Kriolidadi 12 - 1
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Kriolidadi 12 - 1
A Semana - Sexta-Feira, 3 de Dez. 2004 2 KRIOLIDADI SEMINÁRIO-LICEU DE SÃO NICOLAU Património Património adulterado “Estava previsto um trabalho de aconteceria também por decreto-lei nº restauro, mas aquilo que se fez foi uma 701, de 13 de Janeiro de 1917, como remodelação” - comenta o padre Sa- resultado do exacerbado anti-clerica- muel Gomes, pároco da Igreja Católi- lismo dos políticos que subiram ao ca na vila da Ribeira Brava, quando poder em Portugal, com o advento da olha para o aspecto novo do seminá- República, de 5 de Outubro de 1910. rio-liceu, cerca de 10 anos depois do Extinção que foi considerada por início das obras. A arquitectura origi- muitos como “um gravíssimo erro ad- nal do edifício, oficialmente entregue ministrativo, para não dizer um cri- pelo governo à Igreja Católica a 24 de me tremendo”. Agosto deste ano, foi mantida mas Em seu lugar, e nas mesmas insta- outros materiais - como madeiras, pe- lações, nasceria, oito anos depois, o dras e telhas - não foram restaurados Instituto Cabo-Verdiano de Instrução. e/ou reaproveitados, porque foram Porém, foi curto o período de funcio- pura e simplesmente destruídos. namento dessa escola devido a factos Mas o descontentamento não é relacionados com a instabilidade na apenas da parte da Igreja Católica. A então metropole. É assim que o desti- Câmara Municipal considera que, em no da escola foi afectado pela revolta vez de o terem transformado em resi- que, comandada pelo general Sousa dência paroquial, o seminário-liceu Dias a 4 de Abril de 1931, a partir do deveria ser um espaço cultural, com Funchal, ilha da Madeira, ao ser sufo- lugar para escola de música e museu. cada pelo poder instituído deu à luz a Almejando formar clérigos no ar- uma vaga de deportados políticos. E, quipélago, a Igreja Católica acalenta- em Maio do mesmo ano, desembarca- va desde o séc. XVIII o desejo de ins- ram no porto da Preguiça cerca de 200 talar um seminário nas ilhas de Cabo homens que rumaram a pé para Ribei- Verde. Mas a escassez de fundos adiou ra Brava. A vila, entretanto, não ofere- por muito tempo a concretização des- cia condições para albergá-los. Deci- se sonho. No século XIX a Igreja Ca- diu-se então instalá-los no edifício tólica propôs então ao Estado portu- onde funcionava o Instituto Cabo-Ver- guês a criação de um estabelecimento diano de Instrução. com dupla finalidade: preparar alunos “Éramos nós e os professores a para a vida eclesiástica e suprir a falta sair e simultaneamente os deporta- de um liceu, onde os jovens que não dos a entrarem, todos controlados pretendiam dedicar-se ao sacerdócio pela Guarda Republicana, de armas pudessem seguir estudos superiores ou em punho”, conta José Duarte Lopes, simplesmente receber uma formação uma das poucas, ou talvez a única tes- literária e científica. temunha viva daquele fatídico dia. Na Essa instituição de ensino foi cri- altura ainda um adolescente, José Lo- ada pelo decreto de 3 de Setembro pes recorda: “Estávamos ainda em de 1866 e instalada na casa do famo- aulas quando naquele dia retumba- so médico sanicolauense Júlio José ram todos os sinos ao mesmo tempo, Dias, que abnegadamente a cedeu avisando-nos do que estava aconte- preferindo mudar-se para Cachaço, cendo e dando-nos tempo apenas no interior da ilha. Seguiu-se uma para meter os nossos livros debaixo vida que oscilava entre sucessos aca- do braço e caminhar para a saída”. démicos - muitos ex-alunos eram funcio- sáveis apelarem ajuda à Metrópole. cisco Ferreira da Silva salienta, num rela- E o alvoroço para instalar os deportados nários públicos que exerciam importan- Conforme escreve João Lopes Filho no tório de 1894/95, que o seminário “mere- era tanto que, relata Lopes, “alunos e de- tes cargos na província - e dificuldades seu livro “Ilha de São Nicolau, Cabo Ver- cia uma protecção mais desvelada por par- portados esbarravam uns nos outros ao financeiras, que depressa afectaram o seu de, Formação da Sociedade e mudança te da Exma Junta da Bulla Crusada”. passarem pelos corredores”. bom funcionamento a ponto de os respon- cultural”, volume I (pg. 222), o Deão Fran- A morte anunciada do seminário-liceu E, como as autoridades coloniais en- A Semana - Sexta-Feira, 3 de Dez. 2004 3 KRIOLIDADI ganaram-se ao calcular que o ano lectivo fica dizendo que “estava previsto um tra- lho pastoral (catequese) e outra para resi- já terminara - os deportados chegaram um balho de restauro, mas aquilo que se fez dência e serviço da casa”, esclarece o clé- mês antes da data prevista para o término foi uma remodelação. Houve materiais ori- rigo. Mas ainda há uma