Relações Comerciais entre o Brasil e o México
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Relações Comerciais entre o Brasil e o México
Relações Comerciais entre o Brasil e o México Oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Brasília Dezembro de 2004 Confederação Nacional da Indústria - CNI PRESIDENTE ARMANDO DE QUEIROZ MONTEIRO NETO 1º VICE-PRESIDENTE CARLOS EDUARDO MOREIRA FERREIRA VICE-PRESIDENTES FRANCISCO RENAN ORONOZ PROENÇA ROBSON BRAGA DE ANDRADE JOSÉ DE FREITAS MASCARENHAS JOSÉ FERNANDO XAVIER FARACO ABELÍRIO VASCONCELOS DA ROCHA FRANCISCO DE ASSIS BENEVIDES GADELHA FERNANDO CIRINO GURGEL DANILO OLIVO CARLOTTO REMOR ANTONIO JOSÉ DE MORAES SOUZA ALFREDO FERNANDES JOSÉ NASSER 1º SECRETÁRIO LOURIVAL NOVAES DANTAS 2º SECRETÁRIO JOSÉ CARLOS LYRA DE ANDRADE 1º TESOUREIRO ALEXANDRE HERCULANO COELHO DE SOUZA FURLAN 2º TESOUREIRO PAULO AFONSO FERREIRA DIRETORES FERNANDO ANTONIO VAZ JOÃO OLIVEIRA DE ALBUQUERQUE CARLOS SALUSTIANO DE SOUSA COÊLHO JORGE PARENTE FROTA JÚNIOR JORGE MACHADO MENDES IDALITO DE OLIVEIRA SIVALDO DA SILVA BRITO DAGOBERTO LIMA GODOY OSVALDO MOREIRA DOUAT LUIS EULALIO DE BUENO VIDIGAL FILHO CARLOS ANTÔNIO DE BORGES GARCIA FERNANDO DE SOUZA FLEXA RIBEIRO ANTONIO FÁBIO RIBEIRO JORGE ALOYSIO WEBER OLAVO MACHADO JÚNIOR JORGE WICKS CÔRTE REAL CONSELHO FISCAL EFETIVOS SUPLENTES JULIO AUGUSTO MIRANDA FILHO RONALDO DIMAS NOGUEIRA PEREIRA JOSÉ BRÁULIO BASSINI ADALBERTO DE SOUZA COELHO FERNANDO FERNANDES DE OLIVEIRA JORGE ANTÔNIO PEREIRA LOPES DE ARAÚJO Relações Comerciais entre o Brasil e o México Oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Sandra Rios * Edson Velloso** Brasília Dezembro de 2004 B r a s í l i a / 2 0 0 4 - N º 0 0 0 1 Os autores agradecem as contribuições de Lúcia Maduro. Os erros que porventura venham a ser encontrados são de inteira responsabilidade dos autores *Consultora da Confederação Nacional da Indústria - CNI ** Analista de Estudos e Desenvolvimento da CNI © 2004. CNI – Confederação Nacional da Indústria É autorizada a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte. R586r Rios, Sandra. Relações comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras/ Sandra Rios, Edson Velloso. — Brasília : CNI, dezembro de 2004. 32 p. :il. — (Estudos CNI, 1) ISSN 1807-6661 1. Exportação 2. Comércio Exterior I. Título CDU: 339.564 CNI – Confederação Nacional da Indústria Setor Bancário Norte, Quadra 1, Bloco C Edifício Roberto Simonsen 70040-903-Brasília - DF Tel.(61) 317-9001 Fax. (61) 317-9994 www.cni.org.br Serviço de Atendimento ao Cliente - SAC Tel.: (61) 317-9989/317-9992 [email protected] 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7 2 OS ENTENDIMENTOS ENTRE 3A O BRASIL E O MÉXICO ............................................................ EVOLUÇÃO DAS RELAÇÕES BILATERAIS NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS ........................................ 4 ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA 5 OPORTUNIDADES PARA 6 PROMOÇÃO O MERCADO MEXICANO A EXPANSÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA O MÉXICO 8 10 ........... 16 ................ 19 COMERCIAL E NEGOCIAÇÃO DE ACORDOS COMERCIAIS: ESFORÇOS COMPLEMENTARES ..... 24 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 29 ANEXO A ........................................................................................................... 30 ANEXO B ........................................................................................................... 32 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras 6 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras 1 INTRODUÇÃO Os números do comércio entre o Brasil e o México continuam muito aquém do que se poderia esperar das relações econômicas entre as duas maiores economias da América Latina. O México é o destino de 3,7% das exportações totais brasileiras, enquanto os produtos vendidos pelo Brasil representam apenas 1,9% das importações totais mexicanas. A corrente de comércio apresentou, de fato, um expressivo crescimento nos últimos dez anos, tendo passado US$ 1.313 milhões em 1993 para US$ 3.274 milhões em 2003. Esse crescimento, todavia, representou ganhos muito modestos em termos de aumento de participação do comércio bilateral no comércio global dos dois países. Na realidade, embora o Brasil tenha recuperado em 2003 a mesma participação que detinha em 1993 no mercado mexicano, as importações provenientes do México perderam participação no total das compras externas brasileiras nesse período. A avaliação de que as relações econômicas bilaterais não são condizentes com o tamanho e a diversidade econômica dos dois países é recorrente. Essa percepção, aliada às motivações de caráter político – que vislumbram na integração comercial entre as duas economias um passo importante no reforço das posições estratégicas dos dois países no ambiente das Américas –, está na raiz das iniciativas de negociação de acordos comerciais empreendidas pelos dois governos desde 1997. Esses esforços resultaram em um acordo, firmado entre o Brasil e o México em julho de 2002, que determina a eliminação ou redução das tarifas entre os dois países para 796 produtos (ACE 53). Embora tenha sido fruto de um grande esforço negociador, o acordo alcançado é limitado em termos de abrangência e valor de comércio, o que justifica os esforços que estão em andamento para a sua ampliação. Em fevereiro deste ano, aproveitando a realização da VI Reunião Plenária do Comitê Empresarial Brasil-México, os dois governos deverão dar início a uma nova rodada de negociações para o aprofundamento do acordo. É importante lembrar que o México e o Brasil são participantes de negociações visando a criação de uma área de livre comércio entre os dois países. Na Alca, embora ainda não haja definição precisa sobre os métodos que serão utilizados para concluir as negociações de acesso a mercados de bens, não há dúvidas quanto ao compromisso de se chegar a uma área de livre comércio entre os membros do futuro acordo. Além disso, o acordo marco entre o Mercosul e o México também prevê a criação de uma área de livre comércio no formato 4+1. Assim, o exercício de ampliação e aprofundamento do ACE 53 pode ser entendido como um passo para o aumento do comércio, tendo no horizonte a expectativa de negociação de um acordo mais amplo para a liberalização do comércio entre os dois países. Nesse cenário, é oportuna uma avaliação cuidadosa do comércio bilateral, das oportunidades para a sua expansão e dos resultados obtidos com os produtos já negociados. Tal avaliação poderá contribuir com elementos e prioridades a serem incorporados por empresários e pelo governo brasileiro nos novos esforços negociadores, de modo a estimular um aumento importante no patamar de comércio entre os dois países. 