A Fauna Silvestre e Práticas de Caça dos Moradores do Seringal

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A Fauna Silvestre e Práticas de Caça dos Moradores do Seringal
A Fauna Silvestre e Práticas de Caça dos Moradores do Seringal São Salvador
(Mâncio Lima - Acre – Amazônia - Brasil): Um Diagnóstico.
José Manuel Fragoso
Magna Cunha dos Santos
Vângela Maria Lima do Nascimento
Relatório apresentado para o PESACRE, Rio Branco, Acre, Brasil
1o de março de 2000
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Revisado por Vângela
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1José
Manuel Vieira Fragoso
2Magna
3Vângela
Cunha Santos
Maria Lima do Nascimento
1
Ph.D., Departamento de Zoologia, Universidade da Flórida. Gainesville, FL, EUA 32611. E-mail:
[email protected] (VERIFICAR INSTITUIÇÃO COM O AUTOR)
2
Engenheira Florestal, Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre. End. E-mail:
[email protected]
3
Bióloga, Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre. End. E-mail:
[email protected]
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INDICE
1 APRESENTAÇÃO ..............................................................................................................
2 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................
3 OBJETIVOS .........................................................................................................................
4 MÉTODOS ...........................................................................................................................
5 RESULTADOS ....................................................................................................................
5.1) Levantamento junto aos caçadores .............................................................................
5.1.1) Status das populações de fauna silvestre ......................................................................
5.1.2) Espécies caçadas ...........................................................................................................
5.1.3) Animais abatidos em duas semanas ...............................................................................
5.2) Levantamento de rastros...............................................................................................
5.2.1) Contagem de rastros.......................................................................................................
6) DISCUSSÃO........................................................................................................................
6.1) Espécies localmente extintos.........................................................................................
6.2) Espécies localmente raros.............................................................................................
6.3) Espécies com status indeterminados...........................................................................
6.4) Espécies com populações aparentemente grandes...................................................
6.5) Caça sustentável e obtenção de carne.........................................................................
7 CONCLUSÕES....................................................................................................................
8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.....................................................................................
9 APÊNDICE...........................................................................................................................
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INTRODUÇÃO
Em 1989, com a criação do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), foi
encomendado um estudo que visava a reavaliação do Plano de Sistema de Unidades de
Conservação estabelecidas em 1979. Neste documento propõe-se o estabelecimento de uma
rede de áreas naturais protegidas. Assim com base no estudo feito em 1976 “Uma análise
de Prioridades em Conservação da Natureza na Amazônia” (Wetterberg et al.,1976) e para
responder as pressões de bancos internacionais e de cientistas,
que o governo federal, ,
cria algumas áreas protegidas, inclusive o Parque Nacional da Serra do Divisor/PNSD, no
Estado do Acre.
Com a criação do parque o IBAMA fica autorizado a tomar as medidas necessárias
para a sua implantação, mas é somente em 1995, com a parceria da SOS Amazônia, que
inicia uma série de medidas
entre elas a realização de estudos para o conhecimento da
situação sócio-econômica e ecológica e a elaboração do seu Plano de Manejo.
A conclusão dos estudos e do Plano de Manejo apontaram a necessidade da
transferência de famílias moradoras do parque que manifestaram desejo de lá sair em
função das restrições que a atual legislação impõem para esta categoria de unidade de
conservação. Assim foi lançado um grande desafio, assumir um processo de transferência
destas famílias e, concomitantemente, sua sustentabilidade numa nova área.
Neste mesmo momento o INCRA iniciava o processo de arrecadação de uma área
vizinha ao parque, o Seringal São Salvador, para a criação de um assentamento visando
atender um solicitação dos seringueiros remanescentes deste seringal de terem sua situação
fundiária regularizada. .
A SOS Amazônia, entidade co-gestora do parque, sob a ótica de buscar de forma
participativa, alternativas que garantissem a sustentabilidade do parque, das famílias que de
lá serão transferidas, e da sua área de entorno convida a EMBRAPA, INCRA, Prefeitura de
Mâncio Lima, SEFE (acho que a SEFE só entrou bem depois), Sociedade Agrícola de
Produtores do rio Môa e o PESACRE para que juntos refletissem e elaborassem uma
proposta de ação onde o novo assentamento pudesse responder as questões colocadas:
local para os moradores do parque, busca de sustentabilidade da área do entorno e
conservação do parque.
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Neste contexto de participação nasce a proposta piloto do “Assentamento
Sustentável São Salvador” com o objetivo de apresentar uma solução adequada a este
desafio, atendendo os aspectos de sustentabilidade social, econômica e ecológica, e ao
mesmo tempo apresentar-se como um possível referencial para a implantação de
assentamentos e unidades de conservação na Amazônia Ocidental.
Para viabilizar a proposta dois projetos foram apresentados a instituições de apoio.
O projeto “Modelo de Assentamento Rural Sustentável para a Amazônia Ocidental”,
elaborado em parceria com a EMBRAPA, conta com apoio financeiro do PRODETAB –
Banco Mundial. A W. Alton Jones Foundation apoiou o PESACRE no desenvolvimento do
projeto “Assentamento Sustentável na Amazônia Ocidental- Diagnóstico Rápido para o
Projeto de Assentamento no Seringal São Salvador, Acre, Brasil” .
O Projeto “Modelo de Assentamento Rural Sustentável Para a Amazônia
Ocidental,” no seringal São Salvador, consistirá de seis etapas: i) Articulação entre as
instituições parceiras no projeto; ii) Diagnóstico sócio –econômico e ecológico rápido do
seringal São Salvador ; iii) Estudos aprofundados de solo, flora e fauna; iv) Mobilização
das famílias para elaboração de planos de manejo dos recursos naturais e plano do plano de
desenvolvimento do assentamento; v) Definição do tipo de assentamento; e vi)
Implementação do assentamento. A participação das famílias de produtores envolvidas será
priorizada em todas as etapas do projeto.
Este documento apresenta os resultados do diagnóstico sócio – econômico e ecológico
participativo rápido, realizado no seringal São Salvador, bem como considerações sobre as
implicações do padrão atual de uso dos recursos naturais locais e da organização social
daquela população na elaboração dos planos de manejo sustentáveis dos recursos naturais
do Seringal.
Os dados presentes neste documento foram obtidos em julho de 1999 por uma
equipe multidisciplinar de pesquisadores e extensionistas das áreas de antropologia,
biologia, engenharias agronômica e florestal, além de técnicos agrícolas. Ferramentas de
participação foram aplicadas procurando garantir a perspectiva de gênero e o conhecimento
dos moradores do seringal.
Demografia, saúde e educação básica, geração de renda, organização social,
exploração agrícola e florestal, e a fauna (em especial a caça e pesca) foram os principais
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aspectos abordados pelo estudo. Levantamentos mais aprofundados de caça, pesca e
comercialização irão complementar as obtidas por este diagnóstico e serão objetos de outras
publicações.
Os resultados do Diagnóstico Rápido Participativo realizado no seringal São
Salvador pela equipe do PESACRE / INCRA / SOS Amazônia e Prefeitura de Mâncio
Lima, contribuíram para a definição do tipo de assentamento a ser realizado e para a
elaboração de um plano de uso dos recursos naturais e desenvolvimento do seringal. Suas
conclusões vem sendo consideradas no processo de implantação do Parque Nacional da
Serra do Divisor. O diagnóstico contribuiu, ainda, para a criação de uma metodologia para
programas de assentamento e proteção de áreas de conservação.
OBJETIVOS
Diagnosticar o status populacional e a forma de uso da fauna silvestre pelos
moradores do Seringal São Salvador. Com a intenção de saber a real capacidade de
suporte, em função de um possível aumento de sua densidade demográfica com a
transferência de algumas famílias do Parque Nacional da Serra do Divisor para o
Seringal.
MÉTODOS
Para medir os parâmetros populacionais das espécies da fauna silvestre e a
quantidade de carne derivada desses animais, pelos moradores do seringal São
Salvador, foram conduzidas entrevistas semiformais com os mesmos, em suas
casas. Em cada entrevista estavam presentes um ou dois entrevistadores e,
ocasionalmente, todos os membros da família. Foram feitas várias perguntas, onde
se procurou medir o status das populações de fauna silvestre, a fim de registrar as
espécies caçadas e não caçadas e, ainda medir a diversidade e abundância de
animais mortos durante um dado período de tempo.
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Foi elaborada uma lista de espécies de mamíferos, aves e répteis
potencialmente presentes na área, com base em estudos anteriores e artigos
publicados (Apêndice 1).
Para medir o status da população, perguntamos a cada caçador ou chefe de
família, se reconheciam cada espécie da lista, e pedimos para que caracterizassem
cada uma como abundante, comum, rara ou não-existente no seringal. Para muitas
espécies, os entrevistadores não registraram a resposta nas folhas de dados (pode
ser que eles não tenham feito a pergunta ou, talvez, o entrevistado tenha sido
relutante em dar a resposta); esta informação é apresentada nas figuras e tabelas
como “nenhuma resposta”.