outra parte do se- das aulas - os alunos, inclusive aqueles ginais e antigos que foram retirados, como minário-liceu que se encontra fechada e que que vinham de Santo Antão, São Vicente, a madeira, que eram muito boas, telhas e está destinada à criação de um museu de Fogo, Santiago, Brava, Maio e até da Gui- pedras antigas que faziam parte do piso arte sacra e não só. né-Bissau, ficaram com o ano incomple- do seminário”. O descontentamento da paróquia esten- to e, consequentemente, reprovaram. Samuel Gomes, que estava presente de-se à Câmara de São Nicolau que, den- “Nunca mais tivemos aulas. Quem tinha aquando do início das obras, conta que tre outras coisas, não vê com bons olhos a conseguido boas notas nos dois primei- “logo no primeiro dia as telhas começa- transformação do seminário-liceu em re- ros períodos, suficientemente altas para ram a ser atiradas de cima do telhado para sidência paroquial. “Gastar mais de 20 mil ser aprovado, ficou com o ano concluí- o chão, quebrando-se todas, as madeiras contos nessas obras para o edifício servir do. Os que não tinham conseguido, re- foram destruídas bem como o tecto falso, apenas como residência dos padres não é provaram. Alguns até choraram por cau- que foi substituído por platex e ripas de justo para a população de São Nicolau”, sa disso”, relembra José Lopes, hoje com madeiras. Os mosaicos antigos foram afirma José Cabral, vereador para a Cultu- mais de 80 anos. E a partir de então dei- substituídos ou por madeira nova ou por ra, acrescentando que “o acordo inicial xou de existir ensino secundário em São mosaicos modernos”. O corrimão das es- com o anterior governo é que o local se- Nicolau durante longo período de tempo. cadas só escapou, avança o clérigo, “gra- ria transformado em espaço de activida- ças à intervenção do padre da época”. des culturais e educativas”. O seminário-liceu, por onde passaram importantes figuras da nossa literatura, O resultado, segundo o padre Samuel Cabral dá exemplos: uma escola de bem como futuros empresários e altos Gomes, “é um seminário exteriormente e música, que não existe em São Nicolau, e funcionários da nação - entre eles, Antó- interiormente bonito, que manteve a arqui- um museu de arte sacra. “São Nicolau tem nio Aurélio Gonçalves, Baltasar Lopes da tectura original, mas que não conservou um espólio fabuloso de arte sacra, inclu- Silva, Júlio Feijó, João Rocheteau -, foi os materiais antigos”. Até o muro que pro- sive um cálice de ouro, que é raro no mun- então votado ao abandono, que só encon- tegia o seminário foi derrubado. “O muro do. São peças raras e valiosas que dão trou fim há cerca de 10 anos, com o iní- protegia o lugar dos olhares exteriores e para criar um museu”. cio das obras pela empresa Pilarete, fruto permitia um maior recolhimento e priva- O padre Samuel Gomes confirma que das negociações entre o anterior governo cidade, mas deitaram-no abaixo e fizeram além de cálices e imagens, a Igreja possui e a Igreja Católica. E um seminário com uma parede baixa com grades, o que tor- algum material que pertenceram aos có- cara nova foi entregue ao bispo D. Arlin- na o seminário-liceu visível aos olhares cu- negos mas, afirma, “não chegarão para fa- do Furtado, bispo da Diocese do Minde- riosos. Bem, a justificação é de que o se- zer um museu”. Entretanto não é esse o lo, que tutela a região de Barlavento, a 24 minário deveria ficar visível, mas isso não único problema. Segundo Gomes, é preci- de Agosto deste ano. corresponde aos objectivos desse espaço”, so dinheiro para recuperar o edifício, iden- argumenta o padre Gomes. tificar as obras e classificá-las de acordo Embora o clima fosse de festa, o “novo” seminário-liceu não agradou às autorida- O seminário-liceu é agora residência dos com o seu valor histórico. “Também é pre- des católicas. “As obras que estavam pre- clérigos, quando o projecto era para se cons- ciso editar um catálogo com fotografias vistas e que diziam respeito ao corpo cen- truir uma residência paroquial e deixar o se- dessas peças e, depois, montar o museu, tral do seminário-liceu já estão concluí- minário para outras actividades. “Mas che- tarefa que cabe, talvez, ao Ministério da das, mas o trabalho final não satisfez”, gou uma altura em que a Diocese nos cha- Cultura, pois não estamos vocacionados conclui o padre Samuel Gomes, pároco de mou e informou-nos de que passaríamos a para isso” sentencia o vereador da CMSN. São Nicolau. Apreciação que o cura justi- residir aqui, sendo uma parte para o traba- Teresa Sofia Fortes, em S. Nicolau IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO OBRAS DE RESTAURO COMEÇAM DIA 7 Arrancam no próximo dia 7, terça-feira, as obras de