7 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras 2 OS ENTENDIMENTOS ENTRE O BRASIL E O MÉXICO Os países do Mercosul iniciaram negociações em 1997 com o México, após estar concretizada a formação do Nafta e do próprio Mercosul. O objetivo inicial era multilateralizar o “patrimônio histórico” dos acordos bilaterais que cada país do Mercosul mantinha com o México no âmbito da Aladi e ampliar as preferências, com vistas à maior integração econômica entre as economias. Durante o ano de 1997, os países do Mercosul e o México realizaram diversos encontros negociadores objetivando a assinatura de um Acordo de Complementação Econômica no formato “4+1”. Este acordo substituiria, a partir de janeiro de 1998, os antigos acordos mantidos pelos países no âmbito da Aladi, definindo, assim, uma política comum de preferências tarifárias com aquele país. O avanço dos entendimentos foi muito mais difícil do que se previa. A multilateralização do patrimônio histórico por si já significava um desafio expressivo, tendo em vista as enormes diferenças existentes entre as listas de produtos já negociados bilateralmente. O Uruguai, por exemplo, tinha negociado com o México um conjunto de produtos que abrangia quase todo o universo tarifário, enquanto a lista brasileira era reduzida. Além disso, como é natural em uma negociação de um acordo limitado de preferências fixas, que não pretende chegar à completa eliminação de tarifas, a escolha de produtos, a definição de margens de preferência e a aplicação de reciprocidade requerem convergência de interesses e visões, que não foi possível alcançar naquela época. As posições negociadoras apresentavam distanciamento expressivo. O México desejava que o acordo fosse o mais amplo possível, uma vez que os produtos-alvo de concessão brasileira estariam isentados da cobrança do Adicional do Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). O Mercosul pretendia que fosse assinado um acordo restrito, limitado e provisório, para preservar correntes de comércio geradas por tratamentos preferenciais antigos. Em dezembro de 1997, o Conselho do Mercado Comum deliberou que os países do Mercosul ficariam livres para decidir pela prorrogação ou não dos seus acordos bilaterais mantidos com o México. O governo brasileiro, apoiado pelo setor industrial, decidiu não prorrogar seus acordos bilaterais, enquanto a Argentina, o Paraguai e o Uruguai prorrogaram os seus até que fosse firmado um acordo entre o Mercosul e o México. A RETOMADA DOS ENTENDIMENTOS ENTRE O BRASIL E O MÉXICO Embora não tivesse produzido impactos importantes sobre as duas economias, a não prorrogação do acordo comercial entre Brasil e México causou incômodo à agenda política bilateral. Na segunda metade dos anos 90, o México adotou uma agressiva estratégia de firmar acordos de livre comércio com os atores mais relevantes das diferentes nações do mundo. O Brasil passou a ser a única economia de expressão das Américas a não fazer parte desta rede. Do lado brasileiro, a ausência de um acordo com o México indicava uma lacuna importante na aproximação com um país que busca expandir um grau de influência sobre a América Latina – objetivo também perseguido pelo Brasil. Havia, assim, a percepção de que o projeto deveria ser retomado em algum momento. 8 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras No fim de abril de 1999, durante a visita do presidente do México, Ernesto Zedillo, ao Brasil, foi acertada a retomada das negociações entre os dois países. Após diversas rodadas negociadoras realizadas entre fevereiro de 2000 e abril de 2002, foi assinado, no princípio de julho daquele ano, na reunião de Cúpula do Mercosul em Buenos Aires, o Acordo de Complementação Econômica nº 54 (ACE 54) entre o Mercosul e o México, no âmbito da Aladi. O ACE 54 incorpora os acordos mantidos em separado por cada país do Mercosul com o México e deve permanecer vigente até a implantação de um acordo de livre comércio no formato 4+1. Esse acordo marco inclui os acordos da área automotiva, que estão amparados no Acordo de Complementação Econômica nº 55. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO ACORDO COMERCIAL ENTRE O BRASIL E O MÉXICO (ACE 53) Durante a visita ao Brasil do presidente do México, Vicente Fox, em julho de 2002, foi firmado o Acordo de Complementação Econômica nº 53, que estabelece preferências fixas entre os dois países. Na mesma oportunidade, foi concluído o acordo do setor automotivo. O ACE 53 determina a eliminação ou redução de tarifas de importação no comércio entre o Brasil e o México, para um universo de 796 posições tarifárias e tem como principal característica a concessão de margens de preferências recíprocas. Isto significa benefícios tarifários iguais para os dois países nos mesmos produtos. Merecem destaque também no acordo a não aplicação nas importações brasileiras do Adicional de Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) e a formatação inovadora do regime de origem. Do total de produtos negociados, apenas 5 produtos registraram concessões assimétricas, ou seja, concessões negociadas com margens distintas de preferências. Os níveis das margens de preferências negociadas variam entre 20% e 100%, sendo que a distribuição de produtos nos diferentes níveis é a seguinte: 63 produtos com MP = 100% 80 produtos com 60% MP 80% 103 produtos com MP = 50% 250 produtos com 20% MP 45% Os setores que tiveram maiores quantidades de produtos negociados foram: indústrias químicas e conexas (255 produtos); máquinas, aparelhos e material elétrico (102 produtos); indústrias alimentares de bebida e fumo (90 produtos); plásticos e borracha (82 produtos); produtos do reino vegetal (51 produtos) e instrumentos e aparelhos de ótica e fotografia (39 produtos). PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO ACORDO AUTOMOTIVO ENTRE O BRASIL E O MÉXICO (ACE 55) O Acordo Automotivo Brasil-México estabelece que os automóveis e comerciais leves terão comércio livre nos dois países, a partir do quinto ano da vigência do acordo. Já as máquinas agrícolas e rodoviárias poderão ser comercializadas livremente a partir do quarto ano. Para os automóveis e comerciais leves, a abertura do comércio será gradual através de quotas bilaterais recíprocas, a partir do início da vigência do acordo. Somente no primeiro ano, esses produtos pagariam Imposto de Importação com uma alíquota de 1,1%. 