procuravam o grupo
BEA, estavam motivados por algum dos membros. Outra
forma de trabalhar o componente curricular de EBEA foi à
inserção de colóquios envolvendo outros docentes da UFFS,
numa proposta de diálogo entre o BEA e seus componentes curriculares. Serviram de exemplo e fonte de referência
nas aulas os resultados das ações de extensão e pesquisa
do Grupo BEA. Desde a criação do Grupo BEA foram
aprovados seis projetos de extensão, quatro projetos de
pesquisa, um projeto de cultura, quatro trabalhos de conclusão de curso. Esses projetos não surgiram por acaso, foram
sempre pensados para responder as questões fundadoras
do Grupo BEA. Entrevistamos os estudantes dos cursos de
graduação em medicina veterinária, nutrição e licenciatura
em biologia. Dos três cursos entrevistados, somente no curso
de medicina veterinária o bem-estar animal aparece como
componente curricular obrigatório.
Os resultados mostraram que a percepção dos estudantes sobre BEA ainda é muito focada na dimensão
biológica. Repetimos o mesmo questionário, para os
mesmos alunos do curso de medicina veterinária, antes
de cursarem o componente curricular em EBEA (dois
anos e meio depois). Verificou-se que o conceito de BEA
foi mais elaborado, junto com as questões biológicas,
apareceram conceitos éticos. A percepção do conceito
de BEA também foi investigada com os profissionais
médicos veterinários, com os consumidores de produtos
de origem animal e com os agricultores familiares, todos do município de Realeza. Os médicos veterinários
apresentaram respostas muito parecidas com as obtidas
dos estudantes da UFFS, demostraram um pouco mais
de conhecimento com relação à legislação referente ao
tema. Consumidores e agricultores declaram conhecer o
assunto, mas conseguiram definir bem-estar animal.
O Grupo BEA desenvolveu atividades educativas para
o BEA nas escolas da rede municipal e particular, com
alunos e professores do ensino fundamental. Retornamos
com uma proposta ampliada: consolidar a construção do
conceito de bem-estar animal na comunidade realezense
(escolas, rádio, câmara de vereadores, praça, feira do
produtor), provocando mudanças de percepção, de valores e de comportamento com relação ao tema. Todos
os momentos vivenciados pelo Grupo BEA, foram e são
importantes, tanto para a formação plena e humanizada
de profissionais atentos às necessidades e anseios da
sociedade, como para fomentar a pesquisa, a extensão
e o ensino na UFFS. A tríade ensino, pesquisa e extensão,
trabalhada de forma articulada, tem sido uma realidade
nas ações do Grupo BEA. A pesquisa e as atividades de
ensino têm permitido a compreensão da realidade e, a
extensão, a possibilidade de transformá-la.
Impacto da estratégia
ou prática docente nos alunos,
nos animais, na comunidade, etc.
Na instituição: O grupo, em três anos gerou cinco projetos de extensão e quatro projetos de pesquisa. Em maio
de 2014 o Grupo aprovou o Projeto Cultural - O Teatro
como Ferramenta de Educação Humanitária: as Cinco
Liberdades do Bem-Estar Animal.
Na comunidade externa: O Grupo BEA tem uma caminhada com a comunidade realezense. Muitas por
demanda da sociedade carente em experimentar um
diálogo com a academia, e outras pela carência da
universidade em significar seu papel social na comunidade onde ela está inserida. O maior indicador de impacto
das atividades do Grupo BEA foi o estabelecimento
de parcerias: Prefeitura Municipal de Realeza; Escolas
da rede municipal/particular de ensino; Câmara de
Vereadores: O Grupo BEA teve um espaço na tribuna da Câmara de Vereadores de Realeza (segunda
sessão/2014), para apresentação do Grupo BEA e
informações sobre o conceito e importância do BEA. O
Grupo BEA pediu a parceria e apoio aos vereadores
para a elaboração do Projeto Lei para a criação do
Fundo Municipal de Proteção e Bem-Estar Animal; Feira
do Produtor; Sindicato Trabalhador Rural; Radio Clube
de Realeza Propriedades da Agricultura Familiar. Muitas
propriedades são usadas para as aulas de campo do
componente curricular de Etologia e Bem-Estar Animal.