Para determinar se as espécies eram caçadas, pedimos às pessoas para
caracterizarem cada uma como caçada ou não-caçada. Com o levantamento de
status, obtivemos o número de famílias para as quais não foi registrado nenhum
dado. Para estimar a percentagem de famílias envolvidas com a caça e a
diversidade de espécies que mataram, foi pedido às pessoas para descreverem
quais espécies (e quantos indivíduos) eles mataram nas duas semanas antes da
entrevista.
Obtivemos uma segunda medida de abundância populacional e status
através da identificação e registro de sinais ou marcas deixadas pelos animais. Este
método foi usado com sucesso para medir a abundância populacional de animais
que são caçados em outras áreas da América do Sul tropical (Fragoso et al. 1998,
Hill et al. 1997); muitas dessas espécies ocorrem, também, no seringal São
Salvador. O protocolo de amostragem foi o seguinte: quatro transectos lineares
com 4 Km de comprimento cada um. Estes foram distribuídos ao longo do
seringal, usando-se o método aleatório estratificado.
Dois transectos foram localizados próximos a duas comunidades (um a cada
comunidade). Cada um começou em um ponto de aproximadamente 200 m,
floresta adentro, da trilha utilizada (freqüentemente) pelos moradores e ou
caçadores, e continuou a um ângulo de 90o (compasso usado para manter a retidão
da linha). Os pontos de início e final dos transectos foram determinados usando-se
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o “Global Positioning System”(GPS). O segundo grupo de transectos foi localizado,
aleatoriamente, usando-se as coordenadas de longitude e latitude derivadas de um
GPS, dentro da região localizada entre 10 e 16 km das comunidades. Os dois
transectos foram separados por uma distância de 5 km. Dois pesquisadores e dois
caçadores profissionais do São Salvador percorreram cada transecto. Somente os
caçadores procuraram os sinais, enquanto andavam a frente dos pesquisadores, os
quais registravam os dados. O pesquisador-biólogo (J.M.V. Fragoso) que possui
grande experiência com a metodologia, treinou a pesquisadora Engenheira
Florestal quanto ao uso da metodologia. Os líderes locais consideram os dois
caçadores como sendo os melhores da comunidade. Em média, ambos os
caçadores passam de dois a três dias da semana caçando, e a caça fornece-lhes
quase toda a carne que eles e suas famílias consomem. Para cada transecto nós
registramos todos os rastos, trilhas e tocas encontradas para as espécies da lista, a
50 cm do caçador em ambos os lados (direito e esquerdo); portanto, cada transecto
tinha 1 m de largura. Os sinais localizados além dessa área foram ignorados.
Nós derivamos o delineamento experimental a partir de um modelo
populacional fonte-vazão. O modelo prediz que algumas áreas produzem
abundância de fauna silvestre, enquanto outras são zonas de escape, onde as
populações continuam a existir somente por causa da imigração proveniente de
regiões adjacentes (Fragoso et al. 1998). Nós predizemos que o impacto da caça
seria maior próximo as comunidades, e que as áreas mais distantes suportariam
maiores abundâncias populacionais se a dinâmica populacional de fonte e vazão
ocorresse na área, bem como comparamos a abundância de rastos próximo e longe
das comunidades como um meio de determinar a presença de fonte-vazão
populacional. Também predizemos que a diversidade de espécies seria a mesma
entre as duas regiões para todas as espécies que ocorrem na biorregião maior, se a
caçada excessiva não estivesse ocorrendo. As espécies em falta, as pequenas
abundâncias populacionais e o enfoque na caçada de animais de pequeno porte
sugerem que a ocorrência de caçada excessiva ocorrera em passado recente e
continuava a ocorrer.
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RESULTADOS
LEVANTAMENTOS JUNTO AOS CAÇADORES (ENTREVISTAS)
1) Status das populações de fauna silvestre
Nas figuras e descrições do texto, os animais caçados são agrupados
principalmente pela categoria taxonômica, com poucas exceções nas quais as
considerações de habitat justificam os agrupamentos taxonômicos (por exemplo,
colocando a capivara com mamíferos aquáticos e os marsupiais com os pequenos
onívoros carnívoros). As respostas para as espécies que nunca são caçadas, como
os “canídeos”, não são sumarizadas nas figuras e texto, mas são incluídas nas
tabelas.
Ungulados – Ungulatus (Perissodactyla & Artiodactyla)
O número de pessoas que não responderam as questões relativas aos
ungulados foi bastante pequeno (n = 1 – 6). No São Salvador, os queixadas (Tayassu
pecari) e antas (Tapirus terrestri), duas espécies altamente apreciadas pelos
caçadores, foram consideradas raras pela maioria das pessoas avaliadas (Fig. 1). A
anta pode ser a mais rara das espécies grandes, com 6 pessoas respondendo que ela
não ocorre mais na região (Fig. 1). Duas outras espécies, o caititu (Pecari tajacu) e o
veado vermelho ou veado capoeiro (Mazama americana), foram listadas como
abundantes ou comuns pela maioria dos moradores. Estas duas espécies se saem
bem em áreas que experimentam intensa pressão de caça (Fragoso et al. 1998). Em
parte, isto pode ser devido à reprodução relativamente alta dos caititus,
juntamente com sua estrutura social de pequenos grupos e seu comportamento
discreto (Fragoso et al. 1998). O veado vermelho também tem uma reprodução
relativamente alta para um ungulado. Esta qualidade, mais seu comportamento
enigmático e capacidade para se dar bem em áreas onde os humanos praticam
métodos agrícolas de corte e queima, pode explicar a razão pela qual as populações
parecem dar-se bem no seringal São Salvador. Uma segunda espécie de cervídeos,
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o veado roxo (Mazama gouazoubira) também ocorria na região, mas foi considerado
raro.
Roedores terrestres e trepadores (Rodentia)
Como os angulados, as espécies de roedores de porte maior são também
intensivamente caçados nos Neotrópicos. No São Salvador, a maioria dos
moradores reportam-se as cutias (Dasyprocta fuliginosa) e pacas (Agouti paca) como
sendo abundantes ou comuns (Fig. 2). A paca de rabo (Dinomys branickii) e a cutia
de rabo (Myoprocta pratii) também ocorriam na área, mas eram menos comuns do
que suas primas sem cauda (Fig. 2). O ouriço ou coendu (Coendu prehensilis), pode
ainda ser relativamente comum no seringal. Os moradores listaram três roedores
menores ocorrendo em sua região (Fig. 3). Todos foram considerados abundantes
ou comuns na região. Três espécies de esquilos ou quatipurus (Sciuridae), foram
também apontados na região (Fig. 3). O quatipuru vermelho (Sciurus spp.) foi a
espécie mais comentada, seguida pelo quatipuru mandingueiro (Sciuridae). Poucas
pessoas consideraram o quatipuru preto (Sciuridae) como abundante a comum,
mas a maioria o descreveu como sendo raro na região.
Primatas - Primates
Os primatas de maior porte foram, geralmente, considerados menos comuns
do que as espécies de porte menor (Figs. 4 e 5). Quanto aos primatas, de maior
porte, o macaco aranha (Ateles chamek), o macaco barrigudo (Lagothrix lagotrucha) e
o uacari preto ou parauacu (Pithecia monachus), nunca foram apontados como
abundantes, mas algumas pessoas responderam que eles eram comuns (Fig. 3).
Esta descoberta discorda das informações de indivíduos confiáveis de que estas
espécies não mais ocorrem dentro dos limites do Seringal São Salvador; entretanto,
essas mesmas fontes dizem que estas espécies ocorrem rio acima e no Parque
Nacional da Serra do Divisor. O primata de grande porte mais comum foi a cairara
(Cebus albifrons), seguida pela guariba (Aouatta seniculus) e uacari cara vermelha
(Cacajao calvus). Entretanto, várias pessoas apontaram o uacari cara vermelha como
mais raro do que comum ou abundante, sugerindo que esta espécie pode também
não ocorrer dentro do São Salvador.
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Os pequenos macacos sagüi e o macaco de cheiro (Saimiri sciureus) foram
considerados abundantes ou comuns pela maioria das pessoas entrevistadas (Fig.
5). Há informações sobre dois macacos ocorrendo na área, cujos nomes nós não
estamos familiarizados e não podemos encontrar na literatura disponível: são o
macaco gogó de sola e o macaco quiquaju. A primeira espécie foi citada apenas por
uma pessoa e essa poderia ser uma identificação errônea, má pronúncia ou erro de
soletração pelos entrevistadores. Duas pessoas responderam que o macaco
quiquaju ocorre na área, mas acreditamos que esta informação refere-se realmente
ao kinkaju - Potos flavus (observe que, foneticamente, os nomes seriam
pronunciados do mesmo modo), e foi o desconhecimento do entrevistador a
respeito dos animais da região que levou-os a colocar o quiquaju como macaco, em
vez de verificar a categoria do kinkaju.
Mamíferos aquáticos (Cetácea, Sirenia, Rodentia e Carnívora)
A maioria dos moradores considerou as duas espécies de boto como sendo
abundantes e comuns (Fig. 6). Ao contrário, considerou-se que o peixe boi
(Trichechus inunguis) não ocorria mais aqui (se é que ele ocorria; Fig. 6). O mesmo é
válido para a ariranha (Pteronura brasiliensis), com a maioria das pessoas
respondendo que ela não ocorre aqui, embora uma pessoa descreveu-a como
comum e 3 pessoas como rara (Fig. 6). A maioria dos entrevistados apontou a
lontra (Lontra longocaudis) e a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) ocorrendo na
região, sendo que
a maioria das informações levantadas indica que elas são
comuns enquanto, e também um grande número de pessoas também apontou
estas espécies como sendo raras dentro do seringal.
