Informativo - Portfólio Online de Maria Luiza Gondim
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Informativo - Portfólio Online de Maria Luiza Gondim
OD JU L H E D 9 2 º 18 >>> N 8 E 200 Nas ondas do Rádio Durante a produção do Radiofone, professores da Rede.lê aprendem a fazer programas de rádio Em uma sala, alunos prestam atenção na explicação. O diferencial desta turma? Os alunos são professores da rede pública de ensino e estão aprendendo a produzir um programa de rádio. O Centro de Convergência de Novas Mídias (CCNM), através do projeto Rede.lê, promoveu uma ação colaborativa, em parceria com as escolas, que resultou no programa piloto Radiofone. A ação teve início quando os professores manifestaram curiosidade sobre o processo de produção radiofônico. Eles concluíram que a melhor forma de aprender é fazer, e para isso criaram o programa Radiofone. Durante reuniões semanais da Rede.lê e por meio de listas de discussão na internet os professores montaram o roteiro e sugeriram efeitos sonoros para compor o programa e músicas que marcaram a história do rádio como Calhambeque, de Roberto Carlos, e Twist and Shout, dos Beatles. Também lembraram da primeira novela radiofônica veiculada no Brasil, Em Busca da Felicidade, e a propaganda do sabão em pó Rinso, que patrocinava programas voltados para o público feminino. Com o roteiro pronto, no dia 07 de julho, os professores reuniram-se no Centro de Treinamento Fundação Christiano Ottoni, onde são realizadas parte das atividades do CCNM, para finalizar o roteiro e gravar as locuções. No processo de criação foram escolhidos os nomes dos personagens que apresentaram o programa. Pluguinha e Mptrix contam aos ouvintes um pouco da história do rádio. Os personagens Pluguinha e Mptrix ganham vida durante a gravação das locuções O intuito é fazer com que as escolas produzam programas de rádio para serem utilizados como ferramentas pedagógicas. O professor da Escola Municipal Paulo Mendes Campos, Antônio Augusto Liza, diz que os alunos de sua escola já produzem programas de rádio, porém utilizam este meio de comunicação apenas para veicular programas de música. Esse programa piloto, no entanto, pode ser uma forma de mostrar aos alunos as possibilidade que o rádio apresenta e incentivar a pesquisa por meio da produção de programas temáticos. A professora da Escola Municipal Professor Moacyr Andrade, Maria Moraes, diz que neste projeto todos irão participar. “Primeiro mostro (o programa piloto) aos professores e depois para os alunos. Daí cada um faz para sua sala e os temas vão sendo escolhidos e são variados.”. Na semana seguinte os professores se reuniram novamente para editar o programa. Em um clima descontraído eles propuseram como montar os arquivos de áudio selecionados durante a semana a partir do roteiro. Contemplaram vários estilos musicais, o que tornou o programa democrático e divertido. Professores participam da edição e finalização do programa Radiofone Para editar o Radiofone, os professores tiveram contato com o Ardour, software livre de edição de áudio. Maria achou o programa fácil e irá repassá-lo para seus alunos. Para a equipe do CCNM, responsável pela atividade, o programa Radiofone é um exemplo de que os softwares livres apresentam os recursos suficientes para criações e produções autônomas, dentre elas programas de rádio. No mês de Agosto o programa estará disponível na rádio da Rede.lê, que pode ser acessada em www.ufmg.br/rede.le/radio. A criação A Rede.lê busca, entre outros objetivos, a integração de conteúdos escolares e novas tecnologias por meio de ações coletivas. Uma das ações nesse sentido é o Cartografias nas Escolas, que visa estimular a percepção crítica em relação ao espaço. Neste projeto os alunos e professores registram o ambiente em que vivem, por meio de suportes tecnológicos como câmeras de vídeo e fotográficas, aparelhos de som digitais, entre outros. A partir da perspectiva de unir conteúdo escolar e novas tecnologias, os professores da Rede.lê propuseram a criação de um programa de rádio, com a utilização de software livre. A intenção dessa iniciativa é estimular outros professores a utilizarem o sofwtare livre para criações de novas metodologias de ensino adaptadas à forma de produção e perfil