Os animais: O contato do Grupo BEA diretamente com
os animais é muito recente. Iniciamos com projetos de
pesquisa de avaliação do bem-estar, e agora temos três
trabalhos de conclusão de curso em andamento. Indiretamente, fazendo ações de e para educação humanitária
acredita-se que as pessoas conheçam um pouco mais
sobre os animais não humanos e percebam que eles têm
necessidades imprescindíveis para viver bem, não importando o “uso” que se faça dele.
Alunos: Quando iniciamos as atividades do Grupo, tínhamos poucos alunos que procuravam informações sobe as
atividades do grupo. Com o passar do tempo, a atuação
do Grupo na comunidade acadêmica foi despertando o
interesse e muitos estudantes espontaneamente buscavam
a participação no grupo. A maioria deles iniciou as atividades de forma voluntária. Passaram pelo Grupo, desde
2011 (de forma efetiva, e não eventual), mais de 20 estudantes. Os alunos procuram o Grupo para participação
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
113
das atividades (temos uma lista de voluntários na espera).
Optamos por não manter um número muito grande de
participantes porque o grupo tem atividades quinzenais
(estudo) e em alguns momentos semanais, como os participantes são de cursos e fases diferentes, temos um problema no ajuste dos horários das reuniões. O Grupo BEA
participou da gincana do Bem-Estar Animal promovida
pela WSPA em 2011 (300o. lugar) e em 2012 (100o.
lugar) – “Veterinários da Fronteira”. No curso de medicina
veterinária, temos quatro alunos orientados por professores
do Grupo; e quatro alunos com projetos que abordam
o tema BEA, orientados por outros docentes do curso de
medicina veterinária. No grupo temos alunos do curso de
medicina veterinária, nutrição e ciências biológicas.
Conclusões/observações/
recomendações
Concluindo esse relato (porque não concluímos o percurso),
podemos dizer que um dos grandes desafios deste século
é a crescente busca por metodologias inovadoras que possibilitem uma práxis pedagógica capaz de ultrapassar os
limites do treinamento puramente técnico e tradicional, para
efetivamente alcançar a formação do sujeito como um ser
ético, histórico, crítico, reflexivo, transformador e humanizado.
Selecionamos a Metodologia da Problematização com o
Arco de Maguerez, porque é uma alternativa metodológica com potencial transformador e dialógico, que parte
de uma parcela da realidade e retorna para ela, visando
transformá-la em algum grau. Esta metodologia possui cinco etapas e inclui um movimento que influi na ação prática
na realidade, intencionalmente, para interferir sobre ela,
demonstrando uma relação de coerência entre o pensar e
o fazer, entre a teoria e a prática, entre o discurso e ação.
A riqueza dessa metodologia está em suas características e etapas, mobilizadoras de diferentes habilidades
intelectuais dos sujeitos, demandando, no entanto, disposição e esforços pelos que a desenvolvem no sentido de
seguir sistematizadamente a sua orientação básica, para
alcançar os resultados educativos pretendidos.
Valoriza-se neste processo educacional a mudança de
comportamento que, embora aconteça de forma gradual, completa-se com a passagem da intenção para ação.
As ações desenvolvidas pelo Grupo BEA foram quanti e
qualitativamente significativas no sentido de consolidar as
questões sobre o bem-estar animal, ora tento um caráter
educativo/informativo, ora avaliando na prática o BEA.
Há um número significativo de trabalhos que divulgam
os resultados da aplicação dessa metodologia, elaborada particularmente para o ensino superior.
Concluindo este trabalho, recorremos a Paulo Freire e seu
convite para uma constante reflexão/ação quando diz
“saber que devo respeito à autonomia, à dignidade e à
identidade do educando e, na prática, procurar a coerência
com este saber, me leva inapelavelmente à criação de algumas virtudes ou qualidades sem as quais aquele saber vira
inautêntico, palavreado vazio e inoperante” (FREIRE,2000).
Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino
Avaliação do BEA em gado de leite da agricultura familiar do município de Realeza
114
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Atividades de extensão nas Escolas
Atividades de extensão nos meios e na “Feira Produtor”
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
115
Bibliografia
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116
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Conhecer o comportamento dos animais
em ambiente natural para promoção do
mínimo de bem-estar
Adriano Braga Brasileiro de Alvarenga
Brasil
Nome do programa, área temática ou disciplina
onde ocorreu a prática
Bases Teóricas e Tópicos Especiais em Comportamento
Animal
Introdução, o contexto
e as razões para desenvolver
tal estratégia ou prática docente
O curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Campus de Soure (Ilha do Marajó) possui aproximadamente
quatro anos e seu Projeto Político Pedagógico (PPC)
contempla algumas disciplinas como Zoologia e Fisiologia. No entanto, tais disciplinas abordam as mais variadas categorias comportamentais dos animais de forma
muito superficial, subestimando alguns comportamentos
que são indispensáveis para minimizar e/ou impedir o
estresse dos animais e, consequentemente, garantir o
mínimo de bem-estar animal. O curso está em uma localidade com um dos menores IDH do País, convivendo com
caninos que são as maiores vítimas de leishmaniose do
País (maior índice) e sem controle de crescimento populacional, vivenciando práticas de tratamento e transporte
de animais em péssimas condições, como por exemplo,
suínos amarrados em bicicletas e uma cultura local de
maus tratos e consumo de carne oriunda de animais
silvestres como iguana e primata.
Diante do exposto acima e considerando a minha formação acadêmica como etólogo, resolvi inserir no currículo
do curso uma disciplina optativa que fosse capaz de formar uma opinião discente e cidadã mais crítica sobre os
direitos dos animais. A disciplina “Bases Teóricas e Tópicos
Especiais em Comportamento Animal” já foi ofertada em
duas turmas nos últimos dois anos e desperta muito interesse por parte dos alunos do curso de Biologia que serão
futuros docentes da Rede Pública de Ensino no Município e
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
117
proximidades. A disciplina inclui saídas de campo, na qual
uma delas é realizada em colaboração com uma Médica
Veterinária (doutora e ex-docente da Universidade Federal
Rural da Amazônia) considerada uma dos maiores criadores de búfalos do País, com ênfase em comportamento e
Bem-estar dos mesmos. Trata-se de um trabalho em que os
alunos serão agentes multiplicadores no intuito de minimizar
o sofrimento dos animais da região e cobrar, como futuros
formadores de opinião, um mínimo de respeito aos animais,
garantindo-lhes uma boa qualidade de vida.
Objetivos pedagógicos alcançados
com a implementação desta
estratégia ou prática docente
• Apresentar os conceitos básicos de comportamento
animal;
• Demonstrar os comportamentos dos animais em ambiente natural e suas necessidades enquanto cativos;
• Apresentar conceitos básicos relacionados com estresse e bem-estar animal;
• Construir uma consciência crítica sobre os direitos
dos animais de companhia e de produção;
• Sensibilizar e conscientizar futuros educadores sobre
os maus tratos animais presentes no município;
• Conscientizar os discentes sobre o papel individual
na garantia dos direitos dos animais;
• Preparar e formar cidadãos que possam cobrar do
Poder Público algumas medidas que visem o Bem-estar animal.
Metodologia empregada
As aulas foram ministradas de forma expositiva com o
uso de recurso audiovisual (projetor de slides) durante o
semestre e duas vezes por semana, com carga horária
total de 102 horas. Os assuntos foram divididos em
categorias comportamentais e foram realizadas leituras e apresentações (em duplas) de artigos científicos
correlacionados ao tema comportamento e bem-estar
animal. Foram apresentados (em grupo de quatro alunos) seminários sobre a mesma temática anteriormente
mencionada. A disciplina conta com uma visita a uma
fazenda particular do Município onde a criadora é uma
Médica Veterinária (Doutora, ex-docente UFRA) citada
na “Introdução”. Nesta atividade os alunos conhecem a
rotina de manejo dos búfalos e práticas que reduzem ou
evitem o estresse animal, bem como algumas estratégias
adotadas pela propriedade no intuito de oferecer o máximo de bem-estar aos animais.