9 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras No caso das máquinas agrícolas e rodoviárias, até que seja atingido o livre comércio, serão aplicadas margens de preferências recíprocas e variáveis, de acordo com a alíquota do Imposto de Importação vigente. Para esse grupo de produtos não haverá estabelecimento de quotas. O acordo prevê, ainda, a isenção do Imposto de Importação para determinadas autopeças dos produtos acima mencionados. O Brasil concedeu a isenção do pagamento do Adicional de Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) na importação das mercadorias objeto do acordo. Embora os acordos tenham sido firmados em julho de 2002, não entraram imediatamente em vigência. O acordo automotivo (ACE 55) passou a vigorar a partir de setembro de 2002 e o acordo de preferências fixas (ACE 53) teve sua vigência iniciada apenas em maio de 2003. 3 A EVOLUÇÃO DAS RELAÇÕES BILATERAIS NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS A corrente de comércio entre o Brasil e o México apresentou um crescimento de cerca de 150% na última década, fruto de uma expansão de 175% nas exportações brasileiras para aquele país e de 68% nas exportações mexicanas para o Brasil. Durante esse período, os saldos comerciais têm sido favoráveis para o Brasil, com exceção do triênio 1995-97. Alguns aspectos surpreendem quando se analisa o desempenho do comércio bilateral nesse período. Em primeiro lugar, observa-se um aumento na participação do México como destino das vendas externas brasileiras de 2,5% em 1993 para 3,7% em 2003. Apesar disso, a evolução da participação de produtos brasileiros no valor total importado pelo México mostra que em 2003 o Brasil voltou a ter importância semelhante à que tinha há dez anos no mercado mexicano. Entre 1997 e 2003, o Brasil recuperou posições perdidas no triênio anterior. Em segundo lugar, apesar de terem mostrado crescimento na última década, as exportações mexicanas para o Brasil cresceram menos do que as importações totais brasileiras, fazendo com que o México tenha perdido relevância como fornecedor do mercado brasileiro. Tabela I Balança Comercial Brasil - México Fonte: MDIC/Secex 10 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Gráfico I Balança Comercial Brasil - México Fonte: MDIC/Secex Em terceiro lugar, verifica-se que a não prorrogação dos acordos bilaterais, determinada no fim de 1997, contribuiu para gerar saldos comerciais favoráveis ao Brasil. Os valores observados para as importações brasileiras provenientes do México, desde 1998 até o ano passado, foram significativamente inferiores àqueles registrados em 1997 e a participação mexicana na pauta de importações brasileiras foi decrescente desde então. Por outro lado, as vendas do Brasil para o México ganharam participação tanto na pauta de exportações brasileiras quanto no total das importações mexicanas. Há que se considerar a importância que a desvalorização do real no início de 1999 terá tido na recuperação das exportações brasileiras. Gráfico II Taxa de câmbio real Real / Peso Mexicano Fonte: Elaborado pela CNI 11 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Tabela II Participação das Exportações Brasileiras para o México no Total das Exportações Brasileiras Fonte: MDIC/Secex Tabela III Participação das Importações Brasileiras do México no Total das Importações Brasileiras Fonte: MDIC/Secex 12 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Tabela IV Importações Mexicanas nos Últimos 10 anos Fonte: Banco de Información Económica Notas: (p) Cifras preliminares a partir de la fecha que se indica-(1) Valores até outubro O DESEMPENHO NO PERÍODO RECENTE Embora seja ainda prematura uma avaliação da contribuição dos acordos já firmados para o crescimento do comércio – em particular do ACE 53, que só foi homologado em maio de 2003 –, uma análise da evolução das exportações brasileiras para o México após aquele mês mostra que os produtos negociados tiveram um fraco desempenho, indicando que o acordo ainda não se mostrou muito relevante para uma mudança no patamar das exportações brasileiras. O mesmo não pode ser dito dos produtos do acordo automotivo. Entre as vendas brasileiras para o México observa-se um claro predomínio de automóveis e autopeças, que já tinham participação importante no comércio bilateral antes da entrada em vigência do ACE 54, mas que apresentaram um crescimento expressivo em 2003. Esse acordo já está em vigência desde setembro de 2002. Como se pode observar no Quadro IV, as exportações brasileiras dos produtos do ACE 54 mostraram crescimento de 31%, comparando-se os 12 meses que se seguiram a sua homologação com os 12 meses anteriores. Nesse mesmo período, as exportações totais brasileiras expandiram-se 22%. Já os produtos do ACE 53 apresentaram queda de desempenho logo após a homologação do acordo, comparando-se o valor exportado entre maio e novembro de 2003 com o mesmo período do ano anterior. Mas, como já foi ressaltado acima, é importante reconhecer que, como o acordo é recente, conclusões definitivas sobre a sua eficácia ainda são prematuras. 