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ano XXXIX - nº 376 - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015 - R$ 12,00
Dedicada à Redução de Custos, Aumento de Produtividade e Manutenção Industrial na Mina e na Planta
Dedicated to Cost Reduction, Productivity, Industrial Maintenance at the Mine and Plant
Especial Barragens
Tudo que a Engenharia dispõe
para evitar novos acidentes
Minério de ferro
Programa consistente já reduziu em 41% os custos
de produção na Vale
Tecnologia
Sistema anticolisão começa a se difundir nas
frotas das minas
ANO XXXIX - Nº 376 - Novembro/Dezembro 2015
04. Editorial
Diretor Editorial/Editorial Director
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Editora/Editor
Lílian Moreira
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Redação/Editorial Staff
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Publicidade/Advertising
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Arte/Art
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Produção gráfica e diagramação
Graphic design and production
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órgãos governamentais e companhias de engenharía
e tecnologia mineral
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Acidente de Mariana deixa a engenharia brasileira na berlinda
05. Coluna do Mendo
2016 e a Mineração Brasileira
08. Investimento
Amarillo dá mais um passo no projeto Mara Rosa
BHP Billiton busca redução de custos em cobre
Mineração e o timing para investir
Austrália estuda medidas de incentivo à mineração de urânio
12. Agregados
Produtor atualiza frota de escavadeiras
Demanda fraca barra crescimento do setor
Sistema de classificação extrai produtos comerciais de finos
A geração XPower de carregadeiras Liebherr
18. Barragem
Tragédia de Mariana coloca engenharia geotécnica em alerta
Tecnologias sísmicas aprimoram ensaios de monitoramento em barragens
Samarco mobiliza 686 funcionários e terceirizados
São Paulo irá avaliar barragens de mineração
Programa visa à recuperação ampla do Rio Doce
Tecnologia permite verificar em tempo real percolação de água nas estruturas
Monitoramento Integrado de Barragens Brasileiras
28. 200 Maiores Minas Brasileiras
Mineradoras que receberam destaque na edição deste ano
30. Minério de Ferro I
Minas-Rio implanta 12 sistemas de automação para suporte ao ramp-up
32. Frota
Hexagon Mining une soluções anticolisão e de gestão de frota
Anglo American investe US$ 2 milhões em sistema anticolisão
33. Tecnologia
Conexpo aposta no potencial dos setores de construção e mineração
da América Latina
Heringer aposta em treinamento e manutenção preventiva
para ganhar produtividade
Carajas implementa solução da Modular Mining
Metso amplia foco no mercado de fertilizantes
Britadores móveis ajudam a reduzir consumo de pneus
37. Minério de Ferro II
Vale reduz custo de produção de minério de ferro em 41%
Itaminas aumenta durabilidade e reduz tempo de manutenção de bombas
Parada automática de transportadores operando vazios
40. Processos
Densímetro-amostrador não radioativo reduz perdas de material no beneficiamento de minério de ferro
41. Moagem
Novo sistema de controle de inversores explora o
potencial da prensa de rolos de alta pressão
42. Clipping
Crédito da capa: barragem de rejeito na mina Cuiabá, da AngloGold Ashanti,
em Sabará, Minas Gerais (Foto – Terramil Construções e Terraplanagem/2011).
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Nov./Dez. 2015 | 3
Sumário
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Foto: Blog do Planalto
Acidente de Mariana
deixa a engenharia
brasileira na berlinda
Editorial
Foto: Paracatu News
Lama no rio Doce, na cidade de Resplendor (ES)
Foto: Northern Alaska Environmental Center
Barragem da Kinross em Paracatu (MG)
Foto: Tecnodefesa
Típica barragem de mina de ouro
Uso de drones associados a softwares de processamento
de imagens pode facilitar as inspeções das barragens
4 | Nov./Dez. 2015
O
s chamados barrageiros devem estar incrédulos: a mesma engenharia que
ergueu as hidrelétricas de Paulo Afonso, Furnas, Ilha Solteira e Itaipu assistiu impotente ao rompimento da barragem de rejeitos de Fundão em
Mariana (MG), provocando um desastre ambiental de proporções poucas vezes
vistas. Criou-se uma “tempestade perfeita” quando se juntou a ausência de fiscalização e monitoramento efetivos pelos órgãos públicos, presumidos erros graves
na operação da barragem e planos de contingência ineficazes contra um acidente
dessa natureza e dimensão.
As empresas de engenharia acompanharam a tudo isso de braços cruzados —
por que não foram mobilizadas em tempo hábil? Os mais experientes projetistas
de barragens, o instrumental mais atualizado de monitoramento (que pode ser
feito em tempo real), as técnicas tradicionalmente empregadas para reforçar as
fundações e a estrutura de barragens — tudo isso aparentemente ficou ocioso,
assistindo de longe ao desenrolar desse trágico acidente que poderia ter sido
evitado. O estado da arte da engenharia poderia ter sido aplicado desde a fase
de projeto, passando pela construção da estrutura da barragem e seguindo-se à
operação da mesma.
As entidades de engenharia precisam se posicionar nesse cenário pós-desastre,
para assegurar que tais acidentes não se repitam. Estamos nos referindo a 662
barragens, segundo levantamento do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). E as instituições governamentais têm obrigação de recomendar
as melhores técnicas disponíveis no mercado para os trabalhos de reconstituição das regiões atingidas, incluindo a reconstrução da infraestrutura básica e
a recomposição do ecossistema. E prevenir a repetição desses acidentes, que
ocorrem de tempos em tempos, como se fosse inexorável.
Nem a desculpa recorrente de carência de quadros técnicos para realizar trabalhos
de campo se sustenta. O uso de drones para fotos aéreas, somado a softwares de
processamento de imagens, que conseguem reconstituir o cenário real em detalhes,
tornou esse argumento inócuo. No Japão, empresas privadas realizam esse serviço
e colocam num site na internet essas imagens em 24 horas, para acesso irrestrito da
população. Quando a informação é clara, acabam as especulações e boatos.
Que não se repita mais do mesmo. Um acidente parecido, mas de menor escala,
ocorreu há 14 anos em São Sebastião de Águas Claras e atingiu o ribeirão Taquaras, no município de Nova Lima (MG). A empresa responsável — Rio Verde
— cumpriu as determinações estabelecidas pelos órgãos estaduais, reconstruiu
a estrada que liga a BR-040 e levantou outra barragem. Mas moradores da região
reclamam que o ribeirão é hoje um filete d’agua quando antes era quase um rio,
com bagres e lambaris. As condições originais do meio ambiente atingido ainda
vão demorar a voltar.
Conclusão: vale mais gastar cem mil reais em prevenção do que xis vezes mais
em reparos...
Editorial originalmente publicado na edição no 547 (novembro 2015) da revista O Empreiteiro,
publicada pela mesma editora da Minérios & Minerales.
José Mendo Mizael de Souza*
[email protected]
É da natureza humana saudar o Ano Novo com esperança e as melhores expectativas: convido-os
a fazer o mesmo com a nossa Mineração, eis que, em que pesem os inúmeros desafios a vencer,
o mais importante está em nossas mãos - a crescente demanda por bens minerais, bens minerais
estes essenciais à Qualidade de Vida almejada pela Sociedade.
Nunca é demais lembrar o que nos coloca a U.S. National Academy of Sciences, a saber, que
“Nos Estados Unidos, todo ano, cerca de 11,3 t de novos minerais devem ser proporcionadas, por
habitante, para se fabricar os itens de uso diário de cada pessoa - e um crescente número desses
minerais são importados”, assim como Stephen Kesler, no que respeita à demanda mundial por
minerais em 2050: “Considerando uma estimativa média de 9 bilhões para a população global em
2050 e assumindo que cada pessoa adicional irá demandar um pouco menos que os atuais habitantes demandam, esse aumento da população poderia levar a um aumento de 25% da demanda por
minerais, até 2050”.
E, também, que, enquanto País, temos uma Política Mineral clara, precisa e concisa, a saber, aquela constante da Exposição de Motivos do vigente Código de Mineração (DL nº 227, de 28.FEV.1967),
a E.M 6/67 - GB, de 20.FEV.1967,a saber: “I - Estimular o descobrimento e ampliar o conhecimento
de recursos minerais do País; II - Utilizar a produção mineral como instrumento para acelerar o
desenvolvimento econômico e social do Brasil, mediante o aproveitamento intenso dos recursos
minerais conhecidos, quer para consumo interno, quer para exportação; III - Promover o aproveitamento econômico dos recursos minerais e aumentar a produtividade das atividades de extração,
distribuição e consumo de recursos minerais; IV - Assegurar o abastecimento do mercado nacional
de produtos minerais; V- Incentivar os investimentos privados na pesquisa e no aproveitamento
dos recursos minerais; VI - Criar condições de segurança jurídica dos direitos minerais, de modo
a evitar embaraços ao aproveitamento dos recursos minerais e estimular os investimentos privados
na mineração”.
Logo, nosso desafio é, na realidade, fazer acontecer. E para tanto, nunca é demais ter sempre
em mente o que nos colocam Robert S. Kaplan e David P. Norton em seu livro “A Execução Premium”, no Prefácio do mesmo, ao se referirem ao seu segundo livro, “Organização Orientada para a
Estratégia”, no qual destacaram seus 5 (cinco) princípios gerais, a saber: “(i) Mobilizar a mudança
por meio de liderança executiva; (ii) Traduzir a estratégia em termos operacionais; (iii) Alinhar a
organização com a estratégia; (iv) Motivar para transformar a estratégia em tarefa de todos e (v)
Gerenciar para converter a estratégia em processo contínuo”.
Por seu turno, o “Plano Nacional de Mineração 2030: Geologia, Mineração e Transformação Mineral” do Brasil, documento bastante bem elaborado, que contou com a participação de dezenas de
profissionais qualificados e experientes, e que se apoiou nos 84 Estudos “em áreas relacionadas
ao setor mineral, como política e economia mineral, geologia, mineração, transformação mineral,
estudos específicos e estudos consolidados, além do histórico e de perspectivas de evolução macroeconômica setorial da economia brasileira e mundial em logo prazo, análise da competitividade
do setor, entre outros”, elaborados pela J.Mendo Consultoria Empresarial Ltda., vencedora da concorrência internacional do Banco Mundial a respeito (Plano e Estudos estes disponíveis para leitura
e/ou download em www.mme.gov.br), já elenca “os objetivos estratégicos definidos e as ações
previstas”.
Ou seja: já temos pronto o que deveremos fazer e os respectivos fundamentos. Então, é partirmos
para a ação, a começar pela manutenção do nosso Atual Código de Mineração - que já presidiu
todos os booms da Mineração brasileira e tem toda condição de presidir os futuros -, naturalmente
atualizando o seu Regulamento (Decreto nº 62.934, de 02.JUL.1968) e cumprindo toda a legislação
aplicável à atividade minerária - ambiental, econômica e social, tendo sempre como objetivo o Desenvolvimento Sustentável -, bem como dedicando especial atenção à permanente qualificação dos
recursos humanos dedicados à nossa Indústria de Produção Mineral.
Ação e Fé no Futuro, pois, e Excelente 2016 para todos nós!.
*Engenheiro de Minas e Metalurgista, EEUFMG, 1961. Ex-Aluno Honorário da Escola de Minas de Ouro Preto.
Presidente da J.Mendo Consultoria Ltda. Fundador e Presidente do Ceamin - Centro de Estudos Avançados em
Mineração. Vice-Presidente da ACMinas - Associação Comercial e Empresarial de Minas e Presidente do Conselho
Empresarial de Mineração e Siderurgia da Entidade. Coordenador, como Diretor do BDMG, em 1976, da fundação
do Instituto Brasileiro de Mineração - bram. Como representante do Ibram, um dos 3 fundadores da Adimb Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira. Ex-Conselheiro do Cetem - Centro
de Tecnologia Mineral do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
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Nov./Dez. 2015 | 5
Coluna do Mendo
2016 e a Mineração Brasileira
Amarillo dá mais um passo no projeto Mara Rosa
Com o arquivamento de inquérito de passivos ambientais pelo Ministério Público,
a Amarillo Gold pretende obter Licença Preliminar do seu projeto de ouro no 1º trimestre de 2016
Foto: Amarillo
Mineradora aguarda data da audiência
pública do projeto Mara Rosa
ouro Mara Rosa recebeu uma avaliação
econômica positiva de um estudo de pré-viabilidade (NI 43-101 Coffey Mining).
Antes de arquivar o caso, a justiça de
Goiás chegou à conclusão de que a empresa demonstrou que os danos ambientais causados pela atividade de mineração
anterior não eram significativos.
Com este parecer, a empresa pretende
acelerar a tramitação do pedido de Licença
Preliminar. A mineradora foi informada pela
Secima que a apreciação final de nosso
pedido é iminente. Nos próximos meses,
a Secima e o MP se reunirão para decidir
quando será realizada a audiência pública,
que apresentará o projeto à comunidade
para receber contribuições e comentários.
A Licença Provisória será concedida logo
depois da audiência pública.
“A empresa vinha mantendo o foco no
processo de licenciamento por algum tempo e isso exigiu paciência. A revisão pelo
MP causou parte desta demora. Também
provocou atrasos o fato de sermos uma
das primeiras minas em Goiás a receber
a permissão por um novo decreto sobre
o meio ambiente (2012). É possível que
todo o processo seja encerrado durante o
primeiro trimestre de 2016”, afirmou Buddy
Doyle, presidente e CEO da empresa.
BHP Billiton busca redução de custos em cobre
D
iante das recentes quedas do preço do cobre, a BHP Billiton anunciou planos
para reduzir os custos de produção do metal para US$ 1,08 por libra até 2017.
Segundo informações da companhia, a redução do custo de produção, que
visa manter as margens de lucro e a sustentabilidade do negócio, será obtida por soluções diferenciadas em relação à água e energia nas operações no Chile.
De acordo com Daniel Malchuk, presidente da divisão de cobre da BHP Billiton, a
empresa tem boas perspectivas a longo prazo para o mercado de cobre em função de
uma previsão de redução da oferta até o final de 2020, queda dos investimentos do
setor, falta de grandes projetos e crescimento da demanda da China e países emergentes. Segundo o executivo, o portfólio da BHP Billiton é composto por ativos robustos, projetados para uma extensa vida útil e alta competitiva em relação a custos.
A previsão da empresa é que a sua produção de cobre atinja 1,7 milhão t em 2017.
“O negócio de cobre da companhia vai ganhar impulso ao longo dos próximos dois
anos, com menores custos e maior produção nos nossos principais ativos”, ressaltou
em nota Malchuk. Segundo ele, o atual excesso de oferta é o principal motivo para a
desvalorização dos preços do metal.
8 | Nov./Dez. 2015
Foto: BHP Billiton
Investimento
A
Amarillo Mineração do Brasil recebeu, em reunião realizada em
novembro de 2015, a notificação
por escrito de que o Ministério Público
(MP) decidiu arquivar o Inquérito Civil
Público referente aos efeitos ambientais
causados por antigas atividades minerárias no projeto Mara Rosa, localizado no
município de mesmo nome em Goiás.
A promotoria de justiça do estado considerou que a investigação de passivo
ambiental e os dados de monitoramento
apresentados foram realizados a contento,
recomendando que os representantes da
empresa sigam com o processo de licenciamento ambiental junto à Secretaria de
Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima) do Estado de Goiás.
A mina de Posse, em Mara Rosa, contém 1.174.900 onças medidas e inferidas
de ouro, contidas em 20,85 MT com 1,75
g/t Au, e 156.400 onças de ouro inferidas
em 3,63 MT a 1,38 g/t Au (cut-off grade de 0,5 g/t) (jazida de acordo com a
norma NI43-101 confirmada de forma
independente pela Australian Exploration
Field Services Pty. AEFS). De acordo com
informações da empresa, o projeto de
Produção de cobre em 2017
poderá chegar a 1,7 milhão t
Mineração e o timing para investir
10 | Nov./Dez. 2015
produtividade, uso mais eficiente de energia e menor custo de produção.
Em momentos em que a economia está
desacelerada, a grande questão a ser respondida é “quem acredita na retomada do
mercado” e, por conseguinte, investirá
primeiro. O que se observa na maioria dos
casos é que a empresa líder de mercado
é quem decide primeiro se investirá e o
momento mais adequado para fazer isso.
As demais, seguidoras, após observar a
decisão da líder, irão avaliar o que fazer.
Entretanto, a redução da vantagem competitiva do líder em relação aos demais
players implica antecipação da realização
do investimento por parte da seguidora.
A antecipação inteligente acontece quando o mercado ainda não vislumbrou completamente a retomada. Para ilustrar, um
investimento de médio porte, greenfield,
leva, em muitos casos, ao menos 15 meses para ser operacionalizado (isso sem
levar em conta o prazo para a obtenção das
licenças obrigatórias). Nessa fase estão
contempladas principalmente as etapas de
engenharia, com a definição do conceito
do projeto, e a engenharia básica, ou seja,
o nascedouro de qualquer projeto.
Em termos financeiros, a engenharia aqui
citada representa uma parcela muito inferior
a dois dígitos do custo total do projeto. O
fundamento conceitual do projeto, quando
realizado com diligência e qualidade, implica menor necessidade de modificações ao
longo da sua implementação, manutenção
do orçamento original, menos retrabalho e
principalmente, cumprimento de prazos.
Em todos os cenários, de horizonte mais
claro e momentos de pico de alta de preço,
observa-se naturalmente uma corrida por
Marcelo Xavier, diretor de Mineração
da Pöyry para a América Latina
execução de projetos, o que certamente
impacta a qualidade, o custo e a assertividade dos projetos, gargalos no fornecimento de máquinas e equipamentos e carência de mão de obra qualificada. Simples
reflexo da lei de oferta e demanda.
O setor de mineração atravessa uma fase
interessante e sugere ser esta a hora ideal
para se investir em projetos de engenharia
de longo prazo por conta de custos mais
baixos, disponibilidade de profissionais
gabaritados, fornecedores dispostos a
negociar preços e prazos factíveis. A dificuldade reside em convencer os acionistas de que um projeto de engenharia
bem feito, que minimize riscos e custos
de start-up da operação e que economize
alguns milhões em investimentos, pode
gerar retorno muito antes do esperado.