118
Conteúdos de bem estar
animal abordados na estratégia
ou prática docente
Introdução ao comportamento animal; introdução
ao estresse e bem-estar animal: eixo HPA e efeitos
da corticosterona e do cortisol; noções de bem-estar
em animais de companhia e de produção: manejo,
instalações, densidade populacional, agonismo,
agressão, etc., evolução, adaptação e função dos
comportamentos (ontogenia comportamental); custos
e benefícios do comportamento; genética e fisiologia
do comportamento; mecanismos neurais do controle
do comportamento; ritmos biológicos, ambientais e
endócrinos; comportamento alimentar; comportamento
anti-predador e anti-parasitário; comportamento sexual; comportamento social; evolução da cooperação
(altruísmo), custos da vida em grupo e ecologia comportamental e comunicação animal.
Resultados pedagógicos obtidos
Os resultados pedagógicos são constatados em diversos âmbitos, como por exemplo, um maior índice
de envolvimento dos discentes nas atividades correlatas com a disciplina, menores taxas de evasão do
curso, melhores rendimentos na referida disciplina e
outras afins.
A disciplina contribuiu com o surgimento de Trabalhos
de Conclusão de Curso (TCC) relacionados ao tema
e participação de um discente como apresentador de
pôster no Encontro Nacional de Etologia na Universidade de São Paulo (USP) no ano de 2013.
Impacto da estratégia ou prática
docente nos alunos, nos animais,
na comunidade, etc.
Os discentes apresentaram maiores rendimentos em
disciplinas correlacionadas, exemplificaram as suas
mudanças de condutas em relação aos animais e,
paulatinamente, estão modificando a forma de agir e
pensar de seus colegas, amigos e familiares.
O maior impacto na comunidade está previsto no
momento em que a primeira turma se formar (2015) e
que os discentes iniciarem o seu papel de educador
multiplicando ações voltadas para o bem-estar animal.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Conclusões/observações/
recomendações
Com a implementação da estratégia, pode-se concluir
que se trata de uma atividade que alcançará resultados
em longo prazo. No entanto, iniciar tais ações em uma
população carente em todos os quesitos e perceber uma
alteração comportamental em uma minoria que seja,
confirma que é possível contribuir com a redução do
sofrimento animal oriundos de maus tratos.
Uma pequena massa crítica de discentes pode iniciar um processo de cobrança pessoal e do poder público local para a
implantação de ações que promovam o bem-estar animal.
É válida a sugestão de que outros docentes envolvam
os seus colegas de trabalho e extrapolem as atividades para as escolas do município inserindo a temática
no cotidiano da mesma em forma de dinâmicas, palestras, oficinas, etc.
Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino
Visita fazenda particular do município - rotina de manejo dos búfalos e práticas que reduzem o estresse animal,
estratégias adotadas pela propriedade no intuito de oferecer o máximo de bem-estar aos animais.
Bibliografia
Alcock, J. (2001). Comportamento animal: uma abordagem evolutiva. 9ª ed. Artmed. Ed.
Barnes, R.S.K.; Calow, P.; Olive, P.J.W. (1995). Os invertebrados - uma nova síntese. Atheneu Ed., São Paulo.
Del-Claro, K. (2002). Comportamento Aniamal. Uma introdução à ecologia comportamental. Livraria Conceito.
Hickman, C.P.J.R.; Roberts, L.S.; Larson, L. (2004). Princípios integrados de Zoologia. 11ª. ed. Guanabara Ed.
Rio de Janeiro.
Krebs, J.R.; Davies, N.B. (1996). Introdução à Ecologia Comportamental. Atheneu Ed., São Paulo.
Lorenz, K. (1995). Os Fundamentos da Etologia. Unesp Ed.
Ruppert, E.; Barnes, R.D. (1996). Zoologia dos invertebrados. 6ª ed., Roca Ed., São Paulo.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
119
PIBAS - Programa Integral de Bem-estar Animal
Sustentável. Universidade “Ignacio Agramonte”.
Camagüey, Cuba
Elena de Varona Rodríguez
Cuba
Nome da área temática, programa ou disciplina onde a
estratégia, prática ou atividade docente foi desenvolvida
Prática Veterinária e Curso Especial de José Marti aplicado à profissão
Introdução, contexto e justificativa da
estratégia, prática ou atividade docente
O tema bem-estar animal é importante em nível social,
legislativo e profissional. Além disso, pesquisadores e
políticos vinculam o bem-estar animal à segurança do alimento, sugerindo que, com a melhora do bem-estar animal, são produzidos alimentos inócuos e seguros. Manter o bem-estar dos animais implica no respeito às cinco
liberdades (Brambell, 1965). Esses conceitos coincidem
com cinco grandes campos de estudos da produção e
reprodução, nutrição, projeto de alojamentos, sanidade
animal, comportamento animal e fisiologia.
