(rhamdia quelen) alimentados com dietas contendo - lamic

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(rhamdia quelen) alimentados com dietas contendo - lamic
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ESTUDOS PRELIMINARES SOBRE A CARCAÇA DE ALEVINOS DE JUNDIÁ
(RHAMDIA QUELEN) ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO AFLATOXINA
AUTORES
1
PAULO RODINEI SOARES LOPES
2
3
JOÃO RADÜNZ NETO
CARLOS AUGUSTO MALLMANN
4
5
RAFAEL LAZZARI
FABIO DE ARAUJO PEDRON
6
CÁTIA ALINE VEIVERBERG
1
Zootecnista, aluno do Mestrado em Zootecnia, U FSM,paulolopes @mail.ufsm.br
2
Engenheiro Agrônomo, Dr. , Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia, UFSM, e -mail:[email protected]
3
Médico Veterinário, Dr. , Professor Titular, L aboratório de Análises Micotoxicológicas, UFSM
Zootecnista, aluno do Mestrado em Zootecnia, UFSM
4
5
Acadêmico do curso de Zootecnia, UFSM
6
Acadêmica do curso de Zootecnia, UFSM
RESUMO
Este trabalho foi conduzido no setor de Piscicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de
Santa Maria, no período de janeiro a fevereiro de 2003, com duração de 45 dias. Foram utilizados 480 alevinos
de jundiá, com um peso médio de ±3,g, distribuídos em 16 unidades experimentais. A alimentação foi
ministrada 2 vezes ao dia, na proporção de 5 % da biomassa total, sendo a dieta isoprotéica e isocalórica,
contendo 37% de proteína bruta e 3.566 kcal/Kg de energia digestível. Os tratamentos testados foram diferentes
níveis de aflatoxina AF (46% B1, 44% G1, 3% B2, 7% G2) incluídos na ração nas seguintes dosagens:
Tratamento 0 - ração controle; Tratamento 1 - ração + 41,55 ppb AF/kg; Tratamento 2 - ração + 90,2 ppb AF/kg;
Tratamento 3 - ração + 203,85 ppb AF/kg, usando um delineamento inteiramente casualizado. Os peixes
alimentados com os tratamentos contendo 90,2 e 203,85 ppb AF/kg de ração apresentaram resíduos de AF na
carcaça, mas as inclusões de aflatoxina nas dietas não influenciaram o rendimento de carcaça.
PALAVRAS - CHAVE
alevinos, carcaça, efeitos , micotoxina, níveis, toxina
T ITLE
PRELIMINARY STUDIES OF THE CARCASS OF FINGERLINGS OF JUNDIÁ (RHAMDIA QUELEN) FED WITH
ARTIFICIAL AFLATOXIN INCLUSION IN THE DIET
ABSTRACT
This research was conducted in the Fishculture sector of the Department of Zoothecnie of the Federal University
of Santa Maria, in the period of january of 2003 the February of 2003, with duration of 45 days. Were used 480
fingerlings of jundiá, with average weight 3.05g, distributed in 16 experimental units. The feeding was given twice
a day, in the ratio of 5% of the total biomass, being isoproteic and isocaloric diet with 37% crude protein and
3,566 kcal/Kg of digestible energy. The treatments had been different aflatoxin (AF) (46% B1, 44% G1, 3% B2,
7% G2) levels enclosed in the ration as the following dosages: Treatment 0 - ration (control); Treatment 1 - ration
+ 41,55 ppb AF/kg; Treatment 2 - ration + 90,2 ppb AF/kg; Treatment 3 - ration + 203,85 ppb AF/kg, using a
completely randomised design. The results demonstrated that the submitted fish the treatment of 45 days fed
with a 203,85 or 90,2 ppb AF/kg in the ration had presented residues in the carcass, but the carcass income did
not have influence of the aflatoxin inclusions in the diets.