da escola. Os professores optaram por um tema geral, o próprio rádio. Falar sobre o rádio fez com que eles refletissem e buscassem informações sobre esse meio de comunicação, transformando o processo de produção em um aprendizado. ---------------------------------------------------------------Desafios da Pesquisa Participante Equipe do CCNM analisa sua atuação frente às comunidades onde desenvolve seus projetos durante seminário interno No dia 30 de junho a equipe do CCNM promoveu um seminário interno em que se abordou o tema Pesquisa Participante. A partir da leitura de textos sobre o assunto, coordenadores e bolsistas do grupo de pesquisa discutiram aspectos relacionados às possibilidades e limitações dessa abordagem. A atividade foi orientada pelo estudante de Psicologia Otacílio de Oliveira, bolsista do CCNM. Otacílio foi bolsista do Núcleo de Psicologia Política da UFMG durante três anos e participou de pesquisas com diferentes movimentos sociais. A partir dessa experiência, realizou uma revisão teórica de autores que tratam de metodologias que colocam em discussão o vínculo entre ciência e emancipação social. Durante o seminário, foram destacadas as especificidades da pesquisa participante em relação à abordagem tradicional. A pesquisa participante surge em resposta a um momento de crise das Ciências Humanas, em que se começou a questionar o papel e a postura do pesquisador diante de seu objeto de estudo: o homem como indivíduo e como ser social. As críticas à pesquisa tradicional residem principalmente em sua metodologia. Muitas vezes, o pesquisador chega às comunidades com questionários e busca apreender, a partir dessas perguntas, a realidade local. Além de não se mostrar suficiente para uma investigação social mais aprofundada, essa metodologia não permite o estabelecimento de um canal de troca entre pesquisador e comunidade. Os sujeitos envolvidos na pesquisa são meros espectadores e depositários do conhecimento produzido pela universidade. Já a pesquisa participante centra-se no desenvolvimento de meios que possibilitem a participação dos diferentes atores sociais nos processos de produção do conhecimento. Essa abordagem recebe essa denominação também pelo fato de a pesquisa participar da vida dos envolvidos e, conseqüentemente ser desenvolvida a partir das demandas da sociedade. Desse modo, a pesquisa participante representa uma tentativa de democratizar a ciência, tornando-a um elemento que potencialize transformações sociais. Algumas questões que preocupam a equipe do CCNM foram levantadas no decorrer do seminário. Uma delas refere-se à relação entre pesquisador e comunidade. Integrantes do CCNM que realizam ações em diversas comunidades de Belo Horizonte relataram as dificuldades enfrentadas nos primeiros contatos. De acordo com Daise Diniz, pesquisadora do CCNM, muitas vezes é necessário repensar a metodologia em conformidade com o contexto encontrado. Levar o contexto social em consideração faz parte de um esforço de estabelecer relações horizontais entre universidade e comunidades, de modo a construir um conhecimento que responda adequadamente às necessidades reais dos públicos envolvidos. Destacou-se, entretanto, que as diferenças que existem entre pesquisador e comunidade não podem significar um obstáculo para a pesquisa. Ao contrário, devem enriquecê-la, na medida em que esses diferentes atores sociais contribuem, cada um com sua perspectiva, para o processo de produção do conhecimento. Ao final do seminário, pensou-se na possibilidade de estabelecer uma peridiocidade para a realização de atividades como essa. Ficou constatado que é muito relevante a reflexão e analise critica em relação às ações prática da equipe, sem as quais as práticas podem resvalar para um esvaziamento de sentido. CCNM na Pesquisa Participativa É possível identificar em muitas frentes de trabalho do CCNM esforços no sentido de promover a pesquisa participante. Um exemplo é a Ação Cartografias de Sentidos nas Escolas. Nessa ação, professores e alunos de escolas ligadas ao projeto Rede.lê, realizam um trabalho de reconhecimento dos entornos das escolas a partir da realização de registros em áudio, vídeo, fotografias, desenhos e textos. A ação teve início em abril do ano passado e neste