120
É necessário reconhecer Dewey, que formulou uma das
primeiras e mais importantes contribuições do ensino
como atividade prática, com seu famoso princípio pedagógico de aprender pela ação (“learning by doing”) e
sua proposta não menos relevante de formar alunos que
combinem as capacidades de busca e pesquisa com as
atitudes de abertura mental, responsabilidade e honestidade; tecendo uma rede com pontes que conectam as
capacidades latentes de alunos, docentes e comunidade. Quando essas capacidades se juntam, a única coisa
que permanece inalterável é a evolução constante.
A Faculdade de Ciências Agropecuárias da Universidade de Camagüey tem participado, de forma contínua,
com bons resultados desde 2008, de diversos fóruns
científicos, como: Dias das Ciências, Fóruns Estudantis
e Eventos Provinciais, Nacionais e Internacionais, onde
foram estreitados vínculos de colaboração e intercâmbio
acadêmico, entre os quais se destaca a Escola Agropecuária Provincial N°1, Governador Gregores, Santa
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Cruz, Argentina. Esse vínculo e cooperação permitiram
o desenvolvimento da temática do Bem-estar Animal
com uma visão holística, já que, como explicado, essa
colaboração é de importância fundamental para que
os alunos ampliem sua visão sobre o bem-estar animal
em outros países e com outro enfoque, por um lado universitário, mas, por outro lado, muito mais amplo devido
às características do conhecimento. O principal objetivo
desse projeto foi contribuir com a formação de especialistas com uma visão atualizada da problemática mundial
e nacional relativa à sanidade animal, dos principais enfoques do seu desenvolvimento e das tendências atuais.
Os projetos, conteúdos e estratégias de ensino de Ciências da Educação devem, portanto, adequar-se aos interesses e experiências dos estudantes, permitindo a construção de novos modelos explicativos de feitos e fenômenos
nos diferentes contextos e campos do conhecimento. A
aula, os âmbitos institucionais, como a extensão universitária, se transforma em espaços de intercâmbio, de formas
distintas de ver, pensar e viver a vida cotidiana.
Objetivos, habilidades e/ou
intenção pedagógica alcançados
com a implementação da estratégia,
prática ou atividade docente
• Contribuir para o desenvolvimento de ações educativas que propiciem e facilitem a aquisição de habilidades de indagação e divulgação, que permitam
o descobrimento e a apropriação tanto de valores,
quanto de princípios e metodologias, próprios das
ciências e da tecnologia, fornecendo um espaço
adequado para o aperfeiçoamento e aprofundamento do saber como construção social.
• Fomentar e desenvolver habilidades de comunicação
dos estudantes através da exposição dos trabalhos
de ciência e tecnologia
• Realizar projetos de ciência e de tecnologia das
instituições participantes.
• Intercâmbio de experiências educativas entre os diferentes participantes.
• Promover o intercâmbio e a participação colaborativa dos estudantes com as diferentes Associações e
Fundações de Bem-estar Animal da América Latina e
do Caribe (comunicação por e-mail).
• Implementar dentro do evento CYTDES (Ciência e
Tecnologia por um Desenvolvimento Sustentável) em
nossa Universidade a realização de um Simpósio
dedicado à Bioética e ao Bem-estar Animal.
Metodologia empregada
A que aplicamos é a que contempla as etapas essenciais da
metodologia científica: reconhecimento do problema, busca
de informação, formulação da hipótese, escolha das estratégias de resolução e confirmação ou negação da hipótese.
Proposta de Programa: (Para Grupo Científico Estudantil)
Distribuição por Forma de Ensino: aula - 60 Horas, prática laboral - 60 horas, avaliação através de entrega e
discussão de protocolo de pesquisa (capa do projeto a
aplicar) e oficina final - duas horas. Distribuição por tipo
de aula: conferências - 14 horas, seminários - 14 horas,
aulas práticas - 32 horas, em um total de 60 horas.