13 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Tabela V Exportações Brasileiras para o México - Sumário - segundo acordos e total Igual período Exportações Brasileiras para o México - Evolução – segundo acordos e total – 14 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Além dos produtos do setor automotivo, aparecem também com destaque na pauta de exportações brasileiras os minérios de ferro, os produtos siderúrgicos, os aparelhos de telefonia celular, os calçados, os tubos catódicos para aparelhos de televisão e as motocicletas. Alguns produtos do setor agroindustrial como fumo, chocolate, café e soja, produtos químicos e madeiras também aparecem entre os 30 produtos com maior destaque nas exportações, mas com valores relativamente baixos. A concentração das vendas para o México nos automóveis é impressionante: 41% das exportações brasileiras são compostas por esses produtos. O comércio intra-industrial no setor automotivo e autopeças domina o fluxo de mercadorias entre os dois países. Os motores de explosão para veículos aparecem como principal produto importado pelo Brasil do México, com 6,7% de participação, sendo que, de modo geral, automóveis e autopeças têm papel importante no total de vendas mexicanas para o mercado brasileiro. Os tubos catódicos para televisão estão presentes nas duas pautas. Além disso, alguns produtos eletroeletrônicos e químicos também estão entre os principais importados pelo Brasil. A pauta de exportações do México para o Brasil apresenta uma concentração muito menor do que o fluxo no sentido contrário. Tabela VI Principais Produtos Brasileiros Exportados para o México Fonte: MDIC/Secex 15 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Tabela VII Principais Produtos Mexicanos Importados pelo Brasil Fonte: Secex - MDIC 4 ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA O MERCADO MEXICANO 1 Na média do triênio 1999-2001, as exportações brasileiras para o mundo foram compostas de 3.395 produtos, que somaram um valor de US$ 50.002 milhões. Para o México, o Brasil exportou nesse período 1.114 produtos, mas que representaram apenas US$ 1.554 milhões, ou seja, 3% do total das vendas brasileiras. Esses números indicam que, apesar de apresentar uma pauta bastante diversificada em termos de produtos, as exportações brasileiras para o mercado mexicano são pouco expressivas em termos de valor. 1 A análise apresentada nessa seção é fundamentada nas estatísticas coletadas pela UNCTAD e disponibilizadas no banco de dados PC-TAS da UNCTAD para o triênio 1999-2001, último ano para o qual estão disponíveis as informações. É importante observar que durante esse triênio o comércio entre os dois países não contou com as margens de preferência dos Acordos de Complementação Econômica. As estatísticas estão classificadas de acordo com o Sistema Harmonizado a 6 dígitos elaboradas pela UNCTAD. 16 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras O Brasil é o quinto principal fornecedor de produtos importados pelo México, ficando atrás de Estados Unidos, União Européia, Japão e Coréia. Como é conhecido, o comércio mexicano é muito concentrado em termos geográficos, sendo os Estados Unidos responsáveis por 75,5% das vendas. As importações provenientes da União Européia representam outros 10,4%, cabendo ao Brasil uma fatia de 1,3% do mercado. É curioso notar que o Canadá, país que conta com livre acesso ao mercado mexicano como membro do Nafta, ocupa a sexta posição como fornecedor para o México, vindo atrás do Brasil. Nos anos 90 o México adotou uma agressiva política de integração internacional, celebrando acordos comerciais com vários países ou agrupamentos regionais. Além do Nafta, o México tem arranjos comerciais com quase todos os países das Américas, assinou um amplo acordo com União Européia, que entrou em vigência em 2000, além de outras iniciativas com os países do Leste Europeu e Israel. Houve também um início de entendimentos com o Japão, que não chegaram a ser concluídos. Embora não seja objeto desse estudo, uma análise mais acurada dos concorrentes brasileiros no mercado mexicano deveria considerar os arranjos preferenciais em vigência envolvendo aquele país, uma vez que o México tem tarifas de importação relativamente elevadas. A existência de vários arranjos preferenciais e de níveis tarifários não desprezíveis no México tornam importante a Tabela VIII Importações do México por País de Origem 1999 - 2001 Todos os Produtos Fonte: Elaborado com base nas estatísticas do PC-TAS/Unctad 17 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras informação sobre a existência ou não de acesso privilegiado ao mercado mexicano pelos principais concorrentes do Brasil. A classificação das exportações brasileiras de acordo com a intensidade de uso de fator de produção permite uma visão do comércio de acordo com as vantagens comparativas do país.2 Como mostra o Quadro V, a estrutura das exportações brasileiras para o México apresenta características diferentes daquelas observadas para o total das vendas externas brasileiras. Nas exportações brasileiras para o mundo, os produtos industrializados intensivos em economias de escala, os semimanufaturados de origem agrícola intensivos em trabalho, os industriais intensivos em pesquisa e desenvolvimento e os básicos agrícolas são responsáveis pelos maiores percentuais de valor exportado. Juntas essas quatro categorias respondem por 59% das vendas externas brasileiras. Já as exportações para o México são altamente concentradas em produtos manufaturados intensivos em escala (57%) e de provedores especializados (18,5%). Essas duas categorias representam 75% das vendas brasileiras para aquele país. Os produtos do setor automotivo e siderúrgico têm papel de destaque nas exportações brasileiras e estão classificados nessas categorias. A terceira categoria em importância nas exportações para o México é a de manufaturados intensivos em pesquisa e desenvolvimento. Os aparelhos de telefonia celular e os tubos catódicos para aparelhos de televisão estão entre os principais produtos nessa categoria. Tabela IX Exportações Brasileiras 1999 - 2001 Todos os Produtos Fonte: Elaborado com base nas estatísticas do PC-TAS/UNCTAD 2 Classificação elaborada por PAVITT, K. Sectoral patterns of technical change: toward taxonomy and theory. Research Policy, Vol.13, 1984 e atualizada pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior – Funcex, Rio de Janeiro, Brasil. 