Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía

Transcrição

Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS E MÉTODOS
Poluição Marinha em ambientes recifais na
Baía de Todos os Santos:
composição, síndromes ecológicas e aspectos conservacionistas
GUSTAVO FREIRE DE CARVALHO-SOUZA
Orientador
Designer: Froes, P. & Carvalho-Souza, G. F..
Prof. M.Sc./Biólogo Moacir Santos Tinôco Ph.D. Candidate
SALVADOR – BAHIA – BRASIL
2009
®
O corpo deste documento foi impresso utilizando papel de reflorestamento.
GUSTAVO FREIRE DE CARVALHO-SOUZA
Poluição Marinha em ambientes recifais na
Baía de Todos os Santos:
composição, síndromes ecológicas e aspectos conservacionistas
Monografia de conclusão de disciplina apresentada ao Instituto
de Ciências Biológicas da Universidade Católica do Salvador
como parte das exigências para a obtenção dos créditos totais
da disciplina BIO375 – Ciências Ambientais.
Orientador
Prof. M.Sc./Biólogo Moacir Santos Tinôco Ph.D. Candidate
Universidade Católica do Salvador / University of Kent (U.K.)
SALVADOR – BAHIA – BRASIL
2009
pág. ii
GUSTAVO FREIRE DE CARVALHO-SOUZA
Poluição Marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os Santos:
composição, síndromes ecológicas e aspectos conservacionistas
Este trabalho monográfico foi julgado e aprovado para a obtenção de crédito total na
disciplina BIO375 Ciências do Ambiente do Curso de Licenciatura Plena em Ciências
Biológicas do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Católica do Salvador.
Salvador, 17 de dezembro de 2009.
Profº. M. Sc. Moacir Santos Tinôco
Coordenador
BANCA EXAMINADORA DO TRABALHO MONOGRÁFICO:
___________________________________________________________________
Profª. Drª. Alina Sá Nunes
Graduada em Ciências Biológicas/ UCSal, Mestre e Doutora em Geologia Marinha, Costeira e
Sedimentar/UFBA, Professora adjunta de Zoologia do Departamento de Zoologia do Instituto de
Ciências Biológicas/UCSal/UNIME.
___________________________________________________________________
Prof. Dr. Cláudio Luis Santos Sampaio
Graduado em Ciências Biológicas/ UFBA, Mestre e Doutor em Zoologia/UFPB, Professor adjunto do
Departamento de Biologia do Instituto de Ciências Biológicas/UFBA. Pesquisador Colaborador do
Museu de Zoologia/UFBA.
___________________________________________________________________
Prof. M.Sc. Henrique Colombini Browne Ribeiro
Licenciado em Ciências Biológicas/ UCSal, Mestre em Ecologia e Biomonitoramento/UFBA, Professor
do Departamento de Biologia do Instituto de Ciências Biológicas/UNIME/FIB. Pesquisador
Colaborador do Centro de Ecologia e Conservação Animal (ECOA / ICB / UCSal).
Orientador do Trabalho Monográfico:
___________________________________________________________________
Prof. M.Sc./Biólogo Moacir Santos Tinôco Ph.D. Candidate
Doutorando em Manejo da Biodiversidade – Universidade de Kent – DICE (U.K.), Coordenador do
Centro de Ecologia e Conservação Animal (ECOA / ICB / UCSal).
pág. iii
UCSAL. Sistema de Bibliotecas.
Setor de Cadastramento.
S729 Carvalho-Souza, Gustavo Freire de
Poluição marinha em ambientes recifais na Baía de Todos os Santos: composição, síndromes ecológicas e aspectos conservacionistas/ Gustavo Freire de Carvalho Souza .___ Salvador: Universidade Católica
do Salvador, 2009.
113p.
Monografia apresentada a disciplina BIO 375 – Ciências do Ambiente da Universidade Católica do
Salvador, sendo Professor e Orientador Especialista Msc. Moacir Santos Tinoco,como requisito para
obtenção da licenciatura em Ciências Biológicas.
1
2
1.Resíduos Sólidos 2.Gestão Costeira 3.Biodiversidade Marinha 4.Bahia 5.Nordeste do Brasil I. Autor
II.Universidade Católica do Salvador III. Tinoco, Moacir Santos - Professor IV. Tinoco, Moacir Santos
–
3
Orientador V.Título.
CDU: 574.5:628.4 (812/813)
pág. iv
MENSAGEM
"Quando a bordo do H.M.S. Beagle,
como naturalista eu fui abalado pelas belas
paisagens do Atlântico Sul na costa da América do Sul.
Aquelas terras pareceram para mim que lançavam alguma
luz sobre a origem das espécies... eu fui absorvido
por aquelas paisagens" (Charles Darwin)
pág.
v
DEDICATÓRIA
“Eu dedico esta obra a memória do eterno amigo Fellipe Freitas Nascimento”
pág.
vi
A Deus e todas as forças e energias superiores transmitidas nos momentos de solidão e
tempestades, por todos os momentos necessários. Muito obrigado por estar sempre ao
meu lado, e trazer bons ventos e águas claras e calmas.
Aos meus pais, dinda e família pela oportunidade concedida, apoio, “porto seguro” e ao
meu vô (in memorian) a quem me fez enxergar o mar...
Ao “Sir” Moacir S. Tinôco, primeiro por acreditar em mim, por todos os momentos
compartilhados, conversas, sabedoria, cervejas, amizade... um grande amigo, paizão e
irmão, além de orientador, mestre, coordenador, patrão, verdadeiramente um modelo
ecológico a ser seguido. “Estar sempre presente é orientar pra vida”. Lhe serei
eternamente grato por tudo “melhor orientador do Brasil” (IEL/CNI/BRA).
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
Aos amigos “irmãos” Yuri Watanabe, pelas idéias, realidades e vitorias compartilhadas, e
Luciano “Tchatcha M.Sc.” Pataro pelos momentos de alegria (que bom!), sonhos,
conquistas, ansiedade e expectativa pré-monografia, este me ergueu a mão, quando eu
mais precisei.
Aos amigos (as) “irmãos (ãs)” e colegas de todo e sempre, Rodrigo Maia Nogueira, Diego
Medeiros, Rodrigo Cerqueira, Itaquaracy Nascimento, Marcelo Gazar, Gilvana Barreto,
Ayumi “Tchatcha”, Raissa Frazão, Kelly Fuchs, Luciano Souto, Janete Abrão, Ricardo
Silva, Danilo Couto, Tércio Melo, e Vinicius “Mendus”.
A Henrique Browne-Ribeiro pela confiança depositada, amizade, conhecimentos e
momentos de descontração em meio a seriedade.
Aos amigos (as) extra-acadêmicos Bill, Lalay, Dedé, Juninho, Dri, Anderson, Felipe
Maluco, Mentex, Renatinho, Luan, Davi pela eterna juventude compartilhada.
Aos docentes, a “linda” Alina Sá Nunes, Paulo Portela, Marcelo Peres, Anderson
Abehussen, Christiano Menezes e Bernadete pelo apoio e contribuição a minha formação
profissional.
Aos revisores e banca examinadora do presente trabalho pelo aceite ao convite e
contribuição ao crescimento desta pesquisa, Dra. Alina Sá Nunes, Dr. Claudio L. S.
Sampaio e M.Sc. Henrique C. Browne-Ribeiro.
Ao formigueiro que tanto contribuiu para a semente SEMEIA ser um sucesso, muito
obrigado por compartilharem este sonho e espero que acreditem sempre nele.
pág.
vii
Ao Instituto Euvaldo Lodi pela parceria, iniciativa, premiação (ajudou muito!) e
reconhecimento referente às melhores práticas de estágio, nas pessoas de Edneide e
Glaucia.
Ao Centro de Ecologia e Conservação Animal, e todos os Ecoantes pelo apoio constante,
prestatividade, e o diferencial que esta “casa verde” proporciona a universidade.
Ao Centro Biota Aquática e companheiros de sonho pela ajuda, momentos compartilhados
e muitas conquistas futuras.
Ao Instituto Mamíferos Aquáticos, Underwater Escola de Mergulho pelas oportunidades
concedidas durante o período acadêmico.
AGRADECIMENTOS
A Lacerta Ambiental pela oportunidade de trabalho com capacitação de excelência
técnica e profissional. Tenho muito orgulho das amizades construída e em fazer parte
desta família e “Dream Team” comandado pelos “Coaches” Moacir e Henrique.
Ao Manu Chao, Nação Zumbi, Natiruts, Chico, Raul e Lenine pela companhia e sonoridade.
A todos que contribuíram direta e indiretamente durante a minha formação acadêmica e
não estão aqui citados e são tão importantes quanto.
A minha especial companheira pelo amor, dedicação, crescimento e carinho.
E em especial a vida marinha, tão exuberante e tão frágil. Muito Obrigado!
pág.
viii
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................11
LISTA DE TABELAS..................................................................................................14
LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................................16
SUMÁRIO
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................................17
ABSTRACT................................................................................................................18
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................19
2. OBJETIVO GERAL.................................................................................................22
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................22
3. REFERÊNCIAS......................................................................................................24
4. CAPÍTULO I – COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM
AMBIENTES RECIFAIS NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA, BRASIL.....28
4.1 INTRODUÇÃO....................................................................................................29
4.2 MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................31
4.2.1 ÁREA DE ESTUDO...........................................................................................31
4.2.2 APLICAÇÃO DE MÉTODOS.............................................................................36
4.2.3 ANÁLISE DE DADOS........................................................................................41
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................42
4.4 REFERÊNCIAS....................................................................................................56
5. CAPÍTULO II – UMA NOVA SÍNDROME ECOLÓGICA NOS AMBIENTES
RECIFAIS? ASSOCIAÇÃO DA BIOTA E O LIXO MARINHO NO NORDESTE DO
BRASIL..........................................................................................................61
5.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................62
5.2 MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................64
pág.
ix
5.2.2 APLICAÇÃO DE MÉTODOS.............................................................................64
5.2.3 ANÁLISE DE DADOS........................................................................................65
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................66
SUMÁRIO
5.2.1 ÁREA DE ESTUDO...........................................................................................64
5.4 REFERÊNCIAS....................................................................................................86
6. CAPÍTULO III – O MAR ESTA PARA PEIXE OU PARA O LIXO? SITUAÇÃO
ATUAL E ESTRATÉGIAS PARA A CONSERVAÇÃO.............................................92
6.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................93
6.2 MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................95
6.2.1 APLICAÇÃO DE MÉTODOS.............................................................................95
6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................96
6.4 REFERÊNCIAS..................................................................................................102
7. CONCLUSÃO GERAL..........................................................................................105
8. ANEXOS...............................................................................................................107
pág.
x
Figura 1 – Mapa de localização da Baia de Todos os Santos, incluindo contorno
geral de batimetria e marcação das áreas amostradas
Figura 2 – Foto aérea da região metropolitana de Salvador e entrada da Baía de
Todos os Santos, sendo amostrada a área do presente estudo.
Figura 3 – Delimitação da área de estudo e marcações dos locais de amostragem
subaquática (de baixo para cima: Farol da Barra – P1, Porto da Barra – P2 e
Yacht/Marco Polo – P3).
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE FIGURAS
Figura 4 – Batimetria Média da Baía de Todos os Santos, reconstituída a partir dos
valores de profundidade dados nos nóis da malha de discretização
Figura 5 – Vista da praia do Farol da Barra, entrada da Baía de Todos os Santos.
Figura 6 – Vista da praia do Porto da Barra, em especial o constante fluxo de
freqüentadores (banhistas, turistas, mergulhadores, trabalhadores, etc) no local e
atracamento de pequenas embarcações.
Figura 7 – Vista da área 3, Yacht/Marco Pólo, em especial o fluxo da pesca no local
e atracamento de pequenas embarcações em seu entorno.
Figura 8 – Método de amostragem em transecto percorrendo uma área de 60m2 por
censo visual.
Figura 9 – Busca intensiva aleatória em toda delimitação do ambiente recifal.
Figura 10 – Prancha de amostragem das técnicas e métodos empregados no
presente trabalho: censo visual e anotações em prancheta de PVC (1, 3), colocação
de transecto em linha (2), caracterização do meio físico e biótico (4), busca intensiva
(5), coleta de resíduos (6).
Figura 11 – Prancha de resíduos sólidos encontrados no presente trabalho:
descarte, restos de pescarias e perdas de materiais plásticos (1, 6), de vidro (2),
pág.
xi
substrato biótico, tecido, papel e outros (5).
Figura 12 – Prancha de resíduos sólidos encontrados no presente trabalho:
descarte, restos de pescarias e perdas de materiais de metal (1), outros (2, 4, 5, 6) e
papel (3).
Figura 13 – Distribuição dos resíduos sólidos amostrados por categoria no Farol da
Barra (P1) em escala logarítmica: 1-10 (verde); 10-100 (vermelho); 100-1000
(amarelo), e box splot do desvio padrão. Legenda: Plástico (PLA), vidro (VID),
madeira (MAD), metal (MET), tecido (TEC), apetrecho de pesca (APE), outros
LISTA DE FIGURAS
madeira, metal (3), apetrecho de pesca (4) evidenciando o enroscamento no
(OUT).
Figura 14 – Distribuição dos resíduos sólidos amostrados por categoria no Porto da
Barra (P2) em escala logarítmica: 10-100 (vermelho); 100-1000 (amarelo), e box
splot do desvio padrão. Legenda: Plástico (PLA), vidro (VID), madeira (MAD), metal
(MET), tecido (TEC), apetrecho de pesca (APE), outros (OUT).
Figura 15 – Distribuição dos resíduos sólidos amostrados por categoria no
Yacht/Marco Polo (P3) em escala logarítmica: 10-100 (vermelho); 100-1000
(amarelo), e box splot do desvio padrão. Legenda: Plástico (PLA), vidro (VID),
madeira (MAD), metal (MET), tecido (TEC), apetrecho de pesca (APE), outros
(OUT).
Figura 16 – Coeficiente de Importância Relativa a partir dos valores atribuídos às
categorias de resíduos sólidos de acordo com o grau de risco de impacto ambiental
destes no ambiente marinho.
Figura 17. Prancha de espécies associadas aos resíduos sólidos encontrados no
presente trabalho: Demospongiae associado a plástico (1), Cirripedia a plástico (2),
Ischnochiton sp. com garrafa de plástico (3), Gastropoda associado a borracha, (4)
Octopus sp. a metal (5), Equinaster sp. associado a metal (6).
Figura 18. Prancha de espécies associadas aos resíduos sólidos encontrados no
presente trabalho: Equinometra locunter utilizando resíduo para cobertura (1),
Eucidaris tribuloides associado a apetrecho de pesca (2), Millepora alcicornis
pág.
xii
metal como refugio (4) Octopus sp. associado a pote de vidro (5), Epinephelus
adscensionis e Malacoctenus sp. (6). Fotos: Carvalho-Souza, 2009.
Figura 19. Polvo Octopus sp. associado a resíduo sólido (vidro), como refugio e
denotando-se a deposição de seus ovos.
Figura 20. Dendograma de Cluster definindo o agrupamento das interações entre os
organismos e resíduos sólidos no Farol da Barra (P1).
Figura 21. Dendograma de Cluster definindo o agrupamento das interações entre os
LISTA DE FIGURAS
associado a resíduos (3), Replica de Astrapogon puncticulatus utilizando lata de
organismos e resíduos sólidos no Porto da Barra (P2).
Figura 22. Dendograma de Cluster definindo o agrupamento das interações entre os
organismos e resíduos sólidos no Yacht/Marco Polo (P3).
Figura 23 e 24. Associação de peixes e águas-vivas, e no segundo caso com sacos
plásticos flutuantes.
Figura 25. Petrel, Puffinus gravis, enroscado a apetrecho de pesca (anzol e linha de
nylon), ao largo da costa da Bahia.
pág.
xiii
Tabela 1 – Descrição dos resíduos encontrados por categoria nos ambientes recifais
da BTS.
Tabela 2 – Quali-Quantificação e numero total por itens e por área dos resíduos
sólidos encontrados em cada categoria nos ambientes recifais da BTS.
Tabela 3 – Resultados da média de resíduos encontrados e desvio padrão (±2) nos
três ambientes recifais da BTS amostrados no presente estudo.
LISTA DE TABELAS
LISTA DE TABELAS
Tabela 4 – Matriz Sociométrica de Avaliação de Risco de Impacto Ambiental dos
resíduos sólidos no ambiente marinho. Os itens foram categorizados como plástico
(V1), vidro (V2), madeira (V3), metal (V4), tecido (V5), apetrecho de pesca (V6),
papel (V7) e outros (V8), com a inclusão da variável nominal.
Tabela 5 – Riqueza de espécies associadas aos resíduos solidos em cada uma das
áreas analisadas no presente estudo. Legenda = N Ponto – Numero total de
Espécimes associados por local. N ind. – Abundância dos organismos associados;
TRIVEN – Tripneustes ventricosus; EQUSP – Equinaster sp.; ASTPUN – Astrapogon
pucticularia; CIRRIP – Cirripedia; ISCSP – Ischnochiton sp.; LYTVAR – Lytechinus
variegatus; DEMOSP – Demospongiae; ASCIDI – Ascidiaceae; MAJIDA – Majidae;
GASTRO –Gastropoda; EPIADS – Ephinephelus adscensiones; MALSP –
Malacoctenus sp.; EUCTRI – Eucidaris tribuloide; NEOATL Neospongodes atlantica;
EQULOC – Equinometra locunter; PALCAR Palythoa caribaeorum; MILALC –
Millepora alcicornis; STESET – Stenorhynchus seticornis; STEHIS –Stenopus
hispidus; PSEMAC – Pseudopeneus maculatus; OPHICIN - Ophioderma cinereum.
Tabela 6 – Tabela 6. Numero de associações dos resíduos sólidos com a biota,
registradas no presente trabalho em cada uma das áreas recifais da BTS.
Tabela 7 – Check-list de espécies associadas à poluição marinha encontradas no
presente estudo e registradas no litoral brasileiro de acordo com uma revisão de
literatura especializa e consulta a pesquisadores ligados a conservação dos
ambientes recifais marinhos no litoral da Bahia. Estão evidenciados o grupo
taxonômico (menor taxa), numero de organismos (N), tipo de associação (captura
pág.
xiv
resíduo associado (plástico, vidro, madeira, metal, tecido, apetrecho de pesca,
papel, outros), local (estado) e literatura especializa, quando necessário.