Desdentados (tatus) – Edentados ou Edentata
O tatu rabo chato ou açu (?Dasypus kappleri) pode não ser encontrado no
seringal, pois somente uma pessoa listou sua presença na região, e as pessoas o
descreveram como raro (Fig. 7). O tatu canastra (Priodontes maximus) é ainda
encontrado aqui, com número igual de pessoas descrevendo seu status como
comum a abundante (Fig. 7). Os tatus galinha ou verdadeiro (Dasypus
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novemcinctus), peba (?? Euphractus sexcintus) e rabo de couro (Cabassous
uinicinctus) foram todos considerados abundantes e comuns no seringal.
Marsupiais e carnívoros onívoros pequenos (Marsupialia & Carnivora)
O mão pelada (Procyon cancrivorus) pode ser a única espécie deste grupo não
ocorrendo no seringal (Fig. 8). Similarmente, foi dito que o japurá (Potos flavus) não
ocorre nesta área; no entanto, os japurás são animais noturnos e os caçadores
humanos poderiam facilmente não tomar conhecimento deles. As duas maiores
mucuras parecem também ser comuns na região, como era a irara (Fig. 8).
Carnívoros (felinos) – Carnivora
Todas as espécies de felinos, cujas extensões distributivas incluem São
Salvador, parecem ainda ocorrer no seringal (Fig. 9). Das sete descritas pelos
moradores, somente o gato do mato açu (ou maracajá, ou jaguatirica) Leopadus
wiedii e o gato do mato pequeno (maracajá ou oncilla) Leopardus pardalis foram
considerados abundantes e comuns (Fig. 9). Considerando a grande espécie de
felinos, a onça parda (Puma concolor) pode ser mais comum do que a pintada
(Panthera onca), pois a maioria das pessoas apontam que a última é mais rara. Duas
espécies de gato não puderam ser identificadas para a espécie a partir das
informações dos moradores. O gato do mato pequeno poderia ser maracajá ou gato
oncilla, baseado na ligação de nomes comuns e científicos listados por Bodmer e
Penn (1977), e Emmons e Feer (1990).
Desdentados (Edentatos) – tamanduás e preguiças
O tamanduá bandeira (Mymecophaga tridactyla) ainda ocorre na área, bem
como três outras espécies que comem formigas, incluindo tamanduaí (Ciclopes
didactylus) pequeno e cativante (Fig. 10). Das informações dadas pelos moradores,
o tamanduá mambira (Tamandua tetradactyla) pode ser o tamanduá mais raro da
reserva. Duas espécies de preguiça parecem habitar a região, com ambas
consideradas abundantes e comuns no seringal.
Grandes Aves (Galliformes)
Como com os grandes roedores as aves maiores tendem a ser
intensivamente caçadas onde elas ocorrem (Silva e Strahl, 1991). As espécies
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maiores, como o mutum (Crax mitu), são facilmente exterminadas pela caça
excessiva (Lourival et al., 1997; Silva e Strahl, 1991). No São Salvador, somente
duas pessoas consideraram o mutum como abundante ou comum (Fig. 11). A
maioria dos moradores descreveu o mutum como não mais ocorrendo dentro de
São Salvador. Parece também provável que o cujubim (Pipile pipile) também nunca
ocorreu, ou não ocorre mais na região (Fig. 11). As duas espécies que ainda podem
ser abundantes a comuns, no seringal, são o jacu (Penelope jacquacu) e o jacamim
(Psophia leucoptera).
Nambus (Tinamiformes)
Os moradores apontam que oito espécies de nambu (Tinamus spp.) ocorrem no
seringal São Salvador (Fig. 11b). Somente duas espécies, o nambu pintado e o
nambu serra, foram consideradas raras por todos os entrevistados. Estranhamente,
uma alta percentagem de pessoas respondeu que o nambu azul não ocorria no
seringal, mas um número quase igual de pessoas julgou que ele era comum (Fig.
11b). Essa confusão pode ser o resultado do uso de diferentes nomes comuns
dentro da comunidade. Alternativamente, a espécie pode manter populações em
áreas restritas do seringal. A maioria das espécies (5) foram descritas como sendo
abundantes a comuns, pela maioria das pessoas.
Aves (Psittaciformes)
A maioria dos moradores que responderam as questões relativas a estas
espécies (Fig. 12) consideraram as araras e papagaios (Psittacidae) como sendo
raros. Os membros mais comuns deste grupo podem ser a arara vermelha (Ara
macao), que foi reportada como comum por duas pessoas. Pelo menos duas
espécies de papagaios grandes ocorrem na região, mas a maioria dos moradores
descreveu-os como raros (Fig. 12).
Répteis ( Tertudine, Crocodylia e Quelonia)
Os jabutis parecem ser raros na região (Fig. 13). Esses resultados não
surpreenderam, pois, estes animais são intensivamente caçados para alimento em
todo seu espaço (Moskovits, 1985). Quatro espécies foram descritas para a região,
pelos moradores, mas isto parece improvável porque somente duas espécies co-
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ocorrem na Amazônia (Moskovits, 1985). O problema pode ser o uso de diferentes
nomes comuns para a mesma espécie, ou a variação de cor dentro de uma espécie.
Das três espécies de jacarés, que ocorrem no Seringal, o tinga e açu foram
descritas pela maioria dos moradores como abundantes a comuns (Fig. 14). Uma
pessoa descreveu uma terceira espécie denominada “jacaré crocodilo” que
consideravam comum. Nós suspeitamos que essa pessoa estivesse usando um
nome comum local que incorpora todas as espécies de jacarés.
As duas espécies de tartarugas aquáticas indicadas para a região, parecem ser
raras no Seringal (Fig. 14). A maioria dos moradores descreveu os tracajás
(Podocnemis unifilis) como raros, com alguns os classificando como abundantes a
comuns. A maioria das pessoas considerou a tartaruga (Podocnemis expamsa) como
menos comum do que o tracajá.
2) Espécies caçadas
Todos os ungulados foram reportados como espécies que eram caçadas (Fig.
15). A maioria dos respondentes disseram que caçavam veado vermelho, seguido
pelo caititu, queixada e uma proporção semelhante de veado roxo e anta. Poucos
indivíduos disseram que não caçavam nenhuma espécie de angulado ainda
encontrada no seringal e ao redor dele.
Três dos quatro maiores roedores terrestres, que disseram ocorrer no Seringal
São Salvador, durante a entrevista foram relatados como caçados (cutia, paca e
ouriço) (Fig. 16). Quase todos caçavam cutia e paca, mas poucos estavam
interessados no ouriço. Ninguém falou em caçar a paca de rabo ou a cotia de rabo.
Os moradores se referiram a seis espécies de pequenos roedores que poderiam
ser potencialmente caçados; desses, a maioria caçava somente esquilos
(quatipurus) (Fig. 17). Três espécies do tipo rato podiam ser potencialmente
caçadas, mas somente uma pessoa listou uma espécie como animal que eles
caçavam.
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Tabela I: Espécies descritas pela maioria dos caçadores do Seringal São Salvador
como raras ou ausentes na área (* = espécie caçada como alimento). Os números
nas colunas referem-se aos números de pessoas que escolheram aquela categoria
No de moradores entrevistado
Espécie
Abundante a comum Rara a não encontrada
Rato guabirú
0
13
*Macaco barrigudo
0
10
Ariranha
0
5
Tamanduá pequeno
0
5
*Macaco aranha (preto)
0
4
Arara amarelo
0
3
*Nambu pintado
0
2
*Cujubim
0
2
Macaco quiquaju
0
2
Jaguatirica (gato maracajá)
1
3
Uacari preto
1
17
*Peixe-boi
1
14
*Jabuti
1
4
Ouriço (cuandu)
2
4
Arara azul
2
16
*Tartaruga
2
13
*Nambu preto
2
11
Jupará
2
8
*Mutum
3
16
*Anta
3
13
Mào pelada
3
12
*Jabuti açu
3
6
Preguiça bentinha
4
8
macaco gogo de solo
4
10
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*Veado roxo
6
12
*Nambu azul
6
10
Onça pintada
7
11
*Queixada
7
10
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Tabela II: Espécies descritas por números de caçadores, aproximadamente iguais no
Seringal São Salvador, como abundantes a comuns versus raras a não encontradas (*
= espécies caçadas como alimento). Os números nas colunas referem-se aos números
de pessoas que escolheu a categoria.
