Diapositivo 1 - Arquivo e Repertório
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Diapositivo 1 - Arquivo e Repertório
Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto _ Mestrado em Desenho e Técnicas de Impressão Desenho e Performatividade [3.9] Transferência de uso: apropriação, citação e migração de actos entre campos performativos. Desenho e contágio motor. Fundamentos cognitivos e semióticos da conduta gestual no desenho. Paulo Luís Almeida, 9 de Março 2010 Web: arquivoerepertorio.yolasite.com Metaphors we live by Ming-Liang Tsai (Malasia, 1957). Tian bian yi duo yun (O sabor da melancia), 2005. Dorte Strehlow (Hannover, 1965) Queen Bee, 2002 Janine Antoni (Freeport, Bahamas, 1964), Lick and Lather, 1993 _ Bustos de Chocolate e sabão Janine Antoni (Bahamas 1964) Loving Care, 1993 _ Fotografia de Prudente Cumming Associates na Galería Anthony d’Offay, Londres “When I begin Loving Care (1993), a performance piece, the room is filled with people. Then, slowly, as I mop the floor with my hair, I mop the people out of the room. I used a similar logic to Gnaw. If I was thinking about how to use my body as a tool for making, it seemed like my hair would be a pretty good paintbrush. And then I thought: ‘If I’m going to paint with my hair, what is the appropriate material to paint with?’ It seemed like Loving Care hair dye, Natural Black, would work well. I was also thinking about comparing painting to na every day activity. The idea of mopping the people out of the room is important because, on my hands and knees, I was very vulnerable, but claiming the space at the museum (or the gallery) was very empowering. When I was young, my mother would say: ‘Janine, you have to go and play outside because I’ve just mopped the Kitchen floor’. For that time, the Kitchen became her space. How could I do the same thing with the gallery or the museum?” Janine Antoni, “Artist’s Talk”, in Gilane Tawadros (ed.) (2004) Changing States: Contemporary Art and Ideas in an Era of Globalisation.. London: InVA, 2004, p. 112. Janine Antoni (Bahamas 1964) Loving Care, 1993 _ Fotografia de Prudente Cumming Associates na Galería Anthony d’Offay, Londres “There are some obvious references here as well. I was thinking of those dramatic photographs of Pollock doing his dance around the canvas, but most specifically I was thinking about Yves Klein. I was thinking about the women he painted blue and stamped the canvas with. Rather than paint the model, he wanted to paint with the model. My response in Loving Care is about the conflict of wanting to be the model and the master at the same time. I’m interested in aesthetics that have been passed down to us through art history, but simultaneously I’m interested in working with the issues of woman and beauty. My hope is that if I work with both issues in a parallel way, I’ll be able to call both of them into question.” Janine Antoni, “Artist’s Talk”, in AA VV, Changing States: Contemporary Art and Ideas in an Era of Globalisation, edited by Gilane Tawadros, London, InVA, 2004, p. 112. Mierle Laderman Ukeles (Denver, 1939) Hartford Wash, 1973 Gunter Brus (Arding, Austria, 1938) Action Sketch, 1966 - 67 / Tinta sobre papel, 20 x 21 cm Gunter Brus (Arding, Austria, 1938) Sem Título, 1966 / Tinta sobre papel, 29,5 x 20,5 cm A génese do desenho de Brus, um trabalho continuo paralelo às acções, passa por várias fases desde 1960. Por volta de 1964 inicia-se um novo processo com as Ana Sheets, no qual, passo a passo, e de forma análoga às primeiras acções, o corpo emerge da abstracção do informalismo. Os desenhos criados em 1965 intitulados Torture são o princípio real dos esboços de acções, nos quais o desenvolvimento das acções planeadas é conceptualmente determinado. Se estes trabalhos foram feitos em referência directa às acções, por outras palavras como elaborações gráficas ou esquemas, começa no final de 1966 uma série na qual o desenho é libertado da