LISTA DE TABELAS
acidental, cobertura, ingestão, utilização e adesão ao substrato, enroscado, refugio)
pág.
xv
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
APA – Área de Proteção Ambiental
APE – Apetrecho de pesca
AMP – Área Marinha Protegida
AGRRA – Atlantic Gulf Reef Rapid Assessment
BTS – Baia de Todos os Santos
CIR – Coeficiente de Importância Relativa
DDE – Dichloroethylene
DDT – Diphenyl-Trichloroethane
LISTA DE ABREVIAÇÕES
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ENCOGERCO – Encontro Nacional de Gerenciamento Costeiro
ICMPE – International Conference on Marine Pollution and Ecotoxicology
NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration
MAD – Madeira
MARPOL – International Convention for the Prevention of Pollution from Ships
MET – Metal
OUT – Outros
PAP – Papel
PBDE – Polybrominated diphenyl ethers
PCB – Polychlorinated Biphenyls
PLA – Plástico
PRV – Peso Relativo das Variáveis
RDC – Rover Diving Census
RMS – Região Metropolitana de Salvador
TEC - Tecido
VID – Vidro
pág.
xvi
Mar de luxo ou de lixo. Os oceanos são conhecidos por sua grandeza, esplendor e
contemplação, sendo o berço da vida e de síndromes ecológicas extremamente
intrínsecas para a manutenção dos sistemas, no entanto, em virtude das atividades
humanas atuais, este majestoso ecossistema vem sofrendo uma ameaça silenciosa
RESUMO
RESUMO
RESUMO
e crescente em todo o mundo. A poluição dos oceanos foi omitida por um longo
tempo devido à falta de conhecimento e políticas de gerenciamento, havendo
atualmente esforços esparsos para suprir estes diagnósticos, permanecendo muitas
lacunas
sobre
o
conhecimento
dos
impactos
no
ecossistema
marinho,
principalmente associados a habitats complexos como os ambientes recifais, sendo
de fundamental importância para a consolidação do estado da Bahia como um ponto
de referência nos estudos de poluição marinha no Brasil. Nesta obra são abordadas
questões em três capítulos avaliando os resíduos sólidos em três ambientes recifais
na Baía de Todos os Santos, suas associações com a biodiversidade e uma análise
global destes poluentes, subsidiando estratégias e recomendações para a gestão e
conservação do ecossistema costeiro e marinho. A partir da utilização de métodos
não destrutivos foram realizados censos visuais subaquáticos a fim de verificar a
dinâmica dos resíduos sólidos nos costões rochosos, como se desenvolvem as
associações com a biota e uma revisão sobre os impactos atuais. Os resultados
apresentados mostram a necessidade de executar programas de gestão costeira e
integração dos diferentes atores direta ou indiretamente responsáveis como também
os interessados na conservação. E afinal, até quando os mares e oceanos serão a
lixeira do mundo?
Palavras-chave: resíduos sólidos, gestão costeira, biodiversidade marinha, Bahia,
Nordeste do Brasil
pág.
xvii
Luxury seas or litter seas? Oceans are known for their magnanimity, splendor and
reflection, they are, therefore, considered the beginning of life and ecological
syndromes where they are an intrinsic part for the maintenance of natural systems,
however, due to actual human activities, these magnificent ecosystems are suffering
ABSTRACT
ABSTRACT
from a silent and growing threat along the whole of the planet. Ocean pollution was
for long periods missed out of the general knowledge and management policies, and
nowadays it shows some scattered efforts to fulfill this requirement There are still
vast gaps on the marine ecosystems impacts learning, specially when we consider
special and complex habitats such as the reef environments, for all that the Bahia
State becomes a reference point on the marine debris studies in Brazil. Throughout
this study it I covered three separate chapters, issues evaluating the marine debris in
three different reef habitats in the Todos os Santos Bay, and their associations with
the local biodiversity as well as a comprehensive analysis towards its pollutants,
which may lend support for recommendations and policies for the local marine and
coastal management and conservation. Starting from non destructive methods, I
performed visual subaquatic census in order to verify the marine debris dynamics on
the rocky sea beds, and observed how the associations with the local biota
developed and on the final chapter I offer a literature review over the impacts in this
ecosystem throughout the world. The results here presented illustrate the critical
need for the development of coastal management programs and the integration of
the main actors and stakeholders, directly or indirectly involved and also the ones
responsible for conservation. Finally, for how long the seas and oceans are going to
be the garbage can of the world?
Key-words: marine debris, coastal management, marine biodiversity, Bahia state,
north-eastern Brazil
pág.
xviii
INTRODUÇÃO GERAL
A palavra poluição deriva do latim (polluere – sujar), sendo a poluição marinha
definida como a introdução, pelo homem, de substâncias ou energia no ambiente
marinho (incluindo estuários), acarretando em efeitos deletérios, como danos aos
recursos vivos, à saúde humana, e obstáculos às atividades marinhas incluindo
pesca e lazer, ocasionando uma redução da qualidade de vida (MARQUES JR. et
al., 2009).
Estes efeitos podem estar associados aos principais poluentes conhecidos no
ambiente marinho como metais pesados, hidrocarbonetos (derivados de petróleo),
INTRODUÇÃO GERAL
1.
esgotos, pesticidas, compostos orgânicos sintéticos, sedimentos antrópicos e
resíduos sólidos (WINDOW, 1992).
Dentre estes componentes os resíduos sólidos nos mares e oceanos também
conhecidos como lixo marinho, do inglês, marine debris, pollution ou garbage, vem
se tornando uma ameaça por seus diversos impactos nestes ambientes e outros
associados. Podem ser evidenciados como efeitos destes agentes, a contaminação
(principalmente por agentes externos, como Nonilfenois e PCBs, pesca fantasma
(ghost fishing), ingestão, introdução de espécies exóticas, prejuízos a navegação e
ao turismo (SANTOS, 2005; TOURINHO, 2007; SZLINDER-RICHERT et al., 2009).
Os impactos causados a indústria do turismo, de grande potencial econômico
principalmente aos países tropicais como o Brasil, leva a possíveis restrições destes
efeitos no valor cênico e atividades recreativas em áreas com registros de poluentes
(NOLLKAEMPER, 1994)
Segundo a ABNT (2004) e os conceitos acima, os resíduos sólidos são todo
resíduo nos estados sólido e semi-sólido resultando de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição,
sendo classificados em função de suas propriedades físico-químicas e por meio da
identificação dos contaminantes presentes.
pág.
1
generalizada em todo o mundo havendo quantidades representativas destes
poluentes que podem ser encontrados nos mais diversos ecossistemas marinhos
(LAIST, 1987; DUFAULT e WHITEHEAD, 1994). Estipula-se que milhões de
toneladas de lixo como o plástico, cheguem aos oceanos com o passar de cada ano
(DERRAIK, 2002). Contudo, a ameaça desse material e demais resíduos sólidos não
biodegradáveis para o ambiente marinho foi ignorada por muito tempo, e sua
gravidade só recentemente foi reconhecida (STEFATOS et al., 1999).
Em meio a esta gama de ameaças apontadas pela poluição no bioma costeiro
e marinho, por sua vez, a vida que nela habita, é sem duvida um dos elementos
principais e mais frágeis desse sistema. Além do que estes poluentes afetam a
respiração dos organismos marinhos pelo bloqueio de suas via respiratórias, a
INTRODUÇÃO
GERAL
INTRODUÇÃOGERAL
Ecologicamente persistentes, a acumulação destes resíduos contaminantes é
alimentação e causam uma diminuição da atividade fotossintética do fitoplâncton
devido à redução da penetração de luz na coluna d‟água (MARQUES JR. et al.,
2009).
De acordo com estas ameaças, diversas atividades vêm sendo realizadas por
inúmeras organizações para elencar e findar a problemática da poluição marinha em
todo o mundo. São reconhecidas ações como a International Convention for
Prevention of Pollution from Ships (MARPOL), o Dia Mundial de Limpeza de praias e
oceanos (Clean up Day), Conferências e Simpósios (ICMPE, ENCOGERCO, etc) e
Programas Educativos e de Monitoramento do Lixo Marinho em escala local a global
(NOAA Marine Debris Program, Global Garbage, Programa Lixus humanus, dentre
outros). Todas estas com intuitos de diagnosticar os impactos causados, instituir
protocolos de prevenção, regulamentação e controle, mitigar o descarte de resíduos
e óleos e principalmente sensibilizar as populações das regiões costeiras.
Dessa forma, atualmente a presença de lixo nos oceanos e zonas costeiras
vem chamando a atenção de diversos pesquisadores pelo mundo (LAIST, 1987;
DUFAULT e WHITEHEAD, 1994; DERRAIK, 2002; IVAR DO SUL e COSTA, 2007;
SPENGLER, 2009). Ivar do Sul e Costa (2007) realizaram uma revisão sobre os
trabalhos realizados em praias na América do Sul e região do Caribe sinalizando 38
estudos ate então, enquanto que foram encontrados apenas 26 estudos realizados
pág.
2
oceanos (SPENGLER e COSTA, 2008).
Nesse contexto no Brasil, com uma extensão de costa de aproximadamente
7.000 km, os estudos com relação ao lixo no ambiente marinho ou correlatos, foram
realizados no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de
Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Pará (FIGUEIREDO Jr. et al., 2001;
SANTOS et al., 2001; KATSUMITI, 2003; ARAUJO e COSTA, 2004; WETZEL et al.,
2004; MACHADO, 2006; MASCARENHAS et al., 2008; NUNES et al., 2008;
FIGUEIREDO e SOARES, 2008; BARBIERI, 2009), sendo alguns estudos pontuais
no litoral da Bahia, (MAIA-NOGUEIRA, 2000, IVAR DO SUL, 2005; SAMPAIO, 2006;
SANTOS et al., 2005; SANTOS et al., 2009; SANTANA NETO, 2009), no entanto
INTRODUÇÃO GERAL
em todo o mundo, avaliando os resíduos sólidos nas regiões bentônicas dos
ainda existem muitas lacunas a serem exploradas com relação a poluição marinha, e
principalmente envoltos aos ambientes submersos, seus efeitos e interações em
locais de grande importância ecológica e potencial turístico no estado.
O conhecimento sobre o lixo marinho bem como a compreensão dos
processos que estes promovem na costa baiana e mais especificamente nos
ambientes recifais surgem como uma iniciativa promissora e de fundamental
importância para reforçar a consolidação do estado da Bahia como um ponto de
referência nos estudos de poluição marinha no Brasil.
A partir destes fatos, este trabalho teve como pretensão avaliar a atual
situação dos resíduos sólidos em três ambientes recifais costeiros da Baía de Todos
os Santos, verificando a composição e estrutura, os possíveis efeitos de impacto
desta contaminação, associações com a biota e uma análise em escala global
oferecendo subsídios para a gestão costeira, principalmente em áreas intensamente
exploradas em maior ou menor grau de influência por usuários de praia (locais e
turistas), navegação, pesca e atividades subaquáticas (recreacional e científico).
pág.
3
OBJETIVO GERAL
Avaliar a atual situação da poluição marinha por resíduos sólidos em três ambientes
recifais costeiros da Baía de Todos os Santos, Bahia, nordeste do Brasil, verificando
OBJETIVOS
2.
os possíveis efeitos de impacto desta contaminação, sua composição e estrutura,
síndromes ecológicas, uma análise em escala global e subsídios para a gestão
dessas áreas.
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Quali-quantificar os resíduos sólidos em três ambientes recifais;
Respondendo as seguintes perguntas:
- Quais tipos de lixo submerso são encontrados nos costões rochosos estudados?
- Qual a quantidade de resíduos em cada um dos costões estudados?

Avaliar as variações encontradas na composição e estrutura dos resíduos sólidos
entre as áreas amostradas;
Respondendo as seguintes perguntas:
- Existe diferença nos tipos de resíduos encontrados nos costões amostrados da
Baía de Todos os Santos?
- A abundância do lixo submerso se diferencia nos costões estudados?
- Em qual tipo de substrato (consolidado e inconsolidado) o lixo submerso pode se
alojar?

Discutir os efeitos da contaminação por resíduos sólidos nos ambientes recifais
Respondendo as seguintes perguntas:
- Qual a situação atual do lixo submerso nos recifes estudados?
- Como esse efeito de contaminação poderá afetar e de quais formas no ambiente?
pág.
pág.
4
4
Descrever as espécies envolvidas e suas associações com o lixo submerso;
Respondendo as seguintes perguntas:
- Quais grupos taxonômicos e espécies se associam ao lixo submerso?
- Quais tipo(s) de resíduo(s) mais envolvido(s) na síndrome?
- Como ocorrem estas síndromes?
- Quais os possíveis efeitos deletérios sobre a biodiversidade marinha?

OBJETIVOS

Analisar a situação atual dos resíduos sólidos e propor estratégias para a gestão
Respondendo as seguintes perguntas:
- Qual situação atual do lixo marinho em escala global e local?
- Quais subsídios e recomendações para a gestão costeira podem ser
evidenciados?
Os três capítulos que compõem o corpo principal deste trabalho monográfico
responderão às questões acima propostas. O primeiro manuscrito abordará o atual
estado de contaminação dos resíduos sólidos em três ambientes recifais costeiros
da Baía de Todos os Santos, e pretende responder às questões um a sete. O
segundo manuscrito visa verificar a associação da biota com o lixo submerso nos
ambientes recifais citados e pretende responder às questões de oito a dez, e o
terceiro capitulo trará uma avaliação da situação atual do lixo submerso em escala
global utilizando dados primários e secundários, pretendendo responder as questões
onze e doze. Conclusões e sugestões gerais, relativas ao objetivo geral do trabalho,
encontrar-se-ão após o terceiro capítulo.
pág.
pág.
5
5
REFERÊNCIAS
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WINDOW, H. L. 1992. Contamination of marine environment from land-based
sources. Marine Pollution Bulletin, v. 25, p. 32-36.
pág.
9
4.
CAPÍTULO I
Composição e estrutura dos resíduos sólidos em ambientes
recifais na Baía de Todos os Santos, Bahia, Brasil
Structure and composition of marine debris in reef habitats in the Todos os
Santos bay, Bahia, Brazil
Carvalho-Souza, G. F. 2009
*Este capitulo encontra-se em conformidade para submissão ao periódico Revista de Gestão
Costeira Integrada (Journal of Integrated Coastal Zone Management).
A poluição dos oceanos foi omitida por um longo tempo devido à falta de
conhecimento e políticas de gerenciamento, em se tratando de uma ameaça séria e
crescente em todo o mundo (LAIST, 1987; NAGELKERKEN et al., 2001).
A partir da revolução industrial, a produção de materiais não degradáveis foi
intensificada e substitutiva aos materiais degradáveis, em detrimento as atividades
humanas, sendo crescente nos últimos 50 anos, esta contaminação por resíduos
INTRODUÇÃO
4.1 INTRODUÇÃO
sólidos sobretudo aos ecossistemas costeiros e marinhos (GOLIK & GERTNER,
1992).
Os resíduos sólidos e demais poluentes por sua vez atuam como agentes
contaminantes nos oceanos e regiões costeiras, através da emissão por usuários de
praia, canais, emissários e sistemas de tratamento das cidades litorâneas, e/ou
descarte direto no mar por embarcações e plataformas de petróleo (SPENGLER,
2009).
Estes resíduos sólidos, em especial, os materiais plásticos (uma das
principais matérias primas da indústria atual), apresentam capacidade de flutuar,
podendo ser transportados a grandes distâncias, como também podem se alojar no
fundo dos oceanos e com isso permanecer por períodos inestimáveis devido a sua
insolubilidade, baixa degradabilidade e assoreamento (KUBOTA, 1994; DERRAIK,
2002).
Dentre as suas inúmeras ameaças listadas para o ambiente marinho e a
biota, os resíduos sólidos também podem promover impactos sobre as atividades
humanas, através de impedimentos e prejuízos a navegação, enredamento,
restrições as atividades recreativas e comerciais, propiciando até perdas
econômicas, e modificação da paisagem (OFIARA e SENECA, 2006; SPENGLER,
2009).
Estudos utilizando os resíduos sólidos como modelo de avaliação nos fundos
oceânicos em todo o mundo são incipientes (GALIL et al., 1995; STEFATOS et al.,
pág.
11
como método de amostragem destes resíduos sólidos (RIBIC, 1992; DONOHUE et
al., 2001; KATSANEVAKIS e KATSAROU, 2004; SAMPAIO, 2006; MACHADO,
2006; SPENGLER, 2009).
Em virtude dessa atual degradação de habitats, perda de biodiversidade, e
estoques marinhos praticamente exauridos e sobre efeitos da sobre-explotação
pesqueira, são de fundamental importância o conhecimento dos processos de
intervenção e impactos ocorrentes no ecossistema marinho, principalmente
INTRODUÇÃO
1999; GALGANI et al., 2000), e ainda mais raros os que empregam o mergulho
associados a habitats de complexidade como os ambientes recifais costeiros, nos
quais se localizam enquadrados em grandes metrópoles, servindo de base para a
manutenção dos sistemas ecológicos.
Frente às questões expostas, este capítulo se propõe a avaliar a composição
e estrutura dos resíduos sólidos em três ambientes recifais costeiros da Baía de
Todos os Santos, nordeste do Brasil, e verificar os possíveis efeitos impactantes
desta contaminação nos ambientes recifais.
pág.
12
4.2.1 Área de Estudo:
A Baía de Todos os Santos (BTS) é o segundo maior acidente geográfico da
costa do Brasil com uma área de 1223 km² (GENS, LESSA e CIRANO, 2004),
resultante de uma longa cadeia de eventos, iniciados na separação dos continentes,
efeitos do progressivo resfriamento do planeta (durante o Cenozóico), e variações
na amplitude das marés em repetidos episódios de inundação e esvaziamento da
baía,
sendo
determinados
por
esta
história
geológica
(DOMINGUEZ
&
BITTENCOURT, 2009), no qual permitiram dessa forma em seu contorno e
fisiografia, uma série de enseadas, ilhas, canais, sub-baias, penínsulas, recifes de
MATERIAL E MÉTODOS
4.2 MATERIAL E MÉTODOS
corais, costões rochosos e praias (Figura 1).
Figura 1. Mapa de localização da Baia de Todos os Santos, incluindo contorno geral de
batimetria e marcação das áreas amostradas (Adaptado de LESSA, 2001).
pág.
pág.
13
13
sedimentares que preenchem a sub-bacia sedimentar do Recôncavo (DOMINGUEZ
& BITTENCOURT, 2009), apresentando um mosaico de paisagens de relativa
importância biogeomorfológica, histórica e econômica, envolvendo 12 municípios
com concentração demográfica elevada, como Salvador (maior aglomerado urbano
do Nordeste), e estando enquadrada como Área de Proteção Ambiental (APA)
desde sua criação pelo decreto estadual n° 7.595 de 05 de junho de 1999, sendo
esta uma das menos restritivas categorias de proteção de unidades de conservação,
e até então, esta unidade de conservação (UC) ainda não possui plano de manejo, e
a elaboração deste só vem sendo discutido recentemente (Figura 2).