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KEYWORDS
fingerlings, carcass, effect, micotoxin, levels , toxins
INTRODUÇÃO
As micotoxinas presentes nos alimentos constituem um dos mais sérios problemas na produção animal, em
especial aos monogástricos. Prejuízos econômicos são contabilizados com a utilização de matérias-primas
contaminadas por estas substâncias tóxicas. São metabólitos secundários produzidos por fungos de vários
gêneros e devido a diversidade de condições em que podem proliferar apresentam-se como um problema
mundial, ocorrendo desde a sua produção no campo até o consumo desses alimentos contaminados. Sendo os
peixes consumidores alvo desses ingredientes contaminados e a devida falta de estudos sobre esse assunto,
esse trabalho visou avaliar o efeito da presença de micotoxinas em dietas no desempenho de jundiá (Rhamdia
quelen), uma espécie nativa da região sul, o qual apresenta um grande potencial zootécnico e de excelente
aceitação comercial. Visou também analisar a deposição de toxina na carcaça de peixes em relação à saúde
humana.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no setor de Piscicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de
Santa Maria, no período de janeiro de 2003 a fevereiro de 2003, com duração de 45 dias. Foram utilizadas 16
caixas de polipropileno com capacidade de 320 litros, abastecidos com 280 litros de água de um sistema de
criação com recirculação de água. A recirculação da água nas unidades experimentais foi mantida com um
volume de 2,4 litros por minuto, durante as 24 horas do dia. Foram utilizados 480 alevinos com um peso médio
±3g, (um alevino para 9,33 litros de água). A alimentação foi ministrada 2 vezes ao dia (9 e 17 horas), na
proporção de 5 % da biomassa total, sendo a dieta isoprotéica e isocalórica, contendo 37% de proteína bruta e
3.566 kcal/kg de energia digestível, a formulação da ração experimental a base de farelo de soja foi descrita
por COLDEBELLA & RADÜNZ NETO (2002). A inclusão da aflatoxina (46% B1, 44% G1, 3% B2, 7% G2) foi
feita através de uma pré -mistura realizada no Laboratório de Análises de Micotoxinas (LAMIC), adicionando-a
ao milho, para ser posteriormente adicionado ao restante da formulação. Os tratamentos testados foram níveis
de aflatoxina incluídas na ração nas seguintes dosagens: Tratamento 0 - ração controle; Tratamento 1 - ração +
41,55 ppb AF/kg; Tratamento 2 - ração + 90,20 ppb AF/kg; Tratamento 3 - ração + 203,85 ppb AF/kg. O ajuste
da taxa de arraçoamento foi feito no 24º dia com uma amostragem de 10 % dos peixes por unidade
experimental. No final do período experimental os peixes foram submetidos à biometria e pesagem (após jejum
de 24 h), visando obter o peso total dos peixes de cada unidade experimental para calcular o peso médio e a
média do ganho de peso. A aferição da temperatura, alcalinidade, pH, oxigênio dissolvido, amônia total e nitrito
da água do sistema de criação foi realizada diariamente (através de um oxímetro digital e um “kit” de análise
química Alfa Tecnoquímica). Após o término do experimento os peixes foram abatidos para análise de carcaça,
segundo MELO et al. (2002), e levados para estufa com ar forçado a uma temperatura de 65ºC, durante um
período de 24 horas. Após esta etapa foram separados por tratamentos e devidamente etiquetados, somente
então encaminhados ao Laboratório de Micotoxinas (LAMIC) da UFSM-RS para análise de micotoxina na
carcaça, realizadas através de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado, com 4 tratamentos e 3 repetições. Os dados foram submetidos a análise de variância
e teste “F”, a um nível de significância de 5%. As médias foram comparadas através do teste de Tukey,
utilizando o Pacote Estatístico SAS (SAS, 1997)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados dos parâmetros físico-químicos da água estão relacionados na Tabela 1, verificando-se que
temperatura, oxigênio dissolvido, pH, alcalinidade, amônia total e nitrito mantiveram-se dentro dos níveis
aceitáveis para criação. Os valores obtidos de rendimento de carcaça demonstraram que não houve influência
das inclusões de aflatoxina, e são proximos ao valor de 80% obtidos por MELO et. al (2002) quando testaram
diferentes fontes de lipídios na alimentação de jundia. Ja POUEY et al. (1999) obtiveram rendimento de carcaça
de 83,24 a 90,06% quando avaliaram componentes corporais de jundiá Rhamdia sp criados em tanques
2
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escavados (1 peixe/m2) com dieta comercial. Por outro lado, SANTOS et. al. (1995), avaliando o rendimento
de filé do Hypostomus commersonii, uma espécie nativa da região sul, criado em condições de alimento
natural, obtiveram valores menores que 20,88% de rendimento baseado apenas no filé. Sendo que essas
informações não existem em relação ao rendimento de filé de Jundiá, fazendo-se necessária mais trabalhos
experimentais neste sentido. Os resultados obtidos demonstraram que os peixes alimentados durante 45 dias
com ração contendo 90,20 e principalmente 203,85 ppb AF/kg na ração apresentaram resíduos na carcaça
(Quadro 1). TELEB & FAKHY (1988) ao alimentaram aves a partir de um dia de idade com uma ração à
vontade com cinco diferentes níveis de inclusão de aflatoxina B1 (0; 100; 250; 500 e 750 ppb) detectaram
resíduos de aflatoxina no fígado, coração, músculos do peito das aves duas semanas após a ingestão da
ração contaminada, constatando que o nível de 100 ppb de aflatoxina apresentava resíduos na musculatura e
esses resíduos aumentavam conforme o aumento de idade da ave.