(*) Marcelo Xavier, diretor de Mineração da Pöyry para a
América Latina
Foto: Magnetitenetwork
Investimento
O
momento atual é bastante crítico
para a mineração no Brasil e, em
especial, para o minério de ferro.
Cotações de preços em queda, baixa demanda do principal mercado consumidor,
dificuldade em atrair capital, conturbado
momento econômico e político do País.
Some-se a isso o fato de que a decisão de
investir em projetos de mineração é muito
complexa. Além da necessidade da realização de estudos para avaliar a viabilidade
econômica, possíveis impactos ambientais
e o elevado custo dos investimentos, as
empresas interessadas precisam levar em
consideração a competição existente entre
as empresas do setor; a incerteza da demanda do produto; muito atrelada ao ritmo
de crescimento da economia mundial, em
particular da China; as flexibilidades gerenciais (para expandir as capacidades de
produção ou de escoamento) e a questão
da irreversibilidade dos investimentos.
As estratégias de investimento precisam
ser construídas a fim de que eles sejam
realizados em momento ótimo, com o
objetivo de maximizar o valor esperado
do fluxo de caixa dos projetos. Muitas
ferramentas de decisão podem e devem
ser utilizadas, desde modelos tradicionais
de avaliação econômica de projetos (TIR,
VPL, Payback) até matrizes de decisão.
Há, ainda, um fator muito importante,
que é o timing, a hora de tomar a decisão
de iniciar o projeto, dado que a oportunidade de investimento é limitada a uma
“janela de oportunidade”, com a qual se
busca a maximização do valor do projeto.
Como alternativa aos projetos greenfield
– de longo prazo e de alto investimento –,
temos sugerido às mineradoras a adoção
de ações pontuais em projetos correntes,
com vistas à obtenção de melhorias na
eficiência operacional. Além de exigirem
prazo menor para sua implementação, estes projetos envolvem investimentos mais
baixos e podem focar áreas específicas da
cadeia produtiva. Um exemplo é a atualização de equipamentos como medida
profilática para eliminar paradas não programadas para manutenção, que prejudicam o processo produtivo. Desse modo,
os resultados são mais rapidamente
percebidos, com reflexos no aumento de
Foto: Poyry
Por Marcelo Xavier*
Austrália estuda medidas de incentivo
à mineração de urânio
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Foto: Australia Government
P
esquisa encomendada pelo governo australiano mostrou a
potencialidade da indústria de mineração de urânio daquele país. Segundo o estudo, o setor tem capacidade de gerar
20.000 mil empregos diretos e indiretos até 2040, com receitas de A$
9 bilhões, bem acima dos atuais 3 mil empregos e A$ 600 milhões.
Para a viabilização dos aportes, os pesquisadores sugerem uma
reforma política, que torne a Austrália um destino mais atraente para
os investimentos em urânio, visando a geração de energia elétrica
mais limpa, já que os reatores nucleares não emitem poluentes.
“Os dados mostram que o potencial de expansão no setor de urânio da Austrália é substancial e está baseado em duas variáveis principais: crescimento na geração de energia nuclear em todo o mundo,
e aumento da quota da produção global de urânio”, afirmam os pesquisadores em relatório.
Apesar de ter quase um terço do urânio do mundo, a Austrália produz apenas 10% do mercado global. Com a reforma política e compromissos federais para aumentar a competitividade e a capacidade
de atração de investimento, a Austrália poderia contribuir com uma
parcela da produção global mais próxima da potencialidade das suas
reservas, contribuindo para a geração de energia mais limpa.
Austrália possui cerca de um terço das reservas de urânio no mundo
Os economistas mostram que, no processo, a Austrália poderia
colher benefícios substanciais em empregos e receitas de exportação; particularmente se as políticas governamentais de todo o mundo
continuam a incentivar a redução de emissões na produção de energia. Tais cenários podem ver urânio australiano abastecendo tanto
como 5% da geração de eletricidade do mundo com zero emissões
que saem dos reatores nucleares. Segundo os pesquisadores responsáveis pelo estudo, isso seria uma excelente contribuição para a
geração de eletricidade de baixas emissões.
Nov./Dez. 2015 | 11
Foto: Pedreira Anhanguera
Agregados
Produtor atualiza frota de escavadeiras
Grupo Anhanguera, com operações em oito estados, adquiriu máquinas novas
e vislumbra a retomada do mercado de construção civil a longo prazo
C
om o objetivo de aumentar a
eficiência da sua produção e
estar preparada para o reaquecimento do mercado, a Pedreira
Anhanguera, que iniciou suas atividades em 1943 em São Paulo (SP), vem
realizando uma série de melhorias em
suas unidades, localizadas em São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Tocantins, Sergipe, Goiás, Maranhão
e Pernambuco. Nos últimos dois anos,
a companhia adquiriu três novas escavadeiras para as suas operações de
Pindamonhangaba e Cajamar (SP); e
duas para as plantas de Goiânia (GO) e
Palmas (TO). Além disso, a mineradora
passou a reprocessar suas ferramentas
de desgaste, como dentes das escavadeiras, revestimentos das caçambas e
chapas de proteção. Agora, esses itens
são enviados para a unidade de fundição do grupo em Cajamar (SP) e, após
serem processados, se transformam em
matéria-prima para a fabricação dessas
ferramentas.
Na pedreira de Pindamonhangaba, localizada na cidade de mesmo nome no
Vale do Paraíba (SP), a equipe conseguiu um aumento da produtividade com
uma nova escavadeira 210-X2 da Link12 | Nov./Dez. 2015
-Belt (LBX). O equipamento, de 21,5
t, substituiu uma escavadeira alugada.
Ela opera na mina que lavra um depósito de gnaisse com vida útil estimada de
mais de 50 anos. Os furos para a etapa
de desmonte são executados com o auxílio de uma perfuratriz PW 6000, em
frentes com 10 m de altura por 20 m de
largura. O carregamento dos furos, com
explosivo tipo emulsão bombeada, e os
planos de fogo são feitos pela Maxam,
empresa especializada nesta atividade.
Em média, a operação de desmonte
ocorre uma vez por mês, dependendo
da demanda do mercado.
Então, os caminhões da empresa,
ao todo nove veículos das marcas
Volkswagen, Randon, Mercedes Benz e
Ford, são carregados com rocha detonada. Matacos são quebrados com um
rompedor hidráulico acoplado na escavadeira 210-X2.
Após o carregamento, o material segue
para as três fases de britagem, que possuem equipamentos Faço (atual Metso),
tipo mandíbulas, 90/60, 120/40 e 90/26.
Complementam o processo, os sistemas
de peneiramento que separam os diversos tipos de produto por granulometria,
como pedra 1, pedra 2, pó de pedra, pe-
drisco e cascalho. Para o 2016, a empresa pretende instalar uma balança na área
de expedição e agilizar o carregamento
dos caminhões de terceiros.
Os itens de reposição, como as ferramentas de desgaste das escavadeiras,
bits de perfuração, filtros, lubrificantes
e graxas, são comprados diretamente pela unidade, com a supervisão da
matriz do grupo em São Paulo. A manutenção da frota da unidade é feita
por equipe própria, composta por três
mecânicos.
Outra medida implementada pela
companhia em todas as suas unidades
foi produzir apenas os produtos mais
demandados pelo mercado, mantendo
estoques que duram no máximo 15 dias
– e entre eles estão: pedra 1, pedrisco,
areia de brita e pó de pedra.
Para a Pedreira Cajamar, situada na região metropolitana da capital paulista, a
empresa comprou duas escavadeiras, uma
210X2, utilizada com rompedor hidráulico,
e outra 350X2. As unidades de Tocantins
e Goiás também adquiriram uma escavadeira 350X2, cada uma. Os equipamentos
foram financiados diretamente pela LBX,
sem intermediação bancária.
Fundada em 1943 pelo empresário
Foto: Link-Belt
Nos últimos dois anos, a empresa
adquiriu três novas escavadeiras para as
suas operações de Pindamonhangaba e
Cajamar (SP); e duas para as plantas de
Goiânia (GO) e Palmas (TO)
Elysio Teixeira Leite como Pedreira
Morro Grande, a mineradora nasceu no
bairro da Freguesia do Ó, em São Paulo
(SP). Em 1949, com a morte de Elysio,
seu genro, Thomaz Melo Cruz assumiu a direção da pedreira. Em 1954, a
empresa recebeu o nome de Pedreira
Anhanguera com a nova instalação às
margens da Rodovia Anhanguera, em
Cajamar. Em 1964, o grupo comprou o
conglomerado Concreto Redimix, multinacional australiana com atividades
em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. Logo
após a aquisição, a empresa passou a
fornecer concreto para a expansão da
rodovia Anhanguera e outras estradas
da região.
Demanda fraca barra crescimento do setor
D
e acordo com Fernando Valverde, presidente executivo da
Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para
Construção Civil (Anepac), o setor de
agregados deve fechar 2015 com um
recuo de 40% no volume de vendas. A
fraca atividade econômica e a diminuição das obras de infraestrutura e moradia impactaram no desempenho do
setor, segundo Valverde.
Para o ano que vem, Valverde prevê
uma leve melhora, mas ainda um desempenho abaixo dos últimos anos.
Segundo ele, a capacidade produtiva
instalada do setor de areia e brita, que
é de 870 milhões t por ano, está longe
de ser totalmente ocupada. “Este ano é
para ser esquecido. O ano que vem é
uma incógnita em função da situação
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politica e econômica que o País enfrenta. Posteriormente, projetamos uma
retomada entre 3% a 4% ao ano, pelos
próximos cinco anos. O consumo anual
per capita deverá se elevar dos atuais
3,7 para 4,2 t agregados”, afirmou o
executivo durante o encontro anual das
associações ligadas ao setor – Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção
(Anepac), Sindicato da Indústria de
Mineração de Pedra Britada do Estado
de São Paulo (Sindipedras) e Sindicato
das Indústrias de Extração de Areia do
Estado de São Paulo (Sindiareia).
Além da queda na demanda por areia
e brita, Valverde afirmou que o maior
gargalo estrutural do setor refere-se à
convivência com o entorno das minerações, causada pela falta de planeja-
mento dos governos, especialmente o
municipal, que é o responsável pelo
uso do solo. Ele ressalta que enquanto os planos diretores municipais não
contemplarem a mineração como atividade de uso e ocupação do solo como
as demais atividades econômicas, a
tendência é o agravamento da situação.
“A função principal do planejamento da
atividade seria o de reservar e proteger
áreas em extração e outras com potencial para serem explorados. Ainda persiste entre os administradores públicos
a noção distorcida de que os recursos
minerais para a produção de agregados
para a construção são abundantes. Uma
pedreira ou um porto de areia não passam de um “estorvo”. Quanto mais longe estiverem dos olhos dos cidadãos,
melhor”, completa.
Nov./Dez. 2015 | 13
Foto: CDE
Agregados
Sistema de classificação extrai
produtos comerciais de finos
Planta em Barbados adquiriu uma nova unidade de classificação
para processar finos de britadores em projeto de extração de calcário de corais
A
norte-irlandesa CDE forneceu
uma nova unidade de classificação para a pedreira de Lear,
localizada em Barbados e pertencente à
C.O. Williams. A companhia opera uma
planta de britagem de calcário de corais, que processa 250 toneladas métricas de produto por hora. Esse processo
gera mais de 35.000 toneladas métricas
de agregados por mês, e a empresa
também produz cerca de 18.000 toneladas métricas de asfalto por ano.
De acordo com informações da empresa, a unidade produz uma grande
quantidade de materiais com menos de
6 mm e altíssimo teor de finos e, como
resultado, esse volume ficava estocado
como produto residual nas instalações.
“Os resíduos das operações de britagem eram uma preocupação constante
para nós, e o alto teor de finos fez com
que procurássemos uma unidade de
classificação para tentar recuperar todo
o material que pudesse ser usado como
areia de construção ou em nossa pró14 | Nov./Dez. 2015
pria produção de asfalto”, explica Neil
Weekes, gerente geral da C.O. Williams.
Segundo levantamento da empresa,
como parte do seu processo, existem
quase 500.000 t de estoques residuais
de material com menos de 6 mm a serem processados pelo sistema de classificação, e a unidade de britagem produz mais 500 t por dia desse material.
De acordo com os engenheiros envolvidos no projeto, uma análise dos
estoques residuais revelou uma proporção de 20% de calcário com menos
de 63 micra. Uma análise adicional da
peneira indicou que a entrada para a
unidade de classificação de areia (menos de 2,4 mm) conteria 36% de material com menos de 63 micra. Esse fato
exigia um sistema de classificação de
passagem dupla personalizado, para
reduzir esse material até um nível que
possibilitasse que a areia classificada
tivesse aplicação comercial. O espaço
disponível nas instalações era limitado, e o acesso aos volumes de água
necessários para alimentar a unidade
de classificação para realizar essa tarefa satisfatoriamente também era um
problema.
Neste cenário, a CDE criou um projeto que incluía a unidade móvel de classificação M2500, com o sistema de
classificação de areia de passagem dupla personalizado. A unidade também
inclui um sistema de circuito fechado
para reciclagem de água, com a introdução de um espessador AquaCycle
A400 e um filtro prensa com barreira
lateral. A unidade final mede 45 m x
29 m, e a inclusão do filtro prensa com
barreira lateral eliminou a necessidade
dos poços de decantação.
“Sem a introdução do espessador
AquaCycle e o filtro prensa, o projeto
não teria sido possível”, explica Weekes. ”O espaço que tínhamos disponível na pedreira de Lear era muito
restrito, e apenas a natureza compacta
e modular do projeto da CDE nos permitia gerar valor a partir dos estoques
Processo
A unidade móvel de classificação
M2500 aceita 100 tm/h de calcário de
coral britado, que é transferido para o
deck superior da peneira de enxague
de deck duplo integrada. O deck superior transfere o insumo com mais de 6
mm para um estoque de grande porte.
Isso representa 10 toneladas métricas
por hora (10%) do material inserido.
O deck inferior da peneira produz materiais de 2,4 mm a 6 mm, que também são estocados por meio de um
transportador integrado. Esse produto
representa 31 toneladas por hora da
entrada de material (31%).
O material com menos de 2,4 mm é
transferido do reservatório da peneira
para o primeiro ciclone na unidade de
classificação de areia EvoWash. Essa é
a primeira passagem em que o ciclone
possibilita a remoção eficiente do material com menos de 63 micra. O material de 63 micra a 2,4 mm é descarregado na peneira de secagem dupla, e a
areia da rede, de 1,2 mm a 2,4 mm, é
secada e estocada por meio do transportador integrado. Isto representa 13
t/h do material inserido (13%).
A peneira dupla é configurada de forma que o material de 0 a 1,2 mm caia
pelo reservatório da EvoWash antes de
ser bombeado para o segundo ciclone,
para uma classificação adicional. O
segundo lado da peneira de secagem
dupla aceita o subfluxo do ciclone e
produz uma areia seca de 63 micra a
1,2 mm. Isto representa 26 toneladas
por hora do material inserido (26%).
Uma proporção dessa areia de 63 micra a 1,2 mm é misturada com a areia
Nov./Dez. 2015 | 15
Pedreira de Lear, localizada em
Barbados, pertence à C.O. Williams
Foto: CDE
residuais existentes, e garantir que no
futuro possamos lidar com o material
de menos de 6 mm proveniente de
nossas operações de britagem de uma
forma eficiente.”
A nova unidade de classificação está
gerando uma série de produtos que
são utilizados em diversos tipos de
aplicações – um material de 2,4 mm
a 6 mm é empregado na produção de
concreto, assim como a areia de 63
micra a 2,4 mm. O material de 2,4 mm
a 6 mm também está sendo usado na
produção de asfalto. A areia classificada de 63 micra a 1,2 mm é utilizada em
processos de alvenaria para estruturas
com blocos e estuque.
de 1,2 mm a 2,4 mm proveniente do
primeiro lado da peneira de secagem
dupla, para gerar um produto de 63
micra a 2,4 mm. A passagem dupla
possibilita a redução da proporção do
material com menos de 63 micra da
areia, de 36% na entrada, para 3% no
produto final.
Nesse período, o excesso de fluxo
dos dois ciclones transfere a água
residual contendo o material com menos de 63 micra para o espessador.
Os resíduos são despejados no ponto
mais alto da unidade de classificação
de areia, o que possibilita a entrada
de materiais pela força da gravidade
dentro do espessador, eliminando a
necessidade de um reservatório e uma
bomba adicionais.
À medida que a água residual entra
no tanque do espessador, é adicionada
a uma pré-mistura de floculante, proveniente da unidade de polieletrólitos
FlocStation. Isso força todas as partículas finas a se juntarem e a descerem até o fundo do tanque, enquanto
Agregados
Contato iniciado na Coexpo
Neil Weekes afirma que a característica modular do projeto da CDE foi essencial, como resultado das condições
específicas existentes na pedreira de
Lear. “O espaço disponível na pedrei-
16 | Nov./Dez. 2015
Foto: C.O. Williams
a água limpa transborda da barragem
periférica e é enviada a um tanque de
armazenamento de água de concreto,
antes de voltar a circular para a unidade de classificação. A introdução
do AquaCycle é o primeiro estágio do
processo de reciclagem de água, recuperando 85% da água de processo
para reaproveitamento.
“O AquaCycle consegue efetuar uma
reciclagem de água significativa por si
só, e sem o filtro prensa, a lama residual seria despejada em poços de
decantação”, explica John Gallery,
Gerente deste projeto da CDE. “As
restrições de espaço nas instalações
da pedreira exigiam a introdução de
mais um estágio de gestão de lamas,
uma vez que simplesmente não havia
espaço para acomodar os poços de
decantação.”
A lama residual do espessador
AquaCycle é inicialmente transferida
para um tanque de concreto temporário, antes de ser enviada para o filtro
prensa com barreira lateral. O filtro
prensa aceita 20 toneladas métricas
por hora de sólidos, e tem 110 placas.
Esse material é pressionado a 15 bar,
até gerar uma torta de filtro com 80%
de teor de sólidos secos.