restauração da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, na vila de Ribeira Brava, São Nicolau. A Igreja Católica e a Câmara Municipal estão confiantes que a data agendada será respeitada e, o mais importante, será feito um autêntico trabalho de restauro, ao contrário do que aconteceu com o seminário-liceu. Projecto conjunto, que envolve desde a Igreja Católica e a Câmara Municipal de São Nicolau, ao Instituto de Investigação e Património Cultural (IIPC) e a Construções Figueiredo, as obras de restauro da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário são urgentes face ao desgaste que o tempo e a falta de conservação provocaram nesse templo. Alguns materiais terão que ser substituídos, mas, segundo o padre Samuel Gomes, pároco da Ribeira Brava, “durante a última reunião técnica, que congregou todos os intervenientes neste projecto, ficou decidido que será reaproveitada a maior parte dos materiais, é claro, desde que sejam aproveitáveis”. Ou seja, existe todo um cuidado no sentido de evitar que ocorram violações ao traço arquitectónico. Daí estar também interditado o uso de outros materiais, que não os que foram originalmente usados na construção da Igreja Matriz. “Penso que o gabinete dá garantias de que será feito de facto um restauro”, diz Samuel Gomes. Conclusões que emergem depois de alguns “arrufos”, no início do ano, entre o IIPC e a Câmara Municipal sob a gestão de Benvindo Oliveira. O então presidente da CMSN terá dado o aval para o arranque das obras, sem que para tal tenha consultado antes o instituto que cuida do património cultural, um procedimento condenado pelo presidente do Instituto da Investigação e do Património. Na época, Carlos Carvalho afirmara que “todo o processo foi mal encaminhado”, uma vez que “se é uma obra de restauro devia-se procurar a autoridade competente, no caso o IIPC, que é a entidade que se ocupa do património em Cabo Verde. Mas fomos os últimos a serem contactados. E apenas para emitir o parecer”. De acordo com o vereador da Cultura, José Cabral, a actual gestão camarária já sanou esse diferendo com o IIPC, fornecendo-lhe todas as informações, nomeadamente o nome da empresa que dirigirá a obra uma das exigências do IIPC - e “fará todos os esforços no sentido de que sejam efectuadas verdadeiras obras de restauro, e não de remodelação”. TSF A Semana - Sexta-Feira, 3 de Dez. 2004 4 KRIOLIDADI Pascal Von Siebenthal é o orador de uma sessão de leitura que o Centro Cultural Francês da Praia organiza no dia 7, terça-feira, às 18h30, sobre o escritor francês Balzac. Uma estudo baseado na obra “Une vie d´Honoré de Balzac”, da autoria do próprio Von Siebenthal. O cantor cabo-verdiano Zé Rui é o artista convidado para entreter na primeira parte os espectadores do concerto que Martinho da Vila realizará no dia 5 deste mês, domingo, no Wonderland Ballroom, em Massachusetts. Zé Rui interpretará os êxitos do seu último CD, “Nha Luz”. Abre hoje, 3, ao público na Vila de Ribeira Brava, São Nicolau, a XX Feira do Livro Português em Cabo Verde. São mais de 1500 títulos, essencialmente didácticos e livros de estudo, que podem ser comprados por metade do preço de capa. “A Música nos Olhos” é o título da exposição de artes plásticas que está patente no Palácio da Cultura, dedicada ao cantor Ildo Lobo, falecido a 22 de Outubro último. Para apreciação do público estão obras de Domingos Luísa, Amândio Oliveira, Kiki Lima, David Levy, Bela Duarte, Bertina Lopes, dentre outros. À quinta-feira, sempre das 18h30 às 20h00, aprecie a música tradicional cabo-verdiana numa tocatina, no Pátio do Centro Cultural Francês da Praia. Oportunidade para ouvir mornas e coladeiras na voz de Armando e com música do grupo Vulcão do Fogo. No Café Musique, Mindelo, a música hoje, 3, é de Bau e seu grupo. A convidada da noite musical, que começa às 23h30, é a jovem promessa Jennifer. O Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo - Instituto Camões apresenta no próximo dia 9, quarta-feira, em Tondela, Portugal, a peça “Clown Creolus Dei”. O espectáculo insere-se na programação do 10º Festival Internacional de Teatro, Acert. A Semana - Sexta-Feira, 3 de Dez. 2004 5 KRIOLIDADI ANA FIRMINO apresenta novo albúm: “Viva Vida”. A cantora Ana Firmino vai apresentar o seu novo album num espectáculo a acontecer dia 27, no Auditório Municipal Fernando Lopes Graça, em Almada. “Viva Vida” tem onze temas de conhecidos autores nacionais como Manuel d’Novas ou Toy Vieira e também do brasileiro Paulinho Lemos, com quem já trabalhara anteriormente. Neste seu novo trabalho, a voz de Ana Firmino leva-nos aos sons da morna, coladera, funaná, batuque, mas também nos dá mazurca, a valsa, o chorinho, o bolero e