18 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Os produtos de origem agrícola – sejam eles básicos ou semimanufaturados – nos quais o Brasil possui vantagens comparativas e têm papel relevante nas exportações totais, mostram pouca expressão no comércio com o México. O setor agrícola mexicano é altamente sensível e protegido. A importação de vários produtos de origem agrícola está sujeita a cotas tarifárias, sendo que percentuais elevados dessas cotas são alocados para os Estados Unidos. Além disso, os compromissos assumidos no Nafta impuseram abertura às importações provenientes dos sócios. Isso explica a pequena relevância dos produtos desse setor nas exportações brasileiras para o México. 5 OPORTUNIDADES PARA A EXPANSÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA O MÉXICO O objetivo dessa seção é verificar os produtos brasileiros que teriam maiores possibilidades de expansão de exportações para o mercado mexicano e que tipo de iniciativas o Brasil deveria adotar para o aproveitamento das oportunidades existentes, distinguindo os produtos que deveriam ser alvo de esforços de promoção comercial e os que o País deveria perseguir margens de preferência nas negociações futuras. É necessário reconhecer, desde logo, que a análise aqui realizada é parcial e não considera todos os fatores necessários para se apontar com precisão as oportunidades no mercado mexicano. As principais dificuldades estão relacionadas ao tratamento das estatísticas. Problemas de classificação de produtos, diferenças de nomenclatura no cruzamento de dados e o nível de agregação em que as estatísticas estão disponíveis dificultam a identificação de qualidades e especificação de produtos. Além disso, uma avaliação criteriosa deve levar em consideração a capacidade de produção no mercado de destino, a qualidade e adequação da oferta brasileira, as condições de competitividade e paridade cambial e os acordos de comércio já firmados pelo país em questão com os principais competidores brasileiros. A análise aqui apresentada parte do pressuposto básico que as oportunidades de exportação estão concentradas nos produtos em que o Brasil é competitivo em relação aos demais países do mundo. O grau de competitividade de um país em um determinado produto pode ser estimado com base em informações ex-ante ou ex-post. Os indicadores ex-post são mais utilizados e baseiam-se na comparação do desempenho de um determinado país no mercado mundial, relativamente ao desempenho dos demais países. Dentre esses, o índice de vantagem comparativa revelada – IVCR, desenvolvido por Balassa (1965)3 , é um dos mais usados. Esse índice busca mensurar os produtos em que o Brasil apresenta vantagens comparativas com base nos fluxos de comércio passados, pressupondo que a eficiência produtiva relativa de um país pode ser identificada através de seu desempenho no comércio internacional. É claro que a completa validade de tal pressuposto requer que os fluxos de comércio não sejam afetados por fatores alheios à competitividade produtiva dos mesmos, tais como subsídios, restrições quantitativas, tratamento tarifário discriminatório entre países, etc. Desse modo, o emprego desse indica- 3 BALASSA, B. Trade liberalization and revealed comparative advantage. Manchester School, Maio 1965. 19 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras dor deve ser feito com cautela, na medida que todas essas distorções estão usualmente presentes no comércio internacional, modificando de maneira artificial os fluxos comerciais. Entretanto, qualquer indicador está sujeito a esses problemas. Tendo presente essas deficiências, esse estudo constrói IVCRs para os produtos exportados pelo Brasil no triênio 1999-2001. O IVCR do Brasil para um produto i é definido como a razão entre a participação das vendas do produto i no total das exportações brasileiras e a participação das vendas mundiais do mesmo produto no total das exportações mundiais. Isto é: X iBR BR i IVCR = ∑X BR J ∑X Mundo J J X IMundo J No caso de o IVCR ser maior que a unidade, diz-se que o Brasil tem vantagem comparativa revelada no produto em questão. Quanto mais alto o ICVR, maior será a vantagem comparativa do País em um determinado produto. O Brasil exporta 3.295 produtos, classificados a 6 dígitos do Sistema Harmonizado, e tem vantagens comparativas em 798. Esses produtos representam apenas 24% do número total de produtos exportados pelo País, mas significam 83% em termos de valor das vendas externas. Entretanto, quando se analisa a participação desses produtos na pauta de exportações para o México, verifica-se que apenas 432 deles estão presentes no comércio. Em termos de valor, esses produtos representam pouco mais da metade das exportações brasileiras para o México. Tabela X Exportações Brasileiras 1999 - 2001 Produtos que o Brasil Possui VCR Fonte: Elaborado com base nas estatísticas do PC-TAS/UNCTAD 20 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras A classificação dos produtos com vantagens comparativas em termos de intensidade de fatores de produção, mostra que as categorias de manufaturados intensivos em economias de escala e de provedores especializados continuam concentrando a maior parte das exportações brasileiras, embora com percentuais inferiores aos verificados na pauta total. Quando se reduz o universo de análise dos principais concorrentes do Brasil no México aos produtos em que o Brasil tem vantagens comparativas reveladas, observa-se que o Brasil sobe da quinta para a terceira posição, com 3,5% do mercado. Japão e Coréia passam a ocupar respectivamente o quarto e quinto lugares. Não há uma grande alteração nos principais concorrentes quando se comparam os países que aparecem nas vinte primeiras posições das tabelas III e IV. No novo grupo entram África do Sul, Peru e Equador e saem Tailândia, Filipinas e Nova Zelândia. Tabela XI Importações do México por País de Origem 1999 - 2001 Produtos que o Brasil tem VCR Fonte: Elaborado com base nas estatísticas do PC-TAS/Unctad Com o objetivo de identificar produtos com possibilidade de gerar valores mais significativos de comércio, o passo seguinte na análise foi selecionar, entre os produtos com vantagem comparativa, aqueles que representam no conjunto mais de 50% das exportações totais brasileiras e 50% das importações totais do México. Mais do que buscar produtos com dinamismo no mercado, ou seja, que as importações mexicanas apresentam crescimento expressivo, buscou-se aqui identificar aqueles com maior potencial de gerar valores de comércio significativos. 