MATERIAL E MÉTODOS
Localizada na região do Recôncavo baiano, esta inserida sobre as rochas
Figura 2. Foto aérea da região metropolitana de Salvador e entrada da Baía de Todos os Santos,
estando inserida a área do presente estudo. Foto: Souza, N., 2009 (http://www.niltonsouza.com.br).
Na entrada da baía (canal de Salvador), onde está aproximada a localização
dos habitats da área de estudo, predominam os sedimentos marinhos de natureza
arenosa e composição siliciclástica, como também pela ação das correntes de maré
(DOMINGUEZ & BITTENCOURT, 2009).
Os costões rochosos da área de estudo, centrados nas intermediações do
Farol da Barra (13°00‟32.05” S e 38°00‟32.20” O), Porto da Barra (13°00‟13.85” S e
38°32‟01.19” O) e Yacht Clube (12°59‟57.04” S e 38°31‟52.92” O), localizam-se na
porção sudeste da BTS, (Figura 3) sendo constituídos por rochas ígneas e
metamórficas originadas do Pré-Cambriano (LESSA, 2000), possuindo sua extensão
rochosa uniforme e com formação de paredes em suas extremidades, além de
possuírem águas rasas (cerca de 5 a 15 m de profundidade), sendo que as maiores
pág.
14
hidrodinâmica e oceanográfica diretamente influenciadas pelas correntes marinhas
com características semi-diurnas e amplitude máxima de 2,7 m em suas porções
mais internas (LESSA, 2001) (Figura 4). Sua variação de salinidade na porção
principal da BTS está entre 33,0 e 36,7, sendo que estuários se restringem as áreas
de influência do rio Paraguaçu. As temperaturas variam de 24° e 30° C, se tratando
de características de ambientes abertos de mar (NUNES, 2002).
MATERIAL E MÉTODOS
profundidades são encontradas no canal de Salvador e apresentam uma circulação
Figura 3. Delimitação da área de estudo e marcações dos locais de amostragem
subaquática (de baixo para cima: Farol da Barra – P1, Porto da Barra – P2 e Yacht/Marco
Polo – P3). Adaptado por Carvalho-Souza, G. F. de Google Earth, 2009.
pág.
15
Figura 4. Batimetria Média da Baía de Todos os Santos, reconstituída a partir dos valores de
profundidade dados nos nóis da malha de discretização (LESSA, 2000).
MATERIAL E MÉTODOS
0 – 30 m
31 – 60 m
61 – 1000 m
> 1000 m
O substrato é composto predominantemente por fácies arenosas na região
inconsolidada e por algas marinhas (Chlorophyta, Rhodophyta e Phaeophyta) e
zoantídeos, Palythoa caribaeorum (Duchassaing & Michelotti 1860) e Zoanthus cf.
sociatus, como também ouriços do mar, Lytechinus variegatus (Lamarck, 1816) e
Echinometra lucunter (Linnaeus, 1758), Ascidiacea como Phallusia nigra Savigny,
1816, e colônias de corais como Millepora alcicornis Linnaeus 1758, Neospongodes
atlantica Kukenthal 1903, Favia sp., Montastrea cavernosa (Linnaeus 1767),
Mussismilia spp. e Siderastrea spp. são encontrados nas regiões consolidadas.
O primeiro ponto de amostragem conhecido como Farol da Barra (P1) é uma
área onde se localiza o Forte de Santo Antônio da Barra e encontra-se a entrada da
BTS, sendo significativamente exposta à ação de ondas e utilizada por banhistas e
diversos esportes e atividades náuticas, como o surf, natação, vela, caça submarina,
coleta de organismos ornamentais, alem do mergulho recreativo e científico, devido
também à presença de diversos naufrágios como Maraldi, Bretagne e Germânia
(Naufrágios do Brasil, 2009) (Figura 5).
pág.
16
MATERIAL E MÉTODOS
Figura 5. Vista da praia do Farol da Barra (P1), entrada da Baía de Todos os Santos. Foto:
Maia-Nogueira, R., 2009.
O Porto da Barra (P2) é um local onde situa-se o Forte de Santa Maria,
concentrando-se em uma reentrância de águas calmas e claras durante grande
período do ano, servindo de sítio de atracamento para pequenas embarcações,
desde pesca e lazer, e constitui-se um dos pontos de apelo turístico mais famosos
do município, como também altamente frequentada pela população local, e devido a
estes fatores concentra-se uma área de intenso impacto (Figura 5).
Figura 6. Vista da praia do Porto da Barra, em especial o constante fluxo de freqüentadores
no local, e atracamento de pequenas embarcações. Foto: Carvalho-Souza, G. F., 2009.
pág.
17
desde o seu histórico com a construção do Yacht Clube da Bahia em 1935 e demais
construções a beira-mar, apresenta uma comunidade local, e também é um ponto de
atracamento de embarcações, sendo ainda utilizada para a pesca, lazer, coleta de
organismos ornamentais e mergulho recreativo e cientifico (Figura 6).
MATERIAL E MÉTODOS
A área conhecida como Yacht/Marco Polo (P3) possui forte pressão antrópica
Figura 7. Vista de P3, Yacht/Marco Polo, em especial o fluxo da pesca no local e
atracamento de pequenas embarcações em seu entorno. Foto: Maia-Nogueira, R., 2009.
Os costões rochosos da Barra e demais áreas de influência direta ou indireta,
possuem usos múltiplos em todo seu entorno, constituindo uma área com elevada
pressão antrópica evidenciando a alta produção de resíduos, porém possui um
enorme potencial biológico, econômico, turístico e histórico (SAMPAIO, 2006).
4.2.2 Aplicação de Métodos:
As observações de campo ocorreram nos meses de agosto a outubro de
2009, no período matutino (06h00min as 12h00min) e período vespertino (12h01min
as 18h00min) em todas as áreas analisadas. Um único mergulhador realizou as
contagens para evitar o viés relacionado ao desempenho do mergulhador
(WILLIANS et al., 2006). Os dados coletados em campo foram registrados em
placas de PVC, as áreas de estudo georeferenciadas por um GPS Garmim™ eTrex
pág.
18
uma câmera digital Sony™ Cybershot W-170.
As amostragens estão de acordo com as fases da lua e o ciclo das marés,
baseado na Tábua de Maré da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do
Brasil, conforme as previsões de marés do Porto de Salvador - Bahia (12º57,9 S ;
38º31',0 W – carta 1102), distante cerca de 4 a 5 km das áreas de estudo
respectivamente (Disponível em http://www.mar.mil.br/dhn/chm/tabuas/index.htm).
Foram realizados 105 censos visuais utilizando dois métodos de amostragem
em mergulho livre, onde esta técnica apresenta um baixo custo e torna-se aplicável
a ambientes recifais costeiros como os três costões rochosos amostrados, Farol da
Barra (P1), Porto da Barra (P2) e Yacht/Marco Polo (P3). Realizou-se 30 censos nos
MATERIAL E MÉTODOS
e observadas suas características físicas, além de registros fotográficos utilizando
períodos matutino (n= 15) e vespertino (n= 15) em cada área, totalizando 90 censos
subaquáticos utilizando uma adaptação do protocolo AGRRA (Atlantic Gulf Reef
Rapid Assessment), visto a sua eficiência comprovada em amostragens de
comunidades bióticas. Os transectos em linha de cabo com multifilamentos de
polipropileno e chumbo de 30 x 4 metros (totalizando 120m2) foram estendidos
aleatoriamente em profundidades entre 0,5 e 10 m, nas intermediações de todo o
ambiente recifal, mantendo uma velocidade constante de natação, durante toda a
coleta de dados, com uma duração média de 12 minutos cada (Figura 8).
Protocolo AGRRA (Atlantic Gul Reef Rapid Assessment)
Transecto em Linha
Madeira - 6, plast ,
Vidro, 7 Papel – 12
Lytechinus
variegatus - 7
30 m
2 m
2
Figura 8. Método de amostragem em transecto percorrendo uma área de 60m por censo visual.
Imagem: Carvalho-Souza, G. F., 2009.
Adicionado nas amostragens qualitativas, foram realizados 15 censos visuais
subaquáticos (5 por localidade) utilizando o método adaptado do Rover Diving
Census (RDC), consistindo em uma busca intensiva aleatória durante 30 minutos,
pág.
19
natação durante toda a coleta de dados verificando a composição dos resíduos
sólidos bentônicos, estrutura física do local e as possíveis associações e o tipo de
comportamento da biota com o lixo submerso, este ultimo detalhado no segundo
capítulo do presente trabalho (Figura 9).
MATERIAL E MÉTODOS
em toda a delimitação do ambiente recifal, mantendo uma velocidade constante de
Figura 9. Busca intensiva aleatória em toda delimitação do ambiente recifal. Imagem:
Carvalho-Souza, G. F., 2009.
Foram coletados durante os censos visuais dados quali-quantitativos dos
resíduos sólidos encontrados, sua relação com o meio biótico e de que forma
estavam dispostos, sendo realizados em substratos consolidados ou inconsolidados
(Figura 10.1 a 10.6).
Todo o resíduo submerso com tamanho a partir de 2 cm foi registrado e
removido manualmente para evitar re-amostragens quantitativas e posteriormente
acondicionados em sacos de tela (Figura 10). Todos os resíduos sólidos coletados
foram encaminhados ao sistema de coleta pública de resíduos do município devido
principalmente ao estado de deterioração que passam no ambiente marinho e desta
forma, em sua maioria, encontram-se indisponíveis para reutilização e/ou sujeitos a
processos de reciclagem.
pág.
20
2
3
4
5
6
MATERIAL E MÉTODOS
1
Figura 10. Prancha de amostragem das técnicas e métodos empregados no presente trabalho: censo
visual e anotações em prancheta de PVC (1, 3), colocação de transecto em linha (2), caracterização
do meio físico e biótico (4), busca intensiva (5), coleta de resíduos (6). Fotos: Aguiar, L. G. P. A.,
2009.
Os resíduos encontrados foram classificados e quantificados categoricamente
da seguinte forma: plástico, vidro, madeira, papel, metal, tecido, restos de artefatos
de pesca e outros (borracha, óculos, calçados, isopor e afins).
pág.
pág.
21
21
liberação de Nonilfenóis, DDE (dichloroethylene), PCB (Polychlorinated Biphenyls),
PBDE (Polybrominated diphenyl ethers) e DDT (Diphenyl-Trichloroethane), que são
liberados pelo plástico e absorvidos pelo ambiente (LIU et al., 2005; DENTON et al.,
2006; SZLINDER-RICHERT et al., 2009). E o item madeira foi considerado quando
somente de origem antropogênica.
Materiais como pneus ou objetos de tamanho e peso elevado não foram
removidos devido às condições logísticas e quando houveram bioincrustação, de
forma a tornarem-se recifes artificiais e sua remoção causaria mais impactos ao
ambiente, devido a sua reconhecida importância para a biodiversidade marinha
(SANTOS e PASSAVANTE, 2007), no entanto estes foram marcados com uma fita
MATERIAL
MÉTODOS
MATERIALEEMÉTODOS
O item plástico foi removido em qualquer nível de incrustação devido à
de seda na cor branca e ao final das atividades de campo, estas foram removidas.
Naufrágios não foram incorporados como resíduos sólidos no presente trabalho
devido a questões estruturais e de amostragem, e sua reconhecida importância
biológica, turística, histórica e econômica, onde estudos específicos a estes
ambientes se tornam necessários.
A partir da categorização dos resíduos sólidos foi elaborada uma matriz
sociométrica de avaliação de risco de impacto ambiental, de acordo com uma
adaptação de Sanchez, (2006) e Tinoco (2005), com a finalidade de identificar a
partir da valoração de indicadores as que seriam mais importantes e que poderiam
possuir maior risco ao ambiente. Entre todas as variáveis, cada uma destas foi
comparada com as demais, par a par, afim de obter como resultado o peso relativo
das variáveis (PRV), e após somados determinar seu Coeficiente de Importância
Relativa (CIR), que indica o ordenamento dos produtos obtidos, ou seja,
evidenciando as categorias de resíduos com maior risco de impacto.
pág.
22
Para o tratamento estatístico foram utilizadas matrizes da plataforma Microsoft
Office 2007® para tabulação e armazenamento de dados, sendo realizada uma
descrição estatística, e os testes de Kruskal-Wallis - ANOVA não paramétrica e
Comparação Múltipla de Dunn, quando houve diferença estatística significativa, para
verificar a existência de diferença estatística significativa, entre argumentos
explicando a organização dos objetos, principalmente quando considerados os tipos
de resíduos e a distribuição destes entre os pontos e sua associação com a biota.
Para estas respostas foi aplicado o pacote estatístico Graphpad Instat ©.
Com o objetivo de verificar a formação de grupos similares quanto às classes
de resíduos encontrados e entre estes e a biota a estes associada, foi aplicada a
MATERIAL E MÉTODOS
4.2.3 Análise de dados:
análise de agrupamento de Cluster, com a utilização da distância Euclidiana e
método de ligação de Ward, considerando uma amostragem aleatória simples,
probabilística e com dados quantitativos contínuos (MCCUNE & GRACE, 2002).
Para estas análises foi aplicado o pacote estatístico PCord © para plataforma
Windows.
Com o objetivo de discutir a importância e riscos de impacto ambiental, por
parte das diferentes classes de resíduos, foi aplicada a técnica de avaliação de risco
proposta por Sanchez (2006) e adaptada por Tinoco (2007). Esta técnica consiste da
atribuição de peso para as diferentes variáveis de risco, neste caso, cada tipo de
resíduo encontrado, considerando sua magnitude, escala espacial e temporal,
capacidade de gerenciamento e danos físicos ao ambiente analisado. Após a
atribuição de valores é então calculado o coeficiente de importância relativa (C.I.R.),
o qual determina segundo estes critérios, qual resíduo se apresenta como mais
importante neste contexto.
pág.
23
Este capítulo traz um diagnóstico dos resíduos sólidos em três ambientes
recifais costeiros da Baía de Todos os Santos, sendo levantado um total de 1.428
objetos divididos em oito categorias de resíduos sólidos. Dentre os objetos
encontrados em cada categoria foram identificados desde fragmentos como dos
mais diversos tipos de itens (Tabela 1).
Tipo de Resíduo
DESCRIÇÃO DOS RESIDUOS ENCONTRADOS
Plástico
barbeador, colher, copo, embalagens, espelho, fragmentos, garfo, garrafa,
interruptor de tomada, pente
Vidro
copo, garrafas, fragmentos, perfume
Madeira
fragmentos, de embarcações, palitos de picolé, churrasco e queijo coalho
Metal
cesta, colher, fragmentos, lata de bebida e tinta
Tecido
biquíni, camisa, cordões, fragmentos, fitas, lençol, meia, prendedor de cabelo,
short, toalhas
Apetrecho de pesca
anzol, chumbada, fragmentos de rede e muzuá, monofilamento, nylon
Papel
cartaz, flyer, fragmentos,embalagem, papelão
Outros
acento sanitário, bateria alcalina, borracha, cartão telefônico, celular, concreto,
corda, embalagem, espuma, fiação, fibra, gude, moeda, óculos, pincel, pneu,
preservativo, sandália, solado, tênis, tubo, tralha
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Descrição detalhada dos resíduos sólidos encontrados por categoria nos três ambientes
recifais da Baía de Todos os Santos - BTS.
Percebe-se a partir dos tipos de itens encontrados nas áreas, que estes estão
intimamente associados a descarte, pesca e perdas (Figura 11 e 12), e evidenciam
um completo descuido por parte da população que freqüenta, trabalha e habita
nestas localidades. Este fato esta vinculado aos registros do presente estudo, onde
não foi encontrado nenhum indicio até então de serem originários de países
estrangeiros, nos fazendo perceber que o lixo produzido nestas regiões da BTS tem
uma origem local, ao contrario de resultados encontrados por outros estudos que
diagnosticaram fontes externas, como advindos de embarcações e flutuantes
dispersores (SANTOS, 2005).
pág.
24
advindos de festejos populares e culturais em nosso estado como a festa de
Yemanjá e festividades de final de ano que acarretam a uma série de resíduos como
cestas, frascos de perfume, espelho e afins, onde alternativas a estes itens se fazem
necessárias, e estudos específicos poderiam proporcionar uma integração da cultura
aliada à conservação do ambiente como um todo.
1
2
3
4
5
6
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Outro fator verificado quanto à composição do lixo é a presença de materiais
Figura 11. Prancha de resíduos sólidos encontrados no presente trabalho: descarte, restos de
pescarias e perdas de materiais plásticos (1, 6), de vidro (2), madeira, metal (3), apetrecho de pesca
(4) evidenciando o enroscamento no substrato biótico, tecido, papel e outros (5). Fotos: CarvalhoSouza, 2009.
pág.
25
2
3
4
5
6
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1
Figura 12. Prancha de resíduos sólidos encontrados no presente trabalho: descarte, restos de
pescarias e perdas de materiais de metal (1), outros (2, 4, 5, 6) e papel (3). Fotos: Carvalho-Souza,
2009 e Maia-Nogueira, 2008 (5).
O plástico foi o item mais encontrado em todas as áreas (n: 477) seguido de
madeira (n: 298), e metal (n: 221), sendo os mais representativos (Tabela 2). Este
fato é corroborado com outros estudos que avaliaram o lixo marinho tanto em
ambiente praial como em fundos oceânicos, dos quais evidenciam o plástico, dentre
pág.
26
associados (PIANOWSKI, 1997, DERRAIK, 2002; ARAÚJO & COSTA, 2004;
WETZEL et al., 2004; IVAR DO SUL, 2005; SAMPAIO, 2006; SANTANA NETO,
2009; SPENGLER, 2009).
O plástico já é reconhecido cientificamente por sua predominância e
superioridade dentre as categorias de resíduos (DERRAIK, 2002), em virtude
principalmente do atual sistema de consumo das ultimas décadas ao qual este
produto é de elevado e fácil descarte, onde sua durabilidade no meio marinho ainda
é incerta, mas eles parecem durar cerca de três a dez anos, e provavelmente os
aditivos podem prorrogar esse prazo de 30 a 50 anos (GREGORY, 1978), e
possuindo uma alta mobilidade de dispersão e liberação de substancias como
Nonilfenóis, DDE, PCB (Polychlorinated Biphenyls) e DDT, já evidenciados
anteriormente.
Tipo de Resíduo
Plástico
Vidro
Madeira
Metal
Tecido
Apetrecho de pesca
Papel
Outros
N TOTAL/ÁREA
FAROL
138
08
05
69
30
06
13
35
304
PORTO
204
32
274
76
33
18
45
29
711
YACHT/MARCOPOLO
135
26
19
76
16
49
13
79
413
N TOTAL/ITEM
477
66
298
221
79
73
71
143
1428
RESULTADOS E DISCUSSÃO
os resíduos, como a maior problemática dos ambientes costeiros, marinhos e
Tabela 2. Quali-Quantificação e numero total por itens e por área dos resíduos sólidos encontrados
em cada categoria nos ambientes recifais da BTS.