o samba. A cantora cabo-verdiana que já percorreu as FNACs de Portugal, na apresentação deste seu novo trabalho, tem - ao longo da sua car- reira repleta de diversas actuações em muitos pontos do mundo - três álbuns compilados. Ana Firmino que é impar no seu estilo de cantar a morna e a coladera, é, no entanto, tão perfeita que os críticos a colocam a par de Cesária Évora, Bana e Ildo Lobo. É um estilo que levou a que o álbum “Amor é Tão Sabe” de 1998 fosse divulgado até em chinês. Esse novo trabalho conta com composições do produtor técnico, Tito Paris, e ainda de Manuel d’Novas, Daniel Spencer, Paulino Vieira, Ildo de Jesus e Amândio Cabral, nomes de referência na música que se faz, ou tem origem, em Cabo Verde. O seu primeiro trabalho editado ocorreu em 1989 com “Carta De Nha Cretcheu”. Música DANY SILVA PREPARA NOVO DISCO O quarto álbum de inéditos do cantor Dany Silva está em fase de preparação e deve sair em Maio do ano que vem. O CD vai conter 12 ou 13 músicas, nove de sua autoria. O álbum ainda não tem nome, mas Silva assegura que não vai ser na “linha dos outros que já fiz, quem me conhece vai saber”. Mas Silva garante que haverá surpresas. O disco tem a chancela da famosa editora Universal que se encarregará da distribuição. De uma parceria Dany e Rui Veloso as pessoas só podem arriscar a esperar surpresas. Isso sem contar que o Dany Silva é um exímio cantor e fã assumido de ritmos como o blues, tal e qual o cantor português. “Eu comecei na musica nessa onda, no Rhythm and Blues e Soul Music”, lembra. Mas para este novo álbum Dany Silva promete que a maioria dos temas terão a alma e as cores de Cabo Verde, claro que sempre com aquela coisinha a mais de um artista que já é um cidadão do mundo. É o exemplo de uma morna inédita chamada “Caminho longi (in Memoriam)”, uma canção carregada de emoção, já que é uma homenagem ao falecido irmão Samuel Silva. Aliás, para Dany esse é o tema que certamente irá marcar o álbum, “porque todos nós perdemos alguém e, por isso, todos se vão identificar com O “Caminho longi”, acredita. O cantor conta que essa canção também lhe traz à memória o amigo Ildo Lobo pelo que, inclusive, tinha a intenção de cantá-la em Pedra de Lume, no evento em homenagem ao falecido, mas acabou por desistir por receio de não suportar a emoção. “Eu pensei logo, não vou conseguir...”, recorda. Dany Silva conta ainda que certa vez, em Lisboa, um amigo dele ouviu a música e perguntou se iria conseguir gravá-la. “Eu disse-lhe, se não conseguir, eu a darei ao meu ami- go Ildo para gravar... Essa morna tem muita importância para mim”. No CD, como de costume, Dany Silva tem alguns temas cantados em português, “mas todos ritmos africanos”. Serão três temas em português, dois “boleros angolanos” e um semba, este composto pelo compositor angolano e seu amigo, Cuca. Dany Silva não esconde que essa estratégia por canções em português e com ritmos de Angola tenham uma jogada de marketing, já que o objectivo também é conquistar o mercado dos PALOP, e o próprio mercado de Portugal, país onde vive há muitos anos. E como Dany sente “prazer de cantar em português, e gosta muito dos ritmos angolanos” vai estar na sua praia. Mesmo que sejam sempre músicas interpretadas do jeito dele, “um pouco estilizadas, com todas as influências que eu tenho de outras áreas, mas sem nunca perder a raiz”. Kaunda Simas Palácio da Cultura tem nome e apelido A culminar uma série de actividades, que visam assinalar o primeiro mês de Cabo Verde sem Ildo Lobo, o cantor das ilhas, o Palácio da Cultura veste-se de roupa nova para ganhar nome e apelido. É agora, e oficialmente, Palácio da Cultura Ildo Lobo, como mostra a placa descerrada à entrada pelo ministro Manuel Veiga, e a pintura, em tamanho gigante, do Ildo como ele mais gostava: a cantar. Nunca um músico foi tão homenageado como Ildo Lobo. É verdade que ele mostrou, por várias vezes, como era contra homenagens póstumas. Mas, desculpe Ildo, quem ama faz mimo. E a cerimónia de baptismo do Palácio da Cultura, na Praia, foi mais uma prova do amor dos cabo-verdianos, políticos, homens e mulheres de cultura, e gente comum, à voz ímpar na interpretação de mornas e coladeiras. Uma iniciativa que, segundo o ministro da Cultura, Manuel Veiga, é uma forma de mostrar “a vontade e o dever de perpetuar o brilho e a visão que ele Ildo Lobo - e Os Tubarões imprimiram à nossa música”, à cultura do arquipélago e, até, “a nossa caboverdianidade”. Para Felisberto Vieira, essa iniciativa, que muito honra a capital cabo-verdiana, deve ser aproveitada para, a partir daqui, avançar-se com um trabalho que faça com que “as escolas, as crianças e os jovens possam continuar a cantar Ildo Lobo”. Uma