21 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Esse corte nos dados revelou que o México importa do mundo 92 produtos que o Brasil tem vantagem comparativa e que estão na metade superior do valor acumulado das exportações. Entretanto, desses 92 produtos apenas 70 estão entre as importações do México provenientes do Brasil. Ou seja, há 22 produtos que estão entre os principais produtos exportados pelo Brasil e importados pelo México, mas que não figuram no fluxo de exportações brasileiras para o mercado mexicano. As exportações brasileiras desses 70 produtos para o México representam apenas 15% do total das importações mexicanas dessas mesmas mercadorias. Esse percentual reduzido indica que há espaço para que o Brasil procure ampliar a sua participação no mercado mexicano desses produtos. A concentração maior continua a estar nos manufaturados intensivos em economias de escala e de provedores especializados. A Tabela VI apresenta um sumário desses produtos agrupados por fator agregado e intensidade de fatores de produção empregados. No Anexo I apresentase a lista completa dos 70 produtos. Tabela XII Exportações Brasileiras 1999 - 2001 Produtos Selecionados - Corte* Nota: (*) - Prods que o Brasil possui VCR, estão acima da média da sua pauta exportadora e estão acima da média das importações Mexicanas As exportações brasileiras da maioria desses produtos têm participação ainda muito modesta no mercado mexicano, mas, tendo vantagens comparativas e sendo importados de outros concorrentes, deveriam merecer estudos mais detalhados por parte do Brasil. Entre esses se destacam, a título de exemplo: preparações alimentícias; alguns produtos do setor madeireiro; semimanufaturados de alumínio; têxteis – particularmente o denim; pneus; várias autopeças; vários bens de capital; aparelhos para telefonia celular; material fotográfico e rádios para automóveis. Os outros 22 produtos que não figuram no fluxo de exportações do Brasil para o México estão apresentados na Tabela VII e também deveriam ser alvo de atenção especial. Nesse grupo, destacam-se por terem indicadores de vantagem comparativa elevados e boas condições para competir no mercado mexicano: aves e derivados; carnes bovinas; óleo de soja; papel para fotografia e aeronaves leves. 22 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Tabela XIII Produtos Selecionados* Classificados por Intensidade de Fatores de Produção Valores Anuais Médios de 1999 a 2001 - US$ mil FOB Nota: (*) - Prods que o Brasil possui VCR, estão acima da média da sua pauta exportadora e estão acima da média das importações Mexicanas Fonte: Elaborado com base nas estatísticas do PC-TAS/UNCTAD Tabela XIV Produtos que o Brasil Possui VCR não Exportados para o México Fonte: Elaborado com base nas estatisticas do PC-TAS/UNCTAD. Este programa utiliza a versão original do Sistema Harmonizado (SH). 23 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras 6 PROMOÇÃO COMERCIAL E NEGOCIAÇÃO DE ACORDOS COMERCIAIS: ESFORÇOS COMPLEMENTARES Tendo em vista as iniciativas de negociações comerciais em curso entre os dois países e a constatação, sempre incômoda, de que as relações econômicas bilaterais ainda deixam a desejar, é importante identificar estratégias eficientes para ampliar o comércio. Do ponto de vista brasileiro, a seleção dentre os produtos em que o País possui vantagens comparativas, daqueles que são ou não exportados para o México e dentro dessas duas categorias dos que já gozam de preferências comerciais ou não, permitiria definir ações prioritárias por parte do governo e empresários. Essa identificação está representada no diagrama abaixo. Partindo da lista de produtos que o Brasil possui vantagens comparativas, o exercício identifica aqueles que foram exportados para o México (432) e os que não foram exportados para aquele país (366) no triênio 1999-2001. O segundo passo foi distinguir, nesses dois grupos, os produtos que já são beneficiados pelos acordos em vigência daqueles que ainda não contam com esses benefícios. Como se pode observar, ainda é muito elevado o número de produtos brasileiros com vantagens comparativas que está fora da cobertura dos acordos. Esse número é superior a 670 produtos. É importante esclarecer que, como o exercício de identificação de produtos com vantagens comparativas é realizado a 6 dígitos do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias (SH) e os acordos negociados com o México listam os produtos utilizando a Nomenclatura de Mercadorias da Aladi (Naladi) – 8 dígitos –, foi necessário ajustar as informações dos produtos negociados no acordo para o nível mais agregado de 6 dígitos. Isso implica que, em alguns casos, esse nível mais agregado inclui alguns produtos que constam e outros que não constam dos acordos. Por isso, aparecem no diagrama acima as categorias de produtos “Com e Sem Acordo”, indicando que para esses não é possível fazer a distinção. O Quadro VII traz um sumário dos produtos brasileiros com vantagem comparativa exportados para o México sem benefícios dos acordos. Esses produtos estão apresentados por capítulos do Sistema Harmonizado (SH) e uma breve avaliação indica que, dos 324 produtos classificados nessa categoria, merecem atenção pelo tamanho do mercado mexicano e a participação relativamente baixa do Brasil os seguintes setores: cacau e suas preparações, produtos químicos orgânicos, produtos plásticos e de borracha, madeira e obras, produtos de algodão, calçados, produtos de ferro e aço, máquinas e equipamentos dos capítulos 84 e 85 e instrumentos e aparelhos de ótica e fotografia. 