Os resíduos sólidos amostrados nos censos visuais em todas as áreas
apresentavam-se na região bentônica embora fosse comumente observada à
presença de objetos flutuantes, inclusive associados à biota (descrito com maiores
detalhes no capitulo 2), e conseqüentemente através da dinâmica das correntes
podem estar se dispersando e poluindo outras localidades, ou ainda causando
problemas graves como possíveis introduções de espécies exóticas (SANTOS,
2005).
pág.
27
mais representativas quanto entre o tipo de item encontrado. Na área do Farol da
Barra (P1), foi encontrada uma média de 38 objetos e teve um desvio padrão (±2) de
45,78209257, enquanto que no Porto da Barra (P2) obteve-se uma média de 88,875
objetos e desvio padrão de 96,05123261 e na região do Yacht/Marco Polo (P3)
apresentou uma média de 51,625 objetos e um desvio padrão de 42,7348553
(Tabela 3).
Média
Desvio Padrão (±2)
FAROL (P1)
38
45,78209257
PORTO (P2)
88,875
96,05123261
YACHT/MARCO POLO (P3)
51,625
42,7348553
Tabela 3. Resultados da média de resíduos encontrados e desvio padrão (±2) nos três ambientes
recifais da BTS amostrados no presente estudo.
No Farol da Barra, local com menor intensidade de resíduos encontrados
predominou o plástico (n= 138), metal (n= 69) e outros (n= 35) (Figura 13). Já na
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi verificada a ocorrência de variações entre as áreas tanto nas categorias
região do Porto da Barra (P2), os itens mais encontrados foram madeira (n= 274),
plástico (n= 204) e metal (n= 76) (Figura 14). O terceiro local amostrado, o
Yacht/Marco Polo (P3), teve o plástico (n= 135) como resíduo mais encontrado
seguido de outros (n= 79) e metal (n= 76) (Figura 15).
Figura 13. Distribuição dos resíduos sólidos amostrados por categoria no Farol da Barra (P1) em
escala logarítmica: 1-10 (verde); 10-100 (vermelho); 100-1000 (amarelo), e box splot do desvio
pág.
28
de pesca (APE), outros (OUT).
Figura 14. Distribuição dos resíduos sólidos amostrados por categoria no Porto da Barra (P2) em
escala logarítmica: 10-100 (vermelho); 100-1000 (amarelo), e box splot do desvio padrão. Legenda:
Plástico (PLA), vidro (VID), madeira (MAD), metal (MET), tecido (TEC), apetrecho de pesca (APE),
RESULTADOS E DISCUSSÃO
padrão. Legenda: Plástico (PLA), vidro (VID), madeira (MAD), metal (MET), tecido (TEC), apetrecho
outros (OUT).
Figura 15. Distribuição dos resíduos sólidos amostrados por categoria no Yacht/Marco Polo (P3) em
escala logarítmica: 10-100 (vermelho); 100-1000 (amarelo), e box splot do desvio padrão. Legenda:
Plástico (PLA), vidro (VID), madeira (MAD), metal (MET), tecido (TEC), apetrecho de pesca (APE),
outros (OUT).
pág.
29
Barra foi à única localidade que apresentou três escalas de grandeza, para as
diferentes classes de resíduos encontrados, sendo representado em ordem
decrescente pelo plástico (100-1000), seguido de metal, tecido, papel e outros (10100), e por ultimo agrupados na escala 1-10, encontra-se o vidro, madeira e
apetrecho de pesca. No Porto da Barra e Yacht/Marco Polo o escalonamento
observou duas grandezas presentes apresentando como itens de maior grandeza a
madeira e o plástico (100-1000), enquanto que vidro, metal, tecido, apetrecho de
pesca, papel e outros se concentraram na grandeza 10-100.
Foram encontradas diferenças significativas através do teste de KruskalWallis - ANOVA não paramétrica, entre cinco categorias de resíduos e nas áreas de
amostragem, sendo estas encontradas no Farol da Barra com o vidro (p = 0,0129),
no Porto da Barra, com a madeira (p = 0,0001) e papel (p = 0,0246), e no
Yacht/Marco Polo, encontrado com apetrecho de pesca (p = 0,0001) e papel (p =
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após analisar os gráficos acima (Figuras 11, 12 e 13) nota-se que o Farol da
0,0246).
Com base nestas informações foi realizada uma comparação múltipla de
Dunn para as diferenças estatísticas significativas percebendo que o que elevou a
diferença do Farol da Barra entre seus resíduos encontrados foi o vidro (p < 0,05),
devido, sobretudo a sua baixa freqüência de ocorrência naquele ponto. Já o Porto da
Barra se diferenciou devido aos itens plástico e madeira (p < 0,05), onde foi
constatada uma elevada concentração destes resíduos no local. O Yacht/Marco Polo
apresentou diferenças significativas nos seus resíduos, apetrecho de pesca, papel e
outros (p < 0,05).
Baseado nestes registros pôde-se atribuir os resultados encontrados
provavelmente as seguintes questões:
O Farol da Barra se apresenta a partir de sua caracterização como um local
com menor fluxo de freqüentadores devido a sua estreita fácie arenosa emersa
(somente exposta em baixa-mar), e assim apresenta uma proximidade de sua
balaustrada da orla marítima da cidade, facilitando o direcionamento de resíduos
diretamente ao mar, que por sua vez, possui uma ampla dinâmica e influência das
pág.
30
podem estar sendo carreados em deposição a ambientes mais profundos, onde são
evidenciados desde já a necessidade de estudos com maior escala de espaço e
tempo.
O Porto da Barra apresenta um intenso e contínuo fluxo de frequentadores
das mais diversas atuações, atividades e segmentos, sendo o local com maior
quantidade de resíduos encontrados, e em sua grande maioria quando comparados
todos os itens (par a par) entre as áreas, a exceção de apetrecho de pesca e outros
na área do Yacht/Marco Polo.
Além de uma elevada geração de resíduos P2 apresenta uma região de baía
mais protegida e por isso denota-se que os resíduos encontrados são depositados
na própria localidade. Este foi o único local dentre os demais avaliados que teve
como resíduo mais encontrado a madeira, este fato ocorreu em virtude de um
elevado consumo de gêneros alimentícios que utilizam palito para “churrasquinho”,
RESULTADOS E DISCUSSÃO
correntes em relação às demais áreas, por sua fisiografia, com isso os resíduos
queijo coalho, camarão e picolé. Este item é apontado também por banhistas e
freqüentadores em entrevistas realizadas como um resíduo que pode causar danos
à saúde em virtude do seu teor perfurante (CARVALHO-SOUZA comm. Pess.).
Em P3, Yacht/Marco Polo foram registradas categorias iguais às encontradas
no Farol da Barra, apesar de apresentarem áreas fisicamente heterogêneas, no
entanto merecem atenção especial aos registros apontados nas categorias outros e
apetrecho de pesca devido a sua proporção em relação às outras localidades
apontando com isso, uma elevada concentração de pesca artesanal no local. Outro
fator que merece destaque é que este item pode continuar a capturar inúmeros
organismos através da “pesca fantasma”.
Além disso, nesta mesma área, através das observações de composição dos
resíduos, percebeu-se que a grande quantidade de itens da categoria outros como
fraldas, pincel, latas de tinta, restos de roupa, fragmentos de embarcações diversos
e afins, esta associada ao mal direcionamento dos resíduos gerados pela
comunidade que vive no local e pescadores que a utilizam, sendo necessários
pág.
31
área.
A presença de plástico e metal entre as três categorias mais representativas
em todas as áreas representa um padrão de homogeneidade na deposição de
resíduos entre as áreas analisadas, indicado também pela conectividade entre
estas. Estes itens também estão intimamente relacionados ao exacerbado consumo
de bebidas e alimentos principalmente resultantes das atividades de lazer nas praias
e oceanos.
Apesar de a escala temporal do presente trabalho não se apresentar
longínqua os padrões de composição e estrutura dos resíduos foram semelhantes a
outros trabalhos realizados com o lixo marinho tanto em praias como no ambiente
bentônico utilizando os mais diversos métodos pelo mundo e na costa brasileira
(PIANOWSKI, 1997, IVAR DO SUL, 2003; KATSANEVAKIS e KATSAROU, 2004;
RESULTADOS E DISCUSSÃO
também estudos de sensibilização ambiental e gerenciamento sócio-ambiental desta
ARAÚJO & COSTA, 2004; SAMPAIO, 2006; SPENGLER, 2009).
Os níveis de ocupação dos locais refletiram diretamente na abundância e
diversidade
de
resíduos
sólidos,
como
encontrado
em
outros
estudos
(IOC/FAO/UNEP, 1989; IVAR DO SUL, 2005), onde na área de maior fluxo de
freqüentadores houve uma maior proporção de lixo relacionado ao consumo, e na
área onde ocorre habitação e pesca os itens foram relativos a estas atividades.
Fragmentos de resíduos sólidos foram comumente encontrados no presente
trabalho em todas as áreas analisadas e representam uma ameaça, pois são
facilmente ingeridos pela biota (BUGONI et al. 2001). Em locais menos habitados,
no entanto com uma pressão pesqueira o item mais encontrado foi artefatos de
pesca (SCHARER, 2004), como visto parcialmente em sítio (P3) no presente estudo,
embora neste caso não houvesse somente esta influência e este item não foi o mais
encontrado, e sim representativo.
Na mesma localidade Sampaio (2006) verificou o impacto dos resíduos
sólidos sobre organismos de importância ornamental encontrando dados similares
quanto à composição o lixo submerso e diferindo somente no local com maiores
pág.
32
Yacht Clube. Com isso, observou que armadilhas de pesca associadas as correntes
marinhas refletem os resultados encontrados.
Santana Neto (2009) estudando o ambiente praial do Porto da Barra, área
emersa de um dos pontos do presente trabalho, encontrou um significativa
quantidade de resíduos sólidos, como os amostrados nos ambientes submersos,
entretanto uma menor quantidade de categorias o que indica que muitos dos
resíduos estão sendo diretamente carreados e depositados nos ambientes recifais
por múltiplos fatores evidenciados, ou ainda podendo servir de núcleos de dispersão
a outros locais onde existe um menor fluxo de freqüentadores no entanto os indícios
de poluição são registrados como as praias do sul da Bahia recebendo aporte da
deriva litorânea (SANTOS, et al., 2009).
Contudo ainda se torna difícil mensurar os reais impactos dos resíduos
sólidos e demais poluentes no ambiente marinho, visto sua dinâmica e processos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
densidades sendo este o Farol da Barra, seguido do Porto da Barra e por fim o
oceanográficos envolvidos onde seus efeitos transbordam escalas locais e são
necessários integrar monitoramentos a longo prazo de forma padronizada passiveis
de comparação, devido a grande quantidade de métodos aplicados e a integração
de diversos avaliadores para um diagnóstico mais representativo.
Baseado nestes pontos foi acrescentado às informações encontradas,
resultados propostos através da confecção da matriz sociométrica de avaliação de
risco de impacto ambiental (Tabela 4) e sendo gerado seu coeficiente de importância
relativa (C.I.R.) (Figura 16), onde definem o plástico como o item de maior risco, pois
a integração dos seus diversos polímeros apresentando estruturas moleculares não
encontradas no ambiente natural, e assim não sofrendo os efeitos da fotodegradação, o que leva a baixas taxas de biodegradação, condicionadas justamente
pelo alto aporte produzido pela industria atual, e seu longo prazo de degradação aos
habitats (UNESCO, 1994), já sendo elencado acima suas diversificadas e intensas
problemáticas no ambiente marinho.
Apetrecho de pesca foi também indicado como um item estressor aos habitats
marinhos devido ao seu conhecido impacto de causar danos a vida marinha (LAIST,
pág.
33
Os principais itens encontrados nesta categoria foram fragmentos de redes, linhas
de nylon, anzóis e chumbada. Observações registraram que redes e linhas de nylon
constantemente encontravam-se enroscadas as ramificações das colônias do
hidrocoral Millepora spp. Outro ponto a ser considerado é o da chumbada, um metal
cumulativo e tóxico no ambiente e sua contaminação representa uma séria ameaça
não só a questão ambiental, como também de saúde pública.
O vidro apesar de ser um resíduo com fácil bioincrustação recebeu esta
importância pelo elevado período que leva para se degradar no ambiente e seus
fragmentos causarem danos a saúde. Os objetos mais observados foram
fragmentos, frascos de perfume, garrafas e potes, onde muitos organismos
encontravam-se alojados.
RESULTADOSEEDISCUSSÃO
DISCUSSÃO
RESULTADOS
1987), como também o baixo potencial de degradabilidade de seus componentes.
pág.
34
Resíduo
V1
Plástico
0,9 0,9 0,9 0,9 0,8 0,9 0,8 1
Vidro
0,1
Madeira
Metal
Tecido
Apetrecho
de pesca
Papel
Outros
Variável
Nominal
V2
V3
V4
V5
V6
V7
V8
0,197222
0,7 0,5 0,6 0,4 0,8 0,6 1
0,1
C.I.R.
0,3
0,1
0,3 0,3 0,1 0,5 0,2 1
0,5
0,1
0,7
0,4
0,2
0,2
0
0,8
0,2
0,8
0,1
0,7
0
0,105556
0,9 0,7 1
0,3
0,4
0
0,125
0,2 0,7 0,3 1
0,8
0,5
0,4
0
0,4
0,9
0,2
0,077778
0,6 0,2 0,8 0,6 1
0,7
0,6
0,1
0,130556
0,2 1
0,3
0
0,163889
0,8
0
0,072222
1 0,127778
0
0
Tabela 4. Matriz Sociométrica de Avaliação de Risco de Impacto Ambiental dos resíduos sólidos no ambiente marinho. Os itens foram categorizados como
plástico (V1), vidro (V2), madeira (V3), metal (V4), tecido (V5), apetrecho de pesca (V6), papel (V7) e outros (V8), com a inclusão da variável nominal.
Figura 16. Coeficiente de Importância Relativa a partir dos valores atribuídos às categorias de resíduos sólidos de acordo com o grau de risco de impacto
ambiental destes no ambiente marinho.
pag.
35
RESULTADOS E DISCUSSÃO
0
infinidade de matérias que poderiam estar enquadrados e seus efeitos são
desconhecidos. Esta categoria apresentou itens como pneu, preservativo, calçados,
tubo e tralha e alguns bem incomuns como acento sanitário, bateria alcalina, cartão
telefônico, celular, fiação.
O item metal apesar de apresentar maior degradabilidade quanto em contato
ao ambiente marinho devido, sobretudo a salinidade, apresenta importância
econômica atual na indústria da reciclagem e um grande mercado informal, embora
também possa representar uma ameaça a saúde publica. Seus itens mais
registrados foram fragmentos, latas e lacres.
O tecido se enquadrou como potencial impacto por pode provocar danos a
vida marinha sobretudo ao enroscamento e cobertura impedindo até a passagem
luminosa. Nesta categoria foi representativo o numero de fragmentos e roupas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A categoria outros foi indicada pelo principio da precaução, devido a sua
O item madeira apresentou risco pelas elevadas quantidades encontradas no
local através principalmente de resíduos alimentares e provocar danos devido a sua
característica perfurante. Os itens mais encontrados foram palitos e fragmentos de
embarcações.
Apesar de o papel apresentar uma elevada degradabilidade pode apresentar
riscos e efeitos em grandes concentrações por se tratar de um material não natural.
Os registros maiores foram para fragmentos e embalagens.
Estes dados evidenciam que os ambientes recifais costeiros da Baía de
Todos os Santos encontram-se contaminados por resíduos sólidos e provavelmente
este seja um padrão para ambientes recifais urbanos de toda a costa da Bahia,
tendo como principais e preocupantes poluentes o plástico, madeira, metal,
apetrechos de pesca e outros onde estes estão afetando diretamente o ambiente, a
biota, paisagem submarina, as atividades recreacionais, o comércio, e com isso
podendo acarretar a perdas ecossocioculturais e econômicas para o estado. Os
dados obtidos no presente trabalho servirão como informações pretéritas acerca
desta problemática e a futuros planos de gerenciamento e manejo destas áreas de
pág.
36
capítulo diagnosticou a composição e estrutura dos resíduos sólidos em três
ambientes recifais costeiros da Baia de Todos os Santos, identificando padrões dos
resíduos sólidos e avaliando seus efeitos e possíveis impactos nestes ambientes.
Para uma melhor compreensão da dinâmica destes padrões e processos
envolvendo os resíduos sólidos na Baía de Todos os Santos se evidenciam
necessários maiores estudos de escala espaço-temporal, identificando o estado de
conservação das áreas e efeitos da poluição marinha, dispersão destes resíduos a
outras localidades através de correntes, os locais de deposição no substrato,
monitoramento das diversas atividades comerciais e pescaria artesanal como
também dos festejos sócio-culturais, envoltas a área de influência e sensibilização
ambiental aos diferentes atores que estão envolvidos direta ou indiretamente acerca
desta problemática.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
importância biogeomorfológica, turística, histórica e econômica. Assim, o presente
pág.
37
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pág.
42
5.
CAPÍTULO II
Uma nova síndrome ecológica nos ambientes recifais?
Associação da biota com o lixo marinho no Nordeste do Brasil
A new ecological syndrome in reef environments? Association of biota and
marine debris in the Northeast of Brazil
Sampaio, C. L. S. 2007
*Este capitulo encontra-se em conformidade para submissão ao periódico Marine Pollution
Bulletim.
Os ambientes recifais representam a maior biodiversidade e complexidade
estrutural dos ecossistemas marinhos tropicais (PAULAY, 1997). Esses ambientes
formam os habitats de uma infinidade de organismos, os quais utilizam estas áreas
para alimentação, interações, moradia, esconderijo e reprodução (KREBS, 1994).
Dentre estes fatores necessários para a vida dos organismos no planeta, as
INTRODUÇÃO
5.1 INTRODUÇÃO
síndromes ecológicas podem ser evidenciadas como as relações entre os
organismos nos seus habitats ocorrendo de diversas formas como comensais,
mutualísticas, de protocoperação ou parasitárias (BEGON et al., 2006).
Estas síndromes ecológicas compõem parte do repertório comportamental
das espécies e ocorre interligado a uma diversidade de interações inter-específicas,
principalmente associadas aos seus hábitos alimentares atuando em seu
crescimento e reprodução, (DARWIN, 1859; RICKLEFS, 2003).
Atualmente a poluição marinha vem protagonizando uma das mais novas e
ainda desconhecidas associações nas assembléias dos recifes de todo o mundo,
devido à crescente disposição destes resíduos nestes ambientes. Estes resíduos
dentro da teoria e dos processos ecológicos tornam-se uma condição para as
espécies e assim estas respondem de acordo com sua necessidade de recursos
para realização de seu ciclo natural (RICKLEFS, 2003; BEGON et al., 2006).