mês os professores começaram um trabalho de sistematização de todo esse processo. Uma das questões que serão abordadas diz respeito aos desafios da integração do uso das novas tecnologias aos conteúdos curriculares. Trata-se de um "trabalho voltado para professores feito por professores", segundo a coordenadora geral do CCNM, Regina Helena Alves da Silva. O Centro Virtual de Memória Coletiva é uma plataforma virtual que também conta com a colaboração de integrantes das comunidades envolvidas para sua construção. As histórias dessas comunidades são contadas pelos seus próprios integrantes, que também realizam registros de áudio, vídeo, fotográficos e escritos sobre as regiões em que moram. ---------------------------------------------------------------"Tem ritmo, tem africanismo" Professor Congolês explica fatores que caracterizam a produção musical africana "You are because I am. I am because you are."* Foi assim que o etnomusicóloco congolês Kazadi wa Mukuna falou sobre a filosofia de existência africana, durante a conferência "Dimensões da Música Africana", realizada no dia 1º de julho na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG. Entre os dias 2 e 4 de julho, Mukuna ofereceu o curso "Música Africana: teoria, cultura material, arte e comunicação", em que aprofundou ainda mais o assunto. A conferência e o mini-curso foram uma realização do Centro de Convergência de Novas Mídias (CCNM), com o apoio do Programa de Pós Graduação de História da UFMG e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Professor explica os fatores que caracterizam a música africana Durante a conferência, Mukuna explicou que os africanos centram-se no coletivo, ou seja, na relação dos homens entre si. A consciência de pertencimento é uma forte marca da identidade do povo africano. E o que tem a música a ver com isso? Para Mukuna, a música é um "produto do comportamento do homem no tempo e no espaço". Dessa forma, a compreensão da música africana não se limita à partitura ou a sua estrutura. É necessário também compreender o comportamento que a produziu. Por isso, explica o congolês, a produção musical da África, assim como a filosofia de existência daquele continente, é coletiva. O conferencista comparou a produção musical africana com a de origem européia. Enquanto a música européia baseia-se no concerto, em que um instrumento musical tem destaque e os outros o acompanham, a música africana resulta de uma combinação harmônica de padrões rítmicos, isto é, não há prevalência de um instrumento sobre outro. Quando esses padrões são encaixados corretamente, o resultado é uma percepção melódica. "Cada padrão rítmico possui buracos, que são preenchidos por outro padrão rítmico, que também possui buracos", explicou o etnomusicólogo. Mukuna disse também que a música africana é fortemente influenciada pelos idiomas falados no continente, que são predominantemente tonais. Ou seja, a forma como se pronuncia uma palavra determina seu significado. Muitas palavras possuem a mesma grafia, diferenciando-se apenas pelo tom, pela ênfase dada em uma sílaba ou em outra. Na música africana, a melodia é construída a partir da base tonal que determina os sentidos das palavras. Se os tons são definidos pela língua, ao compositor cabe o papel de estabelecer uma forma de organizá-los. Africanismo no mundo Kazadi lembra que quando o negro foi retirado da África pelos colonizadores, foram colocados obstáculos à sua comunicação, impedindo-o de organizar formas de resistência. Diante disso, o negro acabou perdendo a parte semântica de sua língua. Mas a sintaxe, que é o que constrói o ritmo, permaneceu. Dessa forma, o ritmo é o que prevalece em tudo que é criado pelos negros. Em tudo que há ritmo, está presente o africanismo. Paulo Cabral de Melo, aluno do mestrado do departamento de História da UFMG, considerou a conferência muito interessante, pois conseguiu, por meio dela, perceber as permanências da influência da música africana nas expressões da cultura popular brasileira, como o tambor de crioula, samba de roda e outras manifestações afrobrasileiras. O estudante de Ciências Sociais da PUCMinas, Marcelo Silva Bernardes, diz ter grande interesse na Antropologia para estudar a cultura afro-brasileira através da