24 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Entre os 346 produtos em que o Brasil possui vantagens comparativas, mas que ainda não são exportados para o México e não foram incluídos nos acordos existentes, chamam a atenção pela dimensão das importações mexicanas do mundo: carnes e miudezas comestíveis; cereais; combustíveis minerais, óleos minerais e produtos de sua destilação; químicos orgânicos; plásticos e suas obras; papel e cartão e produtos de algodão. O sumário desses produtos por capítulo está apresentado no Quadro VIII. Aqui é importante recordar que essa análise baseia-se em estatísticas para o triênio 1999-2001 e que a pauta de exportações brasileiras pode ter sofrido alterações no período recente. Os produtos dos setores mencionados nos dois parágrafos anteriores deveriam ser avaliados com atenção pelas autoridades brasileiras nos novos esforços em andamento para o aprofundamento dos acordos bilaterais existentes, em particular do ACE 53. É verdade que essa análise precisa ser complementada pela avaliação de outros fatores, mas é bastante indicativa de oportunidades a serem exploradas4 . Tabela XVI Produtos Brasileiros com Vantagem Comparativa Exportados para o México Sem Acordo (continua) 4 A CNI disponibilizará aos interessados as informações detalhadas sobre os produtos desses setores, a seis dígitos, incluindo a faixa tarifária aplicada pelo México e os principais concorrentes no mercado mexicano com suas respectivas participações. Produtos com tarifas elevadas e concorrentes que já gozam de preferências comerciais no mercado mexicano deveriam ser candidatos prioritários para os pedidos brasileiros nas próximas rodadas de negociações. 25 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Tabela XVI - Continuação Produtos Brasileiros com Vantagem Comparativa Exportados para o México Sem Acordo Fonte: Elaborado com base nas estatísticas do PC-TAS/UNCTAD. Este programa utiliza a versão original do Sistema Harmonizado (SH). Os produtos em que o Brasil tem vantagens comparativas e que foram já negociados, mas que apresentam participação modesta nas importações totais mexicanas ou mesmo que não registraram operações de exportação, poderiam ser objeto de iniciativas de promoção comercial mais agressivas. 26 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Quadro I Produtos Brasileiros com Vantagem Comparativa Não Exportados para o México Sem acordo US$ mil FOB (continua) 27 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Quadro I - Continuação Produtos Brasileiros com Vantagem Comparativa Não Exportados para o México Sem acordo US$ mil FOB Fonte: Elaborado com base nas estatísticas do PC-TAS/UNCTAD. Este programa utiliza a versão original do Sistema Harmonizado (SH). 28 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras 7 C ONSIDERAÇÕES FINAIS A análise realizada neste trabalho confirmou a visão de que o comércio bilateral entre o Brasil e o México está aquém do que se poderia esperar e identificou oportunidades relevantes de expansão das exportações brasileiras para aquele mercado. Todavia, é necessário levar em consideração que o México adotou uma agressiva política de inserção internacional nos anos 90 com a implementação de uma quantidade significativa de acordos comerciais, especialmente com as economias mais desenvolvidas. Ao mesmo tempo, o país mantém tarifas de Nação Mais Favorecida razoavelmente elevadas. Isso significa que a exploração das oportunidades de comércio no mercado mexicano depende, em muito, da possibilidade de se aprofundar e ampliar o acordo de preferências fixas hoje existente entre os dois países. Avançar nessa direção é importante para reduzir a discriminação existente contra as exportações brasileiras pela ausência de margens de preferências em muitos produtos em que o Brasil é competitivo. Os dados mostraram que o Brasil possui vantagens comparativas em um número muito expressivo de produtos que não estão cobertos pelos ACEs 53 e 55. A maioria deles enfrenta concorrentes no mercado mexicano que já contam com margens de preferências, que discriminam os produtos brasileiros. Durante boa parte da década passada, observou-se uma aparente falta de entusiasmo dos empresários nos esforços de aproximação entre os dois países. Nos últimos anos, estimulados pela recuperação das condições de competitividade, após a mudança no regime cambial no Brasil, e pela percepção de que uma maior inserção no mercado internacional traz benefícios para os resultados das empresas, os empresários brasileiros vêm demonstrando maior interesse pelo mercado mexicano. A existência de oportunidades comerciais reais, o maior interesse empresarial e as motivações de caráter político para uma maior integração comercial e econômica entre os dois países deverão dar novo impulso aos entendimentos entre os dois países. Este estudo identifica setores e produtos que deverão merecer atenção especial dos negociadores brasileiros nas próximas rodadas de negociação. Vale observar que as manifestações de interesse na ampliação do acordo por empresários de diversos setores têm elevado grau de coincidência com as conclusões encontradas neste estudo. 29 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras ANEXO A PRODUTOS SELECIONADOS CLASSIFICADOS POR INTENSIDADE DE FATORES DE PRODUÇÃO Valores Anuais Médios de 1999 a 2001 - US$ mil FOB Produtos por Intensidade de Fatores de Produção IVCR BR SH Básicos Agrícolas 050400 012010 Exportações Brasileiras Importações do México Exportações Brasileiras para o México (a) (b) (c) Participação México nas Exportações do Brasil (c) / (a) Participação do Brasil nas Importações do México (c) / (b) Tripas, bexigas e estômagos de animais, exceto peixes, frescos, refrigerados Soja, mesmo triturada 3,28 18,60 2.182.459 48.252 2.134.207 820.849 92.387 728.462 23.801 175 23.626 1% 0% 1% 3% 0% 3% Minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados Óxidos de alumínio, exceto corindo artificial 25,41 7,27 1.896.097 1.702.796 193.301 67.590 41.689 25.901 34.929 34.443 486 2% 2% 0% 52% 83% 2% Semimanufaturados de origem agrícola intensivo em trabalho 020329 Outras carnes de suíno, congeladas 170490 Outros produtos de confeitaria, sem cacau 180690 Outros chocolates e preparações alimentícias contendo cacau 210690 Outras preparações alimentícias 230400 Tortas e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja 440710 Madeira de coníferas, serrada ou cortada em folhas, etc. ... 440799 Outras madeiras, serradas ou cortadas em folhas, etc. ... 