O lixo marinho é conhecido por afetar ao menos 267 espécies de animais
marinhos em todo o mundo, incluindo 86% de todas as espécies de répteis
marinhos, 44% de todas as espécies de aves marinhas e 43% de todas as espécies
de mamíferos marinhos, além de muitas espécies de peixes, corais, moluscos e
crustáceos. (LAIST, 1997).
Alterações promovidas pelos poluentes na produtividade do ecossistema
marinho, representados por uma diminuição dos nutrientes, degradação do substrato
e na qualidade da água, podem provocar danos a todo um ecossistema, resultando
pág.
44
cadeia trófica, além de prejudicar uma serie de elos envolvidos (OFIARA e SENECA,
2006).
Estas mudanças na estrutura do ecossistema e perda de habitat por uma
longa escala temporal ou espacial pode resultar em declínio na distribuição e riqueza
de organismos em ecossistemas costeiros, marinhos e associados como
manguezais e restingas, já que altera toda cadeia produtiva adjacente.
INTRODUÇÃO
em inúmeras perdas biológicas e econômicas, e afetando diretamente o habitat e
Diversos estudos vem registrando a problemática do lixo e a biota marinha
(MAIA-NOGUEIRA, 2000; BUGONI et al., 2001; SAZIMA et al., 2002; MEIRELLES e
BARROS, 2007; BARREIROS e LUIZ JR, 2008), no entanto se faz necessária a
realização de diagnósticos do estado dessas associações visto o seu caráter
particular entre os tipos de associações, espécies e materiais sólidos envolvidos.
Neste capítulo, uma das mais novas associações nas assembléias dos recifes
de todo o mundo é descrita em três ambientes recifais costeiros da Baía de Todos
os Santos. É discutida a apresentação de um diagnóstico do estado da síndrome da
biota com o lixo submerso dentre os possíveis tipos de associações, espécies e
materiais sólidos envolvidos.
pág.
45
5.2.1 Área de Estudo:
A
área
utilizada
para
realização
do
presente
estudo
é
descrita
detalhadamente em Carvalho-Souza, 2009 (Capítulo I). Em síntese, trata-se de
costões rochosos localizados na entrada da Baía de Todos os Santos sendo estes:
Farol da Barra (P1), Porto da Barra (P2) e Yacht Clube (P3), possuindo uma elevada
biodiversidade, intensa pressão antrópica e de degradação dos habitats, sendo
explorada pelos mais diversos setores, evidenciando uma elevada produção de
resíduos, no entanto possui um enorme potencial biológico, econômico, turístico e
histórico (SAMPAIO, 2006).
MATERIAL E MÉTODOS
5.2 MATERIAL E MÉTODOS
5.2.2 Aplicação de Métodos:
As observações de campo ocorreram nos meses de agosto a outubro de
2009, observado ciclo das marés e a utilização do protocolo AGRRA (Atlantic Gul
Reef Rapid Assessment) como descrito em Carvalho-Souza, 2009 (Capítulo I).
Durante a coleta de dados e após a triagem dos resíduos foi verificada, quando
existiu, a presença de organismos marinhos associados, sendo verificado os tipo(s)
e respectivas quantidade(s) de resíduo(s) envolvido(s) (plástico, vidro, madeira,
metal, tecido, apetrecho de pesca, papel e outros) e a forma desta associação
(captura acidental, cobertura, ingestão, utilização e adesão ao substrato, enroscado,
refugio).
Para a determinação dos taxa, neste estudo, utilizou-se a literatura
especializada (CARVALHO-FILHO, 1999; HUMMAN & DELOACH, 2002; HUMMAN
& DELOACH, 2003; SAMPAIO & NOTTINGHAM, 2008).
Além das associações registradas in situ foi realizada uma revisão na
literatura especializada e consulta a pesquisadores relacionados com o ambiente
marinho no estado da Bahia para a confecção de uma listagem de espécies que
constituíram algum tipo de síndrome com os resíduos sólidos no litoral brasileiro.
pág.
46
As associações foram analisadas com base em um agrupamento de cluster
(MCCUNE e GRACE, 2002). As matrizes foram organizadas de forma a revelar a
similaridade entre argumentos e objetos, ao longo das três unidades amostrais.
Foi utilizada a distância Euclidiana e o método de ligação de Ward com
padronização padrão, para dados quantitativos discretos em amostragens
probabilísticas aleatórias simples.
Foram também organizadas matrizes, quadros e tabelas, a fim de apresentar
um resumo estatístico descritivo, onde foram abordadas as freqüências globais
reveladas ao longo do estudo.
MATERIAL E MÉTODOS
5.2.3 Análise de dados:
Todas as matrizes foram organizadas em banco de dados do pacote Excel™
e as análises desenvolvidas no pacote PCOrd™ para a plataforma Windows, com
aplicação de planilhas em formato Lotus©.
pág.
47
Neste capítulo o presente estudo traz evidencias de uma das mais novas
associações nas assembléias dos recifes de todo o mundo, diagnosticando os
possíveis impactos deletérios causados pela poluição na biota marinha em
ambientes recifais. Foram encontradas síndromes ecológicas da biota com os
resíduos sólidos, sendo representadas por 21 espécies dos mais diversos taxa como
Porifera (n= 1), Cnidaria (n= 3), Mollusca (n= 2), Equinodermata (n= 6), Crustacea
(n= 4), Ascidiaceae (n= 1) e Pisces (n= 4), associadas a resíduos sólidos nos três
ambientes recifais costeiros da BTS (Tabela 1).
TRIVEN
EQUSP
ASTPUN
CIRRIP
ISCSP
LYTVAR
DEMOSP
ASCIDI
MAJIDA
GASTRO
EPHADS
MALSP
EUCTRI
NEOATL
EQULOC
PALCAR
MILALC
STESET
STEHIS
PSEMAC
OPHCIN
N Ponto
FAROL (P1) PORTO (P2) Yacht/Marco Polo (P3) N Ind.
3
2
3
0
1
0
1
0
2
0
2
0
63
0
60
3
16
2
14
0
123
37
49
37
5
0
4
1
2
0
2
0
5
0
5
0
3
0
1
2
1
0
1
0
1
0
1
0
1
0
1
0
1
0
1
0
10
10
0
0
1
1
0
0
20
4
0
16
1
0
0
1
1
0
0
1
1
0
0
1
1
0
0
1
54
145
63
262
RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 5. Riqueza de espécies associadas aos resíduos solidos em cada uma das áreas analisadas
no presente estudo. Legenda = N Ponto – Numero total de Espécimes associados por local. N ind. –
Abundância dos organismos associados; TRIVEN – Tripneustes ventricosus; EQUSP – Equinaster
sp.; ASTPUN – Astrapogon puncticulatus; CIRRIP – Cirripedia; ISCSP – Ischnochiton sp.; LYTVAR –
Lytechinus variegatus; DEMOSP – Demospongiae; ASCIDI – Ascidiaceae; MAJIDA – Majidae;
GASTRO – Gastropoda; EPIADS – Ephinephelus adscensiones; MALSP – Malacoctenus sp.;
EUCTRI – Eucidaris tribuloide; NEOATL Neospongodes atlantica; EQULOC – Equinometra locunter;
PALCAR – Palythoa caribaeorum; MILALC – Millepora alcicornis; STESET – Stenorhynchus
pág.
48
PSEMAC – Pseudopeneus maculatus; OPHICIN -
Ophioderma cinereum.
Entre os resultados encontrados nas três unidades espaciais, o Porto da
Barra foi à que apresentou o maior número de espécies (n= 14) e organismos (n=
145) associados aos resíduos sólidos, seguida do Yacht/Marco Polo com nove
espécies e 63 organismos e por último o Farol da Barra com uma menor
representatividade de espécies (n= 5) e organismos (n= 54), estando estes
resultados diretamente conectados aos de composição e estrutura encontrados para
as áreas estudadas (CARVALHO-SOUZA, 2009 – Capítulo I) (Tabela 1). Isto denota
claramente que quanto maior o nível de contaminação da área, maior a possibilidade
de ocorrência de síndromes, tanto em diversidade como em abundância nos
ambientes recifais (Figura 17 e 18).
Em virtude da atual degradação de habitats e efeitos antropogênicos cada vez
mais evidentes no ambiente, as espécies vêm buscando se adaptar a esta nova
RESULTADOS E DISCUSSÃO
seticornis; STEHIS –Stenopus hispidus;
realidade e cada vez mais são reportados indícios deletérios da biota a poluição
marinha (LAIST, 1987). No entanto estes impactos ocorrem de maneira cíclica e se
torna muito mais prejudicial à biota do que se fossem contínuos (SANTOS, 2004).
Inúmeros são os registros das associações da biota com o lixo, e estas
podem estar promovendo grandes conseqüências ao ambiente marinho como
efeitos letais a populações, desde ingestão a enroscamento, diminuição do recurso e
capacidade de forrageio, mudanças de habito, bloqueio do trato digestivo e
introdução de espécies exóticas (LAIST, 1987; IOC/FAO/UNEP, 1989; BUGONI et
al., 2001; SANTOS, 2005).
pág.
49
2
3
4
5
6
DISCUSSÃO
RESULTADOS EE DISCUSSÃO
RESULTADOS
1
Figura 17. Prancha de espécies associadas aos resíduos sólidos encontrados no presente trabalho:
Demospongiae associado a plástico (1), Cirripedia a plástico (2), Ischnochiton sp. com garrafa de
plástico (3), Gastropoda associado a borracha, (4) Octopus sp. a metal (5), Equinaster sp. associado
a metal (6). Fotos: Carvalho-Souza, 2009 e Sampaio, 2007 (5).
pág.
50
2
3
4
5
6
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1
Figura 18. Prancha de espécies associadas aos resíduos sólidos encontrados no presente trabalho:
Equinometra locunter utilizando resíduo para cobertura (1), Eucidaris tribuloides associado a
apetrecho de pesca (2), Millepora alcicornis associado a resíduos (3), Demonstração de Astrapogon
puncticulatus utilizando lata de metal como refugio (4) Octopus sp. associado a pote de vidro (5),
Epinephelus adscensionis e Malacoctenus sp. (6). Fotos: Carvalho-Souza, 2009.
No presente estudo foram registradas diversas associações da biota ao lixo
submerso, sendo cobertura a mais freqüente (n= 119), sendo esta carreada pela
elevada abundância dos ouriços-do-mar, principalmente a Lytechinus variegatus,
pág.
51
ou adesão ao substrato foi à síndrome mais registrada (n= 33), sendo que este fato
pode ser corroborado nas discussões sobre o lixo marinho como um possível
introdutor de espécies exóticas (SANTOS, 2005), e apesar do registro comum de
algumas espécies invasoras na BTS, inclusive sendo predadas por espécies nativas
(SAMPAIO e ROSA, 2005) não foi registrada nenhuma destas espécies nas
observações do presente trabalho. Resíduos enroscados a biota foi uma associação
também registrada (n= 29), onde foi evidenciada, sobretudo aos cnidários e
apetrecho de pesca. Por ultimo refúgio foi à síndrome registrada nos censos visuais
(n= 14), onde diversos resíduos sólidos apresentam formas que possibilitam a sua
utilização por inúmeras espécies, entretanto este material apresenta uma dinâmica
de dispersão e degradabilidade em função do tempo (Tabela 6).
Tipo de Associação FAROL (P1) PORTO (P2) Yacht/Marco Polo (P3)
Cobertura
39
42
38
Substrato
5
24
4
Refugio
0
10
4
Enroscado
13
0
16
RESULTADOS E DISCUSSÃO
que apresentaram uma singular associação, descrita posteriormente. Após utilização
Tabela 6. Numero de associações dos resíduos sólidos com a biota, registradas no presente trabalho
em cada uma das áreas recifais da BTS.
Dentre as espécies associadas, Lytechinus variegatus foi à espécie mais
representativa (n= 123) em associações com o lixo submerso nos ambientes recifais
da BTS. Esta associação como dos demais ouriços-do-mar encontrados,
Tripneustes ventricosus e Equinometra locunter, esteve muito ligada à cobertura
para proteção da luz UV e em menor proporção ao substrato. Fierce e Lapin (2004)
realizaram um experimento utilizando as espécies L. variegatus e T. ventricosus,
com relação ao uso de materiais naturais ou não como cobertura para se proteger
da radiação ultravioleta. Estes autores encontraram evidencias de seletividade para
T. ventricosus em materiais de cor escura (tiras pretas), que reduz a luz solar em
sua superfície aboral, e nenhuma distinção para L. variegatus, onde este pode ter
rejeitado o material plástico simplesmente por ser um material estranho e
introduzido, ou escolher materiais que lhe permitam misturar-se no substrato natural
(“faixas de grama”, do inglês, grass strips). Além disso, L. variegatus apresentou
aqui uma intrínseca associação com resíduos sólidos principalmente materiais
pág.
52
do-mar em ambientes menos contaminados mantêm, com condições propicias e
continuamente equilibradas, utilizam restos de diversos materiais naturais como
conchas, corais, algas e pedras, também registrados no presente estudo
(CARVALHO-SOUZA obs. pess.).
As conhecidas cracas (Cirripedia) também foram comuns em associação com
os resíduos sólidos, mais especificamente plástico (n= 52) e vidro (n= 11), no
entanto estas foram evidenciadas em fragmentos ou materiais aproximadamente
maiores que 20 cm, onde este fato esta relacionado à fixação das larvas, onde as
cracas evitam se fixar em superfícies pequenas que poderiam limitar seu
crescimento (LEVINGTON, 1995). O poliplacóforo Ischnochiton sp. foi outra espécie
também registrada com freqüência relacionadas ao lixo através de sua agregação
ao substrato, no entanto foram encontrados somente em materiais plásticos (n= 9) e
de vidro (n= 6).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
plásticos (n= 89), utilizando-os para cobertura. No entanto, é observado que ouriços-
Contudo nestes casos, animais sésseis ou que fiquem agregados a
substratos móveis podem apresentar problemáticas, já citadas como perda de
habitat devido ao tempo de deterioração do substrato e a dispersão e invasão de
espécies através da flutuação e transporte ao longo de grandes distâncias, pois se
encontram associados a estes materiais (MARTINEZ et al., 2007; MARTINEZ et al.,
2009).
Outras espécies em menor abundância foram registradas utilizando ou
aderindo aos substratos dos resíduos sólidos como Palythoa caribaeorum (n= 1),
Neospongodes atlantica (n= 1), moluscos gastrópodes (n= 3), Equinaster sp. (n = 1)
e ascídias (n= 1). Este fato esta relacionado à intensa disputa por espaço de uma
gama de espécies no ambiente marinho, utilizando feições métricas diminutas (cm)
de relevo, apresentando uma grande complexidade levando-se em consideração, o
espaço intersticial do substrato (WATLING & NORSE 1998).
Uma associação bem representativa também foi a de enroscamento de
artefatos de pesca (n= 14) e em menor frequência, tecido (n= 5) em Millepora
alcicornis, como também em outro cnidário, Zoanthus cf. sociatus (n= 1), onde estes
pág.
53
propicias a sofrerem conseqüências nesta associação pelos danos causados aos
seus pólipos e obstrução da passagem de luminosidade.
O emalhamento por restos marinhos ou pesca-fantasma, do inglês ghost
fishing, de golfinhos, tartarugas, peixes, corais e outros organismos marinhos em
redes e apetrechos de pesca é uma das principais causas de danos ou mortalidade
em todo o mundo (SICILIANO, 1994; BUGONI et al., 2001; REEVES et al., 2003;
CARVALHO-SOUZA, 2009 – Capitulo II). Estes danos a depender da forma e
tamanho do resíduo causam mortes por asfixia, restrições no crescimento, na
capacidade reprodutiva e má alimentação (FARIS E HART, 1995). E estes
problemas, no entanto, segundo diversos especialistas, continua sem solução
(CREMER, 2007). Outros fatores importantes a se considerar são pela atual matériaprima destes artefatos, ocorrendo pela mudança de materiais naturais por fibras
sintéticas e cada vez mais resistentes nos artefatos de pesca ao longo do tempo,
como também a própria danificação dos artefatos por grandes resíduos levando a
RESULTADOS E DISCUSSÃO
por apresentar estruturas ramificadas e/ou em colônias apresentam características
prejuízos da indústria pesqueira e artesanal além de causar perdas nas capturas,
onde no caso de pescadores de subsistência, uma diminuição deste rendimento
pode levar até seu abandono completo da profissão (NASH, 1992; WILLIANS et al.,
2005).
Algumas espécies estiveram associadas aos resíduos sólidos bentônicos
como carangueijos da família Majidae, camarões-palhaço Stenopus hispidus,
carangueijos-aranha Stenorhynchus seticornis, polvos Octopus sp., Octopus
insularis,e peixes recifais Astrapogon puncticulatus, Rypticus bistrispinus Sparisoma
frondosum, Malacoctenus sp., Epinephelus adscensionis, Pseudopeneus maculatus,
onde estes utilizaram estes materiais como refúgio para proteção contra possíveis
predadores e até para fins reprodutivos (Figura 19). Esta possível condição seria
devido às espécies estarem cada vez mais, buscando alternativas para o seu
substrato em virtude do que pode se denotar uma evidente degradação dos habitats
naturais, de forma que esta síndrome se torna uma ameaça às espécies, pois são
prejudicados em termo de ciclagem de nutrientes e oxigenação, e principalmente por
perdê-los a qualquer momento e tornarem-se vulneráveis aos processos ambientais.
pág.
54
deposição de seus ovos. Foto: Carvalho-Souza, 2009.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 19. Polvo Octopus sp. associado a resíduo sólido (vidro), como refugio, denotando-se a
Foi verificada uma similaridade entre as espécies associadas aos resíduos
sólidos e entre cada uma das unidades espaciais sendo verificado que no Farol da
Barra ocorreu um agrupamento definindo os dois grandes grupos onde um
apresentou exclusivamente L. variegatus devida a sua elevada abundância e
número de associações com os resíduos sólidos, plástico (n=25), vidro (n= 3), metal
(n= 4), tecido (n= 3), papel (n= 3) e outros (n= 3). No outro grupo E. locunter se
diferenciou das demais apesar de todas apresentarem uma baixa abundancia pela
sua elevada diversidade de registros de associações com os resíduos sólidos
(plástico, metal, tecido, apetrecho de pesca e outros). Em seguida dentro de outra
sub-divisão estiveram Palythoa caribaeorum e Millepora alcicornis por sua
semelhança em associar-se ao tecido, e T. ventricosus e Ischnochiton sp. por sua
associação exclusiva ao plástico (Figura 20).
pág.