forma de dar resposta ao repto de Kaká Barbosa, para quem “o revés da sua morte revalidou em nós a noção de que devemos honrar a sua obra”. Uma obra que é honrada na própria programação de baptismo do Palácio da Cultura Ildo Lobo, vestido com uma pintura de Ildo, em tamanho gigante, feita pelo artista plástico Domingos Luísa. Além disso, todas as alas do Palácio, que recebeu uma reforma para o efeito, rendem a sua homenagem particular ao cantor, como é o caso de uma exposição fotográfica patente ao público. Entretanto, o baptismo do Palácio da Cultura não foi a única actividade a homenagear Ildo, que nos deixou faz pouco tempo. Antes disso, mais precisamente a 25 de Novembro, quando faria 51 anos, vários músicos cabo-verdianos e o português Rui Veloso, lançaram o seu CD póstumo, Incondicional. Um espectáculo totalmente envolto em emoção que teve lotação esgotada em várias momentos de uma noite inesquecível. No parabéns ao Ildo, nas flores deitadas ao mar, para que o mar as leve ao Ildo ou ainda na “Lua nha Testemunha” trazida pelo dueto Dany Silva e Rui Veloso. Antes do espectáculo, a população do Sal reunia-se numa caminhada de Espargos a Pedra de Lume, localidade que viu Ildo nascer. Uma manifestação popular onde a música também não ficou de fora, colocando em destaque aquilo que Ildo Lobo fez a vida inteira: cantar. A Semana - Sexta-Feira, 3 de Dez. 2004 6 KRIOLIDADI A S T R O L O G I A 2a Semana de Dezembro CARTA DA SEMANA: 10 de Copas, que sigCARTA DA SEMANA: 3 de Espadas, que sig- nifica Felicidade. AMOR: Seja justo consigo mesmo e pense na nifica Amizade, Equilíbrio. CARTA DA SEMANA: A Temperança, que sig- AMOR: Não seja tão exigente com as pesso- sua felicidade. SAÚDE: Tome atenção à higiene dos seus pés; pode ocorrer o aparecimento de fungos. DINHEIRO: Com muito trabalho conseguirá al- AMOR: Semana bastante pacífica a nível fa- as que o rodeiam. SAÚDE: Possibilidade de fortes dores de ca- Número da Sorte: 46 miliar. SAÚDE: Possibilidade de um problema respi- beça. DINHEIRO: A sua inteligência conduzi-lo-á ao cançar o sucesso. nifica Equilíbrio. DINHEIRO: Invista em si. Inscreva-se numa ac- êxito que tanto deseja e merece. Números da Semana: 8, 22, 39, 41, 48, 49. ratório. Número da Sorte: 53 CARTA DA SEMANA: Rei de Paus, que significa Força, Coragem e Justiça. AMOR: Poderá ter uma discussão com os seus filhos. Lembre-se que eles têm vida própria. SAÚDE: Não ande à chuva. DINHEIRO: Período de grande estabilidade. Número da Sorte: 36 tividade que lhe dê prazer. Números da Semana: 8, 19, 22, 39, 45, 49. Número da Sorte: 14 Números da Semana: 7, 11, 23, 25, 29, 45. Números da Semana: 11, 22, 29, 35, 36, 42. CARTA DA SEMANA: Rainha de Copas, que significa Amiga Sincera. AMOR: Seja mais receptivo às investidas da CARTA DA SEMANA: 9 de Espadas, que sig- CARTA DA SEMANA: 2 de Paus, que signifi- nifica Mau Pressentimento, Angústia. sua cara-metade. SAÚDE: Possibilidade de ocorrência de uma AMOR: É provável que sofra uma traição que Força, Domínio. o deixará arrasado. crise alérgica. DINHEIRO: Este período não é favorável ao SAÚDE: Possibilidade de problemas na coluna. DINHEIRO: Plano bastante favorecido. investimento. ca Perda de Oportunidades. CARTA DA SEMANA: A Força, que significa Número da Sorte: 49 Número da Sorte: 59 Números da Semana: 2, 14, 19, 23, 25, 29. Números da Semana: 1, 3, 20, 39, 44, 45. AMOR: A instabilidade fará parte da sua semana. Cuidado para não magoar quem lhe é querido. AMOR: Dê mais atenção às necessidades da sua cara-metade. SAÚDE: Período susceptível à insónia. DINHEIRO: A impaciência e inconstância po- SAÚDE: Possível inflamação dentária. dem trazer-lhe alguns dissabores. DINHEIRO: É provável que surja a oportuni- Número da Sorte: 24 dade, pela qual esperava, para dar andamento a Números da Semana: 14, 25, 26, 38, 40, 44. um projecto que tinha parado. Número da Sorte: 11 Números da Semana: 14, 20, 36, 38, 42, 43. CARTA DA SEMANA: Rainha de Paus, que significa Poder Material, Amorosa ou Fria. AMOR: Honre os seus compromissos. CARTA DA SEMANA: O Sol, que significa Protecção e Germinação. SAÚDE: Respeite os limites do seu corpo. Não exagere na prática de exercício. AMOR: Aprecie uma reunião familiar e ponha de lado as preocupações profissionais. SAÚDE: Possíveis problemas de obstipação. DINHEIRO: O seu sucesso está garantido, mas tenha cuidado para não se deixar levar pela ilusão do poder. DINHEIRO: Seja mais flexível; o facto de ser Número da Sorte: 35 tão minucioso pode prejudicá-lo. Números da Semana: 2, 6, 9, 10, 15, 19. Número da Sorte: 19 Números da Semana: 2, 13, 20, 24, 39, 42. CARTA DA SEMANA: A Torre, que significa Convicções Erradas, Colapso. CARTA DA SEMANA: 4 de