música e que, nesse sentido, a conferência ministrada por Mukuna contribuiu para incentivá-lo nessa empreitada. O curso A conferência foi apenas uma prévia dos aspectos da música africana que foram tratados com mais profundidade durante o curso "Música Africana: teoria, cultura material, arte e comunicação", ministrado por Kazadi wa Mukuna de 2 a 4 de julho, na Fafich. O curso abordou a organização ritmica da música e da dança tradicional e contemporânea na África ao sul do Saara. O professor mostrou como as divisões étnicas, as religiões, as áreas geográficas, os idiomas e o processo de dominação colonial foram determinantes para a configuração da música dessa região. O primeiro dia do curso foi dedicado aos instrumentos musicais africanos. Mukuna disse que a classificação dos instrumentos está diretamente relacionada à forma como o som é produzido. Como exemplo, ele comparou o tambor e o agogô. Na classificação convencional, eles seriam considerados como instrumentos de percussão. Já segundo a classificação africana, o tambor, pelo fato de seu som ser produzido pela vibração de uma pele ou membrana esticada sobre seu corpo, é classificado como membranofone. Já o agogô, por ter seu som produzido pela vibração de seu próprio corpo, é classificado como idiofone. Essa classificação, além de destacar as especificades de cada tipo de instrumento, reflete a diversidade do conjunto de instrumentos africanos, ao invés de reduzi-los a uma classificação única. Mukuna durante o mini-curso Nos dias seguintes, Mukuna aprofundou-se na relação direta entre o aspecto tonal dos idiomas africanos e a produção musical daquele continente. Pedro Pedrosa, bolsista do CCNM que participou do curso, contou que o professor ensinou duas músicas para que os alunos tivessem a vivência do ritmo africano. A experiência serviu para que percebessem como deve ser a coordenação entre os músicos. Tanto a conferência como o curso foram integralmente registrados em áudio e vídeo pela equipe do CCNM. A proposta é disponibilizar o material resultante desse registro no Centro Virtual de Memória Coletiva, plataforma virtual desenvolvida pelo grupo de pesquisa. * Você é porque eu sou. Eu sou porque você é. ---------------------------------------------------------------Vídeo Cartografias Vídeo Tambolelê O vídeo "Cartografias – Escola Viva" foi selecionado para compor a "Mostra Formação do Olhar – Kinoikos", que integra o 19º Festival Internacional de CurtasMetragens de São Paulo, que será realizado entre os dias 21 e 29 de agosto. O vídeo "Cartografias – Escola Viva" relata a experiência da Ação Cartografias de Sentidos nas Escolas, iniciada em abril de 2007 em nove escolas da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte. A ação consiste no desenvolvimento de práticas que estimulem a apropriação crítica do espaço urbano e das Novas Tecnologias, articulando tais práticas à vida escolar e ao cotidiano de professores e alunos. Foi concluída na última semana a edição do vídeo "Tambolelê", produto final da Oficina Registro realizada com integrantes do Bloco-Oficina do Centro Cultural Tambolelê. O vídeo, que tem 13 minutos de duração, fala da relação do centro cultural com a comunidade do Novo Glória, bairro em que está localizada sua sede. Há depoimentos de moradores da região, relatos sobre a trajetória do Grupo Tambolelê, além de imagens de algumas de suas festividades. Os registros para o vídeo foram todos realizados pelos jovens participantes da oficina, que também foram os autores do roteiro. Em breve, a produção será disponibilizada no Centro Virtual de Memória Coletiva. ---------------------------------------------------------------Coordenação Geral: Regina Helena Alves da Silva Coordenação de Equipes: Denísia Martins Borba Coordenação de Tecnologia: Wagner Meira Jr. Jornalista Responsável: Renata Ferreira Ornelas - MTb - 12444/MG Estagiárias de Jornalismo: Maitê Gugel Rosa Maria Luiza Gondim de Castro Demais coordenadores: Daise Aparecida Palhares Diniz Silva Denise de Abreu Peixoto Eduardo Campos dos Santos Fábio Lucas Belotte Felipe Benoni Souza Dominguez Karime Marcenes Junqueira Silveira Maíra Alves Brandão Milene Migliano Gonzaga Pedro Silva Marra Solange Mara do Nascimento Pena Vanderlan Ferreira Godinho