55
Agrupamento das interações dos organismos com os resíduos - Farol da Barra
Distance (Objective Function)
0
1,3E+02
100
75
2,6E+02
3,9E+02
5,2E+02
25
0
Information Remaining (%)
50
TRIVEN
ISCSP
PALCAR
MILALC
EQULOC
LYTVAR
Figura 20. Dendograma de Cluster definindo o agrupamento das interações entre os organismos e
Na área do Porto da Barra o agrupamento teve uma divisão em dois grandes
grupos, devido as suas abundâncias no local e associação com diversos resíduos
onde um esteve representando por L. variegatus (n = 49) e Cirripedia (n = 60), e
outro, através de uma junção das demais espécies registradas. Neste cluster foram
definidas diversas sub-divisões (> 80% de similaridade), sendo evidenciadas por
uma separação de T. ventricosus e Demospongiae que estiveram associados a
praticamente os mesmos resíduos (plástico e madeira). Equinaster sp. e Astrapogon
puncticulatus se agruparam também devido a associação em único resíduo (metal),
como também Neospongodes atlantica, Gastropoda e Ascidiaceae exclusivamente
ao plástico. Malacoctenus sp., Epinephelus adscensionis e Eucidaris tribuloides
também se agruparam devido a associações com os mesmos resíduos (tecido e
apetrecho de pesca) e bem próximo estiveram os carangueijos Majidae,
diferenciando-se apenas pelo plástico (Figura 21).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
resíduos sólidos no Farol da Barra (P1).
pág.
56
Agrupamento das interações dos organismos com os resíduos - Porto da Barra
Distance (Objective Function)
0
1,1E+03
2,1E+03
3,2E+03
4,2E+03
25
0
Information Remaining (%)
100
75
50
TRIVEN
DEMOSP
EQUSP
ASTPUN
ASCIDI
GASTRO
NEOATL
MAJIDA
EPHADS
MALSP
EUCTRI
ISCSP
CIRRIP
LYTVAR
Figura 21. Dendograma de Cluster definindo o agrupamento das interações entre os organismos e
Para a unidade espacial do Yacht/Marco Polo o agrupamento associativo
entre as espécies e resíduos sólidos (Figura 21) foi dividido em dois grandes grupos
(> 75% de similaridade) e novamente um apresentou-se exclusivamente com a
contribuição de L. variegatus devida a sua elevada abundância e número de
associações com os resíduos sólidos, plástico (n= 25), madeira (n= 2), metal (n= 3),
tecido (n= 4), apetrecho de pesca (n= 3) e papel (n= 11). Já o segundo grupo a
subdivisão aconteceu em um novo sub-grupo e outro com Millepora alcicornis devido
a sua abundância em associações com apetrecho de pesca (n= 13) e tecido (n= 2).
Em seguida houve mais uma divisão e formado mais um grupo de espécies e
Cirripedia associado exclusivamente ao vidro (n= 3). Neste novo grupo
Demospongiae e Ophioderma cinereum também se agruparam devido a associação
exclusiva com o plástico. Ainda em outra divisão com um sub-grupo formado por
gastrópodes e camarões penaeídeos associados por sua abundancia similar e com
exclusividade ao item outros, como também estiveram agrupados Stenopus
hispidus, Stenorhynchus seticornis e Pseudopeneus maculatus a este item porem
RESULTADOS E DISCUSSÃO
resíduos sólidos no Porto da Barra (P2).
com abundancias menores (Figura 22).
pág.
57
Agrupamento das interações dos organismos com os resíduos - Yacht/Marco Polo
Distance (Objective Function)
0
2,1E+02
100
75
4,3E+02
6,4E+02
8,6E+02
25
0
Information Remaining (%)
50
CIRRIP
DEMOSP
OPHCIN
GASTRO
PENAEI
STESET
STEHIS
PSEMAC
MILALC
LYTVAR
Figura 22. Dendograma de Cluster definindo o agrupamento das interações entre os organismos e
Os agrupamentos das interações da biota aos resíduos sólidos mostraram
algumas particularidades como:
L. variegatus se diferencia das demais espécies por estar presente em todas
as áreas e devido a sua elevada abundância e diversidade de resíduos associados,
evidenciados anteriormente para a proteção contra a radiação ultravioleta. Este
organismo é considerado um bom modelo para realização de ensaios avaliando a
qualidade do ambiente (CETESB, 1999), e desta forma podendo também ser
aplicado indicadores de poluição marinha por resíduos sólidos.
Cirripédios ocorreram em duas áreas e apresentaram uma elevada
abundância no Porto da Barra (n= 60) e baixa no Yacht/Marco Polo (n= 3), sendo
registrados apenas associados com plástico e vidro onde estes fatos podem ser
indicados pela distribuição dos resíduos nos locais. Esta situação é similar ao
poliplacofóro Ischnochiton sp. com a exceção deste ser encontrado no Porto da
RESULTADOS E DISCUSSÃO
resíduos sólidos no Yacht/Marco Polo (P3).
Barra (n= 14) e Farol da Barra (n= 2).
Este padrão também apareceu para Millepora alcicornis com a presença de
associação aos resíduos em duas áreas, sendo mais encontrada no Yacht/Marco
Polo (n= 16) e em menor freqüência no Farol da Barra (n= 4), principalmente
associados a apetrechos de pesca, como já descrito anteriormente.
pág.
58
locais ocorrendo no Porto da Barra (n= 1 e n= 4) e Yacht/Marco Polo (n= 2 e n= 1),
respectivamente, no entanto se diferenciam as suas associações devido as suas
próprias características bioecológicas.
Algumas espécies (vide Tabela 1) foram registradas em um único local ou
com baixa abundância sendo importantes registros de associação e possivelmente
em alguns casos não registrados até então pela ciência, contudo não se apresentam
consistentes a fim de enfatizar e estabelecer sua real associação com resíduos
sólidos nos ambientes recifais nesta área de estudo.
Adicionado a estes resultados foram compilados registros de síndromes
ecológicas da biota marinha a poluição marinha na costa brasileira através de
trabalhos científicos gerados e comunicações de cientistas em ambientes marinhos
resultando em uma meta análise apresentada a seguir (Tabela 7).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Gastrópodes e esponjas foram semelhantes quanto a sua distribuição nos
Esta listagem apresenta 12 taxa dos mais diversos grupos da nomenclatura
zoológica (LINNAEUS, 1758), como Filos, Sub-Filos, Super-classes e Classes, e
estão descritos 50 registros documentados e/ou comentados de associações destas
espécies com a poluição marinha dentre o presente trabalho e procedentes da
literatura cientifica com ocorrência na costa brasileira. Informações adicionais do
numero de indivíduos, grau de associação, tipo de resíduo, local, e autores foram
incluídos.
Em virtude de esta problemática vir a ser registrada somente nas ultimas
décadas (LAIST, 1987, BUGONI et al., 2001), e ainda serem desconhecidos os
estudos voltados as associações em ambientes recifais, algumas destas
observações tratam-se do primeiro registro documentado de algumas espécies e
suas associações a resíduos sólidos na Bahia e na costa brasileira. Além disto, esta
pesquisa ainda fornece uma atualização dos esforços e como se encontra o estado
da arte sobre o conhecimento desta síndrome ecológica no Brasil, disponibilizada
em uma única fonte.
pág.
59
Taxa / Espécie
N
Tipo de associação
Resíduo(s) encontrado (s)
Local
Referencia
DEMOSPONGIAE
4
aderido ao substrato
Plástico, madeira
BA
presente trabalho
CNIDARIA
Zoanthus cf. sociatus
Palythoa caribaeorum (Duchassaing & Michelotti, 1860)
1
1
enroscado
utilização como substrato
tecido
tecido
BA
BA
Millepora alcicornis Linnaeus, 1758
20
enroscado
apetrecho de pesca, tecido
BA
Neospongodes atlantica Kukenthal, 1903
1
utilização como substrato
plástico
BA
presente trabalho
presente trabalho
presente trabalho,
Sampaio 2006
presente trabalho,
Sampaio 2006
POLYPLACOPHORA
Ischnochiton sp.
16
utilização como substrato
plástico, vidro
BA
presente trabalho
MOLLUSCA
Mitridae
Gastropoda
1
3
utilização como substrato
utilização como substrato
plástico
plástico
BA
BA
presente trabalho
presente trabalho
CRUSTACEA
Penaeidae
Cirripedia
Majidae
Stenopus hispidus (Olivier, 1811)
Stenorhynchus seticornis (Herbst, 1788)
2
63
5
1
1
refugio
utilização como substrato
refugio
refugio
refugio
pneu (outros)
plástico, vidro
plástico
pneu (outros)
pneu (outros)
BA
BA
BA
BA
BA
presente trabalho
presente trabalho
presente trabalho
presente trabalho
presente trabalho
EQUINODERMATA
Diadema antillarum (Philippi, 1845)
1
enroscado
BA
Sampaio comm. pess.
BA
BA
presente trabalho
presente trabalho
BA
presente trabalho
Equinometra locunter (Lamarck, 1816)
Tripneustes ventricosus (Lamarck, 1816)
Lytechinus variegatus (Lamarck, 1816)
plástico
plástico, metal, tecido,
10 cobertura, utilização como substrato, enroscado apetrecho de pesca, outros
3 cobertura
plástico, madeira, papel
cobertura, utilização como substrato
plástico, vidro, madeira,
123
metal, tecido, apetrecho de
pag.
60
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1
1
1
enroscado
utilização como substrato
enroscado
pesca, papel, outros
apetrecho de pesca, tecido
metal
outros
BA
BA
BA
presente trabalho
presente trabalho
presente trabalho
Octopus sp.
Octopus insularis Leite & Haimovici, 2008
3
1
refugio
refugio
metal, plástico e vidro
plástico, vidro
BA
BA
presente trabalho,
Sampaio comm. pess.
Sampaio comm. pess.
ASCIDIACEA
2
utilização como substrato
plástico
BA
presente trabalho
PISCES
Rhizoprionodon lalandii (Müller & Henle, 1839)
Carcharhinus falciformis (Müller & Henle, 1839)
Prionace glauca (Linnaeus, 1758)
Ophistonema oglinum (Lesueur, 1818)
3
1
1
1
enroscado
enroscado
ingestão
enroscado
plástico
apetrecho de pesca
vidro
plástico
SP
RS
BA
BA
Astrapogon puncticulatus (Poey, 1867)
Rypticus bistrispinus (Mitchill, 1818)
Sparisoma frondosum (Agassiz, 1831)
Malacoctenus sp.
Epinephelus adscensionis (Osbeck, 1765)
Pseudopeneus maculatus (Bloch, 1793)
4
1
1
1
1
1
refugio
refugio
refugio
refugio
refugio
refugio
lata de metal, vidro, tecido
plástico
apetrecho de pesca, tecido
apetrecho de pesca, tecido
apetrecho de pesca, tecido
pneu
BA
BA
BA
BA
BA
BA
Sazima et al., 2002
Schreiner, 2009
Sampaio comm. pess.
presente trabalho
presente trabalho,
Sampaio comm. pess.
presente trabalho
presente trabalho
presente trabalho
presente trabalho
presente trabalho
Chelonia mydas (Linnaeus, 1758)
Caretta caretta (Linnaeus, 1758)
Dermochelys coriacea (Vandelli, 1761)
Lepidochelys olivacea (Eschscholtz, 1829)
56
16
2
-
ingestão
ingestão
ingestão
ingestão
plástico, apetrecho de pesca
plástico, apetrecho de pesca
plástico, apetrecho de pesca
plástico
RS / BA
RS
RS
PB
Bugoni et al., 2001,
Sampaio comm. pess.
Bugoni et al., 2001
Bugoni et al., 2001
Mascarenhas, 2004
AVES
Puffinus gravis (O'Reilly, 1818)
1
ingestão
apetrecho de pesca
BA
Maia-Nogueira comm. pess.
Eucidaris tribuloides (Lamarck, 1816)
Equinaster sp.
Ophioderma cinereum Müller & Troschel, 1842
CEPHALOPODA
REPTILIA
pag.
61
RESULTADOS
RESULTADOS EE DISCUSSÃO
DISCUSSÃO
Puffinus griseus (Gmelin, 1789)
Spheniscus magellanicus (Forster, 1781)
1
1
ingestão
ingestão
apetrecho de pesca
BA
plástico, apetrecho de pesca BA
MAMMALIA
Arctocephalus tropicalis (Gray, 1872)
Megaptera novaengliae (Borowski, 1781)
Grampus griseus (Cuvier, 1812)
1
1
1
ingestão
captura acidental
ingestão
plástico
apetrecho de pesca
plástico e orgânico
Steno bredanensis (G. Cuvier in Lesson 1828)
4
ingestão, captura acidental
Sotalia guianensis (Van Bénéden, 1864)
Physeter macrocephalus (Linnaeus, 1758)
9
1
ingestão, captura acidental
captura acidental
Pontoporia blainvillei (Gervais & d'Orbigny, 1844)
14
ingestão, captura acidental
Globicephala macrorhynchus Gray, 1846
Mesoplodon densirostris (Blainville, 1817)
Tursiops truncatus (Montagu, 1821).
Ziphius cavirostris Cuvier, 1823
1
1
1
1
captura acidental
ingestão
captura acidental
ingestão
Maia-Nogueira comm. pess.
Maia-Nogueira comm. pess.
BA
ES
BA
Maia-Nogueira comm. pess.
Netto e Barbosa, 2003
Maia-Nogueira, 2000
Meirelles e Barros, 2007,
plástico, apetrecho de pesca CE / ES Netto e Barbosa, 2003
Geise and Gomes, 1992,
plástico, apetrecho de pesca SP / ES Netto e Barbosa, 2003
apetrecho de pesca
ES
Netto e Barbosa, 2003
Pinedo, 1982, Netto e
plástico, apetrecho de pesca RS / ES Barbosa, 2003
Netto e Barbosa, 2003,
Barros et al., 1997
apetrecho de pesca
ES
plástico
RS
Secchi e Zarzur, 1999
apetrecho de pesca
ES
Netto e Barbosa, 2003
plástico
BA
Maia-Nogueira comm. pess.
Tabela 7. Check-list de espécies associadas à poluição marinha encontradas no presente estudo e registradas no litoral brasileiro de acordo com uma
revisão de literatura especializa e consulta a pesquisadores ligados a conservação dos ambientes recifais marinhos no litoral da Bahia. Estão evidenciados o
grupo taxonômico (menor taxa), numero de organismos (N), tipo de associação (captura acidental, cobertura, ingestão, utilização e adesão ao substrato,
enroscado, refugio) resíduo associado (plástico, vidro, madeira, metal, tecido, apetrecho de pesca, papel, outros), local (estado) e literatura especializa,
quando necessário.
pag.
62
RESULTADOS E DISCUSSÃO
costa brasileira denotam que esta ameaça é aparentemente comum a toda a costa
brasileira, do norte ao sul, em seus mais diversos habitats costeiros e marinhos, e
estas áreas apesar de apresentarem características diferenciadas tanto em clima e
relevo, existem semelhanças quanto à falta de uma gestão costeira integrada, o que
leva a uma ameaça a toda a biota (COSTA, et al., 2004). Este fato cada vez mais
freqüentemente reportado nos leva a crer ainda que mesmo que sejam veiculadas
estimativas destas perdas, estas já possam estar subestimadas.
São conhecidos amplamente pelo mundo, os registros de impactos da
poluição marinha em espécies, sendo em maior proporção para cetáceos, repteis e
aves marinhas, embora também se tenha registro de outros organismos marinhos
(LAIST, 1987).
Foram realizados registros documentados de associação entre o lixo marinho
e peixes cartilaginosos, como o tubarão Carcharhinus falciformis que foi capturado
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os registros encontrados apesar de pontuais, em diversas localidades da
com um pedaço de rede de monofilamento de polietileno, e ao crescer incorporou
este material em sua cabeça, ficando somente resquícios da linha fora da epiderme,
e marcas de cicatrização ao redor do focinho, denotando-se evidências de uma
curiosa capacidade regenerativa devido ao processo de interiorização da linha
(SCHREINER, 2009). Outro registro ocorreu em três jovens espécimes do caçãofrango Rhizoprionodon lalandii que encontravam-se com anéis de detritos de plástico
na região branquial e bucal, o que dificultou as atividades alimentares do animal
(SAZIMA et al., 2002). Outra informação conhecida é de um tubarão Prionace glauca
onde foi registrado em seu estômago uma garrafa de cerveja, (vidro) ao largo da
costa de Ilhéus – BA (SAMPAIO, comm. Pess.).
Outros registros com peixes recifais foram realizados pelo presente trabalho
onde um indivíduo de sardinha, O. oglinum encontrava-se com um pedaço de
plástico oriundo de copos descartáveis envolto ao seu corpo e enquanto o individuo
permaneceu observado apresentava dificuldades de natação, o que facilitaria sua
predação. Também foram registrados no presente estudo a utilização de resíduos
sólidos diversos (plástico, metal, vidro, apetrecho de pesca, tecido e outros) como
refugio para Astrapogon puncticulatus, Rypticus bistrispinus, Sparisoma frondosum,
pág.
63
tenham sido apontadas as causas e conseqüências desta síndrome.
Uma observação interessante durante as expedições a campo foi realizada
entre a interação de águas-vivas (Cnidaria) e pequenos peixes (Carangidae), onde
esta mesma espécie foi registrada também se associando com sacos plásticos
(Figura 23 e 24). Isso demonstra que para as espécies não esta havendo distinção
para esta associação, onde são atraídas escolas residentes de peixes, e por sua
vez, predadores marinhos de topo. No entanto em sacos plásticos estes organismos
acabarão possivelmente ingerindo itens de plástico e os associados não terão a
mesma função de proteção e possibilitando uma dispersão de espécies por sua
propriedade flutuante a longas distâncias devido aos processos de circulação
oceânica (WILLIANS, et al., 2005; MARTINEZ et al., 2009) (Figura 23 e 24). Este
registro ainda informa uma necessidade de conhecer os processos relacionados aos
impactos desta dispersão, visto que a corrente de deriva litorânea na Bahia
predomina para o sul (BITTENCOURT et al. 2002), e de acordo com Santos et al.
(2005), esta pode ser uma
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Malacoctenus sp., Epinephelus adscensionis e Pseudopeneus maculatus onde já
fonte significativa de detritos flutuantes para esta
localidade.
Figura 23 e 24. Associação de peixes e águas-vivas, e no segundo caso com sacos plásticos
flutuantes. Foto: Carvalho-Souza, 2009.
É evidenciado ainda que estes detritos flutuantes de plástico e a formação de ilhas
podem em algum momento se depositar em fundos oceânicos trazendo diversas
pág.
64
para a dispersão local, regional e trans-oceânica de espécies marinhas, quiçá
algumas terrestres (GREGORY e RYAN, 1997).