A água extraída da lama neste ponto
também retorna ao tanque de armazenamento de água para voltar a circular
na unidade de classificação. A combinação do AquaCycle e do filtro prensa com barreira lateral é responsável
por 90% da reciclagem de água da
unidade, e reduz o volume de água de
abastecimento necessária para alimentar a unidade de classificação a 36m 3
por hora. A torta de filtro é despejada
em um compartimento abaixo do filtro
prensa, que pode ser acessada por
meio de uma pá carregadeira para remoção dos resíduos.
“Buscamos ativamente a eliminação
completa dos resíduos da operação,
encontrando uma saída para as tortas
de filtro. Esperamos ter sucesso nos
próximos meses, com potenciais clientes do setor agrícola”, completa Weeks.
O mineral predominante em Barbados é o
calcário do tipo processado pela C.O. Williams,
cujas reservas ultrapassam 30 bilhões tm
ra era um obstáculo para nós, sempre
que procurávamos uma solução para
o volume de poeira de calcário britado que estávamos gerando”. “Apenas
depois de vermos o equipamento da
CDE na Conexpo, em Las Vegas, começamos a enxergar uma solução para
este problema, e a capacidade de integrar um sistema de circuito fechado
para reciclagem de água como parte
da unidade permitiu que mudássemos
para uma situação onde passamos a
maximizar o volume de produtos provenientes da pedreira de Lear. Além de
tornar nossa operação mais lucrativa,
esse sistema garantiu a extração e o
processamento mais eficientes das reservas da pedreira e tornou nossa operação mais sustentável a longo prazo”,
ressalta Weekes.
De acordo com John Gallery, da CDE,
a característica modular da unidade de
processamento também maximiza a
eficiência do processo. “A eficiência
de cada ponto de transferência dentro
do sistema aumenta ainda mais o potencial da pedreira e de todos os nossos clientes de maximizar o volume de
produtos e minimizar os custos operacionais, o que gera um excelente retorno sobre o investimento. A construção
do equipamento também permite que
a M2500 seja erguida 500 mm, para
maximizar a capacidade de estoque e
reduzir os movimentos de transporte
nas instalações”.
O projeto inclui ainda passarelas integradas à unidade, que facilitam a passagem por todo o equipamento, para
fins de inspeção e manutenção. Isso
facilita a passagem por toda a unidade
de processamento, desde o ponto de
entrada até o filtro prensa, o que reduz
o tempo de manutenção da unidade e
maximiza o tempo de produção.
Uma fonte de areia
alternativa em Barbados
O mineral predominante em Barbados
é o calcário do tipo processado pela
C.O. Williams, cujas reservas ultrapassam 30 bilhões de toneladas métricas,
de acordo com estimativas do governo
desse país. Contudo, a areia tem sido
mais escassa, estando sua extração
atualmente concentrada na área de
Walkers, na costa nordeste do país.
O site do governo de Barbados informa que “resta apenas um período
seguro de cerca de 10 anos, antes que
ocorram efeitos adversos no ambiente
costeiro”. Embora existam reservas de
areia disponíveis em outras áreas da
ilha, elas não são facilmente acessíveis, uma vez que a areia dessa zona é
mais consolidada e siliciosa.
Levando todos esses fatores em conta, o desenvolvimento de uma fonte de
areia alternativa a partir do calcário
dos corais, que está sendo processada pela C.O. Williams, representa uma
forma de reduzir a pressão sobre as
reservas de areia existentes, e proporciona um produto de areia alternativo
para o setor de construção.
“Sir” Charles Williams fundou a empresa C.O. Williams em 1960, usando
um único trator para oferecer serviços
simples de terraplanagem e cultivo agrícola. Desde então, a empresa
cresceu e se tornou uma das maiores
empresas de construção civil e de estradas, prestando serviços em todo o
Caribe, a partir da sede da empresa,
em Barbados, e de suas unidades regionais, na Antígua e em Santa Lúcia.
Foto:s Liebherr
A geração XPower de
carregadeiras Liebherr
A
Liebherr realizou um evento em Saint-Nabor, na França, para demonstrar os desempenhos das máquinas e equipamentos utilizados em pedreiras. Durante o
encontro, que teve a presença de mais de 1.000 pessoas, a empresa expôs mais
de 20 máquinas, como a escavadeira R 956, o trator de esteira PR 726 e a nova geração
das carregadeiras de rodas de grande porte XPower.
A escavadeira de esteira R 956, fabricada em Colmar (França), chega com um novo
motor a diesel e tem um peso operacional de 60 t, oferecendo potência de 240 kW/326
bhp. Outra novidade refere-se ao trator de esteira PR 726. Lançado em setembro, a máquina tem um peso operacional entre 16.000 kg e 19.800 kg e seu motor diesel fornece
potência de 120 kW/163 bhp. O PR 726 é impulsionado por um motor de 4 cilindros e
cumpre a norma de estágio IV.
A companhia demonstrou o desempenho da escavadeira de esteira R 946 para a remoção de material, assim como os modelos R 960 PME, R 966 e R 9100 com pesos
operacionais de aproximadamente 60 t, 65 t e 110 t, respectivamente.
A empresa exibiu ainda sua nova linha de carregadeiras de rodas XPower. No coração
da máquina há um sistema de transmissão de energia-split, que combina uma transmissão hidrostática e mecânica. O acionamento hidrostático é projetado para operar em
distâncias curtas que exigem ciclos de carga pequenos, enquanto a unidade mecânica é
mais adequada para a condução de longa distância e subindo greide. De acordo com a
empresa, a nova transmissão foi projetada para gerar uma economia de combustível de
cerca de 30% em comparação com carregadores rígido convencional.
O controle da força contínua em combinação com o diferencial automático de auto-bloqueio impede que as rodas escorreguem, reduzindo o desgaste do pneu em até
25%. Durante os quatro dias do evento, os visitantes puderam operar os equipamentos
e conhecer as plantas da empresa em Colmar.
Nov./Dez. 2015 | 17
Tragédia de Mariana coloca engenharia
geotécnica em alerta
Até fins de dezembro último, ainda não havia explicações conclusivas sobre a tragédia
de Mariana (MG), atribuída a uma conjunção de fatores, entre eles problemas de erosão superficial
e possível falta de atendimento a uma série de recomendações técnicas
Nildo Carlos Oliveira
que a engenharia geotécnica encontra-se
em estado de alerta. É que barragens de
rejeito – ou aterros controlados, conforme
alguns preferem classificar esse tipo de
construção – não podem jamais ser consideradas estruturas de importância menor.
São obras que devem exigir o maior cuidado da engenharia, tanto durante a fase da
construção, quanto nas fases posteriores.
A rigor, um desastre, como o de Mariana,
não poderia ter acontecido. Um engenheiro, que trabalha há anos em obras de barragens, com especialização prática em aterros controlados, diz: “Se há leis objetivas,
que orientam projetos nesse segmento da
engenharia (lastimavelmente a Lei 12.334,
que estabelece a política de segurança de
barragens, incluindo barragens de rejeito,
é de 20 de setembro de 2010), elas têm de
ser obedecidas e devem ser colocadas em
prática por alguém que responda pelo emprego dos critérios que levem em conta a
maior segurança”.
Recomendações técnicas
No caso das barragens da Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana
BHP Billiton, há informações de que a
consultora Vogbr realizou relatórios em
2013, 2014 e 2015, expondo uma série
de recomendações. Nesses relatórios, ela
informava que a estrutura da barragem do
Fundão “encontra-se em condições adequadas de segurança, desde que atendidas
as recomendações com relação à estabilidade física constante no plano de ação”.
Entre as recomendações estão as seguintes: acertar as irregularidades geométricas
pontuais do talude de jusante; revegetar as
áreas desprotegidas do talude do dique 1 e
ombreira direita; monitorar vazão do tapete drenante do dique 1 e implantar projeto
executivo para adequação e melhoria das
saídas dos tubos; concluir a implantação
do projeto executivo do sistema de drenagem superficial e reparar trincas de caneletas existentes; ajustar a geometria das bermas de forma a garantir uma declividade
transversal com o sentido do fluxo para as
canaletas de drenagem; realizar o monitoramento da vazão das surgências tratadas
na ombreira direita, etc.
Em resposta a um questionamento, a respeito dessas recomendações, o geólogo
Álvaro Rodrigues dos Santos, informou: “A
questão central está na verificação do cumprimento ou não das recomendações emitidas pela empresa auditora. Pela análise
das recomendações, a barragem apresentava problemas de erosão superficial, por
deficiência de seu sistema de drenagem
superficial e falta de proteção de taludes;
Foto: Mecanorte
Barragem
E
specialistas de diversas áreas da engenharia, especialmente da engenharia geotécnica, têm se movimentado
em vários países, sobretudo, em diferentes
regiões brasileiras, na análise da ocorrência
de Mariana (MG), onde se romperam as barragens de Fundão e Santarém.
O efeito desse desastre foi reconhecidamente devastador: cerca de 60 bilhões m3 de
água e rejeitos oriundos do beneficiamento
do minério de ferro soterraram a localidade
de Bento Rodrigues, provocando 17 óbitos
(até o fechamento da edição duas pessoas
ainda permaneciam desaparecidas).
A tragédia, do ponto de vista ambiental, é
considerada a maior desse tipo já ocorrido
no Brasil. A lama espraiou-se ao longo de
mais de 600 km pelo curso do rio Doce e
atingiu cerca de 10 km do litoral capixaba.
Laudo preliminar do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) identificou destruição
em 1.469 hectares de vegetação, abrangendo 77 km de cursos d´água, até em
áreas de preservação permanente. Segundo o Ibama, as medidas para a reparação
dos danos, “quando viáveis”, devem se
prolongar pelos próximos dez anos.
Laudo técnico circunstanciado, sobre
as causas do desastre, ainda não foi elaborado. Mas alguns especialistas dizem
18 | Nov./Dez. 2015
a barragem poderia estar apresentando problemas de percolação
interna de água, evidenciados pelo aparecimento de surgências e
pelo cuidado na orientação de monitoramento do tapete drenante.
E há recomendações para controle de compactação (ensaios de
compacidade) e de análises de estabilidade”.
Aterro controlado
Foto: Globalgeo
O engenheiro civil geotécnico Cláudio Casarin, da Arcadis, dirige atualmente um projeto de disposição de rejeitos para a mina
Pitinga, de cassiterita, no Norte do Amazonas, com previsão para
35 anos de operação futura. Ela envolve cerca de 175 milhões m³
de rejeito, a ser contido no fundo de um vale que já foi explorado
como jazida, desde 1980, com a construção de quatro barragens de
fechamento do vale e das selas laterais.
Indagado sobre os cuidados para construir barragens de rejeito,
que prefere chamar de aterros controlados, afirma: “Esses aterros
são feitos de material pouco permeável e não se prevê uma drenagem franca do rejeito que ali é lançado. Isso provoca a elevação
do lençol freático dentro da massa lançada. Na medida em que o
aterro sobe, o nível de água sobe junto. Isso propicia a formação
de superfícies de escorregamento lubrificada com água. O rejeito
não tem uma compacidade alta. Em geral ele tem densidade baixa,
comparativamente ao material compactado”.
E prossegue Casarim: “Se você faz compactação numa barragem sem água, nada acontece. Todo problema se concentra
em saber lidar com a água. Se houver água, tem de haver uma
criteriosa instalação de dreno sob o aterro. Assim, você diminui as tensões provocadas pela pressão da água e minimiza os
efeitos de escorregamento”.
O engenheiro diz já ter visto um caso em que recomendou fazer,
na base do aterro, uma instalação de dreno; depois, a cada 15 ou
20 m de altura, outros drenos, não necessariamente uma superfície
total, mas uma espinha de peixe – valetas com material mais drenante. Enfim, algo que atraia a água a ser colocada para fora, em
sítio previamente previsto para isso.
Ele diz que um aterro desse tipo não pode se romper. “Acontece”,
salienta, “que em geral as minas não operam com fator de segurança 1,5; trabalham com fator de segurança 1,1.” Nessas circunstâncias, por ser temporário, o talude não é levado em consideração
maior. Como o dique e o rejeito acabam ficando para sempre, o
conjunto deveria ser tratado com fator de segurança usual em geotecnia: 1,5. Ele afirma que em obras desse tipo não pode haver
preocupação com custos, mas sim com a segurança.
Situação no entorno da barragem
logo após o desastre, em imagem
coletada pelo satélite WorldView-2
Nov./Dez. 2015 | 19
Foto: Anglo American
Barragem
Tecnologias sísmicas aprimoram
ensaios de monitoramento
Equipamentos modernos complementam atividades de controle,
identificando parâmetros importantes dessas barragens de rejeitos, como níveis de enchimento,
compactação dos resíduos, volume e peso do material armazenado
D
e acordo com especialistas, nos
últimos anos houve uma evolução dos métodos de geofísica
aplicados na investigação de áreas submersas, sobretudo em relação às tecnologias acústicas de alta potência, que,
utilizadas na área de mineração, podem
identificar possíveis anomalias durante as
fases de construção, uso e monitoramento de barragens de rejeitos.
Em uma primeira fase, os processos
geofísicos contribuem para os estudos
de caracterização da natureza geológica
da área onde o projeto será implantado,
fornecendo informações relevantes para
a avaliação da viabilidade do empreendimento, como os ensaios de refração
sísmica realizados na superfície da terra, que podem mostrar falhas e relevos
suscetíveis. Na parte de monitoramento, os aparelhos sonoros analisam com
detalhes as camadas de sedimentos
acumulados na barragem, parâmetros
importantes para determinar o volume e
o peso da estrutura e as capacidades de
expansão (alteamento).
“A partir deles (métodos geofísicos)
20 | Nov./Dez. 2015
é possível obter a velocidade de propagação do som nos diferentes materiais
geológicos que compõem o terreno investigado, um critério fundamental para
o dimensionamento das estruturas a serem implantadas”, explica o geólogo Luiz
Antonio Pereira de Souza, do Centro de
Tecnologias Geoambientais do Instituto
de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São
Paulo (SP).
Souza, que atua na área de Geofísica
Aplicada à Investigação de Ambientes
Submersos, ressalta que os produtos
dos ensaios permitem mensurar a evolução do processo de acúmulo de sedimentos na bacia da lagoa de decantação,
assim como avaliar se o processo de enchimento da barragem evolui conforme
previsto no projeto original. “Em certo
momento, o responsável pelo empreendimento poderá concluir se a lagoa de
decantação atingiu o máximo de sua capacidade, determinando a interrupção do
processo de lançamento de resíduos e a
construção de uma nova bacia de decantação”, afirma Souza.
Quando a lagoa de decantação en-
contra-se coberta por lama e água, o
método geofísico empregado é o de perfilagem sísmica contínua, que consiste
no uso de equipamentos acústicos
instalados em uma embarcação de
pequeno porte. A navegação ocorre em
várias direções de um lado ao outro da
lagoa, possibilitando a determinação
da espessura dos estratos sedimentares
acumulados ao longo dos anos.
Segundo o pesquisador, atualmente, existem equipamentos poderosos
de perfilagem sísmica contínua, que
podem identificar e analisar camadas
de sedimentos com menos de 10 cm de
espessura. Esses dados são utilizados
para elaboração de gráficos, que podem
ilustrar espaços vazios, fugas de água e
como o corpo da barragem está se alterando ao longo do tempo. Ele reforça que
os níveis e históricos de enchimento são
extremamente vitais para a operação e segurança dessas estruturas.
“A perfilagem sísmica contínua baseiase também no princípio da reflexão das
ondas acústicas e constitui-se num
método indireto de investigação de áre-
www.revistaminerios.com.br
Monitoramento deve contemplar testes de sondagem
sônica, inspeção visual e subaquática e o uso de
câmaras fotográficas térmicas, entre outros
Foto: IPT
as submersas rasas (entre 100 – 150 m
de profundidade). Esse processo utiliza
espectros de baixa frequência (abaixo de
10 Khz) o que possibilita a penetração do
sinal na superfície de fundo, identificando
a espessura das camadas de sedimentos
inconsolidados”, explica.
Um desses equipamentos é o sistema
Meridata, fabricado na Finlândia e que
mostra nitidamente o material acumulado
na barragem, sob ponto de vista da resolução e da penetração, com a utilização de
três fontes acústicas que atuam simultaneamente (pinger 24kHz, chirp 2-8kHz e
boomer 0,5-2kHz). O sistema de aquisição de dados é composto basicamente de
uma fonte repetitiva de sinais sísmicos
com características específicas para atuar
no meio líquido, um sistema de recepção
do sinal sísmico (hidrofones), que são
rebocados na superfície da água, e um
sistema de gravação, processamento e
impressão dos dados, que é instalado no
interior da embarcação.
O engenheiro civil Ruben José Ramos
Cardia, diretor da RJC Engenharia, ressalta que o monitoramento deve contemplar um conjunto de ensaios, que inclui,
além dos testes de sondagem sônica, inspeção visual e subaquática e o uso de câmaras fotográficas térmicas. “Atualmente
tem merecido destaque o uso de métodos
geofísicos (auxiliar à instrumentação de
auscultação e complementar para inspeções visuais). Temos também o monitoramento de condições subterrâneas por
energia infravermelha, com visão térmica,
sensores termográficos, fibra ótica e/ou
tomografia (3D)”, afirma Cardia.
O monitoramento visual pode ser feito
com fotografias estacionárias (repetidas
sempre em um mesmo ponto), as quais
podem ser feitas inclusive na forma aérea, com a utilização de drones. Outro
equipamento importante para análise do
comportamento das barragens é piezômetro, que determina as pressões intersticiais e/ou de percolação (deslocamento
da água através do solo), permitindo a
avaliação do fluxo com uma estimativa
do mapa potenciométrico.
“O surgimento de vazões de água (e as
pressões correspondentes ao fluxo subterrâneo) devem ser monitoradas com
medidores de vazão, medidores de nível
d’água (para determinação da linha freática) e/ou piezômetros. Logicamente,
devem ser obtidas amostras de água (de
montante e da surgência) para análises
químicas, ao menos de turbidez”, completa Cardia.