CONCLUSÕES
Analisando os resultados obtidos pode-se constatar que alevinos de jundiá alimentados com ração que contém
níveis maiores de 90,2 ppb Af/kg de aflatoxina na ração apresentam resíduo na carcaça sem que o rendimento
de carcaça seja influenciado pelos níveis de inclusão de aflatoxina na dieta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. COLDEBELLA, I. J. ; RADÜNZ NETO, J. . Farelo de soja na alimentação de alevinos de jundiá Rhamdia
quelen. Ciência Rural. Santa Maria, v. 32, n.3, p. 499-503, 2002.
2. MELO, J. F. B, RADÜNZ NETO, J., da SILVA, J. H. S., TROMBETTA, C. G.; . Desenvolvimento e
composição corporal de alevinos de jundiá (Rhamdia quelen) alimentados com dietas contendo
diferentes fontes de lipídios. Ciência Rural. Santa Maria, v. 32, n.2, p. 323-327, 2002.
3. POUEY, J. L. O, MIOTTO, H. C., KUNZ, T. L. et. al. . Principais componentes corporais do jundiá
Rhamdia sp cultivado na densidade de um peixe/m2 e dividido em quatro faixas de peso. In: REUNIÃO
ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTE CNIA, 36, Anais... S.I.: s.e. 134 p.. 1999.
4. SANTOS, A.B., MELO, J. F.B., LOPES, P.R.S. . Estudo da carcaça do cascudo Hypostomus commersonii,
na Região de Uruguaiana-RS/Brasil. In: ENCONTRO SUL BRASILEIRO DE AQUICULTURA, III
ENCONTRO RIOGRANDENSE DE TECNICOS EM AQUICULTURA. Anais... 6, p. 70-76. Ibiruba, 1995.
5. TELEB, H. M e FAKHY, F. M.. Resíduos de aflatoxina B1 em frangos e seus efeitos no metabolismo de
gorduras. Veterinary Medical Journal. 36 (1) p. 135-145. 1988.
6. SAS. Statistical Analisys System. User’s Guide. Versão 6, SAS INSTITUTE INC. 4. ed. North Caroline: SAS
INSTITUTE INC, 846 p. 1997.
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TABELA 1 - Valores mínimo, máximo e média dos parâmetros físico-químicos da água aferidos durante o
experimento.
Parâmetros
Mínimo
Máximo
Média
Oxigênio dissolvido (mg/l)
4,0
6,1
5,4
Temperatura (ºC)
25,0
27,8
26,6
Amônia Total (mg/l)
>0,2
0,4
0,2
Nitrito (mg/l)
>0,05
0,06
0,05
Alcalinidade (mg/l)
30
80
49
pH
7,0
7,5
7,25
TABELA 2 - Quadro demonstrativo da quantidade de resíduo de
aflatoxina B1 na carcaça de alevinos de jundiá, pesos
médios e rendimento de carcaça apos 45 dias de
experimento.
Parâmetros
T0
T1
T2
T3
Resíduo AFB1 (ppb)
ND
ND
1
6,1
Peso médio inicial (g)
3,05
3,20
3,22
3,37
Peso médio final (g)
13,23 a
13,03 a
12,26 a
8,36b
Rendimento (%)
79,14
79,93
82,15
79,46
(P<0,05).
ND: Não determinado
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