Bugoni et al., (2001) realizou uma analise dos estômagos e esôfagos de três
espécies de tartarugas marinhas, Chelonia mydas, Caretta caretta e Dermochelys
coriacea, e registrou a presença de mais de 60% de resíduos sólidos, sendo este o
maior registro já encontrado na literatura de acordo com os autores, além de
apresentar o plástico como o item mais freqüente. Também foi registrada a presença
de pedaços de plástico para a tartaruga-oliva, Lepidochelys olivacea em seu
estómago na costa da Paraíba (MASCARENHAS, et al., 2004).
Ao largo da região costeira do baixo sul da Bahia, metropolitana de Salvador
(RMS) e BTS, é conhecido o registro de ingestão de apetrechos de pesca como
anzóis e pedaços de linha (nylon) em três espécies de aves marinhas, os petréis
Puffinus gravis (Figura 25) e Puffinus griseus e o pingüim-de-magalhães Spheniscus
RESULTADOS E DISCUSSÃO
problemáticas discutidas no presente contexto e passivamente tornam-se vetores
magellanicus (MAIA-NOGUEIRA comm. pess ), não sendo encontrado nenhum
registro sistematizado e documentado até então sobre estas associações no estado.
Um exemplar de P. gravis foi registrado em Massachussets (EUA) por ingestão de
plástico, obstrução e inanição subseqüente, ocorrendo o óbito do mesmo. Em outras
localidades da costa brasileira também já são bem conhecidos estas associações,
onde foram encontrados fragmentos de plásticos em espécime de S. magellanicus
na costa de Santa Catarina (AZEVEDO E SCHILLER, 1991), como também anzóis,
fragmentos de plástico e outros apetrechos de pesca, madeira e isopor no conteúdo
estomacal de aves marinhas da praia do Cassino - RS (PEDROSO et al., 2004).
pág.
65
da costa da Bahia. Foto: Maia-Nogueira, 2008.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 25. Petrel, Puffinus gravis, enroscado a apetrecho de pesca (anzol e linha de nylon), ao largo
Em algumas localidades da costa brasileira, mamíferos marinhos são
reportados com algum tipo de associação aos resíduos sólidos marinhos
principalmente voltados a enroscamento e ingestão. Um pinípede, o lobo-marinho,
Arctocephalus tropicalis, apresentou em seu estomago material plástico na costa da
Bahia (MAIA-NOGUEIRA, comm. Pess.). Diversas espécies de cetáceos são
conhecidas pela captura acidental da indústria pesqueira e/ou artesanal como
Megaptera
novaengliae,
macrocephalus
Pontoporia
Steno
bredanensis
blainvillei
Sotalia
Globicephala
guianensis
Physeter
macrorhynchus
Tursiops
truncatus, (NETTO e BARBOSA, 2003; MEIRELLES e BARROS, 2007) sendo
observadas marcas e cicatrizes dos apetrechos de pesca, principalmente redes nas
carcaças coletadas. Como nas aves e tartarugas marinhas os cetáceos também
sofrem regurlamente com a ingestão de resíduos sólidos, principalmente pedaços de
plástico como Grampus griseus, Steno bredanensis, Sotalia guianensis, Pontoporia
blainvillei, Mesoplodon densirostris e Ziphius cavirostris (PINEDO, 1982; GEISE e
GOMES, 1992, SECCHI e ZARZUR, 1999; MAIA-NOGUEIRA, 2000; NETTO E
BARBOSA, 2003; MAIA-NOGUEIRA comm. Pess.).
pág.
66
esforços até então realizados ao conhecimento existente sobre o lixo marinho na
região da America Latina e Caribe, mostrando que as informações sobre a biota
associada à poluição marinha têm registros com apenas as aves marinhas, repteis,
mamíferos (ingestão), tubarões e crustáceos (enroscamento). Dessa forma muitos
dos registros apresentados no presente trabalho tratam-se do primeiro esforço em
mensurar as associações de organismos recifais como corais, diversos peixes e
invertebrados, principalmente em áreas de elevada importância como a BTS.
As síndromes registradas com os resíduos sólidos nos ambientes recifais da
BTS demonstram que as espécies dentro do seu processo habitual de ciclo de vida
estão procurando se adaptar a esta nova realidade apresentada pelos atuais
processos antropogênicos nas regiões costeiras e marinhas. No entanto as
conseqüências deste processo e ameaças ao ambiente marinho são ainda pouco
mensuradas e assim é necessário diagnosticar e monitorar diretamente sua
influência às populações marinhas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ivar do Sul e Costa (2007) realizaram um dispendioso levantamento dos
O estudo apresentado no presente capítulo descreve as associações
estabelecidas por esta nova síndrome ecológica nos ambientes recifais, sendo
alguns caracterizados como novos registros documentados entre resíduos sólidos
bentônicos e organismos recifais, trazendo discussões sobre os impactos deletérios
destes materiais e suas conseqüências a todo o ambiente. Foram ainda compiladas
as informações sobre estas associações no litoral brasileiro, trazendo os resultados
alcançados pelos estudos realizados, onde estas informações poderão proporcionar
a estruturação de planos de gestão e manejo dos resíduos sólidos descartados e da
pesca além de monitoramentos de longo prazo destas áreas identificando focos e
meios de gerenciamento para sua conservação.
pág.
67
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pág.
73
6.
CAPÍTULO III
O mar esta para peixe ou para o lixo? Situação atual e estratégias
para a conservação
Is the sea for fishing or for garbaging? Status and strategies for conservation
*Este capitulo encontra-se em conformidade para submissão ao periódico Revista de Gestão
Costeira Integrada (Journal of Integrated Coastal Zone Management).
O ecossistema marinho detém uma elevada importância para a manutenção
dos
processos
que
permeiam
pelo
planeta,
através
de
suas
funções
biogeomorfológicas e assim condizentes as atividades humanas. Nestas estariam
inseridas, a navegação, trabalho, recreação e transporte de bens para as
comunidades humanas, no entanto estas atividades vêm proporcionalmente
provocando serias ameaças à saúde deste “planeta água”.
INTRODUÇÃO
6.1 INTRODUÇÃO
Os oceanos e os mares se tornam os derradeiros sorvedouros dos
subprodutos gerados pelas atividades humanas e acolhem de forma direta ou
indireta uma grande variedade de poluentes, rejeitos urbanos, agrícolas e industriais.
Isto se dá pelo fato da grande maioria dos grandes centros urbanos estarem
localizados em regiões costeiras e geralmente próximos a baías e estuários, estas
áreas são, comparativamente aos oceanos, as mais vulneráveis ao impacto da
poluição (MARQUES JR. et al., 2009).
Esta poluição marinha traz uma série de agravantes e problemáticas ao
ambiente e a biota marinha como evidenciado em Carvalho-Souza, 2009 (Capitulo I
e II) e literatura especializada (LAIST, 1987; NASH, 1992; DUFAULT e
WHITEHEAD, 1994; DERRAIK, 2002; SANTOS et al., 2005; IVAR DO SUL e
COSTA, 2007; SZLINDER-RICHERT et al., 2009).
Isto pode acontecer de diversas formas dentro do ecossistema marinho
através do descarte de resíduos sólidos, pesca industrial e de subsistência, turismo,
desastres e derramamento, agentes químicos e sonoros (NASH, 1992; SANTOS et
al., 2005; SZLINDER-RICHERT et al., 2009).
A grande questão é que o escopo desta problemática apresenta um âmbito
muito dinâmico e complexo, apresentando uma escala global, pois até onde não
existem sociedades humanas próximas são evidenciados sinais deste impacto, não
havendo assim quaisquer focos diretivos, de forma que a poluição marinha no
mundo acaba a envolver os mais diversos setores da sociedade atual.
pág.
75
entrelaça aos de importância econômica, biológica, paisagística e sócio-cultural,
onde registram-se a presença de poluentes de em regiões costeiras como praias,
recifes, costões rochosos, manguezais e restingas como também em ambientes
pelágicos e até nas regiões polares (LAIST, 1987; NOLLKAEMPER, 1994; OFIARA
e SENECA, 2006).
Graças
atualmente
aos
esforços,
apesar
de
ainda
esparsos,
de
pesquisadores (IVAR DO SUL e COSTA, 2007) como também agentes preocupados
INTRODUÇÃO
A extensão dos impactos promovidos pelo lixo marinho no mundo se
com a atual situação, esta problemática vendo sendo amplamente discutida, dentro
do espaço acadêmico, público e cível, verificando a necessidade de criar soluções e
estratégias para o controle deste impacto e manutenção do equilíbrio dos processos.
Existe uma necessidade atual apontada para a criação de meios para o
conhecimento e integração destas informações pelo mundo a fim de criar
planejamentos diretivos a esta problemática, pois uma compreensão dos processos
costeiros e dinâmica da poluição marinha, aliados as alternativas da produção de
possíveis resíduos descartáveis é fundamental para intensificar modelos de
gerenciamento destes resíduos e estratégias para a conservação dos ambientes
costeiro e marinho.
Neste capítulo se discutirá a situação atual da poluição marinha em escala
global, seus impactos promovidos, e fomentar a discussão estratégias que
possibilitem a promoção de subsídios e recomendações para a gestão costeira e
políticas publicas de gerenciamento das zonas costeiras e ambiente marinho como
um todo.
pág.
76
6.2.1 Aplicação de Métodos
As amostragens foram realizadas através de uma revisão de literatura
utilizando trabalhos publicados em periódicos científicos entre os anos de 1970 a
2009, como também foram inseridos relatórios técnicos, textos em jornais e revistas
ou outros meios de circulação. A busca pelas referências ocorreu em bases de
dados eletrônicas e em referências bibliográficas da literatura que identificaram
grande parte da produção científica envolvendo a poluição marinha no mundo.
Foram também estabelecidos como critérios de inclusão, além do período
acima citado, artigos publicados e indexados em periódicos nacionais e
MATERIAL E MÉTODOS
6.2 MATERIAL E MÉTODOS
internacionais como Revista Gestão Costeira Integrada, Marine Pollution Bulletim,
International Journal of
Environment
and
Pollution
e
demais
publicações
amplamente disponíveis. Em segundo lugar aos artigos publicados em jornais,
revistas e outros documentos que também estejam disponíveis nos bancos de
dados, e que trouxessem pelo menos informações acessórias que pudessem ajudar
a interpretar os dados. Foram observados ainda resumos, monografias, dissertações
e teses onde caso os seus conteúdos não são tenham sido publicados, ou textos em
jornais e revistas, através da utilização das seguintes palavras chave: (1) poluição
marinha; (2) lixo marinho; (3) marine debris; (4) garbage; (5) litter; (6) biota marinha (7)
marine biodiversity; (8) gestão costeira; (9) síndromes ecológicas; (10) association; (11)
conservação marinha, e resultando assim em uma completa revisão da literatura
científica e técnica.
Essas estratégias foram necessárias à medida que as pesquisas utilizando os
resíduos sólidos como modelo encontram-se bastante dispersas. Estes dados serão
adicionados aos resultados discutidos nos capítulos anteriores do presente trabalho.
A partir disto foi traçado um panorama da situação atual do lixo marinho e a
formulação de estratégias e recomendações para a gestão costeira e de políticas
publicas voltadas aos resíduos sólidos.
pág.
76
A problemática do lixo no ambiente marinho vem sendo conhecida em todo
mundo, seja através dos seus impactos diretos ou indiretos, no entanto permanece
em parte ignorada e sem solução em grande parte dessa escala local a global.
A poluição marinha apresenta como seus principais agressores divididos em
sólidos: onde se enquadram os resíduos, compostos orgânicos sintéticos e
sedimentos antrópicos; líquidos e químicos: metais pesados, hidrocarbonetos
(derivados de petróleo), esgotos e pesticidas, além de uma outra contaminação tão
perigosa e pouco analisada que seria dos ruídos artificiais gerados em larga escala
por navios comerciais, sonares militares, estudos sísmicos e pesquisas acústicas
nos oceanos, onde estes sons com frequências similares às “canções” e
comunicação dos cetáceos, e embora não sejam percebidos pelo ouvido humano,
atrapalham a comunicação destes animais (WINDOW, 1992; MARQUES, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A poluição marinha, com especial enfoque aos resíduos sólidos apresentam
duas fontes, advindos de descartes terrestres e descartes marinhos, através de
embarcações de pesca, militares, recreativos e mercantes, onde a primeira se
caracteriza por uma maior e significativa contribuição de poluentes nos oceanos
(FARIS E HART, 1995). Entretanto, realizar esta identificação não uma tarefa fácil,
pois em alguma situações percebe-se claramente a fonte local (WALKER et al.,
1997), mais em outros casos nem todas as fontes as vezes são tão óbvias de
revelar
sua origem (DIXON, 1995). Diversos estudos se propuseram a trazer
informações sobre os resíduos sólidos em todos os mares do mundo, sendo os
ambientes praiais os mais estudados (IVAR DO SUL e COSTA, 2007), embora
existam também esforços de investigações em fundos oceânicos, flutuantes e
associados. Desde remotas ilhas oceânicas (BENTON, 1995) aos países de vários
continentes, Europa (VELANDER E MOCOGNI, 1998), Oceania (HAYNES, 1997),
America do Norte (RIBIC, 1998) e do Sul (SANTOS et al., 2009), produziram
informações pretéritas de suma importância sobre este impacto em suas
localidades.
pág.
77
o numero de metodologias utilizadas nos trabalhos é diversa, no entanto um padrão
se assemelha muito independente da localidade, área pesquisada e método. O
plástico como descrito em Carvalho-Souza (2009 – Capítulo I) e literatura citada é o
maior item encontrado nas pesquisas sobre lixo marinho ao redor do mundo e se
apresenta como o mais prejudicial contaminante no meio ambiente.
Devido a este resíduo ser amplamente conhecido por suas conseqüências no
ambiente seria interessante atribuir como condicionante aos fabricantes e
distribuidores dos materiais de composição plástica a serem responsáveis pelo
gerenciamento dos seus resíduos ou que busquem alternativas em produtos com
uma maior degradabilidade e causem menos impacto nestes ambientes, e, além
disto, os colocando como possíveis responsáveis por cada resíduo descartado de
maneira inapropriada poderiam estar sendo veiculadas campanhas informativas por
parte destas institucionais que trariam um ganho extraordinário colocando a poluição
marinha em foco de discussão na sociedade como um todo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Outro fator que influência quaisquer iniciativas de discutir efeitos globais é que
O setor privado atuante numa conjuntura ao governo e instituições não
governamentais poderia propiciar mudanças significativas através de suas praticas
e compromisso com as questões ambientais fomentando a introdução de medidas
cabíveis para uma melhor gestão, transporte e destino dos resíduos gerados por
estas, Além disso ao reduzir a poluição proveniente de atividades terrestres, através
de ações governamentais ou não, a qualidade marinha conseqüentemente também
ira melhorar e as possíveis perdas geradas por estes produtos (WILLIANS, et al,
2005)
O problema do lixo no meio ambiente não só leva a potenciais riscos à saúde,
mas também de perdas econômicas. Fragmentos marinhos afetaram diretamente ou
indiretamente a condição social e econômica comunidades nas margens, com as
tensões financeiras impostas por estes detritos, sendo que estas perdas nem
sempre sobre possibilitadas de quantificações. As perdas econômicas no ambiente
marinho podem se dividir em perdas para a industria pesqueira e prejuízos para o
turismo (OFIARA e SENECA, 2006).
pág.
78
a alguns anos onde estas perdas ocorreram devido a proliferação de redes de
arrasto
pelos
fundo
oceânicos,
o
bloqueio
da
saída
de
emissários
e
comprometimento de hélices (JONES, 1995). São verificados ainda danos aos
navios através de colisões em grande artefatos metálicos e de madeira (DIXON E
DIXON, 1981).
A atividade pesqueira também pode ser prejudicada direta ou indiretamente
pela ocorrência de resíduos sólidos no ambiente marinho, através da diminuição da
captura de pescado ou causando danos aos apetrechos de pesca e aos motores de
embarcações, o que torna a atividade mais onerosa (NASH, 1992).
Por outro lado, a atividade pesqueira também pode gerar resíduos muito
perigosos à vida marinha, como é o caso da pesca-fantasma, do inglês ghost fishing,
descrita com detalhes seus impactos em Carvalho-Souza, 2009 (Capitulo II),
ocorrendo quando partes de redes ou outros restos de apetrechos de pesca,
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O impacto econômico dos resíduos sólidos sobre a pesca tem sido reportado
abandonados por pescadores, ficam à deriva e continuam capturando peixes e
outros animais marinhos, provocando um número incalculável de mortes
(MATSUOKA et al., 2005).
Outro potencial risco associado ao lixo nos ecossistemas costeiros é a
dispersão de espécies invasoras. O plástico, como já exposto anteriormente, por
flutuar, pode ser um meio de transporte para diversas espécies de poliquetas,
briozoários, hidróides e moluscos que se fixam em sua estrutura, alem de peixes
que se associam como se estivessem a águas-vivas (descrito em CARVALHOSOUZA, 2009 - Capitulo II) e são levadas para outras regiões, onde podem se
instalar, ameaçando os ecossistemas locais (BARNES, 2002).
Mas o lixo marinho não é apenas um risco aos organismos, também
representam um problema de saúde pública, pois pode ser vetor de doenças e
causar acidentes aos banhistas (IVAR DO SUL e COSTA, 2007). A existência de
fragmentos perfuro-cortantes como vidro, madeira, metal e demais itens pontiagudos
como também a presença de substancias tóxicas e produtos hospitalares, constitui
um perigo potencial para os visitantes (WILLIANS, et al., 2005). Despejos de esgoto
pág.
79
contaminadas também, o que significa um risco à saúde dos banhistas, onde estes
expostos a esta água contaminada apresentam maiores risco de infecções
(MCINTYRE, 1990).
Além disso, a ocorrência freqüente de lixo em praias pode diminuir o turismo
na região, o que acarreta prejuízos econômicos ao comércio e aos serviços
(STORRIER e MCGLOSHN, 2006). Este fato está atrelado à forte dependência das
comunidades costeiras frente ao turismo, onde o impacto do lixo marinho pode
provocar perdas em suas rendas de subsistência (CORBIN E SINGH, 1993). O valor
estético das praias pode ser reduzido pela aparência de resíduos sólidos evidentes e
direcionamento de esgoto (JONES, 1995). As pessoas preferem freqüentar praias
limpas, sem foco de lixo, ao invés das que apresentam alta diversidade de resíduos.
Os frequentadores de praia podem vir a evitar alguns destes locais com aparências
inaceitáveis (WILLIAMS et al., 2000). Este efeito estético da paisagem sobre os
ambientes marinhos é definido como: uma diminuição do turismo; danos resultantes
RESULTADOS E DISCUSSÃO
em um local sugerem que a relação com suas águas adjacentes estariam
ao lazer e infra-estrutura, danos a atividades comerciais diretamente associadas ao
turismo, danos as atividades pesqueiras e demais dependentes; prejuízos a imagem
do lugar, em nível nacional ou internacional, de um recurso (PHILIPP, 1993). Muitos
desses problemas se manifestam em regiões em desenvolvimento, onde os
recursos naturais se limitam e a economia é em boa parte dependente do turismo
costeiro, como o caso de Salvador.