IPT já atuou em projeto
de recuperação de barragem
Recentemente, o IPT atuou na recuperação de uma barragem de mineração em
Poços de Caldas (MG). Na ocasião, foi
identificada, por meio de ensaios de refração sísmica, uma área mais suscetível
no terreno de entorno do reservatório, que
após um projeto de engenharia, recebeu
enxertos de concreto para reforço.
“O IPT possui um corpo técnico de alta
capacitação e equipamentos geofísicos
de última geração para a realização de
ensaios geofísicos tanto no corpo da
barragem quanto na área submersa. Isso
permite gerar um conjunto de dados que
contribui efetivamente para a maior segurança das barragens”, completa Souza.
O instituto foi solicitado a contribuir
com o grupo de estudo da Secretaria de
Energia e Mineração do Estado de São
Paulo, que irá verificar as barragens de
mineração que operam no Estado. O grupo irá visitar 21 barragens de mineração,
analisando os parâmetros técnicos e verificando se a lei está sendo cumprida.
Posteriormente, o estudo será apresentado aos órgãos federais, como o DNPM,
responsável pela fiscalização.
Barragens:
rejeitos x hidrelétricas
Para o engenheiro Ruben José Ramos
Cardia, da RJC Engenharia, a barragem
de rejeitos possui um maior grau de
complexidade, em relação à segurança,
quando comparada com as estruturas
para geração de energia (hidrelétricas)
e abastecimento de água. Isso porque,
a barragem de rejeito envolve a integração de diferentes tipos de materiais
com o corpo da estrutura de contenção
e comumente é feito obras de alteamento
– que aumentam a altura do reservatório
visando a incrementar a sua capacidade
de armazenamento.
“O grande teste de resistência, nas
barragens com água, é integral por ocasião do primeiro enchimento. Já para as
barragens de rejeito, cada alteamento
representa um novo e maior risco (com
o aumento de altura e de carga) para a segurança”, afirma Cardia.
O engenheiro diz que todo projeto deve
ser cuidadoso, mas a construção do alteamento é um dos pontos mais críticos. Ele
lembra que deve existir apoio de monitoramento, para garantir que as condições
existentes permitam a elevação do aterro.
“Uma barragem de rejeito precisa de
todos os cuidados possíveis para sua segurança. Desde um projeto adequado, por
projetista experiente, passando por construção, alteamento cuidadoso por construtora capacitada nesse tipo de obra,
depois sendo garantido o monitoramento
apropriado às condições dessa obra em
particular, para que seja possível a aplicação de eventuais atividades de manutenção, reparo e reforço. Logicamente, não
deve ser excedida a capacidade de projeto
e as condições previstas devem ser executadas de maneira correta, sem economia indesejada”, comenta.
Na mesma linha, Fabio De Gennaro
Castro, consultor e vice presidente do
Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB),
Nov./Dez. 2015 | 21
afirma que a construção de uma barragem de rejeitos minerais ou industrial deve contemplar um conjunto de
atividades. Ele ressalta que a segurança
deveria ser incorporada com um valor
cultural e praticada harmonicamente por
todos envolvidos.
“A segurança é um objetivo a ser permanentemente alcançado, começando pela
obtenção de dados básicos para elaboração do projeto, pela forma de contratação
das obras, pelo acompanhamento por
uma junta de consultores independentes,
se o risco envolvido for grande até a fase
operativa, e mesmo um possível descomissionamento da estrutura”, completa.
Estado
Baixo Risco
Médio Risco
Alto Risco
Total / UF
Amazonas
2
11
13
Amapá
3
1
4
Bahia
9
1
10
Goiás
10
1
11
Maranhão
1
1
2
Minas Gerais
212
2
4
218
Mato Grosso do Sul
15
2
17
Mato Grosso
21
1
1
23
Pará
49
8
57
Paraná
2
2
4
Rio de Janeiro
1
1
Roraima
6
6
14.966 barragens cadastradas
Santa Catarina
3
1
4
89% para uso múltiplo de água
Sergipe
2
2
5% contenção de rejeitos de mineração
São Paulo
16
6
22
4% geração de energia
Tocantins
3
3
353
18
26
397
Barragens no Brasil
2% contenção de resíduos industriais
Fonte: Agência Nacional das Águas
Barragem
Número de barragens de rejeitos de mineração no Brasil
(por Estado e Criticidade)
Legislação e fiscalização
A lei 12.334 de 2010, que determina
Política Nacional de Segurança de Barragens, que criou, dentre outras coisas, o
Sistema Nacional de Segurança de Barragens (SNISB), definiu os procedimentos
a serem seguidos pelos técnicos do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral
(DNPM) durante a fiscalização das barragens de rejeito. O controle se faz pela
a análise processual, na qual se avaliam
os aspectos documentais, de atendimento
à legislação vigente e vistoria de campo,
que envolve a realização de verificação
in loco de diversos aspectos referentes à
operação, manutenção, monitoramento, e
de segurança.
No entanto, a legislação não especifica
quais ensaios e tecnologias devem ser
utilizadas no controle das barragens.
Somado a isso, o baixo número de fiscais compromete o trabalho de fiscalização e aplicação das leis – o DNPM conta com 200 técnicos especialistas para
realizar o controle de todas as barragens
de contenção de rejeitos. – de acordo
com a própria direção do departamento,
o número é insuficiente para atender todas as estruturas.
As barragens são classificadas pelos
agentes fiscalizadores por categoria de
risco, dano potencial associado e volume, com base em critérios gerais esta-
22 | Nov./Dez. 2015
Total
Fonte: DNPM
belecidos pelo Conselho Nacional deRecursos Hídricos (CNRH). A classificação
por categoria de risco em alto, médio ou
baixo é feita em função das características técnicas, do estado de conservação
do empreendimento e do atendimento ao
Plano de Segurança da Barragem.
Para especialistas ouvidos pela revista
Minérios & Minerales a legislação e
fiscalização tem que acompanhar o desenvolvimento das tecnologias e dos
ensaios técnicos dessas estruturas. “O
descompasso entre a adequação das leis
e a velocidade do surgimento e aprimoramento das soluções é um dos principais
gargalos. Na parte de monitoramento, os
regulamentos não preveem alguns ensaios até porque alguns equipamentos foram lançados no ano passado”, comenta
Luiz Antonio Pereira de Souza, do Centro
de Tecnologias Geoambientais do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
Para o engenheiro Ruben José Ramos,
da RJC Engenharia, não está na finalidade
da lei (ou da regulamentação) prever o uso
de equipamentos ou metodologias, isso
normalmente é do conhecimento geral em
normas (guidelines) e no estado-da-arte
e/ou no estado-da-prática. “A legislação
não é falha. Ela é simplesmente nova e
ainda não está adequadamente utilizada.
A lei é apenas um documento, que deve
ter seu uso explicado na regulamentação
(a qual ainda está em desenvolvimento).
A fiscalização normalmente é insuficiente,
seja por falta de verbas, seja por falta de
pessoal, seja por falta de experiência em
emergências, ainda mais tendo em vista o
grande número de estruturas de rejeitos
existentes”, comenta.
Após a tragédia de Mariana (MG), uma
comissão do Senado irá revisar a legislação de segurança de barragens, com o
objetivo de avaliar a Política Nacional da
Segurança de Barragens e do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança
de Barragens. O DPMN também anunciou
que precisa rever toda a normatização da
área e contratar novos consultores para
auxiliar no estudo em relação às barragens de mineração. Nesse sentido, e em
conjunto com Agência Nacional de Águas
(ANA), o órgão solicitou a participação
dos empreendedores de barragens de
mineração a participar da pesquisa destinada a elaboração do Relatório de Segurança de Barragens (RSB) 2015 – o prazo
para envio das informações se encerrou
em 20 de dezembro.
O DNPM relaciona 602 barragens de rejeitos minerais – porém, somente 397 delas
estão enquadradas na Política Nacional de
Segurança de Barragens (PNSB). Dessas,
218 (duzentos e dezessete) localizam-se
no estado de Minas Gerais. Em 2014, foram vistoriadas 141 estruturas.
Samarco mobiliza 686 funcionários
e terceirizados
Força tarefa montada pela empresa trabalha para minimizar danos ambientais
e sociais nas cidades afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão
A
pós o acidente em Mariana (MG),
ocorrido em 5 de novembro, a
Samarco reuniu a imprensa, comunidade e autoridades para expor as
ações para reparar os estragos, causados pelo rompimento da barragem de
Fundão, bem como atividades de apoio
à população atingida. Durante esses encontros, Ricardo Vescovi, presidente da
empresa, lamentou profundamente, em
nome da mineradora, os danos ambientais, sociais e as vidas perdidas em função do acidente, e ressaltou que a mineradora não poupará esforços e recursos
para garantir o atendimento humanitário
e a remediação ambiental das cidades
afetadas pela tragédia.
Para auxiliar nos trabalhos, a empresa
mobilizou 686 pessoas, entre funcionários próprios e de empresas terceirizadas.
Em 11 de dezembro, foi feita a transferência de 50% das famílias desabrigadas
para residências temporárias alugadas
pela companhia. Com isso, 200 das 393
famílias afetadas pelo acidente da barragem nos distritos mineiros de Mariana e
em Barra Longa estão em condições adequadas de moradia. Ao todo, 754 pessoas
foram acomodadas. Segundo a mineradora, a reacomodação das demais famílias
que permanecem em hotéis, pousadas e
casas de parentes na região, que totalizam
545 pessoas (em 15/12), prossegue diariamente, com participação ativa da Secretaria Municipal de Assistência Social.
Em relação ao abastecimento de água
prejudicado em função do escoamento
da lama da barragem pelo curso do Rio
Doce, a empresa implantou pontos de
distribuição de água em Colatina e Governador Valadares. Além disso, a Samarco realizou um trabalho conjunto com as
equipes técnicas do Serviço Autônomo de
Água e Esgoto – SAAE – de Governador
Valadares, a COPASA e empresas fornecedoras de produtos para tratamento de
água, para processar água bruta e fornecer água tratada. Segundo laudos técnicos apresentados pela empresa, o rejeito
proveniente da barragem não é tóxico.
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Os municípios que foram impactados
pelo abastecimento de água do Rio Doce
estão sendo contemplados pelas ações
acima. Os municípios afetados em Minas Gerais foram: Bento Rodrigues,
Cláudio Manoel, Camargos, Paracatu de
Cima, Paracatu de Baixo, Pedra, Campinas, Borba, Gesteira, Barra Longa, Rio
Doce, Santa Cruz do Escalvado, Bela
Oriente, Periquito, Pedra Corrido, Alpercata, Governador Valadares, Tumiritinga,
Galilé, Resplendor, Quatituba, Itueta, Aimorés. No Espírito Santo: Baixo Guandu,
Colatina, Marilândia, Linhares, Regência
e Povoação.
As ações da empresa envolvem também
o apoio financeiro a pescadores e ribeirinhos, com a distribuição de cartões de
débito para essas pessoas que tiveram a
subsistência impactada pelo acidente da
barragem em Mariana. Os cartões foram
entregues no dia 10 de dezembro, em Resplendor (MG) e Colatina (ES), durante reuniões com os líderes de oito associações
e colônias que representam os pescadores
do Vale do Rio Doce. O plano vai atender
trabalhadores de 37 municípios, ao longo
de 600 km do Rio Doce, que estão impedidos de exercer suas atividades no rio.
A mineradora entregou também cartões
de auxílio financeiro para 50 famílias da
sede e distritos do município de Barra
Longa que perderam sua fonte de renda
após o acidente da barragem. Por meio
dele, será repassado mensalmente, e em
caráter temporário, um salário mínimo
para cada família, mais um adicional de
20% do salário para cada um dos dependentes e cesta básica no valor de
R$338,61. A entrega continua sendo feita
até que todos os núcleos familiares elegíveis sejam atendidos.
Como ação preventiva, espécies de
peixes e crustáceos das regiões de Baixo
Guandu, Colatina, Linhares e Aimorés
foram resgatados e encaminhados para
outros cursos d’águas, com características semelhantes ao de seu habitat original. A Aqua Ambiental, especialista em
monitoramento do Meio Ambiente, e o
Instituto de Pesquisa e Reabilitação de
Animais Marinhos (IPRAM), empresas
contratadas pela Samarco, coletaram
2.308 espécies entre Linhares e Baixo
Guandu. Ao todo, mais de 150 mil exemplares foram transferidos.
Em Aimorés, o trabalho está sendo feito pela empresa Brandt Meio Ambiente,
consultoria especializada em programas
e estudos na área ambiental, responsável
pelo resgate de outras 244 espécies. Após
a coleta dos peixes as empresas estão realizando trabalhos técnicos como catalogação e identificação de espécies nativas
e exóticas.
A empresa, que contribui com 80% da
arrecadação de impostos em Mariana e
geração de emprego, anunciou que segue
com os trabalhos de investigação sobre
acidente, ao mesmo tempo em que manterá a intensidade das ações mitigatórias
juntos as comunidades e meio ambiente
Números do acidente
62 milhões m3 de rejeitos liberados
1,5 mil hectares de vegetação e 158 casas destruídas
35 cidades afetadas pela lama
218 famílias acomodadas em novas casas
811 famílias com atendimentos psicossociais
Mais de 5 mil peixes e animais terrestres resgatados
314 milhões de litros de água potável e 32,3 milhões de litros de água mineral disponibilizados em MG e ES
7 comunidades e subdistritos afetados pela lama
7 pontes reconstruídas
Nov./Dez. 2015 | 23
Programa visa à recuperação ampla do Rio Doce
Foto: Matthew Percival
A
pós o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana
(MG), o Instituto Terra, fundado pelo fotógrafo Sebastião
Salgado, reforçou a necessidade de implantação do projeto
Olhos D’Água, que objetiva a recuperação das nascentes e da mata
atlântica que circunda o Rio Doce. Segundo informações do instituto, o programa pretende recuperar 370 mil nascentes e instalar
fossas sépticas, evitando que o esgoto seja despejado no rio.
De acordo com Salgado, a degradação já é antiga e está relacionada à atividade de agricultura, majoritariamente. Ele propôs
a criação de um fundo exclusivo para recuperação do rio Doce,
com capital proveniente das empresas BHP Billiton e Vale, controladoras da Samarco. A ONG estima que seja necessário R$ 5
bilhões para implantação do programa.
O instituto, fundado por Salgado, possui o maior viveiro de
espécies do estado de Minas Gerais e pode treinar os técnicos e pessoal de apoio que vão trabalhar na recuperação. A
ONG já viabilizou o plantio de mais de 2 milhões de mudas
de árvores, ajudando a reflorestar mais de 7,5 mil hectares de
Sebastião Salgado, fundador do Instituto Terra
áreas degradadas de Mata Atlântica em vários municípios do
Vale do Rio Doce, entre os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O projeto-piloto já recuperou em torno de 1.200
nascentes
Mineradoras anunciam
criação de fundo
As controladoras da Samarco, Vale e BHP, anunciaram a criação
de um fundo voluntário para a recuperação do Rio Doce, atingido
pela lama despejada após o rompimento de duas barragens da
Samarco, em Mariana (MG). A ideia é utilizar os recursos para
reparar os danos, mitigar os impactos do desastre, recuperar a
bacia do Rio Doce e indenizar os moradores afetados.
De acordo com o presidente da Vale, Murilo Ferreira, o objetivo do projeto é recuperar o rio, e isso tem de abranger questões como saneamento, mata ciliar, nascentes. “É uma longa
construção, mas o que queremos dizer é que vamos fazer agora”,
ressaltou Ferreira durante encontro com a imprensa.
O executivo disse ainda que o fundo está aberto para a participação de outras empresas, assim como instituições e entidades.
Foto: Instituto Terra
Barragem
Projeto Olhos D’Água, que já existia antes da tragédia em Mariana, envolve a recuperação
de nascentes e vegetação do Rio Doce, além de tratamento de esgoto.
A degradação é antiga e provém da agricultura
24 | Nov./Dez. 2015
São Paulo irá avaliar
barragens de mineração
Grupo de especialistas elaborará estudo para analisar condições
e riscos das 21 barragens de mineração do estado
A
Secretaria Estadual de Energia
e Mineração do Governo Estado
de São Paulo criou um grupo
de trabalho para analisar as situações
das barragens de mineração no estado. O objetivo da medida é reduzir os
riscos nas barragens por meio da elaboração de um relatório com recomendações para as empresas responsáveis
pelas barragens visando à adequação
das estruturas, adoção de novas tecnologias e a mitigação de riscos conforme as leis vigentes. O estudo, que
deve ser apresentado em três meses,
também conterá sugestões de melhorias nos sistemas de fiscalização dos
órgãos públicos federais, estaduais e
municipais, como o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral ligada ao
Ministério de Minas e Energia.
“Esse é um trabalho que vem sendo
planejado desde o começo do ano pela
subsecretaria de Mineração, mas ganhou notoriedade, infelizmente, com
o acidente em Mariana (MG). Além de
verificar a situação atual das barragens
e os riscos que elas podem causar
esse grupo de trabalho irá olhar para
o futuro e sugerir inovações. Essa é
a colaboração que São Paulo quer
dar para o Brasil”, afirma o secretário
de Energia e Mineração, João Carlos
Meirelles.
Meirelles explica que, em um primeiro momento, o grupo irá visitar as barragens do Estado, verificando os parâmetros gerais e se as leis estão sendo
cumpridas. Segundo dados do DNPM,
o Estado de São Paulo conta com 21
barragens de mineração cadastradas
dentro da política nacional de segurança de barragens. São barragens
de pequeno porte, sendo a maioria de
produção de areia e brita.
“Quem fiscaliza é o DNPM, o que
nós estamos fazendo é uma trabalho
complementar. Estamos construindo
um alicerce muito sólido de informações sempre no sentido de prevenir
e, sobretudo, construir modelos que
evitem não só o risco, mas que gerem
oportunidade. São Paulo é o maior
consumidor de produtos minerais do
País e o terceiro em produção mineral
do País”, comentou Meirelles após a
reunião inaugural do grupo.