Processo de avaliação dos estudantes: ao início de cada
aula (conferência), e o tema a ser desenvolvido na oficina final (último encontro) é indicado
Elaboração de um protocolo de pesquisa e avaliação
de destrezas e habilidades que os estudantes vão adquirindo. *Realizado no Projeto comunitário, assim como a
viagem dos estudantes a Havana, ao Zoo Nacional e
ao Aquário Nacional.
Oficina Final Integradora: o relatório da pesquisa da
PL é recebido com uma semana de antecedência e os
trabalhos são expostos (com as temáticas entregues
no primeiro encontro). Essas exposições são avaliadas
individualmente, mas são apresentadas em equipe de
pesquisa (compostas por três a quatro estudantes).
Métodos para a disseminação e aplicação dos princípios
de bem-estar animal: pesquisa sobre práticas de manejo e
condições de exploração, entrega de material informativo,
embasamento teórico com apoio de material audiovisual,
realização de dias de campo e /ou visitas para a avaliação prática e demonstração, discussão e intercâmbio de
experiências e avaliação anônima pelos participantes.
Conteúdos de bem-estar animal
que incluem a estratégia, prática
ou atividade docente
Em nossa Faculdade, ensinamos o BEA como tema dentro de disciplinas ou matérias como:
Prática Veterinária
• C. Generalidades (Introdução e marco conceitual)
Cinco Liberdades ou Direitos. S. Filme Temple Grandin. Cine debate.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
121
• S. Legislação Nacional e Internacional relacionada
ao Bem-estar Animal (em conjunto com professores
da Faculdade de Direito)
• CP. Entrega do Guia de Pesquisa de BEA, que será
utilizado no curso. Busca de informação e contato
dos estudantes com sites de BEA da América Latina
e do Caribe.
Pensamento Martiano vinculado à profissão.
• Atividade extraclasse (José Martí: a proteção e o BEA)
• S. Uso de alternativas na Educação Veterinária (LABTED)
• CP. Busca de sites dedicados ao BEA
Fisiologia
• C. Fisiologia do estresse. Resposta fisiológica.
• Recomenda-se tarefa extraclasse sobre o Capítulo 3
de Libertação Animal de Peter Singer
• C. Etologia e sistemas motivacionais do comportamento.
• Recomenda-se tarefa extraclasse
• CP. Etologia (Biotério)
• C. Aspectos fisiológicos da dor e do medo
• CP. Avaliação do bem-estar animal e Indicadores
Fisiológicos. Realização de pesquisas (Zoológico)
• Clínica e cirurgia
• C. Bem-estar Animal e Ética (Clínica Veterinária)
Epizotiologia
• C. Animais em desastres. Gestão de riscos.
Atividades de extensão Universitária.
• São coordenadas e são convidados tanto especialistas em BEA nacionais, quanto internacionais
• PL. Avaliação do bem-estar animal e Indicadores
Fisiológicos.
• BEA Animais de companhia. Problemas de bem-estar
em grupos de animais e suas implicações (cães, gatos, Aquário Nacional e Zoológico Nacional)
• CP. Montagem da apresentação de apresentação
em PowerPoint.
• TF. Apresentação e/ou Exposição de trabalhos, pesquisas em BEA
Resultados pedagógicos obtidos
Entre os resultados, está a motivação dos estudantes e
sua transformação em protagonistas de ações que se
desenvolvem entre todos os fatores do centro, que vão
desde a própria Faculdade, até o Departamento de
Extensão Universitária.
Juntamos esforços para as atividades de extensão, que
foram realizadas com estudantes de outras Faculdades,
como Direito, Civil, Jornalismo, Estudos Socioculturais e
Economia; assim como com estudantes da Universidade
de Ciências Médicas “Carlos J. Finlay”, participantes do
Clube de 120 anos da AMECA.
Zootecnia e saúde
A Faculdade continuará ensinando estudantes de pré
e pós-graduação, mas, ao converter o estudo em uma
atividade para toda a vida, ao invés de algo que deixamos de fazer quando nos tornamos “adultos”, as escolas
terão que se organizar para um ensino para toda a vida.
As escolas terão que se converter em “sistemas abertos”.