No de moradores entrevistado
Espécie
Abundante a comum Rara a não encontrada
*Guariba
10
10
Rato catita
9
10
Tamanduá bandeira
9
10
*Tracajá
8
10
*Catitu
7
10
Cutia de Rabo
10
9
Cachorro do mato
11
8
*Macaco-de-cheiro
10
8
Tatu canastra
7
8
*Jacamim
7
8
Onça parda (vermelha)
5
8
Mucura xixica
8
7
Raposa
4
7
Jaguarandi (gato preto)
4
7
*Papagaio estrela
3
3
Mucura grande
2
3
Gato do mato pequeno
2
3
*Jabuti preto
1
1
*Arara vermelha
0
1
*Nambu serra
0
1
Gato peludo
0
1
Saracura
0
1
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Tabela III: Espécies descritas, pela maioria dos caçadores do Seringal São Salvador,
como abundantes a comuns versus raras a ausentes (* = espécies caçadas como
alimento). Os números nas colunas referem-se aos números de pessoas que
escolheram a categoria.
No de moradores entrevistado
Espécie
Abundante a comum Rara a não encontrada
*Cutia
13
6
Preguiça real
13
6
*Quatipuru preto
12
6
*Capivara
11
6
Nambu galinha
11
6
*Uacari- cara vermelha
8
6
Lontra
8
6
Boto vermelho
12
7
Boto tucuxi
11
7
*Veado vermelho(capoeira)
11
7
Tatu rabo de couro
10
7
14
5
*Quatipuru vermelho
14
5
Gato do mato açú
13
5
*Tatu peba
10
5
*Quati
15
4
Sagui soim leãozinho
14
4
Irara
16
3
*Tamanduá mirim
15
3
*Zogue-zogue
15
3
Rato coró
15
3
*Parauacu
15
3
Macaco da noite
12
3
20
Revisado por Vângela
Jan.02
Jacaré preto ou açu
8
3
*Tatu galinha
16
2
*Quatipuru mandigueiro
16
2
Paca de rabo
2
3
*Paca
18
1
*Macaco-prego
17
1
*Jacaré tinga
16
1
*Cairara
15
1
*Uru
11
1
*Papagaio urubu
5
1
Sagui soim bigodeiro
19
0
*Jacu
7
0
*Nambu surulinda
7
0
*Nambu macucão
7
0
*Tamanduá mambira
2
0
Tatu rabo Chato
1
0
*Jabuti amarelo
1
0
Jacaré crocodilo
1
0
Nós pedimos informações sobre sete espécies de primatas que, baseado em
trabalhos feitos em áreas circunvizinhas (Bodmer at al., 1997; Eisenberg & Redford,
1999; Emmons & Feer, 1990; Fonseca e Taveira-Medeiros, não datado; MunizCalouro, 1995, 1997), poderiam ocorrer na região de São Salvador. Duas dessas, o
macaco barrigudo (Lagothrix lagotricha poeppigii) e o aranha (Ateles chamek) foram
apontados pelo líder da comunidade de São Salvador, enquanto os dois caçadores
que trabalhavam conosco as responderam que estão exterminadas dentro dos
limites do São Salvador. Elas já existiram, mas não são mais encontradas. Esses
indivíduos responderam que ambas as espécies são encontradas mais adiante rio
acima do Seringal São Salvador. Todas as sete espécies consideradas aqui, eram
caçadas pelos moradores (Fig. 18). A espécie que recebeu a maior percentagem de
21
Revisado por Vângela
Jan.02
respostas afirmativas como “caçada” foi o macaco prego (Cebus apella), seguida de
perto pela parauacu (Pithecia monachus), guariba (Alouatta seniculus) e barrigudo
(Fig. 18). Poucas pessoas caçavam o uacari cara vermelha (Cacajau calvus), e poucas
responderam positivamente quando questionadas a respeito do uacari preto. A
falta de resposta para informação sobre esta última espécie pode ser uma indicação
de que ela não ocorre aqui. Há também 7 espécies de pequenos primatas que
podem ocorrer na região. Ao perguntar se eles caçavam alguma dessas espécies,
descobrimos que 5 eram caçadas (Fig. 19). Duas espécies foram apontadas, pela
maioria dos moradores, como espécies de interesse, isto é, o macaco da noite (Aotus
nigriceps) e o zogue-zogue (Callicebus cupreus). A maioria dos entrevistados não
caçava as outras três espécies (macaco de cheiro, macaco sagui e macaco gogó de
sola) que alguns consideraram caçáveis, e duas (possivelmente 3) espécies não
eram consideradas caçáveis.
Dos seis mamíferos aquáticos, que podem ocorrer no seringal São Salvador,
somente um foi classificado pela maioria das pessoas como uma espécie caçada, a
capivara (Fig. 20). A ariranha não foi reconhecida pelos entrevistados, com todos
apontando que ela não ocorre no São Salvador. O peixe-boi (Trichechus inunguis)
foi reconhecido pelos moradores, mas como a ariranha (Ptronura brasiliensis), ele
também foi descrito como não encontrado dentro ou ao redor de São Salvador. As
duas espécies de boto não foram consideradas espécies de interesse dos caçadores,
embora um morador pensasse que algumas pessoas caçavam o tucuxi (Sotalia
fluviatilis). A lontra (Lontra longicaudis) é encontrada na região, mas não é
considerada uma espécie de interesse dos caçadores.
O único tatu não caçado pelos moradores foi o rabo chato (Fig. 21). Todos
os outros foram procurados, mas somente o tatu galinha (Dasypus novemcinctus) e o
tatu peba eram preferidos pela maioria dos entrevistados (Fig. 21). O maior
membro
desse
grupo,
o
tatu
canastra
(Priodontes
maximus)
(35
kg
aproximadamente), foi apontado como não caçado por aproximadamente a mesma
percentagem de entrevistados que aqueles que caçavam esta espécie. Os caçadores
Revisado por Vângela
Jan.02
22
que trabalhavam conosco nos transectos e na contagem dos rastos responderam
que eles e, nem as pessoas que conheciam, caçavam esta espécie.
O quati (Nasua nasua) foi o único onívoro - carnívoro de porte médio
procurado pela maioria dos caçadores (Fig. 22). A falta de respostas às questões
concernentes ao interesse pela caça do jupara (Potos flavus) e mão pelada (Procyon
cancrivorus) sugere que estas duas espécies não ocorrem no seringal São Salvador.
De fato, a maioria das pessoas relatou que não estavam familiarizadas com estas
espécies. Ninguém apresentou interesse em caçar mucuras, e somente uma pessoa
pareceu interessada em matar iraras (Eira bárbara).
A maioria dos moradores (Fig. 23) não visavam as espécies felinas (felídeas)
como espécies de interesse para caça. Entretanto, duas espécies eram de interesse
para alguns caçadores; metade dos moradores respondeu que não caçava a onça
parda (Puma concolor), e um pouco menos da metade também caçava a onça
pintada (Panthera onça). O gato da mão pelada (não muito conhecido) não era do
interesse dos caçadores, e a maioria das pessoas não respondeu quanto ao gato
peludo.
Com exceção de uma pessoa que indicou que caçava tamanduá bandeira, as
outras cinco espécies de tamanduás e preguiças não eram caçadas pelos
moradores(Fig. 24).
Os animais da família dos cracideos eram procurados pela maioria dos
caçadores (Fig. 25a). A maioria dos moradores mencionou caçar jacu (Penelope
jacquaou) e jacamim (Psophia leucoptera), com poucos mostrando interesse no
mutum (Crax mitu)e cujubim (Pipile pipile) . A última observação pode ser
explicada devido ao fato do mutum, embora reconhecido, pode não ocorrer dentro
do São Salvador, segundo os entrevistados. O mesmo pode ser verdade para o
cujubim, com a maioria das pessoas não respondendo às questões relativas a esta
espécie.
Todas as espécies de nambu (tinamídeos) eram caçadas (Fig. 25b);
entretanto, a mais procurada era o nambu uru. Os nambus, azul, galinha, pintado e
surulinda também foram considerados desejáveis pela maioria dos moradores,
Revisado por Vângela
Jan.02
23
com poucos respondendo que não caçavam estas espécies. O nambu preto foi a
única espécie que atraia pouca atenção dos caçadores.
As espécies psittacine (papagaios e araras) foram consideradas espécies
caçáveis pelos moradores, com a maioria dos entrevistados interessados nas
espécies maiores (Fig. 26). Todavia, o número de pessoas não respondendo a essa
questão foi grande apesar do aparente desejo de possuir os animais. Nós vimos
duas araras vermelhas que foram mortas, enquanto fazíamos a contagem dos
rastos. Nossos caçadores também relataram que a arara azul (?Propyrrhura couloni)
e amarela (Ara ararauna) não ocorria nesta região.
Pedimos informação nos questionários, sobre dois tipos de jabuti (amarelo e
preto), mas ambos não foram reconhecidos pelos moradores que descreveram o
jabuti amarelo (Geochelone denticulata) e o jabuti açu (Geochelone sp.) como
ocorrendo em sua região. Estas espécies eram caçadas pela maioria dos moradores
(Fig. 27). Com exceção do jacaré crocodilo , os outros quatro répteis aquáticos aqui
levantados eram caçados pelos moradores (Fig. 28). Poucos moradores indicaram
interesse pelo jacaré tinga (Caiman cocodrilus), com menos ainda interessados no
jacaré açu (Melanosuchus niger) muito maior. Para as tartarugas e o tracajá
(Podocnemis unifilis) foi a única espécie que a maioria dos moradores disseram
caçar (Fig. 28).