relação próxima com a acção e torna-se autónomo. Nos ‘Esboços de Acção’ o instrumento do desenho torna-se um bisturi, e a realidade somática da acção é modelada no papel. Brus continua no desenho o que já não pode levar a cabo na acção. Nestes trabalhos, ele acaba por transportar o intenso carácter somático associado às acções para o papel, através da via directa das terminações nervosas do instrumento do desenho”. Huber Klocker, “The Shattered Mirror”, in AA VV, Viennese Actionism 1960 – 1971, Vol. 2, edited by Hubert Klocker, Klagenfurt, Ritter Verlog, 1989, p. 107. Michelangelo Buonarroti, Estátua inacabada de S. Mateus, c. 1503 Michelangelo Buonarroti, Estudo para Cristo Ressuscitado, c. 1514 O performativo como transferência de uso «Transferência» porque supõe um mecanismo genérico de redireccionamento ou substituição de actos que não está necessariamente implicado com a presença física do corpo. «Uso» porque admite que não só os instrumentos podem realizar acções para as quais não estavam destinados – como utilizar o pente em vez do pincel. Também os actos podem ser desviados para albergar outros conteúdos, como fazer o nó de uma gravata para asfixiar alguém. Transferência de uso Anthony Howell The Analysis of Performance Art (1999) Richard Schechner Restauration of Behaviour (1985) Judith Butler Excitable speech: A Politics of the Performative (1997) Transferência, citação e iterabilidade A eficácia de um acto performativo reside na sua capacidade de repetir um repertório codificado e iterável: por outras palavras, quando a fórmula que se enuncia, por exemplo, para abrir uma sessão, “baptizar” um barco ou declarar um casamento se identifica conforme a um modelo ou a uma “citação” Cf. DERRIDA, Jacques (1972), Marges de la Philosophie, Les Éditions de Minuit A iterabilidade é uma forma de tráfico e transacção entre contextos ou campos performativos diferenciados. É a qualidade herdada dos nossos actos performativos que provem da nossa aprendizagem e imitação de actos performativos desenvolvidos noutras circunstâncias e com outros intervenientes O desenho como comportamento restaurado um processo “manipulado como um realizador de cinema manipula uma tira de filme. Estas tiras de comportamento (strips of behaviour) podem ser reorganizadas e reconstituidas; são independentes dos sistemas causais (sociológicos, psicológicos, tecnológicos) que as originaram”. (…) “Originadas como processo, usadas no processo de ensaio para produzir um novo processo, uma performance, as tiras de comportamento não são ellas mesmas processos, mas coisas, itens, material. O comportamento restaurado pode ser de larga duração como el alguns dramas ou rituais, ou de curta duração como em alguns gestos”. SCHECHNER, Richard. (1985). “Restoration of Behavior”. Betwenn Theater and Anthropology. Philadephia: University of Pennsylvania Press, p. 35. “Cuando estava realmente, fisicamente, a pintar com as impressões dos meus dedos, Rob Storr (…) disse uma coisa que me pareceu correcta. Descreveu-o como “utilizar a pele para fazer pele”. Era quase como se estivesse a acariciar os rostos das pessoas de quem gostava. E claro, interessavame o facto de fazer algo que ninguém podia falsificar. Fi-lo, e não o podia negar. CLOSE, Chuck. (2000). “Putting English on the Stroke: Chuck Close in conversation with Bice Curiger. August 21, 2000, Bridgehampton, New York”. In Parkett. Nº 60, p. 56. Chuck Close (Monroe, Washington, 1940),Fanny / Fingerpainting , 1985 | Óleo sobre tela, 259 x 213 cm O desenho como comportamento restaurado O performativo significa, assim, “nunca pela primeira vez. Significa pela segunda vez e por ‘n’ vezes. [O performativo] é comportamento duas vezes actuado (Twice Behaved Behaviour) SCHECHNER, Richard. (1985). “Restoration of Behavior”. Betwenn Theater and Anthropology. Philadephia: University of Pennsylvania Press, p. 36. Louise Bourgeois (Paris, 1911). Le Cauchemar de Hayter, 1995 | Tinta sobre