Paus, que significa Ocasião Inesperada, Amizade. AMOR: É possível que encontre alguém que AMOR: Não seja demasiado rabugento com o seu amor. Mantenha a boa disposição e divirta-se. SAÚDE: Cuidado com o excesso de sal nos alimentos. não via há muito tempo. DINHEIRO: Mantenha o seu ritmo de trabalho SAÚDE: Regular. DINHEIRO: Poderá ter necessidade de utilizar e não se deixe abalar pelos obstáculos. Assim não vai deixar o seu trabalho atrasado. as suas poupanças. Número da Sorte: 26 Número da Sorte: 16 Números da Semana: 1, 5, 9, 11, 18, 23. Números da Semana: 25, 29, 30, 39, 45, 49. A Semana - Sexta-Feira, 3 de Dez. 2004 7 KRIOLIDADI O SOLITÁRIO Literatura de Tchalê Figueira Com a chancela do Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, Tchalê Figueira lançará no início de 2005 a sua primeira obra de ficção intitulada “O Solitário”. Homenagem ao também escritor e amigo Gabriel Mariano, o livro é, segundo o próprio autor, um apelo à humanidade no sentido de tomar consciência das consequências nefastas que a ambição desmedida de uns deixa de herança ao resto do mundo. “O Solitário” tem como personagem central um jovem, que vive num arquipélago distante e que um dia recebe a notícia de que a população vai ser evacuada porque as ilhas vão ser submergidas por uma tempestade de areia. Homem inteligente e que, apesar de viver num país distante dos grandes centros de cultura, tem acesso a uma rica biblioteca, herança dos Jesuítas que o educaram, o jovem descobre que o êxodo forçado tem por trás interesses escusos que podem pôr em risco a existência da sua terra natal. A evacuação entretanto concretiza-se e para o rapaz e os seus conterrâneos esboça-se um futuro incerto que Tchalê Figueira não quer revelar por enquanto. Resta esperar para ler as cerca de 100 páginas de “O Solitário” e conhecer finalmente o desfecho. Mas uma coisa o autor garante: “O livro é uma contestação à actual condição humana e aos interesses dos poderosos que levam à desgraça a maioria”. Uma realidade que leva a personagem central a debater-se por entre perspectivas futuras contraditórias, ora de descrença ora de esperança. Mas a criatividade de Tchalé Figueira não fica por aqui. O artista já escreveu um segundo livro em prosa - cujo título prefere não revelar ainda -, e que deverá ser dado à estampa, no próximo ano, com o selo de uma editora de Coimbra, Portugal, com o patrocínio da Câmara Municipal de São Vicente. Telas no Arte Lisboa E se por enquanto o dom literário de Tchalê Figueira é conhecido apenas internamente, o seu talento para as artes plásticas passeia-se nas galerias internacionais. O pintor mindelense foi o único artista cabo-verdiano a expor seus quadros na Feira de Arte Contemporânea - Arte Lisboa 2004 em Lisboa. A edição deste ano teve como convidados especiais os países de expressão lusófona. Com o intuito de preparar a participação cabo-verdiana nessa feira, o curador da Arte Lisboa esteve em Cabo Verde para seleccionar os artistas plásticos que deveriam representar o país nessa mostra internacional. Porém, segundo Tchalê Figueira, “apesar de haver a garantia de financiamento por parte do Banco de Cabo Verde, houve má-vontade das autoridades do sector” e, como consequência, nenhum outro artista cabo-verdiano expôs no Arte Lisboa. O privilégio coube a Tchalê Figueira porque ele trabalha há 15 anos com uma galeria portuguesa - a Novo Século -, que levou à Feira de Arte Contemporânea telas que já estavam em Portugal. E serão os únicos quadros cabo-verdianos a fazer parte do catálogo a ser editado proximamente com obras de todos os artistas plásticos que participaram no Arte Lisboa 2004. Uma situação que não teria ocorrido, segundo Tchalê Figueira, “se o país possuísse galerias de arte”. Aliás, a inexistência desse tipo de espaços, museus e mercado de artes plásticas foi tema durante o Arte Lisboa de uma palestra, cujo orador principal foi Carlos Barroco, dono da Galeria Novo Século e autor do documentário filmado em Cabo Verde “Com quase nada”. Teresa Sofia Fortes C I N ASSOMADA - “O Rei Artur” BAIRRO- “Alien vs Predador” M A Filme de aventura, que agrada tanto a pequenos como a graúdos, O Rei Artur conta a lenda deste rei britânico que, na obscura idade média, junto com os seus cavaleiros luta pela justiça e independência do seu povo. Um filme com muita magia e sonho. PRAIA - “As crónicas de Riddick” Película de acção e ficção científica, “As crónicas de Riddick” - sequela do filme Eclipse Mortal - conta a história de um antiherói, interpretado pelo actor Vin Diesel, que é informado por um amigo que foi escolhido por um membro da Air Elementar como o único capaz de impedir que o universo, e particularmente a Terra, seja