3) Animais abatidos em duas semanas
Nós perguntamos aos chefes de 21 famílias sobre a abundância e diversidade
das espécies que eles abateram durante o período de duas semanas antes da
entrevista, a fim de medir a taxa de mortalidade. Um terço da população (7 das 21
famílias) tinha matado algo nesse período (Tabela 1). Este nível de atividade de
caça numa população humana indica que a caça constituía um importante
componente da economia de subsistência dos moradores do São Salvador. A
elevação do número de animais ocorria durante a estação seca, período em que,
segundo os moradores, eles reduzem a caça e concentram-se na pesca como um
Revisado por Vângela
Jan.02
24
meio de obtenção de alimentos. No total, 15 animais foram mortos pelos membros
das sete famílias. O maior número de abates foi conseguido pelo Sr. Valter da
comunidade de Boa Vista (Tabela 1). Ele abateu somente animais de pequeno
porte. Somente quatro mortes de animais de maior porte ocorreram (três veados
vermelhos e uma capivara). O animal mais comumente morto foi o veado
vermelho, seguido pelo quatipuru vermelho.
Assumindo que os caçadores procuravam fauna silvestre desde o nascer do sol
(06:30 hs) até 13:00 horas (7 1/2 horas; esta suposição baseia-se na observação da
partida para a caça e horário de chegada), podemos derivar uma estimativa de
captura por unidade de esforço. Se 7 pessoas mataram um total de 15 animais, e a
soma do peso de carne bruta foi 164 kg (pesos derivados de Eisenberg 1989,
Eisenberg e Redford 1999, Silva e Strahl 1991), cada família recolheu 24 kg de
animais silvestres carne em peso bruto. Esta quantidade iguala 3 kg de carne bruta
por hora de esforço de cada caçador.
25
Revisado por Vângela
Jan.02
Tabela IV: Abundância e diversidade de fauna silvestre morta por membros de sete famílias em seis comunidades durante
um período de duas semanas no seringal São Salvador
N° de espécies caçadas em 2 semanas
Local
Família
Veado
Parauacu Capivara Cutia
vermelho
Quatipuru
Quati Jacu Jabut Total
vermelho
i
(capoeira)
Vai Quem
Raimundo
1
Raimundo
1
1
Quer
Vai Quem
2
3
Quer
Boa Vista
Sr. Valter
São Pedro
Luiz
Rio Azul
Rozildo e
(Bela Vista)
Francisca
1
2
2
1
1
Sebastião
1
6
2
1
Girassol
Prosperidade
3
1
1
26
Revisado por Vângela
Jan.02
TOTAL
3
2
1
1
3
1
2
2
15
Revisado por Vângela
Jan.02
27
LEVANTAMENTO DE RASTROS:
1) Contagem de rastros
não encontramos rastros de queixadas nem antas próximo às comunidades
(dentro de 5 km), e poucas foram encontradas nas zonas distantes (>10 km) das
comunidades. Estas duas espécies estão, normalmente, no topo ou próximo ao
topo das listas de carne fornecidas por diferentes espécies para as populações
humanas nos Neotrópicos (Bodmer et al., 1997). Os caçadores as descreveram
como sendo altamente preferidas por eles (Bodmer et al., 1997). Também não há
rastros de tamanduá bandeira nem de gato maracajá próximo às comunidades,
sendo estas duas espécies às vezes caçadas pelos moradores. Detectamos alguns
de seus rastros na zona distante. Os rastros mais freqüentemente encontrados
foram do veado vermelho, tatu verdadeiro, tatu rabo chato, nambu uru, gato açu,
catitu e paca (Tabela 2). Para essas espécies, comparamos o número de rastros
dentro de 5 km das comunidades com aquele obtido a 10 ou mais km de distância,
e não encontramos diferença estatisticamente significativa entre as duas regiões (X2
= 11,87 , df = 6 , P = 0,07); concluímos que as áreas parecem manter níveis
populacionais similares para essas espécies.
28
Revisado por Vângela
Jan.02
Tabela 2: Número de rastros encontrados ao longo de quatro transectos, dois
dentro de 5 km e dois a 10 km ou mais das aldeias comunidades. Os números de
rastros para as espécies realçadas com letras em negrito foram comparados
usando-se X2
Número de Rastros
Espécies
<5 km da comunidade
>10 Km da comunidade
Veado vermelho
45
59
Tatu verdadeiro
12
11
Tatu rabo chato
10
8
Nambu uru
11
12
Gato açu
7
2
Catitu
6
10
Paca
3
10
Tatu canastra
3
2
Cutia
3
2
Tatu rabo de couro
2
3
Veado roxo
0
2
Anta
0
1
Quatipuru
0
1
Queixada
0
6
Tamanduá bandeira
0
1
Gato maracajá
0
2
Saco azul
0
1
DISCUSSÃO
1) Espécies localmente extintas
Revisado por Vângela
Jan.02
29
Uma das descobertas-chave deste rápido levantamento talvez seja que algumas
espécies possam já ter sido extinguidas do Seringal São Salvador; por exemplo, os
macacos barrigudo e aranha. Duas outras espécies, o peixe boi e a ariranha
também parecem não mais ocorrer na área. O mesmo pode ser verdadeiro para o
mutum. Estas cinco espécies são listadas como em risco, nacional e
internacionalmente, e, com exceção da ariranha, elas são muito desejadas como
alimento para os seres humanos. Para estas espécies, nós sugerimos que sejam
conduzidos levantamentos mais detalhados e de prazo mais longo para determinar
seu status dentro e em torno do Seringal São Salvador. Se elas estiverem extintas
no São Salvador, nós recomendamos que sejam re-introduzidas porque como
mega-espécies carismáticas ela poderiam formar blocos construtivos para o
desenvolvimento do ecoturismo na região. As cinco espécies são de um tipo que
pode facilmente ser observados pelos seres humanos (quando elas não são
caçadas) e que os turistas consideram atraentes devido a seu complexo
comportamento. Além de atrair os turistas, estas espécies serviriam também como
indicadores chaves da singularidade da fauna e da flora da região oeste da
Amazônia. A presença da grande fauna carismática única constitui um
ingrediente-chave para o sucesso no mercado muito competitivo para os
ecoturistas na Amazônia. Se as populações se recuperarem, os moradores podem
começar a caçar estas espécies, mas isto deveria ocorrer somente nas áreas que não
conflitam com o turismo.
2) Espécies localmente raras
Um número de importantes espécies de caça raramente visitam (para espécies
com amplo alcance de moradias) ou não são mais existentes em áreas próximas às
comunidades; entretanto, elas ainda ocorrem (ou visitam) áreas a mais de 10 km
das comunidades. Por exemplo, os queixadas foram apontados que entram
ocasionalmente na zona próxima às comunidade mas nós encontramos seus rastros
somente nas áreas mais afastadas das comunidades, e o número dessas era
Revisado por Vângela
Jan.02
30
pequeno indicando que a área não é freqüentemente visitada por rebanhos. Um
modelo similar de ocorrência ocorria com a anta. Seus rastros foram encontrados
somente nas áreas distantes das comunidades, e foram encontrados somente uma
vez. Esta taxa de encontro sugere que pode ser que as antas não mais ocorram no
seringal São Salvador, e que os rastros que encontramos poderiam pertencer a um
indivíduo disperso. Esta possibilidade foi mantida pela maioria dos moradores que
afirmavam que o animal não mais ocorria no seringal. Para a anta, nós sugerimos o
desenvolvimento de um programa de manejo que elimina a caça desta espécie,
durante um número de anos, até que a população se restabeleça. Uma vez
alcançada a estabilidade da população, a caça limitada poderia começar.
3) Espécies com Status indeterminado
Um número de espécies foi apontado como comum a abundante versus raro a
ausente, por números similares de moradores (Tabela 2). Dentro desta categoria
estavam a guariba, o tracajá, o caititu, o macaco-de-cheiro, o jacamim, o papagaio
estrela, o jabuti preto, a arara vermelha e o nambu serra, todas espécies de
interesse para os caçadores. Recomendamos que estudos mais aprofundados sejam
conduzidos para as espécies acima mencionadas a fim de determinar se suas
populações estão declinando, conforme sugerido por muitos moradores. Uma
aproximação que poderia rapidamente fornecer uma resposta a esta questão seria
uma comparação das densidades populacionais dentro do São Salvador com
aquelas das áreas não caçadas do Parque Nacional da Serra do Divisor. Roteiros
de caça (se necessário) poderiam, então, ser sugeridos para a comunidade que
incorporasse necessidades humanas e atual abundância de animais de caça a fim
de evitar a extinção de espécies alimentares muito importantes. Observe que
nenhum dos 15 animais mortos pelos caçadores do São Salvador pertenciam a este
grupo de espécies.
4) Espécies com Populações Aparentemente Grandes
Revisado por Vângela
Jan.02
31
Todos os animais mortos pelos caçadores pertenciam a este grupo de espécies,
indicando, talvez, que os moradores pegam, na maioria, animais considerados
comuns a abundantes. As espécies pertencentes a este grupo podem não requerer
atenção especial nesse momento, mas suas populações poderiam ser monitoradas a
fim de detectar possíveis mudanças em abundância se os moradores que mudam
do Parque Nacional da Serra do Divisor e se restabelecem no São Salvador . A
vinda de mais pessoas para o seringal provavelmente provocaria impacto neste
grupo de espécies, mais do que em qualquer outro, pois, quase todos os animais
caçados pertencem a ele. (é melhor explicar isto direito porque não estar
contextualizado neste documento o que é o projeto de assentamento são salvador e
que algumas famílias do Parque viriam a ser reassentadas no São Salvador.)