A atenção pública para os problemas relativos à zona costeira tem sido
baseada mais na percepção sobre o meio em que estão inseridas do que em
qualquer conhecimento científico ou avaliação de fontes, destinos e os efeitos
ambientais (WINDOM, 1992). A partir desta acurada percepção de impactos do lixo
marinho nas zonas costeiras que instituições, pessoas ligadas à conservação e
voluntario em todo o mundo desenvolvem iniciativas de limpeza de praias, estudos
sistemáticos, e coleta de informações dos frequentadores.
Com o intuito de promover uma sensibilização acerca das medidas a serem
tomadas em relação ao gerenciamento da
poluição marinha, instituições
governamentais, organizações, não governamentais, setor privado e comunidade
pág.
80
o mundo, Dia Mundial de Limpeza de Praias e Oceanos, dos eventos em inglês,
Clean up the world e International Coastal Clean-Up, ambos com o intuito de
evidenciar a problemática do lixo marinho e contribuir com uma limpeza “simbólica
do local.
Outra ferramenta para alcançar a redução de resíduos são os incentivos
fiscais. Se existe um beneficio as pessoas iniciarão a ação, que será prontamente
realizá-lo ou apoiá-lo. Um estudo de caso que hoje faz parte de um dos maiores
mercados informais é o processo de coleta, venda e reciclagem de latas de alumínio
utilizada na indústria de bebidas.
Campanhas de sensibilização são ferramentas muito úteis nos tempos atuais
e merecem alguns esclarecimentos para serem bem conduzidas. Para qualquer
abordagem que requer que as pessoas mudem seu comportamento a comunicação
eficaz é essencial. Para uma campanha de sensibilização pública ser bem sucedido
RESULTADOS E DISCUSSÃO
em geral realizam atividades anuais como os bem conhecidos e executados em todo
existem dois elementos necessários: uma clara mensagem e um meio para entregálo. Como a maioria dos resíduos sólidos é resultado das decisões e comportamentos
humanos, o reforço contínuo das mensagens públicas é necessário. No entanto
pode apresentar uma elevada logística para obter que atinjam um grande publico,
veiculadas na mídia e um abordagem focalizada poderão lhe render melhores
resultados.
Estas iniciativas são a base para a formulação de estratégias baseadas na
cooperação e colaboração entre todas as instancias do governo afim de evitar a
poluição de fontes terrestres e proteger os habitats ligados a costa e/ou zona
costeira.
Dentre estas estratégias e suas abordagens incluem diversas frentes de
atuação como: (1) ações de monitoramento existentes dos padrões e processos da
zona costeira; (2) intensificar e fortalecer as ações já existentes quando estas se
considerarem insuficientes; (3) propor novas ações imediatas, ações preventivas e
corretivas com base no conhecimento existente, recursos e planejamento; (4)
promover a inclusão das comunidades litorâneas e da sociedade civil para a
pág.
81
perdas de artefatos de pesca, descarte de grandes objetos e fundeio de barcos sem
diagnostico anterior e monitoramento do local; (6) planos que incluam o ambiente e
sua biodiversidade nos zoneamentos econômicos exclusivos da região costeira e
marinha.
O fator chave e de elementos essenciais para a condição do plano de
gerenciamento
alcançar
êxito
é
gerar
uma
capacitação
de
sua
equipe
multidisciplinar, uma abordagem bem sucedida e com base teórica, monitoramentos
quali-quantitativos e interpolados aos processos da zona costeira, apoio e
participação conjunta das comunidades litorâneas, sensibilização ambiental e
atividades de limpeza de praias são algumas destas questões chave para promover
a discussão em audiências públicas e particulares, com o intuito de gerar
documentos embasados e coerentes com a realidade local e integrados a escala
global de impacto dos resíduos sólidos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
discussão das problemáticas atuais causadas pela poluição marinha; (5) reduzir as
Nesse intuito este capítulo discutiu dentro de um amplo contexto a situação atual
do lixo submerso em escala global e levantou possíveis estratégias que possibilitem
a promoção de subsídios e recomendações para a gestão costeira, sendo de suma
importância incluir todos os atores e tomadores de decisão que de alguma maneira
estejam envolvidos e influenciam com as questões voltadas ao ambiente marinho,
tanto aqueles direta ou indiretamente responsáveis pela poluição, como os
interessados no seu desenvolvimento de maneira sustentável e conseqüentemente
conservação dos oceanos como um todo, e ainda na promoção de discussões e nas
ações que devem ser tomadas para prevenir, resolver ou mitigar as questões de
poluição marinha na costa do Brasil e demais partes do globo. Por fim chega à hora
de questionarmos nosso papel: E afinal, até quando os mares e oceanos serão a
lixeira do mundo?
pág.
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85
CONCLUSÃO GERAL
Apresentam-se aqui as principais contribuições desta pesquisa com relação ao
conhecimento dos processos que envolvem os impactos deletérios dos resíduos
sólidos nos ambientes recifais, além de propiciar a utilização deste documento com
fins de elaboração de planos de gerenciamento para as zonas costeiras do estado.
O presente estudo aplicou um método de baixo custo e mostrou-se
relativamente eficiente aos propósitos elencados e atingidos, além de se mostrar
relevante quando se trata de pesquisas em países em desenvolvimento que
possuem poucos recursos disponíveis ou mal alocados.
CONCLUSÃO GERAL
7.
Os resultados alcançados no primeiro capítulo evidenciam que os ambientes
recifais costeiros da Baía de Todos os Santos encontram-se contaminados por
resíduos sólidos e provavelmente este seja um padrão para todos os ambientes
recifais urbanos da costa da Bahia, tendo como principais e preocupantes poluentes
o plástico, madeira, metal, apetrechos de pesca e outros onde estes estão afetando
diretamente o ambiente, a biota, paisagem submarina, as atividades recreacionais e
comerciais e com isso podendo acarretar a perdas ecossocioculturais e econômicas
para o estado.
Além disso, para uma melhor compreensão da dinâmica destes padrões e
processos envolvendo os resíduos sólidos na Baía de Todos os Santos se
evidenciam necessários maiores estudos de escala espaço-temporal, identificando o
estado de conservação das áreas e efeitos da poluição marinha, dispersão destes
resíduos a outras localidades através de correntes, os locais de deposição no
substrato, monitoramento das diversas atividades comerciais e pescaria artesanal
como também dos festejos sócio-culturais, envoltas a área de influência e
sensibilização ambiental aos diferentes atores que estão envolvidos direta ou
indiretamente acerca desta problemática.
pág.
86
estabelecidas por esta nova síndrome ecológica nos ambientes recifais, sendo
alguns caracterizados como novos registros documentados entre resíduos sólidos
bentônicos e organismos recifais na BTS, onde um estudo direcionado a esta
temática não havia sido realizado até então, e assim contribuiu para um maior
conhecimento acerca destas síndromes que permeiam nos ambientes recifais.
Estes resultados ainda nos proporcionaram discussões sobre os impactos
deletérios destes poluentes e suas conseqüências a todo o ambiente, além de
serem compilados numa única base de dados os registros de associação e
evidenciados estes estudos de caso documentados na costa brasileira.
No terceiro capitulo se evidenciou num amplo contexto a atual situação da
CONCLUSÃO GERAL
O segundo capitulo desta obra apresentou a descrição de associações
poluição marinha, desde seus componentes principais e atuação, suas fontes de
descarte e áreas atingidas, estudos de caso realizados até então, meios de reduzir a
problemática dos resíduos, seus impactos na economia dentre atividade pesqueira,
recreacional, beleza cênica e turismo. Fatores relacionados a saúde publica e da
sociedade também foram discutidos e as formas de atuação e combate ao mal
direcionamento dos resíduos, como também a efetivação de campanhas de
sensibilização e incentivo ao publico e o mercado. Estes resultados trouxeram ainda
uma interessante abordagem sobre possíveis estratégias para direcionar, mitigar e
promover o gerenciamento das zonas costeiras e a promoção de políticas públicas
voltadas à conservação do ambiente como um todo.
pág.
87
ANEXOS
1 - Revista Gestão Costeira Integrada
ANEXOS
8.
Normas para a submissão de artigos
Submissão de artigos: Os manuscritos devem ser submetidos por via electrónica
para a Comissão Editorial, para um dos endereços seguintes: [email protected],
[email protected], [email protected] ou [email protected]. Toda a correspondência
será efectuada por e-mail.
Língua: São aceites artigos redigidos em português, com resumo alargado em
inglês, ou em inglês, com resumo alargado em português. O título e as legendas
devem ser bi-lingues (português e inglês).
Espaçamento: duplo
Figuras: Devem ser enviadas em arquivos separados com a respectiva
identificação. As legendas, com a numeração das figuras, devem ser enviadas em
folha autónoma no final do texto do artigo. O texto do artigo deve identificar o local
onde se pretende que a figura seja inserida. De preferência, as figuras devem ser
enviadas em formato JPEG, embota também sejam aceitáveis os formatos GIF,
TIFF, BMP, PNG, PCX, PSD.
Tabelas e quadros: Devem ser apresentadas em arquivos separados com a
respectiva identificação. As legendas, com a respectiva numeração, devem ser
enviadas em folha autónoma no final do texto do artigo. O texto do artigo deve
identificar o local onde se pretende que a tabela ou quadro seja inserida.
Unidades: Deve ser utilizado o Sistema Internacional de Unidades (SI). Não deve
haver espaço entre os algarismos e a abreviatura das unidades.
pág.
88
respectivas filiações científicas e endereços. No caso de haver vários autores deve
ser indicado qual é o autor que serve de interlocutor (corresponding author).
Resumos: o artigo deve incluir dois resumos, um em português, com o máximo de
500 palavras, e outro em inglês, que pode ser um pouco mais extenso, com o
ANEXOS
Autores: Devem utilizar-se os nomes científicos dos autores, indicando as
máximo de 1000 palavras.
Legendas: As legendas devem ser bi-lingues (português e inglês).
Referências bibliográficas: Pelos padrões internacionais, as teses e relatórios não
publicadas, bem os artigos publicados em revistas sem expressividade internacional,
são considerados literatura cinzenta (gray literature), pelo que, sempre que possível,
se deve evitar fazer-lhes alusão.
Nas “Referências Bibliográficas” os trabalhos devem ser referidos da seguinte forma:
Artigos: Dias, J. A, Boski, T., Rodrigues, A. & Magalhães, F. (2000) – Coast line
Evolution in Portugal since the Last Glacial Maximum until Present – A Synthesis.
Marine Geology, 170(1-2):177-186. (doi:10.1016/S0025-3227(00)00073-6) Silva,
I.R., Costa, R.M. & Pereira, L.C.C. (2006) - Uso e ocupação em uma comunidade
pesqueira
na
margem
Desenvolvimento
e
do
estuário
Meio
do
Rio
Ambiente,
Caeté
(PA,
13:11-18.
Brasil).
(disponível
Revista
em
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/made/article/view/4781/6743)
Livros: Bruun, P. & Gerritsen, F. (1960) – Stability of Coastal Inlets. 123p., NorthHolland Publishing Company, Amsterdam, Holanda. (ISBN-13: 978-0720416015).
Eskinazi-Lessa, E., Leitao, S.N. & Costa, M. (Orgs.) (2004) - Oceanografia: um
Cenário Tropical. 1ª ed.. 761p., Editora Bargaço, Recife, PE, Brasil.
Capítulos de Livros: Gonzalez, R., Dias, J.A. & Ferreira, Ó. (2005): Analysis of
landcover shifts in time and their significance: An example from the Mouth of the
Guadiana Estuary (SW Iberia). In: FitzGerald, D. & Knight, J. (eds.), High-Resolution
Investigations of the Morphodynamics and Sedimentary Evolution of Estuaries,
pp.95-102, Kluwer Publishing House, Norwell, MA, USA. (ISBN13: 978-1402032950)
pág.
89
Sydney Harbour, Australia. In: Narendra K. Saxena. (Org.), Recent Advances in
Marine Science and Technology, 2002, pp.565-575, International, Honolulu, HI, USA.
(disponível em http://nippon.zaidan.info/seikabutsu/2002/00223/contents/142.htm).
Teses:
Polette,
M.
(1997)
-
Gerenciamento
costeiro
integrado:
ANEXOS
Widmer, Walter Martin (2003) - Recreational boats and submerged marine debris in
Proposta
metodológica para a paisagem da microbacia de Mariscal – Bombinhas (SC). 499p.,
Dissertação de Doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianololis,
SC, Brasil.
Relatórios: Governo do Estado do Pará (2004) - Macrozoneamento EcológicoEconômico do Estado do Pará/2004: Proposta para Discussão. 132p., Secretaria
Especial de Estado de Produção / Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e
Meio
Ambiente,
Belém,
PA,
Brasil.
(file://localhost/disponível
em
http/::www.amazonia.org.br:arquivos:148997.zip)
Relatórios não publicados: Costa, C.L. (1994) - Final report of sub-project A “Wind
wave climatology of the Portuguese Coast”, Instituto Hidrográfico/LNEC, Report
6/94-A, 80p. Lisboa, Portugal. (não publicado).
Internet – livros electrónicos (e-books): Dias, J.A. (2004) - A Conquista do
Planeta Azul: o início do reconhecimento do oceano e do mundo. (Versão
Preliminar). http://w3.ualg.pt/~jdias /JAD/e_b_CPAzul.html. Faro, Portugal.
Internet – artigos de revistas electrónicas (e-papers): Rei, A. (2005) - O Gharb alAndalus em dois geógrafos árabes do século VII / XIII: Yâqût al-Hamâwî e Ibn Sa„îd
al-Maghribî. Medievalista on line, 1, IEM-Instituto de Estudos Medievais, Lisboa,
Portugal.
http://www.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/MEDIEVALISTA1/PDF/GHARB_AL_ANDAL
US_pdf
Internet – relatórios electrónicos (e-reports): Rodrigues, R. Brandão, C. & Costa,
J.P. da (2004) – A Cheia de 24 de Fevereiro de 2004 no Rio Ardila. 11p., Ministério
pág.
90
Portugal. http://snirh.pt/snirh/download/relatorios/cheia_pedrogao200402.pdf
Internet –sem autor identificado em portais electrónicos (web sites): Instituto de
Meteorologia (s/d) – Extremos Climatológicos. Instituto de Meteorologia , Lisboa,
ANEXOS
das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, Instituto da Água, Lisboa,
Portugal. In: http://www.meteo.pt/pt/oclima/extremos(acedido em Abril 2008)
3.1.1 Sugestões para estruturação de artigos
Os artigos devem ter elevado grau de estruturação, e ser bastante objectivos e
sintéticos. Expressam-se seguidamente algumas sugestões para estruturação dos
artigos.
Título - Deve ser explicativo e sucinto. Deve ser apresentado em português, seguido
do mesmo em inglês, em maiúsculas.
Resumo – Deve, de forma sucinta (máximo: 500 palavras), apresentar o trabalho
realizado e as suas motivações, os métodos utilizados, e as principais conclusões.
Deve ser seguido de um resumo em inglês que pode ser um pouco mais extenso
(máximo: 1000 palavras)
Introdução - Deve incluir breve descrição do problema, abordagens pretéritas,
hipóteses e objectivos, ainda que sejam de um projecto maior. O texto deve ser subdividido por temas. É importante, entretanto, que haja um equilíbrio no tamanho dos
textos.
Material e Métodos – Deve descrever, com o pormenor necessário, os materiais
utilizados e os métodos que foram adoptados. Como é óbvio, devem ter estreita
relação com os objectivos e com as conclusões. Esta parte deve ser sub-dividida por
temas, mantendo, no entanto, equilíbrio na dimensão dos textos. Deve ser evitada a
descrição de trabalhos efectuados e materiais utilizados que não forneceram
resultados relevantes para os objectivos expressos.
Resultados e Discussão - Podem ser apresentados separadamente ou em conjunto,
tendo sempre como base os objectivos expressos.
pág.
91
Figuras – Devem ter elevada qualidade gráfica, ser de fácil leitura e essenciais para
compreensão ou ilustração do artigo. A legenda, sucinta, deve ser bi-lingue
(português e inglês).
ANEXOS
Conclusões - Devem reflectir os objectivos propostos e ter elevada estruturação.
Tabelas – Devem ser essenciais para compreensão ou ilustração do artigo. É de
evitar ao máximo a utilização de tabelas extensas. A legenda, sucinta, deve ser bilingue (português e inglês).
Agradecimentos – Devem ser bastante sucintos.
Referências Bibliográficas – Devem ser formatadas de acordo com as normas de
publicação. Todas (e apenas essas) as referencias bibliográficas utilizadas no texto
devem constar da listagem bibliográfica final. Sempre que possível deve-se evitar
referir material bibliográfico publicado na forma de literatura cinzenta (gray literature),
tais como teses não publicadas, artigos em revistas sem ampla circulação
internacional e relatórios não publicados.
Notas de pé de página – Deve-se evitar a utilização de notas de pé de página.
pág.
92
Author Artwork Instructions
Author Artwork Instructions homepage: www.elsevier.com
www.elsevier.com
Author Artwork
Instructions
ANEXOS
2 – Marine Pollution Bulletim
Welcome
Generic information
File formats•
Font information•
File naming•
Artwork guidelines
Sizing of artwork•
Line art images•
Grayscale images•
Color image• s
Combination ar• t
Checklist •
Generic colour information
RGB to Gray conversio• n
RGB to CMYK conversion•
Monitor calibration•
What‟s color?•
Multimedia files
Instruction• s
Specifications•
Support
FAQ•
Glossar• y
Contac• t
Dear Author,
Help us reproduce your artwork to the highest possible standards - in both paper and
digital formats.
Submitting your illustrations, pictures, tables and other artwork (such as multimedia
and supplementary files) in an electronic format helps us produce your work to the
best possible standards, ensuring accuracy, clarity and a high level of detail.
These pages show how to prepare your artwork for electronic submission and
include information on common problems, suggestions on how to ensure the best
results, and image creation guides for popular applications.
pág.
93
For graphical images, journals published by Elsevier apply the following policy: no
specific feature within an image may be enhanced, obscured, moved, removed, or
introduced. Adjustments of brightness, contrast, or color balance are acceptable if
and as long as they do not obscure or eliminate any information present in the
original. Nonlinear adjustments (e.g. changes to gamma settings) must be disclosed
in the figure legend.
ANEXOS
Figure manipulation
Whilst it is accepted that authors sometimes need to manipulate images for
clarity, manipulation for purposes of deception or fraud will be seen as scientific
ethical abuse and will be dealt with accordingly.
pág.
94

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