dominado pelos implacáveis piratas Negromongers. CCF Praia “En présence d’un clown” Este é o único telefilme em que o grande mestre de cinema sueco, Ingmar Bergman, retoma a sua temática preferida: o sonho, a música de Schubert, a alegria. Um filme que fala da invenção do cinema, daí Bergman ter decidido dedicá-lo ao seu precursor Victor Sjostrom. E Há milhares de anos, os Predadores chegaram à Terra primitiva e dominaram os primeiros povos, obrigando-os a construírem aquela pirâmide, onde a Rainha Alien foi aprisionada. De tempos em tempos, novos Predadores pousavam naquele local, alguns humanos eram escolhidos para serem hospedeiros dos Aliens e, então, as portas do templo eram fechadas automaticamente, para que Aliens e Predadores pudessem enfrentar-se nos corredores da pirâmide. Se passasem pelo ritual de iniciação (ou seja, se matassem todos os Aliens), os jovens caçadores marcavam o elmo e a pele e voltavam respeitados ao seu planeta. Se perdessem, teriam que detonar uma de suas bombas nucleares para apagar qualquer vestígio das duas raças. MINDELO- “Terminal de Aeroporto” Viktor Navorski (Tom Hanks) é um imigrante de leste (Krakozhia, terra de ficção) que se encontra retido no aeroporto John F. Kennedy, em Nova Iorque, porque enquanto voava em direcção à América, o seu país de origem deixa de existir, invalidando o seu passaporte. Ele vêse então na situação de não ter autorização para entrar nos Estados Unidos, embora ninguém o obrigue a sair. Navorski tem de se organizar, de modo a passar os seus dias e noites na sala dos passageiros em trânsito, numa espécie de limbo existencial, até acabar a guerra que eclodiu no seu país. INSTRUMENTOS MUSICAIS MADE IN CABO VERDE Cavaquinhos, guitarras, violões, bandolins e banjos dão vida à exposição de instrumentos musicais que é inaugurada na próxima segundafeira, 6, no Centro Cultural do Mindelo, São Vicente, às 18h30. Mas não se trata de uma mera mostra. As peças que vão estar ali expostas foram forjadas pelas mãos do cabo-verdiano Aniceto Gomes. Uma arte que aprendeu com o falecido Mestre Baptista, famoso construtor de instrumentos musicais, e que agora ensina também à nova geração. Nascido a 21 de Fevereiro de 1966 em S. Tomé e Príncipe, Aniceto Gomes sonhava ser um dia carpinteiro. Quando se mudou para São Vicente, quis frequentar uma oficina que lhe ensinasse o ofício, mas não encontrou nenhuma. Mas a madeira entrou na sua vida para não mais sair depois que, ainda jovem, foi parar a uma oficina muito especial, aquela onde o Mestre Baptista construía e ensinava a um grupo de rapazes como dar forma e música a instrumentos. Em 1997, com a morte de Baptista, abandonaria a oficina do mestre. Mas não faltou trabalho. Um ano mais tarde, foi formador no curso de construção de instrumentos acústicos promovido pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, no quadro do projecto de Promoção das Micro-Empresas. Na mesma data arrisca tudo o que tem num atelier de construção de instrumentos musicais, na residência da mãe. E desde então, das suas mãos nasceram cavaquinhos, guitarras, violões, bandolins, banjos, etc. Os instrumentos de Aniceto Gomes já alimentaram diversas exposições em São Vicente e Santiago. A mostra, que abre ao público no próximo dia 6, no Centro Cultural do Mindelo, é a segunda que realiza este ano, o que indica que o sucesso não bate longe da sua porta, sendo os músicos, turistas e as empresas ou instituições com sede em Cabo Verde os seus principais clientes. Mas nem tudo é um mar de rosas. Este artesão queixa-se da falta de apoio do Ministério da Cultura. Aniceto Gomes exemplifica com o facto de aquele ministério esquecer-se daquilo que é a “base de qualquer músico”. E se às vezes esta conjuntura o desmotiva ela não o demove do projecto de ensinar a arte aos que mostram interesse em aprender. Tanto assim é que tem cinco jovens a trabalhar com ele e, de quando em vez, ministra alguns cursos. TSF A Semana - Sexta-Feira, 3 de Dez. 2004 8 KRIOLIDADI MUSEU cabo-verdiano-americano prestes a concretizar Pintura O projecto de criação de um museu caboverdeano - americano, em Plymouth, costa Leste dos Estados Unidos, poderá ser uma realidade já em 2005. Os promotores desta ideia, os caboverdeanos - americanos da organização Parting Ways Inc., apontam essa data como a mais previsível, depois de terem conseguido o terreno para a construção do museu e de um sítio histórico sobre a história dos escravos oriundos de Cabo Verde, que foram levados para os Estados Unidos e tomaram parte em diversas guerras. Em 1950, quando Massachusetts decidiu fazer trabalhos de restauro e preservação dos túmulos dos veteranos de guerra, quatro campas, que se