5) Caça Sustentável e Obtenção de Carne
A maioria dos moradores do São Salvador matavam, na maioria das vezes,
espécies de pequeno porte, onde a maioria das quais (por exemplo, o quatipurus)
são ignoradas quando animais de caça maiores são comuns ou presentes (por
exemplo, duas espécies de pecari(porcos do mato), como os primatas de grande
porte, grandes aves, e grandes roedores. Este desejo de capturar pequenas espécies
sugere que a caça, na área, é excessiva. Outra evidência indicando a severidade da
pressão de caça é a ausência ou raridade de espécies de maior porte no seringal.
Algumas dessas espécies (por exemplo, o macaco barrigudo, macaco aranha, e
mutum) já foram levadas à extinção local, e outras são extremamente raras (por
exemplo, a anta e as queixadas). Em conjunto, estas observações sugerem que a
fauna silvestre do Seringal São Salvador já tem problemas suportando a população
humana atual, e, certamente, seria improvável que suprisse o aumento de
moradores provenientes do Parque Nacional da Serra do Divisor.4 Colocado
4
Falta uma introdução ao trabalho falando dos objetivos do projeto , principalmente da proposta de
transferência de parte dos moradores do PNSD para o assentamento.
Revisado por Vângela
Jan.02
32
abruptamente, se os padrões de caça continuam, todas, exceto os onívoros mais
generalizados e as espécies menores com taxas reprodutivas mais altas, tornar-seão localmente extintas.
Revisado por Vângela
Jan.02
33
CONCLUSÕES
Tentamos determinar se as populações de animais de caça, dentro do
seringal São Salvador, poderiam suportar o aumento da pressão de caça que
resultaria se os atuais moradores do Parque Nacional da Serra do Divisor fossem
transferidos para o Seringal. Os indicadores que nós medimos sugerem que a
fauna silvestre da região já foi e continua sendo excessivamente caçada. Talvez, a
única razão pela qual as espécies de maior porte continuam a ocorrer nas regiões
mais afastadas das moradias do seringal é que a área é cercada por floresta por
todos os lados: o seringal forma parte de uma floresta maior que inclui o Parque
Nacional da Serra do Divisor. A fauna silvestre, provavelmente, continua a
dispersar-se das regiões adjacentes para área de vazão, o seringal São Salvador.
Além disso, os moradores também caçam muito além dos limites do seringal e,
portanto, obtêm carne produzida dentro desta reserva. Se as florestas em torno do
seringal forem eventualmente desmatadas, a terra transformada em fazendas e o
São Salvador transformado em uma floresta isolada, poderíamos fazer previsões
de extinções extras de espécies e uma diminuição da quantidade de carne que os
moradores podem obter da floresta. Uma nota positiva é que o parque nacional
continuará a fornecer carne silvestre para as pessoas do São Salvador, na forma de
animais dispersos do parque. Coletamos os dados de campo, para este estudo,
durante um mês; originalmente, este trabalho significou fornecer alguma direção
para uma pesquisa de prazo mais longo sobre o status das populações de fauna
silvestre e a exploração sustentável desses animais. Acreditamos que atingimos
nossa meta e um pouco mais. Também fornecemos informações sobre a severidade
da atual pressão da caça humana sobre as populações de fauna silvestre.
Entretanto, este trabalho significava ser um precursor de um estudo mais extenso.
Muitas de nossas recomendações e conclusões deveriam ser consideradas sob esta
luz e vistas como um primeiro passo.
Enfaticamente recomendamos que o
próximo estágio de pesquisa da fauna silvestre e o aspecto da caça sustentável do
projeto sejam iniciados.
Revisado por Vângela
Jan.02
34
Revisado por Vângela
Jan.02
35
REFERÊNCIAS
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Amazonia. Pg.s 52-69 in Valldares-Paua C., Bodmer R.E. and Cullen Jr. L. (eds):
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nacional Pacaya-Samiria : un analisis sobre el uso sostenible de la caza. Pg.s 65-74
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Silvestre en la Amazonia. UNDP-GEF, La Paz, Bolivia.
Eisenberg J.H. & Redford K.H. 1999. Mammals of the Neotropics: The Central
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Emmons L.H. & Feer F. 1990. Neotropical Rainforest Mammals: A Field Guide.
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Fragoso J.M.V., Silvius K.M. & Prada M. 1998. Integrando abordagens científicas e
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Fonseca M. da & Medeiros S.T. (Undated). Instrumentos educativos: estratégia de
educação ambiental para o manejo sustentável da fauna silvestre por populações
tradicionais em reserva extrativista.
Hill K., Pawe J., Bejyvayi C., Bepurangi A., Jakugi F., Tykuarangi R. & Tykuarangi
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1997.
Impact of hunting on large vertebrates in the Mbaracayu Reserve,
Paraguay. Conservation Biology 11: 1339-1353.
36
Revisado por Vângela
Jan.02
Lourival R.F.F. & Fonseca G.A.B. 1997. Analise de sustentabildade do modelo de
caça tradicional no Pantanal da Nhecolandia, Corumbá, MS.
Pp. 123-172 in
Valldares-Paua C., Bodmer R.E. and Cullen Jr. L. (eds): Manejo e Conservação de
vida silvestre no Brasil. MCT-CNPq, Brasil.
Moskovits D. K. 1985. The behavior and ecology of the two Amazonian tortoises,
Geochelone carbonaria and Cheochelone denticulata in northwestern Brazil. Ph.D. Diss.
Univ. of Chicago, USA.
Muniz-Calouro A. 1995. Caça de subsistência: sustentabilidade e padrões de uso
entre serigueiros ribeirinhos e não-ribeirinhos do estado do Acre. MS thesis, Univ.
of Brasilia, Brasil.
Muniz-Calouro A. 1997.
Avaliação ecológica rápida: grandes mamíferos.
Unpublished report, Universidade Federal do Acre, Brasil.
Schauensee R.M. de & Phelps W.H. Jr. 1978. Birds of Venezuela. Princeton Press,
Princeton, USA.
37
Revisado por Vângela
Jan.02
Apêndice 1: Lista dos nomes brasileiros comuns e seus equivalentes científicos
para as espécies consideradas neste estudo. A lista das espécies que
potencialmente ocorrem na área de estudo foi derivada de listas de fauna e mapas
de extensão, apresentadas em Bodmer and Penn (1997), Eisenberg and Redford
(1999), Emmons and Feer (1990), Fonseca e Taveira-Medeiros (não-datado), MunizCalouro (1995, 1997), e Schauensee and Phelps (1978). Várias espécies foram
denominadas (nomes comuns) pelos moradores como ocorrendo na área do São
Salvador, para as quais não encontramos nomes científicos (estes são apresentados
com ? no apêndice).
Nome Comum em Português
Nome em Latim
Anta
Tapirus terrestris
Arara amarelo
Ara ararauna
Arara azul
?Propyrrhura couloni
Arara vermelha
Ara macao e Ara chloroptera
Ariranha
Pteronura brasiliensis
Boto tucuxi
Sotalia fluviatilis
Boto vermelho
Inia geoffrensis
Cachorro do mato
Canidae
Cairara
Cebus albifrons
Capivara
Hydrochaeris hydrochaeris
Catitu
Tayassu tajacu
Cujubim
Pipile pipile
Cutia
Dasyprocta fuliginosa
Cutia de Rabo
Myoprocta pratii
Gato do mato açú
Leopadus wiedii
Gato do mato pequeno
Felis tigrina
Gato peludo
??
Guariba
Alouatta seniculus
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Revisado por Vângela
Jan.02
Irara
Eira barbara
Jabuti
Geochelone denticulata
Jabuti açu
Geochelone sp.
Jabuti amarelo
Geochelone sp.
Jabuti preto
Geochelone sp.
Jacamim
Psophia leucoptera
Jacaré tinga
Caiman cocodrilus
Jacaré crocodilo
?
Jacaré preto ou açu
Melanosuchus niger
Jacu
Penelope jacquaou
Jaguarandi (gato preto)
Herpailurus yaguaroundi
Jaguatirica (gato maracajá)
Leopardus pardalis
Jupará
Potos flavus
Lontra
Lontra longicaudis
Macaco aranha (preto)
Ateles chamek
Macaco barrigudo
Lagothrix lagotricha poeppigii
Macaco da noite
Aotus nigriceps
macaco gogo de solo
?
Macaco quiquaju
Potos flavus
Macaco-prego
Cebus apella
Macado-de-cheiro
Simiri sciureus
Mão pelada
Procyon cancrivorus
Mucura grande
Didelphis sp.
Mucura xixica
Didelphis sp.
Mutum
Crax mitu
Nambu azul
Tinamus tao
Nambu galinha
Tinamus guttatus
Nambu macucão
Tinamus spp.