Majoritariamente, as minas em operação no território paulista, cerca
de 2,8 mil, são de pequeno e médio
porte, sendo mais de 90% do setor de
agregados para construção civil, ou
seja, produtoras de areia, brita, calcário e argila. Segundo a secretaria,
algumas delas possuem pequenas barragens de rejeito, diferentemente das
grandes barragens de minério de ferro.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) também fará parte do grupo
de trabalho. “Esse grupo multisetorial reúne os melhores especialistas
do Governo do Estado para estudar
essa área. Teremos uma visão ampla
da situação das barragens do Estado”,
afirma o coordenador do grupo e subsecretário de Mineração, José Jaime
Sznelwar.
Na classificação DNPM, duas barragens de mineração no estado - em
Mogi das Cruzes e na capital - têm nível de risco alto. Outras três barragens
- todas em Cajati, no litoral sul - estão
classificadas como de “alto risco de
dano potencial”.
A Secretaria de Energia e Mineração diz que acompanha, desde 2011,
a situação da exploração mineral no
estado de São Paulo, com a criação
da Subsecretaria de Mineração, o
mapeamento da produção mineral e a
produção de Ordenamento Territorial
Geomineiro (OTGMs).
A coordenação do grupo de trabalho para análise das barragens será
feita pelo subsecretário de Mineração
José Jaime Sznelwar. O governo também deve convidar representantes do
DNPM e da USP, além de outras entidades ligadas à área.
Nov./Dez. 2015 | 25
Tecnologia permite verificar em tempo real
percolação de água nas estruturas
Sistema inteligente, chamado VMS, permite se acompanhar em tempo real o comportamento da estrutura
Controle e Monitoramento
A tecnologia de monitoramento se baseia em conjuntos de sensores que são
instalados nas barragens. A análise detalhada dos dados obtidos pelo sistema
de monitoramento fornece alerta precoce sobre os processos de umectação da
barragem e do potencial enfraquecimento
da sua estabilidade. Os dados do sistema
podem ser acompanhados pela internet
para análise em tempo real do estado de
umidade da barragem.
O monitoramento em tempo real pode
conduzir a economias substanciais nos
custos de manutenção e reparos, aumentar dramaticamente a confiabilidade das
barragens, elevando a confiança dos habitantes da região, investidores, proprietários e operadoras.
Segundo Flávio Barros, gerente de
vendas da Tenova do Brasil, “o sistema
garante o controle dos processos de manutenção como o alerta precoce e a gestão de riscos com base na mais avançada
tecnologia, que envolve a transferência de
dados e análise da informação fornecida
pelo instrumental de última geração, e
reduz de maneira significativa o número
de falhas nas barragens causadas na sua
maioria pelas infiltrações”, explica.
26 | Nov./Dez. 2015
Estudo: processo
de ruptura das barragens
A Tenova BatmanTechnologies (TBT)
possui diversos artigos publicados com
base no estudos de medidas integradas
de gerenciamento de riscos e emergências
em barragens devido aos processos de infiltração de água no solo, que corroboram
a longo prazo para o enfraquecimento, a
perda da estabilidade e potencialmente até
mesmo a ruptura da barragem.
Atualmente, a maioria dos programas
de monitoramento nas barragens de terra são baseados na medição do nível de
água dos lençóis freáticos com o uso de
piezômetros que detectam a água livre
nos poços designados, indicando a saturação indesejável do sedimento da barragem. Porém estudos da Tenova Bateman
Technologies (TBT) identificaram que o
fluxo de água em condições não saturadas é considerado como um processo
complexo e instável, que é fortemente
dependente das propriedades hidráulicas
e químicas reais dos sedimentos, como
também da capacidade de medição in-situ, e das condições hidráulicas do sedimento insaturado.
Por isso, os estudos desenvolvidos pela
companhia levaram ao desenvolvimento
da tecnologia (VMS) de monitoramento
in-situ que mede continuamente as con-
dições reais do sedimento na subsuperfície, no interior do corpo das barragens, e
é capaz de detectar o início de infiltração.
Resultados comprovados
O sistema foi implementado com sucesso em vários projetos de barragem
semelhantes em várias configurações hidrológicas e geológicas. Isso inclui a infiltração da água de inundação nos canais
e reservatórios, baixa lixiviação de contaminantes em ambientes agrícolas e também em aterros, e controle dos processos
de remediação em área contaminada.
O VMS é capaz de monitorar as seções
mais profundas de sedimentos insaturados que prevalecem nas pilhas de minério. Foi testado com sucesso em aquíferos
aluviais rasos, com monitoramento sob
rios efêmeros e em desertos hiper-áridos
em paises como EUA, Namíbia, África do
Sul, Israel e Espanha.
Os dados coletados pelo sistema permitem medições diretas das variações
temporais no conteúdo de água dos sedimentos em relação aos ciclos de irrigação
implantados na superfície da terra. Como
tal, a velocidade de infiltração da água e os
fluxos nos sedimentos insaturados podem
ser medidos em linha e fornecer feedback
direto aos gerentes do projeto sobre a velocidade do processo de infiltração.
Tecnologia VMS pode ser aplicada
para monitoramento inteligente de
barragens, diques de terra e aterros
Foto: Tenova
Barragem
A
Tenova Bateman Technologies
(TBT) lançou uma tecnologia inédita de monitoramento inteligente
de barragens, diques de terra e aterros,
denominada Vadose Zone Monitoring
System (VMS).
O sistema foi desenvolvido para facilitar a medição direta do fluxo de água e
o transporte dos agentes contaminantes.
Desenvolvido inicialmente para fins científicos, a solução foi aperfeiçoada como
ferramenta industrial robusta e implementada para uma ampla gama de condições
hidrológicas, geológicas e químicas.
Nas barragens o sistema permite que
desde os operadores e gerentes até
agências fiscalizadoras obtenham dados
contínuos em tempo real do processo de
percolação da água através das barragens
de terra ou diques de aterro.
Monitoramento Integrado
de Barragens Brasileiras
Por José Bartolomeu Ferreira Fontes, Orjana Carvalho Alcantara Silva e Mathias Schlosser*
O
número de acidentes envolvendo barragens no Brasil tem aumentado nos últimos anos. Para
que desastres como o de Mariana sejam
evitados, os diversos tipos de barragens
requerem
monitoramento contínuo visando à segurança e integridade de sua estrutura.
Os riscos atrelados ao rompimento de
barragens são, na maioria dos casos, de
grandes proporções, envolvendo riscos a
vida humana, riscos materiais, ambientais e sociais. Além disso, sua posição
topográfica favorece a propagação do desastre em grande escala, pois geralmente
encontram-se situadas em vales de rios,
córregos e afluentes a montante de cidades que são as imediatamente atingidas
e, na maioria das vezes, sem tempo de
evacuação total das mesmas.
Utilizadas para acumular água ou decantar rejeitos, as barragens causam impacto
desde a sua construção. Dependendo do
tamanho e do volume a ser represado,
uma grande área de vegetação precisa
ser suprimida ou simplesmente alagada,
muitos habitats acabam sendo destruídos
pela inundação e em alguns casos cidades e propriedades precisam ser realocados para tal.
Várias são as causas de acidentes envolvendo barragens, dentre elas projetos
mal elaborados (incluindo o local escolhido), barragens construídas com materiais impróprios, falta de monitoramento
apropriado, rupturas ocasionadas por
falta de manutenção, acúmulo de material
sobrecarregando a estrutura, etc.
A GeoTag Engenharia utiliza metodologias integradas que permitem o monitoramento contínuo da segurança da
barragem. Para tal, devem ser executadas
inspeções regulares nas estruturas das
mesmas, controle da descarga nos drenos
e vertedouros, levantamentos batimétricos para medir a variação da profundidade da coluna d’água bem como o volume
de água retido pela barragem, variação do
volume de material sedimentar retido no
sistema, identificação de deslocamentos,
falhas estruturais visíveis submersas e
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emersas, etc. Além disso, utilizando sensoriamento remoto (imagem de satélite) e
receptores GNSS, pode-se detectar movimentação da estrutura.
Outro método bastante eficiente realizado
pela GeoTag, são os sonares de varredura
lateral (figura ao lado), que possibilitam
realizar uma “ultrassonografia” do fundo e
do talude da estrutura submersa da barragem, mostrando se há fendas ou materiais
que comprometam a sua estabilidade e
segurança. Com levantamentos do fundo
das barragens, pode-se ter um controle
dos volumes e perfis dos materiais acumulados e com isso comparar, ao longo
do tempo, a tendência de deslocamento e
registrar o histórico do avanço do material em direção do barramento. Com esta
sequência de dados é possível estabelecer
gráficos e modelos de tendências para as
simulações e gerenciamento de riscos.
Nesses monitoramentos, determinar a
quantidade de sedimentos já dentro do
sistema da barragem e a quantidade que
vem sendo descarregada dentro dele é
fundamental. Uma vez detectada que a
capacidade máxima de sedimentos está
sendo alcançada, três medidas podem ser
tomadas: aumentar a barragem (o que envolve na maioria dos casos uma perda de
área e de vegetação nas margens), dragar
o rejeito para um novo processo de extração, ou desativar a unidade canalizando
para outro reservatório o material que seria descarregado na mesma.
Tendo como exemplo uma das mais
importantes reservas minerais brasileiras, detentora das maiores jazidas minerais, além de outros depósitos importantes e economicamente valiosos, citamos
seis barragens utilizadas para diversos
fins. Sendo quatro para sedimentos,
uma para o ajustamento de água e uma
para a recuperação de minério. Todas
estas barragens possuem um sistema de
gestão de barragem, em que é executada uma série de frequentes observações
por piezômetros, linígrafos, levantamentos batimétricos, geodésicos, inspeções
periódicas e controle da descarga dos
drenos e vertedouros.
Ao longo de onze anos de experiência
com o monitoramento e consultorias de
barragens e operação de dragagem, a GeoTag Engenharia acompanha a segurança
e o resultado das dragagens com levantamentos frequentes e monitoramentos em
tempo real na execução dos trabalhos. O
processo de dragagem dos reservatórios
normalmente visa ao aprofundamento do
reservatório das barragens e por vezes alcançar as condições originais da mesma,
ocasionando o menor impacto ambiental
possível, uma vez que com a dragagem
não há necessidade do aumento do barramento e, por conseguinte, a extensão
da área alagada. Dependendo do teor
do material ainda existente no rejeito, é
possível que este seja aproveitado para
nova extração de minerais com valor comercial. É difícil calcular precisamente o
tamanho de danos que podem ocorrer ao
meio ambiente em casos de acidentes.
Na Lei Nº 12.334, de 20 de Setembro de
2010, que estabelece a Política Nacional
de Segurança de Barragem, (PNSB) e
cria o Sistema Nacional de Informações
sobre Segurança de Barragens (SNISB)
o plano de gestão é bastante abrangente
e completo. Os estudos anteriormente
citados são complementares ao plano
de gestão, mas, já adotados em várias
barragens nacionais. A conclusão dos
estudos disponibiliza um histórico de
levantamentos onde providencias necessárias possam ser tomadas para que sejam evitadas tragédias como as que tem
ocorrido no Brasil.
Todos os esforços em termos de investigações científicas, de manutenção
e investimentos financeiros são válidos
e extremamente necessários para manter
a segurança em micro e macro escala.
Principalmente quando envolve uma atividade que pode oferecer risco, mas em
contrapartida é de extrema importância
econômica, social e ambiental. Todos os
dispositivos tecnológicos disponíveis devem ser utilizados.
(*) José Bartolomeu Ferreira Fontes, diretor presidente;
Orjana Carvalho Alcantara Silva, diretora; e Mathias Schlosser, supervisor; todos da GeoTag Engenharia.
Nov./Dez. 2015 | 27
Mineradoras que receberam
destaque na edição deste ano
Além dos rankings de produção e de investimentos em meio ambiente, exploração,
aquisição de máquinas e equipamentos, 11ª edição especial apresentou programas importantes
de segurança, redução de custos e aumento da produtividade
28 | Nov./Dez. 2015
tes, e a mina de ouro São Francisco, da
Mineração Apoena, completou mais de
10 milhões de homem-hora trabalhadas
sem a ocorrência de acidente com afastamento. Segundo a empresa, o resultado é
Foto: Anglo American
Mina do Sapo, onde a Anglo American
extrai minério de ferro
Mineração Jacobina é um dos destaques
da edição 200 Maiores Minas Brasileiras
Foto: Mineração Jacobina
200 Maiores Minas Brasileiras
E
m função do acidente da barragem em Mariana (MG), o evento
das 200 Maiores Minas não foi
realizado este ano. Durante o tradicional
encontro, que premia as mineradoras que
se destacaram no ano anterior (2014), é
lançada a edição especial da revista Minérios & Minerales que publica os
rankings de investimentos das mineradoras nas áreas de exploração mineral,
segurança, preservação ambiental, manutenção e aquisição de máquinas e equipamentos para mina e planta, tecnologia da
informação, entre outros.
Além desses dados, a publicação ranqueia a produção das 200 maiores minas com base nas informações enviadas
pelas mineradoras referentes ao ano anterior (2014) e compilados ao longo do
ano. A edição especial traz ainda os perfis
das companhias, com informações sobre
equipe técnica e operações das empresas.
De acordo com o levantamento, 70 minas do País, que produzem ferro, ouro,
cobre, fosfato, bauxita, calcário, entre outros minérios, investiram R$ 2,44 bilhões
em 2014. Os aportes foram direcionados
para a aquisição de máquinas e equipamentos (mina e planta), programas de segurança e preservação ambiental, exploração geológica, manutenção e ampliação
das unidades industriais, renovação de
licenças de softwares, etc.
Já há alguns anos, a mina de amianto
crisotila Cana Brava, da Sama, é destaque na área de segurança. A unidade, que
investiu R$ 1.052.722 em programas de
segurança, está com mais de 1.418 dias
sem acidentes, quase quatro anos. A mina
de ouro Cuiabá, da AngloGold Ashanti,
aportou mais de R$ 8 milhões em segurança no ano 2014, desenvolvendo ações
para disseminar a cultura de segurança e
reforçando procedimentos e treinamentos. Ainda nesta área, a mina Laginha,
da Votorantim Cimentos, completou, em
fevereiro de 2011, 11 anos sem aciden-
fruto do programa “Abordagens Comportamentais”, que tem como objetivo fornecer orientação aos colaboradores durante
a execução de suas atividades de trabalho
(orientação em serviço), avaliando a efi-
A revista Minérios & Minerales aproveita o lançamento da 11a edição das 200 Maiores Minas Brasileiras para prestar uma homenagem a José Corgosinho de Carvalho Filho, fundador da
Ferbasa, que faleceu, aos 84 anos no dia 21 de outubro de 2015 em Salvador (BA). Nascido em
Minas Gerais, José Carvalho radicou-se na Bahia desde 1960. O empresário é considerado um
dos mais importantes nomes da história do empresariado e da educação da Bahia. Com grande
visão e propósitos humanitários, fundou uma das maiores empresas do estado, a Companhia de
Ferro Ligas da Bahia - Ferbasa na área de mineração, metalurgia e reflorestamento. Entretanto,
o maior legado do empresário foi a Fundação José Carvalho, entidade sem fins lucrativos, que
proporciona a milhares de crianças e adolescentes acesso a estudos de qualidade.
cácia dos procedimentos operacionais e
treinamentos
Muitas minas completaram marcas importantes, de décadas de operação e contribuição para o desenvolvimento da indústria
mineral. Fundada em 1916, a mina de calcário Baltar, da Votorantim Cimentos, fez 80
anos. Mais nova, mas não menos importante, a mina de ferro Pau Branco, da Vallourec,
completou 35 anos em 2015.
Além dessas operações, algumas mi-
Foto: Ferbasa
Homenagem especial a José Corgosinho
José Corgosinho de Carvalho
Filho, fundador da Ferbasa
neradoras foram destaques por seus
projetos de redução de custo e aumento
da produtividade, como o programa de
mina de ouro Jacobina, da Yamana, que
aprimorou suas atividades de perfuração
e recuperação metalúrgica que resultaram
em ganhos de US$ 7,2 milhões. Já a mina
de fosfato Lagamar, da Galvani, obteve
sucesso com um projeto de redução de
custos no overflow da deslamagem.
Em energia, a mina de zinco Morro Agudo,
da Votorantim Metais, economizou cerca de
R$ 175 mil e a venda da energia excedente
gerou R$ 3 milhões. A mina Morro do Ouro,
da Kinross, reduziu 4% nos custos de produção – em 2015, a unidade completou 28
anos de operação. Muito desses trabalhos,
implementados com sucesso nas unidades mineradoras, serão detalhados no VIII
Workshop de Redução de Custo na Mina
e na Planta que ocorrerá em maio de 2016,
em Belo Horizonte (MG).
Destaques da 200 Maiores Minas Brasileiras – Edição 2015
Mina
Mineradora
Substância
Localização
Baltar
Votorantim Cimentos
Calcário
Votorantim - SP
Sama
Amianto Crisotila
Minaçu - GO
Candiota
Companhia Riograndense de Mineração (CRM)
Carvão
Candiota - RS
Caraíba
Mineração Vale do Curaçá
Cobre
Jaguarari - BA
Cuiabá
AngloGold Ashanti
Ouro
Sabará - MG
Cana Brava
Ebam – Unidade Seropédica
Fazenda Brasileiro
Fontanella
Ipueira
Ebam
Pedra britada (gnaisse)
Seropédica - RJ
Mineração Fazenda Brasileiro
Ouro
Barrocas - BA
Carbonífera Metropolitana
Carvão
Treviso - SC
Ferbasa
Cromita
Andorinha - BA
Jacobina
Mineração Jacobina
Ouro
Jacobina - BA
Lagamar
Galvani
Fosfato
Lagamar - MG
Laginha
Votorantim Cimentos
Calcário
Ladário - MS
Mina do Sapo
Anglo American
Ferro
Conceição do Mato Dentro – MG
Monte Branco
MRN
Bauxita
Oriximiná - PA
Morro Agudo
Votorantim Metais
Zinco
Paracatu - MG
Paracatu - MG
Morro do Ouro
Kinross
Ouro
Olho d´água dos coqueiros
Xilolite
Talco
Brumado - BA
Pau Branco
Vallourec
Ferro
Brumadinho - MG
Pedreira Barueri
Serveng
Pedra britada (granito)
Barueri - SP
Recreio B3
Copelmi
Carvão
Butiá - RS
Rocha Sã
Taboca
Cassiterita
Presidente Figueiredo - AM
São Francisco
Mineração Apoena
Ouro
Vila Bela da Santíssima Trindade - MT
Serra Grande
AngloGold Ashanti
Ouro
Crixás - GO
Vale
Ferro
Parauapebas - PA
Gerdau
Ferro
Itabirito – MG
Supremo Cimento
Cimento
Adrianópolis - PR
LafargeHolcim
Cimento
Barroso - MG
Serra Leste
Várzea do Lopes
PLANTAS DE CIMENTO
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Nov./Dez. 2015 | 29
Minas-Rio implanta 12 sistemas de automação
para suporte ao ramp-up
Por Gerson Bastos*
30 | Nov./Dez. 2015
Teste funcional abrangente dos cenários
de negócio mais críticos com o envolvimento de usuários-chave, simulando a
operação do Sistema Minas-Rio da mina
ao porto;
Governança: Desenho e estabelecimento de processos visando garantir que
manutenções corretivas e evolutivas dos
sistemas individuais não comprometam a
solução integrada;
Partida e Operação Assistida:
Acompanhamento dos sistemas após a
entrada em operação, para garantir o comportamento e o desempenho projetados.