pensava inicialmente serem de índios, foram descobertas na região de Parting Ways. Os quatro jazigos eram a última morada de quatro escravos (acredita-se que de origem cabo-verdiana) que foram guarda-costas de George Washington durante a guerra de independência dos Estados Unidos. Cerca de 20 anos depois foi erigido em Parting Ways, localidade antes conhecida como Guinea Town ou New Guinea e primeira cidade onde se instalaram cabo-verdianos, uma pedra de granito que assinala a participação na Guerra da Revolução. Seus nomes: Plato Turner, Cato Howe, Prince Goodwin e Quamony Quash. Todos receberam carta de alforria após a guerra pelos serviços prestados à nação. Um facto que, apesar dos esforços dos dirigentes da Parting Ways Inc., entre eles Vasco Pires e Eddy Johnson, e de políticos des- cendentes de cabo-verdianos como Vinny de Macedo, continua a ser ignorado pelos media e, consequentemente, pela maioria dos norteamericanos. Mas o futuro museu, cujos trabalhos iniciais custarão cerca de 200 mil dólares, não abarcará apenas a história relativa a esses quatro ex-escravos, pois as relações entre a América do Norte e o arquipélago de Cabo Verde não se restringem a este domínio. Os primeiros contactos aconteceram há cerca de quatro séculos. Conforme pesquisas realizadas pelo actual embaixador de Cabo Verde em Washington, José Brito, em 1643, americanos foram buscar escravos à ilha do Maio para trocar por vinho, açúcar e tabaco na ilha de Barbados. Seguiu-se, entre os séculos XVII e XIX, a era da exportação de sal e peles de cabra para os Estados Unidos da América. Anos mais tarde, a pesca da baleia levaria milhares de cabo-verdianos aos EUA, onde a comunidade cabo-verdiana ultrapassa actualmente um milhão de pessoas. Uma intensa troca comercial que induziu os Estados Unidos a nomearem, em 1818, um representante consular no arquipélago. O primeiro diplomata americano a pisar solo caboverdiano foi Samuel Hodges, natural de Taunton, Massachusetts. Seguiram-se outros, entre eles, Vernon du Bois Penner Junior que, em 1965, ofereceu a São Nicolau um exemplar da revista National Geographic que trazia na página 20 uma reportagem sobre a ilha. Teresa Sofia Fortes Filme Realizadora alemã quer filmar Cabo Verde A jornalista e realizadora alemã Bernardete Hauke quer dirigir um ou dois filmes sobre Cabo Verde, a serem exibidos em pelo menos três canais televisivos da Alemanha. Hauke, que nos canais KIKA coordena o programa “Kinder Repórter” em que participa o cabo-verdiano David Nascimento (na foto), pretende retratar aspectos da vida social e do ensino em Cabo Verde, tendo como pano de fundo o regresso daquele adolescente a este arquipélago após quase sete anos a viver na Europa na companhia dos pais. O projecto de Bernardete Hauke de filmar Cabo Verde é ambicioso já que não pretende apenas mostrar aos alemães o retorno de um participante - David - do programa “Kinder Repórter” ao país natal do seu pai, mas sobretudo vai procurar filmar o diaa-dia dos cabo-verdianos, analisando o sistema de ensino, a saúde infantil, etc. Aquela directora de TV quer, aliás, servir-se do facto de David, um rapaz de 11 anos, já saber lidar com as câmaras e de falar tanto o alemão como o português para que ele seja o guia de “uma estória em que os protagonistas serão este arquipélago e as suas gentes”. Ao que tudo indica, Hauke deseja fazer as filmagens durante algumas semanas na próxima Primavera - altura em que David, filho do secretário da Embaixada de Cabo Verde em Berlim, deve regressar ao país - mas antes, no início do próximo ano, deve visitar este arquipélago para preparar os guiões dos filmes. A jornalista diz estar “particularmente interessada em assuntos relacionados com o desenvolvimento rural, designadamente a questão do género, da saúde - como se relacionam com o Sida e a Malária, por exemplo - higiene e assuntos nutricionais”. Ela ambiciona investigar, igualmente, as particularidades da bioflora e da fauna cabo-verdianas. Trata-se, portanto, de um projecto que abrange várias áreas para o qual a realizadora alemã espera contar com a colaboração de diversas entidades cabo-verdianas, não descartando a hipótese de estabelecer contactos com a RTC para uma possível assistência durante as filmagens. De resto, Hauke tem enviado cartas a diferentes instituições em Cabo Verde, explicando o propósito do programa delineado, mas também solicitando apoios. A concretizar-se esse projecto daquela jornalista, os filmes serão exibidos no “German Broadcasting Station RBB, canal que se responsabilizará pela produção dos mesmos. Esses filmes serão apresentados também nos canais KIKA (Kinderkanal) e posJoão Almeida Medina sivelmente na ZDT e 3 SAT.