papel pautado, 27,9 x 21 cm. Desenredar Desenredar Desenredar Esticar Esticar Esticar Cruzar Cruzar Gesto cruzado Tecer Desenhar Entrelaçar Entrelaçar Gesto entrelaçado Atar Atar Apertar Rematar Rematar Rematar Toba Khedori (Sidney, 1964), Untitled (house) - detail, 1995 _ Óleo e cera sobre papel, 335 x 609,6 cm Toba Khedori (Sidney, 1964), Untitled (house) - detail, 1995 _ Óleo e cera sobre papel, 335 x 609,6 cm Processo e contágio motor Observar, imaginar ou de qualquer modo representar uma acção excita os programas motores utilizados para executar essa mesma acção. Realizar uma acção enquanto observamos uma acção qualitativamente distinta Interferência entre a acção observada e a acção executada BLAKEMORE, Sarah-Jayne; FRITH, Chris (2005). “The role of motor contagion in the prediction of action” In Neuropsychologia. 43, pp. 260-267. Auguste Rodin, de l’amour, s.d._ Ponta de chumbo, esfuminho e aguarela sobre papel _ 23,3 x 36,2 cm Morgan O’Hara, Live Transmissions Cf. < http://www.morganohara.com/> (consulta 08.03.2010) Tom Marioni (Cincinnati, Ohio, 1937). Flying With Friends, 1999 | Lápis de cor sobre papel, 92,1 x 226,1 cm Erwin Wurm (Bruck an der Mur, Austria, 1954), Untitled, 2003 | Cadeira e desenho de instrução Confessional, 2003 | Casota de cão, desenho de instrução realizado pelo público. Michael Borremans (Geraardsbergen, Bélgica, 1963), The Modification, 2001 | Lápis, aguarela e tinta branca sobre papel, 31,8 x 23,2 cm. Michael Borremans (Geraardsbergen, Bélgica, 1963), Four Fairies, 2003. Michael Borremans, Weight, 2006 Funções gestuais (a partir de David McNeill) Icónico Deíctico Coesivo Metafórico Batimento(beats) Butterworth Imagem Não-imagem Memória Icónico Metafórico Um gesto icónico manifesta, na sua forma e modo de execução, certos aspectos morfológicos e processuais do objecto ou processo que tenta descrever. São gestos essencialmente miméticos, no duplo sentido do termo: imitam uma configuração e uma forma de proceder São, como os icónicos, gestos relacionados com a imagem. Mas ao contrário destes, os gestos metafóricos apresentam imagens de conceitos abstractos, mediante estratégias que podemos classificar de diagramáticas: transformam as ideias em propriedades topológicas, como «concêntrico» ou «circular» Trisha Brown (Aberdeen, Estados Unidos, 1936). Geneva, Handfall, 1999 |19 dibujos; rotuladores sobre papel, 27,9 x 35,6 cm cada Louise Bourgeois (Paris, 1911). Eccentric Growth, c. 1965 | Tinta sobre papel, 24 x 33 cm Matthew Barney (San Francisco, 1967). O candidato em baixo de água |desenho conceptual em folha de arquivo) O candidato penetrando a brecha por baixo de Queen's Pier, 1994 |desenho conceptual em folha de arquivo) Deíctico São gestos que cujo propósito é assinalar, apontar e indicar objectos ou eventos concretos no mundo. Ao contrário dos anteriores, estes gestos não se baseiam em imagens, ainda que estejam frequentemente comprometidos com o lugar que as imagens ocupam num espaço. Os deícticos não podem, por definição, ser usados sem que o objecto a que se referem esteja presente. De forma contrária aos icónicos e metafóricos, não existem uma separação entre o gesto e o objecto referido. Batimento (Beat) Referem-se aos movimentos que não apresentam nenhum significado distinto, e que podem ser apenas reconhecidos pelas características dos seus movimentos: geralmente movimentos de pequena amplitude como gestos digitais ou de pulso, de curta duração, e reiterados. São gestos que fixam, mediante uma iteração, a duração de um processo. Luc Tuymans (Mortsel, Bélgica, 1958). Premonition, 1994 | Collage,, lápiz t tinta sobre papel pautado, 27x21 cm. Robert Morris (Kansas City, 1931). Blind Time I, 1973 | Grafite sobre papel, 88,5 x 116,5 cm Rebecca Horn (Michelstad, Alemania, 1944). Bleistiftmaske (Máscara de Lápis), 1972 | tecido, 21 lápis, dimensões variáveis. Joseph Beuys, Untitled (Sun State), 1974 | Giz sobre quadro negro, 120,7 x 180,7 cm.