Passados 10 meses da partida integrada
dos sistemas implantados, foram realizadas manutenções evolutivas nos sistemas, visando à aderência aos processos
que também estão em amadurecimento
durante o ramp-up. Os sistemas estão
operando integradamente de forma bastante satisfatória. Uma rica base de dados
está sendo criada, e a maior parte das
melhorias solicitadas pelos usuários está
relacionada à criação de novos indicadores de desempenhos e novos relatórios.
Pode-se dizer que o Sistema Minas-Rio
teve o suporte dos sistemas implantados desde a sua partida, o que dificulta
a quantificação dos benefícios proporcionados pela implantação dos mesmos.
Comparando o início das operações do
Sistema Minas-Rio com outros empreendimentos minerários, é notável a melhoria no processo de tomada de decisão
devido à transparência, confiabilidade e
democratização dos dados de processo e
de indicadores de desempenho operacionais, táticos e estratégicos. Não é prática
comum no setor de mineração que tantas
ferramentas de gestão integrada estejam
disponíveis já nos estágios inicias da
operação. Outro benefício evidente é a
integração da cadeia produtiva da mina
ao porto. Com a padronização dos indicadores e relatórios, é possível comparar
todos os processos sob as mesmas métricas e tomar decisões com base em todo
o empreendimento, e não apenas em áreas de processos pontuais.
A Anglo American está empenhada em
alcançar o estado de excelência no gerenciamento das suas operações, buscando
uma posição de liderança na indústria de
mineração. O Sistema Minas-Rio está em
posição de destaque, com sistemas de
tecnologia de ponta e um dos conjuntos
de sistemas de automação industrial mais
integrados do mundo.
(*) Gerson Bastos é engenheiro especialista do Minas-Rio, formado em Engenharia de Controle e Automação pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com especialização em beneficiamento mineral pela Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP).
Imagem: Anglo American
Minério de Ferro I
O
Sistema Minas-Rio é um empreendimento da multinacional
Anglo American, que inclui uma
mina de minério de ferro e unidade de
beneficiamento em Conceição do Mato
Dentro e Alvorada de Minas, em Minas
Gerais; mineroduto com 529 km de extensão e que atravessa 33 municípios mineiros e fluminenses; e o terminal de minério
de ferro do Porto de Açu, no qual a Anglo
American é parceira da Prumo Logística
com 50% de participação, localizado em
São João da Barra (RJ).
Para dar suporte para as equipes da
diretoria de operações no cumprimento da curva de ramp-up planejada, em
2010 foi contratada uma consultoria para
identificar os processos operacionais que
poderiam ser apoiados com ferramentas
de coleta de dados e gestão da informação. Na ocasião, foram identificadas 16
ferramentas computacionais, das quais
12 foram priorizadas para entrada em
operação durante o ramp-up do empreendimento, compondo um Plano Diretor
de Automação Integrado (PDAI), em que
12 projetos foram gerenciados como um
único programa. Os sistemas priorizados
são apresentados na tabela ao lado.
O programa de implantação dos sistemas
integrados foi dividido nas seguintes fases:
Análise Funcional: Mapeamento funcional entre os sistemas e os processos
operacionais, com a identificação e o tratamento de escopos funcionais sobrepostos e descobertos;
Detalhamento: Detalhamento dos requisitos técnicos a partir dos requisitos
funcionais levantados na fase de análise;
Desenvolvimento e Testes: Implementação das especificações técnicas,
testes unitários de cada um dos sistemas
isolados e correção de eventuais problemas encontrados;
Testes de Conectividade: Verificação técnica da conectividade entre os sistemas integrados;
Testes de Integração: Verificação
funcional do funcionamento integrado
dos sistemas;
Teste de Simulação de Negócio:
Projeto
Descrição
Aplicação
DMM
Além da busca pela otimização dinâmica das operações, também é responsável pela coleta e armazenamento de toda a gama de informações necessárias
para controles de produção, indicadores de frotas,
manutenção e custos
Habilitar plano de lavra automaticamente no sistema;
Fornecer dados de produção e qualidade associados às condições
operacionais da mina;
Habilitar ordem de produção;
Possibilitar controle de qualidade em estoques e na britagem;
Permitir definição de um estoque com qualquer tipo de material;
Monitorar posição e performance da frota na mina.
Responsável pela captura automática de dados
relevantes do processo, desde o beneficiamento até a
filtragem, pelo armazenamento e transformação dessas
variáveis e, finalmente, pela disponibilização segura e
robusta das mesmas.
Visualização histórica e em tempo real de dados de instrumentos
de campo, como medidores de nível, densidade, pressão, vazão,
densidade, dentre outros;
Geração de tabelas, gráficos de tendência e sinóticos para suporte ao
controle de processo;
Fornecimento de dados para os sistemas de gestão de mais alto nível.
Orientado à melhoria de desempenho dos processos de
produção, que complementa e aperfeiçoa os sistemas
integrados de gestão tipicamente empregados em
Planejamento e Controle da Produção
Apropriar tempo de parada da planta;
Permitir o gerenciamento adequado e eficiente do processo;
Permitir rastreabilidade da produção e dos custos com insumos e
utilidades;
Disponibilizar relatórios de Disponibilidade, Utilização, Recuperação Metalúrgica, Rendimento Operacional, OEE, MTTR, MTBF por
equipamentos e Linhas, e Relatórios de eficiência de manutenção;
Controlar todo o ciclo produtivo do empreendimento.
Controla a operação do laboratório físico e químico,
apoiando no planejamento e coletando dados de
execução.
Capturar dados de instrumentos de laboratório e de campo;
Utilizar código de barras para leitura, identificação, registro e rastreamento de amostras;
Permitir cálculos, padronização de operações e procedimentos de
calibração;
Calcular automaticamente os resultados dos dados dos vários tipos
de amostras;
Disponibilizar relatórios para controle de qualidade;
Fornecimento de dados para os sistemas de gestão de mais alto nível.
Utiliza informações de processo e cálculos matemáticos/estatísticos para corrigir automaticamente
medições feitas no processo.
Calcular balanços de massa e água em toda a cadeia produtiva, da
mina ao porto;
Detectar erros de medição e fazer a reconciliação dos dados;
Monitorar e sinalizar perdas;
Emitir relatórios de resultados de cálculos de rendimento e produção, consumido, produtos intermediários e produtos finais.
Orientação às operações da frota de equipamentos
da empresa para permitir a transmissão de dados do
consumo de combustível
Controle remoto e registro de abastecimento de veículos em seus
postos fixos e postos móveis equipados com controlador de
abastecimento.
Disponibilização de dados para gestão e controle de abastecimento
de frotas e postos, autorizar ou negar a operação de abastecimento/lubrificação conforme configuração.
Análogo ao sistema FCS, suporte para as equipes de
manutenção no controle de lubrificantes.
Análogo ao sistema FCS, tem as mesmas aplicações com lubrificantes.
Dispatch Modular Mine
Sistema de Gerenciamento da Mina
Pims
Plant Information Management System
Sistema de Gerenciamento de Informações do Processo
MES
Manufacturing Execution System
Sistema de Gerenciamento de Produção
Lims
Laboratory Information Management System
Sistema de Gerenciamento de Informações do Laboratório
DVR
Data Validation And Reconciliation
Sistema de Validação e Reconciliação de Dados
FCS
Fuel Control System
Sistema de Controle de Combustíveis
LCS
Lubricant Control System
Sistema de Controle de Lubrificantes
BLS
Blockage System
Sistema de Bloqueio de Energias
PLS
Port Logistics System
Sistema de Logística Portuária
Sistema que faz a gestão dos bloqueios de energia dos
equipamentos da planta, com a função de definir quais
bloqueios devem ser efetuados para permitir a execução
das atividades com segurança, evitando acidentes pelo
desprendimento de energias.
Responsável por auxiliar no planejamento e execução
do empilhamento, carregamento de navios e planejamento detalhado de cargas nos porões, integrando as
operações do porto com diversos stakeholders.
Diligenciar a integração de fornecedores, clientes, órgãos governamentais e empresas de serviços terceirizados que compõem a operação
portuária;
Dar visibilidade aos objetivos e metas de planejamento de produção
propostos para o porto;
Controlar o carregamento de navios e planejamento de cargas nos
porões e possibilitar o uso de base de dados dos navios automatizada.
Controla a entrada, permanência e movimentação de
pessoas e veículos na área portuária. Esse é o único
sistema que não opera integrado com os demais.
Atender ao Código Internacional de Segurança para Navios e
Instalações Portuárias (ISPS Code);
Controlar o fluxo de pessoas e veículos por área, o processo de
confecção, emissão e entrega de crachás a funcionários;
Registrar a entrada e saída de pessoas, veículos leves e veículos de
carga nas diversas áreas do terminal.
Sistema responsável pela comunicação entre os
sistemas integrados.
Recebe informações de um sistema origem e disponibiliza aos sistemas de destino. Nenhuma regra de negócio deve ser implementada
nesse sistema e nenhum relatório é gerado pelo mesmo. Seu escopo
é viabilizar a troca de mensagens com a conversão em protocolos de
comunicação distintos caso seja necessário.
PAC
Port Access Control
Sistema de Controle de Acesso ao Porto
Il
Integration Layer
Camada de Integração
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Centraliza matrizes de bloqueios, tanto à montante quanto à
jusante dos equipamentos. Para cada ordem de manutenção, cria
checklists e imprime fichas de bloqueio de forma automática e
identificadas por códigos de barras.
Nov./Dez. 2015 | 31
Hexagon Mining une soluções anticolisão
e de gestão de frota
H
exagon Mining, subsidiária do
grupo sueco que reúne a brasileira
Devex, a americana MineSigth e
as suíças Leica Mining Geosystems e Safemine, iniciou os testes de campo do seu
novo sistema que combina as soluções de
prevenção de colisão e gestão de frotas.
A tecnologia, que está sendo aplicada em
veículos leves e pesados na Austrália, agrega a tecnologia 3D do SafeMine, que entre
as suas funcionalidade apresenta imagens
e emite sinais sonoros para alertar o motorista quanto à proximidade de outro veículo
ou obstáculo, com a arquitetura do Leica
Jigsaw, que prove gerenciamento de frota,
otimizando as operações de despacho de
caminhões, tempo de carregamento, consumo de combustível entre outros.
De acordo com informações da empresa, a integração dos sistemas agiliza o
monitoramento do equipamento na cabine e maximiza a visibilidade para o motorista. Os comandos na SafeMine estão
integrados na plataforma de Jigsaw, o que
facilita a operação em uma só plataforma.
Os usuários podem controlar o comportamento dos funcionários e monitorar as
condições ambientais para compreender
como ambos podem afetar a segurança da
mina. Os eventos são arquivados no sistema e podem ser anotados de acordo com
o motivo da indicação. Áreas com vários
alertas são facilmente identificadas para
que recebam melhorias de segurança.
“Estamos sempre à procura de soluções
para tornar a mineração mais segura e eficiente”, afirma Hélio Samora, presidente
da Hexagon Mining. “A integração de Safemine CAS com Leica Jigsaw FMS une
duas plataformas líderes de mercado para
proporcionar transparência e responsabilidade na segurança das minas”.
Frota
Anglo American investe US$ 2 milhões
em sistema anticolisão
Sistema Minas-Rio já utiliza nova tecnologia em 25% de seus equipamentos
32 | Nov./Dez. 2015
O sistema identifica a distância entre veículos e equipamentos por telecomunicações DSRC (Dedicated Short-Range Communications – comunicações dedicadas
de curto alcance) e apresenta um alcance
médio de 200 m. Quando eles estão muito
próximos, o display instalado em suas cabines envia dois níveis de sinais para indicar
para o operador a existência de um risco de
colisão, sendo que o primeiro apenas alerta
e o segundo emite um alarme para que o
condutor tome uma ação corretiva.
Uma das inovações é que o CAS permite a troca de informações entre os veículos e possibilita a criação de regras de
contexto, o que contribui para uma redução considerável da ocorrência de falsos
alarmes em comparação com outros produtos similares.
A mineradora já instalou o sistema anticolisão em 25% dos equipamentos do Minas-Rio. Até o primeiro trimestre de 2016, todos
os caminhões fora-de-estrada e caminhonetes já estarão com o novo produto.
Collision Avoidance System (CAS) visa aumentar a segurança de todos os
equipamentos leves e pesados que circulam dentro da área de operação da mina
Foto: Anglo American
A
Anglo American está investindo
US$ 2 milhões para instalar no Sistema Minas-Rio o Collision Avoidance System (CAS), pioneira tecnologia
anticolisão que visa aumentar a segurança
de todos os equipamentos leves e pesados
que circulam dentro da área de operação da
mina. A tecnologia, desenvolvida pela Modular Mining Systems, emprega a mesma
solução utilizada em veículos que circulam
nas rodovias americanas e foi adaptado às
necessidades do ambiente de operação.
O diretor de Operações do Sistema
Minas-Rio, Rodrigo Vilela, ressalta que
após vários testes, realizados nos Estados
Unidos e na mina da Anglo American em
Conceição do Mato Dentro (MG), o produto se mostrou robusto o bastante para
ser implantado em caráter operacional.
“Ele atendeu plenamente ao propósito. Identificou muito bem a presença de
veículos médios e não apresentou falsos
alarmes. Além disso, é resistente a vibrações, temperatura alta, poeira e chuva.
Esse sistema é, realmente, uma inovação
no que diz respeito à prevenção de colisões em minas”, afirma.
Conexpo aposta no potencial dos setores
de construção e mineração da América Latina
P
ela primeira vez na América Latina,
a Conexpo, organizada pela Association of Equipment Manufacturers
(AEM) e que tradicionalmente acontece em
Las Vegas (EUA), reuniu mais de 32 mil
pessoas entre os dias 21 a 24 de outubro
em Santigo, no Chile, sendo o público formado por profissionais ligados aos setores
de construção e mineração provenientes
em sua maioria do Chile, Argentina, Brasil,
Peru, Colômbia e Bolívia.
“Estamos muito contentes com a reação
positiva que teve nossa exposição. Nossos
fabricantes entendem as oportunidades
de negócio contínuas na região e no Chile
como líder”, Paul Puissegur, Diretor da Feira
Conexpo Latin America.
Em paralelo a exibição, composta por mais
de 300 empresas e com pavilhões exclusivos da China, Alemanha, Itália, Reino Unido
e América do Norte, foi realizado um programa de atualização profissional, composto
por seis seminários sobre as melhores técnicas do setor. O evento ocorreu em conjunto com as feiras Edifica e ExpoHormigón, o
que impulsionou a sua visitação.
“A Associação de Fabricantes de Equipamentos (AEM) tem uma longa trajetória de
compromisso com a América Latina com
o propósito de avançar no desenvolvimento de negócios e na cooperação, temos o
privilégio de trabalhar em conjunto com as
organizações líderes no Chile, e em toda a
região”, afirmou Dennis Slater, presidente
da AEM, Dennis Slater.
A empresa apresentou também o manipulador telescópico 4017RS com especificação para locação. Caracterizada pela sua
simplicidade, a cabine da máquina inclui um
joystick único, possui visibilidade melhorada e um assento com suspensão mecânica,
incrementando o conforto e produtividade.
Um dos atrativos é que a cabine pode ser
lavada com lavadora de pressão antes de ser
locada para outro cliente.
A manutenção é simplificada devido ao
fácil acesso a todos os componentes do
motor. O comprovado trem de força do manipulador telescópico, que conta com eixos
e transmissão Dana e motor Deutz e a tecnologia da lança que utiliza o desenho de caixa
de quatro chapas, também contribuem para
a confiabilidade da máquina. O 4017RS
apresenta 4.000 kg de capacidade máxima
de elevação e 17,10 m de altura máxima de
elevação. Na feira, a empresa destacou ainda a tesoura elétrica 1932RS/6RS e a lança
compacta sobre esteiras X600AJ.
Escavadeira de grande porte
A Volvo Construction Equipment lançou
durante a feira a EC750DL, a escavadeira
de maior capacidade da marca. A máquina
tem um peso operacional de 72,7 toneladas, superior ao da versão anterior, de 69
toneladas. A capacidade da caçamba da
EC750DL é 10% superior, passando dos
4 m³ da versão passada para os atuais 4,5
m³. A potência do motor subiu 11%, assim
como a potência hidráulica cresceu 10%. A
maior potência hidráulica contribuiu para
proporcionar um aumento de 3% na vazão
hidráulica, garantindo maior velocidade
nos ciclos e também uma elevação de 9%
na força de escavação. Outro importante
avanço da máquina, de acordo com a
empresa, é um aumento de 6% na força de
tração, permitindo uma melhor performance
em aclives e rampas.