441211 Laminados de madeiras tropicais de, no mínimo 1, poleg. de espes. (<6mm) 441219 Outras madeiras compensadas, com folhas de espessura < = 6mm 442190 Outras obras de madeira 481920 Caixas e cartonagens, dobráveis, de papel ou cartão, não ondulados 4,00 2,28 2,52 3,32 20,95 1,26 5,68 1,74 10,31 1,62 2,70 2.899.571 156.782 60.093 48.310 223.725 1.720.394 220.402 173.987 45.390 150.939 39.529 60.020 709.252 38.527 35.296 87.372 137.756 44.945 76.913 46.931 32.186 58.071 31.308 119.947 23.245 271 260 11.719 116 160 7.163 414 1.580 740 448 374 1% 0% 0% 24% 0% 0% 3% 0% 3% 0% 1% 1% 3% 1% 1% 13% 0% 0% 9% 1% 5% 1% 1% 0% 21,90 4,20 1.420.542 1.242.348 178.194 117.921 64.122 53.799 944 59 885 0% 0% 0% 1% 0% 2% 9,66 3,67 5,21 2,20 7,52 1.110.371 57.682 28.191 738.551 196.623 89.324 416.868 32.960 67.480 92.257 196.346 27.825 26.549 1.401 13.259 4.181 6.977 731 2% 2% 47% 1% 4% 1% 6% 4% 20% 5% 4% 3% 17,74 6,60 1,62 3,53 3,81 2,02 2,02 4,12 1,60 1.187.641 244.319 291.976 48.015 43.468 109.214 78.556 51.502 162.962 157.629 725.173 31.510 53.937 148.476 46.089 269.229 28.605 64.266 42.454 40.607 9.212 1.475 1.017 92 50 2.859 2.409 6 431 873 1% 1% 0% 0% 0% 3% 3% 0% 0% 1% 1% 5% 2% 0% 0% 1% 8% 0% 1% 2% 1,82 2,06 3,04 22,80 3,47 1,82 4,29 7,51 4,59 1,06 2,35 9,26 10,20 1,77 2,61 2,60 2,80 2,49 2.603.342 59.093 189.338 222.278 699.689 52.775 51.446 90.457 37.094 98.307 73.197 269.118 160.357 137.517 139.931 84.638 134.254 48.422 55.431 2.362.039 67.820 307.380 313.244 26.920 35.854 80.038 74.109 44.100 34.537 121.195 29.762 80.146 79.731 378.000 348.880 235.692 73.663 30.968 161.688 2.048 7.695 5.983 22.745 63 74 7.670 6.384 2.946 8.138 6.345 22.223 45.967 8.747 2.527 3.920 908 7.305 6% 3% 4% 3% 3% 0% 0% 8% 17% 3% 11% 2% 14% 33% 6% 3% 3% 2% 13% 7% 3% 3% 2% 84% 0% 0% 10% 14% 9% 7% 21% 28% 58% 2% 1% 2% 1% 24% Minerais 260111 281820 de origem agricolas intensivo em capital 470329 Pasta química de madeira de não conífera, à soda ou sulfato, semibranquiçada 480252 Papel e cartão, de peso = > 40 g/m2 e < = 150 g/m2, sem fibras obtida de origem Mineral 220710 Álcool etílico não desnaturado com volume de teor alcóolico >= 80% 262090 Cinzas e resíduos contendo outros metais ou compostos 760110 Alumínio não ligado em forma bruta 760120 Ligas de alumínio, em formas brutas 760511 Fios de alumínio não ligado, com a maior dimensão da seção transversal Manufaturados intensivo em trabalho 410422 Couros e peles, de bovinos, pré-curtidos de outro modo 410431 Outros couros e peles, de bovinos e equídeos, plena flor e ... 410439 Outros couros e peles, de bovinos e de equídeos, apergaminhados ou ... 420500 Outras obras de couro natural ou reconstituído 520942 Outros tecidos de algodão, fios de diversas cores, denim, contendo > = 640299 Outros calçados de borracha ou plástico 640610 Partes superiores de calçados e seus componentes, exceto contrafortes e ... 690890 Outros ladrilhos e artigos semelhantes, de cerâmica, vidrados ou esmaltados 940360 Outros móveis de madeira intensivo em economina de escala 380830 Herbicidas, inibidores de germinação e reguladores de crescimento para ... 401110 Pneus novos para automóveis de passageiros 401120 Pneus novos para ônibus ou caminhões 720712 Outros produtos semimanufaturados, de ferro ou aços, não ligados, ... 720922 Lam. planos, fer./aços n/lig., L=>600mm, em rolos, a frio, esp. > 1mm e < 3mm 720923 Lam.planos,ferro/aços n/lig, L=>600mm, e/rolos, a frio, 0,5mm =<esp =< 1mm 721012 Flat rolld prod,i/nas,platd or coatd with tin,>/=600mm wide,<0.5mm thk 721050 Produtos laminados planos, de ferro ou aços não ligados, de largura ... 721331 Bars/rod,i/nas,hr,in irreg wnd coil of circ c sect,dia<14mm,ctg<0.25%C 870120 Tratores rodoviários para semi-reboques 870421 Veículos autómoveis com motor diesel, de peso em carga máxima < = 5 ton 870600 Chassis com motor para automóveis de passageiros e mercadorias 870790 Outras carroçarias para tratores e veículos automóveis para transporte 870839 Outros freios e suas partes, para tratores e veículos automóveis 870850 Eixos de transmissão com diferencial, para veículos automóveis, tratores 870870 Rodas, suas partes e acessórios, para veículos automóveis 870880 Amortecedores de suspensão, para tratores e veículos automóveis 871120 Motocicletas e outros ciclos com motor de pistão alternativo 50 cm3 < cc Cont. 30 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Anexo A - Continuação Produtos Selecionados Classificados por Intensidade de Fatores de Produção Valores Anuais Médios de 1999 a 2001 - US$ mil FOB Fonte: Elaborado com base nas estatisticas do PC-TAS/UNCTAD. Este programa utiliza a versão original do Sistema Harmonizado (SH). 31 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras ANEXO B BASE DE INFORMAÇÕES O trabalho é fundamentado nas estatísticas de comércio exterior coletadas pela UNCTAD e disponibilizadas através do banco de dados PC-TAS -Trade Analysis System on Personal Computer: Harmonized System, 1997-2001. As estatísticas de comércio exterior são classificadas de acordo com o Sistema Harmonizado. A definição de produto foi baseada nessa classificação, com o maior nível de desagregação disponível (seis dígitos), o que resultou em um universo de 5.019 produtos. Como forma de minimizar as variações atípicas no volume de comércio, optou-se por trabalhar com valores médios trianuais, usando-se como base para o trabalho o triênio 1999-2001. Os países que não informaram suas estatísticas de comércio em pelo menos dois anos do triênio em questão foram excluídos da amostra. Para efeito de análise também foram dispensados os países que não reportaram exportações/importações mas eram citados como destinos por outros, reduzindo-a para 106 países. 32 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras 33 Relações Comerciais entre o Brasil e o México: oportunidades para a expansão das exportações brasileiras Confederação Nacional da Indústria - CNI Diretoria Executiva - DIREX Diretor Executivo: José Augusto Coelho Fernandes Diretoria de Operações – DIOP Diretor: Marco Antonio Reis Guarita Unidade de Negociações Internacionais - NEGINT Coordenadora: Soraya Saavedra Rosar Superintendência Corporativa – SUCORP Unidade de Comunicação Social – UNICOM Editoração: Sueli Santos Superintendência de Serviços Compartilhados – SSC Área Compartilhada de Informação e Documentação – ACIND Normalização: Fernando Ouriques 34