39
Revisado por Vângela
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Nambu pintado
Tinamus spp.
Nambu preto
Tinamus spp.
Nambu serra
Tinamus spp.
Nambu surulinda
Tinamus spp.
Nambu Uru
Tinamus spp.
Onça parda (vermelha)
Puma concolor
Onça pintada
Panthera onca
Ouriço (cuandu)
Coendou prehensilis
Paca
Agouti paca
Paca de rabo
Dinomys branickii
Papagaio estrela
Psittacidae
Papagaio urubu
Psittacidae
Parauacu
Pithecia monachus
Peixe-boi
Trichechus inunguis
Preguiça bentinha
Bradypus spp.
Preguiça real
Bradypus spp.
Quati
Nasua nasua
Quatipuru mandigueiro
Sciuridae
Quatipuru preto
Sciuridae
Quatipuru vermelho
Sciuridae
Queixada
Tayassu pecari
Raposa
Canidae
Rato catita
Muridae ?
Rato coró
Dactylomys dactylinus
Rato guabirú
Muridae ?
Sagui soim bigodeiro
Saguinus sp.
Sagui soim leãozinho
Cebuella pygmaea
Saracura
Aramides sp.
40
Revisado por Vângela
Jan.02
Tamanduá bandeira
Myrmechophaga tridactyla
Tamanduá mambira
Tamandua tetradactyla
Tamanduá mirim
Tamandua tetradactyla
Tamanduá pequeno
Cyclopes didactylus
Tartaruga
?
Tatu canastra
Priodontes maximus
Tatu galinha
Dasypus novemcinctus
Tatu peba
?? Euphractus sexcintus (não ocorre no
Acre)
Tatu rabo Chato
?Dasypus kappleri
Tatu rabo de couro
Cabassous unicinctus
Tracajá
Podocnemis unifilis
Uacari preto
?Pithecia monachus
Uacari-branco(cara vermelha)
Cacajao calvus
Veado roxo
Mazama gouazoubira
Veado vermelho(capoeira)
Mazama americana
Zogue-zogue
Callicebus cupreus
Figura 3: Status da população de grandes roedores terrestres no seringal São
Salvador conforme relatado pelos moradores (números nas barras) vivendo na
área. n nas barras = número de entrevistados.
Figura 4:
Status da população de grandes primatas no seringal São Salvador
conforme relatado pelos moradores vivendo na área. n nas barras = número de
entrevistados
Revisado por Vângela
Jan.02
41
Figura 5: Status da população de pequenos primatas no seringal São Salvador
conforme relatado pelos moradores vivendo na área. n nas barras = número de
entrevistados
Figura 6: Status da população de mamíferos aquáticos no seringal São Salvador
conforme relatado pelos moradores vivendo na área. n nas barras = número de
entrevistados
Figura 7: Status da população de tatus no Seringal São Salvador conforme relatado
pelos moradores vivendo na área. n nas barras = número de entrevistados
Figura 8: Status da população de onívoros - carnívoros e mucuras no seringal São
Salvador conforme relatado pelos moradores vivendo na área. n nas barras =
número de entrevistados
Figura 9: Status da população de felídeos no seringal São Salvador conforme
relatado pelos moradores vivendo na área. n nas barras = número de respondentes
Figura 10: Status da população de mamíferos que se alimentam de formiga e
bichos-preguiça no seringal São Salvador conforme relatado pelos moradores
vivendo na área. n nas barras = número de entrevistados
Figura 11a: Status da população de quatro espécies de grandes porte em São
Salvador conforme relatado pelos moradores vivendo na área. n nas barras =
número de entrevistados
Figura 11b: Status da população de espécies de nambu no seringal São Salvador
conforme relatado pelos moradores vivendo na área. n nas barras = número de
entrevistados
Revisado por Vângela
Jan.02
42
Figura 12: Status da população de papagaios e araras no seringal São Salvador
conforme relatado pelos moradores vivendo na área. n nas barras = número de
entrevistados
Figura 13: Status da população de jabutis no seringal São Salvador conforme
relatado pelos moradores vivendo na área. n nas barras = número de entrevistados
Figura 14: Status da população de répteis aquáticos no seringal São Salvador
conforme relatado pelos moradores vivendo na área. n nas barras = número de
entrevistados
Figura 15: Percentagem e número (nas barras) de moradores respondendo a um
levantamento da espécie de ungulados que eles caçam
Figura 16:
A percentagem e número (nas barras) de moradores indicando as
espécies de grandes roedores caçados e não caçados no seringal São Salvador
Figura 17:
Percentagem e número (nas barras) de moradores reportando as
espécies de pequenos roedores que eles caçam e não caçam no seringal São
Salvador
Figura 18: Percentagem e número (nas barras) de moradores s reportando as
espécies de grande primatas que são caçadas dentro do seringal São Salvador
Figura 19: Percentagem e número (nas barras) de moradores indicando as espécies
de pequenos primatas caçados e não caçados no seringal São Salvador
Figura 20: Percentagem e número (números nas barras) de moradores que caçam
seis espécies de mamíferos aquáticos
Revisado por Vângela
Jan.02
43
Figura 21: Percentagem e número (nas barras) de moradores indicando as espécies
de tatus caçados e não caçados no seringal São Salvador
Figura 22: Percentagem e número (nas barras) de moradores indicando as espécies
de onívoros – carnívoros e mucuras que eles caçam e não caçam no seringal São
Salvador
Figura 23: Percentagem e número (nas barras) de moradores indicando as espécies
de felídeos que eles caçam e não caçam no seringal São Salvador
Figura 24: Percentagem e número (nas barras) de moradores indicando as espécies
de tamanduás e preguiças que eles caçam e não caçam no seringal São Salvador
Figura 25a:
Percentagem e número (nas barras) de moradores indicando as
espécies de grandes aves que eles caçam ou não caçam no seringal São Salvador
Figura 25b: Percentagem e número (nas barras) de moradores indicando as
espécies de nambus que eles caçam ou não caçam no seringal São Salvador
Figura 26: Percentagem e número (números nas barras) de moradores que caçam
araras e papagaios no seringal São Salvador
Figura 27: Percentagem e número (nas barras) de moradores indicando as espécies
de jabutis que eles caçam ou não caçam no seringal São Salvador
Figura 28: Percentagem e número (nas barras) de moradores s reportando as
espécies de répteis aquáticos que eles caçam no seringal São Salvador
44
Revisado por Vângela
Jan.02
Figure 1: The population status of ungulates in Seringal São Salvador as
reported by seringueiros living in the area. n in bars = number of
respondents.
100%
1
% of respondents
90%
2
2
6
1
2
2
1
80%
10
70%
6
60%
50%
12
40%
30%
Don't know species
Nao tem
14
14
No answer
Raro
11
8
Comum
Abundante
20%
10%
3
2
0%
Queixada
4
2
1
Catitu
Veado roxo
1
Veado capoeira
Anta
Species
% de entrevistados por categoria
Figura 2: Status dos grandes roedores terrestres no seringal São Salvador
conforme relatado pelos moradores vivendo na área. n nas barras =
número de entrevistados
100%
4
6
80%
3
1
60%
No answer
16
18
Don't know species
Nao tem
8
Raro
11
40%
Comum
Abundante
20%
7
0%
Cutia
1
1
1
1
4
Cutia de Rabo
Espécies
Paca
2
1
1
Paca de rabo
Revisado por Vângela
Jan.02
45
46
Revisado por Vângela
Jan.02
% of respondents
Figure 4: The population status of large primates in Seringal São Salvador
as reported by seringueiros living in the area. n in bars = number of
respondents.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
9
1
3
4
1
4
6
5
4
7
4
3
Macaco
aranha
(preto)
Macaco
barrigudo
2
0
1
9
4
1
9
4
9
2
9
No answer
10
Don't know species
7
9
7
2
1
guariba
Macacoprego
Cairara
Nao tem
5
1
2
2
Uacari
preto
Uacari
cara
vermelha
Raro
Comum
Abundante
Species
Figure 5: The population status of small primates in Seringal São Salvador as
reported by seringueiros living in the area. n in bars = number of respondents.
% of respondents
100%
90%
80%
70%
1
2
2
3
9
16
60%
50%
2
3
11
2
4
3
2
1
1
2
10
10
30%
10
1
20%
5
3
1
0%
Macaco da
noite
macaco
gogo de
solo
0
2
macaco
quiquaju
Don't know species
Nao tem
Comum
10
5
Macaco- Sagui soim Sagui soim
de-cheiro bigodeiro leãozinho
Species
No answer
Raro
7
40%
10%
5
6
Zoguezogue
Abundante
Revisado por Vângela
Jan.02
47
48
Revisado por Vângela
Jan.02
% of respondents
Figure 9: The population status of felids in Seringal São Salvador as reported by seringueiros living
in the area. n in bars = number of respondents.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
5
5
6
1
2
1
4
5
8
2
gato do
mato açú
5
7
1
2
1
4
1
2
1
12
10
Nao tem
15
11
gato do jaguarandi Jaguatirica
gato
mato
(gato
(gato
peludo
pequeno
preto) maracajá)
Species
2
1
Onça
parda
Raro
Comum
7
1
No answer
Don't know species
6
3
4
3
1
Onça
pintada
Abundante
49
Revisado por Vângela
Jan.02
Figure 10: The population status of anteaters and sloths in Seringal São
Salvador as reported by seringueiros living in the area. n in bars = number of
respondents.