No evento a empresa apresentou também
sua nova escavadeira compacta sobre rodas
EW60C. A máquina proporciona a vantagem de poder trabalhar em espaços restritos
e rodar em vias públicas, entre um canteiro
e outro, sem a necessidade de transporte
adicional. Além disso, com linha hidráulica
auxiliar (X1) standard de fábrica é possível
utilizar diversos implementos, tais como
martelo, perfuradoras, caçamba com inclinação lateral, entre outros.
De acordo com a empresa, em atividades
Feira contou com mais de 300 empresas
A JLG levou à Conexpo a redesenhada
plataforma de lança 450AJ da JLG. Com
capacidades de até 454 kg, o equipamento
permite aos operadores levar mais ferramentas e suprimentos ao local de trabalho,
o que pode aumentar a produtividade. Esta
plataforma utiliza até 40% menos mangueiras hidráulicas e o posicionamento desses
componentes foi otimizado, comparado aos
modelos anteriores. Segundo a empresa,
isto reduz o número de pontos de vazamento potenciais e minimiza manutenções.
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Foto: Conexpo
Nova versão
de plataforma de lança
Nov./Dez. 2015 | 33
Tecnologia
Versão latino-americana da feira aconteceu em Santiago
e reuniu novidades dos fabricantes de máquinas e equipamentos
de escavação, a EW60C pode ser até 25%
mais rápida e consumir até 50% menos
combustível que uma retroescavadeira,
graças à sua menor necessidade de reposicionamento e possibilidade de trabalhar em
espaços restritos. Sua amplitude de giro,
quando rente à parede, é de 180º, condição
que a torna três vezes mais versátil que uma
retroescavadeira.
Equipamentos para a
produção de concreto
A brasileira RCO apresentou suas so-
luções compactas para novos players
do mercado de concreto. Entre elas,
a central dosadora de concreto móvel
Nomad D-20 e o silo aparafusado vertical com diâmetro de 3000 mm. Nos
dois casos, a principal característica é
a mobilidade. O silo, por exemplo, com
montagem aparafusada permite que
seja deslocado, rapidamente de uma
obra a outra, diferenciando-se dos modelos montados com solda. Além disso,
a logística para transporte destes novos
equipamentos é reduzida, pois eles po-
dem ser movimentados em contêineres.
Já a Nomad D-20, com produtividade
em 20 m³/h, pode substituir centrais
dosadoras tradicionais. A linha de centrais dosadoras Nomad RCO ainda conta com modelos de produtividade de 30
e 40 m³/h. Nos últimos três anos, a empresa exportou três centrais dosadoras
para a Bolívia: duas CDR-30 RS e uma
CDR-60. Este ano foi feito um upgrade
em um desses equipamentos, com a
aplicação de um descarregador de Big
Bag com balança.
Heringer aposta em treinamento e manutenção
preventiva para ganhar produtividade
H
á 46 anos no mercado, a Heringer, com sede na cidade de Viana, no Espírito Santo, adquiriu as
primeiras máquinas Case, em 2004, momento que apostou também nos serviços
de treinamento de mão de obra e manutenção preventiva, como o Case Care.
“O treinamento evita a operação inadequada do equipamento e eventual quebra
ou desgaste. Com a manutenção preventiva, nos adiantamos aos problemas e
evitamos paradas de máquina, desgaste
de peças ou gasto excessivo de combustível, por exemplo”, informa José Paulo
Pereira, gerente industrial da companhia,
que em 2014 entregou um volume de 5,5
milhões de toneladas de fertilizantes para
mais de 46 mil clientes, o que corresponde a 17% do mercado brasileiro.
Atualmente, 90% do parque de máquinas da Heringer é de máquinas Case,
sendo 73 pás carregadeiras 621D e sete
pás carregadeiras 721E, todas utilizadas
na movimentação de fertilizantes, um material altamente corrosivo. As máquinas
- locadas nas 19 unidades da empresa,
localizados em 11 estados - recebem uma
proteção anticorrosão, que inclui blindagem do alternador, proteção na parte elétrica, além de quinas arredondadas.
Segundo Pereira, as máquinas movimentam em média 300 t de fertilizantes a cada
turno de 7 a 8 horas. Entre as matérias-primas manipuladas estão o cloreto de potás34 | Nov./Dez. 2015
sio, ureia, sulfato de amônia e superfosfato. Na avaliação da companhia, cuidar bem
da máquina de construção traz outro retorno importante, além da produtividade:
garantir o valor de revenda do produto.
Nas unidades da empresa, as pás carregadeiras Case operam em média 16 horas
diárias e consomem de 8 a 11 litros de
combustível, dependendo do material que
estão movimentando, das distâncias percorridas e do operador.
Para garantir esse desempenho, a empresa dispõe dos serviços Case Care,
para manutenção preventiva e treinamento de operadores. “Nós temos dois contratos de manutenção. Um deles é para a
ação preventiva, com acompanhamento
dos técnicos da concessionária Brasif
nas nossas unidades para manutenção
e orientação de treinamento. No outro, a
Brasif disponibiliza um mecânico fixo”,
explica Pereira.
As máquinas movimentam em média 300 t
de fertilizantes a cada turno de 7 a 8 horas
Segundo o gerente da Heringer, a orientação adequada e a detecção de eventuais falhas de operação são imprescindíveis para a
produtividade. “Já tivemos problemas com
máquinas e foi constatado erro de operação.
Com treinamento de operadores, diminuímos os problemas técnicos nas máquinas,
alcançamos mais produtividade e conservamos o equipamento”, relata.
Ciente da importância da manutenção
preventiva, a mineradora está ampliando
seus investimentos nessa área e começou a utilizar, em caráter experimental, o
sistema de telemetria SiteWatch, também
presente entre os serviços do Case Care,
em máquinas localizadas nas unidades
de Rondonópolis (MT) e de Paranaguá
(PR). “É uma ferramenta de suporte para
a melhoria contínua das nossas operações, para sabermos em tempo real como
as máquinas estão operando e quais são
suas condições”, completa Pereira.
Foto: Case
Tecnologia
Sistemas auxiliares aumentam eficiência e operação de máquinas e equipamentos da empresa
C
om o objetivo de aumentar a participação no mercado de fertilizantes, a Metso que reforçar a presença da marca Faço, que reúne soluções
de mineração, processo e misturadores,
incluindo de britadores e vasos rotativos a
válvulas de controle e automação, passando por transportadores de correias.
O Brasil é o quarto maior mercado de
fertilizantes do mundo, consumindo cerca
de 32 milhões t por ano, dos quais 70%
são importadas. Os dados são da Associação Nacional para Difusão de Adubos
(Anda) e mostram um cenário de oportunidades para as empresas que fazem parte
da cadeia de valor do segmento.
.“Reunimos produtos que podem ser
aplicados nessa indústria e que estão
agregados em três áreas, que são as de
mineração, processamento de fertilizantes
e misturadores”, explica Carlos Ivan Equi,
vice-presidente da área de Sistemas no
Brasil. O executivo lembra que a adoção
da marca Faço visa recuperar o histórico
positivo da fabricante no Brasil. “A sigla
era a denominação para Fábrica de Aço
Paulista, empresa adquirida pela Metso há
alguns anos e que é bastante reconhecida
pela qualidade dos produtos”, argumenta.
Segundo ele, o mercado consumidor
continuará crescendo nos próximos anos
e, por essa razão, a empresa decidiu reinventar-se no segmento. “Sabemos que o
horizonte de crescimento dessa indústria
não é de curto prazo, bem como o nosso
comprometimento com o desenvolvimento de tecnologias para o setor”, explica.
A oferta concentrada na marca Faço
engloba mais de duas dezenas de soluções. Na área de mineração, o foco são os
britadores, peneiras, transportadores de
correia, moinhos de bolas, células de flotação e bombas de polpa, que a empresa
tradicionalmente oferece a diversos segmentos. Já a área de processos engloba
a maior parte do portfólio e inclui desde
moinhos de martelos e peneiras até os
vasos rotativos. As instalações de recebimento de matérias primas e as plantas
de mistura de grânulos fecham a terceira
na área de soluções.
O rol de serviços para o segmento de
fertilizantes, por sua vez, inclui três abordagens. A primeira delas são os estudos
para aplicação de soluções no manuseio
de materiais, produção de fertilizantes e
de suas matérias primas. O segundo item
do escopo de serviços envolve treina-
Foto: Metso
Metso amplia foco no mercado de fertilizantes
mento e manutenção de toda a linha de
equipamentos. Os serviços de reformas
de equipamentos da marca e também
de outros fabricantes fecha o trio. Nesse
último caso, as ações envolvem a atualização, repotencialização e manutenção de
peneiras, transportadores e elevadores.
A
Vale irá utilizar em sua mina a céu aberto de Carajás, localizada no Pará, a solução de Rede Wireless MasterLink
Enterprise, desenvolvida pela Modular Mining Systems.
O complexo de Carajás instalou primeiramente a rede Masterlink 2 (ML2) em 2004 e evoluiu para MasterLink 11 (ML11) em
2007. De acordo com informações da mineradora, o uso intenso
de aplicações que demandam banda larga pela mina, a necessidade de suportar múltiplas VLAN (virtual local área networks) e o
aumento dos requisitos de cobertura direcionaram a mina para
ampliar a sua plataforma de comunicação wireless.
O relacionamento entre as empresas começou em 1993, quando a mina se tornou o primeiro cliente a utilizar o sistema de
gerenciamento de frotas no Brasil. “Nós continuamos a expandir
nossa parceria com a Vale atingindo um total de 14 minas em
todo o mundo” disse Davi Freire, Gerente Geral, Modular Mining
Systems do Brasil. “No inicio desse ano, nós comemoramos juntamente com a Vale – Mina do Pico, por ser nosso 250º cliente.”
A mina de Carajás também utiliza o Sistema de Gerenciamento de Frotas Dispatch, a Solução de Gerenciamento de Manutenção
Minecare e o Sistema de Orientação de Máquinas ProVision. A solução MasterLink Enterprise está planejada para ser comissionada
no final deste ano.
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Nov./Dez. 2015 | 35
Foto: Vale
Carajas implementa solução da Modular Mining
Britadores móveis ajudam
a reduzir consumo de pneus
Solução para britagem móvel está auxiliando a mina Salobo a melhorar os acessos
da mina e reduzir a perda prematuras dos pneus
36 | Nov./Dez. 2015
Produção de cascalho é
de mais de 280 mil t/mês
Foto: Metso
Tecnologia
O
desafio enfrentado na mina de
cobre Salobo da Vale, no Pará,
estava relacionado ao transporte
do material nos acessos da mina, onde
pedras causavam um desgaste rápido ou
rasgos dos pneus dos caminhões, levando a trocas frequentes desses componentes. Nesse sentido, a manutenção dos
pneus começou a impactar os custos.
Com seu conhecimento tanto em mineração quanto em agregados, a Metso
propôs alugar plantas móveis de britagem (conjuntos Metso modelos NW96
e NW200HPS, além de conjunto sobre
esteiras Lokotrack LT116) e alimentadores para produzir a gradação correta de
cascalho e melhorar a condição dos 30
km de acessos internos usados pelos caminhões de grande porte.
A empresa não se limitou a apenas fornecer os equipamentos para britar o cascalho, mas por meio de um contrato de
serviços para o ciclo de vida (LCS) incluiu
também a manutenção dos equipamentos
e o acompanhamento dos indicadores de
desempenho (KPI’s).
O contrato final assinado cobria um
período de dois anos e passou por algumas modificações nos meses iniciais,
uma vez que a produção de cascalho
aumentou de 80.000 toneladas/mês para
mais de 280.000 toneladas/mês a pedido
da Vale. A Metso disponibilizou um total
de 50 especialistas para operar e fazer a
manutenção dos britadores móveis, o
que ajudou a manter os equipamentos
alugados produzindo um fluxo contínuo
de cascalho, para manter a qualidade dos
acessos e praças de carregamentos em
boas condições.
Localizada no estado do Pará (região
Norte do Brasil), a mina de cobre Salobo da Vale iniciou a produção em 2012.
Esse foi o segundo projeto greenfield de
cobre desenvolvido no Brasil pela mineradora global e que possui uma produção
anual estimada de 518.000 toneladas de
concentrado de cobre por ano, sendo
que o depósito possui uma estimativa
de 1.18 bilhões de toneladas. Um dos
pontos chave no planejamento da mina
Salobo foi seu desenvolvimento sustentável. Aproximadamente 98% da água
usada na mina foi programada para reuso
além de terem sido feitos investimentos
consideráveis na estrutura local, saúde e
educação antes do início das operações.
Estes investimentos foram feitos visando
à operação sustentável da mina a longo
prazo, sendo que está nos planos dobrar
a produção nos próximos anos.
As operações na mina Salobo abrangem
a produção da mina a céu aberto e também o processamento do cobre extraído.
A configuração do processo envolve a
passagem do material pelos britadores,
prensa de rolos, moinhos, ciclones e,
finalmente, pelas áreas de flotação e filtragem, onde um concentrado contendo
entre 36 a 40% de cobre é produzido.
O concentrado de cobre é então transportado por caminhões até o terminal
ferroviário existente em Parauapebas, do
ponto ao qual é transportado por trem até
o terminal marítimo Ponta da Madeira, no
estado do Maranhão.
Adicionalmente, a mina Salobo encontrou um benefício colateral por possuir uma
alta capacidade de britagem disponível na
planta. A mina foi capaz de usar uma par-
cela da capacidade disponível do britador
para testar alguns excessos de resíduos
que se acumularam pela planta e separar
os finos abaixo de 50mm. Uma vez que os
finos foram removidos, o material restante
acima de 50mm foi classificado como tendo gradação suficiente para ser redirecionado através do processo, incrementando
os níveis de produção e reduzindo os volumes de rejeitos dispostos.
Com o contrato em vigor desde Novembro de 2013, as condições dos acessos
da mina melhoraram consideravelmente.
A vida útil dos pneus dos caminhões da
Vale foi aumentada em mais de 50%,
reduzindo significativamente as despesas
reposição e também as horas paradas
com manutenção. Com menos caminhões
parados para troca de pneus, a produção
na planta cresceu. O benefício principal
do contrato LCS da Metso com a mina foi
que o acordo de aluguel permitiu a Vale
Salobo evitar grandes investimentos de
capital. Os britadores móveis alugados
foram flexíveis o bastante para atender demandas altas e variáveis para o cascalho
requerido. O equipamento alugado estava
coberto por um contrato de manutenção
para o ciclo de vida, conduzido pelo pessoal treinado da Metso.
Vale reduz custo de produção
de minério de ferro em 41%
Aumento da produtividade, utilização de correias transportadoras de longa distância, otimização do
uso de equipamentos, são algumas das medidas que permitiram uma redução nos custos da mineradora
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Malásia, que faz a blendagem do minério
de ferro do Sistema Norte com o minério
do Sistema Sul, aproximando estoques
aos clientes na Ásia. O produto, denominado Brazilian Blend Fines (BRBF), é
um mix de 70% do minério de Carajás
com 30% do minério dos sistemas Sul e
Sudeste. Em comparação ao produto australiano, o minério de ferro tem maior teor
de ferro, menos fósforo e menos alumina.
Em função da qualidade e boa aceitação
da matéria-prima no mercado global, o
produto tem sido negociado com um prêmio médio de US$ 3,0/t. A capacidade total do centro de distribuição é de 30 Mtpa
e deve ser alcançada no segundo semes-
tre de 2016. Já as vendas de BRBF devem
alcançar 20Mt em 2015.
Investimentos
Para 2016, a empresa pretende investir US$ 6,2 bilhões, abaixo dos US$ 7,6
bilhões estimados em janeiro de 2015.
Considerando os números revisados, a
Vale vai cortar em 24% do investimento
em 2016. A companhia, que tem sido a
maior produtora global de minério de
ferro, prevê investir US$ 3,2 bilhões em
projetos de capital e US$ 3 bilhões em
manutenção e reposição em 2016.
Segundo informações da empresa, o
motivo é que seu ciclo de investimentos
Foto: Vale
S11D terá custo médio de US$ 10/t
Nov./Dez. 2015 | 37
Minerio de Ferro II
A
pesar da desvalorização do minério de ferro no mercado global, a
Vale apresentou bons resultados
operacionais durante o evento Vale Day,
realizado em Nova York (EUA). Com iniciativas que visam aumentar a produtividade
e reduzir custos, como implantação de
correias de longa distância, padronização
dos equipamentos e otimização de mina
e da capacidade da frota de transporte, o
custo de minério de ferro entregue a China
(principal cliente da empresa) caiu mais de
US$ 25/t entre o quarto trimestre de 2014
e outubro de 2015, ficando em US$ 31/t.
A mineradora espera reduzir ainda mais o
custo por tonelada produzida com a entrada do projeto S11D, previsto para o segundo semestre de 2016. O complexo terá o
menor custo de produção, podendo atingir
US$ 7/t (a média será de US$ 10/t) e irá
contribuir para que o valor gasto pela empresa para levar a commodity para a China
fique abaixo dos US$ 24/t em 2018.
Como parte do seu programa de reduzir
custos, a empresa fez a substituições de
caminhões por correias transportadoras nas
unidades de Carajás e Itabira, reduzindo em
40% a distância transportada e dispensando
o uso de carregadores, o que faz parte do
programa truckless. Outra medida refere-se à padronização de máquinas, que engloba a utilização de equipamentos de poucos
fabricantes, que resulta, segundo a empresa, em maior produtividade, confiabilidade
e menores custos de manutenção em função
do maior conhecimento e especialização em
menos modelos.
Na parte de otimização da mina e capacidade da frota de transporte houve um
aumento de 40% na vida útil dos equipamentos da mina como resultado da nova
estratégia de manutenção, redução na
relação estéril/minério devido a atualização
do modelo de mineração, aumento de 22%
na produtividade dos caminhões devido ao
maior controle de velocidade e menores
tempos de carga, descarga e espera.
Outra estratégia da Vale diz respeito à
instalação do Centro de Distribuição da
de crescimento está quase no fim, sendo
que, em 2017, o único investimento significativo em andamento será nos segmentos logísticos do S11D. Após isso, os
investimentos serão majoritariamente em
manutenção e reposição.