• CP. Realização de trabalho com animais e pacientes
(Centro de Equoterapia, Zoológico da cidade)
Pré e pós-graduação (Mestrado PAS, Menção: Bovino)
A essa estratégia, foram inseridas a Sociedade Cultural
José Martí e a Cátedra Honorífica “Antonio Núñez Jiménez” da Natureza e do Homem, única desse tipo no
país, sendo atribuída à Fundação de mesmo nome.
• CP. Realização de pesquisas com clientes (Clínica
Veterinária).
• C. Bem-estar Animal e Produção Animal Sustentável.
• Conteúdo: os sentidos do animal, o princípio da zona
de fuga, desenho das instalações, dispositivos de
imobilização, manejo e estresse, abate humanitário, o
bem-estar animal no manejo e o processamento.
• CP. Processamento estatístico das pesquisas.
122
Agora precisamos de um novo axioma: “Quanto mais
instrução uma pessoa tem, mais frequentemente ela
precisará de mais educação e cultura”. Mas existe algo
mais importante: a manutenção do acesso à educação
superior aberto, sem levar em conta a idade ou credenciais educativas anteriores, é uma necessidade social.
Cada indivíduo deve poder, em qualquer etapa da sua
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
vida, continuar sua educação formal e se capacitar para
um trabalho do saber (aqui se sobressai o território da
carreira acadêmica dos mais velhos).
Contribuir para o estabelecimento de uma relação humana significativa entre docentes, estudantes, especialistas,
ambiente familiar e sociedade em geral.
A formação do saber é o maior investimento em qualquer país. Com certeza, o retorno que um país ou
empresa recebe do saber será cada vez mais um fator
determinante de sua competitividade. De forma crescente, a produtividade do saber será decisiva no sucesso
econômico e social e no rendimento econômico global.
E sabemos que existem grandes diferenças de produtividade em escala mundial entre indústrias e entre organizações individuais.
Tornar públicas as expressões na esfera do conhecimento, a educação e a indagação que gerem reconhecimento e inclusão social (Associações como: ANSOC
(Surdos mudos), ANCI (Cegos e deficientes visuais) e
ACLIFIM (pessoas com problemas físicos motores), todas
membros do Clube de 120 anos da AMECA).
Impacto da estratégia, prática ou
atividade docente nos estudantes,
animais, comunidade, etc.
Nos animais: contribui para o resgate, a melhoria e a
proteção animal
*Com ênfase em espécies autóctones ou endêmicas
(hispano-americanas).
Nos Estudantes: estimular atitudes, valores e vocação
com senso ético e profissional no futuro médico veterinário. Transformar o cenário ao convertê-los de simples
espectadores a protagonistas ativos, uma vez que desempenham o papel de promotores culturais do BEA.
Institucional: viabilizar algumas necessidades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico associado. Ampliar a
visão do mundo científico – tecnológico de quem participa e aproximá-los da realidade nacional. Deixar o caráter inter e transdisciplinar do conhecimento visível.
Na comunidade: favorecer a consolidação de comunidades de práticas, de ensino e de saber, contribuindo
para estreitar laços entre elas e a comunidade.
Conclusões/ observações/
recomendações
Contribuímos para a formação de líderes de BEA, capazes
de reconhecer os benefícios tanto éticos, quanto produtivos
das boas práticas de trabalho e de imobilização por meio
do ensino de princípios de manejo embasados no comportamento animal. Nesse contexto, é interessante o retorno do
bem-estar animal, que resultará em mais e melhor qualidade
e quantidade de alimentos inócuos e seguros.
A educação superior está entrando em um novo período
histórico, onde a experiência acumulada determinará
um salto qualitativo notável, com grandes perspectivas
para o desenvolvimento integral dos nossos países, que
resultará no ápice exitoso de todos os projetos de BEA
existentes a favor do aumento da qualidade de vida dos
povos da América Latina e do Caribe.
Recomendações:
Essa experiência destina-se (adaptada a suas condições) à Escola Agropecuária Provincial N°1, Governador Gregores, Santa Cruz, Argentina, aplicada pelo
Professor Juan Beltramino.
Trabalhar em busca da implementação colaborativa
de uma Rede Acadêmica Latinoamericana e Caribenha de BEA.
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
123
Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente
Estudo independente e por equipes – Jornada Estudantil e Oficina final
Laboratório de Tecnologia educativa, cine debate e busca de informação
124
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
Atividades de Extensão Universitária
Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal
125
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