100%
% of respondents
90%
80%
2
2
1
1
1
70%
60%
6
6
6
5
9
1
15
1
2
Don't know species
8
50%
6
Comum
8
Abundante
30%
7
10%
0%
Nao tem
Raro
7
40%
20%
No answer
3
2
1
Tamanduá bandeira
6
6
4
1
Tamanduá mambira
6
1
Tamanduá mirim
Tamanduá pequeno
Species
Preguiça bentinha
2
Preguiça real
50
Revisado por Vângela
Jan.02
Figure 11b: The population status of nambu species in Seringal São Salvador as reported by
seringueiros living in the area. n in bars = number of respondents.
100%
3
% of respondents
90%
80%
70%
6
6
2
6
7
12
10
60%
11
40%
30%
20%
10%
Don't know species
11
50%
4
4
1
5
5
3
2
2
2
2
5
0%
Nambu
azul
Nambu
galinha
Nambu
macucão
Nambu
pintado
Nambu
preto
Species
Nambu
serra
Nambu
surulinda
Raro
Abundante
2
3
Nao tem
Comum
3
3
No answer
Nambu
Uru
51
Revisado por Vângela
Jan.02
Figure 12: The population status of parrots and macaws in Seringal São Salvador as reported by
seringueiros living in the area. n in bars = number of respondents.
% of respondents
100%
90%
80%
70%
60%
16
No answer
15
16
16
17
Don't know species
Nao tem
50%
Raro
40%
Comum
30%
20%
10%
0%
Abundante
1
2
4
1
Arara amarelo
3
3
2
Arara azul
Arara vermelha
3
3
2
1
Papagaio estrela
Papagaio urubu
Species
Figure 13: The population status of japutis in Seringal São Salvador as reported by
seringueiros living in the area. n in bars = number of respondents.
% of respondents
100%
80%
8
60%
40%
20%
No answer
8
Don't know species
3
8
5
12
Comum
5
Jabuti açu
Nao tem
Raro
5
1
0%
Jabuti
12
Jabuti amarelo
Species
1
Jabuti preto
Abundante
52
Revisado por Vângela
Jan.02
Figure 14: The population status of aquatic reptiles in Seringal São Salvador as reported by
seringueiros living in the area. n in bars = number of respondents.
100%
90%
2
3
1
1
80%
% of respondents
3
70%
60%
6
4
2
10
11
12
50%
9
40%
Don't know species
Nao tem
9
30%
20%
No answer
Raro
Comum
Abundante
7
10%
5
1
0%
Jacaré utinga
Jacaré
crocodilo
Jacaré preto ou
açu
Species
5
1
2
1
1
Tracajá
Tartaruga
53
Revisado por Vângela
Jan.02
5
11
12
Nao
Sim
e.
..
o(
ea
V
ea
do
ve
rm
el
h
V
Q
8
No Answer
ca
do
po
ro
Ca
tit
ue
ix
3
8
u
9
10
3
nt
a
4
3
6
8
A
6
9
xo
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
ad
a
% of respondents
Figure 15: The percentage and number (in bars) of seringueiros responding
to a survey of the ungulate species that they hunt.
Species
Figure 16: The percentage and number (in bars) of seringueiros indicating the species of large
rodents hunted and unhunted in Seringal São Salvador.
100%
90%
% of respondents
80%
8
6
8
70%
60%
2
5
18
50%
40%
30%
No Answer
19
Nao
10
11
20%
10
10%
3
2
3
Paca de
rabo
Cutia de
Rabo
Ouriço
(cuandu)
0%
Cutia
Paca
Species
Sim
54
Revisado por Vângela
Jan.02
9
10
1
1
Rato coró
Quatipuru
vermelho
Nao
Sim
12
9
No Answer
Rato guabirú
10
7
3
11
2
4
6
9
12
Rato catita
12
Quatipuru
preto
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Quatipuru
mandigueiro
% of respondents
Figure 17: The percentage and number (in bars) of seringueiros reporting on
the species of small rodents that they do and do not hunt in Seringal São
Salvador.
Species
6
6
4
5
6
9
14
12
2
1
6
9
11
Uacari preto
Parauacu
Macacoprego
Macaco
barrigudo
3
Species
Nao
Sim
10
5
Uacaribranco(cara
vermelha)
10
No Answer
18
10
Macaco
aranha
(preto)
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
guariba
% of respondents
Figure 18: The percentage and number (in bars) of seringueiros reporting on the
large primate species that are hunted within Seringal São Salvador.
55
Revisado por Vângela
Jan.02
Figure 20: The percentage and number (numbers in bars) of seringueiros
that hunt six species of aquatic mammals.
100%
90%
% of respondents
80%
7
6
7
9
70%
17
60%
21
50%
40%
30%
No Answer
13
3
15
9
4
10%
0%
Sim
13
20%
1
Boto tucuxi
Boto
vermelho
peixe-boi
Ariranha
Species
1
Lontra
Nao
capivara
56
Revisado por Vângela
Jan.02
% of respondents
Figure 21: The percenatge and number (in bars) of seringueiros indicating the
species of tatus hunted or unhunted in Seringal São Salvador.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
8
6
6
3
2
7
No Answer
12
7
10
13
12
6
Tatu galinha Tatu peba
Sim
4
1
Tatu
canastra
Nao
Tatu rabo Tatu rabo de
Chato
couro
Species
Figure 22: The percentage and number (in bars) of seringueiros indicating the
species of ominivores-carnivores and mucuras they do and do not hunt in
Seringal São Salvador.
100%
% of respondents
90%
80%
7
7
7
6
70%
No Answer
60%
50%
40%
30%
21
13
7
21
Sim
14
14
20%
10%
0%
8
1
Irara
Jupará
Nao
Mào
Mucura
pelada
grande
Species
Mucura
xixica
Quati
57
Revisado por Vângela
Jan.02
% of respondents
Figure 23: The percentage and number (in bars) of seringueiros indicating the
species of felids they do and do not hunt in Seringal São Salvador.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
7
7
11
8
No Answer
12
7
13
10
7
gato do
mato açú
gato do
mato
pequeno
Sim
5
1
1
Nao
8
Gato peludo Onça parda
(vrmelha)
Onça
pintada
Species
8
9
7
8
13
16
No Answer
Nao
12
Sim
14
8
5
Tamanduá
mambira
Tamanduá
bandeira
1
Species
Tamanduá
pequeno
12
Tamanduá
mirim
13
Preguiça
real
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Preguiça
bentinha
% of respondents
Figure 24. The percentage and number (in bars) of seringueiros indicating the
species of tamanduas and preguiças they do or no not hunt in Seringal São
Salvador.
58
Revisado por Vângela
Jan.02
Figure 25a. The percentage and number (in bars) of seringueiros reporting on
the species of large fowl they do or no not hunt in Seringal São Salvador.
100%
90%
6
% of respondents
80%
7
70%
4
60%
1
16
No Answer
11
50%
Nao
40%
Sim
30%
13
11
20%
5
10%
1
1
0%
Jacu
Mutum
Jacamim
Cujubim
Species
Figure 25b. The percentage and number (in bars) of seringueiros indicating the
species of nambus they do or no not hunt in Seringal São Salvador.
100%
90%
7
70%
60%
16
9
10
10
11
10
9
50%
No Answer
8
40%
Nao
Sim
1
3
3
2
Nambu
pintado
Nambu
preto
1
0%
2
2
Species
3
6
Nambu Uru
4
Nambu
surulinda
10%
1
1
Nambu
macucão
1
Nambu
serra
20%
Nambu
galinha
30%
Nambu azul
% of respondents
80%
59
Revisado por Vângela
Jan.02
Figure 26: The percentage and number (numbers in bars) of seringueiros that hunt
macaws and parrots in Seringal São Salvador.
100%
% of respondents
90%
80%
70%
60%
18
50%
17
19
17
17
Nao
40%
Sim
30%
20%
10%
0%
No Answer
1
2
Arara
amarelo
2
2
2
Arara azul
Arara
vermelha
3
3
1
1
Papagaio
estrela
Papagaio
urubu
Species
Figure 27: The percentage and number (in bars) of seringueiros indicating the
species of jabutis they do or no not hunt in Seringal São Salvador.
100%
% of respondents
90%
80%
9
70%
60%
50%
1
17
12
12
40%
30%
20%
No Answer
Nao
Sim
11
1
10%
3
0%
Jabuti
Jabuti açu
1
1
Jabuti amarelo
Jabuti preto
Species
60
Revisado por Vângela
Jan.02
Figure 28: The percentage and number (in bars) of seringueiros reporting on
the species of aquatic reptiles they hunt in Seringal São Salvador.
100%
% of respondents
90%
80%
6
7
8
70%
60%
50%
40%
No Answer
18
12
9
11
5
4
6
Sim
30%
20%
10%
1
0%
Jacaré
utinga
2
1
Jacaré
Jacaré preto Tartaruga
crocodilo
ou açu
Species
Nao
7
Tracajá

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