A companhia planeja produzir entre 340
milhões e 350 milhões de toneladas de
minério de ferro em 2016, pouco avanço
ante a previsão de produzir 340 milhões
até o fim deste ano. A extração da commodity no próximo ano é também menor
do que a planejada em dezembro de 2014,
quando a empresa estimava produzir 376
milhões de toneladas em 2016.
S11D
O S11D terá capacidade inicial para 90
milhões t/ano de minério de ferro com teor
de 66,7% e custo total na casa dos US$ 17
bilhões, sendo US$ 6,868 bilhões para a
parte da mina e o restante para a logística
de transporte do minério até o porto.
Em dezembro, a companhia finalizou
a montagem das primeiras máquinas de
pátio do S11D, uma empilhadeira de lan-
ça dupla e uma recuperadora tipo ponte.
O trabalho durou cerca de 10 meses e foi
finalizado em dezembro. Com isso, o anvaço físico do complexo atingiu 77%.
As máquinas fazem parte do pátio de
regularização e em breve entrarão em comissionamento. Cada equipamento tem
capacidade para trabalhar em média com
cinco mil toneladas por hora. No total, 14
máquinas vão compor os pátios de regularização e de produtos da Usina do S11D
e a conclusão de todas as montagens estão previstas para abril de 2016.
Itaminas aumenta durabilidade e reduz tempo
de manutenção de bombas
A
Itaminas faz parte do grupo seleto das 40 maiores mineradoras
brasileiras, com uma produção
de 7,5 milhões de toneladas de minério de ferro em 2014. O volume atende
o mercado interno, incluindo grandes
siderúrgicas e o segmento guseiro. A
empresa foi criada em 1958, no Rio de
Janeiro, e transferida no ano seguinte
para Sarzedo (MG). Ao longo dos anos,
a mineradora estrategicamente focou-se no mercado local, cujo aumento de
qualidade, passou a exigir fornecedores mais estruturados. Em função desse posicionamento, a Itaminas reduziu
suas exportações – traço comum nos
seus primeiros dez anos – e tornou-se a
segunda maior fornecedora do mercado
guseiro mineiro. O avanço deu certo: a
empresa opera em jornada 24 x 7, produzindo minério de ferro sinter feed,
pellet feed e hematitinha.
O processo ininterrupto exige uma
operação sem falhas, inclusive o bombeamento da polpa do minério para o
concentrador, separador magnético,
ciclonagem, baias de produtos e para
os tanques de rejeito. O funcionamento
do conjunto de bombas é crítico, pois a
Itaminas reaproveita cerca de 70% da
água drenada da sua barragem de rejeito. Outro fator importante é a característica da polpa de minério que circula
38 | Nov./Dez. 2015
nas tubulações e nas bombas: com alta
densidade - 1.85 Kg/m3– e muito abrasiva, ela gera um desgaste intenso nos
equipamentos.
Em termos de estrutura, a barragem de
rejeitos localizada a aproximadamente 2,6 Km das usinas de concentração
magnética, com um desnível geométrico de 180 metros, é sem dúvida, o
caminho crítico para as atividades de
bombeamento na unidade operacional
de Sarzedo.
O rejeito é direcionado para a referida barragem através de um sistema
de bombeamento composto por cinco
estações. Cada estação está equipada
com 3(três) bombas, sendo 2(duas) em
operação e 1(uma) reserva. Também
compõe as estações de bombeamento
cinco reservatórios intermediários com
capacidade de 10 m3 cada.
Em resumo, paralisar o sistema está
fora de questão: haveria o transbordamento dos tanques e a imediata parada
da produção. Exatamente em função do
cenário desenhado é que a Itaminas
resolveu rever seu sistema de bombeamento em 2013.
Foto: Itaminas
Minerio de Ferro II
Empresa adota tecnologia que elimina o uso de água na selagem. Montagem das bombas reduziu
de 4 horas para 1 hora e carcaças apresentaram durabilidade 3 vezes maior
Itaminas opera em jornada
de 24x7, produzindo minério
de ferro sinter feed, pellet
feed e hematitinha
Antes da troca da base instalada anterior pelos equipamentos da Metso, a
mineradora utilizava bombas cujo projeto de fabricação envolvia oito componentes. O detalhe construtivo explica o
tempo de montagem de 4 horas. Com
selagem com água, os equipamentos
usados anteriormente também apresentavam um custo maior em relação a
outras tecnologias.
Outro ponto contra a base instalada
até então era a qualidade dos revestimentos, que não suportavam a abrasividade da polpa transportada no sistema de bombeamento. Nesse último
caso, o resultado era uma carcaça com
durabilidade de 3 meses.
Culturalmente, a Itaminas adotava
a sistemática de manter um estoque
próprio de peças, o que resultava em
alto custo – pela mobilização de ativos
– e baixa disponibilidade. A primeira
mudança aplicada na mineradora foi
a adoção de bombas seladas com a
tecnologia Expeller, sem uso de água
e com alto desempenho energético e
operacional. Além dessa característica
principal, a equipe de manutenção da
Itaminas, liderada por Esley Cardoso,
encarregado da Manutenção Mecânica
da empresa, identificou outros ganhos.
A facilidade de manutenção, por
exemplo, é um deles: com 3 componentes, as bombas modelo HM250, exigem
apenas uma hora para sua montagem,
contra as 4 horas exigidas pelos equi-
Foto: Metso
Transição envolveu
mudanças técnicas
e maior durabilidade
Durabilidade das carcaças foi triplicada,
passando de três para nove meses
pamentos anteriores. Diferentemente
das bombas do concorrente, a tecnologia Metso apresenta maior resistência à
abrasividade. Traduzindo em números:
a durabilidade das carcaças foi triplicada, passando de 3 meses para 9 meses.
Consignação de peças
e frequência de pós-venda
“O sistema de bombeamento do rejeito
está funcionando há mais de dois anos,
sem apresentar qualquer falha”, explica
Esley Cardoso. O encarregado – com 38
anos de experiência somente na Itaminas – destaca que o projeto foi desenvolvido em conjunto entre a mineradora
e a Metso. A parceria também mudou a
cultura de serviços. O estoque de peças
e componentes passou a ser consignado
e as duas empresas estabeleceram uma
dinâmica de pós-venda com frequência
quinzenal. “Hoje, pagamos somente pelas peças efetivamente usadas e, como
a carga horária de manutenção foi reduzida, pudemos direcionar a equipe
para outras tarefas”, complementa Esley Cardoso.
De acordo com Guilherme Almeida,
técnico da Metso responsável pelo
produto neste cliente, o pós-venda
estabelecido envolve o acompanhamento mensal do estoque e a sugestão
de melhorias que garantam a operação
sem falhas. “Tecnicamente, a selagem
Expeller reduziu os custos, em função
de dispensar o uso de água, recurso
caro e escasso”, explica. A segurança
do bombeamento também foi mantida
pela estrutura que envolve 2 bombas
HM250 para cada tanque, funcionando
em paralelo, e uma terceira, do mesmo
modelo, como reserva e já instalada.
Em caso de problemas, a substituição
é imediata e feita por meio da troca do
mangote de alimentação. E sem parar
o processo.
“No total, temos mais de 70 equipamentos na Itaminas, uma das maiores
bases instaladas da Metso no Brasil”,
finaliza Almeida.
Parada automática
de transportadores operando vazios
C
om o objetivo de diminuir os
gastos de energia das correias
transportadoras, a Vale desenvolveu um projeto de redução do tempo dos
transportadores operando a vazio no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no
Maranhão. Só em setembro, a diminuição
nos gastos a partir do projeto foi de R$
235.688,50 com uma economia acumulada de R$ 1.020.978 em 2015.
De acordo com informações da emprewww.revistaminerios.com.br
sa, em alguns momentos, os transportadores funcionam sem estar movimentando minério. Isso ocorre para conciliar
a operação das correias com alguma
manobra no virador de vagões ou dos
carregadores de navios, por exemplo. A
implantação do projeto consistiu em reduzir ao máximo esse tempo, desligando-os automaticamente após 30 minutos
operando a vazio.
Pelo Terminal Marítimo de Ponta da
Madeira (TMPD), porto privado da Vale
em São Luís, a produção de minério de
ferro e outros produtos de Carajás embarcam com destino aos principais mercados consumidores. Antes de seguir para
todos os cantos do mundo, a produção
chega ao TMPD de trem, pela Estrada de
Ferro Carajás. O terminal está localizado
no Complexo Portuário de Itaqui, à margem leste da Bahia de São Marcos, em
São Luís.
Nov./Dez. 2015 | 39
Densímetro-amostrador não radioativo
reduz perdas de material no beneficiamento
de minério de ferro
Por Luiz Henrique Machado*
Processos
O
atual baixo preço do minério
de ferro tem levado as mineradoras a buscar a otimização
de seus processos, principalmente na
redução de custos, aumento de produtividade e redução das perdas. Foi justamente focando nestes aspectos que
uma mineradora está obtendo bons resultados com utilização de um simples
equipamento.
A eficiência do processo de flotação
depende da correta dosagem de minério de ferro, água, amina e amido. Com
o intuito de realizar a correta dosagem
de insumos e água, foi idealizado um
controle em malha fechada para ajustar
a quantidade de água injetada, buscando-se uma concentração de minério de
60% ± 2% , concentração esta que permite o melhor rendimento do processo
de flotação.. A solução é a análise da
densidade do fluido na entrada da célula cleanner de flotação e um sistema
que automaticamente aumenta ou diminui a quantidade de água injetada para
obter o parâmetro desejado.
Os principais requisitos eram que o
equipamento fosse de fácil implementação, precisão adequada, trabalho em
calha aberta e tanques abertos, e não-radioativo. Nesta etapa foi que a solução
patenteada da LLK Engenharia foi decisiva. O desenvolvimento levou a implementação de um densímetro que funciona
por amostragem de material em reduzido
intervalo de tempo, ligado ao sistema de
controle de água.
O densímetro utilizado possui como
grande vantagem o fato de não ser radioativo, eliminando esta grande preocupação
para seus clientes, além da facilidade de
instalação por trabalhar em calha aberta e
tanques a pressão atmosférica.
A utilização do densímetro no controle
do processo melhorou significativamente o enquadramento da concentração de
minério. Antes da implementação do sistema de controle, os valores de concentração de minério mantiveram 37% das
40 | Nov./Dez. 2015
Distribuição da concentração de minério sem o controle em malha fechada.
Distribuição da concentração de minério com o controle em malha fechada.
medições dentro da faixa esperada, sendo
que após a implementação do controle
59% das medições mantiveram-se dentro
da faixa almejada.
O resultado prático foi o aumento da
estabilidade de concentração de sólido
dentro da célula de flotação, tornando
possível um melhor controle na adição
de reagentes químicos e nível de es-
puma do processo. Com estes controles, foi possível verificar uma redução
na concentração de ferro no rejeito e
otimização no consumo de amina, gerando maior economia e, consequentemente, aumento de produtividade para
a planta.
(*) Luiz Henrique Machado, diretor da LLK Engenharia
Novo sistema de controle
de inversores explora o potencial
da prensa de rolos de alta pressão
A
ABB lançou o RollXtendTM, a nova
funcionalidade de sistema dos inversores de última geração para
melhorar a performance da prensa de rolos de alta pressão – HPGR - e a vida útil
desses equipamentos. Esse sistema de
controle é baseado em compartilhamento
de carga entre os rolos em tempo real, o
que segundo a empresa agrega vantagens
significativas em termos de otimização da
produção, reduz despesas operacionais e
de capital, além de beneficiar os operadores em relação à saúde e à segurança.
Basicamente, o sistema permite que o
operador gerencie em tempo real os torques fornecidos em cada um dos rolos.
O equilíbrio de velocidade é mantido até
mesmo com cargas diferentes nos rolos,
reduzindo ao mínimo os deslizamentos e
o desgaste de uma forma geral.
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À medida que os rolos começam a
se desgastar (após certo período de
operação), eles sofrem diferentes taxas
de desgaste com base em muitos fatores,
tais como alimentação, características
dos minérios, posicionamento da
caçamba, etc. A tecnologia RollXtendTM
dá flexibilidade para ajuste da carga colocada em cada rolo com base no desgaste que eles sofreram, de modo que
ambos os rolos possam ter a carga distribuída de maneira uniforme e, como
consequência disso, amplia a vida útil
do par de rolos.
Em termos de manutenção, a tecnologia também possui vantagens significativas, de acordo com a ABB. Atualmente os HPGRs exigem inspeções e
manutenção regulares para garantir que
os danos aos pinos sejam contidos e
que o equipamento continue a funcionar de forma eficiente. Para facilitar o
deslocamento do rolo para inspeção, os
operadores precisam desacoplar o drive principal e acoplar um drive auxiliar.
Esta operação leva bastante tempo e
oferece em risco a segurança dos trabalhadores. Com o sistema RollXtendTM, a
inspeção e manutenção podem ser realizadas sem o desacoplamento do drive
principal.
Segundo a empresa, os benefícios
da tecnologia se concentram a longo
prazo, pois o sistema prolonga a vida
útil por completo da prensa de rolos de
alta pressão (não somente dos rolos),
permite uma manutenção mais eficaz e
segura, além da flexibilidade operacional e melhor desempenho do processo
de trituração.
Nov./Dez. 2015 | 41
Moagem
Tecnologia aposta em torque preciso e controle de velocidade específicos
para prensa de rolos de alta pressão (HPGR - high-pressure grinding rollers)
LiuGong apresenta novo
centro de treinamento
Desenvolvida por engenheiros da 3M do Brasil a partir da necessidade de uma empresa petroquímica, a fita 1465BR isola e
protege tubulações contra a corrosão. Com tecnologia exclusiva,
a fita produzida a partir da união do PVC (policloreto de vinila) e
Mastic oferece em uma única camada de proteção contra corrosão, umidade, raios UV e mecânica.
De acordo com informações da empresa, sua aplicação é rápida e
fácil, uma só etapa, e é indicada tanto para tubulações aéreas quanto enterradas. Com fabricação local, a fita isolante é robusta e tem
como diferencial a baixa adesão inicial, que permite o reposicionamento da sobreposição da fita, caso seja necessário nos primeiros
minutos, com aumento gradativo da adesão em até 24 horas, pois,
possui em sua constituição um dorso à base de PVC laminado
com Mastic de alta performance e um papel siliconado antiaderente
“Operacionalmente é um produto muito mais eficiente que as outras
soluções do mercado. Além de ser reposicionável durante o processo
de aplicação, requer apenas o lixamento para remover a oxidação e se
aplicar o primer. A fita isolante 1465BR não requer tempo de cura e sua
aplicação chega a ser até 70% mais rápida”, explica Vanessa Correa
Arantes, química de Desenvolvimento de Produtos da área de elétricos
da 3M do Brasil, que participou do desenvolvimento do produto.
Disponível nas larguras 50 mm, 75 mm, 100 mm e 150 mm, a
fita apresenta elevada resistência mecânica, ao impacto e abrasão, à ação de ácidos, fungos, bactérias e água salgada. Acompanha os movimentos de dilatação e contração das tubulações,
e é isenta de metais pesados (atende a diretiva RoHS – restrição
ao uso de substâncias perigosas) e tem homologação da Sabesp
(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
O produto é indicado para utilização em indústrias, companhias
de infraestrutura, petróleo e gás, saneamento básico, construção
civil, gasodutos e aeroportos.
A LiuGong abriu um novo centro de treinamento dentro do seu
complexo industrial, localizado em Mogi Guaçu (SP). O novo
espaço, inaugurado em setembro e com uma área de 250 m2,
recebeu investimentos de US$ 300 mil. Nele, serão oferecidos
treinamentos em equipamentos e motores para funcionários da
empresa e revendedores.
O centro está equipado com conjuntos completos de componentes, ferramentas e peças para prover tanto o ensino teórico
quanto o prático, bem como motores Cummins, juntamente com
eixos e transmissões ZF.
De acordo com Tan Zuozhou, gerente-geral da LiuGong América
Latina, ao padronizar o conhecimento técnico dos funcionários a
empresa pretende oferecer um serviço de pós-venda de alto padrão. “Não há dúvida de que o novo centro de treinamento trará
uma melhoria na qualidade de serviço, produtos e componentes
LiuGong, e também na produtividade, reduzindo o tempo para a
solução de problemas e reparo”, afirma Zuozhou.
A fabricante já realizou várias sessões de treinamento no novo
centro, incluindo um curso de duas semanas para o motor Cummins QSB7. No total, participaram da capacitação oito profissionais provenientes de revendedoras do Chile, Paraguai, Colômbia e
Brasil. Este é o nono centro de treinamento da empresa no mundo,
e o sexto a oferecer treinamento específico para motores Cummins.
CSCM da Abimaq tem nova diretoria
“Temos consciência das enormes dificuldades que particularmente passa o setor de cimento e mineração. Aparentemente é uma contradição porque o Brasil é um dos grandes exportadores de commodities e minerais do planeta, mas, devido a problemas macroeconômicos agravados pela recessão
econômica, muitas empresas desse setor estão lutando desesperadamente para sobreviver”. Essas
foram as palavras do presidente do Conselho de Administração da Abimaq, Carlos Pastoriza, durante
cerimônia de posse da diretoria eleita da Câmara Setorial de Cimento e Mineração, em novembro, na
sede da entidade. O vice-presidente da CSCM, Carlos Nobre, representando o presidente da câmara,
Valter Furlan, considerou que “a passagem do bastão trará um alto nível profissional que a CSCM
deseja obter no próximo biênio”.
O novo presidente da CSCM, Ingo Dietzold, agradeceu pela confiança e disse que espera estar à O novo presidente da CSCM
altura dos desafios que serão apresentados: “Sabemos que o trabalho é duro, mas vamos em frente da Abimaq, Ingo Dietzold
com disposição e conto com a colaboração de todos vocês”. Ingo Dietzold contará com os vice-presidentes Valter Furlan, Carlos Nobre, Paulo da Pieve, Ronaldo Santana, Sérgio Manfrim, Valdemir Falsoni e Warley Grotta.
42 | Nov./Dez. 2015
Foto: Abimaq
Clipping
Foto: LiuGong
Fita protege tubulações
contra corrosão

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